O Estado Verde - Edição 22258 - 20 de maio de 2014

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Confira conversa entre o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria, Shelley Carneiro, e a editora do Caderno O estado Verde. Verde ANO VI - EDIÇÃO N o 338 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 20 de maio de 2014 CURIOSIDADE A cada nascimento de uma criança, uma árvore será plantada ENTREVISTA O mundo vive um momento de desindus- trialização? Pág. 11 Pág. 5 Págs. 6, 7, 8 e 9 PRAIA DO FUTURO FOTO: TIAGO STILLE Nem a Copa trouxe o bairro para o presente A região lembrada pela orla e barracas de praia sofre com ruas vazias, insegurança, falta de saneamento básico e outros problemas. A antiga Praça 31 de Março sequer ficou pronta para o Mundial da Fifa.

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Jornal O Estado (Ceará)

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Confira conversa entre o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria, Shelley Carneiro, e a editora do CadernoO estado Verde.

Verde ANO VI - EDIÇÃO No 338FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 20 de maio de 2014

CURIOSIDADEA cada nascimento de uma criança, uma árvore será plantada

ENTREVISTA O mundo vive um momento de desindus-trialização?

Pág. 11

Pág. 5

Págs. 6, 7, 8 e 9

PRAIA DO FUTURO

FOTO

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Nem a Copa trouxe o bairro para o presenteA região lembrada pela orla e barracas de praia sofre com ruas vazias, insegurança, falta de saneamento básico e outros problemas. A antiga Praça 31 de Março sequer ficou pronta para o Mundial da Fifa.

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O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

MAS POR AQUI...Cada dia as coisas ficam mais

feias. A Copa está à nossa porta e a Cidade, como diria o meu pai se aqui estivesse, está muito “malamanha-da”. Era assim mesmo que ele falava, emendado, “malamanhada” ao invés de “mal amanhada”. Ele não suporta-va ver a nossa Capital suja e desarru-mada que falava a expressão, de que por sinal, gosto muito.

DIA NACIONAL DA INDÚSTRIA É comemorado em 25 de maio em

memória de Roberto Simonsen, que foi o patrono da indústria nacional, falecido em 25 de maio de 1948. Si-monsen foi um engenheiro, industrial, administrador, professor, historiador e político, além de membro da Acade-mia Brasileira de Letras.

A solenidade comemorativa do Dia da Indústria, no Ceará, acontece na próxima quinta (22), às 19h, no La Maison Dunas. O governador do Es-tado, Cid Gomes; o ex-presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgi-cas, Mecânicas e de Materiais Elétri-cos do Ceará (Simec/CE), Valdelírio Pereira de Soares Filho, fundador da Microsol; e Francisco Demontiê Men-des Aragão, do setor de pedras orna-mentais, serão os agraciados com a Medalha do Mérito Industrial.

OITIVA Do ex-presidente da Petrobras Sérgio

Gabrielli, junto à Comissão Parlamen-tar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado, está marcada para hoje, terça (20); já o depoimento da presidente Graça Foster fi cou agendado para a próxima terça, 27 de maio. Segundo a Agência Câmara, todos os depoimen-tos serão realizados a partir das 10h15, no plenário 2 da Ala Senador Nilo Coe-lho. Que falem a verdade.

PASSOUMais um Dia Mundial da Reciclagem.

No sábado (17/05) a Reciclagem foi lembrada, pelo menos no calendário ecológico. A reciclagem é reconhecida como importante, mas parece esqueci-da até na data. O objetivo é conscien-tizar a sociedade sobre a importância da coleta, separação e destinação de recicláveis. No entanto, do sindicato patronal às organizações que congre-gam catadores, passando por Organi-zações Não Governamentais (ONG´s) com destacada atuação no setor em-presarial e social, nenhuma comemo-rou a data, para não dizer, lembrou.

Refl exão: “Muitas coisas não ou-samos empreender por parecerem di-fíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las”. Sêneca.

Barbados é o país escolhido pela ONU para ser o anfi trião do Dia Mundial do Meio Ambiente. O pequeno Estado Insular, um país de 432km², população de 270 mil pessoas, é altamente vulnerável aos efeitos da Mudança Climática — dos impactos agrícolas à destruição de seus ecossistemas costeiros. É considerado o país mais oriental do Caribe.

No entanto, essa pequena nação tem dado passos largos para reduzir sua pe-gada de carbono e fornecer energia limpa e renovável, bem como oportunidades para um crescimento econômico verde para sua população.

Dentre outras coisas, Barbados se comprometeu a aumentar sua quota de energia renovável para 29% de todo o consumo de energia da ilha até 2029. Isso cortaria cerca de US$ 283.5 milhões de dólares do custo total de eletricidade e reduziria as emissões de CO2 em 4.5 milhões de toneladas, de acordo com o governo. Um belo exemplo a seguir.

ESTE ANO

Coluna Verde

GESTORA E EDUCADORA AMBIENTAL

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VERDE

21 DE MAIODIA MUNDIAL PARA A DIVERSIDADE CULTURAL PARA O DIÁLOGO E O DESENVOLVIMENTO• Dando seguimento à ado-ção da Declaração Universal da Diversidade Cultural, em Novembro de 2001, a Assem-bleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 21 de Maio como o Dia Mundial da Diver-sidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento. O Dia é uma oportunidade para se aprofundar a compreensão sobre os valores da Diversidade Cultural e para se aprender melhor sobre como “viver juntos”.

DIA 22 DE MAIOSOLENIDADE COMEMORATIVA DO DIA DA INDÚSTRIA

• A solenidade comemorativa do Dia da Indústria acontece no próximo dia 22, às 19h, no La Maison Dunas, em Fortaleza. Na ocasião, três personalidades que marcaram a história da indústria cearense, pelo empreendedorismo e con-tribuição ao desenvolvimento econômico do Ceará, serão homenageadas pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). O governador do Estado, Cid Gomes; o ex-presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecâni-cas e de Materiais Elétricos do Ceará (Simec/CE), Valdelírio Pereira de Soares Filho, fundador da Microsol; e Francisco Demontiê Mendes Aragão, do setor de pedras ornamentais, serão os agraciados com a Medalha do Mérito Industrial.

22 DE MAIODIA INTERNACIONAL PARA A DIVERSIDADE BIOLÓGICA

• Foi criado pela Organização das Nações Unidas em 1992, no dia da apro-vação do texto fi nal da Convenção da Diversidade Biológica (Convention on Biological Diversity). O objetivo do Dia Internacional da Biodiversidade é au-mentar a conscientização da população mundial para a importância da diver-sidade biológica, e para a necessidade da proteção da biodiversidade em todo o planeta.

