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Todo trabalho, em cada uma das etapas, será submetido às ferramentas de varredura para a detecção de plágio. Assim caso seja detectado percentual acima do tolerado, seu trabalho será invalidado em qualquer uma das atividades. Antes de começar o trabalho, leia o Manual do Aluno e Manual do Plágio para compreender todos itens Cuiabá 2018 POLIANI FERREIRA ALBUES IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA EM CRIANÇAS COM DIAGNÓSTICO DE HIDROCEFALIA: ATUAÇÃO NO RETARDO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

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Todo trabalho, em cada uma das etapas, será submetido às ferramentas de varredura para a detecção de plágio. Assim caso seja detectado percentual acima do tolerado, seu trabalho será invalidado em qualquer uma das atividades. Antes de começar o trabalho, leia o Manual do Aluno e Manual do Plágio para compreender todos itens obrigatórios e os critérios utilizados na correção.

Cuiabá 2018

POLIANI FERREIRA ALBUES

IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA EM CRIANÇAS COM DIAGNÓSTICO DE HIDROCEFALIA:

ATUAÇÃO NO RETARDO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

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Cidade Ano

IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA EM CRIANÇAS COM DIAGNÓTICO DE HIDROCEFALIA:

ATUAÇÃO NO RETARDO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade de Cuiabá - UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Fisioterapia.

Orientador: Walkiria Shimoya Bittencourt

POLIANI FERREIRA ALBUES

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Cuiabá 2018

POLIANI FERREIRA ALBUES

IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA EM CRIANÇAS COM DIAGNÓTICO DE HIDROCEFALIA:

ATUAÇÃO NO RETARDO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade de Cuiabá - UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Fisioterapia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

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Cidade, dia de mês de ano (Fonte Arial 12)

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ALBUES, Poliani Ferreira. Importância da fisioterapia em crianças com diagnóstico de hidrocefalia: Atuando no retardo do desenvolvimento

neuropsicomotor. 2018. 31. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Fisioterapia – Universidade de Cuiabá- UNIC, Cuiabá, 2017.

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo identificar os benefícios da fisioterapia motora

durante o desenvolvimento neuropsicomotor, em crianças com diagnóstico de

hidrocefalia, assim como a fisiopatologia da doença, desenvolvimento motor e

importância do suporte familiar diante dos cuidados e tratamentos. Metodologia: Trata-

se de uma pesquisa qualitativa, a partir de um levantamento bibliográfico à fins

explicativos. Conclusão: baseia-se nos resultados das literaturas cientificas

selecionadas, que por sua vez demostrou uma significativa importância tanto no

tratamento fisioterapêutico, com recursos hidroterápicos, quanto também no suporte

da família para contribuição de melhor desenvolvimento motor e cognitivo dessas

crianças, resultando em uma melhor qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Hidrocefalia; Fisioterapia; Desenvolvimento motor.

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ALBUES, Poliani Ferreira. Importance of physiotherapy in children with a diagnosis of hydrocephalus: Acting in the retardation of neuropsychomotor

development 2018.31. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Fisioterapia – Universidade de Cuiabá- UNIC, Cuiabá, 2017.

ABSTRACT

This article aims to identify the benefits of motor physical therapy during neuropsychomotor development in children diagnosed with hydrocephalus, as well as the pathophysiology of the disease, motor development and the importance of family support in the face of care and treatment. Methodology: This is a qualitative research, based on a bibliographic survey for explanatory purposes. Conclusion: it is based on the results of selected scientific literature, which in turn showed a significant importance both in the physiotherapeutic treatment with hydrotherapeutic resources and also in the support of the family to contribute to better motor and cognitive development of these children, resulting in a better quality of life

KEY-WORDS: Hydrocephalus; Physiotherapy; Motor development.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Corte sagital do encéfalo mostrando a circulação liquórica desde sua

produção nos plexos coroides dos ventrículos laterais, seguindo sequencialmente pelo

III ventrículo, aqueduto cerebral, IV ventrículo, cisternas da base, espaço

subaracnóide, até sua absorção nas vilosidades aracnoides................................... 12

Figura 2 – Circulação do LCR esquemático ............................................................ 13

Figura 3 – Marcos motores de 0 a 12 meses .......................................................... 21

Figura 4 – Fisioterapeuta fica na posição ortostática segurando o paciente em

decúbito dorsal, flutuando, com movimentos suaves, lentos e rítmicos .................. 24

Figura 5 – Alongamento de membros superiores .................................................... 25

Figura 6 – Alongamento de membros inferiores ...................................................... 26

Figura 7 – Dissociação de cinturas .......................................................................... 26

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVD’S ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIAS

DNPM DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOTOR

LCR LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO

RDNPM RETARDO NO DESENVOLVIMEMDO NEUROPSICOMOTOR

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2.VISÃO GERAL: HIDROCEFALIA ......................................................................... 12

3. DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR ................................................... 18

4. ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA HIDROCEFALIA .......... 23

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................33

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 30

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1. INTRODUÇÃO

A hidrocefalia proporciona o aumento da pressão intracraniana podendo

ocasionar lesões encefálicas e consequentemente lesões neurais que resultarão

em alterações no desenvolvimento neuropsicomotor da criança, a patologia pode

resultar limitações funcionais de mobilidade, equilíbrio e coordenação,

comprometendo a funcionalidade do paciente. (ALMEIDA, et al., 2009).

Com tudo é possível a inclusão social de crianças com esta patologia,

promovendo um bem-estar biopsicossocial, além de oferecer maior qualidade de

vida e independência a essas crianças, pois a patologia desencadeia disfunções,

que variam conforme a gravidade das lesões neurais (HALLAL, et al., 2008). O

diagnóstico precoce junto com o tratamento multiprofissional incluindo a

fisioterapia, promoverá uma grande contribuição para o desenvolvimento da

criança, sendo extremamente importante para aquisição de avanços de seu

desenvolvimento, resultando em maior independência funcional e qualidade de

vida. Outro ponto importante está relacionado aos familiares e cuidadores que

juntamente com outros fatores que participam do desenvolvimento cognitivo de

crianças com hidrocefalia, sendo essa a justificativa para o presente estudo

(PINHEIRO,2012).

Diante disso, pode-se fazer as seguintes perguntas: a fisioterapia pode

contribuir para melhorar o prognostico funcional relacionado com o

desenvolvimento neuropsicomotor em crianças com hidrocefalia? Se realizada

precocemente pode aumentar os resultados?

O presente trabalho tem como objetivo geral: compreender os benefícios

que o tratamento fisioterapêutico pode proporcionar às crianças com diagnóstico

de hidrocefalia. Já seus objetivos específicos são: compreender a fisiopatologia

da hidrocefalia; o desenvolvimento motor neuropsicomotor normal e implicações

que causam o retardo nesse desenvolvimento (RDNPM); analisar o avanço da

fisioterapia e suas técnicas para contribuir com o DNPM da criança destacando

a importância do suporte familiar.

A metodologia realizada tratou-se de uma pesquisa com caráter

qualitativo, houve um levantamento bibliográfico à fins explicativos, no qual

foram selecionadas autorias literárias, periódicos e artigos científicos buscados

na base de dados da Scielo, Lilacs e Google Scholar, utilizando palavras chaves

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relacionado à importância da fisioterapia em pacientes com diagnóstico de

hidrocefalia, atuando no retardo do desenvolvimento neuropisicomotor,

Os métodos visaram obter uma abrangência multiprofissional sobre o

respectivo tema destacando a participação fisioterapêutica. Foi definida uma

patologia sendo ela a hidrocefalia direcionada às crianças, relatando sua

fisiopatologia, incidência, quadro clinico, e possíveis tratamentos, orientações

fisioterapêuticas e participação familiar, relacionando-os quanto

desenvolvimento infantil.

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2.VISÃO GERAL: HIDROCEFALIA

2.1 FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA

Em condições normais o líquido cefalorraquidiano (LCR) é gerado pelo

plexo coroide no interior dos ventrículos, em seguida circula pelo sistema

ventricular saindo pelos forames de Luschka e Magendie. O LCR preenche o

espaço subaracnóideo em torno do cérebro e da medula espinhal, por fim as

granulações aracnóideas são responsáveis pela reabsorção do LCR. O equilíbrio

entre a geração e reabsorção de LCR é responsável por manter estável o volume

desse líquido. A hidrocefalia é denominada pelo acumulo excessivo de LCR

circulante. Uma alteração em relação ao fluxo, reabsorção ou pela síntese de

LCR pode ser responsável pela patologia, como mostrará a figura 1. (FABBRO,

2008).

Figura1: Corte sagital do encéfalo mostrando a circulação liquórica desde

sua produção nos plexos coroides dos ventrículos laterais, seguindo

sequencialmente pelo III ventrículo, aqueduto cerebral, IV ventrículo, cisternas

da base, espaço subaracnóide, até sua absorção nas vilosidades aracnoides.

Fonte: Fabbro (2008 apud Rekate, 1994, p.37).

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A fisiopatologia da hidrocefalia é ocasionada por um aumento das

cavidades ventriculares, em virtude de um aumento do volume do liquido

cefalorraquidiano devido ao desequilíbrio entre a síntese ou absorção

(MURAHOVSCHI, 2006).

