NEUROCISTICERCOSE HUMANA E SUA RELAÇÃO COM EPILEPSIA … · 2020-05-23 · epilepsia...

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IBMR- LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES Sylvia Vieira de Freitas Guimarães NEUROCISTICERCOSE HUMANA E SUA RELAÇÃO COM EPILEPSIA NA AMÉRICA: ESTUDO DE REVISÃO. Rio de Janeiro 2016

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  • IBMR- LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

    Sylvia Vieira de Freitas Guimarães

    NEUROCISTICERCOSE HUMANA E SUA RELAÇÃO COM

    EPILEPSIA NA AMÉRICA: ESTUDO DE REVISÃO.

    Rio de Janeiro

    2016

  • SYLVIA VIEIRA DE FREITAS GUIMARÃES

    NEUROCISTICERCOSE HUMANA E SUA RELAÇÃO COM

    EPILEPSIA NA AMÉRICA: ESTUDO DE REVISÃO.

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

    ao IBMR– Laureate International

    Universities, como requisito parcial para a

    obtenção do grau de Bacharel em

    Biomedicina.

    IBMR- LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

    Orientador: Prof. Dr. Julio Vianna Barbosa

    Rio de Janeiro

    2016

    Sylvia Vieira de Freitas Guimarães

  • Neurocisticercose humana e sua relação com epilepsia na América: estudo

    de revisão.

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

    ao Centro Universitário Hermínio da Silveira

    – IBMR – Laureate International Universities,

    como requisito parcial para a obtenção do

    grau de Bacharel em Biomedicina.

    Aprovada em ___ de ______________ de 2016.

    BANCA EXAMINADORA

    _____________________________________________

    _____________________________________________

    _____________________________________________

  • Dedico este trabalho à minha família e a todos os meus

    amigos que me apoiaram com todo carinho e afeto.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço primeiramente ao meu pai e a minha mãe por apoiarem as minhas decisões, por

    todo suporte, amor e carinho dados ao longo do curso e de toda a minha vida.

    Ao programa de graduação do IBMR - Laureate International Universities e seus

    coordenadores por me proporcionarem ao longo desses anos um ambiente rico em

    informações relevantes e relações duradouras.

    Um agradecimento especial ao meu orientador professor doutor Julio Vianna Barbosa pela

    sua dedicação e incentivo não só nesse trabalho mas ao longo de toda graduação. Ter você

    como professor fez toda diferença na minha formação acadêmica. Obrigada.

    A professora Tatiana Fulco, suas aulas foram fundamentais para colocar minhas ideias no

    lugar e concluir esse trabalho com satisfação.

    Ao professor Daniel Pereira Reynaldo, pelo incentivo e apoio, me apresentando oportunidades

    que foram fundamentais para minha formação acadêmica e pessoal.

    A todos os professores do curso de graduação que através das disciplinas contribuíram para a

    minha formação.

    Ao professor Mauricio Cupello Peixoto pelas valiosas observações durante o

    desenvolvimento deste trabalho.

    A Cecilia e Marcelo, por sempre me acolherem e cuidarem de mim sendo sempre meu porto

    seguro. Malu e Marcela, obrigada por me ajudarem a ter novos sonhos. Manoela mesmo longe

    na reta final, obrigada por sempre estar presente com todo seu carinho e afeto. Vinicius,

    obrigada pela amizade de sempre.

    Maria Leticia, muito obrigada por tudo. Por partilhar um momento incrível e cheio de

    desafios na Espanha e pela ajuda e incentivo absurdamente necessários nessa trajetória.

    Quanto aos amigos que eu ganhei na faculdade, obrigada pelo carinho principalmente agora

    no final.

    Muito Obrigada.

  • RESUMO

    A neurocisticercose (NCC) é a doença parasitária mais importante que acomete o sistema

    nervoso central. É causada pela ingestão acidental de ovos da Taenia solium, através da

    eliminação fecal dos ovos por portadores do parasita em sua forma adulta, mostrando a

    importância do complexo teníase/cisticercose. Estima-se que 75 milhões de pessoas vivem em

    regiões endêmicas e que aproximadamente 400 mil pessoas possuem NCC sintomática. É

    uma doença comum em países em desenvolvimento e calcula-se ser responsável por cerca de

    50% dos casos de epilepsia adquirida em regiões endêmicas, sendo um problema significativo

    de saúde. Esse artigo de revisão teve como objetivo verificar a distribuição epidemiológica da

    neurocisticercose relacionando-a com a alta incidência de epilepsia na América Latina.

    Conclui-se que a notificação obrigatória facilitaria a obtenção de dados para entender melhor

    como fazer controle do complexo teníase/cisticercose, reduzindo de forma significativa o

    número de casos de epilepsia adquirida em países em desenvolvimento, assim como o de

    cisticercose em regiões não endêmicas, sejam elas dentro de um mesmo país ou não.

    Palavras-chave: Neurocisticercose; Epilepsia; América; Epidemiologia

  • ABSTRACT

    Neurocysticercosis is the most important parasitic disease that affects the central nervous

    system. It is caused by the ingestion of eggs of Taenia solium through the fecal elimination of

    eggs by the carrier of the parasite in its adult form, showing the importance of the

    taeniasis/cysticercosis complex. It is estimated that 75 (seventy five) million people live in

    endemic regions and that approximately 400 (four hundred) thousand people have

    symptomatic NCC. It is a common disease in developing countries e it is calculated to be

    responsible for at least 50% of acquired epilepsy in endemic regions, being a significant

    health issue. This revision article had the purpose of verifying the epidemiology distribution

    of the neurocysticercosis relating it to the high incidence of epilepsy in Latin America. It is

    possible to conclude that the obligatory notification would ease the acquirement of data to

    better understand how to make control of the taeniasis/cysticercosis complex, reducing

    significantly the numberof cases of acquired epilepsy in developing countries, as well as in

    non-endemic regions, being inside the same country or not.

    Key words: Neurocysticercosis; epilepsy; America; epidemiology

  • LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Morfologia da Taenia........................................................................................................ 12

    Transmissão e ciclo biológico da T. solium...................................................................... 13

    Endemicidade mundial da T. solium................................................................................. 17

    Prevalência de LTE e de AE por 1000, prevalência de NCC por TC e 95% de intervalo

    de confiabilidade em países da América Latina................................................................

