Empreendedor Rural 05

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Edição n. 5 da revista Empreendedor Rural, de Dezembro de 2003

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Crédito Agroindustrial, Mercado Futuro e de Opções, Convênios Agronegócios.Sua empresa quer. O Banco do Brasil tem.

A dedicação do Banco do Brasil ao agronegócio é como a produção brasileira: tem crescido a cada safra.

Flávio Sampaio

Especialista em Agronegócios

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Crédito Agroindustrial, Mercado Futuro e de Opções, Convênios Agronegócios.Sua empresa quer. O Banco do Brasil tem.

A dedicação do Banco do Brasil ao agronegócio é como a produção brasileira: tem crescido a cada safra.

Flávio Sampaio

Especialista em Agronegócios

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editorial

No passado, os erros cometidos pela agropecuária brasileira foram, na

maioria dos casos, causados pela falta de informação do produtor rural.

Ou pela chuva de informações coercitivas que promoveram o maior êxo-

do rural do mundo nos últimos 100 anos, segundo os especialistas em

sociologia rural. A desinformação dentro das cadeias produtivas do agro-

negócio nacional pode custar caro ao nosso país, que ensaia há déca-

das a vocação de celeiro do mundo. Hoje, a situação fica ainda mais

grave, pois quem comprar o adubo errado ou vender mal estará pratica-

mente condenando sua safra. Em outros tempos, o agricultor estava escorado em

subsídios e empréstimos do governo federal ou acabava recuperando suas perdas

dentro a ciranda inflacionária.

Por enquanto ainda se vende muita informação para os produtores rurais.

O investimento em marketing no agronegócio brasileiro está concentrado da

"porteira para dentro" e, por isso, feito quase exclusivamente pelas empresas e

segmentos de insumos (defensivos, fertilizantes, máquinas e nutrição animal).

É o que pode ser visto em praticamente todos os finalistas desse ano da Mostra

da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR). Segundo a entidade, essas

empresas investem alto: 2,3% das vendas anuais (entre US$ 10 bilhões e US$

12 bilhões) em marketing, algo em torno de US$ 230 milhões e US$ 250 mi-

lhões por ano.

É inegável o esforço do governo federal e do setor privado em projetos de

promoção das exportações do agronegócio, como são os casos do Brazilian Fruits, o

Cachaça Brasileira e o Florabrasilis. Mas ainda parece pouco para um país que

precisa gerar um volume cada vez maior de empregos, que poderiam ser supridos

em parte pelo crescimento das agroindústrias. Ou que ainda concentra uma massa

de subnutridos e, portanto, tem no mercado interno para o consumo de alimentos

um grande potencial. Na quase heróica luta diária para sobreviver contra a falta de

uma logística adequada e com o peso da carga tributária, o empreendedor do meio

rural anda no escuro – ou em cooperativas – quando pretende chegar sozinho ao

consumidor final, almeja agregar valor aos seus produtos mas ainda está muito

distante de ter a possibilidade de criar sua marca própria.

Com foco nesses problemas, nossa matéria de capa e as demais reportagens

dessa edição mostram exemplos de empresários rurais que estão trabalhando para

criar uma boa imagem dos produtos do agronegócio brasileiro, principalmente em

ações voltadas ao controle de qualidade, à certificação de origem e do aumento

constante da produtividade.

Boa leitura.

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Índice

DA "PORTEIRA PARA FORA"

Como o futuro aponta para a possibili-dade do Brasil ser cada vez mais reco-nhecido como um país competitivo noagronegócio, pesquisadores e empreen-dedores rurais apontam os principaiscaminhos que o setor precisa seguirpara vender com maior valor agregado,criar marcas próprias e brigar no merca-do externo com competência na gestão.

ENTREVISTA

Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura,Pecuária e Abastecimento, diz que o produtorrural precisa ter conhecimento de negócio parasobreviver numa atividade cada vez maisglobalizada. Mesmo conhecendo os pontosfracos do setor primário brasileiro (logística,tributação e criação de marcas), Rodrigues fazquestão de deixar claro que o papelprotecionista desempenhado durante décadaspelo estado brasileiro não existe mais.

PECUÁRIA

A Associação Brasileira dos Criadores deZebu (ABCZ) conta com o maior banco dedados do mundo no setor: mais de seismilhões de animais, incluindo fazendas ecentrais de inseminação. Os criadores estãodesenvolvendo um projeto conjunto com aAgência de Promoção de Exportações(Apex), no valor de R$ 4,5 milhões, parapromover as exportações tanto de animaisdesenvolvidos quanto de material genético.A expectativa dos produtores é chegar a2006 com vendas externas anuais de US$200 milhões, sendo 300 mil doses desêmen, 20 mil embriões e 350 mil bovinos.

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E MAIS:

A revista Guia Empreendedor Rural é editada ecomercializada pela Editora Empreendedor

Diretor-EditorAcari Amorim [email protected]

Diretor de Marketing e ComercializaçãoJosé Lamônica [email protected]

Diretor de ExpansãoEdson Luiz Maba [email protected]

Redação [email protected]■ Edição-executiva : Lúcio Lambranho■ Reportagem: Lúcio Lambranho e Alexandre Winck■ Edição de Arte: Fernanda Pereira■ Fotografia: Glaicon Covre (Apicultura e Cachaça) edivulgação■ Revisão: Diógenes Fischer

Sedes■ São PauloDiretor de Marketinge Comercialização: José LamonicaExecutivos de Contas: Ariovaldo Florian e Edson RamãoRua Sabará, 566, 9º andar, cj. 9201239-010 - São Paulo - SPFones: (11) 3214-5938/3214-6093[[email protected]]

■ FlorianópolisExecutivo de Contas: Waldyr de Souza JuniorExecutivo de Atendimento: Cleiton Correa WeissAv. Osmar Cunha, 183, Ceisa Center, bl. C, 9º andar88015-900 - Florianópolis - SCFone: (48) 224-4441

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Produção Gráfica■ Impressão e acabamento: Coan Gráfica Editora CTP

Empreendedor On-linehttp//www.empreendedor.com.br

20 Artigo: O agronegócio paranense por Gilda Bozza

48 Artigo: O verdadeiro papel da agricultura brasileirapor Othon D' Eça Cals de Abreu

APICULTURA

Pesquisadores catarinensesencaminham abelhas-rainhasselecionadas a apicultores detodo o país, com o objetivo demelhorar a produtividade.

RADAR RURAL

Tudo que você precisa saber para desenvolver seu negócio no campoe as últimas novidades do setor. PÁGINA 8

MÁQUINAS

Os fabricantes de máquinasagrícolas enfrentaram uma quedanas vendas no mercado interno,mesmo apoiados porfinanciamentos do Governo Federal,mas o setor recuperou suas perdaspelo grande salto nas exportações.

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CACHAÇA

Projeto desenvolvido peloCentro de Tecnologia eAutomação Industrial (Ctai) doServiço Nacional deAprendizagem Industrial(Senai) leva a automação àprodução caseira da "caninha".

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adar RuralRRSilo alternativo

NOVOS PRODUTOS

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Geléia TropicalLANÇAMENTO

A Queensberry, marca do segmen-to de geléias premium, ampliou suaoferta de produtos com o lançamentoda nova linha de geléias de frutas tro-picais em quatro sabores diferentes:abacaxi com especiarias, manga comgengibre, goiaba e maracujá. A novalinha, segundo o fabricante, será am-pliada, ganhando mais sabores a par-tir do próximo ano. A aposta da Que-ensberry no segmento de frutas tropi-

cais dentro da indústria de alimenta-ção deve-se ao sucesso garantido poroutras categorias de produtos junto aoconsumidor, como os sucos.

Além de abastecer o mercado bra-sileiro, as geléias de frutas tropicaisintegram o projeto Exportação, da Ki-viks Marknad (empresa que detém amarca Queensbery), que deve ser co-locado em prática no início do anoque vem, tendo como primeiro desti-

no os Estados Unidos. Em um segun-do momento, as vendas também se-rão dirigidas à Europa. A nova linhafoi apresentada para o mercado ex-terno no Fancy Food Show 2003 (Sa-lão Internacional de Produtos Alimen-tícios, Especiarias e Bebidas) em ju-lho, em Nova York, com grande su-cesso entre os participantes.

Com 17 anos de atuação, a empre-sa detém cerca de 30% de participa-

A IpesaSilo, empresa argentina espe-cializada na fabricação de silos horizon-tais, traz para o Brasil uma nova tecno-logia para o armazenamento de grãossecos. É o SiloBag, uma bolsa produzidacom lâminas especiais de polietileno debaixa densidade, com formato de um tú-nel de 60 metros de comprimento por2,10 metros de diâmetro. Com capacida-de para armazenar cerca de 180 tonela-

das de grãos, o que corresponde a 3 milsacas de 60 quilos, o SiloBag permite oarmazenamento de grãos em condiçõesde absoluta segurança por um períodode até 12 meses, observadas as recomen-dações técnicas do fabricante.

Segundo Osmar Bergamaschi, repre-sentante da IpesaSilo no Brasil, o inves-timento inicial é de R$ 0,95 por saca, oque inclui o SiloBag e o equipamento

utilizado para embutir os grãos, tambémcomercializado pela empresa. De acordocom Bergamaschi, entre as principais van-tagens apresentadas pelo SiloBag estãoa redução de custos de armazenamentoe de despesas com frete e a flexibilidadepara a comercialização da safra.

"A tecnologia aumenta a capacida-de de armazenamento do produtor e, aomesmo tempo, permite que o agricultor

A Queensberry lança uma nova linha de produtos para o mercado de geléias no Brasil, quemovimenta cerca de R$ 100 milhões e produz em torno de 20 mil toneladas do produto por ano

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ção no segmento de geléias premium,segundo estimativas do mercado. Orestante é dividido principalmente en-tre marcas importadas. De acordo comlevantamento divulgado pelo jornalGazeta Mercantil em dezembro de2001, o mercado de geléias no Brasilmovimenta cerca de R$ 100 milhões eproduz em torno de 20 mil toneladaspor ano, englobando os dois segmen-tos do setor: o das geléias populares,

que ocupa 80% de todomontante, e o das geléias premium,com 20%. A Queensberry fabrica anu-almente 900 toneladas de geléia dealta qualidade. O consumo per capitade geléias no Brasil ainda é pequenose comparado a países de primeiromundo: 130 gramas/ano contra 5 qui-los/ ano na França, por exemplo, deacordo com dados da Gazeta Mercan-til. Nosso faturamento total ainda éínfimo em relação a nações como osEstados Unidos, onde o mercado degeléias movimenta cerca de US$ 3 bi-lhões ao ano.

Segundo Cristiano Moraes, diretorcomercial da empresa, a Queensberrytem registrado um crescimento de25% nos últimos dois anos. Ele atri-bui esse desempenho e a perspectivapositiva a três fatores: ampliação domercado de geléias no Brasil com oconseqüente aumento da fatia ocu-pada pela marca; maior distribuição,marcando presença em novas praças

de consumo; e,finalmente, a constanteampliação da gama de produtosQueensberry, com o lançamento denovas linhas e sabores de geléiasde frutas e coberturas para sobre-mesas. Os novos produtos, que de-vem chegar ao consumidor brasileiroem outubro próximo, serão o gran-de trunfo para as exportações de ge-léias Queensberry, previstas paraacontecer a partir de 2004 para osEstados Unidos. Numa primeira eta-pa, serão destinadas ao mercado nor-te-americano 500 toneladas de ge-léia. "O próximo alvo será o merca-do europeu", antecipa Moraes.

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programe qual a melhor época para ven-der sua colheita, com preços mais com-petitivos, além de evitar os fretes maiscaros da época da colheita", explica Ber-gamaschi. Além das vantagens econômi-cas, o SiloBag possibilita o armazena-mento de grãos com umidade superior àscondições de comercialização e permiteque sejam armazenadas desde pequenasa grandes quantidades de grãos ou se-mentes, de forma separada e diferencia-

da por lote, origem equalidade.

Depois de serem embuti-dos no SiloBag, os grãos consu-mirão todo o oxigênio disponí-vel, gerando uma atmosfera ricaem dióxido de carbono, que ini-be o próprio processo respirató-rio e assegura uma ótima conservação dosgrãos ali depositados. Esta atmosfera semantém estável pelo tempo necessário,bloqueando o desenvolvimento e a pro-liferação de fungos e de insetos. "Os tes-tes e a experiência também indicam quea temperatura dos grãos sofre poucas al-

terações dentro deste ambiente",explica Berga-

maschi. Na Argentina, o SiloBag é co-mercializado há cinco anos e suas ven-das crescem significativamente a cadasafra. Este ano, cerca de 17% do totaldos grãos colhidos na Argentina foramarmazenados neste sistema. O SiloBagtambém vem sendo utilizado na Rússia,França e Espanha, como uma alternativapara resolver os problemas de armazena-gem de grãos.

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www.ipesasilo.com.ar

O SiloBag tem custo inicial de R$ 0,95 por saca einclui o equipamento utilizado para embutir os grãos

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adar RuralRRBIOTECNOLOGIA

A Gehaka – fornecedora de equipa-mentos para o controle e a avaliaçãoda qualidade de grãos e representanteexclusiva no Brasil da SDI, única fabri-cante de anticorpos para os kitsimunocromatográficos (Traits) – lan-çou dois produtos inéditos no merca-do brasileiro: o Kit Trait para farelo desoja tostado e o Kit Myco AflatoxinaQuali para detectar essa substânciacancerígena em milhos. “Até que seresolvam as questões legais referentesà liberação de culturas geneticamentealteradas no Brasil, muitas empresaspreferem não receber grãos modifica-dos. Os testes ajudam nessa identifica-ção, já que apresentam um resultadopreciso, com sensibilidade de 0,1%, ouseja, detecta a presença de apenas umgrão geneticamente modificado emuma amostra com mil grãos”, afirmaFabiola Franco, gerente da divisão demicrobiologia da Gehaka.

O Kit Trait para farelo de soja tos-tado é um método quantitativo paradetectar transgênicos em farelos. Quan-do o grão é aquecido, a proteína (quepode ser transgênica ou não) muda deforma, em um processo chamadodenaturação. O anticorpo criado pelaSDI permite a identificação mesmo comessa alteração. O teste é feito em ape-

Teste rápido

Linha Direta

www.gehaka.com.br

nas 10 minutos. Já o Kit MycoAflatoxina é qualitativo e detecta nomilho a presença de aflatoxina, subs-tância cancerígena que pode estar pre-sente também em nozes, amendoins,algodão e outros. É o único teste nomercado com padrão de referência de10 a 20 ppb (partes por bilhão). O re-

sultado é verificado em 5 mi-nutos com a praticidade da lei-tora portátil.

Desde 1999, a Gehaka jávendeu mais de 1 milhão detestes de identificação de pro-dutos geneticamente modifi-cados. Os testes Elisa GMO e oTrait, disponíveis para soja, mi-lho, algodão e canola, detec-tam, por exemplo, a soja

Roundup Ready, o milho Star Link, en-tre outros. Os testes de tiras de fluxolateral para verificação rápida no cam-po (chamados de Trait) e o kit Elisacom micro placas (chamado de GMO)para resultados quantitativos, propor-cionam resultados rápidos e precisos,à prova de falhas. “O próprio produtorpode pegar uma amostra de sua produ-ção no campo e aplicar o teste em ti-ras. Em menos de 5 minutos terá a res-posta. Quando há necessidade dequantificar os resultados, o Elisa é omais recomendado”, orienta a gerente.

A Gehaka já vendeu, desde 1999, mais de 1 milhão de testes de identificação deprodutos geneticamente modificados com sensibilidade de 0,1% da amostra

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Atualmente, um dos principais problemas dapecuária nacional é o controle do carrapato, quevem causando enormes prejuízos, tanto no reba-nho leiteiro como no de corte, devido às altasinfestações provocadas pela tolerância aoscarrapaticidas utilizados e também pelo manejoincorreto no combate do carrapato. Por esse moti-vo, a utilização de produtos carrapaticidas vemcrescendo muito e a Ouro Fino, que está entre asdez maiores indústrias veterinárias do Brasil, re-solveu criar o Carrapaticida Colosso

O medicamento possui duas apresentações:Pour On e Pulverização. O Colosso é um produtopara o tratamento e controle dos parasitas exter-nos de bovinos e suínos, além de desinsetizargalpões avícolas (pulverização). Ele reúne em suaformulação a atuação de diferentes grupos quí-micos: um piretróide, um organofosforado e umrepelente natural, com mecanismos de ação di-

SANIDADE ANIMAL

Colosso contra o carapato

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Linha Direta

www.ourofinovet.com.br

ferentes e que, quando associados, apresentamuma excelente ação contra parasitas externos, in-clusive aqueles com altos fatores de resistência aoutras formulações já existentes no mercado.

A vantagem do Colosso em relação aos de-mais existentes no mercado, segundo o fabrican-te, é a associação de Cipermetrina e Clorpirifós,que agem em diferentes locais nos parasitas, alémdo Citronelal, um repelente natural que confereao produto excelente eficácia. A Ouro Fino Pro-dutos Veterinários foi fundada em Ribeirão Pretoem junho de 1987 e, ao longo destes anos, obte-ve boa aceitação por parte do mercado, somandomais de 8 mil clientes no Brasil.

Uma das vantagens do produto, segundo o fabricante, é o repelente natural Citronelal

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adar RuralRRBIOTECNOLOGIA

Plantas programadas para não so-frerem tanto os danos causados pelasgeadas que todos os anos ocorrem nasprincipais regiões cafeeiras já estãosaindo dos campos experimentais doInstituto Agronômico do Paraná(Iapar) para a multiplicação de se-mentes e, em breve, chegarão às la-vouras dos cafeicultores brasileiros.Inicialmente o alvo é a região cafeeirado Estado do Paraná. Esse é um dosresultados do trabalho coordenadopelo melhorista Tumoru Sera, do Iapar,e que contou com o apoio do Consór-cio Brasileiro de Pesquisa e Desen-

volvimento do Café, coordena-do pela Empresa Brasilei-

ra de PesquisaAgropecuária

(Embrapa). O objetivo do trabalho dopesquisador do Iapar é desenvolverplantas que não morram com as tem-peraturas negativas e que sejam capa-zes de acionarem mecanismos de defe-sa, de modo a transformar, nelas mes-mas, geadas severas em moderadas.

Foi justamente isso que Tumoruconseguiu. Desenvolveu

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uma planta que permanece durante oinverno com o ponto de seu própriocongelamento 10% mais baixo. Eleexplica que o cafeeiro “queima” quan-do temperaturas de 3,5 graus negati-vos permanecem por 30 minutos. Issoquer dizer que, quando exposta a umatemperatura de 3,5 grau negativos aonível foliar por 30 minutos, a plantaconsegue ter a sensação térmica de3,1 graus negativos, evitando o danosevero e resultando em dano modera-do ou leve. Assim é a IPR 103, umavariedade do grupo Catucaí que esta-rá à disposição dos cafeicultores nasafra de 2005. O pesquisador explicaMARCAS

Sementes em nova embalagem

A Horticeres está lançando a li-nha de produtos Horta + para aten-der à demanda de pequenos produ-tores de hortaliças. São embalagensmenores e mais práticas, que permi-tem um melhor planejamento da pro-dução em áreas menores. Por perma-necerem hermeticamente fechadasaté a semeadura, as novas embala-gens asseguram o poder de germi-nação, pureza e qualidade das se-mentes. Para o idealizador do Horta

+, o gerente de Marketing e enge-nheiro agrônomo Ayrton AlmeidaTullio Júnior, as novas embalagenssão ideais para atender à legislaçãoem vigor, que proíbe a comer-cialização de sementes fracionadas.

Para facilitar o armazenamentodas embalagens, a Horticeres tam-bém desenvolveu um display espe-cial destinado às revendas, em par-ceria com a agência Octano Design.A linha completa de sementesLançamento da Horticeres permite

a produção em áreas menores

Café anti-geada

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que a nova cultivar tem vigorvegetativo alto, é bem nutrida no in-verno, característica que a leva a re-sistir mais ao frio. A produtividade daIPR 103 é igual ou maior (em tornode 65 sacas beneficiadas/ha) que aCatuaí, cuja produtividade nas mes-mas condições é de 60 sacas benefici-adas/ha. Outras características da novavariedade são a maior estabilidade ea maior qualidade da produção.

Outra característica importante naIPR 103 e em outras variedades queTumoru e sua equipe vêm desenvol-vendo é o tempo de maturação, vi-sando escapar dos períodos do anomais prováveis de geada sobre os fru-tos verdes e permitir que o produtorfaça o escalonamento da colheita. Se-gundo Tumoru, os prejuízos com asgeadas podem ser diminuídos em 50%no ano de ocorrência, quando o ca-feicultor tiver o cuidado de plantarvariedades precoces nas regiões maisfrias (amadurecendo até maio) e vari-

Horticeres de tomate, alface,cebola, cenoura, couve flor,abobrinha, entre outras, estádisponível nas embalagens Hor-ta + e poderão ser encontradasnas revendas agrícolas de todopaís.

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edades mais tardias em regiões maisquentes (amadurecendo mais tarde,mas antes de maio, tendo mais tempopara uma boa granação dos frutos emelhor nutrição para dar mais vigor àplanta). “Estamos trabalhando agorana criação de variedades super-preco-ces, que amadureçam até maio para

as regiões frias, e super-tardias, queamadurecem depois de maio para asregiões quentes”, diz.

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O IPR 103, uma variedade mais resistente a geadas, estará à disposição na safra 2005

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Em Santa Catarina, um pesqui-sador espanhol, após quinze anosde estudos, criou uma linha debiofertilizantes à base de molécu-las especializadas que aumenta aprodutividade da safra em até 30%,

BIOTECNOLOGIA

Fertilizante ecológico

adar RuralRR

produtores, graças à economia deaté 50% em agrotóxicos e ao au-mento da produtividade. Numa plan-tação de arroz de 150 hectares, porexemplo, uma economia de 40% emherbicidas já significaria mais de R$10 mil reais.

“Trata-se de um alimento inteli-gente. Ao invés de dar nutriente àsplantas para elas produziremaminoácidos, que são estruturas bá-sicas para a formação de proteínas ehormônios, damos a elas as molécu-las de aminoácidos prontas. Assimelas não vão precisar gastar energiapara produzi-los e nem necessitar deambientes propícios para realizarema fotossíntese. A resposta da plantaé imediata”, explica o pesquisadorJosé Guerra, especialista em Bioquí-mica Molecular e um dos responsá-veis pelo desenvolvimento dobiofertilizante.

Guerra salienta que os produtosdesenvolvidos propiciam uma boanutrição para a planta. “São produ-tos naturais que dão mais energiaque a função fotossintética, fazen-do com que as plantas cresçam maisfortes”, completa. Além de serembioativos, outro grande benefício éque eles entram naturalmente nociclo de vida das plantas. Ou seja,não contaminam o solo, nem a água,nem nada do meio ambiente que oscerca. “Não há perdas. Se o produtoà base de aminoácidos cai no soloele aproveita seus nutrientes, melho-rando o seu perfil. Diferente dequando se utiliza a adubação quí-mica, pois a parte química pode aca-bar poluindo o solo e o lençol

reduzindo a aplicação deagrotóxicos e fazendo a planta ob-ter o melhor de sua expressão ge-nética, sem prejuízo para o DNA.Os fertilizantes vêm obtendo resul-tados bastante lucrativos para os

Os biofertilizantes da empresa catarinense, a base de moléculas especializadas, aumentama produtividade da safra em até 30%, reduzindo a aplicação de agrotóxicos

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Linha Direta

(48) 258-0133

freático”, continua o pesquisador. Osfertilizantes são produzidos pela LBEBiotecnologia Brasil, empresa quefabrica os produtos à base deaminoácidos, são aprovados peloECOCERT, uma empresa francesa decertificação de orgânicos e atesta-dos pela Embrapa (Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária), o INTA(Instituto Nacional de TecnologiaAgropecuária da Argentina) e aCornell Cooperative Extension(Cornell University - EUA). Segundoos empreendedores da LBE, a BASF,uma das maiores indústrias quími-cas do mundo, testou e aprovou osprodutos.

As aplicações na agricultura têmsido atestadas por produtores de vá-rias regiões do País. Em SantaCatarina, por exemplo, 50% da áreaplantada no Estado possui aplicaçõesdo produto PT1-O, da LBEBiotecnologia, um potencializador àbase de moléculas especializadas, oudo AVE-O, um translocador de altavelocidade, essencialmente orgânico,que diminui em até 50% a utiliza-ção de agrotóxicos. Em Içara, no Suldo Estado, rizicultores que utiliza-ram os dois produtos juntos tiveramexcelentes resultados. Os ganhos mé-dios em produtividade têm chegadoà casa das 20 sacas a mais por hecta-

re, um aumento de 22%. “O PT1-Oproporciona um aumento no volumedas raízes da planta do arroz, que pas-sa a aproveitar melhor os nutrientesdo solo. O AVE-O, por sua vez, pro-move uma absorção rápida deherbicidas, distribuindo-os mais ra-pidamente no interior da planta e di-minuindo consideravelmente a utili-zação de agrotóxicos”, explica o en-genheiro agrônomo da região, MárcioRonchi. Em Içara, a economia deherbicida foi de 40%, representando20% do custo final de uma lavoura.

Os ganhos em produtividade com os produtos da LBE na lavouras de arroz noSul de Santa Catarina têm chegado à casa das 20 sacas a mais por hectare

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adar RuralRRadar RuralRRInvestimento industrial

EMPREENDEDORES RURAIS

José Andriguetto junto à maquete da nova fábrica da Nuvital, que pode produzir 4 mil toneladas de premixes ao mês

1616161616Guia Empreendedor Rural

A precisão da pesagem, a totalimpossibilidade de contaminaçãoexterna e a rastreabilidade dos pro-dutos são os maiores diferenciais danova fábrica de misturas (premixes)para rações da Nuvital, inaugurada emagosto, em Colombo, região metro-politana de Curitiba. Com um inves-timento de R$ 5,5 milhões numa li-nha de produção vertical com a altu-ra de um prédio de sete andares etotalmente informatizada, a nova fá-brica tem uma área construída de 2,5mil m2. “Com isso atendemos a ummercado que exige cada vez mais se-gurança e confiabilidade dos forne-cedores”, explica José Milton Andri-guetto, fundador da empresa juntocom o colega Alaor Gemael há 28

anos, quando ambos eram professo-res de nutrição animal da Universi-dade Federal do Paraná (UFPR). Anova unidade quadruplica a produ-ção da Nuvital, com equipamentoscapazes de produzir 4 mil toneladasde premixes ao mês.

As misturas de minerais, vitami-nas e outros nutrientes são forneci-dos a fabricantes de rações para suí-nos, aves, bovinos, ovinos e eqüinos.A empresa produz também as raçõesprontas Nuvileitão, para leitões emfase de desmame, e Nuvilab, para ani-mais de laboratório. “Desde o inícioinvestimos em nichos de mercado,sempre procurando oferecer um dife-rencial para nossos clientes. Por issoinvestimos para garantir a rastreabi-

lidade do produto, exigência dosmercados externos, fixando o lema daempresa na segurança em nutriçãoanimal”, explica José Luciano Andri-guetto, doutor em medicina veteri-nária e professor de cursos de gradu-ação e pós-graduação da UFPR, con-sultor da empresa e filho de José Mil-ton, um dos fundadores.

Num primeiro momento a ampli-ação da produção visa atender aocrescente mercado da Região Sul,concentrado especialmente nas cha-madas “integrações”. São as associa-ções de produtores administradas porgrandes frigoríficos, que fornecem osanimais jovens e a ração deixando acriação a cargo do produtor. “É umatendência do mercado e são os con-sumidores mais exigentes, já que boaparte da produção é voltada para aexportação. Mas atendemos tambéma fábricas de rações, cooperativas aaté produtores independentes, prin-cipalmente de suínos”, afirma JoséLuciano.

Numa segunda etapa a empresaquer ampliar as vendas no Sudeste,Centro-Oeste e países do Mercosul,onde já possui clientes no Paraguai.A nova fábrica, situada no km oitoda BR-116, Distrito Industrial deColombo, se destaca também pelo

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financiamento de R$ 3,2 milhões querecebeu do Bndespar, emitindo de-bêntures conversíveis em ações, asquais poderão ser ofertadas ao mer-cado dentro das regras do chamadoNovo Mercado. Apenas cerca de 10%das empresas que o solicitam sãoatendidas, porque se exige um pro-jeto muito bem embasado de expan-são da produção e transparência ad-ministrativa.

De acordo com José Luciano An-driguetto, o mercado exportador éextremamente preocupado com a con-taminação por drogas proibidas nospaíses compradores. “Por esse moti-vo, nosso sistema elimina esse risco”.Segundo ele, a rastreabilidade é pos-sível graças à automação do processodesde a pesagem das matérias-primasaté a embalagem, passando pelos mis-turadores, na nova linha de produção.“A segurança é dada também pela cui-dadosa análise laboratorial da maté-ria-prima e das misturas prontas, paragarantir a adequação de suas caracte-rísticas físico-químicas às exigênciasdos clientes. Tratamos premixes nãosó como commodities, mas dentro dodiferencial de qualidade em nutriçãoanimal”, diz Andriguetto.

Segundo o empreendedor, as mu-danças de rumo que a empresa preci-sou fazer desde que foi criada estãorelacionadas às instabilidades domercado, principalmente devido aofato de que boa parte da matéria-pri-ma é importada. Neste período, aempresa teve variações em sua linhaprincipal. No início foram as premis-turas, depois as rações assumiram umpapel maior – inclusive com rações

Alaor Gemael, empreendedor da Nuvital, e o centro de pesquisada empresa (abaixo), que deve garantir a rastreabilidade desde a

pesagem das matérias-primas até a embalagem dos produtos

Linha Direta

www.nuvital.com.br

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para cães vendidas no varejo – antesda abertura do mercado às grandesmarcas internacionais. Nos últimosdez anos a empresa retomou seu focoprincipal, tendo como carro chefe osnúcleos para rações de suínos e adi-tivos para rações.

Para Andriguetto, a aviculturavem mostrando um crescimento con-tinuado nos últimos anos, impulsio-nado principalmente pelas exporta-ções. Ele considera que, à medida queas barreiras sanitárias e protecionis-tas dos grandes países consumidoresvão sendo superadas, a aviculturabrasileira ganha cada vez mais espa-ço no mercado internacional. “A re-tomada do crescimento, com contro-le da inflação, também tende a favo-recer um aumento do consumo in-terno de carne de frango, que é a maisbarata. Já a suinocultura vem atra-vessando um período prolongado decrise que parece estar chegando aofim. Embora as perspectivas de curtoprazo não pareçam tão boas, no mé-dio prazo a suinocultura deverá ex-perimentar um desenvolvimento sig-nificativo”, acredita.

Neste período de crise, argumentaAndriguetto, os suinocultores melhora-ram a adequação da oferta à demandaexistente e profissionalizaram a produ-ção, pois só sobreviveu quem tinha es-cala e tratava a suinocultura como suaatividade principal. “Em 2004 espera-mos consolidar o investimento realiza-do, e prosseguir no processo de reloca-ção da empresa para a nova sede, com ainstalação da segunda linha automati-zada de premixes”, conclui o empreen-dedor da segunda geração da Nuvital.

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adar RuralRR

Facilitar o acesso à tecnologiadesenvolvida nas universidadesnem sempre custa caro e pode sermais fácil do que se pensa. Pes-quisadores do Inst ituto deGeociências e do Inst itutoPolitécnico da Universidade Esta-dual do Rio de Janeiro (UERJ) cri-aram um pluviômetro digital debaixo custo, capaz de ser usado emqualquer tipo de plantação. O plu-viômetro é um aparelho que medea quantidade de chuva precipita-da no local. Esta informação é im-portante para o agricultor, poispermite um melhor planejamentodas técnicas de cultivo e ajuda aprevenir o aparecimento de doen-ças que surgem pelo excesso deágua acumulada no ambiente.

O estudo que deu origem aopluviômetro foi realizado pelos

professores Ricardo Miranda,agrometeorologista, André Monat,engenheiro de computação, eFernando Reiszel, engenheiro ele-trônico. O equipamento surgiu apartir do projeto de pesquisa rea-lizado nos cafezais adensados deDuas Barras, a cerca de 20 km deNova Friburgo, na região serranado Rio de Janeiro. Os pesquisado-res da UERJ sentiram a necessida-de de criar um instrumento de co-leta de dados mais barato que osaparelhos importados e que aomesmo tempo oferecesse maior pre-cisão que os equipamentos mecâ-nicos. Assim surgiu o primeiro plu-viômetro digital brasileiro e 16deles foram utilizados na pesqui-sa.

Cafezais adensados são caracte-rizados pela maior concentração de

Pluviômetro nacionalTECNOLOGIA

Pesquisadores da UERJ criaram o primeiro pluviômetro digital brasileiro

pés por hectare – na re-gião de Duas Barras, oadensamento fica em tor-no de 3 mil a 10 mil péspor hectare. Quanto maisadensado, maior o risco de ocafezal reter uma grande quan-tidade de água, dificultando aevaporação e favorecendo ocontágio por fungos. O estudoda UERJ concluiu que a reten-ção de água naquela lavourachega a cerca de 20%, um ín-dice muito alto para o tipo deplanta cultivada. Os dadoscoletados auxiliarão os agricul-tores da região a escolher oadensamento ideal para o cul-tivo, melhorando a eficiênciada produção em função do re-gime de chuvas. Agora, os pes-quisadores da UERJ estão embusca de verbas para a segun-da fase do trabalho, quandopretendem criar um Sistema deAlerta Fitossanitário, isto é,um mecanismo para controlede doenças antes que elas afe-tem a plantação.