Figura 2: Circulação do LCR esquemático

Fonte: Fabbro (2008, apud Rekate, 1994, p.37).

A figura 2 ilustra de modo esquemático sobre a circulação do LCR,

enfatizando pontos mais comumente sujeitos a obstrução, a saber os forames

de Monro, o aqueduto cerebral (de Sylvius), os forames de saída do IV ventrículo

(de Luschka e Magendie), as cisternas da base e as granulações aracnóides.

Havendo oclusão do fluxo liquórico no sistema ventricular ou fora dele, ou um

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desequilíbrio entre a produção e a reabsorção de LCR, tem-se hidrocefalia

(CUNHA, 2014).

Caracterizada uma das anomalias congênitas mais comuns, com

incidência de 0,05 a 0,3%. Em 3.3% dos casos existe antecedente

familiar. As três principais formas são a estenose de arqueduto (43%),

a hidrocefalia comunicante (38%) e a síndrome de Dandy-Walker. Em

37% dos casos está associada a outras malformações intracranianas,

especialmente a hipoplasia do corpo caloso, encefaloceles e cistos

aracnoides. As alterações extracranianas estão presentes em 63% dos

conceptos e incluem menigomioleces, anomalias renais (rins

displásicos , agenesia renal), cardíacas ( defeito septais, tetralogia de

Fallot), lábio leporino, fenda palatina, spindrome de MeckelGruber e

artrogripose FABBRO (2008 apud ISFER, SANCHEZ, 1996. p.37).

O diagnóstico desta patologia pode ser realizado já no segundo trimestre

de gestação, por meio da avaliação do tamanho dos ventrículos, do tamanho do

átrio ventricular e da relação com o plexo coroide. A incidência das hidrocefalias

varia de 0,3 a 1,0/1.000 nascimentos, (CAVALCANTI; SALOMÃO, 2003).

2.2 CLASSIFICAÇÃO

A primeira tentativa de classificação da hidrocefalia, distinguia dois tipos:

A interna, caracterizada pelo acúmulo de líquido cefalorraquidiano (LCR) nos

ventrículos com aumento progressivo da pressão intracraniana. A segunda

chamada externa, apresentando acúmulo de LCR nos espaços subaracnóideo

(CUNHA, 2014).

Houve uma outra classificação que divide a hidrocefalia em comunicantes,

caracterizada por uma falha na reabsorção do líquor nas cisternas basais,

espaços subaracnóideos e granulações aracnoides, e não comunicantes ou

obstrutivas que por sua vez ocorre uma obstrução do fluxo liquórico dentro do

sistema ventricular. Um terceiro grupo foi destacado: o constritivo, explicando a

hidrocefalia na má formação de Arnold-Chiari, com a constrição do tronco

encefálico e da metade inferior do cerebelo dentro do forame Magno. (CUNHA,

2014).

2.3 QUADRO CLÍNICO

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Os sinais e sintomas da hidrocefalia variam em conformidade com a faixa

etária do paciente, e são influenciadas por diversos fatores. No recém-nascido,

a irritabilidade, letargia, vômitos e um crescimento anormalmente rápido da

calota craniana são os achados mais comuns. (CUNHA,2014).

As Crianças que apresentam hidrocefalia podem apresentar déficit no

controle de tronco e cervical devido ao aumento do perímetro encefálico e de

seu peso, prejudicando seu desenvolvimento motor (COSTA, 2010).

A criança não consegue realizar extensão da cabeça, rejeição quanto

a amamentação, paresia ou paralisia dos músculos por consequência

das lesões dos nervos craniados, espasticidade, alterações do sistema

respiratório, perda gradativa da visão, dificuldades de coordenação

motora, distúrbio da memória e da aprendizagem, distúrbios

comportamentais e do sono segundo COSTA (2010, apud CHIAFERY,

et al. 2006, p.25).

Os déficits neuromotores e atrasos no desenvolvimento pode resultar em

limitações funcionais. A evolução de pacientes com retardo no desenvolvimento

neuropsicomotor, relaciona-se com repetidos estímulos motores em relação às

fases onde a criança se encontra. O diagnóstico precoce da hidrocefalia favorece

o tratamento multidisciplinar, reduzindo assim alterações neurológicas, (COSTA,

2010).

2.4 ASSOCIAÇÃO DA HIDROCEFALIA COM O DESENVOLVIMENTO

NEROPSICOMOTOR

A definição de desenvolvimento infantil envolve muitas disciplinas e

conceitos, que corresponde à capacidade motora, verbais, psíquicas e

cognitivas, evoluindo seu grau de complexidade. Essa aprendizagem é chamada

de marco do desenvolvimento, ocorre nos sentidos cefalocaudal e de proximal

para distal (PICON, 2010).

