O Transcendente - No.0

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ANO I - Nº 0 MARÇO/ABRIL 2007 O Transcendente Av. Hercílio Luz, 1079 Florianópolis SC 88020-001 Fone: (48) 3222-9572 www.otranscendente.com.br PAG 01.indd 1 8/3/2007 16:21:13

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Edição Março-Abril de 2007

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ANO I - Nº 0

MARÇO/ABRIL2007

O Transcendente • Av. Hercílio Luz, 1079 • Florianópolis • SC • 88020-001 • Fone: (48) 3222-9572 • www.otranscendente.com.br

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02 MARÇO/ABRIL - 2007 APRESENTAÇÃO

Há 20 anos, o Jornal Missão Jovem ofe-

rece subsídios que ajudam a juventu-de em sua formação humana e cristã. A nossa equipe, a Equipe Missão Jo-

vem, trabalha com muito idealismo e pai-xão, sempre acreditando que essas são as con-

dições para que as novas gerações assumam suas responsabilidades tanto na vida social, como no

crescimento humano e espiritual. Uma das preocupações da Equipe MJ é com a

formação de lideranças. Lideranças estas que sejam audazes, corajosas e bem preparadas, que venham a somar na construção de uma nova sociedade, onde o amor e a paz sejam o fundamento de sua existência.

Este trabalho, jornal/subsídio, conseguiu um sucesso editorial inesperado! Hoje, ele está presente em todo o Território Nacional, inclusive em outros países. Com seu estilo dinâmico, este jornal oferece a inúmeros grupos juvenis e escolares, subsídios para a sua formação e informação.

A Equipe do Missão Jovem também produziu diversas coleções de livros, a última delas, a “Co-leção Educação”, oferece excelentes conteúdos a quem está comprometido com a formação integral dos educandos.

Queremos oferecer muito mais!Mesmo estando constantemente preocupados

com a educação, centenas de professores freqüente-mente insistiam para que nos abríssemos mais em direção ao Ensino Religioso. De fato, a área da edu-cação religiosa vem mudando rapidamente, se rede-

finindo, tomando nova feição e exigindo dos profes-sores mais abertura e mais diálogo com o complexo universo religioso.

Não há mais espaço para posições religiosas fe-chadas e muitas vezes sectárias, que em nada con-tribuem na construção da fraternidade e da paz no mundo.

“Nós queremos um subsídio profundo, mas simples e prático, que a gente logo entende”, diziam-nos alguns professores.

Portanto, aqui estamos, com muita vontade e ide-alismo, oferecendo a nossa ajuda a todos e todas que estão engajados(as) com o componente curricular do Ensino Religioso nas escolas. Isto adquire ainda maior importância, pois, neste ano, estamos comemorando dez anos da aprovação do art. 33 da lei 9.394, que inclui o Ensino Religioso.

Através do novo jornal/subsídio, ao qual demos o nome de “O TRANSCENDENTE”, queremos,

numa perspec-tiva inter-religio-sa, proporcionar aos professores e educandos uma melhor compreensão do transcendente, como também auxiliá-los na formação de uma nova gera-ção de pessoas que, mesmo acreditando em Deus, ainda não souberam vivenciar aquela harmonia tão desejada por Ele.

o Que vamos oferecer?Em nossas páginas, abordaremos o fenômeno re-

ligioso e os diversos elementos das religiosidades, em consonância com a legislação em vigor, através de tex-tos, discussões, conteúdos formativos, entrevistas, di-nâmicas, jogos, teatros, enfim, sugestões práticas que auxiliem na preparação e no desenvolvimento das au-las de Ensino Religioso e na formação do professor.

O nosso desejo é que ele seja cada vez mais aber-to à pluralidade e motivador de diálogo, especial-mente do diálogo inter-religioso, em vista de uma convivência humana respeitosa, solidária, aberta ao outro e ao transcendente.

Professores! Participem na construção deste jornal enviando-nos sugestões de temas, conteúdos, dinâmi-cas, opiniões, críticas, etc. Com a colaboração de vocês, o “O TRANSCENDENTE” se tornará, a cada edição, um dos melhores subsídios para o Ensino Religioso.

Desde já agradeço aos colaboradores que se dispuseram a construir “O TRANS-CENDENTE”. Não há dúvida de que Deus estará ao nosso lado.

Segundo o dicionário Aurélio, temos muitos significados para a palavra “transcendente”: muito elevado, superior, sublime, excelso, que transcen-de do sujeito para algo fora dele, que transcende os limites da experiência possível, que supõe a inter-venção de um princípio que lhe é superior. Segun-do o PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) do Ensino Religioso, o transcendente é um fenômeno do religioso.

Desde que o ser humano começou a adquirir consciência das coisas, a pensar e a refletir, perce-beu que há algo que lhe é superior, que está acima de sua existência, algo que lhe foge da compreen-são. Tudo isso, interpretado por diversas culturas, recebe nomes e compreensões diferentes, mas a fonte inspiradora é a mesma: o transcendente. Daí

o nome “O TRANSCENDENTE” para o nosso jornal.

Queremos que o aluno, através do estudo do fenômeno religioso, busque pessoalmen-

te o transcendente. No entanto, não pretendemos com este jornal ficar

mirando apenas o plano

superior, transcendental, apenas conhecendo intelec-tualmente as diversas culturas e crenças religiosas, mas fazer com que este conhecimento contribua para uma vivência e para um compromisso social e comunitário, pois é na realidade terrena que devem se manifestar os princípios e valores em que acreditamos.

explicando a logomarcaA logomarca traz os dizeres: “O TRANSCEN-

DENTE” e Jornal Pedagógico para o Ensino Re-ligioso. Como já explicamos, o nome se relaciona com o nosso objeto de estudo e de abordagem e, em seguida, a frase que expressa a intenção deste jornal: ser um subsídio pedagógico para o Ensino Religioso que auxilie os professores e os alunos, tanto em sua formação pessoal, como também para oferecer-lhes conteúdos a serem desenvolvidos em sala de aula.

Dessa forma, “O TRANSCENDENTE” quer ser companheiro dos professores e alunos na longa e di-fícil caminhada para a construção de um mundo me-lhor, mais humano e, respeitando as diferenças, viver a fraternidade universal.

Jornal bimestral de Ensino Religioso pertencente ao PIME Registrado no Cartório de Registro Civil de Títulos e

Documentos de Pessoas Jurídicas de Florianópolis sob o nº 13Diretor: Pe. Paulo De Coppi - P.I.M.E.

Jornalista Resp.: Yriam Fávero - Reg. DRT/SC nº 800 Redator: Sandro Liesch

Diagramação: Fábio Furtado Leite

SEDE: Av. Hercílio Luz, 1079 - Servidão Missão JovemPARA CORRESPONDÊNCIA:

Cx. Postal 3211 / 88010-970 / Florianópolis / SCFONE: (48) 3222-9572 / FAX-AuTOMáTICO: (48) 3222-9967

EndErEço do JornAL “o TrAnSCEndEnTE”:

Ano I - nº 0 - MArço/ABrIL - 2007

Site: www.otranscendente.com.brE-mail: [email protected]

•Individual:•Assinatura Coletiva (no CUPoM da página 11)•Assinatura de apoio:•Internacional:

ASSInATUrA AnUAL

r$ 20,00

r$ 35,00r$ 55,00

A nossa primeira capa traz o símbolo de várias re-ligiões. O TRANSCENDEN-TE tem como propósito es-tudar o fenômeno religioso e todas as suas riquezas e diversidades.

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O ENSINO RELIGIOSO MARÇO/ABRIL - 2007 03

A riquezA está nA diversidAdeEsta diversidade em nossas sociedades garante uma

interação harmoniosa quando impulsionada pela von-tade de convivência das pessoas, acolhendo as diferen-ças de forma dinâmica. Portanto, as políticas que fa-vorecem a inclusão e a participação de todos são vitais para a construção da paz entre as nações e nas nações. O intercâmbio cultural, o “conhecer para compreen-der”, e as várias formas de leitura do mundo permi-tem novos olhares no espaço que ocupamos.

