Profissão Geógrafo Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010paulorosa/boletim/Vol.(4)_N.1.pdf ·...

6
O desenho e a técnica que têm sido desprezados na formação do bacharel é uma falha bastante grave, mesmo assim tem-se tenta- do corrigir essa falha num dia de trabalho em campo. A atividade em campo é fundamental, pois é aí que existe a possibilidade de atuação efetiva, ou seja, contato com o fenômeno, pois é ele que irá permitir que a síntese o ex- presse. Assim, a formação do profissional deve acontecer para que não se despreze a capacida- de da tomada de decisão quando for necessária a construção de um trabalho de ordem profissio- nal. Por Paulo Rosa Várias monografias foram orientadas por mim e pelo grupo que tem trabalhado no GEMA e perfazemos uma quantidade superior a seis deze- nas. Nesse último semestre de 2010.1, pudemos colocar mais seis estudantes como bacharéis no mercado. Aparentemente isso é uma vitória, pois ao longo da história pudemos, aos poucos, mudar a situação que era desfa- vorável à formação de pessoal no nível de bacharel. Não resta dúvi- da que a tarefa tem sido árdua, pois nesse último semestre orien- tamos trabalhos de diversos te- mas: Distribuição dos naufrágios no litoral paraibano; Distribuição de depósitos de areias nos tabu- leiros costeiros; Distribuição das Acácias como árvores exóticas no Campus I da UFPB; Distribuição das plantas fitoterápicas na cida- de de João Pessoa; Distribuição dos mercados públicos na cidade de João Pessoa e por último a distribuição dos fornecedores de produtos diet na cidade de João Pessoa. Numa breve leitura pude- mos ver que todos os trabalhos pautam-se no conceito de distri- buição, surgindo daí o seguinte questionamento: qual foi a princi- pal ferramenta utilizada para que esses trabalhos fossem construí- dos? Quando se pauta no concei- to distribuição, devemos pensar em distribuição espacial, pois tomamos como grande interesse a ferramenta que nos permitirá ver a distribuição dos elementos no espaço. Assim, não há como não trazer o mapeamento para que se possa vislumbrar como o fenômeno ocorre no espaço, criando então a geografia do evento. O mapa é de extrema importância porque é a síntese do trabalho geográfico. Mas para fazê-lo é necessária uma série de situações que somente ao longo do curso e do dia-a-dia será cons- truído como, por exemplo, a observação tanto assistemática como a sistemática. Outra situa- ção fundamental: transformar o real em representação virtual. Nesse caso, é necessário não apenas escrever, mas, principal- mente, desenhar tanto o croqui como também o mapa de manei- ra convencional ou automatizada. A Formação Profissional Atuação dos Geógrafos em Canaã - Cleytiane Santos Podemos encontrar evidencias da existência dos geógrafos desde os tempos mais remotos, como an- tes mesmo da existência de Cris- to. A passagem Bíblica do livro de Números no capitulo 13 versícu- los de 3 a 20, nos fala sobre a atuação do Geógrafo já nessa época, no que diz respeito aos espias que foram enviados por Moisés até a terra de Canaã. Aqui vai um pequeno trecho do que lá está: [...] Moisés mandou que explorassem o país de Canaã, e lhes falou:” subam pelo deserto no Negueb até chegar à montanha. Obser- vem como é o país e seus habi- tantes, se são fortes ou fracos, pouco ou muitos. Vejam se a terra é boa ou ruim; como é que são as cidades onde moram, se são abertas ou fortificadas. Vejam se a terra é fértil ou estéril, se tem árvores ou não. Sejam corajosos e tragam frutos da terra". (Números 13.17-20). Sendo o papel do Geó- grafo localizar e descrever para mapear determinada área ou a distribuição de algo, os espias foram até a terra desconhecida para descrever o que a mesma teria de melhor e observar a sua localização, organização estrutu- ral das cidades, estrutura física das pessoas que nela residem e como se dava a sua segurança, para planejar uma estratégia eficaz de invasão, ou seja, foram procurar atrativo, ponto fracos e fortes do país que eles queriam Fonte: http://scriptures.lds.org/pt/biblemaps/ map2.jpg dominar. E como se intitula o livro de Lacoste “A geografia serve em primeiro lugar para fazer a guer- ra”, nessa época a maior utilidade Geografia era essa, localizar o alvo, descrevê-lo, para se planejar a melhor forma de dominá-lo. BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA Interesses especi- ais: O boletim de Geografia Aplicada é um periódico que visa a interação e a divulgação de atividades desenvolvidas dentro da Geografia que ficam caracterizadas pela execução das habilita- ções dos geógrafos dentro de âmbito com característica profissio- nal. Os artigos e notas aqui impressos, são as representações de expe- riências vividas por pro- fissionais ou por pesso- as com interesses afins, ou seja dentro do univer- so das habilidades pes- soais de cada um a partir do reconhecimento dos mais diversos aspectos inerentes ao desempe- nho da profissão. Profissão Geógrafo GEMA Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010 Nesta edição: A Formação Profissional Atuação dos Geógrafos em Canaã 1 A Geografia e a Pesca Comunidade Quilombola de 2 A Geografia dos Croquis A Economia Gerada pelo Mercado Milionário das Bandas de Forró no Nordeste 3 A Geografia Da Pesca do Litoral de João Pessoa Comunicação Audiovisual na Geografia 4 Perceptível Desenvolvimento sócio-espacial da cidade de João Pessoa Economia das Bandas de Forró Eletrônico x Cultura 5 Arte Editoração Parceiros 6 GEMA GEMA GEMA

