Linguistica I . educamaisead

download Linguistica I . educamaisead

of 139

description

Apostila da educamais ead. Curso Libras

Transcript of Linguistica I . educamaisead

  • A Linguistica e a LinguaBrasileira de Sinais I

    Janete de Melo Nantes

    [diton!

    ~~

    '" [di Maio 12013Illlllresscio em 5110Paule - sr

  • A Linguistica e a Lngua Br asileira de Sinais I

    Coordenaeo GeralNelson Boni

    Cnord('nn~.aC) de .'rojetosLeandro Lcusada

    Pro(essora ResponsvelJanete de Melo Nantes

    Cucrdenndera Pcdllggica d. Curso. EuOPror. Me. ~Iaria Rila Trcmbni Garcia

    Projero Grfico e Diab'TanlB4;3oAnita Fa!chi

    Cap.wagncr Boni

    Revlse Olio.grficaN:idia ftima de Oliveira

    ~13rce13Aparecida de Oliveira

    l Edi~ao: M"iu d. 2013lmprcsso cm Sao PaulolSP

    Copyright () E.O Know Ho\V 2009Nenhluna parte desta publicaco pode ser reproduzida por qualquer

    rncio sen] 3 previa aurorizaeo desta insrituico.

    N 192L Nantes. Janete de Mela.

    A Linguistica e 3 lingua brasileira de sinais ( I JonetcDe Melo Nantes. - Sao Pauto: Know How, 20 J O.

    141 p.: 21 cm.

    Inclu BibliografaISBN: 9788563092-434

    l. Llngua de sinai s. 2. Libras. 3. Educ.~\o par" surdos.4. Linguistica. J. Tirulo.

    COO -419.03Cal'31og:U;110 e.laburada por Gl~lut:rdos $:\l1I0S $11\'3 - CRB8/6353

  • ParabnslVoce est recebendo o livro-rexro da disciplina de

    A Linguistica e a Lngua Brasilcira de Sinais 1, constru-do especialmente para este curso, baseado no scu perfile nas neccssidadcs da sua forrnaco. A finalidade dcsrelivro disponibilizar aos alunos da EAD concciros ecxcrccios referentes as principais temas da Linguisticae da Lngua Brasilcira de Sinais,

    Estamos constantemente atualizando e melho-rando este material, e voc pode nos auxiliar, cncami-nhando sugesres e aponrando mclhorias, via monitor,tutor ou professor. Desde j agradecemos a sua ajuda.

    Lcmbrc-sc de que a sua passagem por esta disci-plina ser tarnbm acompanhada pelo Sistema de En-sino EaD Tupy, seja por correio postal, fax, rclefone,c-rnail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem.

    Entre sernprc cm contare conosco quando surgiralguma dvida ou dificuldadc, Participe dos bate-papos(chars) marcados e envi suas dvidas pelo Tira-Dvidas,

    Toda equipe est a disposico para atcnd-lo (a).Seu desenvolvimento intelectual e profissional o nos-so maior objetivo.

    Acredite no scu sucesso e tcnha bons momentosde escudo!

    Equipe EaD Krunu How

  • SUMRlO

    9 Undade 1A IIqllisf;il() de linguagem em criancas surdas

    33 Unidade 2A importncia da libras na constitnico do

    slIrdo

    63 Unidade 3Letramentos na educaco bilingue para surdos

    83 Unidade 4A aquisico do portugus como segunda Ilngua

    99 Unidade 5Os estudos linguisticos e o lingua de sinais

    113 Unidade 6A fonologia e o morfologia das linguas desinais em enancas e adolescentes

  • NaquISI{aOde linguagem

    em enancassurdas

  • Caro (a) Aluno (a)

    Ncsra unidade, estudarcmos os conccitos deaquisico da linguagem cm enancas surdas, Conhecera importancia da lngua de sinais no proccsso de aquisi-c;ao da linguagem em criancas surdas e sua constiruicoenquanto sujcito.

    Bom Estudol

    Objetivos da Unidade

    Ao final desra unidade, voc dcvcr ter condices de: Conhcccr as abordagens de aquisico da Iinguagem; Identificar os csrgios de aquisico da linguagem; Discutir os aspectos importantes sobre a Ln-

    gua de Sinais e sua aquisico pela crianca surda.

    Contedos da Unidade

    Abordagens de AquisiC;lioda Linguagem; Esrgios da Aquisico de Linguagem; Aquisico da lngua de sinais como primeira ln-

    gua dos surdos.

    11

  • 1.1[NTRODUC

    A comunidade surda, por muito tcmpo, foi exclu-ida dos proccssos educacionais, pois acreditava-se queo nico canal de cornunicaco cfetivarncnte eficaz paraa transmisso de conhccimcntos e aquisico da lingua-gem se desse, exclusivamente, atravs da fala.

    Sackes (1998), descreve corn muira propricdadea historia da educaco dos surdos na dcada de 1870onde houve urna exploso da lngua de sinais, mcsmonao tcndo ainda o patamar de Ungua, rornou-sc a Un-gua de insrruco nas muiras escolas de surdos que sur-giram, a principio na Franca, Estados Unidos e dcpoiscm vrias partes do mundo. Nessas escolas os profes-seres eram em sua maioria, surdos ou proficientes cmllngua de sinais.

    Segundo Sackes (1998), a falta de pesquisas cien-dficas sobre a lingua de sinais e o scu beneficio naconstituico do surdo cnquanto sujcito e o COI1(ex[Qeducacional da poca que privilcgiava a repetico dosconhccimcntos meramente transmitidos sern compro-misso corn a rcflexo e a criticidadc sornados a inAu-ncia de minoras oralisras apoiados com forca porAlexandre Gran Bell, que na poca, era mundialmentereconhecido por scus csforcos na tentativa de fazcr sur-dos ouvircm e scrcm, dessa foram, integrados a socic-dade, foi cm 1880, no Congresso de Milo, decididoque o nico mtodo adcquado e eficiente de cducacodas pcssoas surdas seria o mtodo alemo oralista.

    12

  • A partir de cnro, prcscnciou-sc uro rcgrcsso semprecedentes da Ingua de sinais como forma de cornu-nicaco e aquisico do conhecimcnro corn a proibicodcssa lngua no ambiente educacional e a dernisso cmmassa dos profcssorcs surdos, At cssa data, alunos SUI-dos dcssas escolas, tinham o rnesmo nivel educacional eintelectual compatvel as enancas ouvintcs.

    Todo ternpo dedicado ao cnsino de conredos evalores moris e ticos para a forrnaco de um cidado,voltou-se quase que exclusivamente para O ensino dafaja cm trcinarnenros rigorosos e cxaustivos que consu-miam todo o esfoeco de profcssores e alunos.

    Lcvava-sc anos para cnsinar urn nico surdo afalar, quando apenas um professor surdo cnsinava avrios alunos com resultados eficien tes cm Ingua de si-nais, Mas como a sociedade nao esrava preparada pararccebcr tantos surdos cultos e politizados que nao fa-lavam a Ingua nacional o oralismo acabou perdurandopor urn sculo.

    Ern 1960, \X'illian Stokoc, profcssor da Escola desurdos Gallaudcr foi o precursor das pesquisas lingus-ricas das Inguas de sinais que possibilitou posterior-mente o seu reconhccirnento legal como logua corn omesmo peso das lnguas orais.

    A partir de scus cstudos, vrias pesquisas se de-scnvolvcram na rea da linguistica e da educaco sobrea importancia da lngua de sinais para os alunos surdose que s arravs dcla pode se desenvolver como um serhumano completo cm todas as suas potencialidades.

    Io Brasil, Ronicc Muller de Quadros [cm sidouma grande represcntante nas pesquisas sobre a lnguabrasilcira de sinais e tambrn idealizadora de projcros

    13

  • como o curso de Licenciatura e Bacharclado cm Letras-Libras de modalidade a distancia espalhado cm pelomenos, 15 plos ern todo o Brasil.

    A utilizaco da Libras na incluso de alu nos sur-dos no ensino regular tambm tem sido objeto de algu-mas pesquisas. LOPES (2009), levanta algumas reflc-xcs sobre a governamentabilidade dos surdos atravsda oficializacao do uso da lngu3 de sinais como formasde normalizaco e controle das difcrcncas.

    As pesquisas que csto sondo produzidas nocampo da surdez e da lngua de sinais se apresentamnum contexto de renso e de conquistas no ambito doadvento da incluso social e escolar das pcssoas surdas,Essas discusscs, cm sua maioria, fundamenta m-se nasconccpccs sociantropolgicas da surdcz, delimitadano ambieo dos Esrudos Surdos (SKLLAR, 1998; FER-NANDES, 2003; LOPES, 2007). As reflexcs que se-ro suscitadas nesrc material estadio volcadas para essabase epistemolgica.

    A produco cientfica sobre o dcscnvolvimcnroda lngua de sinais no Brasil - a Libras, bcm escassa.As considcraccs que scro cxposras ncsta disciplina,no que range o pro ces so de aquisico da linguagem,sao resultados de pesquisas sobre a lngua americanade sinais - ASL.

    PMa cornprceudcr a aquisico da linguagem cmcriancas surdas, neccssrio considerar a sua condicofsica, ou seja, o fato de da ser surda. Esrudos at hoje,sobre aquisico de linguagem, consideravam sementea lngua na rnodalidadc oral-auditiva e incluam ncsseprocesso a crianca surda, como se fossc possrvcl claadquirir de forma natural a lngua oral cm detrimento

    14

  • da lngua de sinais, Um fato mais preocupantc ainda acreditar que arravs da lngua oral, quando aprendidade forma sistemtica e rigorosa, seja capaz de transmi-tir ao surdo concciros, idias e sentimcnros e Faz-loexpressar scus pensamenros de forma clara e objetiva,como s possvel arravs de sua primeira lngua - demodalidadc viso-gestual.

    O grande arraso e dcfasagem do ensino da crian-ca surda, que se observa na rcalidadc escolar brasilcira,se devcm ao fato dcla nao aprender os contcdos aca-drnicos cm sua primeira lingua, tcndo a iluso que elapode lcr e escrcver corn a mesma fluncia dos ouvintes30 copiar a materia do livro ou do quadro,

    O conhccimcnro de como se d a aquisico dalinguagem em criancas surdas ir contribuir na concep-C;iiodo educador sobre a importancia da mcsrna na pro-duco do conhccimcnro dessas criancas, considerandoa llngua de sinais como sua prirncira lngua, tornando-sea base para o aprendizado da segunda lngua - o portu-gus, podcndo planejar guas aulas de forma que atendacssas especificidades.

    A aquisico da linguagem possui propricdadesindcpendentcs de sua modaJidadc, oral ou sinalizada. Aprimeira propriedade diz respciro do proccsso de aqu-sico da linguagem a universalidade da linguagem.Embora cxistam diferentes linguas o seu processo deaquisico o mcsmo, e universal, ou scja, obedece osrnesmos passos, indcpcndentc da lngua na qual a crian-ca exposta, Outro fato intcressante que exernplifica aunivcrsalidade das lnguas, que as criancas podern tercon tato bastante rico, escasso ou at mesmo ncnhurncom adultos, se comunicando apenas com outras crian-

    15

  • cas, mesmo assim, todas ido adquirir de forma naturala lngua falada cm sua comunidadc,

    Ourra caracterstica da aquisico da linguagern a uniforrnidadc, ou seja, as criancas podem ter inputsdiferentes, mas todas aprcndcro a mesma lngua da co-munidade. Alm disso, tambm podem aprender tantascurras lnguas as quantas forcm cxposras. Um cxcm-plo curioso sao os cedas (enancas ouvintes filhas depas gurdos, do ingles Childrens of Deaf Adults), queaprendcm simulrancarncnre a Ungua dos pais, a lnguade sinais, e a liogua majoritria, a lngua nacional.

    Outra propriedade diz rcspeito a rapidez comque a crianca adquirc a lngua, scm csforco e sem sercnsinada intencionalmente, antes mcsmo de aprendera andar. Por volta dos 4 anos de idadc, a crianca j do-mina quase todas as estrururas da lngua, quando aindaest aprcndcndo a contar ou ncm ao menos sabe amar-rar os sapatos.

    A ltima propriedadc de que vamos tratar saoos estgios de aquisico da Hngua. Todas as enancaspassam pelos mesmos csrgios e na mesma ordem, va-riando um pouco na rapidez corn que cada urna passano processo.

