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campo de argumentação ana- lítica ou sintética. O que vem a ser a análise? Nada mais nada menos que a construção do argumento que vai do particu- lar para o geral, assim sendo podemos ter como a saída do meio real (simples) para o meio virtual. Sair do simples, que é o real, é uma condição analí- tica e não sintética. Assim sendo o que vem a ser a sínte- se geográfica, esta é a carta ou o mapa. E, estes são uma representação complexa, e não o real, simples. Chegamos então diante de uma incógnita que precisamos continuar discutindo de maneira a refle- tir sobre que patamar a Geo- grafia está estabelecida. Por Paulo Rosa Quando se expõe sobre esse assunto ele se apresenta como sagrado, pois se encon- tra em um lugar que nos pare- ce somente dos sacerdotes, mas, à medida que vamos caminhando para lugares que contém cenários, esses nos deixam em muitos momentos perplexos, tanto no sentido positivo como de forma nega- tiva, pois os lugares podem ou não conter o fascínio que nos chama a atenção. Os lugares contêm estruturas e acabam por for- mar conjuntos. Normalmente isso ocorre em lugares que podem ser considerados co- mo sendo unidades fisionômi- cas. Vários desses grandes sacerdotes que escreveram teoricamente sobre a Geogra- fia nos trazem conceitos e significados que se apresen- tam de forma dogmática e, em muitos casos os argumen- tos nem permitem a dúvida, ou a dúvida metódica. O que na realidade nos passam são sugestões com teor dogmáti- co e que sua contradição, mas parecerá uma heresia. Um livro que nos aponta ―n‖ conceitos impor- tantes para a formação de opinião em Geografia foi escri- to por Olivier Dolfuss: Análise Geográfica. Nesse caso, toda a ideologia nele contida está posta de forma extremamente oculta e bem trabalhada nos apontando que a Geografia é analítica. Há aí uma forte con- tradição, será a Geografia um A geografia é nomotética ou ideográfica: 1ª reflexão Cultivo de alho orgânico no Distrito de Ribeira Cabaceiras PB Por Edilaine Simone Todo alimento orgâ- nico é muito mais que um produto sem agrotóxicos. É o resultado de um sistema de produção agrícola que busca manejar de forma equilibrada o solo e demais recursos natu- rais (água, plantas, animais, insetos, etc.), conservando os em longo prazo e manten- do a harmonia desses ele- mentos entre si e com os se- res humanos. O cultivo do alho no município de Cabaceiras é uma cultura que há mais de cem anos promovia inclusão social e geração de renda para os pequenos produtores do Distrito de Ribeira. Na dé- cada de 80, Cabaceiras ocu- pou o primeiro lugar no ran- king de produção e qualidade, chegando a produzir 450 ton- eladas/ano. A partir de 1996, a falta de apoio e a ausência de políticas públicas na área da agricultura, resultaram na queda contínua da produção e obrigou grande parte dos agri- cultores a migrar para o su- deste. O resultado do descaso foi o fechamento da indústria de beneficiamento de alho da ARPA, em 1998, que contribu- iu ainda mais para o desem- prego de vários pais de famí- lia. Com o apoio da atual ad- ministração, a indústria foi reaberta. O projeto de revitali- zação da cultura do alho no município de Cabaceiras foi uma iniciativa do prefeito Ricardo Aires, através da Se- cretaria Municipal de Agricul- tura, que em conjunto com a ARPA (Associação Ribeirense dos Produtores de Alho) e através de ações concretas vem promovendo a retomada de investimentos na cultura do alho. Saco de alho. Foto: Edilaine Simone ―O cultivo do alho no município de Cabaceiras é uma cultura que há mais de cem anos promovia inclusão social e geração de renda ‖ BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA Interesses especi- ais: O boletim de Geografia Aplicada é um periódico que visa a interação e a divulgação de atividades desenvolvidas dentro da Geografia que ficam caracterizadas pela execução das habilita- ções dos geógrafos dentro de âmbito com característica profissio- nal. Os artigos e notas aqui impressos, são as representações de expe- riências vividas por pro- fissionais ou por pesso- as com interesses afins, ou seja dentro do univer- so das habilidades pes- soais de cada um a partir do reconhecimento dos mais diversos aspectos inerentes ao desempe- nho da profissão. Profissão Geógrafo GEMA Vol. (IV) Nº 2 Outubro de 2010 Nesta edição: A geografia é nomotética ou ideográfica: 1ª reflexão Cultivo de alho orgânico no Distrito de Ribeira Cabaceiras PB 1 A Rodovia Transamazôni- ca BR-230 na Região Metropolitana de João Pessoa Conversar em Ambiente Virtual 2 As consequências da Especulação Imobiliária na Região Sul de JPA Regionalização dos ritmos no estado da Paraíba 3 Lixo eletrônico: o que fazer após o término da vida útil dos seus apare- lhos? Incêndio Silencioso 4 Maré Alta no Litoral Paraibano Religião e a Conscientiza- ção Ambiental 5 Do Labema ao Gema em Três Gerações 6 A realidade do viaduto sobre a BR-230 entre o Alto do Mateus 7 GEMA GEMA GEMA Arte/Editoração 8

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campo de argumentação ana-

lítica ou sintética.

O que vem a ser a

análise? Nada mais nada

menos que a construção do

argumento que vai do particu-

lar para o geral, assim sendo

podemos ter como a saída do

meio real (simples) para o

meio virtual.

