Revista mineira de engenharia 32ª Edição

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MEIO AMBIENTE Licenciamento ambiental em xeque MINAS GERAIS: POLO NACIONAL DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NOVAS TECNOLOGIAS Construtoras investem em novos canais de comunicação e relacionamento ENTREVISTA Leonardo Dias de Oliveira EVENTO Vem aí a 73ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia ANO 7 | EDIÇÃO 32 | ABR - JUN - 2016 ISSN 2447‑813X FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

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MEIO AMBIENTE Licenciamentoambiental emxeque

MINAS GERAIS: POLO NACIONAL DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

NOVAS TECNOLOGIAS Construtoras investem em novos canais de comunicação e relacionamento

ENTREVISTALeonardo Dias de Oliveira

EVENTO Vem aí a 73ª Semana Oficialda Engenharia eda Agronomia

ANO 7 | EDIÇÃO 32 | ABR - JUN - 2016

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XFECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

Page 2: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

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Gestão de NegóciosAdministração de Compras e Suprimentos

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Engenharia de Custos e OrçamentosEngenharia LogísticaEngenharia de ManutençãoEngenharia de Processos IndustriaisEngenharia de VendasEngenharia de PlanejamentoEngenharia de Empreendedorismo

Engenharia de SoftwareGestão e Tecnologia da InformaçãoAnálise de Sistemas Orientada a Negócios

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EXCLUSIVO

Page 3: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Um velho sonho acalentado por inú-

meros associados da Sociedade Mi-

neira de Engenheiros está prestes a se

transformar em realidade. Em 2016,

após 11 anos, a SME estará, finalmente,

de volta à sua tradicional sede, locali-

zada na Rua Timbiras, nº 1514, no

Bairro de Lourdes, em Belo Hori-

zonte. Mesmo sendo limitadíssimos

os recursos financeiros disponíveis,

comparados ao montante estimado

para a recuperação integral do pré-

dio, demos início, neste primeiro se-

mestre, a uma reforma parcial com

vários propósitos a serem alcança-

dos, a curto prazo. Além de prover

espaço para o funcionamento admi-

nistrativo da SME, vamos dispor de

áreas para a realização de eventos or-

ganizados pela Diretoria e pelas Co-

missões Técnicas da SME e, inclusive,

para a cessão remunerada a profissio-

nais e empresas, na perspectiva de que

a entidade alcance o imprescindível

equilíbrio econômico-financeiro de

sua gestão.

Estão em reforma o 1º andar (hall de

entrada), local de eventos realizados

em passado recente, como o SME

12:30 e o Projeto Ponto x Contra-

ponto, e de cessão remunerada para

casamentos, festas, etc.; o 2º andar,

coração da Sociedade, com a implan-

tação de um novo auditório para 38

pessoas e o 3º andar, com a recupe-

ração do auditório para 44 pessoas.

Colocamos o foco nesses objetivos já

que ampliar a reforma para o restante

do 3º andar e para os 4º, 5º e 6º an-

dares exigiriam recursos financeiros

inexistentes na entidade, e que só se-

riam viabilizados por meio de parce-

rias. A SME deseja realizar essas

parcerias e tem feito diversas tratati-

vas, infelizmente, sem sucesso, até o

momento.

Fazem parte do nosso projeto, a

médio prazo, a instalação de um café

gourmet como ponto de encontro

dos engenheiros e, ainda, a utilização

do espaço do hall para a instalação de

uma galeria de arte. O que pretende-

mos, futuramente, é que esse espaço

seja integrado ao Circuito Cultural da

Praça da Liberdade.

Se por um lado, temos muitos planos

pela frente, por outro, já superamos

diversas dificuldade que surgem natu-

ralmente, quando se pretende refor-

mar um prédio de mais de 30 anos de

idade: promovemos a substituição in-

tegral do telhado da edificação; fize-

mos a impermeabilização de todas as

áreas externas, a exemplo de varan-

das e do primeiro piso; substituímos

por tubos de PVC os canos de ferro

fundido instalados quando da cons-

trução do prédio; estamos recupe-

rando as esquadrias enferrujadas e

com vazamento; retiramos camadas

de contrapiso, visando instalar pisos

de granito e porcelanato, sem gam-

biarras.

Trata-se de uma reforma parcial, mas

que está sendo feita com todo zelo

para que as áreas reformadas pos-

sam ser usadas com total segurança

e operacionalidade. E, por certo, es-

tamos, sim, à disposição de todos

aqueles que julguem que possam co-

laborar nesta difícil, mas imprescin-

dível jornada de retorno à sede da

SME.

Mudanças e Oportunidades

O primeiro semestre deste ano, ficará

marcado, também, pelas mudanças

ocorridas na esfera política no plano

nacional. Sob o ponto de vista dos in-

teresses da engenharia, destacamos

as medidas recém-anunciadas (e que

carecem de aprovação do Congresso

Nacional) pela equipe econômica do

Presidente Interino.

A retomada de investimentos e do

desenvolvimento econômico são cru-

ciais para fortalecimento da Engenha-

ria. Se estamos ainda distantes disso

(se não é possível dizer se chegamos

ao fundo do poço ou não), pelo

menos a sinalização é positiva no sen-

tido da redução da deterioração da

economia, ou seja, no ritmo de se

cavar um poço que poderia ser ainda

maior.

Nesta edição, abordamos algumas

iniciativas que estão gerando novas

oportunidades para a engenharia e

para os engenheiros. Recomenda-

mos a leitura de artigo que trata do

desenvolvimento regional, na Região

do Médio Sapucaí, por meio de coo-

peração intermunicipal, com o apoio

de centros de ensino e empresas

privadas, e dos que tratam da explo-

são das startups mineiras, cuja capa-

citação alcançou o reconhecimento

nacional e internacional, com grande

poder de agregação de profissionais

de engenharia.

As oportunidades, sob diversos as-

pectos, voltam a existir, muito em-

bora, em intensidade aquém do que

gostaríamos. É preciso estar aberto

às mudanças e se movimentar, pois,

afinal, disposição e otimismo não

fazem mal a ninguém!

EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

3

Um pouco de Otimismo

Augusto Drummond

Presidente da SME

Page 4: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

4

COMPROMISSO COM VOCÊ!

A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio de

sua equipe, tem desenvolvido uma série de traba‑

lhos para atender cada vez mais e melhor a cada um

dos associados.

Em seus 85 anos de existência, a SME trabalha para in‑

tegrar, desenvolver e valorizar a Engenharia, a Arqui‑

tetura, a Agronomia e seus profissionais, contribuindo

para o aprimoramento tecnológico, científico, socio‑

cultural e econômico.

COMPROMISSO COM O FUTURO

Aprimoramento profissional e a inovação tecnológica

também têm sido uma das grandes bandeiras da SME

para oferecer os melhores serviços para você.

Por meio de nosso site, da Revista Mineira de Engenha‑

ria e da produção de eventos, a SME tem se tornado,

cada vez mais, um canal aberto para ouvir suas suges‑

tões e para representar seu interesse no setor.

VENHA PARA A SME

Mais informações: www. sme.org.br ‑ (31) 3292 3962 ou [email protected]

ApoioPublicação

Augusto Celso Franco DrummondPresidente

Alexandre Francisco Maia BuenoVice-Presidente

José Ciro MotaVice-Presidente

Luiz Henrique de Castro CarvalhoVice-Presidente

Marita Arêas de Souza TavaresVice-Presidente

Virgínia Campos de OliveiraVice-Presidente

Alexandre Rocha ResendeDiretor

Antônia Sônia Alves Cardoso DinizDiretora

Fabiano Soares PanissiDiretor

Humberto Rodrigues FalcãoDiretor

Janaína Maria França dos AnjosDiretora

José Andrade NeivaDiretor

Krisdany Vinicius Santosde Magalhães CavalcanteDiretor

Marcelo Monachesi GaioDiretor

Túlio Marcus Machado AlvesDiretor

Túlio Tamietti Prado GalhanoDiretor

CONSELHO DELIBERATIVO

Ailton Ricaldoni LoboPresidente

ConselheirosAlberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Fernando Henrique Schuffner NetoFlavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia NetoJorge Pereira RaggiJosé Raimundo Dias FonsecaLevindo Eduardo Coelho NetoLuiz Celso Oliveira AndradePaulo Henrique Pinheiro de VasconcelosRodrigo Octávio Coutinho FilhoWilson Chaves Júnior

CONSELHO FISCAL

Carlos Gutemberg Junqueira AlvimPresidente

ConselheirosAlexandre Heringer LisboaJoão José Figueiredo de OliveiraJosé Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos

Coordenador EditorialJosé Ciro Mota

Jornalista ResponsávelLuciana Maria Sampaio MoreiraMG 05203 JP

Revisão EditorialJalmelice Luz ‑ MG 3365 [email protected]

Projeto Gráfico / DesginBlog ComunicaçãoMarcelo Távora [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Depto. Comercial Blog Comunicação & [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 99133 8590

Tiragem: 10 mil | trimestralDistribuição Regional (MG)Gratuita

Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andarSanto Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP ‑ 30170‑917Tel. (31) 3292 3962 [email protected] www.sme.org.br

Page 5: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

18ENTREVISTA Leonardo Dias de Oliveira

24ARTIGOPoluição sonoranas cidades grandes

DESENVOLVIMENTO Responsabilidade social e cooperação estratégica para combater a corrupção

ECONOMIA Prudência e planejamentopara vencer a crise

53METRES DE ENGENHARIA60 anos de graduação, seisintegrantes da classe de 24 estudantes

32EVENTOFoz do Iguaçu sediará a 73ª edição da SOEA

34

36

MARKETING Construtoras apostam em novas tecnologias para atrair e fidelizar clientes

P&D Drones para monitorar áreas de erosões e cobertura vegetal8

MEIO AMBIENTE Mudanças na Política Nacional de Meio Ambienteestão em curso

48JOVEM ENGENHEIRO Pedro Henrique Moura Costa

START UPS Comunidade de San Pedro Valley, uma experiência promissora

46ARTIGO | CDS/SME

Comitê de Desenvolvimento

Sustentável da SME

INOVAÇÃO Movimento de startups se consolida em Belo Horizonte

12

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50

Page 6: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

6

NOTAS DO SETOR

SEGURANÇA DO TRABALHO

Novidades à vista na Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG). A maior instituição de ensino superior do Estado

planeja para breve mudar os currículos da graduação. Se

aprovadas as alterações, a meta é fazer com que os calou-

ros de 2018 tenham grades mais flexíveis, que “conversa-

rão” entre si e com uma abrangência maior de aprendizado.

Pela proposta da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), cursos e áreas

afins terão entrada única e trajetos comuns até determinado mo-

mento da formação, para só depois deixar o caminho livre para a es-

pecialização do estudante, que poderá optar ainda por uma linha

genérica de formação. Esses moldes dão possibilidade até

mesmo de obtenção de um segundo diploma e de cursar

disciplinas na pós-graduação. A expectativa é conseguir re-

duzir, com o novo modelo, o número de vagas ociosas. As

mudanças serão discutidas com a comunidade acadêmica e

ficará a cargo de cada colegiado aderir ou não. Elas serão

feitas gradativamente, em um processo sem prazo para terminar. Es-

tima-se que, até meados de 2017, de quatro a cinco áreas consigam

se reorganizar para implantar as novas configurações já em 2018.

A engenheira Consuelo Bethonico Máximo foi homenageada com

a Medalha Christiano Ottoni, em 21 de maio/16, quando das co-

memorações dos 105 anos de fundação da Escola de Engenharia

da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segunda mu-

lher a receber a comenda, instituída pelo Governo de Minas Gerais em 1961, Consuelo Bethonico contou que foi incentivada a escolher

esse curso pela engenheira Beatriz Alvarenga, que se tornaria professora da UFMG e, em 1996, primeira mulher agraciada com a Medalha.

Na solenidade, também foram homenageados os engenheiros da Escola graduados nas turmas de 1956, 1966 e 1991, que comemoram

neste ano, respectivamente, jubileu de diamante, ouro e prata. Foi lembrado ainda o centenário de formatura da primeira turma de alunos,

em 1916. O diretor da Escola, professor Alessandro Fernandes Moreira, fez pronunciamento em nome dos 310 formandos das turmas

de 1991. A Escola de Engenharia formou, ao longo dos anos, mais de 24 mil engenheiros e cerca de quatro mil mestres e doutores. Hoje

a Escola tem 13 departamentos, 11 cursos de graduação, dez programas de pós-graduação, cerca de 5.500 alunos de graduação, 1.250 de

mestrado e doutorado e 600 de especialização.

MUDANÇA DE CURRÍCULO

Estão abertas as inscrições para o 18º Prêmio de

Segurança do Trabalho, destinado a empresas as-

sociadas ao Sindicato da Indústria da Construção

Civil no Estado de Minas Gerais (SINDUSCON-

MG) e ao Serviço Social da Indústria da

Construção Civil no Estado de Minas Gerais

(SECONCI-MG). A iniciativa reconhece empresas

e funcionários que busquem aumentar a segurança

nos canteiros. As categorias voltadas a empresas

são: Empresa Prevencionista e Certificado de Em-

presa Prevencionista, em que são avaliadas as ade-

quações do canteiro à NR 18, do Ministério do

Trabalho e do Emprego (MTE), por meio do soft-

ware SEGCON. O programa também é utilizado

para eleger a vencedora na categoria Empresa

Destaque na Área de Vivência. O SEGCON é um

sistema desenvolvido pelo SECONCI-MG que re-

laciona elementos da obra a itens da norma regu-

lamentadora, além de indicar normas complemen-

tares. Ele pode ser acessado em qualquer compu-

tador, tablet ou smartphone. As obras devem estar

em execução nas cidades de Belo Horizonte,

Betim, Contagem, Lagoa Santa e Nova Lima, além

de inscritas no Programa Brasileiro de Qualidade

e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Os interes-

sados têm até o dia 17 de junho para inscrever-se.

As inspeções nos canteiros de obras serão reali-

zadas pelo Departamento de Segurança do traba-

lho do SECONCI-MG, entre 1º de julho e 30 de

setembro de 2016.Mais informações no site

http://www.sinduscon-mg.org.br.

Na tribuna, à direita, o diretor da Escola de Engenharia, Alessandro Moreira.

À mesa, a partir da esquerda: estudante Vítor Vaz, servidora Rejani Apare‑

cida Andrade, vereador Tarcísio Caixeta, secretário de Transportes e Obras

Públicas, Murilo Valadares, vice‑diretor Cícero Starling, professor Pedro

Viana, engenheiro e presidente da SME, Augusto Drummond e professor

Bernardo Lopes.

Ao lado da filha Maria Flávia Máximo, a engenheira Consuelo Bethonico

recebeu o diploma e a medalha Christiano Ottoni do secretário de

Transportes, Murilo Valadares

MEDALHA CHRISTIANO OTTONI

Fonte: Jornal Estado de Minas

Page 7: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

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VALE DA ELETRÔNICA

ATIVIDADES/SME

SEMINÁRIO DE ARBITRAGEM

A indústria do polo eletroeletrônico do Sul de

Minas terá acesso a até R$ 50 milhões em cré-

dito por meio do Fundo de Investimento em

Direitos Creditórios (FIDC). O Fundo de In-

vestimento em Direitos Creditórios funcionará

por meio da Companhia de Desenvolvimento

Econômico de Minas Gerais (Codemig). Os

aportes de até R$ 50 milhões serão parcelados

em 36 meses, para o setor eletroeletrônico, no

polo de Santa Rita do Sapucaí – que engloba também os municí-

pios de Pouso Alegre, Varginha e Itajubá e é integrado por mais

de 150 empresas. O FIDC em Santa Rita do Sapucaí terá como

gestor o Bancoob Sicoob, vencedor de processo licitatório, que

será o responsável por atrair, cadastrar e realizar as operações

financeiras junto às empresas. A ideia

é proporcionar às empresas abrangidas

pelo Arranjo Produtivo Local (APL) a

possibilidade de obtenção de crédito

de forma mais vantajosa e econômica.

A Federação das Indústrias do Estado

de Minas Gerais (FIEMG) será parceira

no projeto. O Vale da Eletrônica de

Santa Rita do Sapucaí é formado por

três instituições de ensino e 153 empresas de setores, que vão

da informática à telecomunicação, e geram 14 mil empregos di-

retos e indiretos. Não por acaso, o lugar é comparado ao Vale do

Silício, polo tecnológico na Califórnia, nos Estados Unidos, criado

na mesma época, nos anos 1950.

Reunião dos

integrantes do

Comitê de

Desenvolvimento

Sustentável da SME,

dirigida pela

vice‑presidente e

engenheira Virgínia

Campos.