O crescimento das comunidades não se limita ao econômico, mas tam-bém ao acesso a uma vida intelec-tual, afetiva, moral e espiritual dos grupos que ocupam as mesmas regiões ou áreas vizinhas, pois a Declaração dos Direitos Humanos (1948, artigo 27) garante que: “Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fluir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios”.

cultura adquire formas diversas por meio do tempo e do espaço, que, por sua vez, se

manifestam na originalidade e na pluralidade das identidades que caracterizam os grupos e a socie-dade que compõem a humanidade. É fonte de in-tercâmbio, inovação e criatividade.

A diversidade cultural é para o gênero huma-no tão necessário quanto a diversidade biológica, para os organismos vivos. Neste sentido, ambas constituem o patrimônio comum da humanidade e devem ser reconhecidas e consolidadas no bene-fício das futuras gerações.

O direitO à liberdAde religiOsAEsta liberdade é um imperativo ético, inseparável da

dignidade do ser humano. Os direitos culturais marcam a liberdade de expressão e das mais variadas formas, que divulgam as idéias e as particularidades das comunidades manifestadas no teatro, na pintura, nos textos, rituais e em outras formas de comunicação da identidade.

Lembremos que toda criação tem suas origens nas tradições culturais, desenvolvidas ao longo da história das comunidades, valo-rizando o passado e sustentando o futuro das gerações.

É o diálogo entre os grupos que catalisam as relações, geran-do novas propostas de convivên-cia mundial. Foi nesta perspecti-va que ocorreu a homologação da Declaração Universal da Diversi-dade Cultural. Portanto, a diver-sidade cultural e a diversidade

religiosa andam juntas. Conforme o Fórum Na-cional Permanente do Ensino Religioso

(Fonaper), a religião acontece den-tro de um universo cultural, ora

influenciando, ora sendo influen-ciada pela cultura.

e O ensinO religiOsO?É nesse contexto que, o Ensino Religioso,

como disciplina, tem a função de despertar, no edu-cando, aspectos transcendentes da existência. Leva-o

à busca do sentido radical da vida, descobrindo seu comprometimento com a comunidade, consciente de sua participação no todo. Esse processo de desper-tar e descobrir conduz o educando naturalmente ao encontro com o espiritual, com o Transcendente. A conseqüência desta descoberta afetará as ações, ges-tos, palavras, significados e valores que farão parte da sua vivência e convivência.

O Ensino Religioso pretende ser um serviço ao crescimento global da pessoa, mediante uma cultura

atenta também à dimensão re-ligiosa da vida.

Nessa perspectiva, os va-lores sociais são reforçados no “ser” e não no “ter”. As gerações construídas a partir dos valores sociais baseadas no “ser” têm suas ações en-focadas na solidariedade para com o próximo, para com o grupo social. Essa nova mu-

dança comportamental é explicada a partir do con-tato com o Transcendente.

O Ensino Religioso pode tornar-se uma for-ma de apresentar ao mundo que a Escola contri-

bui para formação de novas gerações que com-preendem e convivem neste mundo plural.

O Ensino Religioso, dessa forma, busca valorizar o ser humano e ajuda-o a dar sentido à sua existência a partir da experiência e dos textos sagrados das diver-sas religiões e expressões religiosas.

HistÓriAO Ensino Religioso nas escolas públicas brasilei-

ras desenvolveu-se em três fases:

1) Confessional: Até meados do século XX predo-minou um Ensino Religioso católico. Ensinava-se os dogmas e a doutrina da Igreja católica e rezava-se em sala de aula as mesmas orações que se aprendiam na catequese.

Os conteúdos eram católicos e os professores in-dicados pela Igreja católica. Essa fase também era co-nhecida como “aulas de religião”.

2) Ecumênico: No final da década de 60, moti-vados pelo espírito ecumênico presente em várias igrejas cristãs, surge um novo estilo de ER, o ecu-mênico. Ele deixava de ser uma catequese da Igreja católica para ser o conteúdo do Cristianismo. Jesus Cristo passava a ser a referência para as aulas. O ER não acentuava as verdades da fé de uma igreja cristã, mas os valores e a fé comuns às várias igrejas cristãs.

3) Inter-religioso: Nos anos 90 inicia-se um novo jeito de ER que deixa de ser um ensino orientado por igrejas cristãs, para ser assumido por todas as religi-ões, tradições e organizações religiosas.

diálOgO sAudávelSegundo Dora Incontri, as religiões estão presentes

em todas as culturas e entre todos os povos de todos os tempos. Assumindo diversas formas de devoção, dou-trinas e princípios éticos, elas buscam o sentido da vida e a transcendência em relação à morte. Elas têm suas especificidades, mas têm também um patamar comum de moralidade e busca humana, onde é possível e ur-gente estabelecer um diálogo respeitoso e solidário. O reconhecimento de uma raiz comum é vital para que o diálogo se projete, além de uma conversa cordialmente superficial, para se tornar uma vivência enriquecedora.

O diálogo é a atitude interior que nos predispõe a entrar em contato com a família, com as culturas, com as religiões, com as pessoas.

Talvez essa seja uma das maiores conquistas das religiões de hoje. Com o diálogo, aceitamos a diver-sidade de caminhos, o respeito à cultura, à religiosi-dade e o jeito de ser de cada pessoa. A Constituição Brasileira garante a liberdade de culto, e a Lei de Di-retrizes e Bases da Educação abre espaço para o ensi-no religioso inter-confessional (Art.33), para assegurar “o respeito à diversidade religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”.

Dessa maneira, é possível conhecer o universo religioso e descobrir que todas as religiões têm va-lor. Através de um diálogo saudável, entre as diversas tradições religiosas, as pessoas podem situar-se no mun-do de forma muito mais segura e fraterna.

Prof. Mauri Heerdt

Ensino Religioso nas escolas tem sido, nos úl-timos anos, motivo de acirrado debate, prin-

cipalmente nas escolas públicas. Será importante a presença de uma disciplina assim no currículo esco-lar? Se entendermos a religiosidade como uma das dimensões humanas, é evidente a necessidade de in-serir também este aspecto na proposta educacional.

Toda pessoa, independente de sua idade, é racio-nal, afetiva, social, física, sensível, espiritual e precisa desenvolver-se como uma unidade, relacionando-se consigo, com os outros, com o mundo e com o transcendente. Então, como esquecer a dimensão religiosa?

A educação pode ser definida das mais diferentes formas, mas, em se tratando de seu objetivo final, todas as definições convergem para o desenvolvimento pleno do ser humano na sociedade. É aqui que o Ensino Re-

ligioso fundamenta a sua natu-reza, pois o ser humano, para

adquirir seu estado de reali-zação integral, necessita

da dimensão religiosa.Conhecer as situ-

ações assumidas pelo homem religioso, com-preender seu universo espiritual é, em suma,

fazer avançar o conhe-cimento geral do ser hu-

mano.

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04 MARÇO/ABRIL - 2007 CONVERSANDO COM O EDUCADOR

O TRANSCENDENTE - Professora Dolores, qual a importância do Ensino Religioso frente à diversidade religiosa brasileira e para a for-mação humana? PROfESSORA DOlORES: O ser humano é um ser de relações, conseqüentemente interage com outros seres, com a natureza e o Transcendente, em diferentes espaços, tempos e ambientes. Nes-tas inter-relações e interconexões se dá a constru-ção cultural de diferentes grupos e pessoas.

Na atualidade, a realidade brasileira nos inter-pela e desafia diariamente em relação à pluralida-de cultural e a diversidade religiosa existente no contexto social e educacional.

Neste contexto, o Ensino Religioso é um com-ponente curricular cujas atividades de aprendiza-gem, desenvolvidas na escola, apresentam como um de seus objetivos, a socialização dos conheci-mentos religiosos elaborados historicamente pela humanidade. O TRANSCENDENTE - O respeito pela diver-sidade cultural e religiosa é de suma importância. Qual deve ser a postura do professor ao abordar esse tema?

PROfESSORA DOlORES: É de fundamental importância, dentre outros aspectos, que o edu-cador de Ensino Religioso esteja atento às lingua-gens e conteúdos que transitam no cotidiano esco-lar, assim como a linguagem e conteúdos que ele usará no desenvolvimento de suas aulas.

