Revista Mineira de Engenharia - 20ª Edição
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Ano 4 | Edição 20 | Agosto - Setembro | 2013
MEDALHA LUCAS LOPESFernando Henrique Schüffner Neto foi o agraciado
TRANSPORTE EM BHReflexões sobre mobilidade nos centros urbanos
ENTREVISTAOzires Silva falasobre os desafiosdo Brasil
CENÁRIO ECONÔMICO | ARTIGOS | INOVAÇÃO | MOBILIDADE E MUITO MAIS
123R
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oi.com.br
a oi investe sempre pra entregardiversas soluções e uma coberturamaior e melhor a cada dia.
Oi.PATROCINADORaOFICIAL.
a oi completa você.
aonde você for, a oi quer ir também.
A Oi está investindo mais de 12 bilhões de reais do começo de 2012 até o fim de 2013.
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O Brasil foi sacudido pela força das
manifestações que reuniram cente-
nas de milhares de pessoas nas ruas,
nos meses de junho e julho, a maio-
ria de jovens clamando por mudan-
ças. As reivindicações são inúmeras,
desde a redução da tarifa do trans-
porte coletivo, origem das manifes-
tações mobilizadas por meio das
redes sociais na internet, a questões
tais como: fim da corrupção e por
moralidade na aplicação do dinheiro
público, passando pela garantia do direito à saúde
educação, entre outras. O Brasil acordou, anuncia-
vam os cartazes exibidos por muitos manifestantes.
De fato, esperamos que esse momento singular da
vida brasileira tenha despertado nossos dirigentes
e produza bons frutos para a democracia, na vida
política, na economia, enfim, na vida dos brasileiros.
Para tanto, é necessário que nossos governantes es-
tabeleçam um diálogo franco com a sociedade, em
suas diversas frentes, para que o país amadureça e
dê um passo à frente. A população deu seu recado
de forma contundente. Não há mais condições de
contemporizar práticas lesivas aos cofres públicos
com propostas de crescimento econômico e social,
porque sempre que os recursos públicos são usados
indevidamente todos pagam a conta; não é mais
possível esperar que um Estado agigantado em sua
estrutura continue praticamente inoperante; não é
justo chamar os profissionais, os empresários, à
população em geral, a dar sua parcela de sacrifício,
a exemplo do pagamento excessivo de tributos, sem
que haja um cenário de novas
oportunidades e um retorno sa-
tisfatório.
É vital para a nossa democracia
uma reforma política que garanta
uma representação fidedigna dos
anseios da sociedade, por meio
de organizações partidárias e
políticos sérios, comprometidos
com o bem-estar social e com o
crescimento do país, e não mo-
vida por interesses pessoais e de
grupos que nada têm a ver com o que os brasileiros
precisam e desejam.
As ruas indicaram caminhos que podem levar o
Brasil ao desenvolvimento, ao exercício da política
de forma desinteressada, séria e competente; que
podem contribuir na formulação de uma política
economia maiúscula que nos garanta maior produ-
tividade e competitividade no mercado internacio-
nal; que podem levar a um cenário propositivo na
economia e de mais investimentos em áreas sensí-
veis, a exemplo da educação, da saúde, da segurança
e, também, de infraestrutura.
Estamos desejosos, que passada a estupefação
diante do clamor das ruas, nossos governantes não
procurem culpados ou desculpas, mas mantenham-
se atentos, arregacem as mangas e trabalhem de
forma conscienciosa, responsável. Isso é essencial
para que o Brasil siga em frente, fortalecido, demo-
crático, altaneiro, com cidadãos orgulhosos de
serem brasileiros.
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EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
Passos à frente
oi.com.br
fim de 2013.
Ailton Ricaldoni Lobo
Presidente da SME
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Compromisso com Você!
A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua
equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos para
atender cada vez mais e melhor a cada um dos associados.
Em seus 82 anos de existência, a
SME trabalha para integrar, desen-
volver e valorizar a Engenharia, a
Arquitetura, a Agronomia e seus
profissionais, contribuindo para o
aprimoramento tecnológico, cien-
tífico, sociocultural e econômico.
Produtos e Serviços
Em nosso site há uma série de pro-
dutos e serviços como cursos, palestras, seminários,
eventos e uma extensa gama de convênios que você
poderá desfrutar.
São descontos de até 20% em academias, empresas auto-
motivas, de artigos de decoração, buffets, clubes, consultó-
rios, cursos de idiomas, empresas de turismo, faculdades,
floriculturas, gráficas, informática, laboratórios, óticas, pla-
nejamento financeiro, seguros, serviços fotográficos, hotéis,
beleza e estética, dentre outros.
Compromisso com o Futuro
Aprimoramento profissional e inova-
ção tecnológica também têm sido
uma das grandes bandeiras da SME
para oferecer os melhores produtos
e serviços para você e sua família.
Por meio de nosso site, da revista,
dos eventos e da participação nas
redes sociais, a SME tem se tornado, cada vez mais, um canal
aberto para ouvir suas sugestões e para representar seu
interesse.
Seja um associado da SME
SME
Mais informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou [email protected]
4
PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo
VICE - PRESIDENTESRonaldo José Lima Gusmão
José Luiz Nobre Ribeiro
Victório Duque Semionato
Alexandre Francisco Maia Bueno
Délcio Antônio Duarte (in Memorian)
DIRETORESLuiz Felipe de Farias
Diogo de Souza Coimbra
Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz
Marcílio César de Andrade
Alessandro Fernandes Moreira
José Flávio Gomes
Fabiano Soares Panissi
Janaína Maria França dos Anjos
Normando Virgílio Borges Alves
Clemenceau Chiabi Saliba Júnior
SUPERINTENDENTE José Ciro Mota
CONSELHO DELIBERATIVOMarcos Villela de Sant'Anna
Teodomiro Diniz Camargos
Jorge Pereira Raggi
Flavio Marques Lisbôa Campos
Rodrigo Octavio Coutinho Filho
Paulo Safady Simão
José Luiz Gattás Hallak
Alberto Enrique Dávila Bravo
Cláudia Teresa Pereira Pires
Márcio Tadeu Pedrosa
Sílvio Antônio Soares Nazaré
Felix Ricardo Gonçalves Moutinho
Levindo Eduardo Coelho Neto
Fernando Henrique Schüffner Neto
Ivan Ribeiro de Oliveira
CONSELHO FISCALJosé Andrade Neiva
Nilton Andrade Chaves
Carlos Gutemberg Junqueira Alvim
Alexandre Rocha Resende
Wanderley Alvarenga Bastos Júnior
CONSELHO EDITORIAL Ailton Ricaldoni Lobo
Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz
Janaína Maria França dos Anjos
Fabiano Soares Panissi
José Ciro Mota
Ronaldo José Lima Gusmão
Coordenador EditorialJosé Ciro Mota
Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira
MG 05203 JP
Projeto Gráfico Blog Comunicação
Marcelo Távora
revista@@blogconsult.com.br
Av. Bento Simão, 518 | São Bento
Belo Horizonte | Minas Gerais
CEP - 30350-750
(31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
Depto. Comercial | Vendas Blog Comunicação
(31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
Tiragem 10 mil exemplares | Bimestral
Distribuição GratuitaVia Correios e Instituições parceiras
Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros
Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andar
Santo Agostinho
Belo Horizonte | Minas Gerais
CEP - 30170-001
Tel. (31) 3292 3962
Fale conosco Contato [email protected]
ApoioPublicação
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18ARTIGO | ALTERNATIVAS
ENERGÉTICAS
Cláudio Homero Ferreira da
Silva e Alexandre Bueno
26MEDALHA LUCAS LOPES
Fernando Henrique
Schüffner Neto é agraciado
MESTRES DA
ENGENHARIA
Edson Durão Júdice
40LEGADO SME
Rodrigo Octávio
Coutinho Filho
ENTREVISTA
Ozires Silva fala
sobre os desafios do Brasil
12
34
CAPA
Programa de incentivo à
produção e uso de
energia renovável
20
32ARTIGO | ENERGIA
Operação Energética
do SIN na Transição54
PRÊMIO SME CT&I
Prazo final
de inscrição6CENÁRIO ECONÔMICO
Desafio do Brasil e
controle da inflação
42MOBILIDADE
Metrô leve: alternativa
de transporte em BH
50NOVOS
ENGENHEIROS
André Luiz Pereira
Corrêa
46CERTIFICAÇÃO
Demanda aumenta por
certificação na construção
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CT&I | PRÊMIO SME DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
6
Estímulo à pesquisae criatividade
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Termina no dia 9 de se-
tembro o prazo de ins-
crição para o Prêmio
SME de Ciência, Tecno-
logia e Inovação 2013,
criado com o objetivo
de estimular a pesquisa
e a criatividade, a premiação é destinada a
estudantes regularmente matriculados nos
cursos de graduação de instituições de en-
sino superior em Minas Gerais, nas áreas
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Na história do prêmio, já na 22ª edição, mais
de 1500 trabalhos avaliados pela Comissão
Julgadora. A solenidade de premiação
ocorre, anualmente, no mês de novembro.
O Prêmio SME foi instituído com base em le-
gislação e normas do Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia – CONFEA, do
Conselho Regional de Engenharia e Agrono-
mia de Minas Gerais – CREA-MG e do Con-
selho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil
– CAU-BR.
De acordo com o regulamento do Prêmio
SME de Ciência, Tecnologia e Inovação, os
participantes têm que apresentar trabalhos
técnicos-científicos com no máximo de 50
laudas (páginas), formatado de acordo com
as Normas da ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas. Os processos de ava-
liação, classificação e premiação serão con-
duzidos pela Comissão Organizadora do
Prêmio.
Os inscritos poderão concorrer individual-
mente ou em grupo com um ou mais traba-
lhos. Para os trabalhos técnico-científicos
apresentados em grupo, poderão participar
estudantes de outras profissões regular-
mente matriculados em cursos de graduação
em Minas, desde que o líder do grupo seja
um estudante das profissões de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia. Não serão aceitos
trabalhos enviados por e-mail, nem postados
após a data limite divulgada no cronograma
do Prêmio.
Os vencedores receberão certificados e pre-
miações pecuniárias. Os autores de traba-
lhos que tenham se destacado, mas que não
ficaram entre os premiados serão prestigia-
dos com menção honrosa. A cada ano, é con-
cedido um prêmio especial para a Instituição
de Ensino Superior (IES) que tiver o maior
número de trabalhos classificados para a úl-
tima fase de avaliação. Caso tenha mais de
uma instituição de ensino relacionada ao
mesmo trabalho, concorrerá somente a ins-
tituição do líder do trabalho.
O formulário oficial do Prêmio SME de Ciência,
Tecnologia e Inovação está disponível no site:
www.sme.org.br ou pode ser solicitado pelo e-
mail [email protected]. Os candidatos deve-
rão entregar pessoalmente os trabalhos até 09
de setembro de 2013, data limite para inscrição
e entrega de documentos, na sede da SME, na
Av. Álvares Cabral, 1.600/3º andar – Lourdes,
no horário de 9h as 16h.
O regulamento está disponível para consulta no
endereço: www.sme.org.br. Mais informações
pelos telefones (31) 3292-3810 ou (31) 3292-
3678.
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Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais ( Abrasip),
com apoio da SME, vai realizar no dia 25/09/13, 10ª edição do
Seminário de Atualização Tecnológica, comemorando também os
10 anos de fundação da entidade. O Seminário acontecerá de
8h às 18h, no auditório do CREA-MG. Mais informações no
site: www.abrasipmg.com.br.
Seminário
A SME mantém um calendário amplo de reuniões com diri-
gentes de várias entidades e do setor empresarial para dis-
cutir as questões que envolvem a mobilidade urbana em Belo
Horizonte e Região Metropolitana. A proposta é contribuir
na solução de problemas que envolvem o transporte público
e individual na cidade e o acesso da população aos serviços
que a Capital e a RMBH oferecem em tempo hábil e de
forma segura e com conforto.
Em agosto de 2012, a entidade realizou 1º Seminário de
Mobilidade Urbana em parceria com a ACMinas. Partici-
param do último encontro os engenheiros José Ciro
Mota, superintendente da SME, Luiz Otávio Portela,
membro da Comissão Técnica de Transportes; o diretor
da Construtora Queiroz Galvão, Berilo Torres e o presi-
dente do Conselho de Política Urbana da ACMinas, José
Participe, en
Reunião Mobilidade
Segurança no Trabalho
No período de 21 a 23 de agosto/13, será realizado o XVIII Congresso
Nacional de Segurança Integral, no Expominas, promovido pela Associação
Mineira de Engenharia de Segurança. Entre os principais temas para debate
estão: Planos do governo federal para o setor de segurança do trabalho para
os próximos dez anos; abordagem de dessa temática nas áreas industrial, am-
biental e comportamental; gestão de sinistros, desastres e catástrofes; ensino,
formação e qualificação profissional, engenharia de incêndio, entre outros.
Na coordenação do evento o presidente da Comissão de Segurança da SME,
engenheiro Silvio Piroli. Mais informações no site: www.pacin.com.br.
Em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada no último dia 08 de julho aprovou, entre
outros itens da pauta, o Convênio de N° 111/2012, firmado entre a SME e o CREA Minas, que
trata da ocupação e reforma do prédio da entidade, situado à rua Timbiras, 1514, no bairro
Lourdes. Foi aprovada ainda a criação de uma comissão fiscalizadora para acompanhar todas
as etapas da obra composta pelos engenheiros Alberto Enrique Dávila Bravo, Ronaldo Emílio
Simi, Hélio Nonato de Oliveira e Marcus de Resende Kfoury.
AGE aprova convênio
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Eleita a nova diretoria da Associação Brasileira de Engenhei-
ros Eletricistas-ABEE-MG para o período de 2013/2015.
Os integrantes são: presidente - Gilmar Pereira Narciso;
vice-presidente: José Flávio Gomes; 1° Secretário - Mar-
celo Aguiar de Campos; 2° Secretário - Fernando Luís
de Almeida; 1° Tesoureiro - Miguel Ângelo dos Santos
Sá; 2ª Tesoureira - Marita Arêas de Souza Tavares; diretor
de Relações Institucionais - Hélio Nonato de Oliveira; di-
retora de Eventos Técnicos - Cláudia Deslandes Figueiredo.
Délcio Antônio Duarte
ExpoEngenharia
Participe, envie notícias e novidades para: [email protected]
Está aberto o prazo para a indicação de
nomes de candidatos à Medalha Enge-
nheiro do Ano de 2013, homenagem pres-
tada pela SME a um profissional que
tenha se destacado e contribuído para o
desenvolvimento de Minas e do país, du-
rante solenidade de comemoração do Dia
do Engenheiro, realizada anualmente, no mês
de dezembro. A indicação à Medalha deve ser
feita, por meio de requerimento, ao Presi-
dente da SME. Esse documento deve ser
assinado por um número nunca inferior a
10 (dez) associados em gozo de seus di-
reitos estatutários, em formulário pró-
prio. Mais informações na sede da SME
pelo telefone: 3292 3962 ou pelo e-mail:
O presidente da SME, Ailton Ricaldoni Lobo, em nome dos associados, manifesta pro-
fundo pesar pelo falecimento do vice-presidente da entidade Délcio Antônio Duarte,
no último dia 2 de agosto, deixando uma enorme lacuna na vida da SME. Engenheiro
e homem público atuante, Délcio Antônio Duarte tinha ideias inovadoras e espírito
tenaz. Ele ocupou cargos públicos de primeiro escalão, em Belo Horizonte, tendo
muito contribuído para o desenvolvimento urbano e social da capital mineira.
A Escola de Engenharia da UFMG vai promover, nos
dias 12 e 13 de novembro, a ExpoEngenharia para apre-
sentar iniciativas e oportunidades dentro e fora da uni-
versidade para os alunos. O Evento será composto de:
equipes de competições (Baja, Fórmula, Aerodesign),
empresas juniores, grêmios, diretório acadêmico, entre
outras iniciativas estudantis. A ExpoEngenharia aconte-
cerá no prédio da faculdade de Engenharia, de 10h às
14h e de 17h às 21h.