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(21) 2569-8803

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rtigoAA

No cenário da economia brasileira, o agronegó-cio pode ser considerado um dos macrossetores maisdinâmicos. Esse dinamismo pode ser inferido atravésda taxa de crescimento de seus diversos segmentos,pelo grau de competitividadeexterna e também pelo con-teúdo tecnológico e de pes-quisa nele envolvido.

A produtividade tambémassinala crescimento. No perí-odo de 1990 a 2002, a produ-tividade cresceu 75%. As en-tregas de fertilizantes ao pro-dutor saltaram de 12,5 mi-lhões de toneladas, em 1999,para 18 milhões de toneladasem 2002, mostrando um cres-cimento de 44%. As vendasde tratores de quatro rodas, nomesmo período, passaram de18,8 mil unidades para 42,5mil unidades.

As exportações do setornos últimos anos passaram deUS$ 14,8 bilhões para US$ 20,3bilhões, impulsionadas tantopelo crescimento da quantida-de produzida quanto pela re-cuperação dos preços interna-cionais das commodities, além, é óbvio, da desvalo-rização da taxa de câmbio real.

Esta representatividade do agronegócio tam-bém pode ser entendida como resultado dos avanços

tecnológicos observados em anos recentes, quandoo Brasil logrou alcançar índices de produtividadeiguais ou superiores aos maiores produtores mundi-ais. No caso da soja, o Brasil já supera a produtivi-

dade média dos Estados Unidose da Argentina e detém capaci-dade gerencial e tecnologia.

No Paraná, os dez setoresmais intensivos em mão-de-obra, além da agropecuária, es-tão diretamente ligados ao pro-cessamento de produtos primá-rios, compondo o agronegócio,como os segmentos da indús-tria do café, abate de animais,óleos vegetais, laticínios, be-neficiamento de produtos ve-getais, madeira e mobiliário,fabricação de açúcar, calçadose alimentos.

No caso de produtos flores-tais, o complexo madeira tempapel importante e nele o Pa-raná ocupa posição de desta-que. Além da produção de ser-rados e compensados, o Esta-do produz o MDF (medium den-sity fiberboard), um painel ela-borado com madeira desfibra-

da de pinus ou eucalipto e usado em grande esca-la na indústria de móveis, que absorve 80% daoferta nacional. O Estado também produz o OSB(oriented strand board), placa de madeira mais

O agronegócio

O Paraná subiude posição

passando para osegundo lugar

nas exportaçõesdo agronegócio

brasileiroparticipando

com 17%(US$ 6,07bilhões)

Por Gilda Bozza*

paranaense

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resistente do que o aglomerado, usada na cons-trução civil e em embalagens industriais. Uma in-dústria paranaense foi a primeira a produzir o OSBno mercado nacional.

No complexo cana-de-açúcar, álcool e bagaço decana, a Copagro (Nova Londrina) produz um aditivopara o mercado externo que é empregado para lim-par a neve das ruas. A melhor utilização do bagaçode cana é uma das alternativas para coogeração deenergia elétrica (instalação de novas caldeiras e tu-bos geradores, equipamentos básicos para a geraçãode excedentes de energia elétrica).

Não somente pelo lado social e da geração deemprego, o agronegócio sustenta a atividade eco-nômica, as exportações e, principalmente, as econo-mias regionais.

Acrescente-se ainda a importância do setor agro-pecuário, no caso do Estado do Paraná, através daparticipação significativa do Valor Bruto da Produ-ção Agropecuária Paranaense no Valor Bruto da Pro-dução Agropecuária Brasileira, que gira em torno de16%. Vale ressaltar que o setor do agronegócio para-

naense no acumulado janeiro/outubro de 2003, res-ponde com 67% das exportações do Estado, no mon-tante de US$ 4,08 bilhões, uma evolução de 12%em relação ao ano de 2002.

O Paraná subiu de posição e passou para o segun-do lugar nas exportações do agronegócio brasileiro,participando com 17% (US$ 6,07 bilhões), resulta-do principalmente das exportações paranaenses docomplexo soja (US$ 2,25 bilhões).

O complexo soja (grão, farelo e óleo) alavanca asexportações do agronegócio paranaense, sendo con-siderado um dos principais responsáveis pelo desem-penho positivo no acumulado em 2003 (janeiro/ou-tubro/03), atingindo US$ 2,25 bilhões, tendo comofatores responsáveis o aumento da demanda mundi-al e a recuperação dos preços internacionais. O pre-ço médio de exportação da soja em grão no períodomencionado foi de US$ 209,40/t contra US$ 185,40/t em igual período de 2002.

Os produtos florestais exportaram o montantede US$ 737 milhões. As exportações de madeira,segundo complexo na ordem de importância, atin-giram US$ 609 milhões. As exportações paranaen-ses do complexo carnes deverão alcançar este anoUS$ 532 milhões, configurando um excelente de-sempenho.

As receitas obtidas com as exportações de açúcaratingiram US$ 150 milhões, com um volume expor-tado de 948 milhões de toneladas. A produção pe-cuária também aumentou significativamente: 132%para os suínos, 65% para os bovinos e 305% para asaves, no mesmo período. Com um valor bruto da pro-dução de R$ 6,7 bilhões, a pecuária paranaense em-prega 325 mil pessoas, 37% de todos os empregosda agropecuária.

* Economista formada pela Faculdade de Admi-nistração e Economia (FAE) de Curitiba, compós-graduação em Elaboração e Avaliação deProjetos da Organização dos Estados America-nos (OEA). Atualmente coordena o Setor de Pes-quisa e Acompanhamento Conjuntural da Fede-ração da Agricultura do Paraná (FAEP).

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Ministro da Agricultura reconhece os entravesdo agronegócio brasileiro, mas deixa claroque o governo federal pode ser no máximoum parceiro dos produtores rurais

“Acabou oestado-papai”

ntrevistaEE

Por Lúcio lambranho

Carlos Santos /ACS/GMo

Por Lúcio Lambranho

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O ministro da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento, Roberto Rodri-gues, sabe onde estão os problemasdo agronegócio brasileiro. Empresáriorural em São Paulo e no Maranhão eex-presidente da Associação Brasileirade Agribusiness (Abag), Rodriguestambém tem a visão de que o produ-tor rural precisa do conhecimento degestão para sobreviver numa atividadecada vez mais globalizada. Mesmo sa-bendo dos pontos fracos do setor pri-mário brasileiro (logística, tributaçãoe criação de marcas), Rodrigues fazquestão de deixar claro que o papelprotecionista desempenhado durantedécadas pelo Estado brasileiro nãoexiste mais. Dentro dessa perspectiva,o Ministério tem focado seus esforçosna continuidade da aplicação de ver-bas na área de tecnologia e numa bri-ga firme no cenário internacional, tan-to contra os subsídios praticados porpaíses ricos quanto na promoção emgrandes mercados como a China.

Um das metas do ministério para2003 é justamente chegar até o finaldo ano com o rebanho da área livre defebre aftosa com vacinação – cerca de140 milhões de animais, ou 80% dorebanho brasileiro – todo rastreado,através do Sibov. A partir de 2005 aUnião Européia não importará mais car-nes de países que não tenham um sis-tema de rastreamento completo de seurebanho.

Por esse motivo, o governo estáconcluindo as instalações do maismoderno laboratório de biosseguran-ça de sanidade animal da América doSul, no município de Pedro Leopoldo(MG). Investimento de R$ 20 milhões,a instalação do laboratório faz partedas ações previstas no Programa Naci-onal de Erradicação da Febre Aftosa.

tura, US$ 1,6 milhão de frango innatura, R$ 500 mil de bovino innatura e US$ 1,5 milhão de outrascarnes, principalmente miúdos. "Ocrescimento do mercado de carnesé impressionante. Esse setor anda so-zinho e o governo tem pouco a aju-dar a não ser no investimento emtecnologia e na certificação da sa-nidade", acredita.

Nessa entrevista, concedia duran-te o Seminário Internacional de Trigo,em Florianópolis, Roberto Rodriguesreafirmou a estimativa do governo deque a safra desse grão alcance um vo-lume de 5 milhões de toneladas em2003, superando a produção do anopassado, de 2,9 milhões. O consumointerno anual é de 10 milhões de to-neladas e o ministro diz sonhar sem-pre com a auto-suficiência do produ-to, "mas sem querer determinar um pra-zo". A expectativa do ministério é deque o aumento da safra de trigo sejaobtido por meio de um crescimentode 17% da área plantada (de 2,051milhões de hectares na safra passa-da para 2,415 milhões este ano) ecom um aumento de 49,5% na pro-dutividade.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Alogística tem um custo alto no Bra-sil. Hoje é mais barato levar umacarga de trigo do Canadá para oNordeste do que levar esse mesmoproduto de Paranaguá (PR) ou deRio Grande (RS) para essa mesmaregião?

Roberto Rodrigues – A verdade éque o caso do trigo tem tantas va-riáveis que interferem na competi-tividade do produto brasileiro quedecidi discutir esses problemas coma criação de um Câmara Setorial de

Em contrapartida, Rodrigues anunciouapós sua missão na China que esse paísdeve autorizar a ampliação das impor-tações de carnes brasileiras, principal-mente de cortes de bovino. Segundoele, os governos brasileiro e chinêstambém negociam a criação de umgrupo de trabalho conjunto para de-senvolver projetos estratégicos de lon-

go prazo para o comércio bilateral noagronegócio.

Segundo o ministro, há enormesperspectivas de vendas para as car-nes de gado e de frango. Nos últi-mos 12 meses, as exportações bra-sileiras de carnes para a China so-maram US$ 6 milhões, representan-do 9 mil toneladas. Do total, US$2,4 milhões foram de suíno in na-

“A Logística e aquestão tributária

são pontos queprecisam ser

decididos entre o governo e

o setor,principalmente no

caso de sesubsidiar o custo

do transporte feitoem grandes zonas

de consumo “

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Culturas de Inverno ecriar soluções comoum todo. O que consi-dero essencial nesseassunto é exatamenteo entendimento den-tro da cadeia. O trigo,e também o algodão,são as piores cadeiasprodutivas em termosde articulação. Issopor questões históri-cas. Governos ao lon-go dos últimos 50anos arbitraram mar-gens, valores e cotassem considerar o mer-cado como um objeti-vo final desse proces-so. Cada um negocia-va de uma forma. Cada elo negocia-va sua margem, desde o armazém, enão havia um sentido de cadeia pro-dutiva. Isso felizmente está acaban-do com os tempos modernos e te-mos agora uma articulação de mer-cado. A Logística e a questão tri-butária são pontos que precisam serdecididos juntos entre o governo eo setor, principalmente no caso desubsidiar o custo do transporte fei-to pelo governo em grandes zonasde consumo, como é o caso do Cea-rá. Isso deve ser definido entre asduas partes. Nós não vamos, porisso, fazer nada sozinhos e não te-remos um papel de intervenção, masde caráter regulatório. O que esta-mos esperando para agir é saber oque a cadeia produtiva quer e comoessa solução deve ser feita. E issoserve para outras cadeias produtivas.Precisa ser feito de acordo com o quea cadeia decidir, mas existem áreascomo a de pesquisa, das quais o go-verno não pode se ausentar e deixarde continuar investindo para se man-ter o ganho de produtividade.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL –Como está essa pesquisa em relaçãoà qualidade do trigo, que sempre foium problema no Brasil?

Rodrigues – Essa é uma discussão meiofalaciosa, a de que o trigo brasileiroera de má qualidade. Pouco disso erarealmente verdade. Havia uma diferençade qualidade, mas não justificava aexclusão do trigo brasileiro como jáaconteceu no passado. Hoje não exis-te mais esse problema e temos inclu-sive variedades adaptadas para váriasregiões do País. Pode ser feito um blendentre duro e mole, o que resolve nos-sos problemas de qualidade e da in-dústria. Mas ainda é preciso investirmuito mais. Hoje, com esse crescimen-to do trigo irrigado na região do Cer-rado e da Bahia, há um novo cenário.Existem alguns milhões de hectarespara serem cultivados nessa direção.Na Chapada Diamantina estamos tiran-do 6 mil quilos por hectare. Eu sonhocom a autosufiência que depende daquestão geopolítica e estamos em bus-ca de parcerias na França e Espanha.Mas não é fácil, porque há uma con-

corrência entre nós e es-ses países. O que for feitona armazenagem para asoja depois servirá para otrigo. Sobre a questão dafarinha de trigo da Argen-tina, vamos tentar ao má-ximo o entendimento paraque não haja nenhuma re-taliação. Há um procedi-mento pouco adequadonesse processo, mas va-mos resolver da melhorforma possível.

GUIA EMPREENDEDORRURAL – E a safra de tri-go, que ainda representametade da demanda na-cional, pode crescer na

direção da nossa auto-suficiência?

Rodrigues – O que aconteceu com otrigo no passado foi uma comédia deerros que estamos eliminando. Vamosmanter nossas relações comerciais comos países produtores no Mercosul, maso Brasil vai em busca na auto-sufici-ência. Não quero estabelecer nenhu-ma meta nesse sentido, porque den-tro dos fatores que vão regular essecrescimento há o custo Brasil, queestá sendo corrigidos pelas reformasdo governo Lula. O governo está pre-ocupado em garantir investimentosem pesquisas para viabilizar essa hi-pótese, que depende de fatores exter-nos à cadeia produtiva. Em vários des-ses pontos, como a logística, o go-verno não tem como avançar e por issoprecisa da contribuição do setor pri-vado. Com relação à Lei Kandir, é hojeum direito assegurado do agronegó-cio brasileiro e não há como voltaratrás.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Ofrete subiu 25% no agronegócio.Como o senhor vê essa questão?

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“A pecuária decorte talveztenha sido aatividade quemais cresceucom o PlanoReal; estou

impressionadocom a

qualidade dogado brasileiro”

Rodrigues – O frete disparou e esse ésó um pedaço do gargalo. O proble-ma está também na armazenagem,nos portos e nas filas e mais filas decaminhões. O que nós estamos fazen-do de maneira paliativa é alfandegaralguns armazéns na zona de produ-ção, ou mais perto da produção doque da zona de exportação. Temos umem Ponta Grossa (PR) e outro em Ron-donópolis (MT) onde estamos tentan-do implantar isso. Fazendo esse pro-cedimento exportamos dentro do Paíse acaba dando um alívio, pois o tem-po do embarque fica maior. Mas te-mos que investir muito mais em ar-mazenagem. Por isso, um dos progra-mas centrais do nosso Plano Safra des-se ano foi alocar recursos para a ar-mazenagem em fazenda. Nós temoshoje menos de 5% da armazenagemnas fazendas, contra quase 50% dosEstados Unidos e 30% da Argentina.Estamos atrasados nesse processo. Nes-sa atividade, o nosso investimento éde R$ 400 milhões, que estão come-çando a sair de agora até julho de2004. Nesse ano, estamos com dife-rentes rubricas flexíveis. Por exemplo,se o setor do leite não gastar a verbatoda, podemos relocar para a armaze-nagem através de um simples acordoentre o Ministério da Fazenda e o daAgricultura. Não será mais preciso aanuência do Conselho Monetário Na-cional, o que tornou muito mais fácilesse processo.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Atéonde governo vai na briga contra ossubsídios agrícolas, principalmentecom relação à Alca?

Rodrigues – O governo está firme edeterminado a brigar pela abertura co-mercial agrícola. O conceito é claro.Os países ricos podem pagar para nãoproduzir e nós precisamos produzir para

pagar. Parece um jogo de palavras, masé uma coisa óbvia. Esse é um conven-cimento do governo brasileiro e nósnão vamos arredar pé dessa posição.Estou surpreso com o que aconteceuem Trinidad e Tobago. Depois de Can-cún, fiquei olhando essa coisa de Alca,União Européia e Mercosul dentro dedois caminhos possíveis. O primeirodeles é que se frustrou a OMC, o queamarra a Alca e a parceria entre a UniãoEuropéia e o Mercosul. Isso porque umasérie de pré-condições para a Alca na

área agrícola tinham sido colocadaspelos Estados Unidos na OMC. Outrocaminho me parecia mais óbvio. Aamarração da OMC frustra as relaçõesde comércio no mundo e todos os pa-íses precisam disso para crescer. A frus-tração de Cancún corresponderia, por-tanto, a uma abertura maior na Alca ena relação entre a União Européia e oMercosul. Por isso fiquei surpreso com

o que aconteceu em Trinidad e Toba-go. Eu tinha uma expectativa muitomais alegre e não achava lógico queparceiros do Brasil no Mercosul rea-gissem dessa forma. O que será queaconteceu? Será que o ferimento emCancún foi tão profundo? Ou então alógica é da ameaça formal e invasiva,o que não funciona mais no comérciomundial. De certa forma foi uma pres-são que nós teremos que contornar.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Queoutros mercados o Brasil poderia ex-plorar internacionalmente?

Rodrigues – O crescimento do mer-cado de carnes é impressionante. Hojeo padrão tecnológico brasileiro é muitobom, o que para mim é uma surpresa.Fiquei surpreso andando pelo Brasil in-teiro e comparo o que vi com o queconheço da Austrália, Nova Zelândiae dos Estados Unidos, por exemplo.Estou impressionado com a qualidadedo gado brasileiro. A pecuária de cor-te talvez tenha sido a atividade quemais cresceu com o Plano Real. An-tes, quem tinha 500 cabeças tinha umbom padrão de vida. Hoje o avançoem tecnologia e principalmente na ges-tão em pecuária mostra que é precisoproduzir muito mais. Um bom exem-plo são os produtores de Botucatu,que usam o confinamento de preci-são, onde a ração do gado muda a cadasemana. Com doze meses o bezerroAngus e de outras raças já pesa dezes-seis arrobas. Engordam cerca de 1,7gramas por dia. Temos hoje 220 mi-lhões de hectares de pastagens para180 milhões de cabeças, o que dámenos de uma cabeça por hectare. Umestudo recente feito pela indústria defertilizantes mostra que, nos próximos15 anos, 30 milhões de hectares depastagem vão dar lugar para a agri-cultura. Vai aumentar em mais de 30%o desfrute, que é a relação entre a

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produção e desempenho. Também es-tamos resolvendo nesse setor os pro-blemas com o Chile, com relação aosfrigoríficos. Às vezes uma medida comoessa é tabula rasa, mas quem estavacerto acaba se prejudicando nesse pro-cesso. O governo pode ajudar pouco,esse setor anda sozinho. Precisamos darapoio na tecnologia e na qualidadesanitária. Estamos também desenvol-vendo a área de couros no Mato Gros-so do Sul, que é espetacular. Esse no-vilho precoce que falei tem um couroque dá o dobro da flexibilidade do boivelho e vale quatro vezes mais. O boiinteiro é aproveitado na indústria docouro.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL –Como o senhor avalia o ânimo doprodutor rural este ano?

Rodrigues – O produtor rural está con-fiante. O setor de fertilizantes, porexemplo, está dizendo que o consumovai ficar 9% maior do que no ano pas-sado. Mais consumo de fertilizante commenos produção de café e de laranjasignifica mais área plantada, e por issoteremos expansão. Só entre Uberaba eUberlândia, no Triângulo Mineiro, osprodutores estão esperando 600 milhectares a mais de soja. Chegar a maisdois ou três milhões de hectares esseano não será difícil. O segundo pontoé que o setor de máquinas tambémvendeu bem. Pelo nosso programa Mo-derfrota não há mais como comprar má-quinas agrícolas até o dia 31 de de-zembro. Está tudo encomendado.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Ecomo o senhor analisa a gestão doprodutor rural ?

Rodrigues – A revolução agrícola noBrasil tem duas vertentes. A primeira éa tecnológica, que é visível com má-quinas, sementes e etc. Quem foi desdeas primeiras edições do Agrishow como

eu pôde ver uma competência industri-al fantástica nos últimos dez anos. Otrator daquele tempo era uma porcariaem comparação com os de hoje, quetêm computador e GPS. A segunda ver-tente é a gestão. Eu tenho um filho quetoca os negócios da família e é um agrô-nomo brilhante. Ele resolveu há sete anosque não dava mais para ser gerente semfazer um mestrado e aprender econo-mia. E acabou se relacionando com osprofessores, o que deu a ele uma ótimaperformance. Hoje o produtor modernotem gestão comercial. Antes, se ele com-

prasse mal o adubo ficava tudo bem,no mês seguinte era de novo bom ne-gócio. Hoje se você comprar mal ouvender mal, o negócio está liquidado.Pode fazer tudo certinho, mas se fez malo comércio está quebrado. Isso tam-bém serve para gestão tributária, ambi-ental e financeira. Antes era o overni-ght que valia.

GUIA EMPREENDEDOR RURAL –Como anda a criação de agregaçãode valor e a criação de marcas noagronegócio?

Rodrigues – Essa é a terceira vertente,mas que ainda está patinando um pou-co. Temos o caso do café, que é um

dos principais exemplos. O Brasil é omaior produtor mundial de café e temmenos de 1% do mercado de café tor-rado e moído. A Alemanha tem 82%do mercado e não planta um pé de café.Falta investir muito nessa área. Mas nãoé um mero investimento na indústriade agregação de valor, deve ser muitomaior. Nós temos que investir nas ca-deias produtivas com marcas como ocafé do Cerrado, mas temos que ter umareferência nacional. O agricultor tal-vez não tenha que investir diretamen-te na marca, mas sim sua cooperativa

ou sua organização local. Acabou oestado “interventor-papai”, o gover-no pode ser no máximo parceiro. Atéeu tenho essa cultura, pois ficamos 500anos nesse processo. De qualquer for-ma aumentamos os recursos de crédi-to rural, em 27% com relação ao anopassado, mas a demanda cresceu 70%.Não adianta, não vai ter cofre para tudoisso. Nós precisamos é criar os meca-nismos que possam financiar o desen-volvimento do agronegócio.

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www.agricultura.gov.br

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Criar uma imagem internacional é vital para oagronegócio brasileiro, mas antes é preciso resolverentraves internos como a melhoria do sistematributário, a logística deficiente e a falta de informação

Criar uma imagem internacional é vital para oagronegócio brasileiro, mas antes é preciso resolverentraves internos como a melhoria do sistematributário, a logística deficiente e a falta de informação

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Luta pelaLuta pelaMarca BrasilMarca Brasil

Por Lúcio Lambranho

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o pequeno produtor rural in-serido na agricultura familiaraos grandes empreendimentos

do campo, os principais problemas es-tão, na maioria das vezes, da “porteirapara fora”. Por esse motivo, há pelomenos dez anos o agronegócio brasi-leiro despertou e luta para aumentar ovalor agregado de seus produtos, criarmarcas próprias e brigar no mercadoexterno com competência na gestão.Mas não faltam problemas no meiodesse caminho. A logística no Brasilainda é cara, o que prejudica a expor-tação de produtos embalados. O siste-ma tributário pune a agregação de va-lor, pois quanto maior a cadeia produ-tiva, maior o imposto agregado.

Os resultados que esses gargalosgeram são claros. No País, apenas 150empresas respondem por quase 80% dototal exportado no agronegócio. Coma expectativa de que o saldo da balan-ça do setor agropecuário aumente 20%este ano – algo em torno de US$ 24,05bilhões, segundo previsões do Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento – encontrar soluções paraesses problemas é vital para transfor-mar produtores e agricultores em em-preendedores rurais. Investimentos paratornar mais visíveis as competências ea qualidade dos produtos do setor pri-mário são necessários para um país queé o primeiro produtor e exportadormundial de açúcar, laranja e café; se-gundo no ranking mundial de produ-ção de carne bovina e de frango; e ter-ceiro produtor de milho e frutas.

A falta de conhecimento dos pro-dutores rurais também é outro fator quelimita o agronegócio brasileiro. ParaRicardo de Souza Sette, professor deMarketing e Promoção de Vendas daUniversidade Federal de Lavras (Ufla),as duas principais ações desse proces-so de melhoria de gestão no agrone-gócio brasileiro devem ser a formação

de recursos humanos e a divulgaçãoda informação dentro das cadeias pro-dutivas. “A riqueza de um povo nãoestá sob os seus pés, mas sim entresuas orelhas”, diz Sette, citando umantigo ditado. “Essa frase mostra por-que que se diz há trinta anos que oBrasil será o celeiro do mundo e estedia nunca chega. Não adianta um paísser riquíssimo em recursos naturais senão tiver pessoas preparadas e capaci-tadas para transformar estes recursosem benefícios ou em algo que tenhavalor para os consumidores”. Na suavisão, agregar valor depende de co-nhecer o comportamento do consu-midor, a estrutura de distribuição deprodutos e serviços, tecnologias e pro-cessos produtivos. “Tudo passa peloconhecimento. Enquanto o Brasil nãose conscientizar dessa importância,continuaremos sendo apenas o futuroceleiro do mundo”, avalia o professor.

DESMISTIFICAR

Mas antes de pensar na criação deuma “Marca Brasil” para unir todo osetor em uma promoção conjunta nomercado externo, Sette defende que amelhor forma de mostrar nossa capa-cidade e competitividade é melhoran-do os produtos “Made in Brazil”. Adivulgação do país como um todo, dizo pesquisador, ficaria para um segun-do momento, quando nossos produ-tos tiverem construído uma melhorimagem junto ao público externo. Masele também adverte: cada empresadeve ter primeiro sua marca própria edepois todas podem ter a “Marca Bra-sil”. “O julgamento de um produto euma marca tem que ser feito por con-sumidores e não por grupos de pes-soas com interesses antagônicos, quenão são beneficiários do verdadeirovalor que o produto ou serviço ofere-ce”, explica.

Sette também defende que a pri-

Dmeira ação para aumentar a base deempresas exportadoras deve ser des-mistificar os componentes da cadeiado agronegócio sobre a exportação.Ele sugere cursos, seminários, encon-tros, debates, entrevistas e todos osmeios possíveis de gerar informaçõespara mostrar que o mercado externoestá ao alcance de qualquer empresa.“Os brasileiros, incluindo os empre-sários, têm uma auto-estima muitobaixa, percebem a exportação comoalgo muito além da sua capacidadee se sentem impotentes para expor-tar”. De acordo com o pesquisador,também é preciso promover viagensao exterior e levar os empresárioscom potencial de exportar para vi-sitar feiras, exposições e eventosrealizados nas diversas partes domundo. “É necessário investir nasuniversidades, incentivando e pro-movendo eventos relacionados à ex-portação”, acrescenta.

Ao que tudo indica, a gestão mo-derna no campo ainda é uma mudan-ça recente no setor primário nacio-nal. Luiz Antônio Pinazza, diretor doInstituto de Estudos da AssociaçãoBrasileira de Agribusiness (Abag), dizque deve se levar em conta um fatorimportante para entender os proble-mas “da porteira para fora”: o concei-to de cadeias produtivas ainda é mui-to recente no Brasil. “Antes da Abag,que está completando dez anos, só seinterpretava a agricultura do lado dedentro da porteira. Hoje, vemos queo setor agrícola teve um profundoganho de conhecimento no lado ge-rencial e tecnológico”. O agronegó-cio no Brasil tem a perspectiva dechegar a uma produção de 160 mi-lhões de toneladas de grãos em 2010.Para que isso aconteça, diz Pinazza,todo o sistema precisa crescer, come-çando pela armazenagem e distribui-ção e chegando na continuidade dos

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quenos produtores têm encontradosaídas alternativas de organização. Oengenheiro químico Marcos Luiz LealMaia, mestre em Ciência e Tecnologiade Alimentos e chefe adjunto da Em-brapa Agroindústria de Alimentos, dizque a criação de marcas e a agregaçãode valor não estão restritas a grandescadeias ou a grandes empresas. Segun-do Maia, existem marcas e produtosde valor agregado provenientes de pe-quenos e médios empreendimentosque, através de um esforço conjunto,conseguem escala de produção, mãode obra adequada e capital. “Isso podeser observado no estímulo à criação demarcas ligadas a produtos tradicionais,o que é reconhecidamente um nichode mercado para os pequenos empre-endimentos”, observa.

Para o engenheiro químico, criar a“Marca Brasil” não é um sonho. Se-gundo ele, carnaval, caipirinha, cacha-ça e futebol são produtos já reconhe-

cidos com esta marca. Café e borrachajá foram vistos dessa forma, mas como passar do tempo foram perdendo essaassociação. “O Brasil pode buscar aconstrução de uma marca associandoseu nome também a conceitos de qua-lidade e segurança de alimentos ou deum grande mercado produtor social-mente justo. Eu diria que hoje o Brasilconta com uma simpatia e uma recep-tividade internacional crescente; de-vemos aproveitar isso”.

Maia baseia sua convicção em nos-sas próprias dificuldades internas. Eleacredita que existem alternativas paradriblar os problemas de logística. Porisso, argumenta que os nossos empre-endedores devem aumentar o valoragregado, a qualidade e a segurançados produtos, procurando buscar mer-cados além das fronteiras nacionais.“Pelo lado da carga tributária – que,diga-se de passagem, não impediu apujança do crescimento do agronegó-

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Os supermercados e hipermercados têm um papel importante na distri-buição dos produtos. Se avaliarmos o desempenho das oito cestas nossupermercados, o índice de compra é maior na cesta de alimentos(80%), seguido por higiene pessoal (76%), limpeza doméstica (75%),frios e queijos (71%), bebidas não-alcoólicas (65%), carnes e aves(56%), hortifruti (40%) e pães (28%).

Os açougues, padarias, sacolões e feiras têm uma boa freqüência quan-do os consumidores vão à procura de carnes e aves, pães e hortifruti. Acada 100 compras feitas na cesta de carnes, 29 são feitas em açouguese aviculturas. No caso da cesta de hortifruti, 48% das compras aconte-cem em sacolões e feiras. Já com os pães, 53% das compras acontecemem padarias.

Os fatores de decisão são diferentes para a compra principal e para ascompras de reposição. Nas compras de reposição, que são a maioria, osfatores que mais pesam na hora da escolha do local de compra são: proximi-dade de casa, degustação e filas rápidas. Quando são feitas as compras

PARA CHEGAR MAIS PERTO DO CONSUMIDOR BRASILEIRO

principais, os consumidores avaliam outras questões, como variedade demarcas, preços e qualidade dos produtos. Nesse estudo também foi consta-tado que as compras de reposição ganham importância nas cestas de carnese aves, frios e queijos,, bebidas não-alcoólicas, pães e hortifruti.

A distribuição dos gastos durante a semana está fortemente concentra-da nas sextas e nos sábados, que representam 41% dos gastos totais. Odia da semana que apresenta maior fidelidade pelos consumidores é osábado. Somente nesse dia, 50% dos domicílios concentram mais de20% de seus gastos totais.

A oferta de produtos com marcas próprias tem sido outra estratégiaadotada pelos varejistas para fidelizar o consumidor. Em todos os casosanalisados, percebe-se que as pessoas gostam de experimentar os pro-dutos com as marcas dos próprios locais de venda. Porém, o clienteainda não os compra com freqüência. Se analisarmos por classe social,percebe-se que, quanto maior o poder aquisitivo da população, maior éa experimentação e o consumo regular das marcas próprias.

Pesquisa “Consumidor Brasileiro – Comportamento de Compra”, estudo de abrangência nacional realizado em julho de 2003 com questionários em 6,3 mil lares. A sondagem cobriu municípios com mais de10 mil habitantes, em uma base de amostras que representa 81% da população e 86% do potencial de consumo do País.

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investimentos em tecnologia e gestão.“O que as pessoas precisam ver é que oagronegócio tem reagido de forma sur-preendente ano a ano”, ressalta.

Para o diretor da Abag, as cadeiasé que vão conseguir marcas, e não oBrasil como um todo. Segundo ele, nãose pode colocar uma mesma marca nocafé e no couro, ou mesmo nos calça-dos produzidos com essa matéria pri-ma. “Marca é um elemento vital quedesperta a percepção do consumidor.O Brasil tem dois elementos chavespara a agricultura: o sol e água. Sãoelementos que podem ser associadosàs campanhas, que devem ser feitas deacordo com a cultura local de cadamercado potencial”, sugere.

PEQUENOS E MÉDIOS

Sem capital para chegar diretamen-te ao con-sumidor fi-

nal, os pe-

Fonte: LatinPanel.

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cio brasileiro – torcemos para que ve-nha ser diminuída. Mas não vamos es-quecer que temos um mercado internocom muito espaço para ser ocupado”.Ele também acredita que o futuro apon-ta para a possibilidade sermos cada vezmais reconhecidos como um país com-petitivo no agronegócio. Várias ações,ainda em desenvolvimento, devemcolaborar para isso: a consolidação dediversas cadeias produtivas através dasistemática incorporação de tecnolo-gia; a criação de condições para a in-clusão dos segmentos produtivos empatamares tecnológicos e comerciaisconsistentes; a crescente atenção paraos aspectos ambientais relacionadoscom a produção primária e a agroin-dustrialização; e a maior profissiona-lização na ocupação de espaços estra-tégicos de negociação.