Ele deve considerar também a presença da di-versidade de culturas, etnias, religiões e/ou movi-mentos religiosos, faixas etárias, saberes, interesses e concepções presentes no espaço educativo, pro-vocando e encaminhando espaços para diálogos com o outro, respeitando e acolhendo as diferen-ças, possibilitando assim a construção e reconstru-ção de conhecimentos a partir de diferentes pers-pectivas.

O TRANSCENDENTE- Reconhecer e aceitar o outro, o diferente, em sua opinião, é o grande desa-fio a ser vencido?PROfESSORA DOlORES: A ética da alteridade de-nuncia o esquecimento do rosto do outro, de-nuncia também qualquer forma de preconceito, pré-julgamento, pré-juízos e atitudes excludentes e de indiferença em relação ao outro, aquele que é diferente.

A não-compreensão das diferenças ocasiona

conflito e inúmeras formas de violência. Cada um de nós, como diferente, deve acolher-se nas suas inúmeras possibilidades de ser diferente. Os desafios nos instigam a novos olhares, permea-dos de incertezas, mas de grandes esperanças no rosto do outro, e nos outros rostos, para um per-manente avaliar, re-significar e re-elaborar falas, posturas e práticas na direção de uma práxis di-ferenciada.

O TRANSCENDENTE - Diante desses desa-fios, como proporcionar uma formação mais

aberta aos alunos?PROfESSORA DOlORES: O ser humano nos interpe-la, questiona e exige a cada instante, em cada atividade pedagógica que desenvol-vemos, em cada encontro que a vida nos oferece e oportuniza, uma postura e linguagem acolhedoras que integrem a todos e todas; conteúdos que contemplem a diversidade em sua rique-za de formas e expressões,

um espírito de estudo e pesquisa para com as atividades cotidianas. Com certeza, isso contri-bui em muito para uma formação diferenciada.

É tempo de investir e crer que podemos cons-truir um mundo melhor e possível.

A professora Dolores Henn Fontani-ve, Coordenadora de Ensino Re-

ligioso – GEECT Rio do Sul – SC, nos concedeu esta entrevista abordando sa-biamente a questão do Ensino Religioso e a postura do professor frente à diversi-dade religiosa.

Professores, estamos disponibilizando um espaço em nossas páginas para vocês. Sabemos que muitos de vocês gostariam de expressar suas posições e de

partilhar suas reflexões, mas muitas vezes não tem a tão sonhada oportunidade e nem o espaço desejado.

Aqui vocês terão esse espaço! E mais, vocês poderão ver circular por esse Brasil afora a opinião de vocês. Não queremos delimitar te-

máticas, pois fazemos questão de deixar a inspiração de vocês fluir.

Certamente, não poderemos publicar todo o mate-rial que vocês enviarem, mas, de preferência, os mais significativos.

www.missaojovem.com.brwww.casadareconciliacao.com.br

www.pimenet.org.brwww.gper.com.br

Estimados professores, as suas respostas a esta questão são de fundamental importância para aprimorarmos as próximas edições de “O TRANSCENDENTE”.

Dê-nos seu parecer sobre:

• conteúdos;

• diagramação;

• abordagem das temáticas;

• linguagem empregada;

• utilização das imagens e desenhos;

• dinâmicas, propostas de atividades, etc.Sintam-se livres para fazer outras observações e dar-nos sugestões para melhorar as futuras edições.

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UNIVERSO RELIGIOSO

COMO TUDO COMEÇOUOs primeiros homens e

mulheres, acredita-se que foram os primeiros habi-tantes da África, viviam em um mundo cheio de mistérios, sua inteligên-

cia limitava-se a criar ar-mas para defender-se.

Com a descoberta e a manipulação do fogo,

deu-se um grande avan-ço, pois assim poderia

cozer seus alimentos, aquecer-se e afugentar os

animais ferozes. Estes homens e mulheres viam nos fenômenos da natureza seres poderosos e os chamavam de deuses, pois eles não conseguiam compreender que fenômenos eram esses. Era algo muito maior que eles, eram forças que eles não podiam controlar.

Nossos ancestrais viviam em pequenos grupos e pequenas comunidades, onde partilhavam as ta-refas e os alimentos. Vivendo assim, eles se sen-tiam mais protegidos, mais fortes, mais seguros. E assim nós vivemos até hoje: precisando do outro. Não é mesmo?!

O ser humano, com o passar do tempo, foi acu-mulando conhecimentos, técnicas, formas de inter-pretar o mundo e a natureza ao seu redor. Todos esses conhecimentos foram transmitidos para as gerações mais novas e estas, por sua vez, fazendo o mesmo com as futuras.

Todo esse processo permitiu ao ser humano uma maior consciência do mundo, da natureza, da impor-tância da comunidade. E gerou mais cultura e, conse-qüentemente, a melhora das condições de vida.

AS DESCOBERTAS E AS PRIMEIRAS DÚVIDAS

A vida dos nossos ancestrais estava intimamen-te ligada à natureza. Era daí que eles tira-vam o seu sustento, o seu alimento de cada dia. Nela encontra-vam um abrigo nos dias de chuva e a sombra nos dias de calor.

A natureza era essen-cial para a vida. Nossos ancestrais tinham cons-ciência de que, sem ela, eles não poderiam viver. (Ah, se hoje a humanida-de tivesse essa consciên-cia, não é mesmo?!)

Surgiram então algu-mas questões que, por mais que se esforçassem para obter respostas, racionalmente não as encontravam. Quem fez toda essa natureza maravilhosa? De onde viemos? O sol e a lua, as estrelas, o trovão e a chuva, quem são eles e quem os fez?

Para complicar ainda mais a situação, após a morte de alguém, se pergunta-vam: O que é a morte? Para onde vamos depois de mor-rer? Por que morremos?

É... realmente essas ques-tões são difíceis de respon-der, não é mesmo?!

EM BUSCA DE UM SENTIDO

O medo do desconhe-cido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cercava, levou o ser humano a fundar di-versos sistemas de crenças, cerimônias e cultos, mui-tas vezes centrados na figura de um ser supremo que o ajudava a compreender o significado último de sua própria natureza.

As sociedades primitivas, dessa forma, teceram em torno de si uma existência do sobrenatural, inatingível pela razão, e, juntamente, o desejo de comunhão com ele. Eis as primeiras formas de re-ligião, as primeiras idéias do transcendente. Graças a essas idéias, às novas concepções de mundo e dos fenômenos naturais, nossos ancestrais encontraram respostas satisfatórias àquelas perguntas que até en-tão os intrigavam. Cada povo, ou grupo, encon-trou diferentes respostas e, dessa forma, nasceram uma grande variedade de mitos.

Os mitos são narrações de verdades essenciais para a compreensão da natureza, do universo, do ser humano e da sociedade e constituem a memó-ria de uma soma de valores e de conhecimentos. Deles originaram-se quase todas as religiões da hu-manidade.

DIFERENTES POVOS, RESPOSTAS DIFERENTES

Apesar da variedade e da universalidade do fe-nômeno religioso, as religiões têm como caracte-

rística comum o reconhecimen-to do sagrado. Para muitos

povos, a religião, através dos valores transmitidos por

suas crenças e das práti-cas que realizam em seus rituais, organiza a vida da sociedade.

A religião, em todos os seus aspectos, diz res-peito ao universo sagrado aquele que ultrapassa os poderes e as virtudes hu-manas, que as transcende e que contém verdades ab-

solutas.Os homens pretendem relacionar-se com o

transcendente da mesma forma, como fazem entre si, através de laços afetivos e de trocas, que se re-alizam por sacrifícios, preces, oferendas e muitas vezes são realizadas em templos.

À medida que o ser humano passou a organizar sua existên-cia numa base racional, o antigo animismo não conseguiu mais satisfazer a necessidade de es-tabelecer uma relação coe-rente com as múltiplas for-ças espirituais. Surgiram, então, as religiões polite-ístas, panteístas, deístas e monoteístas, expressões das condições sociais e culturais de cada época e das características dos povos em que surgiram.

