Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

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Caroline Alves de Almeida Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma para a otimização do fluxo de processo em uma área de controle de qualidade Dissertação apresentada, como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-graduação em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, do Instituto de Tecnologia em Fármacos - FIOCRUZ Orientadora: Prof a . Dr a . Tereza Cristina dos Santos Co-orientador: Prof. Dr. Fernando Medina Rio de Janeiro 2012

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Caroline Alves de Almeida

Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma para a

otimização do fluxo de processo em uma área de controle de qualidade

Dissertação apresentada, como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-graduação em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, do Instituto de Tecnologia em Fármacos - FIOCRUZ

Orientadora: Profa. Dra. Tereza Cristina dos Santos

Co-orientador: Prof. Dr. Fernando Medina

Rio de Janeiro

2012

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A447i Almeida, Caroline Alves de

Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma para a

otimização do fluxo de processo em um a área de controle de qualidade. / Caroline Alves de Almeida . – Rio de Janeiro, 2012.

xvii, 89f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Profª. Dra. Tereza Cristina dos Santos Co-orientador: Profº Dr. Fernando Medina

Dissertação (mestrado) – Instituto de Tecnologia em Fármacos – Farmanguinhos, Pós-graduação em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, 2012.

Bibliografia: f. 86-89

1. Lean Seis Sigma. 2. Controle de Qualidade. 3. Indústria

Farmacêutica. 4. Título.

CDD658.4013

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Caroline Alves de Almeida

Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma para a

otimização do fluxo de processo em uma área de controle de qualidade

Dissertação apresentada, como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-graduação em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, do Instituto de Tecnologia em Fármacos – Fundação Oswaldo Cruz

Aprovada em ____ de Março de 2012.

Banca Examinadora:

_____________________________________________ Prof. Dr. Mauricio Silva dos Santos

Universidade Federal de Itajubá- UNIFEI

_____________________________________________

Prof. Dr. Helvécio Vinícius Antunes Rocha

Instituto de Tecnologia em Fármacos - FIOCRUZ

_____________________________________________

Prof. Dr. Paulo Sérgio Bergo de Lacerda

Instituto de Tecnologia em Fármacos - FIOCRUZ

Rio de Janeiro

2012

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DEDICATÓRIA

À minha Mãe Ana Maria Pereira de Almeida e ao meu Pai João Alves da Silva

Filho, a quem eu devo toda a minha garra e determinação durante essa longa

jornada. Sempre acreditando nesse sonho chamado Mestrado nunca me deixaram

abater nos momentos mais difíceis, pelo contrário palavras de incentivo e fé

marcaram essa minha conquista. Dedico aos meus queridos pais essa vitória, pois

com seu Amor incondicional me levaram a superar mais esse grande desafio em

minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por mais essa oportunidade em meu

caminho, certamente sua presença me fez guiar pelas corretas direções e diretrizes

que foram seguidas. Essa benção é fruto do meu Deus de vitória e mais uma vez

tive a prova que com Ele tudo posso, tudo consigo.

Agradeço aos meus familiares e amigos a compreensão pelas minhas

ausências nos momentos de confraternização, pois todos compreenderam a

necessidade das minhas longas horas de estudo, sempre com palavras de conforto

e carinho me incentivaram em prol da realização deste projeto. Não citarei nomes

pois certamente seria injusta com aqueles que a minha memória falhar.

A minha orientadora Profa. Dra. Tereza Cristina dos Santos e ao meu Co-

orientador Prof. Dr. Fernando Medina, que em todos os momentos se mostraram

acessíveis, dedicados e interessados em me orientar e procurando sempre extrair o

melhor de mim.

Por fim, ao Programa de Pós-graduação em Gestão, Pesquisa e

Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica, do Instituto de Tecnologia em

Fármacos – Fundação Oswaldo Cruz pela oportunidade de participar desse

concorrido e respeitado curso de pós-graduação.

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A vitória pertence ao mais perseverante.

Napoleão Bonaparte

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RESUMO

ALMEIDA, Caroline Alves de. Implantação e implementação da ferramenta Lean

Seis Sigma para a otimização do fluxo de processo em uma área de controle de

qualidade. 2012. 92f. Dissertação Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa e

Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica – Fundação Oswaldo Cruz, Rio de

Janeiro, 2012.

No cenário atual as organizações empresariais farmacêuticas precisam mostrar seu diferencial para sobreviver em um ambiente cada vez mais competitivo e dinâmico. Traçar estratégias baseadas nos ideais de Qualidade Total considerando o entendimento e execução dos conceitos de manufatura enxuta é hoje um dos caminhos apontados para a solução efetiva de um problema, através da criação de uma cultura de melhoria contínua e eliminação dos desperdícios. Com base nessa ótica, o presente estudo irá demonstrar como a filosofia Lean Seis Sigma é capaz de modificar um panorama industrial, mais especificamente um controle de qualidade de uma indústria farmacêutica, fazendo com que a porcentagem de defeitos caia ao nível zero, melhorando o desempenho dos prazos de entrega além da otimizar os fluxos de processos do setor.

Palavras-chave: Lean Seis Sigma; Controle de Qualidade; Indústria Farmacêutica.

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ABSTRACT

In the current scenario, pharmaceutical companies need to show their differential to survive in an increasingly competitive and dynamic market. Devise strategies based on the ideals of Total Quality by understanding and implementing the concepts of lean manufacturing is now one of the ways suggested for the effective solution of a problem by creating a culture of continuous improvement and waste elimination. Based on this perspective, this study will demonstrate how Lean Six Sigma is able to modify an industrial landscape, more specifically a quality control of a pharmaceutical company, making the percentage of defects falls to zero, improving lead time performance in addition to optimizing the process flows of the sector. Keywords: Lean Six Sigma; Quality of Control; Pharmaceutical Company.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Figura 2 – Figura 3 – Figura 4 – Figura 5 – Figura 6 – Figura 7 –

Diagrama de Ishikawa................................................................... O ciclo PDCA divulgado por Campos............................................ Marcos históricos de implementação da ferramenta Seis Sigma.. Pirâmide de cargos de um projeto Seis Sigma.............................. Mapa de Processo – Análises Instrumentais................................. Novo Mapa de Processo – Análises Instrumentais....................... Curvas de capabilidades teóricas..................................................

35

38

41 44

62

79

81

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Gráfico 1 – Gráfico 2 – Gráfico 3 – Gráfico 4 – Gráfico 5 – Gráfico 6 – Gráfico 7 – Gráfico 8 – Gráfico 9 – Gráfico 10–

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico em forma de histograma................................................... Exemplo de gráfico de acompanhamento..................................... Curva de sino................................................................................. Capabilidade do processo............................................................. Gráfico de linha – Tempo de entrega do LAI................................. Teste de normalidade em relação ao tempo de entrega total....... Comparativo das etapas críticas do processo............................... Boxplot – Tipo de produto e sua influência sobre o tempo de espera............................................................................................ Nova capabilidade do processo..................................................... Pontos fora do padrão antes e depois do projeto..........................

36

37

42

70

71 71 72 74 80 82

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Quadro 1 –

Quadro 2 –

Quadro 3 –

Quadro 4 –

LISTA DE QUADROS

Os 14 pontos de Deming............................................................... Combinação de conceitos Lean e Seis Sigma.............................. Teórico Matriz Esforço x Impacto.................................................. Resultado do teste t de diferença pelo Minitab®............................

24 50 55 74

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tabela 2 – Tabela 3 – Tabela 4 – Tabela 5 – Tabela 6 – Tabela 7 – Tabela 8 – Tabela 9 –

Síntese das quatro eras................................................................ Mudança global de enfoque.......................................................... Etapas do ciclo PDCA................................................................... Tradução do nível de qualidade para linguagem financeira.......... Equivalência entre DMAIC e PDCA.............................................. Comparativo entre diferentes tipos de produção........................... Características Lean e Seis Sigma............................................... Indicador Esforço x Impacto.......................................................... Ganhos finais do projeto................................................................

31

33

40

42

46

49

51

65

82

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RJ - Rio de Janeiro

HPLC - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ( Hight Performance Liquid Chromatography)

CQ - Controle de Qualidade

CEP - Controle Estatístico de Processo

PDCA - Planejar, Realizar, Verificar , Atuar (Plan, Do, Check, Action)

JUSE

- União Japonesa de Cientistas e Engenheiros ( Union of Japanese Scientists and Engineers)

LM - Manufatura Enxuta (Lean Manufacturing)

TQM - Gestão da Qualidade Total (Total Quality Management)

TQC - Controle Total da Qualidade (Total Quality Control)

PBQP - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade

LAI - Laboratório de Análises Instrumentais

DPMO - Defeito por Milhão de Oportunidades

PPM - Parte por Milhão

CpK - Capabilidade

DMAIC - Definir, Medir, Analisar, Melhorar, Controlar (Define, Measure, Analyze, Improve, Control)

MBB - Mestre Faixa Preta (Masterblackbelt)

BB - Faixa Preta (Blackbelt)

GB - Faixa Verde (Greenbelt)

RIRFES - Relatório de Investigação de Resultados fora da especificação (Relatório de Investigação Analítica)

LIRIO - Laboratório de Informática Rio (Programa Computacional Validado que Compila Dados de Análises)

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A - Alto B - Baixo

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LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolo σ – Símbolo µ –

Descrição: Sigma............................................................................ Descrição: Média...........................................................................

41

41

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 18

1.1 Justificativas...................................................................................................... 19

1.2 Relevância........................................................................................................ 20

1.3 Escopo do trabalho........................................................................................... 21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................... 22

2.1 Uma perspectiva histórica................................................................................. 22

2.2 A Evolução da qualidade.................................................................................. 27

2.2.1 Era da inspeção......................................................................................... 28

2.2.2 Era do controle estatístico da qualidade....................................................... 29

2.2.3 Era da garantia da qualidade .............................………………………………

30

2.2.4. Era da gestão da qualidade total (TQM)...................................................... 30

2.3 A evolução da qualidade no Brasil e no mundo................................................ 32

2.4 Ferramentas para a melhoria contínua da qualidade....................................... 33

2.4.1 Diagrama de causa e efeito........................................................................... 34

2.4.2 Histograma.................................................................................................... 35

2.4.3 Gráfico sequencial......................................................................................... 36

2.4.4 Planejar, Realizar, Verificar e Atuar (PDCA).................................................. 37

2.4.5 Seis Sigma..................................................................................................... 40

2.4.5.1 Aprofundando nos conceitos Seis Sigma................................................... 41

2.4.5.2 Seis Sigma e sua Metodologia.................................................................... 43

2.4.6 Lean Manufacturing....................................................................................... 47

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2.4.7 Lean Six Sigma............................................................................................. 50

3 OBJETIVOS.........................................................................................................

52

3.1 Objetivo geral.................................................................................................... 52

3.2 Objetivos específicos........................................................................................

4 METODOLOGIA.................................................................................................. 4.1 Definição..........................................................................................................

52

4 METODOLOGIA..................................................................................................

4.3 Análise............................................................................................................. 4.4 Melhoria...........................................................................................................

53

4.1 Definição........................................................................................................... 54

4.2 Medição.............................................................................................................

4.3 Análise............................................................................................................. 4.4 Melhoria...........................................................................................................

57

4.3 Análise............................................................................................................... 58

4.4 Melhoria............................................................................................................. 59

4.5 Controle............................................................................................................. 60

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 61 5.1 Medindo o processo..........................................................................................

3.2 Objetivos específicos....................................................................................

4 METODOLOGIA..................................................................................................

61

5.2 Analisando os dados coletados.........................................................................

4.1 Cronograma das atividades..........................................................................

72

5.3 Melhorias implementadas.................................................................................

76

5.4 Controlando o novo mapa de processo instrumental........................................ 80

6 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................... 85

7 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 86

Anexo I – Formulário de Coleta de Dados I.................................................

Anexo II - Formulário de Coleta de Dados II.................................................

90

92

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1. INTRODUÇÃO

Programas de qualidade como o Lean Seis (6) Sigma que integram

ferramentas do Lean Manufacturing (manufatura enxuta) e ferramentas Seis Sigma,

por meio da incorporação dos pontos fortes de cada um deles, é uma visão mais

abrangente para a solução de problemas relacionados à melhoria de processos e

produtos. Seus resultados são norteados para transformar perdas em ganhos,

gerando uma retroalimentação positiva, pois do contrário, seus maciços

investimentos não se fundamentariam.

O Lean Seis Sigma busca tornar o sistema produtivo mais flexível frente às

mudanças, sem elevar investimentos, de modo a permitir um fluxo contínuo de

materiais. Sua metodologia disciplinada desenvolve uma direção organizada para

qualquer sistema empresarial que pretende desenvolver essa ferramenta. Seu

objetivo é obter melhorias e identificar soluções para problemas cujas causas são

desconhecidas, com base em fundamentos estatísticos e ferramentas de controle da

qualidade.

Com o Lean Seis Sigma, houve uma evolução positiva em termos de

metodologia. Passou-se a construir o raciocínio de processos desde o problema

identificado até os gargalos para a solução do problema e os possíveis caminhos a

serem seguidos. O Programa apoia-se em um ponto fundamental, que é a eficiência,

com o foco em três grandes frentes: processo produtivo, produtividade e custos.

Este presente estudo demonstra como uma visão estratégica apoiada em

uma ferramenta da qualidade, o Lean Seis Sigma, pode mudar drasticamente o

mapa de processo e o fluxo analítico em uma área de controle de qualidade. Como

impacto deste trabalho, espera-se um aumento da qualidade tanto em manufatura

quanto em serviços, além da redução de desperdícios associados a retrabalhos.

Como consequência da redução de falhas no processo produtivo o resultado

final tentará acabar com a premissa de que um controle de qualidade apenas gera

despesas para a sua organização.

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1.1 Justificativas

Através do gerenciamento dos processos críticos, pode-se transformar as

perdas decorrentes da falta de controle em lucros para a organização. Assim,

investimentos no controle da qualidade devem prevenir falhas internas e externas.

Se erros e defeitos não são detectados, os custos em função da falta de controle

crescem no tempo. Além disso, estudos(1) realizados chamam atenção para a

necessidade de avaliar-se a qualidade nas organizações sob a ótica de custos.

