Produção de verduras e legumes gera renda e vida no Semiárido.

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A vegetação, o sol forte e a paisagem seca entristecem, mas não desanimam o agricultor José Soares. Seu Soares como gosta de ser chamado, mora na comunidade de Atalho, localizada a 15 quilômetros da cidade de Quiterianópoles no interior do Ceará. Ele é casado há 21 anos com Francisca Vieira, conhecida como França com quem tem três filhos. No currículo de trabalho, Seu Soares tem uma árdua vida no roçado, onde tirava o sustento da família que dependia basicamente da plantação de milho, feijão, fava e cana de açúcar. Mas, o trabalho braçal, e a idade acarretaram problema para a saúde de Seu Soares. “Com o passar dos anos comecei a ter alguns problemas de saúde e tive que parar de trabalhar no roçado, à noite pensava como iria viver dali pra frente, mas meu coração dizia: Deus dá um jeito”, recorda. Mesmo com problemas de saúde, Seu Soares não cruzou os braços, e continuou a lutar pelo bem estar de sua família. O cenário na vida de Seu Soares começou a mudar com a chegada à região, do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, P1MC. Em 2002 quando teve sua família selecionada pela Comissão Municipal para ser beneficiada com a construção de uma cisterna em sua propriedade. Mesmo sabendo que teria que contribuir na construção da cisterna, Seu Soares não hesitou. “Participei das capacitações e ajudei na construção”, conta o agricultor, reconhecendo a importância do beneficio para sua família. “Com a chegada da cisterna nossa vida melhorou muito, porque era um sacrifício conseguirmos água de boa qualidade para beber e cozinhar”, relembra dona França. Sua experiência inicial com a horta começou quando o seu primo e vizinho Pedro Alves Bezerra conhecido como Pedrinho propôs a Seu Soares cultivar no seu quintal uma produção de hortaliças. “O Pedrinho tinha um terreno grande no quintal de sua casa e me chamou para juntos produzirmos nossa própria horta”, conta Soares. Atualmente os vizinhos plantam em um terreno de aproximadamente três hectares, onde com a ajuda da família, se produz uma diversidade de verduras como cebola, tomate, coentro, pimentão, pimentinha, macaxeira, alface e cenoura. Com a facilidade de água, Seu Soares visualizou uma nova perspectiva de vida. “Comecei a me engajar e há dedicar meu tempo na Ceará Ano 6 | nº 977 | Novembro| 2012 Quiterianópoles - Ceará Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Produção de verduras e legumes gera renda e vida no Semiárido. 1 Os canteiros de verduras sendo irrigados com a água do poço. Seu Soares e o primo Pedrinho cuidam juntos dos canteiros.

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A vegetação, o sol forte e a paisagem seca entristecem, mas não desanimam o agricultor José Soares. Seu Soares como gosta de ser chamado, mora na comunidade de Atalho, localizada a 15 quilômetros da cidade de Quiterianópoles no interior do Ceará. Ele é casado há 21 anos com Francisca Vieira, conhecida como França com quem tem três filhos.

No currículo de trabalho, Seu Soares tem uma árdua vida no roçado, onde tirava o sustento da família que dependia basicamente da plantação de milho, feijão, fava e cana de açúcar. Mas, o trabalho braçal, e a idade acarretaram problema para a saúde de Seu Soares. “Com o passar dos anos comecei a ter alguns problemas de saúde e tive que parar de trabalhar no roçado, à noite pensava como iria viver dali pra frente, mas meu coração dizia: Deus dá um jeito”, recorda.

Mesmo com problemas de saúde, Seu Soares não cruzou os braços, e continuou a lutar pelo bem

estar de sua família. O cenário na vida de Seu Soares começou a mudar com a chegada à região, do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, P1MC. Em 2002 quando teve sua família selecionada pela Comissão Municipal para ser beneficiada com a construção de uma cisterna em sua propriedade. Mesmo sabendo que teria que contribuir na construção da cisterna, Seu Soares não hesitou. “Participei das capacitações e ajudei na construção”, conta o agricultor, reconhecendo a importância do beneficio para sua família. “Com a chegada da cisterna nossa vida melhorou muito, porque era um sacrifício conseguirmos água de boa qualidade para beber e cozinhar”, relembra dona França.