DIA 30 DE MAIOPRÊMIO ANA 2014

• As inscrições para o Prêmio ANA 2014 estão abertas até o dia 30 de maio. A premiação irá reconhecer boas práticas relacionadas à água em sete categorias: Empresas; Ensino; Governo; Imprensa; Organismos de Bacia; Organizações Não Governamentais (ONG); e Pesquisa e Inovação Tecno-lógica. Os trabalhos participantes devem contribuir para a gestão e o uso sustentável dos recursos hídricos do País. A Comissão Julgadora selecionará três iniciativas fi nalistas e a vencedora de cada uma das categorias. Os ven-cedores serão conhecidos em solenidade de premiação marcada para 3 de dezembro de 2014 em local a ser defi nido. Interessados em participar do concurso podem se inscrever no site www.ana.gov.br/premio.

Em 2014, o Prêmio traz uma grande novidade para os vencedores de cada uma das sete categorias: além de receberem o Troféu Prêmio ANA, ganharão uma viagem com despesas pagas para o maior evento do plane-ta sobre recursos hídricos – o Fórum Mundial da Água –, que acontecerá

AGENDA VERDE

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POR TARCILIA REGO*[email protected]

Dois artigos científi cos divul-gados nas revistas “Science” e “Geophysical Research Let-ters”, trazem novas previsões

para a Antártida Ocidental, considerada há dez anos como um das regiões mais estáveis do mundo. Ambos os estudos descobriram que uma grande parte das geleiras imponentes começou a desmo-ronar e, aparentemente, seu contínuo derretimento não pode mais ser conti-do. A Agência Espacial Norte America-na (Nasa), considerando a seriedade das conclusões , convocou uma confe-rência de imprensa urgente, para desta-car a urgência dos estudos.

Durante a coletiva que aconteceu dia 12 de maio, em Houston, no Te-xas, os cientistas afirmam que o Aque-cimento Global causado pela liberação de Gases de Efeito Estufa (GEE) re-sultado de ações antrópicas em todo o planeta, tem contribuído para de-sestabilizar a camada de gelo, embora outros fatores também possam estar envolvidos. É provável que o aumento do nível do mar continue a ser relati-vamente lento até o final do Século 21, mas os cientistas acrescentaram que em um futuro não tão distante, poderá acelerar significativamente, conduzin-do a sociedade global a uma crise.

Segundo o pesquisador, Thomas P. Wagner, “isso está realmente aconte-cendo”. Ele dirige programas da Nasa sobre gelo polar e ajudou a supervisio-nar algumas das pesquisas pertinentes ao tema. . “Camada de gelo da Antártida começou a ruir e não há nada que possa-mos fazer para deter o gelo”. Mas ainda estamos limitados por aspectos da Físi-ca como a velocidade do derretimento , disse o especialista, durante a entrevista na Agência Espacial Americana.

40 ANOS O estudo incorpora 40 anos de obser-

vações que levam à conclusão de que as geleiras próximas ao Mar de Amundsen “passaram do ponto de não retorno”, se-gundo o glaciologista e autor principal de um dos estudos, Eric Rignot, da Uni-versidade da Califórnia (EUA). “Hoje apresentamos evidência observacional de que um grande setor da camada de gelo da Antártida Ocidental entrou em um recuo irreversível”, disse Rignot na coletiva de imprensa da Nasa.

A camada de gelo da Antártida Oci-dental fi ca em uma depressão no solo em forma de bacia, com a base do gelo abaixo do nível do mar. A água quente do oceano está fazendo com que o gelo que fi ca ao longo da borda desta tigela afi ne e recue. À medida que a extremi-dade da frente do gelo se afasta da borda e afunda na água, o derretimento passa a ser muito mais rápido do que antes.

A equipe do Dr. Rignot utilizou medi-ções por satélite e ar para documentar um recuo de seis geleiras que foi acelerando

ao longo das últimas décadas e escoam para a região do Mar de Amundsen. Com o mapeamento atualizado do terreno abaixo da camada de gelo, a equipe foi ca-paz de descartar a presença de quaisquer montanhas ou colinas signifi cativas o su-fi ciente para retardar este derretimento.

O estudioso explicou que o desapareci-mento apenas dessas seis geleiras pode-ria fazer com que o mar subisse em torno de 1,2 metros, possivelmente dentro de dois séculos. Ele acrescentou que o seu desaparecimento provavelmente irá de-sestabilizar outros setores da camada de gelo, de modo que o aumento fi nal no ní-vel do mar poderia ser o triplo disso.

NO BRASILO secretário de Políticas e Programas

de Pesquisa e Desenvolvimento do Minis-tério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, em audiência pú-blica do Senado Federal, dia 13 de maio, fez referência aos estudos que, para o pes-quisador brasileiro, desafi am o postulado dos grandes mantos de gelo estáveis ao

mostrar a instabilidade e a possibilidade de esses blocos caírem no oceano numa escala de tempo de 200 a 300 anos.

“Isso pode representar o aumento do nível do mar de alguns metros. Essas são as surpresas das quais não se falava há 20 anos”, comentou. “De fato, a manifes-tação dos extremos climáticos, principal-mente aqueles decorrentes da Mudança Climática e do Aquecimento Global, es-tão se manifestando. Esse é um aspecto muito importante que deve nortear o de-bate sobre adaptação”, defendeu.

SOBRE O MAR DE AMUNDSEN O Mar de Amundsen [o nome home-

nageia o explorador norueguês, Roald Amundsen, que explorou a área em 1929] é um mar localizado no Oceano da Antártida, ao norte da costa da Terra de Marie Byrd e permanentemente co-berto por gelo, cuja camada, que chega-va a 3km de espessura, está diminuindo devido ao Aquecimento Global. A Terra de Mary Byrd é uma porção de terra da Antártida ao sul do Oceano Pacífi co.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 20 de maio de 2014

VERDE

Gases de efeito estufa continuam contribuindo para desestabilizar a camada de gelo na região. A Nasa demonstra preocupação com o resultado de estudos e destaca as conclusões

Estudos alertam: camada de gelo da Antártida começou a ruir

CLIMA

DIVULGAÇÃO

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POR ROBERTA VALENÇA*

O título também poderia ser “como a gestão de pessoas interfere na sustentabi-lidade?”. A verdade é que

uma coisa depende da outra. Essa re-lação estreita se dá porque toda trans-formação organizacional necessária para as mudanças de impacto na es-tratégia empresarial dependerá do ali-nhamento dos objetivos da organiza-ção com cada um dos colaboradores.

