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Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética Índice Págs Introdução 3 Experimentação animal O que é 4 História 5 Os animais utilizados 5 Quem financia 6 Experiências e pesquisas realizadas actualmente 6 Perspectiva Filosófica O Animal segundo Platão 8 O Animal segundo São Francisco de Assis 8 O Animal segundo Peter Singer 9 O Sofrimento e a Sensibilidade Animal 11 1 | P á g i n a

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Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

ÍndicePágs

Introdução 3

Experimentação animal

O que é 4 História 5 Os animais utilizados 5 Quem financia 6 Experiências e pesquisas realizadas actualmente 6

Perspectiva Filosófica

O Animal segundo Platão 8 O Animal segundo São Francisco de Assis 8 O Animal segundo Peter Singer 9

O Sofrimento e a Sensibilidade Animal 11

Métodos Alternativos à Experimentação Animal 13

Conclusão 16Bibliografia 18Webgrafia 19

Anexos

Empresas que actualmente fazem testes em animais 23 Empresas que actualmente NÃO fazem testes em animais 24 A Verdadeira Face da Experimentação Animal – entrevista a

Sérgio Greif 25 Experimentação Animal – Publicidade contra a Experimentação

Animal 28 Experimentação Animal – Inquérito 29

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Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Introdução

A Experimentação Animal é um tema que ganhou uma grande importância na

sociedade actual, especialmente nas últimas três décadas, em que surgiu um intenso

debate no Mundo sobre este assunto, a partir de questões como a legitimidade moral e

científica desta forma de utilização dos animais.

A interacção entre homens e animais sempre esteve presente na História da

Humanidade, desde dos tempos em que os Homens viviam em cavernas e

encontraram na caça uma importante forma de sobrevivência, até aos dias de hoje, em

que se destaca, principalmente, a Experimentação Animal, nas actuais relações

Homem - animais. Contudo, a Experimentação Animal não se prende apenas com a

Ciência, envolvendo nas suas discussões interesses também políticos, mas acima de

tudo financeiros.

Assim, escolhemos o tema/problema da Ética na actual Experimentação Animal,

uma vez que se trata de um assunto que diz respeito ao nosso Presente, e que possui

uma enorme importância tanto mundial, visto tratar-se de algo que pode afectar todo o

planeta, como individual, uma vez que se prende com o desenvolvimento ético de cada

pessoa. Mas será a actual Experimentação Animal eticamente correcta?

Nesse sentido, investigaremos o desenvolvimento da

prática da Experimentação Animal até aos nossos dias,

exploraremos a questão do sofrimento e da sensibilidade

animal, assim como a visão ocidental sobre os animais

através dos tempos, e o próprio crescimento dos métodos

alternativos. Por último, apresentaremos a nossa própria

perspectiva sobre o assunto.

O estudo que apresentamos é, portanto, um convite à

reflexão sobre o papel desempenhado pela Ética na

maneira como interagimos actualmente com os animais, de

forma a que a Ética e a Ciência, assim como as suas

relações, se tornem então questões mais centrais do nosso

tempo.

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Fig.1: Espécie de rato mais utilizada em

actividades laboratoriais – Mus musculus.

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Experimentação Animal

"Pergunte aos cientistas o porquê de eles experimentarem em animais, e a resposta será:

"Porque eles são como nós". Pergunte aos cientistas porque é moralmente correcto fazer

testes em animais, e a resposta será: "Porque os animais não são como nós". As experiências

em animais consistem numa contradição lógica." Professor Charles R. Magel

O que éO termo vulgarmente utilizado para abordar a experimentação animal é a

vivissecção. Este termo significa «cortar (um animal) vivo», mas é aplicado

genericamente a qualquer forma de experimentação animal que possua como principal

objectivo observar um fenómeno, uma alteração fisiológica ou um estudo anatómico em

animais, na maioria dos casos sem recorrer a qualquer tipo de anestesia. O termo

vivissecção é então usado para englobar as várias categorias científicas e

procedimentos médicos feitos em animais, incluindo testes a medicamentos e a outros

produtos químicos, pesquisa biomédica, assim como a criação e a morte de animais

direccionadas para retirar e usar determinadas partes corporais destes, tais como

válvulas cardíacas ou órgãos.

Assim, não é exagero afirmar que a vivissecção é um dos negócios mais

lucrativos do mundo, uma vez que envolve fabricantes de aparelhos de contenção,

fabricantes de gaiolas e de rações, fornecedores de animais, fundações de pesquisa

que angariam fundos, conselhos de pesquisa nacionais e, como é óbvio, muitos

cientistas.

Apesar de serem comparativamente poucos aqueles que beneficiam da

experimentação animal, é nas grandes massas populacionais que ela encontra o seu

maior apoio, visto que a principal meta da Ciência vigente parece ser a elaboração de

uma dependência medicinal por parte das pessoas. Isto acontece porque, mesmo

sabendo como evitar o cancro, a diabetes, e todas as doenças degenerativas, bem

como as infecciosas, as pessoas continuam a preferir levar uma vida de risco, para

depois se entregarem às mãos da Medicina, em busca de curas milagrosas,

alcançadas através de medicamentos testados em animais.

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HistóriaA vivissecção é uma prática antiga, tendo sido inicialmente praticada na Grécia Antiga;

Aristóteles (384-322 a.C.), por exemplo, realizava já, quatro séculos antes da era

Cristã, verdadeiras vivissecções (operações feitas a animais vivos) e dissecções

(individualização de elementos anatómicos de um organismo morto), acabando por dar

início à Sistemática (ciência dedicada a enumerar e descrever a biodiversidade, assim

como compreender as relações evolutivas entre os diferentes organismos).

Mais tarde, Galeno (129-210 d.C.), realizava pela primeira vez vivissecções com

objectivos experimentais, ou seja, com o propósito de testar variáveis através de

alterações provocadas nos animais, enquanto que por volta de 1638, William Harvey,

realizava a primeira proposta de observação sistemática de animais dissecados com

propósitos científicos.

O racionalista francês René Descartes (1596-1650) contribuiu também no sentido

de excluir os animais da esfera das preocupações morais humanas. O filósofo

justificava a exploração e a experimentação animal afirmando que estes eram

máquinas destituídas de sentimentos e, portanto, incapazes de sentir dor ou prazer.

