O Momento do Prossumidor: produtor - consumidorpaulorosa/boletim/Vol.(5)_N.2.pdf · revitalização...

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Endereço eletrônico: http://geografiaaplicada.blogspot.com/ E-mails: [email protected] - [email protected] Áreas de atuação: Desastres Ambien- tais Circulação Erosão Formação de pesso- al em técnicas Am- bientais Disseminação da Informação geográ- fica Nesta edição: Ipês do Par- que Solón de Lucena: mu- dança tempo- rária da pai- sagem. Descrição da Visita à Igreja N. Srª da Guia em Lucena - 3 Paisagem do Cariri Paraiba- no no Período Chuvoso e Estiagem 5 Editoração e Arte 9 Jornal Foto: Cristiane Melo Um dos projetos habitacionais realizados pelo PAC propõe transferir pessoas que moram em área de risco para um local com maior segurança e infraestrutura. Porém, na prática não é exatamente o que vai ocorrer com os moradores de uma comunidade da região que fica entre os Bairros Geisel e Oitizeiro a margem da BR 230 por onde corre o Rio Jaguaribe e que tem sua nascente, localizado no Bairro vizinho o Esplanada. A Prefeitura Municipal de João Pessoa, através das verbas do PAC, está construindo edificações em áreas vulneráveis do Alto Jaguaribe, situadas em um vale que também é o terraço fluvial do Rio Jaguaribe. Pagina 4 Reformas em João Pessoa: a revitalização da Feirinha de Tambaú Página 8 Crescimento Desordenado Causa Destruição em Man- guezal às Margens do Rio Mandacaru Página 6 Dinâmica Costeira na Praia do Cabo Branco: os elementos como o vento e a maré colaboram para mudança de feição no relevo. Página 7 Primeira quinzena de março 2011 Praia do Seixas: cenário de conflito entre o homem e a natureza Página 8 Apropriação do espaço urbano/natural na Praia de Tambaú Página 3 O caso do Mercado Público do Valentina de Figueiredo em João Pessoa Página 5 O Momento do Prossumidor: produtor - consumidor Página 2

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Endereço eletrônico: http://geografiaaplicada.blogspot.com/ E-mails: [email protected] - [email protected]

Áreas de atuação:

Desastres Ambien-

tais

Circulação

Erosão

Formação de pesso-

al em técnicas Am-

bientais

Disseminação da

Informação geográ-

fica

Nesta edição:

Ipês do Par-

que Solón de

Lucena: mu-

dança tempo-

rária da pai-

sagem.

Descrição da

Visita à Igreja

N. Srª da Guia

em Lucena -

3

Paisagem do

Cariri Paraiba-

no no Período

Chuvoso e

Estiagem

5

Editoração e

Arte

9

Jornal

Fo

to: C

risti

an

e M

elo

Um dos projetos habitacionais realizados pelo PAC propõe transferir pessoas que moram em área

de risco para um local com maior segurança e infraestrutura. Porém, na prática não é exatamente o

que vai ocorrer com os moradores de uma comunidade da região que fica entre os Bairros Geisel e

Oitizeiro a margem da BR 230 por onde corre o Rio Jaguaribe e que tem sua nascente, localizado no

Bairro vizinho o Esplanada. A Prefeitura Municipal de João Pessoa, através das verbas do PAC, está

construindo edificações em áreas vulneráveis do Alto Jaguaribe, situadas em um vale que também é

o terraço fluvial do Rio Jaguaribe. Pagina 4

Reformas em João Pessoa: a

revitalização da Feirinha de

Tambaú Página 8

Crescimento Desordenado

Causa Destruição em Man-

guezal às Margens do Rio

Mandacaru Página 6

Dinâmica Costeira na Praia do Cabo

Branco: os elementos como o vento e a

maré colaboram para mudança de

feição no relevo. Página 7

Primeira quinzena de março 2011

Praia do Seixas: cenário de conflito

entre o homem e a natureza

Página 8

Apropriação do espaço

urbano/natural na Praia de

Tambaú Página 3

O caso do Mercado Público

do Valentina de Figueiredo

em João Pessoa Página 5

O Momento do Prossumidor: produtor - consumidor Página 2

Página 2 Jornal Geografia Aplicada

O Momento do Prossumidor: produtor - consumidor

Por Paulo Rosa

A formação de um

profissional nos tempos

atuais requer a relevância

estabelecida pela observa-

ção dos protocolos de cons-

trução da mensagem.

