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Informativo da União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil - UNAMIBB Av. do Contorno, 6437 - Sala 301 - Savassi - CEP: 30110-039 - Belo Horizonte (MG) Ano XXIX - Nº 108 - Outubro a Dezembro/2017 Aos caros amigos, nada melhor do que o mineiro Carlos Drummond de Andrade nos ensinando como fazer um ANO NOVO “RECEITA DE ANO NOVO Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?) Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.” Carlos Drummond de Andrade , “Receita de Ano Novo”. Editora Record. 2008. A UNAMIBB deseja a todos um Feliz Ano Novo EDITORIAL Alta no lucro do Banco do Brasil foi puxado por três fatores. Saiba quais na página 3. A longevidade dos participantes vem onerando os planos de saúde. Em breve, muitos não poderão mais manter preços. Página 3 No início de 2018 haverá eleições na Previ e Cassi. Conheça as propostas apresentadas por entidades representantes para o pleito. Página 2 Como os projetos de lei do governo, tramitando no Congresso, podem prejudicar os funcionários do BB. Págins 5 Na página 4, um delicioso conto da nossa presidente Isa Musa de Noronha descreve a hospitalidade mineira.

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Page 1: A UNAMIBB deseja a todos um Feliz Ano Novounamibb.com.br/wp-content/uploads/2018/04/NBB-108.pdf · Ano XXIX - Nº 108 - Outubro a Dezembro/2017 Aos caros amigos, nada melhor do que

Informativo da União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil - UNAMIBBAv. do Contorno, 6437 - Sala 301 - Savassi - CEP: 30110-039 - Belo Horizonte (MG) Ano XXIX - Nº 108 - Outubro a Dezembro/2017

Aos caros amigos, nada melhor do que o mineiro Carlos Drummond de Andrade nos ensinando como fazer um ANO NOVO

“RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumadas

nem parvamente acreditar que por decreto de esperança

a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão

matinal, direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é

fácil, mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”

Carlos Drummond de Andrade , “Receita de Ano Novo”. Editora Record. 2008.

A UNAMIBB deseja a todos um Feliz Ano NovoEDITORIAL

Alta no lucro do Banco do Brasil foi puxado por três fatores. Saiba quais

na página 3.

A longevidade dos participantes vem

onerando os planos de saúde. Em breve, muitos

não poderão mais manter preços. Página 3

No início de 2018 haverá eleições na Previ e Cassi.

Conheça as propostas apresentadas por

entidades representantes para o pleito. Página 2

Como os projetos de lei do governo, tramitando

no Congresso, podem prejudicar os funcionários do BB.

Págins 5

Na página 4, um delicioso conto da nossa

presidente Isa Musa de Noronha descreve a

hospitalidade mineira.

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DiretoriaPresidente

Isa Musa de Noronha

Vice-presidenteAltair de Castro Pereira

Diretor Secretário

José Sana

Diretor AdministrativoAntonio Carlos Dias

Diretor FinanceiroRaimundo Vítor Santos

Jornal Notícias do BBrasil

Jornalista Responsável: Luzia Lobato - MG-04651JPEdição, Editoração e Projeto Gráfico: Luzia Lobato

Impressão: Editora O Lutador (31) 3439-8000

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não representam necessa-riamente a opinião do jornal, sendo de responsabilidade dos articulistas.

É uma publicação da União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil - UNAMIBB Registro nº 916 Livro B - Cartório Jero Oliva - Belo Horizonte - MG

Fundador: Cyro Verçosa

Endereço: Av. do Contorno, 6437 - Sala 301 Savassi - Belo Horizonte - MG CEP: 30110-039Fone: (31) 3194 5900Fax: (31) 3194 [email protected]

Notícias do BBrasil | 2

Já no início de 2018, a CASSI e a PREVI abrirão seus processos eleitorais.

Tendo como base um trabalho de pesquisa, realizado pelo MSU - Movimento Semente da União e pelo GRUPO MAIS – Grupo Mais PREVI e Mais CASSI, jun-to a participantes e associados da PREVI e da CASSI, foi apre-sentado àquelas Instituições (PREVI em 06 de julho e CASSI em 16 de agosto) uma proposta de melhoria dos seus respecti-vos processos eleitorais.

No debate com entidades de aposentados, além da ANABB, AAFBB, chegou-se à conclusão que o atual modelo do proces-so eleitoral já se exauriu. Assim, medidas revitalizadoras devem ser adotadas, aprimorando e modernizando a coleta de votos, segregando funções de gestão e fiscalização e a adoção de se-gundo turno para maior repre-sentatividade dos eleitos.

As propostas levadas à CASSI e à PREVI ainda não tiveram re-torno por parte dos gestores da-quelas Caixas.

