MPT - Representação contra MRV

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  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    AO ILUSTRSSIMO SENHOR SECRETRIO DE DIREITO ECONMICO DO

    MINISTRIO DA JUSTIA, DOUTOR VINCIUS MARQUES DE CARVALHO

    O MINISTRIO PBLICO DO TRABALHO, pelo Procurador que esta

    subscreve, na condio de membro da Coordenadoria Nacional de Erradicao do

    Trabalho Escravo do MPT, lotado na Procuradoria do Trabalho no Municpio de

    Araraquara!P, com endereo na "# Padre $uarte, %&%, '( andar, Edi)cio Am*rica, +ardim

    Nova Am*rica, Araraquara!P, CEP %-.//0'/, vem perante 1# !a#, respeitosamente,

    o)erecer a presente REPRESENTAOpara apurao de in)rao da ordem econ2mica

    3arts# 4/, inc# 5 e 555, e 4%, caput, da 6ei n# .#..-%77-8 art# 0', inc# 5 e 555, e 9 0( da 6ei n#

    %4#&474/%%: em )ace de MRV ENGENHARIA E PARTICIPAES S.A., CNP+ n#

    /.#0-0#-74///%4/, com endereo na Avenida "a;a 4/, 0( andar, bairro

    !anta 6ucia, ?elo @orionteM

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    Tratase de conduta que se a;usta de)inio le=al de Hlimitar, falsear ou dequalquer forma prejudicar a livre concorrncia ou a livre iniciativa I, e de Haumentar

    arbitrariamente os lucrosI#

    !erF demonstrado, a se=uir, que a prFtica de sone=ar em lar=a escala

    direitos trabalhistas bFsicos e )undamentais vem sendo cometida de )orma sistemFtica

    pela M"1 hF diversos anos, em todas as partes do pas onde a empresa este;a presente,

    com destaque para as se=uintes condutas ilcitasD submisso de trabalhadores a

    condiBes de=radantes, anFlo=as s de escravo8 aliciamento de trabalhadores8

    celebrao de terceiriaBes )raudulentas8 violao das normas de saJde e se=urana no

    trabalho, com a eposio diFria de deenas de milhares de trabalhadores a risco s*rio e

    imediato, inclusive de morte#

    !erF tamb*m demonstrado, em tKpico se=uinte, que a M"1 valeuse e

    continua a se valer de tal si=ni)icativa vanta=em abusiva custos trabalhistas menores

    que o da concorrGncia para alavancar sua posio no mercado, estrat*=ia na qual a

    empresa vem obtendo etraordinFrio sucesso, em pre;uo ordem econ2mica e

    )inanceira# Ou se;a, simultaneamente a uma verdadeira eploso da quantidade de

    problemas trabalhistas por ela =erados, vem a M"1 obtendo sucesso em converter a

    economia obtida com custos trabalhistas em uma vanta=em competitiva, em detrimento

    aos trabalhadores e concorrGncia#

    #! DAS O$ENSAS TRABALHISTAS

    Como mencionado, as in)raBes cometidas pela M"1 le=islao

    trabalhista no se apresentam como episKdios pontuais ou ecepcionais# As violaBes,

    comprovadas pela )arta documentao que instrui a presente representao, so

    cometidas em massa e ocorrem onde quer que a empresa este;a desenvolvendo suasatividades#

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    $e )ato, a prova estF a demonstrar que, onde quer que eista um canteiro de

    obras da M"1, lF estaro sendo suprimidos direitos trabalhistas, indicativo da eistGncia

    de uma )irme disposio de se obter, de )orma plane;ada, a reduo do custo do trabalho

    atrav*s do descumprimento da lei e da Constituio Lederal#

    $ada a amplitude da conduta cometida, pedese desde ;F escusas pelo

    =rande tamanho da eposio a se=uir# A etenso da narrativa mostrase necessFria,

    entretanto, para que se;a devidamente apreendida a real dimenso do problema sob

    anFlise#

    No obstante, * imperioso ressaltar que os )atos e provas que sero

    mencionados constituem apenas uma parte do todo# @F inJmeras outras aBes ;udiciais e

    procedimentos de investi=ao, conduidos pelo Minist*rio PJblico do Trabalho, em

    andamento ou ;F concludos, que no sero aqui mencionados dadas as di)iculdades

    inerentes tare)a de se reunir, em tempo hFbil, material to volumoso em um pas como o

    ?rasil, com dimensBes continentais# Al=uns desses outros procedimentos encontramse

    mencionados no doc# #%, em aneo#

    #.! I%&'()*+ )--%/(+)-+ 01 C-12(3-+4SP 0 A10('-3-4SP 56*'. A!

    O Minist*rio PJblico do Trabalho em Campinas instaurou, nos Jltimos anos,

    diversos epedientes de investi=ao em )ace da M"1, reunindo =rande quantidade de

    autos de in)rao lavrados pelo servio de inspeo do trabalho, os quais re=istram a

    prFtica de todo tipo de ilcito trabalhista, al*m de decisBes ;udiciais# Tais violaBes )oram

    com o passar dos anos crescendo em =ravidade, tendo atin=ido recentemente o patamar

    da submisso de trabalhadores condio anFlo=a de escravo#

    !ero transcritos, a se=uir, apenas al=uns dos autos lavrados antes da

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    operao de )iscaliao realiada, no )inal de 4/%/, para a erradicao do trabalhoescravo urbano# Todos os documentos podem ser encontrados no aneo identi)icado

    como doc# A#

    Em 4//>D

    Deixar de dotar os andaimes fachadeiros de proteo com tela de arame

    galvanizado ou material de resistncia e durabilidade equivalente...

    ...a empresa em tela deixou de dotar a proteo contra quedas constitu!da

    de anteparos r!gidos, em sistema de guarda"corpo e rodap#...

    ...a empresa em tela deixou de equipar o estabelecimento com material

    necess$rio % prestao de primeiros socorros...

    ...seus empregados no possuem &estimenta de 'rabalho.

    ...edificao com ( )quatro* pavimentos, onde no h$ proteo coletiva )pro

    ex+ perif#rica* havendo riscos de queda de trabalhadoresprojeo de materiais.

    ...-ant#m o)s* canteiro)s* de obra sem ambulatrio...

    Deixar de instalar uma plataforma principal de projeo na altura da

    primeira laje, no m!nimo um p# direito acima do n!vel do terreno, em todo o per!metro da

    construo )...*. /sta proteo # extremamente necess$ria para evitar acidentes com

    queda, principalmente, de materiais...

    ...no utilizava calados de segurana, estava usando sim sand$lias do

    0tipo havaianas0....

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    Em 4//.D

    1oi encontrado um trabalhador montando andaimes na entrada da obra

    sem utilizar cinto de segurana, expondo, desta forma, sua vida a risco.

    ...nos taludes escavados para construo de fossas s#pticas, a terra, tanto

    das laterais internas quanto em sua volta, encontrava"se bastante molhada, sem

    estabilidade, representando grave risco a vida do trabalhador que estava no interior do

    talude...

    ...o local destinado ao vaso sanit$rio no possui recipiente com tampa para

    depsito de pap#is usados nem pap#is higinicos a disposio dos trabalhadores,

    prejudicando, desta forma, a higiene do local.

    2a auditoria foi verificado que em diversos locais de acesso % torre de

    elevador as barreiras haviam sido retiradas, no havendo qualquer proteo que evitasse

    que os trabalhadores expusessem alguma parte do seu corpo no interior da mesma,

    gerando, assim, grande risco % vida e % integridade f!sica dos mesmos.

    ...foi constatado que a auditada deixou de providenciar fechamento

    provisrio resistente nas aberturas do piso. 2a auditoria foram encontrados buracos de

    aproximadamente 34 cm de di5metro e com bastante profundidade, conforme foto anexa,

    os quais representam risco potencial de acidente, expondo a risco a integridade f!sica dos

    trabalhadores.

    ...a serra circular encontrada no canteiro de obras no possui dispositivo

    empurrador e guia de alinhamento, apresentando um elevado risco de acidente para os

    trabalhadores.

    Deixar de manter 6ervio /specializado em /ngenharia de 6egurana eem -edicina do 'rabalho.

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    1oram encontrados diversos andaimes na obra sem guarda"corpo e

    rodap#, colocando em risco a vida e a integridade f!sica dos trabalhadores que neles

    laboram.

    -anter pontas verticais de vergalh7es de ao desprotegidas.

    Deixar de exigir o uso dos equipamentos de proteo individual.

    ... encontrava"se trabalhando em cima do telhado de uma das casas em

    construo, portanto a uma altura aproximada de mais de trs metros de altura, sem

    utilizar cinto de segurana, expondo, assim, sua vida a risco.

    ... foi encontrado local com diferena de n!vel )foto anexa* com

    possibilidade de queda de trabalhadores ou materiais sem a proteo adequada para se

    evitar quedas e acidentes.

    ... a auditada deixou de providenciar que a escavao para a fosse s#ptica

    dotasse de sinalizao de advertncia ou barreira de isolamento.

    Em 4//7D

    Deixar de garantir fornecimento de $gua pot$vel, filtrada e fresca nos

    postos de trabalho...

    Deixar de apresentar documentos sujeitos % fiscalizao do trabalho...

    -anter servio especializado em /ngenharia de 6egurana e em -edicina

    do 'rabalho dimensionado em desacordo com o 8uadro 99 da 2:"(.

    ... a empresa deixou de disponibilizar bancada ou plataforma para a

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    realizao de dobragem e corte de vergalh7es de ao. ; operao, como comprovamosno local era feita no prprio cho de terra, sem qualquer preparo, expondo o trabalhador a

    riscos ergoni Diego 'anjoni, ?" @eandro 6imonete

    Aansan, e 3 " ;ndr# )nome completo no fornecido durante a inspeo*. Bomo a empresa

    no trouxe qualquer documento deste Cltimo, foi autuada pelo art. 34, E (F da B@' ;9 n.4=G(HG?4. 8uanto aos dois acima, as fichas de cadastro anexadas demonstram que o

    primeiro sequer havia completado o segundo grau, j$ o segundo estava no =F ano de

    engenharia. Aor outro lado, o BI21/; no autoriza o est$gio antes do (F ano de

    engenharia.

    Deixar de substituir imediatamente o equipamento de proteo individual,

    quando danificado ou extraviado.

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    Deixar de fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento deproteo individual adequado ao risco, em perfeito estado de conservao e

    funcionamento.

    1oi verificado que no canteiro de obras havia um trabalhador no interior do

    talude realizando escavao para instalao de reservatrio de $gua, sem qualquer

    aparato que proporcionasse a estabilizao do mesmo e que garantisse a segurana dos

    trabalhos.

    Em 4/%/D

    1oi verificado que dois pr#dios encontravam"se sem o devido fechamento

    com tela ou outro dispositivo que garanta o fechamento seguro da abertura no andar

    superior, estando a periferia totalmente desprotegida, representando risco % integridade

    f!sica dos trabalhadores.

    1oram encontrados diversos andaimes na obra e nenhum possu!a a

    proteo necess$ria de guarda"corpo e rodap# a fim de proteger os trabalhadores...

    1oi encontrado um trabalhador dentro do talude escavado para instalao

    de rede de esgoto e $gua pluvial, com profundidade superior a =,?G metros, sem qualquer

    escoramento ou estrutura dimensionada que garanta a estabilidade do mesmo. ;grava"se

    o fato da terra retirada estar sendo depositada ao lado da escavao, o que a torna ainda

    mais profunda, colocando em risco a integridade f!sica dos trabalhadores.

    ...a auditada deixou de exigir o uso de equipamentos de proteo

    individuais de alguns trabalhadores.

    ...a auditada permite a execuo de atividade a mais de ? )dois* metros de

    altura sem a utilizao de cinto de segurana.

