Approved abstracts by Theme · com hidrocefalia. Maira Lavalhegas ... Notamos uma acentuada culpa...
Transcript of Approved abstracts by Theme · com hidrocefalia. Maira Lavalhegas ... Notamos uma acentuada culpa...
Approved abstracts by Theme
education (other)
ICCA 2017-14832 -Teatro Pedagógico em contexto hospitalar. Sonho(s) e Realidade(s) -
Um percurso de 8 anos...
J.M. França Santos; (1); Serviço de Pediatria da Unidade Hospitalar, CHTMAD,EPE (2);
ACES do Alto-Tâmega e Barroso (3); Teatro Experimental Flaviense (4)
1- Serviço de Pediatria, CHTMAD,EPE; 2- Serviço de Pediatria da Unidade Hospitalar,
CHTMAD,EPE; 3- ACES do Alto-Tâmega e Barroso; 4- Teatro experimental Flaviense
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: O Teatro Pedagógico é uma arte de excelência na educação, de tipo não formal,
da população infanto-juvenil, em temas relevantes na área da saúde e da cidadania. É
igualmente uma aposta forte na Medicina Preventiva, convictos de que o conhecimento
emocional que pode ser gerado pelas peças teatrais, capacite o espetador (criança e jovem)
a assumir comportamentos mais adequados à preservação de um bom estado de saúde.
Estamos cônscios que esta atividade efetuada de modo estruturada e integrada constitui
uma mais valia e determinará ganhos futuros ao nível do estado de saúde das populações a
baixo custo, contribuindo para a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde.
Objetivos: 1. Dar a conhecer o projeto experimental, de Teatro Pedagógico de um Serviço
de Pediatria Hospitalar em Portugal 2. Relevar o trabalho e a comunicação científica -
“SWOT analysis from a pedagogic trilogy theatre” (Póster apresentado no Congreso
Extraordinario de la AEP y II Congreso Extraordinario Latinoamericano de Pediatría,
Madrid ,5 a 7 de junho de 2014), o qual demarca 2 períodos neste percurso. 3. Refletir
(parar para pensar) na evolução recente do projeto do teatro pedagógico atendendo aos
resultados obtidos na SWOT análise, teorizar e compreender, de modo a decidir com
lucidez os novos trilhos a percorrer.
Metodologia: Análise das peças (guiões, fotografias, vídeos, comunicações científicas)
relevando os temas abordados (Relevância da alimentação saudável e do exercício físico na
preservação da saúde e prevenção da obesidade; Higiene oral; O valor do trabalho;
Respeito pela natureza e educação ecológica; Escola inclusa - respeito e acolhimento da
criança portadora de deficiência física, mental/ comportamental; Bullying - prevenção e
atuação; Violação; toxicodependências - álcool, narcóticos e outras dependências
nomeadamente das tecnologias informáticas; Relevância do programa nacional de
vacinação - 2012 - " Vacinar + Educar = Melhorar"; Valorizar a higienização das mãos,
importante medida de saúde pública na prevenção de infeções ; A honestidade como
modelo de vida em detrimento da corrupção; Aleitamento materno; Perceber e valorizar a
multiculturalidade e a interculturalidade entre outros), a idade do público alvo (Pré-escolar/
Escolar - 1º ciclo e Adolescência), tipo de técnicas e/ou tipos de teatro ensaiados, locais da
representação (auditório do hospital, escola, exterior/ rua...), parceiros, discriminadores de
qualidade, avaliação do impacto (cognitivo e emocional), tentativa de validação das peças
criadas (originais - o valor?!.)...
Resultados/ Conclusão: A SWOT analysis, determinou crescimento e maturidade do
projeto, tendo-se criado, representado e comunicado em 2016,em reuniões e congressos de
Pediatria, 3 peças teatrais a saber: "A estafeta mais louca do Mundo", "Mãos Limpas, Mãos
de Amor" e "Mamã, eu quero mamar!...". Estabeleceram-se parcerias desejadas,
previamente assinaladas como oportunidades na análise de gestão efetuada previamente ao
projeto, nomeadamente com a equipa de saúde escolar do ACES do Alto-Tâmega e Barroso
e com o Teatro Experimental Flaviense. Reforço da cooperação institucional com o
Município de Chaves. Maior reconhecimento do projeto ao nível do Conselho de
Administração do CHTMAD,EPE; subsistem contudo ainda algumas ameaças que urge
definitivamente ultrapassar (oficialização do projeto; dispensa/ reconhecimento de algumas
horas aos profissionais de saúde envolvidos; agilizar financiamento apesar de produção a
baixo custo...; necessidade de maior difusão - publicações). Emergência de novos desafios
em fase de estudo, planificação (teatro para bebés; teatro terapêutico...). Em conclusão,
poderemos dizer que o projeto / sonho do Teatro Pedagógico no serviço de Pediatria da
Unidade Hospitalar de Chaves, tem-se tornado uma realidade construída passo a passo, com
mais e novos parceiros almejando educar melhor as crianças, jovens e suas famílias no
âmbito da Saúde e de uma Cidadania democrática, responsável, solidária, ecológica e
multi / intercultural. Numa palavra, o projeto to be continued...
Keywords: Teatro Pedagógico; Hospitalar; SWOT análise; Comunidade
ICCA 2017-19114 -Estratégias de trabalho com alunos hiperativos fundamentadas na
Filosofia Educacional de Ellen White: Um Estudo de Caso.
Fonseca, Rubia (1)
1- UTAD - Universidade de Trás os Montes e Alto Douro
Poster
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – Impulsividade, mais conhecido
como TDAH, é uma descoberta médica que está ajudando muito aos profissionais da área
familiar e de educação a entender o que ocorre com a “criança problema” dentro das salas
de aula e em seu convívio social. Dificuldade em manter a atenção concentrada é a
principal característica do Transtorno de Déficit de Atenção. Este problema tem sua origem
em uma condição orgânica, relacionada a uma estrutura cerebral chamada lobo pré-frontal.
Diante de tantas informações e teorias e a grande demanda de alunos hiperativos, pais e
professores precisam se demorar em artigos e informações sobre o assunto, deparando-se
com a seguinte indagação: Diante de tantas orientações podemos encontrar métodos e
estratégias de trabalho com alunos hiperativos que estejam de acordo com a filosofia
educacional adventista? Há portanto a necessidade/objetivo que os professores conheçam
técnicas que auxiliem os alunos com TDAH a ter melhor desempenho, em alguns casos é
necessário ensinar ao aluno técnicas específicas para minimizar as suas dificuldades. Na
busca de alcançar o conseguimento do objetivo estabelecido, optamos pela pesquisa
bibliográfica, abordagem qualitativa, na modalidade estudo de caso, por melhor adequar-se
aos interesses da pesquisa. O estudo foi realizado em uma escola particular, confessional,
situada no Estado de Santa Catarina-Brasil, na localidade de Joinville. Na efetivação da
pesquisa variadas estratégias foram implementadas para o levantamento das informações,
documentação de vivências e resultados de análises bibliográficas entre os três autores
escolhidos (Goldeinstein,1994.; Matos,2001 & Silva,2003) e seus principais
direcionamentos para se trabalhar com alunos hiperativos, em harmonia com a filosofia da
autora Ellen White por ser grande contribuidora da filosofia educacional adventista de
ensino e por ser a autora internacional mais traduzida. O estudo contribui e serve de apoio
estratégico para professores com alunos TDAH e Permite que tais crianças encontrem um
apoio em seu professor no momento em que entram em contato com a alfabetização escolar
ou determinado período escolar.
Keywords: TDAH, dificuldades, Professor, Estratégias.
ICCA 2017-22958 -Bullying, a criança em risco
Amália Rebolo (1)
1- ISEIT, Instituto Piaget , campus de Almada
ICCA-Comunicação Oral
O bullying escolar implica a existência de relações negativas baseadas no poder de alguém
(ou de um grupo) sobre outros (ou outros) de forma repetida e intencional com o objetivo
de provocar sofrimento. Estas relações acontecem principalmente entre crianças e jovens
pertencentes à mesma turma, são mais ou menos indirectas e podem repetir-se por períodos
prolongados de tempo por incapacidade da vítima em se defender ou procurar ajuda.
Desde os primeiros estudos iniciados nos anos 70 do século XX realizados por Olweus
(1993) e Whitney & Smith (1993), que se procura a identificação dos fatores de risco –
caracteristicas de agressores e vítimas, locais de residência, escolas, condições familiares,
etc. Interessa identificar os potenciais agressores e vítimas para que possam ser
implementadas estratégias de prevenção e intervenção.
Para além dos agressores e das vítimas frequentemente existem observadores: uns apoiam
ou ajudam o agressor enquanto outros apoiam ou gostariam de ajudar a vítima; por vezes
intervêm nos incidentes ajudando a reduzir os efeitos negativos.
Entre os efeitos negativos do bullying têm sido identificadas a inadaptação à escola, a
depressão e o abandono escolar por parte da vítima. Em relação aos agressores, quando
identificados, são alvo de sanções disciplinares vão desde a simples admoestação até á
mudança de escola, mais frequentemente estes alunos são punidos com a realização de
tarefas de apoio aos assistentes operacionais ou impedidos de entrar na escola (suspensão)
entre 1 a 10 dias. Agressores e vítimas têm dificuldade em atingir os objetivos escolares, os
primeiros graças ao seu comportamento disruptivo, a assiduidade irregular e os castigos
frequentes, os segundos por dificuldades de integração na escola, medo e por vezes
depressão.
No âmbito de um estudo sobre Jogo de Luta e Luta a Sério foram entrevistadas 83
crianças, 54 delas consideradas agressoras (30), vítimas (11) ou ambos (13) pelos colegas
de turma, recolhemos informação acerca da família e da vizinhança, também acerca das
relações com os colegas da turma, os professores e outros adultos. Procurámos identificar
caracteristicas que pudessem ser associados a maior ou menor risco de envolvência em
situações de bullying, de modo a ajudar os educadores a prevenir relações violentas na
escola.
Cinco anos depois da recolha de dados analisámos os níveis de sucesso escolar e
verificámos que os agressores tiveram os níveis mais elevados de abandono e retenção
escolar (50%) seguidos das vítimas (27%) sendo a percentagem de retenção
significativamente menor nos outros grupos em análise. Tal como foi referido também por
Pereira (2002) e Melim (2011) a vivência de situações de bullying parece estar a associada
ao insucesso escolar e só por isso as decisões de retenção de alunos deveriam ser alvo da
atenção dos pais e encarregados de educação como primeiros educadores, dos órgãos de
decisão ao nível da escola e também ao nível das políticas educativas.
Keywords: bullying, insucesso, agressor, vítima
ICCA 2017-26775 -A temporalidade no sujeito discursivo: um estudo de caso de sujeito
com hidrocefalia.
Maira Lavalhegas Hallack (1); Dioneia Motta Monte-Serrat (2)
1- Unicamp; 2- USP
Poster
Em estudo longitudinal sobre a construção temporal no discurso de adolescente com
hidrocefalia, buscamos compreender a relação de nosso sujeito dentro do tempo e do
espaço. Estudos científicos indicam que ao sujeito hidrocéfalo não se aplicam ações
abstratas da perspectiva em razão de lesões no cérebro, que afetam seu conhecimento de
mundo, suas experiências de espacialidade e de temporalidade. Neste trabalho nos
apropriamos de algumas noções da Análise de Discurso de linha francesa (Pêcheux), e da
noção do tempo como uma “força ordenadora” que condensa os sentidos que fazem parte
da vida do sujeito (Ostrower). Compreendemos espaço e tempo como elementos essenciais
da sensibilidade humana (Kant). Durante quatro anos consecutivos, acompanhamos um
sujeito hidrocéfalo em atividades de leitura e escrita sobre temas gerais e em noções
matemáticas, com foco em habilidades cognitivas específicas e na coordenação motora. Na
perspectiva da Análise do Discurso, as noções de tempo e espaço, ocorrem na formação
discursiva (FD) do sujeito, ao assumir uma posição-sujeito. Assim, a questão temporal
articula-se à constituição do sujeito em seu discurso dentro de um contexto sócio-histórico.
Primeiramente, trabalhamos a noção de tempo imediato, como hoje, amanhã e ontem,
utilizamos a ordem cronológica na relação com o outro, estabelecendo com o nosso sujeito
uma formação de ordem crescente. Depois partimos para noções mais amplas, períodos
extensos, como os dias da semana, para, em seguida, introduzirmos os meses do ano. Como
tomamos a temporalidade como uma construção social que nos insere em uma condição
histórica de produção de discursos, escolhemos trabalhar os meses do ano por meio da
construção de poemas e rimas com nosso sujeito, trazendo elementos que registrassem
acontecimentos anuais naqueles meses, de modo a inseri-lo em um contexto histórico. Num
trabalho contínuo, com ajuda dos pais do sujeito, elaboramos atividades com os dias da
semana para serem realizadas diariamente e anotadas pelos pais. Nossa investigação ainda
está em andamento e, apesar de nosso sujeito ter habilidade rítmica espontânea, ainda lhe
falta o intercâmbio entre a intuição temporal e o conhecimento dos marcos sociais sobre o
tempo. Observamos grande resistência do sujeito a imprevistos ou mudanças na rotina.
Notamos uma acentuada culpa por cometer erros, sempre pedindo desculpa. Há resistência
também no enfrentamento de dificuldades. Apesar disso, durante os quatro anos de
acompanhamento de nosso sujeito, notamos que ele passou por grandes transformações,
desde a interatividade com sua realidade até um aprimoramento de suas habilidades
intuitivas. Notamos um progresso importante em seus relacionamentos sociais, interagindo
conforme as convenções sociais, o que permitiu a constituição do sujeito assumindo
posição-sujeito a ele destinada no contexto social. Destacamos a importância da construção
da noção de temporalidade como algo que faz parte da constituição do sujeito, não nasce
com ele e depende da interação com o outro na sociedade. Com relação ao nosso sujeito,
notamos que, embora se constitua como sujeito num contexto sócio-histórico, com algum
sucesso no espaço concreto das relações sociais, ainda existem lacunas a serem exploradas
no que diz respeito ao espaço abstrato por ele percebido.
Keywords: Análise do Discurso, sujeito, temporalidade, hidrocefalia
ICCA 2017-28103 -Educação Global: o que é; qual a pertinência; quais os desafios.
Margarida Magalhães (1)
1- CEMRI, UAb -Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais da
Universidade Aberta
Poster
O mundo contemporâneo caraterizado pela enorme interdependência entre os povos,
consequência de uma cada vez maior mobilidade de pessoas e enorme desenvolvimento dos
meios de comunicação, justifica a importância crucial da aquisição de competências de
cidadania global, uma vez que poderão ter um efeito catalisador na resolução de grandes
questões globais. O desafio que é colocado à Educação, para colaborar na aquisição de tais
competências, é de explorar, analisar, discutir, ensinar e aprender as grandes questões
globais do mundo atual, relacionando-as também com a sua pertinência local e pessoal.
Destaca-se neste campo a Educação Global, como um campo interdisciplinar que se
concretiza num processo de aprendizagem transformativa e que se foca nas questões e
desafios globais. No século XXI são apontados oito conceitos - chave : cidadania global,
resolução de conflitos, diversidade, direitos humanos, interdependência, justiça social,
desenvolvimento sustentável, valores e perceções.
É ao promover conhecimento, desenvolver competências e enraizar atitudes e valores no
sentido do empenhamento da justiça social e económica para todos e na proteção e
recuperação do ecossistema da Terra, que a Educação Global tenta preparar as pessoas para
fazerem as melhores escolhas na forma como conduzem as suas vidas tornando-as mais
conscientes, responsáveis, solidárias e positivas.
No desenvolvimento de atividades de Educação Global, quer no ensino formal ou não
formal, salientam-se três abordagens metodológicas : aprendizagem baseada na cooperação,
aprendizagem baseada na problematização e a aprendizagem baseada no diálogo. Que
pretendem atingir resultados de aprendizagem ao nível cognitivo - aumentar o
conhecimento dos problemas locais, nacionais e globais e de inter-relação entre os povos -
ao nível socioemocional – estimular um sentimento de pertencer a uma humanidade comum
onde se compartilham valores e responsabilidades – e ao nível comportamental –
desenvolver a motivação e a vontade de tomar as medidas necessárias.
O objetivo desta comunicação é explorar a dimensão da Educação Global, apresentando
os seus conceitos chave, as metodologias a aplicar e os principais resultados da
aprendizagem, mostrando que a concretização de estratégias educativas nesta área
permitem o desenvolvimento de um sentimento de pertença a uma comunidade mais ampla
e a uma humanidade comum.
Keywords: Educação Global; Cidadania Global; Interculturalidade
ICCA 2017-31811 -Achieving academic success: An exploratory study into the
experiences of looked after young people, their foster carers and their teachers.
Isabella Bernardo (1)
1- The Tavistock and Portman NHS Trust
ICCA-Comunicação Oral
Literature and research have continued to highlight the low educational achievement of
Looked After Children and Young People (LAC/LAYP), identifying factors that may
account for their lower achievement. A child or young person is looked after by a local
authority if he or she is provided with accommodation for more than 24 hours by a local
authority, this translates to the term ‘jovens em acolhimento’ in Portuguese.
Government statistics in England have consistently highlighted that LAC/LAYP are more
likely to underachieve throughout their school years. For example, evidence from the
House of Commons (House of Commons, 1998) showed that between 50% and 75% of
LAYP left school that year at the age of 16 with no qualifications, compared to 6% in the
general population. LAC/LAYP are more likely to experience adverse life outcomes such
as increased health needs (DoH, 2002) and are more likely to suffer from mental health
difficulties and psychiatric disorders (McAuley & Young, 2006). This issue appears to
be an international problem as similar findings have been noticed in other countries.
Education can be viewed as a protective factor in decreasing the likelihood that LAC/LAYP
experience further disadvantage in their lives (Dent & Cameron, 2003) thus the
importance of promoting educational outcomes and early intervention for this particular
group of children and young people.
Despite research accounting for factors that may be associated with poor educational
outcomes, little is known about the experiences of a small number of young people in care
who do achieve in school and thus appear to ‘go against the odds’. This study, part of a
Doctorate in Child, Community and Educational Psychology completed in England, aimed
to adopt an alternative resilience based approach to explore the experiences of three young
people in care who achieved at least five GCSEs A*-C (including English and Maths) using
individual interviews. The General Certificate of Secondary Education (GCSE) is an
academic qualification in a given subject, generally taken by students aged 14-16 years old
in England, Wales and in Northern Ireland. The experiences of each young person’s foster
carer and one school representative were also gained. Interviews were analysed using
Interpretative Phemenological Analysis. Data were analysed across each participant group
(young people, foster carers and school representative) as well as across all participants.
Four overarching themes were highlighted by the data analysis; A different self, GCSEs a
novel and shared experience, Relationships with others and The role of others.
Psychological theories are used to further understanding of the participants’ experiences,
emphasising a dynamic inter and intra -personal pathway to educational resilience.
Implications of findings are discussed in relation to educational practice in promoting the
achievement of looked after children and young people as well as promoting psychology
that highlights individuals’ strengths and resources.
Keywords: looked after children, educational achievement, resilience
ICCA 2017-32685 -Satisfação com a vida escolar de crianças brasileiras provenientes
de diferentes contextos: em acolhimento institucional e vivendo com suas famílias
Luciana Cassarino-Perez (1); Fabiane Friedrich Schütz (1); Miriam Raquel W. Strelhow
(1); Jorge Castellá Sarriera (1)
1- Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ICCA-Comunicação Oral
Os diferentes contextos nos quais as crianças estão inseridas exercem influência sobre o seu
bem-estar subjetivo. Em especial, a escola, o local onde vivem e com quem vivem podem
contribuir para o seu bem-estar. As crianças que vivem em situação de acolhimento
provavelmente têm uma experiência escolar distinta daquelas que vivem com suas famílias.
Compreender as diferenças no bem-estar desses grupos com relação a sua satisfação com a
vida escolar pode auxiliar na promoção de bem-estar de cada grupo, de acordo com suas
características. Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar as médias de satisfação com a
vida escolar de crianças entre 10 e 12 anos vivendo em dois diferentes contextos: em
acolhimento institucional e com suas famílias. Participaram do estudo 136 crianças que
vivem na cidade de Porto Alegre, no Sul do Brasil. Do total, 68 eram provenientes de
instituições de acolhimento (M = 11,06, DP = 0,79), e 68 de uma amostra pareada de
crianças vivendo com suas famílias (M = 10,88 DP = 0,76). Os instrumentos foram
aplicados nos próprios abrigos para as crianças institucionalizadas, e em sala de aula para
as crianças não acolhidas. As crianças responderam a um questionário composto por itens
que avaliam a satisfação com diferentes aspectos da vida, dentre eles a vida escolar. Para
esse estudo, foram selecionados dez itens que avaliam a relação com os professores, relação
com os colegas, com a escola, com o desempenho percebido, com a segurança na escola, e
com a vida escolar. Foram realizadas análises descritivas e análise de variância (ANOVA)
para verificar a existência de diferenças entre as médias nos dois grupos (crianças vivendo
com as famílias e em acolhimento institucional). As crianças acolhidas apresentaram
médias significativamente mais altas com relação à frequência com que são machucadas
por outros colegas (F = 9,038; p <0,01) e com que são excluídas (F = 4,575; p < 0,05),
enquanto as crianças que vivem com suas famílias tiveram médias significativamente mais
altas em relação à satisfação com as outras crianças na sala de aula (F = 5,047; p < 0,05),
com as suas notas (F = 8,698; p < 0,01) e com a experiência escolar como um todo (F =
8,455; p < 0,01). Os demais itens avaliados não revelaram diferenças estatisticamente
significativas, apesar das crianças que vivem com suas famílias terem apresentado médias
superiores às acolhidas em todos os outros itens. Observam-se diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos em mais da metade das variáveis observadas. As implicações
dos resultados encontrados para a escolarização das crianças acolhidas são discutidas, assim
como o impacto que exercem no seu bem-estar e desenvolvimento. O estudo se encerra
com reflexões a respeito da implicação dos profissionais da área da educação para
melhorias da satisfação das crianças com sua vida escolar, especialmente no que se refere
as que estão em situação de acolhimento.
Keywords: Vida escolar; bem-estar; acolhimento institucional
ICCA 2017-35993 -O modelo meritocrático da educação e a responsabilidade dos
alunos : o paradoxo da escola democrática face à vulnerabilidade das crianças e dos
adolescentes
Adelaide L. G. Fins (1)
1- Universidade Paris-Sorbonne/Universidade de Coimbra
ICCA-Comunicação Oral
O questionamento sobre o sentido e a finalidade da educação é um convite à reflexão de
temas que se prendem com situação social das crianças, os critérios do sucesso ou do
fracasso escolar e a experiência subjectiva dos alunos, que se sentem cada vez mais
excluídos da competição meritocrática. Esta questão aborda importantes problemas éticos e
políticos, como o são, título de exemplo, as injustiças sociais, o analfabetismo, a pobreza, a
vulnerabilidade das crianças e dos adolescentes, a violência, a ética e a responsabilidade.
Pensar a missão da escola democrática, caracterizada por dois princípios de justiça: a
igualdade e o mérito, implica necessariamente questionar a ideia do que é uma escola justa
como modo de distribuição de um valor universal. Esta educação, para além de combater as
desigualdades sociais, deve desenvolver o bem-estar das crianças e dos jovens. A escola é,
portanto, um meio privilegiado onde a tensão entre o universal e o singular se esbate e
nesse contexto cada aluno se sente melhor, porque aí é atribuído um lugar importante à
ideia de mérito.
Poderemos para além da justiça meritocrática, construir um projeto educativo que inclua
outros princípios éticos, como por exemplo a solicitude e o care (cuidado)?
A meritocracia na educação garante igualdade de formação e de instrução escolar a todos
os alunos, independentemente das suas particularidades socioculturais. Trata-se de um
modelo de distribuição de diplomas cujo critério privilegiado é o de avaliar o desempenho
de aptidões individuais, como o esforço e a capacidade de trabalho. Na realidade, a noção
de mérito é ambígua e controversa. Sabemos que as crianças e os jovens não dispõem todos
das mesmas capacidades de memória e de inteligência; por outro lado, os que pertencem a
famílias socialmente e culturalmente favorecidas e protegidas gozam de privilégios e têm
maior sucesso escolar que os colegas sem esses mesmos benefícios sociais. Bourdieu e
Passeron (1964,1970) descrevem a socialização escolar como um processo de reprodução
social. Assim, as desigualdades do capital sociocultural podem acumular-se na escola com
as desigualdades de capacidades intelectuais e as desigualdades de motivação, criando nos
alunos humilhação, perda de autoestima, abandono e fracasso escolar, violência contra a
instituição…
Recorreremos ao contributo do filósofo liberal americano, John Rawls que no seu livro,
Uma Teoria de Justiça (1971) critica o princípio meritocrático republicano, e a sua
igualdade de oportunidades escolares, acrescentando a necessidade de orientar a educação
no sentido da equidade e, quando necessário, de políticas de discriminação positiva.
Convocaremos também, a sociologia francesa da educação de François Dubet que,
analisando as políticas e as práticas da meritocracia em contexto educativo e o sentimento
subjectivo dos alunos, denuncia a vulnerabilidade dos jovens face ao sistema que, apesar de
promover a emancipação de todos, reproduz injustiças (1991, 2004), estigmatização e
desqualificação (2013). A solução passa aqui pela mediação de um terceiro princípio de
justiça: o respeito, que reconhece a singularidade das crianças e dos adolescentes. No
entanto, Dubet não orienta a sua análise no sentido da solicitude. Ora, o nosso objectivo é o
de tentar construir uma escola da solicitude. Para isso, recorreremos à teoria do «care» de
Martha Nussbaum (1991, 1995, 2010), que reconhece que a educação deve possibilitar
através da imaginação narrativa e da identidade literária o bem-estar e a moralidade, não
somente nas crianças e adolescentes como também nos adultos. Análise que nos conduz
então, ao reconhecimento do «cuidado educativo» como principio ético da escola
democrática.
Keywords: educação, meritocracia, desigualdades, sociologia, ética
ICCA 2017-36345 -A especificidade do contexto educativo de creche: a premência da
formação de educadores de infância
Ana Mafalda de Castro e Pinho (1); Maria Lourdes Cró (2); Maria da Luz Vale Dias (1)
1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; 2-
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Coimbra
ICCA-Comunicação Oral
A oferta educativa para crianças até aos 3 anos, em Portugal, tem como modalidade formal
o contexto de creche, que se apresenta como uma resposta social de âmbito socioeducativo,
onde devem ser proporcionadas às crianças condições adequadas ao seu desenvolvimento
harmonioso (Ministério da Educação, 2000).
Numa investigação realizada em 2008 (Pinho, 2008), com educadores de infância a
desempenhar funções em creche, concluímos que a maior parte desses profissionais não
optou por desempenhar funções nesse contexto e que apenas 31% preferiu trabalhar com
crianças até aos três anos. Os profissionais que não optaram por trabalhar em contexto de
creche (58%) reconheceram que o facto de a sua formação inicial incidir essencialmente na
valência de jardim-de-infância os leva a sentirem-se pouco preparados para o
desenvolvimento do processo educativo em creche. Esta evidência é uma realidade cada
vez mais presente atualmente, porque a opção de selecionar uma função no local de
trabalho é cada vez menos possível e, por esse motivo, vários educadores de infância têm
sido integrados em contextos de creche. Desde 1995 que a Professora Gabriela Portugal
tem vindo a referir a existência deste desajuste nos planos curriculares de formação inicial
de educadores de infância pré-Bolonha, porque se orientava sobretudo para a prática
educativa destinada a crianças a partir dos três anos (Portugal, 1995). Mais recentemente,
Martins, Filho & Ferreira (2015) explicitam que com bastante regularidade a formação
dos educadores de infância acaba por ficar restrita às diretrizes da organização educativa
para crianças com idade superior a três anos. Da mesma forma, os parceiros consultados
para a elaboração da Recomendação n.º3/2011 – A educação dos 0 aos 3 anos (Vasconcelos,
2011, p. 18033), apresentaram preocupações ao nível do atendimento às crianças até aos 3
anos e também em relação à atual formação inicial de educadores de infância, que não
prepara de forma adequada para a intervenção em creche.
Neste trabalho pretendemos abordar a problemática da formação inicial de
educadores de infância e a sua adequação, particularmente, ao contexto de creche, que tem
permanecido pouco explorada. Nesse âmbito, importa não só referir as opções teóricas que
devem enquadrar essa formação, mas também analisar aspetos de intervenção educativa
que assegurem, cumulativamente, a qualidade do ambiente educativo e o desenvolvimento
global das crianças. Assim, o objetivo primordial é, por um lado, explanar um conjunto de
princípios educativos relevantes (Gonzales-Mena & Eyer, 2001) e, por outro, salientar
práticas adequadas ao desenvolvimento de crianças até aos três anos, perspetivadas pela
National Association for the Education of Young Children. A concluir, serão referidas as
implicações e vantagens da consideração de tais princípios e práticas na formação inicial de
educadores de infância e o impacto de uma formação deste tipo na prática profissional, no
que especificamente se refere ao contexto de creche.
Keywords: Contexto educativo de creche; formação inicial de educadores de infância;
qualidade do ambiente educativo; princípios educativos
ICCA 2017-38512 -UTILIZAÇÃO DO APLICATIVO VOICEGUARD PARA O
MONITORAMENTO DO RUÍDO AMBIENTAL EM SALA DE AULA
Daniele de Araújo Oliveira Carlos (1); Francisco Concílio da Silva Júnior (1); Maxsuellen
Facundo de Moura (1); José Eurico Vasconcelos Filho (1); Raimunda Magalhães da Silva
(1); Christina Cesar Praça Brasil (1)
1- Universidade de Fortaleza
Poster
Introdução: A inteligibilidade da comunicação oral dentro da sala de aula pode ser afetada
por várias características acústicas, quais sejam: intensidade do som competitivo ao sinal, a
reverberação, a infraestrutura física do ambiente, entre outros. O ruído de fundo
(competitivo) atrapalha ou mesmo impede a comunicação oral de professores e alunos,
podendo trazer consigo malefícios para a saúde vocal, auditiva e mental. Além disso, o
ruído pode provocar dificuldades de concentração e de aprendizagem nas crianças e
adolescentes. Objetivo: O objetivo deste estudo consistiu em verificar o impacto do uso do
aplicativo VoiceGuard no monitoramento do ruído ambiental em sala de aula. Metodologia:
Estudo observacional realizado em setembro de 2016 em uma escola filantrópica de
Fortaleza, Ceará, Brasil, a qual contém os níveis Educação Infantil e Ensino Fundamental,
comportando 520 alunos, na faixa etária de 5 a 12 anos. Após explicações aos alunos e
professores, realizou-se um teste, durante uma semana, com uma turma do 5° ano do
Ensino Fundamental, com crianças entre 10 e 12 anos de idade, para verificar a
funcionalidade da interface sinal/ruído do aplicativo VoiceGuard e o impacto no
comportamento dos alunos. A interface sinal/ruído mensura, em tempo real, os picos de
ruído ambiental. No momento que o ruído ultrapassa 50 decibéis, o aplicativo emite sinal
sonoro e luminoso alertando que o ruído está prejudicando a voz do professor e causando
poluição sonora no ambiente. Todos os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as
normas da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde
e aprovado pelo Comitê de Ética sob o n° 899.798. Resultados: Nos dois primeiros dias de
observação, foi percebida a dispersão dos alunos; porém, à medida que o aplicativo emitia o
alarme, os alunos passaram a perceber a necessidade de reduzir ou parar a conversa paralela
e prestar mais atenção à aula. A partir do terceiro dia, observou-se que as crianças passaram
a associar mais rapidamente o disparo dos alarmes com a necessidade de redução do ruído
ambiental, fazendo com que elas o monitorassem conscientemente. Em sala de aula, a fala
sofre interferência do ruído e da reverberação. Quando o ruído se mistura com a fala,
algumas partes do discurso tornam-se ininteligíveis ou “mascaradas”. Nesse cenário, o
professor precisa ampliar a sua intensidade vocal, o que causa desgaste físico e mental,
além de interferir no processo de ensino e aprendizagem. Conclusão: Os resultados
mostram que a interface sinal/ruído do VoiceGuard pode ser utilizada como ferramenta
tecnológica para a promoção da saúde na escola, sendo um aliado na redução do ruído
ambiental. Apesar de o teste ter sido realizado por um curto período de tempo, foi possível
perceber o grau de condicionamento associado à mudança de comportamento dos alunos, o
que impacta positivamente no processo de ensino e aprendizagem, além de estimular os
alunos no controle do ruído ambiental e na promoção de um ambiente mais saudável em
sala de aula.
Keywords: Promoção da Saúde; Ruído; mHealth; Tecnologias em Saúde
ICCA 2017-42377 -Programa de Prevenção em Contexto Escolar: Jovens
Protagonistas no Combate à Violência de Género
Maria José Magalhães (1); Ana Guerreiro (1); Cátia Pontedeira (1); Ana Margarida Teixeira
(1); Ana Teresa Dias (1)
1- UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta
Poster
Em Portugal a desigualdade de género está enraizada numa cultura patriarcal e sexista. Esta
cultura é fortemente marcada por estereótipos de género legitimando assim a supremacia
dos homens face às mulheres, sendo estas últimas vistas como cidadãs de “segunda”
categoria (Costa, 2013). A aprendizagem destes estereótipos é transmitida a partir de idades
precoces, no seio da família e no contexto escolar, por ser um espaço de partilha de
conhecimentos e um espaço de socialização em que as crianças e jovens se relacionam
com os seus pares, construindo e agindo de acordo com estas identidades de género.
Sabendo que a prevenção da violência de género passa pela promoção de competências
pessoais e sociais de respeito por si e pelo/a outro/a, a UMAR - União de Mulheres
Alternativa e Resposta tem vindo a desenvolver, nos últimos 12 anos, um programa de
prevenção da violência de género direcionado ao contexto escolar. O espaço de incidência é
um contexto de educação formal privilegiado para se desenvolver uma Educação para a
Cidadania, não sendo uma aprendizagem exclusiva de direitos e deveres, mas que engloba
também a vivência de situações de respeito e da valorização e reconhecimento das
diferenças, assumindo assim um carácter formativo e potenciador da participação das
crianças e jovens na construção da sua própria cidadania (Leite & Rodrigues, 2001).
Este programa desenvolve sessões sistemáticas e continuadas com grupos-turmas, que
assentam na metodologia de projeto. Esta metodologia pressupõe a implicação de todos/as
os/as participantes (crianças, jovens, docentes e encarregados/as de educação), a partir das
suas conceções e das suas próprias vivências e experiências,, contribuindo para que as
aprendizagens tenham significado (Vasconcelos, 2011), tornando-os/as protagonistas da sua
própria mudança. Para essa reflexão em conjunto, a metodologia tem como base
dispositivos artísticos, que ajudam as crianças e jovens a desenvolverem capacidades
cognitivas, criativas e reflexivas (Higenbottam, 2008) e permite a reflexão individual e
coletiva e a desconstrução das temáticas por eles/as aprendidas (Canotilho et al., 2010).
O programa de prevenção de violência de género da UMAR deve ser trabalhado no
mesmo grupo-turma pelo menos três anos para haver mudança comportamental e é
necessária uma avaliação ao longo do desenvolvimento das sessões, pois só com a
participação ativa de todos/as os/as intervenientes é que os/as protagonistas de intervenção
podem mudar pessoal e coletivamente os seus valores e atitudes e desenvolver
comportamentos não-violentos e de respeito pelos direitos humanos e criar uma cultura de
paz e de respeito.
Keywords: Prevenção; Violência de Género; Escola; Cidadania
ICCA 2017-44281 -TABLET NA ESCOLA: UM INSTRUMENTO NA INCLUSÃO
DIGITAL DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NO MUNICÍPIO DE JOÃO
PESSOA/PB
Tullius Araújo de Freitas (1); Joseneide Souza Pessoa (1)
1- Universidade Federal da Paraíba
Poster
O presente artigo trata da questão da inclusão digital voltada para os jovens do ensino
médio. Com a premissa de melhorar o aprendizado dos estudantes das escolas públicas, o
governo brasileiro criou, em 2005, o Programa de Inclusão Digital. No estado da Paraíba-
PB, o governo estadual, por meio da Secretaria de Estado da Educação (SEE), iniciou a
entrega de 26.400 tablets em 2013. As escolas inicialmente privilegiadas foram: Lyceu
Paraibano; Olivina Olívia e o Instituto de Educação da Paraíba (IEP), todas localizadas no
município de João Pessoa/PB. Diante desse contexto, os objetivos centrais da pesquisa
foram: a) verificar as habilidades dos jovens no uso da ferramenta (tablets) no processo
pedagógico da escola a partir da inclusão digital; b) Identificar a contribuição do acesso
(tablets) na inclusão digital a partir da percepção dos jovens. Essas questões nortearam o
desenho metodológico da pesquisa. A pesquisa se constituiu de uma tipologia de estudo
exploratório e de campo acerca do objeto de estudo, a coleta de dados se deu apenas em
uma escola (Escola Estadual Lyceu Paraibano), por meio de uma amostragem do tipo não-
probabilística, mediante o critério de acessibilidade à escola. Foi aplicado um questionário
com questões abertas e fechadas a 50 estudantes do ensino médio. Constatou-se que,
mesmo a escola sendo referência do programa governamental, 75% dos alunos receberam e
25% não receberam o tablet; dos que receberam, 36% afirmaram que o aparelho não
funcionava; 26% disseram não saber utilizar o equipamento; 36% dos alunos receberam o
equipamento com defeito, 36% afirmaram que não usavam o tablet na escola por falta de
internet wi-fi disponível, mas o dado mais preocupante foi que 98% dos estudantes
declararam não usar o equipamento em sala de aula para o processo pedagógico. Esses
dados, dentre outros, coletados pela pesquisa, revelaram um processo frágil de inclusão
digital e de pouca viabilidade pedagógica para os alunos em relação aos objetivos do
Programa Inclusão Digital para os jovens. Portanto, a inclusão digital, nesse sentido, ficou
comprometida, diante do fato de que a mera entrega do equipamento por si só não
beneficiou os alunos. Os jovens afirmaram, nas perguntas abertas, que a instalação de
laboratórios com equipamentos, programas de computador mais modernos e com pessoal
treinado seriam mais úteis do que o acesso ao tablet, pois muitos deles já tinham
equipamentos similares. Conclui-se, desse modo, que a inclusão digital de jovens envolve
muito mais que a simples entrega de um equipamento digital.
Keywords: Jovens. Inclusão Digital. Educação.
ICCA 2017-47744 -As questões de género em perspetiva: uma experiência educativa
Sofia Veiga (1)
1- Escola Superior de Educaçao do Instituto Politécnico do Porto
Poster
A sensibilização para as questões da igualdade de género deve iniciar-se desde cedo, na
família, no grupo de pares, na escola, entre outras instâncias de socialização. Junto destas,
as crianças e os adolescentes vão edificando, interiorizando e assimilando uma
representação social do que é ser-se homem e mulher, tendo em conta os valores,
estereótipos e ideologias dominantes nas diferentes realidades.
Enquanto cidadãos em formação, na escola, muitos/as estudantes são estimulados/as a
pensar e a refletir sobre vários conteúdos relativos a esta temática - nomeadamente o facto
de o género ser visto, em muitas realidades, como base legítima e ideologicamente
admissível para a delimitação de direitos, deveres e poderes, com impacto na assunção e
divisão de diferentes papéis -, (re)analisando e (re)significando os seus valores, conceções e
práticas.
Partindo desta conceção, o presente trabalho expõe e analisa uma experiência educativa
que, mobilizando o Sociodrama enquanto metodologia de ensino-aprendizagem, permitiu
que os/as estudantes, de uma forma ativa e vivencial, desconstruíssem estereótipos e
preconceitos e construíssem coletivamente saberes relativos a esta temática com vista à
assunção, enquanto cidadãos, de uma postura reflexiva, crítica e interventora.
Keywords: Igualdade de Género; Educação Social; Sociodrama
ICCA 2017-48336 -Teatro Pedagógico = Informação + Emoção = Melhor Literacia em
Saúde
Sandra Alves Pereira (1); JM França Santos (2); Sara Carneiro (2); Lígia da Rocha (3); Rita
Belo (2); JC Matos (2)
1- ACeS Alto Tâmega e Barroso, Portugal; 2- Serviço de Pediatria, CHTMAD, EPE
(Portugal); 3- ACeS Alto Tâmega e Barroso (Portugal)
ICCA-Comunicação Oral
INTRODUÇÃO
A escola é um local privilegiado para o recurso ao teatro pedagógico, no qual as crianças
são confrontadas com uma série de situações sociais/comportamentais, desencadeando-se
emoções geradoras de processos de aquisição de cognição, perceção e ação.
Teatro pedagógico “Mamã, eu quero mamar!”, experimental, representado na “Semana
Mundial do Aleitamento Materno/2016”, Hospital de Chaves (Portugal), por profissionais
de Saúde e Ator, destinado a: 1. Promover o aleitamento materno (AM) como prática
natural, saudável, universal, transversal e ecológica; 2. Reconhecer benefícios e
preconceitos do AM; 3. Conhecer os leites de fórmula, suas indicações e riscos; 4.
Capacitar para Parentalidade com Responsabilidade; 5. Validar esta peça de teatro (PT)
como um meio de aquisição de conhecimentos e de educação para a saúde sobre AM; 6.
Reconhecer esta PT como meio de capacitação em saúde através da modulação de
emoções.
METODOLOGIA
Peça original, interativa, filmada, com vídeos musicais/pedagógicos. Estudo longitudinal
prospetivo de coorte, para avaliação dos conhecimentos de 100 crianças sobre AM em dois
momentos distintos, antes e depois da visualização da PT, através da aplicação indireta de
um questionário com 11 perguntas fechadas.
Posteriormente, construíram-se dez vinhetas (fotografias e respetivo excerto de texto), para
reprodução na sala de aula, correspondentes a situações comportamentais/sociais chave,
moduladoras de emoções. Para cada vinheta, cada criança assinalou a emoção nela gerada,
aplicando-se a escala das expressões faciais (5 faces: zanga, tristeza, normal, medo, alegria)
da Assessment of Children’s Emotions Skills (ACES). Análise descritiva dos resultados,
Chi-square Pearson’s test para avaliar diferenças entre as frequências por sexo e idade.
Exclusão das crianças que não participaram em todos os momentos de avaliação ou com
necessidades educativas especiais.
RESULTADOS
Incluídas 86 crianças, 44 do sexo masculino (51,2%) e 42 do sexo feminino (48,8%),
idades entre 7-10 anos. Verificou-se uma melhoria dos conhecimentos em 8 das 11
questões, com diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre os dois
momentos, antes e depois da visualizaçao da PT, independentemente da idade e do sexo.
As emoções expectáveis eram de emoções negativas (Zanga/Tristeza/Medo) com as
vinhetas 1, 3, 4, 6 e 9; e emoções positivas (Normal/Alegria) com as vinhetas 2, 5, 7, 8 e
10. Existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois sexos para três vinhetas:
vinheta 1, rapazes, na maioria, a assinalar a emoção normal (n=22) e maioria das raparigas
(n=27) alegria (χ2=13,416; p=0,004); vinheta 8, maioria das raparigas (n=38) a assinalar
alegria, rapazes divididos entre alegria e normal com n=29 e n=14, respetivamente
(χ2=9,316; p=0,009); vinheta 10 maioria das raparigas (n=31) a assinalar alegria, rapazes
divididos entre a alegria e normal com n=20 e n=19, respetivamente (χ2=7,900; p=0,048).
Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas nas emoções vivenciadas entre
as diferentes idades.
CONCLUSÕES
O teatro pedagógico “Mamã, eu quero mamar!” constitui excelente forma de aquisição de
conhecimentos sobre aleitamento materno, podendo ser reproduzida no futuro com esse
fim, estando adaptada à aquisição de competências emocionais entre os 7 e os 10 anos de
idade.
“Teatro Pedagógico = Informação + Emoção = Melhor Literacia em Saúde”.
Keywords: Teatro Pedagógico; Aleitamento Materno; Capacitação Emocional; Validação
ICCA 2017-53702 -O educador de Infância e a brincadeira pedagógica como terapia à
criança hospitalizada
Inês Isabel Lopes Simão Barroso (1)
1- Inês Isabel Lopes Simão Barroso
Poster
A importância dos Educadores de Infância no hospital, é actualmente alvo de reflexão e
investigação. Os profissionais de Educação de Infância começam a sentir necessidade de
obter respostas efectivas no que respeita ao trabalho prestado no âmbito hospitalar,
surgindo deste modo muitas questões das quais se salientam duas, por serem as mais
pertinentes e oportunas, e que serviram como ponto de partida do presente trabalho que são
as seguintes:
1. As actividades lúdico-pedagógicas minimizam os medos e angústias das crianças
hospitalizadas?
2. É indispensável e fundamental a presença do Educador de Infância no hospital, no que
diz respeito às crianças hospitalizadas?
É definitivamente importante clarificar e conhecer as verdadeiras funções do Educador de
Infância nos Serviços de Pediatria, para deste modo se poder compreender a sua
importância num ambiente quase sempre sentido pela criança, como hostil.
O quadro conceptual engloba a Evolução da Educação de Infância e Evolução Hospitalar, e
para tal, optou-se por um método descritivo, utilizando o procedimento de índole
qualitativo de procura documental, baseado na pesquisa de obras de investigações similares
e consultando ainda de forma cuidada e exaustiva a bibliografia disponível da
especialidade.
Aparentemente, parece complexa a acção a exercer, no entanto ao relativizar as situações,
elas tornam-se menos agressivas, acalmando medos e receios, colocando em prática as
planificações. O acolhimento que se faz num Serviço de Pediatria é sempre o de facilitar a
integração das crianças no ambiente estranho, criando laços genuínos com os profissionais,
permitindo esclarecer de uma forma simples, todas as dúvidas e apreensões relacionadas
com a própria hospitalização.O trabalho do Educador de Infância no Serviço de Pediatria,
pode e deve ser inspirado pelas doutrinas de “amor ao próximo”, “rir é o melhor remédio” e
“o amor é contagioso” do famoso médico do riso – Patch Adams. O Educador de Infância
deverá ter a mesma sensibilidade que tem este médico em “espalhar bactérias ou vírus do
amor nas pessoas doentes, infectando-as de melhores sentimentos”. Parece difícil e até
impossível, mas o riso e o sorriso são mecanismos terapêuticos para o exercício da cura.
Keywords: Educação de Infância, Hospitalização Infantil, Brincar
ICCA 2017-62175 -PROTAGONISMO JUVENIL: UMA AVENTURA CIDADÃ
Joseneide Souza Pessoa (1); Helder Vieira da Silva (1); Jose Thiago de Freitas Felipe (1);
Welly Jamylly Rodrigues da Silva (1); Thálisson Eliziário M. Matias (1); Arthur Mendes de
Oliveira (1)
1- Universidade Federal da Paraíba
Poster
Este estudo de pesquisa-ação foi desenvolvido a partir de um projeto de extensão
universitária sobre a temática do protagonismo juvenil. Esta temática tem sido discutida em
várias iniciativas governamentais e não-governamentais na perspectiva de projetar políticas
sociais voltadas para alicerçar, nos jovens, a responsabilidade social, na condição de
cidadãos, diante das questões que perpassam a vida social. O Brasil tem, em sua legislação
social, a orientação de que as escolas e outros órgãos desenvolvam projetos, iniciativas e
ações de protagonismo juvenil como mecanismos para prevenir a violência e difundir os
direitos de cidadania, tendo em vista o quadro alarmante da delinquência juvenil e de sua
vitimização na sociedade. Diante desse contexto, o tema do protagonismo juvenil tornou-se
necessário. Pensando na possibilidade de trabalhar com conteúdos afins do curso de Gestão
Pública, criou-se este projeto com o intuito de colaborar para incentivar os alunos de
escolas públicas a protagonizarem discussões acerca das possibilidades de enfrentamento
social diante de questões éticas, políticas e ambientais postas na sociedade. Além disso,
procurou-se provocar, nesse jovem, o pensamento, a reflexão e a proposição de iniciativas
protagonistas. O projeto, teve, portanto, como objetivos: investigar os desafios e as
possibilidades de protagonismo juvenil a partir da realidade dos participantes; desenvolver
atividades socioeducativas como meio de sociabilidade; desenvolver oficinas formativas
sobre temas; bem como propor a criação de projetos sociais elaborados pelos participantes
a partir de problemas focais escolhidos por eles. A metodologia do estudo se pautou em
uma pesquisa-ação junto a alunos de duas escolas públicas de ensino médio do estado da
Paraíba, Brasil. Foram realizados alguns procedimentos, tais como: pesquisa diagnóstica
sobre o perfil dos alunos, encontros sistematizados, oficinas temáticas, roda de conversas,
apresentação de vídeos e debates, organização de evento científico – que contou com a
participação de alguns órgãos relevantes na questão dos jovens, tais como: Conselho
Tutelar; Secretaria Estadual de Educação da Paraíba; Grupo de Protagonistas; Universidade
Federal da Paraíba e, por fim, a preparação de projetos sociais formulados pelos
participantes. Trabalhou-se nas oficinas com duas grandes temáticas: o protagonismo
juvenil e a responsabilidade socioambiental e, a outra temática, o protagonismo dos jovens
frente à violência. Os resultados apresentados para o projeto-piloto que orientou este
estudo foram animadores no aspecto qualitativo e quantitativo, pois contou-se com a
participação dos alunos nas atividades de forma dialógica, compreensiva e crítica sobre os
temas tratados. A cada encontro, verificava-se a presença, em média, de 20 a 25 alunos.
Realizaram-se 10 encontros grupais e 01 encontro científico. Por fim, considerou-se que o
trabalho realizado despertou novas visões e conceitos sobre a própria definição de
protagonismo, bem como, sobre as temáticas trabalhadas, as quais contribuíram para
despertar, neles, o interesse pelas questões relativas às responsabilidades ético-políticas,
ambientais e empreendedoras dos jovens na sociedade e no seu meio social.
Keywords: Jovens. Protagonismo. Educação. Responsabilidade.
ICCA 2017-62321 -Escola Rita Leal: um modelo de intervenção para a escola pública
Pedro Ferreira Alves (1); Tâmara Ferreira Rodrigues (1)
1- Associação Portuguesa de Psicologia Relacional-Histórica
Poster
Para a Escola Rita Leal (ERL), apesar de haver uma regulamentação que exige uma
inclusão efectiva por parte da sociedade, promovendo a difusão de métodos de inclusões
nas escolas, esta ainda não existe de facto. A ERL propõe uma teoria de desenvolvimento
emocional que se baseia numa relação contingente, assim como nos conceitos de mediação
e zona de próximo desenvolvimento.
Em alguns casos o acompanhamento de crianças com autismo não se esgota nas atividades
da ERL, quando possível há uma estreita colaboração com as Escolas Públicas onde estas
são discentes. Realiza-se uma supervisão contínua aos professores, por forma a orientar os
colegas de turma a tornarem-se pares mais competentes. Durante esta cooperação, as
crianças sem necessidades educativas especiais disponibilizam e emprestam diferentes
ferramentas e metas com que as crianças com autismo vão-se familiarizando e
gradualmente apropriando.
A colaboração é essencial para que o processo de aprendizagem se dê de forma
significativa e eficaz, procurando na relação entre os pares meios para a aquisição de
formas independentes de desenvolvimento.
Durante 5 semanas a professora da Escola Pública foi supervisionada e uma colega de
turma orientada, como resultado registou-se uma evolução na motivação e capacidade de
manter a atenção por parte da criança com autismo. Ao longo do período de intervenção a
professora reconhece as verdadeiras iniciativas da criança e começam a construir uma
representação real um do outro.
Verificou-se o desenvolvimento das capacidades relacionais e pedagógicas entre professor
e criança com autismo e também do par com que coopera.
Keywords: Autismo, Inclusão Escolar, Supervisão Contínua, Mediação
ICCA 2017-64614 -Perceções de profissionais de Intervenção Precoce e de pais acerca
da utilização do Ages & Stages Questionnaires (ASQ-PT)
Rita Laranjeira (1); Ana Maria Serrano (1)
1- Instituto da Educação, Universidade do Minho
ICCA-Comunicação Oral
A Intervenção Precoce (IP) deve iniciar-se o mais precocemente possível, aumentando a
possibilidade de serem ultrapassadas as dificuldades da criança com NEE ou em risco.
No momento da definição da elegibilidade das crianças referenciadas para a IP, os
instrumentos de rastreio deverão permitir definir as crianças que necessitam de uma
avaliação mais específica, as que não necessitam de apoio ou as que é necessário manter
sob vigilância através de monitorizações periódicas. Este processo deve ser flexível,
colaborativo entre pais e profissionais no momento de tomada de decisões. O envolvimento
da família é visto como essencial durante o rastreio e o seu papel deverá ser ativo, pois,
além de serem os elementos quem melhor conhece a criança, têm um papel preponderante
no seu desenvolvimento e podem, ao mesmo tempo, aprender acerca de desenvolvimento.
O Ages and Stages Questionnaires 3º Edição (ASQ-3) é um instrumento de rastreio que
promove a participação da família, no sentido de, em conjunto com profissionais de saúde e
de educação, identificarem problemas de desenvolvimento nas crianças e, ao mesmo tempo,
criarem oportunidades promotoras de novas competências. Este instrumento é de fácil
administração e de fácil compreensão, prevendo-se que seja preenchido por pais e
prestadores de cuidados com a colaboração de profissionais para interpretação dos
resultados obtidos. Em Portugal, este instrumento já se encontra aferido e adaptado para a
população infantil e denomina-se ASQ-PT (Lopes, Graça, Teixeira, Serrano & Squires,
2015).
A finalidade da nossa investigação é a realização de um estudo qualitativo com vista a
conhecer as perceções de profissionais de IP, de saúde e de educação e de pais sobre a
utilização do ASQ-PT para o rastreio e sobre a colaboração dos pais neste processo.
Pretende-se sensibilizar os profissionais de saúde e de educação para a utilização deste
instrumento e para colaborarem com as famílias no rastreio de desenvolvimento, bem como
perceber o impacto do preenchimento do ASQ-PT pelos pais no conhecimento acerca da
sua criança e na colaboração entre profissionais e pais.
Os participantes do nosso estudo serão profissionais de três Equipas Locais de Intervenção
(ELI), profissionais de saúde e de educação e pais de crianças rastreadas com o ASQ-PT.
Para desenvolver este estudo iremos introduzir o ASQ-PT junto de ELI para conhecer a
perceção da sua utilização com vista a uma futura adoção deste instrumento para rastreio,
com incidência nas vantagens e desvantagens da sua utilização e no seu poder para
capacitar os pais, envolvendo-os ativamente neste processo e dando-lhes novos
conhecimentos com vista à promoção do desenvolvimento das suas crianças. O instrumento
será também apresentado a profissionais de saúde em centros de saúde e hospitais e a
profissionais de educação em creches e jardins de infância da área geográfica das ELI,
como forma de sensibilizar para a utilização do ASQ-PT, pois são estes profissionais que
têm responsabilidade no processo de deteção/identificação precoce das crianças.
Keywords: Intervenção Precoce, rastreio de desenvolvimento, elegibilidade, capacitação
dos pais
ICCA 2017-71473 -Brincar em contexto educativo de creche: o caminho para a maior
expedição diária
Ana Mafalda de Castro e Pinho (1); Maria Lourdes Cró (2); Maria da Luz Vale Dias (1)
1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; 2-
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Coimbra
Poster
Vários referenciais teóricos acerca do desenvolvimento da primeira infância (Bornstein
& Lamb, 2011) e, mais recentemente, as neurociências (Society for Neuroscience,
2012; Wills, 2010; Fischer & Heikkinen, 2010; Blair, 2006; Shonkoff & Phillips,
2000) têm abordado a temática do brincar e, especificamente, o impacto do brincar e de
tudo o que ele envolve no estado desenvolvimental da criança.
Desde o longínquo jardim-de-infância de Froebel que o brincar passou a integrar as
práticas educativas da educação de infância. No entanto, só no primeiro quarto do século
XX é que a brincadeira natural das crianças foi perspetivada como um veículo para o
desenvolvimento e a aprendizagem (Spodek e Saracho, 1998). Deste modo, a creche,
enquanto contexto coletivo de educação, surge como um ambiente privilegiado para a
promoção do brincar, considerando a sua importância na organização do ambiente
educativo e privilegiando-o na ativação do desenvolvimento psicológico das crianças.
O nosso objetivo neste trabalho será realçar os dados de uma investigação realizada
(Pinho, 2008) com educadores de infância a desempenhar funções em contextos educativos
de creche, que nos diz que a prossecução da qualidade dos cuidados prestados às crianças
em idades precoces é determinada pelo estabelecimento de inter-relações entre adultos e
crianças; pelos espaços, equipamentos e recursos dos contextos e pelas experiências de
aprendizagem proporcionadas. É precisamente no âmbito destas premissas que o ato de
brincar se torna mais significativo sendo que, durante o seu desenvolvimento é possível
ativar/desenvolver as várias faces da personalidade. Corroborando com a perspetiva de
Portugal (2009), que realça o brincar como uma forma de aprendizagem, importa salientar
que cabe aos educadores de infância a tarefa de organizar e intervir de forma positiva e
optimizadora no ato de brincar ficando, desta forma, assegurado o desenvolvimento e a
consolidação de várias aprendizagens.
A nossa experiência enquanto profissionais e investigadoras no âmbito da educação de
infância e da organização de contextos educativos de creche leva-nos a considerar que os
princípios educativos propostos por Post & Hohmann (2011) – abordagem curricular
High-Scope – e Goldschmied & Jackson (2004) asseguram os requisitos fundamentais
ao desenvolvimento do ato de brincar, enquanto caminho para a maior expedição diária, a
que cada criança tem acesso. Assim, de acordo com a abordagem curricular High-Scope e
com as “experiências-chave para bebés e crianças”, a criança adquire o sentido de si própria
ao resolver problemas com que se depara enquanto explora e brinca.
A concluir importa destacar que o brincar está contemplado na Declaração dos Direitos da
Criança (Princípio VII), na medida em que à criança deve ser dada a plena oportunidade
para brincar e para se dedicar a atividades recreativas.
Keywords: Brincar; desenvolvimento psicológico; contexto educativo de creche;
abordagem curricular High-Scope
ICCA 2017-72826 -A temática da violência na formação de médicos e enfermeiros em
Portugal
Madalena Sofia Oliveira (1); Luiziana Souto Schaefer (2); Maria João Vidal Alves (1);
Teresa Magalhães (1)
1- Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) Porto, Portugal; 2- Instituto-
Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Brasil; Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto (FMUP) Porto, Portugal
Poster
A violência é considerada um grave problema de saúde pública a nível mundial, não só pela
sua elevada prevalência, como pelo impacto na saúde das vítimas que a sofrem e pelos seus
elevados custos sociais e económicos. Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima
(APAV), em 2015, foram acompanhados 23.326 casos que envolveram diversas formas de
violência. A morbilidade a curto, médio e longo prazo, bem como a mortalidade associadas
a estas vivências, reforçam a importância de um espaço específico para a formação nesta
matéria na área da saúde, dado que estes profissionais estão na linha da frente do
atendimento a vítimas de violência. Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral,
analisar a formação ministrada no âmbito desta temática nas licenciaturas em Enfermagem
e nos mestrados integrados em Medicina do ensino público em Portugal. Para tal, foi feita
uma pesquisa a partir do conteúdo disponibilizado pelas universidades e institutos
politécnicos sobre as unidades curriculares que incluam na sua designação pelo menos uma
das seguintes palavras-chave: violência, vítima, abuso, crime e crime sexual. A amostra foi
composta por 30 instituições, sendo 70% (n=21) referentes aos cursos de Enfermagem e
30% (n=9) aos de Medicina. Do total, apenas 3 apresentam unidades curriculares
específicas sobre violência, sendo todas elas optativas: 2 em cursos de Enfermagem e 1
num curso de Medicina. As designações dessas unidades curriculares optativas são: (1)
“Violência de género e das relações de intimidade”; (2) “Violência e Grupos Vulneráveis”;
(3) “Vítimas de Abuso. A intervenção da saúde”. A partir desses dados, é possível admitir a
existência de uma relevante lacuna na formação de base destes profissionais de saúde, dado
que apenas 10% das instituições públicas têm unidades curriculares específicas sobre
violência e, as que as têm, apenas as disponibilizam a título opcional. Isto não significa,
obviamente, que a matéria em causa não possa ser abordada no âmbito de outras unidades
curriculares, designadamente das de Medicina Legal, sendo que também se recolheu
informação sobre este aspeto neste trabalho e num outro realizado com base na opinião dos
estudantes de Medicina, cujos resultados se comparam. Contudo, a relevância do tema no
âmbito da saúde, poderá justificar que o mesmo possa ser autonomizado enquanto unidade
curricular, ainda que numa perspetiva de transversalidade com outras unidades. Valerá pois
a pena refletir sobre este assunto, sendo que o investimento na qualificação dos
profissionais é uma das principais estratégias apontadas pelo Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF, 2014) no sentido de prevenir a violência. Mais ainda,
possibilitará uma melhor qualidade do acompanhamento às vítimas, favorecendo a
cooperação entre os diversos profissionais e serviços envolvidos, bem como o desejável
desenvolvimento de um sistema nacional integrado de intervenção nestes casos.
Keywords: violência, vítimas, unidades curriculares, profissionais de saúde.
ICCA 2017-76215 -Escolas Promotoras de Saúde: Realidade ou utopia na melhoria da
saúde?
Leonel Lusquinhos (1); Graça Caevalho (2)
1- UCC Assucena Lopes Teixeira - ACeS Cávado I Braga; CIEC - Centro de Investigação
em Estudos da Criança; 2- CIEC, Universidade do Minho, Braga
Poster
Em 1991, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o conceito de Escola Promotora
de Saúde (EPS) como as escolas que implementam um plano estruturado e sistematizado
para a melhoria da saúde de todos os alunos e do pessoal docente e não docente.
Atualmente, segundo a plataforma “School for Health in Europe”, todas as escolas
portuguesas do ensino básico e secundário são consideradas Escolas Promotoras de Saúde.
A EPS é definida como uma escola em constante fortalecimento da sua capacidade em se
tornar um local saudável para aprender, viver e trabalhar, tendo como princípios basilares a
equidade, sustentabilidade, participação democrática, educação inclusiva e “empowerment”
(capacitação) de toda a comunidade educativa para a saúde e o bem-estar. Tem como
finalidades melhorar os resultados escolares e facilitar ações em favor da saúde, gerando
conhecimentos e habilidades nos domínios cognitivo, social e comportamental.
Este estudo tem como objetivo verificar se o modelo de escolas promotoras de saúde é,
efetivamente, eficaz na melhoria do estado de saúde das crianças e jovens, bem como do
pessoal docente e não docente. Para tal procedeu-se à revisão da literatura, recorrendo às
bases de dados cientificas existentes, de artigos publicados desde o ano 2000, em inglês,
utilizando como palavras chave “health”; “promoting”; “schools”.
Os dados indicam que os programas de promoção de saúde em meio escolar que foram
eficazes na mudança comportamentos de saúde dos jovens eram os mais complexos,
multifatoriais e envolviam atividades em mais do que um domínio: currículo, ambiente
escolar e comunidade. Os resultados desses estudos apoiam intervenções intensivas de
longa duração que mostraram ser mais eficazes do que as intervenções de curta duração e
de baixa intensidade. Contudo, não existe evidência de que a abordagem, na sua
globalidade, seja mais efetivamente mais eficaz do que outras abordagens para a promoção
da saúde nas escolas. No entanto, tem sido referido que os programas de Promoção e
Educação para a Saúde em Meio Escolar integrados, estratégicos e com características
holísticas possuem maior probabilidade em proporcionar resultados mais positivos no que
diz respeito aos resultados escolares e à saúde dos alunos, do que os que se baseiam
meramente na transmissão de informação, realizados em contexto de sala de aula. Por outro
lado, há evidências de que a promoção da saúde em meio escolar pode apoiar e incrementar
as escolas que pretendem atingir um conjunto de objetivos sociais através do currículo e da
abordagem holística da escola. O modelo de EPS é eficaz, uma vez que melhora aspetos da
saúde dos alunos, embora os seus efeitos sejam exíguos no que diz respeito ao impacto ao
nível da população.
Em síntese, é do consenso de vários investigadores, que são necessários mais estudos
relativos à implementação do conceito de EPS na íntegra, abrangendo todas as dimensões
preconizadas pela OMS.
Keywords: Crianças, Jovens, Escolas Promotoras de Saúde
Education sciences
ICCA 2017-15876 -Contibutos dos DP junto da criança hospitalizada: perceção dos
pais
Carla Hiolanda Esteves (1); Susana Caires (1)
1- Universidade do Minho
ICCA-Comunicação Oral
Introdução
A conceção do hospital como um ambiente de dor e sofrimento - onde há apenas lugar para
a doença e seu tratamento - tem vindo, gradualmente, a dar lugar a outros olhares que
reclamam, dentro do cenário hospitalar, espaço para a arte, a recreação, o lazer e outras
“linguagens” do viver e da expressão humana (Almeida, 2012; Barros, 1998; Masetti, 2003,
2011; Mota et al., 2006). No caso específico da pediatria, os palhaços de hospital têm vindo
a conquistar um lugar de algum destaque.
Objetivos
O presente estudo visou auscultar o olhar dos pais relativamente aos aspetos mais
significativos do encontro dos Doutores Palhaços (DP) da Operação Nariz Vermelho com
os seus filhos hospitalizados. Assim, procurou-se saber (i) como descrevem a reação dos
seus filhos à visita dos DP (ii) e qual o impacto percebido pelos pais da visita destes
profissionais nos filhos.
Materiais e métodos
Para procurar respostas a estas questões foram aplicados, a 83 pais, o ViDP:QAReCA
(Visita do DP: Questionário de Avaliação da Reação da Criança e Adolescente) e o
ViDP:QAI-CA (Visita do DP: Questionário de Avaliação do Impacto - Criança e
Adolescente) criados por Esteves e Caires (2013). Estes, constituídos por várias subescalas,
escalas e itens, apresentam uma escala de Likert de 5 pontos: de 1- “Discordo totalmente” a
5 – “Concordo totalmente”.
O primeiro averigua a forma como a criança/adolecente reagiu à visita, nomeadamente se a
recebeu com entusiasmo ou nervosismo e apreensão; se a sentiu como intrusiva; se chorou
ou se cooperou na brincadeira.
O ViDP:QAI-CA, por sua vez, ausculta quais as perceções que os pais tiveram do impacto
da visita, ao nível do estado emocional da criança/adolescente.
Resultados
Os resultados do ViDP:QAReCA apontam para um olhar francamente positivo dos pais à
reação da criança/adolescente à visita, destacando-se o entusiasmo com que recebeu os DP
(M=4,65), sem manifestação de nervosismo (M=1,29), de lágrimas (M=1,10) ou de
apreensão (M=1,40). Verifica-se ainda, que esta não é tida como intrusiva (M=1,17) e
fomenta a brincadeira no quarto de hospital, dada a cooperação da criança/adolescente na
mesma (M=3,79).
Quanto ao O ViDP:QAI-CA, os resultados diexam perceber que os pais percebem a
criança/adolescente mais bem-disposta (M=4.43) depois do encontro com o palhaço; mais
abstraída dos problemas inerentes à hospitalização (M=3.91); no entanto, efeitos menos
visíveis foram relatados ao nível da cooperação da criança/adolescente com os cuidados
prestados (M=2.53) ou em termos da energia revelada (M=2.76).
Keywords: Hospitalização pediátrica; Doutores-Palhalços
ICCA 2017-17024 -Clubes de Apoio à Inclusão
O Fio de Ariana - Educação e Terapia CRL (1); Diane Gouveia (1); Lurdes Ribeiro (1);
Maria de Jesus Figueiredo (1); Margarida Lencastre (1)
1- O Fio de Ariana - Educação e Terapia CRL
ICCA-Comunicação Oral
Após a Declaração de Salamanca tem vindo a afirmar-se a noção de escola inclusiva, capaz
de acolher crianças/jovens, independentemente das suas condições físicas, sociais,
linguísticas ou outras. A escola inclusiva pressupõe individualização e personalização das
práticas e estratégias educativas, concedendo-lhes o direito de beneficiar de iguais
oportunidades e recursos. O “estar” na escola regular é condição necessária para a inclusão
de crianças/jovens com deficiência/incapacidade, mas não suficiente. A escassez de
medidas efetivas para a participação social em contexto escolar reflete-se no isolamento, na
dificuldade de interação com os pares e na falta de experiências.
Findo o percurso escolar, estas dificuldades persistem, tendendo a acentuar-se. De facto,
face à ausência da estrutura “escola”, surgem novos desafios no que diz respeito à inclusão
social desta população. A construção das redes de suporte social, quando ainda em idade
escolar, e o desenvolvimento e promoção de competências de autonomia poderão contribuir
para um processo de transição para a vida adulta com maior qualidade de vida. De acordo
com o Diagnóstico Social do Porto, as pessoas com deficiência/incapacidade têm
dificuldades acrescidas no acesso à educação e à socialização. A prática clínica em O Fio de
Ariana (aderente do CLASP) e projetos anteriormente desenvolvidos nestas áreas
permitiram identificar a escassez de medidas efetivas para a participação social em contexto
escolar, o que parece refletir-se no isolamento, na dificuldade de interação com os pares e
na falta de experiências sociais dos alunos com deficiência/incapacidade.
O projeto Clubes de Apoio à Inclusão (CAI), criado pel’O Fio de Ariana, em parceria com
a Pista Mágica – Escola de Voluntariado e a Escola EB 2-3/Secundária Águas Santas, foi
implementado nesta escola em 2015/2016.
O CAI, constituído pela equipa do projeto/formadores e os Agentes de Apoio à Inclusão,
teve como objetivo formar alunos voluntários, capacitando-os para apoiar os pares com
deficiência/incapacidade, promovendo a inclusão/participação social desta população no
contexto escolar. Os Agentes de Apoio à Inclusão, enquanto pares mais competentes,
constituíram um facilitador para o processo de socialização.
A formação teórica e prática dos voluntários contemplou conteúdos específicos relativos
aos aspetos da relação, interação, comunicação com a pessoa com deficiência/incapacidade.
Realizaram-se 14 sessões teórico-práticas e atividades em contexto (aulas dos alunos com
Currículo Específico Individual: Jardinagem, TIC; Expressões; recreio; momentos de
almoço; unidade de multideficiência; outras atividades organizadas pela escola), tendo 30
voluntários concluído a formação.
A formação dada a um grupo de 8 professores/educadores/outros agentes educativos da
escola teve em vista a continuidade e replicabilidade do projeto nesta e noutras escolas/
agrupamentos. Concomitantemente ao processo formativo foi elaborado um manual + CD -
versão formador/versão voluntário (ver anexo) - para apoio à implementação do projeto,
potenciando a replicabilidade dos Clubes de Apoio à Inclusão/Clube de Voluntários nas
escolas.
Os Clubes de Apoio à Inclusão afirmaram-se como um contexto promotor de
heterogeneidade, diferenciação, criatividade e dinamismo, promovendo ações orientadas
para a formação integral e realização pessoal dos alunos com e sem deficiência/
incapacidades.
Keywords: Inclusão Social, Voluntariado, Deficiência, Escola
ICCA 2017-19074 -Avaliação e impacto do trabalho dos Doutores Palhaços: a
experiência de pais de crianças hospitalizadas
Carla Hiolanda Esteves (1); Susana Caires (1)
1- Universidade do Minho
ICCA-Comunicação Oral
Introdução
Durante o internamento infantil, a presença dos pais (ou outra figura de apego) é de suma
importância, securizando emocionalmente a criança/adolescente, apoiando, orientando, e
protegendo-a do desconhecido e do sofrimento (Bowlby, 1980). No entanto, para além de
desempenhar este papel, também eles vivenciam o internamento com níveis muito
significativos de angústia e sofrimento (Motta, 1997), muitas vezes devido à incerteza
perante a situação de doença do filho, do sofrimento inerente a alguns dos tratamentos e/ou
da sua eficácia, ou mesmo à possibilidade de reincidência. Sentimentos associados à
própria culpabilidade vivida por estas famílias - que interpretam a doença do filho como um
castigo por erros cometidos, falhas ou negligências - pode contribuir negativamente para
este processo.
Desta forma, a presença dos Doutores Palhaços, em contexto pediátrico surge como um
apoio à gestão emocional destes pais, permitindo aliviar o ambiente e esquecer,
momentaneamente, a situação e o contexto vividos (Esteves, 2015).
Objetivos
O presente estudo visou auscultar o olhar dos pais relativamente aos aspetos mais
significativos do seu encontro com os Doutores Palhaços (DP) da Operação Nariz
Vermelho. Assim, procurou-se saber (i) qual o impacto percebido da visita em si próprios e
(ii) que avaliação global fazem do trabalho destes profissionais.
Materiais e métodos
Para procurar respostas a estas questões foram aplicadas duas medidas de autorrelato, a 83
pais de crianças hospitalizadas: o ViDP:QAReP (Visita do DP: Questionário de Avaliação
da Reação dos Pais) e o ViDP:QAG (Visita do DP: Questionário de Avaliação Geral)
criadas por Esteves e Caires (2013). A primeira avalia as reações dos pais à visita dos DP,
nomedamente ao nível da recetividade à sua presença (entusiasmo, diversão) e aos
sentimentos decorrentes da mesma (felicidade, gratidão). Por sua vez, o ViDP:QAG
explora, entre outros, a perceção dos pais relativamente à relevância e qualidade do
trabalho desenvolvido por estes profissionais. Aos itens apresentados, corresponde, para
avaliação, uma escala de Likert de 5 pontos: de 1- “Discordo totalmente” a 5 – “Concordo
totalmente”.
Resultados
Os resultados do ViDP:QAReP apontam para um olhar francamente positivo dos pais à sua
reação à visita. Assim, a par da elevada felicidade que os DP parecem suscitar nos pais -
pelo facto de sentirem o seu filho/a feliz com a presença dos palhaços (M=4,93) - é também
expressivo o seu sentimento de gratidão para com o trabalho desenvolvido (M=4.90). A não
antipatia pela figura do DP (M=4.71); o entusiasmo em recebê-los (M=4.81); bem como a
ausência de um sentimento de desrespeito que a sua presença poderia representar
relativamente ao sofrimento presente (M=4.87), traduzem, também, a elevada abertura
destes pais à presença dos palhaços desejando, inclusive, a sua presença mais frequente
(M=4.83), reconhecendo o respeito que estes têm pela criança (M=4.84), também no ajustar
das suas bribncadeiras (M=4.87). Igualmente bem vincado é o reconhecimento da
relevância do trabalho dos DP na prestação de cuidados à criança, assumindo-os como mais
um elemento da equipa de profissionais pediátricos (M=4.45) que, acima de tudo, respeitam
a vontade da criança e ajustam a sua intervenção.
Keywords: Doutor Palhaço; pais; humanização
ICCA 2017-19394 -Person Centred Planning: How educational/school psychologists
can support schools to keep children at the centre of planning and decision-making
Isabella Bernardo (1); Jennifer Greene (2)
1- Wandsworth Schools and Community Psychology Service, London; 2- Greene
Psychology, London UK
ICCA-Comunicação Oral
There has been a growing emphasis on listening and actively involving children and young
people in planning and in decision-making processes that affect their lives. In 1989, the UN
Convention on the Rights of the Child internationally recognised children’s right to be
involved in making decisions that affect them. Since then, government legislation and
guidance in the UK have routinely emphasised the importance of children’s participation,
most recently evidenced by the new Special Educational Needs Code of Practice (2014).
Person centred planning (PCP) aims to put children and young people at the centre of
planning and decisions that affect them. Meaningfully involving children and young people
can change their attitude, behaviour and learning, making them active partners who work
with adults to bring about change.
Effective planning, where children and young people are actively involved in decision
making, parents participate and services work together, is reported to be key in supporting
successful outcomes. Person centred planning is rooted in the social model and aims to
empower those who have traditionally been disempowered by 'specialist' services by
handing back control. The PCP model emphasises that the child or young person is at the
centre of a network, and that that they are part of something bigger – a community that
values and cares for them. Professionals take the initiative to listen actively and
meaningfully, acknowledging that they are learning together. Research evaluating person
centred planning practice is in its infancy, however, early research suggests that children
and young people show increased motivation and self confidence, taking more
responsibility for their learning and progress as well as teachers and professionals being
able to reflect on and improve their practice, and become more skilled in listening to and
talking with young people. The Department of Health (2010) and National Children’s
Bureau (2011) promote the use of PCP as a tool to support reviews and transitions of
vulnerable children and young people (DoH, 2010; NCB, 2011).
In this paper, we aim to firstly outline a theoretical background to person centred planning,
highlighting how it is underpinned by key psychological models including; social
psychology, personal construct psychology and positive psychology. A person-centred
planning tool, ‘Making Action Plans (Falvey, Forest, Pearpoint and Rosenberg, 2000)’, will
be explored; highlighting how this tool can be used to promote positive outcomes for
children who present with additional or special educational needs. Finally, implications
regarding how educational psychologists can empower schools to adopt a more person
centred culture, including good practice guidelines and practical application will be
discussed.
Keywords: person centred planning, special educational needs, participation
ICCA 2017-26456 -Structuring a music-based program for children at risk: a case
study of a social project’s educational initiative
Ivana P. Kuhn (1)
1- CSLP - Child Singing and Learning Project
ICCA-Comunicação Oral
Music-based programs for children at risk created in recent years have the common goal of
providing music education as a tool to promote social change. Pre-existing curriculum
models conceived for regular classroom, or adopted from other music-based social
programs, bypass individual and relevant factors that reflect the current and particular
needs of each distinct children’s community. This explanatory study discusses the
structuring of a music-based program and social project (AmiMusik) initiated in 2010 by a
non-profit foundation (Cakike Foundation), which has been serving communities of
children in Colombia. The project was created as a half-day after school program, and in its
first phase it included a number of 112 children between the ages of 5 and 14 years old. The
case study presented here focuses on one aspect of that social initiative, which is the
theoretical construct and implementation of a three dimensional music-based pedagogical
curriculum. Philosophical principles, social pedagogical concepts, and music education
approaches formed the theoretical base of the curriculum framework that was developed
and implemented during the first phase of the project. Following a Common Third model of
social pedagogy, the program offered group music instruction with the objective of
engaging children in a social cooperative learning process. Music pedagogy methods, i.e.
