DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM...
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CÂMARA DOS DEPUTADOS
DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES
TEXTO COM REDAÇÃO FINAL
COMISSÃO ESPECIAL - PL 203/91 - POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOSEVENTO:Audiência pública N°: 001433/01 DATA: 27/11/01INÍCIO: 14:55 TÉRMINO: 16:50 DURAÇÃO: 01:55TEMPO DE GRAVAÇÃO: 1:56 PÁGINAS: 42 QUARTOS: 24REVISORES: CÁSSIA REGINA, GILBERTO, LEINE, MADALENA, ODILONSUPERVISÃO: SEM SUPERVISÃOCONCATENAÇÃO: ZUZU
DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃOTÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Presidente da Federação de Hospitais de Santa CatarinaURIEL ZANON – Professor Doutor em Medicina Tropical. Sanitarista pela Escola Nacional deSaúde Pública — FIOCRUZ.JOÃO PAULO MIGNOT – Diretor da Empresa Tecnoambiental S/C Ltda.
SUMÁRIO: Discussão sobre coleta, tratamento, transporte e destinação de resíduos deserviços de saúde.
OBSERVAÇÕESNão intervenções inaudíveis.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - PL 203/91 - Política Nacional de ResíduosCE - PL 203/91 - Resíduos de Serviços de SaúdeNúmero: 001433/01 Data: 27/11/01
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O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) - Declaro abertos os trabalhos da
presente reunião.
Informo aos Srs. Parlamentares que foi distribuída cópia da Ata da 17ª
reunião ordinária desta Comissão Especial, realizada em 20 de dezembro de 2001.
Indago ao Plenário se há necessidade de sua leitura?
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI - Solicito dispensa da leitura da Ata, Sr.
Presidente, em função de ela já estar sobre a Mesa, e já termos tido conhecimento
da mesma.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Está dispensada a leitura.
Em discussão a Ata. Não havendo quem queira discuti-la, em votação.
Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram.
(Pausa.)
Aprovada.
Ordem do Dia.
A presente reunião destina-se, em sua primeira parte, a ouvir em audiência
pública os Srs. Tércio Egon Kastens, Presidente da Federação de Hospitais de
Santa Catarina, a requerimento do Deputado Vicente Caropreso; Uriel Zanon,
Professor Doutor em medicina tropical, sanitarista pela Escola Nacional de Saúde
Pública, FIOCRUZ, em substituição ao Professor Emílio Eigenheer, da Universidade
Federal Fluminense, requerimento do Deputado Federal Vicente Caropreso; João
Paulo Mignot, Diretor da Empresa Tecnoambiental S/C Ltda.,
em substituição ao Sr. Tomás Antonio Cunha Cardoso de Almeida, médico
sanitarista da mesma empresa, requerimento do Deputado José Índio.
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Neste momento convido os senhores convidados a comporem a Mesa para
darmos início à audiência pública.
Lembro aos Srs. Deputados que logo após a audiência passaremos à
apreciação do requerimento pautado.
Para melhor andamento dos trabalhos, esclareço aos Srs. Deputados que
adotaremos os seguintes critérios: cada convidado disporá de 20 minutos para sua
exposição inicial, não podendo ser aparteado nessa fase; encerrada a exposição, os
Deputados interessados em interpelar os convidados deverão fazê-lo estritamente
sobre o assunto da exposição, pelo prazo de três minutos, tendo cada expositor
igual tempo para responder; aos Deputados é facultado a réplica e a tréplica pelo
prazo de três minutos; os Deputados que desejarem participar dos debates deverão
inscrever-se junto à Secretaria.
Passaremos a palavra agora ao Sr. Tércio Egon Kastens, Presidente da
Federação de Hospitais de Santa Catarina.
O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, demais presentes, a nossa presença aqui, a convite do Deputado
Vicente Caropreso, é no sentido de representar as entidades hospitalares e de
serviços de saúde de todo o Brasil. Como Presidente da Federação dos Hospitais de
Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Santa Catarina, venho aqui hoje no
sentido de trazer aos senhores uma palavra a respeito daquilo que eu considero
atualmente uma expressão desapropriada e polêmica, que são aquelas duas
palavras que compõem o título “lixo hospitalar”.
Quero apresentar aos senhores alguns quadros a respeito do meu
entendimento sobre o significado da expressão “resíduo hospitalar” para, com isso,
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tirarmos algumas conclusões. Depois, estarei a disposição para alguma pergunta
que se fizer necessária.
Senhoras e senhores, dando início às minhas observações, hoje as
resoluções do CONAMA que direcionam a questão dos resíduos sólidos dos
serviços de saúde estão baseadas em normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT. Este o primeiro questionamento da área hospitalar. Uso essa
expressão para englobar todos os serviços de saúde — hospitais, clínicas,
laboratórios, farmácias e demais prestadores de serviços de saúde. Questionamos,
de início, a forma como a ABNT elaborou essas normas.
A ABNT classifica os resíduos sólidos em industriais, domiciliares e de
serviços de saúde — hospitais, clínicas, consultórios, postos de saúde, farmácias,
drogarias, etc. — e baseia-se na periculosidade do lixo, definida como uma
característica que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-
contagiosas, pode apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente. Diante
disso, a classificação de resíduos sólidos em industrial, domiciliar e hospitalar é
inconsistente uma vez que a maioria dos componentes desse lixo está tanto no
domiciliar quanto no hospitalar, mesmo que as concentrações não sejam
semelhantes.
Não é possível diferenciar qualitativamente os resíduos gerados nas
instituições destinadas ao tratamento de doenças daqueles produzidos no domicílio
humano. Então, por quê a insistência em usar a expressão lixo hospitalar? Essa é
uma expressão vastamente usada pelo Prof. Uriel Zanon, profissional gabaritado
que V.Exas. terão oportunidade de ouvir daqui a pouco, com vasto trabalho em
defesa da desmistificação do que chamamos lixo hospitalar. Não se deve usar essa
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expressão. Os preconceitos culturais inerentes ao lixo, como repugnância, rejeição e
afastamento, levam-nos a não nos aproximarmos de lixo, de um lixão ou de um
aterro sanitário, ou a achar que aquele recipiente de lixo em nosso domicílio é algo
repugnante. Além disso, essa rejeição associa-se às palavras medo e morte quando
nos referimos a um hospital. Surge, portanto, uma expressão terrorista que está na
moda: lixo hospitalar. Isso pode ser usado perigosamente contra nossas já carentes
instituições hospitalares.
Os resíduos sólidos apresentam riscos para a saúde e o meio ambiente? Sem
dúvida alguma; resta saber que tipo de risco, se infeccioso, tóxico ou ambos.
Valendo-se da teoria da periculosidade ou do perigo da infecção do lixo, até agora
vigente e na qual a ABNT se baseou, o CONAMA, por sua vez, baixou suas
resoluções e recomenda: gerenciamento diferenciado do lixo domiciliar e hospitalar;
sofisticados sistemas de condicionamento, coleta e transporte; taxas diferenciadas
especiais para o transporte desse lixo. Também valendo-se da mesma teoria do
perigo infeccioso do lixo, recomenda-se a esterilização do lixo hospitalar mediante
vários processos: incineração, microondas, radiações eletromagnéticas e
eletrotérmicas, tratamento químico e outros.
Em conseqüência desse enfoque, os custos do gerenciamento dos resíduos
de serviços de saúde — que é a expressão correta, e não lixo hospitalar — nos
países desenvolvidos têm aumentado significativamente, sem nenhum benefício
agregado à sociedade e aos serviços de saúde.
É preciso que os Srs. Deputados saibam que jamais foi comprovado que o
lixo, tanto o hospitalar, quanto o domiciliar, representa risco de doença infecciosa
para o público e para o ambiente. Temos comprovações científicas a respeito disso.
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O Dr. Uriel Zanon fará exposição sobre o assunto. Essa afirmação é sustentada por
vários autores. Cito aqui muitos deles, inclusive o guru na área de prestação de
serviços de saúde, que nos tem prestado assistência técnica e científica que nos
permite afirmar que o lixo hospitalar não oferece perigo para a sociedade de modo
geral.
Refiro-me aos trabalhos do Dr. Uriel Zanon, a um paper da Sociedade
Americana de Epidemiologistas Hospitalares, cuja opinião é muito importante,
porque uma sociedade desse quilate não apresentaria sua posição dessa forma; à
contribuição do Dr. Jayme Neves, Prof. da Universidade de Belo Horizonte; de
Rutala, de Reinhardt, Gordon e Mayol, de Ferreira, que afirmam com comprovações
científicas que os resíduos sólidos de serviços de saúde não apresentam nenhuma
diferença dos resíduos domiciliares. Aliás, afirmam categoricamente que a
quantidade de resíduo domiciliar é muito maior do que a de resíduo sólido.
