Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de...

35
Ednilse Damico Galego Bissoli Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Caso São Paulo- SP 2013

Transcript of Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de...

Page 1: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

Ednilse Damico Galego Bissoli

Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Caso

São Paulo- SP

2013

Page 2: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

Ednilse Damico Galego Bissoli

Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Caso

São Paulo- SP 2013

Monografia apresentada como requisito para

conclusão do Curso de Pós-graduação,

Especialização em Clínica Médica de Felinos, do

Centro de estudos Superiores de Maceió, da

Fundação Jayme de Altavila, orientada pelo Prof. Dr.

Arquivaldo Reche Júnior

Page 3: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

Dedico este trabalho aos felinos domésticos, pois

quando tudo estava obscuro e triste, eles

tiveram a capacidade de jogar centelhas luz de

em minha vida, transformando-a em um lugar

claro e belo como um nascer do sol.

Page 4: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pela oportunidade de concluir mais esta etapa de minha vida.

Ao meu marido Adriano e meu filho Felipe pela compreensão e paciência nos

momentos de minha ausência.

A todas as meninas da nossa turma, pela amizade, companheirismo, sinceridade, pois

sem elas as aulas não teriam sido tão boas, como foram.

A minha amiga e irmã Daniela Máximo de Souza, pelos conselhos, risadas, e

desabafos feitos durante todas as viagens.

As nossas coordenadoras Andresa e Marcela, pela disposição, carinho e atenção para

atender nossas necessidades.

Aos professores e amigos Jorge Costa e Gustavo Gosuen pela ajuda nas correções

deste trabalho.

Ao meu ex-aluno e amigo Gustavo Ramos pela contribuição no atendimento do gato

deste relato.

E o meu grande agradecimento para o Prof. Arquivaldo Reche Júnior, pela paciência,

dedicação, bom humor e humildade que tem ao passar seus conhecimentos.

Page 5: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

"Você não pode conectar os pontos olhando para frente;

Você só pode conectar os pontos olhando para trás.

Assim, você precisa acreditar que os pontos irão se conectar de alguma maneira no futuro.

Você precisa acreditar em alguma coisa - na sua coragem, no seu destino, na sua vida, no seu

karma, em qualquer coisa.

Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale sua própria voz interior.

Tenha coragem de seguir seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já

sabem o que você realmente quer. Todo o resto é secundário".

Steve Jobin

Page 6: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

RESUMO

Doenças do trato biliar extra-hepático são comuns em felinos, porém, podem ser confundidas

com outras doenças intra-abdominais, devido à semelhança dos sinais clínicos e da evolução

desses problemas. As causas mais comuns de obstrução das vias biliares estão relacionadas

com pancreatites, colangites e colicistites. Os sinais clínicos são inespecíficos e sua

manifestação depende do tempo e da intensidade da obstrução (total ou parcial). O

diagnóstico definitivo é realizado por meio do exame ultrassonográfico. Como tratamento

preconiza-se a colecistoduodenostomia e o prognóstico depende da causa e grau da obstrução.

O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de obstrução do ducto biliar comum em um

felino macho, de nove anos e fazer uma revisão bibliográfica desta doença.

Palavras-chave: colestase, extra-hepático, felino

Page 7: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Demonstração esquemática da anatomia do sistema biliar, ducto

pancreático e comunicação com o duodeno.............................................

03

Figura 2 - Representação esquemática da circulação entero-hepática, demonstrando o

armazenamento da bile na vesícula biliar, sua liberação no duodeno e

posterior retorno para o fígado através do sistema venoso

portal.......................................................................................................

04

Figura 3 - Imagem ultrassonográfica do fígado demonstrando a presença de uma

estrutura ecogênica circular na região do colédoco medindo 1,03 x 0,71

centímetros..................................................

13

Figura 4 - A) Imagem ultrassonográfica demonstrando ducto biliar dilatado e

tortuoso; B) Imagem ultrassonográfica demonstrando a dilatação discreta

da vesícula biliar........................................................................................

14

Figura 5 - Presença de intensa dilatação do ducto biliar comum decorrente da

obstrução biliar........................................................................................

16

Figura 6 - Imagem demonstrando dilatação da vesícula biliar decorrente da obstrução

biliar........................................................................................................

16

Figura 7 - Seringa com conteúdo biliar transparente após punção direta com agulha

fina da vesícula biliar...............................................................................

17

Figura 8 - “Plug” biliar - massa enegrecida de consistência mole, com características

biliares retirada da região do colédoco, responsável pela obstrução do ducto

biliar.........................................................................................................

17

Figura 9 - A imagem demonstra a anastomose entre a vesícula biliar e o duodeno

(colecistoduodenostomia), realizada com fio nylon 4-0 e pontos simples

separados.................................................................................................

18

Page 8: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Causas de obstrução extra-hepática do ducto biliar comum em gatos..... 05

Page 9: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 11

1. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 13

1.1. Anatomia e Fisiologia do Sistema Biliar............................................................. 13

1. 1.2. Etiopatogenia da Obstrução do Ducto Biliar...................................................... 14

1.3. Manifestações Clínicas................................................................................................. 17

1.4. Diagnóstico.......................................................................................................... 18

1.5. Tratamento e Prognóstico.................................................................................... 21

2. RELATO DE CASO............................................................................................... 24

3. DISCUSSÃO............................................................................................................ 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 31

REFERÊNCIAS........................................................................................................... 32

ANEXOS.................................................................................................................... 35

Page 10: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

11

INTRODUÇÃO

Entre as desordens hepáticas que acometem os felinos, as doenças do trato biliar são as

de maior ocorrência, enquanto nos cães, as doenças do parênquima hepático são as mais

freqüentes. Porém a incidência de doenças restritas à vesícula biliar é baixa em ambas

espécies. No entanto, com o uso da ultrassonografia abdominal como rotina para auxiliar nos

diagnósticos, a incidência tem aumentado (CENTER, 2009).

A nomenclatura de doença do trato biliar foi recentemente designada como colangite

felina e subclassificada em três condições histopatológicas pelo grupo de padronização

hepática pela Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA). Por

tanto, o termo colangite se refere à inflamação do trato biliar, que, nos felinos, pode se

estender até o parênquima hepático. As categorias das colangites são dos tipos; neutrofílica,

linfocítica e a associada a parasitas hepáticos (Platynossomun concinnum) (GERMAN, 2009).

A obstrução do ducto biliar comum tem como consequência a colestase extra-hepática,

que é a diminuição do fluxo de bile (ZORAN, 2012), o que se traduz pela redução da re-

circulação dos sais biliares (LEHNER; McANULTY, 2010).

