A Práxis Pedagogica

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No século XX, a educação brasileira passou por diversas transformações, a começar na década 30, quando ocorreu o manifesto dos pioneiros que tinham como finalidade interferir na organização social do Brasil, mais precisamente no âmbito educacional, essas manifestações são o marco inicial das transformações educacionais que a princípio propunham que o Estado organizasse um plano geral de educação escolar pública e gratuita.A partir daí a relação de ensino era transmitir conceitos aos alunos, numa concepção tradicional de ensino, considerando-se a norma culta, ou seja, as normas da língua, domínio da gramática, sua história e conceito. Sendo assim o professor é o dentor do saber, com o objetivo de transmitir os conteúdos, neste caso os aluno passa a ser um recipiente destes conteúdos, o professor sabe, o aluno acerta ou erra.Já nos anos 70, cria-se uma nova lei de Diretrizes e bases da Educação (LDB), a lei n°. 5692/71, com a concepção de que o aluno internalizasse o saber, que estava fora dele, por meio de repetição, os livros didáticos, tornam-se grandes aliados dos professores, não havia mais o dentetor do saber, nem o aluno recipiente de conhecimento.Surge então um novo professor de língua portuguesa, em meados dos anos 80, com uma abordagem centrada no ensino à leitura de textos, na variação línguistica, na análise de redações paralelas, à bandeira da abolição do ensino da generos textuais, por uma postura de entender a gramática, a forma necessária e contextualizada.Nos anos 90 o ensino de língua materna tenta conciliar num único processo a teoria e a prática partindo da ideia da singularidade humana respeitando os diferentes saberes. O professor vem com a experiência da interação fomentando as ideias dos próprios alunos de expressarem suas opiniões. É a partir desse contexto que os PCN concretizam os parâmetros sobre a visão do ensino e aprendizagem. Assim, é nessa contextualização do desenvolvimento histórico que vamos situar a práxis pedagógica de nossas conjecturas, mais precisamente na ação comunicativa entre professor e aluno, no âmbito das transformações educacionais do mundo contemporâneo.

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Linguagem e cultura;

INTRODUONo sculo XX, a educao brasileira passou por diversas transformaes, a comear na dcada 30, quando ocorreu o manifesto dos pioneiros que tinham como finalidade interferir na organizao social do Brasil, mais precisamente no mbito educacional, essas manifestaes so o marco inicial das transformaes educacionais que a princpio propunham que o Estado organizasse um plano geral de educao escolar pblica e gratuita.A partir da a relao de ensino era transmitir conceitos aos alunos, numa concepo tradicional de ensino, considerando-se a norma culta, ou seja, as normas da lngua, domnio da gramtica, sua histria e conceito. Sendo assim o professor o dentor do saber, com o objetivo de transmitir os contedos, neste caso os aluno passa a ser um recipiente destes contedos, o professor sabe, o aluno acerta ou erra.

J nos anos 70, cria-se uma nova lei de Diretrizes e bases da Educao (LDB), a lei n. 5692/71, com a concepo de que o aluno internalizasse o saber, que estava fora dele, por meio de repetio, os livros didticos, tornam-se grandes aliados dos professores, no havia mais o dentetor do saber, nem o aluno recipiente de conhecimento.

Surge ento um novo professor de lngua portuguesa, em meados dos anos 80, com uma abordagem centrada no ensino leitura de textos, na variao lnguistica, na anlise de redaes paralelas, bandeira da abolio do ensino da generos textuais, por uma postura de entender a gramtica, a forma necessria e contextualizada.Nos anos 90 o ensino de lngua materna tenta conciliar num nico processo a teoria e a prtica partindo da ideia da singularidade humana respeitando os diferentes saberes. O professor vem com a experincia da interao fomentando as ideias dos prprios alunos de expressarem suas opinies. a partir desse contexto que os PCN concretizam os parmetros sobre a viso do ensino e aprendizagem. Assim, nessa contextualizao do desenvolvimento histrico que vamos situar a prxis pedaggica de nossas conjecturas, mais precisamente na ao comunicativa entre professor e aluno, no mbito das transformaes educacionais do mundo contemporneo.1.1. PROFESSOR X ALUNO

A relao entre professor e aluno um dos principais temas a serem abordados no momento atual. Devido as constantes transformaes do ensino no Brasil, at a chegada dos anos 90, com a criao dos PCN, no qual, constituem-se em orientar o ensino de forma a adequ-lo aos ideais democrticos e busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas brasileiras (PCN introduo.1998, p.49), Com essas novas perspectivas, a relao professor e aluno, tornou-se se um elemento central das discusses da prxis pedaggica.

