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0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Elaine Ely Martins Godinho A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: o direito de brincar da criança de 3 a 5 anos e as estratégias de intervenção do educador infantil LINS-SP 2013

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pedagogia

Elaine Ely Martins Godinho

A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

o direito de brincar da criança de 3 a 5 anos e as estratégias de intervenção do

educador infantil

LINS-SP

2013

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ELAINE ELY MARTINS GODINHO

A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

o direito de brincar da criança de 3 a 5 anos e as estratégias de intervenção do

educador infantil

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação da profª Daniela Aparecida Francisco e orientação técnica da Profª Esp. Érica Cristiane dos Santos Campaner.

LINS – SP

2013

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Elaine Ely Martins Godinho

A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: o direito de brincar da criança de 3 a 5

anos e as estratégias de intervenção do educador infantil.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para

obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.

Aprovada em: _______/_____/_______

Banca Examinadora:

Profª. Orientadora: Daniela Aparecida Francisco

Titulação: Graduação em Pedagogia, Mestre em Estudos Literários.

Assinatura:________________________________

1º Profª: Karina de Fátima Gomes

Titulação: Graduação em Pedagogia, Letras, Especialista em Educação Especial e

Mestranda em Estudos Literários.

Assinatura:________________________________

2º Profª: Ana Paula Menoti Dyonísio

Titulação: Graduação em Pedagogia e Mestre em Estudos Literários.

Assinatura:________________________________

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Olivia e João, fonte de inspiração para a vida, que me apoiaram em

todos os momentos dando forças para que eu conquistasse mais essa vitória, que

não é só minha, é nossa!

À minha família que de uma forma ou de outra por meio de palavras, gestos, um

simples olhar, um sorriso, um abraço, ou uma singela palavra de carinho ou de apoio

contribuíram para que eu chegasse até aqui e crescesse como Ser Humano.

Especialmente dedico aos meus filhos Ana Carolina, Guilherme e Rafael, pela

paciência e generosidade em compreender a minha ausência em momentos de

nossas vidas durante as horas de estudos para a realização deste trabalho.

Ao meu namorado Josué, que sempre soube enfeitar os meus dias com seu sorriso,

gestos de carinho, seu amor.

E aquelas pessoas que direta ou indiretamente, contribuíram de alguma forma, para

que mais essa vitória fosse conquistada.

Obrigada a todos, de coração!

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AGRADECIMENTOS

À DEUS

“Senhor, por todos estes anos que estiveste conosco, a cada instante de nossa

batalha, que incomparável e inconfundível na sua infinita bondade, compreendeste

nossos anseios e nos deste a necessária energia e esperança para aprendermos a

assimilar os ensinamentos que nos foram transmitidos para resistirmos quando o

desânimo e o cansaço se abatia sobre nós, todo agradecimento seria pouco.

Foste luz em nossos dias mais turbulentos e sombrios, mantendo-nos sempre firmes

para a conclusão de trabalhos, provas, foste enfim, a coragem para que com garra

conseguíssemos atingir nossos ideais.

Nosso Deus Pai Querido, agora que deixamos de ser estudantes para sermos

profissionais pedimos sua orientação com a mais humilde simplicidade, para que

possa nos conduzir para o caminho do bem e da verdade, dando-nos força e fé para

enfrentarmos os momentos de importantes decisões.

Pedimos e rogamos para que continue abençoando cada um de nós que agora

seguirá seu próprio caminho.

Interceda Deus de Misericórdia em nossas vidas, em nossos lares dando firmeza

para que sejamos bem sucedidos no exercício de nossa profissão.

Obrigada por chegarmos onde estamos e por hoje não sermos piores nem melhores

que ninguém...

Obrigada por sermos seus filhos, simples mortais, mas grandes seres humanos”.

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RESUMO

A importância da brincadeira na educação infantil já foi comprovada por diversos estudiosos. Devido a isso, o trabalho de mediador dos educadores nas brincadeiras das crianças criam possibilidades diversas em relação ao aprendizado e desenvolvimento infantil. O presente trabalho objetiva, então, esclarecer e demonstrar a importância do ato de brincar na Educação Infantil por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo mediante análise qualitativa dos dados. Para isso, apresenta discussões de diversos teóricos sobre o tema, além da legislação atual, em que o direito de brincar da criança de 3 a 5 anos está assegurado. O papel do educador também é abordado e analisado teoricamente; praticamente sendo possível perceber a valorização que estes profissionais atribuem a brincadeira, como fator auxiliar para o desenvolvimento integral da criança. Palavras-chave: Brincar. Educação Infantil. Mediação. Estratégias de Intervenção.

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ABSTRACT

The importance of game in Child Education has already been proven by many

scholars. Due to this, the job as a mediator of the educators in play, creates several possibilities in relation to child’s learning and development. The present work aims to clarify and demonstrate the importance of the action of playing in Child Education by bibliographic research and field research through data qualitative analysis. For this, it presents many theorists discussions on the subject, beyond the current legislation, where the 3-5 years child’s right to play is assured. The educator’s role is also discussed and analyzed theoretical and practically, it’s possible to realize the appreciation that these professionals attribute to the game, as a contributing factor to the child’s development.

Keywords: Play. Child Education ./Mediation/ Intercession. Intervention strategies.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resposta da pergunta1......................................................................47

Tabela 2: Resposta da pergunta 2.....................................................................48

Tabela 3: Resposta da pergunta 3 ....................................................................49

Tabela 4: Resposta da pergunta 4 ....................................................................49

Tabela 5: Resposta da pergunta 5.....................................................................50

Tabela 6: Resposta da pergunta 6.....................................................................50

Tabela 7: Resposta da pergunta 7.....................................................................51

Tabela 8: Resposta da pergunta 8.....................................................................52

Tabela 9: Resposta da pergunta 9 ....................................................................53

Tabela 10: Resposta da pergunta 10.................................................................54

Tabela 11: Resposta da pergunta 11.................................................................55

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. ........ 10

CAPÍTULO I –O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................... 13

1 O SIGNIFICADO DO BRINCAR........................................................................ 13

1.1 A Importância do Brincar para a Aprendizagem.................................................. 14

CAPÍTULO II – A FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DO DIREITO DO BRINCAR 19

2 O DIREITO DO BRINCAR................................................................................... 19

2.1 Constituição Federal de 1988............................................................................... 19

2.2 A Convenção Internacional dos Direitos da Criança............................................ 20

2.3 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)...................................................... 21

2.4 Lei de Diretrizes e bases da Educação............................................................... 22

2.5 Resolução Nº. 5 de 17 de dezembro de 2009..................................................... 23

CAPÍTULO III – O PAPEL DO EDUCADOR INFANTIL.............................................. 24

3 O EDUCADOR INFANTIL E SEU PAPEL......................................................... 24

CAPÍTULO IV – ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO DO EDUCADOR INFANTIL 30

4 O EDUCADOR INFANTIL E A INTERVENÇÃO................................................. 30

4.1 A qualidade de ação do mediador....................................................................... 32

CAPÍTULO V – DADOS DA PESQUISA REALIZADA COM PROFESSORES DA

EDUCAÇÃO INFANTIL................................................................................................ 34

5 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS.............................................................. 34

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............ ......................................................... ......... 38

CONCLUSÃO................................................................................................... ......... 40

REFERÊNCIAS ........................................................................................ ......... 42

APÊNDICES ..................................................................................................... ......... 45

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INTRODUÇÃO

Ao iniciar o curso de Pedagogia, em várias disciplinas, o tema do brincar

esteve presente. E, as informações obtidas nas aulas, juntamente com as

observações no ambiente de trabalho, instigaram a tentar compreender a

importância deste ato aparentemente tão simples, mas que possui tamanha

importância dentro e fora da escola.

Durante a trajetória de trabalho em escolas públicas e ou privadas observa-se

o prazer das crianças no ato de brincar. Mesmo aquelas que demonstram-se

tímidas, em momentos de interação com outras crianças, apresentam grande alegria

e descontração.

De acordo com Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil,

(BRASIL, 2009), a educação infantil precisa considerar as especificidades do

desenvolvimento da criança em diferentes idades, no sentido de possibilitar a

exploração dos objetos e do ambiente. Isso significa proporcionar às crianças os

deslocamentos amplos no espaço, a imaginação, as manifestações simbólicas

infantis, a criação de significados, a expressão de ideias e sentimentos e a expansão

das experiências de cultura.

É preciso, então que a proposta pedagógica da educação infantil contemple

um espaço físico e um ambiente de aprendizagem estimulante, que favoreça o

desenvolvimento da autonomia e das potencialidades físicas, emocionais e

intelectuais da criança, bem como sua comunicação e socialização com seus pares.

A criança deve ser considerada e tratada como um ser integral e socialmente ativo.

(KUHLMANN JR., 2007)

Considerando então a importância da educação infantil, assim como a

necessidade do brincar nestes espaços, iniciou-se uma pesquisa para compreender

não apenas estes fatores, mas também como poderia intervir neste ambiente

pedagógico de brincar e aprender. Como professora, qual seria o papel no ato da

brincadeira? Como ser mediadora dos conflitos gerados entre as crianças sem

desautorizá-las e sem podar seu processo de busca, de autonomia?

Com estas questões, esta pesquisa foi iniciada, necessitando-se de um maior

conhecimento sobre a importância do brincar na educação infantil, respectivamente

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sobre o direito de brincar da criança de três a cinco anos e as estratégias de

intervenção do educador infantil.

Dessa maneira, o objetivo geral da pesquisa foi demonstrar a importância do

educador infantil no ato do brincar para agregar e estimular as crianças no ensino

infantil, apresentando regras, sugerindo modos de resolução de problemas e

atitudes alternativas, mediando possíveis conflitos e auxiliando o educando a gerir

seus sentimentos e frustrações.

Os objetivos específicos propostos foram: analisar se o direito de brincar da

criança de 3 (três) a 5 (cinco) anos na educação infantil, garantindo por diversas

instâncias legais é respeitado no contexto social; demonstrar a necessidade da

criança em brincar para um bom desenvolvimento cognitivo, físico e social; analisar

as estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores na educação infantil nas

brincadeiras das crianças quando as planejam, iniciam e direcionam e apontar a

importância do educador infantil como mediador nas brincadeiras para despertar a

criatividade da criança.