Algumas delas acreditam na intervenção direta da divindade que se deu através da revelação.

Então, meus amigos, fiquem comigo que vocês irão conhecer muito mais o universo re-ligioso e não se decepcionarão porque tem muita coisa interessante chegando por aí. Conto com vocês!

Um grande abraço e até a próxima!

Olá amigos! Tudo bem? Primeiramente quero me apresentar: meu nome é

Geninho. Sou um viajante muito curioso e, nessas minhas an-danças pelo mundo afora, fiz muitos amigos e conheci muitas cul-turas. Por isso, eu tenho esse espaço no jornal “O TRANSCEN-DENTE” para apresentar a vocês os meus amigos e as culturas que conheci.

Um fato muito interessante que me ocorreu foi descobrir que em todos os lugares as pessoas tinham um modo de expressar sua crença, sua fé e sua religiosidade, enfim, a sua busca pelo transcendente. E, por ser curioso, fui fazer uma pesquisa para conhecer um pouco mais sobre as origens desta busca pelo trans-

cendente.

Em pequenos grupos, os alunos pesqui-sarão e apresentarão em sala como é visto o mito da criação do mundo pelas diversas culturas. Pode-se, antes delimitar o que cada grupo irá pesquisar. Por exemplo: um grupo poderá pesquisar a compreensão dos antigos gregos para a criação do mundo. Um outro grupo pode pesquisar na cultura egípcia, etc.

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ESPIRITUALIDADES MARÇO/ABRIL - 2007 06

TRÊS JOVENSVera, André e Pedro saíram em busca do Paraíso.

Vera nada sabe sobre o deserto e menos ainda sobre o tal caminho.Pedro garantiu a ela que em algum lugar existe o oásis. Ela confia no

amigo. Juntos partiram para a aventura.André sabe que muitos partem e poucos chegam. Valoriza a ex-

periência dos sábios narradas nos livros e espalhada no jeito simples do povo. Prefere ficar, estudar, conviver e traçar o caminho mais

adequado. Os outros dois o chamam de careta e medroso.Andando pelo deserto, já cansada e sedenta, sob o sol

de 40 graus, sem água e com fome, o sonho de Vera co-meça a transformar-se em pesadelo. Somente a ilusão de Pedro consegue mantê-los caminhando: “Coragem Vera, o oásis está perto...”.

O desânimo de Vera foi mais forte que a ilusão de Pedro. Ela decide esperar pela morte. Pedro aban-dona Vera e continua a vagar pelo deserto. Muda de direção para desviar a montanha, cuja travessia seria muito cansativa.

A morte, porém, não chega assim rapidamente. Vera esperou um dia, outro... de repente: “Hei, Vera, desperta!” Vera, imóvel, dá um gemido e resmunga:

-“Deve ser a morte que veio me buscar”. - “Vera, anime-se! Sou eu, André!”.

Ela hesita um pouco, abre os olhos com esforço. Reco-nhece o amigo e envolve-o num abraço.

diz quem sou. Diz: eu sou Tu”. Ou o outro: “De mim não resta senão um nome, tudo o resto é Ele”.

Essa experiência de união amorosa foi tão ins-piradora que fez Rumi produzir uma obra de 4.000 versos. Famosos são o Masnavi (poemas de cunho reflexivo-teológico), Rubai-yat (Canção de amor por Deus) e o já citado Divan de Tabriz.

Próprio da experiência místico-amorosa é a embriaguez do amor que faz do místico um “louco de Deus” como eram São Francisco de Assis, Santa Tereza d’Ávila, Santa Xênia da Rússia e também Rumi. Num poema do Rubai’yat diz: “hoje eu não estou ébrio, sou os milhares de ébrios da terra. Eu estou louco e amo todos os lou-cos, hoje”.

Como expressão desta loucura divina inventou a sama, a dança extática. Trata-se de dançar giran-do em torno de si e ao redor de um eixo que representa o sol. Cada dervixe girante, assim se chamam os dançantes, se sente como um planeta girando ao redor do sol que é Deus.

Dificilmente na história da mística universal en-contramos poemas de amor com tal imediatez, sensi-bilidade e paixão como aqueles escritos pelo islâmico Rumi. É como uma fuga de mil motivos que vão e vêm sem cessar. Num poema de Rubai-yat canta: “Tu,

único sol, vem! Sem Ti as flores murcham, vem! Sem Ti o mundo não é senão pó e cinza. Este banquete e esta alegria, sem Ti, são totalmente vazios, vem!”.

Um dos mais belos poemas, por sua densidade amorosa, me parece ser este, tirado do Rubai’yat: “O teu amor veio até meu coração e partiu feliz. Depois retornou, vestiu

a veste do amor, mas mais uma vez foi em-bora. Timidamente lhe supliquei que ficasse comigo ao menos por alguns dias. Ele se sen-tou junto a mim e se esqueceu de partir”.

A mística desafia a razão ana-lítica. Ela a ultrapassa porque expressa a dimensão do espírito, aquele momento em que o ser humano se descobre a si mesmo como parte de um Todo, como projeto infinito e mistério abis-sal inexprimível. Bem notava o filósofo e matemático Ludwig Wittgenstein na proposição VI de seu Tractatus logico-philoso-phicus: “O inexprimível se mostra, é o místico”. E termina na proposição VII com esta frase lapidar: “Sobre

o que não podemos falar, devemos calar”. É o que fazem os místicos. Guardam o nobre silêncio ou então cantam como fez Rumi, mas de um modo tal que a palavra nos conduz ao silêncio reverente.

Neste ano se cele-bram 800 anos de nas-

cimento de Jalal ud-Din Rumi (1207-1273), o maior dos místicos

islâmicos e extraordi-nário poeta do amor.

Nasceu no Afeganistão, passou pelo Irã e viveu e morreu em Konia, na Turquia.

Diz a lenda que no ou-tro lado do deserto fica o Paraíso. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Mas, como chegar até lá?

O segredo está no caminho.As pessoas partem em busca do Para-

íso. Ao encarar as primeiras dificuldades, a maioria desiste e volta. Outros morrem no meio do caminho. Poucos chegam ao destino.

Muitos sábios, homens e mulheres, percorreram o deserto inúmeras vezes e registraram suas viagens. Mapearam o deserto. Deixaram pistas. Revelaram segre-dos que permitem aos peregrinos descobrir o sentido da caminhada e da própria vida.

Exatamente na metade da viagem, há um oásis. Um lu-gar com abundante vegetação e água fresca. É o único de todo o deserto. Ninguém chega ao Paraíso sem recuperar as energias neste lugar.

Eis o grande desafio: encontrar o oásis.Estudar páginas e páginas é muito trabalhoso. Pode

levar anos. A maioria prefere aventurar-se no deserto a perder um pouco de tempo para planejar a viagem e traçar o caminho mais seguro.

O OáSISAndré mostra para a Vera o

mapa do caminho que traçou. Logo ali atrás da montanha estava o tão sonhado oá-sis. Tão perto...

E pensar que Vera desistira de tudo.A presença de André ressuscita Vera. Os dois

saem à procura de Pedro. Encontram-no desmaiado e o carregam até o oásis.

Ali viveram, antecipadamente, a sensação de es-tarem no Paraíso: água cristalina, sombras, frutos...

Após recuperarem as energias, avaliaram a cami-nhada já feita e planejaram a outra metade da viagem.

Passados alguns dias os três amigos partem novamente. As mãos entrelaçadas. O sol quente é o reflexo vivo do fogo ardente que abrasa aqueles cora-ções movidos pela certeza de que não é possível che-gar sozinho no Paraíso.

O caminho verdadeiro é traçado em mutirão e percorrido de mãos dadas. Caminho construído com os traços de tantos outros abertos com suor, lágrimas e risos por toda a humanidade.

Eduardo Góes de OliveiraLebon Régis-SC

Com o texto “Ninguém chega sozinho”, o professor poderá organizar uma encenação adaptando os diá-logos e os personagens. Assim, através da arte cênica, poderá apresentar, à própria escola, uma mensagem de amizade e de partilha.