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    1e;ase que todas essas violaBes )oram cometidas no obstante a M"1

    possua pleno conhecimento de seu dever em proporcionar aos operFrios um ambiente de

    trabalho se=uro nos canteiros de obras# Nesse sentido, merece transcrio a se=uinte

    declarao, prestada por um representante da M"1 em audiGncia ministerial, realiada no

    dia %4/>4/%/ em CampinasD H### tem cincia de que a responsabilidade pelo

    cumprimento das normas de medicina e segurana do trabalho # sua, tanto que mant#m

    engenheiros e t#cnicos de segurana nos canteiros de obras###I#

    Aos autos dos procedimentos de investi=ao em Campinas )oram ;untadas,

    tamb*m, inJmeras sentenas, que podem ser visualiadas em aneo, que reconheceram

    a prFtica da M"1 de celebrar terceiriaBes ile=ais# Em vFrios casos, aliFs, o Ma=istrado

    determinou, em acr*scimo condenao, o encaminhamento de o)cio ao MPT,

    solicitando as providGncias necessFrias para a represso do ilcito#

    Em acr*scimo a todas as constataBes acima transcritas, realiouse no

    )inal de 4/%/ uma nova ao )iscal, 3- 78-% 9*-1 03'*3)-6*+ 01 *- 6- MRV 01

    A10('-3-4SP +0++03)- 0 ):+ )--%/-6*0+ +810)(6*+ - '*36(;%*=-+ ?+ 60 0+'-@*, *+ 78-(+ 30'0++()--1 +0 0+=-)-6*+ 60 )-% '*36(;* 20%*

    +0@(;* 60 9(+'-%(-;*#

    Em rao de tal ocorrGncia, )oi a;uiada a ao civil pJblica n /4/.-4/%%

    //>%&77 perante a +ustia do Trabalho em Americana!P, de cu;a inicial transcrevese oque se=ueD

    Aesquisa realizada apenas no 5mbito da Jerncia :egional do 'rabalho e

    /mprego )J:'/* em Bampinas aponta para cerca de setenta autua7es da r#, entre

    janeiro de ?44K e abril de ?4=4, quase na totalidade versando sobre no cumprimento de

    normas de saCde e segurana laboral )DIB. = L fls. 33?(4H*.

    @evantamento de reclama7es trabalhistas ajuizadas em face da r#, obtido

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    pelo sindicato da categoria profissional, to somente no 5mbito da =GM :egio, outrossim,apresenta o mesmo diagnstico de precarizao de direitos trabalhistas, notado pelas

    inCmeras demandas aforadas )DIB. = L fls. (?=(??, GKKGH= e ;nexo ?*.

    N$ o 9B n.F 344.?44H.=G.444K, incumbido originariamente da investigao

    das condi7es de alojamento de trabalhadores, foi instaurado a partir de fiscalizao

    empreendida, em =4==?44O, pela J:'/ em Bampinas junto % r# e a uma de suas

    empreiteiras contratadas )D P B &entura 6ervios em Bonstruo @'D;.*, envolvendo a

    constatao de precarizao de diversos direitos )inclusive moradia* dos trabalhadores

    dessa empreiteira, em sua maioria migrantes de outros /stados. ;l#m da empreiteira

    fiscalizada, a auditoria deparou, ainda, com mais outras nove prestadoras similares )cf.

    relatrio Q DIB. ? L fls. 4(=K*.

    )...*

    6ituao similar foi noticiada nos mesmos autos de inqu#rito civil, em

    =(=4?44H, envolvendo trabalhadores oriundos de Jovernador -angabeiraR; e cidades

    vizinhas, que se ativavam em obra da r# na cidade de 9tu6A )DIB. ? L fls. K4K=*.

    ;mbos os inqu#ritos civis referidos, a despeito dos desdobramentos acima,

    resumidamente narrados, acabaram por ter como seu $pice o mesmo evento+ a fat!dica

    fiscalizao da J:'/, acompanhada por este Aarquet, no Bondom!nio :esidencial

    Reach Aar>, obra da r# nesta cidade de ;mericana6A. I quanto apurado esgotou

    qualquer 5nimo ministerial de tratamento extrajudicial da conduta nociva adotada pela r#,

    na consecuo de sua finalidade social.

    I excelente relatrio fiscal produzido pelos ;uditores"1iscais do 'rabalho

    incumbidos desta fiscalizao, de to minucioso e robusto, inspira a transcrio de suas

    principais passagens, visando objetividade e, ao mesmo tempo, a demonstrao da exata

    medida da absurda condio a que estavam expostos trabalhadores encontrados no

    local. Deste modo, pede"se licena para que sejam efetuadas seguidas transcri7es

    deste relatrio )!ntegra, com documentos, no anexo DIB. 3*, a comear pelo resumo daao+

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    ; fiscalizao local teve in!cio na tarde de =443== com a vistoria de um

    dos alojamentos, e durante vistoria na obra, a equipe foi informada pelos trabalhadores

    que as graves irregularidades das denCncias se aplicavam tamb#m a outra empreiteira

    terceirizada da -:&. Dessa forma, tamb#m foram vistoriados, aps a jornada de trabalho

    e com a participao dos trabalhadores, dois alojamentos, um ao lado do outro )casa tipo

    geminadas*, ligados a outra empreiteira. ;ssim foram objeto de ao fiscal tanto a -:&

    como duas empresas, que sero designadas coletivamente, de agora em diante, como

    '/:B/9:;6, quais sejam+ a -.;. Bonstru7es, cuja razo social # -aria 9lza de 6ousa

    1erreira e Bia. @tda., doravante chamada de -.;.S e a Bardoso P Tavier Bonstruo Bivil

    @tda."-/, doravante designada como B;:DI6I. ;s a7es tiveram ampla cobertura pela

    imprensa, conforme reportagens que constam no anexo a este relatrio )jornais 'odoDia

    e I @iberal, ambos de ;mericana6A, 1olha de 6o Aaulo e retransmissora local da :ede

    Jlobo, /A'& Q Doc. (G*.

    1oram cumpridos integralmente os procedimentos contidos na Aortaria -'/

    nF.=G3, de =3=4?443, Aortaria -'/ nF. =, de ?O4==HHK, 9nstruo 2ormativa nF. K de

    =G4G?44H e :esoluo BID/1;' nF. 34 de 4==?44?. 1oram resgatados 3

    )sessenta e trs* dos ( )sessenta e quatro* trabalhadores encontrados em condi7es

    an$logas % de escravos. Um deles, ligados % Bardoso, Nos# @uis da 6ilva 1ilho, no

    compareceu para receber as verbas rescisrias. As situaes encontradas

    enquadram-se nas hipteses de degradao do ambiente de trabalho, do local de

    alojamento, e de restrio da locomoo por meio de reteno de CTPS e nopagamento de salrio, con!igurando trabalho anlogo ao de escra"o )g.n. L DIB. 3

    L fl. 4*.

    /m nCmeros, a ao fiscal em comento foi assim traduzida )DIB.3 L fls.

    44K*+

    Aer!odo da ao+ de =4 de maro a ?4 de abril de ?4==./mpregados alcanados+ total ( )sessenta e quatro*

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    " Vomem+ (" -ulher+ 4

    " ;dolescente+ menor de = anos+ 4

    " de = a =O anos+ 4

    /mpregados registrados sob ao fiscal+ total ? )vinte e seis*

    " Vomem+ ?

    /mpregados resgatados+ total 3 )sessenta e trs*

    " Vomem+ 3

    &alor bruto da resciso+ :W ?4H.HH(,=K )duzentos e nove mil, novecentos e

    noventa e quatro reais e dezessete centavos*

    &alor l!quido recebido+ :W ?4.H44,G4 )duzentos e seis mil, novecentos reais

    e cinquenta centavos*. )Doc. *

    ;s divergncias num#ricas entre alcanados e resgatados, bem como no

    valor da resciso e do recebido se devem ao no comparecimento de um

    trabalhador.

    &alor l!quido recebido Danos -orais+ 4

    1J'6 recolhido+ em J::1+ :W ?G.?H=,K

    em J:1 Q J19A+ :W ?.3?,KO

    2Cmero de ;utos de 9nfrao lavrados+ (( )quarenta e quatro*

    J6D':" 6eguro Desemprego emitidos+ 3 )sessenta e trs*

    2Cmero de B'A6 emitidas+ 4

    'ermos de ;preenso e Juarda+ =

    'ermo de 9nterdio+ =

    2Cmero de B;' emitidas+ 4

    Ariso efetuada+ 4

    'endo participado da fiscalizao, inclusive in loco, o -A', no momento da

    verificao f!sica, tomou depoimentos )DIB ? L fls. ==K=?3 e ==K* e, dias depois,celebrou 'ermo de ;juste de Bonduta )';B* com a r#, com desiderato espec!fico de

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    tutelar a situao dos trabalhadores reduzidos % condio an$loga % de escravo,mediante a resciso de seus contratos de trabalho e conduo % sua cidade de origem

    )DIB ? L fls. =3==3G e =(4=(?*, cujas providncias, inclusive de suporte de despesas,

    foram todas promovidas pela r#, por fora do ';B firmado. 1rise"se que os elucidativos

    depoimentos colhidos pelo -A' tamb#m subsidiaram as conclus7es do relatrio de

    fiscalizao repetidamente mencionado.

    ; situao encontrada no deixa margem de dCvida sobre a ilicitude da

    terceirizao perpetrada pela r#, facilmente percebida pela incidncia concomitante das

    seguintes circunst5ncias+ )a* ausncia de delegao de servios especializadosS )b*

    subordinao diretaS e )c* inidoneidade econ

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    2ota"se, da an$lise dos depoimentos, da comparao dos contratos sociais

    e da composio da mo"de"obra, que a -:& optou pela ampla terceirizao do trabalho

    braal, indispens$vel para a consecuo de seu objeto social de construo de edif!cios,

    mantendo em seus quadros apenas os profissionais administrativos e com poderes de

    mando e coordenao. ; estrat#gia est$ claramente demonstrada nos depoimentos de

    Diego ;. 'orette, assistente t#cnico administrativo )Doc. =3*, e de Noo :odrigues ;lves,

    encarregado, e Renedito Barlos 1erreira, mestre de obras )Doc. =(*, nos quais afirmam+

    #no h qualquer !uncionrio da $%& reali'ando ser"io braal de e(ecuo das

    obras)* 8uanto %s '/:B/9:;6, h$ mero fornecimento de mo"de"obra fora das

    hipteses legais de trabalho tempor$rio da @ei .4=HK(. Bita"se, que tanto #

    indispens$vel a obteno c#lere de trabalhadores para no atrasar o cronograma da

    obra, que o Bontrato de Arestao de 6ervios com -.;. foi firmado posteriormente %

    entrada de seus funcion$rios no canteiro )Doc. 34*. ; data de in!cio que l$ consta #

    4H4??4==, mas os depoimentos e as YAlanilhas de AresenaZ da -.;. demonstram que

    os trabalhos comearam ;2'/6 disso, pelo menos, desde o dia =F. De fevereiro de ?4==

    )Doc. 3=* L )DIB. 3 L fls. ?H34*.

    )...*

    A indis!ar"el inidoneidade !inanceira conjugada com o completo

    despreparo administrati"o das +empreiteiras !iscali'adas, alm de denotar a j

    aludida subordinao direta e(ercida pela r, tem como produto o que de pior pode

    ad"ir de uma terceiri'ao. a precari'ao dos direitos trabalhistas de quem est

    na ponta mais !rgil da relao tridica t/pica da terceiri'ao 0tomador-prestador-

    empregado1. o trabalhador* A pro"a abundante.

