Empreendedor Rural 08

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Edição n. 8 da revista Empreendedor Rural, de dezembro de 2005

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editorial

A produção de marcas de vinho de qualidade é um dos termô-

metros do agronegócio brasileiro ao incorporar na escala o toque

competitivo do alto valor agregado. Descobrir novos territórios

para fazer das vinhas a fonte de mais rendimentos e divisas faz

parte de uma postura que tem sido benéfica para o Brasil, que

tem na atividade rural seu setor mais dinâmico e mais respeitado

internacionalmente.

Desde as grandes empresas ao empreendedor que busca seu

caminho por conta própria, muitas vezes sem saber qual senda

palmilhar num primeiro momento, há por toda a nação a certeza

de que a produção rural vive hoje um momento decisivo de transformações. As

dificuldades que aparecem no caminho servem apenas para reforçar a consciên-

cia de que é preciso trabalhar com todas as possibilidades para se conseguir

sucesso.

Nesta edição, destacamos as ações que fazem do agronegócio um núcleo de

inovações fundamentais para a vida brasileira. Na biotecnologia, temos poten-

cial de sobra para aprofundar o que já fizemos nessa área, gerando produtos

diferenciados na lavoura e na pecuária. Na informática, os softwares de gestão

conquistam os empreendedores, que com essas novas ferramentas mudam o

perfil dos seus setores. Se a maioria ainda não acordou para instrumentos

eficazes contra possíveis prejuízos, isso está mudando, como mostra nossa ma-

téria sobre o mercado de futuros, que aponta os passos necessários para se

atingir a segurança do preço negociado com antecedência.

Neste ano em que alcançamos metas há muito sonhadas, esta revista desta-

ca ainda o perfil de pessoas que apostaram nas mudanças e hoje colhem os

resultados de anos e anos de pesquisa, sacrifício, determinação e esperança. É

a maneira que temos de homenagear todos os empreendedores rurais, já que

esses exemplos servem de fonte de inspiração para quem quiser assumir respon-

sabilidades nessa porção do Brasil que não pára de crescer.

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Índice

Produzir uvas com ótima qualidade para elaboração de vinhos finos é a principal característica davitivinicultura brasileira. Algumas empresas, tanto das áreas tradicionais, quanto das novas fronteirasda produção, começaram a investir mais nos cuidados com a matéria-prima. Mais investimentos etecnologia fazem história no pampa, no Vale do São Francisco e na serra catarinense, lugares prontospara competir dentro e fora do país.

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A safra dosvinhos finos

Brasil rural ganha o mundoO agronegócio tem uma participação significativa nototal das vendas brasileiras para o exterior, e uma dasexplicações para o crescimento das exportações está nadiversificação dos produtos. O país não se limita mais aexportar café, soja, cana-de-açúcar e suco de laranja.Hoje a lista dos produtos chega a cerca de 200 itens,vendidos para cerca de 150 países.

36O salto da ciência aplicadaO Brasil possui potencial, ferramentas e experiênciapara deslanchar nos produtos rurais modificados pelaciência. Essas práticas são fundamentais até mesmonas pesquisas envolvendo o genoma e sua aplicaçãona agropecuária, fase recente da evoluçãobiotecnológica voltada ao meio rural.

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A revista Guia Empreendedor Rural é editada ecomercializada pela Editora Empreendedor

Diretor-EditorAcari Amorim [email protected]

Diretor de Marketing e ComercializaçãoJosé Lamônica [email protected]

Redação [email protected]■ Edição-executiva : Nei Duclós■ Reportagem: Cássio Giovani Turra, Estephanie Zavarise,Evanildo da Silveira, Fabiana Amaral, Fernanda Menegotto,Jeanne Callegari e Mariana Hinkel■ Produção: Carol Herling■ Edição de Arte: Fernanda Pereira■ Fotografia: Carlos Pereira, Photographics, GrupoKeystone, Index Open, Acervos Embrapa e Divulgação■ Revisão: Carla Kempinski

12 Trangênicos: usar ou não usar

14 A balança dos custos

16 As rédeas da empresa

18 Tercerizar é o segredo

20 Os diferenciais do frango caipira

Receita para sair do fundo do poço22

24 Santa caipirinha

59 A embalagem correta

62 Couro de peixe: o fim do desperdício

64 Ação entre amigos

68 Um sistema orgânico

72 Saudável e competitiva

Cooperativas eficientes76

Uso correto do solo

36 Roça High Tech

40 Boi com identidade

44 Confie, o micro decide

50 Previsão do tempo é lucro

SEDES

■ São PauloDiretor de marketing e Comercialização: José Lamô[email protected] Comercial: Fernando Sant’Anna [email protected] de Contas: Cláudio Miranda Rolin, Wanderléia Eloy deOliveiraRua Sabará, 566 – 9º andar, Conjunto 92 – Higienópolis01239-010 – São Paulo – SPFone: (11) [email protected]■ FlorianópolisExecutivo de Contas: Waldyr de Souza [email protected] de Atendimento: Cleiton Correa [email protected]. Osmar Cunha, 183, Ed. Ceisa Center, bloco C, 9° andar88015-900 – Florianópolis – SC – Fone: (48) 3224-4441

ESCRITÓRIOS REGIONAIS

■ Rio de JaneiroTriunvirato Comunicação Ltda. / Milla de SouzaRua da Quitanda, 20 – Conjunto 401 – Centro20011-030 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) [email protected]

■ BrasíliaJCZ Comunicação Ltda.Ulysses C. B. Cava – [email protected] Quadra 701 – Centro Empresarial – bloco C – Conj. 33070140-907 – Brasília – DF – Fone: (61) 3426-7315

■ Rio Grande do SulAlberto Gomes Camargo – [email protected] Arnaldo Balvê, 210 – Jardim Itu91380-010 – Porto Alegre – RSFone: (51) 3340-9116

■ ParanáMerconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda.Ricardo Takiguti – [email protected] Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – Conj. 01 – Boa Vista82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3257-9053

■ PernambucoHM Consultoria em Varejo Ltda.Hamilton Marcondes – [email protected] Ribeiro de Brito, 1111 – Conjunto 605 – Boa Viagem51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384

■ Minas GeraisSBF RepresentaçõesSérgio Bernardes de Faria – [email protected]. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – Conj. 170430112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900

PRODUÇÃO GRÁFICA■ Impressão e acabamento: Coan Gráfica Editora CTP

Empreendedor On-line

www.empreendedor.com.br

Potencial surgidodo acaso

expediente

Mutação espontânea gera novavariedade de maçã gala, batizadacomo castel gala, com característicasúnicas.

Softwares delavoura e pecuáriaOs softwares de gestão da propriedadeganham o mercado com soluçõesespecíficas para cada ramo de atividade.A tendência é que o uso se disseminepor outras áreas cujas regiões produtivasestão próximas ou já realizaram ainformatização total.

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66Bolsa de Mercadorias& FuturosCom escritórios na China e nos EstadosUnidos para facilitar a comercialização deprodutos no exterior, a BM&F está emcrescimento e inaugurou, no início desteano, o sistema Web Trading, que permite acomercialização pela internet.

76E mais:Entrevista Pedro Camago Nego 30Artigos Norival Bonamichi

Jordi Castan

Carlos Eduardo Novaes

Feiras 90Guia de Máquinas 92Imagem Rural 98

848688

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8 Empreendedor Rural

vinhos

Tempo de novasTrês novas áreas se destacam: região de São Joaquimem Santa Catarina, Serra do Sudoeste no Rio Grandedo Sul e Vale do São Francisco no Nordeste

Por Estephanie ZavariseFoto Index Open

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9Empreendedor Rural

vinhas

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vinhos

hHá cerca de sete anos, o viticultor Lídio Carraro, cansado de receber

das cantinas da Serra gaúcha o mesmo valor que estas pagavam a outrosprodutores por uvas de menor qualidade, decidiu desenvolver um projetoque valorizasse as características da sua matéria-prima. Juntamente comos filhos e outros integrantes da família, começou a procurar novas terrascom condições climáticas mais favoráveis à produção de uvas para vinhosfinos.

Carraro também procurou um local onde pudesse cultivar uvas paraelaborar vinhos com características diferentes dos da Serra Gaúcha. De-pois de muita pesquisa, escolheu o município de Encruzilhada do Sul, naSerra do Sudeste, na chamada Metade Sul, do Rio Grande do Sul. Aliconstruiu a sua cantina, a sua própria vinícola e hoje produz o seu pró-prio vinho.

Mais do que uma iniciativa fundada na necessidade, o exemplo deLídio Carraro significa uma tendência. O cuidado em produzir uvas comótima qualidade para elaboração de vinhos finos é a principal caracterís-tica da nova fase da vitivinicultura brasileira. “Só se você produz umaboa uva, você tem condições de produzir um bom vinho”, diz JoséGualberto de Freitas Almeida, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho(Ibravin), Carlos Paviani. De alguns anos para cá, muitos produtores ealgumas empresas começaram a investir mais nos cuidados com a maté-ria-prima como um pré-requisito para a diferenciação de seus produtos.

O Brasil tem a vantagem de possibilitar o cultivo de uvas em regiõescom os mais diferentes tipos de clima e solo. Novos investimentos estãosurgindo nos últimos anos, desde os planaltos de São Joaquim, a cidademais fria do Brasil, à Serra do Sudoeste gaúcho, até os campos irrigadosartificialmente no Nordeste. Todos têm em comum a produção quase queexclusiva de bebidas a partir de uvas da espécieVitis vinifera, que geram os vinhos finos, a es-colha do local de cultivo com base em estudostécnicos e a predominância de investimentos em-presariais, e não familiares, como ocorre na tra-dicional região de Bento Gonçalves, no chama-do Vale dos Vinhedos.

A busca por novas regiões onde as diferentesvariedades de uva para vinhos finos se adaptemmelhor foi um dos caminhos encontrados para acaracterização das bebidas. “O vinho é o reflexoda maneira como ele é produzido e do lugar deonde ele vem”, diz o presidente do Instituto Bra-sileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani. E é comessa tipicidade, ou seja, as características que umabebida só adquire porque foi elaborada em umadeterminada região, que os produtores brasilei-ros pretendem atrair a atenção do público.

CRESCE ÁREA COMVIDEIRAS

Evolução da área plantada com videiras (em hectares)nos Estados onde foram implantadas novas áreas decultivo de uvas destinadas à produção de vinhos finosnos últimos anos

ESTADO 2002 2004

Rio Grande do Sul 36.668 40.351

Santa Catarina 3.514 3.771

Pernambuco 3.365 4.692

Bahia 2.732 3.407

Fonte: IBGE

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SÃO JOAQUIMVantagens Dias quentes, noites frias. Grande diferencial térmico, o que

facilita uma lenta e completa maturação das uvas. Solo drenado, embora com muitas pedras, facilita o

aprofundamento da raiz.

Desvantagens Custo maior no uso de máquinas e equipamentos devido

aos relevos do solo e pedras. Geadas tardias, entre setembro e novembro, que podem

comprometer brotos e frutos.

Vantagens Devido ao calor e com a irrigação controlada, é possível colher

até duas safras por ano. Sem umidade surgem poucas pragas e doenças nas parreiras, o

que reduz o uso de defensivos.

Desvantagens A falta do frio resulta em uvas sem complexidade de cor e

aromas. Os vinhos são destinados a serem consumidos ainda jovem.

VALE DO SÃO FRANCISCO

Desvantagens Pouca umidade, ao contrário de regiões tradicionais

gaúchas, o que reduz o surgimento de pragas e uso dedefensivos. Terrenos planos, o que resulta em baixo custo no uso de

máquinas e equipamentos.

Desvantagens Falta de mão-de-obra especializada no cultivo da uva. Vinhos muito incorpados que agradam e desagradam

muitas pessoas.

CAMPANHA E SUDOESTE GAÚCHO

VANTAGENS E DESVANTAGENSDE CADA REGIÃO

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vinhos

Na Campanha e na Serra do Sudoestegaúcho, produtores querem produzirvinhos iguais os da França e Itália

Aposta nos

nNa região da Metade Sul do Estado gaúcho, pro-dutores já estão cultivando uvas viníferas em 22 mu-nicípios, somando cerca de 1.800 hectares implanta-dos, dos quais 1.000 já em produção. O cultivo estádividido em dois eixos principais: um deles na regiãoda Campanha, que se estende de Bagé até Santana doLivramento, e o outro na chamada Serra do Sudeste,

que vai do município de Encruzilhada do Sul até Hervaldo Sul. De acordo com o presidente do Comitê deFruticultura da Metade Sul e coordenador do Progra-ma de Desenvolvimento da Fruticultura do Rio Gran-de do Sul, Afonso Hamm, um novo pólo está seiniciando na fronteira oeste, de Santana do Livramentoaté Uruguaiana.

O início da vitivinicultura se deu ainda em 1974,quando a multinacional Almadén se estabeleceu naregião com base em um estudo que indicava a Cam-panha e a Serra do Sudeste como áreas propícias parao cultivo de uvas para vinhos finos. Por muito tem-po, a empresa se manteve como uma das únicas pro-dutoras da Metade Sul, juntamente com a VinícolaRiograndense, em Pinheiro Machado. Mas os mesmosmotivos que provocaram os primeiros investimentoslevaram outras empresas a também se interessarempelo local. Com o estímulo de uma linha de finan-ciamento do BNDES específica para o cultivo de uvas,em 1999, e de um seminário que divulgou aspotencialidades da Metade Sul, no mesmo ano, em-presas do Vale dos Vinhedos e agricultores locais ini-ciaram novos investimentos.

A propaganda em defesa da Metade Sul é forte.Tem como mote principal o fato de que a região, lo-calizada entre os paralelos 31º e 32º, é a única noBrasil que se enquadra na mesma latitude média dosprincipais países vitícolas do mundo, como França e

Hamm: investimento entre 25% e 30% inferior aodo Vale dos Vinhedos

paralelos europeus

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vinhos

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Itália. Essa característica, unida àscondições do clima e do solo, vemfazendo com que cada vez mais pro-dutores invistam na região, benefi-ciados pelo resultado de todos es-ses fatores: a maior competiti-vidade.

De acordo com Afonso Hamm,os vitivinicultores da região têmcondições de produzir vinhos compreços mais competitivos que os daSerra do Nordeste do Rio Grande doSul, região produtora mais tradi-cional do Brasil. Os vinhedos ne-cessitam de 20% a 30% menos detratamentos devido à menor umi-dade do clima. Os solos mais pla-nos permitem a mecanização dos vi-nhedos, e a mão-de-obra, além deser necessária em menor quantida-de, é em média 50% mais barata.Como resultado final, Hamm esti-ma que o investimento feito duran-te o ciclo da videira esteja entre25% e 30% inferior ao do Vale dosVinhedos.

Hoje, 26 vinícolas estão presentesna Metade Sul, iniciando também in-vestimentos nas cantinas para elabo-rar os vinhos, já que atualmente cercade 90% das uvas lá cultivadas aindasão processadas na Serra do Nordeste.Além de buscarem a competitividade,elas procuram investir na qualidadedas uvas e se valem das peculiarida-des locais para produzirem vinhos di-ferentes. “Os vinhos dessa região sãomais encorpados e têm maior potên-cia aromática, diferentes dos do Valedos Vinhedos, que têm aromas umpouco menos intensos, mas são maiselegantes e finos”, explica JulianoCarraro, diretor comercial da VinícolaLídio Carraro, que está presente nasduas regiões. Phot

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vinhos

O frio e a altitude de Santa Catarinasão cenários dos novos investimentosem vitivinicultura

A qualidadesobe a serra

vinhos

Villa Francioni, em São Joaquim,considerada uma das vinículas mais bonitase bem equipadas do América Latina

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tTrabalhadores vestidos com roupas pesadas para se pro-teger do frio freqüente nas primeiras horas da manhã duran-te todo o ano. Esse cenário se tornou comum nos últimosanos no Planalto Serrano catarinense, um dos novos desti-nos dos investimentos em vitivinicultura no Brasil. A cida-de que concentra hoje os maiores investimentos e umavinificultura moderna é São Joaquim. No entanto, eles seestendem pelas regiões de Campos Novos e Caçador, reunin-do 34 empresas diferentes, responsáveis pelo plantio de 300hectares de uva. Esses novos produtores fazem a mesma apos-ta. Produzir com qualidade em altitudes que vão de 800metros até 1.400 metros.

Pesquisas com a uva cabernet sauvignon desenvolvidaspela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural deSanta Catarina (Epagri) desde 1998 demonstram que, devidoàs particularidades do clima, o vinho da região apresentauma diferença básica em relação ao produzido em outrasregiões brasileiras: pode ser guardado para envelhecimentodurante mais tempo. Isso vai fazer com que ele desenvolvaseu aroma mais complexo, o chamado bouquet.

O vinho produzido na região mais fria do Brasil apresen-ta coloração e aromas intensos e em geral é mais encorpadoque os outros produzidos no país. As características pecu-liares são influenciadas pela altitude elevada aliada à lati-tude (28º45’), que provocam uma alteração no ciclo produ-tivo da videira, explica o enólogo e pesquisador Jean PierreRosier, gerente regional da Epagri de Videira. Com a uvacabernet sauvignon, por exemplo, o período de brotação sedá no início de outubro, quando as geadas já não são maisfreqüentes. Já a colheita acontece em abril, época em quechove pouco, diminuindo as chances de ocorrência dedoenças e possibilitando uma maturação mais completa dauva.

Essas características vêm empolgando empresários, pro-dutores e apreciadores da bebida, que foram para São Joa-quim, municípios próximos e outras regiões de Santa Catarinaacima de 1.000 metros de altitude, como Água Doce eTangará, no Meio-Oeste, em busca de terras para iniciar ocultivo da fruta. “Esse vinho vai ter tipicidade e pode che-gar a um teor alcoólico elevado”, espera Everson Susin, queé sócio de um empreendimento vitícola juntamente com opai e o irmão.

Hoje, cerca de 10 empresas e alguns pequenos produto-res cultivam aproximadamente 200 hectares na região de

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vinhos

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São Joaquim. Entre os investidores encontram-se desdegrandes empresários catarinenses, que atuam em outrosramos da economia, até diversas sociedades, uma delasformada por japoneses que se dedicam à cultura da maçã.A produção dessa fruta é um fator comum entre boa par-te dos que agora estão buscando a diversificação dosnegócios por meio do cultivo de uvas para vinhos finos,com alto valor agregado.

A Quinta da Neve, empresa formada por quatro sóci-os, foi a pioneira (desde 1999), no plantio de uvas paraa produção de vinhos em São Joaquim. Hoje, a empresacultiva 15 variedades de uvas, com destaque para CabernetSauvgnon, Chardonnay, Pinot Noir e Mertol, numa áreajá plantada de 12 hectares, com uma produção anual emtorno de 40 mil quilos no momento. “O nosso objetivo éproduzir com qualidade, que vai desde a escolha de mu-das importadas até o vinho final. Estamos produzindoum vinho excelente, sem pressa, com quantidade muitolimitada e bem típico da Serra de Santa Catarina”, expli-ca Nelson Essemburg, um dos sócios da Quinta da Neve.

Outros grandes investimentos em sociedade estãosendo realizados pela Sanvit, empresa criada por algunsdos integrantes de uma grande cooperativa produtora demaçã, e pela Terras Altas, empresa de um grupo de 12sócios, todos engenheiros agrônomos. Mas o empreendi-mento que mais atrai a atenção atualmente em São Joa-quim é a vinícola Villa Francioni, planejada pelo empre-sário Manoel Dilor de Freitas (que faleceu em agosto de2004) e continuada por seus filhos. A propriedade é vol-tada ao turismo, e as construções foram projetadas como objetivo de encatar o público. A meta final é produziranualmente cerca de 300 mil garrafas de vinhos brancos,tintos e espumantes.

Nesse momento há 46 hectares em produção, 26 emBom Retiro e 20 próximo à vinícola, em São Joaquim.Cerca de 80% das parreiras são da variedade cabernetsauvignon, 10% da variedade merlot e outros 10% davariedade chardonay, todas especiais para a elaboraçãode vinhos de qualidade. A construção da cantina foi fei-ta em seis diferentes pavimentos, o que permite que odeslocamento dos vinhos aconteça por gravidade e au-mente a qualidade final.

João Paulo Freitas, principal responsável pela VillaFrancioni, aposta na altitude e na qualidade. “O diferen-

as barricas de carvalho francês...

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Na Villa Francioni, o cuidado manual nas parreiras ...

a área de tanques de aço inoxidável ...

e os três primeiros vinhoslançados (Chardonnay,Souvignon Blanc e Rosé).

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17Empreendedor Rural

cial da região será a altitude. Se aliarmos isso à qualida-de, vamos produzir os melhores vinhos da América Latinacomparaveis com os melhores do mundo ”, afirma JoãoPaulo que é o presidente da Associação Catarinense dosProdutores de Vinhos Finos de Altitude (Acafitis).

A possibilidade de ganhos atrai cada vez mais produ-tores, mas cultivar uvas finas em São Joaquim não é sim-ples: requer muita dedicação e grandes investimentos. Ovalor de implantação de um hectare de vinhedos na regiãoé até 30% superior ao de outros locais do país por causado preparo do solo, muito pedregoso. A cobertura dosparreirais com telas antigranizo, necessárias na região; ageada tardia, que diminui a quantidade de uva produzidaquando ocorre após outubro; e o mês de brotação, tam-bém aumentam os custos que irão influenciar o preço finaldo vinho. Além dos investimentos necessários e das perdasocasionais, muitos produtores têm planos de obter bebi-das de alto padrão, investindo em mudas importadas emodernas tecnologias de vinificação e utilizando garrafas,rolhas e rótulos da melhor qualidade.

Com todo esse investimento, a maior parte do vinhoserá destinada a consumidores de maior poder aquisitivo.

Mas o preço ainda deverá ser definido de acordo com areação do público quando o produto chegar ao mercado, oque deve ocorrer ainda este ano, quando a Villa Francioniplaneja fazer o lançamento oficial de suas bebidas. Entre2005 e 2006, boa parte das empresas também deverá lan-çar suas primeiras garrafas em adegas e restaurantes.

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Nelson Essembur, sócio daQuinta da Neve, e seus vinhedospróprios em São Joaquim

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18 Guia Empreendedor Rural

exportação

aA tecnologia também é a explicação para que um lo-cal como o semi-árido nordestino seja conhecido comouma das principais regiões produtoras de vinhos finos noBrasil. Contrariando todas as tradições mundiais, quepregam que a videira é uma planta que se adapta melhora climas temperados, o submédio do Vale do São Francis-co, entre Pernambuco e Bahia, tornou-se um dos princi-pais pólos de cultivo de uvas viníferas do Brasil e omaior produtor e exportador de uvas para consumo innatura. Além disso, é a única região semi-árida no mun-do a ter investimentos na viticultura.

Hoje, quem chega a Lagoa Grande e Santa Maria daBoa Vista, em Pernambuco, encontra desde videiras semfolhas, parreirais com cachos no início do período dabrotação e uvas no ponto certo para a colheita. Como

quase tudo o que se relaciona à uva, esse fato tambémacontece devido ao clima: por não haver frio na região,os produtores podem escolher qualquer período do anopara realizarem a colheita. O ciclo da videira não é ini-ciado pela variação da temperatura, e sim pelo forneci-mento de água. Foram os canais de irrigação que possibi-litaram o desenvolvimento da fruticultura no local.

“Temos a vantagem de poder produzir o ano todo.Assim não existe sazonalidade da mão-de-obra e a mes-ma videira pode produzir até duas ou mais vezes por ano”,diz o presidente do Instituto do Vinho do Vale do SãoFrancisco e dono da Vinícola Botticelli, José Gualbertode Freitas Almeida. “Com a irrigação há a desvantagemdo custo, mas temos a vantagem de poder colocar águana quantidade que a planta precisa e na hora que ela

vinhos

Produção no ano todo, sem sazonalidade damão-de-obra e com plantas irrigadas

Parreiras no Sertão

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Vale dos Vinhedos

precisa”, diz. Os custos com a irrigação são compensadoscom maior produtividade anual e com o preço das terras,mais barato que em outros locais do país.

A descoberta do potencial da região para vinhosfinos ocorreu a partir da década de 80, com a implan-tação da Fazenda Milano em parceria com a empresaMaison Forestier. Os primeiros vinhos foram lançadosem 1984, e, por algum tempo, a Vinícola Botticelli,criada a partir da Milano, foi a única a produzir vi-nhos. Mas nos últimos seis anos a atividade voltou aser estimulada, segundo Gualberto, através de progra-mas do Governo de Pernambuco e da busca de produ-tores de outras regiões por locais com clima diferentedos da Serra Gaúcha.

Hoje são nove empreendimentos que produzem os

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vinhos típicos da região (jovens, frutados e aromáti-cos) para serem consumidos em no máximo dois anos.A adaptação das variedades ao clima está sendo cons-tantemente testada pelas vinícolas e unidades de pes-quisa. “Temos que avaliar as variedades que têm voca-ção para o nosso clima seco”, afirma Gualberto.

As características locais atraíram desde produtores re-gionais até grupos estrangeiros de países como França ePortugal para investir na região. Além disso, os produtosdo Nordeste já estão sendo exportados para 18 países.“Estamos nos firmando no mercado nacional e começandoa marcar presença no mercado externo”, diz Gualberto,com expectativas de que, com a melhoria da infra-estrutu-ra necessária ao transporte do produto para os locais demaior consumo, essa situação melhore ainda mais.

19Empreendedor Rural

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20 Guia Empreendedor Rural

exportação

bBoa parte dos investimentos em vitivinicultura em locais

não-tradicionais do país é feita por empresas da Serra Gaúcha,que hoje respondem por cerca de 50% da produção brasileirade uvas. Mas algumas dessas empresas também estão buscan-do ampliar a área com parreirais na própria região, apostandoque, com a tecnologia correta, a produção local também podeser de alta qualidade. O presidente do Instituto Brasileiro doVinho (Ibravin), Carlos Paviani, estima que cerca de R$ 150milhões foram investidos na ampliação da área cultivada comvinhedos e outros R$ 200 milhões foram destinados à comprade máquinas e equipamentos, à ampliação das vinícolas e aodesenvolvimento de novas tecnologias.

Estes investimentos refletem não só a valorização da qua-lidade da uva por parte das vinícolas, mas também a sua bus-ca pela auto-suficiência na produção, deixando de dependerdos pequenos produtores. “Cada vez mais as empresas terãoprojetos para abastecimento próprio. E os produtores asso-ciados, quando houver, serão selecionados cuidadosamentepara a parceria”, avalia o pesquisador e economista JoséFernando da Silva Protas, que por oito anos ocupou a chefia-geral da Embrapa Uva e Vinho.

