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Universidade Católica Editora Rogério Santos Do Jornalismo aos Media Estudos sobre a realidade portuguesa

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Universidade Católica Editora

Rogério Santos

Do Jornalismo aos MediaEstudos sobre a realidade portuguesa

Índice

Introdução 7

Parte I – Elementos para a história dos media em Portugal

Jornalismo português em finais do século XIX. Da identificação partidária à liberdade de reportar 13

O jornalismo na transição do século XIX para o XX. O caso do diário Novidades (1885-1913) 25

Alberto Bessa e a sua história do jornalismo – uma memória de cem anos 43

Armando de Miranda: do jornalismo regional ao jornalismo dedicado ao cinema. Etapas de um percurso 57

Maio de 1974 em notícias 69

As cartas ao director do jornal. O exemplo das cartas ao Público sobre o acidente de Entre-os-Rios (2001) 81

Dez anos de história da SIC (1992-2002). O que mudou no panorama audiovisual português 91

Notícias televisivas de congressos e convenções partidárias. Como se transmite uma realidade 111

Rádio em Portugal: tendências e grupos de comunicação na actualidade 117

Tendências do mercado dos media em Portugal nas últimas três décadas e meia (1975-2009) 137

Parte II – Novos media

Origem dos blogues e comparação com a história da rádio 169

Blogues, responsabilidade social e comunicação pública 175

Digitalização: o seu impacto nos media e na edição 193

Fãs, claques e videojogos – um estudo preliminar 205

História e tendências da investigação sobre jornalismo nos últimos 25 anos 220

Parte III – Mutação nos media

Mutações nos media 239

Transformações nas tecnologias de comunicação nos últimos 40 anos 245

A relação das tecnologias de informação e dos media nos últimos 40 anos 252

Bibliografia 267

Introdução

O livro Do jornalismo aos media. Estudos sobre a realidade portuguesa resulta de textos provenientes de investigações parcelares, comunicações apresenta-das e textos publicados ou inéditos. Apesar de incluir temas distintos, encon-tra-se uma unidade dividida em três áreas: história dos media, digitalização e novos media, e pesquisas e propostas de investigação.

A primeira parte aborda a história dos media, dando relevo à história do jornalismo na passagem do século XIX para o XX, resultado de trabalho sobre a biografia de vários jornalistas que alcançaram importância no pa-norama político e cultural do país (Emídio Navarro, Eduardo de Noronha, Alberto Bessa e Armando de Miranda). Insiro igualmente um texto sobre notícias de Maio de 1974, quando os jornais tinham agendas que reflectiam perspectivas políticas revolucionárias, um texto sobre cartas de leitores ao director de jornal, uma história dos primeiros dez anos do canal comercial SIC, uma análise de congressos dos partidos políticos através das notícias da televisão e duas investigações sobre tendências da rádio e dos media em geral na parte final do século XX e começos do século XXI.

Os últimos seis textos desta série reflectem posições distintas e que quero aqui salientar. No texto sobre peças jornalísticas de Maio de 1974, ressaltam as notícias de índole revolucionária, próprias de uma época em mutação política. Os actores sociais não têm nome próprio nos acontecimentos, com estes a resultarem mais de acções colectivas. Ao mesmo tempo, observa-se como as palavras e as suas conotações se transfiguraram nesse período curto da história de Portugal. O quadro de referências dos próprios jornalistas era outro se comparado com o período anterior ou dos nossos dias. O aconteci-mento torna-se problemática, com a realidade diária a ser vivida com grande intensidade e a repor constantemente os valores pelos quais se guiam os indivíduos. O texto sobre as cartas de leitores revela uma identificação, uma individualização decidida pelo jornal: de entre as cartas recebidas, o jornal selecciona algumas para publicar. A decisão obedece a critérios próprios, subjectivos por vezes, relacionados com o grande tema em discussão no dia ou dias anteriores. As cartas representam um modo de controlo dos jorna-listas, diferente das notícias sobre a revolução (texto anterior), mas reflectem

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também a preocupação com o espaço público, a democracia e a participação pública e a cidadania. O texto sobre a história de um canal de televisão segue os principais momentos (noticiários, programação, desenvolvimentos técnicos ou situação financeira). O texto sobre os congressos olha uma fatia dessa programação, a transmissão de um acontecimento (congressos políti-cos em vésperas de eleições), um momento de democracia em que se observa o acontecimento em si (presença no local do congresso) e o modo como os jornalistas o transmitem, interpretando a realidade dos acontecimentos, a partir de um conjunto de valores-notícia, produzindo peças noticiosas que não reflectem directamente a realidade mas quadros dessa realidade. Com exclusão da história da SIC e dos textos sobre tendências na rádio e nos media em geral, a investigação trabalha o percurso de jornalistas (começo do século XX) e as suas rotinas produtivas (final do século XX). Nos textos sobre tendências do mercado entre 1975 e 2009, reflicto ciclos da história dos me-dia portugueses. Nos dois primeiros textos (Jornalismo português em finais do século XIX e O jornalismo na transição do século XIX para o XX), inicialmente publicados em revistas diferentes, há alguma sobreposição de ideias, mas resolvi mantê-los na sua configuração original.

Dou, assim, relevo aos principais media: imprensa, televisão, rádio e in-ternet. A história foi a ciência convocada para estes textos, excepto a pesquisa sobre congressos partidários, mais produzida dentro das perspectivas da sociologia da comunicação e da etnografia, com recurso a análise de conteú-do e observação participante.

Na segunda parte, apresento a revisão da literatura em três temas volta-dos para a digitalização e os novos media: blogues, edição e videojogos. Estes textos resultaram de encomendas prévias, servindo-me de ponto de partida para a participação em colóquios ou livros. Também um texto sobre livros de jornalismo editados em 1978 e que marcaram a história da investigação do jornalismo foi aqui arrumado.

A terceira parte é a mais reduzida em dimensão e resulta da tomada de notas e ideias de investigação em curso ou que pretendo iniciar. Estas pá-ginas andam em torno da mutação dos media, projecto pensado há mais de dez anos mas no qual ainda não peguei a sério devido a outros desafios. O último texto é um estado da arte em termos de literatura sobre história da rádio, projecto que pretendo desenvolver.

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O texto que considero mais central apresentado no livro é o das tendên-cias do mercado dos media nos últimos 35 anos, pelo que informa sobre a regularidade e as mudanças no audiovisual português.

Os meus agradecimentos a Teresa Pinho, Pedro Fonseca e Luís Marques, no texto Fãs, claques e videojogos – um estudo preliminar, pelo apoio à discus-são das perguntas de inquérito produzido para o efeito, sua colocação num sítio específico e em blogue onde os inquiridos depositaram as respostas ao mesmo. Também a Manuel S. Fonseca, Marta Vale, Renata Ribeiro e Ana Frade, então todos quadros da SIC, na facilitação da documentação sobre a história da SIC, e aos directores das revistas Jornalismo e Jornalistas (Fernando Correia), Media e Jornalismo (Nelson Traquina, Cristina Ponte e Estrela Ser-rano) e Comunicação e Cultura (Isabel Gil), pela publicação de textos agora utilizados nesta edição. Igual agradecimento ao CECC – Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Faculdade de Ciências Humanas da Univer-sidade Católica Portuguesa pelo incentivo financeiro e à Universidade Ca-tólica Editora pela aceitação de publicação e por todo o acompanhamento e sugestões.