AprofundandonossacompreensãodosPrincípiosGerais

73
Aprofundando nossa compreensão dos Princípios Gerais O presente Suplemento de Progressio é o fruto de muitos anos de experiência e reflexão. Quase se pode dizer que o autor é a “Comunidade Vida Cristã”, presente nos 5 continentes, com uma história de 4 séculos, formada por adultos e jovens, homens e mulheres, de distintas condições sociais. Há 2 anos, a Assembléia Geral da CVX aprovou modificações importantes aos Princípios Gerais, e adotou por grande consenso um novo texto fundamental. Este texto foi logo ratificado pela autoridade da Igreja. Em certo sentido tratava-se de um ponto de chegada: uma síntese de um bom trecho de caminho percorrido. Agrada-nos vê-lo também como um ponto intermediário, em muitos sentidos de partida, pois o texto dos Princípios Gerais de 1990 é um texto nascido da experiência e que pretende voltar a ela, em um processo permanente de crescimento e reflexão. Nesta linha foram escritas estas páginas. Um grupo limitado de pessoas as escreveu, e um editor deu forma ao Suplemento. Porém a fonte continua sendo a experiência da Comunidade dispersa pelo mundo. O conteúdo continua sendo a vida de uma comunidade inaciana (quer dizer, apostólica), de fiéis na Igreja. CVX é uma Comunidade com espírito de discernimento. Virá uma nova Assembléia Geral, tempo forte de deliberação, e estas páginas se situam entre dois tempos fortes, convidando à interiorização, à oração, à buscada vontade de Deus. Sua leitura pode ser individual ou em grupos, porém sempre há de se fazer com o texto dos Princípios Gerais à mão. O comentário se refere aos primeiros nove números dos Princípios Gerais, que definem “nosso carisma” e dos quais surgem todos os outros, e também as Normas Gerais. Que Deus siga acompanhando nosso caminhar!

description

Aprofundamento dos Principios Gerais CVX

Transcript of AprofundandonossacompreensãodosPrincípiosGerais

Aprofundando nossa compreenso dos Princpios Gerais

Aprofundando nossa compreenso dos Princpios Gerais O presente Suplemento de Progressio o fruto de muitos anos de experincia e reflexo. Quase se pode dizer que o autor a Comunidade Vida Crist, presente nos 5 continentes, com uma histria de 4 sculos, formada por adultos e jovens, homens e mulheres, de distintas condies sociais. H 2 anos, a Assemblia Geral da CVX aprovou modificaes importantes aos Princpios Gerais, e adotou por grande consenso um novo texto fundamental. Este texto foi logo ratificado pela autoridade da Igreja. Em certo sentido tratava-se de um ponto de chegada: uma sntese de um bom trecho de caminho percorrido. Agrada-nos v-lo tambm como um ponto intermedirio, em muitos sentidos de partida, pois o texto dos Princpios Gerais de 1990 um texto nascido da experincia e que pretende voltar a ela, em um processo permanente de crescimento e reflexo. Nesta linha foram escritas estas pginas. Um grupo limitado de pessoas as escreveu, e um editor deu forma ao Suplemento. Porm a fonte continua sendo a experincia da Comunidade dispersa pelo mundo. O contedo continua sendo a vida de uma comunidade inaciana (quer dizer, apostlica), de fiis na Igreja. CVX uma Comunidade com esprito de discernimento. Vir uma nova Assemblia Geral, tempo forte de deliberao, e estas pginas se situam entre dois tempos fortes, convidando interiorizao, orao, buscada vontade de Deus. Sua leitura pode ser individual ou em grupos, porm sempre h de se fazer com o texto dos Princpios Gerais mo. O comentrio se refere aos primeiros nove nmeros dos Princpios Gerais, que definem nosso carisma e dos quais surgem todos os outros, e tambm as Normas Gerais. Que Deus siga acompanhando nosso caminhar!

1. O dom de Deus e dom de si1 - O DOM DE DEUS E O DOM DE SIO amor e a salvao que Deus nos oferece o ponto de partida dos Princpios Gerais. O PG 1 nos lembra que a CVX nasceu em torno do mistrio da Anunciao-Encarnao, iniciativa amorosa da Trindade que em Maria encontra acolhida. A partir da Encarnao, se desencadeia uma dinmica de seguimento de Jesus e de Identificao com suas opes, que est na base da vocao CVX.UM DEUS CONTEMPLATIVO E COMPASSIVO O quadro solene e tridimensional da contemplao da Encarnao , no livrinho dos Exerccios Espirituais de Santo Incio (101-110), a abertura daquilo que vai constituir o corao da experincia do exercitante na etapa central do processo desses exerccios. tambm o que d incio ao texto dos Princpios Gerais da Comunidade de Vida Crist, que considera os Exerccios Espirituais de Santo Incio como a fonte especfica e o instrumento caracterstico de sua espiritualidade (PG 5). No centro de ambos est o mistrio do dom de Deus, de Deus mesmo que contempla toda a humanidade to dividida ( PG 1). O Deus apresentado por Incio nessa contemplao , portanto, um Deus contemplativo e compassivo. Um Deus que, a partir do que v, contemplando a humanidade perdida e pecadora, elege e se decide novamente por uma doao total de si mesmo, numa prxis salvadora e libertadora em favor desta humanidade dividida e perdida. O Amor de Deus incondicional e eterno. Este olhar compassivo, e a deciso que o segue, expresso desse amor que fiel para sempre... e desde sempre.A HUMANIDADE DIVIDIDA O que Deus contempla a humanidade dividida pelo pecado. Hoje podemos expressar esta diviso da humanidade na ruptura de trs relaes bsicas: a relao de filiao com respeito a Deus, porque nos fizemos filhos de outros deuses ( filhos do poder, filhos do dinheiro, filhos do prazer ); a relao de fraternidade com respeito ao irmo, porque preferimos a auto-suficincia e a explorao do outro; a relao de senhorio com respeito natureza, porque preferimos apropriar-nos dos dons (ficando apegados a eles ) ao invs de sermos administradores. O olhar santificador e reconciliador de Deus nos abre a possibilidade de refazer estas trs relaes rompidas. Esta deciso, essa eleio de Deus, ento, implicar a identificao com esta humanidade em tudo, mesmo nas situaes mais dolorosas e negativas, para assim, a partir de dentro, assumir a condio humana e redimi-la. Assim fazendo, Deus d a essa humanidade a possibilidade real de contempl-lo e, deste modo, participar por Ele, com Ele e nEle, na iniciativa amorosa que expressa a promessa de Deus de ser-nos fiel para sempre.O EMPOBRECIMENTO DE DEUS Assumindo os limites estreitos da condio humana, o Deus infinito se encarna, colocando-se Ele mesmo no centro da histria, saindo e afastando-se, desapegando-se de sua riqueza para inserir-se entre os pobres, assumindo a carne e nascendo de Maria, a virgem pobre de Nazar. Deus aceita e assume os limites do humano, princpio bsico da dinmicada Encarnao: nada do humano alheio a Deus em Jesus. Podemos afirmar que na Encarnao Deus leva a srio a realidade concreta e cotidiana no humano, com seus dramas e exigncias. No Deus que contempla vemos um Deus que se deixa afetar pela histria dos homens. O Deus universal, nesse momento da histria da humanidade, dirige seu amor e se entrega inteiro, esvaziando-se de si mesmo em um pequeno e particular ponto perdido da histria, onde ocorre a Encarnao do Verbo em Jesus de Nazar. Ele, que tinha condio divina, ... no se apegou em ser igual a Deus ... mas se esvaziou a si mesmo ... e foi reconhecido em figura de homem ... obediente at a morte (cf. Fl 2, 5-11) . amplitude infinita do universo e de toda a humanidade, infinitude divina do trono glorioso da Trindade Eterna que Santo Incio abre diante do olhar deslumbrado do exercitante (101-104), sucede, como histria do tema para contemplar e como composio de lugar, a casa, a habitao e o corpo de Maria (Nossa Senhora) na pequena e desprezada cidade de Nazar da Galilia. E essas pequenas, particulares, humildes e to humanas circunstncias sero as circunstncias da Encarnao, ponto de concentrao da totalidade indivisvel da experincia crist Entre os homens e mulheres com quem o Verbo encarnado nos chama a encontrar-nos, os pobres ocupam um lugar privilegiado. entre eles que o Verbo se insere em sua Encarnao, partilhando com eles sua condio(PG 1). , portanto, a partir deles, em quem o dom de Deus se manifesta com mais brilho e mais fora, que Jesus nos convida a todos a entregar-nos continuamente a Deus e a trabalhar pela unio de toda a famlia humana. a partir da fraqueza e opresso que sofrem os pobres, onde a vida est mais ameaada, oprimida ou esmagada, que Deus, Senhor da vida, pode fazer brilhar e reluzir mais seu poder e sua glria. na vida diminuda e agredida dos pobres da terra que Deus se mostra em toda sua dimenso como o que : Criador e fonte de vida, capaz de fazer florescer o deserto (cf. Is 65, 1ss), levantar os ossos secos transformando-os em exrcito militante (cf. Ez 37), fazer frteis virgem e estril (cf. Lc 1, 36-48). E faz isso no se impondo desde cima, passando por cima da temporalidade e da condio humana, mas assumindo-a a partir de dentro, fazendo-se todo dom de amor, vazio de glria e majestade, na pobreza, obedincia e humildade, em seu Filho Jesus Cristo, o servo de Iahweh, obediente at a morte de cruz (cf. Fl 2, 5-11), em quem a comunidade primitiva e as primeiras testemunhas reconheceram o Senhor, o Cristo de Deus (cf. At 2, 22-36).NOSSA ENTREGA A DEUS A dialtica entre o universal de Deus e o particular da condio humana vai marcar no s o momento da encarnao do Verbo em Maria, mas todo o processo encarnatrio vivido por Jesus. A encarnao, ainda que seja um mistrio de dimenses universais, s pode ser vista, contemplada e vivida no particular, ou seja, na medida em que se vai concretizando na histria. Assim ns, membros da Comunidade de Vida Crist, que compusemos estes Princpios Gerais, somos chamados a abrir-nos a esse dom de Deus que se nos oferece em Jesus Cristo, e que nos capacita para o dom de ns mesmos. E viveremos esta dinmica na particularidade e pobreza de nossas vidas, em cada situao da vida cotidiana, abertos s necessidades de nossos tempos(PG 2), em uma comunidade particular livremente escolhida(PG 7). O dom de si a vocao do membro CVX. CVX um caminho que nos torna capazes de responder entrega de Deus a ns com uma entrega tambm total, ardente e radical, ainda que limitada. Esse ardor e radicalidade se expressam quando fazemos nossas as opes de Jesus Cristo(PG 1), quando assumimos em nossas vidas sua pobreza e sua humanidade (PG 8d), quando centralizamos nossa vida em seu mistrio pascal (PG 5), quando participamos freqentemente da Eucaristia e nos alimentamos de seu Corpo e seu Sangue (PG 12,a). Tudo isto implicar para cada um de ns viver intensamente nossa vocao em um mundo marcado pela injustia e a pobreza. Viver de tal maneira que o contemplar os mistrios da vida de Cristo- como nos prope Santo Incio em seus Exerccios - nos levar a compartilhar e a compadecer as condies de vida dos pobres, onde Jesus Cristo continua se encarnando, vivendo sua paixo e ressuscitando, em uma Pscoa sempre possvel graas ao amor de Deus Pai na fora do Esprito Santo.SOB A MOO DO ESPRITO SANTO esse mesmo Esprito o que continua realizando hoje a entrega de Deus a ns e possibilitando nossa entrega a Ele, em todas as nossas diversas circunstncias particulares (PG 1). Esse mesmo Esprito, que repousou em plenitude sobre Maria na anunciao e que fez com que Jesus proclamasse sua misso na sinagoga de Nazar, o que nos possibilitar ser testemunhas ente os homens por meio de nossas atitudes, palavras e aes, fazendo nossa a misso do mesmo Jesus, de dar a boa notcia aos pobres, anunciar aos cativos sua liberdade, dar a vista aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar o ano de graa do Senhor(PG 8). Jesus Cristo, Verbo Encarnado, a possibilidade real, para sempre entregue aos homens, de refazer a histria. Ele reintroduz na histria uma nova lgica, capaz de reconduzi-la a Deus a partir de Deus mesmo. A vida humana - nossa vida - a partir da Encarnao do Verbo, uma vida crstica: vida de discernimento na Esprito, de seguimento do Filho, fazendo a vontade do Pai. CONTEMPLATIVOS NA AO Ver a histria contemplativamente significa, a partir da Encarnao, v-la com os olhos do pobre explorado. A Encarnao nos exige e nos impulsiona a uma mudana de tica, uma mudana do a partir de onde ver e compreender a histria. A fora de Deus somente se v com os olhos da fraqueza, com os olhos do que espera ser libertado e reconhecido em sua dignidade original. A experincia do Amor que realiza a salvao do homem e da histria, que recria a histria a partir de Deus mesmo, se converte em experincia possvel para ns. Deus no-la oferece gratuitamente ao convidar-nos a participar por Ele, com Ele e nele em sua experincia de Encarnao, vida, morte e ressurreio em Jesus Cristo. uma experincia de amor e servio.2. O esprito nosso guia2 - O ESPRITO NOSSO GUIAO PG 2 um texto fundamental, que d a primazia ao Esprito e reconhece ao mesmo tempo a necessidade de mediaes estruturais, mostrando que no h oposio entre estas dimenses. Nesta linha, podemos dizer que o PG 2 uma chave de leitura de todos os Princpios Gerais, pois indica a atitude e o tom com que estes devem ser lidos. Por isso, a no interiorizao deste Princpio pode conduzir a uma leitura rigorista dos Princpios Gerais e das Normas Gerais, e a uma interpretao incorreta do processo CVX delineado nas Normas Gerais. O PG 2 contm tambm uma rica sntese da vocao CVX, e introduz a partir do incio temas to importantes como a disponibilidade, o discernimento e a liberdade, apresentando o estilo CVX como abertura ativa ao Esprito do Senhor.O PG 2 UM TEXTO FUNDAMENTAL... A PRIMAZIA DO ESPRITO um texto fundamental porque nos d a chave de interpretao de todos os Princpios Gerais: no devem ser entendidos literalmente, mas espiritualmente, ou seja, sob a inspirao do Esprito Santo, com atitude permanente de discernimento. Comparado com o texto dos Princpios Gerais de 1971, se percebe uma mudana fundamental, que continuar presente durante todo o texto, marcando-o. Onde em 1971 se dizia nosso movimento, agora se diz nossa comunidade, recolhendo assim todo o caminho percorrido antes e depois de Providence82 e aprovado quase unanimemente na dia Assemblia Mundial: CVX uma Comunidade Mundial (veja-se, mais adiante, o comentrio ao PG 7). A frase final, pelo progresso e a paz, a justia e a caridade, a liberdade e a dignidade de todos no aparecia no Texto Revisado proposto pelo Comit Executivo. Por sugesto da Bolvia, o Texto Alternativo, que foi o que se aprovou neste caso, incorpora de novo esta frase que j estava nos Princpios Gerais de 1971. A Assemblia Mundial de Guadalajara votou a favor da redao alternativa quase unanimemente, manifestando assim o sentir da Comunidade convocada sob o tema da misso CVX. Santo Incio, no Promio das Constituies da Companhia de Jesus escreve: de nossa parte, mais que nenhuma exterior constituio, a interior lei da caridade e amor que o Esprito Santo escreve e imprime nos coraes h de ajudar para isso (ou seja, para o fim do servio de Deus Nosso Senhor). Com isso dava a razo e o sentido das Constituies escritas e estabelecia o equilbrio entre a lei externa e a lei interior, dando prioridade a esta. A inteno de nosso PG 2 a mesma.MEDIAES NECESSRIAS Talvez hoje nos ronde um perigo, sobretudo aos mais jovens de ns: considerar os Princpios Gerais (e as Normas Gerais) escritos como um amontoado imposto vida, como burocratizao da vida, ignorando que a realizao dos grandes ideais requer tambm grandes mediaes institucionais. Um sinal de nosso tempo a alergia ao institucional. luz deste texto, se compreende o sentido das mediaes necessrias para viver nosso ideal de vida: viv-las em relao com o Esprito, dinamizadas por Ele a partir de dentro. S assim se poder entender o significado profundo dos Princpios Gerais.O TOM DA LEITURA: UM LIVRO PARA REZAR O texto dos Princpios Gerais mais que um texto legal ou jurdico um texto espiritual. Mais que um texto a estudar e analisar, um texto a interiorizar, um livro de orao pessoal e comunitria. Uma das experincias mais gratificantes e profundas da Assemblia Mundial do Mxico foi, para muitos, a dos Grupos de Leitura Comunitria, nos quais 10 a 12 pessoas, de diversos pases, lamos comunitariamente os principais nmeros dos Princpios Gerais, compartilhando, depois da orao pessoal, o que ressoava em nosso interior, daqueles textos, daquela letra. Atravs da escuta e da partilha do que cada um sentia interiormente, experimentvamos a convergncia e a unio s quais o mesmo Esprito nos conduzia.SNTESE DA VOCAO CVXProcedei guiados pelo Esprito (Gl 5,16) CVX uma fraternidade evanglica. O que une a comunidade no um cdigo legal mas o esprito evanglico, que cria um estilo de vida - vivncias experimentadas e partilhadas juntas e dispersas, convices centrais, uma hierarquia evanglica de valores, um modo de proceder, prioridades - que no pode estar escrito, mas que se leva dentro e to sem discusso, que constitui a prpria vocao e identidade, a unidade no amor e na ao (PG 7). Ao ser um estilo de vida crist, s pode estar centrado no que o centro da vida crist: o Amor. E o Amor o Esprito de Jesus que vive em cada um de ns e que nos inspira a partir de dentro o caminho a percorrer no seguimento de Jesus. Somos cristos... que desejam seguir mais de perto a Jesus Cristo e trabalhar com Ele... (PG 4). Os Princpios Gerais so uma ajuda - uma mediao necessria - para seguir este caminho. Mas sem a lei interior do amor, seriam letra morta. A opo crist s pode ser um caminho de liberdade: a liberdade dos filhos de Deus. Para que sejamos livres, Cristo nos libertou (Gl 5,1). Esta lei interior do amor um princpio interno do homem, que o impulsiona a fazer o bem por amor. Assim o homem livre, dono de si mesmo e a servio dos outros: que o amor os ponha ao servio dos outros (Gl 5,13). Desta maneira, se recolhe o princpio de interioridade que nasce com a pregao dos Profetas no Antigo Testamento (cf. Jr 31,31-34), e que Jesus leva plenitude.No podemos ignorar, contudo, as tenses. O homem um empedernido fabricador de dolos. Todos temos esta tendncia. A norma externa e escrita um dos objetos que com freqncia convertemos em dolo. Nossa Comunidade, em todas as partes e em todos seus nveis, com freqncia poder padecer a virulncia desta tenso. Mas o que Deus nos pede amor e no formalismos jurdicos nem observncias externas. Por isso, a interiorizao e personalizao deste Princpio Geral poder ajudar para a purificao e o equilbrio, buscando, sobretudo, o Esprito de amor e liberdade, que habita no interior, fala no corao, e se expressa na vida, na comunicao de cada um de ns mesmos e no profundo de cada letra dos Princpios Gerais. A atitude de escuta, caracterstica de nosso modo de proceder nas reunies de grupo, encontros, cursos e assemblias e na vida, encontra aqui seu sentido e sua necessidade.ESPRITO DE LIBERDADE NO ORDINRIO DA VIDA A lei interior do amor... que o Esprito Santo inscreve em nossos coraes a fonte e princpio de nossa criatividade e fecundidade em frutos de vida crist e apostlica, porque se expressa sempre de um modo novo em cada situao da vida cotidiana. Se nos deixamos mover pelo Esprito, experimentaremos de que maneira o mesmo Esprito respeita a singularidade de cada vocao pessoal - de todo tipo de homens e mulheres (PG 4) - e faz que sejamos abertos, libre e disponveis para Deus. O comum da vida se converte assim em lugar privilegiado de experincia do Esprito. Nossa vocao CVX tem como caracterstica peculiar o chamado a ser vivido e realizado no cotidiano e concreto, porque somos chamados a buscar e encontrar Deus em tudo, tambm e sobretudo no cotidiano, no ordinrio, no concreto, que o que mais nos ocupa, no s no excepcional, extraordinrio e vistoso. A espiritualidade CVX, por ser inaciana, uma espiritualidade do concreto. Deus se nos pode manifestar em tudo. A Deus, temos de busc-lo e encontr-lo em tudo. Esta pedagogia nos leva a amar a Deus em todas as coisas e a todas elas em Deus. Tratamos assim de dar sentido apostlico, mesmo s mais humildes ocupaes da vida diria (PG 8a).DISPONIBILIDADE: CHAVE DE NOSSO CARISMA A lei interior do Esprito de Amor nos faz abertos, livres e sempre disponveis para Deus. So os frutos da ao do Esprito. o fruto do Princpio e Fundamento dos Exerccios inacianos: a indiferena ou liberdade interior, que no s liberdade de tudo o que no Deus, mas tambm para tudo o que Deus quer. Este equilbrio afetivo, que a indiferena inaciana e que nos faz realmente disponveis para a vontade de Deus, fruto da adeso afetiva a Jesus Cristo, de que Ele seja realmente Senhor de nossas vidas. Porque o Senhor o Esprito, e onde h Esprito do Senhor, h liberdade diz So Paulo (2Cor 3,17-18). A tarefa de todo membro CVX, encontre-se na etapa do processo na qual se encontre, este crescimento na disponibilidade, que fruto da graa do Esprito, mas que implica o que ca da um deseja e quer real e profundamente. A meta ou fim de nossa vocao e misso - Seguir mais de perto a Jesus Cristo e trabalhar com Ele... ser cristos comprometidos (PG 4); ser um trabalhador mais competente e uma testemunha mais convincente (PG 12) - pede este fazer-nos disponveis. Sem ser disponveis no poderemos eleger com radicalidade o que nossa vocao nos prope: trabalhar pela justia, com uma opo preferencial pelos pobres e um estilo de vida simples (PG 4). Todos os Princpios Gerais requerem de ns esta abertura, liberdade e disponibilidade para Deus. Sem ele no se poder entender nem viver o que neles se prope como caminho e estilo de vida crist.COM UM PROJETO: RESPONDER COM CRISTO AS NECESSIDADES DE NOSSO TEMPO o mesmo Esprito o que nos estimula a reconhecer nossas graves responsabilidades e nos ajuda a buscar constantemente a resposta s necessidades de nossos tempos. Quando Jesus proclama sua misso, o ouvimos dizer: o Esprito do Senhor est sobre mim porque ele me ungiu para que d a boa notcia aos pobres. Enviou-me para anunciar a liberdade aos cativos e a vista aos cegos, para colocar em liberdade os oprimidos, para proclamar o ano de graa do Senhor (Lc 4,18-19). Assim Jesus d resposta s necessidades de seu tempo e s necessidades de sempre. Ns somos chamados como Ele e com Ele a dar nossa resposta. Fomos ungidos e consagrados pelo Esprito para dar a boa notcia aos pobres. Como Jesus mesmo, cada dia temos que dizer: Hoje se cumpriu esta palavra. Nossa vida essencialmente apostlica (PG 8), temos de trabalhar com os homens de boa vontade pelo progresso e a paz, a justia e a caridade, a liberdade e a dignidade de todos (PG 2), lutando para mudar as estruturas opressoras (PG 8). Recolhendo o esprito das contemplaes dos Exerccios do Rei Eterno, nas quais escutamos o chamado do Senhor a trabalhar comigo, para que seguindo-me no sofrimento tambm me siga na glria e pedimos para no sermos surdos ao seu chamado mas prontos e diligentes para cumprir sua vontade (EE 95.91) e Para alcanar Amor na qual pedimos que reconhecendo inteiramente tanto bem recebido, possa em tudo amar e servir (EE 233), reconhecemos que o estmulo e a ajuda para viver tudo em nossa vida como misso, anunciando com obras e palavras a