Storytelling: Tecnologia, Psicologia e Física Quântica

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA ESPECIALIZAÇÃO EM JORNALISMO MULTIMÍDIA Storytelling: Tecnologia, Psicologia e Física Quântica VICTOR BADOLATO ATHAYDE Piracicaba - SP 2011

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Histórias conectam. Crianças e adultos, em todos os lugares. A magia da história encontra aspectos similares e os compartilham. A evolução tecnológica trás com ela novas possibilidades de narrativa. Novas percepções. Porém a essência ainda é a mesma: humana.

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABAESPECIALIZAÇÃO EM JORNALISMO MULTIMÍDIA

Storytelling: Tecnologia, Psicologia e Física Quântica

VICTOR BADOLATO ATHAYDE

Piracicaba - SP2011

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Victor Badolato Athayde

Storytelling: Tecnologia, Psicologia e Física Quântica

Trabalho acadêmico no formato Artigo Científico apresentado à professora/orientadora Pollyana Ferrari/ Assessoria de Imprensa Multimídia, parte essencial do Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de Piracicaba.

Piracicaba - SP2011

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Resumo: Histórias conectam. Crianças e adultos, em todos os lugares. A magia da história encon-

tra aspectos similares e os compartilham. A evolução tecnológica trás com ela novas possibilida-

des de narrativa. Novas percepções. Porém a essência ainda é a mesma: humana.

Palavras-chave: storytelling. storytelling transmídia. psicologia. neurociência. física quântica.

Abstract: Stories connect. Children and adults everywhere. The magic of the story finds similar

aspects and share them all. Technological evolution brings itself new narrative possibilities. New

insights. However, the essence is still the same: human.

Key-words: storytelling. transmedia storytelling. psychology, neuroscience, quantum physics.

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SUMÁRIO

Storytelling: Tecnologia, Psicologia e Física Quântica

INTRODUÇÃO_________________________________________________________5

1. Storytelling___________________________________________________________6

2. Transmedia Storytelling________________________________________________7

3. Psicologia e Neurociência_______________________________________________8

4. Física Quântica?______________________________________________________9

CONCLUSÃO_________________________________________________________11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS______________________________________12

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INTRODUÇÃO

A convergência, a dissolução, a flexibilidade e a mobilidade das mídias começam a se de-

finir. A perda de interesse em tecnologias que não ofereçam ou representem a sensação de exten-

são humana. Percepção e propósito se fundem a aparelhos e aplicativos. Novas normas de parti-

cipação, conteúdo e produção. A destreza da mensagem. Assim, apesar da complexidade dessa

fase em que a humanidade se encontra, abstrai-se um padrão: a importância da experiência em

relação a tecnologia.

Com o aumento dessa importância, o foco se desloca para a história que tenha a capacida-

de de impulsionar os significados, as mensagens e os objetivos humanos. A exigência de narrati-

vas, cada vez mais impactantes, se torna indispensável para a criação de uma experiência autênti-

ca. Como Mark Zuckerberg citou1, dia 22 de setembro de 2011 ao anunciar a função Timeline2 do

Facebook no evento F8, “milhões de pessoas têm investido uma parte relevante do tempo con-

tando a história de suas vidas em seus profiles”. Ou seja, o núcleo dessa experiência está no

modo expressar uma identidade.

Para que tanta informação se não existe uma forma interessante de apresentá-la? O au-

mento do poder e da qualidade dos infográficos; novos modos de se expor e absorver conheci-

mento; a facilidade de “viajar” no tempo. Assim, em meio a (quase) ausência de obstáculos tec-

nológicos, no mar das informações coletivas e compartilhadas, ao acesso global e as informações

em tempo real, (re)nasce o termo storytelling.

5

1 FB 2011 Keynote - http://youtu.be/9r46UeXCzoU

2 Introducing Timeline - http://www.facebook.com/photo.php?v=2203694005397

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1. Storytelling

Storytelling, ou o ato de contar histórias, é:

(...)“a transmissão de eventos em palavras, imagens e sons muitas vezes pela improvisação ou embelezamento. Histórias ou narrativas foram compartilhadas em cada cultura e por toda a terra como um meio de entretenimento, educação, preservação da cultura e para incutir valores morais” 3.