Nem sempre quem

lê sabe o que está lendo,

pois em muitos casos, o

leitor não conhece a exten-

são do conceito simbólico

daquilo que está sendo

referenciado na argumenta-

ção. Para se ler um do-

cumento, um texto ou mes-

mo a paisagem, devemos

observar que o resultado

deverá se tornar motivo

para um assunto de conver-

sa falada ou escrita.

Quem realmente

tem necessidade de apro-

fundamento, deve conse-

guir escrever. Nesse senti-

do afirmo, sem sombra de

dúvidas, que sabe ler quem

escreve. Então, não é ne-

cessário saber escrever,

mas simplesmente comuni-

car. Temos como preocupa-

ção um tipo de ensino e

aprendizagem que torna

relevante a atitude da escri-

ta. Para nosso Grupo—

GEMA (Grupo de Estudos

de Metodologia e Aplica-

ção), temos buscado pri-

mar pela produção e disse-

minação da informação de

forma escrita. Buscamos

saltar da oralidade para a

escrita, pois nesse caso

temos a possibilidade de

transformar esse escrito

em documentação passível

de se tornar processo.

Ler um documento

textual no mundo da com-

plexidade, requer que o

espírito esteja bastante

afiado para poder fazer as

correlações simbólicas.

Mas a leitura da paisagem

é o nível do real, do sim-

ples. Portanto, precisamos

avançar, se possível, extra-

polar os sentidos ou o pró-

prio corpo e melhorar nos-

sa leitura a partir do uso de

equipamentos e instrumen-

tos adequados para au-

mentar a acurácia daquilo

que está nos saltando aos

olhos. Fizemos um traba-

lho com uma turma de es-

tudantes que quiseram

experimentar um nível de

conhecimento prossumidor,

ou seja, capazes de produ-

zir e também de consumir a

informação é que foi a mas-

sa de moldar a mensagem.

Fizemos uma disci-

plina como curso de férias

aqui na Universidade Fede-

ral da Paraíba — campus I,

cu ja re fe r ênc ia fo i

―Abordagem Cultural e Teó-

rico-Científica sobre o con-

ceito de Paisagem‖. Apa-

rentemente estudar a pai-

sagem requer um universo

conceitual bem distinto e

bastante focado, pois como

grande salto teríamos que

ler tanto um universo se-

mântico como também o

meio real. Nesse caso, um

lugar em uma escala que

não fosse necessário ins-

trumental muito dispendio-

so, por isso que a leitura do

meio real deveria ser o al-

cance dos olhos e que po-

deria ser capturada como

imagem em uma máquina

fotográfica.

O sentido dessa

leitura, meio real a partir de

um universo semântico

bem direcionado, não pode-

ria de jeito nenhum permitir

ao devaneio, pois o curso

foi feito com auxilio do

meio digital, ou seja foi um

curso online.

Assim sendo, o

estudante teve que se co-

municar: construiu mensa-

gens, comentou, argumen-

tou assuntos, criticou e,

inevitavelmente, teve que

valorizar a conversa do ou-

tro, pois criou-se uma co-

munidade de diálogos com

muitas ponderações, no

sentido de nos aproximar

cada vez mais da paisagem

enquanto conceito que sim-

boliza uma extensão com-

preensível.

O trabalho final

dos estudantes foi não ape-

nas construir um relatório,

mas construir uma mensa-

gem que pudesse expres-

sar sua capacidade de co-

municar de forma escrita.

