Manual de Formação CarryOn

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Este manual serve de apoio à formação de técnicos no âmbito da Metodologia de Desenvolvimento Holístico do Projeto CarryOn.

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Textos | Ana Lúcia Santos Silva, Joana Antunes, Judite PeixotoBruno Ferreira, Flávia Alves, Joana Vieira da Silva

Coordenação e revisão | Ana Lúcia Santos Silva

Aconselhamento científico (Psicologia) | Marlene Matos

Design | Flávia Alves

Unidade de Educação Ambiental da Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem © 2015

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ÍNDICEINTRODUÇÃO

ECOLOGIA E OS SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS

PSICOLOGIA E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

AVALIAÇÃO E A METODOLOGIA CARRYON

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO HOLÍSTICO

ANEXOS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃOA Violência Doméstica é um fenómeno social com graves repercussões, não só nas vítimas mas também em toda a sociedade. Os números alarmantes de casos detetados e a gravidade dos mesmos tornam essencial o desenvolvimento de respostas de apoio cada vez mais diversificadas e abrangentes, que visem não só abordar a vitimação diretamente mas, também, o bem-estar das vítimas, potenciando uma nova visão de vida.

O Projeto CarryOn – Serviços dos Ecossistemas e o seu papel nos processos de apoio a Vítimas de Violência Doméstica tem como principal objetivo contribuir para a melhoria do bem-estar deste público, através da implementação de uma metodologia multidisciplinar centralizada no potencial terapêutico e educacional da natureza. Os serviços culturais dos ecossistemas, como os estéticos, espirituais, educacionais, recreacionais, patrimoniais e sociais, constituem um pilar essencial na definição e coesão social e no próprio desenvolvimento do indivíduo. São fundamentais para o nosso bem-estar físico e psicológico e são um dos factores de relevo na definição sociocultural das sociedades humanas. Promover uma ligação consistente e saudável ao mundo natural é contribuir para o desenvolvimento de um sentimento de pertença e identidade, que irá fortalecer os próprios laços sociais entre indivíduos e o estabelecimento de uma rede social coesa.

A metodologia CarryOn engloba as premissas acima descritas, incluindo atividades de diversas tipologias realizadas em meios naturais ou naturalizados, permitindo o contacto direto com a natureza e o desenvolvimento de analogias entre o mundo natural que nos rodeia e as nossas próprias vivências. A natureza é assim encarada como um recurso terapêutico e educacional de excelência, permitindo uma autodescoberta e empoderamento contínuos de cada indivíduo e do próprio grupo.

Assumindo a importância de todas as dimensões inerentes às vivências de cada indivíduo, a promoção do bem-estar irá ser desenvolvida tendo em conta uma perspetiva holística. Assim, a metodologia CarryOn visa trabalhar as seguintes dimensões: social, física, afetiva-emocional, espiritual, cognitiva e cultural. Apesar de trabalhadas, de forma mais enfática, em dias distintos, o facto de estarem amplamente interligadas leva a que em cada dia, todas as dimensões sejam abordadas, direta ou indiretamente.

A metodologia CarryOn não visa substituir os processos de apoio atualmente disponíveis para vítimas de violência doméstica, mas sim constituir uma metodologia de implementação paralela aos mesmos, focando-se não na vitimação mas sim na promoção do bem-estar das vítimas.

Este manual constitui um apoio teórico à formação sobre a metodologia CarryOn, direcionada para profissionais, tanto nas áreas de intervenção social como em áreas ambientais, que desenvolvam ou pretendam vir a desenvolver atividades promotoras de bem-estar com base nos serviços dos ecossistemas. A informação presente neste manual será complementada com a transmitida durante a formação, ministrada por técnicos do Projeto CarryOn, que contemplará uma exploração teórica e prática dos conceitos e atividades abordados.

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SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMASA Humanidade beneficia dos ecossistemas através de uma enorme variedade de formas, sendo estes benefícios denominados por Serviços dos Ecossistemas (SE). Os Serviços dos Ecossistemas são as contribuições diretas e indiretas dos ecossistemas para o bem-estar humano. Estes serviços suportam direta ou indiretamente a nossa sobrevivência e qualidade de vida. Para melhor compreender o que são e como funcionam estes serviços, é necessário compreender a própria estrutura e dinâmica dos ecossistemas.

CONCEITO DE ECOSSISTEMAUm ecossistema, expressão que deriva da conjugação das palavras gregas oikos (casa) e systema (sistema), representa um conjunto formado por todos os organismos bióticos (seres vivos), que vivem e interagem entre si, e pelos fatores abióticos que atuam sobre as comunidades de seres vivos existentes (FIGURA 1). As interações que contribuem para a própria definição de ecossistema vão para além das estabelecidas entre os organismos bióticos, incluindo também as que estes estabelecem com o próprio meio que os rodeia, ou seja, através dos ciclos de nutrientes e fluxos de energia dentro do sistema. As componentes bióticas e abióticas encontram-se assim interligadas.

Uma característica fundamental dos ecossistemas é o seu dinamismo, apesar de limitados no espaço, não são limitados no tempo pois encontram-se em constante evolução. Estão invariavelmente sujeitos a perturbações periódicas naturais, quer de origem natural ou antrópica, e constantemente em processo de recuperação de eventos de perturbação passados. Quando um ecossistema é sujeito a algum tipo de perturbação, responde movendo-se na direção do restabelecimento do equilíbrio. Esta evolução, ou sucessão, pode, inúmeras vezes, dar-se na direção em que ocorre perda de serviços.

TIPOS DE ECOSSISTEMASOs ecossistemas dividem-se em duas tipologias principais: aquáticos e terrestres. Os ecossistemas aquáticos, por sua vez, dividem-se em dois grandes grupos: dulceaquícolas (água doce) e marinhos (água salgada e salobra). Já os terrestres podem ser divididos em florestais, litorais, ripários, urbanos, desérticos, entre outros. A biodiversidade de um determinado local afeta o funcionamento do ecossistema, o que revela também a importância dos fatores abióticos, essenciais na definição da biodiversidade do mesmo.

AS CATEGORIAS DOS SEOs SE, apesar de já serem discutidos há décadas na comunidade científica, foram conceptualizados e popularizados pelo Millenium Ecosystem Assessment (MEA, 2005). Segundo o MEA, os SE são os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas e dividem-se em quatro categorias, onde os chamados “serviços de suporte” são encarados como a base para as outras três categorias (FIGURA 2).

Os Serviços Culturais dos Ecossistemas (SCE) são os mais difíceis de quantificar e de atribuir um valor monetário. Se em termos de recreação e turismo este exercício é menos complicado, é extremamente complexo atribuir um valor económico a serviços como os espirituais, estéticos ou educativos.

No entanto, estes os serviços contribuem de forma determinante para o bem-estar humano, especialmente a nível psicológico, mas também físico. Na verdade, e isto é bem visível nas sociedades mais desenvolvidas e economicamente mais fortes, mesmo quando todos os outros serviços (Suporte, Produção e Regulação) estão presentes, a necessidade pelos Serviços Culturais mantém-se inalterada, pois estes constituem um pilar essencial para o bom funcionamento individual e social.

As quatro categorias dos SE possuem uma forte relação com os grandes vetores do bem-estar – segurança, recursos materiais básicos, saúde e relações sociais (FIGURAS 2 e 3). Estes quatro vetores, ou componentes, têm um forte papel no que concerne o exercício de liberdade de escolha e de ação individual. Assim, alterações nos SE têm um impacto acentuado no bem-estar humano.

ECOLOGIA E OS SERVIÇOSDOS ECOSSISTEMAS

9FIGURA 2 | As quatro categorias dos Serviços dos Ecossistemas.(adaptado de MA, 2005)

FIGURA 3 | Determinantes e componentes do bem-estar humano.(adaptado de MA, 2005)

FIGURA 1 | Fatores abióticos e bióticos.

It is folly to think that we can destroy one species and ecosystem after another and not affect humanity.