    Veremos a seguir, cada erapa do processo de aqui-si"ao da linguagcm cm criancas surdas, considerandoque as enancas ouvintes passam pelo rncsmo processo,mas na modalidadc oral-auditiva.

    16

  • 1.2Estgios daAquisi~ao da Inguagem

    Os csrudos sobre a aquisico da linguagem, basi-camcnrc, aprcsenram rrs tipos de enfoques de aborda-gens: Abordagem comportarncntalista (Skinncr, 1957)- conccbc a aquisico da linguagcm como aprendiza-do de urna capacidad e nao muito diferente de qualqucrcurro cornportamcnto e como um processo que se dpor estmulo. reforce, condicionamcnto, treino c irni-raco; Abordagem lingustica (Chomsky, 1957) - tcmcomo prcmissa bsica a aquisico da hnguagem comoum processo de dcscobertas das regularidades das re-gras das lnguas que qualqucr falante conhece e a de-rcrminaco da existencia de urna gramtica universal,que um dispositivo especfico inato para a aquisicoda linguagcm, que permite a crianca acionar a gramticada sua lngua materna a partir dos dados linguisticos aque est exposea; e a abordagcm inrcracionisra - sepa-rada cm dois enfoques: cognitivista (Piagct), considerao dcscnvolvimcnto da linguagem como parte do dcscn-volvirnento cognitivo no-Iingusuco e conscquncia dodcscnvolvirncnto cognitivo. e social (Vigorsky), ondcconsidcram O ambiente lingustico restringido por fato-res que favorccem a aquisico da linguagem, forneccn-do as enancas as experiencias lingusticas neccssrias.

    Vamos considerar nessc captulo a aquisico dalinguagem na abordagem linguistica onde a linguagemsemente pode ser adquirida atravs da capacidade lin-

    17

  • gustica mental geneticamente determinada. O ambien-te e a intcraco social apresentarn importancia inqucs-tionvel para O desenvolvimcnto do uso da linguagem.

    A aquisico da lngua de sinais cm criancas surdasrcrn sido tema de pesquisas que evidenciam que cssaaquisico pode ser comparada a aquisico das lnguaserais. Segundo Quadros (1997), cssas pesquisas anali-sam semente a produco de enancas surdas filhas depais surdos, pois somonte das aprcscntam o input lin-gustico adcquado para anlise do processo de aquisico,

    Quadros (1997) dividiu os estgios da aquisicoda lngua de sinais considerando que processo an-logo ao da aquisico das lnguas faladas,

    Perodo Pr-lingustico

    Um escudo realizado sobre o balbucio cm bebssurdos e ouvintes foi realizado por Petitto e Marantcne(1991), considerando o rnesmo perodo de dcscnvol-vimenro. Foi verificado nessa pesquisa que o balbucio,fruto da capacidade inata para a linguagem, est presente tanto em bebs ouvinrcs como bebes surdos,

    os dados realizados, Petitto e Marantettc apresentararn dois tipos de balbucio manual encontradosnos bebes surdos: o de gesdculaco - que tambm foiobservado cm bebs ouvintcs, e o silbico que apresenrou combinaccs que fazem parre do sistema fonticodas linguas de sinais e que forarn encontrados sementeem bebs surdos. Tanto bebs surdos como ouvinrcsdcscnvolvcm balbucios sernclhanres at determinadoperodo e dcpois, por causa do input, cada um vai de-

    18

  • scnvolvcr um dos modos da balbuciar de acord cornsua modalidadc.

    [stgio de utn sina!

    Esse estgio de um sinal se inicia por volra de seismeses cm enancas surdas filhas ele pais surdos, de acor-do com cstudos apontados por Karnopp (1994). Emenancas ouvintcs csse csrgio dcscnvolve-se a partir dos12 meses. Essa difcrcnca cronolgica se d devido aodesenvolvimento fsico das mos e trato vocal.

    Pctiuo e BeUugi (1988) obscrvaram que tantocriancas surdas como ouvintcs apontam Frcquenrcmcn-te para indicar objetos e pessoas. Mas quando a enancaentra no estgio de um sinal, essa aponraco sofre urnamudanca de conccito gestual e passa a ser visto comoelemento lingustico.

    Cstgio das Pnmeims COlllbinaces

    Acontece por volta dos dois anos nas criancassurdas e um poueo antes nas ouvinres, por volta de 1ano e 6 meses a 2 anos. A crianca surda comeca a utili-zar o sistema pronominal, porm de mancira inconsis-rente. O padro de aquisico das surdas, segundo KJi-ma (1979), bastante prximo ao das ouvinres para aaquisico dos pronomes. Isso prova mais uma vez queo proccsso de aquisico universal, apesar da diferencaentre as modalidades lingusticas cm questo,

    19

  • Estgio das Jlfliltiplas Cotnbinocoes

    Ocorre por volra dos 2 anos e meio a 3 anos. um momento de cxploso vocabular, AIguns mecanis-mos espaciais ainda nao sao usados pela crianca, como,por excmplo, a referencia a pessoas e objetos que naoestejam fisicamcnre presentes. possvcl, portanto, ve-rificar "crros" na orgalli%a

  • Assim, a crianca rcm acesso lingua a partir dossujcitos surdos que interagem com ela e nao deixamde mantee os lacos corn scu s pais, algo cxtrcrnarnen-te importante para a constiruico da personalidadc dospequcnos.

    1.3Alfabenzacao na lngua de snas

    Parrindo do prcssuposto de que a lngua usadacomo rucio e fim de intcraco social, cultural e cientficae que a crianca surda utiliza essa lngua para conversar,sonhar, explorar e exteriorizar scus pcnsarncnros e sen-timos, en tao o proccsso de al fabetizaco dessas enancass ser possvel se acontecer na lngua de sinais (Libras,no caso do Brasil). Pois s poder aprender arravs des-sa lngua, por se constituir sua lngua natural.

    Mas a rcalidadc cm que se cnconrram as criancassurdas pre-escolares, cm sua majo ra, a exposico, deforma distorcida, ao portugus sinalizado, gestos e OLl-tros tipos de comunicaco que nao cnvolvcm a Librascnquanto sua primeira Ilngua. 1s$0 representa um gravecnrravc na alfaberizaco dcssas enancas.

    Considerando a Libras como lngua de instru-~o na alfabctizaco de surdos, podemos visualizarncssc proccsso dois aspectos relevantes: o relato decstrias e a produco da literatura infantil cm sinais(Quadros, 2000).

    21

  • l nfclizmeme, nao existe a prcocupaco de seregistrar os con tOS, piadas e escorias contadas pela co-munidade surda de gerac;ao cm gera~iio, dificultando oaccsso a cssc material no processo de alfabcrizaco, pelaausencia de banco desses registros para consulta e ins-piraco para a produco dos alunos surdos,

    O conrato com relatos de estrins e produco li-[er:'lria em Libras imprescindvel para a crianca surda,pois podcr explorar os aspectos do sistema lingusticodessa lngua como: cstabclccimcnto do olhar, explora-~iio das configuraces de mos, cxploraco dos movi-memos dos sinais, utilizaco de sinais com urna mo,duas mos com rnovimenros simtricos, duas rnoscom movimcntos nao simtricos, duas mos corn di-ferentes configuraccs de mos, uso de cxprcsscs naornanuais gramaticalizadas, cxploraco das diferentesfunccs clo aponrar, utilizaco de clnssificadorcs comcon figumC;es e rnos apropriadas, cxploraco das mu-dancas de perspectivas na produco de sinais, a explo-rac;i'io do alfabeto manual, esrabclccirncruo de rclaccstcmporais ntravs de marcaco de lempo e de adverbiostcmporais, cxploraco da oricntaco da mo, cspccifi-caco do tipo de a~ao, duraco, inrcnsidadc e rcperico,[ogos de perguntas e respostas observando o uso dositcns lcxicais e expresscs nao manuais corresponden-tes, urilizaco de "feedback", cxploraco de rclaccsgramaticais mais complexas de comparaco, condico,sirnuhancidadc e subordinaco, csrabclccirncnto dereferentes presentes e nao presentes no discurso e acxplornco da produco artstica cm sinais usando ro-dos os recursos sinrricos, morfolgicos, fonolgicos escmnricos prprios da Libras (Quadros, 2000).

    22

  • A crianca surda precisa dcscobrir a pr6pria lnguae isso s possvel nas inreraccs csrabelccidas arravsda lngua. Semente dessa forma a alfabetizaco tcr urnvalor real para a crianca.

    O registro das produces das criancas pode serfciras arravs de filmagem de adultos surdos contandoescorias e at mcsrno das prprias criancas na prorno-~o da rcflexo sobre a lingua. Uma forma escrita dossinais tambm de extrema relcvncia no proccsso dealfabetizaco na Libras. Exisrern rcccntcmcntc, algunssistemas de registro escrito da logua de sinais, que esrocm fase de experimcnraco, mas que sao capazes de ex-pressar todos os aspectos da lngua, como as configlLra-~oes de mos, os movimcntos, as dircces, a orientacodas mos, as cxprcsscs faciais associadas aos sinais e asrelaccs gramaticais.

    Veja a seguir, um cxcmplo registrado cm um siste-ma de escrita de sinais descnvolvido por Vallerie Surten.

    e 6 !O~'i@i' O'l,!d ...;c;::>

  • o sistema da escrita cm sinais ainda nao utiliza-do na alfabetizaco cm Libras das enancas surdas, poi snao se dispc de literatura irnpressa ern sinais.

    Dcssa forma as enancas apresentam dificuldadcscm exprc.~sar sua lngua, organizar seu pensamenro uti-lizando palavras e letras do portugus. Para agravar ain-da mais a situaco, os professorcs que atuam eom cssascriancas, muiras vczcs, nao possucm proficincia na Libraspara explorar de modo eficiente O relato dcssas enancasao exprcssarem sua idcias, pensamentos e hipteses sobresuas experiencias com o mundo (Quadros, 2000).

    A forma como urna crianca ouvinrc alfabeti-zada cm sua prirncira lngua dcvcria ser a mcsma paraa enanca surda no processo de aprcndizagem de suaprpria lngua, considerando as competencias e ex-periencias de vida que as c-ianeas trazcrn. Mas o queacontece a alfabetizaco da crianca surda ditero nasua segunda lingua, ignorando todas as potencialida-des de sua primcira Ingua como marco inicial paraO aprcndizado da segunda. Atravs de textos cm suaprpria lngua, os alu nos podero reflctir sobre a ln-gua, se tornando eapazes de rcconhcccr as Inrcraccscomunicativas e adquirir habilidades de passar cssc co-nhecimento para a escrita.

    Alguns problemas contribucm para O fracasso dosruUIlOS surdos no processo de alfabcrizaco cm Librascomo: falta de profissionais surdos nas cscolas comomodelo lingustico para as enancas surdas, professoresque atuarn coro surdos, mas dcsconhccem a Libras oua utilizam de forma prccria e distorcida, ausencia daescrita de sinais no proccsso de alfabctizaco cm Libras,escasscz de literatura cm sinais registrada em vdeo e na

    24

  • escrita de sinais, falta de participaco dos profissionaissurdos na reflcxo e discusso sobre o processo educa-cional, inexistencia de currculo educacional com basena Libras e de currculo para o casino da Libras.

    Muito h o que ser fcito para a cficcia do pro-cesso de alfaberizaco e no ensino da ngua de sinaispara garantir a aquisico da lcirura e escrita das criancassurdas. A falta de conhecimcnros dos profissionais quearuam na cducaco de surdos nao pode ser mais tolera-da em pleno advcnto da incluso e do rcconhccimcnrooficial da Libras como forma de cornunicaco e expres-sao da comunidade surda.

    25

  • Sntese da undadeNcsra unidadc, \'OCe pode identificar o proccsso

    de aquisico da linguagem por criancns surdas de formaanloga no processo cm enancas ouvinrcs. E quc csscproccsso se d de forma adcqunda cm criancas surdasfilhas de pais surdos, pois enrrarn cm conrato corn aIngua de sinais desde bebs. Difcrcmcmcruc, as crian-cas surdas filhas de pais ouvinrcs, passarn pelo perodoideal para a aquisico da linguagcm sem ter esse contatocom a Ingua de sinais, adquirindo :1 lngua de formatardia, Essa prcocupaco aponra a ncccssidadc da im-plcmcruaco de uma proposta bilngue-bicultural coma cr:\c;:io nas escolas dos espar;os para os profissionaissurdos que sirvam de modelo lingusrico para as crian-cas surdas e de programas que contcmplcm as famliasouvirucs com o objetivo de garantir a aquisico da ln-gua de sinais.

    fique OltllIO!