Protas considera que, devido à necessidade de altatecnologia para a elaboração de vinhos finos de qualidade, ospequenos produtores da Serra Gaúcha que ainda cultivam es-sas variedades e que não estiverem associados a uma empresavinícola irão, com o tempo, voltar a produzir apenas uvasamericanas e híbridas. Essas uvas, que atualmente represen-tam cerca de 80% de toda a produção brasileira, são de culti-vo mais simples e originam os sucos e os vinhos de consumocorrente. Para Protas, apenas as indústrias e alguns associadosterão condições de produzir vinhos finos e espumantes naSerra.

Os espumantes, aliás, têm apresentado ótima qualidade esão consumidos em quantidades bem maiores que os impor-

tados no país. O clima ameno e a umidade, que muitas vezesprejudica o amadurecimento da uva e conseqüentemente afabricação de vinhos, contribuem para a obtenção de frutoscom maior acidez, propícios para a produção de espumantes.Este está sendo o melhor segmento de mercado relacionado àuva no Brasil, de acordo com a economista Loiva Maria deMelo, pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho. E a Serra Gaúcha,considerada pelos especialistas como uma das três melhoresregiões do mundo para a produção de espumantes, está co-meçando a aproveitar esta vocação natural.

A valorização dos vinhos da região está sendo alcançada

vinhos

20 Empreendedor Rural

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A reação do Vale dosO território tradicional não querficar atrás na evoluçãopressionada pela concorrência

Vinhedos

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através da implementação de indicações geográficas, certifi-cado que atesta a obtenção de determinados padrões de qua-lidade da bebida produzida em um local. A primeira Indica-ção de Procedência (IP) no Brasil foi alcançada em novembrode 2002, com a denominação Vale dos Vinhedos para os vi-nhos tintos, brancos e espumantes produzidos naquela sub-região da Serra. Segundo o pesquisador Jorge Tonietto, daEmbrapa Uva e Vinho, a partir de então as terras demarcadasvalorizaram cerca de 500% e cada vez mais vinícolas estãomelhorando a qualidade dos vinhos para tentar obter a IP,pois as bebidas que ostentam a indicação são mais procura-

das pelos consumidores. O próximo passo é evoluir da IP paraa Denominação de Origem, que atesta que um vinho só temdeterminada característica porque foi produzido em uma re-gião específica.

O sucesso da IP na Serra levou produtores de outras re-giões vitivinícolas do Brasil a se organizarem para tambémobterem as indicações. Em locais como a Metade Sul do RioGrande do Sul, o Planalto Serrano Catarinense e o Vale do SãoFrancisco, os trabalhos de pesquisa estão começando a tornaressas determinações, e a evolução qualitativa de toda a ca-deia da uva e do vinho, mais concretas.

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exportação

Situação complicada desafia quem optoupelos frutos e produtos dos parreirais

vinhos

Investir para sobreviver

PRODUTO ELABORAÇÃO (LITROS) COMERCIALIZAÇÃO

Vinho Comum 313.962.284 225.021.830

Vinho Fino 42.902.608 19.884.366

Total 356.864.892 244.906.196

Fonte: União Brasileira de Vitivinicultura – UVIBRA

PRODUÇÃO GAÚCHA

Elaboração e comercialização de vinhos no Rio Grande do Sul em 2004

Vale dos Vinhedos:vinhos com aromas umpouco menos intensos,mas com muitaelegância

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aA aposta na qualidade por parte de algumas empre-sas do setor vitivinícola é uma tentativa não apenasde ampliar o mercado, mas de garantir a sua sobrevi-vência. De acordo com a economista Loiva Maria deMelo, pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, atual-mente o Brasil vive um cenário complicado no que serefere à produção e consumo de vinhos finos.

Segundo ela, o brusco aumento da procura por vi-nhos tintos ocorrido nos anos 90, motivado principal-mente pelas pesquisas que indicavam que a bebida tra-zia diversos benefícios à saúde, levou à falta de uvaspara tintos finos no final da década. Isso incentivouos produtores a investirem na ampliação da sua pro-dução, tanto na Serra Gaúcha quanto em novas re-giões. Mas a demanda não evoluiu conforme o previstoe os vinhos importados, que vinham ganhando espaçono mercado brasileiro desde a abertura econômica, noinício da década de 90, passaram a entrar com maisforça ainda no país, favorecidos também pela falta decompetitividade do produto brasileiro em virtude dosaltos impostos que incidem sobre a produção da bebi-da.

Este consumo dos importados também foi estimu-lado pelos incentivos fiscais que alguns de nossos prin-cipais exportadores recebem ao entrar no país, comoos argentinos, que não pagam imposto de importaçãodevido ao Mercosul, e os chilenos, que recebem des-conto nessa tributação para até 390 mil caixas. Tam-bém influencia na concorrência exacerbada o fato deque boa parte dos países europeus oferece subsídiosaos seus produtores, que estão pressionando para en-trar com força em países com um grande mercado po-tencial, como é o caso do Brasil. Soma-se a isso obaixo poder aquisitivo do brasileiro e a falta de tradi-ção do consumo de vinho por parte da população, queem geral tende a valorizar o que é importado. Resulta-do: em 2004, 67,77% do vinho fino comercializadono Brasil vieram de outros países, de acordo com da-dos do Ibravin. No Rio Grande do Sul, dos cerca de 43milhões de litros fabricados no ano passado, menos de20 milhões chegaram a ser comercializados.

PROPOSTAPara Loiva, o investimento na qualidade é o ponto

essencial para reverter essa situação. “Deve-se cuidar daqualidade do vinho brasileiro para que o consumidorpasse a valorizar e ser fiel ao produto nacional. O vinhonão pode dar dor de cabeça”, enfatiza a economista,que afirma que o setor teve uma grande evolução nosúltimos anos, mas ainda precisa trabalhar muito parachegar aos pés de outras regiões produtoras, principal-mente no que se refere à tradição no consumo. Em 2004,foi consumido 1,76 litro por pessoa no Brasil, númeromuito pequeno quando comparado com os principaispaíses produtores.

Mas o investimento na produção de bons vinhos nãoé a única ação realizada atualmente para garantir omercado dos nacionais. Em maio deste ano, a cadeiaprodutiva da uva e do vinho brasileira apresentou a re-presentantes da indústria vitivinícola da Argentina umaproposta para regulamentar a entrada de vinhos argen-tinos no Brasil, visando a limitação do ingresso de gran-des volumes de vinho de preço baixo e o combate aocontrabando, que vem crescendo a cada ano. Na últimarodada de negociações, em julho, os argentinos acata-ram a proposição de estabelecimento de valores míni-mos para o ingresso do seu vinho no Brasil. O piso mí-

Loiva: consumidor de vinhos valoriza qualidade

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exportaçãovinhos

Circuito de degustação: estímulo ao consumo faz parte de uma campanha de aprimoramento do gosto

nimo acordado, que começou a vigorar em agosto, é deUS$ 8,00 a caixa com 12 unidades de 750 ml. As con-versas sobre o tema prosseguem em seis meses.

Além dessa negociação, as instituições que têm re-lação com o setor estão realizando outras ações com oobjetivo de promover o aumento da competitividadedo produto nacional, especialmente no Rio Grande doSul, onde estão as principais instituições de pesquisaligadas à vitivinicultura. Entre elas está o Programa Es-tratégico Visão 2025, uma realização do Sebrae/RS e doInstituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), com execuçãotécnica coordenada pela Universidade Federal do RioGrande do Sul (UFRGS), que irá estabelecer as diretrizesdo setor vitivinícola no Estado para os próximos 20 anos.Serão planejadas estratégias nas áreas de mercado, le-gislação, tecnologia e logística e infra-estrutura.

A ampliação do mercado para os vinhos brasileirostambém está sendo estimulada através de duas açõesprincipais. A primeira é o incentivo ao consumo pormeio da realização de cursos e circuitos de degustaçãoem todo o país, visando educar novos consumidores e

apresentar os vinhos brasileiros aos formadores de opi-nião. A segunda vai um passo adiante: visa abrir o mer-cado mundial para os vinhos do Brasil. Em 2002, setevinícolas se uniram no consórcio Wines From Brazil paratentar expandir a exportação do vinho brasileiro, queaté então era praticamente inexistente. Hoje já são 16vinícolas, que exportam principalmente para os EstadosUnidos e a Europa Oriental, e o valor das bebidas ex-portadas, que em 2003 foi de pouco mais de U$ 200mil, deve ultrapassar U$ 1 milhão este ano. Os númerosainda são muito pequenos, mas a expectativa é de queeles aumentem com a participação em diversas feirasinternacionais. Neste caso, o destaque às característi-cas particulares dos produtos também é fundamentalpara a conquista do mercado. “Ou o Brasil entra comum produto de alta qualidade e preços mais baixos, ouentra com um produto típico regional diferenciado, queenfoque aspectos como conservação ambiental, produ-ção orgânica, enfim, algo que está sendo muito valori-zado pelo mercado internacional”, acredita Loiva Mariade Melo.

vinhos

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MIOLO EXPLORA O TERRITÓRIO NACIONAL

A gaúcha Miolo, uma das principais vinícolas doBrasil, desenvolve desde 1998 um programa de inves-timento na qualidade do vinho, que tem como princi-pal expoente o Projeto de Expressão do Terroir Brasi-leiro. ( N. da R.: terroir é a combinação de clima e soloda área a ser cultivada). Este projeto consiste na pro-dução de vinhos em todas as regiões com vocaçãovitivinícola do Brasil. “Pretendemos explorar o que sepode produzir de melhor em cada região”, explicaWiliam Ia felice, diretor comercial da vinícola. Paraisso, a empresa investiu nos últimos seis anos mais deR$ 50 milhões, destinados à compra de terras, à im-plantação e ao cultivo dos vinhedos e à produção dosvinhos.

Segundo Adriano Miolo, diretor-técnico da Viní-cola Miolo, "investimos em cinco regiões para produ-zir as variedades mais adaptaveis a cada um dos terroirs.Assim, faremos vinhos de qualidade para diferentes pa-ladares. Essa expansão também ajudará a empresa atornar os seus produtos mais evidentes no mercadointernacional, considerando o conjunto das marcas:Miolo, Fortaleza do Seival, Terranova, Lovara e RAR."

Hoje a Miolo está presente na Serra Gaúcha atravésdo seu empreendimento sede, no Vale dos Vinhedos, eda parceria com a vinícola Lovara, cujos vinhos, maisleves, são elaborados sob a supervisão técnica dosenólogos da Miolo. No Vale do São Francisco, a empre-sa cultiva uvas e produz vinhos desde 2001 na Fazen-da Ouro Verde, na Bahia, também em parceria com aLovara. Nos Campos de Cima da Serra, região com maisde 1.000 m de altitude no Rio Grande do Sul, a Miolotem parceria com o empresário Raul Anselmo Randonpara a produção de um vinho top, o RAR. Ela tambémmantém desde 2002, na Metade Sul do Rio Grande doSul, a Estância Fortaleza do Seival, no município deCandiota, na região da Campanha.

Os objetivos da Miolo com a expansão são grandes.Até 2012, a empresa pretende produzir 12 milhões delitros de vinhos com uvas cultivadas em 1,2 mil hec-tares, exportar 30% da produção, faturar R$ 150 mi-lhões (hoje o valor é de cerca de R$ 55 milhões) e setornar o maior negócio de vinhos do país. Para isso,também investe em tecnologia de ponta e na partici-pação em feiras e concursos internacionais.

Cantina em Bento Gonçalves

Fazenda Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul

Os investimentos já vêm mostrando resultados. Naúltima safra, foram produzidos cerca de seis milhõesde quilos de uvas e 5,5 milhões de garrafas. No que serefere às exportações, a empresa já vende vinhos paramais de dez países, entre eles, Estados Unidos, França,Itália e República Tcheca. O mercado interno, segun-do Adriano Miolo, também tem recepcionado bem essevinho. “Todos os vinhos têm recebido uma boa aceita-ção. Existe a curiosidade de provar vinhos produzidosem outras regiões. E, depois de provar, muitas pessoasse identificam com um tipo de vinho que ainda nãoconheciam” diz o diretor.

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exportação

aO produto final não se salva se não houvercuidados especiais em todo o processo

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Tecnologia: a base de tudo

“Até algum tempo atrás, muitas pessoas diziam: nãointeressa a uva que tiver, na cantina eu dou um jeito”,conta o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho HenriquePessoa dos Santos, especialista em fisiologia vegetal. NoBrasil, os cuidados no momento da elaboração do vinho,em detrimento da preocupação com o processo de culti-vo da uva, foram a regra em boa parte das empresas dosetor a partir da década de 70, quando elas começaram ainvestir na modernização de suas vinícolas motivadas porum mercado interno com potencial para produtos demelhor qualidade.

Os investimentos no cultivo de uvas para vinhos finos ea utilização de novas tecnologias para elaborar a bebidaaumentaram a qualidade do produto e garantiram o mer-cado dos brasileiros durante vários anos. Mas a aberturaeconômica na década de 90 demonstrou que essas medi-das já não eram suficientes para manter a comercializaçãodo produto nacional. Este fato, juntamente com os bonsresultados de pesquisas na área da viticultura (cultivo deuvas), levaram alguns produtores a refletir sobre a impor-tância da qualidade da matéria-prima.

“Estamos em uma etapa de transição, deconscientização sobre a importância de mudanças queestão relacionadas basicamente com um manejo mais in-tensivo nos vinhedos”, explica Santos. “Esse manejo estáprincipalmente relacionado à poda verde, uma tecnologiaque, se implantada maciçamente, com certeza vai trazermuitos ganhos à viticultura no Brasil.”

A poda verde consiste basicamente na retirada dosramos não-produtivos e dos que estão em excesso e naamarração dos que ficam para evitar que eles cresçamsobre as outras plantas; também inclui a extração de fo-lhas, aumentando a entrada de raios solares na planta emelhorando a ventilação. A incidência da radiação solarFotos Embrapa Uva e Vinhos

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sobre os cachos de maneira mais uniforme gera uvas comgraus de maturação mais idênticos, e a ventilação dimi-nui a umidade relativa no vinhedo, o que leva a umaredução nos casos de podridão e aumenta a eficiênciados tratamentos fitossanitários.

Em segundo plano, Santos cita a reconversão no sis-tema de condução dos vinhedos como outra medida quepode influenciar as características da uva. Mas ele alertaque somente a mudança não é suficiente para garantir aqualidade dos frutos: “os sistemas verticais, como aespaldeira, exigem ainda mais poda verde”. Ele afirma tam-bém que não é possível generalizar quanto a esse assuntoe que é necessário estudar as características locais antesde se optar por determinado sistema.

Esses cuidados estão começando a ser implantados poralgumas empresas da Serra Gaúcha e de outras regiões,segundo o pesquisador, mas em geral elas ainda têm muitoa melhorar. Os poucos produtores que estão investindo nomanejo são os que também produzem vinho. Os que so-mente cultivam uvas para comercialização, e que são mai-oria na Serra Gaúcha, têm mais resistência ao assunto. “Nor-malmente, quando se investe em qualidade, há uma ten-dência a se obter menos quantidade”, explica Santos. “Épreciso trabalhar com as particularidades e identificar aspotencialidades, mas isso deve ser valorizado pelos indus-triais. Hoje os produtores chegam para mim e perguntam‘por que eu vou adotar essa tecnologia se o vizinho não

vai fazer, vai produzir mais e receber mais do que eu?-.”Além do incentivo à poda verde e ao uso do sistema

de condução mais adequado, o pesquisador destaca duasoutras pesquisas que desenvolve com o objetivo de pro-duzir uvas com a melhor qualidade possível. São o proje-to de viticultura de precisão, que busca mapear, em umamesma propriedade, as diferenças entre os locais onde éfeito o cultivo, e o projeto de cultivo protegido comcobertura plástica, que tem o objetivo de reduzir o usode defensivos agrícolas nos parreirais.

O desenvolvimento de tecnologias, tanto para o cul-tivo da uva quanto para a elaboração do vinho, tem sidoum dos maiores incentivadores da cultura no Brasil. En-tre as principais ações desenvolvidas principalmente pelaEmbrapa Uva e Vinho, unidade de pesquisa vinculada aoMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(Mapa), estão a criação e adaptação de variedades a de-terminadas regiões, a viabilização de novas práticas emétodos de manejo, o aprimoramento dos tratamentosfitossanitários, a obtenção de mudas livres de vírus, oestímulo à obtenção das indicações geográficas, o de-senvolvimento da viticultura em áreas não-tradicionais ea elaboração de metodologias de informação, como oCadastro Vitícola do Rio Grande do Sul. O trabalho dequalificação técnica dos produtores, através de cursos epalestras, também é outra ação fundamental na buscapela melhoria do vinho nacional.

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exportaçãomaçã

Nasce novavariedade

Mutação espontânearevela a castel gala comcaracterísticas únicas

Por Clarissa MirandaFoto Index Open

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eEm meio a um pomar de macieiras da maçã gala com osgalhos ainda dormentes do inverno, um ramo todo florescidoem uma das plantas chamou a atenção do agrônomo catarinenseJânio Seccon. Nos cerca de dez anos desde que começara atrabalhar com maçãs, nunca viu um galho se adiantar e florirantes do resto do pomar, como aconteceu no início de agostode 1999 em sua plantação na cidade de Monte Castelo, no Pla-nalto Norte de Santa Catarina. Seccon marcou o galho para ob-servação e, no ano seguinte, notou que o fato se repetia.

Foi assim, quase por acaso, que o agrônomo descobriu umanova variedade de maçãs da família gala. Através de enxerto,conseguiu produzir nove mudas para observação. Em 2001 vjáexistiam mais vinte mudas. A característica inicial foi mantidaem todas. “Meus olhos brilharam quando vi aquele galho flores-cido, porque percebi que poderia ser uma mutação espontâ-nea”, diz.

A castel gala, como foi batizada a nova variedade, já estásendo visada pelos produtores da região por oferecer caracterís-ticas únicas. Apesar de manter o mesmo equilíbrio entre sabor,aroma e aparência da gala, que lhe deu origem, a castel gala seadapta melhor em climas de invernos amenos. Enquanto umpomar de gala precisa de, no mínimo, 800 horas de frio abaixode 7ºC para que na primavera ocorra boa brotação, a nova vari-edade não necessita mais do que 400 horas.

Em locais como Monte Castelo, essa característica faz a dife-rença. A altitude do pomar de Seccon é de 860 metros e ali aquantidade de frio hibernal fica em torno de 400 horas por ano.Para produzir maçãs gala, ele é obrigado a utilizar tratamentospara quebra da dormência do pomar, o que encarece a produção,além de afetar a qualidade da brotação, da floração e, conse-qüentemente, dos frutos.

Segundo o agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuáriae Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) Frederico Denardi,responsável pelos testes de qualidade realizados com a castelgala na Estação Experimental de Caçador, regiões como o Suldos Estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo poderiam sebeneficiar com a nova variedade por terem invernos amenos.

“Regiões de frio médio, como Fraiburgo (SC), que é a maiorprodutora de maçã do país, terão sucesso na produção destanova cultivar variedade, obtendo frutos mais bonitos do quecom a produção da gala tradicional”, diz.

Outro diferencial da castel gala é que ela amadurece maiscedo do que a gala, podendo ser colhida entre 25 de dezembroe 25 de janeiro, justamente na época em que a maçã atinge amelhor cotação no mercado nacional. Seccon explica que nesteperíodo há pouca maçã à venda, porque a safra do ano anterior- conservada em câmara fria até o fim do ano - termina no Natale as novas safras de maçãs gala e fuji só começam a ser colhidas

a partir do final de janeiro e do início de abril, respectivamente.“No início de janeiro, só entram no mercado macieiras preco-ces, como a eva e a condessa, mas estas perdem em qualidadepara a gala”, diz.

As maçãs gala e seus clones mais coloridos – como a impe-rial gala e a royal gala - são hoje as variedades mais produzidasno país, responsáveis pelo abastecimento de 45% do mercadointerno. No mundo, a produção de maçãs desta família é a quemais cresce, representando atualmente 4,7% da produção mun-dial. Segundo Denardi, um dos fatores responsáveis pelo suces-so das variedades de gala é a qualidade reconhecida internaci-onalmente.

Depois de cinco anos realizando testes com a castel galaatravés de uma parceria com a Epagri, Seccon vai iniciar acomercialização das mudas no inverno de 2006. Serão produ-zidas 50 mil mudas, todas já reservadas para produtores locais.A previsão é que em 2007 sejam produzidas outras 300 milunidades para comercialização. Como os pomares desta varie-dade levam cerca de dois anos para começarem a produzir emquantidade, os primeiros exemplares de castel gala devem che-gar ao mercado em 2008.

O agricultor Décio Strodel Amorin, do município dePapanduva, também no Planalto Norte catarinense, já reservou20 mil mudas de castel gala. Ele cultiva principalmente milho esoja, mas há dois anos iniciou um pomar de macieiras para diver-sificar a produção. Atualmente tem seis hectares da variedadeeva e cinco de royal gala. Amorin conta que decidiu investir nacastel gala porque a royal não se adapta bem àquela região e aeva perde em qualidade para as variedades gala. “Em janeiro, agente vai vender a castel gala facinho, facinho”, diz.

A castel gala tem ainda bom potencial para a exportação.Por ter amadurecimento precoce, ela poderia antecipar em atéum mês a venda de maçãs da família gala brasileira para aEuropa. Atualmente as empresas exportadoras entram no mer-cado europeu a partir de fevereiro com as maçãs Gala colhidasno fim de janeiro.

Para o agrônomo Denardi, antes de iniciar as exportações énecessária uma pesquisa de aceitação de mercado, porque asvariedades de gala exportadas para a Europa são normalmentemais coloridas que a castel gala. “Mutações de cor são muitocomuns na gala e hoje há variedades bem coloridas, como aimperial gala. A castel gala manteve a cor da original, por issoé preciso um trabalho de marketing para ser bem aceita nomercado europeu.”

Segundo dados da Associação Brasileira de Produtores deMaçã, a produção nacional enviada para a União Européia em2004 foi de 140,8 mil toneladas, na maioria frutos da varieda-de gala. R

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entrevista

NOME: Pedro Camargo NetoIDADE: 22/01/1949FORMAÇÃO: graduado em Engenharia CivilDoutorado em Engenharia de ProduçãoCARGO: Presidente da AbipecsTELEFONE: (11) 3093 2737

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Por Fabiana BertottiFotos Divulgação

EMPREENDEDOR RURAL – O senhor já foi secretário de produ-ção e comercialização do Ministério da Agricultura, como avaliaa situação das exportações e do agronegócio antes e agora?PEDRO CAMARGO NETO – O Brasil vem de um crescimento quenão tem a ver com o Governo, tanto o atual, como o do qual euparticipei ou mesmo o anterior ao meu. Esse crescimento doBrasil é trabalho do produtor rural, da agroindústria e da inicia-tiva privada. O Governo tem apoiado, mas é o empreendedorrural e a agroindústria que têm se modernizado, aumentado suaprodutividade, competência e competitividade. Nós estamossaindo ao exterior, vendendo mais, abrindo outros mercados. Tudoo que tem acontecido nos últimos dez anos no Brasil é, antes detudo, trabalho do produtor, com o apoio dos governos. Eu vejoesse crescimento com muito bons olhos. Acho que aprenderam evão continuar agindo, crescendo, exportando mais. É irreversívele o Governo vai ter que apoiar esse desenvolvimento.

RURAL – A situação do algodão na OMC já está de fato resolvi-da? Ou os Estados Unidos podem “furar” o acordo?CAMARGO – É, está resolvida na OMC. Falta agora os EstadosUnidos cumprirem o acordo. Estamos na fase de implementaçãoe os EUA tinham que ter cumprido, em 1° de julho, parte doacordo. Não cumpriram, pediram seis meses e o Brasil acabouaceitando. Enviaram uma lei para o Congresso atendendo a obri-gação do que tinha sido definido pelo painel de arbitragem daOMC. Uma segunda etapa das obrigações ocorre agora em setem-bro. O Brasil precisa cobrar mais. Estamos numa fase de imple-mentação e o que se espera do Brasil é justamente pressão, pres-são e pressão, para não perder o que conseguimos com tantoesforço.

RURAL – O senhor defende um novo pleito na OMC no caso dasoja. Como seria isso?CAMARGO – O caso da soja, já tenho dito, seria pioneiro na OMC.E até por isso tem recebido pouco apoio e sustentação. Seria um

É preciso um segurode clima

aAcostumado a lidar com situa-ções complicadas em se tratandode agronegócio e exportação, PedroCamargo Neto é o especialista ade-quado para analisar a atual con-juntura do setor agrícola brasilei-ro. Presidente da Associação Brasi-leira de Produtores de Carne Suína(Abipecs), Pedro Camargo Neto jáfoi secretário de produção ecomercialização do Ministério daAgricultura do Brasil.

Ele acredita que muito do que aagricultura conseguiu hoje se devemais ao esforço de cada produtordo que aos incentivos governamen-tais. Pedro Camargo Neto foi o bra-ço forte por trás da vitória brasilei-ra no caso do algodão na Organi-zação Mundial do Comércio e acre-dita que o Brasil tem o poder decomprar outras causas, e vencer.

Nessa entrevista exclusiva àEmpreendedor Rural, Camargo de-fende para o produtor brasileiro umseguro para fenômenos climáticos,a exemplo do que existe em outrospaíses, para tirar do prejuízo o ho-mem do campo.

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caso de ameaça de dano, não de danojá confirmado. No caso do algodão, porexemplo, o Brasil provou que sofreudanos. Entretanto, no que se refere àsoja, como os preços estão em alta, oBrasil teria que provar estar sob amea-ça de dano. Isto é, mostrar que a polí-tica norte-americana causa uma amea-ça ao produtor brasileiro. Lá eles têm aproteção de instrumentos de sustenta-ção de preço que levam a grandes sub-sídios, caso o preço caia. O produtorbrasileiro, obviamente, não dispõe des-tes mecanismos. Ameaça de dano nun-ca foi tentada na OMC, então seria umavanço, uma ousadia, uma ambiçãoque o Brasil deveria tentar. Vivo dizen-do que temos obrigação de avançar. Sena OMC existe a regra de que ameaçade dano pode ser contestada, nós de-veríamos testar. Até mesmo para per-der, embora eu ache que o Brasil seriavitorioso. Mas confesso que é um casomais complicado.