Jesus, nos vem do Esprito.COM DISCERNIMENTO O mesmo Esprito nos leva a um discernimento permanente: buscar constantemente a resposta s necessidades de nossos tempos. Discernimento pessoal e comunitrio (PG 8c) para a misso. o instrumento que nos oferece nossa espiritualidade. Mobilidade na misso: no podemos converter em dolo o que estamos fazendo pelos outros. Temos de revis-lo a partir da anlise e discernimento das necessidades de nosso tempo. Temos de estar abertos mudana que o Esprito est inspirando sempre em ns. Um dos perigos que podem matar a vida e a criatividade de nossos grupos CVX, sobretudo de adultos, a instalao na rotina: nas rotinas da vida; na rotina da reunio do grupo, de seu ritmo e freqncia; na rotina de nossas experincias passadas; na rotina do que fazemos sempre. A rotina bloqueia o Esprito de discernimento, apaga a vida do Esprito.NO CORAO DE UMA IGREJA QUE COMUNHO Fruto do Esprito tambm a unio: trabalhar em unio com todo o povo de Deus e com os homens de boa vontade (PG 2). Nossa vocao comunitria, eclesial. Somos companheiros com Jesus em misso. Nosso carisma e espiritualidade da Igreja e para a Igreja. Temos de saber partilh-la nela abrindo-nos a colaborar com outros. Este trabalhar em unio o que faz com que a CVX no seja nem possa ser uma seita ou um grupo fechado na Igreja. Um dos riscos mais freqentes converter nossos grupos em ambientes gostosos de acolhida, nos quais a gente se sente bem porque produz sensao de segurana, e assim se instala neles. Isto leva s vezes a engrandecer o grupo ao qual pertencemos. O Esprito age contra a instalao. No somos para ns mesmos, somos para a misso, para trabalhar em unio com outros e para abrir-nos a que outros trabalhem em colaborao conosco em nossas iniciativas e instituies, para a construo do Reino.3. Uma graa na histria3. UMA GRAA NA HISTRIAO PG 3 nos ajuda a ver a persistncia da ao do Esprito. Convida-nos a reconhecer nossas origens inacianas e a valorizar os muitos dons recebidos atravs dos sculos. Prope-nos uma atitude ante nossa histria e ante o momento presente: gratido, humildade, fidelidade graa, comunho que ultrapassa os limites do espao e do tempo, capacidade de renovao na Igreja. O texto tem tambm um valor jurdico ao evocar a aprovao pontifcia e situar a CVX no tecido visvel da Igreja. Tem tambm um valor prtico-pedaggico para que aqueles grupos que no participaram do caminho de renovao possam definir sua vocao e seu servio Igreja, dentro da Comunidade Mundial CVX como expresses desta, ou fora dela, como associaes diocesanas ou nacionais.AS ORIGENS INACIANAS O nmero 3 dos novos Princpios Gerais da Comunidade de Vida Crist (CVX) insere esta em uma longa histria, sublinhando sua continuidade com as Congregaes Marianas, promovidas pela Companhia de Jesus e aprovadas pelos papas desde o sculo XVI. No possvel compreender a atual CVX sem conhecer as linhas bsicas dessa histria, em particular, sua origem na figura carismtica de Santo Incio de Loyola e seus Exerccios Espirituais. Os Princpios Gerais, aprovados inicialmente em 1968, correspondem a uma inteno de renovao da rica tradio das Congregaes Marianas. Tratava-se, por um lado de retornar sua inspirao original, perdida atravs do tempo, especialmente em virtude de sua desvinculao da Companhia de Jesus, a partir da supresso dessa em 1773. Por outro lado, buscava-se adapt-las aos tempos, sobretudo ao esprito do Conclio Vaticano II e ao aggiornamento que ele suscitou, ainda que a idia da renovao tenha amadurecido ainda antes do Conclio. As Congregaes Marianas so fruto dos Exerccios Espirituais de Santo Incio. Seus primeiros companheiros, ao fim de suas misses em distintas cidades da Itlia, formavam grupos de leigos, que se ajudavam mutuamente no seguimento de Jesus e na prticadas atitudes de orao e servio despertadas por aquela experincia espiritual. O Pe. Tim Quinlan sj, em Progressio de maio de 1988, expunha a experincia de Pedro Fabro em Parma, e sugeria que nessa experincia e outras anlogas se encontrava o que se podia chamar a pr-histria das Congregaes Marianas, hoje CVX. Na mesma perspectiva se delineava o discurso do Assistente Mundial, Pe. Peter-Hans Kolvenbach, Assemblia Mundial CVX reunida em Guadalajara, particularmente naqueles pargrafos relativos s primeiras companhias de leigos inacianos. No h dvida tambm que nesta tradio se inclui, do mesmo modo, o jesuta belga Jean Leunis, considerado o fundador das Congregaes Marianas, quando reuniu um grupo de alunos do Colgio Romano a fim de prepar-los para o trabalho apostlico na cidade de Roma. Os traos que marcaram o perfil de seu grupo o pe em continuidade com essas primeira companhias: a ntima unio entre f e vida, a nfase na dimenso comunitria e apostlica, a inspirao mariana proveniente da contemplao da Encarnao. Em geral na Igreja, a vida precede s estruturas, e a aprovao eclesial confirmao de uma ao do Esprito que j est produzindo frutos. Assim, cerca de vinte anos depois, por sua qualidade excepcional e sua localizao no Colgio Romano, modelo das escolas jesutas que se criavam por todas as partes, a comunidade fundada por Leunis se havia convertido em exemplo e norma para os grupos dos novos colgios. Esta situao privilegiada foi reconhecida pelo Papa Gregrio XIII em 1584, quem outorgou Congregao Mariana do Colgio Romano a condio de grupo primrio, que os demais deviam reproduzir e ao qual deviam filiar-se. Esta rica evocao das origens inacianas e da evoluo posterior est sinteticamente expressa no PG 3, e confirmada pela autoridade da Igreja no decreto de aprovao. interessante notar que o PG 3 o nico explicitamente citado e ratificado no decreto de aprovao pontifcia.A PERSISTNCIA DA GRAA Reafirma a riqueza e a originalidade da pr-histria e dos primeiros desenvolvimentos, o PG 3 nos convida a considerar os sculos posteriores com uma atitude aberta e agradecida ante nossa histria. De fato, depois da aprovao da prima primaria, as Congregaes Marianas se multiplicaram rapidamente como um organismo leigo a servio da Igreja, animado por uma profunda espiritualidade e dinamismo apostlico. Esta expanso se baseou, em particular, na vitalidade juvenil da mesma Companhia de Jesus, cuja proposta respondia perfeitamente problemtica do tempo. O colgio jesuta daquela poca, como instituio oficial de ensino pblico e gratuito, constitua de certo modo o corao da cidade. Era um centro de irradiao pastoral e de cultura humana. E nele, a Congregao Mariana e os Exerccios Espirituais representavam o instrumento bsico de aprofundamento da f e servio apostlico oferecido pelos jesutas a quantos desejavam crescer sempre mais no compromisso cristo. Havia Congregaes Marianas no s de estudantes, mas tambm de diferentes grupos sociais e profissionais. A importncia de sua contribuio Igreja de ento se reflete nas palavras entusiastas do papa Benedito XIV na bula urea Gloriosae Dominae (1748): incrvel o imenso proveito que estas Congregaes Marianas, dotadas de santas e saudveis regras em harmonia com a diferente condio social dos congregados, produziram em pessoas de todas as classes da sociedade. Porm, na segunda metade do sculo XVIII a supresso da Companhia de Jesus pelo papa Clemente XIV veio a alterar decisivamente o curso da histria das Congregaes Marianas. At ento todas elas eram assessoradas por jesutas. Com o desaparecimento da ordem, o papa confiou sua superviso diretamente aos bispos locais permitindo que criassem novos grupos, e esta deciso provocou um grande crescimento. Durante os dois primeiros sculos, at a supresso dos jesutas, existiram 2.500 grupos. No perodo seguinte, at a introduo dos Princpios Gerais, mais 80.000 grupos haviam sido filiados. Contudo, esta evoluo afastou progressivamente as Congregaes Marianas de seu esprito original, no somente pela massificao e falta de seleo e formao, resultantes de um nmero to grande de associados, mas sobretudo pelo abandono dos exerccios inacianos, que garantiam seu carisma especfico. Elas se converteram em associaes piedosas, dedicadas primariamente a fomentar a devoo Virgem. Essa devoo mariana havia se transformado na maioria. Inicialmente Maria, contemplada na cena da anunciao, era vista como inspiradora da vida de f dos congregantes por seu oferecimento ao servio do Senhor e de sua misso na terra. Agora aparecia sobretudo na figura de protetora contra os perigos do mundo. Com a restaurao da Companhia de Jesus em 1814, os jesutas voltaram a promover as Congregaes Marianas. Porm o organismo em seu conjunto havia escapado ao seu controle. Na metade de nosso sculo, somente 5% das Congregaes Marianas eram dirigidas por eles, ainda que a Santa S lhes tenha restitudo a tarefa de inspirar o organismo e supervisionar sua autenticidade. Nem todos se davam conta da mudana de identidade ocorrida nas Congregaes Marianas. Porm pouco a pouco a conscincia da necessidade da volta ao esprito inaciano original se difundiu entre os dirigentes. A constituio apostlica Bis Saeculari, de Pio XII, em 1948, j o expressava. Na poca anterior ao Conclio Vaticano II, muitas Congregaes Marianas viviam momentos de crise. Muitas haviam comeado a usar outros nomes. A pedido da hierarquia, em muitos lugares passaram a ser Ao Catlica. Outras comearam a decair e sua militncia se reduziu significativamente. Faltava um sopro mais universal, para o qual era necessrio recobrar a universalidade do carisma original, sem prejuzo de um compromisso efetivo nas Igrejas e realidades locais. Os Princpios Gerais de 1968 representaram a formulao em termos universais dessa proposta de renovao. Ratificados pela Santa S, eles constituam o novo quadro dentro do qual deviam mover-se dali em diante as Congregaes Marianas do mundo inteiro. Tratava-se de uma transformao profunda, simbolizada pelo abandono da denominao tradicional das Congregaes Marianas, rebatizada como CVX. Erroneamente, muitos quiseram ver nisto uma ruptura e no uma renovao, sobretudo aqueles que ignoravam a primeira parte da nossa histria. Certamente que a renovao debilitou as Congregaes Marianas que no estavam j debilitadas. Muitas aderiram logo ao novo marco, e a evoluo posterior, na prtica, foi muito diversa nas diversas regies do mundo.UMA ATITUDE ANTE NOSSA HISTRIA O esprito do PG 3 universal. Convida-nos a aprender com a nossa histria, a crescer a partir dela como continuidade de uma graa secular, e a viver em comunho com todos os que nos precederam. A comunho ser possvel se nos situarmos ante nossa tradio espiritual com amor e em orao, na perspectiva da Igreja que nos props modelos seguros, amigos e vlidos intercessores no cumprimento de nossa misso. Com confiana podemos considerar os exemplos de Santo Incio, So Francisco Xavier ou o Beato Fabro; de So Colombire; ou mais recentemente, de Pier Giorgio Frassatti ou Victoire Rasoarimalala. longa a lista de homens e mulheres canonizados pela Igreja atravs dos sculos com os quais estamos em comunho. Hoje nos encontramos onde o Esprito do Senhor nos conduziu, o que no implica que no tenhamos cometido erros ou que no os continuemos cometendo. O texto e o esprito do PG 3 valorizam positivamente o caminho feito e a capacidade de renovao na fidelidade a uma graa. Mais explcito neste sentido o decreto de aprovao, que recorda a necessidade de renovao da vida apostlica pessoal e comunitria no esprito, logo depois de apreciar positivamente as origens e os desenvolvimentos posteriores. intil sair desta dinmica para buscar a partir de fora; de um passado idealizado ou um presente