Por outro lado, nos séculos que se seguiram à Renascença, a experimentação

animal aumentou, visando a investigação científica e o ensino da Medicina. A escolha

deste modelo era justificada por três factores principais: primeiro, porquê a prática da

experimentação e da vivissecção de animais era um costume antigo e muito usado,

não havendo assim qualquer problema em continuar a usá-la; segundo, porque a vida

animal não tinha, naquela altura, nenhum valor (assim como a vida de outros seres

humanos como os escravos, mas estes eram mais caros que os animais de criação); e

terceiro, porque os cadáveres humanos eram difíceis de se conseguir.

Os animais utilizadosAtravés de um estudo realizado em 1994, acerca do número de animais mortos e

massacrados anualmente nos laboratórios dos EUA, chegou-se a uma estimativa

colossal, que podia oscilar entre os 17 e os 70 milhões de animais. Na Europa estima-

se uma média de 11 milhões de animais utilizados por ano, enquanto que,

mundialmente, prevê-se que ronde os 300 milhões. Em Portugal, são usados por volta

dos 40 mil animais, anualmente.

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A Animal Welfare Act, é uma lei que regulamenta a experimentação animal nos

EUA e que requer, dos diferentes laboratórios experimentais, o registro do número de

animais utilizados nas experiências. Contudo esta lei não abrange animais como os

ratos e as aves (que cobrem cerca de 80 a 90% de todas as experiências).

Assim, devido à não cobertura pela lei destes animais, eles permanecem

incontáveis, pelo que apenas se pode tentar estimar o seu número.

A maior companhia criadora de animais para laboratórios dos EUA é a Charles

River Breeding Laboratories (CRBL), centrada em Massachusetts. Esta companhia

comanda cerca de 50% do comércio de diversos animais, como ratos, porquinhos-da-

índia, hamsters, gerbilos, macacos rhesus, primatas importados e porcos anões. Uma

vez que alguns destes animais não são protegidos pelas regulamentações do Animal

Welfare Act, o Departamento de Agricultura Americano não requer que os criadores

comerciais destes roedores sejam registados ou que o Serviço de Inspecção de Saúde

Animal e de Plantas inspeccione estes estabelecimentos.

Por outro lado, os roedores não são, nem de perto nem de longe, semelhantes ao

ser humano no que se refere ao seu metabolismo e anatomia, não sendo segredo para

ninguém que a escolha por este modelo de animais deve-se unicamente a factores de

ordem económica, visto que são animais pequenos, mansos, fáceis de manter, que se

alimentam pouco, ocupam pouco espaço e produzem-se em quantidade numerosa,

fornecendo um grande número de animais para a pesquisa por um preço menor. No

entanto, os dados obtidos destes animais, geralmente não são aceites como

satisfatórios para a aplicação em seres humanos, levando à pesquisa em animais de

outras espécies tais como cães e gatos, que também são muitas vezes usados nestas

experiências. Estes vêm de fornecedores organizados que obtêm os animais de

anúncios de doações gratuitas. E também estes são, da mesma forma, reconhecidos

como péssimos modelos de aplicação ao Homem, sendo, no entanto, constantemente

utilizados devido à sua facilidade de aquisição.

Animais como aves, rãs, porcos, ovelhas, coelhos e muitos outros, que são

naturalmente encontrados como animais domésticos, são vítimas comuns destas

experiências.

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Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Contudo, os cientistas vivisseccionistas procuram sempre justificar as suas

pesquisas baseando-se na argumentação científica, ou a adopção de determinados

modelos com base em argumentos não científicos, ou ainda contra-atacando com o

célebre dilema: «Se não experimentar em animais, vou experimentar em quem, em

seres humanos?»

Mesmo assim, ultimamente a escolha pela espécie tem-se baseado também na

opinião pública, uma vez que muitos cientistas acreditam que escolhendo animais

menos “simpáticos” como ratos e porcos, receberão menos críticas das pessoas, do

que utilizando animais considerados mais “simpáticos”, como o cão, o gato e o coelho.

Quem financiaO Instituto Nacional de Saúde (NIH) nos EUA é o maior financiador mundial da

exploração e experimentação animal. Este órgão gasta anualmente cerca de 7 biliões

de dólares, proveniente dos impostos, dos quais 5 biliões de dólares vão para

pesquisas envolvendo estudos em animais.

Experiências e pesquisas realizadas actualmente

Experimentação Psicológica: Os animais são utilizados em

testes de comportamento e de aprendizagem, sendo por vezes,

privados da presença da sua mãe, de comida, de descanso e do seu

habitat natural.

Este tipo de experimentação costuma possuir como resultados,

o elevado stress dos animais, levando até à sua auto-mutilação, ao

próprio canibalismo e a depressões muito profundas.

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Fig.2, 3 e 4: Principais animais utilizados na experimentação animal

Fig.5: Macaco sujeito a uma experimentação psicológica.

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Testes de Colisão: Como o próprio nome indica, os investigadores realizam

testes de colisão, por exemplo, para estudarem a segurança dos automóveis. A maioria

dos animais não sobrevive a estes testes.

Animais nas Universidades: São, na maioria das

vezes, dissecados (ainda em vida) para observação, dos

futuros profissionais, de estruturas como a anatomia, o

sistema nervoso, o sistema cardio-respiratório, etc.

Experimentação Armamentista: Os animais são usados como alvo, são

expostos a bombas, são baleados para se estudar a velocidade e a intensidade de

certas armas e bombas, sendo também obrigados a inalar fumos e gases tóxicos.

Testes de Irritação Dermal: Ferem a pele dos animais, com estes conscientes e

sem serem anestesiados, raspando-a até chegarem à carne, onde aplicam certos

produtos, a fim de observarem o seu grau de irritação.

Testes de Irritação Ocular: Consistem na aplicação directa de produtos nos

olhos de animais conscientes, de modo a saberem se são ou não nocivos para o

Homem. A maioria dos animais acaba por cegar. Nestes testes são normalmente

utilizados coelhos, uma vez que estes são baratos e possuem olhos grandes.

Teste da DL50: Utilizado para se determinar a dose, de

um certo produto, que é necessária para matar 50% duma

população. Por cada teste são utilizados uma média de 200

animais, forçados a ingerir grandes quantidades de

produtos, como detergentes e produtos de limpeza.

Na maioria das experiências e pesquisas relatadas,

não são dados aos animais quaisquer tipos de anestésicos,

uma vez que isso poderia alterar os verdadeiros resultados

dos testes.

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Fig.6: Dissecação

dum rato numa aula

universitária

Fig.7: Teste da DL50

num rato de laboratório.