Essa situação deu-

se inicialmente dentro da

plataforma do Ensino a

Distância—EAD, porém de-

pois deveria vir para o

BLOG Geografia Aplicada

em forma de Boletim, o que

já estamos fazendo há al-

guns anos, porém, agora

achamos que seria melhor

transformamos o Boletim

em Jornal, pois já temos

uma certa convicção que

poderemos reiniciar o tem-

po das crônicas de viagem,

e a nosso ver essa situação

é melhor colocada num

jornal, como esse que está

iniciando.

A produção da

informação requer

questões de cultura

protocolar e para isso,

são necessárias a

atenção e a atitude,

tan to p a ra se

c o n s t r u i r a

informação como

t a m b é m p a r a

consumi-la.

Página 3 Jornal Geografia Aplicada

Por Maria Karolyne

G. S. Xavier

A paisagem esco-

lhida para a contemplação

chamou-me a atenção por

ser um dos cartões postais

do nosso Estado. Está loca-

lizada no coração da cida-

de, onde há uma grande

movimentação da popula-

ção, por nela estar concen-

trado o maior número de

comércios e serviços da

Paraíba.

Além da sua bela

lagoa, há um elemento da

paisagem que sempre está

em mudanças de acordo

com as estações do ano,

pode-se perceber através

das duas imagens o con-

traste de cores na paisa-

gem. Estou me referindo

aos ipês, pois em um breve

período de tempo (fim do

inverno) suas árvores co-

meçam a florir.

Atualmente, no

parque existem cerca de

quarenta Ipês que propor-

cionam um belo espetáculo

no olhar dos admiradores.

Como diz aquele ditado: ―o

que é bom dura pouco‖,

essa beleza espetacular

não está presente o ano

inteiro. No início de feverei-

ro, o contraste da paisagem

já é outro, as árvores vol-

tam ao seu tom esverdea-

do, continuando belas, mas

deixando muita saudade

nos olhos daqueles que

admiram um dos lugares

mais bonitos da Paraíba.

dade, a questão do uso e

apropriação do espaço e,

se tratando de uma área

turística, apropriação da

paisagem também.

O Hotel Tambaú

está instalado não só na

areia da orla, mas literal-

mente, dentro do mar. Po-

de-se perceber, que as on-

das atingem a construção.

Ou seja, é a prova evidente

que uma obra se apropriou,

literalmente, de um bem

público – a paisagem da

Por Luciene Andrade Alves

A imagem real que

escolhi apresentar fica na

orla da cidade de João Pes-

soa e mostra um trecho da

areia onde avistamos parte

do Hotel Tambaú, algumas

pessoas e alguns barcos;

também podemos observar

parte do calçadão da orla.

Ao estudarmos um pouco

essa paisagem, destaca-se

uma espécie de contradi-

ção própria de nossa socie-

cidade.

Ainda que não

mencionemos em detalhes

as implicações ambientais

de tal construção (que são

evidentes e dispensam

comentários), pode-se dizer

que o Hotel Tambaú está

instalado numa área que

pertence a todos, mas seu

interesse atende as exigên-

cias particulares, o lucro

que o proprietário do hotel

consegue.

O argumento mais comum

Apropriação do Espaço Urbano/Natural

am faixas com dizeres em

volta do corpo. Aquelas

senhoras fazem parte de

um grupo de dança folclóri-

ca chamada Lapinha, que

simboliza o nascimento de

Jesus, porém naquela oca-

sião estavam prestando

uma homenagem a Nossa

Senhora da Guia e que iri-

am se apresentar logo após

o término da missa. Todos

os anos elas se apresen-

tam em frente à Igreja, com

uma alegria imensa e satis-

fação em estar presente

naquele dia de comemora-

ção à Santa. Fiquei obser-

vando que todo mundo

dentro e fora da igreja esta-

va fazendo as saudações.

Tirei fotos da imagem da

padroeira, caminhei pela

lateral da igreja e vi várias

pessoas conversando sobre

os mais variados assuntos,

alguns já estavam dormin-

do.