absolutizado, de falsas dicotomias e comparaes esprias, de uma situao local universalizada ou da dureza do universal; de perguntas injustas ou critrios de avaliao extemporneos; ou da minimizao das exigncias de uma vocao. Ao contrrio, o convite do PG 3 a olhar a prpria experincia a partir de dentro de um processo secular guiado pelo esprito, a partir de dentro da Igreja e suas sucessivas confirmaes, a partir de dentro das dificuldades e enganos do caminho que percorremos.O VALOR JURDICO Certamente os aspectos jurdicos no so os mais importantes e no devem ser supervalorizados. Contudo, importante no cair na armadilha de opor o esprito s estruturas. A Igreja, animada pelo esprito foi encontrando e formulando certas formas associativas para acolher a enorme riqueza de dons que o mesmo Esprito derrama sobre os batizados. As formas jurdicas no so perfeitas nem absolutas, porm permitem uma insero transparente e funcional na comunho e na misso da Igreja. Como foi dito no PG 3 e confirmado no decreto de aprovao, a Comunidade de Vida Crist uma associao internacional pblica de fiis, de direito pontifcio. O decreto claro no sentido que se trata de uma confirmao, e no de uma nova ereo cannica ou aprovao, reafirmando dessa maneira a continuidade com as prprias origens e com a aprovao inicial em 1584. O ser de direito pontifcio uma frmula que indica o valor universal da CVX, e o fato que no h de se discernir em cada caso particular se se trata ou no de uma genuna expresso eclesial. De acordo com este enfoque se redigiram as Normas Gerais 30 a 38 sobre o estabelecimento e o desenvolvimento de comunidades nacionais e suas subdivises.O VALOR PEDAGGICO E ORGANIZACIONAL O PG 3, ao estabelecer a continuidade da tradio, valorizar positivamente a renovao e clarificar a fisionomia eclesial da CVX, tem importantes implicaes no plano pedaggico e do desenvolvimento organizacional. claro que ningum pode usar com propriedade o nome CVX ou Congregao Mariana, a menos que esteja participando da nica associao internacional que segundo a autoridade da Igreja est nessa tradio. Contudo, estamos ante uma associao internacional que no pretende apagar a vida nem entorpecer nenhuma riqueza local. Desta associao internacional pode-se participar pleno iure, atravs da aceitao real dos Princpios Gerais e das orientaes da comunidade mundial (cf. NG 33). Porm pode-se pensar tambm em graus diversos de vinculao, sem tirar valor pastoral a nenhum e criando uma rica rede de colaborao apostlica e de recursos para a formao. Poderia pensar-se por exemplo em associaes aprovadas em uma ou mais dioceses, e portanto dependentes dos bispos que as aprovaram, que desejam uma vinculao com a comunidade CVX para beneficiar-se de alguns aspectos dessa tradio. Sua pertena deveria regular-se pela Norma Geral 12 e a leitura que dela se faa nos estatutos nacionais (cf. NG 35). Enfim, o PG 3 rico em contedo espiritual e eclesial; e por isso rico tambm em possibilidades de projetar desenvolvimentos futuros para um melhor servio.4. Finalidade da comunidade de vida crist4. FINALIDADE DA COMUNIDADE DE VIDA CRISTO PG 4 uma das melhores apresentaes breves de nossa identidade em seu conjunto. Quando convidamos s pessoas a considerar pela primeira vez os Princpios Gerais, recomendvel comear por este, pois transmite a essncia do que CVX significa para seus membros. Na mesma linha da lgica implcita em nosso nome Comunidade de Vida Crist, o PG 4 se centra no seguimento de Cristo. Convida-nos em seguida a dar testemunho com nossas vidas, e finalmente sublinha o significado e a importncia da comunidade. O trabalho pela justia e a simplicidade no estilo de vida so propostos como marcas distintivas de nossa CVX.CRISTOS: EM FUNO DO REINO Somos cristos, quer dizer, gente que segue Jesus Cristo e trabalha com Ele na construo do Reino. Este o corao da CVX. Jesus no foi um cristo, o provocativo ttulo de um livro recente. interessante refletir sobre este ttulo, ainda que o livro no nos interesse em si mesmo. Jesus no foi um cristo no sentido que seu propsito no era o cristianismo, mas a plenitude da vida para todas as pessoas. O sonho de Jesus o Reino de Deus, e nisto esto de acordo todos os exegetas. Porm, talvez nem sempre nos damos conta de como o reino est relacionado com nossas experincias cotidianas, mesmo com as mais profanas. Em sua primeira apario pblica em Nazar, Jesus l o livro do Profeta Isaas: O esprito do Senhor est sobre mim, porque mo ungiu para anunciar aos pobres a boa nova, me enviou a proclamar a libertao aos cativos e a vista aos cegos, para dar a liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graa do Senhor. Depois de ler, Jesus declara: Esta escritura, que acabais de ouvir, cumpriu-se hoje (Lc 4, 16-21). Jesus foi um incansvel melhorador do mundo, o que se depreende tambm com clareza de seu discurso programtico, o Sermo da Montanha. Porm onde isto talvez mais claro na descrio do juzo final. alimentando o faminto, dando de beber ao sedento, vestindo ao que est nu, visitando aos enfermos e aos presos (Mt 25, 31-46), e a forma como encontraremos a Deus. E todas estas aes so profanas! O sonho de Jesus era o Reino de Deus. Nos exerccios espirituais, Incio mostra as trs pessoas divinas olhando a terra desde o alto e tomando a deciso que a segunda pessoa se faria homem para salvar o gnero humano (Cf EE 102: PG 1). De novo: o propsito ou finalidade da vida de Jesus a salvao de todos os homens e mulheres, e nossa f se entende luz deste propsito. Este propsito deve ser tambm, desde o incio, a finalidade da CVX. Uma espiritualidade que se interessa ou se centra somente em seu prprio desenvolvimento falsa. Nossa pertena CVX, nosso ser Igreja, nossa herana inaciana, tudo o que somos, para o servio do Reino de Deus. Quando temos em mente o propsito ou sentido da vida de Jesus, podemos entender o que significa segui-lo mais de perto. Em Jesus, o Reino de Deus se manifesta. Ele no s faz o reino mais prximo a ns: Ele o Reino de Deus presente entre ns. No mera coincidncia que a expresso Reino de Deus desaparece nos atos dos apstolos e nas cartas de So Paulo. Parece que isto para dar lugar espiritualidade do seguimento e imitao do Senhor. Para Paulo, a verdadeira vida a vida em Cristo. At aqui, o texto do PG 4 trata simplesmente do ser cristos. Sem dvida, o propsito ou finalidade da CVX simplesmente formar cristos. Incio nunca quis que seus companheiros fossem chamados inacianos, como ocorre com os beneditinos ou os franciscanos. Os discpulos de Incio deviam ser chamados a partir de Jesus, porque eram companheiros de Jesus. Talvez por essa mesma razo a Assemblia Geral de Roma 1967 escolheu o nome Comunidade de Vida Crist, referindo-o s a Cristo Nosso Senhor, sem outras referncias, por exemplo, a Incio. E com tudo isso, CVX uma vocao particular na Igreja. Ainda que se trate sempre do mesmo Evangelho, podemos aproximar-nos dele desde distintas janelas. O carisma prprio da CVX provavelmente pode ser definido por dois elementos. De um lado, est a dinmica dos exerccios Espirituais (veja-se o PG 5: Fontes), que marca o estilo de nosso trabalho pelo reino. De outro lado, h uma comunidade mundial concreta qual pertencemos, normalmente atravs de nossa pertena a uma pequena clula na qual compartilhamos nossa f e nossa vida CVX como estilo de vida. CVX como estilo de vida descansa sobre estes dois pilares. Antes de entrar no segundo pargrafo do PG 4, consideremos todavia, alguns pequenos trechos do primeiro pargrafo que tm sua importncia. No h restries para ser membro de nossa comunidade. Homens e mulheres, adultos e jovens, de todas as condies sociais. Ainda que no nvel mundial, por exemplo em uma Assemblia Mundial, possamos encontrar esta diversidade, no podemos dizer sempre o mesmo a nvel nacional. s vezes esquecemos os jovens, ou no somos capazes de chegar a eles. Outras vezes no est bem balanceado o nmero de homens e mulheres. Freqentemente nossos membros refletem uma nica condio social. O PG 4 um desafio neste sentido. Finalmente, importante compreender que a expresso mais de perto se refere ao sentido inaciano do magis, e no contm uma implcita comparao, no sentido de pior ou melhor, com outras vocaes no seio da Igreja.VIDA: TUDO POSSVEL... PORM, NEM TUDO Como vivemos, concretamente, nosso ser cristo? Como tratamos de fazer presente o reino entre ns? Disto trata o segundo pargrafo do PG 4. Nosso propsito chegar a ser cristos comprometidos, dando testemunho na Igreja e na sociedade dos valores humanos e evanglicos. A frase poderia simplesmente terminar aqui. A vocao CVX no pode ser restringida, pois compreende todas as reas da vida. A especificao relativa dignidade da pessoa, o bem-estar da famlia e a integridade da criao no pretende ser restritiva, pois estas reas podem abarc-la toda, mas deseja inspirar nosso servio. De fato, CVX no tem um contedo especfico que deva desenvolver, porm deveria tocar o conjunto de nossa vida. Nosso compromisso pode ser no mundo social, poltico, cientfico, cultural, eclesial... e em qualquer rea a CVX nos dar um mtodo e uma atitude. Contudo, este enfoque no restritivo no significa neutralidade. Com particular urgncia sentimos a necessidade de trabalhar pela justia, com uma opo preferencial pelos pobres. Os Exerccios Espirituais e o estilo CVX nos ajudar a encontrar a vontade de Deus em nossas vidas, nos capacitam a fazer opes no esprito do Senhor ressuscitado e a permanecer abertos a qualquer possibilidade que se nos apresente. Porm, isto sempre a perspectiva do Cristo pobre e humilhado que se entrega a si mesmo na cruz (Fl 2, 6-8). Este elemento chave nos proteger contra o perigo de uma leitura neutra do Evangelho, que amide contm uma escondida nsia de riquezas ou poder. H uma estreitssima relao entre uma f autntica e o trabalho pela justia, e isto o que nos recorda esta frase do PG 4. Na meditao das Duas Bandeiras (EE 136-146), Incio nos pe frente opo pela riqueza ou pela pobreza. Adverte-nos que o mau esprito nos tentar primeiro com riquezas materiais para logo convidar-nos a seguir os dois degraus seguintes: as honras e o orgulho. Pelo contrrio, o Senhor nos convida suma pobreza espiritual e, se seu desejo, inclusive pobreza atual. As humilhaes e a desonra se seguiro, e da poder surgir a verdadeira humildade. Todas as nossas opes fluem de e se inserem nestas duas correntes ou direes bsicas. Assim como a adorao das riquezas est no princpio de muitos outros males talvez mais srios, o desapego de tudo o que possumos uma atitude crist bsica a partir da qual poder crescer uma verdadeira confiana em Deus, e s em Deus. Nossa preferncia pelos pobres se faz concreta em nosso estilo de vida simples. Cada um de ns vive em um meio e uma cultura particulares, parte de nossa espiritualidade o ser capazes de estar plenamente presentes dentro de nosso prprio mundo. Neste marco, entretanto, elegemos a simplicidade de vida, que mais que uma expresso de nossa liberdade para Deus: indiferena inaciana, liberdade interior. O estilo de vida simples expresso tambm de nossa solidariedade com os pobres, enquanto tratamos de olhar nosso mundo e nossa sociedade a partir deles, com seus olhos.COMUNIDADE: EM FUNO DE NOSSA MISSO A terceira e ltima parte deste texto enfoca todo o anterior desde a comunidade: uma relao de pessoas que desejam integrar melhor sua f e sua vida diria em todas as suas dimenses, e que se reconhecem a si mesmos em nosso carisma. Este reunir-se em comunidade est imediatamente relacionado com o