Transcript of Profissão Geógrafo Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010paulorosa/boletim/Vol.(4)_N.1.pdf ·...

Page 1: Profissão Geógrafo Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010paulorosa/boletim/Vol.(4)_N.1.pdf · 2012-01-26 · A passagem Bíblica do livro de Números no capitulo 13 versícu-los de 3

O desenho e a técnica que têm

sido desprezados na formação do

bacharel é uma falha bastante

grave, mesmo assim tem-se tenta-

do corrigir essa falha num dia de

trabalho em campo. A atividade

em campo é fundamental, pois é

aí que existe a possibilidade de

atuação efetiva, ou seja, contato

com o fenômeno, pois é ele que

irá permitir que a síntese o ex-

presse. Assim, a formação do

profissional deve acontecer para

que não se despreze a capacida-

de da tomada de decisão quando

for necessária a construção de

um trabalho de ordem profissio-

nal.

Por Paulo Rosa

Várias monografias

foram orientadas por mim e pelo

grupo que tem trabalhado no

GEMA e já perfazemos uma

quantidade superior a seis deze-

nas. Nesse último semestre de

2010.1, pudemos colocar mais

seis estudantes como bacharéis

no mercado. Aparentemente isso

é uma vitória, pois ao longo da

história pudemos, aos poucos,

mudar a situação que era desfa-

vorável à formação de pessoal no

nível de bacharel. Não resta dúvi-

da que a tarefa tem sido árdua,

pois nesse último semestre orien-

tamos trabalhos de diversos te-

mas: Distribuição dos naufrágios

no litoral paraibano; Distribuição

de depósitos de areias nos tabu-

leiros costeiros; Distribuição das

Acácias como árvores exóticas no

Campus I da UFPB; Distribuição

das plantas fitoterápicas na cida-

de de João Pessoa; Distribuição

dos mercados públicos na cidade

de João Pessoa e por último a

distribuição dos fornecedores de

produtos diet na cidade de João

Pessoa. Numa breve leitura pude-

mos ver que todos os trabalhos

pautam-se no conceito de distri-

buição, surgindo daí o seguinte

questionamento: qual foi a princi-

pal ferramenta utilizada para que

esses trabalhos fossem construí-

dos? Quando se pauta no concei-

to distribuição, devemos pensar

em distribuição espacial, pois

tomamos como grande interesse

a ferramenta que nos permitirá

ver a distribuição dos elementos

no espaço. Assim, não há como

não trazer o mapeamento para

que se possa vislumbrar como o

fenômeno ocorre no espaço,

criando então a geografia do

evento. O mapa é de extrema

importância porque é a síntese do

trabalho geográfico. Mas para

fazê-lo é necessária uma série de

situações que somente ao longo

do curso e do dia-a-dia será cons-

truído como, por exemplo,

a observação tanto assistemática

como a sistemática. Outra situa-

ção fundamental: transformar o

real em representação virtual.