Medalha Engenheiro do Ano
Diretoria da ABEE-MG
Durante a 55ª edição do Congresso Brasileiro do Concreto, que vai ocorrer de 29 de ou-
tubro a 1 de novembro, em Gramado, Rio Grande do Sul, o Instituto Brasileiro do Con-
creto (Ibracon) promoverá o Concurso Concreto Colorido Ecoeficiente - Eco-CC 2013.
A 4ª edição da competição, destinada a estudante dos cursos de arquitetura e engenharia
civil, tem como objetivo testar a produção de concretos resistentes, coloridos e com re-
duzido consumo de ligantes.
A equipe vencedora será aquela que possuir a maior pontuação do resultado da carga de rup-
tura do corpo de prova multiplicado por seu coeficiente de cor. O prêmio é de R$ 3 mil. Para
participar, é preciso se inscrever por meio do e-mail: [email protected] até 30 de agosto.
Ibracon promove Concurso Concreto Colorido Ecoeficiente
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A empresa mineira Green Gold Engenharia e Projetos
anuncia expansão para o mês de agosto quando será
lançada a Green Gold Fácil, uma unidade de negócio
voltada ao público mineiro e com atuação em projetos
de pequeno e médio porte tais como lojas, restauran-
tes, galpões, edifício pequenos, entre outros. Com isso
a empresa pretende crescer 20 % até o primeiro tri-
mestre de 2014. A Green Gold é especialista na elabo-
ração e gestão de projetos multidisciplinares de
engenharia de sistemas prediais como elétrico, SPDA,
hidráulico, sanitário, gás e de prevenção e combate a
incêndio, entre outros.
As construtoras Patrimar e Engefor lançam novo empreendimento imobiliário, na região sul da cidade, no bairro
Vila da Serra, o Tribeca Square com apartamentos divididos em Studio (1 quarto) e 2 quartos, seguindo a tendência
que une conforto, alto padrão e estilo de vida. Para o final desse semestre, a Patrimar seguindo a mesma tendência
lançará o Manhattan Residence, no coração da Savassi, na esquina das ruas Sergipe com Antônio de Albuquerque.
Vetor Norte
Mais um grande loteamento é lançado no vetor norte da Capital, o
São Damião, localizado na Linha Verde, entre o Centro Administra-
tivo e o Alphaville Minas Gerais. Segundo informações da Smel Imó-
veis, trata-se de um empreendimento de uso misto multifamiliar,
um loteamento para um pólo empresarial e para construção de
prédios residenciais. O loteamento é da AP IMÓVEIS.
Expansão
O Índice Nacional da Construção
Civil (Sinapi), calculado pelo Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE) em parceria com a
Caixa Econômica Federal, teve
queda de 6,15% em julho. A varia-
ção ficou 13,95 pontos percentuais
abaixo da taxa de junho.
A variação acumulada no ano de
2013 está em -2,30%, enquanto no
mesmo período de 2012 havia fi-
cado em 3,56%. Já em relação ao resultado dos últimos 12
meses, o valor passou para -0,30%, ficando 6,84 pontos
percentuais abaixo dos 6,54% registrados nos 12 meses
imediatamente anteriores.
O custo nacional da construção por metro quadrado,
que em junho havia sido de R$ 890,76, caiu para R$
835,95 no último mês, sendo R$ 461,43 relativos aos ma-
teriais e R$ 374,52 à mão de obra. A parcela dos mate-
riais teve variação de 0,12%, subindo 0,02 ponto
percentual em relação ao mês anterior (0,10%), já a mão
de obra teve variação de -14,68%,
caindo 12,69 pontos percentuais
em relação a junho (1,80%). De ja-
neiro a julho os acumulados são
1,68% (materiais) e -6,80% (mão
de obra), enquanto em 12 meses
ficaram em 3,09% (materiais) e -
4,18% (mão de obra).
A região Sudeste, com variação
de -6,81%, apresentou a maior
queda em julho. Os demais resul-
tados foram: -5,98% (Norte), -5,84%(Nordeste), -6,32%
(Sul) e -4,23%(Centro-Oeste).
Os custos regionais, por metro quadrado, ficaram emR$ 833,78 (Norte); R$ 780,36 (Nordeste), R$ 875,25(Sudeste); R$ 849,48 (Sul) e R$ 847,13 (Centro-Oeste). A Região Centro-Oeste tem a maior variaçãonos últimos doze meses: 1,67%.
Devido à pressão exercida pelo reajuste salarial decor-rente de acordo coletivo, Goiás registrou a menor quedaentre os estados, com taxa mensal de -1,07%.
Desoneração da folha de pagamento influencia queda do custo da construção
Tendência
INFORME
www.piniweb.com.br
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Compromisso com as soluções para um futuro sustentável da engenharia e bem estar social.
www.sme.org.br
ART-0086FAÇA A ESCOLHA CERTA
Na hora de preencher a ART no campo(entidade de classe) escolha a SME através do código 0086.
Assim, você apoia a Sociedade Mineira de Engenheirosa representar a engenharia e oferecer os melhores serviços para você!
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ENERGIAS DE MINAS
Cadeia produtiva do setor e empreendimentos serão beneficiados comtributação especial
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Mais uma vez na vanguarda nacional,
Minas Gerais acaba de lançar o Pro-
grama Mineiro de Energias Renová-
veis – Energias de Minas, que
concede tratamento tributário dife-
renciado para a cadeia produtiva e
empreendimentos que utilizem as fontes solar, eólica,
biomassas, biogás e hídrica, além de Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PChs) e Centrais Geradoras Hidrelétri-
cas instaladas no Estado.
A solenidade realizada no Palácio Tiradentes, reuniu polí-
ticos, pesquisadores, empresários e investidores que já de-
monstraram interesse no potencial energético do Estado,
seja para a construção de fábricas de componentes,
máquinas e insumos ou mesmo para instalação de
usinas de produção. Na oportunidade foi assi-
nado o decreto que institui o Programa e
que foi publicado na edição de quinta-
feira do Minas Gerais, órgão de divul-
gação oficial do Estado.
Com a iniciativa, o governo pretende
consolidar Minas Gerais como cen-
tro de referência na produção de
energia limpa e, ainda, fomentar o
processo contínuo de atração de
novos investimentos para o Es-
tado, sobretudo para regiões
consideradas estratégicas como
o Norte e o Noroeste mineiros.
Na prática, o Programa prevê a desoneração do Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para vá-
rios equipamentos destinados à geração desse tipo de ener-
gia elétrica, bem como isenção total do mesmo tributo para
o fornecimento de energia gerada em um prazo de 10 anos,
contado da data de início da operação da usina geradora,
com recomposição anual, gradual e proporcional, nos cinco
anos seguintes, de modo que a carga tributária original so-
mente restabeleça a partir do décimo sexto ano. Também
estão previstos benefícios fiscais para micro-geradores e
mini-geradores de energia elétrica.
Os empreendimentos de geração de energia poderão con-
tar, ainda, com linhas de financiamento de longo prazo ofe-
recidas pelo BDMG. O Programa inclui, ainda, apoio a
pesquisa e desenvolvimento e planos para capacitação téc-
nica de pessoal para o atendimento à demanda reprimida
do mercado do segmento que é chamado de Nova Econo-
mia. Para essas plantas serão reutilizadas áreas atualmente
ociosas, sem prejuízo ambiental.
O vice-governador do Estado, Alberto Pinto Coelho, foi
a principal liderança desse programa. “Estamos apostando
em potencialidades novas. Saímos na frente em relação
aos outros Estados porque essa é a vocação de Minas.
Além de ser a caixa d’água do Brasil, Minas também tem
grande potencial solimétrico e eólico. Incentivar a pro-
dução de anternativas energéticas é contribuir para o de-
senvolvimento do Estado”, afirma.
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setor
m
Alberto Pinto Coelho, vice-governador de Minas Gerais
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Desde 2010, por determinação do governo do Es-
tado, a Companhia Energética de Minas Gerais
(Cemig) faz o mapeamento do potencial energético
de Minas Gerais. Em 2010, foi lançado o Atlas Eólico,
que identificou capacidade de 40 GW no Estado. Os
pontos mais propícios para a exploração dessa
forma de energia estão localizados nas regiões
Norte e também no Triângulo Mineiro.
Em maio deste ano, a companhia lançou o Atlas So-
larimétrico, que analisou o potencial de cada região
do Estado, detectando que as áreas mais promisso-
ras são Triângulo Mineiro, Noroeste e Norte de
Minas Gerais.
Confeccionado com a participação das Secretarias
de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fazenda
e, ainda, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Desen-
volvimento dos Vales do Jequitinhonha, além do Ins-
tituto de Desenvolvimento Integrado de Minas
Gerais (INDI), do Banco de Desenvolvimento de
Minas Gerais (BDMG) e das concessionárias de dis-
tribuição de energia, o Programa Mineiro de Ener-
gias Renováveis é a resposta do executivo mineiro
às informações coletadas e, ainda, à demanda da ex-
tensa cadeia produtiva do segmento, que tem plei-
teado condições específicas como as que passaram
a valer a partir de agosto, para transformar o con-
ceito de geração de energia compartilhada em pro-
dutos competitivos e acessíveis.
O vice-presidente da Cemig, Arlindo Porto, enfatiza
que a intenção dos estudos realizados foi subsidiar
os investidores de informações técnicas seguras, o
que aumenta a competitividade de Minas Gerais.
“O setor não consegue sem incentivos. A Cemig
está pronta para adquirir toda a energia excedente
gerada, de micro, pequenos e grandes produtores.
A Cemig tem condições para isso”, explica. A
empresa já tem plantas eólica e solar.
Por outro lado, a descentralização da produção é
imprescindível para o projeto de desenvolvimento
do Estado. “Assim não ficaremos sujeitos apenas ao
regime de chuvas para produzir energia elétrica.
Neste ano corremos o risco de blackout energé-
tico em outros Estados, por isso as opções com-
plementares têm ganhado maior espaço”, ressalta.
O programa de P&D da Cemig vai iniciar o mapea-
mento da biomassa nos próximos meses. Esta será
mais uma alternativa a ser utilizada como fonte de
energia e de negócios. Além da cana de açúcar, está
em estudo o uso do eucalipto, visto que Minas Ge-
rais tem a maior área cultivada do país.
ENERGIAS DE MINAS
14
Arlindo Porto, vice-presidente da Cemig
Arlindo Porto, vice-presidente da Cemig
O programa de P&D da Cemig vai iniciar o mapeamento dabiomassa nos próximos meses. Esta será mais uma alternativaa ser utilizada como fonte de energia e de negócios. Além dacana de açúcar, está em estudo o uso do eucalipto, visto queMinas Gerais tem a maior área cultivada do país.
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De acordo com a secretária de Estado de Desenvol-
vimento Econômico de Minas Gerais, Dorothea Wer-
neck, tratamento tributário diferenciado e, ainda,
regras transparentes são pontos importantes para a
decisão dos investidores que se interessam no poten-
cial energético do Estado. “Temos agilidade para os in-
vestimentos em parceria
com a Secretaria de Estado
do Meio Ambiente”, adianta.
O sucesso do Programa mi-
neiro é mostrar que os inves-
timentos já estão se tornando
realidade. Há que se conside-
rar, também, que o governo
de Minas observou experiên-
cias similares para construir
uma proposta melhor.
O anúncio do Programa Mi-
neiro de Energias Renováveis
– Energias de Minas repre-
senta o atendimento de rei-
vindicações dos empresários e investidores do setor.
A resposta será a oferta em escala de produtos com-
petitivos para o mercado estadual e nacional, como
adianta o presidente da Tecnometal, Marcelus Araújo.
“Estamos analisando a possibilidade de ter mais uma
unidade de negócios independente no Estado para fa-
bricação de placas fotovoltaicas”, adianta. Atualmente,
essa planta tem sede em Campinas (SP), mas o pacote
de incentivos do governo mineiro pode culminar na
sua transferência para Minas.
Para o empresário, o Programa representa visão de
futuro promissor para os negócios do setor, o que vai
afetar o plano de crescimento da companhia. “Se há
uma linha de financiamento, isso é importante para
quem vai investir. Da mesma forma, a compra da ener-
gia excedente. Vamos analisar o Programa com mais
profundidade para tomar as
decisões”, destaca.
O Norte de Minas é uma área
cogitada pela Tecnometal para
a nova planta, por se tratar de
região da Sudene. A geração
de empregos também é um
diferencial.
Outro empresário que, desde
o primeiro momento, está
entusiasmado com o Pro-
grama é o presidente da
Companhia Energética Inte-
grada (CEI), Romero Ferreira.
A companhia mineira já tem
investido no potencial do Estado há alguns anos, nas
áreas hídrica e solar. Atualmente são nove usinas no
Estado.
“O Programa é fundamental para o desenvolvimento
do setor. Quando se fala em setor privado e em in-
vestimentos de infraestrutura, são projetos de longo
prazo que demandam incentivos do governo e garan-
tias de que as regras são claras e não serão mudadas”,
justifica.
15
Dorothea Werneck,
secretária de Estado
de Desenvolvimento
Econômico de Minas Gerais
O Programa é fundamental para
o desenvolvimento do setor.
Quando se fala em setor privado e
em investimentos de infraestru-
tura, são projetos de longo prazo
que demandam incentivos do
governo e garantias de que as regras
são claras e não serão mudadas
““
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A empresa já desenvolveu traba-
lhos em parceria com o governo
do Estado. O próximo projeto é
uma usina solar com potencial de
3 MW no Jaíba, Norte de Minas. A
escolha do local deve-se a carac-
terísticas técnicas, de radiação e,
também, das redes de conexão
disponíveis. O início da operação
deve ser entre o final de 2014 e
início do ano seguinte. O aporte
estimado é de R$ 30 milhões.
O empreendimento deve gerar 80
empregos na região e entre 160 e
200 para profissionais de outros
locais, nas áreas de Engenharia,
meio ambiente e planejamento.
“Envolve muita gente”, avalia o
empresário. A usina também será
um ponto de P&D que testará
tecnologias de outros países que
ainda não foram usadas no Brasil.
A empresa espanhola Solaria é
outra companhia que já demons-
trou interesse pelo potencial
energético de Minas Gerais. O
diretor da unidade brasileira, Ale-
jandro Beas, reafirma o interesse
no Estado, para duas áreas de ne-
gócios diferentes mas que têm in-
teresses em comum.
A primeira delas é uma fábrica de
células e módulos fotovoltaicos,
mediante investimento de US$ 50
milhões e US$ 100 milhões. A
outra, uma usina de geração de
energia solar, prevê aporte de R$
200 mil para cada 30 MW. O po-
tencial da região é 1 GW. “Seria
uma indústria brasileira com
know-how espanhol. Ao criar as
fábricas de lógica avançada, usare-
mos o Brasil como centro para a
América Latina”, projeta.
Como se trata de um projeto a
longo prazo, o incentivo do go-
verno mineiro faz toda a diferença,
segundo Baes.
Por ter matriz energética 86%
limpa, o Brasil ainda não desper-
tou para a necessidade de investir
em fontes alternativas. Nesse ce-
nário, Minas Gerais tem demons-
trado posicionamento distinto. O
presidente da Sociedade Mineira
de Engenheiros (SME), Ailton Ri-
caldoni, que esteve na cerimônia
de lançamento do Programa tam-
bém apoia a proposta. “O Pro-
grama Mineiro de Energias Reno-
váveis – Energias de Minas
confirma o pioneirismo de Minas
Gerais na produção de energia
limpa no país. Trata-se de uma ini-
ciativa fundamental, o ponta pé
inicial, para a implementação de
um parque gerador de energia re-
novável em nosso Estado, que é
muito bem servido de fontes de
energia solar, eólica, biomassas,
biogás e hídrica”, analisa.