Para alcançar estes objetivos, utilizou-se de pesquisa bibliográfica sobre o

tema, além de análise e reflexão de questionários dirigidos a professores da

educação infantil. Quanto aos procedimentos bibliográficos, estes foram

desenvolvidos a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e

artigos científicos. Já os questionários se caracterizam pela interrogação direta das

pessoas, cujo comportamento se deseja conhecer. Procede-se a solicitação de

informação a um grupo significativo de pessoas, acerca de problema estudado para,

em seguida, mediante análise, obterem-se as informações correspondentes aos

dados coletados.

Para melhor organização deste estudo, o presente trabalho de conclusão de

curso foi dividido em cinco capítulos. O capítulo 1, intitulado ‘O significado de

brincar’ aborda o significado da palavra brincar, seu sentido real, aplicado na

atualidade nas escolas de educação infantil e também a importância que o ato de

brincar adquiriu, como ponto fundamental da cultura da infância, a brincadeira como

uma atividade humana, na qual as crianças são inseridas apropriando-se da cultura

em um modo de assimilação e recriação.

No capítulo 2, ‘Fundamentação jurídica do brincar’, elenca-se o brincar como

um direito da criança, garantido não apenas pela sua importância, mas por diversas

leis que regem a educação no país e por acordos internacionais que valorizam o

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brincar não apenas como atividade rotineira, mas como algo intrínseco e essencial

ao desenvolvimento do infante.

No capítulo 3, ‘O papel do educador infantil’, abordamos a atuação do

professor, que torna-se um investigador do que a criança pensa e sente na medida

em que se posiciona como um parceiro acolhedor e intérprete da rica diversidade de

manifestações infantis. Apresenta-se o educador como mediador na brincadeira

infantil.

Já no capítulo 4, denominado ‘Estratégias de intervenção do educador

infantil’, demonstra que a tarefa dos professores é colocar a criança em

circunstâncias favoráveis, que lhes permitam descobrir aquilo que ela deve saber, ou

seja, é criar situações mais estimuladoras para que a criança, por si mesma,

descubra o conhecimento.

Por fim, o capítulo 5, ‘Resultados da análise qualitativa’ apresenta os

resultados obtidos durante a pesquisa, pela análise dos questionários sobre o

brincar respondidos por professores que lecionam na educação infantil.

Após o desenvolvimento dos capítulos, apresenta-se a Proposta de

Intervenção, as Considerações Finais e o modelo do questionário utilizado, anexo a

este trabalho.

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CAPÍTULO I

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

1 O SIGNIFICADO DO BRINCAR

Atualmente, muito se tem discutido sobre o sentido e a importância do brincar.

Devido a este fato, compreender o conceito de brincar torna-se imprescindível ao

educador e ou pesquisador que estuda este tema, em uma tentativa de

compreender seu papel no desenvolvimento infantil.

Segundo o dicionário Aurélio (Ferreira, 2003), brincar é "divertir-se, recrear-

se, entreter-se, distrair-se, folgar", mas também pode ser "entreter-se com jogos

infantis", ou seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, enquanto crianças

e até mesmo na idade adulta, ou pelo menos deveria ser.

Na Enciclopédia e Dicionários Porto Editora, o brincar é divertir-se (com

jogos); entreter-se (com brincadeiras infantis); gracejar, zombar ou até mesmo

proceder com leviandade (em relação ao algo).

A complexidade da palavra pode ser verificada quando observa-se o uso

geral da palavra brincar na língua inglesa, o termo play (em português, brincar ou

jogar) pode ser considerado um substantivo, um verbo, um advérbio e um adjetivo -

um jogo ou um objeto para brincar, como uma peça de teatro ou um brinquedo; agir

em relação a um método ou modo; realizar alguma coisa de forma divertida; ou

pode-se descrever alguém como uma ‘criança divertida’.

Mesmo nesse nível básico de atribuição de sentido da palavra brincar não é

fácil distinguir um significado único que poderia ser atribuído exclusivamente ao

‘brincar infantil’, pois ele provavelmente seria uma combinação de muitas dessas

designações à ação de brincar.

Moyles (2006), afirma que faz mais sentido o brincar como um processo que

em si mesmo abrange uma variedade de comportamentos, motivações,

oportunidades, práticas, habilidades e entendimentos.

De acordo com Oliveira, em seu livro ‘Educação Infantil muitos olhares’ (2000)

o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma

das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e

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com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece por meio de trocas recíprocas

que se estabelecem durante toda sua vida. Assim, através do brincar a criança pode

desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a

imaginação, ainda propiciando o desenvolvimento de áreas da personalidade como

afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade, além da constante

necessidade de resolver conflitos entre seus pares.

Apesar dos diversos sentidos e significados atribuídos à palavra brincar, como

se pode observar pelo trabalho dos pesquisadores apresentados neste trabalho de

pesquisa utilizou-se o brincar com o sentido de uma interação entre as crianças,

aprendizagem para a vida no atual contexto social, político e pedagógico da

educação infantil brasileira, sendo uma atividade de extrema importância para o

desenvolvimento saudável da criança.

1.1 A importância do brincar para a aprendizagem

Brincar é a primeira forma de cultura. A criança que brinca livremente e no

seu nível de desenvolvimento, à sua maneira, está não só explorando o mundo ao

seu redor, mas também comunicando sentimentos, ideias, fantasias, intercambiando

o real e o imaginário num terceiro espaço, o espaço do brincar e das futuras

atividades culturais.

No brincar, a criança lida com sua realidade interior e sua tradução livre da

realidade exterior: é também o que o adulto faz quando está filosofando, escrevendo

e lendo poesias, exercendo sua religião. Brincar é também raciocinar, descobrir,

persistir e perseverar; aprender a perder percebendo que haverá novas

oportunidades para ganhar; esforçar-se, ter paciência, não desistindo facilmente e

se empenhando na resolução de conflitos.

Brincar é viver criativamente no mundo. Ter prazer em brincar é ter prazer em

viver. Brincar com espontaneidade, sem regras rígidas e sem precisar seguir

estritamente os folhetos de instruções dos brinquedos, é explorar o mundo por

intermédio dos objetos. Enquanto usa, manipula, pesquisa e descobre um objeto, a

criança chega às próprias conclusões sobre o mundo em que vive. Quando puxa,

empilha, amassa, desamassa e dá nova forma, a criança transforma, brincando e

criando ao mesmo tempo.

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Segundo Maria Marcondes Machado (1994), em seu livro ‘ O Brinquedo-

sucata e a criança’ A importância do brincar- Atividades e materiais, esclarece que

brincando a criança pode transformar o mundo e os objetos nele existentes, dar

novas formas a materiais como quiser, criando instrumentos para o crescimento

mais saudável, que estimula a explorar o mundo de dentro e o mundo de fora dando

a eles novas possibilidades, no presente e no futuro, a partir de sua vivência. Brincar

é, para a criança pequena, o que trabalhar deveria ser para o adulto: fonte de

autodescoberta, prazer e crescimento.

Brincar é um aprendizado de vida que leva as crianças para esse ou aquele

caminho: para traçar seu próprio percurso ou para tê-lo traçado pelos pais,

professores, tios, namorados, vizinhos. Tudo depende de como as crianças brincam

e qual a atitude dos adultos ao redor em relação a essas brincadeiras. Brincar é

também um grande canal para o aprendizado, senão o único canal para verdadeiros

processos cognitivos.

Para aprender precisa-se adquirir certo distanciamento das pessoas e é isso

que a criança pratica desde as primeiras brincadeiras. Através do filtro do

distanciamento podem surgir novas maneiras de pensar e de aprender sobre o

mundo. Ao brincar, a criança pensa, reflete e organiza-se internamente para

aprender aquilo que ela quer, precisa, necessita, está no momento de aprender; isso

pode não ter a ver com o que o pai, o professor ou o fabricante de brinquedos

propõem que ela aprenda. O adulto precisa também estar distanciado, ausente, mas

presente ao mesmo tempo, apostando na sabedoria daquela criança, respeitando o

seu momento, suas ideias, hipóteses, sentimentos e pensamentos, seus sonhos!

Considerando todas as afirmações acima, sobre o ato de brincar, indaga-se: o

brincar realmente é capaz de elevar o padrão da educação inicial? A resposta para

esta questão não é simples de ser respondida. No entanto, elenca-se as ideias mais

correntes entre os pesquisadores deste tema.

De acordo com o que vários autores sugerem, há muitas evidências indicando

que experiências curriculares infantis baseadas no brincar geram e estimulam a

elevação dos padrões na educação infantil e posterior. Os elementos lúdicos do

brincar, incluindo o modo como envolvem os contextos do brincar de faz-de-conta,

permitem mais oportunidades de criatividade e de brincar linguístico e constituem

oportunidades de ensaio e prática. Talvez um dos maiores atributos do brincar seja

as oportunidades que ele possibilita de aprender-se a viver com o não saber, pois

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reconhece-se prontamente que aprende-se mais efetivamente por meio de tentativa

e erro.

Holt (1991), em seu livro ‘Como Aprendem as Crianças’ esclarece que o

brincar é uma maneira não ameaçadora de manejarmos novas aprendizagens

mantendo, ao mesmo tempo, nossa autoestima e autoimagem. O brincar é um

convite a manejar novas aprendizagens, principalmente na educação infantil. As

crianças brincam sobre aquilo que sabem geralmente através da imitação.

Na brincadeira, as crianças representam papéis do dia a dia, daquilo que

vivem e convivem na vida real e que reproduzem no faz de conta podendo criar e

recriar a realidade. Se o adulto estiver atento a esses momentos poderá auxiliar a

criança em ampliar seu repertório de conhecimento e suas vivências, mas em

especial despertar a criatividade, a espontaneidade e a curiosidade.

É fato que brincar é coisa séria, que auxilia o ato de aprender, conviver e ser

da criança. As crianças tem um estilo de aprendizagem que se adapta às suas

condições e utilizam-nas naturalmente até o momento em que as impedem de fazê-

lo.

Conhecer as necessidades de aprendizagem das crianças também permite

ao adulto abranger as noções de Vygotski (1998) e Bruner (1978), respectivamente,

em relação à ‘zona de desenvolvimento proximal’ a partir de um processo que se

proporciona à criança um apoio necessário naquele momento, que poderá ser

retirado mais tarde, quando ela deixar de precisar dele.