Nesse caso, é necessário não

apenas escrever, mas, principal-

mente, desenhar tanto o croqui

como também o mapa de manei-

ra convencional ou automatizada.

A Formação Profissional

Atuação dos Geógrafos em Canaã - Cleytiane Santos

Podemos encontrar evidencias da

existência dos geógrafos desde os

tempos mais remotos, como an-

tes mesmo da existência de Cris-

to. A passagem Bíblica do livro de

Números no capitulo 13 versícu-

los de 3 a 20, nos fala sobre a

atuação do Geógrafo já nessa

época, no que diz respeito aos

espias que foram enviados por

Moisés até a terra de Canaã.

Aqui vai um pequeno

trecho do que lá está: [...]

Moisés mandou que explorassem

o país de Canaã, e lhes falou:”

subam pelo deserto no Negueb

até chegar à montanha. Obser-

vem como é o país e seus habi-

tantes, se são fortes ou fracos,

pouco ou muitos. Vejam se a terra

é boa ou ruim; como é que são as

cidades onde moram, se são

abertas ou fortificadas. Vejam se

a terra é fértil ou estéril, se tem

árvores ou não. Sejam corajosos e

tragam frutos da terra". (Números

13.17-20).

Sendo o papel do Geó-

grafo localizar e descrever para

mapear determinada área ou a

distribuição de algo, os espias

foram até a terra desconhecida

para descrever o que a mesma

teria de melhor e observar a sua

localização, organização estrutu-

ral das cidades, estrutura física

das pessoas que nela residem e

como se dava a sua segurança,

para planejar uma estratégia

eficaz de invasão, ou seja, foram

procurar atrativo, ponto fracos e

fortes do país que eles queriam

Fonte: http://scriptures.lds.org/pt/biblemaps/

map2.jpg

dominar. E como se intitula o livro

de Lacoste “A geografia serve em

primeiro lugar para fazer a guer-

ra”, nessa época a maior utilidade

Geografia era essa, localizar o

alvo, descrevê-lo, para se planejar

a melhor forma de dominá-lo.

BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA

Interesses especi-

ais:

O boletim de Geografia

Aplicada é um periódico

que visa a interação e a

divulgação de atividades

desenvolvidas dentro da

Geografia que ficam

caracterizadas pela

execução das habilita-

ções dos geógrafos

dentro de âmbito com

característica profissio-

nal. Os artigos e notas

aqui impressos, são as

representações de expe-

riências vividas por pro-

fissionais ou por pesso-

as com interesses afins,

ou seja dentro do univer-

so das habilidades pes-

soais de cada um a partir

do reconhecimento dos

mais diversos aspectos

inerentes ao desempe-

nho da profissão.

Profissão Geógrafo GEMA Vol. (IV) — Nº 1

Setembro de 2010

Nesta edição:

A Formação Profissional

Atuação dos Geógrafos em

Canaã

1

A Geografia e a Pesca

Comunidade Quilombola de

2

A Geografia dos Croquis

A Economia Gerada pelo

Mercado Milionário das Bandas

de Forró no Nordeste

3

A Geografia Da Pesca do Litoral

de João Pessoa

Comunicação Audiovisual na

Geografia

4

Perceptível Desenvolvimento

sócio-espacial da cidade de

João Pessoa

Economia das Bandas de Forró

Eletrônico x Cultura

5

Arte

Editoração

Parceiros

6

GEMA GEMAGEMAGEMA

Page 2: Profissão Geógrafo Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010paulorosa/boletim/Vol.(4)_N.1.pdf · 2012-01-26 · A passagem Bíblica do livro de Números no capitulo 13 versícu-los de 3

F o n t e : h t t p : / /

djaildocomunicandocerrocorarn.blogspot.com/2010/03/

prefeitura-de-cerro-cora-mantem.html

A atividade pesqueira é

um setor econômico que consiste

na apropriação da natureza devi-

do ao trabalho humano. Os estu-

dos que caracterizam o ambiente

e os recursos pesqueiros estão

ligados à Geomorfologia, Climato-

logia, Biogeografia e outros cam-

pos da geografia voltados para o

estudo dos aspectos naturais e

econômicos. O mundo das águas

passa a ser apropriado pelos

pescadores devido seu trabalho,

gerando assim, territórios de pes-

ca de cada grupo que já se famili-

ariza com uma área.

