MÍSTICA E ESPIRITUALIDADE AFRO-BRASILEIRA. Batuque, Catimbó, Pajelança, Candomblé, Umbanda,...

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MÍSTICA E ESPIRITUALIDADE AFRO-BRASILEIRA

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MÍSTICA EESPIRITUALIDADEAFRO-BRASILEIRA

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Batuque, Catimbó, Pajelança, Candomblé, Umbanda, Xangô,

Tambor de Mina...

São Beneditohttp://

santuariodesantoantonio1.blogspot.com.br/2012/05/missa-com-os-congadeiros-em-terras.html

Ritual do Xangô, R.Grande do Sulhttp://www.culturabaiana.com.br/fotografia-a-forca-das-religioes-de-origem-africana-no-rio-grande-do-sul/

Catolicismo Popular...Igreja Católica

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Pra começar...Que tal assumir

nossa história comum?

http://consciencianegra3h.blogspot.com.br/

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RELIGIÕES NO BRASIL - 2010

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http://www.uniblog.com.br/nacoeseaculturadacor/

SOU NEGRO

Solano Trindade(A Dione Silva)

Meus avós foram queimados pelo sol da África

minh'alma recebeu o batismo dos tambores, atabaques,

gonguês e agogôsContaram-me que meus avós

vieram de Loanda como mercadoria

de baixo preço plantaram cana pro senhor

do engenho novo e fundaram

o primeiro Maracatu.

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Depois meu avô brigou como um danado

nas terras de Zumbi Era valente como quê

Na capoeira ou na faca escreveu não leu

o pau comeu Não foi um pai João

humilde e mansoMesmo vovó não foi de brincadeira

Na guerra dos Malês ela se destacou

Na minh'alma ficou o samba

o batuque o bamboleio

e o desejo de libertação...

http://rofonseca.com.br/poesias/a-mae-africa.php

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http://www.uniblog.com.br/nacoeseaculturadacor/

CANDACES

Majestosa ÁfricaBerço dos meus ancestraisReflete no espelho da vida

A saga das negras e seus ideaisMães feiticeiras, donas do destino...

Senhoras do ventre do mundoRaiz da criação

Do mito a históriaEncanto e beleza

Seduzindo a realeza

Candaces mulheres, guerreiras.Na luta... Justiça e liberdade

Rainhas soberanasFlorescendo pra eternidade

LETRA DO SAMBA-ENREDO

http://www.youtube.com/watch?v=30Q5sigHlMA

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Novo mundo, novos tempos.O suor da escravidãoA bravura persistiu

Aportaram em nosso chãoNa Bahia... AlforriaNas feiras tradição

Mães de santo, mães do samba!Pedem proteção

E nesse canto de féSalgueiro traz o axé

E faz a louvação

Odoyá Iemanjá; Saluba Nanã!Eparrei Oyá;

Orayê Yê o, Oxum!Oba Xi Obá.

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O que temos em comum?O que temos de diferente?

Como ser fraternos e somar forças

pela justiça e paz?

A COMUNIDADE CRISTÃEM DIÁLOGO E PARCERIACOM O POVO DE SANTO

http://negrosnegrascristaos.ning.com/photo/missa-dos-quilombos-1?xg_source=activity

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Uma aproximação da mística e espiritualidade afro-brasileira

exige atitudes como:

deixar para trás os preconceitos e discriminações;superar o medo do desconhecido e do diferente;

respeitar as outras religiões, cultos e religiosidades;conhecer melhor o universo religioso “outro”;

resgatar a memória histórica do povo negro no Brasil;dialogar e fazer parceria com o Povo de Santo;ver todo o sentido humanitário e de resistência

dos sincretismos;buscar a cultura popular com seu universo mito-poético

e sua mística!

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A mística de todas as religiões

tem pontos em comum!

HILDEGARDA VON BINGEN

(1098–1179)

http://acaminhodacasa.blogspot.com.br/2010/03/hildegarda-von-bingen.html

TEREZA DE CALCUTÁ

http://pebesen.wordpress.com/tag/madre-teresa-de-calcuta/

VIVEKANANDAhttp://pt.wikipedia.org/wiki/

SIDHARTA GAUTAMA, O BUDAhttp://www.vopus.org/pt/gnose/

mistica-religiao/vida-del-buddha.html

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As pessoas místicas,através da experiência direta ou intuitiva,

buscam comunhão com a realidade mais profunda, última...

