Didatica e Metodologia de Ensino Superior

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MDULO DE:

DIDATICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR

AUTORIA:

SANDRO LUIZ DA SILVA MARIZINHA COQUEIRO BORGES KATIA GOMES CARDOSO

Copyright 2008, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Mdulo de: Didtica e Metodologia do Ensino Superior Autoria: Sandro Luiz da Silva Marizinha Coqueiro Borges Ktia Gomes Cardoso

Primeira edio: 2008

CITAO DE MARCAS NOTRIAS Vrias marcas registradas so citadas no contedo deste Mdulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de explorao ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadmicos. Declara ainda, que sua utilizao tem como objetivo, exclusivamente a aplicao didtica, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a inteno de infringir as regras bsicas de autenticidade de sua utilizao e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrnicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratrio e de literaturas j editadas, que se encontram expostas ao comrcio livre editorial.

Todos os direitos desta edio reservados ESAB ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, n 840/07 Bairro Itaparica Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright 2008, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil 2Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

A

presentao

Este material apresenta um referencial terico sobre a Didtica e Metodologia do Ensino Superior, cujo objetivo apresentar a importncia do planejamento e da organizao da ao didtica. Partindo da ideia de que o Professor o orientador, o coordenador e o facilitador do processo ensino-aprendizagem e que, a finalidade de sua interveno contribuir para que o aluno desenvolva sua capacidade de construir seus conhecimentos, com base nas abordagens pedaggicas. Entende-se que: Educar colaborar para que professores e alunos - nas escolas e organizaes - transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. ajudar os alunos na construo da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreenso, emoo e comunicao que lhes permitam encontrar seus espaos pessoais, sociais e profissionais e assim, tornarem-se cidados realizados e produtivos. Possibilitando ao aluno um fazer pedaggico capaz de lhe impulsionar e lhe motivar a buscar novos valores, novas aes e novas posturas educacionais. Urge, pois lembrar, que o compromisso do educador reflete-se na sua corporeificao atitudinal e no seu comprometimento dialtico entre os pares educativos. Lembrando que ensinar e recordar ao outro que ele sabe tanto quanto voc. A emoo e o prazer que permeiam esta ao estaro refletidos em nossas conversas; ainda que on-line. Suas Educadoras, Professora Marizinha Coqueiro Borges Professora Ana Maria Ribeiro Furtado

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bjetivo

Proporcionar conhecimentos tericos e prticos que possibilitem ao Educador: . Percepo e compreenso reflexiva e crtica das situaes didticas, no seu contexto histrico e social; . Compreenso crtica do processo de ensino; . Compreenso da relao: objetivos/contedos/mtodos, enquanto base das tarefas docentes de planejamento; . O domnio de mtodos, procedimentos e formas de direo, organizao e controle do ensino, em face de situaes didticas concretas. . Desenvolver habilidades tcnicas de ensino com vistas melhoria do desempenho docente; . Trabalhar o planejamento e utilizao dos procedimentos de ensino e aprendizagem em suas vrias modalidades.

E

menta

O Papel Social e Educacional da Didtica. Perspectivas tericas e prticas da Didtica. O Professor e seu trabalho. O Planejamento Escolar. A Organizao e o Desenvolvimento do Processo ensino-aprendizagem: os planos de aula e os programas de aprendizagem. Os objetivos de ensino, os contedos escolares as estratgias de ensino-aprendizagem. As interaes em sala de aula: o papel dos professores e dos alunos.4Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

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obre o Autor

Professora Marizinha Coqueiro Borges Mestrado em Educao pela Universidade So Marcos Ps-Graduao em: Administrao Escolar, pela Universidade Salgado de Oliveira Filho Psicopedagogia, pela Parceria UVV/Universidade Estcio de S Planejamento Educacional, pela Universidade Salgado de Oliveira Filho Superviso Escolar, pela Universidade Salgado de Oliveira Filho Tecnologia Educacional Aplicada ao Ensino de 1 Grau pela Associao Brasileira de Tecnologia Educacional Graduao em Pedagogia com Especializao em Orientao Educacional, pela Universidade Federal do Maranho Consultora Educacional e Palestrante Motivacional e Educacional.

Professora Katia Gomes Cardoso Graduada em Geografia, pela Universidade Federal do Esprito Santo. Especialista em Educao: Novos Paradigmas, pela Rede Pitgoras. Professora e Tutora em Ensino a Distncia5Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Palestrante Educacional.

Professor Sandro Luiz da Silva Graduao e Licenciatura em Letras, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestrado em Educao pela Universidade Federal de Minas Gerais. Profissional na rea de Ensino de Lnguas Estrangeiras (Lngua Espanhola), Pedagogia, EAD, Tutoria e Mentoria em EAD. Pesquisador e Consultor com nfase em Teorias da Instruo, Software Livre, Letramento Digital, Formao de Professores, Teatro e Ensino a Distncia.

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UMRIO

UNIDADE 1 ....................................................................................................................... 10

Tendncias Atuais no Desenvolvimento da Didtica ................................. 10UNIDADE 2 ....................................................................................................................... 16

A Didtica e sua Relao com o Currculo, a Metodologia Especfica, os Procedimentos e as Tcnicas de Ensino.................................................... 16UNIDADE 3 ....................................................................................................................... 20

Desenvolvimento Histrico da Didtica e as Tendncias Pedaggicas .... 20UNIDADE 4 ....................................................................................................................... 23

Os Pensadores da Pedagogia .................................................................... 23UNIDADE 5 ....................................................................................................................... 27

Tendncias Pedaggicas no Brasil e a Didtica ........................................ 27UNIDADE 6 ....................................................................................................................... 33

O Progresso das Tendncias Pedaggicas e a Didtica ........................... 33UNIDADE 7 ....................................................................................................................... 38

Processo Didtico na Concepo da Pedagogia Crtico-Social dos Contedos: .................................................................................................. 38UNIDADE 8 ....................................................................................................................... 41

Aprendizagem: um processo de assimilao ............................................. 41UNIDADE 9 ....................................................................................................................... 45

Caractersticas da Aprendizagem Escolar.................................................. 45UNIDADE 10 ..................................................................................................................... 49

Dinmica do Processo de Ensino ............................................................... 49UNIDADE 11 ..................................................................................................................... 54

Prtica Educativa e Sociedade ................................................................... 54UNIDADE 12 ..................................................................................................................... 60

Educao como Dialtica e Prxis Social .................................................. 60UNIDADE 13 ..................................................................................................................... 647Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

O Processo de Ensino-aprendizagem e seus Componentes Fundamentais ..................................................................................................................... 64UNIDADE 14 ..................................................................................................................... 68

O Professor e a Sua Vivncia no Processo de Produo de Conhecimento ..................................................................................................................... 68UNIDADE 15 ..................................................................................................................... 71

Componentes do Processo Didtico e do Processo de Ensino ................. 71UNIDADE 16 ..................................................................................................................... 76

A Estrutura do Trabalho Docente ............................................................... 76UNIDADE 17 ..................................................................................................................... 80

O Carter Educativo do Processo de Ensino e o Ensino Crtico ............... 80UNIDADE 18 ..................................................................................................................... 83

Tendncias Tericas, Metodolgicas e de Ensino: as abordagens do processo ...................................................................................................... 83UNIDADE 19 ..................................................................................................................... 88

Sobre Concepes de Ensino .................................................................... 88UNIDADE 20 ..................................................................................................................... 93

Prtica escolar: componentes bsicos ....................................................... 93UNIDADE 21 ..................................................................................................................... 98

Planejamento de Ensino e suas Etapas ..................................................... 98UNIDADE 22 ................................................................................................................... 101

O Planejamento da Ao Didtico-pedaggica: ....................................... 101UNIDADE 23 ................................................................................................................... 106

Ainda Falando sobre o Planejamento da Ao Didtico-pedaggica: ..... 106UNIDADE 24 ................................................................................................................... 111 UNIDADE 25 ................................................................................................................... 115

Seleo e Organizao dos Contedos Curriculares............................... 115UNIDADE 26 ................................................................................................................... 120

Avaliao Educacional Escolar: para alm do autoritarismo ................... 120UNIDADE 27 ................................................................................................................... 127

Modalidades de Ensino-Aprendizagem .................................................... 1278Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

UNIDADE 28 ................................................................................................................... 131

Estratgias de Ensino-Aprendizagem ...................................................... 131UNIDADE 29 ................................................................................................................... 135

Procedimentos de Ensino e Aprendizagem.............................................. 135UNIDADE 30 ................................................................................................................... 140

Qualidade Educativa ................................................................................. 140GLOSSRIO ................................................................................................................... 143 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 144

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Tendncias Atuais no Desenvolvimento da Didtica Objetivo: Conhecer a Didtica como uma atividade pedaggica norteadora do fazer educacional. Deve ser considerado, em primeiro lugar, que o processo de ensino objeto de estudo da Didtica - no pode ser tratado como atividade restrita ao espao da sala de aula. O trabalho docente uma das modalidades especficas da prtica educativa mais ampla que ocorre na sociedade. Para compreender a importncia do ensino na formao humana, preciso consider-lo no conjunto das tarefas educativas exigidas pela vida em sociedade. A cincia que investiga a teoria e a prtica da Educao, em seus vnculos com a prtica social global, a Pedagogia. Sendo a Didtica o ramo desta cincia que estuda os objetivos, os contedos, os meios e as condies do processo de ensino; tendo em vista finalidades educacionais, que sempre so sociais. Ao estudar a Educao, em seus aspectos: sociais, polticos, econmicos, psicolgicos, para descrever e explicar o fenmeno educativo; a Pedagogia recorre contribuio de outras cincias como a Filosofia, a Histria, a Sociologia, a Psicologia, a Economia, entre outras. Esses estudos acabam por convergir na Didtica, uma vez que esta rene em seu campo de conhecimentos objetivos e modos de ao pedaggica na escola. Alm disso, sendo a Educao uma prtica social que acontece numa grande variedade de instituies e atividades humanas (na famlia, na escola, no trabalho, nas igrejas, nas organizaes polticas e sindicais, nos meios de comunicao de massa, etc.), pode-se falar em uma Pedagogia Familiar; de uma Pedagogia Poltica etc. e, tambm, de uma Pedagogia Escolar. Nesse caso, se constitui em uma disciplina propriamente pedaggica. Nesse conjunto, de estudos indispensveis formao terica e prtica dos professores, a Didtica ocupa um lugar especial. Considerando-se queCopyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

a atividade principal do10

profissional da Educao o ensino, que consiste em: dirigir, organizar, orientar e estimular a aprendizagem escolar dos alunos.