PRINCIPAIS ITENS PROPOS-TOS

1) Universalização dos Canais de Votação (Internet - TAA - URA - Mobile), além de ampliar os meios pelos quais os eleitores podem votar, a exigência de que o funcionário da ativa só pode votar pelo SISBB, teoricamente alija do processo eleitoral no mí-nimo 1/12 dos funcionários, de-vido a escala de férias;

2) Votação em separado para Conselho Fiscal, com o princí-pio básico de segregar a Gestão (Diretoria e Conselho Delibera-tivo) da Fiscalização. A chapa deve contemplar candidatos a todos os cargos (de acordo com o Estatuto) mas o eleitor teria a liberdade de votar no Conselho Fiscal de chapa diferente da-quela em que ele votou para os demais cargos;

3) Se nenhuma chapa tiver maioria absoluta dos votos váli-dos (50%+1voto), as duas cha-pas mais votadas disputam um segundo turno;

4) Reavaliação da dotação orça-mentária objetivando uma maior

disponibilidade de recursos para cada chapa concorrente, de modo a homogeneizar as condi-ções de disputa entre elas;

5) Antecipação da divulgação do Processo Eleitoral de modo a sensibilizar o eleitor a participar do processo, visto que o voto é opcional e o número de absten-ções, principalmente entre os aposentados, é muito elevado;

6) Ética na Campanha - Com o objetivo de mitigar a divulgação de notícias inverídicas e/ou difa-matórias, incluir no regulamento do processo eleitoral um dis-positivo que preveja sanções e punições, com o intuito de coibir tais práticas;

7) Qualificação dos Candida-tos – Exigir dos candidatos aos cargos de governança, além da comprovada formação acadêmi-ca e profissional, experiência de atuação em Gestão.

Ainda que já para 2018 nada possa ser mudado, essas são sugestões que merecem a aten-ção dos poderes de CASSI e PREVI.

Eleições Cassi e Previ em debate

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Notícias do BBrasil | 3

O lucro líquido do Banco do Brasil chegou a R$ 2,841 bilhões no terceiro trimestre deste ano, uma alta de 8,5% em relação aos três meses anteriores e de 26,5% sobre o mesmo período de 2016. O resultado foi beneficiado pelo aumento das receitas com tarifas, controle de despesas administrativas e queda das reservas contra calotes.

Nos nove primeiros meses do ano, a instituição financeira acumula gan-hos de R$ 7,9 bilhões - 11,8% acima do resultado registrado no mesmo pe-ríodo do ano passado.

A carteira de crédito ampliada do banco somou R$ 677 bilhões no tri-mestre, indicando uma queda de 2,7% em relação ao trimestre anterior. No final de setembro, as operações com pessoa física somavam R$ 187,5 bi-lhões (0,9% acima do trimestre passa-do). Já a carteira de crédito da pessoa jurídica atingiu R$ 267,7 bilhões no ter-ceiro trimestre deste ano, volume 3,4% menor em relação ao final do segundo trimestre do ano.

Apesar do encolhimento da cartei-ra no geral, Caffarelli ponderou que o ritmo de queda desacelerou e disse que a demanda por empréstimos deve voltar a crescer no próximo ano. Ele estima que o mercado de crédito em todo o país deve crescer cerca de 6% em 2018, mas não divulgou a projeção para o banco.

A inadimplência das operações acima de 90 dias recuou de 4,11% no segundo trimestre para 3,94%, no se-guinte, “em movimento que interrompe a trajetória ascendente iniciada em de-zembro de 2016”.

“Estávamos muito convictos de que o pico ia bater no segundo trimestre de 2017” disse. “A gente entende que, a partir de agora, estamos num período de estabilização”, emendou.

Segundo ele, o índice de calotes deve continuar caindo no próximo ano.

“O primeiro semestre do ano que vem, até por conta da safra que nós te-mos, passa a contribuir positivamente para a redução dessa inadimplência”, afirmou, acrescentando que o cres-cimento esperado para a carteira de crédito do banco também deve ajudar nesse movimento (na medida em que empréstimos novos são feitos, a pro-porção dos que estão atrasados em relação ao total diminui).

Receita com tarifaA linha de despesas com provisão

para calote recuou pelo terceiro trimes-tre consecutivo, passando de R$ 7,48 bilhões em junho para R$ 6,26 bilhões em setembro.

De acordo com o balanço do banco, as rendas de tarifas cresceram 9,9% e chegaram a R$ 19,2 bilhões de janei-ro a setembro, com destaque para as transações de conta corrente e a admi-

Lucro do Banco do Brasil sobe para R$ 2,841 bilhões no 3º trimestreAlta é de 26,5% em relação ao 3º trimestre de 2016. Resultado foi puxado por aumento das receitas

com tarifas, controle de despesas administrativas e queda das reservas contra calotes.

nistração de ativos.O banco informou também que teve

um rígido controle das suas despesas administrativas, que acumulam o va-lor de R$ 23,6 bilhões entre janeiro a setembro deste ano. O valor é 2,7% abaixo do registrado no mesmo perío-do de 2016. De acordo com o banco, o desempenho das despesas adminis-trativas foi influenciado pela queda de 5,7% na linha de despesas com pes-soal, quando comparado com o mes-mo período do ano anterior.