A zona de desenvolvimento proximal diz respeito à co-construção de

conhecimento e significados, realizada dentro de contextos nos quais há a

necessidade de participação de um par mais competente, o qual conduzirá e ajudará

seu parceiro de modo a desempenhar algo, chegar a algum ponto no qual ele não

chegaria de maneira independente. A aprendizagem deve levar ao desenvolvimento

cognitivo. Desenvolvidos,serão capazes de interagir dentro de novos contextos. E

por meio da interação que constrói-se o conhecimento, dando-se significado às

coisas. Tendo-se diferentes motivos, diferentes bagagens, diferentes histórias,

vivendo-se em ambientes distintos. Construção é um processo dialógico, dialético,

transformacional. As pessoas após vivenciarem determinadas experiências,

tranformaram-se.

Compreender o conceito de zona de desenvolvimento proximal é

extremamente necessário para que possa-se saber trabalhar com o conhecimento

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potencial em desenvolvimento. O envolvimento profundo por parte da criança é

necessário e deve ser permitido e incentivado pelos adultos, para que o brincar seja

realmente desafiador e contribua de forma integral para o processo de

aprendizagem (MONGHAN-NOUROT ET AL, 1987).

A criança sempre se comporta, na brincadeira, além do que está habituada,

além de seu comportamento diário, como se ela fosse maior do que é na realidade.

(VYGOTSKY, 2000). Pode-se dizer, então, que, mesmo quando brinca

espontaneamente, a criança não está apenas passando o tempo, já que sua escolha

é motivada por razões e reações internas, desejos e ansiedades. O que ocorre em

sua imaginação é o que determina suas atividades, o brincar funciona com sua

linguagem secreta, sua forma de interagir com o meio, o que deve ser respeitado,

mesmo quando não compreendemos.

Observa-se que as crianças pequenas, especialmente as que estão na fase

da educação infantil, procuram compreender o mundo adulto fazendo uso de alguns

objetos, transformando-os de acordo com suas necessidades, para representar

situações já vivenciadas ou pessoas de seu convívio, imitando-os.

É uma forma da criança ir entrando no mundo adulto pouco a pouco,

elaborando e reinventando a realidade a partir da fantasia. Quando está brincando, a

criança pode, então, se tornar algo que não é, ou melhor, que ainda não é, porque,

por meio da brincadeira, ela pode tudo que imaginar, agir com objetos inexistentes,

interagir segundo padrões não determinados pela realidade do espaço social em

que vive e ultrapassar os limites que lhe são apresentados. (PRADO, 1998)

De acordo com Leontiev (2001), em se livro ‘Os Princípios Psicológicos da

Brincadeira Pré-escolar’, o brincar e o uso dos brinquedos aparecem na vida da

criança como necessidade de interação com o mundo dos adultos: “[...] a percepção

que a criança tem do mundo, dos objetos humanos determina o conteúdo de suas

brincadeiras”. O brincar também possibilita às crianças desenvolverem suas próprias

habilidades de pensamento. Elas superam a sua própria condição infantil, agindo

como se fossem maiores, desafiando seus limites, “uma necessidade de agir como

um adulto surge na criança, isto é, de agir da maneira como ela vê os outros agirem,

da maneira que lhe disseram e assim por diante”. (LEONTIEV, 2001, p.125)

Para Leontiev (2001), de fato, o brincar constitui o mais alto nível de

desenvolvimento infantil por fornecer ampla estrutura básica para mudanças das

necessidades e da consciência, proporcionando a ação na esfera imaginativa, sendo

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que a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real

favorecem o desenvolvimento.

Quando brinca, a criança potencializa e pratica os quatro pilares da educação

propostos por Delors (1998) à UNESCO, como forma integral de desenvolvimento:

ela aprende a conhecer, aprende a fazer, aprende a conviver e aprende a ser.

Por meio da brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimenta

formas de comportamento e se socializa, descobrindo o mundo ao seu redor.

Brincando com outras crianças encontra seus pares e interage socialmente,

descobrindo, desta forma, que não é o único sujeito da ação, e que para alcançar

seus objetivos, precisa considerar o fato de que outros também têm objetivos

próprios.

A atividade lúdica é, portanto, uma das formas pelas quais a criança se

apropria do mundo, e pela qual o mundo humano entra em seu processo de

constituição, enquanto sujeito histórico.

O brincar pode representar, então, um suporte para a aprendizagem e para

solução de problemas, mas também precisa-se levar em conta a função do

brinquedo como um todo e lembrar que há inúmeros tipos de jogos, brinquedos e

brincadeiras que, apesar de propiciarem uma ação no mundo imaginário da criança,

também podem vir acompanhados de desprazer e frustração. O trabalho com jogos

não é o foco desta pesquisa, mas assim como o brincar, seu uso possibilita

crescimento às crianças, na área social, cognitiva e afetiva.

Levando em consideração as informações apresentadas neste tópico, é

possível pensar no papel que o brincar ocupa no desenvolvimento infantil e na

aprendizagem da criança, sendo fator importantíssimo em sua vida.

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CAPÍTULO II

A FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DO DIREITO DO BRINCAR

2 O DIREITO DO BRINCAR

Devido a tantas pesquisas realizadas por estudiosos e educadores sobre os

diversos aspectos do brincar, sua importância ganhou cenário e institui-se na forma

de lei. O brincar tornou-se um direito da criança, devendo ser garantido e efetivado

dentro do contexto escolar em uma tentativa de garantir o direito à infância.

O brincar, como um direito com fundamentação jurídica, destaca-se como um

viés essencial para o desenvolvimento social e educacional da criança. A criança

também precisa contar com um educador competente para estimular, garantir e

permitir que ela manipule sua ludicidade como forma de ser ou estar no mundo, pois

a efetivação do seu direito ao brincar só acontece por meio da orientação do

profissional responsável por essa mediação: o professor.

Dessa maneira pergunta-se quais são as leis que prevêem e garantem o

direito da criança ao brincar? Qual a sua relação com a construção, consolidação

dos direitos voltados para a infância? Como a escola, lugar privilegiado de promoção

dos direitos da criança, planeja seus espaços, tempos e vivências para garantir o

direito de brincar? Sendo o educador agente especial para a promoção do direito de

brincar, como pensar na sua formação profissional e na sua postura para permitir e

estimular o brincar como um direito, bem como expressão de liberdade e cidadania?

Tentar-se-á, a partir de agora, responder a estas questões por meio da

legislação referente ao tema em destaque, tanto nacional como internacional.

2.1 Constituição Federal de 1988

A Constituição Federal de 1988 definiu uma nova doutrina em relação à

criança, que é o reconhecimento oficial da criança como sujeito de direitos. Desde a

Constituição de 1988 ficou legalmente definida que os pais, a sociedade e o poder

público têm que respeitar e garantir os direitos das crianças definidos no artigo 227:

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É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão. (BRASIL,1988).

Considerando o texto deste artigo, nem os pais ,nem as instituições de

atendimento, nem qualquer setor da sociedade ou do governo poderão tomar

atitudes desfavoráveis em relação às crianças. Todos são obrigados a respeitar os

direitos definidos na Constituição do país que reconheceu a criança como um

cidadão em desenvolvimento.

Quanto ao brincar, a Constituição Federal de 1988 focaliza a conjunção dos

direitos ao lazer, à convivência familiar, à convivência comunitária e o direito ao não

trabalho, que é muito mais do que um ‘direito ao ócio’. É a garantia da possibilidade

da brincadeira.

Ao tornar a criança um sujeito de direitos, a Constituição Federal de 1988

abriu novas possibilidades aos infantes, coroado com a Lei nº 8.069, de 13 de julho

de 1990; o Estatuto da Criança e do Adolescente.

2.2 A Convenção Internacional dos direitos das crianças

A infância é, na sociedade contemporânea, fase de direitos e liberdades,

momento em que as crianças, consideradas sujeitos de direitos, não são meros

objetos de intervenção adulta.

Sustenta-se também que ela, como sujeito de direitos e liberdades, é

considerada um ‘sujeito’ dentro da comunidade humana e isso significa a construção

e consolidação das singularidades próprias desta etapa.

A construção e a consolidação dos seus direitos fortalecem a concepção de

criança como ser social, de acordo um lento processo histórico de reconhecimento e

legitimação da criança como ser que necessita de proteção e amparo legais.

A Convenção Internacional dos Direitos das Crianças ( Brasil, 1989)

resultante desta caminhada histórica e social em prol dos direitos imprimiu marcas

significantes para o chamando processo de libertação das crianças. Até a chegada

desta convenção a trajetória contemplou dois textos declaratórios que a precederam

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(em 1924 e 1959). Estes textos indicavam a confirmação dos direitos da criança de

acordo com os princípios protecionistas e éticos.

Somente com a convenção de 1989, a criança é vista como um verdadeiro

sujeito de direitos, conferindo-lhe um status jurídico e social de marco libertador.

Apesar de todo o texto da Convenção ser extremamente importante, no

contexto desta pesquisa ressalta-se o papel especial do direito de brincar

expressamente destacado no art. 31 da Convenção Internacional dos Direitos da

Criança (1989):

a) os Estados Partes reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos

livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias da sua

idade e de participar livremente na vida cultural e artística.

b) os Estados Partes respeitam e promovem o direito da criança de participar

plenamente na vida cultural e artística e encorajam a organização, em seu

benefício de formas adequadas de tempos e de atividades recreativas,

artísticas e culturais, em condições de igualdade.

O texto deste artigo faz com que compreenda-se reconhecimento da infância

que abarca o processo de descoberta de si próprio e dos outros, concedendo ao

brincar e aos jogos educativos condição indispensável para que ela usufrua de sua

liberdade, em termos de agilidade, de faz-de-conta e de imaginação.

Pelo fato de se reconhecer a criança como sujeito, de direitos e de liberdades,

destina-se a ela o reconhecimento de todas as suas manifestações primordiais como

o próprio brincar e, por outro lado sinaliza a conjugação entre direitos e a

responsabilidade educativa dos adultos para garantir a liberdade neste período de

desenvolvimento humano.