Para criar uma imagem tanto nomercado interno como nas exporta-ções, a agropecuária brasileira aindaprecisa superar problemas de qualida-de. Para Mariza Barbosa, doutora emEconomia Rural pela Universidade Fe-deral de Viçosa e diretor-executiva daEmbrapa, a implementação da rastrea-bilidade é uma excelente oportunida-de para a criação de marcas no agro-negócio. “Essa prática permite a orga-nização dos produtores e estabeleceuma linha de comunicação entre o se-tor produtivo e o consumidor final”.Nesse canal de troca de informações,segundo ela, a qualidade do produtoé assegurada e diferenciada, promoven-do a integração dos diferentes atorespara facilitar o desenvolvimento regi-onal. “A criação de marcas com rastre-abilidade é possível para grupos de pro-dutores e cooperativas. Portanto, nãoé preciso necessariamente pertencer agrandes empresas”, acrescenta.

A pesquisadora da Embrapa enten-de que a “Marca Brasil” deve ser umgrande guarda-chuva para abrigar as

diversas marcas que atendam o princí-pio da rastreabilidade. A idéia básica éagregar esforços para a promoção des-sa marca nacional e dividir responsa-bilidades quanto à qualidade dos pro-dutos de cada uma das marcas indivi-duais. “O Brasil sabe produzir muitobem, mas quando chega a hora de ven-der as dificuldades aparecem com maisvigor”, avalia. Ela argumenta que oproduto nacional precisa ter as carac-terísticas que o consumidor final quer,atender suas exigências de qualidadee estar facilmente disponível. “Paravender é necessário vencer a guerra pelapreferência do consumidor. É necessá-rio conhecer os mercados, ter informa-ções atualizadas sobre os concorren-tes e definir estratégias de atuação”,diz Mariza. Os custos envolvidos parater sucesso nas vendas, segundo a pes-quisadora, são altos. Por isso, os pe-quenos e médios produtores, ao se or-ganizar, podem dividir esses custos ealcançar uma grande eficiência.

MARCAS REGIONAIS

Marcus Pratini de Moraes Filho, di-retor-geral da Rural Trading, tambémaposta primeiro na busca da qualida-de para depois pensar na agregação devalor e nas marcas próprias. Segundo

Pratini, esse é o problema fundamen-tal e, no caso de alguns produtos, aquestão é a busca pela sanidade. “Au-mentando esses padrões o Brasil iráinexoravelmente conquistar mais mer-cados e aumentará o valor agregadode seus produtos. A agregação de va-lor e a criação de marcas não são ca-racterísticas únicas dos grandes pro-dutores ou empresas. Pequenas e mé-dias unidades produtivas e até artesa-nais podem construir grandes marcas”,acredita. Para o empresário, o marke-ting tem um papel fundamental na co-municação dos valores-chave (quali-dade e sanidade), enquanto a logísti-ca é vital para a otimização dos resul-tados e a distribuição ponderada efe-tiva. “Não existe uma regra que asso-cie tamanho a sucesso, o que existe éum plano traçado e feito com os obje-tivos corretos”.

Pratini acha que a idéia da “MarcaBrasil” dificilmente pode ser aplicadacom eficácia. A tendência na Europa,segundo ele, é o surgimento de mar-cas regionais que foram e são extre-mamente bem-vistas regionalmente ouatingem amplitude internacional na-turalmente, como os vinhos, queijos,águas e presuntos. “Não devemos des-prezar nossas regionalidades, pois elas

Pesquisas sobre conservação de alimentos, como as que são feitas na EmbrapaAgroindústria, podem ajudar na criação de novas marcas brasileiras

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são riquíssimas. O café do sul de Minasou das montanhas do Espírito Santo,o abacaxi de Miracema do Tocantins, olimão do Piauí, as frutas do Vale doSão Francisco, a cachaça de Salinas, ovitelo pantaneiro e a lagosta do Cea-rá”, enumera. Para ele, à medida queforem adquirindo reconhecimento noBrasil, essas marcas regionais passarãoa ter potencial para serem internacio-nais. “Não se consegue construir umamarca internacional sem antes conquis-tar o mercado nacional. É fácil obser-var; veja o caso da Coca-Cola e o caso

das Havaianas”.Para Pratini, não há uma regra ge-

ral que condene o pequeno produtor areceber menos pelo seu produto. Se-gundo ele, se eles estiverem organiza-dos em cooperativas bem administra-das, o problema está praticamente re-solvido. “Em função da diversificaçãoe da qualidade de sua produção, mui-tos deles conseguem ter seus próprios

canais de distribuição. Os produtoresde cogumelos, fumo, frutas, lácteos,pequenos animais e hortaliças, porexemplo, chegam a conseguir rendi-mento por hectare maior que os gran-des produtores de commodities”, re-vela.

Outra questão levantada por Prati-ni é o fato de o Brasil estar distante detodos os grandes mercados internaci-onais, o que torna permanente a bus-ca pela redução dos custos de transfe-rência. Pode-se concluir, segundo ele,que o transporte de produtos embala-

dos de baixo valor agregado se tornaineficaz, pois acaba se transportandomuito espaço vazio. “A logística temmelhorado muito, mas ainda há muitoa fazer”, avalia o empresário. Outrogargalo citado por Pratini é o sistematributário. “Caberá esperar para ver oresultado do que está sendo discutidono Senado Federal, para saber se a Re-forma Tributária será benéfica ou não

para o setor exportador. O que não po-demos é exportar impostos”, conclui.

Para José Luiz Ricca, diretor supe-rintendente do Sebrae-SP (Serviço deApoio às Micro e Pequenas Empresasde São Paulo), no segmento formadopor pequenas propriedades e empresasrurais ainda há dois degraus que pre-cisam ser alcançados antes de se pen-sar em vendas ou em novas marcas: aampliação da visão do negócio e o for-talecimento dos produtos. “É precisoque os pequenos proprietários enten-dam como o mercado funciona e tra-balhem de forma associada para obtervantagens na negociação, tanto nomercado interno, como no externo”,recomenda. Segundo Ricca, é isso queo Sebrae-SP vem fazendo desde 1998,quando foi implantado o Sistema Agro-industrial Integrado (SAI). O projeto,que hoje atinge 604 dos 645 municí-pios paulistas, pretende transformar oprodutor em empresário rural, ajudan-do a vencer também do desafio “daporteira para fora” por meio de asses-soria gerencial, tecnológica, adminis-trativa e mercadológica.

“A experiência tem mostrado que,no setor de alimentos, as pessoas têmprocurado mais uma marca regional,por isso o Sebrae apóia mais esta prá-tica”, diz Ricca, salientando que oBrasil é um país com uma extensãoterritorial considerável e que as peque-nas propriedades, por suas particulari-dades, têm um papel fundamental noabastecimento do mercado interno.Para o diretor do Sebrae-SP, é precisoque os produtores e empresários secapacitem para atender as necessida-des e os desejos destes clientes inter-nos, pois assim estarão mais prepara-dos para conquistar novos nichos nomercado internacional. Com a experi-ência de seis anos em contato diretocom as necessidades e dificuldades dopequeno produtor rural, Ricca aponta

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Luiz Ricca, do Sebrae-SP, aposta no Sistema Agroindustrial Integrado (SAI) paratransformar os pequenos produtores em empresários do meio rural

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seus principais problemas: conhecer omercado e seus canais de comerciali-zação; negociar com bases mais con-sistentes; e administrar a propriedadecom um gerenciamento de custos maiseficiente. “A incorporação de tecnolo-gia é outra necessidade a ser atendida.Por isso, dentro do programa SAI, alémda capacitação gerencial e administra-tiva, enfatizamos atividades de mer-cado, como a promoção de caravanasde produtores em feiras especializadas,as rodadas de negócios e a aproxima-ção do produtor com o consumidor fi-nal”, explica.

Segundo Ricca, o que mais impres-siona é que mesmo com os subsídiosdados pelos países desenvolvidos a seus

produtores, nossa agricultura continuasendo competitiva e, por conta disso,os países desenvolvidos impõem bar-reiras tributárias e fito-sanitárias ab-surdas aos produtos agrícolas brasilei-ros. “Isso mostra o grau de competiti-vidade e excelência alcançado pelosprodutores nacionais”. Ele defende, por-tanto, a manutenção da postura firmedo governo brasileiro junto a organis-mos internacionais, juntamente como estímulo às pequenas propriedadesrurais. “Sem prejuízo de nossas expor-tações in natura, precisamos cada vezmais agregar valor no agronegócio. Issoaumenta a lucratividade, gera traba-lho, riqueza e postos de trabalho”,acredita o diretor do Sebrae-SP.

O professor da Universidade Fede-ral Rural de Pernambuco (UFRPE), Jor-ge Tavares, lembra que, em 1910, apro-ximadamente 40% do preço pago peloconsumidor ia para o agricultor. Em2000 esse valor não chegava a 10%em alguns produtos. “A questão cen-tral é se queremos efetivamente mu-dar nossas percepções e trabalhar paracontribuir com a melhoria da qualida-de de vida ou se ampliaremos nossadependência, seja da produção ou docapital financeiro”, afirma Tavares, queé doutorando em Agroecologia pelaUniversidade de Córdoba, Espanha.

Para Tavares, pensar em uma mar-ca é pensar no futuro, onde estaferramenta de negócio está vincu-

Outro fator de superação das dificuldades do agrone-gócio brasileiro é o sistema de organização das coopera-tivas. Mas, mesmo com esse avanço, as pequenas e médi-as cooperativas têm dificuldades para administrar seusnegócios por falta de informações comerciais rápidas eprecisas. A partir dessa necessidade surgiu o ServiC.net(www.servic.net), um instrumento auxiliar na estrutu-ração de um mercado especializado e fundamentado nosistema cooperativista mundial. Segundo Nalcir SaloméSilva, diretor comercial da empresa, o site atua na inte-gração das cooperativas com o mercado internacional,intermediando a obtenção de crédito (tanto para cus-teio da produção quanto para investimento em infra-estrutura) junto a organismos financiadores em escalamundial, na forma de financiamento direto ou parceriaentre a instituição financeira e acooperativa. O serviço on-linetambém atua na intermediação dacompra e venda de produtos aca-bados, servindo como elo de co-municação entre vendedores ecompradores nas transações na-cionais e especialmente nas in-ternacionais. Entre outros servi-ços oferecidos estão as consulto-

Cooperativas globaisrias, que em breve serão também on-line, e a traduçãode propostas comerciais.

Para o diretor comercial da ServiC.net, o agronegóciobrasileiro já tem uma grande marca que é a made in Bra-zil. “Essa constatação se faz pelo fato de que muitas dasempresas internacionais que se dirigem a nós solicitam acompra de produtos mencionando ‘açúcar, frango e carnede suínos do Brasil’. Não recebemos pedidos de exporta-ção de produtos dessa ou daquela empresa e sim do país”,explica. Para o diretor comercial do site, a criação da “MarcaBrasil” no mercado externo ou interno parece uma tarefamuito difícil, pois os interesses daqueles quem já estãoposicionados são obstáculos para sua concretização. Noentanto, diz Silva, no sistema cooperativista as coopera-tivas podem perfeitamente trabalhar com uma só marca.

“Esse fato traria, sem dúvidas, reduçõesnos custos de marketing e consolidariao marketing direto, pois a maioria dovarejo teria essa marca em suas pratelei-ras”, argumenta. Além disso, ele acredi-ta que os custos dos insumos tambémseriam barateados, pois uma só marcarepresentaria uma quantidade muito gra-de de insumos que seriam fabricados comum único rótulo.

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lada a uma imagem. Ele faz umasérie de perguntas que os empre-endedores rurais deveriam fazer asi mesmos antes de pensar em cons-truir uma marca: Que imagem que-remos ter? A de um país moderno,mas injusto? De produtor de trans-gênicos? De ampliação da concen-tração da propriedade da terra? Umaagricultura altamente dependentede insumos externos? De continu-

ar o processo de dependência docapital industrial financeiro? De re-dutores da remuneração do agricul-tor? O professor da UFPRE comple-ta sua teoria afirmando que a cha-ve para a questão é trabalhar a di-versidade do país, o que se traduzem um amplo esforço de articula-ção e de respeito às diferenças.“Significa trabalhar na busca de al-cançar resultados para todos. Nes-

Cada vez mais próximo do mundo dos negócios, osetor primário vem demandando maiores investimentosem tecnologia, principalmente para aumentar a produti-vidade e certificar a qualidade dos produtos desde a ori-gem. Para atender essa demanda, a Orbe Investimentos(www.orbeinvestimentos.com.br) iniciou este ano a cap-tação de recursos do Agrotech Venture Fund, o primeirofundo de venture capital do Brasil focado em tecnologiaaplicada em agronegócios. “A produtividade brasileirapor hectare plantado cresce constantemente há mais de10 anos e as práticas de plantio são as mais modernas domundo. Este crescimento, porém não vai ocorrer somen-te aumentando a produção absoluta, mas sim, melho-rando a capacidade relativa das culturas existentes”,explica Fernando Camargo Luiz, diretor de investimentoda Orbe. Para ele, não existem segredos quando se desejamelhorar o que já é bom. A receita é reduzir perdas,melhorar estruturas de logística e distribuição, aumen-tar a capacidade instalada plantada e produzida sem in-terferir na qualidade do solo ou no ecossistema que estáao redor. “Estamos entrando em um patamar de produti-vidade em que pequenas melhorias podem resultar emganhos financeiros e de produtividade extremamente re-levantes. É a hora certa para investirem tecnologia aplicada, visando au-mentar o valor agregado dos produ-tos que são exportados e mesmo con-sumidos internamente”, acredita.

Segundo Camargo Luiz, os em-preendedores que apresentarem proje-tos para captação de recursos no Agro-

Capital para pesquisatech devem ter uma combinação muito equilibrada de co-nhecimento técnico do setor e uma visão de negócios quepossa elevar a empresa a outro patamar. “O Brasil ainda émuito novo no quesito capital de risco e por isso as pessoasacabam tendo interpretações equivocadas sobre sua funçãona empresa. Assim, é muito importante conhecer profunda-mente os próprios limites e os limites tecnológicos do quese pretende criar”, aconselha. De acordo com o diretor daOrbe, o foco deve estar em dois pontos: conhecimento técni-co apurado e bom senso. “Empresários que possuem essasduas características tendem a ser imbatíveis. No campo, ondea parte técnica é ainda mais importante, essa mistura – quandoencontrada – tende a ser explosiva”, define.

O fundo está em processo de captação de recursosjunto a investidores privados e institucionais e receberátambém um aporte da Finep, a agência de fomento doMinistério de Ciência e Tecnologia. A seleção dos proje-tos será feita em parceria com importantes centros depesquisa, como Embrapa, Esalq, USP, Unicamp e UFSC. Acarteira terá de 10 a 15 empresas e os primeiros investi-mentos serão feitos em 2004. O fundo terá um patrimô-nio de até R$ 20 milhões e duração de dez anos, sendoos primeiros quatro de investimento. O desinvestimento

deve ocorrer a partir do sétimo ano. OAgrotech ainda não foi submetido àComissão de Valores Mobiliários (CVM)e sua estrutura, bem como seu estatu-to, ainda está em processo de análise.Fundos como esse existem em paísescomo Holanda, Canadá, México, EUA eAustrália.

se sentido, por que não é possívela criação uma ‘Marca Brasil’ more-na, cabocla, mestiça, que reflitanossa diversidade e um possívelcompromisso com a vida?”, ques-tiona. Ao que tudo indica, os em-preendedores rurais têm ainda mui-tas perguntas para responder antesde investir na criação de marcas in-ternacionais e na gestão do negó-cio dentro e fora da porteira.

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Uma prova de que o agronegóciobrasileiro está preocupado com suaimagem e tenta se aproximar cada vezmais do consumidor final é a organi-zação de algumas cadeias produtivas.Um dos exemplos desse esforço vem daAssociação Brasileira das IndústriasMoageiras de Milho (Abimilho),entidade que reúne vinte e duas em-presas de processamento do grão. Nes-te ano a entidade promoveu em todo oPaís a campanha “Milho é Melhor”, como objetivo de aumentar o consumo hu-mano de milho. A avicultura e a sui-nocultura são hoje os maiores consu-midores do produto, enquanto o con-sumo humano responde por apenas 9%do total. Com a campanha, a Abimilhopretende aumentar esse índice para20%, saltando dos 4,2 milhões de to-neladas atuais para cerca de 5 milhõesde toneladas.

“O espaço para crescimento é enor-me, considerando a média de consumoper capita no Brasil, da ordem de 18quilos/habitante/ano, muito aquém,por exemplo, dos 63 quilos anuais con-sumidos pelos mexicanos”, diz NelsonKowalski, presidente da Abimilho. NosEstados Unidos, só o consumo de flo-cos de milho, contidos nos chamadoscereais matinais, é de 5,8 quilos percapta, bem acima da média brasileira,que não chega a 100 gramas por habi-tante. Segundo a Abimilho, o incenti-vo ao consumo humano de milho é umadas mais eficientes iniciativas para cor-rigir o problema da desnutrição, queatinge grande parcela da populaçãobrasileira. O milho é um cereal de ele-vado valor energético, justamente aprincipal deficiência nutricional da po-pulação de baixa renda. Cada cem gra-

mas do milho em grão contém cercade 360 kcal, o que representa quase20% da necessidade calórica de umadulto, em torno de 2.100 kcal diári-as.

Os principais produtos processadospela indústria do milho são canjicas,farinhas, flocos, farinhas pré-cozidas,óleo refinado, amido, xaropes de glu-cose e dextrose, além de derivados parauso industrial utilizados pelas indús-trias de bebidas, papel e celulose, têx-til e medicamentos. As indústrias queintegram a Abimilho movimentam cerca

de R$ 3,3 bilhões por ano, processam4,2 milhões de toneladas anuais e res-pondem por 3.350 empregos diretos e30 mil empregos indiretos. A campa-nha de mídia foi baseada na veicula-ção de anúncios em publicações diri-gidas, atividades educativas com alu-nos da rede pública e cursos para pro-fessores e nutricionistas.

Kowalski prefere manter o foco nomercado interno e acredita que serádifícil um aumento no número de mar-cas e produtos para o mercado externodevido à obrigatoriedade do registro e

Organização em cadeia

Fonte: Abimilho

EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE BRASILEIRA DE MILHO

PRODUÇÃO ÁREA COLHIDA PRODUTIVIDADE(milhões de toneladas) (milhões de hectares) (quilos por hectare)

1998 30,18 12,39 2,431999 32,39 12,51 2,582000 31,64 12,82 2,462001 42,28 10,83 3,902002 35,73 12,35 2,892003 36,45 11,91 3,06

GANHOS DE COMPETITIVIDADE

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as exigências específicas de cada paíscomprador, sem contar com o obstá-culo adicional representado pelas bar-reiras não-tarifárias em muitos dessespaíses. E na briga por mais espaço paraos produtos à base de milho no País, opresidente da Abimilho também mos-tra estar atento aos concorrentes. Elecita o caso de empresas como a Nutri-mental, que revolucionou o mercadode barras de cereais ao lançar a marcaNutry.

“Também houve a saída de empre-sas globais de mercados estritamentenacionais como, por exemplo, a RMB(Refinações de Milho Brasil) e a BungeAlimentos, que venderam suas opera-ções comerciais para empresas regio-nais brasileiras”, lembra Kowalski. Eleconta que existem outras marcas naci-onais, como as de amidos de mandio-ca, que competem com os amidos demilho em igualdade de condições.“Quando falamos do mercado exporta-dor, obrigatoriamente temos de levarem conta os aspectos sócio-econômi-cos e culturais dos países que consu-mirão os nossos produtos. Esta ainda éuma tarefa difícil para o executivo bra-sileiro”, acredita.

Para o presidente da Abimilho, a

diversidade de marcas é hoje um fatona sociedade brasileira. “Isso refleteque a união em torno de diferentes pro-dutos, selos e marcas está cada vez maisem evidência. A própria campanha Mi-lho é Melhor, que promove o aumentodo consumo brasileiro de derivados demilho, constituiu uma marca”, afirma.Ele também explica que, para os pe-quenos produtores, a dificuldade mai-or na hora de vender é a atuação restri-ta em mercados locais e regionais li-mitando a expansão comercial. “Outroproblema é a falta de união dos ele-mentos da cadeia produtiva para con-quistar novos mercados de exportação,a exemplo da nossa fruticultura, quepoderia ter uma participação maior nomercado internacional”, exemplifica.

Mas Nelson Kowalski considera ocenário amplamente favorável ao de-senvolvimento do agronegócio brasi-leiro, principalmente porque estamosnos capacitando mais rápido e maisintensamente que o restante dos nos-sos competidores internacionais. Poroutro lado, segundo ele, a agriculturadas nações desenvolvidas está atraves-sando uma grande mudança gerencial,passando das mãos dos produtores tra-dicionais para empresários com atua-

ção política sobre os governos locais.“Conseqüentemente, teremos como ad-versários nos negócios grupos altamen-te profissionalizados, com forte atua-ção política nos países para onde pre-tendemos exportar e o nosso grandedesafio será neutralizá-los”, aponta.

CAFÉS ESPECIAIS

Mesmo sendo o maior produtor eexportador mundial de grão de café, oBrasil ainda deixa que outros países –como a Alemanha, por exemplo, quenão tem um pé de café plantado – ga-nhem lucrem muito mais com o bene-ficiamento e a seleção do produto. Paratentar reverter esse quadro, a Associa-ção Brasileira de Cafés Especiais (BSCA- Brazil Specialty Coffee Association)promove, através de pesquisas e da di-fusão de técnicas de controle de qua-lidade e promoção de produtos, os pa-drões de excelência na qualidade doscafés brasileiros oferecidos ao mercadointernacional. Fundada em 1991, a as-sociação tem participado dos princi-pais eventos internacionais relaciona-dos ao mercado de cafés especiais, tam-bém designados como gourmet. Desde1993, a entidade também é responsá-vel pela organização de encontros naEuropa com torradores gourmet.

Mais ainda existe um longo cami-nho a percorrer na tentativa de venderuma imagem melhor do café brasilei-ro. Segundo dados da BSCA, cerca de200 mil fazendas produtoras ainda es-tão longe da especialização e da pro-dução de um café que ganhe respeitoentre as entidades que ditam as nor-mas ou os ganhos financeiros interna-cionais. Das 48 milhões de sacas co-lhidas pelo Brasil na última safra, ape-nas 1% teve padrão de excelência. Atu-almente, os estados que mais têm sur-preendido na produção do café arábicasão Espírito Santo, Bahia, São Paulo eMinas Gerais.

Nelson Kowalski, presidente da Abimilho, que faz campanha paraaumentar em 20% o consumo humano do milho no país

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A principal peça de marketing daassociação é a gestão do Programa Ca-fés do Brasil, do Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)e da Agência de Promoção de Exporta-ções (Apex). Dentro do projeto a BSCAorganiza esse ano um júri internacio-nal para vai avaliar 171 amostras pré-analisadas no 5º Concurso de Qualida-de Cafés do Brasil – Cup of Excellence.Os lotes vencedores vão a leilão na in-ternet no dia 9 de dezembro. Os qua-tro leilões anteriores foram um suces-so, resultando em preços recorde. Naedição anterior do concurso o lote ven-cedor foi arrematado por US$ 1,699 asaca.

O presidente Associação Brasileirade Cafés Especiais, Marcelo Vieira, ex-plica que essas ações têm conseguidoum retorno no mercado de cafés espe-ciais desenvolvendo parcerias com pe-quenos e médios torradores regionais.A BSCA fornece a matéria-prima com aqualidade e consistência que os pro-dutores necessitam e também conteú-do para seu marketing, com a identifi-cação da origem e dos métodos de pro-dução, o que lhes garante a rastreabi-lidade do produto e mais valor agrega-do ao nosso café. “Vemos também umbom campo para o desenvolvimento deparcerias com distribuidores de alimen-tos e redes de varejo para o produtoindustrializado, mas esta fase está ape-nas começando e ainda precisamos ven-cer algumas barreiras, tanto comerci-ais como de formação de marca”, ex-plica.

Segundo Vieira, um atributo im-portante para agregação de valor nomercado de café é a diversidade deoferta para permitir a segmentação domercado. “Nesse ponto temos uma boavantagem competitiva, devido à di-versidade regional de nossa produção.Precisamos ir a um nível mais alto efixar nossas regiões produtoras e a

grande diversidade de tipos dentrodelas”, acredita. Para o presidente daBSCA, o principal problema dos peque-nos e médios produtores rurais é a fal-ta de formação para possibilitar um re-lacionamento direto com o compradorfinal. Segundo ele, essa é a melhor ma-neira de agregar valor ao produto, en-curtando a cadeia de comercialização.“Precisamos investir muito no treina-mento e na capacitação do nosso pes-soal para permitir um melhor posicio-namento em longo prazo no mercadointernacional”, afirma.

Para Marcelo Vieira, temos hoje uma

performance excelente na luta contraos subsídios agrícolas, com uma pos-tura mais agressiva na defesa de nossosinteresses e com mais conhecimentode causa. “É o que se pode observar nasrecentes negociações em Cancún, ondeo grande sucesso da postura brasileirafoi o fato de não nos obrigarmos a fa-zer um mau acordo. Temos que evitaruma acomodação, pois hoje somos mui-to competitivos graças a uma taxa decambio favorável. Precisamos constan-temente trabalhar nossos custos e efi-ciência para garantir competitividadeem longo prazo”, finaliza.

Das 48 milhões de sacasde café colhidas pelo Brasilna última safra, apenas 1%teve padrão de excelência

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Assim como em outros setores daeconomia brasileira, na agropecuáriaa distância entre os produtores e asuniversidades ainda é grande. Paraaproximar os pesquisadores da reali-dade rural foi criado o Programa deEstudos dos Negócios do SistemaAgroindustrial (Pensa). O Pensa é umaorganização que integra os Departa-mentos de Economia e Administra-ção da FEA/USP, cujas atividades co-meçaram em 1990. Sua finalidade épromover estudos sobre o agronegó-cio brasileiro e, em sua página na in-ternet (www.fia.com.br/PENSA), épossível ter acesso a uma série de es-tudos de caso que mostram como osetor vem se articulando e se trans-formando em negócio.

Com relação à criação de marcas,o professor Décio Zylbersztajn, coor-denador geral do Pensa, tem uma opi-nião clara que diverge do que é co-mumente divulgado na mídia. Paraele, os exemplos de diferenciação sãoencontrados fora dos commoditiescomo soja e café. O Brasil, segundoZylberstajn, ainda tem poucos exem-plos de produtos com valor adicio-

Casos do agronegócionado, mas alguns deles são de pe-quenas empresas e de cooperativas.Para melhorar o desempenho do agro-negócio com relação a essa questão,o pesquisador aponta algumas saídas,como investir em logística e retiraros tributos de exportação que aca-bam inviabilizando muitas operações.“Sei que é difícil falar de redução tri-butária em um momento de ajusteorçamentário. Mas o problema tribu-tário é um vestígio da Lei Kandir, queteve boa intenção mas um efeito per-verso”, avalia. O coordenador geraldo Pensa diz que o produtor brasilei-ro precisa aprender a vender produ-tos com valor agregado e que o pri-meiro passo para isso seria um maiorenvolvimento com os canais de dis-tribuição. “A tradição brasileira sem-pre foi a de vender commodoties, umaprática que se caracteriza por merca-dos impessoais”, acrescenta.

Marcos Fava Neves, outro pesqui-sador do Pensa, também acredita queo agronegócio precisa de um traba-lho mais intenso junto aos canais dedistribuição. “O que deve valer é acorreta aplicação de inteligência de

marketing na prospecção de novosmercados e inovação em produtos emarcas”, sugere. Ele acredita que asolução passa pela integração inter-nacional do sistema cooperativistabrasileiro, que deveria servir de ca-nal de entrada, complementando li-nhas de produtos. “Qualquer empre-sa pode fazer esse trabalho em qual-quer cadeira produtiva”, avalia. Parao pesquisador, o Brasil precisa deações conjuntas se quiser vender umaimagem de fornecedor mundial de ali-mentos. “Devemos trabalhar para quedaqui a dez anos, quando se falar emproduzir comida no mundo, o primei-ro país que virá a mente das pessoasserá o Brasil, com uma produção con-fiável, moderna, sustentável e distri-buidora de renda”. Neves explica queesse processo já começou com o sur-gimento das marcas internacionais deempresas brasileiras exportadoras defrangos e de suco de frutas, além defranquias nacionais de alimentos queiniciaram sua internacionalização.“Essas são oportunidades muito in-teressantes de captura de valor emserviços, royalties e marca”, afirmaNeves.

CADEIA DA LARANJA

Em outro trabalho feito sob en-comenda, o pesquisador coordena omapeamento da cadeia produtiva dacitricultura a pedido do Fundo de De-fesa da Citricultura (Fundecitrus). Oestudo – segundo realizado por meiodessa parceria – tem o objetivo deatualizar as características de toda acadeia produtiva da laranja. O pri-meiro projeto foi concluído em 2001e resultou na criação da “Laranja Bra-

Décio Zylbersztajn, coordenador geral doPensa, sugere um envolvimento maior dosprodutores com os canais de distribuição

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sil”, uma instituição formada por pro-dutores e empresas que atuam em di-ferentes setores da cadeia produtivacom a missão de promover a citricul-tura brasileira.

A pesquisa vai mapear todos ossetores da cadeia, incluindo insu-mos agrícolas, produtores e seus for-necedores, indústrias de suco, dis-tribuidores, mercado consumidor,transporte e logística, armazéns emaquinário. A intenção é verificarcomo está a representatividade dacitricultura no mercado brasileiro,destacando as transações financei-ras realizadas, o número de empre-gos gerados, as principais regiõesprodutoras e industriais e o desen-volvimento das pesquisas científi-cas e tecnológicas.

De acordo comNeves, o trabalhomostra a importân-cia do segmentopara o país em ter-mos econômicos esociais. “Conhe-cendo exatamentecomo é a cadeia ci-trícola, fica maisfácil para os produ-tores, os empresá-rios e o governo seorganizarem e ini-ciarem o desenvol-vimento de políti-cas públicas e pri-vadas que podemmelhorar aindamais o desempe-nho do setor”, ex-plica. Um mercadoainda pouco explo-

rado pela citricultura brasileira é ointerno. Em 2000, das 355,7 milhõesde caixas produzidas em São Paulo,74% foram processadas pela indús-tria e apenas 25,4% dirigidas ao mer-cado interno.

“A pesquisa pode apontar novoscaminhos para produtores e indústriasse organizarem em um esforço paraestimular o crescimento do consumo”.O projeto também será fundamentalpara orientar o trabalho do Fundeci-trus e de outras organizações que atu-am no combate de pragas e doençasna citricultura. “Os resultados do es-tudo podem apontar as regiões quemais sofrem com problemas de do-enças e também os locais em quedevem ser feitas ações de pesquisamais focadas”, diz Neves.

Pesquisa pretende saber qual é o potencial dacitricultura, principalmente no mercado interno, que ainda é pouco explorado

MARCA PRÓPRIA É...

Talvez um dos aspectos mais discuti-dos hoje nas atividades dos varejistas. Éuma importante ferramenta para o distri-buidor em um setor cada vez mais compe-titivo e, por outro lado, tem diferentespapéis na indústria de alimentos. As mar-cas próprias são desenvolvidas egerenciadas por distribuidores (varejistas,atacadistas e o setor de serviços) que co-locam suas marcas nos produtos e ven-dem aos consumidores finais. Nos paíseseuropeus, as vendas de produtos commarcas próprias alcançaram US$ 250 bi-lhões em 1997 e cerca de US$ 305 bilhõesem 2000, mantendo um crescimento anu-al de 7% em toda Europa desde 1990. Omesmo acontece nos Estados Unidos, ondealgumas cadeias varejistas possuem 30%do seu mix de produtos composto de mar-cas próprias. Em países como a Suíça, porexemplo, a participação das marcas pró-prias no varejo alcança mais de 50% dototal das vendas. Em seguida vêm a In-glaterra, com 37%; o Canadá, a Holanda eos Estados Unidos, com 25%, 23% e 15%,respectivamente. Enquanto isso, nos paí-ses latino-americanos, as marcas própriasrepresentam em média 5% do total dasvendas, o que mostra o imenso potencialpara crescimento.

Fonte: Marcos Fava Neves/ Pensa

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O setor de produtos orgânicos noBrasil cresce a uma taxa média anualentre 30% a 50% e gera um fatura-mento de R$ 300 milhões por ano.Por esses motivos, o País sediou esteano a primeira edição latino-ameri-cana da Conferência Biofach (Desen-volvimento de Mercados Orgânicos).A feira, considerada o evento inter-nacional mais importante da agricul-tura orgânica, aconteceu no final desetembro no Rio de Janeiro, reunin-do 50 expositores, 40 palestrantes eum público estimado entre 800 e milpessoas. As conferências sobre essemercado e o desenvolvimento sus-tentável reuniram especialistas daAmérica do Sul e da Europa. Isso pro-va que os produtores desse setor es-tão cada vez mais organizados forados limites das suas propriedades,com forte presença no mercado decertificação e exportação. No meioda discussão sobre os transgênicosnão faltam exemplos de empresas queconseguiram mercado para seus pro-dutos dentro e fora do país.