Além disso, “o Programa tem
forte estímulo econômico porque
vai atrair a implantação de indús-
trias que vão gerar, consequente-
mente, trabalho e renda. Outro
aspecto importante dentro do
programa anunciado pelo vice-go-
vernador Alberto Pinto Coelho, é
o apoio à pesquisa e à capacitação
técnica que são essenciais para
atender as necessidades de um
projeto desse porte. Por todos
esses elementos, creio que deve-
mos comemorar a iniciativa do
governo que, em outras palavras,
significa desenvolvimento para
Minas Gerais”, confirma.
ENERGIAS DE MINAS
Ailton Ricaldoni,presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME)
O Programa tem forte estímulo econômico porque vai atrair a
implantação de indústrias que vão gerar trabalho e renda. Além
do opoio à pesquisa e à capacitação técnica que são essenciais
para atender as necessidades de um projeto desse porte, em
outras palavras, significa desenvolvimento para Minas Gerais
INNOVSolução inovadora do Monotrilho-Metrô aprimorar bairros emrapidamente a cond
INNOVIA é uma marca comer
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INNOVIASolução inovadora de transporte de alta capacidade, o Monotrilho-Metrô BOMBARDIER INNOVIA vai aprimorar bairros em São Paulo e melhorar rapidamente a condição de vida dos Paulistanos.
SISTEMA INNOVIAMONOTRILHO 300
INNOVIA é uma marca comercial da Bombardier Inc. e de suas filiais.
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A sociedade possui grandes desafios para a construção do fu-
turo: o crescimento da população e as questões associadas
(suprimento de: alimentos, água e energia; mobilidade; desti-
nação de resíduos; urbanização) a crescente demanda por
energia, com emissão de gases de efeito estufa – GEE e o con-
sequente aquecimento global. O modelo econômico mundial
é totalmente dependente de combustíveis fósseis e, se ainda
somos uma “ilha renovável” em um mundo não renovável, ca-
minhamos no sentido contrário à sustentabilidade. Os recur-
sos disponíveis no planeta não se renovam ou se recuperam,
podendo levar a um cenário de esgotamento. É interessante
observar que a questão energética perpassa por todos esses
desafios, uma vez que nosso modelo de desenvolvimento é
fortemente focado no crescimento da exploração dos recur-
sos naturais, notadamente energéticos, indicando não so-
mente a sua importância, como também a sua complexidade.
Bill Gates apresenta em uma visão simples, mas ao mesmo
tempo muito interessante e ilustrativa, a relação entre o
meio ambiente e a energia.
Postula que a emissão de GEE depende de quatro fatores: a
quantidade de indivíduos na Terra (população), a quantidade
de serviços consumidos por cada indivíduo (conforto), a
quantidade de energia consumida para produzir uma unidade
de serviço (eficiência energética) e a quantidade de GEE por
unidade de energia produzida (energia renovável).
Como não é razoável esperar uma interrupção no cresci-
mento da população em futuro próximo, e nem a redução
do nível de conforto esperado/consumido por indivíduo,
resta o binômio Energias Renováveis/Eficiência Energética
na base das soluções factíveis para se lidar com as questões
da energia, meio ambiente e sociedade. Agrega-se a essa base,
ainda, a tecnologia, constituindo-se no paradigma moderno
para a humanidade. A Cemig realizou entre os anos de 2009-
2012 um estudo de alternativas energéticas, que resultou na
publicação do livro: Alternativas Energéticas:
Alternativas Energéticas
Ver: http://www.thegatesnotes.com/Topics/Energy/Innovating-to-Zero-Emissions
Download: http://www.cemig.com.br/pt-br/A_Cemig_e_o_Futuro/inovacao/Alternativas_Energeticas/Paginas/default.aspx
Cláudio Homero Ferreira da Silva, Ph.D. | [email protected]
Alexandre Francisco Maia Bueno, engenheiro | [email protected]
ARTIGO | ENERGIA
UMA VISÃO CEMIG
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• PETRÓLEO: quando a tecnologia de extração permi-
tir a exploração das jazidas do pré-sal em quantidades
econômicas, haverá certamente, no Brasil, um grande
incentivo para o seu uso;
• GÁS NATURAL: como fonte fóssil de menor impacto
e com crescente utilização, se configura como uma
opção de negócios em energia e em eletricidade; as mo-
dernas tecnologias de exploração de shale gás aumen-
taram a oferta e reduziram os custos deste energético,
o que também é esperado no Brasil;
• GEOTÉRMICA: devido às características dos solos e
da geologia do Brasil, não se vislumbra possibilidade
de utilização, na forma das tecnologias convencionais.
Entretanto nos locais onde exista tal potencial, ele se
mostra vantajoso ao ser utilizado;
• OCEÂNICA: acena para um futuro promissor, estando
atualmente em estágio inicial de desenvolvimento.
• NUCLEAR: os riscos associados com essa fonte a colo-
cam como uma incógnita, que exigirá muita discussão por
parte da sociedade. Entretanto, trata-se o desenvolvi-
mento tecnológico associado aponta para um futuro onde
a questão energética pode não ser mais um problema.
• HÍDRICA E EÓLICA: estas fontes já se constituem em
negócios maduros em energia elétrica;
• BIOMASSA/RESÍDUOS: estes energéticos se constituem
em oportunidades de negócios no Brasil;
• SOLAR: tecnologia razoavelmente madura no exte-
rior, ainda encontra-se em estágio inicial de exploração
econômica no Brasil; seu desenvolvimento na Europa,
calcado em fortes incentivos e subsídios governamen-
tais, não deve repetir-se no Brasil, visto que não temos,
como lá, o grande apelo da sustentabilidade (mais que
90% da energia elétrica produzida no Brasil já é de ori-
gem renovável);
• EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: a energia mais barata é
aquela que foi economizada. Fazer mais como a mesma
quantidade de energia parece ser o grande desafio e a
grande oportunidade do futuro; estudos diversos
apontam para grandes oportunidades no setor;
Tecnologia e Inovação são os conceitos que possibilitarão
a transformação da relação entre a humanidade e a ener-
gia, modificando as relações entre conforto, energia e
emissões de GEE.
Este estudo possibilitou a elaboração do Mapeamento
de todas as possíveis fontes e usos finais de Energia,
bem como nas cadeias de transformação/conversão.
Trata-se de um retrato de um momento na história do
desenvolvimento tecnológico. As contribuições da ciên-
cia, tecnologia e inovação modificam as cadeias de
transformação, com repercussão sobre a configuração
desse mapa, exigindo disciplina no seu acompanha-
mento, não sendo, entretanto, esperadas a inclusão de
novas fontes de energia primária ou de novas formas
de uso final. Esse mapa se constitui em um ponto de
referência, onde é possível, além de vislumbrar opor-
tunidades, realizar reflexões associadas a realidade em-
presarial, de Estados, do País e do mundo:
Por tratar-se de uma questão complexa,
como muitas variáveis, a solução por
consequência não pode ser simples.
Desta forma, é esperado que lidar com
a construção do sistema energético do
futuro envolva: formação de recursos
humanos, formação de cientistas e de-
senvolvimento de ciência, desenvolvi-
mento tecnológico, industrial e cultural,
além da incorporação da segurança
energética e da sustentabilidade em
todas as discussões que envolvam a pro-
dução, transporte e consumo de ener-
gia. Por isto, os sistemas energéticos do
futuro serão construídos pela sua viabi-
lidade econômica e ambiental, configu-
rando-se em soluções que exploram as
potencialidades locais e atendam aos re-
quisitos de sustentabilidade. Sob esse
ponto de vista, todas as possibilidades
de fonte, transformação e uso se cons-
tituem em opções, ou alternativas ener-
géticas para o futuro da humanidade.
Mapeamento de Fontes Primárias, Usos Finais e Cadeias de Transformação da Energia:
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ENTREVISTA | OZIRES SILVA
Há certas pessoas que dispensam
apresentações. Quem acompanha
a história do país, sem dúvida, já
deve ter encontrado o nome do
coronel da Aeronáutica e enge-
nheiro formado pelo Instituto Tecnológica da Aero-
náutica (ITA), Ozires Silva, em muitos momentos
importantes do desenvolvimento nacional, com espe-
cial foco para a indústria aeronáutica.
Foi ele que coordenou a equipe responsável pelo
projeto e construção do avião Bandeirante. O enge-
nheiro foi, também, em 1969, o líder do grupo res-
ponsável pela criação da Embraer, considerada uma
das maiores companhias aeroespaciais do mundo.
Ele presidiu a empresa até 1986 quando aceitou o
desafio de comandar a Petrobras, até 1989.
No ano seguinte, assumiu o Ministério da Infraestru-
tura do governo de Fernando Collor de Melo mas re-
tornou à presidência da Embraer em 1991, para
desempenhar papel decisivo no processo de privati-
zação da companhia, concluído em 1994. Ozires Silva
também foi presidente da Varig por três anos, criou a
Pelo Nova Biotecnologia, primeiro fruto da Academia
Brasileira de Estudos Avançados, empresa focada em
saúde humana cuja missão é pesquisa, desenvolvi-
mento e produção de tecnologias inovadoras na área
de regeneração e engenharia tecidual.
Com tanta experiência acumulada, o engenheiro
acabou “conquistado” pela Educação. Presidente do
Conselho de Administração da Ânima Educação e
Cultura, Silva tomou posse como reitor do Centro
Universitário Monte Serrat (Unimonte) em 2008.
Além do trabalho, ele também alimenta o seu blog -
http://www.blogdoozires.com.br/ozires/ - e mostra
conhecimento apurado sobre a realidade nacional. E
assim, continua a participar e opiniar sobre os rumos
do País.
Nesta entrevista à Revista Mineira de Engenharia,
Ozires Silva fala sobre inovação, competitividade e
sobre os desafios do Brasil.
Ozires Silva fala sobre inovação, competitividade e os desafios do Brasil.
Foto
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rizz
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aval
cante
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deputa
dos
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Como o Sr. analisa a capacidade
de inovar do Brasil?
Infelizmente, o Brasil está mal. Re-
centemente um pesquisador
criou um indicador para apontar
onde o Brasil se situa em termos
de inovação em um cenário de 40
países divididos em três níveis de
desenvolvimento tecnológico:
alto, médio e baixo. O Brasil ficou
com a 38ª posição no ranking
geral, com excelência tecnológica
de baixo nível, o que tem impe-
dido que o país ocupe posição de
destaque que tanto almeja.
Tem países que têm uma taxa pe-
quena, mas a média geométrica
determina a aceleração dessas
economias. A Coréia do Sul vai
atingir 20% de aceleração. A Tur-
quia, 23% porque lá, embora o
nível tecnológico seja baixo, o
crescimento tem sido rápido. O
Brasil está com menos que 6%.
Embora haja exceções, essa média
representa um risco para o futuro
do país. Os jovens das próximas
gerações podem viver em um país
mais pobre que agora porque nós
não estamos fazendo a nossa
parte.
Não é preciso muito para consta-
tar que o mundo está vivendo
momentos extraordinários de
competência e cultura avançados.
Os produtos que estão chegando
para nós são os mais completos e
sofisticados, permitindo serviços
inimagináveis há algumas décadas.
Um exemplo é o telefone celular.
O mundo está avançando. Se
olharmos os mecanismos de estí-
mulo à ciência e tecnologia, boa
parte vem do governo e apenas
para instituições públicas, quando
80% dos estudantes de graduação
estão matriculados em escolas
privadas e alheios à pesquisa.
A condição para o desenvolvi-
mento nacional é hostil. Nas ins-
tituições oficiais, as pesquisas em
curso nem sempre respondem às
necessidades do país. É preciso
rever essa situação que tem ge-
rado um problema conceitual, já
que inovação no Brasil é o que se
importa de outros países. As em-
presas estão preferindo comprar
licenças de inovação que criar
seus próprios produtos. A Em-
braer, por exemplo, tem sido re-
cordista nessa metodologia.
Por outro lado, a distância entre
o governo e a sociedade tem
aumentado. Os governantes de-
cidem fazer tudo como querem
e bem entendem, sem ouvir a
população.
Como é possível mudar esse
cenário?
Democratizar as decisões é o pri-
meiro passo. Veja como as coisas
têm acontecido. Até nos projetos
culturais é preciso pedir autoriza-
ção do governo. No resto do
mundo, incentivos para a educa-
ção, ciência e tecnologia são li-
vres. O sujeito aplica e comprova
por meio contábil e tem dedução
no Imposto de Renda (IR).
A cultura governamental quer
controlar todo mundo, mas a na-
tureza consagrou a diversidade.
Não podemos nos
colocar na competição
mundial como um povo
que peca pela inércia e
por ser um seguidor das
tendências internacionais
de cultura e de
empreendedorismo.
O que prevalece no
Brasil é a existência
de clima legal de
restrições normativas e
regulamentares,
pavimentadas por um
grande preconceito das
autoridades, em relação
às iniciativas privadas.
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ENTREVISTA | OZIRES SILVA
A diversidade tem que ser
aceita como realidade da vida.
Se não tem duas coisas iguais,
porque o governo quer fazer
todos iguais e controlar a
todos?
Sinceramente, temos que
mudar porque estamos cor-
rendo um risco muito grande.
É preciso “descolar” dessa de-
pendência do setor público.
As empresas deveriam decidir
em investir em inovação por
conta própria. No entanto, nin-
guém quer aplicar recurso de
risco para fazer produtos. O
risco tem que ser corrido pela
empresa e seus funcionários.
As empresas precisam com-
preender que a inovação deve
ser parte da sua rotina diária,
da necessidade de criar novos
produtos e sair na frente para
conquistar o mercado e não
um assunto a ser discutido
com a academia. As universida-
des são coadjuvantes imporan-
tes mas apenas coadjuvantes.
O que é inovação para o Sr?
Os americanos preconizam
que inovação é a criação que
se transforma em produto e
resultado para a sociedade.
Por isso, é preciso discernir
entre inovação e pesquisa de
inovação. Há muitas pesquisas
sendo feitas mas os resultados
ainda são muito pequenos. O
recurso aplicado nessa área é
praticamente igual ao que a
Coréia do Sul destina. Lá, o de-
senvolvimento de tecnologias
justifica-se pelo atendimento
das necessidades da indústria
e da sociedade.
Basta lembrar que a Coréia do
Sul tem, hoje, marcas de peso
no mercado mundial. O carro
do ano nos Estados Unidos
neste ano foi o Hyunday HB20
repetindo a performance do
ano passado com o Hyunday
Elantra.
O que a sua experiência, como
engenheiro e ex-gestor de
áreas estratégicas para a eco-
nomia nacional, aponta como
caminho para que o Brasil seja
um país mais inovador?
O Brasil, pelos seus cidadãos,
os brasileiros, não é diferente
de muitos países no mundo. Há
nos brasileiros um interesse
pela novidade e pelo empreen-
dedorismo, isso bem compro-
vado por recente pesquisa,
realizada pelo Banco Mundial
(www.doingbusiness.com ), de-
monstrando o grau de criativi-
dade que funciona entre nós.
Portanto, não podemos nos
colocar na competição mundial
como um povo que peca pela
inércia e por ser um seguidor
das tendências internacionais
de cultura e de empreendedo-
rismo. O que prevalece no
Brasil é a existência de clima
legal de restrições normativas
e regulamentares, pavimenta-
das por um grande precon-
ceito das autoridades, em
relação às iniciativas privadas.
Isso, de um modo afasta os em-
preendedores que, quando vê
o difícil caminho a percorrer
nos corredores das reparti-
ções públicas, somados às dú-
vidas e as dificuldades a vencer
para colocar um novo produto
ou serviço no mercado, produz
nos investidores uma reação
de desistir, em muitas de suas
idéias. A consequência direta,
que prevalece entre nós, não é
a de pesquisar ou de se arriscar
a tentar lançar-se na produção
de resultados de pesquisas do-
mésticas.A solução, na maioria
dos casos, é buscar tecnologias
externas, provadas nos merca-
dos estrangeiros, e comprar os
direitos para replicá-las no
Brasil.
