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    OO CCOOMMPPAANNHHEEIIRROOBoletim da FRATERNAL

    Setembro 2013Especial comemorativo do Centenrio da AEPDIRECTOR: Mariano Garcia

    Editado pela Fraternal Escotista de Portugal

    Membro fundador da ISGF International Scout and Guide Fellowship

    A FRATERNAL ESCOTISTA DE PORTUGALSada aASSOCIAO DOS ESCOTEIROS DE PORTUGAL

    associando-se, com alegria, s celebraes do seu CENTENRIO

    SUMRIO:

    (1) O Escotismo

    - Como tudo comeou

    - A aventura de Browsea

    - Uma ideia original

    - Os seus valores(2) O Escotismo

    em Portugal

    Os primeiros tempos

    - A Associao dos

    Escoteiros de Portugal

    - Pinceladas histricas

    - Pessoas que fizeram a

    diferena na AEP

    (3) Depoimentos

    de quem participa ou j

    participou no Escotismo

    (4) Colaboraes___________________

    Mantenham-se sempre fiisao vosso Compromisso deHonra, mesmo quando deixa-rem de ser rapazes, e queDeus vos ajude a consegui-lo.(Parte final da ltima Mensagemde B.-P.).

    NOTADEABERTURAA Alegriade uma celebraoSobrepondo-se grandeamargura que me invade

    pela enorme crise que es-maga a vida dos cidadosno nosso pas, assalta-meneste momento, a grandealegria da celebrao dos100 anos de vida da Asso-ciao dos Escoteiros dePortugal, na qual me in-tegrei h mais de seis d-cadas, tendo acompanha-do, desde ento, todos osseus momentos. Alegria,dvida, preocupao,confiana, euforia, expec-

    tativa, foram sentimentosque me acompanharam etero acompanhado mui-tos outros, durante osanos em que vivemos aexistncia da AEP, nosmomentos gloriosos oumenos bons dos elevadosservios que esta Associa-o tem prestado ao Escotismo. Mas, esta nota no o local para considera-es histricas, sim o de

    celebrarmos com grandealegria a longevidadeassociativa e confraterni-zarmos com os escoteiros(continua na pg 39)

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    Cem anos na vida de uma instituio motivo para umamirada, ainda que breve dadas as nossas limitaes, pelopassado e dele retirar os possveis ensinamentos paraum futuro que desejamos promissor. Assim, recordandoem rpidas pinceladas as origens do Movimento e em

    jeito de cronologia dos factos, vamos procurar deixarreferncias dos acontecimentos mais marcantes na vidada Associao dos Escoteiros de Portugal.

    ESCOTISMO - Como tudo comeou

    O Escotismo no foi deliberadamente criado, mas sur-giu espontaneamente a partir de sugestes contidasem livros que B.-P publi-cou, preocupado com ocomportamento dosadolescentes e a forma-o dos adultos, massem inteno de criarqualquer novo sistemaeducativo.O Movimento que iriasurgir em 1907, teve muito a ver com a personalidadedo seu fundador. Em 1876, B-P opta pela carreiramilitar, submetendo-se a exames para cargosespeciais do exrcito e logo foi integrado no 13Regimento de Hussardos, partindo para a ndia, ondechegou a 6 de Dezembro.

    Estava iniciada uma auspiciosacarreira que, mais tarde, pros-seguiu na frica do Sul. Em

    1895 comandava o exrcito lo-cal no Achanti. Estabeleceu-seno Pas dos Matabeles e lutoucontra os Zulus.Aos 36 anos era tenente-coro-nel.B.-P notabilizou-se no s pelaforma como conduziu as opera-es militares, mas sobretudopela maneira como obtinha a

    paz e estabelecia relaes com os indgenas.Impressionou-se com o treino que os chefes indgenasdavam sua juventude, pois sentia grandepreocupao com a falta de preparao e vigor que

    revelavam os recrutas, que lhe eram enviados da Gr-BretanhaPor isso, procurava desenvol-ver nos seus homens o espritode iniciativa e dava-lhes o seuexemplo de actividade cons-tante.Durante o cerco de Mafeking,que haveria de transform-loem Heroi Nacional, uma expe-rincia sugestiva com adoles-centes, transformada em feito,contribuiu para certificar, as

    suas ideias acerca do desenvol-vimento das aptides naturais

    do rapaz, e veio a inspir-lo mais tarde na criao doEscotismo.O seu livro Aids to Scouting, lanado no mercado

    ainda durante a guerra dos Boers [1900], quandotoda a Inglaterra falava j doheri de Mafeking, alcanouum xito inesperado. Escritoem linguagem moderna eacessvel, cheio de sugestesoriginais, ultrapassou oauditrio militar e penetrounas escolas.Servem-se dele nos centrosde pedagogia e querem uti-liz-lo nas organizaes ju-venis, como a Boys Brigades,inspirada em mtodos

    militares.De novo na Gr-Bretanha, o problema da juventudecontinuava a preocupar B.-P. A falta de preparaodos jovens ingleses, em anttese com o intenso treinoa que eram submetidos os rapazes zulos, preocupava-o. Foi co m P. W. Everett, seu administrador literrio emais tarde o seu principal colaborador, que trocou lar-gas impresses acerca das ideias que o agitavam.Entretanto dedicou-se ao estudo de mtodos educati-vos empregados noutros pases, de cdigos de cavala-ria, educao fsica ao ar livre. No aproveitou grandecoisa das experincias educativas modernas, dandomais ateno aos ritos de iniciao vida adulta doszulus e, depois da sua prpria iniciativa prtica oacampamento na Ilha de Brownsea decide passar etapa seguinte, a publicao de um livro, que consti-tusse um manual de orientao para os adolescentese um guia para aqueles que desejassem ajudar osjovens.Em Janeiro de 1908, iniciou-se a publicao do Scou-ting for Boys, que veio despoletar a criao de in-meros grupos de jovens e, consequentemente, a in-dispensvel criao do mais extraordinrio Movimentode juventude, que alguma vez algum conseguiuimaginar.

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    ESCOTISMO

    A aventura da Ilha de BrownseaPor William Hillcourt, (texto extrado do boletim da UEB)

    Um dia, na primeira metade deJunho de 1907, aquele que seria oprimeiro Chefe de Escoteiros domundo, ps-se a escrever umacarta a alguns de seus antigoscompanheiros de armas e suasesposas, pais de rapazes entre 11e 12 anos, alunos de Harrow,Eton, Charterhouse e algumasoutras escolas oficiais, na Inglaterra. Escreveu:Proponho-me realizar um Acampamento com 18rapazes seleccionados, para que aprendam Escotismodurante uma semana, nas prximas frias de agosto.

    O acampamento, graas a autorizao de C. VanRaalte, ser realizado na Ilha de Brownsea...Como todo o bom Chefe de Grupo, continuou a sua

    carta especificandoas instrues paraos rapazes, e asse-gurando aos paisque: A alimenta-o, a preparaodos alimentos, osaspectos sanitrios,etc., sero cuidado-samente supervisio

    nados.Incluiu uma lista do equipamento e especificou o tipode roupa necessria. Pediu que cada rapaz participas-se do acampamento com um conhecimento prvio eprtico, do uso de trs ns simples n direito, n deescota e a volta do fiel - enviou desenhos dos nspara conhecimento daqueles que no os conheciam.Em concluso escreveu: Se voc autorizar seu filho aparticipar deste Acampamento, sob estas condies,lhe pediria a gentileza de me avisar e eu enviareidetalhes sobre os trens a tomar, etc... - RobertStephenson Smyth Baden-Powell.Alguns dias mais tarde em 17 de Junho de 1907

    enviou convites simi-

    lares CompanhiaBournemouth, daBoys Brigade, solici-tando que trs deseus rapazes o acom-panhassem jovensde escolas secund-rias, camponeses,filhos da classe traba-lhadora.

    Os convites para participar do Acampamento com ofamoso Tenente General Robert Baden-Powell foramaceites com entusiasmo. Afinal, quem no desejariaacampar por uma semana com o Heri de Mafeking,

    sobrenome que B-P havia obtido como defensor da

    cidade de Mafeking durante a guerra contra os Boers,no final do sculo.O nmero original de 18 foi ultrapassado em maistrs participantes. Como considerao posterior, B-Pdecidiu incluir o seu sobrinho de 9 anos para queactuasse como seu aju-dante. Convidou um deseus antigos companhei-ros de armas, o majorKenneth McLaren, para queo acompanhasse como seuajudante.No entardecer de 31 deJulho de 1907, todos osparticipantes do que viria aser o primeiro Acampa-mento de Escoteiros no

    mundo, se haviam reunidona Ilha de Brownsea. O dia seguinte, 1 de agosto, epor 7 dias mais, B-P trabalhou com estes rapazes,experimentando o que chamava de seu Projecto deEscotismo. Em 9 de agosto enviou-os de regresso ssuas casas, satisfeito porque o seu projecto haviaresultado com xito. F-lo, no unicamente para os22 rapazes de Brownsea, mas para os mais de 500

    milhes de outrosjovens que jparticiparam noEscotismo desde1907.O acampamentodeu confiana aB-P de que estavaseguindo o cami-nho correcto.Durante o outono

    rascunhou a maior parte do livro Escotismo ParaRapazes e participou de reunies para dar palestrassobre o assunto.A ideia dos Escoteiros cativou rapidamente a imagina-o dos jovens da Gr-Bretanha e logo se formaramPatrulhas e Grupos por todo o pas.O que aconteceu desde ento, uma histria que estainda em desenvolvimento.

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    Escotismo

    Uma ideia original(extrado da revista da Unio dos Escoteiros do Brasil)

    Na Inglaterra de 1907 a educao ideal pregava a dis-ciplina e a obedincia como maiores virtudes; a ado-lescncia ainda no era considerada como um perodofundamental para o desenvolvimento do ser humano;e a cincia dava seus primeiros passos nas pesquisase desenvolvimento da tecnologia. Ainda era um mun-do com muitas fronteiras, preconceitos e diferenas.

    Foi nesse mundo que RobertBaden-Powell lanou umaproposta para contribuir naformao dos jovens do ReinoUnido. Esta proposta tomou

    vida e ampliou-se por todo omundo, superou dificuldades esobreviveu aos conflitos inter-nacionais, crises econmicas erevolues culturais.O segredo para isso est den-tro da originalidade da pro-posta de Baden-Powell, nacomposio do sistema que

    caracteriza o Escotismo.Embora o Escotismo seja um todo, podemos, didacti-camente, dividi-lo em algumas partes que se desta-cam: o Propsito, o Mtodo, os Princpios e oPrograma Educativo.

    O Propsito do Movimento Escotista contribuir paraque os jovens assumam o prprio desenvolvimento,especialmente do carcter, ajudando-os a realizar ple-namente as suas potencialidades fsicas, intelectuais,sociais, afectivas e espirituais, como cidados respon-sveis, participativos e teis nas suas comunidades.Em resumo, o Escotismo oferece um processo deeducao no formal que, alm de tornar a vida dosjovens dinmica e interessante, resulta em pessoasactivamente inseri-das na sociedade,cujas aces so

    fundamentadas emvalores universaiscomo a justia, odireito e a liber-dade.Quando BadenPowel pensou emaplicar actividades baseadas em scouting aosjovens, definiu qual a forma correta para fazer isso. OMtodo Escotista orienta a forma pela qual asactividades que so oferecidas aos jovens deveroacontecer. Escotismo s existe quando o MtodoEscoteiro est sendo utilizado, ou seja, quandoactividades estiverem sendo realizadas.

    O Mtodo composto de um conjunto de regras eensinamentos, que se podem resumir em cinco pon-tos, que procuram cultivar no jovem: 1. Aceitao daPromessa e da Lei escoteira; 2. Aprender fazendo; 3.Vida em equipa; 4.Actividades progressivas, atraentese variadas; 5.Desenvolvimento pessoal, com orienta-o individual.

    Definindo claramente a base moral que alicera o Mo-vimento, os Princpios (ou Valores) do Escotismo soidentificados como: Deveres para com Deus, Deverespara com o Prximo, e Deveres para consigo mesmo,e esto expressos na Lei e na Promessa, que seajusta aos progressivos graus de maturidade doindividuo. So estes valores que orientam como

    devem acontecer as relaes entre as pessoas, bemcomo devem ser as actividades a realizar.

