Curso Especial Dicção
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© Instituto Politécnico 2000 - © Franco Vasconcelos 1999
INTRODUÇÃO
Nada acontece por acaso. O sucesso é um somatóriode acertos e de erros; de trabalho e de ócio; de dedicação pessoal eafinco na busca de alcançar objetivos.
Se você ainda não tem objetivos na vida que mereçamsua dedicação e empenho, talvez você ainda não tenhaverdadeiramente uma vida. Thomas Edson, o genial inventor norte-americano, definia o sucesso como sendo composto por dois aspectos:1% de inspiração e 99% de transpiração.
De modo simplificado, podemos afirmar que, paraEdson, em cada 100 pessoas de sucesso apenas uma teve aquelainspiração única, espetacular, e que as outras 99 conseguiram sucessotrabalhando duro para conquistá-lo.
O sucesso é, portanto, mais uma questão de atitude perante a vida, de posicionamento pessoal nas mais diferentessituações. E depende, em muito, da forma como somos avaliados emnossa comunicação cotidiana.
Pesquisa americana identificou os fatores que definemnossa avaliação pessoal, no momento em que somos apresentados auma nova pessoa. São eles: nossa postura - forma de vestir, degesticular e de olhar - em 55%; o conteúdo da nossa fala - em 7%; ea forma como falamos - em 38%. Como se vê pelos números, a pesquisa verificou que a forma de falar é mais importante, quandosomos avaliados, que a própria mensagem, o conteúdo da fala.
A forma como a pessoa fala, a forma de transmitir amensagem, depende essencialmente da Dicção. Nesse aspecto, este pequeno manual será um precioso auxiliar ao seu sucesso.
Este curso foi elaborado para o (a) auxiliar a conquistaro domínio da Dicção. Aborda os seguintes tópicos: A leitura em vozalta como base da Dicção; a articulação e a fonação das palavras; aexpressividade da leitura e da fala para alcançar um objetivocomunicativo e, ainda, a arte de contar estórias. Bons treinos, bomaproveitamento do curso.
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Aula 1Os Fundamentos da Dicção
Ao falar, quanto mais clara for a nossa expressão maisrapidamente estabelecemos contato. A clareza diz respeito ao valorexato das palavras. Dizer leve o carrinho é diferente de falar leve ocarrim. Se a pessoa diz, eventualmente, entregue as cópia não é omesmo que solicitar entregue as cópias. Percebe-se que as palavrastambém indicam a situação cultural da pessoa que fala. Para formaruma imagem que corresponda ao seu nível de conhecimentos, o ajusteda dicção é indispensável.
Isto é, falar com erres e esses; com ei, ai, ou; com inhose outros finais de palavras comumente omitidos, ou erradamente proferidos. Fale com destaque. A fala com dicção assegura projeção pessoal. Quando a dicção está ausente na fala, cria dúvidas sobre acapacidade do comunicador.
O QUE É DICÇÃO
Em sentido lato, Dicção é apenas dizer, de formaescrita ou falada. De modo estrito, é falar de modo a ser entendido,com perfeita pronúncia das palavras, de forma agradável e com ritmoapropriado, com altura de voz e ressonância adequadas. Ter dicção éler pelo menos uma página de livro ou revista, de forma clara, semtropeços e com musicalidade na voz.
A chave para a conquista da dicção na fala, a formaque aqui nos interessa, está na pronúncia. E qual é a pronúncia a serseguida: a paulista, a maranhense, a catarinense, a carioca, a gaúcha?
Em todos os estados brasileiros há pessoas quefalam com dicção. Também em todas as cidades brasileiras há pessoasque falam descuidadamente. A solução está na forma de falarindividual. As pessoas que articulam as palavras ao falar é que servemde modelo a ser seguido. O segredo delas está na apresentação corretados sons das palavras, na correta enunciação dos fonemas.
A MANEIRA RÁPIDA DE CONQUISTAR A DICÇÃO
Se você deseja reconhecimento público e eficiênciacomunicativa chegou a hora de trabalhar a dicção. Falamos trabalhara dicção. Com o mínimo de esforço pessoal, em reduzido tempo, nosintervalos de suas atividades diárias, facilmente você vai falar com perfeita pronúncia das palavras.