É fato que o RH é protagonista nessa discussão estratégica. Mas, além disso, há a oportunidade de ter um olhar in-terno para as próprias práticas, como o cuidado com o ciclo que envolve a gestão de pessoas, desde a contratação até o desligamento ou aposentadoria, com propósitos bem maiores do que simples-mente preencher vagas de emprego.

Questões como “há alguma coisa que seja realmente importante em sua vida”, “tem capacidade de servir aos outros ou de servir um propósito mais elevado” ou ainda “deseja realmente contribuir para um mundo melhor” le-vam o gestor a observar a capacidade das pessoas de assumir compromissos na vida real e a avaliar a maturidade do colaborador. Quando ele já tem certo grau de experiência (e não me refiro à idade), sabe quais são as cau-sas em que realmente acredita.

O ideal não é contratar pessoas que precisam de emprego e sim as que com-partilham as mesmas causas da empre-sa. Elas fazem em prol do que acredi-tam. Os objetivos, metas e indicadores devem estar carregados de signifi cado,

crença e causa que geram o salto do pa-tamar do planejamento para a ação.

Também é uma atribuição do RH de-senvolver bem o papel do líder nesse contexto. Ele deve ser a conexão para transformar aptidões coletivas em de-senvolvimento de inteligências e capa-cidades maiores do que a soma dos ta-lentos individuais. É necessário tempo para conseguir pensar com calma, iden-tifi car necessidades mais prementes no grupo e, assim, iniciar um programa de incentivo com recompensas de valor para a equipe. Trabalhar com o incen-tivo na visão de longo prazo é válido porque as pessoas estão no modo ope-randi e isso atrapalha a produtividade assertiva. Colaboradores no automático não enxergam razão no que fazem, não se envolvem e, consequentemente, pro-duzem resultados medíocres.

Como facilitadora de projetos de melhoria da qualidade de vida dos co-laboradores, a área também deveria inserir na agenda da empresa contri-buições em temas como ecoeficiência no uso dos recursos e, principalmente, no âmbito da diversidade, com obje-tivo de diminuir a desigualdade nas organizações, sejam elas relacionados à etnia, orientação sexual ou gênero.

Os desafios são grandes e o RH tem pela frente a redefinição de seu próprio papel, ousando em camadas cada vez mais profundas e estratégicas para o core business da empresa. Va-mos fazer a lição de casa?

*Roberta Valença é CEO da Arator, consultoria especializada em projetos de sustentabilidade com inovação.

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VERDE

Como a sustentabilidade interfere na gestão de pessoas?

ARTIGO

JORNALISTA E ESCRITOR

IncolumidadeA incolumidade do meio ambiente

não pode ser comprometida por in-teresses empresariais nem ficar de-pendente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a discipli-na constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princí-pios gerais, àquele que privilegia a “defesa do meio ambiente” (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambien-te laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de nature-za constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as proprie-dades e os atributos que lhe são ine-rentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da saúde, segu-rança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar gra-ves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural.

EquilíbrioO princípio do desenvolvimento

sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitu-cional, encontra suporte legitimador

em compromissos internacionais as-sumidos pelo Estado brasileiro e re-presenta fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da eco-nomia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse pos-tulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastá-vel, cuja observância não comprome-ta nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações.

Proteção públicaÉ lícito ao Poder Público - qualquer

que seja a dimensão institucional em que se posicione na estrutura fe-derativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) - auto-rizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de ser-viços no âmbito dos espaços terri-toriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte comprometida a integri-dade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico de proteção espe-cial (CF, art. 225, § 1o, III).

A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL NO DIREITOAo emitir voto em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, em 2005, o

ministro Celso de Melo demonstrou sobejamente a importância que ocupa a preservação no ordenamento jurídico brasileiro. A seguir alguns tópicos: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade co-letiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável, representa a garantia de que não se instaura-rão, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais marca-dos pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral”.

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VERDE

Shelley de Souza CarneiroPOR TARCILIA [email protected]

C onfi ra entrevista com o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabi-lidade da Confederação

Nacional da Indústria (CNI), Shel-ley de Souza Carneiro. O executivo participou da 13a Reunião do Con-selho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coema) da CNI, regionais do Nordeste, recentemen-te, na sede da Federação das Indús-trias do Estado do Ceará (Fiec), em Fortaleza e conversou com Tarcilia Rego sobre energia, incertezas, de-safi os, sustentabilidade, Copa 2014 e desindustrialização.

O estado Verde [OeV] – O País vive uma crise energética?

Shelley de Souza Carneiro [SSC] – Não é uma coisa só, isolada. O mundo é muito mais dinâmico hoje, passamos por crise que nunca passamos. Mas o Brasil não precisa estar nesta situação, principalmente na área de energia, onde o País poderia “dar um banho”. Tem re-cursos naturais em abundância, gran-des projetos. Existe sim, uma má gestão desse processo, indefi nições jurídicas do processo.

[OeV] – Como indefinições jurídi-cas do processo?

[SSC] – Existe uma série de proble-mas decorrentes das pautas políticas que não são cumpridas ou cumpridas sem continuidade. Existe uma série de problemas que lá na ponta vai afetar o consumidor fi nal. Estou falando sobre uma grande crise econômica, uma gran-de crise energética, uma crise de falta de água, e isso faz subir o preço da energia, assustadoramente.

[OeV] – Energia barata traz mais competitividade para a indústria?

[SSC] – Claro. Basicamente a eletri-cidade é o coração de todo o processo industrial, aliás, em tudo na vida. Para tudo a energia é fundamental. Pos-so dizer que todo o aumento que está fora da nossa perspectiva traz aumen-

to seríssimo para a competitividade do setor industrial. Você começa com um aumento na conta de energia e aí você vai somando na cadeia: tributos e uma lista de outras coisas... é uma questão de sustentabilidade, sem isso não temos como enfrentar um mercado global que já é vulnerável.

[OeV] – Esse é um desafio?[SSC] – De fato nós não temos esta-

bilidade, nada é pré-fi xado no Brasil, o que inviabiliza a preparação do setor que sempre acaba sendo tomado de surpresa pelas decisões governamentais. Mas o se-tor industrial está acostumado a enfren-

tar desafi os. A indústria precisa ter uma planifi cação de seus custos, não pode ser pega de surpresa. A instabilidade afeta muito o dinamismo do setor industrial, muito, tanto na continuidade como na manutenção de seu processo predetermi-nado em termos de custos, mas também, na estabilidade de um mercado global.