    Ixerccios Propostos

    1. Ncsta Unidadc foi aprcscnrada uma rcflcxosobre :l Ingua de sinais e sua aquisico por enancassurdas. Com base nessas rcflcxcs, como urna crian-ca surda, filha de pais ouvintcs, lcr n lingua de sinaiscomo sua primeira lngua cm lempo hbil? De sua opi-nio sobre o assunro.

    26

  • 2. Quais as caractersticas de cada esrgio de aqui-sico da Iioguagem cm criancas surdas? Faca uma pes-quisa sobre os estgios referentes as criancas ouvintcs etrace um paralelo entre esscs csrgios.

    3. Escreva com suas palavras o que voc cntcn-deu sobre os aspectos importantes da Lngua de Sinaise sua aquisico pela enanca surda.

    4. Pesquise sobre a Escrita de Sinais e quaiscontribuiccs cssa escrita pode rrazcr na alfabetiza-

  • Gabaritol. Rcsposta pcssoal do aluno.2. Perodo Pr-Iingustico: O~ bebes surdos rcali-

    zarn balbucios, assim como os ouvinrcs, Essc fenme-no fruto de lima capacidadc inara p:lra :1 linguagcmque se manifcsta atravs do sons e dos sinais, portante,acontece cm todas as enancas. Em um determinadocstgio :1 crianca ouvintc, que tambm balbucia manu-almente, passa a balbuciar na sua modalidadc, lima vezque o input que recebe favorece o dcscnvolvimenro domodo de balbuciar oral. As criancas surdas tambrnaprescnram balbucios oris, porm, eles sao intcrrom-pidos em um momento quando passarn a balbuciar namodalidadc da lngua de sinais.

    Estgio de um sinal: Il alglll11:\sposiccs quamoao que acontece ncssc perodo com as criancas surdas,I2sse estgio aparece nas criancas ouvinrcs por volra dos12 meses e nas enancas surdas h csrudos qlle o idcnti-ficaram por volta dos 6 meses (KAR OPP, 1994).

    ESlgiodasprimeirascombina~oes:Aconteceporvol-la dos dois anos nas criancas surdas e um pouco antesnas ouvirucs, por volta de I ano e 6 meses a 2 anos. Acrianca surda cornecam a utilizar o sistema pronominal,porm de mancira inconsistente. O padro de aquisicodas surdas, segundo Klima (1979), bastante prximoao das ouvinrcs para a aquisico dos pronomes. Issoprova mais urna vez que o processo de nquisico uni-versal, apcsar da difercnca entre as modalidades lingus-ricas cm questo.

    Estgiodemr/tiplascombina~oes:Ocorreporvoltados

    28

  • 2 anos e meio a 3 anos. um momento de explosovocabular, Alguns mecanismos espaciais ainda nao saousados pela crianca, como, por cxcrnplo, a referencia apcssoas e objetos quc nao esrejam fisicamcnrc presen-tes. possvcl, portanto, verificar "erres" na organizacodos elementos no espa
  • Referncas Bibliogrficas

    CIIOMSKY, l. Syntactic srrucrures. The Hague,

    Mouron & co, 1957.

    FHRt Al DES, Eullia. I.inguagcm e surdcz. PortoAlegre: Artmcd, 2003.

    KLlMA, E. S. & U. BELLUGI. 1979. The Signs of

    l.anguage. Cambridge: Harward Uni\'ersit)' Press.

    LOPES, Maura Corcini.Surdez & Educaco. BeloHorizonte: Autentica, 2007.

    PETITTO, L. e P.MARENTE'lTE (1991) "Babblingin the manual mode: Evidence for rhe onwgen)' of langua-

    ge". Science 251: 1483-1496.

    QUA OROS, R. .\1.dc(1997).Edllcariiodesllrdos:aaqlli-sir;iioda lingllagem. POrtQ Alegre: Arrmed.

    KJ lNER, S.F. (1957). Verbal Lcarning. New York:Applcton-Cenrury-Crofrs,

    SKLlAR, Carlos Bernardo (Org.). i\ surdez: urnolhar sobres as diferencas, Porto Alegre: Mcdiaco, 1998,

    v, , p. 51-73.

    30

  • Referencias BibliogrficasComplementares

    DIZEU, L C. T. s.; CAPORAU, S. A. A Lingua desinais consriruindo o surdo como sujeiro. In: Cadernos Ce-des. Educaco e Sociedade, Campinas: Unicamp, vol. 26, n.91, p. 583-597, Maio/ Ago. 2005. Disponvel cm .

    GES,1vl, C. R. Linguagem, surdez e educaco. Cam-pinas, SP: Autores Associados, 1996. (Coleco educacocourernpornea).

    GOLDFELD, Mrcia. A crianca surda: Linguageme cognco numa perspectiva socioinreracionista. 3. ed. SaoPaulo: Plexus, 2002.

    U\J30Rl1~ E. A idade critica para aquisico da lin-

    guagem. In: Surdez e Linguagem: Aspectos e implicacesneurolinguistica. (Org. SANTANA, A. P.). Sao Paulo: Ple-XIIS, 2007.

    QUADROS, R. (1995) As categoras vazias prono-minais: urna anlise alternativa corn base na ngua de sinaisbrasilcira e rcflexos no proccsso de aquisico, Dissertaco de

    Mestrado, Pontificia Universidade Catlica do Ro Grande

    do SuJ.

    31

  • importanciada libras naconsttuko

    do surdo

  • Caro (a) AILlI10 (l)

    Scja bem-vindo (a) it nossa segunda unidadc,ondc discutiremos alguns aspectos importantes sobre aLngua Brasilcira dc Sinais e sua importancia na forma-c;ao do surdo como sujeito. Espero que muitas deseo-bertas e desconsrruces e consrruccs de saberes sejammediadas por essa lcitura.

    Milos ti obra!

    Objetivos da undade

    Ao final desra unidadc, voc dcvcr ter de-scnvolvido:

    Rcflctir sobre o papel da famlia no con tato daLibras pela crianca su [da;

    Discutir os aspectos importantes sobre a Ln-gua de Sinais e sua aquisico pela crianca surda.

    Analisar o biJinguismo como forma de adquirir/'aprender a lngua que faz parte da comunidadc surda,

    ReAecir sobre a importancia da Lngua de Sinaisna constituico do surdo enquanto sujeito,

    Contedos da Untdade

    A participaco da familia na aquisico da Libraspela crianca surda;

    O biJinguismo e a aquisico da Libras; A Libras na consriruico do surdo como sujcito.

    35

  • 2.1A FAMiLIA E A LNGUA DE SINAIS

    A maior angseia que aflige os pais de surdosnao a surdez, mas o obstculo na cornunicaco porcausa dcsta. NIuitos pais no tm rcccbido orientaccsadcquadas a rcspeiro da importancia da lngua de sinaispara o dcsenvolvimcnro psquico-social e as possibili-dades de adquirir de forma natural os conhccimentos ecnsinamentos transmitidos por eles.

    A iluso de que seu filho possa ouvir ou tornar-sescmclhanrc ao ouvintc realizando leirura labial e orali-zaco, rem levado muitos pais a buscarcm traramentoclnico e cducaco oralisra na tentativa de oferecer aofilho surdo a oporrunidadc de se constituir cnquanrosujeiro atravs da lngua oral. Mas, ao passar dos anos,constatarn O fracasso, transtornos e prcjufzos cmocio-nais para ambos.

    Quando a familia cstabelccc a Ingua de sinaiscomo imprescindvcl no dcscnvolvimcnto da criancasurda, algumas dclas podero adquirir simulrancarnen-re a Ingua de sinais e 3 lngua de scus pais - a lnguaoral. Porque nao podemos negar que cssas criancasestado exposras a todo o momento a lngua oral. Porisso a lngua de sinais nao se torna urna adversria aoaprcndizado da lngua oral, mas sim uma aijada, poisdar a crianca surda experiencias lingusricas impor-tantes que servido de base para o aprendizado de urnasegunda lngua.

    36

  • Dessa forma, torna-se irnprescindfvel que essaenanca surda e seus pais cstabelecam contato com alngua de sinais o mais cedo possvcl, aceitando a surdezcomo diferenca e a lngua de sinais como modalidadede comunicaco, Do contrrio a crianca pode apresen-tar atrasos no descnvolvimenro de linguagem e de co-municaco e 00 descnvolvimcnto cognitivo e emocio-nal. Essa famlia precisa recebcr orienraccs adcquadasquanw a importncia da lngua de sinais para O descn-volvimcnto de seu filho,

    Segundo Sackes (1998, p.80) "o que importa nodilogo entre mc e filho sua intenco comunicati-va". Essa inrcnco pode ser lima tentativa de controlara crianca ou na dircco de favorecer seu crcscimcnto,autonomia e expanso da mente. Mas o uso da lngu3 desinais, claramente facilita a comunicaco nos primeirostempos de vida, poi s o bebe surdo aprende de formaespontnea a Ingua de sinais mas nao conseglle apren-der ro prontamente a lingua falada.

    2.2O BILlNGUISMO E A LNGUA DE SINAIS

    Pensar hoje urna educaco inclusiva propor umprojcto social maior relativo ao compromisso do Brasilcom rgos inrernacionais, Ou scja, ao assinar documcn-tOS como a Dcclaraco de Salamanca, o governo brasilci-ro se compromete com a .incluso de inmcros sujcitosque hojc vivcm cm estado de cxcluso escolar e social.

    37

  • As pessoas surdas fazem parte do grupo depcssoas que vivem ncsse processo de cxcluso esco-lar. A escota, como urna insrituico moderna, hojevive na situaco de urna universalizaco do ensino,no qual neccssira de receber todos os alunos queoutrora nao escaria preparada j que foi criada paraurna pequena parcela da populaco.

    Sobre os sujcitos surdos, muiras quesres saolevantadas quando se pensa a incluso tanto em rn-bito social

  • cscolas de surdos que apesar de todos scus proble-mas, era um lugar de encontr de produco cultural,de vida. Espaco esse que foi perdido mas que COI11as polticas de incluso podcrn ser potencial izados.

    As ltimas produccs a rcspcito do proccssoeducacional de incluso do aluno surdo encontra nobiliguismo a proposra para a educaco dos surdosque, segundo Quadros (1997), necessica-se con he-ccr as duas lnguas cnvolvidas nessc proccsso e suascaractersticas de lnguas espaco-visuais e de lnguasoral-auditivas, Outro aspecto relevante no cstudo so-bre biliguisl110 O processo de aquisico da Ingua na-tural (L1), e gua rclcvncia na constituico do surdoenquanto sujcito, e aquisico da segunda lngua (L2).

    Atualmcnre, o bilinguismo apontado comoa merodologia que se propc a ensinar ao surdo asduas lnguas no contexto escolar (Quadros, 1997).Essa proposra rcm sido apontada como a mais adc-quada, pois considera a lngua de sinais como lnguanatural do surdo partindo dcssc prcssuposro para oensino da Hngua escrita. Dcssa forma, o bilinguis-mo d o dircito ao surd o de ser ensinado cm sua In-gua natural. Lacerda (1(98) defende que o objetivoda proposta bilngue permitir ao surdo um desen-volvimcnto cognitivo-linguistico equivalente ao doouvintc, tcndo accsso as duas lnguas, considerandoa lngua de sin ais como formadora enquanto sujcitosurdo, e a lingua oral majoritria como forma derelaco corn o ouvinrc,

    Stumpf (2009) aponra cm sua pesquisa que,como o bilinguismo foi a opco metodolgica den-rro das propostas de incluso para a educaco dos

    39

  • surdos, isso significa que a escola dever propor-cionar a aquisico das duas lnguas, a lngua de si-nais como pr rnei ra lingua e a lngua falada ern suaforma escrita com mcrodologia de segunda Ingua.Para isso Srumpf (2009) discorrc que nccessriourna pedagogia que possibilirc atingir esse objetivo ..A. implantaco do bilinguismo nas escolas, ernboracsreja implantado oficialmente pela poltica nacio-nal de cducaco especial na perspectiva da cducacoinclusiva, est longe de mostrar resultados cficazcscm sua prtica por diversos fatores que cita Quadros(2006) que percebe-se urna poltica lingusrica queainda possui o foco no ensino de Ingua portugue-sa mediada pela lingua de sinais. Segundo Lacerda(2000), os sujeitos surdos ainda encontram-se, apsanos de cscolariz aco, limitados nao sendo capazcsde lcr e cscrevcr sarisfatoriamcntc e nao rcndo urndominio adcquado dos co ntcdos acadmicos.