Descrição da Visita à Igreja N. Srª da Guia em Lucena - PB

Por José Adailton

V. Aragão Melo

Em frente à Igreja

Nossa Senhora da Guia

existe um cemitério, não há

nenhuma separação ou

muro. Fui caminhando pa-

ra observar o que se passa-

va e logo vi algumas senho-

ras vestidas com roupas

brilhantes, tinham como

adereço um tipo de coroa

na cabeça, algumas possuí-

Ipês do Parque Solón de Lucena: mudança temporária da paisagem

Início de Fevereiro de 2011

Foto: Maria Karolyne

―Além da sua bela lagoa,

há um elemento da paisa-

gem que sempre está em

mudanças de acordo com

as estações do ano‖

Cemitério em frente à Igreja

N. Srª. da Guia - Lucena -

PB

Foto: José Adailton

Início de Janeiro de 2011

Foto: Maria Karolyne

seria a conversão de divi-

dendos a economia local,

vinculados a atividade turís-

tica que se mostra pouco

resistente, quando conside-

ramos os possíveis prejuí-

zos de caráter ambiental.

Cabe a nós questi-

onar quanto aos possíveis

abusos desse tipo de inicia-

tiva, é fundamental o de-

senvolvimento econômico,

mas um desenvolvimento

sustentável é algo que não

podemos abrir mão.

Por Cristiane de Melo

Neves

Um dos projetos

habitacionais realizados

pelo PAC (Plano de Acelera-

ção do Crescimento) pro-

põe transferir pessoas que

moram em área de risco

para um local com maior

segurança e infraestrutura.

Porém, na prática não é

exatamente o que vai ocor-

rer com os moradores de

uma comunidade da região

entre os Bairros Geisel e

Oitizeiro, à margem da BR

230 por onde corre o Rio

Jaguaribe, com nascente

localizada no Bairro Espla-

nada. A Prefeitura Muni-

cipal de João Pessoa, atra-

vés das verbas do PAC,

está construindo edifica-

ções em áreas vulneráveis

do Alto Jaguaribe, situadas

em um vale que também é

o terraço fluvial do Rio Ja-

guaribe. A PMJP através

das verbas do PAC está

construindo edificações em

áreas vulneráveis do Alto

Jaguaribe, situadas em um

vale que também é o terra-

ço fluvial do Rio Jaguaribe.

A geomorfologia dessa área

tem uma tendência natural:

quando ocorrem chuvas

prolongadas ou excepcio-

nais, o rio pode alcançar o

seu leito maior e inundar as

edificações que estão sen-

do feitas, provocando as-

sim, um desastre natural.

O desastre natural

ocorre a partir de fenôme-

nos de ordem geológica ou

climática e para entender

essa ralação perguntamos

a Liése Carneiro, doutoran-

da da Universidad de Castil-

la-La Mancha, campus de

Ciudad Real, o que seria

um desastre natural: ―Na

natureza ocorrem diversos

tipos de fenômenos que

fazem parte da dinâmica

natural do planeta, fenôme-

nos esses que podem ser

de ordem climática ou geo-

lógica. No entanto, depen-

dendo de sua magnitude,

os fenômenos ao atingirem

um sistema social, princi-

palmente se ele se encon-

tra em uma situação vulne-

rável, podem acarretar uma

situação de risco. Em ou-

tras palavras, um impacto

de ordem natural será con-

siderado como desastre

quando ao atingir um siste-

ma social provoca danos e

prejuízos de difícil supera-

ção pelas comunidades

afetadas. Se não gerar da-

nos ou seguir sua trajetória

por áreas não ocupadas, o

fenômeno volta a ser consi-

derado como um evento

natural.‖

No primeiro dia

contemplei e posteriormen-

te passei a visualizar as

relações dos sistemas que

havia nesse ambiente. Co-

mo proposta, pensei em

relacionar os sistemas com

as vulnerabilidades existen-

tes nesse lugar, bem como

a ação do órgão público

(neste caso a Prefeitura

Municipal de João Pessoa),

a ocupação dessa área e o

risco de desastre.

Outro ponto diz

respeito ao assoreamento

do rio devido à retirada da

vegetação do lugar, por

causa do projeto de revitali-

zação que está acontecen-

do no rio e das habita-

ções irregulares do lugar,

a área vem sendo desca-

racterizada.

