Revista de Domingo

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Revista semanal do Jornal de Fato

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Jornal de Fato | DOMINGO, 24 de junho de 2012

ao leitor

• Edição – C&S Assessoria de Comunicação• Editor-geral – Wil liam Rob son• Edi to ra – Izaira Talita• Dia gra ma ção – Ramon Ribeiro• Projeto Gráfico – Augusto Paiva• Im pres são – Grá fi ca De Fa to• Re vi são – Gilcileno Amorim e Stella Sâmia• Fotos – Carlos Costa, Marcos Garcia, Cezar Alves e Marcelo Bento• In fo grá fi cos – Neto Silva

Re da ção, pu bli ci da de e cor res pon dên cia

Av. Rio Bran co, 2203 – Mos so ró (RN)Fo nes: (0xx84) 3323-8900/8909Si te: www.de fa to.com/do min goE-mail: re da cao@de fa to.com

Do MiN go é uma pu bli ca ção se ma nal do Jor nal de Fa to. Não po de ser ven di da se pa ra da men te.

O ritmo de forró ganhou as ruas de Mossoró e o colorido das quadrilhas juninas enfeita o cená-rio da cidade. Entre todas elas, uma história

interessante que começou na sala de aula de uma escola pública. Foi dali que surgiu a ideia da Lume da Fogueira, quadrilha que tem ocupado os primeiros lugares das com-petições juninas realizadas nos últimos anos. Na constru-ção da Lume da Fogueira, uma prova de que educadores sensíveis conseguem promover uma transformação na vida de seus alunos.

Na semana que passou, o Departamento de Comunica-ção Social (DECOM) da Universidade do Estado do Rio Gran-de do Norte (UERN) comemorou mais uma conquista de seus alunos. Um grupo de estudantes do curso de radialis-mo venceu um concurso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM), em seu encontro regional Nordeste, ocorrido em Recife/Pernam-buco. Sob orientação da professora Ana Lúcia Gomes, os alunos produziram um radiodocumentário contando a his-tória de Elizeu Ventania. O trabalho “O Cancioneiro” venceu o Expocom e uma das categorias.

Na seção de entrevistas conversamos com a ambien-talista e coordenadora da Ong Defesa da Natureza e dos Animais (DNA), Kátia Lopes. Ele dá suas impressões sobre os efeitos da Rio+20 e como o evento pode ser proveitoso para a melhoria ambiental no Brasil. Para ela, as resoluções do evento foram muito genéricas e vagas. Muito mais espera por você em mais uma edição da sua revista DOMINGO.

Esdras MarchezanChefe de Reportagem

editorial

O encanto das quadrilhas

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Lume da Fogueira e sua trajetória nos festejos juninos

são joão

Dicas do roteiro gastronômico mais visado da cidade

Pesquisadores desenvolvem sistema para produção de cavalos-marinhos

Alunos da Uern vencem competição em evento nacional

Rafael Demetrius traz dicas de sustentabilidade para empresas

Adoro comer

ciência

premiação

Coluna

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)( Envie sugestões e críticas para oe-mail: [email protected]

Pequena rua de pescadores do mangue, casario baixo, co-bertura de palhas de coquei-

ro, porta e janela. Rapazes feios, de altura bem abaixo da média, aparência de bem mais idade, dentes estragados, mas bem engomada a roupa de namo-rar, camisa de seda e calça de brim, ainda o perfume barato e brilhantina no cabelo. Deles, o melhorzinho de aparência física era Zé Benedito. Devi-damente, o mais namorador.

Das moças, a única bonita, mesmo, de rosto e de corpo, era Luíza, só lhe faltando um trato de loja. Mesmo as-sim, mal vestida e cheirando a perfume de bodega, não passava pelas ruas do centro da cidade, sem que provocasse olhares admirados, homens e mulhe-res. Se tivesse melhor trato, imagi-nem.

Também era a única ali da rua que não tinha namorado, prosava com a rapaziada do seu meio, mas de todo indiferente às insinuações de namoro. Zé Benedito, que enchia os olhos de tudo que era moça, ali, arrastava asa a Luíza, para grande ciúme das outras. Luíza via-lhe, no entanto, só o amigo.

Conflito psicológico

JOSÉ NICODEMOS*

conto

Como toda mulher bonita, tinha Lu-íza consciência da sua beleza, e a de que Zé Benedito não era, mesmo, o tipo à altura. Razão interior da mulher que se sabe bonita, do que se segue a exi-gência, não só dos seus olhos, como também da sensibilidade. Zé Benedito era-lhe, apenas, o melhorzinho. .

Mas muito pobre, moradora de uma rua de casebres onde terminava a cidade, mais sem condições de vestir-se à altura da sua beleza, só de raro em raro era que Luíza dava o ar dos seus encantos na pra-ça principal da cidade, aos domingos na-moradores. Sentia-se humilhada; era a chita com vergonha do tafetá da moda.

Sonhava ir embora para o Rio, outra cidade qualquer onde sua beleza en-contrasse a correspondência com seus sentimentos, mas não tinha ninguém em qualquer desses lugares, nada que lhe favorecesse o sonho de abrir cami-nho na vida, lá fora. Nem estudo nem profissão. Mas não entregaria o seu cor-po sem alma, só para dizer-se casada. Sua beleza reclamava os seus direi-tos.

Não podia ver o casamento com os olhos da sua ruazinha de pescadores de caranguejo, olhos sem outra luz que não fosse a do ambiente, restrito à sua cir-cunstância.

Razão interior da mulher que se sabe bonita, do que se segue a exigência, não só dos seus olhos, como também da sensibilidade

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entrevista

Na semana em que se repercute a realiza-ção da Rio+20, Kátia Lopes, coordenadora

da Ong Defesa da Natureza e dos Animais (DNA), explica porque não acredita que este evento traga resultados efeti-vos. Ela lembra a trajetória da criação da entidade, dificulda-des e conquistas e ressalta o trabalho educativo como forma de construção de uma nova consciência ambiental.