[OeV] – O mundo vive um momen-to no qual a participação da indús-tria na produção e na geração de empregos está caindo. Vivemos um processo de “desindustrialização”?

[SSC] – Eu não vejo dessa maneira, não. Mesmo vendo o setor industrial

com dificuldades financeiras tremen-das em alguns segmentos, existem preocupações, dificuldades, eu sou um “cara” muito otimista. Eu não acredito na desindustrialização, nós precisamos da indústria.

Vivemos um momento no qual a in-dústria tem que aprender a adminis-trar as incertezas. É fácil trabalhar com certezas, ninguém quer aprender a ad-ministrar as incertezas que sempre são colocadas de lado.

[OeV] – Parece que buscar o mais fácil, é melhor...

[SSC] – Sim, é o que você conhece, é a base do seu trabalho. É simples, larga de lado o que é incerteza, e a incerteza, que não é previsível, está começando a nos pegar. A atual complexidade dos projetos envolve uma maior participação do setor industrial e de todos os setores dentro de um processo não repetitivo e não linear, mas num processo que nos oferece gran-des desafi os e oportunidades, também.

[OeV] – Copa 2014 é uma coisa boa para o País como um todo?

[SSC] – Poderia ser. Trouxe benefícios, sim, mas claro que podemos fazer uma coisa muito melhor. O Brasil tem compe-tência para fazer melhor do que está sen-do feito. Digo isso em termos de infraes-trutura e participação mais integrada da sociedade e do Governo. Erramos, mas não deixa de ser um projeto importante.

[OeV] – Por que as reuniões do Co-ema acontecem nas regionais e não em Brasília?

[SSC] – Levamos as reuniões para todas as regiões do Brasil. Elas são im-portantes para conhecer as particulari-dades regionais, os problemas do setor empresarial em torno de temas comuns e elaborar uma proposta padroniza-da trabalhando os problemas globais, nacionais, numa dimensão regional e local. Não adianta fi car em Brasília falando, discutindo coisas que muitas vezes são estranhas a determinadas regiões. Cada regional tem suas espe-cifi cidades e precisamos entender suas difi culdades e potencialidades para que possamos ter argumentos mais fortes nas discussões em Brasília.

INDÚSTRIA

JOSÉ

SOB

RINH

O-FI

EC

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6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 20 de maio de 2014

VERDE

POR: SHERYDA [email protected]

Nos fi ns de semana de sol ou feriados, a areia da praia fi ca cheia de banhistas. Às quintas-feiras, a famosa ca-

ranguejada e festas realizadas nas bar-racas atraem pessoas de várias idades. Estamos falando da Praia do Futuro, que é conhecida em Fortaleza como destino de turistas e fortalezenses. Po-rém, esse bairro da Regional II não se resume à orla marítima e seus atrati-vos. E enquanto nos fi nais de semana, a animação ocupa suas areias, nos dias úteis o que se vê é um bairro cheio de

problemas e de ruas vazias, além de ex-pectativas de obras de revitalização.

As construções de aspecto antigo, al-gumas abandonadas e inacabadas, con-trastam com as estruturas modernas de algumas barracas que compõem o calçadão deserto. A falta de movimento inspira medo e andar por ali pode ser considerado sinal de loucura. A equipe de reportagem parou na Avenida Dio-guinho para fotografar quando, em bom cearensês, um menino diz ao nosso fo-tógrafo: “Tu é doido, é má”? Com o seu jeito brincalhão, o garoto tenta alertar o profi ssional sobre o risco de assalto na-quele lugar ermo, e que o ideal é que não deixe à mostra seu equipamento de tra-

balho. Não há passantes nas ruas, pro-vavelmente para não serem assaltados ou terem sua sanidade questionada.

SEM PLANEJAMENTOSegundo o arquiteto e urbanista Paulo

Angelim, parte do aspecto de bairro fan-tasma deve-se a uma fundação histórica com baixo planejamento. Com a falta de espaços para comércio e outros serviços, poucas residências regularizadas se ins-talaram ali. “Historicamente foi um bair-ro onde as residências chegaram, mas a infraestrutura de comércio e serviço, não. Não houve a preocupação, de quem loteou no passado, de estimular ou criar uma centralidade de conveniência, dan-

do autonomia ao bairro”, analisa. Para ele, as ocupações irregulares de

espaços públicos e privados também contribuem para degradar a região, mas não por conta da classe social dos que ali residem. “Há até donos de bar-raca de praia que moram no bairro, inclusive, o que é ótimo para questões de mobilidade. Porém, como o desenho urbano é caótico, criminosos se apro-veitam da situação”, afi rma. Sobre as diferenças de classes sociais entre os moradores, ele não crê que seja um problema. “O problema é não ter saú-de, lazer e educação para todos. É per-feitamente possível que classes sociais diferentes convivam juntas”, defende.

Nem a Copa trouxe o bairro para o presente

PRAIA DO FUTURO

Nos fi nais de semana, barracas, sol, caranguejos e turistas. Durante a semana, a região tem ares de abandono, enfrenta problemas como pobreza, violência e a falta de infraestrutura

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7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 20 de maio de 2014

VERDE

“Tu é doido, é má”? Brinca o menino ao ver nosso fotógrafo e sua câmera

Para promover ruas mais movimenta-das é necessário que haja estruturas que atraiam moradores, o que, na visão do urbanista, já está acontecendo. A chega-da do shopping Rio Mar no bairro Papi-cu, e de novos empreendimentos imo-biliários no bairro Dunas, devem causar mudanças de forma gradual, atraindo comércio e serviço de qualidade, pela análise otimista de Angelim. Ele reforça ainda que o Governo pode intensifi car esse aumento, implantando residências multifamiliares onde as condições am-bientais assim o permitam.

A CELEUMA DA PRAÇAEntre os atrativos para que a população

possa usufruir das ruas estão as praças. Na Praia do Futuro, que tem duas, o caso de uma delas chama a atenção. É a Praça 31 de Março, rebatizada em abril de Pra-ça Dom Hélder Câmara, que há décadas espera por uma revitalização que nunca chega. Por trás dos tapumes que cobrem a obra, a área já se encontra coberta de mato, devido ao tempo em que está para-da. A reforma da Praça estava no pacote de obras para a Copa do Mundo.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Turismo de Fortaleza, o lo-cal aguarda a autorização do Ministério do Turismo para a sua retomada, por meio da liberação de verbas. As obras ti-veram início em 2011, mas foram parali-sadas semanas depois por causa de ir-regularidades que geraram processos no Ministério do Turismo, Tribunal de Con-

tas da União e Polícia Federal. Somente na atual gestão de Fortaleza, em 2013, elas foram reiniciadas, mas novamente paralisadas a pedido da própria Prefei-tura, devido à impossibilidade do uso do material anteriormente adquirido.

