Avaliação neuropsicológica das funções cognitivas...

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Psicologia e Educação 103 Vol. V, nº 1, Jun. 2006 Avaliação neuropsicológica das funções cognitivas: Pesquisas brasileiras Alessandra Gatuzo Seabra Capovilla* Resumo: A neuropsicologia cognitiva focaliza o processamento da informação, ou seja, as diferentes operações mentais que são necessárias para a execução de deter- minadas tarefas. Pressupõe que o estudo de pacientes com lesões cerebrais e seus padrões de comportamento pode contribuir para a compreensão de como a mente funciona, o que, por sua vez, pode retornar aos próprios pacientes permitindo um melhor entendimento de seus problemas e auxiliando no delineamento de intervenções mais adequadas. A avaliação psicológica baseada na neuropsicologia cognitiva objetiva explanar os processos subjacentes às atividades mentais superiores do ser humano e correlacionando-os com o funcionamento neurológico. No Brasil, diferentes testes foram desenvolvidos para este fim, abordando algumas das áreas avaliadas pela neuropsicologia, especificamente atenção, processamento visoespacial, linguagem oral, linguagem escrita, funções executivas e habilidades aritméticas. Vários desses testes são informatizados, o que facilita o registro de parâmetros temporais como tempo de reação e duração da resposta. Alguns, inclusive, podem ser aplicados de modo remoto via Internet, possibilitando estudar diferentes amostras espalhadas por amplos territórios. Estão sendo conduzidos estudos para verificar a precisão e buscar evidências de validade de tais testes. Os participantes são tanto crianças quanto adultos, com e sem distúrbios neuropsiquiátricos, incluindo dislexia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e transtornos de ansiedade. Tais instrumentos têm contribuído para expandir a avaliação neuropsicológica no Brasil, auxiliando na compreensão dos processos cognitivos e seus correlatos neurológicos, no aprimoramento de procedimentos de avaliação, e na promoção da reabilitação de pacientes com lesões ou disfunções neurológicas, de forma res- ponsável e eficiente. Palavras-Chave: Avaliação neuropsicológica; Processamento cognitivo; Neuropsicologia cognitiva. Neuropsychological assessment of cognitive functions: Brazilian researches Abstract: Cognitive neuropsychology focuses on information processing, different mental operations that are necessary to execute tasks. It assumes that study of brain-injured patients and their performance patterns can contribute to comprehend how the mind works. Such knowledge helps practitioners to comprehend their patients limitations and to delineate more effective remediation procedures. Psychological assessment based on cognitive neuropsychology aims to explain the processes underlying human complex mental activities, and to correlate such processes to neurological functioning. In Brazil, different neuropsychology tests have been developed to assess attention, visuo-spatial processing, oral language, written language, executive functions and arithmetic abilities. _______________ * Doutora e Pós-Doutorada em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia, Universidade São Francisco. e-mail: [email protected]

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Avaliação neuropsicológica das funções cognitivas: PesquisasbrasileirasAlessandra Gatuzo Seabra Capovilla*

Resumo: A neuropsicologia cognitiva focaliza o processamento da informação, ouseja, as diferentes operações mentais que são necessárias para a execução de deter-minadas tarefas. Pressupõe que o estudo de pacientes com lesões cerebrais e seuspadrões de comportamento pode contribuir para a compreensão de como a mentefunciona, o que, por sua vez, pode retornar aos próprios pacientes permitindo ummelhor entendimento de seus problemas e auxiliando no delineamento de intervençõesmais adequadas. A avaliação psicológica baseada na neuropsicologia cognitiva objetivaexplanar os processos subjacentes às atividades mentais superiores do ser humano ecorrelacionando-os com o funcionamento neurológico. No Brasil, diferentes testes foramdesenvolvidos para este fim, abordando algumas das áreas avaliadas pela neuropsicologia,especificamente atenção, processamento visoespacial, linguagem oral, linguagem escrita,funções executivas e habilidades aritméticas. Vários desses testes são informatizados,o que facilita o registro de parâmetros temporais como tempo de reação e duraçãoda resposta. Alguns, inclusive, podem ser aplicados de modo remoto via Internet,possibilitando estudar diferentes amostras espalhadas por amplos territórios. Estão sendoconduzidos estudos para verificar a precisão e buscar evidências de validade de taistestes. Os participantes são tanto crianças quanto adultos, com e sem distúrbiosneuropsiquiátricos, incluindo dislexia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade,e transtornos de ansiedade. Tais instrumentos têm contribuído para expandir a avaliaçãoneuropsicológica no Brasil, auxiliando na compreensão dos processos cognitivos e seuscorrelatos neurológicos, no aprimoramento de procedimentos de avaliação, e na promoçãoda reabilitação de pacientes com lesões ou disfunções neurológicas, de forma res-ponsável e eficiente.Palavras-Chave: Avaliação neuropsicológica; Processamento cognitivo; Neuropsicologiacognitiva.

Neuropsychological assessment of cognitive functions: Brazilian researches

Abstract: Cognitive neuropsychology focuses on information processing, different mentaloperations that are necessary to execute tasks. It assumes that study of brain-injuredpatients and their performance patterns can contribute to comprehend how the mindworks. Such knowledge helps practitioners to comprehend their patients limitationsand to delineate more effective remediation procedures. Psychological assessment basedon cognitive neuropsychology aims to explain the processes underlying human complexmental activities, and to correlate such processes to neurological functioning. In Brazil,different neuropsychology tests have been developed to assess attention, visuo-spatialprocessing, oral language, written language, executive functions and arithmetic abilities.