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Perspectiva Filosófica

"O erro da Ética até o momento tem sido a crença de que só se deve aplicá-la em relação

aos homens."Dr. Albert Schweitzer

O animal segundo Platão Segundo Platão, que defendia o teorema filosófico da

imortalidade da alma (a alma é algo imortal, que se vai

purificando ao longo dos tempos com o saber, devido às

sucessivas reincarnações corporais), a alma não era algo que

pertencia exclusivamente aos seres humanos; os animais

também possuíam uma alma e, portanto, direitos.

O animal segundo São Francisco de AssisNascido na cidade de Assis, Francisco viveu na

Itália entre os séculos XII e XIII. Participou em

cruzadas, lutou pela fé, mas acabou por abandonar

tudo e passar a viver como um errante sem destino,

adoptando um estilo de vida baseado na pobreza, na

simplicidade e no amor total por todas as criaturas.

São Francisco de Assis possuía principalmente uma relação muito especial e de

muito respeito para com os animais. Ele sabia que, ao longo da História da

humanidade, o homem cometera muitos erros e atrocidades contra os animais, por

falta de conhecimento, por ganância ou em nome de tradições culturais. Assim, durante

toda a sua vida, tentou alterar esse tipo de comportamentos nas pessoas, motivando

outras a fazerem o mesmo que ele.

Segundo São Francisco de Assis, existia um caminho a ser seguido, por nós

humanos, que é o respeito por todas as formas de vida, tanto aos aspectos mais

básicos, como no abrigo e na alimentação, assim como no direito ao afecto, à liberdade

e, principalmente, no direito à vida.

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Fig.8: Escultura de Platão.

Fig.9: Retrato de São

Francisco de Assis.

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

O animal segundo Peter Singer

“No seu comportamento para com os animais, todos os homens são nazis.”Isaac Singer

Peter Singer nasceu em Melbourne no ano de 1946, cidade

onde acabou por fundar o Centro para Bioética Humana.

Singer é um filósofo e professor australiano, e um dos

maiores pensadores contemporâneos acerca de questões

relacionadas com a Bioética. É um grande defensor dos animais

e dos seus direitos, apoiando completamente a libertação animal

(sendo esta uma das várias razões que o fizeram adoptar uma

alimentação vegetariana).

De acordo com Peter Singer, apenas a nossa arrogância humana pode-nos

impedir de ver que os animais adultos têm uma vida mental e emocional bem

desenvolvida, que pode ser equiparada e considerada até superior à possuída por

alguns seres humanos incapacitados mentalmente ou por crianças recém-nascidas.

Para este filósofo, a capacidade de experimentar a dor e o sofrimento é o que faz com

que os animais tenham interesses em viver, iguais aos dos humanos, e os julgamentos

morais devem ser apenas baseados nesses interesses; não na raça, nem no género,

nem na espécie. Este pressuposto de interesses é a capacidade de um ser vivo de

sentir dor ou prazer.

Desta forma, Peter considera que todos os seres que sejam capazes de sentir

sofrimento, deverão possuir os mesmos direitos. Para ele, os animais podem sentir

tanta dor como os humanos:

"Se der uma palmada com a mão aberta na anca de um cavalo, ele pode

sobressaltar-se, mas provavelmente não sentirá grande dor. A sua pele é grossa o

suficiente para protegê-lo contra uma simples palmada. Contudo, se eu der a mesma

palmada num bebé, ele vai chorar e é quase certo que sinta uma grande dor, pois tem

a pele mais sensível. Portanto, é pior dar uma palmada num bebé do que num cavalo,

desde que as duas palmadas sejam dadas com a mesma força".

Peter Singer in Ética Prática

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Fig.10: Foto de Peter Singer.

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Contudo, isso não significa que o cavalo não sentirá dor. Sentirá apenas menos

dor pelo facto da sua pele ser mais grossa que a pele da criança. E, se consideramos

errado aplicar uma “certa quantidade de dor” a um bebé sem motivo algum, temos

então de considerar igualmente errado impor a mesma quantidade de dor a um cavalo

sem motivo – a não ser que sejamos especistas.

Os especistas atribuem uma maior importância aos interesses dos membros da

sua própria espécie, quando ocorre um conflito entre esses interesses e os dos

membros das outras espécies. Os especistas humanos não aceitam que a dor sentida

por porcos ou por ratos seja tão má como a dor sentida por seres humanos.

Na prática, muitas pessoas concordam com esta última afirmação. Os seres

humanos possuem uma maior consciência do que lhes está a acontecer, e este facto

torna o seu sofrimento mais intenso. Como exemplo, Peter escreve no seu livro, Ética

Prática, que não é possível “comparar a dor de uma pessoa que morra de cancro numa

agonia prolongada à de um rato de laboratório que sofra o mesmo destino”.

Singer aceita perfeitamente que neste caso, a vítima humana de cancro sofrerá

mais que a vítima não humana, mas defende que isso simplesmente não poderá pôr

em causa a igualdade dos interesses dos não-humanos. Pelo contrário, isso significará

apenas que deveremos ter mais cuidado quando comparamos os interesses de

diferentes espécies. Nestas situações, defende, deveremos dar prioridade ao alívio do

maior sofrimento.

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Fig.11, 12 e 13: Animais de laboratório

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

O Sofrimento e a Sensibilidade Animal

“Talvez chegue o dia em que a restante criação animal venha a readquirir os direitos que

nunca deveriam ter sido retirados (…). É possível que um dia se reconheça que o número de

pernas, a vilosidade da pele ou a terminação do osso sacro [a cauda, no caso de muitos

animais não humanos] são razões insuficientes para abandonar um ser sensível ao seu

destino. Que outra coisa poderia traçar uma linha insuperável? Será a faculdade da razão ou,

talvez, a faculdade do discurso? Mas um cavalo ou um cão adulto são, para além de toda a

comparação, animais mais racionais, assim como mais sociáveis, que um recém-nascido de

um dia, de uma semana ou mesmo de um mês. Mas suponhamos que não era assim; de que

serviria? A questão não está em saber se eles podem pensar ou até falar, mas sim, se podem

sofrer.”Jeremy Bentham

Segundo Peter Singer, no livro Ética Prática, se um ser sofre, não existirá

qualquer justificação moral para não tomarmos em consideração esse sofrimento. Por

outro lado, se um ser não for capaz de sofrer, nem de sentir satisfação ou felicidade,

então não haverá nada a ter em consideração. Assim, independentemente a natureza

do ser, o sofrimento terá de ser levado em conta em termos igualitários, em relação a

um outro sofrimento de qualquer ser, na medida de comparações aproximadas.

Contudo, ainda que o animal possa comunicar, através de vocalizações, atitudes

posturais e faciais ou até sinais químicos, o limite de senciência constitui um conceito

de difícil quantificação, de difícil medição.