KÁTIA LOPES

Por Izaíra [email protected] | Twitter: @izairathalita

‘As resoluções na Rio+20

estão genéricas e vagas’

DOMINGO – Como começou a sua história com a DNA?

KÁTIA LOPES – Sonho de criança! Não é comum falar que toda pessoa quando criança quer cuidar de todos os animais? Alguns desistem no caminho e outros in-sistem no ideal, nós não somos diferentes, fomos só mais exagerados! De fato a ne-cessidade de nos formalizar, foi quase imposta. Éramos um pequeno grupo de colegas estagiários no zoobotânico da an-tiga Esam, hoje Ufersa, o zoobotânico Onelio Porto funcionava em estado de-plorável e os animais praticamente aban-donados. Na época (2009 e 2001), o cur-so de veterinária se consolidava e um

professor dr. Ferderico Ozanam formou este grupo pra auxiliar em algumas ativ-idades em busca de melhorar as condições do local para os animais. Com o tempo, e confesso nossa empolgação, começaram a surgir limitações, principalmente de recursos, começamos a realizar projetos e buscar soluções para auxiliar nas tarefas que acreditávamos essenciais (eram mais de 300 animais), e simplesmente como um grupo de estudantes, adolescentes (tínhamos entre 16 e 24 anos), não tín-hamos muita credibilidade, nem como lutar para realizar modificações reais para os animais, apesar de já termos con-seguido modificações significativas. Al-

guns amigos se uniram ao grupo, até mesmo pessoas que não faziam veter-inária, mas que tinham em comum amor e respeito pelos animais, e assim por pura exigência burocrática, a DNA foi criada efetivamente. Nosso nome é uma brincadeira com uma sigla tão famosa da biologia, onde procuramos enfatizar ex-atamente o que tínhamos como objetivo, defensores da vida, seja ela em qualquer forma, resaltando ainda a importância dos animais. Como pequenas figuras, sem força, sem grana, sem credibilidade e por que não, sem prestígio e pouca credibili-dade, “nascemos” em dezembro de 2002. Hoje diferente há 10 anos nossa credi-

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entrevista

bilidade já existe, somos um grupo con-hecido e reconhecido, conquistamos res-peito pelo nosso trabalho e principalmente credibilidade da sociedade. As pessoas entendem a importância de se conversar sobre meio ambiente e tomarem um posi-cionamento, inclusive denunciando.

QUAL tem sido o maior desafio hoje encontrado pelos que integram a ONG em termos de iniciativas e apoios?

APESAR de todos os pontos positivos já destacados, ainda há muito o que mudar, se tivermos que escolher um único, creio que o nosso principal desafio termina sendo nosso maior destaque para orgulho. Todos os integrantes da DNA são volun-tários, não recebemos salários, não paga-mos nenhum trabalho servido, nem dire-toria, nem palestrantes, nem culturais, ouviu alguém trabalhando com a DNA? Pode confiar que é trabalho voluntário com certeza. O que é muito positivo, porque todos trabalham por amor, paixão mesmo, e isso nos faz um grupo que, apesar de todas as dificuldades, encontra condições pra atuar. Mas como tudo possui seu lado negativo, termina sendo nosso maior en-trave atual, uma vez que todos têm contas para pagar e todos (a grande maioria) já trabalham, possuem vida profissional e ai aquele tempo dedicado a DNA termina sendo cada vez mais escasso, não por falta de vontade, mas mais uma vez as obriga-ções da vida chamam.

UMA das formas de atuação da Ong é a parte educativa. Que trabalhos são desenvolvidos com esse propósito?

LITERALMENTE é nosso campo de ação. Acreditamos que a falta de infor-mação é que faz algumas pessoas come-terem alguns atos errados, preferimos acreditar que a ignorância sobre deter-minados assuntos, ou pior ainda, a infor-mação equivocada leva as pessoas a com-eterem erros. Toda ação da DNA tem quase um roteiro, primeiro fazemos uma pesquisa, pra saber o quadro real, da pes-quisa mais simples até a academia, após coletar dados e analisarmos tecnicamente (apesar de trabalharmos por e com amor, temos a responsabilidade de agir base-ados na razão), e só de posse real de in-formações que criamos possibilidades de ação. Temos já há 9 anos a campanha de “Posse responsável”, encontramos na campanha antirrábica o melhor local pra ter contato com todos os responsáveis por cães e gatos da cidade e, assim, em par-ceria com a Secretaria Executiva de Saúde de Mossoró, coletamos dados, repassando informações... temos um grupo que min-istra palestras em escolas públicas e em-presas, sobre os mais diversos assuntos ligados ao meio ambiente. A própria Se-mana sobre Meio Ambiente, quando con-vidamos as autoridades locais sobre meio ambiente, levantamos os principais prob-

lemas da região e possíveis soluções, é uma outra linha de ação. Atualmente, estamos com várias campanhas “Não seja racista, adote um vira-latas”, “Amigo não se compra”, o projeto sobre “jeguet-erapia” (uso de jegues como coadjuvantes no tratamento de crianças, idosos e pes-soas em recuperação de doenças e prob-lemas motores e até mesmo lazer e tera-pia ocupacional) e a campanha “contra o calazar”, doença que vem matando cães e pessoas e destruindo famílias.

A ATUAÇÃO como membro do con-selho municipal de meio ambiente tem contribuído para mudanças?

O CONSELHO é um dos mais atuantes do Brasil, sem medo de estar exagerando. É um conselho diverso, com participação das diversas partes da sociedade e que tem poder não só consultivo, mas deliberativo, então várias questões ambientais passam pelo conselho, pela sua análise e aprovação. Algumas leis já foram propostas pelo con-selho, ou analisadas por ele. Além disso, é um fórum contínuo sobre os temas ambi-entais, um espaço onde se mantém con-stantemente as discussões ambientais.

VOCÊ acredita que as pessoas estão se conscientizando de que é preciso pensar a questão ambiental de forma associada ao conjunto de ações da sociedade?