Há dez anos abastecendo gran-des indústrias alimentícias da Euro-pa e da Ásia, a paranaense Gama querduplicar as vendas externas em 2003.Empresa nacional voltada para o mer-cado externo, só no ano passado, aGama comercializou 1,7 mil tonela-das de soja orgânica no mercado in-ternacional e agora tem previsão deexportar 3,8 mil toneladas. “Traba-lhamos com foco no cliente, desen-volvemos os grãos da soja com a ri-queza exigida pelo rígido mercadojaponês e só alcançamos a excelên-cia de qualidade nos alimentos man-

Certificação orgânicatendo o foco em nosso Programa deDesenvolvimento Rural Sustentável”,ressalta o diretor de marketing Leo-nardo Nasser Gardemann.

Somando esses números às 3 miltoneladas da exportação de soja con-vencional, a empresa detém maisde 80% das vendas externas do grãopara consumo humano. Essa estraté-gia está conquistando os consumido-res atônitos com a polêmica dos trans-gênicos. Gardemann explica que a altaqualidade da soja convencional nãomodificada geneticamente produzidapela empresa é resultado do Programade Identidade Preservada (PIP), queestabelece normas para o processo decontrole do produto em todas as fa-ses, desde a semeadura até a exposi-ção no ponto-de-venda, com os tes-tes finais de transgênicos realizadosem laboratórios nos Estados Unidosque guardam as amostras por um ano.

A Gama monitora cerca de 400agricultores espalhados nas regiõesSul, Nordeste e Centro-Oeste do País.A empresa também investe na mudan-ça do modelo convencional de agri-cultura no que se refere ao uso deagrotóxicos e de outros insumos quí-micos, contratando produtores aptosa passar pelo processo de “ecologiza-ção” agrícola exigido pela agricultu-ra orgânica. “De um total de 400 agri-cultores, 350 cuidam de plantaçõesorgânicas. O processo de conversão daterra leva três anos e nós certificamostodos eles. Aqueles que entregam osgrãos com a riqueza e o grau de pure-za que exigimos, no caso da soja, re-cebem 30% a mais do valor do grãocotado na Bolsa de Chicago”, explica

o diretor de marketing da Gama.Segundo Gardemann, as empre-

sas brasileiras de todos os portesestão agregando valor, desde micro-empresas até grandes corporaçõesmultinacionais. Porém, no que serefere à divulgação e à comerciali-zação dos produtos, as médias epequenas saem perdendo, na opiniãodo executivo, por não terem capitalpara investimentos. “Por isso, o quenos chega é a informação das gran-des ou das multinacionais. Por ou-tro lado, investimentos para agre-gar valores consideráveis ao produ-to requerem investimentos altos, oque em um país como o nosso émuito difícil para as pequenas emédias”, afirma Gardemann. Ele su-gere que, para agregar valor e criarmarcas, os agricultores devem estaratentos aos desejos dos consumido-res e ir ao encontro de alternativasbaratas.

O diretor de marketing da Gamatambém acha que uma “Marca Bra-

Gardemann, da Gama, empresa quetem foco na certificação e naexportação de produtos orgânicos

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sil” não deve estabelecer nenhumconflito com as marcas no mercadointerno. Segundo ele, ela deve repre-sentar um valor a mais para as mar-cas já existentes e facilitar a pene-tração de marcas desconhecidas noexterior. “A Marca Itália para produ-tos de couro e alimentos é um exem-plo, bem como a Marca França paraprodutos de moda, a Marca Alema-nha para máquinas e assim por dian-te. Não vejo conflito, muito pelocontrário, isso seria um ganho”, ob-serva.

Com relação aos problemas rela-cionados com a logística no Brasil,Gardemann confirma que sua empre-sa, que exporta há mais de 10 anos,nunca teve um embarque portuáriotranqüilo. “Cada embarque é umasurpresa. A falta de uma infra-estru-tura logística trava muito o país nesseaspecto, que acaba se tornando umasérie de operações onerosas demais einviáveis. O sistema tributário é um‘complicômetro’ e tanto, uma vezque, além das altas taxas para produ-tos de valor agregado, temos ainda oefeito cascata”, constata. Para o exe-cutivo, a base exportadora tem queaumentar significativamente tantoem número de produtos, como departicipantes neste mercado. “Esta-

mos muito focados em grandes volu-mes e grandes empresas. Temos quedesconcentrar. Para isso, é imprescin-dível soltar as amarras que dificul-tam o comércio exterior, incluindo oregime de câmbio. O controle do câm-bio praticado hoje é negativo para omercado. Nossa moeda deve ser con-versível”.

PLANTA-RIO

Para chegar mais perto do consu-midor final, além de criar marcas quereafirmam a qualidade do agronegó-cio brasileiro, também é preciso tercanais próprios de distribuição parafugir dos intermediários. É exatamen-te isso que a Associação de Produto-res e Profissionais de Plantas e Floresdo Estado do Rio de Janeiro (Planta-Rio) começa a realizar. Como o apoiodo Grupo de Agroindústria da Fede-ração das Indústrias do Estado do Riode Janeiro (Firjan), foi criado o Mer-cado Atacadista de Flores e Plantas.

O empreendimento, que será ins-talado nas imediações do MercadoSão Sebastião (Penha Circular), apre-senta um novo conceito de comerci-alização de flores e plantas com focono cliente. Além de acompanhar astendências mais modernas, presentesem projetos de shopping centers, o

novo mercado tem mais de 17 milm² de área construída e 6 mil m2 deestacionamento, e contará com ummix completo de flores, plantas einsumos para atender floristas, deco-radores, paisagistas e comerciantes.

Rogério Gomes, presidente daPlanta-Rio, acredita que o maior pro-duto do agronegócio “made in Bra-zil” poderá ser a atitude. Ele diz queo cenário atual valoriza o produtoecologicamente correto e que nãocarregue em seu trajeto do produtorao consumidor atitudes socialmenteirresponsáveis. “O apelo pelo produ-to responsável é o caminho mais rá-pido para a agregação de valores,principalmente para exportação. Asintermináveis discussões sobre trans-genia, independentemente de quemestá certo ou errado, dão uma noçãoda importância da imagem do pro-duto e são um divisor de águas parafuturas negociações, podendo derru-bar ou alavancar cotações”, avalia.

Segundo Gomes, é inegável quegrandes as corporações têm capaci-dade de investir fortemente em al-guns setores do agronegócio, comoa soja por exemplo. Porém, a capaci-dade de organização do pequeno pro-dutor pode fazer a diferença. Ele citao exemplo da floricultura nacional,

Produtores de plantas e flores do Rio de Janeiro resolveram aproximar ocontato com os consumidores criando um shopping atacadista

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que utiliza áreas bem menores do quea fruticultura ou a olericultura e em-prega mais pessoas, gerando mais ren-da por hectare. “A Colômbia, porexemplo, exporta US$ 550 milhões,enquanto o Brasil vende apenas US$13 milhões ao exterior. Temos todosos elementos para oferecer um pro-duto que preserva a Mata Atlântica,uma vez que essa atividade necessitade pequenas propriedades. Tem o ape-lo do tropicalismo, principalmentena Europa onde nosso produto é de-sejado”, avalia. Rogério Gomes apostana idéia de que os produtores ruraisbrasileiros precisam ser ainda maisagressivos quando pensam em criaruma marca. “Não devemos pensar nasnossas marcas somente em nossossupermercados, temos de imaginá-lasem outros supermercados”.

Na visão do presidente da Plan-ta-Rio, a produção rural exige áreascom pouco apelo de varejo e visita-ção, que geralmente são distantes dosgrandes centros. Por isso, argumentaGomes, o produtor precisa ter umlocal que sirva como referência paraque ele possa escoar seu produto deforma organizada e com bom controle

da inadimplência, sem que ele preci-se estar constantemente fora da pro-priedade. “Nós da Planta-Rio criamosuma central de escoamento em ata-cado - Planta-Rio Center, o Shoppingda Floricultura - que organiza a ca-deia de comercialização e proporci-ona esse conforto operacional de queo produtor precisa. O produtor pre-cisa estar focado na qualidade do seuproduto e, para isso, precisa estartranqüilo quanto ao escoamento e orecebimento de seus produtos emdia”, adverte.

CERTIFICAÇÃO

André Luis Malzone, presidente daAssociação de Agricultura OrgânicaCertificadora (AAOCERT) tem uma vi-são mais pessimista sobre a criaçãode marcas no agronegócio nacional.Ele acha que a criação, o desenvolvi-mento e a manutenção de marcasnacionais e mundiais fortes exigemcondições que dificultam a partici-pação da maioria das empresas naci-onais. “Essa questão no Brasil temexclusividade das multinacionais edas cadeias produtivas construídas,reguladas e controladas pelo merca-

do de commodities agrícolas”, afir-ma.

Porém, Malzone cita duas exce-ções no setor agrícola que estão con-seguindo uma inserção internacio-nal tardia: a Cutrale (produtora e ex-portadora de suco de laranja) e a Ara-cruz Celulose (produtora e exporta-dora de celulose). Outros dois pro-jetos nacionais com visão interna-cional, de acordo com ele, são o tra-balho das cooperativas e associaçõesde produtores de café da região doCerrado Mineiro, que criaram a mar-ca “Café do Cerrado”, uma denomi-nação de origem controlada comforte apelo comercial com propagan-da no exterior; e o açúcar orgânicoNative, que hoje exporta a maiorparte de sua produção a partir dointerior paulista. “De qualquer ma-neira, acredito que o agronegóciobrasileiro tem plenas condições decriar marcas e, principalmente, agre-gar valor aos seus produtos. Ninguémtem dúvida que, porteira adentro, emtermos de área, condições ambien-tais e custos de produção, a agri-cultura e a pecuária nacional sãoimbatíveis”, esclarece.

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A produção de orgânicos, como asoja, pode ser um novo nicho paraos produtores brasileiros

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As exportações do agronegóciobrasileiro no período de janeiro asetembro de 2003 registraram umareceita de US$ 22,37 bilhões, indi-cando um aumento de 24% em re-lação ao mesmo período de 2002.Os bons números não pararam desurgir em 2003: o setor exportou3,15 bilhões de dólares em outu-bro, 12% a mais que no mesmo mêsem 2002, um recorde e o melhorresultado já obtido no mês de ou-tubro. O agronegócio tem uma par-ticipação de 42% do total das ex-portações brasileiras. O comple-xo soja continua com o maior sal-do positivo, atingindo US$ 6,31bilhões, ultrapassando os US$ 311milhões de divisas arrecadadas noano de 2002. Mas setores com mai-or valor agregado começam a ven-der mais pelo mundo.

Um desses exemplos vem daBraspelco, a maior exportadora decouro bovino do Brasil, que inau-gurou em outubro sua mais novaunidade produtiva. Situada emItumbiara (GO) a 200 Km de Goiâ-nia, a fábrica deve gerar 2,8 mil em-pregos diretos e cerca de 5,5 milindiretos. Posicionada estrategica-mente no coração da pecuária bra-sileira (próxima dos rebanhos doTriângulo Mineiro e dos Estados deMato Grosso, Mato Grosso do Sul,Tocantins, além do próprio Estadode Goiás), no total a empresa in-vestiu R$ 190 milhões no projeto.Tanto em escala de produção quan-to em tecnologia empregada na fa-bricação de couro, a fábrica tam-bém está em harmonia com o meio

Potencial exportador

ambiente, já que todo resíduo pro-duzido será reciclado e usado naprópria fazenda. A nova fábrica temcapacidade para produzir até doismilhões de peças por ano. A expec-tativa é que a nova unidade tenhaum faturamento anual de US$ 200milhões, aproximadamente 50% dototal da empresa, até 2005. “Inves-timos em tecnologia a fim de real-çar ainda mais as vantagens com-petitivas do mercado brasileirofrente aos concorrentes internaci-onais”, diz Arnaldo José Frizzo Fi-lho, diretor-superintendente daBraspelco.

Com uma participação no mer-cado de couro brasileiro em tornode 9,7% e de 2% no mercado mun-

dial, a empresa atua nos segmen-tos de couros industrializados paramóveis, calçados, acessórios, aero-náutica e automóveis. Entre seusprincipais clientes estão Embraer,General Motors, Volkswagen, Audi,Fiat e indústrias moveleiras da Itá-lia, China e EUA. Para criar todo esselegado, Frizzo, um empreendedornato, deixou os negócios familia-res e partiu em busca de experiên-cia. Trabalhou por 14 anos no Cur-tume Cantusio, em Campinas (SP).Lá, desenvolveu inúmeros estudosanalíticos do mercado de couro bra-sileiro e mundial. Em 1986 asso-ciou-se a alguns empresários dosetor e criou a Brasil, Peles e Cou-ros (Braspelco), uma proposta ino-

Nova fábrica da Braspelco em Itumbiara (GO) deve aumentar as vantagensdos manufaturados em couro no mercado internacional

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vadora na produção do couro naci-onal. A primeira fábrica surgiu emUberlândia, Minas Gerais, regiãoonde se concentram os fornecedo-res de uma delicada matéria-prima:o couro cru. Em 15 anos, a empresaconstruiu outras 19 filiais (fábri-cas e pontos comerciais) e se tor-nou um caso de sucesso.

“O problema mais terrível nosúltimos cinco anos tem sido o rou-bo de cargas, somado com a máqualidade das estradas. A dependên-cia que nós temos nas rodovias fezcom que dobrasse o custo do trans-porte interno. Isso significa mais2% no preço de venda dos nossosprodutos”, diz Frizzo. Segundo oempreendedor, considerando o fa-turamento da Braspelco, são cercade oito milhões de dólares de cus-to adicional por ano. “A cada qua-tro ou cinco anos, sem esse custopoderíamos construir novas fábri-cas como a que acabamos de inau-gurar”, lamenta.

O Brasil, diz Frizzo, começou adespertar para o agronegócio háapenas cinco anos. “Ser do agrone-

gócio, diz, até alguns anos atrás eraser visto como caipira”. Dos anos80 até hoje, segundo o empreende-dor, o País estava mergulhando ematividades para as quais não tinhanenhuma vocação natural como paraa agropecuária. “No couro somoso maior competidor do mundo e sónão transformamos esse poder emvantagem devido à Lei Kandir”, re-clama.

Segundo Frizzo, na prática, essalei prejudica qualquer beneficia-mento e processo de agregação devalor no agronegócio, pois gera acú-mulo de crédito tributário. Ao re-gulamentar a lei Kandir, afirma odiretor-presidente da Braspelco, asreceitas estaduais e a federal tor-naram a restituição desses créditosuma via-crúcis. “Ela desonera o pro-duto primário, pois isenta o impos-to na origem, o que é justo; mas oproduto manufaturado do agrone-gócio sofre com a falta de restitui-ção o que é uma regra, pois os es-tados são deficitários na sua arre-cadação e não pagam o que devem”,dispara.

De acordo com o empreendedor,devido aos problemas relacionadoscom a Lei Kandir, o setor coureirotem um potencial reprimido de ex-portação de mais em 4 bilhões dedólares em curto prazo, capaz de ge-rar mais 400 mil empregos. “Em1985 nós manufaturávamos 90% detodo o couro brasileiro e hoje es-tamos em 40%. Ou seja, 60% é ex-portado em grau primário. Estamoslevando nosso couro para manufa-turar na China, o que não é nadacerto”, diz. O pagamento dessasrestituições tributárias, segundoFrizzo, também poderiam ajudar naagregação de valor a produtos comocafé e soja.

VINHOS FINOS

Os produtores de vinho do Brasil,em razão da melhora no cultivo dasparreiras nos últimos anos, almejamconquistar novos nichos de comerci-alização da bebida no mercado inter-nacional. A Casa Valduga, vinícola lo-calizada em Bento Gonçalves (RS), éuma das empresas que direcionou par-te dos seus negócios para o exterior.Em outubro, a vinícola embarcou a se-gunda remessa de mercadorias para omercado externo, aproximadamente700 caixas de vinho. Foram enviadospara Suíça os vinhos Pinot Noir, Ca-bernet Sauvignon e Merlot, todos dalinha Seculum; além dos ChardonnayPremium, Assemblage Tinto e Espu-mante Brut Casa Valduga.

Para reduzir os custos de expor-tação, a empresa faz parte de umconsórcio para garantir maior repre-sentatividade no mercado interna-cional. O consórcio Wines From Bra-zil foi a estratégia encontrada paraviabilizar a participação da Casa Val-duga em eventos internacionais eem ações comerciais de compra edegustação. A empresa tem feito

João Valduga investiu no consórcio de exportação de vinhos finose na melhoria da qualidade para criar a sua marca

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prospecção de mercado em paísescom potencial de compra, comoEstados Unidos, Canadá e União Eu-ropéia. A Valduga também abriu umescritório de representação na Fló-rida, o que poderá beneficiar suasvendas no território americano.

Formado há um ano por cincoempresas gaúchas, o Wines FromBrazil tem o objetivo de desenvol-ver estratégias conjuntas de marke-ting e promoção comercial para al-cançar, anualmente, US$ 500 mil emexportação de vinhos até 2005.

No ano passado, o grupo con-tou com US$ 200 mil para promo-ção comercial e participou de trêsfeiras internacionais, totalizandoUS$ 100 mil em negócios no exte-rior. O próximo passo é dobrar o fi-nanciamento com a Agência de Pro-moção das Exportações do Brasil(Apex-Brasil) para conseguir aumen-tar as exportações em 50% ao ano,nos próximos três anos.

A empresa, segundo João Val-duga, está trabalhando há dois anoscom o consórcio de exportação. Eleexplica que já havia tentado pro-mover sozinho a venda dos seus pro-dutos fora do Brasil, mas não con-seguiu êxito. “Cada país tem umafilosofia de distribuição diferenteda brasileira. Por isso é preciso co-nhecer muito bem cada mercado”,diz. A empresa investe 1,5% doseus faturamento em marketing. Amaior parte do investimento é des-tinado ao aumento da qualidade doproduto e à certificação dos vinhosproduzidos. “Nossa estratégia estábaseada em qualidade. Foi isso quefez a empresa expandir seu merca-do”, avalia. Valduga prevê no pró-ximo ano um resultado de 10% dofaturamento em exportação e espe-ra chegar em 2005 com um índicede 20%.

O Instituto Uniemp – FórumPermanente das Relações Uni-versidade-Empresa, foi criadoem 1992 por um grupo de em-presários e acadêmicos interes-sados em desenvolver mecanis-mos que facilitassem o relacio-namento entre universidades,empresas e o setor público, atu-ando como um elo de ligaçãoentre essas três pontas. A par-tir da segunda metade da dé-cada de 90, o Instituto, atra-vés dos recursos provenientesdos projetos, alcançou a autonomia financeira, cessando a contribuiçãodas empresas instituidoras que o mantinham. Atualmente, o Uniemp ad-ministra cerca de 80 projetos ao ano, envolvendo um volume financeirode aproximadamente R$ 20 milhões. O investimento médio por projeto écerca de R$ 250 mil.

Uma das pesquisas do Uniemp ligada ao agronegócio é “Alteração daqualidade da madeira em eucalipto”, que está sendo realizada através daparceria entre o instituto e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz(Esalq). A Cia Suzano de Papel e Celulose é a patrocinadora do projeto,junto com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SãoPaulo (Fapesp). A pesquisa visa alterar a expressão dos genes responsáveispela composição química da parede celular do eucalipto. A idéia é diminuiro teor de lignina e de outros produtos químicos existentes na madeira eque são difíceis de extrair no processo de produção do papel. Com essasalterações os custos para obtenção de celulose serão menores, garantindomais rendimento da produção.

“A importância dessa parceria é justamente a inovação tecnológica. Aíestá a verdadeira inovação”, coloca o diretor executivo do Uniemp, CesarCiacco. Nessa entrevista, Ciacco mostra os avanços desse tipo de parceriaque pode ajudar o agronegócio brasileiro.

Elo de ligaçãoO diretor executivo do Uniemp, CesarCiacco, aponta alguns caminhos para oagronegócio brasileiro e mostra a força dainstituição, que une o setor privado e apesquisa científica

4545454545Guia Empreendedor Rural

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4646464646Guia Empreendedor Rural

GUIA EMPREENDEDOR RURAL – Aspesquisas na área agropecuária cri-adas pelo Uniemp têm menos difi-culdades para conseguirem investi-mento e parcerias do que em outrasáreas produtivas?

Cesar Ciacco – Não, o processo paraconseguir o investimento necessário aum determinado projeto é semelhanteem qualquer segmento de atuação. E umponto positivo na área de agronegóciono Brasil é que os envolvidos nessa ca-deia produtiva já vêm colhendo bonsresultados de pesquisas que foram pio-neiras no setor, como os estudos avan-çados feitos com o setor citrícola e coma cana-de-açúcar, por exemplo. Essesprojetos impulsionaram os outros quevêm sendo desenvolvidos, como o Ge-noma do Boi, o Genoma do Eucalipto,o Genoma do Café, o Mapeamento daCadeia do Trigo, e muitos outros. Ou seja,este setor já tem experiências positivase sabe que investir em pesquisa cientí-fica e tecnológica vai trazer bons resul-tados e impulsionar o desenvolvimentoe o crescimento do segmento. É por issoque novos projetos estão sendo estuda-dos com entusiasmo.

RURAL – Com a experiência do Uni-emp em projetos ligados ao agrone-gócio brasileiro já se pode definirquais são os seus principais gargalos?

Ciacco – De forma prática, a ques-tão das patentes é um dos pontos quedeveriam ser considerados como priori-tários. A logística é o maior de todos. Oagronegócio produz enorme volume decarga que deve ser transportada do cam-po para as indústrias e daí para os por-tos. Pedágios, portos, combustíveis,tudo isso é muito caro no Brasil e pesamuito porque a maioria do agronegó-cio é de produtos de baixo valor agre-gado. No mais, é a burocracia infinita(19 documentos são necessários paraexportar), o Custo Brasil, os juros altos

e a imprevisibilidade econômica queretraem o investimento.

RURAL – No Brasil, cerca de 150 em-presas exportam quase 80% do to-tal exportado no agronegócio. Alémdas pesquisas científicas, o que pre-cisa ser feito para aumentar o nú-mero de empresas exportadoras nes-se setor?

Ciacco – A redução do Custo Bra-sil, do custo São Paulo e a desonera-ção com desburocratização das ex-portações, além, é claro, da estabili-dade econômica que traz previsibili-dade de investimento. Nesse casoespecífico, as indústrias do agrone-gócio sofrem os mesmos problemasdas demais indústrias.

RURAL – Existem projetos de agro-negócio em estudo para o ano de2004? Na sua opinião, os projetosnessa área podem crescer dentro doUniemp?

Ciacco – Sim, o sucesso com omapeamento da cadeia do trigo, porexemplo, já sinalizou movimentos nacadeia produtiva do arroz. A idéia estáem estudo, mas pode ser a nossa pró-xima iniciativa. Em relação ao cresci-mento dos projetos, acredito que osetor pode se destacar no Uniemp sim,na medida em que ganhamos experi-ência e mais conhecimento.

RURAL – Na sua opinião, de que ma-neira o agronegócio brasileiro pode au-mentar a criação de marcas e a agre-gação de valor tanto no mercado inter-no como no externo? Você concorda queessa prática está quase sempre associa-da a grandes empresas – a maioriamultinacionais – e a cadeias produti-vas como a da soja e a do café, porexemplo?

Cesar Ciacco – Essa é uma questãodelicada. A criação da “Marca Brasil” é

uma discussão antiga e que vem sendomuito falada. O agronegócio é um se-tor forte no Brasil e pode impulsionar aidéia. Mas ainda temos muitas dificul-dades para enfrentar. No Brasil, há umcrescimento no número de marcas pró-prias vendidas nos supermercados, porisso fica um pouco difícil unir toda umacadeia em torno do mesmo objetivo. Alogística no Brasil é cara e impede aexportação de produtos embalados. Osistema tributário pune a agregação devalor, já que, quanto maior a cadeia pro-dutiva, maior o imposto agregado. Ouseja, são idéias que ainda exigem muitadiscussão.

Linha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha Direta

Casa VCasa VCasa VCasa VCasa Valdugaaldugaaldugaaldugaaldugawww.casavalduga.com.brBraspelcoBraspelcoBraspelcoBraspelcoBraspelco

(34) 3218 0900GamaGamaGamaGamaGamawww.gama.com.brBSCABSCABSCABSCABSCAwww.bsca.com.brAbimilhoAbimilhoAbimilhoAbimilhoAbimilhowww.abimilho.com.brRicardo de Souza Sette/ UFLARicardo de Souza Sette/ UFLARicardo de Souza Sette/ UFLARicardo de Souza Sette/ UFLARicardo de Souza Sette/ [email protected] Barbosa/ EmbrapaMariza Barbosa/ EmbrapaMariza Barbosa/ EmbrapaMariza Barbosa/ EmbrapaMariza Barbosa/ [email protected]écio ZylbersztajnDécio ZylbersztajnDécio ZylbersztajnDécio ZylbersztajnDécio [email protected] Fava NevesMarcos Fava NevesMarcos Fava NevesMarcos Fava NevesMarcos Fava [email protected] Pratini de Moraes FilhoMarcus Pratini de Moraes FilhoMarcus Pratini de Moraes FilhoMarcus Pratini de Moraes FilhoMarcus Pratini de Moraes Filhowww.ruraltrading.com.brAndré Luis MalzoneAndré Luis MalzoneAndré Luis MalzoneAndré Luis MalzoneAndré Luis Malzone

(11) 3673-8013Marcos Luiz Leal MaiaMarcos Luiz Leal MaiaMarcos Luiz Leal MaiaMarcos Luiz Leal MaiaMarcos Luiz Leal Maia

(21) 2410-7488Rogério Gomes/Planta-RioRogério Gomes/Planta-RioRogério Gomes/Planta-RioRogério Gomes/Planta-RioRogério Gomes/Planta-Rio

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(11) 288-0466

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Uma parceria inédita envolvendoo SEBRAE/SC, Epagri, Senar, Mercaflore Aproesc (Associação dos Produto-res de Flores de Santa Catarina) trans-formou Santa Catarina num importepólo produtor e exportador de florese plantas ornamentais. O Flora Brasilis-SC, ou o chamado “Pólo das Flores”,representa hoje a mais importante ini-ciativa de organização deste setor, quetem na produção de plantas de jardimo seu carro- chefe.

Criado com o objetivo de impri-mir a marca da qualidade nos produ-tos catarinenses visando ganho decompetitividade nos mercados nacio-nal e internacional, o projeto Flora Brasilis-SC abrange um triângulo imaginário nomapa de Santa Catarina. Da região deJoinville, norte do Estado, até Rio do Oes-te, no Alto Vale do Itajaí, e a região daGrande Florianópolis. Nesse espaço está70% da produção estadual, sendo que hojeSanta Catarina é o terceiro produtor naci-onal de flores, respondendo por 8% domercado nacional. De 115 produtores em1985, o Estado fechou 2002 com 370, umcrescimento de mais de 200%.

O gestor de Agronegócios doSEBRAE/SC, Ricardo Brito, explica que di-versas ações em andamento criam as con-dições necessárias para a conquista de no-vos mercados, especialmente o mercadoexterno. É através de cursos para produ-ção e para gestão empresarial, consultoriatecnológica individualizada, missões com-pradoras e participação em feiras nacionaise internacionais que o Flora Brasilis-SC vaicontabilizado resultados positivos.“ Nossa expectativa é que 15% dos 90 pro-dutores envolvidos no projeto estejam emcondições de exportar regularmente e 30%em condições de vender para o mercadoexterno por meio de consórcios”, aposta.

O mercado norte-americano é o pró-

SANTA CATARINA BUSCA COMPETITIVIDADENA FLORICULTURA MUNDIAL

ximo alvo a ser atingido. A atividade movi-menta cerca de U$ 14 bilhões por ano nosEUA, país que consome mais do que pro-duz e representa um grande mercado a serconquistado. As chances são grandes. Pelomenos é nesta direção que aponta um es-tudo encomendado pelos participantes doFlora Brasilis-SC junto a uma universidadeamericana para prospecção do mercado dosEUA. “O grupo gestor do projeto tem ago-ra uma série de informações que servirãode base para a elaboração de estratégiaspara colocação do produto catarinense nomercado norte-americano”, afirma Brito,salientado que as informações do estudosão exclusivas dos produtores do FloraBrasilis, por si só um grande diferencialcompetitivo. Mas, os produtorescatarinenses querem mais e estão de olhono mercado europeu, onde planejam bus-car mais espaço para aumentar ainda maisas exportações.

Para participar do Flora Brasilis-SC é necessário terregistro de produtor na Secretaria Estadual da Fazen-da, ser associado ou associar-se ao Mercaflor ouAproesc. Mais informações pelo fone (47) 424-0269 oupelo e-mail: [email protected]

INFORME SEBRAEINFORME SEBRAEINFORME SEBRAEINFORME SEBRAEINFORME SEBRAE

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4848484848Guia Empreendedor Rural

rtigoAA

Durante um longo período, não muito distante,abundava o crédito agrícola no Brasil. Desde aquelaépoca, o Brasil necessitava urgentemente de uma po-lítica agrícola. Os produtores rurais que quisessemver florescer da terra, em tempo e em qualidade eprodutividade, o fruto do seuesforço, viviam de créditos mo-mentâneos, sem uma visão defuturo que lhes garantisse apróxima safra.

Antes do crédito, era impe-rioso ter uma política que per-mitisse aos produtores ruraisampliarem seus negócios den-tro de técnicas modernamenteaceitas. Isso, sem dúvida, é pla-nejar dentro de uma políticaglobal de longo prazo.

É fundamental que o pro-dutor rural planeje o seu hojesabendo o que o espera ama-nhã. O setor primário como umtodo transforma-se, cada vezmais, num empreendimentorural de elevada importânciaeconômica e social e que, poristo mesmo, pode e deve utili-zar os instrumentos que lhesdêem um mínimo de garantiade resultados tendo a tecno-logia como sua fiel e eficiente aliada. O processo élongo, mas previsível, começando pelo preparo daterra, passando pela aplicação adequada de fertili-zantes, prevendo a capacidade de colheita e, final-

mente, pela estratégica armazenagem do produto.Temos que reconhecer que houve avanços signifi-

cativos, principalmente após a globalização, quelevaram os produtores rurais à retomada da produ-ção. A cada novo recorde de safra, há sinais de mu-

dança de postura em busca demaior eficiência e competitivi-dade.

Em programas lançados pe-los últimos governos, dentro deum planejamento lógico, cria-ram-se linhas de crédito que be-neficiaram o custeio, a meca-nização e, agora, também a ar-mazenagem de grãos que inte-gra a cadeia produtiva do agro-negócio como um elo de vitalimportância.

Esse crédito à armazena-gem, embora necessitando ain-da de muitos ajustes, apresen-ta-se como o primeiro apoiooficial para atenuar as perdasda agricultura. Realmente éinadmissível, em um país ondeparte da população passa fome,que as perdas de grãos cheguempraticamente a 10% da safra. Oprejuízo corresponde a 10 mi-lhões de toneladas, ou aproxi-

madamente US$ 1 bilhão, pela falta de armazéns gra-neleiros em propriedades rurais. A deficiência nasestruturas de armazenagens de volume e no trans-porte ocasionam perdas que comprometem a quali-

O verdadeiro papel da

Realmente éinadmissível,em um país

onde parte dapopulação passa

fome, que asperdas de grãos

cheguempraticamente a10% da safra

agricultura brasileira

Por Othon D' Eça Cals de Abreu*

4848484848Guia Empreendedor Rural

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dade dos grãos (soja, milho, trigo e arroz).Entendemos, ainda, que a política ideal não é a

concentração da safra em grandes silos, mas a distri-buição desta em pequenas propriedades rurais, cadacada silo dimensionado para a produção da fazenda.Ou então a reunião de pequenas propriedades paraserem atendidas por um único silo (grupo de produ-tores ou cooperativas).

Para exemplificar, citamos que, enquanto no Bra-sil apenas 5% das colheitas são armazenadas nolocal das lavouras, na Europa esse índice chega a50% e nos Estados Unidos a 65%. A nossa vizinhaArgentina já se aproxima do nível de 25% da capa-cidade de armazenagem de grãos em nível de la-voura. A distância percorrida pelos grãos, além deencarecer o preço final do produto, reduz a suaqualidade pelo tempo de exposição e pelas condi-ções do transporte.

Essas armazenagens nas fazendas também propi-

ciam o aumento do nível de emprego na área rural,uma vez que demandam mão-de-obra para o manu-seio de equipamentos. Por outro lado, vale salien-tar que a armazenagem na fazenda evita os grandesfocos de consumo de combustíveis, energia elétricae desgastes das estradas, pois alivia a concentraçãoem períodos de demanda de serviços, tornando-osmais equilibrados durante o ano.

Como conseqüência direta do aumento da rendado produtor e do nível de arrecadação de impostos,o desenvolvimento dos municípios é fortalecido, ge-rando prosperidade e melhor equilíbrio social e eco-nômico.

