Jornal Marco Zero 4

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MARCO ZERO Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano I • Número 4 • Curitiba, junho de 2010 Página 5 Ah! Essas calçadas... A arte ganha as ruas de Curitiba Há seis anos vivendo no Brasil, jovens músicos angolanos com deficiência visual acostumaram-se ao país e fizeram muitos amigos Página 10 Uma história de superação Estêncil, grafite (foto), sticker e cartaz lambe-lambe são manifestações artísticas presentes nas ruas da cidade Página 6 Paulo Veiga Ronaldo Freitas

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Marco Zero 4

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Curitiba, junho de 2010 MARCO ZERO

MARCO ZEROJornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano I • Número 4 • Curitiba, junho de 2010

Página 5

Ah! Essas calçadas...

A arte ganha as ruas de Curitiba

Há seis anos vivendo no Brasil, jovens músicos angolanos com deficiência visual acostumaram-se ao país e fizeram muitos amigos

Página 10

Uma história de superaçãoEstêncil, grafite

(foto), sticker e cartaz lambe-lambe são manifestações

artísticas presentes nas ruas da cidade

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EDITORIAL

Ao leitorApós caminhar pelo centro de Cu-

ritiba, nada como parar um instante para observar a paisagem, ainda mais com a proximidade do inverno: algumas árvores já perderam todas as folhas, há dias em que o céu fica nublado, sem sinais de que o clima vá mudar, e alguns curitibanos estão agasalhados, tremendo de frio, à procura de uma barraca de quentão ou de um cantinho onde o vento não chegue.

Mais do que procurar um lugar quente, devemos prestar atenção aos camin-hos que tomamos, pois podemos tropeçar em algum desnível da calçada e nem perce-ber os desenhos no chão, como os tradicio-nais pinhões. As calçadas de Curitiba são o tema da matéria de capa desta edição do jornal Marco Zero, em uma reportagem que trata tanto dos aspectos culturais das calçadas como dos problemas enfrentados por quem caminha no centro.

Um dos lugares no qual podemos esquecer o frio é a Sociedade Garibaldi, importante patrimônio de Curitiba, cuja história é contada nesta edição. Mas quem quiser curtir o clima gelado da estação e caminhar pelo centro vai perceber que é tempo de Copa do Mundo, com as ruas e monumentos enfeitados de verde-amarelo. E, se observar com um olhar ainda mais atento, verá que a arte está em todos os es-paços urbanos. Esses são alguns dos temas que o leitor encontra nesta edição.

Boa leitura!

Expediente

RESENHA

O jornal Marco Zero é uma publi-cação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade Inter-nacional de Curitiba (Facinter)

Coordenador do Curso deComunicação Social:• Gustavo Lopes

Professores Responsáveis:• Roberto Nicolato• Tomás Barreiros

Diagramação:• André Halmata (5º período)

Facinter: Rua do Rosário,147CEP 80010-110 - Curitiba-PRE-mail: [email protected]: (41) 2102-7953 (41) 2102-7954

O trânsito de Curitiba é horroroso, com motoristas mal educados, que não respeit-am as leis e quase passam por cima uns dos outros. As autoridades deveriam fazer campanhas educativas para melhorar o trânsito.

Salomão de Oliveira, 54, segurança

Muito congestionado. Até mesmo para quem anda de moto, é difícil sair do cen-tro diretamente para os bairros. Acho que devera haver pistas separadas para os motoqueiros.

Luciane de Oliveira, 35, assistente ad-ministrativa

Ando de moto e costumo fazer em 30 minu-tos um trajeto que poderia ser feito em 15.

Ricardo de Souza,19, estudante de Ad-ministração

Precisa de manutenção regular nas vias e maiores investimentos com campanhas educacionais, como já houve no passado.

Liane Cristina Barcellos, 23, estudante de Enfermagem

Tumultuado, desorganizado e caótico. Falta colaboração e educação entre os motoristas. Uma solução seria o rodízio de carros e a implementação de metrô.

Paulo Marcelo, 22, assistente comercial

O trânsito é muito ruim e congestionado. Uma solução para isso seria a retirada dos estacionamentos das ruas. Espero que até a Copa de 2014 seja melhorado.

Bruno Dias, 20, estudante

Muitas ruas na cidade não têm movimento, mas tem somente um sentindo. Se essas vias fossem abertas para os dois sentidos, iria desafogar um pouco o trânsito, deixan-do-o fluir mais facilmente.

Regiane Silva, 23, assessora de imprensa

O que você acha do trânsito na área central de Curitiba?

Larissa Glass

Para quem quer entender os sistemas eleitorais, não só do Brasil, mas também de outros países, de ma-neira muito prática e concisa, uma boa leitura é o livro Sistemas Eleitorais. O autor, Jairo Marconi Nicolau, esclarece diversas dúvidas sobre o tema, pren-dendo a atenção do leitor até o fim. Nicolau explica que sistema eleitoral é “o conjunto de regras que define como, em uma eleição, o eleitor pode fazer suas escolhas e como os votos são contabilizados para serem transformados em man-datos (cadeiras no Legislativo ou chefia do Executivo)”. O autor explica a diferença entre as alianças feitas pelos partidos políticos nos lugares onde há segundo turno e onde ele não existe, além de deixar muito bem explicada a diferen-ça entre a representação majoritária e a representação proporcional e tra-tar do voto alternativo, dos sistemas eleitorais mistos e do voto em dois turnos e quando passou a valer esse sistema no Brasil. Nicolau diz que as eleições no Brasil nem sempre foram como estamos acostumados a ver. Houve tempos em que os presidentes se beneficiavam pelo sistema de maio-ria simples, forma de votação em que ganhava o candidato que obtivesse o maior número de votos, independent-emente de ter aprovação de mais de 50% do eleitorado. Assim, os presidentes Getúlio Vargas, que obteve 49% dos votos, Juscelino Kubitschek (36%) e Jânio Quadros (48%) não teriam sido eleitos e precisariam disputar o segundo tur-no. Porém, a regra mudou quando a constituição de 1988 passou a vigorar. A Constituição determina que os can-didatos a presidente, governador e prefeitos de cidades com mais de 200 mil eleitores devem obter 50% mais um dos votos válidos para serem eleitos no primeiro turno. Não fosse esse o caso, o cargo seria disputado em dois turnos. So-mente nas cidades com um número inferior a 200 mil eleitores é que o can-

didato vence a eleição pelo sistema de maioria simples. Um bom exemplo para aná-lise quando o assunto é eleição presi-dencial são os Estados Unidos. Os eleitores americanos escolhem seu representante por “intermédio de um colégio eleitoral, e não diretamente como outros países”. É possível encontrar na obra comparações do sistema eleitoral brasileiro com os de vários outros países, como, por exemplo, Estados Unidos, Reino Unido, França, Austrália, Alemanha e muitos outros. Um dos ex-emplos citados é a Espanha, onde os eleitores votam apenas nos partidos e não nos políticos. Os gráficos utilizados pelo au-tor ao longo de todo o livro ajudam muito na compreensão do assunto, que, sem dúvidas, é um tema que muitas pessoas têm dificuldade para entender. Para o professor e pesqui-sador do Instituto Universitário de pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Gláucio Ary Dillon Soares, “depois da publicação desse livro, ficou muito mais fácil ensinar Ciências Políticas”. O autor Jairo Marconi Nicolau é doutor em Ciência Política e pós-doutor pelo Centre for Brazilian Studies da Univer-sity of Oxford.