2.3 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal 8.069 de 13 de Julho de

1990, também conhecido como ECA, explicitou melhor cada um dos direitos da

criança e do adolescente, assim como os princípios que devem nortear as políticas

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de atendimento à criança e ao adolescente. Determinou ainda a criação dos

Conselhos da Criança e do Adolescente e dos Conselhos Tutelares.

Segundo o ECA (Brasil, 1990) os conselhos devem seguir as diretrizes

políticas e zelar pelo respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes, entre os

quais o direito à educação, que às crianças pequenas incluirá o direito a creches e

pré-escolas.

O ECA também acredita que o brincar tem seu valor, pois é a maneira pela

qual a criança sente, expressa e experimenta o mundo, além de ser um elemento

formador da personalidade e identidade infantil. Dessa forma, o brincar como um

direito também deve encontrar espaço dentro do contexto escolar como linguagem

primordial da criança para que ela se desenvolva social, física e cognitivamente.

O artigo 16, inciso IV da Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990 do ECA, que

regulamenta que a criança tem direito à liberdade de brincar, praticar esportes e

divertir-se.

O brincar é um direito fundamental de liberdade que encontra respaldo nos

princípios da dignidade e do valor inestimável da infância para a formação de

pessoas cidadãs. A escola como segmento da sociedade, deve garantir e promover

este direito, o que consequentemente garantirá o direito à infância.

Destaca-se a importância do currículo, da organização do trabalho

pedagógico, bem como a formação lúdica do educador que deve ser um parceiro

competente, facilitador e estimulador de vivências lúdicas em todo o processo de

educação da criança.

2.4 Lei de Diretrizes e Bases da Educação

A Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (LDB)

regulamenta a educação infantil, definindo-a como primeira etapa da educação

básica (art.21/I) e que tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até

seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade. (art.29).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, reafirma o

direito à educação para as crianças, a partir do seu nascimento, até o término do

ensino médio, sendo que neste período será de responsabilidade da União, dos

Estados e dos Municípios.

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2.5 Resolução Nº 5, de 17 de dezembro de 2009

A referida resolução fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil.

As novas diretrizes devem ser observadas pelas escolas na organização das

suas propostas pedagógicas e dos curriculares para as crianças da creche e da pré-

escola.

A trajetória da criança na Educação Infantil passa a ser avaliada pelos

professores, como um instrumento para obter informações sobre o rendimento

escolar da criança nessa faixa de idade, que vai reconhecer suas habilidades e as

áreas onde deve ser ajudada para suprir suas dificuldades.

Há necessidade de que o currículo da educação infantil, as práticas busquem

articular as experiências e os saberes das crianças com os saberes que fazem parte

do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico.

A resolução reforça que é obrigação do Estado garantir a oferta de educação

infantil pública, gratuita e de qualidade, sem exigência de seleção.

O parágrafo 2º do artigo 5º ressalta que “é obrigatória a matrícula na

educação infantil de criança que completam quatro ou cinco anos até o dia 31 de

março do ano letivo. Antes disso devem ser matriculadas na creche.” (BRASIL,

2009)

Como pode-se observar, pelos textos de leis apresentados, o brincar já é

uma necessidade consolidada quando pensa-se na educação das crianças. Sua

importância é incontestável, como verifica-se nos artigos de leis citados acima.

A Constituição Federal, lei maior do país já apresenta uma mudança no

panorama da infância ao apresentar a criança como um sujeito de direitos. O

Estatuto da Criança e do Adolescente, assim como a Convenção Internacional dos

Direitos das Crianças apenas corroboram esta máxima, assim como a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

No entanto, pode-se perguntar: como os educadores lidam com o brincar na

educação infantil e como devem se portar enquanto mediadores.

Questões que serão respondidas nos próximos capítulos.

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CAPÍTULO III

O PAPEL DO EDUCADOR INFANTIL

3 O EDUCADOR INFANTIL E SEU PAPEL

Estudos realizados sobre a história da infância mostram que a criança vê o

mundo por meio do brinquedo. Para alguns autores, o brincar e o jogar documentam

como o adulto coloca-se com relação à criança e mostram suas concepções e

representações do sujeito criança.

A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância

carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil,

desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos

conteúdos, a fim de se renovar a cada nova geração. É pelo brincar e repetir a

brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer,

incorporando-o a cada novo brincar.

A brincadeira é algo de pertence à criança, à infância. Através do brincar a

criança experimenta, organiza-se, regula-se, constrói normas para si e para o outro.

Ela cria e recria , a cada nova brincadeira, o mundo que a cerca. O brincar é uma

forma de linguagem que a criança usa para compreender e interagir consigo, com o

outro, com o mundo. É através do jogo e pelo brinquedo que a criança vai

constituindo-se como sujeito e organizando-se.

O brincar proporciona a troca de pontos de vista diferentes, ajuda a perceber

como os outros o vêem, auxilia a criação de interesses comuns, uma razão para que

se possa interagir com o outro. Ele tem, em cada momento da vida criança, uma

função, um significado diferente e especial para quem dele participa. Aos poucos, os

jogos e brincadeiras vão possibilitando às crianças a experiência de buscar

coerência e lógica nas suas ações governando a si e ao outro. Elas passam a

pensar sobre suas ações nas brincadeiras, sobre o que falam e sentem, não só para

que os outros possam compreendê-las, mas também para que continuem

participando das brincadeiras.

O ato de brincar (jogo, brinquedo, brincadeira) proporciona às crianças

relacionar as coisas umas com as outras, construindo o conhecimento. Esse

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conhecimento adquirido pela criação de relações e não por exposição de conceitos

isolados é resultante das atividades lúdicas que a criança o faz.

Brincar e jogar são meios de expressão e crescimento da criança.

No brincar, ocorre um processo de troca, partilha, confronto e negociação,

gerando momentos de desequilíbrio e equilíbrio, propiciando novas conquistas

individuais e coletivas. Portanto, a ação de brincar é fonte de prazer e ao mesmo

tempo de conhecimento.

Uma criança só pode aprender bem, se puder seguir sendo criança na

aprendizagem, construindo e transformando o real com os recursos da fantasia e da

imaginação. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a

brincar.

No Brasil, a Educação Infantil tem sido objeto de estudos ao longo da História.

Constata-se que, durante o início do século XX, praticamente não existia uma

política que regulamentasse o atendimento educacional de crianças. Segundo

ANTUNES (2004, p.13) “no Brasil, o atendimento de crianças de zero a seis anos,

em creches e pré-escola, constitui direito assegurado pela Constituição Federal de

1988, consolidada pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)” que

estabelece a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica e deve

ser oferecida pelos sistemas de ensino em complementação à ação da família e

comunidade, onde as propostas pedagógicas devem estar articuladas com a faixa

etária de cada aluno, proporcionando condições totais de desenvolvimento.

Desse modo, as questões atuais nos levam a refletir sobre as práticas

pedagógicas voltadas para a criança e provocam a necessidade de ressignificar e

organizar os espaços educacionais da Educação Infantil, de forma a estruturá-los,

criticamente, diante das transformações sociais que afetam a criança na

contemporaneidade.

A partir desse estudo exploratório, verifica-se que o brincar é um instrumento

eficaz e, se convenientemente estruturado, contribui para o processo de

desenvolvimento infantil, pois jogos e brincadeiras fazem parte da vida da criança,

desde muito cedo ela participa de várias situações lúdicas.

Em função disso, é essencial que, os professores resgatem as atividades

lúdicas, na pré-escola, de modo que esse processo trabalhe com a diversidade e

desperte a vontade para o aprender. Pode-se dizer que todo ser humano pode

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beneficiar-se dos jogos e brincadeiras, tanto pelo aspecto lúdico de diversão e

prazer quanto pelo aspecto de aprendizagem.

Dentro dessa perspectiva, justifica-se a escolha do tema na tentativa de

possibilitar aos educadores a compreensão de que o brincar propicia conhecimentos

aos alunos, e sua utilização deve ser considerada como um instrumento integrado

ao processo ensino-aprendizagem, pois, além de contribuir para o desenvolvimento

cognitivo, garante também a construção dos alicerces de sua afetividade,

socialização e inteligência e, consequentemente, em seu desenvolvimento integral e

harmônico.

O educador infantil, atento ao desenvolvimento social de suas crianças,

organiza jogos e brincadeiras para serem realizados em pequenos grupos para que,

aos poucos, a criança consiga basear suas relações no respeito mútuo, na

cooperação e na reciprocidade.

As regras ou normas disciplinares nunca devem ser impostas pelo adulto,

uma vez que as crianças ainda consideram essas normas obrigatórias e, como

sabemos, para chegarem a uma verdadeira autonomia é preciso que elas

compreendam as razões e o significado das regras. Assim, quando houver

necessidade de determinar as normas que orientarão as atividades da sala, elas

serão decididas em conjunto. Uma vez estabelecida ,porém, a regra deverá ser

sempre cumprida.

Os diálogos entre o professor e as crianças proporcionam momentos de

discussão, levando, posteriormente, à tomada de decisões que impliquem acordo

entre as partes. É de esperar que o adulto esteja sempre disposto a discutir com as

crianças as razões que o levam a tomar esta ou aquela atitude.

Brincar e ou jogar, na escola, não é exatamente igual a brincar em outras

ocasiões, porque a vida escolar é regida por algumas normas que regulam as ações

das pessoas e as interações entre elas e, naturalmente, estas normas estão

presentes, também, nas atividades diárias da criança. Assim as brincadeiras e os

jogos têm uma especificidade quando ocorrem na escola, pois, são mediadas pelas

normas institucionais.

A utilização do brincar, como recurso pedagógico, tem de ser vista,

primeiramente, com cautela e clareza. Brincar é uma atividade essencialmente

lúdica, se deixar de sê-lo, descaracteriza-se como jogo ou brincadeira. Todavia, não

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se pode restringir o brincar a esta função, uma vez que ele promove a constituição

do próprio indivíduo.

ANTUNES (2004, p.31) afirma que “brincando as crianças constroem seus

próprios mundos.” Dessa forma, incluir o jogo e a brincadeira na escola tem como

pressuposto, o duplo aspecto da construção do conhecimento e o desenvolvimento

da criança enquanto indivíduo, processos, estes que estão intimamente interligados.