Segundo o livro Didtica e avaliao em lngua portuguesa das autorasAna beatriz Paulo e Rita do Carmo Polli da Silva so nas relaes entre professores e alunos que acontecem a essncia do ato de ensinar e aprender. ai que deve comear o estudo da lngua e da linguagem no cotidiano escolar (PAULA, POLLI DA SILVA, 2008, p.24). So nessas trocas culturais entre professores e alunos que desencadeiam o desenvolvimento das capacidades epistmicas formando os detalhes que vo suscitar a motivao do aluno para o princpio do ato de aprender. Acompanhe o seguinte raciocnio:Outro habito do professor, ao falar, o uso do pronome ns quando fala com a classe. O programa silencia os alunos e os afastou do professor, e assim o professor cria uma falsa camaradagem dizendo: Ns vamos fazer um trabalho escrito para semana que vem, ou amanh veremos a revoluo Francesa, quando o que realmente quer dizer : eu estou dando um trabalho escrito como lio de casa. O ns puro verbalismo, uma democracia verbal, porque no h democracia de fato, ela manipuladora. Os alunos ouvem, rotineiramente, o que a pessoa solicitaria l na frente da sala o professor um "eu" responsvel por ns um sujeito acima deles, os objetos - fala com eles como se j tivessem concordado com qualquer coisa que o eu tenha dito, quando, de fato no se combinou nada sobre esse ns. O ns" professoral um modo pela qual a pedagogia tradicional tenta ocultar seu autoritarismo. (PAULA, POLLI DA SILVA, 2008, p.24)

1.2. A AO COMUNICATIVA: PROFESSOR X ALUNO.O programa silencia os alunos e os afastou do professor (PAULA, POLLI DA SILVA, 2008, p.24)Segundo o interacionismo scio cognitivo, idealizado por Jean-Paul Bronckart, professor de lnguas na universidade de Genebra e pesquisador de anlises de estruturas e funcionamento dos textos e suas relaes com as atividades humanas, so nessas relaes interpessoais, por meio das prticas de linguagem que so estabelecidos o desenvolvimento das capacidades epistmicas, ordem dos saberes e ordem do agir, dos seres humanos. (BRONCKART. 2006. p.4)Essa ideia est ratificada no texto, no momento da fala do professor com uso do, ns ,em que, desencadeia a ao do comportamento do aluno, descrito no pargrafo primeiro da respectiva citao: O programa silencia os alunos e os afastou do professor (PAULA, POLLI DA SILVA, 2008, p.24)

. O ns estabelecido pelo professor, proporcionou uma relao de causa e efeito, a causa foi a ao comunicativa do discurso professoral, que desencadeou o comportamento repulsivo do aluno. Esse agir comunicativo nas relaes de troca com o meio, ou seja, entre professor e aluno, de acordo com a perspectiva do scio interacionismo cognitivo: constitu as nossas representaes de mundo, assim medida que nos comunicamos com o docente, adquirimos representaes de mundo, isto , a nossa maneira de ver o mundo e agir sobre mesmo, assim, a partir desse ns professoral, o aluno interpreta e reproduz em seu carter discursivo e comportamental. Portanto, a princpio so nessas relaes interpessoais o ponto de partida a criar possibilidades para a construo do conhecimento, mas nessa ao comunicativa descrita no texto, o professor obstruiu a construo do aprendizado afastando os alunos.1.3. A FALSA DEMOCRACIA VERBAL.