Recuperação ‘gradual, mas consis-tente’

Durante a apresentação do balan-ço, o presidente do BB, Paulo Cafarelli disse que “2018 será um ano de reto-mada na economia, com aumento da demanda e melhora de vários indica-dores”.

Ele afirmou que o país já saiu da recessão econômica e que a trajetória recuperação “mesmo que gradual, é consistente”, ressaltando a melhora de indicadores do varejo, produção indus-trial e mercado de trabalho, além da in-flação abaixo da meta estipulada pelo Banco Central.

“Num ambiente de inflação baixa, com indústrias ainda com capacidade ociosa, acreditamos que há espaço para a continuidade da redução dos juros”, completou.

(BB Relações com Investidores)

A cada ano que passa a expectativa de vida no Brasil, felizmente, vem au-mentando. Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida vai a 75,5 anos: 79 para mulheres e 72 para homens. Não há como negar que é resultado, prin-cipalmente, da melhor qualidade de vida da população e dos avanços da medicina. Entretanto, o crescimento da longevidade traz impactos no país, que exigem atenção dos setores público e privado para garantir equilíbrio.

No caso da saúde, recente levan-tamento do IESS reforça ainda mais a preocupação com um futuro que não está muito longe. O estudo aponta que nos próximos 15 anos os gastos das empresas privadas de saúde vão quase triplicar, passando de cerca de R$ 106 bilhões por ano para R$ 283

bilhões.Essa previsão é para daqui a uma

década, mas a preocupação com a sustentabilidade do setor já exige so-luções para hoje. Pois, o investimento em gestão e em prevenção não vem sendo suficiente.

Os planos de autogestão são pro-va disso. Dados da ANS mostram que, entre 2008 e 2013, as despesas assis-tenciais das autogestões aumentaram 72,78%. E é justamente o crescimen-to da longevidade um dos fatores que vem impactando nos custos desses planos.

É natural que o uso pelos serviços de saúde aumente conforme envelhecemos. Um beneficiário aposentado, por exemplo, faz em média 33 exames por ano enquanto

que o número em relação a quem ainda está trabalhando cai para 17. O impacto é significativo. Sua internação custa em média R$ 14 mil, o dobro do custo de quem está na ativa.

Não se faz aqui uma defesa para que parem de usar o plano de saúde. Quem paga tem o direito de usufruir dos serviços. Porém, boa parte da so-ciedade ainda não compreende o risco que o segmento sofre.

O desafio de buscar soluções que garantam a sustentabilidade do setor une esforços dos governos federal, es-tadual e municipal, prestadores de ser-viço e operadoras de saúde, incluindo as autogestões, que não têm fins lu-crativos. Somente com o trabalho con-junto é que alcançaremos a longevida-de dos planos de saúde.

Já é tempo de nos debruçarmos sobre as questões de custeio da nossa CASSI. A matéria abaixo, da UNIDAS, serve de alerta.

Saúde não tem preço, mas medicina tem custo.

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Notícias do BBrasil | 4

A hospitalidade mineira é uma tradição que supera os limites da complacên-cia ou, quem sabe? Supera as raias da paciência. Esta é uma história real. Os nomes foram cuidadosamente ca-muflados para, mineiramente, não ferir susceptibilidades.

Entre desconfiado e aborrecido, o ja-nota chegou à cidadezinha para tomar posse como Gerente do Banco do Bra-sil na agência local. Eram três horas de uma tarde de janeiro, por volta de 1957, e o sol tornava as ruas poeiren-tas insuportáveis. Chegando ao Ban-co, apresentou-se ao pessoal sendo cercado das boas-vindas gerais: tapi-nhas nas costas, cafezinho e o Conta-dor pergunta:

- Já arrumou acomodação?

- Não procurei ainda. Sabe como é. Vim ver se alguém me indica qualquer coisa para alugar e só depois vou tra-zer a família.

- Ah, faz o seguinte. Vamos lá para casa, descansar, tomar um bom ba-nho, pegar uma boia da vovó e depois o Gerente se arranja!

A casa da avó do Contador não era só “a casa da avó”. Tinha a esposa do solícito colega, a tia velha entrevada, quatro filhos, duas empregadas da-quelas que ficam no emprego quaren-ta anos, um cão vadio, um papagaio bobagento, três canarinhos chapinha e um sabiá-laranjeira.