Essas informações apontam grandes oportunidades de melhorias para as empresas,

possibilitando-lhes aumentar sua lucratividade sem a necessidade de crescimento

nas vendas. Além disso, o aumento da qualidade dos processos industriais e de

serviço no sentido de atender às necessidades dos consumidores deverá trazer

como consequência o desenvolvimento econômico da organização.

A partir da análise de dados disponíveis sobre a Metodologia Lean 6 Sigma,

descritos em literaturas técnico-científicas, pode-se observar um grande volume de

conceitos, bases teóricas e resultados obtidos. Porém, de maneira geral são

escassos os estudos de casos especialmente apontados para determinadas áreas

dentro de uma indústria farmacêutica que demonstrem com clareza as etapas a

serem seguidas para se alcançar o sucesso de um programa Lean 6 Sigma, ou

mesmo demonstrar as limitações e os fracassos que podem ocorrer durante o

desenvolvimento de um estudo desse porte.

Existem diferentes técnicas descritas em literatura(1) que permitem identificar

oportunidades de melhorias, como tempestade de ideias (brainstorming), trabalho de

ação (Action Workout), mapa de processos, SIPOC (Fornecedor- Supplier, Entrada -

Input, Processo - Process, Saída - Output, Cliente- Customer), programa de

sugestões, entre outros. Entretanto, de acordo com os dados levantados sobre o

tema, o Lean 6 Sigma mostrou-se uma ferramenta mais robusta e mais consistente

no quesito ganhos financeiros alcançados. Com isso, seus conceitos e premissas

monstraram-se perfeitamente alinhados com os interesses da organização.

Dentro deste contexto, entende-se que esse estudo irá acrescentar de

maneira substancial para o aumento da fonte de informação não só teórica, mas

também prática. Assim sendo, seus resultados finais obtidos servirão de exemplo

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20

para outras indústrias interessadas no assunto. Além disso, o conhecimento

adquirido servirá de enriquecimento profissional para todos os envolvidos no

trabalho, abrindo caminhos para novas ideias e para o desenvolvimento de novos

programas, visando sempre ao ideal de melhoria contínua.

1.2 Relevância

À medida que os conceitos de Lean 6 Sigma vão se consolidando e

enraizando nas organizações, essa metodologia passa a ser indicada para contribuir

com o aumento da produtividade para a empresa como um todo. Outras áreas antes

consideradas secundárias por não apresentarem indicadores de qualidade tão

visíveis como uma área de produção, por exemplo, passam então a apresentar de

forma mais clara sua real importância dentro do fluxo da cadeia produtiva de uma

organização.

O Lean 6 Sigma é uma junção de duas considerações: a manufatura enxuta

(lean manufacturing) mais o 6 Sigma, ambas voltadas para a otimização da

produção. A primeira foca na melhoria no fluxo de produção e a segunda, na

eliminação de problemas. A união dessas duas metodologias gera uma poderosa

ferramenta para a eliminação de desperdícios e redução das variações de

processos, culminando em um retorno financeiro. Esses resultados positivos podem

ser claramente identificados, quantificados e analisados ao final dos processos.

Dentro da ótica prática, as observações extraídas desse estudo buscam

contribuir com ideias e discussões para a eliminação de não conformidades para o

setor da qualidade. Como consequência tem-se a transposição desta realidade para

a gestão da qualidade como um todo.

Na ótica científica, é inegável a sua relevância para o enriquecimento de

dados acerca do tema, pois uma análise com informações reais e direcionadas para

o elo da gestão da qualidade dentro de uma empresa farmacêutica poderá servir de

modelo teórico para outros sistemas farmacêuticos interessados no assunto.

Page 21: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

21

1.3 Escopo do trabalho

Este estudo analisará o mapa de processo e o fluxo analítico de análises

intituladas instrumentais dentro do controle de qualidade físico-químico de uma

indústria multinacional farmacêutica de grande porte, situada no Rio de Janeiro - RJ.

Será avaliado através do uso da ferramenta Lean 6 Sigma se os andamentos

dessas análises estão de acordo com as métricas da organização, verificando-se

desde os atendimentos aos prazos de entrega até as oportunidades de melhorias do

setor.

As análises instrumentais consideram procedimentos que utilizam técnicas de

HPLC (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência). Não se fará distinções de análises

instrumentais de produtos produzidos na fábrica local de produtos importados do site

de origem, os quais também precisam ser analisados na planta local para a sua

posterior comercialização no país. Os produtos contemplados nesse estudo serão os

chamados produtos de liberação, ou seja, produtos produzidos localmente e que

estão prontos para a comercialização. Não serão apreciados os de estabilidade, ou

seja, produtos que pertencem a uma faixa de estudo que fornece indicações sobre o

comportamento do produto em um intervalo de tempo, frente as condições

ambientais a que possa ser submetido, desde a sua fabricação até término de sua

validade.

Assim, os produtos de liberação escolhidos para o projeto serão

selecionados de forma aleatória, entrarão para a análise do projeto de acordo com

sua chegada ao Controle de Qualidade (CQ).

Os aspectos técnicos e conceituais que norteiam a metodologia Lean 6 Sigma

não serão alvos de questionamentos e contestações, apenas servirão de base para

o desenvolvimento do estudo apresentado.

Atenção especial será dada aos resultados propostos pela metodologia em

comparação com os resultados encontrados ao final do estudo. Desta forma, ficará

exposto de maneira clara a íntima ligação entre a ciência proposta e o sucesso final

obtido.

Page 22: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

22

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Uma perspectiva histórica

O trabalho pioneiro de Walter A. Shewhart na década de 1920(2), com o

estudo da aleatoriedade dos processos industriais, pode-se dizer que nasceu o

controle estatístico de processo (CEP). Ele desenvolveu um sistema que permitiu

determinar se a variabilidade de um processo era realmente aleatória ou devia-se a

causas especiais. Dessa forma, Shewhart(3) entendeu que medindo, analisando e

monitorando a variabilidade através de aplicações de estatística na fábrica,

processos e produtos poderiam chegar a melhores níveis de qualidade. Melhorando

os níveis de qualidade, isso significa menor variabilidade em medidas do processo e

do produto e mais exatidão em alcançar metas e alvos. Segundo Davis(2), Shewhart

desenvolveu os fundamentos do controle estatístico atual.

Já na década de 30, e ainda trabalhando arduamente contra os eventos

aleatórios que reduzem a produtividade de uma produção em massa, Shewhart (3)

nos Estados Unidos, no Bell Laboratories, criou o Ciclo PDCA(4) (Plan-planejar, Do-

realizar, Check-verificar e Action-atuar), método essencial da gestão da qualidade.

Ele analisou estatisticamente o controle de processos e criou um modelo para ser

aplicado na abordagem de qualquer problema em qualquer situação. Segundo

Shewhart(3), uma quantidade demasiadamente grande de constantes eram utilizadas

pelos físicos e que na vida real poucas se mantinham, somente através da

estatística alguém pode obter resultados acurados das muitas leis físicas.

Logo após a Segunda Guerra Mundial, o Japão se apresenta ao mundo

literalmente destruído e precisando iniciar seu processo de reconstrução.

Em 1947, as Forças Aliadas norte-americanas estavam ocupando o Japão, e

William Edwards Deming(4), famoso estatístico americano, foi chamado pelo governo

dos Estados Unidos da América para ajudar no censo japonês de 1951. Seu

conhecimento em técnicas de controle de qualidade, aliados ao seu envolvimento

com a sociedade japonesa, garantiram-lhe um convite da União Japonesa de

Cientistas e Engenheiros (JUSE). Os membros da JUSE haviam estudado as

Page 23: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

23

técnicas de Shewhart(3) e precisavam de um professor de controle estatístico para

ajudar na reconstrução do Japão. Entre junho e agosto de 1950, Deming(4) treinou

centenas de engenheiros, gerentes e estudantes em CEP e conceitos de qualidade.

A mensagem de Deming para os chefes executivos do Japão era: “Melhorar a

qualidade diminuirá despesas enquanto aumenta a produtividade e o mercado”. Um

grande número de indústrias japonesas aplicou suas técnicas e presenciaram um

nível de qualidade e de produção nunca vistos. A melhoria da qualidade combinada

com o baixo custo, criou uma nova demanda internacional para os produtos

japoneses. O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, foi introduzido no

Japão após a guerra, idealizado por Shewhart e divulgado por Deming, quem

efetivamente o aplicou.(5)

O Japão inicia, então, sua revolução gerencial silenciosa, que se contrapõe,

em estilo, mas ocorre paralelamente, à revolução tecnológica “barulhenta” do

Ocidente e chega a se confundir com uma revolução cultural. Essa mudança

silenciosa de postura gerencial proporcionou ao Japão o sucesso de que desfruta

até hoje como potência mundial. (6)

As contribuições de Shewhart tanto para a indústria quanto a estatística foram

significativas e sua influência sobre estatísticos como Deming resultaram na

melhoria dos processos e na alta qualidade na indústria, que ocasionaram o grande

desenvolvimento japonês no século vinte (XX).

Alguns conceitos de Deming até hoje são difundidos por todo o mundo,

valendo destacar os 14 pontos de Deming(4) que estão resumidos no quadro 1, que

contribuíram para a melhoria da qualidade, conceitos esses que se tornaram uma

referência universal no ensino e na prática da qualidade total.

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24

1º princípio: Estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço,

objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego;

2º princípio: Adote a nova filosofia. Estamos numa nova era econômica. A administração ocidental

deve acordar para o desafio, conscientizar-se de suas responsabilidades e assumir a liderança no

processo de transformação;

3º princípio: Deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a necessidade de

inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeiro estágio;

4º princípio: Cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Ao invés disto, minimize o

custo total. Desenvolva um único fornecedor para cada item, num relacionamento de longo prazo

fundamentado na lealdade e na confiança;

5º princípio: Melhore constantemente o sistema de produção e de prestação de serviços, de modo a

melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir de forma sistemática os

custos;

6º princípio: Institua treinamento no local de trabalho;

7º princípio: Institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as pessoas e as máquinas

e dispositivos a executarem um trabalho melhor. A chefia administrativa está necessitando de uma

revisão geral, tanto quanto a chefia dos trabalhadores de produção;

8º princípio: Elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz para a empresa;

9º princípio: Elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pesquisas,

projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de

produção e de utilização do produto ou serviço;

10º princípio: Elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-obra que exijam nível zero de

falhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações apenas geram inimizades, visto

que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encontra-se no sistema,

estando, portanto, fora do alcance dos trabalhadores;

11º princípio: Elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-os pela

liderança; elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de administração

por cifras, por objetivos numéricos. Substitua-os pela administração por processos através do

exemplo de líderes;

12º princípio: Remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgulhar-se de

seu desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser mudada de números absolutos para a

qualidade; remova as barreiras que privam as pessoas da administração e da engenharia de seu

direito de orgulharem-se de seu desempenho. Isto significa a abolição da avaliação anual de

desempenho ou de mérito, bem como da administração por objetivos;

13º princípio: Institua um forte programa de educação e auto-aprimoramento;

14º princípio: Engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é

da competência de todo mundo.

Quadro 1. Os 14 pontos de Deming (4)

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25

Deming criticou o sistema empresarial norte-americano por não apostar na

participação dos trabalhadores no processo de decisão. Ele argumenta que os

gestores são responsáveis por 94% dos problemas de qualidade. O seu principal

papel é remover as barreiras na empresa que impedem a realização de um bom

trabalho. “Os executivos devem fazer os outros trabalhar melhor, e não apenas

mais”, é uma das suas frases famosas.(7)

Com base nestas primeiras ideias, o conceito de Lean Manufacturing (LM)

emergiu no Japão do após Segunda Guerra Mundial. Em 1955, Taichii Ohno e

Shigeo Shingo assumiram o desafio de desenvolver um novo sistema de produção

para a Companhia de Motor Toyota (Toyota Motor Company) (8) nas instalações de

Nagoya. Durante as duas décadas seguintes, os dois engenheiros divulgaram vários

conceitos retirados das religiões e filosofias asiáticas juntamente com os melhores

conceitos existentes de produção (predominantemente americanos). O Sistema de

Produção Toyota foi desenvolvido e tormou-se um sistema unificado de alta

produtividade e qualidade.(8)

Durante os anos 60 e 70, o sistema ganhou proeminência por todo o Japão, e

a prova do seu sucesso chegou aos Estados Unidos, principalmente sob a forma de

exportações japonesas dos setores de automóvel e de eletrônica. No final dos anos

70, vários empresários americanos e consultores de produtividade começaram a

introduzir este sistema nos Estados Unidos.

Uma vez que a frase "Sistema de Produção Toyota" estava claramente

identificada com um único produtor, procurou-se encontrar um nome mais aceitável

para o conceito. Surgiu uma vasta gama de nomes, tais como "Just-in-Time

Production", "World Class Manufacturing", Continuous Flow Manufacturing", etc. Em

1990, James Wormack(9), um consultor de produtividade, escreveu um livro que se

tornou popular, intitulado "A Máquina que Mudou o Mundo". Nesse livro usou o

termo "Lean Manufacturing". Este termo acabou por se tornar o nome aceito por

todos.

Durante os anos 90 e no início do novo século, o sistema espalhou-se por

todos os Estados Unidos e pela Europa, e continua mostrando sua força através de

sua capacidade de gerar melhorias significativas, tanto em termos de produtividade,

como de qualidade, e não demonstra sinais de desaceleração.

O “Seis Sigma” começou a nascer na Motorola(10) no final dos anos 70. A

companhia estava perdendo participação no mercado, e resolveu investigar as

Page 26: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

26

razões dessas perdas e percebeu que a qualidade de seus produtos e a satisfação

de seus clientes não era o que deveria ser, uma percepção clara desse momento

que vivia a Motorola foi quando uma de suas fábricas de televisores foi passada

para o comando de uma organização japonesa. Sem modificar a tecnologia

empregada, o quadro de pessoas nem os equipamentos, o índice dos televisores

com defeito caiu para um vigésimo dos valores anteriores, demonstrando que o

problema estava no gerenciamento da fábrica, ou seja, na atitude perante a

qualidade e satisfação do cliente.(11)

Em resposta, adotou um programa de “administração participativa”, baseado

em pessoas trabalhando juntas em equipes. Em 1982, a Motorola viu que os

mesmos problemas enfrentados do lado de fora ocorriam nos processos internos. Os

executivos mudaram o programa, chamando-o de “dez vezes melhor em cinco

anos”. E havia o entendimento de que, se fosse possível melhorar os processos

internos, o nível de satisfação dos clientes também aumentaria. Por volta de 1985, a

empresa concentrou-se mais no tempo dos ciclos de produção, apoiada na certeza

de que não bastava apenas à qualidade da entrega, a rapidez também era

importante.

