Memória na visão da Neurociência

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Memória na visão da Neurociência Desde a primeira molécula, só sobrevivemos graças à aprendizagem. A cada momento estamos nos transformando através de conexões e circuitos dados a alguns fenômenos: biológicos, psíquico, social e intelectual. Não se sabe exatamente em que parte do cérebro se localiza a memória, mas sim, sabe-se que existem regiões do cérebro que são claramente relacionadas com a formação e armazenamento da memória, entre elas esta o Lobo Temporal que fica na parte baixa e lateral do cérebro. O Lobo Temporal tem o Córtex Temporal que pode ser envolvida com a memoria a longo prazo. Além dessas outras áreas também são responsáveis por essa função uma delas é a amigdalas que estaria relacionada com as memórias e as emoções. Para a formação da memória há um arranjo de sinapses, à medida que essas sinapses acontecem vamos aprendendo novas coisas, mas para isso algumas conexões são desfeitas para dar lugar às novas, há repetição nesta fase se torna essencial, pois através dela é que reforçamos nossa memória a longo prazo fazendo com que fique mais difícil de esquecermos o novo aprendizado.

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Memória na visão da Neurociência

Desde a primeira molécula, só sobrevivemos graças à aprendizagem. A cada momento estamos nos transformando através de conexões e circuitos dados a alguns fenômenos: biológicos, psíquico, social e intelectual. Não se sabe exatamente em que parte do cérebro se localiza a memória, mas sim, sabe-se que existem regiões do cérebro que são claramente relacionadas com a formação e armazenamento da memória, entre elas esta o Lobo Temporal que fica na parte baixa e lateral do cérebro. O Lobo Temporal tem o Córtex Temporal que pode ser envolvida com a memoria a longo prazo. Além dessas outras áreas também são responsáveis por essa função uma delas é a amigdalas que estaria relacionada com as memórias e as emoções.

Para a formação da memória há um arranjo de sinapses, à medida que essas sinapses acontecem vamos aprendendo novas coisas, mas para isso algumas conexões são desfeitas para dar lugar às novas, há repetição nesta fase se torna essencial, pois através dela é que reforçamos nossa memória a longo prazo fazendo com que fique mais difícil de esquecermos o novo aprendizado.

A Memória na visão dos Pensadores:

Teoria deVygotsky:A criança pequena constrói memórias por imagens, associando uma a outra.

No decorrer do tempo ela passa a associar/relacionar essas memórias aos conceitos

adquiridos através da linguagem, que é o componente cultural mais importante.

Com isso passa de uma memória apoiada nos sentidos para uma memória mais

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escorada na linguagem. Portanto para ele a memória (aprendizagens) é uma função

psicológica que vai se definindo durante o desenvolvimento.

“(...) a natureza psíquica do homem vem a ser um conjunto de relações

sociais deslocadas para o interior e convertidas em funções da personalidade e em

formas de sua estrutura.” (Vygotski, 1931; 1995, p. 151).

“(...) interiorização das acções, isto é, a transformação das acções exteriores

em acções interiores, intelectuais, realiza-se na ontogénese1 humana.” (Leontiev,

1959; 1978, p. 184).

Para Vigotski, Luria, Leontiev e outros pesquisadores a memória é o processo

de apropriação dos conhecimentos e experiências historicamente acumuladas que

permite ao indivíduo a possibilidade de se tornar pertencente ao gênero humano,

desenvolvendo as funções psicológicas superiores.

“O desenvolvimento histórico da memória começa a partir do momento em

que o homem, pela primeira vez, deixa de utilizar a memória como força natural e

passa a dominá-la.” (Vygotsky; Luria, 1930; 1996b, p. 114)i.

Teoria de Ausubel:Aprendemos com base no que já sabemos. É preciso diferenciar memória de

aprendizagem significativa. A primeira é a capacidade de lembrar algo e a segunda

envolve usar o saber prévio em novas situações (um processo pessoal e intencional

de construção de significados com base na relação com o meio social e físico).

Temos que a aprendizagem significativa é um processo, onde o tempo varia

de indivíduo para indivíduo.

O fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que

o aprendiz já sabe, são os conhecimentos prévios do aluno. Os novos conhecimentos

para serem assimilados e retidos (armazenados) vão depender diretamente da

qualidade da estrutura cognitiva prévia do aprendiz.

1 é o estudo das origens e desenvolvimento de um organismo desde o embrião (ovo fertilizado) até atingir sua forma plena, passando pelos diferentes estágios de desenvolvimento.

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Os conhecimentos prévios do aprendiz servirão de “ponto de ancoragem”,

onde as novas informações irão encontrar um modo de se integrar e interagir àquilo

que o indivíduo já conhece.

O indivíduo aprende significativamente quando consegue atribuir

significado ao que está sendo aprendido, porém estes significados têm sempre

atributos pessoais.

Sendo assim, uma aprendizagem em que não exista uma atribuição de

significados pessoais nem uma relação com o conhecimento prévio do aluno, não é

considerada como sendo significativa e sim mecânica.

Teoria de Wallon:Somos seres integrados: afetividade, cognição e movimento. Portanto

informações que nos afetam e fazem sentido para nós ficam retidos na memória com

mais facilidade. Como a construção de memórias passa pela afetividade é difícil

reter algo novo quando ele não nos afeta.

As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da

pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em

geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas

pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.

O desenvolvimento humano é visto em conjunto em seus domínios afetivo,

cognitivo e motor, sem privilegiar um domínio em detrimento dos demais,

preocupando-se em mostrar nas diferentes etapas os vínculos entre cada campo.

Ao longo do desenvolvimento ocorrem sucessivas diferenciações entre os

campos funcionais entre os quais se distribui a atividade infantil e interior de cada

um. Este conceito da diferenciação é chave na psico-genética de Henri Wallon e

orientará o processo de formação da personalidade de forma mais ampla.

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