Na América Latina, há um levantamento segundo o qual o resíduo sólido
proveniente dos resíduos dos serviços de saúde baseia-se na quantidade de 600
toneladas/dia, enquanto o resíduo domiciliar, em 330 mil toneladas/dia. Então,
V.Exas. vêem a proporção do resíduo domiciliar em relação ao resíduo hospitalar,
que apresenta os mesmos componentes.
A legislação baseada na periculosidade infecciosa do lixo não tem suporte
científico, é inútil, aumenta desnecessariamente os custos do gerenciamento do lixo,
beneficia as indústrias interessadas e prejudica a saúde pública. Como? O dinheiro,
as verbas, os financiamentos que seriam destinados ao gerenciamento desse lixo
poderiam ser muito bem gastos em assistência médica e hospitalar, de que o Brasil
necessita, como V.Exas. sabem.
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Ontem mesmo, no avião, lendo a Folha de S.Paulo, deparei com um edital
de licitação de uma entidade hospitalar de São Paulo para compra de um
incinerador para lixo hospitalar. A verba destinada seria de 300 mil reais ou 120 mil
dólares. Com 300 mil reais dá para fazer muito na área de saúde, mesmo numa
comunidade como a de São Paulo.
O dano à saúde pública e ao meio ambiente é causado pela poluição do solo
— isto é importante V.Exas. terem em mente — e da água com produtos químicos
existentes tanto no lixo hospitalar quanto no doméstico e, acima de tudo, nos
resíduos industriais. Tivemos há pouco tempo, em São Paulo, o exemplo daquele
lençol freático todo contaminado. Um condomínio foi construído em cima de uma
área industrial, onde se depositava o lixo daquela indústria.
Até poucos anos atrás o lixo domiciliar era considerado como de pequeno
risco tóxico para o ambiente. Atualmente, consideram-se esses resíduos como
ameaça tóxica ao meio ambiente e à saúde pública. Nesse lixo encontramos pilhas,
baterias, óleo de motor, tinta, pesticida, embalagens de solventes e de produtos de
limpeza, medicamentos, cosméticos, bem como resíduos de pequenas indústrias,
componentes encontrados tanto nos resíduos domiciliares quanto nos hospitalares.
Metais pesados como o mercúrio, o cádmio e o chumbo provenientes desses
resíduos incorporam-se à cadeia biológica, acumulam-se no organismo e causam
danos importantes à saúde, como saturnismo, distúrbios do sistema nervoso e, no
caso dos pesticidas, redução da função neural.
Concluindo minha exposição, a Associação de Hospitais do Estado de Santa
Catarina, a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviço de Saúde do
Estado de Santa Catarina e a Confederação Nacional de Saúde, entidade que estou
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representando aqui, consideram a teoria da periculosidade do lixo manifestação
atual da teoria astro-miasmática, do Século XVIII — isto aqui é até uma certa
provocação —, teoria que atribuía as causas das doenças infecciosas às
emanações do pântanos e dos lixões. Naquela época os médicos e os que faziam
assistência à saúde das pessoas das comunidades mandavam disparar tiros de
canhão para espantar essas emanações. Sinto como se nos estivéssemos
baseando nessa teoria, de tão ultrapassada que está a idéia que adotamos, porque
não existe comprovação científica de que é necessário haver diferenciação entre o
lixo hospitalar e o lixo domiciliar.
Sabemos muito bem que no lixo domiciliar encontramos resíduos
perfurocortantes em quantidade infinitamente maior do que no hospitalar. Os
perfurocortantes dos hospitais e dos serviços de saúde são hoje separados; quando
há sangue, são esterilizados. Os resíduos resultantes dos laboratórios hospitalares
ou dos laboratórios ambulatoriais, os meios de cultura, antes de serem descartados,
são esterilizados; os materiais com sangue, as compressas, os curativos são
separados, têm destino próprio. Pergunto: de que forma é descartado um
absorvente higiênico em nossas residências? Nossos perfurocortantes, nossas
lâmpadas, nossas pilhas estão sendo jogados fora separadamente? Se eu tenho um
parente com uma doença infecto-contagiosa, como um aidético, morando em minha
casa, pergunto: jogo fora separadamente os resíduos desse doente que eu trato e
por quem tenho grande amor? Os resíduos biológicos emanados dessa pessoa são
tratados separadamente? Existe condição em cada residência para fazer esse
tratamento diferenciado?
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Hoje estamos prestes a ter leis que exigem, como já existem Municípios
exigindo, estações de tratamento nos terrenos dos hospitais. Quanto custa isso para
o estabelecimento de serviço de saúde? Quanto custa isso para a população, que
não tem assistência à saúde garantida? A AHESC-FEHOESC e a CNS consideram
no mínimo curiosa, para não dizer suspeita, a existência de tantos projetos
baseados nessa teoria ultrapassada. Nossas entidades reivindicam igual tratamento
para o lixo doméstico e hospitalar porque, conforme será demonstrado, essas duas
categorias de resíduos se sobrepõem.
A Associação de Hospitais do Estado de Santa Catarina e a Federação dos
Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Estado de Santa Catarina e a
Confederação Nacional de Saúde não concordam com as seguintes propostas que o
projeto de lei tem inseridas em seu bojo: contratação de profissional de nível
universitário para gerenciamento do lixo dos hospitais; embalagens diferenciadas
para o lixo hospitalar; esterilização do lixo por incineração em microondas e energia
eletrotérmica, tratamentos químicos, etc.; cobrança de taxas de lixo diferenciadas
para o lixo hospitalar e transporte diferenciado para o lixo hospitalar.
V.Exas. sabem mais do que nós que aproximadamente 30% dos Municípios
brasileiros têm aterro sanitário ou têm coleta especializada de resíduos.
Aproximadamente 70% das cidades no Brasil nem aterro sanitário têm. Temos lixões
e catadores de lixo. O Dr. Uriel Zanon, em sua exposição, tem um exemplo clássico
e claro de um catador de lixo que não contraiu doença — é uma pesquisa que ele
fez no Espírito Santo.
Diante disso, afirmo que nossas comunidades e nossos estabelecimentos de
serviços de saúde necessitam desse dinheiro para outros direcionamentos mais
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interessantes, por meio dos quais poderemos propiciar um serviço mais atuante para
nossas comunidades. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Hoje, excepcionalmente, vamos
passar agora a palavra ao Relator e aos demais Srs. Deputados para fazerem seus
questionamentos, uma vez que o Dr. Tércio precisará retirar-se em razão de um
compromisso em Brasília.
Posteriormente passaremos a palavra ao Sr. Uriel Zanon.
Com a palavra o Sr. Deputado Emerson Kapaz.
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, senhores convidados, inicialmente agradeço ao Sr. Tércio a exposição.
Em nosso relatório preliminar fazemos algumas citações e não usamos a
expressão lixo hospitalar, mas resíduos de serviços de saúde. No entanto, pelo que
entendi, pontos como contratação de profissional, embalagem diferenciada,
esterilização, taxa diferenciada o senhor acha que não deveriam constar do relatório.
Gostaria de saber se é possível a entidade que o senhor representa
apresentar sugestões de alteração do relatório que nos auxiliem na obrigação que
teremos de discutir o assunto em relação à área de serviço de saúde. Mesmo
entendendo a afirmação do senhor no sentido de que os resíduos de serviço de
saúde poderiam ser equiparados aos resíduos residenciais, não vejo em nenhuma
parte do mundo isso acontecer. O resíduo hospitalar sempre deve receber
tratamento por conta dos problemas que advêm disso.
Entretanto, pergunto: como, na opinião dessa entidade, deveríamos tratar
essas questões no relatório ou no substitutivo final, e como os senhores vêem a
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preocupação que estamos tendo de criar alguns mecanismos facilitadores desse
processo dentro do relatório preliminar?
Era basicamente isso que queria dizer.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Pedirei aos demais Deputados
que façam suas perguntas, às quais o senhor responderá posteriormente.
Com a palavra o Deputado Clovis Volpi.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI - Ouvi atentamente o Dr. Tércio e
discordo da exposição que fez em relação a dar aos resíduos de serviço de saúde o
mesmo tratamento que recebem os resíduos domésticos.
É certo que pode não haver nenhuma pesquisa que determine que esses
resíduos possam transmitir alguma doença. Não conheço nenhuma literatura que
me tenha dito isso.