É função da escola e do educador levar a criança, em qualquer nível de

ensino e período de desenvolvimento, a obter experiências e informações que

enriqueçam seu repertório, bem como procedimentos metodológicos que permitam

integrar sucessivamente estes novos conhecimentos àqueles que a criança já

detém.

Isto implica, necessariamente, trabalhar com o instrumental que a criança

dispõe em cada etapa de seu desenvolvimento, ou seja, com as formas de intervir e

apreender o real e com o imaginário que o ser humano vai adquirindo ao longo da

vida.

Os jogos, como forma de atividade humana desenvolvida na escola, têm

também uma função informativa para o professor. De acordo com Borges (1994,

p.15), “ser educador pré-escolar é, antes de tudo, conseguir manter uma profunda

relação empática com a criança, é viver com ela, intensamente, cada momento

desse processo, num envolvimento tal que possa promover o desenvolvimento de

ambos: o professor e aluno”.

Assim, ao observar um jogo ou brincadeira e as interrelações entre as

crianças em sua realização, o educador aprende bastante sobre seus interesses,

podendo perceber o nível de realização em que elas se encontram, suas

possibilidades de interação, sua habilidade para se conduzir, de acordo com as

regras do jogo, assim como suas experiências do cotidiano e as regras de

comportamento reveladas pelo jogo de faz-de-conta.

A partir de suas observações, o educador terá condições de programar

atividades pedagógicas que desenvolvam os conceitos de número, quantidade,

lateralidade, noções de espaço, de direção que as crianças já estão constituindo,

que sejam adequadas às possibilidades reais de interação e compreensão que os

educandos apresentam em determinado estágio de seu desenvolvimento. A ação do

educador deve ser, antes de tudo, refletida, planejada e, uma vez executada,

avaliada. É importante que a ação do educador se oriente no sentido de ampliar o

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repertório das crianças, não só do ponto de vista linguístico, como também do

cultural.

No planejamento, precisam ser explicitados que conceitos devem ser

desenvolvidos, os conteúdos a serem trabalhados e as expectativas de realização

das crianças, pois, para Rizzo (1992, p.330) “as atividades proporcionadas pela pré-

escola devem permitir a cada uma o alcance de vários objetivos e cada objetivo

pode também ser atingido por diferentes atividades”. A partir dessa definição,

deve-se selecionar o tipo de atividade que poderá ser utilizada para atingir tal fim, o

qual poderá ser alguma forma de jogo ou de expressão artística.

É indispensável que o educador esteja permanentemente aberto a uma

análise sincera da coerência que consegue manter entre os princípios educacionais

que adota, suas atitudes no relacionamento com o grupo e as atividades que realiza.

Cabe-lhe ainda estar atento para garantir a inclusão, em seu planejamento, de uma

variedade adequada de estímulos, através de atividades que atendam as

necessidades ou interesses da turma.

O educador precisa estar atento à sua própria avaliação, percebendo até que

ponto o fato de uma criança não estar se desenvolvendo bem ou apresentar

problemas de comportamento indica que a metodologia utilizada, as atividades

oferecidas ou o relacionamento afetivo que mantém com o grupo não são

adequados. A todas essas constatações o educador responderá com uma análise

de suas falhas e uma busca de novas alternativas que possam atender melhor às

necessidades do grupo ou de cada criança.

Como suporte para o seu processo de autoavaliação o educador pode utilizar

seu próprio planejamento e os relatórios e fichas de observação das crianças.

No planejamento haverá espaço para que sejam anotadas as atividades que

foram programadas a partir da solicitação das crianças. Assim, ele obterá dados

concretos sobre até que ponto, em que percentual o grupo está realmente

interferindo e participando do planejamento, o que garante, em suma, o real

atendimento às suas necessidades, curiosidades e interesses.

O planejamento do educador deve conter ainda observações quanto ao

interesse e participação do grupo em determinadas atividades e o motivo de não

realização, interrupções ou modificações que ocorrerem.

Verificando os relatórios e as fichas de observação das crianças o educador

infantil perceberá quais as novas atividades que podem ser oferecidas e quais as

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que precisam ser reformuladas ou reforçadas para estimular o desenvolvimento das

crianças

Quando para um determinado item, forem muitas as crianças com um ‘não

observado’, pode-se questionar se existe alguma falha no tipo de atividade que está

sendo planejada. Por exemplo, se o educador indica que não observou o nível em

que se encontra a maioria das crianças quanto à linguagem oral, não seria por que

ele vem mantendo pouco diálogo com sua turma? Ou não estaria exigindo que

fiquem em silêncio quase todo o tempo e falando demais ele mesmo?

Por outro lado, se a ficha de uma mesma criança apresenta vários itens ‘não

observados’, pode-se procurar saber: ela não estará faltando demais? Ou é tão

tímida e apagada que se torna difícil para o educador lembrar seus

comportamentos? Ela não estará precisando de mais atenção e estímulos para se

afirmar?

As fichas de observação têm, portanto, dois grandes objetivos: ajudar o

educador a conhecer bem cada uma de suas crianças, para que possa planejar

melhor as atividades e subsidiar sua própria autoavaliação.

Ao educador cabe, então, tendo em vista a compreensão e o conhecimento

da evolução das crianças, pensar que tipo de atividade propor, tendo clareza de

intenção, isto é, sabendo o que as crianças podem desenvolver com a atividade

proposta. Um segundo ponto, também fundamental, é o encaminhamento da

atividade, ou seja, a definição de como ela será realizada, prevendo a ocupação do

espaço e o limite do tempo, de acordo com a natureza da própria atividade,

permitindo a realização dos movimentos em sua amplitude.

O brincar da criança, visto do prisma aqui apresentado, não pode ser

considerado uma atividade complementar a outras de natureza dita pedagógica,

mas sim como atividade fundamental para a formação de conceitos de crianças da

pré-escola, sendo o professor um mediador e facilitador das relações.

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CAPÍTULO IV

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO DO EDUCADOR INFANTIL

4 O EDUCADOR INFANTIL E A INTERVENÇÃO

Na educação infantil, a relação professor-aluno é fator complexo, embora

fundamental, e tem desafios próprios. Do ponto de vista sócio-histórico de

desenvolvimento, em que este trabalho está baseado, as interações com parceiros

constituem o indivíduo dentro de sua cultura, ou seja, levam as crianças a dominar

formas de agir, pensar e sentir presentes em seu meio cultural, resultando disso um

constante processo de elaboração de suas identidades. Nas creches e pré-escolas,

esse parceiro da criança em seu processo de desenvolvimento é o professor. Sua

função é a de ser uma pessoa verdadeira, que se relacione afetivamente com a

criança, garantindo-lhe a expressão de si, visto que ela precisa de alguém que

acolha suas emoções e, assim, lhe permita estruturar seu pensamento.

Ao responder à criança, ampliando, redefinindo e esclarecendo seus

comentários, confusões e ações, o professor alimenta o pensamento infantil,

propondo-lhe questões que a ajudem a consolidar as ideias que já possui e a

construir hipóteses.

As interações criadas pelas crianças e seus educadores, no entanto não

levam apenas à construção de informações, habilidades e conhecimentos sobre

objetos do mundo, mas também à construção de uma ética, uma estética, uma

noção política e uma identidade pessoal.

Considerando a criança um agente ativo de seu processo de

desenvolvimento, o educador infantil faz a mediação entre ela e o meio, utilizando os

diversos recursos básicos disponíveis: o próprio espaço físico da creche ou pré-

escola com seu mobiliário, equipamentos e materiais, as tarefas e instruções

propostas e, particularmente, sua maneira de se relacionar com a criança: como a

observa, apoia, questiona, responde-lhe, explica-lhe, dá-lhe objetos e a consola.

A participação ativa e autônoma das crianças é favorecida pelas observações

que o professor lhes fornece sobre como aprendem, trabalham e se relacionam,

essas construídas à medida que ele observa cada criança e conhece seus

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sentimentos, os sentidos que determinados objetos e situações têm para ela, sua

forma de raciocinar e agir em determinada situação.

O educador infantil estimula as crianças a construir novas significações e a

relacionar o que estão aprendendo na creche ou pré-escola com outras experiências

fora dela. Isso inclui interagir com elas, mesmo com as muito pequenas, assumindo

papéis estratégicos para acalmá-las, motivá-las, ajudá-las a discriminar, conceituar,

argumentar. Ele não lhes reserva apenas o lugar de depósito, de eco dele mesmo,

mas percebe a construção, por parte delas, de redes de significação tecidas em

planos diferentes e por vezes antagônicos, atingindo diversificadas aquisições.

Ao partilhar uma atividade com a criança, o professor ajuda-a a enfrentar

eventuais insucessos, sublinha certos aspectos do tema e desperta nela o desejo de

fazer algo junto, respeitando igualmente seu desejo de isolamento.

Sua função é a de observar, documentar, oferecer material, coordenar

situações envolvendo pequenos e grandes grupos, acompanhar o andamento dos

vários projetos e interagir com as crianças enquanto trabalham. Isso envolve muita

ação, mas também análise, interpretação e reflexão.

O educador precisa auxiliar a criança a superar a ansiedade da separação e

outros conflitos cuja resolução é necessária para aumentar-lhe a iniciativa e a

confiança no mundo fora da família. Por exemplo, as interações que professor e

crianças estabelecem em determinados jogos são transformadas em encontros

coloquiais, nos quais ele acolhe o medo delas de perder afetos. Esses jogos, o

construir e derrubar torres, segundo autores psicanalistas, ajuda a criança a

compreender as variações da presença e ausência da mãe junto a si, diferentes

desejos, emoções e gestos com significados simbólicos são trabalhados.

Tal modelo, ao mesmo tempo que apoia o desejo infantil de aprender, dá ao

professor uma função tutorial. Este busca criar situações em que as ações da

criança são retomadas com certos procedimentos pelos quais ele traduz ou

interpreta suas intenções e mostra-lhe como estas podem ser realizadas segundo

ações que estão na zona de desenvolvimento proximal dela.

Embora, por vezes, o professor se sinta impotente para lidar com as crianças,

deve apreciá-las como seres reais, não como ideais. Ao observá-la em suas

atividades individuais e grupais, pode constatar quanto a criança é alguém plena de

desejos, que aguarda serem realizados. A criança não é um vir a ser, ela já é um ser

social.