Mística é contemplação amorosa!É querer ser “Um” com o Absoluto,

fundir a alma com Ele ou Ela.

A mística yorubáparte do interior da pessoa.

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MÃE TERRA ÁFRICA

http://vi46.wordpress.com/2011/06/05/mae-africa-3/

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Na África surgiram os seres humanos com habilidade para trabalhar ferramentas de pedra,

homo habilis.

http://eternitynessy8.blog.com/2011/09/06/homo-habilis/

Deles descendem nossosantepassados diretos,

homo sapiens.

Os africanos foram pioneiros em fazer ferramentas

de ferro e argila.

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A ÁFRICA

guardatestemunhos muito antigos

de raízes religiosas.

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RUÍNAS DOGRANDE ZIMBÁBUE

http://www.mundi.com.br/Fotos-Zimbabue-227.html

http://www.limpoporak.com/pt/pessoas/people+of+the+basin/history+of+the+basin+people.aspx

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As dzimba dza mabwe(casas veneráveis)

são gigantescas construções de granito

erguidas pelatribo chona

ao sul do Saara.

http://ilhadofogo.blogspot.com.br/2009/04/ruinas-do-grande-zimbabwe.html

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ILÊ IFÉNigéria

http://claudio-zeiger.blogspot.com.br/2011/09/cidade-de-ile-ife.htmlhttp://aulobarretti.sites.uol.com.br/Artigos/Ile_Ife/Ife.htm

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ILÊ-IFÉCidade Santa para os yorubá

considerada o berço do mundohttp://cpcy.pt/site/ile-ife-a-cidade-santa/

Oba Òrángún de Ìlá

http://aulobarretti.sites.uol.com.br/Artigos/Ile_Ife/Ife.htm

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KETU

em Benin

http://claudio-zeiger.blogspot.com.br/2011/09/ketu.html

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O líder mais antigo da dinastia Ketu foi

IPSA-IPANAM (“Chicote de Deus”).Seu 6º. Sucessor foi o

rei Edéque fundou a cidade de Ketu

no século 11 dC.

ODÉOrixá tido como o rei de Ketu

http://terradosorixas.blogspot.com.br/2010/04/materia-principal-os-segredos-de-ogun-e.html

Cabeça atribuída ao 1º. obá (rei) do Benin.

http://claudio-zeiger.blogspot.com.br/2012/04/cabeca-de-bronze-de-um-ooni-coroado.html

Havia uma antiquíssima aldeia:ILÉ-SIN (Casa dos Sins).

Antepassados vieram da Arábianuma viagem de 90 dias,

carregando consigo os bétilos sagrados(moradias de divindades)

e ali estabeleceram o reino Ketu.

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Em KETO, Benin, se estabeleceua cultura yorubá

que se desenvolveu naNigéria (sudoeste), em Benin e no Togo

e herdou essas culturas antigas.

Homem yorubá em trajes tradicionais

http://peregrinacultural.wordpress.com/2012/02/13/

O obá da cidade de Benin, 1686.

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Da África Negraforam traficados

para o Brasilmultidões de escravos

principalmente deNigéria, Daomé (Benin),

Angola, Congo e Moçambique.

http://www.imagick.org.br/zbolemail/Bol05x12/BE12x6.html

Os iorubá dominaram a população doDelta do Niger

e fundaram os reinos de Ifé e Benin.Mais tarde esses reinos se subdividiram.

Acolheram escravos fugitivos,mas foram dominados pela Europa.

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REINO DE DAOMÉ (Benin)foi império de 1300 a 1800 dC.

http://civilizacoesafricanas.blogspot.com.br/2009/12/o-reino-de-abomei-daome.html

Só restou o antigo reino de Benin,

famoso pela arte em bronze, marfim e madeira,

mas que acabou dominado pelo povo fon, de Daomé.

Benin tornou-se a “Costa dos Escravos”.

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Dos mais de 15 milhões de africanos traficados

para as Américas40% veio para o Brasil

... sem contar o alto número dos contrabandeados e

mortos, na captura ou no navio.