    21

    Número e taxa de hospitalizações por NCC nos Estados Unidos, por grupo

    demográfico, 2003-2012....................................................................................................

    27

    Número de hospitalizações por valores em milhões de dólares........................................ 28

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

    AE – epilepsia ativa do inglês active epilepsy

    DTN – doença tropical negligenciada

    EITB – Eletroimuno-transferencia Blot

    IC – índice de confiabilidade

    LTE – o tempo de vida da epilepsia do inglês lifetime epilepsy

    NCC – Neurocisticercose

    OMS – Organização Mundial de Saúde

    SNC – Sistema Nervoso Central

    T. saginata – Taenia saginata

    T. solium – Taenia solium

    TC – tomografia computadorizada

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................9

    2. MÉTODO ............................................................................................................................11

    3. REVISÃO DA LITERATURA .........................................................................................12

    3.1 Ciclo Biológico da Taenia ...........................................................................................12

    3.2 Cisticercose em hospedeiros intermediários não humanos ....................................14

    3.3 Cisticercose Humana .................................................................................................15

    3.4 Neurocisticercose ........................................................................................................16

    3.5 Epilepsia ......................................................................................................................18

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................20

    5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................29

    6. REFERENCIAS .................................................................................................................31

  • 9

    1. INTRODUÇÃO

    A Taenia solium (T. solium) é uma zoonose responsável pela cisticercose suína, teníase

    e neurocisticercose (NCC) humana, e constituem um problema grave para saúde pública. A

    NCC é definida como uma infecção do sistema nervoso central por formas larvárias da T.

    solium, e é considerada a doença neurológica parasitaria humana mais importante, sendo

    apontada como causa comum de epilepsia na América Latina. É adquirida pela ingestão de

    ovos de T. solium eliminados via fecal pelos portadores de teníase. Constitui a complicação

    mais importante do complexo teníase/cisticercose (ROMÁN et al,. 2000). A incidência de

    NCC está relacionada a fatores culturais, de saneamento básico e também ao sistema precário

    de criação de suínos e de não inspeção da carne (SILVA et al, 2007).

    Estima-se que cerca de 75 milhões de pessoas vivem em áreas onde a cisticercose é

    endêmica, e que aproximadamente 400 mil possuem NCC sintomática (BERN et al., 1999).

    Pesquisas recentes mostram que a NCC representa um problema significativo de saúde em

    regiões endêmicas, sendo causador de epilepsia adquirida em 0,6-1,8% da população. O que

    indica que entre 450 mil e 1,35 milhões de pessoas são acometidas por epilepsia devido a

    NCC apenas na América latina. (BRUNO et al., 2013)

    A epilepsia é uma das doenças neurológicas não transmissíveis mais prevalentes no

    mundo. Afeta aproximadamente 70 milhões de pessoas, sendo pelo menos 5 milhões na

    América Latina. Bruno e colaboradores (2013) mostraram distribuições diferentes de epilepsia

    em países da América Latina, com algumas regiões apresentando frequências mais altas,

    sendo elas geralmente em regiões rurais. Essa diferença de frequência pode ser justificada por

    várias causas, sendo as principais relacionadas à presença de fatores de risco ambientais

    infecciosos e disponibilidade de recursos para saúde.

    A classificação etiológica das epilepsias pode ser dividida em 4 categorias principais:

    epilepsia idiopática, considerada de origem predominantemente genética e hereditária;

    epilepsia sintomática, que está dividida em duas partes, uma é a adquirida que inclui causas

    externas ou ambientais e a outra que inclui causas genéticas ou do desenvolvimento; epilepsia

    provocada, causada predominante por um fator ambiental ou sistêmico especifico; epilepsia

    criptogênica, presumidamente sintomática, sem causa identificada (SHORVON, 2011).

    A incidência elevada de epilepsia em países em desenvolvimento pode ser

    significativamente atribuível à epilepsia sintomática adquirida, que pode ser causada por

    diversas doenças infecciosas e parasitárias, pouco existente em países desenvolvidos e

    industrializados. Um exemplo de doença parasitária encontrada com frequência em pessoas

  • 10

    com epilepsia adquirida em países em desenvolvimento é a NCC (SCOTT, LHATOO &

    SANDER, 2001).

    Portanto, o estudo tem como objetivo contribuir para o conhecimento da distribuição

    epidemiológica da neurocisticercose na América Latina, relacionando esta doença com a

    incidência de epilepsia adquirida e analisando a sua distribuição.

  • 11

    2. MÉTODO

    Para o desenvolvimento desse artigo foi utilizado o site de pesquisas bibliográficas

    “PubMed” e 5 livros didáticos referentes ao tema, sendo incluídos artigos publicados em

    outros anos devido a sua importância como referência ao tema. Os artigos encontrados foram

    impressos ou mantidos em formato “pdf” para leitura e consulta. Foram pesquisados os

    seguintes descritores referentes ao tema: Neurocisticercose; Epilepsia; América;

    Epidemiologia.

    A revisão abrange a pesquisa seguindo os critérios de inclusão e exclusão dos artigos,

    sendo selecionados artigos no período de 2012 a 2016. Foram encontrados 22 artigos, dos

    quais 17 selecionados, pois eram artigos com acesso livre. Desses, somente 11 foram

    selecionados e 6 excluídos por serem de locais fora da América Latina ou por serem de

    aspectos muito específicos de uma determinada característica da patologia.

  • 12

    3. REVISÃO DA LITERATURA

    3.1 Ciclo Biológico da Taenia

    As espécies de T. solium e T. saginata são helmintos da classe Cestoda e apresentam o

    corpo em forma de fita segmentada. As duas podem parasitar o homem em sua fase adulta

    (SILVA, 2011).

    A T. solium pode medir de 3 a 5 metros de comprimento. Sua cabeça ou escólex possui

    4 ventosas e o rostro, com dupla coroa de ganchos. Possui também o colo, parte mais delgada

    do corpo onde se localiza a zona de formação das proglotes, e o estróbilo com o restante do

    corpo do parasito, onde cada seguimento formado é uma proglote.

    Já a T. saginata mede de 6 a 7 metros de comprimento e não possui ganchos no rostro,

    possuindo também colo e estróbilo (Figura 1). A eliminação das proglotes gravídicas no caso

    da T. solium são realizadas junto as fezes, podendo muitas vezes passar despercebidas pelo

    hospedeiro, o que não ocorre no caso das proglotes da T. saginata, que são notadas pelo

    hospedeiro e eliminadas ativamente graças a sua musculatura (PFUETZENREITER &

    ÁVILA-PIRES, 2000 ; SILVA, 2011).