A colestase extra-hepática é menos comum que a intra-hepática (origem no interior do

trato biliar hepático), pois os cálculos biliares não são comuns nessa espécie. As causas mais

comuns são neoplasias (primárias no pâncreas) ou pancreatite crônica que pode ocorrer junto

com colangite, resultando em colestase extra e intra-hepática (ZORAN, 2012).

As manifestações clínicas da obstrução do ducto biliar comum são inespecíficas e

variam conforme o grau de obstrução. Elevações da atividade das enzimas hepatocelulares,

enzimas biliares, bilirrubina e colesterol, resultantes da colestase, são indistinguíveis daquelas

aparentadas em outras hepatopatias que causam colestase (NELSON, COUTO, 2004). Os

sinais clínicos mais comuns são; icterícia em diferentes intensidades, anorexia, vômito,

diarreia e perda de peso e, caso a obstrução seja total, presença de fezes acólicas

(MELENDEZ, 2001).

A ultrassonografia abdominal é o método mais específico e também o mais utilizado

para diagnosticar a obstrução biliar em felinos (BLACKBOURNE et al., 1994).

Adicionalmente, deve-se investigar a doença que originou a obstrução, sendo assim, uma

avaliação completa do sistema gastrointestinal (pâncreas, fígado e intestinos) pela

ultrassonografia e realização de biópsia hepática pode ser necessária para se diagnosticar as

Page 11: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

12

doenças inflamatórias relacionadas com processos obstrutivos (MEHLER; BENNETT,

2006).

Quando a obstrução do ducto biliar comum for total, o tratamento cirúrgico deve ser

instituído e seu sucesso do procedimento depende da causa e do tempo da obstrução (BOUTE

et al., 2006), além da técnica cirúrgica empregada (MEHLER; BENNETT, 2006).

O crescente aumento de atendimento aos felinos, somada ao perfil de cliente cada vez

mais exigente com o paciente em questão, faz com que a busca do conhecimento seja cada

vez mais profunda e específica para esta espécie. Por este motivo foi descrito uma revisão de

literatura seguida de relato de caso sobre obstrução biliar do ducto comum em um gato, por se

tratar de uma doença comum na clínica médica de felinos, mas que pode ser confundida com

outras enfermidades, tornando-se grave se o diagnóstico não for feito precocemente.

Page 12: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

13

1. REVISÃO DA LITERATURA

1.1. Anatomia e Fisiologia do Sistema Biliar

Os felinos com colangite podem apresentar pancreatite e distúrbios gastrointestinais

concomitantes, esses três processos juntos recebe o nome de triadite felina (GERMAN, 2009).

Isso ocorre por que o ducto biliar comum dos felinos se une ao ducto pancreático principal

antes da entrada no duodeno (Figura 1) (MAYHEW et al., 2002), o que aumenta o risco de

pancreatites e infecções biliares ascendentes na presença de doença hepática ou intestinal

(BOUTE et al., 2006).

O sistema biliar extra-hepático é composto pela vesícula biliar, ducto cístico, ductos

hepáticos, ducto comum e papila duodenal. Nos felinos, a bile segue dos canalículos biliares

para os ductos largos do fígado e ducto biliar para ser armazenada na vesícula biliar, que está

alojada em uma depressão entre os lobos hepáticos. O conteúdo da vesícula biliar é drenado

através ao ducto cístico e ducto biliar comum, e alcança a primeira parte do intestino delgado,

no duodeno (MEHLER, 2012). O esfíncter de Oddi está localizado dentro da parede do

duodeno, como parte terminal do ducto biliar comum ( FURNEAUX, 2010).

Figura 1 – Demonstração esquemática da anatomia do sistema biliar, ducto pancreático e

comunicação com o duodeno. (Disponível em: www.lookdiagnosis.com/mesh_info.phd?

terme=Ducto+Hepático+Comum)

Page 13: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

14

A bile é composta por sais ou ácidos biliares e bilirrubina. Componentes secundários

incluem água, eletrólitos, colesterol e bicarbonato de sódio. Os ácidos biliares são sintetizados

a partir do colesterol e secretados na bile. A ingestão de alimento é o principal estímulo para a

secreção dos ácidos biliares, que são liberados no intestino (Figura 2) e reabsorvidos pela

circulação entero-hepática (RICHTER, 2005).

Figura 2 – Representação esquemática da circulação entero-hepática, demonstrando o

armazenamento da bile na vesícula biliar, sua liberação no duodeno e posterior retorno para o

fígado através do sistema venoso portal (Disponível em:

itc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mll.digs.htm)

Os sais biliares são re-excretados, pois são importantes na digestão e absorção de

gordura, vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e para a ligação e destruição de bactérias e

toxinas bacterianas intestinais (MEHLER; BENNETT, 2006).

O enchimento da vesícula biliar é contínuo e feito através da secreção hepática seguida

de escoamento passivo até a vesícula. A contração da vesícula é hormônio dependente, sendo

o principal a colecistocinina que é liberado na presença de alimento gorduroso no duodeno

(MEHLER, 2012).

1.2. Etiopatogenia da Obstrução do Ducto Biliar

A obstrução do ducto biliar extra-hepático é uma síndrome associada a diversas causas

(Quadro 1) que podem ser divididas em compressão extra ou intra-luminal (NELSON;

COUTO, 2004). Porém um estudo demonstrou que as obstruções do ducto biliar comum em

Page 14: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

15

felinos, ocorrem, geralmente, secundárias a uma doença inflamatória, como pancreatite,

colangite e colecistite (MAYHEW et al., 2002).

Recentemente, Mehler (2012) relatou que as doenças pancreáticas são as causas mais

comuns de obstrução biliar extra-hepática nos felinos domésticos. Formação de tecido

cicatricial pode ocorrer ao redor do ducto biliar comum, ou o ducto pode ser comprimido por

tecido pancreático inflamado, abscessos fibróticos ou cistos pancreáticos.

Quadro 1- CAUSAS DE OBSTRUÇÃO EXTRA-HEPÁTICA DO DUCTO BILIAR COMUM EM

GATOS

Causas Comuns

- Inflamação de um ou vários órgão como pâncreas, duodeno e trato biliar

- Neoplasias de pâncreas ou do sistema biliar

Causas Incomuns

- Fragmentos do ducto biliar após inflamações, cirurgias ou traumas

- Ruptura diafragmática com envolvimento da vesícula biliar, ducto biliar comum e

consequentemente compressão

- Colelitíase

- Geralmente de colesterol ou sais de cálcio secundário a colangites

- Ocasionalmente de bilirrubina – associada à hemólise

- Cistos (congênitos ou adquiridos) comprimindo o trato biliar

- Parasitos hepáticos (Platynossomun concinnum)

Fonte: Nelson; Couto (2004)

Outras causas de obstrução incluem neoplasias (pancreática, duodenal, pilórica,

hepática e biliar), rupturas diafragmáticas (MAYHEW et al., 2002), cisto no colédoco (BEST

et al., 2010) e avulsão traumática do ducto biliar comum (BACON; WHITE, 2003). As

neoplasias que se originam no trato biliar extra-hepático, pâncreas ou duodeno proximal

podem comprimir o ducto biliar comum ao longo de seu trajeto ou ocluir seu término próximo

ao esfíncter de Oddi (NELSON; COUTO, 2004).