Apenas trinta minutos diários, três vezes porsemana, serão suficientes para lhe assegurar, em 180 dias, umainvejável pronúncia. Se você metodicamente organizar seus
treinamentos e executar todos os exercícios aqui apresentados, no
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tempo previsto, receberá elogios pelo seu novo modo de falar. E estaráapto a desenvolver sua liderança pessoal, fechar mais negócios e, emconseqüência, aumentar seus rendimentos.
DICÇÃO E ARTICULAÇÃO DAS PALAVRAS
De forma rigorosa, dicção é a qualidade da fala. Sealguém fala corretamente, proferindo todos os fonemas, tem dicção.Do contrário, dizemos que fala sem dicção. No entanto, os nomes podem sempre receber qualificativos como boa, má ou ruim e outrosmais. Com o termo dicção foi exatamente o que aconteceu no usocomum. Fala-se em boa ou em má dicção, ou dicção ruim, talvez porinfluência das expressões boa, ou má, articulação das palavras. Aolongo desse trabalho, consideramos dicção como correspondente à perfeita articulação das palavras.
O QUE É ARTICULAÇÃO DAS PALAVRAS
Articular é movimentar em torno de um eixo peçasou partes de um todo. Portas articuladas, cadeiras articuladas, móveisarticulados, por exemplo. No corpo humano também há partesarticuladas: braço e antebraço; perna e coxa; queixo e estrutura fixa dacabeça, entre outras.
Articulação das palavras é o processo de emissãode fonemas, palavras e frases com movimentação do queixo e dalíngua no interior da boca. Observe que o papel da língua no processoda fala é tão importante que idioma tem como sinônimo língua:Língua Portuguesa. Elementos adicionais concorrem para a completa
emissão das palavras: dentes, palato, seios nasais e lábios,essencialmente. Pelo que vimos, a articulação das palavras exigeexercícios de leitura em voz alta com movimentação da mandíbula eda língua ao proferir as palavras
FALHAS DE ARTICULAÇÃO
Em geral, a maioria das pessoas apresenta falhasde dicção. Mesmo a ida à Universidade, raramente corrige os defeitosda fala. Claro que a influência do grupo familiar é um fator decisivona formação da fala e da dicção. Na família é que se aprende a falar,com os erros e acertos presentes no padrão cultural de seus
componentes.
No entanto, a dicção é mais uma característicaindividual, física, que depende exclusivamente do esforço direcionadode cada um ao próprio aperfeiçoamento comunicativo. Assim,conhecer as falhas é capacitar-se à conquista da dicção.
A falha de maior relevo diz respeito à falta deenergia ao falar. Em conseqüência, as palavras são mal pronunciadas ea avaliação do falante é sempre negativa. Essa e as demais falhasrelativas à dicção recebem tratamento neste manual. Basta que você pratique os exercícios.
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DICÇÃO E DISCIPLINA PESSOAL
Este é um guia prático. O aproveitamento máximoserá conseguido com um programa semanal de exercícios, nos moldesde uma academia atlética. Programe suas atividades com hora, dia e
local. Cumpra seu calendário rigorosamente. Execute todos osexercícios e periodicamente, se possível, faça gravações em áudio paraavaliação. As gravações não precisam ser diárias. Gravaçõesquinzenais registram mais adequadamente os progressos realizados.
Tenha o cuidado de guardar as primeiras gravaçõesque realizar pois servirão de base para atestar os avanços ao longo do período de treinamento. As orientações aqui sugeridas tambémfuncionam para o trabalho em duplas. Pela experiência acumulada aolongo dos anos, posso afirmar que o sucesso é uma questão dedisciplina pessoal. Cumpra seu treinamento e conquiste o sucesso peladicção perfeita. Capacite-se para os grandes desafios.
O VALOR DOS TREINOS
A execução de treinos diários, pelo menos nos doismeses iniciais, é de grande importância. Reserve apenas trinta minutosdiários, a qualquer hora do dia, para seu trabalho prático. Mesmo quedisponha de muitas horas livres não exagere nos exercícios. Mais valetreinar todos os dias por trinta minutos do que se dedicar a treinosapenas um dia por semana durante duas horas. Se dispuser de tempo,treine duas vezes ao dia, com intervalo de pelo menos dez minutosentre um treino e outro.