    Figura 1: Morfologia da Taenia (Retirado de http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/Teniase.php ).

    http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/Teniase.php

  • 13

    As proglotes são classificadas em jovens, maduras e gravídicas. A medida que as

    proglotes vão se distanciando do escólex, nota-se que vão ficando mais compridas e largas, e

    os seus órgãos reprodutores modificam-se e ficam repletos de ovos. Entretanto, apenas 50%

    desses ovos são maduros ou férteis (SILVA, 2011).

    O homem pode abrigar a Taenia por muitos anos no intestino delgado, durante seu

    ciclo evolutivo liberando suas proglotes que contaminam o meio ambiente durante esse

    período. No caso da T. solium são liberadas de 3 a 6 proglotes gravídicas diariamente e cada

    uma delas contendo em media de 30 mil a 50 mil ovos e, no caso da T. saginata contendo em

    torno de 80 mil ovos sendo que um paciente pode liberar no meio ambiente cerca de 700 mil

    ovos por dia (REY, 1992).

    O ciclo de vida da Taenia envolve 3 hospedeiros (Figura 2): os seres humanos, que são

    os únicos hospedeiros definitivos para Taenia adulta; os bovinos, que são os hospedeiros

    intermediários da forma larval da T. saginata; e os suínos, que assim como os seres humanos

    podem atuar como hospedeiros intermediários da T. solium na forma larval, chamada

    cisticerco (BRUNO et al, 2011; PFUETZENREITER & ÁVILA-PIRES, 2000).

    Figura 2: Transmissão e ciclo biológico da T. solium (Modificado de: http://www.who.int/taeniasis/taenia

    _solium_ transmission_life_cycle.png?ua=1)

    A teníase ocorre quando o ser humano ingere carne suína ou bovina contaminada crua

    ou mal cozida contendo cisticercos. Durante a digestão, com a ação dos sais biliares, o

    http://www.who.int/taeniasis/taenia%20_solium_%20transmission_life_cycle.png?ua=1http://www.who.int/taeniasis/taenia%20_solium_%20transmission_life_cycle.png?ua=1

  • 14

    escólex desenvagina e fixa-se na parede do intestino delgado, tendo as primeiras proglotes

    eliminadas entre 60 e 70 dias após a ingestão (PFUETZENREITER & ÁVILA-PIRES, 2000).

    Estão mais propensas à teníase pessoas que provam a carne antes de cozinhar e que se

    alimentam fora de casa. Fatores culturais como hábitos alimentares, econômicos e religiosos

    podem expor mais ou menos certos grupos de indivíduos, como por exemplo culturas em que

    na culinária tradicional utilizam carne crua, como os árabes com quibe cru. (REY, 1992).

    A teníase pode ser assintomática em alguns pacientes, já em outros pode manifestar

    alterações no apetite, dor abdominal, diarreia, náusea, vomito, perda de peso, irritabilidade e

    fadiga (PFUETZENREITER & ÁVILA-PIRES, 2000).

    O seu diagnostico pode ser realizado através de exame parasitológico de fezes para

    verificação de proglotes e ovos, e também através da técnica da fita gomada para verificação

    de ovos na região perianal. Os ovos de T. solium e T. saginata não podem ser diferenciados

    por microscopia óptica. Ambas as espécies de Taenia estão espalhadas em todo mundo, se

    mostrando endêmicas na América latina e no Brasil, com uma frequência média de 3% entre

    os anos de 1986 e 1989 (PFUETZENREITER & ÁVILA-PIRES, 2000).

    3.2 Cisticercose em hospedeiros intermediários não humanos

    A cisticercose bovina ocorre quando o boi, hospedeiro intermediário da T. saginata,

    ingere os ovos da mesma, que podem estar dispersos no ambiente ou na água. Desenvolvendo

    no boi a forma larvar, Cysticercus bovis, produzindo a cisticercose no animal

    (PFUETZENREITER & ÁVILA-PIRES, 2000).

    O homem é o único hospedeiro definitivo que abriga o parasita adulto tanto da T.

    solium quanto da T. saginata, enquanto na fase larvária os cisticercos podem não ser

    exclusivos dos hospedeiros intermediários. No caso do homem, esse se torna hospedeiro

    intermediário aberrante quando ocorre a ingestão acidental de ovos da T. solium. Segundo

    alguns autores, a cisticercose humana pela T. saginata não ocorre ou é muito rara

    (PFUETZENREITER & ÁVILA-PIRES, 2000).

    A doença nos suínos ocorre devido à ingestão de ovos de T. solium presentes no meio

    ambiente contaminado por fezes de humanos parasitados pela forma adulta da Taenia. Os

    suínos apresentam apenas a forma larvar, Cysticercus cellulosae, estes cisticercos podem ser

    encontrados em diferentes locais, mas principalmente no tecido celular subcutâneo, muscular,

    cardíaco, cerebral e no próprio globo ocular dos suínos. (GERMANO et al., 2015)

  • 15

    A cisticercose suína é prejudicial às economias locais, em que os porcos fornecem uma

    importante fonte de proteína e dinheiro. Pequenos proprietários tem uma criação mais livre

    dos seus porcos, o que é importante para a disseminação, já que os ovos da T. solium estão

    presentes no ambiente, podendo infectar os porcos, o que acarreta preço reduzido da venda ou

    confisco da mercadoria (O’NEAL, WINTHROP, & GONZALEZ, 2011).

    Intervenções que empobrecem ainda mais os pequenos proprietários não devem ser

    feitas ou podem ter consequências inesperadas, como por exemplo o confisco de mercadoria,

    podendo encorajar a venda ilegal de carne de animas contaminados introduzindo abatedouros

    clandestinos, visando recuperar algum valor a partir do animal. Todas essas questões

    dificultam ainda mais a solução da doença em zonas endêmicas (O’NEAL, WINTHROP, &

    GONZALEZ, 2011).

    A cisticercose suína é uma das preocupações dos criadores de médio e grande porte,

    pois a sua ocorrência traz prejuízo na hora do abate e inspeção veterinária. No entanto a maior

    preocupação é com os negócios de pequeno porte, pelo desconhecimento, ausência de higiene,

    inexistência de saneamento e precária condição da criação dos animais, que são responsáveis

    pelo alto índice de infecção nos suínos desses locais (GERMANO et al., 2015).

