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Psicologia e Educação 39 Vol. V, nº 2, Dez. 2006 Adaptações psicológicas à gravidez e maternidade Paula Saraiva Carvalho* Manuel Loureiro* Mário Rodrigues Simões** Resumo: O processo de transição da gravidez para a maternidade e a consequente adaptação à maternidade obriga quer à realização de uma série de tarefas desenvolvimentais – como seja, durante a gravidez, reavaliar a relação com os pais e com o cônjuge/companheiro e, após o parto, investir na realidade – quer à resolução positiva de uma “crise”. Se este tempo, considerado difícil para o indivíduo que tem de fazer face a novos desafios para os quais pode não estar suficientemente preparado, for ultrapassado com êxito, pode constituir-se num momento privilegiado de crescimento. Palavras-chave: gravidez e maternidade; perspectiva desenvolvimental; resolução de uma crise; tarefas desenvolvimentais. Abstract The transitional process from pregnancy to motherhood and the consequent adaptation to motherhood obliges not only to the making/execution of a series of development tasks, such as revalue the parents’ relationship and the consort/partner during the pregnancy and, after the childbirth, to invest in reality but also to the positive solution of a crisis. If this period, considered quite difficult to the individual who has to face new challenges to which he may not be well prepared, is achieved successfully, it can become an exceptional moment in growth. Key words: pregnancy and motherhood; development perspective; solution of a crisis; development tasks. Introdução O período que corresponde à gravidez tem sido ao longo dos séculos alvo de estudo e interesse. As múltiplas transformações e consequentes adaptações que acompanham a mulher neste momento do seu ciclo de vida tem merecido muita reflexão. Não são apenas os cuidados físicos que devem ser assegurados, mas também os cuidados psi- cológicos que vigiam a adaptação da mulher à sua nova condição corporal. A O.M.S. promulgou, em 1985, uma série de recomendações, referindo que é funda- mental para prestar uma atenção perinatal adequada, ter em conta, no processo de gravidez não apenas aos factores físicos, mas também aos factores sociais, emoci- onais e psicológicos da mulher grávida neste período (Fernandez & Cabaco, 2004). Apenas nos últimos 40 anos aumentou o interesse pelos processos psicológicos da gravidez, começando a ser estudada como um período de desenvolvimento psicoló- gico e social de elevada importância (Cordeiro, 2002; Justo, 1990; Mendes, 2002). A gravidez, o nascimento e o _______________ * Departamento de Psicologia e Educação. Uni- versidade da Beira Interior. ** Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. Universidade de Coimbra.

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Adaptações psicológicas à gravidez e maternidadePaula Saraiva Carvalho*Manuel Loureiro*Mário Rodrigues Simões**

Resumo: O processo de transição da gravidez para a maternidade e a consequenteadaptação à maternidade obriga quer à realização de uma série de tarefasdesenvolvimentais – como seja, durante a gravidez, reavaliar a relação com os paise com o cônjuge/companheiro e, após o parto, investir na realidade – quer à resoluçãopositiva de uma “crise”.Se este tempo, considerado difícil para o indivíduo que tem de fazer face a novosdesafios para os quais pode não estar suficientemente preparado, for ultrapassado comêxito, pode constituir-se num momento privilegiado de crescimento.Palavras-chave: gravidez e maternidade; perspectiva desenvolvimental; resolução deuma crise; tarefas desenvolvimentais.

Abstract The transitional process from pregnancy to motherhood and the consequentadaptation to motherhood obliges not only to the making/execution of a series ofdevelopment tasks, such as revalue the parents’ relationship and the consort/partnerduring the pregnancy and, after the childbirth, to invest in reality but also to the positivesolution of a crisis.If this period, considered quite difficult to the individual who has to face new challengesto which he may not be well prepared, is achieved successfully, it can become anexceptional moment in growth.Key words: pregnancy and motherhood; development perspective; solution of a crisis;development tasks.