Entende-se por senciente todo o ser que possua a capacidade de experienciar

sofrimento, quer a nível físico, quer a nível psicológico. Apenas alguns animais podem

ser sencientes, ou seja, apenas alguns animais possuem um sistema nervoso capaz de

permitir a experiência do sofrimento.

Contudo, a senciência pressupõe também uma

consciência, num grau mais ou menos avançado, pelo

que os seres sencientes são também seres conscientes e,

eventualmente, seres autoconscientes. Mas serão

realmente os animais seres autoconscientes?

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Fig.14: Serão os animais seres autoconscientes?

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Actualmente, existem provas sólidas de que alguns o são. A maior prova a este

nível é proveniente dos símios antropóides, que conseguem comunicar connosco

através da linguagem gestual.

Este antigo sonho humano, de ensinar a

nossa linguagem a outra espécie, tornou-se

realidade quando um casal de cientistas, Allen e

Beatrice Gardner, conseguiu ensinar a linguagem

gestual, utilizada por surdos, a um jovem

chimpanzé.

Washoe, o nome dado ao chimpanzé, conseguia compreender cerca de 350

sinais diferentes e usar correctamente cerca de 150. Quanto à autoconsciência,

Washoe não hesitava quando lhe mostravam a sua imagem num espelho e lhe

perguntavam “Quem é?”, respondendo “Eu, Washoe”. Mais tarde, Washoe adoptou um

chimpanzé bebé e em breve começou, não só a fazer-lhe os sinais, como também a

ensiná-lo a fazê-los.

Outra cientista de nome Lyn Miles, ensinou também a linguagem gestual a um

orangotango chamado Chantek.

Quando lhe mostravam uma fotografia de, por

exemplo, um gorila a apontar para o nariz, Chantek era

capaz de o imitar, apontando também para o seu. Isto

implica que os símios possuem uma imagem do seu

próprio corpo e que são capazes de transferir essa

imagem do plano bidimensional da imagem virtual para

realizarem uma acção corporal necessária.

Mais impressionante ainda, são as capacidades demonstradas por estes símios

sobre a noção do tempo. Todos os anos, um casal de cientistas costumava montar

uma árvore de Natal enfeitada com ornamentos comestíveis para um grupo de

chimpanzés. Uma vez, quando essa data foi ultrapassada e o casal não ainda tinha

montado a árvore, um chimpanzé perguntou “Árvore doce?”. O chimpanzé, não só se

lembrava da árvore, como também sabia que a época para a montar tinha chegado. O

mesmo chimpanzé demonstrou também possuir a capacidade de se lembrar de todos

os aniversários dos seus companheiros e do casal de cientistas ao longo dos anos.

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Fig.15: Foto de Washoe.

Fig.16: Foto de Chantek.

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Métodos Alternativos à Experimentação Animal

"A grandeza de uma nação e o seu progresso moral deve-se julgar de acordo com a

maneira com que trata os seus animais".Mahatma Gandhi

O contínuo avanço da tecnologia moderna permitiu o aumento do número de

cientistas empenhados e interessados em descobrir alternativas à cruel

experimentação animal. Estas alternativas são seguras, inovadoras e fiáveis, não

salvando somente a vida dos animais, mas também providenciando os dados

necessários à Ciência, num curto espaço de tempo e a um custo inferior do que os

testes tradicionais em animais.

Apesar de vários cientistas concluírem que

nenhuma alternativa não-animal até hoje desenvolvida

pode substituir completamente os testes em animais, as

empresas podem ser capazes de os evitar se confiarem

num leque de alternativas não-animais, incluindo a

tecnologia in vitro.

Analogamente, estas podem também recorrer ao GMCS americano, uma lista de

milhares de ingredientes já conhecidos como seguros, assim como a informação sobre

o seu uso histórico e estrutura química. Os estudos clínicos humanos são também um

meio de testar produtos, de forma valiosa e aceite, especialmente para testes e

aparelhos biomédicos.

Depois de um novo teste ser desenvolvido, tem de passar por um processo

rigoroso de legitimação antes dos seus resultados serem tidos como fiáveis para o uso

geral. Este processo envolve revisões e opiniões de especialistas, através do National

Toxicology Program Interagency Center for the Evaluation of Alternative Toxicological

Methods (NICEATM) e o Interagency Coordinating Committee on the Validation of

Alternative Methods (ICCVAM).

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Fig.17: Alternativa à experimentação animal – tecnologia

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Actualmente, as alternativas aos testes de produtos em animais mais utilizadas

são:

Bio-Ensaio de Neutral Red:Este tipo de teste recorre ao neutral red, uma solução

dissolvida em água, que é adicionada às células humanas

normais numa caixa de cultura de tecidos. Uma medição

computorizada do nível de absorção da solução pelas

células é utilizada para indicar uma toxicidade relativa.

Cultura de Células, Tecidos e Órgãos:Este é, provavelmente, o método mais eficaz no que diz

respeito à investigação farmacêutica e médica. No início do século

XX sabia-se já que as células retiradas de animais ou de seres

humanos podiam estabilizar-se em culturas por várias gerações.

Actualmente é também possível manter as células de qualquer

órgão do corpo vivo quase indefinidamente. Além disso, pode-se

até cultivar pedaços de tecido ou de órgãos do corpo humano.

Ensaio de Corrositex:

É utilizado para avaliar a potencial corrosividade ou inflamação de certas classes

de químicos. Neste teste utiliza-se uma barreira de matriz de colagénio com uma forma

de pele artificial e um indicador de pH colocado de maneira a detectar quanto tempo

leva o químico a penetrar esta barreira.

Ensaio de Irritação:Utiliza-se um sistema de modificação proteica para formar uma irritação;

quando ocorre uma modificação da matriz das proteínas devido aos materiais

estranhos, pode ser um sinal de que se trata de uma substância potencialmente

irritante para os olhos ou para a pele.

Epidemiologia:Esta técnica baseia-se no estudo de doenças, nas suas origens e nos seus

métodos de propagação. Este conhecimento permite tomar medidas para prevenir

variadas doenças. Ao longo dos tempos, o método demonstrou, por exemplo, a

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Fig.18: Alternativa à experimentação animal –

Bio-Ensaio de Neutral Red.

Fig.19: Alternativa à experimentação animal

– Cultura de células

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

necessidade da esterilização dos utensílios em operações cirúrgicas e também a

capacidade de determinados químicos/drogas, tabaco, radiações, e gorduras,

causarem vários tipos de cancro. Revelou ainda a relação entre o stress e falta de

exercício com as doenças cardiovasculares, assim como os meios de transmissão e de

prevenção da SIDA.