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA EM VOZ ALTA
A aquisição da Dicção tem início com osimportantes exercícios de leitura em voz alta. Os benefícios advindosdessa leitura são muito amplos em nosso comportamento: influenciame dinamizam nossas vidas em variados aspectos. Por isso, iniciamos ocurso com leituras em voz alta. Antes de ler os textos iniciais, observeaqui os principais benefícios que esses exercícios nos propiciam.
• É essencial para a aquisição da Dicção, pois destrava a fala e
nos faz perceber a forma correta de proferir as palavras.Fortalece os músculos responsáveis pelo processo da fala eelimina a fraqueza da voz sem treino.
• Aumenta a confiança individual, elimina parte da timidez efaz desaparecer o acanhamento ao falar em voz alta. Asseguraclareza ao que dizemos. Com a leitura em voz altaaprendemos a falar sem tropeço nas palavras.
• Dá segurança aos profissionais que trabalham ou desejamtrabalhar com a voz, como locutores, jornalistas, educadores,vendedores, pregadores, políticos, gerentes...
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Leitura 1 – Imagine estar lendo para uma pessoa ao seu lado
Relatório do Banco Mundial Elogia o Brasil
Apesar de ter a maior renda per capita e a maior expectativa de
vida entre as regiões em desenvolvimento, a América Latina está atrásdas outras regiões nas metas para redução da pobreza, de acordo com orelatório do Banco Mundial.
Entretanto, a região está atingindo os objetivos dedesenvolvimento humano, à frente de outras regiões, na redução damortalidade infantil, acesso a água limpa para a população e igualdadeentre homens e mulheres no acesso à educação.
Crescimento econômico
Um dos maiores desafios da região é o crescimento econômico.De acordo com o relatório, o número de pessoas vivendo com menosde US$ 2,00 por dia na região poderia cair de 128 milhões de 2001 para 122 milhões em 2015 se a renda per capita crescesse uma médiade 2,4% ao ano. Nos anos 90, no entanto, o crescimento médio daregião foi de apenas 1,5% ao ano.
O crescimento de 5,7% no ano passado, o maior de 25 anos,deve ser visto com “otimismo cauteloso” na avaliação dos economistasdo Banco Mundial.
Eles alertam que apesar da redução do crescimento prevista paraeste e o próximo ano, a região deve aproveitar o momento de expansão para avançar na agenda de reformas estruturais, diminuindo as
vulnerabilidades que impediram um crescimento sustentado no passado.
Brasil
Jean Sarbib, presidente do Banco Mundial, citou o Brasil comoum exemplo de país que está agindo para mudar a situação social, a partir dos dados coletados pelo Banco. “Se tomarmos o exemplo doBrasil, eles tentaram mobilizar o programa Fome Zero e o Bolsa-Família, fizeram muitos esforços neste sentido.”
Na reunião do Comitê de Desenvolvimento, o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, disse que o relatório do Banco Mundialsobre desigualdade os levou a pensar no que precisa ser feito paracombater o problema.
“O Brasil está bem situado em relação às metas e deve cumprir amaioria delas”, afirmou o ministro Palocci depois da reunião. “Masmuitos países mais pobres têm dificuldade em cumprir”, lamentou.
A reunião do Comitê de Desenvolvimento do Banco Mundial foia última antes da reunião de setembro na sede da ONU, em Nova York,quando todos os membros da organização vão discutir os progressosdos últimos cinco anos e novas fontes de financiamento dos projetos
nos países mais pobres. BBC Brasil – set 2005
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Aula 2
O Exercício
Fundamental da Dicção
Para tornar a fala ágil e evitar os tropeços na leitura, para destacar as palavras assegurando-lhes clareza, para abrir aarticulação das palavras, pratique a leitura de pequenos trechos emvoz alta, com um lápis colocado na boca transversalmente, preso entreos dentes superiores e inferiores. Sem deixar o lápis cair, sem segurá-lo com a mão, leia de forma mais clara possível, sem prender a língua por baixo do lápis.
Leia o texto três vezes com o lápis na boca e trêsvezes sem o lápis. Repita o ciclo até completar trinta minutos,diariamente, no horário mais conveniente a você. Os exercícios aquiindicados devem ser feitos dessa maneira.