When we save species, we’re actually saving ourselves. (Joel Sartore)

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Violência Físicaex.: pontapear, esbofetear, apertar o pescoço, empurrões, murros

Violência Sexualex.: contactos sexuais indesejados, tentativa de violação, violação

Violência Psicológica/Emocionalex.: chantagear, ameaçar, insultar, intimidar, isolar, humilhar, instrumentalizar os filhos

Violência Económico-financeiraex.: controlar gastos, ficar com o ordenado, recusar dar dinheiro

PSICOLOGIAE A VIOLÊNCIADOMÉSTICA

VIOLÊNCIA DOMÉSTICAA violência doméstica (VD) configura-se como uma violação dos direitos humanos e um grave problema de saúde pública (Organização Mundial de Saúde [OMS], 2014), sendo transversal a toda a sociedade.

A VD pode definir-se como “qualquer conduta ou omissão, reiterado e/ou intensa ou não, que sirva para infligir sofrimento e obter poder/controlo, de modo direto ou indireto, sobre qualquer pessoa que habite no mesmo agregado familiar ou que não residindo, seja cônjuge ou ex-cônjuge, companheiro/a ou ex-companheiro/a, namorado/a ou ex-namorado/a, ascendente ou descendente, sem olhar ao sexo, idade e sexualidade” (adaptado de Machado & Gonçalves, 2003). Atualmente, assume a natureza de crime público, estando consagrada no Código Penal Português (art.º. 152 da Lei 59/2007, publicada em Diário da República - 1.ª Série, a 04 de Setembro de 2007).

O agressor doméstico pode recorrer a uma variedade de tipos, formas e/ou estratégias de exercício da violência para manter o poder e controlo sobre a vítima (FIGURA 4).

A violência doméstica tende a desenrolar-se ao longo de um sistema circular de 3 fases, o chamado Ciclo da Violência Doméstica, que mascara ainda mais a situação abusiva e dificulta a saída da relação (FIGURA 5). Com o decorrer do tempo, os maus-tratos tendem a aumentar de intensidade, frequência e risco associado. A primeira fase do ciclo (“Aumento da tensão”) torna-se cada vez mais curta e intensa; a segunda fase (“Explosão”) torna-se cada vez mais frequente e grave; e a terceira cada (“Lua de mel”) cada vez menos duradoura e intensa.

Para além dos elevados custos económicos e sociais, a violência doméstica pode provocar diversas consequências ao nível do bem-estar e da saúde física e mental das vítimas, a curto e/ou a longo-prazo (FIGURA 6). Fatores como as características da vitimação (ex.: tipo, gravidade, frequência), os recursos disponíveis pré e pós-vitimação (ex.: suporte social) e o significado atribuído à experiência abusiva (ex.: autoculpabilização, responsabilização do agressor) podem mediar o impacto evidenciado (Matos, 2011).

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM PORTUGALSegundo a Direção Geral de Administração Interna (DGAI), em 2014 registaram-se um total de 27 317 participações às autoridades por violência doméstica, menos uma participação do que no ano transato (FIGURA 7). O local de maior risco para o exercício deste tipo de violência continua a ser a própria habitação e o marido ou cônjuge o principal agressor (DGAI, 2013).As mulheres são vítimas preferenciais da violência doméstica. De acordo com o último inquérito nacional realizado em Portugal (2008), em média, cerca de uma em cada três mulheres são vítimas de VD (Lisboa, 2009).O tipo de violência com maior prevalência é a psicológica (53,9%), seguido da física (22,6%) e da violência sexual (19,1%) (Lisboa, 2009).

Informação complementar: Anexos 1 e 2

62% 82% 82% 81%

11FIGURA 4 | Tipos, formas e/ou estratégias de exercício da violência.

FIGURA 5 | Ciclo da Violência Doméstica.(Walker, 2009)

FIGURA 6 | Domínios de impacto e consequências da violência doméstica.(Adaptado de Matos, 2011)

FIGURA 7 | Alguns números da realidade conhecida do fenómeno em Portugal, nomeadamente o número de participações por Violência Doméstica, a percentagem de vítimas do sexo feminino e o número de homicídios conjugais.(DGAI)

A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.

(Jean-Paul Sartre)

31235

28980

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AVALIAÇÃOE A METODOLOGIACARRYON

OBJETIVOSA metodologia CarryOn consiste no desenvolvimento e implementação de atividades de grupo promotoras do bem-estar e da melhoria da qualidade de vida através do recurso aos serviços dos ecossistemas.

RESULTADOS ESPERADOSA participação em atividades de desenvolvimento holístico, em formato grupo, pela componente educacional e emocional providenciada, poderá contribuir para redução da perceção de isolamento social, promoção de suporte emocional e da utilização ou mobilização de estratégias de coping mais adaptativas para lidar com o impacto físico, psicológico e social de acontecimentos de vida desestruturantes ou stressantes (National Centre for Victims of Crime [NCVC], 2009).A integração desta metodologia no processo de apoio a vítimas de violência doméstica visa contribuir para o processo de restabelecimento psicológico, empoderamento e capacitação individual deste público-alvo, através da promoção do seu bem-estar físico e psicológico, bem como da adoção de hábitos de vida mais saudáveis e sustentáveis.

MÉTODOParticipantesDevido às idiossincrasias de cada vítima, torna-se essencial uma seleção criteriosa e bem planeada dos participantes, no sentido de reduzir a possibilidade de drop-out do grupo e assegurar que a experiência de participação nas atividades contribuirá, efetivamente, para o bem-estar integral das vítimas. Deve haver um propósito similar para a integração das vítimas nos grupos de desenvolvimento holístico, ainda que a experiência de vida, recursos pessoais e sociais e padrões culturais das mesmas possam ser distintos (Matos & Machado, 2011; NCVC, 2009). Os facilitadores, ou dinamizadores, devem por isso estabelecer critérios comuns de seleção (inclusão/exclusão) dos participantes (sobretudo, mulheres vítimas de VD), embora não demasiado restritivos ou inflexíveis, de modo a abarcar a necessária heterogeneidade que enriquecerá o grupo, em termos de idade, estado da relação e estatuto socioeconómico das vítimas (NCVC, 2009).

A participação em atividades de grupo poderá, no entanto, não responder às necessidades individuais de qualquer vítima (ex.: problemas graves de saúde física, quadro psiquiátrico, uso ou abuso de substâncias, risco de violência letal), como também poderá impedir os outros participantes de atingir os seus objetivos, gerando instabilidade no próprio funcionamento do grupo. No âmbito do Projeto CarryOn, considerou-se igualmente importante a inclusão dos filhos das mulheres vítimas de violência doméstica, no sentido de se contribuir para o fortalecimento do vínculo materno-filial, muitas vezes fragilizado pela situação de violência. Para este grupo de vítimas foram também estabelecidos um conjunto de critérios de integração (ex.: experienciação exclusiva de violência indireta ou vicariante; ausência de comprometimento grave da saúde física e mental).

O profissional nas atividades: o papel de dinamizadorQualquer profissional que realize atividades de intervenção com vítimas de violência doméstica deverá reger a sua conduta pelos princípios gerais do respeito pelo outro, competência, responsabilidade e da beneficência, como também pelos princípios específicos do consentimento informado, assegurando a participação voluntária, autónoma e autodeterminada, e da privacidade e confidencialidade, especificando os limites éticos e legais (ex.: se uma vida estiver em risco) (Ordem dos Psicólogos Portuguesas [OPP], 2011). A abordagem interdisciplinar subjacente à aplicação da metodologia CarryOn – que alia a ecologia à psicologia – torna importante o recurso a pelo menos dois dinamizadores, com perspetivas, competências técnicas e estilos de dinamização distintos, embora complementares, nomeadamente: um profissional da área da ecologia com experiência no desenvolvimento de ações de educação ambiental e um profissional de apoio a vítimas com conhecimento prático sobre a intervenção técnica ou atuação com este tipo de população. O número de dinamizadores presentes deverá ser sempre suficiente para permitir um acompanhamento otimizado e eficaz dos participantes durante os dias das atividades. A existência de mais do que um dinamizador permite a partilha de responsabilidades durante os dias de atividades, o que acaba por reduzir a sobrecarga emocional e cognitiva, e poderá aumentar a capacidade de ação face a qualquer eventualidade (ex.: agressor aparecer no local de atividades).O respeito e a confiança mútua entre dinamizadores e participantes são absolutamente necessários para a criação de um ambiente positivo, de à vontade e de suporte. Os dinamizadores deverão estar sensibilizados para a problemática da violência doméstica e possuir, ou ter beneficiado previamente, de formação técnico-científica neste âmbito. Competências de comunicação pessoais, relacionais e técnicas assentes na escuta ativa, sensibilidade, flexibilidade, otimismo e empatia são imprescindíveis (NCVC, 2009). Da mesma forma, possuir conhecimentos e formação específica na dinamização de grupos (ex.: dinâmicas de integração, gestão de conflitos), no planeamento (ex.: duração do programa de atividades, periodicidade dos dias temáticos, estabelecer parcerias), na organização (ex.: estrutura do grupo) e ao nível da logística

(ex.: locais de desenvolvimento das atividades), assimcomo na capacidade de avaliação e disseminação da eficácia do programa de desenvolvimento holístico (Matos & Machado, 2011) são requisitos fundamentais de um bom dinamizador.