Sair do simples, que

é o real, é uma condição analí-

tica e não sintética. Assim

sendo o que vem a ser a sínte-

se geográfica, esta é a carta

ou o mapa. E, estes são uma

representação complexa, e

não o real, simples. Chegamos

então diante de uma incógnita

que precisamos continuar

discutindo de maneira a refle-

tir sobre que patamar a Geo-

grafia está estabelecida.

Por Paulo Rosa

Quando se expõe sobre

esse assunto ele se apresenta

como sagrado, pois se encon-

tra em um lugar que nos pare-

ce somente dos sacerdotes,

mas, à medida que vamos

caminhando para lugares que

contém cenários, esses nos

deixam em muitos momentos

perplexos, tanto no sentido

positivo como de forma nega-

tiva, pois os lugares podem ou

não conter o fascínio que nos

chama a atenção.

Os lugares contêm

estruturas e acabam por for-

mar conjuntos. Normalmente

isso ocorre em lugares que

podem ser considerados co-

mo sendo unidades fisionômi-

cas. Vários desses grandes

sacerdotes que escreveram

teoricamente sobre a Geogra-

fia nos trazem conceitos e

significados que se apresen-

tam de forma dogmática e,

em muitos casos os argumen-

tos nem permitem a dúvida,

ou a dúvida metódica. O que

na realidade nos passam são

sugestões com teor dogmáti-

co e que sua contradição, mas

parecerá uma heresia.

Um livro que nos

aponta ―n‖ conceitos impor-

tantes para a formação de

opinião em Geografia foi escri-

to por Olivier Dolfuss: Análise

Geográfica. Nesse caso, toda

a ideologia nele contida está

posta de forma extremamente

oculta e bem trabalhada nos

apontando que a Geografia é

analítica. Há aí uma forte con-

tradição, será a Geografia um

A geografia é nomotética ou ideográfica: 1ª reflexão

Cultivo de alho orgânico no Distrito de Ribeira – Cabaceiras PB

Por Edilaine Simone

Todo alimento orgâ-

nico é muito mais que um

produto sem agrotóxicos. É o

resultado de um sistema de

produção agrícola que busca

manejar de forma equilibrada

o solo e demais recursos natu-

rais (água, plantas, animais,

insetos, etc.), conservando –

os em longo prazo e manten-

do a harmonia desses ele-

mentos entre si e com os se-

res humanos.

O cultivo do alho no

município de Cabaceiras é

uma cultura que há mais de

cem anos promovia inclusão

social e geração de renda

para os pequenos produtores

do Distrito de Ribeira. Na dé-

cada de 80, Cabaceiras ocu-

pou o primeiro lugar no ran-

king de produção e qualidade,

chegando a produzir 450 ton-

eladas/ano. A partir de 1996,

a falta de apoio e a ausência

de políticas públicas na área

da agricultura, resultaram na

queda contínua da produção e

obrigou grande parte dos agri-

cultores a migrar para o su-

deste. O resultado do descaso

foi o fechamento da indústria

de beneficiamento de alho da

ARPA, em 1998, que contribu-

iu ainda mais para o desem-

prego de vários pais de famí-

lia. Com o apoio da atual ad-

ministração, a indústria foi

reaberta.

O projeto de revitali-

zação da cultura do alho no

município de Cabaceiras foi

uma iniciativa do prefeito

Ricardo Aires, através da Se-

cretaria Municipal de Agricul-

tura, que em conjunto com a

ARPA (Associação Ribeirense

dos Produtores de Alho) e

através de ações concretas

vem promovendo a retomada

de investimentos na cultura

do alho.

Saco de alho. Foto: Edilaine Simone

―O cultivo do alho no município de

Cabaceiras é uma cultura que há mais

de cem anos promovia inclusão social

e geração de renda ‖

BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA

Interesses especi-

ais:

O boletim de Geografia

Aplicada é um periódico

que visa a interação e a

divulgação de atividades

desenvolvidas dentro da

Geografia que ficam

caracterizadas pela

execução das habilita-

ções dos geógrafos

dentro de âmbito com

característica profissio-

nal. Os artigos e notas

aqui impressos, são as

representações de expe-

riências vividas por pro-

fissionais ou por pesso-

as com interesses afins,

ou seja dentro do univer-

so das habilidades pes-

soais de cada um a partir

do reconhecimento dos

mais diversos aspectos

inerentes ao desempe-

nho da profissão.

Profissão Geógrafo GEMA Vol. (IV) — Nº 2

Outubro de 2010

Nesta edição:

A geografia é nomotética

ou ideográfica: 1ª reflexão

Cultivo de alho orgânico

no Distrito de Ribeira –

Cabaceiras PB

1

A Rodovia Transamazôni-

ca BR-230 na Região

Metropolitana de João

Pessoa

Conversar em Ambiente

Virtual

2

As consequências da

Especulação Imobiliária

na Região Sul de JPA

Regionalização dos ritmos

no estado da Paraíba

3

Lixo eletrônico: o que

fazer após o término da

vida útil dos seus apare-

lhos?