Se for o caso, selecione novos textos e treine comessa técnica. O lápis na boca, e não a caneta que fere os lábios, deveser sustentado apenas pelos dentes sem muita força, sem muita pressão, no maxilar.
Importante: O lápis fica apoiado nos pré-molares,
primeiros dentes com a face plana depois dos incisivos (pontiagudos), praticamente no meio da arcada dentária. Se o lápis ficar na ponta dosdentes, não há a abertura adequada do maxilar. Se ficar muito nofundo da arcada dentária, vai machucar os lábios.
Nas três primeiras semanas, há uma certa ‘babação’ao realizar o exercício. Depois a salivação diminui. Lembre-se de queengolir a saliva serve para hidratar a faringe (garganta).
Ao fazer a leitura com o lápis, busque falar as palavras de modo mais claro possível, como se não houvesse o lápisimpedindo a perfeita emissão da voz. Realize treinos com essa técnica,no mínimo por 180 dias. Nesse tempo você vai adquirir uma fala nova,realmente clara. Ao longo desse período, realize os treinos pelo menostrês vezes por semana.
Se desejar fazer gravações para verificar ocrescimento pessoal, realize as gravações quinzenais. Gravações em períodos menores que este não mostram o aperfeiçoamento alcançadonos treinos.
Inicie os treinos de articulação com o lápis. Faça aseqüência três vezes: vá do 001 ao 006 e volte. Depois faça os outrosexercícios.
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Ex - 001
Era à sobremesa; ninguém já pensava em comer. No
intervalo das glosas, corria um burburinho alegre, um palavrear deestômagos satisfeitos; os olhos moles e úmidos, ou vivos e cálidos,espreguiçavam-se ou saltitavam de uma ponta à outra da mesa,atulhada de doces e frutas, aqui o ananás em fatias, ali o melão emtalhadas, as compoteiras de cristal deixando ver o doce de coco,finamente ralado, amarelo como uma gema, - ou então o meladoescuro e grosso, não longe do queijo e do cará.
Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas)
Ex-002
Que vida interessante a do primo Basílio! - pensava.O que ele tinha visto! Se ela pudesse também fazer as suas malas, partir, admirar os aspectos novos e desconhecidos, a neve nos montes,cascatas reluzentes! Como desejaria visitar os países que conhecia dosromances - a Escócia e os seus lagos taciturnos, Veneza e os seus palácios trágicos; aportar às baías, onde um mar luminoso e faiscantemorre na areia fulva; e das cabanas dos pescadores, de teto chato,onde vivem as grazielas, ver azularem-se ao longe as ilhas de nomessonoros! E ir a Paris! Paris sobretudo! Mas, qual! Nunca viajaria decerto; eram pobres; Jorge era caseiro, tão lisboeta!
Eça de Queirós (O Primo Basílio)
Ex-003
Uma técnica fundamental na linguagem telejornalísticaé a regra dos 180 graus. Trata-se da sucessão de atitudes técnicasquanto ao enquadramento de planos para produção de entrevistas paraa televisão. É uma regra imprescindível, e deve ser rigidamenteseguida. Tem o seguinte fundamento: quando se realiza uma entrevista para telejornalismo, três participantes da reportagem - o entrevistado,o repórter e o cameraman - têm de estar posicionados de um só ladode uma linha imaginária que divide o cenário em dois. Para isso, deve-se traçar uma linha que ligue o repórter e o entrevistado. Essa linha se prolonga até o infinito, nos dois sentidos. Em seguida, deve-se realizartodo o trabalho visual da entrevista dentro de um só lado dessa linhaimaginária.Com a regra dos 180 graus fica mais claro o conceito danecessidade da realização dos contraplanos da entrevista. Oscontraplanos são os enquadramentos que mostram o rosto do repórterno momento em que o entrevistado está falando ou ouvindo a perguntado repórter.
Sebastião Squirra (Aprender Telejornalismo)
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Ex - 004
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutosme digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no ano seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário, evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
desmentes,
apagas,
teu amor por mim.
Carlos Drummond de Andrade (As impurezas do branco)
Ex - 005
Você sabe o que é a teoria da evolução? Como funciona umaastronave? Por que o céu é azul e a água do mar salgada? O que é acamada de ozônio? Como o cérebro cria idéias? Quando surgiu a vidana Terra?
