Revista Mineira de Engenharia - 13ª Edição
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Ano 3 | Edição 13 | MAIO ‐ JUNHO 2012
IMPRESSO ESPECIAL
991 22 55 307- DR/MG
SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROS
DEVOLUÇÃO GARANTIDA
CORREIOS
CORREIOSIMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELOS ECT
32
RIO+20
60 ANOS
CEMIG
Uma história
de eficiência e
orgulho nacional
JOSÉ ISRAEL VARGAS
Chefe de delegação
do Brasil na Eco-92
fala sobre sustentabilidade
e da RIO+20
MEDALHA
LUCAS LOPES
Presidente da Eletrobras,
José da Costa Carvalho
Neto é o homenageado
pela SME
Congresso Mundial do ICLEI | 24Leia Mais
8 18 33
DEPOIS DO DISCURSO A PRÁTICA
| 46
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2
Compromisso com Você!
A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de sua
equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos
para atender cada vez mais e melhor a cada
um dos associados.
Em seus 80 anos de existência, a
SME trabalha para integrar, desen-
volver e valorizar a Engenharia, a
Arquitetura, a Agronomia e seus
profissionais, contribuindo
para o aprimoramento tecnoló-
gico, científico, sóciocultural e
econômico.
Produtos e Serviços
Em nosso site há uma série de produtos
e serviços como cursos, palestras, seminários,
eventos e uma extensa gama de convênios que você
poderá desfrutar.
São descontos de até 20% em academias, empresas
automotivas, de artigos de decoração, buffets, clubes,
consultórios, cursos de idiomas, empresas de turismo,
faculdades, floriculturas, gráficas, informática,
laboratórios, óticas, planejamento financeiro,
seguros, serviços fotográficos, hotéis,
beleza e estética, dentre outros.
Compromisso com o F uturo
Aprimoramento profissional e
inovação tecnológica também
têm sido uma das grandes ban-
deiras da SME para oferecer os
melhores produtos e serviços
para você e sua família.
Por meio do nosso site: newsletters,
revistas, eventos e participação nas redes
sociais, a SME tem se tornado, cada vez mais,
um canal aberto para ouvir suas sugestões e para
representar seu interesse.
Seja um associado da SME
Maiores Informações: www. sme.org.br - (31) 3292 3962 ou [email protected]
PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo
VICE - PRESIDENTESRonaldo José Lima Gusmão
José Luiz Nobre Ribeiro
Victório Duque Semionato
Alexandre Francisco Maia Bueno
Délcio Antônio Duarte
DIRETORESLuiz Felipe de Farias
Diogo de Souza Coimbra
Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz
Marcílio César de Andrade
Alessandro Fernandes Moreira
José Flávio Gomes
Fabiano Soares Panissi
Janaína Maria França dos Anjos
Normando Virgílio Borges Alves
Clemenceau Chiabi Saliba Júnior
SUPERINTENDENTE José Ciro Mota
CONSELHO DELIBERATIVOMarcos Villela Sant'Anna
Teodomiro Diniz Camargos
Jorge Pereira Raggi
Flávio Marques Lisbôa Campos
Rodrigo Octavio Coutinho Filho
Paulo Safady Simão
José Luiz Gattás Hallak
Alberto Enrique Dávila Bravo
Cláudia Teresa Pereira Pires
Márcio Tadeu Pedrosa
Sílvio Antônio Soares Nazaré
Felix Ricardo Gonçalves Moutinho
Levindo Eduardo Coelho Neto
Fernando Henrique Schuffner Neto
Ivan Ribeiro de Oliveira
CONSELHO FISCALJosé Andrade Neiva
Nilton Andrade Chaves
Carlos Gutemberg Junqueira Alvim
Alexandre Rocha Resende
Wanderley Alvarenga Bastos Junior
CONSELHO EDITORIAL Ailton Ricaldoni Lobo
Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz
Janaína Maria França dos Anjos
Fabiano Soares Panissi
José Ciro Mota
Ronaldo Gusmão
Coordenador EditorialRonaldo Gusmão
Jornalista Responsável Luciana Maria Sampaio Moreira
MG 05203 JP
Projeto Gráfico Arte e DiagramaçãoBlog Comunicação
Marcelo Fernandes Távora
(31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
Bento Simão, 518 | São Bento
Belo Horizonte | Minas Gerais
CEP 30350-750
Depto. Comercial | Vendas Blog Comunicação
(31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
João Piccoli (31) 8918 4858
Tiragem 10 mil exemplares | Bimestral
Distribuição GratuitaVia Correios e Instituições parceiras
Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros
Av. Álvares Cabral, 1600 | 3ºandar
Santo Agostinho
Belo Horizonte | Minas Gerais
CEP:30170-001
Tel. (31) 3292 3962
Fale conosco Contato [email protected]
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Apesar de o País não correr riscos
de uma crise econômica como está
acontecendo com diversos países
europeus, a nossa economia será
afetada por alguns efeitos decorren-
tes do cenário internacional, espe-
cialmente os setores exportadores e
aqueles que competem com produ-
tos importados.
Para os setores industriais que
estão sofrendo desaceleração e, em
alguns casos, até risco de desindus-
trialização, devido principalmente à
concorrência predatória com os
produtos importados, notadamente
da China, o governo adotou medi-
das de estímulo que deverão trazer
algum alívio e melhorar as expecta-
tivas, neste ano, de crescimento
econômico do Brasil.
Embora, o governo brasileiro acene
com a adoção de medidas para
conter o processo de desindustria-
lização, muito deve ser feito. A
desoneração da folha deve ser
acompanhada de uma reforma nos
contratos de trabalho, desburocra-
tizando a relação empregador/em-
pregado, além da queda mais
significativa da taxa de juros e a
adoção do imposto único, o que re-
duzirá fortemente o custo adminis-
trativo, para que a indústria recupere
sua produção com lucratividade e
competitividade no mercado inter-
nacional.
Projeções feitas, já apontam que a
redução do custo do INSS de 20%
para 0% apenas para a indústria de
transformação terá impacto posi-
tivo. Isso porque o custo fiscal
dessa desoneração seria de R$ 1
bilhão para cada 1% de redução de
contribuição. Assim, a redução de
20% custaria R$ 20 bilhões ao ano.
Algumas medidas aguardadas pelo
empresariado para recuperar a com-
petitividade da indústria nacional, no
médio e longo prazos, seriam incen-
tivos e políticas voltadas para a ino-
vação, desenvolvimento tecnológico,
formação de recursos humanos, in-
fraestrutura, logística, entre outros.
No curto prazo são necessárias mu-
danças nos preços relativos, atuando
principalmente na tributação, para
que possa gerar um nível de câmbio
também competitivo.
A desoneração da folha de paga-
mento (custo fixo) é fundamental
para a indústria de transformação
brasileira, com a fixação de uma
alíquota adicional de COFINS, e a
criação de um mecanismo de cré-
dito tributário para a Indústria de
Transformação.
A criação desse mecanismo de cré-
dito tributário amenizaria as dificul-
dades enfrentadas pelo setor,
causadas pelas importações, princi-
palmente a chinesa. De outro lado,
para se ressarcir deste custo, seria
criada uma alíquota adicional de
COFINS, não cumulativa, de 9% a
ser aplicada para todo o setor in-
dustrial. Esta alíquota, com base na
arrecadação sobre os importado-
res, geraria recursos de aproxima-
damente R$ 27,3 bilhões.
A proposta de criação do crédito
tributário geraria no ambiente da in-
dústria resultados favoráveis a exem-
plo do aumento na competitividade
da indústria de transformação nacio-
nal; o estímulo ao emprego, a partir
da redução do custo do trabalho
interno. Além disso, promoveria a
equidade de tratamento entre o tra-
balho local e o trabalho externo; neu-
tralizaria a COFINS adicional para a
indústria de transformação nacional
via crédito tributário, impactando
positivamente a economia com
efeitos multiplicador e acelerador.
EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
Ailton Ricaldoni LoboPresidente da SME
A SME APRESENTA
PROPOSTA EM DEFESA DA
INDÚSTRIA NACIONAL
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Em uma abordagem mais ampla
relacionada aos objetivos do Plano
Brasil Maior, poderá ser estimu-
lada a formação de uma cultura
empresarial voltada para P&D (in-
vestimentos em pesquisa e desen-
volvimento tecnológico).
O setor aguarda que o governo bra-
sileiro, adote medidas cambiais que
tranquilizem o empresariado, princi-
palmente, quanto à possibilidade de
se estabelecer patamares mínimos
para o câmbio, em um regime de flu-
tuação cambial considerando uma
banda de R$1,90 à R$2,10.
Para o setor, a desvalorização cam-
bial provocaria um ajuste nos pre-
ços. Os empresários acreditam que
sob o regime de câmbio flutuante é
possível instituir políticas de con-
trole, do ponto de vista fiscal. O go-
verno possui instrumentos de
monitoramento e controle, po-
dendo impedir que o ajuste se
transforme em inflação inercial não
recorrente. Este seria o custo que
a sociedade pagaria para resolver o
problema do câmbio e de seus im-
pactos nefastos sobre a produção
industrial brasileira.
A proposta de aplicação do IOF,
como imposto regulatório, por ex-
celência, poderá atuar como um ini-
bidor de aplicações de curto prazo
e indutor de aplicações de longo
prazo, para residentes e não resi-
dentes no País. Para evitar a arbitra-
gem, toda conversão de US$ para o
R$ terá que ser tributada com o
IOF, sem exceção. De outra parte, a
restituição do IOF, por meio de cré-
dito tributário, ocorreria no caso
de receitas advindas da exportação
nacional e / ou Investimento Direto
efetivo, devendo ser comprovado
pela empresa e atestado pela Re-
ceita Federal. A Receita seria a fis-
calizadora desta política uma vez
que o BACEN não possui a infra-
estrutura necessária para este
tipo de ação.
Diante da força dessas medidas e
da certeza de sua eficácia, é natural
que sua implementação gere alguma
insegurança inicial. Portanto, torna-
se aconselhável que paralelamente
à revogação das medidas de IOF
aplicáveis à conversão do dólar para
o real hoje existentes, seja aplicada
uma alíquota do IOF relativamente
“inofensiva”, por exemplo, de 1%.
Esta será uma importante sinaliza-
ção para o mercado, indicando que
o governo está disposto a se valer
de um instrumento que não per-
mite rota de fuga e/ou contornos e,
portanto, de arbitragem. Em um se-
gundo momento, a alíquota do IOF
deverá ser ajustada até o nível de-
sejado de câmbio.
Para o empresariado mineiro, a me-
dida proposta de desoneração do
salário, que produziria um efeito
correspondente a quase 15% de
desvalorização cambial para a in-
dústria de transformação nacional,
terá um baixo impacto inflacionário
na economia. De forma comple-
mentar, a COFINS vigente, também
poderia integrar a política de deso-
neração/crédito tributário, caso
fosse necessário, entendendo-se
que a desvalorização cambial, dado
o seu impacto inflacionário, seria a
menor possível.
Em seu conjunto as medidas adota-
das pelo governo, representam um
estímulo de R$ 60,4 bilhões para
alavancar o desenvolvimento do
setor industrial. Aliadas aos investi-
mentos na infraestrutura do País -
que são crescentes, às concessões
e parcerias - nos aeroportos, por
exemplo, ao Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico - PRO-
NATEC, o projeto de implantação
de escolas técnicas e as aplicações
em ciência, tecnologia, inovação e
educação - ProUni e Ciência sem
Fronteiras, podemos afirmar que
superaremos o momento adverso
e voltaremos a ter uma indústria
nacional forte e competitiva num
futuro próximo.
Por fim, aproveitando o capital po-
lítico que detém a presidenta
Dilma, somando-se a isso, a contri-
buição das entidades civis organiza-
das com o propósito de elevar o
Brasil à condição de potencia tec-
nológica, certamente, em curtís-
simo prazo, a indústria brasileira
terá alcançado um patamar elevado
de competitividade.
EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
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6READEQUAÇÃO
CURRICULAR
SME promove debate
sobre o tema 8
ENTREVISTA
José da Costa Carvalho Neto,
presidente da Eletrobras
16 18CEMIG 60 ANOS
Uma exemplo de
gestão em energia
22 24
38
ENGENHEIRO EM FOCO
Fabiano Panissi, 38 anos,
engenheiro eletricista é
perfil do mês
44MILTON GOLOMBECK
A inversão de valores e a
importância da engenharia
MESTRES DA
ENGENHARIA
Ederson Bustamante
TRANSPORTE - VLT
Solução para BH
ICLEI
Prefeituras em prol da
proteção ambiental
RIO+20
Depois do discurso
a prática
SME | 12:30
Evento abre discussão
sobre atividade industrial
EM DEBATE
Mudanças prometem
fortalecer o CETEC
32
40
46 52CARREIRA
Oportunidades no mercado
profissional devem ser
equalizadas
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A Sociedade Mineira de Enge-
nheiros (SME) recebeu o consul-
tor da empresa ThreeJoy
Associates e professor aposen-
tado da University of Ilinois at
Urbana-Champaign, David Gold-
berg, para uma palestra direcio-
nada a representantes de diversas
escolas de engenharia da cidade.
Ele veio a Belo Horizonte para
auxiliar a diretoria da Escola de
Engenharia da Universidade Fe-
deral de Minas Gerais (UFMG) a
elaborar um plano de readequa-
ção curricular que visa controlar
problemas como a evasão ou re-
tenção dos alunos. A iniciativa
também pretende dar uma visão
humanística à profissão, para que
os futuros engenheiros com-
preendam, desde a academia, que
têm um papel transformador da
sociedade.
De acordo com o vice-diretor da
Escola de Engenharia da UFMG e di-
retor da SME, Alessandro Fernandes
Moreira, as instituições de ensino de
Engenharia tem discutido temas
afins, por isso a iniciativa de demo-
cratizar o debate. Segundo ele, a
SME é um fórum independente o
que tornou possível a iniciativa.
“Apesar da necessidade de for-
mar engenheiros, o país não está
conseguindo atender a demanda
do mercado. Boa parte dos alu-
nos não forma ou não conclui o
curso nos cinco ou seis anos ha-
bituais por algum motivo. Sem
contar aqueles que saem da uni-
versidade e vão trabalhar em ou-
tras áreas como a financeira, por
exemplo”, explica.