MOSSORÓ se baseia economicamente na exploração de recursos naturais: Petró-leo, Sal e Fruticultura. Se prestarmos atenção, toda a nossa sociedade está in-terligada a alguma destas bases econômi-ca, ou seja, precisamos, por questão de sobrevivência, respeitar a natureza e começar a olhá-la e tratá-la como aliada fundamental. Creio que a facilidade que a sociedade tem de encontrar informa-ções hoje possui esta nova visão, sensibi-lizando assim para a importância da mesma. Neste caso, até mesmo olhando por este lado egoísta, de autopreservação, por questão própria de sobrevivência, é uma visão positiva, pois em última instân-cia privilegia a todos. Porém ainda falta uma parte significativa da população se sensibilizar para este fato.

VIVEMOS um momento em que a questão ambiental no país está sendo

evidenciada com a Rio +20 e alguns ativistas dizem que não acreditam que saia uma mudança desse evento. O que você pensa em relação a isso?

BEM, estamos aqui em Mossoró agora! Escolhemos não participar da Rio+20 por inúmeros motivos, mas o principal deles é porque NÃO participaríamos de fato. Existem vários eventos paralelos, interes-santíssimos e de suma importância, como a tenda dos povos, como os espaços des-tinados a demonstrações dos estados, Pavilhão do Brasil, Mostra de ciência e tecnologia inovação para o desenvolvi-mento sustentável, O espaço O Futuro Que Nós Queremos, Pier Mauá; Galpão da Cidadania; Parque dos atletas, Arena da Barra, Riocentro... enfim, o mundo verde está no Rio, mas acesso a Rio + 20 como ocorreu na Eco92, nem em sonho, acreditamos que todas estas outras atra-ções são exatamente uma forma de chamar atenção da população, envolvê-la, para que a mesma não participe dos debates e decisões que ocorreram na cúpula propriamente dita. Estamos nesse grupo de desacreditados nesse evento, o evento está todo esquematizado para iso-lar a população das tomadas de decisões e alguns pontos cruciais já foram até re-tirados da pauta de discussão, como ex-emplo o mau-trato de animais, não está estabelecendo datas de execuções, as ações estão genéricas e vagas.

PARA finalizar, como participar da Ong ou ter informações sobre o trabalho da DNA?

PRÉ-REQUISITO fundamental e in-dispensável: Amar animais e respeitá-los. Não cobramos taxa de adesão, não cobramos mensalidade, não existe nen-huma ou qualquer obrigatoriedade ou compromisso financeiro. Existe uma ideia muito simples na DNA: qualquer pessoa pode se cadastrar como sócio-colaborador, e assim colaborando com a DNA das mais diversas formas, seja con-tribuindo com algum serviço, partici-pando ativamente das ações realizadas pela DNA como voluntário, oferecendo serviços especializados específicos como consultorias, colaborando doando mate-rial ou bens afins correlacionados com os projetos. Após seis meses participan-do efetivamente nas ações, torna-se só-cio efetivo. Nosso ninho (sede) é no con-junto Vingt Rosado, como já falado não possuímos funcionários e consequent-emente expedientes específicos, real-mente lá é um pouco complicado de nos encontrar, mas com a tecnologia atual, é muito fácil entrar em contato a qualquer hora, estamos disponíveis 24h por dia, os 365 dias, através do email [email protected], pelo twiter: @dna_ong, fa-cebook: dna.ong, ou pelos celulares: (84) 88161131 (vivo); 87471131 (claro); 81211131 (oi); 99993888 (tim).

“Hoje diferente há 10 anos nossa credibilidade já existe, somos um grupo conhecido e reconhecido

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em cativeiro

Há dois anos, pesquisadores da UFPE, UFRN, UFERSA e Primar Aquicultura Orgânica desenvolvem experimento em Tibau do Sul, no RN, para produção de cavalos-marinhos com finalidade ornamental

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ciência

Beleza

Possuidor de uma beleza exóti-ca, o cavalo-marinho está sen-do pesquisado para a produção

em cativeiro com fins ornamentais. O estudo, realizado na Fazenda de Aqui-cultura Orgânica Primar, na cidade de Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte, se propõe a gerar novas informações sobre a biologia e ecologia dos cavalos-mari-nhos. O objetivo do estudo que vem sen-do realizado há dois anos visa o desen-volvimento de um sistema de produção em cativeiro. “Nossa rede de pesquisa-dores busca tornar viável a formação de uma cadeia produtiva de piscicultura ornamental voltada para o mercado na-cional e internacional”, explica o profes-sor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Felipe Ribeiro, do curso de Engenharia de Pesca.

O Projeto Produção agroecológica de cavalo-marinho em tanque-rede é finan-

ciado pelos ministérios da Pesca e Aqui-cultura e da Ciência e Tecnologia/CNPq, inserido dentro da sub-rede "Sistemas de produção de cavalo-marinho Hippo-campus reidi", coordenada pela profes-sora Dra. Lília Santos da UFPE, e conta com a parceria da UFERSA, UFRN, UFPB e Primar Aquicultura Orgânica. A pro-dução em cativeiro, acredita os pesqui-sadores, possibilitará uma redução na pesca das populações naturais do cavalo-marinho e contribuir para a sua manu-tenção. Além do professor Felipe Ribeiro, integram a equipe de pesquisa os biólo-gos e mestres em ecologia, Marco Túlio Lima e Carlos e Alexandre Alter Wain-berg, proprietário da Primar Aquicultura Orgânica.

CapturaO professor Felipe Ribeiro frisa que,

ao contrário dos peixes ornamentais de água doce, 90% das espécies marinhas comercializadas atualmente para abas-tecer o mercado aquarístico são prove-nientes da captura. Esse percentual cor-

responde a mais de 20 milhões de peixes marinhos capturados. Ainda segundo o professor Felipe, no mundo são 14 espé-cies de cavalos-marinhos para suprir o mercado de peixes ornamentais. “Países como os Estados Unidos e Austrália pos-suem empresas que produzem cavalos-marinhos sempre em sistema fechados que exigem alto investimento, mão de obra qualificada e constante suprimento de alimentos vivos”, adianta.