Introdução

O período que corresponde à gravidez temsido ao longo dos séculos alvo de estudoe interesse. As múltiplas transformações econsequentes adaptações que acompanhama mulher neste momento do seu ciclo devida tem merecido muita reflexão. Não sãoapenas os cuidados físicos que devem serassegurados, mas também os cuidados psi-cológicos que vigiam a adaptação da

mulher à sua nova condição corporal. AO.M.S. promulgou, em 1985, uma sériede recomendações, referindo que é funda-mental para prestar uma atenção perinataladequada, ter em conta, no processo degravidez não apenas aos factores físicos,mas também aos factores sociais, emoci-onais e psicológicos da mulher grávidaneste período (Fernandez & Cabaco, 2004).Apenas nos últimos 40 anos aumentou ointeresse pelos processos psicológicos dagravidez, começando a ser estudada comoum período de desenvolvimento psicoló-gico e social de elevada importância(Cordeiro, 2002; Justo, 1990; Mendes,2002). A gravidez, o nascimento e o

_______________* Departamento de Psicologia e Educação. Uni-

versidade da Beira Interior.** Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação. Universidade de Coimbra.

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puerpério são períodos vitais, que além deestabelecerem o desenvolvimento do novoser, desencadeiam a estruturação do vínculoentre a mãe e o filho, e mais em geral, entreo novo ser e os seus progenitores (Fernandez& Cabaco, 2004), daí a importância dasexperiências vividas nesta altura pela mãeque podem ser decisivas para o desenvol-vimento físico e psicológico da criança.A transição para a maternidade é, assim,um dos mais importantes acontecimentosde vida em termos desenvolvimentais(Mercer, 2004), já que a maternidade é umprocesso a longo prazo que ultrapassa agravidez, onde ser mãe também “é umaacomodação contínua entre expectativas erealidades” (Colman & Colman, 1994,p.178). Assume-se que a maternidade sejaum projecto de longo prazo (mínimo 18anos), distanciando-se desta forma do acon-tecimento biológico que é a gravidez.Neste âmbito, o nascimento de um filho,sobretudo no caso de ser o primeiro, implicagrandes mudanças e tem um grande impactona vida pessoal e familiar dos indivíduos(Relvas & Lourenço, 2001), e modifica deforma irreversível a identidade, papéis efunções dos pais e de toda a família (Colman& Colman, 1994; Relvas & Lourenço, 2001).Numa perspectiva desenvolvimental, a gra-videz e a maternidade, como a puberdadeou a menopausa, exigem um processo deadaptação à nova situação (Canavarro, 2001;Fernandez & Cabaco, 2004) e vão requererrespostas que, habitualmente, não integramo repertório comportamental dos pais(Canavarro, 2001; Jongenelen, 2003). Logo,vai obrigar a uma negociação de padrõesexistenciais, negociação de papéis sociais erelações interpessoais (Figueiredo, 2000).

Desenvolvimento

Numa perspectiva desenvolvimental, oimpacto associado ao processo de transi-

ção para a maternidade caracteriza-se pri-meiro na vivência de uma “crise especí-fica” e, segundo, na necessidade de realizarum certo número de tarefas de desenvol-vimento igualmente características(Canavarro, 2001; Colman & Colman, 1994;Cordeiro, 1987; 2002; Figueiredo, 1997;Justo, 1990; Rubin, 1984).

1. Vivência de uma crise específica

Começaremos por nos referir em primeirolugar a esta crise que resulta do facto deao longo das 40 semanas de gravidez, amulher ter de efectuar adaptações e mu-danças diversas à sua nova condição cor-poral, psicológica, familiar e social. Namedida em que são mudanças, implicamstress (Vaz Serra, 1999).Quando uma determinada situação é impor-tante para o indivíduo e lhe gera um graude exigência para o qual sente não teraptidões nem recursos pessoais ou sociaispara a superar, a ocorrência torna-se indutorade stress (Vaz Serra, 1999). Por outraspalavras, o stress surge da discrepância entreo que a pessoa pensa que lhe é exigido eas competências que acredita possuir paralidar com essa exigência. A gravidez, acarreta alterações significa-tivas na vida da mulher, na medida em quepor vezes obriga a uma modificação depadrões de actividade, a modificações dehábitos e de relações sociais, que implicamum conjunto de ganhos e perdas, depen-dentes do significado e da avaliação quepara cada mulher tem a sua nova condiçãofísica. Este processo de avaliação faz comque para algumas mulheres a gravidez sejavivida num clima de grande felicidadeenquanto que para outras nem sempre temo cunho de felicidade e bem-aventurançaque tradicionalmente lhe está associado.