Entre 1986 e 1987, a Motorola recorreu à prática de aferição (benchmarking)

e descobriu que seu hiato com os concorrentes em ascensão não era de 10 para 1,

como pensava, mas de algo próximo a 1.000 para 1. Ela alterou novamente seu

programa, desta vez rebatizando-o de “Seis Sigma”. (10) Foi um reconhecimento do

fato de que, quando se mede a frequência com que as pessoas cometem erros,

aquelas que se dão bem estão estatisticamente próximas do sexto nível sigma. E a

Motorola queria chegar ao sexto nível sigma. Uma influência fundamental sobre o

Seis Sigma foram os 14 princípios de administração de Deming(4). Pode-se dizer que

foram os princípios norteadores do programa.

Estatisticamente, “sigma” é uma medida de variação aplicada a um processo

empresarial, diz respeito à frequência com que determinada operação ou transação

utiliza mais do que os recursos mínimos para satisfazer o cliente. A maioria das

empresas está no nível “4 sigma”, o que significa mais de 6 mil defeitos por 1 milhão

de oportunidades. Em outras palavras, em 6 mil produtos de 1 milhão fabricados, há

necessidade de usar mais do que os recursos mínimos. Uma empresa que está no

nível “6 sigma” registra apenas 3,4 defeitos em 1 milhão. Isso se traduz em uma

vantagem de custos e, mais importante, faz com que sobrem recursos para serem

Page 27: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

27

dirigidos para os processos capazes de diferenciar uma empresa 6 sigma. O

programa Seis Sigma faz uso de várias técnicas num metódico processo passo a

passo para atingir metas bem definidas.(12)

Contudo, o método Seis Sigma trata-se de um patamar de evolução dos

processos de melhoria contínua, pois notoriamente possui raízes em outros

processos estatísticos desenvolvidos e conceituados anteriormente.

Outros eventos da evolução do controle industrial de dimensões mundiais

foram extremamente decisivos e amplamente documentados em literatura cientifica,

porém este presente trabalho limitará suas análises com base nos conceitos de Lean

Manufacturing e Seis Sigma.

2.2 A evolução da qualidade

Desde os tempos mais remotos há indícios de que o homem através de sua

intrínseca curiosidade sempre buscou o que melhor se ajustasse as suas carências,

moldando de maneira tímida os primeiros conceitos de qualidade.

Qualidade é um conceito subjetivo que está relacionado diretamente às

percepções de cada indivíduo. Diversos fatores como cultura, tipo de produto ou

serviço prestado, necessidades e expectativas influenciam diretamente nesta

definição.

No que diz respeito aos produtos e/ou serviços vendidos no mercado, há

várias definições para qualidade: "conformidade com as exigências dos clientes",

"relação custo/benefício", "adequação ao uso", "valor agregado"; "fazer certo pela

primeira vez"; "produtos e/ou serviços com efetividade", entre outros. Enfim, o termo

é geralmente empregado para significar excelência de um produto ou serviço.

Segundo a perspectiva do cliente, há outra definição muito usada de

qualidade: adequação ao uso (fitness for use), expressão criada por Joseph

M.Juran(11). Esta expressão abrange dois significados:

1. Qualidade de projeto: Compreende as características do produto que

atendem às necessidades ou interesses do cliente. Quanto mais o produto for capaz

de cumprir a finalidade para a qual o cliente pretende utilizá-lo, mais elevada (ou

adequada) é a qualidade do projeto.

Page 28: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

28

2. Ausência de deficiências: As deficiências nos produtos e serviços

compreendem as falhas no cumprimento das especificações. Maior qualidade do

ponto de vista da ausência de deficiências significa custos menores.

A compreensão do progresso da qualidade é essencial para entendermos

como esse conceito se desenhou até os dias de hoje. No contexto atual a busca

pela qualidade total se tornou peça fundamental para a diferenciação e aumento da

competitividade das empresas, devido ao mercado globalizado. Mercado este que se

mostra cada vez mais impiedoso para aqueles que insistem em permanecer

pautados em modelos de estruturas rígidas e avessos aos modernos conceitos de

qualidade.

Especialmente a partir da Revolução Industrial, no século XIX, com o

desenvolvimento das ferramentas de trabalho e dos sistemas de unidades de

medidas, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos da América, a qualidade

evoluiu até nossos dias essencialmente através de quatro eras, dentro das quais a

arte de obter qualidade assumiu formas distintas(13):

• Era da Inspeção – Qualidade com foco no produto

• Era do Controle Estatístico da Qualidade – Qualidade com foco no processo

• Era da Garantia da Qualidade – Qualidade com foco no sistema

• Era da Gestão da Qualidade Total ("Total Quality Management - TQM") –

Qualidade com foco no negócio, ferramenta de estratégia

2.2.1 Era da inspeção

Com o advento da revolução industrial no início do século XIX, houve uma

transformação na forma organizacional como as atividades produtivas se

desenrolavam. A transposição inicial do local de trabalho, onde os artesãos de rua e

produtores de pequena escala passaram a se estabelecer em fábricas reformulando

suas funções e criando processos setorizados de fabricação, surgindo então as

atividades especializadas.

Page 29: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

29

Com isso, surge a chamada produção em massa, em que se tornou

necessário um sistema baseado em inspeções, onde um ou mais atributos de um

produto eram examinados, medidos ou testados, a fim de assegurar a sua

qualidade. Conforme salienta Paladini(14) “toda ênfase do Controle da Qualidade

esteve voltada para os procedimentos da avaliação da qualidade de produtos e

serviços, com a estruturação de técnicas de inspeção.”

Até meados do século XX era raro em uma empresa a presença de um setor

estruturado e com funções relacionadas à qualidade, sendo esse papel realizado

pelos inspetores que se alocavam em diferentes etapas da produção. Sua atividade

limitava-se a identificação do problema, troca de peças defeituosas e sua

quantificação, porém não havia a preocupação com a causa raiz da não

conformidade, o objetivo era a concordância entre os produtos produzidos.

2.2.2 Era do controle estatístico da qualidade

Esta era é marcada pelo foco no processo. Técnicas são desenvolvidas para

se controlar fontes de variabilidade, flutuações essas que podem impactar

diretamente nas propriedades e características do produto final. A partir do

entendimento dos pontos principais de variações são estabelecidos limites

estatísticos aceitáveis em que o processo passa a ser submetido, caso alterações

ocorram o processo é reajustado. O dispositivo mais conhecido desde essa época e

usado até os dias de hoje pelas indústrias é o CEP, controle estatístico de processo,

criado por Shewhart(3) em 16 de maio de 1924.

Page 30: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

30

2.2.3 Era da garantia da qualidade

Entre 1950 e 1960 inúmeros trabalhos foram feitos e publicados expandindo

as ideias e conhecimentos sobre qualidade. A palavra de ordem agora passa a ser

prevenção. As empresas percebem a necessidade de se expandir o exercício de

controlar, não mais a produção é o enfoque principal, mas outros setores passam a

ser vistos com possíveis de pontos de variações que podem causar prejuízos ao

produto final.

Segundo Barçante (13), os quatro principais movimentos que compõem esta

era são:

A. A quantificação dos custos da qualidade: os impactos das ações de

qualidade sobre os custos de uma empresa;

B. O controle total da qualidade (TQC): um trabalho multisetorial com o

objetivo claro de prevenção, desde a concepção do projeto até a satisfação final do

cliente;

C. As técnicas de confiabilidade: o objetivo era evitar falhas não somente

durante a produção mais como também durante todo o tempo e vida útil do produto;

D. O programa zero defeitos: ênfase a pró-atividade de funcionários através

de palestras e cursos, e estímulos através de demonstrativos de qualidade.

2.2.4 Era da gestão da qualidade total (TQM)

Esta última era engloba as três anteriores. Como uma reunião de conceitos e

conhecimentos adquiridos esta era chega com a visão de que a qualidade global da

empresa é fundamental para a sua competitividade no mercado. Encara a satisfação

final do cliente como pilar decisivo para a conquista de novos mercados.

As sínteses das quatro eras e suas características básicas encontram-se

agrupadas na tabela 1.

Page 31: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

31

Tabela 1 – Síntese das Quatro Eras(15)

Características Básicas / Eras

Inspeção Controle Estatístico da Qualidade

Garantia da Qualidade Gestão da Qualidade Total

Interesse Principal Verificação Controle Coordenação Impacto estratégico Visão da Qualidade Um problema a ser

resolvido Um problema a ser

resolvido Um problema a ser resolvido, mas que

é enfrentado proativamente Uma oportunidade de

diferenciação da concorrência Ênfase Uniformidade do produto Uniformidade do produto

com menos inspeção Toda a cadeia de fabricação, desde o

projeto até o mercado, e a contribuição de todos os grupos funcionais para

impedir falhas de Qualidade

As necessidades de mercado e do cliente

Métodos Instrumentos de medição Ferramentas e técnicas estatísticas

Programas e sistemas Planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos

e a mobilização da organização

Papel dos Profissionais da Qualidade

Inspeção, classificação, contagem, avaliação e

reparo

Solução de problemas e a aplicação de métodos

estatísticos

Planejamento, medição da Qualidade e desenvolvimento de programas

Estabelecimento de metas, educação e treinamento,

consultoria a outros departamentos e

desenvolvimento de programas

Quem é o responsável pela Qualidade

O departamento de Inspeção

Os departamentos de Fabricação e Engenharia (o

controle de Qualidade)

Todos os departamentos, com a alta administração se envolvendo

superficialmente com o planejamento e a execução das diretrizes da Qualidade

Todos na empresa, com a alta administração exercendo

forte liderança

Orientação e enfoque Inspecionar a Qualidade Controlar a Qualidade Construir a Qualidade Gerenciar a Qualidade

Page 32: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

32

2.3 A evolução da qualidade no Brasil e no mundo

No início dos anos 80, a qualidade deixou de estar atrelada somente a

produção, passou a tomar novas formas e concepções. O despertar de modernos

conceitos passou a tratar a qualidade como algo mais grandioso, a esfera que se

podia atingir foi amplificada, uma nova cultura de gerência participativa começava a

se desenhar, e o interesse pela qualidade dos serviços voltava-se como eixo

principal dos novos pensamentos.

As bases coerentes desse novo movimento que se iniciava foram

fundamentais, pois possibilitaram abrir caminhos para que na década seguinte seus

conceitos pudessem ser consolidados. (16)

A partir da década de 90, o Brasil conheceu um movimento de ascensão de

programas de qualidade, antes desta época apenas políticas isoladas foram

implementadas, não se tinha um movimento organizado e estruturado que norteasse

as diretrizes em bases sólidas. Em 1990, foi lançado o programa brasileiro da

qualidade e produtividade - PBQP, instituindo o mês de novembro como sendo o

mês da qualidade.(13)

Nesta mesma época, o mundo começa a conhecer o poder da globalização.

O acesso as informações cada vez mais facilitado pelo desenvolvimento tecnológico

permite que os países se integrem e criem íntimas redes de comunicação. O mundo

agora globalizado irá influenciar decisivamente no desenvolvimento da qualidade.

O fluxo a seguir resume a evolução da qualidade no mundo, de onde se

conclui que o que evoluiu, essencialmente, foi a forma de se obter qualidade.

Obter qualidade através → De inspeção dos produtos → Do controle dos

processos de produção de produtos → Da organização que administra os processos

que produzem os produtos → Das pessoas que compõem a organização que

administram os processos → Dos ambientes sociais que favorecem as ações das

pessoas que compõem a organização → Do meio-ambiente que interfere no

ambiente social que favorece as ações das pessoas→ Da visão globalizada que

influencia o meio-ambiente que interfere no ambiente social.

Na tabela 2 podemos ver como a qualidade se reorganizou diante desta nova

ordem mundial.

Page 33: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

33

Tabela 2. Mudança global de enfoque(17)

De Para

Visão específica Visão global

Sistema fechado (foco no produto) Sistema aberto (foco no mercado)

Ênfase no passado (o que já foi feito) Ênfase no futuro (o que será possível

fazer)

Qualidade vista como custo Qualidade vista como investimento

Abordagem padronizada e burocrática Abordagem cada vez mais dinâmica

Busca de “otimização numa esfera

limitada”

Busca de “sinergia numa esfera cada

vez mais ampla”

A gestão da qualidade A qualidade da gestão

2.4 Ferramentas para a melhoria contínua da qualidade

Ferramentas da qualidade são técnicas cujo objetivo é definir, medir, avaliar,

e sugerir soluções para problemas após a análise das circunstâncias e as causas

que o antecedem. Quando as ferramentas trabalham integradas umas com as

outras, nós teremos um sistema. Quando o sistema for praticado e defendido por

todas as pessoas da organização, nós teremos uma cultura.

A sugestão para a utilização de ferramentas da qualidade tem como

motivação a adoção de técnicas enxutas em fluxos de processos e produtos

reduzindo tempos ociosos e contribuindo para o aumento dos rendimentos da cadeia

de fluxo de valor.

As ferramentas podem ser dividas em dois tipos:

1°) Ferramentas estatísticas, que incluem planilhas, gráficos, mapas e tabelas

que auxiliam a interpretação de dados, e tem por objetivo a fácil visualização e

compreensão da informação.

Page 34: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

34

2°) Ferramentas de bases teóricas, que incluem conceitos, ideias e

proposições que norteiam o desenvolvimento de um projeto, e tem por objetivo

traçar um roteiro sistemático para a busca de soluções efetivas e tomada de

decisões.

Cada empresa deve avaliar quais as ferramentas que mais se apresenta

compatível com os dados disponíveis da organização para a sua aplicação,

permitindo que as avaliações se tornem as mais verídicas possíveis evitando

distorções da realidade.