6
Alessandro Fernandes
Moreira é vice-diretor da
Escola de Engenharia da
UFMG e diretor da SME
Escola de Engenharia da UFMG está elaborando projeto de readequação curricular
ENSINO | UFMG
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No caso da UFMG, uma universi-
dade pública, o problema de reten-
ção dos alunos está entre 20% e
30% do total de aprovados no ves-
tibular. Moreira afirma que não há
como mensurar esse atraso para
os cofres públicos. “Há o custo da
sala de aula e dos laboratórios e o
fator tempo também”, enumera.
Para o professor, a mudança no perfil
dos alunos que chegam às universi-
dades tem justificado a discussão
contínua da melhoria da metodologia
de ensino, seja para mantê-los moti-
vados em relação ao curso de Enge-
nharia ou mesmo para atrair novos
candidatos para a profissão. “Precisa-
mos trazer mais alunos para a enge-
nharia, torná-la mais interessante do
ponto de vista pedagógico”, ressalta.
A mudança curricular só se efetiva,
segundo Moreira, a partir de uma
nova metodologia de ensino e mo-
delo pedagógico. Tudo isso depende
da mudança de cultura do corpo
docente. A adoção de novas ferra-
mentas de aprendizado é parte do
processo e um desafio para todos
nós que, na formação, somos enge-
nheiros. “Os alunos que temos re-
cebido têm grande potencial de
aprendizado. Eles têm acesso a
todo tipo de informação, mas é pre-
ciso transformá-la em conheci-
mento, o que demanda a consulta
aos livros e horas de estudo tradi-
cional também”, explica.
Com essa mudança, o que se es-
pera é formar um engenheiro dife-
rente, que agregue o conhecimento
técnico, sempre indispensável, a ha-
bilidades e competências compor-
tamentais como a capacidade de se
relacionar, trabalhar em grupo, fazer
a gestão de pessoas e de projetos
e, ainda, da empresa/negócios.
Para o professor, o ideal é que o
processo de mudança curricular da
Escola de Engenharia da UFMG
também aconteça em outras insti-
tuições. “Não queremos competir
com ninguém. Se trabalhamos em
conjunto e na mesma direção, toda
a comunidade ganha”, lembra.
A presidente da Comissão de Edu-
cação em Engenharia da SME, coor-
denadora do Green Solar e do curso
de pós-graduação em Engenharia
Mecânica da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, engenheira
eletricista Antônia Sônia Alves Car-
doso Diniz, as escolas de engenharia
estão em um momento crucial. “Não
conseguimos manter os alunos inte-
ressados usando os métodos peda-
gógicos antigos. A discussão é
sempre interessante porque traz
novas ferramentas para repassar o
conhecimento”, considera.
7
Antônia Sônia
Alves Cardoso Diniz
é engenheira eletricista e
Presidente da Comissão de
Educação em Engenharia da SME
David Goldberg é consultor
da empresa ThreeJoy Associates e
professor aposentado da University
of Ilinois at Urbana-Champaign
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8
No dia 11 de junho, a partir das 20
horas, na sede da Companhia Ener-
gética de Minas Gerais (Cemig), a
Sociedade Mineira de Engenheiros (SME)
promove mais uma edição da solenidade de
entrega da Medalha Lucas Lopes, honraria
concedida aos profissionais da Engenharia de
destaque no exercício da profissão no setor
de energia.
Neste ano, o engenheiro eletricista mineiro,
mestre em Engenharia Elétrica pela Universi-
dade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pre-
sidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho
Neto, será o profissional homenageado.
De forma especial, a cerimônia coincide com
datas significativas para três companhias de
referência em energia elétrica brasileira –
Cemig (60 anos), Eletrobras Furnas (55 anos) e
ENTREVISTA | JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO
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Eletrobras (50 anos) – que têm contribuído
para o desenvolvimento nacional e de Minas
Gerais e que o engenheiro conhece muito bem.
Atualmente, à frente da Eletrobras, maior
companhia do setor de energia elétrica da
América Latina, desde março de 2011, José da
Costa Carvalho Neto tem o desafio de man-
ter a rentabilidade, a competitividade, a inte-
gração e a sustentabilidade da empresa de
capital aberto controlada pelo governo bra-
sileiro para dar suporte ao processo de de-
senvolvimento nacional. Em 2011, a compa-
nhia registrou lucro líquido de R$ 3,733
bilhões em 2011, com alta de 66,1% em relação
ao apurado no ano anterior, de R$ 2,248 bi-
lhões.
Nesta entrevista, o engenheiro fala sobre
sua experiência profissional e sobre o desafio
do setor energético nacional no presente e
futuro.
José da Costa Carvalho Neto,
presidente da Eletrobras
recebe a Medalha Lucas
Lopes, honraria da SME
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10
Por que o Sr. escolheu trabalhar
para o setor de energia? Como
foi a sua trajetória profissional
até chegar a esse setor?
Escolhi a engenharia elétrica
ouvindo o conselho do presi-
dente Juscelino Kubitschek.
Quando ainda menino, o co-
nheci. Ele me disse que o Bra-
sil, para crescer, necessitaria
de engenheiros “para cons-
truir usinas e estradas”. Fui
admitido em 1966 como esta-
giário na Companhia Força e
Luz de Minas Gerais, e lá fi-
quei até 1973, quando a
Cemig a incorporou. Na
Força & Luz, trabalhei nas
áreas de geração, sub-trans-
missão e distribuição. Com a
incorporação, passei a atuar
na área de planejamento do
sistema elétrico. No final de
1973 voltei para a área de
distribuição como gerente da
Divisão de Planejamento de
Distribuição.
A Cemig me deu muitas
oportunidades de inovar e
aprender. Além da prática, fiz
mestrado em sistemas de po-
tência e cursos de especiali-
zação em engenharia e
gestão. Visitei empresas em
diversos países, aprendendo
as mais modernas tecnologias
e metodologias. Em 1991,
após ter sido gerente da Di-
visão de Planejamento e Qua-
lidade, do Departamento de
Engenharia de Distribuição e
superintendente de Desen-
volvimento e Coordenação
da Distribuição, me tornei di-
retor de Distribuição, acumu-
lando, por quase um ano, a
Diretoria de Produção e
Transmissão e a Diretoria de
Projetos e Construção. Em
meados de 1998 substituí
Carlos Eloy, com quem tive a
satisfação de trabalhar, na Pre-
sidência da Cemig e de seu
Conselho de Administração,
até janeiro de 1999.
Entre 1999 e fevereiro de
2011, antes de assumir a pre-
sidência da Eletrobras, traba-
lhei na iniciativa privada.
Qual o grande desafio do
setor hoje?
O maior desafio do setor de
energia elétrica hoje é suprir
o mercado com confiabili-
dade, qualidade, modicidade
tarifária, universidade e sus-
tentabilidade. Desta forma,
devemos trabalhar para am-
pliar ao máximo a participa-
ção de fontes limpas, como as
hidrelétricas, na matriz ener-
gética, além de investirmos
cada vez mais em fontes com-
plementares, como eólica e
solar.
Gostar ia de destacar que
poucas pessoas associam
as hidrelétr icas à energia
l impa, mas o fato é que se
trata de uma das melho-
res energ ias poss íve is a
ENTREVISTA | JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO
Gostaria de destacar que poucas
pessoas associam as hidrelétricas à
energia l impa, mas ofato é que se trata
de uma das melhores energias
possíveis a um mundocada vez mais
preocupado com asustentabil idade. Eo Brasil tem destaque
nesse cenário.
““
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um mundo cada vez mais preocupado
com a sustentabi l idade . E o Brasil tem des-
taque nesse cenário. Nossa matriz elétrica é
composta prioritariamente por fontes reno-
váveis, com 88% de participação.
Os investimentos do país em energia renovável
estão acompanhando o ritmo de crescimento
econômico/social do Brasil?
Sem dúvida. Diversos projetos de hidroeletrici-
dade estão sendo desenvolvidos no país. Além
disso, a energia eólica tem recebido cada vez
mais investimentos, o que tem tornado com-
petitivo o seu preço de mercado. É também im-
portante a participação de usinas com
biomassa. Os projetos de PCH tiveram um re-
torno de implantação bastante reduzido.
Julgo que alguma medida deva ser tomada para
sua revitalização. Ao mesmo tempo deve-se in-
crementar o estímulo a usinas solares, que
terão grande uso no futuro.
Outro aspecto importante é a continuidade da
construção de grandes hidrelétricas, especial-
mente na Amazônia, o que requer um entendi-
mento entre a área energética e a ambiental
para a implantação dos projetos de forma sus-
tentável, com o devido esclarecimento à socie-
dade dos benefícios proporcionados à nação
brasileira. Ressalto também como de funda-
mental importância, a integração energética
com os vizinhos da América do Sul, que pro-
porcionará o uso mais eficiente dos potenciais
energéticos renováveis da região.
A indústria alega que, entre os muitos custos da
produção, está a energia elétrica, considerada
uma das mais caras do mundo. Isso é realidade?
Na realidade existe um pouco de exagero
nesta afirmação. Por exemplo, em muitas com-
parações entre tarifas industriais, se excluem,
no Bras i l , os consumidores l ivres, que, se
incluídos, reduziriam o preço médio brasileiro.
11
José da Costa
Carvalho Neto
é presidente da Eletrobras
será homegeado com
a comenda “
Medalha Lucas Lopes”
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De qualquer forma, a tarifa média brasileira é
superior a de muitos países por duas razões: a
grande incidência de tributos e encargos nas ta-
rifas e a grande dimensão territorial brasileira,
que fazem com que os custos de transmissão
e distribuição sejam superiores ao de outros
países com menor dimensão.
A boa notícia é que para o futuro poderemos
ter redução nesses valores, seja pela redução
dos tributos e encargos, seja pelo adensamento
do consumo e pela redução dos custos com a
renovação das concessões.
Como está a competitividade do setor de
energia brasileiro?
Julgo que temos um modelo bem competitivo
na geração e na comercialização, e convenien-
temente regulado na transmissão e na dis-
tribuição, que tem servido como paradigma
para d i ve r sos ou t ros pa í s e s do mundo.
É certo, que como qualquer modelo, são ne-
cessários algumas correções pontuais visando
sua otimização.
Qual o maior desafio da Eletrobras nesse cenário?
Nosso desafio é gerar, transmitir e distribuir ener-
gia, contribuindo para o desenvolvimento sustentá-
vel do país, garantindo a rentabilidade para nossos
acionistas. E mais, nós queremos ser o maior con-
glomerado global de energia limpa até 2020.
Acredito que são aspirações a altura de uma em-
presa que há 50 anos contribui para o progresso
do Brasil. Outro grande desafio é aumentar nosso
valor no mercado, mesmo levando em conta o
vencimento de algumas de nossas concessões
previstas no período 2015-2017.
O que representa para o Sr. receber a Medalha
Lucas Lopes?
É uma satisfação e orgulho muito grande rece-
ber esse prêmio. Dizem que ninguém é profeta
em sua terra, mas, homenagens como essas,
desmentem esse ditado. Afinal, eu nasci em
Minas Gerais e fiz praticamente toda minha
carreira no Estado. Agradeço a Sociedade Mi-
neira de Engenheiros e a Cemig. Sou muito
grato a esse reconhecimento de meus colegas.
ENTREVISTA | JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO
Tucurui
PARABARABPPA B
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www.leme.com.br
“De estagiário, em 1966, a presidente da Cemig, em 1998”. Assim, José da Costa Carvalho Neto resumiu seu currículo em entrevista ao jornal Valor. De fato, a frase exemplifica a carreira invejável do engenheiro, homenagedo pela SME este ano com a Medalha Lucas Lopes.
Além de gerir a companhia mineira, foi também secretário adjunto de Minas e Energia de Minas Gerais, diretor-presidente da Arcadis Logos Energia e diretor da Orteng Equipamentos e Sistemas. Hoje, à frente da Eletrobras, tem papel determinante no fortalecimento e expansão da estatal, uma das maiores do mundo no setor de Energia e a maior da América Latina.
Através das subsidiárias da Eletrobras, estamos trabalhando juntos nas obras das usinas hidrelétricas de Belo Monte e Jirau e de vários sistemas de transmissão, projetos fundamentais para o crescimento e para a diversificação da matriz energética brasileira.
É por sua inegável contribuição ao setor de Energia e à engenharia que prestamos esta justa homenagem a José da Costa Carvalho Neto.
PARABÉNS A JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO
PELA MEDALHA LUCAS LOPES
Presidente da LEME Engenharia e da Tractebel Engineering América Latina
Flavio Marques Lisbôa Campos
A LEME Engenharia, parte integrante da Tractebel Engineering (GDF SUEZ),
é uma empresa com mais de 45 anos de experiência em engenharia
consultiva para projetos nos segmentos de energia e infraestrutura.
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A área de energia renovável
tem aberto vagas de trabalho
para engenheiros? Em quais
áreas?
Logicamente ao ampliar os in-
vestimentos, mais profissionais
são contratados, em especial
engenheiros. Dentre eles há
grande número de vagas para
engenheiros eletricistas, como
também para civis e mecânicos,
pois toda a cadeia produtiva é
afetada, inclusive a ampliação de
encomendas às fábricas de
componentes de usinas.
Como o Sr. analisa o setor de
energia brasileiro? Quais as
perspectivas de futuro para o
setor?
Analiso com muito otimismo
o futuro do setor. Afinal, com
a economia brasileira aque-
cida, o Brasil vai precisar de
muita energia. Além disso,
com a consciência de que o
progresso não deve ser ob-
tido a qualquer custo, mas
sim com respeito ao meio
ambiente, o papel da hidroe-
letricidade, principal fonte de
energia da Eletrobras, ganha
ainda mais relevância. Em úl-
tima instância, o futuro da
energia no Brasil e o futuro
da Eletrobras caminham de
mãos dadas em uma estrada
que vai ligar o desenvolvi-
mento a preservação ambiental.
E a energia nuclear? Onde
essa matriz se encaixa no
modelo energético brasileiro?