A obstrução intra-luminal é menos comum, e pode ser causada por cálculos, bile

espessa ou neoplasias na vesícula e ducto biliar comum, porém, essas são raras nos animais

domésticos (LEHNER; McANULTY, 2010).

Page 15: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

16

Os cálculos podem estar localizados na vesícula biliar, no ducto biliar comum ou,

raramente, nos ductos císticos, hepáticos ou interlobares. Os cálculos biliares, apesar de

infrequentes, não estão associados a manifestações clínicas, exceto se vierem acompanhados

de colangite (NELSON; COUTO, 2004), colecistite ou obstrução do ducto biliar comum

(MORRISON, 1985).

O desenvolvimento dos cálculos começa através de um núcleo formado pela

supersaturação da bile (MEHLER, 2012) associado a alterações de fatores locais, como

desidratação, infecção bacteriana e diminuição do esvaziamento da vesícula biliar durante

períodos de anorexia. Nesses casos os cálculos são compostos de bilirrubina, colesterol,

carbonato de cálcio e outros metabólitos (MORRISON, 1985).

Cálculos de colesterol podem ser formados de colesterol puro ou conter uma mistura

predominante de colesterol com pequena porção de bilirrubina, proteína, sais biliares e

minerais inorgânicos. A raridade deste tipo de cálculos em felinos se deve provavelmente,

pela pequena concentração de colesterol na bile dessa espécie quando comparada à espécie

humana (MEHLER, 2012).

A supersaturação de bilirrubina na bile ocorre quando há aumento da quantidade de

bilirrubina não-conjugada, ou seja, problemas relacionados à hemólise (BENNION;

GRUNDY, 1978). Harvey et al. (2007) também demonstraram que cálculos de bilirrubina

estão associados a quadros hemolíticos secundários à deficiência de piruvatoquinase em 22

felinos com obstrução do ducto biliar comum. Esses cálculos são negros, grosseiros e de

tamanho variado (MORRISON, 1985).

À medida que ocorre o aumento de tamanho do cálculo, pode ocorrer obstrução na

secreção de bile do ducto biliar comum para o duodeno (BENNION e GRUNDY, 1978),

dando início ao processo de colestase intra-hepática (ZORAN, 2012). Quando o sistema de

eliminação da bile está prejudicado, esta se torna espessa e recebe o nome de lama biliar que

pode variar desde um fluído bem viscoso até um material semi-sólido que lembra o pixe

(LEHNER; McANULTY, 2010).

Na obstrução biliar, o fígado perde a capacidade de recircular os sais biliares, que no

intestino delgado, ajudam na absorção de lipídeos e vitaminas lipossolúveis A, D, E e K. A

deficiência de vitamina K pode tornar a coagulação deficiente (LEHNER; McANULTY,

2010), levando a complicações hemorrágicas antes, durante e após procedimentos cirúrgicos

Page 16: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

17

diversos, não obstante, os das vias biliares, quando necessárias (MEHLER; BENNETT,

2006).

Além das coagulopatias, a icterícia obstrutiva leva o animal a graves alterações

sistêmicas, como necrose tubular aguda, hipotensão, retardo na cicatrização, hemorragias

gastrointestinais, endotoxemia, translocação bacteriana, síndrome da resposta inflamatória

sistêmica (SIRS), sepse, coagulação intravascular disseminada e danos no miocárdio. Sendo

todas as alterações resultantes do acúmulo de bilirrubina sanguínea e a falta de ácidos biliares

no intestino delgado (MEHLER, 2012). Essas alterações podem ser explicadas, pois os altos

níveis de ácidos biliares na circulação induzem a inflamação e necrose do tecido intestinal,

favorecendo a translocação de microorganismos entéricos, ou de suas toxinas, através da

parede intestinal, resultando em endotoxemia. Ao mesmo tempo, a diminuição da quantidade

de sais biliares no lúmen intestinal, reduz a formação de íons, promovendo o crescimento das

bactérias intestinais (LEHNER; McANULTY, 2010). A obstrução biliar aumenta

sensivelmente a exposição de endotoxinas devido à alteração no sistema reticuloendotelial

hepático (SRE) e função fagocitária das células de Kupffer (MINTER et al., 2005).

A taxa que os ácidos biliares se acumulam no sangue vai depender do grau de

obstrução (parcial ou total) e da complacência da vesícula e trato biliar, que podem ser

alteradas pela inflamação local. Embora esta complacência seja limitada, normalmente a

vesícula biliar e a árvore biliar se dilatam para acomodar o aumento do volume da bile retida.

Com a progressiva expansão, a pressão do sistema biliar chega a um ponto que o fígado é

incapaz de excretar bile para dentro dos canalículos e os ácidos biliares acumulam-se no

sangue e, em casos mais graves, há necrose ou ruptura da vesícula biliar devido à isquemia

induzida pela pressão (LEHNER; McANULTY, 2010).

1.3. Manifestações Clínicas

No estágio inicial da obstrução do ducto biliar comum os sinais clínicos são

inespecíficos e muitos animais não estão nem ictéricos (MEHLER e BENNETT, 2006). A

variação dos sinais clínicos está correlacionada ao tipo de obstrução (total ou parcial),

complacência do sistema biliar e se os agregados da lama biliar estão obstruindo o ducto biliar

comum (LEHNER; McANULTY, 2010). Portanto, se a obstrução for parcial, as

manifestações clínicas podem oscilar por várias semanas.

Page 17: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

18

Boute et al. (2006), avaliando 22 felinos com obstrução do ducto biliar comum,

observaram que o tempo médio entre o aparecimento dos sinais clínicos até o tratamento

cirúrgico, para correção da obstrução, foi de 24 dias.