Observa-se tam-

bém que o rio, apesar de

ser drenado linearmente

(traçado por linha direta)

vem tentando fazer seu

percurso natural, ou seja,

o rio segue seu traçado

original, sendo evitado

pela nova drenagem. E

finalmente, temos a reti-

rada dos montes de areia

por caminhões, que ape-

sar de ser aparentemente

inofensivo é um recurso

mineral que será utilizado

sem nem ônus pela apro-

priação da terra.

Alto Rio Jaguaribe e a ‖tentativa‖ de revitalização

Página 4 Jornal Geografia Aplicada

Um afluente do Rio Jaguaribe

degradado com lixo, rede de

esgotos e construção irregular

Processo de erosão e a retirada

da vegetação em área de pre-

servação ambiental

Alguns blocos em construção das residências construídas

com as verbas do PAC

Intervenção antrópica na retirada de sedimentos do leito do rio

Fotos: Cristiane Melo

Por Rafaella Rodrigues da

Silva

O mercado público

do Valentina de Figueiredo,

há cerca de três anos, pas-

sou por reforma. Com as

mudanças ocorridas foi

construída uma quadra,

que aparentemente está ali

para servir a população em

seus momentos de lazer.

Se analisarmos essa paisa-

gem em dias e horários

distintos, iremos perceber a

mudança radical da paisa-

gem, onde ela se adequará

a necessidade do individuo

que a utiliza. De segunda a

sexta pela manhã, por volta

das 08h00min não tem

muito o que observar, a

quadra poliesportiva está

desocupada e há uma pe-

quena movimentação nas

barracas que está atrás, o

mercado a partir do ângulo

observado também está

com pouco movimento.

O que me chama

atenção é que esse local se

apresenta em harmonia

perfeita, todos os seus ele-

mentos interagem deixan-

do a paisagem com uma

beleza singular. Quando

chega o final de semana

essa paisagem é alterada

completamente, a área de

lazer agora do espaço para

uma feira livre, onde seus

ocupantes se apropriam

desse espaço para vender

à população seus produtos.

Eles montam suas barracas

e permanecem durante

toda a manhã. É tão intri-

gante fazer essa análise,

porque apesar de toda a

movimentação, os elemen-

tos ali presentes ainda per-

manecem em perfeita har-

monia, é como se eles defi-

nitivamente pertencessem

àquele lugar. E por incrível

que pareça, à noite esse

espaço passa a ser dos

jovens: praticando algum

esporte, paquerando ou

simplesmente conversando

em grupos de amizade já

estabelecidos; e as mães

passeiam com seus filhos

ao redor da quadra. Por

fim, percebo que o homem

sempre será o principal

ator no palco da vida, modi-

ficando o meio para suprir

suas necessidades.

tionamentos eram coloca-

dos paro o mesmo, então

passamos a apreciá-lo, em

seguida nos inserimos na

mesma também a compon-

do e nos apoderamos da

paisagem. Na análise de

uma paisagem necessita-

mos dos cinco sentidos

para termos uma melhor

percepção. Portanto,

conforme o propósito de

analisar uma paisagem

durante um espaço de tem-

po, utilizamos o resultado

de um instrumento ciberné-

tico - o registro feito pela

maquina fotográfica, regis-

tro este que expõe um o-

lhar mais específico do ob-

servador - Logo, as imagens

serão a exibição do real no

momento da produção feita

Por Jerônimo de Souza

A região observada

localiza-se na microrregião

do cariri paraibano nos mu-

nicípios de São João do

Cariri e Camalaú. Neles, a

vegetação da caatinga a-

presenta-se com um aspec-

to distinto, no que diz res-

peito aos indivíduos que se

desenvolveram conforme

as condições ambientais.

Um exercí-

cio prático na análise da

paisagem foi realizado,

passando por estágios,

cada um tem uma compre-

ensão. Determinado mo-

mento no campo, um ele-

mento que compõe a paisa-

gem foi analisado, e confor-

me se dava o estudo, ques-

pelo indivíduo, para ser

utilizada em determinado

estudo.

