Só feitos mil km corredores contra - ulisboa.pt · dor na Universidade de Trás--os-Montes e Alto...

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Relatório aponta falhas em 96 carros de combate estão feitos 20% dos 11 mil km de corredores contra fogo INEM sem capacidade para chamadas de emergência PBal 3

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Relatório apontafalhas em 96 carrosde combate

Só estão feitos20% dos 11 mil kmde corredorescontra fogo

INEM semcapacidade parachamadas deemergência PBal 3

Um fogo combatido com exibiçãode músculo e falta de cabeçaA meios foram sendo somados meios. O trabalho de sapa começou tarde, com as chamas já descontroladas

A ver o fogo em Monchique. Passada a fase inicial, perdida a hipótese de controlo, já muito pouco havia fazer

Amadeu Araújo

A serra de Monchique ardeu.Em 2003 e agora. Os protago-nistas são quase os mesmos,os caminhos do fogo também.Povoações que há 15 anos fo-ram cercadas pelas chamas,voltaram a sê-10. Desta vez, como maior número de meios de

sempre e uma concentraçãode viaturas e aeronaves de quenão há memória em Portugal,sobram questões.

"No meu tempo, com outrocomando, os bombeiros posi-cionavam-se atrás das chamas,a combater com enxadas, pás ebatedores. Não se esperava pelofogo nas estradas, como agora.Não se consegue perceber." Odesabafo escuta-se em Grân-dola, onde os bombeiros ren-didos param para o café. Ouve--se também na Base de ApoioLogístico de Mangualde, antesde os operacionais embarca-rem no autocarro que fará 600quilómetros até às labaredas daserra algarvia.

Quinze anos depois, o fogorepetiu-se, nos mesmos valese veredas. Com uma diferença."O mato voltou a obstruir oscaminhos que o fogo destapouem 2003." O relato é de umbombeiro de Cinfães, alimen-tado durante dois dias a cuvetesde arroz e "pouco para fazer",num teatro de operações onde"muitos mandavam e poucosexecutavam". Outro desabafochega dos reforços enviados deCondeixa. "Estive na Fóia, disseao meu pessoal que ou começa-vam a chamar bombeiros comforça ou ia ser bonito. Andarama brincar: poucos homens numterreno com poucos corta-fo-gos, muita vegetação, vento ecalor." Entre os operacionais,lamenta-se "a falta de cabelosbrancos e uma grande falta dehumildade". "Tem alguma ló-

gica ter carros parados, a verarder, enquanto não lhes sãodadas ordens?".

Se em Pedrógão, há um ano,faltaram meios, em Monchi-que, diz um operacional, "foi

enviado tudo quanto pedi-ram". O dispositivo chegou acontar com 1337 operacionais,13 meios aéreos e 40 máqui-nas de rastos.

Os testemunhos de quemesteve no terreno têm eco naopinião de quem por estes dias

acompanhou a evolução dosacontecimentos. "Houve faltade organização e de conheci-mento", afirma Joaquim Sandee Silva, professor da Escola Su-

perior Agrária de Coimbra e es-

pecialista em Ecologia e Gestãodo Fogo. Numa apreciação feitaaos primeiros dias do incêndio,quando o comando operacionalestava ainda ao nível distrital,Sande e Silva afirma que "ocombate funcionou muito numalógica de acrescentar meios".

Para o docente do Politécnicode Coimbra, que fez parte dasduas comissões técnicas inde-

pendentes aos incêndios de2017, "não se anteciparam os

problemas, através da previsãoda evolução do comportamen-to do fogo".

Paulo Fernandes, da Universi-dade de Trás-os-Montes e AltoDouro (UTAD), diz que a dou-trina vigente no país assenta"muito na ótica da ProteçãoCivil, acreditando que os resul-tados dependem da quantida-de de meios utilizados". Fer-nandes, que também integrouaquele grupo de peritos queestudou os fogos de Pedrógão ede outubro do ano passado, sali-enta que "a componente flores-tal só há poucos anos começoua ser introduzida". "Ter muitosmeios é ótimo para resolverfogos pequenos e quando as

condições meteorológicas sãomoderadas. Quando estamosperante extensões como a de

Monchique não são os homense os meios que podem fazer adiferença: é o conhecimento, o

planeamento e a estratégia. Éisso que falha em Portugal", dizo investigador.