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Na concepção Piagetiana a peculiaridade do pensamento das crianças, desde

as muito pequenas, exige que o professor lhes ofereça instrumentos para construir

significações acerca do que vivem, rotinas para desenvolver atitudes e algumas

garantias: 1) um ambiente sereno, embora estimulante, em que sua inserção se dê

de modo gradual; 2) variedade, coerência e continuidade da sua experiência com

diversos parceiros; 3) a possibilidade de articular, estender e sistematizar suas

realizações. Daí a importância de que a gestão escolar evite a excessiva rotatividade

de professores e outros profissionais nas creches e pré-escolas.

Fator importante nas interações estabelecidas nas situações pedagógicas

criadas em creches e pré-escolas é o nível de tolerância do professor para com as

diferenças culturais entre as crianças, um processo pleno de implicações político

ideológicas do qual ele poucas vezes tem consciência. Sua tolerância é menor em

relação a comportamentos infantis mais agressivos e à não participação da criança

em atividades.

Observar as crianças no cotidiano da creche ou pré-escola, ouvir sua família,

pode ajudar cada professor a descobrir caminhos mais promissores para a formação

de vínculos afetivos produtivos para seu desenvolvimento são algumas das

possibilidades do educador infantil.

4.1 A qualidade de ação do mediador

Acredita-se que um mediador que tenha uma nova forma de ver a criança que

aprende, ou seja, uma criança ativa, que compara, exclui, ordena, categoriza,

reformula em hipóteses, reorganiza em pensamento e em ação efetiva (Ferreiro;

Teberosky, 1986), segundo seu nível de desenvolvimento, terá a oportunidade de

instigar o auto-estímulo e a superação das dificuldades cognitivas nos alunos das

classes especiais para deficientes mentais leves.

Sabe-se, hoje, que o desenvolvimento intelectual não consiste em acumular

informações, mas sim em reestruturar as informações anteriores, quando estas

entram num novo sistema de relações. O conhecimento é adquirido por um processo

de natureza assimiladora e não simplesmente registradora.

O conhecimento geral é um todo organizado e coerente que se vai

construindo através da própria atividade do sujeito. Os conhecimentos específicos

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vão sendo assimilados pela estrutura de conhecimento geral, integrando-se a esta e

tornando-se cada vez mais ricos e específicos.

A solicitação adequada do meio irá propiciar-lhes uma estimulação favorável,

capaz de compensar, na medida do possível, prejuízos da estruturação mental.

Prover condições que estimulem o desenvolvimento implica que o mediador

conheça as capacidades de seus alunos e elabore as atividades a partir dessas

informações.

Devido à complexidade de interrelação que envolvem os aspectos afetivos e

cognitivos da aprendizagem, o mediador deve desenvolver com a criança uma

relação de respeito mútuo, de afeto e de confiança que favoreça o desenvolvimento

de sua autonomia. Um clima sócio-afetivo tranquilo e encorajador, livre de tensões e

imposições, é fundamental para que este aluno possa interagir de forma confiante

com o meio, saciando sua curiosidade, descobrindo, inventando e construindo,

enfim, seu conhecimento.

O mediador deve respeitar o interesse do aluno e trabalhar a partir de sua

atividade espontânea, ouvindo suas dúvidas, formulando desafios à capacidade de

adaptação infantil e acompanhando seu processo de construção do conhecimento.

Com esta filosofia pode-se organizar um programa que utilize recursos como

jogos e brincadeiras, um programa em que o ato de brincar tenha lugar garantido e

insubstituível.

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CAPÍTULO V

DADOS DA PESQUISA REALIZADA COM PROFESSORES DA EDUCAÇÃO

INFANTIL

5 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

A metodologia de pesquisa deste trabalho consistiu em pesquisa bibliográfica

e também questionários, entregues a 20 (vinte) professores, de duas Escolas

Municipais da Educação Infantil do município de Lins.

O objetivo do questionário era a compreensão de como os professores

concebem o ato de brincar nos espaços da escola, além do próprio brinquedo. A

proposta de utilização do brinquedo na escola, e principalmente como recurso

pedagógico, objetiva estimular o desenvolvimento dos alunos por meio de um

elemento comum a todos. Por meio dos questionários, analisou-se as respostas e a

compreensão ou não dos professores em relação ao brincar e ao brinquedo.

O questionário (Apêndice A) foi preparado com 11 (onze) questões

dissertativas referentes às concepções teóricas de jogos e brincadeiras que

norteiam a prática-pedagógica dos professores, conforme apêndice B.

Quanto ao questionário, a primeira pergunta foi “sobre a importância das

brincadeiras no desenvolvimento cognitivo da criança”. Todos os professores

responderam valorizando o ato de brincar, pois acreditam que este momento é

importantíssimo para o desenvolvimento da criança. No entanto, o que se percebe é

que o professor não tem conhecimento profundo em relação a esses benefícios que

o brincar traz para o bem estar da criança, pois somente um professor entrevistado

tentou apresentar um embasamento teórico sobre o assunto.

Quando perguntado aos professores se estes utilizam brincadeiras em sua

prática pedagógica especificamente em sala de aula, obteve-se como resposta que

sim. A maioria utiliza tanto brincadeiras livres e ou direcionadas. Outros ainda

responderam que diversificam as brincadeiras entre calmas, movimentadas, livres e

orientadas.

Na questão sobre com que frequência semanal as crianças brincavam, todos

afirmaram que todos os dias, exceto um que disse que é bastante regular, porém a

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brincadeira livre só acontece na sexta-feira, quando as crianças trazem um

brinquedo de casa.

Os professores também foram indagados se a escola possui espaços próprios

para as crianças brincarem livremente. Obteve-se como respostas que sim, havia

espaços para este tipo de brincadeira. Entre os locais citados, temos a quadra

esportiva, o pátio, o parque, sala ambiente, sala de aula, gramado.

Perante este resultado, observa-se que as escolas tem aderido a um espaço

para que o brincar possa acontecer, por exemplo, a sala ambiente ou dia do

brinquedo, espaços e momentos criados especialmente para promover a brincadeira

espontânea ou dirigida, visando ao desenvolvimento e à aprendizagem global da

criança.

Quando os professores foram questionados sobre a escola possuir ou não

materiais diversificados para as crianças brincarem, obteve-se mais uma vez

respostas afirmativas. Porém, alguns constataram que ainda não há uma variedade

de materiais, mas com o que a escola possui e com alguns materiais pessoais dos

professores é possível a realização das brincadeiras. Além disso, as próprias

crianças levam seus brinquedos e jogos quando solicitado pelos professores.

Outra questão levantada aos professores é se a escola é um espaço de

brincadeira. Obteve-se como respostas que sim, mas alguns disseram que deve-se

tomar cuidado com o que se entende por espaço de brincadeira e que é necessário

que o professor esteja convencido de sua relevância.

Já quando o assunto abordado foram as brincadeiras que os professores

gostam de realizar para trabalharem os conteúdos, as respostas foram: boliche com

garrafas, com a finalidade de trabalhar a contagem; o jogo da memória para a

fixação de regras; morto-vivo ou estátua para desenvolver a coordenação motora, as

percepções espaciais, a tonicidade; jogos de encaixe para o desenvolvimento da

criatividade e cores; jogo da amarelinha que favorece a compreensão das regras e

dos conceitos do jogo. Na matemática, é possível verificar os numerais, a sequência,

a ordem dos pulos e das jogadas, noção espacial, noções topológicas. Os

professores que responderam aos questionários também ressaltaram os jogos com

dados para trabalharem matemática; a forca na lousa, a dança das cadeiras para a

fixação dos nomes.

Além destas brincadeiras com jogos, também foram citadas brincadeiras com

música, recreativas e de socialização, de faz-de-conta; brincadeiras da tradição

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brasileira como o passa anel, cabra cega, esconde-esconde; jogos de

tabuleiro(dama, resta um, dominó), o que demonstra o conhecimento dos

professores sobre muitas brincadeiras, mesmo que não compreendem os jogos, os

brinquedos ou as brincadeiras favorecem o desenvolvimento de diversas áreas:

cognitiva, social, linguagem, afetivo-emocional, perceptivo-motora, moral, entre

outras.

Ao trocar o foco da pergunta e indagar aos professores quais as brincadeiras

que mais agradam aos alunos e lhes chamam atenção como educadores, obteve-se

as seguintes respostas: brincadeiras com música e que reproduzem a realidade

como a da casinha e a representação de situações cotidianas, faz de conta, onde as

crianças dramatizam cenas da vida, pular corda; brincadeiras que envolvam

movimentos.

Para observar a percepção do educador enquanto mediador na sala de aula,

foi perguntado aos educadores infantis como eles comportam-se durante um conflito

na hora do brincar. A grande maioria respondeu que faz a mediação por meio do

diálogo, objetivando a reflexão dos sujeitos envolvidos, procurando estabelecer

regras de convivência e também refletindo sobre as regras impostas anteriormente

pela própria brincadeira; outros preferem observar e deixá-los resolverem, quando

esgota-se o diálogo entre as crianças, e partem para a violência, aí acontece a

intervenção do professor, propondo um acordo entre eles.

Somente um professor, que respondeu que se for possível não interfere, para

que aprendam a resolver sozinhos os conflitos, mas só quando é necessário

intervém conversando.

Quando perguntado aos professores se os mesmos recebem capacitação

para a questão dos jogos e brincadeiras no cotidiano das aulas de educação infantil,

obtiveram-se algumas respostas que sim e outras que não. Alguns responderam

ainda que recebem capacitação na educação infantil ou estudos em horário de

trabalho pedagógico (HTP) com a coordenadora pedagógica e que também até o

ano passado (2012) existiam momentos para reflexão e aprendizagem sobre a

importância dos jogos e brincadeiras nos encontros de formação continuada. Porém,

neste ano (2013) ainda não houve nenhum momento específico para a capacitação.

Uma professora em particular, afirmou que há algum tempo atrás recebeu

formação sobre a mediação no brincar, inclusive participou de oficinas sobre o tema,

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mas atualmente não se importa com a teoria, pois segundo ela, nada lhe acrescenta

de novo.

