Maleta Pedagogica

111
FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS 0 MALETA LÚDICO/PEDAGÓGICA CONTOS E JOGOS DRAMÁTICOS

description

histórias

Transcript of Maleta Pedagogica

Page 1: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

0

MALETA

LÚDICO/PEDAGÓGICA

CONTOS E JOGOS DRAMÁTICOS

Page 2: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

1

ÍNDICE

INTRODUÇÃO À MALETA LÚDICA ................................................................................... 3

HISTÓRIAS ........................................................................................................................................ 5

O LOBOFEROZ ...................................................................................................................................... 5

A ARANHA COM TEIAS DE OURO ......................................................................................................... 8

A VASSOURA MÁGICA........................................................................................................................ 12

PORQUE É QUE EU SOU TÃO PEQUENO? ........................................................................................... 20

A FADA DESASTRADA ......................................................................................................................... 23

A CHUPETA DE NINA .......................................................................................................................... 29

A GALINHA QUE PUNHA OVOS DE OURO .......................................................................................... 32

A PRINCESA QUE BOCEJAVA A TODA A HORA ................................................................................... 35

O CASAMENTO DA GATA ................................................................................................................... 38

O GRILO VERDE .................................................................................................................................. 41

A CASA DA MOSCA FOSCA ................................................................................................................. 47

A BORBOLETA BRANCA ...................................................................................................................... 55

O GIGANTE E AS TRÊS IRMÃS ............................................................................................................. 59

O LAGO DOS CISNES ........................................................................................................................... 68

CHIBOS SABICHÕES ............................................................................................................................ 72

A FESTA DE ANOS ............................................................................................................................... 77

QUEM ESTÁ AÍ? .................................................................................................................................. 82

UMA HISTÓRIA DE DEDOS ................................................................................................................. 89

JOGOS .................................................................................................................................................. 92

NOME DO JOGO: TELEGRAMA ........................................................................................................... 92

NOME DO JOGO UM BAÚ MÁGICO .................................................................................................... 93

NOME DO JOGO: PANOS .................................................................................................................... 94

NOME DO JOGO: DE QUEM É? ........................................................................................................... 95

NOME DO JOGO: SEGREDOS .............................................................................................................. 96

NOME DO JOGO: PADRÕES ................................................................................................................ 97

NOME DO JOGO: IMITA-ME... ............................................................................................................ 98

NOME DO JOGO: TRANSMITINDO EMOÇÕES .................................................................................... 99

NOME DO JOGO: O JOGO DAS PORTAS ........................................................................................... 100

NOME DO JOGO: O TESOURO .......................................................................................................... 101

NOME DO JOGO: JOGO DO TACTO................................................................................................... 102

Page 3: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

2

NOME DO JOGO: DE QUE OBJECTO ESTOU A FALAR? ...................................................................... 103

NOME DO JOGO: PASSOS & PASSOS ................................................................................................ 104

NOME DO JOGO: EXPLORAR OS OBJECTOS REDONDOS .................................................................. 105

NOME DO JOGO: O JOGO DAS PORTAS ........................................................................................... 106

NOME DO JOGO: BRINCANDO COM A VOZ...................................................................................... 107

NOME DO JOGO: UMA VASSOURA É UM CAVALO........................................................................... 108

NOME DO JOGO: BRINCANDO COM FANTOCHES ............................................................................ 109

Page 4: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

3

INTRODUÇÃO À MALETA LÚDICA

A Maleta Lúdico/Pedagógica é um projecto a longo prazo e que se vai construindo.

Nesta Maleta Lúdico/Pedagógica estão presentes vários jogos dramáticos, histórias,

cartas ilustradas e cartas com palavras. Relativamente às cartas ilustradas, as imagens

recolhidas são de contos ilustrados pela Manuela Bacelar, tendo também duas

imagens de outros dois ilustradores. A imagem da floresta é do ilustrador Stephane

Jorisch e a imagem do pássaro, da ilustradora Elsa Navarro.

É relevante referir a importância de utilizar, como instrumento de trabalho, esta

Maleta Pedagógica em contexto escolar. Através desta maleta há possibilidade de criar

contos a partir de imagens, fazer jogos de expressão dramática, contar, dramatizar e

explorar interdisciplinarmente as histórias.

