resenha_1984
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8/3/2019 resenha_1984
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FACULDADE SUMARÉ
Letras / Língua Porguesa II
Aluno: Daniel Marchesani da Silva
RA:115208
RESENHA DO LIVRO 1984 DE GEORGE ORWELL
Não é novidade que 1984 é uma das mais famosas distopias da literatura. O romance deGeorge Orwel formou um paradigma literário que até hoje é seguido. Dentre seus seguidorespodemos destacar romancistas como: Philip K. Dick (O Caçador de Andróides) e William
Gibson (Neuromancer).
O pessimismo quanto ao futuro é uma das características literárias deste romance quefala de uma sociedade dominada por um partido, o IngSoc, o qual estabelece regras rígidas degoverno. Ademais, a Oceania, país onde se passa o romance, tem como seu principal ídolo oGrande Irmão (Big Brother) que é cultuado como um deus detentor de todas as verdades.
O 1984 de George Orwell é dividido em Eurásia, Lestásia e Oceania; todos estes paísesproprietários de um sistema absolutista firmado na guerra e na repressão.
O universo apurado que o autor criou é tão detalhista que abrange uma nova línguachamada de novilíngua que tem o objetivo de barrar pensamentos mais complexos. Sem dúvidauma idéia bem construída, pois a primeira etapa para dominar um povo é tomar posse da sualíngua.
O Ingsoc lança mão de várias técnicas para o controle do povo. Uma delas é ocondicionamento mental. No capítulo 17 temos um exemplo: na época a Oceania estava emguerra com a Eurásia e formou-se um grande comício para celebrar a semana do Ódio - umevento periódico que incitava as pessoas a odiarem seus inimigos – e para se proclamardifamações contra o país antagônico. Porém, o orador principal, de um momento para outromudou o inimigo para a Lestásia, a Eurásia se tornou aliada da Oceania em questão de minutos.
Todos no comício aceitaram a mudança sem pestanejar, menos Winston, o personagemprincipal, que logo reparou na discrepância. Note bem: não aceitaram por que foram obrigados,aceitaram porque suas mentes foram preparadas para permitirem contradições. Esta técnica ébem exposta no livro e se chama duplipensar.
Impressionante também são os métodos de tortura usados pelo partido na famigerada sala 101,um lugar onde o indivíduo se depara com o seu pior medo. Nesta cena George Orwell mostracomo o ser o humano pode se render frente a sua maior dor e se entregar aos ditames dacrueldade.
De fato que não é um livro fácil, mas o seu tom profético nos faz pensar de como podeser um mundo onde quem manda é um deus estado, consciente de seus atos e até dos seus
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pensamentos. O que nos deixa perplexo é algo parecido pode acontecer. A Idade Média foiconsiderada a Idade das Trevas que foi antecipada pelo Classicismo, uma época de ouro que oOcidente viveu baseado nos pensamentos de Sócrates, Platão e Aristóteles. Será que aDemocracia Ocidental dará lugar a um futuro ditatorial ondes as pessoas serão comandadas porum pensamento único? Com as novas tecnologias da informação os governos e as empresas
podem saber exatamente o que gostamos, o que não gostamos e até onde estamos. Não seriapossível que vários grupos de poder mau intencionados tomassem posse desta tecnologia parabenefício próprio? Desta maneira podemos tomar de exemplo o livro Orwell que imagina oquanto um governo despótico pode trazer de desgraça a humanidade.
Esta maravilha do romance moderno possui cerca de 220 páginas e 23 capítulos , trata-se de uma leitura densa, pesada mas também muito imaginativa. A maestria como Orwellconstrói o seu mundo é evidenciada por descrições detalhistas como: “Abriu a janela, acendeu
o sujo fogareiro de óleo e encheu d'água uma caçarola, para o café. Júlia não devia demorar;enquanto não viesse, leria o livro. Sentou-se na poltrona esfiapada e abriu a pasta. Um pesado
volume negro, numa encadernação tosca, sem nome nem título na capa. O tipo também parecialigeiramente irregular. As páginas estavam gastas nas margens, e se destacavam com
facilidade, como se o livro tivesse passado por muitas mãos. No frontispício havia o título:TEORIA E PRÁTICA DO COLETIVISMO OLIGARQUICO por Emmanuel Goldstein
Winston...”
A Companhia das Letras lançou uma edição impecável no formato de 13.70 x 21.00 cmcom 416 páginas, o mérito da tradução é de Heloisa Jahn e Alexandre Hubner que repassam de
maneira exímia para o português a essência de uma obra seminal, angustiante e reflexiva.