Procedimentos de avaliação da eficáciaDesign da avaliaçãoDe modo a avaliar a reação dos participantes à metodologia CarryOn e as possíveis aprendizagens e mudanças daí decorrentes - empoderamento, capacitação pessoal, melhoria do bem-estar integral -, recomenda-se a aplicação de uma avaliação pré e pós-teste, complementada por uma avaliação contínua, ao longo do processo de implementação das atividades. No que concerne ao design pré e pós-teste, a avaliação do impacto da metodologia CarryOn nas mulheres vítimas deverá centrar-se em dimensões como a qualidade de vida, o ajustamento psicológico, a autoestima, o suporte social, o vínculo materno-filial e a relação com o meio natural. Com os menores, a avaliação da eficácia deverá privilegiar dimensões centrais como ajustamento psicológico e o autoconceito.

Estratégias de avaliação durante as atividadesNo sentido de recolher o feedback dos grupos em relação à sua satisfação e bem-estar geral com as atividades, sugere-se o recurso a estratégias verbais (ex.: questionamento semiaberto, diálogo informal) e de observação, bem como escritas (ex.: logbook). Estas últimas deverão ser especificamente utilizadas no final de cada dia de desenvolvimento holístico. No que respeita à dimensão da “relação ou vínculo materno-filial”, torna-se particularmente necessária uma avaliação e observação contínua dos indicadores ou comportamentos da ligação emocional mãe-filho(s), ao longo dos dias de desenvolvimento holístico, designadamente: a proximidade e o contacto físico; a afetividade e a expressão emocional manifestas; o diálogo, a comunicação verbal e não verbal; o reforço espontâneo ou solicitado; a postura e motivação para as tarefas conjuntas.

RECOMENDAÇÕES FINAISNo âmbito da avaliação da eficácia, a médio ou longo prazo, da metodologia CarryOn, recomenda-se a realização de uma avaliação de seguimento (follow-up), num período posterior ao término do programa de desenvolvimento holístico (entre 3 meses a 6 meses), no sentido de se perceber se os efeitos esperados decorrentes da participação nos dias de atividades (ex.: bem-estar físico, melhoria da autoestima) permanecem. Este tipo de avaliação permitirá ainda compreender se os participantes têm reproduzido, proativa e regularmente, as atividades de desenvolvimento holístico no seu dia-a-dia e o nível de satisfação e autoeficácia experienciado associado. Esta avaliação de follow-up pode ser realizada com recurso a uma metodologia qualitativa (ex.: questões abertas ou semiabertas) e quantitativa (ex.: questionários fechados).

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If you want to assert a truth, first make sure it´s not just an opinion that you desperately want to be true.

(Neil deGrasse Tyson)

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PROGRAMADE DESENVOLVIMENTOHOLÍSTICO

DESCRIÇÃO E FINALIDADESO programa de desenvolvimento holístico do Projeto CarryOn perspetiva o ser humano de forma sistémica e integrada, pelo que visa promover o bem-estar biopsicossocial dos participantes com experiências de vida bastante adversas. Deste modo, operacionaliza um conjunto organizado, coerente e integrado de atividades, coordenadas entre si.Cada dia do programa assume um foco específico numa dimensão holística, contudo importa salientar que, apesar disso, as outras dimensões são transversalmente trabalhadas ao longo desses dias (FIGURA 8). A fim de reforçar o seu caráter contínuo e consistente, este programa apresenta a mesma estrutura inicial e final, o que proporciona aos participantes um sentido de organização e previsibilidade sobre os acontecimentos. Este plano inicial e final de briefing e debriefing terá sempre como finalidade quer o auto, quer o heteroconhecimento do grupo.Para cada dimensão estão definidas as competências a adquirir pelos participantes nas várias atividades a realizar. Neste manual, é sugerida apenas uma atividade para cada um dos dias de desenvolvimento holístico e, ainda, duas atividades transversais.As atividades encontram-se categorizadas em cinco tipologias: experimental, lúdico-pedagógica, artística, narrativa e terapêutica, conforme o método mais utilizado: ativo, expositivo, interrogativo ou demonstrativo. A duração corresponde ao tempo estimado para a realização da atividade com um grupo de participantes não superior a 25. O material e os recursos utilizados são, maioritariamente, de fácil obtenção e de baixo custo, uma vez que o recurso vital é a própria natureza. A descrição fornecida refere-se ao procedimento a ser seguido pelo dinamizador da atividade. Por fim, estabelecem-se algumas analogias, com intuito de orientar a reflexão/debate a desenvolver com os participantes nas atividades.

RECOMENDAÇÕES PRÁTICASNo momento de planificação das atividades torna-se essencial disponibilizar tempo para definir as indicações práticas necessárias para o bom funcionamento do grupo, antevendo possíveis constrangimentos e prevendo soluções alternativas para o plano do dia.

De seguida, elencamos algumas recomendações práticas e logísticas:• certificar que todos os participantes têm seguro de

acidentes pessoais;• conhecer o espaço previamente e identificar locais de

acessibilidade como WC, zonas de refeição, eventuais zonas de risco que possam requerer cuidados redobrados;

• verificar antecipadamente as condições climatéricas;• quando necessário, informar as autoridades

responsáveis pela vigilância do local (ICNF, GNR- SEPNA/GIPS);

• a entidade promotora deverá disponibilizar um kit de primeiros socorros;

• sempre que possível, deverá ser a entidade promotora a disponibilizar transporte aos participantes.

Algumas recomendações a transmitir aos participantes, antes do dia de realização da(s) atividade(s):• usar vestuário e calçado adequado e confortável (em

dias de sol, salientar chapéu, boné e protetor solar);• caso a entidade promotora não disponibilize,

recomendar que cada participante traga água;• assegurar que se alerta os participantes que careçam

de medicação específica para a trazerem nos dias de atividades;

• trazer sempre consigo o cartão de cidadão e o cartão de identificação do grupo.

Desenvolvimento Social//conceber o grupo como um espaço de direitos e deveres (ex.: necessidade de cumprir regras)//perspetivar o grupo (relação com os outros) como um espaço de partilha, de entreajuda e de aprendizagem mútua//reduzir o isolamento social, promovendo o sentido de pertença e coesão social//aumentar a repertório de competências pessoais, relacionais e sociais//desenvolver relações interpessoais saudáveis e igualitárias

Desenvolvimento Físico//promover a sensação de bem-estar físico e satisfação global, perspetivando a natureza como um contexto sereno e de relaxamento//atenuar a psicossintomatologia depressiva (ex.: pensamento negativos, cefaleias, insónias)//reduzir os níveis de stress, aliviando os sentimentos de ansiedade e agitação//estimular a adoção de hábitos de vida mais saudáveis e sustentáveis

Desenvolvimento Afetivo-emocional//promover o autoconhecimento e a autoperceção como pilares para o cresicmento pessoal//promover a valorização pessoal e a autoestima, mobilizando as vozes da competência e potenciando as qualidades do “Eu”//reforçar o vínculo materno-filial, promovendo interações lúdicas e afetivas entre mãe e filho

Desenvolvimento Espiritual//promover a capacidade de introspeção e de autorreflexão//promover a paz interior//reforçar a ligação à natureza

Desenvolvimento Cognitivo//promover as capacidades de atenção/concentração e de memória//fomentar a capacidade de comunicação e de linguagem//reforçar a capacidade de resolução de problemas e de tomada de decisão//aumentar e promover conhecimentos ao nível dos SE

Desenvolvimento Cultural//fomentar a adoção hábitos de recreação e lazer, promotores de bem-estar//fortalecer o sentimento de identidade sócio-cultural//promover a inclusão de expressões culturais nas vivências diárias

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The forest is at once a laboratory, a club and a temple.(Robert Baden-Powell)

FIGURA 8 | Objetivos das seis áreas de desenvolvimento holístico.