A progressão da obstrução biliar ocasiona a letargia, perda de peso, anorexia

(MAYHEW et al., 2002), vômito e diarreia, hepatomegalia, icterícia e, ocasionalmente, dor e

distensão abdominal, o que pode ser confundido com outras enfermidades abdominais

(LEHNER; McNULTY, 2010). Se a obstrução biliar for total, observam-se fezes pálidas ou

acólicas (NELSON; COUTO, 2004). Ao exame físico, massas abdominais na região cranial

direita podem ser palpadas em pacientes com doença do trato biliar secundária à pancreatite

ou neoplasias (MEHLER; BENNETT, 2006).

1.4. Diagnóstico

A natureza genérica dos sinais clínicos associados à obstrução biliar do ducto comum

pode tornar o diagnóstico difícil, se for baseada apenas nos sinais clínicos. Por isto, exames

laboratoriais e de imagem devem ser solicitados (LEHNER; McANULTY, 2010).

Na maioria das doenças hepatobiliares de felinos, a colestase ocorre. Porém nem

sempre há sinais aparentes de icterícia, pois o nível de bilirrubinemia deve estar de duas a três

vezes acima dos valores de normalidade (acima de 2,5mg/dL) para exceder a capacidade que

o fígado tem em processar o excesso (ZORAN, 2012).

Estudos em cães, onde foi realizada a obstrução experimental do ducto biliar, ficou

demonstrado que muitos animais não apresentaram sinais clínicos ou anormalidades

hematológicas por semanas a meses após a obstrução. Portanto, o diagnóstico precoce

baseado somente nessas avaliações, torna-se um grande desafio (MEHLER; BENNETT,

2006). Porém, se o felino apresentar icterícia, é primordial diferenciar sua origem, ou seja, se

é de origem obstrutiva extra-hepática, hepática ou de origem hemolítica. Já que icterícia é o

excesso de bilirrubina na corrente sanguínea pelo resultado da colestase (MEHLER;

BENNETT, 2006).

Na obstrução do ducto biliar comum com bilirrubinemia, a fração de bilirrubina que

mais aumenta é a direta ou conjugada, aparecendo junto com a bilirrubinúria, pois essa se

torna uma importante via de eliminação do pigmento (MEHLER; BENNETT, 2006).

Segundo Boute et al. (2006), a bilirrubinúria é a primeira anormalidade encontrada em felinos

Page 18: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

19

com obstrução do ducto biliar, porém a dosagem sérica dos ácidos biliares serve como

marcador precoce da disfunção hepática com obstrução (LEHNER; MCANULTY, 2010).

O nível de hiperbilirrubinemia não permite diferenciar a colestase intra-hepática da

extra-hepática, embora a presença de fezes acólicas (fezes pálidas ou brancas) seja um forte

sinal de obstrução extra-hepática do ducto biliar, pois a falta de estercobilinogênio no

intestino é encontrada somente em felinos com obstrução completa do ducto biliar (ZORAN,

2012).

Pode se verificar também a ausência de urobilinogênio na urina se a obstrução biliar

for completa, porém como a detecção deste na urina depende de muitas variáveis (exposição a

luz solar, drogas e sensibilidade do método de detecção), a ausência de urobilinogênio deve

ser interpretada com cautela (MEHLER; BENNETT, 2006).

Além da bilirrubina, a avaliação laboratorial inclui a dosagem das enzimas ALT

(alanina aminotransferase), AST (aspartato aminotransferase), FA (fosfatase alcalina) e GGT

(gamaglutamiltransferase). O aumento da ALT e AST ocorre em situações de citólise do

hepatócito, ou seja, elas extravasam do interior do hepatócito. Já o aumento da FA e GGT

decorre da inabilidade que as enzimas têm em serem excretada pelo sistema biliar, ou seja, em

casos de colestase (RICHTER, 2005).

A elevação dos valores do ALT e AST é comum nos felinos com obstrução do ducto

biliar pelos danos hepáticos causados pela colestase ou por uma doença hepática pré-

existente, porém não são específicos de obstrução biliar (LEHNER e McANULTY, 2010) e a

magnitude da elevação sérica das enzimas não se correlaciona com o grau da obstrução

(MEHLER e BENNETT, 2006).

Segundo Center (2009), há aumento das atividades das transaminases parenquimatosas

(ALT e AST) e enzimas colestásicas (FA e GGT) na maioria das desordens do sistema biliar,

com ou sem hiperbilirrubinemia ou icterícia.

Apesar da atividade da FA, nos felinos, ser muito mais baixa quando comparada aos

cães, elevações discretas dessa enzima são indicativas de doença hepatobiliar. A atividade

reduzida dessa enzima nos felinos é explicada, pois sua meia-vida é muito mais curta (seis

horas versus três dias) e sua produção, nos casos de colestase, é menor. Já que o fígado dos

felinos possui um terço da concentração dessa enzima por grama de fígado do que no cão

(RICHTER, 2005).

Page 19: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

20

Segundo Richter (2005), a elevação da GGT está presente nos casos de obstrução

biliar, mas também pode se elevar nas doenças hepatobiliares primárias com colestase intra-

hepática. Na doença biliar a atividade sérica da GGT aumenta mais precocemente que a FA.

Com relação às alterações hematológicas, Center et al. (1983), avaliando seis gatos

com obstrução do ducto biliar comum por ligação cirúrgica, observou inicialmente

leucocitose por neutrofilia, que foi aumentando com a cronicidade do quadro obstrutivo.

Anormalidades nos testes de coagulação são incomuns nos pacientes com diagnóstico

precoce de obstrução do ducto biliar, porém quando são identificadas coagulopatias, o tempo

de protrombina está geralmente elevado antes do tempo parcial da tromboplastina pela meia-

vida curta do fator VII de coagulação (MEHLER; BENNETT, 2006).

A ultrassonografia abdominal é a técnica de imagem inicial para avaliação da vesícula

biliar e do ducto biliar comum (BLACKBOURNE et al., 1994), pois é o método mais sensível

e específico para diagnóstico de obstrução biliar nos felinos, cães e humanos (BESSO et al.,

2000).

Segundo Mehler e Bennett (2006) a obstrução biliar pode ser diagnosticada

precocemente através do exame ultrassonográfico, isto é verificada antes da manifestação

clínica da icterícia.

O exame ultrassonográfico revela dilatação do trato biliar extra e intra-hepático e da

vesícula biliar, embora a dilatação da vesícula biliar não seja um achado consistente e

essencial para o diagnóstico, pois ela pode estar pequena em alguns animais (NELSO;

COUTO, 2004). O fato é explicado pela quantidade de fluido restante na vesícula biliar de

coloração branca (bile mucinosa) que ocorre pela intensa reabsorção do pigmento biliar e pela

contração da vesícula biliar decorrente da inflamação. Portanto, tamanho da vesícula biliar

não é indicador de obstrução do ducto biliar comum pela ultrassonografia (ZORAN, 2012).