Estas soluções são favorecidas
pelo mais comum dos com-
portamentos dos nossos con-
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sumidores de favorecer, nos mo-
mentos de compra, produtos im-
portados. Podemos ainda incluir a
tendência bem brasileira de investir
pouco e aspirar rendimentos altos
no curto prazo. Mas, isso pode ser
uma das consequências de um
clima difícil para empreender no
Brasil.
O Sr. falou que é preciso indepen-
dência para investir em inovação.
No entanto, as empresas sempre
buscam recursos públicos para esse
tipo de projeto. Como mudar isso?
Na realidade, minha colocação foi
em relação à liberdade que é neces-
sária para gerar um clima de inova-
ção na sociedade. Por outro lado,
também temos de reconhecer que
recursos públicos para pesquisas,
desenvolvimento e investimentos,
são práticas internacionais, prova-
das como importantes, da mesma
maneira como legislações de estí-
mulo para com os interessados do
setor privado.
Os Estados Unidos aparecem no
mundo como a nação mais criativa,
com grande destaque entre todos
os outros países. Isso motivou
muito o setor privado a avançar no
caminho do risco dos empreendi-
mentos. Lá, temos o exemplo mar-
cante, na Califórnia que, com
expressivo destaque, absorve da
ordem da metade de todo o capital
de risco disponibilizado no país.
Na Califórnia prevalecem as ativi-
dades das chamadas “Venture Ca-
pital Companies” que, movidas pela
disposição de importantes segmen-
tos da população para investir,
muito contribuiram para a criação
de um Vale do Silício, da maior in-
dústria cinematográfica do mundo,
da expressiva participação nas in-
ciativas nos serviços de comunica-
ção global, etc.
Na Engenharia, inovação é condi-
ção básica para tudo. Como os en-
genheiros podem atuar de forma
inovadora? O Sr. considera que os
engenheiros que estão hoje no
mercado são inovadores? Por que?
É real a tendência dos engenheiros
de inovar e, é curioso observar na
atualidade, mesmo no Brasil, que
muitos dos alunos dos últimos
anos dos cursos de Engenharia têm
procurado criar seu próprio negó-
cio, no lugar de simplesmente bus-
car os empregos que lhes são
oferecidos pelas empresas. Esta é
uma tendência recente, e que está
sendo incrementada, que, eu, nos
meus tempos de graduação, não
observava entre meus colegas de
turma.
Hoje, pode-se constatar que mui-
tos dos recém-formados, quando
não conseguem materializar o
sonho do negócio próprio, por
falta de recursos financeiros ou
por outras razões, acabam contri-
buindo com sua criatividade e
propensão para inovação, nas em-
presas que os contratam.
Cabe aos empresários, ouvi-los,
apoiá-los e entusiasmá-los, pois de
um momento para o outro,
acende-se uma centelha de opor-
tunidade pode ser melhor aprovei-
tada para expressivos resultados
das próprias empresas.
É preciso rever essa situação que tem gerado
um problema conceitual, já que inovação no
Brasil é o que se importa de outros países. As
empresas estão preferindo comprar licenças
de inovação que criar seus próprios produtos.
““
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ENTREVISTA | OZIRES SILVA
Como o Brasil pode se tornar mais competitivo?
Este é um tema extremamente discutido entre as
empresas em operação no Brasil e bastante fo-
cado pelas associações de classe. É conhecida a
intensidade com que elas, sob a liderança da CNI
– Confederação Nacional da Indústria, trabalham
na direção do Governo e das entidades do sis-
tema financeiro, para identificar possibilidades de
estímulos ou de disponibilidade de capital de risco
para dar origem a novos empreendimentos.
Muitos empresários informam que suas empresas
são mundialmente competitivas até a porta de
saída da fábrica, mas perdem essa qualidade quando
enfrentam os impostos e a miríade de custos, lide-
rados pelos de logística e os de distribuição.
Como aproximar os estudantes de Engenharia da
área de Pesquisa?
A pesquisa na área acadêmica não é um tema fácil
de discutir. Nos dias correntes, a maioria dos gra-
duandos do ensino superior estuda em universi-
dades e faculdades privadas, que pagam impostos
e taxas, como se fossem empresas comuns, en-
quanto os alunos das escolas oficiais nada pagam.
Outros custos e a ausência de estimulos gover-
namentais e de demanda do setor empresarial,
como acontece para as entidades de ensino supe-
rior dos governos, pouco têm de reserva finan-
ceira para suprir as necessidades dos projetos de
pesquisas e desenvolvimento (P&D), hoje muito
mais sofisticados e necessitando de laboratórios
e mão-de-obra qualificada.
Em qualquer comparação que se faça, em relação
em países de maior sucesso, destacando-se mo-
dernamente a Coréia do Sul e a China, observa-
se que o tratamento recebido pelas escolas, esses
dois itens, isenção de impostos e taxas, além de
políticas financeiras destinadas a promover as ati-
vidades de P&D, têm produzido resultados bem
diferenciados em relação ao Brasil.
Como exemplo, graças aos incentivos oficiais, ins-
tituídos há quase 100 anos nos Estados Unidos, a
Universidade de Stanford, da California, coletou
como doações e auxílios diversos do setor pri-
vado, cerca de US$ 2 bilhões em 2012. E isso tem
se repetido em todos os anos e, como divulgado
pelos dirigentes, com tendências a crescer. Quase
todos esses recursos são voltados para as ativi-
dades de P&D resultando num acervo importante
para a melhoria dos currículos escolares e dos
processos de ensino, estimulando por consequên-
cia os próprios estudantes.
Muitos empresários informam que suas empresas são mundial-
mente competitivas até a porta de saída da fábrica, mas perdem
essa qualidade quando enfrentam os impostos e a miríade de
custos, liderados pelos de logística e os de distribuição.
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Empresários e profissionais do
setor de Engenharia e autori-
dades se reuniram no último
dia 11 de junho, no auditório
da Companhia Energética de Minas Ge-
rais (Cemig) para a solenidade de en-
trega da Medalha Lucas Lopes, honraria
instituída pela Sociedade Mineira de En-
genheiros (SME) em 1995 para home-
nagear os engenheiros que têm atuação
de destaque no segmento de Energia.
Neste ano, o agraciado foi o engenheiro
eletricista e diretor de Desenvolvi-
mento de Negócios da Cemig, Fer-
nando Henrique Schüffner Neto.
O presidente da SME, Ailton Ricaldoni
Lobo, destacou a importância da Cemig
como referência global na área de ener-
gia e o empenho e competência do ho-
menageado na direção da empresa. “Na
sua trajetória profissional, como enge-
nheiro e dirigente, as qualidades humanas
e técnicas e o desempenho, sem reparos,
que contribuíram para colocar a Cemig
no posto em se encontra hoje: um dos
mais sólidos e importantes grupos do
segmento de energia do Brasil. Portanto,
a outorga da Medalha Lucas Lopes ao
engenheiro eletricista, Fernando Henri-
que Schüffner, cuja trajetória brilhante
merece o reconhecimento da comuni-
dade mineira, é mais do que justa”.
O agraciado recebeu o diploma das
mãos do chanceler da Medalha, Flávio
Marques Lisbôa Campos, que reafirmou
a trajetória invejável desse mineiro do
Vale do Mucuri, nascido na zona rural de
Teófilo Otoni, cidade que ficou conhe-
cida como a Capital das Pedras Precio-
sas, ou melhor, dizendo, das pedras e das
pessoas preciosas, como dizem orgulho-
samente os seus cidadãos. Em seu dis-
curso, ele enfatizou a primorosa
preparação acadêmica e profissional do
homenageado, hoje um dos executivos
de destaque da Cemig.
Na mesma linha, o presidente da Cemig,
Djalma Morais, disse a dedicação e com-
petência de Fernando Schüffner à frente
da empresa que, por mais um ano, foi
parceira da SME para a realização da so-
lenidade. “Receber a condecoração da
Medalha Lucas Lopes é muito impor-
tante para qualquer engenheiro, espe-
cialmente, para os profissionais da
Cemig, uma vez que ele deu início a essa
concessionária. Além disso, a Sociedade
Mineira de Engenheiros é uma das maio-
res entidades de classe e muito impor-
tante para a categoria, uma vez que ela
tem papel fundamental na formação pro-
fissional, implementação das políticas de
desenvolvimento e focada no desenvol-
vimento integral dos seus membros”.
Em seu discurso de agradecimento, o
engenheiro eletricista Fernando Henri-
que Schüffner Neto, emocionado, disse
que sua carreira na Cemig se deve à
contribuição de diversas pessoas que o
ajudaram e fez agradecimento especial
ao ex-deputado federal Aécio Cunha, já
falecido. Observou ainda que o fato de
ser natural do Vale do Mucuri e ter de-
sempenhado quase que integralmente
sua carreira na Cemig guarda uma rela-
ção especial. “Teófilo Otoni é para mim,
como a nascente, de onde brotam as
águas ainda cristalinas e puras, e a
Cemig, o porto seguro para onde elas se
encaminham”.
O engenheiro disse, ainda, que “é uma
grande felicidade receber a condecora-
ção que tem como patrono o enge-
nheiro Lucas Lopes, que deu início a essa
corporação à qual tenho orgulho de per-
tencer e a honra de dirigir, com a missão
de participar diretamente da expansão e
ampliação de suas atividades no Brasil e
também no exterior”, concluiu.
26
MEDALHA
LUCAS LOPESSME
SME outorga Medalha Lucas Lopes a Fernando Henrique Schüffner Neto
Foto
s: F
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José da Costa, Olavo Machado
e Ailton Ricaldoni
Edson Pereira, Idalmo Sales, Fernando Schüffner
e Ricardo Rocha
Ênio Brandão, João Alberto, Fernando
Schüffner e José Melhim Gatas
Ana Elisa, Ailton Ricaldoni, Gilman Viana
e Flávio Campos
João Camilo Penna, Ailton Ricaldoni, Olavo Machado e José Ciro
Fernando Schüffner, Fábio Tito, José da Costae Francisco Soares
Deputado Gustavo Correa, Fernando
e Luciana Schüffner (esposa) e Ricardo Veloso
Flávio Campos, chanceler da Medalha,
entrega diploma a Fernando Schüffner
Solenidade no auditório da CEMIG
mais de 400 convidados
Fernando Schüffner recebe a medalha das mãos
do presidente da SME, Ailton Ricaldoni
Fernando Schüffner e presidente da
Eletrobras, José da Costa Carvalho
Patrocínio Apoio Realização
opes er Neto
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HOMENAGEM | MEDALHA LUCAS LOPES
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Heloisa Paiva, Ana Elisa Lobo, José da Costa, Sônia Lemos Ferreira,
Márcia Tito e Maria Eugênia Araújo.Angela Alvarenga, Fernando e Luciana Schüffner
e Carlos Eloy
Sylvio (pai), Diva (mãe),
Fernando Schüffner e Telma Soraya Rocha
Flávio Neiva, José Ciro, Otávio Werneck e Francisco Soares
Henrique, Fernando, Luciana e João Vitor ( família Schüffner )
Homenageado e familiares na cerimônia de entrega da Medalha Lucas Lopes
José Ciro, Ailton Ricaldoni, José Luiz Nobre, Fernando Schüffner, João
Márcio Siqueira e José Melhim Gatas
Gilman Viana, Olavo Machado, Carlos Eloy,
Fernando Schüffner e Levindo Coelho
Fernando Schüffner e Guy Villela
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“É inequívoco afirmar que, para a Cemig possuir o expressivo histórico, foi fundamental a com-
petência do visionário dirigente Lucas Lopes e, no decorrer de mais de seis décadas de exis-
tência fez-se necessária a atuação de profissionais de altíssimo nível, como a do engenheiro
Fernando Henrique Shüffner Neto.
Fernando Shüffner é merecedor dessa honrosa homenagem, pois sua trajetória é marcada por
muita luta, compromisso, profissionalismo, competência técnica e, sobretudo, pela valorosa con-
tribuição no desenvolvimento de importantes ações para o fortalecimento dessa empresa que
é um orgulho para Minas Gerais.
Em nome do Governo de Minas cumprimento os membros do Conselho da Medalha Lucas
Lopes pela feliz escolha do nome de Fernando Shüffner, e à diretoria da Sociedade Mineira de
Engenheiros pelo permanente trabalho de valorização do profissional da Engenharia”.
REPERCUSSÕES
Danilo de Castro, secretário de
Estado de Governo de Minas
Gil
Leo
nar
di
Diretor-Presidente da Renova
Energia, Mathias Becker
Olavo Machado Jr.,
Presidente do
Sistema Fiemg
Victório Duque Semionato,
vice-presidente de Engenharia
da Mendes Júnior Trading e
Engenharia S.A.
“A entrega da Medalha Lucas
Lopes pela Sociedade Mineira
de Engenheiros tem muitos sig-
nificados – todos relevantes
para Minas Gerais. Em primeiro
lugar, nos propicia revisitar a
vida e a notável obra de Lucas
Lopes, nos permite comemorar
o aniversário da CEMIG e nos
dá a oportunidade para home-
nagear a engenharia e os enge-
nheiros mineiros como fez este
ano ao outorgar a Medalha
Lucas Lopes ao engenheiro
Fernando Henrique Schüffner.
“A Medalha Lucas Lopes reconhece a importância dos engenheiros para o desenvolvimento
do Brasil especialmente para a construção da indústria de energia do País, uma das mais limpas
e eficazes do mundo. A singular capacidade técnica e científica da Engenharia transcende o
campo técnico e tem gerado soluções que revolucionaram a sociedade moderna e transfor-
maram o Brasil em um País melhor.
É uma honra para a Renova Energia contribuir pelo segundo ano consecutivo com a realização
da Medalha Lucas Lopes, que premiou em 2013, por sua brilhante trajetória, o engenheiro Fer-
nando Henrique Schüffner Neto, o qual a empresa tem o privilégio de ter como conselheiro.
Somos testemunhas em primeira mão do impacto positivo da visão e a da capacidade excep-
cionais deste profissional para o progresso da sociedade brasileira.”
“A Medalha Lucas Lopes
homenageia aqueles que
buscam a excelência em
engenharia.Esse é um dos
valores da Mendes Júnior e
um dos motivos pelo qual
a empresa apoia essa im-
portante iniciativa da SME.
O engenheiro Fernando
Henrique Schüffner Neto,
agraciado este ano,tem em
sua trajetória profissional a
prática desse valor.”
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MESTRES DA ENGENHARIA | EDSON DURÃO JÚDICE
Depois de 65 anos de docência na
Universidade Federal de Minas Gerais
e na Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais (PUC Minas) o pro-
fessor Edson Durão Júdice, 88 anos,
chamado de mestre por seus pares e
ex-alunos, decidiu aposentar-se defi-
nitivamente. Há mais de 10 anos ele
prolongava a sua permanência na ins-
tituição, onde também deu aulas para
os cursos de Arquitetura e Economia.
“Creio que já tenho o direito de
descansar um pouco nesse tempo
que ainda me resta. Por isso preferi
encerrar meu contrato de trabalho.
Só o fato de não ter que me deslo-
car de casa para a universidade, vá-
rias vezes por semana, no atual
trânsito infernal das nossas ruas, já
é uma ótima vantagem. Além disso,
disponho de muito tempo para ler,
estudar, escrever, ouvir música,
enfim, viver agradavelmente. Estou
gostando de tudo isso e até agora
não me arrependi”, justifica-se.
Na verdade, a história do mestre
Edson Durão Júdice começou na
Escola de Engenharia da Universi-
dade de Minas Gerais (hoje
UFMG), ao receber o Prêmio
Artur Guimarães (medalha de
ouro), como o melhor aluno da
turma de Engenharia Civil de 1948.
A docência chamou um ano antes
da formatura, quando foi convi-
dado para dar aulas de Matemática
em um cursinho pré-vestibular. Na
época, ele conhecia o programa e,
por gostar da matéria, aceitou o
desafio. Com o tempo, viu que a
“aventura” deu certo porque os
alunos estavam aprendendo o
conteúdo e, o que é melhor, pas-
saram a gostar da matéria.