Reunião da diretoria da

SME, em 21 de março de

2016, para para discutir a

formação de engenheiros.

Houve a participação de

convidados, a exemplo dos

engenheiros Aécio Lira,

Gerônimo Bastos, Carlos

César Lima, Vitor Percival

Andrade, Antônio Carlos

Cabral e Lázaro Pôrto.

No dia 20 de junho de 2016, a Câ-

mara de Mediação e Arbitragem

(CMA) do Conselho Regional de En-

genharia e Agronomia de Minas Ge-

rais (CREA-MINAS) realiza o IV

Seminário Nacional de Arbitragem, Construção & Infraestrutura, tra-

zendo como tema o Comitê de Resolução de Disputas (CRD). Em

sua 4ª edição, o Seminário apresenta novas técnicas para solucionar

pleitos nos contratos. Previsto o lançamento, durante o evento, do

Livro: CRD - COMITÊ DE RESOLUÇÃO DE DISPUTAS nos Contra-

tos de Construção e Infraestrutura (Uma abordagem prática sobre a

aplicação de Dispute Boards no Brasil).

MINERAÇÃO NO SÉCULO XXI

O Instituto de Desenvolvi-

mento Integrado de Minas

Gerais (INDI), o Banco de

Desenvolvimento de Minas

Gerais (BDMG) e a Secre-

taria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas

Gerais em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) realizaram, no dia

15 de junho, o Fórum de Desenvolvimento e Tecnologia

para a Sustentabilidade Econômica e Ambiental do setor

de Mineração em Minas Gerais. Mais informações no site

www.indi.mg.org.br.

A vice-presidente da SME, Engª Marita Ta-

vares, coordenadora do Prêmio SME de

Ciência, Tecnologia e Inovação, recebeu na

sede da entidade, o estudante do 5º pe-

ríodo de Engenharia de Controle e Auto-

mação (UFMG), Lucas Fiuza. Ele é

presidente da Consultoria e Projetos Elé-

tricos (CPEJr.) e quis conhecer um pouco

mais da entidade e do Prêmio CT&I. Par-

ticipou da reunião o diretor da SME,

Engº Fabiano Panissi.

Page 8: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

P&D

8

UFLA USA DRONES PARA

MONITORAR ÁREAS DE

EROSÕES E COBERTURA VEGETAL

Pesquisa desenvolvida no Departamento de Ciên-

cia do Solo (DCS/UFLA), mais precisamente com

os alunos do Programa de Pós-Graduação tem

usado Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs)

– popularmente conhecidos como drones – para fazer o

monitoramento de áreas de erosão e de cobertura ve-

getal, no próprio campus e em localidades próximas.

O coordenador do projeto é o engenheiro agrônomo,

Marx Leandro Neves Silva, doutor em Ciência do Solo, es-

pecialista na área de Conservação do Solo e da Água e

professor de diversos cursos (Engenharia Ambiental, En-

genharia Agrícola e Agronomia. Bolsista do CNPq por

produtividade científica, desde 1997, ele afirma que é um

criador de oportunidades e que os estudantes da institui-

ção devem aproveitar a experiência nessa pesquisa, du-

rante o processo de formação profissional.

“O talento desse projeto está nos alunos. Em nossos expe-

rimentos, temos constatado que o equipamento é uma

opção interessante para o monitoramento de erosões por

deslocamento de massa, de forma preventiva, ou para realizar

Marx Leandro Naves Silva,

professor de Engenharia

Ambiental, Engenharia

Agrícola e Agronomia.

Luciana Sampaio Moreira

Page 9: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

9

levantamento de risco de áreas onde já

ocorreram deslizamentos”, afirma.

Em casos como o rompimento da

barragem do Fundão, em Mariana, se

essa tecnologia tivesse sido usada,

seria possível prever a evolução das

fendas e rachaduras, afirma. O des-

moronamento que destruiu a região

Serrana do Rio de Janeiro, em 2011,

também poderia ter sido evitado por-

que há como monitorar a evolução

de sinais de uma ocorrência do gê-

nero, segundo Marx Silva.

Regulamentação do uso

O uso de drones no mercado, prin-

cipalmente para a confecção de ima-

gens e levantamento topográfico,

tem crescido no Brasil. No entanto,

a Agência Nacional de Aviação Civil

(ANAC) está em processo de legali-

zação do equipamento, que está di-

vidido em três classes, com base no

peso da máquina.

De acordo com o professor, o drone

usado na UFLA é da classe 3 e tem

peso inferior a 25 quilos. “Voamos

em ambientes restritos e o uso é ab-

solutamente controlado dentro do

campus”, afirma. O equipamento foi

adquirido com recursos da Fundação

de Amparo à Pesquisa no Estado de

Minas Gerais (FAPEMIG) e tem um

sistema que interrompe o funciona-

mento nas proximidades de grandes

aeroportos. A segurança do projeto

deve-se também à capacitação dos

alunos para diferentes funções, como

a pilotagem.

Inspiração

O estudo feito na UFLA é uma exten-

são de uma pesquisa similar realizada

na Universidade de Lancaster, na In-

glaterra, no programa de dupla-titula-

ção do doutorado, firmado entre as

duas instituições. Lá, os equipamentos

foram usados para monitorar e cole-

tar materiais em vulcões, para preve-

nir ocorrências de terremotos e

erupções.

Em países europeus, onde há avalan-

ches, o monitoramento das áreas

segue a mesma lógica. Quando são

detectados sinais de um fenômeno de

grandes proporções, equipes especia-

lizadas vão até o local para fazer pe-

quenos deslizamentos e reduzir a

gravidade da ocorrência.

Pau

lo IS

cold

Page 10: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

10

“É possível observar essas áreas porque o deslocamento

da neve começa sutilmente”, exemplifica.

“Estive lá e conheci a iniciativa do professor Mike James e

trouxe para o Brasil para fazer o manejo e conservação

de solo e água, para dar respostas para a população que

mora no entorno dessas áreas”, ressalta. Os resultados

têm sido positivos.

Esses equipamentos possuem um grande campo de aplica-

ção em ciências agrárias, como parte do monitoramento

e estudo de pastagens, áreas agrícolas, florestas e regiões

de interesse ambiental. Essa aplicação permite detectar

pragas, acompanhar o desenvolvimento da plantação e, até

mesmo, contar as unidades plantadas na propriedade.

Outra aplicação é a medição da composição do ar e de ní-

veis de poluição e sua dispersão em áreas rurais, urbanas

e industriais. Além disso, serve para a inspeção de grandes

estruturas, monumentos, levantamento de ocupação ur-

bana e prospecção topográfica, mineral e arqueológica.

Versatilidade

O drone da UFLA também tem sido usado para um pro-

jeto desenvolvido em Extrema, no Sul de Minas, para a con-

servação do solo, água e vegetação da sub-bacia dos rios

Jaguari/Camanducaia, que abastecem o Sistema Cantareira.

“Temos conscientizado os produtores agrícolas locais

para a importância de preservar a água em suas pro-

priedades, para que as fontes naturais continuem em

atividade. A medida pode evitar ocorrências de proble-

mas no abastecimento do recurso, como aconteceu nos

últimos anos”, destaca.

Em Itumirim, município vizinho a Lavras, a equipe mo-

nitora a erosão nas margens do Reservatório do Funil.

A equipe é composta por quatro estudantes de pós-

graduação (Bernardo Moreira Cândido, Adnane Be-

niaich,Pedro Velloso Batista, Fabio Arnaldo Avalos e

Paulo Siqueira Junior); quatro estudantes de graduação

(Wellington de Lima, Andre Alexandre Botega, Daniel

Acosta Tovio e Lorena Silva Pereira), além de um estu-

dante do Ensino Médio, Leandro Boari Naves Silva,

orientado na modalidade Iniciação Científica Junior/vo-

luntário - piloto do VANT.

Eles estão aliando o conhecimento teórico sobre prá-

ticas conservacionistas do solo e as tecnologias de sen-

soriamento remoto, por meio de imagens 3D utilizadas

em softwares modernos. “Essa é a nova geração de pro-

fissionais que serão responsáveis pela conservação dos

solos, em especial, em áreas cultivadas no País”, projeta

Marx Silva.

O drone da UFLA tam‑

bém tem sido usado

para um projeto desen‑

volvido em Extrema, no

Sul de Minas, para a

conservação do solo,

água e vegetação da

sub‑bacia dos rios Ja‑

guari/Camanducaia

P&D

Page 11: Revista mineira de engenharia 32ª Edição
Page 12: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

INOVAÇÃO

12

Movimento de startups seconsolida em Belo Horizonte

Desafio ou oportu-

nidade? Os dois.

Falar sobre star-

tups, no atual ce-

nário de crise, é

apontar para diversos caminhos

que, trilhados de forma correta, dis-

ciplinada e profissional, podem re-

sultar em projetos de sucesso. Com

um modelo de gestão baseado em

empreendedorismo e dinamismo,

onde as possibilidades de erro e

risco são partes integrantes do ne-

gócio, essas empresas que nascem

encubadas ganham “corpo” para

conquistar o mundo, com propostas

de produtos e serviços inovadores.

Segundo dados da Associação Brasi-

leira de Startups (ABS), existem

4.172 empresas do gênero cadastra-

das pela instituição criada, em 2011,

para fortalecer o ambiente de negó-

cios do setor. Delas, 359 estão em

Minas Gerais, o segundo maior Es-

tado no ranking nacional, atrás de

São Paulo, que tem 1.294. Esse mer-

cado movimenta aproximadamente

R$ 2 bilhões ao ano. A meta do setor

é chegar, em 2.035, com participação

de 5% do Produto Interno Bruto

(PIB).

O trabalho de divulgação desse mo-

delo de negócios que, na verdade, é

uma tendência mundial, passa por

uma quebra de paradigma do mer-

cado de trabalho. Esse novo modelo

aponta para o empreendedorismo

como uma possibilidade de carreira

sustentável para profissionais de vá-

rias áreas, sobretudo aquelas ligadas

a tecnologia.

Além do trabalho desenvolvido para

dar suporte às micro e pequenas

empresas, o SEBRAE Minas também

é um dos parceiros das startups no

Estado, com um programa especial

para atender às demandas de gestão

desse novo perfil de empresário.

Segundo o gerente de Inovação e

Sustentabilidade do SEBRAE Minas,

Anízio Dutra Vianna, o projeto Iden-

tidade Startups foi desenvolvido para

estimular a cultura desse tipo de ne-

gócios para o ambiente corporativo.

Por meio da oferta de consultoria em

diversas áreas do Mercado, Finanças

e de RH, a entidade possibilita aos

empreendedores de primeira viagem

e, também, àqueles que têm organi-

zações consolidadas, a oportunidade

de fazer o modelo de negócios de

suas empresas sob uma nova ótica”,

adianta. Além de Belo Horizonte,

outras oito regionais do Estado

recebem esse tipo de consultoria.

Luciana Sampaio Moreira

Page 13: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Etapas da criação

O processo de criação de uma startup tem quatro

fases. A primeira é a curiosidade do empreendedor

que se dispõe a quebrar paradigmas, e criar algo novo

para o mercado. Além dos jovens recém-saídos da uni-

versidade, empresários experientes que pretendem re-

formular a modelagem dos seus negócios para ganhar

produtividade e competitividade, podem fazer parte

desse grupo. “Criou-se o conceito de que startup é

apenas para jovens. Mas a cultura de startup e a remo-

delagem de um negócio podem ser úteis para

qualquer empresa, de qualquer setor”, destaca

Dutra.

A segunda fase é a Ideia-Ação voltada para os em-

preendedores que têm um projeto considerado

viável, mas não sabem como transformá-lo em ne-

gócio. O SEBRAE Minas oferece cursos variados

para auxiliar esse momento, onde as decisões

devem ser tomadas. A terceira etapa é a operação,

quando a empresa passa a ter seu modelo de ne-

gócio, clientes, faturamento e CNPJ.

A quarta e última fase é o aprimoramento dos conhe-

cimentos de gestão, vendas, qualidade e, ainda, busca

de parceiros para incrementar o negócio. “Ao auxiliar

o processo de transformação de inovações em negó-

cios, o SEBRAE Minas contribui para a diversificação

da matriz econômica de Minas Gerais e, também, para

a atração de novos investimentos”, aponta o gestor.

Para fomentar o ambiente de negócios, a instituição

promove encontros de negócios, agendas de relacio-

namento com fundos de capital de risco.

13

4.172 STARTUPS NO BRASIL

1.294 SÓ NO ESTADO DE SÃO PAULO

MINAS TEM 359 STARTUPS, SENDO O 2º MERCADO NACIONAL

STARTUPS FATURAM R$ 2 BILHÕES AO ANO

EM 2035, STARTUPS VÃO REPRESENTAR 5% DO PIB

Anízio Dutra Vianna,

gerente de Inovação e

Sustentabilidade do

SEBRAE Minas

Page 14: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

14

Sobrevivência

Mas nem tudo são flores. O gargalo do sistema é que

não há, no Brasil, um sistema de capital empreendedor

(leia-se capital de risco) maduro. Em fase inicial, há li-

nhas de crédito do Banco de Desenvolvimento de

Minas Gerais (BDMG), como o Pro-Inovação e Propi-

tec, que têm taxas de juros mais competitivas. Há, tam-

bém, o Criatec, do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES), mas os investidores ainda

têm certo receio de investir em startups. Na Europa,

Ásia e, também, nos Estados Unidos da América (EUA),

esse já é um projeto consolidado.

“O primeiro investimento é o capital anjo ou semente,

para começar a startup. A dificuldade está no segundo

ou terceiro aportes para que a empresa consiga solu-

cionar problemas de mercado e gerar uma nova eco-

nomia”, explica. Para Vianna, políticas de metas e

incentivos fiscais podem auxiliar os projetos de star-

tups. Da mesma forma, um programa de mentoria bem

estruturado é outro desafio para a sobrevivência des-

ses pequenos negócios.

Uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral

(FDC), em 2014, revelou que a mortalidade das star-

tups brasileiras alcança média de 75%, em três anos

de atividades. Comparando a realidade do País com a

dos EUA, que é considerado um dos melhores ecos-

sistemas de startups do mundo, segundo o The Startup

Ecossystem Report, os números são próximos de 70%

de fracasso, em 20 meses, após o primeiro investi-

mento.

Ainda conforme o estudo, existe uma grande dificul-

dade em mensurar a morte de uma startup, devido a

dinâmica desse tipo de negócio. Há que se considerar,

também, a necessidade de mostrar apenas resultados

positivos, o que interfere no grau de sucesso desses

empreendimentos, e ao desconsiderar o potencial de

aprendizado que se tem com as falhas de empreende-

dores que não evoluíram.

INOVAÇÃO

Uma pesquisa realizada pela Fundação Dom

Cabral (FDC), em 2014, revelou que a mor‑

talidade das startups brasileiras alcança

média de 75%, em três anos de atividades.

Page 15: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

15

Ambiente de crescimento

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa no

Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Evaldo Vilela, res-

salta que a instituição apoia diretamente os ambientes

que abrigam as startups, ou seja, incubadoras, acelera-

doras, parques tecnológicos, programas do SEED e ou-

tros, que fazem a seleção dos projetos que serão

abrigados até alcançar condições favoráveis para in-

gressar no mercado formal.

Nesse ponto, a inovação cabe em qualquer setor de atua-

ção e motiva, ainda, que as universidades e institutos tec-

nológicos incentivem pesquisas de mestrado e doutorado,

que possam se transformar em melhorias para o setor

produtivo ou para a sociedade. O custo é mais baixo por-

que não é preciso licitar ou comprar patente. Atualmente,

um percentual das vendas é direcionado para o inventor.

No cenário mundial, o Brasil está atrasado. A falta de ca-

pital de risco para investimentos tem feito com que muitas

startups e cérebros com ativos migrem para outros países.

“A nova indústria brasileira está sendo perdida por não

nos organizarmos e não entendermos a real profundidade

do movimento das startups. A dificuldade em aceitar o

novo tem atrasado o País e, também, a vida das pessoas”,

alega Evaldo Vilela.

Para ele, as empresas mais tradicionais e consolidadas

ainda têm a “cabeça” analógica e, portanto, não compreen-

dem esse novo mundo de possibilidades. Em muitos casos,

compram essas organizações como oportunidades de ne-

gócios para, depois, “sufocá-las” em uma engrenagem,

onde inovação não existe na prática.

Segundo o dirigente, nesse movimento, o erro é parte da

estratégia corporativa. Essa é uma hipótese aceita em todo

o mundo. Nos EUA, por exemplo, há ambientes que só

aceitam projetos que já foram malsucedidos. Dessa forma,

os projetos inscritos estão mais amadurecidos e com uma

rota mais calculada. “Hoje, o profissional é chamado a cor-

rer riscos, errar, cair, fracassar, mas tomar isso como lição,

não o fim da linha”, explica.