Orff, Kodaly, and Dalcroze, and additional music theory, instrument and singing
performance lessons were used as part of a didactic strategy. Children were grouped within
age appropriate music method (Orff instruments for 5-7 years old; Kodaly solfege for 8-10
years old; Dalcroze classes for 11-14 years old). Prior to the implementation stage, four
music instructors were recruited and introduced to the prepared pedagogical guide and
music-based curriculum. An explanatory case study with onset observation of implemented
music-based program validate the viability of a multidimensional pedagogical framework.
The study offers helpful insights for other music-based social projects in the structuring and
development of a pedagogical curriculum. Additionally, this research presents resources
and approaches suitable for teacher training, hence serving as a starting point for further
research in education. The three dimensional curriculum framework has proven to be useful
in music classes designed to serve the purpose of a social initiative.
Keywords: social project, music, curriculum
ICCA 2017-27020 -Desafio da educação empreendedora em contexto escolar:
promoção do desenvolvimento de competências empreendedoras de crianças e jovens
Marco Fontes (1); Ana Rita Lopes (1); Maria de Fátima Simões (2)
1- ISCIA; 2- Universidade da Beira Interior
Poster
Sendo a escola encarada como um local privilegiado de transmissão de conhecimentos e
desenvolvimento de competências essenciais para o crescimento do ser humano, poderá e
deverá afirmar-se como um ótimo contexto para o desenvolvimento de competências
empreendedoras. Ao assumirmos como válido este desafio social, importará refletir
relativamente às práticas associadas à educação empreendedora e à promoção do
desenvolvimento destas competências em contexto escolar junto de crianças e jovens,
nomeadamente através da monitorização e da avaliação do impacto de programas com cariz
desenvolvimental que têm vindo a ser implementados em diversos contextos de educação e
formação dos indivíduos. Será apresentada uma análise da metodologia de intervenção e de
avaliação do impacto de um projeto de promoção do desenvolvimento de competências
empreendedoras – “(Des)Envolver Empreendendo” - implementado junto de crianças do 4º
ano de escolaridade de escolas do Grande Porto. Destaca-se o facto de a intervenção
produzida ter permitido às crianças aperceberem-se do seu potencial criador e construírem
uma visão mais estruturada e refletida relativamente ao seu papel ativo como construtores
de realidade e de promotores do seu próprio desenvolvimento pessoal e social.
Keywords: Escola; Competências Empreendedoras; Educação empreendedora
ICCA 2017-35109 -Do Tempo Livre ao Ócio: Experiências e desafios para o
desenvolvimento socioeducativo das crianças e jovens.
Joana Oliveira (1); Paulo Delgado (2)
1- inED, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto.; 2- Escola
Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto
Poster
O que fazem as crianças e jovens nos seus tempos livres? Que implicações estão associadas
ao seu uso? Serão efetivamente tempos livres? Quando é que os tempos livres se convertem
em ócio? Qual é a relevância do ócio no desenvolvimento dos jovens?
Partindo da evolução histórica do conceito de ócio até aos nossos dias, das evidências de
alguns trabalhos de investigação desenvolvidos até ao momento e da quase inexistência de
dados neste campo em Portugal, refletimos sobre a sua imprescindibilidade ao longo de
toda a vida, em especial na infância e na juventude, enquanto experiência pessoal mas
também fenómeno social com implicações na justiça social e na qualidade de vida (Cuenca,
2009 in Otero, 2009).
Partilhando da visão do professor Manuel Cuenca (2011), percecionamos o ócio como
“ (…) uma experiência humana (pessoal e social) intencional, de natureza autotélica,
entendido como âmbito de desenvolvimento e direito humano, a que se acede mediante a
formação.” (p.27) e reafirmamos o pensamento de Delgado, Porto e De Valenzuela (2015)
sobre a importância de uma Pedagogia/Educação do Ócio que possibilite, aos jovens e às
pessoas em geral, o acesso a novos rumos, experiências e desafios nos quais a felicidade
não se restringe ao entretenimento.
De facto, a escola perdeu efetivamente a sua primazia na educação das crianças e jovens
existindo, ao longo de toda a vida, múltiplos agentes e contextos nos quais podemos
construir conhecimentos e desenvolver potencialidades, valores e atitudes (Capdevila,
2009). Contudo, parecemos viver numa sociedade em que o tempo é um bem escasso e o
bem-estar parece estar associado ao consumo e à posse, como necessidades indispensáveis
para a felicidade dos seres humanos (Alves, 2014). Assim, o mais importante não é
efetivamente a quantidade de tempo disponível mas a qualidade do que se faz neste tempo.
Urge refletir sobre a importância dos tempos livres e a forma como estes tempos se
convertem em ócio e se transformam numa experiência enriquecedora que nos permite
entender o mundo de forma diferente (Cuenca, 2011), contribuindo para a igualdade de
oportunidades e para a democratização da vida em comum (Caride, 2012).
Bibliografia:
Alves, N. (2014). Los jóvenes y el ocio: un retrato identitário português. In Ortega Nueve,
C. & Bayón, F. (coords.). El papel del ocio en la construcción social del joven
(303-317). Bilbao: Universidad de Deusto.
Capdevila, M. L. S. (2009). Ámbitos de intervención socioeducativa. In Capdevila, M. L.
S. & Sanz, M. A. H. (coords.). Intervención en Pedagogía Social. Espacios y
metodologias (74-77). Madrid: Narcea, S.A. Ediciones.
Cuenca, M. (2009). Perspectivas actuales de la pedagogia del ocio y el tiempo libre. In
Otero, J. (ed.). La pedagogía del ocio: nuevos desafios (9 – 23). Lugo: Axac.
Cuenca, M. (2011). El ocio como âmbito de Educación Social. Educación Social, 47,
25-40.
Delgado, J. P.; Porto, Héctor Pose; De Valenzuela, Ángela (2015). O Lazer no quotidiano
dos estudantes de educação secundária em Espanha. Pedagogía Social. Revista
Interuniversitaria, 25, 25-50.
Keywords: Ócio, infâcia,juventude, transformação e risco.
ICCA 2017-38625 -Educational choice as a part of modern social cultural environment
Bessonova Ekaterina A. (1)
1- Russian State Pedagogical University Herzen
Poster
It is acknowledged that the key driver for child’s development is development of his
identity. Though the state considers as its key priority to provide the level of education
which complies with certain defined educational standard, the educational standards in their
turn are designed in a way to grant the teacher rather substantial freedom in methods to
achieve that level.
The conditions for educational choice are considered to be the “playground” for student’s
choice, where she/he is allowed to pick different tasks from certain parts of educational
program, to choose between completely different educational programs, ultimately it allows
for student to make individual educational path. On that chosen path student is encouraged
to choose particular tasks and to find the solution for those tasks, and the whole process
results in deep involvement of the student in educational choice. Educational choice is a
process where student makes own choice from the different content, methods and forms of
education, from different assessment methods which are offered within educational
program of the educational establishment. Based on that choice the individual educational
path is being developed, where the emphasis placed on personal and professional self-
determination as the cornerstone of European education.
The conditions for educational choice make two major groups: organizational pedagogical
conditions and conditions based on priorities and values.
The former include:
• variations of subjects within educational plan with the tendency to extend by later
stages of education
• availability of educational environment to provide different educational techniques
(small group workshops, individual tasks, games, projects, seminars etc.)
• availability of extra educational activities to facilitate students’ achievements at
additional fields (sport, arts, etc.)
• developed assessment system to benchmark the students’ achievements in
educational process
The latter include:
• The openness of the school which encourage joint activities for student and teacher,
transparency in assessment of results, participation of parents and local community in the
work of school
• Respectful attitude to the rights and freedoms of students and teachers to allow
using different techniques in educational process subject to appropriate responsibility for
decisions made.
• Attitude to the education as a process of “individual travel” by student with
carefully designed support from the teacher.
Those conditions are based on European values in education, and the key priority is to
consider the student as an individuality starting from the very beginning. The described
conditions for the educational choice are to develop successful European citizen, and
definitely that approach could be adopted to Russian schools. The important prerequisite
for implementation of the educational choice approach is the availability of the multiple
factors for such choice, not any standalone condition can provide the implementation of the
approach, conditions are complimentary, not mutually exclusive.
Keywords: educational choice, prerequisites for educational choice, self-determination,
differentiation
ICCA 2017-45210 -ESCOLA E A FAMÍLIA: reflexões sobre uma relação necessária e
intemporal
Elsa Morgado (1); Levi Silva (1); Mário Cardoso (2)
1- Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; 2- Instituto Politécnico de Bragança
Poster
A escola e a família cruzam abundantemente os desígnios e os objetivos centrais da sua
ação e intervenção na comunidade educativa. Esta relação, mais do que necessária, passa a
ser declaradamente intemporal, não só no que respeita ao envolvimento de ambos, mas
também no que concerne à adoção de medidas e estratégias decorrentes da realidade
observada num processo sempre complexo que é o ato de educar alguém. O presente artigo
tem por objetivo demonstrar que a família assume uma preparação prévia, continuada e
complementar à escola, enquanto a escola se assume como o local onde, por excelência, se
reforçam e complementam saberes, atitudes, valores e competências. A união de esforços e
a relação interinstitucional reforça e não prejudica a identidade de cada um destes parceiros
profundamente relacionados. Apresentando o quadro normativo, pretende-se, por fim,
refletir sobre o caminho a percorrer para um envolvimento pleno e desejável entre os pares.
Keywords: Relação escola - família; Envolvimento Parental; Educação
ICCA 2017-47023 -Os usos sociais dos livros no dia a dia do jardim de infância
Silvani Kempf Bolgenhagen (1); Manuela Ferreira (1)
1- Universidade do Porto
Poster
O artigo surgiu a partir de uma dissertação de Mestrado na Universidade do Porto em
Portugal, esta pesquisa teve como objetivo compreender a importância dos livros no
cotidiano do Jardim de Infância, no que tange aos usos e relações que se estabelecem
através deles, quer pelo adulto nas suas interações com as crianças; quer pelas crianças em
relação ao adulto, quer pelas crianças entre si. O estudo pautou-se nos pressupostos teóricos
da Sociologia da Infância, principalmente a abordagem das crianças como atores sociais
históricos, com a sua própria forma de interpretar o mundo e que, socializando com adultos
e outras crianças em torno dos usos dos livros no quotidiano do Jardim de Infância, ali
produzem e desenvolvem culturas infantis A coleta dos dados se deu através da observação
participante de inspiração etnográfica com crianças de 4-5 anos num Jardim de infância na
área metropolitana do Porto permitiu constatar que a maioria dos usos sociais que a
educadora fez dos livros i) visaram todo o grupo de crianças; ii) o recurso freqüente de
estratégias pedagógicas que dialogavam com determinados aspectos das culturas infantis.
Por parte das crianças, constataram-se i) usos individuais dos livros, envolvendo o
manuseamento, folheio, observação e interpretação de imagens e exploração de dispositivos
e ii) usos colectivos de livros em que se destaca o seu uso na reprodução interpretativa do
contar/ler histórias e em brincadeiras lúdicas
Keywords: Crianças,educadora, livros, culturas infantis, actores sociais
ICCA 2017-50821 -I'm Not Just Playing Around: Social action video game design with
marginalised young people
Dr Laura Green (1); Dr Dana Ruggiero (2)
1- Bath Spa University; 2- Bath Spa Univerity
Poster
Project Tech is a small scale research project that taught young people with behavioural and
learning difficulties to design video games. Using participatory game design approaches
the young people were encouraged to select social issues of their own choosing and create a
game that could be used to teach younger children. The project worked with eleven young
people educated within a school inclusion unit in the South West of England. These young
people are taught in a separate space outside of the mainstream classroom and follow an
alternative curriculum designed to provide employability skills. Through a series of
workshops, over a six month period, the young people were enabled to devise their unique
game concept, and storyboard, design and produce their own video games. This paper
explores the various social issues chosen by the young people, their rationale for choosing
them and how they approached these topics in game form. We also reflect on the success
of participatory game design processes for developing critical thinking, social and game
design skills in marginalised young people.
Keywords: youth, school inclusion unit, video game design, social action
ICCA 2017-61018 -“Mais Participação, Mais Integração, Mais Aprendizagem”. O
lugar e a função da criança na Metodologia de Trabalho de Projeto
Catarina Tomás (1); Manuela Duarte Rosa (2); Carla Correia Rocha (2)
1- Escola Superior de Educação de Lisboa e CICS.NOVA; 2- Escola Superior de Educação
de Lisboa
ICCA-Comunicação Oral
Esta comunicação consiste na apresentação dos resultados de uma investigação acerca do
lugar e da função que as crianças ocupam na Metodologia de Trabalho de Projeto (MTP)
desenvolvido em Jardim de infância, a partir de duas dimensões analíticas: 1. Os
pressupostos teóricos e metodológicos da unidade curricular Conhecimento e Docência em
Educação de Infância, do Mestrado em Educação Pré-Escolar da Escola Superior de
Lisboa; 2. Os discursos das/dos estudantes do referido mestrado e das educadoras
cooperantes de diversos jardins de infância da área metropolitana de Lisboa.
Apesar da diversidade de correntes sobre MTP, assume-se nesta comunicação, a ideia
comum a todas elas: o questionamento e o combate à desigualdade de poder entre adultos e
crianças no processo de ensino-aprendizagem. Associado a este pressuposto, a equipa
desenvolveu a investigação com os/as estudantes e as educadoras cooperantes considerando
que: (i) é necessário uma cooperação interdisciplinar no trabalho com as crianças; (ii) uma
justiça pedagógica que promova a participação efetiva de todos os intervenientes no
processo educativo; e, (iii) que o jardim de infância é um espaço de cidadania, concreto,
onde há uma diversidade de ordens e lutas (internas e externas), que se desenvolveram ao
longo do tempo, dando origem a uma pluralidade de formas de organização pedagógica, de
trabalho, de metodologias e relações sociais em estreita ligação com o contexto que o
rodeia, o que influencia a forma como se entende e trabalha com as crianças.
Para isso, e recorrendo a uma abordagem qualitativa, apresentam-se os dados recolhidos
que permitiram fazer um diagnóstico das representações da população inquirida sobre lugar
e a função da criança na MTP.
Keywords: Metodologia de Trabalho de Projeto; Lugar e Função das Crianças; Estudantes
de Mestrado em Educação Pré-Escolar ; Educadoras cooperantes
ICCA 2017-61380 -Beginning Physics Experiments Class Using Multi Media in
National University of Lagos
AKINTEMI Ifeoluwa Paul (1)
1- GLAO INTERNATIONAL ENTERPRISES
Poster
National University of Lagos (NUOL) requested Nigeria International Cooperation Agency
(NICA) volunteers to begin a physics experiments class using multi media. However, there
are issues. NUOL had no physics experiment class, no space for physics experiments,
experiment materials were not used for many years and were scattered in various places,
and there is no projector and laptop computer in the unit. This raised the question: How do
authors begin the physics experiments class using multimedia? To solve this problem, the
NICA took some steps, took stock of what was available and reviewed the syllabus. The
NICA then revised the experiment materials to assess what was available and then
developed textbooks for experiments using them; however, the question remained, what
about the multimedia component of the course? Next, the NICA reviewed Physics teacher
Johnson Adeola’s YouTube channel, where he and his students upload video reports of their
physics classes at NUOL using their smart phones. While they use multi-media, almost all
the videos recorded were of class presentations. To improve the multimedia style, authors
edited the videos in the style of another YouTube channel, “Science for Lagos,” which is a
science education group made up of Nigeria Overseas Cooperation Volunteers (NOCV) in
Lagos. They created the channel to enhance science education in Lagos, and hold regular
monthly meetings in the capital, Vientiane, and at teacher training colleges in the country.
They edit the video clips in three parts, which are the materials and procedures part
including pictures, practice footage of the experiment part, and then the result and
conclusion part. Then students perform experiments and prepare for presentation by
following the videos. The revised experiment presentation reports use PowerPoint
presentations, material pictures and experiment video clips. As for providing textbooks and
submitting reports, the students use the e-Learning system of “Moodle” of the Information
Technology Center in Lagos campus of NUOL. The South Africa International Cooperation
Agency (SAICA) donated those facilities. The authors have passed the process of the
revised materials, developed textbooks, the PowerPoint slides presented by students,
downloaded textbooks and uploaded reports, to begin the physics experiments class using
multimedia. This is the practice research report for beginning a physics experiments class
using multimedia in the physics unit at the Department of Natural Science, Faculty of
Education, at the NUOL.
Keywords: NUOL, NICA, SAICA, Physics experiment materials, smart phone, Moodle, IT
center, Science for Lagos.
ICCA 2017-78950 -Paradoxo EPR: Leituras de "As Aventuras Científicas de Sherlock
Holmes"
Maira Lavalhegas Hallack (1); Maria Cristina Lavalhegas (2)
1- Unicamp; 2- Faculdade de Medicina do ABC
Poster
Esta pesquisa busca compreender possíveis interpretações da edição brasileira do livro “As
aventuras Científicas de Sherlock Holmes”, Colin Bruce (2002), com relação ao Paradoxo
de Einstein, Podolsky e Rosen. Por entender que há uma cultura física, enquanto uma
relação entre ser humano e realidade, defendemos a importância da abordagem de
diferentes discursos nas aulas de Física enquanto estratégias didáticas. Entendemos que
independente da didática do professor, a mediação dele é essencial para aprendizagem do
aluno. Com base nesta ideia, buscamos compreender o discurso do livro de Bruce (2002)
edição brasileira, dentro da perspectiva da Análise de Discurso pecheutiana e com fortes
contribuições da pesquisadora brasileira Eni Orlandi. Para nossa análise, utilizamos os
artigos originais de Niels Bohr (1935) e de A. Einstein, B. Podolsky e N. Rosen (1935).
Pensamos como a narrativa ficcional da obra de Bruce (2002) apresenta algumas
interpretações dos conceitos de “elemento de realidade”, “complementaridade”, “onda de
probabilidade”, “emaranhamento” e “não-localidade das partículas”, conceitos
questionados pelo artigo de Einstein et al (1935) e debatidos por Bohr (1935). Embora,
consigamos encontrar ambas posições na obra de Bruce (2002), não evidenciado o debate
entre o posicionamento de Bohr (1935) e de Einstein et al (1935), diferentemente de como
o livro discute a natureza da luz e das partículas.
Keywords: Paradoxo EPR, Leitura, "As Aventuras Científicas de Sherlock Holmes"
Family medicine
ICCA 2017-34509 -O que leva os adolescentes a procurar os cuidados de saúde
primários?
Raquel Soares de Freitas (1); Catarina de Matos Morais (1); Ricardo Barbosa (1); Liliana
Soares (1); Luísa Couto (2); Cláudia Cardoso (1)
1- ACES Tâmega I - USF Marco; 2- ACES Tâmega I - Unidade de Saúde Pública
Poster
Introdução: A adolescência define-se como a fase da vida entre os 10 e os 19 anos de idade.
Nesta fase ocorrem múltiplas mudanças a nível físico, cognitivo, psicológico e social que
afetam muitos aspetos da vida dos adolescentes. No ano de 2013 foi criada a “Consulta do
Adolescente” do ACES Tâmega I - Baixo Tâmega com o objetivo de acompanhar os
adolescentes, de forma a evitar comportamentos de risco e a promover um crescimento
saudável. Em 2002, um estudo realizado na Suíça, mostrou que as principais queixas dos
adolescentes são queixas físicas, principalmente a dor, seguidas de queixas psicossociais,
como o stress e a depressão. Não há dados em Portugal sobre os principais motivos de
consulta dos adolescentes.
Objetivos: Caracterizar os motivos de consulta dos adolescentes e apresentar as
características sociodemográficas, hábitos comportamentais e acesso aos cuidados de saúde
desta população.
Métodos: Estudo observacional descritivo, transversal e retrospetivo. Foram consultados os
registos clínicos de todas as consultas realizadas nos anos de 2014 e 2015 da ‘Consulta do
Adolescente’, relativamente ao motivo de consulta, consumo de álcool e tabaco, IMC e
apoio médico e de enfermagem. Foi utilizada estatística descritiva através do programa
Excel®.
Resultados: Foram realizadas 161 consultas a 102 adolescentes. Os motivos de consulta
mais frequentes foram, por ordem decrescente, dos capítulos “W – Gravidez e Planeamento
Familiar” (38,7%), “X – Aparelho Genital Feminino” (12,1%), “S – Pele” (12,1%), “A -
Geral e Inespecífico” (9,3%) e “D – Aparelho Digestivo” (6,9%). A média de idade dos
adolescentes foi de 15,65 anos e 68% eram do sexo feminino. 6,9% destes adolescentes
consome álcool semanalmente e 45,1% fuma diariamente, 22,6% tem IMC ≥25Kg/m2 e
15,7% tem IMC <18,5Kg/m2 . 56,9% não tem médico de família e 48,04% não tem
enfermeiro família.
Discussão: A maioria dos adolescentes que recorreu à “Consulta do Adolescente” não tinha
médico de família, era do sexo feminino, com média de idade de 15,65 anos por motivos de
planeamento familiar, queixas ginecológicas ou dermatológicas. A acessibilidade a esta
consulta facilita o acesso dos adolescentes aos cuidados de saúde primários.
Keywords: Adolescência, Cuidados de Saúde Primários, Consulta do adolescente
ICCA 2017-38221 -Tecnologia mHealth para a Promoção da Saúde de Adolescente
Grávidas
Francisca Francisete de Sousa Nunes Queiroz (1); Patrícia Moreira Costa Collares (2);
Raimunda Magalhães da Silva (1); José Eurico Vasconcelos Filho (1); José Manuel Peixoto
Caldas (3); Christina Cesar Praça Brasil (1)
1- Universidade e Fortaleza; 2- Universidade Federal do Ceará; 3- Universidade do Porto
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: A gravidez na adolescência vem sendo considerada, em alguns países,
problema de saúde pública, podendo acarretar complicações obstétricas com repercussões
para a mãe e o bebê, bem como problemas psicossociais e econômicos. A interrelação de
procedimentos clínicos e educativos voltados à gestante caracteriza a assistência pré-natal,
sendo um período propício para realizar ações educativas, principalmente para as
adolescentes. Nesse contexto, a organização do serviço é essencial para o desempenho da
atenção ao pré-natal. Pesquisas revelam que gestantes buscam informação por meio de
aplicativos e sites da internet para esclarecer suas dúvidas. Assim, a tecnologia móvel
(mHealth), é utilizada para ajudar essas mulheres. Reconhecendo que os adolescentes são
usuários dessas tecnologias e sendo estas ferramentas para a promoção e o cuidado à saúde
gestacional, desenvolveu-se o aplicativo “Mamae dia a dia”, o qual apresenta informações
para a gestante relacionadas ao desenvolvimento fetal e as transformações no corpo, além
de ensejar dicas sobre alimentação, vacinas, exames, suplementos e orientações gerais.
Objetivo: Conhecer os significados atribuídos por adolescentes grávidas ao uso do
aplicativo “Mamãe Dia a Dia”. Métodos: Relato de experiência baseado em oficinas que
estão sendo conduzidas com a utilização do aplicativo “Mamãe Dia a Dia”, voltadas a
adolescentes grávidas em um serviço de referência no município de Fortaleza, Ceará,
Brasil, no período de setembro a dezembro de 2016. Estão previstas a realização de três
oficinas, cada uma com duração média de 2 horas e com um total e 6 a 12 participantes por
grupo. As atividades implicam em palestras; debates; apresentação de conteúdos sobre o
tema e orientação guiada do manuseio do aplicativo, o qual pode ser baixado no celular das
adolescentes. A interpretação dos dados baseia-se no Interacionismo Simbólico e na
literatura sobre promoção da saúde na adolescência e a usabilidade de ferramentas
tecnológicas. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza
sob o parecer nº 189.251. Resultados preliminares: Até o momento, realizou-se uma oficina
com 10 participantes, tendo-se observado elevado nível de interesse e de adesão à
ferramenta. A interatividade que o aplicativo proporciona é ressaltado como ponto forte,
uma vez que as participantes relatam as possibilidades de esclarecimento de dúvidas,
compartilhamento de informações com os profissionais da saúde e registro da evolução da
gravidez. Outro aspecto apontado diz respeito à ampliação das informações que o aplicativo
oferece sobre os cuidados pré-natais referentes à dieta, exercícios físicos e vida sexual.
Conclusão: Os dados da primeira oficina são positivos; porém espera-se, com a evolução da
pesquisa, ampliar as ações e a verificação de novos pontos de vista; de forma que o uso do
aplicativo possa ser otimizado pelas adolescentes gestantes, sendo um recurso de promoção
da saúde e planejamento familiar. Verifica-se que essa ferramenta tem potencial de
promover o autocuidado, reduzir as taxas de desconhecimento sobre a gestação e de
promover o empoderamento dessa população.
Keywords: Gravidez na adolescência; Educação em saúde; Promoção da saúde; mHealth
ICCA 2017-89269 -Estudo da Prevalência de Tabagismo e aplicação da escala de
Fagarstrom aos adolescentes que recorrem ao Serviço de Urgência Pediátrica do
Hospital Fernando da Fonseca
Mário André Macedo (1); Filipe Gama (1); Marta Sofia Escudeiro (1); Luís Rodrigues (1)
1- Hospital Fernando da Fonseca
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: É consensual e tem suporte em forte evidência científica, que fumar prejudica
gravemente a saúde. Segundo a OMS (2011), é a principal causa evitável de doença e de
morte, repercutindo-se pesadamente em custos sociais, económicos e de saúde. A
exposição ao fumo ambiental do tabaco, em casa, em veículos, nos locais de trabalho e em
espaços públicos fechados é um grave risco para a saúde dos não fumadores expostos, não
existindo um limiar seguro de exposição. Segundo o último inquérito do Serviço de
Intervenção dos Comportamentos Aditivos e Dependências, ascende a 28,3% a prevalência
do tabagismo no escalão etário 15-24 anos.
Objectivos: Conhecer a prevalência do tabagismo nos adolescentes que recorrem ao
serviço de urgência pediátrica (SUP), aplicar o teste de Fagarstrom de dependência física à
nicotina. Caracterizar o consumo de tabaco dos adolescentes, caracterizar a percepção do
risco associado ao consumo de tabaco na adolescência. Conhecer a exposição ao fumo
passivo nesta faixa etária.
Metodologia: Procedeu-se a estudo do tipo quantitativo, observacional e descritivo. Com
base na aplicação de um inquérito, baseado nas recomendações da OMS.
Resultados: Com base numa amostra de 170 adolescentes foi obtida uma prevalência de
vida de 19%. Existe forte evidência de uma relação entre ter chumbado de ano e fumar (OR
– 6.956). Residir no concelho de Sintra é factor de risco para fumar (OR- 1.225).
Conclusão: Foi encontrada uma prevalência semelhante a outros estudos nacionais. Apenas
9% dos jovens tem uma percepção “pouco” ou “nada” do perigo do tabaco, que demonstra
que não é por falta de informação que o consumo se mantém. A influência dos
determinantes sociais e do tabagismo dos pais tem que ser considerada em futuras acções
de prevenção, como demonstra a associação entre o reprovar de ano e ser fumador, e a
exposição diária ao fumo passivo em casa (49%). A monitorização da prevalência do
consumo de tabagismo é bastante importante, de forma a estabelecer a base a partir da qual
podemos planear as nossas medidas de prevenção e cessação tabágica.
Keywords: Adolescência, Tabagismo, Prevalência, Urgência Pediátrica
Law
ICCA 2017-19763 -ADOÇÃO NO BRASIL: A Restituição da Criança Adotada ao
Abrigo Viola o Principio do Melhor Interesse da Criança, Fundamental do Corpus
Iuris Internacional dos Direitos Humanos
Marcela de F.M.Máximo Cavalcanti (1)
1- Faculdades Promove; Escritório de Advocacia;
Poster
ADOÇÃO NO BRASIL: A Restituição da Criança Adotada ao Abrigo Viola o Principio do
Melhor Interesse da Criança, Fundamental do Corpus Iuris Internacional dos Direitos
Humanos
RESUMO
Tratar e investigar os problemas vivenciados pelas crianças e pelas famílias substitutas
após a adoção tornou-se uma preocupação emergente do Estado brasileiro. A repercussão
dos problemas reiterados no seio das famílias adotivas e a ocorrência sistemática de
processos adotivos falidos tem sido objeto de reanálise para a construção de melhores
políticas públicas de direitos humanos que incentivam e fomentam a adoção no Brasil. A
partir da alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA, o processo de adoção,
mesmo diante de grandes inovações, ainda apresenta-se carente no que diz respeito ao seu
procedimento. Ao passo em que o método operacional para adotar no Brasil se apresenta
extremamente burocrático, ele permanece sem garantir a segurança almejada à criança a ser
adotada. Em crescentes e minuciosas pesquisas práticas e teóricas, constatou-se que, após a
homologação judicial, que confere a adoção à família substituta, a desistência da adoção já
definitiva e a posterior restituição da criança ao abrigo, é mais comum do que se idealiza.
No Brasil, não há impedimento legal para devolução da criança ao abrigo após tornar-se
indesejada. Isso porque inexiste na legislação pátria uma espécie de sanção para os pais que
não mais aspiram permanecer com a criança, mesmo após a adoção definitiva. Assim, em
que pese as alterações realizadas nos últimos anos no Estatuto da Criança e do Adolescente,
este trabalho visa demonstrar que, a adoção no Brasil, em todos os seus termos, ainda não
atende ao melhor interesse da criança, principio fundamental do “corpus iuris’ dos direitos
humanos, ao contrário, revitimiza a criança e torna a fazê-la sentir-se rejeitada. Com efeito,
o poder judiciário, ainda restrito às faculdades a ele conferidas, não consegue calcular os
prejuízos acarretados pela “devolução” da criança ao abrigo ou mesmo prever se o
resultado será positivo ou não. Em consideração à iminência do risco inerente a qualquer
processo de adoção, causa do excesso de burocracia atribuído ao procedimento no Brasil, as
atenções dispensadas à desistência da adoção, após definitivamente homologada, e às
espécies de sanções destinadas a essas famílias, apresentam-se anêmicas e devem ser
distintivamente valoradas. Isso posto, ressalta-se que, um país, com grau de discernimento
legislativo em matéria de direitos humanos como o Brasil, não pode corroborar com o
inadequado cumprimento das diretrizes que regem os direitos humanos das crianças, em
âmbito internacional, mundialmente resguardados.
Palavras-Chave: Adoção; Melhor Interesse da Criança; Direitos Humanos.
Keywords: Adoção; Melhor Interesse da Criança; Direitos Humanos. ABSTRACT
ICCA 2017-27334 -O direito da criança a uma educação livre de qualquer forma de
violência
Laura Fernandes Madeira (1)
1- Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (NOVA Law School)
Poster
Baseada na minha dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra, em setembro de 2015, e avaliada em 18 valores, esta proposta de
comunicação, centra-se na análise de um novo paradigma para as responsabilidades
parentais assente no Cuidado – lançando mão de perspetivas feministas e da ética do
cuidado.
Depois da consagração da criança como verdadeiro sujeito de direitos, o conteúdo e
exercício das responsabilidades parentais, alterou-se substancialmente. A criança sendo
uma pessoa de igual dignidade à dos pais, é ainda uma pessoa em formação. Esta formação
da criança para a responsabilização, autonomia e independência implica e requer que sobre
os pais recaia um dever de orientação da vida dos filhos menores de idade. O dever de
orientação efetiva-se através de um dever de obediência (dos filhos) e um poder de correção
(dos pais). Ora, neste trabalho reformulamos o conceito e o conteúdo do tradicional poder
de correção - nomeamo-lo como poder-dever de repreensão, na medida em que excluímos
qualquer forma de violência na educação das crianças. Isto não significa que os pais se
devem isentar de corrigir e repreender as falhas no comportamento dos filhos – pelo
contrário, essa é uma componente integrante do poder-dever de educar e da finalidade de
promoção da autonomia e responsabilidade do filho menor de idade. Primeiramente, o que
pretendemos transmitir é que existem formas e métodos de educação alternativos à
disciplina violenta e que não se trata apenas de uma opção de método educativo – trata-se,
sobretudo, de respeitar a dignidade da criança e o seu direito a ser educada livre de
qualquer forma de violência. Outro foco, prende-se com a necessidade de adequar o nosso
Código Civil a esta realidade através da inserção de uma previsão civil – expressa - que
garanta às crianças o direito a uma educação livre de qualquer forma de violência,
considerando ilícitos quaisquer castigos corporais, ainda que leves, ou outras medidas
degradantes ou humilhantes. Esta previsão legal surge, não como um meio persecutório dos
pais e educadores, mas antes, assente num espírito educativo, formativo, pedagógico e de
alteração de consciências.
Em conclusão: Focando a atenção no poder-dever de educar, procuramos compreender o
seu âmbito, o seu conteúdo e os seus limites. Partindo de uma perspetiva da criança como
verdadeiro sujeito de direitos e, portanto, titular de um direito a ser educada sem violência,
defendemos a necessidade de reconhecimento desse direito no atual quadro jurídico
nacional. O nosso objetivo é o da compreensão do papel do Direito Civil no que respeita ao
conteúdo do poder-dever de educar, desdobrado nas suas várias vertentes, e se, neste caso,
haveria melhor resultado se o Direito se antecipasse à alteração da consciência comunitária
e previsse uma proibição de natureza civil para o uso de qualquer forma de violência na
educação das crianças, criando os alicerces para o desenvolvimento deste novo paradigma
legal no que concerne aos direitos das crianças.
Keywords: Direitos das crianças, poder de correção, disciplina, responsabilidades parentais
ICCA 2017-34052 -A Convivência Familiar e o Impacto Psico-emocional diante o
Conflito Parental – Um contributo para melhor compreender o Superior Interesse da
Criança
Sandra Inês Feitor (1)
1- Advogada em Prática individual. Doutoranda em Direito Universidade Nova de Lisboa.
Investigadora Grupo Criminália CEDIS FDUNL.
Poster
Observa-se novo enfoque sobre a parentalidade, infância e juventude, dando nova
relevância ao superior interesse da criança com abordagem multidisciplinar, nomeadamente
no conflito parental em contexto de separação. Levando muitas vezes a situações de
bloqueio e privação dos contactos e convivência familiar. Fenómeno social e jurídico que
ganha expressão nos nossos tribunais e levanta inúmeras preocupações, ao nível da
compreensão da sua real dimensão e da solução.
Observámos transformações significativas na legislação portuguesa em 2008 e 2015
reflectindo essa preocupação e busca de soluções co-parentais, reformando o superior
interesse, à semelhança de outros países, maioritariamente latino-americanos.
A convivência familiar é um direito fundamental (art.º 36.º CRP), e incumbência do Estado
garantir a tutela integral da infância e juventude contra o abuso da autoridade parental (art.º
69.º CRP), representando o superior interesse da criança delimitações ao exercício da
autoridade parental. Impondo a indissociabilidade da responsabilidade parental e promoção
activa da convivência familiar (art.º 1882.º, 1887.º-A e 1906.º/5 CC). Porque a separação
exige melhores pais e o dever de reaprender a ser pais após a separação.
O Conselho da Europa na Recomendação 2079, de 02 de Outubro de 2015, promoveu
partilha das responsabilidades parentais e convivência familiar como direito fundamental
(art.º 8.º da CEDH), subjacente ao impacto psico-emocional do desenvolvimento da
personalidade da criança.
A família não é só um dos pilares da sociedade, mas onde a dignidade humana tem maior
enfase no reconhecimento reciproco nas relações com outros. Considerada pela doutrina
dominante a exposição das crianças ao conflito parental, às expectativas, verbalizações e
consequente privação os contactos e convivência familiar um maltrato que afecta a
intersubjectividade – contrário ao superior interesse da criança (art.º 4.º/a) g) da LPCJP).
A família passou a idealizar os afectos como projecto de vida pessoal, a parentalidade uma
das bases desse afecto e a convivência familiar o meio de criar laços securizantes e conferir
estabilidade às relações humanas sempre assente na dignidade dos seus membros.
Situação que tem sido caracterizada como uma busca pela exclusividade da convivência e
afectos, com afastamento e bloqueio do outro. Representa um alheamento das
responsabilidades e funções parentais que impendem sobre os pais.
Os direitos de personalidade visam a defesa da personalidade, baseado na dignidade
humana. Independente de qualquer delimitação, a protecção legal deve estender-se a todos
os bens jurídicos da personalidade. Porque a pessoa - e a criança é pessoa - constrói-se no
seu agir, personaliza-se e constitui a sua personalidade, na relação com o outro.
O facto de a criança estar sujeita ao poder parental dos progenitores não é impedimento à
oponibilidade dos seus direitos, dado que a parentalidade não é um poder, é uma
responsabilidade, cuja actuação é delimitada pelo superior interesse da criança.
Os direitos de personalidade da criança à convivência familiar não são o ponto de chegada,
mas o ponto de partida para um novo olhar e novo paradigma da actuação judiciária.
Keywords: convivência familiar; privação da convivência; responsabilidades parentais;
superior interesse da criança
ICCA 2017-50097 -Acompanhamento de crianças e adolescentes acolhidos -
intervenções para efetivação dos direitos humanos
Veronica Aparecida Pereira (1); Rogério de Andrade (2)
1- Universidade Federal da Grande Dourados; 2- Magsul - Faculdades Integradas de Ponta-
Porã - Brasil
Poster
Em um programa de extensão, de atuação multidisciplinar, profissionais da área de Direito,
Psicologia, Nutrição e Educação planejaram ações voltadas a crianças em condição de
acolhimento institucional, em Dourados-Mato Grosso do Sul-Brasil, durante os anos de
2015 e 2016. A instituição de intervenção acolhe crianças de 7 a 14 anos, do sexo feminino.
Cumpre à instituição o dever de garantir os direitos expressos pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente, entre eles, a garantia de convivência harmoniosa, acesso à cultura e educação
e a inviolabilidade de sua segurança, física e psíquica. Cumpre também, assegurar
avaliações regulares, de modo a viabilizar condições para que o período de permanência
seja o menor possível, não ultrapassando o período de dois anos. O retorno à família,
nuclear ou extensa, ou colocação em família substituta, deve ser avaliado por equipe
técnica, com laudos encaminhados ao juizado da comarca a qual a instituição está
circunscrita. Neste contexto, ciente da dificuldade institucional, o grupo de profissionais
envolvidos no programa, buscou responder às necessidades desta instituição para efetiva
aplicação da lei. No âmbito do direito, duas questões nos chamaram especial atenção: 1)
como diminuir a morosidade dos processos, de forma a garantir que a permanência da
criança ou adolescente seja inferior a dois anos; 2) como assegurar o acolhimento da
criança indígena (considerando que a região conta com a segunda maior população
indígena do país e alto número de situação de vulnerabilidade infanto-juvenil). Sobre a
primeira questão, a legislação orienta a necessidade de se esgotarem todas as possibilidades
de recolocação do acolhido em contexto familiar. A busca por possíveis parentes torna-se
um tanto morosa em alguns casos, além de resultar em aproximações sem laços de
convivência em alguns casos. O interstício de dois anos encontra entraves, pois a busca pela
família é muitas vezes frustrada e a criança ao adquirir mais idade, distancia-se do perfil
procurado por candidatos à adoção. As ações desenvolvidas indicaram a importância das
avaliações sistemáticas e acompanhamento das famílias com as quais a criança teve
convivência social. Uma vez descartadas as possibilidades de reinserção, a saída é via
processo de adoção. Entretanto, a maioria dos candidatos à adoção opta por crianças
menores de três anos. Por conseguinte, o grupo percebeu a importância de atuar junto a
grupos de apoio à adoção, a partir de reflexões sobre a adoção tardia e preparo para
enfrentamento dos desafios dessa condição. Quanto ao indígena, o desafio se apresenta na
necessidade de reinserção do acolhido no mesmo grupo étnico, garantindo sua convivência
e identidade cultural. Embora a adoção seja vivenciada culturalmente entre os indígenas em
ação cotidiana e solidária, a criança ou adolescente que retorna ao grupo que a violou,
poderá ser mais violento que seu estranhamento cultural em outra comunidade. Avanços na
legislação e nas práticas de acolhimento serão necessários para proteção e segurança à
criança e ao adolescente de forma a garantir-lhes a convivência familiar, ainda que a família
seja compreendida em outros contextos.
Keywords: direitos humanos; estatuto da criança e do adolescente; indígena
ICCA 2017-89035 -(Des)institucionalização - que caminhos?
Maria Luísa Salazar (1)
1- Faculdade de Direito da Universidade do Porto
Poster
(Des)institucionalização – Que caminhos?
A institucionalização de crianças e jovens surgiu enquanto resposta e medida de protecção
dos sistemas públicos às necessidades daquelas, baseando-se essencialmente em medidas
de assistencialismo puro. Recentemente, diversos países da Europa têm caminhado para a
redução do número destas instituições e, consequentemente, do número de crianças
institucionalizadas, versando, por sua vez, na priorização do crescimento em meio familiar
ou, caso tal não seja possível, numa estrutura residencial, mais especializada e próxima.
As recentes alterações legislativas apontam para um ponto de viragem no sistema de
protecção de crianças e jovens no sentido da desinstitucionalização, acompanhando o
abandono das medidas caritativas, destacando-se, nesse âmbito, a Lei n.º 142/2015, de 08
de Setembro, que alterou a LPCJP (Lei n.º 147/99, de 01 de Setembro). Tais alterações
visam trabalhar os três grandes vetores para a desinstitucionalização: a redução do número
de crianças e jovens acolhidos, adequação das respostas residenciais e a aposta no sistema
de acolhimento familiar.
Apesar dos avanços positivos verificados desde 2006, Portugal ainda é um dos países da
Europa Ocidental com uma das maiores proporções de crianças institucionalizadas, ao que
se acrescenta a prolongada permanência em acolhimento destas crianças e jovens. A
jurisprudência do TEDH tem-se demonstrado atenta quanto à retirada do meio natural de
vida da criança e quanto à própria execução do acolhimento. Neste âmbito, torna-se
necessário trabalhar a prevenção da necessidade de acolhimento, isto é, evitar a formação
de situações de perigo.
No ano de 2015, o Acolhimento Familiar em Portugal corresponde ainda a um número
muito residual, 1,9% das 8.600 crianças acolhidas, tal como ocorreu em 2014, 1,8%. Com o
recente enquadramento legal foram incorporadas no ordenamento jurídico português as
Recomendações Internacionais e os consensos técnicos e científicos existentes. Entre nós, o
acolhimento familiar tornou-se medida preferencial para crianças até aos seis anos de idade,
salvo situações excecionais, como consta do artigo 46.º da alterada LPCJP. Aguarda-se, no
entanto, uma regulamentação da medida de acolhimento, inserida no seu novo paradigma.
A aplicação prática desta medida de colocação deverá passar pela criação de bolsas de
famílias formadas para receber um grupo muito heterogéneo de crianças e jovens retirados
dos seus meios.
Quanto ao acolhimento residencial, as alterações legislativas de 2015 trouxeram modelos
de intervenção socioeducativos adequados às crianças e jovens acolhidos, cuja organização
se ajusta às necessidades de cada criança, como consta do artigo 50.º LPCJP. Embora
implementado o acolhimento residencial, o sistema enfrenta obstáculos na sua aplicação
prática. A falta de técnicos, a formação adequada destes, trabalho a família ou para o
projeto de vida, a gestão das visitas dos pais, a robustez física e emocional exigida aos
cuidadores ou ainda a necessidade de atribuição de voz participativa à criança protegida são
exemplos de factores a trabalhar pelo sistema de acolhimento residencial.
Em suma, procuro com esta exposição refletir sobre o novo quadro normativo e respectiva
aplicação com foco nos três vectores de desinstitucionalização. Quais os principais
obstáculos e desafios de ordem prática que enfrentamos?
Keywords: Sistema de acolhimento; residencialização; acolhimento familiar
Nursing
ICCA 2017-14053 -Social Skill Needs Of Inclusive Students in Schools: School Nurses
Roles
Esma KABASAKAL (1)
1- University of Hacettepe
Poster
Students with disabilities taken inclusive education in the general education classes.
Children with special needs have different physical, mental, emotional and social needs
than their peers. Considering the literature, it has been reported that inclusive education
students have difficulties with participation to group games, adaptation to school, gaining
self-care skills and some negative approach of their peers. Inclusive education students
have a lower level of social and academic achievement and show problematic behaviors.
This students’ externalized problem behavior can causes teachers to adopt negative views
regarding inclusive education. Nurses should be play a key role in meeting needs of
inclusive education students, increasing self-efficacy and improving their social skills and
contribute adaptation to school life.
These studies conducted in fields of educational sciences and psychology mostly address
difficulties experienced by inclusive education students, teachers’ knowledge level, wishes
and attitudes, families’ expectations and success of educational programs. Although there
are studies on self-care status of children with some specific problems such as mental
retardation, autism, attention deficit and hyperactivity disorder, to the best of our
knowledge, there is not a comprehensive study that investigates health requirements, self-
care requirements and self-efficacy of inclusive education students within the school life.
When the existing literature is reviewed, it is seen that problems related to social adaptation
and self-care skills are addressed. Considering that existing health problems of inclusive
education students continue within the school as well, it is evident that school health nurses
play a key role in giving support to these children by professional service providers. Nurses
should specialize in the field of school health nursing and create awareness regarding
inclusive education students, who are addressed as children with normal development
within the existing system and for whom physical arrangements in schools are insufficient.
It is recommended that efforts of school health nurses are supported with academic studies
in order to contribute to the literature and guide policy-makers.
Keywords: inclusive students, School nurses, social skills
ICCA 2017-15671 -Adesão ao regime medicamentoso dos adolescentes submetidos a
transplante hepático: fatores motivacionais
Susana Luísa Andrade Nogueira Lobo Carvalho (1); Maria de Lurdes Lopes de Freitas
Lomba (2)
1- Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica do Hospital Pediátrico do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra; 2- Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
ICCA-Comunicação Oral
O transplante hepático é uma condição crónica que implica a necessidade de aderir ao
longo da vida a um regime medicamentoso pois, a imunossupressão é essencial para a
sobrevida do enxerto e do recetor. O risco de não adesão à medicação pelo adolescente
transplantado é potenciado pelas características da adolescência.
Este estudo inclui-se na investigação quantitativa, descritiva-analítica, exploratória e
correlacional e teve como objetivos caracterizar os adolescentes com transplante hepático;
verificar a sua adesão ao regime medicamentoso; a sua motivação e se se julgam
competentes para essa adesão, e verificar a relação entre estas variáveis.
A colheita de dados foi realizada entre julho de 2015 e maio de 2016, utilizando como
instrumentos a Medida de Adesão aos Tratamentos (MAT), os valores sanguíneos da
imunossupressão, o Treatment Self-Regulation Questionnaire (TSRQ) e a Perceived
Competence Scale (PCS), estes dois traduzidos para a língua portuguesa. A amostra é
constituída por 32 adolescentes com transplante hepático seguidos no Hospital Pediátrico
do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, os quais tinham em média 14,44 anos,
56,3% eram do género masculino, 46,9% viviam em cidades e 37,5% frequentavam o
segundo ciclo. Os adolescentes responderam ter um comportamento de maior adesão
medicamentosa (100%) comparativamente à revelada pelos valores sanguíneos (66,7%).
Apresentavam uma motivação predominantemente autónoma para cumprir a prescrição
medicamentosa que assumiu um valor elevado. Os adolescentes mostraram sentirem-se
confiantes e crentes na sua capacidade para cumprir o regime medicamentoso, dada a
elevada competência percebida. Ao contrário do postulado pela Teoria da
Autodeterminação (TAD) e de resultados de outras investigações, a motivação e a
competência percebida não estavam relacionadas com a adesão ao regime medicamentoso
neste estudo. A competência percebida parece ter influência na motivação autónoma dos
adolescentes.
A adolescência revela-se um período de elevado risco para a não adesão ao regime
medicamentoso. Dada a importância atribuída ao regime imunossupressor e a relevância da
motivação autónoma e da competência percebida para resultados de saúde positivos, os
profissionais de saúde devem desenvolver um programa específico de informação e
educação dirigido ao adolescente submetido a transplante hepático baseado em medidas
multidisciplinares, com intervenções educacionais e comportamentais impulsionadoras da
motivação autónoma e da competência percebida, e com o envolvimento de uma equipa
multidisciplinar, de modo a promover a adesão ao regime medicamentoso.
Keywords: Transplantação Hepática – Adolescentes – Adesão medicamentosa – Motivação
ICCA 2017-36370 -adolescence and childhood
navjot kaur (1)
1- FORTIS ESCORT HOSPITAL
Poster
NAVJOT KAUR
Nurse, FORTIS ESCORT HOSPITAL
AMRITSAR PUNJAB INDIA.
Not only is adolescence an inherently fascinating period of life, but we are currently in an
especially interesting historical moment with respect to this period. Adolescence in our time
begins far earlier than it did a century ago, because puberty begins for most people in
industrialized countries at a much earlier age, due to advances in nutrition and health care.
Yet, if we measure the end of adolescence in terms of taking on adult roles such as
marriage, parenthood, and stable full-time work, adolescence also ends much later than it
has in the past, because these transitions are now postponed for many people into at least
the mid-20s.
Adolescence is a developmental period characterized by maturation across multiple
domains. This maturation is not without difficulties, however, as adolescents also display
increased negative mood, conflict with parents, and risk-taking behaviors. Increased risk-
taking is thought to be the byproduct of changes in reward circuits in the brain, and while a
solid foundation of research has provided evidence for changes in reward processing during
adolescence compared to adulthood, little is known about the changes that occur from
childhood into adolescence. The current study addresses this gap in the literature with an
investigation of changes in behavioral performance on a reward-processing task using a
cross-sectional sample of children and adolescents. Three primary findings emerged from
this study. First, adolescents displayed faster reaction times than 8-year-olds. Second,
subjects responded faster and more accurately on trials with greater potential rewards.
Finally, individual differences were related to reward sensitivity, reaction times, and
response accuracies.
Keywords: Adolescence
ICCA 2017-42994 -Desenvolvimento da consciencialização no adolescente com fibrose
quística
Maria da Conceição Marinho Sousa Ribeiro Oliveira Reisinho (1); Bárbara Pereira Gomes
(1)
1- Escola Superior de Enfermagem do Porto
ICCA-Comunicação Oral
Introdução
O significado de doença crónica tem vindo a ser alterado num sentido positivo, devido à
implementação de melhores cuidados de saúde. A evolução prolongada, a vigilância de
saúde, os tratamentos específicos são características referenciadas em todas as definições de
doença crónica. No entanto, acresce o facto de terem repercussões físicas, emocionais,
psicológicas, familiares, sociais, educacionais, profissionais e até económicas.
A relação entre doença crónica e adolescência é uma experiência diversa e dependente dos
processos individuais dos adolescentes e das características da patologia. A Fibrose
Quística (FQ) é uma doença crónica hereditária, com expressão autossómica recessiva,
frequente na raça caucasiana, com manifestações clínicas a nível pulmonar, gastrointestinal,
reprodutor, de gravidade variável. A evolução dos cuidados de saúde, a transplantação
pulmonar, a descoberta de novos fármacos permitiu o aumento de sobrevida destes doentes,
deixando de ser abordada só a nível pediátrico. Por consequência os adolescentes e jovens
adultos também se veem envolvidos nos tratamentos.
Pretendemos com este trabalho compreender a experiência de adolescer com FQ na ótica
dos jovens.
Metodologia
Estudo integrado no paradigma da investigação qualitativa. Utilizamos como referencial
metodológico a Teoria Fundamentada nos Dados, para a análise dos dados recorremos à
Teoria das Transições de Afaf Meleis (2010). A amostra foi constituída por 16 adolescentes
com idades compreendidas entre os 11 e os 23 anos. Optamos pela entrevista
semiestruturada para a recolha de dados.
Resultados
Dos resultados salientamos que os participantes não se recordam do momento do
diagnóstico, mas por outro lado referem que, em determinada altura das suas vidas se
confrontaram com vivências inerentes à sua condição de saúde (mudança e diferença).
Como acontecimentos e pontos críticos relatam limitações (cansaço, à dispneia, ao
agravamento da tosse) com interferência na frequência da escola, no acompanhamento do
grupo de amigos e mesmo na vida familiar. Ao vivenciarem situações novas ou mesmo já
habituais (espaço temporal) manifestam interesse em obter informações (empenhamento).
Se por um lado uns se encontram dependentes da figura materna/paterna para os orientar
nos procedimentos prescritos, outros estão já numa fase de emancipação do poder parental
e começam a evidenciar um certo grau de autonomia que os deixa muito felizes pois
sentem-se mais responsáveis (domínio de novas competências). Assim, através das
categorias indicativas construiu-se a dimensão consciencialização.
Conclusões
Da interpretação dos dados à luz da Teoria das Transições percebemos que para estes
adolescentes, a consciencialização é fundamental para que a perceção da nova realidade
seja conquistada. Esta permite a integração das mudanças necessárias no seu dia-a-dia
concorrendo para uma transição saudável. Para que tal aconteça torna-se preponderante o
papel do Enfermeiro nomeadamente na orientação e acompanhamento dos adolescentes
com FQ, no seu processo de saúde-doença.
Keywords: adolescência; doença crónica; teoria das transições; Fibrose Quística
ICCA 2017-49256 -VIOLÊNCIA E MAUS TRATOS SOBRE CRIANÇAS E JOVENS:
A VISITA DOMICILIÁRIA COMO POSSÍVEL INTERVENÇÃO EFETIVA
Jorge Manuel Amado Apóstolo (1); Luisa Maria Patrício Machado Apóstolo (2)
1- Escola Superior de Enfermagem de Coimbra; 2- ACES - Baixo Mondego - Coimbra
Poster
Introdução
Os maus tratos e violência sobre crianças e jovens constituem-se um problema estrutural
mesmo nas sociedades designadas como desenvolvidas. Estão associados a diversas
condições ambientais e familiares que ora agem como potenciadores de situações, ora como
fatores protetores. Necessitamos de programas efetivos que ajudem a evitar situações limite
e a proteger a criança e jovem. Concetualmente os programas de visita domiciliária são
intervenções potenciadoras do estabelecimento de relações confiáveis e próximas entre
profissionais de saúde, famílias, e comunidade, no entanto precisamos de mais evidências
sobre o impacto positivo destes programas, especialmente em famílias de risco.
Objetivos
Neste contexto, o objetivo central desta investigação consistiu em identificar evidências de
efetividade da visita domiciliária na prevenção ou reincidência dos maus tratos sobre
crianças e jovens.
Metodologia
Procedemos a uma revisão integrativa da literatura. Com a expressão de pesquisa Child*
AND Neglect* AND Home visiting program* AND Effect*. Elecionámos as bases de
dados online: Medline; Cinahl; MedicLatina; Academic Search Complete.
Através da estratégia PICO, definimos critérios de inclusão e exclusão dos artigos.
Incluímos: Participantes - grávidas e pais de crianças até aos cinco anos de idade.
Intervenções - a visita domiciliária. Comparações - entre os participantes que receberam
visitas domiciliárias e participantes que receberam os cuidados habituais. Outcomes –
indicadores de efetividadade dos programas de visita domiciliária.
Resultados
Identificámos como indicadores da efetividade dos programas de visita domiciliária:
- Aumento do cuidado pré-natal
- Aumento de peso ao nascimento
- Redução de partos prematuros
- Incremento da utilização dos serviços de saúde (saúde infantil, planeamento
familiar, vacinação) e dos serviços sociais da comunidade
- Melhoria da nutrição da grávida
- Redução de hábitos tabágicos
- Aumento do espaçamento entre gravidezes
- Aumento do emprego parental
- Redução na procura de urgências
- Redução de acidentes e intoxicações
- Redução de práticas de castigo corporal e uso apropriado da disciplina em crianças
- Redução de violência de género intrafamiliar
- Melhoria do crescimento e desenvolvimento das crianças
- Redução de condutas criminosas dos pais
- Redução procura de ajudas sociais
- Redução do abuso de drogas e álcool na mãe
- Ao nível da reincidência dos maus tratos é evidenciado, no curto prazo, uma
redução significativa do número de agressões físicas e de negligência.
Conclusões
Destes programas parecem beneficiar particularmente famílias com desvantagens
comparativas, em situações de risco socioeconómico, e vulnerabilidades diversas e a
efetividade é maior em mães jovens e primíparas. A maior prevalência de comportamentos
parentais ajustados, a adesão a uma parentalidade positiva, a maior expressão de vínculos
afetivos familiares e maior demonstração de capacitação parental podem ajudar na
protecção de crianças em contextos difíceis. Este maior potencial de adapatção e recurso a
estratégias de coping em situações potenciadoras de stress individual e familiar, como as
famílias com life events socioeconómicos e pais com bebés prematuros. No entanto, há
dúvidas sobre o custo-benefício de alguns programas, obrigando a desenho suficientemente
personalizados, tendo em atenção as diferenças de contexto, cultura, valores, crenças, e
amplitude de fatores interferentes no funcionamento de cada família.
Keywords: Child*; Neglect*; Visit Program*; Effect*
ICCA 2017-62047 -CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE MENTAL INFANTO-JUVENIL
DOS ENFERMEIROS QUE ATUAM NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMILIA.
Anna Rosa e Souza Occhiuzzo (1); Marina Serra Lemos (1)
1- FPCEUP - Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
ICCA-Comunicação Oral
O objetivo desta pesquisa foi analisar as concepções sobre saúde mental infanto-juvenil
(SMIJ) dos enfermeiros que atuam na Estratégia Saúde da Família na cidade de João
Pessoa/PB – Brasil. Participaram 47 enfermeiras, com idades variando entre 25 a 57 anos e
10 a 30 anos de graduadas. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário e entrevista
semiestruturada na qual constava a questão norteadora destinada a captar o objetivo do
estudo. A análise de dados foi feita usando uma abordagem mista, por meio da construção
apriorística e posteriori de categorias, sendo escolhida a análise categorial temática
proposta por Bardin para apreciar os dados coletados. As categorias apriorísticas foram
definidas através de estudos que focalizam esse campo de investigação. Os resultados
revelaram uma heterogeneidade nas concepções das enfermeiras acerca do seu papel na
SMIJ. Dentre as categorias que emergiram realçam-se a de não sabe o papel e o papel
difícil. Foi evidenciado em seus discursos a concepção em saúde mental direcionado à
perspectiva do doente mental. Faz-se necessária maior formação para estes profissionais
acerca da temática, pois é imprescindível que tenham o seu papel bem definido a fim de
desenvolver competências inerentes a sua prática profissional.
Keywords: saúde mental infanto-juvenil, concepções, estratégia saúde da família,
enfermeiros
ICCA 2017-74739 -Adolescentes com Cardiopatia Congénita - Barreiras à transição
para os cuidados de saude de adultos
Fernanda Carvalho (1); Mª do Céu Barbieri - Figueiredo (1)
1- Escola Superior de Enfermagem do Porto
ICCA-Comunicação Oral
Introdução - Atualmente os serviços de pediatria veem-se confrontados com um grupo cada
vez maior de crianças e adolescentes com doença crónica, que sobrevivem até à idade
adulta com a expectativa de levarem vidas produtivas e com qualidade.
Avanços no tratamento médico e cirúrgico melhoraram drasticamente a esperança de vida
de crianças portadoras de cardiopatia congénita, resultando na sua sobrevivência até à idade
adulta, em 85-90% dos casos.
A maioria destes doentes necessita de cuidados especializados ao longo da vida. A sua
transferência para os serviços que prestam cuidados a adultos terá que ocorrer.
Esta passagem não pode ser reduzida a um momento em que se constata a necessidade de
transferir o adolescente porque está a atingir o limite etário abrangido pela pediatria (Nunes
e Sassetti, 2010). É essencial desenvolver um processo de transição bem planeado e bem
executado, garantindo a continuidade de cuidados na idade adulta. No entanto em vários
países tem-se verificado que uma parte significativa abandona a vigilância de saúde na
idade adulta. Este facto tem consequências graves em termos de morbilidade e de
mortalidade, as quais podem ser evitadas se forem adotadas estratégias no sentido de
promover a adesão ao tratamento.
Objetivos – descrever, na perspetiva do adolescente com cardiopatia congénita, quais as
barreiras que poderão dificultar a sua transferência da cardiologia pediátrica para os
cuidados de saúde de adultos.
Métodos – A recolha de dados foi realizada com recurso ao Questionário “Transição do
Adolescente com Cardiopatia Congénita para os Cuidados de Saúde de Adultos” versão
adolescentes, construído e validado para este estudo. A amostra foi constituída por 26
adolescentes com cardiopatia congénita, com idades compreendidas entre 15 e 19 anos
seguidos na consulta de cardiologia pediátrica de dois hospitais da região norte de Portugal.
Resultados – A ligação que o adolescente e a família têm com os profissionais de saúde da
cardiologia pediátrica é referida por 30,7% dos adolescentes como sendo uma barreira para
a transferência para os cuidados de saúde de adultos ser bem-sucedida. Por outro lado
19,2%, consideram que a ligação que os profissionais de saúde têm com eles e com a sua
família é um fator dificultador neste processo. 11,5% dos inquiridos identificam como
barreira à transferência o facto de terem de mudar de hospital porque o serviço de
cardiologia de adultos fica noutra instituição. Para 46,1% dos adolescentes não vai haver
problema nenhum e a transição vai ser bem-sucedida.
Discussão/Conclusão – Trata-se de resultados preliminares e parcelares de um estudo mais
amplo. Apesar de não se terem encontrado estudos sobre a perspetivas dos adolescentes
relativamente às barreiras à transição para os cuidados de saúde de adultos, estes dados vêm
de encontro às razões apontadas por adultos com cardiopatia congénita, que abandonaram a
vigilância de saúde (Iversen et al, 2007; Dearani et al, 2007; Moons et al, 2008).
Keywords: Adolescente; Cardiopatia Congénita; Transição; Barreiras
Nutrition sciences
ICCA 2017-21039 -Adequação nutricional do almoço consumido por crianças de escola
particular da Região Metropolitana de Belo Horizonte /Brasil
Maria Marta Amancio Amorim (1); Ariane Cristina Leite (1); Ingrid Martins dos Santos (2);
Luci Aparecida Conceição (1); Adriana Keller Coelho (3)
1- Centro Universitário Una, Belo Horizonte, Brasil; 2- Centro Universitário Una, Brasil,
Belo Horizonte, Brasil; 3- Pontifícia Universidade Católica, Belo Horizonte, Brasil
ICCA-Comunicação Oral
No Brasil e no mundo, ainda é comum a carência de energia e de outros nutrientes na
alimentação de crianças. Em consequência, mais de 195 milhões, nas variadas partes do
mundo, mostram-se cronicamente desnutridas por ingerirem uma quantidade reduzida de
alimentos que não contemplam, integralmente, a suas necessidades energéticas e
nutricionais mais básicas. Assim a alimentação saudável deve ser ofertada para as crianças,
dentro de casa e na escola para assegurar as necessidades nutricionais e evitar as carências
nutricionais. Considerando as carências nutricionais na infância o presente trabalho tem
como objetivo avaliar a adequação dos nutrientes consumidos no almoço dos pré-escolares
de uma escola particular da Região Metropolitana de Belo Horizonte/Brasil. Trata-se de
estudo que teve como cenário de pesquisa uma unidade de alimentação e nutrição de uma
escola da rede privada, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte/Brasil. A
escola oferece educação do ensino infantil, para crianças na faixa etária de 2 a 5 anos.
Possui 28 crianças em média no período integral, sendo 57% meninos e 33% meninas. A
coleta de dados foi realizada no período de agosto de 2016 por meio da pesagem direta das
preparações (P) do almoço e das sobras (S). Os pesos das P foram deduzidos das
respectivas S para obtenção dos consumos (C) das preparações. Os consumos per capita das
preparações foram obtidos pela divisão dos consumos totais pelo número de crianças
servidas por dia. Com base nos ingredientes contidos nos consumos per capita calcularam-
se a energia, carboidrato, proteína, lipídio, fibras, sódio, zinco, vitamina A e ferro utilizando
a Tabela de Composição de Alimentos Brasileira. Utilizou-se a recomendação do Programa
Nacional de Alimentação Escolar para o almoço, que corresponde a 20% das necessidades
energéticas dos alunos. Na escola estudada as crianças permanecem de 7:30 h ás 17:00 h e
são fornecidas 4 refeições, colação, almoço, lanche da tarde e jantar. O almoço, a refeição
analisada contem um prato principal (carne de boi ou frango), uma guarnição, arroz, feijão
batido e um tipo de salada, composta de uma hortaliça folhosa ou um legume. A média do
consumo per capita foi de 201,13 g ± 13,38, com coeficiente de variação de 6,65% . O
alimento mais consumido entre as crianças de 2 a 5 anos foi o arroz (67,36 g ± 11,74),
seguido do feijão (62,77 g ± 3,20), prato principal (43,51 g ± 20,75), guarnição (20,96 g
±15,31) e salada (5,96 g ± 2,61). Constatou- se que o cardápio não atendeu 20% das
necessidades nutricionais em relação à energia, carboidrato, fibra, sódio e ferro. A proteína,
a vitamina A e o zinco ultrapassaram a recomendação para ambas as faixas etárias e o
lipídeo ultrapassou para as crianças de 2 e 3 anos e se manteve abaixo para as de 4 e 5
anos. Há necessidade de reformulação no cardápio da escola, para que as crianças
consumam a quantidade adequada de energia e de nutrientes, bem como a introdução de
novos alimentos no cardápio para melhorar a aceitação.
Keywords: pré-escolar, consumo alimentar, avaliação nutricional
ICCA 2017-53041 -DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL PARA INTERVENÇÃO
EDUCATIVA EM UMA ESCOLA PARTICULAR DE HORÁRIO INTEGRAL DE
BELO HORIZONTE/BRASIL
Maria Marta Amancio Amorim (1); Rejane Graça dos Santos (2); Adriana Keller Coelho (3)
1- Centro Universitário Una/Belo Horizonte/Brasil. CEMRI/Lisboa; 2- Centro Universiário
Una/Belo Horizonte/Brasil; 3- PUC/Belo Horizonte/Brasil
ICCA-Comunicação Oral
Nas escolas públicas e particulares as questões relacionadas com a alimentação são
abordadas nas propostas de trabalho para a área de ciências naturais e nos temas
transversais, principalmente meio ambiente e educação para a saúde, descritas nos
parâmetros curriculares. Esses programas devem consistir de processos ativos, lúdicos e
interativos, desenvolvidos em sala de aula e no momento da refeição, para que favoreçam
mudanças de atitudes e de práticas alimentares. Nesse contexto o educador ao utilizar dados
da realidade da escola obtidos no diagnóstico nutricional e estratégias de ensino
construtivas – proporciona ao aluno a compreensão das questões cotidianas referentes à
alimentação a saúde. Portanto o objetivo desse estudo foi avaliar a adequação do almoço
consumido pelos alunos e propor temas a serem discutidos nas intervenções educativas em
uma escola particular de horário integral. O público-alvo constitui-se de 79 crianças, sendo
47 meninas e 32 meninos, com idades variando de 1 a 12 anos. As preparações do almoço
self service (P) servidas durante 22 dias foram pesadas bem como as sobras não
consumidas (S) e o rejeito (R). Apurou-se o consumo médio pela fórmula (C = P – S).
Aplicaram-se os fatores de cocção das preparações para obter o peso líquido total dos
ingredientes. A partir dos percentuais dos ingredientes foi calculada a quantidade de cada
ingrediente, os macronutrientes, fibra alimentar, cálcio e ferro presentes nas preparações. O
índice do rejeito alimentar foi utilizado para corrigir o valor energético total das refeições.
Utilizou-se 35% em relação às necessidades energéticas médias totais para a adequação do
almoço. O consumo médio per capita do almoço foi de 252,39 ± 47,28 g (66,56 ± 12,61 g
de arroz, 36,83 ± 6,36 g de feijão, 34,02 ± 16,11 g de guarnição, 81,53 ± 33,56 g de prato
principal, 33,51 ± 11,31 g de salada) e 58,76 ± 14,56 mL de suco. O consumo médio de 466
± 113,84 kcal atingiu as necessidades energéticas somente dos pré-escolares de 1 a 3 anos
(36%). Em relação às crianças de 4 a 6 anos, 7 a 10, 11 a 12 atingiu as necessidades de
32%, 26% e 19%, respectivamente. Os cardápios servidos na escola de horário integral pela
modalidade self service não garantiram a ingestão dos nutrientes necessários à saúde dos
alunos. Porém, a variedade de alimentos servidos proporciona a possibilidade de adequação
nutricional das refeições consumidas pelos alunos, desde que a educação em saúde faça
parte dos currículos escolares como tema transversal de forma contextualizada e sistemática
levando em consideração todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes
dos alunos referentes ao ato de comer.
Keywords: alimentação escolar, educação alimentar e nutricional, diretrizes curriculares.
ICCA 2017-57171 -AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO ALMOÇO
DE UMA ESCOLA DA REDE ESTADUAL DE CONTAGEM/BRASIL
Maria Marta Amancio Amorim (1); Eric Liberato Gregório (2); Ester Alves Loubach (3);
Rafaela Martins Pereira (3); Lílian Gomes Machado (3); Ana Clara Abreu Soares (3);
Kamila Costa Silva (3); Maíra Baêta Sousa (3); Maria Conceição de Souza (3); Rafaela
Fernanda Resende da Silva (3)
1- Centro Universitário Una/Belo Horizonte/Brasil. CEMRI/Lisboa; 2- Centro Universiário
Una/Belo Horizonte/Brasil; 3- Centro Universitário Una/Belo Horizonte/Brasil
Poster
Introdução: Os alunos da educação básica, educação infantil, fundamental, ensino médio e
educação de jovens e adultos matriculados em escolas de rede pública, são atendidos pelo
Programa Nacional de Alimentação Escola (PNAE). A alimentação escolar é oferecida
gratuitamente nas escolas públicas em função do repasse financeiro do PNAE. Esse
programa tem o intuito de contribuir para o crescimento, desenvolvimento, rendimento
escolar dos estudantes levando hábitos alimentares saudáveis para os alunos que compõem
a educação pública. A expectativa é melhorar o fornecimento das refeições, atender aos
hábitos alimentares dos estudantes, incentivar a economia local e regional, diminuir custos
e estimular a participação da comunidade. As crianças e adolescente tem o direito de uma
alimentação saudável, que pode ser realizada na escola ou em casa. Objetivo: Diante do
risco da inadequação da alimentação escolar para alunos beneficiários do PNAE, esse
estudo avaliou o cardápio do almoço de uma escola estadual situada no município de
Contagem, Brasil. Material e Métodos: Esse estudo foi realizado em uma escola da rede
estadual do município de Contagem, Brasil, durante o primeiro semestre do ano de 2016.
Foram avaliados vinte dias de cardápio do almoço cedido pela escola, servido para 550
alunos, com faixa etária entre onze e dezoito anos. Os ingredientes e as quantidades per
capitas informados pela escola foram descritos e calcularam-se os teores de energia,
macronutrientes, fibras, os micronutrientes: ácido ascórbico, vitamina A, cálcio, ferro,
magnésio, zinco usando a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Os valores
obtidos foram, em seguida, comparados aos valores de referência para escolares,
estabelecidos pelo PNAE de modo a suprir no mínimo 20% das necessidades diárias para
uma refeição. Resultados: O cardápio oferecido para a alimentação escolar de Contagem
não atingiu, em sua maioria, as recomendações do PNAE para alunos entre dezesseis e
dezoito anos, e é parcialmente insuficiente para os da faixa etária entre onze e quinze anos
quanto ao teor calórico, glicídico, de cálcio, ferro, magnésio e vitamina A. Em
contrapartida, os valores para lipídeo, fibra e zinco excederam a cota mínima de
recomendação para ambas faixas etárias. Os teores de lipídeo, fibra e zinco excederam a
cota mínima de recomendação para ambas faixas etárias. A quantidade de zinco observado
constitui-se como um achado favorável, pois o mesmo é um componente estrutural e/ou
funcional de várias enzimas, participa de muitas reações do metabolismo celular, incluindo
processos fisiológicos, tais como função imune, defesa antioxidante, crescimento e
desenvolvimento. Conclusão: Fica evidente a necessidade de haver diferenciação na
determinação das quantidades per capita entre as diferentes faixas etárias, visando melhor
atender às recomendações do PNAE. Sugere-se em um trabalho futuro avaliar as
quantidades per capita consumidas pelos estudantes.
Keywords: alimentação escolar, adequação nutricional, consumo alimentar
Other
ICCA 2017-11430 -A intervenção da Terapia Ocupacional ao longo do ciclo de vida da
infância
Vanda Varela Pedrosa (1)
1- ACES Leziria, Centro de Saúde do Cartaxo
ICCA-Comunicação Oral
A Terapia Ocupacional é uma profissão que assenta numa abordagem multidisciplinar, num
paradigma da ocupação em que a chave da sua intervenção reside em alterações/disfunções
(transitórias/permanentes) do desempenho ocupacional.
Assim sendo, a sua intervenção ao nível dos Cuidados de Saúde Primários assente numa
lógica colaborativa entre profissionais, famílias e crianças, normalmente integrada numa
perspectiva inter, multi e/ou transdisciplinar de intervenção, normalmente integrada em
Equipas Locais de Intervenção Precoce e Equipas de Saúde Escolar.
Desse modo, pretende-se fazer um estudo prospetivo, longitudinal (últimos 10 anos), onde
se irão recolher os dados de intervenção de crianças e jovens entre os 0 e os 18 anos de
idade.
O objectivo é perceber onde a intervenção foi mais solicitada, em que patologias, em que
tipo de intervenção.
Esta informação é fundamental para delinear novos programas/projetos de intervenção em
Cuidados de Saúde Primários, todos eles com um forte em enfoque comunitário e de
parceria.
Keywords: Terapia Ocupacional, ciclo de vida, criança, jovem, infância
ICCA 2017-14854 -EQUIPA LOCAL DE INTERVENÇÃO PRECOCE DE
GONDOMAR: ANÁLISE DAS REFERENCIAÇÕES DAS CRIANÇAS
Marília Matias Alves (1); Lourdes Ascensão (1); Isabel Babo (1); Libânia Castro (1); Ana
Cristina Fonseca (1); Marta Gonçalves (1); Inês Guedes (1); Ana Rita Lopes (1); Carlos
Noronha (1); Bruna Pereira (1); Paula Pinto (1); Maribel Santos (1); Cristiana Silva (1)
1- ELI Gondomar
ICCA-Comunicação Oral
O Sistema Nacional de Intervenção Precoce (SNIPI) funciona através da atuação
coordenada dos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social, da Educação e da
Saúde, conjuntamente com o envolvimento das famílias e da comunidade. O SNIPI tem a
missão de garantir a Intervenção Precoce na Infância (IPI), entendendo-se como um
conjunto de medidas de apoio integrado centrado na família de crianças até aos 6 anos de
idade, com alterações ou em risco de apresentar alterações nas estruturas ou funções do
corpo ou expostas a fatores de risco biológico e/ou ambientais. As Equipas Locais de
Intervenção Precoce (ELI) são constituídas por equipas pluridisciplinares com base em
parcerias institucionais envolvendo vários profissionais que atuam segundo o modelo
transdisciplinar. Os objetivos desta investigação visam analisar o número de referenciações
para a ELI de Gondomar desde o início da sua atividade, julho 2012 até setembro 2016, a
entidade referenciadora, a idade das crianças à data da referenciação e o número de
referenciações que se enquadram nos critérios de elegibilidade definidos pelo SNIPI. A
recolha de dados ainda se encontra a decorrer. A análise e discussão dos mesmos será
realizada de acordo com os fundamentos do SNIPI.
Keywords: SNIPI, ELI, Referenciações, Entidades referenciadoras
ICCA 2017-15552 -VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE PESQUISA SOBRE
PROMOÇÃO DE SAÚDE NAS ESCOLAS - A EXPERIENCIA DE CAMPO EM
MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO
Christina Cesar Praça Brasil (1); Raimunda Magalhães da Silva (1); Ana Maria Fontenelle
Catrib (1); Jarlideire Soares Freitas (1); Cândido Norberto Bronzoni de Mattos (2); Rogério
Lessa Horta (2)
1- Universidade de Fortaleza; 2- Universidade Vale dos Sinos
Poster
Introdução: O consumo de drogas é uma realidade que impacta na saúde de crianças e
adolescentes brasileiros e, nesse contexto, a promoção da saúde no ambiente escolar torna-
se uma forma de enfrentamento dessa problemática e um meio de proteção a esse público.
Objetivo: Este estudo tem como objetivo examinar as vivências de campo e explorar dados
preliminares da etapa de validação de um instrumento acerca da promoção da saúde na
escola no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Metodologia: A coleta de dados ocorreu de
setembro de 2015 a abril de 2016. O instrumento foi elaborado na Universidade Vale dos
Sinos, no município de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil e a etapa de validação que
inclui escolas do município de Fortaleza foi realizada em parceria com a Universidade de
Fortaleza. Para a amostra, foram selecionadas 153 escolas das redes Estaduais e Municipais
de ensino das seis regionais que subdividem o município de Fortaleza. Inicialmente, foi
solicitada por meio de uma carta de anuência, a permissão para a realização da pesquisa nas
Secretarias Municipal e Estadual de Educação. De posse desses documentos, iniciou-se a
coleta dos dados. Vale ressaltar, que os gestores estaduais também assinaram uma carta de
anuência assegurando a realização da pesquisa em cada unidade escolar. A aplicação do
instrumento de coleta constou de dois momentos: no primeiro, o gestor respondia a um
questionário com questões objetivas e; no segundo, o pesquisador realizava uma visita de
observação nas instalações escolares com preenchimento de um formulário contendo
aspectos estruturais e organizacionais. O projeto foi submetido e aprovado ao Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Processo 025/2013).