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Ex - 006
De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes (Soneto da fidelidade)
Lembre-se: esse exercício pode ser praticado a qualquer hora do diaou da noite. Utilize qualquer texto. O importante é que Você saia dazona de conforto (o não fazer nada de novo). Continue com osexercícios. Em breve será elogiado pela voz melodiosa e pela clarezacom que faz leituras ou fala aos amigos.
A vida é lutaQue, aos fracos, abate;Que, aos fortes,Aos bravos, sóPode exaltar.
Gonçalves Dias
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Lição 3Articulação de
Palavras e Frases Isoladas
Leia de forma clara, com o lápis na boca, por três vezes. Leia outravez, logo depois, sem o lápis, três vezes. Repita a seqüência seisvezes.
Ex - 007
R em final de palavra – Importante: faça o erre final suave, sem avibração rrrrrrr. Pronuncie o erre carioca, mas fique atento: amar édiferente de amá e atar é diferente de atá.
ATARAGIRABRIRAMARVIVERDIZER
SENTIRBRAMIRGRITARPARTIR
NADARCOMPRARLUTARSORRIROLHARBUSCAR
MEXERSAIRORARCHORAR
ENGRAVIDARALAVANCAR
ESPARGIRAZUCRINARESCORREGARESPREMERESPANTARREFULGIRENTENDERINSTRUIRTALHAREXIGIR
ESTUDARRECREAR
PACIFICARCONSENTIREMPENHARRAMIFICARCOALHARAMARGURARESTABELECERREPARTIRESTREMECEREDIFICAR
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AMEALHAREMAGRECERABOCANHARENVELHECERAPUNHALARESTRATIFICARFELICITAREMBEVECERENDOIDECERCAPACITAR
ESMORECER
ESCRUTINARRELAMPEJARENTABULARMULTIPLICARAPARELHARCOMUNICARMETRALHARENVELHECERREDOBRARVIVENCIAR
DIVAGAR
Ex – 008
Pronúncia do S em final de palavra – Este esse é sibilantecomo o esse paulista. Evite o esse chiado carioca.
LÁPISTRECOSLECOSFRISOSONDASRUASPÃES
RATOSCORDASLIRASRONCOSFALASROUCOSILHAS
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Ex - 009
S em final de palavra
JANELAS ROCHEDOS NOVELAS CANELASHISTÓRIAS CALÇADASPEGADAS VEXATÓRIASGRAMADOS ENCHARCADOSCARTÓRIOS SIMPLÓRIASANIMADAS RODEADOS
BATIZADOS PISOTEADOSCHAMUSCADOS ALIMENTADOSCHAPISCADOS ADORNADOSCOBERTORES GUARDADORESESTRANGEIROS LIMPADORESOBRIGAÇÕES ORDINÁRIASPROTETORES TREMORESARRUMAÇÕES ESCRITURÁRIOSEMPREGADORES PROMOÇÕESTEMERÁRIOS PLANTAÇÕESEXTRAORDINÁRIOS ARBITRÁRIOS
ESTIMULANTES ACARICIANTESGRITADORES FERRADURASAMARGURADOS AGRAVANTESPISADURAS DESTROÇADOS
ESTUDANTES EMPAREDADOSENERVANTES ENCAMINHADOSREFRESCANTES ENREGELADOSAPRESSADOS EMPOLGADOSELEGANTES RECALCADOSALOUCADOS BALBUCIANTESEMOCIONADOS ESTONTEANTESADOCICADOS LIMITANTESESTIRADOS FULMINADOSCOMPENSADOS ENDIABRADOSALONGADOS ENEGRECIDOSCOMPENETRADOS PLANEJADOSRECONQUISTADOS ESTIPULADOS
ARREDONDADOS DESENCORAJADOS
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Ex - 010
R e S finais em frases. Faça o final das frases vivo, com
energia. Não deixe o final da frase “morrer”.
Quando você atar, eles atam.
Se atares, deixa que os outros atem também.
Quando você agir, eles agem.
Se agires, deixa que os outros ajam também.
Quando você abrir, eles abrem.
Se abrires, deixa que os outros abram também.
Quando você amar, eles amam.
Se amares, deixa que os outros amem também.
Quando você sorrir, eles sorriem. Se sorrires, deixa que osoutros sorriam também.
