Endereço eletrônico: http://geografiaaplicada.blogspot.com/ E-mails: [email protected] - [email protected]
Áreas de atuação:
Desastres Ambien-
tais
Circulação
Erosão
Formação de pesso-
al em técnicas Am-
bientais
Disseminação da
Informação geográ-
fica
Nesta edição:
Ipês do Par-
que Solón de
Lucena: mu-
dança tempo-
rária da pai-
sagem.
Descrição da
Visita à Igreja
N. Srª da Guia
em Lucena -
3
Paisagem do
Cariri Paraiba-
no no Período
Chuvoso e
Estiagem
5
Editoração e
Arte
9
Jornal
Fo
to: C
risti
an
e M
elo
Um dos projetos habitacionais realizados pelo PAC propõe transferir pessoas que moram em área
de risco para um local com maior segurança e infraestrutura. Porém, na prática não é exatamente o
que vai ocorrer com os moradores de uma comunidade da região que fica entre os Bairros Geisel e
Oitizeiro a margem da BR 230 por onde corre o Rio Jaguaribe e que tem sua nascente, localizado no
Bairro vizinho o Esplanada. A Prefeitura Municipal de João Pessoa, através das verbas do PAC, está
construindo edificações em áreas vulneráveis do Alto Jaguaribe, situadas em um vale que também é
o terraço fluvial do Rio Jaguaribe. Pagina 4
Reformas em João Pessoa: a
revitalização da Feirinha de
Tambaú Página 8
Crescimento Desordenado
Causa Destruição em Man-
guezal às Margens do Rio
Mandacaru Página 6
Dinâmica Costeira na Praia do Cabo
Branco: os elementos como o vento e a
maré colaboram para mudança de
feição no relevo. Página 7
Primeira quinzena de março 2011
Praia do Seixas: cenário de conflito
entre o homem e a natureza
Página 8
Apropriação do espaço
urbano/natural na Praia de
Tambaú Página 3
O caso do Mercado Público
do Valentina de Figueiredo
em João Pessoa Página 5
O Momento do Prossumidor: produtor - consumidor Página 2
Página 2 Jornal Geografia Aplicada
O Momento do Prossumidor: produtor - consumidor
Por Paulo Rosa
A formação de um
profissional nos tempos
atuais requer a relevância
estabelecida pela observa-
ção dos protocolos de cons-
trução da mensagem.
Nem sempre quem
lê sabe o que está lendo,
pois em muitos casos, o
leitor não conhece a exten-
são do conceito simbólico
daquilo que está sendo
referenciado na argumenta-
ção. Para se ler um do-
cumento, um texto ou mes-
mo a paisagem, devemos
observar que o resultado
deverá se tornar motivo
para um assunto de conver-
sa falada ou escrita.
Quem realmente
tem necessidade de apro-
fundamento, deve conse-
guir escrever. Nesse senti-
do afirmo, sem sombra de
dúvidas, que sabe ler quem
escreve. Então, não é ne-
cessário saber escrever,
mas simplesmente comuni-
car. Temos como preocupa-
ção um tipo de ensino e
aprendizagem que torna
relevante a atitude da escri-
ta. Para nosso Grupo—
GEMA (Grupo de Estudos
de Metodologia e Aplica-
ção), temos buscado pri-
mar pela produção e disse-
minação da informação de
forma escrita. Buscamos
saltar da oralidade para a
escrita, pois nesse caso
temos a possibilidade de
transformar esse escrito
em documentação passível
de se tornar processo.
Ler um documento
textual no mundo da com-
plexidade, requer que o
espírito esteja bastante
afiado para poder fazer as
correlações simbólicas.
Mas a leitura da paisagem
é o nível do real, do sim-
ples. Portanto, precisamos
avançar, se possível, extra-
polar os sentidos ou o pró-
prio corpo e melhorar nos-
sa leitura a partir do uso de
equipamentos e instrumen-
tos adequados para au-
mentar a acurácia daquilo
que está nos saltando aos
olhos. Fizemos um traba-
lho com uma turma de es-
tudantes que quiseram
experimentar um nível de
conhecimento prossumidor,
ou seja, capazes de produ-
zir e também de consumir a
informação é que foi a mas-
sa de moldar a mensagem.