E agora, no momento em que o governo brasi-leiro inicia uma grande luta contra as injustiças so-ciais, sobretudo contra a fome, a armazenagem degrãos se apresenta como uma grande aliada, poisreduzindo-se as perdas pela deficiência de estoca-gem, esses 15% de cada safra por certo aparecerãosob forma de comida.

Dada a invejável e fértil extensão de área dispo-nível para o cultivo no Brasil, que não encontraparalelo em nenhuma outra nação do mundo– es-pecialmente as desenvolvidas, que já não têm espa-ço para ampliar a produtividade e estão no limitede suas fronteiras agrícolas –, o País não pode maisconviver com a fome. O celeiro do mundo tem, an-tes de tudo, que ser o celeiro do Brasil, alimentan-do, prioritariamente, aqueles que aqui vivem e con-tribuem para a construção de um país forte que tema nobre tarefa de produzir para si e para os outros.

* Othon D' Eça Cals de Abreu é diretor-presi-dente da Kepler Weber AS e vice-presidente doSindicato das Indústrias de Máquinas e Im-plementos Agrícolas no Rio Grande do Sul(Simers). O Grupo Kepler Weber vai investir R$85 milhões em uma nova unidade industrialque começa a ser construída em Campo Gran-de (MS). O grupo detém sozinho 60% do mer-cado nacional de armazenagem de cereais, 36%do mercado argentino, 70% do chileno e 90%do uruguaio além de atuar em outros paísesdo continente europeu, africano e asiático.

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www.metisa.com.br

No Brasil em que vivemos, não é fácil planejar cenários futuros. Se quisermos crescer, precisamos

tentar coisas diferentes (é preciso inovar), envolver as pessoas, lutar para viabilizar, acreditar no

negócio e nos profissionais e trabalhar muito.

A essência dos negócios está no risco medido, cercado de investimentos em tecnologias de processos e

de informações,

para manter a competitividade e a venda do produto.

Investir em capacidade de produção para continuar crescendo e em treinamento dos profissionais para

mantê-los atualizados e capazes de assumir o desenvolvimento, conhecendo o que se propõem fazer.

Há uma série de procedimentos que precisamos respeitar. O primeiro e o mais importante é o Sistema

de Gestão escolhido para a administração da Companhia.

O Sistema de Gestão METISA (SGM) vem sendo aperfeiçoado e ganha, a partir de 2004, um grande

reforço, a ISO 9000 remodelada aos padrões mundiais.

Nós estamos nos padrões mundiais porque estamos atentos às exigências e às mudanças do público

consumidor.

Planejar cenários futuros não é fácil, mas nós, da METISA, conseguimos!

Gestão de Futuro

A Metisa atende cerca de 11.000 clientes em todo o Brasile exporta para mais de 40 países nos 5 continentessempre com um atendimento pré e pós-vendaprofissional e qualificado.

Engº Edvaldo Angelo

Diretor Presidente

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www.metisa.com.br

No Brasil em que vivemos, não é fácil planejar cenários futuros. Se quisermos crescer, precisamos

tentar coisas diferentes (é preciso inovar), envolver as pessoas, lutar para viabilizar, acreditar no

negócio e nos profissionais e trabalhar muito.

A essência dos negócios está no risco medido, cercado de investimentos em tecnologias de processos e

de informações,

para manter a competitividade e a venda do produto.

Investir em capacidade de produção para continuar crescendo e em treinamento dos profissionais para

mantê-los atualizados e capazes de assumir o desenvolvimento, conhecendo o que se propõem fazer.

Há uma série de procedimentos que precisamos respeitar. O primeiro e o mais importante é o Sistema

de Gestão escolhido para a administração da Companhia.

O Sistema de Gestão METISA (SGM) vem sendo aperfeiçoado e ganha, a partir de 2004, um grande

reforço, a ISO 9000 remodelada aos padrões mundiais.

Nós estamos nos padrões mundiais porque estamos atentos às exigências e às mudanças do público

consumidor.

Planejar cenários futuros não é fácil, mas nós, da METISA, conseguimos!

Gestão de Futuro

A Metisa atende cerca de 11.000 clientes em todo o Brasile exporta para mais de 40 países nos 5 continentessempre com um atendimento pré e pós-vendaprofissional e qualificado.

Engº Edvaldo Angelo

Diretor Presidente

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achaçaCC

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pessoa que tem um modestoalambique nos fundos da re-sidência e produz cachaça

apenas para receber os amigos e jo-gar conversa fora está aos poucosdando espaço a um profissional pre-ocupado com padrão de qualidade,comercialização e distribuição. Umprojeto que vem sendo desenvolvidopelo Centro de Tecnologia e Auto-mação Industrial (Ctai) do ServiçoNacional de Aprendizagem Industri-al (Senai), em parceria com a Empre-sa de Pesquisa Agropecuária (Epagri)visa levar a automação à produçãocaseira da "caninha". Foi criado umsistema que permite controlar a tem-peratura durante o processo de fer-mentação da cana, garantindo maiorpadronização do teor alcoólico dabebida.

Segundo o coordenador de Desen-volvimento Tecnológico do Ctai, Car-los Fernando Martins, pesquisas fei-tas em Urussanga (SC), Antônio Car-los (SC) e São Pedro de Alcântara (SC)constaram a dificuldade em mantero controle da temperatura, resultan-do em grandes variações no mesmoproduto. "Fosse a cachaça forte ou

fraca, queríamos que ela tivesse umpadrão, como acontece com a mi-neira". O novo sistema conta comválvulas de controle que permitemmaior ou menor passagem do mela-do, que se torna caldo cru com afermentação, além de aumentar oubaixar o calor. Quanto maior a quan-tidade de caldo, a temperatura di-minui e obtém-se uma bebida maisforte. Considera-se nessa categoriauma cachaça com teor de 48 Gay-Lussac. Com o calor mais intenso,faz-se uma bebida mais fraca. O sis-tema conta com um sensor que de-tecta o nível alcoólico e sinaliza au-tomaticamente para um sistema con-trolador que abre ou fecha as válvu-las, subindo ou reduzindo a tempe-ratura. "Isso tudo facilita para o pro-dutor, que não precisa ficar cuidan-do o tempo todo", diz Martins.

Segundo o técnico do Ctai, foipreciso muito estudo para chegar aum protótipo, um processo que le-vou inicialmente cerca de oito me-ses. Atualmente, o desenvolvimen-to leva entre quatro e cinco meses.O custo foi reduzido na mesma pro-porção, pois estava em R$ 7 mil e

A

Novo equipamento que permite controlar a temperaturadurante o processo de fermentação pode ter sistemastanto para produção industrial quanto de alambique

Automação

agora fica em cerca de R$ 4 mil. Oprodutor pode escolher módulospara atividades específicas e o Ctaitem condições de desenvolver sis-temas tanto para produção indus-trial quanto de alambique. Ele ga-rante, no entanto, que não se tratade transformar os produtores arte-sanais em industriais. Afinal de con-tas, isso tiraria da cachaça feita emcasa o seu principal diferencial, in-clusive do ponto de vista comerci-al. "Vimos que essa questão da fer-mentação criava um problema, masnão se trata de automatizar de caboa rabo". Em muitos casos, lembraMartins, esse processo serve para re-duzir custos, pois permite que o pro-dutor possa cuidar de outras coisase viabiliza a fabricação noturna, porexemplo.

Por enquanto, esse ainda é umprojeto-piloto, com um único mo-delo funcionando na Epagri de Urus-sanga. Martins garante que existemuito interesse de produtores, in-clusive de outros Estados, comoRio de Janeiro e Ceará. "Já existempedidos, mas a gente ainda precisaconhecer os locais, não temos no-

da “caninha”Por Alexandre Winck

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ondomínioCCção do tamanho dos alambiques". Eleexplica que os produtores manifes-tam muita curiosidade. Querem sa-ber, por exemplo, se o sistema podeser aplicado em álcool anidro, o queé possível com adaptação. Há umaproposta, segundo o coordenador, defazer um protótipo para ensino, umaespécie de mini-alambique que seráusado para explicar o processo emfeiras e congressos.

O modelo existente está sendoutilizado pelo presidente da Associ-ação Catarinense de Produtores Ar-tesanais de Aguardente de Quali-dade (Acapaaq), Jack Eliseu Crispim,engenheiro agrônomo da Epagri deUrussanga. Crispim, que fabrica suacachaça desde o início dos anos 80,garante que o sistema, computado-rizado, traz uma grande vantagempara o produtor, pois o processo tra-dicional de destilação exige acom-panhamento o tempo todo. O alam-bique "automático" ainda não pro-duz continuamente, sendo usado parademonstração.

Um dos projetos que estão sendodesenvolvidos pela Epagri, em par-ceria com a Souza Cruz, é a utiliza-ção da queima de álcool no lugar damadeira retirada de eucaliptos ou ár-vores nativas no processo de seca-gem do fumo. A cana é produzidaem Urussanga e a plantação de fumoem teste pertence a um produtor deAraranguá. Essa tecnologia, explicaCrispim, ainda está em fase de ajus-tes, pois o álcool ainda custa maiscaro do que a madeira. "Uma dasidéias em que estamos trabalhandoé aproveitar a sobra de 20% de ba-gaço de cana na produção de álcoolpode ser utilizada na queima e redu-zir os gastos".

Crispim explica que há uma pre-ocupação crescente em organizar eprofissionalizar os produtores de ca-

O sistema computadorizado traz vantagens sobre o processotradicional, pois dispensa o acompanhamento constante da destilação

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chaça feita em alambique no Esta-do. A associação, que atualmente re-presenta 400 fabricantes, pertence àFederação Nacional dos Produtoresde Cachaça de Alambique (Fenaca).Entre outras atividades, têm sido pro-movidos cursos de três dias de dura-ção na estação da Epagri de Urus-sanga, que fornecem orientação so-bre o plantio da cana e a fabricaçãoda bebida. O Senai também está pre-parando treinamento para a monta-gem de cooperativas, com o objeti-vo de congregar os pequenos produ-tores, em um projeto que está emfase final de elaboração.

O presidente da Acapaaq garanteque um dos grandes problemas é quenão há condições de todos os produ-tores de cana serem pessoas jurídicas.Segundo Crispim, se eles tentassemtornar seus negócios legais acabari-am todos quebrando, tamanhos são

os encargos exigidos. Seria necessá-rio um gasto mínimo de R$ 500 aomês. "A maioria não ganha isso", dizCrispim. Ele consta que é extremamen-te difícil obter apoio dos órgãos ofi-ciais para desburocratizar e conseguirfinanciamentos para a cachaça, devi-do aos preconceitos que ainda são ali-mentados em relação ao produto."Eles dizem que a prioridade é milho,feijão, esse tipo de coisa. Se sobraremrecursos, podem ir para a bebida".

CAPACITAÇÃO

A coordenadora do projeto doSenai/Ctai para a melhoria da cacha-ça artesanal, Cláudia Romani, expli-ca que existem hoje mais de 1,2 milfamílias no Estado trabalhando no se-tor sem ter empresa constituída. Só43 estão registradas junto ao Minis-tério da Agricultura. "É preciso ofe-recer melhores condições de produ-

ção para que essa população possaobter mais qualidade de vida". Eladefende que uma das soluções é trei-nar o fabricante para que ele possaagregar mais valor à bebida. Mais umavez, é citado o exemplo de MinasGerais. "Lá eles fazem até cachaçasde R$ 250, enquanto aquela produ-zida pelos pequenos está na faixa deR$ 1,00 a R$ 2,00". Cláudia informaque está sendo finalizado um acor-do com o Serviço Brasileiro de Apoioàs Micro e Pequenas Empresas (Se-brae) para capacitação de 300 pro-dutores, a um custo de R$ 1,5 mi-lhão. Outro programa, que visa me-lhorar as estações da Epagri para oestabelecimento de laboratórios decapacitação, está em negociação –ela prefere não revelar a fonte – ecusta ao todo US$ 750 mil. Esse pro-jeto deve ser desenvolvido ao longode três ou quatro anos.

Em Santa Catarina existem 1,2 mil famílias produtoras sem ter empresaconstituída e apenas 43 estão registradas junto ao Ministério da Agricultura

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achaçaCCCACHAÇA E RUM

“Você pensa que cachaça érum...”. Tudo bem, a letra da músicanão é bem essa, mas é isso mesmo oque se pensa da bebida brasileira láfora, principalmente no mercado nor-te-americano. Foi necessária uma ba-talha de 20 anos do setor para que aprópria legislação brasileira, atravésda alteração do decreto 4.072/02, jásancionado, diferenciasse a cachaçacomo destilado de cana brasileiro.Agora, falta a aprovação da Organi-zação Mundial de Aduanas (OMA),que já está com o projeto e deveráanalisá-lo em sua próxima reunião,no mês de novembro.

Segundo Múcio Fernandes, quetambém é assessor da Fenaca, esseproblema se refere, no mercado ex-terno, à classificação fiscal. A OMAcoloca tanto o rum quanto a aguar-dente na categoria geral dos destila-dos de cana-de-açúcar. Foram neces-sários longos estudos, feitos na Uni-versidade de São Carlos (SP), paracomprovar a diferenciação do pontode vista físico-químico. “Um dos fa-tores que separam um do outro é queo rum é feito a partir do melaço dacana e a cachaça, do caldo”. Apenasas marcas brasileiras tradicionais Ve-lho Barreiro e Pitu, que já estavamno mercado de lá, escaparam. Comoresultado, enquanto os Estados Uni-dos consomem anualmente 150 mi-lhões de litros de rum, compram 120mil de aguardente brasileira.

A grande vantagem dessa diferen-ciação, explica Fernandez, será a pos-sibilidade de vender a cachaça brasi-leira como um produto diferenciado,associado ao País da mesma maneiraque a tequila tem sua imagem atrela-da ao México. A falta de reconheci-mento da bebida, embora o consumi-dor externo a aprecie, é um dos fato-res que impedem que seja desenvolvi-

do todo o seu potencial de exporta-ção. O Brasil produziu em 2002 nadamenos do que 1,3 bilhão de litros deaguardente de cana, mas vendeu parao mercado externo apenas 14,8 mi-lhões de litros. Mesmo assim, o de-senvolvimento foi impressionante nosúltimos tempos. Há apenas quatroanos, eram exportados apenas um mi-lhão de litros. A previsão para 2003 échegar aos 30 milhões. “A participa-ção da cachaça de alambique, de mai-or valor agregado, vai dobrar a receitadas exportações. No exterior, o litroda cachaça de alambique é comerci-alizado, em média, a US$ 3,50, en-quanto a cachaça industrial é vendi-da a US$ 0,80”, defende o diretor-exe-cutivo da Fenaca, Murilo Albernaz.

Esse otimismo resulta, em gran-de parte, de um trabalho que vemsendo feito desde o ano passado,reunindo a Fenaca, a Apex e a Asso-ciação Brasileira de Bebidas (Abra-be) por meio do Programa Brasileirode Desenvolvimento da Aguardentede Cana (Pbdac). Segundo o presi-dente da Fenaca, Walter Caetano Pin-to, o setor começou a receber apoiodo governo federal para exportar ca-chaça desde que a bebida foi inclu-ída no Programa Setorial Integrado(PSI) das exportações. A União estáinvestindo na promoção de feiras ena participação de produtores emeventos internacionais, além da ca-pacitação e profissionalização dosetor para melhorar sua competiti-vidade no exterior.

O produto já faz grande sucessoem vários países da Europa. A nos-sa caipirinha já é a segunda bebidamais consumida na Alemanha, atrásapenas da cerveja. Múcio vai maislonge e diz que a cachaça tem tudopara ser considerada a bebida doséculo 21, pois consegue combinarpreço acessível e qualidade, sem

necessidade de envelhecer o buquê,como acontece com o vinho e uís-que. Para isso, é preciso tambémmelhorar a imagem e vencer anti-gos preconceitos que costumamcolocar a cachaça na categoria “be-bida de pobre”, ou pior ainda, coi-sa de malandros e vagabundos. Elegarante que isso também já estámudando, principalmente nos úl-timos quatro anos. Já existem con-sumidores do produto nas classesA e B e marcas diferenciadas, dealta qualidade e preço maior.

Outra discussão considerada im-portante, mas que ficou para outraocasião, visa diferenciar a cachaçaindustrial daquela feita em alambique.Havia intenção de incluir o temaquando foi analisada a questão daseparação do rum, mas não foi possí-vel chegar a um acordo. Segundo Mú-cio, isso seria importante para os pro-dutores artesanais porque permitiriacolocar essa classificação nos rótulos.“Isso reforçaria o diferencial em rela-ção ao produto feito em escala e acres-centaria valor agregado”.

Além disso, por incrível que pa-reça, o produtor de alambique atu-almente paga um Imposto sobre Pro-dutos Industrializados (IPI) maior.Talvez por isso mesmo, os fabrican-tes industriais não quiseram aceitara idéia e o debate foi adiado. Mesmoassim, a proposta da Fenaca já foiencaminhada à Coordenação de Ins-peção Vegetal do Ministério da Agri-cultura. Entre as principais diferen-ças, está o fato de que a bebida dealambique passa por fermentaçãonatural, enquanto a industrial levaaditivos químicos para acelerar o pro-cesso. Estima-se que o País tenha 30mil famílias que produzem a aguar-dente tradicional, enquanto menosde 200 empresas trabalham com pro-dução em massa.

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CACHAÇA

ANO PRODUÇÃO (LITROS)2002 1,3 bilhão

ANO EXPORTAÇÃO (LITROS)2002 14 milhões2003 30 milhões (meta)

ANO RENDA DO SETOR2002 R$ 500 milhões

ANO FAMÍLIAS PRODUTORAS (ARTESANAL)2002 30 mil

ANO PRODUTORES INDUSTRIAIS2002 200

Fonte: Fenaca

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COOPERATIVISMO

Desenvolver cooperativas estásendo a maneira dos produtoresde cachaça artesanal conseguiremorganização e estrutura suficien-te para melhorar o produto e suadistribuição e mesmo investir nomercado externo. O maior exem-plo disso é Minas Gerais, onde jáexistem 11 cooperativas em fun-cionamento, das quais seis sãofiliadas à Associação Mineira deProdutores de Aguardente de Qua-lidade (Ampaq) e quatro estão emfase de conclusão. Esse movimen-to, no entanto, é recente, o quedificulta analisar sua viabilidadeeconômica, principalmente nomercado externo.

Apesar dessa onda ter poucotempo, houve pioneiros que seadiantaram no processo. Já funci-ona há quatro anos a Cooperativade Produção e Promoção da Cacha-ça de Minas (Coocachaça), queestá desenvolvendo um trabalho nomercado externo, com apoio daAgência de Promoção de Exporta-ções (Apex) e Embratur, para co-mercializar sua marca "Samba &Cana" na Europa. Há fabricantesque exportam individualmente,mas os valores são pequenos e asvendas, pontuais. "O produtor pe-queno ainda enfrenta dificuldadesmesmo no mercado interno", ex-plica o presidente da Ampaq, LuizCláudio Peixoto Curi. Mesmo aque-les de médio porte não encontramlinhas de crédito específicas parao setor e por isso não conseguematender grandes volumes com apadronização necessária para en-trar no exterior. Além disso, o Mi-nistério da Agricultura conta comapenas duas classificações deaguardente: Ouro (envelhecida e/ou armazenada) e Prata (branca),

embora haja outras variações doproduto, o que poderia aumentaro valor agregado.

Por isso mesmo as cooperati-vas estão sendo consideradas umasaída para articular o setor. O pre-sidente da Ampaq lembra que essacondição facilita a obtenção de li-nhas de crédito. Uma das vantagensé a possibilidade de vários produ-tores conseguirem registro na Jun-ta Comercial com o mesmo Cadas-tro Nacional de Pessoa Jurídica(CNPJ), em nome da cooperativa.O sistema Ampaq está organizan-do uma central que tenha condi-ções de "desaguar" a produção dospequenos, com o objetivo de ob-ter volume suficiente para compe-tir tanto no mercado interno quan-to no externo. Luiz Cláudio acre-dita que, já no começo do ano quevem, começará a ser comercializa-da a "Cachaça de Minas".

Essa atuação não se restringeaos aspectos comerciais. A ques-tão social e ambiental também fazparte das preocupações das coo-perativas. A associação vem reali-zando diversos cursos e treinamen-tos para capacitar os produtorespara trabalhar com as técnicas maisatuais e de acordo com as regrasambientais. Seu corpo técnico for-nece suporte não somente aos tra-balhadores locais, mas também deoutras partes do País, nas questõestanto comerciais quanto jurídicase institucionais. Parcerias estãosendo feitas com órgãos governa-mentais e universidades para me-lhorar as condições de produção eenquadrar a cachaça mineira dealambique na legislação de res-ponsabilidade social.

A produção artesanal é umamarca do Estado, famoso pela qua-lidade da sua aguardente de alam-

bique. A associação estima 8.466fabricantes espalhados por váriasregiões, 90% deles atuando demaneira informal. Minas é respon-sável por nada menos do que 183milhões de litros por safra, cercade 14% de toda a cachaça nacio-nal, mas 93% da oferta vem dasfábricas de médio e grande porte,tanto registradas quanto clandes-tinas. Aos poucos, a iniciativa co-operativista espalha-se pelos ou-tros Estados. Na Paraíba, está emfase final de encaminhamento jun-to à Apex o projeto da AssociaçãoParaibana dos Engenhos de Cana-de-açúcar (Coopcachaça). Segun-do o presidente da entidade, Mú-cio Carlos Lins Fernandes, a enti-dade foi iniciada com 36 produ-tores. "É difícil convencer o pes-soal a fazer parte. A atitude é deSão Tomé: tem que ver para crer".Ele acredita, no entanto, que serápossível mostrar resultados em bre-ve, com a venda do produto nomercado externo. A Apex entra com40% dos recursos e os produtorescom 60%. Com a maior organiza-ção da categoria, a perspectiva éde aumentar os negócios. A Paraí-ba tem previsão de produzir 20milhões de litros de aguardenteeste ano. A expectativa do setorpara o ano que vem é chegar aos30 milhões.

Linha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha Direta

CtaiCtaiCtaiCtaiCtaiwww.ctai.senai.br

Acapaaq/Eliseu CrispimAcapaaq/Eliseu CrispimAcapaaq/Eliseu CrispimAcapaaq/Eliseu CrispimAcapaaq/Eliseu Crispim(48) 465-1209

AgrivaleAgrivaleAgrivaleAgrivaleAgrivale(21) 3231-2655

Múcio Fernandes- FenacaMúcio Fernandes- FenacaMúcio Fernandes- FenacaMúcio Fernandes- FenacaMúcio Fernandes- Fenaca(83) 9305-7732

achaçaCC

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Individualmente, também há aque-les que investem na produção de umacachaça diferenciada. Mesmo com umdoutorado em Engenharia Mecânicapela Universidade Federal de Educa-ção Física e uma longa carreira queinclui trabalho em fábrica de helicóp-tero e até projeto nuclear, além de pes-quisa universitária, a cientista RenataCrespo resolveu aceitar o convite dopai fazendeiro para desenvolver umamarca de aguardente de alta qualida-de. O resultado é a Veritas (“Verdade”,em latim, como na expressão “In vinoveritas”, ou “No vinho está a verda-de”), feita nas versões Gold e Silver,produzida em Macaé (RJ), através dadestilaria Agrivale. Ela explica que,para os pequenos produtores, é difícilexportar porque a maioria não conse-gue atender às exigências do mercado

Cachaça “com grife”

externo, principalmente no padrão dequalidade. Daí o esforço para obteruma marca “nobre”, como se faz naEuropa com vinho ou uísque. Tantoque foi acrescentada ao rótulo a novadenominação Destilado Superior deCana (DSC), junto ao Ministério daAgricultura, para diferenciá-la.

Renata faz questão de lembrar queem seu currículo científico não ajudounada no desenvolvimento do produto.“O que realmente contribuiu foi o focona qualidade”. Além do trabalho pró-prio, ela contou com a colaboração deconsultores que atuam junto às mar-cas industriais. A cientista explica quevários pequenos detalhes fazem a dife-rença entre o produto habitual feitoem alambiques ou indústrias e essaversão “série A”. Uma das coisas queela descobriu é que se consegue extrair

uma cana excelentede um solo conside-rado “fraco”, compouca produtivida-de, numa área de 700hectares. “Tambémé assim que se fa-zem os grandes vi-nhos”, observa.

Renata garanteque as degustaçõespromovidas paratestar o produto têmtrazido resultadosexcelentes. “Muitagente acha que abebida é boa demaispara ser cachaça”.Um dos fatores dediferenciação é o sa-bor mais suave, sema característica

“queimação” ou o odor desagradáveldeixado pelas marcas mais populares,que provocam grande parte da rejeiçãoà bebida. O produto levou o prêmioEmbanews de melhor design.

Ela diz que é difícil trabalhar porcausa da grande concorrência com asmultinacionais que têm tradição na áreade bebidas nobres, mas os testes já es-tão mostrando receptividade no mer-cado, em locais selecionados como ho-téis 5 estrelas, casas noturnas e restau-rantes do Rio de Janeiro, São Paulo,Paraná e Santa Catarina. Fechou exclu-sividade com redes hoteleiras como In-tercontinental, Sofitel, Plaza, Pestana,Tropical e Othon. Também está presen-te em redes de supermercados como Sen-das e Pão-de-Açúcar. “O desenvolvimen-to levou cinco anos, não é em apenasum que vai trazer retorno”.

Renata Crespo, da Veritas, fechou contrato com redes hoteleiras como Sofitel, Othon, Plaza e Tropical

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áquinas AgrícolasMM

Pé no acelerador

Por Alexandre Winck

A indústria de máquinas agrícolas teve queda nas vendas nomercado interno, devido ao aumento das taxas de juros, masrecuperou as perdas com um grande salto exportador

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6262626262Guia Empreendedor Rural

quadro de recessão, alta dosjuros e inflação que dominouo primeiro semestre afetou a

economia em todas as áreas, mesmonas de melhor performance. Um setorque vem apresentando grandes desen-volvimentos nos últimos anos e to-mou um viés negativo em 2003 foi ode máquinas agrícolas, na ponta domercado interno. A produção e as ven-das desses equipamentos vinham cres-cendo a uma excepcional média de15% ao ano desde março de 2000,quando começou a ser implantado oPrograma de Modernização da Frotade Tratores e Máquinas Agrícolas (Mo-derfrota), realizado pelo Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimen-to (Mapa) com participação do BancoNacional de Desenvolvimento Econô-mico e Social (BNDES) e do Banco doBrasil. Somente para a safra 2003/2004, o programa tem previsão dedestinar R$ 2 bilhões. No entanto,

segundo dados da Associação Nacio-nal dos Fabricantes de Veículos Auto-motores (Anfavea), entre janeiro e se-tembro deste ano foram vendidas noatacado do mercado interno 29.930unidades, entre nacionais e importa-das. Isso representa uma queda de6,3% em relação ao mesmo períododo ano passado, quando foram comer-cializados 31.958 equipamentos.

Segundo o gerente de Projetos doMinistério da Agricultura, João Antô-nio Fagundes Salomão, dois fatorestiveram peso significativo nesse resul-tado. Os juros do Moderfrota, que atéo ano passado eram de 8,75% para afaixa de menor renda (faturamentoinferior a R$ 150 mil ao ano), subi-ram para 9,75%. Já a taxa para os pro-dutores de maior ganho, que antes erade 9,75%, chegou a 12,75%, acom-panhando a tendência geral de altaprovocada pelo aumento da taxa Se-lic. Além disso, explica Salomão, os

equipamentos agrícolas tiveram for-tes reajustes de preços, acima de 40%,justificados pela indústria principal-mente pelo aumento do aço, que éem parte importado, o que associa seucusto ao dólar.

O próprio programa de moderni-zação da frota teve problemas. Segun-do o gerente, o BNDES alocou até se-tembro R$ 750 milhões para o Moder-frota, que até o final de 2003 deveriacontar com R$ 1,25 bilhão. Com isso,ainda faltam R$ 500 milhões. Na ou-tra ponta, o Banco do Brasil, que re-passa os valores aos produtores, alegaque não está mais fazendo novos con-tratos porque todos os recursos dis-poníveis já estão comprometidos. Sa-lomão espera, apesar disso, que o di-nheiro seja encaminhado antes do fi-nal do ano. Existem também os recur-sos do programa Finame Agrícola, comjuros mais altos (13,75% ao ano).

Mesmo com os fatores negativos,

O

áquinas AgrícolasMM

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o executivo do Ministério da Agricul-tura ainda tem expectativa de que asvendas pelo menos repitam os valoresde 2002. A redução gradativa dos ju-ros e a contenção da inflação nos úl-timos meses devem contribuir para me-lhorar a condição geral de compra doconsumidor e impulsionar o mercadosnos últimos meses do ano. Há pers-pectiva de crescimento para o ano quevem, quando a economia deve estarmais estabilizada.

O que os dados da Anfavea sobreos primeiros oito meses demonstramé que os resultados dependeram dotipo de equipamento e foram mais re-levantes nos de consumo mais popu-lar. No caso dos tratores de rodas, delonge os produtos mais procurados,foram vendidas 23.593 unidades en-tre janeiro e setembro, contra 25.228em comparação com o mesmo perío-do em 2002; uma redução de 6,9%.Somente este produto representa maisda metade do mercado total de má-quinas agrícolas. A maior queda foiregistrada nas retroescavadeiras, quetiveram até setembro 838 máquinascomercializadas, cerca de metade doresultado registrado no mesmo perío-do do ano passado, 1.625 unidades.O melhor desempenho foi o de culti-vadores motorizados, que cresceram52,7%. Foram vendidos 1.199 equi-pamentos entre janeiro e setembro.

Diante disso, surgem outros esfor-ços para poder oferecer opções de fi-nanciamento para o consumidor e im-pulsionar as vendas. A Agrale estabe-leceu um contrato com o De Lage Lan-den – braço financeiro do Grupo Ra-bobank, presente em 38 países – paraoferecer um sistema próprio, uma es-pécie de “banco de fábrica”. O finan-ciamento pode ser obtido diretamen-te nas concessionárias Agrale em todoo País, com mais agilidade e flexibili-zação na aprovação de crédito. O in-

teressado deve fazer um cadastro jun-to à rede durante a aquisição do equi-pamento. A análise e aprovação sãofeitas pela De Lage. O financiamentopode ser dividido em 36, 48 ou 60meses e o cliente tem possibilidade

de incluir os implementos necessári-os para trabalhar com o trator. “Emfunção da maior agilidade na ofertade recursos e da facilidade na sua ope-racionalização, a expectativa com onovo sistema de financiamento é in-

Com a estabilização da economia, os principais fabricantesacreditam que as vendas no Brasil devem melhorar em 2004

VENDAS INTERNAS (UNIDADES)

Jan/set 2002 Jan/set 2003 Variação

31.958 29.930 -6,3%

VENDAS DE TRATORES DE RODAS (UNIDADES)

Jan/set 2002 Jan/set 2003 Variação

25.228 23.593 -6,9%

VENDAS DE RETROESCAVADEIRAS (UNIDADES)

Jan/set 2002 Jan/set 2003 Variação

1.625 838 -51,56%

EXPORTAÇÕES (UNIDADES)

Jan/set 2002 Jan/set 2003 Variação

7.967 14.948 87,62%

PRODUÇÃO (UNIDADES)

Jan/set 2002 Jan/set 2003 Variação

30.383 35.316 16,23%

FATURAMENTO NOMINAL – MÁQUINAS E IMPLEMENTOS (EM REAIS)

Jan/set 2002 Jan/set 2003 Variação

2,5 bilhões 3,7 bilhões 45,6%

Fontes: Anfavea/Abimaq

MÁQUINAS AGRÍCOLAS

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esca e AqüiculturaPP

Especialista da Esalq desvenda os principaiscuidados que o empreendedor rural precisa tomar

áquinas AgrícolasMM

Para não perder dinheiroPara não perder dinheiro

Os equipamentos agrícolas, depoisda terra, representam um dos investi-mentos mais caros na atividadeagropecuária. Por isso, a compra de umtrator, sem os devidos cuidados, podeimplicar em um custo muito alto para aempresa ou mesmo para o produtorfamiliar. Não deve ser realizada por im-pulso, exigindo um planejamento pré-vio, levando em conta as característi-cas do modelo, o tipo de trabalho a serrealizado e os custos indiretos. O pro-fessor Marcos Milan, do Departamentode Engenharia Rural da Escola SuperiorAgrícola Luiz de Queiroz (Esalq), reali-zou um trabalho de análise do mercadode máquinas agrícolas e apresenta umasérie de conselhos para quem tem inte-resse em adquirir um equipamento:

O planejamento da compra deveincluir inclusive uma análise dosequipamentos atuais disponíveis

na fazenda para verificar a real neces-sidade de troca. Em alguns casos, umareforma pode ser a alternativa maiscorreta, prolongando a vida útil e semo ônus do investimento. Deve ser con-siderada ainda a possibilidade de aqui-sição de um equipamento usado.

1

A aquisição de máquinas refletenos custos de produção e, após acompra, será uma realidade que

acompanhará a fazenda por um bomperíodo de tempo, a não ser que os pre-juízos da troca prematura seja assumi-dos pelo produtor.