Concluída, a Praça terá duas quadras, pista de skate, área de exercícios físicos para a terceira idade, paisagismo e amplo espaço para convivência, segundo infor-mações da Secretaria Executiva Regional II (SER II). Enquanto isso, moradores e turistas convivem com o abandono como conta o empresário Pedro Guilherme Bor-

toluzzi. Ele escolheu o bairro para morar e abrir a Barraca Baronda, próxima a então 31 de Março, quando chegou em Fortale-za, há 20 anos atrás. “Aqui está terrível, as pessoas não podem passear sem serem assaltadas”, reclama o barraqueiro, que não sabe mais o que fazer para se recuper-ar do prejuízo. Ele torce pela revitalização da Praça e do Bairro, onde ainda preva-lece o medo de assaltos, ruas desertas e obras inacabadas.

OBRAS DE INFRAESTRUTURAA Secretaria de Turismo informou

ainda que recentemente a Praia do Fu-turo recebeu obras de infraestrutura que devem, aos poucos, trazer os moradores às ruas para caminhadas e passeios de bicicleta, além de proporcionar cresci-mento imobiliário. Por email, o órgão informou que as obras de requalifi cação no bairro, com investimentos de R$ 83 milhões, receberam, além de drenagem, pavimentação de concreto e parte da Zezé Diogo duplicada, iluminação nova, calçadão ampliado e ciclovia.

A pavimentação rígida, que deve du-rar cerca de 40 anos, receberá o tráfego do Porto do Mucuripe, o que deverá aquecer o comércio na Avenida Diogui-nho. As obras da primeira etapa (Caça e Pesca até a Praça 31 de Março) foram concluídas em dezembro do ano pas-sado, enquanto a segunda etapa (31 de Março à Avenida Vicente de Castro) está com 96% dos trabalhos concluídos.

BARRACAS DE PRAIAMais antiga que a promessa de revital-

ização da Praça Dom Hélder Câmara é a questão polêmica das barracas ins-tala-das na praia. Elas movimentam a econo-mia e o turismo, mas também levantam discussões sobre meio ambiente e priva-tização de espaços públicos. O professor do departamento de geografi a da UFC e do programa de pós-graduação Jeo-vah Meireles é contra a permanência daqueles empreendimentos. Para ele, além de privar a população do acesso à orla, que é de propriedade da União, as barracas trazem sérios problemas ao meio ambiente e deveriam se insta-lar em terrenos na Avenida Zezé Diogo, mais afastada do mar.

A Praça Dom Hélder Câmara, antiga Praça 31 de Março, coberta de mato, aguarda reforma há décadas

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O professor elogia a relação da po-pulação do bairro que vive na área sem barracas de praia e o meio ambiente. “A comunidade leva cadeiras para aprovei-tar o sol e aproveita a areia, numa rela-ção mais equilibrada e sustentável com aquele ambiente”, analisa. “Já na área das barracas, para eu sentar tenho que pagar, consumir”, critica. Para ele, as barracas sairão a exemplo do que ocor-reu em Recife e Salvador.

A advogada e consultora da área de meio ambiente, Daniela Saboia, também, concorda com a retirada. Entre os pro-blemas apontados estão poluição visual e desequilíbrio no ecossistema. “Aqui, o lobby turístico é grande demais, inclusi-ve alimenta-se a ideia de que as barracas são parte da cultura de Fortaleza. Pode até ser, mas temos que mudar essa cultu-ra, porque está errada”, denuncia.

Para a presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro, Fátima Queiroz, o impacto causado pelos esta-belecimentos é bem menor que aquele proveniente das favelas do Bairro. “Nós fazemos nossa coleta de lixo com uma empresa particular, sem ônus para os cofres públicos, e tomamos todo o cui-dado para minimizar os impactos. Já essas comunidades despejam os dejetos no mar, por meio do sistema de dre-nagem, porque não tem saneamento adequado”, esclarece, destacando que a discussão em torno das barracas é “exa-gero dos ambientalistas”. A empresária afi rmou ainda que os estabelecimentos movimentam a economia e geram cinco mil empregos, o que é “muito importan-te para a Cidade”.

Sobre as obras que vêm sendo realiza-das pela Prefeitura Municipal de Forta-leza, Fátima afi rmou que elas mudarão a relação das pessoas com o bairro, be-nefi ciando turistas, banhistas e mora-dores. O projeto, segundo sua avaliação, tem estimulado iniciativas da constru-ção civil, e está ocupando várias áreas no bairro. A dirigente empresarial espe-ra que a Praça Dom Hélder Câmara seja entregue em breve.

PREFEITURA É A FAVOR A titular da Secretaria de Urbanismo

e Meio Ambiente, Águeda Muniz, infor-mou, por meio de nota, que a Prefeitu-ra de Fortaleza é a favor da permanên-cia das barracas. “A praia é conhecida nacional e internacionalmente por ter esse tipo de ocupação. Por meio delas, criou-se e vem se criando uma centra-lidade urbana, e as centralidades ur-banas são importantes para vitalidade das áreas”, defende.

Segundo a nota enviada, a secretaria mantém constante diálogo com a Asso-ciação de Empresários da Praia do Futu-ro e a Câmara dos Vereadores, buscan-do combater os impactos gerados pelos estabelecimentos comerciais e defi nir o que é permitido e o que não é. “Inclusive estamos em vias de assinar um Protoco-lo de Intenções no qual as barracas terão direitos e deveres assim como a Prefei-tura terá seus deveres e direitos como cobrar licenciamento e cobrar o bom uso da utilização do espaço”, informa.

A Seuma também modifi cou uma por-taria relacionada à utilização sonora nas barracas, além de possibilitar o licen-ciamento relativo à publicidade. Sobre a questão do saneamento dos estabele-cimentos, questões jurídicas envolven-do a área impossibilitam a ligação de esgotamento das barracas. A reporta-gem entrou em contato com a Cagece solicitando informações sobre o sanea-mento básico e abastecimento da Praia do Futuro, mas até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

Já a Secretaria de Turismo informou que entre as obras realizadas no bair-ro está a padronização das barracas de praia. Segundo o órgão, a medida regu-larizou a rede de esgoto, resolvendo o problema dos alagamentos na área, além de acabar com as chamadas “línguas

negras” (faixa de areia de cor preta, por causa do uso da drenagem como esgoto).