Era um erudito professor de teologia, zeloso nos exercícios espirituais. Tudo mudou quando se encontrou com a figura misteriosa e fascinante do monge errante Shams de Tabriz. Como se diz na tradição sufi, foi “um encontro entre dois oceanos”. Esse mestre misterioso iniciou Rumi na experiência mística do amor. Seu reconhecimento foi tão gran-de que lhe dedicou todo um livro com 3.230 versos, o “Divan de Shams de Tabriz”. Divan significa co-leção de poemas.

A efusão do amor em Rumi é tão avassaladora que abraça tudo, o universo, a natureza, as pessoas e principalmente Deus. No fundo trata-se do único movimento do amor que não conhece divisões, mas que enlaça todas as coisas numa unidade última e ra-dical tão bem expressa no poema Eu sou Tu: “Tu, que conheces Jalal ud-Din (nome de Rumi). Tu, o Um em tudo,

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07 MARÇO/ABRIL - 2007 RITOS E VIDA

Origens da festaMilhares de anos atrás, algumas sociedades en-

tre os povos europeus, festejavam durante o mês de março a passagem do inverno para a primavera. A festa iniciava com a cerimônia das primícias, na qual era oferecido a Deus o primeiro feixe da colheita.

Esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da antigüidade, o fim do inverno e o começo da primavera era de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que dificultava a produção de alimentos.

a PáscOa JudaicaEntre os judeus, esta festa assume um significado

muito importante, pois marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1250 a.C, país onde foram aprisionados pelos faraós, durantes vários anos. A Páscoa Judaica, portanto, está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, quando, liderados por Moisés, fugiram do Egito.

Pessach, (Páscoa) é a palavra hebráica que sig-nifica passagem. Já a palavra Passach, faz relação à Pessach, e significa salto, pulo. A décima praga que castigou o Egito foi a morte dos primogênitos. Sob orientação divina, os judeus sacrificaram um car-neiro e, com o sangue, pintaram as portas de suas casas. Ao passar, vendo aquele sinal, o anjo “pulava as casas” poupando da morte os primogênitos dos filhos de Israel.

Nos oito dias da festa é categoricamente proibido comer pão e outras comidas levedadas, para lembrar-se de quando o povo inteiro, conduzido pela vontade de Deus e liderados por Moisés, saiu tão apressada-mente do Egito que a massa, preparada para o fabrico do pão, não teve tempo de fermentar.

Nas primeiras noites celebram-se o Seder (a palavra significa ordem), durante o qual conta-se a história da festa, bebe-se vinho e uma criança faz perguntas rituais sobre o sentido do Pessach, respondidas pelo chefe da família. Em seguida, come-se a Matzah (pão sem fer-mento) e o harosset (ervas amargas), que traz a recorda-ção simbólica da escravidão no Egito e da libertação.

No dia anterior à celebração, a casa é limpa para que não fique nenhum “hametz”, alimento fermen-

tado, proibido no Pessach. O conceito de Hametz é simbólico, pois representa os defeitos e as pessoas de-vem fazer um exame de consciência de seus atos, de seu comportamento, para se libertarem de suas más quali-dades para melhor celebrar a Páscoa.

A Páscoa para os judeus é sinônimo de vida e de liberdade.

a PáscOa entreOs cristãOs

A páscoa cristã surgiu no início do segundo sécu-lo em Roma, com o distanciamento do Judaísmo. O Cristianismo queria festejar sua própria festa, des-prendendo-se das tradições judaicas. Um dos pontos principais era o sentido da festa, ou seu conteúdo. A Páscoa tornou-se então o memorial da ressurreição.

No Concílio de Nicéia (325 d.C.) fixou-se a data da festa para o primeiro Domingo depois da primeira lua cheia após 21 de Março, fazendo a festa oscilar entre 22 de Março e 25 de Abril. A escolha dessa data se deve a cristianização de uma data pagã muito popular: a festa em homenagem a deusa Eostre, de onde deriva a palavra Easter – Páscoa, em inglês.

A deusa Eostre é a deusa saxônica da fertilidade. Ela segura um ovo nas mãos e tem um coelho aos seus pés ou no colo.

O sentidO da PáscOa Para Os cristãOs

A Páscoa é precedida pela Quaresma, um período de 40 dias que tem início na quarta-feira de cinzas e termina no Domingo de Ramos, uma semana antes da Páscoa. Durante este período, a purificação deve ser alcançada por meio de peni-tências, como o jejum, que promoveria a libertação dos pecados.

sÍMBOLOs da PáscOaComo toda festa religiosa tem seus símbolos, a

Páscoa não é diferente.

O cOrdeirOO cordeiro é o mais antigo símbolo da Páscoa. Ele

foi o símbolo da primeira Aliança entre Deus e Moisés. O cordeiro foi, por assim dizer, o instrumento da institui-ção da Páscoa.

Para os judeus, o cordeiro, sem ossos quebrados e seu sangue, marca o povo para uma nova realidade de mudanças e libertação em meio a toda opressão. Para os cristãos, Cristo é o cordeiro imolado, sem um osso quebrado, que salva a humanidade com seu sangue.

O cÍriO PascaLCírio é uma vela grande e grossa, que se acende

todos os anos, pela primeira vez, no sábado da Vi-gília Pascal. Essa vela, em geral, permanece nas

Igrejas Católicas junto ao altar-mor.O Círio Pascal representa a luz de Cristo. No Círio

há duas letras gregas - o alfa e o ômega, respectiva-mente a primeira e a última letra do alfabeto grego. Sig-nifica que Deus é o princípio e o fim de tudo, que tudo provém de Deus e tudo vai para Ele.

O cOeLHO A figura do coelho está simbolicamente relacionada a

esta festa, pois este animal representa a fertilidade. Ele se reproduz rapidamente e em grandes quantidades.

Entre os povos da antigüidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e de melhores condições de vida. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.

Mas o que a reprodução tem a ver com os signifi-cados religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a espe-rança de uma vida nova.

A figura do coelho da Páscoa foi trazida à América pelos imigrantes alemães no final do século XVII.

a cruZA cruz, instrumento de suplício no qual Jesus mor-

reu, passou a ser um símbolo do cristianismo e também da Páscoa cristã.

Redação / [email protected]

Sugerimos que os alunos façam uma pesqui-sa em livros e na internet, procurando algumas curiosidades sobre a Páscoa. Exemplos:

1. Como a Páscoa é celebrada em outros países, nos rituais e características próprios de cada cultura?2. Além dos símbolos aqui apresentados, pesquisar quais são os outros símbolos e os seus significados.

As festas religiosas fazem parte da cultura religiosa de todos os povos.

“O Transcendente”, no decorrer de suas edições, apresentará para vocês as mais

diversas festas religiosas. Para nossa pri-meira edição, escolhemos

a festa da Páscoa porque coincide com a época

em que ela é celebrada e o assunto pode auxi-

liá-los em suas aulas.

Para os cristãos, a Páscoa deixa de ser apenas uma esperança de libertação, baseada na experiência do êxodo, e passa a ser uma proclamação da vitória da vida sobre o poder da morte, efetivada na ressurreição de Jesus Cristo. Páscoa é a festa da esperança aqui e na vida eterna.

Páscoa, é a festa maior dos cristãos, pois nisto consiste o fundamento da fé dos cristãos.

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ATUALIDADES MARÇO/ABRIL - 2007 08

e educação da população, a perda de referencial a ser seguido, dentre outros, são causas para o que vivencia-mos hoje no Brasil.

Quais os princípios éticos e cristãos que os nossos governantes e as nossas famílias estão repassando para as jovens gerações? Que oportunidades de vida digna lhes oferecemos?

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil conclama a Sociedade Brasileira para uma reflexão profunda sobre a questão da violência no Brasil, que não respeita os limites de idade, gênero, raça ou con-dição social. Somos todos vítimas de nós mesmos. Que a morte do pequeno João Hélio sirva como um grito de alerta em nossas consciências:

“Não derramareis sangue inocente...” (Jr 7, 6b)Não à redução da maioridade penal!Não à violência! Não à impunidade! Sim à Paz!