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Segundo Fernandez & Cabaco (2004), doponto de vista emocional, quando umamulher confirma a sua gravidez, produzem-se duas reacções: satisfação/aceitação, se agravidez foi desejada, ou surpresa, se nãofoi programada. A reacção de surpresa éconstituída por um padrão de resposta fun-cional de luta-fuga que provoca dois tiposde emoções: emoções positivas (felicidade,satisfação, alegria, etc.), como resultado da“resposta de luta”, o que sugere uma acei-tação da gravidez e a consequente prepa-ração do organismo para a sua recepção eanálise, ou emoções negativas (ansiedade,medo, desespero, hostilidade, negação, etc.),como resultado da resposta de fuga.Quando a mulher efectua um processo deavaliação acerca do seu estado actual degravidez enquanto experiência emocionalnegativa, inicia um processo de confrontocom a situação constituído por duas com-ponentes: “avaliação primária” e “avalia-ção secundária”.Na avaliação primária o indivíduo procuraconhecer o significado dos indícios detec-tados na situação (Vaz Serra, 1999). É umaavaliação pessoal centrada no bem-estarpsicológico, estatuto sócio-profissional enas relações interpessoais que estão emjogo no decurso da gravidez (Fernandez& Cabaco, 2004). É uma avaliação muitocentrada no indivíduo que tenta conhecer,na situação com que se depara, que as-pectos positivos são preciso obter ou queaspectos negativos são preciso evitar.Na avaliação secundária o indivíduo fazjulgamentos acerca dos recursos pessoaise sociais que possui para responder às exi-gências reconhecidas naquela situação es-pecífica (Vaz Serra, 1999).Desta avaliação pode resultar que a mulhergrávida considere que possui estratégiaseficazes para resolver a situação, o que aleva a seleccionar a resposta adequada parase adaptar à situação, ou pode acreditar

que não possui estratégias para evitar osdanos (Fernandez & Cabaco, 2004).Apesar das valências afectivas distintas queprovocam na mulher grávida a percepção queresulta desta avaliação, ambas vão exigir novasadaptações e mudanças que são susceptíveisde gerar stress. Contudo, ao contrário do queé vulgarmente concebido pelo senso comumde que o stress é sempre sinónimo de so-frimento, nem sempre assim acontece, umavez que as situações de stress quando supe-radas são organizadoras do crescimento eidentidade da pessoa, são quase sempreagentes de saúde e garantes de experiênciae maturidade emocional (Mota Cardoso,1999).Assim, a gravidez enquanto um momento decrise pode ser conceptualizada, por um lado,como oportunidade de mudança, evolução edesenvolvimento e, por outro, como risco debloqueamento/dificuldade. O que leva auto-res como Colman & Colman (1994) a referirque “o processo pode ser suave ou violento,fonte de confiança ou assustador, feliz ou triste,mas é seguramente mudança. Qualquer pe-ríodo de tão profunda transformação pode serconsiderado uma “crise” (p. 31).

2. Tarefas Desenvolvimentais

Conjuntamente com o desenrolar normal dasadaptações fisiológicas que acompanham agravidez, a grávida vai ter ainda de desen-volver e integrar diversas competências econhecimentos fundamentais para efectuaruma transição segura para a maternidade.Estas adaptações psicológicas integradasnum conjunto de tarefas, permitem que amulher aceite que traz dentro de si outroser, que em relação a si é potencialmentediferente e autónomo e do qual terá de vira separar-se (Justo, 1990).Autores como Colman & Colman (1994),descrevem pormenorizadamente um

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conjunto de tarefas fundamentais que a grá-vida tem de efectuar ao longo do períodogestacional na preparação para ser mãe,que culminam com uma redefinição dospapéis e uma integração maturacional.Ainda que seja consensual a existência deuma correspondência entre tempo crono-lógico e tarefa desenvolvimental, esta nãoé linear. Como refere Canavarro (2001),“há tarefas que se prolongam para lá doperíodo considerado, outras cujo início nãocoincide necessariamente com o princípiodo período em causa e ainda pelo factodo timing na resolução das tarefas dedesenvolvimento variar de mulher paramulher” (p.37). Acrescente-se que as ta-refas desenvolvimentais podem sobrepor-se e associar-se (Colman & Colman, 1994),isto porque os papéis e identidades nãose formam num processo cumulativo.Contudo, numa tentativa de clarificarmosa informação referente às tarefasdesenvolvimentais que caracterizam a tran-sição da gravidez para a maternidade,elaborámos uma grelha que se encontrarepresentada na figura 1.