DISCIPLINAMENTOHoje, às 15h, na barraca Marulho, os

empresários da Praia do Futuro vão se reunir com o prefeito Roberto Cláudio e entidades como a Seuma, Superinten-dência do Trabalho, Bombeiros, órgãos de defesa do consumidor entre outros, para fi rmar regras de disciplinamen-to das barracas. O documento, após ser assinado pelos presentes, deverá ser en-caminhado à 5a Região de Recife, onde corre ação do Ministério Público para a retirada dos empreendimentos.

RAÍZES DA PRAIAUma das ocupações que fazem parte

do cenário da Praia do Futuro é a Raízes da Praia, que há cinco anos se instalou num terreno localizado na Avenida César Calls. Com esgoto a céu aberto, ligação de energia elétrica e abastecimento de água improvisados, as 80 famílias vivem em condições precárias. Uma das mora-doras, Rosilene Lima Mendes, militante do Movimento dos Conselhos Populares (MCP) afi rma que falta saúde, educação e lazer para a população pobre do bairro, e que grande parte dos adultos é analfa-beta. Já as crianças e adolescentes fi cam vulneráveis ao uso de drogas e ao crime.

A praia é a principal fonte de diversão e sustento da comunidade, que conta com aulas de surf realizadas por voluntários, além de praticar a pesca. Outra atividade é o artesanato, que é vendido aos turistas nas barracas. “Não queremos sair da Praia do Futuro, pois é aqui que fi cam nossos amigos e nosso sustento”, afi rma a mili-tante, que teme que as famílias sejam re-movidas para fi carem longe dos olhos de turistas que virão para a Copa do Mundo.

A Habitafor, por intermédio de sua as-sessoria de comunicação, afi rmou que a posse do terreno já é das famílias, mas que as obras dos apartamentos populares ainda não começaram devido a entraves no pro-cesso judicial. Outro obstáculo para a reso-lução do problema é que os ocupantes não aceitaram o modelo proposto pelo órgão, que quer construir apartamentos popula-res, ao contrário do que deseja a Raízes da Praia, que exige casas e quer a integração de mais dois terrenos vizinhos à área ocupada.

Rosilene nega a informação. Segundo ela, no começo a comunidade resistiu à construção dos apartamentos, mas de-pois aceitou a proposta. “Eles não que-rem é a gente aqui. Querem nos mandar para um bairro bem longe dessa gente rica”, diz. A Prefeitura afi rma que a po-lítica de segregação de classes nunca fez parte da história de Fortaleza, e que não é essa a razão para o impasse.

Moradores da Comunidade Raízes da Praia vivem em condições precárias

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SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA NA PRAIA DO FUTURO

A reportagem levantou com a Pre-feitura e o Estado quais são os equipa-mentos públicos destinados a garantir os direitos básicos da população da Praia do Futuro. No quesito saúde, se-gundo a Secretaria Municipal de Saú-de, o Posto de Saúde Frei Tito atende a 15.937 habitantes. Já o Posto de Saúde Célio Brasil Girão atende a uma popu-lação de 17.115 moradores.

A estrutura proporcionada pelo Go-verno do Estado, segundo informações da Secretaria da Saúde, é composta por uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 horas) que, desde sua inaugu-ração em 2012 até 5 de maio de 2014, atendeu 264.644 pessoas. O funciona-mento é de domingo a domingo e aten-de a moradores da Praia do Futuro e também de bairros vizinhos.

Já a Secretaria Municipal de Educa-ção informou que há três escolas (Dom Aloísio Lorscheider, Frei Agostinho Fernandes e Frei Tito de Alencar Lima) na região e que todas possuem Cen-tros de Educação Infantil, atendendo a crianças de um a cinco anos. Duas das escolas possuem postos de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Ao todo, são 2.324 alunos, sendo 199 alunos da EJA. As instituições possuem os programas Mais Educação e Atleta na Es-cola. A SME informou ainda que estão pre-vistas a entrega de uma escola de Tempo Integral e de um Centro de Educação In-fantil até o fi nal da gestão Roberto Cláudio.

REDE ESTADUAL DE ENSINOHá oito escolas do Estado na Praia do

Futuro, ofertando Ensino Fundamental e Médio, nos turnos manhã, tarde e noite. Desse total, as escolas Arquiteto Rogério Fróes e Bárbara de Alencar contam com Educação de Jovens e Adultos (EJA). Por meio de sua assessoria de imprensa a, Secretaria de Educação do Estado infor-mou ainda que está em fase de conclusão a Escola Estadual de Educação Profi ssio-nal do bairro. Semelhante às 100 escolas em atividade no Ceará, a unidade terá capacidade para atender, em tempo inte-gral, das 7h às 17h, 540 alunos.

SEGURANÇAO aparato de segurança da Praia do

Futuro é dividido em duas equipes: uma para a segurança da orla até a Avenida Zezé Diogo e outra para o res-tante do bairro, sendo que essa segun-da equipe também cuida de áreas no Vicente Pinzón, Cidade 2000, Papicu, Dunas, entre outros bairros.

A chegada das ocupações na Praia do Futuro

Segundo o capitão Alexandre Silvei-ra, comandante do Bptur, divisão res-ponsável pela parte que inclui a orla, são de três a quatro viaturas patru-lhando a área, além de um grupo tático com quatro motocicletas. Há também 20 postos de serviço, com cerca de 40 policiais a pé e divididos em duplas, al-ternando entre a faixa de areia e o cal-çadão. O capitão afi rma ainda que ofi -ciais fi scalizam o policiamento durante as jornadas. Nos fi ns de semana, feria-dos, ou quando há operações especiais a equipe recebe reforços.

Entre as ocorrências informadas pelo

ofi cial, estão roubos e furtos a turistas “desavisados”, que se afastam das bar-racas pela faixa de areia. Os crimes são cometidos em sua maioria por menores de idade usuários de crack.

No restante do bairro e regiões próximas, duas viaturas do Ronda do Quarteirão, duas equipes do Raio e duas viaturas do Policiamento Os-tensivo Geral cuidam da segurança. Nos finais de semanas e feriados, equipes da Cavalaria reforçam o apa-rato. As informações são do capitão Vicente de Paula, comandante da 2a companhia do oitavo batalhão. Entre

as ocorrências destacadas pelo ofi-cial estão pequenos furtos, assaltos nas paradas de ônibus e crimes re-lacionados ao tráfico de drogas. Se-gundo ele, “nos últimos tempos tem sido uma área relativamente tran-quila, sem muitas ocorrências”.

