Do Lundu Ao Manguebeat - Ikeda

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\- i m{ximas de nossa musicalidade, como o caso do samba, flaz PressuPor processos politicos participativos e de incluslo social dtnico-racial no Brasil' No entanto, nlo d isso que acontece' Conforme tantas vezes revelado por estudiosos do tema, a incluslo sono- ra nio tem equival€ncia na inserglo social desses segmentos na sociedade brasileira. A verdade d que, em todos os g€neros exemPlificados, temos um -.!*o hist6rico: um periodo inicial de forte rejeiqlo, opresslo e proibiglo; passando depois Por certa tolerAncia' seguida de aceitaqio; e, posleriormente' a incorporaglo e, muitas vezes, a aPto- priaglo e ete ^expropriaglo de muius lor**, jri entlo re-significadas com.o produto, artistico-culturais de grande valor simb6lico agregado' Para confirmar as discriminag6es' basa recorrer aos tantos depoimentos de antigos lideres negros! tornados pirblicos "o longo da nossa hist6ria' Podemos verificar o quanto foram rejeitados e oprimidos, inclusive policialmente' Isso se deu com sambistas, jongueiros' capoeiras, religiosos e tantos outros' Claro, ni.o devemos esquecer que a permandncia de tais priticas se deu por iorte resist€ncia da parte dos negros' na medida em que estas nunca foram para .1., ,o*ant. exercicios artisticos e de diverslo, mas tambdm instrumentos de E)# KBgs bg ffi# Doancesnalbantboleioaficano'PassandoportoQues(e ' 4., ffidracatz{ e samba' 0s rit?nzs n€grzs c (tp 0 e ird, j o ngo, mAxxxa U ex!' rna'r:c{'t' : * -"' :': ;,.:: "i ; ^; ::"' "' s6o o alimento'e 0 tempeio da cangA, P,pular brasileira poTALBERTOT' IKEDA Brasil i a terra do satnba!'fal afirmaqao niro teri, Prova- velnrente, muitos questio- nadores, aPesar de sermos un-r pais de grande t'ar1.dad. de ritmos populares' i,',.luriu., sob a mesma designaglo' sanrba, temos distintos ritmos no pais' sempre vinculados )s comunidades n.nor. Os estilos mais reconhecidos do sei.ro sio os que se desenvolveram na lid.d. do fuo de Janeiro' disseminados a partir da ddcada de 20' tendo em sua fonnrEao a imPortante Presenga de migrantes negros da Bahia' constituin- d.p"a vertente do samba que podemos ii.ntifica, como baiano'carioca' Tal divulgagio se deu pelos discos' rddios e apr.se.rr"q6es artisticas, pois o Rio era .r',,ao " refer€ncia maior de urbanidade e modernidade da naqlo, sendo ainda sua capital. Por outro lado' politicas gou.rn"-.ntais de ti."h: naciona- iirr" . pop,tlisca contribuiram para a fixaglo desses estilos de samba como -oi.lo de brasilidade, estendido a todo o Pais' Com o samba, eslalnos na vertente negra da cultura brasileira' que tem ain- da, entre outros' g€neros muslcals como o antigo lundu, o maxixe, os toques da capoeira (sobretudo o angoia)' o jongo' o ijexd da Bahia' Mais recentemente' d..rd. o inicio dos anos 90, verificamos a consagraglo de ritmos dos cortejos negros de maracatu, por meio do movi- *.r,,o identificado como mangue-beat' em Pernambuco, cujos nomes mais consagrados slo os de Chico Science & Naglo Zumbi. Essa incorPoraglo dos diversos ritmos originalmente negros se deu ao longo da hist6ria' desde o lundu' cujas noticias mais antigas remontam ao sdculo XVIII, passando peio maxi- xe, que teve maior consagragS'o entre 1880 e 1930, e outros' Para exemPli- 6car casos tambdm atuais, Podemos mencionar a m(sica Domingo no Darque, de Gilberto Gil, que se baseia no ,oqu. angola, da caPoeira, e, Beleza tura, de Caetano Veloso, que tem o ritmo ijexd, originaimente praticado em rituais de terreiros de candombld' Outro exemPlo bem conhecido de ijexi (. a canglo Sina, do comPositor Djavan. Jd o compositor e pesquisador carioca Nei Lopes rem jongos entr€ as suas criag6es. Assim, ao iongo da his- t6ria, compositores populares foram adotando padr6es ritmicos surgidos nos gruPos negros como base Para as suas criag6es, constituindo-se o varia- do e internacionalmente reconhecido cancioneiro PoPular brasileiro' Essa constante e hist6rica incorpo- ragio de manifestag6es corqogrd'fico- musicais negras na m(rsica popular' algumas transformadas em refer€ncias 'r\" f;;{6. H i*of;q. { i tl cl - tt"ot t+ot'tuLttt t*"'*co *to* -rs--3 -:css c\ LBoB - 6 \\6 7Z g '\o,Jo', b.tdkt:' ) *o''lo ?006