Em Monchique, as primeirashoras do incêndio (detetado às

13h32 do dia 3 de agosto) foramde combate direto às chamas."Continuámos a fazer o quesempre se fez: fomos à procu-ra do incêndio", diz FernandoCurto, presidente da Associ-

ação Nacional dos BombeirosProfissionais. Em vez disso, o

fogo "devia ter sido sectorizado,e devia ter-se esperado por ele,tendo feito antes os aceiros quese impunham fazer".

Sede de agradar

O responsável pela ProteçãoCivil de um município que des-de há muitos anos aposta nas

máquinas de rastos como umdos meios mais eficazes de com-bate ao fogo diz que "devia terhavido esse trabalho indiretona primeira fase". A leitura da

opção tomada tem picante po-lítico: "O comando operacionalnão resistiu à pressão de mos-trar os meios que nos últimostempos têm sido apregoadospelo poder político. E era pre-ciso que a opinião pública os

visse a atuar." É como quem diz

que a sede de mostrar trabalhoredundou em pouco mais do

que despejar água nas chamas.Falhada a extinção num pri-

meiro momento, o fogo cresceue aproximou-se das localidades.A prioridade foi então a eva-cuação de casas isoladas e dealdeias, o que requisitou meios

que ficaram a faltar noutro lado.Com o incêndio descontrolado,só então o verbo "aceirar" pas-sou a ser conjugado pelo coman-do operacional, e para isso mui-tas máquinas de rastos foramdeslocadas para o Algarve. Hárelatos, no entanto, de desorga-nização e falta de eficácia. "Com

as quatro dezenas de bulldozers

disponíveis, era possível abrircaminhos, derrubar árvores

e rasgar aceiros para travar aprogressão do fogo e depoiscombater", diz ao Expresso umcomandante de bombeiros.

Com a subida das tempera-turas e o aumento do vento, oincêndio intensificou-se. "Im-potentes ante a dimensão dofogo", a estratégia da ANPC foia de "gerir a comunicação, em-penhar meios nunca vistos e

forçar um combate musculado

para que não houvesse críticasde falta de meios", diz outro co-mandante operacional. Do ter-reno, mais uma queixa: "Faltoupoder de decisão. Estes fogosnão se combatem assim." PauloFernandes concorda: "Num in-cêndio que atinge grandes pro-porções, estarem lá mil ou doismil homens não tem qualquerimpacto, porque a velocidadede expansão é muito superior àcapacidade de combate. Tem deusar-se o fogo tático."

Joaquim Sande e Silva corro-bora. "Falta muito conhecimen-to técnico. E mesmo quando ele

existe, enfrenta-se um proble-ma organizacional e cultural.Quando é preciso usar fogo de

supressão ou corta-fogo, essasmanobras exigem que sejamcomandadas por alguém comcredenciação. E ainda não há

gente suficiente com essa es-

pecialização", afirma. E algunsdos existentes estão no Institutoda Conservação da Natureza e

das Florestas, cujos "coordena-dores de prevenção estruturalcontinuam a estar arredados doteatro de operações".

Nada daquilo que devia serfeito é ainda uma realidade. Porisso, continuam basicamentea pingar meios e água sobre o

fogo. Insuficientes para a in-tensidade das chamas, em Mon-

chique insuflados "para parecerque não faltavam e que erammuitos". Na falta de conheci-mento, a exibição do músculo

foi o que esteve mais à mão. Equando se passou para a maqui-naria pesada já era tarde.

O Expresso contactou a

ANPC que não respondeu atéao fecho desta edição.

com PAULO PAIXÃO

e ISABEL LEIRIA

[email protected]

Só foi abertoum quintodos corredorescontra o fogoDa rede prevista de 11.200km de grandes faixas semárvores para defendera floresta de incêndiosconstruíram-se 2400 km

Postos de vigilância e deteçãode incêndios, estradas flores-tais, pontos de água, redes defaixas de gestão de combustí-vel. Estes são vários dos instru-mentos previstos desde 2006,

com a lei que aprovou então as

regras para um novo SistemaNacional de Defesa da Florestacontra Incêndios. O país vivia aressaca dos fogos de 2003 e de