Relativamente aos jogos dramáticos, estes dão oportunidade à criança para

experienciar situações que possibilitam a construção do conhecimento e o

desenvolvimento de uma expressão ampla, verbal, gestual e criadora.

No domínio da expressão dramática há um grande número de tipos jogos que se

podem implementar. Nesta Maleta Pedagógica são abordados os jogos de

apresentação, que ajudam a pôr as pessoas à vontade num grupo recém-formado e

permitem descobrir coisas interessantes ou especiais sobre os outros membros do

grupo. No maior número de jogos, os jogadores desempenham sozinhos os seus

papéis. É frequente que estes jogos sejam de curta duração e que os pares se vão

alternando, para que todos se fiquem a conhecer. São também abordados os jogos de

sensações, que ajudam os participantes a utilizar os sentidos e a desenvolver a

concentração. Os jogos de sons destinam-se a consciencializar os participantes para os

sons que os rodeiam. Os jogos com máscaras são jogos onde a cara está parcial ou

totalmente coberta, o que implica que o meio típico de expressar emoções está

escondido, por isso mesmo, é necessário exagerar nos gestos e torná-los mais claros.

Os jogos com fantoches implicam que o seu manipulador tenha confiança e esteja bem

preparado na apresentação para que o fantoche não faça movimentos incorrectos. Os

jogos de confiar, ver e ouvir e, também, os jogos de Pantomima permitem a

Page 5: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

4

representação de emoções, acções e situações sem recurso a falas, a efeitos sonoros

ou a adereços. Para não ficarem muito silenciosos, o educador/animador pode pôr

música ambiente, apropriada para a história ou situação.

Page 6: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

5

HISTÓRIAS

O LOBOFEROZ

Era uma vez um lobo mandrião que, para não se esforçar muito, só comia

papas de arroz com noz.

Um dia, olhando-se ao espelho, percebeu que estava tão magro que já não

metia medo nenhum. Então decidiu mudar de vida e tornar-se num lobo feroz.

Anda que anda, o lobo encontrou uma CABRA:

- Cabra, tenho fome…e por isso vou comer-te!

- Então, tu que és? – perguntou a cabra.

- Sou o Loboferoz, farto de papas de arroz com noz.

- Pois abre bem a boca, que vou dar um salto para que me engulas de uma só

vez.

O lobo abriu a boca. A cabra subiu a uma colina, desceu a correr… E deu-lhe tal

cornada, que lhe partiu três dentes.

Quando o lobo recuperou os sentidos, viu um BURRO a pastar no prado:

- Burro, tenho muita fome… e vou comer-te!

- Então, tu quem és? – perguntou o Burro.

- Sou o Loboferroz,

Farto de cabras, e de papas de arroz com noz.

- Pois vai começando pelo rabo, que eu continuarei a comer erva para estar

mais gordo, e te encher mais.

E quando o lobo se pões atrás dele, o burro deu-lhe tal coice que o atirou para

cima de um carvalho.

Quando o lobo conseguiu descer da árvore, encontrou uma OVELHA:

- Ovelha, tenho muita muita fome… e vou comer-te!

Page 7: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

6

- Então, tu quem és? – perguntou a ovelha.

- Sou o Loboferoz, farto de cabras, burros, e de papas de arroz com noz.

- Pois aproxima a tua orelha, que eu digo-te onde há agulhas para tricotar

meias com a minha lã.

O lobo aproximou-se confiado. A ovelha, com uma dentada, trincou-lhe a

orelha inteira e deixou-o completamente pálido.

Ainda não estava de todo recuperado o pobre lobo, quando passou uma VACA.

- Vaca, tenho muitíssima fome… e vou comer-te!

- Então, tu quem és? – perguntou a vaca.

- Sou o Loboferoz, farto de cabras, de burros, de ovelhas, e de papas de arroz

com noz.

- Pois bebe primeiro um bocadinho de leite das minhas tetas, que tenho as

carnes duras, e assim farás melhor a digestão.

Quando o lobo se pôs a beber, a vaca sentou-se em cima dele e deixou-o tal

qual um tapete de pele de lobo.

Aos poucos, aproximou-se um PORCO que andava a esgravatar bolotas:

- Porco, estou morto de fome… e vou comer-te!

- Então, tu quem és? – perguntou o porco.

- Sou o lobo feroz, farto de cabras, de burros, de ovelhas, de vacas, e de papas

de arroz com noz.