Já para Costa (2010) desenvolvimento motor é como um processo

sequenciado e contínuo em relação a idade cronológica, adquirindo habilidades

motoras cada vez mais complexas, que se dá dinamicamente em efeito a

estímulos externos.

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O contínuo processo de aquisição dessas habilidades está diretamente

relacionado com a maturação do sistema nervoso central, relaciona-se

ligeiramente o processo de desenvolvimento neuropisicomotor em consequência

da mielinização neurológica de suas respectivas áreas (PICON, 2010).

A hidrocefalia manifesta-se por sinais e sintomas tais como aumento

da circunferência craniana, irritabilidade, aumento da espasticidade

dos membros inferiores, início de escoliose, diminuição da

coordenação e alterações discretas da personalidade, (ALMEIDA et al,

2009, p.26).

O retardo no desenvolvimento motor segue uma sequência própria e

desorganizada, sendo assim um fator limitante de movimentos. O índice de

sequelas em pacientes com hidrocefalia é elevado, inclui-se alterações

cognitivas, intelectuais e motoras. A mobilidade funcional tem sido um dos

principais objetivos nesse paciente, com a estimulação funcional pode-se obter

resultados favoráveis para sua independência funcional e consequentemente

promovendo melhor qualidade de vida (QV), quanto mais precoce e frequente a

fisioterapia for realizada melhores serão os resultados de QV. (COSTA, 2010).

Deve-se trabalhar o tônus muscular, o equilíbrio, orientar sobre o uso

de órteses quando necessário, prevenir deformidades com

alongamentos e fortalecimentos muscular, orientar quanto o uso de

talas, posicionamento adequado, descarga de peso realizar atividades

para propriocepção corporal e exercícios respiratórios (COSTA, 2010,

p.40).

A estimulação precoce visa a possibilitar ao indivíduo desenvolver-se em

todo o seu potencial. Quanto mais imediata for a intervenção, preferencialmente

antes dos 3 anos de idade, maiores as chances de prevenir e/ou minimizar a

instalação de padrões posturais e movimentos anormais. (HALLAL, et al. 2008).

Uma das funções do fisioterapeuta atribui-se em assistir a criança utilizar

partes do corpo e desenvolver suas habilidades motoras incluindo

posicionamento e transferências. O comprometimento neuromotor dessa

patologia classifica-se em quadriplegia, hemiplegia ou diplegia, e mais uma vez

ressaltando que a iniciação da fisioterapia precoce é de extrema importância,

podendo estimular a plasticidade neural que resultará positivamente no

desenvolvimento motor dessa criança. (COSTA, 2010).

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Para aprofundar um pouco mais no assunto primeiramente é necessário

compreender como é a fisiopatologia da doença e o quadro clinico que ela

acarreta, com base nesses prévios conhecimentos pode-se evoluir então para o

desenvolvimento motor da criança.

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3. DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO NORMAL

O desenvolvimento motor é definido segundo WILLRICH; AZEVEDO E

FERNANDES (2008), como um processo sequencial, contínuo, relacionado à

idade cronológica, pelo qual a criança adquire uma enorme quantidade de

habilidades motoras, das quais evoluem de movimentos simples e

desorganizados para a execução de habilidades motoras organizadas e

complexas. O processo de desenvolvimento ocorre de maneira dinâmica sendo

suscetível a ser modificado a partir de inúmeros estímulos externos, sendo eles

as interações individuais, suas características físicas, estruturais e ambientais

em que está inserido, realizando aquisição e refinamento de diferentes

habilidades motoras.

O desenvolvimento motor normal está ligado a processos de crescimento,

maturação e conquista da competência e reorganização psicológica. Esses

processos contribuem com a aquisição da criança de novas habilidades no

domínio motor grosso e fino, cognitivo e emocional (CARVALHO, 2011).

Diversos fatores, porém, podem colocar em risco o curso normal do

desenvolvimento de uma criança. Definem-se como fatores de risco

uma série de condições biológicas ou ambientais que aumentam a

probabilidade de déficits no desenvolvimento neuropsicomotor da

criança. A Fisioterapia, enquanto área de conhecimento, tem a

responsabilidade de contribuir com as pesquisas envolvendo o

desenvolvimento infantil, especialmente as relacionadas à evolução da

motricidade, tanto em lactentes saudáveis quanto nos expostos a

fatores de risco. Sabe-se que o surgimento de movimentos e seu

posterior controle ocorrem em uma direção céfalocaudal e próximo-

distal, porém este processo não se apresenta de forma linear, incluindo

períodos de equilíbrio e desequilíbrio. Apesar disso, costuma cumprir

uma sequência ordenada e até previsível de acordo com a idade.