RURAL – De alguma forma, toda essaafronta aos Estados Unidos não po-deria trazer outros prejuízos ao Bra-sil e até mesmo uma retaliação?CAMARGO – O Brasil recebeu um am-plo apoio dos EUA no caso do algo-dão. A imprensa norte-americanaapoiou o Brasil e tivemos matériasmuito favoráveis. Editoriais positivosem jornais como New York Times, WallStreet Journal, Washington Post, sópara falar dos mais importantes, fo-ram constantes. Todos os editoriaisforam a favor do Brasil. Não estamosafrontando os Estados Unidos da Amé-rica. Muito pelo contrário, grande par-te da população norte-americana, doscontribuintes e da população urbanatambém não aceitam as distorções detantos subsídios. Estamos contestan-do um lobby agrícola, o do algodãono caso, que trabalhou junto no Con-

entrevista

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O momentoé de cautela,mas olhandopara futuro

”gresso, como em todos os países de-mocráticos, e conseguiu esse absurdode US$ 4 bilhões em um ano. Então,não é uma afronta ao país, mas a con-testação de um lobby específico queconseguiu algo indevido perante asregras mundiais do comércio e a pró-pria consciência do americano, quetambém não aceita privilégios e sub-sídios exacerbados.

RURAL – Este ano não foi dos melhorespara os produtores agrícolas do Sul doBrasil. Qual a solução para remediar eatenuar os constantes prejuízos dosprodutores por causa do tempo?CAMARGO – Há muito tempo já de-veríamos ter um seguro. Não existe

agricultura em país desenvolvido quenão tenha seguro climático. O riscoclimático é muito grande, por isso ospaíses têm programas de risco, oupúblicos, ou público-privados, ou oprodutor paga parte do prêmio. Istoexiste nos EUA, na Europa... menos noBrasil. O Brasil obriga o agricultor aassumir o risco do clima. Este ano ti-vemos um clima péssimo em SantaCatarina e no Rio Grande do Sul e oagricultor fica abandonado à sua pró-pria sorte. Entra em inadimplência e échamado de caloteiro, quando na ver-dade ele praticou uma atividade de ris-co, que é agricultura sob o tempo. Ti-vemos muito azar de ter tanta estia-gem. É necessário agilizar o processodo seguro agrícola no Brasil. Não terisso é algo gravíssimo e de repercus-são muito negativa no cenário inter-nacional.

RURAL – E como ter esse seguro? Quetipo de pressão é imprescindível?CAMARGO – Já nem sei mais o quedizer. Desde que eu atuo, em 1990, opresidente da Sociedade Rural Brasi-leira tem a questão do ProAgro empauta junto com a inadimplência doProAgro. O produtor pagava e não re-cebia. Agora tem toda uma legislaçãodo seguro que teoricamente foi apro-vada, mas falta isto, falta aquilo. Fal-ta concluir. Cabe ao Governo finalizarisso e, ao produtor, pressionar. Masprecisa existir prioridade para que issoaconteça no Brasil.RURAL – O Brasil tem um grande po-tencial de produção. O que falta serexplorado, do ponto de vista de ex-portação?CAMARGO – O Brasil tem crescidomuito baseado na produtividade doempreendedor agrícola, e isso certa-mente vai continuar. Nossas deficiên-

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cias são principalmente de infra-es-trutura, desde estradas, portos, defe-sa sanitária, fitossanitária, isso pre-judica muito em termos de mercado.Se conseguíssemos ter estradas me-lhores, bons portos, melhor armaze-nagem e uma defesa sanitária eficiente, poderíamos abrir novos mer-cados que hoje têm receio de com-prar do Brasil por causa do risco sa-nitário. Falta infra-estrutura de todosos tipos, sem essa deficiência, comcerteza nossa exportação seria maior.

RURAL – Com o atual cenário políti-co nacional, como você analisa o fu-turo das nossas exportações?CAMARGO – É um cenário políticomuito complicado e é impossível ava-liar politicamente como será o dia se-guinte. Nós, agricultores, que traba-lhamos a médio e longo prazo, te-mos que nos acostumar com isso. Oujá jogamos a semente no chão e é sócolher, ou o animal já está em pro-cesso de procriação e tem que conti-nuar. Não temos alternativa de pararde produzir e esperar passar a crise.Trabalhamos com safra, dependemosde clima, e é triste ver o Brasil aindasujeito a estes tumultos políticoscomo vemos. Mas, fazer o quê? O tra-balho deve continuar, apesar disso.

RURAL – No caso dos suínos, a situa-ção é otimista?CAMARGO – É otimista no sentidode que viemos de um ano bom e es-tamos num ano muito bom. Temosque trabalhar para continuar sendobom, isto significa abrir novos mer-cados, ter uma atuação sanitária maiseficiente, melhores serviços públicosestaduais e federais. Dessa forma, po-deríamos trazer missões estrangeiraspara se certificarem de como nossos

serviços funcionam e que nossa agro-indústria é eficiente e competente. Fal-ta muita coisa ainda, muita lição decasa a ser feita, mas tem otimismo.Chegamos até aqui, não dá para pararou desanimar agora.

RURAL – Quais são os principais im-pedimentos para nossos produtos, tan-to da lavoura como os agropecuários,nos países de primeiro mundo?CAMARGO – O primeiro depende só denós: infra-estrutura. Só para ficar naquestão da defesa sanitária, isto atra-palha muito e depende de recursos, decapacitação profissional. De quem de-

pende? Do Brasil e do brasileiro. Isto égravíssimo, mas não é o único impedi-mento. Os países desenvolvidos têmuma gama de cotas, barreiras tarifárias,subsídios descabido e uma concorrên-cia desleal frutos dessas distorções docomércio internacional agrícola. Fazero quê? Isto existe e só resta enfrentar.Tudo o que o Brasil fez até hoje foi àscustas de melhorias internas. É isto quedeve continuar acontecendo.

RURAL – A China desponta como po-tência econômica. Como aproveitarmelhor esse filão?CAMARGO – Esperamos que a Chinacontinue a crescer (risos). Faz pouco

tempo que surgiu como potência eco-nômica e já tem representado um gran-de mercado comprador dos produtosagrícolas brasileiros. É importante quea China tenha estabilidade e não sofranenhuma grande crise para continuarnesse ritmo veloz de crescimento. De-verá ser um grande comprador de pro-dutos agrícolas do Brasil. É um paíscom uma população enorme e poucossolos férteis, isso exigirá importaçõespara aumentar seu padrão de vida etipo de alimentação do povo. Deveráser, ao que tudo indica, um grandemercado para os produtos brasileiros,já que temos muita competitividade

na produção de alimentos.

RURAL – E para o futuro, o queo senhor prevê?CAMARGO – Vejo um futuromuito promissor para o agrone-gócio, assim como para o Bra-sil. Acho que finalmente o paísreconheceu o potencial doagronegócio e vem corrigindosuas falhas, aumentando suaprodução. O agronegócio aju-dará muito o Brasil a vencer o

desafio do crescimento, do desenvol-vimento, da geração e distribuição derenda e, claro, do aumento de empre-go. O setor agrário só tem a contribuirpara o Brasil.

RURAL – O que o agroempreendedornão pode deixar de saber agora?CAMARGO – Ele precisa ter cautela,porque o cenário é este que vemos,instável politicamente. É preciso pro-duzir e continuar trabalhando, mascom cautela. Num país com poucosinstrumentos de sustentação de ren-da, investimentos de risco podem serperigosos. Mas nunca se deve deixarde olhar para o futuro.

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Tudo que setem conseguidoé trabalho do

produtor

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vinhos

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vinhos

não machuca

exportação

Queda

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Graças à força adquirida e à diversidade da pauta dos produtos, oagronegócio continua sendo a estrela principal da performance brasileira,mesmo vendendo menos para o exterior em relação ao ano passado

Por Evanildo da SilveiraFoto Index Open

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exportaçãoeEmbora o agronegócio não vá repetir o desempenhodo ano passado, quando suas exportações cresceram 9,2%em relação a 2003, ele tem uma participação significativano total das vendas brasileiras ao exterior. Em 2004 elafoi de 40,44%, com um faturamento de US$ 39,016bilhões. “A previsão é de que os embarques do setortenham um incremento de 7% em 2005, contra os 9,2%do período anterior”, explica o ministro da Agricultura,Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. “A se con-firmar esse percentual de crescimento, as exportações deprodutos agropecuários deverão ficar ao redor de US$ 41,5bilhões. Com isso, a participação do agronegócio na ba-lança comercial brasileira cairá para 37%.” (Leia as ex-plicações do ministro para a queda na entrevista.)

Ao longo dos últimos 15 anos, a participação dosprodutos agropecuários nas exportações brasileiras temgirado em torno de 40%. O pico ocorreu em 1995 com44,88%; e o ponto mais baixo, em 2000 com 37,41%. Emvalores absolutos, no entanto, as vendas externas doagronegócio têm acompanhado o crescimento dasexportações em geral, passando de US$ 13,921 bilhões em

1989 para US$ 20,610 bilhões em 2000 e US$ 30,639 bi-lhões em 2003. Outros dados ajudam a mostrar a importân-cia do agronegócio para o Brasil. No ano passado, além derepresentar 40,44% das exportações, o setor também res-pondeu por 37% dos empregos – cerca de 17,7 milhões depostos de trabalho – e por 33% do produto interno bruto(PIB).

Uma das explicações para o crescimento contínuo dasvendas externas do agronegócio está na diversificaçãodos produtos comercializados. O país não se limita maisa exportar café, soja, cana-de-açúcar e suco de laranja,que por muito tempo foram os principais itens da pautade exportações agrícolas brasileira. Hoje a lista dosprodutos agropecuários que o Brasil exporta chega a cercade 200 itens, vendidos para aproximadamente 150 países.Ela inclui leite, leite condensado, frutas frescas, nozes ecastanhas, madeira, algodão, calçados, flores e plantas,vinho, cerveja e até cachaça.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Joãode Almeida Sampaio Filho, acrescenta outras explicaçõespara o sucesso do comércio exterior do agronegócio brasileiro.

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ta Uma posição invejável

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“A queda no faturamento das exportações brasileirasdeve-se à retração dos preços das commodities nomercado mundial", diz nesta entrevista RobertoRodrigues, ministro da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento, que não cansa de repetir: o agronegócio éo mais importante setor da economia brasileira. Essapercepção ele trouxe de longe. Nascido emCordeirópolis(SP), em 12/08/1942, tem sólida forma-ção: é engenheiro agrônomo formado pela Esalq-USPem 1965, com cursos de aperfeiçoamento em admi-nistração rural. Casado, tem 4 filhos e 6 netos. É pro-fessor licenciado do Departamento de Economia Ruralda Unesp - e tem centenas de trabalhos publicadossobre agricultura, cooperativismo e economia rural.Empresário rural em São Paulo e no Maranhão, foisecretário de Agricultura e do Abastecimento do Esta-do de São Paulo e coordenou o setor privado no FórumNacional da Agricultura.

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“Desde 2000 pelo menos, o Brasil vem tentando desenvolveruma cultura mais exportadora”, diz. “É uma postura maisativa, que inclui planejamento, abertura de novos mercadose o cumprimento das exigências dos compradores externos.”

O vice-presidente da Confederação da Agricultura ePecuária do Brasil (CNA), Gilman Viana Rodrigues, enumeramais alguns fatores. “O primeiro é o preço competitivo e osegundo uma crescente conquista de qualidade dos nossosprodutos”, explica. “Mas o mais importante é que o Brasilnão depende mais de apenas um ou alguns produtos para aexportação. Hoje temos uma gama de produtos expressivana balança comercial. Agora, por exemplo, o mercado dasoja está ruim; o do milho, inexpressivo; o do arroz e o doalgodão também não estão bom, mas o do café está bom,assim como o das carnes (bovinas, suínas e de aves), doaçúcar e do álcool. Então, a média está ainda maior emresultado e em volume do que no ano passado.”

A produtividade da agropecuária brasileira tambémfavorece o bom desempenho das exportações dos produ-tos agropecuários. “A da soja brasileira é maior que aamericana e a do açúcar é a maior do mundo”, informa o

Empreendedor Rural – Como eraprevisto, as exportações brasileirasbateram este ano um recorde históri-co ao somar mais de US$ 100 bilhões.Quais as causas desse sucesso?Roberto Rodrigues – Pelas proje-ções do Ministério do Desenvolvimen-to, Indústria e Comércio Exterior, asexportações totais brasileiras devemchegar a mais de US$ 112 bilhões nes-te ano. O agronegócio, que no anopassado respondeu por 40,7% dasnossas vendas externas, comfaturamento de US$ 39 bilhões, nãodeve repetir em 2005 o mesmo de-sempenho de 2004. A previsão é deque os embarques do setor tenhamum incremento de 7% em 2005, con-tra 9,2% do período anterior. A seconfirmar esse percentual de cresci-mento, as exportações de produtosagropecuários deverão ficar ao redorde US$ 41,5 bilhões. Com isso, a par-

ticipação do agronegócio na balan-ça comercial brasileira cairá para37%.

Rural – Quais os fatores que levarama essa queda?Rodrigues – A queda no faturamento

das exportações brasileiras deve-se àretração dos preços das commoditiesno mercado mundial. A desvaloriza-ção das cotações das commodities jáera prevista por nós, uma vez que omercado internacional estava aque-

cido em razão de problemas climáti-cos que afetaram outros grandes pro-dutores de grãos, especialmente osEstados Unidos, e do aumento dademanda da China por alimentos.Agora, há uma superprodução mun-dial de grãos, particularmente as cul-turas de arroz, milho, trigo, algo-dão e soja. Esse cenário contribuiupara a queda dos preços, sem contara valorização do real.

Rural – Qual a participação doagronegócio nas exportações brasi-leiras?Rodrigues – Desde que assumi o Mi-nistério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, não canso de repetirque o agronegócio é o mais impor-tante setor da economia brasileira.Em 2004, o PIB global doagronegócio foi de R$ 533,98 bilhões,contra R$ 520,68 bilhões de 2003.

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João de Almeida Sampaio Filho: desde 2000 pelomenos, o Brasil vem tentando desenvolver umacultura mais exportadora

“Hoje, temos umaatuação mais pro-ativa nas nossasrelações comerciaisinternacionais”

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exportaçãovice-presidente da CNA. “A da carne bovina está crescen-do e a de frango já é a maior do mundo. Então nós nãotemos receio de desafios.”

O aumento da produtividade da agricultura e dapecuária do país está ligado aos investimentos emtecnologia e à integração das cadeias produtivasrealizados nos últimos anos. Os números mostram os re-sultados dessa política. Segundo Gilman Viana Rodrigues,nos últimos 15 anos a produtividade das lavouras brasi-leiras cresceu cerca de 80%. Isso se refletiu na produçãode grãos, que passou de 56 milhões de toneladas em 1990para 119 milhões de toneladas no ano passado. Para esteano, a previsão do IBGE, feita em junho, é de que a safrade grãos chegue a 113,744 milhões de toneladas.

Apesar do bom desempenho que vem registrando nosúltimos anos, o agronegócio do Brasil ainda enfrentaalguns problemas. Um deles é o preço, que, embora com-petitivo, vem caindo e colocando em risco a lucratividadedo setor. “No momento, o preço está sendo conquistadoe mantido para preservar a competitividade”, explicaGilman. “Mas chegou a um ponto que começou a entrar

Já o PIB da agropecuária foi deR$ 160,65 bilhões (R$ 95,43 bilhõesda agricultura e R$ 65,22 bilhões dapecuária) no ano passado. Esses vi-gorosos números demonstram a im-portância do setor e, conseqüente-mente, aparecem com destaque nabalança comercial brasileira. No anopassado, as exportações totais brasi-leiras chegaram a US$ 96,4 bilhões.Desse total, repito, US$ 39 bilhõesforam obtidos graças às vendas ex-ternas das diferentes cadeias produ-tivas do agronegócio.

Rural – Quais os principais produ-tos da pauta de exportações doagronegócio brasileiro?Rodrigues – O Brasil ocupa posiçõesinvejáveis no ranking global doagronegócio. Além de ser o primeiroprodutor e exportador mundial decafé, açúcar, álcool e suco de laran-

ja, lidera o comércio internacional desoja, carne bovina, frango, tabaco,couro e calçados de couro. São essesos principais produtos da pauta deexportações do agronegócio brasilei-

ro. Em pouco tempo, indicam as pro-jeções, o país será o principal pólomundial de produção de biocombus-tíveis. Arroz, algodão, cacau, casta-nhas, frutas frescas, feijão, leite eseus derivados, milho, nozes, pesca-

dos, suínos e trigo também são des-taques do agronegócio nacional.

No ano passado, como já disseantes, as exportações brasileiras docomplexo soja (grãos, óleo e farelo)somaram US$ 10 bilhões, represen-tando 36 milhões de toneladas. Jáos embarques do setor carnes (bovi-no, aves e suíno) totalizaram US$ 6,14bilhões, enquanto os de açúcar al-cançaram US$ 2,64 bilhões e os deálcool, US$ 497,7 milhões. As ven-das externas de café atingiram US$ 2bilhões; as de sucos de frutas, US$1,14 bilhão; as de produtos de cou-ro, US$ 1,6 bilhão; e as de couro,US$ 1,2 bilhão.

Rural – A política externa do atualgoverno tem contribuído para o au-mento das exportações do país? Deque forma?Rodrigues – A política externa do

“Em pouco tempo,o país será oprincipal pólomundial deprodução debiocombustíveis”

Plantação de soja: a previsão para este ano é de queos embarques somem US$ 8 bilhões, uma reduçãode US$ 2 bilhões em relação ao ano passado

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nas margens de renda, por isso prejudica a lucratividade.”Um exemplo dessa situação ocorre com a soja, carro-

chefe das exportações agrícolas do Brasil no comércioglobal. A previsão para este ano é de que os embarquesde soja somem US$ 8 bilhões, o que representará umaredução de US$ 2 bilhões em relação aos US$ 10 bilhõesalcançados no ano passado. As exportações de milho etrigo também devem cair de cerca de US$ 1 bilhão em2004 para aproximadamente US$ 200 milhões em 2005.

O preço obtido pelos produtores brasileiros tambémsofre a interferência dos subsídios. “A rentabilidade naagropecuária na Europa e nos Estados Unidos é um paraíso,porque é o tesouro daqueles países que paga”, diz o vice-presidente da CNA. Nos Estados Unidos e na União Euro-péia, 40% da receita dos produtores rurais vêm do tesou-ro. Esse é o melhor dos mundos.” Por isso, ele diz que éfundamental que a Rodada de Doha, que está previstapara ocorrer no final deste ano nessa cidade do Katar, nãoseja frustrante para que se crie um cenário novo de aces-so ao mercado.

De acordo com Gilman, como o subsídio elimina os riscos

governo do presidente Luiz InácioLula da Silva tirou o país da defen-siva. Hoje, temos uma atuação maisproativa nas nossas relações comer-ciais internacionais. Tanto é assimque lideramos a criação do G-20, gru-po formado pelos países produtoresagrícolas, que adotou uma posiçãomais firme nas defesa conjunta dosseus interesses comerciais nas nego-ciações multilaterais com as econo-mias desenvolvidas. Graças a essapostura brasileira, já estamos obten-do resultados positivos. Recente-mente, por exemplo, tivemos duasimportantes vitórias nos painéis ins-taurados pela Organização Mundialdo Comércio (OMC) para analisar ossubsídios às exportações e os apoi-os internos concedidos pelos Esta-dos Unidos aos seus cotonicultorese pela União Européia aos produto-res de açúcar. Isso comprova que o

protecionismo desequilibra as relaçõescomerciais, prejudicando as econo-mias em desenvolvimento e amea-çando inclusive a democracia. Afi-nal, essas práticas impedem o cres-cimento econômico e, conseqüente-mente, uma melhor distribuição derenda e uma melhoria na qualidadede vida. Por isso, as decisões da OMCem relação aos contenciosos com osEUA e a União Européia não repre-sentam apenas vitórias para o go-verno brasileiro. Elas também servemcomo alertas aos países desenvolvi-dos para que tenham maior compro-misso com a erradicação da pobrezae da miséria no planeta.

Rural – No que diz respeito aoagronegócio, novos mercados foramconquistados? Quais? Com que pro-dutos?Rodrigues – No atual governo, am-

de mercado, os produtores europeus e americanos têm umaousadia enorme de produzir. “Sua receita não corre riscos”,explica. “É o contrário do que acontece no Brasil. Além deter risco na receita, porque não tem subsídio, as práticaslegais da política agrícola brasileira não são aplicadas emtempo hábil. Nós temos o direito de receber do governoaplicações da política agrícola de preço mínimo. Na horaque o preço está abaixo do preço do custo de produção e ogoverno teria que cumprir a lei – o que não é fazer favor –,o Ministério da Fazenda diz que não tem dinheiro. Isto nãoé um mundo muito bom para falar em competição.”

O Ministério da Fazenda e o governo também nãoagradam os produtores rurais por causa da políticaeconômica que vêm adotando. Ela prejudica de duasformas o agronegócio. Primeiro pelo baixo crescimento.“Não tem coisa pior para a agricultura do que a estagna-ção econômica, porque a agricultura é uma geradora deprodutos perecíveis e guardá-los significa onerá-los”, dizGilman. “O que nós queremos é produzir com demandasdefinidas, internas e externas. Hoje nós estamos crescendoe o mercado consumidor interno não cresce. Isso é ruim.”

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exportação

pliamos as relações comerciais doBrasil com os mercados do Leste Eu-ropeu, da Ásia, do Oriente Médio eda África. O próprio presidente LuizInácio Lula da Silva participa dire-tamente desse esforço, liderandomissões diplomáticas e comerciaisaos países desses blocos. Hoje, ex-portamos para mais de 200 merca-dos em todos os continentes. Por-tanto, temos que procurarincrementar cada vez mais nossasrelações comerciais com esses paí-ses. Ao mesmo tempo, precisamospassar a exportar produtos com mai-or valor agregado para aumentarnossas receitas. Nossa estratégia éconquistar e ampliar mercados epassar a exportar mais produtoscom valor agregado. Estamos ob-tendo avanços no comércio inter-nacional, embora nem sempre navelocidade desejada, porque as ne-

O outro problema causado à agropecuária pela atualpolítica econômica são os juros. São fatores não-agríco-las, como o aumento da taxa básica de juros, que encare-cem a tomada de recursos. O juro agrícola, do créditorural, que é de 8,75%, atende apenas cerca de 30% dademanda. Então a maior parte dos recursos deve ser bus-cada no mercado financeiro ou com os fornecedores deinsumo, que também cobram juros altos. Isso onera ocusto de produção e dos próprios produtos.

Sampaio, o presidente da SRB, cita outros gargalosque reduzem a rentabilidade e a competitividade doagronegócio brasileiro. “Um dos principais é o tributário”,diz. “Pagamos muito mais impostos que os produtoresde outros países.” Como exemplo, ele cita os defensivosagrícolas. “Enquanto na Argentina os impostos sobre essesprodutos são de 11% a 15% e nos Estados Unidos, de12%, no Brasil eles chegam a 38%.”

Os problemas de logística, como falta de infra-estru-tura, rodovias ruins e portos caros, também ajudam areduzir ainda mais o lucro dos produtores rurais. O frete éoutro exemplo. “O transporte de uma tonelada de soja da

Armazenagem: os problemasde logística, como falta deinfra-estrutura, tambémajudam a reduzir ainda mais olucro dos produtores rurais

gociações são complexas e preci-sam de um tempo para se concreti-zar.

Rural – Quais são os produtos emer-gentes do agronegócio que estão emalta, conquistando novos mercadosno exterior?Rodrigues – Em pouco tempo, de-vemos ser a principal plataformamundial de produção e exportaçãode biocombustíveis, principalmentede álcool combustível. O Japão, porexemplo, quer importar o produtobrasileiro, assim como outros mer-cados. O interesse japonês em im-portar o álcool brasileiro pode re-presentar a abertura de um mercadode 1,8 bilhão de litros por ano parao setor.

Em 2003, o governo japonêsautorizou a mistura de até 3% deálcool anidro à gasolina usada para

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movimentar sua frota de veículosautomotores. No ano passado,mantivemos reuniões com dirigen-tes da federação das cooperativasjaponesas, a Zen-Noh, para tratardo assunto. Em decorrência dessesencontros, estamos desenvolven-do estudos para apoiar a misturade álcool à gasolina no Japão.Com uma rede de cerca de 5 milpostos de distribuição de com-bustíveis, a Zen-Noh abasteceaproximadamente 5% do merca-do do arquipélago japonês, oequivalente a 9,5 bilhões de li-tros de gasolina por ano. Agora,é preciso entender que essa não éuma negociação que se resolve deuma hora para outra.

Até mesmo porque o Japão teráde criar uma infra-estrutura delogística para importação do produ-to e posterior distribuição. Isso re-

quer portos, navios, caminhões e ar-mazéns. Além disso, o país deve ela-borar uma legislação própria para tri-butar e controlar a qualidade do ál-cool.

Rural – Quais as perspectivas das ex-portações do agronegócio para ospróximos anos?Rodrigues – Recentemente, a Con-ferência das Nações Unidas para o Co-

“Nossa estratégia éconquistar e ampliarmercados e passara exportar maisprodutos com valoragregado”

mércio e Desenvolvimento (Unctad)divulgou uma previsão informandoque o Brasil será o maior produtormundial de alimentos na próximadécada. No curto prazo, trabalhamoscom perspectivas não tão otimistas.

Neste ano, devemos ter uma redu-ção no percentual de aumento dasexportações do agronegócio. Comojá dissemos anteriormente, o in-cremento nas vendas de produtosagropecuários será de aproximada-mente 7%, contra 9,2% de 2004.Depois de quatro anos de fortecrescimento, observamos que apartir deste ano alguns fatores fo-ram desfavoráveis e devem contri-buir para a redução do ritmo de

crescimento de nossas exportações.Dois fatores se destacam nesse cená-rio: valorização do câmbio e quedade preço dos grãos e oleaginosos(soja).

região produtora até o porto de embarque custa US$ 20na Argentina e US$ 16 nos Estados Unidos”, diz Sampaio.“No Brasil esse valor chega a US$ 50.”

Apesar de todos esses problemas as perspectivas parao agronegócio brasileiro no mercado mundial são das maispromissoras e reconhecidas por especialistas e órgãos in-ternacionais. A Conferência das Nações Unidas para oComércio e Desenvolvimento (Unctad), por exemplo, prevêque o Brasil será o maior produtor mundial de alimentosna próxima década.