“A técnica em tanques-redes poderá ser usada tanto como renda extra nas aquiculturas já instaladas de camarão marinho e peixes, além de ser mais uma alternativa para o desenvolvimento de uma aquicultura familiar usando o cava-lo-marinho”, acredita o professor Felipe Ribeiro. As primeiras análises das pes-quisas apontam resultados satisfatórios com a utilização da produção dos peixes ornamentais em tanques-rede.

Há três semanas, o experimento "Efeito da densidade de estocagem na produção de cavalo-marinho em tanque-rede" chegou ao final após 106 dias. As

POR PAssOs JúNIOREspecial para DOMINGO

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ciência

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Cedidas Projeto Cavalo-Marinho

amostras estão sendo processadas e os resultados oficiais sairão em breve, mas a perspectiva dos pesquisadores é que os dados serão suficientes para demons-trar a viabilidade técnica desse sistema de produção. “Estamos otimistas com os resultados preliminares”, adianta o pes-quisador.

Normalmente, as espécies de peixes ornamentais, em especial as de água salgada, são produzidas em sistemas intensivos, usando aquários, tanques e sistemas de filtragem que elevam mui-to o custo de produção. “O nosso obje-tivo é desenvolver um sistema simples e de baixo custo para a produção do cavalo-marinho em policultivo com ou-tras espécies aquáticas, como ostras e camarão-marinho”, afirma o biólogo Marco Túlio. A espécie está ameaçada de extinção e seu comércio é controlado internacionalmente. O pesquisador aponta a produção do cavalo-marinho em cativeiro como alternativa para o comércio sustentável da espécie, bem como a diminuição da pressão de pesca

sobre a população natural.

Hippocampus reidi Os cavalos-marinhos são peixes ós-

seos pertencentes à família Syngnathi-dae, tendo como característica uma bolsa totalmente fechada com um pe-queno orifício nos machos para receber e incubar os ovos da fêmea. Os cavalos-marinhos são encontrados em águas costeiras, temperadas e tropicais há menos de 150 metros de profundidade. A maioria das espécies vive em água salgada, mas também podem ser en-contrados em estuários e lagoas. No Brasil, o Hippocampus reidi é encontra-do em áreas marinhas como recifes, baías e bancos de algas, além de habi-tarem ecossistemas estuarinos como manguezais e lagunas.

Geralmente, os cavalos-marinhos são considerados monogâmicos. “Se um dos parceiros morre, o par pode demorar algum tempo para encontrar um novo parceiro ou parceira no ambiente natu-ral, mas já verificamos que no ambiente

produtivo a monogamia não existe e há evidencias de que um macho pode rece-ber ovos de mais de uma fêmea para incubar ao mesmo tempo”, frisa o biólo-go Alexandre Alter Wainberg.

Outra curiosidade dos cavalos-mari-nhos é que eles são os únicos animais em que o macho carrega os filhotes na barriga até o nascimento. “O macho re-cebe os ovos da fêmea em sua bolsa, os fertiliza e cuida deles até o seu total de-senvolvimento, quando são liberados, por isso muita gente diz que o macho é quem fica grávido”, explica.

Assim como os camaleões, os cava-los-marinhos mudam de cor e movimen-tam seus olhos saltados em diferentes direções, independentes um do outro. O cavalo-marinho é o único peixe que pos-sui a cabeça perpendicular ao corpo. Em todas as fases de sua vida, possui hábitos alimentares carnívoros, alimentando-se de pequenos crustáceos, moluscos e ver-mes, que são sugados por seu focinho tubular. Só comem alimentos que se mo-vimentam e não aceitam ração.

O objetivo do estudo que vem sendo realizado há dois anos visa o desenvolvimento de um sistema de produção em cativeiro

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são joão

No Lume da

Paixão

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Dedicação, compromisso e meses de muito trabalho são compensados em alguns minutos de Apresentação; para o grupo Lume da Fogueira,

a receita da vitória está na paixão pelos festejos juninos

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são joão

Quando chegou o momento da apresentação, o coração ace-lerou, o nervosismo transpa-

recia no olhar e uma trajetória de anos de dedicação se confirmou em um largo sorriso. Na colorida arena de apresen-tações Deodete Dias em passos ritmados e muito bem ensaiados, o grupo compos-to de 32 casais da companhia junina Lu-me da Fogueira realizou o que pode ser, talvez, a sua última apresentação no São João de Mossoró, após 13 anos de parti-cipações dentro da programação do Mos-soró Cidade Junina. Talvez, por mais essa carga de emoção, via-se um grupo envolvido, entregue e apaixonado.

Paixão é o grande ingrediente que motiva a companhia junina. Sua criação partiu do envolvimento da professora Liana Duarte, da Escola Municipal Ma-noel Assis, na primeira edição do Cidade Junina, em 1998, como atividade para envolver os alunos da escola. Os alunos cresceram dentro da própria quadrilha, aprimorando e transformando a ativida-de de lazer em família. Hoje, muitos dos primeiros componentes já são adultos, casados e com filhos, envolvidos em to-da a etapa de preparação para as apre-sentações do ciclo junino, preparativos estes que se iniciam sempre um mês depois e levam o ano inteiro.

A possibilidade de ser a última apre-sentação do grupo está no fato de que

Liane Duarte não poderá mais ficar à frente da coordenação geral do grupo e outros integrantes da coordenação pos-suem outros projetos a desenvolver.

“O sentimento é de dever cumprido diante de tantos anos de dedicação. O amor que eu tenho por esse grupo é tão grande que passava por cima de tudo pa-ra ver a alegria no rosto dos componentes que estão desde o princípio. Agora, alguns desses componentes estão pensando em assumir a coordenação para que isso não pare e eu estarei ao lado apoiando da me-lhor forma possível”, explica Liane.

VITÓRIASA companhia junina Lume da Fo-

gueira, atualmente, conta 85 pessoas envolvidas e venceu nas categorias es-cola e estilizado nos anos de 2006 a 2009. Em 2010, o grupo não se apre-sentou e voltou a ganhar em 2011 e ficou em quarto lugar na classificação final do concurso de quadrilhas da In-tertv Cabugi, a única de Mossoró que chegou mais perto da vitória. Neste ano, pela primeira vez, o grupo obteve o pri-meiro lugar no concurso de quadrilhas em Assú e compete amanhã pelo título de campeã em Monte Alegre, no con-curso de quadrilhas da Intertv Cabugi.