Fizemos uma disci-
plina como curso de férias
aqui na Universidade Fede-
ral da Paraíba — campus I,
cu ja re fe r ênc ia fo i
―Abordagem Cultural e Teó-
rico-Científica sobre o con-
ceito de Paisagem‖. Apa-
rentemente estudar a pai-
sagem requer um universo
conceitual bem distinto e
bastante focado, pois como
grande salto teríamos que
ler tanto um universo se-
mântico como também o
meio real. Nesse caso, um
lugar em uma escala que
não fosse necessário ins-
trumental muito dispendio-
so, por isso que a leitura do
meio real deveria ser o al-
cance dos olhos e que po-
deria ser capturada como
imagem em uma máquina
fotográfica.
O sentido dessa
leitura, meio real a partir de
um universo semântico
bem direcionado, não pode-
ria de jeito nenhum permitir
ao devaneio, pois o curso
foi feito com auxilio do
meio digital, ou seja foi um
curso online.
Assim sendo, o
estudante teve que se co-
municar: construiu mensa-
gens, comentou, argumen-
tou assuntos, criticou e,
inevitavelmente, teve que
valorizar a conversa do ou-
tro, pois criou-se uma co-
munidade de diálogos com
muitas ponderações, no
sentido de nos aproximar
cada vez mais da paisagem
enquanto conceito que sim-
boliza uma extensão com-
preensível.
O trabalho final
dos estudantes foi não ape-
nas construir um relatório,
mas construir uma mensa-
gem que pudesse expres-
sar sua capacidade de co-
municar de forma escrita.
Essa situação deu-
se inicialmente dentro da
plataforma do Ensino a
Distância—EAD, porém de-
pois deveria vir para o
BLOG Geografia Aplicada
em forma de Boletim, o que
já estamos fazendo há al-
guns anos, porém, agora
achamos que seria melhor
transformamos o Boletim
em Jornal, pois já temos
uma certa convicção que
poderemos reiniciar o tem-
po das crônicas de viagem,
e a nosso ver essa situação
é melhor colocada num
jornal, como esse que está
iniciando.
A produção da
informação requer
questões de cultura
protocolar e para isso,
são necessárias a
atenção e a atitude,
tan to p a ra se
c o n s t r u i r a
informação como
t a m b é m p a r a
consumi-la.
Página 3 Jornal Geografia Aplicada
Por Maria Karolyne
G. S. Xavier
A paisagem esco-
lhida para a contemplação
chamou-me a atenção por
ser um dos cartões postais
do nosso Estado. Está loca-
lizada no coração da cida-
de, onde há uma grande
movimentação da popula-
ção, por nela estar concen-
trado o maior número de
comércios e serviços da
Paraíba.
Além da sua bela
lagoa, há um elemento da
paisagem que sempre está
em mudanças de acordo
com as estações do ano,
pode-se perceber através
das duas imagens o con-
traste de cores na paisa-
gem. Estou me referindo
aos ipês, pois em um breve
período de tempo (fim do
inverno) suas árvores co-
meçam a florir.
Atualmente, no
parque existem cerca de
quarenta Ipês que propor-
cionam um belo espetáculo
no olhar dos admiradores.
Como diz aquele ditado: ―o
que é bom dura pouco‖,
essa beleza espetacular
não está presente o ano
inteiro. No início de feverei-
ro, o contraste da paisagem
já é outro, as árvores vol-
tam ao seu tom esverdea-
do, continuando belas, mas
deixando muita saudade
nos olhos daqueles que
admiram um dos lugares
mais bonitos da Paraíba.
dade, a questão do uso e
apropriação do espaço e,
se tratando de uma área
turística, apropriação da
paisagem também.
O Hotel Tambaú
está instalado não só na
areia da orla, mas literal-
mente, dentro do mar. Po-
de-se perceber, que as on-
das atingem a construção.