    )...*

    A subordinao econ2mica das +empreiteiras em !ace da r ele"ada

    3 m(ima pot4ncia pelo uso do repugnante arti!/cio da assinatura de documento de

    distrato com data em branco 056C* 7 8 !ls* 7797:1, dei(ando ao e(clusi"o talante da

    contratante o destino da continuidade da prestao de ser"ios.

    I fato de termos encontrado na -:& a mesma pr$tica no suposto 5mbito

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    negocial, no regido pela B@', # mais do que comprovao de que os taisY/-A:/6[:9I6Z so tratados como se 1I66/- /-A:/J;DI6 D; -:&. Is

    empres$rios teriam papel de encarregados, l!deres de equipe ou gerentes de mo"de"

    obra, com algumas liberdades, como a dispensa de marcao de hor$rio, nas, no cerne

    da relao, so apenas uma outra categoria de /-A:/J;DI6, facilmente

    demitidosdispensados, j$ que na relao jur!dica de fachada no incidem verbas

    trabalhistas ou multa do 1J'6, por exemplo )DIB. 3 L fl. 3(*.

    'oda esta precarizao de direitos, juridicamente imput$vel % r#, em

    decorrncia da evidente ilicitude da terceirizao praticada, traduziu"se na impressionante

    marca de (( )quarenta e quatro* autos de infrao lavrados pela J:'/, assim ementados

    )DIB. 3 L fls. ===3*+

    2F do ;9 /menta DescrioBapitulao

    = 4?==G=G"? 44=3HO" Deixar de efetuar, at# o GF )quinto* dia Ctil do ms

    subsequente ao vencido, o pagamento integral do sal$rio mensal devido ao empregado.

    ;rt. (GH, E =F, da B@'.

    ? 4?3HK?H"3 4444=4"O ;dmitir ou manter empregado sem o respectivo

    registro em livro, ficha ou sistema eletr

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    4?3HK43"H ?=O4(="3 Deixar de dotar as instala7es sanit$rias de

    lavatrio, vaso sanit$rio e mictrio, na proporo de um conjunto para cada grupo de ?4

    trabalhadores ou frao e ou de chuveiro na proporo de uma unidade para cada grupo

    de =4 trabalhadores ou frao. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.( da 2:"=O.

    K 4?3HK4("K ?=O43=" Deixar de manter as instala7es sanit$rias em

    perfeito estado de conservao e higiene. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.3, a,

    da 2:"=O.

    O 4?3HK4G"G ?=O4(3"4 -anter vaso sanit$rio instalado em local em

    desacordo com o disposto na 2:"=O. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?..= da 2:"

    =O.

    H 4?3HK4"3 ?=OGO3"4 Deixar de providenciar isolamento adequado nos

    casos em que haja possibilidade de contato acidental com qualquer parte vivaenergizada.art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.?=.=K da 2:"=O.

    =4 4?3HK4K"= ?=O4(H"H Deixar de dotar os chuveiros de suporte para

    sabonete e cabide para toalha. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.O.( da 2:"=O.

    == 4?3HK4O"4 ?=O44"4 Deixar de dotar o vesti$rio de bancos em nCmero

    suficiente para atender aos usu$rios, com largura m!nima de 34 cm. art. =GK, inciso 9, daB@', cc item =O.(.?.H.3, i, da 2:"=O.

    =? 4?3HK4H"O ?=O4OO"4 Deixar de dotar o local para refei7es de depsito

    com tampa para detritos. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.==.?, i, da 2:"=O.

    =3 4?3HK=4"= ?=OK3H" Deixar de fornecer, gratuitamente, vestimenta de

    trabalho ou deixar de repor a vestimenta de trabalho, quando danificada. art. =GK, inciso 9,

    da B@', cc item =O.3K.3 da 2:"=O.

    16

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    =( 4?3HK=4"= ?=O?43"3 Utilizar escada de mo que no ultrapasse em =m o piso superior. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.=?.G., a, da 2:"=O.

    =G 4?3HK=?"O ?=O?4("= Utilizar escada de mo sem fixao nos pisos

    inferior e superior eou sem dispositivo que impea o seu escorregamento. art. =GK, inciso

    9, da B@', cc item =O.=?.G., b, da 2:"=O.

    = 4?3HK=3" ?=OK?"= Deixar de manter o canteiro de obras organizado,

    limpo e desimpedido. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.?H.= da 2:"=O.

    =K 4?3HK=("( =?(?(4"K Deixar de fornecer recipientes para conservao

    de alimentos ou marmitas aos trabalhadores. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item ?(..3.?

    da 2:"?(.

    =O 4?3HK=G"? ?=O3("H /mpilhar materiais em pisos elevados a uma

    dist5ncia das bordas inferior % altura da pilha. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.?(.?.=da 2:"=O.

    =H 4?3HK="4 ?=OH?" Deixar de organizar Bomisso 9nterna de

    Areveno de ;cidentes centralizada. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.33.= da 2:"

    =O.

    ?4 4?3HK=K"H ?=O=4" -anter pontas verticais de vergalh7es de aodesprotegidas. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.O.G da 2:"=O.

    ?= 4?3HK=O"K ?=O(4"3 Deixar de empilhar as madeiras retiradas de

    andaimes, tapumes, f

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    previstas na 2:"=O. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.=.3 da 2:"=O.

    ?3 4?3HK?4"H =?34G"G Deixar de providenciar para que os locais

    destinados aos extintores de incndio sejam assinalados por um c!rculo vermelho ou por

    uma seta larga, vermelha, com bordas amarelas. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item

    ?3.=K.? da 2:"?3.

    ?( 4?3HK?="K ?=O4K?"3 Deixar de dotar a cama superior do beliche de

    proteo lateral eou de escada. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.=4.( da 2:"=O.

    ?G 4?3HK??"G ?=O4K("4 Deixar de fornecer lenol eou fronha eou

    travesseiro eou cobertor ou fornecer roupa de cama em condi7es inadequadas de

    higiene. ;rt. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.=4. da 2:"=O.

    ? 4?3HK?3"3 ?=O4KG"O Deixar de dotar os alojamentos de arm$rios

    duplos individuais com dimens7es em desacordo com o disposto na 2:"=O. art. =GK,inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.=4.K da 2:"=O.

    ?K 4?3HK?("= ?=O4KK"( Deixar de manter o alojamento em permanente

    estado de conservao, higiene e limpeza. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.=4.H

    da 2:"=O.

    ?O 4?3HK?G"4 ?=O4H"3 -anter alojamento com instala7es el#tricasdesprotegidas ou protegidas de forma inadequada. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item

    =O.(.?.=4.=, i, da 2:"=O.

    ?H 4?3HK?HO"4 ?=O4KO"? Deixar de fornecer $gua pot$vel, filtrada e fresca

    no alojamento, por meio de bebedouro de jato inclinado ou equipamento similar. art. =GK,

    inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.=4.=4 da 2:"=O.

    34 4?3HK?HH"O ?=O4=H"K -anter canteiro de obras sem lavanderia. ;rt.

    =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.=, f, da 2:"=O.18

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    3= 4?3HK344"G ?=O4?4"4 -anter canteiro de obras sem $rea de lazer. ;rt.

    =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.=, g, da 2:"=O.

    3? 4?==G?="K ?=O43?"( -anter instala7es sanit$rias sem portas de

    acesso ou com portas que no mantenham o resguardo conveniente. art. =GK, inciso 9, da

    B@', cc item =O.(.?.3, b, da 2:"=O.

    33 4?==G??"G ?=O4OK"= Deixar de dotar o local para refei7es de assentos

    em nCmero suficiente para atender aos usu$rios. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item

    =O.(.?.==.?, h, da 2:"=O.

    3( 4?==G?3"3 ?=O4O"3 Deixar de dotar o local para refei7es de mesas

    com tampos lisos e lav$veis. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.(.?.==.? g da 2:"=O.

    3G 4?==G?("= ?=O?K" Deixar de fornecer aos trabalhadores,gratuitamente, equipamento de proteo individual adequado ao risco e em perfeito

    estado de conservao e funcionamento. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item =O.?3.= da

    2:"=O.

    3 4?3HK?HK"= 44=3H"4 -anter empregado trabalhando sob condi7es

    contr$rias %s disposi7es de proteo ao trabalho. art. ((( da B@'.

    3K 4?==G="4 4444(("? Deixar de conceder intervalo para repouso ou

    alimentao de, no m!nimo, = )uma* hora e, no m$ximo, ? )duas* horas, em qualquer

    trabalho cont!nuo cuja durao exceda de )seis* horas. art. K=, caput, da B@'.

    3O 4?==G=K"H 44444G"= Deixar de anotar a B'A6 do empregado, no prazo

    de (O )quarenta e oito* horas, contado do in!cio da prestao laboral. art. ?H, caput, da

    B@'.

    3H 4?==G?G"4 =4K44H" Deixar de submeter o trabalhador a exame19

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    m#dico peridico. art. =O, inciso 999, da B@', cc item K.(.=, b, da 2:"K.

    (4 4?==G?4"H =4K4H"4 Deixar de submeter o trabalhador exposto a

    avaliao cl!nica, integrante do exame m#dico peridico, a cada ano. art. =O, E 3F, da

    B@', cc item K.(.3.?, a.=, da 2:"K.

    (= 4?==G=H"G =4K4KO"H Arovidenciar a emisso de ;testado de 6aCde

    Icupacional sem o conteCdo m!nimo previsto na 2:"K. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item

    K.(.(.3 da 2:"K.

    (? 4?==G=O"K =4H43"= Deixar de contemplar, na etapa de

    reconhecimento dos riscos do Arograma de Areveno de :iscos ;mbientais, a

    identificao das fun7es e determinao do nCmero de trabalhadores expostos. art. =GK,

    inciso 9, da B@', cc item H.3.3, d, da 2:"H, da Aortaria nF ?G=HH(.

    (3 4?==G=("( =4K433"H Deixar de registrar em prontu$rio cl!nico individualos dados obtidos nos exames m#dicos dos trabalhadores, as conclus7es e as medidas

    aplicadas. art. =GK, inciso 9, da B@', cc item K.(.G da 2:"K, da Aortaria nF ?(=HH(.

    (( 4?==G=3" 44==O"= Deixar de apresentar documentos sujeitos %

    inspeo do trabalho no dia e hora previamente fixados pelo ;1'. art. 34, E (F, da B@'.

    Bonclu!ram, assim, os auditores"fiscais oficiantes que as situa7esencontradas enquadram"se nas hipteses de degradao do ambiente de trabalho, do

    local de alojamento, e de restrio da locomoo por meio de reteno de B'A6 e no

    pagamento de sal$rio, configurando trabalho an$logo ao de escravo )DIB. 3 L fl. 4*. /

    no era para menos, seno vejamos.

    ; degradao do ambiente de trabalho est$ demonstrada pelo sem nCmero

    de autos de infrao lavrados em face do quadro apurado no local da obra do

    Bondom!nio :esidencial Reach Aar>, destacando"se o generali'ado descumprimento

    das normas bsicas de sa;de e segurana preceituadas na

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    %egulamentadora n*= >?, editada pelo -inist#rio do 'rabalho e /mprego )-'/*,conforme listado acima )para os detalhes de cada autuao, cf. DIB. 3 L fls. =34?=G*.