Incêndio Silencioso

4

Maré Alta no Litoral

Paraibano

Religião e a Conscientiza-

ção Ambiental

5

Do Labema ao Gema em Três

Gerações 6

A realidade do viaduto sobre a

BR-230 entre o Alto do Mateus 7

GEMA GEMAGEMAGEMA

Arte/Editoração 8

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Por Hawick Arnaud

Esta importante ro-

dovia foi projetada no governo

do presidente Médici (1969 a

1974), surgiu a ideia depois

de uma visita do mesmo ao

semi-árido nordestino. Diante

de tanta calamidade vista,

resolveu unir os homens sem

terra do nordeste brasileiro,

por causa das áreas secas e

castigadas às terras sem ho-

mens da Amazônia. Era a pre-

ocupação com o processo de

integração do país e conse-

qüentemente, com a proteção

do território brasileiro e a con-

solidação da soberania nacio-

nal.

A BR-230 foi inaugu-

rada em 30 de agosto de

1972, foi considerada uma

obra faraônica, sendo a tercei-

ra maior rodovia do Brasil. O

seu marco zero se inicia no

município de Cabedelo na

Paraíba, cortando os estados

do Ceará, Piauí, Maranhão,

Tocantins, Pará e terminando

na cidade de Lábrea, no Ama-

zonas. Embora a sua criação

tivesse como objetivo a inte-

gração nacional, hoje a rodovi-

a não é totalmente pavimenta-

da principalmente em trechos

localizados na Amazônia.

Na Paraíba a rodovia

corta 521 km do território,

sendo duplicada de Cabedelo

a Campina Grande, que é o

segundo centro econômico do

estado. Na região metropolita-

na de João Pessoa a BR-230

virou uma avenida que liga a

capital aos municípios vizi-

nhos. Isso ocorreu devido ao

alto índice demográfico, aque-

cimento do turismo, fluxo in-

tenso de veículos, distribuição

dos serviços e o fluxo de pro-

dutos. Já que as grandes in-

dústrias estão não só em João

Pessoa, mas em Santa Rita,

Bayeux e Cabedelo, além do

Aeroporto e do Porto que se

encontram nestas últimas

cidades respectivamente. Esta

divisão promoveu o mérito da

BR-230 em termos de logísti-

ca e sua importância para a

economia do estado. Diversos

órgãos públicos, empresas

privadas e multinacionais,

estádio de futebol, shopping e

universidades se encontram

nas proximidades ou nas mar-

gens desta rodovia. Além do

fato que a BR-230 cruza com

um dos principais corredores

viários da capital, que são as

avenidas: Beira-Rio; Epitácio

Pessoa; e Pedro II; além da

bifurcação com a BR-101 .

A localização da

rodovia favorece a circulação

dos habitantes, dos empreen-

dimentos e dos turistas. A

lendária BR-230 é a marca

registrada da região metropoli-

tana de João Pessoa e a eco-

nomia estadual depende da

logística pré-estabelecida e

imposta pelo seu fluxo viário

que é de grande relevância

para o estado da Paraíba.

Fotos:

1– Trecho que compreende o bairro João Agripino. Foto: Ivo Lacerda

2– Marginal no bairro do Cristo redentor. Foto: Google earth

3– Trecho do Campus I UFPB. Foto: Acervo Paulo Rosa

se em relatar esse fato: O

papagaio fala? (então veio à

mente todo o processo de

apreensão que se adquire

quando criança), em seguida,

mais uma indagação: o papa-

gaio conversa? E foi com essa

segunda parte do diálogo que

elucidamos o seguinte pensa-

mento: o aluno virtual enquan-

to aluno universitário redige

seus trabalhos, copia o que

tem no quadro, escreve a fala

do professor, mas poucos

conseguem expressar através

da escrita um diálogo de opini-

ão ou mesmo perguntar o que

não estão entendendo num

determinado assunto.

Então, em que mo-

mento essa barreira foi posta

Por Cristiane Melo

Analisando a pouca

participação de alguns alunos

com a conversa escrita na

plataforma virtual da UFPB ,

disciplina que sou monitora,

surge a partir da discussão no

grupo GEMA o problema:

quais as dificuldades encon-

tradas pelos alunos no ambi-

ente de aula virtual faz com

que achem-se incapazes ou

não queiram escrever algu-

mas linhas? Desse proveitoso

diálogo procuramos visualizar

essa situação, no qual o falar

se diferencia de comunicar.

Para entender me-

lhor essa colocação, descrevo

aqui o que suscitou o interes-

pela academia? Será que já

não está na hora de levar o

aluno a descobrir que é capaz

de proporcionar através da

escrita um diálogo colaborati-

vo num ambiente virtual? Co-

mo experiência própria posso

dizer que como muitos, não

tinha o hábito de escrever,

mas esse exercício no ambien-

te virtual começou com men-

sagens telegráficas me ajudou

e ainda ajuda a escrever tex-

tos como este.

E agora, será que

somos capazes de conversar,

perguntar, discordar [...] num

ambiente virtual de forma

colaborativa?

A Rodovia Transamazônica BR-230 na Região Metropolitana de João Pessoa

Conversar em Ambiente Virtual

Página 2 BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA

Será que já

não está na hora de

levar o aluno a descobrir

que é capaz de

proporcionar através da

escrita um diálogo

c o l a b o r a t i v a n u m

ambiente virtual?

Plataforma Virtual Moodle UFPB

“ . . . N a r e g i ã o

metropolitana de João

Pessoa a BR-230

virou uma avenida

que liga a capital aos

municípios vizinhos..”