2

O primeiro custo implicado na com-pra de uma máquina agrícola é ofixo, que independe da utilização

e é composto basicamente por deprecia-ção, juros, alojamento, seguro e taxas.O segundo, variável, incide durante autilização e é calculado pelos valores dereparos, manutenção e combustível.

3

Caso a compra seja feita de maneirainadequada, com a aquisição de umequipamento maior do que o neces-

sário, o custo fixo aumenta pela sub-utili-zação. Em contrapartida, se for menor queo requerido, sem a capacidade de trabalhonecessária para completar as operaçõesdentro do prazo estabelecido, a cultura seráprejudicada ou um número maior de con-juntos deverá ser adquirido, o que vai au-mentar as despesas com a frota.

4

A aquisição através de consórciosé um pouco mais delicada quandose trata de máquinas agrícolas

devido ao fato de não se dispor do equi-pamento para pronto uso. Mas, se pu-der esperar ou planejar uma troca, éuma opção a ser analisada.

5

Ao se decidir pela aquisição, al-guns fatores além da faixa depotência e da marca devem ser

considerados, entre eles a disponibi-lidade de atendimento e peças de re-posição. De nada adianta um tratorou qualquer outro equipamento, con-siderado o mais avançado do mundo,parado por semanas por falta de umsimples componente que custa caroou é difícil de encontrar.

6

Além da disponibilidade, o cus-to de aquisição das peças e damão-de-obra do mecânico/es-

pecialista é um fator importante. Como atual desenvolvimento tecnológico,muitas vezes não é fácil encontrarum profissional no mercado local queconheça o produto ou, se existir, opreço pode não ser competitivo etornará a manutenção inviável.

7

Às vezes, dependendo da re-gião em que se encontra a pro-priedade, é melhor escolher um

equipamento mais simples para nãocorrer riscos de pagar muito pelamanutenção ou de não encontrar pe-ças, embora muitas vezes isso pos-sa resultar em um desempenho umpouco inferior.

8

na hora de comprar uma máquina agrícola

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6565656565Guia Empreendedor Rural

crementar significativamente os vo-lumes comercializados”, explica o di-retor de Vendas e Marketing da Agra-le, Flávio Crosa.

O que compensa os problemas nomercado nacional, pelo menos doponto de vista da indústria, são os re-sultados excepcionais das exportações.De acordo com a Anfavea, as vendasexternas entre janeiro e setembro desteano chegaram a 14.948 unidades. Issosignifica um aumento de impressio-nantes 87,62% na comparação com omesmo período de 2002, quando fo-ram comercializadas 7.967 máquinas.O desempenho que chama mais aten-ção, ironicamente, é o das retroesca-vadeiras, as mesmas que sofreram opior abalo no mercado interno. Foramvendidas 324 máquinas para o exte-rior, o que representa alta de 217,64%em relação a 2002. Os tratores de ro-das também tiveram uma performan-ce excepcional, com crescimento de89,97% na comparação com o anopassado. Os Estados Unidos são hojeo principal mercado para os tratoresbrasileiros. Venezuela, México, Chilee Iraque vêm em seguida. Já as co-lheitadeiras são exportadas em maiorvolume para países como Paraguai, Ale-manha, Venezuela e França.

“Esses dados são, sem dúvida, bonspara os fabricantes; mas a queda dasvendas no mercado interno é um mauindicador do ponto de vista dos pro-dutores agrícolas”, lembra Salomão.Segundo números da Associação Bra-sileira da Indústria de Máquinas eEquipamentos (Abimaq), entre janei-ro e agosto deste ano, o faturamentonominal dos fabricantes de máquinase implementos agrícolas foi de R$ 3,7bilhões, um aumento de 45,6% sobreigual período do ano passado.

O Grupo AGCO do Brasil, respon-sável pela marca Massey Ferguson, teveum faturamento de US$ 350 milhões

no ano passado e projeta encerrar 2003com um resultado de US$ 600 milhões,um crescimento de nada menos do que71,42%. “Em 2003, aumentamos acapacidade produtiva da unidade deCanoas/RS em 50%, passando de 80para 120 tratores/dia, geramos maisde 1000 empregos diretos, além determos ampliado nosso Centro de Tec-nologia onde investimos mais 4 mi-lhões de dólares ”, destaca o superin-tendente da AGCO do Brasil, Normé-lio Ravanello.

Esse desempenho tem relação di-reta com a valorização do dólar dian-te do real, mas também pode ser atri-buído a diversos fatores positivos, re-lacionados ao desenvolvimento doagribusiness nacional nos últimosanos. O diretor comercial da Case NewHolland para a América Latina, Fran-cesco Pallaro, garante que o resulta-do decorre principalmente da boa per-formance da agricultura e da estabili-dade macroeconômica no Brasil, comconseqüente aumento dos volumes deprodução, tornando os produtos na-cionais mais competitivos no merca-do externo. A empresa teve um gran-de resultado no exterior. Embarcoupara fora do País 471 colheitadeiras,entre janeiro e setembro, um aumen-to de 265% sobre o ano passado. Nocaso dos tratores, o crescimento foide 133%. “Esta situação possibilitatambém que a fábrica possa planejarmelhor seus investimentos e direcio-nar recursos para a modernização tec-nológica”, afirma Pallaro.

Outros fatores determinantes, deacordo com o diretor comercial daCase New Holland, são a aberturade novos mercados no exterior e aqualidade das mercadorias fabrica-das no Brasil. “Hoje fabricamos noPaís produtos globais, com a mes-ma tecnologia das unidades na Eu-ropa e nos Estados Unidos”, diz

A marca pode influenciar bas-tante na aquisição e, na maio-ria das vezes, é uma preferên-

cia pessoal, mas fatores como o con-sumo de combustível, número demarchas, capacidade de levante dosistema hidráulico e vazão da bombade acionamento do controle remotodevem ser analisados em função dautilização que vai ser dada ao trator.

9

Se o comprador não tiver o co-nhecimento necessário para ana-lisar as características das mar-

cas disponíveis no mercado, deve pro-curar ajuda. Se forem empresas idône-as e reconhecidas, os concessionáriostêm toda a condição de auxiliar.

10

Na utilização, alguns cuidadosprecisam ser tomados para aredução de custos. Um deles é

a realização da manutenção preven-tiva, na qual ajustes e substituiçãode componentes devem ser feitos emintervalos de tempos pré-estabele-cidos pelo fabricante. A execução damanutenção de acordo com o padrãopermite a redução dos custos comela envolvidos, pelo fato da máqui-na operar dentro das condições paraas quais foi projetada.

11

A manutenção também é umfator que aumenta a disponi-bilidade do equipamento, per-

mitindo com que uma quantidademaior de tarefas possa ser executa-da no período planejado.

12

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6666666666Guia Empreendedor Rural

recessão do primeiro semestre. A ca-tarinense Metisa, que fornece dis-cos para arados e grades e peças paramáquinas de preparação do solo,plantio e colheita, colheu bons re-sultados em 2003. Nos primeiros seismeses deste ano, a empresa teve umcrescimento de 11% nas vendas parao mercado interno. No externo, queresponde por 30% do faturamento,o aumento foi de 24%. De maneirageral, a comercialização foi 14%maior.

Segundo o diretor-presidente daMetisa, Edvaldo Ângelo, isso ocor-reu graças ao incremento da atua-ção em novas áreas, resultado de umplanejamento estratégico feito comantecedência. “O consumidor exigeprodutos de maior durabilidade nocampo”, afirma. Para atender a essanecessidade, a empresa lançou umnovo tipo de material em aço mi-croligado. Ângelo garante não terobservado queda de poder aquisiti-vo dos seus consumidores e espera

Pallaro. “Além de as máquinas pro-duzidas aqui oferecerem o mesmograu de tecnologia existente na Eu-ropa e nos EUA, elas são mais ro-bustas, porque as práticas agríco-las brasileiras exigem isso”. Atual-mente, a Case New Holland exporta20% de sua produção.

Segundo o presidente da CNHpara a América Latina, Valentino Ri-zzioli, a meta é elevar essa partici-pação para 25% em 2004. Fora a

América Latina, os principais mer-cados da companhia são a África(principalmente a África do Sul), oSudeste Asiático (Indonésia, Malá-sia e Tailândia), Oriente Médio e Les-te Europeu. Mesmo com o grande de-sempenho no exterior, os grandes fa-bricantes nacionais não deixaram desentir o impacto dos problemas nomercado interno. No caso da CNH,as vendas de tratores tiveram umaredução de 11,51%, de 7 mil para

6.194 unidades, nosprimeiros oito mesesdo ano. Em compensa-ção, as colheitadeirastiveram um bom resul-tado e registraram au-mento de 8,19%.

INVESTIMENTOS

Há empresas atu-ando junto ao setorque realmente não sen-tiram os efeitos da altade juros e quadro de

áquinas AgrícolasMM

Ângelo, da Metisa, que produz discos de arados, teveum crescimente de 11% nas vendas feitas no Brasil

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que o setor agrícola brasileiro em2004 mantenha-se nos mesmos pa-tamares deste ano. Os investimen-tos, segundo ele, estão sendo dire-cionados para tecnologia de processoe produtividade. O executivo desta-ca o grande esforço que vem sendofeito pelos produtores no sentido deampliar a quantidade colhida porhectare plantado.

As empresas continuam apostan-do no mercado, investindo firme emnovos modelos, no aumento da pro-dução e na melhoria geral do pro-cesso. A New Holland lançou doisprodutos este ano. O primeiro foi acolheitadeira TC 59 TodoTerreno, quetem como característica as peneirasautonivelantes que ajudam a redu-zir as perdas na colheita de grãos enas lavouras com topografia irregu-lar. Também foi introduzida a linhade tratores Frutteto (TL F), totalmen-te adaptada para uso em pomares.Esse tipo de modelo é uma demandaantiga dos fruticultores brasileiros.Os TL F podem realizar tarefas comopulverização, utilização de roçadei-ras e transporte. O principal diferen-cial é a dimensão. Essas máquinaspodem trafegar pelo pomar sem en-costar nas árvores, evitando danos àfloração ou aos frutos. Ao todo, nosúltimos anos, a holding está inves-tindo US$ 120 milhões em suas uni-dades brasileiras. A Agco investiu re-centemente US$ 52 milhões nas fá-bricas de Canoas e Santa Rosa (RS),distribuídos em novos equipamen-tos, reestruturação de logísticas ereorganização dos processos de pro-dução. Ao todo, a produção nacio-nal de máquinas agrícolas aumen-tou 16,23% nos primeiros oito me-ses de 2003, segundo os números daAnfavea. Foram fabricados 35.316equipamentos, contra 30.383 no anopassado.

No geral, mesmo com os obstá-culos enfrentados recentemente, oModerfrota vem obtendo uma reno-vação do mercado brasileiro de má-quinas agrícolas nos últimos anos. Em2000, quando o programa foi implan-tado, foram comercializadas 31,1 milunidades. No ano seguinte, esse nú-mero passou para 35,5 mil equipa-mentos e em 2002 chegou a cerca de40 mil máquinas. Embora haja carên-cia de estatísticas exatas sobre o se-tor, estima-se que a idade média dafrota nacional seja de nada menos doque 16 ou 17 anos. Uma pesquisafeita em 2000 mostrou que o País ti-nha um trator para cada 120 hecta-res de área plantada, média inferior àda Argentina, outro competidor for-te nesse mercado, que na mesma épo-ca contava com uma máquina paracada 90 hectares.

Através do programa do governofederal, foi possível obter até 2003uma renovação de 24% dos tratores e35% das colheitadeiras. Ao todo, fo-ram comercializados 450 mil tratorese 107 mil colheitadeiras desde que oModerfrota começou. A influência foitão grande sobre o comércio dos equi-pamentos que 58% dos tratores ven-didos em todo o Brasil no período enada menos do que 93% das colhei-tadeiras foram financiadas com essesrecursos. “A modernização do campoé uma das maiores prioridades do mi-nistério”, garante o gerente de proje-tos do Ministério da Agricultura. Alémdos juros mais baixos, o consumidortem um prazo de até cinco anos parao pagamento.

Uma das principais vantagens douso de modelos mais recentes é o au-mento da potência. Em 1999, a mé-dia dos tratores estava em 87 cava-los. No ano passado, chegou a 97cavalos. De acordo com o especialis-ta em Marketing de Produtos da CNH,

Linha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha Direta

Metisa S/AMetisa S/AMetisa S/AMetisa S/AMetisa S/A(47) 281-2222

New HollandNew HollandNew HollandNew HollandNew Hollandwww.newholland.com

AgraleAgraleAgraleAgraleAgralewww.agrale.com.br

Ministério AgriculturaMinistério AgriculturaMinistério AgriculturaMinistério AgriculturaMinistério Agricultura(61) 218-2266

AbimaqAbimaqAbimaqAbimaqAbimaqwww.abimaq.com.br

AgcoAgcoAgcoAgcoAgcowww.massey.com.br

CNHCNHCNHCNHCNHwww.cnh.com

Marcos MilanMarcos MilanMarcos MilanMarcos MilanMarcos Milan(19) 3429-4149

Marcos Arbex, outra vantagem é aredução das perdas ocorridas na sa-fra, que sempre foi uma questão pre-ocupante na agricultura nacional. Nadécada de 90, o desperdício médiodas colheitas chegava a 10% e atu-almente não passa dos 3%. As co-lheitadeiras atuais têm uma eficiên-cia próxima de 100%.

Isso colabora com o processo deaumento da produtividade no campobrasileiro, que atualmente coloca oPaís em destaque no cenário econô-mico mundial. Entre as safras 1990/1991 e 2002/2003, o crescimento foide 83%. O Brasil passou de 57 mi-lhões de toneladas de alimentos pro-duzidos para os atuais 122 milhões,com o cultivo de grãos obtendo osmelhores resultados. Salomão explicaque a cultura de soja já está pratica-mente toda mecanizada e que, comisso, o agricultor ganha em várias áre-as. “Além de vender mais e obter umarenda maior, ele ganha tempo paraoutras coisas, como a família” , ava-lia o técnico do Ministério da Agri-cultura.

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O Banco Regional de Desen-volvimento do Extremo Sul(BRDE) contratou, de janeiro aoutubro de 2003, R$ 426,7 mi-lhões em 4.623 operações de fi-nanciamento nos três Estadosdo Sul. No mesmo período doano passado, foram contratadosR$ 290,2 milhões. Levando emconta a correção do IGP-M, é umincremento real de 25%.

Os bons números do bancosão capitaneados especialmen-te pelo setor primário: R$ 175milhões. O secundário levou R$115,2 e o terciário R$ 136,5.Outro detalhe revelador: dentreas mais de 4.500 empresas eprodutores financiados, 96%são do setor rural – 4.327. Cer-ca de 58% são mini e pequenosprodutores rurais. "É importan-te reforçar que nós ainda pode-mos financiar muito mais e háoportunidade de bons negócios.É só nos procurar", garante opresidente do banco, CasildoMaldaner.

A meta de contratação paraeste ano previa o repasse de R$345 milhões. Do total contrata-do até agora, Santa Catarina

responde por R$ 139 milhões, oRio Grande do Sul por R$ 122,5 eo Paraná por R$ 165,2. Foramaprovadas também 5.221 opera-ções, no valor de R$ 405,6 milhões.

O diretor financeiro do BRDE,Geovah Amarante, destaca oesforço de revitalizar o banco eampliar sua ação, especialmen-te nos municípios do interior.“São números ainda mais repre-sentativos quando levamos emconta o momento da economiado país”, explica. O investimen-to representa um aumento noICMS dos três estados de R$92,5 milhões e a geração dequase 24 mil empregos.

PLANO DE SAFRA 2003/2004

O novo plano de safra trouxeum aumento de 25,8% dos re-cursos para crédito em relaçãoao ano anterior, colocando à dis-posição dos produtores ruraiscerca de R$ 32,5 bilhões. Em re-lação às linhas de crédito parainvestimento, com as quais oBRDE opera, o plano ampliará osrecursos e as tornará mais efici-entes. O objetivo é fortalecer a

qualidade e a competitividade doagronegócio em bases ambi-entalmente sustentáveis.

Com a participação dos Minis-térios da Agricultura e da Fazen-da, do BNDES, do Banco Centrale da Federação das Associaçõesde Bancos (Febraban), os pro-gramas foram redesenhados esimplificados para facilitar acontratação de recursos por pro-dutores e cooperativas, além deauxiliar a operação dos agentesfinanceiros. Foram mantidas astaxas de juros e os prazos dosprogramas nos níveis atuais e oslimites de crédito por operaçãoforam elevados em função dosagrupamentos dos programas.Na totalidade, os programas deinvestimento com recursos doBNDES somam R$ 4 bilhões, oque representa um acréscimo de41,3% sobre os R$ 2,83 bilhõesprogramados para o ano-safra2002/2003.

Para a safra 2003/2004 es-tão previstos mais R$ 500 mi-lhões de recursos próprios doBNDES para o Finame AgrícolaEspecial, destinado aosbeneficiários do crédito rural e às

contratações do BRDE

Entre as mais de 4,5 mil empresas e produtores financiados pelo BRDE, 96% são do setor rural, sendo que 58% são pequenos produtores

Agricultura lidera

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trazer bons resultados, tanto noaspecto ambiental como noeconômico e social, para todo oSul do Brasil" afirma o presiden-te do BRDE, Casildo Maldaner.

No País, a diferença entre aárea de madeira cortada e aárea plantada é de 300 mil ha/ano. E as estimativas apontamque o segmento de base flores-tal gerou, em 1999, receitas daordem de US$ 20 bilhões, o querepresenta aproximadamente4% do PIB nacional. Além disso,o setor contribuiu para criar nomercado nacional mais de 700mil empregos diretos e 2 milhõesindiretos.

O BRDE financiou R$1,3 milhão em projetos dereflorestamento, 46% na Grande Florianópolis.

empresas de armazenagem agrí-cola, frigoríficos, beneficiadorasde pescado, de sementes, demel, etc. O programa financia aaquisição, a manutenção e a re-cuperação de máquinas e equi-pamentos para uso na agro-pecuária e no processamento daprodução primária. Os juros sãode 13,95 % a.a. A expectativado BRDE em relação às opera-ções a serem realizadas no âm-bito do Plano de Safra 2003/2004 é muito positiva, pois o de-sempenho do setor primário em2003 respondeu por 41,2% dototal das contratações do ban-co no primeiro semestre. Até ju-lho deste ano foram realizadas3.952 operações, quetotalizaram R$ 88,578 milhões,sendo que no total do ano de2002 chegou-se a mais de 6 miloperações, que totalizaram R$167,455 milhões.

No mês de agosto deste ano,o BNDES, Banco Nacional de De-senvolvimento Econômico(BNDES), lançou um novo mode-lo de classificação, posicionandoseus agentes por desembolsosdos programas agrícolas: O BRDEfoi classificado como terceiro mai-or agente repassador em núme-ro de operações, atrás apenasdo Banco do Brasil e do Bradesco,bancos de abrangência nacional;e sexto em volume de recursosliberados.

REFLORESTAMENTO

A nova política de estímulo aoplantio de florestas para fins in-dustriais e comerciais do BRDEdá provas de que o setor estácrescendo e precisa de investi-mentos. Das 170 solicitações definanciamento na área rural ana-lisadas atualmente pelo Banco,50 são do setor de florestas co-merciais. Com tanta demanda,nos últimos nove meses o BRDEfechou acordo com 13 empresase agricultores. Desses, 46% são

da Grande Florianópolis e 30%de Curitibanos (SC). No total, jáforam financiados aproximada-mente R$1,3 milhão.

Mas os números não parampor aí. Outros oito processosestão em fase de contratação,o que para o BRDE representamais R$451 mil. Já o restante dospedidos que aguardam a avali-ação do banco contabilizam R$5 milhões de reais. Em 95% des-ses casos, os projetos não sãode implantação, mas de expan-são do plantio de florestas. Gen-te que iniciou cultivo, obtevebons resultados e tem boas ex-pectativas para a indústria damadeira nos próximos anos.

Os projetos variam de R$ 16mil a R$ 150 mil, dependendodas necessidades da empresaou do agricultor. "Se o pinus forplantado num terreno prontopara a lavoura o custo sai maisbarato, mas se o agricultor tiverque fazer o roçado, as estradasde acesso e quiser utilizar mé-todos de adubação, o custo é di-ferenciado", explica o Gerentede Operações Agrícolas doBRDE, Raul Carvalho.

Depois de um profissionalhabilitado, como um engenheiroflorestal ou agrônomo, apresen-tar o projeto de acordo com asnormas da Legislação Ambientale do Código Florestal, os técni-cos do BRDE avaliam o caso. Osfinanciamentos podem ser pa-gos em até 12 anos, com até oitode carência, e juros de 8,75% aoano. Empresas de qualquer por-te, associações, cooperativas deprodutores rurais e pessoas queatuem no setor agropecuáriopodem apresentar projetos.

A iniciativa, além de contribuirpara o fim do déficit da madeirana Região Sul, que, segundo aSociedade Brasileira de Silvicul-tura, é de 60 mil hectares porano; abrirá um mercado de no-vos empregos diretos eindiretos. "É uma ação que vai

BRDE

INFORME PUBLICITÁRIO

LINHA DIRETAPorto AlegreFone: (0xx51) 3215-5000CuritibaFone: (0xx41) 219-8000FlorianópolisFone: (0xx48) 221-8000

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uando se fala no mercado deagribusiness ainda há quemveja o Brasil como um país

destinados a apenas fornecer matéri-as-primas e produtos “in natura” por-que o País não é competitivo em áre-as que exijam tecnologia avançada ealto valor agregado. Tanto isso não éverdade que uma das áreas mais pro-missoras para as exportações nacio-nais é a de genética animal. A Asso-ciação Brasileira dos Criadores deZebu (ABCZ) conta com o maior ban-

O Brazillian CattleGenetics (BCG) recebeuR$ 2,6 milhões da Apexe os produtores queremchegar a 2006 comvendas externas anuaisde US$ 200 milhões

Genéticamade inBrazil

co de dados do mundo no setor: maisde seis milhões de animais, incluin-do fazendas e centrais de insemina-ção. A ABCZ está agora desenvolven-do um projeto em conjunto com aAgência de Promoção de Exportações(Apex), no valor de R$ 4,5 milhões,para promover as exportações tantode animais desenvolvidos quanto dematerial genético. A expectativa dosprodutores é chegar a 2006 com ven-das externas anuais de US$ 200 mi-lhões, sendo 300 mil doses de sêmen,20 mil embriões e 350 mil bovinos.

A Apex já analisou o projeto de-senvolvido pelo núcleo de exportaçõesBrazillian Cattle Genetics (BCG) e li-berou sua parte da verba, de R$ 2,6milhões. O valor restante será pagopela própria associação. Os recursosserão utilizados para custear a parti-cipação da entidade em feiras agro-pecuárias de nível internacional aolongo de dois anos, além de dois even-tos promocionais realizados pelo nú-cleo durante a feira ExpoZebu de 2004e 2005. Segundo o gerente executivodo BCG, Gerson Simão, o dinheiro jáfoi utilizado inicialmente para garan-tir a presença do núcleo na Feira In-ternacional ExpoCruz, em Santa Cruzde La Sierra, na Bolívia, durante o úl-timo mês de setembro, e na Colôm-bia, em Medellin, em outubro.

Simão explica que a ABCZ estápreparando o terreno para começar aexportar em maior quantidade a par-tir do ano que vem. O primeiro passoé a revisão de protocolos sanitárioscom países da América do Sul, alémda Austrália e África do Sul, para der-rubar barreiras sanitárias, que já estásendo realizada. O seguinte, inicia-do com a presença na feira bolivia-na, é fazer um trabalho extenso demarketing do produto brasileiro atra-vés da participação em eventos dosetor, com a ajuda da União.

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Além dos eventos boliviano ecolombiano e das edições de 2004e 2005 da ExpoZebu, maior exposi-ção de gado zebu do mundo, oseventos agropecuários incluídos noprojeto para 2003 e 2004 são Hous-ton (Estados Unidos), Cairo (Egito),Rockhampton (Austrália), Pequim(China), Luanda (Angola), Pretória(África do Sul), Cidade do México(México) e Valência (Venezuela). Se-gundo Simão, todos os países declima tropical são clientes em po-tencial, uma vez que as raças dezebu no Brasil caracterizam-se pelaalta produtividade, mesmo em con-dições adversas – principalmentecalor –, são resistentes a parasitase têm passado por programas demelhoramento genético desde osanos 60. O programa têm a meta deentrar nos mercados de 12 países:China, África do Sul, Colômbia, Pa-raguai, Venezuela, Bolívia, Peru,Equador, Costa Rica, México, Egitoe Líbia.

Essa é a primeira vez que a agên-cia financia um projeto de divulga-ção da genética bovina no exterior.Segundo o assessor da Apex MarcosSoares, a agência já trabalhou comoutros segmentos da pecuária liga-dos à produção de carne, mas nuncadessa área. “Isso ajuda a ampliar aatuação da Apex e a diversificaçãode áreas de trabalho é essencial paraa economia brasileira, principalmen-te porque o País não tem tradição navenda externa de produtos”. Além daABCZ, participam do núcleo as em-presas Lagoa da Serra, ABS Pecplan,Alta Genetics do Brasil, Agroexport,Brasif Pecuária - Brasif S/A, CenatteEmbriões, Gencenter - Central de Ge-nética, Melhoramento e ReproduçãoAnimal, Vitrogen, Gertec Embriões eYakult.

Outro diferencial do projeto, se-

gundo Soares, é a experiência na áreade comércio externo já desenvolvidapelas empresas que fazem parte donúcleo. As centrais de inseminação eas empresas de exportação de animaisestão estruturadas e trabalham comalta tecnologia, dentro dos padrõesde qualidade exigidos pelo mercadointernacional. “Com isso, não serápreciso fazer um trabalho de reestru-turação do processo produtivo, comoacontece em muitos projetos finan-ciados pela Apex”.

EXPORTAÇÃO

Antes mesmo desse projeto, o se-tor de genética animal já vinha mos-trando grande potencial para atuarno mercado externo. Somente nocaso do sêmen, conforme levanta-mento da Associação Brasileira deInseminação Artificial (Asbia), fo-ram exportadas 45 mil doses entrejaneiro e março de 2003, o equiva-lente à metade do que foi comerci-alizado durante todo o ano passa-do. A Lagoa da Serra, maior empresade sêmen do País, estima fechar oano com vendas externas de 100 mildoses. O Brasil ocupa lugar de des-taque na inseminação artificial emnível mundial. Essa atividade cres-ceu 454% nos últimos 20 anos. Se-gundo a Asbia, quereúne as centrais deinseminação, 10%dos animais vivosdo País foram gera-dos através desseprocesso.

O processo deinseminação artifici-al, através do qual osêmen é depositadoartificialmente noaparelho reproduti-vo da vaca, traz umasérie de vantagens

para o produtor. Possibilita melhorara qualidade genética do rebanho emmenor tempo e a um baixo custo. Des-de que o sêmen seja comprado de em-presas sérias, é possível evitar as do-enças que o boi pode transmitir du-rante a monta natural. Também facili-ta o cruzamento entre raças diferen-tes, o que muitas vezes é difícil fazerda forma convencional. Evita os aci-dentes que são comuns com animaisagressivos e permite usar sêmen sau-dável de bois com problemas físicosque impossibilitam a monta. Mais im-pressionante ainda, um touro cobreanualmente, em campo, cerca de 30vacas, podendo chegar a um máximode 100 fêmeas. Isso significa um to-tal de 120 a 400 filhos por animal du-rante sua vida útil. Com a insemina-ção, um reprodutor pode ter mais de100.000 filhos.

PROJETO ABCZ/APEX

META DE EXPORTAÇÃO (2006)

Bovinos inteiros 350 mil

Doses de sêmen 300 mil

Embriões 20 mil

Receita US$ 200 milhões

Fonte: ABCZ

Através do marketing baseado na participação emeventos do setor, o programa tem a meta de entrar nomercado chinês e em mais de 12 países

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Um dos maiores projetos para di-ferenciação e promoção do produtobovino brasileiro é o Programa deQualidade Nelore Natural (PQNN), re-alizado pela Associação dos Criado-res de Nelore do Brasil (ACNB), queestá divulgando no País o que estásendo conhecido como o “boi orgâ-nico”. Trata-se de um animal criadono pasto sem adubação química ouagrotóxicos e tratado através de ho-meopatia. A adubação é feita com oesterco do próprio boi – a vacinaçãocontra aftosa ainda é feita, até por-que é obrigatória. A alimentação é àbase de capim e sal mineral. Todo oprocesso de produção, desde a fazen-da até os pontos de venda, é super-

visionado pelo PQNN.Vários elos da cadeia produtiva

hoje contribuem voluntariamentecom um fundo de marketing da raçanelore, que soma um investimento demais de R$ 5 milhões em comunica-ção e publicidade. Os criadores con-tribuem com 0,5% do faturamentonos remates dos leilões oficiais. Coma divulgação e aceitação do produ-to, atualmente já são 360 pontos devenda da carne nelore natural, inclu-indo supermercados, restaurantes echurrascarias. Do início do PQNN atéo último mês de outubro, foram aba-tidos 290 mil animais, uma média de35 mil por mês. Isso significa 1.450toneladas de carne desossada e em-

balada com a marca do programa. Nosegundo semestre, o programa ga-nhou um comercial de 30 segundosna TV Globo São Paulo, mostrando acarne como alternativa para uma vidasaudável. No fim do anúncio, é indi-cado um número de telefone para ocall center, que informa onde o pro-duto pode ser adquirido. A intençãoagora é espalhar a “Nelore Natural”por todos os estados.

O PQNN começou em 1999. Naépoca, o recém eleito presidente daACNB, Carlos Viacava, procurou o con-sultor de marketing Zezito Marquesda Costa para uma avaliação de mer-cado e elaboração de um planejamen-to agressivo para promover a raça

Boiada orgânica

Criadores da raça Nelore montaramum fundo de marketing, que soma uminvestimento de mais de R$ 5 milhõesem comunicação e publicidade

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Nelore. O diagnóstico indicou que omelhor caminho para valorizá-la se-ria através do lançamento e posicio-namento da Nelore como a principalmarca de carne no Brasil. A ACNBdesenvolveu o programa, através deconvênios com o Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento.

A base do projeto foi uma avalia-ção, até então inédita, feita em 7,2mil carcaças de animais da mesmaraça em seis Estados diferentes. Oprimeiro abate do Programa, em2001, contou com a participação de19 pecuaristas de Rondônia. O Esta-do agora conta com 300 sócios doPQNN. Dali, o projeto foi estendidopara o Mato Grosso, onde foi reco-nhecido de forma oficial pela primeiravez, e daí para o Mato Grosso do Sul.É nesses estados que estão sendo fei-tos os abates. Hoje, há núcleos de

pecuaristas filiados ao PQNN surgin-do em todo o Brasil.

O presidente da ACNB não escon-de que a intenção é explorar o mer-cado crescente para produtos de ori-gem orgânica. Com o interesse cadavez maior dos países europeus porconsumir alimentos produzidos semnenhum tipo de aditivo químico,isso cria um nicho de mercado po-tencial. Mesmo no mercado interno,cada vez mais consumidores mani-festam interesse por esse tipo de al-ternativa. Segundo a associação, otrabalho vai além da forma de cria-ção do animal e inclui a preocupa-ção com outros aspectos sociais,como a exploração do trabalho hu-mano, a preservação dos mananciaise a utilização racional dos recursoshídricos e do solo.

Para participar do PQNN, é preci-so filiar-se à ACNB e assinar um ter-mo de adesão e responsabilidade. Osanimais devem ser criados no pasto,recebendo suplementação mineraladequada. Podem ser alimentados,estrategicamente, com suplementosprotéicos e energéticos, desde quecom produtos de origem vegetal epor um período máximo pré-estabe-lecido. Deve ser cumprido o calen-dário oficial de vacinação e não po-dem ser usados produtos proibidospela legislação federal. Os bois de-vem ser nelore, mas são aceitos ani-mais com até 25% de sangue de ou-tra raça zebuína que se enquadremnos mesmos padrões. Para os machos,

o peso aceitável é de 16 a 19 arrobase para as fêmeas entre 13 e 19 arro-bas. Além disso, os animais devemestar “terminados”, com cobertura degordura de 2 a 8 milímetros, distri-buída uniformemente. As carcaçascom contusões, hematomas extensosou lesões por vacinas e medicamen-tos, na linha do dorso lombar, sãodesclassificadas.

Segundo o assessor técnico daConfederação Nacional da Agricultu-ra (CNA), Paulo Sérgio Mustefaga,embora esse sistema orgânico real-mente atraia o consumidor, ele acre-dita que, até certo ponto, toda a carnebovina produzida no Brasil pode serconsiderada “natural”, comparadacom o que é feito nos Estados Uni-dos e Europa. Ele lembra que a legis-lação nacional já proíbe o uso dehormônios para acelerar o crescimen-to, ao contrário dos EUA. “Os paíseseuropeus alimentam bovinos com fa-rinha de carne, daí veio a doença davaca louca”, afirma Mustefaga.