Depois, passou para o ensino
médio no Colégio Marconi. Lá, en-
sinou Física e Matemática para os
alunos do terceiro ano. Uma vez
graduado, não podia dar aulas para
o ensino secundário oficial porque
não cursava nenhuma licenciatura
e também não conseguiu ser con-
tratado como professor assistente
na Escola de Engenharia porque
não havia recursos disponíveis.
Assim, dedicou-se à Engenharia e
foi trabalhar na antiga Companhia
Siderúrgica Belgo-Mineira, como
engenheiro do Departamento de
Mineração e Sinterização na usina
de João Monlevade. No final de
1949, aconteceu a federalização
da UMG e foram abertas vagas
para professores.
Ele foi lembrado pelo então diretor
da Escola de Engenharia, Mário
Werneck, que o convidou para ser
professor assistente junto à cátedra
de Geometria Analítica e Projetiva,
regida pelo também mestre, Chris-
tovam Colombo dos Santos. Essa
relação duraria 12 anos. “Além de
muita Geometria, aprendi preciosas
lições de vida”, lembra.
Em 1950 ele alternou-se entre Belo
Horizonte João Monlevade, onde
preparou o substituto para sua
vaga. De volta a capital em caráter
definitivo, o engenheiro foi convi-
dado pelo professor Ivon Leite de
Magalhães Pinto, para ser professor
assistente na Faculdade de Ciências
Econômicas, nas cadeiras de Mate-
mática do curso de Economia.
Pela competência e interesse, ele
ascendeu na carreira e chegou a
professor catedrático de Geome-
tria Analítica e Projetiva, em 1962.
Ele foi, também, o primeiro chefe
do Departamento de Matemática
do Instituto de Ciências Exatas da
UFMG (ICEX-UFMG).
Júdice entrou na PUC Minas em
1966, onde lecionou diversas disci-
plinas de Matemática nos cursos de
Engenharia, Economia e Arquitetura.
Na instituição, ele foi diretor do
IPUC e também chefiou os departa-
mentos de Ciências Básicas e de
32
Com competência e interesse,
ele ascendeu na carreira docente
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Engenharia Civil. Durante alguns anos,
o professor prestou serviço para a
Fundação Dom Cabral, no curso de
Engenharia Econômica. Nesse pe-
ríodo, foi, por dois mandatos, mem-
bro do Conselho Curador da
instituição. Entre 1969 e 1975, ele foi
conselheiro do CREA-MG, como re-
presentante do IPUC-PUC Minas.
Nesse período, presidiu, por dois
anos, a Câmara de Engenharia Civil da
entidade.
Com um currículo extenso, o enge-
nheiro tornou-se um dos mais renoma-
dos professores mineiros e formou
gerações de profissionais que estão no
mercado construindo o futuro do Bra-
sil. “Quando ensino matemática gosto
de mostrar aos alunos, com clareza, os
raciocínios que conduzem o pensa-
mento desde as hipóteses até as con-
clusões (teses). Procuro chamar a aten-
ção deles para a beleza e se for o caso,
a simplicidade dessas construções do
espírito. E também muito me agrada,
quando acho que o assunto merece
mais comentários, trazer para os alunos
um pouco da história das teorias mate-
máticas e de seus criadores”, destaca.
A gaveta cheia de medalhas, entre elas
a de professor emérito do Instituto de
Ciências Exatas da UFMG, as homena-
gens recebidas por diversas turmas de
formandos como paraninfo ou pa-
trono e o sucesso dos ex-alunos são,
lado a lado com a oportunidade de en-
sinar, as boas lembranças da docência.
Ele também guarda com carinho a via-
gem que fez a Europa com a turma de
1958 e as outras tantas, pelo Brasil, com
outras classes. “É maravilhoso poder
ver pessoas que conheci em minhas
aulas, ainda jovens, transformadas em
notáveis professores, importantes em-
presários, dignos políticos, ótimos rei-
tores e até ministros de Estado”,
relembra.
O semblante tranquilo do professor
Edson Durão Júdice é a prova de que
ele ensinou de acordo com virtude, jus-
tiça e bondade que aprendeu com os
pais, Herculano Júdice e Castorina
Durão Júdice. “O meu sentimentos
é de dever cumprido apoiado em
outro, ainda mais profundo, de grati-
dão a Deus e às pessoas que me
permitiram cumpri-lo. Eu agradeço
aos familiares, mestres e amigos que
tive a sorte de ter na vida”, enfatiza.
Em casa, ele recebe o apoio e os
cuidados da mulher, Maria Helena, e
as filhas Maria Laura, Valéria Maria,
Cynthia, Maria Alice e Érica.
33
““É maravilhoso poder ver pessoas que conheci em minhas aulas, ainda jovens, transformadas em notáveis professores, importantes empresários, dignos
políticos, ótimos reitores e até ministros de Estado.
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Desafios do Brasilpara a retomada do crescimento
Desafios do Brasilpara a retomada do crescimento
ENGENHARIA | CENÁRIO ECONÔMICO
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Independente do setor
de atuação, os empresá-
rios são unânimes em
afirmar que o segundo
semestre é sempre me-
lhor que o primeiro para os
negócios. No entanto, as pers-
pectivas para 2013 não são tão
positivas para o Brasil. Em
julho, o Fundo Monetário In-
ternacional (FMI) revisou para
baixo o índice de crescimento
do Produto Interno bruto
(PIB) de 3% para 2.5%.
A expectativa para o próximo
exercício também não é tão
das melhores. Embora 2014
seja o ano da Copa do Mundo,
o percentual de crescimento
do PIB também foi reduzido
de 4% para 3,2%. Para os eco-
nomistas da instituição, entre
causas domésticas e externas,
as restrições de oferta – leia-
se eternos gargalos de infraes-
trutura e a falta de mão de
obra qualificada - têm sido os
principais fatores que impe-
dem que o país retome o de-
sempenho positivo da década
anterior.
Esse tipo de previsão sempre
provoca uma reação de
alarme do mercado e, sobre-
tudo muitas perguntas. Para
responder apenas a uma delas,
o Brasil não é o único país
emergente a experimentar um
processo de desaceleração
econômica, ainda conforme o
FMI. Os BRICS terão uma per-
formance menos brilhante no
período.
Mas o Brasil foi o membro do
grupo que teve um corte mais
vigoroso em suas previsões de
crescimento. Segundo o dou-
tor em Economia e coordena-
dor do curso de graduação no
Ibmec-MG, Reginaldo No-
gueira, a situação nacional é
complicada graças a erros co-
metidos pelo governo nos
dois últimos anos. “O governo
permitiu que a inflação subisse
muito, aumentou o gasto pú-
blico e perdeu a credibilidade
junto à população”, enumera.
A solução seriam as reformas
estruturais tão aguardadas
pela população e pela classe
empresarial. E o Brasil teve
tempo e condição para fazê-
las, o que não aconteceu. “Ti-
vemos um período do go-
verno Lula que foi muito fa-
vorável para o país,
principalmente porque o
preço das commodities au-
mentou muito. Foi isso que
possibilitou o aumento da
renda e a expansão da eco-
nomia via consumo e con-
trole do desemprego. O
país deveria ter feito as re-
formas estruturais mas não
fez. O que sobrou de tudo
isso é a ressaca econômica
que estamos experimen-
tando agora”, explica.
A “bonança” passou – essa é a
verdade – mas ao que tudo in-
dica a sociedade só está per-
cebendo os efeitos da maré
de estagnação econômica
agora, depois de três anos.
Entre os sinais do mercado
está o retorno da inflação. O
governo também não deu
conta de controlar os gastos
da máquina pública e, com a
proximidade do ano eleitoral,
em 2014, a possibilidade de
modificar o cenário político e
econômico está cada vez mais
longe de se converter em rea-
lidade.
35
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O país deveria ter feito as reformas
estruturais mas não fez. O que sobrou
de tudo isso é a ressaca econômica que
estamos experimentando agora.
Professor do IBMEC-MG, Reginaldo Nogueira
““ENGENHARIA | CENÁRIO ECONÔMICO
Além do famoso Custo-Brasil, a
carga tributária correspondente a
35% do PIB – considerada um
disparate para países com renda
per capita de US$ 12 mil - é uma
eterna reivindicação dos empre-
sários. Para o professor, essa re-
forma não entra em debate
porque o nível de endividamento
do governo é muito alto.
Por outro lado, reduzir o número
de impostos, a carga total e sim-
plificar o pagamento são medidas
que colocarão em xeque o go-
verno federal. “Não dá para sim-
plificar o sistema tributário sem
cortar gastos. Por isso o governo
tem se especializado em fazer
gambiarras, com desonerações
pontuais de alguns setores por
um tempo determinado”, alerta.
A reforma política é outra que,
nem com a população na rua,
deve se tornar realidade nos pró-
ximos meses. Tudo porque os
atuais representantes do povo
não correrão o risco de derrubar
um sistema no qual são “vencedo-
res” para implementar outro no
qual podem não se reeleger, como
enfatiza Nogueira.
A reforma administrativa também
não deve acontecer tão cedo. Re-
duzir cargos comissionados na ges-
tão pública e aumentar o número
de funcionários concursados es-
barra em diversos interesses polí-
ticos. Atualmente, o Brasil tem 39
ministérios.
O desafio nacional do momento
é controlar a inflação, o que re-
quer medidas de controle mone-
tário, ou seja, juros mais altos. A
recomendação do FMI repete a
dos economistas brasileiros. Só
que, nessa altura do campeonato,
o governo não tem recursos e
nem condição gerencial para fazer
nada, como avalia o professor.
A saída para o governo federal tem
sido a parceria com a iniciativa pri-
vada, para as PPPs, principalmente
para as obras de infraestrutura. A
ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi
Hoffmann, afirmou que as condições
de financiamento definidas para as
concessões de rodovias devem au-
mentar o interesse do setor privado.
Editais referentes às BR 050, entre
Goiás e Minas Gerais, e BR 262,
entre o Espírito Santo e Minas Ge-
rais já foram divulgados e o leilão
pode ser realizado já na segunda
quinzena de setembro. Os vence-
dores serão os consórcios ou
companhias que oferecerem o
menor valor para o pedágio. Os
projetos devem ser concluídos em
cinco anos. A taxa de retorno dos
projetos será de 7,2%.
36
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ 20_Layout 1 20/08/2013 13:06 Page 36
Mas ainda faltam soluções para os
outros modais brasileiros. A MP
dos Portos, sancionada no início
de julho com 13 vetos pela presi-
dente Dilma Roussef, estabelece
novo marco regulatório para o
setor.
Um dos pontos do texto apro-
vado pelo Congresso e vetado
pela presidente foi o que estabe-
lecia prorrogação automática por
mais 25 anos dos novos contratos
de concessão e arrendamento de
terminais em portos públicos.
O dispositivo garantia aos conces-
sionários, no total, 50 anos de
concessão, desde que eles promo-
vessem investimentos para mo-
dernizar e expandir a instalação
portuária.
Mas ainda faltam soluções para os
portos secos e para os aeropor-
tos que, lotados, oferecem um
serviço de baixa qualidade aos
usuários. Isso um ano antes da
Copa do Mundo de 2014.
Atrair investidores tem sido com-
plicado. De acordo com Nogueira,
ao travar a margem de lucro, o go-
verno federal inibe a aproximação
dos recursos tão necessários.
“Quem determina a margem de
lucro é o mercado que terá que
avaliar o risco que o governo re-
presenta”, afirma.
Com isso os projetos de infraes-
trutura estão praticamente para-
dos, embora a demanda por
obras de engenharia pesada este-
jam na ordem do dia. O professor
enfatiza que o que tem inviabili-
zado a parceria entre os setores
público e privado pode ser redu-
zida em duas palavras: incompe-
tência e ideologia. “Não se
consegue licitar uma obra com a
devida agilidade. A licença ambien-
tal é um exemplo da morosidade
do sistema”, exemplifica.
A Engenharia é parte integrante
do processo de desenvolvimento
econômico nacional e a atividade,
em todas as suas áreas de atuação,
tem grandes expectativas em re-
lação ao desempenho da econo-
mia nacional.
O presidente do Sindicato da In-
dústria da Construção Civil em
Minas Gerais (Sinduscon-MG),
Luiz Fernando Pires, afirma que o
setor está com desempenho po-
sitivo, apesar da redução do ritmo
de crescimento da economia. “A
velocidade das vendas caiu e o
mercado está mais acomodado.
Isso era algo esperado”, ressalta.
A retomada do crescimento eco-
nômico nacional, de acordo com
o dirigente, depende da atuação
do governo federal. “O país não
está fazendo o dever de casa para
atingir um patamar de cresci-
mento constante. É preciso me-
lhorar a eficiência da gestão e o
planejamento a longo prazo. No
entanto, ainda esbarramos na
baixa competitividade do país, um
problema que não se resolve tão
rápido”, alerta.
É preciso melhorar a eficiência
da gestão e o planejamento a longo
prazo. No entanto, ainda esbarramos na
baixa competitividade do país, um
problema que não se resolve
tão rápido.
““Luiz Fernando Pires, presidente do Sinduscon-MG
37
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ 20_Layout 1 19/08/2013 18:36 Page 37
Presidente da
CMI/Secovi-MG,
Evandro Negrão
de Lima Júnior
ENGENHARIA | CENÁRIO ECONÔMICO
Ainda há muitas construções em curso, o que man-
tém a empregabilidade do setor em alta. Mas o desa-
fio das empresas, nesse cenário, é investir na melhoria
de processos para
reduzir os custos e
incrementar a pro-
dutividade.
O ramo imobiliário
também não enxer-
gou a estagnação de
crescimento, se-
gundo o presidente
da CMI Secovi-MG, Evandro Negrão de Lima Jr. “O
segmento está com desempenho positivo, acompa-
nhando a inflação do período”, destaca. No entanto,
o sentimento de euforia foi substituído por cautela
para selecionar os investimentos, o que revela o ama-
durecimento dos empresários.
“Historicamente, o segundo semestre é melhor que
o primeiro e será assim neste ano”, garante. O diri-
gente reconhece que o setor deve continuar traba-
lhando para promover o equilíbrio entre oferta e
demanda, principalmente nos empreendimentos di-
recionados para as classes populares.
A venda de imóveis deve continuar aquecida, assim
como o segmento de locação cujos resultados de-
pendem da taxa de juros praticada. Para o dirigente,
enquanto esse percentual cair, os contratos de loca-
ção serão bons negócios.
O setor de distri-
buição e comércio
de combustíveis vai
bem, obrigada. O
país que ocupa quarta posi-
ção mundial entre os merca-
dos de veículos do mundo tem
que manter abastecido. Membro
do Conselho de Administração da
ALE, Nelson Luis Salles de Moraes, afirma que o de-
sempenho da companhia, no primeiro semestre deste
ano foi positivo, com crescimento acima da inflação
do período.
A confiança no mercado foi revertida em R$ 150 mi-
lhões em investimentos em novos postos e melhorias
da infraestrutura para ganhar a preferência do con-
sumidor. “O varejo está em situação privilegiada. O
nosso negócio, assim como os supermercados, vai
muito bem porque são gastos obrigatórios”, ressalta.
O segmento imobiliário está
com desempenho positivo,
acompanhando a
inflação do período.
““
38
Mar
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REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ 20_Layout 1 19/08/2013 18:36 Page 38
Até maio deste ano, foram comercializados 1,4 mi-
lhão de veículos, 8,8% acima do volume do período
correspondente no ano anterior. Com essa marca, o
país ficou na frente de Alemanha, Índia e Rússia, países
que registram, em 2013,
queda nos emplacamentos e
atrás da China, Estados Uni-
dos e Japão. Os dados são de
um levantamento da consul-
toria Jato Dynamics, com
base nas vendas globais de
carros.
No mercado nacional, o
ritmo das vendas de carros
novos caiu em julho para o
nível mais baixo em quatro
meses. O mercado, que vinha
girando uma média superior a 15 mil unidades no
mês passado, voltou a ficar abaixo de 14 mil automó-
veis e utilitários leves por dia útil, mostram dados pre-
liminares de julho. O volume também é inferior à
média diária registrada entre abril e maio, ao redor
de 14,4 mil carros.