Paisagem do Cariri Paraibano no Período Chuvoso e Estiagem

O caso do Mercado Público do Valentina de Figueiredo (João Pessoa - PB)

Página 5 Jornal Geografia Aplicada

Fonte: www.portaldovalentina.com.br

“À noite o espaço pas-

sar a ser dos jovens pra-

ticando algum esporte,

paquerando ou simples-

mente conversando em

grupinhos já estabeleci-

dos e as mães passei-

am com seus filhos ao

redor da quadra.”

Aspecto da paisagem de uma mesma região (cariri paraibano)

em momentos distintos. 1) Camalaú-PB, 2) São João do Cariri-

PB. Foto: Jerônimo de Souza

Endereço eletrônico: http://geografiaaplicada.blogspot.com/ E-mails: [email protected] - [email protected]

Por Luis Antonio Lopes da

Silva

O Bairro dos Ipês,

assim como a cidade de

João Pessoa, sofre a influ-

ência do crescimento

desordenado. A paisagem

fotografada por mim foi

feita em 8 de fevereiro de

2011, dos fundos de uma

residência na comunidade

dos Ipês. Um elemento que

acredito ser importante

fazer menção é que o

morador, proprietário do

local, é natural de Campina

Grande e há alguns anos

veio morar em João Pes-

soa. Até alcançar o ponto

em que capturei a imagem

tive que passar por um

viveiro de porcos e por um

local onde se encontrava

um cavalo (provavelmente

utilizado em carroça).

Encontro-me às

margens do Rio Mandacaru

que como muitos outros,

passou por diversas trans-

formações negativas ao

longo do tempo, resultado

da ação humana. Trata-se

de uma área com predomi-

nância de manguezais que

aos poucos vem dando

lugar a várias construções

irregulares sofrendo muito

com o desmatamento,

queimadas, deposições de

resíduos sólidos e líquidos

contribuindo diariamente

para que este rio perca

suas características origi-

nais podendo chegar à

morte. As construções que

surgiram a partir da criação

da Avenida Tancredo Neves

e que hoje cedem lugar a

alguns empreendimentos

comerciais (como o Amare-

linho e O Vergalhão) não

foram devidamente plane-

jadas e não oferecem as

devidas condições para o

estabelecimento de edifica-

ções gerando problemas

sociais e ambientais.

Visivelmente, per-

cebe-se que o bioma dessa

paisagem encontra-se

gravemente alterado: o

mangue foi invadido e ater-

rado com material proveni-

ente de demolições, capim

foi plantado para alimentar

animais, grande parte da

vegetação natural foi

extirpada, o caranguejo que

outrora era facilmente

encontrado nessa região

está escasso; há um cheiro

que difere daquele típico

dos manguezais. Percebi o

som de algumas aves eco-

ando, mas não tive a opor-

tunidade de vê-las; ainda

existem muitas árvores

altas (adultas), típicas da

região de mangue. Devo

ressaltar que vários peixes

utilizam os manguezais

para reprodução e alimen-

to. O manguezal é conside-

rado o berçário do mar. A

continuidade da ação an-

trópica pode ter como re-

sultado o fim de todos os

elementos que compõem a

paisagem em destaque.

Peixes, camarões, caran-

guejos e moluscos deveri-

am ser encontrados com

maior frequência, podendo

servir de importante fonte

de alimento e renda. No

entanto, como não se trata

de uma típica comunidade

ribeirinha que mantêm um

perfeito relacionamento

com o manguezal, e sim de

uma população pobre e

sem instrução que desco-

nhecendo a importância e

riqueza desta paisagem,

faz uso equivocado de suas

potencialidades agindo de

maneira degradante poden-

do, inclusive, desencadear

problemas para outras es-

pécies ou espaços que são

profundamente influencia-

dos por esse bioma.