É bom que se destaque que a
energia nuclear é limpa, pois
a geração não produz gases
de efeito estufa. Considero
que o país não pode abrir
mão dessa importante fonte,
já que possui uma das maio-
res reservas de urânio do pla-
neta. A energia ainda é mais
cara que a hidrelétrica, mas
também pode ser uma ex-
celente complementação a
nossa matriz hidrotérmica.
E os projetos para as energias
eólica e solar?
Elas são importantes fontes
complementares a energia hi-
drelétrica. Temos um elevado
potencial de ambas no Brasil.
No caso da eólica, o potencial
“on shore” atinge cerca de
350 GW e o custo de gera-
ção já está competitivo com
outras fontes. No caso da
solar, como já mencionamos
anteriormente, o custo ainda
é elevado, mas para o futuro
deverá ser bastante competi-
tivo, principalmente com ge-
ração distribuída, o que
requererá sistemas de con-
trole tipo “smart grid”.
Itaipu
ENTREVISTA | JOSÉ DA COSTA CARVALHO NETO
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:53 Page 14
Itaipu
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16
MESTRES DA ENGENHARIA | EDERSON BUSTAMANTE
Ensina melhor quem conhece o dia a dia do mercado
Há sete anos, após cinco de “en-
saio”, o engenheiro mecânico
eletricista graduado pela Univer-
sidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e professor de Máquinas
Elétricas e de Acionamento Elé-
tr ico do Inst i tuto Pol i técnico
da Pontifícia Universidade Cató-
lica de Minas Gerais (PUCMinas),
Ederson Bustamante, 76 anos, de-
cidiu que aquele era o momento
de se aposentar da “sala de aula”.
Na atividade, foram 39 anos que,
para ele, deixaram lembranças feli-
zes. “Foi, sem dúvida, a experiência
que vivi que me deixou marcas
muito grandes e todas elas positi-
vas”, resume. Tudo começou em
1966 quando ele retornou à capital
do Estado, depois de trabalhar em
projetos em Ipatinga e Ouro Preto,
entre 1961 e 1965.
Ele recebeu o convite por ser um
jovem profissional que, em tão
curto tempo de carreira, já con-
seguia unir experiência prática e
habilidade para ensinar, já testadas
e aprovadas no Colégio Anchieta,
no antigo curso de Admissão e,
posteriormente, na monitoria de
Máquinas Elétricas na Escola de
Engenharia da UFMG. Por isso,
lembra, ser professor sempre foi
um trabalho prazeiroso.
Mas a carreira de engenheiro
corria paralelamente. Na volta
para Belo Horizonte, logo re-
cebeu o convite para lecionar.
“Naquele momento, a expe-
riência que eu já tinha adqui-
rido no mercado me ajudou
muito na sala de aula”, destaca.
E esse foi o caminho que ele se-
guiu para desenvolver no magisté-
rio uma carreira que nunca foi
menos importante que o exercício
da Engenharia. “Em Belo Hori-
zonte, trabalhei na Petrobras, che-
fiando a divisão de manutenção do
setor elétrico e, depois, a Divisão
de Engenharia. Acredito que essa
comunicação direta com o mer-
cado é muito importante para o
professor”, explica.
Para Bustamante, a vivência como
professor estimula o profissional
a não envelhecer no conheci-
mento, porque a carreira exige a
atualização contínua. O resultado
dessa conduta foi logo reconhe-
cido pelos alunos. Ao longo dos
39 anos de atividades, o professor
foi homenageado em todas as ce-
rimônias de formatura. Para Bus-
tamante, a quantidade imensa de
placas que ele guarda em casa é a
prova de que o magistério foi
sempre um prazer, um gosto.
“Respeito muito o conheci-
mento da academia e não pode-
ria ser de outra forma, aquele
conhecimento que adquiri atra-
vés do professor, livros, estudo
e vivência acadêmica é funda-
mental. Mas tendo oportunidade
de associar a esse conheci-
mento a vivência profissional
dentro da área, aí é “sopa no
mel”, resume.
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17
Diferente do que se pensa, a
docência também ajuda o
profissional na sua atuação
junto ao mercado formal.
“O professor é uma pessoa
avaliada constantemente pelos
alunos. Ele já entra na sala de
aula e começa a ser avaliado”,
enfatiza.
Quando começou a pensar
em se aposentar, em 2000, re-
duziu as horas de aula para
começar a se acostumar inti-
mamente com a história que,
na verdade, inauguraria uma
nova fase da sua vida. Hoje,
apesar da saudade, ele brinca
que teve força extra para se aposentar quando escutou
dos colegas que “ainda era necessário”. “Aí eu pensei
que era melhor sair quando ainda era necessário que
depois, quando não fosse mais”, analisa.
Nesse meio tempo, ocupou a vice-diretoria do IPUC,
coordenou o curso de Engenharia Elétrica, criou o
curso de Engenharia de Controle e Automação e ocupou
cargo na Comissão Central
de Pessoal Docente, que ana-
lisa o desempenho dos pro-
fessores da instituição.
Estar fora da sala de aula não
significou muito tempo livre.
Hoje, ele que sempre teve
cargo no Conselho Regional
de Engenharia e Arquitetura
de Minas Gerais (CREA-MG)
em diversas câmaras, conti-
nua a assessorar a entidade.
“O trabalho voluntário foi a
forma que encontrei para
pagar os meus estudos ao
povo. Eu estudei no Colégio
Estadual e, posteriormente,
na Universidade Federal de Minas Gerais. Tenho que
devolver ao povo esse recurso”, ressalta.
Ele ainda tem tempo para trabalhar, também, como vo-
luntário na Fundação de Educação Artística, onde
deixa o técnico em segundo plano para fazer uma
coisa que sempre deu muito prazer: trabalhar com as
pessoas. Essa não é a essência da docência?
“Respeito muito o conhecimento da academia e
não poderia ser de outraforma, aquele conhecimento
que se adquire através do professor, livros e estudo
e vivência acadêmica é fundamental. Mas tendo
oportunidade de associar aesse conhecimento
a vivência profissional dentro da área, aí é
“sopa no mel”, resume.
““
Ederson Bustamante, 76,
engenheiro mecânico
eletricista graduado pela UFMG
e professor de Máquinas
Elétricas e de Acionamento
Elétrico do Instituto
Politécnico da PUCMinas.
Crédit
o - R
uben
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ANIVERSÁRIO | CEMIG
Maior empresa integrada do setor de energia
elétrica do Brasil e responsável pelo atendi-
mento de aproximadamente 30 milhões de pessoas
em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, a Compa-
nhia Energética de Minas Gerais (Cemig) está
comemorando, neste ano, 60 anos de
atividades.
Em abril, a Cemig alcançou
a posição de maior grupo
brasileiro do setor de
energia elétrica em
valor de mercado. No
Brasil, passou a CPFL
e a Eletrobras, na
América Latina o
valor já é maior que o
da Endesa, com o com-
promisso de continuar
trabalhando para prestar um
serviço cada vez melhor aos
clientes e contribuir para o desenvolvi-
mento de Minas Gerais.
A empresa atua nas áreas de geração, transmis-
são e distribuição de energia, além dos segmen-
tos de gás natural e telecomunicações. Hoje, é
referência na economia global, reconhecida por
sua atuação sustentável. Como um dos mais só-
lidos e importantes grupos do setor de energia
elétrica, a meta para 2020 é estar entre as duas
maiores do país. “Sabemos que o desafio é
grande, mas acreditamos que podemos ocupar
essa posição até o final desta década”, afirma o
presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais.
A Cemig é responsável pela operação da
maior rede de distribuição de ener-
gia elétrica da América do Sul e
uma das quatro maiores do
mundo. Ocupa, ainda, a po-
sição de maior comercia-
lizadora brasileira,
sendo responsável pelo
atendimento de 25%
do mercado de consu-
midores livres. Na área
de geração, a Cemig é a
terceira maior geradora,
com 7% de participação.
Responde também por 13% do
mercado no segmento de transmis-
são. Os percentuais devem chegar a 20%
em cada um desses segmentos.
O campo de atuação da Cemig estende-se a 23
estados brasileiros, com mais de 100 empresas e
participação em 15 consórcios. A estratégia de
expansão adotada permitiu ampliar a participação
no controle acionário da Light, distribuidora que
atende o Rio de Janeiro e outras cidades fluminen-
ses. Além disso, possuímos participação em
Cemig completa 60 anos debons serviços prestados ao desenvolvimento de Minas
A CEMIG tem a maiorrede de distribuição de
energia elétrica da América do Sul
4ª maior do mundo. 3ª maior geradora,
de energia com 7% departicipação.
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empresas transmissoras de
energia elétrica (TBE, Taesa e
Abengoa), investimentos no seg-
mento de gás natural (Gasmig),
telecomunicações (Cemig Tele-
com) e eficiência energética (Ef-
ficientia).
Ainda conforme o processo de
expansão, o Grupo Cemig
anunciou parceria no controle
acionário da Renova Energia,
que há 11 anos atua no seg-
mento de pequenas centrais
hidrelétricas (PCHs) e usinas
eólicas. Por intermédio da
Light, a operação alcançou um
total de R$ 360 milhões. O
Grupo Cemig concluiu tam-
bém a compra de participação
em ativos no Brasil da trans-
missora espanhola Abengoa. O
negócio no valor de R$ 1,1 bi-
lhão ocorreu através da Taesa.
“A expansão nesses segmen-
tos, evidentemente, esta ligada
ao crescimento da economia
do Brasil. Mesmo com a crise
mundial, o Brasil surge como
uma opção segura de investi-
mento o que nos possibilita
prever que vamos continuar
crescendo. Dentro desse con-
texto, a energia elétrica é es-
tratégica para que o País
avance a sua economia”, res-
salta.
A Cemig detém a participação
no consórcio responsável pela
construção e operação da
Usina Hidrelétrica Santo Antô-
nio, localizada no rio Madeira,
em Rondônia, que será a sexta
maior do Brasil em potência
instalada e a terceira em ener-
gia assegurada. Em parceria
com a Light, concluíamos a
aquisição estratégica de parti-
cipação na Usina Hidrelétrica
de Belo Monte, equivalente a
9,77% do capital social da
Norte Energia, empresa que
detém a concessão. Localizada
na bacia do Rio Xingu, no Pará,
Belo Monte é a maior usina
atualmente em construção em
todo o mundo e, quando finali-
zada, terá uma capacidade ins-
talada de 11.233 MW.
Além disso, a Cemig desenvolve
pesquisas e projetos para pro-
dução e uso de biodiesel, gera-
ção de energia a partir de
resíduos sólidos urbanos, pro-
dução de células combustíveis
de alta temperatura e outras
tecnologias de geração distri-
buída. No ano passado, iniciou a
comercialização de energia ge-
rada por meio do biogás com-
posto por metano e gás
carbônico, produzido pela de-
composição de lixo de aterro
sanitário.
19
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Neste momento, atua também
fora do Brasil com a Linha de
Transmissão Charrúa – Nueva
Temuco, no Chile. Em operação
desde 2010, a LT de 205 km é
resultado de parceria em con-
sórcio com a Alusa.
Até o final deste ano a empresa
deve investir R$ 1,819 bilhão,
totalizando R$ 3,333 bilhões
através do Programa de Desen-
volvimento da Distribuição
(PDD), que realiza ações de
manutenção, expansão, reforço
e reforma da rede em Minas
Gerais, além da substituição e
modernização do sistema me-
dição de energia. A Região Me-
tropolitana de Belo Horizonte
(RMBH) receberá 30% desse
investimento.
De 2004 a 2011, a Cemig levou
energia para 300 mil consumi-
dores da zona rural através do
Programa Luz para Todos. O in-
vestimento foi superior a R$ 2,5
bilhões, dos quais o Governo
de Minas, por meio da Cemig,
participou com 77%.
Para a Copa de 2014, a Cemig
está invest indo cerca de
R$ 500 milhões no reforço da
rede na RMBH, que passará a
contar com novas linhas de
transmissão e seis novas subes-
tações, entre as quais a SE
Serra Verde, que já está pronta.
A companhia também investirá
aproximadamente R$ 28 mi-
lhões em obras nos estádios
Mineirão e Mineirinho, além do
complexo olímpico CEU. As
SEs Maracanã e Pampulha rece-
berão novos equipamentos e
serão ligadas ao Mineirão por
mais de 11 km de rede subter-
rânea. Os outros R$ 20 mi-
lhões serão investidos na insta-
lação de painéis fotovoltaicos.
A expectativa é de que todo o
complexo gere por volta de 1
MW. A previsão é de que as
obras estejam finalizadas até
dezembro.
A Cemig está investindo R$ 65
milhões em redes inteligentes
ou smar t gr id , a través do
Projeto Cidades do Futuro. O
programa de Pesquisa e Desen-
volvimento (P&D) que desen-
volverá essa nova tecnologia
vai permitir o aumento da efi-
ciência energética, a redução
das perdas comerciais e melho-
ria na interação com o consu-
midor. O consumidor poderá
verificar o seu consumo de
energia em tempo real.
20
ANIVERSÁRIO | CEMIG
A Cemig contrata em torno de 700 profissionais de engenharia em Minas Gerais
“Mesmo com a crise mundial, o Brasil surge como uma opção segura de investimento o que nos possibilita
prever que vamos continuar crescendo. Dentro desse contexto, a energia elétrica
é estratégica para que o País avance a sua economia.
“
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21
Em Minas Gerais, Sete Lagoas
foi cidade escolhida para os tes-
tes e contemplará aproximada-
mente dois mil consumidores.
No Rio de Janeiro, mil clien-
tes atendidos pela Light par-
ticipam dos testes. Uma usina
solar fotovoltaica de 3 MW
interligada à rede elétrica
será instalada em Minas Ge-
rais e será a maior instalação
fotovoltaica conectada à rede
elétrica do Brasil.Hoje, a
Cemig tem mais de 115 mil
acionistas em 44 países,
desde os mais tradicionais
como Estados Unidos e
Reino Unido até outros mais
distantes como Austrália e
países nas regiões da Ásia e
Oriente Médio. Há 12 anos
consecutivos, a CEMIG faz
parte do Dow Jones Sustaina-
bility World Index (DJSI
World), mantendo-se como a
única do setor elétrico da
América Latina. Fazer parte
do Índ i ce Dow Jones de
Sus tentabilidade reflete a
responsabilidade da Cemig na
condução de suas ações e o
compromis so para com a
geração atual e as gerações
futuras. A Empresa busca,
continuamente, o aprimora-
mento de suas práticas de
sustentabilidade empresarial,
alinhando-as às melhores prá-
ticas de gestão corporativa,
respeito ao meio ambiente e
ao bem-estar da sociedade.