_______________* Doutora e Pós-Doutorada em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Psicologia, Universidade São Francisco. e-mail: [email protected]

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Many of these tests are computerized, recording temporal parameters, such as reactiontime and response duration. Some of them can be applied virtually using the Internet,which allows studying large samples of participants scattered over vast territories. Inthe present, precision and validity studies are being conducted with a number of batteriesapplied to children and adults, with and without neuropsychiatric disorders, such asdyslexia, hyperactivity/attention deficit disorder, and anxiety disorders. Such tests havecontributed to expand neuropsychological assessment in Brazil, aiding the comprehensionof cognitive processes and their neurological bases, the improvement of evaluatingprocesses, and the rehabilitation of patients with neurological disorders, in a moreeffective way.Key-words: Neuropsychological assessment; Cognitive processing; Cognitiveneuropsychology.

Introdução

A neuropsicologia cognitiva estuda funda-mentalmente o processamento da informa-ção, isto é, das diferentes operaçõesmentais que são necessárias para a exe-cução de determinadas tarefas (Gazzaniga,Ivry & Mangun, 2002). Desta forma,enquanto a neuropsicologia clássica con-centrava-se na busca pelos correlatosneuroanatômicos e neurofuncionais dosprocessos mentais, ou seja, pelas basesneurológicas das atividades mentais supe-riores (Vendrell, 1998), a neuropsicologiacognitiva alterou a ênfase para o estudodas operações mentais. Estas envolvemtomar uma representação como um input,executar algum tipo de processamentosobre esse input, e então produzir uma novarepresentação, o output. Assim, segundoGazzaniga, Ivry e Mangun (2002), opera-ções mentais são “processos que geram,elaboram ou manipulam representaçõesmentais” (p. 99).De acordo com Ellis e Young (1988), aneuropsicologia cognitiva pressupõe que oestudo de pacientes com lesões cerebraise seus padrões de comportamento podecontribuir para a compreensão de como amente funciona, o que, por sua vez, poderetornar aos próprios pacientes permitindoum melhor entendimento de seus proble-

mas e auxiliando no delineamento deintervenções mais adequadas. Há doisobjetivos principais na neuropsicologiacognitiva. O primeiro é a explicação de“modelos do desempenho cognitivo, intactoe alterado, de pacientes com lesão cerebralem termos de prejuízos de um ou maisdos componentes de uma teoria ou mo-delo de funcionamento cognitivo normal”(Ellis & Young, 1988, p. 4). O segundoé “derivar conclusões sobre os processoscognitivos normais, intactos, a partir demodelos de capacidades deficitárias eintactas vistos em pacientes com lesãocerebral” (Ellis & Young, 1988, p. 4).Assim, a teoria neuropsicológica deveapresentar explanações sobre oprocessamento subjacente às atividadesmentais superiores do ser humano (Bear,Connors & Paradiso, 2002), explanaçõesestas que permitam a verificaçãoneuroanatômica de tal processamento(Kristensen, Almeida & Gomes, 2001).Deste modo, a neuropsicologia cognitivavisa compreender “como um indivíduoprocessa a informação, em termos funci-onais, sendo de menor interesse, para essaabordagem, o mapeamento das relaçõescérebro-comportamento e a descrição deseqüelas típicas de lesão cerebral”(Fernandes, 2003, pp. 268-9). Duas impli-cações fundamentais derivam deste mode-

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lo, o direcionamento de modelos de re-abilitação de pacientes com lesões oudisfunções cerebrais, e a testagem demodelos do funcionamento cognitivonormal (Fernandes, 2003).Freqüentemente a neuropsicologiacognitiva faz uso de modeloscomputacionais para a explicação daarquitetura funcional do sistema cognitivo(Ralph, 2004), por meio de fluxogramasdetalhados com caixas-e-linhas, que des-crevem as unidades de processamento dainformação e seu percurso. Ao descreveros padrões de funcionamento de pacientesindividuais é possível progredir rumo àcompreensão exata das caixas e das linhas,bem como reestruturar o próprio diagra-ma, por exemplo, inserindo mais caixasou unidades de processamento, se neces-sário, especialmente a partir das observa-ções de dissociações. A partir dos diagra-mas, o modelo teórico pode ser testado apartir dos dados já existentes e novaspredições podem ser feitas, numa interaçãobidirecional entre dados observados e teoriasubjacente. Desta forma, tais modeloscomputacionais permitem a teorizaçãotanto sobre a arquitetura quanto sobre ofuncionamento dos sistemas cognitivos(Ralph, 2004). É importante ressaltar queas caixas e linhas dos diagramascomputacionais não pressupõem, necessa-riamente, dissociações modulares entreeles.A busca pela compreensão sobre a orga-nização dos sistemas cognitivos e doscorrelatos neurológicos de diversas ope-rações mentais tem sido apontada comoo objetivo de diferentes estudos daneuropsicologia e da neurociênciacognitiva. Por exemplo, Gill, O’Boyle, eHathaway (1998), em estudos sobreprocessamento visoespacial em rotaçãomental, referiram-se à necessidade desubdividir a tarefa de rotação mental,