Outros achados ultrassonográficos incluem ducto biliar tortuoso pela intensa dilatação e

vesícula biliar com conteúdo de lama biliar (MAYHEW; WEISSE, 2007).

Gaillot et al. (2007) avaliaram as características ultrassonográficas de 30 gatos com

obstrução biliar extra-hepática espontânea e observaram um diâmetro de ducto biliar comum

com mais de 5 milítros em 97% dos animais, sendo que a dilatação da vesícula biliar foi vista

em menos de 50 por cento dos gatos. Neste mesmo trabalho, os autores identificaram pela

ultrassonografia, todos os cálculos ou plug biliares no ducto biliar comum, no entanto, nem o

diâmetro do ducto biliar comum, nem a aparência ou qualquer outra característica

Page 20: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

21

ultrassonográfica permitiu a diferenciação entre a causa primária da obstrução (doença

inflamatória ou tumor).

Nos cães e em pacientes humanos, a ultrassonografia abdominal é capaz de identificar

as causas de dilatação biliar secundária à obstrução em 62 a 100% dos casos. Nos felinos,

exame ultrassonográfico cuidadoso do intestino delgado, pâncreas e fígado, deve ser

conduzido para se pesquisar possíveis causas de obstrução (BESSO et al., 2000).

A ruptura da vesícula biliar pode ser evidenciada pela presença de líquido livre na

cavidade abdominal e análise do fluído deve ser realizada para confirmação do diagnóstico,

pois este terá alta concentração de bilirrubina (NELSON; COUTO, 2004).

Radiografias abdominais podem demonstrar hepatomegalia, distensão da vesícula

biliar e cálculos biliares mineralizados, pois 14 a 50% são radiopacos. Porém a técnica é

limitada para o diagnóstico de obstrução biliar (LEHNER; McANULTY, 2010).

A colangiografia contrastada oral ou intravenosa pode ser realizada em cães e

humanos, porém concentrações altas de bilirrubina, hipoalbuminemia, icterícia, doença

hepatocelular, pancreatite, peritonite, obstrução biliar, colecistite e administração simultânea

de sulfonaminas e salicilatos podem diminuir a concentração hepática do contraste, resultando

numa pobre opacificação do sistema biliar extra-hepático para o diagnóstico (MATTHIESEN,

1989).

Outras técnicas como colangiografia trans-hepática percutânea,

colangiopancreatografia retrógrada e colecistocentese são utilizadas como diagnóstico de

obstrução das vias biliares apenas de pacientes humanos, não estando disponíveis para a

medicina veterinária (MEHLER; BENNETT, 2006).

O diagnóstico diferencial de obstrução biliar em felinos inclui as neoplasias biliares,

cistoadenomas biliares, pancreatite, colelitíase, parasitismo e obstrução por corpo estranho

(WOODS et al., 2012).

1.5. Tratamento e Prognóstico

O tratamento da obstrução do ducto biliar comum vai depender da causa e se a

obstrução é parcial ou total (NELSON; COUTO, 2004). Nas obstruções totais do sistema

biliar ocorrem alterações fisiológicas progressivas e graves levando o animal à óbito. Por

tanto, para o restabelecimento do fluxo biliar, é preconizado à intervenção cirúrgica de

Page 21: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

22

emergência para remoção da obstrução ou realização de um desvio no sistema biliar, como a

coledocoenterostomia ou colecistoenterostomia (LEHNER; McANULTY, 2010). A

colecistoenterostomia pode ser realizada pela técnica de colecistoduodenostomia (anastomose

entre a vesícula biliar e o duodeno) ou de colecistojejunostomia (anastomose entre a vesícula

biliar e o jejuno), sendo a primeira técnica mais recomendada para o direcionamento biliar,

pois a colecistojejunostomia apesar de diminuir a chance de refluxo enterobiliar, aumenta o

risco de úlceras no duodeno, uma vez que a secreção de ácido gástrico aumenta e a

neutralização da acidez no duodeno é diminuída (MEHLER; BENNETT, 2006).

Os procedimentos cirúrgicos são complexos e requerem habilidade técnica,

principalmente pela manipulação de tecidos inflamados, pacientes que podem ter alterações

na coagulação e tendem a descompensar na anestesia geral prolongada (LEHNER;

McANULTY, 2010).

Segundo Boute et al. (2006) felinos com obstrução do ducto biliar, a hipotensão é o

componente que aumenta a mortalidade durante o ato cirúrgico e, que, normalmente, surge 60

a 90 minutos após a anestesia geral. Por este motivo, alternativas para o tratamento definitivo

têm sido exploradas, incluindo a implantação de “stents” ou tubos dentro do ducto biliar

comum através de laparotomias ou do uso do endoscópio.

Morrison et al. (2008) estudando o uso do endoscópio para realização da

colecistoduodesnotomia em 28 casos (24 cães e 4 gatos), relatou que as causas mais comum

de morte foram eutanásia secundária a neoplasia, peritonite ou parada respiratória.

Outras complicações das anastomoses enterobiliares além das supras citadas, incluem

extravasamento do conteúdo biliar, deiscência de pontos e colangite associadas ao refluxo do

conteúdo intestinal por drenagem inadequada da vesícula biliar para o intestino (MEHLER;

BENNETT, 2006). Segundo Matthiensen (1989), é importante criar uma abertura de 2,5 a 4

centímetros no sentido longitudinal do intestino para minimizar problemas como colangites,

pois estas se tornam raras quando tamanhos adequados de incisão são criados.

É esperado um crescimento bacteriano dentro do trato biliar durante o pós-operatório

inicial, embora, a colangite clínica geralmente não se desenvolve exceto se o trato biliar

tornar-se obstruído ou se a incisão de drenagem for pequena demais (MEHLER; BENNETT,

2006).

A biopsia hepática deve sempre ser realizada durante as cirurgias de doenças biliares,

pois os achados histológicos do parênquima hepático podem fornecer informações úteis a

Page 22: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

23

respeito da doença de base que afeta o fígado, o estado do paciente à longo prazo e o

prognóstico (MEHLER; BENNETT, 2006).

Estudos recentes em pacientes humanos com obstrução biliar secundária a pancreatite

aguda, sugere que o tratamento clínico isolado ou realizado antes da cirurgia, não deixou

nenhuma sequela, porém nenhum estudo similar foi relatado em felinos (NELSON; COUTO,

2004)

Felino com obstrução parcial, onde não há presença de fezes acólicas, o tratamento

clínico deve ser instituído. Coléricos, como ácido ursodesoxicólico (15mg/kg diariamente) e

anti-oxidantes como a s-adenosilmetionina (20mg/kg ou 200 a 400mg diariamente) têm ação

protetora sobre os hepatócitos que estão sofrendo injúria oxidativa induzida pela bilirrubina.