O senhor fez menção de que temos alguns lixões. Estamos realmente
caminhando para termos aterros sanitários controlados pelos órgãos estaduais que
coordenam a política ambiental. Até por termos lixões, deveríamos ter no bojo da lei
uma preocupação com o destino final do resíduo da saúde não nos lixões, não nos
depósitos ou sacos de lixo doméstico, etc.
Em contrapartida, acho que a taxação do resíduo na saúde, pelo menos nas
cidades que conheço, chega a ser perto de oito vezes maior que a do resíduo
doméstico. Hoje, um incinerador deve estar custando, como o senhor disse, perto
de 300 mil reais. Outros sistemas, como autoclavagem, por exemplo, tem custo um
pouco maior, dependo da capacidade de incineração. Portanto, discordo do que
disse até por causa da precariedade, que o senhor mencionou e sabemos que
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existe. Todos vivemos em cidades e presenciamos situações diferentes nas cidades
em que vivemos.
Quando o senhor diz que os hospitais mantêm alguns serviços preparatórios
ou posteriores à utilização de alguns objetos ou de algum tipo de trabalho que faz
com o doente, os senhores já estariam descontaminando esse resíduo, e, portanto,
ele deveria ir para lugar comum dos aterros. Mas temos de pensar que estamos
falando de pequenas clínicas que não têm esse cuidado, consultórios odontológicos,
farmácias etc. Não podemos pensar em Santa Catarina, em São Paulo, no Rio
Grande do Sul, nos grandes centros. Temos de pensar que temos o Acre, Rondônia,
Pará, Manaus, ou seja, há grandes diferenças sociais e culturais que terão de ser
analisadas, e esse projeto deve contemplar, na medida do possível, as diferentes
regiões.
Mencionou bem o Relator essas diferenças e os lixões. Vale ressaltar também
a observação que o senhor fez em relação aos doentes de AIDS que são tratados
em casa: como se separam os resíduos biológicos provenientes desse paciente.
Isso é muito delicado, pois quantos milhões de lares vivem essa situação, quantas
pessoas estão contaminadas? Quer dizer, se disseminamos isso dentro de um
aterro sanitário, com toneladas e toneladas, evidentemente a probalidade de aquilo
atingir uma pessoa é ínfima.
Temos de nos preocupar com o contexto, com o grosso, e o grosso sai das
farmácias mal controladas, dos hospitais que não têm o mesmo serviço que têm os
hospitais ligados à associação que o senhor dirige. Peço, portanto, a V.Sa. que
acompanhe um pouco nosso raciocínio e nossas preocupações.
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Quando o Relator, o Deputado Emerson Kapaz, disse que não há legislação
única em nenhum país do mundo, ocorreu-me transferir para V.Sa. a pergunta: em
qual país há uma legislação única para os resíduos de saúde e os demais? Não
conheço, por isso estou perguntando. Pode até ser que a Espanha tenha. Estou
preocupado com país do Primeiro Mundo. Quero realçar que, de fato, não li nada
sobre isso. Conheço alguns lugares em que os aterros sanitários são diferenciados,
e o lixo doméstico recebe outro tipo de tratamento em função de diferentes tipos de
resíduos que outros países têm. Isso não contrariaria todos os estudos feitos até
agora?
Fiquei um pouco chocado com a exposição feita por V.Sa. Mas concordo com
o senhor quando diz que o custo é alto. É preciso haver uma abordagem social do
problema. Não se deve encarecer o processo; encarecê-lo torna maior o problema.
De qualquer forma, gostaria que o senhor ilustrasse um pouco mais esse
tema, para que eu saia desta reunião com a idéia de que existe algo novo de que
não tive conhecimento e com que não tive contato.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) - Com a palavra o Deputado
Vicente Caropreso.
O SR. DEPUTADO VICENTE CAROPRESO - Sr. Presidente, Sr. Relator,
Sras. e Srs. Deputados, senhores convidados, senhoras e senhores presentes,
solicitei a presença de um representante dos prestadores de serviço, basicamente
dos estabelecimentos de saúde, juntamente com outras pessoas que nos pudessem
demonstrar de maneira científica se existe ou não diferença entre os resíduos da
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área hospitalar e os resíduos da área domiciliar. Essa é a grande questão que tem
de ser resolvida.
Há alguns meses, nesta Comissão, eu disse que achava que se deveriam
esgotar todas as possibilidades de se chegar a um consenso sobre se há ou não
periculosidade no lixo hospitalar, já que há anos se propala essa idéia, em que se
baseia a legislação vigente, a proposta pelas instâncias do meio ambiente e também
as propostas dentro do Congresso Nacional. O trâmite deste processo começou no
Senado Federal, com o PL nº 203, de 1991, que tem a mesma abordagem do
substitutivo elaborado pelo Deputado Carlos Mosconi, Relator do projeto na
Comissão de Seguridade Social e Família. E mais ou menos a mesma linha de
pensamento segue o nosso relator, Deputado Emerson Kapaz, com algumas
modificações e simplificações.
Sendo assim, baseando-me em um estudo que solicitei à Consultoria e em
algumas informações que recebi da área técnica, que analisou profundamente a
questão do lixo hospitalar, elaborei um estudo, que já há alguns meses entreguei ao
Relator e distribuí entre os participantes.
A proposta do meu amigo Tércio Egon Kastens pareceu-me uma verdadeira
revolução. Salvo melhor juízo, essa mesma impressão percebi no semblante do
nosso Presidente, do nosso Relator e do Deputado Clovis Volpi, nosso colega do
Partido Verde. Trata-se de uma modificação de 180 graus em termos de proposta a
ser seguida na matéria legislativa.
Lerei uma manchete que me chegou. Manchete do jornal O Globo, de 4 de
novembro de 2001, domingo: “Esgoto Hospitalar Ameaça Praias”. Essa é uma
matéria fundamentada numa tese do engenheiro sanitarista da Fundação Oswaldo
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Cruz — FIOCRUZ, infectologista Edmilson Migowski, professor da UFRJ, que diz
que o tratamento da empresa não é suficiente para matar bactérias, vírus e
parasitas.
Há aqui uma série de abordagens a respeito de todo o sistema hospitalar da
cidade do Rio de Janeiro, do esgoto hospitalar e dos riscos a que esse esgoto
poderia expor os banhistas e todo o sistema ambiental das águas e também do lixo
hospitalar. Ele propõe ao Prefeito César Maia grandes penalidades aos prestadores
de serviço hospitalar que não seguirem a dura legislação que está sendo proposta
na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
Se existe preconceito, temos de desmistificá-lo. Temos de esgotar o assunto
com pessoas com conhecimento científico que possam sensibilizar os legisladores,
a fim de apresentarmos uma proposta baseada na ciência e não no empirismo.
Peço aos nobres colegas que depois analisem algumas modificações que
propus no sentido de restringir a necessidade de os prestadores de serviço, antes do
acondicionamento final, submeterem os resíduos a um tratamento prévio que
assegure a esterilização.
Acho que este artigo contempla muito do que foi solicitado pelos próprios
prestadores de serviços e também atende em parte à legislação vigente, apenas
racionalizando os custos de transporte, de acondicionamento final e dos
incineradores. Ou seja, simplifico e racionalizo a proposta de tratamento do lixo
hospitalar.
Com isso, mais do que uma análise de sua apresentação, acho que tem de
haver aqui um grande debate para que cheguemos a uma conclusão sobre sua
revolução, se ela é válida, ou se temos apenas de evoluir, incorporando alguns
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conceitos de sua proposta, para chegarmos a uma legislação mais adequada e
moderna em relação ao tema.
Sr. Presidente, seria isso.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Dr. Tércio, quando o senhor
menciona a coleta do lixo hospitalar, que está em torno de seiscentas toneladas, e
do lixo domiciliar, que está em torno de trezentas mil toneladas, seu entendimento é
que o perigo do lixo hospitalar se dilui nessa desproporção que existe, ou ele existe
e naturalmente só se dilui quando se encontram?
O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Sr. Presidente, não é isso. A
quantidade em si já demonstra maior perigo de contaminação do solo, das águas e
de transmissão de alguma doença.
Gostaria de dizer algo a V.Exas. para amenizar um pouco a situação e não
deixá-los assustados. O que eu gostaria de deixar claro é que não estamos dizendo
que o lixo hospitalar não ofereça perigo, absolutamente, mas que o lixo domiciliar
também representa perigo, e igual.
(Intervenção inaudível.)
O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Não, proporções muito menores
já pela quantidade em si. Por quê? O resíduo perfurocortante do lixo hospitalar,
aquele que é infeccioso, já recebe tratamento. O Deputado Clovis Volpi citou a
esterilização por autoclavação. Essa, sim, admitimos como uma forma de
esterilização desse lixo, mas daquele lixo infeccioso perfurocortante: agulhas,
bisturis, etc. O Deputado Vicente Caropreso sabe muito bem o que é resíduo de
centro cirúrgico.