Além disso, a Cemig foi sele-
cionada em 2011 pela sétima
vez consecutiva para compor
a carteira do Índice de Sus-
tentabilidade Empresarial (ISE)
da Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa). Esse índice
reflete o retorno de uma car-
teira composta por ações de
empresas listadas na Bovespa
reconhecidamente comprome-
tidas com a sustentabilidade
empresarial. Também é a única
concessionária do setor elé-
trico da América Latina a fazer
parte do The Global Dow
Index. A Cemig ainda foi sele-
cionada pela segunda vez con-
secutiva para compor o Índice
Carbono Eficiente (ICO2).
Desenvolvido pela BM&FBo-
vespa e pelo BNDES, o indica-
dor sinaliza para os mercados
de capitais nacional e interna-
cional que o País e as compa-
nhias listadas estão alinhados
com as mais avançadas dis-
cussões sobre as mudanças
climáticas.
Djalma Bastos
de Morais é
presidente
da Cemig
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dial, ão segura ossibilitarescendo.
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a.
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22
ARTIGO | TRANSPORTE URBANO
Apopulação de Belo Horizonte ouviu no-
vamente que a ampliação do metrô e a
construção de novas linhas sairão do
papel. Depois de tantos compromissos
firmados e não cumpridos, fica cada vez
mais forte nos moradores da capital mineira a sensação
de que, novamente, o projeto não vai para frente,
considerando que essa novela dura mais de 30 anos.
Sem pontuar as nuances políticas da questão do metrô, é
preciso analisar as dificuldades técnicas e financeiras para
a sua implantação. Além de ter um preço de construção
consideravelmente alto, a topografia de Belo Horizonte
não é favorável a praticamente nenhum tipo de transporte
de massa. Então, o que fazer para solucionarmos o
problema do caos no trânsito da capital mineira que a
cada dia fica mais evidente?
Em um primeiro momento, temos que parar de sermos
simplistas e começarmos a pensar em soluções arrojadas,
que complementem os modais já instalados na cidade.
Uma opção de transporte pouco conhecida e que poderia
pôr fim aos crescentes problemas do trânsito da cidade
é o metrô leve, na modalidade monotrilho. O modal
trabalha com veículos leves com rodas de borracha, que
circulam em um único trilho, suspenso em concreto
armado, movidos por propulsão elétrica de maneira
automatizada, ou seja, não há a necessidade de conduto-
res, nem de ocupar o mesmo espaço de carros e ônibus
e o relevo não representa a menor interferência.
Um estudo do Instituto Federal do Espírito Santo
aponta que o metrô leve tem custo médio por quilô-
metro entre R$ 74 milhões e R$ 129,5 milhões, enquanto
o metrô varia entre R$ 148 milhões a R$ 222 milhões.
Além de apresentar um menor custo, o modal também
desapropria menos. Durante a implantação, as inter-
venções no sistema viário são pequenas, já que os
pilares ocupam menos de dois metros de largura nos
canteiros centrais. As vigas são pré-moldadas e
poderiam ser instaladas durante a noite , sem a
necessidade de interrupção do tráfego.
Solução para BH Por Luiz Otávio Silva Portela
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:53 Page 22
2323
Para implantar o metrô leve em Belo Horizonte há vá-
rias possibilidades de rota e, obviamente, quanto maior
a rede, maior a eficiência. Porém, a melhor opção, no
momento, é começar uma linha na Lagoinha, passando
pelo Mineirão, Aeroporto da Pampulha, Cidade Admi-
nistrativa e chegando até o Aeroporto Internacional de
Confins.Trafegando por todo esse trajeto, o metrô leve
resolveria parte da carência de transporte na cidade,
com a vantagem de o trecho até o Mineirão ficar
pronto antes da Copa de 2014. Nem na projeção mais
otimista, o metrô teria essa distância com o mesmo
prazo, já que leva em média um ano para construir um
quilômetro de metrô, ao passo que durante esse
mesmo período, é possível construir cinco quilômetros
de metrô leve.
A suspeita é que a utilização desse modal seja ainda tí-
mida no Brasil em função da falta de arrojo no plane-
jamento de transporte do país. Várias cidades no
mundo têm metrô leve implantado e ele funciona de
forma brilhante. O maior exemplo de sucesso é
em Sidney, na Austrália, onde o metrô leve – por ser
tão eficiente, silencioso e não poluente – passa dentro
até mesmo de um prédio. São Paulo, a cidade com mais
problemas de trânsito no Brasil, já percebeu esse re-
curso e começou a implantar o modal. Isso porque o
metrô leve é capaz de atender 25 mil passageiros por
hora nos horários de pico em cada um dos sentidos.
É hora de apresentarmos uma solução eficaz para a
aplicação do dinheiro público. A população deve conhe-
cer outras soluções para conseguir se deslocar com
dignidade. Antes de usar todo esse valor em uma res-
posta pré-estabelecida, o ideal é abrir a discussão por
uma opção mais útil. Não dá para os belo-horizontinos
se frustrarem mais uma vez e continuarem a viver
refém de engarrafamentos e de metrôs ultrapassados
e lotados.
Luiz Otávio Silva Portela,
engenheiro e membro da Comissão
Técnica de Transportes da Sociedade
Mineira de Engenheiros (SME)
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:53 Page 23
24
Um dos eventos pa-
ralelos à Rio+20 é
o 8º Congresso
Mundial do ICLEI
– Governos Locais pela Susten-
tabilidade, que terá Belo Hori-
zonte como sede entre os dias
14 e 18 de junho. O evento que
se repete a cada três anos, vai
acontecer pela primeira vez na
América Latina, reunindo prefei-
tos de diversas cidades do
mundo, bem como empresários,
acadêmicos, organizações não
governamentais (ONGs), órgãos
financiadores e pesquisadores
para apresentar projetos já imple-
mentados pelas administrações
municipais e, ainda, discutir estra-
tégias para os próximos anos.
O prefeito de Belo Horizonte,
Marcio Lacerda, enfatiza que um
encontro como este representa
uma oportunidade para que Belo
Horizonte adiante o seu ritmo
de desenvolvimento. “Com este
evento, que tem o apoio e a
parceria de várias entidades,
vamos trocar experiências e
nos preparar para a Rio+20,
com teses de interesse comuns
às cidades. Também vamos avan-
çar no processo de internacio-
nalização da de Belo Horizonte,
do nosso Estado e consolidar
os conceitos que estamos cons-
truído dentro do planejamento
de longo prazo da cidade, onde a
sustentabilidade é questão funda-
mental”, analisa.
O secretário municipal de Meio
Ambiente de Belo Horizonte,
Vasco Araujo de Oliveira, tam-
bém está empolgado com a
MEIO AMBIENTE | ICLEI
Congresso Mundial do ICLEI pretende engajar as prefeituras
Marcio Lacerda,
prefeito de
Belo Horizonte
Pela primeira vez na América Latina, evento esquenta discussão para a Rio+20
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realização do congresso mundial
do ICLEI na capital mineira. “Esse
é um evento muito importante
para a cidade. Primeiramente,
pelo fato de a cidade ser a pri-
meira da América Latina a rece-
ber o congresso mundial do
ICLEI. Em segundo lugar, pela
vinda de representantes de todo
o mundo, hoje mais de 41 países
já tem membros confirmados.
Essa será uma grande oportuni-
dade de mostrar ao mundo as
ações de desenvolvimento sus-
tentável feitas pela PBH, além
de trocar experiências, receber
novas perspectivas e projetos
que nos possibilitem melhorar
ainda mais a questão ambiental
em nossa cidade”, comenta.
As previsões de contínua ur-
banização, nos próximos 40
anos, sobretudo em países
em desenvolvimento, devem
ser planejadas e desenhadas com
foco nas necessidades dos futuros
habitantes do planeta. Para a se-
cretária executiva regional inte-
rina do ICLEI – Secretariado para
América do Sul, Florence Karine
Lalöe, este é o momento de pas-
sar para uma sociedade de baixo
carbono, uso mínimo de recursos
e inclusiva.
“A realização deste primeiro
Congresso em nossa região re-
presenta o reconhecimento da re-
levância que as ações das cidades
latinoamericanas pela sustentabi-
lidade tem ganhado globalmente e
o caminho aberto para incorpora-
ção de agendas cruciais para nos-
sas cidades na pauta global, em
especial as relacionadas a inclusão,
coesão social e redução da po-
breza. Em preparação à Rio+20, fa-
remos um balanço sobre o que foi
feito nesses últimos 20 anos e
como devemos avançar”, explica.
O congresso mundial do ICLEI
também será oportunidade para
o intercâmbio entre as cidades e
o compartilhamento de conheci-
mentos, possibilitando assim, que
governos locais de vários países,
assim como os brasileiros, pos-
sam identificar oportunidades e
replicar ações para lidar com seus
desafios das próximas décadas.
De acordo com a secretária exe-
cutiva do Comitê Municipal sobre
Mudanças Climáticas e Ecoefi-
ciência (CMMCE), setor da Secre-
taria Municipal de Meio Ambiente
de Belo Horizonte (SMMA), Ana
Maria Louzada Drummond No-
gueira, o congresso já conta com
mais de 1 mil participantes con-
firmados que virão à capital de
Mineira para debater a questão
ambiental e sua interatividade
com os aspectos políticos, econô-
micos, sociais e culturais.
25
CLEI ituras
Vasco Araujo,
secretário municipal
de Meio Ambiente de
Belo Horizonte
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O Congresso será dividido em oito
agendas: economia urbana verde, no
contexto do desenvolvimento sus-
tentável e erradicação da pobreza, ci-
dade sustentável, cidades eficientes
no uso de recursos, biodiversidade
urbana, cidades de baixo carbono e
carbono neutras, cidades e comuni-
dades resilientes, infraestrutura ur-
bana verde e, ainda, comunidades
felizes e saudáveis.
Haverá também temas adicionais:
eventos verdes, com foco na pre-
paração da cidade para receber a
Copa do Mundo de 2014 e, em se-
guida, os Jogos Olímpicos de 2016
e, ainda, segurança alimentar.
Entre os palestrantes já confirmados
estão o sócio fundador do The Next
Practice, membro do corpo docente
do Programa da Universidade de
Cambridge para a Liderança de Sus-
tentabilidade e líder da campanha
The Cities for Climate Protection,
Jeb Brugmann, que proferirá a pa-
lestra magna “A Cidade Produtiva”.
O coordenador executivo da
Rio+20 , embaixador da França
para as negociações de mudanças
climáticas e coordenador execu-
tivo da Conferência das Nações
Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, Brice Lalonde, falará
sobre “Últimas notícias e legado
da Rio +20”.
O fundador e membro do Conselho
da China para a Cooperação Inter-
nacional sobre Meio Ambiente e De-
senvolvimento e ex-secretário geral
do Clube de Roma, Winterthur,
Martin Lees, também, abordará o
tema “O Estado do Mundo”.
Outro palestrante é o diretor
executivo da ONG canadense
“8-80 cities”, Gil Peñalosa também
é presença confirmada, com a pa-
lestra “Cidades para Pessoas”.
A escolha de Belo Horizonte para
sediar o congresso do ICLEI em
Belo Horizonte pode ser explicada
por diversos fatores. O primeiro
deles é que a cidade é membro da
entidade desde 1993. Atualmente, a
cidade é parceira do ICLEI no pro-
jeto-piloto “Políticas de Constru-
ção Sustentável” (PoliCS), que
integra a Campanha Global Cida-
des pela Proteção do Clima (CCP)
e busca soluções para reduzir as
emissões de gases de efeito estufa
no setor da construção civil.
O município também é reconhe-
cido internacionalmente pela sua
forma de fazer políticas públicas, so-
bretudo no que se refere à meto-
dologia democrática que adota. No
âmbito nacional, Belo Horizonte é
a sexta maior cidade do País em
população, com 2,4 milhões de
habitantes e o quarto maior PIB. Há
que se considerar, ainda, que a capi-
tal tem uma porcentagem de área
verde por habitante acima do reco-
mendado pela Organização Mundial
da Saúde (OMS).
Segundo Ana Louzada, a Prefeitura de
Belo Horizonte, preocupada em es-
tabelecer políticas locais de mitigação
e adaptação, institucionalizou a
Política Municipal de Mitigação dos
Efeitos da Mudança Climática, co-
locando no seu planejamento estra-
tégico, a meta de redução das
emissões do município em 20%
(vinte por cento) até o ano de 2030.
Em maio de 2011, foi promulgada
a Lei nº. 10.175/11 que institui a “Po-
lítica Municipal de Mitigação dos
Efe i tos da Mudança Climática”.
A Política Municipal de Mitigação dos
Efeitos da Mudança Climática está
sendo implementada mediante a ela-
boração do “Plano Municipal de Re-
dução das Emissões de Gases de
Efeito Estufa”, que tem por objeto
o planejamento urbano-ambiental
orientado para a redução e mitiga-
ção dos gases de efeito estufa,
oferecendo, de forma propositiva,
um conjunto de iniciativas para a
adaptação do ambiente às mudan-
ças climáticas promovendo melho-
rias em sua infraestrutura de modo
a aprimorar a qualidade de vida
do cidadão belo-horizontino.
MEIO AMBIENTE | ICLEI
Maria Louzada Drummond
Nogueira é secretária
utiva do Comitê Municipal
bre Mudanças Climáticas
Ecoeficiência (CMMCE)
de Belo Horizonte
A energia eól
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São tratadas várias questões afins
ao transporte, à energia, às cons-
truções sustentáveis, ao uso do
solo, à saúde, à educação para o
desenvolvimento sustentável, e
aos mecanismos econômicos e fi-
nanceiros. “Assim Belo Horizonte
se prepara para ajudar a atingir
metas climáticas nacionais e
promover o desenvolvimento de
uma economia de baixo carbono”,
afirma.