A Didtica como Atividade Pedaggica Escolar A Pedagogia investiga a natureza das finalidades da Educao como processo social, no seio de uma determinada sociedade, bem como, as metodologias apropriadas para a formao dos indivduos; tendo em vista o seu desenvolvimento humano para tarefas na vida em sociedade. Quando se fala das finalidades da Educao, no seio de uma determinada sociedade, se quer dizer que: o entendimento dos: objetivos, contedos e mtodos da Educao se modificam conforme as concepes de homem e da sociedade que, em cada contexto econmico e social de um momento histrico. Ou seja, caracterizam o modo de pensar e de agir, e os interesses das classes e grupos sociais de uma determinada sociedade. A Pedagogia, portanto, sempre uma concepo da direo do processo educativo subordinado a uma concepo poltico-social. Como, a Educao Escolar uma atividade social que, atravs de instituies prprias, visa assimilao dos conhecimentos e experincias humanas, tendo em vista a formao dos indivduos enquanto ser social; cabe Pedagogia intervir nesse processo de assimilao, orientando-o para finalidades sociais e polticas e criando um conjunto de condies metodolgicas e organizativas para viabiliz-lo no mbito da escola. Nesse sentido, a Didtica assegura o fazer pedaggico na escola, na sua dimenso polticosocial e tcnica sendo, por isso, uma disciplina eminentemente pedaggica. A Didtica, mediando os objetivos e contedos do ensino, investiga as condies e formas que vigoram no processo da aprendizagem e, ao mesmo tempo, os fatores reais (sociais, polticos, culturais, psicossociais) condicionantes das relaes entre a docncia e a aprendizagem e ainda, traduz objetivos sociais e polticos em objetivos de ensino;11Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

seleciona e organiza os contedos e mtodos e, ao estabelecer as conexes entre ensino e aprendizagem, indica princpios e diretrizes que iro regular a ao didtica. Esse conjunto de tarefas no visa outra coisa seno o desenvolvimento fsico e intelectual dos alunos, com vista sua preparao para a vida social. Em outras palavras, o processo didtico de transmisso/assimilao de conhecimentos e habilidades tem como culminncia o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos, de modo que assimilem ativa e independentemente os conhecimentos sistematizados.

Jose

Carlos

Libneo:

Didtica

e didticas

especficas da

pedagogia

e

epistemologia. Este o relato de um colquio apresentado pelo autor Carlos Libneo. O Colquio chamou-se o pensar, reflexo de cada educador. E o professor Libneo trouxe como tema para sua fala Didtica e didticas especficas da pedagogia e epistemologia, e este diz respeito a dois interesses: o primeiro a questo das didticas especficas, ou seja, a Didtica da Qumica, Fsica, Geografia, Histria, etc. O segundo a perspectiva de encontrar nos cursos de graduao a disciplina Didtica Geral e tambm as didticas especficas. Pode-se dizer, portanto, que este tema est diretamente relacionado aos professores, tanto do Ensino Mdio quanto aos professores do Ensino Superior. H anos se ouve pessoas afirmando que para ensinar qualquer matria basta apenas conhecer o contedo; outros j dizem que para aprender basta colocar o aluno com a pesquisa e neste caso as pessoas entendem que existe um processo de identidade entre o processo de ensino e o processo de iniciao cientfica. Por outro lado a Pedagogia faz da Didtica, enquanto disciplina algo normativo e prescritivo, que cuida de procedimentos didticos. Tudo isso leva um distanciamento entre o contedo das didticas e os contedos das didticas especficas.

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Neste contexto pode-se dizer que o que se v uma briga de brao entre os professores de Didtica Especfica e os Pedagogos onde; os professores afirmam que os pedagogos no conhecem o contedo especfico e, do outro lado, os pedagogos afirmam que o necessrio conhecer o aluno, o papel do ensino e as condies materiais favorveis a aprendizagem(...). Essa briga vem ocasionando um dilema muito grande na formao desses professores. O fato que se torna preciso buscar uma integrao entre as didticas e as didticas especficas. Este um tema crucial, uma vez que as didticas so as principais matrias de formao de professores, porm, vale ressaltar que tanto a Didtica Geral quanto a Didtica Especfica necessitam reavaliar seus contedos enquanto disciplina de formao de professores. Quais seriam os principais argumentos que justificam a integrao dessas didticas? E podemos perceber que ambas as didticas possuem como objeto de estudo o mesmo tema ensino. E este compreendido pelo contedo entre professor e aluno, que de uma certa forma terminam sintetizando o conhecimento. Ento nessa perspectiva entendi que a integrao dessas didticas o conhecimento .Portanto, o ensino diz respeito ao aspecto docente do conhecimento e nas duas disciplinas as formas de ensinar dizem respeito forma de compreender. Libneo afirma que: Nenhum professor de Didtica, ou das didticas especficas, pode ser um professor que se preze se este no compreender que as formas de ensinar dependem da forma de aprender. Um dos argumentos ditos para a unidade da didtica e da didtica especfica que o ato de aprender torna o ser como ser pensante. Aprender ajudar o aluno a desenvolver seus prprios processos de pensamentos Para uma melhor compreenso dessa temtica Libneo trouxe a perspectiva da Teoria histrico-cultural, com fundamento em Vygotsky, e apresentou algumas premissas dessa teoria, tais como: Condicionamento histrico-social da formao humana;13Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

O papel histrico-cultural e coletivo do individuo, da formao, das funes mentais superiores, expresso pela mediao cultural no processo do conhecimento; O ensino como apropriao das capacidades formada historicamente e objetivada na cultura material e espiritual (atividade externa); O papel central do ensino na formao do desenvolvimento mental pela interiorizao (atividade interna); A forma de desenvolvimento proximal; As importncias das relaes intersubjetivas nas atividades de ensino e aprendizagem; Portanto, deve-se considerar que o papel da escola ensinar a pensar, e esse tipo de ensino que, segundo Daydov, que vem ajudar ao desenvolvimento mental. Libneo apresentou ainda outra perspectiva; a Teoria do Ensino Desenvolvimentista, que coloca o conhecimento como processo mental. Neste sentido, legitimo dizer que o conhecimento est relacionado como resultado das aes mentais que implicitamente abarcam o conhecimento, ou seja, que de modo geral o pensar por conceitos significa dominar os processos mentais. Em relao ao processo de ensino, Libneo diz que o processo de ensino comea onde termina o processo de investigao. Uma vez que o processo de investigao fundamental para o processo de ensino, s resta entender que eles no so as mesmas coisas. Pode-se dizer que, quando o professor utiliza o processo de investigao para ensinar, este tem que considerar o que se passa na mente de cada aluno; que os seus questionamentos podem ser, ou no, os mesmos do cientista. Ou seja, um determinado contedo, passa a ser utilizado como contedo de conhecimento, depois que foi realizado uma pesquisa sob aquele determinado tema, e a partir da que se inicia o processo de ensino.14Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Outro questionamento levantado nessa fala de Libneo, que o mundo atual cheio de desafios e, nesse contexto, se pode perceber a extrema ligao das crianas com a televiso; com as tecnologias, os saberes e conhecimentos do mundo da comunicao e informao. A substituio da palavra pela imagem (no sentido de que a imagem sobrepe a leitura e a escrita) termina influenciando o trabalho dos educadores. Assim, enquanto a Pedagogia investiga a teoria e a prtica pedaggica, a Didtica converte os objetivos sociopolticos e pedaggicos em objetivos de ensino; seleciona contedos e mtodos prprios de cada disciplina. Ou seja, a Didtica se caracteriza como uma ponte entre as bases tericas e cientficas, analisadas pela Pedagogia, e a prtica (do Professor) em sala de aula. Tem, como primeira caracterstica, ajudar o aluno a interiorizar os modos de pensar, de raciocinar e de investigar. Com essa aula, Libneo ressaltou que cada professor precisa organizar e estudar os conceitos para que, na mediao com o aluno, consiga tornar seu contedo prtico. Dessa forma, o Professor precisa saber qual o objeto de estudo de cada disciplina (Histria, Portugus, Matemtica, Geografia, etc.) e seus mtodos de investigao, para que possa ajudar o aluno a pensar e investigar, tornar o aprendido em saber. A Didtica, ento, serve para ajudar os professores a se preparar de forma competente para formar alunos como sujeitos pensantes e crticos.

Lembrete: Procure ampliar seus saberes com a leitura do captulo I do livro; LIBANO, Jos Carlos: Didtica. So Paulo: Cortez, 1994. Outra dica de leitura: MORIN, Edgar. A cabea bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

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OBJETIVO: Relacionar a Didtica com a adequao de metodologias e procedimentos de ensino, em relao ao currculo.