2.1 - Tarefa 1: Aceitar a gravidezNeste primeiro momento a mulher tem deaceitar que está grávida para poder lidarcom as tarefas subsequentes deste períodode desenvolvimento, passando pela acei-tação das mudanças que este estado con-cretiza e exige. Esta aceitação traduz-sena necessidade de alterar os hábitos devida, preparar a sua pessoa, o seu orga-nismo e a sua família para a chegada deum novo ser (Justo, 1990).Nesta altura, é compreensível que compor-tamentos de ambivalência afectiva surjamem relação à maternidade, à aceitação dobebé e às mudanças que este estado implica(Colman & Colman, 1994; Justo, 1990).A constatação de que a concepção ocorreude facto faz com que a mulher se sintaambivalente entre o desejo e o receio dagravidez, independentemente de ter dese-jado/planeado ou não esta gravidez(Canavarro, 2001; Colman & Colman,1994; Cordeiro, 1987).Também nesta primeira fase, é frequentea mulher envolver-se em períodos de auto-reflexão ou questionamento, em relação às

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transformações do seu corpo, equacionandoas mudanças que vai experienciar na suaaparência física. Uma vez mais estasincertezas e questões relacionam-se coma falta de evidências acerca do seu aspectofísico definitivo (Justo, 1990; Smith, 1999).A nível conjugal começam a existir trans-formações relacionais. A mulher pode,nesta altura, sentir-se menos disponívelpara com o homem e este não ter amaturidade suficiente para apoiar a mu-lher nesta altura (Bayle, 2005). Igualmen-te a nível sexual podem existir alteraçõesdevido às mudanças fisiológicas e corpo-rais.Podemos ainda referir o aparecimento dasprimeiras preocupações e angústias emrelação ao desenrolar da gravidez e parto,às crenças relativamente ao filho (medoque ele nasça morto ou mal-formado) eem relação às responsabilidades futuras(custos de ter e educar uma criança, a perdade liberdade e com o facto de estar ounão preparada para ser mãe).Neste âmbito, não é surpreendente quedurante esta primeira fase de gravidez, amulher grávida apresente alterações emo-cionais frequentes e de maior dimensão doque o seu habitual, podendo oscilar de umextremo do humor ao outro em pequenosperíodos de tempo, o que gera angústiae confusão na grávida e naqueles que estãopróximos de si (Colman & Colman, 1994).

2.2 - Tarefa 2: Aceitar a realidade do fetoNeste período a grávida entra numa fasemais adaptativa, uma vez que começa avivenciar a autonomia do feto, que setraduz na aceitação pela grávida do bebécomo entidade separada, como um indi-víduo distinto de si própria (Justo, 1990).Nesta altura, o estado desconfortável, dapresença de enjoos, vómitos e o risco deaborto tendem a reduzir ou mesmo adesaparecer. Também neste momento se

verifica um aumento das contracçõesuterinas fisiológicas da gravidez. A mu-lher começa a sentir as manifestações dobebé, “aparece a diferenciação, e ela acordado sentimento fusional com ele” (Bayle,2005, p.332).Numa fase inicial, a relação entre a mãee o bebé concebe-se no plano da fantasia,uma vez que a mãe começa por concebero bebé como parte de si própria. Gradu-almente, a autonomia do feto começa aser percebida pela percepção cada vezmaior das modificações da imagem cor-poral e da presença do feto (percepção dosmovimentos fetais, ouvir o bater do co-ração do feto no consultório médico, vero bebé no écran da ecografia). Saliente-se que com a ecografia, a imagem do bebéreal entra na vida da grávida e ela poderágradualmente adaptar esta imagem àimagem preexistente.É a partir deste momento que a grávidase torna particularmente sensível ao seuestado actual, começando a conversar como feto e a acariciar a barriga (Justo, 1990).Na maioria das vezes, é nesta altura queas grávidas intensificam as fantasiasrelacionais com o bebé, começam a en-saiar cognitivamente as primeiras tarefasde prestação de cuidados e são capazes decomeçar a fantasiar acerca de vários as-pectos do seu filho, como aspecto físico,o sexo, o temperamento e o nome(Canavarro, 2001; Colman & Colman,1994).