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Em relação ao exemplo do Rio que o Deputado citou, ao esgoto, reafirmo o
que estamos apregoando: o lixo hospitalar oferece o mesmo perigo de infecção que
o lixo domiciliar. Afinal, em certos momentos da nossa vida, se estivermos com
alguma doença infecto-contagiosa, ela vai para o esgoto comum da cidade.
Portanto, é o esgoto da cidade que tem de receber tratamento; não é o hospital que
deve dar um tratamento especial para aquele esgoto, que não é diferente do da
cidade.
Em relação a essas questões mais técnicas, acredito que o Dr. Uriel Zanon
depois poderá fazer uma exposição mais apropriada, tratando da questão
bacteriana, da virulência, demonstrando isso com mais provas.
De fato, estou aqui fazendo terrorismo a respeito da questão. Quero
demonstrar com isso que não precisamos ter gastos adicionais enormes, porque
temos formas baratíssimas de esterilização consagradas há muito tempo, até há
mais de um século, como é o caso da autoclavação de resíduos de perfurocortantes,
de curativos e de outras coisas que podemos esterilizar de forma algo eficiente, sem
ser pela incineração. Daqui a pouco V.Exas. tomarão conhecimento de que a
incineração não esteriliza perfeitamente o lixo hospitalar, além de lançar emanações
na atmosfera.
O Deputado Clovis Volpi fez uma pergunta sobre a legislação única. Também
desconheço, Deputado. Não tenho um levantamento a respeito do assunto que me
permita dizer se existe em outros países uma legislação única. Talvez o Sr. Uriel
Zanon saiba algo a respeito disso.
O SR. URIEL ZANON – Não se dá grande importância ao lixo hospitalar.
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O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – O que se sabe — e
recentemente isso foi noticiado — é que justamente os Estados Unidos se estão
voltando muito para a esterilização por autoclavação, porque lá, e na Europa
também, a incineração está sendo abandonada, como também outros métodos que
estão onerando demais o sistema hospitalar, mesmo num país desenvolvido, como
é o caso dos Estados Unidos.
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – Sr. Presidente, só uma observação
final, aproveitando que o Dr. Tércio Kastens está presente. Nosso relatório trata com
muito cuidado dessa questão. O art. 51 estabelece a classificação dos resíduos dos
serviços de saúde. Diz aqui que os resíduos dos serviços saúde são classificados
em resíduos sépticos, com a definição; resíduos perigosos, que são aqueles que
possuem características de toxicidade, corrosividade, reatividade, explosividade e
inflamabilidade; resíduos radioativos, que também existem nos hospitais. Quer dizer,
mais um motivo de preocupação ao pensarmos no que resultaria comparar isso com
resíduo domiciliares. Há ainda os resíduos comuns. Quais são os comuns? São os
que não se enquadram nas três categorias anteriores. Então vejam: qual é a função
do serviço de saúde? É ter a responsabilidade pelo gerenciamento completo dos
seus resíduos, de acordo com as suas peculiaridades: separar, de acordo com as
classes estabelecidas, acondicionar, identificar e fazer o transporte interno
adequado, a manutenção diária de operação e a apresentação do resíduo à coleta
externa de acordo com as normas brasileiras.
Quer dizer, o que nós estamos fazendo é o que na verdade o Dr. Tércio
Kastens está dizendo. Não estamos classificando. Mas o que acontece é que,
depois, no caso por exemplo dos resíduos sépticos provenientes dos serviços de
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saúde, a disposição final tem de ser feita com tratamento prévio, como está dito no
art. 53: “…que assegure a eliminação das características de patogenicidade
existente dentro do resíduo hospitalar”. Aí, realmente, eles voltam a ser resíduos
comuns.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Mas o hospital não aceita esse
tratamento prévio.
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – Não, mas o que está dito é o que
os hospitais fazem.
O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Os perfurocortantes, por
exemplo, foram utilizados em cirurgias, etc. Esse material, resultante de uma ferida,
etc., tem um tratamento prévio no próprio hospital. Mas o que nós não queremos, e
que hoje está sendo imposto inclusive em certos Municípios do País, é coleta
especial. Vai lá uma caminhonete especialmente para a coleta daquele lixo, com
uma taxa diferenciada da do lixo comum, embora esse lixo já esteja sendo
identificado.
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – Mas aí trata-se de uma negociação
com o Poder Público. Se esse lixo já está acondicionado, inclusive licenciado, feita
toda essa diminuição da patogenicidade, não há por que haver problema. Nesse
caso, depende muito da negociação.
O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Não, Deputado, não funciona
assim. A vigilância sanitária do Município ou do Estado impõe, como polícia, esse
tipo de coisa. Não posso absolutamente dizer por que, mas nós sabemos que atrás
disso existe alguma outra coisa.
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O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Se o senhor me permite, inclusive as
licitações são feitas em separado. O custo é oito vezes maior. Alguns exageram,
inclusive.
Mas eu tenho uma preocupação também. Se abolirmos todo e qualquer tipo
de diferenciação, vai ser uma grande alegria para quem é dono de aterro sanitário,
porque ele não vai precisar fazer absolutamente mais nada. E isso entra num
contexto geral. Alguns aterros terceirizam esses serviço, pois eles não têm
especialidade, não tem nenhum incinerador e tampouco um sistema de autoclave,
não tem absolutamente nada. Então, eles terceirizam isso para pequenas empresas
trabalharem às vezes dentro das suas próprias áreas.
Então, há uma questão de cultura em relação a isso. Na realidade, às vezes
as pessoas que administram os setores públicos não têm uma especialidade e se
assustam.
Eu, por exemplo, tenho um sentimento de susto, porque enquanto há algumas
pessoas conscientes fazendo esse tratamento, haverá um número muito grande e
maior dos inconscientes. Isso é próprio do brasileiro.
Então, se nós não tivermos nenhuma legislação cercando um pouco, daqui a
pouco qualquer indústria acha que pode jogar o seu efluente metálico ou não em
qualquer riacho que estiver próximo, como fazem nas zonas de tratamento de cora.
Mas concordo com o senhor. O custo operacional disso é que está fora da
realidade. Ele dá ao hospital, ao ambulatório médico ou ao dentista um tratamento
caro. Eu sei que isso é caro. Em algumas cidades hoje, Deputado Emerson Kapaz,
ocorre licitação para empresas pequenas particulares que estão se especializando
só no recolhimento, para fazer isso. Hoje, isso acontece muito.
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O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Existem empresas no Rio de
Janeiro que são especializadas somente no lixo hospitalar. E cobram uma taxa
bastante diferenciada. Um saco branco leitoso de lixo tem um preço muito maior. Eu
não posso dizer aqui exatamente, mas eu estimo um preço mais ou menos dez
vezes maior do que o preço do saco preto de lixo. No entanto, esse saco plástico
preto de lixo poderia ser utilizado no hospital com uma identificação, que o próprio
hospital colocaria colado em cima “Lixo Hospitalar” e não teria problema nenhum.
Por que toda essa diferenciação, quando esse lixo já tem um tratamento prévio no
hospital?
Lixo hospitalar, de acordo com o que vinha sendo feito antes, não de acordo
com a proposta dos senhores, e até agora como as vigilâncias sanitárias autuam,
corresponde todo o lixo, tudo que sai. Por exemplo, papel da parte administrativa do
hospital tem de ser recolhido e conduzido separadamente até um depósito final. Em
Florianópolis, Santa Catarina, temos uma empresa que criou um aterro sanitário
somente para coletar lixo hospitalar de todo o Estado. Imaginem quanto sairá isso.
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – De acordo com esse relatório, não
vai acontecer, porque o relatório inclui resíduos comuns pertencentes a um hospital.
Quer dizer, ele tem também resíduos comuns que são coletados de forma normal.
O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Deputado, estimo que V.Exas.
tenham muito poder de convencimento para que esse projeto saia da forma como
estão legislando. Atualmente, posso afirmar isso com todas a palavras, a vigilância
sanitária dos Municípios e dos Estados fazem cobrança no sentido de que temos de
ter tudo separadamente, e certos Municípios, como é o caso do Rio de Janeiro,
também estão cobrando tratamento especial de seus efluentes.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Sr. Tércio, como se justifica o
alto índice de infecção hospitalar na rede nacional, se não através naturalmente dos
diversos usos dentro dos hospitais?