A Didtica e sua Relao com o Currculo, a Metodologia Especfica, os Procedimentos e as Tcnicas de Ensino. A Instruo se refere ao processo e ao resultado da assimilao slida de conhecimentos sistematizados e ao desenvolvimento das capacidades cognitivas. O Ncleo da Instruo so os contedos das matrias. O Ensino consiste no planejamento, organizao, direo e avaliao da atividade didtica. Concretizando as tarefas da instruo; o Ensino inclui tanto os contedos das disciplinas quanto a direo da atividade de estudo dos alunos. Tanto a Instruo como o Ensino se modificam, em decorrncia da necessria ligao com o desenvolvimento da sociedade e com as condies reais em que ocorre o trabalho docente. Nessa ligao que a Didtica se fundamenta, para formular diretrizes orientadoras do processo de ensino. O Currculo expressa os contedos da Instruo, nas matrias de cada grau do Processo de Ensino. Em torno das matrias se desenvolve o processo de assimilao dos conhecimentos e habilidades. A Metodologia compreende o estudo dos mtodos, e o conjunto dos procedimentos de investigao das diferentes cincias, quanto aos seus fundamentos e validade, distinguindo-se das tcnicas que so a aplicao especfica dos mtodos. No campo da Didtica, h uma relao entre os mtodos prprios da cincia que d suporte matria de ensino e os mtodos de ensino. A Metodologia pode ser: - Geral (por ex., Mtodos Tradicionais, Mtodos Ativos, Mtodos da Descoberta, Mtodo de Soluo de Problemas etc.)16Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

- Especfica, que se subdivide em: a que se refere aos procedimentos de ensino e estudo das disciplinas do currculo (Alfabetizao, Matemtica, Histria, etc.), e a que se refere aos setores da Educao Escolar ou Extra Escolar (Educao de Adultos, Educao Especial, Educao Sindical etc.). Tcnicas, recursos ou meios de ensino so complementos da metodologia, colocados disposio do professor para o enriquecimento do Processo de Ensino. Atualmente, a expresso tecnologia educacional adquiriu um sentido bem mais amplo, englobando tcnicas de ensino diversificadas, desde os recursos da informtica, dos meios de comunicao e os audiovisuais at os de instruo programada e de estudo individual e em grupos. A Didtica tem muitos pontos em comum com as metodologias especficas de ensino. Elas so as fontes da investigao Didtica, ao lado da Psicologia da Educao e da Sociologia da Educao. Mas, ao se constituir como teoria da Instruo e do Ensino, abstrai das particularidades de cada matria para generalizar princpios e diretrizes para qualquer uma delas. Em sntese, so temas fundamentais da Didtica: os objetivos sociais, polticos e pedaggicos da Educao Escolar, os contedos escolares, os princpios didticos, os mtodos de ensino e de aprendizagem, as formas organizativas do ensino, o uso e aplicao de tcnicas e recursos, o controle e a avaliao da aprendizagem.

O Objetivo de Estudo da Didtica: o processo de ensino O objetivo de estudo da Didtica o processo de ensino, campo principal da Educao Escolar. Na medida em que o Ensino viabiliza as tarefas da Instruo, ele contm a Instruo. Pode-se, assim, delimitar como o objetivo da Didtica, o Processo de Ensino que, considerado no seu conjunto, inclui: os contedos dos programas e dos livros

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didticos, os mtodos e formas organizativas do ensino, as atividades do professor e dos alunos e as diretrizes que regulam e orientam esse processo. Mas, porque estudar o Processo de Ensino? Anteriormente foi abordado que, a Educao Escolar uma tarefa eminentemente social, pois a sociedade necessita prover as geraes mais novas daqueles conhecimentos e habilidades que vo sendo acumulados pela experincia social da humanidade. Ora, no suficiente disser que os alunos precisam dominar os conhecimentos; necessrio dizer como faz-lo, isto , investigar objetivos e mtodos seguros e eficazes para a assimilao dos conhecimentos. Esta a funo da Didtica, ao estudar o Processo do Ensino. Pode-se definir Processo de Ensino como: uma sequncia de atividades do professor e dos alunos, tendo em vista a assimilao de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, atravs das quais os alunos aprimoram capacidades cognitivas (pensamento independente, observao, anlise, sntese e outras). Quando se menciona que a finalidade do Processo de Ensino proporcionar aos alunos os meios para que assimilem ativamente os conhecimentos porque a natureza do trabalho docente mediao da relao cognoscitiva entre o aluno e as matrias de ensino. Isto quer disser que o ensino no s transmisso de informaes, mas tambm o meio de organizar a atividade de estudo dos alunos. O Ensino somente bem sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos de estudo do aluno e praticado tendo em vista o desenvolvimento das suas foras intelectuais. Da, a importncia da Didtica.

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Dica: Faa uma pesquisa na bibliografia sugerida, procurando as mltiplas definies existentes para os termos: Educao e Ensino. Vale a pena!

Sugesto: ASSMANN, Hugo. (Re)encantar a educao rumo sociedade aprendente. Petrpolis. RJ: Vozes, 2004. Captulo II O QUE SIGNIFICA APRENDER.

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3A Histria da Didtica esta ligada ao aparecimento do Ensino - no decorrer do desenvolvimento da sociedade, da produo e das cincias - como atividades planejadas e intencionais dedicada Instruo. Desde os primeiros tempos existem indcios de formas

Objetivo: Compreender a evoluo histrica da Didtica e seus expoentes mais importantes

Desenvolvimento Histrico da Didtica e as Tendncias Pedaggicas

elementares de Instruo e Aprendizagem. Sabe-se, por exemplo, que nas comunidades primitivas os jovens passavam por um ritual de iniciao para ingressarem nas atividades do mundo adulto. Pode-se considerar esta uma forma de ao pedaggica, embora ainda no esteja presente o "didtico"; como forma estruturada de Ensino. Na chamada Antiguidade Clssica (gregos e romanos) e no Perodo Medieval, tambm, se desenvolveram formas de ao pedaggica; em escolas, mosteiros, igrejas, universidades. Entretanto, at meados do sculo XVII no se pode falar de Didtica como Teoria de Ensino; que sistematize o pensamento didtico e os estudos cientficos das formas de ensinar. O termo, Didtica, aparece quando os adultos comeam a intervir na atividade de aprendizagem das crianas e jovens atravs da direo deliberada e planejada do Ensino; ao contrrio das formas de interveno mais ou menos espontneas de antes. Estabelecendo-se uma inteno propriamente pedaggica na atividade de ensino, a Escola se torna uma instituio, o processo de ensino passa a ser sistematizado conforme nveis, tendo em vista a adequao s possibilidades das crianas, s idades e ritmo de assimilao dos estudos.20Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

A formao da Teoria Didtica para investigar as ligaes entre Ensino e Aprendizagem, e suas leis, ocorrem no sculo XVII, quando Joo Ams Comnio (1592-1670), um pastor protestante, escreve a primeira obra clssica sobre Didtica: a Didacta Magna. Ele foi o primeiro Educador a formular a ideia da difuso dos conhecimentos a todos e a criar princpios e regras do ensino. Comnio desenvolveu ideias avanadas para a prtica educativa nas escolas; numa poca em que surgiam novidades no campo da Filosofia e das Cincias e grandes transformaes nas tcnicas de produo, em contraposio s ideias conservadoras da nobreza e do clero. O sistema de produo capitalista, ainda incipiente, j influenciava a organizao da vida social, poltica e cultural. A Didtica de Comnio e seus princpios: A finalidade da Educao conduzir felicidade eterna com Deus, pois uma

fora poderosa de regenerao da vida humana. Todos os homens merecem a sabedoria, a moralidade e a religio, porque todos, ao realizarem sua prpria natureza, realizam os desgnios de Deus. Portanto, a educao um direito natural de todos. Por ser parte da natureza, o homem deve ser educado de acordo com o seu

desenvolvimento natural, isto , de acordo com as caractersticas e os mtodos de ensino correspondentes, de acordo com a ordem natural das coisas. A assimilao dos conhecimentos no se d instantaneamente, como se o aluno

registrasse de forma mecnica na sua mente a informao do professor, como o reflexo num espelho. O ensino, ao invs disso, tem um papel decisivo percepo sensorial das coisas. Os conhecimentos devem ser adquiridos a partir da observao das coisas e dos fenmenos, utilizando e desenvolvendo sistematicamente os rgos dos sentidos. O mtodo intuitivo consiste, assim, da observao direta, pelos rgos dos

sentidos, das coisas, para o registro das impresses na mente do aluno. Primeiramente21Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

as coisas, depois as palavras. O planejamento de ensino deve obedecer ao curso da natureza infantil; por isso as coisas devem ser ensinadas uma de cada vez. No se deve ensinar nada que a criana no possa compreender. Portanto, deve-se partir do conhecido para o desconhecido. Apesar da grande novidade nestas ideias, principalmente quando um impulso ao surgimento de uma teoria do ensino, Comnio no escapou de algumas crenas usuais na poca sobre o Ensino. Partindo da observao e da experincia sensorial, mantinhase o carter transmissor do ensino; embora procurando adaptar o Ensino s fases do desenvolvimento infantil, mantinha-se o mtodo nico e o ensino simultneo a todos. Alm disso, sua ideia de que a nica via de acesso dos conhecimentos a experincia sensorial com as coisas no foi suficiente. Primeiro porque as percepes, frequentemente, enganam segundo, porque j existe uma experincia social acumulada de conhecimentos sistematizados que no necessitam ser descobertos novamente. Entretanto, Comnio desempenhou uma influncia considervel; no somente porque se empenhou em desenvolver mtodos de instruo mais rpidos e eficientes, mas tambm porque desejava que todas as pessoas pudessem usufruir dos benefcios do conhecimento. Na Histria, as ideias, principalmente quando so muito inovadoras para a poca, costumam demorar em terem efeito prtico. No sculo, XVII, em que viveu Comnio, e nos sculos seguintes, ainda predominaram prticas escolares da Idade Mdia: Ensino intelectualista, verbalista e dogmtico; memorizao e repetio mecnica dos ensinamentos do professor. Nessas escolas no havia espaos para as ideias prprias dos alunos. O Ensino era separado da vida; mesmo porque ainda era grande o poder da religio na vida social.