Nesses casos também é fundamental o tratamento da doença de base, entretanto se o animal

não melhorar depois de alguns dias ou aparecerem sinais de obstrução completa, como fezes

acólicas, a cirurgia deve ser realizada

As cirurgias do trato biliar em felinos estão associadas a diversas complicações fatais

(MEHLER, 2011), levando a alta mortalidade, sendo realizada por tanto, somente quando a

obstrução for total, visto que o prognóstico das obstruções parciais é bom quando utilizado

tratamento clínico (NELSON; COUTO, 2004).

A taxa de mortalidade nas cirurgias de obstrução do ducto biliar em cães é de 28 a

63% e em humanos de 8 a 30%. Estas variações são explicadas pela presença de fatores de

risco pré-existentes nos pacientes, interferindo na taxa de sobrevivência no pós-operatório.

Em humanos, estes fatores incluem presença de febre, anemia, leucocitose, azotemia,

hiperbilirrubinemia, presença de neoplasias e aumento nos níveis das enzimas hepáticas

(MEHLER; BENNETT, 2006).

Page 23: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

24

2. RELATO DE CASO

Em dezembro de 2011, foi atendido um gato de nove anos de idade com queixa de apatia.

O animal vive numa residência com mais 30 gatos, num gatil telado. Todos os gatos da casa

eram vacinados e tinham tratamento anti-parasitário. Durante a anamnese nenhuma queixa

com relação ao apetite, fezes e urina foram relatas pelo proprietário, apenas a intensa

prostração. Como o exame físico não apresentou nenhuma alteração, foram realizados alguns

exames complementares. No hemograma foi observada leucocitose por neutrofilia e

hiperproteinemia (Anexo - 1). Os valores de uréia, creatinina, fosfatase alcalina,

gamaglutamiltransferase e bilirrubinas estavam dentro da normalidade , apenas a ALT estava

aumentada (Anexo - 2). Para maior esclarecimento do quadro clínico, foi realizado uma

ultrassonografia abdominal que demonstrou vesícula biliar repleta, ducto biliar dilatado e

tortuoso, com presença de uma estrutura circular medindo 1,03cm x 0,71 cm na região do

colédoco (Figura 3 e Figura 4), sugerindo uma obstrução do ducto biliar comum. Mediante os

achados ultrassonográficos, o animal foi internado para observação de outras alterações

clínicas e constatou-se presença de fezes acólicas após 20 horas dos resultados dos exames e

intensa prostração e diminuição do apetite. Mediante a presença de fezes acólicas o animal foi

submetido à cirurgia de colecistoenterostomia devido à obstrução total do ducto biliar comum.

Figura 3 – Imagem ultrassonográfica do fígado demonstrando a presença de uma estrutura

ecogênica circular na região do colédoco medindo 1,03 x 0,71 centímetros.

Page 24: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

25

O animal permaneceu em jejum alimentar e hídrico de seis e duas horas, respectivamente,

para evitar vômitos e aspiração do conteúdo durante e após a anestesia. Recebeu como

medicação pré-anestésica a associação de clorpromazina (1 mg/kg) e cloridrato de tramadol

(2mg/kg), na mesma seringa por via intra-muscular. Após 20 minutos, foi realizada a indução

anestésica com propofol (6 mg/kg) por via intra-venosa e manutenção com isoflurano.

Durante todo o procedimento cirúrgico o paciente recebeu infusão de solução de ringer lactato

por via intra-venosa.

O gato foi posicionado em decúbito dorsal para tricotomia ampla da região abdominal e

após anti-sepsia local e colocação dos panos de campo, foi realizada incisão na pele e

musculatura abdominal (da região esternal até a cicatriz umbilical). Durante a avaliação

hepática pode se notar intensa dilatação do ducto biliar comum, como visibilizado ao exame

ultrassonográfico (Figura 5) e da vesícula biliar (Figura 6). Antes da colecistoduodenostomia,

realizou-se a punção da vesícula biliar com agulha fina, para coleta de bile para realização do

exame parasitológico direto, que estava de coloração transparente (Figura 7). Com a vesícula

biliar vazia, foi realizada uma incisão longitudinal de aproximadamente 3,5 centímetros e uma

pinça hemostática foi introduzida em seu interior na direção do colédoco para retirada de uma

massa enegrecida de consistência mole que estava causando a obstrução, isto é, um “plug”

biliar (Figura 8). Uma incisão do mesmo tamanho foi feita no duodeno para a realização da

Figura 4 – A) Imagem ultrassonográfica demonstrando ducto biliar dilatado e tortuoso (seta);

B) Imagem ultrassonográfica demonstrando a dilatação discreta da vesícula biliar (seta).

A B

Page 25: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

26

colecistoduodenostomia ou seja, anastomose entre a vesícula biliar e o duodeno. A sutura foi

realizada com fio nylon 4-0 e pontos simples separados (Figura 9). Antes do fechamento do

peritônio, região subcutânea e pele, o animal foi submetido à biopsia hepática.

O animal foi assistido até que voltasse da anestesia e seus parâmetros fisiológicos

como temperatura, frequência cardíaca e respiratória retornassem aos valores de normalidade.

No pós-operatório imediato o felino recebeu aplicação de amoxicilina (20mg/kg) e

dipirona (25mg/kg), ambas pela via subcutânea. No dia seguinte, o animal começou

apresentar interesse pelo alimento e estava mais ativo, portanto foi liberado para casa com

amoxicilina e clavulanato (20mg/kg) a cada 12 horas, metronidazol (7,5mg/kg) e prednisolona

(1mg/kg) 1 vez ao dia, todas as medicações por um período de quatro semanas.

O exame parasitológico da bile foi negativo para Platynossomum sp e os achados da

biopsia hepática foram compatíveis com colangite neutrofílica crônica.

No dia da retirada dos pontos, o animal se apresentava bem e passados quase um ano da

obstrução, o animal permaneceu estável.

Figura 5 – Presença de intensa dilatação do ducto biliar comum decorrente da obstrução biliar.

Page 26: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

27

Figura 7 – Seringa com conteúdo biliar transparente após punção direta com agulha fina da

vesícula biliar

Figura 5 – Imagem demonstrando dilatação da vesícula biliar decorrente da obstrução biliar.

Page 27: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

28

Para restabelecer o fluxo biliar foi realizada uma incisão de mesmo tamanho no duodeno

para criar uma comunicação entre a vesícula biliar e a porção anatômica mais próxima do

Figura 8 – “Plug” biliar - Massa enegrecida de consistência mole, com características

biliares retirada da região do colédoco, responsável pela obstrução do ducto biliar.