    Finalmente, temos o Programa Educativo, que formado por uma combinao equilibrada e variada deactividades, voltadas aos interesses e necessidadesdos participantes, e que, oferecendo experinciaseducativas, contribuem para aquisio de conheci-mentos, atitudes e condutas, e motivam os jovens abuscar, de modo progressivo, a aquisio dos com-portamentos prprios para a sua etapa de desenvol-vimento. verdade que, delugar para lugar, de

    um tempo para ou-tro, o programa seadapta e se actuali-za. H quarentaanos os jovens pre-cisavam saber acen-der um lampio dequerosene, hoje aprendem a acender um lampio ags, ou com baterias. Antes usavam pesadas barra-cas de lona, e actualmente os escoteiros acampamcom barracas iglu, de material sinttico e leve. Ou-tras tcnicas e conhecimentos se incorporaram, comoo GPS, a comunicao via celular, entre outras.

    As mudanas, entretanto, no modificam o esprito doPrograma Educativo, que est baseado na vida ao arlivre em contacto com a natureza, o domnio de tcni-cas e habilidades teis, a interaco com a comunida-de e a participao em seu desenvolvimento, os jogosa mstica e o ambiente fraterno. Os escoteiros conti-nuam aprendendo e utilizando tcnicas, algumas anti-gas, outras novas, para realizar as actividades tpicasdo Escotismo, como os acampamentos, as excurses,os fogos de conselho, as grandes caminhadas, poisso as actividades que oferecem as grandes oportuni-dades de viver experincias educativas, que vo con-tribuir na formao da personalidade e identidadedaqueles que puderam usufruir do Escotismo.

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    ESCOTISMO

    Os seus valores (extrado de um texto da OMME)Quando Baden-Powell regressou aInglaterra, vindo da frica do Sul,no incio do sculo XX, observou:Milhares de rapazes e jovens pli-dos, macrrimos, melotas, espci-mes miserveis, fumando cigarrosinterminveis, muitos deles men-digando. Ele estava preocupadocom o declnio dos padres demoralidade, particularmente entrejovens, e o perigo que isto signifi-cava para o futuro da sociedade.O Escotismo nasceu, assim, do de-sejo do seu Fundador de melhorar

    a sociedade, um objectivo que ele acreditava s poderser alcanado melhorando os indivduos na so-ciedade. De facto, Baden-Powell considerava o carc-ter dos seus cidados a maior fora de um pas.Dentro do Escotismo, o melhoramento do indivduoou, para usar um termo mais adequado, o processoeducativo, alcanado atravs de um sistema de au-to-educao que o Mtodo Escotista. Um dos com-ponentes fundamentais do Mtodo, podemos dizermesmo a sua pedra angular, a Lei e o CompromissoEscotista, que um comprometimento pessoal (oCompromisso) de fazer o melhor possvel por aderir aum cdigo de conduta tica (a Lei). O Compromisso ea Lei resumem, em termos simples, os valores queBaden-Powell considerava serem basilares para umasociedade saudvel. Estes valores constituem os pa-dres de referncia tica dentro dos quais o Escotismofunciona e sem os quais o Movimento deixaria de serescotista.Consequentemente, uma das caractersticas essen-ciais do Escotismo que, desde o seu incio, semprese baseou num sistema de valores, ou seja, numconjunto de normas ticas inter-relacionadas. Mas oque exactamente um valor e como so expressosesses valores no Escotismo? Como a prpria palavraindica, um valor algo fundamental, vlido, duradou-ro. Os valores de uma pessoa so aquelas coisas que

    lhe so caras, coisas em que acredita e que consideraessenciais e, portanto, condicionam o seu comporta-mento e a sua vida.

    Para os jovens e os adultos, os valores do Escotis-

    mo esto expressos no Compromisso e na Leique, conforme referido acima, so uma componentefundamental do Mtodo escotista. Para o Movimentocomo um todo, os valores esto expressos nosPrincpios do Movimento; os princpios so as leis econvices fundamentais que representam um ideal,uma viso da sociedade e um cdigo de conduta paratodos os seus membros. Os princpios no soconceitos abstractos; permeiam todos os aspectos doEscotismo e orientam o estilo de vida dos seusmembros.Os Princpios do Escotismo, ou os valores querepresentam, so normalmente resumidos em trscategorias:

    -Dever para com Deus a relao com os valoresespirituais da vida, a crena fundamental numa forasuperior humanidade.

    -Dever para com os outros a relao pessoal coma sociedade e a responsabilidade para com esta, noseu sentido mais lato: a famlia, a comunidade local, opas e o mundo em geral, bem como o respeito pelosoutros e pela Natureza.

    - Dever para consigo a responsabilidade pessoalde desenvolver o seu prprio potencial, at aomximo.

    O que importante realar a funo exacta dosprincpios, ou valores, no Escotismo.

    - Ao nvel do Movimento como um todo, representama viso que o Escotismo tem da sociedade, os ideaisque defende e a imagem que projecta.- Para quem se junta ao Movimento, os princpiosrepresentam os elementos que cada indivduo deveestar disposto a aceitar e a esforar-se por seguir.Esta aceitao inicial no significa (e certamente nocaso dos mais novos no pode significar) completacompreenso destes valores; isso s pode serconseguido atravs da pertena ao Movimento por umperodo de tempo. Em contrapartida, uma rejeiodestes princpios desqualifica algum de pertencer aoMovimento, que est aberto a todos desde que

    concordem com a sua finalidade, princpios e mtodo.Tendo expresso a sua aceitao inicial destesprincpios, fazendo o Compromisso, todo o processoeducativo no escotismo pretende ir habilitando ojovem a gradualmente compreender estes valores, aaderir a eles e a torn-los parte de si, de forma quepremeiem o seu comportamento durante a vida. Naspalavras do fundador auto-educao, isto , o queum rapaz aprende por si, o que permanecer nele eo guiar mais tarde pela vida, muito mais quequalquer coisa que lhe seja imposta atravs dainstruo por um professor.

    Nos adultos a adeso mais consciente e, por isso,

    mais responsvel, no dispensando, porm, umapostura de autoformao contnua e de permanenteesprito de servio ao prximo.

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    O ESCOTISMO EM PORTUGAL

    Pinceladas de Histria (cronologia)1907O dr. Joaquim Leite Jr. funda o Batalho Infantil daPaz, em Pao do Boto, Coimbra. No artigo publicado

    em Sempre Pronto n. 336,em Abril de 1973, o Rev.Eduardo Moreira conta quenuma sesso de divulgaodo scouting, realizada em17 de Agosto de 1912, pelorecm-fundado grupo deBoy Scouts da Unio Cris-

    t da Mocidade, Frank Giles, chefe daquela unidade,apresentou o dr. Leite Jr. como o iniciador dos BoyScouts em Coimbra, admitindo: Se o scoutmasterdo Primeiro Grupo apresenta o dr. Joaquim Leite Jr.como iniciador dos boy scouts em Coimbra, no esta-r essa iniciao relacionada com o Batalho da Paz?Lembremo-nos que, por esta altura, eram imaginadasinmeras designaes para o termo ingls boy scouts.

    1910Segundo a afirmao peremptria do sr. Artur Gomesda Silva, em entrevista ao jornal Sempre Pronto (n.476 de Ago/85), suportadapor um artigo publicado narevista Ilustrao Portu-guesa (1/Dez/1913), porocasio da montagem docabo submarino, foifundado na cidade deMindelo, em 1910, por doisoficiais ingleses vindos dePretria os irmos Eveley- um grupo de scouts,constitudo por filhos dosempregados daquela empresa, tanto portuguesescomo britnicos. o sr. Gomes da Silva que o afirma:Fui boy scout desde a primeira hora at fins de1913, altura em que os dois ingleses voltaram para

    InglaterraEm abono de tais declaraes, vem depois (S.P. n.477 Set/85) o comodoro Daniel Duarte Silva, nasci-do na ilha de S. Vicente, que ocupou o cargo de Esco-teiro Chefe Geral na direco da AEP nomeada em 7

    de Maro de 1953,que afirma: conhecio pastor ingls, paidos fundadores,estes no cheguei aconhecer por eu tervindo estudar paraPortugal os doissobreviventes doGrupo, tenente da

    Marinha Mercante Pinto e Neto e o antigo gerente do

    BNU na Praia, Joo de Deus Ribeiro, que moramactualmente em Lisboa e so meus amigos.

    1911O 1. Tenente lvaro de Melo Machado funda em Ma-cau um grupo de escoteiros, o qual teve existnciaconhecida at pouco tempo depois do regresso

    daquele oficial, Governador dacolnia, no ano seguinte.Oficialmente, foi aquele grupo,considerado o primeiro em terrasportuguesas.A falta de documentao maisrigorosa e o desinteresse asso-ciativo, ao longo dos anos, sobre oconhecimento da sua prpriahistria, levaram a aceitar com-siderar-se o Grupo de Macau como

    o primeiro a ser criado em terra portuguesa,considerando-o oficialmente como o ante-primeiroda histria da AEP. Isto devido ao empenho doComte. lvaro Melo Machado seu fundador eimpulsionador e ao seu entusistico interesse peloEscotismo, logo demonstrado aps o seu regresso aPortugal e bem evidenciado ao longo de toda a suavida.

    1912Abril - fundado na Unio Crist da Mocidade um

    grupo de scouts, por iniciativa de Eric Frank Giles eJohn Brown, apoiados por Alfredo Leote, Rodolfo Hor-ner e Roberto Moreton, dirigentes daquela associao.O grupo constituiu-se, alm de FrankGiles e John Brown,chefe e chefe-ajudante, com osseguintes jovens,que fizeram o seuCompromisso deHonra: A. G.Gomes, Roberto Rangel, Armando Ramos, EvaristoPires Ramos, Horcio Nunes, Horcio Toscano

    Delgado, Joo da Silva Rosado, Jos Maximiano Silva,Jlio Ribeiro da Costa (conhecido mais tarde como ca-

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    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)pito Ribeiro da Costa, muito ligado aos meiosdesportivos), Lus Clington Lobo e Romrito Rodrigues

    Pampulim.A sesso inaugural efectuou-se no dia 9 de Abril, nasede da Unio, presidida por Robert Moreton, perso-nalidade de eleio, que fomentou uma extraordinriaobra cultural. Rodolfo Horner e Frank Giles falaramacerca do Scouting.Entretanto, surgiram novas adeses e organizam-seduas patrulhas; a primeira teve como guia Joo Pauloda Cruz e sub-guia Antnio Santa Marta; da segundaHumberto Martins era o guia e sub-guia Joo GarciaDavid; logo de seguida foi criada a terceira patrulha,com Ernesto de Sousa e Francisco Caetano Dias.Este Grupo veio a ter enorme influncia na criao daAssociao dos Escoteiros de Portugal, tendo sido oprimeiro ali registado.

    1912Julho - A 29, inicia-se a campanha de divulgao doscouting no jornal O Sculo (1. pgina), promovi-da pelo jornalista Paulo Osrio.

    Agosto No dia 20, Frank Giles, ementrevista a O SCULO, afirmavaque em Coimbra e no Porto exis-tiam tambm scouts, com quemmantinha activa correspondncia.

    Setembro - No se conhece a dataprecisa da sua criao, nem to

    pouco de quem teria sido a iniciativa de organizar noLiceu de Pedro Nunes um grupo de scouts. Talvezmesmo no tenha havido uma iniciativa individual. atravs de comunicaes publicadas em 7 e 19 deSetembro de 1912, no jornal O Sculo, que seconhece a existncia do Grupo n.3 da AEP.Aquele Liceu era uma instituio aberta a tudo quepudesse ser til formao e educao dos seus alu-nos, graas viso esclarecida do grande pedagogodr. Antnio Joaquim S Oliveira, que aceitou e sentiuo Escotismo.A criao do Grupo - afirma um dos seus membrosfundadores, o pintor Carlos Botelho - ficou a dever-se

    principalmente ao ambiente de esprito associativoque existia no Liceu. Esseambiente era dado peloprprio director, dr. SOliveira, que veio a ser opresidente da Associao dosEscoteiros. Ele consideravaque o TRS no era mais doque uma aula voluntriadentro do programa doLiceu. No h dvida que aAssociao Escolar e oEscotismo estiveramintimamente ligados, pois

    este veio completar asactividades daquela, j que o

    ambiente lhe era perfeitamente receptivo.Assumiria a primeira chefia do Grupo o comandante

    Jaime do Inso, figura muito conhecida, que fez parteda sua vida como oficial de marinha, no Oriente. Se-guiu-se-lhe Joo Nolasco, que j conhecia o Escotismodesde Macau, pois fizera parte do anteprimeirogrupo. Em 3 de Dezembro de 1915, assumiu o cargoo eng. Henrique Carlos de Moura, sendo oficialmentenomeado em 8 de Maro seguinte. Foi notvel comoescoteiro chefe e um grande entusiasta do Movimentoat ao fim dos seus dias.