Navio Negreiro

http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_breves.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A1fico_negreiro

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OS BANTO:vieram do Congo, Mina,

Cabinda e Angola. Eram de cultura matrilinear.

Cultuavam os ancestrais, os eguns (espíritos dos mortos)

e os nkices (divindades da natureza).

Egun EGUNGUN

http://africasaberesepraticas.blogspot.com.br/2009/11/vestimenta-do-egun-ou-egungun.htmlNkice NKASUTÉ LEMBÁ

http://gongofila.blogspot.com.br/2009/03/lenda-nkice-nkasute-lemba.html

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OS IORUBÁ (NAGÔ):Cultuavam os orixás.

Na Nigéria e em Daomé, era culto ligado à família numerosa,

desde um antepassado comum e incluía os mortos.

http://ocandomble.wordpress.com/os-orixas/

Ao redor dos santuários, eles tinham confrarias,

onde aprendiam a religião e faziam coletivamente

os ritos de iniciação.

IANSÃOrixá dos ventos,

raios e tempestades

http://www.caboclopery.com.br/interest.htm

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A mitologia iorubámostra como

Ogum criou o mundo e ensinou as artes da agricultura.

Na criação dos seres humanos

Ogum tomou um cuidado especial:

Eles foram formados de argila amassada com as mãos!

O ser humano é visto essencialmente como pessoa, formada pelo sopro do criador.

http://raizculturablog.wordpress.com/2008/05/07/a-origem-nago-yoruba/

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A espiritualidade iorubá tem consciência de que

a pessoa humana é formada por:

émi (sopro do criador), marca do ser vivente,

que une todos os seres numa verdadeira comunidade;

e corpo, receptáculo de todas as influências, que se abre à relação com os outros, especialmente os

progenitores.Pelo corpo a pessoa é

um indivíduo único.

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Os orixás Xangô e Ifá são especialmente enaltecidos pela sua humanidade.

A mitologia iorubá diz que eles eram antepassados que se tornaram ancestrais

e foram divinizados.

XANGÔ

http://marianodexango.blogspot.com.br/2011/06/mes-do-rei-da-justica-nosso-pai-xango.html

http://egbeherdeirosdeifa.blogspot.com.br/2009/10/orunmila-ifa-o-espirito-da-sabedoria.html

ORUNMILÁ(IFÁ)

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XANGÔ foi rei e grande mágico. Cuspia fogo, comandava o raio e o trovão. Seu reinado foi difícil.

IFÁ é um “poço de ciência e sabedoria”. Viveu na cidade sagrada de Ifé. Conheceu a miséria, mas perseverou e teve a revelação dos

16 sinais (sistema de Ifá). No oráculo de Ifá estão os comportamentos prescritos

desde o começo de tudo.

XANGÔ

http://reinodexangoaganju.blogspot.com.br/

IFÁhttp://mimosdaalmacigana.blogspot.com.br/2011/06/imagem-de-ifa.html

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O sistema de escravidão rompeu todos os laços.

A relação com os orixás teve que ser individualizada.

A antiga estrutura familiar africana reestruturou-se no Terreiro. Ali, a família de santo está

ao redor da yalorixá e do babalorixá.

Mas, o processo não foi fácil...

http://brasilcrioulo.blogspot.com.br/2010/04/palavra-escravidao-de-acordo-com-o.html

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Em Salvador, Bahia, havia escravos vindos da Nigéria, de diversas etnias.

Destacavam-se os iorubás (nagôs) e os gegês.Dos nagôs, o grupo mais numeroso era do Ketu.

As Irmandades católicas, que eram por divisão de cor,acabaram servindo de brecha

para os negros se agruparem por etnia.

Por volta de 1830, duas escravas libertas, da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte,

fundaram na periferia de Salvador o primeiro Terreiro de Candomblé, o do Engenho Velho.

Elas eram: Iyá Lussô Danadana e Iyá Nassô Akalá.

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Elas viajaram para o Ketu, na África.Akalá levou sua filha de religião, Marcelina da Silva (Obá Tossí).

Marcelina levou sua filha de sangue, Madalena.