2005, que consumiram mais de286 mil hectares num ano e 214mil noutro. Mas nem tudo foicumprido. No caso da chama-da rede primária de faixas de

gestão do combustível — largoscorredores abertos em locais

estratégicos e em que é feitaa remoção total ou parcial davegetação para tentar condi-cionar a progressão do fogo e

permitir o acesso de meios decombate —

, foi planeada umarede com cerca de 11.200 kmde extensão total. "Entre 2006e 2017 o país foi dotado de 1200km de rede primária. Em 2018,e até ao momento, foram exe-

cutados mais de 1200 km", in-forma o gabinete do secretáriode Estado das Florestas e doDesenvolvimento Rural. Ouseja, apenas 21% da rede estãoconcretizados a nível nacional.

Estes corredores são defini-dos pelos planos distritais dedefesa da floresta contra incên-dios e têm de estar incluídosnos planos municipais e locais,informa ainda a Secretaria deEstado. No caso do distrito de

Faro, onde se integra a serrade Monchique, os números nãosão muito melhores: dos 1350km previstos, foram executa-dos, até 2017, 236 quilómetros.

Já este ano, o Governo iden-tificou um conjunto de 119concelhos onde era prioritá-ria a "abertura e beneficiaçãode faixas de interrupção decombustível (FIC)". Monchi-que estava incluído na lista,com a sinalização de quase90 quilómetros necessários.Só que entre o lançamento do

concurso (em março), a pro-cura de empresas e o tempopara a execução de abates deárvores e limpeza num terrenoparticularmente difícil, não foipossível, também neste caso,ter o objetivo já concretizado,

admite a autarquia.A insuficiência de faixas de

contenção do fogo é um dos fa-tores que levou o investigadorJosé Miguel Cardoso Pereiraa colocar Monchique no topode uma lista de 20 municípiosonde o risco de ocorrer um in-cêndio de grandes dimensõeseste verão era muito elevado.Acertou. "Monchique tem umhistorial de incêndios passa-

dos, com grande área florestale que não ardia há 15 anos. Otrabalho substancial que foifeito desde o final do ano pas-sado foi de proteção de umaárea muito restrita, em tornodas casas e das povoações. Eisso talvez tenha contribuídopara uma melhoria da proteçãodas habitações que se verificou.Mas não tem escala para pro-teger uma floresta de milharesde hectares, nem para assegu-rar a existência de locais ondeo combate seja mais seguro e

eficaz", avalia o investigador doInstituto Superior de Agrono-mia da Universidade de Lisboa.

José Miguel Cardoso Pereirarecorda precisamente que o

barlavento algarvio (Aljezur,Monchique, Silves), pelas suascaracterísticas orográficas,

foi a primeira região onde oInstituto da Conservação daFloresta e da Natureza assi-nalou a importância de abrirestas faixas de contenção paradificultar a propagação das

chamas. Só que o plano nãofoi levado até ao fim.

Paulo Fernandes, investiga-dor na Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro, re-conhece a importância destas

faixas, mas lembra que a suaeficácia depende de váriosfatores, como a manutençãoou o posicionamento face aosventos dominantes. Se for umincêndio com projeções de fogoa quilómetros de distância po-dem também não resultar. Masno que todos estão de acordo é

que neste tipo de terreno, comcondições atmosféricas muitoadversas, ou o fogo é controla-do nos primeiros 20 minutosou o combate torna-se muitodifícil, ou impossível. "Nestescasos não é o número de meiose homens que faz a diferença.É o conhecimento e a estra-tégia. É isso que falha muitoem Portugal", considera PauloFernandes.

ISABEL LEIRIA

[email protected]

Caminhae Oleiros emrisco máximoOs dois concelhos commaior perigo de incêndiotentam prevenir umcenário semelhante aMonchique. Há falhas

Esta primavera, Monchique,Oleiros e Caminha estavam no

top 3 dos concelhos com maiorrisco de incêndio no mapa doCentro de Estudos Florestaisda Universidade de Lisboa. Noprimeiro, arderam agora quase30 mil hectares, num fogo ex-tinto esta sexta-feira. Oleirosnão foi ainda afetado pelas cha-mas mas Luís Antunes, coman-dante dos bombeiros voluntá-rios locais, chama a atençãopara a falta de limpeza da mata."Em fevereiro e março, os pro-prietários das terras fizeramum bom trabalho. Mas de lápara cá, com as chuvas, a flo-resta voltou a crescer. É comose não tivesse sido feito nada",critica. A idade avançada dapopulação ajuda a explicar ocenário desolador. "Estas pes-soas não têm forças para voltara fazer grandes limpezas."