Comissão de Direitos Humanos do CONICRevd. Luiz Alberto Barbosa

Secretário Executivo do CONICPr. Carlos Augusto Möller

Presidente do CONIC

Nestes últimos dias, o Brasil ficou chocado e indignado, particularmente com a morte do menino João Hélio, que foi arrastado pelas ruas do Rio de Janeiro dependurado num carro. Crimes como esse nos tornam mais sensíveis à dura realidade em que vivemos.

Nesses momentos, aparecem todos os tipos de so-luções para a questão da violência, mas a maioria delas simplistas e paliativas, sobrando sempre para as crianças e os jovens pagarem a conta. De certa forma, não há crimino-sos nem vítimas, pois todos somos vítimas de um sistema opressor que divide e corrompe a sociedade.

Quando se fala em violência, uma das primeiras coisas que vem à mente são exemplos trágicos como esse. Contu-do, não podemos esquecer que uma das causas da violência é aquela gerada pelos sistemas de exploração social, isto é, a violência cruel dos salários de fome, da falta de moradia, do desamparo à saúde pública, do descaso pela educação, do preconceito racial, etc. Violências surdas que oprimem milhões de pessoas ainda “sem vez e sem voz”.

Que sociedade humana é essa Que pretendemos criar?

Precisamos pensar nisso todos os dias e não apenas quando a raça humana mostra seu lado mais selvagem. Aci-ma de tudo, é preciso agir, pois a população brasileira vem sendo socializada a cometer violências ou mesmo aceitá-las como normal na vida cotidiana, apenas revoltando-se

Os protagonistas dos últimos crimes bárbaros, en-volvendo até crianças, não agiram motivados por uma orientação humanista, muito menos agiram

em busca de uma sociedade perfeita. Agiram, sim, com o mesmo ímpeto predatório da sociedade competitiva que adora o Big Brother Brazil, e que não está nem aí com a destruição da Amazônia, ou sonhando com uma nova

sociedade. Eles querem, na marra, o que a socie-dade, tal como aí está, não lhes oferece.

Jair Alves/www.adital.com.br

quando os fatos são mostrados e explorados pela mídia. Precisamos pensar em algo que devolva a capacidade

de sonhar a muitos de nossos jovens, algo que lhes dê um novo sentido para a vida. A grande maioria de nossas crianças e jovens é carente. Carentes de atenção, de afe-

to. Carentes também de perspectivas de vida, de alternati-vas, de novos horizontes.

Nós temos em mãos um grande potencial: nossos alunos. Eles são criativos, inovadores e cheios de vida. Com muita dedicação e paciência, temos a oportunidade de modelar uma geração de novos cidadãos. A educação é um processo lento, no entanto, é preciso que eduquemos nossas crianças e jovens, hoje, para não ter que puni-los amanhã.

procuramos uma solução!Uma sensação de impotência! Eis o que

todo mundo sente quando se dá conta dessa realidade. No entanto, para os que acham que não há como reverter essa história, queremos convencê-los de que as nossas pequenas ati-tudes do dia-a-dia já podem contribuir para a mudança.

Infelizmente, a convicção que se criou diante da violência é mais ou menos esta: - A violência cresceu tanto que somente arma-mento pesado, pena de morte, diminuição da idade penal... pode resolver a situação. Nós acreditamos que, se quisermos construir uma sociedade mais humana, somos convocados a pensar e agir diferentemente.

Quem é o principal responsável para acabar com a vio-lência? O governo? A escola? A família? A resposta a essa questão recai sobre nós. A responsabilidade pela construção da paz é de todos nós e, obrigatoriamente, está relacionada à construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna.

Todos nós esperamos um dia, ao chegar a casa, depois de uma jornada de trabalho, ver um noticiário sem esses sen-

sacionalismos, baseados em tragédias que impressionam, que dão ibope, mas que depois, embora nos entristeçam, a gente “vai se acostumando” e facilmente esquece.

Uma coisa é certa: ninguém de nós deseja que casos como o do menino João Hélio venham a se repetir.

O professor organiza um debate. Antes, separa a turma em quatro grupos. De preferência com o mes-mo número de componentes. Cada grupo defenderá um ponto de vista, uma alternativa para solucionar a problemática da violência. Ao final, o professor como mediador, procurará traçar metas que levem os alunos a se comprometerem na construção da paz.

Sugestões de alternativas para cada grupo:1. Aumentar as penas, tornar mais dura a vida nos presídios e a diminuição da idade penal.2. Pena de morte. Assim diminuiria a superlotação dos presídios. A justiça bra-sileira é eficaz e, de ricos a pobres, todos teriam medo de cometer algum crime.3. É preciso melhorar as condições dos presídios, proporcionar ao con-denado meios para a sua re-sociali-zação, formação e alternativas para que não volte ao crime. O crime não

compensa.4. Antes de mais nada, é preciso educar as crianças

e jovens, hoje, para não ter que puni-los amanhã. Oferecer condições dignas de vida a todos, opções de trabalho, uma ótima formação escolar e acadêmica, etc.

A morte do menino João Hélio Fernandes, no Rio de Janeiro, deixou a Sociedade Brasileira em estado de choque, pois este crime conseguiu superar o insuperável, fazendo com que a violência assumisse contornos inimagináveis.

No estado de São Paulo, em pesquisa feita pela Secretaria de Segurança Pública em 2003, mostrou-se que 3% dos homicídios dolosos e, menos de 10% de outros crimes, foram cometidos por menores de 18

anos. Segundo dados do IBGE de 2002, o número de crianças e adolescentes assassi-nados no Brasil, situados na faixa do 0 aos 18 anos, é de 16 homicídios por dia.

Os meios de comunicação repercutem os crimes mais graves, prin-cipalmente aqueles cometidos por menores de um modo muito mais

intenso do que eles acontecem na realidade, contribuindo assim na construção desse discurso do medo, em que os jovens infratores são vistos como ameaças para a sociedade. Diante desta ameaça, o au-

mento da repressão parece ser para muitos a solução ideal para se resolver o problema.

No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Brasil tem um dos melhores instrumentos jurídicos do mundo no que se refere ao tratamen-to que deve ser dispensado pelo Estado e pela Sociedade para os menores de idade. Falta sim, e esta pode ser a principal causa, uma implementação mais efetiva do Estatuto.

O grave desnível social que ainda existe no Brasil, as relações de de-sigualdade existentes, a sucessão de governos envoltos em escândalos

e corrupção, a falta de um controle efetivo por parte do Estado Brasileiro dos meios de segurança, a falta de emprego

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Page 9: O Transcendente - No.0

NOSSO COMPROMISSO MARÇO/ABRIL - 2007 09

participantes o livro “Vivendo e aprendendo”. Além disso, os melhores trabalhos serão divul-gados no nosso jornal “O TRANSCENDEN-TE”. Portanto, enviem-nos seus trabalhos.

O envio pode ser feito através do E-mail: [email protected], ou através do fax : 48-32229967, ou ainda através da caixa postal 3211 – CEP 88010-970 - Florianópolis-SC.

O Jornal “O TRANSCENDENTE” quer sua colaboração e criatividade. O desafio é o seguinte: •Escrever uma redação (aproximadamente

20 linhas) abordando o tema: “O mundo em que sonho viver”;

•Através de desenhos, charges, figuras, etc., ilustrar o tema: “Conviver com o diferente é legal!”. Os participantes poderão escolher um ou os

dois temas. Através de um sorteio, ofereceremos a três

VOltArá A pAz...SE crês que um sorriso é mais forte que uma arma;SE crês que o que une os homens é mais importante que aquilo que os divide;SE crês que a diversidade é riqueza e não prejuízo;

SE julgas dever ser tu a dar o primeiro passo antes que o outro;

SE és capaz de te alegrar pela alegria do teu vizinho;

SE a injustiça que atinge os outros te re-volta tanto quanto a que sofres tu;SE sabes dar um pouco do teu tempo por amor;SE sabes aceitar que um outro te faça um serviço;SE sabes partilhar o teu pão acrescentan-do-lhe um bocadinho do teu coração;SE crês que o perdão chega mais lon-ge que a vingança;

SE podes escutar o infeliz que te faz per-der tempo mantendo-lhe o teu sorriso;

SE sabes aceitar a crítica e valer-te dela sem a recusares e sem te defenderes;

SE sabes acolher e valorizar uma opinião di-ferente da tua;

SE recusas bater a tua culpa no peito dos outros;SE para ti o outro é sobretudo um irmão;

SE a cólera é para ti fraqueza e não demonstração de força;

SE te põe do lado do pobre e do oprimido sem te as-sumires como herói;

SE crês que a paz é possível,...voltará a paz.