Por fim, a última questão respondida por estes professores de educação

infantil refere-se ao porquê o brincar é importante. Obteve-se as seguintes

respostas: para que a criança exerça sua capacidade de criar, para que divirta-se e

vivencie situações aprendendo a resolver conflitos, é a melhor forma de aprender,

ensinar, memorizar e ser feliz, o brincar desenvolve as crianças em todos os

sentidos, proporciona a socialização, desenvolve a oralidade, a criatividade, também

proporciona o manuseio de diferentes tipos de objetos, convívio com regras e

expressões.

Pelas respostas apresentadas acima - referentes ao ato de brincar, sua

importância e maneira como é desenvolvido no ambiente escolar -, pode-se

perceber que realmente há uma efetiva valorização da brincadeira e dos resultados

por ela proporcionados aos alunos. No entanto, apesar de valorizada, a falta de

embasamento teórico ou até mesmo a ausência de jogos e brinquedos prejudicam o

desenvolvimento do brincar de maneira a proporcionar maiores e melhores

resultados na interação entre as crianças.

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Uma proposta de intervenção na prática pedagógica objetiva proporcionar

maiores conhecimentos sobre um assunto a ser abordado, auxiliando na práxis dos

professores. Pensando nisto, propomos abaixo algumas intervenções que podem

ser realizadas com os alunos, afim de valorizar o ato de brincar e o próprio

brinquedo.

Após a análise dos dados, propomos as seguintes sugestões:

a) confecção de um manual de brincadeiras, que os professores tenham acesso

durante todo o ano letivo, fazendo parte do material trabalhado no

planejamento anual das escolas infantis;

b) maior troca de experiências entre os professores da Educação Infantil, por

meio do relato de situações vivenciadas dentro da sala de aula, como a

resolução de conflitos entre os alunos, brincadeiras proporcionadas nos

espaços da escola;

c) momentos em que os professores observem mais as crianças na realização

de brincadeiras para melhor intervir ou mediar situações do dia a dia;

d) formação continuada para os professores da educação infantil, que objetivem

não apenas o aprofundamento teórico, mas também um dialogo efetivo entre

teoria e prática;

e) diversificar as atividades, criando situações diferentes no dia a dia,

proporcionando aos alunos oportunidade de vivenciarem o brincar de

maneiras alternativas;

f) organizar o tempo pedagógico, priorizando a brincadeira como parte do

currículo e não apenas como mero preenchedor do tempo;

g) reflexão sobre os momentos de intervenção que podem ser feitos durante

situações conflituosas, para a resolução de problemas ou, dependendo da

situação do brincar, as intervenções podem ocorrer antes ou depois da

atividade proposta, levando o grupo a chegar em acordos ou

estabelecimento de regras.

Além dessas orientações, este trabalho objetiva também favorecer a reflexão

teórica sobre o brincar, pois, como apontamos no desenvolvimento desta pesquisa,

o conhecimento sobre o tema auxilia o professor a orientar sua prática, criando

situações de brincadeiras que realmente ajudem no desenvolvimento da criança. O

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conhecimento efetivo do que a brincadeira pode proporcionar a criança gera

situações em que o professor mediador tem consciência do seu papel e o faz da

melhor maneira possível.

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40

CONCLUSÃO

Este trabalho de conclusão de curso almejou apresentar resultados de

pesquisas realizadas sobre o brincar. Há muito tempo, a Educação Infantil apresenta

em sua história, marcas muito fortes no que se refere à inserção dos jogos e

brincadeiras em seu cotidiano.

Muitas dessas marcas refletem e se reproduzem na prática pedagógica de

boa parte dos educadores. A proposta desta investigação é a de contribuir na

conscientização destes professores da Educação Infantil numa perspectiva lúdica,

direcionando um novo olhar para o ‘brincar’ da criança.

No que diz respeito à investigação, não se encontraram obstáculos quanto às

escolas municipais de educação infantil. O público participante desta pesquisa

colaborou quando necessário. Quanto às professoras, as mesmas possuem grande

experiência na área e concebe os jogos como elementos facilitadores da

aprendizagem e como forma de despertar o interesse do aluno para o

conhecimento, logo, não houve a necessidade de reestruturar os seus conceitos

sobre os jogos e brincadeiras para que se pudesse viabilizar a sua prática

pedagógica. O que se faz necessário, como apontado anteriormente, é um maior

conhecimento teórico sobre o tema, aprimorando assim a prática pedagógica.

As atividades observadas, na presente investigação, são sugestões de

alternativas metodológicas diferenciadas que possibilitarão ao professor tomar

conhecimento da importância desses instrumentos no processo de ensino-

aprendizagem para que, por meio de seu uso, possam interferir significativamente

no desenvolvimento do educando, tornando os jogos e brincadeiras situações

propícias às aprendizagens.

Desse modo, os jogos são situações em que a criança revela uma maneira

própria de ver e pensar o mundo, aprende a se relacionar com os companheiros, a

trocar pontos de vista com outras perspectivas possíveis, a raciocinar sobre o dia a

dia, aprimorar as coordenações de movimentos, enfim, compreendidos a sua

importância, eles podem tornar-se uma atividade pedagógica indispensável à

formação de conceitos.

Diante do exposto, neste trabalho, evidencia-se que as atividades lúdicas na

escola possibilitam que sejam alcançados os objetivos educacionais que norteiam o

trabalho pedagógico, como já foi comprovado por muitos pesquisadores, que as

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experiências adquiridas pelas crianças nos seus primeiros anos de vida são

fundamentais para o seu desenvolvimento em todos os aspectos. Nesse sentido, a

educação infantil pode formar crianças que irão para a etapa de alfabetização,

autônomas, críticas, criativas, ou ao contrário, dependentes, estereotipadas, com

aversão ao trabalho escolar.

Portanto, a partir da análise dos dados, os resultados demonstram que vale a

pena investir na formação dos professores para a utilização dos jogos e brincadeiras

na Educação Infantil como alternativa metodológica eficaz para a formação de

conceitos.

Assim, espera-se que esta pesquisa possa contribuir aos educadores,

levando-os a uma reflexão sobre o tema, assim como auxiliando o desenvolvimento

de pesquisas correlatas.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM PARA PROFESSORES DA EDUCAÇÃO

INFANTIL

1-Qual a sua opinião sobre a importância das brincadeiras no desenvolvimento

cognitivo da criança?

2-Você utiliza brincadeiras em sua prática pedagógica em sala de aula?

3-Com que frequência semanal as crianças brincam?

4-A escola possui espaços para as crianças brincarem livremente?

5-A escola possui materiais diversificados para as crianças brincarem?

6-No seu ponto de vista, a escola é um espaço de brincadeira?

7-Citar algumas das brincadeiras que gosta de realizar para trabalhar os conteúdos.

8-Mediante a sua observação, quais brincadeiras mais agradam aos alunos e lhes

chamam atenção como educadores?

9-Como você porta-se durante um conflito na hora do brincar?

10-Você recebe capacitação para a questão dos jogos e brincadeiras no cotidiano

das aulas de Educação Infantil?

11-Por que o brincar é importante?

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APÊNDICE B

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

Pergunta nº 1: Qual a sua opinião sobre a importância das brincadeiras no desenvolvimento cognitivo

da criança?

Especificações F Fr%

____________________________________________________________________________

É de fundamental importância 1 9,01%

para o desenvolvimento.

É importante para compreensão

dos limites e das potencialidades

do outro, uma troca de carinho,

atenção, amor, o que muitas 1 9,01%

vezes a criança não recebe em casa,

respeito entre os colegas, ensinar a

lidar com o ganhar e o perder, por meio

de atividades competitivas e oportunizar

a inclusão dos diferentes, mediante o

reconhecimento de seus limites e suas

qualidades.

É tudo ,brincando ela vai aprendendo de tudo um 1 9,01%

pouco.

É importante para desenvolver as regras, os

limites, as atitudes e aprender a relacionar e 1 9,01%

conviver com outras crianças.

As brincadeiras auxiliam no seu

desenvolvimento com o mundo. Ela faz

descobertas constantes que auxiliam em 1 9,01%

seu desenvolvimento. A brincadeira abre

as portas para uma exploração do que

ocorre ao seu redor.

As brincadeiras são alicerces para o

desenvolvimento, portanto são fundamentais. 1 9,01%

Considero que a brincadeira possibilita o

desenvolvimento das funções psicológicas 1 9,01%

superiores (Vygotski) das crianças, pois

permite que elas reelaborem percepções

sobre experiências vividas.

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É imprescindível, brincar é preciso para

que a criança enriqueça sua capacidade 1 9,01%

de imaginação, criação, resolução de

conflitos, interação com o meio e pessoas.

Sim, o brincar faz com que a criança se 1 9,01%

desenvolva integralmente.

As crianças aprendem brincando, por isto,

o brincar é muito importante para o 1 9,01%

desenvolvimento infantil.

É de suma importância, é no brincar que

a criança aprende e desenvolve suas 1 9.01%

habilidades motoras e emocionais.

A prática da brincadeira ocupa lugar

central no processo de desenvolvimento 1 9,01%

cognitivo da criança.

Total 11 100%

Pergunta nº 2: Você utiliza brincadeiras em sua prática pedagógica em sala de aula?

Especificações F Fr%

Sim, diariamente. 5 45,5%

Sim, o tempo todo. Além das crianças

gostarem e se envolverem, acredito na 1 9,1%

importância da brincadeira em seu

desenvolvimento.

Sim, todos participam e notam-se os 1 9,1%

progressos diante dos obstáculos.

Sim, constantemente tanto brincadeiras

livres quanto direcionadas.

Sim, o brincar faz com que a criança

aprenda a se desenvolver intelectualmente, 1 9,1%

motora, socialmente.

Sim, procuro diversificar as brincadeiras entre: 1 9,1%

calmas, movimentadas, livres e orientadas.

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Tudo gira com base na brincadeira. 1 9,1%

Total 11 100%

Pergunta nº 3: Com que frequência semanal as crianças brincam?

Especificações F Fr%

Todos os dias 8 72,8%

Elas brincam geralmente três vezes na semana. 1 9,1%

As crianças brincam todos os dias de diferentes

maneiras. Seja ela dentro do conteúdo, 1 9,1%

trabalhado ou livre, a brincadeira está sempre presente.

No parque, a 2ª etapa brinca quatro vezes. Na sala

todos os dias; eles brincam com lego, quebra cabeça, 1 9,1%

jogos da memória, massinha e livre.