incluindo os processos mentais componen-tes (tais como codificação do estímulo,geração de imagens, rotação e compara-ção mental, e tomada de decisão sobre acomparação), de forma a relacionar cadacomponente a diferentes padrões deativação encefálica. Corbetta, Miezin,Dobmeyer, Shulman e Petersen (2003),num estudo sobre atenção, enfatizaram anecessidade de identificar os sistemasneurais envolvidos na discriminação deforma, cor e velocidade de estímulosvisuais sob condições de atenção seletivae dividida. Estudando pacientes com de-mência de Alzheimer, Lewis, Dove,Robbins, Barker e Owen (2003) buscarampadrões de alterações cognitivas relacio-nadas às funções executivas produzidas porlesões frontais, incluindo dificuldades deplanejamento e memória de trabalho. Davise Johnsrude (2003), em uma pesquisa sobrecompreensão da linguagem, referiram-se aoestudo das “séries complexas de estágiosde processamento envolvidos na traduçãodos sons da fala em significado” (p. 3423).Há, ainda, trabalhos sobre a neurociênciada emoção, como por exemplo a revisãode Davidson, Jackson e Kalin (2000) e oestudo de Davidson e Sutton (1995), quese referem à importância do “conhecimen-to sobre os substratos neurais da emoção”,enfatizando a necessidade de destrinchar“os processos emocionais em operaçõesmentais mais elementares, tais como apercepção da informação emocional e aprodução de atividade autonômica e decomportamento expressivo” (p. 217).Em relação aos temas abordados pelaneuropsicologia cognitiva, Harley (2004)descreveu a seguinte freqüência, a partirde um levantamento dos artigos publica-dos entre 1998 e 2001 no periódicoCognitive Neuropsychology: leitura (com25 artigos), faces (23), memória (21),semântica (16), ação (14), reconhecimento

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de objetos e percepção (12), produção defala (11), atenção (7), cognição espacial(5), escrita e ortografia (5), matemática (4),compreensão de sentenças (2), fundamen-tação teórica (1), arquitetura léxica (1) emúsica (1). Observa-se, portanto, que aneuropsicologia cognitiva tem abrangidodiferentes áreas de estudo, sempre buscan-do compreender operações mentais envol-vidas em determinadas tarefas e, em maiorou menor grau, sua relação com o fun-cionamento neurológico.Aliás, este tem sido um ponto de diver-gência na neuropsicologia cognitiva. Den-tre os seus fundadores, a maioria, comoMorton (1984) e Mehler, Morton e Jusczyk(1984), considerava como não sendo deinteresse a localização das funções psico-lógicas no encéfalo (Harley, 2004). Apesarde algumas posições menos radicais, comoa de Shallice (1990), segundo o qual asconsiderações anatômicas não deveriam serrelegadas como irrelevantes e alguns es-tudos de grupo poderiam fornecer dadosúteis, a abordagem centrada no estudo decaso único e na diminuição da ênfase sobrea localização cerebral prevaleceu naneuropsicologia cognitiva entre as déca-das de 1970 e 1990 (Harley, 2004). Aessência desta postura é a de que móduloscognitivos não correspondem a estruturasneurológicas distintas e de que, mesmo quehaja alguma correspondência, paracompreendê-la é necessário ter previamenteuma teoria completa sobre a cognição deforma a guiar a interpretação dos dadosneurológicos. Corroborando esta posição,Coltheart (2004) propõe uma distinçãoentre neuropsicologia cognitiva eneurociência cognitiva. Segundo ele, osneuropsicólogos cognitivos não estudam oencéfalo, mas sim o processamentocognitivo anormal. Quem deve buscar arelação entre processos neurológicos eatividades cognitivas é a neurociênciacognitiva.

De fato, segundo Posner e DiGirolamo(2000), freqüentemente não é clara, aopsicólogo, a importância da localização defunções, visto que apenas saber qual partedo encéfalo está envolvida numa dadafunção pode informar pouco sobre quaisoperações cognitivas estão ocorrendo.Porém, a importância da localização ficaevidente quando compreendida de umponto de vista mais abrangente, que incluitrês suposições principais: as funçõesencefálicas complexas podem ser dividi-das em processos mais simples e gerais;esses componentes podem ser localizadosanatomicamente e estudados de formarelativamente isolada; e os processosencefálicos mais simples podem serdiretamente relacionados aos processoscomportamentais mais simples (Miller,1996; Posner & DiGirolamo, 2000). Asevidências mais recentes, provenientes deimagens encefálicas funcionais, têm con-tribuído para validar muitas dessas supo-sições.Com efeito, nos últimos anos tem havidoum crescente interesse na identificação dasáreas encefálicas responsáveis pelos pro-cessos cognitivos, bem como um aumentono número de artigos publicados compesquisas de grupo. Pesquisadores quecompartilham essa posição têm conside-rado que a localização neural das funçõespsicológicas não é apenas de interesseneurológico, mas pode nos informar sobremodelos psicológicos (e.g., Caplan, 2004;Harley, 2004). A localização das funçõespode ser importante para a neuropsicologiacognitiva, não pelo conhecimento sobre alocalização exata dos componentes, massim pelo conhecimento sobre as conexõesentre eles.Caplan (2004), por exemplo, critica asuposição de que é necessário ter previ-amente uma teoria completa sobre acognição para interpretar dados neuroló-gicos. Segundo ele, as medidas neuroló-