(WILLRICH; AZEVEDO; FERNANDES. 2008. p.52).

A seguir ocorrerá uma descrição com alguns dos principais marcos

motores divididos em três trimestres demostrando uma sequência normal.

No primeiro trimestre o recém-nascido é chamado de neonato, aderindo

um padrão flexor, tanto os membros superiores quanto os inferiores são

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mantidos em uma postura relativamente simétrica de flexão durante os primeiros

dias depois do nascimento, com o decorrer dos dias o bebê também pode

levantar e girar a cabeça de um lado para o outro. Esse é o primeiro movimento

ativo da criança contra a gravidade e é realizado usando uma combinação de

músculos que estendem e giram o pescoço. (GOLDBERG; SANT, 2009).

As primeiras formas do desenvolvimento são os reflexos, e nos

diferenciam o processo de desenvolvimento motor normal e patológico

(CARVALHO, 2011).

As reações involuntárias resultam de alterações na pressão, visão,

sons e estímulo tátil. Tais estímulos formam uma base para o estágio

de reunião para informações, ou estágio de codificação. Nesse estágio

da vida da criança, os reflexos servem como equipamento primário

para reunião de informações, que são armazenadas no córtex em

desenvolvimento. Os comportamentos reflexos infantis atuam como

fonte primária de informações no período neonatal, tendo como

funções principais de sobrevivência a busca de alimentação e de

proteção. (CARVALHO, 2011. p. 21).

Pode-se suspeitar de alterações neurológica quando a criança apresentar

arreflexia, reflexos irregular ou desigual em força. A ausência de movimentos

reflexivos normais ou a continuação prolongada de reflexos suspeita-se de

algum dano neurológico. Em outro caso onde um reflexo é exacerbado ou fraco

demais, evidencia possibilidades de lesão. Um reflexo que provoque uma forte

reação em um hemicorpo se comparado ao outro, também pode indicar uma

alteração no sistema nervoso central (GALLAHUE; OZMUN, 2003).

A partir de um mês quando a cabeça está na posição da linha média, a

flexão dos membros superiores começa a dar lugar a uma postura de abdução

e extensão de braços, a princípio essa postura é vista quando o bebê está

dormindo ou quando todo seu corpo se move em expressão de prazer ou

felicidade. Quando o bebê chora, uma postura flexora aguda reaparecerá.

Quando a cabeça é virada completamente para a direita ou para a esquerda,

uma postura assimétrica de membros superiores e inferiores pode ser vista, tal

reflexo é denominado de postura reflexa tônico-cervical assimétrica (RTCA). O

controle de cabeça é o principal ganho do primeiro trimestre, que geralmente

ocorre por volta dos três meses. (GOLDBERG; SANT, 2009).

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Segundo trimestre o bebê começa com a capacidade de manter a cabeça

alinhada em relação ao corpo e avança com o marco motor de rolar até à

habilidade de sentar sozinho por curtos períodos de tempo e de empurrar as

mãos e os joelhos, iniciando as reações de endireitamento equilíbrio e proteção.

No terceiro trimestre o bebê torna-se móvel e desenvolve a habilidade de

movimentar-se pelo ambiente. O impulso para mover-se contra a força da

gravidade parece fortalece-lo, de modo que, no final do terceiro trimestre, os

bebês são capazes de levantar sozinhos. Alguns bebês usarão o rolar como

meio de locomoção, mas o engatinhar é visto com mais frequência. No final do

terceiro trimestre, o movimento da posição sentada para posição quadrúpede

(de gatas) também é adquirido com facilidade. Depois de levantar, a criança

gasta grande energia perturbando ativamente o equilíbrio. Esse balanceio

gradualmente dá lugar à transferência de peso de um lado para o outro seguido

do andar lateral segurando-se na mobília. Esse é o chamado cruzamento e é a

primeira forma de locomoção independente (GOLDBERG; SANT, 2009).

O desenvolvimento normal é caracterizado pela maturação do controle

postural e pela extinção dos reflexos primitivos, em torno de quatro a seis meses,

como por exemplo o reflexo de moro; (RTCA); o reflexo de galant; os reflexos

plantares; os reflexos orais e pelas reações posturais de equilíbrio e retificação.

Desse modo, estes reflexos primitivos presenciam durante os primeiros seis

meses de vida, e serão gradualmente inibidos, conforme a aparição dos padrões

de endireitamento e de equilíbrio (SCHWARTZMAN, 2007).

Por fim ao quarto trimestre onde a criança move-se para a posição em pé

apoiando-se nos móveis e o percorre com passos laterais. A sua habilidade em

recuar para sentar-se a partir da posição em pé é desenvolvida no começo desse

trimestre, e, no final do trimestre, surge a habilidade de mover-se para uma

postura agachada a partir da posição em pé. Os passos iniciam-se na direção

diagonal para frente ou na direção lateral. (GOLDBERG; SANT, 2009)

Figura 3: Marcos motores de zero a doze meses.