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Objetivo: Proporcionar conhecimentos sobre a importncia e contribuio deste pensador para a prxis pedaggica, no panorama educacional

Os Pensadores da Pedagogia Intensas mudanas nas formas de produo provocaram um grande desenvolvimento da cincia e da cultura. Foi diminuindo o poder da nobreza e do clero e aumentando o da burguesia. Na medida em que esta se fortalecia como classe social, disputando o poder econmico e poltico com a nobreza; ia crescendo tambm a necessidade de um ensino ligado s exigncias do mundo da produo e dos negcios e, ao mesmo tempo, um ensino que contemplasse o livre desenvolvimento das capacidades e interesses individuais. Jean Jacques Rousseau (1712-1778) foi um pensador que procurou interpretar essas aspiraes, propondo uma concepo nova de ensino s necessidades e interesses imediatos da criana. As ideias mais importantes de Rousseau so as seguintes:

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1. A preparao da criana para a vida futura deve basear-se no estudo das coisas que correspondem s suas necessidades e interesses atuais. Antes de ensinar as cincias, elas precisam ser levadas a despertar o gosto pelo seu estudo. Os verdadeiros professores so a natureza, a experincia e o sentimento. O contato da criana com o mundo que a rodeia que desperta o interesse e suas potencialidades naturais. Em resumo: so os interesses e necessidades imediatas do aluno que determinam organizao do estudo e seu desenvolvimento. 2. A educao um processo natural, ela se fundamenta no desenvolvimento interno do aluno. As crianas so boas por natureza, elas tm uma tendncia natural para se desenvolverem. Rousseau no colocou em prtica suas ideias e nem elaborou uma teoria de ensino. Essa tarefa coube a outro; o Pedagogo suo, Henrique Pestalozzi (1746-1827), que viveu e trabalhou at o fim da vida com a educao de crianas pobres, em instituies dirigidas por ele prprio. Deu uma grande importncia ao Ensino como meio de Educao e desenvolvimento; das capacidades humanas; como cultivo do sentimento, da mente e do carter. Pestalozzi atribua grande importncia ao Mtodo Intuitivo, levando os alunos a desenvolverem o senso de observao, anlise dos objetos e fenmenos da natureza e a capacidade da linguagem; atravs da qual se expressa em palavras o resultado das observaes. Nisto consistia a Educao Intelectual. Tambm atribua importncia fundamental Psicologia da criana, como fonte do desenvolvimento do Ensino. As ideias de Comnio, Rousseau e Pestalozzi influenciaram muitos outros pedagogos. O mais importante deles, porm, foi Johann Friedrich Herbart (1766-1841), Pedagogo alemo que teve muitos discpulos e que exerceu influncia relevante na Didtica e na prtica docente. Foi e continua sendo inspirador da Pedagogia Conservadora, conforme ser visto posteriormente. Suas ideias precisam ser estudadas, devido a manuteno desta prtica nas salas de aula brasileiras.24Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Junto com uma formulao terica dos fins da Educao e da Pedagogia como cincia, desenvolveu uma anlise do processo psicolgico e didtico de aquisio de conhecimentos, sob a direo do Professor. Segundo Herbart, o fim da Educao a moralidade, atingida atravs da instruo educativa. Educar o homem significa instru-lo para querer o bem, de modo que aprenda a comandar a si prprio. A principal tarefa da Instruo introduzir ideias corretas na mente dos alunos. O professor um arquiteto da mente. Ele deve trazer ateno dos alunos aquelas ideias que deseja que dominem suas mentes. Controlando os interesses dos alunos, o professor vai construindo uma massa de ideias na mente, que por sua vez vai favorecer a assimilao de ideias novas. O mtodo de ensino consiste em provocar a acumulao de ideias, na mente da criana. Herbart estava atrs da formulao de um mtodo nico de ensino, em conformidade com as leis psicolgicas do conhecimento. Estabeleceu, assim, quatro passos didticos que deveriam ser rigorosamente seguidos: - Primeiro: a preparao e apresentao da matria nova de forma clara e completa, que denominou Clareza; -Segundo: as associaes entre as ideias antigas e as novas; -Terceiro: a sistematizao dos conhecimentos, tendo em vista a generalizao; -Quarto: a aplicao, o uso dos conhecimentos adquiridos atravs de exerccios, que denominou Mtodo. Posteriormente, os discpulos de Herbart desenvolveram mais a proposta dos passos formais, ordenando-os em cinco: Preparao, apresentao, assimilao, generalizao e aplicao. Frmula esta que ainda utilizada pela maioria dos professores. O sistema pedaggico de Herbart e seus seguidores - chamados de Herbartianos - trouxe esclarecimentos vlidos para a organizao da prtica docente, como por exemplo: a necessidade de estruturao e ordenao do processo de ensino, a exigncia de25Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

compreenso dos assuntos estudados e no simplesmente memorizao, o significado educativo da disciplina na formao do carter. Entretanto, o Ensino entendido como repasse de ideias do professor para a cabea do aluno; os alunos devem compreender o que o professor transmite, mas apenas com a finalidade de reproduzir a matria transmitida. Com isso, a aprendizagem se torna mecnica, automtica, associativa, e no mobilizando a atividade mental, a reflexo e o pensamento independente e criativo dos alunos. As ideias pedaggicas de Comnio, Rousseau, Pestalozzi e Herbart - alm de outros foram as bases do pensamento pedaggico europeu, difundindo-se depois por todo o mundo, demarcando as concepes pedaggicas que hoje so conhecidas como Pedagogia Tradicional e Pedagogia Renovada.

Sugesto: Objetivando o seu pensar crtico e reflexivo sobre a prxis educativa, reflita sobre a ao educadora da personagem do filme O sorriso de Mona lisae construa um texto dissertativo, de no mnimo uma lauda.

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Objetivo: Adquirir conhecimentos especficos sobre as principais tendncias pedaggicas adotadas no Brasil e a aplicao da Didtica sobre estas concepes de aprendizagem.

Tendncias Pedaggicas no Brasil e a Didtica Nos ltimos anos, diversos estudos tm sido dedicados Histria da Didtica no Brasil, suas relaes com as tendncias pedaggicas e investigao do seu campo de conhecimentos. Os autores, em geral, concordam em classificar as tendncias pedaggicas em dois grupos: As de cunho Liberal - Pedagogia Tradicional, Pedagogia Renovada e Tecnicismo Educacional e as de cunho Progressista - Pedagogia Libertadora e Pedagogia Crtico-Social dos Contedos. Certamente existem outras correntes vinculadas a uma ou outra dessas tendncias, mas essas so as mais conhecidas. Para a Pedagogia Tradicional: A Didtica uma disciplina normativa, um conjunto de princpios e regras que regulam o Ensino. A atividade de ensinar centrada no professor que expe e interpreta a matria. s vezes, so utilizados meios como a apresentao de objetos, ilustraes, exemplos, mas o recurso principal a palavra, a exposio oral. Supe-se que ouvindo e fazendo exerccios repetitivos, os alunos "gravam a matria para depois, reproduzi-la; atravs das interrogaes do professor e das provas. Para isso, importante que o aluno "preste ateno", porque ouvindo facilita-se o registro (do que transmitido) na memria. O aluno , assim, um recebedor da matria e sua tarefa decor-la. Os objetivos explcitos ou implcitos referem-se formao de um aluno ideal, desvinculado de sua realidade concreta. O professor tende a encaixar os alunos num modelo idealizado de homem totalmente desvinculado da vida presente e futura. A matria de Ensino tratada isoladamente, isto , sem relao com os interesses dos alunos ou com os problemas reais da sociedade e da vida. O Mtodo dado pela lgica e sequncia da matria; o meio utilizado pelo professor para comunicar a matria e no dos alunos para aprend-la.27Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

A presena dos mtodos intuitivos, que foram incorporados ao ensino tradicional, ainda bastante forte. Baseiam-se na apresentao de dados sensveis, de modo que os alunos possam observ-los e formar imagens deles em sua mente. Muitos professores ainda acham que "partir do concreto" a chave do ensino atualizado. Mas esta ideia j fazia parte da Pedagogia Tradicional porque o "concreto" (mostrar objetos, ilustraes, gravuras etc.) serve apenas para gravar na mente o que captado pelos sentidos. O material concreto mostrado, demonstrado, manipulado, mas o aluno no lida mentalmente com ele, no o repensa, no o (re)elabora com o seu prprio pensamento. A aprendizagem, assim, continua receptiva, automtica; no mobilizando a atividade mental do aluno e o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais. A Didtica Tradicional tem resistido ao tempo, continua prevalecendo na prtica escolar. comum nas escolas brasileiras atribuir-se ao Ensino a tarefa de mera transmisso de conhecimentos; sobrecarregar o aluno de conhecimentos que so decorados sem questionamento; trabalhar com exerccios repetitivos; impor externamente a disciplina e usar castigos. Trata-se de uma prtica escolar que empobrece at as boas intenes da Pedagogia Tradicional que pretendia, com seus mtodos, a transmisso da cultura geral, isto , das grandes descobertas da humanidade, e a formao do raciocnio; o treino da mente e da vontade. Os conhecimentos ficaram

estereotipados, insossos, sem valor educativo vital, desprovidos de significados sociais, inteis para a formao das capacidades intelectuais e a compreenso crtica da realidade. O intento de formao mental, de desenvolvimento do raciocnio, ficou reduzido a prticas de memorizao. A Pedagogia Renovada inclui vrias correntes: A Progressivista, (que se baseia na teoria educacional de John Dewey), a no diretiva (principalmente inspirada em Carl Rogers), a ativista-espiritualista (de orientao Catlica), a Culturalista, a Piagetiana, a