Essas previsões são baseadas na diversidade daagropecuária brasileira e na área agrícola do país, que,aliás, pode ser ampliada. “A área de plantio do Brasil podese expandir mais cerca de 90 milhões de hectares semagredir qualquer reserva da Floresta Amazônica”, calculaGilman, da CNA. “Ainda pode fazer uma certa pressão naárea que hoje é ocupada por pecuária, aumentando outros30 milhões de hectares, gerando assim mais renda eatraindo investimento em agricultura, em detrimento dapecuária, que vai mantendo o mesmo rebanho comgerenciamento tecnológico.”

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exportação

Marca histórica

hHoje a pauta de exportações brasileiras inclui centenas deprodutos, que vão de suco de laranja e leite condensado aautomóveis e aviões, passando por sapatos, motores de pis-tão, celulares e antibióticos. Pode-se dizer que essa grandediversificação é uma das responsáveis pela conquista de no-vos mercados e pelo aumento das exportações, que poderãoultrapassar neste ano, pela primeira vez na história, a marcade US$ 100 bilhões.

O primeiro sinal de que o Brasil alcançaria essa marcahistórica apareceu em março, quando foram fechados os nú-meros das exportações brasileiras acumuladas nos 12 mesesanteriores (março de 2004 a fevereiro de 2005). “Nossas ven-das externas chegaram pela primeira vez aos US$ 100 bilhões,batendo a meta estabelecida pelo presidente Lula com doisanos de antecedência”, diz o secretário de Comércio Exteriordo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ex-terior (MDIC), Ivan Ramalho. “Agora, o próximo desafio échegar aos US$ 112 bilhões no final de 2005 e aos US$ 120bilhões em 2006.”

Pelos últimos dados, pelo menos a meta deste ano seráalcançada com facilidade. Em junho o Brasil teve até então omaior saldo comercial (exportações menos importações) da

Ultrapassar os US$ 100 bilhões este ano significa consolidar a posiçãobrasileira no mercado externo e ampliar as bases para novos saltos

história, chegando a US$ 4,031 bilhões. Também foi a pri-meira vez que as exportações em um mês ultrapassaram amarca de US$ 10 bilhões – as vendas externas somaramUS$ 10,207 bilhões – e o quarto mês consecutivo em queforam superiores a US$ 9 bilhões. O total das exportaçõesbrasileiras no primeiro semestre deste ano chegou a US$53,678 bilhões ante US$ 43,307 bilhões em igual perío-do do ano passado.

Em julho o país melhorou a performance e dois novosrecordes foram batidos. As exportações chegaram aUS$ 11,061 bilhões e o superávit da balança comercial foi deUS$ 5,011 bilhões. Agora as vendas externas do país nesteano já somam US$ 64,738 bilhões, ou 23,8% a mais que emigual período de 2004. O maior aumento nas exportaçõesocorreu com os chamados produtos básicos, como minérios,carnes e produtos agrícolas, que cresceram 45,1% em relaçãoa julho do ano passado.

Diante desse desempenho, o vice-presidente da Confede-ração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gilman VianaRodrigues, não tem dúvida de que o Brasil ultrapassará osUS$ 100 bilhões em vendas externas. Ele baseia seu otimismoem dois fatores. “Além das exportações terem fechado o pri-meiro semestre com mais de US$ 50 bilhões, a soja, que é umproduto importante no agronegócio, embora esteja com umpreço ruim, ainda não atingiu seu maior período de exporta-ções, que sempre é no segundo semestre”, explica Rodrigues.“Não há nada que nos leve a pensar que a marca dosUS$ 100 bilhões em vendas externas não venha a ser ultrapassada.”

Para Ramalho, do MDIC, também não faltam motivos paraotimismo. Segundo ele, as exportações brasileiras vêm se be-neficiando de uma conjunção de fatores externos, a começarpelo crescimento da economia mundial, que deve continuarse expandindo neste ano em cerca de 4,4%. China, Rússia,Argentina, México e Chile, importantes parceiros comerciaisdo Brasil, têm boas expectativas de expansão, o que deveráampliar a demanda por produtos brasileiros neste ano.

Ivan Ramalho:o próximodesafio é chegaraos US$ 120bilhões em 2006

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Clima favorece o algodão

hO resultado alcança o padrão graças à chuva da Bahia

Há vinte anos produzindo soja, milho e arroz na cidadede São Desidério, no oeste da Bahia, o produtor paranaenseWalter Yukio Horita decidiu investir na lavoura de algodãohá seis anos e está exportando desde 2002. O que come-çou com 2,2 mil hectares em 2000 passou para 3,6 mil noano seguinte, 5 mil em 2002 e 6,3 mil em 2003. Hoje alavoura de algodão ocupa 14 mil dos 26 mil hectares dasoito fazendas que Horita possui em sociedade com trêsirmãos. Eles são considerados os maiores produtores daregião e um dos dez maiores do país.

Horita, que é também presidente da Associação Baianade Produtores de Algodão, afirma que tamanho investi-mento na cultura de algodão se deu porque ela agregamais valor do que a da soja, produto tradicional das la-vouras dessa região. Ele explica ainda que a cultura adap-tou-se bem ao oeste da Bahia por causa do clima de cer-rado, que tem uma estação de chuvas bem-definida comvolume estável. “Estas características são benéficas aoalgodão e fazem com que a produção atinja facilmente opadrão de exportação”, diz Horita.

No ano passado, das 300 mil toneladas que produ-ziu, 100 mil foram para o mercado externo, a uma cota-ção de U$ 1.100 por tonelada. Os principais mercadoscompradores são indústrias têxteis e de fios e tecidos depaíses como Suíça, Coréia do Sul, Indonésia e Argentina.Neste ano, Horita pretende aumentar o volume de expor-tações para 60% do total da produção.

Segundo o empresário, a cultura do algodão foi levadado Mato Grosso, maior produtor nacional, para o oesteda Bahia. Adaptou-se tão bem a essa região que, no anopassado, o Estado foi o segundo em volume de produçãono país e, relativamente, tornou-se o maior exportador.

No oeste da Bahia, estão quase 90% dos 250 milhectares plantados no Estado, que deve produzir nesteano 870 mil toneladas. Há seis anos a produção baianaera de 132,6 mil toneladas colhidas em 55,9 mil hecta-res. O crescimento foi impulsionado pelo governo do Es-tado, que renunciou a 50% do ICMS sobre o produto. NoPIB baiano, de R$ 16 bilhões, o agronegócio do algodãoparticipa hoje com R$ 1 bilhão.

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exportação aCafé parao mundoOs estrangeiros estãoacostumados ao sabor eao aroma do cerrado

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A região do cerrado mineiro produz café há pelo menos 30 anos,mas foi na década de 90 que começou a despontar como área ex-portadora de tipos especiais, segmento valorizado pelo selo de ori-gem, pela produção orgânica e pela aromatização. As associaçõesdo setor foram posicionando o produto diferenciado no mercadomundial e hoje ele é reconhecido como um dos melhores do mun-do. A qualidade está associada ao clima privilegiado da região. Aotodo são 55 municípios produtores, localizados em uma altitudemédia de mil metros, com insolação bem-distribuida durante todoo ano e topografia favorável à mecanização da lavoura. Altitude,temperatura e distribuíção de chuvas garantem um sabor único aoresultado final.

O sucesso das exportações deve-se à conscientização dos cafei-cultores de se organizarem em associações e investirem para agregarvalor ao produto. Em meados dos anos 90, foi criada a marca Café doCerrado, registrada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária para iden-tificar o café produzido pelos cerca de 3.500 cafeicultores da região.A iniciativa foi de alguns produtores que perceberam que, no exteri-or, seu produto já era vendido há anos como “café do cerrado” porcausa da qualidade diferenciada das safras dessa região.

Segundo o gerente comercial da Cooperativa de Cafeicultoresdo Cerrado (Expocaccer), André Gomes, ano a ano aumentam asexportações do café especial. Fundada em 1993, a Expocaccer reú-ne 200 dos maiores produtores do cerrado mineiro, e é responsávelpela armazenagem, pelo “rebenefício”, pela comercialização inter-na e, desde 1998, pela exportação do café dos associados.

Em 2003, a empresa comercializou 380 mil sacas, das quaisexportou 60 mil, sendo 20 mil de café especial. Em 2004, foram500 mil sacas, o volume de exportações subiu para 100 mil e au-mentou também a venda de café especial em 50%, para 40 milsacas. Neste ano, o crescimento não deverá ser tão significativo,pois uma estiagem em março diminuiu em 30% as expectativaspara a safra. O esperado agora é que a produção dos membros daExpocaccer fique entre 550 mil e 600 mil sacas, das quais 150 mildevem ser exportadas, sendo 60 mil de café especial. Os principaismercados da empresa para os tipos especiais são a União Européia,o Japão e a Coréia do Sul. Já os cafés comerciais vão principalmen-te para os Estados Unidos.

Desde abril deste ano, os cafeicultores podem qualificar suaprodução a receber um código de barras para permitir a rastreabilidadede origem. A região demarcada como produtora de Café do Cerradoé a primeira área de cafeicultura a conquistar esse tipo de certificaçãoem todo o mundo. Através do novo sistema, o consumidor terá àdisposição informações como a localização da lavoura, o clima, aépoca do plantio, a colheita e os produtos utilizados.

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fEm pó ou líquido, crescem asvendas para a indústria alimentícia

Fabricados principalmente para facilitar o trabalho dasindústrias alimentícias, os produtos de ovos, em pó oulíquidos, estão sendo cada vez mais exportados por em-presas brasileiras. Uma das principais nesse setor é aSohovos, localizada na cidade de Sorocaba, em São Pau-lo. Há 30 anos no mercado, a empresa é pioneira na fa-bricação em larga escala desses produtos no Brasil, sen-do responsável por 60% das 20 mil toneladas de ovolíquido que o país industrializa por ano.

Todo mês, a fábrica recebe 36 milhões de ovos paraprocessar, pasteurizar e fornecer às indústrias nas mesclassolicitadas. Existem várias solicitações possíveis, como oovo integral com clara e gema, mesclas com mais clara oucom mais gema, só a gema, ou só a clara. No caso do ovoem pó, há ainda mais uma fase de industrialização, que é adesidratação em torres de secagem. Além das indústriasalimentícias – de massas, maionese, bolos e biscoitos, porexemplo –, são clientes também os setores de produtoscosméticos, farmacêuticos e de suplementos alimentares.

Nos últimos três anos, as vendas da Sohovos no mer-cado interno cresceram apenas 3%, mas as exportaçõesaumentaram cerca de 20%. Segundo o empresário VladimirZacharias, proprietário da Sohovos, o ovo em pó é o maisaceito no exterior por ter maior consumo e frete maisbarato – o transporte do ovo congelado é mais caro por-que é feito em contêineres refrigerados a - 25ºC.

“O ovo em pó integral, que é aquele na proporçãonatural de clara e gema, é uma commodity de muito con-sumo, tem grande volume de exportação”, diz. Além doJapão, que é o maior importador mundial, a Sohovos tam-bém exporta para a Argentina, a Colômbia, a Venezuela,o Peru, a União Européia e a Rússia, tendo como princi-pais compradores as indústrias alimentícias.

Em 2003, a empresa exportou U$ 10 milhões em pro-dutos de ovos. No ano passado, este faturamento cresceupara U$ 14 milhões. Do volume exportado, 60% é ovoem pó e 40%, ovo congelado. Para 2005, no entanto, aexpectativa é de que não haja crescimento na rentabili-dade ou que se mantenha a mesma taxa de 2004. “Este

ano fomos prejudicados pelas variações do dólar. Vou medar por satisfeito se tivermos um crescimento equivalen-te ao do ano passado”, diz Zacharias.

Para o empresário, o segredo do sucesso nas exporta-ções está em desenvolver constantemente a qualidade doproduto. “Hoje, a combinação imprescindível para ex-portar é preço e qualidade. A Sohovos, por exemplo, sóexporta ovos em pó para o Japão porque tem uma torrede secagem com um sistema que evita a mistura de im-purezas no produto final.”

Segundo Zacharias, a competitividade brasileira no ex-terior no setor de ovos pode ser comparada à do setor defrangos. “Ambos os produtos são influenciados pela ca-deia de custo do componente animal, que tem como prin-cipal item a ração do frango. O Brasil tem ração em abun-dância, além de elevada quantidade de galinhas de pos-tura, um verão muito grande e mão-de-obra barata, tudoisso faz parte do preço.” Apesar do baixo crescimentodas exportações ocorrido neste ano, a expectativa doempresário para o futuro é positiva. “A vocação do Brasilé ser um grande exportador de ovos.”

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A mutação dos ovos

Inde

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BMFsoftwarebiotecnologia

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O Brasil possui potencial, ferramentas e experiência paradeslanchar com produtos rurais modificados pela ciência

Por Fernanda MartoranoFoto Grupo Keystone

A reforma danaturezanatureza

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biotecnologiao Canadá, participam centros de pesquisa dos Estados Uni-dos, da Inglaterra, da França e da Austrália.

Para os cientistas, a produção pecuária no Brasil co-meça um novo ciclo por conta da biotecnologia. “A vacanelore de hoje (uma das mais valorizadas nos leilões degado) é muito melhor do que era 100 anos atrás:mais robusta, de carne mais macia. Agora, com asupervalorização do gado de elite e com o incremento denossas exportações, o melhoramento genético será sem-pre esperado”, analisa o empresário. Ainda não está dis-ponível no mercado nenhum produto animal brasileirode origem transgênica – apenas produtos melhorados pelametodologia clássica. Na agricultura, porém, a transgeniajá chegou e ganha cada vez mais espaço nos centros depesquisa.

O Brasil é o quarto país que mais cultiva plantasgeneticamente modificadas (OGMs) – os Estados Unidossão os campeões, seguidos pela Argentina e pelo Canadá.O carro-chefe, atualmente, é a soja transgênica – únicoalimento regulamentado para exportação resistente aherbicidas e com menos quantidade de agrotóxicos. Como decreto do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em2003, autorizando o plantio e o comércio do produto, opaís passou de 15 milhões de toneladas de grãos na safra2000/2001 para mais de 20 milhões na safra 2003/2004.Já foi aprovada no Congresso Nacional a nova Lei de

O cenário era desalentador. Vinte anos atrás, enge-nheiros e pesquisadores se amontoavam em pequenos la-boratórios, debruçados sobre teorias e projetos poucovalorizados no meio acadêmico e científico. Cerca de 120patentes eram registradas a cada ano. Naquela época, paraquem desejava viver da biotecnologia no Brasil, mudarde país representava mais do que uma necessidade. Osanos passaram e essa mesma geração de pesquisadoresestaria de volta para construir e fomentar, de fato, umnovo panorama científico. Hoje, a biotecnologia nacio-nal demonstra que tem ferramentas e potencial para cres-cer. A começar pelo agronegócio – um dos maiores pro-vedores da economia nacional.

“Só dá para ganhar dinheiro com biotecnologiadirecionada ao agribusiness aqui no Brasil”, diz o pes-quisador Fábio Diogo, vice-presidente do Grupo Genoa –empresa privada de biotecnologia formada por cientistasbrasileiros. Há três anos no mercado, o grupo ganhoudestaque internacional por ser a primeira empresa domundo a desenvolver marcadores genéticos para o zebuíno– a raça bovina que corresponde a mais de 75% do totaldo rebanho nacional. A técnica pode servir, por exemplo,para mapear certos tipos de doenças virais do gado. Mêspassado, a empresa assinou um acordo de cooperação ci-entífica com a Universidade de Alberta, no Canadá, parao programa Beef Genomics Initiative. Além do Brasil e do

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Biossegurança, que legaliza a pesquisa com células-tron-co, além da pesquisa, do plantio e da comercialização deoutros OGMs. A condição para isso é que a Comissão Téc-nica Nacional de Biossegurança (CNTBio) e um conselhoformado por 11 ministros participem diretamente dasdecisões.

A aprovação da nova lei soou como um alívio paraboa parte dos pesquisadores. O engenheiro de alimentosEdson Watanabe lembra que a pesquisa dos OGMs andavaa passos muito lentos: “Os projetos poderiam estar bemmais adiantados. A maioria deles, por causa de tantosrequisitos, teve o andamento comprometido.” Para FábioDiogo, a lei trouxe o fundamental: o direito de pesquisar.“Pelo menos nós podemos testar. Antes, nem isso erapossível.”

A pesquisadora da Embrapa Eliana Fontes observa quea legislação superou aspectos demasiadamente burocrá-ticos da área, mas dificultou a questão administrativa.“A nova proposta deixou mais fácil os trâmites da pes-quisa, que ganharam mais agilidade para fazer os produ-tos chegarem ao mercado. No entanto, a composição daCNTBio me preocupa um pouco por ser formada por espe-cialistas de diversos setores. A tomada de uma decisãosobre uma pesquisa deveria ser meramente científica. Pos-teriormente, depois dela ser desenvolvida e aprimorada,os outros interesses entrariam em cena”, explica.

A redução dos custos, o aumento da flexibilidade nomanejo das culturas e o incremento dos rendimentos es-tão entre os grandes benefícios dos OGMs, na visão dosprodutores. Estudos econômicos mostram que o baratea-mento desses produtos pode ser, para os consumidores,de até 4%. Para muitos agricultores de países em desen-volvimento, representam uma grande esperança, pois sãovistos como uma forma de combate à fome. A tese vai aoencontro das idéias defendidas pela Organização para aAgricultura e Alimentação (FAO). No relatório do anopassado, a FAO divulgou um documento defendendo aadoção de alimentos transgênicos como uma eficaz fer-ramenta contra a pobreza, contrariando as teorias querelacionam o problema da fome à má-distribuição, e nãoà escassez. Apesar de sustentar que pouco se conheciasobre os efeitos a longo prazo da ingestão de transgênicos,o texto afirmava que “a maioria dos cientistas concorda-va que os atuais cultivos de transgênicos e seus alimen-

tos derivados eram seguros para comer” .A segurança é uma questão central para a liberação

das pesquisas, do comércio e do consumo dos OGMs. Opesquisador Edson Watanabe, que também é especialistaem biossegurança alimentar, destaca que os produtos têmum controle rígido nas unidades de pesquisa. “Atransgenia é um processo mais controlado do que osmétodos convencionais de biotecnologia. Isso porquevocê sabe exatamente quais genes estará transferindo deum organismo para outro. Já sabemos o papel que ele vaidesempenhar. No método convencional, isso só será co-nhecido depois, por tentativa e erro”, diz Watanabe.

Os opositores dos alimentos transgênicos sustentamque ainda não existem estudos suficientes de impactoambiental. Com a inserção de genes de resistência aagrotóxicos, as pragas e as ervas daninhas poderiam de-senvolver resistência, tornando-se superpragas ousuperervas. Isso exporia as plantações a maiores quanti-dades de veneno e, conseqüentemente de substânciastóxicas aos alimentos. O Instituto Brasileiro de Defesado Consumidor (Idec) é contra os transgênicos, por fal-tarem pesquisas científicas independentes que demons-trem que os OGMs são inócuos. Outro argumento das en-

Fábio Diogo, vice-presidente do Grupo Genoa, empresa pioneirano desenvolvimento de marcadores genéticos para o zebuíno

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biotecnologia

tidades alternativas é a possibilidade de aumentarem asalergias e a resistência a determinados antibióticos.

Para o engenheiro agrônomo e especialista em gené-tica Warwick Estevan Kerr, as experiências científicas apre-sentam riscos naturais. “Cada vez que tentamos melhoraralguma coisa, temos sucesso ou não, por isso é normalter cautela. O problema é se entregar às mentiras queexistem, muitas delas alimentadas por uma filosofia erra-da. Há pessoas que põem na cabeça que devem ser contraos transgênicos e pronto”, pondera o pesquisador de 83anos. Watanabe concorda: “A oposição aos transgênicosrevela-se, principalmente, uma questão ideológica”. A pes-quisadora Eliana Fontes reforça a importância de investirem novas tecnologias, principalmente no Brasil. “As no-vas ferramentas da biotecnologia, sendo a transgenia ounão, promovem um melhoramento incrível dos produtos.É preciso entender que estamos tratando de um impor-tante componente de nosso PIB, o agronegócio”, diz.Quando o assunto é investimento e pesquisa no país,porém, as deficiências tornam-se mais aparentes eengessam o crescimento na área.

Boa parte dos estudos está baseada em universidades,órgãos de fomento e empresas privadas – onde pesquisa-dores de diversas áreas se aglutinam e elaboram projetos

paralelos. Hoje, o número de patentes registradas no Brasil– cerca de 300 por ano – não chega nem perto do índicede países como a Coréia do Sul – mais de 2 mil –,tampouco se aproxima ao dos Estados Unidos – com quase20 mil por ano. Reflexo disso é o baixo número de dou-tores formados nas instituições de ensino. Segundo umlevantamento recente, 78% dos doutores nos Estados Uni-dos são absorvidos pelo mercado de trabalho do país. NaEuropa, o índice ficou perto de 77%. No Brasil, ele é deaproximadamente 15%.

Outro problema crônico atinge os grandes centros depesquisas nacionais: os impostos. “É um inibidor de cres-cimento tradicional. Para importar uma centrífuga, porexemplo, que é um equipamento indispensável nos labo-ratórios de genética, pagamos quase o mesmo impostoda importação de um carro – cerca de 60%”, analisa ovice-presidente do Genoa. Para ele, a criatividade é umasaída clássica: “O brasileiro é criativo e não se deixa de-sanimar pelo modelo econômico. Acabamos conseguin-do nos sintonizar nas novidades”. Não por menos muitoscientistas continuam a sair do Brasil à procura de paísesonde existam políticas de estado bem definidas para apesquisa. “O mercado europeu e americano nos traz pro-postas irrecusáveis.”

Com a inserção degenes de resistência aagrotóxicos, as pragas eas ervas daninhaspoderiam se desenvolver

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aA redução das fronteiras agrícolas, o crescimento dapopulação e o acirramento da concorrência mundial exi-gem mais do que a simples profissionalização da empresarural. A gestão de excelência é um dos pré-requisitos daagricultura desde a década de 80, e a essa competênciabásica soma-se agora, no século XXI, o investimento eminformação e pesquisa, além de uma mente aberta a acei-tar inovações.

A biotecnologia é ferramenta do campo há décadas.As pesquisas ganharam fôlego com o conhecimento daestrutura do DNA, há 50 anos, até chegarem, por exem-plo, ao melhoramento genético convencional, via cruza-mento e seleção, e à inseminação artificial.

Essas práticas já difundidas hoje são fundamentaisaté mesmo nas pesquisas envolvendo o genoma e suaaplicação para a agropecuária, fase recente da evolu-ção biotecnológica voltada ao meio rural. Alguns pes-quisadores defendem que o melhoramento em campo éferramenta indispensável na tentativa de detectar oque faz e em que auxilia cada informação do DNAseqüenciado, sem falar no alcance que tem para pro-dutores de todos níveis, principalmente os de peque-no e médio porte. Em muitos casos, a introdução deuma cultivar melhorada alavanca os ganhos de produ-tividade e de qualidade, permitindo o planejamentode médio e longo prazo da lavoura e encerrando cicloscontínuos de prejuízos.

PESQUISA X PRECONCEITOA demonização dos transgênicos no Brasil – eviden-

ciada pelo caso da soja –, desde o meio da década de 90,criou restrições por vezes absurdas aos pesquisadores,contendo os avanços nacionais da pesquisa sobre altera-ção genética de organismos.

Pesquisar e criar planos de ação para empreender são decisivospara a biotecnologia intensificar o agronegócio no Brasil

A invasão dos projetos

Por Cássio Turra

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Mas ainda assim a ciência anda rápido. Depois doseqüenciamento do genoma de diversas plantas e ani-mais, é hora de saber para que serve cada informação doDNA, ou seja, os pesquisadores precisam determinar quetipo de qualidade está associada a cada gene. Aí as pos-sibilidades são infinitas. Dessa sopa de letras podem sur-gir desde soluções para centenas de doenças que atacamas plantações até novos produtos com qualidade e funcio-nalidade diferenciadas.

As pesquisas no Brasil, feitas em universidades e cen-tros públicos e privados, apontam para a solução de pro-blemas práticos dos produtores e da agroindústria, queafetam a sanidade financeira dos empreendimentos edesestabilizam a macroeconomia. São variedades resis-tentes a determinadas doenças ou com diferenciais nu-tritivos e valor agregado, entre outras vantagens. A pe-cuária também vive mudanças, representadas principal-mente pelo trabalho que resultou, em 2001, no primeiroclone bovino da América Latina, a fêmea da raça Simentaldenominada Vitória da Embrapa. O estudo de ponta am-pliou a tecnologia em outras frentes e esses conhecimen-tos começam a chegar aos criadores por meio de labora-tórios credenciados à Embrapa.

É claro que muitos projetos vivem com carência finan-ceira, mas estudos de porte já são viabilizados por inicia-tivas individuais e, em grande parte, por parcerias entrecentros públicos e privados de pesquisa. No ano passadofoi seqüenciado o genoma do café. Neste ano, em julho,os pesquisadores anunciaram o mapeamento do genomada banana. E, assim, os resultados continuam aparecendo.

O sucesso dessas incursões também motivou associa-ções de produtores e de indústrias em todo o país a des-pertarem para a biotecnologia. Hoje há exemplos de co-operativas e outras organizações que investem parte ex-

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pressiva do faturamento em ciência aplicada aoagribusiness.

Na prática, são mais de mil projetos apontando solu-ções viáveis de produtividade e qualidade para a laranja,a banana, o mamão, a cana, o eucalipto, o feijão, a soja,o trigo, os suínos, os bovinos e as aves, entre outrasiniciativas. Segundo a Associação Brasileira das Empre-sas de Biotecnologia (Abrabi), existem hoje cerca de 2mil grupos de pesquisa se dedicando a atividades nessaárea, e 199 centros são certificados pelo CNTBio.

DESINFORMAÇÃOA biotecnologia aplicada à agricultura e à pecuária

tem um uso tão diverso quanto polêmico. Para piorar, adifusão de informações pouco especializadas a respeitodos transgênicos transformou em amontoados de ameni-dades os discursos de grupos favoráveis e contrários à

biotecnologia no campo.O que muitos não entendem é que a biotecnologia é

um conceito maior que a transgenia, anterior a ela. “Apartir do momento que você começa a manipular as cul-turas isso é biotecnologia. Agora, pela transgenia, a ci-ência chegou à identificação e à troca de pedaços doDNA da planta”, simplifica o pesquisador da EmbrapaHortaliças Francisco Vilela Resende. Para ele, o que im-porta é que o produtor tenha acesso a esses dados, dosmais simples aos mais avançados, e melhore seus resulta-dos e os produtos que entrega ao mercado.