Com o objetivo de apoiar a imple-
mentação da política municipal da
Cidade de Belo Horizonte para as
mudanças climáticas, a capital mi-
neira conta com a atuação do
Comitê Municipal sobre Mudanças
Climáticas e Ecoeficiência –
CMMCE. Esse é um órgão cole-
giado e consultivo, tendo sido ins-
tituído em 2006, atuando na
articulação das políticas públicas e
da iniciativa privada para a redução
de gases poluentes na atmosfera e
na conscientização ambiental da
sociedade.
O Conselho é formado por re-
presentantes do Poder Público
Municipal e Estadual, da sociedade
civil, ONGs e do setor empresa-
rial e acadêmico, o que garante a
legitimidade da participação da
população em várias decisões re-
lacionadas à busca da sustentabili-
dade ambiental no Município, com
a coordenação do secretário
Municipal de Meio Ambiente.
Desde a sua implantação, o Co-
mitê tem aberto espaço para os
mais diferentes atores sociais,
registrando suas contribuições e
discutindo-as nos Grupos de Tra-
balho, cujos temas são: sanea-
mento (águas urbanas e resíduos
sólidos), eficiência energética e
energias renováveis e construções
sustentáveis.
A Prefeitura de BH reúne um con-
junto de iniciativas, ações e pro-
gramas que, de alguma forma,
contribuem para a mitigação e
adaptação aos efeitos das mudan-
ças climáticas, propiciando uma
melhor qualidade de vida do cida-
dão belorizontino. Entre eles a
coordenadora cita:
Selo “BH Sustentável”, O Programa de Certificação
em Sustentabilidade Ambiental;
Operação Oxigênio Estações de Monitoramento
da Qualidade do Ar;
Estação de Aproveitamento de Biogás Programa de Conservação de
Energia na Administração
Pública Municipal;
Projeto LEDProjeto de Eficiência Energética
da Sinalização Semafórica de BH ;
Programa Vila VivaPlano Municipal de Saneamento ;
Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil
PlanMob-BH Plano de Mobilidade de BH;
Programa BH mais verde Concurso Cidade JardimInventário das Árvores dos
Logradouros Públicos de
Belo Horizonte;
Programa “Óleo Nossode Cada Dia”
Programa Drenurbs Programa de Recuperação e
Desenvolvimento Ambiental da
Bacia da Pampulha (Propam).
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Entre o final do século XIII e
meados do século XVII, o mundo
vivenciou a Revolução Renascen-
tista, que deixou os feudos no
passado, instituiu o sistema eco-
nômico capitalista, valorizou a
ciência, transformou as artes, os
costumes e a cultura europeia.
Hoje, com o aparato tecnológico
e de comunicação existentes, um
movimento do gênero não de-
mandaria tanto tempo para se
consolidar em todo o mundo.
Por que falar em revolução neste
início de século XXI? Porque a
mesma ciência exaltada pelo Renas-
cimento tem afirmado diariamente
que a sobrevivência do planeta Terra
e das mais de 7 bilhões de pessoas
que o habitam está em risco. Uso
crescente dos combustíveis de ori-
gem fóssil, má-gestão das águas,
fome, visão de curto prazo para in-
vestimentos e, ainda, falta de educa-
ção ambiental da população
mundial são alguns dos problemas
que justificariam tal mudança.
O que falta? Sair do discurso e
ter a coragem de agir preventi-
vamente para solucionar a crise
ecológica ou, pelo menos, mini-
mizar seus efeitos. Basta vontade
política e educação. Mesmo por-
que, nesse caso, todos estão “no
mesmo barco” e suscetíveis aos
prejuízos.
Essa é a grande expectativa de
cientistas e observadores em re-
lação à Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, que será realizada
exatos 20 anos após a Eco-92,
entre os dias 13 e 22 de junho,
no Rio de Janeiro. Para eles, a
confecção do documento final
que resumirá o evento e dará di-
retrizes futuras deve ter direcio-
namento prático.
Mais uma vez o Brasil ocupa
lugar de destaque na discussão
sobre o cuidado com o meio
ambiente e a sustentabilidade.
No entanto, o país também tem
dificuldades para fazer o para
casa e cumprir as metas assumi-
das para 2020. Basta acompanhar
o debate em torno do novo Có-
digo Florestal.
Segundo o físico, professor, ex-
ministro da Ciência e Tecnologia
dos governos Itamar Franco e
Fernando Henrique Cardoso e
chefe de delegação do Brasil na
Eco-92, José Israel Vargas, o des-
matamento da Amazônia au-
menta nos períodos de
crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) porque a indústria
da construção, a indústria move-
leira e as siderúrgicas precisam
de madeira. “Antigamente, para
abrir uma estrada, eles coloca-
vam fogo nas árvores. Hoje, des-
matam e vendem porque o
produto adquiriu valor de
troca”, enfatiza.
Diversos trabalhos científicos
atestam que o mundo ficou mais
pobre nos últimos 20 anos. Hoje,
a metade da população mundial
vive com até US$ 2 por dia. Em-
bora a produção de alimentos
tenha aumentado, a distribuição
ainda continua desigual.
No caso brasileiro, os recordes
sucessivos da safra anual de
grãos confirmam esse fenômeno.
Rio+20Encontro propõe que os países adotem
medidas práticas para economia verde
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | RIO+20
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No entanto, o ecossistema do
cerrado tem sido desmatado
para dar lugar às lavouras e fa-
zendas de criação de gado.
“Diferente dos rios da bacia
amazônica, em que boa parte das
águas provém da fusão das neves
e do gelo dos Andes, os cursos
d’água do cerrado, entre eles o
São Francisco, dependem exclu-
sivamente da chuva. Com a ex-
ploração agrícola do cerrado e a
impermeabilização do solo gra-
ças ao uso de fertilizantes, o vo-
lume de águas que saem das
veredas e riachos não chegam ao
São Francisco. Nesse ritmo, não
haverá água suficiente para a
transposição”, aponta.
E as áreas que não são mais usa-
das? O reflorestar desses espa-
ços “abandonados” que não
servem para agricultura e pecuá-
ria é uma medida a ser adotada.
Dessa forma, seria possível con-
sertar um pouco do estrago e
gerar recursos para o futuro.
O pior, avalia Vargas, é que a úl-
tima medição do volume de água
dos rios do Estado foi realizada
há 37 anos. Como não há um
acompanhamento sistemático,
não há como mensurar o que já
foi perdido em recursos hídricos.
Outra dicotomia vivenciada pelo
Brasil é a sua matriz energética.
Enquanto propagandeia que 47%
da energia que produz é limpa, o
país investe pesado no Presal.
Para o professor, embora o pro-
jeto seja uma grande oportuni-
dade de negócios a médio prazo
– com clientes interessados em
se livrar dos “humores” do
Oriente Médio – a perfuração a
5 mil metros de profundidade
para ter acesso ao petróleo re-
presenta um risco muito grande
de acidentes, como o que já
aconteceu no Golfo do México.
Em quanto isso, enfatiza Vargas, o
Brasil continua importando gaso-
lina e diesel. Já o álcool, um pro-
duto que poderia revolucionar o
uso de combustíveis no país,
ainda não é produzido na escala
necessária para abastecer o mer-
cado interno, apesar dos veículos
com motores flex, uma tecnolo-
gia nacional.
A produção da energia elétrica
também deveria ser repensada,
segundo ele. O projeto de uma
usina hidrelétrica como a do Rio
Madeira, tem uma linha de dois
mil km, que sai de Porto Velho
até Araraquara (SP) justifica des-
matamentos para abertura de
estradas para a manutenção da
linha e, com elas, a criação de nú-
cleos de desenvolvimento ou pe-
quenas vilas no meio da floresta.
Uma das áreas do conhecimento
que tem sido convidado a parti-
cipar da revolução ambiental que
se anuncia é a Engenharia. Evitar
o desperdício de materiais e o
retrabalho, por meio da implan-
tação de práticas sustentáveis do
uso de energia, são algumas das
ações que os profissionais da
área podem adotar no seu dia a
dia de trabalho. “Energia cara é
trabalho produzido caro”, define
Vargas. Os profissionais devem
ter em mente, também, que a es-
colha dos materiais que usam em
seus projetos não podem mais
impactar a natureza como em
outros tempos.
José Israel Vargas é físico,
professor e ex-ministro
da Ciência e Tecnologia
dos governos Itamar Franco
e Fernando Henrique
e chefe de delegação do
Brasil na Eco-92
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL | RIO+20
Os engenheiros não podem se esquecer, também,
que o uso da tecnologia tem efeitos positivos e
negativos. Portanto, tudo deve ser conduzido
com extremo cuidado para proteger o meio am-
biente e, consequentemente, as pessoas.
ECONOMIA VERDE
Entre 23 de abril e 4 de maio, em Nova York,
aconteceu a quarta e última reunião de negocia-
ção dos itens da Minuta Zero, que gerou o Ras-
cunho Um da Rio+20, documento que servirá de
base para os trabalhos e debates realizados du-
rante o evento. Em linhas gerais há três pontos:
o combate à pobreza, a mudança do modelo eco-
nômico marron (baseado no consumo de com-
bustíveis fósseis) para a chamada economia verde
e, ainda, uma nova governança global.
O engenheiro metalurgista formado pela Escola
de Minas (Universidade Federal de Ouro Preto –
UFOP) e especialista em Engenharia Econômica,
Milton Nogueira, trabalhou durante 20 anos na
ONU orientando governos sobre desenvolvi-
mento industrial. “Mas logo se viu que a indústria
tem forte relação com a natureza e as pessoas e
quem vai fazer as mudanças necessárias e urgen-
tes são os engenheiros”, analisa.
Por isso, a Rio+20 merece a atenção
dos profissionais e também das em-
presas de Engenharia, independente
do segmento em que atuam para im-
plementar mudanças gerais e rápidas
para reduzir e/ou minimizar os impactos
da atividade ao meio ambiente. “A
Engenharia atravessa os três temas
centrais da Conferência”, destaca.
Sem conhecimento tecnológico e de Engenharia
não há como fazer energia fotovoltaica, por
exemplo. Da mesma forma, é o engenheiro que
atuará, na prática, para melhorar a qualidade de
vida das populações mais pobres, ainda carentes
de serviços básicos como rede de esgoto, forne-
cimento de água potável e de energia elétrica. O
carro elétrico e outros produtos que usem ener-
gia limpa também estão na lista de projetos que
dependem da atuação dos profissionais
“Não há como reduzir a pobreza com o es-
quema atual de obras. Deve-se criar esquemas
de Engenharia simplificada para combater a po-
breza”, recomenda. E tudo isso deve acontecer
em poucas décadas. Na prática, é preciso rever
a escolha dos materiais, os processos e, tam-
bém, o conceito de conforto e comodidade que
os projetos “vendem” para seus clientes para
evitar o desperdício e o retrabalho.
O que é bonito em construção? E o que define um
empreendimento de luxo? Para Nogueira, é preciso
responder essas questões de forma diferente, sem
contar com o apelo da indústria de materiais para isso.
“Depois da segunda camada, as outras são desperdício
mas isso é feito para agradar o cliente”, afirma.
Milton Nogueira é
engenheiro metalurgista
formado pela UFOP
e especialista em
Engenharia Econômica
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35
Enquanto isso, os efeitos do des-
respeito à natureza continuam a si-
nalizar para problemas causados
pelo consumismo, pelo individua-
lismo que coloca o coletivo em
xeque todos os dias. Secas em ter-
ras férteis em todo o mundo – in-
clusive no Brasil – é um exemplo
de que as ações do homem sobre
a natureza em pouco mais de um
século têm consequências. Muitas delas desas-
trosas.
Para o engenheiro, o que se espera da Rio+20 não
é um ajuste de sintonia, mas uma revolução que
afete os países, os investidores e as sociedades.
“O modelo econômico vigente aumenta a po-
breza. Precisamos de uma governança dos países
com vigilância recíproca para trazer formas de or-
ganização dos Estados, das empresas e da socie-
dade para socializar os bens produzidos”, aponta.
Essa mudança deve acontecer mesmo que o pre-
sidente dos Estados Unidos da América e outros
chefes de Estado não venham ao Brasil para a
Rio+20. Segundo Nogueira, as discussões come-
çaram há dois anos e o que importa é o docu-
mento final do evento e seu foco. Embora seja
uma reunião política, a Conferência é uma feira
de ideias que serão apresentadas por ativistas,
cientistas, empresários e representantes dos paí-
ses. Algumas delas serão transformadas em leis
que sozinhas não vão dar conta de fazer a revo-
lução que o mundo precisa vivenciar para man-
ter-se vivo.
A arquiteta e urbanista e presidente da Co-
missão de Meio Ambiente da Sociedade Mi-
neira de Engenheiros, Cláudia Pires, afirma
que, tudo começa na concepção do projeto,
a ferramenta de tomada de decisão. É nesse
estágio que se define se a obra será ou não
sustentável do ponto de vista ambiental. “Os
profissionais confundem projeto com dese-
nho. No Brasil, valoriza-se a construção mas
não o projeto porque o pensamento é de que
ele sempre pode ser mudado”, explica.
Por outro lado, ainda impera entre os profis-
sionais da Arquitetura e Engenharia, cabe ao
outro ser sustentável. Assim, não é preciso
mudar porque alguém já está fazendo isso.
“A visão de mundo das pessoas deve mudar
porque todas as decisões de consumo têm
consequências para a coletividade”, lembra.
Para a arquiteta, tanto os profissionais
quanto a sociedade devem prestar atenção às
discussões da Rio+20 para deixar a alienação
de lado para tomar as decisões condizentes
com a ética, a vida e o conceito coletivo de
sociedade.
Cláudia Pires é arquiteta
e urbanista e presidente
da Comissão de Meio
Ambiente da SME
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Comissão Técnica de Educação em Engenharia – Neste primeiro semestre, a CT retomou com maior intensidade seus tra-
balhos com definição de agenda e eixos temáticos. De acordo com o integrante da comissão, professor Alessandro Moreira
a comissão vai trabalhar ao longo desse ano, temas como as experiências inovadoras no ensino da engenharia em Minas, de-
bates sobre o Programa Ciência sem Fronteiras, o sistema de cotas para o vestibular e qual o perfil profissional que o mercado
busca neste momento. Essas discussões serão realizadas em seminários, debates internos e worshop com a participação de
representantes de universidades de engenharia de todo o estado, além da produção de conferências nas quais a SME será o carro-chefe.