O ns puro verbalismo, uma democracia verbal, porque no h democracia de fato, ela manipuladora. (PAULA, POLLI DA SILVA, 2008, p.24)

Na continuidade do texto, a autora revela que: O ns puro verbalismo, uma democracia verbal, porque no h democracia de fato, ela manipuladora. (PAULA, POLLI DA SILVA, 2008, p.24). Essa falsa democracia impede a evoluo cognoscente do aluno, cauterizando uma ao participativa do mesmo. De acordo com Ansio Teixeira, um dos principais idealizadores das transformaes educacionais no Brasil, este entendia que o aluno tinha que ser participativo na sala de aula, e no s apenas um rob que recebe ordens; a proposta era um aluno ativo nas decises, aes e experincias a serem vivenciadas na escola. O pesquisador Mrcio Ferrari explica que Ansio tinha uma viso que: o professor deve dar a liberdade para o aluno elaborar seus prprios conceitos. Educar mais do que reproduzir conhecimentos e incentivar o desejo de conhecimento contnuo, preparar pessoas para transformar algo (Ferrari. M. revista escola. edio 19, 2013, p.95). Dessa forma, as relaes que se travam do ns professoral impede a participao do aluno colocando-o como um comandado sem nenhuma autonomia, isso est concretizado no seguinte trecho:Os alunos ouvem, rotineiramente, que a pessoa solicitaria l na frente da sala o professor um eu responsvel por ns um sujeito acima deles, os objetos - fala com eles como se j tivessem concordado com qualquer coisa que o eu tenha dito, quando, de fato no se combinou nada sobre esse ns (PAULA, POLLI DA SILVA, 2008, p.24).

Freire elucida a seguinte questo: A autoridade sendo um produto da relao professor-aluno no de toda errada e nem necessria, porm realizada de forma eficaz, conduz o discente a se disciplinas, sendo esse ento capaz de adequar seu comportamento a determinadas regras, definida por ele ou no. (FREIRE, 1989 p.85-84).A relao que se estabelece entre o professor e o aluno deve ser construda por ambos, desenvolvendo um acordo, a fim de conduzir os educandos a aceitar e a entender as regras e as posturas que sero tomadas com a possibilidade que haja mudanas nestas, afinal a educao no se pode ser construda em cima de algo que traga a quebra da relao com o docente e o discente, portanto deve haver disponibilidade para o dilogo o qual professor e aluno entraro em um consenso e contribuiro para uma melhor educao.1.4. AO ANTIDIALGICA O professor um eu Responsvel por ns um sujeito acima deles, os objetos - fala com eles como se j tivessem concordado com qualquer coisa que o eu tenha dito." (PAULA, POLLI DA SILVA, 2008, p.24).

No livro pedagogia do oprimido no captulo da teoria da ao antidialgica, Paulo Freire expem a atuao entre professor e aluno no contexto de relaes que cauterizam a prtica educativa, antes de adentramos e preciso ressaltar o que dilogo, em que freire coloca no livro pedagogia da autonomia. Como professor no devo poupar oportunidade para testemunhar aos alunos a segurana com que me comporto ao discutir um tema, ao analisar um fato, ao expor minha posio em face de uma deciso governamental. Minha segurana no repousa na falsa suposio de que sei tudo, de que sou o "maior". Minha segurana se funda na convico de que sei algo e de que ignoro algo que se junta a certeza de que posso saber melhor o que j sei e conhecer o que ainda no sei. Minha segurana se alicera no saber confirmado pela prpria existncia de que, se minha inconcluso, de que sou consciente, atesta, de um lado, minha ignorncia, me abre, de outro, o caminho para conhecer (FREIRE, 2002, p.86).Assim, a compreenso de dilogo de acordo com Freire se afirma em uma relao horizontal entre A e B, e no um dilogo oposto ao antidilogo, que implica numa relao vertical de A sobre B. Dessa forma no livro pedagogia do oprimido o dilogo desmorona a prxis, ao e reflexo, seja, a essncia de sermos diferentes dos animais, seres de o puro fazer. Os animais no admiram o mundo. Imergem nele. "Os homens, pelo contrrio, como seres do que fazer, emergem dele e, objetivando-o, podem conhec-la e transforma - l com seu trabalho (FREIRE, p.70). A prxis ento, a nossa capacidade de transcender, evoluir, pois isso s possvel pela capacidade que temos de ao e reflexo constante, em que no texto, de acordo com Freire, o trecho o professor um eu Responsvel por ns um sujeito acima deles, cauteriza essa prxis , pois em nossas relaes de dialogo temos que estimular em todos os momentos uma constante reflexo aos alunos , um fazer participativo na tomada das ideias. No possvel tomarmos os oprimidos como meros fazedores ou executores de nossas determinaes; como meros ativistas a quem negue a reflexo sobre o seu prprio fazer. (FREIRE. 2002, p.86)1.5. CONSIDERAES FINAIS