Segundo dados da Secretaria de Segu-rança Pública e Defesa Social, em abril de 2014 houve duas vítimas de assassi-natos na orla e 23 na área que compre-ende Praia do Futuro e bairros vizinhos. A população, segundo o Censo do IBGE 2010, é de 6.630 habitantes na primeira parte do bairro de 11.957 na segunda.

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Em 1955, com o inicio da urbani-zação da Avenida Beira Mar, e antes disso, com a construção do Porto do Mucuripe, famílias de pescadores que moravam na então avenida em cons-trução foram desapropriadas pela Pre-feitura e se mudaram para a região da Praia do Futuro. Firmaram moradia ao redor da Lagoa do Coração e em outros locais como dunas e próximos à orla. Outra parte dos desapropriados se ins-talou nos arredores do Porto do Mucu-ripe, formando o que hoje conhecemos como Serviluz e Farol.

A instalação dessas famílias ocor-reu de forma desordenada e sem condições de implantar um sistema de saneamento básico. Assim, a co-munidade foi se formando com pou-ca qualidade de vida, e mantendo-se com a atividade pesqueira na Lagoa e no mar. Posteriormente, com a es-peculação imobiliária, a Lagoa do Coração foi aterrada, mas os mora-dores resistiram à desapropriação, fundando, em 1979, o Conselho Co-munitário da Lagoa do Coração.

Mas a primeira comunidade instala-

da na Praia do Futuro, segundo levan-tamento histórico realizado em 2005 em pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi a do Luxou, nome atribuído a um clube que existia na época e que foi ocupado por quatro famílias vindas de Canindé. Por volta de 1985, a situação saiu do controle, sendo a área tomada por imigrantes vindos de vários municípios do Esta-do, como Chorozinho, Acaraú, Eusé-bio e também do Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão. Por dia, pelo menos uma família chegava ao local.

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SHERYDA [email protected]

Viajar proporciona diversas ex-periências. É possível conhe-cer novas culturas e pessoas diferentes, adquirindo uma

visão de mundo mais ampla. Em alguns casos, a estrela das viagens é o meio am-biente e a prática da fotografi a é uma das protagonistas do roteiro.

O fotógrafo cearense Régis Capiba-ribe já realizou viagens em grupo onde o principal objetivo era fotografar. Em uma delas, para Porto de Galinhas, em Pernambuco, além de aproveitar o mo-mento e registrar o visual, os turistas realizaram a missão de recolher garra-fas PET, indevidamente, descartadas na praia. Em outra ocasião, Capibaribe conta que levou um grupo de estudan-tes à serra de Guaramiranga e durante o percurso, iam parando para fotografar.

“Esse tipo de prática contribui para

obter informação e o meio ambiente não sofre, pois o que capturamos é o momen-to”, conta o fotógrafo, reforçando que as imagens compartilhadas despertam nas pessoas o desejo de preservar, conhecer os lugares e ter contato com a natureza.

A primeira viagem internacional, para fi ns de turismo e fotografi a, do cearense foi realizada em maio deste ano para o deserto do Atacama, no Chile. O objetivo foi levar um grupo que incluiu jornalis-tas, empresários do ramo de turismo en-tre outros para defi nir locações e roteiros de futuras viagens. Capibaribe ressalta, porém, que entre as principais vanta-gens desse tipo de prática está a liberda-de para improvisar os roteiros. O projeto é o primeiro nesse estilo idealizado por empresas especializadas.

ÁREAS INÓSPITASOutro adepto da prática do turismo

e meio ambiente é o fotógrafo alemão Jan Bryde, vice-presidente da empresa russa Poseidon Expeditions, que pro-porciona viagens turísticas a lugares remotos, como Antártida e Pólo Nor-te. Ele esteve em Fortaleza, na semana passada, para divulgar roteiros exclusi-vos e realizou, no dia 15, uma palestra na Livraria Cultura. Na ocasião, tam-bém ocorreu o lançamento do navio MV Sea Spirit, que navegará a partir deste ano pela Groenlândia e Islândia.

Em entrevista ao Caderno O estado Verde, Jan afi rmou que o principal en-canto em chegar a esses locais vem da possibilidade de ver, em seu ambiente natural, a fauna tão presente em livros, mas longe dos seres humanos. Entre os animais presentes nesses paraísos na-turais, Jan destaca os pinguins e ursos polares, espécie em extinção. Para as fo-tografi as, as texturas e cores projetadas nas grandes estruturas naturais de gelo são os elementos preferidos do fotógrafo.

Jan defende também que quem gos-ta de praticar fotografi a e turismo não precisa se preocupar tanto com a aqui-sição de equipamentos sofi sticados e caros. Mesmo as tecnologias de celula-res e câmeras simples ajudarão a divul-gar as imagens daquilo que precisa ser preservado no planeta.

“Nas excursões antigas, os registros eram feitos por livros e desenhos, e as-sim os outros continentes tinham conhe-cimento sobre o que havia do outro lado do mar. Hoje, você pode mostrar para os seus amigos as fotos de suas viagens pela Internet, e isso é muito importante”, afi r-ma. Quem não tem tanto interesse pela técnica, mas gostaria de conhecer esses lugares, também pode participar.

NAVIO NUCLEARSegundo Jan, para as viagens ao Pólo

Norte é utilizado um navio movido à energia nuclear, com 400 gramas de urâ-nio em seus reatores. O sistema utiliza a água do mar para produzir vapor e mo-ver a embarcação sem gerar resíduos. O empresário afi rma que o procedimento é seguro e limpo, pois, além de não gerar resíduos, o navio é controlado por meio de uma manutenção severa, e é utilizado em ocasiões pontuais. “As viagens acon-tecem desde 1991 e nunca tivemos aci-dentes. A embarcação não navega todos os anos, o que ajuda a conservá-la”, diz.

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Viagens a áreas inóspitas são oportunidade para a fotografia

ECOTURISMO

Saindo do roteiro tradicional, surgem novas formas de turismo. Além de aproveitar o momento para o lazer, é possível fotografar e ainda, cuidar do meio ambiente

Registros de Régis Capibaribe, fotógrafo cearense

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Jan Bryde promove viagens turísticas para áreas inóspitas como Polo Norte e Antártida

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A Agência Câmara publicou que a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentá-vel, aprovou proposta que ins-

titui o Programa Brasileirinhos Amigos do Verde. O objetivo da proposição é incentivar municípios a adotar medidas de preservação do meio ambiente e edu-cação ambiental, por meio do plantio de uma muda de árvore a cada nascimento de criança no seu território.