- Pois monta-te em cima de mim, que vou lavar o focinho e as orelhas para que

possas regalar-te com gosto.

O lobo montou-se em cima do porco e puseram-se a andar.

Quando estavam a chegar à aldeia o porco disse:

- É melhor avisarmos para que nos vão preparando o banho e nos despachemos

depressa. Grita tu, que eu estou sem fôlego.

Page 8: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

7

- AUUU…! – uivou o lobo.

Quando ouviram o lobo a uivar, os cães saíram de todas as casas da aldeia. O

lobo teve de fugir a correr para o monte, para não acabar esfolado.

E lá ficou para sempre o Loboferoz, a comer papas de arroz com noz.

Ficha Técnica da História

Autor Patacrúa

Ilustrador Chené Gómez

Local e data Pontevedra, 2006

Editora OQO

Tradução Dora Isabel Batalim

Tema (s) Educação Alimentar

Direcções de exploração pedagógica - A narrativa sensibiliza as pessoas a

terem uma alimentação saudável e

variada, por isso a educadora pode propor

a construção de uma pirâmide dos

alimentos;

- No Domínio da Expressão Plástica pode

ser construído um livro de receitas

saudáveis, no jardim-de-infância;

- Na Área do Conhecimento do Mundo,

podem ser explorados os vários animais

que estão presentes na narrativa (o que

comem, de que região são…).

Page 9: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

8

A ARANHA COM TEIAS DE OURO

À primeira vista esta pequena aranha não era muito diferente das suas semelhantes,

ocupadas como ela a tecerem as suas teias entre os espinheiros ou os fetos da floresta.

Passaria despercebida no pequeno mundo dos insectos, se não tivesse a faculdade

extraordinária de tecer fios…de ouro! Porquê? Sabe Deus porquê.

A verdade é que as suas teias brilhavam maravilhosamente ao sol e que a aranhazinha

tinha muita vaidade nelas. Não deixava de elogiar a qualidade excepcional dos seus

fios, além do mais tão finos e tão leves como os outros.

Um velho escaravelho que vivia no bosque e que os jovens insectos tratavam por Papá

Resmungão, recomendava-lhe muitas vezes mais modéstia e humildade, mas perdia o

seu tempo, como acontece muitas vezes aos que desejam ensinar aos outros as suas

experiências.

- Ah! Ah! Ah! – dizia, rindo, a aranha -, se você tecesse teias de ouro como estas, ficaria

tão orgulhoso delas como eu!

E assim espalhou-se por toda a floresta que a nossa pequena aranha pouco modesta

tecia teias de ouro: e todos vinham admirar o seu prodigioso trabalho e faziam-lhe

enormes elogios.

Esta notícia em breve correu o país inteiro e chegou mesmo aos ouvidos da princesa.

Esta, tão curiosa como vaidosa, quis possuir para seu uso pessoal uma fiandeira de

tanto talento.

Enviou à floresta servidores com a missão de trazerem para o palácio aquele insecto

prodigioso. Quais não foram a surpresa e a vaidade da aranha quando se viu assim

transportada, com todas as pompas dignas de uma pessoa importante, à presença da

princesa!

Todos os insectos da floresta se reuniram para assistirem à partida da sua

companheira e viram-na com inveja entrar na caixa forrada de seda que lhe devia

servir de coche.

Page 10: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

9

Todos os insectos excepto o escaravelho que resmungava que tantas honras não eram

necessárias para uma vida feliz.

Assim, a pequena aranha compareceu perante princesa, que pediu logo para ver uma

amostra do seu trabalho. A nossa hábil tecedeira pôs-se então a tecer os seus belos

fios, e a princesa, maravilhada, mandou-a instalar numa bonita gaiola de cristal, dando

ordem aos criados para lhe fornecerem todos os pulgões gorduchos que ela quisesse

comer.

Muito lisonjeada e satisfeita pela sua sorte, a aranha, dando livre curso à sua

imaginação e à sua fantasia, pôs-se então a fazer rendas maravilhosas, arabescos

caprichosos para adornar com enfeites sumptuosos a princesa. Quando esta tinha

convidados, mandava sempre que lhe trouxessem a gaiola de cristal e a aranhazinha

empertigava-se, sentindo-se assim o foco das atenções dessas nobres assembleias: ah!

Se o escaravelho pudesse vê-la assim encantando os mais altos dignitários do país!