Com isso, além de um novo conceito de empresa com

produtos e/ou serviços inovadores, o movimento de

startups também visa criar cidadãos e profissionais me-

lhores para a sociedade, por meio do empreendedo-

rismo. “O empreendedor é mais preparado para a

sociedade e entende melhor o mundo”, completa.

Evaldo Vilela, presidente da Funda‑

ção de Amparo à Pesquisa no Estado

de Minas Gerais (FAPEMIG)

Page 16: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

INOVAÇÃO

A Federação das Indústrias do Estado de Minas

Gerais (FIEMG) lançou, em junho, o seu projeto

FIEMG LAB Novos Negócios. A necessidade de

ganhar competitividade é o que motiva a entidade

a participar ativamente do movimento startups e,

mais que isso, a divulgar esse novo modelo de ne-

gócios para setores econômicos já consolidados.

O assessor da Presidência da FIEMG responsável

pelo desenvolvimento de ecossistemas de startups

com indústrias mineiras, Fábio Veras, explica que é

preciso inspirar o segmento industrial a perceber

que essas pequenas empresas estão literalmente

quebrando setores consolidados, pela eficiência.

“Essa é uma nova cultura que abraça novos com-

portamentos, modelos de negócios e tecnologias”,

define.

O FIEMG LAB Novos Negócios é um projeto

pioneiro no Brasil. “É a primeira vez que uma

Federação das Indústrias desenvolve um projeto

que visa transformar tecnologia em negócios,

para encurtar o tempo de chegada das inova-

ções ao mercado. Por outro lado, permitir a ace-

leração de startups mais maduras para receber

da FIEMG metodologias e benefícios; para a ge-

ração de conexões com grandes empresas do

Brasil e do mundo", explica.

Com esse projeto, a instituição pretende criar

um ambiente de negócios colaborativo, onde

todos os atores atuarão para o bem comum.

Para Veras, empresas já consolidadas devem ser

capazes de observar, conviver, aprender e ajudar,

para alcançar melhores resultados.

Fábio Veras, assessor da presidência da

FIEMG, responsável pelo desenvolvimento

de ecossistemas de startups com indústrias

mineiras.

FIEMG quer levar a cultura de startups para a indústria

Page 17: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

FAÇA A ESCOLHA CERTA

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www.sme.org.brSociedade Mineira de EngenheirosCompromisso com as soluções para um futuro

sustentável da engenharia e bem-estar social.

Page 18: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Anecessidade de

diversificar a

matriz econô-

mica do Estado

tem unido mui-

tas forças. A vo-

cação da capital mineira para as

áreas de Tecnologia da Informação

(TI) e inovação ganhou incentivo

extra do governo do Estado, que,

por meio de parcerias com órgãos

públicos e entidades da iniciativa

privada, tem procurado fomentar

um novo ambiente de negócios e

empreendedorismo na capital. Com

isso, as startups têm ganho espaço

de destaque, não apenas nos sonhos

de muitos jovens egressos do en-

sino superior ou técnico, mas como

modelo de gestão que baseia-se em

inovação, flexibilidade e criatividade,

para gerar melhores resultados.

À frente desse projeto, que desponta

como um dos mais importantes pro-

gramas de desenvolvimento de

Minas Gerais, está o engenheiro ele-

tricista graduado pela Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) e

subsecretário de Tecnologia e Inova-

ção do Estado, Leonardo Dias de

Oliveira. Com experiência em em-

preendedorismo, ele foi fundador da

DM Promoções e gestor da MOV

Promotoras de Ideias. Ele também

foi vice-presidente de Negócios do

BH Convencions & Visitors Bureau e

presidente nacional da Associação

Brasileira dos Produtores de Evento

(ABRAPE). Além de ter atuado com

marketing esportivo, é tutor do por-

tal folia.com.br.

Por que o governo do Estado

decidiu investir nas áreas de

Tecnologia e Inovação?

A economia de Minas Gerais e do

Brasil, de forma geral, ainda é ba-

seada em setores tradicionais.

Diante da variabilidade dos merca-

dos mundiais e do surgimento de

novas atividades, o governo de

Minas entende como essencial a

busca de alternativas de desenvolvi-

mento, e a inovação figura como um

caminho de grandes perspectivas.

Investir em inovação e tecnologia é

incentivar o movimento da econo-

mia, por meio de iniciativas de pes-

soas e empresas dispostas a colocar

em ação uma ideia diferenciada, que

consiga alterar o dia a dia dos cida-

dãos. O ecossistema formado por

elas pode significar uma alternativa

para setores tradicionais, levando

Minas Gerais a resultados que vão

além da mineração e da agricultura,

seguindo exemplos de sucesso de

todo o mundo e impulsionando o

desenvolvimento do Estado.

Isso é parte do projeto ‑ que já

existia ‑ de transformar BH em

um centro de referência nas

áreas tecnológicas (Biotec, TI,

inovação)?

Belo Horizonte vem se destacando

no cenário de inovação, com proje-

tos como o San Pedro Valley, que

reúne diversas startups em um am-

biente de cooperação e troca de ex-

periências. O objetivo do governo é

18

ENTREVISTA | LEONARDO DIAS DE OLIVEIRA

Um grande projeto de desenvolvimento para Minas Gerais

Luciana Sampaio Moreira

Page 19: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

19

Leonardo Dias de Oliveira,

engenheiro eletricista

graduado pela Universidade

Federal de Minas Gerais

(UFMG) e subsecretário

de Tecnologia e Inovação

do Estado de Minas Gerais

Page 20: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

ENTREVISTA | LEONARDO DIAS DE OLIVEIRA

20

atuar efetivamente como agente de

inovação, empoderando ideias pio-

neiras e fortalecendo o universo da

tecnologia. Com o apoio de investi-

dores, empresários, pesquisadores e

instituições, pretendemos levar o in-

centivo à ciência para todo o Estado,

transformando Minas Gerais em

um espaço ideal para projetos ino-

vadores. A visão final é à geração

de empregos e renda para toda a

população, a partir do desenvolvi-

mento de novos setores e da mo-

vimentação da economia.

O projeto em curso antecipa o

futuro ou é uma resposta ao

setor produtivo estadual?

As ações do Governo de Minas Ge-

rais, por meio da Secretaria de Es-

tado de Ciência, Tecnologia e Ensino

Superior (SECTES), buscam inserir o

estado em uma das maiores tendên-

cias econômicas da atualidade. São

diversos os exemplos de sucesso de

países que investiram em inovação e

alcançaram resultados que vão muito

além da economia, fortalecendo a

educação e todo o âmbito social das

regiões envolvidas.

Quando pensamos em estados

como a Califórnia, nos Estados Uni-

dos, por exemplo, vemos a experiên-

cia de uma economia antes baseada

em agricultura e indústrias de defesa,

e que agora tem empresas como

Google e Facebook, bases importan-

tes para a geração de empregos, co-

nhecimento e lucro. Referências no

mercado de tecnologia, esses dois

exemplos começaram como peque-

nas empresas, com ideias que nin-

guém havia pensado, e hoje são dois

dos maiores cases de empreendedo-

rismo do mundo.

Diversificar a economia significa bus-

car alternativas para a população, ge-

rando novos empregos e ampliando

as perspectivas para o futuro. Investir

em inovação é seguir o exemplo de

regiões que estão entrando no fu-

turo mais cedo, alcançando resulta-

dos que impactam diretamente na

área socioeconômica.

Além do governo do Estado,

quais as entidades e instituições

que participam desse projeto?

Como ele é gerido?

O setor de inovação tecnológica é

movido pelo governo, empresários e

instituições de ensino que, juntos,

compõem a chamada Tríplice Hélice.

Para desenvolver projetos efetivos é

necessário incluir todos os agentes,

sendo que cada um deles deve cum-

prir determinada função no desen-

volvimento do setor. A inovação, em

si, é o processo de interação entre

ciência, pesquisa, tecnologia e ensino,

envolvendo instituições diversas.

Sendo assim, a ação do governo é es-

sencial para integrar todos os envol-

vidos, incentivando e possibilitando a

atuação de investidores, empresá-

rios, universidades, pesquisadores,

fundações, aceleradoras, etc.

Além dos órgãos vinculados à SEC-

TES, nossos projetos são planejados

e executados com a parceria de di-

versas entidades e instituições. Hoje,

contamos com a parceria da Fape-

mig, do IGTEC, do IPEM, da UEMG,

da Fundação Helena Antipoff, da

UNIMONTES e de diversas outras

instituições, que atuam em progra-

mas específicos.

Qual é o conceito de startup

adotado pelo projeto?

Entendemos as startups como em-

presas iniciais de base inovadora,

envolvendo um pequeno grupo de

empreendedores focados em pro-

duzir um produto ou solução re-

petível e escalável, ou seja, são

iniciativas de negócios que preten-

dem desenvolver um projeto com

potencial de crescimento, em um

ambiente de extrema incerteza.

Os projetos da SECTES buscam

chegar a startups de todos os níveis

e perfis. O SEED, por exemplo, é

um programa de aceleração de

startups que abre possibilidades

para qualquer ideia, fornecendo in-

centivos financeiros, estrutura e

mentorias para empreendedores

em fase inicial. Outros projetos en-

globados pelo Minas Digital atuam

na formação de futuros empreen-

dedores, com ações voltadas para

educação e capacitação. Empresas

já mais desenvolvidas, também, são

atingidas pelo programa, que conta

com incubadoras e parques tecno-

lógicos, ambientes em que ideias

consolidadas conseguem embasa-

mento para conseguir investimen-

tos e crescer ainda mais.

Page 21: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

21

Atualmente, há quantas star‑

tups no projeto? Há uma previ‑

são de crescimento? Qual o

número que se pretende atingir?

Criado pelo Governo de Minas Ge-

rais, o SEED é um programa de ace-

leração de ideias que busca fortalecer

a cultura empreendedora, acelerar o

desenvolvimento do ecossistema e

incentivar ideias e negócios inovado-

res no Estado. Considerado pela

Bloomberg Foundation um dos grandes

projetos de inovação do setor pú-

blico no mundo, o programa tem

como diferencial a não exigência de

CNPJ ou participação no negócio

criado pelas startups.

Em 2016, acontece a terceira rodada

do SEED, que vai acelerar 40 star-

tups e disponibilizar cerca de R$ 6

milhões em recursos. As inscrições

começaram, em janeiro de 2016, e

superaram os números das duas edi-

ções anteriores. Foram cadastradas

1453 startups de 48 países, somando

mais de 4 mil empreendedores, de

23 estados brasileiros e 52 naciona-

lidades diferentes. Nas primeiras

edições, o SEED já acelerou 73 star-

tups, sendo 53 brasileiras e 20 es-

trangeiras.

Qual a parcela de colaboração

do governo de Estado para in‑

centivar as startups? Há linhas

de crédito disponíveis para esses

projetos? Há planos para expan‑

dir esse projeto para o Estado?

Como isso será feito?

O SEED é apenas um dos projetos

participantes do Minas Digital, um

programa criado pelo Governo de

Minas Gerais, em 2015. Com o ob-

jetivo de investir R$ 1 bilhão até

2025, o programa busca gerar de-

senvolvimento econômico e social

a partir da inovação, economia digi-

tal e criativa. Além do SEED, que é

o único programa público de acele-

ração de startups do Brasil, o Minas

Digital também promove ações

como os Hubs de Inovação, ambien-

tes inspiradores de inovação e ex-

celência corporativa, que serão

distribuídos por 17 territórios es-

tratégicos ao redor do Estado. Os

ambientes contam com espaços de

coworking, cursos na área de tecno-

logia e empreendedorismo, e estru-

tura de mentoria e aceleração para

startups.

A SECTES também está potenciali-

zando as UAITECs, que disponibiliza

infraestrutura e cursos de em-

preendedorismo e tecnologia para

os mineiros, com o objetivo de fo-

mentar o desenvolvimento da cul-

tura empreendedora no Estado.

Fora isso, Minas também conta com

25 incubadoras e três parques tec-

nológicos, ambientes que integram

os agentes de inovação e propor-

cionam estrutura física e gerencial

para empresas em estágio inicial,

aproximando empreendedores, uni-

versidades e investidores.

Diversificar a economia significa buscar alternativas para a po‑

pulação, gerando novos empregos e ampliando as perspecti‑

vas para o futuro. Investir em inovação é seguir o exemplo de

regiões que estão entrando no futuro mais cedo, alcançando

resultados que impactam diretamente a área socioeconômica.

Page 22: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

22

O Programa de Incentivo à Inova-

ção (PII) e os Polos de Inovação são

outros dos projetos englobados

pelo Minas Digital. Além deles, a

Secretaria também promove o SIMI

– Sistema Mineiro de Inovação, que

busca, desde 2006, promover a con-

vergência de ações governamentais,

empresariais, acadêmicas e tecnoló-

gicas para desenvolver a inovação

no Estado.

O Minas Digital também está pro-

movendo diversos eventos ao

longo do ano, com o objetivo de in-

tegrar os agentes de inovação e

gerar sinergia com o público. Entre

eles está o Pint of Science, um festi-

val internacional de divulgação

científica, que leva cientistas para

bares e restaurantes. O festival

aconteceu em Belo Horizonte,

entre os dias 23 e 25 de maio,

como parte das comemorações

dos 30 anos da FAPEMIG.

A área de tecnologia e inovação

está diretamente ligada à com‑

petitividade das empresas. O

projeto do governo aproxima as

empresas do setor produtivo

mineiro? Há cases de sucesso

para citar?

São diversas as experiências de

outros países no ambiente de ino-

vação, tornando visível o potencial

da tecnologia na micro e na ma-

croeconomia. Buscando diversifi-

car as atividades desenvolvidas em

todos os setores, a inovação tec-

nológica é berço de soluções que

direcionam ações positivas e de

alto impacto. A busca por solu-

ções pioneiras gera não só movi-

mentação econômica, mas cria

empregos e gera renda. Além

disso, um ambiente de inovação

atrai empresas e investimentos,

destacando a região enquanto po-

tencial de desenvolvimento.

Hoje, startups mineiras estão levando

suas soluções para todo o País, des-

tacando o nome do Estado no uni-

verso do empreendedorismo. Minas

está em segundo lugar em número de

startups no Brasil e originou casescomo EasyTaxi, Meliuz, Sympla, Hot-

mart e Rock Content. Também nas-

ceu em Minas a primeira empresa

comprada pelo Google fora dos EUA,

a Akwan Information Technologies, star-

tup criada por professores da UFMG

e vendida por US$ 225 milhões.

A inovação interfere em todos os

setores. Produtos e soluções dife-

renciados geram como resultado

alternativas para empresas, gover-

nos e pessoas. Exemplo disso são as

grandes empresas de base tecnoló-

gica que, hoje, interferem direta-

mente na economia e na identidade

de seus países. Da mesma forma,

queremos transformar Minas Ge-

rais em um estado de cultura em-

preendedora e inovadora.

ENTREVISTA | LEONARDO DIAS DE OLIVEIRA

Entendemos as startups como empresas iniciais de base

inovadora, envolvendo um pequeno grupo de empreen‑

dedores focados em produzir um produto ou solução

repetível e escalável, ou seja, são iniciativas de negócios

que pretendem desenvolver um projeto com potencial

de crescimento, em um ambiente de extrema incerteza.

Page 23: Revista mineira de engenharia 32ª Edição
Page 24: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Poluição sonora, saúde pública e engenharia

Apoluição sonora é um importante

problema ambiental e de saúde pú-

blica em áreas urbanas. A Organiza-

ção Mundial de Saúde – OMS[1]

classifica, na Europa, a poluição so-

nora como a segunda maior causa de

doenças, que levam a redução da expectativa de vida das

pessoas que vivem nas grandes cidades. Em primeiro

lugar, está a poluição do ar.

Inúmeros estudos científicos evidenciam que a exposição

ao ruído ambiental resulta em comprometimento cogni-

tivo, distúrbios de sono, zumbido, irritabilidade e mau

humor. Estudos epidemiológicos também correlacionam

doenças cardiovasculares à exposição ao ruído ambiental.

A OMS defini saúde como sendo "um estado de completo

bem-estar físico, mental e social" e reconhece que a ex-

posição ao ruído pode levar a morte prematura.

Apensar de todo esse sólido conhecimento científico

mundial e de a OMS apontar sua relevância, muitos paí-

ses sequer assumem este tema em suas políticas de

saúde pública.