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gicas permitiriam, sim, contribuições va-liosas ao entendimento da mente humana.Também segundo Shallice (2004), asevidências provenientes de imagens fun-cionais podem contribuir para a compre-ensão do funcionamento cognitivo. Shallicecita, como exemplo, os estudos sobresemântica, em que as imagens funcionaisestão contribuindo para esclarecer pontosconflitantes. Têm sido reveladas, porexemplo, evidências de especificidadeanatômica que pode ser relacionada àexistência de tipos específicos desubsistemas, sendo que o processamentosemântico deve ocorrer por categorias,sendo o processamento de coisas vivasdistinto do processamento de artefatos.Vallar (2004), da mesma forma, apresentaevidências da importância dos dados neu-rológicos para a re/formulação de teoriassobre os processos mentais, por exemplo,na teorização sobre subsistemas separados,dentro da memória fonológica, entre uminput fonológico de curto-prazo e umprocesso de reverberação mais ligado aoscomponentes motores e articulatórios.Nesta área, estudos de imagem funcionalem sujeitos normais, associados a dadosde pacientes com lesões neurológicas, têmpermitido maior compreensão sobre asbases neurais dos processos cognitivos,contribuindo para o delineamento de te-orias sobre os próprios processos.Para tal compreensão, a neuropsicologiacognitiva parte de alguns pressupostos, taiscomo a modularidade, as dissociações eo isomorfismo. Um dos princípios funda-mentais da neuropsicologia cognitiva é amodularidade (Fodor, 1983), que se refereà independência funcional entre diferentesprocessamentos. De acordo com este prin-cípio, o desenvolvimento ou o prejuízo dedeterminados componentes cognitivos nãoafeta a totalidade do sistema cognitivo(Fernandes, 2003). Os diferentes módulos

cognitivos apresentam especificidade dedomínio, ou seja, processam informaçõesespecíficas. Assim, uma lesão ou disfunçãocerebral determinada podem levar a umaalteração específica, e não genérica, dofuncionamento cognitivo.Tais especificidades podem ser verificadasnas dissociações (Geschwind, 1965;Shallice, 1990), situações em que umpaciente apresenta desempenho alteradonuma dada tarefa A, mas desempenhointacto numa tarefa B. Um exemplo clás-sico de dissociação é a encontrada nopaciente KF que, após uma lesão cerebral,apresentou desempenhos em memória decurto prazo seriamente alterados, enquan-to sua memória de longo prazo permane-ceu intacta (Eysenck & Keane, 1994). Umoutro exemplo de dissociação foi citadopor Gazzaniga, Ivry e Mangun (2002).Nele, foram avaliadas a memória derecência e a memória de familiaridade (i.e.,qual estímulo foi apresentado por últimox qual estímulo foi apresentado maisvezes), comparando o desempenho de doisgrupos de sujeitos, com e sem lesãocerebral. Os resultados mostraram quepacientes com e sem lesão neurológicaapresentaram desempenhos semelhantes emmemória de recência, mas diferentes emmemória de familiaridade.Um problema das dissociações simples,como as citadas, deriva da impossibilida-de de determinar se as duas tarefas em quehouve dissociação são fenômenos especí-ficos, independentes, ou se simplesmenteuma delas é mais difícil que a outra. Paracaracterizar a independência funcionalentre as tarefas, é necessário observar umadupla dissociação. Neste caso, um grupoX pode ter pior desempenho na tarefa A,mas bom desempenho na tarefa B, enquan-to grupo Y tem quadro oposto, isto é,desempenho pobre em A e bom em B. Asduplas dissociações mostram que sãotarefas realmente específicas.

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O isomorfismo refere-se ao pressuposto dauniversalidade do sistema cognitivo fun-cional (Fernandes, 2003), ou seja, de queos módulos cognitivos são universais atodos os indivíduos e correspondem, deforma aproximada, aos mesmos sistemasneurológicos. Este pressuposto possibilitaa pesquisa neuropsicológica por meio dométodo de caso único. De fato, um grandenúmero de pesquisas em neuropsicologiacognitiva tem sido conduzido com casoúnico, enquanto outras fazem uso degrupos. A principal crítica ao estudo degrupos baseia-se na impossibilidade dehaver duas lesões exatamente iguais, emtamanho e em local. Além disso, osmétodos de imagem também são razoavel-mente imprecisos, o que pode invalidar oagrupamento de pacientes com base nestascaracterísticas neurológicas.Pesquisadores como Caramazza (1986) eColtheart (2004) defendem o uso de es-tudos de caso, buscando principalmenteduplas dissociações que auxiliem a com-preensão dos fenômenos cognitivos. Taisestudos de caso permitem insights sobreos componentes de uma função cognitiva,como exemplificado por um dos pacientesde Caramazza que apresentava um tipoespecial de anomia, não conseguindonomear especificamente frutas e vegetais,o que sugere alguma independência entreesta habilidade e a nomeação de outrostipos de estímulos. Por outro lado, o usode grupos tem seu espaço e é defendidopor alguns pesquisadores, tais como Ralph(2004), Vallar (2004) e Shallice (2004),pois pode auxiliar no estabelecimento decorrelações entre áreas encefálicas e fun-ções cognitivas, especialmente quando sefaz uso da sobreposição de imagens ce-rebrais de vários pacientes. Tais estudospressupõem alguma homogeneidade paci-entes, que podem ser agrupados por sin-tomas ou por local da lesão.