Livro: Sistemas EleitoraisEdição: 5ª EdiçãoAutor: Jairo Marconi NicolauEditora: FGV

Adriano Gomes

Como entender as eleições no Brasil e no mundo

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PERFIL

Izis Cristine

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Do Paraná para o mundoMúsico extraordinário, Waltel Branco tocou com Nat King Cole e fez trilhas de filmes e novelas famosas

Waltel Branco, maestro, compositor e arranjador brasileiro, grande regente e violonista, é um senhor de cabelos brancos, que fala de maneira calma e contagiante. Mestre Waltel, como o chamam, nasceu em Paranaguá (PR) e hoje está com 81 anos. Filho de militar e também maestro, começou a estu-dar música aos sete anos, em Cam-po Grande (MS), quando a família foi transferida para aquela cidade, e sempre recebeu o incentivo do pai, Ismael Helmuth Scholtz Branco, saxofonista e clarinetista. Depois, passou a ter aulas de regência com dois outros maestros históricos, Al-ceu Bocchino e Mário Tavares. Suas viagens pelo exterior começaram cedo. Aos 20 anos, foi para Illinois, EUA, ter aulas com o guitarrista Sal Salvador, que tocava com Nat King Cole. Dava aulas de violão clássico, o seu forte, para sus-tentar o aprendizado de jazz. Tocou em um trio com Nat King Cole, além de ter produzido o disco de seu irmão Fred Cole e, mais tarde, o de Natalie Cole, filha de Nat. Seu trabalho em estúdios foi marcado basicamente por tri-lhas sonoras. Waltel tornou-se o arranjador de uma das mais famosas trilhas sonoras da história do cinema, no filme “A Pantera Cor de Rosa”. Com sua vol-ta ao Rio de Janeiro, Waltel pegou o início da bossa nova, que contribui para evidenciar a im-portância dele como profissional de talento. Fez todos os arranjos de “Chega de Saudades”, de João Gil-berto. Depois, gravou dois discos solos, “Guitarra em Chamas 1 e 2”, tendo como acompanhante o violão de Baden Powell. O músico viajou para vários lugares no mundo, sempre indo atrás da música com uma fa-cilidade que nem ele mesmo sabe explicar. “As coisas iam aconte-

cendo naturalmente. Acredito no poder da atração, nunca passei necessidade e faço e sempre fiz o que eu gosto”. Conheceu Roberto Marinho, em 1963, nos EUA. Re-cebeu o convite do jornalista para se tornar crítico musical do jornal

“O Globo”. Wal-tel foi contratado e passou a compor e dirigir trilhas sono-ras. A Globo foi o único lugar que con-seguiu segurar Wal-tel por mais tempo:

ficou até 1991. Fez trilhas para “O Bem Amado”, “Roque Santeiro” e “Morte e Vida Severina”. Waltel Branco continua a compor e ainda toca com outros músicos. Faz apresentações e dá aulas de música. Ele encanta com sua voz calma e seu entusiasmo e disposição de uma criança. E suas viagens não param. Em entrevis-ta ao jornal Marco Zero, ele fala sobre seus projetos e sua vida, inteiramente dedicada à busca da perfeição.

Você acha que antigamente as coisas eram mais fáceis ? Eu tinha passe livre em to-dos os lugares e, com certeza, foi a música que abriu as portas. Eu nasci para isso, eu tenho que via-jar e assim me sinto vivo. As coisas acontecem de maneira natural, é a lei da atração.Eu tinha amizades que também me chamavam para esses lugares.

O que você fazia nesses lugares? As pessoas me chamavam para participar de um projeto, e eu ia sem nem saber direito o que era. E sempre me dei muito bem, pois nunca passei necessidade.

Quando decidiu voltar para Cu-ritiba ? Voltei em 1993. Então com-ecei a dar aula na Oficina de Música e no Conservatório de Música Popu-lar Brasileira, onde fui consultor .

O senhor já recebeu várias hom-enagens. Pode falar de alguma delas ?

[Risos] Tenho tantas que quando eu vejo já aconteceu. Ten-ho de Cidadão Honorário de Cu-ritiba e de Ponta Grossa; uma con-decoração do Estado do Paraná, a Ordem Estadual do Pinheiro, e recebi uma homenagem em 2008 da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Existe até uma rua em Curitiba com meu nome.

Você está gravando um novo CD? Já tenho seis CDs gravados, mas que outras pessoas produziram. Nunca me sobrou tempo, pois eu sempre estava envolvido fazendo músicas. Dessa vez, quero gravar minhas músicas, só no violão. Na verdade, nem sei quantas músicas já fiz. Perdi muitas por não ter cata-logado. Estou gravando esse cd em um estúdio com laçamento para esse mês de junho.

Quando escreveu seu livro sobre partituras para violão ? São obras para violão que foram lançadas em 2008.

“Eu nunca planejo nada, a pior coisa pra mim

é planejar. Tudo que é bom vem para você. É só acreditar e ter

pensamentos positivos”

O músico Waltel Branco dando uma palinha em sua casa durante a entrevista.

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TRILHAS DO TEMPO

Há 126 anos, o Palácio Garibaldi, que é tom-bado pelo Patrimônio Histórico do Paraná, vem esta-belecendo um grande intercâmbio entre Brasil e Itália. A Associação Giuseppe Garibaldi, fundada em 1883, nasceu da idéia de congregar os imigrantes italianos em Curitiba, com o mesmo ideal que levou Giuseppe Garibaldi a lutar na revolução Farroupilha (1839) e pela unificação da Itália.

Os imigrantes ainda saudosos da Itália preten-diam homenagear Giuseppe Garibaldi erigindo um monumento ao chamado “herói dos dois mundos”, porém, isso foi impossível, porque o Brasil vivia na monarquia de D. Pedro II, ligado a famílias imperiais da Europa contra as quais Garibaldi lutara. Surgiu então a idéia de organizar uma sociedade que perpetuasse o nome do líder e atendesse a algumas necessidades dos colonos radicados em Curitiba.

Em 2 de junho de 1883, foi constituída a Societá Giuseppe Garibaldi di Beneficenza fra gli Italiani dimoranti nel Paraná. Sua legalização demorou ainda um mês, sendo instalada a primeiro de julho de 1883, data considerada oficialmente como de sua fundação. Na prática, a So-ciedade permitia compartilhar interesses e necessidades entre os italianos em Curitiba. A sede da Sociedade Garibaldi, na Praça Garibaldi, em Curitiba, foi projetada por Ernesto Guaita, engenheiro e agente consular da Itália.

A construção do Palácio, iniciada em 1887, foi concluída em 1904. A fachada em estilo neoclássico, obra do arquiteto João Mio, só ficou pronta em 1932.

O prédio sediou o movimento operário para-naense e, em 1906, o I Congresso Estadual que gerou a Federação Operária no Paraná. Durante a Segunda Guerra Mundial, o palácio foi desapropriado pelo go-verno e teve uso como Palácio da Justiça e sede do Tri-bunal Regional Eleitoral. Foi devolvido à Sociedade em 1962 e em 1988 foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná.