    3.3 Cisticercose Humana

    A cisticercose humana ocorre através da ingestão de ovos de T. solium, seja por

    consumir vegetais frescos, carne crua ou água, o homem pode se transformar em hospedeiro

    intermediário aberrante, desenvolvendo cisticercose. (OLIVEIRA & BEDAQUE, 2011)

    Quando o homem ingere acidentalmente os ovos de T. solium, esses chegam ao

    estômago, tendo a camada de quitina desgastada pelo ácido gástrico. No intestino delgado os

    sais biliares permitem a liberação das oncosferas, que através das vilosidades passam por

    vênulas, veias e linfáticos chegando à circulação geral, possibilitando o alcance de todo

    organismo, de preferência tecidos com alta oxigenação para desenvolver e atingir a condição

    larval (cisticerco). O local que apresenta maior incidência é o sistema nervoso central (SNC).

    Cerca de 50% das pessoas contaminadas apresentam cisticercos nesse local. Também podem

    ser encontrados com menor frequência na musculatura esquelética e no tecido celular

    subcutâneo. Geralmente os cisticercos são múltiplos, podendo variar em até centenas de casos

    de infestação visto em crianças. (OLIVEIRA & BEDAQUE, 2011)

    Além da heteroinfecção que é a mais comum, decorrente de ingestão acidental dos

    ovos do parasito, também podem ocorrer outros dois tipos de infecção. A autoinfecção

  • 16

    externa, que ocorre através da ingestão de ovos de Taenia pelo próprio portador de teníase,

    seja por maus hábitos de higiene, ou pelo paciente ser uma criança, ou ter algum déficit

    mental. A autoinfecção interna, que ocorre em consequência de movimentos antiperistálticos

    ou vômito, quando algumas proglotes gravídicas podem fazer o caminho inverso e voltar para

    o estomago permitindo que um número grande de ovos viáveis desenvolvam cisticercos muito

    numerosos e de ampla disseminação pelo corpo do hospedeiro (REY, 2008).

    A manifestação clinica assim como o período de infecção são variáveis. A expressão

    clinica vai depender do tamanho, quantidade e localização dos cisticercos além da resposta

    imune do hospedeiro (DEL BRUTTO et. al., 1996). Quando os cisticercos se alojam em

    músculos e em formas subcutâneas geralmente são assintomáticas, mas quando se alojam no

    SNC levam ao quadro conhecido como NCC, podendo ocorrer manifestações clinicas severas

    (BOUTEILLE, 2014).

    3.4 Neurocisticercose

    A neurocisticercose pode ocorrer devido à infestação do SNC por cisticercos de T.

    solium no parênquima cerebral, espaço subaracnoide e ventrículos, gerando uma variabilidade

    de sintomas. As características clinicas da NCC vão depender principalmente do número, tipo,

    tamanho, localização e do estágio de desenvolvimento do cisticerco, assim como da resposta

    imunitária do hospedeiro. (TAKAYANAGUI & ODASHIMA, 2006). A NCC é a doença

    parasitária que mais ocorre no SNC e é considerada a mais grave, resultando em um

    importante problema de saúde pública em regiões endêmicas para T. solium (figura 3).

    (PFUETZENREITER & ÁVILA-PIRES, 1999).

  • 17

    Figura 3: Endemicidade mundial da T. solium (Adaptada de: http://www.who.int/taeniasis/Endemicity_Taenia_

    Solium_2015.jpg?ua=1)

    O cisticerco consiste de duas partes: a vesícula e o escólex. Após a sua implantação no

    SNC, os cisticercos vão passar por uma seria de etapas, nas quais vão ser diferenciadas por

    características morfológicas e diferentes reações inflamatórias. A primeira etapa é a vesicular,

    que ocorre logo depois da sua implantação, em que o cisticerco é viável, o liquido vesicular é

    claro e a membrana é translucida. Nessa fase o cisticerco pode permanecer viável durante

    anos ou por ação do sistema imunológico entrar em um processo de degeneração ou etapa

    coloidal, na qual a resposta imune do hospedeiro desencadeia a degeneração hialina do

    escoléx e o liquido se torna turvo. Na etapa granular, a parede do cisto fica mais espessa e o

    escólex se mineraliza tomando aspecto de grânulos, nessa etapa ele já não é mais viável. No

    estágio final o parasita se torna um nódulo calcificado (ESCOBAR, 2002; OLIVEIRA &

    BEDAQUE, 2011).

    Quanto à sintomatologia ao longo das fases do cisticerco, os pacientes em geral

    costumam apresentar-se assintomáticos na fase vesicular. Na etapa coloidal os pacientes

    frequentemente se encontram sintomáticos, apresentando como sintoma mais comum as crises

    epiléticas e encefalopatias. Na etapa granular o processo inflamatório tende a regredir fazendo

    com que os sintomas da fase aguda regridam, e quando chegam a fase calcificada os pacientes

    normalmente se apresentam assintomáticos, a não ser em relação à hidrocefalia, pela fibrose

    meningea, e a epilepsia ou gliose residual. (AUGUSTO & ELENI, 2011). No entanto muitas

    pessoas com NCC são assintomáticas, e quando sintomáticas as manifestações clinicas mais

    http://www.who.int/taeniasis/Endemicity_Taenia_

  • 18

    comuns são a epilepsia, hipertensão intracraniana, déficit neurológico (TAKAYANAGUI &

    ODASHIMA, 2006). O tratamento pode ser feito por 3 vias: cirúrgica, quimioterápica e a dos

    tratamentos sintomáticos (REY, 2008).

    Pode-se perceber um sério problema na saúde pública, tendo em vista que a doença

    afeta de 20% a 50% de indivíduos acometidos por epilepsia tardia em todo mundo, sendo

    mais de 400 mil casos sintomáticos na América Latina. Estima-se que 80% das pessoas,

    dentro de um grupo de no mínimo 50 mil, que sofrem de ataques epiléticos, vivem em países

    em desenvolvimento com grande chance se serem endêmicos para T. solium, que está

    associada a neurocisticercose (WHO, 2010).