Assim, a neuropsicologia cognitiva, aoestudar indivíduos com lesões oudisfunções cerebrais, pode auxiliar nacompreensão de como a mente humanafunciona (Fernandes, 2003), contribuindotanto para o desenvolvimento teórico,quanto para o delineamento de procedi-mentos de reabilitação. Segundo Lezak(1995), o comportamento pode serconceitualizado em três grandes sistemasfuncionais. O primeiro refere-se às funçõescognitivas, que envolvem os aspectos docomportamento relacionados aoprocessamento de informação. Dividem-seem quatro classes, por analogia às ope-rações computacionais de input, estocagem,processamento e output, que são: funçõesreceptivas, memória, pensamento e funçõesexpressivas, além das “variáveis deatividade mental” (nível de alerta, atençãoe taxa de atividade ou velocidade). Osegundo sistema funcional refere-se aosaspectos emocionais, e incluem as variá-veis de personalidade e emoção. Geralmen-te as alterações nestas funções conseqüen-tes a danos cerebrais são resultantes deinterações complexas entre o distúrbioneurológico, as demandas sociais, osmodelos comportamentais prévios e asreações a todos esses três fatores. O ter-ceiro sistema funcional refere-se às fun-ções executivas, que refletem a capacida-de do sujeito de engajar-se em compor-tamento independente, proposital e auto-regulado. Referem-se a como uma pessoafaz algo, enquanto as funções cognitivasreferem-se a o que e quanto uma pessoaconsegue fazer. Dentre as dificuldades maisimportantes nos distúrbios das funçõesexecutivas estão a incapacidade de iniciaratividades e as dificuldades noplanejamento e na condução de seqüênciasde atividades com vistas a um objetivo.Apesar dos três aspectos serem partesintegrantes de todo o comportamento, eles

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podem ser conceitualizados e tratadosseparadamente. Na neuropsicologia, asfunções cognitivas têm recebido maisatenção que as demais, porém raramenteuma lesão cerebral afeta apenas um sis-tema. Ao contrário, a maior parte das lesõesafeta os três sistemas, apesar dos distúr-bios cognitivos tenderem a ser os maisproeminentes em termos de sintomatologia(Lezak, 1994, 1995).

Avaliação neuropsicológica

A avaliação neuropsicológica é um méto-do para se examinar o encéfalo por meiodo estudo de seu produto comportamental(Lezak, Howieson & Loring, 2004) e éessencial, não somente para a tomada dedecisões diagnósticas, mas também parao desenvolvimento de programas de rea-bilitação (Ardila & Ostrosky-Solís, 1996).Assim, a avaliação embasada naneuropsicologia cognitiva busca ultrapas-sar tanto a mera classificação do indivíduoem relação a um grupo de referência,quanto a mera descrição dos distúrbiosapresentados, visando à “interpretação dosmecanismos a eles subjacentes” (Capovilla,1998, p. 38).Segundo Lezak e colaboradores (2004), aavaliação neuropsicológica pode ser rele-vante para seis propósitos principais: a)diagnóstico; b) cuidados com o indivíduo;c) identificação de tratamentos necessári-os; d) avaliação dos efeitos de tratamen-tos; e) pesquisa; e f) questões forenses. Emrelação ao diagnóstico, o avanço das téc-nicas de neuroimagem e dos exameslaboratoriais diminuiu significativamente anecessidade da avaliação neuropsiológicapara o diagnóstico da maior parte daslesões e disfunções neurológicas. Porém,esta avaliação ainda é crucial em deter-minados quadros, tais como as demências,

traumatismos crânio-encefálicos menoresou certas encefalopatias, visto que estesnão são facilmente detectados nas técnicasusuais. Além disso, mesmo quando exa-mes de neuroimagem detectam a presençade lesões, a avaliação neuropsicológica éfundamental para esclarecer os seuscorrelatos comportamentais, sendo aindaimportante para o estabelecimento doprognóstico dos pacientes em determina-dos quadros e para a identificação precocede certos distúrbios que, em seu estágioinicial, não apresentam alterações neuro-lógicas óbvias.Em relação aos cuidados com o indivíduo,a avaliação neuropsicológica pode forne-cer, aos membros de seu convívio familiare social, informações importantes relativasàs suas capacidades e limitações. Estasinformações incluem capacidade de auto-cuidado, capacidade de seguir o tratamen-to proposto, reações às suas próprias li-mitações, adequação de sua avaliação debens e dinheiro, dentre outras. Conhecerestes aspectos do paciente é fundamentalpara estruturar o seu ambiente, promoven-do alterações se necessário, de forma queele tenha condições ótimas de reabilitar-se e evitando possíveis problemas secun-dários, como atribuição exagerada deresponsabilidade ou de atividades que nãoestejam ao seu alcance.Além de informações aos cuidadores, aavaliação neuropsicológica pode auxiliaro direcionamento da reabilitação, ao for-necer tanto dados sobre as áreas defici-tárias do indivíduo, quanto sobre as ha-bilidades preservadas e o potencial paraa reabilitação. A avaliação serve, ainda,para verificar as mudanças do indivíduoao longo das intervenções realizadas, sejamelas cirúrgicas, farmacológicas, psicológi-cas ou de outra natureza. Identificar taismudanças, que podem ser positivas ounegativas, ajuda a rever as intervenções,redirecionando-as quando possível.