Uma grande casa, dessas que não se vê mais. Alta no pé direito, janelas compridas, gelosia, alpendre com o tradicional banco de madeira, típico de estações ferroviárias, passadeira co-brindo a tábua corrida larga, cheirando a cera. Na sala, o relógio de carrilhão, de quina na parede, o piano antigo, poltrona cômoda junto ao rádio que ocupa lugar de destaque. O corredor comprido, quartos lado a lado e o de banho, com banheira de louça azul.

O Gerente tomou banho. A toalha quentinha, passada a ferro de brasas para amaciar, o sabão cheiroso, na banheira a água na temperatura cer-ta. De chinelos e roupão desceu para sala, entrou pela cozinha destampan-do panelas...

- Ah! Um franguinho ensopado! Quanto

tempo não como uma coisa assim tão cheirosa, tão apetitosa!

- Sinhô gosta? Pois é. É do quintal mesmo. Criamos o infeliz desde pinto e só com milho e pasto!

Janta vai e vem conversa, cafezinho para boca de pito, noite vindo e o Ge-rente não se mexe na cadeira. A mãe bota os filhos para dormir, a tia velha se escora sem esconder bocejo e a avó disfarça. Sai de fininho para arru-mar a cama de hóspede.

- É... Acho mesmo que o melhor é a gente ir dormir. Hoje nosso Gerente se ajeita por aqui mesmo. A casa é mo-desta, mas decente. Amanhã é outro dia.

- Estou mesmo com sono. Esta comi-dinha boa e este sossego e lua do in-terior me deram uma lombeira do cão.

Lá pelas dez da manhã nosso sosse-gado hóspede aparece para o café. Biscoito frito, brevidades, broa de mi-lho, leite da roça.

- Tenho aqui umas camisas, uma calça precisando lavar. Será que a senhora pode pedir para Dona Maria?

- Não se incomode! O senhor deixe em cima da cama que nós providenciamos tudo!

O Gerente saiu à rua e só voltou lá pelo meio-dia. Suado, batendo a poeira do sapato ao degrau da casa.

- Eta calor danado!

- Vá se lavar que já agorinha pomos a boia.

E assim foi. Dia a dia, mês de janeiro correu, fevereiro foi de galope e só em abril chega a família. O Gerente foi es-perar na estação e às cinco da tarde aparecia a composição na plataforma.

Chegando em casa...

- Aqui estamos minha querida! Essa gente maravilhosa me deu todo apoio e pousada este tempo inteiro!

A avó teve que segurar-se à parede. Junto a uma mulher beirando os trinta anos entraram sete guris em escadi-nha de idade. O último à barra da saia da mãe. A esta altura da coisa não ha-via muito a fazer.

O jeito foi tocar água no feijão, cortar mais uns tomates, aprontar mais cou-ve, botar umas batatas no fogo. Eram tempos difíceis. Não que faltasse a comida. Mas, naquela época, naquele fundão de Minas, se não dependia do poder do dinheiro, dependia de ter o que se comprar. E quase não tinha. A criançada dava dó. Empoeirados das horas passadas no trem e com os olhi-nhos arregalados de quem estranha tudo. A avó, de coração mole como suas pernas, nem pensou para dizer...

- Maria! Ferve a água. Vamos arrumar um banho para esta meninada!

A preta Maria sai resmungando... “pois sim. Oito banhos e quantas toalhas? Tanta água... Arre!” Banhos tomados, meninos de roupas trocadas, descem para o jantar. A avó e Maria na cozi-nha preparavam o tutu, cortavam ovos em rodelinhas caprichosas, picavam a linguiça para render mais, arroz fu-megando na panela de pedra, o lombo corado na frigideira e a preocupação...

- Meu Deus! Será que eles vão repa-rar?

Não repararam. Comeram tudinho com voracidade infantil. Agora, como acomodar toda aquela gente?

- Sinhô Gerente... (a avó começou devagarinho...) Não tem cabimento o senhor sair daqui umas horas dessas. Por hoje vocês se ajeitam por aqui mesmo e amanhã todos vamos conhe-cer a casa nova... Que tal?

- A bondade da senhora não tem igual. Já arrumei mesmo a casa. Sabe como é? Os móveis chegaram agora na es-tação. Até descarregar e entregar na casa, colocar tudo no lugar, leva tem-po.

Nem foi no outro dia, nem mesmo na-quela semana. Só dias depois nos-sa tranquila família tomou o rumo de casa. Pobre avó. Muito longe de tecer lamúrias por tantos dias e tanto traba-lho, cismava...

- Será que eles não repararam?

Caro amigo. Isto pode acontecer com você. Quando aparecer aqui em Minas e precisar de pousada, pode entrar. É só não reparar...

Complacência MineiraIsa Musa de Noronha

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Os riscos que corremos Funcionários do BB e seus aposentados e pensionistas correm risco com projetos de lei em curso no Congresso e em órgãos do Governo.