Figura 9 – A imagem demonstra a anastomose entre a vesícula biliar e o duodeno

(colecistoduodenostomia), realizada com fio nylon 4-0 e pontos simples separados.

Page 28: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

29

3. DISCUSSÃO

Apesar da obstrução biliar de origem intra-luminal ser infreqüente em gatos

(LEHNER; McANAUTY, 2010), esta foi observada no paciente deste relato clínico, embora

tenha sido secundária à colangite neutrofílica (MAYHEW, 2002).

A colangite neutrofílica está frequentemente associada à pancreatite, pela proximidade

anatômica dos ductos, favorecendo infecções ascendentes (BOUTE et al., 2006), porém

nenhuma anormalidade pancreática foi observada no paciente.

A queixa de letargia e exames laboratoriais de rotina dentro dos valores de

normalidade não foram suficientes para definir a enfermidade do paciente, porém como já

observado por Mehler e Bennett (2006) e Besso et al. (2000), a ultrassonografia foi capaz de

diagnosticar a obstrução biliar precocemente, antes da manifestação clínica da icterícia.

Valores de bilirrubinas dentro da normalidade e ausência de icterícia neste gato com

obstrução do ducto biliar, se justifica pela capacidade que o fígado tem em excretar a

bilirrubina excedente, precisando estar acima de 2,5mg/dL, para ter evidência clínica de

icterícia, como observado também por Zoran (2012).

Não foi observada nenhuma alteração no hemograma além da leucicitose por

neutrofilia do felino estudado, observação notada em gatos com obstruções induzidas

experimentalmente (CENTER et al., 1983).

Obstrução biliar do ducto comum aguda sem alterações nas enzimas hepáticas foi

relatado por Mehler e Bennett (2006) em cães com obstrução experimental do ducto biliar,

apesar de não ser um achado comum.

O tratamento cirúrgico pela técnica de colecistoduodenostomia foi a primeira opção de

tratamento por se tratar de uma obstrução total do ducto biliar comum, já que foram notadas

fezes acólicas e presença de uma estrutura circular na região do colédoco ao exame

ultrassonográfico, comprovada durante o procedimento cirúrgico.

Durante a punção da vesícula biliar pode se notar a mudança da coloração da bile, de

verde escuro para transparente, denominada bile branca, pois na presença de obstrução

completa do ducto biliar há redução de secreção de bilirrubina e aumento na produção de

mucina, como descrito por Mehner e Bennett (2006).

Page 29: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

30

A estrutura retirada da região do colédoco era de consistência macia e enegrecida, ou

seja, a bile se transformou em um material semi-sólido, excluindo portanto, a hipótese de um

cálculo, mas que poderia dar origem à um cálculo se tivesse permanecido na vesícula biliar,

como relatado por Lehner e McAnulty (2010).

A realização da biopsia hepática durante o procedimento cirúrgico foi importante para

o diagnóstico da causa primária da obstrução do ducto biliar, corroborando com os autores

Mehler e Bennett (2006), que observaram a presença de uma doença de origem inflamatória

como a colangite neutrofílica, como causa dos quadros obstrutivos. O aumento do ALT nos

exames de triagem do animal pode sugerir uma doença hepática já pré-existente.

A técnica cirúrgica escolhida foi capaz de promover a drenagem da bile para o

duodeno, sem evidência de complicações no pós-operatório.

Como é esperado um crescimento bacteriano no trato biliar durante o pós-operatório

(MEHLER; BENNETT, 2006), a escolha dos antibióticos foi baseada nos estudos que

referem que as principais bactérias envolvidas são de origem gastrointestinal (Gram-positivas,

negativas e anaeróbicas) (GERMAN, 2009). Com a confirmação da colangite neutrofílica pela

histopatologia e ausência de alterações clínicas do felino sete dias após o procedimento

cirúrgico, optou-se por permanecer com os antibióticos para tratar a doença hepática pré-

existente. Estes antimicrobianos são de amplo espectro, com bom efeito bactericida, eficazes

contra organismos anaeróbios e excretados pela bile, com metabolismo hepático mínimo.

A prednisolona em dose baixa foi utilizada, devido à estase e presença de inflamação

no trato biliar, como recomendado também por German (2009).

O prognóstico das obstruções biliares que necessitam de intervenções cirúrgicas pela

literatura é sempre reservado (NELSON; COUTO, 2004; GERMAN, 2009), porém o gato

relatado se apresenta bem após um ano. Acredita-se que neste caso o prognóstico tenha sido

bom, pela ausência de alterações pancreáticas e a precocidade do diagnóstico.

Page 30: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obstrução do ducto biliar comum é uma doença grave e debilitante que requer

diagnóstico precoce e preciso quanto à doença de base.

Com o uso da ultrassonografia abdominal na rotina clínica, há uma tendência no

aumento do diagnóstico desta doença.

O diagnóstico da obstrução biliar baseado somente no exame clínico e laboratorial é

difícil pelas semelhanças com outras enfermidades que causam colestase e icterícia.

Os clínicos devem estar preparados para realizar as cirurgias do trato biliar, pois não

são procedimentos utilizados e aprendidos na rotina da medicina veterinária.

Page 31: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

32

REFERÊNCIAS

ANATOMIA do sistema biliar. In: googgle images.s.d. Disponível em: <

www.lookdiagnosis.com/mesh_info.phd? terme=Ducto+Hepático+Comum) > Acesso em: 30

de maio 2012.

BACON, N. J. ; WHITE, R.A. Extrahepatic biliary tract surgery in the cat: a case series and

review. Journal of Small Animal Practice, v. 44, n. 5, p. 231 – 235, 2003.

BENION, L.J.; GRUNDY, S.M. Risk factors for the development of cholelithiasis in man

(second of two parts). The New England Journal of Medicine, v. 299, n. 22, p. 1221 – 1227,

1978.

BESSO, J. G. et al. Ultrasonographic appearence and clinical findings in 14 dogs with

gallbladder mucocele. Veterinary Radiology & Ultrasound, v.41, n.3, p.261 – 271, 2000.

BEST, Elisa J.; BUSH, Damien J.; DYE, Charlotte. Suspected choledochal cyst in a domestic

shorthair cat. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 12, n. 10, p. 814 – 817, 2010.

BLACKBOURNE et al. The sensitivty and role of ultrasound in the evaluation of biliary

obstruction. The American Journal of Surgery, v. 60, n. 9, p. 683 – 690, 1994.