A presidente da Comissão Técnica de Meio Ambiente Urbano e Desenvolvimento Sustentável, Cláudia Tereza Pereira
Pires, afirma que essa comissão tem um papel muito importante na SME, junto com as demais CTs, ao analisar e contribuir
para que as ações e políticas públicas resultem em mais proteção ambiental e consolidação da sustentabilidade. A partir
das contribuições dos integrantes da comissão, ficou definido a realização de três estudos, alimentados por amplo debate
dentro da entidade, junto à sociedade e aos poderes constituídos. O primeiro, sobre as legislações referentes ao uso do
solo urbano e uso minerário; o segundo, que deve gerar uma análise dos impactos de vizinhança, que tem grande reper-
cussão na cidade, e o estudo da Política Nacional de Resíduos Sólidos e suas repercussões em Minas Gerais.
A Comissão Técnica de Transportes, presidida pelo engenheiro civil Geraldo Dirceu Oliveira tem redobrado
os esforços, com reuniões constantes, para debater a situação do transporte em Belo Horizonte e RMBH.
Algumas propostas consistentes e econômicas têm sido apresentadas, a exemplo do mono-rail, que trariam
grande desafogo no tráfego, a exemplo do que correu em grandes cidades de outros países. Há ainda a discussão
sobre a continuidade das obras das linhas do metrô, que estão atrasadas há três décadas, com a expectativa de
término do ramal: Pampulha/Savassi já projetado e a conclusão das obras das linhas para as BRTs.
Comissão de Construção Civil e Urbanismo foi constituída dentro das perspectivas do setor de construção civil e urba-
nismo, de forma a valorizar o profissional de engenharia e atender as ansiedades da população do Estado de Minas Gerais.
Entre os principais objetivos dessa CT estão: valorizar o profissional de engenharia, contribuir para o desenvolvimento da
sociedade; desenvolver ações que visem esclarecer a sociedade diante da realidade dos novos conceitos, práticas e tecno-
logias emergentes, realizar ações que possibilitem a valorização dos profissionais de Engenharia de Construção Civil e Ur-
banismo e trabalhar para que a SME, estabeleça um diálogo cada vez mais profícuo com a sociedade.
SME | CTs
Comissões
Técnicas
Para responder às demandas da sociedade e dos seus associados, a
SME constituiu várias Comissões Técnicas (CTs), que em reuniões
regulares, aprofundam os debates de questões importantes para a
sociedade, para Minas Gerais e o País. Compostas por profissionais
atuantes, as Comissões Técnicas, terão, a partir dessa edição,
um espaço na revista da SME para informar suas iniciativas.
COMISSÃO TÉCNICA DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA
COMISSÃO TÉCNICA ESPECIAL DE GESTÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS DA RMBH
COMISSÃO TÉCNICA DE TRANSPORTES
PARTICIPE VOCÊ TAMBÉM DAS COMISSÕES TÉCNICAS JÁ EXISTENTES OU PROPONHA NOVAS COMISSÕES À [email protected]
Comissão Técnica Especial de Gestão de Águas Pluviais da RMBH que está desenvolvendo intenso debate e elaboração
de propostas que possam contribuir para reduzir os efeitos da chuva na capital mineira e região metropolitana. O
presidente da CT, Paulo Maciel Júnior, afirma que as 25 propostas elaboradas durante um workshop serão analisadas
com maior profundidade, para que novos encaminhamentos sejam feitos com o objetivo, também, de uma ampla in-
terlocução entre setores da sociedade civil, governo, entidades, as prefeituras da RMBH, entre outros. Estão sendo
analisadas as mudanças de legislações e normas que tenham impacto na vida dos municípios, principalmente no
período chuvoso, os usos de tecnologias na engenharia.
COMISSÃO TÉCNICA DE MEIO AMBIENTE URBANO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
COMISSÃO DE CONSTRUÇÃO CIVIL E URBANISMO
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TRANSFORMANDO VIDASDIRECIONAL ENGENHARIA
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Criamos empreendimentos pensados para tornar a vida
de seus moradores em algo novo e melhor. Dos imóveis exclusivos
aos econômicos, planejamos todos com o intuito de gerar
desenvolvimento, conforto, segurança e conveniência. Filosofi a que
nos transformou, desde o início, na grande empresa que somos hoje.
Uma das 10 maiores construtoras do Brasil
Listada na BM&FBovespa
Mais de 46 mil unidades entreguesem várias regiões do país
Mais de 3,65 milhões de m2 em 9 estados
Mais de 12 mil colaboradores diretos
NÓS SOMOS A DIRECIONAL E HÁ 31 ANOS NOSSO TRABALHO
É TRANSFORMAR O SONHO DA SUA VIDA EM REALIDADE.
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:55 Page 37
Desindustrialização, concorrên-
cia externa predatória, hiper-
valorização da taxa de câmbio
e estagnação da indústria de transfor-
mação foram os principais temas abor-
dados pelo diretor das áreas Financeira,
de Administração, de Operações Indire-
tas e da Secretaria de Gestão da Car-
teira Agrícola do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), Maurício Lemos e pelo presi-
dente da Associação Brasileira da Indús-
tria Elétrica Eletrônica, Humberto
Barbado, palestrantes da última edição
do SME 12:30. O evento foi realizado no
dia 25 de abril na sede social da enti-
dade, na região central de Belo Hori-
zonte.
O auditório cheio é prova de que o
evento já faz parte da agenda dos enge-
nheiros mineiros. O engenheiro eletri-
cista e diretor de Exportação da Toshiba,
José Humberto Rodrigues Pereira disse
que foi convidado para o evento onde o
tema obordado foi de grande importân-
cia para a empresa em que trabalha.
“Temos muitos problemas para expor-
tar agora devido ao câmbio, tributação e
gargalos logísticos. O produto brasileiro
está sofrendo a concorrência de corea-
nos, indianos e chineses”, destaca. Para
ele, a abordagem de temas do gênero é
sempre importante para os engenheiros.
O engenheiro eletricista e diretor da
Briskom, empresa da área de teleco-
municações, Adilson Carvalho Batista,
também marcou presença na última
edição do SME 12:30. “Achei ótimo,
primeiro pelo tema. Eu também tive a
oportunidade de encontrar muitos co-
legas”, comenta.
Embora as questões abordadas pelos pa-
lestrantes não afete a sua empresa, é
sempre interessante ouvir personalida-
des da área econômica brasileira.
Aluno do curso de Engenharia Elétrica
da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Bernardo Afonso Salomão de
Alvarenga Filho, disse que teve uma
oportunidade impar de ouvir os dois pa-
lestrantes. “Não vejo esse tipo de tema
abordado na universidade. Como estu-
dante, acho que os pontos abordados
devem ser considerados já que estou me
preparando para entrar no mercado de
trabalho”, ressalta.
A solução para o processo crescente de
desindustrialização do Brasil passa, se-
gundo os palestrantes, pela mudança da
tributação e pelo incentivo às empresas
que geram empregos no País.
SME | 12:30Representantes do governoe da iniciativa privada falamsobre a atividade industrial
38
Maurício Lemos é diretor das
áreas Financeira, de Adminis-
tração, de Operações Indiretas
e da Secretaria de Gestão da
Carteira Agrícola do BNDES
Humberto Barbato é
Presidente da Associação
Brasileira de indústria
eletríca e eletrônica -
ABINEE
João Camilo Penna e Humberto Barbato
José Ciro Mota, Maue Ailton Rica
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José Andrade Neiva, José Ciro Mota, Adilson Batista Carvalho e Samy Kopit
Ailton Ricaldoni, Maurí cio Lemos e João Camilo Penna Maurí cio Lemos e Vereador Tarcísio Caixeta
José Luiz Nobre Ribeiro e Aloi sio Vasconcelos João Camilo Penna e Ronaldo GusmãoMaurí cio Lemos, Ailton Ricaldoni
e Marcos de Assis MartinsJoão Camilo Penna e Humberto Barbato
José Ciro Mota, Maurí cio Lemose Ailton Ricaldoni Eduardo Paoliello, Maurício Lemos e Humberto Almeida Ronaldo Vasconcellos e Maurício Andrade
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40
Formado pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC Minas)
há 12 anos, o engenheiro eletricista
Fabiano Panissi, 38 anos, é aquele tipo
de profissional que acompanha o mercado e,
sobretudo, suas demandas e processos de mudança.
Para tanto, especializou-se em três áreas chaves –
Engenharia Ambiental, Manutenção e Segurança do
Trabalho – que têm dado a ele a oportunidade de
construir uma carreira completa que tem como
base a necessidade de adquirir conhecimento e ex-
periência. “Todas as especializações que fiz são
áreas afins. Manutenção e engenharia elétrica têm
grande afinidade. A engenharia ambiental é uma
tendência do presente/futuro e tudo, na engenharia,
envolve a segurança do trabalho”, explica.
Mas o estudo não é tudo na vida do engenheiro que
tem uma visão sistêmica da carreira que escolheu.
Para ele a formação desse profissional não começa
após a colação de grau, mas ainda na universidade,
seja por meio de estágios ou experiências que permi-
tam que o estudante se aproxime da realidade da
atividade. “Engenharia é trabalho em equipe. O meu
trabalho é um entre muitos que compõem uma en-
grenagem. Se faltar esse dente, trava tudo”, ressalta.
Foi a partir daí que ele decidiu abrir espaço na
agenda para a experiência associativista, em uma
entidade que representasse os profissionais do
setor de engenharia. A Sociedade Mineira de
Engenheiros (SME) acabou encantando o então
estudante que começou a frequentar a “casa” às
sextas-feiras, por causa das palestras gratuitas
sobre temas atuais que interessam aos engenhei-
ros, com direito a troca de experiências e debates.
Desse primeiro contato vieram outros. Ele descobriu
que na SME estava entre os seus iguais, mesmo sendo
estudante. “Comecei a interagir com os engenheiros já
formados e aprendi a discutir e debater engenharia.
PERFIL | FABIANO PANISSI
Engenheiro reservaespaço na agenda para aexperiência associativista
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:55 Page 40
41
Aqui não tem chefe e nem a figura do estagiário. Todos
são tratados de forma igual”, analisa. Ao receber o
convite para se tornar sócio, ele não hesitou.
Primeiro, participou da Comissão de Energia e depois,
da que aborda temas ligados às Telecomunicações e In-
formática. Depois de ser Conselheiro Regional Do
CREA-MG pela SME e Coordenador do CREA-MG Jú-
nior em 2011, ele integrou a chapa da atual diretoria
da SME, onde ocupa o cargo de Diretor de Assuntos
Institucionais. Para Panissi, a experiência de conhecer
profissionais de renome no mercado tem sido muito
interessante para a sua formação como engenheiro.
“Antes de chegar à diretoria, tive 10 anos de partici-
pação e empenho”, afirma.
Para o engenheiro, é fundamental que os recém-for-
mados e jovens engenheiros se aproximem das enti-
dades que os representam. “Via SME eles conseguem
ter um “norte” para começar a carreira com o pé direito.
E isso fica ainda mais fácil quando se pode conversar
com colegas que já estão com 20, 30 ou 40 anos de
formados, que já acertaram e erraram e que têm co-
nhecimento suficiente para nos passar”, comenta.
Além da rede de contatos e da possibilidade de estu-
dar temas de relevância para a engenharia, a participa-
ção em entidades de classe também abre um leque de
oportunidades para os profissionais, independente do
estágio em que estão na carreira.
Para Panissi, a participação na SME é uma troca
de experiências única, já que envolve engenheiros de
diversas gerações e áreas. Os mais experientes ajudam
os mais novos a determinar o próprio rumo. Os mais
novos, que chegam com mais energia, aplicam os conhe-
cimentos que estão sendo repassados a cada encontro.
“A SME promove esse “casamento”, conclui.
Fabiano Panissi, 38 anos, engenheiro
eletricista, formado pela PUC Minas,
acompanha o mercado e, sobretudo,
suas demandas e processos de mudança.
FOTO
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BENS
TÁV
ORA
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:56 Page 41
“A inversão de valores e a importância da engenharia
OPINIÃO | MILTON GOLOMBECKOPINIÃO | MILTON GOLOMBECK
42
Vivemos em uma sociedade na
qual são valorizados predominan-
temente as aparências e o gla-
mour. Modelos, cantores, atores
e atletas se sobrepõem, com seus
valores, a outros valores essen-
ciais ao progresso da condição
humana e à melhoria da quali-
dade de vida. Mas o problema
não é apenas brasileiro; é fenô-
meno universal, com algumas
raras exceções.
Não se pode esquecer que basi-
camente tudo o que utilizamos
em nosso dia a dia - meios de
transporte, tais como rodovias,
ferrovias, aeroportos, edifícios
residenciais, espaços para abrigar
hospitais, escolas, centros cultu-
rais etc., tudo isso são projetados
pela inteligência de arquitetos e
engenheiros. A engenharia, em
meu entendimento, é a maior
responsável pelo progresso da
humanidade em todos os campos
do conhecimento humano. O
futuro não depende das celebri-
dades, muitas das quais alegram e
satisfazem o nosso dia a dia, mas,
sim, dos cientistas, pesquisadores
em todas as áreas, tecnólogos e
engenheiros que continuam a
construir as condições para um
futuro melhor.
Na mesma semana em que os
jornais, revistas e TVs gastaram
páginas e horas para mostrar e
comentar as roupas e joias usa-
das na entrega do Oscar, foi dado
o prêmio Russ Prize - equiva-
lente ao Nobel de Engenharia -
para os engenheiros Earl Bakken
e Wilson Greatbatch. Contudo,
nenhum comentário apareceu na
mídia a respeito disso. E essas
personalidades, foram os inven-
tores do marca-passo. Graças a
elas, atualmente mais de 4 mi-
lhões de pessoas estão vivas. São
instalados mais de 400 mil
marca-passos por ano no mundo.
Na inauguração das grandes
obras de Engenharia costumam
aparecer as autoridades even-
tualmente de plantão. Mas os
nomes dos engenheiros e dos
projetistas que as projetaram e
construíram, invariavelmente são
negligenciados e esquecidos.
Quando muito, são divulgados
nos nomes das construtoras.