EpiDerme:Recorre a pele artificial derivada de células da pele normal cultivadas para um

tecido tridimensional. Testa irritações dermatológicas, através de estudos de absorção

cutânea e pesquisa dermatológica.

Farmacologia Quântica:É uma técnica usada na química baseada por computador, a fim de se estudar a

estrutura molecular das drogas e dos seus receptores no corpo. É também utilizada em

estudos de transmissores de nervos, hormonas, anestésicos, e anti-depressivos, entre

outros.

Método de Difusão de Agarose:Serve para determinar a toxicidade dos plásticos e de outros materiais sintéticos

usados em aparelhos médicos. Neste teste, algumas células humanas e uma pequena

quantidade de material de teste são postos num contentor e separados por uma fina

camada de agarose (um derivado da alga agar). Se o material de teste for irritante,

surge à volta da substância uma zona de células mortas.

Modelos Matemáticos e Computacionais:Estes testes prevêem o grau de irritabilidade de substâncias de teste com base

em estruturas, propriedades físicas e químicas. Tornou-se assim possível, certos

estudos e previsões sobre a acção de determinados medicamentos em diversos

órgãos, permitindo desta forma mais progressos científicos com base nesses estudos.

É também possível testar moléculas de vários químicos no modelo, em computador,

dos receptores químicos do corpo, e prever a sua reacção. Alguns programas permitem

igualmente a simulação da fisiologia normal de mecanismos como o coração, o

controlo respiratório ou a função renal.

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Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Conclusão

A Experimentação Animal é, efectivamente, um dos pontos mais polémicos e

controversos nos debates a respeito da consideração moral dos animais, provocando

inclusive sérias discussões, mesmo entre grupos e associações que defendem o

tratamento ético dos animais. Alguns destes defensores argumentam que a

Experimentação Animal deveria ser totalmente abolida e proibida. Defendem que

apenas se gasta recursos, que se causa sofrimento desnecessário aos animais e que

não se produz nada de relevante para a Ciência.

Acreditamos que este tipo de afirmações são exageradas e um pouco

extremistas. Não possuímos, no entanto, formação científica suficiente para

contestarmos certas afirmações, e darmos respostas a outras. Não somos contra toda

e qualquer experimentação animal, apenas não concordamos com os actuais 300

milhões de mortes de animais em todo o Mundo, que são realizadas “em nome da

Ciência e do progresso científico”.

Porém, existem certas experiências em animais que podem realmente produzir

resultados muito relevantes para a Ciência. Se, por exemplo, estiver em causa o

sofrimento de uma centena de animais, talvez seja até justificável, neste caso, a

experimentação, se existir boas expectativas e probabilidades de se encontrar a cura

de uma doença grave que afecte centenas de milhares de pessoas em todo o Mundo.

Contudo, para nós, dificilmente é justificável o sofrimento de centenas de coelhos para

se verificar a irritabilidade de um novo creme ou amaciador para o cabelo, assim como

não o são as dissecações, nas experiências laboratoriais escolares.

Poucas poderão então ser as experiências que revelam realmente informações

sobre os Humanos, através dos animais. Os resultados dos estudos com animais

nunca poderão garantir a 100% a segurança e a eficácia de medicamentos humanos

ou de outros produtos. Sempre existirão diferenças biológicas, anatómicas e/ou

bioquímicas fundamentais entre as espécies, fazendo com que cada espécie seja

diferente de todas as outras. Não se deve fazer generalizações; as reacções a certos

produtos e substâncias podem ser diferentes de espécie para espécie.

Contudo, em 1959, William M. S. Russel e L. R. Burch, publicaram uma obra

denominada “Os Princípios da Técnica da Experimentação Humana”, onde

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Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

apresentavam uma filosofia defensora dos 3’Rs, com a qual concordamos inteiramente:

Refinamento (refinement), que consiste na minimização da dor, do sofrimento e da

pressão nos animais usados em pesquisas; Redução (reduction), diminuição do

número de animais utilizados, realçando uma maior qualidade e rendimento das

informações; e Substituição (replacement), que consiste em substituições

cientificamente válidas para as metodologias em animais vivos. Assim, todos os

estudos com base na Experimentação Animal devem ser planeados de maneira a obter

o máximo de informações, utilizando-se o menor número de animais e criando-se o

menor sofrimento possível.

Defendemos também que é necessário estabelecer novas leis para a

Experimentação Animal, leis estas que possam abranger todas as espécies animais e

que melhorem substancialmente a sua qualidade de vida enquanto animais de

laboratório. Se houver a oportunidade de se testar algo sem causar sofrimento animal,

essa deverá ser a primeira possibilidade a ser utilizada pela Ciência. Os animais devem

ser tratados com respeito, com moral, e sem serem vítimas dos nossos próprios

preconceitos sobre as outras espécies.

Desta forma, e tentando responder à nossa pergunta inicial, se será a actual

Experimentação Animal eticamente correcta, declaramos que, com base nos nossos

estudos, a resposta será não. Actualmente, a Experimentação Animal parece ter-se

tornado em algo comum para os cientistas, e acreditamos que os direitos dos animais

não estão a ser devidamente cumpridos, na grande maioria destas experiências. Não

existem cuidados com os animais, nem com as suas dores ou sofrimentos, e muito

menos com as suas vidas. Os animais não recebem actualmente o devido valor que

merecem, pelos sacrifícios diários que fazem, em nome dos humanos.

E assim, declaramos então, que a Experimentação Animal, realizada actualmente,

não é eticamente correcta para com os animais, visto que não respeita principalmente

os seus direitos.

17 | P á g i n a

Fig.20, 21, e 22: Amizade entre

humanos e animais.

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Bibliografia

ALMEIDA, Aires; TEIXEIRA, Célia; MURCHO, Desidério; MATEUS, Paula;

GALVÃO, Pedro, Fevereiro 2009, A Arte de Pensar – Filosofia 11ºano, Didáctica

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ISBN: 978-972-650-800-7

Págs: 237 a 241

ARAÚJO, Fernando, Abril de 2003, A Hora dos Direitos dos Animais, Livraria

Almedina, Coimbra

ISBN: 972-40-1941-1

Págs: 233 a 243.