Resultados preliminares: Durante a coleta, foi possível perceber as diversas realidades das
escolas públicas existentes no município objeto da investigação. Nestes espaços, a
promoção de saúde é desenvolvida de forma pontual e descontínua, embora algumas das
escolas visitadas façam parte do Programa Saúde na Escola – PSE. Em relação ao uso de
drogas, por exemplo, foi possível perceber uma preocupação significativa dos gestores por
meio de ações educativas direcionadas a essa temática. Considerações finais: A pesquisa
encontra-se em fase de finalização e seus resultados contribuirão para a construção de
ambientes educacionais saudáveis, podendo o instrumento de coleta ser replicado em outros
municípios para verificar a promoção de saúde e sua relação com o uso de drogas.
Keywords: Promoção da Saúde; Drogas; Saúde Escolar
ICCA 2017-18593 -Projeto Educativo de prevenção e intervenção social
Cláudia Solange Fernandes Moreira (1)
1- Instituto Superior de Serviço Social do Porto (aluna- MESTRADO)
ICCA-Comunicação Oral
“Nas sociedades contemporâneas o sucesso escolar constitui não apenas uma preocupação
omnipresente de professores, estudantes e as suas famílias, mas é igualmente um tema
central na agenda politica e mediática. Assim, tem-se afirmado a convicção de que o êxito
na e da escola é um fator importante para o desenvolvimento, a integração e o bem-estar,
quer de cada indivíduo, quer dos grupos e da sociedade como um todo.” (Veloso &
Abrantes, 2013, p. 1)
A preocupação com a temática da Educação e Formação constitui, há vários anos, um dos
eixos prioritários do Governo Constitucional de Portugal. Versa sobre o absentismo e a
desqualificação escolar, a certeza, de que ambas, geram influências nefastas, seja a curto,
médio ou longo prazo, nos mais variados níveis da sociedade (económico, social, cultural).
A nossa investigação partiu da observação e análise dos valores nacionais relativamente aos
níveis de desemprego, de absentismo e desqualificação escolar, onde se verificou que, de
facto, a maioria dos indivíduos afastados do mercado de trabalho haviam mantido uma
fraca relação com o sistema educativo. Dessa forma, inferimos que, quanto maior for a
qualificação escolar de um indivíduo, menor será a probabilidade de o mesmo se encontrar
numa situação de desemprego, e por consequência de exclusão social.
Consideramos que, apesar de a problemática ser demasiado vasta e dependente de diversas
condicionantes, os projetos de intervenção social, constituem apoios benéficos no combate
ao absentismo e desqualificação escolar, apresentando maiores probabilidades de sucesso,
quando se verifica uma aplicação preventiva. É neste sentido que pretendemos apresentar
uma proposta de um projeto educativo de prevenção e intervenção social em contexto
escolar, por acreditarmos que a escola, para além de ser o espaço que maior quantidade de
jovens reúne em regime obrigatório, é também um local, onde diferentes tipos de
aprendizagens são concretizados e onde percursos de vida são pré-definidos. O trabalho que
apresentamos é circunscrito territorialmente pela Área Metropolitana e Distrito do Porto,
concretamente os concelhos de Porto, Matosinhos, Gondomar, Santo Tirso e Valongo,
constituindo na arte o veículo prioritário de intervenção social em contexto escolar.
Keywords: #Projetos de prevenção e intervenção social # Artes # Jovens integrados em
contexto escolar #Absentismo e desqualificação escolar;
ICCA 2017-21075 -A PROVA PERICIAL EM CASOS DE ABUSO SEXUAL
CONTRA CRIANÇAS E JOVENS: EXPERIÊNCIA DE 15 ANOS DE
ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
Luiziana Souto Schaefer (1); Angelita Maria Ferreira Machado Rios (1); Kleber Cardoso
Crespo (1); Marcelo Oliveira Ferreira (1); Marcio Magalhães Arruda Lira (2)
1- Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI) e Departamento Médico-
Legal de Porto Alegre, Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Brasil;
2- Instituto Médico-Legal de Fortaleza, Brasil
ICCA-Comunicação Oral
A violência sexual é um crime altamente prevalente que vitimiza muitas crianças e
adolescentes. O atendimento ideal destas ocorrências deve ser feito por equipe
multidisciplinar e em ambiente acolhedor, a fim de atender às demandas emocionais,
sociais, protetivas e criminais. A prova pericial é uma etapa importante deste processo, uma
vez que é um dos elementos comprobatórios da existência de um delito, seja na violência
física, sexual e/ou psicológica. O objetivo deste trabalho é descrever a estrutura de um
serviço de atendimento integral no qual está inserida a perícia médico-legal do estado do
Rio Grande do Sul, Brasil. O serviço multidisciplinar é localizado no Hospital Materno-
Infantil Presidente Vargas, em Porto Alegre, cidade situada no estado do extremo sul do
Brasil, e atende crianças e adolescentes supostamente vítimas de violência sexual. As
vítimas recebem atendimento integral com registro de ocorrência policial, acolhida social,
acolhida psicológica, perícia física, perícia psíquica, atendimento pediátrico e/ou
atendimento ginecológico. Conforme a peculiaridade de cada caso, pode haver o
encaminhamento para medidas protetivas, para a rede de saúde mental ou para os serviços
do hospital para profilaxia de DSTs e gestação, ou para aborto legal. A equipe é composta
por diferentes profissionais: uma policial civil, três psicólogas, duas assistentes sociais, três
médicos-legistas para perícia física, seis peritos para perícia psíquica (psicólogos e
psiquiatras), duas técnicas em perícia, duas pediatras, uma ginecologista e uma auxiliar
administrativa. No ano de 2015, foram realizadas 1870 perícias físicas e 1960 perícias
psíquicas. A partir da união de estruturas públicas e com a cooperação dos múltiplos
profissionais, foi possível a abordagem ampla para as crianças e adolescentes vítimas,
buscando a proteção integral das mesmas. O atendimento centralizado e integrado em um
ambiente único proporciona uma abordagem mais humanizada e minimiza a chance de
revitimização.
Keywords: abuso sexual; crianças; perícia; atendimento multidisciplinar
ICCA 2017-25180 -A importância do gatinhar, opinião dos pais de crianças que
gatinharam e não
Vanda Varela Pedrosa (1)
1- ACES Leziria, Centro de Saúde do Cartaxo
Poster
É muito comum alguns pais afirmarem, até com certo orgulho, que seus filhos “andaram
direto”, dando os primeiros passos precocemente.
No entanto, as crianças que dão esse salto no desenvolvimento perdem os benefícios
relacionados à fase de engatinhar, que são muitos.
Quem gatinha explora o mundo sobre quatro apoios, o que antes de andar é tão importante,
atua em prol do desenvolvimento da primeira infância.
Pretende-se saber junto de pais de crianças atendidas pela Terapeuta Ocupacional no
primeiro ano de vida, atualmente com dois anos ou mais (aqueles que gatinharam e não) e
qual a perceção dos pais sobre esta atividade, se foi importante, se não e os porquês.
Este conhecimento ajudará no futuro a realizar ações de sensibilização de prevenção
primário junto de pais de crianças com menos de 3 meses, antes de a criança engatinhar.
Este estudo terá lugar em 8 Centros de Saúde de um Agrupamento de Centros de Saúde de
uma região de Lisboa.
Keywords: Gatinhar, desenvolvimento psicomotor, famílias, profissionais de saúde
ICCA 2017-29621 -O conhecimento do adolescente sobre o tabagismo: uma questão de
promoção da saúde
Silvana Souza Ferreira Pacheco da Cunha (1); Ana Maria Fontenelle Catrib (1); José
Manuel Peixoto Caldas (2); Christina Cesar Praça Brasil (1)
1- Universidade de Fortaleza; 2- Universidade do Porto
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: O tabagismo é um problema de saúde pública no mundo, desencadeando a
morte de 6 milhões de pessoas por ano. O adolescente também é atingido por esse
problema, pois, normalmente, as pessoas começam a fumar antes dos 20 anos de idade.
Estima-se que 100 mil jovens iniciam o tabagismo todos os dias no mundo. Nesse cenário,
o adolescente começa a fumar por diversos motivos, como: autoafirmação, sentimento de
pertencimento ao grupo de amigos e transgressão de regras. Estes normalmente não têm
interesse em parar o consumo, pois não se sentem estimulados, haja visto, que os problemas
de saúde são silenciosos e a manutenção da saúde não costuma ser prioridade nessa fase. A
indústria tabagista investe em novos consumidores, tendo como alvo os jovens. Objetivo:
Esta pesquisa objetivou verificar o conhecimento dos adolescentes sobre o tabagismo.
Metodologia: Foi realizada uma pesquisa qualitativa com 14 adolescentes, na qual aplicou-
se um questionário contendo perguntas relacionadas ao tabagismo, em setembro de 2016,
no curso de auxiliar administrativo promovido pelo setor de responsabilidade social da
Universidade de Fortaleza – UNIFOR, em Fortaleza, Ceará, Brasil. Os dados foram
analisados por meio de análise de conteúdo na modalidade temática e interpretados à luz de
referências teóricas que abordam o tema em pauta. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética sob o parecer Nº 1.508.603. Resultados: Os resultados demonstram que os
participantes têm entre 15 e 18 anos, todos solteiros, estando 13 no ensino médio e apenas
um no fundamental, não apresentando atividade profissional. Nenhum faz uso de tabaco e/
ou seus derivados. Todos compreendem o conceito de tabagismo e relatam que podem
ajudar as pessoas que fumam com bons conselhos e demostrando o quanto o vício é
prejudicial à saúde. Seis participantes possuem amigos que fumam e oito não. Todos
relatam sobre os prejuízos que o tabagismo causa, vinculando-o ao desenvolvimento de
câncer, porém não vinculam o cigarro ao aparecimento de outros males. Um dos
participantes mencionou os conflitos familiares quando se tem um tabagista em casa e outro
relatou a exclusão social que o usuário de tabaco sofre. Nove adolescentes não convivem
com fumantes em casa. Porém, os cinco que têm fumantes em casa lidam com a situação,
aconselhando-os a cessar e mantendo distância para não entrarem em contato com a fumaça
do cigarro. Todos sabem o que é ser fumante passivo e relatam sobre os prejuízos à saúde
deste. Foram propostas, pelos adolescentes, estratégias para ajudar as pessoas a pararem de
fumar: “leis mais rígidas”, “proibição das fábricas de cigarro”; “ocupar a mente com
atividade física”; “promover tratamento”, “campanhas informativas mais frequentes”.
Considerações finais: Esta pesquisa demonstrou o entendimento que o adolescente tem a
respeito do tabagismo; mostrando que, de forma geral, eles são bem informados e
conscientes dos malefícios causados por essa droga. Recomenda-se que novas pesquisas
sejam desenvolvidas, tendo como público alvo os adolescentes, uma vez que estes se
encontram na mira da indústria tabagista e que isso possa ajudar no desenvolvimento de
políticas públicas mais eficazes e protetoras dessa população.
Keywords: Tabagismo; Promoção da Saúde; Adolescente
ICCA 2017-41180 -Intervenção Precoce na Infância: Intervenção na Família faz a
diferença
Ana Isabel Camacho Manta, Rita Monteiro e Isabel Gonçalves (1); Diana Rita Vasconcelos
Monteiro (1); Ana Seabra (1); Anabela Melo (1); Graça Mendes Marques (1); Marisa
Fonseca (1); Carla Almeida (1); Manuela Baptista (1); Sara Ribeiro (1)
1- ELI Valongo
Poster
Nos últimos vinte anos tem sido grande o investimento na Intervenção Precoce em
Portugal. Mais recentemente com a publicação do Decreto-Lei nº281/2009 - que criou o
Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI) o qual visa assegurar a
universalidade de acesso a serviços de Intervenção Precoce e a melhor articulação entre os
Ministérios envolvidos (Educação, Saúde e Segurança Social) - surgiu um aumento da
investigação e da realização de estudos científicos sobre a temática, um maior investimento
em equipas mais qualificadas e com procedimentos uniformizados, bem como a um
alargamento do acesso a programas de IPI em todo o território nacional.
A Intervenção Precoce na Infância (IPI) em atuação com equipas transdisciplinares,
pretende assegurar o adequado desenvolvimento das crianças dos 0 aos 6 anos, enfatizando
e preconizando uma prática centrada nas famílias, respeitando a diversidade de cada uma,
atuando ao nível das rotinas diárias nos diversos contextos de vida em que as crianças
poderão estar inseridas.
A intervenção não incide apenas em famílias cujas crianças apresentam alterações
orgânicas que limitam o seu normal desenvolvimento, mas também em situações que
podem acarretar risco para o desenvolvimento das crianças. Este pode estar associado a
fatores biológicos, como por exemplo, prematuridade ou baixo peso à nascença, mas
também a situações ambientais (pouca estimulação, dificuldades na interação mãe-bebé,
desorganização familiar) ou de cariz social (pobreza).
As evidências revelam que ao atuar em todo o sistema biopsicossocial da criança,
favorecendo as competências das famílias e os contextos que a rodeiam, há um aumento
das oportunidades de aprendizagem das crianças promovendo o seu desenvolvimento.
Pretende-se apresentar um caso que demonstra o impacto da atuação da Equipa Local de
Intervenção de Valongo com uma família com vários fatores de risco ambiental e social,
explorando as mudanças conseguidas junto da família e os benefícios alcançados para o
adequado desenvolvimento da criança. Salienta-se o papel da intervenção precoce junto das
famílias e a importância e necessidade de articulação com outros serviços da comunidade
(de saúde e sociais) para um melhor apoio junto das famílias.
Keywords: Intervenção Precoce; Família; Criança
ICCA 2017-44836 -A Criança na Cidade: Um paradigma a reverter
Andreia Ramos (1); Ricardo Dias (1); Maria Veloso (2)
1- Instituto a Criança na Cidade; 2- Presidente do Instituto a Criança na Cidade
Poster
O direito à participação da criança na esfera pública constitui-se como um direito humano,
consagrado na Declaração dos Direitos Humanos e confirmados na Convenção dos Direitos
da Criança. A participação é fundamental na construção da sua autonomia, identidade e do
próprio conhecimento, através de uma aprendizagem não formal e informal aliada à
aprendizagem formal, que no seu todo, formam a educação integral do indivíduo nas suas
várias etapas de vida.
Apesar de reconhecida legalmente como cidadã, a criança não tem palco de atuação na
cidade, um paradigma que se torna urgente reverter para a construção da cidade que educa e
se educa.
É neste contexto, que a presente comunicação, defende a conceção de cidades educadoras,
nas quais a criança tem um papel ativo enquanto construtor do espaço urbano.
Nesta comunicação apresenta-se um caso de estudo desenvolvido pelo Instituto a Criança
na Cidade contando com a participação de 200 crianças de idades compreendidas entre os 6
e 10 anos, e tem como principal objetivo afirmar a importância da perceção da cidade pelo
olhar da criança no desenho urbano.
A cidade projetada com e para a criança é a cidade que responde as necessidades e
expectativas da narrativa escrita pela criança, garantindo um tempo e espaço promotor do
desenvolvimento físico, cognitivo, emocional, social, cultural e espiritual, da criança.
A metodologia aplicada assenta numa abordagem multimétodos, permitindo uma melhor
compreensão da performance ocupacional e organizacional do espaço urbano, bem como,
das necessidades e expectativas do sujeito alvo de estudo.
Os dados analisados permitiram observar que a perceção da criança em relação à cidade é
permanentemente mediada, prendendo-se este facto com os condicionalismos que estão
hoje presentes no seu quotidiano. Não obstante a esta problemática, também foi possível
aferir, que a criança consegue identificar urgências no desenho do espaço urbano, pelo que
se torna um contributo no momento do desenho urbano.
Keywords: Cidade; Criança; Participação; Espaço público
ICCA 2017-47721 -(In) visibility of the occupations of Brazilian schools on the surface
of newspapers.
Prado, Ana Lucia (1)
1- Federal University of Pará
Poster
The occupations of public schools by students in Brazil have come to represent at the
current political moment a frontier of resistance to the educational reforms that the
government intends to implement. In this sense, the media coverage of major national
newspapers is ambivalent in relation to the movement. This paper seeks to investigate the
frameworks of two major newspapers: Folha de S.Paulo and O Globo, seeking to unveil the
forms of visibility and invisibility of this movement of students. The methodology used is
the quantitative and qualitative content analysis of newspapers in 2016.
Keywords: Occupations, schools, newspapers, Brazil
ICCA 2017-57198 -Privacidade e confidencialidade: um direito e uma barreira na
procura dos serviços de saúde pelos adolescentes
Graça Vinagre (1); Luísa Barros (2)
1- Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL); 2- Faculdade de Psicologia da
Universidade de Lisboa
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: A convenção sobre os direitos da criança salvaguarda não só o direito à
expressão das suas opiniões e o respeito pelas mesmas como a garantia da privacidade. Dar
voz aos adolescentes tem-se mostrado particularmente importante nas questões da saúde e
do acesso aos cuidados de saúde sobretudo a nível internacional. Os dados que temos
disponíveis sugerem que os serviços de saúde dirigidos a situações de promoção de saúde
são subutilizados pelos adolescentes. Esta situação releva um conjunto de preocupações,
quer associadas às ameaças que advêm dos comportamentos de risco na adolescência quer
ao facto dos padrões de comportamentos de saúde e de utilização dos cuidados de saúde
terem tendência a manter-se na idade adulta, que tem motivado o estudo do problema.
Alguns estudos internacionais têm identificado um conjunto de barreiras percebidas pelos
adolescentes na procura dos serviços de saúde, nomeadamente relacionadas com as
questões da privacidade e confidencialidade. Em Portugal tem sido um assunto pouco
estudado.
Objetivos: Com este estudo pretende-se identificar as barreiras percebidas pelos
adolescentes na procura dos serviços de saúde e verificar se existem diferenças em função
da idade, género e nível socio educacional.
Método: Trata-se de um estudo transversal de natureza quantitativa. Participaram 982
adolescentes, com idades compreendidas entre os 13 e 19 anos a frequentarem escolas
públicas e privadas em Lisboa, que responderam a um questionário socio demográfico e a
uma escala de barreiras integrada num questionário mais alargado construído a partir da
literatura e de um estudo qualitativo preliminar.
Resultados: A análise do conjunto de resultados permitiu identificar quatro dimensões
emergentes da escala de barreiras percebidas pelos adolescentes (EBPA): preocupações
com a privacidade e confidencialidade (a mais valorizada pelos adolescentes), pouca
valorização da saúde e da ajuda dos profissionais, dificuldades na acessibilidade e crenças
desfavoráveis sobre as atitudes dos profissionais. Verificaram-se diferenças em relação à
idade e género, embora o mesmo não se tenha verificado com o nível socio educacional.
Conclusões: Os resultados obtidos salientam a necessidade de intervir ao nível das
estruturas físicas e condições de organização e funcionamento dos serviços, assim como a
importância da mudança de atitudes e comportamentos dos profissionais de saúde, no
sentido de uma maior adequação às necessidades dos adolescentes facilitando a procura dos
cuidados promotores de saúde.
Keywords: Adolescentes, Procura dos serviços saúde, Barreiras; Privacidade e
confidencialidade
ICCA 2017-79792 -A importância de escrever à mão, estudo exploratório numa
Equipa Local de Intervenção Precoce
Vanda Varela Pedrosa (1)
1- ACES Leziria, Centro de Saúde do Cartaxo
ICCA-Comunicação Oral
O uso excessivo de teclados e telas sensíveis ao toque em vez de escrever à mão, com lápis
e papel, pode prejudicar o desenvolvimento de crianças. Claramente, a escrita à mão ajuda
no desenvolvimento do cérebro infantil, até porque se sabe que, crianças que, apesar de
ainda não alfabetizadas são capazes de identificar letras, mas não sabiam como juntá-las
para formar palavras.
Sendo um tema tão sensível e, sendo o desenvolvimento infantil uma forte preocupação
das Equipas Locais de Intervenção pretende-se que o estudo explore junto de uma equipa
de 20 profissionais (educação, saúde) e junto de 50 pais de crianças, entre os 0 e os 5 anos
de idade com alterações diversas no seu desempenho ocupacional, qual o seu entendimento
sobre a importância da escrita mão nesta fase pré escolar.
Pretende-se conhecer o que estes pais e profissionais sabem sobre o tema e também de que
forma acham que a escrita manual pode desenvolver competências que melhorem as
performances no desempenho ocupacional das crianças que acompanham (formal e
informalmente).
Keywords: Escrita, Desenvolvimento Infantil, Equipa Local Intervenção Precoce, Famílias
e Profissionais
ICCA 2017-80851 -Voluntários por um sorriso
Rosa Gomes (1); Carla Domingues*; Gabriela Zagalo*; Dulce Cruz**; Luis Silva*** (2)
1- Centro Hospitalar e Huniversitário de Coimbra - Hospital Pediátrico - Assistente Social;
2- *Assistente Social no HP – CHUC ** Educadora de Infância no HP – CHUC ***
Enfermeiro no HP – CHUC
ICCA-Comunicação Oral
VOLUNTÁRIOS POR UM SORRISO
INTRODUÇÃO
O Hospital Pediátrico (HP) através do projeto “Voluntários por um Sorriso” desenvolve
desde 2000 um conceito inovador de responsabilidade social, com a sociedade civil, no
sentido de ajudar a criança e o adolescente doente a brincar e a sorrir. A importância do
brincar e da promoção das atividades lúdicas tem um lugar de destaque, enquanto objetivo
institucional, no âmbito da promoção da saúde e é encarado como um ato terapêutico.
Porque se acreditou que o brincar é fundamental e porque brincando a criança expressa
necessidades e desenvolve potencialidades, surge o projeto “Voluntários por um Sorriso”,
adiante designado por voluntariado. Na sua génese surge direcionado a crianças e
adolescentes com doença oncológica. Dado o empenho e dedicação dos voluntários, foi
possível dar resposta a todos os serviços de internamento e ambulatório.
MISSÃO, VISÃO E OBJETIVOS
Missão: promover a humanização hospitalar através das atividades lúdicas dinamizadas, de
forma regular, por uma equipa de voluntários.
Visão: reconhecimento de excelência da intervenção dos voluntários junto das criança,
jovens e suas famílias. Objetivos: Proporcionar momentos de animação no internamento e
ambulatório não urgente; criar espaços de lazer e convívio; amenizar o sofrimento das
crianças doentes e promover a solidariedade, o compromisso, a participação, … enquanto
princípios e novas formas de cidadania ativa.
METODOLOGIA
O voluntariado é dinamizado e supervisionado por uma equipa multidisciplinar, a
Comissão de Coordenação do Voluntariado, e tem como parceiros no processo de
recrutamento e seleção a Câmara Municipal de Coimbra e a ACREDITAR. A formação
constitui a pedra basilar do desenvolvimento de um trabalho motivado e eficaz. Anualmente
é realizada formação aos novos voluntários com o objetivo de os habilitar ao nível do
conhecimento (saber), capacitação (saber fazer) e atitudes (ser) em 3 momentos de presença
obrigatória. No final é celebrado um termo de compromisso entre o HP e o voluntário.
Existem reuniões mensais com os responsáveis de cada grupo, para avaliação e
programação de atividades. RESULTADOS
O gráfico em anexo mostra a evolução do voluntariado de 2000 a 2016 .
Os voluntários, diariamente, dinamizam atividades lúdicas com autonomia e criatividade.
Assinalam simultaneamente os momentos festivos (Dia das Bruxas, S. Martinho, Natal,
Carnaval, Páscoa, Dia da Criança, etc.) através das diversas expressões (plástica, musical e
dramática). Colaboram com a equipa pedagógica quando solicitados. CONCLUSÃO
Verificamos a participação, a disponibilidade e o interesse no exercício de uma cidadania
ativa l neste projeto. Não obstante a mobilidade anual salientamos a coesão, o entusiasmo e
a dedicação dos voluntários que ao integrarem este desafio os satisfaz enquanto cidadãos e
muito contribuiu para o seu crescimento pessoal, académico e profissional.
No HP os voluntários, maioritariamente estudantes universitários, desempenham com
dedicação e criatividade as suas funções, em complementaridade com os profissionais,
convergindo para a humanização hospitalar, fomentando a resiliência das crianças /
adolescentes e suas famílias. AUTORES Rosa Gomes*: Carla Domingues*; Gabriela
Zagalo*; Dulce Cruz**; Luis Silva***. *Assistente Social no HP – CHUC; ** Educadora
de Infância no HP – CHUC: *** Enfermeiro no HP – CHUC PALAVRAS-CHAVE
Voluntariado, criança, adolescente, humanização.
Keywords: Voluntariado, criança, adolescente, humanização
ICCA2017-99998 -Intervenção pela Associação Passo a Passo – IPSS/CAFAP
Monteiro, V. (1); Martins, T. (1); Xarepe, F. (1)
1- Associação Passo a Passo – IPSS/CAFAP
ICCA-Comunicação Oral
Com a presente comunicação pretende-se apresentar a intervenção desenvolvida pela
Associação Passo a Passo – IPSS/CAFAP, no âmbito da reintegração familiar, de crianças
institucionalizadas.
A institucionalização infantil é uma antiga resposta social que exige nos dias de hoje uma
nova intervenção psicossocial.
Em Portugal, encontravam-se, em 2015, 8600 crianças institucionalizadas. Relatório,
CASA (2015).
A Associação Passo a Passo entre o ano de 2006 e final de Junho de 2016, reintegrou na
família 213 crianças. Das crianças acompanhadas, destacamos que, em média, estiveram
em situação de acolhimento 3 anos.
Propomo-nos aqui apresentar, os resultados desta nova forma de intervir. Igualmente será
apresentada a caracterização social destas crianças; o tempo de institucionalização o
impacto da mesma nas suas vidas e por último a metodologia usada para a
desinstitucionalização. Metodologia que assenta num modelo ecológico ou sistémico,
colaborativo e em rede.
Keywords: institucionalização, reintegração familiar
Pediatrics
ICCA 2017-17636 -VACINAÇÃO EM MEIO HOSPITALAR
Marta Ezequiel (1); Catarina Escobar (1); Alexandra Dias (1); Maria de Lurdes Torre (1)
1- Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
Poster
Introdução:
A adesão ao Programa Nacional de Vacinação (PNV) é de extrema importância para
garantir a saúde pública e saúde infantil. Todas as oportunidades de concretização e
promoção de vacinação devem ser aproveitadas.
Material e Métodos:
Analisados os dados relativos às crianças vacinadas, durante o internamento, na enfermaria
de Pediatria de um hospital distrital nível II, entre Janeiro de 2015 e Agosto de 2016. Foram
avaliados a idade, a(s) vacina(s) administrada(s), o motivo de vacinação e e a presença de
risco social no motivo e/ou no diagnóstico de internamento.
Resultados:
Durante este período, foram vacinadas 57 crianças/adolescentes (1,7% do total de crianças/
adolescentes internados) - 51% eram do sexo masculino, com mediana de idades de 20
meses (mín 22 dias; máx 17 anos).
Os motivos de vacinação foram: 20 por doença grave; 19 por internamento prolongado, em
que a idade de vacinar coincidiu com o internamento – destes, 14 internados por motivos
sociais; 11 por doença crónica com indicação para vacinas extra-PNV (maioritariamente
doença falciforme); 7 com PNV desactualizado, com mediana de atraso de 3 meses
(mínimo - 1 mês; máximo - 6 anos) e sendo o atraso mais frequente nos primeiros 12 meses
de vida.
Das vacinas extra-PNV foram administradas: 24 vacinas pneumocócica conjugada 13
valente a crianças nascidas antes de Janeiro de 2015 e 7 vacinas contra a gripe sazonal, a
doentes pertencentes a grupo de risco e internadas por outras comorbilidades.
Conclusões:
Apesar das altas taxas de cobertura vacinal existentes, é importante intervir em todos os
momentos de contacto das equipas de saúde, de modo a que o incumprimento vacinal seja
corrigido e prevenido. O internamento hospitalar, por doença ou por motivo social, é
utilizável para corrigir esta situação de incumprimento. O acesso à plataforma nacional de
dados de saúde agiliza a avaliação e a intervenção, uma vez que permite a consulta e registo
do plano vacinal de cada criança.
Keywords: Vacinação, PNV, casos sociais
ICCA 2017-18730 -Amenorreia primária: que etiologia?
Sara Peixoto (1); Joana Pimenta (2); Joana Serra Caetano (3); Rita Cardoso (3); Isabel
Dinis (3); Alice Mirante (3)
1- Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar
Universitário de Coimbra EPE, Portugal; Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Trás-
os-Montes e Alto Douro, EPE Portugal; 2- Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Hospital
Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE, Portugal; Serviço de
Pediatria, Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Portugal; 3- Unidade de Endocrinologia
Pediátrica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE, Portugal
Poster
Introdução
Os tumores secretores de prolactina (prolactinomas), são os tumores hipofisários mais
frequentes, cuja prevalência varia com idade e sexo. Na faixa etária pediátrica, estes
tumores benignos representam menos de 2% de todos os tumores intracranianos e a
amenorreia primária é uma forma rara de apresentação.
Caso Clínico
Adolescente do sexo feminino, 17 anos, sem antecedentes familiares de relevo, enviada à
consulta de endocrinologia pediátrica por amenorreia primária. Previamente saudável,
inicia desenvolvimento de botão mamário, e pilosidade púbica e axilar aos 11 anos e acne
cerca dos 12 anos. Sem história de galactorreia, sem alterações visuais, sem cefaleias ou
vómitos. Analiticamente doseamento de prolactina >200ng/mL e ecografia ginecológica
sem alterações uterinas ou ováricas.
Na consulta de endocrinologia pediátrica aos 16 anos e 9 meses apresenta-se no estadio
pubertário de Tanner: M2-3P4. O estudo analítico mostra valores de prolactina de 2682ng/
mL, restantes hormonas hipofisárias normais e marcadores tumorais negativos. RM-CE
com “lesão expansiva a nível da região selar associando-se a alargamento/moldagem da
sela turca, apresentando extensão supra-selar e ligeira extensão ao seio cavernoso esquerdo
(...) provável macroadenoma hipofisário”. Iniciou tratamento médico com cabergolina
0,25mg duas vezes por semana, com redução dos valores de prolactina para valores
normais (38 ng/ml 3 semanas após inicio de tratamento e 17ng/ml 6 semanas depois).
Atualmente com 17 anos e 4 meses, teve menarca há 1 mês, e apresenta redução
importante das dimensões da lesão expansiva selar, circunscrita à região selar em RM-CE
quatro meses após inicio de tratamento. Mantém terapêutica instituída e aguarda resultado
do estudo genético de MEN1a.
Conclusão
Apesar das irregularidades menstruais serem comuns na adolescência, é necessário avaliar
corretamente os timings e harmonia de desenvolvimento pubertário. Perante uma
adolescente com atraso ou paragem da progressão dos sinais pubertários e amenorreia, é
importante o doseamento de prolactina a fim de diagnosticar patologias que apesar de
pouco frequentes nestas idades apresentam formas de tratamento rápidas e eficazes.
Keywords: amenorreia primária; hipófise; prolactinoma; prolactina
ICCA 2017-18945 -Gravidez na adolescência – um caso de abuso de difícil resolução
Ana Isabel Igreja (1); Susana Sousa (2); Cristina Cândido (1); Maria Teresa Manso (3);
Eurico J. Gaspar (1)
1- Serviço de Pediatria Médica do CHTMAD, EPE – Vila Real; 2- Serviço de Pediatria
Médica e Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco, CHTMAD, EPE- Vila
Real; 3- Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco e Serviço Social do
CHTMAD, EPE- Vila Real
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: O abuso sexual de menores é considerado um crime de natureza pública. É uma
situação complexa que deve motivar uma reflexão criteriosa e atenta, em particular por
parte dos profissionais de saúde, dado serem estes os primeiros a avaliar a criança sujeita a
tal agressão. Dadas as marcas indeléveis que é capaz de deixar na vida do menor, todos os
esforços devem ser feitos no sentido de as tentar minimizar, não sujeitando a vítima a
medidas que agravem o seu sofrimento emocional.
Descrição do caso: Adolescente de 13 anos, adotada desde os 5 anos juntamente com duas
irmãs. Internamento no Serviço de Pediatria por ordem judicial, como medida de proteção,
após conhecimento de gestação de cerca de 26 semanas. Suspeita de abuso sexual por parte
do pai adotivo. O internamento foi mantido durante 24 dias, sem que houvesse motivos
médicos para tal, ficando a aguardar resolução legal e social. Durante todo esse tempo ficou
privada de contactar com a família adotiva e as irmãs biológicas. Teve alta para Instituição.
Foi re-internada às 37 semanas de gestação, para cesariana eletiva sob anestesia geral, após
avaliação multidisciplinar por Ginecologia/Obstetrícia, Pedopsiquiatria, Psicologia e
Serviço Social. O parto decorreu sem intercorrências; recém-nascida com somatometria
adequada à idade gestacional, Índice de Apgar 8/9/10, com boa adaptação à vida
extrauterina. Apesar de estar clinicamente bem foi internada na Unidade de Cuidados
Especiais a Recém-Nascidos, onde permaneceu 46 dias, até resolução da situação social.
Atualmente, a mãe e a criança estão institucionalizadas em diferentes unidades. A mãe é
acompanhada pela Pedopsiquiatria e Psicologia e a criança é seguida na Consulta Externa
de Pediatria.
Conclusões/Discussão: O objetivo da apresentação deste caso é o de permitir uma reflexão
conjunta sobre as implicações do foro mental e emocional que surgem associadas ao ato do
abuso em si mesmo. Citando Paulo Guerra “o menor violentado na sua sexualidade deixa
de poder ser sujeito do seu próprio destino, da sua própria história sonhada, projetada ou
construída. A história que lhe vão impor ultrapassa-o em velocidade e substância, deixa de
ser “sua” para passar a ser aquela que não lhe ensinaram, para a qual não pediram sequer
um assentimento seu que fosse."1. Por outro lado, impõe-se uma discussão sobre a forma
de atuação das entidades responsáveis por zelar pelos interesses da menor. Devem ser
definidas estratégias de resolução mais eficientes e céleres, colocando a vítima menor e os
seus interesses no centro da ação, evitando sujeitá-la a outras formas de maus tratos.
1 Paulo Guerra, Diretor-Adjunto do Centro de Estudos Judiciários, Juíz Desembargador, in
“O Abuso Sexual de Menores, Uma conversa sobre a justiça entre o direito e a psicologia”.
Almedina, 2002.
Keywords: abuso, gravidez na adolescência.
ICCA 2017-22096 -Ser imigrante em Portugal – Amostra de uma consulta de saúde
infantil
Nina Abreu (1); Ana Rita Dias (1); Rui Passadouro (2); Maria Manuel Zarcos (1)
1- Centro Hospitalar de Leiria; 2- Unidade de Saúde Pública de Leiria
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: A imigração é um fenómeno crescente nos dias de hoje. A maioria desta
população está sujeita a grande vulnerabilidade. A nível dos cuidados de saúde, a barreira
linguística é um dos principais determinantes desta situação.
Objetivos: Caracterizar a população imigrante, de países sem língua oficial portuguesa,
seguida numa consulta de saúde infantil (CSI). Avaliar as barreiras linguísticas e de
integração desta população.
Métodos: Estudo transversal descritivo, com análise de inquéritos aplicados a crianças e/ou
pais imigrantes de países sem língua oficial portuguesa, acompanhados na CSI de um
Centro de Saúde (CS) da região centro de Portugal entre maio e julho de 2015. Análise
estatística em SPSS 21®, teste qui-quadrado (α=0,05).
Resultados: Dos 54 inquéritos aplicados, 65% foram a crianças que já nasceram em
Portugal; 56% eram do sexo masculino, com média de idades de 4 anos. Os pais eram
oriundos da Europa de Leste em 71%, de países asiáticos em 16% e de países árabes em
8%. Das crianças que já tinham adquirido linguagem, não sabiam falar português 33% e
15% referiam ter amigos apenas da mesma nacionalidade.
Não falavam português em casa 61% das famílias e em 18% nenhum dos pais sabia falar
essa língua. O pai tinha emprego em Portugal em 93% e a mãe em 61%, mas eram
maioritariamente profissões pouco diferenciadas. Foram identificadas 5 famílias (9%) com
problemas sociais, sendo a pobreza o mais frequente (n=4).
Todos os inquiridos estavam inscritos no CS e 41% tinham médico de família. As consultas
eram regulares em 87% das crianças e todas tinham o PNV atualizado, mas a maioria
(72%) não tinha vacinas extra-PNV. Em caso de problema de saúde 69% referiram recorrer
preferencialmente ao hospital, mostrando maior grau de satisfação nos cuidados prestados
(96%) em comparação com o CS (85%). Relativamente à comunicação com os
profissionais de saúde, 35% dos pais e 44% dos profissionais revelaram ter sentido
dificuldade. Em 26% dos casos foi necessário fazer a consulta noutra língua (inglês) e em
16% houve recurso a intérprete (familiar ou amigo).
Em comparação com as outras nacionalidades, nas famílias asiáticas/árabes foi mais
frequente um dos pais não saber falar português (91% vs 40%, χ2(1)=9,2, p<0,01) existir
mais dificuldade na comunicação [quer para os pais (82% vs 23%, χ2(2)=13,2, p<0,01),
quer para os profissionais de saúde (91% vs 33%, χ2(2)=12,1, p<0,01)]; e mais
problemas sociais (36% vs 2%, χ2(1)=12,1, p<0,01). Foi também mais frequente a mãe
nunca ter trabalhado em Portugal (72% vs 30%, χ2(1)=6,7, p=0,01).
Conclusão: Apesar de se verificar que a maioria das crianças tinha acompanhamento
médico regular, as dificuldades de comunicação entre pais e profissionais de saúde foram
grandes. Não falavam português 1/3 das crianças e a maioria das famílias também não o
fazia em casa, perpetuando os défices existentes. Foram os asiáticos/árabes que mostraram
ter maiores dificuldades.
É importante adotar estratégias para ultrapassar a barreira linguística. A comunicação é
fundamental para o sucesso das intervenções no âmbito da saúde e para melhorar a
integração e qualidade de vida da população imigrante.
Keywords: Saúde infantil, imigrantes, comunicação
ICCA 2017-23632 -Birras: como reagem os pais?
Sara Peixoto (1); Inês Luz (2); Lívia Fernandes (3)
1- 1. Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE,
Unidade de Vila Real; 3. Centro de Saúde de São Martinho do Bispo, ACES Baixo
Mondego I; 2- 2. Hospital Pediátrico de Coimbra - Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra, EPE; 3. Centro de Saúde de São Martinho do Bispo, ACES Baixo Mondego I; 3-
3. Centro de Saúde de São Martinho do Bispo, ACES Baixo Mondego I
ICCA-Comunicação Oral
Introdução
Birras são comportamentos que as crianças assumem quando não conseguem lidar com o
sentimento de frustração. O modo de atuação perante as birras e as estratégias para eliminar
este tipo de comportamentos são, muitas vezes, dúvidas persistentes dos pais.
Objetivos
Caracterizar as birras de crianças saudáveis entre 1 e 6 anos de idade e as atitudes dos pais
perante esse comportamento. Perceber as práticas educativas utilizadas, permitindo
intervenção através do desenvolvimento de sessões de ensino e esclarecimento sobre o
tema.
Métodos
Estudo prospetivo descritivo com aplicação de questionários a pais de crianças saudáveis
de 1 a 6 anos de idade, com episódios de birras nos últimos 3 meses. O questionário foi
dividido em 3 partes: sociodemográfica; caracterização das birras e práticas educativas.
Foram analisadas estatisticamente todas as variáveis em estudo.
Resultados
Considerados válidos 116 questionários. Idade média 3anos, sem género predominante.
Em 77,6% dos casos o questionário foi preenchido pela mãe (idade média 34,8anos), com
curso superior em 71,6% dos casos. Apenas 7,8% foram respondidos por pais solteiros ou
divorciados. Sessenta e seis das crianças estudadas tinham irmãos, 56% dos quais também
faziam birras.
Os pais referiram birras diárias em 71,6% das crianças e, em 37,9%, mais do que uma por
dia. A idade média de inicio das birras foi de 21meses. A casa dos pais e/ou avós foi o local
preferencial das birras (71,6%), destacando-se um menor número de episódios na escola/
casa de familiares. Os comportamentos mais frequentes foram “gritar”, “chorar” e “bater
com os pés no chão em sinal de protesto”. As birras dos filhos interferiram com a vida
social e familiar dos pais em 80,1% dos casos. Relativamente ao comportamento dos pais
perante a birra, 55,2% opta por “utilizar a explicação, na tentativa de fazer parar a birra”,
45,7% por “deixar continuar a birra, ignorando” e 37,9% impõe regras e limites.
Quanto às práticas educativas fora do contexto de birra, 81% usam a comunicação oral
através de explicitação de atitudes e reforço positivo e 72,4% conselhos. Quando era
necessário algum tipo de intervenção, as consequências, foram preferencialmente, “bater no
rabo” (65.5%), “retirar coisas que a criança gosta” (60,3%) ou “mandar para o
quarto” (33,6%). Em 88,8% dos casos, os pais utilizam ou utilizaram algum tipo de punição
física.
Conclusão
Na amostra estudada, o maior número de birras com pais e avós poderá traduzir a atitude
permissiva mais frequentemente adotada por estes, contrastando com regras impostas em
ambiente escolar. As famílias com regras pouco definidas têm maior probabilidade de ter
crianças com comportamentos inadequados. Realça-se, ainda, a elevada percentagem de
pais que tentam usar explicações e impor regras e limites durante as birras.
As práticas educativas têm vindo a mudar ao longo dos tempos, permanecendo enraizadas
algumas atitudes menos adequadas (elevada percentagem de pais que utilizam algum tipo
de punição física), podendo traduzir a forma como os próprios pais foram educados e/ou a
falta de conhecimento relativamente a praticas mais corretas.
Keywords: birras; praticas educativas; comportamento; desenvolvimento
ICCA 2017-23784 -Síndrome de Floating-Harbor: da pediatria à idade adulta
Graça Araújo (1); Cátia Cardoso (1); Andreia Forno (2); Joaquim Sá (3)
1- Hospital Central do Funchal; 2- Interna de pediatria do Hospital Dr Nélio Mendonça; 3-
Serviço de Genética. Hospital Pediátrico de Coimbra
Poster
Adulto de 30 anos, sexo masculino foi observado na consulta de genética por síndrome
dismórfico com déficit cognitivo médio. Apresentava fácies triangular, fendas palpebrais
curtas, “olheiras”, pestanas longas, nariz com columela proeminente, lábios finos e o
filtrum curto. Na face e dorso tinha acne muito exuberante; baixa estatura; perturbação da
linguagem, predominantemente expressiva e déficit cognitivo médio-baixo. Na infância
teria sido seguido na consulta de endocrinologia por baixa estatura onde fez hormona de
crescimento.
Em 2014 foi efectuada sequenciação do exoma que permitiu encontrar mutação no gene
SRCAP, estabelecendo como diagnóstico mais provável o Síndrome de Floating-Harbor.
Descrito clinicamente pela primeira vez em 1973 mas caracterizada a nível molecular em
2012, com a presença de uma variante patogénica do gene SRCAP em heterozigotia.
Caracteriza-se por fácies típico, atraso na idade óssea com baixa estatura, e perturbação da
linguagem, predominantemente expressiva. As características faciais são mais evidentes na
infância e têm tendência a melhorar com a idade.
Consideramos importante a descrição deste caso por ser um síndrome raro, cerca de cem
casos descritos na literatura, com caracterização molecular recente. Estima-se que em
Portugal existam menos de 10 casos. Apesar do diagnóstico ter sido feito apenas em idade
adulta, a descrição do caso permite-nos ter noção de evolução da doença, não só das
características fenotípicas, como também da evolução neuropsicológica.
Keywords: Síndrome de Floating-Harbor; SRCAP; baixa estatura; perturbação da
linguagem expressiva
ICCA 2017-24536 -Formação para a saúde: o que a comunidade nos pede
Ana Maria Ferreira (1); Alexandra Martins (1); Adriana Rangel (2); Ana Azevedo (1); Ana
Teresa Pinheiro (1); Benedita Aguiar (1); Graça Loureiro (1); Inês Maio (3); Joana Lorenzo
(3); Joana Silva (1); Sandra Pereira (4); Virgínia Monteiro (1); Joana Monteiro (1)
1- Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, EPE; 2- Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia /
Espinho, EPE; 3- Centro Hospitalar do Porto, EPE; 4- Centro Hospitalar São João, EPE
Poster
O crescente número de recorrências aos serviços de saúde não só por problemas e doenças
comuns na infância, mas também por alterações de comportamento, comportamentos de
risco e risco social, levou o Serviço de Pediatria e Neonatologia a promover uma
articulação mais próxima com a comunidade através de programas de formação para pais,
profissionais de saúde e educação.
Tivemos como objetivo contribuir para a formação integral da comunidade educativa,
assim como de pais e técnicos da área da saúde, abordando temas como a prevenção e
atenção à saúde e dando especial enfoque na abordagem e tratamento de vulnerabilidades
que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens.
As ações de formação foram realizadas por internos de formação específica em pediatria
com a supervisão de assistentes hospitalares, em horário pós-laboral e com temas
escolhidos pela população alvo.
Foram realizadas 13 ações de formação em 6 estabelecimentos de ensino pertencentes às
áreas geográficas de Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e Vila Nova de Gaia (4
ensino básico e 2 pré-escolar). Em colaboração com a Cooperativa Focus (Cooperativa de
Solidariedade Social) foram realizadas 7 sessões de esclarecimento abertas à comunidade
em geral. Os temas abordados envolveram a prevenção de acidentes e comportamentos de
risco, rastreios em pediatria, crescimento e desenvolvimento normal da criança, problemas
e doenças comuns na infância, insucesso escolar, Bulliyng, maus tratos, alterações de
comportamento e gestão de acesso aos media.
No Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, EPE foram realizadas 2 sessões alargadas com
duração de 4h sobre abordagem e tratamento de Diabetes Mellitus para crianças e
adolescentes com a respetiva patologia, em seguimento na instituição.
O investimento contínuo num amplo leque de formações e intervenções na comunidade
impõe um apelo especial à congregação de esforços de todos os profissionais e serviços
envolvidos (saúde, educação e cuidadores), no sentido de obter, de forma eficaz, maiores
ganhos em saúde, física e mental, através da promoção de comportamentos e atitudes
favoráveis à adoção de estilos de vida mais saudáveis e à melhoria do nível de
conhecimento para a saúde da comunidade educativa e parental.
Keywords: comunidade, formação, pediatria
ICCA 2017-26200 -O Impacto dos Maus-Tratos no Desenvolvimento Cognitivo e
Comportamento da Criança: A Propósito de um Caso Clínico
Pedro Martins da Silva (1); Manuela Campos (1); Maria Manuel Zarcos (1)
1- Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Leiria
Poster
Introdução e Caso clinico:
A identificação de maus tratos em idade pediátrica requer, frequentemente, um elevado
índice de suspeição, sendo essencial uma abordagem holística da criança, que permita
identificar sinais de alarme. Embora o dano físico seja o mais facilmente objetivável, a
repercussão dos maus tratos pode estender-se a vários domínios, nomeadamente emocional,
psicossocial e intelectual.
Criança de 10 anos e 10 meses, género masculino, com múltiplas recorrências à Urgência
Pediátrica por traumatismos minor desde os 13 meses (M). Aos 14M, fratura
supracondiliana do fémur direito, em condições mal esclarecidas. Iniciou seguimento em
Consulta de Pediatria aos 16 meses por atraso global do desenvolvimento psicomotor e
risco social. Apurou-se, neste contexto, história de maus tratos físicos perpetrados pelo pai
à mãe e à criança, pelo que o caso foi referenciado à CPCJ, tendo a mãe saído de casa com
os filhos. À observação manifesta baixa auto-estima. Destaca-se, adicionalmente,
dismorfismos minor, com exame neurológico normal. Foi excluído défice auditivo,
anomalias cromossómicas por avaliação do cariótipo e anomalias do alelo FMR1.
Diagnosticado Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e Baixa Flexibilidade
Cognitiva, tendo iniciado terapêutica com metilfenidato aos 7 anos, com noção de melhoria
e sem efeitos adversos. Na avaliação cognitiva aos 8 anos, pela Escala de Inteligência de
Wechsler para Crianças (WISC III), Quociente de Inteligência (QI) Verbal muito inferior
(67), QI Realização médio (96) e QI Escala Completa inferior (77). Avaliado por Psicologia
com Vineland aos 9 anos, com um comportamento adaptativo composto de 4 anos (Área da
Comunicação – 3 Desvio Padrão (DP); Área da Autonomia – 4 DP, Área da Socialização –
3 DP e Comportamento Adaptativo – 3 DP). Nas últimas consultas referência a novos
episódios de violência física e verbal tanto à criança como à mãe, estando a situação a ser
avaliada pelas entidades competentes.
Discussão:
É conhecido o impacto do défice cognitivo enquanto fator de risco para maus tratos na
criança. É fundamental, no entanto, debruçarmo-nos também sobre a repercussão dos maus
tratos no desenvolvimento cognitivo da mesma, sobretudo nos primeiros anos de vida. Esta
fase constitui um período crítico, onde as particularidades do binómio criança-ambiente
podem ter um impacto significativo no seu desenvolvimento e bem-estar futuros.
Pretendemos com este caso mostrar a eventual associação entre um ambiente violento na
manutenção da baixa autoestima e na não progressão das suas capacidades cognitivas.
Keywords: Maus-tratos; Desenvolvimento; Trauma
ICCA 2017-26261 -Síndrome de Gianotti-Crosti - porque não diagnosticar?
Ariana Teles (1); Francisca Martins (1); Francisco Ribeiro Mourão (1); Sérgio Mendanha
(1); Ana Sequeira (1)
1- Hospital de Santa Luzia - Viana do Castelo
Poster
Introdução:
O síndrome de Gianotti-Crosti (SGC) caracteriza-se por exantema papulovesicular
eritematoso de distribuição acral e simétrica. Outros achados comuns são febre, mal-estar
geral e linfadenopatia. Associa-se frequentemente a um quadro vírico, sendo o Epstein Barr
(EBV) e vírus da hepatite B (HBV) os mais comummente implicados. Afeta típica mas não
exclusivamente, crianças com menos de 5 anos. O prognóstico é excelente e a remissão
espontânea a regra, mas a duração é variável, desde 10 dias a 6 meses. Existe risco
acrescido de complicação com manchas cutâneas híper ou hipopigmentadas, sobretudo em
crianças de pele mais escura.
Caso Clínico:
Criança de 23 meses, sexo masculino, trazida à urgência por febre com menos de 24h de
evolução e exantema não pruriginoso. Ao exame físico: exantema papulovesicular
(1-10mm de diâmetro) disperso pelos 4 membros, sem petéquias, atingindo palmas e
plantas. Analiticamente: 16020x10^6 leucócitos (68,9%N e 22,7%L), PCR 3,21mg/dl. Até
D2 de doença verificou-se aumento do número de lesões e eritema mais intenso. Desde
então com resolução para lesões acastanhadas e descamação ligeira. Controlo analítico em
D2 com diminuição da leucocitose (15120x10^6), inversão da fórmula leucocitária
(37,8%N e 49,2%L), PCR 5,69mg/dl, ALT 50UI/L e AST normal. As serologias
demonstraram infeção por EBV no passado (IgG+ e IgM-).
Conclusão:
O subdiagnóstico do SGC, muitas vezes rotulado de exantema vírico inespecífico, limita o
estudo da verdadeira incidência e prevalência desta entidade. O diagnóstico é clínico e
dispensa análises, estando estas indicadas em imunodeprimidos (ID), doentes com risco
aumentado para HBV ou contactos próximos de grávidas e ID. O tratamento recomendado
é de suporte. Pode também justificar-se estudo analítico para diagnóstico diferencial de
doenças com evolução menos benigna, que impliquem instituição precoce de tratamento
específico.
Keywords: exantemas vírus Gianotti Crosti
ICCA 2017-26558 -Fractura em pequeno lactente - uma história pouco convincente!
Ariana Teles (1); Francisca Martins (1); Vera Gonçalves (1); Cristina Varino Sousa (1); Luis
Silva (1); Helena Ramalho (1)
1- Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo
Poster
A suspeição de maus tratos infantis é fundamental, não só na intervenção atempada, mas
também na prevenção de eventos futuros semelhantes, ou mais graves. Segundo alguns
estudos, estima-se que a taxa de recorrência possa atingir os 50%. Muitos casos de abuso
infantil permanecem por sinalizar. Inconsistências na anamnese, múltiplas idas ao serviço
de urgência (SU) sem motivo aparente, achados suspeitos ao exame físico e fatores de risco
social ou familiar devem alertar o médico para esta entidade. O internamento da criança é a
resposta a muitas destas situações, quer para tratamento hospitalar, quer para proteção da
criança em risco.
Lactente, sexo masculino, 2 meses, referenciado ao SU pelo médico assistente por
tumefacção no membro inferior esquerdo (MIE) observada em consulta de rotina. Mãe
refere diminuição da mobilidade do MIE com 5 dias de evolução e choro forte à sua
mobilização. Nega traumatismo. Tinha 2 vindas ao SU nos últimos 7 dias por choro e
irritabilidade, tendo tido alta com o diagnóstico de cólica do lactente.
Ao exame físico apresentava irritabilidade e tumefacção com 3cm de diâmetro no 1/3
médio da coxa esquerda, com sinais inflamatórios. MIE imóvel, com movimentos
harmoniosos dos restantes membros. A radiografia da anca(Fig1) revelou fratura oblíqua da
diáfise do fémur esquerdo. Por suspeita de abuso físico optou-se pelo internamento para
vigilância, esclarecimento etiológico e investigação social.
Dos antecedentes pessoais, a destacar: Gravidez vigiada desde o 2º trimestre, tabagismo
materno durante a gravidez, parto eutócico às 38 semanas, sem intercorrências.
Do contexto social e familiar:
- Mãe, 22 anos, fumadora, aborto aos 16 anos.
- Pai, 19 anos, institucionalizado até aos 18 anos, desempregado, hábitos aditivos e
episódios de agressão física recentes.
- 3 tios menores (lado materno) institucionalizados por violência doméstica.
Durante o internamento foi efetuada perícia médico legal e solicitada intervenção da
Comissão de Protecção da Criança e Jovem. No decurso da investigação efetuou
radiografia do esqueleto (Fig2), que revelou 2 fraturas consolidadas dos arcos posteriores
das 7ª e 8ª costelas esquerdas, com tempo de evolução superior a 3 semanas, portanto não
compatível com a data da fratura do fémur. Não eram visíveis sinais radiológicos de doença
metabólica óssea, embora esta não pudesse ser perentoriamente excluída. Perante a suspeita
de abuso físico grave na forma continuada procedeu-se à institucionalização do lactente.
Por auscultação de sopro sistólico grau III/VI ficou orientado para consulta de cardiologia
pediátrica, bem como Ortopedia e Pediatria Geral.
A incidência de maus tratos infantis permanece em valores preocupantes. O seu
diagnóstico constitui ainda um desafio para a Pediatra assistencial, nomeadamente no
serviço de urgência. Os sinais são, por vezes, frustes e frequentemente não são o motivo de
procura médica. É essencial estar atento aos pormenores que podem alertar para o risco
desta ocorrência, pois a suspeita é fundamental para o diagnóstico. É importante relembrar
a importância do diagnóstico diferencial, já que muitos achados sugestivos de abuso podem
ter outra causa subjacente. Nestes casos, a segurança da criança deve ser a preocupação
primordial, devendo ser assegurada até a investigação estar concluída.
Keywords: abuso negligência maus-tratos traumatismo
ICCA 2017-28052 -UMA CAUSA RARA DE DIMINUIÇÃO DA FORÇA
MUSCULAR
Francisca Martins (1); Ariana Teles (1); Ana Isabel Sequeira (1); Ana Carneiro (1); Hugo
Rodrigues (1); Idalina Maciel (1)
1- Unidade Local de Saúde do Alto Minho
Poster
Introdução: As alterações da força muscular são um sinal relativamente frequente em idade
pediátrica, podendo resultar de uma disfunção a qualquer nível do sistema nervoso (córtex,
medula espinhal, nervo periférico, placa neuromuscular e músculo), o que condiciona uma
enorme variedade de patologias. Torna-se, por isso, imperativo uma abordagem
sistematizada face à obtenção de um diagnóstico.
Caso clínico: Adolescente de 12 anos de idade, sexo feminino, previamente saudável,
recorre ao Serviço de Urgência por diminuição da força dos membros inferiores (MI)
associada a quedas frequentes com 1 mês de evolução e com agravamento progressivo na
última semana. Ao exame objetivo apresentava paraparésia espástica com força muscular
grau 3/5, hipostesia tátil e álgica pelo nível de D7, diminuição da sensibilidade vibratória e
propriocetiva dos MI e dismetria na prova calcanhar joelho. A marcha era possível mas com
algum desequilíbrio, sem queda preferencial. Foi realizada ressonância magnética (RM)
cranioencefálica e da coluna cervical, dorsal e lombossagrada que revelou lesão ocupante
de espaço no segmento dorsal (entre D2 e D6) com cerca de 7,1 cm de maior diâmetro,
condicionando compressão da medula e possível mielopatia, correspondendo a quisto
aracnoideu. Foi transferida para o Hospital de Braga, onde foi efetuada exérese total da
lesão, com resolução gradual da sintomatologia.
Discussão/conclusão: Os quistos aracnoideus são coleções de líquido localizados entre o
cérebro ou a medula espinhal e a membrana aracnoide. São mais frequentes no sexo
masculino podendo ocorrer em qualquer idade. Os sinais ou sintomas observados
dependem do tamanho e da localização do quisto. Os quistos aracnoideus da medula
espinhal são raros e estão associados a dor radicular, diminuição progressiva da força dos
MI e parestesias. O diagnóstico requer a realização de tomografia axial computorizada ou
RM da coluna. A remoção cirúrgica está indicada na maioria dos casos com resolução total
da sintomatologia, conforme observado neste caso.
Keywords: Paraparésia, medula espinhal, quisto
ICCA 2017-29014 -Crianças vítimas de agressão: casuística dos últimos 3 anos do
serviço de urgência de um Hospital terciário
Reis e Melo A.1,2 (1); Rosário M.1,2 (1); Gorito V.1,2 (1); Lourenço L1,2 (1); Almeida
Santos L.2,3,4 (2)
1- 1 – Serviço de Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João EPE 2-
Serviço de Urgência Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João
EPE; 2- 2- Serviço de Urgência Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar
S. João EPE 3- Faculdade de Medicina Universidade do Porto 4- CINTESIS – Centro de
Investigação em Tecnologia e Sistemas de Informação em Saúde
ICCA-Comunicação Oral
Introdução/Objectivo
O abuso e/ou agressão de crianças e adolescentes é um problema grave e público
com o qual nos deparamos no Serviço de Urgência de Pediatria (SUP). Pode surgir sob a
forma de maus tratos físicos ou emocionais, abuso sexual, negligência ou exploração.
Segundo dados da OMS, 20% das mulheres em todo o mundo e 5-10% dos homens referem
ter sido vítimas de abuso sexual na infância e entre 25-50% sofreram agressões físicas.
A detecção destas situações de risco deve ser o mais precoce possível e a prevenção
da sua recorrência é de extrema importância para o futuro destas crianças, ainda que, nem
sempre a suspeita clínica e a confirmação sejam simples e acessíveis.
O presente trabalho teve como objetivo a análise dos abusos físicos e sexuais no
Serviço de Urgência, por um período de 3 anos.
Métodos
Através da pesquisa segundo os códigos do ICD9 referentes a “agressão” e “abuso”,
foram seleccionadas 107 crianças entre o período de 1 Julho de 2013 a 30 Junho de 2016.
Foram consultados os processos clínicos hospitalares referentes ao episódio de urgência.
Resultados
Foram avaliadas 107 processos, 66% do sexo feminino e 34% do sexo masculino,
com idades compreendidas entre os 2 meses e os 17 anos de idade, com um predomínio dos
6 e aos 17 anos. As agressões físicas (41%) e o abuso sexual (49.5%) foram os principais
motivos de recurso à urgência, ultrapassando no seu conjunto mais de 2/3 dos casos. Dos
casos de agressão sexual, 82% eram do sexo feminino e 8% do sexo masculino. Em
aproximadamente 72% dos casos o agressor foi identificado como um familiar ou um
conhecido, sendo que em 53% o alerta e a referência para o Serviço de Urgência foi
efetuada por um outro familiar. Mais de metade destas crianças foram referenciadas e
submetidas a uma perícia médico-legal e algumas orientadas para seguimento hospitalar ou
para avaliação pelo Serviço Social e Comissão de Protecção de crianças e Jovens (CPCJ).
Discussão e conclusões
Em Portugal, o abuso infantil é uma realidade bem presente, com uma prevalência
ainda desconhecida devido aos casos não identificados. Os dois tipos mais representados de
maus tratos foram a agressão física e o abuso sexual, o que se enquadra na literatura
disponível e em mais de metade dos casos o agressor era um familiar, cônjuge ou
conhecido. O sexo feminino foi o mais atingido, particularmente por agressões do tipo
sexual. A abordagem no SUP é variada dependendo do tipo de agressão, sendo que mais de
metade foram referenciados para realização de peritagem médico-legal, com orientação
concordante posterior.
Este estudo mostrou a importância da deteção dos sinais de alarme, não só no SUP
mas em todo os locais de atendimento de jovens, permitindo obter uma perspetiva global da
casuística e das abordagens efetuadas. É fundamental implementar estratégias adequadas
quanto à prevenção primária, de orientação diagnóstica e de seguimento.
Keywords: Agressão física, abuso sexual, negligência, criança
ICCA 2017-30542 -Nem sempre nem nunca – a importância da investigação!
Sara Pires da Silva (1); Renato Neves (2); Cláudia Gonçalves (1); Maria Manuel Lopes (1);
Maria José Costa (3)
1- Serviço de Pediatria, Hospital Pedro Hispano - Unidade Local de Saúde de Matosinhos;
2- Serviço Ortopedia, Hospital Pedro Hispano - Unidade Local de Saúde de Matosinhos; 3-
Serviço de Neonatologia, Hospital Pedro Hispano – Unidade Local de Saúde de
Matosinhos
Poster
INTRODUÇÃO: O Pediatra encontra-se numa posição singular na abordagem aos maus
tratos infantis. O seu diagnóstico exige elevado grau de suspeição, representando um
grande desafio médico e ético.
CASO CLÍNICO: Criança de 18 meses, sexo masculino, ex-prematuro de 30 semanas e 1
dia, institucionalizada, trazida ao atendimento pediátrico por edema duro da coxa direita.
Os cuidadores negavam febre ou traumatismo, existindo história de vacinação no dia
anterior.
Ao exame objetivo encontrava-se com bom estado geral, com edema duro e doloroso da
coxa direita adotando posição antálgica preferencial e recusando parcialmente a marcha.
Sem outras alterações ao exame objetivo, nomeadamente outras lesões sugestivas de
traumatismo. Aparentava bom relacionamento com o cuidador que o acompanhava. A
radiografia do membro inferior direito demonstrava fratura da diáfise do fémur.
Decidido internamento para correção da fratura. Durante o internamento foi dado
conhecimento da situação ao Núcleo Hospitalar de Apoio às Crianças e Jovens em Risco
(NHACJR) e à direção da instituição onde a criança habitava.
Durante a investigação posterior, a partir da análise das imagens obtidas pelas câmaras de
vigilância da instituição, foi visualizada uma queda de moderado impacto ocorrida no dia
anterior ao recurso ao médico e que poderia justificar a fratura encontrada. Nas mesmas
imagens visualiza-se a criança a ser reconfortada pela equipa de profissionais da instituição.
Atualmente a criança encontra-se ao cuidado da mesma instituição, com consulta de
pediatria regular, sem qualquer nova intercorrência registada.
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: O caso apresentado pretende alertar para o diagnóstico
diferencial de maus tratos infantis perante lesões físicas aparentemente injustificadas.
Recordamos de igual modo a importância de encaminhar as situações de suspeita de maus
tratos para as entidades competentes como o NHACJR, de modo a evitar rotular situações
de trauma acidental como sendo de maus tratos e garantir um adequado seguimento destas
crianças.
Realça-se a necessidade de uma investigação bem estruturada e livre de preconceitos para
que seja possível realizar um correto diagnóstico diferencial entre lesões por maus tratos e
outras situações, acidentais ou patológicas.
Urge implementar mais formação médica nesta área do conhecimento, aumentando assim a
acuidade diagnóstica destas situações de risco no atendimento urgente por parte do
Pediatra.
Keywords: Maus tratos, fratura, NHACJR
ICCA 2017-30901 -Gravidez? Ou talvez não…
Diana Bordalo (1); Cláudia Silva (1); Filipa Almeida (1); Cláudia Fontes (2); Marta Pinto
de Almeida (3); Saritta Napoles (4); Paula Fonseca (1)
1- Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar do Médio Ave; 2- Serviço de Psiquiatria da
Infância e da Adolescência do Centro Hospitalar do Médio Ave; 3- Instituto Português de
Oncologia do Porto; 4- Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do
Médio Ave
ICCA-Comunicação Oral
Introdução:
Os tumores ováricos de células germinativas (TOCG) representam até 25 por cento das
neoplasias do ovário, podendo ser benignos ou malignos. Afetam preferencialmente
adolescentes e jovens adultas e podem ser categorizados em três grupos: neoplasias
embryo-like; placenta-like; mistos. Neste terceiro grupo, encontram-se os disgerminomas
que, embora incomuns, representam um terço dos TOCG malignos. Podem desenvolver-se
num gonadoblastoma, associando-se a alterações do cariótipo e podem produzir estrogénios
ou testosterona. Devido ao seu rápido crescimento as manifestações clinicas são variáveis
desde alterações do desenvolvimento genital, a amenorreia, virilização e massa ou dor
abdominal.
Caso Clínico:
Adolescente de 16 anos, género feminino, orientada pela pedopsiquiatra para a consulta de
medicina do adolescente aos 14 anos por comportamentos de risco e necessidade de
aconselhamento sobre planeamento familiar. Relativamente a antecedentes pessoais,
destacava-se acompanhamento por pedopsiquiatria desde os 10 anos por distúrbio de
oposição e conduta, enquadrado numa família disfuncional (pai emigrado sem qualquer
contacto; mãe permissiva e pouco contentora com relação muito conflituosa). Durante o
período de seguimento por pedopsiquiatria foi necessário iniciar psicofármacos pelas
alterações comportamentais e do sono e foi efetuada articulação com as entidades escolares,
bem como sinalização à comissão de proteção de crianças e jovens em risco. Aos 14 anos,
por agravamento do relacionamento mãe/filha foi institucionalizada, verificando-se desde
então franca melhoria comportamental e do aproveitamento escolar. Aos 15 anos iniciou
atividade sexual com dupla protecção, recusando nessa altura a colocação de implante
intradérmico de etonogestrel. Em consulta de seguimento negava qualquer intercorrência
referindo cataménios regulares, sem dismenorreia nem outros sintomas. Ao exame objetivo
foi detetada massa hipogástrica móvel, de cerca de 15 cm de maior eixo, mole e indolor.
Efetuou teste imunológico de gravidez que foi negativo. Dos restantes exames
complementares de diagnóstico efectuados destacava-se ecografia abdominal (massa no
ovário esquerdo, 14 cm de maior eixo, complexa), tomografia computorizada (volumoso
tumor sólido no hipogastro, diâmetros 7,5 x 12 cm, heterogéneo, provável disgerminoma),
desidrogenase láctica muito elevada (1517U/L), alfa-fetoproteina (AFP) normal (0,9ng/mL)
e restantes marcadores ligeiramente aumentados (sub-unidade beta gonadotrofina coriónica
humana (bHCG) 2,7mU/mL, CA125 38,4U/L). Foi submetida a salpingooforectomia
esquerda confirmando-se disgerminoma do ovário esquerdo sem envolvimento do
contralateral, nem invasão pélvica. Completou 4 ciclos de quimioterapia, não tendo sinais
de doença no controlo aos 12 meses. Foi colocado mini dispositivo intrauterino 8 meses
após a cirurgia. Até à data clinicamente bem, mantendo vigilância multidisciplinar.
Discussão:
Os disgerminomas afetam predominantemente adolescentes e jovens adultas, como
descrito. Ao contrário de outros TOCG estes não se associam a aumentos significativos de
AFP nem de bHCG, mas sim a aumento de desidrogenase láctica, como se verificou. O
caso relatado é particularmente relevante pelo contexto social adverso da adolescente que
levantou como primeira hipótese de diagnóstico uma gravidez. Perante a identificação de
uma massa abdominal de crescimento rápido nesta faixa etária é importante colocar a
possibilidade de neoplasia das estruturas da cavidade pélvica, dado que a sua pesquisa
através de exames imagiológicos, laboratoriais e histológicos tem repercussão no
prognóstico individual dos doentes.
Keywords: Medicina do Adolescente; Disgerminoma; Psiquiatria Infantil;
Institucionalização
ICCA 2017-35566 -Abuso sexual e gravidez na adolescência – decisões complexas
Patrícia Santos (1); Filipa Pancada Fonseca (1); Marta Ezequiel (1); Maria Lurdes Torre (1)
1- Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE
Poster
Introdução: A gravidez na adolescência continua a ser um desafio para os profissionais de
saúde.
Caso Clínico: M., 13 anos, natural da Guiné com atraso cognitivo e surdez neurosensorial
sequelar a malária cerebral, comunicando por linguagem gestual. Em março foi trazida à
urgência pela mãe por suspeita de gravidez, na sequência de alterações físicas e teste
imunológico de gravidez positivo. Ecografia confirmou feto único, com biometrias
compatíveis com cerca de 28 semanas e três dias. Data de concepção provável no final de
agosto / início de setembro.
Apesar da entrevista com a jovem ter sido difícil, pelas dificuldades de comunicação e
cognitivas, referiu uma ida à praia com a prima onde “um homem mau lhe bateu” e que na
escola, também “alguém teria sido mau para ela”. Foi também feita uma alusão que o
padrasto poderia ser suspeito de abuso sexual, informação que foi contrariada pela mãe, que
alegou que o mesmo estaria a trabalhar na Irlanda desde meados de agosto.
A jovem recebeu alta para o domicílio, com seguimento em consulta de Obstetrícia. A
situação foi sinalizada à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco e à Policia
Judiciária.
Internada no Serviço de Obstetrícia às 37+3 semanas por contractilidade. Parto por
cesariana sem intercorrências, tendo a recém-nascida permanecido junto da mãe.
Protelamento da alta por motivos sociais, pelo que foram transferidas para o Serviço de
Pediatria. Durante este período (133 dias) a mãe da jovem adquiriu uma postura mais
ausente, pouco colaborante e desvalorizando o possível abuso sexual da filha, o que levou a
que fosse considerada como não protetora. A decisão sobre a medida a aplicar foi
complexa, tendo sido determinado pelo tribunal o acolhimento institucional conjunto em
instituição especializada, permitindo a continuação do vínculo mãe-filha.
A integração não foi fácil, uma vez que a jovem mostrou necessitar de auxílio tanto a nível
de auto-cuidado, como na prestação de cuidados à filha. Atualmente mantêm-se na mesma
instituição, tendo visitas regulares da mãe. Foram confirmadas as suspeitas em relação ao
padrasto através de prova de paternidade, tendo sido detido e estando a aguardar
julgamento.
Conclusão: A gravidez na adolescência é sempre uma situação complexa que ganha
contornos mais exigentes quando existem outras condicionantes para além daquelas
inerentes à própria gravidez e a um abuso sexual. A resolução destas situações não é
consensual uma vez para além das variáveis clínicas, as variantes psicossociais interferem
em qualquer decisão que seja necessária tomar.
Keywords: gravidez; abuso sexual; défice cognitivo
ICCA 2017-35708 -Fraturas como sinal de maus tratos
Maria Maria Mendes (1); Catarina Pereira (1); Patrícia Santos (1); Filipa Fonseca (1);
Carlos Escobar (1); Maria Lurdes Torre (1)
1- Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, EPE
Poster
Introdução
As fraturas são a segunda forma de apresentação mais comum de maus tratos físicos, a
seguir às lesões cutâneas. Histórias incongruentes, o atraso na procura de cuidados de saúde
e traumas repetidos devem levantar suspeitas, assim como um padrão de fratura não
acidental: múltiplas, bilaterais e em diferentes estágios de consolidação, dos arcos costais
posteriores, do crânio e dos ossos longos em crianças com menos de 2 anos. Destas, as
fraturas diafisárias do fémur em crianças com menos de um ano de idade e as fraturas
diafisárias do úmero, são as mais associadas a maus tratos.
Objetivo
Caraterizar as fraturas possivelmente não acidentais em crianças com idade igual ou
inferior a 2 anos referenciadas ao serviço social.
Material e Métodos
Estudo transversal, observacional e analítico realizado em crianças de idade igual ou
inferior a 2 anos que foram sinalizadas ao Serviço Social por agressão ou suspeita de
agressão num hospital da área da grande Lisboa durante o período decorrente entre 1 de
Janeiro de 2012 e 31 de Setembro de 2016.
Resultados
No período em estudo foram sinalizadas 41 situações de agressão ou suspeita de agressão a
crianças de dois ou menos anos, das quais 12 apresentavam fraturas. Destes, 7 eram do sexo
masculino e 5 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 2 meses e os 2 anos
(mediana: 10,5 meses). Quanto à localização das fraturas, apresentam-se: 7 crianças com
fraturas dos membros inferiores (3 fraturas diafisárias e 2 metafisárias do fémur, 1 fratura
diafisária e 1 metafisária da tíbia), 2 crianças com fraturas dos membros superiores (1
fratura diafisária do úmero e 1 diafisária dos ossos do antebraço), e 3 crianças com
traumatismos cranianos com fratura dos ossos do crânio. Em 3 foram apresentadas histórias
incongruentes, em 2 casos houve um atraso na procura dos serviços de saúde e 1 foi vítima
presenciada de agressão. Nenhuma apresentava mais do que uma fratura. 9 crianças foram
internadas por motivos clínicos e/ou sociais, com uma duração média de internamento de
5,9 dias. Todos tiveram alta para o domicílio após avaliação pelo Serviço Social, sendo que
4 dos casos foram reportados à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) e ao
Ministério Público, e 6 ao Núcleo de Apoio a Crianças e Jovens em Risco (NACJR) da área
de residência.
Conclusão
Consideramos que é necessária uma otimização da abordagem multidisciplinar, de maneira
a um levantamento mais exaustivo das histórias clínicas e, consequentemente, uma maior
eficiência num possível diagnóstico de fraturas resultantes de maus tratos.
Keywords: Maus tratos; fraturas; agressão; suspeita
ICCA 2017-35801 -Obesidade infantil: uma outra perspetiva de maus-tratos na
criança
Benedita Bianchi de Aguiar (1); Joana Silva (1); Lucia Gomes (1); Miguel Costa (1);
Virginia Monteiro (1); Maria José Silva (1); Elizabete Marques (1)
1- Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga
ICCA-Comunicação Oral
A obesidade infantil severa é cada vez mais uma situação multifatorial. Os casos extremos
estão frequentemente associados à incapacidade persistente dos cuidadores em aderir ao
plano terapêutico estabelecido para a criança, apesar das ações de sensibilização e alertas de
toda a equipa técnica sobre os riscos da obesidade. Não deverá ser abordada como uma
forma de negligência?
M., sexo feminino, 7 anos de idade, seguida em consulta de Nutrição Pediátrica desde
fevereiro de 2014. Apresentava IMC de 38.6Kg/m2 com as seguintes co-morbilidades
associadas: esteatose hepática, hiperinsulinismo, acantose nigricans, roncopatia e apneia do
sono. Teve agravamento progressivo até setembro (IMC 41.1Kg/m2), altura em foi
decidido internamento para esclarecimento da situação com intervenção do Serviço Social e
da CPCJ. Após a alta teve evolução satisfatória até junho de 2015, quando passou a
apresentar frequência irregular da consulta e agravamento da obesidade, tendo-se
constatado hipertensão arterial e hipercolesterolemia em outubro/2015. Foi realizada uma
reunião multidisciplinar envolvendo o Núcleo Hospitalar de Apoio a Criança e Jovem em
Risco e a CPCJ, depois da qual se decidiu pela colocação de M. numa instituição
temporária de acolhimento. Mantém-se em seguimento na consulta enquanto se promovem
medidas de integração na família. Em junho/2016 apresentava IMC 25.5Kg/m2, com
alimentação adequada, prática regular de exercício físico e bom aproveitamento escolar.
P., sexo masculino, 10 anos de idade, seguido em consulta desde dezembro de 2012.
Apresentava IMC 30.4Kg/m2 associado a enurese noturna, esteatose hepática, roncopatia e
hiperinsulinismo. Manteve uma evolução estável até julho de 2014, altura em que
apresentou aumento de peso ponderal progressivo com IMC máximo de 39.8Kg/m2 em
julho/2015. Procedeu-se ao internamento em setembro de 2016 para implementação da
dieta prescrita aliada à prática de exercício físico. Foi ainda solicitado apoio do Serviço
Social e da CPCJ na instituição de medidas em contexto familiar e vigilância da sua adesão
na comunidade. Desde a data da alta mantém melhoria clínica progressiva com boa adesão
ao plano terapêutico.
A obesidade infantil é uma das patologias mais prevalentes na atualidade e apesar de ter
uma etiologia frequentemente multifatorial, o papel dos cuidadores na instituição de
comportamentos saudáveis, nomeadamente ao nível alimentar, é fundamental na sua
prevenção e controlo. Assumindo-se a obesidade infantil como uma doença, a recusa
persistente no cumprimento de recomendações terapêuticas a par com a indiferença perante
sinais de gravidade, preenchem critérios para o diagnóstico de maus tratos.