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Regionalização dos ritmos no estado da Paraíba

de Estudos e Metodologia

Aplicada), chegou-se a hipóte-

se que existem dois tipos de

ouvintes: aqueles que são

fascinados pela letra da músi-

ca; e aqueles que se apaixo-

nam pela melodia, estes últi-

mos são movidos pela dança.

Em um estudo a

fundo neste âmbito pode se

ter uma grande surpresa: o

que pode estar ocorrendo na

Paraíba é um bombardeio das

bandas de forró, já que elas

estão mais acessíveis ao pú-

blico, mas na realidade esse

público musical pode estar

mais diversificado que imagi-

namos. Temos que ver como

a música fascina as pessoas

na Paraíba, fazendo uma ana-

logia as micro-regiões paraiba-

nas, pois as mesmas se dife-

Por Italo Ramon

A Paraíba como

também o nordeste, possui

uma musicalidade muito

forte marcada por aspectos

que vão desde culturais a

rítmicos.

Acontece que nes-

se contexto é necessário

saber como as pessoas se

comportam diante da músi-

ca na Paraíba. Será que o

forró é mesmo o rítmo pre-

dominante no gosto dos

paraibanos ou ele é imposto

pelo mercado fonográfico, o

qual é baseado nas bandas

de forró? Essa

questão é muito mais com-

plexa que se imagina e me-

rece um estudo aprofunda-

do. Em discussão acerca do

assunto com o GEMA (Grupo

Vol. (IV) — Nº 2 Página 3

As consequências da Especulação Imobiliária na Região Sul da Cidade de João Pessoa

Por Francicléa Avelino Ribeiro

Imagem aérea da Zona Sul da cida-

de de João Pessoa. Percebe-se a

expansão imobiliária.

Foto: Acervo Paulo Rosa

O processo de ur-

banização na cidade de João

pessoa acarretou uma série

de mudanças principalmente

na paisagem, para esse

processo foi necessário a

intervenção do homem ao

meio ambiente. João pessoa

surgiu às margens do Rio

Sanhauá no tabuleiro locali-

zado à direita do rio e se

expandiu em direção ao

mar, onde as casas são

mais valorizadas havendo o

desenvolvimento econômi-

co, devido à especulação

imobiliária.

Nessa expansão

vales de rios foram trans-

postos a exemplo do rio

Jaguaribe e foram efetiva-

dos loteamentos de baixo e

alto padrão. A especulação

imobiliária causa vários

transtornos ambientais co-

mo o desmatamento das

áreas verdes. Foi com a

instalação do Distrito Indus-

trial e do campus universitá-

rio que começou a expansão

da cidade na direção sul

originando o que chamamos

de ―cidade dos conjuntos

habitacionais‖.

Na região sul de

João pessoa ainda existem

pequenas manchas da mata

atlântica. O bairro de Valen-

tina de Figueiredo é um

exemplo da especulação

imobiliária, está cada vez

mais aumentando e indo em

direção ao quilombo Parati-

be que está perdendo terras

que estão em seus direitos.

Além disso, a aproximação

de pessoas com novas cultu-

ras fizeram com que alguns

quilombolas abandonassem

algumas características afro-

descendentes, a maioria dos

moradores eram pescadores

devido a proximidade com o

Rio Cuiá e o Rio do Padre,

estes rios não são limpos

devido ao esgoto que é des-

pejado neles. O bairro de

Mangabeira está sendo verti-

calizado e já é considerado

um subcentro. Nas outras

localidades como o Mussu-

mago, Colinas do Sul e Ger-

vázio Maia observa-se que

são áreas que passaram a

desenvolver uma valorização

maior do terreno devido ao

crescimento comercial local

que gera empregos.

Enfim, podemos ver

que a especulação imobiliá-

ria tem seu lado positivo

para a economia local, e um

lado negativo para o meio

ambiente principalmente

para os últimos vestígios de

mata atlântica nesse municí-

pio.

―A especulação imobiliária,

causa vários transtornos ambi-

entais como o desmatamento

das áreas verdes‖

Foto

Variações rítmicas, que envolvem a cultura. Fonte: http://weblog.educ.ar/

santafecultura/archives/008960.php

renciam em termos de musi-

calidade.

Diversidade musical

Imagem da BR-230 cortando a

Zona Sul de João Pessoa

Foto: Ivo Lacerda

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Por Gutemberg de Barros Barbosa

Os resíduos eletrôni-

cos, também denominados

de e-lixo (e-waste em inglês)

são os vilões do momento.

Eles nada mais são do que

artigos eletrônicos que não

podem mais ser reaprovei-

tados como: computadores,

celulares, câmeras digitais,

MP3 player, entre outros. São

considerados lixos eletrônicos

também artigos elétricos de

casa como: geladeiras, mi-

croondas e o que mais você

usar em casa que descarta-

dos, podem poluir o planeta.

Quando você troca

seu equipamento eletroeletrô-

nico, saiba que ele poderá

prejudicar o meio ambiente.

Estes equipamentos são

produzidos com substâncias

nocivas, e uma vez descar-

tados de forma incorreta em

locais pouco apropriados co-

mo lixões e perto de lençóis

freáticos tornam-se problemas

ainda maiores.

Números que im-

pressionam:

-O Brasil produz

2,6kg de lixo eletrônico por

habitante, o equivalente a

menos de 1% da produção

mundial de resíduos , e a in-

dústria eletrônica continua em

expansão. Até 2012 espera-

se que o número de computa-

dores existentes no país do-

bre e chegue a 100 milhões

de unidades. Deste total, 40%

se encontram na forma de

eletrodomésticos.