servio apostlico, especialmente nos ambientes cotidianos, e com a resposta ao chamado que Cristo nos faz... desde dentro do mundo em que vivemos. Formar comunidade somente com vistas ao Reino de Deus, que cresce em nosso estar com Cristo e em nosso trabalhar com Ele, e em nosso estar junto a outros companheiros nesta grande empresa. O grupo, e a comunidade mais ampla, nunca sero portanto fins em si mesmos. Porm so indispensveis para que possamos desenvolver o estilo CVX, que se orienta ao crescimento do Reino de Deus. Como Incio e seus primeiros companheiros, tambm ns desejamos permanecer unidos e conectados uns com os outros em funo da misso de Cristo, que tambm a nossa. A razo pela qual o grupo o pequeno grupo e a comunidade mundial so ferramentas to poderosas para o reino, fica clara mais adiante nos Princpios Gerais. O grupo uma experincia concreta de unidade 5: Fontes da nossa espiritualidade5. FONTES DA NOSSA ESPIRITUALIDADEO tema central do PG 5 a espiritualidade da CVX. Fica claro que, como todas as espiritualidades crists, a espiritualidade da CVX centra-se em Cristo, como se nos apresenta atravs de vrios transmissores da tradio crist. Porm, ao mesmo tempo, delineia esta espiritualidade crist a partir dos Exerccios Espirituais de Santo Incio. O PG 5 nos recorda que somos pessoas de processo e de discernimento, e para sustentar esta vocao recomenda alguns bem testados meios de crescimento no Esprito.FONTES INACIANAS AO LONGO DE TODO TEXTO Em certa medida, pode-se ler e reconhecer diversos elementos da espiritualidade inaciana nos Princpios Gerais que precedem e que seguem o nmero 5. Vejamos ento os Princpios Gerais na ticada espiritualidade inaciana. PG 1: o primeiro PG evoca a forma de orar que Incio prope ao exercitante nas contemplaes da anunciao-encarnao. Ns estamos chamados a continuar a iniciativa que a Trindade teve ao enviar Jesus, e fazer nossas suas opes. PG 2: os Princpios Gerais no devem ser entendidos como leis formais, mas como respostas s inspiraes interiores motivadas pelo amor, pelo esprito que habita em nossos coraes, para o bem de todos em nosso mundo. PG 3: CVX segue o exemplo de Incio, que inspirou pequenos grupos de homens e mulheres em um processo de crescimento no amor a Deus e a toda a humanidade. PG 4 : Incio se relacionou com todo tipo de pessoas; bastava que tivessem um sentido de chamado de Cristo. As CVX se formam para o proveito espiritual de seus prprios membros e para levar os valores do evangelho a toda a humanidade, especialmente aos pobres. PG 5 : a espiritualidade inaciana o ponto central deste PG. PG 6 : Incio foi sempre de alguma maneira desconfiado de suas prprias motivaes. Por esta razo, constantemente discernia suas moes interiores e as relacionava com grande respeito s diretivas da comunidade de f mais ampla. O ler os sinais dos tempos em sintonia com a Igreja e seus desejos de progresso para todos os povos algo que interpreta muito bem o esprito de Incio. PG 7 : Incio via a Igreja como o prolongamento de Cristo em nosso mundo. Ele apreciaria muito a imagem de cada pequena comunidade relacionando-se com a Comunidade Mundial enquanto clula do corpo mstico de Cristo. PG 8 : Este PG expressa a intuio bsica de Incio quando tratamos de determinar nossa misso e apostolados: A graa flui desde o interior at o exterior. Assim, a converso de nosso prprio corao e a converso dos coraes daqueles com os quais nos relacionamos apostolicamente so prioridade, e daqui fluiro todos os outros benefcios. PG 9 : Maria, Nossa Senhora para Santo Incio, uma pessoa muito significativa nos exerccios. Isto particularmente assim nos trplices colquios. Incio pede ao exercitante que busque a intercesso de Maria ante desafios espirituais de distinta natureza. Como era de se esperar ela uma pessoa notvel nas contemplaes da encarnao, do nascimento, da vida oculta, da paixo e da ressurreio. interessante recordar que a capela da Anunciao no Colgio Romano dos Jesutas foi o marco no qual nasceu a primeira Congregao Mariana reconhecida oficialmente, a de Jean Leunis SJ.O MISTRIO PASCAL O PG 5 enfatiza que a espiritualidade CVX centra-se em Cristo e, em particular, em seu mistrio pascal: a vida, morte e ressurreio de Cristo. A espiritualidade inclui as atitudes, os desejos, as motivaes e a energia espiritual que ajudam as pessoas a viver sua vida crist neste mundo. Algo bsico na vida crist a relao pessoal com Cristo e o seguimento de seu exemplo de total dedicao humanidade. O conceito de mistrio pascal se refere tradio hebria da passagem. H uma passagem do anjo no Egito, e o cordeiro pascal o smbolo da preocupao de Deus pelos hebreus. Est tambm a passagem atravs do deserto sob a conduo de Moiss, e a travessia do Jordo encabeados por Josu. Para os israelitas, estas passagens eram um passar da escravido liberdade, do deserto terra prometida, desde o exlio em Babilnia at o retorno a Jerusalm. No caso de Cristo, trata-se da passagem atravs do sofrimento e da morte ressurreio. O reconhecer a Deus em cada momento pede um reconhecimento do sempre presente ciclo da vida: o nascimento, a morte e a regenerao da vida.REVELAO E TRADIO Algo bsico em qualquer espiritualidade a tradio que a origina. Por isso, o PG 5 insiste que a espiritualidade CVX se baseia na Escritura, na Liturgia e nos exerccios espirituais de Santo Incio. A CVX entende a tradio como um legado vivo que inclui em nossas vidas. O PG 5 dirige tambm nossa ateno aos elementos histricos de nossa f, assinalando em particular o desenvolvimento doutrinal da igreja e a presena de Deus nos acontecimentos de nossa vida. Espera-se que todos os membros CVX aprendam a orar com a Sagrada Escritura, e a usar a Escritura para compreender e viver suas vidas. Espera-se que todos tenham um profundo apreo pelo louvor a Deus que a Igreja como comunidade realiza a Eucaristia reconhecendo nela o lugar para a plena participao no mistrio pascal. Espera-se que tragam freqentemente Escritura suas vidas, preocupaes e atividades. A espiritualidade CVX leva a srio o que ocorre historicamente na experincia contnua da vida dos indivduos e da humanidade. importante valorizar as formas nas quais a interpretao que a Igreja faz dos acontecimentos da vida de Cristo se desenvolveu atravs dos sculos para sair ao encontro das constantes mudanas nas experincias da humanidade. Cremos que Deus est constantemente relacionando-se com todos ns, inclusive adaptando-se a ns e chamando-nos ao amor fraterno. Esta crena de que Deus ativo e trabalha em nosso mundo, chamando-nos a assumir nossa responsabilidade para construir um reino de paz, justia e amor, requer que nos tornemos pessoas discernentes da ao do esprito, tanto interna como externamente, como indivduos e como comunidades. A espiritualidade CVX contm uma exigncia de fazer anlise social em situaes concretas, e do ler os sinais dos tempos enquanto o gnero humano atravessa diversas crises, xitos ou fracassos.OS EXERCCIOS ESPIRITUAIS importante que a espiritualidade que flui dos exerccios espirituais de Santo Incio seja experimentada e entendida pelos membros CVX. Os exerccios foram primeiro uma experincia vivida por Incio em Manresa. Ele fazia apontamentos de suas experincias e logo ofereceu algumas a diversas pessoas, homens e mulheres que segundo ele poderiam tirar algum proveito de seus exerccios espirituais. S depois de observar o efeito produzido e de reescrever vrias vezes, fez ele a ltima composio do que agora conhecemos como os Exerccios Espirituais de Santo Incio de Loyola. Incio viu quanto bem obtinham os que faziam seus exerccios. Viu como estes exerccios ajudavam s pessoas a reconhecer a Deus em suas vidas. Viu que eles eram de ajuda para discernir como o Esprito Santo os movia a fazer opes e a atuar. Os Exerccios espirituais completos so uma srie de um 120 tempos de orao, que pode fazer-se intensivamente ou extensivamente ao longo de um perodo de 10 a 25 meses. O que os faz acompanhado por um guia espiritual com experincia. Esto estruturados para ajudar converso das pessoas, fazendo-os viver experincias de criaturas, de criaturas pecadoras, chamadas por Deus, capazes de intimidade com Cristo em seu nascimento, vida pblica, paixo, morte e ressurreio. Nestas experincias para a converso, a pessoa aprende a apreciar o amor de Deus, e adquire a necessria liberdade para responder a esse amor de Deus que move seu ser at o companheirismo com Jesus Cristo.PESSOAS COM SENTIDO DE PROCESSO E DE DISCERNIMENTO Vocao uma descrio significativa da atitude de vida dos membros CVX. Esta vida no se enfrenta como uma batalha que se h de lutar nem como uma tarefa que se h de cumprir. Tampouco uma carreira que se h de coroar com xito. A vida uma permanente relao com Deus, que nos est constantemente atraindo mais alm de ns mesmos em uma relao Eu-Tu. Esta relao implica uma mutualidade no compartilhar entre ns e Deus. Da mesma maneira que a Trindade se doa a si mesma e nos chama a partilhar em sua continua ao salvfica, tambm ns estamos convidados doao de ns mesmos e a responder (cf. PG 1). Porm tanto o chamado como a resposta se situam em um mundo histrico e em transformao, pleno de coisas boas e coisas ms de frente para o futuro. O discernimento de espritos imperativo em uma sociedade global livre, na qual somos scios com Deus e com os demais para a construo de um mundo melhor. O PG 5 enumera um certo nmero de prtica que nos ajudam a cooperar com a influncia vivificante do Esprito Santo. Trata-se basicamente de instrumentos para fazer crescer nossa capacidade de perceber as moes espirituais internas, e julgar se elas vm de Deus, de nosso prprio esprito egosta, ou do mais esprito fora de ns. A orao de um membro da CVX ser sempre desde dentro de sua concreta situao mundana de vida. Constri-se assim um verdadeiro sentido de identidade de amados por Deus e, ainda que criaturas limitadas e pecadoras, chamados a ser companheiros de Jesus. s vezes centrar-se- em nossas necessidades de criaturas dependentes, enredadas em nosso pecado, clamando perdo ou pedindo a graa de poder perdoar a outro. Outras vezes, centrar-se- em nossa impotncia ao enfrentar o apostolado ou o sofrimento na misso. Porm, a maioria das vezes, a orao formal, especialmente a contemplao de fatos do Evangelho, ser o modo de fazer crescer uma relao com Cristo. Tal tipo de orao ajuda tambm ao discpulo a assumir a mente e o corao de Cristo como base para suas decises no mundo de hoje. Este conhecimento experiencial de Cristo um critrio bsico para o discernimento pessoal e comunitrio, to necessrio para viver o estilo de vida CVX. A dimenso comunitria da CVX sublinha a verdade de que no h discernimento pessoal sem discernimento comunitrio, e vice-versa. A distino entre o discernimento pessoal e comunitrio dada por quem , em definitivo, o que tomar a deciso final. As avaliaes e sugestes comunitrias, como tambm a orao sobre um assunto de um dos membros, so importantes para as decises pessoais. Analogamente, a orao e o discernimento pessoal so necessrios em qualquer aspecto ou etapa de uma deciso comunitria, desde a discusso de um problema at a avaliao, a recomendao, a deciso ou a ao. O que faz que um processo seja discernimento inaciano o uso que fazemos do conhecimento das moes interiores, que adquirimos na orao pessoal e comunitria. H dois grupos de moes. Um grupo basicamente tipificado por um sentido espiritual de estar unidos com Cristo, um amor que se recebe e que se d. O outro se caracteriza pela experincia de estar