Hoje, o Palácio é um local tradicional e luxuoso, localizado próximo ao Largo da Ordem, em Curitiba. É utilizado para a realização de eventos, como aniversários, casamentos e formaturas, que buscam requinte e quali-dade, somados à tradicional arquitetura e seus ricos de-talhes internos, com móveis clássicos, lustres de cristal e espelhos exuberantes em molduras com bisotê.

O Palácio da Associação Giuseppe Garibaldi fica na Praça Garibaldi, 12 (em frente ao Relógio das Flores).

Palácio Garibaldi é ícone no estadoOsvaldo Soares

Vale a pena morar no centro?

Por um lado, a facilidade de acesso a todos os serviços, a economia de gasolina e o transporte público. Por outro, violência, bar-ulho e trânsito caótico. Vale a pena morar no centro da cidade? Segundo o cabeleireiro Ulisses Gomes, de 59 anos, vale a pena enfrentar todos os tipos de revezes para economizar no transporte e ter conforto e acessibilidade aos serviços existentes no centro de Curitiba. Gomes, que possui um co-mércio na região há quatro anos, revela algumas vantagens de morar na área central. “Tenho tudo à disposição, economizo com gasolina e evito o stress devido ao transporte público. Na verdade, economizo com tempo e dinheiro”. A estudante de publicidade Letícia Glass, de 19 anos, também aprecia a facilidade de acesso aos serviços da região. “No centro, é tudo mais perto e tudo mais prático. Saí do bairro e passei a dividir o apartamento com uma amiga para facili-tar o acesso à faculdade e diminuir os gastos com transporte”, conta. Mas nem tudo são flores na vida de quem mora no centro da cidade. O ator e estu-dante de jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Alessandro Ferreira dos Santos, de 28 anos, conta que já é comum assistir a cenas de violência nas redondezas da praça Za-carias, onde mora. Santos, que veio de São Paulo há três anos e mora no centro de Curitiba desde o início de 2010, afirma que, além de ser palco de assaltos e brigas de torcidas, o centro é muito barulhento, o que atrapalha o sono dos moradores da região. “A diferença entre morar em bairros e aqui é que no centro você tem mais facilidades para encon-trar serviços 24 horas, supermercados, bares, restaurantes, mas também existem muitas coisas que atrapalham, como a violência e o barulho”, comenta o estudante. Santos, por outro lado, cita outro ponto positivo: o comércio do centro de Curitiba fecha mais tarde, por volta de 20h, difere ntemente dos estabelecimentos de bairros, que encerram suas atividades em torno das 18h. A violência dos bairros de Curitiba se repete no centro da cidade. Ulisses Gomes conta que há algum tempo, quando possuía um programa de rádio no domingo pela manhã, saía de casa logo ao amanhecer. Segundo ele, foram

raras as vezes em que não viu gangues em con-fronto ou grupos de jovens atacando pessoas ou outros grupos. “À noite, não é possível sair aqui no centro. Há muitas zonas de tráfico, muitas brigas e assaltos. Nunca fui vítima, mas já vi um grande número de assaltos e violência. Presen-ciei até tiro na cabeça, jovens se espancando e gangues de rua. Recordo que interferi em al-gumas situações. É muito triste ver um grupo de várias pessoas chutando um jovem, sem condições de defesa”, conta. No balanço de vantagens e desvanta-gens para quem vive no centro da cidade, uma questão parece variar de pessoa para pessoa: o custo de vida. Enquanto as contas de água e luz aparentemente são mais baratas, o aluguel pode ser significativamente maior. Para o cabeleireiro, o custo de vida se tornou mais barato quanto se mudou para centro. Gomes, que morou 30 anos no bairro Capão da Imbuia, diz que sua conta de luz diminuiu de forma satisfatória quando passou a residir na região central. “Para mim, o custo para morar no centro é mais baixo. Até a conta de luz foi reduzida. No bairro, pagava de 180 a 200 reais. Aqui, pago em média 25 reais. Em contraposição a Gomes, Letícia conta que o aluguel pago por ela e amigos seus não é menor do que 700 reais.

Moradores relatam vantagens e desvantagens de morar na região central de Curitiba

Gabriel Sestrem

O cabeleireiro Ulisses Gomes: economia de tempo e dinheiro

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SERVIÇO:Telefones: (41) 3323-3530 • 3223-6619www.associaçãogiuseppegaribaldi.com.br

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Calçadas nada femininasQuem anda de salto alto nas ruas de Curitiba arrisca-se a sofrer acidentes Paulo Veiga

Quem nunca caiu ou viu alguém tropeçar nas calçadas de Curitiba? Não é difícil responder. É só andar pela cidade e ver como elas são precárias. Na rua XV de Novembro, no centro da capital para-naense, é muito comum ver as mulheres presas, com seus saltos, nos pisos irregulares. Elas são as princi-pais vítimas.

Moradora de Curitiba há nove anos, a comer-ciante Loidir Baum, de 28 anos, desabafa sobre a rotina de andar a pé na cidade. “Estou cansada de trocar os taquinhos das minhas botas. Os sapateiros devem lucrar e muito com a manutenção de sapa-tos femininos”, comenta a gaúcha. Tropeçar e cair não é nada confortável. Quando isso acontece, com certeza as pessoas sentem vergonha e, além disso, o perigo de se machucar é um fator que se deve levar em conta.

Segundo a Prefeitura de Curitiba, existe um projeto, chamado “Caminhos da Cidade”, que tem como objetivo melhorar as calçadas, além de garan-tir as necessidades dos deficientes físicos. Na região central da capital, o material mais usado nas calça-das é o tradicional petit-pavé. Nas calçadas da Rua Marechal Deodoro existe um novo modelo de piso, o paver, considerado mais seguro e mais durável. Bem aceito pelos curitibanos, o resultado está sendo positivo, conforme revela a arquiteta Ariel Stelle, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Cu-ritiba (Ippuc)

Conforme informações do site da Secretaria Municipal de Urbanismo, a Prefeitura decidiu en-frentar o problema das calçadas por acreditar que se trata de uma questão de interesse público. Com medidas a curto, médio e longo prazo, o importante é garantir o conforto e segurança da população.

O aposentado Danilo Valde, de 63 anos, pre-fere andar de carro na cidade. “Algumas pessoas até me chamam de antipático, mas não é culpa minha. Se eu não andar olhando para baixo, posso cair e me machucar. Não consigo desviar das pedras, dos buracos e ao mesmo tempo cumprimentar as pes-soas quando caminho”, reclama. Entre os idosos, existem muitas queixas sobre os pisos irregulares, que dificultam as caminhadas.

A Prefeitura, no entanto, informa que o res-ponsável pela construção e manutenção das calça-das, quando a rua é pavimentada, é o proprietário do terreno. Além de as pessoas precisarem cuidar da própria segurança – pois sofrer com um assalto não é novidade hoje em dia –, outra preocupação é não sofrer com uma entorse. Quando chove, o peri-go é dobrado. O chão torna-se liso como sabão. As calçadas ficam escorregadias, com inúmeras poças de água.

O que é mais importante: manter o tradicio-nalismo cultural na cidade (argumento dos que de-fendem as calçadas irregulares de petit-pavé) e aceitar a situação, aprendendo uma nova modalidade es-portiva, o “pula buraco”, desenvolvendo habilidades em desviar desses obstáculos a cada metro, ou haver calçadas transitáveis?