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:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::Na natureza tudo está interligado. A forte interdependência entre os seres vivos e o meio ambiente demonstra-nos que existe uma complexa ligação entre estes. Assim, se uma parte falha, quebra ou sofre alterações, isso traz implicações para o resto do sistema.Também na sociedade, a manutenção desta teia de conexões exige que cada um baseie as suas relações na igualdade, na tolerância e aceitação, no respeito pela sua individualidade e pela identidade do outro, assim como pelas regras de bom funcionamento em grupo.Por outro lado, cada participante ao escolher o elemento natural com que mais se identifica, trouxe um valor único para a teia, evidenciando a sua individualidade. Este valor representa a função do elemento no ecossistema, assim como o papel indispensável que cada individuo representa nesta teia da vida.

Transferências de matéria e energia entre os seres vivosTeias alimentares na natureza:::: individualidade e interdependência na sociedade

:::: DESCRIÇÃO ::::Iniciar esta atividade com a apresentação do grupo, dispondo-o em círculo e explicando os objetivos do programa. De seguida, solicitar a cada participante que segure o sisal e se apresente, dizendo o seu nome e o elemento natural com que mais se identifica, justificando a sua escolha. Após a apresentação, o participante deverá segurar na ponta do sisal e, sem a largar, passar o rolo de sisal para outro participante à sua escolha. Isto deve ocorrer de forma sucessiva, até se perfazer uma teia que inclua todos os participantes.

ATIVIDADE1 | A TEIA

Empatia | Tolerância | Espírito de equipaAssertividade | Sentimento de pertençaGestão de conflitos | LiderançaComunicação verbal e não verbal

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | NarrativaDURAÇÃO | 1 hora

OBJETIVOS• Acolher e integrar os participantes, clarificando

os procedimentos e regras de participação e de funcionamento do grupo;

• Promover o respeito pela diferença, sustentando um discurso pró-igualdade e de respeito intragrupo;

• Desenvolver um sentido de coesão grupal, promovendo o espírito de partilha e entreajuda.

MATERIAL/RECURSOSRolo de sisal

SOCIAL

DIM

ENSÃ

OHO

LÍST

ICA

:::: DESCRIÇÃO ::::Começar por explicar que uma gincana é um conjunto de provas com obstáculos, disputadas por diferentes equipas, vencendo aquela que realizar as tarefas com maior rapidez. Percorrer com o grupo a gincana, demonstrando as tarefas a serem realizadas em cada prova. Indicar que estas, na Zoo-gincana, estão relacionadas com hábitos, comportamentos e estratégias de sobrevivência de alguns animais, tais como: modos de locomoção, procura de abrigo e alimento. O início de cada prova é dado pelo som de um apito, realizando-se apenas uma prova de cada vez, jogada em simultâneo por todas as equipas. Ao longo de cada prova, é importante estar atento às dinâmicas do grupo, assim como registar os tempos de cada equipa, uma vez que a pontuação final é obtida através do somatório desses tempos. No caso de incumprimento das tarefas, a equipa pode ser penalizada em 5 segundos adicionados ao tempo final. Alertar para a importância do fair play e do respeito pelas regras e, em seguida, dar início à gincana.Apresentar os resultados finais, valorizando o esforço e dedicação de todos. Debater com os participantes o desempenho global, tal como: os timings, o espírito de equipa, a liderança e, simultaneamente, abordar as especificidades das tarefas associadas aos animais.

ATIVIDADE2 | ZOO-GINCANA

Consciência corporal | AutoimagemConsciência da homeostasia corporal e da energia vitalRelaxamento | Hábitos de vida saudáveisHabilidades locomotoras | Flexibilidade/ Agilidade

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Lúdico-pedagógicaDURAÇÃO | 1 hora e 30 minutos

OBJETIVOS• Incentivar o desenvolvimento de capacidades motoras

e físicas, aliadas a hábitos de vida saudáveis;• Fortalecer o espírito de equipa e o sentimento de

pertença ao grupo;• Promover o fair play e o respeito pelo outro;• Proporcionar aprendizagens relacionados com a vida

animal na natureza.

MATERIAL/RECURSOSApito | Cronómetro | Folha de registo e lápisVenda | Bola e mecos | Arco

RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS• Montar e testar antecipadamente a gincana;• Os percursos preparados para cada prova, devem ter

em conta o número total de equipas, assim como estar adaptados em função dos recursos físicos existentes no local;

• As equipas devem ser previamente divididas, através de uma dinâmica de divisão de equipas.

:::: Corrida de Sapos ::::Dispostos em fila, os elementos da equipa, deslocam-se, um de cada vez, saltando para cima e para baixo, fletindo os joelhos, seguindo o percurso marcado até atingirem a meta. O segundo elemento inicia o percurso após o primeiro cortar a meta e, assim, sucessivamente.

Locomoção dos anfíbios:::: a importância do processo e dos ritmos individuais para atingir os objetivos:::: valorização da capacidade individual e das diferenças para alcançar um objetivo comum

:::: Morcegos à escuta ::::Dispostos ao longo de um percurso, os elementos da equipa (excepto dois), permanecem de pé, sinalizando obstáculos físicos. Os dois elementos restantes, um de olhos vendados e outro sem a possibilidade

de falar, colocam-se no início e no fim do percurso, respetivamente. Orientado pelas vozes dos colegas e desviando-se dos obstáculos, o elemento de olhos vendados faz o percurso com o objetivo de alcançar o outro elemento.

Ecolocalização dos morcegos e a orientação dos animais noturnos:::: a relevância da escuta ativa, da atenção/concentração e da perspicácia na descoberta do caminho

:::: Formiga trabalhadora ::::Dividida em dois grupos (A e B), a equipa é colocada nas extremidades de um percurso com obstáculos (mecos). Aos elementos do grupo A é dada a indicação das manobras a efetuar para contornar os mecos (por exemplo, contornar pela direita o primeiro

meco, dar duas voltas no segundo e contornarpela esquerda o terceiro). Aos elementos do grupo B apenas é dada a indicação que após rececionarem o objeto transportado pelo elemento do grupo A, devem efetuar o percurso contrário, seguindo exatamente o mesmo percurso e as mesmas manobras. O objeto transportado é uma bola que, conduzida com os pés, deve passar de um elemento do grupo A para um elemento do grupo B e vice-versa, até que todos tenham jogado. Comunicação das formigas no transporte de alimentos:::: necessidade do trabalho de equipa e da entreajuda no cumprimento de objetivos:::: importância da mestria e da autoeficácia em contornar certos obstáculos:::: importância da comunicação (verbale não verbal) nas relações humanas

EXEMPLOS DE PROVAS | ANALOGIAS

FÍSICA

DIM

ENSÃ

OHO

LÍST

ICA

:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::Os diferentes modos de locomoção e comportamentos alimentares são excelentes exemplos de como através dos sentidos e de adaptações físicas, os animais conseguem realizar de forma eficiente as suas ações diárias, sobreviver e ter sucesso no seu percurso de vida. A dimensão fisica e a utilização plena dos sentidos assumem, cada vez mais, uma importância fulcral na sociedade atual. A atividade física regular desenvolve as habilidades motoras, a agilidade e a flexibilidade. No caso do ser humano, o domínio físico está também reciprocamente interligado com o domínio psicológico. No final de uma atividade física, é frequente ocorrer uma sensação de bem-estar promotora do desenvolvimento da autoestima.A vivência destas atividades em grupo promove também o espírito de equipa, o fair play e as capacidades de comunicação, como ilustrado através do exemplo das formigas obreiras, que assim que descobrem alimento deixam um rasto (com feromonas) no caminho de volta à colónia, para que o mesmo, seja seguido.