As marés movidas pela

atração da lua, as correntes marí-

timas, os ventos, a erosão e sedi-

mentação que modelam fundos

marinhos, são processos que

influenciam na pesca, nesse senti-

do é possível observar a atividade

pesqueira a partir da experiência,

cultura dos pescadores e seus

conhecimentos com relação à

natureza.

No litoral de João pes-

soa é visível a atividade pesqueira

entre as praias mais visitadas.

Fazendo uma caminhada entre a

fonte: https://bonitopantanal.wordpress.com/

page/41/

praia de Tambaú e a praia da

Penha observa-se a pesca artesa-

nal que é considerada de baixo

impacto ao meio ambiente e tem

grande importância econômica.

Devido o crescimento

populacional, aumentou também

o número de pescadores principal-

mente de outras regiões, e a gran-

de poluição das águas vem acar-

retando uma diminuição de peixes

nos últimos anos. Existem associ-

ações de pescadores onde estes

profissionais são cadastrados,

estes recebem, um auxilio mone-

tário no período em que há a

reprodução da espécie em decor-

rência a proibição da atividade

pesqueira.

Enfim, a pesca é de

suma importância para a econo-

mia local, gerando renda e cultura

para a população, tornando-se um

campo bastante amplo para a

pesquisa Geográfica.

Atualmente a Comuni-

dade está sendo invadida pela

especulação imobiliária, lotea-

mentos e condomínios, o proces-

so de expansão urbana chegou

até a comunidade e cada vez

mais está se expandindo pela

área do quilombo, descaracteri-

zando – o. Quando os primeiros

habitantes do quilombo se estabe-

leceram em Paratibe, eles sobrevi-

viam da coleta de frutos, do ca-

ranguejo, plantio de roças, extra-

ção de lenha, da carvoaria, caça e

pesca, mas atualmente quase

tudo está esgotado naquela regi-

ão, bem como os costumes e

culturas locais também não sobre-

viveram.

A comunidade hoje é

bem estruturada, eles têm reuni-

ões mensais para discutir proble-

mas e assuntos relacionados ao

quilombo. Na questão da educa-

ção todas as crianças freqüentam

Por Edilaine Simone

A palavra "quilombo"

tem origem nos termos "kilombo"

ou "ochilombo". Originalmente,

designava apenas um lugar de

pouso utilizado por populações

nômades ou em deslocamento;

posteriormente passou a designar

também as paragens e acampa-

mentos das caravanas que faziam

o comércio de cera, escravos e

outros itens cobiçados pelos colo-

nizadores. Foi no Brasil que o

termo "quilombo" ganhou o senti-

do de comunidades autônomas

de escravos fugitivos. Havia escra-

vidão, porém, em alguns quilom-

bos.

A comunidade quilom-

bola de Paratibe (ver fig.1) tem

200 anos de existência e possui

130 famílias distribuídas em 6

núcleos: Istiva, Grota, Maribondo

de cima e de baixo, Portela e

Paratibe.

a escola do município, eles têm

aulas de violão, artesanato, fuxico

e capoeira. Todas as famílias

foram contempladas com a bolsa

família.

Como em toda comuni-

dade eles também convivem com

problemas, como a saúde, onde

passam até 4 meses sem médico,

tendo que se deslocar para outra

unidade de saúde em caso de

urgência, outro problema é o

reconhecimento da terra onde

eles estão lutando para que isso

aconteça o mais rápido possível,

como Joseane a líder comunitária

do quilombo de Paratibe nos dis-

se ... “nós estamos lutando pelo o

que estamos morando hoje, pelo

o que é nosso”.

A Geografia e a Pesca - Francicléa Ribeiro

Comunidade Quilombola de Paratibe – Valentina de Figueiredo - João Pessoa/PB

Página 2 BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA

“ . . .A comun idade

q u i l o m b o l a d e

Paratibe (ver fig.1) tem

2 0 0 a n o s d e

existência.”

Comunidde Paratibe

“...No litoral de João

pessoa é visível a

atividade pesqueira

entre as praias mais

visitadas.”