Textos retirados do livro “Construindo a Paz”.

“Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros

que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons.

Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são imprescindíveis”.

Bertold Brecht

pós abordarmos a questão da violência em nossa página de atualidades, achamos interessante trazer para vocês algumas reflexões a serem feitas junto aos educandos, a fim de nos conscientizarmos de que pode-mos e devemos ser construtores da paz. É um compromisso urgente a ser assumido por todos.

prEciSAmOS de construtores da paz, que acredi-tem no valor das pequenas coisas.De gente que faça História e não se deixe arrastar pela corrente.De corações desarmados num mundo cheio de guerra!De almas bondosas numa sociedade interesseira,De espírito fortes e ardentes, num mundo de mediocridade

prEciSAmOS de mais gente que diga: “Vamos fazer...” e de menos pessoas que digam: “Isto é impossível!”

prEciSAmOS de muitas pessoas que se lancem para resolver os problemas e de menos fatalistas, acomodados nas cadeiras da omissão.

prEciSAmOS de mais amigos solidá-rios que arregacem as mangas e de menos demolidores que só sabem apontar defeitos.prEciSAmOS de mais gente animando a esperança e de menos pessoas frustradas, fomentando o desânimo.

prEciSAmOS de mais gente que persevere e de menos homens “fogo-de-palha”.

prEciSAmOS urgente de mais rostos sorridentese de menos frontes carrancudas.

prEciSAmOS de uma floresta de mãos benfeito-ras acendendo luzes na escuridão, fazendo calar o pessimismo da multidão.

Pesquise: Quem são estas personalidades e o que fizeram para estarem em nossa galeria de Construtores da Paz? Reproduza ampliada a “Galeria dos Construtores da Paz” e fixe em lugares importantes de sua comunidade.

Participem!

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10 MARÇO/ABRIL - 2007 DINAMIZANDO

ObjetivO: Integrar e auxiliar a sintonia do grupo.Passos metodológicos:

Passo 1: Em duplas, um de frente para o ou-tro, formar um círculo (um círcu-lo dentro e outro fora).

Passo 2: O orientador deverá explicar aos partici-pantes que não poderão usar a voz, mas somente o olhar para entrarem em sintonia. Explicar os valores que deve-rão ser usados:• um e um = aperto de mãos;

• dois e dois = dar as mãos;

• três e três = beijo no rosto;

• quatro e quatro = abraço.

Passo 3: O orientador explica que todos deverão estar com as mãos para trás, sem que haja comunicação verbal. Quando ele bater palmas, a dupla deverá mostrar com os dedos um dos nú-

Prezado (a) professor (a), Esta sessão tem como objetivo auxiliá-lo na tarefa de ensino-aprendizagem por meio de sugestões e idéias práticas. Vale lembrar que cada atividade aqui exposta

necessita de uma certa contextualização e adequação à realidade sócio-cultural dos alunos, bem como das peculiaridades de sua escola. Ficaremos muito felizes se você, a partir das idéias desta sessão, ousar criar outras atividades significativas. Por isso, desde já convidamos professores e pro-

fessoras a partilharem conosco suas experiências pedagógicas bem sucedidas, enviando-as através do e-mail: [email protected] .Será uma enorme riqueza que nós, através de “O TRANSCENDENTE”, partilharemos com todos os professores do Ensino Religioso do Brasil.

objetivo: Integrar os educandos e despertar atitudes de aceitação e valorização do diferente (Respeito à alteridade). Materiais: Cartões com as cores men-cionadas no texto com a respectiva “fala” de cada cor (anexo); Metodologia: • Fazer um grande círculo;• Distribuir os cartões aleatoriamente;• Explicar que, para a dinâmica alcançar su-cesso, é necessário atenção e participação de todos;• A dinâmica acontece através da leitura do texto aonde, uma por uma, as cores vão sendo chamadas a desempenhar sua função no grande grupo;• Ao serem chamadas, as pessoas representantes de cada cor, terão que dar um passo à frente;• As frases que constarão no cartão de cada cor estão ao lado; • O texto é o seguinte: Narrador: Certa vez, num reino encan-

tado, num dia muito especial, o rei Dourado convocou todas as cores para uma grande festa: rei: Queridos amigos e amigas,

neste dia tão especial, vocês estão convocados para uma grande festa.

Venham todos, pois o tema desta festa é muito im-portante: Paz e Solidariedade. Convido-os a ficarem sentados.Narrador: E eis que a festa se inicia. O Amarelo foi o primeiro a falar, e, com todo respei-to, foi logo dizendo:

meros. Se houver sintonia (coincidência), as duas mostrarão só um dedo, então eles apertam as mãos, e assim sucessivamente.

Passo 4: Após alguns mo-mentos, o círculo de dentro

deverá dar um passo para a direita, trocando assim

a dupla. Continua a dinâ-mica.

Passo 5: O orientador deve ficar atento se o gru-

po está entendendo a di-nâmica, se está havendo

sintonia. Deve também motivá-los.

Passo 6: Esta dinâ-mica deverá ser repetida até

que todos os participantes en-trem em sintonia um com o outro. A dinâmica termina quando todos voltarem com os pares originais.

aMarelo: viver em paz e ser solidário é saber dis-tribuir apertos de mão a todos que encontramos, pois a discriminação e a exclusão são um grande mal no mundo. (Os amarelos saem distribuindo apertos de mão).Narrador: O Azul, muito simpático,

logo se levantou dizendo: aZUl: em nossa opinião, viver em paz e ser solidário é saber sorrir, em qualquer situação, é cultivar o bom humor e a alegria, vencer de-safios, colocar gosto de aventura em todos os dias.

(Azuis saem distribuindo sorrisos).Narrador: Não demorou muito e o Verde se levan-

tou, pronunciando-se solenemente: verde: meus amigos, viver em paz e ser solidá-

rio é abraçar as pessoas, desejando a elas todo bem, com um simples gesto, sem

malícia, sem inimizade. (Verdes saem dis-tribuindo abraços).

Narrador: Cheio de charme, surge o Branco, dizen-do que:

braNCo: sem sombra de dúvidas, os olhos são o “espelho da alma”. O mais importante é

tratar o outro com respeito e ternura, saber ser positivo, ser amigo, ser pessoa de bem. (Brancos

saem fazendo gesto positivo).Narrador: Muito tímida e discreta, chegou a cor Preta, que nunca falava em público. Ousou levantar-

se, pronunciando com muita coragem e firmeza:

Preto: meus amigos, educar para a paz e para a solidariedade é também ver as tristezas ao nosso redor, é saber ouvir, tentar

escutar a voz daqueles que sofrem. (Saem cumpri-mentando orelha com orelha).Narrador: Delicada e firme ao mesmo tempo, a cor Vermelha levantou-se e, olhando bem no fundo dos olhos das outras cores, afirmou com elegância:

verMelHa: caros amigos, vocês não percebem que viver em paz e ser solidário é ser amigo e companheiro, pois somente assim poderemos vi-ver como irmãos. (Saem convidando a todos a se darem as mãos).

Narrador: finalmente o Laranja, que já não se agüentava mais quieto, pois sempre queria falar sem ser a sua vez, pôde dizer empolgada e categórica: laraNja: ora, meus amigos, viver em paz e ser

solidário é despertar em cada um a consciência da dignidade. (Sai dizendo a cada um: Você é impor-tante pra mim, para todos, para você mesmo). Narrador: De repente... Um vento impetuoso, muito forte, soprou, soprou, causou muitas tragé-

dias. O vento da violência, o vento da discriminação, exploração, analfabetismo... Todos teriam morrido se não tivessem se unido, num grande abraço para resis-tir àquele vento terrível e devastador. (Todos se unem num grande abraço).Narrador: E o vento se foi e todos voltaram a sor-rir e a seus lugares. O Rei Dourado exclamou: rei: Amigos, vocês viram o que faz o vento da discriminação, da exclusão, da mentira, da malí-cia e da inimizade. Vamos lutar contra tudo isso, vamos nos unir a serviço da paz e da solidarieda-

de. “Eu vos envio a serem AQUARELA, para fazer brilhar o sol da esperança e ajudarem a

tornar o mundo melhor”.

objetivos: descontração, “quebra-gelo”, me-lhorar a sensibilidade, concentração e socializa-ção do grupo.