Segundo o jornalista José Carlos Fernandes, “existe o apego por parte das pessoas na preser-vação das tradicionais calçadas de Curitiba, pois se trata de algo histórico. Em compensação, ter uma calçada eficiente contribui para que as pessoas an-dem mais, e isso ajuda até o comércio”. Fernandes explica que a estrutura para os meios de locomoção

nas grandes capitais foi pensada mais para os carros do que para aqueles que andam a pé.

A arquiteta e escritora Lúcia Torres de Mo-raes Vasconcelos, em seu livro Calçadas de Curitiba, defende o petit-pavé, ou mosaico português, como patrimônio cultural de Curitiba. Ela explica que o material é um referencial da cidade e não pode cor-rer riscos de desaparecer devido à falta de esclareci-mento da população em relação ao seu valor. Segun-do a arquiteta, o petit-pavé, “pedrinhas” que formam desenhos em forma de pinhões e pinheiros, estão li-gados à história do Paraná. Algumas dessas calçadas não existem mais, e a preservação delas é extrema-mente importante para cidade.

Não é de hoje que as calçadas curitibanas são alvo de críticas por parte da população. Se analisado o modelo das calçadas usadas em um tempo remoto, como o achado arqueológico da Praça Tiradentes, pode-se dizer que desde muito tempo os pisos já eram irregulares. Até quando a tradição vai sobreviver?

Placa no lugar errado Quem passa pela Rua André de Barros, na região central de Curitiba, encontra uma placa de trânsito sinali-zando “Proibido Estacionar”. O curioso que a placa está no meio da calçada, dificultando a passagem dos pedestres e mal sinalizada para quem está dirig-indo. Esse trecho da calçada foi recentemente modificado pela Prefeitura de Curitiba. Ficou até interessante, pois alivia o trânsito complicado da região. Só falta a PMC acertar a localização correta da placa.

Padrões de calçadasDecreto de 2006 da Prefeitura de Curitiba determina os padrões construtivos e de materiais que devem ser seguidos na pavimentação dos diferentes tipos de cal-cadas na cidade. Os padrões foram definidos de acordo com os logradouros existentes na cidade (área central, setor histórico, vias estruturantes, unidades de conservação e de-mais vias). Ao todo, são quatro padrões de materiais com as seguintes características:•Padrão A – executados com blocos de concreto intertrava-dos. O paver, como é conheci-do, apresenta uma série de van-tagens, como boa resistência, durabilidade, drenagem super-ficial, boa estética, integrando-se aos ambientes, facilidade de aplicação e principalmente de manutenção, reaproveitamento das peças e flexibilidade em cores, possibilitando uma infini-dade de combinações.•Padrão B – executadas em CBUQ (asfalto) com fiada de paralelepípedo.•Padrão B1 – CBUQ sem acabamento.•Padrão C – placas de concreto de 40cm x 40cm ou 45cm x 45cm, com rejunte nivelado na superfície do piso.

Riachuelo decara nova A Rua Riachuelo está de piso novo. A Prefeitura ter-minou no fim de abril a troca de calçadas do lado esquerdo da rua, entre a praça Generoso Marques e a Rua Paula Gomes. As obras de revitalização da rua ainda vão incluir uma nova ilu-minação, com novos postes e luminárias, e recapeamento do asfalto. O novo passeio é feito de lajotas vermelhas, e o piso é antiderrapante. As obras foram bem aceitas pelos comerciantes.

Rapidinhas

“Estou cansada de trocar os taquinhos das minhas botas”, diz a comerciante Loidir Baum.

As calçadas feitas de granito bruto são as mais problemáticas

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A Arte Urbana vem ganhando espaço no mercado nos últimos anos. A prática, que até algum tempo ficava restrita a muros, paredes, placas e out-ros objetos presentes na paisagem ur-bana, agora já é vista em estampas de camisetas, fachadas comerciais e muros de escolas, entre outros locais, como si-nal de que a abordagem de vandalismo já não prevalece nesse meio. Entre as manifestações artísticas de rua, o grafite é uma das atividades de maior prestí-gio. Além de ter seus traços usados por vários designers, também vem sendo abordado em campanhas publicitárias, e ainda é possível encontrar exposições reservadas a esses trabalhos em várias cidades do Brasil. Em Curitiba, o projeto Acasa, fundado em 2008, criou um espaço ex-positivo com o propósito de promover o encontro de colecionadores, aprecia-dores, pesquisadores e artistas de múl-tiplas linguagens - do grafite ao vídeo. Valério Siqueira, ou Cimples, seu nome artístico, é um dos coordenadores do projeto. Ele conta que a idéia de fundar um espaço reservado para a arte urba-na surgiu da união de pessoas ligadas ao grafite, ilustradores e designers.

Linguagens Paralelamente, o Acasa tra-balha com a produção e promoção das artes visuais e suas interconexões. En-tre suas atividades, estão: exposições, eventos, pinturas de espaços variados, ilustrações, palestras, cursos livres, en-tre outras. Todo seu trabalho tem como finalidade a valorização da arte urbana. “Nosso objetivo é oferecer ao artista urbano um espaço para aprender, dis-cutir e promover sua prática, em um local que ofereça total liberdade para ele se expressar, sem nenhum compro-misso”, esclarece Cimples.

Coordenador e artista Além de coordenar o pro-jeto Acasa, Cimples produz trabalhos

partindo do grafite. O artista é consid-erado um dos precursores da prática em Curitiba. Em 1998, ele criou a revista Destroi Mag, cujo objetivo é registrar e divulgar essa arte na capital paranaense. Em relação aos trabalhos de-senvolvidos na cidade, ele tem uma opinião peculiar: “O pessoal de Cu-ritiba, que começou antes de 2000, já tem uma identidade definida. Com o ganho de experiência, cada um cria um traço próprio que é reconhecido facilmente em qualquer atividade que ele faz”. Quanto aos seus trabalhos, Cimples explica que costuma usar em suas obras temas que partem de figuras abstratas. “O grafite curitibano possui várias temáticas. Existem aqueles que trabalham as letras, outros abordam a questão social e a desigualdade na distribuição territorial. No meu caso, busco trabalhar com a percepção das pessoas para com o mundo, isso com uso de imagens que mexam com os seus sentidos”, explica. O artista revela que desde 2007 vem fazendo uma ampla pesqui-sa sobre o grafite, com a intenção de lançar um livro abordando a história dessa arte em Curitiba.

Acasa: um novo olhar sobre a arte das ruasRonaldo Freitas

Se você transita pela região cen-tral de Curitiba, é provável que tenha observado, sobre muros e paredes, algum tipo de grafite, cartazes com texto ou desenho e adesivos colados em lugares inusitados, como placas e lixeiras. Saiba que essas são manifes-tações características da street art, mais conhecida no Brasil como “arte urba-na” ou “intervenção urbana”.

Entre as práticas mais comuns que fazem parte desse movimento estão: o grafite (inscrição caligrafada ou desenho pintado sobre paredes e muros), o estêncil (desenho ou ilust-ração produzida através de uma ma-triz fixa), os stickers (adesivos temáti-cos colados em lugares estratégicos) e os cartazes “lambe-lambes” também chamados de poster-bombs (produzidos individualmente com tinta látex, spray ou guache). Trabalhos relacionados à arte urbana podem ser observados em diversos pontos da cidade.