Ou seja, é a prova evidente
que uma obra se apropriou,
literalmente, de um bem
público – a paisagem da
Por Luciene Andrade Alves
A imagem real que
escolhi apresentar fica na
orla da cidade de João Pes-
soa e mostra um trecho da
areia onde avistamos parte
do Hotel Tambaú, algumas
pessoas e alguns barcos;
também podemos observar
parte do calçadão da orla.
Ao estudarmos um pouco
essa paisagem, destaca-se
uma espécie de contradi-
ção própria de nossa socie-
cidade.
Ainda que não
mencionemos em detalhes
as implicações ambientais
de tal construção (que são
evidentes e dispensam
comentários), pode-se dizer
que o Hotel Tambaú está
instalado numa área que
pertence a todos, mas seu
interesse atende as exigên-
cias particulares, o lucro
que o proprietário do hotel
consegue.
O argumento mais comum
Apropriação do Espaço Urbano/Natural
am faixas com dizeres em
volta do corpo. Aquelas
senhoras fazem parte de
um grupo de dança folclóri-
ca chamada Lapinha, que
simboliza o nascimento de
Jesus, porém naquela oca-
sião estavam prestando
uma homenagem a Nossa
Senhora da Guia e que iri-
am se apresentar logo após
o término da missa. Todos
os anos elas se apresen-
tam em frente à Igreja, com
uma alegria imensa e satis-
fação em estar presente
naquele dia de comemora-
ção à Santa. Fiquei obser-
vando que todo mundo
dentro e fora da igreja esta-
va fazendo as saudações.
Tirei fotos da imagem da
padroeira, caminhei pela
lateral da igreja e vi várias
pessoas conversando sobre
os mais variados assuntos,
alguns já estavam dormin-
do.
Descrição da Visita à Igreja N. Srª da Guia em Lucena - PB
Por José Adailton
V. Aragão Melo
Em frente à Igreja
Nossa Senhora da Guia
existe um cemitério, não há
nenhuma separação ou
muro. Fui caminhando pa-
ra observar o que se passa-
va e logo vi algumas senho-
ras vestidas com roupas
brilhantes, tinham como
adereço um tipo de coroa
na cabeça, algumas possuí-
Ipês do Parque Solón de Lucena: mudança temporária da paisagem
Início de Fevereiro de 2011
Foto: Maria Karolyne
―Além da sua bela lagoa,
há um elemento da paisa-
gem que sempre está em
mudanças de acordo com
as estações do ano‖
Cemitério em frente à Igreja
N. Srª. da Guia - Lucena -
PB
Foto: José Adailton
Início de Janeiro de 2011
Foto: Maria Karolyne
seria a conversão de divi-
dendos a economia local,
vinculados a atividade turís-
tica que se mostra pouco
resistente, quando conside-
ramos os possíveis prejuí-
zos de caráter ambiental.
Cabe a nós questi-
onar quanto aos possíveis
abusos desse tipo de inicia-
tiva, é fundamental o de-
senvolvimento econômico,
mas um desenvolvimento
sustentável é algo que não
podemos abrir mão.
Por Cristiane de Melo
Neves
Um dos projetos
habitacionais realizados
pelo PAC (Plano de Acelera-
ção do Crescimento) pro-
põe transferir pessoas que
moram em área de risco
para um local com maior
segurança e infraestrutura.
Porém, na prática não é
exatamente o que vai ocor-
rer com os moradores de
uma comunidade da região
entre os Bairros Geisel e
Oitizeiro, à margem da BR
230 por onde corre o Rio
Jaguaribe, com nascente
localizada no Bairro Espla-
nada. A Prefeitura Muni-
cipal de João Pessoa, atra-
vés das verbas do PAC,
está construindo edifica-
ções em áreas vulneráveis
do Alto Jaguaribe, situadas
em um vale que também é
o terraço fluvial do Rio Ja-
guaribe. A PMJP através
das verbas do PAC está
construindo edificações em
áreas vulneráveis do Alto
Jaguaribe, situadas em um
vale que também é o terra-
ço fluvial do Rio Jaguaribe.