Neil Gaiman4, jornalista e escritor de ficção, relembra, em um artigo escrito para o The

Guardian, que os contos de fadas na verdade eram escritos para adultos. Porém, algo aconteceu

quando os irmãos JWilhelm e Jacob Grimm, colecionadores e filólogos, ficaram surpresos que

suas publicações de contos antigos tinham sido, equivocadamente, adquiridas por pais que queri-

am entreter seus filhos:

(...) “Os Grimm responderam a pressão do mercado e censu-raram com entusiasmo. Rapunzel não deixava mais escapar que ela tinha se encontrado com o príncipe e perguntado para a bruxa o porquê que sua barriga tinha inchado tanto que suas roupas não estavam mais servindo (uma questão lógica: ela logo daria à luz a gêmeos). Já na terceira edição, Rapunzel diz para a bruxa que ela era mais leve de se puxar do que o príncipe e os gêmeos, quando nascem, aparecem do nada” 5.

Assim, as histórias que os adultos contavam e compartilhavam começaram a se tornar

contos infantis. Neil ainda complementa, com um ponto importante para este artigo, ao dizer que

“contos podem ser simples estruturalmente, mas a ornamentação, o ato de re-contar, é frequen-

temente onde a mágica ocorre”

6

3 Contar histórias, Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Contar_histórias

4 Neil Gaiman Biography - http://www.neilgaiman.com/p/About_Neil/Biography

5 Parte traduzida do artigo: Happily ever after - http://www.guardian.co.uk/books/2007/oct/13/film.fiction

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2. Transmedia Storytelling

Criado em 1991 pela professora Marsha Kinder6 e metamorfoseado ao longo do tempo,

storytelling transmídia é o conceito, que une a ação de contar histórias a existência de múltiplas

plataformas de comunicação, onde cada mídia contribui de forma particular/peculiar/especial

para a narrativa da informação. Através dessas mídias, quanto maior autenticidade, coerência e

integridade a história providenciar, maior será o engajamento da audiência.

Para a diretora do Centro de Pesquisa de Psicologia da Mídia de Palo Alto, Califórnia,

Pamela Rutledge7, Ph.D. e M.B.A., conceito de transmedia storytelling também não é novo8, é

apenas uma mistura de tradições anciãs com novos modelos/tecnologias de comunicação. Con-

versas, crônicas do cotidiano e contos de fadas têm sido relatados desde o princípio, de desenhos

feitos com pigmentos minerais nas cavernas aos feitos com líquidos polarizadores de luz com-

primidos dentro das finas telas dos iPads e iPhones.

Com tecnologias cada vez mais sofisticadas e funcionalmente geniais, a acessibilidade se

mostra aprimorada através de interfaces amigáveis (user-friendly). Barreiras entre quem cria,

programa, produz, consome, argumenta, distribui, estão se dissolvendo.

Entretanto, a evolução do cérebro humano é mais lenta. Não importa a tecnologia utiliza-

da, o significado começa nele. Ou seja, as histórias nos levam a essência das experiências, onde

ferramentas servem para fortalecer, ressoar, enriquecer e autenticar9 a narrativa criada pelo conta-

dor de histórias.

7

6 Transmedia Storytelling, Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Transmedia_storytelling

7 Pamela Rutledge Linked In - http://www.linkedin.com/in/pamelarutledge

8 Transmedia Storytelling: The Reemergence of Fundamentals - http://www.psychologytoday.com/blog/positively-media/201101/transmedia-storytelling-the-reemergence-fundamentals

9 Arcade Fire: Sprawl 2 - http://www.sprawl2.com/

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3. Psicologia e Neurociência

Rutledge10, que também é especialista no impacto psicológico da narrativa e do impacto

das mídias sociais no comportamento coletivo e individual, destaca algumas razões psicológicas

do poder das histórias:

São conexões atemporais com tradições, lendas, arquétipos, mitos e símbolos que, apesar de

remotos, representam verdades universais;

Transcendem gerações, empenham através das emoções, conectam ao dividir significados e

propósitos ou ultrapassar defesas e diferenças;

Esquemas, roteiros, mapas cognitivos, modelos mentais, metáforas ou narrativas;

São como as coisas funcionam, como tomar e justificar decisões, como persuadir, como en-

tender, definir ou criar identidades;

Providenciam ordem, estrutura, previsão, contexto e resolução;

Acontecem na imaginação, são processadas como experiências pelo cérebro e criam respostas

comportamentais como a criatividade.