“O destino da Lume pode estar nes-sa competição de amanhã. Queremos muito a vitória, seja para seguir adiante,

seja para a nossa despedida”, explica o coreógrafo e integrante da Lume desde os 13 anos. A própria história de Abraão se confunde com a do grupo.

“Passei a estudar na Escola Manoel Assis por causa da quadrilha, para poder dançar. Em uma das apresentações da Lume, a professora de dança Roberta Shumara me viu e conseguiu que eu es-tudasse o ensino médio com bolsa no Diocesano, onde integrei a Cia de dança Diocecena. Atualmente, curso Educação Física na Uern”, conta Abraão, hoje com 22 anos, que desde 2008 é o coreógrafo oficial da quadrilha e que mantém o tra-balho. “Vivi a maior parte da minha vida na companhia junina”, relembra.

Como Abraão, muitos integrantes estão encaminhados profissionalmente devido às exigências e postura firme da professora Liane de que para participar era preciso estar estudando ou traba-lhando. A participação na quadrilha jamais seria motivo para “relaxar” nos estudos.

Não se sabe ainda se o grupo vai en-cerrar seu ciclo ou se vai continuar, mas certamente a companhia será sempre lembrada pela trajetória que marca o nome da Lume da Fogueira na história dos festejos juninos de Mossoró e do Es-tado. E uma importante lição: a de que, para tudo nesta vida, é preciso doses (pequenas ou grandes) de paixão.

Integrantes da Lume da Fogueira

Abraão, Márcia Katarina, Isabele e Alisson: dedicação

de anos ao grupo

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rádioCancioneiro

Estudantes do curso de Comunicação Social da Uern vencem competição regional com radiodocumentário sobre Eliseu Ventania

radiodocumentário

Os alunos do curso de Comuni-cação Social (Habilitação Ra-dialismo) conseguiram o pri-

meiro lugar na premiação de projetos experimentais universitários no campo da comunicação, dentro do evento re-gional do congresso de comunicação social (Intercom/Regional NE), realizado em Recife-PE.

O radiodocumentário “O Cancionei-ro”, resultado de uma pesquisa sonora e bibliográfica sobre Elizeu Ventania, é um produto experimental, fruto de uma disciplina de Radialismo, foi realizado pelos alunos do Curso de Comunicação Social da UERN Carla Jordânia, Clarissa Linhares e Richarlles Alves, sob orien-tação da professora Ana Lúcia Gomes.

“O radiodocumentário foi realizado como forma de contribuir no registro e na visibilidade do seu trabalho dedicado às canções e à poesia e que influencia muitos artistas e pesquisadores da cul-tura popular”, explica Carla Jordânia, que representou o grupo no evento.

Segundo o grupo, o produto expe-rimental buscou explorar as potencia-lidades da pesquisa oral, valorizar os depoimentos e refletir sobre a impor-tância da produção sonora, como re-

gistro e instrumento de pesquisa, pa-ra Comunicação Social e Ciências Hu-manas.

“Apesar de muitas dificuldades en-frentadas pela equipe, principalmente diante da greve da Universidade, o Ra-diodocumentário sobre Elizeu Ventania foi apresentado no evento regional do congresso brasileiro de comunicação Intercom e concorreu com mais três trabalhos, saindo vencedor da catego-ria programa de áudio/rádio documen-tário, entrevista e variedades”, ressal-ta Carla.

RealizaçãoToda a pesquisa foi feita dentro da

disciplina de agência experimental em Radialismo por meio de questionários, entrevistas com pessoas que convive-ram ou que foram influenciados pela arte de Elizeu Ventania como os poetas Damião da Silva de Caraúbas, Aldaci de França e Genildo Costa.

Os depoimentos serviram para en-riquecer o trabalho que teve duas abor-dagens: Informativa – documentário Jornalístico e a Pesquisa Oral.

“Nosso principal objetivo é resgatar a história de Elizeu Ventania e divulgar

no

suas obras e canções que fizeram his-tória e que merecem destaque na cul-tura Potiguar, contribuindo assim para futuras pesquisas acadêmicas. Para nós da equipe do Radiodocumentário foi um prazer pesquisar e tornar conhecido o nome de um dos artistas mais impor-tantes da nossa cultura e fazer isso por meio do rádio, que é um veículo popular e de grande alcance nos deixa ainda mais gratificados”, ressalta Jordânia.

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radiodocumentárioA vida do cancioneiroElizeu Elias da Silva, o Elizeu Venta-

nia, nasceu em 20 de julho de 1924 no Sítio Jacu, município de Martins. Desde criança se identificou com a música e aos 18 anos, percebendo sua vocação, deci-diu fazer da cantoria o seu ganha-pão, influenciado por outros violeiros. De iní-cio, pensou em se chamar Elizeu Serrania para homenagear a cidade de Martins, mas descobriu que já havia artista com o mesmo nome e então, optou por Ven-tania. Aos 18 anos, seguiu para Fortale-za onde, com a convivência com outros violeiros, se aprimorou na arte da canto-ria e iniciou sua trajetória artística.

Durante anos, viveu apenas das can-ções, do repente e da viola, viajou todo o Nordeste, Norte e Sul do País fazendo can-torias e com outros cantadores, entre eles João Liberalino, com quem formou uma das mais famosas duplas de toda a região.

Juntos eles foram para o rádio com o programa Rimas e Violeiros, sucesso por mais de vinte anos e companheiro com quem gravou o LP O Nascimento de Jesus em 1972. Mas este não foi o primeiro LP. Elizeu fez ainda o LP ‘Can-ções de Amor’, em 1971, e o terceiro e último disco ‘Chorando ao Pé da Cruz’, em 1979, sendo este último pela Con-tinental vendendo 40 mil cópias.

Apesar de ser analfabeto, isso nunca o atrapalhou. Ele costumava declamar os seus versos até decorá-los. Depois com o uso de um gravador, as letras eram transcritas por amigos e familiares.