    Setembro Em 18, no jornal O SCULO, MeloMachado fazia apelo a que fosse constituda umaentidade para dirigir colectivamente o movimento, oque reconhecia ser uma necessidade imperiosa. Das

    conversaes que se seguiram haveria de resultar acriao, em 6 de Setembro de 1913, da Associaodos Escoteiros de Portugal.

    Outubro - Numa noite de Outubro de 1912, aSociedade de Instruo Militar Preparatria n. 2, comsede na Travessa do Guarda-Mor, no velho bairro daEsperana, abriu as suas portas rapaziada, queencheu completamente uma das suas salas,entusiasmada com a ideia de poder praticar a vidasaudvel e cheia de aventura dos boy scouts.Quem estava ali para seleccionar os rapazes e fazer asua inscrio, era exactamente o jovem oficial demarinha lvaro Melo Machado, que regressara de

    Macau. Parece que havia tambm a colaborao dosirmos Simes, grandes nadadores na poca, queiriam ser instrutores.Melo Machado, nessa mesma noite, formou aspatrulhas guia, Co, Gato e Pato. S da Gato temosa constituio completa: Ablio dos Santos, guia;Nuno de Zea Bermudes, sub-guia; Amrico Salvadorda Costa, Jos de Meneses, Manuel de Sousa DuarteBorrego e Mrio Florindo. Xavier de Brito foi o guia daCo.

    Novembro No dia 3, o Segundo Grupo fez a suaprimeira apresentao num exerccio realizado noCampo Grande e, a partir da, as actividadessucederam-se.

    Novembro Em 21, nova sesso de propaganda, naLiga Naval Portuguesa.

    Dezembro A inaugurao oficial do Segundo Gruporealizou-se no dia de Natal, no Coliseu de Lisboa (naRua da Palma) a abarrotar de pblico, aproveitandouma festa promovida pela Loja ManicaMadrugada. O dia comeou com alvorada por umterno de corneteiros e saudao Bandeira Nacionalpelos scouts. Durante a festa de Natal no Coliseu, osscouts fizeram exibies, prestaram Compromisso deHonra e distriburam bolos e brindes s crianaspresentes.

    Quando a sede de que o grupo dispunha na Esperanase tornou insuficiente, perante o desenvolvimento que

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    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)o grupo atingiu, este mudou para a Academia dosEstudos Livres, que era nessa altura na Rua da Paz.

    Mas por fora dessa mudana (j na existncia daA.E.P.), o Grupo foi forado a tomar o n. 6, uma vezque a Sociedade de Instruo Militar Preparatria quismanter o direito ao n. 2, no intuito de ali organizarnova unidade, o que nunca veio a acontecer.S em 1915 o grupo retomou o n. 2, j entoinstalado no palacete da Rua da Emenda n. 53, paraonde a Academia de Estudos Livres entretanto semudara. Era, ento, seu escoteiro chefe Ablio dosSantos, porque Melo Machado de novo partira, destavez para Moambique, onde o seu entusiasmo peloEscotismo continuou a dar seus frutos. Um novogrupo nasceu junto do Liceu de Loureno Marques (on. 10).

    1913Maio No dia 20 fundado o grupo n. 7, que surgena Unio Crist de Jovens da Igreja Congregacional,em Lisboa, por iniciativa de Abel dos Santos Silva eLuciano Silva, que abandonaram a UCML e,consequentemente, o Primeiro Grupo de que faziamparte, assumindo Luciano Silva a chefia do grupo.Jos Rodrigues, aderente entusiasta desde a primeirahora, veio mais tarde a assumir a chefia, que detevepor muitos anos.

    Primavera de 1913 A visita a Lisboa dos escoteirosde Hastings deveu-se a um entusistico movimentode solidariedade que irrompeu dentro do 1. Grupo,

    quando Lisboa tomou conhecimento do naufrgio deum barco portugus no Canal da Mancha, frente cidade de Hastings, tendo-se distinguido nosalvamento de parte da tripulao o grupo de scouts

    daquela cidade. A convite do UM e com o apoio dacolnia inglesa, que suportou as despesas, os bravos

    scouts ingleses estiveram dez dias em Lisboa e asua visita constituiu a melhor propaganda que sepoderia ter feito para o Escotismo, em Portugal.Parece que esta visita dos escoteiros ingleses daCidade de Hastings, com o seu vistoso desfile pelasruas da cidade e as inmeras festas em queparticiparam, proporcionando entusistica coberturajornalstica ao jornal O SECULO - que na pocaacompanhava com muito interesse o despontar domovimento scouting no nosso Pas - quedespoletaram o interesse publico e levaram osdirigentes dos trs primeiros Grupos de Lisboa areconhecerem que era chegado o momento de seconstiturem em associao.

    O interesse pelo escotismo crescia e muitas unidadesiam aparecendo, de forma espontnea e indisciplinada

    Junho (?) Os escoteiros do grupo 1, prestam o seuprimeiro servio, num violento incndio numa fbricade molduras, no Ptio das Duas companhias (?).

    Setembro Foi da reconhecida necessidade de orga-nizar o caos em que ameaava transformar-se a entu-sistica adeso dos nossos jovens ao movimentorecm-criado em Inglaterra, e na sequncia de umabrilhante campanha de divulgao de O SCULO edos apelos de Melo Machado para que fosse constitu-da uma entidade para dirigir o movimento em Portu-gal, que nasceu em 6 de Setembro de 1913 aAssociao dos Escoteiros de Portugal, porconvergncia dos Grupos n. 1 (Unio Crist daMocidade), n. 2 (Academia de Estudos Livres) e n. 3(Liceu Pedro Nunes).

    A Direco da AEP ficou constituda pelo dr. AntnioJoaquim S Oliveira, presidente; Roberto Moreton,secretrio; lvaro de Melo Machado, escoteiro chefe-geral.A iniciativa, a competncia, a ponderao, o entu-siasmo e o herosmo, foram as marcas dos primeirostempos do Escotismo em Portugal:

    O esprito de iniciativa de figuras como: lvaro MeloMachado, Robert Moreton, Rudolfo Horner, FrankGiles, John Brown, Antnio S Oliveira, EduardoSantos, Eduardo Moreira, Ricardo Borges de Sousa eAlfredo Tovar de Lemos valorizaram os primeirospassos da associao e transmitiram-lhe dinamismo,personalidade e carisma.Desconhece-se a razo por que s os trs Gruposreferidos anteriormente integraram a A.E.P. quandoda sua criao, sendo certo que alguns outros jexistiam aquela data no Pas, ainda que se noconhea as respectivas datas de constituio, pois soinmeros os testemunhos da existncia de grupos descouts muito antes da constituio da Associao.

    um facto que as divulgaes de O SECULO, sempremuito empenhado em acompanhar as actividades dos

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)escoteiros, despertaram o interesse dos jovens evrios grupos se foram constituindo, nomeadamente

    depois do desfile pelas ruas de Lisboa dos escoteirosda cidade de Hastings, quando da sua visita a estacidade, promovida pelo Primeiro Grupo na primaverade 1913.Certo que, aps a criao da AEP, vriosgrupos de scouts foram aderindo e associando-serecebendo, a partir da, o nmero de ordem pelo qualpassaram a ser conhecidos. Tal nmero, porm, nadatinha a ver com a sua antiguidade mas com omomento de filiao na AEP.

    1914No princpio do ano, funda-se em vora o Grupo n.27 da AEP. seu chefe Franklin de Oliveira, e

    subchefe Antnio Lobo de Carvalho.Agosto O Com.te Melo Machado, pouco depois dasua chegada a Moambique, em cumprimento demisso militar, funda no Liceu da cidade de LourenoMarques (hoje Maputo) um grupo de escoteiros,inscrito na AEP com o n. 10. Depois do regresso deMelo Machado, a chefia do grupo ficou entregue aVital dos Reis Barbosa. O Grupo veio a extinguir-sequando o Estado Novo proibiu o Escotismo noUltramar Portugus.

    1915No fica claro que a numerao atribuda aos Grupos

    corresponda ordem da sua filiao na A.E.P., poisparece ter existido desde sempre o lamentvel critrio deatribuir a uma nova unidade o mesmo nmero de outraunidade entretanto encerrada, o que estabelece grandeconfuso para uma clarificao da histria associativa.Por isso seria importante conhecer a histria de cadaGrupo, desde a sua criao, o que nem sempre tem sidopossvel.Em 1915 j existiam 22 Grupos inscritos na A.E.P e importante destacar que a excelente actividadede algumas dessas unidades muito contribuiu parao prestgio alcanado pela A.E.P.

    Maio No dia 14 rebentou sangrenta revoluo e osescoteiros dos grupos j existentes em Lisboa

    apresentaram-se imediatamente para prestar serviosde socorros, ao lado da Cruz Vermelha Portuguesa.No jornal O Sculo do dia 17 podia ler-se:Disputavam todos os lugares mais perigosos enenhum sucumbia sequer fadiga no primeiro diada revoluo, os boy scouts transportaram nas suasmacas oito feridos e um morto aos diversos hospitaismais prximos do stio em que se encontravam Nosegundo dia foram de uma abnegao extrema porocasio do tiroteio no jardim da cervejaria Jansen enas proximidades da rua de S. Paulo. Ontem, porexemplo, visitaram nos hospitais os feridos que aliconduziram e auxiliaram no posto da Misericrdia otransporte de feridos para as enfermarias

    Outubro No dia 24 foi fundado o Grupo n. 18, noColgio dos Orfos de S. Caetano, em Braga, com

    uma Sesso inaugural que reuniu mais de duas milpessoas. Este Grupo apresentou de imediato um

    efectivo de 112 escoteiros, todos uniformizados, numdesfile com banda de msica. Foi seu Chefe o reitordo Liceu, dr. Antnio Ferreira Botelho

    Novembro Publica-se o 1. nmero do jornal OEscoteiro, rgo oficial da AEP, sob a direco do Sr.Dr. Antnio J. S Oliveira.

    ESTATSTICA ASSOCIATIVAChegados ao final do ano de 1915, a Associao dosEscoteiros de Portugal registava j a existncia de 23grupos, que poderemos considerar um nmero bas-tante prometedor, sobretudo se tivermos em contaestar ainda numa fase de implantao e as difceiscondies sociais e econmicas que dominavam oPas, vivendo um clima de convulso armada quasepermanente, nada propcio ao desenvolvimento de

    uma instituio como o Escotismo

    Gr.n

    1 ACM Rua das Gaivotas, 6 Lisboa

    2 Rua da Emenda, 53 Lisboa

    3 Liceu de Pedro Nunes Lisboa4 Instituto Politcnico Torres Vedras

    5 Escola Normal Rua 1. de Maio Lisboa

    7 U. Crist de JovensR. Angra do Herosmo Lisboa8 Faro

    9 Rua da Madalena, 91 Lisboa

    10 Palcio do Governador Loureno Marques

    11 Liceu de Cames Lisboa

    12 Liceu de Passos Manuel Lisboa13 Vivenda Alvarez, LA Amadora

    14 Rua da Junqueira (em Jan. 1916Liceu de Gil Vicente)

    Lisboa

    15 Escadinhas da Sade (em Jan. 1916Bairro do Sculo, Pta 2)

    Lisboa

    16 Rua da Bela Vista Lapa, 17 Lisboa

    17 Palcio MancelosPtio do Tijolo, 6(em Jan. 1916, Rua do Mundo)

    Lisboa

    18 Colgio dos rfos de S. Caetano Braga

    19 Rua da Bombarda, 30 Santarm

    20 Aldegalega (actual Montijo) Montijo21 Vila Bastos, 3 1. (em Jan. 1916, T

    do Teixeira)

    Lisboa

    22 Av. Elias Garcia, T 3. Lisboa

    23 Rua Vieira da Silva, 80 1. Dirt. Lisboa

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1916

    Janeiro

    No dia 13 os escoteiros participam no ata-que ao violento incndio, que destruiu as enormesinstalaes do Depsito de Fardamentos do Exrcito,onde trabalhavam cerca de 4.000 pessoas, que feliz-mente tinham sado uma hora antes.