    3.5 Epilepsia

    De acordo com Yacubian (2002), as crises epilépticas ocorrem devido a um distúrbio

    cerebral que acontece em decorrência da manifestação excessiva e/ou hipersincrona

    proveniente das atividades cerebrais, geralmente autolimitadas de neurônios. Segundo a

    Classificação Internacional das Crises Epilépticas de 1981 encontramos 3 tipos de crise: as

    parciais, que ficam limitada apenas a uma parte de um hemisfério cerebral e se dividem em

    parcial simples, havendo preservação da consciência e parcial complexa, em que o indivíduo

    apresenta comprometimento da consciência. As crises generalizadas, que envolvem ambos os

    hemisférios cerebrais e as crises não classificadas, que não se enquadram em nenhum dos dois

    tipos apresentados.

    Segundo Scott, Lhatoo & Sander (2001) existem no mundo mais de 50 milhões de

    pessoas com epilepsia, sendo os países em desenvolvimento os mais afetados, calculando um

    número cerca de 4/5 ou mais dentro da estimativa mundial. Observando que

    aproximadamente 90% das pessoas que vivem em países em desenvolvimento não recebem o

    tratamento adequado, possuindo uma qualidade de vida menor do que de pessoas que

    possuem outras doenças crônicas.

    Em estudos realizados foi mostrada uma taxa de prevalência de epilepsia ativa que

    varia de 5 a 10 casos a cada 1000 pessoas que vivem em países em desenvolvimento. A

    incidência anual de epilepsia em países em desenvolvimento pode chegar a 190 a cada 100

    mil pessoas, sendo ela um problema de saúde e sócio econômico significativo e que requer

    atenção. Comparando a países industrializados encontramos uma incidência menor, entre 50 e

    70 casos a cada 100 mil pessoas (SCOTT, LHATOO & SANDER, 2001).

  • 19

    A alta incidência de epilepsia pode ser devido a uma quantidade significativa de casos

    de epilepsia sintomáticas, que pode ser causada por uma série de doenças parasitarias e

    infecciosas, sendo a NCC encontrada frequentemente em pessoas com epilepsias em países

    em desenvolvimento. Um estudo concluiu que a NCC é uma das principais causas de

    epilepsia da América Latina (GARCIA et al., 1999).

  • 20

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Com o intuito de definir a incidência de epilepsia em países da América Latina e

    investigar sua associação com a NCC, que é considerada uma das principais causas da mesma

    em países em desenvolvimento, foi realizado um estudo de revisão sistemática e metanálise

    da literatura, coletando-se dados até 2012. Foi verificada uma alta incidência de epilepsia e

    NCC na América Latina e uma associação consistente entre as duas (BRUNO et al., 2013).

    Estudos epidemiológicos em todo o mundo tem relatado a importante diferença na

    estimativa da prevalência e incidência da epilepsia, mostrando o tempo de vida da epilepsia,

    que significa pessoa que já tenha recebido em qualquer momento da vida um diagnostico de

    epilepsia (do inglês lifetime epilepsy – LTE), que varia de 5.8 / 1.000 (variação 2.7 – 12.4) em

    países em desenvolvimento a 15.5 / 1.000 (variação 4.8 – 49.6) em áreas rurais de países em

    desenvolvimento. Variações semelhantes são observadas para a prevalência de epilepsia ativa,

    que significa que a pessoa teve ao menos uma crise epiléptica nos últimos 5 anos (do inglês

    active epilepsy - AE) e para sua incidência.

    Na América Latina a média da prevalência de LTE varia de 6 / 1.000 a 43.2 / 1.000; já

    a prevalência de AE de 5.1 / 1.000 a 57 / 1.000, indicando grande variabilidade, que pode ser

    explicada por fatores relacionados ao desenvolvimento e recursos disponíveis do país,

    limitando os estudos. Porém, a distribuição de fatores biológicos e ambientais relacionados à

    epilepsia, como infecções do SNC, podem ser importantes para explicar a variabilidade,

    especialmente em países com recursos limitados (BRUNO et al., 2013).

    Os resultados encontrados nos países da América Latina, associando NCC e pessoas

    com epilepsia, foram de 32,3% (IC 95% 26,0 – 39,0) por tomografia computadorizada (TC) e

    19,6% (índice de confiabilidade - IC 95% 14,8 – 24,9) pela prova sorológica de Eletroimuno-

    transferencia Blot (EITB). Na área rural foi encontrada uma proporção ainda maior, 37,5% de

    TC e 23,7% de EITB contra 29,4% de TC e 12,1% de EITB relatados em áreas urbanas. Os

    resultados da meta- análise por país são ilustrados na figura 4. (BRUNO et al., 2013).

  • 21

    Figura 4: Prevalência de LTE e de AE por 1000, prevalência de NCC por TC e 95% de intervalo de

    confiabilidade em países da América Latina (Retirado de: BRUNO et al., 2013).

    A conclusão do estudo realizado por Bruno e colaboradores (2013), foi que a NCC

    influencia a frequência de epilepsia na América Latina, sendo visto que os países com maior

    incidência de epilepsia também apresentaram maior frequência de NCC, apontando a relação

    entre as duas doenças em outra análise. É um resultando importante já que as infecções

    parasitárias ocorrem por fatores modificáveis, o que poderia reduzir a carga de epilepsia

    mundialmente.

    Ainda discutindo estudos recentes realizados na América Latina, no Equador a NCC

    foi apontada como causadora de pelo menos metade ou um terço dos casos de epilepsia

    adquirida. Com uma média de 480 pessoas sendo hospitalizadas por ano devido à NCC e

    1670 devido à epilepsia, onde em ambas a notificação é obrigatória. Destaca-se que embora o

    país possua equipamento para o diagnóstico de prováveis causas da epilepsia adquirida,

    doenças parasitarias e infecciosas, esses não são usados. Devido ao alto custo, o que pode

    mascarar o resultado, ou seja, podem existir mais casos de epilepsia que não são associados à

    NCC. Como exemplo mais de 82% dos casos de epilepsia permanecerem com causa

    desconhecida devido à falta de um diagnóstico laboratorial, assim como acontece na maioria

    dos países endêmicos para NCC. A observação pertinente encontrada no estudo foi que nas

    últimas três décadas observou-se uma tendência decrescente nos casos de hospitalização

    devido à NCC no Equador, em função da melhoria das condições sanitárias do país e maior

    investimento na saúde (RON-GARRIDO et al., 2015).