Uma das ações decisivas para o acesso aos produtosda biotecnologia foi a instalação, em diversos Estados,de inúmeras empresas de micropropagação de mudas esementes sadias certificadas. A Embrapa e várias empre-sas privadas participam de parcerias em que fornecem atecnologia, reproduzida em larga escala, para os produ-

As pesquisas ganharam fôlego com o conhecimento da estrutura do DNA e chegaram ao melhoramento genético

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exportaçãobiotecnologia

tores. O crescimento desse mercado tem influência dire-ta sobre a qualidade das lavouras em diversas culturas,principalmente no que diz respeito à sanidade das plan-tas e à produtividade.

Nos grãos, a parceria entre produtores de sementes,Embrapa, universidades e centros privados é fundamen-tal para a recuperação do setor depois dos problemasgerados pela soja transgênica contrabandeada, que dese-quilibrou o mercado de sementes, principalmente no RioGrande do Sul. As mudanças na legislação e o trabalhointegrado dos produtores de sementes, que há mais decinco anos se organizaram e firmaram convênios com cen-

tros de pesquisa, ampliaram as chances dos agricultoresadquirirem sementes legalizadas.

O movimento começou em 1997, com o ProgramaIntegrado de Pesquisa e Desenvolvimento, Produção eMarketing em Sementes (Pró-Sementes/RS), transforma-do depois na Fundação Pró-Sementes, que congrega 39empresas de sementes do Estado e a Associação dos Pro-dutores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Gran-de do Sul (Apassul). O objetivo é promover ações con-

juntas na área de melhoramento genético vegetal, am-pliando a transferência dos avanços tecnológicos aos agri-cultores.

Ex-chefe geral da Embrapa Trigo – Centro Nacional dePesquisa do Trigo –, de Passo Fundo (RS), o pesquisadorBenami Bacaltchuk observa que a apropriação positivada biotecnologia há tempo auxilia o trabalho dos em-preendedores rurais e, em conseqüência, melhora a qua-lidade e a segurança da produção do campo.

“Em 1990, quando foi identificado o cancro da hastee a podridão parda (na soja), as pesquisas permitiram asubstituição de toda base genética de resistência con-

vencional em cinco anos. Onematóide de cisto dizimou a sojano Brasil central, e a inclusão dabiotecnologia nesse problema nosfaz hoje não ter mais esse fatorcomo limitante. Tudo isso é mani-pulação envolvendo a genética”,defende. O tomate longa-vida, porexemplo, é um híbrido convencio-nal que teve incorporadas certas ca-racterísticas, que deram ao produ-to uma película externa mais durae, portanto, mais resistente. Issoteve grande influência na diminui-ção da perda dos produtores e noaumento do valor do produto.

A principal mudança na inser-ção das técnicas avançadas, segun-do Bacaltchuk, está na velocidadee na amplitude das respostas dabiotecnologia aos problemas e de-safios apresentados pelo campo.

“Há três anos a ferrugem passou a ser uma preocupaçãopara a soja e já temos indicadores de que em cinco ouseis anos poderemos ter uma solução definitiva. No pas-sado seriam necessários de 12 a 20 anos para resolver”,enfatiza. E, na outra ponta, a chegada das tecnologiasao produtor também foi abreviada. “Hoje a genética émais barata do que a geração de uma nova família quími-ca para controle de doenças. Além de outros aspectos, atransgenia permite um cuidado maior. É possível dese-

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biotecnologia

Técnica da Embrapa acompanha desenvolvimento de feijão transgênico

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nhar o crescimento biológico.”Alguns trabalhos comprovam essa rapidez. Os grupos

que iniciaram a pesquisa em transgenia no Brasil pensa-vam nos resultados em décadas. Alcançaram em anos.Bacaltchuk avalia que, ao mesmo tempo, a velocidadecom que a iniciativa privada, principalmente estrangei-ra, alcança resultados em pesquisa também é maior. Eleadverte que o país pode ficar fora desse processo se nãohouver mais investimentos e menos burocracia.

PRODUTOR PODE LUCRARProspectar gens é uma realidade distante dos produ-

tores. Custa caro, mas não é impossível utilizar tecnologiasdescobertas por centros avançados de pesquisa. Embrapae CTC são exemplos de instituições que podem gerar edifundir conhecimentos vinculados diretamente aogenoma.

O engenheiro agrônomo José Maria da Silveira, doutorem economia pela Unicamp e integrante do Conselho deInformações em Biotecnologia (CIB), define a transgeniacomo estratégia bem-sucedida da biotecnologia para ocampo. “Ela encurta o caminho do melhoramento genéti-co, introduzindo características simples, monofatoriais, quegeram um produto bem-definido”, diz.

Ele lembra que há um pequeno número de eventosrelacionados à transgenia aprovados no mundo, mas maisde 70 novidades estão na boca do forno. O especialistaacredita no potencial da transgenia para os empreende-dores, principalmente na redução de custos pela menoraplicação de inseticidas e fungicidas, simplificação domanejo e redução dos riscos da lavoura.

Silveira considera que a transferência de tecnologiaentre a pesquisa e os produtores no Brasil já é mais ágil.Para ele, isso deve-se a três fatores: a organização da in-dústria de sementes – afetada pelo episódio dostransgênicos, mas em processo de recuperação –, o exce-lente banco de informações genéticas e a competênciados melhoristas. Em alguns casos, como nos cítricos, nacana e na banana, a atuação de empresas de propagaçãode mudas e matrizes significa um mercado de transferên-cia de tecnologia potencial e ainda pouco focado pelasmultinacionais. “Com a biotecnologia, o agricultor vaipoder diferenciar produtos no campo”, afirma.

Hoje, no Brasil, a disponibilidade comercial de varie-dades transgênicas restringe-se à soja e ao algodão. Den-tro de algum tempo teremos os cítricos, a cana, a bana-na, o mamão, o fumo, o milho e mais variedades de soja,entre outras dezenas de possibilidades.

Ele também ressalta a importância da biotecnologia,que não está na transgenia, mas na micropropagação debulbos certificados de batata e de alho; nos trabalhos defixação biológica de nitrogênio (FBN) através de rizóbios,no feijão, e de azospirillum, na cana; e na produção detipos diferenciados de flores dentro da mesma espécie.“Tudo isso tem um forte impacto econômico para os pro-dutores, porque é relativamente simples e tem custo bai-xo em relação a outras tecnologias”, diz.

Silveira observa que a simplificação das técnicas me-lhorou a condição do pequeno e médio empreendedorrural e que elas, em muitos casos, são mais eficientes queos transgênicos. “Um exemplo disso é o impacto da ado-ção do algodão BT em lavouras de diferentes condiçõesde clima e solo: ele pode ser muito grande em determi-nada região que sofre com a incidência de uma doença epouco vantajoso em outras que exigem cuidados quantoa problemas diferentes”, explica.

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Benami Bacaltchuk: biotecnologia é alternativa paramelhorar a qualidade e a segurança da produção do campo

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exportaçãobiotecnologia

Banana resistente à sigatoca eaos fungos, a principal dor de ca-beça dos produtores. Isso reduzi-ria as perdas na lavoura e no pós-colheita.

Laranja resistente ao cancro cí-trico.

Ainda nos laranjais, o conheci-mento do genoma da bactériacausadora do amarelinho, que,além dos estudos na cultura dalaranja, levou a novas pesquisascom a introdução na cultura dacana-de-açúcar.

Feijão resistente a vírus e inse-tos, que resulta em menos prejuí-zos na produção e tem melhorqualidade protéica.

Soja com melhor qualidadeprotéica e melhor qualidade deóleo.

Cana-de-açúcar mais resistente ecom inúmeras possibilidades deaplicações comerciais, entre elasaté propriedades farmacológicas ede vitaminas.

Eucalipto que produz mais celu-lose.

O QUE A PESQUISA PODECOLOCAR NO CAMPO...

PEQUENOS EMPREENDEDORESOs pequenos e médios empreendedores do campo tam-

bém desfrutam das benesses da biotecnologia. A neces-sidade econômico-social de dar sustentabilidade às pe-quenas propriedades motivou estudos aprofundados, emgrande parte dentro de universidades, de unidades regio-nais de desenvolvimento agrário e da Embrapa.

Apesar de certos focos de resistência, os pequenos tam-bém sentiram a necessidade de ampliar o leque de conhe-cimentos e voltaram-se para a pesquisa. Soluções simplesvindas dos laboratórios já resolvem grandes problemas,inserindo novamente essas empresas rurais no mercado.

O problema aqui também é a limitação dos investimen-tos. A possível solução paraisso está nas associações produ-tivas, que dão capacidade de aportar recursos em parceriasde pesquisa e aquisição de tecnologia. “Um produtor sozi-nho não custeará esse trabalho. Mas vários sim, e aí está asaída para desenvolvimento e acesso à tecnologia diferenci-ada”, afirma o Ph.D. em genética molecular Marcelo Menossi.

Porém, essa tarefa não é tão simples no cenário preda-dor do mercado da biotecnologia, dominado por grandesempresas e que tende à concentração das descobertas, prin-cipalmente nos produtos mais visados pelo mercado mun-dial. A postura de busca da tecnologia ao menos garante,a médio prazo, melhores condições de competição eganhos mais elevados.

A China está prestes a exportar o arroz geneticamentemodificado. EUA e Canadá já detêm conhecimentos avança-dos. Vários países europeus exportam tecnologia em diver-sas áreas. O Brasil, apesar da ampliação da pesquisa genômicaem algumas áreas, como nos bovinos e nas culturas de la-ranja e café, ainda engatinha no setor se comparado às na-ções que investem pesadas somas em pesquisa.

Na transgenia, os melhores resultados surgem dainteração entre pesquisa pública e privada. São iniciati-vas alavancadas a partir de convênios entre empresas depesquisa e centros de pesquisa nacionais, como a Embrapae a Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec).

Na pecuária, o modelo de parcerias rende frutos, comoa Rede PIVE de laboratórios, estabelecida entre a Embrapae empresas de tecnologia do segmento. A expectativa éde que essa estrutura acelere e amplie o alcance dos pro-dutores às pesquisas biotecnológicas com bovinos.

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biotecnologia

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exportação

cCentenas de pesquisadores brasileiros atuaram nos pro-jetos do genoma da cana e muitos deles hoje buscamaplicações para seu uso em campo, distribuídos princi-palmente em universidades e centros de pesquisa priva-dos ou financiados pela iniciativa privada. Depois de umtrabalho árduo iniciado em 1999, na Unicamp, e espalha-do por diversos núcleos, o seqüenciamento do DNA foiconcluído há dois anos e o próximo passo é verificar comomelhorar a cana para suas diversas aplicações.

Boa parte dos especialistas nessa área acredita que aviabilidade comercial dessas variedades está próxima, con-tudo é preciso manter e ampliar investimentos em pes-quisa e, é claro, integrar o setor sucroalcooleiro para as-sociações direcionadas a aplicar esses recursos em proje-tos que beneficiem os produtores. Os melhoramentos con-vencionais já fizeram muito pela cultura, mas a promessada genética é ainda mais tentadora, apesar de mais cara.

A criação do Centro de Tecnologia Canaviera (CTC), háum ano, em Piracicaba, foi uma das ações que deu novaspossibilidades à difusão do conhecimento entre os pro-dutores. Ele é o sucessor do Centro de Tecnologia

Acesso à pesquisa aponta para mudanças

biotecnologia

O genoma da cana

Copersucar, até então mantido pela Cooperativa dos Pro-dutores de Cana, Açúcar e Álcool de São Paulo(Copersucar), responsável por cerca de 20% da cana pro-cessada no Brasil. Hoje funciona como um núcleo priva-do de pesquisas em cana-de-açúcar mantido por indús-trias e produtores associados (112), e que têm acesso aoque é desenvolvido. Toda a tecnologia produzida anteri-ormente foi transferida, inclusive aquela responsável por50% da cana plantada hoje no país.

A nova configuração facilitou a aproximação, via as-sociações, dos produtores de cana, que recebem as novi-dades no mesmo momento em que a indústria. “Esse acessodos plantadores é recente e as mudanças na lavoura sãomais lentas do que na indústria, então os resultados vi-rão nas próximas safras. Mas é um investimento funda-mental para a sobrevivência no setor”, defende o diretordo CTC, Tadeu Andrade.

Para Andrade, os avanços significativos alcançadospelos pesquisadores brasileiros até agora e o ingresso degrupos multinacionais no país para explorar o setor dacana deveriam motivar investimentos mais pesados em

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tecnologia por parte da cadeia produtiva nacional. O CTC reúne90 das 320 indústrias de cana brasileiras. “Muitos ainda não vi-ram que o álcool como commodity traz novas possibilidades deganhos, mas também desafios. E isso vale para outras aplicaçõesda cana. Nesse processo, destinar recursos à pesquisa fará dife-rença. Quem deixar isso de lado poderá ficar de fora do merca-do”, prevê.

LINHA DE FRENTECom a Lei de Biossegurança aprovada, o CTC solicitou à CTNBio

autorização para realizar experiências. Os primeiros testes mos-tram plantas com maior teor de açúcar e os resultados são consi-derados interessantes.

Em outra frente, a CTNBio liberou testes com uma variedadede cana-de-açúcar resistente ao mosaico. O produto foi desen-volvido pela Alellyx Applied Genomics, empresa de pesquisa edesenvolvimento em genômica aplicada, por pesquisadores quejá participavam dos programas brasileiros na área. O produto foifeito para clientes de uma empresa também envolvida no projetodo genoma da cana e apoiada pelo grupo Votorantim, um dosfinanciadores, junto com outros grupos.

Todas essas empresas, inclusive o CTC, estavam direta ou indi-retamente ligadas ao Projeto Genoma e hoje se esforçam paraampliar ainda mais o conhecimento brasileiro sobre a cultura. Oprofessor da Unicamp Marcelo Menossi, Ph.D. em genéticamolecular, trabalha em um projeto de melhoramento de cana-de-açúcar financiado por uma usina de álcool de Lucélia (em SãoPaulo) e pelo CTC. “Agora o objetivo é relacionar função ao genoma.Queremos saber quais genes estão associados à produção de maissacarose. Existem muitos estudos em andamento”, explica.

O investimento na pesquisa foi de pouco mais de R$ 1,4 mi-lhão. “Há uma tendência de colocar os centros de pesquisa focadosem qual produto deve ser desenvolvido ou qual problema precisaser resolvido. E se os bons pesquisadores se aproximarem dasempresas e dos produtores, alcançaremos resultados com maiorrapidez e eficiência”, diz Menossi. Para ele, a ligação entre pes-quisadores de tradição e o setor privado melhora as chances dehaver bons resultados nos estudos e a percepção da aplicabilidadedas tecnologias desenvolvidas anima as empresas, que vêem nosbalanços o impacto positivo do trabalho com a biotecnologia.“Em pesquisa o resultado é incerto e é experimentando que obte-mos resultados. A área de biotecnologia é uma evolução naturaldentro da genética e precisamos dominar esses conhecimentos”,afirma.

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exportação

oO avanço nas pesquisas do genoma e a maior produ-ção e micropropagação de mudas sadias de banana sãopassos fundamentais para que os produtores brasileirosmelhorem a qualidade da fruta e reduzam os prejuízosdurante e depois da safra. Além das pragas, que em de-terminadas condições dizimam quase 100% da lavoura,somente no pós-colheita a perda média chega a 30%.

A cultura é considerada a quarta mais importante doplaneta. O Brasil é o segundo maior produtor, com 10%do que é cultivado no mundo e mais de 500 mil hectaresplantados. No entanto, 99% da banana com viabilidadecomercial é consumida aqui. Formada em grande partepor médios e pequenos agricultores, a cadeia produtivado setor tem algumas poucas empresas de maior porteatuando em exportação.

O investimento privado em biotecnologia ainda épequeno e tem espaço para empreendedores. As iniciati-vas baseiam-se na criação de centros de micropropagaçãode mudas certificadas, que garantem ao produtor a im-plantação de uma lavoura mais segura em termos de sa-nidade, produtividade e qualidade. No trabalho de pes-quisa avançada a Embrapa se sobressai; em conjunto comoutras instituições, ela conseguiu avanços importantesno campo do genoma.

O ponto positivo é que muitos produtores já apostamem cultivares de melhor desempenho e esperam os resul-tados das pesquisas para investir ainda mais em produtosda biotecnologia. A principal motivação está nas defici-ências sanitárias da cultura, que comprometem planta-ções inteiras. O caso mais dramático é o da sigatoca ne-gra, considerada dor de cabeça mundial pelo potencialdestruidor, pela rapidez de propagação e pela ausênciade uma solução científica para o problema.

O mais atual e decisivo passo da ciência para o setor,no Brasil, foi anunciado em julho: a Embrapa, em parce-

Lavoura mais segura em termos desanidade, produtividade e qualidade

Bananabiotecnologia

sem perdas

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ria com a Universidade Católica de Brasília e o InstitutoFrancês de Pesquisa Agronômica (Cirad), concluiu a pri-meira etapa do projeto que pretende identificar o genomada banana. O resultado desse trabalho é o DATAMusa,segundo maior banco de dados do mundo sobre genomada banana, atrás apenas do desenvolvido pelamultinacional Syngenta.

O coordenador do projeto, pesquisador da EmbrapaManoel Teixeira Souza Júnior, explica que as informa-ções, utilizadas por instituições de pesquisa, podempermitir a geração de variedades de banana resistentesa diversas doenças, mais nutritivas, saborosas e com umaspecto melhor. São 40 mil seqüências de DNA, mais de5 mil genes identificados e muitas possibilidades pelafrente.

A segunda fase do trabalho é estudar as funções dosgenes identificados. “As pesquisas podem indicar genespara programas de biofortificação que melhorarão desdea produtividade até o controle de perdas no pós-colhei-ta, além de reduzir o tempo na lavoura”, prevê Teixeira.Para o pesquisador, o projeto gera conhecimentos impor-tantes, mas é apenas o princípio de novas pesquisas. “Exis-tem ações que precisam de investimentos e são boas opor-tunidades para empreendedores”, afirma.

Muitos fazendeiros compreenderam há tempo que não épossível desvincular a cultura dos avanços da biotecnologia,por isso eles investem em mudas diferenciadas, que garan-tem melhor desempenho da lavoura. Ao mesmo tempo, es-ticam o olhar para as pesquisas e para a velocidade com queessas mudanças chegarão ao campo.

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exportaçãosoftware

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Softwares especialistas ajudam no desempenho ao mudar,para melhor, a relação entre o gerenciamento e os resultados

Por Cássio TurraFoto Index Open

produtoresProgramas ajudam

hHá 20 anos, um suinocultor organizado e preocupado com

os números de sua propriedade demorava mais de 90 dias paraobservar um problema, identificar a causa e agir sobre ela. Emmuitos casos, o diagnóstico impreciso dava a falsa impressãode que tudo estava resolvido, mas dias depois a sirene soarianovamente.

Mantendo anotações periódicas das informaçõesnutricionais, de sanidade e de manejo, em intermináveis ho-ras de trabalho, ele conseguia cruzar os dados e descobrir,depois de mais alguns dias, para onde estavam indo os recur-sos que, não sabia como nem por quê, estava gastando. Aindahavia variáveis que escapavam das anotações, mas nem porisso deixavam de tirar dinheiro do bolso do criador.

Apesar de gerir sua propriedade, ele não tinha ferramentasque tornassem essa administração eficiente e trouxessem re-sultados claros sobre a produtividade. De forma bem localiza-da, foi para resolver problemas como esses que a Tecnologiada Informação (TI), com softwares de todo tipo, ingressou

definitivamente no agronegócio a partir de 2001, contribuin-do de maneira decisiva para o desempenho positivo do Brasilno cenário mundial.

A informática serve de pequenos a grandes empresáriosrurais e apresenta soluções para centenas de culturas e cria-ções. Mesmo que a automação, ou seja, o processo deinformatização efetiva da produção (com alimentadoras au-tomáticas, por exemplo), ainda esteja há anos luz da imensamaioria dos produtores brasileiros, os softwares de gestão dapropriedade ganham o mercado com soluções específicas paracada ramo do agronegócio.

Ainda há limitações de acesso, mas a tendência é de que,nos próximos dois anos, o uso se dissemine por outras áreasalém das pioneiras, como aves e suínos, cujas regiões produ-tivas estão próximas ou já realizaram a informatização total.O setor do agribusiness ligado à informática, que ainda está àmargem das estatísticas oficiais, cresce em diversas regiões edesperta o interesse dos empresários rurais e de empresas

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desenvolvedoras de tecnologia.O caso da cana-de-açúcar, responsável por cerca de 3,5%

do PIB nacional, é emblemático para mostrar como os softwarespodem melhorar os resultados. O preço do produto era calcu-lado levando-se em conta o custo e a margem de lucro. Po-rém, o cálculo passou a ser feito pelo mercado, o que dificul-tou a vida dos produtores e da indústria. Com uma velocidadeincrível, quase todo o setor investiu e informatizou seus pro-cessos em menos de dois anos. De um controle manual comperdas significativas, passaram a uma gestão em que viamclaramente onde estavam gastando mais do que deviam.

NOVAS SOLUÇÕESO uso dos softwares de gestão da propriedade cresce junto

com a importância do agronegócio brasileiro no mundo. Alémde permitirem a rastreabilidade dos produtos, pré-requisitoem muitas negociações comerciais, os programas diminuemas chances de tragédias nas criações e nas culturas e influemdiretamente na produtividade. As soluções integram desde acontabilidade das empresas rurais até os dados de campo.

“Com os programas, os ganhos em qualidade e produtivi-dade hoje podem alcançar 25%, dependendo do setor e docaso em que são utilizados”, afirma Francisco Tridapali, hojeempresário e um dos precursores da implantação de softwaresem unidades de aves e suínos da região Sul. Ele lembra que,quando começou a trabalhar numa grande avícola do Oeste

O uso dos softwares de gestão da propriedade cresce junto com aimportância do agronegócio brasileiro no mundo

softwarecatarinense, em 1986, a empresa já ti-nha alguns sistemas desenvolvidos, masfoi a partir da década de 90 que atecnologia chegou aos criadores. “An-tes dessa época as fichas eram preen-chidas pelos produtores e digitadas nosistema dentro da empresa. A partir de1990 alguns já preenchiam nas gran-jas, em computadores próprios ou nosnotebooks da empresa. Hoje já chega-mos ao palm top”, diz.

Para Tridapali, as agroindústrias desuínos e aves acabaram sendo as prin-cipais propulsoras da aquisição detecnologia pelos produtores integra-dos. Os frigoríficos precisavam contro-lar sua produção e para isso era funda-mental dispor de informações dos cria-

dores, que permitiriam a gestão precisa da cadeia. O interessedas indústrias fazia com que avalizassem e, em alguns casos,até financiassem a compra. “O controle era essencial porque,em termos reais, essa empresa abatia na época 500 mil fran-gos por dia (hoje ultrapassa 1 milhão). Se eles conseguissem,por exemplo, diminuir um dia de ração, a redução do custoseria vertiginosa. E o controle preciso da nutrição, pelos da-dos que resultavam do cruzamento de informações que vi-nham da granja, era o passo decisivo para isso”, explica. Oespecialista lembra que o produtor ganhava duplamente: nasimplificação do manejo e no aumento da produtividade.

O engenheiro agrônomo e diretor da Vale Verde Informática,de Campinas, Abel Leocádio Fernandes, aposta na relação cus-to–benefício dos softwares para pequenos e grandes produto-res que perseguem uma gestão mais eficiente. O principalmotivo é o acesso a informações em tempo real, numa espéciede radiografia diária do que está acontecendo na propriedade.Fernandes destaca que os dados agilizam a tomada de deci-sões, o que melhora continuamente os processos.

“Essas informações permitem que eu compare os dados domeu caso com outros, o que é fundamental para saber seestou dentro da realidade do mercado. Se nos bovinos, porexemplo, eu não posso ter um custo superior a 6% em remé-dios, a TI me dá condições de controlar esses resultados”,explica. “Saímos de uma realidade dos anos 90, quando haviaum controle debilitado da propriedade, para um período em

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que se deve saber onde se gasta, como se gasta e por que segasta.” Fernandes acredita que a maior parte das cadeiasprodutivas inevitavelmente seguirá o caminho trilhado pelossetores de suínos e aves.

A Vale Verde trabalha há 14 anos com softwares para oagronegócio. Foram dois anos de pesquisas a portas fechadasaté a primeira experiência com 50 produtores, em 1993. Combase nos resultados gerou o primeiro sistema destinado àcomercialização, relacionado ao controle do uso de medica-mentos nos animais.

O modelo de negócios e de produção inicial, desoftwares de prateleira, seguiu sem mudanças até umaguinada motivada principalmente pelas condições favo-ráveis das grandes empresas agrícolas do mercado nacio-nal. Afinal, as agroindústrias e os produtores que aindanão viam a TI como fundamental foram empurrados paraa informatização, não só pelas exigências das exportações,mas motivados pelos ganhos reais na produtividade.

Fernandes explica que o cenário do mercado, principal-mente a partir de 2000, levou a Vale Verde a focar seus esfor-ços nas grandes empresas do agronegócio. O objetivo eracomercializar para agroindústrias ou associações de pesosoftwares agregados a serviços, pacote mais abrangente doque apenas um programa na mão do produtor.

O trabalho teve o auxílio da Embrapa Informática. “No-tamos que a caixinha na prateleira acaba em frustração. Oprodutor não consegue tirar proveito do software para o queprecisa, isso fica distante de sua realidade, custa dinheiro enão resolve seu problema”, diz. Agora a venda do sistemavem agregada à prestação de serviços aos produtores.

Mas nem sempre a situação foi tão promissora. No início,o mercado de TI direcionado ao agronegócio era uma apostaum tanto arriscada. Os ganhos atraiam, mas existia a grandeprobabilidade de a empresa amargar contínuos prejuízos emrazão da baixa demanda e acabar fechando em menos de doisanos. Ainda hoje o índice de mortalidade nesse setor é alto,porém a situação era ainda mais grave na época, com a de-manda pingada em apenas algumas áreas da agropecuária.

“Um ditado da roça diz que ‘quem vem na frente bebeágua limpa’. Mas nesse caso o mercado estava muitodesestruturado e quem entrou nessa época teve problemasmercadológicos. Muitos fecharam”, afirma Fernandes. Para citarapenas um dos problemas, o acesso à internet no campo, queainda hoje é péssimo, era uma barreira intransponível há 10

anos, o que restringiu a alguns poucos ‘fazendeiros urbanos’os serviços de TI.