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Do Lundu Ao Manguebeat - Ikeda - música popular

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    m{ximas de nossa musicalidade, como o caso do samba, flaz PressuPorprocessos politicos participativos e deincluslo social dtnico-racial no Brasil'No entanto, nlo d isso que acontece'Conforme tantas vezes revelado porestudiosos do tema, a incluslo sono-ra nio tem equivalncia na inserglosocial desses segmentos na sociedadebrasileira. A verdade d que, em todosos gneros exemPlificados, temos um

    -.!*o hist6rico: um periodo inicialde forte rejeiqlo, opresslo e proibiglo;passando depois Por certa tolerAncia'seguida de aceitaqio; e, posleriormente'a incorporaglo e, muitas vezes, a aPto-priaglo e ete

    ^expropriaglo de muius

    lor**, jri entlo re-significadas com.oproduto, artistico-culturais de grandevalor simb6lico agregado'

    Para confirmar as discriminag6es'basa recorrer aos tantos depoimentos de

    antigos lideres negros! tornados pirblicos

    "o longo da nossa hist6ria' Podemos

    verificar o quanto foram rejeitados eoprimidos, inclusive policialmente'Isso se deu com sambistas, jongueiros'capoeiras, religiosos e tantos outros'Claro, ni.o devemos esquecer que apermandncia de tais priticas se deu poriorte resistncia da parte dos negros' na

    medida em que estas nunca foram para.1., ,o*ant. exercicios artisticos e dediverslo, mas tambdm instrumentos de

    E)# KBgs bg ffi#Doancesnalbantboleioaficano'PassandoportoQues(e

    ' 4., ffidracatz{ e samba' 0s rit?nzs ngrzsc (tp 0 e ird, j o ngo, mAxxxa U ex!' rna'r:c{'t' : *

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    s6o o alimento'e 0 tempeio da cangA, P,pular brasileira

    poTALBERTOT' IKEDA

    Brasil i a terra do satnba!'falafirmaqao niro teri, Prova-velnrente, muitos questio-

    nadores, aPesar de sermos un-r pais de

    grande t'ar1.dad. de ritmos populares'

    i,',.luriu., sob a mesma designaglo'sanrba, temos distintos ritmos no pais'

    sempre vinculados )s comunidadesn.nor. Os estilos mais reconhecidos do

    sei.ro sio os que se desenvolveram nalid.d. do fuo de Janeiro' disseminadosa partir da ddcada de 20' tendo em suafonnrEao a imPortante Presenga demigrantes negros da Bahia' constituin-d.p"a vertente do samba que podemosii.ntifica, como baiano'carioca' Taldivulgagio se deu pelos discos' rddios e

    apr.se.rr"q6es artisticas, pois o Rio era

    .r',,ao "

    referncia maior de urbanidade

    e modernidade da naqlo, sendo ainda

    sua capital. Por outro lado' politicasgou.rn"-.ntais de ti."h: naciona-iirr" . pop,tlisca contribuiram para afixaglo desses estilos de samba como

    -oi.lo de brasilidade, estendido atodo o Pais'

    Com o samba, eslalnos na vertentenegra da cultura brasileira' que tem ain-

    da, entre outros' gneros muslcals como

    o antigo lundu, o maxixe, os toques da

    capoeira (sobretudo o angoia)' o jongo'o ijexd da Bahia' Mais recentemente'd..rd. o inicio dos anos 90, verificamosa consagraglo de ritmos dos cortejos

    negros de maracatu, por meio do movi-

    *.r,,o identificado como mangue-beat'em Pernambuco, cujos nomes maisconsagrados slo os de Chico Science &Naglo Zumbi.