Além disso, Pamela cita que, para “sobrevivermos” em meio ao ruído,“precisamos de fil-

tros e sistemas organizacionais efetivos que conectam a informação em um mundo que possui

tópicos significativos e relevantes”11. Para tanto, o cérebro humano utiliza uma estrutura narrati-

va para organizar essa gama de informação, ou seja, ao se criar uma experiência comunicativa, ao

invés de uma mera mensagem, o sistema nervoso envolve-se12 em todos os níveis: intuitivo,

emocional, racional e somático.

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10 The Psychological Power of Storytelling - http://www.psychologytoday.com/blog/positively-media/201101/the-psychological-power-storytelling

11 Transmedia Storytelling: Neuroscience Meets Ancient Practices - http://www.psychologytoday.com/blog/positively-media/201104/transmedia-storytelling-neuroscience-meets-ancient-practices

12 TEDxGallatin - Amanda D'Annucci - Storytelling, Psychology and Neuroscience - http://www.youtube.com/watch?v=KKB_JVNGjLY

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4. Física Quântica (?)

Ao escrever sobre uma série de artigos sobre o jornalismo contemporâneo13, Lewis

DVorkin, jornalista da Forbes, destacou14, em maio de 2011, um comentário, feito por Alex

Knapp15, que lhe chamou a atenção. Alex, contribuinte que escreve sobre tecnologia, nomeou sua

dica de “A velha mídia está morrendo porque ela se sente morta”:

“Para usar uma metáfora da física quântica, a mídia “morta” é o gato de Schroedinger em uma caixa. Você joga a história na caixa. Ela sai na próxima edição. Alguém vai ler? Alguém se importará com isso? Ou vão ler apenas as gracinhas e fazer as palavras cruzadas. Você não sabe, porque a caixa está trancada. A mídia “Live” é um emaranhado quântico. Os observadores (leitores) interagem com o observado (autor), e alteram o resultado final (a história). É essa interação, entre observador e observado, que faz toda a diferença. "

Para entender tal citação é preciso imaginar a seguinte experiência: um gato, enquanto

cobaia, se encontra dentro de uma caixa fechada. Exposto a partículas radioativas, o gato morre-

ria se elas circulassem dentro da caixa ou vice-versa. Porém, na física quântica, “o ramo da física

que estuda o estranhíssimo mundo das partículas subatômicas (menores que os átomos)”16, am-

bas as possibilidades poderiam ocorrer ao mesmo tempo - deixando o animal simultaneamente

vivo e morto.

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13 How Your Sausage Journalism Gets Made, Part One - http://www.forbes.com/sites/susannahbreslin/2011/04/20/how-your-journalism-sausage-gets-made-part-one/

14 Storytelling and Quantum Entanglement: Forbes Staffers, Contributors and Marketers- http://www.forbes.com/sites/lewisdvorkin/2011/05/04/storytelling-and-quantum-entanglement-forbes-staffers-contributors-and-marketers/

15 Forbes: Alex Knapp - http://blogs.forbes.com/alexknapp/

16 O que é o Gato de Schrödinger? - http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-e-o-gato-de-schrodinger

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Concebida pelo físico austríaco Erwin Schrödinger17, considerado um dos mais brilhantes

cientistas do século XX, tal hipótese representa a intenção de mostrar como o comportamento das

partículas subatômicas parece ilógico se aplicado numa situação simples. Entretanto, se um cien-

tista olhasse para dentro dessa caixa o destino do gato se determinaria, ou seja, ele veria apenas

um gato – vivo ou morto. “Isso porque, segundo a física quântica, se houvesse o mínimo de in-

terferência, como uma fonte de luz utilizada para observar o fenômeno, as realidades paralelas

do mundo subatômico entrariam em colapso e só uma delas seria vista”18.