O texto aprovado dia 30/04 é o substi-tutivo do deputado Irajá Abreu (PSD-TO) ao Projeto de Lei 3712/12, do deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC). O proje-to original prevê que as mudas serão do-adas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Já o substituti-vo prevê que o município decidirá sobre a forma de aquisição ou plantio das mudas, conforme regulamento próprio, após ava-liação técnica da região.

O relator ressalta que a iniciativa deve ser discricionária do município, além de observar que é competência

exclusiva do Poder Executivo, seja fe-deral, estadual ou municipal, a dele-gação de atribuições decorrentes das medidas de promoção e preservação do meio ambiente e educação am-biental. “Há municípios que podem destinar áreas para o seu plantio ou, de outra forma, podem adquirir as mudas mediante doação de ONG´s destinadas à preservação do meio ambiente”, afirma Agostini.

Segundo a proposta, os municípios que aderirem ao programa terão prio-ridade no recebimento de recursos oriundos do Fundo Nacional de Meio Ambiente, criado pela Lei 7.797/89, além receberem a titulação de Cidade Amiga do Verde. “Além disso, princi-palmente, estarão contribuindo para melhoria de qualidade do ambiente com mais áreas verdes nos grandes centros urbanos”, destaca o relator. A proposta será analisada agora em cará-ter conclusivo pela Comissão de Cons-tituição e Justiça e de Cidadania.

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AMIGOS DO VERDE

Comissão aprova incentivo para município plantar árvore. Cada cidade decidirá sobre a forma de aquisição ou plantio das mudas

A cada nascimento de uma criança, uma árvore será plantada

INDICAÇÃO DE LEITURA

O Instituto de Pesquisa Econômi-ca Aplicada (Ipea) lança no próximo dia 22, em São Paulo (SP), o livro Capacidades Estatais e Democra-cia – Arranjos institucionais de Po-líticas Públicas. Realizado por meio da colaboração entre pesquisadores do Instituto e universidades brasi-leiras e estrangeiras, a publicação

buscou analisar em profundidade os arranjos institucionais para imple-mentação de políticas públicas re-presentativas dos atuais esforços do governo em promover o desenvolvi-mento (nas áreas social, econômica e industrial). O lançamento do livro será às 13h, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), na capital paulistana.

A obra traz novos conceitos e modelos analíticos, que possibili-tam uma melhor compreensão da operação de atores no interior do Estado e suas interações (siner-gias ou tensões) com instituições democráticas nos processos de im-plementação dos casos estudados. Participarão do lançamento, os

organizadores do livro, os técnicos de Planejamento e Pesquisa do Ipea Alexandre Gomide e Roberto Pires, além de três dos autores das pes-quisas – Marco Antônio Carvalho Teixeira (FGV), Maria Rita Lourei-ro (FGV) e Mário Schapiro (FGV).

Fonte: Ipea

Ipea lança livro sobre o papel do EstadoPOLÍTICAS ESTRATÉGICAS

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Workshop Internacional falou sobre adaptação às mudanças climáticas nas regiões áridas e semiáridas. O ministro da Integração participou do evento

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ADAPTATION FUTURES 2014

A Third International Climate Change Adaptation Conferen-ce 2014 (Adaptation Futures 2014) foi encerrada com o

Workshop de Alto Nível sobre Políti-cas de Seca em Regiões Áridas e Semi-áridas, na última sexta, 16. A atividade teve a participação do ministro da In-tegração Nacional Francisco Teixeira. O governador Cid Gomes foi represen-tado pelo presidente da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), Rennys Frota. A Conferência aconteceu no hotel Vila Galé, na Praia do Futuro, durante toda a semana passada.

Na abertura do Workshop, a experi-ência do Ceará em lidar com a seca e estiagem foi ressaltada a todo instan-te. Segundo a análise dos presentes, a forma de o Estado lidar com esses pro-blemas evoluiu ao longo dos anos, pois ao invés de estimular a fuga das Ter-ras Secas, as ações realizadas visam à adaptação aos aspectos climáticos locais. Com a expectativa de que, com as alterações climáticas, o problema piore esse olhar de prevenção e adap-tação é fundamental para lidar com o problema, segundo os palestrantes.

FENÔMENO NATURAL OU CONSEQUÊNCIA DAS AÇÕES HUMANAS?

“Não vou discutir se as mudanças climáticas acontecem por ações do ho-mem ou por causas naturais, mas o fato é que o clima está mudando”, declarou o ministro, afi rmando que vem mobili-zando técnicos e órgãos para que o Bra-sil esteja mais bem preparado para con-viver com tal fenômeno, e que vontade política é fundamental para lidar com

o problema. O representante do Banco Mundial, Boris Utria, elogiou as ações federais de adaptação à seca e agrade-ceu pela “oportunidade de a instituição fi nanceira ser parceira nessas questões”.

Teixeira falou novamente sobre a importância de instalação do Projeto Monitor de Secas, que dará a possibi-lidade de o País se preparar com mais antecedência para as mudanças cli-máticas e desastres naturais, além de fornecer dados que podem contribuir com o setor agropecuário. O protóti-po do monitor deve funcionar a partir do segundo semestre de 2014, e trará informações climáticas de todos os es-tados brasileiros. Na primeira fase do projeto, os estados do Ceará, Bahia e

Pernambuco estarão à frente dos pro-cessos, segundo informações de José Machado, assessor especial do Minis-tério da Integração.

SALDO DA CONFERÊNCIANo último dia da AF2014, os par-

ticipantes teceram elogios sobre as discussões realizadas no evento. José Marengo, do Instituto Nacional de Es-tudos Espaciais (CCST-INPE), afi rmou que “não adianta o cientista trabalhar somente com estatísticas, ele precisa conhecer de perto o contexto do clima, por isso eventos como estes são im-portantes”. O climatologista Marengo é uma das principais referências mun-diais em estudos do clima.

SOBRE A AF 2014A AF 2014 foi organizada pelo Centro

de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do INPE no Brasil, e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), através do Programa Global de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Vulnerabilidade, Impactos e Adaptação (Provia). A Conferência foi a terceira edição do Internacional Climate Change Adaptation Conference - Adaptation Fu-tures 2014, que já aconteceu, em 2010, na Austrália e, em 2012, nos Estados Unidos. Segundo a organização, foram 600 participantes, entre palestrantes e público, vindos de 50 países.

Em último dia de conferência, evento trata de políticas para secas

Teixeira falou sobre ações do Governo para as regiões atingidas pela seca DIVU

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