    Lacerda (2006) discute em scu trabalho quea Dcclaraco de Salamanca coloca que os surdosdevem estar inseridos no ensino regular e que a es-cola dcvc se adaptar ao aluno e nao o contrrio. Deacord coro Lacerda (2006) a incluso dcvc contem-plar a pedagogia da diversidade, considerando suaorigcm social, tnica ou linguistica. Mas o discursoda incluso se torna frgil quando contradiz a rcali-dade educacional ende as classcs encontram-se su-perloradas, insralaccs fsicas insuficientes, profes-sores scm forrnaco adcquada para atender o alunodentro do advento da incluso (Laccrda, 2006).

    O bilinguismo se constitu nurna proposr3 quercspcira as particularidades da crianca surda e tam-

    40

  • bm ofcrcce o acesso it lngua oral de forma siste-matizada, priorizando o aprendizado da lngua desinais como primeira Ingua, arravs da qua] pro-mover sua cducaco, para ern seguida, aprender asegunda lngua na modalidadc oral e/ou escrita.

    Essa proposta acredita que arravs da Inguade sinais, o surdo pode desenvolver integralmentetodas as suas possibilidadcs, pcr rnitindo sua integra-~ao na sociedade. cm todos podcro desenvolver aIngua oral de forma completa, mas poded adquiri-la pcrfciramenrc na forma escrita, tornando-se umindividuo bilingue. Para isso necessrio que cssccnsino seja realizado de forma adcquada na modali-dade de segunda lngua. Mas isso algo que vamosdiscutir mais profundamente nas prximas unidades.

    2.3A CONSrITUI(AO DO SURDO E A LNGUA DE SINAIS 1

    A enanca surda dcscobre a si prpria e constrisua realidadc social interagindo corn scus pares atra-vs da cornunicaco. capaz de sentir-se valorizadae que penence a um grupo ao qual se identifica. Masquando isolada de scus iguais e convive corn pessoasdiferentes de si mesma incapaz de estabeleccr uma co-municaco satisfatria, sen te-se depreciada e corn sen-cimento de nao pe[tencer ao mundo que est cxposta. possvcl que cssa enanca possa ter contare com scus

    41

  • pares lingusticos, scm precisar ignorar a comunidadcmajoritria. Essa relaco pode ser totalmente saudvclquando cla respeitada na sua difercnca e valorizadaa partir dc suas experiencias visuais e do scu modoparticular de ver e sentir o mundo a sua volra. Dcssaforma pode constituir sua identidade surda, aceitan-do-se como urna pessoa normal, com scus defcieos equalidadcs, apenas surda.

    Os lugares que o surdo pode encontrar scus iguaise ter con taro corn sua lngua podem ser desde igrcjas,escolas, clubes, associaccs, bares, pra;as ou qualqucrlugar que estejam reunidos e podern trocar experienciase idcias, Jcsse ambiente ele nao se scntc deficiente, poisse identifica com os demais, aceito sem rcstriccs epode ser entendido e fazer-sc entender sem sentir-seum estranho. Essas intcraces sao imprcscindveis naconsrituico do surdo cnquanro sujeiro.

    M uitos adolescentes surdos cviram a companhiade seus familiares quando cstes nao procuram cstabe-lccer comunicaco com eles atravs da llngua de sinais,procurando na cornunidadc surda a referencia para seusvalores e a consciencia de si mesmos. A qucixa scmprcde que os pais nao os cnrcndcm ou porquc nao gostamde surdos ou mesmo da lngua de sinais, sempre fazen-do-os sentir imperfeitos, fora da normalidade.

    Quando o surdo tcm accsso a lngua de sinais deforma tarda pode comprometer scu descnvolvimcntopleno como sujeito tcndo dificuldades de compreendercontextos complexos como ideias absrratas, sua subjeri-vidade entre outros aspectos.

    Urna enanca surda tcm os mcsmos potcnciais deaprcndizagcns que urna enanca ouvintc. A difcrcnca

    42

  • resume-se cm que cla adquire essas experiencias atra-vs de uma outra lngua diferente da majoritria. Res-peirando sua lngua e fornecendo o acesso a cla, podese desenvolver de forma anloga a enanca ouvinrc, Ofracasso escolar e incapacidadc de se comunicar comcficcia se dcvcm ao atraso no contare C0111 a Ingua desinais e corn a cornunidade surda,

    A cornunidade surda tern grande importanciapara o dcscnvolvimcnto da idcnridade do surdo, poisncssc meio a comunicaco pela lngua de sinais se dde forma espontnea, sern esforco, contribuindo para a5tHI forrnaco como sujeito que perrcncc, que valori-zado e pleno cm todo seu ser.

    Para Sackcs (1998), possvcl ser prximo dacomunidade surda sem ser surdo. O pr-requisito ser um usuario Auente da lngua de sinais. Talvez asnicas pessoas ouvintcs que chegam a ser considera-das plenamente mcrnbros da comunidadc surda se-jam os fiLhos ouvinres de pais surdos que sao nativosda lngua de sinais.

    2.4A INCLusAO DO SURDO NO ENSINO REGULARCO~~O PRTICAS DE ACOLlII~~ENTO AO SURDO

    ENI SALA INCLUSIVA

    Gosraria de cornpartilhar um projcro que foirealizado pela SEi\JED de Campo Grandc-M'S e revecomo objetivo promover O conhccimcnro da Libras porparte dos alu nos ouvintcs favorccendo a cornunicaco

    43

  • coro o aluno corn surdcz como prtica de acolhimcnroao surdo cm sala inclusiva,

    Este projeto urna iniciativa do Secor de ApoioDidcico-Pedaggico do clco de Apoio ao Aluno comSurdcx/Dcficicnre Auditivo do Centro Municipal deEducaco Especial. Foram visitadas trinra escolas muni-cipais de Campo Grande e cm cada classc, onde haviaaluno surdo incluido, foi descnvolvida urna atividadc comhistoria contada cm LIBRAS, cscolhida com base na li-tcratura e na proPOSta de outras formas dc comunicaco,

    A proposra de urna aula bilngue onde o pro-fessor do projero surdo e o intrprete da sala de aulafaz a mtcrprctaco oral. Neste trabalho, concluiu-scque as aulas ministradas em lngua de sinais pelos ins-trutores surdos foram uma ferramenra eficaz no aco-Ihimcnto do aluno surdo csclarcccndo aos alunos ou-vintes e profcssores o que ser surdo e as implicaccsdisso no processo de ensino-aprcndizagcrn dcstcs alu-nos. Is50 conrribuiu para estimular a curiosidadc detodos sobre o assunto e esclarecer mitos a respeiro dalngua de sinais e dos surdos,

    De acord com a Poltica Nacional de EducacoEspecial na Perspectiva da Educaco Inclusiva, apresen-cada pelo Ministerio da Educaco/Secreraria de Educa-c;ao Especial, a cducaco inclusiva constitu urn paradig-ma educacional fundamentado na conccpco de direitoshumanos, que conjuga igualdad e e difercnca como va-lores indissoci veis, e que avanca em relaco a ideia deequidade formal ao contcxtualizar as circunstancias his-tricas da produco da cxcluso dentro e fora da escola.

    Ao se buscar atender as exigencias de urna in-

    44

  • fuso da Libras, o aprcndizado elos alunos ouvintcsatravs de histrias sinalizadas, a prornoco da apro-xirnaco lingustica entre surdos e ouvinrcs na sala decnsino regular, favoreccndo a cornunicaco com O sur-do no mbito educacional e social; a estimulaco daparticipaco do aluno surdo nas atividadcs escolarese inrcnccs comunicativas; proporcionar um ambien-te bilngue na cscola; transformar a forma de ver esentir a surdez pelos colegas ouvinres e professorcs,propiciar o conraro dos alunos sardos corn o modelolingu.stico, atravs e10 profcssor surdo; promover urnacultura ele incluso na escola.

    Este projcto foi urna iniciativa do Seror eleApoioDidtico-Pedaggico do Ncleo de Forrnaco dosProfissionais da Educaco e Atcndimcnto as Pessoascom Surdez e10 Centro Municipal ele Educaco Espe-cial. Esse Sctor rcsponsvcl pelo AEE - AtcndimcnroEducacional Especializado a Pcssoa coro Surdez queatende no bodrio oposto do Ensino Cornum de acor-do com tabcla abaixo relacionada. Essc atendimento realizado como projero piloto no NAPS instalado cmduas escolas municipais, scndo urna sala multifuncionale outra sala ele recurso, e tambm na sala de recurso e10Centro Municipal de Educaco Especial- CJ:vlEE.

    O presente trabalho visou visitar as escolas muni-cipais de Campo Grande onde csro incluidos os alunossurdos para aprescnraco do projeto 11equipe pedaggi-ca da cscola, Nessa visita foi disponibilizada urna cpiado projcto e clo material do aluno para ser reproduzidono dia da aula. Tambm foi agendado odia da l " aulade acord com o horrio do professor de sala. A aulado projcro tero duraco de urna hora aula, ou scja, uro

    46

  • tempo de aula. Ser tomado o cuidado de nao repetir amesma disciplina nas prximas aulas.

    Aps visitar todas as escotas ende h alu nos sur-dos incluidos, foi organizado um cronograma das aulasdo projeto de acordo com o horrio disponvcl da csco-la e do professor do projcto, Os professorcs do projcrosedo os mesmos que atendcm no AEE.

    Em cada classc da escola municipal ondc haviasurdo incluido foi dcscnvolvida urna atividade ldica(''histria contada cm LIBRAS"), cscolhida com basena literatura e na proposta de ourras formas de cornu-nicaco. }\ aula de Libras foi ministrada dentro do con-texto dessas historias ondc ser cnsinado o vocabulriocm Libras da hisrria, a estrururaco de frases cm Li-bras, cxpresscs idiomticas, cornprccnso e producodos sinais e scus para metros. A proposta de lima aulabilngue onde o professor do projeto surdo e o intr-prete da sala de aula far a intcrprctaco oral.

    Aps a 1" aula, o professor do projeto j agen-dava as prximas aulas eom a equipe pedaggica daescota, No final de cada aula era entregue aos alunose professorcs urna avaliaco para colocarcm su as im-prcsscs sobre a aula,

    O tema da primeira aula foi tiA Cigarra e a For-miga" e tinha como objetivo promover a apropriacoconsciente dos sinais da Libras atravs da historia "ACigarra e a Formiga" cm situaccs de aprcndizagem namodalidadc viso-gestual; compreender a utilizaco daLibras como recurso de cornunicaco com o alu no sur-do no ambiente escolar; - aprender e utilizar os sinaisda historia e seu contexto; promover a formaco de umambiente de aprendizagem; inrroduzir o rema da aula

    47

  • com a cxibico da historia sinalizada; incentivar a comu-nicaco entre os colegas mediada pela Libras; promovera intcraco do grupo; auxiliar os alu nos a encontrar es-rratgias de cornunicaco; criar laces entre aluno surdoe aluno ouvinte, dcsenvolvcndo bases para a confiancamrua e esclarecer o papel do intrprete e do professor.

    O cronograma das atividades estava dividido cmapresentar a historia "A Cigarra e a Forrniga" cm Ln-gua Brasileira de Sinais com a ajuda de recursos visuais,rrabalhar os sinais que foram utilizados na historia 0'0-cabulrio), inrroduzir os sinais de numeral e quantidadee entrega de arividades de fixaco.

    Veja a seguir cxcmplos de atividadcs que forarndesenvolvidas nessas aulas pelo profcssor surdo. Es-sas atividades foram pensadas para a fixac;:aodos sinaisaprendidos durante a aula e sao cornposra pela historiacm linglla portuguesa com vocabulrio cm lngua desinais, A es cola providcnciou a cpia dcsse materialpara todos os alunos que puderam levar para casa paracsrudar e divulgar os sinais que adquiriram na aula.