    I resultado desse descaso s poderia ser o acidente de trabalho+

    ; an$lise das B;' e dos :elatrios de ;n$lise de ;cidentes de 'rabalho

    apresentados pelo servio de segurana do trabalho da -:&, demonstram que as m$s

    condi7es de segurana no canteiro de obras foram respons$veis por diversos acidentes

    de trabalho. ; falta de fornecimento ou de uso de proteo individual "/A9 ou de

    condi7es adequadas de trabalho foram determinantes, como nos acidentes sofridos por+

    Neronimo 6. ;. 1ilho em ?3O=4 " trauma no olho por corpo estranho por no utilizar

    culos de proteo para o trabalhoS 6r. -arcos 6. 1eitoza acidentado em =44=== ao ser

    picado por um escorpio, o que poderia ser evitado se utilizasse luvas de raspa para a

    tarefaS no acidente sofrido pelo 6r. Nos# \. 6ilva em ?4==4 com contuso da coluna

    vertebral, o transporte de cargas em terreno irregular foi a causa apontadaS no acidente

    sofrido pelo 6r. 1$bio ;. A. 6ouza em =G=?=4 com contuso no brao, a falta de

    sinalizao dos condu!tes foi a causaS no acidente sofrido pelo 6r. ;ribergno R. 1eliciano

    em ??4G=4 com ferimento no polegar, a falta de marcao na mesa e do uso de

    empurrador na serra circular foram as causasS no acidente sofrido pelo 6r. Noo ;. ;quino

    em =?4=4 com contuso do dedo da mo, a causa foi a falta de treinamento do

    funcion$rio para a realizao segura da tarefa, no colocando o dedo em partes mveis

    )Doc. ?(* )DIB. 3 L fl. ??*.

    6obre as condi7es desumanas de alojamento, novamente recorre"se %preciso da constatao fiscal+

    +6s alojamentos tinham instalaes e equipamentos inadequados e

    encontra"am em pssimas condies de higiene e limpe'a* @mbora a $%& ti"esse

    total conhecimento destas irregularidades, como compro"am os Termos de

    nterdio9

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    Bonforme relatou a empres$ria de -.;., -aria 9lza de 6ousa 1erreira, em

    depoimento, ela mesma era respons$vel por cozinhar para todos e fazer limpeza do

    alojamento )que no era feita todos os dias*. 2o p$tio da casa se criava galinhas )no

    havia galinheiro*, que andavam soltas pela casa, at# que os trabalhadores resolveram

    confin$"las em um ponto do quintal )compartimento para a guarda do botijo de g$s*. @m

    mdia, ha"ia seis trabalhadores por c2modo, ha"endo beliches inclusi"e nas salas

    e na co'inha 0casa ligada 3 $*A*1*

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    +6s trabalhadores tinham restringido seu direito de locomoo em

    ra'o de d/"ida contra/da com o empregador, da reteno das CTPS de muitos

    trabalhadores, e, principalmente, por meio do no pagamento do salrio* 6s

    trabalhadores que !oram tra'idos pelas T@%C@%AS de @stados distantes de So

    Paulo, como Gahia, Alagoas e $aranho, entendiam ter com eles uma d/"ida

    re!erentes 3s despesas por eles pagas da passagem e alimentao para se

    deslocarem do local de domicilio at os alojamentos em Americana* /mbora no

    momento do convite tivesse havido a promessa de que a viagem seria custeada pelo

    empregador, ao chegar aos alojamentos, logo receberam a informao de que este valor

    seria descontado dos sal$rios. 6s parcos recursos que e"entualmente ha"iam tra'ido

    logo se es"a/ram para custear a compra de produtos de uso pessoal, como de

    higiene*Is trabalhadores alojados da B;:DI6I tiveram que custear todos os gastos

    de alimentao, uma vez que a cesta b$sica fornecida pela -:& s costuma ser

    entregue no in!cio do segundo ms de trabalho.

    A !alta de pagamento de qualquer quantia pelos ser"ios prestados

    pelos trabalhadores, que chegou a per/odo superior a :E dias em muitos casos,

    impedia at que !i'essem contatos com !amiliares* ; restrio econ

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    suficiente para atender os usu$rios....

    #.! I%&'()*+ )--%/(+)-+ 01 S* J*+ 6* R(* P0)*4SP 56*'. C!

    Em !o +os* do "io Preto a M"1 celebrou com o Minist*rio PJblico do

    Trabalho, em 4//7, um Termo de A;ustamento de Conduta, apKs a ocorrGncia de acidente

    com morte em obra da construtora#

    O relatKrio de acidente de trabalho, elaborado pelo Minist*rio do Trabalho e

    Empre=o, assim descreve as circunstQncias em torno do KbitoD

    /nquanto esperava pelo elevador, o acidentado conversava com outro

    auxiliar, o 6r. Aaulo :og#rio 6panha e encontrava"se rente % parede externa do bloco ?

    exatamente no local onde, quatro lajes acima, Nos# -aria preparava a contra"verga da

    janela.

    2o (F Aavimento, Nos# -aria passava os vergalh7es de ferro por entre as

    canaletas e blocos que compunham a janela. I encaixe dos vergalh7es nas cavidades

    dos blocos gera certo abalo nos mesmos, isto deve"se tamb#m ao fato das ferragens

    serem passadas na vertical, gerando negativos na contra"verga para melhor fixao.

    Icorre que o contorno da janela ainda estava inacabado, isto #, sem todos blocos

    assentados e amarrados. ; amarrao dos blocos gera espaos que devem ser

    preenchidos com meio"blocos )apelidados de cabea*, os quais arrematam a janela. Um

    meio"bloco desprendeu"se da argamassa enquanto Nos# -aria fazia a armao da

    contra"verga, exatamente o que estava no topo da Cltima fiada assentada. I meio"bloco

    caiu externamente % edificao atingindo o acidentado na cabea.

    I acidentado usava capacete de proteo, mas este tipo de /A9 no foiprojetado nem prescrito para proteger contra impacto to violento.

    25

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    Aaulo, que estava ao lado do acidentado, foi atingido pelos estilhaos e

    sofreu escoria7es leves.

    )...*

    $eio de acesso permanente inadequado 3 segurana" I local onde o

    acidentado aguardava o elevador de materiais # um corredor formado entre os blocos = e

    ?, sendo que no havia nenhuma proteo contra queda de materiais. ; presena do

    elevador gera tr5nsito de pessoas pelo local, fato que aumenta o risco de acidentes. ;t#

    mesmo o guincheiro, cujo posto de trabalho # fixado entre os blocos, s estava

    parcialmente protegido, pois os madeirites instalados como cobertura no cobriam

    totalmente o posto de trabalho.

    )...*

    Tare!a mal concebida

    Procedimentos de trabalho ine(istentes ou inadequados

    Halta ou inadequao de anlise de risco da tare!a

    ; armao das contra"vergas das janelas no tinha m#todo determinado e,

    portanto, era realizada da forma como o auxiliar melhor entendesse. )...* /nfim, no

    houve an$lise de risco para a tarefa que levasse em conta a possibilidade de queda de

    material.

    )...*

    Aus4ncia9insu!ici4ncia de treinamento " Bonjuga"se com a falta de

    procedimentos de trabalho, mas tamb#m contribui para a falha na antecipao do risco.

    De fato, o auxiliar no teve orientao suficiente para realizar a tarefa que desenvolvia.

    )...*

    Adiamento de neutrali'ao de risco conhecido 0risco assumido1

    A empresa assumiu o risco de trabalhar sem proteo coleti"a contra

    queda de materiais pela peri!eria das edi!icaes*X de notrio conhecimento os riscos

    de queda de material nas constru7es verticais, principalmente no caso da alvenariaestruturalI 3=ri)ei:#

    26

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    ApKs a celebrao do Termo de Compromisso, tendo a M"1 assumido

    diversas obri=aBes relacionadas preveno de novos acidentes )atais, )oi requisitada

    pelo Minist*rio PJblico a realiao de nova ao )iscal, a )im de ser )iscaliado o

    cumprimento do acordo#

    O resultado da nova inspeo, em 4/%%, comprovou que - MRV 3*

    '812(8 * '*12*1(++* 0 '*3)(38*8 - +810)0 +08+ 0120=-6*+ - (+'* +(* 0

    (106(-)* 60 1*)0# Por tais )atos )oram lavrados um Termo de 5nterdio, to =rave era o

    risco criado, e diversos autos de in)raoD

    1ica determinada a interdio do servio de escavao e tubulao de

    galerias pluviais do empreendimento denominado 0Aarque :io :eno0. @audo t#cnico+ em

    vistoria no canteiro de obras constatou"se a atividade de escavao e tubulao de

    galerias pluviais onde houve a entrada de trabalhador em vala com aproximadamente 43

    metros de profundidade com talude vertical sem nenhum tipo de escoramento, com

    materiais retirados da escavao depositados ao redor da vala...

    ...foram encontrados OG trabalhadores na construo de pr#dio residencial

    de ( pavimentos, constatando"se que no havia barreiras na maioria dos acessos %s

    torres dos elevadores.

    ...a ;utuada deixou de instalar proteo contra queda de trabalhadores e

    projeo de materiais em toda periferia da edificao, a partir do in!cio dos servios

    necess$rios % concretagem da primeira laje.

    Ou se;a, tendo a M"1 obtido a consumao do resultado morte =raas ao

    descaso para com as normas de se=urana do trabalho, *2)*8 2* 20+(+)( 3* 0*, no

    obstante os compromissos assumidos# Nada aprendeu a empresa com a trF=icaocorrGncia, pois continuou a assumir o risco de contribuir para a morte de outros

    27

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    empre=ados, visando obter vanta=em econ2mica 3reduo de custos: com isso#

    #.! I%&'()*+ )--%/(+)-+ 01 S* C-%*+4SP 56*'. D!

    A partir dos resultados de uma )iscaliao realiada em duas obras da

    M"1 em !o Carlos, prop2s o Minist*rio PJblico do Trabalho, em outubro de 4/%%, uma

    ao civil pJblica tendo por ob;eto a ausGncia de re=istro de empre=ados e violao das

    normas de saJde e se=urana no trabalho, (3'%8+(@0 '*1 - +8F0(;* 60 )--%/-6*0+

    - '*36(;

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    apresentou o contrato ou o registro desses trabalhadores foi autuada tamb#m por estemotivo, ;uto 9nfrao nF 4=HO(4(OH. 1oram ainda lavrados os seguintes ;utos de

    9nfrao, 4=HOO(4(43, 4=HO(4(==, 4=HO(4(?4, 4=HO(4(3O, 4=HO(4((, 4=HO(4(G(,

    4=HO(4(? e 4=HO(4(K=, cpias anexasI 3=ri)ei:#

    Merecem meno al=uns dos autos lavrados em )ace da M"1D

    Deixar de instalar proteo contra queda de trabalhadores e projeo de

    materiais na periferia da edificao...

    ...havia um alojamento improvisado dentro da prpria edificao em

    construo. 2o local no havia arm$rios dispon!veis para os trabalhadores alojados

    3=ri)ei:#

    Horam encontrados : 0quatro1 beliches e > 0um1 colcho diretamente

    no piso*

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    dentro da prKpria obra, em p*ssimas condiBes de hi=iene, sendo que um deles dormiano cho, por insu)iciGncia de camas#

    O pedido liminar )ormulado pelo MPT nessa ao, a propKsito, )oi

    recentemente de)erido pela +ustia do Trabalho, con)orme cKpia no aneo doc# $#

    #.! I%&'()*+ )--%/(+)-+ 01 $-3'-4SP 0 R(0(* P0)*4SP 56*'. E!

    No Qmbito da Procuradoria do Trabalho no Municpio de "ibeiro Preto )oi

    instaurado um procedimento de investi=ao, em 4/%/, a partir do recebimento de

    relatKrio de )iscaliao realiada pelo MTE, com relao a uma obra da M"1 na cidade

    de Lranca#

    $e acordo com o relatKrioD constatou-se o grande descaso do

    empregador com relao 3 segurana e a dignidade de seus empregados , tendo

    sido lavrados ?G )vinte e cinco* autos de infraoI 3=ri)ei:#

    Merecem transcrio al=uns desses autos de in)rao 3cKpia disponvel no

    aneo doc# E:D

    ...as instala7es sanit$rias encontravam"se sem limpeza adequada,

    apresentando fortes odorese e sujeira acumulada.