Caso tenham de combaterum grande incêndio — como

o que em setembro de 2003matou duas pessoas e queimou70% da floresta — os volun-tários terão dificuldades emavançar no terreno. "Será umamissão complicada. Ou apa-nhamos o fogo logo à nascençaou o caso será grave."

O dispositivo de combate nãosofreu grandes alterações nosúltimos anos. Luís Antunes temà disposição 22 voluntários e

uma equipa de cinco profis-sionais que este ano ajudou acombater pequenas igniçõesem concelhos vizinhos. Pelomenos para já, o número deoperacionais não pode ser maiselevado porque o quartel está aser alvo de obras de remodela-ção. "As instalações estão comlimitações. Mas temos de estar

prontos para tudo", resume.Cada uma das dez freguesias

tem ainda umapic/c-up equipa-da com 600 litros de água. Estekit de primeira intervenção dos

fogos "pode fazer toda a dife-

rença", defende o homem queajudou a combater o incêndiode 2003. Dessa altura recordao "sentimento de impotência".Espera que a realidade seja di-

ferente num cenário de cha-mas: "A população tem sidosensibilizada, recebe os alertasda Proteção Civil... Está cientedo que pode acontecer."

O Governo revela ao Expres-so que, face ao risco acrescido,foram pré-posicionadas emOleiros quatro equipas de com-bate a incêndios, duas equipasde apoio logístico ao combate,uma Equipa de IntervençãoPermanente, duas equipas de

sapadores florestais, dez equi-pas municipais de intervençãoflorestal para vigilância e ata-que inicial e uma máquina derasto. Caminha, que é o ter-ceiro concelho de risco maiselevado, conta também comreforço de meios, diz o Ministé-rio da Administração Interna:duas equipas de combate a in-cêndios e duas de IntervençãoPermanente.

A dor de Monchique

O facto de o concelho do Minhoestar no grupo de risco não fezmudar as prioridades do autar-ca Miguel Alves. Ainda assim, o

município tem durante todo o

ano duas equipas de bombeirosprofissionais e uma de sapado-res. No final do ano passadonão havia nenhum.

Em 2016, na sequência deincêndios no município, a au-tarquia candidatou-se a fundoscomunitários para limpar a rede

primária e secundária da ges-tão de combustível. "Fomos dos

poucos candidatos", afirma Al-ves. São 500 mil euros para três

anos, 85% a fundo perdido, quejá permitiram a limpeza de 138hectares de terreno. A gestãode combustível com fogo con-trolado permitiu limpar mais97 hectares. Mas há ainda muito

por fazer, assume o autarca. Umexemplo? Só um terço das estra-das municipais está limpa.

"Caminha está no topo dorisco e essa angústia passapara todos", diz Miguel Alves."Olho para Monchique, sen-tindo uma dor por eles, e pensose conseguiríamos evitar o quese passou lá. Não estamos a fa-zer ainda tudo o que é precisofazer. Mas estamos a fazer o

máximo."HUGO FRANCO e PAULO PAIXÃO

[email protected]

&Monchique estavaidentificado comoo concelho com maiorrisco de incêndio.A prevenção falhou?O Governo garante que não.Face às previsões meteoro-lógicas que apontavam pararisco elevado de incêndiopara o Algarve entre 2 e 6de agosto, a Proteção Civilemitiu um alerta vermelhopara a região com reforçode meios, com o pré-posi-cionamento de dois Gruposde Ataque Ampliado emBeja e São Marcos da Serra,dois aviões médios anfíbiose o incremento de patru-lhas militares. Além disso,Monchique estava na listade concelhos com freguesiasprioritárias e ganhou maismeios no Dispositivo de In-cêndios Rurais de 2018, no-meadamente um Grupo de

Ataque Ampliado do GIPS,um helicóptero pesado eum avião de coordenação e

avaliação. Não foi suficiente.

