Eduardo da Costa Macedo - CAMÕES, filho de Ana Sá e Macedo

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Nobilem Nomine Nascimento: Favaios, 15 de Novembro de 1859 Morte: Santo Tirso, 20 de Maio de 1916 (57 anos) CAMÕES (FILHO DE aNA sÁ E MACEDO) I Naquela alma pura e rutilante Guiada pelos ventos do destino Havia um sonho lucido, divino Com um eco damor, - harpa distante. Já ouvia cantar ao longe o hino Sagrado do futuro; o triunfante Chamava à sua pátria - a sua amante, Lendo o Céu como um livro sibilino. Entra no Paço e a nova luz o banha De uns olhos fulgurantes, luz estranha Que lhe torna felizes os seus dias. Não há ainda no azul um traço escuro: Como é belo sonhar... ver o futuro Banhado de clarões e de harmonias! II Ele saúda o Sol - astro bendito No meio de essa lucida grandeza Que rege do seu trono a Natureza, Tendo o poder em toda a parte escrito. E sobre o mar, sonhando nova empresa, Se a saudade lhe leva o peio aflito, Acompanha-o das ondas fundo grito E a Lua no seu manto de tristeza. Voltam-lhe então dulcíssimas visões; Começa a inflamar-se a alma de Camões Inspirada no poema universal. Eis por fim em seu livro a nossa gloria: Já que o deixou morrer entregue à História, Erga-o e celebre-o hoje Portugal. 1 Festas do III Centenário de Camões MDLXXX - MDCCCLXXX Homenagem dos POETAS Palácio de Cristal Porto, 27 de Março de 1880 Eduardo da Costa Macedo Advogado, escritor, poeta, publicista e pensador Português

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Nobilem Nomine

Nascimento: Favaios, 15 de Novembro de 1859

Morte: Santo Tirso, 20 de Maio de 1916 (57 anos)

CAMÕES(FILHO DE aNA sÁ E MACEDO)

I

Naquela alma pura e rutilante

Guiada pelos ventos do destino

Havia um sonho lucido, divino

Com um eco d’amor, - harpa distante.

Já ouvia cantar ao longe o hino

Sagrado do futuro; o triunfante

Chamava à sua pátria - a sua amante,

Lendo o Céu como um livro sibilino.

Entra no Paço e a nova luz o banha

De uns olhos fulgurantes, luz estranha

Que lhe torna felizes os seus dias.

Não há ainda no azul um traço escuro:

Como é belo sonhar... ver o futuro

Banhado de clarões e de harmonias!

II

Ele saúda o Sol - astro bendito

No meio de essa lucida grandeza

Que rege do seu trono a Natureza,

Tendo o poder em toda a parte escrito.

E sobre o mar, sonhando nova empresa,

Se a saudade lhe leva o peio aflito,

Acompanha-o das ondas fundo grito

E a Lua no seu manto de tristeza.

Voltam-lhe então dulcíssimas visões;

Começa a inflamar-se a alma de Camões

Inspirada no poema universal.

Eis por fim em seu livro a nossa gloria:

Já que o deixou morrer entregue à História,

Erga-o e celebre-o hoje Portugal.

1

Festas do III Centenário de Camões MDLXXX - MDCCCLXXX

Homenagem dos POETASPalácio de Cristal

Porto, 27 de Março de 1880

Eduardo da Costa MacedoAdvogado, escritor, poeta, publicista e pensador Português