Com os anos, seu trabalho foi fican-do mais difícil. Aos 60 anos, ficou cego vitimado pela catarata irremediável diante da falta de condições de pagar um caro tratamento.

Nos seus últimos anos de vida, Elizeu era figura urbana, conhecido por sua ban-ca ao lado do mercado público central, onde cantava as músicas e vendia fitas cassete com as gravações. Ele calculava ter vendido mais de 100 mil fitas cassetes.

Pouco tempo depois, nos últimos dois anos de vida, Elizeu Ventania já não estava mais gravando e vivia da ajuda financeira dos filhos.

Nessa época, o cancioneiro já não vivia mais com a mulher legítima, Fran-cisca Limeira Sales, há mais de quinze anos. Toda a doença foi acompanhada de perto por sua companheira Benedita Neuma Sena, com quem conviveu ma-ritalmente os últimos vinte anos de vida. O cancioneiro teve ao todo oito filhos.

Em 19 de outubro de 1998, ele fale-ceu após uma parada cardiovascular no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), oriundo de um enfisema pulmonar e depois de quinze dias de internação na UTI. Deixou mais de 200 composições inéditas e uma trajetória a ser recorda-da pelos cantadores de toda a região.

A equipe durante as entrevistas

Carla Jordânia e a professora Ana Lúcia Gomes durante premiação no Intercom Regional em Recife

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Cada vez mais, cresce a pressão para que as empresas sejam sustentáveis. No entanto, a maioria delas sequer possui pro-fissionais com foco em questões voltadas à sustentabilidade

e gestão em meio-ambiente. Os donos de micro e pequenas empresas brasileiras tendem a achar que sustentabilidade é coisa para grandes corporações, que podem se dar ao luxo de investir nisso. Grande en-gano. O empreendedor é que não pode se dar ao luxo de desprezar essa questão. Além da proteção ao meio ambiente – que é um dever de todos para salvar o planeta –, ser sustentável traz economia e, por-tanto, melhora a lucratividade de qualquer empreendimento. Se você quer tornar o seu ambiente de trabalho mais verde e não sabe por onde começar, seus problemas acabaram. Seguindo essas dez dicas, é possível mudar os hábitos do seu local de trabalho, sua relação com seus empregados e clientes sem precisar fazer grandes sacrifícios. Não importa o tamanho da sua empresa, basta querer fazer a sua parte.

RAFAEL DEMETRIUS

Extraia todo o potencial de seus colaboradores. Seja um Líder de referência. Faça o Curso de Liderança IMPACTO. Ligue 84 3314-1024 ou mande um e-mail para [email protected] e ganhe na hora R$ 40,00 de desconto em sua inscrição.

Todas as pessoas da empresa devem comprometer-se com a eco-nomia de energia. Um bom começo é adquirir apenas equipamen-tos que tenham classificação energética A no selo PROCEL, já que esses produtos são eficazes e apresentam baixo consumo de ener-gia. Outras boas dicas é criar horários para uso do ar-condiciona-do, usar lâmpadas fluorescentes, que embora mais caras que as convencionais, duram 13 vezes mais e usam 66% a menos de energia do que as outras. Use também sistemas de iluminação e ventilação natural.

Só utilize aparelhos de fax se for realmente necessário para o negócio, já que essas máquinas costumam gastar muito papel e energia. Procure ainda manter o aparelho desligado, colocando em funcionamento apenas quando for utilizá-lo.

Apoie programas e causas ambientais que, além de proteger o meio ambiente, dão visibilidade para a empresa e costumam trazer benefícios fiscais. Procure lançar programas verdes para sua empresa, como plantio de árvores, caminhadas, passeios ciclísticos, dia sem ar-condicionado e etc.

Mande um e-mail para todos os funcionários informando sobre essas simples atitudes sustentáveis, mostrando os benefícios que elas trazem para o dia a dia de cada pessoa e as consequências para o planeta. Faça reuniões, palestras e momentos de cons-cientização para seus colaboradores.

Não adianta deixa em stand-by, os equipamentos eletrônicos gas-tam energia mesmo quando estão aparentemente desligados. Por isso, se não estiver usando, desligue-os por completo. Também é comum encontrar pessoas que deixam os estabilizadores e até computadores inteiros ligados quando acaba o expediente.

Incentive os funcionários a reutilizarem papéis, transformando documentos descartados em folhas de rascunho ou para impressão. Coloque a impressora no modo Econômico e não imprima conteú-dos desnecessários. Reutilize também copos descartáveis na sua empresa, lance a campanha: Adote um copo ou incentive-os a le-varem garrafinhas para o trabalho. Prepare apenas o café que será consumido no dia, evitando o desperdício e prefira servir a bebida em xícaras e não em copos plásticos.

Faça uma verdadeira faxina em sua empresa. Retire todos os equipamentos eletrônicos que estão encostados, quebrados ou sem uso. Depois de separados, reforme-os ou doe-os para uma instituição. Com isso, além de contribuir com a sustentabilida-de da empresa, você estará ajudando pessoas que não têm con-dições de adquirir aparelhos eletrônicos.

Se possível, mantenha uma área verde no espaço físico da em-presa, nem que sejam apenas alguns vasos. Incentive os funcio-nários a cuidar e zelas pelas plantas.

Uma parte significativa dos custos de uma empresa parte das impressoras espalhadas por todo o escritório. Páginas da internet, e-mails e muitos outros documentos acabam gastando muito papel, energia e tinta, na maioria das vezes, desnecessariamen-te. Para resolver esse problema, adote um sistema de gerencia-mento de impressão. Os softwares são fáceis de instalar e você pode encontrar alguns gratuitos disponíveis na internet. Se pre-cisar imprimir procure usar papel reciclado.

Se for necessário trocar os móveis ou algum outro material do seu escritório, tente fazê-lo da forma mais sustentável possível. Procure peças feitas com materiais reciclados, madeiras certifi-cadas ou materiais que causem baixo impacto.