    Maro Funda-se o primeiro grupo s de escoteiras(Guias) integrado na AEP, sob o n. 28, e chefiado porD. Maria Lusa de Guimares.

    Maro O jornal O Escoteiro d conta da existnciado Grupo n, 26, instalado na Rua S da Bandeira, 75,o primeiro grupo no Porto filiado na AEP. De notar quej desde 1912 havia notcia de scouts no Porto.

    Abril No dia 18 outro incndio, ainda mais pavorosoeclodiu na Escola Naval e Arsenal de Marinha, em Lis-boa, onde ficaram destrudas excelentes instalaes,perdendo-se a famosa Sala do Risco e criado o pnicona cidade. Mas salvaram-se as bibliotecas graas corajosa e decidida interveno dos escoteiros, quemereceram os maiores elogios do Ministro da marinhae de outros altos funcionrios do ministrio e ainda detoda a imprensa da capital.

    Junho O reconhecimento da AEP pelo Governoacontece finalmente, graas ao prestgio que os esco-teiros haviam adquirido. O Presidente da Repblica,dr. Bernardino Machado, aceita o cargo de Presidente

    Honorrio da AEP, situao que se manteria nas ma-gistraturas republicanas seguintes.

    Junho - Por ocasio da Feira de S. Joo, em vora,revoltou-se o regimento de Infantaria 11. Os escotei-ros do Grupo n. 27 prestaram relevantes serviosnos socorros a feridos.

    Novembro O com.te lvaro Melo Machado pede asua exonerao de Escoteiro Chefe Geral, tendo sidosubstitudo pelo tenente Agnelo Joo Taveira Moreira,chefe do Grupo n. 18, de Braga.

    1917

    Maio - Com data do dia 10 finalmente publicado oDecreto n. 3120 B que, aprovando os seus Estatutos,reconhece a Associao dos Escoteiros de Portugalcomo instituio de utilidade pblica e considerando-benemrita e de beneficncia para os efeitos decontribuies impostos e franquia postal.

    Junho Mobilizado para Frana, exonerado o te-nente Agnelo Taveira Moreira, voltando a ser nomea-do para Escoteiro Chefe Geral o comte. lvaro MeloMachado.

    Julho Aps o seu regresso e insatisfeito com asdivergncia que ento se verificavam no seio dosdirigentes associativos, Melo Machado escrevia desa-

    lentado: Vo decorridos 5 longos anos desde que nonosso pas se introduziu o Escotismo e, nesse perodo

    de tempo relativamente importante, durante o qual

    algumas boas vontades to dedicadamente trabalha-ram para que se alcanasse os resultados atingidosem outros pases, a obra realizada menos do quemodesta, quase desanimadora.Mas, logo acrescenta um pouco mais optimista: Malparecer que num momento em que esperanas no-vas ressurgem com a publicao de um decreto emque o Governo portugus, reconhecendo finalmente aAssociao dos Escoteiros de Portugal, veio dar aoEscotismo algumas bases em que pode apoiar-se umnovo esforo produtivo, soem palavras de desnimo aesfriar os entusiasmos que se esboam.

    Setembro Em 1 de Setembro comeou a greve dosCorreios e Telgrafo. O exrcito tomou conta da situa-o e, com o pretexto de atender s comunicaescom as tropas portuguesas expedicionrias em Frana(I Grande Guerra), mobilizou a Instituio Militar Pre-paratria e os escoteiros, que se viram confrontadoscom alguma incompreenso e animosidade pblica,embora condicionando a sua interveno a trabalha-rem apenas o correio oficial e a correspondncia dosmilitares, respeitando, no demais, a vontade dos gre-vistas.O Grupo n. 1, que, por desentendimentos, estava nomomento afastado da associao pede ao Ministro daGuerra, General Norton de Matos e, enviados 5.seco internacional, onde desempenharam tarefa de

    grande importncia, vindo a implantar ali uma organi-zao de servios, dirigidos pelo chefe Joo Clmaco eAlbano da Silva, que foi depois usada pelos CTT du-rante algumas dezenas de anos.

    Setembro - Aos escoteiros vedado intervir emsituaes de greve, salvo quando estiver em causa asegurana ou a sade das pessoas. Por tal razo osescoteiros se mantiveram alheios ao elevado surto degreves que se veio verificando desde Maio, excep-tuando a interveno nos CTT, por mobilizao militarem tempo de guerra e, por razes sanitrias com achamada greve dos almeidas, o pessoal camarrioda limpeza, quando o lixo amontoado nas ruas de Lis-

    boa punha em perigo a sade da populao, pairandoo risco de epidemias, foram os escoteiros que empu-nharam as vassouras e os carrinhos dos almeidas eprocederam limpeza, perante o aplauso e a simpatiados populares.

    Dezembro Em 5 de Dezembro estoirou em Lisboa aque foi chamada de 1 revoluo de Sidnio Pais eas ruas da cidade foram palco de alguns sangrentoscombates que se estenderam pelos dias 6 e 7, comdezenas de mortos e centenas de feridos. Mais umavez os escoteiros de diversos grupos decidiram inter-vir e, apesar da ordem de recolher obrigatrio dadapelo governo, percorreram dia e noite os locais mais

    fustigados pela fuzilaria, recolhendo feridos que con-duziam aos hospitais e postos de socorros.

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1917

    Dezembro O dr. Antnio S Oliveira deixa a presi-dncia da AEP, que assumida pelo dr. Nuno deMagalhes Domingues.

    1918Apesar do reconhecimento pelo Governo e prestgio jalcanado pelo Escotismo, o desnimo era evidente noseio associativo e reflectia-se em querelas que em na-da ajudavam ao desenvolvimento de um trabalho pro-fcuo. ainda Melo Machado que analisando a origemdo mal comenta: Estamos num meio muito desfavorvel aoEscotismo. Pas de gentes indisciplinadas, dividido por apaixona-

    das lutas politicas que esmorecem todos os ideais, onde infeliz-

    mente o Patriotismo quase apenas uma palavra e onde no h

    educao cvica, o Escotismo aparece aos olhos da maior partedas pessoas como um idealismo, uma verdadeira madureza,

    permita-se-me o termo.Melo Machado era um dirigente devotado ao serviodo Escotismo, mas a sua dedicao, a forma comocumpria o seu dever de dirigente, tornava-o muitoexigente e conflituoso. Os Grupos eram convocados e,se no compareciam ou no eram pontuais, eramrepreendidos sem hesitao.A disciplina frrea, de tipo militar, que o Chefe Geralprocurava impor, encontrava opositores naqueles quedefendiam um mtodo mais liberal e democrtico eno aceitavam pacificamente esse gnero de chefia.

    Os conflitos surgiam e o desinteresse afirmava-se. Sesomarmos a isto a resistncia das mes a que seusfilhos se expusessem ao perigo das actividades dosescoteiros, teremos a explicao de to desanimadorresultado.

    Agosto A divulgao de um registo dos Grupos emefectividade na Associao, vem confirmar a ideia deque em vez de progredir a AEP regredia. Segundo talregisto, estavam em actividade os grupos n.4, TorresVedras; n. 9, Lisboa; n. 11, Lisboa (Liceu Cames); n.13, Amadora; n. 18, Braga; n. 19, Santarm; n. 26,Porto; n. 27, vora; n. 34, Ribeira de Santarm; n.35,Porto; n. 36, Funchal (Liceu Central). Dados como

    inactivos, encontravam-se o n. 2, Lisboa; n. 3, Lisboa(Liceu Pedro Nunes); n. 12, Lisboa (Liceu PassosManuel); n. 14, Lisboa (Liceu Gil Vicente); n. 30,Lisboa (Escolas Primrias); n. 31, Lisboa; n. 32,Almeirim.Note-se, porm, que tal registo se refere aos gruposintegrados na AEP, pois dele estariam por certoausentes alguns outros, entre os quais os ns. 1 e 7,que se encontravam em funcionamento, masdesligados da Associao, por situaes conflituosas.Por seu lado, o n. 2, dado como inactivo, surgir em1920 a desenvolver uma fase de grande actividade,junto da Cruzada das Mulheres Portuguesas.Entretanto, apareceria registado o Grupo n. 35, naRua da Alegria, 879, no Porto. A sua direco era

    constituda pelos srs. Armando Lys, presidente, Gui-lherme de Carvalho, tesoureiro, Galileu Correia de Oli-veira, secretrio. E no so conhecidas mais notcias.

    Dezembro A AEP faz-se representar com 160escoteiros no funeral do Chefe de Estado Dr. SidnioPaes.

    1919Apesar do decrscimo de grupos, a diminuio deefectivos no era acompanhada de qualquer degrada-o da qualidade, e mantinha-se o prestgio dos Esco-teiros de Portugal. E tambm a sua generosa inter-veno em corajosos actos de altrusmo.

    Maio No dia 2, um pavoroso

    incndio destruiu as instalaesda Encomendas Postais deLisboa e outras dependnciasdas secretarias de Estado,situadas no Terreiro do Pao.Os bombeiros trabalharamdesesperadamente durante 15horas para combater as chamase, com eles, estiveram maisuma vez os grupos de Lisboa, entre os quais o 1 e o7, apesar de afastados da AEP.

    Maio No dia 3, novo e no menos alarmante incn-dio, devorou uma das alas da cadeia do Limoeiro, si-

    tuada no histrico palcio do Conde Andeiro, h muitoutilizado como priso civil da comarca de Lisboa. Ofogo foi provocado pelosprprios presos, amoti-nados pela falta de guaprovocada pela greve naCompanhia das guas.Neste incndio, onde osescoteiros trabalharamcorajosamente ao lado dos bombeiros, ficou alamentar-se a morte do bombeiro municipalGuilherme da Silva, arrastado na queda de umaescada Magirus que se partiu.

    Agosto - Por diligncias feitas pela direco da AEP, apartir do secretrio geral Rev. Eduardo Moreira, o

    Governo Portugus distinguiu oFundador do Escotismo com acomenda da Ordem Militar deCristo, que lhe foi entregue peloEmbaixador de Portugal, emcerimnia realizada emInglaterra, perante um grandenmero de escoteiros.Em carta dirigida a Eduardo Mo-reira no dia 22, B-P manifesta asua gratido pela honraria que

    acabava de lhe ser concedida e,mais tarde, havia de referir-se a este assunto numdos seus livros.

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1919

    Ainda dentro deste ano, embora em data que no foipossvel determinar, ao dr. Magalhes Dominguessucedeu na Presidncia da AEP o dr. Antnio AugustoCurson, pessoa de grande prestgio que durante mui-tos anos colaborou com os Escoteiros de Portugal,embora como Presidente no tenha estado mais doque um ano.Tambm o dr. Joo de Barros, que desempenhava al-tas funes no Ministrio da Instruo Pblica, fazen-do prova do alto apreo em que tinha o Escotismo,providenciou a publicao do Decreto n. 3137, querecomendava aos professores primrios a adopo doEscotismo nas Escolas, mas os professores no seinteressaram, logo que se aperceberam de que a um

    aumento de trabalho no correspondia qualquer retri-buio extra.

    1920Agosto O grupo n. 3, que desde a sua fundaomarcou a sua presena em todos os acontecimentosescotistas da poca, foi dado como extinto por umareunio geral dos seus componentes realizada no dia23, a qual nomeou um comisso liquidatria queestabeleceu um regulamento em consequncia doqual os antigos escoteiros se reuniam anualmente, oque foi feito com regularidade at dcada de 60,mas sempre margem das actividades da Fraternal.