    48

  • 49

  • ALIMENTO

    ~~ ---

    50

    !CARAfGAR

  • '_'IM~~~

    1FOQMI'GA

    lfRO

    .....151~r 05 S

    ~ llZI2 .cf 6 6 7~ 9U!~U2~!(

    IFUTURO

    51

  • IONTEM

    52

  • fPAECISAAm

    ;\~\~--~- -

    -_

    53

  • Atividades

    1. Encontr no Caca - Palavras as palavras querepresentam os smais:

    ... O 1 U y 1 I R E WIU A s U F G H J K 1 L (,E Q A R RIE p E NIO E R A Z X p e VIB IVIA P P o L M 1 1< H U J B V 1 R R T A D TS e R 8 A P o 1 T R E e o N V E R S A Ro L o G p a E A o z e w T V V o F K E AF O V E R A o p 1 '( R E G E L e s M D BGI E T E Z X e v 8 N M K R K U E J e AH K 1 Y N a w E RIT y U 1 N J p T UIV LJ M T U DIA S D F G H J K o H A o YIR H1< N A J E V B 1\1 P R E e 1 s A R e HIT AL J R M R L P U T R 1 S A e E R P NIG R( U Y H B T F V e D E W S X z A Q WIE R

    S4

  • 2. Descubra os sinais que corrcspondem as figu-ras abaixo:

    (Al, (S),

    (el (D)

    55

  • o projero durou um semestre e participaram delerrinrn escotas municipais onde havin um aluno surdoincluido. As avaliaces foram timas e rodas as csco-las gostariam que o projcro se cstcndcssc at o fi nal doano. Mas com a demanda do Atcndimcnro EducacionalEspecializado que atenda os alunos no contra-turno,os insirutorcs que atuavarn como profcssorcs de Librasno AEE nao puderam dar conrinuidadc ao projcto, poi sprccisavam atender O AEE e nao unha Icmpo dispon-vcl, Era no momento invivel contratar novos instruro-res para o projeto, pois a prioridade era o AEE devidoa poltica de contraraco vigente da $Ei\lED. Tarnbmos instrutorcs surdos cm sua maioria nao tinham cnsinosuperior completo.

    O resultado do trabalho foi satisfarrio, poi s nascscolns os alu nos e profcssorcs se cnvolvcrarn rnais corna l.ibras e se aproximaram do aluno surdo com rcnra-dvas de cornunicaco utilizando os sinais aprendidos eouiras csrratgias de comunicaco. Durante a cxccucodo projcto, outras classcs, que nao rinharn surdo inclu-do, tambm pcdiam para ter a aula de Libras, mas naofoi possvcl contemplar no cronograma.

    este trabalho concluiu-se que as aulas ministra-das cm lngua de sinais pelos insrrurorcs surdos foramLima fcrrarnenra eficaz no acolhimcmo do aluno surdocsclarcccndo aos alunos ouvintcs e profcssorcs o que ser surdo e as implicaccs disso no proccsso de cnsino-aprendizagcrn destcs alu nos. Isso COIl! ribuiu para esti-mular a curiosidade de todos sobre o nssunto e escla-recer mitos a respeito da lngua de sinais e dos surdos.

    56

  • Sntese da undadeNcsta unidadc, voc pode identificar a impor-

    tancia da familia na valorizaco da lngua de sinais, obilinguismo como a forma mais adcquada do surdosentir-se paree do mundo onde se cncontra urna lnguamajoritria, a qual nao domina espontneamente, e alngua minoritaria pela qual capaz de se cxprcssar ple-namente. Ainda pode refletir na irnportncia da Librasna constiruico da identidadc e do sujcito surdo brasi-leiro quando inrcrage corn seu s iguais.

    Fique ligado!

    Exerccios Propostos

    J. Aponte os aspectos da falta de contare daenanca surda corn a lngua de sinais,

    2. Rcflita sobre o papel da familia no con tato daLibras pela crianca surda e cscrcva sua opinio sobrecssc rema.

    3. Qual a importancia da comunidade surda paraa crianca surda?

    4. Dcscrcva a proposta bilnguc na cducaco dossurdos. Apontc vanragens e dcsvanragcns.

    5. Pesquise sobre escolas bilngues para surdosexistentes no Brasil e registre suas deseo bertas.

    57

  • Gabarito1. O arraso cm adquirir a lfngua de sinais no

    perodo crtico da aquisico da linguagem, entre O e4 anos de idade, pode acarretar atrasos no descnvol-vimenro cognitivo, social, psiclologico e cmocinal dosurdo podendo leva-lo ao isolamenro, baixa-aurocsti-ma e desistencia do proccsso escolar, alrn de conlfi-tOS familiares e sociais.

    2. Rcsposta pessoal do aluno.3. O contare com a comunidade surda possibi-

    litar ao surdo o dcscnvolvimcnto da sua idcnridadc,atravs da cornunicaco pela lngua de sinais de formaespontnea. O surdo se sentir perrencentc a um gru-po, valorizado na forma como , sem precisar mudarseu jeito de ser, ondc tcr conforto lingustico e poderdesenvolver a sua formaco corno sujeiro.

    4. Bilinguismo - vantagens: respcito as particu-laridadcs do surdo, acesso a educaco cm sua prprialngua, dcscnvolvimento integral de rodas as su as pos-sibilidades, Dcsvantagcns: falta de cstrutura no sistemade cnsino para atender a demanda dos alu nos surdos nomodelo do bilinguismo, falta de forrnaco adcquada aosprofissionais da cducaco cnvolvidos com os surdos,cscassez de pesquisas sobre os resultados de modelosbilngucs na educaco dos surdos.

    5. Rcsposra pcssoal do alu no.

    58

  • Referencias Bibliogrficas

    DIZEU, L. C. T. B.; CAPORALI, S. A. A Lnguade sinais constituindo o surdo como sujeito. In: Cader-nos Cedes. Educaco e Sociedade. Campinas: Unicamp,vol. 26, n. 91, p. 583-597, Maio/ Ago. 2005. Disponvclcm .

    LACERDA, Cristina B.Fcitosa de. A prtica pe-daggica mediada (rambrn) pela lngua de sinais: tra-balhando com sujeiros surdos. In Cad. CEDES, 2000,vo1.20, no.50, p.70-83.

    LACERDA, Cristina Broglia Fcitosa de. A in-cluso escolar de alunos surdos: o que dizern alunos,profcssorcs e intrpretes sobre esta experiencia. In Cad.CEDES. 2006, vo1.26, no.69, p.163-184.

    OLIVElRA, K.M. e GrROTO, C.R.1vLO uso dahisrria contada em LIBRAS como prtica de acolhi-mento ao aluno surdo ern classc inclusiva. Faculdadede Filosofia e Ciencias, UNESP, Campus de Marlia, SP.

    POLTICA ACIONAL DE EDUCAC;AOESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAC;Ao11 eLUSIVA. Documento elaborado pelo Grupo deTrabalho nomeado pela Portarla n 555/2007, prorro-gada pela Portaria n" 948/2007, entregue ao Ministroda Educaco cm 07 de janeiro de 2008.

    59

  • SACKS, Olivcr, Vendo vozes: urna viagem aomundo dos surdos. Sao Paulo: Companhia das Letras,1990.

    STUwfPF, Mariannc Rossi. A educaco biJngucpara surdos: relatos de experiencias e a rcalidadc brasi-lcira. In, QUADROS, Ronice M.; STU11PF, MarianneRossi, (orgs). Estudos Surdos IV. Pctrpolis: Ed. AraraAzul,2009.

    60

  • Referencias BibliogrficasComplementares

    PERLI , G. Identidades Surdas. In: Carlos ber-nardo Skliar, (Org.). A surdcz: um olhar sobres as difc-roncas. Porto Alegre: Mcdiaco, 1998, v. , p. 5'1-73.

    ____ o O lugar da cultura surda.ln: Thoma.Adriana & Lepes, Maura. (Org.). A inven~ao da surdez:cultura,alteridadeeldentidadeediferen(anocampodaeducar;aode surdos. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2004, v. , p. -.

    POKER, R. B.. Abordagens educacionais e for-mas de aruaco corn o aluno surdo. In: OLIVEIRA,A.A.S;OMOTE,S.;GIROTO,C.R.tvr. .. (Org.). lnclusoEscolar: as conrribuices da Educaco Especial. 1 ed.Sao Paulo: Cultura Acadmica Editora e Fundcpe Edi-tora, 2008, v. , p. 179-196.

    61

  • _etramentosna educacaobilngue para

    surdos

  • Caro (a) AluJ10 (a)

    lesra unidade, iremos escudar as noces das pr-ocas de letramento na educaco bilingue para surdoscomo caminhos para a prrica pedaggica. Tarnbm fa-remos urna reflexo sobre os equvocos tericos-meto-dolgicos que esto envolvidos nessc processo.

    Boa aula!

    Objetivos da Unidade

    Ao final desta unidade, voc dever ter condices de: Discutir os aspectos das prticas de letrarnentos

    ern portugus como segunda lngua para alunos surdosusurios da Libras como primeira lngua;

    Identificar os principais equvocos presentes noprocesso de letramento dos surdos;

    Contedos da Unidade

    Acornpanhe os assuntos desta unidade. Prticas de letrarnento; Lngua materna; Ensino de portugus como segunda lngua.

    65

  • 3.1INTRODlJ(AO

    Com o advento da incluso social e educacionaldas pessoas com deficiencias, a partir da dcada de 90,os surdos deixaram as escolas especiais e passaram afrequentar as salas de aula do Ensino Comum juntocom os alunos ouvintes. As prticas escolares, at en-tao, nao consideravam esse perfil de aluno, causandourn impacto nas prticas pedaggicas dos profcssorcs,Principalmente os de llngua portuguesa, pois o ensino centrado em urna lngua de modalidade oral.

    Desde o reconhecimento legal da Libras comollogua de comunicaco e expresso da comunidade sur-da pela Le Federal 10.436 de 2002.

    A educaco bilngue a que se prope as prticasde letrarnento trata-se de um debate recente no Bra-sil qU enfrenta ainda rnuitas falhas e barreiras para acompreenso por parte dos profissionais, qu.e traba-lham com sordos, da importancia da Libras no letra-mento desses alunos.

    As discusses sobre a concepco dos surdos comosujeitos deficientes da linguagem, pela sua inaptido naapropriaco da lngua portuguesa, e os problemas de-corren tes do aprendizado do portugus como segundallngua, vem ocupando espa

  • taces no territorio da anorrnalidade ou da deficiencia.Em pesquisas sobre a incluso, mostram que os

    alunos surdos acabam simulando seu aprendizado, re-produzindo os rituais escolares para se sentirern parteda sala de aula. Essa estrargia de sobrevivncia revela afalta de um terrtrio Iingustico apropriado no contex-to escolar. Esses alunos acabam rotulados como agres-sivos e indisciplinados e abandonarn a escola depois deanos de fracasso,

    A educaco bilngue no Brasil) ainda umarealidade distante, pois aprescnta algumas barreirascomo ausencia de urna poltica linguistica de valoriza-~ao da Libras que a considere como lngua principalpara o ensino e nao como llngua de mediaco comotem sido praticada nas salas de aula, a fal ta de profis-sionais fluentes ern Libras, inclusive educadores sur-dos) e a forre presso sobre os gurdos para que apren-dam o portugus conduzindo-os ao monolinguismo.Alm disso, os alunos surdos precisarn concluir seusescudos onde todo o ensino oferecido ern llnguaportuguesa, sern a presen~a do intrprete e sem asadequaces ncccssrias do currculo que considerernsua singularidade linguistica.

    Estausticas mundiais revelam que 90% das crian-cas surdas pertencem a familias ouvintes. Isso significaque elas nao tem acesso a Jngua de sinais no perodocritico da aquisico da linguagem, como foi tratado nocapitulo anterior. A escola deveria oferecer o ensino daLibras como primeira Ingua, considerando que essa ln-gua ir mediar o ensino da segunda Jingua, o portugus.Quaodo a crianca surda filha de pais surdos da temassegurada a aquisico de sua lngua materna, a Libras,

    67

  • contribuindo para possibilidades significativas no pro-cesso de letramcnto na segunda lngua.