A carta mensal da Associação Nacional dos Fabrican-
tes de Veículos Automotores (Anfavea), relativa ao
mês de junho deste ano aponta para que o licencia-
mento dos 318.619 veículos novos, naquele período,
foi 9,8% menor que no mesmo
mês de 2012. No acumulado
entre janeiro e junho, o aumento
foi de 4,8%, com 1.799.064 neste
exercício, ante os 1.716.916 do
mesmo intervalo do ano anterior.
A Fiat foi a montadora com maior
representatividade nas vendas, com
49.274 veículos. Embora o resul-
tado do acumulado entre janeiro e
junho e 2013 seja de 5.1% de cres-
cimento, as vendas caíram 9,3% em
relação a maio e 22,4% no compa-
rativo com junho de 2012.
Seguem a Volkswagen com 48.408 veículos novos em-
placados, 9% a mais que no mês anterior e a General
Motors, com 45.908 e 5% a mais de vendas que em
maio deste ano. No acumulado entre janeiro e junho,
a queda foi de 22,4%.
O varejo está em situação
privilegiada. O nosso negócio,
assim como os supermercados,
vai muito bem porque são
gastos obrigatórios.
““ Nelson Luis Salles de
Moraes, membro do
Conselho de
Administração da ALE
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Wag
ner
Diló
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Engenheiro civil e de segurança
do trabalho, formado em 1975
pela Pontifícia Universidade Cató-
lica de Minas Gerais - PUC Minas,
Rodrigo Octávio Coutinho Filho
conheceu a Sociedade Mineira de
Engenheiros por meio do seu pai
que, também engenheiro civil da
turma de 1948, foi sócio ativo da
entidade tendo, inclusive, partici-
pado de diversas gestões como
membro da diretoria.
O ingresso na SME foi natural. O
engenheiro seguiu os passos do
pai e, nas gestões de Otávio Mar-
ques de Azevedo e Flávio Mar-
ques Lisbôa Campos, ele foi eleito
diretor e vice-presidente, respec-
tivamente. A presidência foi o
passo seguinte, para o período de
1993 a 1995.
“Minha passagem pela presidência
da SME foi muito ativa e produ-
tiva, pois tanto a diretoria, como
os conselhos e as comissões téc-
nicas colaboraram muito para o
desenvolvimento das várias ativi-
dades da nossa gestão”, ressalta.
Entre os temas que foram debati-
dos pela entidade em seminários
nacionais e internacionais realiza-
dos naquele triênio estão o Plano
2015 da Eletrobras, a Inforuso 93,
Gasoduto Brasil-Bolívia e trans-
posição do Rio São Francisco,
corrosão na engenharia sanitária
e ambiental, siderurgia – privati-
zação e desenvolvimento na Amé-
rica do Sul.
O Prêmio SME de Ciência e Tecno-
logia e, ainda, a Medalha Lucas
Lopes, foram duas atividades criadas
também durante a gestão de Ro-
drigo Coutinho que permanecem
até os dias de hoje, com enorme in-
teresse e participação dos enge-
nheiros e estudantes mineiros.
A SME sempre foi um espaço
para o debate. O Encontro Cauê,
projeto realizado por meio de
parceria com o Grupo Cauê
trouxe a Belo Horizonte perso-
nalidades como Hélio Jaguaribe e
o tributarista Ives Gandra.
Foi nessa gestão, também, que o
edifício sede foi reformado, para
a introdução das alterações na
distribuição das áreas internas
para permitir a criação do “Es-
paço Cultural SME”.
Para se aproximar ainda mais dos
engenheiros mineiros, a SME tam-
bém promoveu diversas visitas
técnicas. Entre elas Coutinho des-
taca a viagem aos Projetos Urucu
a Amazônia, ao Cempese e às pla-
taformas de petróleo, no Rio de
Janeiro, com a Petrobras.
O projeto Carajás, da então
Companhia Vale do Rio Doce,
hoje Vale, também foi uma das
experiências que auxiliaram os
engenheiros mineiros a se quali-
ficarem cada vez mais.
“Um momento inesquecível da
nossa gestão foi quando, pela pri-
meira vez na história da SME, o
primeiro presidente da República
engenheiro, Itamar Augusto
Cautiero Franco, visitou a sede
da Rua Timbiras para a inaugura-
ção da mostra “Trajetória da
Engenharia no Estado de Minas
Gerais e a presença da SME”, que
coincidiu com a entrega do pré-
dio, após a reforma.
Na época, Itamar Franco recebeu a
maior comenda do Estado, das mãos
do governador Hélio Garcia e, tam-
bém, o título de Engenheiro do Ano,
em festa preparada pela SME.
LEGADO SME – RODRIGO OCTÁVIO COUTINHO FILHO
Herança de pai para filho e muito trabalho pela SME
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Para Coutinho, a experiência
como presidente da entidade
possibilitou a ele conhecer uma
entidade única em seu formato e
atuação e, ainda, ampliar o círculo
de amizades e principalmente o
conhecimento profissional.
“A SME não é uma entidade em-
presarial, nem laboral, nem em-
presa pública ou privada. É uma
entidade política e apartidária”,
define. Para o engenheiro, a cola-
boração espontânea dos profissio-
nais da Engenharia e Arquitetura
de diversos segmentos de atuação
é outro diferencial. Há, ainda, pe-
quenos e grandes empresários,
funcionários públicos de diversas
esferas, profissionais liberais e po-
líticos, o que permite manter um
clima acolhedor para um debate
amplo sobre temas de interesse
dos profissionais da classe.
“Dessa forma todos os assuntos
tratados têm grande vantagem de
ter a colaboração de diversas opi-
niões e tendências de todos os
segmentos, o que traz credibili-
dade e independência que mar-
cam a tradição da SME”, enfatiza.
Atualmente, o engenheiro com-
põe o conselho da entidade e
acompanha de perto todas as ati-
vidades desenvolvidas pela atual
diretoria. “O meu interesse hoje,
e, acredito eu, o interesse de
todos que circulam em volta da
SME é colaborar para que nosso
país seja cada vez mais próspero
e desenvolvido em todas as áreas
pois a Engenharia e, consequente-
mente os engenheiros, só existem
em ambientes em desenvolvi-
mento”, analisa.
Coutinho defende a alternância
de diretores. “Gente nova, sangue
novo e novas ideias são sempre
importantes”, afirma. Para ele, o
trabalho realizado pela atual dire-
toria está maravilhoso, principal-
mente no cenário de dificuldades
em que a entidade estava.
A sede foi recuperada e deve pas-
sar por uma restauração para que
os engenheiros mineiros possam
voltar às origens e a diversidade
de programas desenvolvidos pela
atual diretoria.
Rodrigo Octávio Coutinho Filho
Minha passagem pela presidência da SME
foi muito ativa e produtiva, pois tanto a
diretoria, como os conselhos e as comissões
técnicas colaboraram muito para o desenvolvimento
dasvárias atividades da nossa gestão.
““
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A má qualidade do transporte coletivo brasileiro foi um
dos estopins para a onda de manifestações que têm levado
milhares de pessoas para as ruas desde junho deste ano.
Juntamente com saúde e educação de boa qualidade, essa
é uma reivindicação tradicional da população das grandes
cidades.
Com o aumento da frota de veículos automotores nas
ruas, o transporte coletivo teve a sua situação agravada,
comprometendo não apenas a qualidade de vida dos usuá-
rios do serviço, mas da população em geral. Soma-se a isso
o preço alto das tarifas, o péssimo estado de conservação
dos ônibus usados em algumas regiões e, ainda, a falta de
transparência em relação à planilha de custos do serviço.
O metrô leve, metrô suspenso ou monotrail volta a ganhar
espaço na discussão sobre as alternativas para melhorar a
qualidade do transporte coletivo em Belo Horizonte. Trata-
se de um modal competitivo, inteligente e viável que pode
ser implantado nos principais corredores de tráfego da ci-
dade como as avenidas Amazonas e Cristiano Machado.
Nesse último caso, o sistema passaria pela Cidade Admi-
nistrativa até o Aeroporto Internacional Presidente Tan-
credo Neves (Confins).
Basta um diagnóstico técnico da estrutura de tráfego de
Belo Horizonte para fortalecer a opção metrô leve. As
vias urbanas coletoras e arteriais ficam congestionadas
nos horários de pico. Da mesma forma, o transporte por
ônibus tem se mostrado insuficiente para atender a
todos nesses períodos de maior movimento e o espaço
no chão tem se mostrado cada vez mais restrito em
comparação com o número crescente de veículos em
circulação (leia-se ônibus, carros, motos e caminhões).
Outro fator que conta pontos a favor desse modal é que
obras viárias de grande porte – como é o caso do metrô
subterrâneo - têm seu custo aumentado drasticamente de-
vido aos valores pagos às áreas desapropriadas. Em alguns
casos, esses recursos podem até inviabilizar o projeto.
O prazo para execução do projeto também deve ser
observado. A implantação de cada quilômetro da linha
demanda um ano de trabalho.
No caso do metrô subterrâneo, esse prazo sobre sobe
para quatro anos.O sistema de transporte elevado sobre
um trilho que pode ser metálico ou em concreto armado
ou, ainda, incluir o uso de rodas metálicas, com pneus de
borracha ou levitação magnética.
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TRANSPORTE | MOBILIDADE EM BH
Metrô leve: uma alternativa detransporte nos grandes centros
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Por usar peças pré-moldadas, apresenta conflitos re-
duzidos em relação à circulação de veículos, pedestres
e atividades do entorno que não são comprometidos.
As dimensões dos pilares e vigas e os grandes vãos
previstos permitem um tratamento da paisagem do en-
torno, possibilitando assim o cultivo de áreas verdes
arborizadas e espaços adequados aos pedestres.
Com a flexibilidade oferecida, as estações podem ser
acomodadas nos canteiros centrais das avenidas exis-
tentes ao longo do traçado, exigindo pequenas desa-
propriações para a execução dos acessos, que
contarão com escadas rolantes fixas e elevadores, ga-
rantindo assim a acessibilidade aos usuários.
O prazo de execução do projeto também deve ser
analisado. O metrô leve também tem inúmeras vanta-
gens sobre o sistema de ônibus coletivos. Uma delas é
a capacidade de transporte. Enquanto uma composição
com quatro vagões leva entre 300 e 550 pessoas por
viagem.
Já o sistema BRT, em processo de implantação na capi-
tal mineira, conduz 160 pessoas. Outro ganho é a qua-
lidade de vida da população, já que o sistema, por ser
movido à energia elétrica, praticamente extingue as po-
luições sonora e atmosférica.
Em relação ao metrô subterrâneo, um sonho que a
capital mineira tenta realizar desde 1981, o metrô
leve tem preço mais competitivo. O modal pode ser
usado, também, para fazer a ligação com as cidades
da Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH), como Contagem e Betim, conforme previa
o projeto inicial do sistema.
A Via Expressa seria outro corredor que poderia rece-
ber a estrutura, com trilhos suspensos com cerca de 15
metros do chão, nas duas vias. Apenas na velocidade, os
dois trens têm característica similar, já que ambos atin-
gem a velocidade de 80 km/hora.
Entre os apoiadores do metrô leve está o presidente
do Sindicato da Indústria da Construção Civil em
Minas Gerais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires,
que afirma que essa é a melhor solução para o trans-
porte coletivo de passageiros no momento. “Im-
pressionante como o governo do Estado iniciou
as atividades da Cidade Administrativa sem que
um sistema do gênero
fosse implementado pre-
viamente. Acho que o
monotrilho, inclusive,
poderia fazer a ligação
com o Aeroporto de
Confins”, sugere.
O dirigente lembrou que
em grandes cidades da Europa, como Paris, o
metrô subterrâneo tem trechos com trilho sus-
penso. “Apoio a SME nesse movimento de reivin-
dicar que o governo faça as obras de
infraestrutura necessárias para melhorar a quali-
dade de vida da população e a produtividade”,
ressalta.
Outro entusiasta do
metrô leve é o presidente
da ACMinas, Roberto Fa-
gundes. “Acredito que o
BRT, atualmente em im-
plantação em Belo Hori-
zonte, é uma solução de
caráter apenas paliativo,
sendo inadequado para atender tanto à demanda
atual quanto a projetada. Além disso, sozinho, é inca-
paz de oferecer serviços com suficiente qualidade
para convencer os motoristas a deixarem seus carros
em casa – o que, a rigor, é a única maneira de atenuar
o caos do trânsito da capital, já que a execução das
obras viárias necessárias para eliminar todos os gar-
galos existentes parece inviável”, enfatiza.
Ele acredita, também, que a melhor solução está na
combinação do metrô (o nosso, diga-se de passagem,
não teve concluída nem a metade das linhas previstas
no projeto original e sua execução se arrasta há
quase trinta anos) com o monotrilho, modal extre-
mamente interessante, seja por seu custo compara-
tivo, seja pelo fato de, ao trafegar em estruturas
suspensas, não interferir no uso das vias terrestres
normais, o que evita a necessidade de desapropria-
ções. “Além disso, Belo Horizonte dispõe de muitas
avenidas largas, sobre as quais podem ser erguidas as
estruturas, e isto favorece a adoção desse sistema
está sendo implantado em São Paulo”, avalia.
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TRANSPORTE | MOBILIDADE EM BH
A Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico
apresentou, recentemente, à
Empresa de Transportes e
Trânsito de Belo Horizonte
(BHTrans), uma proposta para
implementar o metrô leve do
centro da capital ao aeroporto
Tancredo Neves, em Confins, na RMBH. O subsecretário
de investimentos estratégicos, Luiz Athayde, explica que a
proposta depende de decisões políticas.
"Temos estudos que podem utilizar o monotrilho ou o
VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Falta uma articulação com
os municípios envolvidos", disse. O primeiro passo é as pre-
feituras de Vespasiano, São José da Lapa, Confins, Lagoa
Santa e Santa Luzia manifestarem interesse. Ainda não há
custos nem datas.
O sistema de transporte elevado sobre um trilho que
pode ser metálico ou em concreto armado ou, ainda, in-
cluir o uso de rodas metálicas, com pneus de borracha
ou levitação magnética.
Por usar peças pré-moldadas, apresenta conflitos redu-
zidos em relação à circulação de veículos, pedestres e
atividades do entorno que não são comprometidos. As
dimensões dos pilares e vigas e os grandes vãos previstos
permitem um tratamento da paisagem do entorno, pos-
sibilitando assim o cultivo de áreas verdes arborizadas e
espaços adequados aos pedestres.
Com a flexibilidade oferecida, as estações podem ser
acomodadas nos canteiros centrais das avenidas existen-
tes ao longo do traçado, exigindo pequenas desapropria-
ções para a execução dos acessos, que contarão com
escadas rolantes fixas e elevadores, garantindo assim a
acessibilidade aos usuários.
O vereador de Belo Hori-
zonte, Tarcísio Caixeta (PT-
MG), disse que fez parte do
grupo de vereadores da capital
mineira que esteve em São
Paulo para conhecer o monotri-
lho. “Pudemos verificar de perto
as qualidades desse sistema. A
meu ver, é uma alternativa que deve
ser implantada, especialmente se considerarmos o tempo ne-
cessário, que é curto, e o fato de seu custo ser inferior ao de
outros meios de transporte. Por outro lado, é necessário ter
em conta que o monotrilho deve existir de forma integrada a
outros modais (ônibus, metrô, BRT etc.), para que o sistema
como um todo seja eficiente”, analisa.
O metrô leve já existe em megalópoles como Nova Ior-
que, Cingapura e São Paulo, entre outras.”Acredito que em
uma cidade como Belo Horizonte sua implantação é per-
feitamente possível, integrando-o a outros modais. Funda-
mental é que todos participem da elaboração de uma
política integrada de mobilidade urbana”, adianta o verea-
dor que defende uma solução de transporte integrada, para
atender às necessidades de deslocamento da população.
