ARTIGO - Por Que Os Programas Da Qualidade Falham

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7/25/2019 ARTIGO - Por Que Os Programas Da Qualidade Falham http://slidepdf.com/reader/full/artigo-por-que-os-programas-da-qualidade-falham 1/6 POR QUE  S PROGRAMAS DE  tALHAM JOM Tolovl Jr. Quais as causas de insucesso em programas de qualidade? Este artigo analisa situações reais e oferece sugestões de superação. Which are the failure causes in quality programs? This article analyses actual situations and offers suggestions to overcome them.  ICEYWOROS: Quality to ta l quality mana- gement planning for quality motivation forquality. Parece.quenão existem<mais dúvidas sobre se qúalidade êboIfi ou não. As em- presas não f~ de outra coisa Segun40 Paul Osterman  do MIl' (Massachussets · Institute of Tecnology), aproximadamen- te 80 das empresas americanas, nos mais YanadÓl).setote~, adotaram alguma forma de círculos de qualidade, qualidade total (TQW), gestão baseada em equipes, ou al- gumacombinação entre elas. Além disso, observamos também uma verdadeira febre de certificações nas nor-  PAUVRA -CHAVE: dualidade estio daqualidade total planejamento para a qua- lidade motivBÇ Opara. quali- dade. ·Professor do GVPEC da EAESPI FGV e do POG EXEC da Sociedade de Desenvolvimento Empresarial.  Revista de Administração de Empresas 6 p. 6 1 1 NovJDez. 1994

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  • 7/25/2019 ARTIGO - Por Que Os Programas Da Qualidade Falham

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    POR QUE S PROGRAMAS DE

    tALHAM

    JO M T olo vl Jr.

    Quais as causas de insucesso

    em

    programas de qualidade? Este artigo analisa

    situaes reais e oferece sugestes de superao.

    W hich are the failure causes in quality program s? This article analyses actual situations

    a nd o ffe rs su gg es tio ns to o verc om e th em .

    I C E Y W O R O S :

    Q u alit y to ta l q ua lity m a na -

    g e m en t pla n nin g f or q u ali ty

    m o t iv a ti o n f o r q u a li ty .

    Parece.queno existem

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    P O R a U E O S P R O G R A M A S D E a U A U D A I E F A L H A M

    mas ISO 9000, o que poderia nos indicar

    que nossas organizaes esto cada vez

    . mais qualificadas , ou seja, trabalham

    com melhor qualidade.

    Contudo, quando nos aproximamos

    mais das pessoas que fazem, ou deveriam

    fazer, qualidade, nem sempre encontra-

    mos aquilo que lemos nos jornais e revis-

    tas. As pessoas se queixam que seu pro-

    grama no

    bem o que

    publicado; que o

    nvel de qualidade na empresa melhorou,

    mas est longe do que poderia ou deveria

    ser; que a direQ da empresa, na verda-

    de, no se importa com qualidade; que

    esto perdendo tempo com um PrQgrama

    que no est levando a lugar algum; e as-

    sim por diante.

    So familiares essas frases? Temos cer-

    teza que j as ouviram, e, recentemente

    O que est, ento, acontecendo com nos-

    sos programas de qualidade? Por que al-

    guns funcionam maravilhosamente en-

    quanto outros parecem apenas uma per-

    da de tempo e dinheiro?

    Vamos analisar os vrios aspectos ou

    situaes que tm levado inmeras orga-

    nizaes (infelizmente mais que o desej-

    vel ) a situaes de insucesso em sua bus-

    ca pela qualidade.

    N O -E N V O L V IM E N T O D A A LT A D IR E O

    Mais uma vez voltamos ao decantado

    envolvimento da alta direo. No deve-

    mos ter assunto to

    mar uma organizao

    aes matriciais to cruraC1teri:stic:as

    programas de qualidade. Est:asIdifilcuJlda-

    des esto na seguinte orc1etln:e'smutulra,

    sistemas, comJ)ortarnelrttoJe c:ultur'a.