    A educaco de surdos na atualidade depara-secom o paradoxo de que os alunos surdos chegam a es-cola sem a sua primeira lingua e sao obrigados a apren-der a segunda lngua, sem a medico da primeira. Essasegunda lngua acaba sendo, 30 mesmo ternpo, objetode conhecimento e a lngua que mediar a apropriacodos curros contedos escolares.

    Essa pseudo-incluso acaba produzindo o fracas-so escolar dos surdos, impossibilirando seu acesso aoEnsino Superior, rcfletindo 110S cargos de trabalho queocupam e no cxcrccio de sua cidadania,

    3.2O ENS1NO DA LNGUA MATERNA

    muito importante que na escola, o surdo tenhaacesso ao aprendizado de sua lloglla materna, porqueno perodo escolar, ele ter essa Lnguapresente em to-das as aulas atravs do professor bilingue ou do intr-prete de Libras. por meio dessa lingua que o surdoter acesso ao conhecimento e a cultura.

    por rneio da lingua que o surdo far a intera-~a() cm sociedade, constri sua identidade e exerce asua cidadania,

    As habilidades que sao adquiridas no processo deaquisico do conhecimcnto, da cultura e no exerccio dacidadania sao charnadas de competencias.

    68

  • na escola que o alW10 ir desenvolver suas com-petencias Iingusticas atravs da prtica e do cxcrcciomediados pelo professor que deve propiciar aos alunosoportunidades de desenvolver tais competencias.

    a escola o aluno aprende que existe urna for-ma de registrar a lingua por escrito e que a forma quefalamos diferente da forma como escrevemos quasecomo se fossern duas lnguas diferentes.

    A lngua escrita tern urn papel fundamental parao acesso a todas as inforrnaces e conhecimentos pro-duzidos pela sociedade, principalmente, cm tempos deavances tecnolgicos. lessc contexto que denomina-mos o letramento como uro conjunto de habilidadespara codificar e decodificar, escrever e lec coro profici-enca/ competencia.

    J~ atravs do ensino da lngua materna que o cida-d,ao ser letrado e poded usufruir de toda a diversidadede conhecirnento produzido.

    Ern se tratando da Libras poucos estudos exis-tern na rea da linguistica que tratam da rnodalidadede lngua viso-espacial. J\. lngua de sinais conside-rada a lingua materna (ou deveria ser) do surdo, poisdeveria ser a primeira lingua que ele deveria adquirir.lO caso dos surdos eles possuem a Ingua materna

    diferente da lingua nacional falada no Brasil, ou seja,a Ingua portuguesa.

    Dentre os documentos oficiis que reconhecern aLibras corno lngua materna do surdo podemos citar aLe Federal 10.436/02 e o Decreto 5.626/05.

    Como j escudamos em unidades anteriores, ascriancas sordas sofrern com a aquisico tarda de sualngua materna, pois o diagnstico da surdez pode ser

    69

  • feito corn bastante atraso e na rnaioria dos casos saofilhas de pas que nao conhecem a lngua de sinais ernoposico dos filhos sordos de pas surdos,

    A llngua considerada como urna unidade de iden-tidade e grupos se formam ern torno dessa identidadelinguistica. O pcrtugus nao a lngua materna dos SUf-dos, por isso os valores sociohistricoculturais associa-dos ao portugues nao sao os rnesmos do universo surdo.

    Alguns pressupostos tericos sao importantespara que o professor planeje suas atividades no ensnoda lingua materna. O primeiro pressuposto que discuti-remos aqui sao as concepccs de linguagcm e de lnguae de que forma cssas conccpccs podcm inf uenciar noensino da lingua materna.

    Pode-se dizer que h trs grandes modelos te-ricos de interpretaco da linguagem humana: a lnguacomo atividade mental, a lingua como urna estrutura ea Ingua como atividade social. A llngua como ativida-de mental reconhece a Gramtica Universal ern que allnglla urna atividade inata do homem, A llngua cornourna estrutura dispe de um sistema composto pelo n-vel fonolgico, gramatical e tambrn o nivel discursivo,A lngua como arividade social o meio pelo qual veicu-lames as inforrnaces, externamos nossos sen timen tose agin10s sobre Ocurro.

    O segundo pressuposto terico sobre a Inguamaterna o continuo escura > fala > leitura > escritura.Para entender esse pressuposto podernos utilizar cornoexcrnplo o fato de aprcndermos a andar. Antes dos pri-meiros passos precisamos passar por algumas etapascomo sustentar a cabeca, apoiar os bracos, levantar otronco e sentar. Em seguida comecar a engatin bar, a

    70

  • ficar ern p e depois d os primeiros passos,Com a lngua funciona da mesma forma. Prirneiro

    precisamos percebe-la para depois reproduzi-la. Quandoa crianca chega a escala j possui habilidades de escurare falar e depois adquire as habilidades de ler e escrever,

    O terceiro pressuposto trata-se do Ierramento ealfabetizaco, O conjunto de prticas relativas a capa-cidade de uso da lngua escrita de acord com as neces-sidades sociais do individuo. Diversas situaces do co-tidiano podem exernplificar o exerccio do letrarnentocomo pegar nibus, fazcr saque cm terminal eletrnico,comparar pre~os no supermercado, assinar contratos evotar. Ji a alfabctizaco trata-se do saber lcr e dccodifi-car signos lingusticos, ou seja, se ocupa da aquisico daescrita por um individuo.

    Ourro pressuposto diz respeito a diversidade eheterogeneidade que existe no Brasil. O campo dateoria nosso pas se apresenta corno rnonolingue, masna prtica observamos o aposta como a existencia dasvariaces lingusticas que podem ser regionais e geogr-ficas, assim como as variaces estilsticas onde usamosa linguagem de acordo com a situaco.

    Nesse contexto, qual o papel da escola? Ensinarqual variedade da lngua, padro ou a norma culta? E avariedade que o aluno traz de casa? E o surdo? Comodeve ser tratado nessas situaces? Como os pressupos-to aqui tratados se referern no caso da pessoa surda?Como se aplicarn ao aluno surdo? O professor que tra-balha com O surdo no en sino da Libras como lnguamaterna deve considerar os mesmos pressupostos es-rudados e pesquisados no mbito das lnguas faladas,

    Os surdos necessiram de ter contare com surdos

    71

  • adultos no perodo de aquisico do continuo escura(visualizaco) > fala (sinalizaco) > lcitura > escrita,para que esse continua seja respeitado. Infelizmente,nao h pesquisas suficientes capazes de explicar essefenmeno ern enancas surdas na fase escolar. Isso ain-da uro desafio, mas podemos suscitar algumas refle-xes a respeiro do aprimoramento das habilidades dofalante da Libras.

    3.3O ENSl 'o DO PORTUGUES CO~~O SEGUNDA LlNGUA

    Por rnuito ternpo a apropriaco da escrita pelosgurdos foi abordada no ponto de vista da reabilitacoda audico e da fala atravs de professores-terapeutasque acrediravarn que se reproduzissem o processo deaquisico da linguagem de ouvintes, atravs da terapia etreinamcnto da faja e leirura labial associada ao uso deprtescs e implante coclear, podcriam adquirir o conhe-cimento fonolgico da lingua o suficiente para o apren-rozado da escrita (FERN DES, 2008).

    A partir da dcada de 90, com as recentes pes-quisas sobre as teoras interacionistas de linguagem,inverteu-se o mtodo para o processo de leirura e escri-ta, partindo-se do todo (textos, frases e palavras) paraa parte (slabas, letras e fonemas). Mas cssa mudancafoi apenas aparente, pois envolve um conjunto de ha-bilidades de codificaco e decodificaco de letras, sons,slabas, palavras que nao garante o letramenro na lin-

    72

  • gua portuguesa, mas apenas Se resume ern treino e me-morizaco do cdigo da llngua, pois a mediaco desscprocesso se d pela oralidade, quando, na verdade, osurdo nao possui experiencia auditivas suficientes quelhes permirarn a rranscrico da fala.

    Dessa forma, as enancas surdas tornarn-se meroscopistas dentro da sala, sem condices de estabelecerurna relaco entre o que se fala e o que se escreve evice-versa, rnuito menos cornpreender as relaces arbi-trrias, estrutura e funciona mento da Jnt,Tuaportuguesa.

    Para Fernandes (2008), o ensino do portuguscomo lngua materna para os sordos, nao faz sentidoaLgum, mas o que tem se praticado nas cscolas, nosltimos anos. Por isso, os principios metodolgicosutilizados no ensino de segunda logtla para estrangei-ros vo se constituir na forma mais adequada para queos sujeitos surdos es tabelecam urna relaco visual enao auditiva, com a lngua ern questo, ou seja, apren-der a ler e escrever sern compromisso de conhecer osistema fonolgico.

    O aprendizado da lngua portuguesa deve fazersentido para o aluno surdo fazendo-o conhecer as pr-ticas sociais de Ieitura e escrita. E essas prricas de le-tramento devern ser mediadas pela sua lngua natural,a Libras. Por isso a importancia do professor envolvi-do nesse processo ser Auente na lngua do aluno paraque possa intermediar de forma clara e objetiva suasintences pedaggicas.

    Os textos sclccionados pelo professor de portuguscomo segunda lngua, devem refletir a realidade, urna inte-raco comunicativa real e nao apenas rccheado de normas eregias gramaticais sem relaco com as atividades cotidianas.

    73

  • Muitos sao os desafios que perrneiam o acesso alngua escrita pelo surdo, tornando-os estrangeiros ernseu prprio pas, onde sua lngua visual ainda des-conhecida e desprestigiada em detrimento da linguanacional. As reflexes proposras nessa unidade trn oobjetivo de criar novas possibilidades de negociacoutilizando a Libras no dilogo intercultural,

    3.4CONTANDO HISTRJAS PARA CRIANQ\SSURDAS COMO PRTJCA DE LETRAMENTO

    Ao Jongo da historia, contar histrias para crian-cas, tornou-se um hbito saudvel dentro do lar e dasescolas, onde elas podem desenvolver a imagina

  • urn lar ouvinte essa possibilidade rnuito limitada. Elater dificuldades com a leitura de urna lingua que nuncaOUV!U, no caso do Brasil, a lingua portuguesa. SegundoKarnopp (2004) seu esquema de recepco e emisso deinforrnaces se d atravs de urna lngua de modalidadeviso-gestual, a Lngua Brasileira de Sinais - LIBRAS,reconhecida como meio legal de cornunicaco da co-munidade surda pela Lei Federal 10.436/02 e regula-mentada pelo Decreto 5.626/05.

    A literatura infantil disponvel as criancas surdasesto escritas cm lngua portuguesa, que tern rnodalida-de oral-auditiva. Sorncnrc atravs da Lngua Brasileirade Sinais, de acordo com pesquisas realizadas por auto-res como Quadros (2004), Fernandes (2003)~ Bernadi-no (2000), entre curros, que a enanca surda ter acessoOS mesmos sentimentos, emoces e imaginaco pro-vocadas pelas historias infantis e se apropriar dos mes-mos beneficios na construco do seu desenvolvirnentocognitivo e afetivo.

    U1l1 produco significativa ern Libras o Pro-jeto da Editora Arara Azul: COLEC;AO Clssicos daLiteratura cm UBRAS/Portllgues em CD-R01'lf, dis-tribuidos gratuitamente para as escolas da rede pblica,ern parceria com o l\1EC. A editora pode ser acessadapelo site www.editora-arara-azuL.com.br.

    75

  • Sntese da undadelesta unidade, voc corneca a comparar as pr-

    ricas de lctramento utilizadas atualmcnte no processode ensino da Iingua portuguesa para surdos e as prti-cas proposras pela abordagem bilngue que considera alingua de sinais como primeira lngua do surdo e pontode partida para a aquisico da segunda Lngua. Quais osgrandes desafios enfrentados pelos profissionais quetrabalham COIn surdos ern desenvolver urn novo olhar,destituido das tradices oralistas, para o sujeito quepossui experiencias visuais que nao sao exploradas emsua potencialidade no processo de aquisico da escrita.

    Fique atento!

    Ixercoos Propostos

    A partir do exernplo abaixo, tente elencar na ta-bela abaixo a relaco entre os procedimentos adoradospelos professores que ilustrem a realidade da alfabeti-zaco dos surdos e as implicaces necessrias pata oaprendizado dos alunos surdos.