Para definição de estratégias de gestão e elaboração de

planos de ação para o controle do ruído, alguns gover-

nos como o da Alemanha e de outros países europeus,

bem como algumas organizações não governamentais,

desenvolveram avaliações de risco para identificar a ex-

tensão dos potenciais efeitos sobre a saúde de suas po-

pulações, sobretudo, estimando a carga de doenças

devidas à exposição da população ao ruído ambiental.

A OMS[2] estima que pelo menos um milhão de anos de

vida saudável são perdidos, a cada ano, devido à exposi-

ção aos atuais níveis de pressão sonora, devidos ao

ruído ambiental. Estima-se que 61 mil anos de vida são

perdidos pelo desenvolvimento de doenças cardiovas-

culares, 22 mil por zumbido, 903 mil decorrentes de dis-

túrbios no sono, 45 mil por comprometimento cognitivo

das crianças e 654 mil decorrentes de incômodo, irrita-

bilidade e mudança de humor, provocados pela exposi-

ção ao ruído ambiental. Estes números contemplam

apenas a população dos estados-membros da União Eu-

ropeia e da Europa Ocidental, e foram calculados através

de uma metodologia preparada por especialistas do es-

critório regional da OMS para a Europa.

Dentre as diferentes fontes sonoras contribuintes ao

ruído ambiental, o ruído de tráfego urbano é conside-

rado a principal. Mas são preocupantes também os ruí-

dos industriais, de atividades de laser e os ruídos de

ARTIGO | KRISDANY CAVALCANTE

Krisdany Vinícius S. M. Cavalcante

Page 25: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

tráfego aeroviário, ferroviário, metroviário e rodoviário,

principalmente quando registrados em áreas residen-

ciais, escolares e hospitalares.

No Brasil, a primeira Lei a abordar a questão da polui-

ção sonora é datada de 1941, quando o art. 42 do de-

creto-lei 3688/41, instituiu a Lei das Contravenções

Penais e considerou, em seu art. 42 que ”perturbar al-

guém, o trabalho ou o sossego alheio: I – com gritaria

ou algazarra; II – exercendo profissão incômoda ou rui-

dosa, em desacordo com as prescrições legais; III – abu-

sando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV

– provocando ou não procurando impedir barulho pro-

duzido por animal de que tem guarda. Pena: prisão sim-

ples, de 15 dias a 3 meses, ou multa”. Atualmente, no

âmbito federal, o tema é tratado em resoluções do Con-

selho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.

A Resolução CONAMA nº 01 de 1990 especifica que “a

emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer ativi-

dades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, in-

clusive as de propaganda política, obedecerão, no

interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, cri-

térios e diretrizes estabelecidos nesta Resolução”. De-

fine também que “são prejudiciais à saúde e ao sossego

público, para os fins do item anterior aos ruídos com

níveis superiores aos considerados aceitáveis pela

norma NBR 10151”.

Assim, os estudos de licenciamento ambiental e os re-

latórios de monitoramento ambiental sonoro passaram

a aplicar compulsoriamente a ABNT NBR 10151, uma

vez que esta Resolução especifica que “as medições de-

verão ser efetuadas de acordo” com esta norma.

No mesmo ano, a Resolução CONAMA nº 02 instituiu

o Programa Nacional de Educação e Controle da Polui-

ção Sonora – programa “SILÊNCIO”.

No que se refere a emissão de ruído veicular, a Reso-

lução CONAMA nº 01 de 1993 fixou “limites máximos

de ruídos” a serem emitidos por veículos automotores

nacionais e importados, novos e no período de garan-

tia, excetuando-se motos e similares. Já as Resoluções

CONAMA nº 03 de 1993 e nº 418 de 2009, dentre ou-

tras, estabeleceram “padrões de emissão para veículos

em circulação” e “critérios para a elaboração de Planos

de Controle de Poluição Veicular – PCPV e para a im-

plantação de Programas de Inspeção e Manutenção de

Veículos em Uso – I/M”, a serem adotados pelos ór-

gãos estaduais e municipais de meio ambiente em pro-

gramas de Inspeção e Manutenção para Veículos

Automotores em Uso.

Page 26: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

O Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, também,

publicou a Resolução nº 204 de 2006, onde “regulamenta

o volume e a frequência dos sons produzidos por equipa-

mentos utilizados em veículos e estabelece metodologia

para medição a ser adotada pelas autoridades de trânsito

ou seus agentes”.

Em Minas Gerais, a poluição sonora é abordada na Lei Es-

tadual 7302 de 1978, que teve seu art. 2º, foi alterado, em

1990 pela Lei 10100. Essa lei é aplicada a estudos de im-

pacto ambiental e no atendimento às condicionantes am-

bientais de monitoramento pelo executivo estadual.

Apesar de revisada no mesmo ano de publicação da Re-

solução CONAMA 01 de 1990, a lei estadual adota prin-

cípio diferente no estabelecimento de critérios de

avaliação. Conforme seu art. 2º, é admissível a um em-

preendimento produzir até 10 dB acima do “ruído de

fundo, sem tráfego”, desde que este resultado não ultra-

passe a 70 dB e 60 dB, respectivamente nos períodos

diurno e noturno. Este princípio traz prejuízo à saúde e

bem-estar da população residencial e também prejuízo fi-

nanceiro e ao desenvolvimento do setor industrial.

Ao adotar o limite baseado apenas no “ruído de fundo”,

desconsiderando a condição de uso e ocupação do solo

no local avaliado, a Lei 7302 impõe às indústrias localizadas

em áreas de baixa densidade, enormes investimentos no

controle do ruído ambiental.

O prejuízo à saúde da população também é evidente, uma

vez que 10 dB, em escala logarítmica, equivale a uma ex-

posição 3 vezes maior em termos de pressão sonora. Ou

seja, a lei estadual admite o ruído ambiental de um em-

preendimento mascare o “ruído de fundo” existente.

Além dos problemas apontados, a Lei Estadual também

determina o intervalo do período noturno entre 1h e 3h

menor que o estabelecido pelo CONAMA, contrariando

o preceito da hierarquia das normas.

Apesar de Minas Gerais ser um dos poucos estados da

federação a tratar em lei, desde 1978, das permissões,

proibições, limites e penalidades no que tange a emissão

de ruído ambiental, nenhum governo implantou qualquer

estrutura de pessoal e instrumental para fins de fiscaliza-

ção e garantia à aplicação desta lei.

Já o Estado de São Paulo, apesar de não possuir lei es-

pecífica sobre ruído ambiental, através da Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, implan-

tou uma política fiscalizatória a fim de assegurar o

atendimento à Resolução CONAMA 01/90. Esta estru-

tura conta com profissionais instrumentalizados e dis-

tribuídos nas diferentes regiões do estado.

Na esfera municipal, o que se nota é o estabelecimento

de políticas reativas. Em muitas secretarias municipais

de Meio Ambiente as queixas e reclamações de polui-

ção sonora representam 70 % das denúncias ambien-

tais. Reativamente as prefeituras optam por implantar

programas específicas para atendimento às reclama-

ções, a exemplo do PSIU em São Paulo, Disque Silêncio

em Fortaleza e Disque Sossego em Belo Horizonte.

Nestes programas as prefeituras disponibilizam um nú-

mero telefônico para recebimento de denúncias. Uma

vez registrada, a equipe de fiscalização procede a fis-

calização medindo os níveis de pressão sonora junto

ao reclamante. Caracterizada a poluição sonora, o em-

preendimento poluidor é então autuado.

Como são inúmeras as queixas, principalmente aos fi-

nais de semana, quando não atendido pelo executivo,

o reclamante recorre ao Ministério Público Estadual,

através das Promotorias de Meio Ambiente e também

à Polícia Ambiental. Nos casos de regulação federal, a

exemplo do ruído de pousos e decolagens em aero-

portos, tais demandas cabem ao Ministério Público

Federal.

26

ARTIGO | KRISDANY CAVALCANTE

Page 27: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Considerando que a Constituição Federal estabelece

como competência municipal a regulamentação do uso e

parcelamento do solo, é possível aos municípios a adoção

de políticas públicas preventivas, assegurando os preceitos

estabelecidos pelo CONAMA e pela OMS.

Neste sentido a prevenção de conflitos decorrentes de

poluição sonora é possibilitada pela compatibilização dos

Planos Diretores e das leis de uso e ocupação do solo

com os critérios recomendados pela ABNT NBR 10151,

referenciada pela Resolução CONAMA 01/90.

A ABNT NBR 10151, em sua versão vigente desde 2000,

estabelece metodologia para medição dos níveis de pres-

são sonora bem como “fixa as condições exigíveis para

avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, in-

dependente da existência de reclamações”. Os níveis de

critério de avaliação são fixados, à cada período-horário,

de acordo com os tipos de áreas, ou seja, de acordo com

a predominância observada na ocupação do solo.

Esta norma, especifica que os períodos diurno e noturno

“podem ser definidos pelas autoridades de acordo com

os hábitos da população. Porém, o período noturno não

deve começar depois das 22 h e não deve terminar antes

das 7 h do dia seguinte. Se o dia seguinte for domingo ou

feriado o término do período noturno não deve ser antes

das 9 h”.

Os limites são especificados em nível de pressão sonora

contínuo equivalente ponderada em A – LAeq, em dB, para

cada tipo de área a cada período, conforme tabela 1:

Alguns municípios seguem diretamente esse preceito, a

exemplo da lei nº 2007 de 2007 de Nova Lima, MG. Ou-

tros referenciam a aplicação da Resolução CONAMA

01/90, como em Contagem, MG, onde esta matéria é

abordada na lei nº 3789/2003 e na lei complementar nº

082/2010.

Outros municípios ignoram seu papel constitucional e

afrontam a regra da hierarquia das normas, abrandando o

estabelecido em regulamento federal, como o faz a lei nº

9505/2008 de Belo Horizonte, que estabelece critério

comum a todo o território municipal, independentemente

da área e do uso dado ao solo.

Situações como a de Belo Horizonte são indutoras de

conflitos, uma vez que trazem prejuízo e insegurança jurí-

dica aos seus munícipes, sejam eles empresários dos se-

tores de bares, restaurantes, culturais e industriais, sejam

residentes de áreas afetadas pelo ruído ambiental.

Todas as questões relativas à caracterização do ruído, ao

planejamento sonoro urbano, às medidas e projetos de

controle do ruído e eliminação da poluição sonora reque-

rem a atuação de profissionais técnicos especializados em

acústica ambiental, industrial e urbana.

O conhecimento em acústica é inerente à formação dos

físicos. No entanto, sua aplicação requer a atuação de pro-

fissionais especializados em diferentes campos interdisci-

plinares. No que tange a acústica ambiental, industrial e

urbana, os profissionais da engenharia, geografia, biologia,

urbanismo e da arquitetura raramente recebem adequada

27

TABELA 1

Níveis de critério de avaliação, em dB, para ambientes externos. TIPOS DE ÁREAS DIURNO NOTURNO

Áreas de sítios e fazendas 40 35

Área estritamente residencial urbana, de hospitais ou de escolas

50 45

Área mista, predominantemente residencial 55 50

Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55

Área mista, com vocação recreacional 65 55

Área predominantemente industrial 70 60

Fonte: ABNT NBR 10151:2000

Page 28: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

formação durante a graduação. Até mesmo cursos de En-

genharia Ambiental raramente incorporam a disciplina de

acústica ambiental.

Esta deficiência na formação acadêmica tem reflexo nas

políticas públicas e nas ações, nem sempre assertivas, por

parte do poder executivo e dos empreendedores, com-

prometendo o sucesso no controle da emissão de ruído

ambiental e no combate à poluição sonora.

Quanto as ferramentas de engenharia aplicáveis a acústica

ambiental, o estado da arte em instrumentação e software

permite monitorar em tempo real as emissões e as imis-

sões sonoras, possibilitando o registro contínuo e a atua-

ção preventiva, evitando queixas e reclamações de

comunidades afetadas pelo ruído urbano e industrial. Tais

monitoramentos envolvem técnicas de medição, proces-

samento e análise de sinais nos domínios do tempo e da

frequência e em alguns casos análise por FFT.

Outro importante instrumento de planejamento urbano

e de análise de impacto ambiental sonoro, comumente

adotado pelos países-membros da União Europeia, são os

mapas acústicos.

Elaborados com base em informações do relevo, do clima,

da ocupação e cobertura do solo, bem como nas caracte-

rísticas acústicas das fontes e dos receptores sonoros, os

mapas acústicos ilustram, em escala de cores, as curvas de

mesma faixa de níveis de pressão sonora, normalmente

representadas de 5 dB em 5 dB. Tais mapas são excelentes

instrumentos técnicos aplicáveis em estudos de novos em-

preendimentos ou de ampliação de empreendimentos

existentes.

Além de bons instrumentos e ferramentas tecnológicas,

uma boa engenharia requer também a consolidação e har-

monização do conhecimento em normas técnicas.

No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas –

ABNT é oficialmente reconhecida como único foro na-

cional de normalização, por meio da Resolução nº 07 de

1992 do Conselho Nacional de Metrologia e Qualidade

Industrial – CONMETRO.

Dada as características interdisciplinares da acústica, dife-

rentes Comitês Brasileiros publicaram normas que direta

ou indiretamente referenciam questões de acústica e

ruído ambiental. Como exemplo a norma ABNT NBR

15575, elaborada no âmbito do Comitê Brasileiro da

Construção Civil – ABNT/CB-02.

Em 2013, com o apoio da Sociedade Brasileira de Acústica

– SOBRAC, a ABNT instalou a Comissão de Estudo Es-

pecial de Acústica – ABNT/CEE 196, cujo escopo contem-

pla a normalização no domínio da acústica, incluindo os

métodos de medição de fenômenos acústicos, geração,

transmissão e recepção e todos os aspectos de seus efei-

tos sobre o homem e ao ambiente.

28

ARTIGO | KRISDANY CAVALCANTE

A poluição sonora é considerada como a segunda

maior causa de doenças que levam a redução da

expectativa de vida das pessoas que vivem nas gran‑

des cidades. Em primeiro lugar, está a poluição do ar.

Page 29: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Diretamente relacionadas ao tema ruído ambien‑

tal, tem‑se as seguintes normas e projetos:

ABNT NBR 10151:2000, Acústica – Avaliação do ruído em

áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Pro-

cedimento. Esta norma encontra-se em revisão. Seu pro-

jeto está previsto para submissão à Consulta Nacional em

2016.

ABNT NBR 10152:1987, Níveis de ruído para conforto

acústico – Procedimento. Esta norma encontra-se em re-

visão e seu projeto foi submetido à Consulta Nacional em

2016. O resultado da CN encontra-se em análise da

ABNT/CE-02:135.01.

ABNT NBR 16313:2014, Acústica – Terminologia. Esta

norma foi elaborada pela ABNT/CEE-196 e publicada em

dezembro de 2014.

ABNT NBR 16425-1:2016, Acústica – Medição e avaliação

de níveis de pressão sonora provenientes de sistemas de

transportes – Parte 1 – Aspectos gerais. Esta norma foi

elaborada pela ABNT/CEE-196 e publicada em

07/04/2016.

ABNT NBR 16425-2:2016, Acústica – Medição e avaliação

de níveis de pressão sonora provenientes de sistemas de

transportes – Parte 2 – Sistema aeroviário. Este projeto

encontra-se em Consulta Nacional, até 10/07/2016.

ABNT NBR 16425-4:2016, Acústica – Medição e avaliação

de níveis de pressão sonora provenientes de sistemas de

transportes – Parte 4 – Sistema ferroviário. O projeto

desta norma foi submetido à Consulta Nacional em 2016

e o resultado da CN está em análise pela ABNT/CEE-196.

A participação de profissionais de diferentes formações e

de representantes de diferentes setores é condição ne-

cessária ao sucesso no processo de normalização.

É fundamental que esta participação se dê na etapa de ela-

boração dos projetos. Porém, é possível participar tam-

bém na etapa de Consulta Nacional. Uma vez aprovada

pela Comissão de Estudos, a norma é publicada pela

ABNT e passa a ter valor em todo o território nacional,

impactando na vida de todos, sobretudo, na atuação dos

profissionais da engenharia.

[1] European Parliament – Directorate General for Internal Po-licies, Policy Department A: Economic and Scientific Policy, To-wards A Comprehensive Noise Strategy – Study, November2012.

[2] Word Health Organization – WHO, Regional Office for Eu-rope and JRC European Commission. Burden of disease fromenvironmental noise – Quantification of healthy life years lostin Europe. 2011.