Inúmeras ferramentas são descritas em literatura, nesse projeto serão

abordadas e descritas as ferramentas de interesse para o desenvolvimento de um

projeto Lean Seis Sigma.

2.4.1 Diagrama de causa e efeito

O Diagrama de Causa e Efeito (Espinha de Peixe ou Diagrama de

Ishikawa(16)) é uma ferramenta gráfica largamente utilizada, que mostra a relação

entre um efeito e as possíveis causas que podem estar contribuindo para que ele

ocorra. É um instrumento muito usado para investigar:

1. Os fatores que determinam resultados que se deseja obter (processo,

desempenho, oportunidade);

2. As causas de problemas que se precisa evitar (defeitos, falhas, variabilidade).

A figura 1 mostra o modelo teórico do Diagrama de Ishikawa.

Page 35: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

35

Figura 1. Diagrama de Ishikawa (18)

2.4.2 Histograma

É um gráfico de barras que mostra a variação de uma medida em um grupo

de dados através da distribuição de frequência. O histograma demonstra

visualmente a variabilidade das medidas de uma característica do processo em torno

da média.

Segundo Paladini (2000) (14), “... Sua aplicação na gestão da Qualidade tem

um número considerável de utilidades. Inicialmente, exemplificam como se pode

descrever, de forma simples e eficiente, uma dada situação; estimulam o uso de

imagens como elementos básicos de descrição da realidade e induzem as pessoas

a utilizar visões globais dos processos para melhor entendê-los. Dessa forma, sua

aplicação tem reflexos na concepção e na implantação de processos gerenciais”.

O gráfico 1 mostra o modelo teórico de um histograma.

Page 36: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

36

Gráfico 1. Gráfico em forma de histograma

2.4.3 Gráfico sequencial

Gráfico que mostra, no tempo, o comportamento de um item de controle

(variável). No eixo vertical são lançados os valores medidos da variável em estudo,

registrando-se na horizontal o respectivo número de ordem (ordem cronológica).

É útil na determinação da capacidade de um processo. É também chamado

de Gráfico de Acompanhamento ou de Gráfico de Tendência.

No gráfico 2 temos um exemplo de gráfico sequencial em que mostra o

número de pessoas atendidas em função do tempo num balcão de drogaria.

Page 37: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

37

Gráfico 2. Exemplo de gráfico de acompanhamento

2.4.4 Planejar, Realizar, Verificar e Atuar (PDCA)

O PDCA representa a filosofia empresarial da melhoria contínua, algo que

precisa permear por toda a cultura da organização. É uma ferramenta gerencial de

tomada de decisões para garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência

da empresa. Esse modelo demonstrado na figura 2 deixa claro que ações tomadas

de forma orquestrada e alinhada com os interesses da organização permitem

sequenciar a busca de soluções para problemas e melhorias de processos.

Page 38: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

38

Figura 2. O ciclo PDCA divulgado por Campos(19)

As quatro etapas deste ciclo padrão de melhoria serão explicitas a seguir(12): Planejar (PLAN)

Definir as metas a serem alcançadas;

Definir o método para alcançar as metas propostas.

Realizar (DO)

Executar as tarefas exatamente como foi previsto na etapa de planejamento;

Coletar dados que serão utilizados na próxima etapa de verificação do

processo;

Nesta etapa são essenciais a educação e o treinamento no trabalho.

Page 39: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

39

Verificar, checar (CHECK)

Verificar se o executado está conforme o planejado, ou seja, se a meta foi

alcançada, dentro do método definido;

Identificar os desvios na meta ou no método.

Agir, atuar corretivamente (ACTION)

Caso sejam identificados desvios, é necessário definir e implementar

soluções que eliminem as suas causas;

Caso não sejam identificados desvios, é possível realizar um trabalho

preventivo, identificando quais os desvios são passíveis de ocorrer no futuro,

suas causas, soluções etc.

Dessa maneira, a concepção de que quanto maior o volume de trabalho,

melhor será a produtividade é então extinguida, pois organizar as ideias e planejar a

melhor estratégia a ser seguida diminui o volume de retrabalhos desnecessários, e

permite que ações corretivas sejam feitas com mais segurança. O uso de dados

gerados pelas medições por indicadores e a atitude preventiva faz com que os

problemas apontados sejam resolvidos de uma única vez.

A tabela 3 mostra as etapas e seus respectivos objetivos do ciclo PDCA.

Page 40: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

40

Tabela 3. Etapas do ciclo PDCA(20)

PDCA FLUXO ETAPA OBJETIVO

P 1 Identificação do

Problema

Definir claramente o problema/processo e

reconhecer sua importância

2 Observação Investigar as características específicas do

problema/processo com uma visão ampla

e sob vários pontos de vista

3 Análise Descobrir a causa fundamental

4 Plano de ação Conceber um plano para bloquear a causa

fundamental

D 5 Execução Bloquear a causa fundamental

C 6 Verificação Verificar se o bloqueio foi efetivo

A 7 Padronização Prevenir contra o reaparecimento do

problema

8 Conclusão Recapitular todo o método de solução do

problema para trabalhos futuros

2.4.5 Seis Sigma(21)

Definindo em poucas palavras, o Seis Sigma consiste na aplicação de

métodos estatísticos a processos empresariais, orientado pela meta de eliminar

defeitos. A maioria das empresas opera no nível quatro sigma, o que equivale a

6.210 defeitos por milhão de oportunidades de haver defeitos. O nível Seis Sigma

gera apenas 3,4 defeitos por milhão.

A estratégia do Seis Sigma é uma forma de conseguir a implementação eficaz

de conceituadas técnicas e princípios de qualidade. O objetivo principal desta

estratégia pode ser definido de uma forma simples: conseguir zero erros em todo o

Page 41: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

41

desempenho da gestão na empresa. A idéia é assim obter um nível mínimo, próximo

de zero, ao nível das falhas da produção. Na figura 3, temos uma pequena

cronologia de empresas que adotaram o Seis Sigma.

Figura 3. Marcos históricos de implementação da ferramenta Seis Sigma(22)

2.4.5.1 Aprofundando nos conceitos Seis Sigma

Em estatística o desvio padrão é representado pela letra grega sigma (σ), que

demonstra a o grau de dispersão dos valores de uma distribuição normal em relação

à sua média. Quanto maior a variação, maior será o seu desvio padrão. A

distribuição “Normal” ou “Gaussiana” teórica possui dois parâmetros: a média “” e

o sigma “”. Sigma ou desvio padrão quantifica a variabilidade, ou não

uniformidade, existente em um processo, resposta ou características. A idéia Seis

Sigma visa minimizar essa dispersão, concentrando seus resultados e com isso

reduzindo a probabilidade de ocorrência de eventos defeituosos.

Page 42: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

42

Esse tipo de relação é representado pelo gráfico 3, conhecido como Curva de

Sino (Bell Curva) ou Curva de Gauss.

Gráfico 3. Curva de sino

O valor sigma é relacionado, portanto, a uma determinada área de

probabilidade que é inicialmente calculada através do valor esperado de defeitos ou

sucessos em um determinado processo, chamado de DPMO – defeitos por milhão

de oportunidades, expresso em ppm – parte por milhão.(17) Conforme tabela 4

podemos ver a relação de DPMO com custo de qualidade.

Tabela 4. Tradução do nível da qualidade para linguagem financeira(23)

Nível de qualidade DPMO (ppm) Custo de qualidade

2 sigma 308.537 Não se aplica

3 sigma 66.807 25 a 40%

4 sigma 6.210 15 a 25%

5 sigma 233 5 a 15%

6 sigma 3,4 < 1%

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43

Um índice importante que deve ser levado em conta durante um estudo Seis

Sigma é o chamado capabilidade (CpK). Trata-se de um controle estatístico do

processo em que se verifica o nível de desempenho do método em atender uma

determinada especificação, ou seja, dimensiona a relação entre o desempenho de

um processo e o desempenho esperado. Logo, esse índice traduz a competência do

processo em produzir itens conformes. CpK é um índice que fornece informações

referentes à variação e ou centralização do processo frente a especificações pré-

definidas. Os resultados preliminares de CpK são de extrema importância no início

de um estudo 6 Sigma pois irá apontar em que nível de qualidade sigma o processo

se encontra. Vale ressaltar que capabilidade não deve ser confundido com

capacidade pois este último, refere-se as características físicas, algo que é fixo e

próprio dos sistemas de fabrico como peças/hr, por exemplo.

2.4.5.2 Seis Sigma e sua Metodologia

Um dos principais elementos de estratégia da metodologia Seis Sigma é a

seleção de um profissional com experiência prévia na função de implementação, ou

a seleção de um profissional que passará por posteriores treinamentos a fim de

desenvolver a função de condutor e implementador da ferramenta Seis Sigma dessa

forma, este funcionário será o elemento chave de ligação com a liderança gerencial.

Outra alternativa, é a formação dentro da empresa de um grupo de

profissionais especializados de forma que atuem como condutores e administradores

durante as etapas do ciclo PDCA. É primordial que os objetivos de cada participante

estejam alinhados com os objetivos principais da organização e sua função

claramente delimitada dentro do grupo. (24)

Cada membro do grupo é nomeado e estabelecido suas competências

através de uma designação formal de seus cargos (22). Cinco categorias são

definidas para compor o grupo de acordo com a figura 4.

Page 44: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

44

Figura 4. Pirâmide de cargos de um projeto Seis Sigma, adaptado por

ALMEIDA, C.A.

Patriocinador (Champion ou Sponsor): participação na formação da

carteira de oportunidades e da consequente aprovação dos projetos;

participação das reuniões periódicas de acompanhamento do projeto;

participação de eventos de sustentação do projeto, tais como início de

sessões de treinamento.

Mestre Faixa Preta (Master Blackbelt, MBB): são profissionais com

cargo efetivo na hierarquia da empresa, respondendo diretamente à

alta administração da empresa; direta ou funcionalmente está ligado a

área de gestão da organização; disponibiliza preferencialmente 100%

de seu tempo ao projeto, principalmente no mentoramento do projeto;

em algumas empresas, exercem também funções executivas nas

Page 45: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

45

áreas de gestão ou qualidade; irá mentorar e orientar todos os faixas

pretas.

Faixa Preta (Blackbelt, BB): são profissionais com cargo efetivo na

hierarquia da empresa, respondendo diretamente ao MBB; direta ou

funcionalmente, está ligado à área de gestão da organização; irá

mentorar e orientar todos os faixas verdes.

Faixa Verde (Greenbelt, GB): são profissionais que dedicam parte de

seu tempo (geralmente 20-30% do tempo) a atividades de melhorias

contínuas e execução do projeto, respondendo hierarquicamente a seu

superior imediato (não existe relação hierárquica entre blackbelt e o

greenbelt, apenas relações funcionais no desenvolvimento do projeto).

Faixa Branca (Whitebelt): os membros do time são os whitebelts que

possuem profundo entendimento da metodologia Lean 6 Sigma, além

de experiências diversas na área da pesquisa. Darão suporte ao

programa e aos projetos de melhoria de processo.

Importante ressaltar que a metodologia Seis Sigma segue um caminho

científico lógico, mostrando suas raízes no ciclo de Deming(4), ou como é mais

conhecido ciclo PDCA. Com o passar do tempo, este ciclo foi sofrendo pequenos

ajustes, se tornando um processo mais prático e robusto culminando no que é hoje

conhecido como ciclo DMAIC (Definir-Define, Medir-Measure, Analisar-Analyse,

Melhorar-Improve, Controlar-Control). Esta metodologia DMAIC é utilizada como

guia para o desenvolvimento de um projeto Seis Sigma. Entre os autores sobre a

literatura específica, controvérsias são levantadas sobre a intercambialidade entre

esses dois ciclos. Na tabela 5 demonstra-se uma relação entre o PDCA e o DMAIC.

Page 46: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

46

Tabela 5. Equivalência entre DMAIC e PDCA(25)

Etapa Equivalência ao PDCA Objetivo

Definir

Checar a existência de

um processo que

necessite de melhorias.

Selecionar o projeto

adequado e definir

claramente o problema,

especialmente em termos

de requerimentos de

clientes.

Medir Checar desempenho

(performance) atual.

Levantar informações

sobre o desempenho do

processo.

Analisar

Agir para analisar falhas e

oportunidades de

melhorias.

Analisar as causas do

problema e verificar

potenciais causas raízes.

Melhorar

Agir para desenvolver

mudanças que possam

melhorar o desempenho.

Fazer as mudanças e

checar os resultados.

Identificar ações para

reduzir defeitos e as

variações causadas pelas

causas raízes.

Planejar a implementação

das ações selecionadas.

Implementar as ações e

avaliar a efetividade das

melhorias planejadas.

Controlar Agir para incorporar as

mudanças consideradas

de sucesso.

Controlar o processo para

assegurar a sustentação

das melhorias

implementadas.

As cinco etapas do DMAIC contidas neste ciclo padrão de melhoria serão

explicitas a seguir:

Page 47: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

47

Definição: Qual processo será melhorado?

Selecionar um projeto adequado e definir claramente o problema do

ponto de vista do cliente.

Medição: Qual a frequência dos defeitos?

Levar informações sobre o desempenho atual do processo.

Análise: Quando e onde ocorrem os defeitos?

Analisar as causas do problema e identificar aquelas consideradas

como causas raízes.

Melhoria: Como podemos corrigir o processo?

Identificar e implementar ações necessárias a redução de defeitos e

minimização de variações resultantes da ação das causas raízes.

Controle: Como podemos manter o processo correto?

Estabelecer medidas de controle necessárias a assegurar a

sustentação das melhorias alcançadas.

2.4.6 Lean Manufacturing(26)

O Lean Manufacturing (LM) no Brasil também é conhecido com o nome de

mentalidade enxuta. Essa ferramenta procura especificar valor a partir da ótica do

cliente, alinhar na melhor sequência as atividades que criam valor com isso, realizar

essas atividades sem interrupção sempre que alguém as solicita de forma cada vez

mais eficaz.