Antes pessimista, o engenheiro acredita em uma am-pliação significativa do uso da TI pelo agronegócio nospróximos anos. Segundo ele, as exigências legais de con-trole, impostas especialmente pelos países europeus, obri-gam os produtores locais a buscar mais informações so-bre sua produção. “O fazendeiro europeu adotou ainformática também porque foi obrigado a isso, pelasexigências de certificação e controle dos alimentos”, afir-ma. Na Alemanha, 100% dos suinocultores sãoinformatizados. Na França, 98% dos bovinocultores sómanejam a propriedade no computador.

Fernades alerta, porém, que essas imposições serão apenasimpulsos iniciais à utilização da TI. “Nos próximos anos asituação deve mudar muito e a informática será vista comoum sistema fundamental de apoio à propriedade.”

Produção de suínos: administração eficiente comajuda digital traz resultados sobre a produtividade

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No ritmo do mercado

aA Oracle, maior empresa de software empresarial domundo, criou uma diretoria exclusiva para atender aoagronegócio no Brasil e na América Latina. O que cha-mou a atenção da multinacional foi o fato de o setor(nas áreas de insumos, indústria e distribuição) agregarum terço do PIB brasileiro, o que representará em 2005cerca de R$ 535 bilhões, segundo estudo da Confedera-ção da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da USP.

Apesar de apontar vários segmentos promissores, aempresa ajustou o foco nas agroindústrias, que na ava-liação da Oracle têm força suficiente para liderar e fo-mentar a tecnologia em toda cadeia produtiva. Parachegar ao campo, estabeleceu convênios com uma rede

Parcerias fazem a Oracle definir uma sintoniafina com as necessidades dos clientes

de 400 parceiros de negócios, entre revendas,integradores, prestadores de serviços e desenvolvedoresindependentes de softwares, os ISVs (IndependentSoftware Vendors). Em cadeias como a do açúcar e dacriação de aves, por exemplo, a Oracle incluiu em suasolução as alternativas dos desenvolvedores indepen-dentes, para especializar ainda mais os sistemas, a par-tir de agora integrados.

A parceria é interessante para os desenvolvedores,por exemplo, porque eles não precisam fazer módulosgenéricos de ERPs (sistemas integrados de gestão). Paraa Oracle, a vantagem está na proximidade entre seusparceiros e o mercado. “Ele conhece muito bem o clien-te e já fez dezenas de implantações similares na suaárea”, diz o diretor das operações no agronegócio damultinacional, André Papaleo. A empresa já atende agrandes grupos, como o Nova América Alimentos e aCargill.

“Criamos um setor específico para o agronegócio nomesmo momento em que o mundo voltou seu foco parao Brasil. Os índices expressivos de crescimento e osnúmeros – 5 milhões de propriedades rurais, 70 milagroindústrias e 40% dos empregos – não podem serdesconsiderados por uma empresa que oferece soluçõesde gestão”, diz Papaleo.

Conforme o executivo, que já comandou grandesagroindústrias, uma avaliação precisa do mercado indi-cou onde era possível crescer. A atenção voltou-se paraseis segmentos: aves, suínos, bovinos (e lácteos ), cana(álcool e açúcar), cítricos e grãos (soja e milho). Emoutras duas boas referências apontadas pela pesquisa(café e algodão), a empresa já é parceira de líderes domercado e não há muito onde avançar.

O critério foi focar produtos dos país que liderassemo mercado e que necessitassem de diferenciação, mes-

Papaleo: “Criamosum setor específicopara o agronegóciono mesmomomento em que omundo voltou seufoco para o Brasil”

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mo com uma pequena cultura de investimento em TI.“Para cada um dos segmentos, definimos um mapa desoluções”, afirma Papaleo.

De forma geral, explica Papaleo, a cadeia de valor doagronegócio divide-se em quatro etapas: insumos emaquinário, setores já bastante maduros e com investi-mentos em TI; produção e pecuária, ainda distantes daautomação de maneira geral, mas em alguns casos apre-sentando boa tecnificação; agroindústria, que já dispu-nha de softwares; e varejo, cujos sistemas informatizadosjá estavam consolidados.

Ele destaca que apenas os produtores e pecuaristasainda não adotaram a informatização em larga escala, esão justamente eles que são os tomadores de preço.“Quem está auxiliando nesse processo é a agroindústria,que tem seus associados ou integrados e, para melhorarsua gestão, leva a tecnologia para dentro da porteira,

muitas vezes até patrocinando a informatização dos pro-dutores”, diz Papaleo.

Para o executivo, o agronegócio brasileiro precisaquebrar o paradigma da tecnologia demonstrando aosetor produtivo que a informática é condição decompetitividade fundamental. “Eles trabalham commargens pequenas e qualquer ganho tem impacto. Sequiserem gerir melhor e agir rápido, precisam da TI”,afirma.

A empresa trabalha na base do software comoserviço. Ou seja, vende o programa e administra a hos-pedagem de dados, a segurança, as atualizações e ocruzamento de informações. “Em alguns anos o con-ceito de software como serviço vai revolucionar a ma-neira como se vendem licenças de uso”, diz Papaleo.Para projetos acima de US$ 50 mil (80% dos negóciosda empresa), a multinacional financia a compra.

A empresa vende o programa e administra a hospedagem dedados, a segurança, as atualizações e o cruzamento de informações

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Acesso amplo

aA cadeia produtiva de suínos e aves foi uma das pri-meiras no Brasil a utilizar os softwares de gestão, já nofinal dos anos 70 e início da década de 80. Nessa época,contudo, o uso limitava-se às agroindústrias do setor,que coletavam os dados fisicamente nas granjas e re-passavam para os programas, orientando possíveis ações,mas ainda de forma bastante lenta. Mesmo com o acessofacilitado a partir de 1999, barreiras importantes per-sistiam, já que não haviam sistemas feitos especialmen-te para o uso dos produtores, ou seu custo era alto, eainda pesava a própria resistência cultural à tecnologia.

Algumas empresas notaram essa peculiaridade dosetor e desenvolveram soluções que, além de benefíciosaos criadores, trouxeram bons lucros. A Agriness, deFlorianópolis (SC), entrou no mercado há quatro anos ehoje lidera o setor de soluções informatizadas da cadeiasuinícola e de bovinos de confinamento. Os sistemas daempresa gerenciam cerca de 240 mil matrizes suínas, oque representa 10% do rebanho brasileiro (2,4 milhões).Neste ano pretende faturar o triplo do que arrecadou em

A Agriness pesquisou e apostou no potencial dos quenão tinham acesso a soluções ágeis e práticas

2004, saltando de R$ 475 mil para R$ 1,5 milhão.A aposta, no caso da Agriness, foi criar produtos

para um mercado amplo, que pudessem se adaptar aouso de pequenos, médios e grandes criadores, mas comuma preocupação especial com unidades de menor por-te. “Começamos o desenvolvimento em 1999 atraídospelo fato de que, mesmo tendo um considerável movi-mento financeiro, os pequenos e médios criadores pre-cisavam de uma ferramenta de controle da produção, e omercado não os atendia”, lembra o diretor de negóciosestratégicos da Agriness, Everton Gubert.

Para desenvolver o primeiro software, o Suíno Sis,lançado em 2001, Gubert passou mais de seis mesesobservando o trabalho nas granjas. “Eles usavam só ocaderninho e por isso não tinham controle e as perdaseram altas. Além disso, não conheciam a informática epor vezes resistiam a ela”, diz. A empresa buscou umaconfiguração que atraísse o produtor para a tecnologia,ao invés de amedrontá-lo. Além disso, tentando que-brar outra barreira, adotou a estratégia de vender o

Cristina Bittencourt(diretora de tecnologia),Elton Gubert (diretor degestão), Everton Gubert(diretor de negóciosestratégicos ) e SimoneSalvador Júnior (diretorde atendimento):liderança

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software na própria moeda da granja: “quilos suínos”.A fórmula se mantém até hoje, com o cliente pagandoum valor fixo sobre sua produtividade. “Isso permite oacesso de produtores de vários níveis à informatização”,defende.

O sistema posterior, o Agriness S2, que hoje repre-senta 80% do faturamento da empresa, adapta-se a qual-quer tipo de granja e permite o gerenciamento de di-versos dados de forma integrada.

O empresário afirma que o investimento feito em TIvaria conforme o momento vivido na propriedade. Nocaso de suínos e bovinos, oscila de 2 a 8% dofaturamento. Se estiver começando, sem um projeto deTI e carente de uma organização básica, o número sobe.Para Gubert, os resultados do uso da informática po-dem variar, mas sempre são positivos. No caso dos suí-nos, os softwares permitem um controle detalhado dasquatro principais variáveis da criação – genética, nu-trição, sanidade e manejo –, que junto de outros dadosalcançam uma centena de combinações cruciais para aprodução.

Para entender melhor as formas de retorno ao pro-dutor, partimos para um exemplo hipotético de umagranja de 600 matrizes suínas com bom potencial ge-nético. A expectativa, em razão das reprodutoras dequalidade, era gerar em média 12 leitões por matriz,porém o número não ultrapassa 11. A perda é de apro-

ximadamente 2,1 mil leitões por ano. Em muitas situa-ções, o problema está no manejo da alimentação (querepresenta cerca de 70% do custo de produção) em al-guma das fases da gestação.

Os softwares permitem que se identifique exatamen-te onde está o problema, já que eles registram todas asinformações do que foi repassado às matrizes em ali-mentos e medicamentos e o desenvolvimento dos ani-mais ao longo da gestação. “Cada etapa da criação en-volve inúmeras variáveis e as grandes vantagens dosoftware são a capacidade de controlar todas essas vari-áveis ao mesmo tempo”, afirma Gubert. Entre os clien-tes da Agriness, o ganho médio é de um leitão e meioentregue a mais por fêmea, podendo alcançar até 1,8.

A progressão no uso dos softwares pelos produtoresé visível no aumento do número de empresas que traba-lham exclusivamente com TI direcionada ao agronegócio.“Em 2001 nos chamavam de loucos. Hoje isso virou fe-bre”, compara.

Gubert não acredita em previsões fechadas, mas es-pera que em três anos boa parte dessas tecnologias jáesteja na mão da maioria dos produtores e criadores bra-sileiros, principalmente dos setores que trabalham comcommodities. “Quem está no campo viu que não é pos-sível definir o preço de venda, ou seja, que não dá paramelhorar os negócios da porteira para fora, mas que épreciso gerir melhor o que está a seu alcance”, diz.

A empresabuscou umaconfiguração queatraísse o produtorpara a tecnologia,ao invés deamedrontá-lo

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oO presidente da Sociedade Brasileira de InformáticaAplicada à Agropecuária e à Agroindústria (SBIA), Anto-nio Mauro Saraiva, afirma que a área de TI pode ser con-siderada nova do ponto de vista do agronegócio, por issocontinua desestruturada. Não há números que indiquemquantas empresas atuam no setor, qual o tamanho doinvestimento em TI pelos produtores e pelasagroindústrias, muito menos estimativas de usuários.“Empresas desenvolvedoras e clientes estão dispersas emvárias partes do país e não há uma pesquisa que indiquea amplitude do uso. Os sensos não medem isso porqueconsideram que ainda não adquiriu importância funda-mental nos levantamentos”, afirma.

Saraiva considera que o mercado ainda não é fácil paraas empresas que trabalham exclusivamente com softwaresagrícolas. São clientes difíceis de conquistar, que até pou-co tempo tinham receio de investir nos serviços de trei-namento e manutenção, eram distantes da informática edispersos por diversas regiões. “O que ocorre é que sem amanutenção e o apoio da empresa, que, mesmo sendobarato, não era considerado importante pelo produtor, osoftware não funcionava e eles reclamavam e deixavamde lado a novidade”, explica.

Contudo, o especialista concorda que houve uma mu-dança significativa nos dois últimos anos. “O agronegóciovirou vedete e despertou o interesse de muita gente quenão via o setor como um mercado interessante para a TI,não só de software, mas de hardware”, afirma Saraiva. Eledestaca que existem empresas e instituições que traba-lham com informática na agropecuária desde a década de80, contudo somente a partir da virada do milênio, como agronegócio na mídia, sentiram-se seguras para maisinvestimentos. “Antes havia até certo preconceito de al-guns setores do mercado em relação à TI no agribusiness”,

diz.Para Saraiva, a dificuldade de acesso à internet é um

dos pontos que ainda dificulta a ampliação da influênciada TI no agronegócio. O presidente da SBIA afirma que,mesmo não sendo necessária na utilização de determina-dos softwares, a conectividade é fundamental para que oprodutor tenha acesso a dados de mercado e novidades dosetor em que atua. “Isso é um problema grave no interior,em muitas regiões importantes para o agronegócio do Bra-

Em busca da evoluçãoA tecnologia da informação ainda éuma novidade no agronegócio

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investimentos em TI demonstra que os produtores come-çaram a olhar para a propriedade como uma empresa. “Issoevidencia a necessidade de uma ferramenta de gestão quefacilite a tomada de decisões”, diz.

Comparado aos países referência em TI para oagronegócio, no Brasil seu uso ainda é pequeno e aintegração limita-se a alguns softwares. Saraiva aponta avariedade de setores dentro da cadeia produtiva comouma das limitações nacionais, já que os países mais avan-çados na área de TI em geral não têm uma agropecuáriatão diversificada quanto a brasileira. “Isso os ajudou muitoa desenvolver e disseminar a tecnologia. No nosso casotemos produtores individuais e agroindústrias trabalhan-do nas mais diferentes áreas do agronegócio”, explicaSaraiva. Ele lembra, contudo, que nos setores valorizadospelo mercado, em que os produtores são mais tecnificadose organizados, o país já está em pé de igualdade.

Saraiva admite que é difícil fazer previsões do uso daTI em toda a produção brasileira, já que são cadeias gran-des e muito distintas. Os setores que trabalham com ex-portação foram obrigados a evoluir e tornaram-se maisdinâmicos, já em outros casos a implantação ocorre apassos lentos. “Imagino que a médio prazo teremosabrangência muito maior em termos de cobertura, portudo que estamos vendo”, diz.

Ele observa outro problema na utilização massiva da TIno agronegócio: o mercado urbano sempre é mais atrativoque o mercado rural. “Quando uma tecnologia fica barata,ela acaba comercialmente e não é mais atualizada ouincrementada, mas de qualquer forma vamos ter acesso anovos produtos e a rede de comunicações vai aumentar acobertura de maneira significativa, mas via celular, é claro.No caso agrícola tem que ser sem fio, porque não se cogitaoutra forma de acesso no interior do Brasil”, explica.

Quanto aos softwares como política de gestão, a ex-pectativa de Saraiva é que as exigências de controle dosalimentos, principalmente a rastreabilidade, e a renovaçãodas pessoas que trabalham no agronegócio possam colocaro fermento necessário à evolução da TI no agronegóciobrasileiro. “Criar uma cultura de que existe tecnologia eque ela está aí para ser usada contribui muito para essaevolução. Com os produtores expostos às exigências e àconcorrência, e vendo os resultados da TI, essas barreirasculturais estão caindo”, conclui.

sil”, afirma.Outra preocupação do especialista é a utilização dos

recursos tecnológicos pelos produtores. “Não adianta terum ótimo programa para inserir dados se não houver da-dos. Existe um mínimo de organização produtiva para queesses recursos solucionem os problemas. Se não estiver or-ganizado para coletar e registrar os dados, não há comousar”, explica.

O ponto positivo, para Saraiva, é que o aumento dos

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negociadoO futuro

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Por falta de informação,poucos protegem a safradefinindo o preço final comantecedência na Bolsa deMercadorias & Futuros. Masessa situação está mudando

Por Jeanne CallegariFoto Divulgação

gGrande parte dos empreendedores brasileiros ainda estáfora da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A estimativaé de apenas 3,5% a 4%, enquanto 96% dos produtores norte-americanos optam por essa solução. Perde-se assim a chancede proteger os ganhos e evitar prejuízos, pois para isso foicriado o mercado de futuros, em que se determina o preço decompra ou venda com antecedência. O termo em inglês paraproteção é hedging, que, ao pé da letra, significa cercar, mu-rar. A BM&F, que é o órgão responsável por regulamentar,organizar e fiscalizar os mercados de liquidação futura, foicriada em 1986. É relativamente recente se considerarmos quea Bolsa de Chicago existe desde 1848.

Segundo Clodoir Vieira, gerente de investimentos dacorretora Souza Barros, a pouca participação acontece, princi-palmente, devido à falta de informação. “As pessoas não sa-bem que o mercado de futuros é um seguro para o agricultor”,diz. Nem é preciso valores muito altos ou patrimônioelevadíssimo para se operar na bolsa. “O mais importante é oconhecimento”, afirma Manoel Felix Cintra Neto, presidenteda BM&F. Na sua análise, a maioria dos brasileiros ainda nãose desvinculou da cultura da inflação, época em que não erapossível calcular os preços com tanta antecedência. “O povobrasileiro ainda está aprendendo a pensar a longo prazo”, dizCintra Neto.

Mas já existem alguns avanços que se refletem nos re-sultados da própria bolsa. Apesar de ainda atrair uma minoria,ela está em franco crescimento no país. Só no ano passado,foram negociados mais de 179 milhões de contratos, movi-mentando US$6,394 trilhões de dólares. Com escritórios naChina e nos Estados Unidos para facilitar a comercialização deprodutos no exterior, a BM&F vem crescendo tanto que inau-gurou, no início deste ano, o sistema Web Trading, que permi-te a comercialização pela internet.

Por meio do mercado de futuros, o agricultor, que podenegociar hoje qual será o preço de sua safra amanhã, evita umdos dois riscos graves que afetam a produção agrícola, que é aindefinição dos valores na hora da venda. O outro risco éfísico: uma praga ou uma geada podem destruir a plantação.Para esse tipo de ameaça, existem os seguros agrícolas, queainda não são tão desenvolvidos no Brasil quanto em outrospaíses: na Inglaterra, por exemplo, há proteção até para aquebra do teor de sacarose da beterraba, pois isso afeta aprodução de açúcar e o lucro pelos seguros agrícolas. A BM&Fnada pode fazer quanto ao risco físico que os empreendedores

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Bolsa de Mercadoriasrurais brasileiros correm, o que ela pode é prestar auxílio paraproteger o preço da mercadoria.

Em 2004, a soja passou por uma crise no Brasil. Em abrilde 2003, a tonelada custava cerca de US$ 270. No começo de2004, porém, o preço subiu para US$ 360. Houve euforia. Derepente, os preços despencaram. Quem esperava que pudesselucrar ainda mais e não vendeu a soja na alta acabou perden-do dinheiro.

Essa crise da soja foi o que levou os produtores GiovaniPaludo e a esposa Teresinha, administradores da Fazenda SãoJosé, em Rio Verde, Goiás, a estudar o mercado de futuros.Eles buscavam alguma forma de proteger o preço das merca-dorias que produzem, principalmente soja e milho. “As osci-lações são muito grandes em pouco tempo”, afirma Teresinha.A fazenda, de 1.500 hectares, produz cerca de 55 sacas desoja aproximadamente 15 sacas de milho por hectare. Osdois se consideram ainda aprendizes do mercado de futuros.De sua produção, protegem através da BM&F apenas 20% dasafra de milho e cerca de 2% da de soja. A idéia é aumentaraos poucos a participação na bolsa. “Por enquanto, estamosaprendendo”, diz Teresinha.

A necessidade de proteger o preço vem de fontes diversas:a produção foi alta demais, novos países entraram no negó-cio, a demanda caiu. Tendo que vender muito mais barato doque esperava, às vezes sem sequer cobrir seus custos, o empre-endedor rural vai à falência. Numa agroindústria, a situação ésimilar. Algum evento prejudica o insumo (como a geadasobre as plantações de café, por exemplo), afetando os resul-

tados. A produção é bem menor que a esperada e os preçosdisparam.

Por muito tempo, a economia brasileira foi um entrave àutilização do mercado de futuros como proteção de preçospara o agricultor: com a inflação nas alturas, ninguém sabia opreço relativo das mercadorias; se era difícil saber quantocustaria a arroba do boi no dia seguinte, calcular o preçoesperado para dali a alguns meses era tarefa quase impossível,reservada aos adivinhos ou aos economistas mais avançados.Quem queria fazer proteção de preços pelo mercado futuroacabava procurando as bolsas externas, como a de Chicago(CBoT) ou a de Nova York (NYBoT). Com a estabilização criadadepois do Plano Real, porém, a situação mudou.

Há duas maneiras de se negociar contratos pela BM&F:através do mercado de futuros e do mercado de opções. Tantonum quanto no outro, o empreendedor pode decidir, em qual-quer fase da produção, até mesmo antes de plantar, o preçoem que vai vender sua safra. Na outra ponta do mercado,estão os compradores: agroindústrias que compram seusinsumos aqui no Brasil – e que querem definir desde já opreço das matérias-primas. A BM&F, através de suas corretorascredenciadas, faz a intermediação entre a parte vendedora –geralmente os produtores rurais – e a parte compradora – asagroindústrias. Conforme Teresinha Paludo, da Fazenda SãoJosé, é muito importante escolher bem a corretora com quese vai operar no mercado. “São as corretoras que dão a basepara o produtor trabalhar”, afirma.

Dois aspectos caracterizam o mercado de futuros: a padro-

Por meio dabolsa, oempreendedorpode negociar,em qualquerfase daprodução, atémesmo antesde plantar, opreço em quevai vendersua safra

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nização dos contratos e a existência de ajustes diários. Essesdois fatores permitem que o comprador ou o vendedor liquidesuas posições antes do fim do contrato. Para isso, basta queele compre uma posição inversa à original: se ele vendeu 10contratos de café a vencer em maio, por exemplo, ele pode, aqualquer momento, comprar 10 contratos de café para vencerem maio, e assim fechará sua posição e não terá mais obriga-ções com a bolsa. Com a padronização dos contratos, ficafácil fazer essa troca de posição (de comprador para vendedor,ou vice-versa).

O outro mecanismo que permite ao empreendedor quitarsua posição antes da data de fechamento é o ajuste diário,que é a diferença entre a cotação do produto no dia e a cota-ção do dia anterior efetuada na conta do cliente. Se ele temcontrato de venda de soja a US$ 10 a saca, por exemplo, e omercado for a R$ 11, o comprador terá US$ 1 depositado emsua conta. O comprador do contrato, no entanto, terá US$ 1debitado de sua conta. No outro dia, se o mercado for a US$12, o vendedor terá mais US$ 1 depositado e o comprador,mais um dólar debitado. Se o mercado cair para US$ 10 nova-mente, o vendedor terá US$ 1 debitado de sua conta, e ocomprador receberá US$ 1.

Essa operação é feita através das câmaras de compensação,também chamadas de clearings. Essas câmaras foram criadaspara aumentar a segurança do mercado. São elas que, se omercado subir, vão debitar da conta do comprador e depositarna conta do vendedor, e, se o mercado cair, debitar do vende-dor e depositar para o vendedor. A clearing faz a compensaçãodo mercado de forma que todos os contratos estejam ajusta-dos à cotação do dia. É a BM&F então, através de suas clearings,que assume o risco de pagamento desse ajuste diário. Assim,

a segurança dos participantes do mercado aumenta, já que aprópria bolsa garante o pagamento/débito do ajuste diário.

Para poder assumir o risco de assegurar a compensaçãodas partes que negociam no mercado, a BM&F precisa de ga-rantias. É a chamada margem de garantia, que deve ser depo-sitada, como uma espécie de caução, para a bolsa. A bolsaaceita, além de dinheiro, vários títulos públicos, ações, CDBs,ouro e CPRs, por exemplo. O valor da margem de garantiaexigida varia de acordo com o contrato negociado, mas emgeral não ultrapassa 6% do valor do contrato em questão.

Os ajustes diários e a margem de garantia são duas coisasque deixam os empreendedores brasileiros pouco confortáveispara investir no mercado de futuros. “De fato, os produtoresnão gostam”, diz Sérgio Penteado, analista do setor agrícola dacorretora Fator S/A. A idéia de ter que depositar garantias parapoder vender seu produto e ainda por cima mandar dinheirosempre que o ajuste diário for negativo, realmente, não pareceatraente à primeira vista. Segundo Manoel Felix Cintra Neto,presidente da BM&F, esse é um problema cultural.

Os produtores ainda não estão acostumados com o meca-nismo de funcionamento do mercado de futuros e por isso sesentem incomodados com os ajustes diários e a margem degarantia, mas esses dois fatores são, justamente, o que garan-tirá a segurança de quem vende pela bolsa. “Assim como aspessoas se acostumaram a pagar seguros de carro e de casa,vão acabar se acostumando a fazer hedging”, afirma MirlaineMello, analista da área de agronegócio da corretora AgoraSênior. A analogia com seguros de carro é uma das mais recor-rentes quando se fala em mercado de futuros. O hedging nadamais é que um seguro de preços. “É um procedimento comumem outros países”, diz Mirlaine.

Para Manoel Felix Cintra Neto,presidente da BM&F, a maioria dosbrasileiros ainda não se desvinculouda cultura da inflação, que vem deuma época em que não erapossível calcular os preços comtanta antecedência

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Realismo nas decisões

eO exemplo vem de fora: é preciso ter noção exata do que seestá negociando para evitar surpresas

Em outros países, como Inglaterra e Estados Unidos, emesmo na vizinha Argentina, o mercado de futuros temmuito mais liquidez que no Brasil. Muito mais contratossão negociados, o volume financeiro é maior, há mais op-ções para quem quer fazer hedging. Um dos motivos paraisso é que o mercado futuro existe há mais tempo nessespaíses. Desde o século XIX, os agricultores dos EstadosUnidos negociam seus preços no mercado futuro. No Ja-pão, país no qual o mercado surgiu, a primeira bolsa degêneros, onde se negociava arroz a futuro, foi desenvolvi-da pela livre iniciativa dos fabricantes de cereais e reco-nhecida oficialmente em 1730.

O empreendedor rural americano, europeu e japonês jáaprendeu a fazer suas contas. Ele já sabe como operar nomercado futuro. Quando surgiram, as operações a futuroestavam totalmente ligadas à negociação de produtos agrí-colas. A conta a fazer, afirmam os analistas, não é tãocomplicada quanto possa parecer. Em primeiro lugar, é pre-ciso saber exatamente qual o custo de produção de sua

mercadoria. Inclui-se aí, também, os custos financeiroscom corretoras, seguros agrícolas e hedging, de forma ge-ral. Mirlaine Mello diz que nessa hora o agricultor tem queser realista. Artêmio Listoni, diretor de originações do grupoFriboi, afirma: “O produtor tem que saber exatamente quan-to custa seu produto e quanto de lucro quer obter com avenda dele”. A partir daí, ele poderá determinar o preçopor que venderá sua mercadoria.