A geomorfologia dessa área
tem uma tendência natural:
quando ocorrem chuvas
prolongadas ou excepcio-
nais, o rio pode alcançar o
seu leito maior e inundar as
edificações que estão sen-
do feitas, provocando as-
sim, um desastre natural.
O desastre natural
ocorre a partir de fenôme-
nos de ordem geológica ou
climática e para entender
essa ralação perguntamos
a Liése Carneiro, doutoran-
da da Universidad de Castil-
la-La Mancha, campus de
Ciudad Real, o que seria
um desastre natural: ―Na
natureza ocorrem diversos
tipos de fenômenos que
fazem parte da dinâmica
natural do planeta, fenôme-
nos esses que podem ser
de ordem climática ou geo-
lógica. No entanto, depen-
dendo de sua magnitude,
os fenômenos ao atingirem
um sistema social, princi-
palmente se ele se encon-
tra em uma situação vulne-
rável, podem acarretar uma
situação de risco. Em ou-
tras palavras, um impacto
de ordem natural será con-
siderado como desastre
quando ao atingir um siste-
ma social provoca danos e
prejuízos de difícil supera-
ção pelas comunidades
afetadas. Se não gerar da-
nos ou seguir sua trajetória
por áreas não ocupadas, o
fenômeno volta a ser consi-
derado como um evento
natural.‖
No primeiro dia
contemplei e posteriormen-
te passei a visualizar as
relações dos sistemas que
havia nesse ambiente. Co-
mo proposta, pensei em
relacionar os sistemas com
as vulnerabilidades existen-
tes nesse lugar, bem como
a ação do órgão público
(neste caso a Prefeitura
Municipal de João Pessoa),
a ocupação dessa área e o
risco de desastre.
Outro ponto diz
respeito ao assoreamento
do rio devido à retirada da
vegetação do lugar, por
causa do projeto de revitali-
zação que está acontecen-
do no rio e das habita-
ções irregulares do lugar,
a área vem sendo desca-
racterizada.
Observa-se tam-
bém que o rio, apesar de
ser drenado linearmente
(traçado por linha direta)
vem tentando fazer seu
percurso natural, ou seja,
o rio segue seu traçado
original, sendo evitado
pela nova drenagem. E
finalmente, temos a reti-
rada dos montes de areia
por caminhões, que ape-
sar de ser aparentemente
inofensivo é um recurso
mineral que será utilizado
sem nem ônus pela apro-
priação da terra.
Alto Rio Jaguaribe e a ‖tentativa‖ de revitalização
Página 4 Jornal Geografia Aplicada
Um afluente do Rio Jaguaribe
degradado com lixo, rede de
esgotos e construção irregular
Processo de erosão e a retirada
da vegetação em área de pre-
servação ambiental
Alguns blocos em construção das residências construídas
com as verbas do PAC
Intervenção antrópica na retirada de sedimentos do leito do rio
Fotos: Cristiane Melo
Por Rafaella Rodrigues da
Silva
O mercado público
do Valentina de Figueiredo,
há cerca de três anos, pas-
sou por reforma. Com as
mudanças ocorridas foi
construída uma quadra,
que aparentemente está ali
para servir a população em
seus momentos de lazer.
Se analisarmos essa paisa-
gem em dias e horários
distintos, iremos perceber a
mudança radical da paisa-
gem, onde ela se adequará
a necessidade do individuo
que a utiliza. De segunda a
sexta pela manhã, por volta
das 08h00min não tem
muito o que observar, a
quadra poliesportiva está
desocupada e há uma pe-
quena movimentação nas
barracas que está atrás, o
mercado a partir do ângulo
observado também está
com pouco movimento.
O que me chama
atenção é que esse local se
apresenta em harmonia
perfeita, todos os seus ele-
mentos interagem deixan-
do a paisagem com uma
beleza singular. Quando
chega o final de semana
essa paisagem é alterada
completamente, a área de
lazer agora do espaço para
uma feira livre, onde seus
ocupantes se apropriam
desse espaço para vender
à população seus produtos.