    Agosto - O 1 Jamboree Mundial dos escoteiros foium acontecimento memorvel, que evidenciou o esp-rito de iniciativa e a coragem dos seus organizadores,pois nunca algo assim havia sido tentado antes. Reu-niu cerca de 8.000 participantes vindos de 34 pases efoi realizado na grande arena do Olympia, em plenocorao de Londres, um espao que foi recoberto com30 centmetros de terra e turfa para permitir que osescoteiros pudessem ali montar as suas tendas.Todavia, o espao mostrou-se insuficiente para insta-lar o inesperado nmero de presenas, obrigando aque fosse preparado um campo para 5.000 escoteirosno Old Deer Park, em Richmond, enquanto o resto seinstalava no Olympia.

    No era fcil, naquele tempo, constituir umadelegao para representar Portugal. Foi RobertMoreton, presidente do Grupo n. 1, o grandeimpulsionador da nossa representao, fazendodiligncias e removendo obstculos, com o quepermitiu a participao da AEP neste histrico

    acontecimento, com um contingente de 11 elementosconstitudo de entre os mais entusiastas escoteiros e

    dirigentes, a saber: Humberto Martins, Albano daSilva, Alberto Lima Basto, Joaquim Duarte Borrego,Carlos Frias, Henrique de Barros, Dinis Curson, JosMaria Galvo Teles, Sobral Martins, Franklin deOliveira e Jos Borrego.Robert Moreton acompanhou a delegao e em Ingla-terra continuou a prestar relevantes servios.O Ministrio dos Negcios Estrangeiros concedeu pas-saportes diplomticos a quase todos os nossos repre-sentantes, o que evidenciou o interesse que mereceua presena dos escoteiros portugueses em Inglaterra.A Cerimnia mais significativa desta primeira grandereunio dos escoteiros, vindos das diversas partes domundo, foi a manifestao espontnea dos milharesde rapazes que aclamaram B-P como Escoteiro ChefeMundial, ttulo que no voltou a ser dado a mais nin-gum depois da sua morte.

    Dezembro O Grupo n. 2, que numa listagem de1918 era dado como inactivo, aparece como Corpode Escoteiros da Cruzada das Mulheres Portuguesas,organizado como de uma associao se tratasse, comConselho Geral e estruturas com vrias unidades echefias, incluindo uma Comisso de damasprotectoras. Curiosamente, do Conselho Geral faziamparte o dr, Tovar de Lemos e Franklin de Oliveira e,toda aquela miscelnea era aceite pela AEP, onde oGrupo afirmava estar integrado.

    1921Apesar dos xitos antes assinalados, a informao dosanos 1918 a 1921 apresenta-se algo confusa, comconstantes desistncias nos rgos directivos, comose pode perceber do desabafo do Rev. EduardoMoreira, secretrio da AEPEP, quando, mais tarde, sereferia iniciativa de convidar o dr. Alfredo Tovar deLemos: vi-me s, como secretrio na associao quetinha perdido todos os seus elementos directivos ()ento com o dr. Joaquim Fontes foram longos seresde trabalho () nessa altura, recebemos uma grandeajuda do dr. Curson, que ficou nas minhas recorda-es como um grande amigo do Escotismo () Depois

    veio o dr. Tovar de Lemos e a coisa entrou mais noseixos.Tovar de Lemos tomou posse como Presidente eEscoteiro-Chefe Geral e logo notou que o grandeproblema era a falta de escoteiros chefes capazes.Comeou a criar as condies para a realizao de umcampo escola de chefes, que veio a realizar-se logo noano seguinte.Depois, procurou preencher todos os cargosassociativos, criando ainda outros, de forma adinamizar a AEP. Convidou personalidades de grandeprestgio, e conseguiu reunir alguns caminheiros paracoadjuvarem nas tarefas da Comisso Administrativa.

    Foi ento que os Escoteiros de Portugal entraram naque foi, provavelmente, a dcada mais brilhante dasua histria.

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)

    1921 1922

    Abril Comemorando a data do armistcio, no dia9 a AEP participa no cortejo de homenagem aos sol-dados desconhecidos que pereceram na Guerra.Entretanto, na Praa do Duque da Terceira houvepnico entre a populao, mas os escoteiros do umbelo exemplo de seriedade, conservando-se calmos.

    Maio Com data de 9, aparece o primeiro nmero deum jornalzinho copiografado, titulado Sempre Pron-to, rgo do grupo n. 1 da AEP.

    Maio - A Associao dos Escoteiros britnica condeco-rou com a medalha de mrito Roberto Moreton, presi-dente do grupo n. 1 e Alberto Lima Basto, chefe dadelegao portuguesa no 1 Jamboree e com amedalha deAgradecimento (prata) o sub-guia da 1.Patrulha daquele grupo Eric Moreton, por serviosprestados no Jamboree como intrprete.

    Setembro O jornal Sempre Pronto do Grupo n.1, passa a publicar-se impresso.

    Setembro No dia 6, criada uma nova unidadeescotista, na Cruzada das Mulheres Portuguesas, qual atribudo o n. 5, sob a chefia interina de ArturFerreira do Carmo.Note-se que esta foi a segunda vez que o n. 5 foiatribudo a uma unidade escotista, sem qualquerrelao com a anterior. Lembra-se que no registo

    associativo de 1915 o n. 5 estava instalado na EscolaNormal, ao Calvrio, Lisboa, para agora referenciarum novo grupo, iniciando-se assim a confuso quecontribuiu para destruir a identidade histrica degrande parte das unidades da AEP.

    Outubro Foi notria a interveno dos escoteirosna noite trgica do dia 19, com o estalar de mais umarevoluo que constitui uma pgina negra na histriada I Repblica, em que foram mortos MachadoSantos, Carlos da Maia e Freitas da Silva. Osescoteiros mais uma vez foram para a rua a socorreros feridos e recolher os mortos e, na sua frente, ojovem e destemido chefe Jos Rodrigues do Grupo 7.

    Por escassez de espao, citamos resumimos oemocionado testemunho, que dele ouvimos algumasvezes: Assisti morte do comte. Freitas da Silva,junto s portas do Arsenal, assassinado ferozmente etive que disputar o seu corpo aos seus verdugos ()entretanto, pus-me ante o corpo cado por terra egritei: alto, o corpo meu! () um dos desvairadosps-me a arma ao peito (...) valeu-me a intervenode outros mais lcidos que evitaram o pior () maistarde, na cal. do Desterro, recolhemos o corpo deMachado dos Santos () e foi pela mo dos escoteirosque os corpos recolheram Morgue

    Dezembro No dia 11, Manuel Duarte Borrego

    assume a chefia efectiva do Grupo n. 5.

    Fevereiro Publica-se o ltimo nmero do jornalSempre Pronto editado pelo Grupo n. 1.No dia 17 o Conselho Nacional da AEP aprova oprojecto de alterao dos Estatutos.

    Maro No dia 22 fundado no Porto o grupo n.15, sob a chefia do E. C. Antnio Alves Dria.Em data que no foi possvel identificar, fundado emLisboa o grupo n. 6, sob a chefia do E. C. AlbertoLima Basto. Com sede na Associao de Beneficnciada freguesia da Encarnao.

    Novembro No dia 14, nos terrenos da Escola

    Normal Primria, emBenfica, teve incio oprimeiro Curso deescoteiros Chefes,que despertou enor-me interesse eresultou em assina-lvel xito.Tovar de Lemos foi oprprio director,com um programaque submeteu aocoronel Wilson, diri-gente do Escotismo

    Britnico, fazendo-se rodear de bonscolaboradores, comoAlberto Lima Basto,Joaquim Duarte Bor-rego, Dinis Curson eFranklim de Oliveira,escoteiros chefes considerados com muita experin-cia.

    O curso dividiu-se em duas partes, teoria e prtica,sendo esta desenvolvida em excurses e acampamen-tos na serra da Arrbida.

    A lista de chefes aprovados neste Campo Escola bem representativa do escol de dirigentes que entopovoava a AEP: Albano da Silva, lvaro Dria,Amncio Salgueiro, Anbal Gonalves Ramos, AntnioAfonso, Cansado Gonalves, David Baudouin, FaustoSalazar Leite, Henrique Casquilho, Henrique deBarros. Joo Trigueiros, Jos David, Jlio Leo deAlmeida, Jlio Marques, Lus Grau Tovar de Lemos,Lus Teixeira, Marcelo Caetano e Sobral Martins ealguns outros cujos nomes no foram retidos.

    Foi ainda neste ano que se fundou em Inglaterra aorganizao que hoje conhecemos como OrganizaoMundial do Movimento Escotista. A AEP foi admitida

    como Membro Fundador.

    O melhor caminho para alcanar a feli cidade, contr ibuir para a f el icidade dos outr osBaden-Powell

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1923Entretanto os grupos eram alvo de uma atenta vigi-

    lncia, realizando-se frequentes visitas, em que tudoera observado e examinado. O prprio Tovar deLemos se deslocou frequentemente aos grupos daprovncia para essa inspeco.A estrutura associativa foi profundamente remodela-da, passando a ter um Presidente Honorrio que era odr. Antnio Jos de Almeida, Presidente da Repblica;trs vice-presidentes que eram os anteriores Presi-dentes da Repblica; Baden-Powell, como Escoteirochefe geral Honorrio; Conselho Nacional constitudopor 18 personalidades ligadas ao Escotismo e umaComisso Executiva, da qual Tovar de Lemos era oPresidente e Escoteiro chefe geral; Mrio Pala, vice-Presidente; Fausto Salazar Leite, secretrio-geral.Foram ainda constitudas diversas comisses espe-

    cializadas.Eram bem evidentes os esforos do dr. Tovar deLemos para dignificar a AEP e o seu extraordinriotrabalho para promover a sua difuso.No sentido de dinamizar os grupos comearam arealizar-se concursos inter-patrulhas, que vieram arealizar-se regularmente nos anos de a923, 1924,1925, 1926 e 1927, cujas actividades despertaram ointeresse do pblico.

    Maio Por alvar do Governo Civil de Braga apro-vado, no dia 27, o funcionamento local do Corpo deScouts. Catlicos Portugueses (CSCP).

    Julho nomeado comissrio

    tcnico da zona de Lisboa o E. C.Albano da Silva.Aparece o primeiro nmero da 2.srie de O Escoteiro, tendo comoeditor o E. C. Fausto Salazar Leite.

    1924Abril nomeado comissrio tcnicoda zona de Lisboa o E. C. Alberto Lima Basto,substituindo Albano da Silva

    Maio - Pelo decreto n. 9279, o Governo de ManuelTeixeira Gomes aprova os Estatutos do Corpo deScouts Catlicos Portugueses (CSCP), aprovao queveio a ser retirada pouco tempo depois e proibido o

    seu funcionamento.Agosto- O 2 Jamboree Mundial, que se realizou naDinamarca, despertou grande interesse no mundo es-cotista e nele tomaram parte mais de 5.000 escotei-ros, em representao de 35 pases. A AEP fez-se alirepresentar pelos dirigentes Henrique de Barros, DinisCurson, Joaquim Duarte Borrego, Manuel Borrego eAlbano da Silva, tendo os trs primeiros participadoda 2 Conferncia Mundial do Escotismo, que tevelugar aps o Jamboree.Ficou clebre a Concluso aprovada nestaConferncia, onde se declara que o Escotismo obrade caracter nacional, Internacional e universal e o seuobjectivo dotar cada uma das naes, e todo o Mun-do em geral, de jovens que sejam fsica, moral e espiritualmente fortes.

    1925Janeiro No dia 7, uma luzida delegao de dirigen-

    tes de Lisboa, acompanhados do efectivo do Grupo n.1, chefiados por Joaquim Amncio Salgueiro, comis-srio da zona de Lisboa, chega a Olho, onde rece-bida com pompa e circunstncia, pelas foras vivas epopulao local, estabelecendo-se um cortejo at Cmara Municipal. No dia 9 toda a delegao regres-sou a Lisboa mas deixou em Olho uma comisso,constituda por Lus Antnio Velez, Francisco JosDentinho, Humberto Martins e Joo Lobo Miranda Tri-gueiros, para se ocupar da criao da nova unidadeda AEP, a primeira em terra algarvia. Veio a consti-tuir-se o Grupo n. 10, chefiado por Humberto Mar-tins. Todavia, algum tempo mais tarde, foi reconsti-tudo o Grupo que lvaro Melo Machado criara emLoureno Marques e reivindicado o seu nmero, e o

    grupo de Olho recebeu o n. 6, entretanto disponvel.Mais uma vez se evidenciou a inoportunidade dadana dos nmeros dos grupos na AEP.