Krisdany Vinícius S. M. Cavalcante é Mestre em Saneamento,Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG, Especialistapelo CEFET-MG e Engenheiro Eletricista pela PUC Minas. É Di-retor da Sociedade Mineira de Engenheiros – SME e DiretorTécnico do dB Laboratório de Engenharia Acústica, acreditadopela Cgcre do Inmetro para ensaios conforme a ABNT NBR10151. É membro do Conselho Deliberativo da ABNT e Coor-denador das Comissões de Estudo Especial de Acústica –ABNT/CEE-196 e de Desempenho Acústico de Edificações –ABNT/CE-02:135.01. É consultor especialista em Acústica Am-biental e Industrial e ex-diretor da Sociedade Brasileira de Acús-tica – SOBRAC.

29

Krisdany

Vinícius

S. M.

Cavalcante

Page 30: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Aberta inscriçãopara o 24º PrêmioSME de Ciência, Tecnologia eInovação

INSCRIÇÃO

A inscrição é gratuita e deverá serfeita por meio de formulário oficial doPrêmio SME de Ciência, Tecnologia eInovação, até o dia 2 de setembro de2016. Podem ser inscritos um ou maistrabalhos individualmente ou emgrupo de no máximo seis integrantes.

PÚBLICO ALVO

O Prêmio SME CT&I é dirigido aosestudantes de Engenharias, Arqui-tetura e Agronomia, regularmentematriculados em Instituições de En-sino Superior (IES), de Minas Gerais.

LINHA DE PESQ

Os temas abordaferencialmente ntrial. As soluçõesa sustentabilidadcomo a comprovção custo/benefos pontos de vistnômico/financeital, ou ainda, qaumento de prod

APOIO

Page 31: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

QUISA

ados são livres, pre-no segmento indus-s devem assegurarde do projeto, bemvação de uma rela-fício adequada sobta estratégico, eco-ro, ético e ambien-que resultem emdutividade.

PREMIAÇÃO

Os cinco primeiros colocados recebe-rão certificados e prêmios. Além disso,se tornarão associados aspirante(s) daSME, e receberão a anuidade de 1 anogratuitamente. A solenidade de en-trega dos prêmios será no dia 28 denovembro de 2016.

INSCRIÇÃO E INFORMAÇÕES

O formulário pode ser encontrado

no site www.sme.org.br ou

solicitado pelo e‑mail:

[email protected].

Outras informações pelo telefone: (31) 3292 3810.

A Sociedade Mineira de Enge‑

nheiros (SME) realiza a 24ª Edi‑

ção do Prêmio SME de Ciência,

Tecnologia e Inovação, em

parceria com a Federação das

Indústrias do Estado de Minas

Gerais (FIEMG).

REALIZAÇÃO

www.sme.org.br

SME | Sociedade Mineira de Engenheiros Tel.: (31)3292 3810

Page 32: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

32

ENGENHARIA BRASILEIRA

Entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro, a

cidade de Foz do Iguaçu (PR) recebe, pela sexta

vez, a programação da 73ª Semana Oficial da

Engenharia e da Agronomia (SOEA), que terá

como tema “A Engenharia a favor do Brasil – Mudanças e

Oportunidades”. Paralelamente, será realizado o 3º Con-

gresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia

(CONTECC), que divulga trabalhos técnicos e científicos

desenvolvidos por diversas instituições brasileiras.

O evento é uma promoção conjunta do Conselho Federal

de Engenharia e Agronomia (CONFEA), Conselho Regio-

nal de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA-PR) e

da Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA

(MÚTUA).

Uma das marcas registradas da SOEA é reunir diversas

gerações de profissionais, para valorizar o passado, re-

conhecer os avanços da atualidade e enriquecer o fu-

turo. Segundo os organizadores, neste ano, o projeto

homenageado será a grandiosa obra de construção da

Itaipu Binacional, a partir de 1974, com a chegada das

primeiras máquinas ao futuro canteiro de obras, o que

transformou a pequena Foz do Iguaçu.

Em 10 anos, a população de 34 mil habitantes passou

para 136 mil moradores. Nesse grande projeto da En-

genharia brasileira, as profissões do Sistema CON-

FEA/CREA estiveram presentes em todas as fases da

execução, desde os canteiros de obras, passando pela

alteração do curso do Rio Paraná e, também, na edifi-

cação da barragem propriamente dita.

A programação deste ano tem destaques importantes. Um

deles é a exposição com os CREAs de todo o Brasil e a

primeira etapa do 9º Congresso Nacional de Profissionais,

que terá como tema “O Sistema CONFEA/CREA e

MÚTUA em Defesa da Engenharia e da Agronomia”.

O Engenheiro civil e presidente do CONFEA, José Tadeu

da Silva, ressalta que a SOEA é o principal evento do

Sistema, por promover o debate sobre legislação, habi-

litação e fiscalização do exercício e das atividades pro-

fissionais de engenheiros e agrônomos brasileiros. A

expectativa do dirigente é reunir 4 mil inscritos “Espe-

ramos que a 73ª edição da SOEA siga a tradição e fique

eternizada por significantes contribuições sobre os

rumos da Engenharia Brasileira”, afirma.

O engenheiro civil e presidente do CREA-PR, Joel Krüger,

acredita que a 73ª SOEA vai privilegiar a formação de par-

cerias e promover a integração dos profissionais, que irão

a Foz do Iguaçu, para debater sobre o papel dos engenhei-

ros no processo de desenvolvimento nacional.

Foz do Iguaçu sediará a 73ª edição da SOEA

José Ciro Mota, vice‑

presidente da SME e

José Tadeu da Silva,

engenheiro civil e

presidente do

CONFEA

Joel Krüger,

engenheiro civil

e presidente do

CREA‑PR

Page 33: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Tenho a convicção de que teremos uma oportunidade

ímpar para discutirmos ações em prol do Sistema CON-

FEA/CREA e MÚTUA, principalmente por realizarmos em

conjunto o 9º Contecc, que reunirá trabalhos acadêmicos

de todo o País”, aponta.

O engenheiro civil e presidente da MÚTUA, Paulo Gui-

marães, reafirma que mudanças, inovação e oportunidades

são temas que têm pautado discussões nos vários níveis

da sociedade. Na 73ª SOEA, os organizadores vão colocar

esses temas em pauta, para a análise dos profissionais bra-

sileiros que são parte imprescindível desse processo. “

O Sistema CONFEA/CREA em parceria com a MÚTUA,

que tem como missão primordial ser o braço assistencial

da área tecnológica, ao capacitar os profissionais propicia

um cenário de mudanças e oportunidades, por meio de

soluções que passam pela inovação e criatividade em favor

da sociedade”, projeta. O vice-presidente da Sociedade

Mineira de Engenheiros (SME), José Ciro Mota, participou

do evento como representante da SME.

O período de inscrições termina em 22 de agosto. Para

saber mais, visite o site da 73ª SOEA, www.soea.org.br.

Page 34: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

ECONOMIA

34

OBrasil está em crise política e econô-

mica, há mais de dois anos. A expecta-

tiva por mudanças é grande mas, o

governo interino de Michel Temer tem

muitos problemas a resolver. Entre eles

o desemprego em 10,9%, taxa de juros de 14,15% e infla-

ção acima da meta. No entanto, empresas e profissionais

devem ficar atentos porque as medidas anunciadas não

devem ser transformar em realidade em poucos dias.

Segundo o diretor da Arcal Soluções Empresariais, Ha-

roldo Mota de Almeida, ainda não há um cenário econô-

mico definido para nortear as decisões. “O que existe é

uma perspectiva de mudança e de diretrizes para um novo

foco econômico, o que é muito insipiente porque não há

definição sobre o julgamento final do processo de im-

peachment da presidente Dilma Rousseff”, explica. Em

suma, a movimentação política continua direcionada para

essa questão.

Assim, todo cuidado é pouco. Embora o mercado projete

crescimento para 2018, o consultor é mais comedido na

sua análise. “A retomada não deve acontecer antes de

2020. A exemplo do que aconteceu em 1980, vamos ter,

novamente, uma década perdida”, lamenta.

Se preparar para este período é essencial para manter os

negócios. Na área de Engenharia, por exemplo, um plane-

jamento estratégico é a ferramenta mais indicada para as

Prudência e planejamento para vencer a crise

Haroldo Mota de

Almeida, diretor

da Arcal Soluções

Empresariais

Page 35: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

empresas, com uma visão

de, no mínimo, oito anos

para frente. “O desafio

das empresas é atraves-

sar o “deserto”. Muitas

construtoras estão com

estoque alto e pouco ca-

pital de giro. A indústria

da construção pesada

está parada porque não

há investimentos públi-

cos em grandes proje-

tos”, afirma.

Quem vai sobreviver é

aquele que conseguir vislumbrar oportunidades nesse

cenário adverso. Segundo Haroldo de Almeida, a região

Nordeste tem experimentado os efeitos da crise com

menos força que Sudeste e Sul. Mas nenhuma decisão

pode ser tomada com base em “olhadinhas” no mer-

cado e confiança na ação governamental. “Nada acon-

tecerá nos próximos 60 dias. As empresas devem ter

uma estratégia muito bem ajustada para retomar uma

condição de equilíbrio financeiro. Ao contrário do que

se pensa, esse processo dura entre três e quatro anos,

para ser construído com bases sólidas”, alerta.

O analista de Gestão do SEBRAE-MG, Haroldo Santos

Araújo, afirma que, neste momento, é preciso agir com

prudência e com base em informações consistentes

para encontrar oportunidades. “Muitos hábitos de con-

sumo estão mudando em função da crise. Então, se não

há grandes projetos de Engenharia, a empresa deve se

adaptar para pegar empreitadas menores que, bem ge-

ridas, podem se transformar em ganhos”, aponta.

Pequenos projetos de reforma residenciais ou de em-

presas podem alavancar o caixa da empresa. “As

oportunidades são pontuais e, nesse momento, a ava-

liação do cenário deve ser mais rigorosa porque todo

investimento em construção, no período atual, é de

extrema necessidade. Dependendo do porte do ser-

viço, é possível compatibilizar dois ou três serviços e

negociar prazo de entrega”, avalia.

Para sobreviver em um cenário de crise, os profissio-

nais também têm que aprender a “dançar conforme a

música”. Seja como empregados ou como pessoa ju-

rídica, a capacidade de adaptação é um diferencial

competitivo importante, para entrar ou manter-se em

atividade. Para garantir a execução, é importante man-

ter uma equipe de fornecedores executar os projetos

no nicho de atuação definido. Nunca é demais lem-

brar que o mercado tem grupos de consumidores

que precisam de um serviço diferenciado. Criar valor

e soluções é parte da estratégia para manter uma em-

presa competitiva.

“A capacidade de vislumbrar oportunidades é algo a

ser exercitado neste momento. A observação do

comportamento do mercado deve ser constante para

uma análise consistente do cenário econômico”, rea-

firma.

Para o analista, os gestores também precisam tomar

decisões com segurança. “Quem é empreendedor

sabe que o fator risco existe em qualquer momento,

mesmo naqueles de grande crescimento. Seja em

menor ou maior escala, esse é um aspecto que cos-

tuma ter peso maior quando não há foco ou avalia-

ções bem construídas”, conclui Haroldo Araújo.

Haroldo Santos Araújo,

analista de Gestão do

SEBRAE‑MG

35

Page 36: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

36

O fracasso ou simplesmente a não implantação de

políticas públicas, de âmbitos federal e estadual, é um

dos problemas enfrentados pela maioria dos municí-

pios brasileiros. Da mesma forma, embora exista di-

versas linhas de crédito, muitas cidades perdem

prazos e possibilidades de incrementar a oferta dos

serviços para a população, devido à não apresentação

de projetos consistentes para o recebimento dos re-

cursos.

O que gera esses problemas? O engenheiro argentino

radicado em Minas Gerais, há 40 anos, Edgardo Cáceres,

tem a resposta. “A falta de engenheiros é um empecilho

para o desenvolvimento regional, principalmente nos

municípios com até 20 mil habitantes”, sentencia. No

currículo, ele tem uma grande experiência em desenvol-

vimento sustentável e trabalhos como a implantação

do Sistema de Qualidade Assegurada da Fiat Allis Latino

América e do Plano de Qualidade Total que levou a em-

presa a ser eleita a melhor do Brasil, em 1993. Ele tam-

bém foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do

Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

(PBQP) e atualmente é secretário da iniciativa.

Uma iniciativa interessante que aponta para essa dire-

ção é o Escritório de Projetos Regionais (EPR), braço

de responsabilidade social da Alta Engenharia. O pro-

cesso de incubação dessa startup especializada em tec-

nologia de gestão pública, começou em fevereiro de

2015, após ser selecionado como empreendimento de

interesse social pelo Conselho do Programa Municipal

de Incubação Avançada de Empresas de Base Tecnoló-

gica do município de Santa Rita do Sapucaí (PROIN-

TEC), considerada uma das melhores entre as 400 que

operam no Brasil.

Responsabilidade social e cooperação estratégica para combater a corrupção

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Edgardo Cáceres,

engenheiro argentino

radicado em Minas

Gerais, há 40 anos.

Luciana Sampaio Moreira

Page 37: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

37

“A escolha de Santa Rita do Sapucaí

deve-se ao ambiente de inovação e

empreendedorismo que caracteriza

a cidade, a receptividade das lideran-

ças locais e a importância que foi

atribuída ao sistema de educação

como fator de desenvolvimento,

desde os anos de 1950”, destaca ele,

que é membro do Conselho do EPR.

Atualmente, o grupo gestor é lide-

rado pelos engenheiros Camilo Lél-

lis Nogueira, atual presidente da

Alta Engenharia, Alexandre Matos,

gerente de projetos da empresa e

pelo biólogo e especialista em pes-

quisas georreferenciadas, Márcio

Farah. Cáceres conheceu a proposta

em 2013, quando visitou a Alta En-

genharia. Naquele ano, a empresa

recebeu o Prêmio Mineiro da Qua-

lidade, faixa Ouro da União Brasi-

leira pela Qualidade (UBQ).

Para fazer a transformação social

da região, a EPR pretende gerar

desenvolvimento sustentável, em

regime de cooperação estratégica

com a Associação dos Municípios

da Microrregião do Médio Sapucaí

(AMESP), que abrange um territó-

rio com trinta prefeituras.

Por meio de convênio de coopera-

ção técnica, que incluiu o Sindicato

das Indústrias de Aparelhos Elétri-

cos, Eletrônicos e Similares do Vale

da Eletrônica (SINDVEL) e a Facul-

dade de Administração e Informá-

tica de Santa Rita do Sapucaí (FAI),

o EPR passou a receber demandas

encaminhadas pela AMESP.

Page 38: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

38

Em 2015, o EPR prospectou as ne-

cessidades da região e, paralela-

mente, estudou formas para inserir

a solução no contexto de coopera-

ção que caracteriza a cultura do

Médio Sapucaí. Outro trabalho exe-

cutado foi uma análise das diretrizes

definidas pelo atual governo do Es-

tado e as políticas públicas conside-

radas prioritárias nos cenários

nacional e internacional.

“Entre os trabalhos em curso

estão solicitações de cooperação

para a formulação de projetos de

saneamento básico, o que implica

desde coleta seletiva de resíduos

urbanos e rurais, e gestão de resí-

duos sólidos, até sistemas de es-

goto e captação de águas pluviais

e prevenção de possíveis enchen-

tes”, exemplifica.

Segundo o engenheiro, priorizar

esse tipo de projeto demonstra a

profunda inovação do atendimento

de uma das principais demandas de

infraestrutura dos municípios, de

forma integrada e sinérgica. Entre os

ganhos está a redução dos custos,

qualidade superior dos projetos,

planejamento cooperativo que en-

volve gestores de todos os municí-

pios e, ainda, desenvolvimento de

competências e trabalho em equipe,

entre os profissionais envolvidos.

Financiamento

O próximo passo é captar recursos

nacionais e internacionais para implan-

tar projetos que correspondam ao

modelo de gestão preconizado, com

ênfase em áreas como saneamento

básico, observatórios sociais, melhoria

dos serviços públicos e de seus cus-

tos, a exemplo da educação, saúde, de

tecnologias socio ambientais, e busca

de Parcerias Público Privadas (PPP).

O engenheiro explica que os mu-

nicípios e os consórcios intermu-

nicipais precisam cumprir com a

legislação específica, que exige trans-

parência nas contas públicas. “Isso é

um pré-requisito para que uma re-

gião seja contemplada com repasse

de recursos”, lembra.

Isto criou para o EPR a necessidade

de escolher, como uma das principais

frentes de atuação, colaborar no

processo de divulgar e compartilhar

os conhecimentos aplicáveis para

evitar erros que levem ao desvio de

recursos públicos. Para tanto, a em-

presa é uma das parceiras para a im-

plantação do Observatório Social do

Sapucaí.