A UNAMIBB, a Federação das Associações de Aposentados e Pen-sionistas e outras entidades do BB es-tão se movimentando para discutir os temas nos fóruns adequados.

1) PEC 287/2016 – REFORMA DA PREVIDÊNCIA - Observem que atualmente discute-se no Congresso a PEC 287/2016, que trata da Reforma da Pre-vidência. Sem prejuízo de tan-tos artigos questionáveis, um deles chama mais atenção:

PROPOSTA DE REFORMA DA PRE-VIDÊNCIA COLOCA EM RISCO A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA, sem fins lucrativos e abre espaço para a sanha dos planos co-merciais de seguradoras e bancos.

Coloca em risco o próprio FUNPRESP e todos os Planos fechados e sem fins lucrativos

Uma leitura atenta mostra a diferen-ça entre o texto original, constante da Constituição de 1988, – Artigo 40 e a proposta em curso PEC 287/2016.

No texto original da Constituição cons-ta:

15. O regime de previdência comple-mentar de que trata o § 14 será insti-tuído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fe-chadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida.

Na proposta em Tramitação

2) PEC 287/2016 - Artigo 40

15. O regime de previdência comple-mentar de que trata o § 14 será insti-tuído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo e oferecerá aos parti-cipantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição defini-da, observado o disposto no art. 202.

Percebam que a diferença é que no texto original a Previdência para ser-vidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal

e dos Municípios, incluídas suas autar-quias e fundações, quando é assegu-rado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante con-tribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, segundo o § 15, é ne-cessariamente por intermédio de EN-TIDADES FECHADA DE PREVIDÊN-CIA COMPLEMENTAR, e, na PEC 287/2016, É RETIRADA a expressão “ENTIDADE FECHADA”.

É evidente a impropriedade dessa reti-rada. Será o fim da Previdência Com-plementar Fechada e sem fins lucrati-vos e abertura da oportunidade de ex-ploração para bancos e seguradoras.

3) Decreto nº 9.188/1.

Esse decreto estabelece regras de de-sinvestimento de ativos de sociedades de economia mista como Banco do Brasil, Petrobras e Eletrobras.

4) MINUTA DA PREVIC

Uma minuta da PREVIC de Resolução apresentada ao Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), cria órgão de controle nos Fundos de Pensão sem previsão em Lei. A novi-dade é que as Entidades Sistemica-mente Importantes (ESI, assim classi-ficadas pela Previc sem a aprovação do CNPC), deverão instituir um Comitê de Auditoria composto por três a cin-co membros contratados no mercado, para a fiscalização permanente dessas entidades.

Tal medida colocada por meio de Re-solução pode ser uma forma de contor-nar o PLP 268, que não foi aprovado, para trazer os agentes de mercado e dessa forma manter as entidades sob uma espécie de intervenção perma-nente, alterando por meio de Reso-lução a estrutura de governança das entidades.

Ora, os participantes já estão contri-buindo para o pagamento da TAFIC que financia a PREVIC. Assim, essas Entidades Sistemicamente Importan-tes (ESI), que são apenas 17, terão uma fiscalização “terceirizada” para tal Comitê de Auditoria, quando o correto seria que fosse a própria PREVIC a ater-se essas com maior atenção.

5) Resoluções da CGPAR que afetam gravemente a CASSI.

Relator de uma comissão especial que analisa mudanças na lei dos planos

de saúde, o deputado Rogério Mari-nho (PSDB-RN) apresentou um pare-cer que prevê um modelo de reajuste por faixa etária aplicado pelos planos de saúde ao consumidor. Em geral, a ideia é que o reajuste hoje aplicado aos 59 anos seja parcelado para os anos seguintes. Na prática, segundo especialistas, a proposta permite que a cobrança desse tipo de reajuste ocorra também para usuários com mais de 60 anos, o que hoje é vetado pelo Estatu-to do Idoso.

A mudança afeta o CASSI Família, traz riscos para idosos e pode aumen-tar o volume de processos judiciais que questionam reajustes, a maio-ria tido como abusivo. Depois dos 60 anos, as pessoas perdem rendimentos e aumentam os gastos em saúde, e assim é preciso conter esses reajustes abusivos.

6) Ameaças de privatização do Banco do Brasil – Sindicatos de Bancários de todo o país denunciam que Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco faz parte do conselho administra-tivo da empresa Falconi Con-sultores de Resultado, contra-tada, sem licitação, para pre-parar o desmonte do BB.

Segundo os Sindicatos, em 2016 foi contratada, sem licitação, por “notório saber”, a Falconi Consultores de Re-sultado para preparar o desmonte do BB, chamado oficialmente de “reestru-turação”.

O temor é que o trabalho desta em-presa venha a enxugar a estrutura do banco preparando-o para a privatiza-ção. Ademais, é absurdo um banco privado estar conduzindo as políticas de um banco público que tem um papel estratégico, o de fomentar o desenvol-vimento econômico e social do país. A primeira fase da reestruturação resul-tou no fechamento de 402 agências, extinção de 9.400 postos de trabalho e redução salarial drástica que atingiu quase 4 mil funcionários.