    Em 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro, realizou-se naCmara Municipal de Lisboa a I Conferncia Nacionalde Escotismo, com a presena de numerosas entida-des oficiais e civis. Sesso inaugural presidiu o dr.Joo de Barros, ministro da Repblica. A Confernciaalcanou notvel xito e foram tratados os seguintestemas: O Escotismo e a Preparao Militar,apresentado pelo coronel do Estado Maior HenriquePires Monteiro; O intercmbio com o estrangeiro nasInstituies Portuguesas de Educao pelo Sistemade Baden-Powell, pelo dr. Dinis Curson; Necessidadeda preparao terica dos dirigentes escoteiros, peloeng. Henrique de Barros; O sistema das insgnias,pelo dr. Alfredo Tavares Moreira; Recrutamento doschefes, seu treino, tambm pelo dr. Tovar de Lemos;A influncia social do Escotismo, pelo dr. MarceloCaetano; Da viabilidade e eficcia do Escotismo emPortugal, pelo dr. lvaro Viana de Lemos; Campos deJogos, pelo rev. Eduardo Moreira.

    Que grande diferena faz quando se trabalha por gosto! Baden Powell

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1925

    Fevereiro - a 28 de Fevereiro de 1925, o decreto n.10589, finalmente, consagrava a aprovao oficial doCorpo Nacional de Scouts(CNS), que em Novembrode 1934 passou a chamar-se Corpo Nacional deEscutas (CNE).

    Outubro Funda-se o Grupo n. 4 no Porto, chefiadopor Guilherme Correia da Silva, que esteve anexo Igreja Metodista. Em 1929 este nmero foi dado auma unidade de Lisboa e em 1933 foi classificar umgrupo de Faro, de existncia efmera.O n. 4, voltaria ao Porto em 1937.

    Ainda em 1925 funda-se em Faro o Grupo n.49, queteve curta durao.

    1926Abril No dia 4 fundado em V. Real de SantoAntnio o Grupo n. 60, sendo seu chefe HostlioBandeira Rosa. Mais tarde e em pocas diferentes,chefiaram aquele grupo Humberto Martins, ManuelTaco e Jos Manuel Pereira.

    Maio No dia13, os E. C. Joo Trigueiros e Hum-berto Martins, fundam em Tavira o Grupo n. 59.

    Novembro Em 7, forma-se no Seixal uma patru-lha de escoteiros, que em 10 de Maio do ano seguin-te evoluiu para Grupo n. 67.

    1927Maro Em 27, Franklin de Oliveira nomeado ad-junto do Comissrio Regional do Porto, para a zona deGaia.Franklin Oliveira havia abandonado a AEP em 1923para ajudar a fundar o Corpo Nacional de Scouts, aoqual esteve ligado deste a primeira hora. Eem 1925entrara em rotura com o CNS, que o excluiu de seudirigente, sendo readmitido na AEP.

    Maro - Data do dia 27 a fundao do Grupo n.64em Portimo, tendo sido seu primeiro chefe AlfredoLopes. Mais tarde, no mesmo ano, foi fundado o Gru-po n. 65, em Lagos, chefiado por Francisco Ribeiro

    Pio, com o apoio de Joo Trigueiros.Agosto Nos dias 13 a 23 decorreu o 1 Acampa-mento Nacional da AEP, na mata de Queluz. Compa-receram os grupos ns. 1, 2, 5, 7, 9, 11, 25 e 40, deLisboa; delegaes do Porto, Coimbra, Figueira daFoz, Algarve, Oliveira de Azemis, Seixal, Torres No-vas e Torres Vedras. Durante este acampamento, de-correu tambm a 1 Escola de Guias de patrulha.Chefe de Campo: Dr. Alfredo Tovar de Lemos.Encarregados do Curso de Guias: Diniz Curson, Frank-lin dOliveira e Edmundo Santos Matos.Intendentes:Albano da Silva e seu adjunto Jlio Leode Almeida.

    Instrutor de Jogos: Alberto Lima BastosGrupos presentes: Lisboa: 1, 2, 5, 7, 9, 11 e 40.

    Algarve: 6 (Olho), 49 (Faro), 59 (Tavira); 60 (ViReal de Santo Antnio), 64 (Portimo), 65 (Lagos),

    Aspirantes dos Grupos em formao de Loul e Silves.Escoteiros diversos: Palma, Torres Novas, Santarm,Torres Vedras, Porto, Figueira da Foz, Coimbra, Seixale Oliveira de Azemis.Este acampamento foi bem demonstrativo da enormeevoluo dos Escoteiros de Portugal.

    1928

    Maro Aps alguns meses de negociaes, ficouaprovado no dia 1 deste ms o Estatuto das vriasassociaes Escotistas de Portugal, com vista suaFederao, tendo sido firmado um pacto entre o CNS,AEP e a Unio de Adueiros de Portugal.

    Em Julho foi fundado o Grupo n. 77, sendo seus che-fes Loureno Lopes Mendona e Jos de Oliveira Ser-rano.

    1929

    Maro - Acontecimento da maior relevncia foi semdvida a visita de B-P a Portugal. O Paquete Duchessof Richmond atracou ao Cais da Rocha de Conde debidos pelas 6 horas da tarde do dia 4, no cais encon-travam-se numerosas representaes de escoteiros emuito pblico. B-P subiu ponte para receber as boasvindas do representante do Governo e dos dirigentesdas trs associaes: AEP, CNS e Adueiros.No dia seguinte B-P visitou Cascais, onde cumprimen-tou o Presidente da Repblica que lhe entregou asinsgnias da Gr Cruz da Ordem de Cristo. tarde,assistiu em Lisboa a um desfile (do Terreiro do Paoat Sociedade de Geografia) de mais de 700 Esco-teiros da AEP, UAP e do CNS (360), que o aplaudiramcom entusiasmo. A sesso solene decorreu na salaPortugal da Sociedade de Geografia, a qual presidiuo Conde de Penha Garcia, Presidente daquela Institui-o. B-P agradeceu os discursos em sua honra e fez,depois, uma brilhante alocuo, que terminou dizen-do: Sinto-me verdadeiramente satisfeito por estarentre os meus irmos portugueses, lamentando que avisita seja to curta. Levarei saudades de vs e da

    boa impresso do vosso gentil acolhimento. Dentroem pouco terei de partir, porque o vapor no esperapor ningum. Antes porm, escoteiros, eu quero dei-xar-vos trs conselhos: 1. Deveis procurar, por todasas formas e em toda a parte, cumprir com a Lei doEscoteiro; 2.Deveis dizer novosso corao:o meu pas grande, mashei-de faz-lomaior ainda;3. Todos vsdeveis ser ami-

    gos dos esco-teiros dos ou-tros pases.s 19 horas o navio largava a caminho de Inglaterra.

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1929

    Julho No discurso da despedida, quando da suavisita, B-P manifestou o seu desejo de ver escoteirosportugueses no III Jambori Mundial, a ter lugar emBirkenhead, ma Inglaterra.As associaes no o desi-ludiram e, com facilidadesconcedidas pela Mala RealInglesa embarcaram nodia 28 no paquete Andes50 escoteiros, sendo 25 daAEP e 25 do CNS, para participarem naquele que sechamou o Jamboree da Maioridade do Escotismo (21anos), onde a sua presena foi muito apreciada emereceu os elogios do coronel Wilson e referncias

    agradveis do prprio B-P-.O Acampamento teve lugar noArrowe Park, de 1 a 13de Agosto e nele participaram mais de 30.000 esco-teiros, que representavam 44 pases.Logo depois do Jamboree, realizou-se no Castelo deArrowe a V Conferncia Internacional do Escotismo,onde participaram, como dirigentes da AEP, Tovar deLemos, Albano da Silva e Joaquim Duarte Borrego.

    1930

    Janeiro No dia 21, B-P visita a madeira (Funchal),em viagem para a Amrica do Norte.

    Foi notvel o desenvolvimento atingido pela AEP des-

    de que o dr. Tovar de Lemos assumiu a direco asso-ciativa, imprimindo-lhe nova orientao dinamizouactividades, promovendo uma aco sem a qual nopoderia haver expanso. A escola de chefes, os con-cursos inter patrulhas, a conferncia nacional, asparticipaes nos jamborees mundiais, foram iniciati-vas que permitiram a formao de quadros a todos osnveis e suscitaram uma verdadeira consagrao demuitos e vlidos elementos, que contriburam eficaz-mente para consolidar o Movimento.Porm, chegados a 1930, os Escoteiros de Portugal esta-vam de novo na iminncia de grandes transformaes.Aps uma fase de grande desenvolvimento, em que serealizaram actividades importantes e se participou acti-

    vamente em vrios acontecimentos de carcter interna-cional, o entusiasmo dos dirigentes, que acompanhavame aprendiam o que de melhor se fazia noutros pases,levou a um certo frenesim na disputa das ideias e pro-cessos de orientao associativa, que naquele tempo secaracterizava pela excessiva centralizao das decisesna figura do Comissrio Nacional.Do salutar confronto de ideias, cedo se passou para aze-das disputas e desagradveis cises.No muito frtil a informao que podemos retirar daspublicaes escotistas da poca sobre os motivos des-sas disputas, dada a formao cvica e escotista damaioria dos dirigentes e a sua preocupao em servir aAEP, que todos afirmavam estar acima das suas divi-

    ses. Pareceu, no entanto, tratar-se da pretendida alte-rao dos Estatutos e Regulamento Geral, visando fun-damentalmente a reorganizao em bases amplamentefederativas, e a comparticipao dos chefes na orienta-o e direco do Movimento.

    Como principal sinal do diferendo, talvez mais efeito doque causa, ter ficado a publicao simultnea de doisjornais O Escoteiro e Escotismo - ambos se afir-mando defensores das causas associativas, mas onde seliam comentrios reveladores das discordncias existen-tes.

    A polmica agravou-se com a publicao, em 5 de Abril

    de 1930, de uma Ordem de Servio do Comissrio Nacio-nal, com a aplicao de severos castigos a diversos diri-gentes com larga folha de servios e reconhecido prest-gio, que reagiram pondo em causa a orientao associa-tiva.Estava instalada a crise. Tanto O Escoteiro como o Es-cotismo suspenderam a publicao com os nmeros deDezembro, no sem que este avanasse com a propostade um candidato Presidncia da AEP, apontando a figu-ra prestigiada do dr. Joo de Barros, afirmando tratar-sede uma deliberao tomada pelos Grupos de Lisboa, comvista ao dia em que se verificar a mudana da actualsituao associativa, desdobrando-se, como mister, ocargo de comissrio nacional, batendo-se pela prxima

    realizao de uma Conferncia Nacional, que veio arealizar-se no ano seguinte.

    Dezembro Entretanto, a listagem de grupos da AEPpublicada em 31 de Dezembro, dava conta da exis-tncia de 48 unidades em funcionamento, com eleva-do nmero de escoteiros. (ver listagem dos grupos acti-vos em Dezembro de 1930, anexo no final da cronologia).

    1931Julho - No regresso da sua viagem frica do Sul, abordo do paquete Kenilworth Castle , no dia 9 B-Pvisitou de novo os escoteiros da Madeira, aos quaisconfessou quanto admirava Portugal e a sua histria.

    Dezembro A crise que a AEP atravessava provo-cou, como acontece nesta circunstncias, a aproxi-mao de antigos e prestigiosos dirigentes que pro-curaram restabelecer a harmonia e resolver os pro-blemas associativos.A Conferncia de dirigentes veio a realizar-se emDezembro, convocada por livre iniciativa da DirecoCentral e decorreu em ambiente de compreenso e

    fraternidade, e veio dar satisfao dos anseios damaioria dos dirigentes, aprovando o novo Estatuto,votado na ntegra, que foi, mais tarde aprovado pelodecreto n. 21397.