Mas, um dia em que trabalhava à frente da janela aberta sobre o jardim, sentiu

vontade de ir correr um pouco no bosque. Pediu autorização à princesa, que recusou

de imediato:

- Não, minha bela amiga – respondeu-lhe ela -, és demasiado preciosa para mim. E se

nunca mais voltasse?

- Mas eu volto – protestou a aranha.

- Acredito em ti, mas podias ser devorada por um pássaro ou esmagada pelo pé de

uma pessoa… Não, não quero correr nenhum risco de te perder.

E foi assim que a aranhazinha perdeu a esperança de voltar a ver a sua floresta natal.

De repente, o seu palácio de cristal tornou-se para ela uma prisão detestável. Apesar

de saborear as suas suculentas refeições, pôs-se a invejar cada vez mais os insectos

que pulavam, rastejavam, volteavam lá fora. Quando viu, uns dias depois, uma aranha

a balançar-se na ponta do seu fio, ficou com o coração despedaçado. E pôs-se a pensar

no velho escaravelho e nos seus sábios conselhos: porque não lhe tinha dado ouvidos

e vivera simplesmente no seu espinheiro, em vez de gritar aos sete ventos do que era

capaz?

Page 11: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

10

- Se conseguir fugir, nunca mais vou ser vaidosa – prometeu ela a si própria. Um dia, o

lacaio encarregado de levar a gaiola de cristal à princesa tropeçou e deixou-a cair: cric!

crac! Partiu-se em mil pedaços no chão.

Primeiro, atordoada pelo choque, a aranha rapidamente voltou a si, percebendo que

estava livre. Que felicidade! A toda a velocidade das suas oito patas atravessou a sala,

passou por baixo da porta e embrenhou-se na relva do jardim e depois correu, correu

a toda a velocidade para a floresta.

Em vão se lastimou a princesa e os criados, muito confusos, a procurarem pelo parque

e no palácio…Bem escondida sob uma folha de amoreira, a aranha, que reencontrara a

alegria de viver, contava as suas aventuras aos insectos da floresta. E, satisfeito por

não se ter enganado, o velho escaravelho acenava com a cabeça por aquele feliz

desenlace.

Ficha Técnica da História

Autor Janine Gollier

Ilustrador François Ruyer

Local e Data

Editora Civilização

Tema (s) Vaidade

Direcções de exploração pedagógica - Na Área do Desenvolvimento Pessoal e

Social, dialogar com as crianças sobre a

atitude da aranha: “o que é que fez a

aranha reconhecer que o escaravelho

tinha razão?”

- Também na Área do Desenvolvimento

Pessoal e Social fazer a distinção entre

vaidade e humildade e pedir às crianças

Page 12: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

11

que identifiquem os humildes e os

vaidosos da narrativa;

- Na área do Conhecimento do Mundo

explorar sobre a vida das aranhas, nos

conteúdos relativos à biologia;

- No domínio das expressões realizar um

trabalho de expressão plástica sobre as

teias de aranhas.

Page 13: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

12

A VASSOURA MÁGICA

Era uma vez uma vassoura que não era como as outras vassouras.

Não era uma vassoura de jardim, com cabeleira de ramos.

Não era uma vassoura de cozinha, com cabeleira de palha.

Não era uma vassoura de casa de banho, com cabeleira de piaçaba.

Não era uma vassoura de sala, com cabeleira de penas.

Nem destas modernas vassouras, todas feitas de plástico.

Era uma vassoura mágica.

Quando a bruxa Rabucha ia, nas noitas de 6ª feira, aos bailes das bruxas,

montava na vassoura, pronunciando as palavras mágicas:

Varre, varre, abracadabra,

A poeira que há no ar.

Rasga no céu uma estrada

Sempre, sempre a vassourar.

E a vassoura voava, como um cavalo de asas.

Naquele ano o Inverno ia longo e frio. A bruxa Rabucha tiritava no seu fato de

farrapos, na gruta coberta de teias de aranha e ninhos de morcegos.

Com a vassoura arrumada atrás da porta, o gato preto aos pés, a fazer de

botija, dormitava quando bateram à porta.

- Quem é?

- Não adivinhas? É a tua prima, a bruxa Capucha.

-Entra, entra, que tenho uma ratazana cozida para o jantar, com esparregado

de urtigas…Vais gostar…E um docinho de baba de sapo…

Page 14: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

13

- Não me apetece. Sabes, habituei-me a comer em restaurantes ou a comprar

comida feita nos supermercados. Já não me caem bem os pratos tradicionais.