    ...foram encontrados somente 4? )dois* chuveiros, para uso de

    aproximadamente =34 )cento e trinta* trabalhadores.

    ...nos alojamentos, no foram disponibilizados arm$rios para os

    trabalhadores. ;ssim, estes no tinham local para guarda de suas roupas e pertencespessoais, os quais ficavam espalhados pelo alojamento...

    30

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    ...os trabalhadores alojados em $rea cont!gua % obra, e que no tem local

    prpria para refei7es, fazem seu jantar dentro de seus prprios quartos ou na $rea

    externa dos alojamentos, sem mesas, lavatrios, nem depsito para detritos.

    ...a serra circular no dispunha de qualquer proteo em suas

    transmiss7es de fora, sujeitando os trabalhadores ao risco mec5nico de acidentes...

    no local foram encontradas v$rias aberturas sem qualquer proteo contra

    queda de trabalhadores e projeo de materiais...

    o acesso % $rea de trabalho dos andaimes era feito por meio de 0escalada0

    do prprio equipamento, no havendo escadas em sua estrutura ou outro meio

    equivalente que permitisse acesso de forma segura...

    os montantes dos andaimes no estavam apoiados em sapatas sobre

    bases slidas, mas diretamente no solo ou to somente em pedaos de madeira...

    foram encontrados no local andaimes cuja estrutura no estava fixada %

    construo por meio de amarrao e estroncamento )duas fotografias anexas*, no

    garantindo sua estabilidade e sujeitando os trabalhadores ao risco de acidentes por

    quedas...

    ...foram encontrados no local trabalhadores que no faziam uso de

    equipamentos de proteo individual, tais como luvas e m$scaras para aplicao de

    gesso, e cintos de segurana tipo paraquedistas para trabalhos em altura...

    permitir que o trabalhador assuma suas atividades antes de ser submetido

    a avaliao cl!nica, integrante do exame m#dico admissional.

    deixar de manter servio especializado em /ngenharia de 6egurana e em

    31

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    -edicina do 'rabalho comum, para assistncia aos empregados prprios e dascontratadas.

    ...foram encontrados no local somente 4? )dois* bebedouros, na entrada

    refeitrio, para uso de aproximadamente =34 )cento e trinta* trabalhadores.

    Celebrou a M"1 com o Minist*rio PJblico do Trabalho, em )evereiro de

    4/%%, um Termo de Compromisso e A;uste de Conduta, tendo a empresa assumido a

    obri=ao de respeitar os itens da le=islao que haviam sido descumpridos 3doc# E#%:#

    Como )orma de veri)icar se tal Termo de Compromisso estava sendo

    observado, requisitou o MPT a realiao de ao )iscal em obras da M"1 na re=io#

    $e acordo com os novos relatKrios de )iscaliao, datados de ;unho de

    4/%%, quatro obras da empresa em Lranca e seis em "ibeiro Preto )oram submetidas

    atuao de auditoria)iscal do trabalho, )036* +(6* 9%-=-6- - '*3)(38(6-60 6-+

    10+1-+ 2>)('-+ (%&'()-+, -%1 6* '*10)(103)* 60 3*@-+ (39-;

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    ...o Cnico conteiner utilizado para as instala7es sanit$rias encontrava"se

    sem limpeza adequada, apresente fortes odores e sujeira acumulada, inclusive urina

    escorrida pelo cho.

    ...no Cnico conteiner utilizado para instala7es sanit$rias, foram

    encontrados apenas cinco sa!das de $gua fria, diretas, sem chuveiros.

    Deixar de dotar a serra circular de coifa protetora do disco e cutelo

    divisor...

    Deixar de instalar proteo contra queda de trabalhadores e projeo de

    materiais na periferia da edificao...

    Deixar de dotar o andaime de sistema de guarda"corpo e rodap#, em todo

    o per!metro.

    ...foram encontrados no local trabalhadores que no faziam uso de

    equipamentos de proteo individual necess$rios pelo risco da funo.

    ...no local foram encontradas diversas aberturas no piso, sem qualquer tipo

    de fechamento provisrio, sujeitando os trabalhadores ao risco de acidentes por quedas.

    ...o acesso %s $reas de vivncia " sanit$rios, vesti$rios e refeitrio, al#m

    dos bebedouros " # feito de maneira prec$ria, utilizando"se de uma escada improvisada,

    constru!da com pilhas de blocos, sem qualquer estabilidade ou proteo, sujeitando os

    trabalhadores ao risco de acidentes por quedas.

    ...foram encontradas aberturas para transporte vertical de materiais sem

    qualquer tipo de conteno ou advertncia, e tampouco qualquer tipo de fechamento dotipo cancela ou similiar.

    33

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    ...os vos de acesso %s caixas de elevadores eram dotados de fechamento

    provisrio prec$rio com v$rias aberturas, que no impediriam queda de trabalhadores ou

    de materiais.

    ; plataforma apresentava"se em estado prec$rio, com v$rias aberturas e

    t$buas soltas, resultando que, em v$rios pontos de seu per!metro, a projeo horizontal

    era inferior % dimenso normatizada ou simplesmente inexistente )...* :essalte"se que,

    imediatamente abaixo das plataformas, ou em sua periferia, h$ intensa atividade de

    trabalhadores...

    O impressionante quadro de (39-;

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

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    ; empresa deixou de isolar a $rea abaixo do espao em que a grua realizaa movimentao de carga do solo aos pavimentos superiores, fazendo com que os

    trabalhadores ficassem expostos ao risco de queda do material em movimentao...

    Os )atos noticiados pela inspeo do trabalho revelaram o descumprimento

    do Termo de Compromisso )irmado, =erando a incidGncia de multa de aproimadamente

    um milho de reais#

    #.! I%&'()*+ )--%/(+)-+ 01 C8(->4MT 56*'. $!

    Pelo Minist*rio do Trabalho e Empre=o )oram lavrados %- autos de in)rao

    por irre=ularidades em obra localiada em CuiabF# $estacase o se=uinteD

    ...verificou"se que o empregador deixou de anotar a B'A6 do empregado,

    no prazo de (O )quarenta e oito* horas, contado do in!cio da prestao laboral. Bumpre

    ressaltar que a contratao de mais de G4 )cinquenta* 0prestadores de servios0 que, em

    verdade, atuam como meros intermediadores de mo de obra, uma vez que a

    terceirizao ora praticada se mostrou il!cita, dificultam, ainda mais, qualquer medida de

    cumprimento, controle e fiscalizao das quest7es trabalhista. ;o arrepio da legislao

    trabalhista, essas supostas empresas 0prestadoras de servio0, contratam trabalhadores

    para o efetivo labor no canteiro de obra sem oferecer as garantias m!nimas previstas na

    legislao.

    Deixar de dotar o andaime de sistema de guarda corpo e rodap#, em todo

    o per!metro " )...* ; ausncia dessa importante proteo coletiva, exp7e os trabalhadores

    a riscos de acidentes, em especial de quedas.

    -anter instala7es sanit$rias sem portas de acesso ou com portas que nomantenham o resguardo conveniente " )...* &erificamos, inclusive, por meio da an$lise de

    35

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    fotografia em anexo, que a maneira adotada causa total devasido ao empregado.

    ...constatou"se que os andaimes ali existentes no estavam apoiados

    sobre base slida, conforme fotos em anexo, em desconformidade com a legislao

    vigente e sujeitando os trabalhadores a riscos de acidentes.

    #.! I%&'()*+ )--%/(+)-+ 01 C-12* G-3604MS 56*'. G!

    Em rao das muitas violaBes cometidas pela M"1 e pela Prime 3empresa

    do =rupo M"1: em Campo -&4#4/%%#-#///', ve;ase a

    petio inicial em doc#

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    Ou se;a, tratavase de micro ou pequenas empresas abertas

    especi)icamente para a eecuo dessa obra em particular, sem qualquer independGncia

    econ2mica ou t*cnica, tendo sido criadas como )orma de ocultar a real relao de

    empre=o#

    Em outros casos, constatouse que a empresa terceiriada eistia

    anteriormente apenas no papel, sem qualquer atividade, eis que todos os seus

    empre=ados haviam sido admitidos s v*speras da contratao pela M"1# E conclui o

    MPTD

    I mesmo procedimento de terceiriza7es # adotado como 0pol!tica da

    empresa0 em todos os empreendimentos do grupo na cidade de Bampo Jrande-6.

    )...*

    ...# deveras invi$vel que a demandada Arime-:& consiga executar na

    plenitude a construo e entrega de centenas de apartamentos aos compradores

    valendo"se de apenas K3 )setenta e trs* trabalhadores diretamente contratados, dos

    quais apenas > 0um1 e(erce o cargo de pedreiro, sobretudo considerando que, com

    efeito, trabalham naquele canteiro de obras, ao menos, ?44 )duzentos* trabalhadores

    3=ri)ei:#

    D0+)-'- * MPT 30++- -;*, )-11, 780 - MRV 0(=0 60 18()-+ 60

    +8-+ )0'0((-6-+ - -++(3-)8- 60 )01*+ 60 6(+)-)* K ? +010%/-3;- 6* F>

    *+0@-6* 3- '(6-60 60 $-3'-4SP K, 780 +810)01 - '*3)-)-6- -* (3)0(* -&)(*

    6- MRV, 02*36* 2* '*12%0)* - 3-)80- 9-868%03)- 60++-+ '*3)-)-; 0-%(-6*+. O@(-103)0, 303/81-

    %0=&)(1- 0 0=8%- 20+)-6*- 60 +0@(;*+ 0+20'(-%(-6*+ ((- +0 +8F0()- - )-)-103)*60++- 3-)80-.

    37

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    Eemplos de tal tipo de instrumento de distrato podem ser visualiados no

    aneo doc#

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    caambas que se encontram no t#rreo, sem nenhuma proteo, levantando excessivapoeira em decorrncia da queda dos entulhos.

    ; quantidade de aberturas no piso, seja no andar t#rreo, seja nos andares

    superiores, sem fechamento provisrio, # preocupante, expondo constantemente os

    trabalhadores a quedas de altura significativa.

    ;s rampas no tm condi7es de uso, configurando"se como amontoado de

    madeiras precariamente sobrepostas.

    ; torre dos elevadores de carga no tem tela de proteo, de modo a no

    evitar acidente ocasionado pela queda de algum material dos andares superiores.

    Is banheiros no so totalmente cobertos, sendo que no existem portas

    separando os chuveiros. ; $gua para banho no # aquecida, no sendo disponibilizados

    saboneteiras nem cabides. Is vasos sanit$rios so em nCmero inferior % quantidade de

    trabalhadores dos canteiros de obras.

    Is trabalhadores no tm acesso a copos descart$veis, sendo obrigados a

    dividirem um mesmo copo de uso coletivo para tomarem $gua.

    Is arm$rios individuais tamb#m esto aqu#m da quantidade necess$ria,

    localizados a c#u aberto, e no em vesti$rios.

    ;lguns trabalhadores, que se ativam sobre andaimes, no prendem o cinto

    de segurana paraquedista ao cabo de segurana, ficando totalmente expostos a

    quedas.

    Nesse processo ;F )oi realiada uma 20&'(- F86('(-% 3doc#

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    Bonforme par5metros determinados em inspeo judicial, verificou"se que

    v$rias irregularidades que tinham sido constatadas em inspe7es anteriores, realizadas

    pelo -A', tinham sido corrigidas pela reclamada, principalmente relacionadas %s

    condi7es de higiene e conforto )vesti$rios, sanit$rios, $gua pot$vel, refeitrios e outros*,

    contudo, ainda foram verificadas v$rias irregularidades com riscos graves e iminentes a

    integridade f!sica dos trabalhadores, dentre as quais destacamos+

    =. 2o implementao de AB-;'...