    ,1\0

    se

    falarem

    Temosobservadoqueosprincipaisex~

    cutivos, ou os donos, das organizaes que

    se interessam por qualidade, na verdade,

    esto mais interessados com o modismo

    do que com as verdadeiras implicaes e

    conseqncias de um tal programa. Para

    no sermos totalmente injustos, alguns

    fundam en ta l que os

    d irig en te s de no ssa s

    em presa s e nten dam q ue

    p ro gra m as d e qu alid ad e s o

    program as que tra tam do

    c omp ortamen to d as p es so as

    e , po rtan to , levam tem po .

    esto interessados nos efeitos de

    b ottom U ne

    (afinal, como se diz isto em portugus?)

    de sew; programas, o que

    perfeitamente

    compreensvel, sem contudo se darem

    conta que esto lidando com comporta-

    mento, com pessoas, com interesses pes-

    soais e com (des)equilbrios de poder.

    intil, vamos repetir,

    intil, tentar

    iniciar programas de qualidade sem o ver-

    dadeiro interesse da alta administrao.

    Temos constantemente dito a empresas,

    qUleJ:.ensarn em i5eini

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    i 1 ~ 1 1

    EXECUTIVA

    5 . G RA NT , R . M ., S HA N I, R .,

    KR IS HN AN , R . T O M s C ha-

    l Ie ng e t o M a n agem ent - theo ry

    an d practice s to e n M an a -

    g em e nt R e vie w W i nte r 1 994.

    8

    REUES EfflRe CAUSAS DE INSUCesso

    DE PROGRAMAS D l: QUALIDADE

    ~

    . .

    Desinteresse do __

    ~ nvel gerencial

    para a empresa, para os colaboradores e

    para a sociedade. Isto s

    .

    vivel com o

    real interesse e entendimento que quali-

    dade bom e traz retornos para a organi-

    zao.

    Ansiedade por resultados

    fundamental que osdirigentes de nos-

    sas empresas entendam que programas de

    qualidade so programas que tratam do

    comportamento das pessoas e, portanto,

    levam tempo. Temos vivenciado vrios

    casos de ansiedade por resultados q le le-

    vam

    ao insucesso de programas

    bem ini-

    ciados, simplesmente porque as pessoas

    no 'tm

    a .

    pacincia adequada ao tipo de

    projeto que esto conduzindo.

    Ouvimos, no Japo, frases corno Noss o

    program a de qualidade es t muito no ini cio ;

    s o iniciamos h seis ano s claro que

    estamos no Ocidente e nossa cultura (ou

    pacincia)

    diferente, mas temos que ter

    conscincia de que os primeiros resulta-

    dos demoram a surgir. Provavelmente

    nada ocorrer antes

    de um

    ano,

    e

    talvez

    os primeiros' resultados sejam modestos,

    Mas as empresas que tm trabalhado com

    perseverana tm provado que a espera

    vale a pena. Etambm que a soma de pe-

    quenos resultados pode trazer grandes

    beneficios para a organizao.

    fundamental que se tenha em mente

    Planejamento

    inadequado

    Falta de apoio

    tcnico

    nsiedade por

    resultados

    a necessidade de superar a fase inercial

    inicial. Em uma grfica de grande porte

    passamos

    u

    ano em eternas discusses

    sobre os efetivos resultados do projeto de

    qualidade em implantao. Em um deter-

    minado momento, e isto tem se repetido

    inm.eras vezesos resultados comearam

    a aparecer

    e

    as discusses sobre resulta-

    dos tomaram outra forma, bem mais

    sau-

    cl,vel.