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Em relação à pesquisa, a avaliaçãoneuropsicológica pode auxiliar a compre-ensão da atividade encefálica e da suarelação com o comportamento, contribu-indo para o estudo de diversos distúrbios.A propósito, muitos dos testes inicialmen-te desenvolvidos para pesquisa têm serevelado úteis para a prática clínica, tendoseu uso ampliado na clínica para documen-tar o estado cognitivo dos indivíduos.Finalmente, em relação às questões foren-ses, a avaliação neuropsicológica tem sidorequisitada em casos sobre perda de fun-ções legais ou danos corporais, sendo útilpara auxiliar decisões sobre a presença depossíveis danos neurológicos e cognitivosque estejam relacionados aos comporta-mentos em questão (Lezak et al., 2004).A avaliação neuropsicológica envolve oestudo intensivo do comportamento pormeio de entrevistas, questionários e testesnormatizados que permitam obter desem-penhos relativamente precisos (Lezak,1995). O dano cerebral é considerado um“fenômeno multidimensional mensurável eque requer uma abordagem de avaliaçãomultidimensional” (Lezak, 1995, p. 19).Diversas condições que podem afetar asconseqüências de um dano cerebal devemser consideradas, tais como a natureza,extensão, localização e duração da lesão;as características físicas, de gênero e deidade do paciente; sua história psicossocial;e as individualidades neuroanatômicas efisiológicas.Para o estudo neuropsicológico podem serusados procedimentos de comparaçãoestandardizada ou não. Nos procedimen-tos estandardizados, a avaliação do distúr-bio é feita em relação a um padrão quepode ser normativo (ou seja, derivado deuma população apropriada) ou individual(derivado da história prévia do pacientee de suas características). A avaliaçãoneuropsicológica estandardizada tem sido

grandemente influenciada pela psicometria(Groth-Marnat, 2000; Kristensen, Almeida& Gomes, 2001; Mäder, 1996). Conformeexemplificado por Wood, Carvalho, Rothe-Neves e Haase (2001), os passos nodesenvolvimento de um instrumento deavaliação neuropsicológica devem seguiros critérios para desenvolvimento de ins-trumentos de avaliação psicológica emgeral (Alchieri, Noronha & Primi, 2003),envolvendo a definição do construto psi-cológico a ser examinado, aoperacionalização deste construto de for-ma a possibilitar a sua mensuração expe-rimental e/ou psicométrica, e a verificaçãodas características psicométricas do instru-mento de avaliação neuropsicológica, quepoderá envolver a análise dos itens, análi-se da precisão e da validade do instrumen-to.Assim, para conduzir de modo apropriadoa avaliação neuropsicológica e, especial-mente, a avaliação estandardizadanormativa, é necessário dispor de instru-mentos precisos, válidos e normatizadospara uma determinada população. É essen-cial, ainda, atentar às habilidades quesofrem grande influência de nível deescolaridade ou nível socioeconômico demodo a considerar, para comparação, ogrupo específico ao qual o paciente per-tence. Em tais casos pode ser preferívelconduzir uma avaliação estandardizadaindividual, e não normativa, para compa-rar as habilidades atuais do pacienteneurológico com suas características an-teriores à lesão cerebral. Além disso, a fimde estabelecer com precisão em que con-sistem os distúrbios que dificultam arealização de uma prova, é necessário nãose limitar à execução estandardizada daprova, mas sim possibilitar a introduçãode mudanças específicas na aplicação aolongo da avaliação (Ardila & Ostrosky-Solís, 1996). Aliás, a flexibilidade na

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aplicação dos instrumentos é um aspectocentral da avaliação neuropsicológica(Lezak, 1995).Na avaliação neuropsicológica formal sãoadministradas provas estandardizadas, mas,ao mesmo tempo, deve ser realizada umaobservação detalhada das respostas geraisdo paciente diante da prova e da situaçãode avaliação (Ardila & Ostrosky-Solís,1996). Para tanto, paralelamente ao registroquantitativo das respostas, são feitosregistros qualitativos da responsividade dopaciente, reconhecimento de seus próprioserros, respostas emocionais e característi-cas de execução das tarefas, com ênfaseno estudo intensivo de casos individuais(Caramazza & Martin, 1985; Kristensen etal., 2001).Para proceder à avaliação neuropsicológica,o examinador deve planejar quais instru-mentos usará em função de suas hipótesessobre os distúrbios do paciente, levantadasa partir de informações coletadas, porexemplo, na entrevista inicial e nos pro-cedimentos diagnósticos de outros profis-sionais. Usualmente o examinador iniciaa avaliação com uma baterianeuropsicológica básica que aborde asprincipais áreas do funcionamentocognitivo, permitindo posteriores decisõessobre a necessidade de usar instrumentosmais específicos e refinados. As áreasusualmente avaliadas nas bateriasneuropsicológicas básicas são atenção,processamento visoespacial, memória,funções lingüísticas orais e escritas, cál-culo, funções executivas, formação deconceitos, habilidades motoras e estadoemocional (Lezak, 1995). Uma bateriabásica não pretende ser exaustiva, deven-do o examinador decidir, posteriormente,sobre a introdução de outros instrumentosde avaliação.Segundo Ardila e Ostrosky-Solís (1996),uma bateria de avaliação neuropsicológica