Total 11 100%

Pergunta nº 4: A escola possuí espaços para as crianças brincarem livremente?

Especificações F Fr%

Sim. O pátio e o parque 4 36,4%

Sim, tem a quadra, o parque e o pátio 3 27,3%

Sim, sala ambiente, sala de aula, pátio, espaço aberto e

parque. 1 9,1%

Sim, pátio, gramado e parque. 1 9,1%

Temos pátio, parque, casa de boneca, área verde. 2 18,2%

Embora não muito adequado o pátio. 1 9,1%

Total 11 100%

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Pergunta nº 5: A escola possui materiais diversificados para as crianças brincarem?

Especificações F Fr%

Sim 5 45,5%

Alguns. 1 9,1%

Ainda não há uma variedade de materiais, mas

com o que temos na escola, juntamente com 1 9,1%

alguns materiais pessoais é possível realizar um

bom trabalho.

Sim, existem os individuais de cada professora 1 9,1%

com sua turma e os de uso coletivo.

O que a escola oferece para brincar é o parque e

a casa de boneca. Os demais acessórios são os 1 9,1%

professores que arrumam, roupa, casinha,o

mobiliário os professores fazem com sucata, bola

a escola tem.

Sim, jogos de montar, fantoches, carrinhos, bonecas, 1 9,1%

bolas, bambolês

Em aquisição: no item diversificado 1 9,1%

Total 11 100%

Pergunta nº 6: No seu ponto de vista, a escola é um espaço de brincadeira?

Especificações F Fr%

Sim, de brincadeiras direcionadas e com objetos 1 9,1%

pedagógicos.

Não só, mas também. 1 9,1%

Sim, dependendo do conteúdo que será desenvolvido. 1 9,1%

Sim, a brincadeira deve estar constantemente dentro 1 9,1%

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do espaço da escola.

No entanto, é preciso tomar cuidado 1 9,1%

com o que se entende por espaço de brincadeira.

Sim, pois com as brincadeiras podemos conhecer um 1 9,1%

pouco mais as crianças, transmitir valores, respeito.

Considero que a escola deva ser um espaço de

brincadeira mas que, para isso seja necessário que o 1 9,1%

professor esteja convencido de sua relevância.

É, mas não somente. 1 9,1%

Na educação infantil sim às crianças brincam muito,

tanto livre como dirigido. 1 9,1%

Sim, pois através das brincadeiras, as crianças se

desenvolvem. 1 9,1%

Também é um espaço de brincadeira.

Sim; porém, brincadeiras direcionadas,

com objetivo e intenção pedagógica. 1 9,1%

Total 11 100%

Pergunta nº 7: Citar algumas brincadeiras que gosta de realizar para trabalhar os conteúdos.

Especificações F Fr%

Brincar de roda e amarelinha. 1 9,1%

Pular corda,siga o mestre, coelho na toca, 1 9,1%

vivo morto e quebra cabeça.

Livre no pátio com a amarelinha, caracol,

pneus, bambolês, lá vai a barquinha...., 1 9,1%

faz de conta.

Na sala: jogos de montar ,leitura de livros 1 9,1%

infantis, fantoches.

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Boliche com garrafas (contagem), jogo da

memória (regras), morto-vivo, estátua 1 9,1%

(coordenação), jogos de encaixe

(criatividade e cores) e jogos de montar.

Gosto de brincadeiras cantadas que permitem

o trabalho em diferentes aspectos e também 1 9,1%

da amarelinha, muito rica dentro do espaço

escolar.

Roda cantada, faz de conta, coelhinho sai da 1 9,1%

toca, seguir o mestre.

Brincadeiras da tradição brasileira (passa anel,

amarelinha, cabra cega, esconde-esconde), 1 9,1%

jogos de tabuleiro (dama, resta um, dominó),

jogos de encaixe.

Jogos com dados para trabalhar matemática,

forca (na lousa), dança das cadeiras 1 9,1%

(trabalhando com os nomes).

Dado, bingo de letras e números, música, jogo 1 9,1%

da memória de animais e trilha.

Jogo da memória, quebra-cabeça, atividades

com bambolês, soltar bolinhas de sabão, dança 1 9,1%

das cadeiras.

Lenço atrás, brincadeiras cantadas (roda e mímicas), 1 9,1%

casinha, teatros.

Brincadeiras com música, recreativas, de socialização 1 9,1%

e faz de conta.

Total 11 100%

Pergunta nº 8: Mediante a sua observação, quais brincadeiras mais agradam aos alunos e lhes

chamam atenção como educadores?

Especificações F Fr%

Os brinquedos do parque.

A de faz de conta, as atitudes e conversas

deles são muito ricas de informações 2 18,2%

Todas as brincadeiras são desenvolvidas com 1 9,1%

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sucesso. Depende do grupo com que se trabalha.

As crianças gostam de muitas brincadeiras ,

mas é o dia a dia que nos mostram sua 1 9,1%

preferência.

Este ano percebi uma atenção 1 9,1%

às brincadeiras de representação.

Eles se envolvem e se soltam na brincadeira. 1 9,1%

Todas as brincadeiras chamam a atenção dos

alunos, tudo depende de como a atividade 1 9,1%

está sendo explorada.

Considero, por meio de observação, que

as brincadeiras com música e brincadeiras 1 9,1%

que reproduzem a realidade (casinha, por

exemplo são as que mais agradam as crianças).

Brincadeiras que envolvam movimento. 1 9,1%

Brincadeiras de faz de conta, onde as 1 9,1%

crianças dramatizam cenas da vida.

Em especial aprecio o brincar de casinha

e o de situações cotidianas, compreendemos 1 9,1%

muito a criança , observando-a representar.

Tendo incentivo e participação, todas 1 9,1%

brincadeiras agradam as crianças.

Total 11 100%

Pergunta nº 9: Como você porta-se durante um conflito na hora do brincar?

Especificações F Fr

Quando necessário auxilio a solucionar o problema. 1 9,1%

Tento só observar, se necessário faço intervenção. 1 9,1%

Conversando com as crianças. 1 9,1%

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Procuro resolver sem ser autoritária. Vou questionando

ambos os lados e ao final deixo que eles decidam. 1 9,1%

Eles, normalmente, continuam com o conflito mas logo

resolvem a situação.

Sou mediadora, conversando e explicando que os

brinquedos podem ser utilizados pelos amigos e 1 9,1%

invento outro jeito para solucionar os conflitos.

Faço mediações orais objetivando a reflexão dos

sujeitos envolvidos no conflito, ou os que estão 1 9,1%

observando, na tentativa de estimular a empatia

entre eles e o estabelecimento de regras que os

auxiliem a conviver.

Se vejo que é possível procuro não interferir no

primeiro momento para que aprendam a resolver 1 9,1%

sozinhos, só quando é necessário intervenho

conversando.

Observando e interferindo, quando necessário. 1 9,1%

Primeiro observo e deixo-os resolverem, quando

percebo que, se esgotaram o diálogo entre os 1 9,1%

dois e vai partir para a violência, ai faço a intervenção.

Chamo-os e vejo como vai ficar melhor para ambos.

Por vezes é difícil, acredito que no que foi

combinado e nas regras impostas pela própria 1 9,1%

brincadeira.

Intervenção quando julgo necessário. 1 9,1%

Total 11 100%

Pergunta nº 10: Você recebe capacitação para a questão dos jogos e brincadeiras no cotidiano das

aulas de Educação Infantil?

Especificações F Fr%

Sim, principalmente nas reuniões 2 18,2%

Não 3 27,3%

Sim. Os cursos que acontecem, capacitação

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na educação infantil ou estudos em HTP com 1 9,1%

a coordenadora pedagógica.

Os jogos e brincadeiras são muito valorizados

na educação infantil e recebemos capacitação 1 9,1%

sempre que possível.

Até o ano passado (2012) existiam momentos

para reflexão e aprendizagem sobre a importância

dos jogos e brincadeiras, nos encontros de 1 9,1%

formação continuada. Este ano (2013) ainda não

houve nenhum momento específico para isso.

Sim, temos encontros com palestrantes, troca de

experiências, leitura de textos.

Algum tempo atrás, tivemos muita formação inclusive

oficinas, hoje se restringiu somente a teoria, que nada 1 9,1%

acrescenta de novo.

Busco capacitação. 1 9,1%

Total 11 100%

Pergunta nº 11: Por que brincar é importante?

Especificações F Fr%

Para desenvolver a criatividade. 1 9,1%

É a melhor forma de aprender, ensinar, memorizar 1 9,1%

e ser feliz.

O brincar é um fator que promove a interação do corpo

e do espírito. A explosão da afetividade irá propiciar

embates positivos e transformadores entre a criança 1 9,1%

e o seu grupo de relacionamento, o que promoverá a

sua formação total como ser humano.

Porque o brincar desenvolve as crianças em todos 1 9,1%

os sentidos.

É através do brincar que a criança explora o mundo 1 9,1%

Ela fantasia, ela reage frente às situações, constrói e

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desconstrói conceitos, faz descobertas e se desenvolve.

Porque proporciona a socialização, desenvolve a

oralidade, a criatividade. Também proporciona o 1 9,1%

manuseio de diferentes tipos de objetos, convívio com

regras, expressões.

Considero o brincar importante porque, como afirma

Vygotski, “Na brincadeira, a criança cria uma 1 9,1%

situação imaginária” (A formação social da mente) por

meio da qual pode reelaborar o vivido.

Para que a criança exerça sua capacidade de criar,

para que se divirta e vivencie situações aprendendo 1 9,1%

a resolver conflitos.

Porque proporciona desenvolvimento,

aprendizagem, alegria e socialização. 1 9,1%

Para um bom desenvolvimento da criança,

principalmente quando brincam em grupos de alunos, 1 9,1%

às diferenças ficam bem claras e as crianças aprendem.

Nos jogos desenvolvem o raciocínio e coordenação

motora. A criança que brinca muito, apreende melhor, 1 9,1%

tem mais autonomia e interesse pelo que faz.

Porque faz parte importantíssima do processo de

aprender, de desenvolver-se da conquista da 1 9,1%

identidade, autonomia e da própria cidadania.

Porque através do brincar, você possibilita uma 1 9,1%

aprendizagem lúdica e prazerosa.

Total 11 100%