BECKERT, Cristina (coordenação), 2003, Ética Ambiental – Uma Ética para o

Futuro, Lisboa, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa

ISBN: 972-8531-12-5

Págs: 55 a 103

DREWERMANN, Eugen, 1990, Da Imortalidade dos Animais, Editorial Inquérito,

Mem Martins

ISBN: 972-670-269-0

Págs: 9, 10, 17, 18, 26 e 28

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ISBN: 972-40-2232-3

Págs: 9 a 12

18 | P á g i n a

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

LOPES, António, RUAS, Paulo, 2007, Logos – Filosofia 10º ano, Santillana

Constância, 1ª edição

ISBN: 978-972-761-723-4

Págs: 266 a 273

SINGER, Peter, Setembro de 2003, Ética Prática, Gradiva, 2ªedição

ISBN: 972-662-723-0

Págs: 75 a 98, 129 a 136

Webgrafia

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Singer – Ética Prática

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19 | P á g i n a

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

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acf4 d3ada7ed4a7&board=65.0 – Fórum Eco-Gaia: Por um Mundo Melhor

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%C3%A9ias-fil%C3%B3sofo-peter/ Shvoong: Bioética e Religião

http://www.pensataanimal.net/artigos/49-vania-rall/302-experimentacao-animal-

historico-implicacoes-eticas-e-caracterizacao-como-crime-ambiental - Pensata Animal -

Revista dos Direitos dos Animais

http://74.125.155.132/scholar?q=cache:L8g8EvuqqmAJ:scholar.google.com/

+experimenta%C3%A7%C3%A3o+animal&hl=pt-

PT&lr=lang_pt&as_sdt=2000&as_vis =1 -Aspectos Éticos da Experimentação Animal

Figuras na Capa:http://lh5.ggpht.com/_cSfWHOyA_XI/SnCi7Y2H-XI/AAAAAAAAAu8/WPrqHu-

ty04/1048525_88947655.jpg

http://4us2be.com/wp-content/uploads/2009/12/Johnson__Johnson_testing.jpg

http://scienceblogs.com.br/rnam/lab-mice-540x380.jpg

Fig.1:http://www.cosmogirl.com/cm/cosmogirl/images/K2/lab-rat-test-md.jpg

Fig.2:http://ceticismo.files.wordpress.com/2009/03/rato-300x289.jpg

Fig.3:http://ec.europa.eu/enterprise/sectors/cosmetics/media/photos/animal.jpg

Fig.4:http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/foto/0,,11923057-EX,00.jpg

Fig.5:http://www.prijatelji-zivotinja.hr/data/image_3_3170.jpg

Fig.6:http://www.britannica.com/blogs/wp-content/uploads/2007/11/mouse.jpg

20 | P á g i n a

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Fig.7:http://img709.imageshack.us/i/clipimage0010000.jpg/

Fig.8:http://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/cientistas/platao2.jpg

Fig.9:http://1.bp.blogspot.com/_5F1Qgz3lHDo/STwi4OJOQDI/

AAAAAAAAAA4/0ANnGSs0_Kg/S660/Francisco1.jpg

Fig.10:http://raymondpronk.files.wordpress.com/2009/08/peter_singer.jpg

Fig.11:http://www.fmvz.usp.br/var/plain/storage/images/media/images/

20091126_animais_3/26320-1-por-BR/20091126_animais_3.jpg

Fig.12:http://www.arkofnoah.com/wp-content/uploads/2009/07/testing.jpg

Fig.13:http://3.bp.blogspot.com/_O1YHENRr5Fw/SBHAnnuBemI/AAAAAAAAAcw/-pSRtT-

VGVM/s400/beagle_puppy_awaiting_experimentation_at_toxicol_laboratories

_herefordshire_c_navs.jpg

Fig.14:http://farm1.static.flickr.com/60/158204330_8912aac92a.jpg

Fig.15:http://blog.oregonlive.com/terryrichard/2007/11/large_Washoe.JPG

Fig.16:http://media.rd.com/rd/images/rdc/mag0611/animal-einsteins-03-af.jpg

Fig.17:http://www.siliconrepublic.com/fs/img/news/200911/378x/testtubes.jpg

21 | P á g i n a

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Fig.18:http://www.wdr.de/themen/wissen/forschung/forscherland_nrw/_img/

biochip_400q.jpg

Fig.19:http://www.gendiag.com.br/conhecimento/informativos/adiponectina-humana-de-alto-

peso-molecular-hmw-elisa/image_mini

Fig.20:http://thumbs.dreamstime.com/thumb_324/1224254835YIaUIK.jpg

Fig.21:http://2.bp.blogspot.com/_p9WoMLB6srY/Sc2POpWkscI/AAAAAAAAAZk/

KBrfVreBIJw/s1600-h/M%C3%83O+E+PATA+DADAS+2.bmp

Fig.22:http://www.climateshifts.org/wp-content/uploads/2009/10/puppy.jpg

Fig.25:http://osocio.org/images/uploads/noah_victime_print_thumb.jpg

Fig.26:http://osocio.org/images/uploads/noah_torture_print.jpg

Fig.27:http://osocio.org/images/uploads/noah_mort_print.jpg

Fig.28:http://www.adsneeze.com/media/2007/03/test-animal.jpg

Fig.29:http://casualtyofdesign.com/wp-content/uploads/2009/10/testanimals-1.jpg

[Todos os sites utilizados encontravam-se em perfeito funcionamento, no dia de entrega do trabalho - 3 de Maio de 2010]

22 | P á g i n a

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Anexos

Empresas que actualmente fazem testes em animaisClairol (Aussie, Daily Defense, Herbal Essences, Infusium 23, Procter & Gamble),

www.clairol.com

Colgate-Palmolive Co. (Hills Pet Nutrition, Mennen, Palmolive, SoftSoap, Speed

Stick), www.colgate.com

Coty (Adidas, Calvin Klein, Davidoff, Glow, The Healing Garden, JOOP!, Jovan,

Kenneth Cole, Lancaster, Marc Jacob, Rimmel, Stetson), www.coty.com

Cover Girl (Procter & Gamble), www.covergirl.com

Johnson & Johnson (Aveeno, Clean & Clear, Listerine, Lubriderm, Neutrogena,

Rembrandt, ROC),; www.jnj.com

L’Oréal U.S.A. (Biotherm, Cacharel, Garnier, Giorgio Armani, Helena Rubinstein,

Lancôme, Matrix Essentials, Maybelline, Ralph Lauren Fragrances, Redken, Soft

Sheen, Vichy), www.lorealcosmetics.com

Mennen Co. (Colgate-Palmolive), www.colgate.com

Oral-B (Gillette Company), www.oralb.com

Pantene (Procter & Gamble); www.pantene.com

Procter & Gamble Co. (Clairol, Cover Girl, Crest, Gillette, Giorgio, Iams, Max

Factor, Physique, Tide), www.pg.com

Reckitt Benckiser (Easy Off, Lysol, Mop & Glo, Old English, Resolve, Spray ’N

Wash, Veet, Woolite), www.reckittbenckiser.com

Schering-Plough (Bain de Soleil, Coppertone, Dr. Scholl’s), www.sch-plough.com

SoftSoap Enterprises (Colgate-Palmolive), www.colgate.com

Unilever (Axe, Dove, Helene Curtis, Lever Bros., Suave), www.unilever.com

23 | P á g i n a

Figs.23: Algumas empresas que fazem testes em animais

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Empresas que actualmente NÃO fazem testes em animaisAmitée, www.amitee.com