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:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::A natureza assume-se como um local onde as pessoas se sentem mais livres e conectadas com o mundo envolvente. Este é um contexto privilegiado em que o ser humano se consegue relacionar com os grupos e consigo mesmo de uma forma emocionalmente mais profunda. De facto, as emoções e os afetos estão patentes em qualquer gesto na e para com a natureza. Aquando da exploração das fotografias, deve-se promover a reflexão individual e construtiva em redor de momentos emocionais entre os participantes do grupo. Esta discussão desenvolve-se através de alguns tópicos de discussão: “O que vê nesta fotografia?”, “O que aconteceu no momento da fotografia?”, “Que importância tem para si esta paisagem natural?”, “De que modo esta paisagem contribui para o momento da fotografia?”, “De que forma esta fotografia lhe mostra como pode melhorar o seu bem-estar?” “O que pensa fazer diferente?” (diálogo crítico adaptado da metodologia participativa – photovoice).

Natureza e beleza das paisagens:::: fonte de afetos e emoções para o bem-estar:::: importância dos afetos na criação da rede de suporte sustentável

:::: DESCRIÇÃO ::::Iniciar o discurso com a explicação do que são emoções e afetos e da sua importância na vivência de cada um, pedindo, em seguida, que cada participante enumere uma emoção ou afeto (gesto, atitude, verbalização) que valorize. Ao longo do dia, o participante deve expressar essa emoção ou afeto com quem tem maior proximidade, ou com quem gostaria de ter maior proximidade, no grupo.De seguida, apresentar a atividade “Fotomomentos”, explicando que cada participante terá acesso, por uma hora, à máquina fotográfica para que capte um momento emocional entre participantes do grupo ou entre mães e filhos. As fotografias servirão para serem posteriormente debatidas, através de um questionamento direcionado para a importância das emoções positivas na relação interpessoal, como um elemento essencial para o bem-estar humano.

ATIVIDADE3 | FOTOMOMENTOS

Autoestima | Autoconhecimento | Afeto positivoTomada de decisão | Identidade/IndividualidadeRelações positivas | Tomada de iniciativaRegulação/Estabilidade emocional

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | NarrativaDURAÇÃO | Pontualmente, ao longo do dia

OBJETIVOS• Proporcionar experiências e emoções positivas nas

mulheres e filhos, valorizando e reforçando os afetos evidenciados no grupo;

• Promover uma relação positiva mãe-filho, fortalecendo o vínculo afetivo materno-filial;

• Fortalecer o sentimento de pertença e a coesão de grupo, pelo envolvimento e proximidade entre os participantes.

MATERIAL/RECURSOSMáquina fotográfica descartável

AFETIVO-EMOCIONAL

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OHO

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ICA

:::: DESCRIÇÃO ::::Introduzir o desafio do papagaio aos participantes, demonstrando que esta tarefa terá de ser levada a cabo em equipa e só terá sucesso se houver um verdadeiro trabalho de equipa organizado e bem distribuído.Após a distribuição/seleção dos participantes por equipa e a apresentação de todo o material necessário, importa explicar passo por passo a construção do papagaio para que todas as equipas sigam as orientações providenciadas. Ao longo da atividade, deve-se reforçar os comportamentos e o alcance das etapas da construção do papagaio, proporcionando um momento construtivo e de boa disposição.De seguida, cada grupo de participantes experimenta o papagaio até que o consiga manter estável e ter alguma facilidade a controlá-lo. Pretende-se que as equipas consigam manter o papagaio no ar o máximo de tempo possível.

ATIVIDADE4 | PAPAGAIOS AO VENTO

Homeostasia corporal | Sinergia corpo-mentePostura e equilíbrioIdentidade/IndividualidadeExternalização de significados

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Lúdico-pedagógicaDURAÇÃO | 1 hora e 30 minutos

OBJETIVOS• Promover o espírito e o trabalho em equipa, facilitando

momentos de partilha, negociação e gestão de conflitos;• Refletir acerca da capacidade de lidar com algumas

circunstâncias menos positivas da vida, tornando-as momentos de crescimento pessoal;

• Estimular as capacidades cognitivas, nomeadamente a memória e atenção e a capacidade de planeamento (ex.: pensamento lógico), desenvolvendo a sensação de autoeficácia e competência pessoal.

ESPIRITUAL

DIM

ENSÃ

OHO

LÍST

ICA

MATERIAL/RECURSOSConstrução de papagaios | Anexo 3

RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS• Esta atividade pode ser realizada em dois momentos

distintos – construção e lançamento do papagaio;• A escolha do local deve prever que para a construção

do papagaio é necessário uma superfície plana e, para o seu lançamento, um local amplo com algum vento (sugere-se uma praia com bons acessos e recursos).

:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::No momento de lançamento do papagaio é sempre proveitosa a ajuda de alguém que o segure, enquanto o outro elemento da equipa o lança, para que este levante voo. Esta entreajuda é essencial para alcançar os objetivos individuais e reflete-se nos mais simples acontecimentos da vida. Durante o período em que o papagaio voa, os participantes poderão reconhecer o domínio sobre o mesmo, à semelhança do poder e controlo que cada um detém sobre a sua vida. Perante isso, e apesar de a qualquer momento poder surgir a perceção de não ser bem-sucedido numa determinada situação ou da atuação prejudicial de forças externas, essa conjuntura pode constituir-se uma oportunidade de mudança, desde que haja uma boa dose de confiança, otimismo e sentido de competência pessoal. Tal como foi necessário para o controlo do papagaio, importa salientar a importância do ser humano ser proativo, explorando junto dos participantes a identificação e o reconhecimento de estratégias necessárias para a manutenção deste controlo na sua vida, tais como a tomada de iniciativa e tomada de decisão.Finalizar com o paralelismo de que, tal como é necessária a competência de orientação do papagaio, cada um tem a mestria de orientar a sua vida, desde que tenha presente os seus objetivos individuais. E, de facto, quanto mais tempo e dedicação se atribui à vida, mais poder se tem sobre a mesma.

Forças da natureza | Vento:::: papel das figuras de confiança e suporte no desenvolvimento humano:::: proatividade, capacidade de mestria e de planeamento fundamentais na orientação e controlo da vida

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Page 11: Manual de Formação CarryOn

:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::As várias etapas de resolução eficaz de problemas são essenciais no desenvolvimento cognitivo. Neste eco peddy-paper, os conhecimentos sobre o mundo natural serviram de base para seguir as várias etapas de resolução de problemas de uma forma eficaz. A necessidade de reconhecer o problema existente, para melhor analisar possíveis respostas e soluções, é um ponto de partida fundamental no processo de resolução do mesmo, independentemente de este se reportar, por exemplo, a questões emocionais ou de vivências quotidianas. Após a representação mental do problema, impera avaliar as alternativas encontradas, refletindo sobre as vantagens e desvantagens de cada uma, assim como sobre as eventuais consequências decorrentes de cada opção. Só após obter esta visão abrangente das diferentes etapas é que é possível uma escolha mais adequada. Na verdade, o ser humano, ainda que por vezes não identifique estes passos, tende a executá-los espontaneamente no seu dia-a-dia. Estes passos explorados constituem-se “a receita” para uma resolução de problemas mais consciente e eficiente.

:::: DESCRIÇÃO ::::Introduzir a atividade explicando o funcionamento de um peddy-paper - prova pedestre de orientação para equipas, que consiste num percurso com postos intermédios e tarefas que determinam a passagem à seguinte fase do percurso. Indicar que as tarefas do eco peddy-paper estão relacionadas com conhecimentos sobre os animais e as plantas que ocorrem em território português. Entregar a cada equipa o mapa do eco peddy-paper, pedindo que o analisem durante 5 minutos, prestando atenção ao percurso, aos símbolos e às legendas. Informar que, dependendo das decisões da equipa, esta pode optar por trajetos diferenciados no percurso. Terminado o tempo de preparação, realçar que o sucesso do peddy-paper está na resolução das tarefas propostas em cada posto e não do tempo de realização das mesmas. Para tal, o trabalho em equipa, a atenção e concentração e o pensamento lógico são fundamentais. Iniciar o eco peddy-paper fazendo partir a primeira equipa. Enviar as próximas com um intervalo de 10 minutos entre elas. No eco peddy-paper, o tempo das equipas não é contabilizado. No fim, apresentar, de forma sucinta, as soluções das tarefas e debater com o grupo quais os conhecimentos adquiridos e qual a importância das etapas de resolução de problemas no quotidiano.