Curso de Liderança

Economize energia

Aposente o FAX

Causas ambientais

Comunique as ações

Utilize os equipamentos de forma consciente e eficiente

Reutilize

Doe equipamentos obsoletos

Tenha um espaço verde

Instale um Software para economizar na impressão

Pense verde quando for trocar os móveis e suprimentos

Dicas para tornar sua empresa sustentável

sua carreira

Page 13: Revista de Domingo

13Jornal de Fato | DOMINGO, 24 de junho de 2012

PEDRO FERNANDES DE O. NETO*

Todo e qualquer estudo – grande ou pequeno – está suscetível a erros. Ainda mais se o pesquisa-

dor for um tanto ganancioso e confiar ple-namente nas suas suposições. É sabido que suposições e mentiras quando lapidadas ao extremo volta-se para o seu mentor e passa a atuar como verdade e, pronto, o desastre, depois disso, poderá está feito.

Quando saiu por aqui o catatau Fer-nando Pessoa – uma quase autobiografia, de José Paulo Cavalcanti Filho, ainda o peguei nas mãos com afoito interesse em comprá-lo. O preço, entretanto, me fez recuar. Depois, estive lendo algumas crí-ticas em que o próprio autor proclamava não sei quantos heterônimos, a revelação de que Fernando Pessoa havia sido ho-mossexual, pelo menos até certo tempo de sua vida e depois havia desistido da ideia; nunca praticou sexo com outros homens, mas algumas atitudes, como patrocinar com próprio custo a edição de materiais de amigos seus homossexuais, como António Botto e Mário de Sá-Car-neiro – o primeiro, gay assumido – e ain-da um dos heterônimos, tudo atestaria isto. E outra, a mais cri-cri e, suposta-mente atribuída a António Botto, a de que Fernando Pessoa teria um pênis muito pequeno, o que lhe afastou do envolvi-mento com mulheres: E toda essa fofoca de beira de esquina que andou correndo os jornais e revistas do Brasil inteiro se complementam com uma entrevista em-baraçosa que vi com o próprio na emis-sora portuguesa RTP, por esses dias. Bas-tam! O disse-me-disse de Cavalcanti Filho extrapola o âmbito do biográfico, do au-tobiográfico (pretenso título para o arre-medo de obra que produziu) e não tem nada de crítica fundamentada que dê pa-ra lê-lo seriamente. O lado fanático do autor cumpre o interesse de reduzir a figura idolatrada ao nível mais baixo pos-sível para que ele então prevaleça sobre a imagem do poeta. E isso é, no mínimo, atitude merecedora de reprovação.

Fernando Pessoa desfigurado )(

Agora, Teresa Rita Lopes num texto de lucidez impecável publicado no dia 27 de maio no caderno português Ípsilon dispõe o livro de José Paulo Cavalcanti Filho no lugar que ele realmente pertence: um ca-lhamaço de besteiras que nunca deveria ter saído das gavetas de seu autor. Rita Lopes foi professora na Sorbonne e lá de-fendeu a tese de doutorado Fernando Pes-soa et le drame symboliste – héritage et création, nos idos de 1975; desde 1981, tornou-se professora catedrática de lite-ratura comparada na Universidade de No-va Lisboa, onde dirige o Instituto de Estu-dos sobre o Modernismo. Ensaísta, poeta e teatróloga premiada, ela trabalha sobre Fernando Pessoa num grupo de estudos fundado desde 1964, tendo publicado vá-rios estudos e textos inéditos do poeta português em França, Portugal e Brasil.

Em torno do sucesso estrondoso que o livro de Cavalcanti Filho tem causado em Portugal, onde foi lançado recentemente, Rita logo pergunta – “Os que aplaudem, leram? As 710 páginas? Eu li. Quantos des-ses poderão silabar estas 4 letras?” E acres-

ce: “Como tantos falam de Pessoa dele sa-bendo tão pouco, este ‘simples guia para não iniciados’ (p.13) arrisca-se a modelar o saber de incautos e incultos leitores” – pas-sando discorrer sobre as falácias do livro em questão: Fernando Pessoa, apesar dos pro-blemas com alcoolismo no fim da vida, nun-ca teria se deixado reduzir pelo “deprimen-te retrato do bêbado louco megalômano, aspirante a Prêmio Nobel”; a extensa lista de heterônimos é falsa – “não sabe o que heterónimos quer dizer: Fernando Pessoa, Fernando António e F. Nogueira Pessoa con-tam na lista como 3 heterónimos! Na sua sôfrega caça ... até contabiliza assinaturas casuais em livros ou papéis soltos ... Outro erro é listar pseudónimos ocasionais, que P. [Pessoa] inventou às dezenas ... pseudó-nimos de charadistas ... nomes casuais ... personagens de ficção ... amigos imaginá-rios de infância de que não há rasto escrito ... pessoas reais”. Para Rita Lopes “este livro é uma montagem de textos pescados a es-mo, de P. e seus ‘outros’, mas sem atribuição, tudo misturado com a prosa de B. [biógrafo] que quis – e ingenuamente o declara – imi-tar o estilo de P. Aqui e ali introduziu, sem-pre sem dar o seu a seu dono, afirmações alheias. Ficamos assim a braços com uma tremenda amálgama de citações – estro-piando, inúmeras vezes, não só palavras, mas frases inteiras. Resulta um ‘coqui-téu’... com pedaços de poemas, que cita como prosa e mistura com outras prosas que não diz de quem são.”

Alguém de nome como o autor per-nambucano e de dinheiro como ele que se aventura a compor um rito de basbaquices deve ter uma obra do tipo redefinida: um calhamaço de fofocas gratuitas. A pergun-ta é, como uma editora se aventura a pu-blicar isso ao redor do mundo? E a respos-ta vem fácil. As editoras estão todas san-guessugas, sedentas por sangue-dinheiro e têm gosto acurado pela frivolidade. Acho que tomei a atitude certa em economizar quase R$80 por um livro que não me agre-garia em nada.