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Fonte: Goldberg (2009 apud BALEY, 1969, p.28).

3.2 PROGNÓSTICO Crianças com hidrocefalia podem apresentar dificuldades no controle da

cervical devido ao aumento do perímetro encefálico e de seu peso, retardando

seu desenvolvimento motor (COSTA, 2010).

O prognóstico dos hidrocéfalos congênitos parece variar principalmente

em função da gravidade da hidrocefalia e também de malformações associadas.

Crianças com hidrocefalia acentuada e RDNPM grave apresentam em geral mal

prognóstico, enquanto aquelas com hidrocefalia leve ou moderada, associadas

a um DNPM próximo ao normal, podem chegar à vida adulta com maior

independência funcional. (FABBRO, 2008).

A partir do 2º e 3º anos de vida, já é possível identificar mais claramente

a hidrocefalia nas formas aguda e crônica. A forma aguda tem uma

evolução rápida e progressiva, com a presença de cefaleia, vômitos,

sintomas oculomotores, deterioração do nível de consciência,

convulsões e edema de papila. A forma crônica caracteriza-se por

cefaleias ocasionais, que lenta e progressivamente vão se tornando

mais frequentes, vômitos matinais, progressiva deterioração da

marcha, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e alterações

comportamentais. O edema de papila pode estar presente, porém a

ausência deste achado não afasta um estado de hipertensão

intracraniana crônica. Alguns pacientes apresentam progressivo

comprometimento da acuidade visual, podendo evoluir para cegueira

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irreversível. A presença de sequelas neurológicas varia de acordo com

a faixa etária e velocidade de instalação da hidrocefalia, da perda de

tecido neuronal, das lesões associadas e da oportunidade e

complicações do tratamento. Os casos mais graves podem evoluir para

importante comprometimento neuropsicomotor, com completa

dependência para as atividades de vida diária (CUNHA, 2014. p. 90).

Cada desenvolvimento é singular e deverá ver devidamente avaliado, a

referência é o desenvolvimento motor normal como discorrido no início do

capitulo e também o comprometimento de lesão neural, a partir disso é possível

traçar objetivos fisioterapêuticos que interverão nas condições clínicas de cada

criança.

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4. ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA HIDROCEFALIA

O tratamento mais utilizado é a intervenção cirúrgica, a qual se resume na

utilização de “shunts” para desvio da circulação do líquido cefalorraquidiano

onde é colocado um sistema valvular na cabeça do paciente até o coração ou

intestino, onde este será absorvido pela corrente sanguínea. Já a fisioterapia

deverá ser realizada precocemente a fim de promover as habilidades funcionais

adequadas à idade e reduzir as deficiências secundárias. (MELO; ALVES;

LEITE, 2012).

A investigação do processo evolutivo da criança e a identificação de

problemas relacionados ao seu desenvolvimento possibilitam a

intervenção precoce em atrasos evolutivos e a implementação de

programas de estimulação para crianças com distúrbios do

desenvolvimento. O objetivo formal da intervenção precoce é reduzir

os efeitos negativos de uma história de alto risco, pois muitas sofrem a

influência de vivencias empobrecidas, no meio familiar e em ambientes

como creches e escolas (ALMEIDA, 2009, p. 213).

Uma pesquisa realizada por (COSTA, 2010) contatou que 92% do total de

sua amostra apresentaram distúrbios motores. E 40% das crianças

apresentavam algum grau de retardo do desenvolvimento neuropisicomotor

COSTA, (2010 apud JUCA, et al, 2002 p. 71).

A fisioterapia tem como um dos objetivos a inibição da atividade reflexa

patológica para normalizar o tono muscular facilitando assim o movimento

normal, resultando em uma melhora da força muscular, flexibilidade, ADM, e dos

padrões de movimento e capacidades motoras básicas para a melhora da

funcionalidade (BONOMO, et.al, 2007).

São várias as técnicas fisioterapêuticas que podem ser aplicadas nesses

pacientes, dentro da fisioterapia respiratória quanto na motora, porém será

abordado neste estudo a fisioterapia motora, utilizando como exemplo de

tratamento o recurso hidroterapêutico. A hidroterapia usa as propriedades físicas

da água aquecida como recurso terapêutico, propiciando melhor execução de

exercícios e atividades terapêuticas, com o intuito de promover maior

capacidade funcional, e consequentemente melhor qualidade de vida (MELO;

ALVES; LEITE, 2012).