A produção enxuta é um sistema de produção que combina as vantagens das

produções artesanais com a produção em massa, evitando os altos custos da

primeira e a rigidez da última. Para obter as vantagens da manufatura enxuta,

basicamente é necessário atuar em atividades que não agregam valor, ou seja,

eliminar desperdícios para gerar fluxo. Como exemplos de desperdícios em fábrica

podemos citar:

Page 48: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

48

Superprodução: produzir muito ou antecipadamente;

Transporte: todo o transporte acima do necessário é desperdício;

Estoques: qualquer estoque acima do mínimo para se executar o

trabalho;

Esperas: espera por peças, espera pelo fim do ciclo de uma máquina;

Processamento: qualquer processo extra;

Reparos: qualquer conserto;

Movimentação: qualquer movimento que não agregue valor;

Intelectual: qualquer atividade ou falha que consuma o tempo ou o

talento de uma pessoa, sem agregar valor.

O conceito Lean Manufacturing surgiu na indústria automobilística,

considerada como “Indústria das Indústrias”, que alterou radicalmente a forma de

produzir bens por duas vezes neste século(26) :

1° Ford e Sloan – da produção artesanal para a produção em massa;

2° Shingo e Ohno – da produção em massa para a produção enxuta.

Na tabela 6 podemos perceber a clara diferença entre os tipos de produção e

como elas foram se aperfeiçoando ao longo do tempo.

Page 49: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

49

Tabela 6. Comparativo entre diferentes tipos de produção(26)

Artesanal “Em massa” Enxuta

Produção Uma peça por vez Em massa Somente quando o

cliente solicitar

Volume de

produção Baixo volume

Foco no volume de

produção

Possibilita alto

volume de

produção se existir

demanda

Ferramentas Simples e flexíveis Máquinas caras e

pouco versáteis

Tamanho certo das

ferramentas (Right

sized tools)

Qualidade O que puder ser

feito Bom o suficiente

Busca constante

pela perfeição

Cliente/Mercado Produto definido

pelo cliente

Produz uma opção

padrão para o

mercado

Produz diversas

opções de

produtos para

escolha

Funcionário Altamente

especializado

Semi qualificado

em trabalho

monótono

Qualificado e

multifuncional

(responsável pelo

seu trabalho)

Custo Altíssimo Baixo Mais baixo ainda

Resumidamente os princípios do Lean Manufacturing podem ser definidos

como:

1° Especificar o valor;

2° Identificar a cadeia de valor dos produtos e remover as etapas que geram

desperdícios;

3° Fazer com que as etapas que criam valor, fluam;

4° Fazer com que a produção seja “puxada” pela demanda;

5° Gerenciar para buscar a perfeição.

Page 50: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

50

Segundo Womack (1998)(27), LM é definido como uma abordagem que busca

uma forma melhor de estruturar e gerenciar os relacionamentos de uma empresa

com seus clientes, formando cadeia de fornecedores e promovendo o

desenvolvimento de produtos e suas operações de produção, segundo a qual é

possível fazer cada vez mais com menos (menos equipamento, menos esforço

humano, menos tempo, entre outros.)

2.4.7 Lean Seis Sigma(26)

Depois de apresentados aos conceitos de Lean, ficou claro como podemos

fazer o relacionamento entre essa metodologia e o Seis Sigma: as ferramentas que

são contidas nas duas metodologias podem, e devem ser combinadas como mostra

o quadro 2, para uma melhor análise do processo e a consequente proposta de

soluções mais efetivas.

DMAIC

Lean Manufacturing

RESULTADO

Forte utilização

de conceitos

estatísticos

+

Compromisso

com apuração

financeira dos

ganhos.

+

Pensamentos de

mudanças rápidas no

processo,

simplificando e

reduzindo ciclos de

tempo e gerações de

defeitos

=

Lean

Seis Sigma

Quadro 2. Combinação de conceitos Lean e Seis Sigma.

Page 51: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

51

Duas iniciativas que se complementam perfeitamente. O LM é uma coleção

de técnicas que diminui o tempo para fornecer produtos ou serviços através das

eliminações de processos e perdas de tempos. O Seis Sigma é um conjunto de

técnicas para melhorar a qualidade dos produtos e serviços, minimizando o

retrabalho e aumentando substancialmente a satisfação do cliente. Na tabela 7

temos pontuadas as características das duas metodologias.

Tabela 7. Características Lean e Seis Sigma.

LEAN SEIS SIGMA

Escopo Simples/ Curto prazo

Análises profundas com

ferramentas avançadas/

Médio-longo prazo

Objetivo Eliminar desperdícios Melhoria de processos

com impacto financeiro

Etapas

1. Especificar valor

2. Mapear a cadeia de

valor

3. Estabelecer fluxo

4. Início da

implementação

5. Trabalhar para a

perfeição

DMAIC

D – definir

M – medir

A – analisar

I – melhorar

C – controlar

Page 52: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

52

3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral

O presente estudo tem como objetivo implantar e implementar a metodologia

Lean Seis Sigma na área de controle de qualidade de uma indústria farmacêutica.

3.2 Objetivos específicos

▸ Estruturar, através de um mapa de processo o fluxo direcional das amostras

do Laboratório de Análises Instrumentais antes do estudo Lean Seis Sigma estar em

execução.

▸ Montar um formulário de coleta de dados para se mensurar e verificar como

se encontra os tempos de início e os tempos de espera do fluxo das amostras dentro

do CQ.

▸ Detectar pontos de melhorias no setor através dos dados coletados.

▸ Promover e implementar ações que minimizem as falhas detectadas na

área.

▸ Remodelar o mapa de processo das análises instrumentais, otimizando

etapas, e fazer uma segunda coleta de dados sobre os tempos de execução das

atividades do CQ afim de verificar os resultados alcançados com as melhorias

implementadas.

▸ Propor meios para que se mantenha e monitore os benefícios alcançados

pelo estudo e prática Lean Seis Sigma.

Page 53: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

53

4- METODOLOGIA

Segundo Kude (1997)(28), “é importante distinguir metodologia de método.

Método é a justificativa para o tipo de procedimento (quantitativo ou qualitativo)

empregado na pesquisa, a teoria do método; ao passo que metodologia é o conjunto

de procedimentos empregado na realização do estudo.”

Diante desta definição pode-se dizer que o método empregado nesse estudo

será um método quantitativo, pois será observada e quantificada uma população de

objetos compáraveis entre si, enfatizando indicadores numéricos e percentuais sobre

o determinado fenômeno pesquisado.

Além disso, trata-se de uma pesquisa descritiva pois irá observar, registrar,

correlacionar e descrever fatos ou fenômenos de uma determinada realidade sem

manipulá-los. Pretende-se conhecer e entender as diversas situações e frequências

com que ocorrem, caracterizadas pela seleção de amostras aleatórias de grandes ou

pequenas populações sujeitas à pesquisa, visando obter conhecimentos empíricos

atuais. (29)

A ferramenta escolhida para este estudo foi a ferramenta Lean 6 Sigma

devido a seus excelentes ganhos financeiros demonstrados em literatura quando

utilizada em grandes corporações(10). De acordo com essa ferramenta, a

metodologia utilizada foi a DMAIC que serviu de apoio para todo o desenvolvimento

do trabalho. Em conformidade com os conceitos dessa metodologia , o trabalho

seguiu composto de cinco etapas consecutivas: definição, medição, análise,

melhoria e controle. Figura 5. Fluxograma da metodologia proposta. As etapas são

melhor explicadas na sequência desse estudo.

Figura 5. Fluxograma da metodologia proposta

Page 54: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

54

4.1 Definição

Primeiramente, para que o projeto de implantação e implementação da

metodologia Lean Seis Sigma pudesse ser iniciado, o mesmo passou pela

aprovação por parte dos setores gerenciais da organização. Sob o ponto de vista de

concepção, as atividades propostas foram avaliadas e consideradas factíveis dentro

dos prazos estabelecidos.

Em seguida, foi sequenciada a ordem cronológica das amostras que são

analisadas no Laboratório Instrumental durante sua rotina diária, ou seja, desde o

momento da sua chegada no setor, sua entrada na programação de análise dos

analistas até sua posterior liberação, dando origem então ao mapa de processo das

análises instrumentais, figura 5 página 62. Dessa forma, foi possível ter uma visão

global do fluxo de trabalho do setor.

Com base no mapa de processo das análises instrumentais, montou-se um

panorama esforço X impacto, seguindo o modelo teórico do quadro 3. O modelo

teórico serviu de base para propor as ações de acordo com cada quadrante da

matriz; com isso, os empenhos foram priorizados de acordo com o perfil de cada

entrada listada, tendo por base o quanto de esforço e impacto seria desprendido. O

quadrante 3 do quadro seguinte, baixo esforço e alto impacto, foi a área onde se

concentraram as idéias de melhorias.

Page 55: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

55

AL

TO

ES

FO

O

1 2

Pode requerer investimentos, esforços e custos maiores.

Pode requerer investimentos maiores, esforços e custos,

além de não trazer impactos tão sensíveis.

BA

IXO

3 4

FOCO! Requer baixos investimentos e

retorno rápido das ações tomadas. Ações ver e agir imediatas.

Eventuais ações ver e agir,

que podem não trazer impactos significativos.

ALTO BAIXO

IMPACTO

Quadro 3. Téorico Matriz Esforço x Impacto(22)

As classificações das entradas listadas ocorreram com auxílio dos relatórios

de investigações analíticas de não conformidades da área fornecidos pela garantia

de qualidade, os quais abrangem casos suspeitos de erros analíticos, suporte as

condições e meios de trabalho e resultados analíticos fora de especificação. Foram

colocados em pauta pontos que pudessem ser considerados como fatores decisivos

para que uma análise instrumental fosse impactada de forma negativa. Dessa forma,

chegou-se a uma lista de vinte e sete variáveis que foram analisadas e classificadas

de acordo com seu alto (A) ou baixo (B) grau de esforço e impacto.

A característica de maior relevância considerada foi o poder de ação imediata

que o setor poderia ter diante da adversidade, ou seja, sem que houvesse a

necessidade de dependência de outros setores para que o problema pudesse ser

resolvido. Após essa qualificação, os itens que se encaixaram no quadrante baixo

Page 56: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

56

esforço e alto impacto foram tratados como prioridade e foco de atuação do projeto

Lean Seis Sigma, tabela 8, página 65.

Após a formação da tabela 8, Indicador Esforço x Impacto, e com base nas

informações que puderam ser extraídas da mesma, verificou-se alguns pontos

críticos no mapa de processo das análises instrumentais, dentre os quais oito etapas

que contemplam fases de início, meio e fim do mapa de processo foram entendidas

como determinantes para uma eficiente análise e posterior liberação dos produtos

pertinentes ao LAI.

Esses oito pontos de criticidade puderam ser analisados com auxílio de um

formulário de coleta de dados, através do mapeamento das amostras de forma

aleatória. Cada amostra escolhida ao acaso para participar do levantamento de

dados era feita à medida que sua entrada era dada no CQ, e a esta era anexado um

questionário a ser preenchido. Calculou-se os tempos em que as amostras

passavam por essas oito etapas críticas, através do prenchimento de lacunas onde

se cronometrava data, hora de início da atividade, hora final da atividade, analista

responsável pela ação e campo de observação, caso alguma informação relevante

fosse pertinente.

Isso significou um entendimento cronológico das amostras desde a sua

entrada no CQ até a sua aprovação final pelo coordenador da área.

A etapa de definição da metodologia pode ser concluída com elaboração do

formulário de Coleta de Dados I localizado no anexo I página 90, para que os

tempos de execução de cada uma das oito atividades críticas pudessem ser

acompanhadas.

Page 57: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

57

4.2 Medição

Um grupo de cento e sete amostras aleatórias foi mapeado através de data,

hora e minutos e assim as informações puderam ser mensuradas. Esta etapa de

medição teve a duração de dois meses.

Os produtos selecionados seguiam acompanhados pelo formulário de Coleta

de Dados I e cada funcionário do laboratório de análise instrumental no momento em

que o produto marcado passava por sua rotina de trabalho, o mesmo deveria

preencher a folha que o acompanhava.

Através deste mapeamento minucioso as informações obtidas com a coleta

de dados permitiu uma visão real das deficiências no fluxo das análises

instrumentais. Criou-se um banco de dados contendo conhecimentos sobre as

entradas e saídas do processo, o que permitiu que esforços de melhorias pudessem

ser indicados. Foram listadas potenciais fontes de variações, e como elas

influenciavam o fluxo de processo.

Com o uso de tratamentos estatísticos o sistema de medição pode ser

validado e os dados coletados foram interpretados. Cálculos como capabilidade e o

nível sigma do setor puderam ser medidos utilizando o software estatístico Minitab®,

versão quatorze(30) e explicitados de forma confiável. Assim, um panorama do mapa

de processo estava montado.

Page 58: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

58

4.3 Análise

Na etapa de análise, foram estabelecidas poucas entradas vitais que deriam

ser investidas em melhorias para se reduzir a probabilidade do processo gerar

defeitos, pois se várias constantes são alteradas, ao final não se consegue

identificar claramente que tipo de ação gerou determinada consequência em outras

palavras, o resultado final se torna inconclusivo.

Foram apontadas causas óbvias de algumas medições encontradas e

melhorias consideradas como ver e agir, ou seja, melhorias que não necessitam de

um planejamento mais complexo para se avaliar seus efeitos e consequências.

Essas melhorias foram listadas para serem prontamente iniciadas.

Uma análise de risco foi montada para se avaliar as ações mais complexas

que iriam ser desenvolvidas, movimentos estratégicos foram priorizados para que se

pudesse surtir os efeitos esperados com rapidez sem que isso significasse muitos

gastos em dinheiro. A causa raiz dos problemas era o foco das atividades.

Todos os procedimentos que foram adotados só se iniciaram a partir do

fechamento de todas as análises dos dados.

Page 59: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

59

4.4 Melhoria

Nessa etapa, as ações estabelecidas na etapa 4.3 Análise, página 58, foram

efetivamente postas em prática. Foram tomadas as ações que melhorariam a rotina

do laboratório, desde movimentos simples até os mais complexos. Alterações nos

procedimentos e instruções de trabalho puderam ser realizadas.

Os ganhos chamados vitórias-rápidas, ou seja, aqueles que de imediato

puderam ser sentidos foram calculados para se ter a dimensão de seus reais ganhos

para a corporação.