Nos folhetos de venda dos imó-
veis e coquetéis de lançamentos
aparecem os paisagistas, decora-
dores de interiores e imobiliá-
rias. Mas não aparecem os nomes
das empresas de Engenharia en-
volvidas nos projetos de estrutu-
ras, fundações e instalações.
Por Milton Golombeck
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:56 Page 42
43
A engenharia é encarada quase
como um mal necessário. Só
somos lembrados quando ocor-
rem catástrofes e acidentes em
obras. Nestas horas, todos que-
rem identificar os engenheiros
responsáveis. É nossa, a responsa-
bilidade de mudar este quadro, va-
lorizando nossa profissão, fazendo
com que as conquistas da Enge-
nharia sejam reconhecidas e dei-
xem de ficar em terceiro plano.
Esta falta de reconhecimento e va-
lorização tem consequências dire-
tas nas remunerações dos serviços
de engenharia. As imobiliárias, que
não tem nenhuma responsabili-
dade pelas edificações, nem pelo
seu desenvolvimento, recebem 6%
do valor geral de vendas (VGV)
enquanto todos os projetos de en-
genharia da obra somados repre-
sentam no máximo 2% do VGV.
Pior: ninguém discute os gastos
com corretagem. Em compensa-
ção discutem os custos de projeto
e das soluções de Engenharia.
Trata-se de uma total e absoluta
Inversão de Valores! Com o cres-
cimento da economia no Brasil,
cada vez mais a nossa profissão
será necessária. Com mais de 40
anos de atividade, passando por
vários planos econômicos, posso
afirmar que escolhi a profissão ideal.
Precisamos de mais engenheiros e
tecnólogos urgentemente. A valo-
rização da profissão fará com que
mais estudantes se interessem em
entrar num dos campos mais desa-
fiadores e gratificantes das ativida-
des humanas: a engenharia!
Milton Golombek é presidente daAssociação Brasileira de Empresas deProjetos e Consultoria em EngenhariaGeotécnica (ABEG) .
Consultor de Fundações , com mais de
35 anos de experiência.Sócio-Diretor
da Consultrix, emprêsa líder na área
de Consultoria de Fundações, com 57
anos de existência, tendo projetado
mais de 10.000 obras em todo Brasil:
edificios, pontes, indústrias, shopping
centers, viadutos, obras especiais.
Presidente pela 3ª vez da Associação
Brasileira de Empresas de Consultoria
Geotécnica (ABEG).
“Milton Golombek
“
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:56 Page 43
A Sociedade Mineira de Engenheiros – SME abre inscrições gratui‑tas para o Prêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação para osestudantes regularmente matriculados nos cursos de graduaçãode instituições de ensino superior em Minas Gerais nas áreas deEngenharia, Arquitetura e Agronomia.
O regulamento está disponível no site: www.sme.org.br/premioou pode ser solicitado por e‑mail: [email protected]
21º Prêmio SME de Ciência,Tecnologia e Inovação
Inscrições até 10 de setembro de 2012
www.sme.org.br/premio
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Minas Gerais viveu
nos anos 70 um
extraordinário e
bem sucedido
processo de Industrialização.
Muitas razões explicam esta ex-
plosão de desenvolvimento in-
dustrial. Uma delas, sem dúvida,
foi o aparato institucional de
apoio e promoção estruturado
pelo governo mineiro à época.
Com importância estratégica, o
CETEC se destacava neste apa-
rato, ao l ado do Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais
(BDMG), CEMIG, Instituto de De-
senvolvimento Industrial (INDI),
Companhia de Desenvolvimento
Industrial (CDI), Fundação João
Pinheiro (FJP) e o Centro de
Apoio à Pequena e Média Em-
presa – o CEAG, do qual se ori-
ginou o SEBRAE-MG.
Neste momento, a comemora-
ção dos 40 anos de fundação do
CETEC nos oferece a oportuni-
dade de refletir sobre a realidade
da indústria mineira e brasileira.
Na década de 70, especialmente
no Estado, o objetivo era acele-
rar o processo de fortaleci-
mento e diversificação de sua
indústria, o que, à exceção de
São Paulo, valia também para as
demais regiões do país.
Quatro décadas depois, o grande
desafio é frear e reverter o pro-
cesso de desindustrialização, que
fragiliza a indústria nacional, mina
a competitividade das empresas
brasileiras nos mercados interna-
cionais e escancara o nosso mer-
cado interno a produtos
importados das mais diversas
origens, sobretudo os de alta in-
tensidade tecnológica e, por-
tanto, de maior valor agregado.
É neste contexto que deve ser
considerada a união entre o
CETEC e o SENAI de Minas Ge-
rais. Estou convencido de que
esta parceria vai viabilizar a cria-
ção, no Estado, de um dos maio-
res e mais importantes centros
de inovação e desenvolvimento
tecnológico do País: o Centro de
46
PONTO E CONTRA PONTO | CETEC
Por Olavo Machado Junior | Presidente da FIEMG
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:56 Page 46
Desenvolvimento Tecnológico do Brasil: o
CETEC-SENAI. Essa iniciativa conta com o
apoio incondicional do governador Antônio
Anastasia e dos secretários Nárcio Rodrigues,
de Ciência e Tecnologia, e Renata Vilhena, do
Planejamento. Nessa solidária parceira unem-
se, portanto, o governo do Estado e a indústria
mineira, representada pela Fiemg.
É, com certeza, a união de dois gigantes na área
da inovação, do desenvolvimento tecnológico,
da formação e qualificação de recursos huma-
nos em nível de excelência. É, também, um tra-
balho que começa imediatamente e se apóia,
sobretudo, na valorização do capital humano do
CETEC e do SENAI, um patrimônio de valor in-
calculável constituído por técnicos e cientistas
que se destacam entre os mais qualificados do
País. O compromisso maior é com a competi-
tividade de Minas Gerais e de sua Indústria.
A sinergia entre a indústria mineira, com o
SENAI, e o Governo do Estado, com o CETEC,
proporcionará o desenvolvimento de soluções
inovadoras, promoverá a difusão do conheci-
mento científico e tecnológico e garantirá a
formação de profissionais para suprir as em-
presas mineiras na demanda por soluções tec-
nológicas essenciais à sua competitividade. O
CETEC é um grande e importante patrimônio
a serviço da indústria de Minas Gerais e da so-
ciedade mineira e o seu bem mais valioso é
exatamente o seu quadro de colaboradores
formado por técnicos, especialistas e cientistas
de alta qualificação e que vêm somar-se aos
profissionais do SENAI de Minas Gerais.
A parceria CETEC/SENAI, que já produz efeti-
vos resultados, vai nos permitir intensificar o
processo de inovação tecnológica na indústria
mineira, influindo e interferindo na realidade
que ainda faz do Estado, predominantemente,
um produtor de commodities minerais e agrí-
colas. Estes, evidentemente, são setores funda-
mentais para Minas e também para o País como
fonte generosa de geração de divisas, mas o
fato é que Minas precisa diversificar e agregar
valor à sua indústria.
Olavo Machado
Junior é
presidente
da FIEMG
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48
A parceria CETEC/SENAI tam-
bém vai estimular a consolidação,
no Estado, de uma indústria com
setores intensivos em inovação e
diferenciação de produtos, cons-
truindo base segura para saltos
na qualificação de nossos recur-
sos humanos, no aprimoramento
da produtividade e na agregação
de valor aos produtos mineiros,
com reflexos diretos sobre os
ganhos de mercado, mais expor-
tações, internacionalização da
economia e melhoria dos salários
e renda gerada na economia.
Minas Gerais tem potencial em
vários setores intensivos em
tecnologia e devemos explorar
mais esse caminho. Vale destacar
o crescimento da participação
da indústria mineira de máqui-
nas e equipamentos, máquinas e
material elétrico, e equipamen-
tos eletrônicos, de informática e
médico-hospitalares, entre ou-
tros, no Valor Bruto da Produ-
ção estadual. São sinais de que,
aos poucos, uma convergência
de fatores vem tornando o
Estado mais competitivo e atra-
t i vo para a produção nos
segmentos de mais alta intensi-
dade tecnológica.
A união CETEC – SENAI, sem
dúvida alguma, irá gerar uma si-
nergia ainda maior nessa dire-
ção, contribuindo para produzir
conhecimento e, assim, fortale-
cer setores capazes de diversifi-
car a pauta produtiva estadual.
Até nas cadeias produtivas dos
setores da mineração e metalur-
gia, nas quais Minas apresenta
vantagens competitivas espe-
ciais, há espaço para iniciativas
objetivas que podem melhorar
os processos produtivos e de
agregação de valor aos produtos
f ina i s . En f im, com abso luta
cer teza, a indústria de Minas vai
ganhar em compet i t iv idade
– e ganha muito - com a união
CETEC/SENAI.
Soma-se a esta importante par-
ceria a criação do Programa de
Apoio à Competitividade da In-
dústria Brasileira, anunciado re-
centemente pela Confederação
Nacional da Indústria. A inicia-
tiva irá investir R$ 1,9 bilhão de
reais na ampliação da base de
operação do Senai em inovação
tecnológica em todo o país. Esse
valor será destinado à constru-
ção de 23 institutos de inova-
ção, 38 institutos de tecnologia,
53 centros de formação profis-
sional, reforma, além da amplia-
ção de 250 escolas e a aquisição
de 81 unidades móveis. Com o
investimento, a oferta de vagas
oferecidas atualmente pelo
Senai irá praticamente duplicar,
passando dos atuais 2,5 milhões
para mais de quatro milhões de
vagas até 2014.
A boa notícia para os mineiros
é que o estado será o primeiro
a receber o aporte financeiro,
em um montante total de R$
260 milhões de reais. Esse valor
será destinado ao Cetec/Senai e
à construção de três institutos
de inovação, três institutos de
tecnologia, sete centros de for-
mação profissional e a aquisição
de outras quatro unidades mó-
veis, voltadas ao atendimento de
todas as regiões do estado. Esta
estrutura irá somar à mantida
atualmente pelo Senai, repre-
sentada por 86 unidades fixas,
31 unidades móveis e 30 labora-
tórios de prestação de serviços
para a indústria, 122 mil matrí-
cular anuais e mais de 200 mil
atendimento em serviços técni-
cos e tecnológico prestados às
empresas.
PONTO E CONTRA PONTO | CETEC
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:56 Page 48
Étolice argumentar
sobre a importân-
cia da parceria Go-
verno/Empresa no
processo de desenvolvimento
do país. Experiências interna-
cionais já dirimiram dúvidas que
porventura pudessem existir.
Falta então, entender com cla-
reza, o sentido da palavra par-
ceria. Certamente não é
substituição de um parceiro
pelo outro nem tão pouco du-
plicação de esforços para alcan-
çar o desenvolvimento
econômico e social sustentável
desejado. Parceria, neste sen-
tido, almeja conjugação de es-
forços visando somar sinergia
de ambos os setores. Os gover-
nos, municipal, estadual e fede-
ral têm missão a cumprir nesta
parceria e não lhes é lícito ab-
dicar dela. Da mesma forma, a
empresa depende de um es-
forço conjugado para crescer.
Não deve e não pode desempe-
nhar papéis inerentes ao go-
verno. Não há como um
segmento substituir o outro
sem comprometer interesses
nacionais, com graves conse-
qüências para o bem estar dos
cidadãos ou a estagnação do
processo de desenvolvimento
econômico e social.
Teve ampla divulgação, na mídia
americana, a missiva ao Presi-
dente Clinton, assinada por de-
zesseis executivos de grandes
corporações americanas, aler-
tando-o para uma provável
perda de liderança tecnológica
do país caso se confirmasse
anunciada redução de orça-
mento para pesquisa. Este papel
de vigilância acontece naquele
país respaldado pelo volume de
recursos aplicados pela em-
presa americana em P&D. Só no
ano 2000 ela investiu mais de
cento e oitenta milhões de dó-
lares em pesquisa. Destes, 98%
nos próprios laboratórios das
Por Paulo Gazzinelli | Ex-diretor do Cetec
É melhor
estar aproximadamente certo
do que precisamente errado
J. J. Steiner - 1696
““
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:56 Page 49
empresas. Aqui, a empresa na-
cional investe muito pouco em
pesquisa e os Governos não
têm a manutenção de seus labo-
ratórios como prioridade. Se
compararmos com outros esta-
dos do país Minas Gerais se
situa entre quinto e sexto luga-
res no que se refere a itens
como custeio em C&T em rela-
ção à receita estadual; ao nú-
mero de pesquisadores por
milhão de habitantes e à expor-
tação de produtos intensivos
em tecnologia; dentre outros.
Tudo que falamos até aqui tem
a ver com o Convênio assinado
em 2011 pela Direção do
CETEC e a Direção do SENAI
sob interveniência do Estado.
Criado em março de 1972, para
dar apoio ao Parque Industrial
local, o CETEC preencheu la-
cuna existente, diagnosticada
pelo INDI. No seu início de
operações o CETEC teve con-
tratos com clientes importantes
a exemplo da - VALE, ACESITA,
CBMM, FIAT, Cia Mineira de Me-
tais CEMIG, COPASA. dentre
outras. Projetos de grande im-
portância para o Governo como
a concentração do fosfato de
Araxá, estudos de uso da ma-
deira para fins energéticos, ga-
seificação de madeira e carvão
vegetal, projetos de pesquisa na
área ambiental e no Programa
Nacional do Álcool são apenas
algumas das inúmeras contribui-
ções do CETEC para a socie-
dade Acordos internacionais
fizeram do CETEC uma referên-
cia nacional e internacional.
Entretanto, devido à incapaci-
dade dos sucessivos governos
em perceber a sua importância
para o nosso desenvolvimento
tecnológico fez com que o
CETEC se esvaziasse nestes 40
anos de existência. Perdeu, pela
prática de política salarial não
condizente com o mercado, a
massa crítica necessária para a
produção e materialização do
conhecimento tecnológico em
bens e processos industriais e
para a busca de conhecimento
das potencialidades do nosso
Estado.
Resta então a pergunta: Como o
convênio com o SENAI poderá
ajudar o CETEC na sobrevivência
50
PONTO E CONTRA PONTO | CETEC
Paulo Gazzinelli
é ex-diretor do
Cetec e consultor
em planejamento
e gestão de C&T
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:56 Page 50
como uma entidade produtora de
inovações, suporte tecnológico
aos vários segmentos do Parque
Industrial do Estado e desenvol-
vimento de estudos de baixa
rentabilidade imediata, mas
grande potencial para oportuni-
dades futuras?