    Procedimen tos Irnplicaces para aadotados na alfabetizaco aprendizagem dos alunos surdos

    1. Explorar a orali- Nao existe o conheci-dade a partir dos conheci- mento prvio, a crianca deseo-mentes prvios da enanca: nhece completamente o cont-piadas, parlendas, trava-lin- do "folclrico' da oralidadc.. .guas, narratrvas, runas, etc.

    76

  • 2. O alfabeto intro-duzido relacionando-se le-tras a palavras do universoda crianca: comes, objetosda sala de aula, brinquedos,frutas, etc.

    Ex. A da abelha, B dabola) O do ovo ...

    3. As slabas iniciisou finais das palavras saodestacadas para a constitui-C;aoda consciencia fonol-gica e percepco que a pala-vra tern urna reorganizacointerna (letras e silabas).

    4. A leitura se proces-sa de forma linear e sint-tica (da parte para o todo).

    5. Ao pronunciar se-quncias silbicas a crian-ca busca a relaco entre asimagens acsticas internali-zadas e as unidades de sig-nificado (palavras).

    77

  • Gabarito

    Pro cedim en tos ado-rados na alfabetizaco

    Implicaces para a apren-dizagem dos alunos surdos

    1. Explorar a orali-dade a partir dos con heci-mentos prvios da enanca:piadas, parlendas, trava-ln-

    . .guas, narrativas, timas, etc

    o existe o conheci-mento previo, a crianca deseo-nhece completamente o conte-do folclrico" da oralidade,

    2. O alfabeto intro-duzido relacionando-se le-tras a palavras do universoda cria nca: nornes, objetosda ala de aula) brinquedos,frutas, etc.

    Ex. A da abelha, B dabola, O do ovo ...

    3. As slabas iniciisou finis das palavras saodestacadas para a constitui-c;ao da consciencia fonol-gica e percepco que a pala-vra tem urna reorganizacointerna (letras e slabas).

    78

    Impossibilidade de es-tabelecer relaces letra x som;a crianca desconhece o lxico(vocabulario) da lngua por-tubruesa, j que no ambien-te familiar sua comunicaco

    . .restringe-se a gestos natural sou caseiros (na ausencia dalingua de sinais).

    A percepco de slabasnao ocorre j que a palavra percebida por suas proprie-dacles visuais (ortogrficas) enao auditivas.

  • 4. A leitura se proces-sa de forma linear e sinttica(da parte para o todo).

    A leitura se processa deforma simultanea e analtica(do todo para o todo);

    5. Ao pronunciar se-quncias silbicas a criancabusca a relaco entre as ima-gens acsticas inrernalizadase as unidades de significado(palavras).

    A palavra vista comourna unidade compacta; na au-sncia de imagen s acsticas quelhcs confiram significado, aspalavras sao memorizadas me-canicamente, sem sentido.

    79

  • Referencias Bibliogrficas

    BRASIL. Lei n" 10.436, de 24 de abril de 2002.Dispe sobre a Lngua Brasileira de Sinais - Libras e dourras providencias. Disponvel em: http://www.por-ral.mec.gov.hr/ seesp. Acesso em: abr. 2009.

    ___ o Decreto n? 5.626, de 22 dezembro de2005. Regulamenta a Lei n". 10.436 de abril de 2002.. Acesso cm: jun.2009.

    FERl Al'\JDES, S. F. .Letramento na educacdo bi-lingue para sardos: caminhos para a prtica pedaggica.In: Iaria Clia Lima Femandes; Maria joo Marcalo;Guaraciaba Micheletti. (Org.). A lDbrua portuguesa DOmundo. Sao Paulo: FFLCH, 2008, v. J p. 1-30.

    PERElRA, C. C. P. Papel da lngua de sinais naaquisico da escrita por educandos surdos. In: Letra-mento e minoras (Org, LODI, A. C. B.) Porto Alegre:Mediaco, 2002.

    Sl

  • Referencias BibliogrficasComplementares

    1"OD 1,A.C.A leituraemsegundalingua.prticasdelingu4gensconstitutivasda(s)subjetividade(s)cleumgrupoclesurdos adultos. In: Cadernos Cedes: Educaco, Surdeze Incluso Social. Carnpinas, vol. 26) n. 69, p.113-280.ivfaio/ago. 2006. Disponvel ern .

    PEL'COTO,R.CA lgumasconsideracoessobreain ter-faceentreaLnguaBrasileiradeSinais(LIBRAS)eaLnguaPortuguesanaconstruca{)inicialclaesCJitapelacriancasurda.ln:Cadernos Cedes: Educaco, Surdez e Incluso Social.Campinas, vol. 26, n. 69, p.113-280. Maio/' ago. 2006.Disponvel em .

    LABORIT, E. A idade critica para aquisico dalinguagem.In:SurdezeLinguagem:Aspectoseimplicacoesneurolinguisuca: (Org.SAr TA A,A.P.).SaoPaulo:Ple-xus, 2007.

    GES,:tYr.C.R.Linguagem,surdezeeducacao. Cam-pinas, SP: Autores Associados, 1996. (Coleco educa-erao contempornea).

    GOLDFELD) Mrcia. 1\ crianca surda: LflbTUa-gcm e cognico numa perspectiva sociointcracionista,3. ed. Sao Paulo: Plexus, 2002.

    81

  • aqutscao doportugus comosegunda lngua

  • Caro (a) Aluno (a)Pense crn urna pcssoa que se sent estrangcira cm

    seu prprio pas) em sua prpria casa. Voce j passoupor urna situaco em que se sentiu corno um peixe forad'gua, sem entender nada do que se pass a em sua volta?J imaginou ter de aprender conredos e inforrnacesnuma lngua que vec nao enrende? Vamos discutir umpouco sobre isso nessa unidade,

    Bom estudo!

    Objetivos da undade

    Ao final desra unidade voc dever ter condices de: Perceber as diferencas entre a gramtica da Ln-

    gua Portuguesa e da Libras; Identificar a importancia da aprendizagem da

    llngua portuguesa como segunda lingua; Conhecer o Atendimento Educacional Espe-

    cializado assegurado na legislaco.

    Contedos da UndadeAcompanhe o assunto desta unidade.

    o Atendimento Educacional Especializado aoaluno com surdez;

    Sugestes de atividades no ensino de Inguaportuguesa como segunda Ingua;

    84

  • 4.1Oatendmento especializado

    ao aluno C0111 surdezA Constituico federal garante a todos o direiro

    a educaco e ao acesso a escola e garante a educacopara todos mesmo, em urn mesmo ambiente e essepode e deve ser o rnais diversificado possvel, comoforma de atingir o pleno descnvolvimcnto humano epreparo pata a cidadania (art. 205) CF).

    O Atcndimento Educacional Especializado) pre-visto na Poltica Nacional de Educaco Especial naPerspectiva da Educaco Inclusiva (2008) e no Decre-to 5.626/05 que regulamenta a Lei Federal da Libras10.436/02) necessariamente diferente do ensino es-colar e indicado para rnelhor suprir as necessidades eatender as especificidades dos alunos com deficiencia.Ele inclui, principalmente, instrumentos necessrios aeliminaco das barreiras que as pessoas com deficienciatm para rclacionarcm-se com o ambiente externo.

    A Consriruico admite que o Arendimento Edu-cacional Especializado seja tambm oferecido fora darede regular de ensino, em outros esrabelecimenros, sen-do um complemento e nao um substitutivo da escolari-zaco ministrada na rede regular para todos os alunos,

    Esse Atendimento constitu um ambiente escolarmais adequado para garantir o rclacionamcnto do alu-no com seus pares de rnesma idade cronolgica e paraa estimulaco de todo o tipo de interaco que possa be-neficiar seu desenvolvimenro cognitivo, motor, afetivo.

    85

  • Atendimento o Atendimento Edu-[!d . 1 cacional Especializado aosIJ ucaclona . ,. '. Alunos coro Surdez e a for-Especializado ma de garantir que sejam

    reconhecidas e atendidas asparticularidades de cada alu-

    rC'lJOl tal! s.Aano COJn deficiencia. A LnguaBrasileira de Sinais (Libras);................. ,....,..Interpretaco de Libras; En-sino de Lingua Portuguesa

    para Surdos, sao consideradas matrias do AtendimentoEducacional Especializado.

    Este trabalho visa viabilizar turmas nas salas derecursos e multifuncionais ende o profcssor de Atendi-mento Educacional Especializado trabalhe em parceriacom o professor ern saja de aula, para que o aprendizadodo portugus escrito e de Libras por esses alunos sejacontextualizado. Esses aprendizados devern acontecerem ambientes especficos para aluno S surdos, consti-tuindo urn Atendirnento Educacional Especializado,

    A incluso uro desafio que provoca rnudancasna escoja redefinindo novas alternativas pedaggicas,que favorecam a todos os alunos, o que implica na atu-alizaco e desenvolvimento de conceitos e em prticasescolares compatveis com esse grande desafio.

    O rrabalho pedaggico com os alunos com sur-dez nas escolas cornuns, deve ser desenvolvido em umambiente bilingue, ou seja, em um espas:o em que se uti-Lizea Lngua de Sinais e a LflbyuaPortuguesa. O Aten-dimento que vamos nos atcr nessa unidadc ser o deensino da lingua portuguesa como segunda llngua nasua modalidade escrita.

    86

  • 4.2O ensno da lngua Portuguesa

    o ensino da Lngua Portuguesa, de acord comorienraces do l\IlEC para o Atendimento EducacionalEspecializado, deve acontecer na sala de recursos rnulti-funcionis e em horrio diferente ao da sala comum. Oensino desenvolvido por uro professor, preferencial-mente, formado em Lngua Portuguesa e que conhecaos pressupostos linguscicos tericos que norteiam otrabalho, e que, sobretudo acredite nesta proposta es-tando disposto a realizar as mudancas para o ensino doportugus aos alunos com surdez (DA1ZIO, 2007).

    O que se pretende desenvolver a competenciagramatical ou lingustca, bem como textual, nas pessoascom surdez, para que sejarn capazes de gerar sequnciaslingtsncas bern formadas. esta perspectiva algunsprincipios devem ser respeitados (DAlviZIO, 2007).

    lust ra(ao 1- p,.ofes.~ora explora ndo r tul os e seus conceitos em Lingua. Portuguesa.

    87

  • Riqueza de rnateriais e recursos visuais (irnag-ticos) para possibilitar a abstraco dos significados deelementos mdicos da Lngua Portuguesa.

    Amplo acervo textual em Lngua Portuguesa, ca-paz de oferecer ao aluno a pluralidade dos discursos, paraque os mesmos possam ter oportunidade de interacocom os mais variados tipos de siruaco de enunciaco,

    Dinamismo e criatividade na elaboraco deexerccios, os quais devem ser trabalhados em contex-tos de usos diferentes.

    o ensino de Lngua Portuguesa, o professorprecisa explorar como sao atribuidos os significadosas palavras e como se d a organizaco delas nasfrases e textos de diferentes contextos, levando osalunos a percebe!' a estrutura da lingu.a atravs deatividades diversificadas, procurando construir umconhecirnenro j adquirido naturalmente pelos alu-nos ouvintes.

    ,\GRlCtTLTOR

    f'OI" E

    TRATOR

    l/uscraca() 2 - Figura para elaboradio do g/ossrio ilustrado

    88

  • o professor devetrabalhar os sentidosdas palavras de formacontextualizada, respei-tando e explorando aestrutura gramatical da

    InosespecficosdaLinguaPOYlugUe!a.Lngua Portuguesa.

    Para explorar a signi ficado das palavras corn osalunos, o professor deve estudar os termos especficosgue pretende trabalhar, realizando consultas prvias erntodas as fontes de pesquisas bibliogrficas possvcl comdicionrios ilustrados e livros tcnicos. S depois devcorganizar um glossrio ilustrado para que os alunospossam consultar durante as atividades.

    Os alunos devem compreender que a Lngua Por-tuguesa estrutura-se a partir da combinaco de vocbu-]0$ conectados corretamente formando frases, oraces,perodos at chegar no texto. r a medida ern que os alu-nos vo cornpreendendo essa estrutura tambm estaroampliando seu vocabulario.