Montessoriana, entre outras. Todas, de alguma forma, esto ligadas ao movimento da Pedagogia Ativa que surge no final do sculo XIX como contraposio Pedagogia Tradicional.28Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Entretanto, segundo estudo feito por Castro (1984), os conhecimentos e a experincia da Didtica brasileira pautam-se, em boa parte, no movimento da Escola Nova, inspirado principalmente na corrente Progressivista. Aqui, ser destacada apenas a Didtica Ativa inspirada na corrente Didtica Moderna de Lus Alves de Mattos; includa na Corrente Culturalista. A Didtica da Escola Nova ou Didtica Ativa entendida como "direo da aprendizagem", considerando o aluno como sujeito da aprendizagem. O que o professor tem a fazer colocar o aluno em condies propcias para que, partindo das suas necessidades e estimulando interesses, possa buscar, por si mesmo, conhecimentos e experincias. A ideia a de que o aluno aprende melhor o que faz por si prprio. No se trata apenas de aprender fazendo, no sentido de trabalho manual, aes de manipulao de objetos. Trata-se de colocar o aluno em situaes que seja mobilizada a sua atividade global e que se manifesta em atividades intelectuais, atividade de criao, de expresso verbal, escrita, plstica. O centro da atividade escolar no o professor nem a matria; o aluno ativo e investigador. O Professor incentiva, orienta, organiza as situaes de aprendizagem, adequando-as s capacidades de caractersticas individuais dos alunos. Por isso, a Didtica Ativa d grande importncia aos mtodos e tcnicas como: o trabalho de grupo, atividades cooperativas, estudo individual, pesquisas, projetos, experimentaes etc.; bem como aos mtodos de reflexo e mtodo cientfico de descobrir conhecimentos. Tanto na organizao das experincias de aprendizagem como na seleo de mtodos, importa o Processo de Aprendizagem e no diretamente o Ensino. O melhor mtodo aquele que atende s exigncias psicolgicas do aprender. Em sntese, a Didtica Ativa d menos ateno aos conhecimentos sistematizados, valorizando mais o processo da aprendizagem e os meios que possibilitam o desenvolvimento das capacidades e habilidades intelectuais dos alunos. Por isso, os adeptos da Escola Nova costumam dizer que o professor no ensina; antes, ajuda o aluno a aprender. Ou seja, a Didtica no a direo do Ensino, a orientao da29Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Aprendizagem, uma vez que esta uma experincia prpria do aluno atravs da pesquisa, da investigao. Esse entendimento da Didtica tem muitos aspectos positivos, principalmente quando baseia a atividade escolar na atividade mental dos alunos, no estudo e na pesquisa, visando formao de um pensamento autnomo. Entretanto, raro encontrar professores que apliquem inteiramente o que prope a Didtica Ativa. Por falta de conhecimento aprofundado das bases tericas da Pedagogia Ativa, falta de condies materiais, pelas exigncias de cumprimento do programa oficial e outras razes. O que sobra, so alguns mtodos e tcnicas. Assim, muito comum os professores utilizarem procedimentos e tcnicas como trabalho de grupo, estudo dirigido, discusses, estudo do meio, etc., sem levar em conta seu objetivo principal que levar o aluno a pensar, a raciocinar cientificamente, a desenvolver sua capacidade de reflexo e a independncia de pensamento. Com isso, na hora de comprovar os resultados do ensino e da aprendizagem, pedem matria decorada, da mesma forma que se faz no Ensino Tradicional. Em paralelo Didtica da Escola Nova, surge a partir dos anos 50 a Didtica Moderna proposta por Lus Alves de Mattos. Seu livro Sumrio de Didtica Geral foi largamente utilizado durante muitos anos nos cursos de formao de professores e exerceu considervel influncia em muitos manuais de Didtica, publicados posteriormente. A Didtica Moderna inspirada na Pedagogia da Cultura, corrente pedaggica de origem alem. Mattos identifica sua Didtica com as seguintes caractersticas: o aluno o fator pessoal decisivo na situao escolar; em funo dele giram as atividades escolares, para orient-lo e incentiv-lo na sua Educao e na sua Aprendizagem, tendo em vista desenvolver-lhe a inteligncia e formar-lhe o carter e a personalidade. O Professor o incentivador, orientador e controlador da aprendizagem organizando o Ensino em funo das reais capacidades dos alunos e do desenvolvimento dos seus hbitos de estudo e reflexo. A matria e o contedo cultural da aprendizagem, o objeto ao qual se aplica o ato de aprender, onde se encontram os valores lgicos e sociais a30Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

serem assimilados pelos alunos; est a servio do aluno para formar suas estruturas mentais e, por isso, sua seleo, dosagem e apresentao vinculam-se s necessidades e capacidades reais dos alunos. O Mtodo representa o conjunto dos procedimentos para assegurar a aprendizagem, isto , existe em funo da aprendizagem, razo pela qual, est condicionado pela natureza da matria e relacionar-se com a Psicologia do aluno. Definindo a Didtica como disciplina normativa, tcnica de dirigir e orientar eficazmente a aprendizagem das matrias tendo em vista objetivos educativos, Mattos prope a Teoria do Ciclo Docente, que o Mtodo Didtico em ao. O Ciclo Docente, abrangendo as fases de planejamento, orientao e controle da aprendizagem e suas subfases, definido como "o conjunto de atividades exercidas, em sucesso ou ciclicamente, pelo professor, para dirigir e orientar o processo de aprendizagem dos seus alunos, levando-o a bom termo". o mtodo em "ao". Quanto ao Tecnicismo Educacional, embora seja considerada como uma tendncia pedaggica inclui-se, em certo sentido, na Pedagogia Renovada. Desenvolveu-se no Brasil na dcada de 50, sombra do Progressivismo ganhando, nos anos 60, autonomia quando se constituiu especificamente como tendncia, inspirada na Teoria Behaviorista da Aprendizagem e na Abordagem Sistmica do Ensino.

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Esta orientao acabou sendo imposta s escolas pelos organismos oficiais ao longo de boa parte das dcadas de 60 e 70, por ser compatvel com a orientao econmica, poltica e ideolgica do regime militar ento vigente. Com isso, ainda hoje predomina nos cursos de formao de professores o uso de manuais didticos e cunho tecnicista, de carter meramente instrumental. A Didtica Instrumental est interessada na

racionalizao do ensino, no uso de meios so tcnicas mais eficazes. O arranjo mais simplificado dessa sequncia resultou na frmula: Objetivos, contedo estratgias, avaliao. O professor um administrador e executor do planejamento, o meio de previso das aes a serem executadas e dos meios necessrios para se atingir os objetivos. Boa parte dos livros didticos, em uso nas escolas, so elaborados com base na Tecnologia da Instruo.

Crise na Educao: Por qu? O papel da educao na humanizao. HAIDT, Regina Clia Cazaux. Curso de Didtica Geral. So Paulo: tica, 2006 .

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Objetivo: Apropriar-se dos conhecimentos e aplicabilidade Didtica e Pedaggica das tendncias progressistas.

O Progresso das Tendncias Pedaggicas e a Didtica As tendncias de cunho progressista interessadas em propostas pedaggicas voltadas para os interesses da maioria da populao foram adquirindo maior solidez e sistematizao por volta dos anos 80. So tambm denominadas teorias criticas da educao. No, que no tenham existido antes esforos no sentido de formular propostas de educao popular. J no comeo do sculo formaram-se movimentos de renovao educacional por iniciativa de militantes socialistas. Muitos dos integrantes do movimento dos pioneiros da Escola Nova tinham reais interesses em superar a educao elitista e discriminadora da poca. No incio dos anos 60 surgiram os movimentos de Educao de Adultos que geraram ideias pedaggicas e prticas educacionais de Educao Popular, configurando a tendncia que veio ser denominada de Pedagogia Libertadora. Na segunda metade da dcada de 70, com a incipiente modificao do quadro poltico repressivo, em decorrncia de lutas sociais por maior democratizao da sociedade, tornou-se possvel a discusso de questes educacionais e escolares numa perspectiva de crtica poltica s instituies sociais capitalistas. Muitos estudiosos e militantes polticos se interessaram apenas pela crtica e pela denncia do papel ideolgico e discriminador da Escola, na sociedade capitalista. Outros, no entanto, levando em conta essa crtica; preocuparam-se em formular propostas e desenvolver estudos no sentido de tornar possvel uma Escola articulada com os interesses concretos do povo. Entre essas tentativas destacam-se a Pedagogia Libertadora e a Pedagogia Crtico-Social dos Contedos. A primeira retomou as propostas de Educao Popular dos anos 60, refundindo-se princpios e prticas em33Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

funo das possibilidades do seu emprego na Educao Formal em escolas pblicas, j que inicialmente tinham carter extraescolar e no oficial, voltadas para o atendimento da clientela adulta. A segunda, inspirando-se no Materialismo Histrico Dialtico; constituiu-se como movimento pedaggico interessado na Educao Popular, na valorizao da Escola Pblica e do trabalho do professor; no ensino de qualidade para o povo e, especificamente, na acentuao da importncia do domnio slido por parte de professores e alunos dos contedos cientficos do Ensino como condio para a participao efetiva do povo nas lutas sociais (na poltica, na profisso, no sindicato, nos movimentos sociais e culturais). Duas tendncias pedaggicas progressistas, propondo uma Educao Escolar crtica a servio das transformaes sociais e econmicas, ou seja, de superao das desigualdades sociais decorrentes das formas sociais capitalistas de organizao da sociedade. No entanto, diferem quanto aos objetivos imediatos, meios e estratgias de atingir essas metas gerais comuns. A Pedagogia Libertadora no tem uma proposta explcita de Didtica e muitos dos seus seguidores, entendendo que toda Didtica resumir-se-ia ao seu carter tecnicista, instrumental, meramente prescritivo, at recusam admitir o papel dessa disciplina na formao dos professores. No entanto, h uma Didtica implcita na orientao do trabalho escolar, pois, de alguma forma, o professor se pe diante de uma classe com a tarefa de orientar a aprendizagem dos alunos. A atividade escolar centrada na discusso de temas sociais e polticos; poder-se-ia falar de um ensino centrado na realidade social, em que professor e alunos analisam problemas e realidades do meio socioeconmico e cultural, da comunidade local, com seus recursos e necessidades, tendo em vista a ao coletiva frente a esses problemas e realidades.

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O trabalho escolar no se assenta, prioritariamente, nos contedos de ensino j sistematizados, mas no processo de participao ativa nas discusses e nas aes prticas sobre questes da realidade social imediata. Nesse processo de discusso, relatos de experincias vividas; da assemblia; pesquisa participante; do trabalho de grupo etc., vo surgindo temas geradores que podem vir a ser sistematizados para efeito de consolidao de conhecimentos. uma Didtica que busca desenvolver o processo educativo como tarefa que se d no interior dos grupos sociais e por isso o professor coordenador ou animador das atividades, que se organizam sempre pela ao conjunta dele e dos alunos. A Pedagogia Libertadora tem sido empregada, com muito xito, em vrios setores dos movimentos sociais, como, por exemplo, em sindicatos, associaes de bairro, comunidades religiosas. Parte desse xito se deve ao fato de ser utilizada entre adultos que vivenciam uma prtica poltica e onde o debate sobre a problemtica econmica, social e poltica pode ser aprofundado com a orientao de intelectuais comprometidos com os interesses populares. Em relao sua aplicao nas escolas pblicas, especialmente no Ensino Fundamental, os representantes dessa tendncia no chegaram a formular uma orientao Pedaggica e/ou Didtica, especificamente escolar, compatvel com a idade, o desenvolvimento e as caractersticas de aprendizagem das crianas e jovens. Para a Pedagogia Crtico-Social dos Contedos a Escola Pblica cumpre a sua funo social e poltica, assegurando a difuso dos conhecimentos sistematizados a todos, como condio para a efetiva participao do povo nas lutas sociais. No considera suficiente colocar como contedo escolar a problemtica social cotidiana, pois somente com o domnio dos conhecimentos, habilidades e capacidades mentais podem os alunos organizar, interpretar e reelaborar as suas experincias de vida, em funo dos interesses de classe.