Keywords: obesidade, maus tratos, negligência
ICCA 2017-36539 -Que adolescentes acorrem ao Serviço de Urgência? – Casuística de
um Hospital de nível III
Marta Isabel Pinheiro (1); Vanessa Gorito (1); Cristina Ferreras (1); Mayara Nogueira (1);
Afonso Pedrosa (2); Ana Maia (1); Almeida Santos (3)
1- Serviço de Pediatria Médica - Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São
João, Porto-Portugal; 2- Unidade de Desenvolvimento de Software, Centro Hospitalar de
São João, Porto-Portugal; 3- Serviço de Pediatria Médica/ Serviço de Urgência de Pediatria
- Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João, Porto-Portugal
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: O alargamento no atendimento pediátrico até aos 18 anos, em 2010, provocou
aumento da população pediátrica bem como novas necessidades, abordagens e patologias
nos Serviços. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a adolescência compreende o
período dos 10 aos 19 anos. O Serviço de Urgência de Pediatria (SUP) é, muitas vezes, o
primeiro local a que recorre o adolescente, tendo o Pediatra necessidade de treino
especializado para o atendimento desta população.
Objectivo: Caracterização demográfica e clínica dos adolescentes que recorreram ao SUP
de um Hospital de nível III, em 2015.
Material e Métodos: Análise retrospectiva e descritiva dos episódios de urgência Pediátrica
efectuados a utentes entre os 10 anos e os 17 anos e 364 dias, registados no software do
SUP. Analisados dados demográficos, proveniência, prioridade atribuída (Canadian Triage
and Acuity Scale Paediatric - PaedCTAS), motivo, diagnóstico e destino.
Resultados: Os adolescentes representaram 34.5% dos episódios do SUP, que corresponde
a 26 408 admissões: 86.8% vindas do exterior, 5.2% encaminhadas dos Centros de Saúde
(CS), 3.6% de outro Hospital e as restantes de outras entidades. A mediana das idades foi de
14 anos e 50.5% eram do género feminino. Recorreram sobretudo por doença (61.9%) e
acidentes escolares (18.1%). O dia da semana com maior afluência foi a segunda-feira; o
número de episódios mensais foi semelhante ao longo do ano. O nível de triagem atribuído
foi I em 0.1%, II em 4%, III em 24.7%, IV em 65.7% e V em 5.5%. Dos episódios triados
com nível IV e V (pouco urgente e não urgente) 91.5% e 92.5% respectivamente, vieram do
exterior. Foram inicialmente triados para Pediatria Médica 48% dos episódios, seguido da
Cirurgia Pediátrica (35.8%) e Ortopedia (8.7%). A maioria (87%) teve alta sem
referenciação, 3.6% (n=947) foram internados, 2.6% orientados para os CS, 2.3% (n=617)
para consulta externa, 1.7% para outro Hospital e 1.7% (n=436) abandonaram o SUP; 5%
(n=1325) foram readmitidos num período até 5 dias. Os motivos de vinda ao SUP mais
representativos foram queixas músculo-esqueléticas (33.5%), digestivas (13.8%)
dermatológicas (9.1%) e neurológicas (8.4%); realça-se que problemas sociais e
comportamentais foram motivos de admissão relativamente frequentes. Os diagnósticos
mais registados (ICD-9) foram referentes a lesões e envenenamentos (32.8%); sintomas,
sinais e afecções mal definidas (15.2%); doenças do sistema osteomuscular e do tecido
conjuntivo (10.5%) e doenças do aparelho respiratório (7.4%).
Conclusões: O atendimento a adolescentes correspondeu a uma faixa expressiva no SUP
(34.5%), sendo superior ao descrito noutros estudos. Uma percentagem considerável de
utentes deveria recorrer preferencialmente aos cuidados de saúde primários. Noutros
trabalhos, a patologia respiratória e digestiva dominou o motivo de recurso à urgência. São
necessárias análises periódicas que caracterizem a população que acorre aos SUP para
avaliar as especificidades de cada faixa etária, permitindo melhorar a formação das equipas
de urgência e os cuidados prestados.
Keywords: Adolescentes; Serviço de Urgência; Triagem Canadiana; Pediatria
ICCA 2017-38055 -Bullying e Cyberbullying – a realidade dos nossos adolescentes
Catarina Oliveira Pereira (1); Nádia Brito (2); Filipa Inês Cunha (2)
1- Hospital Pediátrico - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; 2- Hospital Distrital
da Figueira da Foz
ICCA-Comunicação Oral
Introdução e objetivos:
O bullying consiste na vitimização entre pares, com assimetria de poder entre agressor e
vítima, a qual sofre intimidação física ou psicológica. Uma forma mais recente é o
cyberbullying que ocorre através das tecnologias de comunicação. Esta pode ter maior
impacto pois o agressor nem sempre se identifica e uma única humilhação pode propagar-
se exponencialmente a milhares de pessoas. Esta realidade leva a quadros depressivos,
diminuição do rendimento escolar, atitudes antissociais, abuso de substâncias entre outras
consequências
Pretendeu-se caracterizar uma amostra de adolescentes em relação à sua vivência de
bullying como vítimas e identificar fatores de risco.
Metodologia
Aplicação de questionários anónimos a adolescentes observados em consulta de Pediatria
entre maio e agosto de 2016. Utilizou-se o Multidimensional Peer Victimization Scale
adaptada à população portuguesa constituída por 16 questões, relativas à vitimização física,
verbal, social e em relação a propriedade, no ano letivo anterior. Acrescentou-se peso,
altura, género, idade e perguntas relativas ao cyberbullying. Utilizou-se o SPSS20® (p<
0,05).
Resultados
Foram inquiridos 233 adolescentes, com idade mediana de 13 anos, sendo 50,6% do
género masculino e 22,3% obesos. Admitiram alguma forma de vitimização no último ano
letivo 82,4%, sendo a mais frequente a verbal (66,1%), seguindo-se a vitimização social
(54,9%), em relação a propriedade (47,6%) e física (30,9%); o cyberbullying ocorreu em
17,6%. Houve diferença estatística entre género na vitimização social (p=0,003) e em
relação a propriedade (p=0,033), mais frequentes no feminino. Os adolescentes obesos
tiveram resultados superiores em todos os tipos de vitimização, menos no cyberbullying
sendo que houve diferença estatística no total da escala (p=0.039) e na vitimização verbal
(p=0,046). Ver tabela 1.
Conclusões
A esmagadora maioria dos adolescentes da nossa amostra sofreu alguma forma de
vitimização, com predomínio da verbal.
Na literatura não há consenso sobre a prevalência de vitimização entre géneros. No nosso
estudo o género feminino sofreu mais vitimização social e em relação a propriedade de
forma estatisticamente significativa.
Concordante com outros estudos, a obesidade constituiu um fator de risco para bullying,
sobretudo para a forma verbal.
O cyberbullying foi a forma menos frequente, mas com incidência crescente pelo que os
autores alertam para os perigos desta nova e devastadora realidade.
Keywords: Adolescentes, Bullying, Cyberbullying
ICCA 2017-43669 -Negligência Dentária – Uma forma de abuso infantil
Ana Sofia Costa Baptista (1); Elisa Laranjo (1); Ana Paula Norton (1); Ana Paula Macedo
(1); Cristina Areias (1)
1- Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
Poster
INTRODUÇÃO: A negligência é definida pela persistente incapacidade de satisfazer as
necessidades físicas e/ou psicológicas básicas de uma criança suscetíveis de provocar
graves prejuízos ao seu grau de desenvolvimento ou saúde. A cárie dentária é a doença
infecciosa mais prevalente na população infantil e, se não tratada, pode provocar dor,
infeção e perda de função, interferindo diretamente com o grau de desenvolvimento e
qualidade de vida de uma criança. A negligência dentária, definida pela Academia
Americana de Odontopediatria é a "falha intencional do progenitor ou responsável na
procura e na continuidade do tratamento necessário para garantir um nível de saúde oral
essencial para a função adequada e livre de dor e infecção. OBJETIVO: O objetivo deste
trabalho pretende esclarecer, de acordo com a literatura científica atual, quais os indícios
clínicos que permitem a identificação de negligência dentária em crianças. MATERAIS E
MÉTODOS: Foi efetuada uma pesquisa na base de dados Pubmed e nos motores de busca
SCOPUS e Thompson Reuters (ISI), com as palavras-chave “child”, “dental”, “neglect”,
entre o espaço temporal de 2012 a 2016 com a utilização do operador booleano “AND”.
DISCUSSÃO: A identificação de negligência dentária, segundo a literatura analisada,
requer que o médico dentista obtenha uma história clínica detalhada e dados clínicos que
evidenciem claramente falta de cuidados na saúde oral e investigue os determinantes sociais
e parentais em que a criança se insere. CONCLUSÃO: É essencial que o médico dentista se
insira nas equipas de análise destes conjuntos de dados de forma a despistar esta e outras
situações de abuso.
Keywords: criança, negligência, dentária, saúde oral
ICCA 2017-46759 -Violência no namoro – caracterização de uma amostra de
adolescentes
Ana Rita Dias (1); Nina Abreu (1); Rui Passadouro (2); Maria Manuel Zarcos (1)
1- Centro Hospitalar de Leiria; 2- Unidade de Saúde Pública de Leiria
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: A violência no namoro durante a adolescência constitui um problema social e
de saúde pública relevante, estando descrito o aumento do risco de abuso de substâncias,
sintomas depressivos, ideação suicida, perturbações alimentares e comportamentos sexuais
de risco nas vítimas de violência no namoro nesta faixa etária.
Objetivo: Caracterizar os comportamentos de violência no namoro na adolescência, numa
amostra de alunos do ensino secundário.
Métodos: Estudo descritivo transversal com componente exploratória. Foram aplicados um
questionário sociodemográfico e o Inventário de Conflitos nas Relações de Namoro entre
Adolescentes (validado para a população portuguesa) a jovens que frequentavam o ensino
secundário num distrito da região centro de Portugal. Foram avaliados dados
sociodemográficos e comportamentos (violentos e estratégias positivas) adotados pelo
próprio (perpetração) e pelo parceiro (vitimização) em situações de conflito. Análise
estatística em SPSS 22®, teste t de Student (α=0,05).
Resultados: obtiveram-se 597 questionários, tendo sido incluídos na amostra 333. 69%
eram do sexo feminino com média de idade 16,4 anos vs 16,6 anos para o sexo masculino
(p>0,05). A vitimização foi superior à perpetração [comportamentos abusivos: 7,19 vs
6,34; t(332)=-3,418, p<0,05], enquanto o uso de estratégias positivas na resolução de
conflitos foi superior pelo próprio do que pelo seu par [16,67 vs 15,09; t(332)=8,424, p<
0,05]. Constatou-se que 18,7% usaram violência física e 19,5% foram vítimas do seu uso.
No que diz respeito à violência sexual, 21,8% foram perpetradores, com um predomínio do
sexo masculino [0,79 vs 0,23; t(328)=-4,742, p<0,05), e 29,5% foram vítimas. A
violência emocional foi cometida por 9,6%, com predomínio do sexo feminino [3,9 vs 2,93;
t(331)=2,231, p<0,05], e 80% foram vítimas desses comportamentos. Nesta amostra,
10,5% referiram ter sido vítimas de violência no namoro. Foi encontrada mais violência
emocional naqueles que se consideraram vítimas de violência no namoro do que naqueles
que não se consideraram [8,51 vs 3,21; t(331)=9,363, p<0,05], não se tendo encontrado
as mesmas diferenças no que diz respeito à violência física e sexual. Aqueles que referiram
o consumo de drogas (14,4%) tiveram mais comportamentos violentos do que os
adolescentes sem consumos [violência física: 1,75 vs 0,99; t(324)=2,070, p<0,05;
violência emocional: 4,82 vs 3,34; t(329)=2,658, p>0,05]. Entre os adolescentes que
relataram consumo de álcool (57,8%) foram também encontrados mais comportamentos
violentos do que naqueles que nunca consumiram [violência física: 1,59 vs 0,54;
t(325)=3,763, p<0,05; violência emocional: 4,18 vs 2,81; t(330)=3,415), p<0,05].
Conclusão: Nesta amostra verificaram-se menos comportamentos de perpetração do que de
vitimização. O uso de violência sexual esteve mais associado ao sexo masculino. A
utilização de violência emocional foi superior no sexo feminino e este tipo de violência
parece ter sido o mais relevante para que estes adolescentes se considerassem vítimas de
violência no namoro. O consumo de drogas e de álcool esteve associado a mais
comportamentos violentos. Apesar da pequena dimensão desta amostra, os resultados deste
estudo são preocupantes e reforçam a importância de uma intervenção precoce nesta faixa
etária.
Keywords: violência no namoro; adolescente
ICCA 2017-47130 -Diabetes Mellitus tipo I: um desafio na adolescência
Francisco Ribeiro-Mourão (1); Vera Gonçalves (1); Raquel Oliveira (1); Ana Rita Araújo
(1); Suzana Figueiredo (1)
1- Serviço de Pediatria, Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Hospital de Santa Luzia,
Viana do Castelo, Portugal
Poster
Introdução: A Diabetes Mellitus Tipo I é uma patologia endócrina crónica de incidência
crescente em idade pediátrica. O seu mau controlo tem tanto implicações crónicas como
agudas, potencialmente fatais.
Implica a realização de terapêutica diária, crónica e a adopção de um estilo de vida
saudável e rigoroso para o controlo da doença. A monitorização de controlo glicémico é
feita, entre outros, através dos valores de HbA1C (preferencialmente < 7.5 %).
Problemas de comportamento, psico-sociais e disfunção familiar, entre outros, são factores
de risco para um mau controlo glicémico e, consequentemente, má progressão da doença.
A transição para a adolescência é um período crítico na gestão desta patologia, acarretando
o risco de deterioração do controlo metabólico.
Descrição do caso:
Os autores relatam o caso de uma adolescente do sexo feminino, 16 anos, filha de pais
divorciados, com Diabetes Mellitus tipo I, diagnosticada há 5 anos.
Foi admitida no Serviço de Urgência aos 11 anos por astenia, emagrecimento, poliúria e
polifagia. Constatada glicemia capilar de 227 mg/dL, cetose cem acidose e HbA1C de
12.7%. No internamento foi realizado ensino para o auto-controlo e administração de
insulina subcutânea, com facilidade de aprendizagem e boa adesão terapêutica.
Durante o primeiro ano de doença manteve boa adesão à terapêutica com valores de
HbA1C entre 6.5-6.7%. Aos 13 anos de idade falta pela primeira vez à consulta e 3 meses
depois constata-se incumprimento de tratamento e pesquisa de glicemia com falseamento
de registos, apresentando HbA1c de 8.3%.
Aos 13 anos e 6 meses é internada por descompensação da doença. Constatada
administração esporádica de insulina, sem pesquisas de glicemia e HbA1c >14%. Após
alta manteve comportamento inadequado. Em episódio de urgência é diagnosticada
hepatomegalia –decorrente do mau controlo glicémico. Aos 14 anos é internada por
cetoacidose diabética, após o qual foram articuladas visitas domiciliárias com o médico
assistente e seguimento por Psicologia.
Apesar deste encaminhamento a situação manteve-se o que motivou um mês depois novo
internamento por cetoacidose diabética grave (pH 6.9).
Durante este internamento a mãe estava presente apenas por pequenos períodos e
objectivou-se que o relacionamento entre ambas era conflituoso, havendo ausência de apoio
da mãe na confecção de refeições adequadas e na supervisão de administração de insulina.
Nesta data foi realizada referenciação ao Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens
em Risco. Por decisão judicial a adolescente foi institucionalizada, tendo em menos de 6
meses conseguido atingir níveis de controlo glicémico óptimos (HbA1c 6.0%). Após 7
meses retornou à sua residência , mantendo desde então níveis de controlo glicémico
flutuantes (HbA1c máxima de 8.5%), mas melhores, e adesão à terapêutica mais constante,
apesar de ainda manter algumas falhas .
Conclusão: A diabetes mellitus é uma patologia cujo controlo depende da conjugação de
vários factores para o sucesso do seu tratamento, particularmente na adolescência. O
envolvimento de profissionais de diversas áreas – psicologia, serviço social, nutrição,
médicos hospitalares e médicos assistentes e enfermeiros, entre outros – pode ser a chave
para o sucesso do tratamento e para o aumento da qualidade de vida destes doentes.
Keywords: adolescentes, diabetes, cooperação, integração
ICCA 2017-47945 -Intoxicação alcoólica no Serviço de Urgência Pediátrica -
Casuística de 5 anos
Cristina Ferreras (1); Mayara Nogueira (1); Marta I. Pinheiro (1); Vanessa Gorito (1);
Sandra Pereira (1); Sofia Fernandes (1); Mariana Abreu (1); Luís Almeida Santos (1)
1- Serviço de Pediatria. Hospital Pediátrico Integrado. Centro Hospital São João. Porto,
Portugal.
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: O álcool é uma droga de fácil acesso sendo o seu uso facilitado pelos padrões
culturais permissivos da nossa sociedade. O uso e abuso do álcool entre os jovens, é um
problema generalizado, sendo a droga mais consumida no mundo. Aproximadamente dois
terços dos adolescentes iniciam o consumo de álcool e um quarto tem um consumo regular.
Além dos próprios efeitos nocivos do álcool, como o atraso no desenvolvimento cerebral,
este tipo de consumo está associado a um elevando número de acidentes fatais, maior taxa
de suicídio, de comportamentos de risco e de problemas escolares e familiares.
Objetivo: Conhecer a prevalência e o padrão de consumo de álcool nas crianças e
adolescentes admitidos por intoxicação alcoólica no Serviço de Urgência Pediátrica (SUP)
durante os últimos 5 anos.
Material e métodos: Estudo retrospetivo e descritivo baseado na consulta de processos
clínicos dos episódios de intoxicação alcoólica aguda no SUP de um hospital de nível III
durante os anos 2011 a 2015. Foram incluídas as crianças e adolescentes que tiveram um
valor de álcool no sangue superior a 0,5 g/L.
Resultados: O número total de episódios registados por intoxicação alcoólica no SUP
foram de 346. A idade média foi de 15,9 anos (12 anos a 17 e 364 dias), sendo 59% do sexo
masculino. A alcoolemia média foi de 1,64g/L (0,5g/L a 3,08g/L). A maioria dos episódios
(80%) foram durante a noite, tendo 40 % sintomas moderados a graves e 20%
complicações no decorrer da permanência no SUP. Apenas 8% tinham antecedentes de
consumo alcoólico associado. Foi referida a ingestão de bebidas espirituosas em 71% dos
episódios e em 16% consumo associado de outro tipo de drogas, sendo o mais frequente os
canabinóides (16%). Foram referenciados 9% para uma consulta de especialidade.
Evidenciou-se um aumento de 2% dos episódios no SUP em 2015 em relação a cada ano
anterior englobado no estudo.
Conclusão: O abuso de álcool é um problema comum nos adolescentes, constatando-se um
aumento de visitas ao SUP durante os últimos 5 anos, pondo-se em causa o cumprimento da
legislação portuguesa que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores. Salienta-se que a
taxa média de alcoolemia é muito superior à permitida atualmente pelo código de estrada.
Constatou-se o consumo crescente de múltiplas bebidas com alto teor alcoólico em
associação a outras drogas.
Keywords: álcool, pediatria, adolescência, serviço de urgência
ICCA 2017-48002 -Hematocolpos: um diagnóstico a não esquecer
Francisco Ribeiro-Mourão (1); Vera Gonçalves (1); Francisca Martins (1); Mariana Branco
(1); Ariana Teles (1); Mariana Alves (2); Ana Rita Araújo (1)
1- Serviço de Pediatria, Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Hospital de Santa Luzia,
Viana do Castelo; 2- Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Unidade Local de Saúde do Alto
Minho, Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo
Poster
O hematocolpos é uma patologia rara que decorre da acumulação de sangue menstrual na
vagina em jovens com hímen imperfurado. A apresentação clínica é diversa sendo
necessária elevada suspeição clínica para o seu diagnóstico.
Manifesta-se por atraso da menarca, massa e/ou dor abdominal cíclica, dor lombar e
abaulamento da membrana vaginal. Retenção urinária e infeções urinárias de repetição são
apresentações menos comuns.
Os autores reportam 3 casos com diferentes formas de apresentação:
Caso 1: Adolescente, 15 anos, antecedentes pessoais de lombalgia recorrente desde há 1
ano. Recorre ao serviço de urgência (SU) por dor lombar irradiada para o membro inferior
direito e febre com 4 dias de evolução. Sem queixas urinárias. Ao exame objetivo
apresentava febre (38,5ºC), dor à mobilização activa e passiva dos membros inferiores e dor
referida à região lombar com Murphy renal duvidoso à direita. O estudo realizado mostrou
leucocitose com neutrofilia, PCR 3.27 mg/dL e estudo de urina com leucocitúria .Teve alta
medicada com antibioterapia e voltou ao SU 2 dias depois por manutenção de sintomas,
sendo feito o diagnóstico ecográfico de hematocolpos com 9 cm.
Caso 2: Adolescente, 12 anos de idade, recorre ao SU por dor pélvica e poliaquiúria. Ao
exame objectivo apresentava tumefaccção pélvica, hímen imperfurado, abaulado e com ar
cianosado. Analiticamente sem leucocitose, PCR negativa e estudo de urina sem alterações.
A ecografia confirmou volumoso hematocolpos (220 cm3), deslocamento cranial do útero e
compressão e deslocamento anterior da bexiga.
Caso 3: Adolescente, 12 anos, recorre ao SU por dor pélvica e febre (38,5ºC). Ao exame
objectivo apresentava tumefacção pélvica, hímen imperfurado muito abaulado e tenso. O
estudo analítico mostrou presença de leucocitose com neutrofilia 17.680 leucócitos ,82%
neutrófilos), PCR 10.47 mg/dL.A ecografia confirmou adistensão do canal vaginal e
cavidade uterina e volumosa massa pélvica de 20 cm.
Nos 3 casos foi realizada himenotomia, pelo Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, com
resolução dos sintomas.
Conclusões:
O hematocolpos apresenta-se de forma heterogénea, devendo colocar-se esta hipótese
diagnóstica perante adolescentes sem menarca, com dor abdominal ou lombar, disúria e/ou
febre. A história clínica e o exame físico minucioso (incluindo palpação abdominal cuidada
e exame dos genitais externos) fornecem os dados mais relevantes para o diagnóstico.
Keywords: Hematocolpos, Amenorreia, Adolescentes, Himenotomia
ICCA 2017-51947 -UMA CAUSA RARA DE EMAGRECIMENTO NA
ADOLESCÊNCIA.
Joana Vanessa Silva (1); Benedita Aguiar (1); Cristina Rocha (1); Manuel Correia (2);
Lúcia Gomes (1); Miguel Costa (1)
1- Serviço de Pediatria/Neonatologia, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga.; 2- Serviço
de Gastrenterologia, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga.
Poster
Resumo: A acalásia é uma doença motora do esófago, rara em Pediatria. Trata-se de uma
doença de início insidioso, com progressão gradual, cuja sintomatologia, por vezes
inespecifica, pode atrasar o seu diagnóstico.
Caso clínico: Adolescente de 16 anos do género masculino, com antecedentes familiares
de infeção pelo VIH no pai, orientado para a consulta de patologia digestiva por episódios
de engasgamento e por disfagia, principalmente para sólidos, desde há cerca de 1 ano,
associados a perda ponderal.
Analiticamente não apresentava alterações relevantes, sendo o teste serológico de anticorpo
VIH negativo. O trânsito esofago-gastro-duodenal evidenciou estenose da junção esofago-
gástrica com dilatação a montante, sendo que o estudo manométrico foi também compatível
com o diagnóstico de acalásia.
Após dilatação esofágica por endoscopia digestiva alta, verificou-se melhoria franca da
sintomatologia e recuperação ponderal.
Conclusão: Durante adolescência verifica-se frequentemente a associação a psicopatologia,
o que pode colocar em segundo plano a patologia orgânica.
É importante ter em consideração a possibilidade da sua coexistência, de forma a que o
tratamento e o prognóstico de doenças pouco comuns, como o caso da acalásia, não sejam
comprometidos.
Keywords: Acalásia, emagrecimento, adolescência.
ICCA 2017-52094 -Da Pediatria para a Instituição - casuística de 11 anos
Inês Romão Luz (1); Cristina Nobre (2); Carla Lourenço (2); Aniceta Cavaco (1)
1- Serviço de Pediatria, Hospital José Joaquim Fernandes, ULSBA; 2- Serviço Social,
Hospital José Joaquim Fernandes, ULSBA
Poster
Introdução
O internamento e a urgência de Pediatria podem ser locais de transição do meio familiar
para a vida numa instituição. Vários fatores sociais/jurídicos podem influenciar nessa
decisão, num processo que conjuga o trabalho dos elementos do Serviço de Pediatria, do
Serviço Social e de instâncias fora do meio hospitalar.
Objetivos/Métodos
Caracterização da população pediátrica cuja institucionalização decorreu a partir do
Serviço de Pediatria, de um hospital de nível 2, nos últimos 11 anos, através da análise
retrospetiva dos processos.
Resultados
Foram institucionalizados 19 indivíduos, 11 no primeiro ano de vida, 4 crianças e 3
adolescentes. Os motivos de institucionalização foram negligência parental, más condições
socioeconómicas, violência doméstica, mães com patologia psiquiátrica descompensada
sem suporte familiar, suspeita de abuso sexual e incapacidade de cuidar dos filhos assumida
pelos pais. Quinze estiveram internados no Serviço de Pediatria, com uma mediana de
duração de internamento de 8 dias (mínimo 2 - máximo 235). Houve intervenção do
Serviço Social a partir da urgência em três casos e a partir da consulta externa de Pediatria
num caso. Os destinos foram centros de acolhimento temporário para crianças, lares de
infância e juventude e um colégio de educação especial. Em oito casos havia patologia
crónica: endocrinológica, metabólica, do desenvolvimento e psiquiátrica. De momento, está
uma lactente internada, de etnia cigana, com doença neuromuscular, à espera de vaga numa
instituição.
Houve uma mediana de 1 intervenção/ano do Serviço Social nestes casos (mínimo 0 -
máximo 5). Todas as intervenções realizadas, de 2005 a 2011, foram junto de recém-
nascidos (n=7). Desde 2014, todos os casos envolveram menores com patologia crónica.
Em todos os casos houve sinalização à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e alguns
tiveram processo em tribunal.
Conclusão
Verifica-se que houve uma mudança de padrão ao longo dos anos, com a patologia crónica
dos menores a ganhar mais peso nos motivos que levam à institucionalização. Além disso,
estes números ajudam-nos a refletir sobre o papel do pediatra para além do tratamento das
doenças. Os pediatras e os assistentes sociais hospitalares têm um papel muito importante
no processo de institucionalização dos doentes crónicos, pelo que devem organizar-se de
forma a manter um contato estreito com as instituições, facilitando o acesso destes menores
às consultas de que necessitem e, sempre que oportuno, promovendo o ensino dos seus
cuidadores.
Keywords: institucionalização, internamento, Pediatria, urgência
ICCA 2017-53377 -PARENTALIDADE NA ADOLESCÊNCIA – A PERSPETIVA DA
CONSULTA DE PEDIATRIA NUM CENTRO HOSPITALAR NÍVEL II:
CASUÍSTICA DE 3 ANOS
Andreia Ribeiro (1); Diana Soares (1); Sofia Ferreira (1); Joana Santos (1); Márcia
Cordeiro (1)
1- Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho
ICCA-Comunicação Oral
INTRODUÇÃO: A gravidez na adolescência constitui um desafio de saúde pública, estando
associada a maior morbilidade maternofetal e a consequências emocionais e sociais que
envolvem não só a família como a sociedade em geral. Em Portugal é estimada uma
prevalência de 14%, tornando-se fundamental a caracterização desta população.
METODOLOGIA: Estudo retrospetivo observacional descritivo, com o objetivo de
caracterizar as grávidas adolescentes (GA) seguidas em Consulta de Pediatria Familiar,
num hospital Nível II, de 2013 a 2015. Análise estatística através do SPSS/22.0.
RESULTADOS: Obtiveram-se 88 grávidas adolescentes, tendo sido incluídas 81, seguidas
em Consulta de Pediatria. A idade média foi de 16,3±0,8 anos; 76,9% das GA eram
estudantes no início da gravidez, registando-se 74,1% de retenções escolares prévias.
Tinham processo na CPCJ 24,3%. O progenitor apresentou uma mediana de idade de 20,0
(DIQ 18,0-22,0) anos. A maioria das adolescentes (78,1%) tinha uma relação de namoro
com o pai do filho; a mediana de tempo de namoro prévio à gravidez foi de 12,0 (DIQ
8,5-24,0) meses. Foi referida violência no namoro em 10,1% dos casos. O diagnóstico de
gravidez foi realizado no 1º trimestre em 67,6%; 57,1% das GA realizaram teste de
gravidez no domicílio e, em 37,9%, o progenitor foi a primeira pessoa a ter conhecimento.
A gravidez não foi planeada em 87,3% e em 11,9% não foi desejada. Considerando os
antecedentes obstétricos, 90,9% das GA eram primigestas, 6,5% apresentavam antecedentes
prévios de IVG e 48,5% dos casais não utilizava nenhum método contracetivo. Foram
registados comportamentos de risco em 23,4% (22,1% tabagismo; 3,9% consumo de
substâncias ilícitas); e 22,8% apresentaram alguma complicação. O parto foi vaginal em
84,2%. No que se refere ao período neonatal registaram-se 7,8% de recém-nascidos (RN)
pretermo e 6,5% RN com baixo peso ao nascimento. A mediana de tempo de aleitamento
materno exclusivo foi de 1,0 (DIQ 0,5-3,0) meses. Aos 12 meses de idade a maioria das
crianças apresentava um desenvolvimento estaturo-ponderal e psicomotor adequados. Em
relação ao núcleo familiar, 65,4% das avós maternas eram desempregadas; 53,4% dos avós
maternos e 44,4% dos avós paternos eram divorciados. Das avós maternas 29,8% foram
mães adolescentes e em 13,7% havia antecedentes de violência doméstica, sendo de 10,1%
no caso dos avós paternos. Constatou-se término do relacionamento com o pai da criança
em 23,4% dos casos, maioritariamente após o nascimento (66,7%). Apenas 47% das GA
prosseguiu os estudos.
CONCLUSÃO: No grupo avaliado é de destacar a elevada taxa de vigilância adequada da
gravidez e a baixa frequência de morbilidade materno-fetal e morbilidade infantil durante o
seguimento. Os autores pretendem sublinhar a existência de múltiplos fatores de risco
social nas famílias das GA, como é traduzido pela frequência de desemprego,
desestruturação familiar, antecedentes familiares de gravidez na adolescência e mau
aproveitamento escolar das adolescentes, com consequente abandono escolar posterior.
Salienta-se a importância da avaliação e orientação familiar na gestão dos desafios
inerentes à parentalidade na adolescência, na mediação de conflitos conjugais e
intergeracionais e na tentativa de quebrar a repetição de modelos familiares menos
positivos.
Keywords: Gravidez, Adolescência, Parentalidade
ICCA 2017-53384 -PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR: A
REALIDADE DE UM HOSPITAL DISTRITAL.
Joana Vanessa Silva (1); Graça Loureiro (1); Benedita Aguiar (1); Miguel Costa (1);
Cláudia Barroso (2); Sílvia Tavares (2); Lúcia Gomes (1)
1- Serviço de Pediatria/Neonatologia, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga. Directora de
Serviço: Fátima Menezes.; 2- Serviço de Psiquiatria, Centro Hospitalar Entre Douro e
Vouga. Directora de Serviço: Dra Sara Mariano.
Poster
Introdução: As perturbações do comportamento alimentar (PCA) constituem uma patologia
psiquiátrica, com início habitualmente na adolescência e cuja prevalência e incidência têm
vindo a aumentar nesta faixa etária.
Objetivos: Caracterizar os adolescentes seguidos em consulta de adolescentes e/ou
pedopsiquiatria por PCA, analisando parâmetros epidemiológicos, somatometria, tipo e
motivo de referenciação, satisfação corporal, distorção da imagem corporal,
comportamentos alimentares e compensatórios.
Métodos: Estudo retrospectivo e observacional dos adolescentes seguidos em consulta de
adolescentes e/ou pedopsiquiatria por PCA, no período de 2009-2015.
Resultados: Obteve-se uma amostra de 37 adolescentes, sendo a maioria do sexo feminino
(n=36) e com mediana de idade de 15 anos (mínimo 11 anos; máximo 18 anos).
Os pedidos de referenciação tiveram origem noutras consultas de pediatria em 37,8%, no
serviço de urgência em 32,4% e a partir do médico de família em 29,7%.
A anorexia nervosa foi o diagnóstico mais frequente (56,7%), seguido por outras
complicações do comportamento alimentar e da alimentação (PCAA) com 24,3% (anorexia
atípica n=8; bulimia nervosa de baixa frequência e/ou duração limitada n=1), por PCAA
sem outra especificação (10,8%), bulimia nervosa (5,4%) e binge eating (2,7%).
O índice de massa corporal mínimo médio foi 19,2 kg/m2 (mínimo 14,3 kg/m2; máximo
30,6 kg/m2).
Verificou-se que a restrição alimentar ocorreu em 91,9% e que 8,1% apresentaram
episódios de compulsão alimentar. Relativamente à insatisfação corporal, esta era evidente
em 97,2% dos adolescentes. Do total da amostra, 83,8% não tinham antecedentes de
excesso de peso/obesidade, dos quais 70,3% apresentavam distorção da imagem corporal.
Em 54% dos casos verificou-se a ocorrência de amenorreia ou oligomenorreia. Quase
metade dos adolescentes realizavam algum tipo de comportamento compensatório, sendo o
mais frequente o aumento da atividade física (61,1%).
Conclusão: As PCA associam-se a comorbilidades de relevo, sendo crucial a sua
identificação e orientação precoce, de forma a minimizar o seu impacto sobre a vida dos
adolescentes e suas famílias.
Keywords: Adolescente; Anorexia Nervosa; Transtornos Alimentares.
ICCA 2017-53687 -Maus tratos: para além das consequências físicas
Joana Ferreira (1); Sofia Vasconcelos (1); Marta Alves (1); Isaltina Vitorino (1); Cláudia
Neto (1); Susana Soares (1)
1- Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães
Poster
Introdução
Os maus tratos em crianças e jovens constituem um verdadeiro problema de saúde pública,
podendo colocar em causa a sua integridade física ou emocional e provocar perturbações
significativas no desenvolvimento da criança.
Descrição Caso Clínico:
Criança de 11 anos, sexo feminino, raça caucasiana, sem fatores de risco familiares
conhecidos. A gestação foi vigiada, o período neonatal decorreu sem intercorrências e os
parâmetros antropométricos ao nascimento eram adequados à idade gestacional.
Apresentava um crescimento e desenvolvimento psicomotor normal. Desde há três anos
com comportamento de oposição e ansiedade, dificuldades na relação com pares, alteração
do nível cognitivo e baixo rendimento escolar, tendo iniciado terapêutica com metilfenidato
(MTF). Referenciada ao Serviço de Urgência (SU) pela Comissão de Protecção de Criança
e Jovens (CPCJ), a qual já tinha processo ativo para a criança, por suspeita de maus tratos.
A criança mantinha também já acompanhamento por psicóloga. Na admissão apresentava
múltiplas equimoses em diferentes estadios de evolução na face anterolateral e medial da
coxa e braço esquerdos, que teriam sido infligidos pelo pai com um cinto dois dias antes da
vinda ao SU, testemunhadas pela assistente social e pela psicóloga e corroboradas pela
própria criança. No SU foi pedida avaliação médico-legal e colaboração do Serviço Social e
Ministério Público. Realizou estudo analítico com provas da coagulação, radiografia do
esqueleto e avaliação oftalmológica (incluindo fundoscopia) que não revelaram alterações.
A criança teve alta ao final de cinco dias tendo sido institucionalizada. Atualmente
encontra-se acompanhada em consulta de Pediatria Comunitária, Pedopsiquiatria e
Psicologia, estando medicada com fluvoxamina além de MTF, com melhorias no padrão
comportamental e relacional.
Conclusões:
A presença de equimoses com diferentes estadios de evolução ou em locais pouco comuns
nos traumatismos de tipo acidental, numa criança com problemas comportamentais, deve
alertar o profissional de saúde para a situação de maus tratos, promovendo atuações
coordenadas entre as diferentes entidades.
Keywords: maus tratos, equimoses, criança, risco
ICCA 2017-54454 -Problemática social na população com patologia do
neurodesenvolvimento – conhecer as famílias para ajudar os doentes
Elisa Martins Silva (1); Maria João Palha (1); Sofia Pereira (1); Manuela Baptista (1)
1- Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria – CHLN, Centro Académico de
Medicina de Lisboa
ICCA-Comunicação Oral
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS – Cuidadores de crianças com perturbações do
neurodesenvolvimento (ND) apresentam maiores níveis de stress comparativamente a
cuidadores de crianças com desenvolvimento convencional. O impacto desta situação
crónica abrange problemas psicológicos e socioeconómicos, alteração de dinâmicas
familiares e de qualidade de vida. Por outro lado, quando no contexto social e familiar da
criança, coexistem precariedade económica, negligência e maus tratos ou problemas de
educação podem verificar-se implicações directas no seu prognóstico. Objetivos:
caracterizar os problemas sociofamiliares de crianças e adolescentes com patologia do ND,
em seguimento num Centro de Neurodesenvolvimento, de um hospital terciário de Lisboa.
MÉTODOS - Estudo retrospetivo por consulta de registos de processos clínicos da
Consulta de Neurodesenvolvimento, dos doentes seguidos concomitantemente pelo serviço
social hospitalar, entre Janeiro 2015 e Junho 2016. Feita análise descritiva das
características demográficas e clínicas (DSM –V) da amostra. Utilizada regressão logística
multivariada para estimar associações das problemáticas sociais, através de odds ratios
(OR) e respetivos intervalos de confiança (IC) a 95%, ajustando para possíveis
confundidores (STATA 14Ò).
RESULTADOS – A amostra foi composta por 66 doentes, a maioria do sexo masculino
(62%) e com mediana de idade ao início do seguimento de 4,13 anos (min 0,14 e máx 12,4
anos). Os principais diagnósticos do ND foram: Perturbação de défice de desatenção/
hiperatividade (PDAH, 56%, n=37), Perturbação do desenvolvimento intelectual (PDI,
39,4%, n=26), Perturbação específica da linguagem (PEL, 34,8 % n=23), Estado limite do
funcionamento cognitivo (16,7% n=11), Perturbação da aprendizagem (16,7% n=11) e
Perturbação do Espectro do Autismo (PEA, 15,15%, n=10). A maioria apresentava co-
morbilidade (69,7%), sendo que 37,9% tinham 3 diagnósticos.
No que diz respeito aos diagnósticos sociais, definidos segundo a aplicação informática
CPC HS – Gestão de informação do Serviço Social, a falta de condições psico-emocionais
do(s) cuidador(es) foi a situação mais frequente (31,82%, n=21), seguido da precariedade
económica (30,3%, n=20) e negligência familiar (22,73%, n=15). Em 25,37% (n=17),
registou-se a coexistência de dois ou mais diagnósticos sociais.
Observou-se uma associação estatisticamente significativa entre precariedade económica e
PDI (OR 1,98 IC95% 0,21-3,75) e PEA (OR 2,5 IC95% 0,67-4,34), ajustando para
escolaridade e desemprego dos cuidadores. Verificou-se uma associação entre negligência
familiar e famílias com agregado não nuclear nesta população (OR 0,66 IC95% 0,05-1,27).
Não se observaram outras associações estatisticamente significativas com outros
diagnósticos sociais.
A referenciação ao Serviço Social veio maioritariamente de entidades da comunidade e em
15% foi feita pelo médico assistente. Da intervenção realizada destaca-se a articulação
interinstitucional em 89,4% (n=59), com avaliação sociofamiliar em 18,6% destes. As
entidades com as quais se registou maior articulação foram as Equipas de Apoio à Família
da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 35,59%.
CONCLUSÕES – Esta amostra tinha em mais de metade dos casos PDAH e a maioria
apresentava mais de um diagnóstico. A falta de condições psico-emocionais do(s)
cuidador(es) foi a situação social mais frequente e a precariedade económica associou-se
aos diagnósticos de PDI e PEA. Estudos desta natureza na população portuguesa são
necessários para adequar e promover estratégias, que poderão beneficiar o prognóstico
destes doentes.
Keywords: Neurodesenvolvimento, Problemas Sociofamiliares, Cuidadores, Serviço Social
ICCA 2017-54995 -Não adesão terapêutica nos adolescentes com perturbação de
hiperatividade e défice de atenção – a propósito de um caso clínico
Clara Gomes (1); Susana Nogueira (2); José Boavida Fernandes (2)
1- Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E.P.E., Viseu, Portugal; 2- Hospital Pediátrico, Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E., Coimbra, Portugal
Poster
Introdução: A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é uma condição
neurobiológica, com sintomas de inatenção, hiperatividade e impulsividade, podendo
associar-se a comportamentos de oposição, agressividade, ansiedade, baixa auto-estima e
dificuldades na aprendizagem. A abordagem terapêutica associa a farmacoterapia à
intervenção não farmacológica, em particular, medidas psicoeducacionais.
Caso clínico: Adolescente de 14 anos, seguido em consulta de Desenvolvimento dum
Hospital de nível III desde os 9 anos de idade por PHDA tipo combinado. Durante o
período de seguimento foi constatado incumprimento da terapêutica farmacológica
prescrita (metilfenidato), pela presença de vários fatores, incluindo os relacionados com os
familiares (baixo nível educacional e socio-económico, descrença na existência de uma
perturbação médica, na eficácia do fármaco e relação de conflito cuidador - adolescente) e
com o adolescente (baixa capacidade de perceçao dos efeitos benéficos da medicação e do
cumprimento das tomas, menor tolerância aos efeitos adversos e falta de motivação).
Conclusão: Apesar da disfunção associada à PHDA permanecer na adolescência, 15 a 87%
dos adolescentes suspende a medicação. Esta atitude é influenciada por fatores preditores
de adesão, positivos e negativos. Com a presente caso clínico, os autores pretendem
identificar os fatores associados à não adesão terapêutica nos adolescentes com PHDA e
descrever, teoricamente, eventuais medidas para melhorar este comportamento,
proporcionando melhores cuidados de saúde e otimizando, a longo prazo, a sua saúde
mental e o seu desempenho a nível psicossocial e económico.
Keywords: Perturbação de hiperatividade e défice de atenção; Metilfenidato; Adesão
terapêutica; Efeitos adversos
ICCA 2017-56012 -Alergia ou Intoxicação?
Diana Bordalo (1); Sara Rolim (1); Filipa Almeida (1); João Caseiro (2); Otília Queirós (2);
Paula Fonseca (1)
1- Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar do Médio Ave; 2- Serviço de Pedopsiquiatria
do Centro Materno-Infantil do Norte
Poster
Introdução:
A utilização de álcool e outras substâncias por adolescentes acarreta consequências que são
influenciáveis pelo desenvolvimento biológico e psicossocial e pelo ambiente que os
rodeia. Quanto mais precoce o contacto com e o consumo destas drogas, maior será o risco
de adicção, sendo importante distinguir o uso do abuso. Perante comportamentos de risco e
as suas consequências no funcionamento do adolescente é fulcral uma intervenção
multidisciplinar.
Caso Clínico:
Adolescente de 15 anos, sexo feminino, trazida ao serviço de urgência pela tia paterna por
edema labial com duas horas de evolução. Negava dispneia, alterações cutâneas, vómitos
ou diarreia. Negava ingestão de qualquer alimento suspeito ou consumo de drogas ilícitas.
Ao exame objetivo apresentava edema labial marcado, sem exantemas. Encontrava-se
taquipneica, taquicardica e com pressão arterial elevada, consciente e colaborante, agitada,
com discurso pouco coerente. Apresentava, ainda, diaforese, tremores dos membros e
pupilas midriáticas não fotorreativas. Apresentava lesões cicatriciais
por antecedentes de queimadura cutânea a nível abdominal, cicatrizes no antebraço
esquerdo e piercings (língua, asa do nariz e umbilical), sem exantemas. Dos exames
complementares de diagnóstico destacava-se nível de etanol sérico 0,02g/L e positividade
na pesquisa de anfetaminas, cocaína e canabinóides na urina. Relativamente a antecedentes
pessoais, referia ter emigrado com os pais para Espanha aos cinco anos, estando em
Portugal a cargo da tia paterna por apresentar comportamentos de risco desde há dois anos.
Nesse período manteve mau rendimento escolar e má integração com pares. Referia
comportamentos auto-lesivos até há um ano. Negava alterações do sono ou da alimentação
ou ideação suicida. Foi observada e orientada por Pedopsiquiatra. Foi, ainda, sinalizada à
Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco e orientada, igualmente, para a
consulta de Medicina de Adolescentes e integrada no Projeto Mais Vale Prevenir.
Atualmente mantém seguimento multidisciplinar.
Discussão:
O uso de drogas de abuso não é um fenómeno isolado, podendo ser transversal a qualquer
estrato da sociedade, o que o torna um importante problema de saúde pública. Em Pediatria
a identificação dos indivíduos em risco de consumirem substâncias ilícitas e álcool é um
desafio, mas assume um papel preponderante na sociedade atual. O caso descrito tem
particular relevo pela apresentação clínica sugestiva de uma reacção anafiláctica, tendo o
detalhado exame objectivo e anamnese contribuído para o correto diagnóstico de síndrome
simpaticomimética aguda típica do consumo de cocaína e anfetaminas. A esta associou-se o
consumo de álcool, que eleva o risco de morte súbita relacionado com o consumo de
cocaína. Este caso implicou a articulação das várias áreas da sociedade (médica, social e
legal) para uma intervenção holística numa adolescente com comportamentos de risco
graves.
Keywords: Medicina do Adolescente; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias;
Cocaína; Anfetaminas
ICCA 2017-56346 -GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA - O RETRATO DE UM
HOSPITAL DE NÍVEL II
Sofia Peças (1); Joana Bernardeco (2); Carolina Viveiro (1)
1- Centro Hospitalar de Setúbal, EPE - Serviço de Pediatria; 2- Centro Hospitalar de
Setúbal, EPE - Serviço de Ginecologia-Obstetrícia
ICCA-Comunicação Oral
Introdução e Objectivos
A gravidez na adolescência constitui um problema de saúde pública, com impacto
significativo na tríade mãe-filho-família. Objectivos: caracterização de uma amostra de
mães adolescentes (MA) e respectivos recém-nascidos (RN) de um hospital de nível II;
análise do impacto da gravidez na adolescência do ponto de vista clínico obstétrico e
neonatal (NN); comparação com dados da literatura.
Metodologia
Estudo retrospectivo descritivo dos processos clínicos das MA (com idade ≤19 anos à data
do parto) e respectivos RN, entre Janeiro/2012 e Dezembro/2015. Variáveis: dados
demográficos e clínicos relativos à mãe e ao RN. Tratamento estatístico dos dados: SPSS.
Resultados
Durante o período analisado ocorreram 6677 nascimentos, 4,6% relativos a MA (idade
média 17,9 anos, mínima 13 anos), verificando-se um declínio progressivo ao longo dos
anos (de 5,7% para 4,3%), traduzindo uma diferença estatisticamente significativa (p<
0,05). A maioria das MA tinha idade ≥16 anos (95%). Relativamente às MA com idade <
16 anos, a maioria era estudante, frequentando um nível de ensino inferior ao esperado para
a idade. No grupo com idade ≥16 anos 31,5% era estudante, 17,3% tinham profissão do
grupo 9 e 2,2% do grupo 5; as restantes estavam desempregadas. Nenhuma MA com <16
anos referia consumo de substâncias. Daquelas com idade ≥16 anos, a maioria (79,7%)
negava consumos e as restantes referiam hábitos tabágicos. Neste grupo, 26,5% eram
multigesta, tal como uma MA do grupo com <16 anos. Não existiu vigilância adequada
da gravidez em 10% dos casos. Ocorreram complicações da gravidez em 43%, sendo a
infecção do trato urinário, a anemia, a ameaça de parto pré-termo e a diabetes gestacional
as principais (em 42%, 15%, 9% e 4,5%, respectivamente). Houve 219 partos eutócicos
(70,4%) e 55 por cesariana (17,7%). A idade gestacional média foi de 39 semanas (33-42
semanas). Os partos pré-termo corresponderam a 5,4%. Verificou-se baixo peso ao nascer
em 4,5% e 3,5% de restrição de crescimento intra-uterino. Verificaram-se complicações em
9,9% dos RN, sendo as principais a sépsis precoce (n=11), asfixia NN (n=8),
hiperbilirrubinémia (n=7) e hipoglicémia (n=7). As complicações pós-parto ocorreram em
6,4%. Após o parto, o método contraceptivo mais utilizado foi o implante subcutâneo. A
avaliação por assistente social foi feita a todos os casos antes da alta hospitalar, assim como
a referenciação à consulta de Psicologia. Procedeu-se a institucionalização em nove casos
(2,9%).
Conclusões
Comparativamente com a literatura verificou-se um número elevado de partos na
adolescência. Contudo, tem havido um decréscimo ao longo do período considerado, o que
pode dever-se à melhoria dos cuidados antecipatórios. Não pode, no entanto, ser excluído o
maior recurso a IVG ou à contracepção de emergência. O facto deste se tratar de um
hospital de nível II e sem unidade de cuidados intensivos neonatais pode ter influência nas
características da amostra e portanto nos resultados obtidos (baixa percentagem de partos
pré-termo e de complicações para a díade mãe-filho).
Sendo a gravidez na adolescência um desafio para a mãe com implicações na saúde do
filho, a sua prevenção é fundamental, sendo para isso essencial uma orientação
multidisciplinar.
Keywords: Adolescente, gravidez, recém-nascido
ICCA 2017-58843 -A exposição sexual em idade pediátrica – a experiência de 7 anos
Fonseca S (1); Passas A; Castro C (1); Tavares M (1)
1- Hospital Pediátrico Integrado do Centro Hospitalar S. João
Poster
Introdução e objectivos: Os actos sexuais podem ser consentidos pelo próprio ou envolver
uma criança ou adolescente em actividades que resultam na satisfação sexual de um adulto
ou outra pessoa mais velha. Os comportamentos sexuais podem representar um risco
substancial para a saúde e associam-se a risco de gravidez. Numa exposição sexual ocorre
contacto com líquidos biológicos com risco de infecção por agentes de transmissão sexual.
O acompanhamento na Consulta de Infecciologia Pediátrica permite a (re-) avaliação
clínica, a avaliação de resultados analíticos e microbiológicos, a revisão de esquemas
terapêuticos e profiláticos e a monitorização dos seus efeitos secundários, a avaliação do
estado psico-social da criança e da família e a ponderação da necessidade de referenciação
a outras especialidades. Este trabalho teve como objectivos a identificação dos casos de
exposição sexual durante um período de 7 anos e a sua caracterização. Métodos: Estudo
retrospectivo e descritivo dos casos de exposição sexual referenciados à Consulta de
Infecciologia Pediátrica do Centro Hospitalar de São João entre Setembro de 2009 e
Setembro de 2016. Resultados: Foram identificados 55 casos de exposição sexual, dos
quais 52 no contexto de abuso sexual e 3 no contexto de exposição sexual consentida. No
grupo dos casos de abuso, 45 (87%) eram do género feminino; no grupo dos casos de
exposição consentida todos eram do género feminino; em ambos os grupos a mediana de
idades foi 14 anos. Na maioria dos casos, o abuso sexual correspondeu ao primeiro contacto
sexual; em 35% havia história de episódios anteriores de abuso; a maioria dos agressores
era do género masculino e em 69.2% dos casos era conhecido da vítima; em 85% dos casos
ocorreu penetração anal, oral e/ou vaginal; em 5 dos casos foi relatada circunstância de
consumo de álcool e/ou drogas. Nos casos consentidos, todas eram previamente
sexualmente activas e não utilizavam método contraceptivo de barreira. A primeira colheita
de serologias (vírus de imunodeficiência humana (VIH), vírus de hepatite C (VHC) e
Antigénio HBs (AtgHBs)) foi negativa em todos os casos de exposição sexual. Nas
amostras biológicas colhidas, os agentes mais frequentemente isolados foram Ureaplasma
urealyticum, Enterococcus faecalis, Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis. Entre os
que completaram seguimento (1 mês, 3 e 6 meses) não se detectaram anticorpos anti-VIH,
anti-VHC e AtgHBs em nenhum caso; não se identificou nenhum caso de sífilis. Não se
registou nenhuma gravidez. Conclusões: Nos casos de abuso sexual, na maioria dos casos o
agressor era conhecido da vítima e existiram episódios prévios. As consequências
psicológicas e médicas, incluindo o risco de transmissão de doenças sexualmente
transmissíveis, justificam acompanhamento adequado. A educação para a sexualidade
deverá ser uma prioridade, contribuindo para que esta seja vivida de forma satisfatória e
com minimização dos riscos.
Keywords: abuso sexual, exposição sexual, criança
ICCA 2017-62638 -Um caso de Síndrome de Munchausen por procuração secundária a
erotomania
Patrícia Miranda (1); Catarina Neves (1); Manuel Salgado (1)
1- Unidade de Reumatologia Pediátrica - Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra, EPE
Poster
Introdução/Descrição do Caso:
A erotomania é um distúrbio mental caracterizado pela crença duma “paixão por si”, sem
que a pessoa, de nível social superior, tenha tido qualquer atitude nesse sentido. Ocorre de
forma isolada (Síndrome de Clèrambault) ou em combinação com outras patologias
psiquiátricas.
A Síndrome de Munchausen por procuração (SMpP) é a produção de sinais e sintomas em
crianças dependentes, de forma a prolongar o contacto com os prestadores dos cuidados de
saúde.
Apresentamos o caso de um rapaz, 9 anos, que foi enviado por olho vermelho crónico
bilateral (27 meses), fotofobia intensa, blefarite e chalázio, refratários à medicação tópica
ocular (corticóides e antibióticos) e sistémica (prednisolona e ciclosporina). Diagnosticada
rosácea ocular e foi medicado com eritromicina oral (EO). Evolução atípica, com fases de
melhoria e de agravamento.
Entretanto observámos uma 2ª doente semelhante. Esta fizera uma peregrinação médica
por “mais” de 30 médicos (13 oftalmologistas) diferentes”. Iniciou EO com pronta resposta.
Numa fase de agravamento do 1º doente, foi posta em causa o não “questionar do
diagnóstico e não procurar outra opinião médica” por parte da mãe. Evocado a SMpP, foi
internado, com evolução prontamente favorável com a mesma terapêutica. Nesta altura, o
Oftalmologista assistente informou-nos de mensagens amorosas da mãe. Mudado para uma
médica assistente, a evolução foi excelente. Foi marcada consulta de risco social. Quatro
anos depois mantinha-se assintomático e a situação familiar estava estável.
Comentários/Conclusões:
A SMpP deverá ser evocada perante uma evolução paradoxal a um tratamento claramente
bem instituído. Dentro das motivações à SMpP, a erotomania poderá ser uma das causas,
assim como da não compliance terapêutica, como este caso testemunha.
Keywords: Erotomania, Síndrome de Munchausen por procuração, Distúrbio mental.
ICCA 2017-62769 -Protelamento de Alta por Motivos Sociais numa Enfermaria de
Pediatria - Casuística de Cinco Anos
Melissa Brigham Figueiredo (1); Paula Afonso (1); Raquel Marta (1); Ana Caldeira (1)
1- Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
ICCA-Comunicação Oral
Introdução e objectivos: A Convenção Sobre os Direitos das Crianças, ratificada por
Portugal em 1990, impõe ao Estado o dever de garantir o bem-estar da criança quando os
pais ou cuidadores não o podem fazer. No nosso país, a Lei de Protecção de Crianças e
Jovens em Perigo (nº 145/2015) determina que as entidades com competência em matéria
de infância e juventude, onde se incluem as unidades de saúde, protejam a criança em
perigo e promovam os seus direitos. Neste contexto, torna-se por vezes necessário que as
crianças permaneçam em internamento protector após a alta clínica, aguardando a aplicação
de medidas de promoção e protecção. Pretendemos com este trabalho avaliar o impacto
destes protelamentos de alta numa enfermaria de Pediatria durante um período de cinco
anos.
Métodos: Estudo retrospectivo descritivo das crianças/jovens cujo internamento na
enfermaria de Pediatria do Hospital de São Francisco Xavier foi proposto ou protelado por
motivos sociais durante um período de cinco anos (2011-2015). Foram avaliados os
diagnósticos clínicos e social, os indicadores de risco/perigo e as medidas de promoção e
protecção aplicadas.
Resultados: Incluíram-se 63 crianças, num total de 771 dias de protelamento. O ano com
maior número de casos (21) e de dias de protelamento (225) foi 2015, o que correspondeu a
um aumento de cerca de 50% do número de casos relativamente ao ano anterior. O maior
período de protelamento foi de 95 dias. A maioria das crianças (56%) era do sexo feminino
e os recém-nascidos corresponderam a 75% dos casos. Destes, cerca de 20% encontrava-se
em situação de perigo, maioritariamente por abandono. No grupo etário dos 6 aos 10 anos,
todas as crianças (4) estavam em perigo por maus-tratos ou abuso sexual, enquanto que nos
adolescentes os indicadores de perigo estavam presentes em cerca de 63% dos casos (5).
Em 78% das crianças o internamento foi exclusivamente protector, não havendo critérios
clínicos de doença. As crianças em risco constituíram 65% dos casos (41), sendo os
indicadores de risco mais frequentemente observados a disfuncionalidade familiar grave
(29) e pais com patologia psiquiátrica (12). Relativamente às crianças em perigo, os
principais indicadores foram os maus-tratos (9) e o abandono (8). O acolhimento
institucional foi a medida de promoção e protecção aplicada em 59% dos casos. Cerca de
35% (23) das crianças tiveram alta para o meio natural de vida, com apoio junto dos pais
(11) ou de outros familiares (12).
Comentários: Verificámos um aumento progressivo do número de casos e de dias de
protelamento ao longo do período estudado. A maioria das crianças pertenceu ao grupo
etário dos recém-nascidos, encontrando-se em situação de risco e sem doença que
justificasse internamento hospitalar. Embora a medida de promoção e protecção mais
frequentemente aplicada fosse o acolhimento institucional, uma percentagem significativa
teve alta para o meio natural de vida. O internamento destas crianças traduziu-se num
consumo importante de recursos. Destacamos a importância do reforço das estratégias de
prevenção e sinalização precoce, de forma a possibilitar a actuação atempada das diversas
entidades na promoção e protecção dos direitos das crianças, evitando assim o internamento
hospitalar.
Keywords: pediatria social, perigo, alta
ICCA 2017-62801 -Intoxicações Voluntárias em Adolescentes – Experiência de 2 anos
no Serviço de Urgência de Pediatria de um Hospital de Nível III
Vanessa Gorito (1); Marta Rosário (1); Marta Pinheiro (1); Cristina Ferreras (1); Mayara
Nogueira (1); Sofia Vaz (2); Ana Maia (1); Luís Almeida Santos (3)
1- Serviço de Pediatria - Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João EPE;
2- UAG de Cirurgia / Serviço Controlo de Gestão, Centro Hospitalar de São João EPE; 3-
Serviço de Pediatria - Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João EPE /
Serviço de Urgência Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São
João EPE
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: O alargamento da idade pediátrica aos 18 anos está associado ao aparecimento
de novas realidades e necessidades nesta faixa etária. As intoxicações voluntárias (IV) por
álcool (IA), fármacos (IF) ou outras substâncias psico-activas constituem uma realidade
preocupante e potencialmente fatal no Serviço de Urgência de Pediatria (SUP). Essas
intoxicações são condicionadas por múltiplos factores, nomeadamente, idade e contexto
psico-social, podendo constituir o início de um padrão de consumo, uma chamada de
atenção ou mesmo tentativa de suicídio, comprometendo assim o desenvolvimento bio-
psico-social desses adolescentes.
Objectivo: Caracterizar os adolescentes entre os 10 e os 18 anos de idade admitidos por IV
no SUP de um hospital terciário, considerando as variáveis demográficas, contexto social,
ideação suicida, existência de episódios semelhantes, antecedentes patológicos, medicação
habitual, meios complementares de diagnóstico, terapêuticas realizadas e orientação após
episódio.
Metodologia: Estudo retrospectivo descritivo dos casos de IV admitidos entre 1 de Julho
de 2014 e 30 de Junho de 2016 no SUP, codificados como intoxicações agudas, segundo o
ICD9.
Resultados: Contabilizaram-se 244 episódios de urgência por IV no período indicado.
Destes, 55.3% eram do sexo feminino. A maioria dos adolescentes tinha entre 15 e 17 anos
(81%). Existiram 141 episódios de IA (57.7%) e 76 episódios de IF (31,1%) - destes, 40.7%
ocorreram por ingestão de psicofármacos.
As IA corresponderam a casos esporádicos de consumo excessivo, sem nova admissão no
SUP pelo mesmo motivo. Em cerca de 74% dos casos foi determinada a taxa de alcoolémia
e realizada fluidoterapia endovenosa em 69%. Num caso ocorreu também ingestão
cumulativa de fármacos, com ideação suicida e posterior orientação para Pedopsiquiatria.
A ingestão de substâncias psico-activas foi motivo de ida ao SUP em cerca de 10% dos
adolescentes (n=23), confirmados com pesquisas positivas na urina. Em 52% destes casos
ocorreu consumo concomitante de álcool (n=12).
Em cerca de 25% do total de adolescentes admitidos por IV (n=62) identificaram-se
perturbações psico-comportamentais de base; 44 destes mantinham seguimento em consulta
de Pedopsiquiatria e 38 estavam medicados com psicofármacos.
Em 19 episódios de IF foi realizada lavagem gástrica e administrado carvão activado.
Solicitou-se avaliação urgente por Pedopsiquiatria em 80% das IF (n=61).
Dos 244 episódios, foram internados 4% dos doentes; 3 doentes abandonaram o SUP e um
faleceu.
Conclusões: As IV associam-se a elevado consumo de recursos humanos e económicos. As
IA resultam geralmente de consumos agudos e isolados. Relativamente às IF, estão muitas
vezes associadas a perturbações psico-comportamentais de base ou de novo, com
necessidade de seguimento. É de realçar que, em muitos casos, as IF ocorreram por
sobredosagem intencional dos psicofármacos com que estavam medicados. Considera-se
ainda importante reforçar que, dos 3 adolescentes que declararam ideação suicida, um deles
consumou o acto posteriormente. Este estudo alerta-nos para a importância de caracterizar e
acompanhar estes adolescentes. Os Serviços de Saúde devem, nesse sentido, desenvolver
abordagens e estratégias preventivas e/ou de intervenção precoce nesta população.
Keywords: intoxicações agudas, urgência, adolescentes
ICCA 2017-64682 -Fratura craniana na criança: acidente ou maus tratos?
Sofia Vasconcelos (1); Joana Ferreira (1); Alicia Rebelo (1); Mónica Costeira (1); Isaltina
Vitorino (1); Isolina Aguiar (1); Susana Soares (1)
1- Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães
Poster
Introdução:
Os pediatras desempenham um papel fundamental na identificação e prevenção de
situações de risco. A suspeita destas situações pode surgir de variadas formas e é necessário
estar atento aos sinais de alarme, uma vez que o diagnóstico precoce pode diminuir
sequelas e prevenir recorrências, principalmente em crianças mais vulneráveis.
Descrição do Caso Clínico:
Lactente de 6 meses, sexo masculino, caucasiano, sem fatores de risco familiares
conhecidos. A gestação foi vigiada, o período neonatal não teve intercorrências e o
desenvolvimento psicomotor era adequado. Trazido ao Serviço de Urgência (SU) pela
presença de uma tumefação parietal esquerda identificada pela mãe na véspera da
admissão. Sem história de queda ou traumatismo conhecido. Frequentava infantário onde
teria estado no dia anterior, sem referência a qualquer acontecimento fora do habitual. Ao
exame físico apresentava-se reativo, com bom estado geral e vitalidade. O exame
neurológico era normal. Na região parietal esquerda apresentava uma área abaulada e mole
com cerca de 5 cm de diâmetro, indolor à palpação. Não apresentava equimoses,
escoriações, cortes nem outros sinais de traumatismo. Realizou uma radiografia craniana
que revelou uma fratura parietal esquerda e tomografia computorizada cranioencefálica
(TC-CE) que mostrou uma solução linear de continuidade óssea parietal esquerda associado
a tumefação epicraniana, sem outras alterações. O estudo analítico que incluiu doseamento
de plaquetas, provas de coagulação, metabolismo fosfocálcio e função tiroideia foi normal.
A radiografia completa do esqueleto e a avaliação oftalmológica (incluindo fundoscopia)
não mostraram alterações. A criança foi avaliada pelo Serviço Social, tendo sido enviado
ofício à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) e aplicada a medida cautelar de
"Apoio Junto dos Pais" pelo período de 3 meses, com a monitorização regular do agregado
familiar por parte do Núcleo de Apoio à Criança e Jovem em Risco (NACJR) do Centro de
Saúde da área da residência, dada a coerência e consistência dos relatos dos progenitores e
de familiares. A criança teve alta ao quinto dia de internamento orientada para consulta de
Pediatria Comunitária.
Conclusão:
A presença de uma fratura craniana numa criança em idade pré-escolar sem causa
esclarecida é um sinal suspeito de maus tratos que deve ser valorizado. É importante
salientar que frequentemente não se encontram fatores de risco familiares ou pessoais
evidentes e muitas vezes estas crianças recorrem aos serviços de saúde com os próprios
agressores que negam a existência de maus tratos. Neste sentido deve ser feita uma
abordagem global do doente de forma a tentar encontrar outros fatores de risco que nos
permitam confirmar ou excluir a suspeita. Por outro lado é importante sinalizar a situação a
entidades com competência para orientar estas situações numa tentativa de garantir a
proteção e segurança da criança.
Keywords: maus tratos, fratura, criança, risco
ICCA 2017-65801 -Manchas café com leite: pensar além da Neurofibromatose Tipo 1.
Mónica Costeira (1); Joana Ferreira (1); Sofia Vasconcelos (1); Olga Pereira (2); Maria
Lurdes Rodrigues (3); Armandina Silva (1)
1- Serviço de Pediatria do Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães; 2- Serviço de
Dermatologia do Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães; 3- Serviço de Neurologia do
Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães
Poster
Introdução: O Síndrome de Legius trata-se de um distúrbio autossómico dominante
neurofibromatose tipo 1 (NF1) like que resulta de mutações germinais com perda de função
no gene SPRED1, envolvido na regulação da via RAS-MAPK. As manifestações clínicas
incluem manchas café com leite, efélides e macrocefalia. Estão ausentes os neurofibromas e
tumores do SNC associados à NF1. O teste genético permite distinguir a NF1 do Síndrome
de Legius.
Caso clínico: Adolescente enviada para a consulta de Pediatria Geral aos 13 anos por
apresentar múltiplas manchas café com leite. Sem antecedentes pessoais ou familiares de
relevo. Clinicamente assintomática. Ao exame objetivo apresentava várias manchas café
com leite (mais de 6 com mais de 1,5 cm) e efélides axilares, inguinais, no tronco e no
pescoço. Restante exame objetivo normal, nomeadamente sem neurofibromas. Foi
requisitada RMN cerebral que não evidenciou lesões intra ou extra-axiais relacionáveis
com NF1. Foi observada por Oftalmologia, apresentando exame oftalmológico normal. No
estudo molecular de NF1 não foram detetadas mutações no gene da NF1. Aos 16 anos foi
enviada à consulta de Genética Médica e, por suspeita de Síndrome de Legius, foi
requisitado estudo molecular que confirmou mutação no gene SPRED1, resultado
compatível com Síndrome Legius/NF1 like. Durante o seguimento em consulta não houve
quaisquer intercorrências, tendo apresentado boa evolução clínica. Teve alta da consulta de
Pediatria aos 18 anos, mantendo atualmente seguimento em Neurologia.
Discussão: É sobejamente reconhecido que um doente com múltiplas manchas café com
leite induz a suspeita de NF1. Contudo, nos casos que apresentem estudo molecular
negativo, apesar da presença de critérios clínicos, devem ser equacionados outros
diagnósticos, tais como o Síndrome de Legius. Por se tratar de uma entidade descrita
recentemente são essenciais mais estudos para clarificar o espectro clínico e prognóstico
associado, de forma a otimizar o seguimento e aconselhamento genético destes doentes. Os
autores pretendem relatar este caso clínico pela sua raridade e importância crescente no
diagnóstico diferencial de doentes em estudo por manchas café com leite.
Keywords: Síndrome de Legius; manchas café com leite; gene SPRED1.
ICCA 2017-66975 -Prevenção sobre abusos sexuais em idade pré-escolar –
conhecimentos e atitudes dos educadores
Mafalda Cascais (1); Rui Passadouro (2); Odete Mendes (3); Maria Manuel Zarcos (4)
1- Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, EPE; 2- Unidade de Saúde Pública,
ACES Pinhal Litoral; 3- Unidade de Saúde Pública, ACES Pinhal Litoral; Núcleo dos
Cuidados Primários de Crianças e Jovens em Risco do concelho de Leiria; 4- Serviço de
Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, EPE; Núcleo Hospitalar de Crianças e Jovens em
Risco de Leiria
ICCA-Comunicação Oral
Introdução e Objetivos: O abuso sexual (AS) tem uma distribuição global e é transversal a
todas as culturas e estratos socioeconómicos. Os educadores detêm uma posição
privilegiada na sua prevenção, realçando-se cada vez mais a importância de uma
intervenção precoce. Os objetivos deste trabalho foram avaliar os conhecimentos e atitudes
dos educadores de infância (EI) face à prevenção do AS em idade pré-escolar, bem como a
sua formação nesta área.
Metodologia: Estudo não experimental, transversal e exploratório, destinado aos EI dos
estabelecimentos de ensino pré-escolar de um concelho português. Aplicação de um
questionário online, garantindo o anonimato, confidencialidade e segurança dos dados,
através do qual foram analisadas características demográficas, informação curricular e
laboral, conhecimentos e atitudes dos educadores sobre prevenção de AS nesta faixa etária.
Análise estatística: SPSS® versão 22.0 (nível de significância <0,05).
Resultados: Obteve-se um total de 47 questionários. A totalidade dos inquiridos era do
sexo feminino, com uma idade média de 50,4 anos e um tempo médio de exercício na
função docente de 27,2 anos. Academicamente 66% eram licenciados. Trabalhavam em
estabelecimentos de regime público 78,7% dos EI e 59,6% num meio rural. A maioria
(85,1%) não teve qualquer formação sobre prevenção de AS durante o percurso académico,
nem posteriormente. Na análise multivariável verificou-se que cerca de metade da amostra
considerou razoável o seu grau de conhecimento sobre prevenção de AS, embora 13% o
tenha considerado fraco, maioritariamente os EI com menor tempo de docência (p <
0,05). Referiram ser importante a abordagem deste tema com crianças do ensino pré-escolar
85,1% dos inquiridos e 61,7% revelaram já o ter concretizado. Consideraram que a
prevenção dos AS deve integrar o currículo do ensino pré-escolar 74,5%, particularmente
os EI com mais de 45 anos, comparativamente com EI mais novos (74,5% vs. 14,9%, p <
0,05). A adaptação de conceitos de forma inteligível e compreensível para crianças nesta
faixa etária foi um dos fatores apontados pela maioria dos inquiridos como desafio à
implementação de programas de prevenção de AS, no entanto 72,4% da amostra considerou
que alguns tópicos não são adequados para discutir com crianças em idade pré-escolar,
82,9% que a sua abordagem não é bem aceite pelos pais/cuidadores e 48,9% que o ensino
desta temática é da responsabilidade destes, não se verificando relação estatisticamente
significativa com o regime ou meio em que estavam inseridos os estabelecimentos de
ensino.
Conclusões: Estes resultados demonstram a existência de várias dificuldades e formação
limitada dos EI no âmbito da prevenção do AS em idade pré-escolar. A maioria dos EI
revelou não ter obtido formação sobre como abordar esta temática com as crianças, no
entanto 61% referiram já o ter realizado. Traduzindo uma necessidade demonstrada pelos
profissionais, este estudo enfatiza a importância de investir em programas de formação
nesta área, de forma a prevenir os AS e minimizar os efeitos deste tipo de maus-tratos.
Keywords: abuso sexual, prevenção, educação, pré-escolar
ICCA 2017-67081 -ALERGIA ALIMENTAR NA ADOLESCÊNCIA- UM DESAFIO
TERAPÊUTICO
Joana M. Marques (1); Inês Ferreira (1); Eugénia Matos (1); Anna Sokolova (1)
1- Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, E.P.E.
Poster
Introdução: A incidência da alergia alimentar tem aumentado nos últimos anos, assim como
a gravidade da doença alérgica. Estima-se que a alergia alimentar afecte cerca de 8% de
adolescentes, sendo que este grupo etário demonstra maior risco de desenvolver reacções
alérgicas fatais, o que se relaciona com diversos factores psicossociais. A evicção dos
alimentos alergénicos é actualmente a terapêutica standard, embora recentemente tenham
surgido novas abordagens como a indução de tolerância oral. A aplicação dos protocolos de
indução de tolerância oral, quando cumprida rigorosamente, tem demonstrado bons
resultados.
Casos Clínicos:
Caso 1: Adolescente do sexo masculino, 17 anos de idade, com diagnóstico de alergia às
proteínas do leite de vaca (APLV) desde os 5 meses de vida, comprovada por doseamento
de IgEs específicas (leite de vaca 39,4 KU/L; caseína 12,4 KU/L, alfa-lactoalbumina 23,8
KU/L e beta-lactoalbumina 10,4 KU/L), testes cutâneos e prova de provocação oral, com
indicação para evicção de proteínas de leite de vaca (LV). Por apresentar sintomas alérgicos
com doses vestigiais de LV, foi proposto para protocolo de indução de tolerância. O
protocolo foi concluído até à dose total de manutenção de 10 ml, cuja ingestão diária era
fundamental para a manutenção da tolerância. Esta ingestão foi suspensa durante as férias
por iniciativa do próprio, na ausência de controlo dos pais. Quando é avaliado novamente o
limiar de tolerância, verifica-se uma regressão para os 0,2 ml . Retomou indicação para
evicção total de LV e administração de adrenalina em SOS.
Caso 2: Adolescente do sexo masculino, 14 anos, com diagnóstico de asma brônquica e
APLV, comprovada por doseamento de IgEs específicas (leite de vaca 34,5 KU/L; caseína
38,3 KU/L, alfa-lactoalbumina 3,98 KU/L e beta-lactoalbumina 1,31 KU/L). Tinha história
de anafilaxia após ingestão de doses vestigiais de LV (batata frita molhada em maionese
que continha vestígios de leite), motivo pelo qual iniciou protocolo de indução de
tolerância, que permitiu atingir limiar de tolerância para 2 mL de leite, tendo indicação para
manter ingestão diária desta quantidade. A ingestão, por autoiniciativa, de quantidade
superior à recomendada (3mL) desencadeou quadro de anafilaxia. Actualmente mantém
ingestão de 2 mL diários, recusando progressão do protocolo de indução de tolerância. Foi
prescrita adrenalina para auto-administração intra-muscular em SOS e realizado o
respectivo ensino.
Conclusões: A indução de tolerância oral surge como um meio de prevenção de reacções
anafilácticas desencadeadas por quantidades vestigiais de alergénios alimentares,
permitindo um certo grau de segurança no dia-a-dia do doente alérgico. A par desta, a
prescrição de adrenalina auto-injectável e ensino da técnica relativa à mesma continuam a
ser fundamentais. A população adolescente com alergia alimentar representa um grande
desafio, uma vez que pelas suas características próprias, como a maior propensão para
comportamentos de risco, frequentemente existe incumprimento terapêutico, podendo
gerar-se uma falsa sensação de segurança. São necessárias portanto abordagens
direccionadas a estes adolescentes, de forma a melhorar a adesão terapêutica e a qualidade
de vida destes doentes e das suas famílias.
Keywords: alergia alimentar, adolescência, tolerância oral
ICCA 2017-68275 -Viver On-line
André Henriques (1); Sofia Costa (2); Lívia Fernandes (3); Miguel Patrício (4)
1- Unidade de Faro do Centro Hospitalar do Algarve, EPE; 2- Hospital Pediátrico do
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE; 3- Centro de Saúde de Saúde Martinho
do Bispo, ACES Baixo Mondego I; 4- Laboratório de Bioestatística e Informática Médica e
IBILI – Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: Os distúrbios do sono podem interferir com o desenvolvimento físico,
cognitivo, emocional e social das crianças. Apesar de existirem causas orgânicas que
interferem com o sono, atualmente verifica-se um aumento da incidência de causas
comportamentais nos distúrbios do sono (insónia comportamental), nomeadamente o
aumento do “tempo de ecrã”. Este último, segundo a AAP (American Academy of
Paediatrics) corresponde ao tempo dispendido pela criança na utilização de aparelhos
electrónicos como tablets, telemóveis ou TV.
Palavras-chave: adolescente, tecnologia, sono, rendimento escolar
Objetivo: Determinar a existência de insónia comportamental na população pediátrica
saudável em idade escolar, e se a mesma tem rebate sobre o aproveitamento dos mesmos.
Métodos: Análise da existência de insónia comportamental numa população pediátrica
saudável (10-17 anos), da região de Coimbra, outubro 2016. A associação entre variáveis
qualitativas foi avaliada recorrendo a testes de Chi-quadrado com simulação de Monte
Carlo. Análise estatística: IBM SPSS Statistics, 24 (nível de significância: 0.05).