- Também tu! Deixaste de ser bruxa?

-Hoje sou, com muito orgulho, limpa-chaminés!

- E usas a vassoura voadora para limpar chaminés?

-Pois claro!

-Isto realmente vai de mal a pior.

-A prima Ramelosa empregou-se como porteira de um milionário para assustar

os pedintes.

A prima Guedelhuda, que antes fazia vassouras mágicas, é operária de uma

fábrica de aspiradores. Ganha ordenado certo, férias pagas e até subsídio de Natal.

A prima Chafurdona, que preparava os caldos enfeitiçados, faz hoje caldo verde

na Feira Popular.

A prima Olheirenta, especialista no mau olhado, vende óculos para o sol.

A prima Malvina, que era a rainha das curas milagrosas, tirou o curso de

enfermagem e trabalha agora num hospital.

-E a Verruguinha, a filha dela, que ainda andava a estudar?

-Ah, essa trabalha num circo, a fazer magias. Parece que até está para casar

com um palhaço.

-Que vergonha…

-São os novos tempos. A razão da minha visita é mesmo informar-te de que és a

última bruxa a exercer a profissão.

A bruxa Rabucha mal podia acreditar nas palavras que ouvia. Tomou um duche

gelado numa nuvem escura para refrescar as ideias e sentou-se à porta de casa a

deitar contas à vida.

Perdera família, amigos, clientes (quem é que ainda acredita nas bruxas?).

tinham-se acabado os bailes de 6ªa feira, com as fogueiras crepitantes, à roda das

Page 15: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

14

quais tanto gostava de dançar. Restava-lhe um gato velho, um mocho zarolho, uma

vassoura despenteada.

Olhou para o calendário espetado com um dente de cobra na parede e

exclamou:

-Carnaval! É a melhor altura para eu descer até à cidade sem ninguém

estranhar.

Montou na vassoura até à paragem da camioneta. Nem cinco minutos esperou.

Sentou-se comodamente (melhor que na vassoura, que não tem encosto) e deixou-se

levar. Só que a camioneta virava à direita, à esquerda, subia, descia, travava,

acelerava, enquanto a bruxa enjoava, enjoava, enjoava.

-Ai que não trouxa os pós mágicos…Ai que se me viram as tripas…

E saiu, aflita na primeira paragem da cidade. Tão aflita, uma mão agarrada à

barriga, a outra à boca, que se esqueceu da vassoura mágica, que continuou viagem

até ao fim da carreira.

Ao vê-la ali caída, o motorista sorriu – Olha a vassoura sem bruxa! - e atirou-a

pela janela. Muita gente passou, sem lhe ligar importância.

Até que a Ana, uma menina do bairro de lata, a apanhou. Lavou-a no chafariz,

penteou-a com os dedos, espetou-lhe dois pregos a fingir de olhos, desenhou-lhe o

nariz e a boca. Pôs-se a dançar com ela ao som de um rádio. Era uma boneca.

Só que no bairro de lata, uma vassoura, mesmo sendo uma boneca, tem de

trabalhar. Com ela a menina limpava o tecto de tábuas, as esteiras de palha, a rua de

terra batida diante da porta. Quando acabava de trabalhar, a vassoura era de novo

boneca, era soldado muito direito a marchar e uma noite foi a cavalo.

A menina montou-a como se monta qualquer vassoura, mas aquela estranha

vassoura saiu pela janela, subiu pelo céu, passou por cima de cidades, rios, campos a

perder de vista. Ia chocando com um avião militar, assustou um bando de patos

bravos, furou 257 nuvens e por mais que a menina lhe gritasse, lhe arrepelasse os

cabelos, não havia meio de parar. Finalmente, desesperada, Ana deu-lhe um pontapé e

Page 16: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

15

a vassoura, muito mansa, pôs-se a baixar devagarinho, furou em sentido contrário as

257 nuvens, planou sobre a cidade e entrou pela janela aberta da casa de lata.

A partir daí, todas as noites, com o coração em sobressalto, não fosse alguém

descobri-la, ou perder o controlo da sua montada, a menina viajava.

Se é verdade que de dia não estudava as lições, porque estava cheia de sono, o

certo é que ia conhecendo o mundo, sabia onde nasciam os rios, onde crescia o trigo,

onde levavam os caminhos-de-ferro, onde os barcos se abrigavam da tempestade.