deve ter as seguintes características: 1)fundamento teórico sólido; 2) permitirexplorar funções básicas, isto é, formasfundamentais do comportamento, resultan-tes da atividade do sistema nervoso e, nessesentido, afetadas o mínimo possível porfatores socioculturais e educacionais; 3) seraplicável com um mínimo de ajuda einstruções verbais, permitindo avaliação depacientes com severos distúrbios de lin-guagem; 4) ter critérios de avaliaçãoobjetivos e bem definidos, possibilitandoalguma quantificação de forma a permitirobter índices de validade e precisão; e, 5)requerer um mínimo de recursos, aparatose materiais para a aplicação.Segundo Golden (1991), os resultados decrianças submetidas à avaliaçãoneuropsicológica devem ser analisadosainda com maior cautela, considerando osfatores de desenvolvimento e ambientaisenvolvidos. Geralmente sua interpretaçãoé mais complexa que a interpretação deresultados de adultos com lesões cerebraismas histórico de desenvolvimento normal.Outros métodos, tais como a observaçãoclínica e o diagnóstico médico, devem serconjuntamente considerados para a inter-pretação dos resultados.Os objetivos específicos de baterias deavaliação neuropsicológica infantil são: a)auxiliar a identificação de lesão cerebralem crianças com sintomas de etiologiaincerta; b) avaliar a extensão e a naturezade dificuldades em crianças com lesõesconhecidas de modo a traçar procedimen-tos de intervenção; c) avaliar os efeitosde estratégias de intervenção ou reabili-tação sobre o funcionamentoneuropsicológico; d) analisar o efeito dediferentes tipos de lesões em diferentespopulações; e, e) testar suposições teóri-cas sobre as relações entre comportamentoe sistema nervoso, a fim de confirmar,expandir ou modificar modelos atuais sobre

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o funcionamento cerebral em crianças(Golden, 1991). Como em qualquer outroinstrumento de avaliação psicológica, umabateria de avaliação neuropsicológica in-fantil deve obedecer aos critérios de pre-cisão e validade (Golden, 1991). As nor-mas de um instrumento neuropsicológicopara crianças podem ser traçadas paradiferentes idades ou para diferentes níveisescolares (Lezak, 1995).

Instrumentos brasileiros para avaliaçãoneuropsicológica

No Brasil, pesquisadores e clínicos quetrabalham com avaliação neuropsicológicaainda se deparam com um problemabastante grave, mais concretamente aescassez de instrumentos precisos, valida-dos e normatizados disponíveis para pes-quisa e diagnóstico, embora as pesquisasem neuropsicologia tenham crescido eresultado em trabalhos valiosos. Nossogrupo de pesquisa tem trabalhado nestaárea, com o desenvolvimento e a valida-ção de instrumentos de avaliação e deprocedimentos de intervenção. Váriosdesses testes são informatizados, o quefacilita o registro de parâmetros temporaiscomo tempo de reação e duração da res-posta. Alguns, inclusive, podem ser apli-cados de modo remoto via internet, pos-sibilitando estudar diferentes amostrasespalhadas por amplos territórios. Estudosbuscando evidências de validade destestestes têm sido conduzidos com popula-ções infantil e adulta, com e sem distúr-bios neuropsiquiátricos, incluindo dislexia,transtorno de déficit de atenção ehiperatividade, e transtornos de ansiedade.Alguns instrumentos brasileiros destinam-se à avaliação de diferentes habilidades delinguagem oral. Por exemplo, para avaliaro vocabulário expressivo, isto é, quais

palavras uma criança fala, está disponívela Lista de Avaliação de VocabulárioExpressivo, originalmente desenvolvida porRescorla (1989) e adaptada, validada enormatizada para a população paulista porCapovilla e Capovilla (1998). Esta provaé destinada a crianças a partir de dois anosde idade, com o objetivo de avaliar pos-síveis atrasos de linguagem oral expres-siva. Por outro lado, o vocabulário recep-tivo pode ser avaliado por meio do Testede Vocabulário por Imagens Peabody, quejá foi traduzido e adaptado para o portu-guês, com a disponibilização de dados deprecisão, validade e normatização paraidade entre 2 e 14 anos (Capovilla &Capovilla, 1998). Contém 125 pranchas deteste, em que o examinando deveselecionar, dentre quatro figuras alterna-tivas, a que melhor corresponde à palavrafalada pelo examinador.A nomeação de figuras pode ser avaliadapor meio do Teste Infantil de Nomeação(Capovilla, Montiel, Macedo & Capovilla,no prelo), que possui as versões tradici-onal (em papel) e computadorizada. Oexaminando vê desenhos de linha e devepronunciar o seu nome em voz alta. Umaoutra forma de avaliar nomeação, destafeita em conjunção com a habilidade deleitura, é por meio do Teste Informatizadode Nomeação de Figuras por Escolha(Capovilla, Viggiano, Raphael, Bidá,Capovilla, Neves & Mauricio, 2004), emque o examinando deve escolher, dentrequatro palavras escritas, a que melhorcorresponde a uma figura. Temos desen-volvido, ainda, instrumentos para avaliarhabilidades de metalinguagem, ou seja, dereflexão intencional sobre a linguagem.Dentre tais instrumentos encontram-se aProva de Consciência Fonológica(Capovilla & Capovilla, 2004) e a Provade Consciência Sintática (Capovilla,Capovilla & Soares, 2004). Ainda em

