Camões / Os Lusíadas

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Sem dúvida, Luís Vaz de Camões é o maior nome da literatura portuguesa e um dos maiores da literatura universal.Escreveu poesias líricas, uma poesia épica, 3 peças teatrais e algumas cartas.Sua vida é repleta de incertezas. Não se sabe ao certo o ano de seu nascimento, porém alguns estudos arriscam em dizer que foi em 1524.Veio de uma família decadente e frequentou por algum tempo a Universidade de Coimbra, também serviu como militar na África onde perdeu o olho direito.Após permanecer um ano preso por ter agredido um oficial do rei, é exilado por 17 anos, morou inclusive em Macau (colônia portuguesa na China).Retorna para Portugal em 1570 com Os Lusíadas pronto.O grande escritor, que hoje é reconhecido mundialmente, morreu na miséria e foi enterrado como indigente.

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TEMAS DE CAMÕES(POESIA)

Reflexão filosófica

Neoplatonismoamoroso

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Soneto XIAmor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;É solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

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Alma minha gentil, que te partisteTão cedo desta vida descontente, Repousa lá no Céu eternamente, E viva eu cá na terra sempre triste.Se lá no assento etéreo, onde subiste,Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste.E se vires que pode merecer-te Alguma cousa a dor que me ficou Da mágoa, sem remédio, de perder-te;Roga a Deus que teus anos encurtou,Que tão cedo de cá me leve a ver-te,Quão cedo de meus olhos te levou.

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Desconcerto do mundo

Os bons vi sempre passarno mundo graves tormentos;e, para mais m´espantar,os maus vi sempre nadarem mar de contentamentos.Cuidando alcançar assimo bem tão mal ordenado,fui mau, mas fui castigado:Assi que, só para mimanda o mundo concertado.

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Os Lusíadas Luís Vaz de Camões

Sistematização dos Cantos

Camões na Gruta de Macau, A.-J. Desenne (1817)

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Viagem de Vasco da Gama & Cantos d’Os Lusíadas

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Canto IASSUNTO Estâncias

Proposição (Apresentação) 1 – 3 Invocação (Tágides, ninfas do rio Tejo) 4 – 5

Dedicatória (Rei D. Sebastião) 6 – 18

Narração (a viagem de Vasco da Gama às Índias, a narrativa da história de Portugal e as lutas e intervenções

dos deuses do Olimpo)

19

Consílio dos deuses no Olimpo. 20 – 41

Armada na ilha de Moçambique. 42 – 72

Traição de Baco. 73 – 81

Cilada do Régulo (chefe mouro), instigado por Baco; triunfo dos portugueses na praia ; Régulo simula arrependimento e oferece um falso piloto.

82 – 99

Intervenção de Vênus, afastando a armada de Quíloa; nova investida fracassada do Mouro. 100 – 102

Chegada a Mombaça. 103 – 104

Intervenção do Poeta, refletindo sobre os riscos da vida humana. 105 – 106

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Canto IIASSUNTO Estâncias

O rei de Mombaça, influenciado por Baco, prepara uma cilada à armada. Vasco da Gama envia dois condenados a terra, a fim de se inteirarem da situação.

1 – 9

Baco, disfarçado de sacerdote, engana os condenados, dando-lhes informações falsas. 10 – 18

Vênus e as Nereidas impedem que as naus aportem em Mombaça. 19 – 24

Fuga do piloto e dos mouros , com receio de terem sido descobertos pelos portugueses. 25 – 28

Vasco da Gama pede à «Divina Guarda» que lhe mostre a terra desejada – a Índia. 29 – 32

Vénus vai até ao «Sexto Céu», com o intuito de pedir proteção a Júpiter para os portugueses. 33 – 41

Júpiter atende aos pedidos da filha e profetiza feitos grandiosos para os Lusitanos. 42 – 55

Mercúrio é enviado a terra, a fim de preparar a receção dos portugueses em Melinde e para, em sonhos, inspirar a Gama o caminho a seguir.