Materiais: vendas para tapar os olhos.

Metodologia: Dois círculos com números iguais de participantes, um dentro e outro fora. O grupo de dentro vira para fora e o de fora vira para dentro. Todos devem dar as mãos, senti-las, tocá-las bem, estudá-las.

Os integrantes do grupo interno devem estar com os olhos vendados. O grupo de fora circula em torno deste grupo.

Ao sinal, o professor pede que os integran-tes do grupo de dentro, ainda de olhos fechados, toquem de mão em mão até descobrir quem lhe deu a mão anteriormente. O grupo de fora é quem deve movimentar-se. Caso ele encontre sua mão correta, deve dizer: é esta! Se for verda-de, a dupla sai e, se for mentira, volta a fechar os olhos e tentar novamente.

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ASSINATURAS MARÇO/ABRIL - 2007 11

“Eu tinha 16 anos e vivia com meus pais, na instituição que meu avô havia fundado perto de Durban, na África do Sul. Vivíamos no in-terior, em meio aos canaviais, e não tínhamos vizinhos, por isso minhas irmãs e eu sempre ficávamos entusiasmados com a possibilidade de ir até a cidade para visitar os amigos ou ir ao cinema.

Certo dia meu pai pe-diu-me que o levasse até

a cidade, onde par-ticiparia de uma conferência du-rante o dia todo. Eu fiquei radiante com esta oportu-nidade. Como ía-mos até a cidade, minha mãe me deu uma lista de coisas a serem adquiridas.

Como passaríamos o dia todo na ci-dade, meu pai me pediu que tratasse de alguns assuntos pendentes como levar o carro à oficina.

Quando me despedi de meu pai ele me disse:“Nos vemos aqui, às 17 horas, e voltaremos

para casa juntos”.Depois de cumprir todas as tarefas, fui até

o cinema mais próximo. Distraí-me tanto com o filme que esqueci da hora. Quando me dei conta, eram 17h30. Corri até a oficina, peguei o carro e apressei-me a buscar meu pai. Eram quase 18 horas.

Ele me perguntou ansioso:“Porque chegou tão tarde?”Eu me sentia mal pelo ocorrido, e não tive

coragem de dizer que estava vendo um filme de John Wayne. Então, lhe disse que o carro não ficara pronto, e que tivera que esperar. O que eu não sabia era que ele já havia telefona-do para a oficina.

Ao perceber que eu estava mentindo, dis-se-me:

“Algo não está certo no modo como o te-nho criado, pois você não teve a coragem de me dizer a verdade. Vou refletir sobre o que fiz de errado a você. Caminharei as 18 milhas até nossa casa para pensar sobre isso”.

Assim, vestido em suas melhores roupas e calçando sapatos elegantes, começou a cami-

nhar para casa pela estrada de terra sem iluminação.

Não pude deixá-lo sozinho... guiei por 5 horas e meia atrás dele...vendo meu pai so-frer por causa de uma mentira estúpida que eu havia dito.

Decidi ali mesmo que nunca mais mentiria.Muitas vezes me lembro deste episódio e

penso: “Se ele tivesse me castigado da maneira como nós castigamos nossos filhos, será que te-ria aprendido a lição?” Não, não creio. Teria so-frido o castigo e continuaria fazendo o mesmo. Mas esta ação não-violenta foi tão forte que ficou impressa na memória como se fosse ontem.

“Este é o poder da vida sem violência”.Dr. Arun Gandhi.

Dr. Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi e fundador do MK Gandhi

Institute, contou a seguinte história sobre a vida sem violência, na forma da habilidade de seus pais, em uma pa-lestra proferida em junho de 2002 na Universidade de Porto Rico.

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12 MARÇO/ABRIL - 2007 DICAS DE LEITURA

EDUCANDO PARA A VIDAA educação deve estar in-

tegrada à vida concreta das pessoas. Portanto, é de grande importância educar através das datas importantes que as famí-lias e as comunidades celebram ao longo do ano.

O “Educando para a Paz”, que apresenta as mais importantes datas do ano, será muito útil para o entendimento e a celebração das mesmas no âmbito escolar.

CONSTRUINDO A PAZLançado com o propósito de

colaborar com a reflexão e a busca pela paz, este livro é indi-cado para todas as pessoas que estão ligados diretamente àque-les que podem garantir um futuro mais pacífico para a sociedade: as crianças e os jovens.

Neste livro, você encontra-rá também teatros, dinâmicas, mensagens para diversificar e qualificar as formas de trabalhar o tema da paz.

TEATROS EDUCATIVOSEscrito para os inúmeros

grupos de teatro existentes e os educadores que fazem da arte cênica um meio de reflexão.

Com linguagem simples, mas ao mesmo tempo técnica, este livro oferece 35 dramati-zações para serem usadas em aulas, encontros, shows e até em teatros de rua.

COMO EDUCAR HOJE?O livro “Como Educar

Hoje?” busca levar as pes-soas a refletirem e a atuarem com mais realismo e otimismo no campo da educação.

Esta obra relaciona a educação com as diversas di-mensões da vida: cidadania, religião, meio ambiente, sexua-lidade, trabalho, política...

“Como educar Hoje?” é uma fonte preciosa para os pro-fessores das diversas áreas.

Após meses de pesquisa e muito diálogo com pessoas de outras crenças, os autores apresentam este estudo so-bre as várias manisfestações religiosas tradicionais e as tendências atuais. O objetivo deste livro é oferecer uma compreensão profunda e, ao mesmo tempo popular, das manifestações religiosas dos diversos continentes.

O livro “O Universo Religioso” ajudará a conhecer melhor sua própria religião e as religiões dos outros, tendo como horizonte um diálogo sincero e aberto na busca de um mesmo objetivo: a vida em harmonia. Dessa forma, aprenderemos a respeitar a própria fé e a do se-melhante.

Muitos de nós, quando crianças, dor-mimos ao sabor de lindas histórias que nossos pais ou avós nos contavam.

As 305 histórias contidas nestes três livros vêm de uma grande variedade de países, culturas e religiões, fazendo par-te da herança cultural e espiritual de toda a humanidade.

As histórias servem para todas as idades e profissões. Principalmente a você, que é um educador que deseja fa-zer de pequenas histórias um instrumento

DINÂMICASO livro “Dinâmicas: pro-

postas inteligentes para es-colas e grupos” é um ótimo instrumento para desenvolver a criatividade e a participação.

Temos certeza de que você se surpreenderá com a qualida-de das dinâmicas aqui apresen-tadas.

Milhares de professores já adquiriram este livro.

pedagógico que provoque inquietação, questionamentos e comprometimento.

Essas histórias, além de nos faze-rem dormir mais felizes, também nos ajudarão a “viver” mais felizes.

As 305 histórias educativas po-dem ser usadas (narradas ou ence-nadas) em reuniões, aulas, encontros, palestras, enfim, elas se tornarão um precioso auxílio para ilustrar temas im-portantes.

Todas as histórias são ilustradas.

O livro “O Universo Religioso”, lançado recente-mente por insistência de muitos professores de Ensino Religioso, foi previamente revisado por representantes autorizados pelas respectivas religiões contidas neste volume. Dessa forma, os professores de Ensino Re-ligioso terão a garantia de que os conteúdos apresen-tados são confiáveis e aceitos por todos os credos.

Experimente! Adote para este ano letivo o livro “O Universo Religioso”, que, juntamente com a atualiza-ção do Jornal “O Transcendente”, lhe possibilitará a re-alização de um ótimo trabalho, capaz de levar os alunos a construírem uma sociedade mais justa e fraterna.

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