O SR. TÉRCIO EGON PAULO KASTENS – Sr. Presidente, eu não poderia
relacionar a questão da infecção hospitalar com a do resíduo sólido. A questão da
infecção hospitalar tem uma outra conotação, e a pessoa mais capacitada para falar
sobre esse assunto seria o Dr. Uriel Zanon. Eu gostaria que o senhor fizesse a
pergunta ao Dr. Uriel Zanon, porque ela deixa de ser pertinente especificamente à
questão do resíduo hospitalar.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – No entendimento de V.Sa. Eu
posso a palavra, então, ao Dr. Uriel Zanon. Tanto quanto o Deputado Clovis Volpi,
eu estou um pouco assustado, mas quem sabe o Dr. Uriel Zanon esclareça melhor o
assunto.
O SR. URIEL ZANON – A questão básica é a seguinte: lixo é um risco à
saúde? Esse risco é infeccioso ou é tóxico? Por uma questão de preconceito e de
tradição, todos nós admitimos que o risco fosse infeccioso.
Em 1985, eu pensava exatamente como os senhores. Fui convidado para
fazer uma palestra na COMLURB sobre lixo hospitalar. Eu disse que não entendia
nada de lixo. Disseram-me para eu estudar o assunto e fazer uma palestra. E eu,
que não sabia nada, fui ler. E o primeiro trabalho que eu li foi uma tese de
doutorado de uma de universidade americana que eu vou citar daqui a pouco, que
dizia textualmente: “Não há relação causal entre lixo e doenças infecciosas”. Aí, eu
disse isso naquela palestra e apanhei. Dei a cara para baterem, e todo o mundo
bateu. Eu fiz a seguinte proposta: “Por que vocês não chamam o autor da tese?” A
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resposta foi essa: “Se nós chamarmos o autor da tese, nós teremos de chamar
também os produtores de incineradores.” Eu disse, então, que o assunto era
diferente.
Vamos ver a famosa classificação. A Associação Brasileira de Normas
Técnicas é uma entidade privada que edita normas técnicas denominadas Normas
Brasileiras Registradas. Nós temos que atentar para o fato seguinte: a NBR não é
uma lei. Assim, pode ser seguida ou não. Aqui é a classificação proposta pelo
Comitê Hospitalar da ABNT. Então há lixo domiciliar, comercial, de serviço de saúde
e industrial.
Está sobre a mesa um livro muito bom sobre lixo, editado pela Fundação
Osvaldo Cruz, em que se questiona isso. Sendo o lixo o resíduo da atividade
humana, cada uma dessas categorias terá a mesma quantidade de uma substância,
embora não seja nas mesmas concentrações.
Chegamos, então, aos resíduos de serviço de saúde. As instituições de
saúde vão produzir o lixo comum, é lógico, o que chamam de lixo infectado,
infectante, séptico ou contaminado. E citam o sangue como lixo infectante. O
indivíduo vai ao posto, passa por todos aqueles testes, seu sangue é considerado
aprovado e vai para a geladeira. Quando ele vence, ele é considerado um infectante.
E isso é inaceitável. Como é que pode? Depois de ele ter passado por todos aqueles
testes, ter sido considerado apto para ser aplicado, de repente ele passa a ser
transmissor de doenças?
Outra coisa: lixo contaminado dá a entender que existe lixo estéril. Os
micróbios habitam todos os lugares da terra em que existem seres vivos superiores.
Habitam também lugares em que nenhum outro tipo de organismo sobrevive. Em
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poços de petróleo, lá no fundo, encontram-se micróbios. Onde quer que exista vida,
haverá micróbios.
Até 1800, predominava a teoria pasteuriana: tem micróbio, tem doença. Mas
essa teoria caiu porque ela foi incapaz de explicar por que existe micróbio e não
doença. Qualquer pessoa que apresenta reação positiva ao PPD, tem em seu
organismo o bacilo da tuberculose vivo e convive muito bem com a doença. Existem
os portadores sadios de salmonelose, difteria. Essa é a grande confusão. A bactéria
é condição necessária, porém insuficiente. É preciso mais uma porção de outras
coisas para que se instale o processo.
Questionamos: a competência da ABNT, uma instituição privada, para criar
normas para os serviços de saúde; a legalidade de se transformar em lei normas
criadas por uma instituição privada; a falta de suporte científico dessas normas;
quem compõe o comitê da ABNT que fez essa classificação? Depois de muito custo,
vim saber que o comitê é composto de um engenheiro, dois advogados e uma
tecnóloga. Que currículo têm essas pessoas? Para se discutir infectuosidade de lixo,
é preciso ter conhecimento de epidemiologia, infectologia e microbiologia. Isso não
faz parte do currículo desses profissionais. Então, questionamos ainda a falta de
suporte científico e os interesses que essas pessoas promovem. Desde que edito
uma norma, beneficio alguém. Isso pode ser ilegítimo, até ilegal.
Lixo é perigoso. Isso significa que existem as bactérias das doenças
transmissíveis, como doenças não transmissíveis. Então, os agentes das doenças
transmissíveis teriam de estar presentes no cenário da Nação em grande
quantidade. Muito da legislação sobre lixo era excelente no século XVIII, onde havia
uma predominância absoluta de doenças infecciosas e parasitárias, as doenças de
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notificação compulsória causavam grande epidemias. Isso é assim hoje? Vejam o
que se interna num hospital: gravidez parto puerpério, que não é doença infecciosa.
A rigor, nem é doença; doenças do aparelho respiratório; doenças do aparelho
circulatório; doenças do aparelho de digestivo; doenças no aparelho geniturinário; e
doenças infecciosas e parasitárias. Essas são as que nos interessam. Isso
representa apenas 7,96%.
Então, fazendo uma síntese, o cenário epidemiológico brasileiro é constituído
de 92% de doenças não microbianas que não se transmitem. Está claro isso. De
4,5% de doenças infecciosas e parasitárias, o que não significa que se transmitam
de pessoa a pessoa, apenas 3,5% de doenças de notificação compulsória, que
representa o risco de passar de um paciente para outro. Vamos verificar que para
cada paciente de doença infecciosa e parasitária internado, tem-se três fora do
hospital. Em Belém do Pará, onde há grande incidência de malária, para cada
paciente infectado e internado, tenho quatro fora do hospital. Então, seriam quatro
pacientes produzindo lixo.
Lixo hospitalar versus lixo doméstico. Qual é o mais contaminado? Há uma
série de trabalhos produzidos na Alemanha que passo a mostrar. O primeiro que cito
é o do Dr. Kalnonski. Os resumos desses trabalhos estão aí para serem
consultados. Não estou inventando absolutamente nada. Estou acostumado a ouvir
palestra sobre lixo, onde chutam, mas não citam a fonte. “Os resíduos sólidos dos
centros cirúrgicos, da UTI e do berçário apresentaram mil vezes menos bactérias do
que os resíduos domésticos”. Escrevam para o moço e contestem.
Outro autor afirma a mesma coisa.
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Se lixo transmitisse doença, minha preocupação seria com o lixo doméstico,
por ser muito mais contaminado que o lixo hospitalar e produzido em volume muito
maior. Ora, quantos hospitais há em Brasília? O lixo de todos eles não ultrapassa
2% do volume de lixo gerado na cidade. Estamos nos preocupando, então, com 2%.
Para efeito de raciocínio: para o caso do lixo mais perigoso — pergunto aos
senhores — a preocupação seria com qual? Com o lixo doméstico. É absolutamente
lógico isso.
Vamos ver se o lixo transmite doença ou não. Não me atenho a reportagens
de jornal. Diz o Dr. Hanks, de Ciccinatti, Estados Unidos: “Não foram encontrados
dados que comprovassem a existência de uma relação causal entre lixo e doença
infecciosa”. O Dr. Langmuir, ex-Secretário de Saúde de Nova Iorque, diz: “Não
existe registro de doenças infecciosas transmitidas por aerossóis liberados pelo lixo”.
Declara o Dr. Mallison: “Quando se tem controle de doenças fecais e orais” — quer
dizer, tratamento de água e de esgoto —, “remoção sanitária de fezes, tratamento
de água, o controle de vetores, com o que se faz todo um estardalhaço, é mais uma
ação estética do que sanitária”. Diz um editorial do Journal Hospital Infections: “A
maioria dos microorganismos encontrados no lixo são patógenos oportunistas da
flora da microbiota normal, da flora do nosso corpo. Tudo o que fazemos produz lixo
e o contaminamos com a flora do nosso corpo. São também encontrados, em
conseqüência disso, em roupa de uso de cama, panos de prato, chão etc. São
incapazes, por si só. Eles vivem conosco do momento em que nascemos até o
momento em que morremos. Diferente dos patógenos primários, que causam as
doenças transmissíveis ou as doenças de notificação compulsória, esses, por
viverem conosco, são, por si só, incapazes de produzir infecção. É preciso que
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diminua a resistência orgânica para que eles possam iniciar um processo
infeccioso”. Afirma o Center for Disease Control — CDC —, nos Estados Unidos:
“Não existe prova microbiológica e epidemiológica de que lixo hospitalar seja mais
infectante do que o domiciliar; de que o lixo seja uma fonte de doenças infecto-
contagiosas.”