ATIVIDADE5 | ECO PEDDYPAPER

Atenção/concentração | AutoaprendizagemTomada de iniciativa | Resolução de problemasPensamento lógico | Capacidade de abstraçãoProcessamento cognitivo

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Lúdico-pedagógicaDURAÇÃO | 1 hora e 30 minutos

OBJETIVOS• Promover as competências de resolução de problemas,

despoletando a capacidade de tomada de decisão;• Aumentar os níveis de atenção e concentração na

tarefa, como estratégias facilitadoras de um pensamento lógico e de um processamento cognitivo mais eficiente;

• Proporcionar momentos de descoberta e aprendizagem do mundo natural.

MATERIAL/RECURSOSMapa do percursoListagem de material | Anexo 4

RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS• Montar previamente os postos e testar antecipadamente o

mapa e a sinalética do percurso;• O percurso deve ser preparado em função dos recursos

naturais existentes no local;• Esta atividade pode exigir a presença de um monitor por

cada posto;• As equipas devem ser previamente divididas, através de

uma dinâmica de divisão de equipas.

:::: Detetive de animais ::::Combinar pegadas de animais (moldes) com o seu nome e respetiva fotografia.Combinar excrementos e outros vestígios com o nome do animal respetivo.

Rastros e vestígios dos animais terrestres:::: importância de interpretar a realidade individual, necessidades e potencialidades, de modo a escolher o melhor percurso de vida, tomando decisões fundamentadas

:::: Bilhete de identidade ::::Combinar letras de modo a formar nomes de plantas e legendar a fotografia respetiva.Combinar letras de modo a descobrir o nome científico de determinada planta ou animal.

Nomes científicos e nomes comuns:::: necessidade de clarificar e salvaguardar a nossa identidade pessoal

:::: Banda sonora ::::Imitar animais, através de gestos e sons.

Comunicação no reino animal:::: valor da comunicação não verbal

:::: Floresta encaixada ::::Fornecer as peças para a construção de um puzzle. Depois de montado, entregar uma imagem equivalente para que encontrem as diferenças entre ambas (a imagem do puzzle e a outra imagem fornecida). Estas imagens representam uma floresta onde os animais estão colocados nos seus respectivos locais e outra onde estes estão fora do seu ambiente (por exemplo, um lobo em cima de uma árvore).

Habitats naturais:::: a importância do espaço pessoal para o autoconhecimento e a autoaprendizagem

:::: Instrumentos naturais ::::Construir um instrumento musical que simula o som de um grilo (gri-gri).Instruções: Passar um elástico por um pau de gelado dando duas voltas. Depois de abrir a caixa de fósforos, colocar o pau sobre a mesma, dando ao elástico o número de voltas necessárias para que o pau fique bem preso (o número de voltas depende do comprimento do elástico). Depois, deslocar o elástico juntamente com o pau para a extremidade fechada da caixa. Assim, uma das extremidades do pau fica livre e a outra sobre a caixa. Segurar a caixa de fósforos com a mão esquerda e, com o polegar da mão direita, bater duas vezes seguidas, de forma contínua. Sons dos animais:::: importância da linguagem assertiva no desenvolvimento do espírito crítico

EXEMPLOS DE POSTOS | ANALOGIAS

COGNITIVA

DIM

ENSÃ

OHO

LÍST

ICA

:::: DESCRIÇÃO ::::Fazer uma pequena introdução à temática das Plantas Aromáticas e Medicinais (PAM) e os seus usos no quotidiano. É importante dar exemplos de plantas mais vulgarmente conhecidas, tais como o alecrim, a salsa, a alfazema, permitindo que os participantes se sintam motivados a partilhar as suas próprias experiências e criar assim um elo emocional com a temática. Apresentar cada planta, referindo os seus nomes comum e científico e as suas utilizações medicinais e condimentares.Posteriormente, dividir o grupo em pequenas equipas e entregar, a cada uma, uma receita. Indicar que os ingredientes e os utensílios encontram-se dispostos nas bancadas referentes às equipas. Alertar para a importância da higiene e segurança na cozinha. Durante a preparação auxiliar, caso necessário, os participantes na confeção das receitas.Por fim, reunir o grupo à volta dos pratos confecionados e pedir a cada equipa que apresente os resultados obtidos. Degustar os pratos e conduzir uma conversa sobre as descobertas e as sensações despertadas por estas plantas.

ATIVIDADE6 | PLANTAS COM SABOR

Capacidade de utilização dos serviços culturaisCapacidade artística | CriatividadeConsciência e expressão culturalCapacidade de observação – ação

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | ExperimentalDURAÇÃO | 2 horas

OBJETIVOS• Promover a adoção de hábitos alimentares

sustentáveis;• Salientar o importante papel da natureza em setores

como a alimentação, medicina e farmacêutica, assim como nas tradições culturais do nosso país.

CULTURAL

DIM

ENSÃ

OHO

LÍST

ICA

MATERIAL/RECURSOSPlantas Aromáticas e Medicinais - PAM(frescas, preferencialmente em vasos)Exemplos de PAM | Anexo 5Receitas com PAM | Anexo 6

RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS• Esta atividade é mais indicada para locais indoors, mas

pode ser adaptada a locais outdoors com condições que permitam a confeção das receitas;

• Preparar previamente as bancadas, com os ingredientes e os utensílios necessários;

• As equipas podem ser divididas, através de um curto jogo de divisão de equipas;

• Importante ressalvar para uma utilização correta e responsável destas plantas.

:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::A história das Plantas Aromáticas e Medicinais confunde-se com a história da própria humanidade. Frases de escritores da antiguidade, tais como “Que o teu alimento seja o teu remédio, que o teu remédio seja o teu alimento” ou “Somos o que comemos” de Hipócrates, Pai da Medicina, evocam precisamente o papel inquestionável dos serviços que a natureza presta à humanidade e salientam a importância que esta adquire na vida do ser humano. Uma boa alimentação e hábitos de vida mais saudáveis estão intrinsecamente associados a um respeito e conhecimento dos produtos da natureza que privilegiam a saúde e o bem-estar. A utilização destas plantas permite confecionar receitas rápidas e práticas podendo proporcionar momentos de descontração e diversão, envolvendo até os mais jovens. Tanto a confeção como a degustação podem ser efectuadas numa cozinha ou proporcionar piqueniques num jardim ou numa área natural/parque urbano.

Plantas Aromáticas e Medicinais:::: sinergia corpo e mente:::: como fonte de saúde e bem-estar

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Page 12: Manual de Formação CarryOn

:::: DESCRIÇÃO ::::No início de cada dia, apresentar a dimensão que irá ter um enfoque especial e descrever sucintamente as atividades que vão fazer parte do programa do dia. Aquando desta abordagem, pretende-se estimular em cada participante a vontade de “sair fora da caixa”, ou seja, motivar cada participante a fazer ou conseguir algo diferente. A ideia será encorajar cada participante a sair da zona de conforto, de forma a predispô-la, desde logo, à abertura a novas experiências e sensações do mundo em redor. Assim, espera-se que a participante partilhe aquilo que antevê para o seu dia. No final desta atividade, pretende-se que esta intervenção motivacional se reflita no comportamento de cada participante ao longo do dia.

Sucessão natural:::: importância de abertura a novas experiências

ATIVIDADE7 | HOJE É O DIA!

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | NarrativaDURAÇÃO | 30 minutos

OBJETIVOS• Aumentar o sentido de individualidade e identidade

de cada participante, estimulando, paralelamente, o seu sentido de pertença ao grupo;

• Desafiar a sua conceção de capacitação individual, promovendo novas perceções e limites acerca dos seus recursos pessoais;

• Refletir sobre os objetivos individuais e grupais do dia de intervenção, motivando para um repertório/registo comportamental fora da sua “zona de conforto”.