Anna Marie’s Aromatherapy & Massage, www.annieallan.biz

Aqua Dessa, www.aquadessa.com

Avon Products, Inc., www.avon.com

The Body Shop, www.thebodyshop.com

Chanel, www.chanel.com

Clinique Laboratories, www.clinique.com

Eucerin, www.beiersdorf.com

Hard Candy, www.hardcandy.com/?LID=PTA1

H2O Plus, www.h2oplus.com

Mary Kay, www.marykay.com

Mia Rose Products, Inc., www.miarose.com

Natural Bodycare, www.natural-bodycare.com

Nivea, www.nivea.com

Oriflame USA, Tommy Hilfiger, www.tommy.com

Tyra Skin Care, www.tyraskincare.com

Victoria’s Secret, www.victoriassecret.com

24 | P á g i n a

Figs.24: Algumas empresas que NÃO fazem testes em animais

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

A Verdadeira Face da Experimentação AnimalUma entrevista a Sergio Greif

Sérgio Greif, 25 anos, formou-se em Biologia pela Unicamp, onde actualmente se

encontra a realizar um mestrado em Nutrição Humana. Apaixonado pela Ciência, e

vegetariano desde criança, Sérgio dedicou-se de corpo e alma em toda a sua vida, a

pesquisar e a divulgar o vegetarianismo e a antivivissecção. As suas ideias podem ser

encontradas no livro que publicou, juntamente com Thales Tréz (que se encontra neste

momento a completar um mestrado na Bélgica sobre Ética Prática), de nome A

Verdadeira Face da Experimentação Animal – A Sua Saúde em Perigo.

Planeta na Web - Qual é a diferença entre bem-estar animal e direitos dos animais?

Sérgio Greif - Vamos primeiro pensar o que os direitos dos animais exprimem. No

começo do livro de Peter Singer, Libertação Animal, este fala sobre outros grupos

minoritários que não tinham direitos no passado. Negros, por exemplo, eram

considerados seres sem alma. A mulher cozinhava e tinha filhos para o marido. Mas

ela não tinha alma, então não havia respeito. A mesma coisa acontece com os animais.

O filósofo Jeremy Bentham falou: "Não importa se eles têm alma ou não. A

pergunta é se eles sentem dor ou não". Se um organismo tem a capacidade de sentir

dor, não é nosso direito atribuir-lhe dor. Se sentem medo, não podemos passar-lhes o

medo. Agora, o que o diz o bem-estar? Diz "tadinho do bichinho", mas no entanto

podemos explorá-lo, não sendo considerados radicais.

Podemos comer animais, desde que o abate seja humanitário. Eu digo que, se o

abate pudesse ser humanitário, eu poderia matar uma pessoa para comer. De vez em

quando a polícia prende um canibal e chamam-no de maluco. Ele pode até dizer que

não o maltratou, só matou para comer, mas essa justificação não seria válida. Ele vai

preso porque fez uma coisa errada.

Não há uma forma de abater humanamente, porque o abate é intrinsecamente

errado. O organismo está vivo, encontra-se bem, e então matamo-lo. Esta é a principal

diferença: o bem-estar animal não diz que você não tem o direito de matar animais.

25 | P á g i n a

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

PnW - Então o bem-estar animal não condena a experimentação em animais e a

vivissecção?

Sérgio - Não. E nem o consumo de carne. E isso pode atrapalhar bastante. Por

exemplo, muitas sociedades de bem-estar animal fazem parte de comités de ética. Um

comité de ética não fiscaliza como um cientista comporta-se dentro do laboratório.

Quando muito, fiscaliza como os animais são mantidos no Biotério. Desta forma o

cientista faz o que quiser com o animal e ainda tem a confiança de um comité de ética,

que acredita que este está a proceder da forma correcta, e a sociedade do bem-estar

animal não tem ideia do que ele está a fazer. Quando eu for contrariá-lo, ele vai dizer

que tem o comité de ética do seu lado, e que está a proceder correctamente, e que até

tem uma entidade de bem-estar animal a apoia-lo.

PnW - As pessoas comem carne, sempre comeram, é tradição em alguns lugares, é

símbolo de muitas coisas. Não é como os testes em animais que podem ser

substituídos e começar a fazer de outro jeito. O mundo não se vai tornar vegetariano da

noite para o dia...

Sérgio - Não da noite para o dia. O que eu tento dizer é que, se 10% dos Estados

Unidos pararem de comer carne hoje ou diminuírem em 10% o consumo, nós

conseguiríamos alimentar todas as pessoas que não possuem comida com a comida

que os animais deixariam de comer.

PnW - Então concorda com o abate humanitário, mas prefere educar as pessoas a

parar de comer carne, do que concentrar os seus esforços em tentar tornar o abate

mais humano?

Sérgio - Claro, porque é um desperdício de energia para uma coisa que não beneficia

os animais realmente. O destino deles é o mesmo, com menos dor ou com mais dor, é

um destino cruel.

26 | P á g i n a

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

PnW - Então, não basta ter informação e consciência para que a mudança de hábitos

aconteça?

Sérgio - Não. É necessário um choque. A propaganda que nos faz comer carne e

aceitar a vivissecção é muito forte, porque vem de indústrias poderosas.

São poucas as pessoas que tomam consciência desse hábito de vida e são

menos ainda as que tomam uma atitude quando adquirem essa consciência. Muitas

sociedades de bem-estar animal têm essa consciência, e muitas pessoas também,

conforme vai aumentando a incidência de diabetes, de cancro e da obesidade. Todas

estas doenças são causadas pelo aumento do consumo de carne. Mas, para mudar,

temos que sentir na pele, e é muito difícil colocamo-nos no lugar de alguém.

PnW – Qual o porquê do subtítulo do seu livro ser "A sua saúde em perigo"?