    Essa incorPoraglo dos diversosritmos originalmente negros se deuao longo da hist6ria' desde o lundu'cujas noticias mais antigas remontamao sdculo XVIII, passando peio maxi-xe, que teve maior consagragS'o entre1880 e 1930, e outros' Para exemPli-6car casos tambdm atuais, Podemosmencionar a m(sica Domingo noDarque, de Gilberto Gil, que se baseiano ,oqu. angola, da caPoeira, e, Belezatura, de Caetano Veloso, que tem oritmo ijexd, originaimente praticadoem rituais de terreiros de candombld'Outro exemPlo bem conhecido deijexi (. a canglo Sina, do comPositorDjavan. Jd o compositor e pesquisadorcarioca Nei Lopes rem jongos entr assuas criag6es. Assim, ao iongo da his-t6ria, compositores populares foramadotando padr6es ritmicos surgidosnos gruPos negros como base Para as

    suas criag6es, constituindo-se o varia-do e internacionalmente reconhecidocancioneiro PoPular brasileiro'

    Essa constante e hist6rica incorpo-ragio de manifestag6es corqogrd'fico-musicais negras na m(rsica popular'algumas transformadas em referncias

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  • identidade gruPd e de socia-lizaqio, decritica sociai e de presen'aglo de saberese vis6es-de-mundo.

    - da exclusioPequena hlstorlaApesar dos v{rios exemplos citados,

    enfocamos aqui apenas o c:so do samba

    e das suas corresponde ntes agremiag6es,

    as escolas de samba, que constituemhoje as referncias mais reconhecidasda musicalidade popular brasileira'Na verdade, nos dias aluais, diante dasua consagrag5.o em todas as camadas

    sociais e em todo o Pais, muitas Pes-soas, principalmente os mais jovens erambdm os estrangeiros, desconhecemo fato de o samba ter sido na origem,,-,*.i6[Fo dos gruPos negros' A.6-nal, j:i de alguns anos Para cd, quandoassistimos aos desfiles das escolas de

    samba pela televisio, em particulardo grupo especial do fuo de Janeiro,notamos que' em boa Parte delas, osnegros slo minoria. Essa observaqiopode ser constatada, ainda, Por meiodas fotografias de jornais e revistas quefazem acobertura dos desfiles'

    Embora cortejos carnavalescos compessoas fantasiadas e ca-rros aleg6ricos

    forr.* praticados pelas classes midias epelas elites, o tipo de desfile que acabou,. .ont"gt*do no Brasil, com base nosamba, resultou de adaptag6es das popu-la96es negras da capiul carioca, inicial-

    mnre na forma de biocos e cord65s,-e,depois, de escolas de samba. Do ponto devista hist6rico, sabemos que estas ul-rimassurgiram nas comunidades negras do Riode Janeiro pelo final da ddcada de 20 einicio da ddcada de 30, sendo, entlo,motivo de fomes desqualificag6es pelosgrupos mais abastados' que praticavamouuas modalidades de desfrle, as chama-das grandes sociedades e os ranchos'

    Mas, diante da Presenga eferves-cente das agremiaq6es negras, com orempo os politicos perceberam nelaspotencialidades para o fomento turis-rico e o entretenimento das massas. Apartir de meados da ddcada de 30' osdesfiles das escolas de samba Passaram a

    ser oficializados, inclusive como formade controle social, pois, para obteremautorizaqlo para desfilar, as escolastinham de se registrar na policia comoagremiag5es cultural-recreadvas. Tudopassava a ser controlado, desde os seusnomes, trajetos e hor{rios dos desfilesatd os enredos, sugerindo-se que stesse voltassem para os temas nacionais,como ocorria com os ranchos carna-valescos. Vivia-se enteo' no pais, a eraVargas, marcada por forte nacionalis-mo e rendncias politicas autoriti-rias.A instituiglo dos enredos evitava umaspecto politicamente problemltico naprdtica do samba tradicional: o h6bitode improvisar, tendo aPenas um refreofixo na mrisica, o que dava ensejo acantos de forte teor critico contra poli-ticos, autoridades, repress6es policiais,carestias de vida e outros aspectos dareaiidade dos pobres e negros.

    Na ddcada seguinte, os temas nacio-nais tornaram-se a tdnica em todas asagremiaE6es carnavalescas, por sugestloe atd mesmo imPosiglo oficial' Noentanto, msmo oficializado, o samba

    E .ontin,rou durante muito tempo a seri A* de fones preconctitos. Isso durou$ peio me nos atd a ddcada de 60, quando os$ aonto das escolas comegaram a servir de! r.tpo*. paraas programag6es ruristies eE comerciais, tarto que, em 1962, r:,veini'

    cio a cobranqa de ingresso para assistir aos

    desfiles "na avenidd' e, a partir da ddcadaseguinte, as apresentag6es passaram a sertransmitidas via televisio.

    Entlo, na meciida em que as agre-miag6es foram se agigantando e se sofis-dcando, em aptesentag6es cada vez mais

    luxuosas na i.nsia de vencer a disputa, osdesfiles Foram se tornando atividades im-possiveis para as Pessoas de menor poderaquisitivo, diante do aunento ano a anodo custo das fantasias. Dessa forma, jusroquando as escolas se tornaram altamntepradgiadas ard em S.mbito internacional,despenando o interesse de participantesestrangeiros e de todo o pais, os membrosdas comunidades de onde essas agrernia-

    96es surgiram Passamm a ser excluidosdevido a fatores econ6micos.