O concorrente Itaú continua dentro do BB. A mesma consultoria está fazendo o mapeamento dentro da Diretoria de Tecnologia do banco, um setor alta-mente estratégico a cujas informações o setor privado está tendo acesso. Há o temor de extinção de funções, abrin-do espaço para a substituição de fun-cionários concursados por trabalhado-res precarizados de empresas tercei-rizadas.

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Notícias do BBrasil | 6

Previ tem R$ 6,5 bi de superávit de ja-neiro a setembro e mira equilíbrio em 2018.

A Previ está com superávit e prevê o equilíbrio no próximo ano.

Em 2016 a fundação gerou um superá-vit de R$ 2,19 bilhões e no acumulado deste ano até setembro já soma R$ 6,5 bilhões. Com esse resultado faltará um pouco mais de R$ 7 bilhões para o equilíbrio.

“Nos últimos 18 meses já geramos R$ 10 bilhões em superávit e teremos o equilíbrio em algum momento em 2018”, destacou o presidente da Pre-vi, Gueitiro Genso, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tem-po real do Grupo Estado. Esse número se refere ao Plano 1 da Previ, o seu maior fundo e mais maduro, com um patrimônio de R$ 157 bilhões. Assim, Genso não prevê a necessidade de aportes de natureza extraordinária dos participantes do plano.

Nesse plano, cerca de 46% está alo-cado em renda variável, isso já consi-derando o recente desinvestimento na CPFL, 43,4% em renda fixa, 6,35% em renda variável, 3,56% em operações com participantes e 0,55% de investi-

mentos estruturados.

A rentabilidade, considerando o pe-ríodo de janeiro a agosto, chegou a 8,35%, ante sua meta atuarial de 4,61%. Segundo Genso, a Previ tem trabalhado para aumentar a comunica-ção com seus associados e passou a enviar um boletim dos investimentos, com o detalhamento da composição do resultado do fundo. “Nossa primeira meta é alcançar o equilíbrio, depois re-duzir nossa meta atuarial”, disse Gen-so. Hoje a meta do Plano 1 é de INPC (Índice Nacional de Preços ao Consu-midor) + 5% ao ano.

Renda variável

Até agosto a Previ tinha, considerando ainda Plano 1, R$ 72,5 bilhões aloca-dos em renda variável, em empresas como Vale, Banco do Brasil, Neoe-nergia, Ambev, Petrobras, BRF, Itaú Unibanco e Ultrapar. O presidente da fundação diz que o objetivo no longo prazo é reduzir tal volume, visto que esse fundo já está maduro, mas que não existe qualquer necessidade de se desfazer de ativos, e que avalia boas oportunidades, como a venda da CPFL para a chinesa State Grid.

“Não iremos queimar ativo a qualquer

preço, não temos necessidade, mas a política é que qualquer ativo está à venda, desde que seja um bom negó-cio”, afirma.

Um dos objetivos, conta, é diversificar a carteira de renda fixa, o que pode-rá ocorrer mediante alguma venda de ações em bolsa para o investimento em outros papéis, incluindo aquelas que podem ser disponibilizadas em ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês). Segundo ele, a Previ não tem mais a premissa de fazer parte do bloco de controle das empresas inves-tidas, como ocorria no passado. “Que-remos empresas que são boas paga-doras de dividendos, com governança e integridade”, diz. “Seremos investi-dores ativistas”, completa.

A busca, dessa forma, da desconcen-tração da carteira será por setores ain-da não investidos. Genso disse que a Previ está conseguindo neste momen-to ter um portfólio de ações líquidas no mercado. Isso está sendo possível com a conversão das ações preferen-ciais em ordinárias da Vale e, mais para frente, com o IPO da Neoener-gia, que já está com o pedido de oferta realizado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

(Fonte: Grupo Estado)

31/12 está próximo... Como fechará o balanço final da PREVI?

“A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta. Porque a dilação ilegal nas mãos do julgador contraria o direito escrito das partes, e, assim, as lesa no patrimônio, honra e liberdade. Os juízes tardinheiros são culpados, que a lassidão comum vai tolerando. Mas sua culpa tresdobra com a terrível agravante de que o lesado não tem meio de reagir contra o delinquente poderoso, em cujas mãos jaz a sorte do litígio pendente.”

A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar

senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime, o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais.Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da

prática das instituições. Contentamo-nos, hoje, com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando.Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas que, na realidade, se foi inteiramente.E nessa destruição geral de nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolve um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem ...”

(Rui Barbosa - Discursos Parlamentares - Obras Completas - Vol. XLI - 1914 - TOMO III - pág. 86/87)

Discurso de Rui Barbosa no Senado em 1914

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“ Cada vez mais são compartilhadas notícias falsas pela internet.