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A hidroterapia vem crescendo como modalidade de fisioterapia. As

técnicas desse modelo de tratamento baseiam-se em conceitos de fisiologia e

biomecânica. Utilizam as propriedades físicas da água como o empuxo, a

pressão hidrostática, a turbulência e a densidade substancialmente distinta da

densidade do ar (BONOMO, et.al, 2007).

Estudos revelam que a melhor eficácia da hidroterapia na reabilitação de

pacientes neurológicos é de melhor relevância quando a água é aquecida a uma

temperatura de 32 a 33°C. O calor da água propicia a redução do tono,

temporariamente, permitindo assim, o manuseio adequado para atividades

motora e funcionais. (BONOMO, et.al, 2007).

Estudo relata um caso de uma criança submetida ao tratamento

fisioterapêutico com o recurso da hidroterapia, com objetivos de relaxamento da

musculatura, e melhoria do tono muscular favorecendo o controle de cabeça, e

melhora na amplitude de movimento, com prevenção de deformidades e

contraturas (MELO; ALVES; LEITE, 2012).

O tono muscular é característico pelo grau de resistência ao alongamento

passivo, apresentando como exemplo a inércia da extremidade, as propriedades

mecânicas elásticas dos tecidos musculares e conjuntivos e o reflexo de

contração muscular, sendo modulado apropriadamente para a manutenção da

postura e dos movimentos voluntários (BONOMO, et.al, 2007).

Com a técnica de Watsu foi iniciado o tratamento, promovendo adaptação

na água e relaxamento muscular, como pode ser observado na figura a baixo.

Figura 4: Fisioterapeuta fica na posição ortostática segurando o paciente em

decúbito dorsal, flutuando, com movimentos suaves, lentos e rítmicos

Fonte: Melo; Alves; Leite, (2012).

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A figura 5 demostra o paciente sentado no tablado entre as pernas da

fisioterapeuta que realizava tapping de pressão no ombro, ponto chave de

rotação externa de ombro, tapping de deslizamento até o punho e ponto chave

na região hipotenar estendendo o punho e assim o membro era estendido e

mantido para o alongamento do membro superior.

Figura 5: Alongamento de membros superiores

Fonte: Melo; Alves; Leite, (2012).

Já na figura 6, o paciente apresenta-se sentado no tablado entre as pernas

da fisioterapeuta que realizava ponto chave de extensão de artelhos, dorsiflexão

de tornozelo, flexão de joelho e quadril com rotação externa inibindo a

espasticidade extensora e assim realiza o alongamento alternado dos membros

inferiores, todos os alongamentos foram mantidos por trinta segundos.

Figura 6: Alongamento de membros inferiores

Fonte: Melo; Alves; Leite, (2012).

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A figura 7 demostra a dissociação de cinturas, o paciente sentado no

tablado entre as pernas da fisioterapeuta, a mão direita na região da crista ilíaca

do paciente e a outra mão na região lateral do tórax superior abaixo da

articulação do ombro, fazendo rotação contralateral.

Figura 7: Dissociação de cinturas

Fonte: Melo; Alves; Leite, (2012).

O tratamento hidroterapêutico em crianças com hidrocefalia é

elaborado e desenvolvido com objetivos específicos de promoção de

saúde e qualidade de vida das mesmas, pois segundo relato dos pais

as atividades aquáticas proporcionam momentos de alegria e

satisfação, isso refletindo em uma saúde mais plena, um sono mais

adequado e maior disposição dos mesmos. (MELO; ALVES; LEITE,

2012, p.420).

Segundo Pimenta (2012), a terapia pode proporcionar benefícios

cognitivos que são resultados de aspectos motivacionais e propriedades

terapêuticas da água estimulam o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva

e o poder de concentração, pois o principiante busca compreender o movimento

do seu próprio corpo explorando as várias formas de se movimentar, adaptando

as suas limitações às propriedades da água.

Além disso pode-se obter benefícios psicossociais durante as atividades

aquáticas que podem propiciar o desenvolvimento de atividades em grupo,

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estimulando assim as experiências corporais, a integração e o convívio social.

(PIMENTA, 2012).

O conceito Bobath pode ser outra técnica eficaz para o tratamento de

crianças hidrocefálicas, esse conceito parte do princípio de manuseios nos quais

utilizamos padrões que irão influenciar o tônus muscular, pois, através dos

pontos chaves de controle, estaremos produzindo mudanças no tônus muscular.

Isto, consequentemente, irá influenciar o controle postural e o desempenho das

atividades funcionais. A mudança de tônus, por sua vez, influenciará as

características neurais e não neurais (PERES; RUEDELL; DIAMANTE, 2009).