:::: DESCRIÇÃO ::::Adotando um tom de voz pausado, iniciar a atividade com a explicação de que as propriedades terapêuticas e revigorantes da natureza são amplamente reconhecidas, quer ao nível da saúde física, quer psicológica. De seguida, introduzir a respiração diafragmática como técnica que potencia este efeito tranquilizante da natureza, a qual pode ser utilizada em momentos de tensão e stress.Neste sentido, recomendar que os participantes se coloquem de forma confortável (sentados ou deitados) e posicionem uma mão sobre o abdómen junto ao umbigo (barriga) e outra sobre o tórax. Pede-se que respirem naturalmente, inspirando pelo nariz e expirando pela boca, e percebam qual das duas mãos se movimenta mais, quando inspiram e expiram. De seguida, sugerir que observem atentamente o espaço envolvente e fechem os olhos, permanecendo em silêncio. Recomendar que se concentrem na sua respiração e inspirem até encherem progressivamente, de forma lenta e suave (contando até três), os pulmões de ar e até sentirem que o abdómen fica expandido (quando inspiram, a barriga vai para fora e a mão vai para cima). Pede-se que retenham o ar por dois segundos e o libertem, expirando gradualmente e mais lentamente do que inspiraram. Durante este momento, ir apresentando, num tom de voz suave, verbalizações de tranquilização: “Sintam-se calmas, relaxadas”, “sintam-se leves”, “como é sereno este momento!”.Por fim, finalizar este momento explicando que esta é uma ferramenta que cada participante pode utilizar nos momentos de maior tensão, em qualquer lugar, e que pode ajudá-los a sentirem-se melhor e a responderem de forma menos tensa face a algumas experiências adversas.

Fotossíntese:::: sensação de tranquilidade, serenidade e de renovação de energias:::: paz interior: uma sensação positiva e madura de saber que o mundo gira no sentido certo

ATIVIDADE8 | OS MEUS 15 minutos

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | TerapêuticaDURAÇÃO | 15 minutos

OBJETIVOS• Promover o recurso à respiração diafragmática na

natureza como ferramenta a utilizar em momentos de maior tensão e stress;

• Restabelecer o equilíbrio e a homeostasia física, proporcionando uma sensação de relaxamento e bem-estar.

MATERIAL/RECURSOSNão requer material específico (se pretender fazer com os participantes deitados, necessita de tapetes ou semelhantes).

:::: DESCRIÇÃO ::::Introduzir a atividade indicando que existem sons de animais bastante conhecidos. Com o grupo disposto em roda, e após os participantes terem os olhos vendados, sussurrar ao ouvido de cada um o nome de um animal (por exemplo: cão, lobo, gato, sapo, coruja, cuco). Seguidamente, cada participante é desafiado a imitar os sons do animal que lhe for atribuído e a encontrar os respetivos animais da sua espécie, criando-se assim as diferentes equipas.

Forma de comunicação intraespecíficas:::: sentido de identificação :::: sentimento de pertença:::: identidade do grupo

ATIVIDADE9 | ANIMALIA

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Lúdico-pedagógica DURAÇÃO | 15 minutos

OBJETIVOS• Dividir o grupo em diferentes equipas/subgrupos;• Proporcionar o sentido de coesão do grupo, criando

momentos de interação positiva;• Desenvolver um sentido de identificação e pertença à

equipa, estabelecendo-se a identidade do grupo.

MATERIAL/RECURSOSVendas para os olhos

:::: DESCRIÇÃO ::::No término de um dia de atividades, realizar um briefing dos momentos-chave, evocando nos participantes memórias de experiências positivas e de bem-estar ao longo desse dia. Pretende-se que esta atividade não só se torne uma atividade reflexão conjunta, como também um momento de introspeção individual. Durante esta reflexão, sugerir a cada participante que observe a natureza em redor e descreva, numa folha de registo (por exemplo: um caderno/diário), aquilo que aprendeu ou que fez de diferente nesse dia. A fim de assinalar o caráter especial e peculiar do dia, entregar, a cada participante, um objeto simbólico relacionado com a temática explorada, realizando um discurso construtivo acerca da harmonia e coesão do grupo, que ressalve a importância do contributo individual de cada participante para o desenvolvimento positivo do dia (ex.: “este dia só fez sentido com os vossos contributos”).

Ciclos naturais e as diferentes estações do ano:::: capacidade de observação e introspeção:::: reconhecimento das mudanças positivas:::: valorização da passagem do tempo e do desenvolvimento pessoal

ATIVIDADE10 | ARCA DE EMOÇÕES

TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | NarrativaDURAÇÃO | 30 minutos

OBJETIVOS• Potenciar o estabelecimento de relações sociais,

desenvolvendo o sentido de coesão e vinculação grupal;

• Dar “voz” a cada participante sobre a sua contribuição individual, promovendo a reflexão e a sistematização das aprendizagens e dos melhores momentos do dia.

MATERIAL/RECURSOSFolhas de registo | Lápis

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Page 13: Manual de Formação CarryOn

ANEXOS

1 | RODA DO PODER E CONTROLO

2 | PERSPETIVA HISTÓRICAViolência Doméstica

3 | CONSTRUÇÃO DE PAPAGAIOSPapagaios ao Vento

4 | LISTAGEM DE MATERIALEco PeddyPaper

5 | EXEMPLOS DE PAMPlantas com Sabores

6 | RECEITAS COM PAMPlantas com Sabores

ANEXO 1 | RODA DO PODER E CONTROLO

25FIGURA A | Roda do Poder e Controlo.(adaptado de Domestic Abuse Intervention Project, http://www.theduluthmodel.org)

Page 14: Manual de Formação CarryOn

MATERIAL

1 cana (50cm de comprimento) | 1 cana (60cm de comprimento)Papel de seda de várias cores | Corda de algodão (1m30) | Fio de nylon (1 carreto com 100m) | Cola

INSTRUÇÕES

1. Colocar uma cana em cima da outra, formando uma cruz e atando-as com um bocado de fio de nylon, obtendo a armação do papagaio. (As canas funcionam como diagonais do papagaio e, por isso, devem ser perpendiculares);

2. Depois da armação preparada, forrar o papagaio com o papel de seda, que se pode decorar com várias cores e/ou desenhos;

3. Atar a corda de algodão numa das pontas da cana mais comprida;

4. Depois, decorar a corda, atando com o fio laços de papel de seda de várias cores;

5. Cortar quatro pedaços de fio de nylon com 50 cm e atar cada um desses pedaços a cada uma das pontas da cana;

6. Com os quatro fios fazer um nó, que deve atar ao resto do fio de nylon do carreto.

Outras sugestões: Utilizar materiais de recuperação tais como: um saco de lixo, uma toalha de papel, estacas em bambu, pauzinhos chineses, uma corda para estender a roupa em nylon...O fundamental é que a estrutura do papagaio se mantenha suficientemente leve de modo a poder voar corretamente.

ANEXO 2 | PERSPETIVA

HISTÓRICAViolência Doméstica

ANEXO 3 | CONSTRUÇÃO DE PAPAGAIOSPapagaios ao Vento

ANEXO 4 | LISTAGEM DE MATERIALEco PeddyPaper

Detetive de animaisPegadas e fotografias de animaisCaixa com excrementos e vestígios (ex.: pinha roída)

Bilhete de identidadeNomes comuns e científicos de plantas e respetivas fotografias (selecionar em flora-on.pt)

Banda sonoraAlguns animais a imitar: Cão, Gato, Coelho, Lobo, Morcego, Cuco, Galinha, Peru, Gaivota, Cobra, Lagarto, Tartaruga, Sapo, Abelha, Rã, Borboleta, Minhoca

Instrumentos “naturais” Paus de gelado | Caixas de fósforos vazias | Elásticos

(Imagem ilustrativa de um gri-gri)

Floresta encaixadaImagem de uma floresta Outra imagem alterada

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Page 15: Manual de Formação CarryOn

Manteiga de ErvasIngredientes: Manteiga sem Sal | Alecrim, Tomilho, Salsa (ou outras ervas, a gosto!) | Sal q.b. | TostasUtensílios: Taça, Colher, Faca, Tabuleiro, Filme PVCPreparação: Amassar a manteiga e acrescentar as ervas picadas!; Se necessário, adicionar sal a gosto; Colocar a manteiga no formato de um tubo e embrulhar com filme de plástico PVC; Consumir de imediato, servido em tostas.Outras sugestões: Utilizar o mesmo processo usando queijo para barrar; Guardar o produto final no frigorífico até duas semanas ou no congelador até 3 meses.

Cebolinho para barrarIngredientes: Cebolinho | 1 Lata de Atum em azeite | Maionese | Sal e pimenta q.b. | TostasUtensílios: Taça, Colher, Garfo, Faca, Tabuleiro, Tigela para servirPreparação: Escorrer o atum e misturar com a maionese, metade do cebolinho picado, sal e pimenta; Colocar numa tigela para servir e polvilhar com o cebolinho restante; Servir com tostas.