A divulgação de histórias falsas pode ter consequências reais, como causar prejuízos fi nanceiros, constrangimentos, injúria e difamação de pessoas, empresas e organizações.

Em nosso tempo, todos nós podemos produzir e receber informação. Se por um lado essa possibilidade democratiza a comunicação, por outro facilita a divulgação de conteúdo feito sem responsabilidade.

O termo “pós-verdade” foi eleito pela Universidade de Oxford como a palavra do ano de 2016. Ele diz respeito a circunstâncias nas quais fatos objetivos e reais têm menos importância do que crenças pessoais.

“O 13o salário será extinto pelo Governo brasileiro. Obama chuta porta em protesto contra Trump. Diabo aparece em foto tirada no Maranhão. O que essas notícias têm em comum? Todas são falsas e se espalharam rapidamente pela internet.

Uma informação gera conhecimento, ajuda a pessoa a construir uma opinião sobre determinado assunto e aprimora o debate público. Mas quantas informações falsas você já compartilhou nas redes sociais ou em grupos do WhatsApp?

Não é porque algo está publicado por amigos ou em formato de notícia que necessariamente é verdade. Muitas vezes passamos para a frente algo que nem paramos para pensar de onde veio. É necessário cada vez mais cuidado e racionalidade ao ler as notícias.

Em novembro de 2016, o Facebook e o Google anunciaram que vão combater sites que propagam notícias falsas, impedindo que estas plataformas utilizem seus serviços de publicidade.

As medidas das duas companhias surgiram após o Facebook ser acusado de infl uenciar no resultado das eleições dos Estados Unidos. A rede social difundiu informações falsas que teriam benefi ciado Donald Trump, o candidato eleito. Uma das notícias inverídicas populares foi a de que o papa Francisco havia dado seu apoio

ao candidato republicano.

Os boatos sempre existiram. Antes mesmo de existir a escrita, o “ouvir dizer” era o único veículo de comunicação nas sociedades. O rumor é uma prática que pode existir em qualquer grupo ou classe social. Basta lembrar da brincadeira do telefone sem fi o, na qual uma mensagem passa de boca em boca.

O estudioso francês Kapferer defi ne boato como “uma proposição ligada aos acontecimentos diários, destinada a ser aumentada, transmitida de pessoa a pessoa, habitualmente através da técnica do ouvir dizer, sem que existam testemunhos concretos capazes de indicar exatidão”.

Mas por que tantas pessoas acreditam em boatos, mesmo aqueles de teor absurdo? Os psicólogos norte-americanos Allport e Postman afi rmam que qualquer necessidade pode dar movimento a um rumor. O desejo obstinado de se acreditar nele, nossos medos, esperanças, curiosidades, inseguranças, tensões, ideologias, crenças e preconceitos.

Outro fator é a confi ança na pessoa ou veículo que transmitiu o fato. Grande parte das notícias nas redes sociais são compartilhadas por amigos e conhecidos nos quais os usuários têm confi ança, o que aumenta a veracidade de uma história.

Para um boato existir, ele precisa ser propagado. Segundo Kapferer, se não houve uma ambiguidade ou se a importância ou relevância de um fato for nula para o público-alvo, não haverá a multiplicação da notícia.

Com a evolução da tecnologia que permite o acesso à internet, mais pessoas puderam se conectar à rede. Os boatos digitais ganharam os apelidos de “hoax”. São histórias falsas que circulam na internet. Recebidas por e-mail ou compartilhadas em sites de relacionamento, elas aparecem a todo momento.

Marcas também se aproveitam da dinâmica das redes sociais para “fabricar” notícias com potencial de viralidade. É o caso da notícia do enterro de um carro pelo milionário Chiquinho Scarpa. Em 2013, ele havia

chamado a imprensa para cobrir o enterro de seu carro de luxo no jardim de sua mansão. Mas, depois de toda a controvérsia que levantou, Chiquinho revelou que tudo tinha um motivo bem mais nobre: o lançamento de uma campanha de doação de órgãos. Alguns veículos fi zeram a cobertura ao vivo e caíram na pegadinha.

A divulgação de histórias falsas pode ter consequências reais, como causar prejuízos fi nanceiros, constrangimentos, injúria e difamação de pessoas, empresas e organizações. Em casos extremos, pode originar ações violentas. Em 2014, uma mulher foi espancada até a morte na cidade de Guarujá (SP), depois de ser acusada, em boatos em redes sociais, de que sequestrava crianças. No entanto, ela era inocente.

O jornalismo e a checagem de informações

A tradicional produção de notícias por empresas jornalísticas consistia em produzir e disseminar uma informação, a partir de uma equipe de profi ssionais e um acesso restrito a fontes. O emissor emitia a mensagem para o receptor, em um processo praticamente sem mediações. A imprensa exercia o papel de ser o porta-voz do mundo real.