    Alm da ansiedade por resultados a

    curto praz,outra situao que leva ao

    aborto de inmeros programas de quali-

    dade

    a expectativa exa,geradadentro das

    empresas. O processo de implantao da

    qualidade gradual. Gradual e crescente,

    de tal forma que

    preciso entender em

    que fase da curva de desenvolvimento es-

    tamos,

    A qualidade no acontece por conta

    prpria.

    um

    conunuo

    envolvimento de

    pessoas que, no incio parece incuo, mas

    no decorrer do tempo, e se o processo for

    continuamente estimulado, apresenta

    t

    sultados crescentes e cada vez mais sur-

    preendentes.

    Desinteresse do nvel gerencial

    u A

    grande popularidad e do s p ro gra m ls d e

    qua lidade tem imped ido que

    O

    n v el g er en ci al

    das organ iza es ' en tenda pr o fundamente sua

    ideo log ia e coneequ nc ioe' .

    Esta frase nos

    Sistema da

    remunerao

    inconsistente

    Descuido com a

    motivao

    Treinamento

    precrio

    Escolha

    inadequada de

    multiplicadores

    R A E v. 34 n. 6 N ov ./Dez . 19 94

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    P OR Q UE

    OS

    P R O G R A M A S D E Q UA L I D A D E FA L H A M ?

    oferece, talvez, uma boa indicao do que.

    pode ocorrer com o nvel gerencial das

    empresas. No se questiona a qualidade,

    mas, muitas vezes, tambm no ~e entra

    no ntimo da questo. Se o envolvimento

    da alta administrao

    bsico para o su-

    cesso, o do nvel gerencial

    -

    crucial para

    sua sustentao.

    No basta a vontade do presidente,

    preciso que ele tenha suporte de todas as

    camadas organizacionais pois, mais uma

    vez, programas de qualidade so progra-

    mas de envolvimento e comprometimen-

    to de pessoas. O nvel gerencial tende a

    achar que qualidade algo bvio e que,

    portanto, no necessita de grande energia

    ou dedicao. Sem dvida, este o cami-

    nho certo para grandes dificuldades na

    implantao.

    Acompanhamos, recentemente, uma

    grande empresa industrial de processos

    sofrer uma enorme dificuldade em desen-

    volver seu programa de qualidade e de

    certificao ISO, apesar de ter seu presi-

    dente e principal executivo como princi-

    pal patrocinador. Somente quando os ou-

    tros nveis gerenciais da, organizao as-

    sumiram seu papel no processo, a quali-

    dade comeou a trazer os benefcios ante-

    riormente projetados.

    lanejamento inadequado

    A implantao da qualidade sempre

    um projeto delongo prazo, e,portanto.no

    Tteinamento

    precriG

    R A E v. 34 n. 6 N ov ./D ez. 1994

    prescinde deum bom planejamento. Mais

    uma vez, como o conceito de qualidade

    parece bvio e evidente para todos, mui-

    tas empreees partem diretamente para a

    execuo, sem se preocuparem muito com

    o planejamento. Para sermos sinceros, ain-

    da melhor esta atitude de sair executan-

    do do que nada fazer. Contudo, . medida

    que o tempo passa, e as exigncias por n-

    veis superiores de qualidade aparecem, a

    falta de um planejamento adequado pode

    levar a situaes indesejveis. inseguran-

    a e ao insucesso de um caminho que vi-

    nha sendo trilhado.

    intil insistir sobre os benefcios do

    planejamento. Convm, no entanto, ressal-

    tar que a implantao da qualidade um

    processo bastante complexo com muitas

    incertezas e ambigidades. Isto poderia

    nos sugerir que nestas condies no h o

    que planejar. Afirmamos que se trata jus-

    tamente do contrario. Um bom planeja-

    mento poder nos dar as bases de compa-

    rao para saber se estamos ou no indo

    no rumo certo e se devemos corrigir nossa

    rota de tempos em tempos, O exerccio do

    planejamento para programas de qualida-

    de deve incluir metas, treinamento, meto-

    dologia a ser aplicada, velocidade de im-

    plantao, reas a serem abordadas e pes-

    soas envolvidas. Essa abrangncia, por si

    s, mostra-nos os riscos que podemos cor-

    rer se no dermos a devida importncia

    ao planejamento.