Como posso admitir, depois de ver todos esses estudos, que lixo transmite
doença? Isso não passa de preconceito.
Este é um trabalho da Associação Americana de Epidemiologistas
Hospitalares. Acharam seringas numa praia e fizeram um estardalhaço. Disseram
que a praia estava contaminada com lixo hospitalar, como se seringa existisse
apenas em lixo hospitalar. Essa associação fez este documento, também
apresentado a V.Exas., que diz o seguinte: “Não há evidência de que lixo seja uma
fonte infecciosa. Apenas os resíduos perfurocortantes merecem cuidado.” É claro,
porque eles cortam, mas há muito mais perfurocortantes no lixo doméstico. “O risco
potencial de contaminação pelo HIV por picada de agulha perdida no lixo varia de 1
para 1 milhão a 1 para 380 milhões.” É mais fácil cair fulminado por um raio agora do
que um indivíduo adquirir AIDS pisando em agulha. “O lixo hospitalar não oferece
risco para o público.”
Aqui temos um depoimento. Lixo é um grande negócio. Coletar lixo no Brasil,
assim como no resto do mundo, é um grande negócio. Em Belém do Pará,
modificou-se a lei em uma semana para permitir coleta de lixo por determinadas
empresas. Em Nova Iorque, nos Estados Unidos, houve movimento semelhante
querendo atribuir a infecciosidade ao lixo hospitalar. E houve esse depoimento ao
Congresso dos Estados Unidos, entidade extremamente séria — ninguém ousa
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mentir ao Congresso dos Estados Unidos porque vai para a cadeia :”Não existe risco
de infecção pelo contato com resíduos hospitalares não cortantes.”
Portanto, racionalmente, não podemos aceitar isso. Até que alguém prove o
contrário, diga que tudo está errado e ganhe o Prêmio Nobel de Medicina, tenho de
ficar com a idéia de que lixo não transmite doença. Se isso fosse verdade, o que
aconteceria com o lixeiro? Ele seria o primeiro sujeito a ficar doente. E isto não
ocorre. A freqüência de doenças infecciosas e parasitárias entre os empregados da
limpeza urbana não é maior do que na comunidade. Que problemas lixeiro tem?
Alcoolismo, hipertensão, problemas de coluna. Não tem mais doença infecciosa do
que o resto da comunidade.
Fizemos pesquisa em Vitória sobre o estado de saúde dos catadores de lixo.
Chegamos à conclusão de que eles não são mais doentes do que outros
profissionais na mesma condição social. Eu próprio encontrei o caso desta senhora
de 35 anos, mãe de dois filhos, catadora desde 1986, que sofreu um transplante
renal em 1988. Continuou catadora sob controle médico, tomando
imunossupressores. Estava muito bem, obrigado. O prontuário está à disposição de
V.Exas.
Se lixo não causa doença — e está mais do que claro isso —, não precisa
ser esterilizado. Se ele não causa doença, por que esterilizá-lo? Mas com base na
Teoria da Periculosidade do Lixo, vende-se incinerador e todos os processos de
incineração do lixo. O que estamos acostumados a ouvir? Que o ideal seria incinerar
o lixo hospitalar; que a incineração é a melhor destinação final para o lixo, porque é
capaz de destruir os patógenos do lixo. Isso será verdade? Não. Olha o que diz
Blackman e colaboradores da Universidade de Londres: “Entre 800 mil graus
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centígrados sobreviveram bacilos, estafilococos, pseudomonas. A incineração não
oferece segurança absoluta de esterilização do lixo, porque o teor de umidade é
muito variável e os incineradores hospitalares não têm controle de umidade. A
massa de lixo é submetida rapidamente a uma temperatura muito alta. É como se
fosse um pernil : tosta-se ele por fora, e ele fica cru por dentro.
Por outro lado, há o risco da incineração. Além de não esterilizar, ela nos
envenena. Estamos envenenando nossa água devido à falta de preocupação com a
toxicidade do lixo. Estamos, equivocadamente, preocupados com a infecciosidade
do lixo e não estamos dando nenhuma bola para sua toxicidade. A incineração libera
dioxina, gás desfolhante usado no Vietnã.
Senhores, por que discutir a incineração do lixo hospitalar se ele não é uma
fonte de doenças? Peguem as culturas do laboratório, submetam-nas à autoclave e
pronto. Sempre foi assim.
Toda essa legislação leva a isto: tenho de admitir um técnico de nível
universitário para gerenciar o lixo. Vou pagar taxa especial para recolher o lixo, taxa
de água, esgoto e lixo mais caro, porque ele vem do hospital. Com base em quê?
Tem-se de botar o lixo, porque não se pode diferenciá-lo dos outros, em saco que o
diferencie. Por que, se ele não produz doença? Vende-se transporte diferenciado e
todos os sistemas sofisticados de esterilização de lixo. É um negócio da China, só
que os hospitais não podem pagar!
Os problemas reais do lixo são falta de solução para os resíduos industriais —
tabu que ninguém gosta de discutir —; resíduos radioativos — a ampola de césio
que causou o célebre acidente de Goiânia não estava no lixo hospitalar, mas num
terreno baldio, era lixo domiciliar —; contaminação com mercúrio de pilhas, baterias
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— só em São Paulo 30 milhões de lâmpadas fluorescentes jogam mercúrio na água
que vamos beber — e 30% dos Municípios não contam com coleta de lixo. E
existem 72 projetos sobre lixo hospitalar — e há uma fantasia —, que corresponde
apenas, no máximo, a 2% do total de resíduos. V.Exas. me perdoem, mas há algo
errado nisso. A lógica não bate.
Este é o perigo: tintas, solventes, pigmentos, vernizes, pesticidas, inseticidas,
herbicidas, óleos lubrificantes, fluidos de freio, etc. Quando mostrei isso em Belém,
no Pará, um geólogo me disse que eu tinha toda a razão, que a água daquela
cidade estava sendo contaminada, e a Texaco não o deixava abrir a boca.
Achamos que deve existir uma única categoria — lixo —, que deve ser tratada
com todas as medidas possíveis e necessárias, tendo em vista sua toxicidade, para
que não envenene a água ou os alimentos que bebemos e comemos. É preciso que
essas medidas tenham comprovação científica. Não posso aceitar falta de
comprovação científica. Medida baseada em falta de comprovação científica é
negócio.
Eu disse que ia ser muito pior do que Tércio Egon Kastens — V.Exas. me
perdoem —, mas estou sendo absolutamente franco. Não existe risco de infecção
pelo contato com resíduos hospitalares não cortantes. Se existisse, os lixeiros, os
pobres dos transplantados, as pessoas que ficam no lixão de Brasília e de qualquer
outra cidade teriam contraído mais doenças. V.Exas. já viram o que aquele pessoal
faz andando debaixo de sol escaldante? Eles têm mais saúde do que qualquer um
de nós! Então, isso é fantasia e preconceito.
Por outro lado, até 1992, havia praticamente um compromisso implícito. A
indústria promovia os profissionais de saúde — mandava participar de congresso,
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pagava a viagem, etc. — e estes vendiam seus produtos no hospital. Dessa época
para cá, principalmente depois da normatização dos planos de saúde, tanto o Poder
Público quanto o privado estão absolutamente seguros da necessidade de não
desperdiçar dinheiro. E tudo o que se propõe sem base científica é desperdício
intolerável!
Até 1992, os custos com a saúde, em função desse sistema, chegaram a
proporções altíssimas. Nos Estados Unidos chegaram a 14% do Produto Nacional
Bruto. Os americanos gastam com a sua defesa. No Brasil, o setor saúde
movimentava em torno de duas vezes mais dinheiro que o setor siderúrgico. Não
podia continuar assim. Então, tem de cortar. Falta dinheiro para a saúde? Sim, falta;
mas o dinheiro para a saúde é dilapidado numa série de medidas que não têm base
científica.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Vamos manter a sistemática.
Antes de conceder a palavra ao Sr. João Paulo Mignot, Diretor da
Tecnoambiental, para considerações finais, devolvo a palavra ao Dr. Uriel Zanon,
que está com passagem marcada.
O SR. URIEL ZANON – O fato de expor algumas posições claras não
significa que eu seja contrário a este ou aquele projeto. A minha intenção foi alertar
os Srs. Deputados para muita coisa que não vem à tona porque não é discutida.