Page 3: Profissão Geógrafo Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010paulorosa/boletim/Vol.(4)_N.1.pdf · 2012-01-26 · A passagem Bíblica do livro de Números no capitulo 13 versícu-los de 3

A Economia Gerada pelo Mercado Milionário das Bandas de Forró no Nordeste

esse tipo de forró, mas em um

curto espaço de tempo esse estilo

se tornou uma febre nordestina,

hoje só no Estado do Ceará são

mais de 400 bandas, isso com

base em dados de um relatório

obtidos em 2008, chegando creio

a mais de 1000 bandas em todo o

nordeste. Essas bandas principal-

mente as maiores de renome

nacional, possuem ônibus de até

R$ 700 mil, movimentando uma

economia milionária em todo o

nordeste, claro que toda essa

economia esta agregada ao turis-

mo. É notório que em quase todas

as cidades do nordeste, principal-

mente, nos Estados da Paraíba,

Ceará e Pernambuco, são realiza-

dos eventos pelas prefeituras, que

vão desde a festa de produtos

agrícolas ou pecuários até festas

intituladas de Festa da Padroeira,

Por Italo Ramon

Depois da morte do

Rei do Baião Luiz Gonzaga,

surge no mercado fonográfico

um novo estilo de forró, o qual

ficou denominado de forró estili-

zado ou eletrônico. Tudo come-

çou quando um empresário de

pequeno porte em Fortaleza de

nome Emanuel Gurgel, obser-

vando que os salões dos bailes

ficavam cheios quando se toca-

va forró resolveu inovar, vendo

que aquilo poderia lhe dar mui-

tos lucros. Então foi ai que ele

resolveu montar uma banda de

forró intitulada Mastruz com

Leite, o diferencial dessa banda

era a presença de bateria, bai-

xo, guitarra e teclado, além da

tradicional sanfona e zabumba.

Inicialmente se achou estranho

Vol. (IV) — Nº 1 Página 3

A Geografia dos Croquis - Fransuelda Vieira

No mundo contempo-

râneo a cada dia surgem novas

invenções, a tecnologia avança

de forma vultosa: GPS de preci-

são milimétrica, SIG (Sistema de

Informação Geográfica), ima-

gens de satélite, Google Maps,

Google Earth; os Netbooks para

alguns já estão ultrapassados

diante dos Smartphones, que

permitem o acesso a internet de

qualquer lugar, para navegar na

rede, visitar sites de relaciona-

mentos, fazer pesquisas ler e

enviar e-mails, o que facilita a

vida de muita gente.

Na produção do saber

Geográfico, ora ciência, ora arte,

nos deparamos com um fato

um tanto interessante, na era

das inovações tecnológicas,

recorremos ao croqui, isso mes-

mo, ao desenho da área pesqui-

sada, imprescindível quando a

tecnologia revela-se em alguns

momentos incapaz de facilitar o

trabalho do Profissional Geógra-

fo.

O croqui é uma das

formas mais antigas de repre-

sentação espacial, basta lem-

brarmos do mapa de Gar-sur na

Mesopotâmia, datado de 2.500

a.C; os primeiros viajantes além

dos relatos que faziam, dese-

nhavam os lugares por onde

passavam. No trabalho de atua-

lização cartográfica, muitas

vezes além das imagens de

satélite, precisamos ir a campo

com a velha conhecida lapisei-

ra, prancheta e borracha, para

conferir detalhes da área, infor-

mações que não conseguimos

obter e leituras que não podem

ser realizadas apenas com as

imagens. Das obser-

vações in loco, nascem dese-

nhos que nos fazem lembrar os

primeiros

Geógrafos: os aventureiros dos

séculos XIII e XV a exemplo de

Marco Pólo, incumbidos de

preencher os espaços vazios nos

mapas que já existiam, ou me-

lhor, dos croquis, já que

não possuíam os elementos

cartográficos que conhecemos

hoje e revelavam o desconheci-

do que se temia, através da

transformação da realidade em

representação. Na foto abaixo,

podemos observar o pesquisa-

dor em campo utilizando um

recurso bastante antigo: o dese-

nho, construído a partir da ob-

servação da paisagem; no labo-

ratório, usando imagens de

satélite e programas específi-

cos, o mesmo desenho servirá

para fazer as correções necessá-

rias.