Ironicamente, existe um outroprojeto que também trabalha com oconceito de carne natural, o que gerapolêmica entre os criadores. A em-presa Tortuga idealizou o ProgramaBoi Verde, que também é o nome damarca. Em princípio, ambos lidamcom o boi criado no pasto. A dife-rença essencial é que o “boi verde”permite o uso de adubo químico. Nasdoenças mais graves, pode ser medi-cado com antibióticos e costuma usarainda os alopáticos.

CARNE NELORE NATURAL

Pontos de venda 360Abates mensais 35 mil

Abates totais (desde 1999) 290 mil

Investimento em comunicação (2003) R$ 5 milhões

Fonte: Acnb

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Para que o produto brasileiro possaser promovido e vendido, tanto nomercado interno quanto no externo,está se tornando cada vez mais im-portante a questão da segurança ali-mentar, ou seja, garantias sobre aqualidade da carne para a saúde hu-mana. Nesse caso, a preocupação fi-cou ainda maior na União Européiadevido à crise causada pela doençada “vaca louca” e os medos alimen-tados pelos organismos transgênicos.Com isso, é cada vez mais importan-te para a pecuária nacional realizar arastreabilidade, um sistema que re-gistra e torna disponíveis todas asinformações, como origem, manejossanitário e alimentar dos bovinos ebubalinos, desde o nascimento até oabate.

Esse processo ainda é tímido noPaís, pois, segundo dados do Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento, o Brasil tem um total deapenas 7,4 milhões de animais ras-treados, 4,3% de um rebanho totalde mais de 170 milhões de cabeças.A previsão é que a identificação e cer-tificação seja implantada aos poucosaté dezembro de 2007. No caso dosprodutos que serão exportados paraa Europa, o processo teve um caráter

mais urgente e foi concluído em ju-nho do ano passado.

Uma das empresas responsáveispor esse trabalho no Brasil é a Bio-Rastro, criada pelo ministério. Antesde fazer a rastreabilidade, a empresajá atuava na certificação de produ-tos orgânicos, com base em padrõesinternacionais, explica o diretor e res-ponsável técnico da BioRastro, Val-mir Luis Martins Rodrigues Maria.Desde a implantação do Sisbov, aempresa rastreou cerca de 1,6 mi-lhão de cabeças, cerca de um quintode todo o volume nacional. Esse vo-lume aumentou bastante a partir doúltimo mês de julho, logo depois doministério ter começado a exigir apermanência dos animais por, no mí-nimo, 40 dias no banco de dadosnacional antes do abate.

“A questão da certificação porpropriedade, que ganhou espaço naimprensa nos últimos dois meses, fezcom que o processo no Brasil per-desse ritmo, dificultando em parte, aexportação de carne bovina para aUnião Européia”. Ele explica, no en-tanto, que a questão já está esclare-cida e o produtor está consciente deque a identificação individual é ne-cessária para as vendas externas. Com

isso, os trabalhos devem retomar oritmo normal.

O Ministério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento brasileirocriou, em 2002, o Sistema Brasileirode Identificação e Certificação deOrigem Bovina e Bubalina (Sisbov),através da Instrução Normativa Nº 1,de 10 de janeiro de 2002. O objetivodo Sisbov foi estabelecer um conjuntode ações, medidas e procedimentospara caracterizar a origem, o estadosanitário, a produção e a produtivi-dade da pecuária nacional e a segu-rança dos alimentos.

Um dos maiores trabalhos de ras-treabilidade no País está sendo feitopela Planejar, que já tem 8,2 mil pro-dutores cadastrados no Sistema Sis-bov. Inclui em média 30 pecuaristaspor dia no seu Sistema Integrado deRastreabilidade Bovina (Sirb), queatualmente conta com cerca de 3,3milhões de animais já rastreados ouem processo de certificação. Segun-do o diretor da Planejar Leandro Ries,o Sirb permite a identificação indi-vidual dos bovinos, o controle derastreabilidade e certificação de ori-gem, desde o nascimento até o aba-te. Registra todas as ocorrências re-levantes ao longo da vida do animale realiza o relacionamento necessá-rio com o mercado consumidor e comos sistemas de identificação.

Mais do que apenas um diferenci-al, a rastreabilidade é exigida em todaa Europa para a compra de carne deoutros países, embora não seja ofici-almente considerada obrigatória. Ocontinente representa metade de to-das as vendas externas de carne bo-

Rastreabilidade urgente

RASTREABILIDADE

Animais rastreados no Brasil 7,4 milhões

Participação no rebanho nacional 4,3% mil

Animais rastreados pela BioRastro 1,6 millhão

Animais rastreados pela Planejar 3,3 milhões

Fonte: BioRastro, Planejar, Ministério da Agricultura

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vina do Brasil. Com o regulamentoNº 1760/2000, regulado pelo Nº1825/2000 do Conselho da UniãoEuropéia, foi estabelecido um siste-ma de identificação e registro debovinos e de rotulagem da carne ede produtos derivados, que se aplicatanto ao continente quanto a seusfornecedores. Isso não se restringiráao mercado europeu. A partir de2004, toda a exportação de carnepara qualquer país dependerá da ras-treabilidade.

Além de ser uma importante ques-tão comercial, a rastreabilidade refe-re-se à segurança do produto para oconsumidor em geral. “Ela agrega aoproduto final maior confiabilidade,devido ao registro e acompanhamentodo processo de produção dentro deuma cadeia produtiva”. Segundo odiretor da Planejar, o alimento certi-

certificadora emite os Documentos deIdentificação dos Animais (DIA) e osenvia ao pecuarista. Quando chegar oponto de abate dos animais, deve en-viar os certificados dos animais cor-respondentes ao frigorífico onde osvendeu. Por fim, caberá ao Serviço deInspeção Federal (SIF), dar baixa dosanimais abatidos junto à Base Nacio-nal de Dados do ministério.

Isso não está restrito a grandes pro-prietários. É um processo relativamen-te simples, que envolve desde coletade dados com uso de computadores atéplanilhas manuais. Desde julho de 2003,o preço pela arroba do boi tem sidodiferente para os animais rastreados enão rastreados. O animal certificadochega em média a R$1 ou até R$ 2 amais por arroba, o que paga os custos“com considerável ganho”, explica odiretor da BioRastro. Assim, segundoele, os custos da rastreabilidade nãopodem ser considerados barreiras parapequenos e médios produtores, mas umdiferencial na hora de comercializarseus animais. Segundo Ries, com ocrescimento da exigência pela rastrea-bilidade, todos os pecuaristas deverãoaderir, independente do tamanho dapropriedade ou da quantidade dos ani-mais.

ficado representa para as pessoas agarantia de que trata-se de um pro-duto diferenciado, produzido comqualidade, segundo exigências sani-tárias, de bem-estar animal e respei-to ao ambiente. Na ponta do pecua-rista, o processo representa oportu-nidades em mercados diferenciados,onde a certificação é reconhecida evalorizada pelo consumidor. “Tam-bém permite ao produtor realizar ummaior controle da sua propriedade, oque pode resultar em maiores gan-hos”, afirma Leandro Ries.

Para realizar a Rastreabilidade doseu rebanho, o produtor deve seguiruma série de etapas. Inicialmente, épreciso cadastrar a propriedade jun-to a uma empresa certificadora cre-denciada pelo Ministério da Agricul-tura. Depois disso, será possível ca-dastrar os animais que serão rastrea-dos. Em seguida, a certificadora vaisolicitar ao ministério os números doSisbov, que deverão ser impressos nosbrincos que identificarão os animais.Quando fornecidos, esses dados se-rão encaminhados a um fornecedorde brincos, escolhido pelo pecuaris-ta, que os fabricará e enviará à pro-priedade. Caberá ao produtor colocaresses brincos nos animais, de acordocom o cadastro.

Após a identificação, ainda é ne-cessário marcar e realizar uma visitatécnica à propriedade, para inspeçãodas informações prestadas e do reba-nho rastreado. Completada essa fase,é emitido um relatório para envio aoresponsável técnico da certificadorapara análise. Caso os dados estejam deacordo com as normas, em 40 dias a

Linha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha Direta

ABCZ/ApexABCZ/ApexABCZ/ApexABCZ/ApexABCZ/Apexwww.abcz.org.br

ACNBACNBACNBACNBACNB(11) 3107-0972

BiorastroBiorastroBiorastroBiorastroBiorastrowww.biorastro.com.br

Segundo as empresas do setor, o animal certificado chega em média a R$1 ouaté R$ 2 a mais por arroba, o que paga os custos com considerável ganho

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Inovação depesquisadorescatarinenses, queenviam abelhas-rainhaspor Sedex para todo oBrasil, aumenta aprodução com custosreduzidos

piculturaAA

uma simples caixinha demadeira de 20 centímetrosde altura por quatro de lar-

gura e oito de comprimento está umdos projetos mais avançados da api-cultura catarinense. Não se trata dacaixa em si, mas do seu conteúdo:uma abelha-rainha selecionada en-tre as melhores pesquisadas ao lon-go do litoral do Estado. O objetoserve para encaminhá-la aos apicul-tores via Sedex, com o objetivo demelhorar a produtividade. Estima-se que cada uma delas obtenha umamédia de 80 quilos por colméia aoano, mais de cinco vezes o habitu-al, que seriam até 15 quilos. O pro-grama está sendo desenvolvido peloCentro de Referência em Pesquisa eExtensão Agropecuária (Cepea) daEmpresa de Pesquisa Agropecuária(Epagri), que comercializou cercade mil abelhas nesse sistema no anopassado e espera dobrar esse núme-ro em 2003.

O biólogo do Cepea Carlos Edil-son Orenha explica que o projetoiniciou há dois anos, quando foifeito um trabalho de análise e se-leção entre 18 apicultores de 14municípios do litoral. Houve umapré-seleção de 120 rainhas que re-

NPor Alexandre Winck

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Abelha-correio Abelha-correio

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sultou na escolha das 45 com me-lhor capacidade produtiva, paraentão serem criadas na Cidade dasAbelhas, em Florianópolis. Segun-do ele, é preciso pegar a larva ain-da nova, com no máximo dois dias.Cada colméia pode ter no máximouma rainha, por isso são escolhi-das aquelas que já ficaram “órfãs”ou onde a rainha já está velha paraque seja retirada e colocada emoutra colméia. O principal critériode seleção é a capacidade de pos-tura de ovos, já que o mel é feitopelas operárias. Cada uma conseguecolocar até três mil num único dia.A larva fica numa “realeira” feitapelas operárias, onde se alimentade geléia real. Depois de 12 dias,

em média, ela emerge já na faseadulta. Além de melhorar a produ-tividade, também contribui para aredução das doenças.

Orenha garante que esse processonão envolve nenhum tipo de me-lhoramento químico. Ele lembra,aliás, que uma das principais dis-tinções das abelhas brasileiras, re-sultado de uma mistura de raçaseuropéias e africanas, é a sua gran-de resistência a doenças e parasi-tas, dispensando o uso de antibió-ticos. Em Santa Catarina, a maiorparte delas se alimenta do néctarde flores das matas nativas (colhi-do com uma língua em forma detubo). Cerca de 90% da produção éfeita sem insumos artificiais. “Isso

faz com que o mel daqui seja con-siderado ‘orgânico’”, lembra o bió-logo. Essa é uma importante van-tagem comercial, principalmente naEuropa, onde os alimentos produ-zidos sem aditivos químicos sãomuito populares. Para manter essefator de diferenciação é muito im-portante que seja feito o reflores-tamento com eucaliptos.

Há apicultores de todo o Paísinteressados nas abelhas-rainhasselecionadas pelo Cepea. Cada umacusta R$ 7 mais o custo de envio.O biólogo assegura que não há pe-rigo em enviar as abelhas pelo cor-reio, desde que sejam tomados cui-dados para não expô-las ao calorintenso. Além da rainha, a caixa

Projeto pretende dar mais qualidade para o setor,que possui cerca de30 mil famílias, das quais menos de 10% atuam de forma profissional

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Segundo uma extensa análise rea-lizada pela Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária (Embrapa), a api-cultura é uma atividade extremamen-te antiga na América Latina. O mel deabelhas já fazia parte da dieta regulardos povos pré-colombianos, desde astribos que habitavam o território bra-sileiro antes do descobrimento até oscriadores com técnicas mais avança-das que viviam na América Central. Asabelhas européias, como a Apis meli-fera, vieram com a chegada dos colo-nizadores. As primeiras a serem intro-duzidas no Brasil foram trazidas pelopadre português Antônio CarneiroAureliano, em março de 1839. Carac-terísticas mais racionais e científicas,como a fabricação de insumos e o de-senvolvimento das técnicas de mane-jo começaram a surgir no início doséculo passado.

Foi somente a partir da década de50 que começaram a ser utilizadas asespécies de origem africana – em es-pecial a Apis melifera scutellata, quetem mais facilidade de adaptação emclimas temperados e quentes. No Paísinteiro, através dos cruzamentos, asabelhas foram se tornando africani-zadas. Esse processo espalhou-se porambas as Américas. Isso teve desvan-tagens, como forçar os apicultores auma mudança profunda nas técnicasde manejo, mas rendeu abelhas maisresistentes, dinâmicas e higiênicas.

A idéia de um mel “puro”, “espe-cial”, está longe de ser um moder-nismo, já que esse alimento tem umaaura de nobreza desde os tempos maisremotos. Na Grécia Antiga, as moe-das tinham uma abelha estampada em

um dos lados como símbolo de ri-queza. Além de ser uma rica fonte deenergia em forma de carboidratos eglicídeos, sendo usado por muitoscomo um substituto mais saudávelpara o açúcar industrial, existe todauma área de estudos sobre a utiliza-ção terapêutica dos produtos dasabelhas, conhecida como apiterapia.

Várias pesquisas demonstram suaspropriedades antimicrobianas, antis-sépticas, antibacterianas e fungici-das. Países como Itália e França es-tão trabalhando no sentido de pro-duzir mel para terapias específicas,como tratamentos de úlceras e pro-blemas respiratórios. No Brasil, a ten-dência é utilizá-lo durante os perío-dos mais frios do ano, quando au-menta a incidência de doenças res-piratórias, mas ainda não como umalimento regular. O consumo nacio-nal é considerado baixo, em média300 gramas por habitante/ano, en-quanto nos Estados Unidos e União

Européia pode chegar a um quilo porhabitante. A atividade gera toda umaindústria de produtos alimentares,incluindo geléia real e própolis, alémde vários outros itens, como sabone-tes, perfumes, etc.

Na Argentina e Uruguai, os anti-bióticos no tratamento das abelhasainda se fazem necessários por aindapredominarem as espécies européiasem algumas áreas. Embora todos ospaíses do Mercosul tenham condiçõespropícias para essa atividade, o Bra-sil vem apresentando o maior cresci-mento da produção. O principal mo-tivo é exatamente o potencial para ochamado mel “orgânico”, feito comuso de essências florestais e vegeta-ção livre de agrotóxicos. A partir demeados dos anos 70, a atividade foiestimulada, principalmente no Sul eNordeste, como uma forma de os agri-cultores familiares obterem rendacomplementar, uma mentalidade queainda predomina no meio rural.

A história do mel

A apicultura foi estimulada a partir dos anos70 como forma de renda para os agricultures

familiares no Sul e no Nordeste

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contém “acompanhantes” operári-as que a alimentam. Com a rapidezdo serviço de envio pelo correio,as encomendas podem chegar no diaseguinte em outros Estados. Para oano que vem, o centro deve come-çar a trabalhar com inseminação ar-tificial das abelhas, para garantir opadrão de qualidade.

Um dos beneficiados desse pro-grama é o apicultor Renato Zucco,de 43 anos, morador de Brusque(SC). Ele conta que sua produçãoinicialmente era bastante artesanal.“Para mim era um hobby, não umnegócio”. Suas abelhas rendiam nomáximo sete ou oito quilos por col-méia ao ano, numa produção totalde 900 quilos. Ele começou a se in-teressar em melhorar o padrão aoparticipar de cursos profissionali-zantes.

Foi com a aquisição de abelhas-rainhas do programa do Cepea, noentanto, que ele conseguiu dar um“salto” e a produtividade passoupara 40 quilos por colméia ao ano.“Neste ano deve chegar a duas to-neladas no total, então já não dá

mais para ver só como um hobby,passou a ser um negócio para va-ler”. Zucco tem um total de 119 col-méias e sua intenção é ter 100 de-las com rainhas selecionadas. Umade suas maiores preocupações é opreço oferecido ao produtor. Eleconsidera R$ 10 um o valor razoá-vel, mas muitos apicultores se con-tentam a vender por R$ 6 ou R$ 7.

Tudo isso faz parte de um pro-cesso que visa tornar o apicultor ca-tarinense mais profissional, comcondições de enfrentar a competi-tividade do mercado. O agrônomoHorst Karvelage, do Cepea, lembraque essa ainda é uma ocupação decaráter bastante artesanal no Esta-do. O Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) estimaque existam cerca de 30 mil famí-lias envolvidas com a produção demel, das quais menos de 10% atu-am de forma profissional. “No ge-ral são propriedades com apenastrês ou quatro caixas de colméias”.A maioria ainda encara essa ativi-dade como uma forma de obter ren-da complementar, enquanto a mai-

or parte da terra é destinada a hor-tifrutigranjeiros, como feijão e mi-lho.

Uma das coisas que os produto-res familiares precisam aprender écomo renovar suas colméias. Umarainha vive em média cinco anos,mas começa a perder capacidade depôr ovos a partir de dois. Apesardisso, muitos apicultores deixam acolméia com a mesma rainha atéque ela deixe de produzir por com-pleto ou morra. Por isso, informaKarvelage, uma equipe de quatropesquisadores do Epagri está reali-zando um levantamento da ativi-dade no Estado. A produção con-centra-se no Planalto Norte, Planal-to Serrano, Sul e parte do Oeste.

Além dessa análise, a Epagri vemrealizando aulas profissionalizan-tes. São ministrados de 10 a 12 cur-sos anuais, com uma média de 20apicultores em cada um. Os cursosabordam todo o processo de mane-jo da produção, a um custo de R$70. No ano passado, foram capaci-tados 500 apicultores. Outro pro-grama de destaque do Cepea aten-

piculturaAA

Os técnicos fazem a seleção da abelha-rainha com alarva ainda nova, com no máximo dois dias, e oprincipal critério de seleção é a capacidade de posturade ovos, que pode chegar a até três mil num único dia

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de famílias indígenas do municípiode José Boiteux (SC), com capaci-tação e perspectivas de sustenta-bilidade.

Os produtores também estãotentando melhorar seu nível de or-ganização por conta própria. Em2001 foi criada a Cooperativa Apí-cola de Santa Catarina (Coopasc), aprimeira do sul do País, com sedeem Videira. Segundo o presidenteda entidade, Luiz Celso Stefaniak,a iniciativa surgiu depois que osapicultores passaram por cursos decapacitação profissional na Epagri.“O que faltava mesmo era uma or-ganização que permitisse chegar aum padrão de qualidade”. Stefani-ak explica que essa condição era ne-cessária para conseguir o Selo deInspeção Federal (SIF). Sem isso,lembra, os produtores não teriamcondições de comercializar o pro-duto. Antes da criação da coopera-tiva, o mel era entregue apenas ementrepostos.

Depois de dois anos enfocandoa parte de organização e prepara-ção, em 2003 será feita a primeira

colheita do mel que terá a embala-gem e a marca própria da coopera-tiva. A expectativa, segundo Ste-faniak, é produzir 108 toneladas em2003. A entidade conta atualmen-te com 72 associados, que traba-lham em um total de 2,5 mil col-méias. O presidente da Coopasc ga-rante que são todos pequenos api-cultores, com uma média de 35 col-méias cada um. Eles pagam a coo-perativa com uma cota básica de umsalário mínimo, que pode ser divi-dida com mais três ou quatro pro-dutores.

Neste ano, a produção foi con-centrada no mel. Em 2004, deve co-meçar a comercialização de produ-tos relacionados, como geléia real,pólen e própolis. Stefaniak afirmaque a meta da entidade para o anoque vem é chegar a 150 apiculto-res. No longo prazo, a intenção échegar a 390 famílias associadas erepresentar a categoria em nível es-tadual. Atualmente, a cooperativaabrange nove municípios. Além daCoopasc, está sendo desenvolvidauma outra cooperativa no municí-

O Brasil é hoje o sétimo colocadono ranking mundial de produtores demel;

Em 2002, foram produzidas 27 miltoneladas de mel, sendo que11,5 toneladas foram exportadas;

Os Estados Unidos são o principaldestino do mel brasileiro, tendoimportado 5,28 milhões de quilos(US$ 10,37 milhões) em 2002;

As exportações mundiais de melsomaram US$ 440,14 milhões, deacordo com dados de 2001. A Chinaaparecia na liderança com US$98,82 milhões, seguida da Argentinacom US$ 71,51 milhões;

A produção mundial alcançou 1,26milhão de toneladas em 2001, dasquais 254,76 mil toneladas foramproduzidas pela China, 100,24 miltoneladas pelos Estados Unidos e 90mil toneladas pela Argentina. O Brasilproduziu naquele ano cerca de 20 miltoneladas;

Uma das explicações para o Brasilter abocanhado uma fatia maior domercado é a queda das exportaçõesargentinas, de mais de 24 miltoneladas entre 1999 e 2001,segundo a FAO (Food andOrganization of The United Nations);

No mesmo período, a produção daArgentina diminuiu 18 mil toneladas.Já as exportações brasileirasultrapassaram 50% da safra em2002, provocando odesabastecimento domercado interno.

APICULTURA EM NÚMEROS

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Linha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha Direta

Renato ZuccoRenato ZuccoRenato ZuccoRenato ZuccoRenato Zucco (47) 351-0766/

(48) 9989-1206

AapivaleAapivaleAapivaleAapivaleAapivale(31) 3827-2344

Epagri/CepeaEpagri/CepeaEpagri/CepeaEpagri/CepeaEpagri/Cepea(48) 239-5500

pio de Rancho Queimado (SC).Mesmo que o índice de profis-

sionalização entre os produtoresesteja longe do ideal, a apiculturacatarinense tem lugar de destaqueno cenário nacional. O Estado é osegundo maior produtor brasilei-ro, com uma média de oito mil to-neladas de mel por ano. Respondesozinho por quase um terço detoda a produção do País, que foide 22 mil toneladas em 2002. Aprevisão é chegar a 30 mil esteano. Mesmo sem ter esse título deforma oficial, o município de Iça-ra, no sul, é conhecido como a “ca-pital do mel”.

Santa Catarina também tem umdesempenho forte no exterior, poismais da metade do produto local –ou cinco mil toneladas – foi paraexportação em 2002, a melhor per-formance nacional. A expectativapara 2003 é aumentar as vendas ex-ternas em 30%. Nos últimos doisanos, elas praticamente triplicaram,tanto que há um número crescentede produtores deixando de lado ou-tras atividades agropecuárias maistradicionais para se dedicar à api-cultura de maneira integral. O Es-tado foi pioneiro, tanto que em

2001 nada menos do que 85% dasexportações brasileiras de mel vie-ram das colméias catarinenses.

O segundo colocado entre os ex-portadores nacionais é o Ceará, queem 2002 vendeu 1,8 mil toneladasdo produto para outros países. So-mente entre 2001 e o ano passado,o crescimento foi de 655%. O Nor-deste conta com a vantagem de ob-ter extração de mel até oito vezespor ano, enquanto no território ca-tarinense esse número não passa dequatro. A vantagem sulista está naqualidade do produto, já que o Es-tado tem grande variedade de flo-res produtoras de néctar, resultadoda presença de matas nativas aindapreservadas.

O Brasil beneficiou-se, além doatual bom momento para exporta-ções devido à desvalorização doreal, da redução do mercado para omel chinês. Um dos principais pro-dutores mundiais, a China teve odesempenho abalado pela contami-nação das abelhas com uso de an-tibióticos. Um problema semelhan-te foi verificado na Argentina, ou-tro competidor forte.

Mesmo com tantas notícias po-sitivas, os produtores ainda enfren-

tam barreiras que impedem um cres-cimento mais explosivo do setor. Aprincipal delas é a dificuldade deacesso a linhas de crédito desburo-cratizadas e sem exigências exces-sivas de garantias por parte dos ban-cos. Outra das grandes queixas dosetor é a ausência de uma marcanacional, pois a maior parte do pro-duto brasileiro é vendida no exte-rior em forma de tonéis para ser in-dustrializada e comercializada commarcas estrangeiras. Ou seja, comtoda a qualidade e diferencial domel brasileiro, ele ainda é “masca-rado” para ser vendio em outrosmercados; uma amostra do quantoos produtores nacionais ainda ne-cessitam de um trabalho mais in-tenso de divulgação.

O Brasil ganhou com a redução do mercado para o mel da China, um dos principaisprodutores mundiais, que sofreu contaminação das abelhas com o uso de antibióticos

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Apesar das dificuldades encon-tradas pelos produtores, o setor vemencontrando maneiras alternativas deproduzir com qualidade e vender omel brasileiro no exterior. A Associa-ção Regional dos Apicultores e Ex-portadores do Vale do Aço (Aapiva-le) conseguiu, no último mês demaio, embarcar um container com osegundo lote destinado aos EstadosUnidos, considerado o mercado maisdifícil.

A associação tem uma forte pre-sença na Alemanha, que ainda cor-responde a 99% de suas exportações.Desde novembro de 2001, data da pri-meira remessa, o crescimento na mo-vimentação total para aquele país foide 160%. Neste ano já foram enca-minhadas 182 toneladas, com umpreço médio de US$ 2,3 mil por to-nelada. Isso apesar de 2003 ter sidoconsiderado um ano desfavorável paraa produção devido ao baixo volumede chuvas, que prejudicou a manu-tenção da florada.

Segundo o gerente administrati-vo da entidade, Antônio Rolla, esseprocesso vem sendo possível graçasa dois fatores principais: o bom mo-mento das exportações brasileiras,beneficiadas pela alta do dólar, e otrabalho de parceria com a CeluloseNipo-Brasileira S.A. (Cenibra). Os cer-ca de 80 associados da Aapivale pro-duzem numa área de cerca de 200 milhectares de floresta pertencentes àempresa, que corresponde a 46 mu-nicípios de Minas Gerais. A empresafoi responsável ainda por doar a mai-oria dos equipamentos para o entre-posto da associação, onde o mel ébeneficiado, classificado e envasado.

Os associados pagam, com o pro-duto, uma pequena porcentagem paraa Cenibra, que faz a distribuição naregião. Também foi feito um traba-lho conjunto com a empresa alemãque importou o mel da Aapivale, aBraitsumeer, que atuou com a enti-dade brasileira para a aquisição doSelo de Inspeção Federal (SIF). “Aprimeira exportação é difícil porqueo processo para receber o SIF é lentoe complicado”, explica Rolla.

O gerente ressalva que, embora ogoverno não chegue a atrapalhar avenda do mel brasileiro no exterior,ajuda bem menos do que é propa-gandeado. O maior problema são aslinhas de crédito. “As promessas fan-tásticas diariamente veiculadas pelamídia nacional de que existem recur-sos fartos e fáceis para o pequeno pro-dutor rural esbarram invariavelmentena grande barreira da burocracia”.Apesar dessas críticas, Rolla garantecontinuar acreditando nas propostasgovernamentais para a criação de em-prego, renda e apoio às exportações.Segundo ele, alguns fornecedores eexportadores também deixam a de-sejar, mostrando displicência em re-lação à qualidade e à pontualidadena entrega do produto.

Ele reconhece que o fato das ex-portações serem feitas por tonel, aoinvés do produto embalado e rotula-do, dificulta o reconhecimento do melbrasileiro no exterior. Na Alemanha,a mercadoria chega em tambores de200 litros revestidos de resina espe-cial, é industrializada é vendida comosendo de lá. “Isso é uma prática co-mum a quase todos os países, nãoocorre somente na Alemanha”.

Além da rotulagem, Rolla conside-ra necessário fazer um intenso traba-lho de marketing para divulgar o pro-duto brasileiro, “pois em nenhuma par-te do mundo se faz um mel com a qua-lidade do nosso”. Tanto que já existemperspectivas de ampliar o mercado paraoutros países. Segundo o gerente daAapivale, a entidade tem recebido pro-postas da Bélgica, a Itália, a Espanhae até da Venezuela, mas os preços es-tão abaixo daqueles ofertados pelo mer-cado alemão, além de haver exigênciascomo mel de uma florada específica –só eucalipto, por exemplo – ou enviode amostras para análise.

O esforço exportador é tão gran-de que toda a produção da Aapivaleestá sendo comercializada lá fora. NaAlemanha, o produto é utilizado emdiversos setores, incluindo indústri-as de cosméticos, farmacêuticos e emiogurtes. A comercialização no exte-rior é considerada muito vantajosapara os associados. O quilo do melno Brasil está sendo vendido por R$3,50, em média, enquanto no mer-cado externo pode chegar a R$ 5. Ogerente da entidade lembra que, paravender no exterior, é necessário vo-lume de produção. Além dos sócios,atuam junto à associação apiculto-res independentes, que correspondema 5% do total. Essa é uma das razõespelas quais o entreposto obtido atra-vés da parceria com a Cenibra cola-borou nesse processo, pois permitiuunir de vez os produtores. Atualmen-te, cerca de cinco mil colméias estãoinstaladas nas florestas, que ficam naregião do Vale do Aço e Rio Doce. Aprodução é estimada em mais de 200toneladas de mel/ano.

Esforço exportador

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Passada a onda especulativa,o mercado de avestruz se consolidacomo uma atividade que demandainvestimentos de longo prazo econstante inovação

Criação epois de criar uma legião deinvestidores, motivados pe-las oportunidades de ganhos

rápidos e alto retorno, o mercadobrasileiro de estrutiocultura – a cri-ação de avestruz – tenta encontrarseu ponto de equilíbrio buscandomelhorias nas técnicas de manejo ena gestão do negócio. Para o presi-dente da Associação de Criadores deAvestruz do Brasil (Acab), CelsoCarrer, as taxas atrativas de renta-bilidade desta atividade têm auxi-liado o forte crescimento do reba-nho brasileiro, ao mesmo tempo emque aumentam as opções de forne-cedores de aves. No entanto, dizCarrer, a mesma atratividade tem fo-mentado também a proliferação devárias empresas e produtores que vi-sam um retorno de curto prazo, ba-seados numa visão mais especula-tiva, e que não estarão, segundo

strutioculturaEE

equilibradaD

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ele, no mercado nos próximos anos.“O mercado tem se apresentadocada vez menos especulativo e comtendência de profissionalização.Muitas empresas que iniciaram estaatividade não fazem mais parte des-te mercado. Existe uma contínuatendência de crescimento, emboraum turn over natural já seja senti-do”, avalia Carrer. De qualquer ma-neira, o rebanho brasileiro de aves-truz deve dobrar nos próximos doisanos. Segundo as estimativas daAcab, existem cerca de 100 mil ani-mais num plantel que cresce a umataxa de 50% ao ano. Esse cresci-mento estimula um mercado quemovimenta US$ 5 milhões (R$ 15milhões) por ano. No Brasil, o mer-cado de matrizes e reprodutores daave tem se consolidado rapidamen-te com um aumento progressivo donúmero de produtores.

Mas, antes de se aventurar nacriação de avestruzes, é preciso terem mente que a estrutiocultura éum investimento de longo prazo eque a comercialização de carne ain-da é um pequeno nicho. Hoje, 70%da renda da estrutiocultora brasi-leira provém da venda de animaisreprodutores, 25% vêm de insumospara a produção e apenas 5% davenda de carne. Para iniciar um cri-atório de avestruzes, o investimentoé de aproximadamente R$ 20 mil.

“A tarefa de escolher o fornece-dor mais apropriado para o seu in-vestimento é de fundamental im-portância. De um modo geral, oideal é perseguir uma gestão em-presarial adequada às peculiarida-des do agronegócio e à atividadede estrutiocultura”, aconselha Car-rer. As recomendações para novosempreendedores nesse mercado têmsua razão. O perfil dos criadores deavestruzes no país é diversificado,

a maioria é de pequenos e médiosprodutores que têm ainda como ori-gem os profissionais liberais e em-presários com a atividade econômi-ca principal de raiz urbana (indús-tria e comércio). Segundo a Acab,os criadores que possuem vínculocom a atividade rural ainda são aminoria. “No futuro existe a ten-dência de inverter essa situação. Omercado de produtos (carne, couroe plumas) já começou no país e ab-sorve quantidades ainda pequenasdevido à oferta limitada de animaispara o abate. O mercado externocontinua aquecido e deve ser umexcelente canal de comercializaçãoem um futuro próximo de dois ou

três anos”, avalia o presidente daAcab, que também comanda o Gru-po Ostrich do Brasil, empresa es-pecializada na prestação de servi-ços e assistência técnica aos estru-tiocultores.

CLIMA E MEIO AMBIENTE

Para quem quer entrar nesse ne-gócio outros alertas são feitos pelopresidente da Acab. O primeiro de-les é que a estrutiocultura possuigargalos tecnológicos que normal-mente são sentidos somente a par-tir do terceiro ou quarto ano de ati-vidade. Outra questão está relacio-nada com o clima no Brasil. O am-biente brasileiro varia bastante e

A estrutiocultura exige investimentos emtecnologia que são necessários somente a

partir do terceiro ano de negócio

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dependendo das condições climá-ticas de cada região, a eficiênciade produção também se altera. “Énecessário adequar a melhor tecno-logia a cada situação, gerando assoluções mais adequadas para via-bilizar a criação e o escoamento deprodutos de forma econômica. Vá-rios custos precisam ser minimiza-dos como os de alimentação, prin-cipal item de despesas operacio-nais”, explica Carrer.