Elas ficaram em Ketu por 7 anos para aprenderem o culto dos orixás.

Danadana faleceu lá.

Regressaram à Bahia Iyá Nassô, Marcelina Obá Tossí, Madalena já com dois filhos e grávida de outro,

e um africano chamado Bangboxé.

Membros desse Candomblé, muitas vezes, fizeram peregrinações à África em busca das fontes da religião e de maiores conhecimentos.

Assim, fizeram a reafricanização dos cultos.

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KETU NOS DIAS DE HOJE

http://papoinformalpapoinformal.blogspot.com.br/2011/02/ketu-uma-cidade-

sagrada-para-os-povos.html

Na Bahia, a recriação de religião foi sob influência maior da

cultura iorubá. Os cultos indígenas dos espíritos, nesse contato, deram origem aos

Candomblés de Caboclo.

Mas, em Pernambuco, foi o Catimbó dos indígenas que penetrou na religião dos

negros angolanos.

No Maranhão e no Norte do Brasilnasceu o Tambor de Mina.

No Sul nasceu o Xangô.

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A Umbanda se afirmou no contexto da urbanização e industrialização, nas décadas de 1920 e 1930.

É uma religião tipicamente brasileirae essencialmente sincrética,

elaborada com elementos religiosos diversos,africanos, católicos, indígenas, espíritas...

O Candomblé é a mais tradicional e mais africana das religiões afro-brasileiras,mas tem uma pluralidade.

Em seu processo de reafricanização houve interação com outras tradições religiosas,

principalmente o catolicismo.

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(Segundo José de Carvalho):

A mística afro-brasileira faz ruptura de códigose afrouxa ortodoxias.

Ela recebe influências mútliplas:da liturgia católica,

principalmente do catolicismo populare da cultura bíblica popular;

dos reisados, congados;das religiões afro-brasileiras;

das tradições rituais da Jurema, dos Torés indígenas,das tradições e encantaria dos caboclos amazônicos,

da capoeira...

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Tomamos o parâmetro doREINO DE DEUS

anunciado por Jesus de Nazaré,na perspectiva da cultura bíblica

que circula oralmente entre as classes populares no Brasil

para entender a interioridade dapessoa humana negra!

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“Três pedras, três pedras

dentro dessa aldeiauma maior, outra

menora mais pequena é

a que nos alumeia”.

(trecho de um canto conhecido nas Pajelanças do Pará).

Entendimento do cosmo e da alma individual;

o poder “menor” sobre o “maior”; a aldeia da Jurema é

espaço construído à medida da relação com as Entidades.

A Grande Cidade do Juremá

http://cobracoral.blogspot.com.br/2011/10/grande-cidade-do-jurema.html

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“Pedrinha miudinha

de Aruanda êlajeiro tão grande,

tão longe de Aruanda êPedrinha bonitinha

de Aruanda êlajeiro tão grande,

tão grande de Aruanda ê”

(canto do Caboclo Pedra Preta numa sessão de Jurema,

Recife)

http://article.wn.com/view/2010/08/12/maria_beth_nia_8211_pedrinha_de_aruanda/

Reino de Aruanda: Imagem do reino encantado

da África Celeste

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“A porta do céu se abriu,Pai Xangô abençoe este sítio,

Pai Xangô abençoe este gongá.Subi a serra acompanhando o Pai

Xangôno lugar aonde passa

corre água e nasce flor”.(Ponto de Xangô, cantado por Clementina de Jesus)

O sentimento religioso afro-brasileiroassimilou o sentimento cristão.

Através de sincretismos, Pai Xangô é assimilado na figura de

Jesus Cristo, Deus Pai e São José.

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O povo devoto, para poder viver

na “corda bamba” recorre aos sincretismos,

trocas, interaçõese ao poder da

ambiguidade e ambivalência.

Sincretismonão é simples

mistura confusa, mas elaboração cultural e forma de resistência!

Ogum e São Jorgehttp://rochaferida.blogspot.com.br/2012/

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“Meu pilão tem duas bocas, trabalha pelos dois lados.

Na hora do aperreio valei-me, pilão deitado.”

(Canto gravado por José J. de Carvalho e Rita Segato no terreiro de Mário Miranda, em Casa Amarela, Recife, 1976).