Em longo prazo, a capacidade da criança em usar as habilidades que

estão sendo facilitadas, dependerá da condição do sistema nervoso central

(SNC) em adaptar-se a essas mudanças, incluindo a capacidade perceptiva e

cognitiva do paciente no uso destas habilidades em um contexto (PERES;

RUEDELL; DIAMANTE, 2009).

A análise fisioterapêutica deve ser realizada com o intuito de avaliar o

estado motor geral da criança, traçando objetivos e metas com planos de

tratamento adequados para suprir necessidades individuais de cada paciente.

Se a fisioterapia for iniciada precocemente o prognóstico da doença poderá obter

uma boa evolução, já que as crianças com hidrocefalia ao ser submetida aos

tratamentos fisioterapêuticos melhoram suas habilidades funcionais. O suporte

fisioterapêutico no processo de aprendizagem motora é tão importante quanto à

orientação aos familiares e cuidadores para evolução de sua independência

funcional. (COSTA, 2010).

A hidrocefalia é uma doença crônica que, geralmente afeta a

funcionalidade da criança em suas AVD’s. A vida da criança modifica-se pelos

tratamentos da patologia, tornando uma situação multidimensional para ela e sua

família (PINHEIRO, 2012).

Nesse contexto, a criança necessita de acompanhamento, e os

familiares precisam ser orientados em relação aos cuidados, tais como:

prevenção de úlceras de decúbito, posicionamento adequado da

cabeça, higiene pessoal, estimulação tátil e encaminhamento a

serviços de pediatria, neurologia e fisioterapia. Assim, algumas

crianças poderão apresentar evolução favorável e apresentar o

desenvolvimento normal, entretanto, outras, por terem maior

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comprometimento neurológico, precisarão ser submetidas a cirurgias

para correção de problemas, como cirurgias oftalmológicas,

gastrostomias, colocação de válvulas no cérebro, entre outras. Além

disso, deverão manter o tratamento por longo tempo, ou mesmo,

permanentemente. É uma situação que pode ser desgastante para os

pais, tanto em termos de cansaço físico, quanto emocional e financeiro,

uma vez que provoca mudança na dinâmica familiar. (PINHEIRO,

2012, p. 28).

A qualidade do estímulo doméstico influência no desenvolvimento

cognitivo infantil, assim como sua estrutura familiar, o ambiente em que a criança

está inserida e a relação cuidador-criança. Por isso o fisioterapeuta deve estar

apto a transmitir informações à família sobre formas de cuidado e estimular a

criança. (COSTA, 2009).

São inúmeras as técnicas e métodos de intervenções para se tratar as

condições clinicas da criança com hidrocefalia, porém neste estudo apenas

algumas foram evidenciadas com base nos resultados de estudos científicos

obtidos. Contudo a evolução da criança depende de um contexto amplo que

parte desde o comprometimento do SNC passando pelo início do tratamento

fisioterapêutico até a participação e entendimento dos responsáveis e

cuidadores da criança.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Crianças com hidrocefalia podem apresentar déficit no controle de tronco

e cervical devido ao aumento do perímetro encefálico e de seu peso, em razão

do aumento da pressão intracraniana podendo ocasionar lesões encefálicas e

consequentemente lesões neurais que resultarão em alterações em seu

desenvolvimento motor.

A criança não consegue realizar extensão da cabeça, há rejeição quanto

a amamentação, paresia ou paralisia dos músculos por consequência das lesões

dos nervos craniados, espasticidade, alterações do sistema respiratório, perda

progressiva da visão, dificuldades de coordenação motora, distúrbio da memória

e da aprendizagem, distúrbios comportamentais e do sono.

São várias as técnicas fisioterapêuticas que podem ser aplicadas nesses

pacientes, tanto na fisioterapia respiratória quanto na motora, esse estudo

realizou uma abordagem sobre a fisioterapia motora, e utilizou como exemplo de

tratamento o recurso hidroterapêutico. A hidroterapia tem ganhado,

progressivamente, vários adeptos, por proporcionar a possibilidade de realizar

manobras, o que é muitas vezes impossível fora da água. Pacientes

intensamente incapacitados fora da água são notavelmente móveis na piscina.

A análise fisioterapêutica deve ser realizada com o intuito de avaliar o

estado motor geral da criança, traçando objetivos e metas com planos de

tratamento adequados para suprir necessidades individuais de cada paciente.

Se a fisioterapia for iniciada precocemente o prognóstico da doença poderá obter

uma boa evolução, já que as crianças com hidrocefalia ao ser submetida aos

tratamentos fisioterapêuticos melhoram suas habilidades funcionais. O suporte

fisioterapêutico no processo de aprendizagem motora é tão importante quanto à

orientação aos familiares e cuidadores para evolução de sua independência

funcional.

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