Outro preconceito enfrentadopelos novos criadores é questãoambiental. Para a Acab, embora oavestruz, como qualquer outra cul-tura de origem animal, seja pro-dutora de dejetos, pelo tipo de cri-

ação (a campo) a quantidade ge-rada não chega a preocupar doponto de vista de risco ambiental.“Hoje existem normas para estacriação que preconizam técnicasde controle de dejetos, referenda-das na Instrução Normativa de nú-mero 2 do Ministério da Agricul-tura. Tanto assim que o próprioIbama reclassificou o avestruz deespécie exótica para espécie deexploração zootécnica”, afirma opresidente da Acab. Carrer descar-ta qualquer comparação com es-cargots e javalis, que foram intro-duzidos irresponsavelmente nomeio ambiente, causando um de-sequilíbrio ecológico. Ele esclare-

ce que, no caso das avestruzes,esta situação não ocorre, pois a re-produção natural é praticamenteinviável no Brasil, por causa doalto índice de umidade do ar. Alémdisso, pelo porte que possuem, asavestruzes são facilmente identi-ficáveis e, por não gostarem de am-bientes de mata fechada, preferin-do os campos, sua captura ou eli-minação seria muito simples. “AAcab é solidária na preocupaçãocom os riscos. Por isso tem con-clamado os institutos de pesquisadas universidades a criar tecnolo-gia brasileira, para deixarmos de serdependentes da tecnologia exter-na”, diz.

strutioculturaEE

70% da renda dos criadores brasileiros vem da venda de reprodutores,25% de insumos para a produção e apenas 5% da venda de carne

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8787878787Guia Empreendedor Rural

ENSINO À DISTÂNCIA

Pensando em todos esses entra-ves, Carrer resolveu criar a primeirafaculdade destinada à estrutiocul-tura. A Universidade do Avestruznasceu de uma parceria entre o Gru-po Ostrich e a Faculdade de Admi-nistração de Limeira (FAAL), com oobjetivo de tornar viável a especi-alização de profissionais e interes-sados na criação de avestruzes.Além das aulas teóricas pela inter-net, os alunos participam de aulaspresenciais e avaliações práticas queacontecem nos laboratórios de en-sino da FAAL e no Centro de Tecno-logia e Produção da Brasil Ostrich.A procura parece ter justificado oinvestimento, já que alunos de vá-rios estados brasileiros e até deoutros países, como Portugal, Bo-lívia e Estados Unidos, estão assis-tindo aos cursos pela web.

A Universidade do Avestruz tematualmente 50 inscritos no curso deExtensão Módulo Aplicado em Estruti-ocultura e 30 no de Especialização emAgribusiness com Concentração em Es-trutiocultura (lato sensu). “A Uniaves-truz foi criada a partir do interesse emdisponibilizar de forma concreta a ex-periência acumulada de nosso corpotécnico acompanhando e assessorandoinúmeros projetos no Brasil inteiro eda necessidade de se levar conhecimen-to para um público ainda carente deinformações, não somente aquele di-retamente ligado a estrutiocultura, mastambém na área de gestão de agrone-gócio”, define Carrer.

Consulte os órgãos de controle da situação financeira e da idoneidade da empresa fornecedora (SERASA eSPC);

Verifique se a empresa é associada à ACAB (Associação de Criadores de Avestruzes do Brasil) pelo (11) 3101-1096;

Preste muita atenção na equipe técnica que faz parte da empresa. Não se limite a conhecer a área devendas. Pergunte sempre se a empresa têm técnicos capacitados (zootecnistas, veterinários, biólogos,agrônomos e outros profissionais da área de agronegócio). Este detalhe é um importante indicador daestrutura e da qualidade do pós-venda e para avaliar o grau de profissionalização das empresas consultadas;

Adquira aves com absoluto controle de documentação sanitária (exija exames negativos para a doença deNewcastle, salmoneloses e micoplasma), fiscal e de origem (informações de parentesco e pedigree) e comgarantia de sexagem e microchipagem;

Linha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha DiretaLinha Direta

Uniavestruz:Uniavestruz:Uniavestruz:Uniavestruz:Uniavestruz:(19) 3561 8200

www.uniavestruz.com.br

Promova visitas às instalações da empresa e verifique os cuidados relativos ao bom manejo e desenvolvi-mento das aves (um filhote de três meses deverá ter cerca de 20 kg a 22 kg de peso e 1,20 m de altura);

Desconfie de empresas que prometem resultados de produtividade muito altos. Uma média de produção defilhotes por fêmea adulta/ano mais próxima da realidade de criação encontrada na prática fica na casa de 15a 18 filhotes/fêmea/ano;

Desconfie de empresas que procuram se valorizar atacando e reforçando os aspectos negativos da concorrên-cia. Pode ser um sinal de absoluta falta de ética ou de desespero mercadológico;

Desconfie de empresas que possuem preços de aves muito baixos. Lembre-se: o barato poderá sair muitocaro, se você estiver comprando “gato por lebre”. Ninguém faz milagre. Aves com preços muito abaixo domercado podem ser de origem clandestina ou de baixa qualidade.

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AS PRINCIPAIS DICAS PARA QUEM QUERCOMEÇAR A CRIAÇÃO DE AVESTRUZES

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8888888888Guia Empreendedor Rural

eiras e CongressosFFJANEIRO

De 05/01 a 09/01/2004CURSO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIALSertãozinho – SPInformações com: Lagoa da SerraTelefone: (16) 645-2299 / R. 156E-mail: [email protected]

De 10/01 a 07/02/2004I CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM RASTREABILIDADEANIMALPiracicaba – SPInformações com: ESALQSite: www.ciagri.usp.br/~nupea/eventos.htmTelefone: (19) 3429-4217 / R. 237E-mail: [email protected]

De 14/01 a 25/01/2004I CURSO DE VERÃO EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO EMANEJO DA VIDA SILVESTRENazaré Paulista – SPInformações com: Centro de Educação do IPÊ (Instituto dePesquisas Ecológicas)Site: www.ipe.org.brTelefone: (11) 4597-1327E-mail: [email protected]

De 15/01 a 30/01/2004ADMINISTRANDO CAVALOS E CENTROS EQÜESTRESSorocaba – SPInformações com: Universidade do CavaloSite: www.universidadedocavalo.com.brTelefone: (15) 3012-8122 / 3292-3552E-mail: [email protected]

De 15/01 a 18/01/2004SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO E DESENVOLVIMENTOPECUÁRIODescalvado – SPInformações com: Atav AssessoriaSite: www.limousin.com.brTelefone: (19) 3583-4267E-mail: [email protected]

De 19/01 a 13/02/2004CURSO COLHEITA E PREPARO DO CAFÉ COM QUALIDADEViçosa – MGInformações com: Departamento de Engenharia Agrícola daUniversidade Federal de Viçosa (UFV)Site: www.pos-colheita.com.brTelefone: (31) 3899-2735 / 3899-1889E-mail: [email protected]

De 21/01 a 24/01/2004SHOW AGRÍCOLAPalma Sola – SCInformações com: JucaraSite: www.sementescrestani.com.brTelefone: (49) 652-0152E-mail: [email protected]

De 27/01 a 29/01/20047º CURSO DE PRODUÇÃO E CONSERVAÇÃO DEFORRAGEMPiracicaba – SPInformações com: Fundação de Estudos Agrários Luiz deQueirozSite: www.esalq.usp.brTelefone: (19) 3422-9197 / 3417-0064E-mail: [email protected]

De 29/01 a 01/02/2004XX FEOVELHAPinheiro Machado – RSInformações com: SupersulTelefone: (53) 248-1600 / 248-1564E-mail: [email protected]

De 30/01 a 30/01/2004PRÊMIO TOP DE AGRONEGÓCIO 2004Campinas – SPInformações com: ReginaSite: www.iepq.com.brTelefone: (19) 3294-7772E-mail: [email protected]

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8989898989Guia Empreendedor Rural

03/02/2004CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOTURISMO ETURISMO RURALSão Paulo – SPInformações com: Faculdade SENAC de Turismo e HotelariaTelefone: (11) 3673-2511 / 3864-4597

De 14/02 a 15/02/2004CREDENCIADORA - CAVALOS CRIOULOSSanta Cruz do Sul – RSInformações com: Associação Brasileira de Criadores de CavalosCrioulosSite: www.abccc.com.brTelefone: (53) 223-2122E-mail: [email protected]

De 13/02 a 11/12/2004CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRODUÇÃO DERUMINANTESPiracicaba – SPInformações com: Fundação de Estudos Agrários Luiz de QueirozSite: www.esalq.usp.brTelefone: (19) 3417-6604E-mail: [email protected]

De 02/02 a 06/02/200415º CURSO DE SISTEMA ROTACIONADO INTENSIVO DEPRODUÇÃO DE PASTAGENS PARA BOVINOS LEITEIROSPiracicaba – SPInformações com: Fundação de Estudos Agrários Luiz de QueirozSite: www.esalq.usp.brTelefone: (19) 3417-6604E-mail: [email protected]

De 13/02 a 13/02/2004CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE NUTRIÇÃO E PRODUÇÃODE BOVINOSPiracicaba – SPInformações com: Fundação de Estudos Agrários Luiz de QueirozSite: www.esalq.usp.brTelefone: (19) 3417-6604E-mail: [email protected]

FEVEREIRO

De 29/02 a 05/03/2004VII CONFERÊNCIA MUNDIAL DE PESQUISA DE SOJAIV CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE PROCESSAMENTOE UTILIZAÇÃO DE SOJA E III CONGRESSO BRASILEIRODE SOJAFoz do Iguaçu – PRInformações com: Degrau - Sistema de Comunicação IntegradaSite: www.cnpso.embrapa.br/soyTelefone: (43) 3327-4133 /3371-6336E-mail: [email protected]

De 29/02 a 02/03/200410º PROWEINDüsseldorf – AlemanhaInformações com: MDK Feiras InternacionaisSite: www.prowein.deTelefone: (11) 5535-4799E-mail: [email protected]

MARÇO

De 01/03 a 25/03/2004CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTOE UTILIZAÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLASPelotas – RSInformações com: Universidade Federal de PelotasSite: www.ufpel.edu.br/faem/pgerTelefone: (53) 275-7126E-mail: [email protected]

De 01/03 a 27/08/2004CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM BIOSSEGURANÇAFlorianóplis – SCInformações com: Associação Nacional de Biossegurança(ANBio)Site: www.anbio.org.brTelefone: (21) 2220-8327 / 2220-8678E-mail: [email protected]

www. agroagenda.com.br

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9090909090Guia Empreendedor Rural

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9292929292Guia Empreendedor Rural

AGRICULTURA ORGÂNICA

Associação de Agricultura Orgânica - AAOAv. Francisco Matarazzo, 4552º andar • Parque Água BrancaCasa do Fazendeiro • Sala 20São Paulo/SP - 05001-900Fone/Fax: (11) [email protected]

Instituto BiodinâmicoRod. Gastão Dal Farra • Km 4Cx. Postal: 321Botucatu/SP - 18603-970Fone: (14) [email protected]

APICULTURA

Centro de Apicultura TropicalAv. Prof. Manuel Ribeiro, 1920Pindamonhangaba/SP12400-970Fone: (12) 242-7822

AQÜICULTURA

Associação Brasileira de Criadores deOrganismos Aquáticos - ABRACOAAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) 3672-8274www.setorpesqueiro.com.brsetorpesqueiro@setorpesqueiro.com.br

ASININOS

Associação Brasileira de Criadores deJumento de Raça PegaRua São Paulo, 893 • Sala 1204Belo Horizonte/MG - 30170-131Fone: (31) [email protected]

AVES ORNAMENTAIS

Associação Brasileira dos Criadores deAves OrnamentaisAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.112São Paulo/SP - 05001-970Fone/Fax: (11) 3864-2899

Federação Ornitológica do Brasil - FOBAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.131São Paulo/SP - 05001-970Fone/Fax: (11) 3862-4176

AVICULTURA

Associação Brasileira dos Exportadores deFrango - ABEFAv. das Américas, 505 • Sala 212Barra da TijucaRio de Janeiro/RJ - 22631-000Fone: (21) [email protected]

Associação Brasileira de Produtores dePinto de Corte - APINCOAv. Andrade Neves, 2501Bairro Jardim ChapadãoSão Paulo/SP - 13070-002Fone: (19) 3241-0233Fax: (19) [email protected]

Associação dos Criadores de Avestruz doBrasil - ACABCx. Postal: 399Bragança Paulista/SP - 12900-000Fone: (11) [email protected]

Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia- FACTAAv. Andrade Neves, 2501Campinas/SP - 13070-002Fone: (19) 3243-4758Fax: (19) [email protected]

União Brasileira de Avicultura - UBAAv. Brigadeiro Faria Lima, 191212º andar • Sala 12ASão Paulo/SP - 01451-000Fone: (11) 3812-7666Fax: (11) 3815-5964www.rudah.com.br/[email protected]

BOVINOS

Associação Brasileira dos Criadores deAngusAv. Carlos Gomes, 141 • Cj. 501Porto Alegre/RS - 90480-003Fone: (51) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de BrahmanPça. Vicentino R. Cunha, 110Bloco 1Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deBrangus IbagéAv. João Teles, 1759Cx. Postal: 303Bagé/RS - 96400-031Fone: (53) 241-2801

Associação Brasileira dos Criadores deBelgian BlueRua 7 de Setembro, 5388Conj. 1602Curitiba/PR - 80240-000Fone/Fax: (41) 643-2223

Associação Brasileira de Criadores deBlonde D’AquitaineRua Tabapuã, 479 • 10º andarConj. 102Bairro ItaimbibiSão Paulo/SP - 04533-011Fone: (11) 3842-0712Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deBovinos da Raça HolandesaAv. Diógenes de Lima, 3063/65Bairro Alto da LapaSão Paulo/SP - 05083-010Fone: (11) 3831-0188Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de BrangusAv. Américo C. da Costa, 320Campo Grande/MS - 79080-170Fone/Fax: (67) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de CanchimAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCasa do Fazendeiro • Sala 17São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de CaracuRua Vicente Machado, 1322Sala 101Cx. Postal: 162Palmas/PR - 85555-000Fone: (46) [email protected]

uia RuralGG

A

ENTIDADES EINSTITUIÇÕES

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9393939393Guia Empreendedor Rural

Associação Brasileira dos Criadores deCharolêsRua Alberto Pasqualini, 254º andar • Sala 404Santa Maria/RS - 97015-010Fone: (55) 222-7822Fax: (55) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de ChianinaAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-300Fone: (11) 2672-6099Fax: (11) 2673-4905

Associação Brasileira dos Criadores de DevonRua Anchieta, 2043Cx. Postal: 490Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) 222-4576Fax: (53) [email protected]

Associação Brasileira de Gado JerseyAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 21São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 262-0588Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de GelbviehAv. Tiradentes, 6275Londrina/PR - 86072-360Fone: (43) 348-2427www.gelbvieh.com.br

Associação dos Criadores de Gir do BrasilPç. Vicentino R. da Cunha, 110Bloco 01Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) 3319-3885Fax: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deGirolandoRua Orlando V. Nascimento, 74Uberaba/MG - 38040-280Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de GuzeráPç. Vicentino R. da Cunha, 110Bloco 01Uberaba/MG - 38022-330Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação dos Criadores de Gado HolandêsAv. Fernando Osório, 1754Pelotas/RS - 96055-000Fone: (53) 273-1399

Associação Nacional dos Criadores deHerd Book CollaresRua Anchieta, 2043Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) [email protected]

Associação dos Criadores de Hereford/BrafordRua General Osório, 1094Bagé/RS - 96400-100Fone/Fax: (53) [email protected]@braford.com.br

Associação Brasileira dos Criadores deIndubrasilPç. Vicentino R. da Cunha, 118Uberaba/MG - 38022-330Fone: (34) 3336-4400

Associação Brasileira dos Criadores deLimousinAv. Tiradentes, 6275Parque Governador Ney BragaCx. Postal 398Londrina/PR - 86072-360Fone: (43) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deMarchigianaAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação dos Criadores do MochoTabapuãPç. Vicentino Rodrigues da Cunha, 110• Bloco 01Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação dos Criadores de Nelore doBrasilRua Riachuelo, 231 • 1 º andarSao Paulo/SP - 01007-906Fone: (11) [email protected]

Associação Nacional dos Criadores de NormandoRua Anchieta, 2043Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores dePardo-SuíçoAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 27Caixa interna 13Sao Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3871-1018Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de PiemontêsRua Santa Catarina, 1901Avaré/SP - 18708-000Fone: (14) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de PitangueirasAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3872-0905

Associação Brasileira de Criadores de Red PollRua Leopoldo Froes, 20Porto Alegre/RS -90020-090Fone: (55) 422-1542

Associação Brasileira dos Criadores de SantaGertrudisAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deSimental e SimbrasilRua Mário Romanelli, 23Cachoeira do Itapemirim/ES29303-260Fone: (27) 521-5666Fax: (27) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de ZebuPça. Vicentino R. da Cunha, 110Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) [email protected]

Associação do Novilho PrecoceRua da Consolação, 24713º andarSão Paulo/SP - 01301-000Fone: (11) 259-0833

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9494949494Guia Empreendedor Rural

BUBALINOS

Associação Brasileira dos Criadores deBúfalosAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 13São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Fundação Centro Tecnológico Búfalos eDesenvolvimento Agropecuário - FCTBDACx. Postal: 193Andradina/SP - 16900-000Fone: (18) 722-5771

EQÜINOS

Associação Brasileira de Criadores doCavalo AndaluzAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) 3873-2766

Associação Brasileira dos Criadores doCavalo AppaloosaAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores doCavalo ÁrabeAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo CampeiroRua Marechal Floriano, 217Curitibanos/SC - 89520-000Fone: (49) 45-1866

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo CampolinaRua Rep. da Argentina, 255Belo Horizonte/MG – 30315-490Fone: (31) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos de CorridaAv. Lineu Paula Machado, 875Jardim EverestSão Paulo/SP - 05601-001Fone: (11) 3813-5699 / Fax: [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos CrioulosAv. Fernando Osório, 1754APelotas/RS - 96055-000Fone: (53) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos de HipismoAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deMangalargaAv. Francisco Matarazzo, 455Pavilhão 04São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3673-9400Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deCavalo Mangalarga MarchadorRua Goitacazes, 14 • 10º andarBelo Horizonte/MG30190-050Fone/Fax; (31) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deCavalo Raça MarajoaraAv. Alm. Barroso, 5386Belém/PA - 66610-000Fone: (91) 231-0339

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo PaintAv. Comendador José da Silva Marta,Quadra 36Bauru/SP - 17053-340Fone/Fax: (14) 236-3000www.abcpaint.com.br

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo PantaneiroRua Joaquim Murtinho, s/nPoconé/MT - 78175-000Fone: (65) 345-1436

Associação Brasileira dos Criadores doCavalo PôneiAv. Amazonas, 6020Parque Bolívar de AndradeBelo Horizonte/MG30510-000Fone/Fax: (31) 371-3797www.bhnet.com.br/~ponei

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos Quarto-de-MilhaAv. Francisco Matarazzo, 455Pavilhão 11São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Cavaleiros deHipismo RuralAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.062São Paulo/SP - 05001-900Fone/Fax: (11) [email protected]

CCHINCHILAS

Associação Brasileira dos Criadores deChinchila LanígeraAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-300Fone: (11) 3865-9237www.surf.to/masterchinchila

Associação dos Criadores de Chinchilasdo Brasil - ACHIBRAAv. Presidente Vargas, 514Camaquã/RS - 96180-000Fone: (51) [email protected]

B

DDEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Associação das Empresas Nacionais deDefensivos Agrícolas - AENDAAv. Dr. Vieira de Carvalho, 1723º andar • Conj. 306São Paulo/SP - 01210-010Fone/Fax: (11) [email protected]

Associação Nacional de Defesa Agrícola -ANDEFRua Cap. Antônio Rosa, 37613º andarSão Paulo/SP - 01443-010Fone/Fax: (11) 3081-5033www.andef.com.br

E

uia RuralGG

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9595959595Guia Empreendedor Rural

Federação Brasileira dos Criadores deCavalo Puro SangueLusitano/Pura Raça Espanhola-AndaluzAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 14São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 367-2866

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo TrotadorPça. Trotadores, 1São Paulo/SP - 02120-010Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deJumento NordestinoSecretaria da AgriculturaBR 101 • Km 0Centro AdministrativoBairro Lagoa NovaNatal/RN - 59059-900Fone: (84) 231-7218

MARKETING RURAL

Associação Brasileira de Marketing Rural- ABMRAv. Brigadeiro Faria Lima, 15722º andar • Conj. 221/222São Paulo/SP - 01463-900Fone: (11) 3812-7814Fax: (11) 3816-2702

MECANIZAÇÃO

Associação Brasileira da Indústria deMáquinas e Equipamentos - ABIMAQAv. Jabaquara, 29254º andarSão Paulo/SP - 04045-902Fone: (11) 5582-6311Fax: (11) [email protected]

MEDICINA VETERINÁRIA

Conselho Federal de Medicina VeterináriaSCS • Qd. 1 • Bloco EEdifício Ceará • 14º andarBrasília/DF - 70303-900Fone: (61) 322-7708Fax: (61) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deHampshire DowRua Timbaúva, 930Cx. Postal 65Novo Hamburgo/RS93332-110Fone: (51) 587-1000

Associação Brasileira dos Criadores deIdealRua Humaitá, 192Pelotas/RS - 96470-000Fone/Fax: (53) 2481-1471

Associação Brasileira de Criadores de Ilede FrancePça. Julio de Castilhos, 48Apto. 21Porto Alegre/RS - 90430-020Fone: (51) 3311-8757

Associação Brasileira dos Criadores deKaraculRua Nossa Senhora Aparecida, 167Vila ConceiçãoPorto Alegre/RS - 91920-690Fone/Fax: (51) 3266-7305

Associação Brasileira dos Criadores deMerino AustralianoRua Santana, 2717 • Apto. 6AUruguaiana/RS - 97510-471Fone: (55) 412-6029

Associação Brasileira dos Criadores deOvinos - ARCOAv. Sete de Setembro, 1159Cx. Postal: 145Bagé/RS - 96400-901Fone: (53) 242-6130Fax: (53) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores dePoll DorsetRua Visconde de Guarapuava, 3945/1501Curitiba/PR - 80250-220Fone/Fax: (41) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores dePolypayAv. Princesa Isabel, 395Porto Alegre/RS - 90620-001Fone: (51) 217-1230

Associação Brasileira de Criadores deRomney MarshRua Mal. Floriano, 1098CentroBagé/RS - 96400-001Fone: (53) 242-1753

FFEDERAÇÕES DA AGRICULTURA

Confederação Nacional da AgriculturaSBN Quadra 1Ed. Palácio da Agricultura2º e 4º andares • Bloco FBrasília/DF - 70040-908Fone: (61) 326-3161Fax: (61) [email protected]

FRUTICULTURA

Instituto Brasileiro de Frutas - IBRAFAv. Ipiranga, 952 • 13º andarSão Paulo/SP - 01084-900Fone: (11) [email protected]

LEITE

Associação Brasileira de Produtores deLeite BrasilRua Bento Freitas, 178 9º andarSão Paulo/SP - 01220-000Fone: (11) 221-3599Fax: (11) [email protected]

M

L

LOÓLEOS VEGETAIS

Associação Brasileira das Indústrias deÓleos Vegetais - ABIOVEAv. Vereador José Diniz, 3707Conj. 73 • 7º andarSão Paulo/SP - 04603-004Fone: (11) 5536-0733Fax: (11) [email protected]

OVINOS E CAPRINOS

Associação Brasileira de Criadores deBorder LeicesterRua Itapeva, 93Passo da AreiaPorto Alegre/RS - 91350-080Fone: (51) 341-2566Fax: (51) 341-3566

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9696969696Guia Empreendedor Rural

Associação Brasileira dos Criadores deSuffolkRua Joaquim Pedro Soares, 253Fundos - CentroNovo Hamburgo/RS93510-320Fone: (51) 594-2825Fax: (51) 582-7060

Associação Brasileira dos Criadores deTexelAv. Borges de Medeiros, 541Conj. 501Cx. Postal: 1.114Porto Alegre/RS - 99658-044Fone: (51) 341-5291Fax: (51) 231-6307

Associação Paulista dos Criadores deOvinos - ASPACORua Marcelo George, 69Jardim ProgressoSão Manuel/SP - 18650-000Fone: (14) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCaprinosAv. Caxangá, 2200Bairro CordeiroCx. Postal 7.222Recife/PE - 50711-000Fone/Fax: (81) 3449-9391

SOCIEDADES

Sociedade RuralBrasileira - SRBRua Formosa, 367 • 19º andarSão Paulo/SP - 01049-000Fone: (11) 222-0666Fax: (11) [email protected]

SUÍNOS

Associação Brasileira de Criadores deSuínos - ABCSRua Dinarte Vasconcelos, 40Parque 20 de MaioCx. Postal 105Estrela/RS - 95880-000Fone/Fax: (51) [email protected]

Associação dos Criadores de SuínosAv. Amazonas, 6020Parque GameleiraBelo Horizonte/MG30530-000Fone: (31) 3334-5709

AGRI-TILLAGE DO BRASIL LTDA.Arados, grades, semeadeiras eroçadeirasAvenida Baldan, 1500Matão/SP - CEP: 15993-000Fone: (16) 282-2577Fax: (16) 282-2480E-mail: [email protected]: www.agritillage.com.br

ALLIANCE IND. MECÂNICA LTDA.Moinhos, transportadores e secadoresAv. Domingos Camerlingo Calo, 3228Ourinhos/SP - CEP: 19900-000Fone: (14) 322-5815E-mail: [email protected]: www.alliance.ind.br

PPESQUISA

Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - EMBRAPAParque Estação Biológica (PqEB), s/nEdif. Sede • Plano PilotoBrasília/DF - 70770-901Fone: (61) 448-4433Fax: (61) [email protected]

SSEMENTES

Associação Brasileira dos Produtores deSementes - ABRASEMSCS • Bloco G • nº 30Sala 501Edif. BacaratBrasília/DF - 70309-900Fone: (61) 226-9022Fax: (61) [email protected]

MÁQUINAS EEQUIPAMENTOS

aAGCO DO BRASIL COMÉRCIO E INDÚS-TRIA LTDA.Tratores e colheitadeirasAv. Guilherme Schell, 10260Canoas/RS - CEP: 92420-000Fone: (51) 477-7000Fax: (51) 477-1257E-mail: [email protected]: www.massey.com.br

AGRALE S.A.Caminhões, tratores, motores e gruposgeradoresRod. BR 116, km 145, 15104Caxias do Sul/RS - CEP: 95059-520Fone: (54) 229-1133Fax: (54) 229-2290E-mail: [email protected]: www.agrale.com.br

cCASE BRASIL & CIA.Tratores e colheitadeirasAv. Jerome Case, 1801Sorocaba/SP - CEP: 18087-370Fone: (15) 235-4000 Fax: (15) 225-2100Internet: www.casecorp.com

CASP S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIODistribuidores, bebedouros e silos parafrangosRua Sebastião Gonçalves Cruz, 477Amparo/SP - CEP: 13904-904Fone: (19) 3807-8022Fax: (19) 3807 2422E-mail: [email protected]: www.casp.com.br

CATERPILLAR BRASIL LTDA.Tratores, máquinas e equipamentosRod. Luiz de Queiroz, Km 157Piracicaba/SP - CEP: 13420-900Fone: (19) 429-2100Fax: (19) 429-2430Internet: www.cat.com

CIVEMASA IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA.Arados, cultivadores, grades eplantadoresRod. Anhangüera, Km 163 - CxP. 541Araras/SP - CEP: 13600-970Fone: (19) 543-2100Fax: (19) 543-2122E-mail: [email protected]: www.civemasa.com

CONFAB INDUSTRIAL S.A.Tubos para armaz. e distribuiçãoRua Tabapuã, 41 -14º AndarSão Paulo/SP - CEP: 04533-010Fone: (11) 3040-6015Fax: (11) 3040-6037E-mail: [email protected]: www.confab.com.br

uia RuralGG

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9797979797Guia Empreendedor Rural

EIRICH INDUSTRIAL LTDA.Secadores, trituradores e moagensEstrada Velha De Itu, 1500Jandira/SP - CEP: 06612-250Fone: (11) 4789-3055Fax: (11) 4789-3049E-mail: [email protected]: www.eirich.de

ELINO FORNOS INDUSTRIAIS S.A.Fornos industriaisAvenida Juvenal Arantes, 1375Jundiaí/SP - CEP: 13212-370Fone: (11) 4525-0744Fax: (11) 4525-0943E-mail: [email protected]

JOHN DEERE BRASIL S.A.Tratores e colheitadeirasAv. Jorge Logemann, 600Horizontina/RS - CEP: 98920-000Fone: (55) 537-1322Fax: (55) 537-1844E-mail: slsjohndeere@ johndeere.comInternet: www.slc.com.br

METISA - METALÚRGICA TIMBOENSE S.A.Ferramentas e peças para tratores eimplementos agrícolasRua Fritz Lorenz, 2442Timbó/SC - CEP: 89120-000Fone: (47) 281-2000Fax: (47) 281-2223E-mail: [email protected]: www.metisa.com.br

e

fFOCKINK INDÚSTRIAS ELÉTRICAS LTDA.Ordenhadeiras, identificadores econtrole de armazenagemRua da Holanda, 123Panambi/RS - CEP: 98280-000Fone: (55) 375-4422Fax: (55) 375-4482E-mail: [email protected]: www.fockink.ind.br

hHIDRO POWER IND. E COMÉRCIO DEEQUIPAMENTOS LTDA.Moto-bombas, pivôs e grupos geradoresVia Antônio Leite de Oliveira, 215Piedade/SP - CEP: 18170-000Fone: (15) 244-1103Fax: (15) 244-1103E-mail: [email protected]: www.jimenez-hitropower.com.br

iINBRAS-ERIEZ EQUIP. MAGNÉTICOS EVIBRATÓRIOS LTDA.Equipamento e vibratóriosRua Marinho de Carvalho, 16Diadema/SP - CEP: 09921-000Fone: (11) 4056-6654Fax: (11) 4056-6755E-mail: [email protected]

j

kKEPLER WEBER S.A.Peças para armazenagem e conserva-çãoAvenida Andaraí, 566Porto Alegre/RS - CEP: 91350-110Fone: (55) 375-4000 Fax: (51) 341-8281E-mail: [email protected]: www.kepler.com.br

KILBRA MÁQUINAS LTDA.Embalagens de ovos, criadeiras ebebedourosRua Hum, 344-1 - Dist. Ind. - CxP. 187Birigüi/SP - CEP: 16206-005Fone: (18) 642-3240 Fax: (18) 642-3240Internet: www.kilbra.com.br

KREBSFER INDUSTRIAL LTDA.Pivôs, conexões e tubosRua Krebsfer, 566Valinhos/SP - CEP: 13279-450Fone: (19) 3881-1722 Fax: (19) 3881-1566E-mail: [email protected]: www.krebsfer.com.br

mMARCHESAN IMP. E MÁQUINASAGRÍCOLAS TATU S.A.Máquinas para preparação, plantio econservação de solosAvenida Marchesan, 1979Matão/SP - CEP: 13600-970Fone: (16) 282-2411Fax: (16) 282-2402E-mail: [email protected]: www.marchesan.com.br

METALÚRGICA PAGE LTDA.Silos, transportadores, secadores eempilhadeirasRodovia BR-101, Km 414Araranguá/SC - CEP: 88900-000Fone: (48) 524-0030Fax: (48) 524-0030E-mail: [email protected]: www.mpage.com.br

nNETZSCH DO BRASIL LTDA.Bombas rotativas e filtrosRua Hermann Weege, 2383Pomerode/SC - CEP: 89107-000Fone: (47) 387-8222E-mail: [email protected]: www.netzsch.com.br

NEW HOLLAND LATINO AMERICANA LTDA.Tratores e colheitadeirasAv. Juscelino Kubitschek, 11825Curitiba/PR - CEP: 81450-903Fone: (41) 341-7317Fax: (41) 341-7107Internet: www.newholland.com.br

pPACKO PLURINOX LTDA.Linhas de processamento, bombas ecentros coletores de leiteAvenida Tancredo Neves, 505Batatais/SP - CEP: 14300-000Fone: (16) 3761-4144Fax: (16) 3761-6299E-mail: [email protected]

vVALMONT INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.Produtos para irrigação, iluminação eenergiaAvenida Francisco Podboy, 1600Uberaba/MG - CEP: 38056-640Fone: (34) 3318-9000 Fax: (34) 3318-9001E-mail: [email protected]: www.valmont.com

VALTRA DO BRASIL S.A.Tratores ValmetR. Cap. Francisco de Almeida, 695Mogi das Cruzes/SPCEP: 08740-300Fone: (11) 4795-2000 Fax: (11) 4795-2119E-mail: [email protected]: www.valtra.com.br

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9898989898Guia Empreendedor Rural

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