O mapa de processo das análises instrumentais foi remodelado, fazendo com

que fluxo do processo do laboratório instrumental se tornasse mais dinâmico e

compatível com as novas filosofias da organização, eliminando as atividades que

não agregavam valor.

Finalizando a etapa de melhoria, um novo plano de ação foi montado para

que se pudesse medir com mais precisão os benefícios adquiridos com as melhorias

implementadas no setor. Com isso, um novo formulário de coleta de dados foi

criado. Essa nova coleta de dados seguiu as mesmas idéias de preenchimento e

mecanismos de funcionamento que a primeira coleta de dados realizada na etapa

4.1 Definição, página 51.

Nesse momento não interessava mais tentar identificar as causas-raiz do

problema, uma vez que esse procedimento já havia sido feito na etapa 4.2 Medir

página 57, mas sim verificar como o processo estava se comportando diante das

inúmeras modificações que haviam sido feitas no mapa de processo e nas

atividades diárias dos analistas.

Na tentativa de se mensurar de forma objetiva e clara os benefícios

adquiridos pela organização, foi medida a entrada e saída do processo para se obter

o tempo total que a amostra levava para percorrer todo o novo mapa de processo,

uma vez que suas entre etapas já não eram mais o alvo de estudo. Desejava-se

acompanhar o novo nível sigma de atendimento do setor. O formulário de Coleta de

Dados II utilizado na etapa seguinte, a etapa Controle, encontra-se no anexo II

página 92.

Page 60: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

60

4.5 Controle

Nesta etapa final, com a segunda coleta de dados, um grupo de cem

amostras aleatórias foi mapeado. As informações extraídas foram tratadas

matematicamente e os cálculos de capabilidade e o nível sigma do setor puderam

ser recalculados utilizando o software estatístico Minitab®, versão quatorze(30). Assim

foi possível analisar e comparar os resultados iniciais com os resultados finais após

o projeto ser implantado.

Diante de um novo panorama que se desenhou, os benefícios alcançados

pelo setor puderam ser contabilizados e transformados em resultados financeiros,

quanto em valores substanciais foi possível alcançar com a redução de tempos

ociosos, otimização do fluxo de processo, e cultura pela valorização das informações

obtidas durante o estudo.

Meios de controle foram estabelecidos para que as melhorias feitas no mapa

de processo pudessem ser mantidas e periodicamente controladas. Isso permitiu

que a implementação do projeto se desse de forma consistente garantindo que as

mudanças não seriam apenas momentâneas, mas sim que a instalação de uma

nova cultura de trabalho se mantivesse no setor.

Dessa forma, um funcionário do setor tornou-se responsável e foi nomeado

como Controlador, e determinadas horas do seu dia de trabalho foram dedicadas

exclusivamente para monitorar e avaliar como futuramente estará se comportando o

novo fluxo de processo ao longo do tempo após o fechamento do projeto Lean Seis

Sigma.

Complementando, ao final foi verificada a necessidade ou não de ações

adicionais, ou seja, se haveria a necessidade de ajustes finos de determinadas

atividades que foram implantadas.

Após seguir as cinco etapas da metodologia, o projeto desenvolveu-se e as

considerações ao longo do estudo puderam ser avaliadas de forma coerente e seus

resultados mostraram-se confiáveis mesmo tratando-se de um projeto inovador para

a corporação e inclusive para literatura da indústria farmacêutica.

Page 61: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

61

5- RESULTADOS e DISCUSSÃO

Orientado pela metodologia proposta, as cinco etapas geraram resultados

específicos, os quais serão apresentados a seguir. Para melhor entendimento os

resultados serão expostos em tópicos seguindo a ordem cronológica com que foram

sendo obtidos.

5.1 Medindo o processo

Seguindo a ordem sequencial da metodologia, durante a etapa 4.1 Definição,

o mapa de processo das análises instrumentais foi montado para se obter um

entendimento do caminho que as amostras a serem analisadas percorriam no setor

instrumental antes do projeto Lean Seis Sigma ser implantado. Segue adiante a

estrutura do mapa e explicações sobre seus possíveis caminhos a serem seguidos.

Page 62: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

62

Page 63: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

63

Entendendo melhor o mapa de processo:

Primeiro ocorre o recebimento da amostra dentro do CQ (1), em seguida a

amostra é guardada em uma caixa vermelha até que os dados desse material sejam

inseridos em uma planilha eletrônica. A folha de trabalho (FT) referente a essa

amostra é gerada automaticamente(1B). Caso a geração da FT seja automática,

essa amostra juntamente com sua folha de trabalho são guardadas no armario (1C).

Se a impressão da folha de trabalho não ocorre de maneira sincronizada com a

entrada da amostra na planilha, no dia seguinte imprime-se manualmente a FT e

segue o fluxo (1C).

Após a programação do funcionário ser feita pelo seu gestor, o analista

recebe a amostra a ser analisada e insere os dados desse material em uma nova

planilha (2).

Existe a possibilidade da amostra ainda estar sendo aguardada pelo CQ e o

seu recebimento físico ainda não ter ocorrido (3A). (Exemplo, amostra previamente

avisada pela fabricação que chegaria mas ainda não ocorreu de fato.)

Se o analista foi avisado que amostra não mais chegaria no dia acordado

(3B), seu dia de análise é reprogramado (3C), e entra uma nova programção

analítica para ele (3), nova amostra a ser analisada (A).

Se o analista não foi avisado previamente que a amostra não iria mais chegar

ao CQ no dia acordado, o funcionário fica esperando a amostra chegar até o final do

seu expediente e seu dia de trabalho é perdido.

Seguindo o fluxo analítico após o item (2), o analista prepara as amostras que

serão injetadas no HPLC (4), em seguida, após o término das injeções, esses dados

serão reprocessados e a documentação analitica fechada (5).

Se os resultados não se mostrarem satisfatórios, ou seja, resultados fora da

especificação, é aberto um relatório de investigação analítica (RIRFES) para se

apurar possíveis causas ou evidências que possam esclarecer o porquê desse

resultado fora do esperado (B).

A análise seguindo sem problemas, a documentação analítica é entregue ao

analista revisor para que se possa verificar se houve alguma falha durante a análise

ou durante a organização da documentação de análise (6).

O revisor, encontrando alguma não conformidade na análise, retorna a

mesma para o analista que executou a análise no ponto (5) para que as correções

sejam feitas.

Page 64: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

64

Se a documentação passa pelo revisor sem erros (6A), o analista responsável

pela análise recebe a confirmação para que os dados pertinentes a essa análise

sejam embutidos no programa computacional validado (LIRIO), onde são

compilados os dados das análises do laboratório (7).

Em seguida, o coordenador do Laboratório de Análise Instrumental (LAI)

aprova no sistema (8), fechando o mapa de processo. O coordenador do Laboratório

de produtos aprova no sistema por último (9). Esse passo de número (9) ocorre em

paralelo às análises instrumentais pois são feitos também outros tipos de análises

pertinentes ao Laboratório de produtos, os quais não fazem parte desse estudo.

Ambos os laboratórios devem aprovar a amostra para que, ao final, esta seja

definitivamente aprovada e liberada do CQ.

Com base no mapa de processo das análises instrumentais, um panorama

esforço X impacto foi montado para que se pudesse visualizar com mais clareza as

principais entradas do fluxo de processo do setor. Este estudo resultou na formação

da tabela 8, Indicador Esforço X Impacto, que será apresentada a seguir, juntamente

com suas considerações.

Page 65: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

65

Tabela 8. Indicador Esforço x Impacto

X Entrada – X ( Problemas ) Esforço Impacto Atuação

1 Falta de padrão para realização da análise A A

2 Falta de reagente para realização da análise

B A X

3 Falta de vidraria para realização da análise B B

4 Equipamento quebrado B A X

5 Avaliação de resultados de impurezas calculados manualmente

B A X

6 Problemas na coluna cromatográfica B B

7 Alto volume de documentação analítica para preenchimento dos laudos

B A X

8 Espera da folha de trabalho que acompanha o produto a ser analisado

B B

9 Erro de programação do planejamento de fabricação de produtos

A A

10 Chegada da amostra com transporte externo ou interno até o CQ

A A

11 Erro na monografia analítica A A

12 Tempo de corrida cromatográfica da amostra

A A

13 Organização geral B A X

14 Transporte de amostras dentro do setor LAI B A X

15 Urgência analítica B A X

16 Programação estabelecida de acordo com os prazos de entrega (Lead time) mais urgentes.

B A X

17 Programação de análise dos analistas B A X

18 Retrabalho analítico B A X

19 Resultado fora de especificação A A

20 Falta comunicação entre laboratórios B A X

21 Falta comunicação na chegada de amostras no LAI

B A X

22 Falta de monografia no local para realização da análise

B B

23 Demora da balança de cinco casas decimais em estabilizar

B A X

24 Falta experiência em bancada dos analistas A A

25 Revisão das análises após sua conclusão B A X

26 Falta de computador disponível para concluir as análises

B A X

27 Rotatividade dos analistas A A

Page 66: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

66

Entendendo melhor a tabela 8, as entradas que foram conceituadas como

alto esforço são entradas que não derivam diretamente do LAI, ou seja, são

entradas que competem exclusivamente a outros setores, porém acabam refletindo

positiva ou negativamente no LAI. Os esforços foram concentrados nas entradas nas

quais o poder de alcance do setor poderia ser realizado de forma efetiva. Com base

nas entradas que foram classificadas, encontraram-se quinze pontos de deficiência

que o projeto poderia focar.

→ 1) Falta de reagente: sem reagentes as análises não são realizadas. A

compra e uso dos reagentes utilizados nas análises instrumentais são

feitos pelo próprio LAI; logo, se houver uma melhor logística desse

material, a falta de reagente poderá ser evitada.

→ 2) Equipamento quebrado: sem equipamentos as análises não são

realizadas; além disso, o instrumento de trabalho para a realização de

análises instrumentais é o HPLC, se houver treinamentos mais

adequados e aprofundados sobre a mecânica do equipamento para

determinados analistas, muitos problemas poderão ser rapidamente

esclarecidos sem a necessidade da espera de um técnico externo para

a solução do problema.

→ 3) Avaliação de resultados de impurezas calculados manualmente: se

planilhas eletrônicas forem validadas para o uso de cálculo de

impurezas, haverá redução nos tempos para o fechamento da

documentação analitica, uma vez que o analista apenas alimentará a

planilha e os resultados serão rapidamente demonstrados; com isso,

evitará possíveis erros de cálculos quando feitos em calculadoras

manualmente.

→ 4) Alto volume de documentação para preenchimento: muitas

documentações analíticas possuem campos que se repetem durante o

fechamento da análise, fazendo com que o analista gaste tempos

desnecessários prolongando a entrega da documentação final.

Page 67: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

67

→ 5) Organização geral: uma reorganização geral do setor, incluindo

pastas e arquivos, melhoraria o ambiente para que as informações

fluam com maior clareza, evitando erros de comunicação.

→ 6) Transporte de amostras dentro do setor LAI: a geração de um fluxo

contínuo de amostras e posterior treinamento dos analistas do setor

evitará o desencontro de informações, fazendo com que muitas vezes

as amostras se percam no setor, ou seja, a mesma não estando

atrelada à sua folha de trabalho gera tempos ociosos e até mesmo

perda de um dia de trabalho para o analista responsável pela análise.

→ 7) Urgência analítica: priorizar as urgências analíticas durante a

preparação da programação analítica, evitando que análises prioritárias

saiam com atrasos.

→ 8) Trabalho com Lead time: trabalhar com Lead Time significa colocar

em ordem de prioridade na programção dos analistas as análises que

possuem prazos de liberação mais curtos. Dessa forma, o

cumprimento dos prazos seria atendido de forma mais eficiente.

→ 9) Programação de análise dos analistas: procurar montar uma

programção factível, para que as propostas de análises sejam

cumpridas nos prazos previstos.

→ 10) Retrabalho analítico: se os analistas forem treinados

periodicamente, se houver cursos programados de reciclagem, se as

experiências dos analistas seniores forem incorporadas ao dia-a-dia

dos analistas mais jovens, poderá ser observado alto impacto na

redução de retrabalhos.

→ 11) Falta de comunicação entre os laboratórios: um melhor

entendimento do LAI com as áreas vizinhas aproximará os analistas

fazendo com que as barrerias invisíveis sejam desfeitas, provocando

Page 68: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

68

melhoria no fluxo das informações. Ações como a promoção de cursos

em conjunto e dinâmicas de grupo poderão minimizar esta deficiência.

→ 12) Falta de comunicação na chegada de amostras no LAI: um melhor

entendimento entre as áreas poderá assegurar de forma mais eficente

a chegada de amostras no LAI, permitindo que as amostras entre

compassadamente na rota da programação, fazendo com que os

prazos de entrega sejam atendidos pontualmente.

→ 13) Demora das balanças de cinco casas decimais em estabilizar:

realocar a balança em uma sala dedicada para que o fluxo de ar do

ambiente seja o menor possível, pois como essa balança registra uma

variação de casa decimal de até cinco dígitos, sua grande

sensibilidade provoca algumas vezes demora na estabilização final, o

que faz com que o analista perca tempo durante sua marcha analítica.

→ 14) Revisão das análises após sua conclusão: todas as

documentações analíticas do LAI, após o seu fechamento, devem ser

revisadas antes da aprovação final e seu posterior arquivamento, caso

houvesse uma lista de checagem (check-list) de revisão e um analista

dedicado a essa função, a atividade seria realizada com mais rapidez e

menos erros.

→ 15) Falta de computador disponível para concluir a análise: falta de

computador para reprocessar: atualmente o grupo que trabalha no LAI

é composto por doze analistas que utilizam diariamente computadores

para avaliar e reprocessar análises de suas programações; além disso,

ao final, necessitam alimentar o sistema LIRIO com os resultados

encontrados, porém o setor possui apenas quatro computadores, o que

impacta diretamente no trabalho, pois a espera pela liberação das

máquinas provoca tempos ociosos.

Page 69: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

69

Como foi visto, após formação do mapa de processo do LAI, seguiu-se com a

formação da tabela 8, Indicador Esforço x Impacto, e finalizando, foi estruturado o

formulário de Coleta de Dados I e assim as amostras começaram a ser

acompanhadas de forma aleatória.