Já é conhecida a causado incêndio?O Expresso sabe que as au-toridades terão já algunsindícios mas não há aindaprovas taxativas sobre a ori-

gem do fogo. A ausência decomunicados da Polícia Ju-diciária e do Ministério Pú-blico a anunciar detençõesé revelador. O inquérito está

nas mãos do DIAP de Faroe da PJ de Portimão, que se

encontram no terreno desdeo primeiro dia.

27 mil hectares ardidose nenhuma vítimamortal. Aprendeu-secom Pedrógão?A resposta rápida dos opera-cionais que tinham a missãode retirar as pessoas dos lo-cais próximos das chamasé um dos pontos positivos aretirar do incêndio de Mon-chique e de Silves. "A vidahumana vale tudo. A tra-gédia do ano passado exigeisso", justificou o ministroda Administração Interna,Eduardo Cabrita. No total,foram retiradas 500 pessoasdas suas casas. E isso podeter feito a diferença.

A retirada à forçadas populaçõesfoi legitima?Um vereador de Monchiqueacusou a GNR de algemar elevar pessoas à força de suas

casas, informação confirma-da por vários populares dasaldeias afetadas. Apesar de

polémica, esta operação é

legitimada pela lei. De acor-do com vários juristas, os

princípios constitucionaisda inviolabilidade da vidahumana e da integridade fí-sica estão acima da recusadas pessoas em sair de umlocal onde correm perigo.E terá sido isso mesmo quese passou em Monchique eSilves. Eduardo Cabrita diz

que apelos para as pessoasficarem em casa são crime.

O fogo durou setedias. Faltaram meiosde combate?Os meios começaram a che-

gar ao local pouco tempodepois de o fogo ter sido de-tetado e foram aumentando.A partir de sábado passado,estiveram sempre em Mon-chique mais de 700 operaci-onais, que chegaram quaseaos 1400. No terreno erabem visível o forte aparato.As falhas apontadas pelosespecialistas prendem-semais com a estratégia decombate do que com a fal-ta de meios. Em incêndiosdestas proporções, nas con-dições territoriais e climaté-ricas em que se desenvolveu,o combate direto tem poucaeficácia, dizem.

A transferênciado comando das

operações do níveldistrital para nacionalfoi tardia?A ANPC diz que não. E es-clarece que o Sistema deGestão de Operações, quedetermina a passagem das

operações para nível nacio-nal quando estão no terreno648 operacionais — núme-ro atingido em Monchiquena madrugada de domingo,terceiro dia de incêndio —

,

é "um instrumento flexível"e que a decisão de acionarum nível superior — assumi-da ao quinto dia de chamas— foi tomada "em funçãoda apreciação da evoluçãoda operação que foi feita acada momento". A decisão

foi anunciada pelo ministroda Administração Interna,mas coube ao comandantenacional da ANPC.

Portugal pediu ajudainternacional?Antes da vaga de calor,Portugal acionou preven-tivamente o MecanismoEuropeu de Proteção Civil,antecipando a possibilidadede ter de reforçar o disposi-tivo de meios aéreos, dadoo risco máximo de incêndioprevisto ao longo de váriosdias. A Itália respondeu aoapelo e disponibilizou dois

Canadair, mas não chega-ram a vir para Monchique.Portugal optou por acionaro mecanismo bilateral comEspanha, com menores exi-

gências logísticas, e contoucom a ajuda de três Canada-ir espanhóis.

Vai haver apoiosfinanceiros àspopulações afetadas?Num primeiro balanço, o

presidente da Câmara Mu-nicipal de Monchique esti-ma que os prejuízos atin-jam os 10 milhões de eurossó em habitações (cerca de

50 foram total ou parcial-mente destruídas) e infra-estruturas municipais. Mashá muito mais a reparar. Os

produtores da região dizem

que dois terços da área demedronhal foi destruída,bem como milhares de col-meias e sobreiros. O Go-verno já garantiu que, atra-vés dos vários ministériosenvolvidos, irá concederapoios às populações afe-tadas, mas só depois de serfeito um levantamento dos

prejuízos, que se iniciou noterreno mal o incêndio foidado como extinto.