Na prática, além de fazer os contro-

les internos, deve atender às normas

ISO 9001:2015, e colaborar para que

cada projeto, implantado na região

do Sapucaí, possa respeitar as legis-

lações de Responsabilidade Fiscal,

Controle Social e Transparência.

Dessa forma, o EPR pretende se fir-

mar como um exemplo para outras

regiões de Minas Gerais. “Todo pro-

jeto de desenvolvimento regional

requer engenheiros de diversas

áreas. Da mesma forma, as prefeitu-

ras têm múltiplas possibilidades de

reduzir custos e melhorar resulta-

dos incorporando engenheiros nos

seus quadros”, recomenda.

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

“ “A inovação deve vir primeiro, independente das

consequências. Não pode ser barrada ou limitada por leis.

Edgardo Cáceres

Page 39: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

No final de 2015, em Kyoto, no Japão, a Conferência de En-

genharia Mundial discutiu como os profissionais da área

podem contribuir para o desenvolvimento de soluções de

problemas variados, enfrentados pela população mundial, e

que compõem a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sus-

tentável. Entre eles, o combate à corrupção.

O engenheiro eletricista e diretor Administrativo da Re-

gional Metropolitana do Sindicato dos Engenheiros de

Minas Gerais (SENGE), Alfredo Diniz, participou do evento

como representante do Sistema CONFEA. “O interesse

da ONU, por meio da Unesco, em envolver os engenheiros

nesse plano de desenvolvimento representa muitas opor-

tunidades de melhoria para o mundo”, enfatiza.

Entre os temas debatidos, a globalização do conheci-

mento, a mobilidade dos engenheiros e a necessidade

de vencer desafios como o déficit de saneamento bá-

sico, devem ser priorizados nos projetos de Engenharia,

no mundo. Segundo Diniz, a participação dos profissio-

nais no processo de desenvolvimento das nações é es-

sencial. “Da mesma forma, os engenheiros brasileiros

têm que se engajar nesse movimento mundial que, entre

outros ganhos, quer quebrar paradigmas e impulsionar

ainda mais a nossa atividade. Não somos o “Deus Sol”,

mas estamos no centro de tudo e temos que compreen-

der que temos trabalhos importantes a fazer para o

bem da sociedade”, enfatiza.

Entre eles está o desenvolvimento regional dos países.

“A Engenharia pode promover a inovação na gestão

pública e nas práticas e processos, para gerar melho-

res resultados para a sociedade e reduzir os casos de

corrupção”, conclui.

Nova perspectiva para a Engenharia Mundial

A Engenharia pode promover a inovação na gestão pública e

nas práticas e processos, para gerar melhores resultados para

a sociedade e reduzir os casos de corrupção.

Alfredo Diniz, engenheiro eletricista e

diretor Administrativo da Regional do SENGE‑MG

Page 40: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Apartir de 2011, as empresas de tecnologia

de Belo Horizonte começaram a se instalar

no tradicional bairro de São Pedro, região

Centro-Sul da capital mineira. A aglomera-

ção de startups ganhou o nome de San Pedro Valley, uma

referência bem-humorada ao Vale do Silício (Silicon Val-

ley, em inglês), onde estão as sedes de empresas como

Google, Facebook e Apple.

O projeto mineiro deu certo, e atualmente, abriga mais

de 200 startups de diversos setores, além de espaços

de trabalho em grupo, aceleradoras, investidores e in-

teressados no setor de desenvolvimento tecnológico.

Para este ano, os aportes financeiros para abertura de

novas empresas deve superar a marca dos R$ 1 milhão,

com aumento de 14% em relação ao exercício anterior.

E essa não é a única boa notícia. Enquanto o mercado está

recessivo e o desemprego aumenta no País, as startups da

San Pedro Valley contratam, com salários acima da média

do mercado. A meta é gerar mais 220 vagas de trabalho

até dezembro, para abastecer um segmento econômico

que tem registrado 30% de crescimento ao ano.

Samba Tech no mundo

Entre os cases de sucesso está a Samba Tech, maior distri-

buidora independente de vídeos online da América Latina.

Em pouco mais de 11 anos de existência, a empresa acaba

de receber o seu terceiro investimento externo. Desta vez,

o recurso será usado para o projeto de internacionalização,

a partir da abertura de um escritório em Seattle, nos Esta-

dos Unidos. O montante de R$ 10 milhões veio do mais

novo parceiro de negócios da companhia: José Augusto

40

Comunidade de San PedroValley, uma experiênciapromissora

START UPS

Luciana Sampaio Moreira

Page 41: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Schincariol. Segundo a Forbes Brasil, o herdeiro tem usado

parte do dinheiro, que recebeu com a venda da companhia

de bebidas da família para a japonesa Kirin, para investir em

projetos de desenvolvimento tecnológico.

O diretor de marketing da Samba Tech, Pedro Filizola, explica

que o desafio de sobrevivência de toda startup brasileira é

conquistar a confiança do mercado para atrair novos inves-

timentos. No caso da empresa, a estratégia usada tem dado

certo. “A questão é vender a ideia da Samba Tech com base

em informações consistentes e transparência de propósitos

em relação ao uso do recurso”, ressalta.

Depois do chamado “investimento anjo”, para a abertura do

negócio, da parte do empresário catarinense Almir Gentil, a

companhia também recebeu, em 2009, um aporte da FIR

Capital, para a mudança de foco. Criada para desenvolver jo-

guinhos para celular, a Samba Tech já conquistou oito países

da América Latina e se prepara para ganhar o mundo, com

a sua plataforma profissional de vídeos. “Quanto mais clien-

tes, mais barato fica o custo da nossa tecnologia”, explica Fi-

lizzola.

O sonho de dois empreendedores cresceu, e hoje, movi-

menta a criatividade de 80 profissionais que atuam em di-

versas áreas de negócio. “Podemos dizer que o projeto

Samba Tech está dando certo. Estamos vivendo novas expe-

riências e mercados, para crescer cada vez mais. Nossa meta,

para 2016, é dobrar a empresa”, afirma o executivo. Além

da sede, em Belo Horizonte, a empresa tem escritórios em

São Paulo, Colômbia e nos Estados Unidos. Na lista de clien-

tes estão Grupo Kroton, Rede Globo, SBT, Grupo Abril, Bo-

ticário, Unimed e outros, que usam a plataforma que

também é acessada por pequenas e médias empresas.

41

Pedro Filizola, diretor de marketing da Samba Tech

Page 42: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Empreendedorismo recompensado

O engenheiro eletricista pela Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG) e especialista em Inovação e Em-

preendedorismo pela Universidade de Stanford, Roberto

Costa de Oliveira, 43 anos, seguiu o exemplo da família

e empreendeu para criar a Take.net. Em 1999, ele já so-

nhava em atuar no mercado latino-americano de tecno-

logia móvel. “A internet móvel era apenas uma tendência

promissora. Acreditamos que poderíamos levar esse ser-

viço para o dia a dia das pessoas. Por isso, apoiamos em-

presas a desenvolver, para seus consumidores, canais

interativos multimídia via mensagens, que são conhecidos

como contatos inteligentes ou chatbots (com automati-

zação)”, analisa. A empresa tem 100 funcionários.

A empresa foi pioneira e líder de mercado na distribuição

de ringtones nos anos 2000, desenvolveu uma plataforma

integrada para operadoras e gerenciou serviços de comu-

nicação e conteúdo via SMS. Entre eles, o Tim Music Store,

o Vivo Chat e o Vivo Dieta. A Take.Net também lançou o

SMS a cobrar em todo o País e ingressou no ramo de SMS

Marketing. Os resultados vieram. Desde 2013, a Take.net

é reconhecida pela Great Place to Work como uma empresa

boa para se trabalhar e figura entre as 100 melhores do

setor de TI e Telecom. No ranking da Deloitte, desde 2012,

é apontada como uma das organizações que mais cresce

no Brasil.

Um ponto a favor é o ambiente de negócios de Belo

Horizonte. “Encontramos na capital mineira um cenário

fértil para o desenvolvimento de empresas inovadoras.

Além disso, a existência da San Pedro Valley agrega

muito valor ao dia a dia, pela troca de experiências e

ajuda mútua que nos auxilia a enfrentar os desafios de

forma conjunta”, destaca. Serviços como messaging echatbots têm sido apresentados como a grande tendên-

cia tecnológica para os próximos anos. “Vamos usar a

experiência acumulada, em 16 anos, para auxiliar empre-

sas a construir canais ricos, práticos e efetivos para se

comunicar com os clientes. Em período de crise, o rela-

cionamento com o consumidor torna-se mais crítico e

acreditamos que as empresas estão atentas às novidades

que podem potencializar o contato”, avalia.

A inovação não acontece por si só. No caso da Take.net,

o uso de tendências muito novas, como os canais inte-

ligentes de mensagens, ainda, não está consolidado pelo

mercado. Segundo o engenheiro, é preciso fazer um tra-

balho forte para educar os clientes e mostrar as vanta-

gens em adotar esses canais. Internamente, o modelo de

gestão que recebe o nome de Take.OS que é baseado

42

Encontramos na capital mineira um cenário fértil para o desenvolvi‑

mento de empresas inovadoras. Além disso, a existência da San Pedro

Valley agrega muito valor ao dia a dia, pela troca de experiências e

ajuda mútua que nos auxilia a enfrentar os desafios de forma conjunta.

START UPS

Roberto Costa de Oliveira

Page 43: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

em cinco pilares: visão estratégica baseada na plataforma

e aplicações de mensageria da empresa, valores que per-

meiam todas as atividades, design organizacional para al-

cançar os objetivos, metodologia OKR, para estabelecer

foco a curto prazo. Projetos de desenvolvimento para

longo prazo e, ainda, Feedbech 360º, momento de apoio

aos colaboradores (Take.Seres) para desenvolver habi-

lidades técnicas e comportamentais.

De acordo com Roberto de Oliveira, essa proposta

de gestão é outra inovação da Take.net. “Englobamos

pontos indispensáveis para o crescimento da empresa,

como desenvolvimento humano, foco no mais impor-

tante, clareza nas responsabilidades de cada um e pro-

missora visão de futuro”, detalha. Para fomentar o

ambiente de negócios para as startups, o engenheiro

mantém um estreito relacionamento com a Secretaria

de Ciência e Tecnologia do Estado. Para ele, o governo

tem um papel importante no processo de construção

de políticas de estímulos ao setor, para beneficiar a

todos os empresários. Em poucas palavras, quanto

mais forte for a comunidade de startups, melhor será

o futuro.

Netbee e a Internet das Coisas

Outra empresa que está construindo uma história de su-

cesso é a Netbee. À frente do negócio está o engenheiro

eletrônico e eletricista Gibram Raul Campos de Oliveira,

35 anos. “Tudo começou em novembro de 2010, quando

criamos a empresa chamada TCBH Engenharia. Na época,

seguimos uma abordagem tradicional e desenvolvemos

tecnologias de sistemas eletrônicos para as áreas de

transporte, indústria e comércio”, comenta. Porém, a em-

presa não tinha um foco definido.

Roberto Costa de Oliveira, engenheiro e

especialista em Inovação e Empreendedo‑

rismo pela Universidade de Stanford

Page 44: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

44

A mudança de rumos aconteceu a

partir de 2013, para atender as de-

mandas do segmento de transporte.

“Conheci o conceito de startup e

criamos a Netbee. Colocamos o

nosso potencial a nosso favor”, disse.

A equipe de engenheiros com expe-

riência em empreendedorismo, inova-

ção e desenvolvimento de tecnologia,

passou a trabalhar em sistemas ino-

vadores, produtos e serviços para a

"Internet das Coisas", como a solução

para resolver o problema de roubo

de veículos, por meio de uma aborda-

gem completamente diferente da tra-

dicional.

A Netbee participou do Programa

SEED, passou pelo Startup Brasil, foi

incubada na INOVA-UFMG e acele-

rada pelo Techmall-MG. Os gestores

conquistaram bolsas Rhae CNPq para

mestres e doutores. Em 2014, a em-

presa foi finalista nacional do Desafio

Brasil e ficou entre as 30 startups bra-

sileiras mais inovadoras do País.

Em 2015, a Netbee ficou entre as 10

startups mais disruptivas e inovado-

ras do Brasil, segundo o Inovativa.

Em 2016, ficou com a 8ª posição

entre as startups mais promissoras,

segundo o movimento 100 OpenStar-tups, entre 1.500 concorrentes. No

mesmo ano, foi considerada uma das

10 startups do mundo selecionadas

para um programa de aceleração de

nosso negócio pela maior seguradora

do mundo. Apenas duas startups bra-

sileiras foram selecionadas.

"Retornamos, agora, ao Brasil, depois

de 40 dias em Madri, e fomos pre-

miados lá como a startup com maior

potencial de impacto na indústria

mundial de seguros. Esta premiação

foi dada pela maior seguradora do

mundo. Possuímos visão antecipada

de resolução de problemas da área

em que atuamos e focamos em ser

referência mundial em nosso negó-

cio”, afirma Gibram de Oliveira.

O próximo passo é implantar a tec-

nologia que permite recuperar veí-

culos roubados, de forma gratuita

para toda a população, e dez vezes

mais barata para as seguradoras se

comparada a qualquer solução exis-

tente no mundo. A patente está em

processo de registro internacional,

Div

ulg

ação

START UPS

Page 45: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

45

para 147 países. “Tudo começou

quando entendemos e conhecemos

o modelo atual de inovação de alto

impacto”, enfatiza.

Para o empresário, Belo Horizonte

é a melhor capital do País para se

desenvolver startups, já que possui

um ecossistema que se fortalece a

cada dia. A cooperação entre as em-

presas também é uma ferramenta

para atingir crescimento e ganho

em escala.

Gibram de Oliveira abriu a empresa

com recursos próprios. Ele pediu de-

missão de uma das maiores empre-

sas de Engenharia do Brasil, sacou o

dinheiro na caderneta de poupança

para comprar matéria-prima de um

produto que não existia ainda, mas

que ele tinha acabado de vender.

Chamou um amigo e foram traba-

lhar. Depois de 30 dias, a mercadoria

já estava pronta e entregue ao

cliente. “Até hoje recebemos enco-

mendas do dispositivo”, destaca.

Com o tempo, a startup “correu

atrás” de incentivos, por meio da

participação de editais e programas

de aceleração.

Com exceção do SEED e do Se-

braetec, eles não receberam re-

cursos financeiros nas outras

experiências. Por outro lado, ti-

veram acesso à capacitação, in-

fraestrutura e condições para o

desenvolvimento do negócio.

“No Startup Brasil, apesar de

termos sido aprovados na edição

de 2013, nenhuma aceleradora

compreendeu o potencial da In-

ternet das Coisas. Por isso, não

fomos aceitos. Essas são barrei-

ras que devemos estar prepara-

dos para enfrentar”, alega.

Embora o cenário seja de crise, as

perspectivas são de crescimento. O

retorno da Europa, onde tiveram a

oportunidade de estruturar um

modelo de negócios global, am-

pliou as conversas com quatro paí-

ses, para a implantação da tecnolo-

gia desenvolvida pela Netbee.

“Somos uma excelente opção para

tempos de crise’”, brinca.

Para tanto, a empresa tem um mo-

delo de gestão baseado no que

funciona ou é suficientemente ne-

cessário. A metodologia Aqil é

usada para a comunicação interna

e gestão de projetos. Com o início

da implantação do sistema no Bra-

sil, a startup começou a criar um

modelo de métricas para as áreas

de marketing e vendas.

Além da iniciativa privada, a Net-

bee também tem interesse em

fazer parceria com o sistema de

segurança pública do Estado, para

a implantação estruturada do seu

negócio. Mas a gestão da startup

não depende da chancela pública.

“A inovação deve vir primeiro, in-

dependente das consequências.

Não pode ser barrada ou limitada

por leis”, analisa.

Gibram Raul

Campos de Oliveira,

presidente da Netbee

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A inovação deve vir primeiro, independente das

consequências. Não pode ser barrada ou limitada por leis.

Page 46: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

CDS | SME

COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

46

O Projeto de Lei (PL) nº 3.312 de 2016, que pretende

instituir a Política Estadual dos Atingidos por Barragens

e outros Empreendimentos (PEABE), pode incluir mais

uma etapa para a viabilização de empreendimentos no Es-

tado de Minas Gerais, cujo procedimento é um dos mais

complexos do país.