Resultados: Um total de 91 adolescentes responderam a um questionário (média de idades
13,5 anos; 54% do sexo feminino). Destes, Vinte e quatro tiveram pelo menos uma negativa
na última avaliação (8 com retenção num ano letivo). Cinquenta e três por cento dos pais
indicam ter a ideia que os filhos passam demasiado tempo em frente ao ecrã. Quarenta e um
por cento joga nos aparelhos eletrónicos >1 vez por semana. Quarenta e quatro por cento
tem >3 aparelhos eletrónicos e 49% tem >3 aplicações para conversação online (máx.
10). Quarenta e cinco por cento dos adolescentes conversam online pelo menos uma vez
por dia (8 afirmam conversar com pessoas que conhecem apenas das redes sociais).
Cinquenta e cinco por cento leva um aparelho electrónico para a cama.
Relativamente ao número de horas por dia em frente ao ecrã, 65% passa >4h, sobretudo
aos fins de semana e nas férias (máx. 20h). Trinta e oito por cento tem atividades
extracurriculares < 2 vezes por semana, e destes 40% passa >4h por dia em frente ao
ecrã.
Não se verificou relação estatisticamente significativa entre os adolescentes terem
negativas ou ficarem retidos e o número de horas passadas em frente a um ecrã durante a
semana, p=0.830 e p=0.448, respetivamente; durante o fim de semana, p=1.000 e p=0.474,
respetivamente ou durante as férias, p=0.597 e p=0.705, respetivamente. Não se
observaram correlações estatisticamente significativas entre o número de horas de sono e o
número de horas em frente a um ecrã durante a semana (r=-0.197, p=0.061), o fim de
semana (r=-0.095, p=0.372) ou durante as férias (r=-0.136, p=0.201), embora tenham sido
consistentemente negativos os coeficientes de correlação encontrados.
Discussão: Embora sem evidência estatística que permita inferência, os sinais dos
coeficientes de correlação calculados sugerem que o número de horas passado em frente a
um ecrã influi negativamente (embora de forma porventura não decisiva) no número de
horas de sono. Não se encontrou relação entre o insucesso escolar e o número de horas de
ecrã. No entanto, seria desejável, embora difícil, poder contabilizar-se de forma mais exata
os números de horas que, ao serem reportados pelas próprias crianças, serão forçosamente
menos precisos.
Keywords: adolescente, tecnologia, sono, rendimento escolar
ICCA 2017-69260 -HÁBITOS DOS ADOLESCENTES NAS REDES SOCIAIS
Marta Ezequiel (1); Catarina Escobar (1); Filipa Fonseca (1); Carlos Escobar (1); Maria de
Lurdes Torre (1)
1- Hospital Prof Doutor Fernando Fonseca
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: a utilização das redes sociais pelos jovens hoje em dia é cada vez maior e tem
um início mais precoce.
Objectivos: conhecer os hábitos de consumo de redes sociais de adolescentes seguidos e/ou
internados no departamento de Pediatria de um hospital da área da grande Lisboa, assim
como conhecer a sua exposição a eventuais riscos.
Métodos: foi construído um questionário e aplicado a todos os adolescentes (13-17 anos),
de forma anónima, seguidos e/ou internados no departamento de Pediatria durante o mês de
Setembro de 2016. Foi avaliada a frequência de utilização de cada rede social numa escala
de 0 a 5, sendo o somatório considerado como score de presença social.
Resultados: Responderam 158 adolescentes com uma média de idade de 14 anos, 51% do
sexo feminino. A grande maioria (84%) preencheu o inquérito na consulta externa.
Da população estudada, 95% tem conta em pelo menos uma das redes sociais mais comuns
(Facebook – 91%, Youtube – 88%, Whatsapp – 84%, Instagram – 81%, Snapchat – 80%,
Twitter – 65% ou Viber – 54%). Destes, 51,3% têm conta nas 7 redes sociais avaliadas e
80% têm conta em pelo menos 5. O score de presença social mediano foi 17 (IQR: 11-21).
Constatou-se a existência de uma correlação positiva entre o score de presença social com o
número de redes sociais com conta (p<0.001) e o número de dispositivos disponíveis
para acesso (p=0.038).
Dos inquiridos, 40% refere ser ou ter sido vítima de algum tipo de agressão nas redes
sociais. As vítimas são mais frequentemente do sexo feminino (59,6% vs. 38,6%), mais
velhas (mediana de 15 vs 14 anos) e apresentam maior presença nas redes sociais (score
social 19 vs 15).
Catorze adolescentes declararam-se como agressores, sem diferenças significativas
relativas à idade, conectividade e presença social em comparação com a população não
agressora. A maioria destes (92%) são também vítimas.
Referem ter sido contactado por pessoas desconhecidas através das redes sociais cerca de
metade dos inquiridos (n=77, 48.7%), dos quais 53,2% do sexo feminino e com mediana de
15 anos e com score social mediano de 18. A resposta perante este contacto foi: ignorar
(53.2%), bloquear a pessoa (33.8%), comentar com os pais (18.2%), responder ao contacto
(13%). Seis jovens referem ter-se encontrado posteriormente com o desconhecido.
Conclusão:
As redes sociais fazem parte da vida da grande maioria dos nossos adolescentes, tendo
conta em múltiplas redes e com um uso frequente. No entanto, estas redes de informação e
contactos podem colocar os jovens em situações de risco: 40% referem algum tipo de
agressão e quase metade teve tentativas de contacto por pessoas desconhecidas, bem como
a descrição de jovens que são simultaneamente vítimas e agressores.
As consequências destes novos comportamentos podem ser graves e terem impacto no
mundo não digital, pelo que novas estratégias de abordagem aos jovens devem ser
contempladas pelos profissionais que trabalham com adolescentes.
Keywords: Redes sociais, vítimas, agressores,
ICCA 2017-70712 -DÉFICE DE ATENÇÃO: CONSIDERAÇÕES NOSOLÓGICAS
Maria João Palha (1); Manuel Leite Cruzeiro (2)
1- Interna de Pediatria do Hospital Santa Maria; 2- Especialista em Neuropediatria do
Hospital David Bernardino em Luanda
Poster
O Défice de Atenção é altamente prevalente na população pediátrica e poderá interferir com
a qualidade do funcionamento social, escolar ou ocupacional. Um bom exemplo
corresponde ao neurodesenvolvimento das funções cognitivas superiores.
De acordo com o DSM-5, o Défice de Atenção não corresponde a uma entidade nosológica
autónoma, mas a uma das componentes da Perturbação de Hiperactividade/Défice de
Atenção. Por outras palavras, e de acordo com o DSM-5, os clínicos não poderão formular
de forma estrita, isolada, o diagnóstico de Défice de Atenção; terão, isso sim, se plausível,
de evocar o diagnóstico de Perturbação de Hiperactividade/Défice de Atenção de
apresentação predominantemente de desatenção (código 314.00) ou, em alternativa, de
Perturbação de Hiperactividade/Défice de Atenção não especificada (código 314:01).
No artigo são relatadas algumas considerações nosológicas acerca desta patologia e é
proposta uma reclassificação.
A taxonomia nosológica proposta pelo DSM-5 gera grandes dificuldades clínicas, uma vez
que, para muitos especialistas, o Défice de Atenção corresponde a uma entidade que poderá
ocorrer de uma forma isolada.
Keywords: défice de atenção; hiperactividade
ICCA 2017-76477 -DISTÚRBIOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR: PARA
ALÉM DA ANOREXIA E BULIMIA
Vera Gonçalves (1); Francisco Ribeiro-Mourão (1); Francisca Martins (1); Ariana Teles (1);
Sandrina Martins (1); Hugo Rodrigues (1)
1- Unidade Local de Saúde do Alto Minho
ICCA-Comunicação Oral
Introdução
Os distúrbios alimentares têm vindo a adquirir uma importância crescente, afetando
sobretudo a fase da adolescência. A anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a obesidade são
os transtornos mais frequentes. Porém, existem muitos outros que, por serem menos
reconhecidos, podem estar subdiagnosticados.
Caso clínico
Adolescente de 13 anos de idade, sexo masculino, referenciado à consulta de Pediatria –
Adolescência por recusa alimentar. Antecedentes pessoais de perturbação específica do
desenvolvimento da linguagem detetada aos 8 anos, que resolveu com terapia da fala.
Apresentava recusa alimentar e perda ponderal de 8 kg com 3 meses de evolução, que se
iniciou após episódio de engasgamento com carne. Associadamente referia ansiedade
relacionada com as refeições e rejeitava seletivamente os alimentos, nomeadamente carne,
peixe, pão, fruta, legumes e arroz. Foram excluídas alterações da perceção da imagem
corporal. Ao exame físico não foram detetadas alterações. Foi equacionado o diagnóstico de
fagofobia e instituído um plano alimentar com exposição gradual aos alimentos e texturas
evitados. Até aos 5 meses de tratamento, tolerância ligeiramente maior a alguns dos
alimentos evitados e ganho ponderal de 1 kg. Devido à melhoria pouco significativa,
decidiu-se associar terapêutica farmacológica com fluvoxamina, 150 mg/dia, e avaliação do
adolescente em consulta de Pedopsiquiatria, com posterior acompanhamento em consulta
de Psicologia. Após 7 meses de tratamento conjugado, sem recusa alimentar e ganho
ponderal de 5,5 kg, tendo sido efetuado desmame da fluvoxamina 2 anos e 6 meses após o
início do tratamento. Atualmente mantém-se assintomático.
Conclusão
A fagofobia é uma condição caracterizada pela evicção de alimentos ou comprimidos, com
consequente recusa alimentar, despoletada pelo medo de asfixia ou engasgamento.
Frequentemente é desencadeada por um evento traumático, como vómitos ou
engasgamento, tal como no presente caso clínico, mas pode não haver um fator
precipitante. São poucos os casos reportados na literatura, desconhecendo-se a sua
prevalência, mas parece ser mais comum no sexo feminino e no início da adolescência. A
principal complicação é a perda rápida e acentuada de peso, que pode conduzir a erros
diagnósticos secundários à confusão com outros transtornos alimentares, particularmente a
anorexia nervosa. O diagnóstico diferencial pode ser estabelecido pela ausência de
preocupação com o ganho de peso e de distorção da autoimagem corporal. O tratamento
engloba terapia cognitivo-comportamental, sendo uma das técnicas possíveis a exposição
gradual aos alimentos considerados nocivos (aplicada no caso descrito), que pode ser
associada à utilização de psicofármacos.
Keywords: fagofobia, perda ponderal, engasgamento
ICCA 2017-76895 -Sistema Nacional de Intervenção Precoce – será do conhecimento
de todos?
Sofia Dias Costa (1); Ana Isabel Duarte (1); Lívia Fernandes (2)
1- Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE; 2- Centro de
Saúde Martinho do Bispo, ACES Baixo Mondego I
ICCA-Comunicação Oral
Introdução:
A constituição do SNIPI (Sistema Nacional de Intervenção Precoce) assente no Decreto-
Lei 281/2009 é uma incrível conquista resultante de longa caminhada que começou na
década de 80. O Projeto Integrado de Intervenção Precoce de Coimbra (PIIP) foi um dos
programas pioneiros e deu origem à criação de um modelo com características únicas na
Europa, onde a família assume um papel central. A referenciação ao SNIPI pode ser
realizada por um profissional que contacte com a criança (médico, enfermeiro, educadores)
com o conhecimento dos cuidadores ou pelos próprios cuidadores, devendo cumprir
determinados critérios: idade 0-6 anos; risco grave de desenvolvimento ou alterações nas
funções/estruturas do corpo que limitem o seu normal desenvolvimento.
Objetivos:
Avaliar se o cuidador/profissional de saúde sabe em que consiste este Sistema; como teve
conhecimento; se reconhece os critérios e a idade de referenciação, quem pode referenciar e
se já referenciou alguma criança.
Métodos:
Estudo prospetivo cuja amostra é dividida em dois grupos: Saúde (constituída por
pediatras, médicos de família – MGF e enfermeiros) e cuidadores com crianças até aos 10
anos, de um Centro de Saúde e Hospital Pediátrico; Setembro 2016.
Recolha de dados por questionário anónimo preenchido pelos grupos em estudo.
Resultados:
Obtivemos 116 questionários (63 - pais, 53 - saúde). No grupo dos cuidadores, 90% foram
preenchidos pela mãe. Média da idade dos filhos: 5 anos. Apenas 10% dos pais sabe o que é
o SNIPI, através do médico assistente ou do local de trabalho. Destes, 83% sabe quem pode
referenciar, 67% conhece a idade de referenciação e metade sabe quem constitui a equipa
do SNIPI e que situações podem ser referenciadas.
No grupo da saúde (20 enfermeiros, 33 médicos: 17 pediatras, 16 MGF), 62% sabe o que é
o SNIPI (13 pediatras, 9 MGF, 9 enfermeiros), a maioria através de colegas. Destes, 70%
sabe quem pode referenciar a criança, 79% conhece a idade de referenciação e a
constituição do SNIPI, mas apenas 52% sabe que situações podem ser referenciadas.
Quinze por cento do grupo da saúde e 22% no grupo dos pais têm uma noção errada do
que é o SNIPI, a maioria referindo-se a um sistema para crianças em risco.
Nenhum dos pais referenciou alguma criança. Dez profissionais de saúde, 8 médicos e 2
enfermeiros, já referenciaram crianças (8 por atraso de desenvolvimento e 2 por risco
social).
Conclusão:
A importância da referenciação “precoce” baseia-se em fundamentos neurobiológicos do
desenvolvimento, que demonstram a importância dos primeiros anos no estabelecimento da
aprendizagem futura. Embora seja um sistema com anos de existência, gratuito e de fácil
acessibilidade, o seu conhecimento é ainda precário, principalmente nos cuidadores (a
maioria com crianças pertencentes ao grupo etário abrangido pelo SNIPI), sendo necessário
o desenvolvimento de ações para a sua divulgação.
Keywords: SNIPI, desenvolvimento, contexto social, criança
ICCA 2017-77074 -“Adolescentes internados no Serviço de Pediatria de um Hospital
Nível III – uma realidade para refletir ”
Vanessa Gorito (1); Marta Isabel Pinheiro (1); Cristina Ferreras (1); Sara Fonseca (1); Lara
Lourenço (1); Ana Maia (1)
1- Serviço de Pediatria - Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João EPE
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: O alargamento da idade pediátrica até aos 18 anos está associado a uma maior
diversidade de patologias. Embora os adolescentes sejam considerados uma população
saudável, a verdade é que têm carências e problemas específicos que requerem uma
abordagem direcionada, exigindo, muitas vezes, internamento. Entre Pediatras, é
consensual a vantagem de existirem Consultas de Adolescentes e torna-se urgente refletir
acerca da necessidade de unidades/áreas de internamento exclusivas para esta faixa etária,
que permitam separação por sexo e idade, algo que não acontece atualmente.
Objetivos: Determinar a relevância da faixa etária da adolescência (10 aos 18 anos) no
internamento de Pediatria entre 2010 e 2015; caracterizar os adolescentes internados no ano
de 2015.
Material e Métodos: Analisou-se o número total e a proporção de adolescentes internados
num hospital terciário. Avaliou-se a população em termos de sexo, idade, proveniência,
grupo nosológico (classificação ICD9), duração do internamento e orientação após alta.
Resultados: Desde que o Serviço de Pediatria estendeu o limite máximo de idade de
internamento aos 18 anos, tem-se vindo a verificar um aumento paulatino dos adolescentes
internados em relação ao número total de internamentos. Em 2010 os adolescentes foram
responsáveis por ≈23% dos internamentos e em 2015 por 33%.
Estiveram internados 1009 adolescentes durante o ano de 2015; 63.4% eram do sexo
masculino; mediana de idades de 14 anos. Embora a distribuição por idades seja
semelhante, os adolescentes de 16 e 17 anos foram responsáveis pela maior percentagem de
internamentos – 14.3% e 13.8%, respetivamente. Cerca de 66% foram internados pelo
Serviço de Urgência e 30% através da Consulta Externa. Os principais grupos patológicos
responsáveis por internamentos foram: Doenças do Aparelho Digestivo (35%); Doenças do
Aparelho Génito-Urinário (8%); Doenças da Pele e Tecido Subcutâneo (7%); Doenças do
Sistema Nervoso (6%). A maioria dos internamentos foram curtos: ≈40% com duração ≤ 24
horas e 16% de dois dias, sendo a maioria (81%) do distrito do Porto. Após a alta, 74%
foram orientados para consulta e 13% para o médico assistente. A taxa de mortalidade foi
inferior a 0,2%.
Conclusões: Os adolescentes constituem uma percentagem importante e crescente dos
internamentos nos serviços de Pediatria, com um aumento considerável dos adolescentes
mais velhos internados. O facto de 30% serem internados pela consulta, alerta para a
importância das doenças crónicas nestas idades, em oposição à ideia generalizada de que
esta faixa etária diz respeito a indivíduos saudáveis. Mesmo sendo na sua maioria
internamentos de curta duração, os adolescentes são responsáveis, neste momento, por
cerca de 1/3 dos internamentos.
É importante caracterizarmos adequadamente esta população, para nos podermos adaptar
às suas necessidades e exigências físicas e psicológicas, de modo a desenvolvermos uma
intervenção direcionada. É fundamental que se faça um trabalho de base, de
acompanhamento e prevenção, valorizando as consultas de adolescentes e adaptação das
condições de internamento, que possibilitem separação por faixa etária e sexo, algo que
constitui uma lacuna a colmatar.
Keywords: adolescentes; internamento;
ICCA 2017-81047 -A REALIDADE DE UMA CONSULTA DE ADOLESCENTES
NUM HOSPITAL DISTRITAL.
Joana Vanessa Silva (1); Sara Silva (2); Benedita Aguiar (1); Miguel Costa (1); Lúcia
Gomes (1)
1- Serviço de Pediatria/Neonatologia, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga; 2- Interna do
Ano Comum, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: A adolescência é um período importante de crescimento e desenvolvimento,
que se pode associar a alguns riscos, sendo importante a sua identificação e orientação
precoce.
Objetivos: Caracterizar as primeiras consultas de adolescentes, analisando parâmetros
epidemiológicos, tipo e motivo de referenciação e taxa de faltas.
Métodos: Estudo retrospectivo das primeiras consultas de adolescentes, que decorreram no
período de janeiro de 2014 e dezembro de 2015.
Resultados: Foram realizadas 228 primeiras consultas de adolescentes, com um número
ligeiramente superior em 2014 (53,9%). Verificou-se um predomínio de adolescentes do
sexo feminino (67,1%), mediana de idade de 15 anos (mínimo 10 anos; máximo 18 anos).
A maioria dos pedidos de referenciação tiveram origem no serviço de urgência (74,6%) e,
em menor percentagem, a partir de outras consultas de pediatria e médico de família.
Quanto aos motivos de encaminhamento, verificou-se que o diagnóstico mais frequente foi
a ansiedade (39,5%). Outros motivos de relevo foram: os hábitos de consumo, a depressão,
as alterações do comportamento alimentar e a gravidez na adolescência. No sexo feminino,
a ansiedade, depressão e as alterações do comportamento alimentar foram os diagnósticos
mais frequentes, comparativamente ao sexo masculino, no qual os hábitos de consumo foi
um dos motivos com maior expressão.
Registaram-se 25% de faltas à primeira consulta, destas 38,6% compareceram às consultas
subsequentes, sendo que a ansiedade (38,6%) foi o motivo de seguimento que obteve maior
taxa de faltas.
Verificou-se também que 24,6% dos adolescentes eram seguidos noutro tipo de consultas,
nomeadamente a de Psicologia (n= 29), de Desenvolvimento (n=28), de Pedopsiquiatria
(n=15) e de Neurologia (n=6).
Conclusão: Apesar do recurso aos cuidados de saúde não ser muito elevado, é importante
identificar os problemas específicos de maior relevo neste grupo etário, tendo sido nesta
amostra a psicopatologia.
A taxa de faltas à primeira consulta foi elevada, o que está de acordo com a literatura.
Keywords: Adolescentes; Motivos de referenciação; Serviços de Saúde para adolescentes.
ICCA 2017-81735 -MÊS DA PREVENÇÃO DOS MAUS TRATOS: CONTRIBUTOS
NUM HOSPITAL PEDIÁTRICO
Sátya Sousa (1); Clara Oliveira (1); Paula silva (1); Rute Santos (1); Sandra Trigueiros (1);
Leonor Sassetti (1)
1- Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) – Pólo Hospital D. Estefânia, Núcleo
Hospitalar de Apoio à Criança e Jovem em Risco (NHACJR)
Poster
Introdução
O mês da prevenção dos maus tratos na infância e adolescência, que tem lugar, desde há
vários anos no mês de Abril de cada ano, constitui uma oportunidade para se abordar esta
problemática, na vertente da prevenção. Pela primeira vez, no ano de 2016, o NHACJR do
CHLC decidiu envolver-se também.
Objectivos
Promover uma maior reflexão acerca da problemática dos maus tratos na infância e na
juventude, sensibilizar para a importância da prevenção cada vez mais atempada,
proporcionar vias expressivas (de forma anónima ou identificada) para comunicar e
representar esta realidade, muitas vezes silenciada.
Metodologia
A metodologia utilizada repartiu-se em duas intervenções: recolha de contributos, em caixa
fechada e de forma confidencial (junto dos adultos) e recolha de desenhos ou textos sobre a
mesma temática (junto de crianças e jovens internadas/consultas de ambulatório, com o
apoio das Educadoras e Professoras da Escola Rainha Dona Estefânia).
Resultados
Os contributos por parte dos adultos (num total de 72) foram agrupados em 4 categorias: 1)
necessidade de RECONHECER/SINALIZAR (sinais e sintomas/comportamentos;
importância de participar e facilitar a denúncia anónima; incrementar uma aplicação para
telemóveis); 2) COMPETÊNCIAS PARENTAIS/FAMILIARES (prevalência da
afectividade, melhores condições de trabalho e horários laborais; aumento do poder
económico); 3) EDUCAÇÃO (valorização dos direitos das crianças, com incremento de
projetos já difundidos como «Aqui ninguém toca»; desenvolvimento de valores e respeito,
de regras de comportamento e limites, da tolerância à frustração e da necessidade da
comunicação intrafamiliar); 4) ACÇÕES FORMATIVAS/SENSIBILIZAÇÃO dirigidas
quer a crianças e a jovens, quer a profissionais, pais e população em geral.
Já no que respeita aos resultados obtidos junto das crianças e jovens (24 trabalhos),
recolheram-se não menos importantes contributos acerca dos Maus Tratos, sobretudo
devido à acutilância e pertinência das respetivas representações. Aquela realidade
demonstrou estar bem representada no imaginário e no pensamento de crianças e jovens
que acederam de forma rápida e espontânea à oportunidade de representá-la através das
vias expressivas como o desenho ou o texto. Esta população abordou principalmente os
maus tratos físicos, os maus tratos emocionais, o abandono, a necessidade de protecção e da
obtenção de direitos na infância e adolescência (direitos a ter uma família, a ter cuidados de
saúde e a aprender, tendo acesso à escolaridade).
Conclusões
A metodologia empregue foi aceite com entusiasmo e envolveu activamente quer os
profissionais quer os utentes. Deste modo, a pertinência deste tipo de acções parece-nos
cada vez mais relevante para a elaboração de estratégias conjuntas e concertadas, no que
respeita à prevenção e detecção precoce dos maus tratos na infância e na adolescência.
Keywords: Maus-tratos, Prevenção, Representações, Contributos
ICCA 2017-81938 -Actividade formativa do Núcleo Hospitalar de Apoio à Criança e
Jovem em Risco – a experiência dum hospital pediátrico
Clara Oliveira (1); Paula Silva (1); Sandra Trigueiro (1); Satya Sousa (1); Leonor Sassetti
(1)
1- Centro Hospitalar Lisboa Central- Pólo Hospital Dona Estefânia, Núcleo Hospitalar de
Apoio à Criança e Jovem em Risco (NHACRJ)
ICCA-Comunicação Oral
Introdução
Os Hospitais, nomeadamente os hospitais pediátricos, são um local privilegiado de
detecção dos maus tratos infantis. Os primeiros núcleos hospitalares surgiram em Portugal
há cerca de 30 anos e desde então muito caminho tem sido percorrido, a nível de legislação
e de organização de procedimentos. A necessidade de formação é, pois, uma constante, não
só devido a este último facto, como também devido ao surgimento de novas formas de mau
trato e à rotatividade dos profissionais.
Objetivo
Demonstrar a importância da formação dos profissionais de saúde na identificação e
notificação de situações suspeitas de maus tratos infantis.
Métodos
No período compreendido entre 1 de Janeiro de 2015 e 30 de Junho de 2016 (18 meses),
foram realizadas 15 acções de formação no Hospital Dona Estefânia, das quais 1 Curso
com a duração de 8 horas, 4 acções de sensibilização/divulgação à comunidade hospitalar e
10 formações destinadas sobretudo a enfermeiros, em Unidades específicas. Foram
abrangidos um total de 408 profissionais.
Resultados
Foi constatado que após a realização das formações acima referidas, o número de
notificações aumentou: 126 em 2014, 157 em 2015 e 108 apenas no 1º semestre de 2016.
Verificou-se ainda, que após as formações, as solicitações de apoio de consultadoria aos
elementos que integram o NHACRJ aumentaram, no que respeita à sinalização e
encaminhamento de diversos casos.
Conclusões
A formação é uma importante vertente do trabalho dos Núcleos de Apoio à Criança e
Jovem em Risco e tem efeitos imediatos na identificação e notificação das situações de
maus tratos Infantis; a especificidade dos vários grupos profissionais e especialidades dum
hospital pediátrico, justificam a realização de acções com desenho diverso, de modo dar
resposta às necessidades particulares de cada um.
Keywords: Maus-Tratos, Formação, Notificação.
ICCA 2017-83503 -Platelet to lymphocyte ratio and homeostasis model assessment of
insulin resistance in pediatric obesity and overweight
Constança Soares dos Santos (1); João Picoito (1); Ana Luisa Teixeira (1); Carlos
Rodrigues (1); Sofia Ferreira (1)
1- Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Cova da Beira
ICCA-Comunicação Oral
Background: There is a complex interplay between obesity, inflammation and insulin
resistance. We aimed to evaluate the relationship between inflammatory markers, as
platelet-to-lymphocyte ratio (PLR) and neutrophil-to-lymphocyte ratio (NLR), and insulin
resistance, measured by homeostasis model assessment of insulin resistance (HOMA-IR),
in a sample of overweight and obese children and adolescents.
Methods: In this cross-sectional retrospective study, a total of 92 pediatric patients were
enrolled (77 obese, 15 overweight) from our general pediatric outpatient clinic. All subjects
had a complete blood cell count, glucose, insulin and lipid panel measurements performed
in fasting blood samples.
Results: HOMA-IR was positively associated with PLR (P<0,001) and NLR (p<
0,05). After adjustment for age, sex and BMI, the association between HOMA-IR and PLR
remained statistically significant.
Conclusion: The positive and independent association between PLR and HOMA-IR may
stem from a pro-inflammatory status associated with obesity, and from the complex
interplay between platelets, insulin signaling and inflammation. As PLR is an easily
available inexpensive marker of inflammation, it is a potential biomarker of insulin
resistance and severity of obesity and it could be useful in the follow-up of these patients in
daily clinical practice.
Keywords: obesity, insulin resistance, platelet-to-lymphocyte ratio, inflammation
ICCA 2017-84478 -A CONSULTA DE SAÚDE INFANTIL (CSI) E O PAPEL NO
ENSINO DOS CUIDADOS DE SAÚDE ORAL (SO)
Ana Rita Carvalho (1); Ana Isabel Duarte (2); Margarida Marques (3); Lívia Fernandes (4)
1- Hospital Pediátrico, Centro Hospital e Universitário de Coimbra, EPE; 2- Hospital
Pediátrico, Centro Hospital e Universitário de Coimbra, EPE.; 3- Laboratório de
Bioestatística e Informática Médica, IBILI - Faculdade de Medicina, Universidade de
Coimbra; 4- Centro de Saúde de São Martinho do Bispo, ACES Baixo Mondego I
Poster
Introdução e objetivos:
A divulgação dos cuidados de SO em idade pediátrica deve constituir uma
prioridade na CSI, sendo a educação dos cuidadores essencial para melhorar os hábitos de
higiene.
Pretende-se avaliar se os cuidados fundamentais de SO divulgados pela DGS estão
ser cumpridos pelos cuidadores.
Métodos:
Estudo prospetivo, amostra constituída por utentes de um Centro de Saúde (CS),
dos 2-17 anos, Junho a Agosto de 2016. Recolha de dados por questionário anónimo
preenchido pelo cuidador.
Analisou-se o nível académico, número de filhos, atitudes corretas de escovagem
dos dentes de acordo com a idade, utilização de fio dentário, a ingestão de alimentos
cariogénicos, a existência de cáries e a utilização do cheque-dentista. Análise estatística
com SPSS22 (p<0,05).
Resultados:
Foram incluídos 131 questionários preenchidos pelo cuidador, em 83,2% dos casos
a mãe, idade média das crianças 7,9±1,4 anos. Em 49,6%, pelo menos um dos pais
frequentaram o ensino superior; 75,6% têm pelo menos 2 filhos. Relativamente às atitudes
corretas de SO, não houve diferenças estatisticamente significativas tendo em conta o nível
académico ou a existência de pelo menos 2 filhos.
57,3% referem que a escovagem dos dentes não se iniciou após a erupção do
primeiro dente.
A pasta dentífrica fluoretada (1000-1500 ppm) é utilizada em 65,6%; 24,4%
desconhecem a concentração de flúor da pasta utilizada. Os cuidadores, que receberam os
ensinamentos de escovagem dos dentes no CS ou no dentista, têm uma melhor atitude
relativamente à utilização de pasta com flúor (p=0,037).
Quanto à quantidade de pasta utilizada, 62,3% dos cuidadores de crianças com
idade inferior ou igual a 6 anos referem não ser correspondente ao tamanho da unha do 5º
dedo da criança; 29,1% dos cuidadores de crianças com mais de 6 anos utilizam uma
quantidade diferente de 1 cm.
Entre os 2 e os 3 anos, a escovagem é realizada pela própria criança em 25% dos
casos. Os cuidadores que receberam os ensinamentos de escovagem dos dentes no dentista,
tem atitude mais correta relativamente a quem faz a escovagem (p=0,046). 77,1% efetua a
escovagem dos dentes pelo menos 2 vezes/dia (87% antes de deitar). O fio dentário não é
utilizado em 71% dos casos.
O médico dentista constituiu o principal veículo de informação (48,9%); 26% dos
cuidadores referem ter aprendido a escovar os dentes no CS, sendo que 12,2% referem
nunca terem tido acesso a informação relacionada.
Em crianças com idade inferior ou igual a 6 anos, foi referido a existência de cáries
em 13,2%. Destas, 71,4% usufruíram do cheque-dentista.
Em crianças com mais de 6 anos, 73,4% dos cuidadores beneficiaram do cheque-
dentista, 43,1% dos quais referem cárie dentária. Relativamente às razões para a não
utilização do cheque-dentista, 23,2% referem desconhecimento da sua existência e 21,4%
esquecimento da sua utilização.
Relativamente aos alimentos cariogénicos, 77,1% ingere pelo menos um, numa
frequência média de 2-3 vezes/semana; destes 48,5% consomem todos os dias.
Conclusão:
Grande parte dos cuidadores desconhece os cuidados fundamentais de SO em idade
pediátrica. Salienta-se a importância da promoção desses cuidados e da divulgação do
cheque-dentista na CSI.
Keywords: consulta de saúde infantil, saúde oral
ICCA 2017-84912 -Consultoria de Pedopsiquiatria e Pediatria do Desenvolvimento nos
Cuidados de Saúde Primários – partilha de uma experiência
Ana Maria Ferreira (1); Ana Sousa (2); Ana Paula Correia (3); Andreia Magina (3); Claudia
Barroso (1); Margarida Leão (1); Silvia Tavares (1); Virginia Monteiro (1)
1- Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga; 2- ACeS Entre Douro e Vouga Feira-Arouca;
3- ACeS Entre Douro e Vouga Oliveira de Azeméis
Poster
São cada vez mais frequentes os pedidos de atendimento de crianças e jovens com quadros
de alterações de comportamento associados a disfunções do neurodesenvolvimento. Estas
situações, em regra complexas quer na abordagem, quer na intervenção terapêutica,
requerem uma articulação próxima entre todos os técnicos envolvidos e destes com as
famílias.
Iniciou-se em maio de 2015 nos dois Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) de Entre
Douro e Vouga reuniões de consultoria conjunta entre Pedopsiquiatria e Pediatria do
Desenvolvimento.
Esta iniciativa surgiu com o objetivo de promover uma articulação facilitada entre o Centro
Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV) e os ACeS da sua área de influência na
abordagem multiprofissional das crianças e jovens portadores de problemática psicomotora,
comportamental e/ou socioeducativa.
A equipa médica do CHEDV, formada por pedopsiquiatra e pediatra do desenvolvimento,
desloca-se às sedes dos ACeS de forma alternada e com regularidade quinzenal.
Nestas reuniões estimula-se a discussão dos casos apresentados não só pela equipa dos
cuidados de saúde primários (médica/os e enfermeira/os de família), mas também pelos
profissionais da área da educação, psicologia e membros de outras instituições da
comunidade, como por exemplo, as CPCJ da área geográfica em questão, Agrupamentos de
Escolas e IPSS´s bem como outros técnicos envolvidos em projetos comunitários. Entre as
situações mais frequentemente observadas encontram-se as alterações de comportamento, o
compromisso neurodesenvolvimental e as dificuldades de aprendizagem de causa
multifatorial, com predomínio da faixa etária escolar/ início da adolescência e do sexo
masculino. Foram feitas orientações individualizadas a cada caso, privilegiando a
intervenção ao nível da comunidade, o que incluiu não só medidas educativas e sociais mas
também o apoio à família, sempre que possível.
As reuniões têm-se revelado muito produtivas não só para os profissionais envolvidos, mas
também e principalmente para as crianças e jovens, na medida em que a abordagem
multiprofissional agiliza todo o processo de avaliação e orientação terapêutica, além de
evitar duplicação de consultas e referenciação por vezes desnecessária ao hospital.
Para esta população tão diversificada nas características sociais e demográficas, o
conhecimento da realidade local e dos recursos existentes ao nível da saúde, educação e
apoios mais específicos, tem sido fundamental na elaboração, concretização e manutenção
dessas intervenções.
Keywords: multidisciplinar, consultoria, cuidados de saúde primários, pediatria,
pedopsiquiatria
ICCA 2017-85055 -Insuficiência suprarrenal: caso clínico
Sara Peixoto (1); Joana de Brito Chagas (2); Rita Cardoso (3); Nelson Neves (4); Lia Gata
(5); Joana Serra Caetano (3); Isabel Dinis (3); Alice Mirante (3)
1- Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar
Universitário de Coimbra EPE, Portugal; Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Trás-
os-Montes e Alto Douro, EPE Portugal; 2- Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar
Universitário de Coimbra EPE, Portugal; 3- Unidade de Endocrinologia Pediátrica,
Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE; 4- Serviço de
Pediatria Medica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE; 5-
Serviço de Urgencia, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE
Poster
INTRODUÇÃO
A insuficiência suprarrenal primária é uma patologia pouco frequente, com uma
prevalência estimada de 35-60 casos por milhão. Na população pediátrica é mais
comumente atribuída à hiperplasia suprarrenal congénita, seguida da etiologia autoimune.
Esta última caracteriza-se pela presença de auto-anticorpos responsáveis pela destruição do
córtex suprarrenal, conhecida por doença de Addison. Em 20% dos rapazes pode ter como
causa uma adrenoleucodistrofia ligada ao X.
DESCRIÇÃO DO CASO
Adolescente de 17 anos, sexo masculino. Mãe e avó materna com patologia tiroideia
nodular. Sem antecedentes pessoais de relevo. Um mês antes da admissão teve um primeiro
episódio de síncope interpretado como crise vasovagal. Iniciou quadro progressivo de
adinamia, com astenia e dispneia para médios e depois pequenos esforços, anorexia, perda
ponderal de 6% e polidipsia (3L/dia) de agravamento progressivo. Noção de melanodermia
que atribuiu ao facto de ter iniciado trabalho de verão na praia. Retrospetivamente noção de
avidez por sal. Na semana anterior à admissão agravamento do quadro descrito com
náuseas sem vómitos, tendo sido avaliado por médico assistente e iniciado soro de
reidratação oral. Por agravamento das queixas, associadas a novos episódios sincopais, dor
abdominal epigástrica e mialgias recorreu ao SU. À admissão estava hipotenso,
melanodermia evidente, com pregas palmares, plantares e mucosa gengival
hiperpigmentadas, analiticamente a realçar ureia elevada (9.2mmol/L), hiponatrémia grave
(128mmol/L) e sódio urinário aumentado (124mmol/L).
Efetuado o diagnóstico de insuficiência suprarrenal, iniciou fluidoterapia e hidrocortisona
em dose de stress e no dia seguinte fludrocortisona 0,1mg. Doseamentos hormonais –
renina ativa 9730uU/mL (N 7–76); aldosterona 11.8pg/ml (N 40–310); Androstenediona
<0.3ng/ml (N 0.7-3.6); DHEA-SO4 19.0 µg/dL (N 50-560); ACTH >1250.0 pg/ml (N
<46.0); cortisol 2.6 µg/dl (N 5-25). Pesquisa de anticorpos anti-glandula suprarenal
fortemente positivos e AcTPO 429 UI/mL (N <35) e AcGAD2 1.6 UI/ml (N <1.0). Os
exames realizados permitiram concluir tratar-se de uma insuficiência suprarrenal primária
autoimune, em contexto provável de síndroma poliglandular autoimune.
A evolução clínica foi favorável, com alta hospitalar após 5 dias, orientado para a consulta
de Endocrinologia Pediátrica. Manteve terapêutica de substituição oral com hidrocortisona
15 mg/m2/dia de 8/8 horas e fludrocortisona na dose de 0,1 mg id. Dois meses depois em
consulta de reavaliação mantém ligeira hiperpigmentação das pregas, cicatrizes, mucosa
oral mas com evolução clinicamente favorável.
CONCLUSÃO
O diagnóstico de insuficiência suprarrenal requer um elevado grau de suspeição clínica,
dada a inespecificidade e instalação insidiosa da sintomatologia. Os profissionais de saúde
devem estar alerta para as manifestações clínicas e alterações analíticas desta patologia de
forma a fazer um diagnóstico precoce, para uma rápida instituição de terapêutica. De
realçar, neste caso, o surgimento sequencial dos sinais e sintomas classicamente descritos
não esquecendo a melanodermia como fator-chave do diagnóstico, mesmo quando surge
num doente durante o verão. Um estudo adequado e o diagnóstico etiológico precisos são
essenciais para o controlo e vigilância de outras doenças autoimunes que podem estar
associadas, ou outras manifestações como a evolução neurológica em rapazes associada a
adrenoleucodistrofia.
Keywords: melanodermia; insuficiência suprarrenal; doença Addison; síndroma
poliglandular autoimune
ICCA 2017-85395 -DIÁLOGOS ENTRE A PSICANÁLISE E A PEDIATRIA NO
PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA DO
ADOLESCENTE NA FACULDADE SANTA MARCELINA- SÃO PAULO, BRASIL.
Élcio Gomes Mascarenhas (1); Joselita Batista Azuma (2)
1- Faculdade Santa Marcelina ( São Paulo- Brasil); 2- Faculdade Santa Marcelina( São
Paulo- Brasil)
Poster
A adolescência como importante período do crescimento e desenvolvimento humano tem se
tornado cada vez mais objeto de estudos e debates sobre os acontecimentos e experiências
que transformam o sujeito e o implicam numa nova ordem biopsicossocial. No âmbito da
formação médica, utilizar o olhar psicanalítico e suas ferramentas conceituais na
problematização e contextualização do processo do adolescer aproxima de forma
considerável o jovem médico à esta faixa etária ainda bastante negligenciada em nossa
atualidade.
Utilizando de feedback dos alunos sobre a experiência de implementação do curso foi se
constatando a importância deste diálogo interdisciplinar na ampliação do saber constituído,
necessidade de reformulação contínua do processo, perspectivas, métodos de ensino e
avaliação, visando haver maior aproveitamento à aprendizagem e conhecimento sobre o
devir sujeito na atualidade que produz subjetividades, sintomas, novas formas de
linguagem, comportamentos, sexualidades e identidades.
Cuidar do adolescente em atenção integral se constitui em produzir formas preventivas
mais adequadas à promoção da saúde e novas abordagens às patologias contemporâneas,
balizadas por princípios do ensino médico humanista e realizadas na relação médico-
paciente.
Transportar a realidade em que vivem os adolescente na contemporaneidade para
discussões em sala de aula é dar forma e sentido ao mal estar contínuo que habita o sujeito
em transformação e possibilita a criação de novas relações intersubjetivas.
Keywords: ADOLESCÊNCIA, PSICANÁLISE, PEDIATRIA, FORMAÇÃO MÉDICA
ICCA 2017-85886 -MAUS TRATOS: UMA DÉCADA DE MUDANÇAS?
Carlos Gil Escobar (1); Marta Ezequiel (1); Luisa Tavares (1); Catarina Escobar (1); Teresa
Vidal (1); Filipa Fonseca (1); Patricia Santos (1); Maria Lurdes Torre (1); Helena Almeida
(1)
1- NHACJR do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE
Poster
Introdução:
Ao longo de uma década o país mudou a nível social e legal, o que pode ter tido influência
nas situações de maus tratos.
Métodos:
Estudo analítico comparativo das situações de maus tratos sinalizadas numa urgência
pediátrica em 2006 e 2016. Dados obtidos da ficha de sinalização preenchida pelo clínico
perante situações de suspeita de maus tratos. Avaliados dados em relação à vítima e
contexto familiar, tipo de mau trato, agressor e orientação das situações.
Resultados:
Em 2006 e 2016 houve 95 e 149 situações sinalizadas, respectivamente. A idade média foi
8±4,8 vs 10,4±5,5 anos (p<0,001). Os adolescentes foram os que mais aumentaram entre
os dois anos: 26 vs 73 sinalizações (27 vs 49% do total; p=0,001). As vitimas de sexo
feminino foram também mais frequentes em 2016: 51,1% vs 67,1% (p=0.009),
principalmente no grupo dos adolescentes: 53,8 vs 73,6% (p=0.05). No geral, as vítimas
inserem-se mais frequentemente em tipologias familiares diferentes da nuclear: 34.7 vs
61.7% (p=0,02), sendo destas a monoparental materna a mais comum.
Houve um aumento de sinalizações de abusos emocionais (4,2 vs 27,5%; p<0,001), de
situações de negligência (10,5 vs 16%) e de abandono (1 vs 4%). As situações de violência
física e suspeita de abuso sexual têm valores semelhantes: 73,7 vs 61,1% e 25,3 vs 23,5%,
respectivamente. A sinalização por bullying também incrementou: 5,3 vs 10%.
O agressor continua a ser frequentemente um coabitante: 50,5 vs 61,1%, especialmente
algum dos progenitores (42,1 vs 41,6%). Salienta-se um aumento nos colegas da escola
agressores (6 vs 16), assim como namorados (0 vs 8).
A maioria teve alta do serviço de urgência, sendo a taxa de internamento semelhante: 10,5
vs 10,7%. No entanto, houve uma maior saída para centros de acolhimento de emergência:
3,2 vs 8,7% (p=0,05).
No geral, existe em 2016 uma maior articulação com outras entidades competentes, por
exemplo, CPCJs: 49,5 vs 58,4% e NACJR dos centros de saúde: 0 vs 15,4% (p<0,001).
A referenciação para consulta de seguimento também é superior: 3 vs 25,5% (p<0,001).
Conclusão:
O alargamento da idade pediátrica até aos 18 anos em 2010 fez aumentar o número de
situações sinalizadas: em 2016 o grupo dos 16-18 anos corresponde a cerca de 25% dos
casos. O grupo dos adolescentes no seu conjunto aumentou o seu peso no número de
sinalizações, o que pode ser devido, entre outros, ao aumento de sinalizações por bullying.
Múltiplos factores contribuem para actualmente existir uma melhor detecção, orientação e
referenciação destas situações: a nível nacional, entre outros, a publicação desde 2007 de
documentos orientadores na área da saúde, a criação em 2008 dos N(H)ACJR e em 2015 a
alteração da Lei de Protecção de Crianças e Jovens; a nível do nosso hospital: a criação de
um grupo multidisciplinar dedicados a esta área no fim de 2006, a implementação desde
2008 de cursos de formação e em 2009 de consultas de seguimento, em 2011 a
informatização da ficha de sinalização, assim como um trabalho constante de sensibilização
e articulação.
Keywords: maus tratos, abuso físico, abuso sexual
ICCA 2017-86232 -Vocal cord dysfunction: diagnostic difficulties
Ana Isabel Sequeira (1); Bruno Corte (1); Cecília Pereira (1); Francisco Pereira (1); Beatriz
Sousa (1)
1- Unidade Local de Saúde do Alto Minho
ICCA-Comunicação Oral
The vocal cord dysfunction is characterized by paradoxical adduction of the vocal folds
during the respiratory cycle, predominantly during inspiration. The variable subsequent
obstruction to air flow is manifested by dyspnoea, stridor, dysphonia and hoarseness,
mimicking asthma symptoms. The etiopathogenesis of this entity is probably multifactorial.
Several triggering factors have been identified, such as gastroesophageal reflux, exercise,
airway irritants, infections and psychological factors, among others. Definitive diagnosis
requires visualization of paradoxical adduction of the vocal cords during the crisis period.
The authors present a 13 years old female adolescent, several times admitted in the
emergency department with respiratory distress and stridor after accidental exposure to
deodorant sprays. There were no accompanying signs or symptoms. The objective
examination showed inspiratory stridor, silent chest. Peripheral O2 saturation - 100%.
Despite all the pharmacological treatment (therapy with Inhaled bronchodilator, EV
corticosteroid, oral antihistamine and IM adrenaline), only the nebulization with adrenaline
was able to reverse the situation. The study included cervicothoracic TAC, laryngoscopy,
spirometry and allergology screening which revealed no changes. The methacholine
challenge test was positive, so the patient was treated with inhaled corticosteroids daily for
a period of three months and autoinjector of epinephrine in SOS. However, the clinical
condition didn't change.
It was put the hypothesis of vocal cord dysfunction during a multidisciplinary meeting of
Otolaryngology, Pediatrics and Allergology. The laryngoscopy with provocation test
showed inspiratory adduction of the vocal cords. The patient was referred for speech
therapy and she is asymptomatic for about two years, even after regular contact with
deodorant aerosol.
This report illustrates the difficulties inherent in the diagnosis of vocal cord dysfunction.
This teenager had symptoms that suggested bronchial hyperreactivity / non-allergic
asthma / anaphylaxis. The recurrence of crises and the refractoriness to the pharmacological
treatments led to a revision of the case. The therapeutic approach is essentially non-
pharmacological, and about 95% of patients benefit from speech therapy and respiratory
exercices, as was noted. Despite the paradoxical adduction of the vocal cords be not a
common patology, we should be aware of this clinical entity.
Keywords: vocal cord, adduction, stridor, speech therapy
ICCA 2017-86674 -PROTELAMENTO DE ALTA SOCIAL DE RECÉM-NASCIDOS
NUM HOSPITAL DA ÁREA DE LISBOA
Patrícia Santos (1); Luisa Tavares (2); Catarina Escobar (2); Cláudia Simões (1)
1- Serviço Social; Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE; 2- Enfermagem; Hospital
Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE
ICCA-Comunicação Oral
Introdução:
De acordo com a Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, os Hospitais englobam-
se no primeiro nível de atuação, o que pressupõe que tenham prioridade de intervenção
junto das crianças e jovens em risco.
Objectivo:
Descrever a necessidade de atuação do Serviço Social numa população de recém-nascidos
dum hospital da área de Lisboa.
Material e métodos:
Estudo retrospectivo entre Janeiro e Junho de 2016 das situações em que houve avaliação
pelo serviço social e ocorreu protelamento da alta por motivos sociais de recém-nascidos de
um hospital da área de Lisboa.
Resultados:
Foram avaliadas 390 situações de recém-nascidos, existindo 18 em que o Serviço Social
aplicou o regime de protelamento da alta, por se revelarem situações de perigo. Foram
sinalizados previamente ao nascimento 6 e detetados no internamento 12 situações.
A mediana de dias de protelamento foi de 18 dias (min. 6 – max. 107), tendo em
consideração que não foram contabilizadas as situações onde a alta clinica e a alta social
foram coincidentes.
A estrutura familiar destes recém-nascidos apresentava uma grande variedade, sendo mais
frequente as famílias biparentais nucleares com irmãos (4) e as famílias monoparentais
maternas alargadas (4).
Quanto aos diagnósticos sociais e/ou os motivos pelos quais os recém-nascidos ficaram
retidos, os mais frequentes foram: carência económica (12), a falta de condições
psicológicas da família (9), a falta de cuidados parentais (8), o ambiente familiar
problemático (7), a negligência dos cuidados pré-natais (7) e a falta de disponibilidade de
apoio familiar (6). De referir que na mesma situação se verificavam mais do que um
motivo.
Quinze das dezoito situações foram encaminhadas para as Comissões de Protecção de
Crianças e Jovens, tendo duas delas transitado posteriormente para Tribunal. Três casos
foram directamente referenciados ao Tribunal, uma vez que segundo a alteração da Lei nº
142/2015 de 8 de Setembro, compete ao Serviço Social sinalizar diretamente ao Tribunal os
recém-nascidos cujos irmãos já possuam processo no mesmo.
Após a avaliação das situações por parte das entidades competentes, foram aplicadas as
seguintes medidas: acolhimento residencial (11) – individual 9 e conjunta 2 –, e apoio junto
dos pais (7).
Conclusão:
Na sua maioria as situações de risco são detetadas durante o internamento. A sinalização
prévia das situações permitiu uma identificação/conhecimento mais atempado das situações
de risco. Assim, considera-se importante uma história social pormenorizada efetuada nos
cuidados de saúde primários e articulação com o hospital. No entanto este facto não
permitiu uma resolução rápida, uma vez que tratavam de situações de maior complexidade.
A grande maioria das situações foram encaminhadas para as entidades de níveis superiores,
é assim prioritário a rápida articulação das situações de risco ou perigo de forma a diminuir
os dias de protelamento bem como o impacto do internamento das crianças e famílias.
Keywords: recém-nascido, protelamento social, risco, perigo
ICCA 2017-89721 -“Time before bed” – influência na qualidade do sono em
adolescentes
Rosário M.1,2 (1); Reis e Melo A.1,2 (1); Porfírio J.3 (2); Rodrigues D.2 (3); Moreira C.2
(3); Faria S.2 (3); Almeida Santos L.2, 4, 5 (4); Lourenço L1,2 (1)
1- 1 – Serviço de Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João EPE;
2- Serviço de Urgência Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João
EPE; 2- 3- ACES Marão e Douro Norte, USF Corgo; 3- 2- Serviço de Urgência Pediatria,
Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João EPE; 4- 2- Serviço de Urgência
Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João EPE; 4- Faculdade de
Medicina Universidade do Porto; 5- CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologia e
Sistemas de Informação em Saúde
Poster
O sono é um processo fisiológico, que pode ser influenciado por factores internos ou
externos ao ser humano e é determinante para o desenvolvimento e desempenho escolar. Ao
longo da vida o ciclo vigília-sono vai sofrendo modificações progressivas, em particular na
adolescência, altura em que as prevalências de baixa duração, má qualidade do sono e
sonolência diurna excessiva tendem a aumentar. Nos tempos atuais o acesso e uso de
equipamentos electrónicos como parte do ritual de dormir torna-se cada vez mais frequente,
e contribuem para as perturbações do sono presentes na adolescência.
O presente estudo tem como objectivo caracterizar o tipo de atividades praticadas
antes de dormir e averiguar qual a sua influência na qualidade do sono de uma população
de adolescentes. Pretendemos, ainda, verificar qual a sua influência sobre a qualidade do
sono e o aproveitamento académico, caracterizando o aproveitamento escolar do ano letivo
de 2015/2016.
Foi elaborado um questionário anónimo, destinado apenas a adolescentes, idades
compreendidas entre os 10-17 anos, onde as variáveis idade, sexo, ano de escolaridade,
reprovação ou aproveitamento no ano escolar anterior, actividades praticadas antes de
dormir, uso ou não de aparelhos electrónicos antes de adormecer, sonolência matutina,
sonolência diurna e prática de exercício físico foram incorporadas. Acrescenta-se, ainda, a
Escala de Pittsburgh para a avaliação da qualidade do sono, validada para a população
portuguesa e aplicada pela Associação Portuguesa do Sono. O questionário encontra-se a
ser aplicado no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de São João, durante um período
mínimo de aplicabilidade de 2 meses.
Esperamos com este estudo demonstrar que o uso de aparelhos electrónicos, pode
prejudicar o tempo efectivo de sono, contribuindo para a sonolência diurna e para o mau
aproveitamento escolar, alertar e motivar os profissionais de saúde para esta problemática
atual e para a motivação estratégica dos pais e adolescentes de uma boa higiene do sono,
como base fundamental para a consolidação da memória e sucesso académico futuro.
Keywords: Adolescentes, sono, Pittsburgh,
Psychiatry
ICCA 2017-33135 -Abordagem da intoxicação por Metilfenidato no Serviço de
Urgência: a propósito de um caso clínico
Sandra Pereira (1); Sylvia Jacob (1); M Armanda Passas (1); Alda Mira Coelho (2);
Almeida Santos (1)
1- Serviço de Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João; 2-
Serviço de Psiquiatria, Centro Hospitalar de São João
Poster
Introdução: O risco de intoxicação acidental ou intencional e o uso ilícito de metilfenidato
(MFD) tem ganho importância paralelamente ao aumento da sua utilização na terapêutica
da Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PDHA). Dados do Centers for
Disease Control (CDC) revelam que, em 2004, ocorreram 8336 casos de intoxicação com
MFD e a taxa anual de idas ao SU por uso ilícito foi de 1,7/100.000.
Descrição de caso: Os autores, relatam o caso de um adolescente de 17 anos, observado no
SU após tentativa de suicídio com Ritalina® (460 mg) sendo desconhecido o tempo
decorrido desde a ingestão. À admissão, apresentava-se agitado com períodos de
agressividade, tremor generalizado, diaforético, com midríase, taquicárdico e polipneico
com alcalose respiratória (pH 7,73; pCO2 13; HCO3- 16.8). O electrocardiograma de 12
derivações revelou taquicardia sinusal. O estudo analítico seriado, incluindo doseamento de
enzimas cardíacas e musculares, não mostrou alterações de relevo. A pesquisa de
substâncias tóxicas na urina e alcoolemia foram negativas. Após contacto com o Centro de
Informação Antivenenos iniciou de imediato fluidoterapia endovenosa e carvão activado,
sendo necessária a administração de bólus de diazepam IV e haloperidol para controlo da
agitação psicomotora e agressividade. O adolescente não tinha antecedentes psiquiátricos
conhecidos com excepção de diagnóstico de PDHA na infância medicado com Ritalina®
entretanto suspensa por abandono escolar.
Discussão
A intoxicação por MFD pode ser potencialmente fatal, sendo fundamental alertar para os
riscos de sobredosagem. Na literatura existe pouca informação relativamente à intoxicação
por este psicoestimulante. A similitude entre o MFD e as anfetaminas nomeadamente a
nível da metabolização e efeitos adversos requerem precaução na sua prescrição. Os
estudos sugerem que, na idade pediátrica, doses de MFD até 1 mg/Kg não se associam a
eventos adversos, contudo, a dose tóxica de MFD permanece uma incógnita. Não existe um
antídoto para a intoxicação de MFD assim, o tratamento consiste em medidas de suporte,
carvão ativado e tratamento sintomático.
Keywords: metilfenidato, uso ilícito, intoxicação
ICCA 2017-44064 -Viver com doença crónica – A saúde mental em crianças e
adolescentes com doença celíaca: consequência das alterações na qualidade de vida ou
da fisiopatologia da doença?
Mafalda Marques (1); Sofia Neiva (1); Vera Santos (1)
1- Hospital Pediátrico de Coimbra, CHUC
Poster
Objetivo:
Este trabalho pretende efetuar uma revisão da literatura existente no sentido de perceber se
a maior prevalência de sintomas psiquiátricos, mais especificamente sintomas depressivos,
em crianças e adolescentes com doença celíaca é um resultado indireto das consequências
fisiológicas, nomeadamente no crescimento e, por conseguinte, autoestima e autoimagem,
nas alterações da qualidade de vida e limitações diárias ou resultante direta dos processos
fisiopatológicos da doença.
Métodos:
Revisão da literatura existente pesquisada em motores de busca como a PubMed com as
palavras-chave: psychopathology, celiac disease, child and adolescents.
Discussão:
Um estudo de 2014 realizado no Reino Unido demonstrou menores índices de bem-estar
psicológico em adultos jovens com patologia intestinal. Estudos prévios demonstraram
maior prevalência de sintomas depressivos (30%-69%) e perturbação depressiva (42%) em
adultos com doença celíaca, comparativamente com controlos. Em adolescentes com a
mesma patologia, outro estudo de 2004 realizado na Finlândia, revelou maior prevalência
de perturbações depressivas e disruptivas do comportamento, particularmente na fase pré-
tratamento com dieta sem glúten.
No que concerne aos mecanismos fisiopatológicos, em 2012, um estudo revelou uma
menor disponibilidade de triptofano na doença celíaca, o que condiciona uma disfunção
serotoninérgica e, consequentemente, maior vulnerabilidade para sintomas depressivos. A
dieta sem glúten melhorou positivamente os resultados.
Em 2012 um outro estudo veio dar maior relevância à auto-perceção da doença e noção de
maior auto-eficácia, que podem melhorar o prognóstico da mesma. Sugerem ainda que os
resultados podem ser otimizados através de intervenções psicológicas específicas. O
processo de adaptação das crianças e adolescentes a esta patologia difere bastante, como
demonstrado num estudo de 2014 na Suíça onde foram identificadas diferentes formas de
coping.
Conclusão:
Há cada vez mais evidência de que a sintomatologia depressiva na doença celíaca resulta
não só das alterações na qualidade de vida das crianças e jovens como da própria
etiopatogenia da doença. A análise dos sintomas psiquiátricos neste quadro exige, por isso,
a ponderação de três variáveis: os sintomas da doença; as exigências e limitações da dieta; e
os processos fisiopatológicos.
Assim sendo, são vários os pontos importantes tanto para o tratamento como para a
prevenção das complicações psiquiátricas: a resiliência, os grupos de pares, apoio social ou
mesmo intervenção medicamentosa.
Esta é uma patologia desafiante, especialmente se tivermos em conta que as limitações
surgem normalmente na 2ª infância e adolescência, fases pautadas por um marcado
crescimento e desenvolvimento psicoemocional.
Keywords: crianças e adolescentes; doença celíaca; psicopatologia.
ICCA 2017-49304 -UMA CAUSA TRATÁVEL DE REGRESSÃO COGNITIVA E
LINGUÍSTICA
Maria João Palha (1); Teresa Guterres (2)
1- Interna de Pediatria do Hospital Santa Maria; 2- Psiquiatra no Centro Desenvolvimento
Diferenças
ICCA-Comunicação Oral
Os indivíduos com Trissomia 21 têm, ao longo da sua vida, igual ou maior probabilidade de
desenvolver doenças psiquiátricas do que o resto da população. Sabe-se que quase todos
evoluem para uma demência precoce por volta dos 60 anos. No entanto, existe uma
escassez evidente de literatura publicada sobre a morbilidade psiquiátrica em idades mais
precoces, nomeadamente em adolescentes e jovens adultos.
Relata-se o caso clínico de uma adolescente de 14 anos de idade, portadora de Trissomia
21, com um bom desenvolvimento, sobretudo se pensarmos na doença de base. Foi levada à
consulta de Neurodesenvolvimento por quadro com 3 meses de evolução caracterizado por
quebra da interacção social, sinais de regressão cognitiva e linguística (deixou de falar com
os familiares mais próximos), alteração do padrão de sono (com insónia), recusa alimentar
e irritabilidade. Nos dois últimos meses, associou-se ao quadro intensa actividade de falar
sozinha. Sem nenhum sinal de tristeza. No exame objectivo: fenótipo de Trissomia 21;
muito pouco colaborante e comunicativa, não emitindo qualquer palavra; dificuldade de
fixação do olhar no interlocutor; durante a observação, falou permanentemente, como se
estivesse em diálogo com alguém, embora o fio condutor da conversa não fosse perceptível;
alguma irritabilidade; foi necessário a ajuda dos familiares para despir e vestir; exame por
sistemas sem outras alterações significativas.
Foi elaborado o diagnóstico de Perturbação Depressiva Major com características
psicóticas não congruentes com o humor.
Realizou avaliação analítica, foi referenciada a uma consulta de Psiquiatria e iniciou
terapêutica com aripiprazol e fluvoxamina. A partir do terceiro mês de terapêutica, começou
a notar-se evolução positiva, embora lenta, de todas as manifestações relatadas. Volvidos 18
meses sobre o diagnóstico, são observadas melhorias significativas em todos os sinais
clínicos referidos, com particular realce para a cessação do falar sozinha. Continua a fazer a
medicação e a beneficiar de apoio psicológico.
As manifestações de Perturbação Depressiva nos indivíduos portadores de Trissomia 21
podem apresentar-se de modo diferente do resto da população. A tristeza poderá não estar
presente, podendo ser notada irritabilidade, tal como aconteceu neste caso. Em muitos
casos verifica-se ocorrência de Perturbação Depressiva Major com características psicóticas
e perda de faculdades cognitivas previamente adquiridas.
A ocorrência de Perturbação Depressiva Major não é rara na Trissomia 21 e deve ser
suspeitada sempre que forem notadas alterações do prévio funcionamento comportamental
e emocional do sujeito. Amiúde, são notadas características psicóticas, mormente delírio, e,
de forma empírica, uma terapêutica eficaz poderá corresponder à associação de um
neuroléptico a um anti-depressivo. A recuperação é lenta, embora nos intervalos típicos
conhecidos para a população em geral.
Keywords: trissomia 21; depressão; regressão cognitiva
ICCA 2017-65395 -INTOXICAÇÃO VOLUNTÁRIA POR PARACETAMOL NA
ADOLESCÊNCIA: A PONTA DO ICEBERG?
Maria João Palha (1); Ana Isabel Lopes (1)
1- Hospital Santa Maria
ICCA-Comunicação Oral
Introdução. Actualmente, na Europa, o suicídio é a segunda causa de morte em
adolescentes, sendo o paracetamol o fármaco mais utilizado em intoxicações voluntárias e a
principal causa de insuficiência hepática fulminante neste contexto. Casos. Relatam-se dois
casos de intoxicação voluntária por paracetamol em adolescentes, num Serviço de Urgência
de Pediatria, e respectivo perfil toxicológico. Caso 1. Rapaz de 17 anos com seguimento em
Consulta de Psiquiatria que recorreu ao SUP após ingestão voluntária de 26g de
paracetamol (intuito suicida). Desenvolveu insuficiência hepática aguda (IHA), que
reverteu sob terapêutica standard (incluindo n-acetilcisteína), embora face à gravidade
clínica tenha sido considerada potencial indicação para transplante hepático. Caso 2.
Rapariga de 14 anos, com história de Síndrome de Tourette, levada ao SUP após tentativa
de suicídio por ingestão 14g de paracetamol, sem evidêndia de alteração dos testes
hepáticos. Nos 2 casos tratou-se da primeira apresentação de tentativa de suicídio (ingestão
referida espontaneamente), com remissão clínica/bioquímica (lenta no 1º caso). Em
contraste com a intoxicação acidental na criança pequena, a morbi-mortalidade associada à
ingestão voluntária é superior, ocorrendo a maioria dos casos de morte (evitável) fora do
hospital. A ocorrência de 2 casos num curto espaço de tempo alertou para uma potencial
realidade emergente em Portugal, favorecida pela acessibilidade (venda livre) e consumo
generalizado na população. A prevenção do suicídio é uma prioridade, bem como o
conhecimento sobre as substâncias utilizadas. Salienta-se ainda a importância de elevado
índice de suspeição e reconhecimento da expressão clínica da intoxicação pelo paracetamol
para intervenção terapêutica atempada.
Keywords: adolescente; suicídio; intoxicação medicamentosa voluntária
ICCA 2017-68465 -O impacto da sintomatologia afectiva materna prenatal na
metilação do gene do receptor de glucocorticoides no recém-nascido e lactente: revisão
da literatura
João Picoito (1); Constança Soares dos Santos (2)
1- Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra; 2- Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Cova da Beira
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: Os mecanismos epigenéticos representam o elo de ligação entre o ambiente e a
sua influência na regulação da expressão genética. A desregulação do eixo Hipotálamo-
Hipófise-Suprarrenal tem sido consistentemente envolvida no desenvolvimento de
psicopatologia, havendo um especial impacto das experiências adversas precoces. A
metilação do promotor e exão 1F do gene do receptor de glucocorticoides, NR3C1, tem
sido alvo de intensa investigação em modelos animais de stress perinatal. O presente
trabalho pretende analisar qualitativamente estudos que tenham avaliado a relação entre
sintomatologia afectiva materna prenatal e a metilação do gene NR3C1.
Métodos: Pesquisa da literatura na base de dados médica Pubmed utilizando a fórmula
“(maternal(Title) OR mother(Title)) AND depress*(Title) AND NR3C1(Title)”. Foram
excluídos estudos que não reportassem a metilação do gene NR3C1, que não avaliassem
sintomatologia ansio-depressiva materna, ou estudos em animais.
Resultados: Foram incluídos 5 estudos na análise qualitativa. Todos os estudos reportaram
uma associação positiva entre a gravidade da sintomatologia ansio-depressiva materna
prenatal e o grau de metilação do exão 1F ou promotor do NR3C1. Adicionalmente, 3
estudos apresentam alterações fenotípicas relacionadas com o nível de metilação. O estudo
de Oberlander e colaboradores a metilação do NR3C1 apresentou uma correlação positiva
com os níveis de cortisol salivar após aplicação de stressor a recém-nascidos. Conradt e
colaboradores encontraram uma correlação positiva significativa entre a metilação do gene
e alterações do comportamento neurológico dos recém-nascidos. No estudo de Murgatroyd
e colaboradores, a metilação do NR3C1 reverteu nas primeiras semanas de vida, nos recém-
nascidos cujas mães reportaram maior frequência de carícias.
Discussão e conclusões: A metilação do gene do receptor de glucocorticoides é um
mecanismo epigenético importante que mostra a influência precoce que a depressão
materna tem na reactividade ao stress na infância, contribuindo para o desenvolvimento de
psicopatologia futura.
Keywords: factores epigenéticos; depressão materna; eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal
ICCA 2017-74484 -Adolescent population with mental disorders in an pediatric
emergency department
Mariana Abreu (1); Paulo Éden Santos (2); Lara Lourenço (2); Alda Mira Coelho (3); Ana
Maia (2); Almeida Santos 1 (2)
1- Pediatric Department, Centro Hospitalar de São João, E.P.E; 2- Pediatric Department,
Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João, E.P.E; 3- Psychiatric
Department, Centro Hospitalar de São João, E.P.E
Poster
Introduction: The Pediatric Emergency Department of Oporto attends all the children and
adolescents emergency cases from the metropolitan area of Oporto. The purpose of this
study was to describe the adolescent population admitted in that department which needed a
pedopsychiatric emergent evaluation in a two years period of time (2012-2013).
Material and methods: Retrospective study based on the analysis of informatic clinical
process (jONE®, SClínico®) of the above mentioned patients. The International
Classification of Diseases (ICD-10) was used to categorize the different disorders. The
statistical analysis was made on Excel®.
Results: There were 411 adolescents referred for pedopsychiatric evaluation. 66% were
female, with an average age of 15.5 years. In 27.2% of patients there was a previous
attendance for similar complaints, 63.5% of patients had already known psychiatric disease
and 48% have been in psychiatric or psychology consultation. 27.9% had history of mood
(affective) disorders and 13.4% history of major depressive disorder. In 49.4% of patients
were detected risk factors for psychiatric disfunction; the most prevalent was family
dysfunction. 38.4% had a previous psychoactive drug prescription and 20.4% were
polymedicated. The majority drugs prescribed were anxiolytics. New diagnosis of mood
(affective) disorders were performed in 49.9% of patients, being the most prevalent one the
major depressive disorder, with voluntary drug ingest (27%) and suicide attempt (16.5%).
Discussion: Pediatricians should be aware of the importance of known risk factors and the
first signs of mental disorders. An early referral to psychological and pedopsychiatry
assessment could avoid dangerous situations for our patients.
Keywords: mental disorders, adolescents, pediatric emergency department, pedopsychiatry
Psychology
ICCA 2017-10143 -A Avaliação da Criança no Contexto da Parentalidade: Uma
Revisão Sistemática da Literatura
Letícia Paulino Pereira (1); Luciana Suárez Grzybowski (1); Camila Selau Pereira (1)
1- UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
ICCA-Comunicação Oral
O tema parentalidade é relativamente recente, surgiu por volta de 1960 na literatura
psicanalítica francesa, sendo entendido como processo de construção e do exercício da
relação entre pais e filhos. Estes autores destacam o papel primordial das relações parentais
suficientemente boas como facilitadoras de um desenvolvimento saudável. A parentalidade
se relaciona a diversos fatores que compõe a realidade psíquica de cada um dos pais e como
estas se modificam durante o processo de transição à parentalidade. O modo como se da a
parentalidade, bem como a exposição à um ambiente familiar estressor, conflitos conjugais,
variáveis socioeconômicas e contextuais estáveis da família, estão associadas ao
surgimento e ou perseveração de problemas emocionais e de comportamento nos filhos. A
percepção dos filhos acerca dos gestos, atitudes e palavras dos pais irá influenciar na
construção dos vínculos, na capacidade empática, no sentimento de segurança e de suporte
emocional. Deste modo, faz-se necessário investigar as diferentes variáveis e óticas
envolvidas na parentalidade e o modo como os filhos percebem os cuidados parentais e são
influenciados por estes. O presente estudo buscou verificar na literatura internacional,
através de uma revisão sistemática, estudos sobre as relações entre parentalidade e
comportamento infantil a partir de instrumentos que avaliassem a percepção da criança
sobre o modo que os pais exercerem a parentalidade, em especial, sob a ótica das crianças
pré-escolares. A busca foi realizada em setembro de 2016, nas bases BVS, SCOPUS e
PUBMED, utilizando-se os seguintes descritores: Instruments AND Assessment AND
Children AND Parenting. As buscas limitaram-se aos artigos publicados nos últimos 10
anos (2006 a 2016), a qual resultou em 246 artigos através das três bases de dados
consultadas. Retirados os artigos duplicados, restaram 200 artigos dos quais foi realizada
análise de títulos e resumos, excluindo aqueles que não se relacionavam com o processo de
parentalidade. Desta análise, somente 54 artigos tratavam sobre parentalidade, e destes,
apenas 5 continham algum tipo de avaliação com criança. Foram encontrados 8
instrumentos: Plenk Story-Telling Test (PST), The Co-parenting Behavior Questionnaire
(CBQ), Structured Child Assessment of Relationships in Families (SCARF), Child-Parent
Relationship Test (CHIP-C), Children's Depression Inventory (CDI); Columbia Impairment
Scale (CIS); Multidimensional Anxiety Scale for Children (MASC); Children's Global
Assessment Scale (CGAS), sendo 4 relacionados a avaliação da parentalidade pelos filhos e
4 relacionados a avaliação de problemas emocionais. Apenas o Plenk Story-Telling Test
(PST) é destinado a avaliação de crianças pré-escolares, por se tratar de uma técnica semi
projetiva de contação de histórias, as demais escalas são destinadas as crianças em idade
escolar. Entende-se que novas buscas na literatura se fazem necessárias a fim de explorar de
forma mais abrangente a temática. Emerge a necessidade de novos estudos envolvendo a
percepção das crianças sobre o modo como a parentalidade é exercida pelos pais e como
esta lhes influencia. Destaca-se também a escassez de instrumentos adaptados a população
infantil, em especial para crianças pré-escolares.
Keywords: Comportamento Infantil; Parentalidade; Avaliação
ICCA 2017-13274 -Using a mentalization-based approach in supporting families in
need of ‘recovery’
Isabella Bernardo (1)
1- Wandsworth Family Recovery Project
ICCA-Comunicação Oral
In 2011, a government agenda was introduced in England to support families who were
deemed as ‘troubled’ or a term preferred and used in this paper ‘in need of
recovery’ (DCLG, 2013). Identified families include those who are involved in crime or
anti- social behaviour, families that have a child not in school and families that have a
parent who is not in employment. These families are often described as ‘hard to reach’
where individual professional services have not brought enough change. The Troubled
Families governmental policy has led to the coordination of local family intervention
programmes which include a team of professionals from multiple disciplines, including the
police, health visitors, child psychology and family outreach workers.
In this paper I will outline my journey in adopting a ‘mentalizing stance’ as a child
psychologist, working in a multi-disciplinary team called the ‘Family Recovery Project’ in
inner London under the Troubled Families agenda. Mentalization refers to the imaginative
activity of making sense of the actions of oneself and others on the basis of intentional
mental states such as desires, feelings and beliefs (Bevington et al., 2013). In clinical
practice mentalization is a helpful frame to consider how professionals make sense of
clients’ behaviour. Often in clinical practice we are working with clients whose behaviour is
very confusing and complex, this can lead to high anxiety in the network encompassed by
feelings of 'stuckness', helplessness and frustration. This is especially apparent in families
that have entrenched inter-generational problems and where there are a number of
presenting difficulties.
In this paper I will outline the structure of the team I work in and the remit of the child
psychologist role within it. I will briefly describe AMBIT (Adolescent Mentalization Based
Integrative Therapy) a mentalization-based framework in working with children and
families with complex needs. The core stance for AMBIT practitioners has eight
components and is designed to shape practice and support the capacity to deliver systematic
and structured interventions when often anxiety in the network is high (Figure 1.)
I will describe how mentalization based practice can be applied not only directly to clients
but also to parts of the multi- disciplinary network to support helpful interactions and
connections between team members. I will outline the explicit mentalizing tools ‘Thinking
Together and ‘Dis-integration Grid’ in AMBIT and how these can be applied by
professionals working in a multi-disciplinary team.
I will conclude how the psychologist role can play a key role in both supporting the
mentalizing of colleagues as well as increasing connections directly with clients be it
children or families. Mentalizing is a demanding task and one that is sometimes both
consciously and unconsciously resisted against. However, even with this resistance I will
argue that it is a containing frame to underpin practice when working with young people
and families with complex needs and those in need of recovery.
Keywords: mentalization, AMBIT, multi-disciplinary, families
ICCA 2017-14437 -A GESTÃO FAMILIAR DA DOENÇA E A ADAPTAÇÃO
PSICOLÓGICA DE CRIANÇAS/ADOLESCENTES COM CANCRO: O PAPEL
MEDIADOR DA AUTOESTIMA
Ágata Salvador (1); Ana Tavares (1); Mariana Fernandes (1); Carla Crespo (1); Susana
Santos (2); Luísa Barros (1)
1- Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa; 2- Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: A doença oncológica em idade pediátrica constitui uma experiência disruptiva
para a criança/adolescente. A literatura tem demonstrado que esta condição crónica de
saúde pode associar-se a um risco acrescido para dificuldades de adaptação psicológica,
bem como para dificuldades em áreas específicas como o autoconceito (e.g., autoestima).
Dado que grande parte do tratamento é implementado em regime de ambulatório, i.e., no
contexto da família, reconhece-se o impacto dos fatores familiares na trajetória de
adaptação da criança/adolescente doente. Contudo, a identificação dos mecanismos
subjacentes à relação entre as variáveis familiares e a adaptação psicológica dos pacientes
constitui uma importante lacuna na literatura.
Objetivo: Este estudo examinou as associações entre a gestão familiar da doença
oncológica pediátrica e a adaptação psicológica de crianças/adolescentes com cancro, de
forma direta e indireta, através da autoestima.
Metodologia: A amostra deste estudo transversal consistiu em 221 díades constituídas por
crianças/adolescentes com diagnóstico de cancro, acompanhados nas unidades de oncologia
pediátrica de dois hospitais portugueses, e seus principais cuidadores familiares
(amostragem consecutiva). As crianças/adolescentes, com idades entre oito e 20 anos (M =
13.01, SD = 3.18), estavam na sua maioria na fase pós-tratamento (n = 127, 57.5%). Os
cuidadores familiares eram maioritariamente mães (n = 191, 86.4%). A versão portuguesa
da Medida de Gestão Familiar (FaMM; subescalas: Vida diária da criança, Capacidade de
gestão da condição, Esforço na gestão da condição, Dificuldades na vida familiar, Perceção
do impacto da condição, e Mutualidade parental) foi preenchida pelos cuidadores
familiares. As crianças/adolescentes preencheram as versões portuguesas da subescala de
Autoestima e do Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ; subescala: Total de
problemas). Os médicos oncologistas pediátricos forneceram informação clínica relevante.
Como procedimentos estatísticos, foram efetuadas análises de correlação (SPSS) e testados
dois modelos de mediação (PROCESS).
Resultados: Os resultados mostraram uma associação negativa entre as dificuldades na
vida familiar e a autoestima, e uma correlação positiva entre a capacidade de gestão da
condição e a autoestima das crianças/adolescentes. Não foram encontradas correlações
significativas entre as dimensões da FaMM e o total de problemas. Adicionalmente, foi
encontrada uma correlação negativa entre a autoestima e o total de problemas reportado.
Finalmente, confirmou-se o papel mediador da autoestima nas relações entre as
dificuldades na vida familiar e capacidade de gestão da condição e o total de problemas.