Eu teria muito prazer em responder às perguntas, mas agora não disponho de
tempo. Continuo à inteira disposição de V.Exas. Podem me procurar a qualquer hora
em meu endereço. Toda a literatura que foi mostrada está em mão.
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Pela experiência administrativa, jurídica e legislativa, V.Exas. certamente
farão um bom projeto.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Nós é que lhe agradecemos,
Sr. Uriel Zanon.
Concedo a palavra ao Sr. João Paulo Mignot.
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs.
Deputados, fiquei um pouco aterrorizado porque vim falar sobre o Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde.
Nos Estados Unidos, temos feito segregação dentro do próprio hospital. É
feita a separação de resíduos do escritório, do centro de cirurgia, do centro
infectante, do centro tóxico.
Há mais ou menos seis anos, começamos a trabalhar com o Hospital Johns
Hopkins, com o Center for Desease Control — CDC —, nos Estados Unidos, com o
World Health Organization — WHO. Tudo a ver com o infectante saindo do hospital.
Nos Estados Unidos, os grandes geradores já tratam os resíduos hospitalares no
próprio local há muitos anos. Em outras palavras, lixo infectante ou resíduo
hospitalar não sai dos hospitais sem tratamento.
O sistema que temos utilizado nos Estados Unidos é o processo de vapor e
água. Ou seja, não usamos químicos, incineração e nenhum tóxico para tratar o
resíduo. Isso é o que vem sendo usado em todo o mundo. O autoclave é aceitável. A
única diferença entre esse processo e a pressão é que o resíduo hospitalar ainda
está infectante quando é submetido ao autoclave, não foi descontaminado. O correto
é trabalhar com o autoclave depois que se descontaminou o lixo, para esterilizá-lo.
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Basicamente, trabalhar com vapor e água é processo semelhante ao autoclave, mas
com baixa pressão. Quer dizer, não há escape para o meio ambiente de nenhuma
maneira.
O meu propósito não é o de falar de equipamento, mas do Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Uma vez que os grandes geradores de
material comecem a tratar seus resíduos sólidos dentro do hospital, não haverá mais
transporte de elemento infectante. Ao contrário do que se disse, existem vários
problemas com o lixo infectante, tanto nos Estados Unidos como na Europa. Temos
fatos suficientes, basta verificá-los na biblioteca do Congresso Nacional, no CDC,
nos RUs e no órgão americano EPA.
Então, o tratamento do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
determina que, quando os resíduos saírem do hospital, deverá haver um relatório.
Com isso, vai-se saber que os resíduos foram totalmente esterilizados. Não é
possível avaliar se foram desinfectados, porque há o problema dos
microorganismos, que podem causar danos tanto ao lençol freático como ao meio
ambiente em si, em virtude do espaço aéreo.
Do relatório, pelas normas americanas, tem de constar a data, o seu número,
o número da série, o tempo utilizado para a esterilização, o tempo real acumulado, a
temperatura usada e os minutos equivalentes. Esse em si é o processo utilizado no
Brasil.
Então, com relação à esse tipo de procedimento, devem ser processados,
objetos perfurantes, ou seja, agulhas, seringas, lâminas de bisturi — desculpem-me,
porque faz muito tempo que estou fora do Brasil e não sei falar as palavras
corretamente —, capazes de causar ruptura ou corte. Em outras palavras, já se
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consegue desinfectar e esterilizar qualquer coisa que saia de sala de operação num
único processo.
Vestimentas, campos cirúrgicos, toalhas, instrumentos cirúrgicos, materiais
contaminados com sangue, sangue e secreções corporais, caixas corrugadas e
pequenos animais de laboratórios — esses são os tipos de processamento com que
lidamos hoje. Quer dizer, quando se fala do PGRSS, que está sendo implementado,
segrega-se tudo isso. Essa atividade permite que a desinfecção e a esterilização
sejam feitas de uma só vez. Quando o resíduo sai do hospital, não tem nenhuma
forma de ser cortante ou infectante.
Essa imagem é a do clássico lixo hospitalar antes de ser tratado. Retiramos
tudo. O que V.Exas. vêem em vermelho é o nosso porta-cortante. Atiramos dentro
dele agulhas e bisturis. V.Exas. estão vendo um sistema de prior vac, que é o
sistema de vacuum. Seringas, luvas, cânulas, todo material utilizado numa sala de
operação. O resultado disso aí é o produto final. Pela lei global, ao tratar o lixo, tem-
se de descatalisar. Agulhas e seringas, uma vez retiradas do papel, são infectantes.
Não que sejam infectantes em si, mas podem ser usadas por outras pessoas para
injetar drogas e passar de mão em mão. Essa é a razão de serem chamadas de
infectantes, não por serem, em si, infectadas por sangue, mas podem ser usadas e
reutilizadas.
Existem ainda vários custos. Hoje já temos esses cálculos. O sistema de
incineração tem um custo muito alto, tanto operacional como de transporte, e tudo
que necessite de manutenção de temperatura.
Quanto à diferença de se instalar um equipamento desses num hospital,
afirmo que quem adquire hoje um incinerador num hospital tem contra si toda a
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comunidade, porque joga transgênicos no ar. Se for instalado um equipamento que
trata o lixo hospitalar a baixa pressão, o lixo não conterá nada que contamine a
água, o solo ou o ar.
Esse equipamento que estamos expondo é de esterilização garantida. O
volume do lixo será reduzido em 80%, porque hoje, com o mecanismo controlado ou
o séptico, a redução chega a 100%. Com esse aqui, vai-se reduzir 80% do volume.
O resíduo processado ficará irreconhecível, conforme a norma global.
Gostaria de falar mais sobre o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
— PGRSS, mas passo a palavra a V.Exas., porque saí do meu objetivo. Se V.Exas.
quiserem fazer perguntas, coloco-me à disposição.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Passo a palavra ao Relator,
Deputado Emerson Kapaz.
S.Exa. não deseja fazer perguntas.
Deputado Clovis Volpi, V.Exa. tem alguma indagação a fazer?
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – O equipamento que estamos vendo é o
digestor...
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Não, trata-se de um equipamento um pouco
diferente. Vou lhe passar as normas, mas o princípio é o mesmo: trabalha com vapor
e água quente, sem químicos.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – É o mesmo processo do tratamento de
resíduos hospitalares?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Exatamente.
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O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI - Para ser aprovado, todo equipamento
importado passa pelo crivo dos organismos ambientais do Estado, não é?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Exatamente.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Esse equipamento já está aprovado em
algum Estado, como, por exemplo, São Paulo, um dos mais rigorosos atualmente?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – A CETESB já tem todo o estudo. Só
estamos esperando que passe pelo DAIA, da CETESB. O meu entendimento já está
firmado. Então, teremos a licença CETESB. Em relação ao equipamento, também
estamos realizando os testes no Instituto de Pesquisas Tecnológicas — IPT, na
FIOCRUZ e no Instituto Adolpho Lutz, a fim de verificar a capacidade de
esterilização dos equipamentos.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Esses testes estão em andamento?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Sim, por duas semanas.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – O custo desse equipamento,
atualmente, é calculado pelo volume em que ele opera ou é dimensionado num
único módulo? Vou refazer a pergunta. Como se opera: V.Sas. vendem serviços ou
o equipamento?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Nosso equipamento foi feito com o intuito de
trabalhar dentro do gerador. Então, para pequenos geradores, não é ideal ter
equipamento para processar 700 quilos a 1,5 tonelada/dia ou até 2,5 toneladas.
Então, Há vários módulos. O custeio é alto. Usando esse tipo de
equipamento, se eles não quiserem investir, faríamos o investimento e eles
pagariam o custeio.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Serviço.
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O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Seria muito menos do que pagam hoje.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – O serviço.
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Exatamente.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – A Tecnoambiental só trabalha na área
de equipamentos para tratamentos de resíduos do setor da saúde ou também na de
desenvolvimento de tratamento de efluentes metálicos e resíduos industriais?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – A Tecnoambiental tem um laboratório em
Boston que trata apenas de resíduos, tanto tóxicos como industriais e hospitalares.
Estou aqui para promover a instalação da parte hospitalar e de zoonoses. Além
disso, há a intenção de estabelecermos um processo um passo a passo, porque
pretendemos instalar um centro no Brasil, a fim de baixar os nossos custos.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – A título de curiosidade, li em um
periódico que São Paulo estava se preparando para aprovar um projeto sobre o
tema.
Por isso perguntei sobre as carcaças de animais. Não temos idéia, mas, em
São Paulo, morrem por dia quarenta animais aproximadamente. Não há como
coletar esses corpos na cidade.