Os frequentadores do centro de Curitiba divergem em suas opi-niões quanto ao assunto. Para alguns, a prática implica uma poluição visual e prejudica a região central. “Os ad-esivos colados nas placas dão a im-pressão de vandalismo, e os desenhos pintados em paredes deixam a cidade com uma aparência de mal cuidada”, comenta a estudante de direito Ana Paula Gomes, de 26 anos.

Já a auxiliar de enfermagem, Sandra de Souza, 27, defende a

Manifestações da street art proporcionam o eterno debate: vandalismo ou arte?

Cimples é o pioneiro do grafite em Curitiba.

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Linguagens prática: “Quando você observa um grafite bem feito, o desenho é capaz de mexer com seus sentimentos”. Ainda segundo a auxiliar, muitos não prestam atenção ao que está ex-posto nas manifestações: “Muitos criticam, mas a verdade é que se as pessoas parassem e refletissem so-bre o desenho e os personagens que fazem parte dele chegariam à con-clusão de que uma mensagem está sendo transmitida ali”.

Mas qual seria a finalidade de quem pratica essas manifestações? Se-gundo o bacharel em gravura da Es-cola de Música e Belas Artes de Curitiba Mai-kel Aparecido da Maia, em cada uma das inter-venções feita na capital, há uma mensagem a ser passada, cujo tema varia conforme o executor da prática. “Tanto na produção do grafite quanto do cartaz ou dos adesivos, cada autor opta pelo uso de determinados sím-bolos. Na confecção do material, são usados signos e linguagens que esta-belecem a ideia que ele quer passar, e essa mensagem é reforçada pelo local em que ele expõe sua intervenção”, explica o bacharel.

Maikel da Maia cita que muitos dos praticantes da intervenção ur-bana têm seus trabalhos catalogados e expostos em galerias, um indicativo de que a prática é reconhecida como

manifestação artística. “Um trabalho feito na rua pode estar presente den-tro de uma instituição de arte, assim como um trabalho de dentro da insti-tuição pode circular na rua. Este é um trânsito normal”, explica.

Objeto de estudoO jornalista Rodrigo Wolff

Apolloni, prestes a completar seu doutorado em Sociologia na Univer-sidade Federal do Paraná (UFPR), tem como objeto de estudo práti-cas relacionadas à arte urbana, ex-pressões que ele chama de “paper

street art”. Para ele, manifestações que abrangem o grafite, a pichação e a paper street art (estênceis, lambes, stickers e interferências de

objeto) expressam a linguagem de um determinado público das grandes cidades. “É uma expressão típica da metrópole, que nasce dentro dela e, de certa forma, se coloca como re-sistência. Não, porém, como uma re-sistência ‘clássica’, de esquerda, por exemplo, mas uma resistência estética e subjetiva”.

Quanto ao que motiva os prati-cantes, ele cita que o objetivo prin-cipal é difundir seus próprios con-teúdos. “Ninguém vai para a rua, na calada da noite e sob risco de violên-cia, sem um bom motivo. Nesse caso,

o objetivo é comunicar algo que está no espírito e que não encontra espa-ço nas formas padrão de comunica-ção. Porém, em especial no caso do grafite e da pichação, os artistas tam-bém buscam se comunicar entre si e demonstrar poder a partir dos sinais nas ruas. Nesse caso, a coisa também assume um aspecto de jogo entre in-divíduos que dominam uma mesma linguagem e pertencem a facções dis-tintas de uma mesma tribo”.

A arte urbana é discriminada por muitos, e um dos motivos seria o fato de que muitos ligam sua prática ao vandalismo, pois os lugares em que são expostos os trabalhos quase sempre são de propriedade particu-lar ou espaços públicos. Apoloni defende um outro argumento: “Mui-tas vezes, eles ajudam a população a lembrar das áreas degradadas, quan-do ‘tomam conta’ de imóveis e áreas abandonadas”.

Para finalizar, ele deixa um conselho para aqueles que costumam pré-jugar a arte urbana e suas mani-festações: “Sugiro que as pessoas olhem para os lugares da cidade que normalmente acabam esquecidos em meio à correria do dia a dia, em es-pecial no centro da cidade. É lá que essas manifestações estão, e sua prin-cipal função talvez seja a de despertar as pessoas para fragmentos cênicos e até mesmo para emoções que acaba-ram deixadas de lado”. (RF)

Manifestações da street art proporcionam o eterno debate: vandalismo ou arte?

“Ninguém vai para a rua, na calada da noite e sob risco de violência, sem

um bom motivo”

urbanas

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ACONTECEU

Andréia BarutotJéferson Loureiro

Acidente com ônibus mata duas pessoas na Tiradentes Na manhã de quinta feira (10/06), um ônibus da linha Colom-bo-CIC saiu desgovernado da esta-ção tubo na Praça Tiradentes, colidiu com um carro, subiu a calçada e en-trou nas Lojas Pernambucanas. O acidente causou a morte de duas pes-soas e feriu 32. Duas mulheres ainda estavam em estado grave na segunda feira (dia 14). Segundo o depoimento do motorista, José Aparecido Alves, e das testemunhas, o descontrole do veículo foi causado por alguma falha mecânica, o que a perícia deve apurar em até 30 dias. Segundo Alves, ele buscou deesviar o ônibus para um lugar com menos pessoas.

AL aumentará gastos em até 60% Em meio à maior crise insti-tucional de sua história, a Assembléia Legislativa do Paraná decidiu aumen-tar o valor que cada deputado pode gastar com o pagamento de fun-cionários. Pela decisão, publicada no Diário Oficial da Casa, a verba par-lamentar de R$ 37.580 por gabinete, usada para a contratação de pessoal, poderá ser elevada em até 60% por meio de gratificações, chegando a um valor de R$ 60.128.

MP vai investigar boleto da URBS A Promotoria de Defesa do Consumidor (Prodec) do Ministério Público do Paraná (MP-PR) instaurou inquérito civil para apurar a cobrança pela emissão de boletos bancários na recarga do cartão-transporte de Cu-ritiba e região. A taxa, de R$ 1,50, é cobrada por meio dos sistemas on-line de compra de créditos da Urban-ização de Curitiba S/A (Urbs) e pela Metrocard, empresa responsável pela bilhetagem eletrônica dos ônibus. A ação dos promotores tem como base informações publicadas no jornal Gazeta do Povo. A matéria mostra que, em um ano, a Urbs arrecada R$ 900 mil por meio da taxa, valor que equivale ao preço de um ônibus biar-ticulado zero quilômetro.