Em nosso tempo, todos nós podemos produzir e receber informação. Com a internet, o cidadão pode criar a informação e a colocar em tempo real em relatos, vídeos e fotos. Se por um lado essa possibilidade democratiza a comunicação, por outro, facilita a divulgação de conteúdo feito sem responsabilidade.

O jornalista trabalha com a credibilidade dos fatos. O compromisso com a verdade e a apuração precisa são fundamentais para o jornalismo e permitem que um veículo seja uma fonte de informação confi ável e de credibilidade.

Um dos processos necessários à prática jornalística é a apuração, a etapa de checagem de informações. O jornalista deve checar os dados para ver se um fato é real ou não. Para isso, ele pode realizar entrevistas com diversas fontes, levantar informações

O que esperar da campanha eleitoral em 2018?Desinformação na era da informação:

O compartilhamento de mentiras e boatos na internet

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das fontes citadas, conferir dados, cruzar fatos e estabelecer conexões e contextos. Sem a checagem, o que se apresenta é um conjunto de dados que podem estar incorretos, incompletos ou que reflitam o interesse de uma pessoa e não o interesse público.

O sociólogo T. Shibutani afirmou que “o boato é o mercado negro das informações”. O uso das redes sociais representam um desafio a mais nessa questão. Agora é possível produzir um boato e em pouco tempo espalhar a notícia para milhares de pessoas.

O problema aumenta quando a pessoa só se informa pelas redes sociais. Em junho, o Facebook alterou seu algoritmo para diminuir o alcance de postagens de sites noticiosos e privilegiar posts de amigos e familiares. Esse mecanismo pode ter uma consequência inusitada: aumenta a probabilidade dos usuários receberem informações de quem pensa igual a ele --e, portanto, corrobora seu ponto de vista.

Muitas vezes as notícias falsas vão parar em jornais conceituados da grande imprensa como se fossem verdadeiras. Em 2014, isso aconteceu com a história da suposta exigência do ditador norte-coreano Kim Jong-Un, que teria imposto a todos os homens daquele país o seu corte de cabelo. A informação repercutiu pelo mundo e foi publicada como verdadeira na mídia online, corrompendo, deste modo, a credibilidade jornalística de apuração.

Como separar o joio do trigo, ou seja, o que é real do que é falso? A recomendação é que antes de compartilhar qualquer informação, quando possível, seja verificada a sua veracidade. Em um contexto de avalanche de informações e de rápida disseminação, a checagem se tornou uma atividade ainda mais complicada. Como checar tudo? A imprensa possui um papel estratégico nessa necessidade. Porém, a busca pelo furo de reportagem ou pelo clique mais rápido são alguns dos motivos que fazem com que muitos veículos da imprensa deixem o compromisso da checagem de lado.

A demanda de checar um grande volume de dados fez surgir serviços e organizações especializadas em descobrir a veracidade das informações que circulam na sociedade. Em 2015, 64 grupos praticavam a checagem de fatos e dados publicados pela imprensa em mais de trinta países.

A ascensão da era da pós-verdade

O termo “pós-verdade” foi eleito pela Universidade de Oxford como a palavra do ano de 2016. O adjetivo diz respeito a circunstâncias nas quais fatos objetivos e reais têm menos importância do que crenças pessoais.

A palavra é cada vez mais usada na cobertura de temas políticos. Segundo analistas, a verdade está perdendo importância no debate político e as pessoas não estão sendo influenciadas

por argumentos racionais e pelos fatos concretos. Elas estão tomando decisões com base em suas emoções, sentimentos e crenças, ou seja, suas visões de mundo.

Assim, um boato de algo que não aconteceu mas que esteja alinhado à visão de mundo de uma pessoa ganha destaque com a pré-disposição dela em acreditar naquilo. E a sua circulação massiva e sem controle produz um efeito de verdade. O problema é que a pessoa nega o conhecimento, pois prefere acreditar na mentira, em algo que corrobore ou que não abale suas crenças.

São exemplos o boato divulgado de que o papa Francisco apoiava a candidatura de Donald Trump. Outro exemplo é a saída da Grã-Bretanha da União Europeia, apelidada de “Brexit”. Durante a campanha pelo Brexit, foram espalhados boatos mentirosos de que a permanência no bloco custava à Grã-Bretanha US$ 470 milhões por semana. Apesar de infundadas, denunciar as informações falsas não foi suficiente para mudar a opinião pública. As mentiras foram inventadas para inflar preconceitos e radicalizar posicionamentos.

Por Carolina Cunha, da Novelo Comunicação

NOTA DA UNBAMIBB: Assim, caro leitor.... Na campanha eleitoral 2018, cuidado com aquilo em que você vai acreditar....

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