Eles montam suas barracas
e permanecem durante
toda a manhã. É tão intri-
gante fazer essa análise,
porque apesar de toda a
movimentação, os elemen-
tos ali presentes ainda per-
manecem em perfeita har-
monia, é como se eles defi-
nitivamente pertencessem
àquele lugar. E por incrível
que pareça, à noite esse
espaço passa a ser dos
jovens: praticando algum
esporte, paquerando ou
simplesmente conversando
em grupos de amizade já
estabelecidos; e as mães
passeiam com seus filhos
ao redor da quadra. Por
fim, percebo que o homem
sempre será o principal
ator no palco da vida, modi-
ficando o meio para suprir
suas necessidades.
tionamentos eram coloca-
dos paro o mesmo, então
passamos a apreciá-lo, em
seguida nos inserimos na
mesma também a compon-
do e nos apoderamos da
paisagem. Na análise de
uma paisagem necessita-
mos dos cinco sentidos
para termos uma melhor
percepção. Portanto,
conforme o propósito de
analisar uma paisagem
durante um espaço de tem-
po, utilizamos o resultado
de um instrumento ciberné-
tico - o registro feito pela
maquina fotográfica, regis-
tro este que expõe um o-
lhar mais específico do ob-
servador - Logo, as imagens
serão a exibição do real no
momento da produção feita
Por Jerônimo de Souza
A região observada
localiza-se na microrregião
do cariri paraibano nos mu-
nicípios de São João do
Cariri e Camalaú. Neles, a
vegetação da caatinga a-
presenta-se com um aspec-
to distinto, no que diz res-
peito aos indivíduos que se
desenvolveram conforme
as condições ambientais.
Um exercí-
cio prático na análise da
paisagem foi realizado,
passando por estágios,
cada um tem uma compre-
ensão. Determinado mo-
mento no campo, um ele-
mento que compõe a paisa-
gem foi analisado, e confor-
me se dava o estudo, ques-
pelo indivíduo, para ser
utilizada em determinado
estudo.
Paisagem do Cariri Paraibano no Período Chuvoso e Estiagem
O caso do Mercado Público do Valentina de Figueiredo (João Pessoa - PB)
Página 5 Jornal Geografia Aplicada
Fonte: www.portaldovalentina.com.br
“À noite o espaço pas-
sar a ser dos jovens pra-
ticando algum esporte,
paquerando ou simples-
mente conversando em
grupinhos já estabeleci-
dos e as mães passei-
am com seus filhos ao
redor da quadra.”
Aspecto da paisagem de uma mesma região (cariri paraibano)
em momentos distintos. 1) Camalaú-PB, 2) São João do Cariri-
PB. Foto: Jerônimo de Souza
Endereço eletrônico: http://geografiaaplicada.blogspot.com/ E-mails: [email protected] - [email protected]
Por Luis Antonio Lopes da
Silva
O Bairro dos Ipês,
assim como a cidade de
João Pessoa, sofre a influ-
ência do crescimento
desordenado. A paisagem
fotografada por mim foi
feita em 8 de fevereiro de
2011, dos fundos de uma
residência na comunidade
dos Ipês. Um elemento que
acredito ser importante
fazer menção é que o
morador, proprietário do
local, é natural de Campina
Grande e há alguns anos
veio morar em João Pes-
soa. Até alcançar o ponto
em que capturei a imagem
tive que passar por um
viveiro de porcos e por um
local onde se encontrava
um cavalo (provavelmente
utilizado em carroça).
Encontro-me às
margens do Rio Mandacaru
que como muitos outros,
passou por diversas trans-
formações negativas ao
longo do tempo, resultado
da ação humana. Trata-se
de uma área com predomi-
nância de manguezais que
aos poucos vem dando
lugar a várias construções
irregulares sofrendo muito
com o desmatamento,
queimadas, deposições de
resíduos sólidos e líquidos
contribuindo diariamente
para que este rio perca
suas características origi-
nais podendo chegar à
morte. As construções que
surgiram a partir da criação
da Avenida Tancredo Neves
e que hoje cedem lugar a
alguns empreendimentos
comerciais (como o Amare-
linho e O Vergalhão) não
foram devidamente plane-
jadas e não oferecem as
devidas condições para o
estabelecimento de edifica-
ções gerando problemas
sociais e ambientais.