Onde Reciclar

Existem várias empresas

que lidam com a reciclagem

desses materiais, é possível

fazer doações para organiza-

ções que trabalham com a

inclusão digital.

Para celulares, pro-

cure sempre as revendedo-

ras de sua operadora, para

que as baterias possam ser

devolvidas às empresas fabri-

cantes, sendo despejados em

locais seguros. Para pilhas,

procure os locais de coleta

seletiva da sua cidade, e nun-

ca as jogue no lixo comum.

Os eletrodomésticos

podem ser doados para pes-

soas carentes ou locais em

que as peças possam ser

reutilizadas para consertar

aparelhos com defeito. É

preciso ter em mente que

muitas pessoas podem preci-

sar daquilo que para nós é

cons iderado obso le to .

O Instituto Brasilei-

ro de Defesa do Consumi-

dor (IDEC) lista as princi-

pais empresas de informáti-

ca e celulares, onde os apa-

relhos das marcas determi-

nadas podem ser descarta-

dos.

A ONG Lixo Eletrôni-

co também dá aos usuários

uma lista de locais onde po-

de ser feita a doação de arti-

gos para a reciclagem dos

resíduos para pessoas caren-

tes.

Para doar seu computador

para que ele faça parte de

programas de inclusão digi-

tal, você pode procurar: gu-

[email protected] /

[email protected]

Lixo eletrônico: o que fazer após o término da vida útil dos seus aparelhos?

Incêndio Silencioso

Até o momento cito

somente aquele fogo que é

visível, que está ao nosso

alcance, que é perceptível.

Existe outro que não seja a-

quele que eu veja? A resposta

é sim. Principalmente em lu-

gares que possuem no subso-

lo concentrado de carvão o

qual é consumido logo após

um incêndio florestal. Nesse

caso, o incêndio pode durar

meses e até anos.

Em um caso, aqui no

Brasil, já aconteceu em solo

de turva que possui muitas

raízes e restos de vegetação.

Os principais afetados (além

da perda produtiva do solo);

são os pequenos animais

como o tatu, a toupeira, algu-

mas serpentes etc. O risco de

poluição na atmosfera e a

inalação tóxica pelo carvão

são algumas mínimas conse-

quências onde o sinal princi-

pal desses incêndios é a fu-

maça que sai nas fissuras do

solo.

Aliás, existe o crime

de incêndio no Código Penal

Brasileiro, mais especifica-

mente o artigo 250, tendo por

título: Dos Crimes Contra a

Incolumidade Pública; e por

capítulo: Dos Crimes e Perigos

Comum. A pena é de reclusão

e varia entre 3 a 6 anos acres-

cida de multa. Provocar incên-

dios a ponto de expor perigo à

vida, ao patrimônio e outros, é

crime, mas quando será que

os principais agentes suspei-

tos (os homens) irão usar a

justificativa - na maioria dos

casos - de que são causas

naturais, sendo essas últimas

mais raras.

Por Thiago César

O fogo se comporta

como elemento principal des-

de os tempos mais remotos.

Para poder se aquecer o ho-

mem pré-histórico já usava

como meio de vida, instrumen-

to e até mesmo acessório

para moldar ou colocar numa

certa temperatura determina-

do objeto. Hoje, logo após

vários avanços tecnológicos,

vivemos em um mundo que

ainda sofre com uma diversi-

dade de incêndios quer sejam

aqueles causados por tercei-

ros ou naturais. Na maioria

das vezes são encadeados por

terceiros e as consequências

vão desde a perda da vegeta-

ção até mesmo vidas sufoca-

das.

Página 4 BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA

―O Brasil produz 2,6kg

de lixo eletrônico por

h a b i t a n t e , o

equivalente a menos

de 1% da produção

mundial de resíduos

do mundo.‖

Fonte da Imagem

http://www.radiomonsanto.pt/

ficheiros/noticias/125301

“...O risco de

poluição na atmosfera e

a inalação tóxica pelo

carvão são algumas míni-

mas conseqüências onde

o sinal principal desses

incêndios é a fumaça que

sai nas fissuras do solo.”

―É preciso ter em mente

que muitas pessoas po-

dem precisar daquilo que

para nós é considerado

obsoleto .‖

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Por Fransuelda Vieira

No mês de Agosto,

precisamente no dia 12 às

5h00, a Equipe GEMA (Grupo

de Estudos de Metodologia e

Aplicação), esteve presente na

Praia do Poço, em Cabedelo,

para observar e registrar a

força das águas na maré 2.8,

considerada para o litoral pa-

raibano meso-maré, isto é,

com amplitudes entre 2 e 4

metros, lembrando que aqui

na Paraíba o máximo que já

atingiu, segundo dados do

Porto, foi 3.40m.

As marés resultam

da força de atração dos se-

guintes astros: lua, terra e sol,

quando estes se alinham ocor-

rem as marés de Sizígia ou

Preamar. Na praia do poço,

associada a preamar consta-

tamos a ocorrência de rajadas

de ventos chegando a medir

5,7m/s o que agravou ainda

mais a situação. As ondas

fortes derrubaram coqueiros,

muros e deixaram os morado-

res aterrorizados, que na oca-

sião informaram nunca terem

presenciado cenas como a-

quelas.