  • 22

    No México foi realizado o primeiro estudo a fim de medir o impacto da NCC

    relacionando às duas manifestações clinicas mais comuns: epilepsia e dores de cabeça

    crônicas severas. Esse estudo foi realizado para saber quantos anos de vida são perdidos por

    consequência da NCC sintomática. O resultado encontrado foi que aproximadamente 0,14%

    da população total do México foi considerada ter epilepsia e 0,08% com cefaleia crônica

    severa, ambas associadas à NCC, sugerindo que anos de vida saudáveis estão sendo perdidos

    devidos à essa doença no México. (BHATTARAI et al., 2012).

    Foram encontrados 4 trabalhos sobre esse tema realizados no Peru. O’Neal e

    colaboradores (2012) tiveram como objetivo determinar se suínos com língua positiva para

    cisticerco poderiam indicar um foco geográfico de alto risco para teníase, com o interesse de

    orientar esforços de rastreamento direcionados, visando utilidade na intervenção para

    controlar o parasita causador da NCC. De um total de 548 suínos, 46,7% foram positivos para

    o anticorpo da cisticercose utilizando EITB; das 402 amostras fecais de humanos, 1,5% foram

    positivas para Taenia sp.. Foi constatado que a prevalência de teníase foi 8 vezes maior entre

    pessoas que vivem a uma distância menor de 100 metros de um porco com a língua positiva

    para cisticercose, do que uma pessoa que vive fora dessa faixa. Os resultados se mostraram

    positivos quanto a uma triagem seletiva ou tratamento presuntivo para teníase nesses focos de

    alto risco, mostrando que pode ser uma intervenção de controle prático, viável e eficaz em

    áreas endêmicas.

    Em outro estudo, realizado em 58 comunidades rurais do peru com o objetivo de

    analisar a prevalência e as características da epilepsia e convulsões epilépticas nessa região

    endêmica, foi aproveitada a realização de um programa de eliminação de cisticercose, onde

    17.452 habitantes (86,41% da população total da comunidade, maiores de 2 anos)

    concordaram em participar do estudo. A prevalência durante o tempo de vida da epilepsia foi

    de 17,25 a cada 1000 indivíduos, e a prevalência de epilepsia ativa foi de 10,8 a cada 1000

    indivíduos. Aproximadamente 40% dos indivíduos com epilepsia apresentaram anticorpos

    para cisticercose. A TC mostrou imagens compatíveis com NCC em 39% dos indivíduos com

    epilepsia, sendo soropositivos todos que apresentaram parasitas viáveis (MOYANO et al.,

    2014).

    Ainda no Peru, em 2014, foi publicado um trabalho que teve como objetivo coletar

    dados sobre a prevalência de T. solium em sete comunidades rurais no norte do país. Foram

  • 23

    utilizados voluntários do Corpo da Paz que vivem e trabalham nessas comunidades, para

    facilitar a coleta de amostra de fezes. Esse estudo foi realizado, pois a T. solium aumenta o

    risco de NCC não apenas para o portador de teníase, mas também para pessoas com quem ele

    convive. O artigo ainda cita a NCC como principal causa de epilepsia adquirida no adulto em

    todo mundo e como essa tem se apresentado como um problema de saúde publica cada vez

    mais importante em países desenvolvidos com populações imigrantes. Como resultado do

    estudo foram encontradas amostras de ovo de Taenia sp. em três das sete comunidades

    pesquisadas, com positividade em 49 de 2.328 amostras e a prevalência geral por T. solium de

    34 em 2.328 amostras. O estudo teve como pontos altos, além da alta prevalência de infecção

    por T. solium em comunidades nunca pesquisadas, também um grande número de amostras

    coletadas e examinadas graças a cooperação entre os pesquisadores e o Corpo da Paz de uma

    maneira mutuamente benéfica (WATTS et al., 2014).

    O artigo mais recente realizado em diferentes regiões do Peru teve como objetivo

    analisar a prevalência de epilepsia e soropositividade à cisticercose em três populações:

    indivíduos de regiões rurais, zona endêmica para cisticercose; indivíduos que migraram de

    zona rural para favelas em zona urbana em um período de longo prazo; indivíduos nascidos e

    vivendo no mesmo meio urbano, considerado não endêmico (GONZALES et al., 2015).

    Como a NCC está estreitamente relacionada à pobreza e, possuindo uma alta

    prevalência em ambientes rurais de países em desenvolvimento, que apresentam fatores de

    risco, como deficiência de saneamento básico, falta de água potável, criação doméstica de

    suínos, é também apontada como principal causa de epilepsia sintomática. Ela está se

    tornando um problema global crescente, sendo relatados casos em países industrializados

    devido à emigração de zonas endêmicas e também dentro de um próprio país, normalmente

    mobilizando pessoas de regiões endêmicas para centros urbanos. Há poucos dados sobre a

    variação na prevalência ou expressão de NCC depois dessa migração dentro de regiões

    endêmicas (GONZALES et al., 2015).

    No Peru, por razões históricas, houve um grande fluxo de pessoas de zonas rurais para

    urbanas, o que propiciou o estudo de migração de doenças, entre elas a prevalência de

    epilepsia e a soropositividade à cisticercose em indivíduos com mais de 30 anos. Nesse estudo

    foram utilizadas as populações de San Jose de Secce, e uma favela, Pampas de San Juan de

    Miraflores em Lima. Foi usado um total de 987 participantes, sendo 53% mulheres e 48%

  • 24

    homens, com idade média de 48 anos. Para esse estudo todos os indivíduos que consentiram

    responderam a um questionário padrão de 9 perguntas que atesta crise epilética. Os que

    mostraram resultados positivos foram entrevistado por um neurologista treinado para

    confirmar ou descartar um diagnóstico de convulsão ou epilepsia. Uma alíquota de soro foi

    separada das amostras coletadas e foi testada para os anticorpos específicos contra a

    cisticercose (GONZALES et al., 2015).

    Dos 987, 985 responderam ao estudo e desses, 278 responderam como positivo, sendo

    68% avaliados por um neurologista. Embora as diferenças não tenham sido significantes

    estatisticamente, foi visto que a prevalência de epilepsia foi maior nos migrantes (35,6 em

    1000) do que nos que vivem em aldeias rurais (25 em 1000), e ainda menor na população

    urbana (15,3 em 1000). Pode-se observar um gradiente na soroprevalência de anticorpos de

    cisticercose, sendo maior nos indivíduos que vivem em aldeias rurais, menor nos migrantes e

    ainda menor nos residentes urbanos, demonstrando que a migração dentro do país, do meio

    rural para o urbano, carrega um peso significativo em termos de resposta imunológica e de

    sintomatologia (GONZALES et al., 2015).