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O que importa que os conhecimentos sistematizados sejam confrontados com as experincias socioculturais e a vida concreta dos alunos, como meio de aprendizagem e melhor solidez na assimilao dos contedos. Do ponto de vista didtico, o Ensino consiste na mediao de objetivos, contedos e mtodos que assegure o encontro formativo entre os alunos e as matrias escolares, que o fator decisivo da Aprendizagem. A Pedagogia Crtico-Social dos contedos atribui grande importncia Didtica, cujo objeto de estudo o Processo de Ensino em suas relaes e ligaes com a Aprendizagem. As aes de ensinar e aprender formam uma unidade, mas cada uma tem a sua especificidade. A Didtica tem como objetivo a direo do processo de ensinar, tendo em vista finalidades sociopolticas e pedaggicas e as condies e meios formativos; tal direo, entretanto, converge para promover a autoatividade dos alunos. Com isso, a Pedagogia Crtico-Social busca uma sntese superadora de traos significativos da Pedagogia Tradicional e da Escola Nova. Postula para o Ensino a tarefa de propiciar aos alunos o desenvolvimento de suas capacidades e habilidades intelectuais; mediante a transmisso e assimilao ativa dos contedos escolares articulando, no mesmo processo, a aquisio de noes sistematizadas e as qualidades individuais dos alunos que lhes possibilitam a autoatividade e a busca independente e criativa das noes. Mas trata-se de uma sntese superadora. Com efeito, se a Pedagogia define fins e meios da prtica educativa, a partir dos seus vnculos com a dinmica da prtica social, importa um posicionamento em face de interesses sociais em jogo no quadro das relaes sociais vigentes na sociedade. Os conhecimentos tericos e prticos da Didtica medeiam os vnculos entre o pedaggico e a docncia; fazem ligao entre o "para qu" (opes polticas e pedaggicas) e o "como da ao educativa escolar (a prtica docente).

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A Pedagogia Crtico-Social toma o partido dos interesses majoritrios da sociedade; atribuindo Instruo e ao Ensino o papel de proporcionar aos alunos o domnio de contedos cientficos, os mtodos de estudo e habilidades e hbitos de raciocnio cientfico; de modo a irem formando a conscincia crtica face s realidades sociais e capacitando-se a assumir, no conjunto das lutas sociais, a sua condio de agentes ativos de transformao da sociedade e de si prprios.

Dica de Leitura: LIBANO, Jos Carlos. Didtica. So Paulo: Cortez, 1994. Cap. II

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Objetivo: Adquirir conhecimentos acerca da Pedagogia crtico-social dos contedos e sua relao com uma aprendizagem transformadora.

Processo Didtico na Concepo da Pedagogia Crtico-Social dos Contedos: Ensino e Aprendizagem A tarefa principal do professor garantir a unidade didtica entre Ensino e Aprendizagem, atravs do Processo de Ensino. Ensino e Aprendizagem so duas facetas de um mesmo processo. O professor planeja dirigir e controlar o Processo de Ensino, tendo em vista estimular e suscitar a atividade prpria dos alunos para a Aprendizagem. Para compreender corretamente a dinmica desse processo necessrio analisar separadamente cada um dos seus componentes

A Aprendizagem A conduo do Processo de Ensino requer uma compreenso clara e segura do Processo de Aprendizagem. Em que consiste aprender, como as pessoas aprendem, quais as condies externas e internas que influenciam. Em sentido geral, qualquer atividade humana praticada no ambiente em que se vive pode levar a uma aprendizagem. Desde que nasce, o Ser humano est aprendendo, e continua aprendendo por toda sua vida. Uma criana pequena aprende a distinguir determinados barulhos, aprende a manipular um brinquedo, aprende a andar. Um aluno maior aprende habilidades de lidar com as coisas, nadar, andar de bicicleta, etc.; aprende a contar, a ler, a escrever, a pensar, a trabalhar junto com outras crianas. Jovens e adultos aprendem processos mais complexos de pensamento, aprendem uma profisso, discutem problemas e aprendem a fazer opes, etc. Pessoas, portanto, esto38Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

sempre aprendendo. Em casa, na rua, no trabalho, na escola; nas mltiplas experincias da vida. Pode-se distinguir a Aprendizagem em: casual e organizada. A Aprendizagem Casual quase sempre espontnea, surge naturalmente da interao entre as pessoas e com o ambiente em que vivem. Ou seja, pela convivncia social, pela observao de objetos e acontecimentos, pelo contato com os meios de comunicao, leituras, conversas etc., as pessoas vo acumulando experincias, adquirindo conhecimentos, formando atitudes e convices. A Aprendizagem Organizada aquela que tem por finalidade especfica aprender determinados conhecimentos, habilidades, normas de convivncia social. Embora isso possa ocorrer em vrios lugares, na escola que so organizadas as condies especficas para a transmisso e assimilao de conhecimentos e habilidades. Esta organizao intencional, planejada e sistemtica das finalidades e condies da aprendizagem escolar tarefa especfica do Ensino.

Alguns exemplos de Aprendizagem Escolar: A professora conta uma histria. O aluno recebe o "contedo" da histria, assimila-o, seja memorizando, seja captando a sua mensagem. Aparentemente a atitude do aluno passiva, mas, na verdade, ligando a histria com seu imaginrio (experincia vivida), est trabalhando a histria na sua mente. Est aprendendo. O tema da aula "As plantas". No ptio da escola, cada aluno escolheu uma plantinha. A professora pede para observarem o que ela tem nas mos. Surge uma conversao, a professora explica, os alunos perguntam. A conversa se amplia: Por que as plantas crescem? Por que, depois de certo tempo, elas murcham? Se a planta for colocada em um lugar que tenha terra e gua, mas no tenha luz, o que acontecer? Os alunos discutem, analisam as possibilidades, a professora vai organizando essas ideias para sistematizar os conhecimentos. Depois h o estudo no livro, os exerccios; a consolidao das coisas aprendidas. Os alunos aprendem as partes da planta e suas funes, as39Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

relaes entre terra, gua e luz; interiorizam conceitos, formam estruturas mentais; compreendem a importncia das plantas na vida social; desenvolvem capacidades de observao, comparao, sntese e so capazes de aplicar os conhecimentos. As crianas esto estudando Histria e Geografia. Aprendem a localizar os estados brasileiros no mapa, memorizam o nome das capitais, aprendem as diferenas de horrio de um lugar para o outro, dominam o conceito de "fuso horrio". Com isso esto adquirindo conhecimentos e habilidades. A Aprendizagem Escolar , assim, um processo de assimilao de determinados conhecimentos e modos de ao fsica e mental, organizados no Processo de Ensino. Os resultados da aprendizagem se manifestam em modificaes na atividade externa e interna do sujeito, nas suas relaes com o ambiente fsico e social. Isto significa que se pode aprender: - Conhecimentos sistematizados (fatos, conceitos, princpios, mtodos de conhecimento, etc.); -Habilidades e hbitos intelectuais e sensrio motores (observar um fato e extrair concluses, destacar propriedades e relaes das coisas, dominarem procedimentos para resolver exerccios, escrever e ler, uso adequado dos sentidos, manipulao de objetos e instrumentos, etc.); -Atitudes e valores, por exemplo, perseverana e responsabilidade no estudo, modo cientfico de resolver problemas humanos, senso crtico frente aos objetos de estudo e realidade, esprito de camaradagem e solidariedade, convices, valores humanos e sociais, interesse pelo conhecimento, modos de convivncia social, etc.

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Objetivo: Conhecer os princpios do processo de assimilao, mediados pela ao do Professor.

Aprendizagem: um processo de assimilao No Processo de Ensino estabelecem-se objetivos, contedos e mtodos, mas a assimilao desses consequncia da atividade mental dos alunos. Conhecimentos, habilidades, atitudes, modos de agir no so coisas fsicas que podem ser transferidas da cabea do professor para a cabea do aluno. A aprendizagem efetiva acontece quando, pela influncia do professor, so mobilizadas as atividades fsicas e mentais prprias dos alunos no estudo das matrias. o que se denomina de: Processo de Assimilao Ativa.

O Processo da Assimilao Ativa Entende-sse por Assimilao Ativa ou Apropriao de Conhecimento e Habilidades o processo de percepo, compreenso e reflexo, e a aplicao que se desenvolve com os meios intelectuais, motivacionais e atitudinais, do prprio aluno, sob a direo e orientao do professor. O conceito de Processo de Assimilao Ativa fundamental para a Teoria da Instruo e do Ensino. Permite o entendimento de que o ato de aprender um ato de conhecimento pelo qual se assimila, mentalmente, os fatos, fenmenos e relaes do mundo, da natureza e da sociedade; atravs do estudo das matrias de Ensino. Nesse sentido, pode-se dizer que Aprendizagem uma relao cognitiva entre o sujeito e os objetos de conhecimento. H uma atividade do sujeito em relao aos objetos de conhecimento para assimil-los; ao mesmo tempo, as propriedades do objeto atuam no sujeito, modificando e41Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

enriquecendo suas estruturas mentais. Por esse processo, formam-se conhecimentos e modos de atuao, pelos quais se aplicam a compreenso da realidade para transformla, tendo em vista necessidades e interesses humanos e sociais. Para que se realize, na Escola, o Processo de Assimilao Ativa de novos conhecimentos e, por meio dele, o desenvolvimento das foras cognoscitivas dos alunos, preciso a ao externa do professor, isto , o Ensino e seus componentes: objetivos, contedos, mtodos e formas organizativas. Em sntese, nas situaes didticas ocorrem fatores externos e internos, mutuamente relacionados. O professor prope objetivos e contedos, tendo em conta caractersticas dos alunos e da sua prtica de vida. Os alunos, por sua vez, dispem em seu organismo, fsico e psicolgico, de meios internos de assimilao ativa; meios esses que constituem o conjunto de suas capacidades cognoscitivas, tais como: percepo, motivao, compreenso, memria, ateno, atitudes, conhecimentos j disponveis. Nenhum aluno nasce com essas capacidades cognoscitivas prontas, acabadas. Elas vose desenvolvendo no decorrer da vida e, particularmente, no decorrer do Processo de Ensino, pois podem ser aprendidas no Processo de Assimilao de Conhecimentos.