Quando você agradecer, eles agradecem, Se agradeceres, deixa
que os outros agradeçam também.
Se pedires, outros podem pedir.
Se sorrires, outros podem sorrir.
Se lutares, outros podem lutar.
Se comprares, outros podem comprar.
Se nadares, outros podem nadar.
Se agires, outros podem agir.
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Ex - 011
R e S em finais de frases. Faça a pontuação na fala.
Os ventos batiam forte e as telhas de barro das casinhas do
bairro soltavam-se a todo o momento.
Pássaros multicoloridos presos em gaiolas faziam a festa das
agitadas crianças na feira.
Pingos de luz em todas as gotas de orvalho e cheiros de floresenchiam os ares daquela primavera.
Postes enfileirados, ônibus, caminhões e automóveis exaustos
subiam as rampas das ruas íngremes.
Duzentos, trezentos, quatrocentos ou talvez quinhentos
soldados, quem sabe, bloqueavam as ruas.
No temporal, relâmpagos, fortíssimos trovões e raios
assustadores faziam os instantes intermináveis.
As planícies avermelhadas do centro-oeste eram desafiadoras e
tinham encantos para os aventureiros.
Os dias corriam como águas de corredeiras e todos sentiam
dificuldades em seguir seus passos.
Os papagaios comiam os frutos verdes e seus gritos lembravam
festas de adolescentes em férias.
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Os batedores eram esforçados no trabalho e suas gastas
sandálias de couro diziam das suas qualidades.
Pequenas, médias e grandes - em cores variadíssimas - as bolasde gude eram disputadas pelos meninos.
Seis sóis se passaram antes de o índio retornar à aldeia com
variadas caças e diversos peixes.
Cavar e retirar a terra molhada, no meio da chuva, era como
construir castelos de areia à beira-mar.
Dizer do amor que tinha pelos pequeninos é tão difícil como
falar da dedicação que tinha pelos mais velhos.
O ar estava cheio de uma música que lembrava o mar em tardes
marcadas pelo subir e descer das ondas.
Errar é comum, mas errar tantas vezes como ele errou
decididamente era errar mais que qualquer um.
O brilhar dos fogos, o ruído ensurdecedor das músicas e o passar
rápido das pessoas anunciavam a festa.
Para conter o avanço do mar e proteger as construções das altas
marés, ele mandou construir o quebra-mar.
Para romper a rede de proteção e alcançar a liberdade o peixe
ficava horas e horas a saltar até se cansar.
Ele gosta de rebuscar o desenho em que imaginava encontrar a
mesma luz que encantara o seu olhar.
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No shopping sua programação era passear, olhar roupas,
comparar sapatos e observar, observar.
Caminhar cedo, trabalhar até o início da noite, ver teatro e beber
com os amigos era o que gostava de fazer.
Estava de férias e ia pescar, viajar, ler alguns livros e visitar
alguns parentes que desejava encontrar.
O estalar das paredes e o ronco do motor do carro no interior dacasa despertaram a vizinhança.
Ex - 012
R e S em finais de frases. Faça a pontuação na fala.
Os amigos eram poucos, realmente selecionados, prontos para
socorrê-los em todas as situações.
Ao comprar a casa o seu encanto fora o pomar rico em árvores
frutíferas e um encanto ao olhar.
Os seres superiores apresentam luzes que irradiam a felicidade
nas situações as mais diversas possíveis.
Seu olhar era terno e seus grandes olhos azuis pareciam encantar
a todos os rapazes que lá iam estudar.
Rosas de todas as cores e de perfumes variados eram oferendas
deixadas aos santos às sextas-feiras.
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Pintar era uma arte que tentava dominar desde que, menina,
começou a escrever e a desenhar.
Ruas, rampas, rosas, ramos, remos, rios, rumos, ralos, retos,
ritos, rotos, ratos, reles, rolos, roucos, renas.
Amar, beber, curtir, sentir, ouvir, falar, cantar, escrever, viver,
intuir, distrair, contrair, comparar, mostrar, prever.
Amados, queridos, admirados, enaltecidos, reconfortados,encaminhados, acompanhados, esquecidos.
Desejo de possuir, mania de comprar, ânsia de viver, sonhos a
realizar, etapas a vencer, desafios a superar.