Em julho último, o vice-governador do Estado, Alberto
Pinto Coelho e o prefeito de Belo Horizonte, Marcio
Lacerda (PSB-MG) estiveram em Brasília para apresentar
ao governo federal uma lista de obras consideradas
prioritárias em mobilidade urbana para a RMBH. As de-
mandas do Estado somam R$ 7,3 bilhões.
O metrô leve não está na lista de projetos. Ao que tudo in-
dica, a aposta do poder público estadual ainda é o metrô sub-
terrâneo que receberá R$ 1 bilhão, em outubro, de acordo
com a presidente Dilma Roussef, em visita a Varginha, no Sul
de Minas, em agosto. O BRT também foi parte do pacote
apresentado por Minas Gerais para melhorar a mobilidade.
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Depois das gigantescas manifesta-
ções de rua no País, a mobilidade
urbana ganha novo relevo e o ca-
rimbo de um dos maiores proble-
mas nos grandes centros. Belo
Horizonte não foge à regra. No
dia a dia, congestionamentos, trá-
fego intenso, sistemas viário e de
transportes sobrecarregados, à
beira de um colapso.
Ao longo de décadas, algumas al-
ternativas foram adotadas. Ne-
nhuma delas capaz de responder
aos desafios atuais. De bondes e
trólebus aos ônibus urbanos, pas-
sando pelo metrô de superfície,
retorna-se à indagação original:
qual é o problema real, onde está
nó górdio do transporte na capi-
tal mineira?
O crescimento acelerado da ci-
dade e os efeitos disso explica-
riam, no entendimento de alguns
setores, os problemas atuais. Pla-
nejada para abrigar uma popula-
ção de no máximo quinhentos mil
pessoas, hoje, a capital mineira
tem cerca de 2,4 milhões de ha-
bitantes e uma frota de 1,3 milhão
de veículos. Uma realidade que
não poderia ser imaginada por
seus fundadores há pouco mais
de 100 anos.
Inúmeras análises passam pelo
quesito “faltas”: de uma política
consistente de transporte, de
obras de engenharia de tráfego, de
investimentos, de projetos exe-
quíveis e de vontade política que
perpassa todas as demais. É pro-
vável que todos tenham razão
As respostas do poder público,
em relação ao transporte nem
sempre satisfatórias, são muitas
vezes, ambíguas. Não existem re-
cursos para as intervenções ou
não têm projetos ou, ainda, nem
recursos nem projeto. Muitas
vezes a solução dos problemas
fica numa espécie de limbo, sem
encontrar guarida em nenhuma
esfera de governo.
O presidente do Conselho de Po-
lítica Urbana da ACMinas, José
Aparecido Ribeiro, lamenta que
interesses político-partidários im-
peçam que haja investimentos em
determinadas obras, num dado
município, por divergências parti-
dárias no comando das adminis-
trações. E completa: “não há falta
de recurso, mas de visão de re-
cursos para a cidade”.
Nas últimas décadas, as soluções
para as demandas decorrentes da
concentração urbana e das exi-
gências da vida moderna foram
associadas à utilização do auto-
móvel como meio de transporte
ideal para uma metrópole. A frota
aumenta de maneira vertiginosa
devido às facilidades de financia-
mentos, de isenção de impostos
para fabricantes, entre outros
pontos. Paralelo a isso, persiste
um paradigma que precisa ser
quebrado, diz Ribeiro. De que os
gargalos e congestionamentos
podem ser reduzidos com medi-
das paliativas, a exemplo da redu-
ção das pistas e aumento de
passeios para pedestres. “Esse sa-
crifício não pode ser colocado
para a população”, sentencia.
A cidade saiu do perímetro da
Avenida do Contorno, há déca-
das, e expande de forma avassa-
ladora na região metropolitana,
exigindo obras conjuntas, a
exemplo do Rodoanel, um pro-
jeto elaborado há uma década
pelo Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes
(DNIT) para desafogar o trânsito
na região do Bairro Belvedere,
Zona Sul de Belo Horizonte. Re-
centemente, o governo do Es-
tado e a prefeitura de Belo
Horizonte anunciaram uma par-
ceria para concretizar as obras
do viaduto do Portal Sul, ligando
a BR-356 à estrada para Nova
Lima, na RMBH.
A expectativa é que se concre-
tize como sinal de mudança de-
cisiva de mentalidade,
direcionamento de investimen-
tos e prioridade do interesse pú-
blico, desatando, dessa forma, os
“nós górdios” do transporte na
Capital mineira.
Desatando nós no transporte em Belo Horizonte
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CERTIFICAÇÃO I CONSTRUÇÃO
Reduzir o consumo de insumos
básicos para controlar os custos e
aumentar a produtividade/compe-
titividade estão entre os principais
desafios da indústria da construção
brasileira. No entanto, a preocupa-
ção com o meio ambiente tem au-
mentado no mercado imobiliário,
seja para empreendimentos resi-
denciais ou comerciais.
Reflexo dessa tendência é o au-
mento de 40% do volume de cer-
tificações que atestem o uso de
melhores práticas entre janeiro e
abril deste ano como é o caso do
selo Leedership environmental
and Energy Design (LEED), do
Green BuildingCouncil Brasil
(GBC Brasil), organização não go-
vernamental (ONG) que atua em
parceria com entidades de classe
e empresas para fomentar a cons-
trução sustentável e promover a
certificação no país.
Atualmente, o Brasil é o quarto
do ranking mundial em empreen-
dimentos que pleiteiam certifica-
ções, com mais de 105 projetos já
aprovados. Segundo dados com-
pilados, há 732 registros sendo a
maioria na região Sudeste, com
428. Minas Gerais tem 16 regis-
tros e apenas 2 certificações. A
demanda ainda está concentrada
nos edifícios comerciais mas o
mercado residencial também está
assimilando essa tendência de
mercado.
O diretor técnico e educacional
da GBC Brasil, Marcos Casado,
afirma que o Brasil tem aberto es-
paço para as construções susten-
táveis. "Em 2012 havia uma média
de 16 registros por mês em busca
da certificação, ao passo que nos
primeiros cinco meses de 2013 o
número cresceu mais de 40%,
chegando a 22 solicitações por
mês".
Demanda por
certificação de
sustentabilidade
aumenta na indústria
da construção
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ 20_Layout 1 20/08/2013 13:07 Page 46
Para conseguir o selo LEED, é necessário atender a cri-
térios como eficiência energética; uso racional de água;
qualidade ambiental interna; uso de materiais, tecnolo-
gias e recursos ambientalmente corretos, entre outras
ações que minimizem os impactos ao meio ambiente.
Dos 100 empreendimentos aprovados, três obtiveram
o nível Platinum (máximo). Hoje os grandes destaques
na busca pela certificação LEED são os estádios-sede
da Copa do Mundo.
Um total de 65% das 100 edificações são comerciais
ou escritórios. Mas é interessante verificar que o custo-
benefício da adoção de medidas sustentáveis vem
atraindo outros tipos de empreendimentos, como os
residenciais. "Além dos números expressivos, o setor
deve comemorar a busca pela certificação por em-
preendimentos dos ramos industrial, fabril, esportivo,
hoteleiro, varejista e hospitalar, por exemplo. Prova
disso é que o centésimo empreendimento LEED no
Brasil é um centro de manutenção de uma garagem de
ônibus rodoviários, fato inédito", destaca o dirigente.
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Eldorado
Business
Tower, em
Saõ Paulo,
é uma
edificação
certificada
Marcos Casado,
diretor técnico
e educacional da
GBC Brasil
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CERTIFICAÇÃO I CONSTRUÇÃO
Os benefícios da ado-
ção das medidas vão da
redução de ao menos
30% no consumo de
energia, de 50% no vo-
lume de água consu-
mida, de 35% nas
emissões de gases de
efeito estufa (GEE) e
de 65% na geração de
resíduos, além da eco-
nomia operacional mí-
nima de 8%.
De acordo com Casado, o incremento dos números
regionais costuma ser proporcional à adesão ao Pro-
grama Nacional de Educacional do GBC Brasil. Isso
reforça que o trabalho do GBC Brasil vai além da cer-
tificação de empreendimentos, passando também por
outros três enfoques: educação, por meio dos cursos
que já capacitaram mais de 47 mil profissionais no
Brasil; informação, com a divulgação de melhores prá-
ticas em eventos como a Greenbuilding Brasil - Con-
ferência Internacional & Expo, que terá sua 4ª e maior
edição este ano e,
ainda, atuação junto a
organizações gover-
namentais e privadas
para promoção de
políticas públicas que
possam contribuir
para o fomento da
construção sustentá-
vel.
"Desde a nossa fun-
dação, trabalhamos
para promover dis-
cussões no setor e quebrar preconceitos. O Refe-
rencial GBC Brasil Casa® para Casas Sustentáveis,
por exemplo, é uma das iniciativas atuais de maior
apelo no setor, pois estimula a adoção da sustentabi-
lidade por residências. Além disso, com o investi-
mento de empresas em tecnologias e produtos
verdes, conseguimos baixar consideravelmente os
custos de investimento em empreendimentos sus-
tentáveis – que hoje é de 1% a 7% do valor da cons-
trução", exemplifica.
O investimento de empresas em tecnologias e produtos
verdes, conseguimos baixar consideravelmente os custos de
investimento em empreendimentos sustentáveis – que hoje
é de 1% a 7% do valor da construção.
““Marcos Casado, diretor técnico e educacional da GBC Brasil
Rochaverá Corporate Tower. em São Paulo, é certificada
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Razão e paixão unidas para construir uma carreira de sucesso
NOVOS ENGENHEIROS | ANDRÉ LUIZ PEREIRA CORRÊA
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Quem diz que acertou de primeira e foi feliz desde
o primeiro semestre do curso é, sem dúvida, uma
exceção à regra. Graduado em Engenharia Mecatrô-
nica pela Universidade de Brasília em 2010, André
Luiz Pereira Corrêa, 25 anos, iniciou os estudos e
está profundamente feliz com o curso que escolheu:
Engenharia Mecatrônica.
Mas ele não se esquece dos momentos difíceis na
sala de aula e nem dos desafios que há três anos,
como profissional, enfrenta diariamente no seu dia
a dia de trabalho. “As vezes parece que a carreira, a
própria formação saíram dos trilhos, que a gente vai
falar, mas isso é consequência do engenheiro ser um-
solucionador de problemas”, explica. O resultado
dos dilemas é o orgulho de poder colher frutos que
tiveram origem em problemas que devem ser en-
frentados e solucionados.
Ao invés de robôs, o engenheiro decidiu ingressar
em uma das grandes áreas de mecatrônica, a de de-
senvolvimento de software para sistemas embarca-
dos, trabalhando em uma empresa que está
consolidada no mercado, com foco na área de solu-
ções em segurança da informação. “Essa me parece
uma decisão natural pois foi essa a profissão na qual
escolhi aprofundar meus conhecimentos, a partir de
2005, quando prestei o vestibular”, destaca.
Todo esse processo começou no primeiro período
da universidade, quando o então estudante apaixo-
nou-se pela área que escolheu. O resultado é que
ele trabalhou, desde então, para ser um dos melho-
res da sua área. No total são oito anos, dos quais
três no mercado que reafirmam que a decisão pela
Engenharia Mecatrônica foi e continua a ser acer-
tada.
“A decisão por me formar engenheiro foi construída
com base em alguns objetivos. O primeiro era a cer-
teza de que meu maior talento estava em trabalhar
com Exatas. Eu realmente apresentava uma facilidade
e uma boa capacidade de desenvolvimento em Ma-
temática e Física. O segundo objetivo está vinculado
ao fato de que sempre gostei de aplicações práticas,
e esta característica me levou para a Engenharia,
afastando um pouco de cursos mais teóricos, como
o bacharelado em Física e Matemática, mas com cer-
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ 20_Layout 1 19/08/2013 18:37 Page 50
teza isso também teve muita influência de professo-
res e familiares que sempre me mostraram a carreira
de engenheiro como uma carreira mais promissora
em termos de remuneração e crescimento profis-
sional”, ressalta André Corrêa.
A Engenharia é uma área ampla. Nesse sentido, a En-
genharia Mecatrônica foi o segmento que melhor
respondeu à curiosidade do então estudante. Foi
nesse curso que ele descobriu a oportunidade de
trabalhar com a interface entre as duas matérias que
mais gostava no ensino médio: mecânica de disposi-
tivos e circuitos elétricos.
Além das expectativas pessoais, ele também escolheu
a Engenharia pela ligação da área ao processo contínuo
de desenvolvimento nacional, nas áreas de tecnologia,
inovação, agregação de valor ao que é produzido no
país. Como carreira, ele considera gratificante ver um
projeto, produto ou solução em que trabalhou sendo
usada, comercializada ou mesmo atendendo ao pro-
pósito inicial do projeto. “É uma sensação de que o
meu esforço teve propósito”, afirma.
Além do reconhecimento pelo seu trabalho, o enge-
nheiro almeja oportunidades para continuar se apri-
morando pois considera que, quem “trabalha duro”
no que gosta e busca colocação acertada encontra
o resultado merecido.
“Estou sempre em contato com colegas, colabora-
dores ou amigos e vejo que as oportunidades exis-
tem. Mas se isso representa um mercado aquecido
ou em aquecimento, não saberia dizer. Poderia dizer
apenas que as oportunidades estão lá e são maiores
que o numero de engenheiros dispostos a se manter
na área, como tenho observado”, analisa.
O mercado continua à procura dos melhores. André
já recebeu algumas propostas de emprego, e o que
mais lhe chamou a atenção dos interessados foram
as experiências profissionais que ele adquiriu du-
rante a faculdade. Além de ser um excelente estu-
dante, ele fez dois estágios, um de seis meses e outro
de oito. Os projeto de iniciação científica e os tra-
balhos cono freelancer também o ajudaram a ingres-
sar no mercado com um currículo inicial.
51
André Luiz Pereira Corrêa, 25
anos, graduado em Engenharia
Mecatrônica pela Universidade
de Brasília em 2010
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Depois de formatura e de adquirir mais experiência
profissional, principalmente na área de gerenciamento
de projetos, ele obteve a certificação PMP, que atesta
a competência do profissional. Tais diferenciais do
currículo geram oportunidades de trabalho mais qua-
lificadas.
Os próximos três serão decisivos para a conclusão
das etapas da formação profissional de Corrêa.
Atualmente ele está no último ano de mestrado em
Sistemas Mecatrônicos pela Universidade de Brasília
e no penúltimo ano do curso de Bacharel em Admi-
nistração de Empresas, que será base para que ele ini-
cie um negócio próprio na área de Engenharia.
“Os dois programas permitirão a ele voltar o foco a
novas experiências profissionais e a traçar novas
metas de qualificação profissional, buscando sempre
o aprimoramento da minha formação e a minha atua-
lização frente à evolução da engenharia mecatrônica”
enfatiza.
Solteiro e sem filhos, ele gosta muito de filme, seria-
dos da TV e de sair com amigos, principalmente se
for para churrascos. “Mas acho que todo mundo que
passa pela Engenharia e áreas afins fica tão envolvido
com esta carreira e não se desliga completamente
nem nas horas vagas. Comigo não é muito diferente.
Quando tenho um tempo, pesquiso e estudo um
pouco sobre as principais plataformas móveis hoje
(Android e IOS), até implemento algumas coisinhas
interessantes, e estou sempre lendo algum livro sobre
gestão e desenvolvimento de produtos, que é parte
do mestrado”, conclui.
As vezes parece que a
carreira e a própria formação
saíram dostrilhos, mas isso é
consequência do engenheiro
ser um solucionador
de problemas.
André Luiz Pereira Corrêa
““
52
NOVOS ENGENHEIROS | ANDRÉ LUIZ PEREIRA CORRÊA
André já tem o concreto
reconhecimento com
premiações por mérito
e esforço pessoal
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O período de chuvas, chamado pe-
ríodo úmido, do Sudeste / Centro
Oeste, tradicionalmente, ocorre
entre os meses de novembro e abril,
e nessa ocasião sempre há ocorrên-
cia de vertimentos nos diversos re-
servatórios deste subsistema, em
função do atendimento ao Plano
Anual de Prevenção de Cheias do
Operador Nacional do Sistema Elé-
trico - ONS, que é um instrumento
de planejamento da operação hi-
dráulica dos aproveitamentos hidre-
létricos integrantes do SIN – Sistema
Interligado Nacional.