    3. /xistncia de vos de acesso % caixa do elevador sem fechamento

    provisrio adequado...

    (. Utilizao de escada de mo para acesso a locais de servios de grande

    porte...

    G. Utilizao de escada de mo nas proximidades de aberturas e vos...

    . Utilizao de escada de mo que no ultrapassa =,44m o piso superior de

    trabalho...

    K. Utilizao de escada de mo no apoiada em piso resistente...

    O. Utilizao de escada de mo no fixada nos pisos inferior e superior e

    dotada de dispositivo que impea seu escorregamento...

    H. /xistncia de vergalh7es com pontas verticais desprotegidas...

    =G. Deficincia de equipamentos de combate a incndio...

    =. 9nexistncia de sinalizao de combate a incndio...

    40

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    ?3. 9nexistncia de proteo coletiva )guarda"corpos de proteo* nas

    periferias das edifica7es e demais locais com risco de quedas de trabalhadores...

    ?(. /xistncia de aberturas utilizadas para transporte vertical de material e

    equipamentos, no protegidas por guarda"corpos fixos, no ponto de entrada e sa!da do

    material, e por sistemas de fechamento do tipo cancela ou similar...

    ?H. 9nexistncia de barreiras, com no m!nimo =,Om, que impeam que

    trabalhadores exponham partes de seu corpo, no interior das torres dos elevadores...

    3=. 'orres de elevadores de material, com faces no revestidas com telas de

    arame galvanizado ou material de resistncia e durabilidade equivalentes...

    3?. 'orres de elevadores de material no equipadas com dispositivos de

    segurana que impeam a abertura da barreira )cancela* quando o elevador no estiver

    no n!vel do pavimento...

    33. /levadores de material no dotados de placas, em seu interior, contendo

    a indicao de carga m$xima e a proibio do transporte de pessoas...

    3G. Aosto de trabalho do guincheiro )elevador de materiais* no provido de

    assento que atenda ao disposto na 2: =K...

    (=. ;ndaimes desprovidos de sistema de guarda"corpo e rodap#...

    (?. 9nexistncia de escada de acesso %s superf!cies de trabalho dos

    andaimes...

    (3. /xistncia de andaimes no apoiados sobre bases slidas e niveladas,capazes de resistir aos esforos solicitantes e %s cargas transmitidas...

    41

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    ((. /xistncia de andaimes no adequadamente fixados % estrutura da

    edificao, por meio de amarrao ou entroncamento, de modo a resistir aos esforos a

    que esto sujeitos...

    (H. 1alta de chuveiros com $gua quente...

    Com base em tais conclusBes, houve nesse processo o de)erimento ;udicial

    de pedidos de tutela antecipada )ormulados pelo MPT 3doc#

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    consecuo dos ser"ios*)...*

    Bomo se depreende do recurso, bate"se a recorrente pela inexistncia de

    dano concreto, restringindo a sua defesa em sustentar a existncia de disposio legal

    que permite a contratao de subempreiteiros. 2o entanto, conforme acima exposto, no

    se discute a legalidade dos contratos, mas sim a sua execuo na medida em que, e isto

    est$ sobejamente comprovado nos autos, a grande maioria dos subempreiteiros

    constitu/da por e(-empregados e pessoas que sequer teriam condies de

    contratar e assumir os riscos do negcio* A circunstLncia de a r !ormali'ar

    contratos com empresas, segundo ela Jcom BnoM-hoM em obra de alta tecnologiaJ,

    no signi!ica que seja assimcom todas as contratadas, con!orme se compro"a dos

    autos 3=ri)ei:#

    Tal condenao )oi mantida pelo Tribunal !uperior do Trabalho, em deciso

    pro)erida em ;unho de 4//7, nos se=uintes termosD

    H; :eclamada sustenta que a inidoneidade do subempreiteiro no pode ser

    presumida, porquanto a legislao prev a responsabilizao solid$ria do empreiteiro

    principal como garantia aos direitos dos trabalhadores. ;firma que era encargo do ;utor

    fazer prova de suas alega7es, no tendo se desincumbido de seu

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    biombo para escamotear a relao de emprego existente, assim como para frustrar aaplicao dos preceitos consolidados, furtando"se o real empregador a arcar com

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    9nterna de Areveno de ;cidentes B9A;, por estabelecimento );9 nF4=43(3O( " f. ?HK do volume 99 dos autos principaisS ;9 nF 4?334G?GO Q f.

    3K3 do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =3

    da B@' cc item G.? da 2:"4G com redao da Aortaria 3?=(KOS

    ==* deixar de realizar para os trabalhadores autorizados a intervir em

    instala7es el#tricas treinamento espec!fico sobre os riscos decorrentes );9

    nF 4=43((G " f. ?HO do volume 99 dos autos principais* Q violao do

    disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item =4.O.O da 2:"=4 com

    redao da Aortaria GHO?44(S

    =?* deixar de considerar os riscos % saCde dos trabalhadores no

    planejamento e implantao do Arograma de Bontrole -#dico de 6aCde

    Icupacional " AB-6I );9 nF 4=43(((H " f. ?HH do volume 99 dos autos

    principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item

    K.?.( da 2:"4K com redao da Aortaria 3?=(KOS

    =3* deixar de instalar barreira de =,O4m de altura em todos os acessos de

    entrada % torre do elevador );9 nF 4==G3=K " f. 344 do volume 99 dos autos

    principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item

    =O.=(.?=.=G da 2:"=O, com redao da Aortaria ?4=HHOS

    =(* manter as instala7es sanit$rias sem ventilao eou iluminao

    adequadas );9 nF 4===G34H " f. 34= do volume 99 dos autos principais* Q

    violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc item =O.(.?.3, al!nea

    g da 2:"=O com redao da Aortaria 3?=(KOS

    =G* deixar de incluir no Arograma de Bondi7es e -eio ;mbiente de

    'rabalho na 9ndCstria da Bonstruo )AB-;'* o la`out inicial do canteiro de

    obra eou o dimensionamento das $reas de vivncia );9 nF 4===G3?G " f.34? do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK,

    48

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    inciso 9 da B@' cc o item =O.3.( com redao da 2:"=O da Aortaria4(=HHG*S

    =* deixar de manter no estabelecimento o Arograma de Bondi7es e -eio

    ;mbiente de 'rabalho na 9ndCstria da Bonstruo )AB-;'* );9 nF

    4===G333 " f. 343 do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto

    no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item =O.3.=.? da 2:"=O, com redao da

    Aortaria 4(=HHGS

    =K* deixar de garantir a elaborao e efetiva implementao do Arograma de

    Bontrole -#dico de 6aCde Icupacional " AB-6I );9 nF 4===G3(= " f. 34(

    do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK,

    inciso 9 da B@' cc o item K.3.= da 2:"4K com redao da Aortaria ?(=HH(S

    =O* manter servio especializado em /ngenharia de 6egurana e -edicina

    do 'rabalho dimensionado em desacordo com o 8uadro 99 da 2:( );9 nF

    4===K=H= " f. 34O do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto

    no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item (.? da 2:"4( com redao da

    Aortaria 33=HO3S

    =H* deixar de dotar os andaimes fachadeiros de proteo, material de

    resistncia e durabilidade equivalentes, at# ? metros acima da Cltima

    plataforma de trabalho, no seguindo o especificado no AB-;' );9 nF

    4==K4K(= " f. 34H do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto

    no artigo =GK inciso 9 da B@' cc o item =O.=G.?G da 2:"=O com redao da

    Aortaria 4(=HHGS

    ?4* deixar de implementar medidas de preveno de acidentes e doenas

    relacionadas ao trabalho, discutidas na B9A; );9 nF 4==K4K33 " f. 3=4 do

    volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9da B@' cc o item G.(O da 2:"4G com redao da Aortaria 4O=HHHS

    49

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    ?=* deixar de instalar proteo na periferia da edificao, com anteparos

    r!gidos com altura de =,?4m no travesso superior e 4,K4m para o travesso

    intermedi$rio );9 nF 4=HK=G?( " f. 3=? do volume 99 dos autos principais* Q

    violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item =O.=3.( da 2:"

    =O com redao da Aortaria 4(=HHGS

    ??* deixar de dotar os vesti$rios de arm$rios individuais com fechadura ou

    dispositivo com cadeado );9 nF 4==OO=(( " f. 3=( do volume 99 dos autos

    principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item

    =O.(.?H.3, al!nea f da 2:"=O com redao da Aortaria 4(=HHGS

    ?3* deixar de aterrar eletricamente as estruturas e carcaas dos

    equipamentos el#tricos );9 nF 4==OO43 " f. 3=G do volume 99 dos autos

    principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item

    =O.?=.= da 2:"=O com redao da Aortaria 4(=HHGS

    ?(* deixar de garantir a estabilidade dos taludes com altura superior a =,KGm

    nos trabalhos de escava7es de tubul7es a c#u aberto );9 nF 4==OO43H " f.

    3= do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK,

    inciso 9 da B@' cc o item =O..H da 2:"=O com redao da Aortaria

    4(=HHGS

    ?G* providenciar a emisso de atestado de saCde ocupacional sem o

    conteCdo m!nimo previsto na 2:"4K );9 nF 4?3?GOK?= " f. 3(? do volume 99

    dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@'

    cc o item K.(.(.3 da 2:"4K com redao da Aortaria ?(=HH(S

    ?* manter banheiro que no oferea privacidade aos usu$rios );9 nF

    4?334G4H " f. 3= do volume 99 dos autos principais* Q violao do dispostono artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item ?(.=.== da 2:"?( com redao da

    50

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    Aortaria 3?=(=HKOS

    ?K* deixar de garantir boas condi7es sanit$rias e de conforto e deixar de

    disponibilizar sanit$rios adequados ao uso e separados por sexo );9 nF

    4?334G4OO " f. 3? do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto

    no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc os itens ?(.=.? e ?(.=.?.= da 2:"?( com

    redao da Aortaria 3?=(=HKOS

    ?O* deixar de fornecer $gua pot$vel, filtrada fresca para trabalhadores, em

    cada grupo de ?G )vinte e cinco* ou frao );9s nF 4?334G=OG, nF 4?334(4??

    e nF 4?334(=3O Q fls. 3, 3KK e 3O( do volume 99 dos autos principais* Q

    violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item =O.3K.? da 2:"

    =O com redao da Aortaria 4(=HHGS

    ?H* deixar de dotar o estabelecimento de extintores port$teis apropriadas a

    classe de fogo a extinguir );9s nF 4?334G=H e nF 4?334(4GK Q fls. 3K e.