2.3 - Tarefa 3: Reavaliar a relação comos paisEsta tarefa está intimamente relacionadacom a anterior, enquanto o feto se está atornar real e a ser conceptualizado comoum bebé real a mãe terá de reavaliar erecapitular a relação passada e presentecom os seus pais, para que consiga en-contrar um novo equilíbrio (Colman &

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Colman, 1994). O processo de reavaliaçãoe reestruturação com os pais terá de ocorrerem dois tempos distintos: no passado e nopresente (Canavarro, 2001).Começando pelo passado, é fundamentalcom a chegada de um novo elemento quea grávida inicie o processo de identifica-ção materna. Para tal, a mulher vai pro-curar referências nos modelos maternosconhecidos, sobretudo na sua própria mãe,tentando encontrar exemplos de como secomportar e se preparar para a chegadado novo elemento. Observa-se assim, nestaaltura, que os temas de conversa são ti-picamente acerca de pessoas significativascomo os pais ou companheiro e uma maiorproximidade à sua mãe, nomeadamenteatravés de telefonemas ou visitas.As memórias da grávida enquanto filhapodem surgir agora, quando reavalia o tipode relacionamento que teve com a mãe.A avaliação dos próprios progenitores fazparte da preparação para a maternidade eda procura de modelos bons. Neste âm-bito, a gravidez pode activar memóriasafectivas e emoções de como foi ser filhoe fazer reviver velhos medos de rejeiçãoe abandono parental (Colman & Colman,2004; Cordeiro, 1987; 2002). Investigações realizadas por Mercer(2004) consideram que uma melhor e maiorsensibilidade materna foi associada amulheres com memórias de aceitaçãoparentais. As grávidas cujos pais falharamna capacidade de lhes transmitir que eramamadas e valorizadas como crianças apre-sentavam agora pessimismo e tristeza natransição para a parentalidade.Torna-se fundamental que a grávida aceitenão apenas o que considera ter sido umbom desempenho dos pais, mas tambémaceitar as suas falhas e fracassos. De acordocom Canavarro (2001), a realização destatarefa tem duas funções: por um lado, oafastamento de posicionamentos extremos

que são habitualmente pouco adaptativose a adopção de comportamentos queconsidera adequados. Assim, levará a imitarcomportamentos semelhantes aos da mãee outros comportamentos diferentes, emsubstituição dos que consideradisfuncionais ou pouco adaptativos. Poroutro lado, a realização desta tarefa devepermitir que futuramente a mulher aceitee lide melhor com os seus próprios filhoscomo mãe.Em relação ao presente, o bebé surge comoum elemento unificador das gerações,servindo para estabelecer laços e fortificarlaços já existentes. Permitindo uma maioraproximação entre pais/avós e filhos/pais(Canavarro & Pedrosa, 2005). Com onascimento do bebé, os filhos passamassumir o papel de pais e os pais passama ser avós. Este processo uma vez iniciadoé irreversível, tornando-se essencial paraa grávida perceber o apoio dos pais, emtodo o processo.Sobretudo quando é o primeiro filho, ospais vão deparar-se com um conjunto desituações novas e inesperadas, para as quaisa experiência, ou a falta desta, não for-neceu ainda respostas eficazes, ou seja, nãoexistindo ainda respostas no seu repertóriocomportamental. Nesta altura, o suporteprestado pelos avós (sob a forma de suporteinstrumental e/ou emocional), se concedi-do de forma adequada torna-se um factorprotector de adaptação dos pais à novatarefa que se impõe (Canavarro & Pedrosa,2005). Além disso, o bebé pode de algummodo permitir também que os avós recu-perem um papel e função relevante deeducadores e prestadores de cuidados, queforam perdendo com a autonomizaçãocrescente dos filhos. Assim, o nascimentode uma criança possibilita o desenvolvi-mento de novos papéis, funções e laçosde parentesco.