O pilão grande, da cozinha do amo, é onde o Preto Velho e a Preta Velha trabalham.

Mas também é associado a Xangô.No pilãozinho manual são piladas as ervas e ingredientes

naturais para os rituais de banhos, despachos, poções.Ele tanto pode trabalhar para o bem

como para causar mal ao inimigo.Mas, o pilão deitado evoca a volta à normalidade e equilíbrio.

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“Vamo-nos embora para nossa aldeia

levantá os caboclo guerreiro para a juremeira.

Bebe, bebe vinho em qualquer lugar.

Levantá os caboclo guerreiro para o Juremá.

No jardim das flores onde os caboclo mora

levantá os caboclo guerreiro vamo-nos embora.”

(Canto para fechar um ritual de mesa – sessão de Jurema, Recife)

O vinho da Jurema leva ao êxtase místico.O “jardim das flores” é um oásis no sertão,

um instante do paraíso eterno.

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“A rã preta é dourada.

Mas eu moro é no balseiro

do olho d’água.”

(Canto de cerimônia de cura, no terreiro de mina, Casa de Fanti Ashanti, São Luís, MA).

Cultua-se o espírito de uma rã que virou Encantado

(influência do Tambor de Mina).A rã preta (inferior)

é a mesma dourada (superior).O balseiro (mangue)

é “do olho d’água”, pura, cristalina!

Flor de Lótushttp://revistadeciframe.com/2010/04/12/simbolo-flor-de-lotus/

No Budismo, o símbolo da flor de lótus

lembra que ela vem do lodo.

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“Exu que tem duas cabeças

ele faz sua gira onde quer.

Mas uma é Satanás do inferno

e outra é de Jesus Nazaré.

Mas uma é Satanás do inferno

e outra Tranca Rua de Fé

Mas uma é Satanás do inferno

e outra é a Pomba Gira de Fé

Mas uma é Satanás do inferno

e outra é Jesus lá do Céu.”

Dualidade radical:Satanás e Jesus.

Os exusTranca Rua e Pomba Girasão “salvos” integrandosuas qualidades, porque

há uma capacidadede se integrar

princípios opostos.Mas não há modo de

salvar Satanás.

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A MÍSTICA DA FESTA

Festa de Nossa Senhora do Rosário

Rugendas, 1835 (acervo museu Afrobrasil)

MARACATUhttp://artistoria.wordpress.com/tag/festas-afro-brasileiras/

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A FESTA (Segundo Rita Amaral):

Está presente em todas as religiões,mas no Candomblé é parte da estrutura da religião.

Ela impregna a visão de mundo de modo total, com todos os valores, o ludismo, o dispêndio,

a alegria, a sensualidade, a transgressão...

Mas, a festa católica foi bastante absorvida pela cultura nacional,

e assim católicos e povo-de-santo ficam muito à vontade para estar

tanto nas igrejas como nos terreiros.Nos dois se busca respostas para as necessidades humanas.

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Trono da Justiça – Xangô e Egunitá

ttp://terradeaganju.blogspot.com.br/2011/02/tronos-da-justica-xango-e-egunita.html

O povo-de-santo é na maioria gente pobre, pouco escolarizada, migrante... Muitos são doentes,

solitários, desamparados, excluídos, estigmatizados por

serem homessexuais, prostituídas, drogados,

neuróticos...

É gente oprimida quanto ao social, econômico e

cultural.

Na festa, a alegria, a jocosidade e a transgressão

também se tornam uma forma de resistir contra

essas opressões.

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Nós, cristãos, celebramos nossos mártires.

Integramos luta e festa na perspectiva do

Reino de Deus.

ZUMBI DOS PALMAREShttp://oranyan.blogspot.com.br/

ESCRAVA ANASTÁCIAhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Escrava_Anast%C3%A1cia

Pe. JOSIMO MORAIS TAVARES

http://www.ihu.unisinos.br/martires-latino-americanos?start=60

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ESCRAVA ANASTÁCIA

Não há registro histórico de sua vida, mas sua memória

está viva na tradição popular:

Ela era africana, guerreira, filha do orixá Oxum,

uma princesa ou rainha banto, de rara beleza, feita escrava. Por resistir ao abuso sexual do seu senhor, foi torturada e continuamente espancada,

condenada a usar uma máscara de ferro

só tirada para comer, que lhe deformou o rosto.

http://www.overmundo.com.br/overblog/grandiosidade-e-beleza-da-raca-negra

Era solidária com os outros escravos, unia o povo negro,

curava, aconselhava...