Os nveis de aprendizagem Os meios internos pelos quais o organismo psicolgico aprende so bastante complexos. Esquematicamente, pode-se dizer que h dois nveis de aprendizagem humana: O Reflexo e o Cognitivo. O Nvel Reflexo se refere s sensaes pessoais, pelas quais as pessoas desenvolvem

processos de observao e percepo das coisas e as aes motoras (fsicas) no ambiente. Estas aprendizagens so responsveis pela formao de hbitos sensrio-motores e so as que predominam na fase inicial de desenvolvimento da criana (por exemplo, agarrar objetos, distinguir cores, formas e sons, andar etc.). Muitas delas so obtidas de forma42Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

automtica e inconsciente. Esse nvel de aprendizagem continua ocorrendo durante toda a vida humana. Entrelaado com o Nvel Reflexo, o Nvel Cognitivo se refere aprendizagem de determinados conhecimentos e operaes mentais, caracterizada pela apreenso consciente, compreenso e generalizao das propriedades e relaes essenciais da realidade, bem como pela aquisio de modos de ao e aplicao referentes a essas propriedades e relaes. No Nvel Cognitivo, os indivduos aprendem tanto em contato direto com as coisas no ambiente quanto com as palavras que designam coisas e fenmenos do ambiente. Isso significa que, como instrumentos da linguagem, as palavras constituem importante condio para a aprendizagem, pois formam a base dos conceitos com os quais se pode pensar.

Momentos interligados do processo de Assimilao Ativa O desenvolvimento das foras cognoscitivas, na sala de aula, se verifica no Processo de Assimilao Ativa de Conhecimento. Frente a determinado objetivo de ensino - por exemplo, os seres vivos, a vida na cidade e no campo - a primeira atividade a observao sensorial das coisas, propriedades, semelhanas e diferenas que as distinguem externamente. As situaes didticas devem ser organizadas para o aluno perceber ativamente o objeto de estudo, seja de forma direta (aes fsicas com as coisas do ambiente, ilustraes, demonstraes), seja de forma indireta pelo uso das palavras. A transformao da percepo ativa para um nvel mais elevado de compreenso implica a atividade mental de tomar os objetos e fenmenos estudados nas suas relaes com outros objetos e fenmenos, para ir formando ideias e conceitos mais claros e mais amplos.

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No se trata de uma etapa separada da anterior, mas de uma transformao e um aprimoramento das primeiras percepes que, agora, passam pela anlise e sntese pela abstrao, generalizao e sistematizao. Neste processo, a atividade mental evolui da apreenso do contedo da matria; na sua forma visvel, exterior, para a "ideia" do contedo. De modo que o contedo visvel se transforma num contedo do pensamento. Em outras palavras, o aluno vai, gradativamente, se desprendendo da coisa concreta do ambiente para torn-la uma coisa pensada. Neste momento, o aluno pode operar mentalmente com os contedos assimilados. O processo se completa com as atividades prticas em vrias modalidades de problemas e exerccios, nos quais se verifica a consolidao e a aplicao prtica de conhecimentos e habilidades. No se quer dizer com isso que nos outros momentos no haja atividades prticas, mas que o Processo de Assimilao Ativa culmina com a consolidao e aplicao. Nos vrios momentos do processo, em qualquer nvel de ensino, h um permanente entrelaamento entre a atividade mental e a linguagem, pois esta como que o instrumento que traduz, por meio das palavras, os objetos e fenmenos, suas relaes e a ideia desse objeto. Na sala de aula, predomina a via indireta de ensino, ou seja, o professor e os alunos trabalham com conceitos j elaborados, com representaes verbais do professor, ou o texto do livro didtico - embora deva ser empregada a experincia direta sempre que possvel (pesquisas). Quaisquer que sejam os mtodos e modos de assimilao, a linguagem fundamental tanto para o professor que explica os conceitos cientficos quanto para o aluno que os utiliza para construir seu conhecimento. Os conceitos cientficos e o desenvolvimento dos instrumentos lingusticos do pensamento, assimilados com base na experincia sociocultural dos alunos, aperfeioam a comunicao, propiciam a habilidade de verbalizao e ampliam a capacidade de raciocinar.

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Objetivo: Conhecer as caractersticas envolvidas na Dialtica, Aprendizagem e Ensino.

Caractersticas da Aprendizagem Escolar a) A Aprendizagem Escolar uma atividade planejada, intencional e dirigida, no algo casual e espontneo. Aprendizagem e Ensino formam uma unidade, mas no so atividades que se confundem uma com a outra. A atividade cognoscitiva do aluno a base e o fundamento do Ensino, e este d direo e perspectiva quela atividade por meio dos contedos, problemas, mtodos, procedimentos organizados pelo professor em situaes didticas especficas. b) O processo de assimilao de conhecimentos resulta da reflexo proporcionada pela percepo prtica e sensorial, e pelas aes mentais que caracterizam o pensamento. Todo conhecimento se baseia nos dados da realidade, que so o seu contedo. Mas a apreenso dos dados da realidade requer aes mentais. Por isso, a atividade de ensino no pode restringir-se a atividades prticas. Elas somente fazem sentido quando suscitam a atividade mental dos alunos, de modo a estes lidarem com elas atravs dos conhecimentos sistematizados que vo adquirindo. c) Na Aprendizagem Escolar h influncia de fatores afetivos e sociais, tais como: os que suscitam a motivao para o estudo; os que afetam as relaes professor/aluno; os que interferem nas disposies emocionais dos alunos para enfrentar as tarefas escolares; os que contribuem ou dificultam a formao de atitudes positivas dos alunos frente s suas capacidades e frente aos problemas e situaes da realidade e do Processo de Ensino e Aprendizagem. d) Os contedos e as aes mentais que vo sendo formados dependem da organizao lgica e psicolgica das matrias de ensino. A organizao lgica se refere sequncia progressiva dos conceitos, ideias, habilidades, em nvel crescente de45Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

complexidade. A organizao psicolgica se refere adequao ao nvel de desenvolvimento fsico e mental que, por sua vez, condicionado pelas caractersticas socioculturais dos alunos. A ideia de progressividade no desenvolvimento escolar se aplica tambm organizao das unidades didticas nas aulas. Os alunos aprendem tudo numa s aula, pois a Aprendizagem um processo garantido. Alguns alunos tm facilidade de "pegar" uma ideia de relance, outras tm boa capacidade de memorizao. Entretanto, no significa que tenham assimilado a matria, que desenvolveram operaes mentais ou que dominaram habilidades de estudo. A slida aprendizagem decorre da consolidao de conhecimentos e mtodos de pensamento, sua aplicao em situaes de aula ou do dia a dia e, principalmente, da capacidade do aluno lidar, de modo independente e criativo, com os conhecimentos que assimilou. Tudo isto requer tempo e trabalho incessante do professor. e) A aprendizagem escolar tem um vnculo direto com o meio social. Circunscreve no s as condies de vida dos alunos, mas tambm sua relao com a Escola e o Estudo, sua percepo e compreenso das matrias. A consolidao dos conhecimentos depende do significado que eles carregam em relao experincia social dos alunos na famlia, no meio social, no trabalho. O vnculo aprendizagem/meio social traz implicaes, tambm ao grau de compreensividade das matrias em relao s possibilidades reais dos alunos que, efetivamente, so portadores de desvantagens sociais e culturais, quanto s exigncias escolares. Estas no devem ser consideradas negativamente, mas como ponto de partida para a atividade docente. Os professores devem estar preparados para buscar procedimentos didticos que ajudem os alunos a enfrentarem suas desvantagens, a adquirirem o desejo e o gosto pelos conhecimentos escolares, a elevar suas expectativas de um futuro melhor para si e sua classe social.

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Outro aspecto fundamental da aprendizagem em relao ao meio social a Linguagem. A Linguagem o veculo para a formao e expresso dos nossos pensamentos. As formas de linguagem expressam as condies sociais e culturais de vida das pessoas (modalidades de relacionamento entre as pessoas, costumes, crenas, modos de pensar sobre o mundo e a vida etc.). No difcil compreender a importncia da combinao entre a linguagem do professor e linguagem dos alunos. Por outro lado, , principalmente, pela via da linguagem que os alunos podem assimilar os conhecimentos sistematizados. f) A aprendizagem escolar se vincula tambm com a motivao dos alunos, que indicam os objetivos que procuram. A motivao intrnseca quando se trata de objetivos internos, como a satisfao de necessidades orgnicas ou sociais, a curiosidade, a aspirao pelo conhecimento; so extrnsecas, quando a ao do aluno estimulada de fora, como as exigncias da escola, a expectativa de benefcios sociais que o estudo pode trazer a estimulao da famlia, do professor ou dos demais colegas. Na Aprendizagem Escolar, a motivao intrnseca precisa ser apoiada, muito

frequentemente, na motivao extrnseca, a fim de manter de p o interesse, a ateno e o envolvimento dos alunos no trabalho docente. g) O trabalho docente a atividade que d unidade ao binmio ensino/aprendizagem, pelo processo de transmisso/assimilao ativa de conhecimentos, realizando a tarefa de mediao na relao cognitiva entre o aluno e as matrias de estudo. Esta concepo de aprendizagem escolar difere daquela na qual o Ensino uma atividade unidirecional do professor, transferindo conhecimentos para a cabea do aluno, isto , aluno como objeto da prtica docente. Tambm difere de outra concepo segundo a qual o Ensino consiste apenas na organizao das experincias do aluno, com base nas suas necessidades e interesses imediatos e no na transmisso de conhecimentos sistematizados. A atividade do aluno consiste no enfrentamento da matria por suas prprias foras cognoscitivas, porm, dirigida e orientada de fora pelo professor.47Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

A inter-relao entre os dois momentos do processo de Ensino, Transmisso e Assimilao Ativa - supe a confrontao entre os contedos sistematizados (trazidos pelo professor) e a experincia sociocultural concreta dos alunos; conhecimentos que j dominam as motivaes e expectativas, a percepo que eles tm da matria de ensino.