“O croqui é uma das formas mais

antigas de representação espacial,

basta lembrarmos do mapa de Gar

-sur na Mesopotâmia, datado de

2.500 a.C”

Foto

São João Em Campina Grande-PB Foto:http://pb1.com.br/cultura/cultura/pmcg-promove-lancamento-da-edicao-2010-do-maior-sao-joao-do-mundo/

as quais são realizadas em várias

cidades interioranas sempre com

a presença maciça das bandas de

forró, ritmo este predominante

nessa região. Enfim, essas festas

levantam muito dinheiro nas cida-

des onde são realizadas. Vende-

dores ambulantes lucram muito

vendendo bebidas, alimentos,

objetos artesanais, lembranças,

uma infinidade de produtos, que

são vendidos muito rapidamente.

Como havia dito antes muitos

turistas são atraídos pra essas

festas principalmente em época

de São João. Essas festas acabam

sendo cartões postais dessas

cidades, quem nunca ouviu falar

no maior São João do mundo de

Campina Grande – PB ou até

mesmo na festa da luz em Guara-

bira – PB.

“No trabalho de atualização

cartográfica, muitas vezes

além das imagens de satélite,

precisamos ir a campo com a

velha conhecida lapiseira,

prancheta e borracha, para

conferir detalhes da área...”

Page 4: Profissão Geógrafo Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010paulorosa/boletim/Vol.(4)_N.1.pdf · 2012-01-26 · A passagem Bíblica do livro de Números no capitulo 13 versícu-los de 3

Por Hawick Arnaud

Antes de tudo, se torna

relevante demonstrar a importân-

cia do setor alimentício para o

aquecimento da economia. Quan-

do se trata da gama de biodiversi-

dade oferecida pelo mar, cidades

como João Pessoa se beneficia

em termos de empregabilidade,

em termos financeiros e do custo

do produto à população.

O famoso Mercado do

Peixe, ponto tradicional da cidade,

é uma espécie de área central

deste setor. De acordo com o

presidente Nivaldo Cunha, conhe-

cido como “tenente”, existem

pescadores registrados desde

1965, ele foi o precursor da refor-

ma do mercado. Os tipos de pes-

cado vendidos são os carangue-

jos, mariscos, além de peixes

como a garoupa, cavala, dourado,

pescada, robalo, galo do alto,

arabaiana, agulhão e principal-

mente a cioba que é a espécie

mais vendida.

A estação de maior

safra é o verão, devido ao deslo-

camento incessante das correntes

marinhas. Consequentemente, as

épocas de maior venda do pesca-

do são nos feriados do final de

ano e na semana santa, que é

justamente entre os dias de ve-

rão, com exceção deste último

feriado, um pouco depois deste

período, entre 21 de dezembro a

21 de março no hemisfério sul,

mas que se encaixa no tempo

estipulado, já que as estações em

João Pessoa não são bem defini-

das.

Uns dos problemas

enfrentados na captura dos pes-

cados são: a escassez, que tem

como principal motivo a poluição;

a falta de fiscalização e o desres-

peito com a legislação; a falta de

financiamentos com incentivos do

governo; e a precariedade do

Sistema Único de Saúde.

Em direção à faixa

litoral sul de João Pessoa se en-

contra uma colônia de pescadores

do bairro da Penha. Essa comuni-

dade sobrevive através do mar,

chegando os pescadores a fica-

rem quase que uma semana

distante do lar, sendo a pesca

um trabalho e um meio de sub-

sistência. Os tipos de pescados

mais capturados naquela parte

do mar são: cioba, cavala, doura-

do, garajuba, marisco, agulhão,

xareu, pescada, serra, além do

polvo e do camarão.

O interessante disso

tudo, é o conhecimento e o res-

peito dos pescados pelo mar.

Percorrendo pelo litoral da cida-

de foi importante saber que

muitos deles navegam para a

manutenção da subsistência,

enquanto outros pescam pelo

simples prazer do esporte, devol-

vendo os seres marinhos à natu-

reza.

A Geografia da Pesca do Litoral de João Pessoa

Comunicação Audiovisual na Geografia

bém nelas podemos extrair

os detalhes que podem ser

interpretados a cada mo-

mento de uma forma dife-

rente a part ir dos conheci-

mentos adquir idos. A arte

de expressar os momentos

que interferem na paisagem

e no cot idiano faz com que

a comunicação se alie a

imagem. Sendo assim, a

imagem capturada vai dar

suporte à disseminação da

informação onde essa, deve

ser trabalhada para a me-

lhor compreensão do recep-

tor, onde esse telespecta-

dor possa interpretar a

mensagem e ir a lém da ima-

gem pela imagem como en-

tretenimento.