Ao se completar a etapa 4.2 Medição, um grande volume de dados estava

disponível para se entender melhor as oito fases avaliadas através do formulário de

Coleta de Dados I.

As informações extraídas são atestadas através das equações e curvas

mostradas adiante. Os conhecimentos coletados foram tabulados e analisados

utilizando o software estatístico Minitab® , versão quatorze.(30)

Primeiramente foi medido a capabilidade do mapa de processo do LAI, ou

seja, examinou-se o nível de desempenho, que se encontra apresentado no gráfico

4, calculado com base no modelo de distribuição normal. Verificou-se uma

distribuição assimétrica da base do gráfico, o que demonstra uma variação

excessiva, comprovando que os dados agrupados não se mostram robustos devido

à grande faixa de flutuação inerente ao estado do processo.

Page 70: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

70

Gráfico 4. Capabilidade do processo.

Em seguida, com auxílio do Minitab®, foi calculado o nível sigma do setor. Foi

encontrado um nível corrente sigma de 1,83 com 37% de defeitos ocorridos em 274

horas de análise, ou seja, encontrou-se uma média de 11 dias corridos desde o

momento que o produto chega ao CQ até sua posterior liberação, e um desvio

padrão de 5 dias. Resultado muito perto do prazo máximo teórico de entrega dos

produtos, que é de 10 dias de trabalho ou 12 dias corridos, num total de 288 horas

de trabalho, e observa-se um desvio padrão elevado.

De acordo com o gráfico 5 e sua equação da reta, o tempo de execução e

entrega dos resultados das análises instrumentais representam 85% do tempo total

que a amostra leva para percorrer o fluxo de processo do CQ. E, no gráfico 6,

apresenta-se o teste de normalidade que vem explicitar a necessidade de se reduzir

a dispersão e melhorar a consistência das análises.

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71

Gráfico 5. Gráfico de linha – Tempo de entrega do LAI

Gráfico 6. Teste de normalidade em relação ao tempo de entrega total

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5.2 Analisando os dados coletados

Passando para o tópico 4.3 Análise página 58 da metodologia, examinando

as informações adquiridas com a coleta de dados, as oito etapas do fluxo de

processo mapeadas pelo projeto foram comparadas entre si para se avaliar o grau

de impacto de cada etapa dentro da cadeia instrumental.

De acordo com maior ou menor grau de dispersão dos dados coletados, e

através da equação de reta foi possível verificar com clareza que três etapas do

formulário de coleta de dados I apresentaram grandes variações em virtude do

espalhamento dos seus dados ao longo do tempo. As características das dispersões

de cada etapa estão apresentadas no gráfico 7, onde estão ressaltadas em verde as

etapas com maiores influências, são elas :

Etapa (3) três, análise da amostra com 87% de influência.

Etapa (4) quatro, reprocesso e fechamento da análise com 71% de

influência.

Etapa (5) cinco, revisão da análise com 67% de influência .

Gráfico 7. Comparativo das etapas críticas do processo

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73

Ainda avaliando a etapa quatro do formulário de coleta de dados I, e dentro

do contexto o analista reprocessa e fecha a documentação analítica; foi verificado

que se desperdiça em média 162 minutos por lote para o cumprimento desse passo

no fluxo de processo.

Outro resultado que pode ser observado nesse tópico de análise foi a

desmistificação que se tinha sobre os diferentes prazos de entrega em função do

tipo de produto. Acreditava-se que as análises de produtos importados despendiam

maior tempo de execução durante os ensaios do que uma análise de produto

produzido pela planta local.

Usando a ferramenta caixa de plotagem (Boxplot) não foi possível visualizar

diferenças entre valores médios e valores de dispersão em função do tempo de

atendimento. Dessa forma, foi verificado que a influência sobre o prazo de entrega

independe da natureza do produto, resultado confirmado através do teste T(31). O

teste T é um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para rejeitar ou não

uma hipótese nula, desde que o objeto do teste siga uma distribuição t de Student.

Ele consiste em usar os dados da amostra para calcular a estatística t e depois

compará-la com a distribuição t de student e assim identificar a probabilidade de se

ter obtido o resultado observado, caso a hipótese nula seja verdadeira. No gráfico 8,

a letra I indica produtos importados e PA indica produto local. O quadro 4 mostra o

resultado do teste t de diferença realizado pelo Minitab®.

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74

Gráfico 8. Boxplot – Tipo de produto e sua influência sobre o tempo de espera

Dois tipos de amostras, utilização do T-Test e intervalo de confiança

95%:

Tempo médio total de entrega da amostra (horas); Tipo de amostra

Se

Tipo N Média Desvio Padrão

I 21 314 164

PA 86 298 109

Diferença= mu (I) – mu (PA)

Estimativa de diferença : 15,6

95% IC (intervalo de confiança) para diferença:

T-Test de diferença = 0 (versus não ser zero )

T-valor = 0,42

P-Value = 0,681 ←←

Quadro 4. Resultado do teste t de diferença pelo Minitab®

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75

Observando os resultados apresentados no Minitab®, a hipótese inicial sendo

verdadeira (H0V), seria que os diferentes tipos de amostras influenciam no tempo de

entrega das análises. Se o valor de p-value não for igual a zero, rejeita-se a

hipótese H0V. Com um nível de 95% de confiança, rejeitou-se a hipótese de

diferença nos tempos de entrega entre os diferentes tipos de produtos.

De posse dessas informações e resultados obtidos na exploração inicial dos

dados coletados, algumas mudanças foram feitas focando a causa raiz do problema.

Através de uma análise de risco em que foi levado em conta retorno financeiro,

complexidade e custo da implementação, foram priorizadas ações estratégicas que

norteassem a organização na sua busca por melhorias.

Fundamentado nos números, um plano de ação pode ser montado e as

entradas críticas do processo puderam ser minimizadas. A expectativa era a redução

de tempos, promoção de agilidade e destreza nas análises além de ganhos em

qualidade. Dessa forma, as atividades de melhorias puderam ser direcionadas.

Page 76: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

76

5.3 Melhorias implementadas

Seguindo nesse contexto, as ações realizadas no tópico 4.4 Melhoria da

metodologia, página 59, foram direcionadas pelo plano de ação proposto. As

melhorias implementadas foram:

→ Focando a etapa (3) três do plano de coleta de dados, (análise da

amostra):

os analistas foram retreinados nas análises consideradas complexas,

troca de experiências foram incentivadas entre os analistas mais

experientes e analistas mais novos através de grupos de estudo.

Compra de doze novos computadores foi feita e instalados na bancada

de cada analista da área instrumental, o que permitiu que as análises

injetadas nos equipamentos de HPLC pudessem ser acompanhadas

em tempo real após o seu início. Qualquer não conformidade durante

este procedimento pode ser facilmente detectada no monitor e

reparada pelo analista ainda no mesmo dia da análise.

Adquiriu-se ganhos em tempos e, consequentemente, beneficiou-se a

etapa (6) seis da folha de coleta de dados, (emissão de resultados de

análise no sistema), pois o analista tem à sua disposição um

computador para lançar os resultados no sistema (LIRIO) após o

revisor devolver a documentação analítica revisada na mão do analista.

Anteriormente apenas quatro computadores estavam disponíveis para

a realização dessas ações, sendo que são doze analistas em

atividades simultâneas.

→ Focando a etapa (4) quatro do plano de coleta de dados, (reprocesso e

fechamento da amostra):

as planilhas eletrônicas foram validadas o que permitiu a redução de

erros durante o fechamento de toda a documentação analítica, muitos

Page 77: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

77

cálculos eram feitos manualmente, o que constantemente gerava erros

e retrabalhos contradizendo uns dos princípios da organização: “right

first time!”, ou seja, fazer o certo pela primeira vez.

Reformulação das documentações analíticas, redução de 46% na

quantidade de campos e documentos a serem preenchidos.:

Antes do projeto → 52 espaços em branco a serem preenchidos

Depois do projeto → 24 espaços em branco a serem preenchidos

Toda a impressão foi direcionada para uma impressora mais perto da

área instrumental: movimento eliminado.

→ Focando a etapa (5) cinco do plano de coleta de dados, (revisão da

análise):

uma lista de checagem (check-list) de revisão contendo os itens que

devem ser verificados antes que a documentação analítica seja

arquivada foi implatada para auxiliar o analista revisor no momento da

revisão; além disso, um analista ficou dedicado a essa função.

Um sistema de controle visual foi introduzido para facilitar o analista

revisor. Foram disponibilizadas pastas coloridas para priorizar revisão

dos produtos. Conforme os analistas vão entregando a documentação

analítica na mesa do revisor, essa documentação deve ser colocada

dentro de pastas coloridas de acordo com a proximidade dos prazos de

entrega, facilitando o revisor. O revisor não precisa mais ficar

procurando qual documentação verificar primeiro. Ganhos em redução

de tempos.

Pasta vermelha: prazo de entrega expira em dois dias.

Pasta amarela: prazo expira entre 3 a 5 dias.

Pasta verde: prazo de entrega expira em mais de cinco dias.

Outras formas de melhorias também foram postas em prática, como as

melhorias consideras ver e agir:

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78

→ A apresentação do programa usado nos computadores para injetar as

análises instumentais foi reformulada, ícones desnecessários foram

retirados para melhor visualização na tela do monitor.

→ Todas as impressões analíticas foram configuradas para serem

impressas em duas folhas por página e usando ambos os lados,

redução de custos de impressão.

→ Todos os procedimentos operacionais padrão foram revisados e todos

os analistas da área foram retreinados.

Um benefício de grande impacto alcançado nessa fase de melhorias foi a

modernização do mapa de processo das análises instrumentais, deixando o fluxo

mais dinâmico. Seis passos do antigo mapa da área foram eliminados por se

mostrarem desnecessários e repetitivos. A retirada de tempos mortos, ou seja,

tempos que não agregavam valores permitiu uma ligação mais estreita das ações

durante sequenciamento do mapa.

Dentre as modificações que ocorreram, nao há mais a necessidade da

amostra ficar aguardando em uma caixa vermelha o seu cadastro ser realizado, essa

ação deve ser feita imediatamente após a sua chegada ao CQ, nao deverá haver

aguardes por mais de um dia como acontecia anteriormente. A amostra fica

guardada no armário com sua folha de trabalho anexada, pronta para entrar na

programação analítica de qualquer analista do CQ. Uma vez que essa amostra entra

na rotina do analista, esse não necessita mais dar entrada em uma nova planilha,

uma vez que o passo de cadastramento já foi feito. E por fim, entendeu-se que

apenas um coordenador é o suficiente para que uma amostra após ser analisada

seja liberada, pois anteriormente ocorria demoras na aprovação em função das

diversas atividades pertinentes aos dois coordenadores. Com a ciência de apenas

um coordenador a amostra é liberada. As etapas eliminadas estão demonstradas por

um risco em vermelho na figura 6.

Todos os analistas foram treinados no novo mapa de processo, figura 6, e nos

novos procedimentos operacionais padrões.

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79

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80

5.4 Controlando o novo mapa de processo instrumental

Finalizando os resultados obtidos com o projeto Lean, as avaliações

relacionadas ao tópico 4.5 Controle da metodologia, são decorrentes da segunda

coleta de dados ocorrida durante o estudo. As informações extraidas foram tratadas

e novos resultados foram encontrados. Diferentes gráficos foram analisados para

que se pudesse comparar os desvios do processo e avaliar a nova capabilidade

obtida. Observa-se através do gráfico 9 que o panorama foi modificado

drasticamente após o fluxo das análises instrumentais passar por melhorias.

Com a nova curva de capabilidade obtida, representada pela cor vermelha no

gráfico 8, pode-se verficar que o processo mostrou-se mais consistente pois a

dispersão dos dados foi reduzida, centralizando o processo e diminuindo a

probabilidade de ocorrência dos defeitos dessa forma, o processo tormou-se mais

preciso e exato.

Grafico 9. Nova capabilidade do processo

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81

Como demostrado na figura 7 teórica abaixo, antes do projeto estávamos na

situação dois e atualmente o setor encontra-se na situação um.

Figura 7. Curvas de capabilidades teóricas. (32)

Outra avaliação que foi facilmente possível ser feita através do gráfico de

execução (Run chart) foi a verificação dos pontos fora do padrão. Seu objetivo é

encontrar anamolias em dados que sugerem mudanças em um processo ao longo

do tempo ou fatores especiais que podem estar influenciando a variabilidade de um

processo(33). Uma visão antes e depois do projeto foi elaborada, gráfico 10, com

todos os dados coletados. O primeiro gráfico mostra as melhorias com relação a

valores individuais e o gráfico seguinte, mostra melhorias no desvio padrão após a

execução de todo o trabalho realizado. Redução de pontos, representados na cor

vermelha, fora dos limites superior e inferior podem ser observados no instantes

antes e depois. Ainda obervando os instantes antes e depois do projeto, nota-se

uma considerável redução nas faixas dos limites superior e inferior para ambos os

gráficos, demonstrando que a faixa de flutuação foi reduzida.

Page 82: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

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Gráfico 10. Pontos fora do padrão antes e depois do projeto.

O nível sigma, porcentagem de defeitos, nível de atendimento do setor,

média de dias gastos em análise, tempo gasto para reprocessar e fechar a

documentação (tempo de reprocesso) foram recalculados e expostos na tabela 9.

Tabela 9. Ganhos finais do projeto

Indicativos Antes Depois

Nível sigma 1,83 7

Porcentagem de defeitos 37% zero

Média de dias gastos em

análise 11 4

Desvio padrão de dias

gastos 5 2

Nível de atendimento do

setor 63% em 10 dias de trabalho

100% em 10 dias de

trabalho

Tempo de reprocesso das

análises por lote 162 min 57 mim

Page 83: Implantação e implementação da ferramenta Lean Seis Sigma ...

83

A análise final desta última etapa da metodologia foi considerada bastante

satisfatória visto que os pontos críticos apontados no início do projeto puderam ser

minimizados de forma eficiente e ainda ser demonstrados com base em dados

matemáticos todo seu desenvolvimento e evolução.