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – São mais de quatrocentos e cinqüenta
animais.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – São quatrocentos e cinqüenta animais
por dia. Trata- se de um problema sério, que deve ser considerado nesta discussão.
Estava em estudo a aprovação de um equipamento para pulverizar os corpos
desses animais, porque não há local disponível para jogá-los. É uma pena que os
outros participantes não estejam presentes para responderem às seguintes
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indagações: Cavalos atropelados vão para lixo comum? Como é que se processa
isso? Poderíamos ter perguntado isso ao cientista da FIOCRUZ, que estava
presente nesta reunião. O que acontece com os cachorros mortos? É essa a
empresa que está sendo habilitada, em São Paulo, para realizar esse tipo de
trabalho? Estou interessado nessa questão, porque li um pouco sobre o assunto.
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – O problema de São Paulo está nos seus
arredores. Os números variam. Só as zoonoses representam três toneladas/dia.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Há três toneladas?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Dia. Só de cachorros e gatos.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Só de cachorros que ficam no canis
para...
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Esses são os cachorros estão com raiva e
não podem ser enterrados.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Não podem ser enterrados.
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – Além disso, há cavalos que morrem por
razões indeterminadas, como os do Jockey Clube, os da brigada militar, e assim por
diante.
O próximo arquivo foi inserido no material indevidamente pela minha
secretária.
Ontem, estivemos com profissionais da zoonose falando sobre esse sistema,
porque, quando os animais são serrados, existe o problema de o resíduo ser 75%
líquido. Temos de trabalhar com uma temperatura muito mais alta e o custo é
elevado. Também há o fato de que, hoje em dia, não existe incinerador que
comporte um animal de grande tamanho. Isso significa que precisamos cortar o
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animal para colocá-lo lá dentro. Dessa forma, é possível introduzir cinco a sete
cavalos dentro do incinerador. Já pusemos hipopótamos, elefantes e baleias nessa
máquina.
Temos capacidade de fazer isso. Estamos mantendo contato com pessoas da
zoonose e também da LIMPURB, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Falei do assunto por causa da minha
curiosidade pessoal, porque, no relatório, não tratamos da incineração e do
tratamento de animais, que é um tema novo.
Seria muito importante que houvesse um capítulo específico para isso. Na
realidade, é um número muito grande, porque diariamente quatrocentos e cinqüenta
animais morrem por dia em São Paulo. A maior parte é vítima de atropelamento. Sei
disso, porque moro em uma chácara e já enterrei lá uns cinqüenta cachorros que
estavam morrendo. Não há um lugar próprio para incinerar esses animais e eles não
podem ser jogados em qualquer local. Daí a preocupação de se reservar um terreno
próprio para fazer isso. Trata-se de um problema extremamente sério.
Deputado Emerson Kapaz, V.Exa. não estava presente no momento em que
fiz a indagação, mas gostaria de lembrar que deveríamos realizar mais debates
sobre essa questão d o lixo hospitalar, com o objetivo de desmistificar a teoria em
que acreditamos. Talvez pudéssemos selecionar os participantes, a fim de convocar
alguém que pudesse incentivar a discussão.
Não fiquei contente com o debate de hoje. Estou preocupado e gostaria de
rever o assunto.
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – Sr. Presidente, na semana
passada, iniciamos uma discussão que não caminhou sobre o fato de trazermos
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para a Comissão opiniões dos Deputado sobre tudo o que foi feito até agora e se é
necessário ou não nos aprofundarmos em alguns temas.
Sugiro a realização de audiências públicas até o final deste ano. Salvo
engano, há mais duas terças-feiras em que poderíamos nos reunir. Na volta do
recesso, em fevereiro, iniciaríamos as discussões, a partir de uma versão finalizada
do relatório preliminar, a fim de, posteriormente, discutir o substitutivo final.
O Deputado Luciano Zica reclamou do debate interno. Com que objetivo? A
hora que começarmos a discutir o relatório vamos avaliar se os capítulos, por
exemplo, de resíduos de serviço de saúde são mais consistentes, coerentes ou se
restam muitas dúvidas. Podemos chegar à seguinte conclusão: “Bom, há muitas
dúvidas, porque metade dos Deputados está defendendo uma coisa, a outra metade
está defendendo outra. Vamos fazer uma audiência pública com especialistas para
aprofundar o debate, por que não há material suficiente.”
Deputado, o problema vai surgir na hora em que a Comissão começar a
debater os itens do relatório.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Inácio) – Surgiu agora, inclusive.
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – Está começando a surgir.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – É alguma coisa nova que,
inclusive, não existia nem para dar uma assistência dentro do relatório preliminar.
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – Infelizmente, é difícil falarmos
sobre o assunto, porque os participantes não estão presentes, mas considero que
eles exageraram na classificação geral do regime hospitalar como regime comum.
Constatamos que em nenhum lugar do mundo existe isso. É fato que parte dos
resíduos dos hospitais são comuns. No entanto, não é possível, a partir do registro
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hospitalar, afirmar que o tratamento não é necessário, porque são só 600
toneladas.” Quase disse para eles o seguinte: também há 14 artigos em 170 que
tratam do serviço de saúde. Então, são 6%. Não dá para classificar 600 toneladas
em 300 mil. E se nas 600 toneladas houver algum problema de contaminação da
população por um motivo qualquer?
Houve um exagero e não podemos nos pautar por isso. Devemos fazer uma
avaliação mais criteriosa.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI - Sr. Presidente, proponho que os
Deputados mais interessados no programa realizem uma reunião para verificar a
lista dos futuros convidados, para que alguns assuntos não sejam repetidos.
Sugiro a convocação de dois ou três convidados relacionados à área de
alternativas para a transformação de lixo. Gostaria que pudéssemos fechar a
questão. Já me considero satisfeito com a discussão de muitos assuntos. Considero
uma bobagem repetirmos o debate. Julgo não ser necessário aprovar mais nenhum
requerimento. Hoje, se houver a votação, voto contrariamente às novas chamadas,
até que seja eliminada a lista de convidados.
Sinto-me contemplado com a presença dos convidados. Gostaria de conhecer
esse equipamento sobre o qual falou o Sr. João Paulo Mignot. Ele está instalado em
algum lugar ou não?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – O equipamento está sendo, como disse,
aprovado. Hoje, é utilizado nos Estados Unidos e na Europa.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – No Brasil não?
O SR. JOÃO PAULO MIGNOT – No Brasil, ainda não. Estamos preparando
o seu licenciamento, para sua posterior instalação.
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O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI - Agradeço ao Sr. João Paulo Mignot a
deferência em participar desta reunião como representante da Tecnoambiental,
assim como aos outros participantes que já se ausentaram e contribuíram para os
debates da reunião de hoje.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Vim preparado para falar sobre
o PGRSS.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – De acordo com o que foi
abordado pelo Sr. Relator, nas próximas duas terças-feiras, realizaremos audiências
públicas. Depois, naturalmente, teremos uma reunião somente com os Deputados.
De qualquer forma, os Srs. Deputados devem apreciar os requerimentos
apresentados.
Hoje, apesar de não haver quorum físico, podemos analisar a possibilidade
de votação. Como via de regra os procedimentos são feitos simbolicamente, trago à
votação o Requerimento nº 412-01, do Sr. Deputado Gervásio Silva, que solicita a
presença do Sr. Luiz Pereira, Presidente da Federação Nacional de Comércio de
Combustíveis e Lubrificantes, no sentido de prestar esclarecimentos sobre os sérios
problemas para o comércio de combustíveis que o Projeto de Lei nº 203, de 1991,
acarretará.
Concordo com o Deputado Clovis Volpi quanto ao teor do requerimento,
porque ele praticamente recebemos um tapa, mas devemos ouvir o Sr. Luiz Pereira,
apesar de...
O SR. DEPUTADO EMERSON KAPAZ – Se for possível, sugiro que esse
seja o último requerimento aprovado, para que possamos fazer nas duas próximas
terças-feiras um apanhado, em consonância com o que o Deputado Clovis Volpi
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disse, das pessoas que têm requerimentos de convocação aprovados, para fechar o
ano, e, em fevereiro, discutir o relatório.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Tudo bem.
O SR. DEPUTADO CLOVIS VOLPI – Eu, pessoalmente, voto contra.
O SR. PRESIDENTE (Deputado José Índio) – Em discussão o requerimento
do Deputado Gervásio Silva.
Aqueles que não concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
(Intervenção inaudível.)
Em votação.
Aqueles que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Está aprovado o requerimento.
Agradeço aos convidados e aos Parlamentares a presença.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos desta audiência
pública e convoco a próxima reunião para o dia 4 de dezembro, às 14h30min.
Está encerrada a reunião.