Sérgio - Se eu falasse só sobre a verdadeira face da experimentação animal, as

pessoas comprariam o livro a pensar que eu estou a falar de ética, de como os animais

são maltratados nas pesquisas. O enfoque do livro não é o bem-estar animal, a ética

da experimentação animal e nem nada disso.

O que estamos a querer dizer é o seguinte: a vivissecção é perigosa para o ser

humano, além de não ser uma necessidade. As indústrias estão a colocar no mercado

coisas que não são seguras ou estão a deixar de colocar coisas que são seguras,

porque mataram animais. Por exemplo, a aspirina. Em animais, provocou deformações

fetais. No homem, não. Uma mulher grávida pode tomar aspirina sem problema

nenhum.

A vivissecção atesta a segurança do produto, mas não do produto para o

consumidor, atesta apenas a segurança para os cientistas. Eu escrevi esse livro para o

consumidor, porque o cientista, a não ser que ele seja muito burro, já sabe isso. Qual é

a intenção do livro afinal? Em geral o cientista pensa como a comunidade que está à

sua volta. Se a sociedade for contra a vivissecção, o cientista naturalmente se tornará

contra.

http://www.eco-gaia.net/forum-pt/index.php?topic=574.0

Site Planeta na Web - 17 de Julho de 2007 [texto adaptado]

27 | P á g i n a

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Experimentação AnimalPublicidade contra a experimentação animal

28 | P á g i n a

Fig.25, 26 e 27: Campanhas da empresa NOAH contra a

experimentação animal.

Fig.28: Campanha da empresa Bite Back contra a experimentação animal;

“Quantos animais têm que morrer para que possua os seus cosméticos?”

Fig.29: Campanha da associação ENPA contra a experimentação animal;

“Ajude-nos a combater os efeitos dos testes de cosméticos em animais”.

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Experimentação AnimalInquérito

Entre os dias 29 e 30 de Abril de 2010, realizámos um inquérito aos alunos do

11ºano da Escola Secundária Romeu Correia, sobre a Experimentação Animal. Como

amostra, seleccionámos 60 dos cerca de 150 alunos existentes no corrente ano lectivo

do 11ºano, provenientes quer do curso científico-humanístico de Ciências e

Tecnologias, quer do curso científico-humanístico de Línguas e Humanidades, como

também do curso científico-humanístico de Artes Visuais. Como método de selecção

optámos por escolher aleatoriamente 5 raparigas e 5 rapazes de cada turma existente,

recolhendo, no total, informações de cerca de 30 raparigas e 30 rapazes.

Como pergunta de partida,

perguntávamos se concordavam que os animais tivessem direitos.

Obtivemos como resultados 100% para a

resposta SIM, e 0% para a resposta NÃO, ou

seja, os 60 alunos inquiridos responderam, na

sua totalidade, que concordavam que os

animais tivessem os seus respectivos direitos.

29 | P á g i n a

0

10

20

30

40

50

60

50 % 50 %

Sexo dos alunos inquiridos

Vendas50%

33%

17%

Número de alunos inquiridos

Nº alunos de Ciências e Tecnologias

Nº alunos de Humanidades

Nº alunos de Artes

Sim Não0

20

40

60

80

100

120

100 %

0 %

1. Concorda que os animais tenham

direitos?

Sim

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Como segunda pergunta, inquirimos se concordavam, desta vez, com a experimentação animal.

Como seria de esperar, aqui as respostas

foram já mais divergentes. Cerca de 33% (20

alunos) responderam que concordavam com a

experimentação animal, enquanto que 65%

destes (39 alunos) afirmaram não concordar. Apenas uma pequena percentagem, cerca de 2% (1 aluno), se recusou a

responder à nossa pergunta.

Por outro lado, a nossa terceira

pergunta referia-se já a alternativas

mais concretas: perguntámos se os

nossos colegas teriam noção dos

efeitos que a experimentação animal exerce ou que pode exercer na nossa sociedade.

Dos 60 alunos inquiridos foram

totalizados 108 respostas sobre os

possíveis efeitos.

Cerca de 30,56% (33 alunos) responderam que uma consequência seria o

Sofrimento desnecessário dos animais. Possuidora da mesma percentagem (cerca

de 31,48%, ou seja, 34 respostas), ficou por sua vez o resultado Desenvolvimento científico. A resposta Produção de novos produtos ficou com uma menor

percentagem, 13% (apenas 14 respostas totais), enquanto que o Desrespeito dos direitos dos animais conseguiu um total de 27 respostas (25%).

Concluímos com isto que, a maioria das pessoas encontra-se dividida entre os

benefícios do desenvolvimento científico, e o sofrimento desnecessário de milhões de

animais, não esquecendo porém as constantes violações que são realizadas na

experimentação contra os direitos dos animais.

30 | P á g i n a

33%

65%

2%

2. Concorda com a Experimentação Animal?

Sim

Não

Não responde

13%

25%

31%

31%

3. Sabe qual o(s) efeito(s) que a experimentação animal exerce/pode

exercer na sociedade?

Produção de novos produtos

Desrespeito pelos dire-itos dos animais

Sofrimento desnecessário dos an-imais

Desenvolvimento científico

Experimentação Animal – Uma Perspectiva Ética

Por fim, a nossa quarta e penúltima

pergunta, referia-se se conheciam algum tipo de alternativa à experimentação animal.

Cerca de 70% dos alunos inquiridos

(42 pessoas) não possuíam conhecimento

de qualquer método alternativo à

experimentação animal.

Contudo, 12% (7 alunos) decidiram não responder, e apenas 18% (11 alunos

totais) conheciam algum tipo de alternativa. Entre as respostas positivas, destacaram-

se as experiências em humanos, e a experimentação informática, com simulações,

estatísticas e previsões.

Como conclusão final, inferimos que a maioria dos alunos inquiridos não possui

informações suficientes sobre a experimentação animal. Aliás, algumas opiniões

pareceram-nos até um pouco confusas e divergentes, contradizendo-se

maioritariamente com o que escreviam no comentário pessoal, opcional, que

colocámos no final do inquérito.

Contudo, concluímos que o maior número de alunos não concorda com a

experimentação animal, mas que ficam um pouco divididos ao pensarem sobre os

benefícios da mesma no desenvolvimento científico e médico. Mesmo assim, muitos

pensam ainda ser mais importante o sofrimento desnecessário e a violação dos direitos

dos animais.

31 | P á g i n a

70%

18%

12%

4. Conhece algum método alternativo à experimen-

tação animal?

Sim

Não

Não responde