Uma multidão se aglomerou na noite de terça-feira (08/06) na Boca Maldita, na Avenida Luiz Xavier, para participar do movimento “O Paraná que Queremos”, promovido pela Or-dem dos Advogados do Brasil para pedir mais transparência e respeito na política. “Diziam que o curitibano é frio, que o brasileiro não se inter-essa por assuntos públicos. Isso não é verdade,” declarou o presidente da Federação das Indústrias do Paraná, Rodrigo da Rocha Loures, surpreso com a presença massiva de jovens, mulheres, trabalhadores e empresários no evento. “Isso demonstra que todos querem participar. É só uma questão de haver espaço, um convite, um mín-imo de articulação, e as coisas aconte-cem”, afirma Loures. Munidos com bandeiras, faixas que diziam “Fora Justus” ou “Ética e Transparência: o Paraná que Queremos”, e cantando em alto e bom som o Hino Nacional, milhares de cidadãos compareceram ao local para exigir, entre outras medidas, o afastamento da mesa diretora da As-

sembléia Legislativa. As irregulari-dades na Assembléia vão desde con-tratações de funcionários fantasmas, desvio de verbas e nepotismo a falta de informações corretas sobre os servidores daquela casa. “É um ato marcante da história da nossa cidade e serve para mostrar às pessoas que estão nos governando que tenham mais atenção aos recursos públicos, porque seus atos estão sendo vistos de perto”, comentou o presidente da OAB-PR, Ophir Cavalcante. A organização do evento entregou um projeto a ser analisa-do pelos deputados que visa maior transparência, não somente no Poder Legislativo, mas também nos poderes Judiciário e Executivo. O projeto, que deve ser votado ainda neste semestre, apresenta um regulamento segundo o qual todos os poderes terão de publi-car seus atos em no máximo 30 dias nos Diários Oficiais do governo do Estado, caso contrário, o responsável receberá uma multa e responderá por improbidade administrativa. Ophir alega que acredita que os deputados irão considerar seriamente a possibili-dade de aprovar o projeto pois isso

evitará problemas no futuro. Segundo o deputado estadual Ney Leprevost, o povo curitibano não é tão passivo quanto aparenta ser, e há cidadãos que não aceitam desmandos e posturas incorretas. “Hoje os cu-ritibanos demonstraram que sabem exercer sua cidadania na plenitude”, afirmou. Em ano eleitoral, ele tam-bém aconselhou os eleitores a bus-carem conhecer a ficha do candidato, seu passado, e acrescentou que a pes-soa que não usou o dinheiro público com zelo e seriedade terá dificuldades nas eleições deste ano. A estudante de jornalismo Camila Souza de Camargo diz que a manifestação foi uma boa iniciativa e confessa que a população realmente precisa participar da política, tem que saber o que está acontecendo, investi-gar. Camila, que também integra o Nú-cleo de Articulação Jovem (NAJ), cujo principal objetivo é defender a par-ticipação ativa do jovem na política do Estado, acrescenta que a manifestação serviu para despertar o povo. “A popu-lação não deve somente fazer bagunça nas ruas e esquecer, tem que continuar participando da política”, defendeu.

Ética e transparênciana política do Paraná

Curitibanos deixam de lado o estigma de povo frio e vão às ruas para pedir afastamento do presidente da Assembléia Legislativa do Paraná Eliaquim Júnior

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Curitiba, junho de 2010 MARCO ZERO 9

Tudo verde e amarelo

COPA

Quem passar pelo centro da cidade neste mês vai se surpreender com o colorido estampado na cinzen-ta, e não menos adorável, Curitiba de inverno. Desde a passagem da seleção canarinho pela capital, no CT do Caju, entre os dias 21 e 26 de maio, para a pré-temporada de preparação para a Copa do Mundo da África do Sul, a Rua das Flores está enfeitada. Os 141 postes coloniais estão com luzes verdes e amarelas, além de flâmulas nas mesmas cores para em-purrar os curitibanos na torcida pelo Brasil. Outros detalhes que chamam a atenção são as flores da rua, que ago-ra estão todas amarelas e embelezam ainda mais o local, e os nomes de to-

dos os jogadores campeões mundi-ais pela seleção pintados no chão da avenida. Na Praça Santos Andrade (foto), está o principal enfeite que ce-lebra a torcida curitibana ao esquadrão nacional: o famoso chafariz (foto abaixo)está pintado de verde, amarelo, azul, branco e dourado, dando um re-toque final na bela paisagem da praça, circundada pelo Teatro Guaíra e pelo prédio histórico da UFPR. Na outra ponta da Rua XV de Novembro, está a Praça Osório. Mas, antes dela, fica o “gargalinho” da Boca Maldita. Segundo a Prefeitura de Cu-ritiba, ali é a concentração da torcida para o “Hexa Brasil”. Um telão com mais de 33 metros está colocado no local, com um placar de todos os re-sultados. Nos jogos do Brasil, a festa rola solta, e muita gente dá uma esca-

padinha para torcer pelo sexto título mundial do esquadrão nacional. Outra atração no centro da ci-dade é a exposição “Pátria de Chutei-ras”, realizada desde o dia 24 de maio no Memorial de Curitiba. A mostra pode ser visitada até o dia 18 de julho. No acervo, estão camisas e objetos de jogadores do passado da seleção brasileira. Fora do centro de Curitiba, mas ainda celebrando a seleção canar-inho, há o Memorial Africano, loca-lizado na Praça Zumbi dos Palmares, no Pinheirinho. Os espaços esporti-vos do local foram todos reformados. A inauguração aconteceu no dia 22 de maio, e as melhorias da praça ficarão para a comunidade. Que tudo isso dê sorte para o Brasil, pois belos espaços para torcer não vão faltar.

Guilherme Rivarolli

Silvana Kogus

É de graça!Visitas orientadas ao MACO objetivo é despertar na comunidade o habito de frequentar o Museu e aprimorar o senso estético.

Ingresso: gratuitoData(s): de terça a sexta-feiraHorários: das 14 às 18 horasLocal: Museu de arte Contemporânea do Paraná (MAC)Endereço: R. Desembargador Westphalen, 16. Tel. (41) 3323-5328

“Todos os Sentidos”. Grupo de MPB da UFPRMúsica Popular

Ingresso: gratuitoData(s): 29 e 30 de junho, 1º, 2 e 3 de julhoHorário: 20h30Local: Teatro Experimental da UFPR Endereço: Praça Santos Andrade, 50, 2º andar – Prédio Histórico da UFPR.

“As Aventuras de uma Viúva Alci-nada”. Companhia de Teatro Pala-vração da UFPRTeatro

Ingresso: gratuitoData(s): 9 a 25 de junho, de quarta a sexta-feiraHorário: 17hLocal: Teatro Experimental da UFPR.Endereço: Praça Santos Andrade, 50, 2º andar – Prédio Histórico da UFPR.

“A eterna solidão do vampiro”. Nego Miranda.Exposição

Ingresso: gratuitoData(s): até 13 de junhoHorários: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, domingo e feriado, das 10 às 16h Local: Casa Andrade MuricyEndereço: Alameda Dr. Muricy, 915, Cen-tro, (41) 3321-4798

3º Salão Nacional de CerâmicaExposição

Ingresso: gratuitoData(s): de 30 de junho a 03 de outubroHorários: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, domingo e feriado, das 10 às 16h Local: Casa Andrade MuricyEndereço: Alameda Dr. Muricy, 915. Tel. (41) 3321-4798

“Pintura Quase Sempres”. Cura-doria de Fernando Bini.Exposição

Ingresso: gratuitoData(s): até 13 de junhoHorários: de terça a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, domingo e feriados, das 10h às 16h.Local: Museu de arte Contemporânea do Paraná (MAC)Endereço: Desembargador Westphalen, 16. Tel. (41) 3323-5328.