Diante das discusses traadas, em que partimos da importncia da linguagem na criao da conscincia e comportamento, depois passamos a expor um dos precursores das novas perspectivas da educao no mundo contemporneo, em que, este traz uma viso de um aluno participativo, na sequencia atuamos com Paulo Freire aprofundo cada vez mais a importncia do dialogo com a teoria antidialgica e a prxis na atuao da transcendncia humana, agora, vamos terminar com a reflexo da filosofa Maria Lucia de Arruda em seu livro filosofia da educao, com o objetivo de afunilar nossa reflexo buscado a essncia do ato de ensinar. A autora expem, no capitulo autoridade do mestre, os limites e possibilidade no ato de ensinar, escreve que existe dois tipos de alunos o emprico, relacionado os desejos e interesses e aluno concreto que se da pela sntese das relaes sociais. A escritora enfatiza que a imposio social no retira a liberdade, apenas condiciona o aluno, ento, a autora v nessa realidade condicional a possibilidade de conscientizao das necessidades fundamentais que devem ser satisfeitas nas relaes recprocas entre humanos ,ou seja, a prxis para a humanizao.

O professor no deve dirigir o aluno para um ponto escolhido de antemo, como no referente texto, mas dar condies para que o educando encontre seu prprio caminho,o docente nesse contexto precisa criar condies de ao e reflexo para o despertar da conscincia moral, pois segundo a autora que se apoia nas ideias do filsofo Emanuel Kant: segundo a conscincia moral que os homens regem suas vidas ,assim, a moral para Kant uma lei universal que compreendida pela razo, desse modo, o aluno concreto precisa se sobrepor as inclinaes individuais (aluno emprico) por meio da razo, em que, o professor o mediador desse processo , assim, a educao ao desenvolver o carter da razo leva a formao do carter moral.Portanto segundo essa reflexo dentro de uma reinterao das discusses. a educao, por meio da linguagem ao desenvolver o carter da razo na prxis da ao e reflexo leva a formao do carter moral, criando uma relao horizontal entre professor e aluno, pois o aluno concreto compreende e passa a respeitar o professor, quando percebe que os dois tem algo em comum na sala de aula, ou seja, ambos em busca da transcendncia. BIBLIOGRAFIA

BEATRIZ PAULA, Ana, POLLI DA SILVA RITA do Carmo. Metodologia do Ensino da Lngua Portuguesa e Estrangeira ,Didtica e avaliao em lngua portuguesa. Curitiba 2008, p. 24. Editora:Ibpex BOCK Bahia & MercS. Psicologias uma introduo ao estuda da psicologia. So Paulo. 1999. p.75. Editora Saraiva.

BRONCKART, Jean Paul. Atividades de linguagem textos e discusos. Por um Interacionismo Scio-discursivo.So Paulo. 1999. p

.Editora PUC_SP

BRONCKART, Jean Paul. Interacionismo Scio-discursivo: uma entrevista com Jean Paul Bronckart. Revista Virtual de Estudos da Linguagem ReVEL. Vol. 4, n. 6, maro de 2006. Traduo de Cassiano Ricardo Haag e Gabriel de vila Othero.

FERRARI. M. Ansio Teixeira: O inventor da escola pblica no Brasil .Revista Nova escola . edio 19, 2013, p.95.FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. So Paulo, 1996. 92 p. Revisado pelo Coletivo Sabotagem.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17 Ed. Rio de Janeiro. 1987, p.70. Editora: Paz e terra

MANIFESTO dos Pioneiros da Educao Nova. A Reconstruo Educacional do Brasil. Ao Povo e ao Governo.So Paulo: Companhia Editora Nacional, 19327