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A ESCRAVA ANASTÁCIAestá no âmbito macro-ecumênico.

Ela é negra, mulher, escrava, santa, entidade, mãe, divina, feiticeira, rainha.

Nela está a denúncia da múltipla opressão,

especialmente sexual e racial; a consciência da dignidade humana;

a recusa a submeter-se ao senhor escravista;

a solidariedade.

Ela é figura emblemática de todo o martírio,da dignidade e resistência das mulheres negras.

http://www.centroanastacia.com/quemanastacia.htm

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A figura simbólica da Escrava Anastácia

já estava na tradição do Povo Negro,

mas foi construída como mito na década de 1970, no Rio de Janeiro,

quando se buscava reconstruir a memória e identidade

da Irmandade do Rosário e São Benedito

dos Homens Pretos.

Minissérie “Escrava Anastácia”TV Manchete, 1990

http://www.permutalivre.com.br/245065/escrava-anastacia-minisserie-

completa.html

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Um segmento poderoso da Igreja Católica,

no final dos anos ‘70, quis impedir essa devoção.

Foram proibidas missas em memória dela,

a circulação de santinhos, imagens, símbolos.

Porém, essa devoção se expandiu.

http://www.beatrizamorim.trix.net/oracoes/oracoes.htm

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Santas e santos negros:

companheiros e companheiras de caminhada.

http://belezanegralimeira.no.comunidades.net/index.php?pagina=1905654512

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Ação-contemplaçãona perspectiva doREINO DE DEUS

que começa aqui na terra

http://www.obrasileirinho.com.br/at-no-acesso-sade-os-negros-sofrem-html/

http://violenciaxseguranca.blogspot.com.br/2011/07/sociedade-mulher-negra-e-pobre-tripla.html

http://www.famososquepartiram.com/2011/09/dom-helder-camara.html

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PADRE TONINHO(Antonio Aparecido

da Silva): in memoriam!Teólogo e companheiro

de caminhada na consciência negra e na

luta de libertação.

Padres e diáconos negroshttp://fratresinunum.com/2011/08/07/foto-da-semana-55/

Agentes Pastorais Negroshttp://www.arquidiocesebh.org.br/social/pastorais-sociais/agentes-de-pastoral-negrosas/

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A Igreja da América Latina,na Conferência de Aparecida

reconheceu que os setores oprimidose deslocados da sociedade

têm uma história de exclusãosocial, econômica, política

e principalmente racial! (DAp 96).Entre os novos rostos dos pobres,

estão os indígenas e afro-americanos com suas comunidades.

São vítimas da desigualdade.A Igreja deve dar-lhes acolhida e

acompanhamento (DAp 65 e 402).

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Os índigenas estão na raiz primeirada identidade dos nossos povos.

Os afro-americanos são outra raiz,arrancada da África e trazida para cá

na condição escrava (Dap 88).

http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/as-etnias-no-brasil.htm

São “outros” diferentes que exigem

respeito e reconhecimento(Dap 89).

http://agentesdahistoria.blogspot.com.br/2012/07/indios-do-brasil.html

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NOVOSQUILOMBOS

http://unisinos.br/blogs/gdirec/page/10/

http://ppaberlin.wordpress.com/

http://www.mda.gov.br/portal/noticias/item?item_id=4398788

http://www.noticiasdoserta

o.com.br/ultimas/cultura/5230-

Fundao-Cultural-Palmares-

http://mamapress.wordpress.com/2012/02/29/

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A Igreja os acompanha nas lutas por seus direitos legítimos (Dap 89).

Como advogada da justiça e dos pobres

faz-se solidária aos afro-americanos que lutam por seus territórios, querem afirmar seus direitos,

têm seus projetos de desenvolvimento

e consciência de negritude (Dap 533).