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CULTURA

Um exemplo de luta e superaçãoHá seis anos no Brasil, jovens do coral “Cantores de Angola” são vítimas da guerra civil

Regiane da Silva O número de deficientes vi-suais no Brasil chega a quase dois mi-lhões. São várias as dificuldades com as quais essas pessoas se deparam no dia a dia, mas, apesar disso, não é inco-mum encontrar grandes exemplos de que a vida com a deficiência é difícil, mas pode ser muito menos limitada. Os jovens do Coral “Cantores de Angola”, do Instituto Paranaense de Cegos, de Curitiba, são um exem-plo de luta contra as dificuldades. Formado por quatro garotas e sete ra-pazes entre 15 e 21 anos, o Coral está há seis anos no Brasil, país que abriga esses angolanos que deixaram família e amigos na sua terra-natal. Vítimas, direta ou indireta-mente, da guerra civil angolana, todos os integrantes apresentam sequelas na visão. Segundo Prudêncio Jefferson, um dos cantores, hoje já está mais fácil ter contato com quem ficou no país: “Antes era mais difícil, mas agora que a guerra acabou temos mais facili-dade para falar com nossos parentes. Ligamos sempre para eles”. Formado no Brasil, o coral Cantores de Angola, de acordo com Prudêncio e Isabela Yambi, foi quase uma extensão do que já faziam em Angola. Conforme os integrantes, to-dos cantavam lá, em igrejas. A ideia de montar um coral surgiu em Cu-ritiba, pois eles faziam sucesso todas as vezes que can-tavam: “Um dia nos falaram para montarmos um coral. No começo, achamos estra-nho... Um coral? Nunca tínhamos pensado nisso! Mas depois achamos legal, e estamos aí até hoje”, conta Isabela. “A forma-ção do grupo nos favoreceu muito, pois conhecemos pessoas, arruma-mos novos amigos e nos tornamos conhecidos”, diz. Os jovens vieram para Cu-ritiba graças a um convênio com o governo de Angola, que tinha o ob-jetivo de profissionalizá-los, já que no país de origem deles o amparo aos deficientes visuais é mínimo. Não há sequer o ensino de Braille. Por isso, a maior parte do grupo que veio ao Brasil era de analfabetos. Os onze integrantes do grupo musical estão em Curitiba desde 2001, quando saíram de Angola em função

da guerra civil. O grupo foi acolhido pelo Instituto Paranaense de Cegos e, algum tempo depois de chegarem ao país, a fundação angolana responsá-vel pelo encaminhamento dos jovens ao Paraná suspendeu a bolsa forneci-da a eles, decidindo pela repatriação antes mesmo de terem concluído os estudos. Diante disso, o Ministério Público do Paraná entrou com medi-da judicial solicitando a permanência dos jovens no Brasil. A Lei Estadual

16.167, de julho de 2009, concedeu aos jovens uma bolsa-auxílio. A bolsa serve para suprir necessi-dades como mo-radia, alimentação, transporte, saúde

e demais gastos, além de uma bolsa de estudos, com a condição de todos estarem matriculadas em instituições públicas ou privadas de ensino mé-dio ou superior, no Paraná. Hoje, além de todos estarem alfabetizados, quatro deles estão fa-zendo curso superior. Prudêncio Jefferson está no primeiro período de Comunicação Social – Jornalis-mo, Maurício Chopi Dumbo e Isa-bela Yambi estão cursando Direito, e Delfina Amarilis, Pedagogia. To-dos eles na Facinter. Segundo a Coordenadora do Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Edu-cacionais Especiais (Sisanne) do

Grupo Uninter, professora Leomar Marchesini, o Grupo precisou tomar várias providências para compor-tar os alunos com deficiência visual. “Quisemos oferecer um bom atendi-mento a esses alunos e promover a acessibilidade deles ao conhecimen-to. Para isso, foi necessário adquirir novos equipamentos, como scanners e lap-tops, para que eles possam fazer anotações e realizar trabalhos, medi-ante a utilização de um software leitor de tela, entre outros”. Algumas disciplinas também exigiram modificações dos docentes. O professor da disciplina Técnicas de Fotografia do Curso de Comunicação Social, Daniel Oikawa, diz que dar aula para Prudêncio está sendo uma ex-periência incrível: “Eu tive que repen-sar minha forma de dar aula. Já tinha lecionado para um deficiente auditivo, mas como tinha intérprete na sala, era diferente. Agora não posso mais falar ‘essa imagem que estão vendo’, pre-ciso fazer uma descrição da imagem para que ele possa imaginá-la, e ele é um aluno muito atencioso”. Prudêncio, Isabela, Mauricio e Delfina dizem que estão adorando estudar na Facinter. Eles já tinham entrado antes em outra faculdade, mas, devido à falta de estrutura e também de acolhida, mudaram de in-stituição de ensino. Eles comentam que estão muito felizes na Facinter, pois além da estrutura, os profes-sores e alunos os tratam muito bem. Afirmam ainda que encontraram amigos na instituição.

Conflito deixoumuitas marcas Foram quase 27 anos de confronto. A chamada Guerra Civil Angolana foi um dos mais duradouros conflitos militares ar-mados da Guerra Fria. Começou em 1975 e terminou em meados de 2002, com a terrível estimativa de 500 mil mortos. Em meio a esse confronto, quatro meninas e sete meninos, entre 7 e 12 anos, tentavam levar uma vida normal junto aos familiares. Para tentar deixa o dia a dia um pouco mais leve, cantavam em igrejas, pas-seavam e brincavam como qualquer criança. Mas, mesmo assim, a guerra civil mudou o rumo de suas vidas! Devido aos ataques e às epidemias haviadas durante à Guerra, os 11 foram atingidos e ficaram com sequelas na visão. Como em Angola o amparo aos deficientes visuais é mínimo, o governo do país fez um convênio e os enviou ao Brasil, para profissionalizá-los, já que a maioria ainda era analfabeta. Assim, desembarcaram em 2001, em Minas Gerais. Por falta de estrutura, per-maneceram apenas quatro meses, mudando-se para Curitiba, onde vivem até hoje, no Instituto Paranaense de Cegos. Como já eram acostumados a can-tar em igrejas em Angola, os 11 se apresen-tavam para amigos, e as pessoas que os ou-viam se encantavam com a musicalidade e a sintonia dos jovens angolanos. Surgiu, então, os “Cantores de Angola”. Delfina Amarílis, Prudêncio Jefferson, Maurício Chopi Dum-bo e Isabela Yambi são integrantes do Coral. Segundo Prudêncio, hoje com 19 anos, a ideia de formar um Grupo a princípio os as-sustou, mas eles acolheram a sugestão: “Re-solvemos tentar, e deu tão certo que nossa estreia foi no Teatro Guaíra”. Os “Cantores de Angola” se apre-sentam em teatros, festivais e faculdades. Cantando músicas angolanas, o grupo emo-ciona quem os ouve. Segundo Isabela, é muito bom cantar essas músicas, pois, quan-do canta, se sente mais perto de casa. Como na época em que chegaram ao Brasil o contato com os familiares era difícil por causa da guerra, cantar fazia com que a saudade se tornasse menor. De acor-do com Delfina, hoje todos eles têm con-tato com os parentes, por telefone e e-mail: “Agora que a Guerra acabou, nos falamos quase todos os dias. A saudade é grande, mas ainda temos muito que fazer aqui no Brasil. Só voltaremos para Angola quando concluirmos os estudos”. Prudêncio conta que a adaptação em Curitiba foi difícil: “Saímos de um calor de 45º e viemos para uma cidade que parece ficar cada vez mais fria. No começo, como nunca víamos o sol, tinha dias em que eram três horas da tarde e estávamos dormindo”.