Portanto, a comunicação

audiovisual vai trabalhar

com a imagem real captura-

da normalmente pela visão

ót ica humana, seja ela natu-

ral ou ações decorrentes de

interferências humanas e

reproduzir em semiót ica. É

essa l inguagem imagética

que vem reproduzindo os

acontecimentos reais e pos-

sibi l itando sua interpreta-

ção informativa.

Por Cristiane Melo

Pedalando pelas ruas posso

visual izar as imagens reais

e extrair o s ingular escondi-

do na banal idade do cot id ia-

no, onde hoje para alguns

f ica dif íc i l ultrapassar essas

barre iras e às vezes quando

passamos por lugares que

parecem estar sempre está-

t icos, um simples olhar a-

tento faz a d iferença.

Quando re lacionamos essas

mesmas circunstâncias à

imagem audiovisual, tam-

Página 4 BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA

“Uns dos

problemas

enfrentados na

captura dos

pescados são: a

escassez, que tem

como principal

motivo a poluição;

a falta de

fiscalização e o

desrespeito com a

legislação; a falta

de financiamentos

com incentivos do

governo.”

“A arte de expressar os

momentos que interfe-

rem na paisagem e no

cotidiano faz com que a

comunicação se alie a

imagem”

Pescadores no

litoral pessoense

Fonte:http://

www.caciomurilo.com.br/

busca_resp.jsp?

pag=175&busca=joao

Page 5: Profissão Geógrafo Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010paulorosa/boletim/Vol.(4)_N.1.pdf · 2012-01-26 · A passagem Bíblica do livro de Números no capitulo 13 versícu-los de 3

Por Tiago César

A cidade de João Pesso-

a (PB) localizada na zona da mata

da região Nordeste ocupa uma

área de 211 Km², apresenta um

espaço urbano polarizador e arti-

cula cidades próximas liderando a

região metropolitana, destacando-

se em vários aspectos tanto mate-

riais quanto imateriais. No que diz

a aspectos materiais possui uma

infra-estrutura considerada boa

em relação a outras capitais e,

imateriais no sentido de aplicar

investimentos na educação e na

valorização da cultura local.

Possui uma população

de 702.235 dentre os quais

430.643 são eleitores (IBGE

2006). Mais de 50% da população

é eleitorado massivo, sendo que,

os outros restantes, fazem parte

do grupo daqueles que vêm de

outras cidades ou não tem idade

suficiente para votar. Possui um

clima tropical úmido favorável ao

turismo que é também um dos

pontos fortes. As empresas fazem

parte da participação do PIB com

16.612 unidades locais, empre-

gando 256.445 pessoas no mer-

cado de trabalho (IBGE 2008).

Vários são os setores que incidem

para o desenvolvimento urbano

da cidade como a construção civil,

bens e serviços etc.

Os números expressam

o nível de crescimento da cidade

que comporta pessoas de outras

cidades e regiões, recebendo

investimentos, tornando-se atrati-

va; pois a população continua

crescendo devido à pluraridade de

fluxos internos e pendulares alia-

do ao desenvolvimento interno.

Muitos são os aspectos a serem

melhorados e analisados na pro-

posta de visar o futuro. Sendo o

espaço composto por uma série

de relações sócio-espaciais fazen-

do com que a cidade apresente

uma reflexão do modo de produ-

ção vigente aliado a cultura, histó-

ria e a identidade de um povo que

se estabelecem na paisagem.

Verticalização no bairro Altiplano e Praça da Paz no

bairro dos Bancários, em João Pessoa.

Fotos: Ivo Lacerda

Perceptível Desenvolvimento sócio-espacial da cidade de João Pessoa

Economia das Bandas de Forró Eletrônico x Cultura

Santana, Alejadinho de Pombal

entre outros. E já que estamos

falando em economia, a renda e o

giro da moeda nessa visão das

festas Juninas, aliás, não só nes-

ses momentos, mas em qualquer

evento festivo promovido, devem

ser vista por três formas de divi-

são: A renda direta, indireta e a

induzida.