56 – 63

Partida da armada. 64 – 71

Chegada a Melinde, onde os portugueses são recebidos com pompa e circunstância. 72 – 77

Vasco da Gama envia a terra um «embaixador prestante», a fim de celebrar as «pazes» com o rei. 78 – 84

O rei de Melinde recebe pacificamente o emissário de Vasco da Gama. 85 – 88

Manifestações de contentamento e de regozijo em terra e no mar (frota). 89 – 91

O rei de Melinde visita a armada portuguesa. 92 – 108 O rei de Melinde pede ao «valeroso Capitão» que lhe conte a História de Portugal e factos da viagem. 109 – 113

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Canto III ASSUNTO Estâncias

Invocação a Calíope. (musa grega da poesia épica) 1 – 2

Primeira palavras de Vasco da Gama ao rei de Melinde. 3 – 5

Descrição da Europa e localização de Portugal. 6 – 21

História da fundação de Portugal (de Luso a Viriato). 22

Referência ao Conde D. Henrique. 23 – 28

Reinado de D. Afonso Henriques. 29 – 84

Reinado de D. Sancho I. 85 – 89

Reinado de D. Afonso II. 90

Reinado de D. Sancho II. 91 – 93

Reinado de D. Afonso III. 94 – 95

Reinado de D. Dinis. 96 – 98

Reinado de D. Afonso IV: - episódio da fermosíssima Maria; - Batalha do Salado - episódio de Inês de Castro (est. 118 – 135).

99 – 135

Reinado de D. Pedro. 136 – 137

Reinado de D. Fernando. 138 – 143

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Canto IVASSUNTO Estâncias

Interregno após a morte de D. Fernando; crise dinástica de 1383-1385. 1 – 13

Reinado de D. João I: - Discurso de Nuno Álvares Pereira; - Batalha de Aljubarrota (est. 28 – 45); - Conquista de Ceuta.

14 – 50

Reinado de D. Duarte. 51 – 53

Reinado de D. Afonso V. 54 – 59

Reinado de D. João II. 60 – 65

Reinado de D. Manuel I: - Sonho profético do monarca; - Despedidas em Belém (est. 83 – 93); - Velho do Restelo (est. 94 – 104).

66 – 104

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Canto VASSUNTO Estâncias

Continuação da narração da viagem, feita por Vasco da Gama ao rei de Melinde: - Largada de Lisboa; - Cruzeiro Sul; - Fogo de Santelmo; - Tromba Marítima; - Aventura de Veloso; - Gigante Adamastor (est. 37 – 60); - Escorbuto; - Chegada a Melinde.

1 – 85

Vasco da Gama elogia a tenacidade dos portugueses. 86 – 91

Considerações do Poeta: desilusão e desencanto perante os seus contemporâneos que desprezam a poesia.

92 – 100

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Canto VI

ASSUNTO EstânciasFestas de despedida em Melinde e continuação da viagem rumo à Índia. 1 – 5

Baco desce ao palácio de Netuno e convoca um consílio dos deuses marinhos, a fim de Éolo soltar os ventos contra os portugueses.

6 – 37

A armada prossegue a sua rota e, para lutar contra o sono, contam-se histórias, entre as quais a dos «Doze de Inglaterra», narrada por Fernão Veloso.

38 – 69

Tempestade. 70 – 91

A armada chega a Calecute (Índia) e Vasco da Gama agradece a Deus. 92 – 93

Considerações do Poeta acerca do verdadeiro valor da glória. 95 - 99

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Canto VIIASSUNTO Estâncias

Chegada à barra de Calecute. 1

Considerações do Poeta: elogio do espírito de cruzada dos Lusitanos e dura crítica contra as outras nações que não seguem o seu exemplo.

2 – 15

Porto de Calecute. 16

Descrição da Índia. 17 – 22

Vasco da Gama envia um mensageiro, a fim de anunciar a sua chegada. 23 – 27

O Monçaide visita a armada. 28 – 41

Vasco da Gama desembarca, acompanhado de nobres portugueses. 42 – 43

O capitão português é recebido pelo Catual, governador da cidade; depois, dirigem-se para o palácio de Samorim.

44 – 56

O Samorim recebe Vasco da Gama e este apresenta-lhe os objetivos da sua viagem: estabelecer laços de paz, amizade e comércio; os portugueses são acolhidos nos aposentos do Samorim.

57 – 66

O Catual obtém informações sobre os portugueses junto do Monçaide e este aconselha-o a visitar as naus.