Este Plano foi criado de forma a aten-
der às restrições hidráulicas operati-
vas, seja de vazões máximas ou de
níveis máximos, visando à proteção
contra inundações de determinados
locais. Para tal, são definidos os volu-
mes de espera para os reservatórios
em todas as semanas operativas do
período úmido, razão pela qual, o
ONS, juntamente com o agente pro-
prietário do empreendimento, deter-
mina, quando necessário, a abertura
dos vertedores das usinas para efe-
tuar o controle de níveis dos reser-
vatórios, disponibilizando volumes
vazios capazes de absorver parcelas
de futuras afluências. Desta forma, na
ocorrência de afluências elevadas, é
possível evitar danos, com um risco
prefixado, que possam ser causados
nos referidos locais sujeitos às inun-
dações.
As incertezas associadas à previsão
de precipitação e vazões geram dú-
vidas sobre a necessidade ou não de
despacho das usinas termelétricas.
Mesmo após a criação das Curvas de
Aversão a Risco – CAR a questão
persiste, dado que as premissas nas
quais essas curvas se baseiam podem
54
ARTIGO | ENERGIA
A Complexa Operação Energética
do SIN na Transição 2012/2013
Mírian Adelaide
Rennó Ribeiro Costa
Pinto é engenheira
Mecânica formada e
pós graduada pela UNIFEI
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ser superadas, deixando dúvidas
sobre a real segurança de se aguar-
dar que sejam tocadas, para só após
serem acionadas as usinas térmicas.
Ocorre que sempre existe o dilema
entre antecipar a geração térmica e
correr o risco de se verter a corres-
pondente energia, o que se verifica
em períodos chuvosos superiores à
Média de Longo Termo – MLT, ou o
contrário, ou seja, postergar a gera-
ção térmica e chegar ao final do pe-
ríodo úmido, a níveis críticos de
armazenamento, com significativo
impacto no risco de déficit. Tal dilema
tende a se intensificar, na medida em
que o reservatório equivalente do
Sistema Interligado Nacional – SIN,
vem perdendo sua capacidade de re-
gularização, como consequência de
ter sua capacidade estagnada frente a
um crescimento firme do mercado
de consumo de energia elétrica.
Como a perspectiva de construção
de novas usinas com reservatórios
de porte é de baixíssima probabili-
dade, visto que a opção adotada pelo
país é de se fixar nas hidrelétricas a
fio d’água, o “sofrimento” vai se re-
petir a cada final / princípio de ano.
Entretanto, quanto a esse dilema, ter
a certeza de se ter tomado ou não a
decisão mais favorável, só após o final
da estação chuvosa, quando se tem
definido, além do nível de armazena-
mento para suportar o próximo pe-
ríodo seco, a situação de se ter
estocado total ou parcialmente a
energia correspondente à geração
térmica despachada. O ideal, é que o
aproveitamento tenha sido total, ou
seja, que não tenha sido necessário
verter qualquer montante de energia
“turbinável”.
Sob tal enfoque é importante anali-
sar a operação energética realizada
na transição 2012 / 2013, particular-
mente tendo em consideração os
altos valores de despacho térmico,
que geraram muitos questionamen-
tos, principalmente em decorrência
dos elevados montantes de Encar-
gos de Serviços de Sistema – ESS,
que deram causa. Um parâmetro ex-
pressivo para essa análise é a opera-
ção da Usina de Itaipu, uma vez que
é a última da cascata do subsistema
Sudeste / Centro Oeste e, portanto,
a mais propensa a vertimentos.
Como praticamente não ocorreram
vertimentos em Itaipu durante o
ano de 2013, assim como da mesma
forma não ocorreram nas demais
usinas do SIN, fica caracterizado o
acerto da operação energética con-
duzida pelo Operador Nacional do
Sistema Elétrico – ONS, que levou
aos níveis de armazenamento mais
favoráveis possíveis em todos os
subsistemas (embora não tão con-
fortáveis) e garantiram o aproveita-
mento total da energia gerada pelas
termelétricas.
Em outras palavras, fica demons-
trado que a decisão pela geração
termelétrica total disponível, mesmo
fora da ordem de mérito, foi a me-
lhor que poderia ser tomada, uma
vez que foi totalmente armazenada,
garantindo a maximização possível
da segurança energética futura. Se
não tivesse havido tal decisão esta-
ríamos amargando uma situação
muito mais crítica, sem possibilidade
de reversão do arrependimento.
Todos os meandros dessa complexa
operação são detalhados a seguir.
Detalhando a Operação Energética
do SIN 2012 / 2013.
O armazenamento do subsistema
Sudeste / Centro Oeste registrado
no final do ano de 2012 foi o menor
do histórico, com 28,9% em relação
à capacidade máxima de armazena-
mento.
Ao analisar a operação hidráulica de
anos anteriores na UHE Itaipu, pode
ser observado que, à exceção do
período úmido de 2013, os demais
anos sempre apresentaram verti-
mento neste reservatório. Itaipu, por
estar a jusante de toda cascata
SE/CO, recebe a afluência de todas
as bacias do Sudeste, com destaque
para os rios Grande, Paranaíba, Tietê
e Paranapanema.
O último vertimento significativo re-
gistrado da UHE Itaipu ocorreu em
julho/2012 e, desde então, o seu
nível de montante só foi reduzindo
e, no início do mês de setembro
esse nível já trafegava em valores in-
feriores à cota mínima de operação
da usina que é 219,00 m.
Fica demonstrado que a decisão pela geração termelétrica total
disponível, mesmo fora da ordem de mérito, foi a melhor que
poderia ser tomada, uma vez que foi totalmente armazenada, ga-
rantindo a maximização possível da segurança energética futura.
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co d
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ARTIGO | ENERGIA
A situação crítica do subsistema Nordeste no decorrer de
2012 exigia que a transferência de energia do SE/CO para
o Nordeste permanecesse maximizada até que o subsis-
tema Norte passasse a transferir energia para o Nordeste,
quando do enchimento do reservatório da UHE Tucuruí, de
tal maneira que a geração hidráulica das usinas no Nordeste
ficasse minimizada, apenas atendendo às restrições hidráu-
licas impostas pela cascata do rio São Francisco, já que havia
despacho adicional por garantia energética de todas as tér-
micas do Nordeste, ou por aplicação do Procedimento
Operativo de Curto Prazo – POCP ou por determinação
do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico - CMSE.
Com o agravamento das condições energéticas do SIN no
decorrer de 2012, provocado por uma hidrologia desfavo-
rável, a operação energética vem se caracterizando pelo
despacho maximizado de térmicas desde 18/10/2012,
quando o CMSE determinou a entrada de todo o parque
térmico, inclusive aquelas a Diesel de maior custo, R$
1.116,69/MWh, totalizando uma geração térmica de
14.000 MW despachadas continuamente. Em 11/05/2013
houve a retirada das térmicas mais caras, ficando despa-
chadas as térmicas até o custo de R$ 915,17 /MWh.
Durante a primeira quinzena de janeiro/2013 e nos
meses de fevereiro e março houve melhoria significativa
da Energia Natural Afluente - ENA do subsistema Sul,
permitindo que esse subsistema exportasse energia para
o subsistema SE/CO. E, com o enchimento do reserva-
tório da UHE Tucuruí, o subsistema Norte manteve ma-
ximizada a transferência de energia para o subsistema
Nordeste e o excedente energético foi transferido para
o subsistema SE/CO.
Isto permitiu a minimização da geração das usinas Furnas,
Emborcação (Theodomiro Carneiro Santiago) e Nova
Ponte, com objetivo de se buscar a recuperação do nível de
armazenamento de seus reservatórios, respeitando-se as
restrições operativas e elétricas vigentes.
O gráfico a seguir mostra os níveis de armazenamento des-
ses reservatórios, que são os maiores e os de cabeceira das
bacias dos rios Grande e Paranaíba, durante o período
úmido de 2013, indicando que para o caso de Emborcação
e Nova Ponte foi atingido ao final do período úmido, coin-
cidentemente, os mesmos níveis registrados na entrada
desse período úmido.
Face à necessidade imposta pelas baixas afluências aos re-
servatórios das regiões Sudeste / Centro Oeste e Nor-
deste, e visando não deplecionar ainda mais esses
reservatórios, à época em que foi determinado pelo CMSE
o despacho máximo das térmicas, também foi flexibilizada
a cota mínima operativa da UHE Itaipu (219,00 m), de
acordo com o Sumário Executivo PMO da semana 20 a 26
de outubro:
“A exploração da geração da UHE Itaipu será dimensionada
em função das afluências e do nível de armazenamento de
seu reservatório, que poderá atingir a cota 218,00 m”.
Posteriormente, essa flexibilização foi permitida até a cota
217,5m na semana 24 a 30 de novembro, até que, em
14/12/2012 foi autorizada a flexibilização para a cota 216 m.
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Isto resultou no deplecionamento contínuo do reservatório
de Itaipu conforme indicado no gráfico a seguir, atingindo o
seu menor nível do histórico em 31/01/2013, com 216,07m.
Ressalta-se que mesmo à época do racionamento de 2001,
o menor nível de Itaipu havia sido 217,60 m em dezembro
de 2001, como pode ser observado no gráfico acima.
Vale lembrar também que no segundo semestre de 2007 as
condições hidrológicas do SIN estavam desfavoráveis, le-
vando a curva de armazenamento do SE/CO à ultrapassa-
gem da Curva de Aversão ao Risco - CAR em 22/01/2008,
e o Custo Marginal de Operação - CMO para R$
637,23/MWh, conduzindo ao despacho de todas as térmi-
cas, cuja potência naquela época era inferior a 7.000 MW.
O período chuvoso de 2008 sofreu atraso e em
março/2008 as afluências aumentaram fazendo com que o
reservatório de Itaipu viesse a verter, conforme indicado na
linha verde do gráfico acima, ao atingir a cota máxima de
220,40 m, nos meses de março e abril de 2008.
Pois bem, a operação energética através da máxima explo-
ração da geração em Itaipu nos meses de novembro/2012,
dezembro e janeiro/2013, com o consequente rebaixa-
mento do nível de seu reservatório foi extremamente con-
veniente, dado que houve parcial recuperação do nível em
fevereiro e a partir de 15/03/2013 uma frente fria na região
Sul causou vazão incremental ao reservatório de Itaipu da
ordem de 5.000 m3/s. Embora a UHE Itaipu esteja no sub-
sistema SE/CO, a hidrologia da região Sul influencia forte-
mente o regime hidrológico das vazões incrementais à
Itaipu, o que elevou bruscamente, em duas semanas, o nível
para a cota máxima operativa do reservatório.
Não fosse a estratégia de flexibilização da cota de Itaipu
teria havido vertimento ao tempo em que ocorre o despa-
cho de todo o parque térmico fora da ordem de mérito,
que implica em pagamento de Encargo de Serviços de Sis-
tema – ESS.
A brusca elevação do nível em março, conforme mostrado
no gráfico acima, se verificou numa época em que a geração
de Itaipu se mantinha maximizada para atendimento à carga
do SIN, que registrava recordes de demanda em todos os
subsistemas, ocorridos entre 01/02/2013 e 13/03/2013.
Cabe deixar claro à sociedade que a ocorrência de verti-
mento em usina hidrelétrica é decorrente da “sobra de
água”, que seria incompatível com a situação atual, quando
essa mesma sociedade recebe informação de que o custo
do despacho adicional de térmicas, fora da ordem de mérito
por segurança energética, equivalente a 32 milhões de reais
por dia, a considerar o valor correspondente ao mês de fe-
vereiro/2013, quando o ESS foi de R$ 957,60 milhões.
No gráfico a seguir estão os valores mensais relativos ao
ESS devido ao despacho adicional das térmicas por segu-
rança energética.
Mírian Adelaide Rennó Ribeiro Costa Pinto é engenheira
Mecânica formada pela UNIFEI - Universidade Federal de
Itajubá, pós graduada pela UNIFEI, foi professora da
UNESP – Universidade Estadual Paulista na disciplina de
Sistemas Térmicos e trabalhou na CESP – Companhia
Energética de São Paulo, hoje atua com consultoria em
planejamento energético e análise da operação do Sis-
tema Interligado Nacional, e sócia da Hedaidi Engenharia.
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ 20_Layout 1 19/08/2013 18:37 Page 57
No início de 1944, a turma
que se preparava para fazer o
vestibular no Instituto Eletro-
técnico de Itajubá – IEI, hoje
Universidade Federal de Ita-
jubá – UNIFEI, promoveu
reuniões cujo objetivo seria o
de formalizar um acordo para
dar um basta nas atitudes vio-
lentas dos veteranos que im-
punham o trote que vinha
sendo realizado antes do ves-
tibular. Participei de várias
destas reuniões, cujo líder
deste movimento era o Licí-
nio Marcelo Seabra. Ficou
então decidido que se algum estu-
dante fosse submetido a trote antes
do vestibular e, se este fosse aplicado
com violência, haveria o revide contra
os veteranos. E não deu outra! Um
grupo de veteranos invadiu uma Re-
pública onde moravam vários estu-
dantes de fora e lhes aplicaram o
trote, raspando-lhes a cabeça a força.
A reação não tardou. Certa noite,
após um levantamento de onde mo-
ravam os veteranos que participaram
daquele ato, um grupo de mais ou
menos 30 estudantes invadiu as Re-
públicas dos veteranos, arrombando
janelas e portas, raspando a cabeça de
alguns deles e gerando uma grande
confusão.
Segundo narrado pelo Licínio Seabra
ao Projeto Memória da CEMIG, no
dia seguinte o clima era de guerra,
com gente armada andando pra lá e
pra cá. Apesar da gravidade da situa-
ção, só mesmo por sorte não houve
vítimas fatais. Contou ainda, que do
grupo de calouros fazia parte alguns
cariocas que eram bons de briga e
topavam qualquer parada. Um deles
era o Marcelo Alencar, ex-Prefeito do
Rio, que estudou no IEI até o 2o. ano,
depois foi para o Rio onde estudou
Direito.
Consta que na praça cen-
tral da cidade, um grupo de
veteranos agarrou o Hélio
Braz, neto do Dr. Wences-
lau Braz, para lhe aplicar o
trote, quando seu amigo
Marcelo Alencar sacou de
uma mauser ameaçando-
os caso não largassem o
rapaz.
Logo depois, Clodoveu
Holzmann chegou na Re-
pública, ainda branco de
susto, narrando-nos o epi-
sódio naquele seu jeito tí-
pico muito engraçado:
- Eu estava sentado em um banco da
praça quando, em meio à confusão, o
Marcelo sacou sua mauser toda cro-
mada. Vi quando a arma brilhou para
a esquerda, depois brilhou para a di-
reita. Quando parou de brilhar pen-
sei: Caramba! está apontada na minha
direção! E zupt! me atirei em baixo
do banco para me proteger.
Luiz Figueiredo Cabral (Turma de
1949), aposentado da Cemig, criador
da “Escola de Formação e Aperfei-
çoamento Profissional de Sete La-
goas”, da CEMIG, mais conhecida
como “Escolinha do Cabral”.
58
Par ticipe e envie seu “causo” para jornal [email protected]
CAUSOS DA ENGENHARIA
ACONTECEU EM 1944
História enviada pela Engenheira Marita Arêas de Souza Tavares
Sobre os personagens desta história: Licínio Marcelo Seabra (Turma de 1948), falecido no ano de 2000, foi presidente da CEMIG, de
FURNAS e da NUCLEBRAS; Clodoveu Holzmann (Turma de 1946), falecido em 2008, foi professor da UFPR, responsável pelo pla-
nejamento do sistema de transmissão da COPEL, no Paraná, e pela introdução do sistema MRT nas redes de distribuição brasileira.
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