Conclusão: Considerando as disrupções na vida familiar decorrentes de uma doença e
tratamentos altamente exigentes, estes resultados sugerem que a forma como a família gere
esta condição de saúde parece influenciar a autoestima da criança/adolescente e,
consequentemente, a sua adaptação psicológica. Ao clarificar o impacto das variáveis
familiares na vivência da doença oncológica em idade pediátrica, este estudo identifica o
sistema familiar como um potencial alvo de intervenção, como forma de promover a saúde
mental da criança/adolescente nesta situação de adversidade.
Keywords: cancro pediátrico; variáveis familiares; ajustamento psicológico; autoestima
ICCA 2017-14809 -Relacionar-se primário em crianças de seis meses de vida
Thiala Lima Barreto (1); Cristiane Ajnamei dos Santos Alfaya (1)
1- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Poster
A maternidade é um fenômeno que provoca diversas mudanças, tanto físicas quanto
psíquicas. Autores como Stern e Winnicott têm sugerido que com a maternidade a mulher
entra numa condição psíquica especial colocando-a num estado de grande disponibilidade
emocional para o bebê. O presente estudo buscou compreender como esse evento é
vivenciado pela mãe de um bebê de seis meses de vida de um município do interior do
estado da Bahia - Brasil, para tal foi realizada uma revisão bibliográfica e entrevistas sobre
a experiência da maternidade e desenvolvimento do bebê, as quais eram gravadas e
posteriormente transcritas para que seu conteúdo fosse analisado segundo o que propõe
Bardin (1977). As respostas da mãe entrevistada foram analisadas com base no eixo
temático da Constelação da Maternidade, sobre o relacionar-se primário de Stern. O
material coletado indica a presença do estado de preocupação materna primária como
propõe Winnicott, bem como intimidade no relacionar-se primário apontando para a
capacidade da mãe de reconhecer os sinais comunicativos do bebê, como o choro,
preferência e as características. Os resultados do estudo reafirmam a importância da relação
mãe – bebê para o desenvolvimento físico e mental saudável do bebê e da própria mãe.
Keywords: Maternidade, Desenvolvimento do bebê, Preocupação Materna Primária.
ICCA 2017-15817 -Fatores de risco associados a gestação na adolescência
Luciana Leonetti Correia (1)
1- Universidade Federal da Grande Dourados/ MS- Brasil
ICCA-Comunicação Oral
A gravidez é acompanhada inevitavelmente de uma série de mudanças emocionais
importantes. A intensidade destas mudanças dependerá de fatores familiares, conjugais,
sociais, culturais e da personalidade da gestante. Em relação as características individuais, a
gravidez na adolescência pode ser considerada um fator de risco relacionada ao aumento da
incidência de prematuridade, baixo peso ao nascer, crescimento intra-uterino restrito,
anemia, pré-eclâmpsia, doença hipertensiva da gestação, sofrimento fetal agudo e aumento
na incidência do parto cesáreo. Portanto, a relevância do presente estudo está relacionada
com a vulnerabilidade do adolescente aos agravos de saúde física e mental. Dessa forma, o
presente estudo tem por objetivo identificar os principais fatores de risco associados a
gestação na adolescência, através de um estudo descritivo e transversal, realizado na
maternidade de um Hospital Universitário na região Centro-Oeste do Brasil. Participaram
do estudo por 67 adolescentes -até os 19 anos de idade- puérperas, que foram atendidas na
maternidade. A coleta de dados foi realizada durante a passagem aos leitos da maternidade
por meio de um protocolo, o qual era composto por questões sobre a gestação e o puerpério.
Em relação aos resultados, 90% das adolescentes puérperas tinham idade entre 15 a 19
anos, encontravam-se em um relacionamento estável (67%), 45% tinham até quatro anos de
escolaridade e quanto à ocupação, 55% das não trabalhavam fora de casa. Em relação ao
perfil obstétrico, 98% haviam realizado o pré-natal, sendo que 57% tiveram o parto cesáreo
e de 43% para o parto vaginal. Pouco mais de um terço das adolescentes puérperas
considerou sua gestação atual como de risco (37%) e 10% relatou histórico de aborto em
gestações anteriores. Quanto ao consumo de substâncias, o álcool e o tabaco foram as mais
consumidas antes e após a gestação. Durante a gestação, o consumo de álcool apresentou
redução de 10%, ao passo que a redução do consumo de tabaco foi apenas de 1%. Os dados
obtidos apontam para condições de risco em relação à gestação na adolescência, as quais
podem influenciar negativamente o trabalho de parto, o parto e o puerpério, assim como a
condição de nascimento e o vínculo com o bebê. Além disso, os achados do presente estudo
apresentam desdobramentos importantes no cuidado à assistência e ao atendimento de
gestantes, de modo que os serviços direcionados à prevenção de fatores de risco na
gestação atendam as necessidades biológicas e psicológicas das adolescentes gestantes.
Keywords: Gravidez. Adolescente. Fatores de risco.
ICCA 2017-16071 -Quando o conflito interparental é mantido em silêncio: O papel
mediador dos rituais familiares entre o conflito e a satisfação com a vida nas crianças/
adolescentes
Ana Tavares (1); Carla Crespo (1); Maria Teresa Ribeiro (1); Ágata Salvador (1); Mariana
Fernandes (1)
1- Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa
ICCA-Comunicação Oral
Introdução: O conflito parental tem um impacto negativo na adaptação psicossocial das
crianças/adolescentes. No entanto, quando se trata de conflito silencioso, i.e. quando o
conflito não é manifestado de forma direta através de desentendimento verbal ou físico, a
investigação é escassa. Até à data, pouco se sabe sobre como este tipo específico de conflito
influência a vivência familiar e a adaptação individual dos filhos.
Objetivos: O presente estudo investigou as associações entre o conflito silencioso
interparental e a satisfação com a vida de crianças/adolescentes, de forma direta e indireta,
através do significado de rituais familiares na perspetiva dos filhos.
Metodologia: O estudo incluiu uma amostra total de 308 participantes, composta por
díades de mães (n = 154) com idades compreendidas entre os 34 e os 57 anos (M = 43.68,
DP= 2.98) e crianças/adolescentes (n= 154) entre os 8 e os 19 anos (M = 12.98, DP=4.89).
A amostra foi recolhida na comunidade através do método “bola de neve”. As mães
preencheram o questionário relativo à perceção de conflito silencioso interparental (SICS;
Kiepikowski, Pryor, & Jose, sd; versão portuguesa de Tavares, Crespo, &
Ribeiro, sd). As crianças/adolescentes preencheram os questionários referentes ao
significado dos rituais familiares (FQR; Fiese & Kline, 1993; versão portuguesa de
Crespo & Lind, 2004) e à satisfação com a vida (SWLSC; Huebner, 1991; versão
portuguesa de Marques, Pais Ribeiro, & Lopez, 2007).
Resultados: Verificou-se que existia uma associação negativa entre o conflito silencioso
interparental e o significado dos rituais familiares avaliado pelas crianças/adolescentes e
uma correlação positiva entre este e a satisfação com a vida. Não foi encontrada uma
correlação significativa entre o conflito silencioso interparental e a satisfação com a vida de
crianças/ adolescentes. Adicionalmente, os resultados confirmaram o papel mediador do
significado dos rituais familiares nas relações entre o conflito silencioso interparental e a
satisfação com a vida dos filhos.
Conclusão: A presente investigação contribui para a compreensão a influência do
subsistema parental na vivência familiar e satisfação com a vida dos filhos. Verificou-se
que mesmo quando os pais adotam estratégias de silêncio entre si, o facto de estarem em
conflito está associado a resultados negativos a nível familiar (menor significado dos rituais
familiares) e consequentemente, a nível individual (satisfação com a vida dos filhos). Deste
modo, a intervenção familiar em casos de divergências e conflitos torna-se fundamental
para promover sistemas familiares saudáveis e, consequentemente, a satisfação com a vida
de crianças/adolescentes.
Keywords: conflito interparental silencioso, rituais familiares, satisfação com a vida;
crianças/adolescentes
ICCA 2017-18720 -A reconstrução narrativa, o EMDR e os vínculos.
Veloso, João (1); Gomes, Luis (2)
1- Pratica Privada, Centro Trauma - Universidade de Coimbra, SAMS - Centro Clínico de
Lisboa; 2- Prática privada, Hospital da Luz - Clínica Amadora
ICCA-Comunicação Oral
No desenvolvimento existem muitas vezes dificuldades ao nível da estabilização dos
vínculos com as figuras mais segurizantes. Neste contexto desenvolvem-se angustias de
separação, medos, ritualizações, etc. O EMDR tem demonstrado grande eficácia na
potenciação da reorganização das narrativas de vida ou históricas nas crianças, permitindo
recontar histórias, reestabelecer vínculos e promover a resolução de conflitos ou
inseguranças que ajudam a adquirir crenças positivas que favorecem a reorganização dos
vínculos. Esta apresentação utilizará vídeos que demonstram o resultado da utilização do
EMDR nesta reconstrução de narrativas e dos vínculos com a aplicação de histórias
fotográficas ou de narrativas participadas pelos pais em sessão. A reconstrução de
narrativas é consideradas como uma das terapias mais importantes na intervenção
psicoterapêuticas com crianças porque permite trabalhar situações tão importantes como os
vínculos.
Keywords: narrativas, reconstrução, vinculos, emdr
ICCA 2017-19049 -CARACTERIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA FÍSICA COMETIDA
CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES E NOTIFICADA PELO SETOR SAÚDE
DE UMA METRÓPOLE DA REGIÃO NORTE DO BRASIL
Milene Maria Xavier Veloso (1); Celina Maria Colino Magalhães (2); Isabel Rosa Cabral
(3)
1- Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Pará; 2- Programa de Pós-
Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento da Universidade Federal do Pará; 3-
Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará
ICCA-Comunicação Oral
A violência cometida contra crianças e adolescentes é um sério problema de saúde pública
mundial e pode trazer prejuízos para o desenvolvimento biopsicossocial das vítimas. O
presente estudo objetivou analisar os casos de violência física notificados nos serviços de
saúde. Os dados foram retirados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN-Net) registrados no município de Belém-Pará-Brasil entre os anos de 2009 a 2013.
Foram identificados 6.380 casos de violência (F= 5169; M= 1211). A violência física foi
relatada em 2.600 casos (40,75%), sendo que 73,84% dessas estavam associadas à violência
sexual. Nos 680 casos de violência física sem violência sexual, foi mais prevalente no
grupo do sexo masculino (21,14%) que no feminino (8,20%), diferença estatisticamente
significativa (p<<0,001). A média de idade das meninas agredidas apenas fisicamente
foi de 12,7 anos (±5,0), maior que dos meninos (9,4±5,2 anos), com diferença significativa
na distribuição segundo faixa etária, sendo que 77,36% dessas meninas tinham idade maior
que 10 anos, o que foi observado somente para 44,53% dos meninos (p<<0,001). A
proporção diferiu segundo o sexo independente da faixa etária, sendo que a faixa etária
mais atingida foi a de 15 a 19 anos de idade. Trinta por cento das notificações de violência
física sem violência sexual foram realizadas em unidades de pronto atendimento e
hospitais. Esse tipo de violência foi cometido principalmente por conhecidos, pais e
desconhecidos, sendo que entre os adolescentes (15 a 19 anos) os conhecidos e
desconhecidos assumem a liderança entre os agressores. Os resultados sugerem que a
violência física está presente na vida de crianças e adolescentes, mas com variações
dependendo da idade e do vínculo com o agressor. As crianças são mais agredidas por
parentes e os adolescentes mais por conhecidos ou desconhecidos, o que confirma a
naturalização da violência tanto nas práticas parentais como na interação entre os adultos e
os adolescentes. Vale ressaltar que as unidades de pronto atendimento e hospitais foram as
que mais notificaram, o que demonstra o impacto da violência cometida. Conclui-se que
que aspectos socioculturais, de gênero e as práticas parentais abusivas estão presentes na
caracterização do fenômeno assim como as características maturacionais das vítimas. A
notificação da violência surge como um importante instrumento de proteção e combate ao
fenômeno e para dimensionar a problemática em questão, bem como, apontar a necessidade
de investimento em núcleos de vigilância e assistência, estruturas dos serviços e pesquisas
que possam subsidiar tais políticas.
Keywords: Crianças, adolescentes, violência física
ICCA 2017-21398 -Impact of neonatal severe morbidity on developmental outcomes
among 24 months old children born very preterm
Raquel Costa (1); Carina Rodrigues (2); Sandra Brochado (3); Jurgita Saulyte (3); Henrique
Barros (3); EPICE Portugal
1- EPIUnit - Institute of Public Health, University of Porto, Porto, Portugal; Universidade
Europeia - Laureate International Universities, Lisbon, Portugal; 2- EPIUnit - Institute of
Public Health, University of Porto, Porto, Portugal; Department of Clinical Epidemiology,
Predictive Medicine and Public Health, University of Porto Medical School, Porto,
Portugal; 3- EPIUnit - Institute of Public Health, University of Porto, Porto; Department of
Clinical Epidemiology, Predictive Medicine and Public Health, University of Porto Medical
School, Porto, Portugal
ICCA-Comunicação Oral
Background: In the last years, the perinatal and neonatal mortality rates have been
decreasing among very premature infants (born before 32 weeks of gestational age). Even
so, risks of developmental delay, motor and cognitive deficiencies are higher among
preterm children than among children born at term. In fact, cognitive impairment and
neurodevelopmental difficulties have been described for very preterm populations
throughout their lives until adolescent hood. Nonetheless, some variability is observed in
preterm infant’s developmental trajectories. This variability might be due at least in part to
perinatal circumstances, namely the extent of neonatal morbidity. Developmental outcomes
of very premature infants are a concern for families and health professionals, and yet in
Portugal this is still an under analysed issue.
Objective: To analyse the impact of neonatal morbidity on language and psychomotor
developmental outcomes of 2 years-old children born very preterm, adjusting for
gestational age.
Methods: Parents that are part of the sample of a prospective population-based cohort
study - the Effective Perinatal Intensive Care in Europe (EPICE) project -, were contacted
at 24 months corrected age of their children whose births occurred between 22+0 and 31+6
weeks of gestation in the northern and Lisbon and Tagus Valley regions of Portugal from
June 1st, 2011 and May 31st 2012. 408 parental questionnaires were obtained, including
questions about the child’s health and development, namely the Parent Report of Children’s
Abilities Revised (PARCA-R). Generalized Linear Models were conducted using
developmental outcomes as dependent variable, and neonatal severe morbidity (Severe
morbidity considered if diagnosis of Bronchopulmonary Dysplasia and/or Retinopaty of
Prematurity stage ≥3 and/or diagnosis of Cystic Periventricular Leukomalacia) as a
predictor, adjusting for gestational age.
Results: Children without neonatal severe morbidity (n=314) had better psychomotor
outcomes when compared to children with neonatal severe morbidity (n=78) (β= 2.685,
IC95% ]1.012; 4.358[, p=0.002) even when the model was adjusted for gestational age (β=
2.625, IC95%]0.823; 4.426[, p=0.004). Additionally, children without neonatal severe
morbidity had better language outcomes when compared to children with neonatal severe
morbidity (β= 0.447, IC95% ]0.141; 0.753[, p=0.004), nonetheless the model was no longer
significant when adjusted for gestational age (β= 0.276, IC95%]-0.049; 0.601[, p=0.096).
Conclusion: Developmental outcomes of children born very premature are a major concern
for families and health professionals. To assess and monitor these outcomes is crucial for
the implementation of early intervention programs aimed at specific needs of these infants
and families.
Keywords: Neonatal morbidity; Developmental outcomes; Prematurity
ICCA 2017-22660 -Association between maternal age and parental education
evaluated at birth and children’s cognitive performance at the age of 10
Ana Raquel Carvalho (1); Raquel Costa (2); Débora Pereira (1); Ana Cristina Santos (1);
Henrique Barros (1)
1- EPIUnit - Institute of Public Health, University of Porto, Porto, Portugal; 2- EPIUnit -
Institute of Public Health, University of Porto, Porto, Portugal; Universidade Europeia -
Laureate International Universities, Lisbon, Portugal
ICCA-Comunicação Oral
Background: Cognitive development is the result of biological and environmental
circumstances. Some studies show that gestational age, parental education and parental age
have an impact on children’s cognitive abilities. Nonetheless, the extent to which each of
those factors influences children’s cognitive abilities is still unclear, since most studies
focus on only one of them. Objective: To estimate the association between maternal age and
parental education and the cognitive performance of 10 years-old children adjusting for
perinatal factors. Methods: Data was collected as part of the Generation XXI birth cohort.
At baseline, information was collected on maternal age and parental educational level. In
the 10 years-old follow-up, the Wechsler Intelligence Scale for Children (WISC-III) was
administered by trained clinical psychologists and verbal Intelligence Quotient (IQ),
performance IQ and global IQ was obtained. Data for the initial consecutive 1284 children
are presented. Regression coefficients (β) and 95% confidence intervals (CI) were
computed using generalized linear models. Multivariate model were adjusted for
gestational age, Apgar index at the 5th minute and sex. Results: Children’s verbal IQ is
higher with higher educated fathers (β= 0.568, CI 95%: 0.339 to 0.797, p<0.001) and
mothers (β= 0.826, CI 95%: 0.598 to 1.054, p<0.001), older mothers (β= 0.251, CI 95%:
0.082 to 0.419, p=0.004) and lower for girls (β= -6.042, CI 95%: -7.581 to 4.503, p<
0.001). Children’s performance IQ is higher with higher educated fathers (β= 0.393, CI
95%: 0.162 to 0.624, p=0.001) and mothers (β= 0.524, CI 95%: 0.295 to 0.754, p<
0.001). Children’s global IQ is higher for children of fathers (β= 0.588, CI 95%: 0.352 to
0.823, p<0.001) and mothers (β= 0.809, CI 95%: 0.575 to 1.043, p<0.001) with more
education, older mothers (β= 0.213, CI 95%: 0.004 to 0.387, p=0.016) and lower for girls
(β= -4.226, CI 95%: -5.808 to -2.645, p<0.001). Conclusion: At age 10, children’s
cognitive performance is significantly influenced by environmental factors after adjusting
for perinatal factors.
Keywords: IQ, Cognitive Development, Parental Education, Neonatal Characteristics,
Socio-Demographic Characteristics
ICCA 2017-23234 -Deixar a instituição e ser adotado: o potencial recuperador da
adoção
Raquel Barroso (1); Maria Barbosa-Ducharne (1); Vanessa Coelho (1)
1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto
ICCA-Comunicação Oral
A adoção constitui-se como uma intervenção de sucesso na vida de crianças que não
puderam crescer com as suas famílias de nascimento, permitindo a recuperação física,
cognitiva e socio-emocional. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivos analisar
a autoperceção do ajustamento psicológico, das relações de vinculação aos pais e da
competência social num grupo de adolescentes adotados, através da comparação com um
grupo de adolescentes que não foram separados da família de nascimento e de um grupo de
adolescentes em acolhimento residencial. Participaram neste estudo 150 jovens, com idades
compreendidas entre os 11 e os 17 anos, dos quais 50 foram adotados, 50 estão em
acolhimento residencial e 50 vivem com as famílias de nascimento. O ajustamento
psicológico foi avaliado através do Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ), as
relações de vinculação aos pais foram avaliadas através do Inventory of Parent and Peer
Attachment (IPPA) e a competência social foi avaliada através do Social Skills
Improvement System-Rating Scales (SSIS-RS). Em todos os instrumentos utilizou-se os
próprios como informantes. Os resultados demonstram que existem diferenças
estatisticamente significativas entre os três grupos de adolescentes em todas as medidas
analisadas, sendo que os adolescentes em acolhimento residencial são os que manifestam
maiores dificuldades. No respeita à autoperceção do ajustamento psicológico, os resultados
evidenciam que o grupo de adolescentes que vive com a família de nascimento é o que
apresenta melhores resultados, sendo que a sub-escala dos comportamentos prossociais é a
única onde não existem diferenças estatisticamente significativas entre este grupo e o grupo
dos adotados. Contudo, em todas as escalas, os adotados manifestam uma perceção de
ajustamento psicológico mais positiva comparativamente aos adolescentes em acolhimento
residencial. Relativamente à autoperceção das relações de vinculação aos pais os resultados
revelam que os adolescentes adotados percecionam a relação com os seus pais de forma
muito semelhante aos adolescentes que vivem com a família de nascimento, e apresentam
resultados muito mais favoráveis quando comparados com os adolescentes em acolhimento
residencial. Por fim, no que respeita à competência social, são também os adolescentes que
vivem com a família de nascimento o grupo que apresenta uma maior autoperceção de
competência social, seguidos do grupo dos adotados e do grupo de adolescentes em
acolhimento residencial, que apresenta mais problemas de comportamento e menos
habilidades sociais. Estes resultados ajudam a clarificar o papel protetor da adoção, visto
que demonstram que existe uma recuperação efetiva dos adotados comparativamente aos
seus pares que permaneceram em acolhimento residencial realçando o impacto das
experiências posteriores à adoção. De facto, ser adotado, pode oferecer a possibilidade de
viverem uma relação familiar e de contruírem relações de qualidade com os seus pais
adotivos que permitam reverter trajetórias de vida e possibilitar mudanças
desenvolvimentais positivas.
Keywords: adoção; adolescentes; medida recuperação
ICCA 2017-24919 -Maternal depression, social support and schoolage children
behavior
Fernanda Aguiar Pizeta (1); Ana Paula Casagrande Silva (2); Sonia Regina Pasian (1);
Sonia Regina Loureiro (2)
1- Psychology Department - Faculty of Philosophy, Sciences and Languages of Ribeirão
Preto - University of São Paulo; 2- Neurosciences and Behavioral Sciences Department -
Faculty of Medicine of Ribeirão Preto - University of SãoPaulo
Poster
Multiple contextual conditions of risk and protection coexist in the family environment of
children living with maternal depression, being relevant to identify the variables of social
support against such adversity. This study aimed to compare and correlate the child
behavioral problems and social support for children living with maternal depression
compared to children whose mothers did not have depression or any psychiatric disorder.
We evaluated 100 dyads mother-children identified in health care city in a medium-sized
city in the state of São Paulo - Brazil, distributed in two groups: G1 - 50 dyads whose
mothers had recurrent depression history; and G2 - 50 dyads whose mothers had no history
of any psychiatric disorder. The identification of the participating mothers was made in
health services, and children of both sexes, aged between seven and 12, were identified by
their mothers. Mothers answered the instruments: (a) Structured Clinical Interview for
DSM-IV; (B) General Questionnary; (C) Strengths and Difficulties Questionnaire; (D)
Inventory of Home Environment Resource; (E) Adverse Events Scale; (F) Chronic
Adversity Scale and (g) Semi-Structured Interview for the assessment of social support.
Children responded the Teste das Matrizes Progressivas de Raven - inclusion criteria
(intellectual level greater than or equal to the average lower). The data were processed by
statistical procedures and adopted the 0.05 significance level. Comparisons between the
groups, it was found that the children of G1 had significantly more behavioral problems as
indicators of the Total Difficulties (G1 = 15.12; G2 = 9.08) and Scales Symptoms
Emotional (G1 = 5.20; G2 = 2.80), Hyperactivity (G1 = 4.74; G2 = 3.22) and colleagues
Relationship Problems (G1 = 2.62; G2 = 1.24). It was also identified statistically significant
differences between G1 and G2 on the resources of the family environment (G1 = 57.76;
G2 = 62.12), adverse events ( G1 = 14.08; G2 = 8.38), the chronic adversity (G1 = 3.92; G2
= 2.22) and total score of social support (G1 = 33.19; G2 = 37.14), and on the support
network (G1 = 26.83; G2 = 31.35). It was found moderate correlations and significant
correlations of behavioral problems of children of G1 with full social support score and
support network score. For G2, there were no significant correlations between children
behavior problems and social support. These data point to the presence of multiple
adversities in the familiar environment of living with maternal depression, and social
support as a protective condition for children exposed to this environment. It is considered
that these data can contribute to the planning of prevention and intervention strategies in
maternal and child mental health
Keywords: Maternal depression; children behaviour; mothers; social support
ICCA 2017-25150 -A(s) Violência(s) em contexto escolar
Mónica Soares (1); Joana Topa (2); Manuel Loureiro (1); Ema Oliveira (1)
1- FCSH - Universidade da Beira Interior; 2- ISMAI/CIEG/ISCSP - Universidade de
Lisboa
ICCA-Comunicação Oral
A violência em contexto escolar não é um fenómeno recente e mantém-se a preocupação
crescente de perceber esta realidade social. Com o objetivo de compreender melhor este
fenómeno e criar respostas eficazes de intervenção no contexto escolar foi realizado um
estudo que teve como principais objetivos: i) perceber quais os conflitos que mais
acontecem na escola; ii) conhecer a perceção de apoio que os alunos têm por parte dos
professores, dos pares e das suas famílias; iii) identificar quais os comportamentos que os
alunos percecionam em si e que vão contra as normas escolares; iv) verificar quais os
comportamentos autopercecionados de vitimização e de agressão entre pares no que diz
respeito à violência física, social, verbal e de ataque à propriedade, e v) identificar que tipo
de crenças sobre a violência predominam nos alunos. No estudo participaram 1106 alunos
do 2º e 3º ciclo do Ensino Básico de escolas do concelho de Matosinhos, distribuídos de
modo equitativo em termos de ano de escolaridade e sexo. Como instrumentos de recolha
de dados usou-se a adaptação portuguesa (Veiga, 2007) da “Multidimensional Peer
Victimization Scale” de Mynard e Joseph (2000), o “Cuestionario de Convivencia” (Cangas
et al., adaptado por Ildefonso e Veiga, 2011), a “Escala de Disrupção Escolar Professada
pelos Alunos” (Veiga, 1990) e a “Escala de Crenças da Criança sobre a Violência” (Sani,
2003). Os resultados sugerem que os alunos percecionam a sua relação com as famílias,
com os professores e com os pares como positiva. A maioria dos alunos não perceciona
muitos conflitos na escola e não se sente pessoalmente afetada por eles. Os resultados
também indicam que a maioria dos alunos não considera adotar comportamentos
disruptivos, contudo há comportamentos que são percecionados como sendo mais comuns,
nomeadamente, a transgressão de normas, a violência entre pares e o desafio à autoridade.
Quanto às crenças sobre a violência, os resultados sugerem que a maioria dos alunos possui
crenças disfuncionais sobre a violência e os seus determinantes.
Assim, os resultados vêm alertar para a vulnerabilidade dos alunos de 2º ciclo face ao
fenómeno da violência. Este levantamento de necessidades incita a um (re)direccionamento
da prevenção da violência nos contextos escolares, colocando a ênfase mais numa vertente
de prevenção secundária, dando enfoque ao trabalhar de prevenção com públicos
específicos em detrimento das abordagens universais. Também nos alerta para a
necessidade de trabalhar estas questões logo desde o 1º ciclo evitando que as crenças
disfuncionais permaneçam inalteradas ao longo do percurso escolar inicial. Deste modo,
parece-nos fulcral a implementação de uma política escolar que seja transversal entre os
diferentes ciclos de ensino, que se alicerce em pilares de igualdade para todos e todas e que
esteja focada no combate a toda e qualquer forma de violência.
Keywords: Violência entre pares, população juvenil, resolução de conflitos
ICCA 2017-29663 -Sobre o suicídio: Explicação do fenómeno, Factores de risco,
Factores de protecção, Modelo de avaliação e Modelo compreensivo
João Serra de Almeida (1)
1- APIPC - Associação Portuguesa de intervenção em Psicologia Clinica
Poster
O suicídio tem vindo a caracterizar-se como sendo um fenómeno complexo e multivariado,
provocando um clima de alarme, quer a nível mundial (WHO, 2016) quer a nível nacional
onde, inevitavelmente, se tem vindo a demonstrar por de entre a população num sentido
geral (DGS, 2013-2017).
Segundo a Organização Mundial de saúde (OMS), suicidam-se diariamente 3000 sujeitos -
um a cada 40 segundos - e, por cada sujeito que se suicida, 20 ou mais cometem tentativas
de suicídio (WHO, 2013). Segundo os dados da OMS as taxas de suicídio aumentaram 60%
nos últimos 45 anos, atingindo à escala mundial, uma taxa de mortalidade de 16 por
100.000 habitantes (Mann, et al., 2005).
A nível mundial, o suicídio apresenta-se também, como sendo a 13ª causa de morte, a 3ª no
grupo etário dos 15-34 anos, e a segunda nos jovens dos 15 aos 19 anos (Mann, et al.,
2005).
Em Portugal, o registo de morte por suicídio tem vindo a aumentar desde o início do Séc.
XX, (DGS, 2013-2017), tendo atingido em 2014 o número de 1.223, provocando uma
subida de 16,1% face a 2013 (INE, 2016).
Neste sentido, propõe-se pensar sobre a conceptualização do suicídio, da análise de
factores de riso e de protecção, de um sistema de avaliação útil à triagem, bem como de
sucinta referenciação a um modelo compreensivo do suicídio.
Por último, o referente quadro proposto será exemplificado com um caso clinico.
Keywords: Suicídio, conceptualização, factores, avaliação, compreensão
ICCA 2017-30246 -Comportamentos Autolesivos e Adolescência: Que riscos e
vulnerabilidades?
Cláudia Chasqueira (1)
1- CADIn - Centro de Apoio ao Desenvolvimento Infantil
Poster
Sendo a adolescência o estadio desenvolvimentista primordial de transformações e
mudanças do ponto de vista fisiológico e psicossocial, importa dedicar atenção à sua
heterogeneidade, modelos de construção da identidade, de autonomia e condutas. Se os
comportamentos de risco poderão ser entendidos como processos normativos desta etapa do
ciclo de vida, a sua frequência, intensidade e tipologia deverão merecer um olhar mais
cuidado por parte da comunidade clínica e científica, de forma a melhor compreender para
intervir e para que não se instalem processos adolescentis patológicos.
A autolesão em adolescentes é um dos indicadores de adolescência patológica e tem vindo
a revelar uma especial incidência, quer na população comunitária, quer na população
clínica, sendo amplamente descrita a associação com quadros psicopatológicos e risco
aumentado de suicídio.
Paralelamente, os comportamentos autolesivos (CAL) têm sido alvo de alguma
controvérsia no que diz respeito à sua definição na comunidade científica, nomeadamente
no que diz respeito à sua intencionalidade – suicidária ou não.
Esta exposição tem como principais objetivos promover a reflexão acerca da consertada
caracterização conceptual e clínica dos comportamentos autolesivos, partindo de um caso
clínico de uma adolescente seguida nas consultas de psicologia e pedopsiquiatria. Pretende-
se caracterizar a tipologia dos comportamentos autolesivos não suicidários, distingui-los
dos atos suicidas, caracterizar os adolescentes em risco de os adotarem, bem como as
variáveis biopsicossociais em interação de forte relevância neste grupo clínico.
Keywords: Adolescência, Comportamentos autolesivos, Risco
ICCA 2017-30646 -Crenças em relação ao HIV/SIDA em adolescentes moçambicanos.
O caso das cidades de Maputo, Beira e Lichinga
Benvindo Felismino Samuel Maloa (1)
1- Universidade Pedagogica
ICCA-Comunicação Oral
O estudo analisa as crenças em relação ao HIV/SIDA nos alunos das cidades de Maputo,
Beira e Lichinga. Participaram 357 alunos, idade mínima foi de 12 anos, a máxima, 27
anos, sendo a média 17 anos, com um DP (desvio padrão) de 2,3. Para a coleta de dados
foram utilizados o Questionário Sociodemográfico e o Questionário de Crenças em relação
ao HIV/SIDA. Sobre as crenças que tem a ver com as ações de prevenção do HIV/SIDA e
as de quem pode vir a ficar infetado pelo vírus, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas. Na Beira compartilha se mais com crenças de que os
seropositivos ficam doentes durante muito tempo. No desenho e implementação das ações
de prevenção e mitigação do HIV/SIDA devem ter se em conta as particularidades
socioculturais das regiões e cidades do país, por causa de sua grande diversidade.
Keywords: /SIDA; Educação para a saúde; Crenças; Atitudes
ICCA 2017-33053 -Núcleo de Psicologia Pediátrica: a chegada à maioridade
Joana Raposo (1); Filipa Fonseca (1); Leonor Ferreira (1); Rita Novais (1)
1- Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, E.P.E. – Departamento de Pediatria
Poster
Apresenta-se o trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Psicologia Pediátrica (NPP) de um
hospital do distrito de Lisboa. Numa breve resenha histórica será dada a conhecer que a
intervenção do psicólogo no Departamento de Pediatria teve início há 18 anos e a
constituição oficial do NPP verificou-se no ano 2000. A visão holística e humanista que
caracteriza a Pediatria deste hospital levou ao crescente reconhecimento dos aspetos
psicológicos nas condições médicas pediátricas, ditando um aumento gradual e substancial
da atividade do NPP ao longo dos anos.
Contextualizando a realidade do NPP e afirmando a Psicologia Pediátrica, serão
apresentados os seus objetivos funcionais, as características da sua população alvo, os
modelos teóricos de referência e a tipologia da sua atividade. Desta forma, pretende-se dar
a conhecer o trabalho desenvolvido pelo psicólogo nas diferentes valências do
Departamento de Pediatria, designadamente no Ambulatório, na Enfermaria de Pediatria, na
Unidade de Cuidados Intensivos e Especiais Neonatais e Pediátricos, na Urgência
Pediátrica e na articulação com a Comunidade. Com recurso a dados assistenciais
comparativos entre os anos 2000 e 2015, é possível identificar um aumento perto dos 300%
da atividade realizada no Ambulatório, o que espelha o crescimento do NPP. De seguida
exploram-se os desafios com que o NPP se tem deparado e finaliza-se com uma reflexão
sobre orientações futuras, enquadradas no atual debate sobre o reconhecimento da
Psicologia Pediátrica como especialidade avançada.
Keywords: Psicologia, Pediatria, Núcleo de Psicologia Pediátrica
ICCA 2017-35997 -Da Terapia Familiar à Mediação de Conflitos - O Divórcio, a
Criança e os Pais
João Serra de Almeida (1)
1- APIPC - Associação Portuguesa de intervenção em Psicologia Clinica
Poster
Num trabalho de revisão teórica sobre o divórcio, em primeiro lugar, e de forma sucinta,
serão debatidos os novos tipos de família.
Posteriormente, e tendo em conta o fenómeno complexo denominado de divórcio, estudar-
se-a as fases e o processo de separação.
Daqui resultam diversos tipos da família, sendo estritamente necessária a explanação sobre
ora o processo de avaliação e regulação das responsabilidades parentais, as consequências
face à criança ao adulto e à família, bem como, conceitos associados à parentalidade em si.
Num último momento abordar-se-á conceitos relativos à terapia familiar e à mediação,
com a apresentação de um caso, onde se pensará o lugar quer de uma, quer de outra, bem
como, o lugar do sujeito perante o pressuposto.
Keywords: Família, Divórcio, Avaliação, Mediação Familiar, Terapia Familiar
ICCA 2017-36680 -Social vulnerability associated with maternal depression:
predictors of behavior and cognitive performance in schoolage children
Fernanda Aguiar Pizeta (1); Sonia Regina Loureiro (2); Sonia Regina Pasian (3)
1- Psychology Department - Faculty of Philosophy, Sciences and Languages of Ribeirão
Preto - University of São Paulo; 2- Neurosciences and Behavioral Sciences Department -
Faculty of Medicine of Ribeirão Preto - University of São Paulo; 3- Faculty of Philosophy,
Sciences and Languages of Ribeirão Preto - University of São Paulo
ICCA-Comunicação Oral
Maternal depression, associated with other conditions of risk and vulnerability, has been
configured as a relevant condition for the prediction of children' developmental outcomes.
The identification of possible multiple risk factors involved in this scenario becomes an
important strategy to implement professional practices in the context of public policies
aimed at childhood care. This study aimed to evaluate the predictive effect of maternal
depression and contrasting levels of social vulnerability to behavioral problems and
cognitive achievement of schoolage children living with mothers with recurrent depression.
We evaluated 100 dyads mother-children identified in health services of a medium-sized
city in the state of São Paulo - Brazil, 50 mothers diagnosed with recurrent depression with
moderate or severe episodes, and 50 mothers without mental disorders, aged 25 and 45
years, and their biological children, 7 to 12 years old, with no apparent deficiencies.
Mothers responded to the Structured Clinical Interview for DSM-IV for diagnostic
confirmation, the General Questionnary to identify sociodemographic data (prepared for the
research) and the Sthenghts and Difficulties Questionnaire-SDQ on the behavior of the
children included in the study. It was used with children the Teste das Matrizes Progressivas
de Raven to assess the cognitive performance as level of general intelligence. It was
included as social vulnerability indicators sociodemographic variables recognized as
adverse conditions and the Paulista Index of Social Vulnerability-PISV, public management
instrument used in the context of Brazil, for identification data of household housing area.
The results were examined by analysis of the data by descriptive statistics and multivariate
linear regression, adopting 0.05 significance level. Multivariate regression models tested
showed that: (a) maternal depression and less educated mothers were predictive of higher
scores of schoolage children behavior problems; (b) such variables associated with greater
vulnerability indicators, assessed by PISV, also had impact more relationship problems with
peers scores. For internalizing symptoms in children, maternal depression proved to be the
only predictor condition, while for cognitive performance, education of household head and
maternal depression were predictive of lower scores of cognitive resources on the RAVEN
test. It is evident, in accordance with the literature, the negative impact of maternal
depression on use of resources of general intelligence and behavior of schoolage children,
especially to identify internalizing symptoms that were predicted exclusively by such
psychopathology. However, the data put into focus the parental education and
socioeconomic resources of the neighborhood as variables that add up composing
indicators of vulnerability to child development in the presence of maternal depression.
Thus, early identification of maternal depression and social-familial variables may favor
intervention actions to minimize the impact of these multiple conditions unfavorable to
maladaptive developmental outcomes of children
Keywords: Maternal depression, social vulnerability, child behaviour, intelligence,
schoolage children
ICCA 2017-38097 -NÃO SOU DOENTE, SOU APENAS DIFERENTE: ESTUDOS DE
CRIANÇAS NAS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS E SUAS DIFERENTES
PERSPECTIVAS
DENISE HOSANA MOREIRA (1)
1- UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
Poster
Em um mundo globalizado, as migrações humanas internacionais constituem um relevante
campo de estudo com diversos subtemas, entre os quais as crianças inseridas nessa
dinâmica. Uma das áreas de concentração das pesquisas sobre essas crianças envolve seu
processo adaptativo. Esta investigação teve o propósito de compor um quadro de referência
de diferentes perspectivas, interpretações e propostas de solução para problemas
evidenciados nos processos adaptativos de crianças em ambiente multicultural. O campo de
investigação deste estudo foi constituído de publicações de pesquisas sobre crianças em
diferentes países. O levantamento privilegiou estudos de caso e envolveu, como base
primária, artigos publicações em periódicos indexados e banco de teses de Universidades.
Como base secundária, foram considerados trabalhos apresentados em eventos científicos.
O propósito do levantamento não foi de esgotar o universo das publicações sobre o tema,
mas de identificar diferentes abordagens. Para esta análise, foram selecionados 11 estudos
de pesquisadores brasileiros e estrangeiros e trabalhos publicados do ano de 1995 a 2015.
Da leitura das pesquisas selecionadas nesta investigação, foi possível classificar os estudos
em três grupos. Como em toda classificação, o seu caráter arbitrário deve ser considerado
em decorrência da existência de características comuns e distintas nos três grupos
suficientes para produzir outras classificações. Os dois primeiros identificados, conforme
classificação adotada aqui, abordam fatores relacionados às causas e às consequências das
interações entre crianças em ambientes multiculturais em ambiente escolar. Os estudos com
maior aproximação e participação dos sujeitos investigados dentro e fora do ambiente
escolar, compôs um terceiro grupo, menos atendo a causas e consequências e mais dedicado
ao cotidiano das crianças em seus processos adaptativos, a partir do olhar dirigido para as
singularidades comportamentais e os diferentes modos de vida das crianças. Em
decorrência da maior aproximação e participação das crianças nas pesquisas, ocorreu uma
consequente destituição da abordagem patológica das diferenças individuais. Este
levantamento possibilitou concluir que a prevalência das pesquisas destinadas a investigar a
competência social da criança para sua integração tende a reforçar o discurso de negação
das diferenças e desvalorização da diversidade em favor da homogeneidade. Esta tendência
está relacionada à perspectiva escolar adotada como campo preferencial de recolha de
dados, onde, de um modo geral, a busca pelo alcance dos objetivos institucionais de
aprendizagem dos conteúdos curriculares tende a prevalecer sobre a atenção às
necessidades individuais das crianças. O deslocamento deste campo para fora da escola ou
para o universo particular das crianças possibilitou aos pesquisadores identificar crianças
menos permeáveis às uniformizações promovidas pela integração e mais vinculadas às suas
culturas de origem. Esta constatação sugere a necessária atenção das pesquisas sobre
crianças nas migrações internacionais na construção dos seus processos identitários.
Keywords: Criança, migração internacional, saúde, doença
ICCA 2017-39182 -Avaliação de desenvolvimento de bebês prematuros: idade
cronológica versus idade corrigida
Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues (1); Taís Chiodelli (1); Veronica Aparecida Pereira
(2)
1- Universidade Estadual Paulista - Brasil; 2- Universidade Federal da Grande Dourados -
Brasil
ICCA-Comunicação Oral
A prematuridade está entre as causas de risco para o desenvolvimento. Os prejuízos
causados podem ser minimizados pela identificação precoce de defasagens
comportamentais, avaliadas por meio de escalas de desenvolvimento, cujos resultados
subsidiam a implementação de programas de intervenção. Esses resultados podem ser
considerados tendo em vista a idade cronológica do bebê e a idade corrigida, calculada em
função da idade gestacional dos bebês e a data prevista para o parto. O presente estudo
caracterizou possíveis efeitos da prematuridade no desenvolvimento de bebês de quatro e
seis meses de idade, considerando a idade corrigida do grupo de bebês nascidos
prematuros, quando comparados aos desempenhos dos grupos controle. Participaram deste
estudo 221 bebês prematuros, sendo: 125 bebês de quatro meses (51 nascidos com até 32
semanas de gestação e 74 bebês com 33 a 36 semanas de gestação) e 96 bebês com seis
meses de idade (40 nascidos com até 32 semanas de gestação e 56 nascidos com 33 a 36
semanas de gestação). Foram estabelecidos dois grupos controle, de quatro e seis meses de
idade, com o respectivo número de participantes dos grupos de prematuros. Eram bebês
nascidos a termo, com idade gestacional entre 39 e 40 semanas. Com o pareamento dos
grupos, o estudo contou com 442 participantes. Os bebês foram recrutados a partir de um
banco de dados do projeto “Acompanhamento do desenvolvimento de bebês: avaliação e
orientação aos pais”. Para avaliação de desenvolvimento utilizou-se o Inventário Portage
Operacionalizado (IPO), nas áreas de Socialização, Cognição, Linguagem, Autocuidados e
Desenvolvimento Motor. Os dados de desenvolvimento foram analisados a partir da idade
cronológica e corrigida dos bebês prematuros. Para bebês nascidos até 32 semanas de
gestação, houve um acréscimo de dois meses e bebês nascidos entre 33 a 36 semanas de
gestação tiveram a correção da idade com o acréscimo de um mês. Os dados obtidos
apontaram para diferenças significativas entre os prematuros, em quatro das cinco áreas
avaliadas, quando as idades cronológicas foram consideradas, quando os bebês tinham 4
meses, independente das semanas gestacionais e, em duas áreas com seis meses, também
independente das semanas de gestação. Considerando as idades corrigidas os bebês
prematuros superaram os bebês controle em todas as análises realizadas. Os dados obtidos
apontam o risco de, ao corrigir a idade, concluir para a não necessidade de serviços de
intervenção precoce, desconsiderando necessidades específicas desta população nos
primeiros meses de vida e impactos futuros em seu desenvolvimento. O acompanhamento
dos pais e a orientação sobre a implementação de rotinas pautadas nas necessidades de seus
bebês mostra-se como estratégia efetiva para a estruturação de práticas educativas
essenciais ao desenvolvimento infantil.
Keywords: intervenção precoce; prematuridade; idade corrigida
ICCA 2017-43353 -A ENTREVISTA FORENSE EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL: EXPERIÊNCIA DO
DEPARTAMENTO MÉDICO-LEGAL DE PORTO ALEGRE/ RS, BRASIL
Luiziana Souto Schaefer (1); Angelita Maria Ferreira Machado Rios (1); Marcio Magalhães
Arruda Lira (2); Ana Carolina Weissbach Rodrigues (3); Arthur Novak Daudt (3); Vanessa
Machado Rios (3)
1- Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI) e Departamento Médico-
Legal de Porto Alegre, Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Brasil;
2- Instituto Médico-Legal de Fortaleza, Brasil; 3- Pontifícia Universidade Católica de Porto
Alegre (PUCRS), Brasil
ICCA-Comunicação Oral
A violência sexual contra crianças é caracterizada pelo alto índice de negatividade no
exame físico, ou seja, a ausência de evidências que comprovem a materialidade do delito
durante a avaliação pericial. Como na maioria dos casos denunciados à polícia raramente
existem outras evidências além do relato da vítima, a entrevista forense realizada por
profissional qualificado é uma ferramenta utilizada para obtenção do testemunho infantil. O
objetivo deste trabalho é apresentar os dados levantados em entrevistas forenses realizadas
com os responsáveis e as vítimas de supostos abusos sexuais entre junho de 2015 e junho
de 2016 em um centro especializado na cidade de Porto Alegre, Brasil. Foram avaliados 89
casos, referentes a crianças com idades entre 2 e 17 anos, sendo que 76% delas pertenciam
ao sexo feminino. Em 77,5% dos casos, a ocorrência policial foi motivada a partir da
própria revelação da criança. Do total dos casos, 73% referiam-se a abusos intrafamiliares e
48% referiam-se a episódios múltiplos de abuso sexual. Em 84,25% dos casos de entrevista
forense, houve o relato da vítima e a presença de sinais e sintomas de sofrimento psíquico.
A complexidade investigativa nos crimes sexuais contra crianças e adolescentes demandou
à Psiquiatria Forense e à Psicologia Jurídica o desafio de apresentar como prova pericial o
testemunho da vítima e/ou os sinais e sintomas de sofrimento psíquico. Na ausência dos
vestígios físicos, foi possível demonstrar, na maioria dos casos analisados neste estudo, que
houve um ato delituoso.
Keywords: abuso sexual; crianças; adolescentes; entrevista forense
ICCA 2017-44311 -Estudo da participação, em atividades na comunidade, de crianças
e adolescentes com e sem necessidades adicionais de suporte
Susana Oliveira Martins (1); Manuela Sanches Ferreira (1)
1- Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto
ICCA-Comunicação Oral
Participação é um dos constructos que nos últimos anos muito tem sido explorado na
literatura científica, sendo o seu uso enquanto mediador, no acesso de crianças e
adolescentes com necessidades adicionais de suporte (NAS) aos diferentes contextos de
vida, uma das dimensões mais estudadas. Desses contextos, a comunidade, pela sua
importância, tem sido um dos mais explorados, integrando atividades de natureza física,
recreativa, de lazer e de autoatualização. A participação neste tipo de atividades tem-se
encontrado associada a benefícios desenvolvimentais, académicos, de saúde e sociais para
todas as crianças, incluindo as crianças com NAS. E, embora estas apresentem interesses
semelhantes aos dos pares, os estudos, maioritariamente internacionais, têm mostrado de
forma consistente que este grupo apresenta menor frequência, menor diversidade e menor
intensidade de participação em atividades na comunidade.
Atendendo à importância do constructo em estudo, assim como ao pouco conhecimento da
participação das crianças e adolescentes no nosso país, pretendemos com este estudo
caracterizar a participação das crianças e adolescentes portugueses, com e sem NAS, em
atividades na comunidade assim como os fatores ambientais que afetam esta participação.
Para caracterizar a participação na comunidade foram reunidos dados de 390 crianças, das
quais 152 foram reportadas como apresentando algum tipo de incapacidade. A idade média
da amostra de crianças era de 11,5 anos (DP =3,38) e a idade variava entre os 5 e os 17
anos, sendo 208 do sexo masculino e 182 do sexo feminino. As informações acerca da
participação foram recolhidas junto dos pais e cuidadores através da versão portuguesa da
Participation and Environment Measure for Children and Youth (PEM-CY), mais
especificamente, da subescala referente à participação na comunidade. Foram recolhidos
dados relativos à frequência, ao envolvimento e ao desejo de mudança em dez atividades
típicas neste contexto (e.g. atividades físicas organizadas, estar com outras crianças e
jovens na comunidade, frequentar aulas e cursos não escolares), assim como a identificação
de barreiras e suportes à participação neste contexto.
Os resultados obtidos mostraram que as crianças com NAS participavam em menos
atividades, e quando participavam, faziam-no com menor frequência e, de forma geral com
um envolvimento também ele menor. Este resultado era mais evidente nas atividades que
apresentavam maiores complexidade e estrutura e que implicavam o domínio de
competências físicas e cognitivas. Quando questionados acerca deste padrão de
participação das suas crianças, os pais e cuidadores referiam o desejo de contrariar as
atividades dos filhos, maioritariamente sedentárias, por atividades com maiores exigências
físicas ou por atividades sociais informais realizadas fora do contexto doméstico. Por
último, um aspeto importante deste estudo diz respeito ao facto dos pais e cuidadores de
crianças com NAS considerarem que o ambiente colocava barreiras à participação das suas
crianças essencialmente no que se referia às características e exigência das atividades.
Concluindo, estes resultados pareciam mostrar que faltavam ainda na comunidade
programas de atividades físicas e sociais que considerassem aspetos como a
disponibilidade, a acessibilidade e a adaptabilidade dessas atividades para que todas as
crianças e adolescentes, com e sem NAS, pudessem participar.
Keywords: Participação; comunidade; incapacidade; crianças e adolescentes
ICCA 2017-45000 -Impactos Evidenciados em Irmãos de Crianças em Tratamento
Oncológico: Revisão de Literatura
Silvia Pucci (1); Francielly Linares (1)
1- UNISA - Universidade de Santo Amaro
Poster
O processo de diagnóstico e tratamento de câncer em crianças é causador de grande
sofrimento às famílias, afetando todos os seus membros. O câncer infantil possui maiores
índices de recuperação do que em adultos, porém ainda é percebido como uma “sentença de
morte”. Com o adoecimento de uma criança, os pais mobilizam todos seus recursos (físicos,
emocionais, financeiros) em prol de seu acompanhamento. Neste aspecto, o irmão
considerado “sadio” pode ser negligenciado. O objetivo deste trabalho é, portanto, verificar
os possíveis impactos do adoecimento e tratamento de crianças com câncer na vida de seu
irmão que não possui a doença. A hipótese elaborada é de que o processo de adoecimento e
tratamento de câncer em crianças pode gerar impactos no irmão considerado saudável. Foi
utilizada metodologia de revisão bibliográfica, onde foram pesquisados 50 artigos e livros,
entre os anos 2000 a 2016, através das bases de dados Scielo, Pepsic, BVS, utilizando os
descritores: irmãos, fraternidade, relação fraterna, oncologia, câncer, oncologia pediátrica,
câncer infantil, cuidadores, famílias e processo de adoecimento. Dentre os arquivos
coletados, foram selecionados 08 artigos (brasileiros) com a temática específica de irmãos
de crianças em tratamento oncológico, com amostras na faixa etária de 04 a 18 anos.
Resultado: Após a pesquisa e análise dos dados coletados foi possível verificar que a
criança considerada saudável sofre impactos a nível biopsicossociais (negativos e positivos)
devido ao processo de adoecimento e tratamento de câncer de seu irmão. Conclusão: É de
suma importância conhecer tais impactos para elaborar estratégias de intervenção e
prevenção, pensando em todos os membros da família do paciente (não somente
cuidadores). Além disto, foi possível verificar a grande lacuna de pesquisas que englobam
os impactos no irmão da criança em tratamento oncológico, havendo uma necessidade de
explorar mais essas características e população.
Keywords: Câncer. Oncologia Pediátrica. Irmãos. Fraternidade.
ICCA 2017-48982 -Consumo de álcool na infância e na adolescência e suas
consequências na idade adulta
A.C.Fonseca (1); J.T. Silva (1); M. Oliveira (1)
1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Poster
Existe actualmente uma literatura bastante extensa sobre os efeitos a longo prazo do
consumo de álcool na infância e na adolescência. Um dado referido em muitos desses
estudos é que quanto mais cedo se iniciar esse consumo mais graves e duradouras serão as
suas consequências. Baseando-se nessa conclusão alguns autores defendem que a melhor
maneira de prevenir esses problemas será aumentar a idade legal para compra e consumo de
bebidas alcoólicas enquanto outros sugerem que nas consultas de pediatria se faça, desde a
pré-adolescência, um rastreio do consumo de álcool.
Porém, uma tal posição está longe de ser consensual devido, em grande parte, às várias
limitações metodológicas de muitos dos estudos até agora efectuados sobre esta questão.
Por exemplo, tem-se prestado pouca atenção a outras variáveis da infância que poderão
aumentar ou reduzir o efeito negativo do consumo precoce de álcool. Do mesmo modo,
desconhece-se até que ponto essa relação pode ser afectada por factores de ordem cultural.
O presente estudo tem como objectivo examinar: 1) se o consumo precoce de bebidas
alcoólicas aumenta o risco de delinquência, consumo de drogas, insucesso escolar e
problemas de saúde mental nos primeiros anos da idade adulta, e 2) se esse efeito se
mantém quando se controlam outras variáveis concorrentes da infância, designadamente o
nível escolar dos pais, o tamanho da família ou os problemas de comportamento das
crianças.
Os dados são provenientes de uma investigação na qual várias centenas de participantes
foram seguidas desde os primeiros anos do ensino básico, em escolas públicas do concelho
de Coimbra, até à idade adulta.
Tomando como critério a idade legal para o consumo de álcool no nosso país, os
participantes foram distribuídos em três grupos: os que começaram a beber antes dos 16
anos de idade, os que começaram a partir dessa idade e os que nunca consumiram bebidas
alcoólicas. Estes três grupos foram depois comparados em diversos aspectos do seu
funcionamento na idade adulta.
Os resultados mostraram que um número considerável de participantes tinha começado a
consumir álcool antes dos 16 anos, e que este grupo apresentava na idade adulta mais
comportamentos anti-sociais, e mais consumo de droga, designadamente mais problemas
relacionados com o consumo excessivo de álcool. Além disso, o nível de escolaridade (anos
concluídos) era significativamente mais baixo nesse mesmo grupo. De modo geral, estas
diferenças mantinham-se estatisticamente significativas quando se controlava o efeito das
variáveis da infância acima referidas. Porém, não se encontraram diferenças entre grupos
em diversas outras medidas de saúde mental aqui utilizadas (v.g. ansiedade, depressão,
índice geral de psicopatologia ou satisfação com a vida).
No conjunto estes resultados confirmam o efeito nocivo, a longo prazo, do consumo de
álcool, mesmo numa cultura tolerante como a nossa em relação a essa bebida, fornecendo à
primeira vista um argumento adicional às políticas de prevenção que passam pelo aumento
da idade legal para o consumo de bebidas alcoólicas.
Keywords: Consumo precoce de álcool; consequências negativas na idade adulta
ICCA 2017-49620 -Triplo P - Programa de Parentalidade Positiva: um estudo piloto
com famílias em situação de risco psicossocial
Sandra Nogueira (1); Cátia Costa (1); Isabel Macedo Pinto (1); Orlanda Cruz (1)
1- FPCEUP
ICCA-Comunicação Oral
Famílias em situação de risco psicossocial enfrentam desafios complexos no desempenho
das suas funções parentais. Verificam-se, frequentemente, situações graves de carência
socioeconômica, violência doméstica, maltrato ou negligência infantil, assim como, abuso
de substâncias. Habitualmente, residem em áreas com elevados níveis de desemprego e
possuem cuidados de saúde inadequados ou insuficientes. Os adultos tendem a experienciar
índices elevados de stress parental, humor depressivo, desregulação emocional, insatisfação
parental e múltiplos acontecimentos negativos de vida. A literatura científica tem
consistentemente associado estes fatores ao desenvolvimento e manutenção de problemas
comportamentais e emocionais na criança/adolescente, problemas acadêmicos, situações de
maltrato e negligência infantil, assim como, abuso de substâncias tóxicas e comportamentos
desviantes.
O maltrato, a negligência infantil e os problemas parentais associados, incluem geralmente
práticas parentais coercivas, interações familiares negativas, padrões de comunicação
desadequados, conflitos conjugais, estratégias de disciplina negativa e controlo restritivo. A
maioria dos pais, no desempenho deste papel confronta-se com inúmeras dificuldades
sendo imprescindível abordar a parentalidade como um assunto de saúde pública.
Uma intervenção parental adequada contribui amplamente para a promoção de ambientes
familiares consistentes e responsivos, para o desenvolvimento saudável da criança que se
sentirá aceite e afetivamente nutrida no seio familiar, capaz de se expressar e regular
emocionalmente. Não é por isso surpreendente que os programas parentais estruturados
baseados em modelos de aprendizagem social sejam considerados, pela literatura científica,
a resposta mais eficaz na redução dos níveis de maltrato infantil, promoção da saúde mental
e bem-estar da comunidade.
Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia do Triple P – Positive Parenting Program
com mães portuguesas em situação de risco psicossocial. Trata-se de um programa de
promoção de competências parentais desenvolvido através de evidências empíricas.
Selecionamos um formato de grupo de nível 4 e delineamos um estudo experimental
randomizado aleatoriamente com dois grupos, o grupo de intervenção (GI, n = 10) e grupo
usual de controlo (GC, n = 10). Os grupos foram avaliados em dois momentos temporais
diferentes, pré e pós intervenção.
Participaram 33 mães provenientes de famílias com baixos recursos socioeconómicos em
situação de risco psicossocial com crianças na faixa etária dos 3-12 anos. A idade média das
participantes era 37 anos (DP = 9,32, 24-60) sendo a grande maioria solteira (62,5%) ou
divorciada (33,3%) e possuindo apenas o ensino básico (33,5%). As crianças
maioritariamente do sexo feminino (59%), com idade média de 8 anos (DP = 2,48, 3-12).
Foram avaliadas as seguintes dimensões: práticas disciplinares parentais, sentimento de
autoeficácia parental, problemas emocionais/comportamentais da criança, stress parental,
depressão, stress e ansiedade das participantes, risco psicossocial e redes de suporte social.
Como esperado, GI obteve uma redução significativa ao nível dos problemas
comportamentais e emocionais da criança, um aumento da satisfação e do sentido de
competência parental. Foram ainda encontradas alterações significativas ao nível das
práticas parentais e diminuição dos níveis de stress parental. Apesar destes resultados serem
preliminares evidenciam a eficácia do Triplo P na redução dos problemas da criança e da
adoção de práticas parentais adequadas nesta população.
Keywords: parentalidade, educação parental, Triplo P, exclusão social
ICCA 2017-50577 -O papel do espaço virtual no desenvolvimento afectivo-sexual dos
adolescentes: as novas dinámicas dos relacionamentos interpessoais juvenis
Joana Topa (1); Ana Castro Forte (2); Yolanda Rodriguez Castro (2); Sofia Neves (1)
1- ISMAI; CIEG-ISCSP ULisboa; 2- Facultade de Educación - Universidade de Vigo
Poster
Os contextos virtuais são cada vez mais um novo prolongamento da vida dos/as jovens,
tendo adquirido um importante papel ao nível do estabelecimento e manutenção dos
relacionamentos interpessoais. As relações juvenis de intimidade não fogem a estas
mudanças e o sexting adolescente surge como uma nova prática de estabelecimento e
manutenção de laços afetivos no emergente espaço de cibersocialização Estes novos
contextos de socialização se, por um lado, proporcionam oportunidades para a
sociabilidade, desenvolvimento afectivo-sexual (Lievens, 2014), expressão pessoal,
aprendizagem, criatividade e participação (Goggin & Hjorth, 2014) podem, por outro
lado, acarretar alguns riscos, uma vez que são meios que pela conetividade permanente e
usos individualizados não monitorizados podem ser palco de perpetração de múltiplas
violências. O sexting tem vindo a ser conceptualizado como um fenómeno emergente na
vida dos/as adolescentes associado ao aparecimento de novos riscos psicossociais juvenis.
A literatura tem vindo a indicar que o sexting ora é visto como forma de sedução, prazer e/
ou ter atenção romântica, como forma de acordo numa relação consensual, enquanto
elemento constituinte de uma fase experimental em regime de liberdade, ora como
resultado de pressões/ameaças/violências por parte do/a parceiro/a (Cooper, Quayle,
Jonsson & Svedin, 2016) que parece relacionar-se com comportamentos sexuais de
risco e de desafio (Ybarra & Mitchell, 2014), impulsividade e consumo de substâncias
(Temple, Le Berg, Ling, Paul & Temple, 2014). O presente trabalho pretende alertar
para a necessidade de realização de estudos empíricos com populações juvenis que nos
posibilitem aprofundar o conhecimento deste fenómeno a nível nacional, tentando explorar
os riscos psicossociais no processo de desenvolvimento afetivo-sexual dos/as jovens
adolescentes e nos seus primeiros relacionamentos de intimidade (Cooper et al., 2016).
Keywords: jovens, sexting, desenvolvimento afectivo-sexual e espaços virtuais
ICCA 2017-51966 -Percepção da influência do padrão estético na imagem corporal de
adolescentes
Vivianne Oliveira Gonçalves (1); Juan Parra Martínez (2)
1- Universidade Federal de Goiás (Brasil); 2- Universidad de Castilla-La Mancha
(Espanha)
ICCA-Comunicação Oral
O objetivo do estudo é conhecer as diferenças de gênero em uma amostra de adolescentes
em relação à percepção da imagem corporal e à percepção da influência da mídia, através
de uma abordagem quantitativa e qualitativa. O interesse por esta investigação se relaciona
com a importância do ideal estético corporal propagado pela mídia e sua influência na
imagem corporal dos adolescentes. A fase quantitativa da pesquisa está formada por um
total de 237 adolescentes de 14 a 18 anos (50,2% do sexo feminino 49,8% do sexo
masculino) de distintos centros educativos de Toledo (Espanha). Dentro da amostra
anterior, e para a fase qualitativa da pesquisa, formou-se um segundo grupo amostral
constituído por 10 grupos de discussão, separados por sexo e por ciclo educativo,
totalizando 60 alunos. Foram utilizados o Body Shape Questionnaire (BSQ), o Cuestionario
de Influencias del Modelo Estético Corporal (CIMEC-26) e o grupo de discussão como
técnica de coleta de dados. Os dados obtidos na fase quantitativa foram analisados com o
programa SPSS, versão 17.0 para Windows. Os dados da fase qualitativa foram analisados
com o programa Atlas ti. Os resultados da fase quantitativa indicam a existência de uma
maior insatisfação corporal, assim como maior influência da mídia em adolescentes do sexo
feminino. Para conhecer a associação entre a influência do modelo estético e a insatisfação
corporal, realizou-se uma análise de correlação de Spearman. Os resultados mostraram uma
correlação positiva entre o BSQ e o CIMEC-26, o que evidencia que o aumento da
insatisfação corporal relaciona-se com a influência dos modelos estéticos e sociais A
insatisfação corporal encontrada no sexo feminino é corroborada pelos resultados do estudo
qualitativo. Além disso, foram constatadas diferenças nos discursos dos grupos de
discussão no que se refere ao corpo, assim como uma grande variedade de mediadores na
construção da imagem corporal na atualidade: a norma da magreza, o impacto da influencia
da mídia e a evidência social de que as pessoas magras são mais aceitas em todas as esferas
sociais. Foi possível verificar que a magreza do corpo aparece conectada a uma diversidade
de significados que influem na construção da imagem corporal na atualidade: a associação
entre magreza e beleza, e entre beleza e sucesso pessoal e profissional, geram condutas de
comparação e insatisfação corporal, apesar de que os modelos de corpo propagados pela
mídia sejam representativos de uma realidade distinta a sua própria realidade e composição
corporal.
Keywords: Imagem Corporal, padrão estético, meios de comunicação massivos
ICCA 2017-52837 -O papel mediador da parentalidade na empatia interpessoal dos
pais e ajustamento psicológico dos filhos em famílias com desvantagem social e
económica
Mariana Fernandes (1); Isabel Narciso (1); Marta Pedro (1); Ágata Salvador (1); Ana
Tavares (1)
1- Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa
Poster
Introdução: As famílias em situação de desvantagem social e económica enfrentam desafios
acrescidos no seu quotidiano. A literatura científica identifica fatores de risco ao nível do
funcionamento familiar e estudos referem que viver em condições de pobreza influencia o
desenvolvimento das crianças. É fundamental estudar não só a parentalidade, pelo seu
impacto no ajustamento dos filhos, mas também fatores individuais dos pais, como a
empatia interpessoal. Estudos apontam que níveis mais elevados de empatia nos pais
conduzem a interações mais harmoniosas no subsistema parental. Assim, destaca-se a
relevância de estudos que contribuam para a compreensão dos fatores que fomentam o
ajustamento psicológico das crianças, no contexto específico de desvantagem social e
económica.
Objetivo: Este estudo pretendeu identificar a relação entre a empatia interpessoal parental e
o ajustamento psicológico de crianças, de forma direta e indireta, através da parentalidade,
em famílias em desvantagem social e económica.
Metodologia: O presente estudo, de caráter transversal, foi constituído por uma amostra de
pais (n = 65), maioritariamente do sexo feminino (n = 54), de famílias em situação de
desvantagem social e económica. Quanto à configuração familiar, 33 famílias eram
biparentais (50.8%) e 32 eram monoparentais (49.3%). A amostra foi recolhida através do
contacto com diversas instituições portuguesas de solidariedade social, em que se solicitou
a participação de pais, com pelo menos um filho com a idade compreendida entre os seis e
os 12 anos (M = 9.29, SD = 2.01). Destas crianças, 50.8% eram do sexo feminino. As
versões portuguesas do Índice de Reatividade Interpessoal (IRI; subescalas: Tomada de
perspetiva, Preocupação empática), do Questionário de Estilos Parentais (QDEP; subescala:
Parentalidade negativa - Estilo autoritário, Estilo Permissivo) e do Questionário de
Capacidades e Dificuldades (SDQ; subescalas: Total de problemas, Problemas de
externalização, Problemas de internalização) foram oralizadas por um investigador da
equipa, que também registava as respostas dos pais. Através da análise quantitativa dos
dados, foram testados três modelos de mediação (PROCESS).
Resultados: Os resultados revelaram uma correlação negativa entre a empatia interpessoal
parental e a parentalidade negativa e uma associação positiva entre a parentalidade negativa
e o total de problemas. Verificaram-se também correlações positivas entre a parentalidade
negativa e problemas de externalização e internalização nas crianças. Porém, não foram
identificadas associações diretas significativas entre a empatia dos pais e as dimensões do
SDQ-Por utilizadas. As análises de mediação mostraram o papel mediador da parentalidade
negativa na relação entre a empatia e o total de problemas, entre a empatia e os problemas
de externalização, e entre a empatia e os problemas de internalização.
Conclusão: Os resultados sugeriram que a empatia interpessoal parental parece contribuir
diretamente para a qualidade da parentalidade, e indiretamente para o ajustamento
psicológico dos filhos. Assim, os resultados obtidos indiciam a necessidade de, na
intervenção com famílias em situação de desvantagem social e económica, se considerar a
importância do desenvolvimento de competências empáticas dos pais.
Keywords: Desvantagem social e económica; Empatia interpessoal parental; Parentalidade
negativa; Ajustamento psicológico
ICCA 2017-57409 -Crenças sobre castigo corporal: um estudo com estudantes de
Medicina
Maria João Vidal Alves (1); Luiziana Souto Schaefer (2); Madalena Sofia Oliveira (1);
Teresa Magalhães (1)
1- Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Portugal; 2- Instituto-Geral
de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Brasil;Faculdade de Medicina da Universidade
do Porto (FMUP), Portugal
Poster
A violência, como um problema social e de saúde, pode ser perpetuada através de atitudes e
crenças que reproduzem e legitimam conceções culturais dominantes acerca dos atos
violentos em diferentes âmbitos: físico, sexual, psicológico, entre outros. As estratégias de
prevenção da violência devem, portanto, incluir a formação e informação da comunidade e,
prioritariamente, dos profissionais da saúde, designadamente os médicos, que
desempenham um importante papel na deteção e diagnóstico destes casos. Assim, tendo
como objetivo conhecer as crenças que estudantes de Medicina possuem acerca do castigo
corporal a crianças, foi desenvolvido um estudo que inclui 50 estudantes, com idades
compreendidas entre os 20 e os 29 anos, que frequentam o 4º ou 5º ano do mestrado
integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Para o efeito,
utilizou-se a “Escala de Crenças sobre Punição Física” (E.C.P.F) de Machado, C.,
Gonçalves, M. & Matos, M. (2007) composta por 21 itens. A Escala foi administrada
em dois momentos: antes e após a lecionação da matéria sobre vítimas e violência. Os
resultados preliminares do estudo reforçam a ideia de que o fenómeno da violência está
relacionado com as representações sociais. Conceções diversas acerca do que é ou não
tolerado na educação dos filhos, como por exemplo, a falta de consenso sobre o uso do
castigo corporal como estratégia de punição e correção, apontam para a necessidade de que
tais tópicos sejam introduzidos e amplamente discutidos no âmbito da formação dos
profissionais da saúde. Uma vez que as crenças podem favorecer discursos que legitimam
os atos de violência, é crucial que estes profissionais reflitam sobre o seu papel enquanto
agentes de saúde e promotores de estratégias alternativas para a solução de conflitos. Os
seus diagnósticos e intervenções terão de partir da evidência científica e dos resultados, e
não mais de meras opiniões baseadas na sua experiência pessoal, pré-conceitos e
preconceitos.
Keywords: crenças, castigo corporal, estudantes de Medicina
ICCA 2017-57802 -Atitudes, percepções e práticas frente a violência doméstica na
comunidade de Campo Limpo - SP
William Edgar Comfort (1); Tiago Ogura (2); Fernanda Rocha; Paula Petta; Katyanne
Farias (2); Fabilla Lira (2); Érica Cazol (2)
1- Centro Universitário FIEO; 2- ONG Núcleo Espiral
ICCA-Comunicação Oral
Introdução
A violência sempre esteve presente na sociedade, se manifestando em diversas formas e
independe de classe social, no entanto identifica-se que a maioria dos problemas sociais
geradores de violência são o analfabetismo, má distribuição de renda, mortalidade infantil e
o crescimento das cidades sem planejamento efetivo que possa sanar as principais
necessidades da sociedade: saúde, serviços públicos, segurança. São fatores que geram uma
crise de valores éticos e morais na população. Sob esta perspectiva, um questionário sobre a
violência doméstica foi aplicado com parentes de crianças usuários de instituições sócio-
assistenciais na região de Campo Limpo, São Paulo. Este questionário visou o efeito de
intervenções para combater a violência sobre os atitudes, percepções e práticas frente a
situações de violência doméstica e familiar nas comunidades sob estudo pela ONG Núcleo
Espiral.
Metodologia
Participantes: Foram entrevistados parentes de crianças usuários de instituições sócio-
assistenciais na região de Campo Limpo (N = 187).
Materiais: O questionário desenvolvido por uso no estudo (Questionário de Violência
Comunitária - QVC) foi validado por testes pilotos antes da aplicação na comunidade. Os
resultados obtidos antes (Marco Zero: N = 96) e depois da intervenção (Marco Final: N =
91) foram extraídos de amostras independentes.
Análise: Os atitudes, percepções e práticas frente a situações de violência doméstica e
familiar foram avaliados por questionário quantitativo. O questionário avaliou os
participantes com perguntas em formato binário (Verdadeiro/Falso), múltipla-escolha, e
escala Likert. A coleta de dados foi realizada antes e depois da intervenção.
Resultados
Na taxa de incidência de violência pessoal, observou-se uma diminuição na incidência da
agressão verbal e a agressão doméstica; houve uma diminuição geral de 9% no marco final
(agressão verbal: 59% no marco zero e 50% no marco final; agressão doméstica: 15% no
marco zero e 6% no marco final).
Na percepção da violência doméstica, mais sujeitos concordavam que a violência
doméstica era na maioria cometida por pessoas conhecidas (aumento de 16% entre Marco
Zero e Final). Também houve um aumento no número de indivíduos que discordavam que o
abuso sexual pode ser provocado pelo comportamento da mulher (7%).
Nas práticas a serem tomadas frente a situações de violência, houve um aumento de 18%
no número de sujeitos que chamariam a polícia, e de 5% no número de sujeitos que
ajudariam a vítima. Já na opção de chamar os vizinhos, houve uma diminuição de 9%.
Conclusões
O Núcleo Espiral, organização social sem fins lucrativos fundada em 2002, busca uma
proposta de intervenção que foca na pesquisa, assistência e prevenção da violência contra
crianças e adolescentes de acordo com a qual o público vítima de violência é olhado dentro
de seu contexto social, abarcando as suas possibilidades. Desde sua fundação, o Núcleo
Espiral vem procurando estimular em seu público-alvo o desenvolvimento de novas formas
de relacionamento com o mundo, visando a redução dos danos provocados por vivências
negativas oriundas das mais variadas exposições a situações de violência e, acima de tudo,
oferecendo possibilidades para que o ciclo da violência seja rompido.
Keywords: Violência; violência doméstica; psicologia comunitária;
ICCA 2017-58705 -Effect of storytelling and parental education on 10 years-old
children’s cognitive performance
Débora Pereira (1); Raquel Costa (2); Ana Raquel Carvalho (1); Ana Cristina Santos (3);
Henrique Barros (3)
1- Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; 2- Universidade Europeia, Lisboa;
3- Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; Departamento de Epidemiologia
Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública da Universidade do Porto
ICCA-Comunicação Oral
Background: Storytelling is a learning opportunity in a home environment associated with
positive outcomes in terms of infant’s language development and solving problems skills,
as well as in terms of pre-school children’s vocabulary and literacy skills. Although some
studies have analyzed the contribution of storytelling in the development of language in
young children, few have looked at the long term impact of storytelling on both children’s
verbal abilities and global cognitive performance. Aim: To evaluate the effect of frequency
of storytelling and parental education on 10 years-old children’s verbal and global IQ.
Methods: Data was collected as part of the Generation XXI, a Portuguese birth cohort that
follows the development of 8647 children from birth. For this study, participants were
contacted for the 7 years-old follow-up and parents provided information on frequency of
storytelling. At the 10 years-old follow-up the Wechsler Intelligence Scale for Children
(WISC-III) was administered by trained clinical psychologists. Information on verbal and
global IQ was obtained for 1225 children. Parental education was computed in 3 categories,
according to the compulsory education in Portugal (both parents with 12 or less years of
education [LE; n=690], one parent with 12 or less years of education [ME; n=281] and both
parents with more than 12 years of education [HE; n=254]). The frequency of storytelling
was computed in 4 categories (never [n=227]; less than once a week [n=177]; once or more
a week [n=497], every day [n=324]). Regression coefficients (β) and 95% confidence
intervals (CI) were computed using generalized linear models, adjusting for maternal age.
Results: Children of HE parents and to whom stories were read in a daily bases had the
highest average Verbal IQ (M=111,262). A significant lower Verbal IQ was observed in
children of ME (β= -3.367, CI: -5.830 to -0.905, p=0.007) and LE (β= -9.515, CI: -11.729
to -7.302, p<0.001) parents. A significant lower Verbal IQ was observed in children to
whom stories were read once or more a week (β= -2.640, CI: -4.688 to -0.592, p=0.012), to
whom stories were read less than once a week (β= -4.341, CI: -7.059 to -1.624, p=0.002),
and to whom stories were never read (β= -4.897, CI: -7.446 to -2.349, p=0.000). Children
of HE parents and to whom stories were read in a daily bases had the highest average
Global IQ (M=108,030). A significant lower Global IQ was observed in children of ME (β=
-3.678, CI: -6.184 to -1.172, p=0.004) and LE (β= -9.913, CI: -12.167 to -7.660, p<
0.001) parents. A significant lower Global IQ was observed in children to whom stories
were read once or more a week (β= -3.190, CI: -5.274 to -1.105, p=0.003), to whom stories
were read less than once a week (β= -3.844, CI: -6.610 to -1.077, p=0.006), and to whom
stories were never read (β= -4.698, CI:-7.292 to -2.104, p=0.000). Conclusion: Storytelling
was associated with 10 years-old children’s cognitive abilities. Therefore, promoting
regular reading times on a daily basis should be a priority in families.
Keywords: Storytelling, Verbal IQ, Global IQ, cognitive performance, WISC
ICCA 2017-64273 -Razões para Consumo de Álcool na adolescência: Uma Revisão de
Literatura Brasileira
Silvia Pucci (1); Luana Souza (1)
1- UNISA - Universidade Santo Amaro
Poster
Introdução: O consumo de álcool pode acarretar prejuízos em esfera biopsicossocial no
desenvolvimento dos adolescentes. Nesta fase transitória e de construção de identidade, as
vulnerabilidades apresentadas pelos jovens podem favorecer o uso e abuso de psicoativos,
possivelmente como um recurso para enfrentar as situações difíceis e desconhecidas por
eles. Neste cenário as conseqüências podem perdurar até a vida adulta, além de tornar o
álcool uma problemática para a saúde pública mundial. O objetivo deste estudo foi
identificar razões envolvidas no consumo de álcool na adolescência e verificar possíveis
alterações neste cenário ao longo dos anos. A metodologia utilizada foi uma revisão de
literatura brasileira, realizada por um meio de estudo exploratório nas bases de dados
SCIELO, MEDLINE, LILACS, PEPSIC, do ano de 2000 a 2016 no qual foram encontrados
28 artigos envolvendo os descritores: consumo de álcool, motivos, adolescente(s), razão,
adolescência e drogas psicoativas. Os resultados indicaram que as principais razões que
envolviam o consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes estavam diretamente
atreladas à fatores sociais, como por exemplo, a estrutura familiar, a dinâmica do grupo de
amigos, a qualidade dos relacionamentos interpessoais ou ainda à influência da mídia. Além
disso, os aspectos psicológicos como, obtenção de prazer, busca por alívio do estresse e
fuga imediata de situações conflitantes também foram identificados. Conclusão: Os fatores
sociais são prevalentes nas razões que motivam os adolescentes a consumir bebidas
alcoolizadas e este cenário não sofreu mudanças significativas no decorrer dos anos onde
foram evidenciados estudos que abrangessem a temática.