separados de Cristo e praticamente ss: a desolao. O PG 5 se refere depois a dois importantes meios para adquirir tal conhecimento interno, tpico do discernimento: o Exame de Conscincia e a relao com um guia espiritual. A partir da experincia de orao pessoal mencionada acima, estes dois meios aumentam nossa conscincia das experincias interiores de desejo e motivao como provenientes do amor de Deus derramado em nossos coraes (Rm 5, 5), ou como afetos desordenados como os que Paulo enumera em Glatas 5, 16-26. O PG 5 termina com a clebre frase de Santo Incio: Buscar e encontrar a Deus em todas as coisas. A frase recolhe a graa desejada na contemplao para alcanar amor dos exerccios. uma expresso da espiritualidade 6: Sentido de Igreja6. SENTIDO DE IGREJAOs Princpios Gerais e sua evoluo atravs dos anos no podem ser entendidos seno em um contexto eclesial. O PG 6 quer ser um texto eclesiolgico, para explicitar que foi na Igreja onde conhecemos o Senhor, onde ele tocou nossas vidas e nos chamou a segu-lo por caminhos previsveis, onde fomos convocados como comunidade de fiis e guiados pelo esprito do Senhor. Dessa forma, o PG 6 nos convida a encontrar Cristo em todos os homens e em todas as situaes, e a alcanar as fronteiras da Igreja, preocupados com o progresso de todos. A UNIDADE DE CRISTO, A IGREJA E O ESPRITO Ao descrever o carisma da CVX os Princpios Gerais dedicam o nmero 6 ao sentido de Igreja. No podia ser de outra forma, dado o lugar que este ocupa na espiritualidade inaciana. s vezes, ele associado demasiado exclusivamente com as regras que Santo Incio prope nos Exerccios (EE 352-370). Mais verdadeiro vincul-lo experincia do amor e seguimento de Cristo: desse Senhor, que desde a cruz me salva (EE 53), que me chama a trabalhar com ele no projeto do reino (EE 91ss), a quem desejo com toda a minha alma conhecer, para mais am-lo e segu-lo (EE 104). Desde sua estrutura bsica, o caminho espiritual de Incio ata em um feixe inseparvel Igreja, Cristo e Esprito. No h outro caminho para ir ao Pai. Para fazer sua eleio o exercitante discerne os vrios espritos (EE 176), enquanto segue contemplando a Cristo (EE 135). E o que elege h de ser coisa que milite dentro da Santa Madre Igreja Hierrquica, e no m nem repugnante a ela (EE 170). As regras de discernimento dos espritos e as outras regras para sentir com a Igreja so ajudas para manter unidos a Igreja e o Esprito no seguimento apostlico de Cristo para trabalhar pelo reino. Se esta trplice vinculao o que subjaz e dinamiza o sentido de Igreja, se compreende que os Princpios Gerais tratem do sentido de Igreja na perspectiva apostlica do reino. Os Exerccios nos fazem acompanhar ao Senhor construindo sua Igreja com pessoas e aes concretas. Assim a crescente identificao com Cristo leva a um progressivo crescer em identificao com as pessoas e aes da Igreja. O sentido verdadeiro de Igreja - a que apontam as regras - no s da ordem do conhecimento intelectual seno um instinto natural que brota do amor e gosto interior. da ordem do conhecimento interno, do sentir e gostar (EE 2, 104). f cordial no Cristo total, cabea e membros: credo ecclesiam. No amor Igreja e s pessoas que a formam, vai-se estendendo - at querer abraar a todos os homens e mulheres do mundo - o amor ao Senhor Jesus Cristo. Porm, ao estar enraizado na seqela Christi, um amor de enviado a trabalhar, a servir. Vejamos isto analisando o texto que nos prope os Princpios Gerais.A IGREJA EM MISSO J fizemos notar o marcado acento na misso que percorre os Princpios Gerais de 1990. O nmero referente ao sentido de Igreja j tinha esta nfase na verso de 1968, e a formulao de 1990 se limita a introduzir-lhe leves modificaes. Vejamos como aparece no novo texto a idia de misso, recapitulando o que j estava e considerando as novas contribuies. Na igreja Cristo continua aqui e agora sua misso salvadora. Estar nela no algo esttico, mas um chamado a fazer-nos sensveis aos sinais dos tempos e s moes do Esprito Santo. Este chamado se converte em envio a encontrar Cristo em todos os homens e situaes. A riqueza de ser membro da Igreja move a participar na liturgia, meditar na palavra de Deus e aprender a doutrina crist. Porm, imediatamente esta riqueza se converte em misso: trabalhamos junto com a hierarquia e outros lderes eclesiais, motivados por uma comum preocupao pelos problemas e o progresso de todos. Nesta ltima frase h uma modificao no irrelevante: vontade clara e decidida de colaborar com os pastores, se acrescentou a frase e com outros lderes eclesiais, dando assim melhor conta da complexa origem de muitas iniciativas apostlicas.ALCANAR AS FRONTEIRAS DA IGREJA A parte final do PG 6 refora o enfoque missionrio de todo o pargrafo, pondo nosso sentido de igreja em relao obra de fazer avanar o reino de Deus na terra. Imediatamente depois, quase como conseqncia lgica, se introduz a frase - nova com respeito ao texto de 1968 - que afirma o sentido de Igreja inclui uma disponibilidade para partir a servir ali onde as necessidades da Igreja peam nossa presena. Esta frase, talvez a principal novidade neste pargrafo, compreendida luz da vida da comunidade nos anos recentes. J desde Providence 82 havia experincia de membros que deixavam seu lugar e ocupaes ordinrias para acudir a necessidades da Igreja. Este processo foi valorizado positivamente por Loyola 86 e continuou estendendo-se, caso se tratasse de servir em outro pas ou no seu prprio. Responde tambm ao impulso missionrio dado aos leigos pela hierarquia em todos os nveis. A idia de partir a servir no h de entender-se s como deslocamento geogrfico. Pode ser muito rico ler a expresso necessidades da Igreja como carncias da Igreja, e no necessrio forar o sentido da palavra necessidade, que inclui sempre o de carncia, assim, o desafio preocupar-se por chegar ali onde a Igreja no chega, s fronteiras da f, aos setores menos evangelizados da cultura, aos homens e mulheres que rechaam ou criticam a Igreja, aos aspectos menos evangelizados na prpria vida da Igreja. Esta idia poderia dar um enorme dinamismo CVX em seu conjunto e a seus membros como indivduos.FORMAO E MISSO A Igreja - e a CVX - encontra seu sentido na misso, como j est claro. Porm isto no tira a importncia do fato que tambm um lugar de formao, de crescimento, de anncio. Onde antes s se falava de difundir a doutrina, a nova redao diz: aprendemos, ensinamos e promovemos a doutrina crist. Assim se quer fazer ver este duplo chamado a formar-se e sair em misso, a beber das fontes e a ser fonte para outros. De passagem, se vai ao encontro do fato - hoje bastante difundido - da ignorncia em pontos doutrinais dos mesmos membros da CVX. Esta relao entre formao e misso h de entender-se no como contiguidade mas como interao dialtica, pois assim que se vive na Igreja e que Jesus formou seus apstolos.UM CARISMA EXIGENTEO sentido de Igreja pois uma constante ateno ao Cristo do Evangelho, s necessidades da Igreja e dos homens e s moes que o esprito suscita em nosso corao para em tudo amar e servir. uma decidida vontade de ser fiel ao chamado de estar e trabalhar com Cristo pelo reino do Pai, aceitando de corao a comunho afetiva, doutrinal, disciplinar e missionria com a Igreja. Implica que todos os nossos discernimentos de alguma forma sejam levados confirmao da Igreja.Est claro que o sentido de Igreja algo muito exigente. No poderia ser de outro modo por estar enraizado no seguimento de Cristo, levando com Ele cada dia a cruz. Junto com isto, recordemos a necessidade de usar a pedagogia inaciana do crescimento gradual. Por ser uma atitude de caminhantes, o sentido de igreja se desenvolve gradualmente, se vincula estreitamente s diversas fases do desenvolvimento das pessoas e comunidades CVX, amadurecem como o trigo da parbola, passa pelas tentaes contra as quais nos previnem as regras de discernimento da segunda semana, h que cultiv-lo com especial dedicao nos tempos de crise. A contemplao para alcanar amor nos pe ante Deus Nosso Senhor, o amante que quer comunicar-se conosco: dando-nos e dando-se; acercando-se at fazer de nossos coraes um templo seu; trabalhando no mundo e dentro de ns por amor. Esta contemplao para a CVX o caminho habitual para cultivar e crescer em sentido de Igreja.7: Vnculos comunitrios7. VNCULOS COMUNITRIOSO PG 7 se refere explicitamente vida comunitria. Pode ser lido, vivido e compreendido de diferentes maneiras pelas pessoas em diversas etapas de crescimento e distintos tempos. O fato que tenhamos escolhido formar uma comunidade mundial, o significado e implicaes deste fato, o papel que deve desempenhar a pequena comunidade local em relao com a comunidade maior, os elementos que nos fazem comunidade, a forma na qual construmos comunidade e nos comunicamos com outros, constituem alguns dos contedos propostos no PG 7 para nossa reflexo e ao.O CAMINHO PARA A COMUNIDADE MUNDIAL Percorrer o caminho at a comunidade mundial CVX tomou mais de 400 anos! A primeira parte desta viagem foi comentada anteriormente quando nos referimos ao PG 3. Agora ser til considerar a parte mais recente desta viagem, o qual inspira de forma significativa o PG 7. Em 1953, as Congregaes Marianas ao redor do mundo decidiram formar a Federao Mundial das Congregaes Marianas, e iniciaram um processo de renovao que posteriormente, inspirado no Vaticano II e sua nfase no papel do laicato, levaria a mudanas extremamente significativas. Na Assemblia Mundial de 1967, se declarou que as Congregaes Marianas seriam conhecidas a partir de ento como a Federao Mundial das Comunidades de Vida Crist; que se tratava de um organismo leigo autnomo, cuja carta fundamental no seriam mais as normas comuns promulgadas pelo Geral dos Jesutas, mas seus prprios Princpios Gerais e Estatutos; e que a Federao Mundial substituiria prima primria como (textualmente) me e cabea de todas as Congregaes Marianas e garantia de sua autenticidade. medida que foi passando o tempo e os exerccios de Santo Incio causavam um impacto cada vez maior na vida da CVX mundial, foi-se dando a crescente sensao de que CVX era uma comunidade mundial mais que uma federao mundial. Posto que os contatos entre os membros CVX se faziam mais freqentes nvel local, nacional e internacional, estes comearam a descobrir, cada vez que se encontravam que compartilhavam um caminho comum, um estilo de vida em comum e que, na realidade, se tratava de uma experincia mundial. Com o risco de ser excessivamente simplista: em uma estrutura de federao mundial, o compromisso principal com o grupo local; e logo, mediante uma srie de afiliaes sucessivas, com a federao mundial. Os delegados Assemblia Geral da Federao Mundial tendem a ser representativos de sua prpria federao nacional. Diferentemente, em uma estrutura de comunidade mundial, o compromisso primeiro com o estilo de vida comum compartilhado mundialmente a Comunidade Mundial atravs da pertena a um grupo local. Neste esquema, os delegados Assemblia Mundial no so meros representantes de suas comunidades de origem, mas so a comunidade mundial reunida, isto , o corpo governante da comunidade mundial. Parte do gnio das CVX que provm de sua herana inaciana consiste em que as estruturas evoluem refletindo a experincia das pessoas. Assim, a Assemblia Mundial que se realizou em Roma, em 1979, desenvolveu o tema para uma comunidade mundial ao servio de um s mundo. Nesta assemblia, se solicitou aos delegados pronunciar-se acerca do seguinte ponto: Deveramos lutar ativamente por converter-nos em uma