    A conclusão do estudo realizado por Gonzales e colaboradores (2015) é que entre as

    comparações populacionais realizadas, foi confirmada a associação entre cisticercose e

    epilepsia em zonas endêmicas rurais, mas que não se manteve nos imigrantes à longo prazo.

    Isso pode ser explicado pela natureza crônica das crises epilépticas e à diminuição do

    anticorpo ao longo do tempo nos indivíduos com NCC, que tiveram a inflamação causada

    pelo cisticerco resolvida com ou sem a calcificação dos mesmos. Esse fato indica a

    diminuição na soroprevalência, o que evidencia diferenças claras de endemicidade em um

    país endêmico e que sugere que as consequências neurológicas da infecção ultrapassam a

    resposta de anticorpos por anos, mostrando que a soroprevalência aumentou

    consideravelmente de acordo com a idade que o indivíduo apresentava ao sair da zona rural,

    sugerindo uma exposição acumulativa - quanto maior a idade na migração rural para urbano

    maior a soroprevalência de anticorpos.

    O artigo de Gonzales e colaboradores (2015) questiona dados interessantes sobre o

    reflexo da migração e NCC dentro do Peru, de uma área endêmica para uma área não

    endêmica, separando o estudo em 3 grupos diferentes. No entanto não foram usados exames

    de imagem para o diagnóstico da NCC, já que não possuíam acesso a TC ou a uma máquina

  • 25

    de ressonância magnética, para comprovar a positividade da NCC mesmo depois do cisticerco

    calcificado e da diminuição da soropositividade, o que é uma grande limitação. Também

    poderia ser realizados exames parasitológicos em fezes para estudar a incidência de teníase e

    a sua relação com novos casos de NCC na comunidade não endêmica estudada.

    A fim de conhecer o reflexo da migração de locais endêmicos para locais não

    endêmicos de T. solium no método de inclusão da pesquisa realizada para esse estudo, foram

    encontrados dados de NCC nos Estados Unidos devido a imigração de pessoas de países da

    América Latina.

    Em um artigo de revisão publicado por Serpa e White Jr. (2012) foi apresentada uma

    atualização dos estudos clínicos sobre NCC em áreas não endêmicas, nos Estados Unidos.

    Pode-se observar que o aumento do número de casos de NCC nos países desenvolvidos se dá

    em grande parte pela migração de pessoas de regiões endêmicas para não endêmicas e pôde

    ser constatado devido ao amplo acesso à neuroimagem. Foram observados também casos de

    transmissão local, ligados principalmente a um portador de teníase na família, destacando a

    NCC como um problema de saúde pública nos Estados Unidos. Nesse estudo estimou-se que

    a incidência de NCC varia de 0,2 a 0,6 a cada 100.000 habitantes em geral, e 1,5 a 8 casos a

    cada 100.000 latinos, ocorrendo de 1320 a 5050 novos casos de NCC todos os anos nos

    Estados Unidos.

    Outro artigo encontrado trata a NCC como uma doença parasitária negligenciada nos

    Estados Unidos, apontando como manifestação clínica principal a epilepsia adquirida em

    países endêmicos, representando 29% das pessoas com epilepsia e podendo chegar até quase

    50% em algumas regiões endêmicas. Nos Estados Unidos cerca de 2% das visitas à

    emergência por convulsões podem ser atribuídas à NCC. Acredita-se ser a América Latina o

    principal responsável por NCC nos Estados Unidos devido a migração, porém já houve

    relatos da doença entre pessoas nascidas nos Estados Unidos, que viajaram para locais

    endêmicos ou através de humanos portadores do verme adulto, via infeção oral-fecal. É

    sugerido que se tenha conhecimento do histórico de viagens do paciente e/ou fazer um

    rastreamento de contatos próximos de portadores de NCC, no intuído de localizar possíveis

    casos de teníase. Os autores comentam a falta de dados epidemiológicos da cisticercose nos

    Estados Unidos e sugerem como solução a notificação obrigatória do diagnóstico ou a criação

    de uma base de dados nacional integrada, o que permitiria uma maior compreensão da

  • 26

    doença, possibilitando um maior e melhor alcance de saúde pública para as populações

    afetadas (CANTEY et al., 2014).

    Em um estudo mais recente foram avaliados os efeito da NCC nos Estados Unidos,

    podendo-se observar 18.584 casos de internação devido à NCC no período de 2003-2012,

    com custo hospitalar associado de mais ou menos 908 milhões de dólares. Concluiu-se que a

    NCC é um crescente problema para a saúde pública dos Estados Unidos e que está

    relacionada a população de imigrantes e a pessoas que viajaram para regiões onde a

    cisticercose é endêmica, gerando custo elevado à saúde pública do país. O estudo teve como

    objetivo comparar a frequência e custos associados à internações por NCC com outras

    doenças tropicais de importante potencial nos Estados Unidos (O’NEAL & FLECKER,

    2015).

    O estudo menciona o pedido de reforços da Organização Mundial de Saúde (OMS)

    para cisticercose, que é definida como uma doença tropical negligenciada (DTN). Em parte

    continua sendo negligenciada pelo fato de existirem poucos dados populacionais na maioria

    das regiões endêmicas. Isso se dá pelos países endêmicos contarem com poucos recursos para

    diagnosticar a NCC, já que exames de neuroimagem geralmente não estão disponíveis. Esse

    estudo proporcionou uma oportunidade para coletar dados populacionais nos Estados Unidos,

    devido à grande população de imigrantes com risco de infecção, junto à disponibilidade de

    infra-estrutura de vigilância de doenças e facilidade de exames de neuroimagem, embora

    somente alguns estados exijam a notificação de casos de NCC (O’NEAL & FLECKER,

    2015).

    Através desse estudo foi encontrado um número anual de hospitalizações por NCC que

    variou de um máximo de 2.247 em 2006 a um mínimo de 1.495 em 2012. A incidência anual

    média de internações por idade e sexo foi maior entre os latinos (2,50 / 100.000), sendo 35

    vezes maior do que a taxa de internação dos brancos não latinos, 10 vezes maior que a dos

    negros e 8 vezes maior que a dos asiáticos/ ilhas do pacifico (Figura 5) (O’NEAL &

    FLECKER, 2015).