    Um enredo que se rePete?O que se pode concluir deste breve

    hist6rico nlo C nada promissor' Conta-se aqui uma hist6ria de contradig6es: ade um pais que construiu parte de seuimagin{rio musical celcado nos tlagose viv6ncias de gruPos negros, que setornaram referncia mundiai de bra-silidade, e, por outro lado, continuousegregando socialmente essas popula-

    TEMAS BMSILEIROS: PRESENqA NECRA74

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  • g5es e, em muitos casos, atd -.r*#manifestaq6es criadas outrora Por seusantepassados. Ou seja, estamos diantede uma hist6ria clara de apropriafo eexpropriaglo cultural.

    Nesse sencido, pode estar em cutsoa reperigio desse mesmo hist6rico narecente onda musical neofolcl6ricaou etnicista que se verifica por todo o

    Brasil desde os anos 90, na qual jovens,principalmente de formaqlo maisintelectualizada,,tm-se interessadopor mfsicas "de raiz", dangas, rituaise folguedos tradicionais, muitos deiesgestados nas comunidades negras. Essesintetessados esteo formando conjuntosde

    -ndsica e danga de projefo folcl6ri-ca ou dtnica, ou.atd se inrcglaldo aosgrupos uadicionais, conforme se notaem alguns cortejos de maracatu emPernambuco, em bandas de congo noEspirito Santo, no samba-de-bumbo deSio Pau.lo e em outras manifestag6es portodo o Brasil. No desejo de "va-lotizar"tais expressSes, muitos interessados(m6sicos, antrop6logos, historiadoreserc., alguns atd movidos por principiossinceramente honestos) passaram a atuarcomo agenciadores, verdadeiros "atra-vessadores", desses grupos tradicionais,promovendo festivais e espedculos de"mfsica dtnica' em casas de cultura, te-atros, escolas e outros espagos, e tambdmproduzindo videodocumenri.rios ouCDs com verbas p(blicas ou obtidas nainiciativa privada, por meio das leis deincentivo cultural, sem que, na ma-ioriadas vezes, os beneficios ou os produtos

    desses empreendimentos retornem paraos grupos focados.

    Repere-se assim o procedimenro dasuposta valoriza$o das "artes populares",em geral de dominio colerivo, que ni.ot6m o amparo de nenhuma legislaglo desalvaguarda ou de preserva$.o de direicosauto rais. Contemporanearnenre, dianteda onda etnicisga, as form-as tradicionaisenfrentam o processo de suas inserg6esemum mercado de consumo

    "o-rn:ilo-)-i'-\ffitemoo masslncaoo e altarnente segmen-,rdqtfuri.n como temos os sambtidromosem algumas cidades brasiieiras, para oconcurso das escolas de sa.mba, que re-presentarn o coroarnento do processo deinclusSo (e/ou exciusio) de uma prdricacultural popular, tarnbdm ji. existe obumltddromo, em Parintins (AM), paraconcurso de boi-bumbis, e o cong1dro-mo, pa'.: apresenrag5es de congadzu oucongos, em 5Lo Sebastilo do Paraiso(MG).No fi.rcuro, surgir5.o com certezaoutros "6dromos".

    Esperamos que sejam contadosoutros "enredos" mais promissores arespeito da presenga negra na culturabrasileira, pois os que foram relatadosaqui revelam facetas perversas e preocu-pantes dessa reaiidade. Facetas que n5.opodem ser esquecidas, sob pena d9 Q.ge,em mais alguns anos, tenhamos tarn-bdm qrl!: estabelecer cotas para garantira pres6nga de negros nos desfiles dasescolas de samba. Evidente que nio sepretende aqui de fender uma segregaElo)s avessas, reivindicando'se o direito deexclusividade dos negros is suas prd.ticasculturais ancestrais, mas, sim, reporaspectos dessa hist6ria para o direciona-mento de principios sociais mais dticosna continuidade desse "enredo", queinegavelmente foi mal desenvolvido atdo momento na hist6ria do Brasil. tr

    A,LBERTO T. IKEDA etnomusic6logo,professor e pesquisador do lnstituto de Anes deUnesp, autor de ensaios sobre m0sica e culcurapopular brasileira publicados em diversos palses ejurado do Trofiu Noto l0 nos desfiles das escolasde samba do grupo especial de Sio Paulo.

    Lula Cardoso Ayres: Marocotu Elefante, Recife, Pernambuco, decada de 40

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