* Pedro Fernandes de O. Neto, é aluno do Doutorado em Liter. Comparada pelo Programa de Pós Graduação em Estudos da Linguagem na UFRN

artigo

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O Tenda Gastronomia e Lazer também conta com alguns itens especiais que têm tudo a ver com o nosso período junino. Nesta semana, visitei o local e comi dois pratos bem regionais – e, sinceramente, espetaculares. O primeiro foi a Pizza Cangaceiro, com carne de sol, bacon, queijo, alho frito e coentro. Não sou muito fã de carne vermelha, mas me rendi a essa pizza. É uma maravilha! A segunda sugestão é a Lasanha Sertaneja, que é mon-tada no prato e também conta com carne de sol, molho branco, molho de nata e cebolinha. Um espetáculo! Visite: Rua Francisco Mota - 377 - Alto de São Manoel – (84) 3312-2544 / (84) 3312-1238.

O espaço tem todo um cenário que lembra uma peque-na cidade do interior e dois dos bares mais interessantes da cidade se transferem para lá todos os anos – o Seléct Nouveau e o Acapulco’s. O grande sucesso da Cidad-ela nos anos anteriores provocou sua ampliação neste ano. Além dos bares, há botecos, lanchonetes, barracas de comidas típicas, vendas de artesanato, entre outras opções, que começam a funcionar bem cedo, por volta das 18h. Mas é somente depois do espetáculo Chuva de Balas no País de Mossoró, lá para as 22h30, que a Cidadela se transforma no melhor espaço etílico do Mos-soró Cidade Junina, com bandas diferentes de vários estilos, como MPB, Pop, Rock, Samba etc.

*Dica do Bruno Viana, colunista do Blog Adoro Comer da sessão Adoro Beber.

Tenda e pratos típicos

Cidadela

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DAVI MOURA

14 Jornal de Fato | DOMINGO, 24 de junho de 2012

Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

adoro comer

Saí com meus pais para um jantar no Trattoria do Centro e provamos ótimos itens do cardápio sem ser pizza! Para começar, dei uma sacada no cardápio de drinks. Embora a variedade fosse pouca, achei uma Margarita. Aqui foi extremamente bem preparada, docinha, azeda e salgada ao mesmo tempo. O primeiro prato foi um espaguete de camarão, com um leve toque de pimenta e a massa al dente, o prato é perfeito para duas pessoas que comem educadamente. Pra completar, um matador filé à parmegiana, que também fiz questão de provar e estava gostoso como poucos. Espaguetezinho al dente e um molho de tomate ao sugo de dar água na boca. Visite: Rua Quin-tino Bocaiúva, 129 – Centro – Telefone: (84) 3312-6591.

Voltei de Goiânia-GO há pouco tempo e visitei um local natureba cujo foco é açaí e como aqui em Mossoró está uma verdadeira febre, trouxe algumas dicas baseadas na Estação do Açaí: 1) ABRAM CEDO! Os de lá abrem a partir das 10h da manhã. Faz todo o sentido do mundo os daqui abrirem assim, até porque o nosso calor é bem mais forte. 2) Prezem pela decoração – Não se trata só de comer, e sim de sentir a experiência do açaí. 3) Difer-enciem o cardápio – que tal itens diferentes, como crepes (como na foto), tapiocas etc. 4) Que tal uma versão um pouco menor do açaí? Lá os tamanhos eram 250g, 400g e 500g. Não tem o de 1kg lá – até porque é bem raro alguém pra comer tanto. Fica a dica!

Neste período junino, no qual culturalmente as preparações são à base de milho, não se deve fazer restrição do uso. Mas, claro que o exagero engorda. O que precisa ter cuidado são os ingredientes usa-dos nestas preparações: o açúcar, muitas vezes o leite condensado, manteiga, ovo, excesso de leite de coco e o próprio leite de gado integral, creme de leite, queijos amarelos, são alimentos ricos em gor-duras saturadas que podem elevar o colesterol. Uma dica: o leite de coco deve ser preparado a partir do coco seco ralado e batido com água quente, de-pois coado, é sem leite, sem conservantes, é natu-ral e menos calórico. Portanto, para as pessoas que fazem exercícios físicos diários não se privem de comer, neste São João, uma boa canjica ou pamon-ha. Para aqueles que não se exercitam tenham mais cuidado e comam com moderação.

*Dica da Kaline Melo, colunista do Blog Adoro Com-er da sessão Dica da Nutricionista.

Nem só de pizza vive o homem

Dica sobre Açaí

Comidas Juninas

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adoro comer

WRAP SANDWICH de PERU

INGREDIENTES

• 8 hambúrgueres de peito de peru• 10 folhas de pão sírio• Alface• Tomate• Cenoura• 1 caixa pequena de creamcheese light

• Camarão GG 100g• Maracujá• Cebola• Alho• Azeite• Creme de leite• Mel de abelha• Licor Cointreau

MODO DE FAZER

AVALIAÇÃO

• Primeiro corte todas as verduras em fatias bem fininhas. O truque pra cortar a alface assim é juntar toda em uma só mão e fatiá-la de uma vez. Corte todas e reserve;

• Após isso, comece a assar os pães. Em uma frigideira (de preferência uma antiaderente), aqueça e já vá assando. O cozimento é rápido, pois os pães são fininhos. Não espere ele dourar, ou vai queimar rapidinho. É só pra dar uma esquentada rápida. Separe;

• Agora são os hambúrgueres. Frite-os com ÁGUA em uma frigideira também antiaderente. Diminui 90% a melequeira, além disso, fica bem mais saudável e você vai perder menos tempo lavando a louça depois;

• Depois de fritos os hambúrgueres, corte-os em cubinhos bem pequenos e misture-os com o creamcheese;

• Recheie e enrole os pães da forma que preferir. Este foi em forma de charuto;

• A esta altura, a receita já deve ter esfriado. 1 minuto e meio no microondas em potência média resolvem o problema. Mais do que isso a verdura murcha e o prato fica feio demais.

• Fiz o prato para compor um jantar com várias outros tipos de comida. De qualquer forma, o wrap sandwich vai bem a qualquer hora do dia. A sugestão de consumo é com chá gelado ou sucos naturais. O hambúrguer de peru também pode ser substituído por sua versão em soja.• Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

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