A direta está relaciona-

da ao dinheiro gasto pelo turista,

até aí ótimo. O dinheiro vai está

circulando no mercado. Já a circu-

lação Indireta está relacionada

como esse dinheiro vai ser distri-

buído (mercadorias compradas

para venda, aluguel, serviços para

o turista,...). Então é nesse mo-

mento que se quebra essa rela-

ção, quem vai receber esse di-

nheiro? Nessa situação, a renda

fica para quem trabalhou na festa,

mas nem todos ou sua maioria

são da cidade. Portanto, nessa

visão percebe-se que a situação

de renda gerada nesses eventos,

pouco fica com a população local,

pois muitos desses serviços vêm

de outras regiões ou cidades vizi-

nhas.

No tocante ao Induzido,

esse fica prejudicado, isto é, a

relação do giro da moeda para

que a renda fique na cidade foi

quebrada no seu segundo mo-

mento. Pois a circulação da moe-

da de forma Induzida está relacio-

na aos pagamentos feitos, pelos

que trabalharam nos eventos,

como por exemplo: água, luz,

impostos, compra de suprimentos.

Seria o dinheiro que ficaria e circu-

laria na cidade.

Não estou aqui conde-

nando as bandas, pois o que elas,

fazem é procurar sua renda, mas

aos gestores que esquecem seu

compromisso com a cidade e

acham que devem agradar a mas-

sa a todo custo e infelizmente

este custo vem sendo a perda da

cultura local.

Por Cristiane Melo

Atualmente a economia

que gira entorno das novas

"bandas eletrônicas" de forro é

preocupante, no sentido que a

renda maior vem dos shows pro-

movidos pelas mesmas e não pela

venda de CD, onde a qualidade da

letra e do som ficou ultrapassada

para a quantidade. No tempo de

Gonzaguinha não existia Cd pirata

e as pessoas gostavam tanto de ir

às festas como escutar as músi-

cas.

Hoje a Cidade interiora-

na sofre com a perda da cultura

local e falsa impressão de giro de

renda que vem crescendo com as

festas promovidas pelos seus

gestores. Mas gostaria de enunci-

ar aqui que esse ano a cidade de

João Pessoa fez o inverso e que

esse papel cultural foi caracteriza-

do por vários artistas intitulados

"pé de serra" como Flávio José,

Vol. (IV) — Nº 1

“No tempo de

Gonzaguinha

não existia Cd

pirata e as

pessoas

gostavam

tanto de ir às

festas como

escutar as

músicas. “

Mancha urbana de João Pessoa—PB

Acervo Paulo Rosa

“Os números expressam o

nível de crescimento da

cidade que comporta pes-

soas de outras cidades e

regiões, recebendo investi-

mentos, tornando-se atrati-

va...”

Página 5

Page 6: Profissão Geógrafo Vol. (IV) Nº 1 Setembro de 2010paulorosa/boletim/Vol.(4)_N.1.pdf · 2012-01-26 · A passagem Bíblica do livro de Números no capitulo 13 versícu-los de 3

Parceiros

Editor chefe: Paulo Rosa

Editoração: Ivo Lacerda

Colaboradora: Fransuelda Vieira

GEMA—Grupo de Estudos de Metodologia e

Aplicação

Universidade Federal da Paraíba

Cidade Universitária—Centro de Ciências

Exatas e da Natureza—Departamento de

Geociências

João Pessoa - PB - CEP - 58059-900

O conteúdo deste BOLETIM é regido

pelos termos de licença do

'CreativeCommons'.

Você pode copiar integralmente ou

parcialmente para si ou terceiros, distribuir

para fins acadêmicos nas forma impressa, de

mídia digital ou em correio eletrônico, assim

como publicar em sites da internet, não

comerciais e isentos de propaganda, os

conteúdos aqui apresentados, e desde de que

os 'AUTORES', o Boletim 'GEOGRAFIA

APLICADA' sejam citados. É expressamente

vedado o uso comercial. Sugere-se a

utilização das normas da ABNT para formatar

as citações.

O boletim visa a divulgação de atividades

desenvolvidas pelos colaboradores, e por

meio desta divulgação, a interação com o

público. Os artigos aqui postados são de total

responsabilidade dos respectivos autores.

Boletim de Geografia

Aplicada