Assim, ao entrelaçar storytelling a tais conceitos da física quântica, percebe-se uma varie-

dade infinita de possibilidades que coexistem em uma narrativa que utiliza múltiplas plataformas

de comunicação e oferece variadas formas de percepção. Onde as opções não se limitam a vivo e/

ou morto, mas sim a uma galáxia de capítulos que podem ser interligados em qualquer ordem,

tanto conservadora quanto peculiar, uma história sempre poderá ser construída e contada em meio

ao caos.

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17 O Mundo invisível onde coisas estranhas acontecem - http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/novembro2006/ju345pag09.html

18 O que é o Gato de Schrödinger? - http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-e-o-gato-de-schrodinger

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CONCLUSÃO

O discernimento sobre o conceito de storytelling e sua evolução em um mundo multimí-

dia se torna instigante a medida que a tecnologia evolui. Essa mudança de prioridades cria uma

nova demanda de pessoas que podem sintetizar a informação, abordar problemas com multidi-

mensionalidade, gerenciar múltiplos fluxos de informação, suportar o desconforto da incerteza e,

apesar de tudo, agir com empatia. Assim, diante de novas experiências, a percepção humana ca-

minha em busca do intuitivo, do emocional, do racional e do somático.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUCING TIMELINE. Disponível em: <http://www.facebook.com/about/timeline>. Acessado em: 15 de dezembro de 2011;

HAPPILY EVER AFTER. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/books/2007/oct/13/film.fiction>. Acessado em: 16 de dezembro de 2011;

NEIL GAIMAN BIOGRAPHY. Disponível em: <http://www.neilgaiman.com/p/About_Neil/Biography>. Acessado em: 16 de dezembro de 2011;

TRANSMEDIA STORYTELLING: THE REEMERGENCE OF FUNDAMENTALS. Disponível em: <http://www.psychologytoday.com/blog/positively-media/201101/transmedia-storytelling-the-reemergence-fundame

ntals>. Acessado em: 17 de dezembro de 2011;

ARCADE FIRE: SPRAWL 2. Disponível em: <http://www.sprawl2.com/>. Acessado em: 17 de dezembro de

2011;

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T R A N S M E D I A S T O RY T E L L I N G : I T ’ S T H E S T O RY, S T U P I D . D i s p o n í v e l e m : < http://www.psychologytoday.com/blog/positively-media/201110/transmedia-storytelling-it-s-the-story-stupid-0>.

Acessado em: 17 de dezembro de 2011;

PAMELA RUTLEDGE LINKED IN. Disponível em: < http://www.linkedin.com/in/pamelarutledge> Acessado

em: 17 de dezembro de 2011;

T H E P S Y C H O L O G Y O F S T O R Y T E L L I N G . D i s p o n í v e l e m :

<http://mannerofspeaking.org/2010/08/24/the-psychology-of-storytelling/> Acessado em: 17 de dezembro de 2011;

TEDXGallatin: AMANDA D’ANNUCCI: STORYTELLING, PSYCHOLOGY AND NEUROSCIENCE.

Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=KKB_JVNGjLY> Acessado em: 17 de dezembro de 2011;

HOW YOUR SAUSAGE JOURNALISM GETS MADE, PART ONE. Disponível em:<

http://www.forbes.com/sites/susannahbreslin/2011/04/20/how-your-journalism-sausage-gets-made-part-one/> Acessado em: 18 de dezembro de 2011;

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STORYTELLING AND QUANTUM ENTANGLEMENT: FORBES STAFFERS, CONTRIBUTORS AND M A R K E T E R S . D i s p o n í v e l e m : <

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FORBES: ALEX KNAPP. Disponível em: <http://blogs.forbes.com/alexknapp/> Acessado em: 18 de dezembro de 2011;

O MUNDO INVISÍVEL ONDE COISAS ESTRANHAS ACONTECEM . Disponível em: <http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/novembro2006/ju345pag09.html Acessado em: 18 de dezembro

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O Q U E É O G A T O D E S C H R Ö D I N G E R ? . D i s p o n í v e l e m : <

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