As áreas vulneráveis

na costa são aquelas em que

as edificações foram construí-

das sem observar o limite

permitido pela Constituição

Estadual, que considera no

inciso VII do Art. 227 ―toda

faixa de praia do território

paraibano de até 100 metros

da maré de Sizígia, de interes-

se ecológico do Estado‖, sen-

do dever do Estado defender e

preservar. Indo além, no Art.

229 consta, que as áreas a

serem urbanizadas ―devem

distar 150 metros da maré de

Sizígia‖.

Segundo o Gema,

boa parte do litoral Paraibano

passa por problemas relacio-

nados a erosão costeira, o

barramento dos rios que de-

sembocavam no mar implicou

na falta de sedimentos em

alguns pontos da zona costei-

ra, o que vem se agravando ao

longo de vários anos.

Com marés 2.8 três

dias consecutivos: 08, 09, 10

de Setembro, retornamos no

dia 10 para observar a paisa-

gem litorânea e dar continui-

dade ao monitoramento das

áreas de risco. Desta vez fo-

mos ao Cabo Branco, Praça de

Iemanjá e Praia do Seixas; a

praça de Iemanjá quase toda

destruída, oferecendo riscos

aos visitantes e banhistas; no

Seixas observamos o recuo

das barracas que restaram em

direção à rua e o trabalho dos

moradores para retirar o lixo

trazido pelas águas.

Maré Alta no Litoral Paraibano

Religião e a Conscientização Ambiental

a esse tema.

As igrejas exercem

um papel perante a socieda-

de, não apenas de cunho reli-

gioso, como também de ação

social e educação, sendo um

agente de disseminação de

conhecimentos sociais e edu-

cacionais, que incluem ques-

tões ambientais. Para essas

instituições deveriam ser leva-

dos em conta além dessas

questões, o que está escrito

na Bíblia no livro de Gênesis,

Capitulo 1 os versículos de 26

a 30. Onde coloca os homens

como mordomos, administra-

dores, dominadores sobre a

terra, ou seja, devem cuidar

da terra em todos os âmbitos

lá citados, englobando alguns

focos onde hoje existem gran-

des problemas ambientais.

V e j a m o s

um trecho que diz: [...] Tam-

bém disse Deus: Façamos o

homem à nossa imagem, con-

forme a nossa semelhança;

tenha ele domínio sobre os

peixes do mar, sobre as aves

dos céus, sobre os animais

domésticos, sobre toda a terra

e sobre todos os repteis que

rastejam pela terra [...] Gn

1.26-30. Portanto, a conscien-

tização e o esclarecimento

sobre alguns problemas ambi-

entais necessitam de atitudes

mais expressivas dessas insti-

tuições, já que para as mes-

mas não é só uma questão

social, mas também de fé,

mostrando para seus mem-

bros importância de adminis-

trar bem o que ―Deus‖ conce-

deu-lhes.

Palestra sobre Conscientização ambi-ental na Igreja Presbiteriana de Bayeux-PB

Foto: Cleytiane Santos

Por Cleytiane Santos

Observando a socie-

dade em que vivemos, pode-

mos perceber que ela desen-

volve diversas atividades auto-

destrutivas que resultam na

degradação da natureza, o

que influencia direta e indire-

tamente na qualidade de vida

das pessoas. Isso ocorre devi-

do a vários fatores, mas princi-

palmente pela falta de conhe-

cimento que certas atitudes

tomadas podem causar danos

irreversíveis ao meio ambien-

te, sendo assim, é de funda-

mental importância promover

a educação ambiental.

Essa questão vem

sendo bastante observada por

varias ONG‘s, empresas, esco-

las, mas as Igrejas, que são

uma das organizações que

fazem parte da sociedade e

que exerce grande influência

sobre as atitudes das pesso-

as, ainda deixa muito a dese-

jar no apoio que deveriam dar

Vol. (IV) — Nº 2

“As igrejas

exercem um

papel perante a

sociedade, não

apenas de

cunho religioso,

como também

de ação social

e educação,

sendo um

agente de

disseminação

de

conhecimentos

sociais e

educacionais,

que incluem

questões

ambientais “

Página 5

Praia do Poço — Foto: Ivo Lacerda

Praça Iemanjá - Cabo Branco

Foto: Fransuelda Vieira

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Por Pablo Rosa

O que relato aqui é,

de modo original, argumento

do prof.º Paulo Rosa – diria

que de sua análise, a memó-

ria da evolução do que hoje é

o GEMA foi evocada, ou me-

lhor, numa simbiose, análise e

memória produziram o argu-

mento dele, que sintetizo nes-

se texto, misturando algumas

a n o t a ç õ e s m i n h a s .

De certo devo iniciar

pelo começo ... mas onde

começa o começo? Inoportu-

no seria não conceber um

marco! Para estabelecer linha

temporal de sua memória

analítica, quanto ao que hoje

é o GEMA, ao seu turno, posso

dizer que foi do tempo de sua

chegada na Paraíba como

professor do Dpto.º de Geoci-

ências da UFPB, acho que em

1993. Desde então pessoas

(alunos, pesquisadores, esta-

giários, servidores etc) vieram

com ele trabalhar na tríade

emblemática da UFPB: pesqui-

sa, ensino e extensão. Alguns

passaram, outros migraram

pelas fases, fases essas que

são o fruto de sua análise!