“Antes era mais difícil, mas agora que a guerra acabou temos mais facilidade para falar com nossos parentes. Ligamos sempre para eles”

Apresentação dos Cantores de Angola durante a III feira de profissões da Facinter

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ESTANTE PARANAENSE

Eliaquim Junior TPM quer dizer Tensão Pré Menstrual, aqueles dias em que a mu-lher passa por umas coisas estranhas: incha, come um monte de chocolate, fica meiguinha e por fim quebra tudo, quebra tudo e até mesmo sangra. Como pode o homem confiar em um bicho que sangra por três dias e não morre? Todo homem deveria ser ca-nonizado por ter que ficar alguns dias sendo escorraçado por elas e ainda ficar junto com muita paciência. Na TPM, o homem deveria ter o direito de ligar para a mãe sem ser chamado de efeminado e poder contar tudo, desabafar. Só que, para isso acon-tecer, a mãe não pode ser uma mulher antes da menopausa. Por incrível que pareça, mãe também tem TPM. E o pior de tudo é se ele ligar e ela também estiver naqueles dias. A recompensa de o homem não ter TPM é que, quando chegam os dias, a mulher não vai ao clube, ou seja, a área está livre para que os amigos possam se reunir sem conversas sobre bolsas, sapatos, academia... Mas daí bate a consciência chamada namorada, noiva, esposa ou o que quer que seja mais moderno do que essas classifica-ções, que pode descobrir ou descon-fiar justamente no período mais crítico da TPM, e é quando o bicho pega, o couro come, a porca torce o rabo... O homem sabe que, quando a TPM chega, inicialmente elas ficam mais carinhosas, meigas e falando tudo no diminutivo com aquela vo-zinha de criancinha, depois vem a vontade louca de comer o máximo de chocolate que tenha de estoque em casa, desde um simples Bis a um bri-gadeiro bem elaborado. Após uma seção muito grande de chocolateterapia, ela vem com uma pergunta fatídica para qualquer homem. Aquela que desconserta desde o cara mais experiente ao mais novato, que faz todos os homens terem von-tade de estar no clube, tomando uma cerveja com os amigos. É quando ela o chama novamente para a realidade com a mesma pergunta: “Gatinho, eu estou gorda?” Note que a pergunta o coloca na situação mais difícil de sua vida, pois não é um simples “Estou ficando gorda?’’ Ela já afirma com vontade que você diga que sim, quer-endo que diga não, e dizendo não querendo ouvir que sim.

No entanto, a pior fase do ciclo é quando ela se aborrece com tudo, principalmente ao observar que ela está com um olhar fuzilante para você. Percebendo que ela quer ir embora da festa, que está achando um saco, gentilmente você a convida para ir embora, e ela diz sim, queren-do dizer não. No caminho para casa, nem um resmungo você escuta, e quando pergunta: “Está tudo bem?”, ela res-ponde com um curto e gros-so “está”. E você, em sua inocência, pensa que ela não brilhou como que-ria na festa de que acabaram de sair. Quando chegam em casa, ela final-mente começa a falar e a praguejar, fazendo com que você se sinta cul-pado por tê-la tirado da festa; aí você pensa: “Se eu abrir a boca, é morte na certa’’ e diz que concorda com tudo que ela está falando. E as mulheres que parecem es-tar sempre com TPM? Os dias nunca estão de acordo com o que elas plane-jam, parece até que uma nuvem negra paira em cima delas, e uma única pes-soa na sua frente no caixa rápido do supermercado pode significar para es-sas mulheres uma fila gigantesca. Na maioria das vezes em que a TPM vem, é causa de brigas e sepa-rações. Em alguns lugares dos EUA, se homens forem mortos por mul-heres que estão naqueles dias, elas são absolvidas. Porém, devemos lembrar que, quando passam essas fases de raiva, de amor excessivo, de vontade absurda de comer chocolate e elas acharem que estão gordas, as mulheres são seres an-gelicais, divinos. E apesar desses lon-gos e muitas vezes fatídicos dias, elas fazem com que você, homem, seja de-pendente e grato por toda a felicidade que proporcionam.

Crônica

Paulo Sguário

Toda mulher tem TPM Livros que abordam o “sentimentalismo”,o “inusitado” e uma Curitiba sombria

O Macaco ornamental (2009)Luís Henrique Pellanda

No livro de estréia do jor-nalista e roteirista Luis Henrique Pellanda, o escritor apresenta 14 contos que explioram diferentes sentimentos, como angústia, amor, ódio e arrependimento. Os contos podem chegar a 54 páginas, como “Caldônia Beach”, ou podem ter apenas um parágrafo, como “Ingratidão”. É um livro que induz o leitor a refletir sobre suas ações, seus sentimentos, sua vida. Destaque para o conto “Buquê”, sobre um amor proibido entre Ondina e Quitéria. Segue um trecho desse con-to, que começa com Quitéria voltando do cemitério: “Acabo de chegar do teu enterro, Ondina. Não foi uma cerimônia bonita. E nem podia ser. Sabe que você me saiu uma defunta feia? Agora vou me livrar de você pra sempre, Ondina. Jogar fora essa tua mecha loira, se é que você me permite.”

No Zoológico de Berlim (2009)Guido Viaro

O livro do paranaense Guido Viaro, “No Zoológico de Berlim”, conta uma história intrigante: a de um homem que foi trancafiado no zoológico para visitação pública, assim como acon-tece com os animais. O livro narra os dias de confina-mento de M´ba Nkrumah, um africano casado e com dois filhos que é captura-do e levado para o zoológico de Berlim. Depois de algum tempo preso, para

afastar as idéias de suicídio, o homem decide escrever um diário contando a sua rotina naquela jaula. A obra se ba-seia na transcrição desses diários. “No Zoológico de Berlim” é uma obra ficcio-nal baseada em fatos reais. Este e os outros livros do au-tor estão disponíveis para download na página www.guidoviaro.com.br.

A Eterna Solidão do Vampiro (2010)Carlos Alberto Xavier Miranda (Nego Miranda)

O novo livro do curitibano Nego Miranda apresenta 60 fotos inspiradas no “vampiro de Curitiba”, Dalton Trevisan. A obra contém fotografias no-turnas da capital paranaense; outras mostram o amanhecer ou o entardecer, algumas mostram a típica neblina da cidade, outras fazem relação com os ambientes descritos nas obras de Tre-visan. São imagens que usam diversas técnicas, como o infravermelho, para atribuir às fotografias um tom sombrio, que remete à figura do vampiro.

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E a cidade muda de cor

Texto e fotos de Larissa Glass

A Copa é o maior campeonato de futebol do mundo. E como o Brasil é o país do futebol, os brasileiros fazem a festa. Nesta época, o patriotismo fica à flor da pele. Casas e estabelecimentos são enfeitados com as cores da bandeira brasileira. Curitiba entrou no ritmo e no embalo da Copa, e a cidade está toda enfeitada de verde e amarelo. Tudo para torcer e ver o Brasil ser hexacampeão!

ENSAIO FOTOGRÁFICO