Casas amarelas, automóveis vermelhos, ruas brancas, homens
amarelos, árvores marrons, pássaros verdes.
Brinquedos de armar, casas de montar, pastas para arquivar,
aparelho de cortar, fogo para assar.
As longas noites do verão estavam chegando ao fim. Noites
maravilhosas, inesquecíveis, intermináveis.
Desejava fazer uma composição especial. Queria compor uma
canção para ficar, para ser sempre lembrada.
Os meninos viviam em festas naquele inverno. As águas das
bicas eram disputadas como brinquedos raros.
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Os homens estirados debaixo das árvores pareciam bêbados.
Mas estavam apenas tirando sestas no almoço.
Viver perigosamente, viver e saber que a morte a qualquermomento pode chegar: coisa de policial militar.
Seus sapatos estavam sempre lustrados e refletiam os cuidados
pessoais que nele eram quase obsessivos.
Nossos melhores craques são vendidos como bananas muito
maduras aos clubes internacionais.
Organizar e criar uma associação, motivar pessoas a elas dedicar
horas de trabalho, é inovar, é liderar.
Os grupos vocais surgidos nas últimas décadas caracterizam-se
pelas coreografias ousadas e sons originais.
Ao comandar o florescer da arte, inicialmente foi pintar e
desenhar, junto ao mar, sempre ao entardecer.
Homens habilidosos, construtores dedicados, construíram as
trilhas que serviram de base às estradas atuais.
Ao compreender como difícil era arrancar a verdade dos seus
lábios preferiu partir a ouvir meias verdades.
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Aula 4
A Expressividade na
Leitura em Público
A fala sem tropeços, clara, com a pronúncia
correta das palavras é fundamental. Mas não é tudo. A forma de
dizer é a essência da Dicção. Recorde que, na introdução,
apresentamos uma pesquisa americana que verificou: a forma de
dizer é mais importante que a mensagem, em termos de impacto
pessoal, no primeiro momento.
A forma de dizer por meio da fala é um poderoso
instrumento a serviço do indivíduo. E a forma de dizer depende
do objetivo da comunicação: persuadir, informar, vender,
converter, ensinar...
Portanto, temos sempre um objetivo na
comunicação verbal. E ao falarmos, ou fazermos uma leitura em
voz alta, precisamos, antes, identificar o nosso objetivo
comunicativo para darmos expressividade às emoções e
colocarmos as ênfases na fala ou leitura que vamos fazer.
A forma de maior impacto na comunicação pelafala, verbal, é o contar estórias. Tanto na escrita quanto na fala
narrativa, temos um poderoso modo de envolver as pessoas, de
conquistá-las. A comunicação eletrônica – Rádio e TV – usa e
abusa do contar estórias. Por isso fique atento: ao ler, imagine
que o faz para um ouvinte específico, fale o texto – use um tom -
como se contasse uma estória para essa pessoa.
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Note que a leitura em voz alta é quase sempre
uma leitura para terceiros. Assim, sempre idealize um ouvinte
hipotético: a cadeira, a janela, a mesa... e leia com o tom decontador de histórias, olhando de quando em vez para essa
pessoa hipotética.
ORIENTAÇÕES PARA LEITURA – FALA DO TEXTO
• Leia, primeiro, o texto silenciosamente. Busque entender
o significado do mesmo e o objetivo da mensagem. Éuma mensagem alegre? Informativa? Irônica?
• Faça uma leitura preparatória com o lápis na boca. As
palavras que oferecem dificuldade de leitura devem ser
lidas isoladamente mais de uma vez. Leia a palavra
separando as sílabas e, depois, de forma corrida.
• Leia para uma pessoa em particular. Se estiver em um
auditório, visualize uma pessoa de cada vez, e não o
todo, e fale o texto para ela. Repito, fale como se
contasse uma história.
• Não quebre a leitura no meio da frase por falta de fôlego.
Respire no início das frases. Leia com voz mais alta os
trechos mais importantes, que você já sublinhou antes na
leitura silenciosa.
• As mesmas orientações dadas na Aula 1 continuam
valendo aqui. Leia cada texto com o lápis três vezes e
sem o lápis também três vezes. Conte a história para o
ouvinte hipotético, seja criativo, varie a leitura.