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1932

    Janeiro Na sequncia da aprovao do novo Esta-tuto, realizaram-se diversas reunies para dar cum-primento s resolues da Conferncia Nacional. Nareunio de 25 de Janeiro, estava presente uma cartado dr. Tovar de Lemos em que pedia a demisso docargo de Comissrio Nacional por discordar de quan-to se fez na Conferncia de Dirigentes pela sua imuta-bilidade e inoportunidade.A nova Comisso Executiva ficou presidida por FaustoSalazar Leite, tendo sido resolvido manter nas suasfunes o secretrio-geral, Albano da Silva e o comis-srio das Relaes Internacionais, Sigvald Wiborg.Foi ainda resolvido no prover o cargo de comissrionacional e convidar o dr. S Oliveira, comte. lvaro

    Melo Machado, cap. Azinhais Mendes, RobertMoreton, dr. Gomes dos Santos e dr. ValentimLoureno para tomarem parte nas sesses dadireco central. Mais tarde foramigualmente convidados o dr. Joode Bar-ros e o eng. Teixeira deVasconcelos.Aps esta remodelao a AEPentrou novamente num perodo deestabilidade, que deu lugar a umnovo surto de progresso.A partir de ento, ficaramdefinidos os rgos dirigentes daAEP, que passaram a ser:Conferncia de Dirigentes, constituda pelos grupos deescoteiros e representantes de instituies de antigosescoteiros para estudo e propaganda do Escotismo;Comisso Permanente da Conferncia; ComissoExecutiva. Ficou ainda de se promover a criao doTribunal de Honra.No fora a situao poltica e a consequente consti-tuio da Mocidade Portuguesa (1936), o Escotismoteria alcanado em Portugal seguro desenvolvimento,tanto no mbito da AEP, como do CNE e at, talvez,das Guias de Portugal.

    Junho No dia 23 publicado o Decreto n. 21397,que aprova o novo Estatuto da AEP

    Junho Por presso da Organizao Mundial doEscotismo, a Associao dosEscoteiros de Portugal e o CorpoNacional de Scouts, retomaram asconversaes, que haviam sidoiniciadas em Maro de 1928, Umacomisso constituda por dr. DinisCurson e dr. Fausto Salazar Leite,pela AEP rev. Avelino Gonalves e dr.Silva Passos, pelo CNS e dr. BragaPaixo, que presidia, designado peloMinistrio da Instruo Pblica,produziu o documento que levou criao da Organi-

    zao Escotista de Portugal, aprovada pelo Decreton. 21434 de 29 de Junho de 1932, e publicado noDirio do Governo de 1 de Julho.

    1933

    Fevereiro - Funda-se no Liceu Joo de Deus, emFaro, um grupo que recebeu o n. 4, dirigido pelo pro-fessor Hugo Buissel, que se extinguiu pouco depois.

    Fevereiro A AEP solicitada a cooperar nos cursosde divulgao da Universidade Tcnica, prope con-cretamente os seguintes temas:- Organizao da produo do trabalho.- Relaes de cooperao entre o capital e o trabalho. Direi-tos e deveres do trabalhador.- Cooperao para fins sociais (cooperativismo, previdncia emutualismo).- Intercmbio econmico e localizao ideal da produo. Amoeda, o cmbio e o comrcio internacional.- Aproveitamento das riquezas da Natureza.

    - Vias de comunicao; seu funcionamento (caminhos de fer-ro, navios, avies, correios, telgrafos, telefones, T.S.F.).- Como se obtm os artigos de uso e emprego correntes (te-cidos, cabedais, produtos alimentares, materiais de constru-

    o).- Colnias; o que so e o que valem. Ointeresse do indgena e do metropolitano.- A vida no campo; trabalhos e indstriasagrcolas.- Oramento. Contribuies e impostos,porque so necessrios.- Cooperao internacional para a paz epara a resoluo de outros problemas deinteresse comum, nomeadamente os querespeitam ao trabalho e sade.A Comisso Executiva, em exerccio

    desde Dezembro de 1932, declarou em reunio daComisso Permanente, que marcava a sua orientaono aspecto de desenvolvimento da AEP: Como oMovimento s poder ser forte e estavelmenteimpulsionado quando houver chefes preparados efacilidades para os Grupos obterem aquilo de quenecessitam; a C. E. orienta toda a sua aco nosentido de se alcanar uma e outra coisa.

    Maro reorganizado o grupo n. 15 do Porto, quereinicia no dia 21, sob a chefia do E. C. Amadeu Cn-dido Braga.

    Abril Foi publicado o folheto Como se organiza um

    grupo, pela Comisso Executiva da AEPJunho No dia 22 Foi fundado em Angra do

    Herosmo, o grupo n. 52, sob a chefiade Virglio scar Pires Toste, filiadopela AEP apenas em Novembro.

    Junho Hubert Martin, director doBureau International, visita a Ilha daMadeira, sendo recebido por re-presentantes da AEP, do CNE e dasGuias de Portugal.

    O ar l ivre o verdadeir o objecti vo doEscotismo e a chave do seu xitoBaden Powell

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1933

    Agosto - IV Jambori Mundial.Decorreu em Godollo,na Hungria, com apresena de cerca de 3000 esco-teiros, representando 32 pases. Portugal, pela pri-meira vez, no esteve representado oficialmente,comparecendo como visitante o dr. Manuel Gomesdos Santos, grande entusiasta do Escotismo, quevinha desempenhando diversos cargos associativos eviria aser presidente da Comisso Executiva da AEP.

    Agosto De 8 a 22 decorreu, em Carcavelos, naQuinta Nova, cedida pelo Cabo Submarino, o II Acam-pamento Nacional da AEP, com a presena dos GruposGrupos: 1, 2, 5, 7, 8, 9, 13, 25 e 85 (Lisboa);6(Olho); 64 (Portimo); 77 (Faro); 16 (Carcavelos);

    39 (Algs); 40 (Setbal); 41 e 70 (Porto); 23 e 24Enquanto decorria o Acamp. Nacional, teve lugar nosdias 18 a 20 aII Conferncia Nacional de Dirigentes,que distinguiu o comandante lvaro de Melo Machadocom o ttulo de Escoteiro Chefe Geral Honorrio,elegeu a Comisso Permanente e tomou outrasdecises de interesse para o Movimento. Depois destaConferncia a Comisso Executiva ficou constitudapor dr. Fausto Salazar Leite, Antnio Ferreira da Silva,Rui Santos, Alexandre Correia e Raul Nolasco.

    Outubro No dia 13, tomou posse a Comisso Per-manente eleita pela Conferncia de Dirigentes da AEP,composta por: Dr. S Oliveira, presidente da AEP, Dr.Fausto Salazar Leite, Roberto Moreton, comte. MeloMachado, prof. Anbal Pinheiro, W. G. Pope, Albano daSilva, Dr. Valentim Loureno, Rui Santos, Prof. Dr.Edmundo Lima Basto, Antnio Manuel Ribeiro, RaulNolasco, Alexandre Correia e Antnio Ferreira daSilva.

    Dezembro No dia 1 fundado o grupo n. 53, ane-xo Igreja Evanglica Lusitana de S. Paulo, sob achefia do E. C. David Baudouin.No dia 6 inaugurado o novo Grupo n. 13, naSociedade de Geografia de Lisboa.

    Novembro e Foi estabelecido o programa de

    preparao de chefes.No I Congresso dos Clubes Desportivos apresentadaa tese O movimento escotista e o movimentodesportivo, pelo E.C. Antero Nobre

    DezembroForam aprovadas as instrues provisriaspara a organizao e funcionamento da Fraternal dosAntigos Escoteiros. Fins: Manter ligados ao Movimento os antigos escoteiros, para que continuem a condu-zir-se de conformidade com o esprito da Lei, ajudem,dentro das suas possibilidades, a AEP, e realizem a di-vulgao dos princpios, fins e mtodos escotistas.Publicadas 3 cartas da AEP aos rapazes, aos pais,aos professores.

    1934Janeiro No dia 14, no Liceu Pedro Nunes (ex-sededo grupo n. 3) realizou-se o 1. encontro de AntigosEscoteiros daquele Grupo.

    Publica-se o Manual do escoteiro do Ar.

    Maro O Ncleo de Lisboa realiza um Curso de Divul-gao do Escotismo.

    Abril conferido o ttulo de scio honorrio da AEPao notvel dirigente escotista brasileiro Com.te Ben-jamim Sodr, autor do Guia do Escoteiro.

    Abril No dia 12, B-P, na companhia da sua esposae de 700 dirigentes escotistas britnicos, visita Lisboamas no lhe possvel sair do barco, o Adriatic,por se encontrar doente. Lady B-P recebida na C-mara Municipal de Lisboa, e realiza-se uma grandeparada de mais de 2000 escoteiros na qual tomamparte, alm dos escoteiros britnicos, grandes contin-gentes da AEP, CNE, UAP e Guias de Portugal, quevo ao Cais da Rocha a saudar o Chefe Mundial.

    Maio So publicados, pela AEP, os livros Para serEscoteiro (manual da 3. classe), e Jogos e dis-traces para a mocidade.

    Junho - No dia 2, o governo confere AEP a Ordemde Benemerncia, em sesso solene na sociedade deGeografia, a que presidiu o tenente Carvalho Nunes,em representao do Presidente da Repblica.

    JunhoA AEP publica o manual Mais Alm, para a2. classe.

    Junho criado em Sintra o Grupo n. 93, o que

    proporciona uma grande concentrao de escoteirosnaquela vila.

    Julho No dia 8 assiste-se inaugurao do grupon. 94, na Igreja Evanglica Ajudense, em Lisboa,chefiado por Henrique Alves Azevedo. Pouco tempodepois ser David Baudouin a tomar conta do Grupo.

    Setembro Por ocasio da Exposio Colonial, reali-zou-se no Porto, de 9 a 21 (na Cerca do Colgio NunoAlvares na Campanh) o III Acampamento Nacional,no qual tomaram parte mais de 800 escoteiros. Foiuma actividade importante a confirmar que os Esco-teiros de Portugal estavam em franco desenvolvimen-to.

    Grupos Presentes: 1, 2, 3, 5, 7, 8, 9, 11, 13, 15, 16,19, 25, 40,41, 48, 53, 93, 94, 97, 99, 100, 102 e103. Convidados de Gibraltar e Espanha.

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1935

    Maro - Realiza-se na sala Portugal na sala dePortugal da Sociedade de Geografia, repleta at sgalerias, a Festa da Mocidade, promovida pela AEP.Presidiu o Chefe de Estado, que acendeu o simulacrodo Fogo de Conselho. Foi uma festa bonita a mostrarque o Escotismo continuava em franco progresso e amerecer a aceitao da populao.

    Abril No dia 14, realizou-se no campo do JokeyClub um concurso interpatrulhas promovido pelo jor-nal Os Sports, por iniciativa do EC Antero Nobre,colaborador habitual daquele jornal.

    JunhoO Corpo Nacional de Scouts muda a suadesignao para Corpo Nacional de Escutas.

    Junho No dia 28 rene em Lisboa a III Confernciade Dirigentes, tendo sido eleito Presidente da AEP odr. Armindo Monteiro e presidente da Comisso Exe-cutiva o dr. Pedro Teotnio Pereira. O primeiro foraMinistro dos Negcios Estrangeiros, e o segundodesempenhava importante cargo pblico. A AEP pro-curava, assim, couraar-se perante os perigos que aameaavam.

    Agosto Mostrando a sua pujante actividade, a AEPrealiza de 15 a 25, no pinhal do Estoril, junto aoCasino, mais um acampa-mento geral, inicialmenteanunciado como colnia defrias, mas que veio, maistarde, a ser classificadocomo Acampamento Nacio-nal pelo nmero de partici-pantes e qualidade dotrabalho desenvolvido. Oacampamento foi visitadopelo Dr. Pedro TeotnioPereira, ento subsecretriode Estado das Corporaes.

    Setembro A Sede da AEP deixa o Largo do Direc-trio, n. 4, 2 andar, e passa para a Rua de S. Pau-lo, 254, 1. (onde est hoje a Fraternal e a Regio de

    Lisboa).1936

    Fevereiro - Por iniciativa da AGP, comemora-se pela pri-meira vez em Portugal o Dia do Pensamento (22 de Feve-reiro), evocando os aniversrios de B-P e Lady Olave B-P,data que veio posteriormente a ganhar espao importanteno nosso calendrio escotista.