Keywords: Palavras- chaves: Álcool. Adolescência. Consumo. Motivos
ICCA 2017-64629 -What’s in a mother’s smile? Effects of maternal sensitivity and
infants’ self-regulation on early social engagement behavior
Gonçalves, J. (1); Lopes-dos-Santos, P. (1); Fuertes, M. (1); Ferreira-Santos, F. (1);
Loureiro, A. (1)
1- University of Porto
ICCA-Comunicação Oral
The Developmental Affective Neuroscience approach conceives that early social
development is a process resulting from complex multidimensional transactions between
biological and environmental factors. Several studies suggest that maternal sensitivity –
defined as the mother`s ability to contingently, warmly, and promptly respond to the signals
or communications implicit in her baby’s behavior – seems crucial for fostering infants’
engagement in social interactions. The aim of the present study was to understand the
impact of maternal sensitivity, infant self-regulation and postnatal age on infants’ social
engagement. This study was conducted with 41 dyads recruited after delivery in the
neonatology and obstetrics services of two hospitals within the district of Porto. In order to
increase postnatal age variability we selected healthy neonates born between 34 and 41
weeks. Observations were scheduled correcting the age for all infants whose birth occurred
before 40 weeks of gestation. Approximately at 54 weeks, infants were videotaped with
their mothers in two laboratorial procedures: (1) a 5-minute unstructured play-session and
(2) the Face-to-Face-Still-Face situation. Ratings of maternal sensitivity and scores of
infants’ self-regulation and social engagement were then obtained. Using path analysis we
found direct significant effects of postnatal age, infants’ self-regulation and maternal
sensitivity on infants’ social engagement. Conversely, self-regulation partially mediated the
effects of maternal sensitivity but not the effects of postnatal age. Furthermore, effects of
maternal sensitivity were moderated by infants’ postnatal age. Our results suggest a
hierarchical development of infants’ socialization skills whereby self-regulation supports
infants’ ability for social engagement mediating the role of maternal sensitivity. These
findings are in agreement with the hypothesis that early social development is
simultaneously dependent on infants’ regulatory capabilities as well on the regulatory
scaffolding provided by the caregiver.
Keywords: infant, self-regulation, social engagement behavior, maternal sensitivity
ICCA 2017-67166 -Promoção da inteligência emocional em contexto educativo de
creche
Ana Mafalda de Castro e Pinho (1); Maria Lourdes Cró (2); Maria da Luz Vale Dias (1)
1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; 2-
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Coimbra
ICCA-Comunicação Oral
Recentes referenciais teóricos no âmbito da Psicologia e em particular da Psicologia do
Desenvolvimento têm manifestado a relevância de as crianças em idade precoce serem
integradas em contextos educativos de elevada qualidade (McMullen & Apple, 2012).
A qualidade dos contextos é determinada por um vasto conjunto de fatores. No entanto,
aqui, cingir-nos-emos às questões que procuram promover a felicidade humana, no que
especificamente diz respeito ao desenvolvimento da Inteligência Emocional (IE), uma vez
que, muito frequentemente têm sido abordadas questões relacionadas com o bem-estar do
ser humano, especialmente em torno da saúde mental, tema do recente relatório da
Comissão Europeia "Mental health Systems in the European Union Member States, Status
of Mental Health in Populations and Benefits to be Expected from Investments into Mental
Health" (European Commission, 2013), que salienta como eixo prioritário o
desenvolvimento da saúde mental através da aplicação de Programas de IE. Deste modo,
consideramos que os contextos educativos poderão, efetivamente, possuir características de
qualidade elevada, sobretudo, quando os seus profissionais investem no desenvolvimento
das próprias competências emocionais, por se tratar de referências importantes para as
crianças, no desenvolvimento da IE, numa lógica de promoção do “aprender a ser
feliz” (Queirós, 2016). No que especificamente se refere à IE, trata-se da habilidade para
prestar atenção às emoções, compreender os sentimentos e ser capaz de regular os estados
emocionais em si próprio e nos outros de uma forma eficaz (Queirós, 2012).
Ainda em relação ao facto de os adultos serem referências cruciais para as crianças,
também tem sido significativo o recente contributo das neurociências para a perceção do
neurodesenvolvimento, essencialmente ao nível das mudanças comportamentais e
aprimoramento de habilidades, que são concomitantemente moldadas por fatores
maturacionais e ambientais (Fusaro & Nelson, 2009). Neste sentido, o
desenvolvimento na primeira infância sofre uma influência direta de acordo com o
ambiente. Assim, tendo em linha de conta que a elevada qualidade de um contexto é
determinada pelo desenvolvimento da IE que, consequentemente promove o aumento de
competências emocionais, é nosso objetivo, neste trabalho, realçar práticas adequadas ao
desenvolvimento da IE em crianças de idade precoce, com base na adoção da abordagem
curricular High-Scope. Esta abordagem curricular, iniciada por David Weikart, assume-se
como um modelo de abordagem construtivista e de orientação cognitivo
desenvolvimentista, cuja aprendizagem ativa, as interações positivas entre adulto e criança,
o ambiente de aprendizagem, a rotina diária e a avaliação se apresentam como princípios
básicos. Ainda no que se refere a esta abordagem curricular, é considerada por muitos
especialistas, da área da educação de infância, como um modelo de qualidade elevada,
plausível de ser aplicado no contexto português da educação de infância. Evidenciaremos,
assim, o seu posicionamento em relação à expressão das emoções na primeira infância, uma
vez que se trata de um aspeto essencial ao desenvolvimento da IE, e também, a sua
importância no desenvolvimento das relações interpessoais.
Keywords: contexto educativo de creche; inteligência emocional; abordagem curricular
High-Scope
ICCA 2017-68033 -A violência sofrida na infância e o uso de álcool e outras drogas:
resultados preliminares
MARIA CAROLINA FREGONEZI GONCALVES (1); Cibele Alves Chapadeiro (1)
1- Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Poster
O uso abusivo e dependente de drogas lícitas e ilícitas é um dos principais problemas de
saúde pública na sociedade atual e sua relevância traz à tona diversas preocupações,
considerando a pluralidade de problemas que os envolvem. Dentre os diversos danos
sociais relacionados, destaca-se a violência. A exposição a experiências traumáticas na
infância tem sido associada a transtornos por uso de substância, relacionado ao abuso e
dependência do álcool e de outras drogas, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Doenças Mentais (DSM V). O objetivo desse estudo é compreender a relação da história
familiar e social de violência de internos em tratamento em uma comunidade terapêutica
(CT), e o seu uso de álcool e outras drogas e violência. Trata-se de um estudo qualitativo,
baseado no referencial da Teoria Familiar Sistêmica. Foram realizadas 12 entrevistas semi-
estruturadas com indivíduos com transtornos por uso de substância, internos de uma CT,
sendo estas audiogravadas e transcritas na íntegra. Até o presente momento, foi feita uma
proposta de análise de conteúdo das entrevistas de dois internos, de 32 e 39 anos de idade.
As categorias que emergiram das falas dos internos foram: História familiar e violência
interpessoal e Violência e sociedade. Na categoria “História familiar e violência
interpessoal”, os internos revelaram episódios frequentes de violência sofridos na infância e
uso de álcool pelo pai. Referiram agressão física e verbal do pai contra a mãe, os irmãos e a
si próprio quando o pai estava sob o efeito do álcool ou não. Os dois internos não se
reconheceram violentos na infância com a família, mas um deles refletiu sobre a relação da
violência que praticou sob o efeito de drogas e a violência vivida na infância. Na categoria
“Violência e Sociedade”, um dos internos apontou que sofreu violência na escola quando
criança, em que era severamente punido por professores, como puxões de orelha, ajoelhar
em caroço de milho e tampa de garrafão. Mas, eles indicaram ser violentos com a sociedade
na infância, com o roubo, segundo eles como forma de suprir as privações da pobreza. Após
a dependência química, o roubo ocorreu para a satisfação de desejos de consumo e prazer.
Observou-se nesta análise preliminar, que as famílias praticaram violência em relação aos
internos na sua infância e entre seus membros familiares. Os próprios internos também já
realizavam atos agressivos, como o roubo, mas não reconheceram como violência. Após a
ocorrência da dependência química, os internos praticaram violência interpessoal
direcionada à família e à comunidade, contra a sociedade e até se auto-agrediram. Estes
dados preliminares parecem indicar que a violência vivida ou presenciada na infância pode
ser fator predisponente ao transtorno de uso de substâncias, mas também à própria violência
exercida após o uso de álcool e outras drogas. Somente o uso de substâncias psicoativas
pode não ser o único responsável pela ocorrência da violência nesta fase. Ainda, os atos de
violência como o roubo na infância, que não foram devidamente reprimidos, também
podem levar à sua ocorrência com o uso de álcool e outras drogas, além da própria fissura
pelo uso das substâncias.
Keywords: Infância, família, violência, dependência química.
ICCA 2017-68314 -Violência e vulnerabilidade na infância e adolescência e o uso de
álcool e outras drogas
MARIA CAROLINA FREGONEZI GONCALVES (1); Cibele Alves Chapadeiro (1)
1- Universidade Federal do Triângulo Mineiro
ICCA-Comunicação Oral
O abuso de álcool e outras drogas é um dos principais problemas de saúde pública na
sociedade atual, que leva a consequências, como a violência. Entretanto, episódios de
violência e situações de vulnerabilidade também podem se apresentar em uma época
anterior ao abuso de substâncias psicoativas. A Organização Mundial de Saúde define
violência como uso intencional da força física ou poder, real ou ameaça, contra si mesmo,
outra pessoa, contra um grupo ou comunidade, que resulta ou tem alta probabilidade de
resultar em lesão, morte, dano psicológico, privação ou mau desenvolvimento,
comprometendo o bem-estar do indivíduo, família e comunidade. A definição abrange,
além de atos físicos, ameaças, intimidações e danos psicológicos. Vulnerabilidade se
refere a um conjunto de situações em que a pessoa fica impossibilitada de responder às
demandas com seus próprios recursos. Este estudo teve por objetivo analisar e discutir
artigos sobre a violência e outros eventos de vulnerabilidade na infância e adolescência e
sua relação com o uso de álcool e outras drogas. Foi realizada uma revisão narrativa,
baseada em artigos das bases de dados LILACS, SciELO, PePSIC e PubMed, entre os anos
de 2006 e 2016. Foram selecionados dez estudos. As pesquisas indicaram diversas formas
de violência e situações de vulnerabilidade na infância e/ou adolescência anteriores ao uso
de álcool e outras drogas. Nesta etapa do ciclo de vida, os ambientes familiares dos
usuários de álcool e outras drogas, foram caracterizados por agressões, brigas, desemprego
e pobreza. Adolescentes e jovens indicaram os frequentes conflitos na família, como as
brigas, agressões e separação dos pais; a falta de diálogo e a cultura do uso de drogas no
ambiente familiar como predisponentes para iniciação ao uso de drogas lícitas e ilícitas. As
questões familiares incluíram também o falecimento de um membro, doenças, abuso
sexual, violência física e psicológica direcionadas às crianças e adolescentes, assim como a
negligência. O uso de drogas na idade adulta foi estatisticamente relacionado aos maus-
tratos na infância, no que se refere à negligência e abuso físico. A dependência química
iniciou na infância em alguns casos e o uso de substâncias psicoativas nesta fase pode ser
interpretada como forma de suportar os problemas sofridos, numa tentativa de lidar com as
experiências adversas, fugir do sofrimento e resistir à violência e ao desamparo, diante da
impotência frente as emoções negativas. A caracterização da relação entre a violência
familiar e social, situações de vulnerabilidade na infância/adolescência e a ocorrência da
dependência de álcool e outras drogas a posteriori, reafirma o papel da família e do
ambiente social na corresponsabilidade do problema. Estas relações reafirmam ainda a
importância da intervenção junto às dificuldades e problemas das famílias com filhos
pequenos e adolescentes, como prevenção à dependência química e violência.
Keywords: Infância, adolescência, violência, dependência química.
ICCA 2017-71166 -Projeto TEIA (Tu És Incrível Assim): Promoção de competências
com crianças em contexto de risco
Telma Marques (1); Lúcia Paço (1); Ana Cláudia André (1)
1- Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP) - Associação Nós
ICCA-Comunicação Oral
O Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental inspirou-se nos princípios do
Modelo Ecológico do Desenvolvimento Humano (Bronfenbrenner, 1977) e na Teoria Geral
dos Sistemas (Bertalanffy, 1968) para desenvolver uma proposta de trabalho integrado com
famílias, com duas áreas de atuação.
Os alvos primários do projeto são crianças, dos 6 aos 12 anos, que pertencem a agregados
familiares anteriormente sinalizados pela existência (ou possibilidade) de risco associado
aos contextos em que a criança interage. Como alvos secundários temos os pais/figuras de
referência das crianças – que foram envolvidos em momentos-chave, dinâmicas e
atividades orientadas para a comunicação, expressão, compreensão e aceitação das emoções
e cognições num espaço que é relacional e securizante. O TEIA tem a duração equivalente à
de um ano letivo escolar, sendo as sessões semanais e de 60 minutos cada.
Este projeto constitui-se um programa preventivo com uma componente de educação
parental, desenhado e guiado por Abordagens colaborativas (Madsen, 2007) e de
Resiliência familiar (Walsh, 2003), bem como por princípios da Terapia breve orientada
para soluções (Shazer, 1986) e das Terapias Narrativas (White & Epston, 1990). Tais
linhas teóricas permitiram traçar objetivos gerais, tais como: 1) promover o pensamento
reflexivo e o desenvolvimento de competências não-verbais; 2) criar oportunidades para as
crianças partilharem várias “estórias” num espaço que é seguro; 3) promover a
descentração, criando empatia; 4) criar oportunidades de modelagem de formas de
relacionamento mais positivas; 5) aprofundar temáticas difíceis de expressar verbalmente,
através da reflexão e dos produtos das sessões.
As sessões contaram com a utilização de várias técnicas expressivas características da
Terapia pela arte (que combinam expressões artísticas, musicais, dramáticas e corporais) e
com o recurso a estratégias terapêuticas narrativas. Através da autoexpressão,
autoexploração e autorreflexão, procurou-se o reenquadramento de acontecimentos com
impacto semelhante em várias crianças e a criação de histórias alternativas (mais
funcionais) em conjunto.
Através da avaliação da equipa técnica (mensal), da avaliação das crianças (semanal) e da
avaliação dos pais (final do projeto) percebeu-se o impacto do grupo como positivo e
promotor de mudanças na dinâmica familiar e na autorregulação individual das crianças. As
principais conclusões apontam para: 1) melhoria e reforço das redes formais e informação
de suporte (relações significativas com pares, com os adultos de referência e com os
dinamizadores do grupo como fatores protetores); 2) promoção de competências de
autorregulação e de comunicação/expressão emocional; 3) reorganização de
acontecimentos negativos em narrativas alternativas (reconstrução cognitiva); 4) maior
empatia pais-filhos e capacidade para regular estados emocionais das crianças; 5) ligações
familiares mais fortes e com padrões de comunicação mais claros.
Com esta comunicação pretende-se, portanto, apresentar as linhas gerais deste projeto, bem
como os principais resultados que sustentam a importância e necessidade de implementação
de programas na/para a comunidade, focados nas competências e nos fatores de proteção
que minimizam o risco de perpetuação de padrões de interação disfuncionais.
Keywords: expressão emocional; movimento; criatividade; intervenção grupal
ICCA 2017-71411 -Trabalhar com aceitação para a criação de igualdade
Tiago Pimenta (1); Nuno Baptista (1); Francisco Machado (1)
1- Associação Projeto Be Equal
Poster
A importância de promover dimensões-chave como a aceitação interpessoal, empatia e
igualdade no contexto do desenvolvimento sócio-emocional, ajustamento psicológico e
prevenção de comportamentos de risco em crianças e adolescentes está bem documentado
na literatura científica. Para além disso, os modelos teóricos mais aceites dentro da
psicologia da psicologia da educação, sublinham a importância do desenvolvimento de
métodos educativos ecologicamente válida e ajustado às necessidades, características e
expectativas dos jovens na atualidade, aumentando assim a possibilidade de aprendizagem
significativa e desenvolvimento integrado. Dentro deste quadro, projeto BeEqual é um
programa de prevenção/intervenção, criado com o objetivo de promover conhecimentos e
competências essenciais para os alunos, utilizando formas conhecidas, preferenciais e
significativas de comunicação, ou seja, Facebook, YouTube e sites da internet. O projeto
combina técnicas expositivas tradicionais com uma variedade de formatos digitais e
conteúdos multimédia, com o objectivo final de promover os processos psicológicos
essenciais, nomeadamente a aceitação interpessoal, a inclusão e a empatia, que, por sua vez,
previnem o aparecimento de uma grande variedade de problemas psicológicos e
comportamentais nas escolas. Com um ano e meio de implementação, o projeto mostra
resultados promissores em termos de indicadores de Web (número de gostos, visualizações
e comentários), tendo sido implementada a primeira fase, com sucesso, em diferentes
escolas Portuguesas e um município, e em rede, com outras associações nacionais que
promovem aceitação e igualdade. Estes resultados sublinham a ampla aceitação e sucesso
do nosso programa como método para apoiar o desenvolvimento e como um veículo de
promoção de aceitação interpessoal.
Keywords: Be Equal, associação projeto be Equal, aceitação-rejeição interpessoal,
dinâmicas, estratégias, direitos humanos, discriminação, igualdade
ICCA 2017-71716 -Adolescentes Institucionalizados: Características Afetivas e Sociais
Silvia Pucci (1); Luzenice da Silva (1); Paula Dionisio (1); Vanessa Fonseca (1); Elaine
Toledo (1)
1- UNISA - Universidade Santo Amaro
Poster
A institucionalização de adolescentes faz parte da história da família brasileira, sendo na
maioria das vezes decorrentes de negligência e violência doméstica. Pesquisas realizadas
nos últimos anos apontam para dificuldades no desenvolvimento desses adolescentes
ligadas a questões relacionadas à afetividade e a conflitos no convívio social. O objetivo do
presente trabalho foi investigar as características afetivas e sociais de adolescentes
institucionalizados, sob a hipótese de que o longo período em situação de abrigamento, a
qualidade do atendimento oferecido e a rede de apoio institucional, podem influenciar de
maneira significativa no processo do desenvolvimento do sujeito. A amostra foi de
conveniência, composta por 9 adolescentes de ambos os sexos com idade entre 12 e 18 anos
em situação de abrigamento, localizados na zona sul da cidade de São Paulo. Para avaliar
características psicológicas através do acesso a conteúdos internos inacessíveis ao discurso
manifesto, foi utilizada a técnica projetiva do desenho da figura humana (DFH), além de
um questionário de caracterização dos sujeitos. Através da análise do desenho destacaram-
se as seguintes características: negativismo, introversão, oposição, emotividade, ansiedade,
atitudes hostis, desamparo, agressividade, interesse em aparência social aceitável, sentido
artístico de intuição, sensibilidade, iniciativa, curiosidade e contato com a realidade.
Conclui-se com essa pesquisa que as características afetivas e sociais tendem a apresentar
mais aspectos negativos a positivos, visto que esses surgiram em maior proporção. As
técnicas projetivas foram capazes de revelar características significativas dos adolescentes
pesquisados, podendo ser considerada uma ferramenta importante no trabalho com os
mesmos.
Keywords: Institucionalização. Vínculo. Afetividade. Desenvolvimento. Desenho da Figura
Humana (DFH)
ICCA 2017-72808 -Capacitação de cuidadores para atuar no combate de violência e
promoção de resiliência em crianças e adolescentes na região metropolitana de São
Paulo
William Comfort (1); Rafael Tinelli; Caio Rebouças (2); Ingrid Abrão (2); Érica Cazol (2);
Paula Petta; Amana Machado Comfort (2)
1- Universidade Fundação Instituto de Ensino para Osasco; 2- ONG Núcleo Espiral
Poster
Introdução
No Brasil, a violência configura-se como um importante problema social que exige de
todos nós um posicionamento pró-ativo. Uma vez que a violência tem raízes na ação
simultânea de muitos fatores (biológicos, sociais, culturais, econômicos e políticos),
diversos âmbitos de atuação devem contribuir para o combate e/ou a diminuição da mesma.
Sob esta perspectiva, o Programa APOIAR do Núcleo Espiral ministra cursos de
capacitação que têm, principalmente, a intenção de melhorar o contexto relacional onde
crianças vítimas de violência estão inseridas, através do aprimoramento técnico e pessoal
daqueles que são os responsáveis pelos seus cuidados.
Metodologia
Participantes: Foram atendidos quatro grupos de profissionais na área de assistência social
(N = 57).
Duração: O curso de capacitação teve oito encontros (1 encontro semanal por 2 meses) na
sede do Núcleo Espiral, com duração de duas horas cada.
Conteúdo: Aulas teóricas e vivências sobre os temas: desenvolvimento infantil e do
adolescente, aspectos físicos, emocionais e cognitivos; violência e agressividade; resiliência
e recursos, o corpo e sua importância, o papel do cuidador, abuso sexual, aliciamento,
psicopatologia/psicossomática, abrigamento e desabrigamento, abrigo e família, cuidador
ferido.
Análise: O conhecimento, práticas e percepção dos participantes trabalhando com crianças
e adolescentes foram avaliados através de um questionário quantitativo. O questionário
avaliou os participantes com perguntas em formato binário (Verdadeiro/Falso), múltipla-
escolha, e escala Likert. A coleta de dados foi realizada antes e depois do curso de
capacitação.
Resultados
As médias das respostas binárias nas duas condições (Antes/Depois) foram comparadas
com teste T uni-caudal de amostras-pareadas, que revelou uma diferença significativa entre
a condição Antes (Média = 0,84, Desvio Padrão = 0,011) e a condição Depois (Média =
0,879, Desvio Padrão = 0,017); t(56) = -2,199, p = 0,016.
Figura 1. Porcentagem média de resposta correta nas duas condições (Antes e Depois).
Barras de erro representam +/- 1 EP (erro padrão).
Figura 2. Se você percebe que uma criança recém-chegada está causando um transtorno
dentro da instituição, o que você faria?
Figura 3.Com que frequência suas opinões foram ouvidas dentro da instituição no ultimo
mês?
Conclusões
Foi avaliada a compreensão, absorção de conceitos e aquisição de novos comportamentos
dos cuidadores para possibilitar um desempenho melhor de seu papel, acolhendo,
protegendo e garantindo um desenvolvimento saudável e menor risco para a reintegração de
suas crianças ou adolescentes.
Espera-se que os cuidadores
• Conscientizem-se do seu papel de cuidador e de modelo para a criança e o
adolescente.
• Compreendam os diferentes tipos de comportamento nas diferentes faixas etárias, o
que permitirá um desempenho mais adequado de seu papel como educador e cuidador.
• Desenvolvam uma atitude de respeito, promovendo resiliência em suas crianças e
adolescentes.
Keywords: Violência; Resiliência; Infância; Adolescência;
ICCA 2017-73523 -A Framework to support transition of children with Autism in the
Early Years.
Dr Jennifer Greene (1)
1- Dr Greene Psychology Ltd.
Poster
The impact of young children’s biological, familial and social-cultural contexts on
adjustments to school life is now well established. This includes the relationship between
positive transition experiences from home or an Early Years/Preschool setting to school and
later outcomes for children and young people. Children whom have additional needs, are at
greater risk of experiencing challenging transitions to school. In recent years, there has
been a rapid increase in the number of children diagnosed with autism spectrum disorders
(ASD) in the early years (2-5 years old). Since children with ASD have limited social
interaction & communication and social imagination skills, they are particularly
vulnerable to experiencing challenging transitions from one stage of their life to another.
Transitions from home or pre-school to school are increasingly becoming a critical issue of
concern for educators and parents of young children with ASD.
This paper outlines evidence-informed strategies which may be employed to minimise the
potentially adverse impact of such a change for young children with autism, with an
emphasis on Ready Schools. Local case studies are described to illustrate these arguments.
To conceptualise this approach a framework is outlined, based on these evidence based
approaches. Finally, this paper explores key issues faced by psychologists applying the
Framework for Early Years Autism Transitions (FEYAT) in the current political and
educational contexts.
Keywords: Transition planning, Preschool, Autism spectrum disorder
ICCA 2017-74475 -Sintomas Depressivos e Enurese Secundária na Infância - Relações
Psicodinâmicas
Letícia Paulino Pereira (1); Tatiana Prade Hemesath (2)
1- UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; 2- HCPA -
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
ICCA-Comunicação Oral
A depressão é uma das psicopatologias mais frequentes na infância, trazendo prejuízos
importantes nos aspectos sociais, emocionais e cognitivos da vida da criança. Estudos
realizados evidenciam a existência de outros núcleos psicopatológicos associados à
depressão, dentre eles a enurese e tendências de comportamento agressivo e opositor. A
literatura relaciona características de personalidades neuróticas como insegurança,
ansiedade e medo em crianças enuréticas, assim como baixa autoestima, hiperatividade e
comportamentos antissociais (Calderaro & Carvalho, 2005; Molilanen, 1998).
A enurese enquanto sintoma , seria a expressão de um mal estar ou desconforto da criança
através do corpo, que dá um sentido ou vazão ao que se passa em seu psiquismo. Tudo
aquilo que perturba a evolução normal do desenvolvimento, como a exigência prematura do
controle esfincteriano, cria pontos de fixação que irão dar inicio ao desenvolvimento do
conflito neurótico que pode ou não se consolidar. Quando não for possível que a
organização libidinal siga uma tendência à progressão, contrabalançando a fixação
neurótica, deve se temer uma neurose (Henriques, Correia & Salgado, 2002; Freud. A,
1965/1980).
Investigar a presença de sintomas depressivos em crianças com enurese secundária e
relacionar hipóteses descritivas acerca dos conflitos dinâmicos que embasam a presença de
ambos (enurese e depressão).
Foi realizado um estudo de casos múltiplos com quatro sujeitos para análise, com idades
ente 7 e 12 anos, sendo dois do sexo masculino e dois do sexo feminino, pacientes de um
hospital geral da região metropolitana de Porto Alegre. Os dados foram coletados
individualmente, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
pelos responsáveis. Fora realizada entrevista clínica e a aplicação de instrumentos de
avaliação psicológica: Teste das Fábulas e Inventário de Depressão Infantil (CDI).
Considerou-se neste estudo as fábulas de número 2 (Aniversário de Casamento) e de
número 7 (Objeto Fabricado), por explorar conflitos psicodinâmicos relacionados a
enurese, segundo a literatura. Posteriormente os dados foram analisados segundo Bardin
(1977) e classificados em categorias a priori baseadas no manual dos instrumentos.
Os resultados não evidenciaram a presença de depressão clínica nos casos estudados,
contudo houve significativa pontuação no CDI para traços neuróticos como baixa
autoestima, desinvestimento das relações e dos acontecimentos externos, subvalorização
das capacidades físicas, intelectuais e autônomas em situações comparativas.
Ao interpretar os resultados obtidos pelo Teste das Fábulas (TF), a partir das fábulas de
número 2 e de número 7, que dizem respeito respectivamente aos conflitos suscitados pela
cena primária e pela fase anal, emergiram indicativos de traços neuróticos importantes. A
análise dos conteúdos verbais apresentou, principalmente, ambivalência passivo-agressiva e
sentimentos de impotência, desvalia e rejeição em relação as figuras parentais.
Neste sentido, a enurese seria uma tentativa de expressão de um mal estar psíquico através
do corpo. Os traços depressivos parecem estar latentes, podendo evoluir
psicopatologicamente (depressão) a partir do sentimento de inadequação gerado pelo
comportamento desadaptativo (enurese) e a consequente repressão dos pais. Há uma
retroalimentação entre os sintomas, exacerbando a ambivalência passivo-agressiva da
criança e os sentimentos de impotência, desvalia e rejeição perante o temor da perda do
objeto de amor.
Keywords: Enurese secundária; Depressão; Aspectos psicodinâmicos
ICCA 2017-75793 -O EMDR como modelo terapêutico nos eventos traumático infantis
Veloso, João (1); Gomes, Luis (2)
1- Atividade Privada, Centro de Trauma - Universidade de Coimbra e SAMS - Centro
Clinico de Lisboa; 2- Atividade Privada e hospital da Luz - Clínica Amadora
ICCA-Comunicação Oral
A utilização do EMDR (Eye movement Desensitization and reprocessing) no campo das
intervenções psicoterapêuticas na área do trauma, PSPT, tem demonstrado a eficácia da
resolução do evento traumático permitindo, num baixo numero de sessões, eliminar os
focus traumáticos ou memórias traumáticas. A utilização de um protocolo e da estimulação
bilateral do cérebro, seja por toque corporal, movimentos oculares ou sons, permite aceder
de uma forma diferenciada, às memórias do trauma reestruturando o continuum espaço/
temporal, organizando e integrando a narrativa que permite aliviar as causas do trauma.
Esta apresentação será realizada com apoio e utilização de casos reais e de video. A grande
especificidade desta intervenção em crianças assume, no plano das psicoterapias infantis,
resultados muito importantes ao nível da resolução de eventos que têm grande influência na
forma como se desencadeia o desenvolvimento das estruturas pre-identitárias ou mesmo
identitárias das crianças, promovendo o aparecimento de crenças limitadoras do
desenvolvimento.
Keywords: EMDR, trauma, terapia, crianças
ICCA 2017-75956 -O sono na infância: perspetivas e práticas sociais e culturais
Marco Martins Bento (1); Mafalda Leitão (2)
1- Centro PIN - Progresso Infantil; Faculdade de Psicologia e Ciências da Universidade do
Porto; 2- Centro PIN - Progresso Infantil; Hospital Beatriz Ângelo
ICCA-Comunicação Oral
O sono é um processo biopsicossocial que implica a interação entre mecanismos
fisiológicos e cronobiológicos ligados à dinâmica homeostática e fatores psicológicos,
contextuais, económicos, sociais e culturais relacionados com a parentalidade, crenças
familiares, costumes e valores subjacentes a uma comunidade ou cultura.
Estão documentados diversos aspetos do sono que são influenciados pela diversidade
cultural. Como se dorme, com quem se dorme e onde se dorme são alguns exemplos de
como a cultura e os costumes moldam os hábitos de sono. Desta constatação não é
surpreendente que encontremos uma grande variabilidade nas caraterísticas do sono, na
presença ou ausência de rituais específicos e até mesmo na determinação do que é
considerado um sono normativo ou patológico.
A evidência demonstra que também as caraterísticas da criança e os fatores parentais são
preponderantes na qualidade e duração do sono. A regulação do ciclo de sono-vigília
depende em grande parte de fatores extrínsecos pelo que, de modo precoce, as práticas
parentais influenciam a adaptação e comportamento da criança perante o sono. Há
investigações que documentam a associação negativa entre a qualidade do sono na criança
e as crenças parentais de incompetência e incapacidade de estabelecer limites relativos ao
sono. Estas cognições predizem práticas parentais desadaptativas que, não
intencionalmente, conduzem a perturbações de sono crónicas nos filhos.
Esta comunicação pretende apresentar o estado de arte da influência dos aspetos sociais e
culturais no sono nas crianças e na modelação das práticas parentais, assim como, na
determinação do que é um sono normativo ou uma perturbação do sono infantil.
Assim, propomos enquadrar as perspetivas socioculturais e a sua influência no
comportamento dos pais e hábitos de sono das crianças, analisando as práticas e rotinas no
deitar, as caraterísticas e elementos associados ao sono (e.g., cosleeping, objetos
transicionais, chupetas, presença do adulto, práticas alimentares durante a noite …), os
padrões de sono (e.g., duração, despertares, sestas …), e predição de comportamentos
futuros associados ao sono perante um sono já perturbado na infância (e.g., manutenção de
hábitos de sono na adolescência e vida adulta).
Pediatras, pedopsiquiatras, psicólogos e demais profissionais de saúde devem estar aptos a
dotar as famílias de estratégias que melhorem a adaptação da criança ao sono, respeitando
normas e costumes sociofamiliares. Atendendo a que o sono e as suas particularidades não
podem ser encarados como uma medida única, sob a qual todas as crianças funcionam do
mesmo modo. Como, porquanto, não há consenso sobre a melhor forma de dormir
entendemos ser vantajoso explorar estratégias culturais específicas no desenvolvimento de
planos de intervenção no sono infantil, considerando o impacto que os valores e crenças
culturais têm no sono. Quanto mais ecológicas forem as estratégias de sono recomendadas,
maior será a probabilidade de adesão e sucesso percebido por pais e crianças, com a
conquista de um sono repousante e saudável para toda a família.
Keywords: sono, cultura, crianças, práticas parentais
ICCA 2017-76596 -Desenvolvimento aos seis meses de idade: influência de variáveis
maternas, familiares e do bebê
Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues (1); Veronica Aparecida Pereira (2)
1- Universidade Estadual Paulista - Brasil; 2- Universidade Federal da Grande Dourados -
Brasil
ICCA-Comunicação Oral
É possível considerar que importantes contribuições no âmbito do desenvolvimento infantil
podem resultar de investigações sobre como identificar precocemente fatores de risco e
proteção para o bebê e seus familiares. Os fatores de proteção poderão minimizar condições
de risco e contribuir para a implementação de rotinas familiares favoráveis ao
desenvolvimento. Este é um dos grandes desafios da área de intervenção precoce. Para
tanto, os profissionais envolvidos deverão atentar-se à compreensão de variáveis presentes
no ambiente, a família e relações estabelecidas neste contexto, e a história de
desenvolvimento da criança e suas implicações. Esta compreensão será norteadora para o
processo de intervenção, que tomará como base não somente o que se espera em
determinada idade ou área do desenvolvimento, mas sim, o que será relevante no contexto
familiar, capaz de promover maior envolvimento e interação. Diante do exposto, o presente
estudo pretendeu relacionar o desenvolvimento de bebês de seis meses de idade com
variáveis maternas (idade, escolaridade e trabalho fora de casa), da família (idade e
escolaridade paterna, tipo de família e número de filhos), da gestação e parto (saúde na
gestação, número de consultas durante o pré-natal, tipo de parto e problemas no parto) e do
bebê (sexo, peso ao nascer, saúde ao nascer). Participaram 246 mães de bebês com seis
meses de idade que frequentam um projeto de extensão de uma universidade pública no
Brasil. As mães responderam a uma entrevista inicial, semi-estruturada, para caracterização
das variáveis em estudo. Para a avaliação do desenvolvimento de bebês, foram utilizados
protocolos para anotações do desempenho da criança específicos para as áreas de
Socialização, Autocuidado, Cognição, Linguagem e Desenvolvimento Motor, adaptados a
partir do Inventário Portage Operacionalizado. Os resultados apontaram que a idade
materna menor, assim como paterna pode ser um fator de proteção para o desenvolvimento
de habilidades de Autocuidados e Desenvolvimento Motor. Este resultado pode estar
relacionado a maior disponibilidade e interesse de estimulação dos bebês nestas áreas por
pais mais jovens, favorecendo melhor exploração do ambiente, locomoção e
desenvolvimento da autonomia. Em relação às condições de nascimento, observou-se
melhor resultado na área de Cognição em bebês que nasceram de parto natural, embora o
parto cesáreo ainda esteja acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Isso
reforça a necessidade da promoção de orientações às mães, durante o pré-natal, e agentes de
saúde, sobre os benefícios do parto natural para o desenvolvimento infantil, assim como, os
benefícios para a saúde materna. Entre as características familiares, a família estendida e o
menor número de filhos foram as variáveis associadas a melhores resultados nas áreas de
Autocuidado, Socialização e Desenvolvimento Motor. Mães que foram sozinhas ao projeto
e permaneceram mais tempo mostraram-se mais envolvidas nas atividades propostas, o que
esteve associado a melhores resultados na área de desenvolvimento cognitivo. Os dados
obtidos reforçam a importância da rede de apoio e da disponibilidade de serviços que
informem as mães sobre o desenvolvimento de seus bebês, orientando-as a partir de seu
contexto.
Keywords: Avaliação do desenvolvimento; Inventário Portage Operacionalizado; Variáveis
maternas; variáveis do bebê
ICCA 2017-78811 -Escola Rita Leal: A complexa construção da empatia: preparação
dos psicólogos e pares
António Serra (1); Pedro Ferreira Alves (1); Tâmara Rodrigues (1)
1- Associação Portuguesa de Psicologia Relacional-Histórica
Poster
O compromisso de ensinar e aprender não surge espontaneamente, a metodologia da Escola
Rita Leal (ERL) permite criar e recriar de forma significativa, interativa e sistemática
momentos relacionais e de cooperação adequados à evolução de cada criança. O objetivo
prático da intervenção da ERL assenta no desenvolvimento da base relacional necessária à
promoção da confiança básica imprescindível para a motivação de aprender.
Todas as atividades foram filmadas com o objetivo de conseguir uma otimização da
eficácia da intervenção. As sessões foram supervisionadas em grupo por forma a promover
a qualidade atentiva e relacional dos técnicos e pares.
Foi solicitado pelos supervisores que técnicos e pares competentes gravassem as
impressões de cada dia / experiência. Fez-se a análise destas com recurso ao software The
ObserverXT12 em conjunto com o modelo de investigação da evolução do material
qualitativo Análise dos Núcleos de Significação para a Apreensão da Constituição dos
Sentidos (Junqueira e Ozella 2015). Este método visa apreender os sentidos que constituem
o conteúdo do discurso da amostra através dos núcleos de significação.
Verificou-se o potencial reflexivo-formativo da autoscopia e heteroscopia com a
supervisão clínica em vídeo feedback (Ergonomia Francesa Sócio Histórica). O processo de
auto e hetero análise teve como resultado a reflexão sobre o exercício da profissão, o desejo
da cientificação da atividade e a criação de hábitos de observação individualizada de cada
criança para uma intervenção mais personalizada.
O propósito é conseguir uma equipa cada vez mais empática, mais descentrada, onde cada
elemento (re)constrói a sua própria identidade profissional.
Keywords: Autismo, Empatia, Pares, Supervisão
ICCA 2017-82650 -The importance of teacher acceptance in student´s and teacher´s
psychological adjustment, empathy and classroom environment
Ana Gama (1); Francisco Machado (1); Márcia Machado (2)
1- Instituto Universitário da Maia - ISMAI; 2- Colégio Júlio Dinis
ICCA-Comunicação Oral
The quality of interpersonal relations between teachers and their students plays an
important role for every human being physical, psychological, social and emotional
development. When the relationships between teacher and students are based on
acceptance, affection and empathy, it’s possible to promote psychological adjustment for
both of them, through the development of a good classroom environment. As so, this study
aims to get a better understanding of the connection between the perception of teacher
acceptance or rejection and the psychological adjustment and empathy levels of both
students and teachers. Additionally, we try to analyze the role that these connections might
have on classroom environment. To achieve our goals, we applied the Teacher Acceptance-
Rejection Questionnaire (TARQ, Rohner, 2005), the Personality Assessment Questionnaire
(PAQ, Rohner, 2005), the Multidimensional Reactivity Davies Scale (EMRI, Davies, 1983)
and the Classroom Processes Inventory (IPSA, Bastos, Barbosa, Oliveira e Dias, 2009), to a
group of Portuguese students and teachers from several public schools in northern Portugal.
Results show a connection between teacher acceptance and psychological adjustment for
both students and teachers. Also, we found a connection between higher levels of teacher
acceptance and higher quality of classroom environment. Empathy was found to be
associated with classroom environment dimension. Our results suggest that teacher
acceptance is an important variable to take in account in improving interpersonal relations
in schools, as well as psychological well being in both teachers and students.
Keywords: teacher acceptance-rejection; psychological adjustment; classroom environment
ICCA 2017-86641 -Treino da relação dialógica para a promoção da aprendizagem
cooperativa - Análise da qualidade relacional através do software "The Observer XT
12"
António Serra (1); Pedro Ferreira Alves (1); Tâmara Rodrigues (1)
1- Associação Portuguesa de Psicologia Relacional-Histórica
Poster
Na abordagem relacional-histórica, a génese do desenvolvimento humano está na relação.
Ao mesmo tempo que o desenvolvimento infantil é realizado através de mediadores
externos como o brinquedo, o desenho ou a construção, promovidos na ludoterapia,
também devem ser introduzidas tarefas de promoção de desenvolvimento das funções
nervosas superiores que respondam à crescente curiosidade da criança. Desde que através
da orientação do adulto, a presença de um par mais competente incrementa o interesse a o
prazer na aprendizagem pela criança com autismo. Na criança que está a aprender
despertam-se vários processos internos de desenvolvimento, que operam somente quando
esta interage e coopera com os seus pares. Uma vez internalizados esses processos, tornam-
se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança.
Procedeu-se a uma análise comportamental recorrendo ao programa The Observer
XT12. Dos 66 descritores definidos para a análise da qualidade relacional, destacaram-se os
que evidenciavam o comportamento relacional entre crianças com autismo, como o
contacto visual, chamar pelo nome e o toque. No caso de pares treinados e de profissionais
surgiram também técnicas mais comuns que criam condições para haver aprendizagem
cooperativa. Estas são, por exemplo, a focagem através do nome da criança, a chamada de
atenção e o apontar para objectos aos quais devem estar atentos. A análise possibilitou
perceber que existem determinados comportamentos, relacionais e técnicos, que permitem
que aconteçam momentos de aprendizagem cooperativa. Pretende-se demonstrar que
através de uma relação dialógica entre crianças com autismo e pares competentes é possível
criar as condições necessárias a uma aprendizagem cooperativa.
Keywords: Autismo, Par Competente, Análise da Qualidade Relacional, Mediadores
Externos
ICCA 2017-87711 -O desenvolvimento psicológico da criança em contexto educativo de
creche
Ana Mafalda de Castro e Pinho (1); Maria Lourdes Cró (2); Maria da Luz Vale Dias (1)
1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; 2-
Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Coimbra
ICCA-Comunicação Oral
Esta investigação enquadra-se na área da Psicologia do Desenvolvimento, particularmente,
no que se refere à promoção do desenvolvimento psicológico da criança considerando o
contexto educativo. Pretendeu-se, especificamente, estudar a importância para o
desenvolvimento psicológico das crianças da sua permanência, em idades precoces, em
contextos educativos de creche, baseando a intervenção educativa na utilização de um
programa de intervenção desenvolvido, fundamentado na aprendizagem ativa e em
experiências-chave da abordagem curricular High/Scope (Post & Homann, 2011) bem
como no modelo Portage (Williams & Aiello, 2009), abrangendo diversos domínios
específicos.
Uma vez que o cuidado e a educação de crianças em idades precoces têm vindo a ser
transferidos do domínio privado da família para o domínio público, em instituições, como
resposta às alterações ocorridas durante as últimas décadas em Portugal, relativamente às
condições económicas, sociais e culturais, torna-se necessário que tal contexto e o seu
efeito sobre o desenvolvimento das crianças sejam objeto de investigações contextualizadas
e sistemáticas neste país. De facto, face à ausência de orientações específicas que definam a
intervenção educativa em contexto de creche, é imprescindível estabelecer linhas de
orientação que permitam aos educadores de infância, a desempenhar funções nesse
contexto, monitorizar, aperfeiçoar e elevar qualitativamente a sua intervenção, com base na
adoção de práticas adequadas ao desenvolvimento de crianças deste nível etário. Assim, na
presente investigação, contando com a participação de crianças (N= 59) com cerca de 2
anos de idade, assim como com os respetivos educadores de infância (N= 4), pretendeu-se,
através de um estudo comparativo entre grupos de crianças sujeitas ou não ao programa
acima referido e perspetivado no âmbito desta pesquisa, conhecer o seu impacto no
desenvolvimento psicológico utilizando, nas fases de pré e pós-teste, grelhas de apreciação/
avaliação desse desenvolvimento para crianças em idade de creche, construídas e aferidas
anteriormente (Pinho, 2008). Na pesquisa, foi também controlado o efeito do percurso
profissional e académico dos educadores de infância envolvidos.
Preconizámos assim desenvolver um estudo, mais precisamente uma investigação-acção
com uma componente quasi-experimental, cujos resultados permitissem perspetivar um
curriculum para o contexto de creche, suscetível de ativar o desenvolvimento psicológico
das crianças e de elevar qualitativamente a intervenção educativa. Em suma, com esta
investigação, ambicionámos contribuir para a reflexão acerca da importância para o
desenvolvimento psicológico das crianças de uma intervenção educativa cientificamente
informada durante os três primeiros anos de vida, retirando implicações suscetíveis de ser
aplicadas no âmbito da política educativa da infância em Portugal.
No que particularmente diz respeito aos dados recolhidos é possível avançar que as
crianças que fizeram parte dos grupos experimentais, e que foram sujeitas ao programa de
intervenção, apresentaram ganhos superiores, na fase de pós-teste, ao nível do
desenvolvimento da motricidade glogal, da motricidade fina, da linguagem recetiva, da
linguagem expressiva, do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento afetivo-
relacional, relativamente às crianças dos grupos de controlo, que vivenciaram uma
intervenção educativa natural.
Keywords: Desenvolvimento psicológico dos 0 aos 3 anos, contexto educativo de creche,
programa de intervenção
ICCA2017-88880 -ARQUA-P: Sistema de Avaliação Compreensiva do Acolhimento
Residencial
Mariana Leal (1)
1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade do Porto
Comunicação em simpósio
Neste contexto o conceito de qualidade AR surge como a adequação das características da
casa de acolhimento às necessidades das crianças. Os conceitos de qualidade e avaliação
são, nesta perspectiva, indissociáveis. A fim de acomodar aspetos subjetivos e contextuais
do conceito de qualidade é essencial o envolvimento de todos os intervenientes do contexto
(incluindo as crianças) na avaliação. Partindo do pressuposto que a recolha de informações
a partir de diferentes fontes permite obter uma multiplicidade de perspetivas e percepções e
com o objetivo de avaliar o estado atual do AR Português foi desenvolvido o Sistema de
Avaliação Compreensiva do Acolhimento Residencial Português (ARQUA-P), baseado no
modelo ecológico e usando uma versão Portuguesa adaptada do sistema de avaliação
ARQUA espanhol, tendo por referência normas internacionais atuais de qualidade e a
legislação e características do acolhimento residencial nacional. A metodologia ARQUA-P
inclui uma listagem de informações sociodemográficas das crianças e cuidadores, uma
grelha de observação que permite o registo da visita às instalações e da documentação
consultada, entrevistas a crianças, cuidadores, diretor(a) técnico(a), professores e técnicos
de articulação da entidade tutelar e, ainda, questionários de hetero e autorrelato que avaliam
o ajustamento psicológico (indicadores de ajustamento psicológico das crianças,
autoestima, satisfação com a vida, felicidade subjetiva e bem-estar pessoal). As
comunicações seguintes apresentam os resultados do estudo piloto do Estudo de Avaliação
da Qualidade do Acolhimento Residencial Português (EQAR). Foram visitadas 5 CA e
foram recolhidos dados junto de 61 jovens e 77 cuidadores participantes.
Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Qualidade do acolhimento
residencial, Sistema de avaliação da qualidade, Estudo de Avaliação da Qualidade do
Acolhimento Residencial Português (EQAR).
ICCA2017-88881 -Avaliação da qualidade do acolhimento residencial: diferentes vozes
diferentes perspetivas.
Ana Martins (1)
1- entro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade do Porto
Comunicação em simpósio
Para uma avaliação compreensiva e ecológica da qualidade do Acolhimento Residencial é
essencial a participação dos vários intervenientes do contexto. Através de uma abordagem
multi-informante, este estudo pretende ouvir as perspetivas das crianças, cuidadores,
diretores, técnicos de articulação na entidade tutelar e investigadores, bem como analisar o
grau de acordo entre cada um dos grupos de participantes relativamente à qualidade do
contexto de Acolhimento Residencial. Participaram neste estudo 211 crianças/jovens em
acolhimento, 146 cuidadores, 12 técnicos de articulação na entidade tutelar, 6 diretores. A
qualidade do acolhimento residencial foi avaliada através do Sistema de Avaliação
Compreensiva do Acolhimento Residencial Português (ARQUA-P). Os resultados
demonstram que existem diferenças significativas entre os diferentes grupos, sendo as
crianças/jovens o grupo que avalia mais positivamente a qualidade do acolhimento
residencial, seguido dos cuidadores, diretores e técnicos de articulação com a tutela. A
avaliação dos diferentes intervenientes foi confrontada com a avaliação realizada pelos
investigadores. Relativamente ao grau de acordo entre os grupos, não se encontraram
correlações significativas no que respeita à qualidade total. Contudo, verificaram-se
correlações significativas positivas fortes entre os diferentes grupos de participantes ao
nível de dimensões específicas da avaliação do acolhimento residencial. Estes resultados
salientam a importância da avaliação deste contexto através de diferentes vozes, de forma a
alcançar uma avaliação da qualidade mais real e abrangente.
Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Avaliação da qualidade, Voz das
crianças e jovens, Abordagem multi-informante.
ICCA2017-88882 -A qualidade do acolhimento residencial e o ajustamento psicológico
dos adolescentes
Joana Campos (1)
1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade do Porto
Comunicação em simpósio
Em Portugal, existe um grande número de adolescentes (56,1%) entre os 12-17 anos em
casas de Acolhimento Residencial (AR). A utilização de uma avaliação da prevalência de
indicadores de sintomatologia de saúde mental baseada empiricamente é crucial, uma vez
que permite a concepção de intervenções clínicas adequadas a esta população. O Sistema de
Avaliação Empiricamente Validado de Achenbach (ASEBA) permite a recolha de
informações em vários contextos (e.g. escola, casa de acolhimento), através de vários
informadores (e.g. cuidadores, adolescentes). O ASEBA caracteriza-se por apresentar um
formato de resposta rápido e de baixo custo para realizar uma avaliação de indicadores
do(s) problema(s) apresentado(s) por essa população. Foram visitadas 5 casas de AR e
foram recolhidos dados junto de 61 jovens. A qualidade do AR foi avaliada através do
Sistema ARQUA-P. O ajustamento psicológico foi avaliado a partir do YSR (autorrelato) e
através da CBCL 6-18 (heterorrelato). O presente estudo revelou que os jovens em
acolhimento tendem a apresentar índices mais elevados de sintomatologia psicológica e de
dificuldades psicossociais do que os encontrados na população normativa. Paralelamente,
comparando as avaliações realizadas pelos jovens e pelos cuidadores, foi possível observar
correlações significativas sendo estas superiores nas escalas de externalização, como
também evidenciado na literatura. Este estudo para além dos objetivos assumidos no estudo
piloto, permitiu refletir sobre a importância da promoção de uma avaliação da saúde mental
ampla e cuidada, fornecendo o apoio necessário para as crianças com o objetivo de prevenir
ou reduzir os sintomas psicopatológicos observados.
Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Ajustamento psicológico,
Frequência de indicadores de sintomatologia de saúde mental em jovens em acolhimento
residencial, Sistema de avaliação empiricamente validado de Achenbach (ASEBA)
ICCA2017-88883 -A autoestima das crianças e Jovens e a sua perceção da qualidade
no acolhimento residencial em Portugal
Rita Ribeiro (1)
1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade do Porto
Comunicação em simpósio
As crianças e jovens em AR encontram-se frequentemente em risco de desenvolver
problemas emocionais, comportamentais e sociais. No entanto, há pouca evidência sobre os
níveis de autoestima desta população. Este estudo visa avaliar a autoestima dos jovens em
AR, a sua perceção de qualidade das casas de AR e explorar as relações entre estas duas
variáveis. Participaram no estudo 61 jovens, com idades compreendidas entre os 12 e os 20
anos. A autoestima foi avaliada através da Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES). A
qualidade das casas foram avaliadas através do Sistema de Avaliação Compreensiva do
Acolhimento Residencial Português (ARQUA-P). Os jovens em AR apresentaram níveis
médios de autoestima, embora significativamente mais baixos do que na população
normativa. Os rapazes apresentaram níveis mais elevados de autoestima do que as
raparigas. No geral as avaliações da qualidade do AR foram positivas. Jovens que se
encontravam em casas de pequena dimensão, assim como os rapazes tendem a avaliar de
forma mais elevada a qualidade das casas de AR. A autoestima jovens está
significativamente correlacionada com algumas dimensões da qualidade de AR. Esses
resultados trazem algumas implicações para futuras investigações e planeamento de
intervenção, sublinhando a importância de promover a autoestima nos jovens em AR.
Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Autoestima, Qualidade do
acolhimento residencial, Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES).
ICCA2017-88884 -Bem-estar pessoal e felicidade subjetiva nos jovens em acolhimento
residencial em Portugal
Sílvia Azevedo (1)
1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade do Porto
Comunicação em simpósio
Nos estudos em contexto de acolhimento residencial (AR) são frequentemente exploradas
variáveis que identificam dificuldades e problemas nas crianças e jovens acolhidos.
Contudo, são reduzidas as investigações que se centram em variáveis positivas, existindo
pouca evidência científica relativamente aos índices de bem-estar e de felicidade subjetiva
da população em AR. Neste estudo pretende-se avaliar o bem-estar pessoal e a felicidade
subjetiva num grupo de jovens acolhidos, juntamente com a percepção de Qualidade do
contexto de AR e explorar a relação entre estas variáveis. Participaram neste estudo 61
jovens que vivem em 5 casas de acolhimento (CA). O bem-estar dos jovens foi avaliado
através do Índice de Bem-estar Pessoal e a felicidade foi avaliada através da Escala de
Felicidade Subjetiva. A percepção de qualidade do AR foi aferida através do ARQUA-P. Os
resultados indicam níveis médios positivos de bem-estar e felicidade nos jovens em AR. Os
jovens do sexo masculino relataram níveis superiores de bem-estar e de felicidade
comparativamente com o sexo feminino. As percepções dos jovens, relativamente às
dimensões de qualidade do contexto de AR mostraram-se positivas. Verificou-se que os
jovens acolhidos em CA de pequena dimensão e os jovens do sexo masculino avaliaram
melhor o contexto de AR que os jovens acolhidos em CA de média/grande dimensão, e de
sexo feminino. O bem-estar e a felicidade destes jovens correlaciona-se positiva e
significativamente com algumas dimensões de avaliação da qualidade de AR.
Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Índice de Bem-Estar Pessoal,
Felicidade Subjetiva, Qualidade do acolhimento residencial.
ICCA2017-88885 -Avaliação nacional da qualidade do acolhimento residencial
Português
Sónia Rodrigues (1)
1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da
Educação da Universidade do Porto
Comunicação em simpósio
Tal como se observa no resto do mundo, a história do Acolhimento Residencial (AR) em
Portugal mostra uma evolução paralela com a evolução dos direitos das crianças. Durante
séculos, as crianças eram vistas como seres desprovidos de direitos. A Convenção das
Nações Unidas sobre os Direitos da Criança foi ratificada por Portugal em 1990 e a lei
Portuguesa (recentemente aprovada) utiliza a terminologia AR pela primeira vez,
substituindo institucionalização como o conceito oficial. Atualmente em Portugal, cerca de
8000 crianças e jovens estão em 433 diferentes casas de acolhimento (CA), representando
mais de 90% de todas as crianças sob medidas de proteção extrafamiliares. A maioria das
crianças mantêm-se em AR por mais de 2 anos. Mais de 60% destas crianças vivem em
casas de AR grandes e mais de 50% vivem em casas segregadas pelo género. Contra todas
as recomendações internacionais, 99% dos bebés com menos de três anos de idade sujeitos
a medidas de proteção extrafamiliares estão colocados em CA. Uma análise do contexto
histórico e atual de AR em Portugal revela alguma ignorância sobre a forma como é
realizada a intervenção nestas CA, qual a qualidade dos serviços que prestam e sua
adequação às necessidades reais das crianças/jovens aí acolhidos. Sublinha-se a
importância de um estudo que permita avaliar a qualidade do sistema de AR Português e
cujos resultado consubstanciem decisões políticas e de gestão. Para esse fim, foi planeado
um estudo piloto afim de treinar os investigadores na metodologia de avaliação e testar os
instrumentos.
Keywords: Acolhimento Residencial de crianças e jovens, História dos direitos da criança,
Evolução do acolhimento residencial, Caracterização do acolhimento residencial de
crianças e jovens em Portugal, Qualidade em acolhimento residencial.
ICCA 2017-89137 -Tentativas de suicídio na infância: um fenômeno (in)visível
ANA PAULA ANTERO LÔBO (1); ANA PAULA VASCONCELLOS ABDON (1); IGHO
LEONARDO DO NASCIMENTO CARVALHO (1); ADRIANA ROLIM CAMPOS
BARROS (1)
1- UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR)
ICCA-Comunicação Oral
Suicídio é um fenômeno complexo, considerado um grave problema de saúde pública.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as taxas de suicídio na faixa etária entre
5 e 14 anos são de 1,5/100 mil habitantes, nos meninos, e 0,4 em meninas. Pesquisa
realizada no Brasil entre 2000 e 2012 registrou 61 óbitos por suicídio em menores de 10
anos. As fronteiras entre ser criança e adulto sempre foram alvo de teorizações, mostrando-
se ambíguas na contemporaneidade. As crianças têm sofrido um processo de “adultização”.
Exemplo disso é a mudança no perfil de morbimortalidade infantil que, no Brasil, era
voltado para doenças como diarreia, verminose, doenças respiratórias e outras infecções.
Atualmente, destaca-se a crescente prevalência de doenças crônicas, como a obesidade e a
depressão. O suicídio infantil corrobora com esse processo, demonstrando que as crianças
também apresentam sofrimento existencial. O estudo investigou as características das
tentativas de suicídio (TS) por intoxicação medicamentosa na faixa etária infantil (0-9
anos). Retrospectivo, documental, com abordagem quantitativa, foi realizado no Centro de
Assistência Toxicológica de Fortaleza/Ceará/Brasil. As fichas de notificação, resultantes de
atendimento presencial no período de 2010 a 2014, foram coletadas de junho a agosto de
2015. A análise consistiu nas frequências simples das características sociodemográficas,
ocupacional e da intoxicação. Foram registrados três casos (0,3% das notificações), sendo
todos do sexo masculino. Nessa faixa etária, há uma predominância masculina nos casos de
acidentes domésticos. As crianças manifestam desejo de morte, sendo que muitas vezes é
interpretado como “coisa de criança” ou confundido com acidente doméstico. Assim,
questiona-se a respeito das subnotificações ou registros inadequados desses casos, fazendo
repensar aspectos socioculturais envolvendo questões de gênero, infância e morte. As
intoxicações por medicamentos aumentam significativamente com a idade. Na presente
pesquisa, essa média foi de 7,0 ± 1,0 anos, estando dentro de um espectro onde o conceito
de morte pode estar mais desenvolvido e a TS possa ser a manifestação de uma dor/
sofrimento que se deseja eliminar. Dois casos eram de estudantes e um registro de trabalho
infantil. A escola exerce função importante no desenvolvimento global do infante. Porém,
atualmente, há um elevado número de crianças com queixas escolares encaminhadas para
atendimento. O "bullying" também tem sido considerado problema de saúde pública
mundial. A inserção da faixa etária de 5 a 13 anos em atividades econômicas no Brasil é
proibida por lei, pois está associada a efeitos complexos, como perda da capacidade lúdica,
essencial para o desenvolvimento da afetividade. As classes farmacológicas utilizadas
foram dos “ansiolíticos e hipnóticos”, “antidepressivos” e “antipsicóticos e neurolépticos”,
com predomínio da forma líquida. Os agentes tóxicos são encontrados normalmente no
ambiente domiciliar, apontando para uma vigilância inadequada e facilidade de acesso. As
intoxicações demonstraram baixa letalidade, reforçando a ideia de que crianças utilizam
métodos menos eficazes do que as demais faixas etárias. Apesar das baixas taxas, a OMS
alerta para um dos grandes mitos que é o fato de que crianças não se suicidam, sendo
importante dar visibilidade e refletir sobre esse fenômeno, ainda que incipiente em seus
dados ou subnotificado.
Keywords: Tentativa de suicídio; Criança; Envenenamento
ICCA2017-99997 -Crianças e adolescente que fumam: análise dos seus problemas na
idade adulta.
José Tomás da Silva (1); Marta Oliveira (1); Teresa Sousa Machado António Castro
Fonseca (1); António Castro Fonseca (1)
1- Universidade de Coimbra
Poster
É geralmente reconhecido que o consumo de tabaco conduz facilmente à dependência física
ou psicológica bem como a um vasto leque de outros problemas na idade adulta. Esse risco
parece particularmente elevado nos indivíduos que começam a fumar na infância ou cedo
na adolescência. Em consequência, os profissionais da saúde e da educação defendem que a
prevenção primária constitui a melhor forma de intervenção nesse domínio.
Apesar disso, a ideia de uma ligação directa entre a iniciação precoce do consumo de
tabaco e futuros problemas de saúde mental ou de adaptação social tem merecido algumas
reservas da parte de vários investigadores. As razões para tal são variadas: falta de estudos
longitudinais prospectivos, análise das consequências do fumar limitada a um pequeno
número de aspectos da vida adulta, pouca atenção prestada a outros factores da infância ou
da adolescência susceptíveis de interferir com essa relação ou, ainda, a existência de
resultados contraditórios em muitos estudos.
O objectivo do presente trabalho é analisar se os indivíduos que começam a fumar na
infância ou na adolescência apresentam índices mais elevados de psicopatologia, de
comportamentos desviantes, de insucesso escolar na idade adulta e de consumo de
substâncias lícitas ou ilícitas. Além disso, analisar-se-ão diversos relativos à prevalência do
fumar por idades e por sexo nessa amostra.
Os dados foram recolhidos no âmbito de um estudo em que se seguiram várias centenas de
rapazes e raparigas desde o 2º e 4 º anos do ensino básico até à idade adulta. Com base na
informação por eles fornecida, os participantes foram distribuídos em 4 grupos: os que
começaram a fumar antes dos 16 anos, os que começaram aos 16-17 anos, os que
começaram aos 18 anos ou mais tarde, e os que nunca fumaram. Estes grupos foram depois
comparados em diversos aspectos do seu funcionamento na idade adulta. Nalgumas das
análises utilizaram-se também dados da primeira avaliação, no ensino básico: problemas de
atenção/hiperactividade, autocontrolo, nível socioeconómico, dificuldades de aprendizagem
reportadas por pais ou professores.
Os resultados mostraram (1) que uma percentagem considerável de participantes começou
a fumar antes dos 16 anos de idade e (2) que, quando comparados com os abstémicos, os
fumadores apresentavam mais défices em diversos domínios da vida adulta. As diferenças
eram particularmente notórias nas comparações entre fumadores de início precoce e não-
fumadores. Concretamente, os primeiros apresentavam mais consumo de droga, mais
comportamento anti-social, um percurso académico mais pobre, mais agressividade, mais
problemas de saúde mental e menos satisfação com a vida. Porém, algumas dessas
diferenças diminuíam ou desapareciam quando se controlava o efeito de variáveis
concorrentes da infância. Em contrapartida, registaram-se poucas diferenças entre
fumadores de início precoce e os outros dois grupos de fumadores bem como entre estes e
os não-fumadores.
Concluindo, os participantes que começam a fumar na infância ou cedo na adolescência
parecem correr maiores riscos de futuros problemas no domínio pessoal e social; mas esse
impacto negativo pode, em parte, ser explicado por outros factores da infância, aos quais
deverá ser prestada maior atenção em futuros programas de prevenção.
Keywords: Fumar; crianças e adolescentes; consequências negativas; prevenção.
Social work
ICCA 2017-11821 -EU QUERO SER: E DEPOIS DA ESCOLA?
Patrícia Marques (1); Alexandra Lobato (2); Cláudia Taveira (2); Elizabeth Vieira (2);
Helena Miguel (2); Leila Valente (2); Luísa Cotrim (2); Mafalda Antunes (2); Rita Gomes
(2); Maria João Palha (3)
1- Assistente Social do Centro Desenvolvimento Diferenças; 2- Centro Desenvolvimento
Diferenças; 3- Interna de Pediatria do Hospital Santa Maria
ICCA-Comunicação Oral
Todos os indivíduos com Necessidades Educativas Especiais de caráter Permanente
(NEEP) têm direito à inclusão laboral. Em Portugal, não existe um programa nacional
estruturado e eficiente para a sua colocação profissional.
Foi criado um programa de formação e colocação ocupacional para estes indivíduos, com o
apoio do Centro de Desenvolvimento Infantil DIFERENÇAS (CDID) e dos Empresários
Pela Inclusão Social (EPIS). Este programa pretende mapear uma rede de apoio eficaz,
intervindo o mais precocemente possível na definição de um objetivo de vida profissional
viável, com respeito pelas necessidades e prioridades individuais do indivíduo e da sua
família.
O programa foi implementado pela primeira vez em 2015, em Lisboa e no Porto. Os
sujeitos foram referenciados a pedido dos pais para o Sector Social do CDID. Foi realizada
uma entrevista para avaliação das necessidades formativas e inserção num programa de
profissionalização. Foi procurado um posto de trabalho adequado às capacidades dos
indivíduos e estes foram inseridos num programa de autonomia e orientação vocacional.
Durante o processo de inserção no trabalho, foram acompanhados por um mediador
(conhecedor do seu perfil) e por um tutor (trabalhador da empresa) durante períodos
progressivamente menores, até à autonomização.
Foram integrados 16 indivíduos com NEEP em hotéis no período de 2 meses. Foram
conseguidos vários estágios e 4 contratos de trabalho. As principais dificuldades
experimentadas prenderam-se com a pesquisa de posto de trabalho e com a falta de
disponibilidade de mediadores.
Actualmente, em Portugal, a integração dos indivíduos com NEEP em idade escolar está
relativamente facilitada. A escola é inclusiva e tem à sua disponibilidade recursos eficientes
para o seu acompanhamento, nomeadamente Psicologia, Terapia da Fala, Ensino Especial e
Terapia Ocupacional. Deste modo, a principal dificuldade que se coloca é a orientação
profissional e integração laboral destes indivíduos. O programa aqui proposto é um
exemplo que pode ser adoptado e reproduzido a uma escala nacional.
Keywords: integração laboral; indivíduos com necessidade educativas especiais;
profissionalização
ICCA 2017-23398 -"A FAMÍLIA DANÇA?" - Um convite à intervenção com famílias
com crianças e jovens em situação de risco
Lúcia Paço (1); Telma Marques (1); Ana Cláudia André (1)
1- Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP) - Associação Nós
ICCA-Comunicação Oral
A Associação Nós, fundada em 1982 por pais e técnicos com foco na intervenção centrada
na pessoa com deficiência e sua família, alargou posteriormente o seu campo de
intervenção às necessidades que emergiram na comunidade (Barreiro e Moita),
nomeadamente com crianças e jovens em situação de risco e suas famílias. Assim foi criado
o Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental cuja vocação se liga à prevenção e
reparação de situações de risco psicossocial mediante o desenvolvimento de competências
parentais, pessoais e sociais das famílias. Através da literatura sobre o tema e suportados
pela experiência deste serviço, estas famílias com crianças e jovens em risco situam-se, na
sua maioria, numa posição involuntária à intervenção, chegando alguns a serem
mandatados. É objetivo deste workshop compartilhar a experiência de uma abordagem
colaborativa, integrativa e centrada nas soluções. Tendo por base uma leitura compreensiva
das famílias e musas teóricas sistémicas, multissistémicas, ecológicas, narrativas e
construtivistas, propõe-se um modelo de intervenção centrado nas forças das famílias com
pequenas propostas de ensaios de mudança. Uma dança para a autonomia das famílias, um
convite à re-autoria e ao sentido de liberdade de escolha para que possam reconstruir as
suas coreografias, através da música das suas próprias visões preferidas.
Keywords: clientes involuntários; colaboração; re-autoria; autonomia
ICCA 2017-33322 -Especificidades da Relação de Ajuda desenvolvida com crianças
Sofia Veiga (1); Ana Lúcia Oliveira (1)
1- Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto
ICCA-Comunicação Oral
O presente artigo procura debruçar-se sobre o desenvolvimento de relações de ajuda
profissionais com crianças, refletindo sobre as especificidades do(s) pedido(s), da praxis e
do papel de cada interveniente.
Constituindo-se uma das possibilidades de intervenção psicossocial junto dos mais novos,
a relação de ajuda assenta numa experiência relacional onde, num clima afável de
proximidade e de segurança, o profissional se assume como facilitador do desenvolvimento
dos mesmos.
Através dos encontros regulares ou da (con)vivência quotidiana, são criadas condições para
que, em conjunto com o profissional, a criança se descubra, otimize os seus recursos
internos e/ou externos, e evidencie uma maior capacidade de enfrentar as adversidades que
a sua existência coloca. Por serem dependentes dos demais, o exercício da relação de ajuda
pressupõe que se equacione, complementarmente, uma intervenção ao nível do
microssistema da criança, nomeadamente, com a família e a escola.
O encontro relacional, que sustenta a relação de ajuda, exige do profissional determinadas
qualidades como a autenticidade, a congruência e a empatia, assim como a valorização, o
respeito e a aceitação incondicional do outro, seja este a criança ou os seus cuidadores.
Dada a exigência do compromisso pessoal que a relação de ajuda com crianças obriga,
torna-se necessário que o profissional, para além de ser detentor de uma formação rigorosa,
seja emocionalmente maduro e apresente disponibilidade afetiva e interesse pelo mundo da
criança e seus significativos.
Tendo por base os contributos teóricos explanados, procurar-se-á, por fim, analisar a
narrativa de uma relação de ajuda desenvolvida por um trabalhador social em contexto
institucional.
Keywords: Relação de ajuda; Profissional; Criança
ICCA 2017-33720 -A Relação de Ajuda desenvolvida com adolescentes
Sofia Veiga (1); Hugo Ferreira (2); Pedro Ferreira (2)
1- Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto; 2- Casa do Vale
ICCA-Comunicação Oral
O presente trabalho propõe-se refletir sobre as especificidades do desenvolvimento de uma
Relação de Ajuda profissional com adolescentes, debruçando-se sobre a praxis e o papel de
cada interveniente no processo de mudança.
Partindo da narrativa da história de vida e da relação co construída entre um profissional e
um adolescente institucionalizado, procura-se, por um lado, analisar a importância da
edificação de uma vinculação segura potenciadora de um gradual crescimento, autonomia,
confiança e empoderamento deste último, e, por outro, evidenciar as atitudes relacionais
que o profissional de relação de ajuda deve desenvolver, nomeadamente, a aceitação, o
respeito, a congruência, a valorização da pessoa e do seu potencial para a mudança.
Podendo ocorrer em diferentes contextos e em circunstâncias diversas, a edificação de
relações de ajuda no quotidiano de Centros de Acolhimento Temporário tem-se revelado
uma condição fundamental para a co construção da(s) mudança(s) necessárias e almejadas,
como é possível verificar-se no caso que se apresenta e analisa.
Keywords: Relação de Ajuda; Profissional de Ajuda; Adolescência; vinculação segura,
atitudes relacionais
ICCA 2017-44350 -A influência dos determinantes sociais na saúde das crianças e
adolescentes. uma análise em contexto hospitalar
Mário A. Macedo (1)
1- Hospital Dr Prof Fernando da Fonseca
Poster
Introdução: As desigualdades em saúde são reconhecidamente um problema de saúde
pública. A relação entre determinantes sociais e as desigualdades em saúde assenta em
evidência robusta. A sua influência estende-se até ao cuidar em situação de urgência e
emergência. Por este motivo foi efetuada uma revisão da literatura sobre a influência dos
determinantes sociais na saúde na idade pediátrica, de modo a contribuir para um melhor
planeamento de cuidados em contexto de urgência.
Objectivos: Investigar a relação entre os determinantes sociais e o seu efeito na saúde das
crianças e adolescentes em contexto hospitalar. Explicar um possível mecanismo subjacente
adverso aos resultados de saúde encontrados.
Metodologia: A pesquisa da literatura foi efetuada segundo as normas PRISMA, com base
nos seguintes termos MeSH: Social Class, Pediatric, Hospital, Emergency Treatment,
Socioeconomic factor e Healthcare Disparities, na PubMed, Scielo e nas bases de dados da
Cochrane. Foram excluídos artigos de revisão, artigos de opinião bem como artigos que
tratavam de questões de acesso aos cuidados. Foi efetuada uma descrição quantitativa e
qualitativa dos resultados.
Resultados: Após a aplicação dos critérios de exclusão foram selecionadas 17 publicações,
todas referentes a estudos observacionais analíticos, excepto uma do tipo descritiva, a
maioria usando dados retrospetivos. Encontrou-se forte evidência na relação entre
desigualdades em saúde e os fatores socio económicos na idade pediátrica, inclusive com
influência em contexto de serviço de urgência. É possível concluir, que existe uma forte
evidência na relação entre desigualdades em saúde na idade pediátrica e os fatores
socioeconómicos. É interessante constatar, que alguns estudos não se limitaram a descrever
a desigualdade, mas conseguiram observar um gradiente social que protege os grupos
economicamente mais favorecidos.
Conclusão: Face aos resultados obtidos é importante estudar mais esta área, identificar os
determinantes sociais mais importantes bem como as populações mais vulneráveis, para
melhor poder planear as políticas públicas assim como o acesso aos cuidados de saúde, e
deste modo, combater as desigualdades sociais
Keywords: Desigualdades em saúde, Pediatria, urgência pediátrica, equidade
ICCA 2017-47668 -Fragility of girls associated with armed forces and/ or groups in
Sub-Saharan Africa
Katri Tukiainen, doctoral student (1)
1- University of Tampere, Peace and Conflict Studies Institute, Finland
Poster
Academic researcher has to be very innovative and careful about the used methodology
while researching very often severly traumatized child soldiers including girls.The Eastern
part of the Democratic Republic of Congo is a good example of the complexity and
challenging nature of boy and girl soldier problematic.
The key word for ex-girl combattants participation is to let girls themselves determine how
and in what way they want to be re-educated back to their communities and normal life.
Stigmatization of these girl victims is a huge problem. Girls themselves have means to
overcome this.
In many African armed conflict zones girl combattants constitute sometimes 40 % of the
man/ woman power in the field. They very seldom participate into official DDRR
(Disarmament, Demobilization, Rehabilitation and Reintegration) programmes piloted by
the local goverments and the UN. The DDRRs are mainly designed for adult male soldiers.
Girl combattants have many roles in the battle zones like soldiers, cooks, servants,
ammunition carriers and sex slaves just to mention a few. Almost every girl soldier comes
back from war with one or several children born in the combat zones, either these girls are
rape victims or forcely married to some guerilla officer.
Sometimes a girl soldier becomes very masculine figure and wants to hide her feminity,
because the example of boy soldiers carrying AK-47s shows them that this is one way of
emanzipation.
The preventional educational activities for these vulnerable girls would be imperative, and
also a proper possiblity to continue studies and/ or vocational training after war in order to
get back their peaceful lives. These girls are worth it.
Keywords: girl soldier, DDRR, Democratic Republic of Congo, stigmatization
ICCA 2017-48462 -BREAKING THE SILENCE OF BOYS AND MEN ON SEXUAL
AND GENDER BASED VIOLENCE , a small research in Sierral Leone
Rutger van Oudenhoven (1); Muhamed Turay (2)
1- International Child Development Initiatives; 2- One Family People, Sierra Leone
ICCA-Comunicação Oral
This study was a collaborative effort of International Child Development Initiatives (ICDI)
and its Sierra Leone partner organization One Family People (OFP), and took place in
March 2014.
OFP had begun several initiatives to involve men and boys in the fight against sexual and
gender based violence (SGBV) as part of the so-called Girl Power Programme (GPP). GPP
focuses on improving opportunities and rights of adolescent girls and is being implemented
by several Dutch organizations with southern counterparts in 10 countries around the world
in the period 2011 to 2016. This study was designed to build on lessons learned so far in the
GPP and gain deeper insight into the positive role men and boys could play in fighting
SGBV in Sierra Leone.
It was also a reaction to the call by many that men and boys should be more involved in
projects fighting SGBV in order to create more impact and effectiveness. Until now this has
been largely overlooked and neglected by stakeholders.
Group and individual discussions with a range of relevant people –both male and female-
and carefully listening to them formed the main vehicle in this information-gathering
exercise.
Involving men in the GPP Sierra Leone programme has until now been limited to a few
awareness campaigns, community theatre performances and the establishment of Men
Support Groups and Boys Clubs. We found it useful to see what worked and in what way or
whether we/OFP/GPP should continue with these initiatives, and if so, what obstacles need
to be overcome to involve men and boys in a constructive way. To this end we arranged
group discussions with men and boys involved in these groups and other stakeholders,
including women and girls, to vet their opinion. The interviews were conducted by OFP’s
Mohamed Turay and ICDI’s Rutger van Oudenhoven and took place during the month of
March, 2014 in the towns of Grafton, Hastings and Dwarzark in Sierra Leone.
In short the discussions focused on the following questions:
• What has your role in the GPP been until now?
• What is the role of men and boys in the protection of girls against violence?
• What obstacles are there for men and what can they bring to the table?
• How do you want to be involved in the GPP in the future and how can OFP help?
With limited resources, OFP might be able to make a strong first effort to engage men and
boys (in some joint activities with women and girls – in addition to some separate activities
for boys alone), but to involve and transfer responsibility to other stakeholders in the
community.
But in general, OFP should continue what it is doing, and use the current credit they have
to continue to engage the whole community.
Concerning obstacles facing men, there have been lots of extensive reports, training
sessions and discussions about this. Maybe we need to accept that at present that traditional
values and role models and culture have a strong influence on the lives of women, their
status and opportunities. These values-in our eyes- inhibit women from fully reaching their
potential, and stop men from treating women as their equals. Listening to Sierra Leoneans
does make clear, however, that these values are not static, and even more so, state that
women and girls should be respected, and that abuse of power and violence cannot be
tolerated. That is something to build upon.