Visivelmente, per-
cebe-se que o bioma dessa
paisagem encontra-se
gravemente alterado: o
mangue foi invadido e ater-
rado com material proveni-
ente de demolições, capim
foi plantado para alimentar
animais, grande parte da
vegetação natural foi
extirpada, o caranguejo que
outrora era facilmente
encontrado nessa região
está escasso; há um cheiro
que difere daquele típico
dos manguezais. Percebi o
som de algumas aves eco-
ando, mas não tive a opor-
tunidade de vê-las; ainda
existem muitas árvores
altas (adultas), típicas da
região de mangue. Devo
ressaltar que vários peixes
utilizam os manguezais
para reprodução e alimen-
to. O manguezal é conside-
rado o berçário do mar. A
continuidade da ação an-
trópica pode ter como re-
sultado o fim de todos os
elementos que compõem a
paisagem em destaque.
Peixes, camarões, caran-
guejos e moluscos deveri-
am ser encontrados com
maior frequência, podendo
servir de importante fonte
de alimento e renda. No
entanto, como não se trata
de uma típica comunidade
ribeirinha que mantêm um
perfeito relacionamento
com o manguezal, e sim de
uma população pobre e
sem instrução que desco-
nhecendo a importância e
riqueza desta paisagem,
faz uso equivocado de suas
potencialidades agindo de
maneira degradante poden-
do, inclusive, desencadear
problemas para outras es-
pécies ou espaços que são
profundamente influencia-
dos por esse bioma.
Crescimento Desordenado Causa Destruição em Manguezal às Margens do Rio Mandacaru
Página 6 Jornal Geografia Aplicada
“A continuidade
da ação antrópi-
ca pode ter como
resultado o fim
de todos os ele-
mentos que com-
põem a paisa-
gem em desta-
que. Peixes, ca-
marões, caran-
guejos e molus-
cos deveriam ser
encontrados com
maior frequên-
cia, podendo ser-
vir de importante
fonte de alimento
e renda.”
http://
geografiaaplicada.blogspot.com/
O mangue perdendo a
sua vegetação dando
lugar a outras espécies e
outras atividades como
comércio, viveiro de por-
cos, construções irregu-
lares etc. Fazendo com
que haja a sua destrui-
ção.
Foto: Luis Antonio Lopes da
Silva
Por Francicléa
Avelino Ribeiro
A dinâmica no lito-
ral é perceptível aos olhos
do observador, e essa mu-
dança é influenciada princi-
palmente pelo fator climáti-
co. Os elementos como o
vento e a maré colaboram
para formação do relevo.
Através da contem-
plação, uma observação
sistemática e com o auxilio
de uma câmera fotográfica
para registrar os detalhes
da paisagem; um nível de
base para ver o perfil do
lugar; um anemômetro
para medir a velocidade do
vento; um programa com-
putacional de desenho
gráfico (AutoCAD) para
desenhar os perfis, pode-se
fazer uma leitura do ambi-
ente, tornando possível a
percepção da dinâmica do
local.
A área observada
fica próxima ao Hotel Íbis
na orla do Cabo branco que
possui um fragmento de
vegetação típica de praia e
areia fina. No primeiro dia
de observação a maré esta-
va 0.1 e ventos vindo da
direção sul-sudeste com
velocidade de 1.5 m/s,
nota-se a formação de uma
berma. À tarde, a maré es-
tava 2.4 com ventos oriun-
dos do leste e velocidade
de 2.4 m/s começando a
modificar o relevo. No dia
seguinte, após uma forte
chuva e uma maré de 2.6,
a paisagem encontrava-se
com uma berma formada,
com aproximadamente 40
cm. No terceiro dia (05/
02) os ventos surgiam do
sudeste com uma velocida-
de de 2.9 m/s, notou-se a
ausência da berma.