    Abril O Grupo n. 36 de Carcavelos realiza nassalas do Grmio Alentejano a primeira semana Z,sob a orientao do Sr. Dr. Manuel Marques da Mata,seu mdico instrutor, e do Chefe ten. Joaquim Praze-

    res. Tratava-se de exerccios de preparao para aDefesa Civil.

    Maio Nos dias 2 e 3 realiza-se na Tapada das Ne-cessidades, em Lisboa, um acampamento de divulga-o do Escotismo, no qual tomam parte 300 escotei-ros dos grupos 1, 2, 7, 9, 13, 73, 74, 79, 93, 94, 99,103 e 115.

    Maio - Por Decreto-Lei n. 26611 de 19/Maio, foi cria-da a Organizao Nacional Mocidade Portuguesa() ecomearam os ataques ao Escotismo. Carneiro Pache-co, ento Ministro da Instruo e grande entusiastada MP, pressiona os dirigentes escotistas para aderi-rem nova Organizao.

    Junho No dia 7, realiza-se uma concentrao geralde todos os grupos de Lisboa no campo do JockeyClube, onde foi passada revista pelo presidente daComisso Executiva.

    Agosto Nos dias 13 a 16, realiza-se uma RomagemNacional dos Escoteiros de Portugal Batalha, activi-dade que englobou acampamento, peregrinao, pas-seio a Alcobaa, Aljubarrota e Batalha, na qual toma-ram parte 400 rapazes.

    Agosto - Pela Portaria n. 8488, do Ministrio da Edu-cao nacional, publicada no Dirio do Governo Isrie, de 13 de Agosto de 1936, foi extinta a Organi-

    zao Escotista de Portugal (OEP).O CNE volta a regular-se pelo

    Decreto n. 10589, de 14 deFevereiro de 1925.A situao crtica porque aoficializao dos movimentosjuvenis por parte da Igreja e doEstado deixaram o escotismocomo que ao abandono, mas acoragem, dedicao e espritoescotista de um bom punhado deDirigentes afastaram o perigo eevitaram o naufrgio.

    A sanha nazi em que se haviam deixado enredar ospolticos e a paixo nacionalista que dominava mui-tos portugueses tornavam as coisas difceis para a

    AEP. Os dirigentes cansavam-se a afirmar que o nos-so internacionalismo no prejudicava o nosso ptrio-tismo; que a amizade para com os escoteiros de ou-tros pases e o respeito para com as suas ptrias, nodiminuam o amor para com a nossa ptria. Tudo in-til porque a questo era outraEntretanto, verificaram-se diversas tentativas de en--cerramento dos Grupos, por parte dos comandos lo-cais da MP, levados pela nova corrente e incomodadoscom a firmeza dos escoteiros, que procuravam evi-denciar a seriedade dos seus comportamentos.

    Setembro Morreu Roberto Moreton, fundadordo grupo n. 1 e seu presidente desde sempre,

    um grande amigo do Escotismo portugus.

    O xito depende de ns mesmos e no de um destino favorvel, ou do interesse de amigos poderososBaden Powell

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1937

    Este ano foi dedicado ao Jubileu do Escotismo em Por-tugal, considerando que os primeiros Grupos haviamsido fundados em 1912, o Movimento completava,portanto, 25 anos em Portugal. (esquecendo-se queem Macau o escotismo se iniciou em 1911).Entretanto, a situao dos Escoteiros de Portugal eradifcil. Muitos dirigentes se tinham ausentado. Algunsmesmo aderiram Mocidade Portuguesa, em buscade prestgio, de dinheiro ou facilidades. Outros, porserem funcionrios pblicos, no tiveram outra opo,perante as presses ameaadoras de CarneiroPacheco. A tudo se juntava a fraqueza comprome-tedora do ento presidente da Comisso Executiva,cap. Afonso dos Santos, chefe de gabinete do ministrodos Negcios Estrangeiros.Em determinada altura, realizou-se na sede centraluma reunio de escoteiros chefes para apreciar umaproposta de integrao da AEPna MP, feita atravs de RuiSantos. A proposta foi recusada,uma atitude corajosa, intransi-gente e de grande aprumomoral.Foi Antero Nobre, ento secre-trio-geral, um dos elementosmais pressionados pelo ministroCarneiro Pacheco que sempre

    recusou frontalmente a alicianteproposta que este insistentemen-te lhe fazia, que descobriu as manobras indecorosasque o ministro estava preparando com a Polcia deInformao (depois PIDE) para o forado encerra-mento de grupos e, depois de informar Afonso dosSantos, conseguiu fazer chegar a informao aocoronel Pope, um sbdito britnico muito influente emPortugal, que denunciou tais manobras ao embaixadorde Inglaterra, o qual, pouco depois, fazia saber aoministro da Educao Nacional que o governo de SuaMagestade veria com desagrado qualquer acocontra o movimento escoteiro portugus. Asdiligncias deram resultado e Salazar mandoususpender qualquer aco contra os escoteiros.

    Abril No dia 23 realizou-se na Sociedade de Geo-grafia uma sesso comemorativa do jubileu do Esco-tismo Portugus.

    Maio - No dia 22, o Grupo n. 4 voltou ao Porto,refundado pelo eng. Antnio Martins, e com a sede naR. Santos Pousada. Mais tarde foi transferido paraParanhos.

    Setembro Inicia-se a reorganizao do Grupo n.94 sob a chefia de Eduardo Ribeiro.

    Dezembro No dia 1, os grupos de Lisboa prestam

    homenagem ao grupo n. 2, pela passagem das suasBodas de Prata, tendo-lhe sido entregue pela AEP aCruz Sustica de Ouro.

    conduz a tua prpria canoaBaden-Powell

    1938

    Degradava-se o ambiente associativo, com os dirigen-tes agora divididos pelas opes que cada um toma-va. Os grupos e seus dirigentes continuavam a serhostilizados pelos comandantes locais da MP, que exi-biam a sua arrogncia e prepotncia.Agosto - Apesar de todas as dificuldades, de 30 deAgosto a 9 de Setembro de 1938, realizou-se umacampamento organizado pela regio Centro, queteve lugar na Quinta da Fonte, em Benfica. Foi umaactividade organizada pelo comissrio geral, FranklinOliveira, que lhe imprimiu um forte cunho tcnico,bem ao gosto da rapaziada que viveu entusiasmadaaquele evento, que veio a ficar conhecido como oacampamento da quinta da formiga, pela quantida-de de formigas que ali encontraram, o que geroualguma confuso no acampamento.Nesta actividade, integrada nas comemoraes do 25

    aniversrio da AEP, estiverampresentes centenas de escotei-ros e chefes de todo o Pas eos fogos de conselho consti-turam excelentes momentosescotista.Pela sua qualidade e nmerode participantes, mereceu vir aser classificado como Acampa-mento Nacional.

    Durante o acampamento de-correu uma Conferncia deDirigentes, para enfrentar a crise que a AEP estavapassando, realizando-se eleies para os rgos asso-ciativos. Para presidente da Associao foi eleito o dr.Francisco Cortez Pinto e para presidente da ComissoExecutiva o dr. Alfredo Tovar de Lemos. Para comis-srio geral foi indigitado Franklin de Oliveira, sob re-servas de alguns que lhe apontavam falta de dignida-de para dirigente escotista, face ao seu sinuoso per-curso.Mas a situao da AEP era difcil. Muitos dirigentes seausentaram. Ficaram os mais dedicados e o dr. Tovarde Lemos tinha a confiana destes e o dr. Cortez Pintoera respeitado. O Escotismo continuaria, emboranuma situao indefinida e com todas as dificuldades.

    1939

    Fevereiro - Apesar de todo o apoio do Estado, maugrado as elevadas somas gastas nos programas daorganizao oficial da MP, esta funcionava mal. Erauma organizao morta, antiptica, que no conse-guia ambiente e s a fora do Estado a impunha.Este clima no ajudava a viver o Escotismo, que eraum Movimento apenas tolerado, mas visto com sim-patia pelo pblico e com desconfiana pelo governo.A imprensa reduzia o seu noticirio e escondia-o nas

    pginas mais discretas.At que em 17 de Fevereiro, o decreto n. 29543 de-termina: data da entrada em vigor do presentedecreto, consideram-se extintos todos os grupos deescoteiros existentes nas colnias

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    CENTENRIO DA A.E.P.

    O ESCOTISMO EM PORTUGAL (continuao)1940

    Apesar das dificuldades, o dr. Tovar de Lemos e osseus colaboradores no desistiam de impor o Esco-tismo onde a sua presena fosse til ou necessria eproporcionar aos escoteiros actividades que cativavame seu interesse e proporcionavam o seu treino cvico.

    Setembro - Um acampamento Nacional, teve lugar,de 30 de Agosto a 9 de Setembro de 1940, emLisboa, em terrenos anexos ao HospitalColonial, na Junqueira (Belm), porocasio da Exposio do MundoPortugus, grande acontecimentonacional para a dupla comemorao do8 centenrio da Fundao daNacionalidade (1140) e 3 centenrioda Restaurao da Independncia dePortugal (1640). Por esta razo foichamado de Acampamento doscentenrios.O Acampamento realizou-se naquelelocal, para ficar perto do recinto daExposio, para permitir, por um lado,que os escoteiros pudessem assistir aquele vultosoacontecimento e, por outro, aproveitar da suacolaborao e disponibilidade como voluntrios paraalgumas tarefas ligadas aquele evento, ao qual a AEPtinha garantido servios de apoio cvico.O acampamento foi dirigido por Franklin de Oliveira e

    estiveram presentes escoteiros do Norte, Centro e Suldo pas, j que ltima hora no se concretizou a vin-da de escoteiros das Ilhas, como estava previsto.

    1942

    O falhano da MP levou o Governo a tomar medidas efoi convidado Marcelo Caetano, figura proeminentedo regime, para Comissrio Nacional da Organizao.Marcelo fora escoteiro na sua juventude, quando alu-no do Liceu Cames e frequentou com xito o primei-ro Campo Escola de Chefes da AEP realizado em1922 e integrou nessa poca uma das comisses tc-nicas criadas por Tovar de Lemos paraapoio da sua direco associativa.Todavia foi um dos jovens intelectuaisque aderiram entusiasticamente aopensamento do Estado Novo e, dentroda nova ordem, comeou a desenhar asua brilhante carreira poltica. Tinha doEscotismo uma boa impresso, masconsiderava que o movimentofomentava o individualismo e esteconstitua um defeito da genteportuguesa, pelo que no devia seraplicado entre ns na sua essncia. Assuas convices nacionalistas haviam-no afastado do essencial do Escotismo.

    Quando Marcelo Caetano aceitou ocargo de Comissrio Nacional da MP,achou que era imperioso dar re-conhecimento oficial s associaes de escoteiros,que ento eram apenas toleradas, j que as Guias

    haviam suspendido a sua actividade e as suas diri-

    gentes integrado a M.P. Feminina.Maro Em 9 deste ms, foi promulgado o decreto n.31908, sobre a organizao da juventude, que erabem o espelho do regime totalitrio em que se vivia,que colocava as associaes escotistas sob a direcoe fiscalizao do comissrio nacional da MP, o que

    quase lanou o pnico nas hostes do CNE,ameaando a sua extino. Todavia, porfora do poder negocial da Igreja catlica ea sua proximidade do regime, evitaram-seos problemas de maior, e as disposies dalei no foram aplicadas nas suas ltimasconsequncias.

    Na AEP, houve o cuidado de escolher paraos mais elevados cargos associativosindividualidades que no pudessemjustificar recusas, uma vez que os dirigen-tes eram propostos MP e s aprovadosaps inquirio sobre o seu compor-tamento.

    Abril - Cumprindo a exigncia da MP, a AEP proce-deu alterao dos seus Estatutos, aprovados pelaOrdem de Servio n. 14 de Maro de 1942, onde porexigncia de Marcelo Caetano fora banido o cargo deComissrio geral.Reunida a 5 Conferncia de Dirigentes, Direco

    da AEP voltav