O nível de atendimento do setor apresentou aumento de 37% e o tempo de

reprocesso das análises uma redução de 65%, números expressivos e convincentes,

pois foi possível calcular os ganhos financeiros conseguidos pelo setor. Esses

valores obtidos estão apresentados a seguir.

O laboratório de análises instrumentais apresenta um custo médio de 39,2

Reais/hora para que o laboratório esteja em funcionamento e apto para qualquer

analista trabalhar; este valor comporta as despesas físicas do setor.

Um levantamento da quantidade de lotes produzidos no último ano foi feito e

chegou-se a 1.465 lotes por ano, sendo que, desse total, 1.131 lotes são de

produtos produzidos localmente e 334 são os produtos denominados importados.

Com a implantação e implementação do Lean Seis Sigma observou-se uma redução

de 105 minutos por lote no tempo de reprocesso das análises.

A economia que será conseguida por ano foi calculada com base na fórmula:

Economia/ano = Custo médio do laboratório instrumental (39,2 Reais/hora) x

lotes analisados/ano x redução no tempo de reprocesso das análises (hora/lote)

A economia final encontrada foi de R$98.372,4 por ano. Número que

demonstra o impacto do programa Lean quando aplicado em apenas uma área

dentro da organização. A grandiosidade deste resultado atrelada as modernas

visões mercadológicas, permite que a empresa se torne diferenciada e inovadora no

ramo farmacêutico, uma vez que possibilita novos investimentos empresariais e

preços mais competitivos.

Diante dos resultados apresentados, o Programa Lean Seis Sigma

implementado mostrou-se como um caso de grande sucesso pois, além do setor

atingir a métrica Seis Sigma, seus resultados foram excedidos, um nível Sete Sigma

foi conseguido pela área e sua porcentagem de defeitos atingiu o nível zero. O que

significa que os gastos com a qualidade no setor representam menos de um

porcento (1%) do seu montante.

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84

Comprovadamente foi possível verificar que se investir em qualidade nos

processos industriais é interessante, principalmente em áreas que historicamente

são vistas como centro de gastos, como um controle de qualidade.

Vale lembrar que o empenho e o comprometimento de todos os

colaboradores envolvidos, juntamente com uma gerência patrocinadora e

incentivadora foram fundamentais para que esses números pudessem ser

alcançados.

O que pode ficar claro foi que mesmo a organização se tratando de uma

empresa multinacional, pontos de melhorias sempre são possíveis de serem

detectados e trabalhados para se aperfeiçoar a rotina de trabalho.

Outro ponto que deve ser ressaltado é sobre a área que sofreu as melhorias a

serem desenvolvidas. A área de atuação de um projeto dessa natureza deve estar

claramente delimitada, conforme ocorreu no estudo; dessa forma, o potencial de

alcance verificado foi o mais efetivo.

Embora a literatura em geral demonstar em sua grande maioria a aplicação

da ferramenta Lean Seis Sigma em casos de produção em massa, expressivamente

na indústria automobilística (34), o presente estudo demonstrou que seus conceitos e

fundamentos podem ser empregados e ajustados a qualquer corporação

independente de sua natureza ou porte.

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85

6. CONCLUSÃO e CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista o cenário atual das grandes empresas que fazem parte do

ramo farmacêutico, a preocupação com a qualidade tornou-se objeto de grandes

estudos, uma vez que o aumento da qualidade significa redução de custos. Fazer

da qualidade um ambiente estratégico de negócios mostra-se a cada dia mais

rentável financeiramente, pois torna a empresa mais competitiva no mercado.

Para isso, técnicas de manufatura enxuta auxiliam na redução de

desperdícios, a partir da eliminação dos excessos e, assim planos, Lean são

desenvolvidos. Aliados a essas diretrizes, os ideais do Seis Sigma, onde um ciclo

de desempenho é constantemente avaliado, reunem de forma harmônica e

interativa a doutrina Lean Seis Sigma.

O que se deve deixar salientado é que os conceitos e filosofias que

compõem o programa Lean Seis Sigma devem estar devidamente esclarecidos e

incorporados a organização como um todo, atingindo desde o nível gerencial até o

chão de fabrica, caso contrário o insucesso do programa poderá ser observado.

As melhorias alcançadas nesse presente estudo demonstraram ganhos

expressivos para a organização. O nível 7 sigma alcançado e a economia final

encontrada de R$98.372,4 por ano mostrou a força da ferramenta utilizada. Além

disso, o remodelamento da estrutura e a otimização do mapa de processo e fluxo

das análises instrumentais trouxeram outros benefícios como: elevação do nível de

atendimento (Service Level) dos prazos de entrega das análises através da

redução de tempos homem/hora/trabalho; redução de gastos por conta de

retrabalhos; redução de tempos ociosos entre o fim de uma análise e o início de

outra; melhora na satisfação final dos clientes pelo cumprimento de prazos pré-

estabelecidos na entrega dos produtos e o mais considerável de todas as

conquistas, criação de uma cultura de melhoria contínua dentro do setor de

controle de qualidade como um todo.

Assim os conhecimentos (expertise) adquiridos nesse projeto foram de

grande valor para a organização, pois servirão de base para que novos programas

desse nível sejam desenvolvidos em outros setores da empresa.

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86

7. REFERÊNCIAS

1- CORRADI, Peter R., Is A Cost of Quality System For You?, National Productivity Review, Editora Spring, 1994.

2-DAVIS, M.M., AQUILANO N.J., CHASE R.B. Fundamentos da Administração da

Produção. 3ª Edição. Porto Alegre, Editora Bookman, 2001.

3-SHEWHART, W. A. – The economic control of quality of manufactured products. London, Macmillan, 1931.

4-DEMING,W.E. Qualidade: A Revolução da Administração. Rio de Janeiro, Editora Marques Saraiva, 1990.

5-AGUIAR, S. Integração das Ferramentas da Qualidade ao PDCA e ao Programa Seis Sigma. Belo Horizonte,Editora de Desenvolvimento Gerencial, 2002. 6-LONGO,R.M.J. Gestão da Qualidade: Evolução Histórica, Conceitos Básicos e Aplicação na Educação. Brasília, IPEA, 1996.

7-Japonese Methods for Productivity and Quality (George Washington University, 1981); Quality, Productivity and Competitive Position (MIT Press,-1982)-e-Out-of-the-Crisis-(MIT-Press,1986).

8-KALPAKJIAN, S.; SCHIMID, S.R. Manufacturing Engineering and Technology; 4ª Edição. Prentice Hall,London, 2001.

9-WOMACK, J. P., JONES, Daniel T. & ROOS, Daniel. A máquina que mudou o mundo. 2 ª Edição. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1992.

10-HSM Management 24 / ano 4 / janeiro - fevereiro 2001.

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87

11-JURAN, J.M. A History of Managing Quality .Editora Quality Press, 1995. 12-PEREZ-WILSON, Mario. Seis Sigma, compreendendo o conceito, as implicações e os desafios. 1ª Edição. Rio De Janeiro: Editora Qualitymark, 2000.

13-BARÇANTE,L.C. Qualidade total: uma visão brasileira. Rio de Janeiro, Campus,1998.

14-PALADINI,E.,P. Gestão da Qualidade: Teoria e Prática. São Paulo, Editora Atlas, 2000.

15-GARVIN, D. A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro, Editora Qualitymark, 1992.

16-CARAVANTES, Geraldo R. Administração e Qualidade. São Paulo, Makron Books, 1997.

17-BARÇANTE, L. C. & Castro, G. C. Ouvindo a Voz do Cliente Interno, p. 9. Rio de Janeiro, Editora QualityMark, 1995.

18-ISHIKAWA, Kaoru – "How to apply companywide quality control in foreign countries". Editora Quality Progress, 1989.

19-CAMPOS, V.F. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte, MG: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG, Rio de Janeiro,Editora Bloch, 1992.

20-Curso Nacional de Promotor de Polícia Comunitária / Grupo de Trabalho, Portaria SENASP nº 002/2007 - Brasília – DF: Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP.2007.

21-DIAS,B.;GOMES,F.;BRANCO J. Produção Integrada 6 Sigma, Escola Superior de Tecnologia-Instituto Politécnico de Setúbel,2008.

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88

22-Treinamento Six Sigma, Monsanto Company, 2003.

23-SHEENHY,P;NAVARRO,D.;SILVERS,R.;KEYES,V. The Black Belt Memory Jogger: A Pocket Guide for Six Sigma Success, Editora Goal/QPC, 2002.

24-BREYFOGLE III, Forrest W. Managing Six Sigma. Austin, TX, Smarter

Solutions, 2001.

25-BRASSARD, M. RITTER, D. Sailing through Six Sigma. Marietta, GA, Brassard & Ritter, LLC, 2001.

26-Treinamento Lean 6 Sigma, Grupo Seta, 2009.

27-WOMACK, J.P.; JONES,D.T. A mentalidade enxuta nas empresas. 5ª Edição, Rio de Janeiro, Campus, 1998.

28-KUDE, V. M. M. Como se faz um projeto de pesquisa qualitativa em Psicologia. Psico, Porto Alegre, v.28, n.1, p.9-34, jan./jun, 1997.

29-RICHARDSON, Roberto J. et al. (1989) Pesquisa social; métodos e técnicas. 2ª Edição. São Paulo, Editora Atlas.

30-MINITAB, User’s Guide Release 14 for Windows, 2003.

31-REIS, E., Estatistica Descritiva. 2ª Edição. Lisboa, Editora Sílabo, 1994.

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89

32-Treinamento Six Sigma, Monsanto Company, 2003.

33-CHAMBER; JOHN; CLEVELAND W.; KLEINER B.; TUKEY P., Métodos Gráficos para Análise de Dados. Duxbury, 1983. 34-SILVA, IRIS BENTO DA; MIYAKE, DARIO IKUO; BATOCCHIO, ANTONIO; AGOSTINHO, OSWALDO LUIZ, Integrando a promoção das metodologias Lean Manufacturing e Six Sigma na busca de produtividade e qualidade numa empresa fabricante de autopeças, Gest. Prod. vol.18 no.4 São Carlos, 2011.

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Anexo I

Formulário de Coleta de Dados I

Fase Medir

Produto : ____________________________ Lote : _____________ Etapa 1 – Chegada da Amostra ao CQ

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Hora Final (HH:MM)

Responsável Observação

Hora início – Hora e minutos em que o carrinho traz a amostra de produtos acabados da produção e deixa no CQ ou a transportadora traz a amostra de produtos importados e deixa no controle de qualidade. Hora Final – Hora e minutos em que o responsável entrega a amostra na caixa vermelha do laboratório. Etapa 2 – Entrada da Amostra no LAI

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Hora Final (HH:MM)

Responsável Observação

Hora início – Hora e minutos em que o responsável pega a amostra na caixa vermelha do laboratório para dar entrada na planilha de formulário de amostras. Hora Final – Hora e minutos em que o responsável coloca a amostra no armário de amostras do laboratório. Etapa 3 – Análise da Amostra no LAI

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Hora Final (HH:MM)

Analista Observação

Teste:

Teste:

Teste:

Teste:

Hora início – Hora e minuto em que o analista pega a amostra no armário de amostras do laboratório e inicia a análise. Hora Final – Hora e minutos em que o analista termina a análise na bancada e coloca o equipamento para injetar. Etapa 4 – Reprocesso e fechamento da Análise no LAI

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Hora Final (HH:MM)

Analista Observação

Teste:

Teste:

Teste:

Teste:

Hora início – Hora e minutos em que o analista inicia o reprocesso da análise. Hora Final – Hora e minutos em que o analista finaliza o fechamento do boletim de análise e coloca para revisão. Observação : Preencher a etapa 3 e 4 de acordo com o número de lotes da amostra.

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Anotar na observação qualquer dificuldade em obter peso médio, densidade ou outro teste dependente de outros setores. Etapa 5 – Revisão da Análise no LAI

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Hora Final (HH:MM)

Analista Revisor

Observação

Teste:

Teste:

Teste:

Teste:

Hora início – Hora e minutos em que o analista revisor inicia a revisão da análise. Hora Final – Hora e minutos em que o analista revisor entrega a análise revisada com todos os itens verificados ao analista responsável pela análise. Etapa 6 – Lançamento da Análise do LAI no LIRIO

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Hora Final (HH:MM)

Analista Observação

Hora início – Hora e minutos em que o analista começa a lançar a análise revisada no LIRIO. Hora Final – Hora e minutos em que o analista entrega a análise lançada para o coordenador aprovar. Etapa 7 – Aprovação final da Análise pelo LAI

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Hora Final (HH:MM)

Coordenador LAI

Observação

Hora início – Hora e minutos em que o coordenador inicia a aprovação da análise do analista. Hora Final – Hora e minutos em que o coordenador entrega a folha de trabalho aprovada para coordenador do laboratório de produtos realizar aprovação final. Etapa 8 – Aprovação final da Análise pelo CQ

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Hora Final (HH:MM)

Coordenador L. Produtos

Observação

Hora início – Hora e minutos em que o coordenador do laboratório de produtos inicia a aprovação final com a folha de trabalho. Hora Final – Hora e minutos em que o coordenador do laboratório de produtos finaliza a aprovação final da amostra, levando em consideração todos os laboratórios envolvidos. Observação: Anotar no campo de observação o último laboratório a ter entregue a análise realizada.

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Anexo II

Formulário de Coleta de Dados II

Fase de Controle

Produto : ____________________________ Lote : _____________ Etapa 1 – Chegada da Amostra ao CQ

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Responsável Observação

Hora início – Hora e minutos em que o carrinho traz a amostra de produtos acabados da produção e deixa no CQ ou a transportadora traz a amostra de produtos importados e deixa no CQ. Etapa 2 – Análise da Amostra Instrumental

Data (dd/mm/aa)

Hora Início (HH:MM)

Analista Observação ( Anotar neste campo o tempo gasto para reprocessar e fechar a documentação em minutos)

Teste:

Hora início – Hora e minutos em que o analista pega a folha de trabalho e inicia a análise. Etapa 3 – Revisão da Análise Instrumental

Data (dd/mm/aa)

Hora Final (HH:MM)

Analista Revisor

Observação

Teste:

Hora Final – Hora e minutos em que o analista revisor entrega a análise revisada com todos os itens corrigidos para aprovação final da coordenação do CQ.