A FIEMG, mantenedora do
SENAI, é mantida por recursos
de contribuição dos Sindicatos
Patronais afiliados. Eles se senti-
rão propensos em investir em
projetos de cunho social como a
análise de água para hemodiálise
feita pelo CETEC para a rede
hospitalar mineira? E o elevado
custeio dos levantamentos de
potencialidades da nossa biodi-
versidade e riquezas minerais?
Como ficará a questão do sigilo
de desenvolvimentos tecnológi-
cos de interesse governamental
passando o CETEC a ser gerido
por entidade privada? Como se
dará o controle público de re-
cursos do Tesouro Nacional e
Estadual geridos por entidade
privada? O SENAI presta rele-
vantes serviços à nação na for-
mação de mão de obra técnica
para a Indústria, mas não tem
qualquer tradição em pesquisa
tecnológica. Treinar jovens em
disciplinas técnicas é muito dife-
rente de inovar para competir.
O Presidente da FIEMG, em re-
cente artigo, afirma que haverá
aporte de recursos para o
SENAI-MG de R$260 milhões
que permitirão, com o apoio do
CETEC, construir - o “Instituto
SENAI de Inovação”, três Institu-
tos de inovação, três de tecnolo-
gia, sete centros de formação
profissional e quatro unidades
móveis. E a quem caberá a sua
manutenção ao longo do tempo?
Isso significa que o Governo está
abdicando de seu dever constitu-
cional de promover o desenvol-
vimento tecnológico no Estado?
Para quem desconhece este
valor informamos: é o orça-
mento da FAPEMIG de apenas
um ano e mal dá para cobrir des-
pesas de pesquisa - sem contar
salários - que envolvem congres-
sos, bolsas, material de consumo
e equipamentos nas universida-
des públicas e Institutos de Pes-
quisa do Estado. Como se vê, as
perguntas são muitas.
O que a sociedade gostaria de
avaliar são planos e dados, quanti-
ficados com a necessária transpa-
rência para por fim à sensação de
que o patrimônio público, cons-
truído em quarenta anos não está
sendo transferido para as mãos de
alguns sindicatos patronais sem
benefícios visíveis para ela.
Paulo Gazzinelli
O SENAI presta relevantes serviços à nação na
formação de mão de obra técnica para a indústria, mas não tem
qualquer tradição em pesquisa tecnológica. Treinar jovens em
disciplinas técnicas é muito diferente de inovar para competir.
““
REVISTA MINEIRA DE ENGENHARIA_ SME_edição 13 rio+20:Layout 1 01/06/2012 17:56 Page 51
52
ART | A Responsabilidade Civil do Engenheiro
ART-0086
LEMBRE-SE!
Ao preencher o campo
“entidade de classe” na ART,
escolha a SME através do có-
digo 0086. Assim, você ajuda
a SME a representar a enge-
nharia e oferecer os melhores
cursos, serviços, convênios e
produtos para você.
De acordo com a Lei Federal 6496
de 07 de dezembro de 1977, todo contrato
para prestação de serviços por engenheiro,
agrônomo, geógrafo e meteorologista, seja
ele profissional autônomo ou com vínculo
empregatício, está sujeito à Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART.
O documento deve ser preenchido
e assinado pelo profissional e pelo seu con-
tratante, para registro no Conselho Regional
de Engenharia, Agronomia - CREA da região
onde os serviços serão executados.
Além de ser uma necessidade legal,
o profissional, ao registrar os projetos de
sua autoria no CREA ao longo da carreira,
forma um acervo técnico de propriedade
legal, reconhecido pelas empresas na análise
de seu currículo.
Parte da taxa recolhida para o regis-
tro da ART é destinada à entidade de classe
escolhida por opção do profissional, para
aplicação em projetos de valorização da pro-
fissão e do profissional e de outras ativida-
des associadas às suas atividades. O
formulário para preenchimento dos dados
está disponível no site do CREA-MG, mas o
registro pode ser feito pela internet.
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CARREIRA | MERCADO PROFISSIONAL Oportunidades no mercado
equalizadas com as expectat
Não há carreira que traduza me-
lhor o ritmo de crescimento eco-
nômico que a engenharia. Há cinco
anos a profissão voltou ao seu
lugar de origem – o topo – o que
tem se configurado como oportu-
nidades de trabalho rentáveis, não
apenas para quem está ingres-
sando no mercado, mas para aque-
les que já têm algum nível de
experiência adquirida, como técni-
cos ou gestores.
De acordo com o consultor da
Pricewaterhouse Coopers (PwC),
especialista em Recursos Huma-
nos (RH), Roberto Martins, embora
o mercado esteja demandando
cada vez mais engenheiros – com
direito a salários bem competitivos
– cabe ao profissional “tomar a
rédea” da gestão de sua carreira. E
isso começa com os jovens profis-
sionais. “O profissional que pre-
tende ingressar no mercado de
trabalho deve ter visão clara do
que ele espera da sua carreira e
qual o tipo de trabalho pelo qual
tem interesse. O trabalho tem que
agradar”, afirma.
As ofertas de vagas para recém-
formados e os anúncios sedutores
para programas de trainne cha-
mam a atenção dos chamados
“novos talentos”. Da mesma
forma, o engenheiro que pretende
melhorar seu desempenho tam-
bém fica interessado por oportu-
nidades e desafios. Afinal, em
algum momento, a perigosa “zona
de conforto” cansa.
É hora de enviar currículos atuali-
zados e participar de processos de
seleção nos quais a empresa vai
analisar a experiência e o perfil do
profissional para determinada vaga.
No entanto, o profissional não
pode se esquecer de que não está
se vendendo, mas a sua força de
trabalho.
Por isso, antes de enviar um currí-
culo, é importante pesquisar a em-
presa para saber se, apesar do
trabalho e do cargo importante, o
profissional terá identidade com a
cultura, o nível de pressão e os va-
lores que a companhia requer de
seus funcionários. “Buscas na inter-
net, conversas com a rede de ami-
gos e colegas de profissão podem
dar boas pistas para o candidato”,
destaca.
Depois de anos de carreira na
mesma empresa, o profissional se
pergunta se chegou ao topo, como
sonhou quando foi aprovado na-
quele teste de seleção dificílimo e
começou a trabalhar e a fazer cur-
sos de aperfeiçoamento patrocina-
dos pela companhia.
Segundo Miranda, as empresas têm
atuado para auxiliar os profissio-
nais a avaliarem as carreiras. Algu-
mas usam a velha receita de
promover os técnicos especialistas
em gestores de área. Mas esse não
é o único caminho, já que a car-
reira em Y, que permite que tanto
Roberto Martins é consultor da PricewaterhouseCoopers(PwC) eespecialista em Recursos Humanos
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os empregados da área técnica quanto
aqueles que têm perfil para gestão pos-
sam continuar crescendo. “No passado,
tinha-se a visão de que a pessoa só cres-
cia na carreira se fosse promovido a ges-
tor. Hoje, as companhias estão mapeando
suas próprias necessidades e criando um
modelo de carreira que abre possibili-
dade para os técnicos que podem chegar
a consultores”, exemplifica.
No comparativo com os gestores, esse
modelo permite que ambos tenham o
mesmo ritmo de ascensão salarial, inclu-
sive. Em termos de hierarquia, de-
pois de determinado momento, eles atingem
o mesmo nível.
Depois de anos de trabalho e com um
networking respeitável, o engenheiro
decide que chegou a hora de ter o
seu CNPJ. “Ser dono da própria
empresa requer novas compe-
tências que ele não usa
quando é intraempreendedor
já que tem suporte da compa-
nhia para entregar as metas pro-
postas”, lembra. Para Miranda, o
empreendedorismo particular vai
exigir do engenheiro maior com-
preensão e paciência já que, no iní-
cio, tudo será centralizado nele.
A carreira não acaba com a apo-
sentadoria. Com o aumento
crescente da demanda de
mercado por profissionais
experientes, muitas companhias não se
intimidaram em buscar os seniores. “A
visão da aposentadoria está mudando. O
engenheiro aposentado volta para o
mercado para dar suporte e transmitir o
conhecimento que acumulou em anos
de serviço, principalmente para os ini-
ciantes. Com essa operação, as compa-
nhias conseguem equalizar seu quadro
de funcionários, unindo profissionais de
diferentes gerações e saberes.
O importante, em todos os estágios da
carreira é o gosto pelo trabalho.. Para a
psicóloga, professora universitária e
coordenadora do Ibmec Carreiras, Jaqueline Silveira
Mascarenhas, esse é o profissional que vai sempre desta-
car sobre os demais.
Para tanto, basta responder a algumas perguntas. O que
eu quero para minha vida profissional? Qual é, para mim,
a melhor empresa para se trabalhar? Quais as competên-
cias eu preciso aprimorar para atender às expectativas da
empresa hoje e mais à frente? Do que estou disposto a
abrir mão ou não?
“Responder a essas questões é assumir e fazer gestão da pró-
pria carreira. É munir-se de conhecimentos técnicos e inter-
pessoais, através de cursos e especializações em instituições
de ensino que tenham programas acadêmicos sólidos e em
consonância com as exigências do mercado, mas sem perder
de vista as suas expectativas e anseios profissionais”, analisa.
Por isso, o principal é buscar aquela oportunidade que
mais agrada e desenvolver, aprimorar as competências
necessárias para atingir esse objetivo,lembra Jaqueline
Mascarenhas.
ades no mercado devem ser
com as expectativas dos engenheiros
shut
erst
ock
Jaqueline Silveira Mascarenhas é
psicóloga, professora universitária e
coordenadora do Ibmec Carreiras
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Para um pedestre, atravessaruma estrada movimentada em qual-quer lugar do mundo é uma atitudetemerária. Mas pode ser igualmenteperigoso fazer o mesmo numa rodo-via de pouco movimento como a BR040, na altura do trevo de Paracatu(MG), onde tudo aconteceu. Foi exa-tamente nesse ponto que, segundorelato do engenheiro Rodrigo Ger-mani, ocorreu o fato que passoagora aos leitores.
Numa bela tarde do ano de1988, quando o Dr. Rodrigo, que àépoca trabalhava para a Rio Para-catu Mineração, chegava à empresapara o turno de trabalho, o veículoque o transportava foi parado notrevo por um bloqueio da Policia Ro-doviária. Pela multidão de curiososque se aglomerava no local, ficavaóbvio que ocorrera um acidente,mas curiosamente não havia veículoenvolvido. Provavelmente um atro-pelamento.
O bando “sapos” quetentava se inteirar do acon-tecido era composto, nasua maioria, por fun-cionários da em-presa, à qual sejuntou o Dr. Ro-drigo minutosdepois, sem con-seguir abrir cami-nho até a vitima. Masesse problema para o
Dr. Rodrigo acabaria não sendopara o Otaviano, conhecido detodos os “sapos”, pois trabalhavahá tempos na empresa.
Otaviano era carioca, e comotal, exibia as características clás-sicas dos nativos do Rio de Ja-neiro: puxava o “esse”, erafalante, muito simpático, adoravaser animador de “fila”, mas noseu caso específico adicionavauma outra, muito própria: era tãocurioso quanto um arqueólogo.Por essa razão, sentiu-se tentadoa abrir caminho rapidamente atéa vitima, o que não foi difícil,dadas as “ombradas” aplicadasnos demais, que naturalmentelhe abriam passagem ao ouvir osbrados de “Dá licença! Sou parenteda vitima”!
A estratégia funcionou muitobem, como era de se esperar. Emsegundos, Otaviano chegou ao alvoda sua curiosidade. Para suagrande surpresa e espanto, ao invésde um pedestre, jazia no asfalto uminocente burro, desses puxadoresde carroça. Surpreso e desapon-tado, Otaviano abandonou a cena datragédia tipicamente “à francesa”,cabisbaixo e silencioso.
Os repetidos brados de “Sou pa-rente da vítima”, no entanto, nãoforam esquecidos pelos demais cu-riosos, que não o perdoaram. DeOtaviano, passou desse dia emdiante a ser chamado de “Parenteda Vitima”, alcunha que nunca maiso abandonou...
COLABORADORES DO CASO VERÍDICO
Rodrigo Augusto Campos Germani, 50 anos, graduado em Engenharia
de Minas pela UFMG, atualmente é Gerente
de Desenvolvimento de Negócios da SNC – Lavalin, Canadense.
Eduardo Rubens F. Távora, Médico, especialista em Nefrologia e Transplantes Renais; ex- Profes-sor Adjunto deClinica Médicada Faculdade de Medicina da
UFMG.
CAUSOS DA ENGENHARIA Por Eduardo Rubens F. Távora
“Dá licença! Sou parente da vitima”!
Participe e envie seu “causo” para [email protected]
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o Rubens F. Távora
Homenagem da Sociedade Mineira de Engenheiros. Por um Brasil melhor.
Com 60 anos de exemplo de comprometimento no setor de energiaelétrica, a CEMIG sempre se destacou na ousadia e no pioneirismo.A sua capacidade de gestão de qualidade aliada à sua competência técnicatranspôs os limites do estado e hoje a CEMIG torna‑se uma empresamultinacional trazendo orgulho e desenvolvimento para os Mineiros.
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O Sistema FIEMG acredita que uma indústria sustentável
se constrói através da competitividade, da inovação
e da responsabilidade. Ser sustentável é ser competitivo.
É produzir mais e melhor. É conquistar o mercado global e se preparar
para um mundo cada vez mais exigente. Ser sustentável é ser inovador.
É investir em novas tecnologias. É incentivar estudos e pesquisas
para o desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços.
Ser sustentável é ser responsável. É fazer da economia verde e da
preservação da natureza uma realidade. É buscar processos de produção
cada vez mais limpos. É promover a educação em todos os níveis
e lugares. É investir em cultura, esporte, saúde e lazer. A sustentabilidade
é assim: está na maneira como pensamos o mundo. No caminho que
escolhemos para a nossa indústria.
Indústria sustEste é o nosso com
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Um investimento da indústria
entável
o
reparar
ovador.
sas
viços.
da
produção
is
tabilidade
o que
a sustentável.osso compromisso.
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