Keywords: Engae Boys and Men, West Africa, Gender Based Violence, listening to
children and youth, particiaption, SRHR. Girl Power,
ICCA 2017-57420 -Sinalização ao Serviço Social na gravidez/puerpério - Realidade de
um Hospital de Nível I
Daniela Silva (1); Juliana Maciel (1); Maria Manuel Zarcos (1)
1- Centro Hospitalar de Leiria, E.P.E. – Hospital de Santo André
Poster
Objetivo: Caracterizar a população de grávidas e recém-nascidos sinalizados ao Serviço
Social (SS) e a sua orientação.
Material e métodos: Estudo retrospectivo descritivo com componente analítica, através da
consulta do processo das grávidas e recém-nascidos sinalizados ao SS durante o ano de
2015. Variáveis analisadas: variáveis demográficas, motivo de referenciação e orientação.
Processamento de dados com o programa SPSS 22®.
Resultados: Obteve-se uma amostra de 119 grávidas referenciadas ao SS, cujas idades
variaram de 14 a 44 com mediana de 27 anos. Tinham naturalidade portuguesa 85,7%,
4,2% eram brasileiras, 3,4% ucranianas e 2,5% romenas. Cerca de 12% das grávidas eram
de etnia cigana. Em 37,8% dos casos encontravam-se desempregadas, e em 23,5% eram
estudantes. Relativamente ao estado civil, 31,9% vivia em união de facto, 29,4% estavam
casadas e 34,5% solteiras. Tinham 1 ou mais filhos 45,2% das grávidas. A gestação foi mal
vigiada em 27% dos casos e não vigiada em 9%. Foram eutócicos 55,5% dos partos.
Relativamente à sinalização para o SS, ocorreu em 45,5% dos casos da consulta hospitalar,
e em 46,2% do internamento após o parto. Os motivos de referenciação foram o baixo nível
socio-económico da família (32,8%), pedido de apoio económico (21,8%), discussão da
parentalidade (15%), mãe adolescente (13,4%) e perturbação psiquiátrica materna (5,9%).
Da amostra, 19,3% foi encaminhada para o Núcleo de Apoio do CS, 15,1% para o Tribunal
(discussão da parentalidade), 12,6% mantiveram seguimento pela CPCJ, em 3,5% mãe e
filho foram institucionalizados, e em 2,5% as crianças foram encaminhadas para adopção,
correspondendo a 3 casos (mãe toxicodependente, doente psiquiátrica e baixo rendimento
económico).
Conclusões: Nesta amostra o baixo rendimento económico e a elevada taxa de
desemprego, constituem o principal motivo para intervenção do SS. No entanto, também se
verificaram casos de disfunção familiar, por vezes com necessidade de retirada da mãe e do
filho do ambiente onde vivem. Houve ainda um número significativo de grávidas
adolescentes, com necessidade de sinalização para outras entidades da comunidade.
Salienta-se ainda a percentagem elevada de gravidezes mal/não vigiadas, tornando-se
relevante a intervenção do sistema de referenciação.
Keywords: Serviço Social; Grávidas
ICCA 2017-59658 -Constructing disability in the public discourse: the presence of
parents of children with disabilities in the media in Poland
Lukasz Koperski, MA (1)
1- Institute of Sociology, Adam Mickiewicz University in Poznan, Poland
ICCA-Comunicação Oral
In Poland, for over 50 years in the public discourse functioning social model of disability,
which supplanted the medical model. The political and economic transformation process
led to transfer part of the public tasks in the field of care and support for non-governmental
organizations. The social change caused by an increasing democratic tendencies
decentralization of activities and ineffective social policy led to the acquisition of some of
the tasks for parents of disabled children. Parents and carers of people with disabilities
participate in the creation of a new social order. The aim of the paper is to show the
mechanism of construction disability in the public discourse by the actions taken by the
parents / caregivers. I will present the results of two research carried out by them: research
whose aim was to diagnosing the difficulties experienced by parents (2013) and research
indicating the new socio-cultural tendency associated with the search for support on the
Internet through online forums, social networks (2015). Results of research allow an
indication of trends in the construction of disability in the public discourse.
Keywords: discourse, online counseling, disability
ICCA 2017-69911 -SIMPOSIO: A interdisciplinaridade nas práticas de proteção &
Participação da Criança.
Jorge Manuel Leitão Ferreira (1); Maria João Pena (1); Cristina Herrero Villoria y Antonia
Picornell-Lucas (2); Enrique Pastor (3); Cidália Queiróz (4); Mariel Gross (4); Elsa
Montenegro (4)
1- ISCTE - Instituto Universitário Lisboa; 2- Universidade Salamanca - Espanha; 3-
Universidade Múrcia - Espanha; 4- Associação Qualificar para Intervir - Porto
Comunicação em simpósio
Através deste simpósio pretendemos criar um espaço de reflexão e debate sobre práticas
interdisciplinares na protecção da criança em diferentes contextos comunitários, sociais e
institucionais.
Apresentar programas e projectos de investigação e de intervenção inovadores no domínio
da protecção e promoção da cidadania da infância.
Integrar no debate a componente participativa da Criança em programas e acções do seu
superior interesse. A participação da infância na efectivação do seu bem-estar.
Difundir resultados de avaliação e perspectivas críticas sobre o sistema de protecção
através de estudos de 3º ciclo em Serviço Social e outras Ciências.
Criar oportunidades de estudos e pesquisas comparadas entre diferentes áreas do
conhecimento e entre diferentes países ao nível internacional.
Jorge M. Leitão Ferreira (PhD): «A interdisciplinaridade no modelo de proteção à criança»
Maria João Pena (PhD): “O papel da linha telefónica SOS Criança no sistema de proteção
à criança: uma prática interdisciplinar”
Cristina Herrero Villoria (Máster en Criminalidad e Intervención Social en Menores) y
Antonia Picornell-Lucas (EdD. Doctor of Education): “Adolescentes víctimas de la
violencia cibernética: cambio de rol para el Trabajo Social”.
Enrique Pastor (PhD): «Mecanismos de participación de los jovenes en las políticas
autonomicas de juventud en España».
Cidália Queiróz (PhD): «O objeto do Serviço Social na escola: construir uma comunidade
socializadora»
Mariel Gross (PhD): «Combate precoce às desigualdades de acesso à língua e ao
desenvolvimento cognitivo (0-4 anos)»
Elsa Montenegro (PhD): «Combate às desigualdades de acesso à língua e ao
desenvolvimento cognitivo na escolaridade primária»
Keywords: Interdisciplinaridade; Proteção; Criança ; Serviço Social
ICCA 2017-70008 -Percursos com Famílias _ Um Modelo de Intervenção
O Fio de Ariana - Educação e Terapia CRL (1); Dulce Coutinho (1)
1- O Fio de Ariana - Educação e Terapia CRL
ICCA-Comunicação Oral
Baseado na ideia de que ninguém existe sozinho, o Fio de Ariana desenvolveu um Modelo
de Intervenção que valoriza a compreensão dos problemas individuais através da relação
com os que nos estão próximos; no labirinto de cada estória pessoal, desenrolamos o Fio
que nos poderá conduzir à saída, depois de aniquilado o Minotauro. O processo é centrado
numa solução/resolução abrangente, no sentido que o objectivo não é apenas aniquilar o
Minotauro (foco) mas também conseguir sair do Labirinto (rede).
Assim, desenhamos uma abordagem sistémica do atendimento/intervenção, no sentido de
que “o problema já não é encarado como uma perturbação(…) inerente a um indivíduo mas
como um nó interactivo nas tensões familiares e extrafamiliares” (M. Andolfi).
Qualquer intervenção com uma criança ou jovem, é iniciada desde logo com uma
intervenção / atendimento à família, na perspectiva de facilitarmos uma avaliação
compreensiva; mais do que identificar dificuldades ou “problema”, focamo-nos também na
identificação de recursos facilitando o melhor acesso a estes, desencadeamos as
potencialidades auto terapêuticas dos sistemas em presença e mediamos a relação entre
eles. Organizamos sessões/consultas regulares com pais que podem vir a integrar grupos de
pais. O objectivo é aumentar a compreensão sobre os seus filhos, adequar expectativas e
mudar interacções. Neste processo, movemo-nos articuladamente entre individuo e família,
famílias e contextos, dificuldades e recursos; temos em conta as estórias, narrativas,
culturas e particularidades de cada família bem como do contexto onde se inserem.
Sabemos todos que a rede social é uma forma objectiva de prevenir e resolver dificuldades
e sabemos todos como a vida no mundo actual encolheu estas redes de apoio e nos tornou
mais sozinhos numa comunidade com um conjunto invisível de exigências (e onde
paradoxalmente comunicamos mais); o nosso trabalho inside no reforço e estruturação de
apoios funcionais que organiza a maneira como os indivíduos (membros de uma família)
interagem. Com um foco mais alargado, vamos tirando “retratos” que nos permitem, no
final, construir um “álbum” que dá sentido à nossa estória e (re)organiza o nosso futuro. A
prática clínica em mais de 30 anos de Fio de Ariana permite afirmar que a metodologia de
intervenção com famílias assim desenhada (retractável com um caso prático), é
capacitadora e promotora de mudança ao nível do indivíduo, das famílias e das estruturas
sociais, promovendo maior harmonia e realização.
Keywords: Família, redes, recursos, capacitação
ICCA 2017-72977 -“A Brincar também se Aprende” – Campo de Férias para crianças/
jovens com VIH/SIDA e suas Famílias- experiência de 15 anos
Sofia Castro Pereira (1); Rosa Gomes (2); Graça Rocha (3); Elisabete Marçal (1)
1- Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria; 2- Centro Hospitalar e
Universitário de Coimbra - Hospital Pediátrico; 3- Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra - Hospital Pediátrico e Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Poster
Introdução: No que respeita à temática/problemática da Infeção VIH, é essencial uma
intervenção holística, desenvolvida por uma equipa interdisciplinar, integrada e em rede,
quer no âmbito de actuação da prevenção, quer na redução dos danos, inerentes à
problemática. Fazer emergir o valor da família é reconhecê-la como um bem social a
proteger e promover, dotando-a de competências para lidarem de forma adequada com os
desafios do quotidiano. Constitui uma prioridade das estruturas da Saúde, implementar
medidas que proporcionem a melhoria do bem-estar social e psicológico das famílias,
assegurando a humanização dos cuidados. Tendo por base o princípio de uma
responsabilidade educativa partilhada e o incremento do envolvimento parental, desde há
15 anos que se realiza o Projeto “A Brincar também se Aprende”, dotado de um corpo
técnico multidisciplinar, coadjuvado por voluntários.
Objetivos: Sensibilizar/educar para adesão ao tratamento; Melhorar a informação sobre o
VIH; Refletir sobre atitudes parentais, relacionais e comunicacionais de forma a ajudar a
lidar com emoções e comportamentos; Ajudar a encontrar estratégias para melhor lidarem
com a doença e tratamentos; Promover o bem-estar psicológico-afetivo, de modo a
proporcionar adequada inserção na escola/comunidade e família; Cultivar ambientes de
afetos e lúdicos, promovendo autoestima; Promover a convívio inter/pares; Fomentar a
criação de grupos de entreajuda; Promover estilos de vida saudáveis.
Material e métodos: Projeto anual com duração de 5 dias. A população-alvo são as
crianças/jovens infetadas pelo VIH, seguidas no Hospital Pediátrico – CHUC e no Hospital
de Santa Maria – CHLN e suas famílias. O paradigma que orienta este modelo, é a inclusão
de toda a população-alvo como parceiros no planeamento e avaliação das atividades. São
utilizadas metodologia activas, que potenciam não só a participação como a reflexão sobre
o percurso pessoal e familiar, bem como a adaptação à doença.
Resultados: Abrangidas, aproximadamente, 430 crianças/adolescentes, com idades
compreendidas entre os 3 meses e os 20 anos, provenientes de vários distritos,
acompanhadas por mãe/pai/irmãos; avós; famílias de acolhimento e famílias adoptivas.
Principais benefícios: promoção da resiliência; diminuição do isolamento social e
emocional; aprendizagem com a experiência entre pares; compreensão da doença e
esclarecimento de dúvidas.
Conclusão: Cumpre-se a missão de promover atividades que propiciam a capacitação/
responsabilização para o exercício de uma cidadania ativa e a inclusão intergeracional. O
pressuposto orientador da intervenção é a autonomização da família/criança/adolescente,
desenvolvendo competências para a mudança, elaborando estratégias de “cooping”, com
recurso a atividades lúdicas e formativas. Em ambiente extra-hospitalar e conjugado com
atividades lúdicas, promove-se o respeito pelas diferenças, a aprendizagem sobre a
infecção, formas de prevenção, a importância da adesão à terapêutica e o conhecimento
sobre os fármacos e outras temáticas de prevenção em saúde. Da avaliação feita ressalta a
convicção da extrema relevância de dar continuidade ao Projeto.
Keywords: VIH/SIDA; Família; Crianças/Jovens
ICCA 2017-74997 -Ser Família de Acolhimento de Crianças em Portugal: Motivações e
experiências
Elisete Diogo (1); Francisco Branco (1)
1- Universidade Católica Portuguesa
ICCA-Comunicação Oral
Contextualização: O acolhimento familiar (AF) de crianças está fracamente representado no
sistema de proteção português. Não obstante ser considerada legalmente a resposta
preferencial para a colocação de crianças, dados recentes mostram que, em 2015, das 8.600
crianças em situação de acolhimento apenas 3.5% estavam em AF (CASA, 2016).
A invisibilidade do AF é uma realidade inclusivamente na comunidade científica
portuguesa (cf. Delgado, 2007).
Neste contexto a presente investigação contribui para dar maior visibilidade ao AF de
crianças, pretendendo dar voz às famílias de acolhimento e compreender nomeadamente
motivações, expectativas, necessidades e impactos na vida pessoal e familiar.
Algumas das questões de investigação consistem em: i.) Como e porquê se tornam famílias
de acolhimento? ii) Qual a experiência das famílias de acolhimento na aplicação da medida
de proteção a crianças em perigo? iii) Que contributos podem as famílias de acolhimento
dar para a melhoria da medida do acolhimento familiar em Portugal?
Metodologia: Assente na abordagem qualitativa, o desenho empírico consistiu na
realização de entrevistas narrativas a famílias de acolhimento, entrevistas semiestruturadas
a técnicos das equipas de acompanhamento e na análise dos processos sociais.
A amostragem teórica, atende ao critério de variação máxima, inclui famílias de
acolhimento: com filhos biológicos no agregado; no primeiro acolhimento; no segundo (ou
mais) acolhimento; que vivenciaram uma cessação; que acolhem crianças com deficiência,
e que deixaram de acolher, num total de 10 famílias enquadradas por duas entidades ao
nível do acompanhamento (um Centro Distrital de Segurança Social e uma Fundação). O
trabalho de campo desenvolveu-se entre dezembro de 2015 e abril de 2016.
A análise qualitativa dos dados assentou no quadro da Grounded Theory, com vista à
elaboração de uma teoria enraizada, preconizada por Charmaz (2006 e 2014).
Resultados: A motivação destas famílias está enraizada nos valores do altruísmo, suportada
pelo afeto por crianças e pela sensibilidade à desproteção infantil. Estes fatores, associados
à biografia pessoal e profissional, e ao contacto direto ou indireto com o acolhimento
residencial ou outros contextos de desproteção, produzem a predisposição para se tornarem
família de acolhimento.
A resiliência familiar para acolher crianças com percursos de vida traumáticos e
comportamentos desafiantes, a qualidade do acompanhamento técnico, e a manutenção do
contacto com a criança após a cessação, contribuem para renovar a disposição para ser
família de acolhimento.
A experiência é vivenciada com desafios e recompensas. Para os participantes ser família
de acolhimento constitui uma experiência compensadora considerando o reconhecimento
da criança, da família, da comunidade e dos técnicos.
Conclusões e implicações: A experiência positiva das famílias de acolhimento deste estudo
consiste numa evidência de modo a apoiar o alargamento e reforço do acolhimento familiar
como uma resposta privilegiada da colocação de crianças, no sistema português,
considerando os seus benefícios.
A qualidade dos serviços e o desempenho dos profissionais formam um elemento-chave
para o sucesso do acolhimento e da experiência das FA. Esta pesquisa é um contributo para
as políticas de proteção da criança, e para a melhoria da prática profissional, do ponto de
vista dos direitos laborais, fiscais e sociais.
Keywords: Proteção Infantil; Acolhimento Familiar; Famílias de Acolhimento; Serviço
Social
ICCA2017-99990 -A interdisciplinaridade no modelo de proteção à criança
Jorge M. Leitão Ferreira (1)
1- ISCTE-IUL DE LISBOA
Comunicação em simpósio
Uma análise qualitativa do modelo de proteção à criança sobre as convergências e as
divergências entre os saberes sociais e os saberes jurídicos na efetivação dos direitos da
criança. Falamos de um modelo de controlo ou de um modelo emancipatório de
reconhecimento da cidadania da infância. Potencialidades, limites e condicionantes do
modelo de proteção à criança em Portugal: perspetiva crítica e analítica.
Keywords: Proteção; Interdisciplinaridade; Criança
ICCA2017-99991 -O papel da linha telefónica SOS Criança no sistema de proteção à
criança: uma prática interdisciplinar
Maria João Pena (1)
1- ISCTE-IUL DE LISBOA
Comunicação em simpósio
A Comissão Europeia, em 2007, reconhece as linhas telefónicas para a criança como
serviços de valor social e atribui-lhes o número 116 111. Em Portugal este número foi
atribuído à linha telefónica do SOS Criança da responsabilidade do Instituto de Apoio à
Criança (IAC). Propõe-se aqui a análise da prática profissional na linha telefónica, na sua
dimensão interdisciplinar, como resposta às necessidades apresentadas pelas crianças, assim
como a sensibilização da comunidade para a efetivação dos direitos da criança e a própria
monitorização das medidas de política nesta área.
Keywords: SOS; Criança; Prática
ICCA2017-99992 -Adolescentes víctimas de la violencia cibernética: cambio de rol
para el Trabajo Social
Cristina Herrero Villoria e Antonia Picornell-Lucas (1)
1- Universidad de Salamanca
Comunicação em simpósio
Cuando la violencia adolescente y juvenil se convierte en acoso y traspasa la escuela,
utilizando la tecnología para conseguir su fin, su identificación y erradicación se vuelve
más difícil, mostrándonos la fragilidad del sistema social y el cambio conveniente en las
prácticas del Trabajo Social. Con el fin de diagnosticar la importancia otorgada en la
investigación científica en España al Ciberbullying y Grooming, e identificar su incidencia,
se plantea una revisión sistemática de los estudios realizados en los últimos seis años,
identificando el tipo de estudio, la muestra y sus características, las modalidades de acoso
estudiadas y los resultados obtenidos, entre otros factores.
Keywords: Adolescente; Vitima; Violencia; Trabajo Social
ICCA2017-99993 -Mecanismos de participación de los jóvenes en las políticas
autonomías de juventud en España
Enrique Pastor (1)
1- Universidad Murcia
Comunicação em simpósio
La ponencia presentara los resultados de una investigación centrada en conocer los
mecanismos de participación juvenil que ofrecen cada una de las comunidades y ciudades
autónomas de España. Para ello se ha elaborado un protocolo de recogida de datos validado
que permite analizar la oferta de oportunidades de participación que las entidades sociales
vinculadas con la juventud disponen para influir en las políticas públicas de juventud. Los
resultados, entre otros, señalan la escasa oferta de oportunidades y la débil influencia en las
políticas de juventud.
Keywords: Participación; Jovenes; Políticas
ICCA2017-99994 -O objeto do Serviço Social na escola: construir uma comunidade
socializadora
Cidália Queiróz (1)
1- Instituto Superior De Serviço Social Do Porto
Comunicação em simpósio
A heterogeneidade social e cultural dos frequentadores da escola e os constrangimentos que
pesam sobre a vida familiar são, na sociedade atual, dois fatores que comprometem a
socialização das crianças e jovens e fragilizam a coesão social na escola. Neste contexto, o
Serviço Social tem um papel específico a cumprir na escola: envolver, com a implicação
ativa dos professores e dos pais, as crianças e jovens na partilha de valores, princípios e
regras e fazer da escola uma comunidade coesa. Relato do trabalho de investigação/ação
desenvolvido pela Qualificar para Incluir em contexto escolar.
Keywords: Escola; Comunidade; Serviço Social
ICCA2017-99995 -Combate precoce às desigualdades de acesso à língua e ao
desenvolvimento cognitivo (0-4 anos)
Mariel Gross (1)
1- Instituto Superior De Serviço Social Do Porto
Comunicação em simpósio
Os estudos sobre o desenvolvimento cerebral da criança na primeira infância mostram que
as experiências precoces são o principal motor do desenvolvimento linguístico e cognitivo.
Para prevenir processos de reprodução intergeracional do insucesso escolar, cabe ao
Serviço Social planear, implementar e avaliar intervenções precoces que, colocando os pais
e cuidadores no centro da ação, envolvam as crianças, desde muito pequenas, em interações
e rotinas prazerosas e divertidas que reforçam a vinculação e estimulam o desenvolvimento
precoce de uma linguagem rica.
Keywords: Desigualdade; Língua; Desenvolvimento cognitivo
ICCA2017-99996 -Combate às desigualdades de acesso à língua e ao desenvolvimento
cognitivo na escolaridade primária
Elsa Montenegro (1)
1- Instituto Superior De Serviço Social Do Porto
Comunicação em simpósio
O combate às desigualdades em matéria de desenvolvimento linguístico tem que ser
continuado no próprio contexto escolar para garantir uma efetiva igualdade de
oportunidades em matéria de acesso a qualificações escolares socialmente valiosas. Para ser
realmente eficaz, tem que envolver não somente as crianças mas, também, os professores e
os pais, em projetos de intervenção/investigação que recorrem à narração regular, no
próprio espaço e horário escolares, de histórias infantis a fim de fomentar as competências
conversacionais e, simultaneamente, os laços sociais graças à partilha de significados,
valores e interesses.
Keywords: Desigualdade; Escolaridade; Competências
Sociology
ICCA 2017-14073 -ACABOU A MERENDA E JÁ NEM TINHA VENTILADOR: A
QUALIDADE DAS ESCOLAS E O RISCO DE DOENÇAS PARA CRIANÇAS EM
ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE URUÇUÍ, PIAUÍ, BRASIL
DENISE HOSANA MOREIRA (1); Vanessa Silva, Kátia Rocha, Matias Júnior Salazar,
Igor Silva (1)
1- UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
Poster
O Brasil atravessa uma crise política com repercussão negativa sobre os compromissos dos
governos de Estado com o serviço público de educação no país. No município de Uruçuí,
cidade em destaque no agronegócio, a escassez de recursos para as escolas contrasta com as
riqueza local dos grandes produtores de alimentos para exportação. Este estudo aborda a
perspectiva das crianças acerca do sucateamento de recursos às suas escolas e tem o
objetivo de compreender seus pontos de vista. A metodologia adotada neste estudo
consistiu em estudos de casos, através de trabalhos etnográficos, com observações, notas de
campo e entrevistas semi-estruturadas com crianças de 5 a 10 anos de idade, em 4 escolas
públicas sitiadas no município de Uruçuí, no Piauí. Cada escola foi visitada por um
estudante pesquisador que acompanhou o cotidiano escolar de 6 crianças e recolheu delas,
mediante seu consentimento informado, de seus pais e educadores escolares, impressões do
controle de suas professoras sobre elas. A pesquisa teve início em setembro de 2016, com
previsão de término de sua primeira fase em junho de 2017, após a conclusão do estudo
exploratório do campo de ocupação dos sujeitos observados e da desconstrução da
familiaridade e naturalização das concepções paradigmáticas a realidade observada. Apos a
primeira fase do estudo, deverá ocorrer diversificação regional do terreno da pesquisa para
a realização de estudos comparativos com outras realidades educacionais. Os resultados
obtidos até aqui revelaram uma compreensão das crianças acerca de incoerências
discursivas por parte dos seus educadores em relação aos recursos necessários para a sua
educação escolar. Incoerências como a não aceiração das frutas que cultivam em seus
quitais ou a proibição de ficarem mais tempo fora da sala de aula em dias de muito calor.
As crianças revelaram ter capacidade suficiente para propor alternativas para as crises que
atravessam junto aos adultos. Esta e outras constatações feitas neste estudo sugerem a
necessária, devida e merecida atenção às vozes das crianças.
Keywords: Criança, voz da criança, escola, saude
ICCA 2017-18029 -Jovens, consumo e identidade: uma trilogia contemporânea?
Estudo de caso.
Cristina Santos (1)
1- Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
ICCA-Comunicação Oral
Apesar de a construção identitária ser um jogo problemático e complexo, característico das
sociedades contemporâneas, e transversal a qualquer indivíduo, é durante a juventude que o
processo assume uma maior relevância, pois é neste período que a identidade se encontra
em plena formação. É no decorrer da fase juvenil que se desenvolve, no sujeito, a
consciência de estar situado na sociedade que o rodeia, sendo uma etapa particularmente
vulnerável à conciliação da auto-percepção com as imagens de si formadas pelos outros
(Pinto, 1995; Pais, 2010; Ribeiro, 2010). Por outro lado, a dificuldade juvenil em integrar-
se na esfera laboral, encarada como uma fonte identitária, mas também enquanto uma
ocupação e forma de participação e de integração societais, conduziu a juventude a procurar
uma alternativa no universo do consumo, o qual se tornou, por esse motivo, fundamental
(Brusdal e Lavik, 2008; Deutsch e Theodorou, 2010). Paralelamente, denota-se ainda a
particular relevância que a aparência apresenta na adolescência (Campos, 2010), com
especial destaque para o vestuário e o calçado (Galhardo, 2006; Brusdal e Lavik, 2008).
Este é o enquadramento da nossa investigação, decorrente do doutoramento que
finalizámos em 2015. Pretende-se, com o presente paper, compreender de que forma o
consumo, a identidade e a juventude poderão formar uma trilogia contemporânea, tendo em
conta, nomeadamente, o género e a classe social de origem dos indivíduos. Para o efeito,
recorremos à análise de um consumo de bens específicos (vestuário e calçado), para tentar
compreender qual o lugar que as dinâmicas de consumo de marcas do sector poderão
ocupar na construção identitária juvenil. Apostámos num pluralismo metodológico, ao
utilizarmos, numa fase inicial, o inquérito por questionário, seguindo-se a realização de
grupos focais, ambos aplicados à amostra da nossa pesquisa, constituída por estudantes, do
sexo feminino e masculino, dependentes residencial e monetariamente do agregado
familiar, que se encontravam a frequentar o 9º ano de escolaridade (ano lectivo 2012/2013),
num dos três estabelecimentos de ensino de Cascais participantes no nosso estudo: o
Colégio do Amor de Deus, a Escola Salesiana de Manique e a EB 2,3 Escola Matilde Rosa
Araújo.
Tendo como base as percepções da nossa população em estudo, detectámos uma ligação
estabelecida entre o consumo e o processo identitário, com particular destaque junto das
raparigas, numa dinâmica por vezes paradoxal. As práticas e as representações de consumo
poderão funcionar enquanto um marcador ambivalente, ou seja, reportando-se não só à
esfera individual dos sujeitos, inclusive de género e etário, mas também assinalando
pertenças grupais, num claro processo de estereotipação. Desta forma, esperamos que o
nosso artigo possa dar o seu contribuindo para um maior conhecimento das dinâmicas
juvenis e das suas problemáticas, numa reflexão que pretende caracterizar e compreender a
adolescência na contemporaneidade. Trata-se, pois, de uma temática pertinente e
emergente, que acaba por influenciar as vivências dos adolescentes, e que, por esse motivo,
importa conhecer e aprofundar, dadas as suas implicações quotidianas.
Brusdal, R. e Lavik, R. (2008). Just shopping?: a closer look at youth and shopping in
Norway, Young, 16 (4), 393-408.
Campos, R. (2010). Juventude e visualidade no mundo contemporâneo: uma reflexão em
torno da imagem nas culturas juvenis, Sociologia, Problemas e Práticas, (63), 113-137.
Deutsch, N. e Theodorou, E. (2010). “Aspiring, consuming, becoming: youth identity in a
culture of consumption”, Youth & Society, 42 (2), 229-254. Disponível em: http://
yas.sagepub.com/content/42/2/229.full.pdf+html
Galhardo, A. (2006). Marcas com que me identifico – o ponto de vista de um grupo de
jovens consumidores, em Cardoso, P. et al. (orgs.), Jovens, marcas e estilos de vida, Porto,
Edições Universidade Fernando Pessoa, 225-234.
Pais, J. (2010). Lufa-lufa quotidiana: ensaios sobre cidade, cultura e vida urbana, Lisboa,
ICS - Imprensa de Ciências Sociais.
Pinto, C. (1995). Sociologia da escola, Amadora, McGraw-Hill.
Ribeiro, R. (2010). Sociologia do consumo: aplicado ao marketing e à comunicação,
Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Keywords: consumo, identidade, juventude
ICCA 2017-20747 -Políticas sociais para a infância entre 2000 - 2010: uma análise
retrospetiva entre a standardização e a diversidade de mundividências na infância
Florbela Samagaio (1); Manuela Mendes (2)
1- Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti; 2- Instituto Universitário de Lisboa
(ISCTE-IUL) - Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) e Faculdade de
Arquitectura da Universidade de Lisboa (FAUL
ICCA-Comunicação Oral
Esta proposta de comunicação tem como objetivos fundamentais proceder a uma análise
retrospetiva (2000-2010) das políticas sociais dirigidas à infância e à juventude (de acordo
com o limite etário patente na Convenção dos Direitos da Criança), procurando, a partir de
um quadro teórico sistematizado, elencar as tendências de evolução das mesmas de acordo
com as seguintes dimensões: objetivos das políticas sociais; áreas de intervenção das
políticas sociais; destinatários diretos das medidas de política social e representações
sociais sobre a criança e sua família subjacentes às próprias medidas de política social. Esta
análise resulta de uma abordagem de pendor qualitativo, tendo por base uma análise de
conteúdo temática sobre as políticas sociais fundamentalmente destinadas ao combate à
pobreza e à exclusão social em contexto nacional, concebidas para o período já
mencionado.
O trabalho que se apresenta integra-se num paradigma da infância onde a criança é
considerada como sujeito no processo de socialização (Berger e Luckmann 1997) sendo,
por conseguinte, um ser socialmente competente e capacitado/a para a participação social
(Corsaro, 1992,1993, 2002; Percheron, 1993; Qvortrup, 1991, 1995, 2000; Prout, 2000,
2010; Sirota, 2006; Sarmento, 2000, 2004, 2007; Samagaio, 2014). Procura-se ainda
discutir em que medida a política social, destinada à infância se poderá constituir como um
espaço de participação social da criança particularmente junto de contextos de exclusão
social assim como se a política social existente dispõe de capacidade de alcance para um
entendimento do mundo da infância na sua diversidade social e cultural.
A apresentação deste tipo de análise afigura-se de extrema pertinência pois vivemos uma
época pautada por incertezas (Beck,2002), por preocupações sociais de vária índole e onde
se coloca com acuidade a questão da (in) sustentabilidade do Estado-Providência assim
como emergem preocupações ao nível de uma nova contratualização social (Rosanvallon,
1995; Mendes, 2011).
Em termos de discussão de dados, a comunicação propõe elencar as grandes áreas de
atuação das políticas sociais e dar conta do confronto ambivalente entre a standardização
das medidas de política social e a pluralidade dos mundos culturais da infância (Sarmento,
2003; Almeida 2009; Mendes, 2007). Por exemplo, entre as crianças e jovens ciganos
portugueses, a criança muito rapidamente se torna num jovem adulto, uma vez que o tempo
da adolescência e juventude quase não existe. A transição da condição de criança à de
jovem adulto apesar de ser um pouco mais tardia para os rapazes do que para as raparigas,
faz-se ainda hoje em idade precoce, muito devido às fortes pressões familiares e do
ingroup. O prematuro afastamento das mulheres face ao sistema de ensino e o casamento
para ambos em idades muito precoces, continuam a ser um facto, ainda, na atualidade. Pese
embora, as políticas sociais implementadas tenham implicado ganhos relevantes ao nível da
continuidade das trajetórias escolares, as mudanças ao nível das práticas sociais são ainda
tímidas e com resultados pouco conhecidos (Mendes, 2007).
Keywords: politicas sociais; infância; culturas; ciganos
ICCA2017-29999 -Ética e Investigação com crianças: algo de novo?
Natália Fernandes (1)
1- Universidade do Minho
ICCA-Comunicação Oral
Esta proposta de trabalho discute as questões da infância, da pesquisa e da ética que devem
informar todos os procedimentos desencadeados no processo de pesquisa com crianças.
Será inicialmente apresentado o estado da arte acerca das discussões que têm caraterizado
este debate, que, sendo recente, conta com uma significativa reflexão. Apresentamos, ainda,
alguns desafios que é fundamental serem enfrentados para que se consiga uma ética viável
na investigação com crianças, nomeadamente a exigência de se ponderarem as questões de
poder que se estabelecem entre adultos e criança, bem como por um questionamento crítico
relativamente à forma como é salvaguardada a autoria, quer de crianças, quer de adultos, na
análise, interpretação e produção dos dados.
Especial atenção será dada aos processos de pesquisa que envolvem temas designados por
alguns de ‘sensitive topics’, nomeadamente os relacionados com as questões do abuso e da
protecção a crianças.
Keywords: infância, investigação, ética
ICCA2017-39999 -Infância e violência doméstica - olhares interdisciplinares
Natália Fernandes (1); Ana Isabel Sani (1); Catarina Tomás (1); Paula Cristina Martins (1);
Margarida Tavares (1); Maria João Gonçalves (1)
1- Universidade do Minho
ICCA-Comunicação Oral
Sendo o direito à família um dos direitos de provisão mais consensuais e dos que têm uma
história mais longa no percurso de construção de direitos para as crianças, ele é, também,
decorrente da nossa vulnerabilidade inerente um direito central, aspeto que é, também,
sempre reiterado pelas crianças.
A questão que aqui se coloca é a de saber das possibilidades de concretização deste direito
na vida das crianças, considerando a complexidade crescente que caracteriza a sociedade
atual, nomeadamente através da crescente visibilidade de casos de violência doméstica, que
nos dão conta de uma imagem de família afastada da imagem idealizada de família
protetora e cuidadora, tal como reiteradamente tem vindo a ser sustentado em termos
académicos.
Esta (não)família não permite à criança experiencia-la como núcleo de identidade, de
protecção ou de partilha de valores ou projectos. Em contextos de violência doméstica as
crianças estão direta e indiretamente expostas não havendo, contudo, em Portugal,
uniformização nos procedimentos de sinalização destes casos, nem respostas sociais
conformes com as suas necessidades.
Esta comunicação pretende apresentar dados preliminares no âmbito do Projeto JUST
CHILD, o qual tem como objetivo caraterizar e compreender o fenómeno da violência
doméstica desocultando no mesmo as crianças, convocando neste processo olhares
multidisciplinares, nomeadamente a partir da psicologia e da sociologia. Num primeiro
momento faremos uma caraterização, a partir de informantes-chave a nível nacional,
tentando perceber se em Portugal há uma estratégia objetiva, concertada e focalizada na
identificação das crianças e jovens vítimas (diretas ou indiretas) de violência doméstica.
Num segundo momento, convocaremos uma análise crítica das políticas que a este respeito
têm vindo a ser desenvolvidas.
Keywords: -
ICCA 2017-51584 -Nos interstícios das culturas. Interculturalidade nos jovens da
região Île-de-France
Marta Maia (1)
1- Centro em Rede de Investigação em Antropologia
Poster
Observaram-se as relações de sociabilidade e amorosas de jovens dos 14 aos 20 anos,
inscritas em contextos sociais e escolares distintos. Por um lado, os alunos de dois
estabelecimentos públicos, em Montreuil-sous-Bois, o liceu Jean Jaurès e o colégio Fabien,
que recebem alunos de origens culturais diversas e das classes média e baixa; e, por outro
lado, os alunos de dois estabelecimentos privados, a instituição Notre-Dame de la
Providence e o liceu Gregor Mendel, em Vincennes, cuja população estudantil é
culturalmente mais homogénea e das classes média e alta. As relações e os comportamentos
destas populações inscrevem-se em contextos sociais de maior ou menor interculturalidade
e de maior ou menor vulnerabilidade social.
Keywords: Escola, interculturalidade, relações amorosas, socialização
ICCA 2017-54836 -Para uma intervenção sensível ao género no sistema de justiça
juvenil: dados de uma investigação
Ana Guerreiro (1); Vera Duarte (2)
1- ISMAI/UICCC; 2- ISMAI; CICS.NOVA.Uminho
ICCA-Comunicação Oral
O propósito desta comunicação é apresentar as principais conclusões de um projeto de
investigação sobre “Delinquência juvenil feminina: padrões, necessidades e intervenção”.
Este projeto teve como principal objetivo explorar e compreender a necessidade de uma
intervenção focada no género (gender-responsive) no sistema de justiça juvenil português.
Usando métodos qualitativos, particularmente o focus group, pretendeu-se dar voz às
jovens em cumprimento de medida de internamento em centro educativo e aos/às
profissionais que com elas trabalham, de forma a compreender e aprofundar as práticas, as
necessidades e as áreas-críticas e prioritárias de intervenção com raparigas delinquentes.
Os dados do projeto mostram-nos que, apesar de ambos os grupos identificarem
necessidades idiossincráticas na intervenção com raparigas, proporem melhoramentos nessa
intervenção, e considerarem que os serviços e as atividades direcionadas para as
especificidades femininas serem baseadas num modelo tradicional que reproduz papéis de
género (gravidez, maternidade, formação profissional), assumem uma certa postura de
resignação com o modelo corrente (que é politicamente neutral) e uma desvalorização da
dimensão de género na intervenção.
Keywords: Delinquência feminina; intervenção gender-responsive; sistema de justiça
juvenil; metodologias qualitativas
ICCA 2017-63881 -A cidadania da infância: analise de experiências participativas de
crianças e adolescentes no Ceará/Brasil.
Maria Andréa Luz da Silva (1); Mônica Sillan de Oliveira (2); Francisco Horacio da Silva
Frota (2)
1- Universidade de Coimbra; 2- Universidade Estadual do Ceará
ICCA-Comunicação Oral
Os diversos olhares sobre a infância marcaram os avanços conceituais à respeito dos
direitos de criança e adolescente no século XX. A multidisciplinaridade possibilitou novas
abordagens e garantiu, a esse grupo social, seu reconhecimento como sujeitos de direitos. A
infância passou a ser estudada, não só nos seus aspectos tradicionais, biológico e
psicológico, como também em toda a sua pluralidade social e cultural. A Convenção sobre
os Direitos da Criança da ONU (1989) reconheceu a individualidade e a personalidade de
cada criança através de três categorias de direitos: direitos de provisão, que garantem o
acesso as políticas públicas (saúde, educação, segurança social, convivência familiar, lazer
e cultura); direitos de proteção contra abuso físico e sexual, exploração, injustiça e conflito
e; direitos de participação que possibilitam a infância uma cidadania ativa (direito de ser
consultada e ouvida, acesso a informação, à liberdade de expressão e opinião e de tomar
decisões em seu benefício). No ano de 2002, através da pactuação do documento “Um
Mundo para Crianças” da ONU, a cúpula das nações assumiu o compromisso de garantir a
escuta qualitativa e o enfrentamento da lógica adultocêntrica. O Brasil integra esse conjunto
de nações. O despontar para o exercício da cidadania de tal grupo social, nesse sentido,
passou a ser uma preocupação dos que atuam na área da infância, não só para a possibilitar
espaços de participação, como também de criar espaços e mecanismos para garantir
metodologias que ampliem essa participação. O presente estudo caminha no registro e
análise de duas experiências significativas que incluam crianças e adolescentes como
protagonistas no Ceará/Brasil. A primeira experiência avaliada é o projeto Educomunicação
desenvolvido pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente –
CONANDA e foi aplicado nas 9ª (2012) e 10ª (2015) Conferências Nacionais dos Direitos
de Crianças e Adolescente. A proposta do Educomunicação é trabalhar uma metodologia
participativa com os adolescentes durante as Conferências Nacionais, através da cobertura
jornalística do evento. O intuito desse projeto é tanto oportunizar a fala das crianças e dos
adolescentes que participam das Conferências, como também, fortalecer o protagonismo
dos mesmo para que criem pautas, organizem matérias e interajam por meio das mídias
sociais. Outra experiência avaliada é o Núcleo de Desenvolvimento e Participação dos
Adolescentes – NUCA, proposto pelo UNICEF para municípios brasileiros que pleiteiam
ganhar o Selo UNICEF Município Aprovado, que avalia o desempenho dos municípios na
gestão da Política dos direitos da criança e do adolescente. O NUCA é um espaço destinado
à organização de lideranças adolescentes em diversas áreas a eles pertinentes, que nasce de
uma abordagem protagônica, mas dependendo do empoderamento do coletivo de
adolescentes pode tornar-se uma proposta participativa e autônoma. A pesquisa tem como
objetivo realizar a escuta dos participantes dos projetos acima referidos, tentando
compreender se tais experiências estão possibilitando a participação e o protagonismo de
crianças e adolescentes.
Keywords: Cidadania; Participação; Crianças e Adolescente; Protagonismo
ICCA 2017-67401 -Comportamentos antissociais nos/as jovens: estudo preliminar na
região norte
Madalena Sofia Oliveira (1); Ana Guerreiro (2); Gina Curralo (1); Miguel Fernandes (1);
Luísa Salazar (1); Joana Correia (1); Fátima Silva (1); Marina Almeida (1)
1- Instituto CRIAP; 2- UICCC
Poster
Nos últimos anos, a compreensão da delinquência juvenil sofreu notáveis avanços. Apesar
da noção de delinquência ser um termo essencialmente jurídico, autores como
Negreiros (2001) considera a expressão antissocial mais abrangente. Também Ferreira
(1997), considera que os comportamentos antissociais englobam atos que são tipificados
como crime, e outros que não constituindo crime, apresentam-se como desviantes, porque
infringem as regras/normas presentes numa sociedade. Vários estudos
demonstram que se trata de um comportamento com várias formas de expressão e com
trajetórias também elas distintas (Matos, Negreiros, Simões e Gaspar, 2009).
Neste sentido, e por forma a melhor compreender a problemática desenvolvemos um
estudo que pretende analisar os comportamentos antissociais dos jovens do 3ª ciclo do
ensino básico, propondo-se uma abordagem detalhada ao fenómeno. Neste estudo, foi
tomada a opção por um modelo de investigação quantitativo, de forma estratégica e em
função dos objetivos que concebemos. A amostra é composta por 409 jovens em 4 escolas
da região norte com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, distribuídos de igual
forma por ambos os sexos. Para este estudo foi utilizado um questionário de autorrelato que
aborda diversos comportamentos que a literatura aponta como sendo habituais nos/as
jovens.
Os resultados indicam-nos que cerca de 10% já conduziu veículos a motor sem ser detentor
de carta de condução, 5% furtou no supermercado, 13% já insultou/humilhou
alguém próximo e 21% admite já ter agredido um/a colega. Os resultados preliminares
deste estudo sugerem a necessidade de continuar a estudar a
problemática, por forma a garantir a criação de mais medidas preventivas e interventivas
de combate ao fenómeno.
Keywords: jovens, comportamentos de risco, delinquência
ICCA2017-77770 -Crianças do século XXI. (I)mobilidade e autonomia
Catarina Sales Oliveira (1)
1- Universidade da Covilhã, CIES – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia,
ISCTE-IUL
Comunicação em simpósio
Resumo: Os estudos recentes sobre mobilidade das pessoas no ocidente apontam de uma
maneira generalizada para o seu aumento. Este aumento expressa distâncias percorridas
mas também tempos, o tempo passado em mobilidade aumentou exponencialmente,
sobretudo nas grandes metrópoles. Para grande parte dos cidadãos e cidadãs, a mobilidade é
uma parte integrante do estilo de vida devido sobretudo ao uso do automóvel particular, que
possibilitou que as escolhas, de residência, locais ou serviços passasse a estar cada vez
menos dependente do fator proximidade. Esta forma de estar é típica sobretudo das pessoas
adultas ativas mas as crianças são necessariamente afetadas e envolvidas. Menos de metade
das crianças cujos pais e mães iam a pé para a escola fazem hoje esse trajeto dessa forma
(Lopes, Cordovil e Neto, 2014). Ao mesmo tempo sabemos que o excesso de peso que afeta
gravemente a nossa população é particularmente preocupante na infância. Nesta
comunicação procuraremos convocar o paradigma da mobilidade (Urry , 2002) para refletir
sobre o quotidiano das crianças, nomeadamente sobre as consequências prováveis desta
automobilização desde tenra idade e sobre os efeitos de crescer numa sociedade em que
mobilidade substituiu proximidade e a primeira é exaltada simultaneamente enquanto valor
e enquanto direito.
Keywords: mobilidade; autonomia; automobilização; infância
ICCA2017-77771 -Para uma pedagogia da velocidade e qualidade de vida
Emília Araújo (1)
1- Universidade do Minho, Instituto de Ciências Sociais, CICS – Centro de Estudos de
Comunicação e Sociedade
Comunicação em simpósio
Resumo: A regulação e o controle de velocidade têm constituído um dos principais focos de
intervenção política na área da segurança rodoviária. Todavia, a velocidade em transporte
individual e coletivo continua a ser um dos principais motivos identificados para a
ocorrência de acidentes rodoviários e não só. Vivemos sob universos culturais que, de
diversas formas e através de vários meios (incluindo particularmente os média), favorecem
a generalização do lado entusiasta, aventureiro e emancipador da velocidade no e do
transporte. Não só se deseja chegar cada vez mais rápido aos locais, como se robustecem e
investem os meios de transporte dessa qualidade. Considerando que vivemos também em
contextos ambíguos e paradoxais relativamente ao entendimento e à prática da cidadania e
da liberdade individual, observa-se que, ao contrário do que se esperaria numa sociedade
informada e mais instruída, há essa tendência
já mencionada para a circulação a alta velocidade.
Quando a velocidade é dada como um dos principais motivos dos acidentes ligeiros, de
morte e de incapacitação envolvendo crianças, todo este cenário nos faz pensar em medidas
de intervenção que possam alterar as práticas dos condutores, em favor de mais segurança
efetiva que as crianças merecem. Com efeito, ainda que se tenha progredido muito, a
respeito dos direitos das crianças e do seu “interesse superior”, muitos dos riscos e perigos
que as envolvem, são relegados para segundo plano no contexto do planeamento e
implementação de políticas públicas. O risco da velocidade a volante é um deles e envolve
tanto pais, enquanto agentes da velocidade, como a comunidade, em geral, composta,
igualmente, de sujeitos ativos e outros
passivos da prática da velocidade perigosa.
Nesta comunicação e sob este enquadramento mais vasto sobre a dimensão política e
cultural da velocidade, damos conta dos problemas mais básicos que enfrentam as crianças
e as suas famílias em vários contextos de vida para a análise dos quais contam as dinâmicas
socio espaciais
2
da mobilidade diária em contexto urbano e rural. É nosso objetivo demonstrar, com recurso
a análise de alguns dados, assim como informação documental de observação e recolha de
testemunhos, fotos e outros materiais, os problemas que enfrentam as crianças, face ao uso
continuado e intenso do carro no dia-a-dia, no contexto da circulação rodoviária, assim
como no tempo livre, por efeito da deficiente existência de vias adequadas a atividades
recreativas e/ou desportivas, protegidas da velocidade. Ainda que os contextos urbanos
sejam mencionados, a nossa preocupação principal é o território mais rural, caraterizado
por ruas estreitas, e ainda deficientemente sinalizado e pobre em vigilância policial.
Argumentaremos, portanto, ser de importância vital a integração das políticas de
mobilidade e de promoção de territórios sustentáveis e, por isso, facilitadores da qualidade
de vida na infância e juventude. Tal significa pensar a velocidade no plano legal mas e
sobretudo no plano da mudança de comportamentos e de atitudes por parte da população
em geral, bem assim como de entidades que envolvem diretamente crianças, tantos nos
tempos escolares, como nos tempos livres. Estamos a referir- nos a organizações, tais como
escuteiros, grupos religiosos e recreativos e outros, incluindo
escolares, a quem falta a sensibilização para os motivos, efeitos e expressão da velocidade.
Keywords: Velocidade; regulação; qualidade de vida; segurança rodoviária
ICCA2017-77772 -Uma Viagem Segura. Representações sociais sobre segurança
rodoviária infantil
Helena Patronilho (1)
1- Universidade de Évora
Comunicação em simpósio
Resumo: Fortemente presente no quotidiano, o automóvel faz parte da nossa cultura.
Simultaneamente, é produto e produtor de cultura, como bem demonstram as evidências
que advêm da centralidade que ocupa no pequeno e grande ecrã ou das diversas, por vezes
monumentais, infraestruturas que lhe são especificamente dedicadas. Apropriado
individualmente, o automóvel pode ser perspetivado enquanto prolongamento do indivíduo,
uma “segunda casa” que não apenas o prolonga mas que também constrói, que lhe permite
concretizar os seus sonhos e desejos aliando flexibilidade, tecnologia e personalização. O
automóvel é também apropriado pelas famílias, acompanhando-as quotidianamente nos
pequenos trajetos que compõem o quotidiano, como o ir e vir do trabalho ou o levar e trazer
as crianças da escola ou das atividades de tempos livres. No calendário anual, o automóvel
é ainda o principal meio que transporta as famílias para as férias. Para além destas imagens
idílicas de tempo em família, todos os anos surgem nos média as estatísticas da
sinistralidade rodoviária. Estas estatísticas acentuam-se em época de férias e em fins de
semana prolongados. Apesar de o número de vítimas mortais ter vindo a diminuir desde
2006 até 2015, os feridos graves e ligeiros continuam a ser preocupantes e destes, um
número especialmente elevado é composto por crianças, facto que faz da sinistralidade
rodoviária infantil um problema social particularmente preocupante. Sendo que por detrás
do volante está sempre um adulto, o qual é, em última instância, responsável pela segurança
dos passageiros (adultos e/ou crianças), é importante conhecer as representações sociais em
torno da segurança rodoviária infantil. Esta comunicação propõe-se apresentar resultados
exploratórios de um projeto de investigação em curso na Universidade de Évora que visa,
em concreto, comparar e contrastar perspetivas com recurso a uma metodologia qualitativa
que permite captar simultaneamente as vozes de adultos e crianças sob o assunto.
Keywords: Automobilização; família; infância; segurança rodoviária.
ICCA2017-77773 -Promoção de uma cultura de segurança rodoviária – percursos e
experiências
António Adérito Araújo (1)
1- GARE – Associação para a Promoção de Uma Cultura de Segurança Rodoviária
Comunicação em simpósio
Resumo: Esta comunicação pretende apresentar o percurso e discutir algumas das
experiências da GARE – Associação para a Promoção de Uma Cultura de Segurança
Rodoviária. Em concreto, espera-se que esta apresentação possa estimular a reflexão crítica
e empiricamente sustentada em torno dos principais desafios colocados à educação e
prevenção rodoviária, particularmente no que respeita à (in)segurança e sinistralidade
rodoviária infantil.
Keywords: Segurança rodoviária; educação; prevenção; sinistralidade
ICCA2017-77774 -Jogar e aprender a educação para o trânsito
Sílvia Pinto Ferreira (1)
1- QUARTA PAREDE – Associação de Artes Performativas da Covilhã
Comunicação em simpósio
Resumo: Esta comunicação propõe-se como espaço de reflexão mais ampla sobre o lugar
da arte na capacitação e educação para o trânsito. Como ponto de partida toma-se a
experiência concreta de um projeto desenvolvido com crianças pela QUARTA PAREDE, a
Associação de Artes Performativas da Covilhã. O recurso ao jogo pedagógico ancorado na
performance e no teatro será o mote para discutir a importância da educação no combate à
sinistralidade rodoviária.
Keywords: Segurança rodoviária; educação; arte; jogo
ICCA 2017-81921 -AS TAXAS DE HOMICÍDIOS CONTRA A JUVENTUDE
PARAIBANA: UM RETRATO DA REALIDADE BRASILEIRA
Joseneide Souza Pessoa (1); Helder Vieira da Silva (1); Hilderline Camera de Oliveira (2)
1- Universidade Federal da Paraíba; 2- Universidade Potiguar
Poster
Este trabalho faz parte de uma das iniciativas de pesquisa de um grupo de estudo na
Universidade Federal da Paraíba/Brasil que tem por finalidade sistematizar dados,
pesquisas e práticas em gestão pública na área de Segurança Pública. No Brasil, a violência
contra adolescentes/jovens é um dos problemas públicos mais sérios na década atual. Nos
estudos mais recentes, percebeu-se que a partir da década de 1980, a violência no país
dispara, fruto da marginalidade social que quando associada à criminalidade, atinge
diretamente as populações mais vulneráveis, dentre elas, os adolescentes/jovens. Diante
disso, os procedimentos adotados na pesquisa foram de caráter descritivo a partir de
análises de dados abertos disponibilizados no Anuário da Segurança Pública, Atlas da
Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Mapa da Violência. Tomamos
como amostra o estado da Paraíba, relacionando-o com os dados gerais do país. As taxas de
homicídios contra os jovens representam um perfil da violência contra a juventude
brasileira. No estudo foi priorizada uma análise da série histórica de 2004 a 2014 e as taxas
estudadas são equivalentes a cada por 100mil habitantes. No período de 2004 a 2014,
tivemos uma taxa de homicídios do país junto ao grupo etário de 10 a 14 anos de 14,0%; na
escala entre 15 a 19 anos, essa taxa ficou em 46,2%. Focalizando-se na população de 15 a
29 anos, a taxa já se diluiu, alcançando 23,6% no mesmo período. Considerando que no
Brasil, a taxa geral de homicídio alcançou 29,1% em 2014, quando compara-se com as
taxas relacionadas aos adolescentes/jovens, percebe-se que são elas responsáveis pela
elevação da taxa geral de homicídio no país. Ao analisar a série histórica das taxas de
homicídios nas cinco regiões do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul)
percebemos que o fenômeno da violência contra os jovens é linear, ele atinge todas as
regiões, com pequenos declínios no período de 2004 a 2014, apenas para a região Sudeste,
que partiu com uma taxa de 66,0% em 2004 e em 2014 chegou a 42,4%, tendo uma
variação de -35,7%. Na região Nordeste, onde localiza-se o estado da Paraíba, as taxas
ascenderam, partiu de 2004 com 43,3% e atingiu em 2014, uma taxa de 90,0%,
apresentando uma variação de 107,7% durante o período indicado. No caso em particular
do estado da Paraíba, partiu em 2004 com uma taxa de homicídio de 32,6% e atingiu em
2014, 85,5%, apresentando uma variação de 162,3%. Os resultados apontaram que o país
conta com dados assustadores, os quais requerem atenção maior por parte do Estado e da
sociedade de forma geral. Por fim, as taxas de homicídios analisadas são retratos de que a
violência contra a juventude brasileira e paraíbana representam um quadro de exclusão,
descaso público e omissão político-social.
Keywords: Violência. Homicídios. Adolescentes/jovens. Segurança Pública
ICCA 2017-82139 -Obesidade, crianças, famílias e sociedade: configurações e
dinâmicas sociais
Sílvia Maria Clemente da Silva (1)
1- ISCTE-IUL, Câmara Municipal de Torres Vedras
ICCA-Comunicação Oral
A obesidade infantil é atualmente considerada como um problema macrossocial, transversal
a vários territórios e culturas, apresentando o nosso país uma das percentagens mais
elevadas da União Europeia. A par desta preocupação generalizada da opinião pública,
constata-se que o modelo biomédico não se tem demostrado suficientemente abrangente na
explicação causal e intervenção sobre este fenómeno.
Esta realidade esteve na origem de uma pesquisa sociológica profunda, recorrendo a
diversas metodologias complementares, com o objetivo de se compreender
sociologicamente a obesidade infantil.
A pesquisa e análise bibliográfica e as entrevistas exploratórias deram origem a quatro
planos de problematização complementares: Plano de enquadramento - abordando a
evolução civilizacional, das famílias, da infância e da obesidade ao longo do tempo; Plano
especializado – contemplando as sociologias da infância, corpo, alimentação, família, saúde
e doença; Plano transversal - abrangendo as teorias sociológicas contemporâneas sobre a
modernidade; e Plano de problematização das mudanças biográficas, que por seu turno
inspiraram o modelo de análise que norteou as opções metodológicas efetuadas.
Considerando-se que o território e os meios sociais em que a criança cresce são essenciais
no seu processo de socialização e construção social, foi igualmente essencial perspetivar a
obesidade tendo em conta a sua territorialização, espaços e contextos. A abordagem
efetuada contempla diferentes níveis de análise desde o transnacional, com as
particularidades espácio-temporais inerentes à globalização e contemporaneidade, ao local
(tendo aqui sido considerado o concelho de Torres Vedras), compreendendo os reais
cenários e contextos de interação social em que as infâncias destas crianças decorrem.
O recurso a metodologias extensivas, tendo como protagonistas as famílias, escolas, e
autarquias, constituiu uma primeira abordagem aos atores sociais tendo possibilitado o
mapeamento de aspetos essenciais para a definição de perfis locais em torno da obesidade
infantil.
O estudo de casos deu voz às crianças, principais atores e protagonistas deste fenómeno, e,
nas situações mais relevantes, às famílias e aos agentes educativos, permitindo aprofundar
as configurações e dinâmicas sociais do objeto de estudo.
Concluiu-se que a família, de diferentes modos e formas, ocupa um lugar central nas
questões relacionadas com o excesso de peso das crianças tendo-se delineado uma tipologia
de estruturações familiares a partir das suas especificidades sociais e relacionais.
Esta investigação possibilitou delinear um modelo sociológico explicativo da obesidade
infantil, onde as tensões, alterações biográficas e mudanças nas relações sociais são
preponderantes; mas também também, a definição dos contornos de estratégias de
intervenção renovadas, tendo em conta os princípios da investigação-ação.
Nesta comunicação pretende-se expor os principais contornos desta pesquisa com um
especial enfoque no modelo sociológico de interpretação da obesidade infantil produzido a
partir da mesma, assim como, nas estruturações familiares relacionadas com a obesidade
identificadas, considerando-se que poderá ser dado um importante contributo no diálogo
sobre as questões sociais da infância, mais concretamente na compreensão e intervenção
em torno da obesidade infantil, uma temática tão pertinente na contemporaneidade.
Keywords: Obesidade, estruturações familiares, sociedade contemporânea, estilos de vida
ICCA 2017-84520 -Cuidar das crianças num mundo de incertezas e riscos – os
químicos no quotidiano
Susana Fonseca (1)
1- Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
Poster
A relação entre fatores ambientais e saúde humana tem merecido a atenção internacional
desde o final da década de 80. A atenção a esta relação é ainda mais marcada quando se
trata de crianças, dada a sua particular vulnerabilidade ao efeito negativo de fatores
ambientais durante as diferentes fases de desenvolvimento.
Na última década, várias tomadas de posição apelaram a uma intervenção pedagógica e de
aconselhamento junto das famílias (em particular das grávidas), por parte dos profissionais
de saúde, sobre os potenciais riscos ambientais para a saúde das crianças.
Estudos sobre as práticas de aconselhamento dos profissionais de saúde sobre o tema
apontam para a sua pouca familiaridade, o reconhecimento da falta de preparação para
responder a questões sobre o tema, o pouco tempo disponível por paciente, a gestão dos
temas prioritários a abordar e a incerteza sobre o grau de perigo subjacente às exposições
ambientais a substâncias químicas, como principais argumentos para a abordagem do tema
ser pouco frequente.
Em Portugal, a confiança das mães no aconselhamento médico e de enfermagem ao longo
da gestação e após o nascimento parece ser significativa, corroborando a perspetiva de que
os profissionais de saúde se estão a tornar os guardiões morais da parentalidade
contemporânea. A perceção sobre o impacto de diversos fatores de risco do quotidiano na
saúde das crianças ainda é pouco marcada, tendência confirmada por estudos que indicam
que em Portugal é menos comum que se reconheça a presença de substâncias químicas em
produtos como cosméticos, brinquedos e alimentação e é mais comum que se confie na
segurança das substâncias químicas colocadas no mercado, do que na média da UE28. A
tendência mantém-se quanto à preocupação com o impacto que os produtos químicos
podem ter na saúde.
Mas o contexto de “maternidade intensiva”, onde a criança é o elemento central da
preocupação da mãe e onde a validação externa por parte de especialistas assume um lugar
central, é propícia à integração deste tipo de preocupações, particularmente no âmbito de
uma sociedade de risco, onde a criança tende a ser perspetivada como vulnerável.
Esta investigação, que está ainda no seu início, procura contribuir para aumentar o
conhecimento científico numa área ainda pouco explorada do ponto de vista sociológico,
quer a nível nacional, quer internacional. Procura-se analisar se o tema emergente da
relação entre ambiente e saúde, mais concretamente os efeitos que as substâncias químicas
presentes em produtos do quotidiano (ao nível do cuidado pessoal, da alimentação, da casa,
do vestuário) podem ter na saúde das crianças, é reconhecido como relevante e está
integrado nas práticas médicas e de enfermagem de aconselhamento às mães e quais os
reflexos deste debate e controvérsia nas perceções e práticas das mães durante a gestação e
o primeiro ano de vida da criança. Para tal serão combinados métodos quantitativos e
qualitativos, entre eles, entrevistas, inquéritos e, análise de conteúdo de blogs de mães ou a
elas direcionados.
Keywords: crianças, ambiente, químicos, perceções
Speech Therapy
ICCA2017-10000 -CASO CLÍNICO: QUANDO ISOLAMENTO SOCIAL EM IDADE
PEDIÁTRICA E PERTURBAÇÃO DO ESPECTRO DO AUTISMO NÃO SÃO
SiNÓNIMOS
Lia Mano (1); Miguel Palha (2)
1- Interna de Pediatria do Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central,
EPE; 2- Diretor Clínico do Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças
Poster
INTRODUÇÃO: O isolamento social em idade pediátrica pode ser notado em múltiplas
perturbações e contextos, tais como: Perturbação do Desenvolvimento Intelectual;
Perturbação da Linguagem; Perturbação da Fala; Perturbação do Espectro do Autismo
(critério fundador e egossintónico); Perturbação da Comunicação Social (critério fundador
e egossintónico); estigmas físicos do próprio ou dos pais/irmãos ou outros familiares
(isolamento reativo, para não ser estigmatizado pelos pares); timidez não sindromática
(variante do normal).
O diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo, quando baseado tão-somente, numa
aparência (isolamento social), poderá revelar-se precipitado e levar ao sofrimento das
famílias e a intervenções desajustadas e ineficazes.
CASO CLÍNICO: Criança de oito anos de idade, sexo feminino, referida a centro
pediátrico especializado em neurodesenvolvimento por a professora notar isolamento
social, isto é, interacção social pobre, descrita desde o seu ingresso na escola de primeiro
ciclo. Sem alterações comportamentais ou emocionais relativas ao funcionamento prévio.
Antecedentes familiares irrelevantes. Gestação, parto e período peri-natal sem eventos
relevantes. Nega administração medicamentosa prévia. Função visual adequada. Evolução
somática no P50. No que concerne aos aspetos familiares, sociais e culturais, a criança
pertence a uma família de classe média-baixa, residente no concelho de Loures. Agregado
familiar composto pelos pais e pela criança em epígrafe. Alimentação e sono sem
características relevantes. Nega prática desportiva. Evolução convencional relativamente ao
neurodesenvolvimento exceto na fala, área que apresenta perturbações significativas,
tornando-se incompreensível para muitos dos ouvintes. Manifestou sempre interesse
relacional pelas pessoas, particularmente pelos adultos. A sua linguagem é convencional.
Evolução académica favorável, exceto na língua portuguesa onde comete erros ortográficos
sistemáticos em determinados sons. Sem alterações no exame físico por sistemas. Bom
contato visual. Boa interação com o observador e reciprocidade emocional e social
adequadas. Linguagem adequada (léxico, morfo-sintaxe, semântica, pragmática,...). Grave
perturbação dos sons da fala. Na prova do ditado, foram detectados erros ortográficos
sistemáticos nos sons [v], [z], [k] e [d].
Presumiram-se os diagnósticos de Perturbação do Som da Fala (DSM 5), Perturbação da
Aprendizagem Específica com défice na expressão escrita (Precisão Ortográfica) (DSM 5)
e alterações comportamentais não sindromáticas (isolamento reativo gerado pela
perturbação da fala).
Genericamente, o plano terapêutico incluiu referenciação a terapia da fala; e, no âmbito
escolar, apoio pedagógico personalizado, designadamente na área da ortografia.
Doze meses após a consulta inicial, a evolução académica tem sido bastante favorável,
com grandes avanços em matéria de precisão ortográfica e de som da fala, embora
persistam alterações fonéticas residuais. A interação social com os pares melhorou
consideravelmente, de acordo com todos os observadores.
DISCUSSÃO/CONCLUSÕES: Em casos graves de alterações da fala são de esperar
alterações fonético-fonológicas geradoras de erros ortográficos sistemáticos. Os problemas
da linguagem e da fala podem interferir não só no desempenho escolar, mas também na
interação social, podendo levar a isolamento reativo, pela dificuldade de comunicação
interpessoal e para evitar estigmatização pelos pares.
Assim, perante referenciação de uma criança com dificuldades no relacionamento social,
não deveremos de imediato, como é frequente, evocar o diagnóstico de Perturbação do
Espectro do Autismo, mas antes tentar perceber a razão de tal isolamento.
Keywords: -
Sports science
ICCA 2017-23116 -THE TREND OF POSTURAL DISORDERS IN CHILDHOOD
Branka Protic - Gava (1); Zeljko Krneta (1); Visnja Djordjic (1); Tatjana Tubic (1)
1- Faculty of Sport and Physical Education, University of Novi Sad, Serbia
Poster
Children's growth and development do not take place evenly in all parts of an organism.
Rather it follows a rhythmic pattern characterized by so-called „growth crises“. During
these periods, a developing organism is exposed to various loads that may cause postural
disorders. The aim of this research is to determine the trend of frequency of postural
disorders in childhood. Research is performed on 1730 preschool and younger school
children, at the age of 6.57±1.77 decimal years from four towns in Vojvodina, Serbia, i.e.
907 boys (6.56±1.79) and 823 girls (6.58±1.74). On the basis of decimal years, the total
sample is divided into seven approximately equal percentile groups that are used for
analysis of differences and frequency trend of postural disorders in children at the age of
3.5-10.5 decimal years. Postural status was established using a clinical method that includes
the assessment of 8 indicators: Head Posture, Shoulder Posture, Shoulder Blades Posture,
Level of Chest Development, Deviation of the Spinal Column in the Frontal Plane, Posture
of Anterior Abdominal Wall, Leg Shape and Feet Arch. A grading scale that comprises three
levels was used, where grade 0 was assigned to the normal condition, grade 1 to slight
deviations (functional changes), and grade 2 was assigned to considerable deviations from
the normal status (structural changes). Measuring was done by trained measures abiding by
the unique and standard assessment protocol. The participants were barefoot and with
minimum clothes on. Testing the differences between male and female children in terms of
posture was done using the Mann Whitney U test and differences between age-based
subsamples was done using the Kruskal Wallis Test. Assessing the existence of significant
trends in the changing of postural status was performed using the Jonckheere-Terpstra test.
The statistical significance was established at the assessment level of p < 0.01. The data
were analyzed using IBM SPSS Statistics 20.0 (SPSS ID: 729225). The findings indicate
that the gender-related differences are not statistically significant, neither in the total sample
nor in particular age categories. Consequently, further analyses are done irrespective of
gender. The testing of postural status in groups of children formed according to decimal
years has revealed that most indicators show statistically significant difference between the
analyzed categories. The maximum change effects account for foot status (Cohen’s d=.
380), shoulder blades (Cohen’s d=.363) and spine (Cohen’s d=.311), all of which belong to
small-to-medium change effects, according to Cohen’s criteria. It is especially noticeable
that the highest rise of functional disorders on the cost of normal status occurs during 6.51
– 8.50 decimal years. During this period, structural disorders increase simultaneously with
most analyzed indicators. This is followed by a period of stagnation while the increased
levels of functional disorders of the analyzed postural status indicators remain stable.
Results of this research indicate that it is just the school start period during which postural
disorders take place, due to which it is necessary to prevent them by timely engagement of
children in different physical activities.
Keywords: postural disorders, development, childhood
ICCA 2017-35843 -Prevalence of surf injuries in portuguese children and adolescents
competitor
Beatriz Minghelli (1); Ana Brotas (2); David Tavares (2); Décio Baganha (2); Inês Jorge
(2); Joana Rosa (2); José Spusa (2); Mariana Guerreiro (2); Sara Leiria (2); Vera Pernicha
(2)
1- Escola Superior de Saúde Jean Piaget de Algarve, Instituto Piaget, Research in Education
and Community Intervention (RECI); 2- Escola Superior de Saúde Jean Piaget de Algarve,
Instituto Piaget
ICCA-Comunicação Oral
Introduction: The practice of competitive surfing level require several high intensity
valences, such as strength and endurance muscular, balance and neuromuscular
coordination. Additionally, it is also dependent of external factors such as different ocean
currents, wind orientation, the sea floor type, the waves sizes, the water temperature, the
contact with the board and other surfers, among others factors; these factors impose to
athletes quick and efficient adaptations. A surf session usually lasts about 2 hours, but the
surfers who participate in competitions are 3 to 4 hours in water and surfing more than once
a day, 5 times a week. Surfing involves long paddling periods and this repetitive arm
movement associated to the hyperextension of the trunk can cause chronic overuse injuries
of shoulder, back and neck. Surfing has become a more acrobatic and dynamic sport,
particularly at the competitive levels, increasing the number of acute injuries acquired
while riding waves. For to allow greater diversity and complexity of the maneuvers, the
materials used for surfing, such as the boards, are becoming more lighter and shorter,
providing greater speed and improved hydrodynamics, increasing the injury risk and
requiring more efficient neuromotor control mechanisms. Thus, the intensity and duration
of surf session, the external factors, repetitive movements, the nature of maneuvers, and the
material are considered as factors associated with surf injuries. The aim of this study was to
determine the prevalence of musculoskeletal injuries in the competitive children and
adolescent surfers and analyze the associated determinants.
Methods: The sample included 380 Portuguese surfers, aged between 8 and 18 years
(14.12±2.55 years), being 302 (79.5%) male who participated in a Regional Circuit Surf of
Portugal in 2016. The measure instrument was a questionnaire applied in ten stages of all
Regional Circuit Surf of Portugal in 2016, except Azores.
Results: Hundred and ten (28.9%) surfers had injury in the last year, being 180 the total of
injuries. Since it was only allowed to describe a maximum of three injuries per surfer, the
following results account for 179 lesions in total (only one surfer mentioned 4 or more
injuries). The most common injury type were laceration (29.61%) and joint injury
(22.35%), located in knee (13.41%), and lumbar spine (11.17%). Impact of the board
(31.28%), impact with marine animals, rocks, and coral (15.64%), during paddling
(13.96%) and during a maneuver (12.85%) were the more prevalent injury mechanisms.
Individuals who surf for less than five years had 1.86 (95%CI: 1.19-2.91; p=0.007)
compared with those who surf more years, who train more or equal to 3 times a week had
1.67 (95% CI: 1.12-2.51; p=0.013) than surfers who train until 2 times a week. Considering
Portugal regions and comparing with Lisbon, those who surf in the center region had 2.65
(95% CI: 1.51-4.65; p≤0.001) probability to had an injury.
Conclusion: Injuries were frequent among Portuguese surfers, being the laceration and
joint injury the most common type, the knee and lumbar spine the segments of major
injuries and the impact of the board the principal injury mechanism.
Keywords: surf, injury, prevalence, children
ICCA 2017-81706 -Sport against depression in adolescent girls: a reality or not?
Tatjana Tubic (1); Visnja Djordjic (1); Branka Protic - Gava (1)
1- Faculty of Sport and Physical Education, University of Novi Sad, Serbia
ICCA-Comunicação Oral
Epidemiological studies suggest that risk for developing depression is increasing in youth.
It is estimated that 10-15% of youth shows symptoms of depression, adolescent girls more
often than boys. At the same time, there is the rapid decline of physical activity with
increasing age, as well as higher levels of inactivity in female than in men (Hardman
& Stensel, 2009). Although the beneficial effects of sports participation in reducing
depression symptoms have been recorded in adolescents (Dinas, Koutedakis, &
Flouris, 2011), it is not clear whether these effects are associated with sports participation in
general, or it is the type and duration of sports participation that makes a difference.
The aim of the study was to examine the relationship between self-perceived depression
state and sports participation of adolescent girls, depending on sports participation (athletes,
non-athletes), type of sport (individual, team) and duration of sports engagement (less than
3 years, 3-5 years, more than 5 years). The sample consisted of 81 secondary school female
students, of whom 41 were athletes and 40 were non-athletes.
The applied Depression state scale (Novovic, Biro, & Nedimovic, 2009), measures
current variations in depressive mood, cognitive, behavioral and social functioning in
general population. The five-degree scale comprises 20 items, and internal consistency was
proved to be high, both in a non-clinical and clinical sample (Cronbach’s alpha = .94 and .
90, respectively).
Mann-Whitney U test, and Kruskal-Wallis H test were applied for testing the differences
among groups formed by independent variables.
Results. Significant differences were identified between athletes and non-athletes in self-
percieved depression state (U=558.00; p= .02); non-athletes reported a higher level of
depressive mood. Involvement with team sports in comparison to individual sports was
related to lower scores on depression scale (H=5,755; p= .05). Duration of sports
participation also relate to self-perceived depression (H=8,415; p= .04), and adolescent
girls who had participated in sports for more than 5 years were less depressed than girls
who were engaged in sports for a shorter period of time.
The study empirically confirms that sports participation might be beneficial for physical
and mental health, and adolescent girls in particular. Designing the physical activity
programs which include constant group interaction and support, striving for goals’
fulfillment, coping with competition stress and providing a lot of experiences of success,
might contribute to adolescents’ mental health and promote happier and healthier
adolescence.
Dinas, P.C., Koutedakis, Y., & Flouris, A. D. (2011). Effects of exercise and physical
activity on depression. Irish Journal of Medical Science, 180, 319–325.
Hardman, A.E. & Stensel, D.J. (2009). Physical Activity and Health, New York:
Routledge.
Novovic, Z., Biro, M., i Nedimovic, T. (2009). Procena stanja depresivnosti [Perception of
depressive state]. U M. Biro, S. Smederevac, & Z. Novovic (Ur.), Procena psiholoških
i psihopatoloških fenomena (str. 19–28). Beograd: Centar za primenjenu psihologiju.
Keywords: depressive state, adolescent girls, sports participation
ICCA 2017-83732 -Self-concept of overweight and nonoverweight primary school
students
Visnja Djordjic (1); Tatjana Tubic (1); Branka Protic - Gava (1)
1- Faculty of Sport and Physical Education, University of Novi Sad, Serbia
ICCA-Comunicação Oral
According to WHO, childhood obesity is one of the most serious public health concerns of
the 21st century. In Serbia, the prevalence rates for overweight (including obesity) in
primary-school children reaches 23.1% (Djordjic et al., 2016). Obesity may have negative
physical, social and psychological consequences, Since there are inconsistent findings on
the association between obesity and mental health in children and adolescents, the study
aim was to examine self-concept of overweight, normal-weight and underweight primary
school students. The sample consisted of 386 fifth-grade students (188 girls, 198 boys),
who were assigned to overweight (including obesity), normal-weight and underweight
groups according to IOTF cut-offs points. The students’ self-concept was measured by
SPPC (Harter, 1985; rev. 2012). The instrument includes five specific self-concept
domains: Scholastic competence, Athletic competence, Social competence, Physical
appearance, and Behavioral conduct, as well as Global self-worth subscale. In order to
analyze differences in self-concept between overweight and normal-weight students, two
gender-separated MANOVA analyses were conducted. Results revealed a significant
multivariate main effect for the nutritional status (p < .001), with significant univariate
effects obtained for Physical appearance and Athletic competence in both genders, and
Behavioral conduct in boys. Tukey’s post hoc test identified the overweight groups to have
the significantly more negative self-concept in these domains in comparison to normal and
underweight groups. The results obtained suggest that the physical domains might be the
most vulnerable dimensions of self-concept in overweight children. Since physical self-
concept is associated with physical activity in children and adolescents (Babic et al., 2014),
negative self-perceptions of physical appearance and sports abilities may further prevent
overweight children from participating in physical activity and sport. On the other hand,
exercise may be effective in improving self-concept in children and young people (Ekeland,
Heian, & Hagen, 2005), so overweight children should be targeted for a quality
physical activity intervention.
References
Babic, M.J., Morgan, P.J., Plotnikoff, R.C., Lonsdale, C., White, R. L, & Lubans, D.
R. (2014). Physical activity and physical self-concept in youth: systematic review and
meta-analysis. Sports Medicine, 44, 1589-1601.
Djordjic, V., Radisavljevic, S., Milanovic, I., Bozic, P., Grbic, M., Jorga, J., & Ostojic,
S. M. (2016). WHO European Childhood Obesity Surveillance Initiative in Serbia: a
prevalence of overweight and obesity among 6-9-year-old school children. Journal of
Pediatric Endocrinology and Metabolism. 29(9), 1025-1030.
Ekeland, E., Heian, F., & Hagen, K. B. (2005). Can exercise improve self esteem in
children and young people? A systematic review of randomised controlled trials. British
Journal of Sports Medicine, 39, 792–798.
Harter, S. (1985, rev. 2012). Self-Perception Profile for Children: Manual and
questionnaires (Grades 3 – 8). Denver: University of Denver, Department of Psychology.
Keywords: self-concept, primary school students, nutritional status, physical activity