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2.4 - Tarefa 4: Reavaliar e reestruturara relação com o cônjuge/companheiroNesta sequência de tarefas impõe-se aindauma outra, que tal como as anteriores exigeflexibilização e adaptação aos novos pa-péis e funções, envolve lidar com as novasquestões no relacionamento com o cônju-ge/companheiro. O casal vai sentir mudan-ças a nível do plano afectivo, relaciona-mento sexual e das próprias rotinas diá-rias. O marido e a mulher encaram agravidez juntos e nesta etapa várias inter-rogações podem surgir no seio do casal,como a capacidade de tomarem conta umdo outro e do bebé que vai nascer, sen-timentos de abandono e rejeição, se vãoconstituir-se como fonte de apoio e valo-rização (Colman & Colman, 1994).Esta época surge como um período de riscoe de oportunidades. O risco do casal sedesencontrar, mas também a oportunidadede conseguirem ascender a níveis maiscomplexos e gratificantes da sua relação.O casal deixa de ser “o casal” a dois, parapassar a ser uma família. A gravidez e amaternidade assinalam a transição daconjugalidade para a parentalidade (Rel-vas & Lourenço, 2001).O cônjuge/companheiro abandona o papelde parceiro romântico, para passar a ser“investido da identidade de “pai do meufilho”, aquele com quem a mulher vaipartilhar grandes responsabilidades (cuidare educar uma criança) ” (Canavarro, 2001,p.41). Nesta fase, exige-se a formação deuma nova aliança emocional, a aliançaparental, no sentido de comunicar em tornode questões de âmbito parental e departilhar experiências e decisões relativasà criança (Colman & Colman, 1994).Convém ainda referir, que o significadoque a gravidez e o nascimento de umacriança assume no contexto do relaciona-mento conjugal pode ser muito diferente,o que faz com que a ideia veiculada pelo

senso comum de que o nascimento de umfilho como salvador de um casamento, sejacontrariada pela investigação e a clínica.Figueiredo (2000), fez notar que os dadosde investigação são consistentes quanto àdiminuição da satisfação conjugal durantea gravidez e o puerpério. Contudo, se estetempo considerado de risco para o equi-líbrio e encontro do casal for ultrapassadocom êxito pode constituir-se num momen-to privilegiado de crescimento em cadaindivíduo e no casal.

2.5 - Tarefa 5: Aceitar o bebé como pessoaseparadaJá mais próximo do fim da gravidez, outrodesafio se coloca, pelo qual a mulher teráde se desligar da gravidez para aceitar obebé enquanto pessoa separada, comnecessidades próprias e específicas. Nestafase, salienta-se o momento em que agrávida começa a antecipar o processo peloqual se vai desligar da gravidez e que seconcretiza no momento do parto (Justo,1990). Ao longo da gravidez a mulher sabeque o seu estado vai culminar com onascimento do bebé, mas é sobretudo nofinal da gravidez que a sua preocupaçãoe preparação se focam no trabalho de parto,no parto e no bebé (Colman & Colman,1994).O último trimestre de gravidez surge comvárias modificações fisiológicas (a inver-são interna que coloca o bebé de cabeçapara baixo, o bebé tende a desenvolver-se mais rapidamente, ganhando peso evolume, as contracções fisiológicas acen-tuam-se) a que se acrescentam as repre-sentações cognitivas acerca das dores,sofrimento e morte que poderão acontecerdurante o parto.Num estudo de Pacheco, Figueiredo, Costae Pais (2005), conduzido sobre umaamostra de 163 grávidas, primíparas,observaram que as mulheres grávidas

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quando questionadas se acham que vãosentir medo em algum momento duranteo trabalho de parto, 4,9% pensa não vira sentir medo nenhum, 22,7% pensa vira sentir um pouco, 37,4% pensa vir a sentirbastante e 35,0% pensa vir a sentir muitomedo. Em relação ao parto 5,5% pensa nãovir a sentir qualquer medo, algumasmulheres pensam vir a sentir pouco(28,2%), outras bastante (39,8%) e aindaoutras pensam vir a sentir muito medo(26,4%) no parto. Acrescente-se que estaansiedade não acontece só na grávida. Opai da criança revela também fantasiasrelacionadas com o medo (medo da morteda mãe ou do feto; medo do nascimentode uma criança com malformações físicasou psíquicas; temor que a mãe fique como corpo permanentemente dilatado)(Colman & Colman, 1994; Soifer, 1986).Neste contexto, há medida que o parto seaproxima as mulheres expressamambivalência entre a excitação de ter ofilho e terminar a gravidez e o desejo deimpedir o acontecimento (Mendes, 2002;Smith, 1999). Os receios tendem tambéma surgir na cabeça da grávida, o que setraduz por receio do parto e das suasconsequências; o receio de dificuldades deadaptação com o nascimento e o desejode encontro com o bebé real que pode nãocoincidir com o bebé imaginado (Bayle,2005).Os pais, vão agora ser obrigados a con-frontarem-se com o seu bebé real e com-param-no, ainda que de forma implícita,com o bebé que fantasiaram ao longo dagravidez. As fantasias que foram criandoacerca do seu aspecto físico, temperamen-to, padrões de sono, entre outros aspectos,são finalmente confrontadas com o bebéreal, uma realidade concreta com as suasparticularidades e especificidades(Canavarro, 2001; Canavarro & Pedrosa,2005). Todos estes aspectos têm que ser