    3KO do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK,

    inciso 9 da B@' cc o item ?3.=?.= da 2:"?3 com redao da Aortaria

    3?=(KOS

    34* manter banheiro cujo piso e paredes no sejam revestidos de material

    resistente, liso, imperme$vel e lav$vel );9 nF 4?334G=3( " f. 3H do volume 99

    dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@'

    cc item ?(.=.==, al!nea e da 2:"?(S

    3=* deixar de promover a participao de um representante de cada

    subempreitada nas reuni7es eou curso e inspe7es da Bomisso 9nterna de

    Areveno de ;cidentes );9 nF 4?334G=? " f. 3K4 do volume 99 dos autos

    principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9, da B@' cc item

    =O.33. da 2:"=O com redao da Aortaria 4(=HHGS

    51

  • 8/13/2019 MPT - Representao contra MRV

    52/115

    3?* manter local de trabalho com menos de 4? )dois* extintores para cadapavimento );9 nF 4?334G=(? " f. 3K= do volume 99 dos autos principais* Q

    violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item ?3.=G.=.= da

    2:"?3, com redao da Aortaria 3?=(KOS

    33* manter circuitos e equipamentos com partes vivas expostas );9 nF

    4?334G?(4 " f. 3K? do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto

    no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item =O.?=.3 da 2:"=O com redao da

    Aortaria 4(=HHGS

    3(* deixar de instalar plataforma em todo per!metro da construo );9 nF

    4?334G?3= " f. 3K do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto

    no artigo =GK, inciso 9 da B@', cc o item =O.3. com redao da 2:"=O da

    Aortaria 4(=HHGS

    3G* deixar de protocolar cpias das atas de eleio e posse, e calend$rio

    atual das reuni7es nas unidades descentralizadas do -inist#rio do 'rabalho

    em =4 )dez* dias da data da posse da B9A; );9 nF 4?334(4O= " f. 3O4 do

    volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9

    da B@' cc item G.=( da 2:"4G com redao da Aortaria 4O=HHHS

    3* deixar de providenciar processo permanente de higienizao dos locais

    onde se encontram as instala7es sanit$rias );9 nF 4?334(=?4 " f. 3OG do

    volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9

    da B@' cc o item ?(.=.3 da 2:"?( com redao da Aortaria 3?=(=HKOS

    3K* deixar de utilizar cinto de segurana do tipo trava"queda ligado ao cabo

    de segurana independentemente da estrutura do andaime );9 nF

    4?334(=G( " f. 3O do volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto

    no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item =O.?3.3.= com redao da 2:"=O daAortaria 3=HHOS

    52

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    3O* deixar de entregar a segunda via do ;testado Icupacional );6I* ao

    trabalhador, mediante recibo na primeira via );9 nF 4?334(=K4 " f. 3H4 do

    volume 99 dos autos principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9

    da B@' cc o item K.(.(.? da 2:"4K com redao da Aortaria ?(=HH(S

    3H* deixar de manter $reas de vivncia em perfeito estado de conservao,

    higiene e limpeza );9 nF 4?334(=( " f. 3H= do volume 99 dos autos

    principais* Q violao do disposto no artigo =GK, inciso 9 da B@' cc o item

    =O.(.=.? da 2:"=O com redao da Aortaria 4(=HHGS

    (4* manter trabalhadores laborando sob condi7es contr$rias %s disposi7es

    de proteo ao trabalho );9 nF 4?334(=43 Q f. 3H? do volume 99 dos autos

    principais* Q violao do disposto no artigo ((( da B@'.

    As irregularidades, portanto, so de toda ordem*

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    H...constatamos que alguns trabalhadores esto trabalhando sem /A9,

    inclusive existe um caso de empregado trabalhando de chinelos no setor de gesso., e

    sem registro, como o 6r. ;, dentre outros. /ncontramos trabalhadores trabalhando sem

    cinto de segurana, outro sem luva de raspa, sem capacete.I

    H##.constatei em diversos lugares h$ existncia de partes el#tricas expostas,

    sem estarem devidamente isoladas, colocando em risco os trabalhos e a vida dos

    trabalhadores, em caso de choque ou curto circuitos#

    H/m fiscalizao na obra da empresa, canteiro de obras na :ua 9tajuba "

    6pazio Bosmopolitan " constatei a presena de empregados que foram angariados no

    estado do Bear$ como o caso dos 6r. ;, R e B. 8ue foram feitos exames m#dicos

    admissionais em =H4??4=4 na origem, embarcaram com destino 3 Curitiba em

    DN9ED9DE>E - chegaram em E>9E79DE>E, s !oram registrados em E>9E79DE>E" !icando

    em container por >O dias, sendo remo"idos para hotel aps !iscali'ao nossa , e

    que foram dispensados por no concordarem com a situao do trabalhoI 3=ri)ei:#

    C*3+)-)-K+0, 2*)-3)*, - 2>)('- 6* -%('(-103)* 60 )--%/-6*0+

    5)-(6*+ 60 *8)* 0+)-6* +01 - 9*1-%(-;* 6* '*3)-)* 60 )--%/*, 2*

    '*3+0=8(3)0 +01 - (36(+203+>@0% C0)(6* D0'%--)(- 6* MTE!, '*368)- 609(3(6-

    '*1* '(10 20%* -). # 6* C6(=* P03-%. O+0@-K+0, )-11 - +81(++* 60

    )--%/-6*0+ - '*36(;(*+ )-)-6*+

    '*1* +0 '*(+- 9*++01, 0 3* '*1* +00+ /81-3*+, *(=-6*+ - @(@0 01 81

    '*3)-(30 60 '-=-.

    T-% -;* '(@(% 2%('- 9*( F8%=-6- 2*'0603)0 3doc# 5#4D sentena:, tendo

    sido reconhecido pela +ustia do Trabalho queD

    1ica evidente no depoimento acima transcrito que esto trabalhando ladoa lado, na mesma obra, sem qualquer distino, empregados registrados pela r e

    54

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    aqueles contratados por empresas subcontratadas, estes na maioria sem registro*

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    Mencionase na petio inicial queD

    ; farta prova documental acostada aos autos mostra"se mais que suficiente

    para demonstrar que a reclamada alm de aliciar trabalhadores, utili'a"a-se da

    necessidade de seus empregados de conquistarem um emprego para submet4-los

    a condies degradantes, indignas do ser humano* ; conduta patronal desfigura

    totalmente o perfil do /stado de Direito Rrasileiro, causando flagrante preju!zo a toda a

    sociedade.

    ;o agir desta maneira, a r# banaliza a ordem trabalhista, o que # favor$vel

    somente aos seus interesses, causando, deste modo, a precarizao das rela7es de

    trabalho e a desvalorizao do trabalho humano.

    6egundo o relatrio de fiscalizao realizado pela 6uperintendncia

    :egional do 'rabalho e /mprego, a empresa reclamada no fornecia lenol, fronha,

    travesseiro e cobertor para seus obreiros )auto de infrao nF 4=?HO3"( " fls. (3, ((,

    ?=4 e ?==, volumes 9 e 99 do relatrio anexo Q doc. 4=*, em desconformidade com o artigo

    =GK, 9 da B@' cumulado com o item =O.(.?.=4. da 2:"=O.

    'al irregularidade tamb#m foi constatada nos depoimentos colhidos nas

    instala7es do alojamento da empresa &3 Bonstru7es @tda.+

    )...* que os trabalhadores utilizam colch7es fornecidos pela empresa, mas

    roupas de cama so do trabalhadorS )...* )f. KG, volume 9 do relatrio anexo Q grifo nosso

    Q doc. 4=*.

    )...* que as poucas roupas de cama existentes # do declarante e seus

    colegas de trabalhoS )...* )f. KH, volume 9 do relatrio anexo Q grifo nosso Q doc. 4=*.

    &erificou"se tamb#m que a r# no disponibilizava local apropriado para ostrabalhadores realizarem as refei7es )auto de infrao nF 4=?HOH"3 " fls. (H e ???,

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    volumes 9 e 99 do relatrio anexo Q doc. 4=*, o que contraria o disposto no artigo =GK, 9 daB@' cumulado com o item =O.(.=, al!nea d, da 2:"=O.

    :eferidas viola7es foram tamb#m constatadas nas declara7es dos

    trabalhadores, conforme se verifica abaixo+

    )...* que o caf# e a janta so tomados nas camas ou mesmo sentados no

    choS )...* )f. KG, volume 9 do relatrio anexo Q grifo nosso Q doc. 4=*.

    )...* que no alojamento no h$ mesa, cadeiras e ou bancos para

    alimentaoS )...* )f. KH, volume 9 do relatrio anexo Q grifo nosso Q doc. 4=*.

    ; reclamada foi autuada, ainda, por+

    a* deixar de dotar os alojamentos de arm$rios duplos individuais )auto de

    infrao nF 4=?HO(?, violao do artigo =GK, inciso 9, da B@' cumulado com o item

    =O.(.?.=4.K da 2:"=O " fls. (( e ?=?, volumes 9 e 99 do relatrio anexo Q doc. 4=*S

    b* deixar de manter o alojamento em permanente estado de conservao,

    higiene e limpeza )auto de infrao nF 4=?HOG=, violao do artigo =GK, inciso 9, da B@'

    cumulado com o item =O.(.?.=4.H da 2:"=O " fls. (G, volume 9 do relatrio anexo " Q doc.

    4=*S

    c* deixar de fornecer, durante a execuo do trabalho, $gua pot$vel, filtrada

    e fresca para os obreiros )auto de infrao nF 4=?HOH, violao do artigo =GK, inciso 9,

    da B@' cumulado com o item =O.(.?.=4.=4 da 2:"=O " fls. (K, (O e ?=, volumes 9 e 99 do

    relatrio anexo " Q doc. 4=*S

    d* manter canteiro de obras sem $rea de lazer )auto de infrao nF

    4=?HOKK, violao do artigo =GK, inciso 9, da B@' cumulado com o item =O.(.=, al!neag, da 2:"=O " fls. (O e ?=O, volumes 9 e 99 do relatrio anexo Q doc. 4=*S

    57

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    e* instalar botijo de g$s liquefeito de petrleo no ambiente da cozinha )auto

    de infrao nF 4=?HOOG, violao do artigo =GK, inciso 9, da B@' cumulado com o item

    =O.(.?.=?.=, al!nea m, da 2:"=O " fls. (O e ??4 do relatrio anexo Q doc. 4=*S

    f* manter canteiro de obras sem instala7es sanit$rias )auto de infrao nF

    4=?HH4K, violao do artigo =GK, inciso 9, da B@' cumulado com o item =O.(.=, al!nea

    a, da 2:"=O " fls. (H e ?4O, volumes 9 e 99 do relatrio anexo Q doc. 4=*.

    As irregularidades, portanto, so de toda ordem* empregados, "inculados a empresas prestadoras de

    ser"ios, a $%& tinha conhecimento, mencionando isso em sua planilha, que F>R,ou seja :D empregados, esta"am trabalhando sem registro*

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    Bomo a obra foi paralisada, os trabalhadores foram deixados no alojamento

    sem dinheiro nem ao menos para comprar comida, que antes era fornecida pela

    construtora, mas que deixou de ser fornecida. 2o local em que esto alojados, nem

    mesmo h$ uma geladeira que funcione, pois a que se encontra est$ queimada e toda

    comida que havia para alimentar =3 pessoas era aproximada =g de arroz e um pouco de

    vinagre. 9nformam, que as =3 pessoas dormem juntas em um c(*+ (1206(6*+ 60 8+'- *'82-;* 01 *8)* %8=-, 2--*8)* 0120=-6*! 0 01--;* ? %(06-60 60 ( 0 @(.

    60

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    Loram lavrados autos de in)rao por prorro=ao da ;ornada normal de

    trabalho al*m do limite le=al de 4 3duas: horas, por ausGncia de re=istro de empre=ado e

    pela no emisso de atestados de saJde admissionais, entre outras o)ensas 3ver doc# +:#

    O pa=amento das verbas rescisKrias e custeio do deslocamento dos

    trabalhadores aliciados ao seu local de ori=em, na ?ahia, apenas )oram providenciados a

    partir de ei=Gncia dos AuditoresLiscais do Trabalho#

    #.! E+)-)&+)('-+ 6- P*'8-6*(- R0=(*3-% 6* T--%/* 6- R0=(* 0

    6* T(83-% R0=(*3-% 6* T--%/* 6- R0=(* 5(3)0(* 6* 0+)-6* 60

    S* P-8%*!