Um produtor de café, por exemplo, está hoje prestes acomeçar a plantar sua safra. Ele decide proteger desde jáseu preço através do mercado de futuros. Faz suas contas edescobre que seu custo de produção é de US$ 100 a saca.Calcula que 30% de lucro sobre o custo de produção ébastante bom para ele e decide vender seu café a US$ 130a saca. Ele entra no mercado, então, e faz um contrato devenda de café para daqui a seis meses, onde fica estabele-cido que ele venderá seu café a US$ 130. Se o preço docafé cair, ele terá protegido seu preço. Se subir, da mesmaforma ele venderá seu café a US$ 130.

É aí que muitos agricultores brasileiros cometem

Há cerca de cinco anos, a diretoria do grupo Friboi,um dos maiores exportadores de carne do país, co-meçava a pesquisar formas de incrementar seu negó-cio e decidiu participar do mercado futuro. Estudan-do a fundo o mercado de carnes, o pessoal do grupoconcluiu que comprar boi e vender carne apenas nãoera garantia de fazer bons negócios. “Isso todo mun-do faz”, afirma Artêmio Listoni, diretor de originação,responsável pela compra de bois da empresa. “O pre-ço do boi é ditado pelo mercado e é o mesmo paratodo mundo, assim como a carne”, explica. O grupo

Bolsa de Mercadorias

O CASO DA FRIBOI

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o erro: pouco acostumados com o mecanismo de hedging,acham que estão perdendo dinheiro quando o preço damercadoria sobe. Eles ficam fora da alta do mercado, poishaviam fixado seu preço antes. O hedging, porém, deve serencarado como o seguro de uma casa ou de um carro: sehouver incêndio ou furto, a pessoa estará protegida. É umcusto necessário, um investimento, algo para a proteçãoem caso de queda abrupta de preços. “O agricultor devepensar em cobrir seus custos e fazer um pequeno lucro”,diz Clodoir Vieira, da Souza Barros. Ele está fazendo umseguro de sua produção e não deve se preocupar se o mer-cado contrariar suas expectativas.

Ao contrário do especulador, que entra no mercado paralucrar, o agricultor deve se preocupar em proteger sua safrade eventuais quedas, e não em fazer lucro a qualquer pre-ço. “O mercado de futuros limita o lucro, mas garante olucro”, afirma Sérgio Penteado, analista da área agrícolada corretora Fator. “Quando o agricultor não faz proteçãode preços, ele está na verdade se comportando como umespeculador”, diz Felipe Geissler Prince, analista da áreade agronegócio de uma instituição financeira. É o que acon-tece com freqüência: o agricultor percebe uma tendênciade alta dos preços e não vende o produto. Sempre achaque o preço poderá subir mais, e mais, e mais. De repente,o preço cai de uma vez. O agricultor decide então vender,e todos os outros decidem também, e o resultado é queesse grande montante de vendas acaba puxando o preçodas mercadorias para baixo.

Embora exista em contrato, no mercado futuro é muito

decidiu então amarrar as pontas do negócio. Tudo que com-prassem teriam que vender, e tudo que fossem vender teri-am que ter comprado. A empresa viu precisaria encontrarmaneiras mais eficazes de proteger seu preço.

Antes a empresa comprava, por exemplo, 1.000 bois,sem saber naquele momento quanto de carne teria quevender. Se conseguisse vender apenas o equivalente à car-ne de 800 bois, haveria prejuízo. Hoje não: se a Friboicomprar 1.000 bois e conseguir vender apenas o equiva-lente a 800 em carne, a empresa vai na BM&F e vende os200 bois restantes. Se, por outro lado, ela tiver comprado1.000 bois e a demanda por carne for maior, chegando aoequivalente a 1.500 cabeças, por exemplo, a empresa vai

na BM&F e compra mais 500 cabeças. Tudo que compra aempresa vende, e vice-versa.

A Friboi vende em carne, por ano, o equivalente a cercade 3 milhões de bois. Embora uma parte desse gado venhadas fazendas do próprio grupo, a maior parte é compradano mercado. Cerca de 100% da produção da Friboi é prote-gida em bolsa. Não só no mercado de futuros: a empresacombina o mercado futuro com o mercado a termo, que éaquele em que se determina o preço da mercadoria previa-mente e a entrega tem que ser, obrigatoriamente, física. AFriboi compra os bois dos produtores a termo e faz o hedgingdeles no mercado futuro. Além disso, a Friboi adota outrasmedidas de proteção, como a negociação de dólar.

Artêmio Listoni, diretor de originações dogrupo Friboi: “O produtor tem que saberexatamente quanto custa seu produto e quantode lucro quer obter com a venda dele”

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BMFdifícil a entrega física da mercadoria. Apenas 2% dos con-tratos chega a ter sua liquidação no mercado físico. Omais comum é que dias antes do vencimento do contratoa pessoa liquide sua posição através de uma operação in-versa à original – se comprou 100 bois, vende agora 100bois, e vice-versa. Isso acontece por vários motivos. Umdeles é que a BM&F padroniza os produtos que negocia,ou seja, todas as mercadorias têm que obedecer a umasérie de características fixadas previamente pela bolsa. Nemsempre a mercadoria do produtor se encaixa nesses pré-requisitos. Outro motivo é o armazenamento e o transpor-te: cada produto negociado na BM&F tem suas própriasregras de onde deve ser entregue no mercado físico. Asoja, por exemplo, só pode ser entregue no porto deParanaguá. O milho deve ser entregue em Campinas ou emarmazéns credenciados pela BM&Fespalhados pelo país. O custo da ar-mazenagem e do transporte nãocompensa para produtores comoGiovani Paludo, que mora em Goiás.“Teria que haver uma evolução nes-se aspecto”, diz ele, que acha quecom mais armazéns e novas regras aliquidação no mercado físico viaBM&F seria bem mais viável. Comoainda não é assim, antes do venci-mento do contrato ele liquida suaposição e vende seu produto no

mercado local.O mercado de boi gordo é um dos mais líquidos do país.

“Vende no Natal, no Ano-Novo, no carnaval; em qualquerépoca do ano tem mercado para boi”, afirma Artêmio Listoni.Assim como no mercado de café, o mais líquido da BM&F,isso acontece porque as duas pontas do negócio estão noBrasil: quem vende café e quem compra está no país, e quemvende boi e compra carne também. A soja, por outro lado, éum produto que vende mais fora do país. As empresas es-trangeiras compram matéria-prima aqui, mas fazem seuhedging lá fora. Para Felipe Geissler, esse é um dos grandesdesafios do mercado de futuros no país: atrair a ponta com-pradora para fazer sua proteção de preços no Brasil. Assim aliquidez do mercado aumentaria e todos teriam a ganhar.

Artêmio Listoni diz que a Friboinão consegue mais imaginar seunegócio sem o mercado de futuros.“Somos parceiros e dependentes daBM&F”, diz. “Dependentes no bom sentido.” Ele lembraque a pecuária no Brasil sofreu um grande progresso nosúltimos anos: a genética, a inseminação artificial, os no-vos tipos de alimentação, tudo contribuiu para um grandeaumento de produtividade do setor. “A pecuária acabouvirando vítima de seu próprio desenvolvimento”, afirma. Aprodutividade aumentou demais, enquanto o consumo percapita de carne caiu cerca de 10% nos últimos dez anos.“O que salva, muitas vezes, é a exportação.” Ao mesmo

tempo, ressalta que, enquanto o modo de produzir avan-çou muito nos últimos anos, o modo de comercializar con-tinua o mesmo há cinqüenta anos: o produtor cria o boi,espera por três anos a engorda e, no dia em que o boi estápronto para ser vendido, ele liga para o frigorífico e vende:totalmente dependente das flutuações do mercado. Com omercado futuro, ele pode vender seu boi em qualquer tem-po. Para isso, basta ter o custo de produção na mão, quan-to espera lucrar e fazer um contrato a futuro.

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Como participar

aAlém do cadastro na corretora, é preciso a margem degarantia para eventuais gastos com ajustes diários

A Agropecuária Acaiá está sediada em Varginha, MinasGerais. Seu negócio é o café. Como muitas das empresas decafé da região, a Acaiá faz parte da cooperativa de MinasGerais, em ambos os seus braços: da Minasul, cooperativade produção, e da Credivar, cooperativa de crédito. Paraproteger o preço dos cerca de 700 mil pés de café planta-dos na Fazenda Três Irmãos, localizada perto de Varginha,no município de Três Corações, Luiz Carlos Braga, da Acaiá,procura a Credivar. A cooperativa possui uma mesa de ope-rações própria, em convênio com uma corretora, e ali mes-mo os produtores da região fazem a sua proteção de preçosatravés de CPRs e do mercado futuro. Luiz Carlos Bragatambém possui negócios no Paraná, envolvendo milho,trigo, aveia e boi gordo. Quando se trata de café, porém,ele procura Matheus Dominguito, operador da mesa daCredivar.

Procurar uma cooperativa que tenha sua própria mesa

de operações é uma das maneiras de se entrar no mercadofuturo. Se não houver uma, porém, o primeiro passo doempreendedor é procurar uma corretora. Não há como ope-rar sem se associar a uma delas. A BM&F disponibiliza emseu site (www.bmf.com.br) uma lista das corretorascredenciadas a trabalhar com mercados futuros. A corretorainforma ao cliente quais os dados necessários ao cadastro:CIC, RG, comprovante de endereço e comprovante de con-ta em banco, no caso de pessoa física; e CNPJ, documentoque comprove a responsabilidade da diretoria perante aempresa e comprovante de conta em banco, no caso depessoa jurídica. O cliente manda por correio o contratoassinado para a corretora e, assim que ela o recebe, o em-preendedor já pode começar a operar.

Além do cadastro na corretora, há mais um fatornecessário para se operar no mercado de futuros: a margemde garantia, que é um valor depositado na conta do clien-te para eventuais gastos com ajustes diários do mercadode futuros. O valor da margem de garantia varia de contra-to para contrato. “Mas não é um valor alto demais a pontode excluir os pequenos empreendedores desse mercado”,afirma Clodoir Vieira, da Souza Barros. Para se negociarpara agosto um minicontrato de boi gordo, por exemplo,que equivale a 20 cabeças, a garantia depositada peloempreendedor era de R$ 603,05, uma quantia pequenaperto da proteção que se assegura à mercadoria.

Procedimento comum no mercado externo, ainda é di-fícil, no Brasil, que os bancos façam financiamentos espe-cíficos para cobrir os ajustes diários e as margens de garan-tia. Até pouco tempo, um dos poucos financiamentos nessesentido era o Funcafé, do Banco do Brasil, e ainda assimapenas para cafeicultores. No início deste ano, porém, oBanco Central soltou uma medida permitindo que se useos recursos do MCR64 para financiar ajustes diários, mar-gem de garantia e prêmio de opções. Os clientes dos ban-

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cos que adotarem a medida podem agora financiar mar-gem e ajuste para qualquer commodity operada na BM&F.

A liberação do Banco Central não foi a única medidarecente a incentivar o mercado de futuros no Brasil. Noplano fiscal, também houve avanços. Detde maio desseano, a receita obtida por instituições não-financeiras como hedging tem alíquota zero para o PIS e o Cofins. Para asinstituições financeiras, também houve mudanças: o arti-go 65 da medida provisória 252, de junho de 2005, permi-te agora a apuração do valor do PIS e do Cofins para osmercados futuros com base na diferença de curvas, de for-ma análoga ao que já era feito para os contratos de swaps.

Outra facilidade recente para incentivar o mercado defuturos foi a criação, pela BM&F, do sistema Web Trading.Semelhante ao Home Broker, da Bovespa, o sistema permi-te que o próprio cliente negocie, de sua casa, minicontratosfuturos. Criado no início de 2005, o sistema ainda tempouca movimentação: dos mais de 600 mil contratos ne-gociados por dia na BM&F, pouco mais de 100 são feitosvia Web Trading. Até porque o sistema ainda está disponí-vel, apenas, para boi gordo, dólar e Ibovespa. No futuro,porém, a tendência é de que a maior parte dos contratosseja negociada diretamente pelos clientes via internet.

MERCADO DE OPÇÕES

Além do mercado de futuros, existe outra maneira de fazer proteção de

preços pela BM&F: o mercado de opções. É aqui que a comparação do

mecanismo do hedging com um seguro de carros se faz mais clara. No

mercado de opções, a pessoa compra o direito de comprar ou vender

determinada mercadoria a determinado preço. Quando ela compra o direi-

to de comprar, é a opção de compra; quando compra o direito de vender,

é a opção de venda. Por cada opção, paga-se um preço, que no mercado

financeiro chama-se de prêmio. Esse prêmio corresponde ao preço do

seguro de um carro. Se o carro sofre um acidente, o seguro cobre. Se não

sofre, o preço pago vira pó, ou seja, não serve para nada. É a mesma coisa

com as opções: você tem o direito de comprar ou vender tal produto a tal

preço. Se, por conta da evolução do mercado, não for preciso exercer o

direito, o dinheiro gasto para comprar o prêmio será perdido.

Um frigorífico, por exemplo, quer ter certeza de que poderá comprar

cada boi gordo daqui a seis meses por R$ 50. Para ter esse direito, ele

pagará um prêmio de, digamos, R$ 5. Daqui a seis meses, se o boi gordo

estiver custando R$ 70 no mercado, o frigorífico exercerá seu direito e

pagará pelo boi R$ 50. Somando o preço da venda do boi mais o preço

do seguro, pago no ato da feitura do contrato da opção, o frigorífico

terá gasto R$ 55 com cada boi.

Se daqui a seis meses, no entanto, o preço tiver caído e cada boi

estiver custando R$ 45, o frigorífico não exercerá seu direito, comprará o

boi no mercado físico por R$ 45. Somado esse preço ao gasto com o

prêmio da opção, a empresa terá gasto R$ 50 com cada boi. Os R$ 5

gastos com a opção terão virado pó, mas o hedging terá sido feito.

O mercado de opções é uma boa alternativa para os empreendedores

que não quiserem se preocupar com ajustes diários e margem de garan-

tia. Isso porque as opções no Brasil seguem o modelo europeu, isto é,

não podem ser liquidadas antes do fim do contrato. Assim, não há ne-

cessidade de se fazer ajustes diários. Não há também necessidade de se

depositar margem de garantia, já que o prêmio é pago na hora da com-

pra, e não no seu vencimento.

Pouquíssimos empreendedores protegem seus preços dessa forma na

BM&F. Para você vender a opção de vender uma commodity a um preço

definido, é preciso, do outro lado, existir alguém que queira comprá-la

a tal preço. A chance de existir essa outra ponta na BM&F é pequena; por

isso se diz que o mercado de opções no Brasil não tem liquidez. É aquela

história do que vem primeiro: “se tem pouca gente negociando, tem

pouca liquidez; se tem pouca liquidez, pouca gente vai negociar”, diz

Manoel Felix Cintra Neto, presidente da BM&F. Para o agricultor que

quiser tentar o mercado de opções, restam as bolsas externas: a Bolsa de

Chicago, de Nova York ou Londres têm negócios desse tipo com bastan-

te liquidez. A maioria das corretoras brasileiras opera nas bolsas exter-

nas, e o custo é relativamente o mesmo de se operar no Brasil. Luiz Carlos

Braga, da Agropecuária Acaiá, é um entusiasta do mercado de opções.

Clodoir Vieira, não é um valor alto demais aponto de excluir os pequenos empreendedoresdesse mercado

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nO mineiro que não deu ouvidos aos sustosdo mercado e enfrentou as multinacionaiscom seus produtos veterinário

A teimosia do

Norival Bonamichi começou a car-reira como vendedor e distribuidor deprodutos veterinários em Ribeirão Pre-to, mas logo identificou as necessida-des do mercado e decidiu fabricar seuspróprios produtos. De família pobre deInconfidentes, Minas Gerais, o mais ve-lho de nove irmãos, juntou suas eco-nomias de dez anos de trabalho parainaugurar uma pequena fábrica de pro-dutos de saúde animal, que já estavafadada ao fracasso para a maioria daspessoas que sabia da idéia. Afinal, erapreciso enfrentar os grandes laborató-rios internacionais, ainda hoje líderesdo mercado. Mas Bonamichi não deuouvidos aos palpites, insistiu no em-preendimento e, como diz a gíria po-pular, “pagou para ver”. Com o amigode infância Jardel Massari, montou ogrupo Ouro Fino e, dezoito anos de-pois, provou que estava correto.

“A grande dificuldade é a crençaque o importado é melhor. Trabalha-mos muito para mostrar nosso poten-cial”, diz Bonamichi. Hoje a Ouro Fino,que atua no desenvolvimento, na pro-dução e na distribuição de produtosveterinários, está em 9ª posição noranking brasileiro de medicina veteri-nária, segundo o Sindicato Nacional daIndústria de Produtos para Saúde Ani-mal (Sindan). A empresa possui maisde 8 mil clientes no Brasil, exporta para28 países da América do Sul, da África

e do Oriente Médio e emprega 580 pes-soas. Em 2004, registrou crescimentode 32% em relação ao ano anterior,índice superior ao de todo o segmen-to, que obteve acréscimo de 10%, se-gundo o Sindan.

Para 2006, está prevista a conclu-são de uma fábrica-modelo, que aten-de a todas as normas do Departamentode Agricultura dos Estados Unidos(USDA) e do Mercado Comum Europeu.“A fábrica está equipada com tecnolo-gia de ponta, certificada para prestarserviço a qualquer empresa farmacêu-tica do mundo”, diz o empresário. Cons-truído em Cravinhos em uma área de125 mil m², o complexo triplicará acapacidade produtiva da empresa. Terááreas específicas para o desenvolvimen-to de parasiticidas; produtos biológi-cos; centro de tecnologia para pesqui-sa, desenvolvimento e qualidade; cen-tro de treinamento e um complexo ad-ministrativo.

Em uma área de 45 mil m², seráconstruído ainda um centro de lazerpara os colaboradores, uma prova davisão empresarial de Bonamichi. “In-vestir em pessoas, oferecer qualidadede vida ao colaborador e fazê-lo terorgulho da sua empresa é para mim opasso mais importante do sucesso”, diz.E, para isso, a Ouro Fino não economi-zou. O complexo terá campo de fute-bol, biblioteca, quadras de esportes,

NOME: Norival BonamichiIDADE: 48 anosEMPRESA: Ouro FinoSEDE: Ribeirão Preto, São PauloNÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 580

inconfidente

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artigo

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pista de atletismo, teatro, lagoa, aca-demia de ginástica e uma horta de 1.000m², onde o funcionário poderá culti-var verduras financiados pela Ouro Fino.Além dos cursos de capacitação que aempresa já oferece, com a nova fábricaos colaboradores poderão participar deoficinas de arte, nos quais terão aulasde teatro e de música.

A trajetória profissional rendeu aoempresário o prêmio EmpreendedorMaster do Ano 2004, organizado pelaempresa de consultoria Ernst & Young,a terceira maior do mundo. Ele con-correu com 140 finalistas no Brasil, efoi o primeiro empresário do agrone-gócio a receber a homenagem. “Anopassado eu perdi, mas continuei ten-tando. E se não ganhasse o prêmio esteano, tentaria no outro ano novamente.Como diz a propaganda, não desistonunca”, diz Bonamichi.

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eO espanhol que descobriu o sucesso criandovínculos com os outros produtores de plantas

O segredo do

Espanhol formado em paisagismona Universidade de Barcelona, comtrabalhos na Venezuela, foi no Brasilque Jordi Castan começou sua histó-ria de empreendedorismo, tornando-se um dos principais responsáveis pelaprofissionalização da produção deflores em Santa Catarina e no Brasil.Seu nome está marcado na históriado setor como um grande estrategis-ta, fundador e proprietário de umasdas associações empresariais de plan-tas mais bem-sucedidas do país, oMercaflor. O segredo do sucesso? Oassociativismo.

“Quando cheguei ao Brasil em1985, os produtores mal se falavam,cultivavam muitas espécies em pou-cas quantidades e não conseguiamexpandir porque não tinham força.Comecei a incentivar o associativis-mo, que no mundo inteiro é uma for-ma de garantir a competitividade noramo”, diz Castan. Sem apoio gover-namental, que na época via a ativi-dade com um certo preconceito, opaisagista liderou a estruturação dosprodutores: viajaram para outros pa-íses em busca de idéias, iniciaram oplanejamento estratégico da ativida-de e se uniram em associações. Em1989, inauguraram a Associação deProdutores de Plantas Ornamentais doEstado de Santa Catarina (Aproesc)

e, alguns anos, depois formaram a Câ-mara Setorial de Flores e Plantas, aprimeira câmara a ser vinculada a Se-cretaria da Agricultura do Estado. “Naépoca, foi um rebuliço. Os setoresmais tradicionais da agricultura ain-da não tinham uma câmara e nós,ousados, já estávamos formando anossa”, diz.

Em 1996, Castan começou a arti-cular um sonho antigo, formar um mer-cado profissional de floricultores queconcentrasse a oferta e profissionali-zasse a comercialização. “O produtorprecisava virar protagonista do pro-cesso, parar de esperar o compradore ir até ele.” Da idéia surgiu o Merca-do do Profissional da Floricultura edo Paisagismo de Santa Catarina (Mer-caflor), responsável por 65% de todaa produção no Estado. Com cresci-mento médio de 25% ao ano, o Mer-cado quadruplicou o ganho de seusparticipantes e aumentou o númerode clientes de 70 para 640 floricul-turas. “O diferencial é transformar oEstado em uma referência no ramo.Um floricultor do Mato Grosso, porexemplo, não virá a Santa Catarinapara comprar de apenas um produ-tor. Mas se houver um mercado pro-fissional que reúna vários produto-res, ele vem”, diz.

Com a atuação de Castan, Santa

NOME: Jordi CastanIDADE: 48 anosEMPRESA: Agrícola Boa VistaSEDE: Joinville, Santa CatarinaNÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 25

associativismo

86 Guia Empreendedor Rural

artigo

Page 87: Empreendedor Rural 08

Catarina passou a ter posição de des-taque no país, apesar de ocupar a ter-ceira posição entre os maiores pro-dutores brasileiros. Foi dos empresá-rios do Estado à iniciativa de criar oInstituto Brasileiro de Floricultores(Ibraflor), órgão representativo dacategoria. Começou em Joinville tam-bém a articulação para realizar o Pri-meiro Fórum Nacional, até hoje omaior evento de discussão de idéiasno ramo. Jordi conseguiu ainda am-pliar o próprio negócio. A AgrícolaBoa Vista, que começou com meiohectare e um funcionário, atualmen-te possui 12 hectares e 25 funcioná-rios.

87Guia Empreendedor Rural

R

Page 88: Empreendedor Rural 08

eAs soluções não tradicionais fazem partedeste pecuarista quededica 24 horas pordia à sua fazenda de criação

O pioneiro muda

Estar à frente foi uma lição apren-dida por Carlos Eduardo Novaes des-de cedo. Filho de agricultores, No-vaes começou a criar gado ainda com20 anos em uma parte não-utilizadada fazenda da família. Apesar da ju-ventude, já sabia a importância deinvestir em qualidade e formou seuplantel com linhagens de criadorestradicionais, iniciando a produção dereprodutores e matrizes de Nelore CEN.Quarenta anos depois, a Fazenda Cri-oula é sinônimo de inovação e cau-sou reboliço ano passado ao anunci-ar seu mais novo empreendimento: aclonagem de uma vaca.

Em julho de 2004, morreu um dosprincipais animais da fazenda, a Ma-triz CEN 965. Segundo o pecuarista,o animal reunia as principais carac-terísticas de uma matriz: fertilidade,habilidade materna, funcionalidadee perfeita caracterização racial. Tevemais de 10 partos, com crias aindalucrativas no mercado de sêmen e deembriões. “Há pouco, revenderam emleilão uma cria sua já com quase 10anos por 350 mil reais. Duas filhasforam vendidas a 200 mil reais cadae um dos filhos vendeu 40 mil dosesde sêmen no último ano”, diz o pe-cuarista.

A idéia da clonagem foi do pró-prio Novaes, que estudou o assunto

NOME: Carlos Eduardo NovaesIDADE: 60 anosEMPRESA: Fazenda CrioulaSEDE: Valparaíso, São Paulo

o rebanho

88 Guia Empreendedor Rural

artigo

Page 89: Empreendedor Rural 08

e percebeu a oportunidade futura.“Nós começamos a aproveitá-la muitotarde e, como era um excelente ani-mal, foi uma exceção”, diz Novaes. Oprocesso, no entanto, ainda está emfase inicial, na multiplicação celu-lar. As células ficaram 30 dias emcultivo com líquidos e hormôniospara que se tornem viáveis à clona-gem e logo depois foram congeladasem nitrogênio líquido. O material fi-cará à espera do avanço das pesqui-sas e, assim que a técnica estiver maissegura, Novaes será um dos primei-ros a utilizar clonagem no agrone-gócio. Aliás, pioneirismo é algo jácomum em seu empreendimento.

A Fazenda Crioula foi uma das

precursoras na utilização de insemi-nação artificial no final da década de60, quando muitos pecuaristas acre-ditavam que esse processo não erafuncional. Antes mesmo da invençãodos deps, atributos que definem osvalores genéticos dos animais, e douso disseminado de computadores, opecuarista já realizava cálculos paradescobrir indicadores de ganhos re-produtivos. As porcentagens eramobtidas comparando o desempenhodo gado com o dos seus contempo-râneos, técnica utilizada por poucaspessoas na época. “Nós já nos preo-cupávamos com dados, números e pe-sagens há 30 anos, enquanto os ou-tros criadores ainda estavam ligados

a valores visuais, de raça”, afirma opecuarista.