Crescimento Desordenado Causa Destruição em Manguezal às Margens do Rio Mandacaru

Página 6 Jornal Geografia Aplicada

“A continuidade

da ação antrópi-

ca pode ter como

resultado o fim

de todos os ele-

mentos que com-

põem a paisa-

gem em desta-

que. Peixes, ca-

marões, caran-

guejos e molus-

cos deveriam ser

encontrados com

maior frequên-

cia, podendo ser-

vir de importante

fonte de alimento

e renda.”

http://

geografiaaplicada.blogspot.com/

O mangue perdendo a

sua vegetação dando

lugar a outras espécies e

outras atividades como

comércio, viveiro de por-

cos, construções irregu-

lares etc. Fazendo com

que haja a sua destrui-

ção.

Foto: Luis Antonio Lopes da

Silva

Por Francicléa

Avelino Ribeiro

A dinâmica no lito-

ral é perceptível aos olhos

do observador, e essa mu-

dança é influenciada princi-

palmente pelo fator climáti-

co. Os elementos como o

vento e a maré colaboram

para formação do relevo.

Através da contem-

plação, uma observação

sistemática e com o auxilio

de uma câmera fotográfica

para registrar os detalhes

da paisagem; um nível de

base para ver o perfil do

lugar; um anemômetro

para medir a velocidade do

vento; um programa com-

putacional de desenho

gráfico (AutoCAD) para

desenhar os perfis, pode-se

fazer uma leitura do ambi-

ente, tornando possível a

percepção da dinâmica do

local.

A área observada

fica próxima ao Hotel Íbis

na orla do Cabo branco que

possui um fragmento de

vegetação típica de praia e

areia fina. No primeiro dia

de observação a maré esta-

va 0.1 e ventos vindo da

direção sul-sudeste com

velocidade de 1.5 m/s,

nota-se a formação de uma

berma. À tarde, a maré es-

tava 2.4 com ventos oriun-

dos do leste e velocidade

de 2.4 m/s começando a

modificar o relevo. No dia

seguinte, após uma forte

chuva e uma maré de 2.6,

a paisagem encontrava-se

com uma berma formada,

com aproximadamente 40

cm. No terceiro dia (05/

02) os ventos surgiam do

sudeste com uma velocida-

de de 2.9 m/s, notou-se a

ausência da berma.

Foram traçados

alguns perfis do local em

seus respectivos dias de

observação, iniciando-se a

partir da avenida principal

onde se localiza um poste,

passando pela rua temos

uma mureta que separa a

calçada da ciclovia, depois

dessa começa a área da

praia.

Utilizando uma

garrafa descartável solta no

mar observamos a veloci-

dade da corrente de deriva

e para percorrer um trecho

de 10 metros a garrafa

demorou 56 segundos.

Os sedimentos

servem de equilíbrio para

as feições das praias, nota-

se que possivelmente este-

ja havendo um balanço

negativo de sedimentos no

local. Como os sedimentos

são provenientes dos rios

que degradam as rochas,

não está havendo perda de

sedimentos, e sim, pouco

recebimento deles já que

um dos rios localizados

mais próximos, como o rio

Gramame por exemplo,

possui uma barragem evi-

tando que uma boa parte

de sedimentos chegue a

nossa costa. Com a ação

marinha e eólica ocorre a

retirada natural do mesmo,

ocasionando assim um

déficit de sedimentos.

Ventos começando a modi-

ficar o relevo

Dinâmica Costeira na Praia do Cabo Branco

Página 7 Jornal Geografia Aplicada

Dia 19/01/2011 às 10hs Maré 0.1

Dia 19/01/2011 às 16hs Maré 2.4

Dia 20/01/2011 às 19hs Após a maré 2.6

Dia 05/02/2011 às 8hs Maré 2.3

Berma formada com aproximadamente 40 cm.