    A Procuradoria "e=ional do Trabalho da %& "e=io 3P"T%&: * uma das

    re=ionais que compBem o Minist*rio PJblico do Trabalho, sendo que seu territKrio

    coincide com o do Tribunal "e=ional do Trabalho da %& "e=io 3T"T%&:, abran=endo

    todo o estado de !o Paulo eceo da "e=io Metropolitana de !o Paulo e ?aiada

    !antista# P"T%& e T"T%& alcanam, portanto, &77 municpios e 7&R do territKrio do

    estado de !o Paulo#

    Os procedimentos 3inqu*ritos civis, procedimentos preparatKrios,

    procedimentos de acompanhamento de ao ;udicial, etc#: so instaurados pelo Minist*rio

    PJblico do Trabalho de o)cio ou a partir de representao, e destinamse apurao,

    preveno e represso de ilcitos trabalhistas# Na maioria dos casos, a instaurao se dF

    a partir de denJncia de um trabalhador ou de um sindicato, ou do encaminhamento de

    relatKrios e autos de in)rao pelo Minist*rio do Trabalho e Empre=o#

    Os nJmeros de procedimentos de investi=ao instaurados no Qmbito daP"T%& 3doc# D relatKrios de procedimentos at* /7/44/%4: do conta da distQncia que

    61

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    separa a M"1 das suas principais concorrentes, su=erindo uma verdadeira eploso deirre=ularidades nos Jltimos anos#

    Por Kbvio, a mera instaurao de um procedimento no constitui

    comprovao da eistGncia de ilcitos# Entretanto, a quantidade de procedimentos

    instaurados em )ace de uma mesma empresa constitui indcio si=ni)icativo do seu =rau de

    re=ularidade, sendo verdadeiro, diante de nJmeros dilatados, o ditado que di Honde hF

    )umaa, hF )o=oI# E onde hF muita )umaa, normalmente hF um =enuno incGndio#

    Empresas respeitadoras da le=islao no costumam )i=urar em tais

    relatKrios, respondem a nJmero muito reduido de procedimentos# +F empresas que

    costumam, com )requGncia, suprimir direitos trabalhistas como * o caso de al=umas

    usinas de Flcool e de aJcar, por eemplo respondem a =rande nJmero de

    procedimentos#

    Abaio se in)orma o nJmero de procedimentos instaurados na P"T%& at*

    /7/44/%4 3;F arquivados ou ainda em andamento: em )ace da M"1 e de outras

    empresas do mesmo se=mento de mercado 3construo civil de residGncias:D

    M"1D '% procedimentos 3dos quais %/ com status HativoI e /> com status

    Hem andamento%I, portanto %> ainda em tramitao:

    P$

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    Alphaville rbanismo 3=rupo D /%

    %77.D /%

    %777D /4

    4///D //

    4//%D /44//4D /4

    63

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    4//0D /-4//-D /4

    4//&D /4

    4//'D //

    4//>D /4

    4//.D /-

    4//7D /7

    4/%/D /.

    4/%%D %7

    4/%4 3at* /7/44/%4:D /0

    Percebese que 3*+ %)(1*+ -3*+ 5- 2-)( 60 #! /*8@0 81-

    @06-60(- 02%*+* 3* 310* 60 2*'06(103)*+ 1(3(+)0(-(+, o que se relaciona

    com o crescimento do porte da empresa, mas tamb*m com o aumento da quantidade e

    =ravidade dos problemas trabalhistas#

    As in)ormaBes colhidas ;unto ao Tribunal "e=ional do Trabalho da %&

    "e=io 3doc# 6, arquivo salvo em C$, dado o enorme nJmero de )olhas:, relativas ao

    nJmero de aBes trabalhistas propostas em )ace da M"1, tamb*m revelam um (30=>@0%

    0+)*8* 6- 78-3)(6-60 60 2*%01-+, 0 0=(+)-1 * '0+'(103)* 0'03)0 6-

    78-3)(6-60 60 -;

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    4//7D &&'4/%/D >%%

    4/%%D 7>4

    1e;ase que o total de aBes propostas em oito anos che=a a 0#/47# O mais

    relevante, entretanto, * que desse total, >-R estF concentrado nos trGs Jltimos anos, e

    04R apenas no Jltimo ano, 4/%%# U1 -8103)* @0)(=(3*+*, 01 -+*%8)* 60+'*3)*%0.

    PoderF a M"1 ale=ar, como de)esa, que tal crescimento apenas re)lete o

    aumento do nJmero de obras e de empre=ados veri)icado pela empresa nos Jltimos anos#

    Tal possvel ale=ao no constituiria, * claro, verdadeira de)esa, mas

    virtual con)isso# A)inal, empresa al=uma, se estiver minimamente comprometida com o

    cumprimento da le=islao trabalhista, contentarseia em assistir a um crescimento

    eponencial do nJmero de demandas ;udiciais trabalhistas, sem tomar providGncias

    altura do problema#

    Com a postura apropriada, o nJmero de aBes trabalhistas pode ser

    diminudo, ao inv*s de ampliado ou mesmo mantido, independentemente do aumento do

    nJmero de empre=ados# U a persistGncia dos mesmos ilcitos ao lon=o do tempo que )a

    com que a quantidade de aBes cresa, sendo que o aumento das contrataBes condu

    ampliao da quantidade de vtimas, epostas s mesmas prFticas#

    Al*m disso, como restou demonstrado at* aqui, * '0+'(103)* 6*+

    2*%01-+ )--%/(+)-+ '(-6*+ 20%- MRV )01 +(6* 78-%()-)(@*, -%1 60 78-3)()-)(@*,

    * 780 18()* 20*'82-3)0. No havia, no passado, notcia da submisso, pela

    empresa, de trabalhadores a condiBes de=radantes de vida e de trabalho, e a=ora tais

    situaBes esto a se repetir, em di)erentes partes do pas 3interior de !o Paulo, Mato

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    '*36(;* 60 0+'-@*.

    O-, +()8-;

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    Com relao ao tema provisBes )inanceiras reservadas para contin=Gnciasde naturea trabalhista 3despesas criadas por aBes ;udiciais trabalhistas:, in)ormam os

    relatKrios anuais de demonstrao )inanceira da M"1, de 4//> a 4/%/4D

    4//>

    H;s contingncias de natureza trabalhista so individualmente de pouca

    expresso financeira#

    !aldo inicial das provisBes 3em milhares de reais: 0%/, adiBes 40-,

    reversBes 0/., atualiao monetFria %7&, saldo )inal -0%#

    4//.D

    H;s contingncias de natureza trabalhista so individualmente de pouca

    expresso financeira#I

    !aldo inicial 3em milhares de reais: -04, adiBes &.-, reversBes -..,

    atualiao monetFria %/7, saldo )inal '0>#

    4//7D

    HN$ as contingncias de natureza trabalhista, na mesma data base,totalizavam =.G3= a7es )K?4 em ?44O*, sendo que em aproximadamente

    3K3 )?(H em ?44O* contingncias passivas o risco de perda foi classificado

    como prov$vel. /ssas contingncias, em sua maioria, referiam"se a a7es

    trabalhistas envolvendo ex"empregados de empreiteiros em que o pedido

    em relao % Bompanhia # de aplicao da responsabilidade subsidi$ria#I

    !aldo inicial 3em milhares de reais: '0>, adiBes %#&%., reversBes .>.,2 ,o ane-o doc+ . poder/ ser encontrada cpia inte"ral do relatrio de 2010' e cpia de partes dos demais relatrios'

    aran"endo apenas os se"mentos pertinentes ao o%eto da presente representa*o+

    67

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    recorrer ao Poder +udiciFrio, por motivos que so bem conhecidos 3receio de seremincludos em Hlistas ne=rasI e de no mais serem contratados, di)iculdade em obter

    advo=ado e localiar testemunhas, con)ormismo, desQnimo com a morosidade na

    tramitao de processos, etc#:#

    Al*m disso, nenhum trabalhador in=ressa com uma ao individual apenas

    por ter sido submetido a condiBes inse=uras de trabalho, mesmo aquelas que o

    su;eitaram ao risco de morte# O +udiciFrio somente * acionado quando o risco

    representado pelo descumprimento s normas de saJde e se=urana se concretia e vem

    a ocorrer um acidente#

    !e, por eemplo, a empresa deia de instalar proteo coletiva contra

    quedas 3de pessoas e de materiais: em uma obra na qual laboram 4// trabalhadores,

    para com isso reduir custos, todos os 4// estaro sendo epostos a etraordinFrio risco,

    mas * improvFvel que os acidentes venham a se consumar em des)avor de cada um

    deles#

    $i=amos que desses 4// trabalhadores, apenas -/ venham a eperimentar

    em concreto acidentes de trabalho, em rao da ausGncia de proteo coletiva# Ora,

    eceo de acidentes de maior =ravidade 3que redundam em morte, incapacidade para o

    trabalho, etc#:, a maioria das situaBes no serF sequer comunicada como acidente 0, e

    no serF ob;eto de ao ;udicial#

    Assim, no obstante a economia realiada s custas da preveno de

    acidentes tenha ocorrido, no eemplo dado, em des)avor de 4// trabalhadores, tal

    violao conduirF a um nJmero muito reduido de aBes ;udiciais, provavelmente em

    torno de %/# Concluise que a quanti)icao das aBes trabalhistas deve ser vista como

    indcio, e no como traduo inte=ral da verdadeira dimenso do problema#

    3 stima!a(se' at recentemente' que a sunotifica*o atin"isse entre 80 a 95 !aria*o de uma pesquisa a outra

    dos casos' ou se%a' apenas de 20 a 5 dos acidentes seriam comunicados pelos empre"adores+ $ cria*o do ne-otcnico epidemiol"ico' em 2007' tem contriudo para diminuir esses ndices' mas a e!olu*o lenta+

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    No obstante todas essas consideraBes, a pro=resso, verdadeiramenteeplosiva, reconhecida pela M"1 em suas demonstraBes no deia de impressionar#

    Chama a ateno, tamb*m, que de um ano para outro * @-%* 6-+

    0@0+, quando os valores

    proviso V reverso )oram i=uais:# T-% '('83+)3'(- '*3+)()8( (36&'(* 6- )03)-)(@- 60

    +0 +86(103+(*3- '*3)-(%103)0 * )-1-3/* 6* '8+)* )--%/(+)- 020+03)-6*

    20%-+ -;

    4//>D &/

    4//.D %/#-70

    4//7D %4#47-

    4/%/D 44#&0'

    4/%%D 4.#47&

    Ora, os relatKrios de demonstraBes )inanceiras re)erem que a quantidade

    de aBes trabalhistas )oiD em 4//., >4/, em 4//7, %#&0%, e em 4/%/, 4#&-7, o quesi=ni)ica um aumento de 4&-R# O nJmero de empre=ados no mesmo perodo )oiD em

    70

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    4//., %/#-70, em 4//7, %4#47-, e em 4/%/, 44#&0', o que representa um aumento de%%-,>R# P*)-3)*, 3* 20&*6* 60 # - #, +0=836* 6-6*+ 9*30'(6*+ 20%-

    22(- MRV, - 78-3)(6-60 60 -;

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    tratamento, pois so valoriados no mercado e conse=uiriam obter empre=o ;unto a outroempre=ador#

    $e )ato, tanto nas relaBes de trabalho e produo quanto em outras es)eras

    da vida humana, a qualidade do resultado obtido estF diretamente relacionada

    qualidade do investimento )eito# Colhese o que se plantou, e no mais do que se

    semeou# !e o investimento * baio e ruim, o resultado obtido o produto ou servio

    produido serF i=ualmente pouco e de mF qualidade#

    !obre o tema, comenta haled

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    capaes de produir resultados ecelentes, re)letindose o desvalor na qualidade da obra#

    Embora este no se;a o )oco central da presente representao, importa

    destacar que os indcios esto a con)irmar essa previsoD imKveis que esto sendo

    produidos pela M"1 apresentam de)eitos que comprometem seu valor e mesmo o seu

    uso, circunstQncia compatvel com as condiBes de trabalho envolvidas na construo dos

    mesmos# A baia qualidade re)lete as p*ssimas c