Há 12 anos, o fazendeiro iniciou autilização de transferência de embri-ões e, no ano passado, chegou a cole-tar 800 embriões. Também possui amais moderna tecnologia reprodutivadisponível, a fertilização in vitro, e,há cinco anos, seu rebanho é monito-rado pelo programa de melhoramentogenético da USP. Atualmente, a Fa-zenda Crioula tem 3.500 hectares e2.500 cabeças de gado, alimentadosomente a pasto. “Muitos fazendeirosexercem esta atividade por hobby. Eunão, este é meu ganha-pão e por issopenso 24 horas por dia em formas deaperfeiçoar a fazenda”, diz. R

Page 90: Empreendedor Rural 08

DEZE

MBR

O

De 26/11 a 04/12/2005FENAGRO 2005Salvador - BAInformações com: Associação Baiana dos CriadoresH (71)375-3342 / 375-3062 [email protected]

www. f enag r o . c om

De 01/12 a 11/12/2005EMAPA 2005 - 40ª EXPOSIÇÃOAgropecuária Municipal Industrial e Comercial de AvaréAvaré - SPInformações com: Administração da Prefeitura Municipalde AvaréH (14)3733-1549 / 3731-1843 [email protected]

www.prefeituraavare.sp.gov.br

FEVE

REIR

O

De 13/02 a 17/02/2006SHOW RURAL COOPAVEL 2006Cascavel - PRInformações com: CoopavelH (45)3225-6885 [email protected]

www.showrural.com.br

De 14/02 a 16/02/2006XXIX CONGRESSO PAULISTA DE FITOPATOLOGIASão Paulo - SPInformações com: Grupo Paulista de FitopatologiaH (11)5087-1724 [email protected]

www.summanet.com.br

De 21/02 a 23/02/2006EXPOAGRO AFUBRA 2006Rio Pardo - RSInformações com: Departamento Agroflorestal daAssociação dos Fumicultores do BrasilH (51)3713-7700 / 9915-8294 [email protected]

www.expoagroafubra.com.br

MAR

ÇO

De 07/03 a 12/03/20061ºCONGRESSO INTERNACIONAL DO BOI DE CAPIMMata de São João - BAInformações com: Mercado BrasilH (71) [email protected]

www.bo idecap im.com

De 13/03 a 17/03/2006EXPODIRETO COTRIJAL 2006Não-Me-Toque - RSInformações com: Cotrijal (Cooperativa TritícolaMista do Alto Jacuí)H (54) [email protected]

www.expodireto.cotrijal.com.br

feiras

De 15/03 a 17/03/2006ENIPEC - ENCONTRO INTERNACIONAL DOS NEGÓCIOSDA PECUÁRIACuiabá - MTInformações com: Federação da Agricultura ePecuária/ MT (Famato)H (65) 617-4457/[email protected]

De 15/03 a 18/03/2006FINCO 2006 - FEIRA INTERNACIONAL DE CAPRINOS EOVINOSSão Paulo - SPInformações com: Agrocentro Empreendimentos e ParticipaçõesH (54) [email protected]

www.en i pe c . c om.b r

www. f e i n co . com.b r90 Guia Empreendedor Rural

Page 91: Empreendedor Rural 08

ABRI

L

De 16/04/2006 a 19/04/20066ª XCLUSIVE PET FAIRSão Paulo - SPInformações com: Xclusive MídiaH(15) 3262 4142 [email protected]

www.pe t fa i r. c om.b r

De 18/04 a 22/04/2006AGRISHOW CERRADO 2006Rondonópolis - MTInformações com: Fundação MT e AbimaqH(66) 423 [email protected]

www. f unda caomt . c om.b r

MAI

O

De 15/05 a 20/05/2006AGRISHOW RIBEIRÃO PRETO 2006Ribeirão Preto - SPInformações com: AbimaqH (11) 5591-6300 [email protected]

www.agr i show.com.br

De 29/05 a 01/06/2006XXV CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DASPLANTAS DANINHASBrasília - DFInformações com: IbratecH (61) 3591-4341/ 9687-4598 [email protected]

www.25cb cpd2006 . com

JUN

HO

De 15/06 a 17/06/2006V SIMCORTEViçosa - MGInformações com: Universidade Federal de ViçosaH (31) 3899-3325/ 3899-3263

[email protected]

www.u f v.b r

De 23/06 a 26/06/2006IV CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJALondrina - PRInformações com: Embrapa SojaH (43) [email protected]

www.cnpso .embrapa .b r

De 20/06 a 24/06/2006FEICORTE 2006São Paulo - SPInformações com: Agrocentro Empreendimentos eParticipaçõesH (11) [email protected]

www. f e i c o r t e. c om.b r

91Guia Empreendedor Rural

Page 92: Empreendedor Rural 08

AGRICULTURA ORGÂNICA

Associação de Agricultura Orgânica - AAOAv. Francisco Matarazzo, 4552º andar • Parque Água BrancaCasa do Fazendeiro • Sala 20São Paulo/SP - 05001-900Fone/Fax: (11) [email protected]

Instituto BiodinâmicoRod. Gastão Dal Farra • Km 4Cx. Postal: 321Botucatu/SP - 18603-970Fone: (14) [email protected]

APICULTURA

Centro de Apicultura TropicalAv. Prof. Manuel Ribeiro, 1920Pindamonhangaba/SP12400-970Fone: (12) 242-7822

AQÜICULTURA

Associação Brasileira de Criadores deOrganismos Aquáticos - ABRACOAAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) 3672-8274www.setorpesqueiro.com.brsetorpesqueiro@setorpesqueiro.com.br

ASININOS

Associação Brasileira de Criadores deJumento de Raça PegaRua São Paulo, 893 • Sala 1204Belo Horizonte/MG - 30170-131Fone: (31) [email protected]

AVES ORNAMENTAIS

Associação Brasileira dos Criadores deAves OrnamentaisAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.112São Paulo/SP - 05001-970Fone/Fax: (11) 3864-2899

Federação Ornitológica do Brasil - FOBAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.131São Paulo/SP - 05001-970Fone/Fax: (11) 3862-4176

AVICULTURA

Associação Brasileira dos Exportadores deFrango - ABEFAv. das Américas, 505 • Sala 212Barra da TijucaRio de Janeiro/RJ - 22631-000Fone: (21) [email protected]

Associação Brasileira de Produtores dePinto de Corte - APINCOAv. Andrade Neves, 2501Bairro Jardim ChapadãoSão Paulo/SP - 13070-002Fone: (19) 3241-0233Fax: (19) [email protected]

Associação dos Criadores de Avestruz doBrasil - ACABCx. Postal: 399Bragança Paulista/SP - 12900-000Fone: (11) [email protected]

Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia- FACTAAv. Andrade Neves, 2501Campinas/SP - 13070-002Fone: (19) 3243-4758Fax: (19) [email protected]

União Brasileira de Avicultura - UBAAv. Brigadeiro Faria Lima, 191212º andar • Sala 12ASão Paulo/SP - 01451-000Fone: (11) 3812-7666Fax: (11) 3815-5964www.rudah.com.br/[email protected]

BOVINOS

Associação Brasileira dos Criadores deAngusAv. Carlos Gomes, 141 • Cj. 501Porto Alegre/RS - 90480-003Fone: (51) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de BrahmanPça. Vicentino R. Cunha, 110Bloco 1Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deBrangus IbagéAv. João Teles, 1759Cx. Postal: 303Bagé/RS - 96400-031Fone: (53) 241-2801

Associação Brasileira dos Criadores deBelgian BlueRua 7 de Setembro, 5388Conj. 1602Curitiba/PR - 80240-000Fone/Fax: (41) 643-2223

Associação Brasileira de Criadores deBlonde D’AquitaineRua Tabapuã, 479 • 10º andarConj. 102Bairro ItaimbibiSão Paulo/SP - 04533-011Fone: (11) 3842-0712Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deBovinos da Raça HolandesaAv. Diógenes de Lima, 3063/65Bairro Alto da LapaSão Paulo/SP - 05083-010Fone: (11) 3831-0188Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de BrangusAv. Américo C. da Costa, 320Campo Grande/MS - 79080-170Fone/Fax: (67) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de CanchimAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCasa do Fazendeiro • Sala 17São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de CaracuRua Vicente Machado, 1322Sala 101Cx. Postal: 162Palmas/PR - 85555-000Fone: (46) [email protected]

ENTIDADES EINSTITUIÇÕES

guia rural

A

Page 93: Empreendedor Rural 08

Associação Brasileira dos Criadores deCharolêsRua Alberto Pasqualini, 254º andar • Sala 404Santa Maria/RS - 97015-010Fone: (55) 222-7822Fax: (55) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de ChianinaAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-300Fone: (11) 2672-6099Fax: (11) 2673-4905

Associação Brasileira dos Criadores de DevonRua Anchieta, 2043Cx. Postal: 490Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) 222-4576Fax: (53) [email protected]

Associação Brasileira de Gado JerseyAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 21São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 262-0588Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de GelbviehAv. Tiradentes, 6275Londrina/PR - 86072-360Fone: (43) 348-2427www.gelbvieh.com.br

Associação dos Criadores de Gir do BrasilPç. Vicentino R. da Cunha, 110Bloco 01Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) 3319-3885Fax: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deGirolandoRua Orlando V. Nascimento, 74Uberaba/MG - 38040-280Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de GuzeráPç. Vicentino R. da Cunha, 110Bloco 01Uberaba/MG - 38022-330Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação dos Criadores de Gado HolandêsAv. Fernando Osório, 1754Pelotas/RS - 96055-000Fone: (53) 273-1399

Associação Nacional dos Criadores deHerd Book CollaresRua Anchieta, 2043Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) [email protected]

Associação dos Criadores de Hereford/BrafordRua General Osório, 1094Bagé/RS - 96400-100Fone/Fax: (53) [email protected]@braford.com.br

Associação Brasileira dos Criadores deIndubrasilPç. Vicentino R. da Cunha, 118Uberaba/MG - 38022-330Fone: (34) 3336-4400

Associação Brasileira dos Criadores deLimousinAv. Tiradentes, 6275Parque Governador Ney BragaCx. Postal 398Londrina/PR - 86072-360Fone: (43) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deMarchigianaAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação dos Criadores do MochoTabapuãPç. Vicentino Rodrigues da Cunha, 110• Bloco 01Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação dos Criadores de Nelore doBrasilRua Riachuelo, 231 • 1 º andarSao Paulo/SP - 01007-906Fone: (11) [email protected]

Associação Nacional dos Criadores de NormandoRua Anchieta, 2043Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores dePardo-SuíçoAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 27Caixa interna 13Sao Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3871-1018Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de PiemontêsRua Santa Catarina, 1901Avaré/SP - 18708-000Fone: (14) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de PitangueirasAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3872-0905

Associação Brasileira de Criadores de Red PollRua Leopoldo Froes, 20Porto Alegre/RS -90020-090Fone: (55) 422-1542

Associação Brasileira dos Criadores de SantaGertrudisAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deSimental e SimbrasilRua Mário Romanelli, 23Cachoeira do Itapemirim/ES29303-260Fone: (27) 521-5666Fax: (27) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de ZebuPça. Vicentino R. da Cunha, 110Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) [email protected]

Associação do Novilho PrecoceRua da Consolação, 24713º andarSão Paulo/SP - 01301-000Fone: (11) 259-0833

Page 94: Empreendedor Rural 08

BUBALINOS

Associação Brasileira dos Criadores deBúfalosAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 13São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Fundação Centro Tecnológico Búfalos eDesenvolvimento Agropecuário - FCTBDACx. Postal: 193Andradina/SP - 16900-000Fone: (18) 722-5771

EQÜINOS

Associação Brasileira de Criadores doCavalo AndaluzAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) 3873-2766

Associação Brasileira dos Criadores doCavalo AppaloosaAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores doCavalo ÁrabeAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo CampeiroRua Marechal Floriano, 217Curitibanos/SC - 89520-000Fone: (49) 45-1866

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo CampolinaRua Rep. da Argentina, 255Belo Horizonte/MG – 30315-490Fone: (31) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos de CorridaAv. Lineu Paula Machado, 875Jardim EverestSão Paulo/SP - 05601-001Fone: (11) 3813-5699 / Fax: [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos CrioulosAv. Fernando Osório, 1754APelotas/RS - 96055-000Fone: (53) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos de HipismoAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deMangalargaAv. Francisco Matarazzo, 455Pavilhão 04São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3673-9400Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deCavalo Mangalarga MarchadorRua Goitacazes, 14 • 10º andarBelo Horizonte/MG30190-050Fone/Fax; (31) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deCavalo Raça MarajoaraAv. Alm. Barroso, 5386Belém/PA - 66610-000Fone: (91) 231-0339

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo PaintAv. Comendador José da Silva Marta,Quadra 36Bauru/SP - 17053-340Fone/Fax: (14) 236-3000www.abcpaint.com.br

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo PantaneiroRua Joaquim Murtinho, s/nPoconé/MT - 78175-000Fone: (65) 345-1436

Associação Brasileira dos Criadores doCavalo PôneiAv. Amazonas, 6020Parque Bolívar de AndradeBelo Horizonte/MG30510-000Fone/Fax: (31) 371-3797www.bhnet.com.br/~ponei

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos Quarto-de-MilhaAv. Francisco Matarazzo, 455Pavilhão 11São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Cavaleiros deHipismo RuralAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.062São Paulo/SP - 05001-900Fone/Fax: (11) [email protected]

CCHINCHILAS

Associação Brasileira dos Criadores deChinchila LanígeraAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-300Fone: (11) 3865-9237www.surf.to/masterchinchila

Associação dos Criadores de Chinchilasdo Brasil - ACHIBRAAv. Presidente Vargas, 514Camaquã/RS - 96180-000Fone: (51) [email protected]

B

DDEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Associação das Empresas Nacionais deDefensivos Agrícolas - AENDAAv. Dr. Vieira de Carvalho, 1723º andar • Conj. 306São Paulo/SP - 01210-010Fone/Fax: (11) [email protected]

Associação Nacional de Defesa Agrícola -ANDEFRua Cap. Antônio Rosa, 37613º andarSão Paulo/SP - 01443-010Fone/Fax: (11) 3081-5033www.andef.com.br

Eguia rural

Page 95: Empreendedor Rural 08

Federação Brasileira dos Criadores deCavalo Puro SangueLusitano/Pura Raça Espanhola-AndaluzAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 14São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 367-2866

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo TrotadorPça. Trotadores, 1São Paulo/SP - 02120-010Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deJumento NordestinoSecretaria da AgriculturaBR 101 • Km 0Centro AdministrativoBairro Lagoa NovaNatal/RN - 59059-900Fone: (84) 231-7218

MARKETING RURAL

Associação Brasileira de Marketing Rural- ABMRAv. Brigadeiro Faria Lima, 15722º andar • Conj. 221/222São Paulo/SP - 01463-900Fone: (11) 3812-7814Fax: (11) 3816-2702

MECANIZAÇÃO

Associação Brasileira da Indústria deMáquinas e Equipamentos - ABIMAQAv. Jabaquara, 29254º andarSão Paulo/SP - 04045-902Fone: (11) 5582-6311Fax: (11) [email protected]

MEDICINA VETERINÁRIA

Conselho Federal de Medicina VeterináriaSCS • Qd. 1 • Bloco EEdifício Ceará • 14º andarBrasília/DF - 70303-900Fone: (61) 322-7708Fax: (61) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deHampshire DowRua Timbaúva, 930Cx. Postal 65Novo Hamburgo/RS93332-110Fone: (51) 587-1000

Associação Brasileira dos Criadores deIdealRua Humaitá, 192Pelotas/RS - 96470-000Fone/Fax: (53) 2481-1471

Associação Brasileira de Criadores de Ilede FrancePça. Julio de Castilhos, 48Apto. 21Porto Alegre/RS - 90430-020Fone: (51) 3311-8757

Associação Brasileira dos Criadores deKaraculRua Nossa Senhora Aparecida, 167Vila ConceiçãoPorto Alegre/RS - 91920-690Fone/Fax: (51) 3266-7305

Associação Brasileira dos Criadores deMerino AustralianoRua Santana, 2717 • Apto. 6AUruguaiana/RS - 97510-471Fone: (55) 412-6029

Associação Brasileira dos Criadores deOvinos - ARCOAv. Sete de Setembro, 1159Cx. Postal: 145Bagé/RS - 96400-901Fone: (53) 242-6130Fax: (53) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores dePoll DorsetRua Visconde de Guarapuava, 3945/1501Curitiba/PR - 80250-220Fone/Fax: (41) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores dePolypayAv. Princesa Isabel, 395Porto Alegre/RS - 90620-001Fone: (51) 217-1230

Associação Brasileira de Criadores deRomney MarshRua Mal. Floriano, 1098CentroBagé/RS - 96400-001Fone: (53) 242-1753

FFEDERAÇÕES DA AGRICULTURA

Confederação Nacional da AgriculturaSBN Quadra 1Ed. Palácio da Agricultura2º e 4º andares • Bloco FBrasília/DF - 70040-908Fone: (61) 326-3161Fax: (61) [email protected]

FRUTICULTURA

Instituto Brasileiro de Frutas - IBRAFAv. Ipiranga, 952 • 13º andarSão Paulo/SP - 01084-900Fone: (11) [email protected]

LEITE

Associação Brasileira de Produtores deLeite BrasilRua Bento Freitas, 178 9º andarSão Paulo/SP - 01220-000Fone: (11) 221-3599Fax: (11) [email protected]

M

L

LOÓLEOS VEGETAIS

Associação Brasileira das Indústrias deÓleos Vegetais - ABIOVEAv. Vereador José Diniz, 3707Conj. 73 • 7º andarSão Paulo/SP - 04603-004Fone: (11) 5536-0733Fax: (11) [email protected]

OVINOS E CAPRINOS

Associação Brasileira de Criadores deBorder LeicesterRua Itapeva, 93Passo da AreiaPorto Alegre/RS - 91350-080Fone: (51) 341-2566Fax: (51) 341-3566

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Associação Brasileira dos Criadores deSuffolkRua Joaquim Pedro Soares, 253Fundos - CentroNovo Hamburgo/RS93510-320Fone: (51) 594-2825Fax: (51) 582-7060

Associação Brasileira dos Criadores deTexelAv. Borges de Medeiros, 541Conj. 501Cx. Postal: 1.114Porto Alegre/RS - 99658-044Fone: (51) 341-5291Fax: (51) 231-6307

Associação Paulista dos Criadores deOvinos - ASPACORua Marcelo George, 69Jardim ProgressoSão Manuel/SP - 18650-000Fone: (14) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCaprinosAv. Caxangá, 2200Bairro CordeiroCx. Postal 7.222Recife/PE - 50711-000Fone/Fax: (81) 3449-9391

SOCIEDADES

Sociedade RuralBrasileira - SRBRua Formosa, 367 • 19º andarSão Paulo/SP - 01049-000Fone: (11) 222-0666Fax: (11) [email protected]

SUÍNOS

Associação Brasileira de Criadores deSuínos - ABCSRua Dinarte Vasconcelos, 40Parque 20 de MaioCx. Postal 105Estrela/RS - 95880-000Fone/Fax: (51) [email protected]

Associação dos Criadores de SuínosAv. Amazonas, 6020Parque GameleiraBelo Horizonte/MG30530-000Fone: (31) 3334-5709

AGRI-TILLAGE DO BRASIL LTDA.Arados, grades, semeadeiras eroçadeirasAvenida Baldan, 1500Matão/SP - CEP: 15993-000Fone: (16) 282-2577Fax: (16) 282-2480E-mail: [email protected]: www.agritillage.com.br

ALLIANCE IND. MECÂNICA LTDA.Moinhos, transportadores e secadoresAv. Domingos Camerlingo Calo, 3228Ourinhos/SP - CEP: 19900-000Fone: (14) 322-5815E-mail: [email protected]: www.alliance.ind.br

PPESQUISA

Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - EMBRAPAParque Estação Biológica (PqEB), s/nEdif. Sede • Plano PilotoBrasília/DF - 70770-901Fone: (61) 448-4433Fax: (61) [email protected]

SSEMENTES

Associação Brasileira dos Produtores deSementes - ABRASEMSCS • Bloco G • nº 30Sala 501Edif. BacaratBrasília/DF - 70309-900Fone: (61) 226-9022Fax: (61) [email protected]

MÁQUINAS EEQUIPAMENTOS

aAGCO DO BRASIL COMÉRCIO E INDÚS-TRIA LTDA.Tratores e colheitadeirasAv. Guilherme Schell, 10260Canoas/RS - CEP: 92420-000Fone: (51) 477-7000Fax: (51) 477-1257E-mail: [email protected]: www.massey.com.br

AGRALE S.A.Caminhões, tratores, motores e gruposgeradoresRod. BR 116, km 145, 15104Caxias do Sul/RS - CEP: 95059-520Fone: (54) 229-1133Fax: (54) 229-2290E-mail: [email protected]: www.agrale.com.br

cCASE BRASIL & CIA.Tratores e colheitadeirasAv. Jerome Case, 1801Sorocaba/SP - CEP: 18087-370Fone: (15) 235-4000 Fax: (15) 225-2100Internet: www.casecorp.com

CASP S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIODistribuidores, bebedouros e silos parafrangosRua Sebastião Gonçalves Cruz, 477Amparo/SP - CEP: 13904-904Fone: (19) 3807-8022Fax: (19) 3807 2422E-mail: [email protected]: www.casp.com.br

CATERPILLAR BRASIL LTDA.Tratores, máquinas e equipamentosRod. Luiz de Queiroz, Km 157Piracicaba/SP - CEP: 13420-900Fone: (19) 429-2100Fax: (19) 429-2430Internet: www.cat.com

CIVEMASA IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA.Arados, cultivadores, grades eplantadoresRod. Anhangüera, Km 163 - CxP. 541Araras/SP - CEP: 13600-970Fone: (19) 543-2100Fax: (19) 543-2122E-mail: [email protected]: www.civemasa.com

CONFAB INDUSTRIAL S.A.Tubos para armaz. e distribuiçãoRua Tabapuã, 41 -14º AndarSão Paulo/SP - CEP: 04533-010Fone: (11) 3040-6015Fax: (11) 3040-6037E-mail: [email protected]: www.confab.com.br

guia rural

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EIRICH INDUSTRIAL LTDA.Secadores, trituradores e moagensEstrada Velha De Itu, 1500Jandira/SP - CEP: 06612-250Fone: (11) 4789-3055Fax: (11) 4789-3049E-mail: [email protected]: www.eirich.de

ELINO FORNOS INDUSTRIAIS S.A.Fornos industriaisAvenida Juvenal Arantes, 1375Jundiaí/SP - CEP: 13212-370Fone: (11) 4525-0744Fax: (11) 4525-0943E-mail: [email protected]

JOHN DEERE BRASIL S.A.Tratores e colheitadeirasAv. Jorge Logemann, 600Horizontina/RS - CEP: 98920-000Fone: (55) 537-1322Fax: (55) 537-1844E-mail: slsjohndeere@ johndeere.comInternet: www.slc.com.br

METISA - METALÚRGICA TIMBOENSE S.A.Ferramentas e peças para tratores eimplementos agrícolasRua Fritz Lorenz, 2442Timbó/SC - CEP: 89120-000Fone: (47) 281-2000Fax: (47) 281-2223E-mail: [email protected]: www.metisa.com.br

e

fFOCKINK INDÚSTRIAS ELÉTRICAS LTDA.Ordenhadeiras, identificadores econtrole de armazenagemRua da Holanda, 123Panambi/RS - CEP: 98280-000Fone: (55) 375-4422Fax: (55) 375-4482E-mail: [email protected]: www.fockink.ind.br

hHIDRO POWER IND. E COMÉRCIO DEEQUIPAMENTOS LTDA.Moto-bombas, pivôs e grupos geradoresVia Antônio Leite de Oliveira, 215Piedade/SP - CEP: 18170-000Fone: (15) 244-1103Fax: (15) 244-1103E-mail: [email protected]: www.jimenez-hitropower.com.br

iINBRAS-ERIEZ EQUIP. MAGNÉTICOS EVIBRATÓRIOS LTDA.Equipamento e vibratóriosRua Marinho de Carvalho, 16Diadema/SP - CEP: 09921-000Fone: (11) 4056-6654Fax: (11) 4056-6755E-mail: [email protected]

j

kKEPLER WEBER S.A.Peças para armazenagem e conserva-çãoAvenida Andaraí, 566Porto Alegre/RS - CEP: 91350-110Fone: (55) 375-4000 Fax: (51) 341-8281E-mail: [email protected]: www.kepler.com.br

KILBRA MÁQUINAS LTDA.Embalagens de ovos, criadeiras ebebedourosRua Hum, 344-1 - Dist. Ind. - CxP. 187Birigüi/SP - CEP: 16206-005Fone: (18) 642-3240 Fax: (18) 642-3240Internet: www.kilbra.com.br

KREBSFER INDUSTRIAL LTDA.Pivôs, conexões e tubosRua Krebsfer, 566Valinhos/SP - CEP: 13279-450Fone: (19) 3881-1722 Fax: (19) 3881-1566E-mail: [email protected]: www.krebsfer.com.br

mMARCHESAN IMP. E MÁQUINASAGRÍCOLAS TATU S.A.Máquinas para preparação, plantio econservação de solosAvenida Marchesan, 1979Matão/SP - CEP: 13600-970Fone: (16) 282-2411Fax: (16) 282-2402E-mail: [email protected]: www.marchesan.com.br

METALÚRGICA PAGE LTDA.Silos, transportadores, secadores eempilhadeirasRodovia BR-101, Km 414Araranguá/SC - CEP: 88900-000Fone: (48) 524-0030Fax: (48) 524-0030E-mail: [email protected]: www.mpage.com.br

nNETZSCH DO BRASIL LTDA.Bombas rotativas e filtrosRua Hermann Weege, 2383Pomerode/SC - CEP: 89107-000Fone: (47) 387-8222E-mail: [email protected]: www.netzsch.com.br

NEW HOLLAND LATINO AMERICANA LTDA.Tratores e colheitadeirasAv. Juscelino Kubitschek, 11825Curitiba/PR - CEP: 81450-903Fone: (41) 341-7317Fax: (41) 341-7107Internet: www.newholland.com.br

pPACKO PLURINOX LTDA.Linhas de processamento, bombas ecentros coletores de leiteAvenida Tancredo Neves, 505Batatais/SP - CEP: 14300-000Fone: (16) 3761-4144Fax: (16) 3761-6299E-mail: [email protected]

vVALMONT INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.Produtos para irrigação, iluminação eenergiaAvenida Francisco Podboy, 1600Uberaba/MG - CEP: 38056-640Fone: (34) 3318-9000 Fax: (34) 3318-9001E-mail: [email protected]: www.valmont.com

VALTRA DO BRASIL S.A.Tratores ValmetR. Cap. Francisco de Almeida, 695Mogi das Cruzes/SPCEP: 08740-300Fone: (11) 4795-2000 Fax: (11) 4795-2119E-mail: [email protected]: www.valtra.com.br

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