aceites e integrados na ideia que vãoconstruindo acerca daquele filho e estatarefa prolonga-se ao longo de toda a vida,abrangendo aspectos como traços de per-sonalidade, apetências e desempenhoacadémico (Oliveira, Pedrosa & Canavarro,2005).Convém referir, que o período que se iniciacom a gravidez não termina com o mo-mento do parto, dado que com o nasci-mento do filho a mãe é confrontada comuma multiplicidade de tarefas, de decisõesa tomar, de modificações na rotina e norelacionamento familiar e social.Durante o primeiro ano de vida a mãe eo bebé vão aprender a viver a vida emconjunto. Muitas exigências e desafios vãoexigir que ambos estejam sincronizados(Soares, 2001). O maior desafio que secoloca à mãe é compreender e responderàs constantes solicitações do bebé. Todasas atenções se centram no novo ser quenasceu.Contudo, à medida que o bebé vai cres-cendo a mulher vai ter de aceitar que avulnerabilidade inicial que o caracterizavae que no início exigia níveis elevados deprotecção e atenção vão diminuindo gra-dualmente, à medida que também o bebévai crescendo e se desenvolvendo. Aprotecção fornecida pelas figuras parentaistambém deve acompanhar este processo deautonomia do bebé, dando a protecçãoelevada e activa lugar a uma supervisãoe apoio à distância.Nesta tarefa, de aceitar o bebé como pessoaseparada, o objectivo principal consiste emaceitar que a criança é profundamentedependente, mas que simultaneamenteprecisa de autonomia. O grande desafio quecoloca esta etapa na vida da mulher éconseguir de forma harmoniosa flexibilizara sua forma de estar ligada à criança. Comorefere Canavarro (2001) “protegendo-acompletamente numas alturas e aceitando,

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noutras ocasiões, os seus ímpetos súbitosde autonomia” (p.43).

2.6 - Tarefa 6: Integrar a identidadeparentalO nascimento de uma criança exige queos pais integrem este novo papel, comoparte positiva do sentido de si próprio, emtermos da sua identidade individual(Colman & Colman, 1994).A mulher será confrontada à saída damaternidade com uma tripla tarefa: (1)reavaliar ganhos e perdas que a materni-dade introduziu na sua vida; (2) aceitaras mudanças que este novo período lhecoloca e (3) reconstruir objectivos pesso-ais. A adaptação a estas tarefas está muitorelacionada com a identidade prévia damulher, com a sua história pessoal epersonalidade (Bayle, 2005).Após o parto as mulheres são confronta-das com grandes alterações nas suas vidas,as noites sem dormir, o choro de umacriança em casa, pouco tempo disponívelpara si, que exigem adaptações ereestruturações nos seus relacionamentose rotinas.Ao princípio, a mãe muito envolvida como seu novo papel e com todas as funçõese exigências que ele lhe coloca, podealhear-se um pouco do seu marido. Oequilíbrio do casal pode sofrer um pouco,uma vez que o homem tende a sentir aexclusão da relação diádica que se esta-belece entre mãe-bebé. Uma das maioresexigências que se coloca nesta fase ao casalé conseguir responder eficazmente aos seusnovos papéis e funções enquanto pai e mãe,não negligenciando a relação conjugal.Nesta etapa muitas mulheres efectuam umgrande investimento na relação mãe-bebé,dando menos atenção ao cônjuge/compa-nheiro e mesmo às relações com o exteriordo sistema familiar (amigos, vizinhos,colegas, famílias de origem) (Relvas &Lourenço, 2001).