O PL foi proposto pelo governador Fernando Pimentel

como resultado dos esforços de um Grupo de Trabalho

instituído pelo Poder Executivo, para apresentação de

proposta da Política Estadual para Atingidos por Obras

de Infraestrutura e Urbanização. De acordo com o go-

vernador, “a instituição da PEABE reflete um avanço social

do Estado e um aprofundamento do processo democrá-

tico, já que privilegia a construção de soluções que têm

por escopo garantir a interlocução entre os órgãos de

governo competentes, os empreendedores e os atingidos

pela construção, instalação, ampliação e a operação de

barragem e outros empreendimentos”

Em linhas gerais, os principais objetivos são coordenar

e implementar ações mitigadoras de conflitos decorren-

tes do processo de remanejamento dos atingidos por

quaisquer empreendimentos e garantir a interlocução

entre os órgãos de governo competentes, empreende-

dores e atingidos pelo empreendimento.

A proposição estabelece ainda que as ações e medi-

das da PEABE constituirão um Plano de Recuperação

e de Desenvolvimento Econômico e Social (PRDES),

com caráter suplementar e subsidiário ao disposto

na legislação ambiental, a ser desenvolvido de forma

articulada com procedimentos de autorização dos

órgãos competentes.

A gestão do PEABE competirá ao Comitê Gestor, que terá

a função de coordenar, monitorar e avaliar a execução da

política. Referido comitê, com composição paritária entre

o poder público e a sociedade civil, será integrado por 22

membros com direito a voto. Foi proposto que os mem-

bros da sociedade civil organizada sejam escolhidos por

meio de seleção pública coordenada pela Secretaria de Es-

tado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania

(SEDPAC) e pelo Movimento dos Atingidos por Barragens

(MAB).

Entretanto, o projeto por si só não garante a interlocução

entre os órgãos do governo, empreendedores ou atingidos.

A composição do Comitê Gestor do PEABE, ao contrário

das organizações paritárias que compõem os órgãos do

Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, não asse-

gura a participação diversificada e equilibrada da sociedade

civil, por meio de associações, entidades de classes, orga-

nizações não governamentais e movimentos sociais.

Projeto de Lei que pretende criar a Política Estadual dos Atingidos por Barragens e outrosEmpreendimentos: Avanço ou Contradição?

*Flávia Frederico Goulart de Oliveira e Laura Castro Othero

Page 47: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

No mesmo sentido, também não se encontra assegurada

a participação dos empreendedores, cujo segmento é di-

retamente afetado pelas mudanças pretendidas pelo PL.

Portanto, alerta-se para o respeito a um dos mais caros

princípios que regem o Estado: princípio democrático.

Por outro lado, em um momento de discussão na socie-

dade sobre a racionalização das exigências do licencia-

mento ambiental, referido Projeto de Lei vincula o seu

prosseguimento perante o órgão ambiental à prévia ho-

mologação do PRDES pelo Comitê Gestor. Assim, merece

atenção tal exigência, que vai de encontro ao contido na

Política Nacional do Meio Ambiente e na Lei Complemen-

tar 140/2011, que determina que a construção, instalação

e operação de empreendimentos utilizadores de recursos

ambientais dependerão de prévio processo de licencia-

mento ambiental, que dará origem a uma licença conce-

dida por ente federativo competente, por órgãos

executores do Sisnama. Identifica-se aí um conflito interno

no próprio texto do projeto de lei, em que se pretende

suscitar a característica de subsidiariedade da norma.

Deve-se atentar-se ainda, com fins de evitar sobreposição

de disposições em planos distintos, para a interface da

proposta com a legislação vigente, em especial a Lei Esta-

dual 12.812/98, que regulamenta o parágrafo único do art.

194 da Constituição do Estado, que dispõe sobre o plano

de assistência social às populações de áreas inundadas por

reservatórios.

Outro aspecto relevante é a inclusão de outros empreen-

dimentos no texto do PL. O inciso III do art. 2º descreve

empreendimentos como sendo “a construção, a instala-

ção, a ampliação e a operação de atividades ou obras de

natureza industrial, extrativista, minerária e agrossilvopas-

toril, potencialmente causadoras de degradação socioam-

biental”. Ora, esse dispositivo amplia a abrangência da

proposição para todas as atividades que possam causar

degradação socioambiental, independentemente do im-

pacto, constituindo-se não em plano de atingidos por bar-

ragens, mas sim em um plano de atingidos por qualquer

empreendimento que visa ao desenvolvimento econô-

mico sustentável. A abrangência é tão ampla que se corre

o risco de desviar o foco dos atingidos por barragens.

Por fim, conclui-se pela necessidade de discussão mais

ampla da PEABE com a sociedade, visando amadureci-

mento de suas disposições, de forma a alcançar realmente

seus objetivos, quais sejam: mitigação dos conflitos decor-

rentes do remanejamento dos atingidos e a interlocução

entre órgãos competentes do governo, empreendedores

e atingidos.

Flávia Frederico Goulart de Oliveira, graduada em direito pela

UFMG, advogada inscrita na OAB/MG sob o nº 65.657, consultora

jurídica da FEAM de 2002 a 2006 e assessora jurídica ambiental

da Limiar Consultoria e Projetos Ltda. desde 2006.

Laura Castro Othero, jornalista pela PUC Minas, atuou nas áreas

de Educação, mídias e governo digitais. É estagiária de Direito na

assessoria jurídica ambiental da Limiar Consultoria e Projetos Ltda.

Laura Castro Othero e

Flávia Frederico Goulart de Oliveira

47

Envie seu comentário sobre o tema desta coluna para

o e‑mail [email protected] para ampliar nossa

interlocução, com a publicação das considerações no

site e página no Facebook da SME.

Page 48: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

48

Curiosidade para encontrar soluções para problemas

JOVEM ENGENHEIRO | PEDRO HENRIQUE MOURA COSTA

Engenheiro de automação

graduado pelo Centro Uni-

versitário UNA, no final de

2012, Pedro Henrique

Moura Costa, 28 anos, sempre teve

facilidade com as matérias da área de

Exatas. Desde criança, era curioso

em saber como as coisas funcionam.

Depois de muitas perguntas feitas,

ele descobriu que as respostas estão

na Engenharia.

Movido a inovação, ele percebeu que

o que, realmente, o motivaria seria

trabalhar com algo em que pudesse

aproveitar seus pontos fortes para

propor soluções para problemas,

com criatividade e dinamismo. A En-

genharia de Controle e Automação

chegou às universidades brasileiras,

na década de 1990, com a proposta

de unir as áreas de Elétrica, Eletrô-

nica, Mecânica e Computação.

“Descobri o curso no pré-vestibular,

depois de uma pesquisa. Naquele

momento, as áreas de Controle e

otimização de processos e, ainda, ro-

bótica me chamaram muito a aten-

ção. A primeira interfere direta-

mente nos resultados da indústria.

A segunda tem relação estreita

com as áreas de pesquisa, desenvol-

vimento e inovação tecnológica”,

relata.

A necessidade de enfrentar esses

desafios e a carência de mão de

obra qualificada também foram mo-

tivos para a escolha do engenheiro.

Ele compreende que a Engenharia

é, ao mesmo tempo, simples, subje-

tiva e ampla para materializar mé-

todos e conhecimentos científicos,

na forma de soluções que objeti-

vam melhorar a vida das pessoas.

“Para isso o engenheiro estuda o

problema, planeja uma solução que

seja viável técnica e economica-

mente, para, então, executá-la ou

coordenar o projeto”, ressalta.

Os estágios, durante a graduação,

contribuíram para o amadureci-

mento de Pedro Henrique Costa.

A primeira experiência, quando ele

estava no terceiro período do

curso, foi na multinacional Dalkia,

que atua nos segmentos de ma-

nutenção e facilities. “Naquele

momento, eu fui trabalhar com

engenheiros formados. Além dos

conhecimentos que adquiri, pude

entender na prática como atua um

engenheiro e é assim que eu atuo

no meu trabalho diário”, afirma.

Pelo bom trabalho, o então estu-

dante recebeu uma promoção, mas a

vontade de aprender foi maior. Por

conta própria, decidiu mudar de

ramo. O segundo estágio foi na

empresa de projetos de automa-

ção industrial TSA, onde ele

atuou nos setores de Planeja-

mento e TI Industrial.

Com a experiência adquirida ao

longo do curso, dentro e fora da sala

de aula, Costa não teve dificuldades

para ingressar no mercado de traba-

lho. O primeiro contrato foi na TSA,

onde obteve duas promoções, como

engenheiro.

Luciana Sampaio Moreira

Page 49: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Para ele, as oportunidades e a dispo-

nibilidade que são oferecidas pela

empresa, quando se trata de investi-

mento no conhecimento, têm sido

um fator motivacional. “Temos total

apoio por parte dos gestores para

realização de cursos externos, sendo

que, em grande parte, são custeados

pela própria empresa. Além disso,

temos a oportunidade de participar

de congressos, onde podemos publi-

car artigos técnicos”, comenta.

Atualmente, ele trabalha com proje-

tos direcionados para a indústria, na

Linx Process, uma empresa do grupo

TSA. Além da operação, Costa tam-

bém atua como cliente e/ou gestor.

Por isso, a escolha de um curso de

pós-graduação tem de ser “sob me-

dida”. O plano do engenheiro é um

programa de Gestão de Projetos, se-

guido de mestrado em Controle de

Processos, para aperfeiçoar as habi-

lidades já adquiridas e ampliar o

leque de oportunidades para a car-

reira. No momento, ele está con-

cluindo o curso de inglês e já planeja

iniciar espanhol, uma vez que a em-

presa está buscando novos negócios

na América Latina.

“Apesar da crise e da retração da

área de Engenharia, é possível en-

xergar uma luz no fim do túnel,

pois sabemos que sempre existi-

rão períodos difíceis e de reto-

mada de crescimento, que vêm

acompanhados da abertura de

novas vagas de trabalho para en-

genheiros”, enfatiza.

Solteiro, o engenheiro pretende se

casar e ter filhos. Mas, no mo-

mento, ele aposta na carreira, que

tem sido motivo de grande alegria.

“Nas horas de lazer, faço o que

gosto, pratico esportes e passo

tempo com a minha família. Sempre

que posso, reúno os amigos “,

conta. Mas, se um assunto tecnoló-

gico aparecer, ele não deixa para

depois. Para quem trabalha com

prazer, não há hora certa para in-

vestir no futuro profissional.

Mas não basta apenas os conheci-

mentos técnicos. O jovem enge-

nheiro sabe que parte importante

do trabalho que ele faz tem como

base a capacidade de liderar equipe

e a segurança necessária para tomar

decisões. Esses são atributos que os

profissionais da área também devem

exercitar. “A vida profissional e a

vida social acabam se confundindo

um pouco. Há coisas do trabalho

que trouxe para minha vida coti-

diana, e coisas do meu aprendizado

familiar que, também, fazem parte

da minha atividade profissional”,

conclui.

49

“Pedro Henrique Moura

Costa compreende que a

Engenharia é, ao mesmo

tempo, simples, subjetiva

e ampla para materializar

métodos e conhecimentos

científicos, na forma de so‑

luções que objetivam me‑

lhorar a vida das pessoas.

Page 50: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

Apesar da retração de 9% do número de apa-

relhos de telefonia celular, em março de

2016, no comparativo com o mesmo mês

do ano anterior, o Brasil tem 125,42 equi-

pamentos para cada grupo de 100 habitantes, segundo

dados da Anatel. Não há como negar que a ideia de

“carregar o mundo na palma das mãos” veio para ficar.

A indústria da construção civil já percebeu a força

dessa tendência. Muitas construtoras mineiras incluí-

ram as chamadas novas tecnologias de comunicação

com o consumidor no seu portfólio de diferenciais

competitivos, para auxiliar a tomada de decisões do

cliente ou mesmo a sua fidelização, ao longo do tempo.

Fundada há 41 anos, a Katz Construções, empresa do

Grupo Katz, tem apostado em novas tecnologias para

oferecer ao cliente uma experiência diferente da tra-

dicional na compra do imóvel. Dessa forma, todos os

imóveis em construção na capital podem ser vistos por

meio da realidade virtual. “A pessoa anda pelo aparta-

mento e também nas áreas comuns”, explica o presi-

dente, Daniel Katz.

A plataforma de realidade virtual ainda é uma novidade

no Brasil, assim como a experiência de interação com

o cliente. “Essas ferramentas ajudam muito na decisão

de compra do imóvel”, afirma.

Outra tecnologia bastante usada, são os drones. Eles

captam imagens que são transformadas em vídeos, com

exibição em canal do Youtube, site da empresa ou pelas

redes sociais da construtora. “No nosso lançamento,

na região das Seis Pistas, em Nova Lima, não temos

apartamento decorado tradicional, mas o imóvel no

50

Construtoras mineirasapostam em novastecnologias para atrair efidelizar clientes

MARKETING

Daniel Katz,

presidente da

Katz Construções

Page 51: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

ambiente virtual. O cliente consegue ver o pro-

duto pronto e o nosso custo cai pela metade com

o uso dessa ferramenta. Tem sido muito bom para

os negócios”, explica o empresário.

A Direcional Engenharia, também, tem investido

muito em novas tecnologias. Segundo a gerente

de Comunicação e Marketing da empresa, Renata

Mattos, essas ferramentas mudaram a forma

como as empresas se relacionam com seus clien-

tes ou potenciais consumidores e vice-versa.

“Hoje, grande parte da nossa vida acontece no

ambiente online. Fazemos compras, pesquisas

sobre produtos e empresas, lemos notícias e essa

nova realidade nos traz clientes mais informados

e conscientes do processo de compra de um imó-

vel. Temos que estar prontos para nos relacionar

com esse novo consumidor”, enfatiza.

51

Ação de marketing feita no estande do empreen‑

dimento, onde a ambientação foi criada para

utilização de óculos de realidade virtual, (Rift),

simula um voo de balão, permitindo a sensação de

presença no local e vivenciar o espaço.

Page 52: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

52

Assim, todas as campanhas de mídia

são pensadas para interagir também

no ambiente virtual. Anúncios no

Google, Facebook e portais de imó-

veis têm conteúdo específico, para

chamar a atenção do consumidor

para os empreendimentos da cons-

trutora. “Também monitoramos e

cuidamos da reputação da empresa

nas redes sociais. Buscamos uma re-

lação de transparência com todos os

públicos com os quais nos relaciona-

mos”, ressalta.

É no estande de vendas que a Dire-

cional procura conquistar o seu

cliente. Em dois lançamentos, foi

usada a tecnologia do tour virtual na

área de lazer, por meio dos óculos

Rift. Dessa forma, as pessoas puderam

vivenciar aquele espaço e vislumbrar

as mudanças propostas para a região.

“Todas as nossas estratégias são pen-

sadas de acordo com o público dos

nossos produtos e suas peculiarida-

des. Desta forma, conteúdos e cam-

panhas digitais são direcionados,

pois para conseguir estabelecer um

bom relacionamento, é preciso que

gerem identificação”, analisa. Um

bom exemplo dessa iniciativa foi a

webserie “Como Comprar seu Imó-

vel”, que foi especialmente criada

para consumidores interessados em

apartamentos de porte médio.

Como o projeto deu certo, a em-

presa já está criando uma nova série,

focada no público econômico. Se-

gundo Renata Mattos, o conteúdo

visa despertar o interesse deste seg-

mento para compra, passar as infor-

mações do processo de forma

simplificada e orientá-lo a manter a

saúde financeira para quitar as par-

celas.

Neste ano, a empresa também pro-

moveu uma campanha de marketing

educativa – “Boa Hora” – para des-

pertar o cliente para as oportuni-

dades de compra. Segundo a

gestora, foram produzidos vídeos

nas redes sociais e peças de mídia

direcionadas para esse tema.

Novas tecnologias realmente chamam

a atenção do consumidor. E não po-

deria ser diferente. O diretor da Fá-

brica Comunicação e professor de

cursos de pós-graduação, Robson

Fontenelle, explica que o consumidor

de hoje deseja uma experiência dife-

rente no momento da compra e um

acompanhamento estreito, no pós-

venda, principalmente, quando se trata

de produtos de alto valor agregado,

como é o caso de um imóvel.

“O uso da tecnologia, nesse caso, re-

presenta maior comodidade para o

cliente que pode acompanhar a exe-

cução do projeto, sem ter que se

deslocar. Nessa lógica, o canteiro de

obras ganha novos olhos, que acom-

panham cada detalhe e podem, inclu-

sive, apontar problemas ou falhas”,

alerta.

Por outro lado, em um cenário de

instabilidade econômica, os consu-

midores se sentem mais seguros

porque podem ver, passo a passo, a

construção. Segundo Fontenelle, os

excelentes resultados alcançados

têm feito com que o mercado seja

mais receptivo às novidades tecno-

lógicas.

No caso da indústria da construção,

o processo de compra é lento. O

cliente fidelizado volta com algum

espaço de tempo, se for para morar.

No caso de investidores, a frequên-

cia é maior. No entanto, a possibili-

dade de ter um contato mais direto

com a empresa representa uma se-

gurança a mais.