67 – 72

Paulo da Gama recebe o Catual que o questiona sobre os motivos desenhados nas bandeiras. 73 – 77

Camões invoca as ninfas do Tejo e do Mondego e tece algumas considerações acerca do seu infortúnio, lamentando-se da ingratidão dos seus contemporâneos que não lhe dão o devido valor.

78 – 87

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Canto VIII

ASSUNTO EstânciasPaulo da Gama explica ao Catual a simbologia das bandeiras e das figuras históricas nelas representadas.

1 – 42

O Catual mostra interesse pelas narrativas ouvidas , questionando avidamente Paulo da Gama. 43

O Catual regressa a terra. 44

O Samorim pede aos arúspices para prever o futuro e estes anunciam desgraças e destruição com a chegada dos portugueses.

45 – 46

Baco aparece em sonhos a um sacerdote muçulmano instigando-o contra os portugueses. 47 – 50

Revolta contra a armada portuguesa, devido à influência de Baco. 51 – 59

Vasco da Gama, inspirado por Vénus, procura esclarecer o Samorim, garantindo-lhe que os boatos são falsos e que apenas pretende a troca de fazendas europeias por especiarias orientais.

60 – 75

O Samorim acredita em Vasco da Gama e desconfia da honestidade dos seus conselheiros. 76 – 78

O Catual prepara uma cilada à armada lusitana, com o intuito de a destruir; Vasco da Gama apercebe-se de tudo e é feito prisioneiro, pelo que pede para ir à presença do Samorim.

79 – 90

Receoso de ser descoberto pelo Samorim, o Catual resolve libertá-lo, em troca de mercadorias. 91 – 94

Vasco da Gama regressa a bordo. 95

Considerações do Poeta: reflexão sobre o vil poder do ouro. 95 – 99

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Canto IXASSUNTO Estâncias

Os dois feitores portugueses que tinham vindo a terra são retidos, com o intuito de retardar a partida da armada, possibilitando a sua destruição por uma frota proveniente de Meca.

1 – 4

O Monçaide informa Vasco da Gama do plano traiçoeiro. 5 – 7

Não conseguindo reaver os feitores portugueses, Gama retém nas naus alguns mercadores locais, como garantia, e ordena a partida.

8 – 11

O Samorim ordena a libertação dos feitores e dá-se a troca dos reféns. 12

Regresso a Portugal. 13 – 17

Vénus, com a ajuda de Cupido, seu filho, prepara uma recompensa aos portugueses – uma ilha paradisíaca: a Ilha dos Amores – onde pudessem repousar e desfrutar de momentos aprazíveis.

18 – 50

Os marinheiro avistam a Ilha dos Amores e assiste-se à sua descrição. 51 – 63

Desembarque. 64 – 67

Os nautas descobrem as ninfas e começam a persegui-las, dando lugar a relacionamentos amorosos entre ambos.

68 – 84

Tétis explica a Vasco da Gama a razão de tal recompensa e leva-o ao seu palácio. 85 – 87

Explicação do valor simbólico da Ilha: «prêmio (…) bem merecido» pelos muitos sacrifícios e trabalhos passados ao longo da viagem.

88 – 92

Exortação do Poeta a todos aqueles que aspiram a imortalidade. 93 – 95

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Canto XASSUNTO Estâncias

Tétis e as ninfas oferecem um banquete aos marinheiros. 1 – 4

Uma ninfa, cantando, enumera os feitos futuros dos portugueses. 5 – 7

Camões interrompe os vaticínios da ninfa e invoca Calíope, a fim de que esta lhe restitua «o gosto de escrever», dada a aproximação do «outono» da vida.

8 – 9

A ninfa prossegue o seu discurso, referindo as ações futuras dos heróis e governadores da Índia. 10 – 74

Tétis conduz Vasco da Gama ao cimo de um monte, onde lhe mostra a «máquina do Mundo». 75 – 90

Tétis apresenta a Gama os vários lugares onde os portugueses hão de praticar altos e heroicos feitos. 91 – 141

Despedida da Ilha dos Amores e regresso à pátria. 142 – 143

Chegada a Lisboa. 144

Considerações do Poeta: lamentações e exortações ao rei D. Sebastião, para que reconheça o mérito dos seus súbditos; vaticínios de futuras glórias do monarca em causa.

145 – 156

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Camões e as Tágides, Columbano Bordalo Pinheiro (1885)