    nsucesso dos

    progr m s de

    quli e

    6

    N o se pode fa lar de um pr o-

    grama forma l de qu alidad e

    nesta situ ao de aus ncia

    d e

    pl anej amento

    9

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    ~ 2E X E C U T I V A

    7 . IS HIK AW A , K . A tivid ad es d o

    C ir cu lo d e C O . C o n t r o l e d e Q u a -

    l id a de T o ta l. R io d e J ane ifo:

    C am pu s, 1 99 3.

    8. KU M E, H. M t o d o s e s t a tf s -

    lic os p ara m e lh o ria d a q ua li-

    d a d e .S o P au lo : G en te e A O T S ,

    1993.

    9. IS HIKA W A, op . cit., O S AD A,

    T . T h 8 5 S s f lv e k e ys t o a total

    q u a li ty e n v lr o n m en t .

    Tokyo :

    A s ian P roduct iv it y O rgan lza tl on ,

    1 99 1; S HIO Z AW A, R .S .C . Q u a -

    lid ad e n o a te nd im e nto e t ec -

    n o lo g ia d e I nf or m a lo . S lo

    P a ulo : A tia s, 1 99 3.

    10. KU M E, H . O p. cit.

    11. Sempre b om re le mb rar o s

    c on ce ito s d e h ig ie ne e m otiv a-

    elo de HE RZ BE RG .

    F

    MAUS -

    M E R . B ., S N YD E RM A N , B . T b e

    m o t lv a t/ Q o t o w o r k. N ew Y ork :

    W i le y

    1959.

    1

    Treinamento precrio

    Um dos comentrios mais freqentes

    que crculos de qualidade so coisas do

    passado, ou ainda, coisas que no funcio-

    nam. Muitas empresas colocam grupos de

    pessoas para discutirem problemas sem o

    menor preparo para tal.

    No bvio para as pessoas como se

    deve analisar problemas. Em,geral, as pes-

    soas nem sabem por onde comear. Qual-

    quer tentativa de montagem de grupos de

    trabalho para se analisar problemas deve

    se iniciar com tr~inamento. Parece bvio,

    mas no o que se faz muitas vezes, atri-

    buindo-se, depois, os maus resultados ao

    conceito e no falta de preparao das

    pessoas.

    ~ fundamental o estabelecimento de um

    programa de treinamento em soluo de

    problemas

    7

    , treinamento em ferramentas

    estatsticas simples

    8

    ,

    visi-

    tas a outras empresas, e

    estmulo ao autodesen-

    volvimento. tambm

    importante que o treina-

    mento

    tcnicas e mtodos

    10

    J acompanhamos

    casos em que as pessoas envolvidas com a.

    implantao da qualidade se sentiam frus-

    tradas e mesmo incapadtadas de seguir

    em frente sem entender bem o que estava

    ocorrendo. Este quase sempre um ind-

    cio da falta de apoio tcnico, isto

    ,

    aque-

    las pessoas que j superaram seus limites

    de conhecimento e que carecem de tcni-

    cas que as auxiliem a sair da situao. No

    estamos dizendo que o apoio tcnico deva

    ser externo organizao. Freqentemente

    este o caminho mais curto, mas muitas

    empresas tm desenvolvido seus prpri-

    os tcnicos com excelentes resultados.

    Sistema de remunerao inconsistente

    A questo da remunerao sempre

    debatida e extremamente polmica, parti-

    Cularmente em nosso pas onde existem

    tantas diferenas salariais. Sabemos, e

    acreditamos, que a re-

    munerao no fator

    de motivao, mas de

    hgene . No entanto,

    preciso estar atento

    para as incoerncias

    que podem se formar ao

    se estimular pessoas a

    trabalharem com quali-

    dade.

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