Quilombolas Lorico e Rita

Foto: Thais Fernandes

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A Igreja se propõe à inculturação

e quer a participação dos indígenas e afro-americanos

na vida eclesial, nas ações pastorais e no CELAM.

Propõe-se atraduções da bíblia e textos litúrgicos

para as línguas deles; promoção de vocações e ministérios ordenados

entre as pessoas dessas culturas (Dap 94 e 533).

Quilombola da região de UbatubaFoto: Marcos Santos

http://www.imagens.usp.br/?attachment_id=12982

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Para que se afirme a plena cidadania,

a personalidade humana,a identidade étnica,a memória cultural

e o desenvolvimento socialdos indígenas e afro-americanos,

a Igreja quer ajudar a:

descolonizar as mentes,recuperar a memória histórica,

curar as feridas culturais,fortalecer os espaços e

relacionamentos inter-culturais,apoiar o diálogo entre

cultura negra e fé cristã.

http://toquetons.vilabol.uol.com.br/tons.htm

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Ao contrário da proibição àMissa da Terra sem Males

e Missa dos Quilombos,

em Aparecida são acatados os esforços para

a inculturação da liturgia nos povos indígenas e afro-americanos,

com crescente profundidade e serenidade de comunhão

(Dap 99b).

http://cojira-al.blogspot.com.br/2008/06/igreja-pede-desculpas-ao-candombl-e.html

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NEGRA MARIAMA

http://sebasmar.sites.uol.com.br/

Inculturação da devoção a Maria

na cultura popularbrasileira

com sentido e práticas de libertação!

http://www.youtube.com/watch?v=Obv6g9-eyOQ

http://www.youtube.com/watch?v=2Ks-FMHZ1uM

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INVOCAÇÃO A MARIAMADom Helder Câmara

(Missa dos Quilombos)

“Mariama, Nossa Senhora,

Mãe de Cristo e Mãe dos homens!

Mariama, Mãe dos homens de

todas as raças,de todas as cores,

de todos os cantos da terra!

Pede a teu Filho queesta festa não termine

aqui...”

MARIAMAhttp://leilaproenca.wordpress.com/2011/12/27/mariama/

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NEGRA MARIAMAM. Cecilia Domezi

Negra Mariama! Negra Mariama chama!

Negra Mariama chama pra enfeitaro andor porta-estandarte para ostentar

a imagem Aparecida em nossa escravidão

com rosto dos pequenos, cor de quem é irmão.

Negra Mariama, chama pra cantarque Deus uniu os fracos pra se libertar

e derrubou do trono latifundiáriosque escravizavam pra se regalar.

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Negra Mariama, chama pra dançarsaravá-esperança até o sol raiar.No samba está presente o sangue

derramado,o grito e o silêncio dos martirizados.

Negra Mariama chama pra lutarem nossos movimentos sem desanimar.

Levanta a cabeça dos espoliados.Nossa Companheira, chama pra

avançar!(Comentário de Clodovis Boff):É como um Magnificat negro,

com linguagem e ritmo tipicamente afro-brasileiros.

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ENFEITAR: devoção, comunidade, tradição e festa no culto e

na vida

CANTAR: canto profético da justiça

em favor das pessoas e coletividades empobrecidas, escravizadas, marginalizadas,

excluídas

DANÇAR: valorização do corpo, integralidade do ser

humano, relação de fraternidade universal

e de irmandade com todos os seres

LUTAR: movimentos sociais libertadores, de cabeça

erguida,na globalização da Esperança.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, Rita. Xirê! O modo de crer e de viver no Candomblé. Rio de Janeiro: Pallas/ São Paulo: Educ, 2002.

BOFF, Clodovis. Maria na Cultura Brasileira: Aparecida, Iemanjá, Nossa Senhora da Libertação. Petrópolis: Vozes, 1995.

CARVALHO, Jorge José de. A Tradição Mística Afro-Brasileira. In: Religião e Sociedade, vol. 18, N. 2, maio/1998.

CELAM. Documento de Aparecida: texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. São Paulo: Paulus/

Paulinas/ CNBB, 2007.

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Profª Dra: Maria Cecilia Domezi

São Paulo, agosto/2012 II Seminário da PAB – REGIONAL SUL I