Sua experiência inicial com a horta começou quando o seu primo e vizinho Pedro Alves Bezerra conhecido como Pedrinho propôs a Seu Soares cultivar no seu quintal uma produção de hortaliças. “O Pedrinho tinha um terreno grande no quintal de sua casa e me chamou para juntos produzirmos nossa própria horta”, conta Soares. Atualmente os vizinhos plantam em um terreno de aproximadamente três hectares, onde com a ajuda da família, se produz uma diversidade de verduras como cebola, tomate, coentro, pimentão, pimentinha, macaxeira, alface e cenoura.

Com a facilidade de água, Seu Soares visualizou uma nova perspectiva de vida. “Comecei a me engajar e há dedicar meu tempo na

Ceará

Ano 6 | nº 977 | Novembro| 2012Quiterianópoles - Ceará

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Produção de verduras e legumes gera renda e vida no Semiárido.

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Os canteiros de verduras sendo irrigados coma água do poço.

Seu Soares e o primo Pedrinho cuidam juntos dos canteiros.

implantação de uma horta. Fiz meu próprio quintal produtivo agroecológico. Percebi que era capaz de produzir e consumir produtos saudáveis, além de gerar renda para a minha família”, afirma Seu Soares.

Outro aprendizado importante para a família de Seu Soares e para Pedrinho foi o rodízio de culturas. Uma prática que consiste na rotação das espécies vegetais em uma mesma área, gerando inúmeras vantagens do rodízio como a melhoria nas características físicas, químicas e biológicas do solo, o auxilio no controle de plantas, doenças e pragas e a reposição da matéria orgânica que protege o solo da ação dos agentes climáticos. Seu Soares afirma que o manejo da horta obedece há uma rotina que emprega muita persistência e força de vontade, o que resulta no sucesso da produção. “Para aguar os canteiros desenvolvemos um sistema de irrigação que é interligado do motor para o poço profundo, facilitando a irrigação”. Os agricultores garantem a sobrevivência no semiárido economizando a água fazendo uma adubação orgânica sem o uso de agrotóxicos.

Seu Soares reconhece que a horta apresenta resultados valiosos como à garantia da segurança alimentar vinculada à preservação da saúde humana, ao bem estar da família, e a venda de verduras, que ele afirma ter retorno quase imediato. Outra importante geração de renda para a família de Seu Soares são as polpas de manga, goiaba e graviola, feitas por sua esposa dona França que além das polpas vende bolos para as escolas do município através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PENAE). “Atualmente a maior parte da produção é para fornecermos nas escolas da região”, afirma França.

O que parecia impossível para muitas famílias do semiárido brasileiro, vira realidade. A produção agroecológica vem resgatando a autonomia de milhares de famílias com a geração de renda e a garantia da segurança alimentar. Com muita perseverança, a família de Seu Soares encontrou na agricultura familiar um caminho para uma vida saudável produzindo verduras e legumes gerando renda e vida no semiárido.

Como fazer um bolo de Cenoura:1k de cenoura 3 ovos2 colheres de sopa de margarina2 copos de leite2 copos de farinha de trigo com fermento3 xícaras de açúcarCoco ralado ou queijo

Modo de fazer:Rala as cenouras descascadas e bate com um pouco de leite e reserva-se em outro recipiente. No liquidificador, acrescenta-se os ovos, açúcar, margarina e bate por uns 10 minutos. Mistura a cenoura com a farinha, resto do açúcar e acrescenta o restante de leite aos poucos, até formar uma massa consistente.Unta-se a forma com margarina e farinha e leva ao forno por aproximadamente 30 minutos.

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A família de Soares juntamente com a esposa dona França e as duas filhas do casal Ana Clara e Debora que se orgulham dos pais.

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