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Objetivo: Perceber atravs deste estudo os Fundamentos do Ensino e sua correlao com o ato: ensinar e aprender.

Dinmica do Processo de Ensino O Processo de Ensino abrange a assimilao de conhecimentos, mas inclui outras tarefas. Para assegurar a Assimilao Ativa, o professor deve: antecipar os objetivos de ensino, explicar a matria, puxar dos alunos os conhecimentos que eles j dominam e estimul-los no desejo de conhecer a matria nova. Deve transformar a matria em desenvolvimentos significativos compreensveis, saber detectar o nvel da capacidade cognoscitiva dos alunos, saber empregar os mtodos mais eficazes para ensinar, no um aluno ideal, mas alunos concretos que ele tem sua frente. O Ensino, assim, uma combinao adequada entre o Processo de Ensino, pelo professor, e a Assimilao Ativa como atividade autnoma e independente do aluno. Em outras palavras, o Processo de Ensino uma atividade de mediao pela qual so providas as condies e os meios para os alunos se tornarem sujeitos ativos, na assimilao de conhecimentos. Os alunos vo escola para dominarem conhecimentos e habilidades e desenvolverem operaes mentais, tendo em vista a preparao para a vida social e para o trabalho. A aprendizagem que os alunos adquirem na escola, pelo estudo das matrias, tem como resultado principal aquisio do saber escolar e o melhoramento progressivo das funes intelectuais. A Escola Pblica pode oferecer muitos benefcios aos alunos: merenda, recreao, relacionamento social entre elas, assistncia sade etc., mas o benefcio da sua responsabilidade direta o Ensino, pelo qual se democratiza o Saber e se desenvolvem as Foras Intelectuais.49Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

O ensino tem trs funes inseparveis: a) Organizar os contedos para a sua transmisso, de forma que os alunos possam ter uma relao subjetiva com eles. Um Pedagogo escreveu que ensinar colocar a matria no horizonte interrogativo do aluno. Transmitir a matria, nesse sentido, traduzir didaticamente a matria para alunos determinados, com suas caractersticas socioculturais, nvel de preparo para enfrentar a matria nova, com os conhecimentos e experincias que trazem para a sala de aula. b) Ajudar os alunos a conhecerem as suas possibilidades de aprender, orientar suas dificuldades, indicar mtodos de estudo e atividades que os levem a aprender de forma autnoma e independente. c) Dirigir e controlar a atividade docente para os objetivos da aprendizagem.

A atividade de ensino, por outro lado, est indissociavelmente ligado vida social mais ampla, o que se chama de Prtica Social. Em sentido amplo, o Ensino exerce a mediao entre o indivduo e a sociedade. Essa mediao significa tanto a explicitao dos objetivos de formao escolar, frente s exigncias do contexto social, poltico e cultural de uma sociedade marcada pelo conflito de interesses entre os grupos sociais; quanto o entendimento de que o domnio de conhecimentos e habilidades um instrumento coadjuvante para a superao das condies de origem social dos alunos. Seja pela melhoria das condies de vida, seja pela luta conjunta para a transformao social. Alm disso, o Ensino condicionado por outros elementos situacionais do processo ensino-aprendizagem, tais como a organizao do ambiente escolar, os mecanismos de gesto da escola, o sistema de organizao das classes, o conselho de pais, os livros didticos e o material escolar, a unidade de propsitos do grupo de professores etc.50Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

A unidade entre ensino e aprendizagem Pode-se sintetizar dizendo que a relao entre Ensino e Aprendizagem no mecnica, no uma simples transmisso do professor que ensina para um aluno que aprende. Ao contrrio, uma relao recproca na qual se destacam o papel dirigente do professor e a atividade dos alunos. O Ensino visa estimular, dirigir, incentivar, impulsionar o processo de aprendizagem dos alunos. Conforme j estudado anteriormente, o Ensino tem um carter eminentemente pedaggico, ou seja, o de dar um rumo definido para o Processo Educacional que se realiza na Escola. O Ensino tem a tarefa principal de assegurar a difuso e o domnio dos conhecimentos sistematizados legados pela humanidade. Da, sua tarefa bsica ser a seleo e organizao do contedo de ensino e dos mtodos apropriados a serem trabalhados, em um processo organizado na sala de aula. A Aprendizagem a assimilao ativa de conhecimentos mentais, para compreend-los e aplic-los consciente e autonomamente. A Aprendizagem uma forma do conhecimento humano - relao cognitiva entre aluno e matria de estudo - desenvolvendo-se sob as condies especficas do Processo de Ensino. O Ensino no existe por si mesmo, mas na relao com a Aprendizagem. A unidade entre Ensino e Aprendizagem fica comprometida quando o Ensino se caracteriza pela memorizao, quando o professor concentra na sua pessoa a exposio da matria, quando no suscita o desenvolvimento ativo dos alunos. Esta atitude no faz parte do sentido que se tem dado ao papel de dirigente do professor, pois no leva a empenhar as atividades mentais dos alunos. Por outro lado, tambm se quebra a unidade quando os alunos so deixados sozinhos, com o pretexto de que o professor somente deve facilitar a aprendizagem e no ensinar. O Processo de Ensino, ao contrrio, deve estabelecer exigncias e expectativas que os alunos possam contribuir e, com isso, mobilizem suas energias. Tem, pois, o papel de impulsionar aprendizagem e, muitas vezes, a precede.51Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

Estrutura, Componentes e Dinmicas do Processo de Ensino. A Didtica, fazendo a mediao escolar de objetivos sociopolticos e pedaggicos, por sua vez orienta o trabalho docente tendo em vista a insero e atuao dos alunos nas diversas esferas da vida social - profissional, poltica, cultural etc. O processo didtico se explicita pela ao recproca de trs componentes: Os Contedos, o Ensino e a Aprendizagem; que operam em referncia a objetivos que expressam determinadas exigncias sociopolticas e pedaggicas e sob um conjunto de condies de uma situao didtica concreta (fatores sociais circundantes, organizao escolar, recursos materiais e didticos, nvel socioeconmico dos alunos, seu nvel de preparo de desenvolvimento mental, relaes professor/aluno etc.). Esses componentes formam uma unidade, nenhum deles podendo ser considerado isoladamente. Os objetivos correspondem aos contedos (conhecimentos, habilidades, hbitos) e mtodos, a sua apropriao. Os contedos so selecionados de forma didaticamente assimilvel, portanto, implicam mtodos. Os mtodos, por sua vez, subordinam-se ao contedo de cada matria e ao mesmo tempo s caractersticas de aprendizagem dos alunos (conhecimentos e experincias que trazem suas expectativas, seu nvel de preparo para enfrentar a matria, etc.). Alm disso, o Ensino inseparvel das condies concretas de cada situao didtica: o meio sociocultural em que se localiza a escola, as atitudes do professor, os materiais didticos disponveis, as condies de vida, conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos.

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Antes de dar continuidade aos seus estudos fundamental que voc acesse sua SALA DE AULA e faa a Atividade 1 no link ATIVIDADES.

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Objetivo: Desenvolver habilidades de compreenso e anlise sobre a prxis educativa e social.

Prtica Educativa e Sociedade O trabalho docente parte integrante do processo educativo mais global, pois os membros da sociedade so preparados para a participao na vida social. A educao um fenmeno social e universal, sendo uma atividade humana necessria existncia e funcionamento de todas as sociedades. Cada sociedade precisa cuidar da formao dos indivduos; auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades fsicas e espirituais, prepar-los para a participao ativa e transformadora, nas vrias instncias da vida social. No h sociedade sem prtica educativa nem prtica educativa sem sociedade. A prtica educativa no apenas uma exigncia da vida em sociedade, mas tambm o processo de prover os indivduos dos conhecimentos e experincias culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e, em funo de necessidades econmicas, sociais e polticas da coletividade, transform-lo. Atravs da ao educativa o meio social exerce influncias sobre os indivduos e estes, ao assimilarem e recriarem essas influncias; tornam-se capazes de estabelecer uma relao ativa e transformadora em relao ao meio social. Tais influncias se manifestam atravs de conhecimentos, experincias, valores, crenas, modo de agir, tcnicas e costumes acumulados por muitas geraes; transmitidos, assimilados e recriados pelas novas geraes. Em sentido amplo, a Educao compreende os processos formativos que ocorrem no meio social, nos quais os indivduos esto envolvidos de modo necessrio e inevitvel54Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

pelo simples fato de existirem socialmente. Neste sentido, a prtica educativa existe numa grande variedade de instituies e atividades sociais decorrentes da organizao econmica, poltica e legal de uma sociedade. Em sentido estrito, a Educao ocorre em instituies especficas, escolares ou no, com finalidades explcitas de instruo e ensino mediante uma ao consciente, deliberada e planificada, embora sem separar-se daqueles processos formativos gerais. Os estudos que tratam das diversas modalidades de educao costumam caracterizar as influncias educativas como no intencionais e intencionais. A Educao no intencional refere-se s influncias do contexto social e do meio ambiente sobre os indivduos. Tais influncias, tambm denominadas de educao informal, correspondem a processos de aquisio de conhecimentos, experincias, ideias, valores, prticas, que no esto ligados especificamente a uma instituio e nem so intencionais e conscientes. So situaes e experincias, por assim dizer, casuais, espontneas, no organizadas, embora influam na formao humana. o caso, por exemplo, das formas econmicas e polticas de organizao da sociedade, das relaes humanas na famlia, no trabalho, na comunidade, dos grupos de convivncia humana, do clima sociocultural da sociedade. A Educao Intencional refere-se a influncias em que h intenes e objetivos definidos conscientemente, como o caso da Educao Escolar e Extra-escolar. H uma intencionalidade, uma conscincia por parte do educador quanto aos objetivos e tarefas que deve cumprir; seja ele o pai, o professor, ou adultos em geral. Esses, muitas vezes, invisveis atrs de um canal de televiso, do rdio, do cartaz de propaganda, do computador, etc. H mtodos, tcnicas, luga