Foram traçados
alguns perfis do local em
seus respectivos dias de
observação, iniciando-se a
partir da avenida principal
onde se localiza um poste,
passando pela rua temos
uma mureta que separa a
calçada da ciclovia, depois
dessa começa a área da
praia.
Utilizando uma
garrafa descartável solta no
mar observamos a veloci-
dade da corrente de deriva
e para percorrer um trecho
de 10 metros a garrafa
demorou 56 segundos.
Os sedimentos
servem de equilíbrio para
as feições das praias, nota-
se que possivelmente este-
ja havendo um balanço
negativo de sedimentos no
local. Como os sedimentos
são provenientes dos rios
que degradam as rochas,
não está havendo perda de
sedimentos, e sim, pouco
recebimento deles já que
um dos rios localizados
mais próximos, como o rio
Gramame por exemplo,
possui uma barragem evi-
tando que uma boa parte
de sedimentos chegue a
nossa costa. Com a ação
marinha e eólica ocorre a
retirada natural do mesmo,
ocasionando assim um
déficit de sedimentos.
Ventos começando a modi-
ficar o relevo
Dinâmica Costeira na Praia do Cabo Branco
Página 7 Jornal Geografia Aplicada
Dia 19/01/2011 às 10hs Maré 0.1
Dia 19/01/2011 às 16hs Maré 2.4
Dia 20/01/2011 às 19hs Após a maré 2.6
Dia 05/02/2011 às 8hs Maré 2.3
Berma formada com aproximadamente 40 cm.
Ausência da berma
Fotos: Francicléa Avelino Ribeiro
Por Alexandre dos
Santos Souza
Cerca de 50% dos
140 quilômetros da faixa
costeira do litoral paraiba-
no tem apresentado um
intenso processo de erosão
costeira. Se por um lado,
segundo inúmeras pesqui-
sas já realizadas, esta di-
nâmica tem como causa o
déficit na deposição e re-
posição de sedimentos na
costa por transportes fluvi-
ais (processo que se inten-
sifica principalmente devi-
do ao represamento dos
rios), por outro, a ocupação
antrópica desordenada na
linha ―natural‖ de praia, em
áreas que deveriam ser
ecologicamente respeita-
das por ser espaço exclusi-
vo à dinâmica costeira,
também tem sido um fator
agravante da estética da
paisagem. É o caso da
Praia do Seixas, também
conhecida como ponto ex-
tremo oriental das Améri-
cas, onde encontramos um
processo de ocupação ina-
dequado, com a construção
de casas e bares na zona
limite de pós-praia que alia-
do ao barramento das
águas oriundas dos rios, e
consequentemente a dimi-
nuição da entrada de sedi-
mentos na costa, como já
citamos anteriormente, tem
produzido nesta área um
cenário desastroso: erosão,
lixo, esgotos clandestinos e
muitas construções desor-
denadas. Recentemente a
SPU anunciou que mais de
298 imóveis que invadiram
área de marinha serão de-
molidos, (Jornal Correio da
Paraíba nº183; 03/
fevereiro/2011). O proces-
so cíclico da erosão costei-
ra não é mais uma amea-
ça, é um fato, e para ten-
tar amenizar seus efeitos,
os proprietários dos bares e
das casas tem construído
verdadeiras ―barricadas‖
com estacas de madeira,
rochas, muros de concreto
e sacos de areia a fim de
amenizar o bombardeio das
vagas(ondas) da maré alta.