    O aprendizado da Lngua Portuguesa pelo alW10surdo, exige gue o professor cooheca muito bern as me-todologias de ensino de segunda, bem como, as especi-ficidades desse aluno enguanto usuario de urna Lnguadernodalidade visual. Por isso, O uso de recursos visuais fundamental para a cornpreenso da Lngua Portuguesa naexploraco do contexto a ser estudado, O ensino deve serdirio para 1:,rarantirO seu aprendizado, ande o professordcver persistentemcrue provocar o alW10 a enfrentar osdcsafios propostos. As constantes avaliaces do ptocessode aprendizagem da I1ngua Portuguesa devem assegurar aredefinico do planejamento quando se fuer necessrio,

    89

  • Vejam a se!:,rurum exernplo de atividade quefoi descnvolvida cm urna sala multifuncional duranteo arendimento educacional especializado de ensino deLngua Portuguesa como segunda lngua de urna escolamunicipal da cidade de Campo Grande - ILS.

    1. Passo - Os alunos assistem uro vdeo sobreo papel onde o professor, fluente ern Libras, inter-preta as cenas.

    2. Passo - O professor investiga em J .ibras o nivelde cornpreenso e o conhecimento prvio dos alunos doassunto abordado, realizando perguntas sobre o tema.

    3. Passo - Os alu nos rccebcm urna lista de ter-mos encontrados no vdeo para consultarem o dicio-nrio ilustrado e registram seu significado, elaborandoum glossrio ilustrado.

    4. Passo - A partir de urn texto sobre o assunto,os alunos tentarn identificar as palavras estudadas, suaclassificaco gramatical e seu contexto.

    5. Passo - Os alunos devern relacionar frases docontexto do assunto com a figura que a ilustra.

    6. Passo - Realizaco da interpretaco do textopelos alunos, a partir de rudo o que fo discutido sobreo tema abordado. prirneiro em Libras e depois seu re-gistro em Lngua Portuguesa.

    7. Passo - Depois de esgoradas todas as for-mas de exploraco do texto, o aluno convidado aescrever urn texto sobre o assunto, respeitando suasparticularidade linguistica.

    8. Passo - O profcssor devc tracar um paraleloentre o texto escrito pelo aluno e sua forma cerretano portugus identificando os elementos conectivosnecessrios nas frases.

    90

  • 9. Passo - O aluno passa o texto a limpo,10. Passo - Os alunos trocam seus textos entre

    si para que um rente corrigir o texto do outro, Poste-riorrnente, o professor faz as intervences necessrias.

    Texto 1 - De ande ven} o papel?

    O papel veio da rnadeira do eucalipto, que foi cor-tada.dc pois descascada.picada.prensada, enrolada, cortada,empacotada, comercializada e consumida na escoja, notrabalho, cm casa, na rua e em todos os lugares.

    1. Encontr os verbos presentes no texto que serelacionam com as figuras abaixo:

    91

  • 92

    Texto 2 - AHistria do Papel

    A historia do papel comecou h muito tempo.Antes de invenrarem o papel, o homem usoU diversasformas para escrever e desenhar.

    Os homens primitivos usavarn as paredes das ca-vernas. Multo tempo depois, na india foram usadas asfolhas de Palmeiras, J os Astecas anotavarn seus livrosde matemtica e astronornia nas cascas de rvores, Osegipcios inventaram o papiro que era rnuito parecidocom o papel, mas bem frgil. Os chineses foram os pri-meiros a fabricarern o papel que ns conhecernos. Ejeera feto de tibras de bamb. Mas em 1690 os america-nos fizcram a primeira fbrica de papel.

    E hoje o mundo nao vive sem o papel. O que se-ria da hurnanidade sem os livros, as revistas, o dinheiroe o papel higinico?

    2. Procure no texto as frases que combinam cornas figuras abaixo:

    1.Os hornens primitivos

    () usavam as paredes dascavernas.

    2.

    ( ) a nclia foram usadasas folhas de Palmeiras,

  • 4.

    ( )

    ( )

    Os Astecas anotavamseus livros de mate-mtica e astronomianas cascas de rvores

    Os egipcios inventa-raro o papiro que eramulto parecido com opapel, mas bem frgil.

    Os chineses foram os() prim eiros a fabrica-

    rern () papel de fibrasde barnbu,

    ( )Os americanos

    fizeram a primeirafbrica de papel.

    93

  • 3. Escolha runa das figuras abaixo e escreva um texto:

    Outras formas de se rrabalhar textos que ilus-trern as prticas sociais sao preenchirnentos de for-mulrios, carto profissional e de visita, bilhete, carta,carto de aniversrio, carto-postal, convite e receitas.Os textos narrativos podcm ser trabalhados atravsdas fbulas, crnicas, histrias em quadrinhos entreoutros, O contexto deve seropre fazer sentido para arealidade prtica e cotidiana do aluno.

    94

  • Sntese da unidad eAgora vec j coohcce que o ensino de lingua

    portuguesa para surdos s ser possvel na rnodalidadede segunda lngua e que no sistema de ensino arual, queprev a incluso, o ambiente propcio pata isso noatendimento educacional especializado!

    Exercktos PropostosComo exerccio de observaco, procure saber

    na sua cidade:1. Se nas escalas onde esro incluidos os surdos,

    existe o atendimento educacional especializado (AEE)no contra turno.

    2. Se nessc arcndimcnto existe o professor deportugus como segunda lngua.

    3. Realize urna entrevista com esse professor,pcssoalmente, por carta, c-rnail, msn e procure saberquais as estratgias que ele utiliza nesse ensino .

    4. Se voc nao encontrar nenhuma escola que ofe-reca esse atendirnento, procure saber como o aluno sur-do atendido ern sala considerando as dificuldades ernaprender o portugus como lngua materna dos ouvinres,

    5. Pesquise sobre as polticas pblicas de seu esta-do ou municipio e aponte as garantas que prevm parao ensino de portugus como segunda llngua e o ensinode Jngua de sinais como prirneira.

    Bom trabalho!

    GabaritoQuestes de 1 a 5 - Resposta pessoal do aluno.

    95

  • Referencias Bibliogrficas

    DAivIZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Atend-mento Educacional Especializado: Pessoa com Surdez,In: PROGRAl\IIA EDUCA

  • s estudoslingusti cos

    e a lnguade sinais

  • Caro (a) Aluno (a)

    Voce sabia que nosso crebro dividido em doishemisfrios: esquerdo e direito? Ser que o hemisfrioonde acontece a Jinguagem o mesmo em surdos e 01.1-vintes? Vec j parou pra pensar sobre isso alguma vez?

    Vamos descobrir!

    Objetivos da Unidade

    Ao final desea unidade, voc dever ter condices de: Situar os escudos das linguas de sinais no campo

    dos escudos linguisticos; Discutir sobre os estudos das lnguas de sinais

    relacionados com a linguagem e o crebro, Analisar as propriedades das ln!:,TUashumanas e

    sua relaco com as lnguas de sinais,

    Contedos da Undade

    Organizaco cerebral no uso da linguagen1; Propriedades das Inguas humanas; O componente gestual das lnguas de sinais,

    100

  • 5.1Organlzacac cerebral no LISO

    da lngua de snasSegundo BELLUGI et. Al. (1989)~esrudos sobre

    a organiza

  • direito Forarn utiliza-dos para determinarse apresentam difi-culdades devido a Ulnproblema lingustcoou ao contraje dosrnovimentos,

    Os resultados rnostraram que o hernisfrio direi-to nao responsvel pelo lngua de sinais, pois os sur-dos com essa leso nao apresentaram di ficuldades nouso da linguagem e sim no proccssamcnto de relacesespaciis no-lingusticas.

    Por cutre lado, pacientes surdos com lcso nohemisferio esquerdo dernonsrrararn afasia nao utilizan-do os sinais adequados, nao usando fiexes gramaticaisnem urna ordern sinrtica coerente

    Dessa forma, esses resultados rnostrarn que o be-rnisfrio esquerdo responsvel pelo uso da Iingua desinais assim com pelas Joguas faladas e que a rnodali-dade da lngua indiferente na produco da linguagem.Essas pesquisas influenciaram de modo decisivo o re-conhecimento da lngua de sinais como Hngua naturaldos surdos.

    possvel dizer que h semelhanca na repre-senraco da lingllagem e na especializaco hemisfricaentre pessoas surdas e ouvintes, pois os estudos reali-zados mostrarn que o hernisfrio esquerdo o princi-pal responsvel pelas funces da lingllagem dos sereshumanos, scjarn eles surdos ou ouvintcs, Os estudos re-alizados com surdos lesionados cerebrais demonstramque a lngua de sinais apresenta urna organizaco ncural

    102

  • sernelhante a lngua oral) QU seja, a llngua de sinais tambm urna lingua natural.

    Podemos analisar a figura do crebro e cada urnade suas regio es corn a informaco sobre os aspectos dalngua de sinais e de seu processamento que acessam arespectiva regio cerebral (movimenros, expresses fa-dais, sinais que identificam Iocalizaces espaciis, corn-preenso, produco). Acornpanhc a ilustraco a seguir.

    103

  • 5.2PROPRIEDf\DES DA LNGUA DE SINAIS

    Veja como as propriedades das linguas naturais seapresentam na lingua de sinais como,

    Propriedades das Jinguas humanas nas lnguasde sinais:

    Flexibilidade e versatilidadeAs lnguas apresentam vrias possibilidadcs de

    uso cm diferentes contextos. As lnguas de sinais saousadas para pensar, sao usadas para dcsempcnhar di-ferentes funces. Voc pode argumentar em sinais,pode fazer poesa em sinais, pode simplesmente in-formar, pode persuadir, pode dar ordens, fazer per-guntas em sinais.

    ArbtrariedadeA palavra (sj&'!lO lingustico) arbitraria porgue

    sempre urna convenco reconhecida pelos falantes deurna lngua. As linguas de sinais aprescntatn palavras emque nao h relaco direta entre a forma e o sigui ficado,

    DescontiJJllidadeDiferencas mnimas entre as palavras e os seus

    significados sao descontinuados por rneio da distribui-

  • urna pequena rnudanca no rnovimento, mesrno assirnnunca sao confundidos ao screm produzidos em umenunciado. Tais sinais apresentam urna distribuico se-mntica que nao permite a confuso entre os significa-dos apresentados dentro de um determinado contexto.

    Criatividade/produtividadeVoce pode dizer o que quiser e de muitas formas

    urna determinada inforrnaco seguindo um conjuntofinito de regras.

    A partir desse conjunto, voc pode produzirurna scntcnca infinita nas Jinguas humanas. As ln-guas de sinais sao produtivas assim como quaisqueroutras lnguas.

    Dupla ortjculo(.aoAs lnguas humanas apresentam duas articula-

    ces: a prirneira das unidades menores sern significa-do e a segunda, das unidades que combinadas formamunidades com significado. As lnguas de sinais tambmapresentam o nivel da forma e o nivel do significado.Por cxemplo, as configuraces por si s nao apresentarnsigni ficado, mas ao serern combinadas formam sinaisque significara alguma coisa.

    PadrttoAs lnguas tero um conjunto de regras compart-

    lhadas por um grupo de pessoas.As linguas de sinais sao altamente restringidas

    por regras. Voce nao pode produzir os sinais de qual-quer jeito ao usar a lingua de sinais brasileira, por exern-plo, Voce deve observar suas regras.

    lOS

  • Dependncia estrutura!H urna relaco estrutural entre os elementos

    da lngua, ou scja, eles nao podem ser combinadosde forma aleatoria, Tambm observada urna depen-dencia estrurural entre os termos produzidos nas In-guas de sinais.

    Com base nas reas da linguistica podemos fazer acorrespondencia das mesmas com a lngua de sinais brssi-leira, Por exemplo

    Fontica e fonologa: cstudam as unidades m-rumas da lngua que nao aprescntam significado isola-darnenre. Exernplos: C~l,Locaco, Movimento, Orien-ras:ao da Mo, Expresses no-rnanuais,

    Morfologa: estuda a estrutura interna das pa-lavras (ou sinais) e as menores unidades com sjbrnjfica-do na Lngua, os morfemas. la lngua de sinais, pode-mos esrudar aspectos especficos que sao interessantes,COlnO a incorporaco de nmero, os emprstimos lin-gusticos oriundos do portugus, entre outros,

    Sintaxe: estuda a cstrutura da frase, a cornbi-naco dos elementos significativos na frase. Na lnguade sinais, tm-se esrudado a estrutura da lngua, as or-denaces possveis dos elementos da sentenca (sujeito,verbo e objeto), as expresses no-rnanuais gramaticais,o uso do espa

  • Pragmtica: estuda a Lngua em uso, em cliferen-tes con