Ausência da berma

Fotos: Francicléa Avelino Ribeiro

Por Alexandre dos

Santos Souza

Cerca de 50% dos

140 quilômetros da faixa

costeira do litoral paraiba-

no tem apresentado um

intenso processo de erosão

costeira. Se por um lado,

segundo inúmeras pesqui-

sas já realizadas, esta di-

nâmica tem como causa o

déficit na deposição e re-

posição de sedimentos na

costa por transportes fluvi-

ais (processo que se inten-

sifica principalmente devi-

do ao represamento dos

rios), por outro, a ocupação

antrópica desordenada na

linha ―natural‖ de praia, em

áreas que deveriam ser

ecologicamente respeita-

das por ser espaço exclusi-

vo à dinâmica costeira,

também tem sido um fator

agravante da estética da

paisagem. É o caso da

Praia do Seixas, também

conhecida como ponto ex-

tremo oriental das Améri-

cas, onde encontramos um

processo de ocupação ina-

dequado, com a construção

de casas e bares na zona

limite de pós-praia que alia-

do ao barramento das

águas oriundas dos rios, e

consequentemente a dimi-

nuição da entrada de sedi-

mentos na costa, como já

citamos anteriormente, tem

produzido nesta área um

cenário desastroso: erosão,

lixo, esgotos clandestinos e

muitas construções desor-

denadas. Recentemente a

SPU anunciou que mais de

298 imóveis que invadiram

área de marinha serão de-

molidos, (Jornal Correio da

Paraíba nº183; 03/

fevereiro/2011). O proces-

so cíclico da erosão costei-

ra não é mais uma amea-

ça, é um fato, e para ten-

tar amenizar seus efeitos,

os proprietários dos bares e

das casas tem construído

verdadeiras ―barricadas‖

com estacas de madeira,

rochas, muros de concreto

e sacos de areia a fim de

amenizar o bombardeio das

vagas(ondas) da maré alta.

O que se nota é

que não há de fato um con-

t r o l e u r b a n í s t i c o /

paisagístico pautado em

pesquisas geomorfológicas

adequadas que sirvam de

orientação para contenção

da erosão costeira, bem

como um planejamento

técnico da construção imo-

biliária e da infraestrutura

de entretenimento. É uma

verdadeira paisagem de

desordem, protagonizada

pelo homem no cenário da

natureza deste espaço geo-

gráfico singular, onde as

evidências físicas denunci-

am os danos e os resulta-

dos deste ―confronto‖ que

tem danificado drastica-

mente a paisagem.

vemos um posto da polícia

militar com dois ou três

policiais; no passado só se

via uma grande desorgani-

zação, o que se vê atual-

mente é um lugar confortá-

vel e bem mais espaçoso; o

que era considerado por

todos um local sujo e sem

infraestrutura, hoje os ser-

viços de limpeza tornam-se

presentes.

A cultura também

não perde o seu espaço,

várias vezes ao mês pode-

mos assistir a apresenta-

ções de música, dança,

Por Diandra Soares

de Araújo

A Feirinha de Tam-

baú representa grande in-

fluência para o turismo

local, o que tornou isso

possível foi uma reforma há

cerca de três anos; quando

se compara o novo estabe-

lecimento com o antigo,

nota-se uma enorme mu-

dança para melhor, em

todos os aspectos .

Anteriormente não havia

segurança alguma, hoje

peças etc. Sem deixar de

lado o artesanato e as co-

midas típicas, afinal, o local

é conhecido e frequentado

principalmente por possuir

essas duas características.

Além de tudo, pode-se per-

ceber a dinâmica social do

local: os variados meios de

gerar dinheiro, como pon-

tos de táxi, bancas de revis-

tas, vendas de roupas e

acessórios, inúmeras lan-

chonetes e restaurantes,

lojas de conveniência, alu-

guel de bicicletas, hotéis,

bares, boates etc.

Revitalização da Feirinha de Tambaú

Praia do Seixas: cenário de conflito entre o homem e a natureza

Página 8 Jornal Geografia Aplicada

Bares à beira-mar afetados

pelo avanço da maré na praia

Espaço urbano após requalifi-

cação

Fonte: http:// humbertodealmeida.com.br

Erosão costeira e esgoto clan-

destino no estacionamento

próximos à Palhoça do Seixas

Fotos: Alexandre dos Santos

Souza

Contenção contra do avanço

do mar sobre as casas

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