Novos clientes também gostam de

uma experiência diferenciada. “Vive-

mos em uma sociedade imagética

ao extremo e isso deve ser lem-

brado pelas empresas. Deixar a ima-

gem disponível para o acesso do

consumidor pode, inclusive, viralizar

na rede”, aponta o jornalista.

MARKETING

Robson Fontenelle, diretor

da Fábrica Comunicação e

professor de cursos de

pós‑graduação

Page 53: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

53

Logo depois da forma-

tura, os alunos da 77ª

turma de engenheiros

de minas, metalurgia e

civis da Escola de Minas

decidiram que, a cada cinco anos, fa-

riam um encontro em Ouro Preto. E

assim foi feito. Em 2015, por ocasião

dos 60 anos de graduação, seis inte-

grantes da classe de 24 estudantes – a

maior até 1955 – voltaram à cidade

onde moraram, estudaram e se prepa-

raram, muitas vezes longe da família,

para a vida profissional. Acompanha-

dos pelos familiares, receberam home-

nagens da instituição e também das

repúblicas.

Paschoal Paione Netto, 85 anos, saiu

de Varginha para fazer o segundo grau

em Uberlândia e preparar-se para o

vestibular na tradicional Escola de

Minas. Depois de formado, fez car-

reira na área de Engenharia Civil e

teve uma trajetória profissional de

grandes experiências. Construiu de

tudo um pouco e afirma que tudo o

que fez tem como base o aprendi-

zado na Escola de Minas.

“Naquele tempo, as universidades não

tinham a pretensão de encher as salas

de aula. Queriam os melhores. Se a

gente não passasse, tinha que voltar

no ano seguinte. Se perdesse uma ma-

téria, repetia o ano. A turma era unida

e o contato com os professores era

mais próximo. Sabíamos que estáva-

mos ali para estudar – e muito - por-

que o nível de exigência era alto.

Nossa recompensa era imediata por-

que já saíamos da universidade com

boas vagas de emprego”, relata.

Em Ouro Preto, a sua casa foi a Re-

pública Pif-Paf, da qual nunca se afas-

tou. “Sempre me escrevem pedindo

alguma contribuição para as festas. Eu

dou. No começo, eu sempre ia na

“Festa do Doze”, mas depois vi que

não dava conta de tanta agitação. Mas

não deixo de privilegiar os encontros

da turma, sempre no Grande Hotel

de Ouro Preto, onde fazíamos os nos-

sos eventos desde a escola”, comenta.

A vida social dos alunos acontecia nas

festas promovidas no Centro Acadê-

mico. Ali, eles conheciam outros cole-

gas e, no caso de Paschoal Paione

Netto, a futura esposa. Como muitos

estudantes de Ouro Preto, ele saiu da

cidade muito bem casado com Tere-

zinha.

Natural de Sacramento, no Triângulo

Mineiro, o engenheiro Paulo Mendes,

86 anos, construiu uma carreira de

sucesso na área de mineração. A cada

cinco anos, ele faz questão de retor-

nar a Ouro Preto e, além do encon-

tro com os ex-colegas e amigos de

toda uma vida, ele também visita a re-

pública Pif-Paf, onde morou. “Eles nos

recebem muito bem e preparam as

homenagens com direito a muita cer-

veja e bate papo. Neste ano, os atuais

alunos me surpreenderam. Primeiro

me passaram a palavra e depois ajoe-

lharam e pediram a minha benção”,

conta sem esconder a emoção.

Colegas de profissão, amigos para sempre

Luciana Sampaio Moreira

MESTRES DA ENGENHARIA

Page 54: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

54

O ambiente das repúblicas mudou,

mas os antigos alunos não se esque-

cem da rotina das aulas e da convi-

vência com os colegas. “Tínhamos

cozinheira e todos almoçavam em

casa. Isso mantinha a união do grupo.

Depois da formatura, mantivemos um

vínculo muito forte com os colegas”,

disse Mendes. Ativo, o engenheiro sai

todos os dias de casa, rumo ao escri-

tório que mantém em sociedade com

o colega de turma, Luiz de Oliveira

Castro. Mesmo aposentado, gosta da

rotina de sair para trabalhar.

A Escola de Minas homenageia os ex-

alunos que completam 25, 50 e 60

anos de formados na instituição. “Dão

medalha, inclusive”, destaca o enge-

nheiro João Villar Etrusco, 85 anos.

Além de encontrar com os outros

cinco amigos de sala, ele aproveitou

para visitar a República Esparta, onde

também foi recebido com festa.

“Nós temos uma estima muito

grande. Consideramos Ouro Preto

como nossa segunda cidade. A popu-

lação nos recebeu muito bem,

quando fomos estudar, e a convivên-

cia dos alunos era muito boa”, afirma

o engenheiro que, ao todo, morou

por 11 anos na cidade.

Natural de Ponte Nova, ele teve a

sorte de estudar “perto de casa”, em-

bora a viagem de trem para rever a

família fosse bastante demorada. O

que ficou de toda essa experiência, foi

a confiança na qualidade do ensino

que ele recebeu e, também, as amiza-

des que alcançaram sete décadas.

Uma vez graduado, retornou para

Ponte Nova, onde iniciou sua carreira

e casou-se.

Neste ano, a Escola de Minas de Ouro

Preto comemora 140 anos de funda-

ção. Nos primórdios, o imponente pré-

dio que fica na Praça Tiradentes, no

centro de Ouro Preto, recebia uma

média diária de 120 estudantes. Hoje, a

Universidade Federal de Ouro Preto,

fruto da fusão da Escola de Farmácia

(1893) e a Escola de Minas (1876),

ocorrida em 1969, tem 37 cursos e 17

mil estudantes de graduação e pós-gra-

duação, nas modalidades presencial e

EAD (educação a distância).

Em pé, da esquerda para a direita,

José Ignácio Fonseca, João Vilar

Etrusco, Alberto Carlos Almeida e

Paschoal Paione Netto. Sentados,

José Francisco Barreto Sobral e

Paulo Mendes.

MESTRES DA ENGENHARIA

Page 55: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

55

Fundada, em 14 de abril de 1946, por

quatro alunos da Escola Nacional de

Minas e Metalurgia – Geraldo de Al-

meida Fonseca, Caio Vierno Leão, Fer-

nando Homem da Costa e João

Batista Sabino – a República Pif-Paf

acaba de completar 70 anos de ativi-

dades. Por lá, passaram mais de 120

ex-alunos dos cursos de Engenharia.

No sétimo período do curso de En-

genharia Mecânica da Universidade

Federal de Ouro Preto (UFOP), o es-

tudante Dione Carlos Soares da Silva,

22 anos, divide a casa do bairro Pilar

com mais 16 futuros engenheiros.

A famosa “Festa do Doze” é o evento

mais tradicional da UFOP que, em

parceria com a Associação dos Anti-

gos Alunos da Escola de Minas e Fun-

dação Gorceix, engloba uma série de

homenagens e atividades que possi-

bilitam a confraternização dos ex-

alunos, que retornam a Ouro Preto

especialmente para a data.

Paralelamente às atividades e soleni-

dades realizadas pela Escola de Minas,

a República Pif-Paf promove a sua

festa interna. A comemoração é mar-

cada pela presença de um grande nú-

mero de ex-alunos que retornam a

Ouro Preto a fim de reencontrar os

amigos de sua época, os atuais mo-

radores da República, visitar a Es-

cola de Minas, fazer contatos e

confraternizar com as gerações de

alunos que passaram pela república

e pela cidade. “As contribuições

que recebemos dos ex-alunos para

esses eventos são para o pagamento

dos custos”, explica.

Segundo Dione Carlos da Silva, a

oportunidade de contactar os ex-

alunos é sempre interessante para os

estudantes. “São momentos de cres-

cimento e desenvolvimento intelec-

tual, acadêmico e social. O encontro

com nossos ex-alunos propicia a in-

tegração, o respeito e amizade das

diferentes gerações que por aqui

passaram e passarão, através dos

bons debates sobre a República, con-

selhos e compartilhamento de expe-

riências, tanto profissionais quanto

pessoais, e das diversas histórias hilá-

rias e fantásticas vividas por cada um

em sua época”, relata.

Não há como não reconhecer que os

tempos mudaram. Mas a vida estu-

dantil em uma República marca a vida

dos alunos, para sempre. Em nome

dos Pif-Pafianos, o estudante resume

a experiência. “Quando nós deixamos

nossas casas e nossas famílias em

busca de um "lugar para morar" em

Ouro Preto, não temos nem ideia da

dimensão do que realmente é viver

em uma República como a Pif-Paf.

Desde nossos primeiros dias como

calouros, até o momento da inaugu-

ração do quadrinho, finalizando a gra-

duação, aprendemos a conviver com

outros estudantes de diferentes ori-

gens e culturas, a administrar e gerir

nossa casa, trabalhar em equipe, inclu-

sive em relação aos estudos. Além de

estimular a interação social, a vida na

República faz que nós desenvolvamos

qualidades fundamentais para um

bom profissional como dinamismo,

organização e pro-atividade”, afirma.

Para manter viva a tradição da Repú-

blica, há o projeto Eterno Pif-Pafiano,

no qual os ex-alunos fazem contribui-

ções para a manutenção da infraes-

trutura da casa. “Estamos em um

imóvel histórico que requer cuidados

específicos’, ressalta. Com os fundos

arrecadados, entre 2014 e 2015, con-

seguimos fazer a reforma estrutural

externa e pintura da casa.

REPÚBLICA PIF-PAF COMEMORA 70 ANOS DE ATIVIDADES

Page 56: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

56

LEGISLAÇÃO | MEIO AMBIENTE

Considerado o maior

legado da Política

Nacional de Meio

Ambiente (Lei nº

6938/1981), o pro-

cesso de licenciamento ambiental de

empreendimentos de Engenharia pa-

rece estar com os dias contados.

No final de abril, a Comissão de

Constituição e Justiça do Senado

(CCJ) aprovou o projeto de Lei do

senador Romero Jucá (PMDB/RR),

(PLS nº 654/2015), que prevê criação

de regras distintas para o licencia-

mento ambiental de obras de infra-

estrutura como rodovias, hidrovias,

portos, ferrovias, aeroportos e em-

preendimentos de telecomunicação

e energia.

Mas a mudança não para por aí. A

Proposta de Emenda Constitucional

(PEC nº 65/2012), de autoria do se-

nador Acir Gurgacz (PDT/RO), tam-

bém, teve redação apresentada e

aprovada pela mesma comissão.

Com base no artigo 7º, a nova regra

vai alterar completamente a siste-

mática do licenciamento e separar

a atividade econômica da proteção

ambiental. Da forma como está, es-

tabelece que basta apresentar um

Estudo de Impacto Ambiental (EIA)

pelo empreendedor para que o em-

preendimento seja aprovado e possa

ser levado a diante.

Além de leis específicas, há duas re-

soluções do Conselho Nacional de

Meio Ambiente (Conama) – 001/86

e 237/97 – que tratam do

EIA/RIMA (Estudo de Impacto

Ambiental e do Licenciamento

Ambiental em geral) que dão

suporte ao tema. Elas,tam-

bém, devem ser impacta-

das pela mudança.

Engenheiro eletricista e de segurança

graduado pela Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais (PUC

Minas), ambientalista, sete mandatos

eletivos como vereador, deputado es-

tadual e federal, ex-vice prefeito de

Belo Horizonte, ex-secretário muni-

cipal de Meio Ambiente, ex-presi-

dente da Copasa, Ronaldo Vasconcel-

los Novais afirma que, apesar da

importância dos temas relacionados

à proteção ao meio ambiente e da

visão alarmante de cientistas de todo

o mundo, essa não é uma causa que

Mudanças na Política Nacional de Meio Ambienteestão em cursoLuciana Sampaio

Ronaldo Vasconcellos Novais,

Engenheiro eletricista e de

segurança e ex‑secretário

municipal de Meio Ambiente

Page 57: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

57

O processo de licenciamento

ambiental de empreendimentos

de Engenharia parece estar

com os dias contados.

caiu, de forma decisiva, na lista de rei-

vindicações consideradas essenciais

pela sociedade. “As pessoas cobram

saúde, segurança e educação, mas

quase não falam sobre a proteção ao

meio ambiente”, afirma.

Em relação às mudanças propostas

no cenário nacional ele é categórico.

“Depois de 35 anos, a legislação pre-

cisa ser modernizada. Mas isso não

quer dizer que as regras do processo

de licenciamento ambiental sejam

simplificadas ou flexibilizadas para

atender aos interesses econômicos

apenas. “Mas isso não quer dizer que

as regras devem ser facilitadas. Isso

não pode acontecer”, adianta.

No cenário estadual, o clima também

é de mudança. Entre erros e acertos,

o governo de Minas Gerais também

apresentou um projeto para flexibili-

zar o licenciamento ambiental, para

atender a uma antiga reivindicação

dos empreendedores e investidores

imobiliários. Em contrapartida, tam-

bém, enviou uma proposta que “en-

durece” as regras para a construção

de barragens no Estado. Essa última

é uma resposta atrasada ao rompi-

mento da Barragem do Fundão, no

Distrito de Bento Rodrigues, em Ma-

riana (MG), em novembro de 2015.

Na gestão municipal de Belo Hori-

zonte, a situação não é muito dife-

rente. Na Secretaria de Meio

Ambiente o gestor da pasta é adjunto.

Segundo Vasconcellos, a questão do li-

cenciamento ambiental também tem

contornos duvidosos.

“Na prática, basta “passar lá que

está resolvido. Não há respeito às

regras do licenciamento ambiental”,

reafirma.

De herói a vilão, o licenciamento am-

biental tem sido apontado como o

grande culpado pelos atrasos dos

empreendimentos, e pela perda de

competitividade da indústria da

construção civil. De acordo com

Ronaldo Vasconcellos, as falhas e

morosidades do processo podem

ser corrigidas, sem que a legislação

seja flexibilizada ou simplificada.

Para o engenheiro, falta mão de obra

qualificada, principalmente, na área de

projetos. Prova disso é que o mer-

cado do setor tem promovido a sis-

temática separação “do joio e do

trigo”, onde permanecem as empre-

sas realmente qualificadas para a

prestação desse serviço.

Page 58: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

CAPACITAÇÃO

É aí que a competência técnica dos engenheiros pode fazer

toda a diferença. Apesar de buscarem novos materiais, pro-

cessos e fontes de energia, os profissionais da área ainda

precisam incluir, de fato, a proteção ao meio ambiente aos

aspectos considerados essenciais para um empreendi-

mento realmente sustentável.

Segundo a bióloga e mestre em Ciências Biológicas pela

UFMG e professora de Gestão Ambiental e Responsabi-

lidade Social para os cursos de Engenharia Civil, Mecâ-

nica e de Produção do IBMEC/MG, Bernadete de Souza

Santos, o momento é de grande perplexidade em relação

à aprovação da PEC 65/2012. “Confesso que fiquei pro-

fundamente surpresa e vi cair por terra a legislação am-

biental brasileira e considero que esse é um flagrante

desrespeito à Constituição, que torna letra morta tudo

o que diz respeito ao meio ambiente.

O desenvolvimento sustentável aplicado aos projetos de

Engenharia é o maior desafio dos profissionais da área. Da

mesma forma, a responsabilidade socioambiental compac-

tuada com o bem-estar das comunidades, também, é um

fator a ser considerado, no dia a dia de trabalho.

“Os engenheiros precisam entender o desenvolvimento

econômico minimizando os impactos ambientais, mas

percebe-se ainda uma certa carência de informações e

um conhecimento ainda insípido sobre meio ambiente

e da legislação ambiental. O Brasil é um País biodiverso,

cada região tem as suas próprias características, logo

precisamos atentar para a legislação ambiental aplicada

em cada situação ou indústria de produção”, pondera.

Projetos de saneamento básico são parte do trabalho

a ser feito, segundo a professora. Da mesma forma, os

investimentos na matriz energética, com incentivo ao

desenvolvimento das fontes alternativas, também,

podem gerar desenvolvimento e melhor qualidade de

vida para a população.

58

LEGISLAÇÃO | MEIO AMBIENTE

Bernadete de Souza Santos, bióloga e mestre em Ciências

Biológicas pela UFMG, professora de Gestão Ambiental e Res‑

ponsabilidade Social para os cursos de Engenharia Civil.

O Brasil é um País biodiverso, cada região tem as suas próprias

características, logo precisamos atentar para a legislação

ambiental aplicada em cada situação ou indústria de produção.

Page 59: Revista mineira de engenharia 32ª Edição

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Page 60: Revista mineira de engenharia 32ª Edição