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relação à linguagem oral, temos o Testede Repetição de Palavras ePseudopalavras (Capovilla, em prepara-ção), com base no teste de Gathercole eBaddley (1989). Para avaliar a fluênciaverbal, desenvolvemos uma versãoinformatizada do Teste de Fluência VerbalFAS, baseado em Benton e Hamsher(1989), que requer que o sujeito fale omaior número possível de palavrascomeçadas com as letras F, A e S, tendoum minuto para cada letra.Em relação às habilidades de leitura,desenvolvemos o Teste de Competência deLeitura de Palavras - TCLP (Capovilla,Viggiano, Capovilla, Raphael, Mauricio &Bidá, 2004), que avalia o uso diferencialdas estratégias de leitura pelo examinan-do. Paralelamente à avaliação do reconhe-cimento de palavras, temos o Teste deCompetência de Leitura de Sentenças(Capovilla, Viggiano, Capovilla, Raphael,Bidá, Neves & Mauricio, 2004) avalia ashabilidades de compreensão. Ambos ostestes estão disponíveis nas versões tradi-cional e computadorizada. A avaliação daescrita pode ser feita por meio da Provade Escrita sob Ditado, que apresenta itenscom diferentes característicaspsicolingüísticas (Capovilla & Capovilla,2004).Para avaliar a atenção, nosso grupo depesquisa tem desenvolvido versões dealguns testes classicamente usados, taiscomo testes de cancelamento, Teste deTrilhas e Teste de Stroop. O Teste deAtenção por Cancelamento (Montiel &Capovilla, 2006a) possui três partes queavaliam atenção seletiva e atenção alter-nada, sendo a tarefa básica do examinandoselecionar, em uma matriz de estímulos,aqueles semelhantes ao estímulo-alvo. OTeste de Trilhas – Partes A e B (Montiel& Capovilla, 2006b) objetiva avaliar as-pectos de manutenção da atenção e capa-

cidade de alternar entre estímulos relevan-tes. Está disponível, ainda, o Teste deStroop Computadorizado nas versõesneutra (Capovilla, Montiel, Macedo &Capovilla, 2005) e emocional (Montiel,Capovilla, Capovilla & Macedo, no pre-lo).A avaliação das funções executivas podeser feita por meio do Teste de GeraçãoSemântica (Capovilla, Cozza, Capovilla,Macedo & Dias, 2006), tambéminformatizado, em que é solicitada ageração de um verbo semanticamenteassociado a um substantivo. Temos, tam-bém, uma versão da Torre de Londres, querequer a transposição das três esferas queo sujeito deve rearranjar, uma a uma, apartir de uma posição inicial fixa, de modoa alcançar diferentes disposições finaisespecificadas pelo aplicador.Para avaliar as habilidades aritméticas,temos a Prova de Aritmética (Capovilla,Montiel & Capovilla, 2006), que contémseis subtestes para avaliar diferentes ha-bilidades relacionadas à matemática. Paraavaliar o processamento visoespacial,desenvolvemos o Teste ImagéticaBaby(Lopes, Capovilla, Berberian, Capovilla &Macedo, 2006), um software que apresen-ta pares de figuras bidimensionais para ojulgamento de identidade, requerendorotação mental para a solução da tarefa.

Considerações finais

A avaliação neuropsicológica tem cresci-do em todo o mundo, com o desenvol-vimento de instrumentos de avaliação queapresentam parâmetros psicométricos ade-quados de precisão e validade, bem comonormas para diferentes faixas etárias. Odesenvolvimento deste tipo de provas éfundamental à psicologia, na sua vertentede investigação e de intervenção.

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Tal crescimento também tem sido observa-do no Brasil, apesar de ser uma área aindaescassa em termos de estudos. A ampliaçãoda avaliação neuropsicológica é fundamen-tal, visto que pode auxiliar a compreensãodos mecanismos subjacentes às alteraçõesencontradas nos processos cognitivos, maisque a mera classificação do indivíduo emrelação a um grupo de referência.O nosso trabalho na área da avaliaçãoneuropsicológica cobre quer a avaliação defunções cognitivas básicas e superiores,quer ainda processos associados ao desen-volvimento cognitivo e à aprendizagem dossujeitos, em particular as crianças. Nesteúltimo caso, a linguagem aparece como umcampo particular de nossa investigação, edaí também o volume significativo de testesque construímos e validamos.Os instrumentos descritos neste artigo têmcontribuído para expandir a avaliaçãoneuropsicológica em nosso país. Aliados aoutros pesquisadores, esperamos que oavanço da neuropsicologia possa contribuirpara a compreensão dos processoscognitivos e seus correlatos neurológicos,o aprimoramento de procedimentos deavaliação e a promoção da reabilitação depacientes com lesões ou disfunções neuro-lógicas, de forma responsável e eficiente.

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