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Textos para Leitura – Fala
Ex – 013 - Leia como se estivesse conversando com um amigo
A língua que falamos
Esse negócio de língua estrangeira em país colonizado é fogo. A
começar que a nossa língua oficial, o português, nós a recebemos do
colonizador luso, o que foi uma bênção. Imagina se, como na África,
nós tivéssemos idiomas nativos fixados em profundidade, ou, então, se
fosse realidade a falada “língua geral” dos índios, que alguns
tentaram, mas jamais conseguiram impor como língua oficial do
brasileiro. Mesmo porque as tribos indígenas que povoaram e ainda
remanescem pelos sertões, cada uma fala o seu dialeto; o pataxó, por
exemplo, não tem nada a ver com o falar amazônico; pelo menos é o
que nos informam os especialistas.
Mas, deixando de lado os índios que nós, pelo menos,
pretendemos ser, falemos de nós, os brasileiros, com o nosso
português adaptado a estas latitudes e língua oficial dos nossos vários
milhões de nativos. Pois aqui no Brasil, se você for a fundo no
assunto, toma um susto. Pegue um jornal, por exemplo: é todo
recheado de inglês, como um peru de farofa. Nas páginas dedicadas ao
show business, que não se pode traduzir literalmente por arte teatral,
tem significação mais extensa, inclui as apresentações em várias
espécies de salas, ou até na rua, tudo é show. E o leitor do noticiário,
se não for escolado no papão, a todo instante tropeça e se engasga com
rap, punk, funk, soop-opera, etc, etc. Cantor de forró do Ceará, do
Recife, da Bahia só se apresenta com seu song book , onde as
melodias podem ser originalmente nativas, mas têm como
palavras-chave esse inglês bastardo que eles inventaram e não se
sabe se nem os próprios americanos entendem.
Rachel de Queiroz
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Ex - 014 - Conte a estória para o seu ouvinte invisível.
Chuí comanda o tráfego
No domingo, à hora cinzenta em que terminam as festas e
todos voltam meio decepcionados para casa, rugiam de impaciência
os automóveis ante o sinal vermelho. Alguns farolavam de longe,
pedindo passagem. Mas só o vermelho não cedia ao verde. E com a
força de seu símbolo, paralisava o tráfego.
Os terríveis moleques da praça perceberam a confusão. Chuí,
o principal deles, resolveu intervir. Vai para o meio do asfalto,
começa a acenar aos motoristas.Que passem! Livre estava o trânsito para a direita.
– Podem vir! Não estou brincando! É de verdade...
Hesitaram alguns a princípio. Depois romperam. Outros os
seguiram. Chuí, imponente, estende os braços para a rua principal.
Os motoristas enfim acreditam nele. E a imensa massa de veículos -
cadilaques, oldsmobiles, buíques, fordes e chevrolés – desfila ao
comando único do pequeno maltrapilho.
Em enérgico movimento, Chuí ordena aos carros que
parem. Gira o corpo, estica o braço, e manda que sigam pela
esquerda os da rua principal. No que é obedecido.
Passageiros e motoristas atiram moedas. Mas o
improvisado inspetor, cônscio de suas responsabilidades, sabe que
não pode abaixar-se para apanhá-las sem risco para o trânsito.
Quando, gritando de longe, a mãe do garoto o ameaçava
com uma coça, aparece, uniformizado, um inspetor de verdade.
Prende Chuí e o leva para o Distrito.
– Nós apanhamos as moedas para você – gritaram - lhe
os companheiros.
Não eram as moedas que ele queria, oh! Não era isso! O
que Chuí queria era voltar ao tráfego, continuar submetendo aqueles
carros enormes, poderosos, ao seu comando único, ao aceno de seu
bracinho...
SILVA, Elza M. Rocha. In: Aníbal Machado.
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Ex - 015 – Passe a receita para uma amiga em voz alta.
Receita
Ingredientes
2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos beatles
Modo de preparar
dissolva os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração
leve a mistura ao fogo
adicionando dois conflitos
de gerações às esperanças
perdidas
corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos
beatles o mesmo processo usado
com os sonhos eróticos mas desta
vez deixe ferver um pouco mais e
mexa até dissolver
parte do sangue pode ser
substituído por suco de
groselha mas os resultados
não serão os mesmos
sirva o poema simples
ou com ilusões
Nicolas Behr
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