comunidade mundial?, ao que a maioria respondeu: sim. Na Assemblia Mundial de Providence (EUA) em 1982, se perguntou aos delegados: Sentimo-nos chamados, agora, a formar uma comunidade mundial?. Quando, na assemblia prvia se havia votado a favor de lutar ativamente por converter-nos em uma comunidade mundial, o voto no havia sido unnime. O sentido da nova interrogao tinha muito que ver com a repetio e avaliao inaciana: era a oportunidade que tinham os delegados presentes de revisar a deciso tomada em Roma, de refletir acerca de sua prpria experincia desde ento e, luz de tudo isso, expressar se acolhiam ou no o chamado comunidade mundial. Dos 39 delegados com direito a voto, 37 responderam de forma afirmativa e 2, por distintas razes, se abstiveram. Ningum votou contra. Muito dos delegados declararam que sentiam o sopro do esprito em uma to extraordinria expresso de consenso. Em Loyola, em 1986, simplesmente se dava por certo que os delegados reunidos em Assemblia Mundial constituam o corpo governante da CVX mundial, mais que representantes daqueles que os haviam enviado: experincia muito comovente e privilegiada do que ser uma comunidade mundial.A transformao de uma federao mundial em uma comunidade mundial fazia necessrio implementar uma srie de modificaes nos Princpios Gerais, que permaneciam desde sua primeira apario em 1967 e sua confirmao em 1971. Se estabeleceu um comit especial com o objetivo de elaborar um esboo de novos Princpios Gerais. Depois de um extenso processo de consulta a nvel mundial, os novos Princpios Gerais foram aprovados pela Assemblia Mundial de Guadalajara (Mxico), em 1990, e em seguida confirmados pela Santa S. O nmero 6 dos Princpios Gerais de 1967 estabelecia: nossa entrega pessoal encontra sua expresso no compromisso com uma comunidade particular, livremente escolhida, enquanto que no nmero 7 dos novos Princpios Gerais se assinala: Nossa entrega pessoal encontra sua expresso no compromisso pessoal com a comunidade mundial, atravs de uma comunidade particular livremente escolhida. Esta mudana uma clara expresso do longo caminho percorrido em direo comunidade mundial.A EXPERINCIA COMUNITRIA DE INCIO Refletindo sobre os Princpios Gerais de 1971, o Padre Louis Paulussen SJ se referiu insistncia na vida comunitria como um aspecto novo ainda que nossas fontes histricas revelem um forte esprito comunitrio j no primeiro grupo constitudo em Roma em 1574, que foi progressivamente diminuindo nas sucessivas Regras Comuns (1587, 1855, 1910) at chegar a ser um estilo bastante autoritrio. Parecia importante, nesta etapa de CVX, comparar nossa prpria experincia de comunidade, e sua expresso nos Princpios Gerais, com o caminho comunitrio e pessoal do prprio Incio, em especial antes que a primeira comunidade inaciana de Amigos no Senhor decidisse, nas deliberaes de 1539 em Roma, manter sua unidade mediante um voto de obedincia ao superior, com o que se transformava a natureza deste em uma congregao religiosa: A Companhia de Jesus. At este evento, possvel consider-los como a primeira Comunidade de Vida Crist em essncia: foram leigos durante a maior parte desse tempo. Incio foi conduzido desde o servio a Deus puramente pessoal ao servio comunitrio. As meditaes do Reino (EE 91-100) e das duas bandeiras (EE 136-148), a essncia do mistrio de Cristo, deram a Incio uma nova viso do rei eterno e de sua vocao de servio: chegou a compreender o convite do Pai em Cristo a uma vida de cooperao apostlica. J no mais um Cristo para imitar, mas um rei vivente e ativo que busca colaboradores e amigos generosos no mundo de hoje. Tal como ocorre com Incio, se trata do chamado que nos faz Cristo e o PG 7: Nossa vida essencialmente apostlica (PG 8). A experincia logo ensinou a Incio que falar com as pessoas frutfero para elas e que dar o que havia recebido no diminua seu valor, mas era benefcio para sua vida espiritual (Autobiografia 29). Como resultado de sua experincia, respondeu abandonando seus antigos excessos e cortando suas unhas e cabelos. O encontro com outros ensinou a ele, e posteriormente primeira comunidade inaciana, a moldar-se para o propsito do apostolado. Deus guiou a ele e a sua comunidade mediante sua experincia e histria. Cada um refletiu acerca de sua experincia, prestou ateno a seus movimentos internos, depurou e discerniu esses movimentos em comunidade e logo respondeu a Deus. Este o fundamento da formao das CVX para a misso. A primeira tentativa comunitria de Incio de Barcelona teve vida curta. Quando Incio viajou para Paris, o grupo desanimou e cada um tomou seu prprio caminho. Em Paris, Incio conheceu Fabro e Javier e cresceu uma profunda amizade entre os trs. Ali se iniciou o processo de intercmbio que foi uma das caractersticas daquela primeira comunidade de 10. Cada um deu o que tinha aos outros. Outros se uniram a eles e Incio deu os Exerccios a cada um em separado ao longo de um prolongado tempo de preparao. Incio havia aprendido de sua experincia em Barcelona. Cada um deles de forma independente, voluntria e espontnea chegou mesma deciso de consagrar sua vida a Deus no servio aos outros em conformidade com o estilo de vida que haviam experimentado. Sua preparao significou para eles quatro anos de vida conjunta com Incio como pai espiritual. Experimentaram um processo de crescimento espiritual em comunidade. Conheceram a vida, viveram-na, provaram-na e chegaram a identificar-se com ela. Esta maturidade espiritual foi inspirada no esprito dos Exerccios que viveram como grupo com Incio como guia. Duas caractersticas distintivas dessa primeira comunidade inaciana so especialmente importante para ns. Em primeiro lugar, sua estreita relao com os pobres e, em segundo lugar, a unidade em sua forma de proceder que constitui o carisma peculiar de sua vocao apostlica (1).UMA VOCAO AMADURECIDA EM COMUNIDADE Esta mesma maneira de proceder a base de tudo na CVX. O processo comunitrio CVX o dos Exerccios Espirituais em Comunidade , a maneira de discernir o amor na ao, fundamento e chave de nosso estilo de vida. Introduz-se, experimenta e aprende primeiro na comunidade local em formao e ali e na comunidade maior que se prova, vive e discerne a vocao pessoal a este estilo (Normas Gerais 1, 2, 3 e 4) durante um perodo considervel de tempo. Aquelas pessoas que no tenham sido chamadas a viver este estilo devero ser ajudadas a encontrar outro grupo ou estilo. Na afirmao do PG 7 nosso vnculo comunitrio nosso compromisso comum, nosso comum estilo de vida e nosso reconhecimento e amor a Maria como nossa me, nossa vocao se refere a uma maneira de proceder, um estilo de vida, essa nossa vocao particular (PG 4). Nossa comunidade nasce de pessoas que vivem uma vocao comum. Nosso chamado e compromisso com este estilo nos vinculam e unem em comunidade. possvel observar o anterior no sentido de pertena e de estar indo por um cainho comum que os membros de CVX experimentam quando se renem na comunidade maior. Maria nosso modelo de resposta amorosa na f iniciativa do Pai. Nem sempre compreendendo, em ocasies temerosa, porm aberta, ouvinte e atenta e respondendo ativamente. Nosso centro est na Eucaristia, na qual compreendemos a viso de Mundo que nela se promove, e tambm recordamos que a CVX forma uma comunidade mundial. O Reino de Jesus o Reino de Deus ultrapassa todas as barreiras e abarca todas as pessoas.O SENTIDO DE PROCESSO DENTRO DE UMA COMUNIDADE APOSTLICA As CVX ao redor do mundo so, em geral, jovens em termos de formao apostlica inaciana (a formao CVX para a misso toma anos). O Padre Osuna em Amigos no Senhor distingue entre comunidade apostlica e comunidade de formao, que obviamente de tipo transitrio. Nela se realiza a preparao para a comunidade apostlica definitiva, deve adaptar-se a esta ltima e recebe sua inspirao desta (1). No contamos com muitos membros CVX formados ou com experincia ou com comunidades a partir das quais as comunidades em formao possam inspirar-se. Formados no significa que hajam terminado ou chegado meta; contudo, haveria aparentemente uma maturidade quando se chega a ser uma pessoa em processo CVX, quando a prpria forma de proceder se volve inaciana quanto sua natureza. Estamos em permanente formao! Em outras palavras, temos poucos modelos de comunidade de vida crist apostlica. O anterior no quer dizer que no tenhamos pessoas em muitas CVX que vivam vidas apostlicas. possvel assinalar, a partir da experincia, que existe uma diferena entre uma CVX na qual alguns ou todos os seus membros so apostlicos, e uma CVX apostlica. Uma CVX apostlica uma comunidade que, em resposta a uma experincia ou situao, capaz de discernir honestamente uma deciso em comunidade com a participao de todos os membros, esperar a confirmao, e logo continuar com a moo ou viver a deciso de forma aberta. Esta maneira de proceder, ento, se converte em sua forma de operar. Em uma CVX apostlica, existe um profundo desejo de buscar a vontade de Deus, de encontrar uma relao com o Esprito, de conseguir um encontro a um nvel que transcenda as diferenas. Nossa entrega pessoal se expressa deixando sair nossas idias e desejos para poder ser livres para aceitar, com verdadeiro desejo, a maior glria de Deus na deciso comunitria conhecer e crer que a verdade do esprito se encontra dentro da comunidade e confiar que o esprito falar ao grupo discernindo em comum. Isto requer um amor firme, honestidade, confiana profunda, escuta e um grau de liberdade espiritual. A comunidade j haver experimentado a etapa de redeno ou de pecado grupal a nveis profundos. A meditao do Reino e as duas bandeiras, essenciais para compreender a comunidade apostlicada CVX e do PG 7, se situam ao final da primeira semana e na metade da segunda semana dos Exerccios Espirituais. A pessoa ou comunidade consegue chegar a estas meditaes e graas chaves somente depois de haver experimentado a primeira semana a etapa de redeno a que amide evitamos e pouco compreendemos a nvel comunitrio (ver o Survey do processo de formao CVX. Da mesma maneira que a experincia de profunda gratido do pecador amado, perdoado e salvo a nvel pessoal leva ao desejo de estar com Cristo na misso, na experincia comunitria a energia para a misso nos chega da profunda gratido de aceitao e amor tal e como somos por parte de Deus e dos outros. nessa profunda experincia comunitria de pecado e total dependncia em Cristo para a salvao que conseguimos conhecer a unidade em nossa diversidade: Cristo como fonte e foco de nossa comunidade, de nossa unio em e com ele como colaboradores, como povo eucarstico. A comunidade de vida crist descrita no PG 7, em seu nvel mais profundo ou maduro, constitui uma comunidade apostlica. A forma de proceder corresponde da primeira comunidade inaciana. As CVX em formao so transitrias no sentido e necessidade de ser guiadas para e receber sua inspirao da comunidade apostlica. Isto no significa que alguma etapa da CVX seja superior a outra, porm reconhece que existem diferentes nveis de viver a graa deste estilo de vida. O PG 7 pode ser lido, vivido e compreendido de diferentes maneiras por pessoas em diversas etapas e tempos. Assim como ocorre na vida espiritual. Tudo dom e graa. Nossa entrega pessoal se expressar de diferentes maneiras a medida que formos aprofundando nossa promessa, isto , nosso compromisso com CVX deixando-nos imbuir daquele esprito de gratuidade, de dar e receber mutuamente, que encontramos no corao dos Exerccios Espirituais e nosso estilo de vida. Nunca teremos chegado: sempre h mais, posto que somos atrados mais e mais profundamente pelo amor e mistrio da Trindade e de cada um de ns. Ao comeo do caminho na CVX, o novo membro expressar a entrega de si mesmo assistindo a reunies e compartilhando sua vida e orao em uma nova comunidade. Para o membro CVX que tem experincia no que se refere a chegar a ser uma comunidade apostlica, esta entrega de si mesmo pode significar um profundo compromisso em uma comunicao de pessoas em processo de discernir o amor e o dilogo com o esprito, compartilhando as vidas e a orao isto , as percepes do esprito e as alteraes do demnio , reagindo e respondendo um ao outro, depurando as moes e discernindo o caminho que nos mostra o esprito nas circunstncias de uma determinada situao ou acontecimento, sintonizando-se e sensibilizando-se cada vez mais com o esprito, encontrando a Deus em mais coisas. A qualidade da presena e a capacidade de amar da pessoa vo mudando medida que se produz a abertura ao esprito. A pessoa se converte em veculo de Cristo facilitando e tornando possvel que outros percebam ou reconheam o lugar que ocupa o esprito dentro de si mesmos, sintonizando com as moes do esprito em outras pessoas ou grupos, convertendo-se em pessoas de processo CVX, que encontram ao Deus/Tudo em todas as coisas.ESTENDE-SE MAIS ALM... S PESSOAS DE BOA VONTADE Como compreender nossa responsabilidade por desenvolver os laos comunitrios... com todas as pessoas de boa vontade? A boa vontade vem do esprito. Toda vontade vem de Deus ainda quando possvel que a pessoa de boa vontade se mostre resistente a utilizar o termo Deus. Muitos rechaam a Igreja e nossa linguagem de Deus aduzindo que este irrelevante e sem sentido, porm muitos tambm expressam suas nsias de significado e vontade, de uma dimenso mais profunda da vida, de Deus! Existe um enorme bloqueio entre a percepo das pessoas e a realidade de Deus. Incio era um mestre da conversao espiritual e o discernimento. Esta forma de interao parece ser um chamado a criar laos comunitrios. Trata-se de uma atitude facilitadora e de profunda escuta daquele em processo CVX, atitude que foi experimentada, aprendida e praticada na comunidade durante um perodo de anos. Escutar a outro que se expressa em sua prpria linguagem e estilo acerca do lugar que ocupa o esprito nele; ouvir, acolher e estar atentos s moes do esprito produzidas em ns mesmos ao escutar; logo responder facilitando ou fazendo possvel que a pessoa articule um pouco mais o que quase inexprimvel; tudo isto profundamente inaciano e apostlico. O que mais pode ser mais libertador e estimulante da verdade e o amor do esprito que o fato de que outro nos escute e acolha e, ento, confirme? possvel ajudar s pessoas de boa vontade de todas as condies sociais a reconhecer sua trajetria para Deus e responder. Isto pode aparecer como um nvel de discernimento de tipo secular e elementar. Inclusive, realista em nossos dias. A paz, vida e energia do esprito uma vez experimentadas e reconhecidas nos proporcionam a base sobre a qual outras moes podem acolher-se e comparar-se. Com ajuda, as pessoas podem ser animadas a perceber o que que as afasta desta bondade. Esta uma forma de transformar os critrios que inspiram os juzos que se fazem em nossa sociedade. (Josefina Errazuriz, em Progressio n. 4, 1990). Uma atitude facilitadora e de escuta da pessoa em processo encarna a caracterstica inaciana de conversao espiritual e discernimento. Trata-se de uma atitude profundamente comunitria que tambm pode ser profundamente apostlica. Tambm contemplao da ao. Os pargrafos A, B, C e D do PG 8 tambm podem ser lidos luz disto. Cremos que Deus se nos est revelando, em nossos dias, em expresses culturais que no constituem a tradicional linguagem de Deus, porm que certamente so de Deus. Temos os meios, e atravs destes Princpios Gerais, somos chamados a escutar e responder. A colheita grandiosa e o estilo radical, profundamente desafiante e gratificante. Trata-se acaso de um caminho de misso comunitria? Os primeiros judeus cristos tiveram que encontrar uma nova linguagem quando os gregos convertidos chegaram primeira Igreja. Incio e seus companheiros foram conduzidos a uma forma de proceder radical e sem precedentes na comunidade apostlica do sculo XVI. Creio, como o Padre Osuna, que a verdadeira compreenso inaciana da comunidade contm as sementes de atualizao para responder aos nossos dias e a este mundo. Uma das sementes de atualizao descansa em nosso processo e nas pessoas que experimentam estes processos CVX, quem pouco a pouco se tornam livres permitindo a elas expressar sua experincia em sua prpria linguagem e estilo e facilitando uma maior conscincia e resposta ao Senhor. Nosso processo oferece uma forma de inculturao e dilogo profundo, de encontrar a verdade nas diferenas, de evangelizao e universalidade. S nosso rechao a responder limita este estilo do esprito! O PG 7 um princpio para ser aprofundado e vivido onde quer que nos encontremos em nosso caminho CVX no um ideal que nunca se poder alcanar. O chamado profundo comunidade apostlica referido no PG 7 intenso, pertinente e proftico hoje em dia.Referncias1 Friends in the Lord por Javier Osuna SJ, The Way Series 3, 1974.2 The conversational Word of God por Thomas Clancy (Comentrio acercada doutrina de Incio sobre a conversao espiritual). The Institute of Jesuit Sources. St. Louis 1978.3 Survey of the formation process in the christian life comunities (CLC). Secretariado da CVX em Roma.4 A commentary on Saint Ignatius rules of the discernment of spirits Jules J. Toner SJ The Institute of Jesuit Sources 1982.Document on Bonding. Por um grupo CVX internacional. Secretariado da CX em Roma.8: Vida apostlica8 - VIDA APOSTLICAEu vos escolhi para que vades e deis fruto, e que vosso fruto permanea . Inspirada esta passagem das escritura se reuniu a Assemblia Geral que aprovou os Princpios Gerais. O tema de interesse comum foi a misso, e para todos ficou claro que no se trata de adotar um programa, seno de permanecer com Cristo para assim ser capaz de dar frutos. Os Princpios Gerais, o mais longo da primeira parte, consegue definir nossa misso como participao na misso de Cristo e lanar-nos um desafio como indivduos e comunidades. Tambm nos proporciona algumas orientaes teis para avaliar e projetar nossa participao apostlica.CONTEXTO DO PG 8 NOS PRINCPIOS GERAIS O PG 8 est situado na primeira parte: nosso carisma. Ele serve para recordar-nos que o servio apostlico no s uma atividade da CVX, mas, sobretudo, uma parte intrnseca de seu carisma. Este carisma contm trs elementos inseparveis: comunidade, espiritualidade, misso. Quando a CVX nunca deve ser meramente um grupo de orao, um crculo de espiritualidade, um crculo de espiritualidade, um grupo de anlise. Tampouco pode ser s um grupo de ao social, um grupo de presso, uma unidade de trabalho. Em virtude destes Princpios Gerais, a CVX se compromete com a tarefa de eliminar todos os obstculos que se opem ao reinado de Deus no mundo, quer sejam de carter pessoal, social ou estrutural. Por isso a CVX cr, e deve crer, que s pode cumprir eficazmente essa misso mediante seu carisma, o que, no PG 1 se denomina a moo do Esprito Santo. Um carisma se experimenta como uma iluminao, um imperativo e uma promessa. A seqncia dos diversos princpios da primeira parte no fortuita: ela nos revela em si alguns dos elementos mais profundos de cada princpio. No que se refere vida apostlicada CVX, o PG 8 retoma os temas com que se inicia e conclui o PG 6. Este se inicia com o tema da permanente misso salvadora encomendada por Cristo. Conclui com os temas de fazer avanar o reino de Deus na terra e uma disponibilidade para partir a servir ali onde as necessidades da Igreja peam nossa presena. Ainda que exista uma s Igreja Universal e uma s misso, existe uma diversidade de carismas outorgados pelo Esprito Santo. Por conseguinte, existe uma pluralidade de vocaes leigas, clericais e religiosas na Igreja. Devemos ler o PG 8 luz da deciso de Jesus de fundar uma comunidade aberta e flexvel como o principal instrumento para continuar sua obra na terra. Entre estes dois Princpios Gerais dedicados ao sentido de Igreja(PG 6) e vida apostlica(PG 8) se encontra o PG 7, dedicado noo de laos comunitrios. Como comunidade com um sentido de Igreja, a CVX deve adotar seu prprio carisma particular e manter vivo seu prprio dom de criao de laos. S ento poder ser um instrumento adequado para o trabalho do Evangelho. Aps o PG 8 vem o princpio mariano (PG 9) da misso CVX, no qual vemos Maria como modelo de nossa misso.PEREGRINAO E APOSTOLADO Como membros do povo de Deus a caminho Para respeitar com maior fidelidade um modelo de Igreja proposto pelas Escrituras e pelo Conclio Vaticano II, o PG 8 acrescenta a expresso a caminho para descrever o Povo de Deus. Essa palavra nos recorda constantemente que no temos aqui uma cidade fixa, mas que vamos em buscada que est por vir (Hb 13, 14). Trabalhar para o estabelecimento do Reino de Deus sobre a terra no e um contrato que possamos cumprir dentro de um prazo determinado ou com certos resultados desejados. Como o povo a caminho, devemos estar preparados para avanar mais alm de qualquer parte a que tenhamos chegado mais alm da conquista do momento: buscamos a Deus que sempre maior (cf. 1 Jo 4, 20). Formados no discernimento inaciano e sensveis aos sinais dos tempos e s moes do Esprito(PG 6), amide seremos chamados a ir mais alm da letra do texto(PG 2), a escutar o esprito que fala com novas vozes na Igreja e em nosso mundo.VOCAO PROVENIENTE DE DEUS: MISSO RECEBIDA DE CRISTO Recebemos de Cristo a Misso de ser suas testemunhas ante toda a gente Enquanto no corpo principal do PG 8 se assinala que nossa misso foi encomendada por Cristo, na seo (A) em seguida nos dito que cada um de ns chamado por Deus. Cada vocao pessoal provm de Deus, de quem provm tudo aquilo que bom, tudo aquilo que perfeito(Jo 1, 17; cf. EE 237). Em virtude da Encarnao, que obra da Trindade (EE 108), toda vocao floresce at converter-se em uma misso recebida da mo de Cristo, pois ele mesmo a misso primordial da Trindade para o mundo.CONVERSO E APOSTOLADO por nossas atitudes, palavras e aes Ao renovar a aliana, Jesus nos ensinou que as aes e palavras externas no so as nicas reas em que somos afetados pelo pecado: tambm devemos aprender a observar o corao e a mente (Mt 5, 20-48). Do mesmo modo, na orao preparatria para cada meditao dos exerccios espirituais oramos pela graa de que todas as minhas intenes, aes e operaes possam ser dirigidas unicamente para o louvor e o servio da divina majestade. neste esprito que o PG 8 acrescenta agora a palavra atitudes ao texto anterior, no qual s se falava de nossas palavras e aes. Com freqncia podemos sentir-nos dolorosamente conscientes da exigncia de uma dicotomia entre nossas palavras e as inclinaes de nosso corao (cf. Is 29, 13; Mc 7, 6). desde o interior, desde o corao humano, que emergem as ms intenes (Mc 8, 20). Meu prprio corao uma parte importante do campo de batalha onde se desenrola a luta pelo Reino de Deus. converso pessoal uma parte integrante do compromisso apostlico.APOSTOLADO PROFTICO E MESSINICO ...misso de dar a Boa Nova aos pobres, anunciar aos cativos sua liberdade, dar a vista aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar o ano de graa do Senhor. A origem destas palavras tanto proftica como messinica, e se encontra no Antigo Testamento. Na sinagoga em Nazar, Jesus leu esta passagem tomada do p