BOUTE et al. Cholecystoenterostomy for treatment of extrahepatic biliary tract obstruction in

cats: 22 cases (1994 – 2003). Journal of the American Veterinary Medical Association , v.

228, n. 9, p. 1376 – 1382, 2006.

CENTER, S. A. Disease of the gallblader and biliary tree. Veterinary Clinics of North

American: Small Animal Practice, v. 39, n. 3, p. 543 – 598, 2009.

CENTER et al. Hematologic and biochemical abnormalities associated with induced

extrahepatic bile duct obstruction in the cat. American Journal of Veterinary Research, v.

44, n. 10, p. 1822 – 1820, 1983.

CIRCULAÇÃO entero-hepática. In: Google images. s.d. Disponível em: < http://

itc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mll.digs.htm > Acesso em: 30 de maio 2012.

FURNEAUX, R. W. A series of six cases of sphincter of Oddi pathology in the cat (2008-

2009). Journal of Feline Medicine & Surgery, v. 12, n. 10, p. 794 – 801, 2010.

GAILLOT et al. Ultrasonographic features of extrahepatic biiary obstruction in 30 cats.

Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 48, n. 5, p. 439- 347, 2007.

Page 32: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

33

GERMAN, Alison. Colangite felina. Veterinary Focus, v. 19, n.2, p. 41 – 46, jun. 2009.

HARVEY et al. Treatment and long-term follow-up of extrahepatic biliary obstruction with

bilirrubi cholelithiasis in a Somali cat with pyruvate kinase deficiency. Journal of Feline

Medicine & Surgery, v. 9, n. 5, p. 424 – 431, 2007.

LEHNER, C; McANULTY, J. Management of extrahepatic biliary obstruction: a role for

temporary percutaneous biliary drainage. Compedium Continung Education for

Veterinarians, v. 32, n. 9, p. E1-E10, 2010.

MATTHIESEN, D. T. Complications associted whit surgery of the extrahepatic biliary

system. Problems in Veterinary Medicine, v. 1, n. 2, p. 295 – 315, 1989.

MAYHEW et al. Pathogenesis and outcome of extrahepatic biliary obstruction in cat. Journal

of Small Animal Practice, v. 43, n. 6, p. 247 – 253, 2002.

MAYHEW, P.D.; WEISSE, C. W. Treatment of pancreatitis-associated extrahepatic biliary

tract obstruction by choledochal stenting in seven cats. Journal of Small Animal Practice, v.

49, n. 3, p. 133 – 138, 2007.

MEHLER, STEVE J. Complications surgery of the extrahepatic biliary in pet. Veterinary

Clinics of North American: Small Animal Practice, v. 41, n. 5, p. 949 – 967, 2011.

MEHLER, STEVE J. Extrahepatic biliary tract obstruction. American College of Veterinary

Surgery. Disponível em <http: // www.

acvs.org/Animalowners/Healthconditions/SmallAnimalTopics/ExtrahepaticBiliaryTractObstr

uction> Acesso em 20 de out de 2012.

MEHLER, STEVE J.; BENNETT, ROGER A. Canine extrahepatic biliary tract disease and

surgery. Compendium Continung Education for Veterinarians, v. 20, n. 4, p. 302 - 314,

2006.

MELENDEZ, Lynda. Biliary disease. In: LAPPIN, Michael R. Feline Internal Medicine

Secrets. Philadelphia: Hanley & Belfus, 2010. p. 154 – 157.

MINTER et al. Altered kupffer cell function in biliary obstruction. Surgery, v. 138, n. 2, p.

236 – 245, 2005.

MORRISSON, W. B. Cholangitis, choledocholithiasis, and icterus in a cat. Veterinary

Pathology , v. 22, n. 3, p. 285 – 286, 1985.

Page 33: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

34

MORRISON, S.; PROSTREDNY, J.; ROAD, D. Retrospective study of 28 cases of

cholecystoduodenostomy performed using endoscopic gastrointestinal anastomosis stapling

equipment. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 44, n. 1, p. 10 –

18, 2008.

NELSON, Richard W et al. Guilhermo. Hepatobiliary disease in the cat. In:____ Small

Animal Internal Medicine. California: Elsevier, 2004. p. 520 – 540.

RICHTER, Keith P. Doenças do fígado e do sistema biliar. In: TAM, Todd R.

Gastroenterologia de Pequenos Animais. California: Roca, 2005. p. 285 – 348.

WOODS et al. Congenital duplex gallbladder and biliary mucocele associated with partial

hepatic cholestasis and cholelithiasis in a cat. Canadian Veterinary Journal, v.53, n. 3, p.

269 – 273, 2012.

ZORAN, Debra L. Disease os the liver. In: LITTLE, Susan E. The cat – Clinical Medicine

and Management. Missouri: Saunders, 2012. p. 522 – 539.

Page 34: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

35

ANEXO – 1: Resultado do exame hemograma do felino.

HEMOGRAMA

ERITROGRAMA Valores Valores de referência

Hematócrito

Hemácias

Hemoglobina

VCM

CHCM

40%

8,1 milhões/ mm3

13,1 g/dL

49,4%

32,8%

24 – 45

5,0 – 10,0

8 – 15

39 – 55

30 – 36

LEUCOGRAMA

Leucócitos

Bastonetes

Segmentados

Linfócitos

Eosinófilos

Basófilos

28.200 /µl

0

25.944 /µl

1.692 /µl

0

0

6.000 – 17.000

0 - 300

2.500 – 12.500

0 – 850

0 – 1.500

0 – 50

Proteína Plasmática Total: 9,6 g/dL 5,7-7,8 g/dL

Contagem de Plaquetas: 143.000/µl 300.00 - 800.000/µl

Obs: agregação plaquetária

Page 35: Obstrução Do Ducto Biliar Comum Em Um Gato: Relato de Casoequalisveterinaria.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Ednilse-D.-B-TCC.pdfO enchimento da vesícula biliar é contínuo e

36

ANEXO – 2: Resultados dos exames bioquímicos do felino.

EXAMES BIOQUÍMICOS Valores Valores de referência

ALT 250 U/I 6 – 83 U/I

GGT 7,0 U/I 1-10 U/I

Bilirrubina Total 0,4 mg/ dL Até 0,5 mg/ dL

Bilirrubina Direta 0,2 mg/ dL Até 0,2 mg/ dL

Bilirrubina Indireta 0,2mg/ dL Até 0,2mg/ dL

Albumina 3,0 g/dL 2,1 – 3,9 g/dL

Globulina 5,2 g/ dL 1,5 – 5,7 g/dL

Uréia 52mg/dL 42,8 - 64,2mg/dL

Creatinina 1,0mg/dL 0,8 – 1,8 mg/dL