Espetadas especiaisIngredientes: Raminhos de Alecrim | Queijo mozzarella | 1 Lata de Ananás | Azeite e Orégãos q.b.Utensílios: Grelhador, Faca, Tabuleiro, Travessa para servirPreparação: Grelhar o ananás cortado ao cubos; Limpar os raminhos de alecrim, de forma a possibilitar as espetadas; Espetar num raminho, uma bola de mozzarella seguido do ananás (repetir para os outros raminhos); Regar com um fio de azeite, polvilhar com orégãos secos e servir!

Refresco de verãoIngredientes: Folhas de Stévia (ou açúcar) e de Hortelã | 1 Melancia | 2 Limas | Gelo q.b.Utensílios: Misturadora, Faca, Colher, Tabuleiro, Caneca e copos para servirPreparação: Misturar uma melancia cortada em cubos pequenos, sumo de 2 limas, 1-2 folhas de stévia frescas; Decorar e aromatizar com folhas de hortelã; Servir fresco!

Infusão relaxanteIngredientes: Flores secas de Camomila | ÁguaUtensílios: Fervedor ou Chaleira, Caneca e chávenas para servirPreparação: Ferver a água e verte-la sob as flores secas; Tapar e deixar em infusão por 10 minutos;Adocicar e decorar a gosto.

Infusão de hortelãIngredientes: Folhas de Stévia (ou açúcar) e de Hortelã-pimenta | ÁguaUtensílios: Fervedor ou Chaleira, Caneca e chávenas para servirPreparação: Ferver a água e verte-la sob as ervas; Tapar e deixar em infusão por 5 minutos; Adocicar com 1-2 folha de stévia fresca, decorar a gosto e servir.

Requeijão à SobremesaIngredientes: Requeijão | Manjericão | Açúcar e Canela q.b.Utensílios: Taça, Garfo, Faca, Tabuleiro, Tigela para servirPreparação: Com um garfo, esmagar o requeijão; Adicionar o manjericão finamente picado; Polvilhar a mistura com açúcar e canela, a gosto; Servir como sobremesa. Outras sugestões: Adicionar morangos cortados aos cubos!

Alecrim | Rosmarinus officinalisCuriosidades: Na Grécia Antiga, era usado sobre a cabeça dos habitantes, para melhorar a memória; é considerado a erva da recordação, da amizade e do amor.Culinária: Combinar com ovos, queijo, peixe, carnes de caça, abóbora, tomate, cogumelos, ananás.Algumas propriedades medicinais: Tratamento de doenças dispépticas, reumatismo e problemas circulatórios. Estimulante do couro cabeludo, é usado em dermatites seborreicas (caspa) e outros problemas de pele.

Camomila | Chamaemelum nobileCuriosidades: Deriva da palavra grega “chamoemelon”, que significa “maça da terra” descrevendo o aroma terroso, doce e levemente ácido da camomila.Culinária: Usada em licores e em infusões.Algumas propriedades medicinais: Relaxante dos sistema nervoso e digestivo. Combate cólicas menstruais e digestivas. Podem utilizar-se as flores na água do banho dos bebés para relaxar e aliviar problemas de pele.

Canela | Cinnamomum zeylanicumCuriosidades: É considerada como uma das espécies mais antigas conhecidas pela humanidade; A canela é a especiaria obtida da parte interna da casca do tronco da caneleira. Culinária: Usada como condimento e aromatizante e na preparação de certos tipos de chocolates e licores.Algumas propriedades medicinais: Para refrescar a respiração, é usada como um condimento de pasta de dentes. Em forma de lavagem, previne e cura infecções fungosas como o pé-de-atleta. É muito usada também como óleo de massagem.

Cebolinho | Allium schoenoprasumCuriosidades: Pertence ao mesmo género da cebola (Allium cepa), do alho (Allium sativum), e do alho-francês (Allium porrum).Culinária: Combinar com peixe, queijo, marisco, iogurte, tubérculos, alface, abacate.Algumas propriedades medicinais: Melhora a qualidade do sono, o movimento muscular, a aprendizagem e a memória. Um bom aliado contra a depressão.

Hortelãs | Mentha sp.Curiosidades: As mentas possuem uma grande afinidade genética, originando uma enorme variedade de hortelãs.Culinária: Combinar com queijo, peixe, carne de porco, carnes brancas, curgete, beringela, ervilhas, cereais, iogurte, frutos vermelhos, pepino.Algumas propriedades medicinais: Uso aprovado nas más digestões e enfartamentos. Tem ação espasmódica e elimina dores do estômago e do intestino.

Manjericão | Ocimum basilicumCuriosidades: Pertence ao mesmo género do popular manjerico (Ocimum minimum).Culinária: Combinar com ovos, queijo, tubérculos, tomate, beringuela, azeitonas, massa, frutos vermelhos.Algumas propriedades medicinais: É antiespasmódico, digestivo, diurético e carminativo (eficaz no controle de gases).

Orégãos | Origanum vulgareCuriosidades: Na Grécia Antiga, era usado para fazer vinhos aromáticos e considerada a erva da felicidade.Culinária: Combinar com queijo, carnes brancas, peixe, ovos, cogumelos, tomate, tubérculos, pimento.Algumas propriedades medicinais: Aliviam a flatulência, diarreias e dores de estômago. Aumentam o apetite e atenuam a menstruação dolorosa. Tem ainda propriedades antibacterianas e desinfectantes.

Salsa | Petroselinum crispumCuriosidades: Era usada nos banquetes Romanos, para prevenir a embriaguez; popularmente, é usada para tirar o mau hálito devido ao consumo de alho.Culinária: Combinar com ovos, peixe, marisco, limão, leguminosas, cogumelos, legumes, arroz.Algumas propriedades medicinais: Está aprovada como diurética, em infecções do aparelho urinário e na prevenção e tratamento de cálculos renais. Alivia a flatulência e as dores menstruais dolorosas. Tem também ações antioxidante e expectorante.

Stévia | Stevia sp. Curiosidades: A planta Stevia é um adoçante natural com baixo valor calórico. Culinária: Usada para adocicar, como substituto do açúcar.Algumas propriedades medicinais: É considerada como hipoglicémica, hipotensiva, diurética, cardiotónica e tónica. As folhas são utilizadas em casos de diabetes, de obesidade, de cárie dentária, de hipertensão, de fadiga, de depressão, de dependência do açúcar e de infeções.

Tomilho | Thymus vulgarisCuriosidades: na Idade Média, representava a coragem. Para fortalecer o espírito dos amados que partiam para as Cruzadas, as mulheres ofereciam-lhes lenços bordados com um raminho de tomilho.Culinária: Combinar com carne, cogumelos, tubérculos, tomate, cebolas, couve.Algumas propriedades medicinais: O óleo essencial usa-se, externamente, nas infecções cutâneas e das mucosas, estomatites, sinusites, rinites, otites e dores reumáticas. Está ainda aprovado para a bronquite e tosse. Usa-se também para aliviar desconfortos abdominais.

ANEXO 6 | RECEITAS COM PAMPlantas com Sabores

ANEXO 5 | EXEMPLOS DE PAMPlantas com Sabores

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASGabinete do Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna. Relatórios Anuais de Segurança Interna (Anos 2014, 2013, 2012, 2011, 2010). Ministério da Administração Interna. Lisboa.Lisboa, M. (coord.); Z. Barroso, Patrício, J., & Leandro, A. (2009), Violência e Género. Inquérito Nacional sobre a Violência exercida contra Mulheres e Homens, Lisboa, Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.Matos, M. (2006). Violência nas relações de intimidade : estudo sobre a mudança psicoterapêutica na mulher. Tese de Doutoramento em Psicologia. Acedida em 02 de março de 2015 em http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/5735;Machado, C. & Gonçalves, R. A. (2003). Violência e Vítimas de Crimes, vol. 1 – Adultos. Coimbra: QuartetoMatos, M. (2011). Avaliação Psicológica de Vítimas de Violência Doméstica. In M. Matos, R. A. Gonçalves, & C. Machado (Coords.)Manual de Psicologia Forense: Contextos, práticas e desafios (pp. 175-197). Braga: Psiquilíbrios.

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