As mulheres que tinham uma vida profis-sional exigente e activa, centrada sobre-tudo nas exigências profissionais e commenor investimento nas tarefas domésti-cas, podem após o nascimento do bebé serapanhadas nas teias dos papéis femininostradicionais (Canavarro, 2001; Colman &Colman, 1994). Assim, enquanto algumasmulheres sentem que a experiência dematernidade é descontínua com a suaidentidade anterior, outras sentem-se ex-tremamente bem no seu novo papel de mãe,sentindo que “ser mãe ou pai” é o pre-enchimento da vida que ela(e) sempreesperou (Canavarro, 2001; Colman &Colman, 1994).Todas estas adaptações que o nascimentode uma criança exige na vida de umamulher se ela não estiver bem preparadapodem potenciar o aparecimento de per-turbações (Colman & Colman, 1994).Numa perspectiva desenvolvimental, asperturbações psicopatológicas da materni-dade, nomeadamente a depressão pós-parto,podem ser conceptualizadas como a tra-dução das dificuldades da mulher numadupla tarefa (1) lidar com a crise suscitadapelas mudanças relacionadas com a ma-ternidade e, (2) realizar de forma positivaas tarefas desenvolvimentais da materni-dade (Figueiredo, 1997).

2.7 – Tarefa 7: Reavaliar e reestruturara relação com o(s) outro(s) filho(s)A tarefa de assumir a identidade paternapara incluir um novo filho, pode ser maisexigente, pois envolve, uma maiorcomplexificação do sistema familiar, im-plicando a consequente redefinição depapéis e tarefas (Canavarro, 2001;Canavarro & Pedrosa, 2005).Os sentimentos sobre a futura paternidade,podem gerar níveis elevados de ansiedade,não só naqueles que vão ser pais pelaprimeira vez, que podem nunca ter pen-sado em si como progenitores, mas tam-

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bém nos pais experientes que já conhecemas exigências e tarefas que se colocam.Enquanto na primeira gravidez as dúvidassão acerca dos aspectos desconhecidos enunca vivenciados por si mesmos, nassegundas gravidezes os pais vão ter deavaliar o que será ser pai/mãe de uma novacriança, efectuando um balanço acerca dotipo de pai/mãe que já foi para os outrosfilhos. O temor pode agora relacionar-secom a capacidade de tomar conta de outracriança ou se dispõem de capacidade fi-nanceira para sustentar mais um filho(Colman & Colman, 1994). O peso daresponsabilidade pode tornar-se mais fortecom cada gravidez.Canavarro (2001) citando Lederman(1997), refere que os principais temas depreocupação das mulheres grávidas do 2.ºfilho são: (1) a capacidade física paracuidar de duas crianças ao mesmo tempo;(2) os sentimentos de culpabilidade aoantecipar a reacção do primeiro filho aonascimento do irmão e (3) a capacidadepara amar as duas crianças de forma igual.Assistimos a uma complexificação depapéis e funções com o aumento do númerode filhos, pois como referem Relvas &Lourenço (2001), “os pais passam a ser“pai de...e de...” ou “mãe de... e de...”, mastambém porque os filhos se organizamcomo irmãos definindo um novo espaçofamiliar geracionalmente igualitário e desolidariedade tanto quanto de rivalidade ecompetição” (p.123). Assim, o nascimentode um filho, seja ele o primeiro ou outros,encontra-se sempre associado às mesmasáreas de mudança e adaptação.

Conclusão

Num projecto adaptativo de maternidade,a gravidez é um período que, do pontode vista psicológico, vai possibilitar a

preparação para ser mãe, culminando numaredefinição de papéis e uma integraçãomaturacional. Mais especificamente, aolongo da gravidez ambos os progenitores,vão ter de efectuar um conjunto de tarefasque se colocam como reacções normais àmudança e desenvolvimento – ligar-seafectivamente ao bebé, iniciar areestruturação de relações, de forma aincluir o novo membro, incorporar naidentidade a existência do filho e, aomesmo tempo, aprender a aceitá-lo comouma pessoa separada, com vida própria(Canavarro, 2001; Canavarro & Pedrosa,2005; Colman & Colman, 1994).Se a mulher conseguir superar todas astarefas desenvolvimentais que fomosmencionando ao longo deste capítulo,fundindo-as na sua capacidade de cuidare educar uma criança de forma harmoni-osa, então podemos dizer que conseguiuefectuar uma adaptação à maternidade.

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