O que se nota é
que não há de fato um con-
t r o l e u r b a n í s t i c o /
paisagístico pautado em
pesquisas geomorfológicas
adequadas que sirvam de
orientação para contenção
da erosão costeira, bem
como um planejamento
técnico da construção imo-
biliária e da infraestrutura
de entretenimento. É uma
verdadeira paisagem de
desordem, protagonizada
pelo homem no cenário da
natureza deste espaço geo-
gráfico singular, onde as
evidências físicas denunci-
am os danos e os resulta-
dos deste ―confronto‖ que
tem danificado drastica-
mente a paisagem.
vemos um posto da polícia
militar com dois ou três
policiais; no passado só se
via uma grande desorgani-
zação, o que se vê atual-
mente é um lugar confortá-
vel e bem mais espaçoso; o
que era considerado por
todos um local sujo e sem
infraestrutura, hoje os ser-
viços de limpeza tornam-se
presentes.
A cultura também
não perde o seu espaço,
várias vezes ao mês pode-
mos assistir a apresenta-
ções de música, dança,
Por Diandra Soares
de Araújo
A Feirinha de Tam-
baú representa grande in-
fluência para o turismo
local, o que tornou isso
possível foi uma reforma há
cerca de três anos; quando
se compara o novo estabe-
lecimento com o antigo,
nota-se uma enorme mu-
dança para melhor, em
todos os aspectos .
Anteriormente não havia
segurança alguma, hoje
peças etc. Sem deixar de
lado o artesanato e as co-
midas típicas, afinal, o local
é conhecido e frequentado
principalmente por possuir
essas duas características.
Além de tudo, pode-se per-
ceber a dinâmica social do
local: os variados meios de
gerar dinheiro, como pon-
tos de táxi, bancas de revis-
tas, vendas de roupas e
acessórios, inúmeras lan-
chonetes e restaurantes,
lojas de conveniência, alu-
guel de bicicletas, hotéis,
bares, boates etc.
Revitalização da Feirinha de Tambaú
Praia do Seixas: cenário de conflito entre o homem e a natureza
Página 8 Jornal Geografia Aplicada
Bares à beira-mar afetados
pelo avanço da maré na praia
Espaço urbano após requalifi-
cação
Fonte: http:// humbertodealmeida.com.br
Erosão costeira e esgoto clan-
destino no estacionamento
próximos à Palhoça do Seixas
Fotos: Alexandre dos Santos
Souza
Contenção contra do avanço
do mar sobre as casas
Blog Geografia Aplicada
http://
geografiaaplicada.blogspot.com/
Editor chefe: Paulo Rosa
Editoração: Ivo Lacerda e
Diandra Soares
G EMA — G r up o d e Es t u do s de
Metodologia e Aplicação
Universidade Federal da Paraíba
Cidade Universitária—Centro de
Ciências Exatas e da Natureza—
Departamento de Geociências
João Pessoa - PB - CEP - 58059-900
O conteúdo deste JORNAL é regido
pelos termos de licença do:
'CreativeCommons'.
Você pode copiar integralmente ou
parcialmente para si ou terceiros,
distribuir para fins acadêmicos nas
forma impressa, de mídia digital ou em
correio eletrônico, assim como publicar
em sites da internet, não comerciais e
isentos de propaganda, os conteúdos
aqui apresentados, e desde de que os
'AUTORES', o Boletim 'GEOGRAFIA
A P L I C A D A ' s e j a m c i t a d o s . É
expressamente vedado o uso
comercial. Sugere-se a utilização das
normas da ABNT para formatar as
citações.
O jornal visa a divulgação de atividades
desenvolvidas pelos colaboradores, e
por meio desta divulgação, a interação
com o público. Os artigos aqui postados
são de total responsabilidade dos
respectivos autores.
http://geografiaaplicada.blogspot.com/
E-mails: [email protected]
Jornal Geografia
Aplicada
O jornal Geografia Aplicada é um periódico que visa a interação e a divulgação de atividades desen-
volvidas dentro da Geografia caracterizadas pela execução das habilitações dos geógrafos dentro de
âmbito com característica profissional. Os artigos e notas aqui impressos são as representações de
experiências vividas por profissionais ou por pessoas com interesses afins, ou seja, dentro do univer-
so das habilidades pessoais de cada um a partir do reconhecimento dos mais diversos aspectos
inerentes ao desempenho da profissão.
Página 9 Jornal Geografia Aplicada
Parceiros
Top Related