Sua apreciação refe-

re-se a sucessão de grupos

que com ele laboraram na

pesquisa e extensão, e inclusi-

ve auxiliando em diversas

tarefas de ensino, mas tudo

bem, até aqui o relato dele

poderia ser apenas memória;

a análise procede de sua ob-

servação de que essa suces-

são é marcada por caracterís-

ticas, que cada grupo possuía

(e para o atual momento, pos-

sui) e que estão intimamente

ligadas aos meios comunicati-

vos disponíveis.

Pessoas inseridas

nesses grupos fizeram parte

da construção do que hoje é o

GEMA. Cada qual em sua era

midiática!

V o u r e - r e l a t a r

(relatando sobre o relato dele)

essa história, sem análise.

Depois insiro o diagnóstico

pelo professor suscitado acer-

ca da questão.

Então, voltando à

história: começa em 1993,

com a formação do que ele

chamou de 1ª geração. Nessa

época, fax e telefone eram o

que se tinha a disposição para

troca de mensagens, também

alguns terminais de BITNET,

pouco utilizados, e pessoas na

condição de colaboradores

oriundos da geração do Rádio,

TV e mídia impressa. Em 1997

a tão aplaudida INTERNET

chega às dependências do

que se materializa virtualmen-

te como LABEMA (Laboratório

de Metodologia, Estudo e Apli-

cação). Rapidamente a inter-

net fornece subsídios para o

que ele denominou de 2ª ge-

ração, que nesse momento

começa. Essa geração, subsi-

diada pela evolução das ferra-

mentas baseadas no HTTP

colaboraram drasticamente

na consciência coletiva do

LABEMA, pois seus integran-

tes, nativos de era dos games,

arcades, e VHS, e contempo-

ranizados nos celulares, bem

como rapidamente acostuma-

dos a voraz superação de

versões tecnológicas, estavam

aptos a tarefa de auxílio na

pesquisa, extensão e ensino

que se propunham a integrar

ao compor o grupo lançando

mão desses recursos inovado-

res. A 3ª geração aparece a

pouco tempo, por volta de

2009, talvez fins de 2008 já

se pudesse assim definir o

grupo como 3ª geração.

Quando no início dissemos

que pessoas desses grupos

passaram e outras migraram,

quisemos dizer, adaptando

as observações de Paulo

Rosa, que, no sentido de

grupo, alguns colaboradores,

deixaram de colaborar, sain-

do do grupo, muitos por an-

seios pessoais incompatíveis

com o escopo de labor que o

LABEMA, atual GEMA, vinha

se configurando. Esse esco-

po, forjado por influências

das mídias (ferramentas de

trabalho), teorias e acepções

doutrinárias da geografia

aplicada, bem como das tra-

dicionais escolas da geografi-

a geral e regional, requereu

dos seus colaboradores um

participação coletiva, onde,

na primeira geração, sinto-

maticamente, o elo era o

coletivo apoiando o indivíduo

colaborador, onde a pessoa

colaboradora era mais impor-

tante do que o conjunto, pois

os colaboradores precisavam

do respaldo coletivo para

conseguir materializar o que,

em sua individualidade, al-

mejavam. Na segunda, houve

uma inversão: as redes inter-

net e intranet requereram

dos colaboradores uma ação

em prol do grupo, ou seja, o

indivíduo construindo um

ambiente coletivo, contudo

sem perder sua interação

personalíssima – nessa fase

o sentido de unidade coleti-

va, onde, literalmente, cada

colaborador era uma unidade

de ação do todo, dava seus

primeiros passos. Contudo,

por se pautar em uma con-

cepção do indivíduo no coleti-

vo, ainda se observava a

essência apenas coletiva.

Com a revolução das

Do Labema ao Gema em Três Gerações

Página 6 BOLETIM DE GEOGRAFIA APLICADA

―Nessa época, fax

e telefone eram o

que se tinha a

disposição para

troca de

mensagens,

também alguns

terminais de

BITNET, pouco

utilizados, e

pessoas na

condição de

colaboradores

oriundos da

geração do Rádio,

TV e mídia

impressa.‖

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ferramentas colaborativas, e

já tendo colaboradores natu-

rais desse estilo de trabalho,

consolida-se a terceira gera-

ção, que, em essência é coleti-

va-colaborativa. Em termos

conceituais, a colaboração

pode ser percebida em todas

as fases citadas, contudo,

apenas nos idos de 2009 é

que se consegue ver que o

grupo opera de forma total-

mente colaborativa, fornecen-

do matéria e energia em total

sinergia com uma necessida-

de exterior a si, que é a cola-

boração em prol do coletivo, e

não mais centrada no ‗eu‘.

Acontece que os

grupos contêm pessoas mi-

grantes das gerações anterio-

res, então, agora, do ponto de

vista analítico, o que se indexa

é a geração através do grupo

a ela vinculado e não pessoas

como indexes dos grupos.