  • 27

    Figura 5: Número e taxa de hospitalizações por NCC nos Estados Unidos, por grupo demográfico, 2003-2012.

    Adaptado de O’NEAL & FLECKER, 2015.

    Dentre os indivíduos hospitalizados por NCC o diagnóstico mais comum foi o de

    crises epilépticas/convulsão, que ocorreu em 57% do grupo estudado, seguido por 17,7% de

    hidrocefalia obstrutiva e 12,4% cefaleia (O’NEAL & FLECKER, 2015).

    A frequência e o custo total dos casos de cisticercose ultrapassaram todas as outras

    DTN’s (figura 6). Estima-se que 23.266 das hospitalizações ocorridas no período de 2003 a

    2012 foram associadas à cisticercose, resultando em um custo hospitalar total de

    1.149.044.000 dólares comparado a um total de 20.029 internações devido à todas as outras

    DTN’s com um custo de 1.043.109.000 dólares (O’NEAL E FLECKER, 2015).

  • 28

    Figura 6: Número de hospitalizações por valores em milhões de dólares. Retirado de (O’NEAL E FLECKER,

    2015).

    O’Neal e Flecker (2015) concluíram que a cisticercose merece atenção e exploração

    nos Estados Unidos, pois gera um alto gasto para a saúde pública do país e sendo o risco de

    hospitalização maior em latinos. Com a taxa de hospitalização significativamente maior entre

    os latinos comparada a dos brancos não latinos, o efeito da NCC sobre a economia americana

    provavelmente aumentará nos próximos anos. Há uma projeção de crescimento da população

    latina realizada pela “US Census Boreau” de 53 milhões em 2012 para 78 milhões até 2030,

    levando a uma estimativa de custo por hospitalizações por NCC, apenas entre latinos, de 250

    milhões de dólares no ano de 2030.

    Esse artigo demonstra a preocupação e o interesse econômico envolvidos na

    incidência de NCC nos Estados Unidos. Existindo a construção de um banco de dados que

    conta com a notificação obrigatória em alguns estados do país, ajudando a compreender

    melhor a doença. No entanto o artigo possui alguns limitadores, o banco de dados utilizado

    para coletar informações não consegue identificar múltiplas hospitalizações de uma mesma

    pessoa, não conseguindo assim quantificar a prevalência e incidência da doença, além de

    muitos estados ainda não participarem da notificação obrigatória. Também faltam

    informações como dados sobre o país de nascimento ou o histórico de viagens do paciente

    com NCC para ajudar a entender a possível fonte causadora. Em nenhum momento o artigo

    citou o complexo teníase/cisticercose e como a teníase poderia influenciar nos dados de

    cisticercose humana nos lugares de imigração. Já é um começo para entender que a NCC não

  • 29

    afeta apenas países endêmicos para T. solium, e que com a globalização passa a se tornar um

    problema de saúde mundial (O’NEAL E FLECKER, 2015).

    Usando como gancho o fato da NCC se tornar um problema de saúde mundial, com

    base em um último artigo e acordo com o método de inclusão e exclusão, da autora Bouteille

    (2014). Esse artigo aborda a epidemiologia da cisticercose e NCC no mundo, citando a

    endemicidade de T. solium em países em desenvolvimento, como América Latina, Ásia e

    África Subsaariana. Bouteille pontua que NCC é responsável por mais de 50% de epilepsia

    adquirida em países em desenvolvimento, podendo ocorrer de 2 a 8 anos após a infecção, com

    a sintomatologia aparecendo geralmente durante a degeneração dos cisticercos. O artigo

    aponta 2,5 a 5 milhões de pessoas como portadoras do verme adulto e 50 milhões portadoras

    de cisticercose, sendo ela responsável por 50 mil mortes por ano segundo a OMS. O homem

    cumpre um papel importante na disseminação do parasita no meio ambiente já que é o único

    hospedeiro definitivo do verme adulto. Apesar de ser considerada uma doença de países em

    desenvolvimento, devido ao aumento da migração de pessoas de áreas endêmicas, a NCC tem

    sido diagnosticada nos Estados Unidos, Europa e Austrália.

    4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Durante a construção desse artigo, foram analisados diversos estudos, que associavam

    epilepsia e NCC em países da América Latina, a endemicidade de T. solium em regiões rurais

    de países em desenvolvimento e o início de estudos relacionando a migração de indivíduos de

    uma região endêmica para uma região não endêmica. Essa migração podendo ocorrer dentro

    de um mesmo país ou para um país diferente, mostrando a sua repercussão com impacto para

    a saúde pública. Assunto atual que merece atenção, é a imigração elevada do continente

    africano endêmico para o continente europeu, podendo haver grande impacto na incidência de

    casos de teníase e NCC.

    Devido à falta de dados epidemiológicos justificados pela falta de recursos para o

    diagnóstico podemos chegar a uma estimativa de 75 milhões de pessoas que vivem em

    regiões endêmicas da América Latina e aproximadamente 400.000 casos de NCC. Pôde-se

    concluir através dos dados coletados que o principal sintoma encontrado entre os pacientes foi

    a epilepsia. Contudo até que ponto esses dados podem ser mascarado, devido ao seguinte

    questionamento – será que os médicos de regiões endêmicas são capazes de relacionar

  • 30

    epilepsia à NCC ou apenas descobrem a NCC como um achado em um exame de imagem em

    função da investigação da epilepsia ou de outra encefalopatia.

    Com os dados apresentados nesse artigo, podemos relacionar a alta prevalência de

    epilepsia adquirida em países da América Latina com a NCC, além do reflexo da migração

    que se dá para regiões e países não endêmicos para NCC. Além disso, foi evidenciado que

    com o controle da T. solium, responsável pelo complexo teníase/cisticercose, diminuiria não

    só o número de casos de NCC, mas também os casos de epilepsia adquirida. Para esse

    controle se tornar possível é necessário o conhecimento dos dados epidemiológicos da NCC

    em pais endêmicos e não endêmicos, através da notificação obrigatória, como já é observada

    em alguns países, e também o rastreamento de pessoas próximas ao indivíduo acometido para

    verificação de possíveis casos de teníase.

  • 31

    5. REFERENCIAS:

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