A observação feita

por ele é que os grupos se

sucederam em razão das influ-

ências dos meios de comuni-

cação a que seus componen-

tes estavam acostumados,

nitidamente, como nativos ou

migrantes e acordo com a

disponibilidade de uso das

tecnologias da informação

disponíveis. Em outras pala-

vras: a característica dessas

gerações provém da capacida-

de de relação com as ferra-

mentas possíveis a que seus

integrantes têm capacidade

de manusear, nativamente ou

de modo migrante, e quanto a

r e l a ç ã o d a p r o d u ç ã o

(pesquisa, ensino, extensão) a

necessidade pessoal, nítida na

1ª geração, veio sucedendo-se

para uma necessidade coleti-

va na 3ª geração. Bom, mais

especificamente: a primeira

geração, acostumada ao tele-

fone e fax, mas pouco familia-

rizada com a BITNET, produzia

de modo diferente, ou melhor,

colaborava de modo diferente

da 2ª e da 3ª geração, e esse

modo de produção reflete na

integração do grupo bem co-

mo na velocidade e tipos de

produtos requisitados à pes-

quisa, ensino e extensão. Con-

sonante se tem um despoja-

mento do eu em prol do coleti-

vo, à medida que a influência,

nativa, dos meios de produ-

ção, disponíveis em termos

tecnológicos, exige uma rela-

ção interativa coletiva e me-

nos individual.

Eu não sei se conse-

gui ser bastante claro nessa

redução a termo, dessa impor-

tante aula dada pelo prof.

Paulo Rosa; sua análise, sobre

a evolução da geração de

grupos que trabalharam com

ele, e que hoje denominamos

de GEMA, é a meu ver, impor-

tante reflexão do ponto de

vista da economia simbólica e

da revolução WIKI, posto que

a formação do thesaurus em

tempos atuais não se faz co-

mo nos tempos dos desbrava-

dores das terras desconheci-

das, mas sim com esforços

coletivos, para transformar o

que já se sabe e se tem, em

emolumentos transcendentes

ao individuo, visando à cons-

trução de novas vias de inclu-

são cognitiva, interação social

e coletiva do ponto de vista

econômico.

Vol. (IV) — Nº 2

―Em termos

conceituais, a

colaboração pode

ser percebida em

todas as fases

citadas, contudo,

apenas nos idos de

2009 é que se

consegue ver que o

grupo opera de

forma totalmente

colaborativa,

fornecendo

matéria e energia

em total sinergia

com uma

necessidade

exterior a si, que é

a colaboração em

prol do coletivo, e

não mais centrada

no ‗eu‘―.

Página 7

A Realidade do Viaduto Sobre a BR-230 Entre o Alto do Mateus e o Corpo de Bombeiros

Por Ana Cláudia de Melo

O estudo da paisa-

gem é para o geógrafo algo

primordial e fundamental, pois

é a partir dele que surgem as

primeiras análises para um

estudo mais complexo.

É a partir da morfologia natural

que se pode compreender as

alterações ocorridas em deter-

minadas regiões.

Nesse processo de

alterar o domínio vivo, ocorre

uma grande falha dos projeto-

res de determinadas obras,

pois projetam sem haver um

planejamento onde deve-se

analisar as consequências

tanto para o meio urbano,

quanto para o natural.

É nesse processo que

o geógrafo vem a fazer suas

interferências, pois para o

desenvolvimento urbano ocor-

rer, é necessário não somente

estudos e projetos locais, mas

uma compreensão de todo o

sistema que compõe aquela

região.

Observando as obras

de restauração da BR 101 e

230 no trecho que compreen-

de o Alto do Mateus (via oeste

da cidade de João Pessoa) e o

corpo de Bombeiros, podemos

constatar que várias mudan-

ças estão ocorrendo, e elas

não são somente transforma-

ções arquiteturais, mas tam-

bém, e principalmente, ambi-

entais.

Essas obras são er-

guidas em área de terraço

fluvial. Se observarmos aquela

região, verificaremos a pre-

sença do Rio Marés que em

determinados trechos está

sendo impermeabilizado, so-

frendo assim, graves transfor-

mações. Verifica-se também a

existência de uma vasta retira-

da da vegetação, modificando

todo o sistema natural daque-

la área. Alguns plantios com-

pensatórios estão sendo feitos

em outras áreas, porém, não

irão recuperar os danos ambi-

entais ocorridos naquele local.

Aterramento da área onde passa

o viaduto da Via Oeste sobre a

BR-230, em João Pessoa

Foto: Ana Cláudia

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Parceiros

Editor chefe: Paulo Rosa

Editoração: Ivo Lacerda

Colaboradores: Fransuelda Vieira

Hawick Arnaud

GEMA—Grupo de Estudos de Metodologia e

Aplicação

Universidade Federal da Paraíba

Cidade Universitária—Centro de Ciências

Exatas e da Natureza—Departamento de

Geociências

João Pessoa - PB - CEP - 58059-900

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O boletim visa a divulgação de atividades

desenvolvidas pelos colaboradores, e por

meio desta divulgação, a interação com o

público. Os artigos aqui postados são de total

responsabilidade dos respectivos autores.

Boletim de Geografia

Aplicada

Olá pessoal, é visível que a existência desses ani-

mais domésticos no campus encontrasse em total descon-

trole, com uma concentração dos mesmos no CCSA, DECOM

e com um aumento significativo no CCEN.

Acredito que exista uma emigração desses animais

exóticos pelo campus (principalmente os gatos), e que isso

esteja influenciando tanto na questão da predação dos ani-

mais endógenos da Mata Atlântica, como também na prolife-

ração dos indivíduos vegetais, já que os mesmos necessitam

de alguns animais que são predados por esses animais exó-

ticos para que isso aconteça. (Cleytiane Santos)