Tinha visto palácios reais, templos forrados a ouro, florestas virgens, cidades imensas.

-Como pode ela saber tanta coisa? - Perguntava a professora.

-É de ver televisão - dizia a mãe, pouco convencida.

Se um gato fugia com medo de um cão para o cimo da araucária, a maior

árvore do jardim, às escondidas montava a vassoura para o ir salvar. Os rapazes

admiravam-se.

-Dantes era sempre preciso chamar os bombeiros…

Se as bolas caíam no telhado do Sr. Zacarias, que não deixava ninguém ir buscá-

las, era certo e sabido que no dia seguinte estavam no chão.

A menina subira com a vassoura.

-Seria o vento que atirou a bola abaixo? – Perguntavam, admirados, os miúdos.

Se algum papagaio de papel se prendia nos fios, lá ia ela, sorrateira, soltá-lo.

-Como é possível? Estava tão embaraçado…

Só a menina sabia.

Como o pai de peixe, montava de noite a vassoura, por cima do mar e chegava

a casa toda salpicada das ondas mas como o camaroeiro cheio de carapaus, sardinhas,

pescadas e até peixes voadores.

Para sobremesa, trazia nêsperas, cerejas, nozes, castanhas, que colhia do alto

das árvores.

-A que mercado foste tu buscar esta fruta?

Page 17: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

16

-A nenhum.

-Não mintas, ó Ana – zangava-se o pai.

Quando faltava a água, dias a fio, no Verão, ia tomar banho e lavar a roupa ao

lago mais próximo, a 20 quilómetros.

-Onde é que lavaste a cabeça, rapariga? Como é que estás a estender a roupa?

O chafariz deita água só para ti? – Bisbilhotavam as vizinhas.

-Espero pela noite.

-Anda por aqui mistério, anda, anda….- todos diziam.

Mas qual seria?

Se a mãe se queixava do preço dos ovos, ao almoço apresentava-lhe uma

omoleta de ovos de águia.

-ó Ana, olha que isto não são ovos de galinha. Foste roubá-los à Srª Ermelinda,

que cria peruas?

-Não fui, não fui, achei-os – desculpava-se ela.

-Olha que ando com o olho em cima de ti. Somos pobres mas honrados. Livra-

te de roubar! – ameaçava a mãe. – Agarra-te à vassoura e limpa as teias de aranha, a

esteira, a rua diante da porta.

A vassoura cada dia ia ficando mais velha. Já não voava como antigamente.

Estava mesmo a precisar de oficina. Havia noites em que não pegava, como um carro

depois de uma grande chuvada, outras em que se ia abaixo, fraquejava.

Tinha o pau todo carunchoso e só lhe restavam três pêlos no alto da cabeça.

Ora numa noite de frio, em que a neve vestia de um cobertor branco o bairro

de lata, a menina abriu a janela mais uma vez para sair. Bem empurrava ela a vassoura,

lhe arrepelava os três pêlos, que ela teimava em não partir. Até que, tem-te-não-cais,

levantou voo para o norte, entre os flocos muito brancos que desciam pela escuridão.

-Vamos ver os pinguins e os ursos – propôs a menina.

A vassoura abanou a cabeça como quem diz que não.

Page 18: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

17

-Vamos ver os esquimós e as focas, estás a ouvir?

A vassoura tornou a abanar a cabeça.

-Já não tens genica. Estás boa para a reforma. Para cavalo de pau.

Ao ouvir isto, a vassoura pareceu reunir as últimas forças num solavanco

ofendido e rumou para a estrela polar.

Mas de repente - Zás, catrapás- começou a falhar: subia, para logo descer às

cambalhotas pelo ar.

-Volta para trás. Vamos descansar para casa, minha vassourinha – gritava a

menina, guiando-a em vão.

A vassoura continuava a descer, às cambalhotas, céu abaixo. Até que por fim –

pum! – se estatelou num campo aberto.

A Ana enregelava. Chamava e nenhuma voz lhe respondia. Só os lobos, ao

longe uivavam. Deixou-se ficar, muito encolhidinha, no seu casaco de malha fina, mas

as mãos sem luvas iam-se tornando duras e insensíveis, brancas como as mãos das

estátuas. Tirou uma caixa de fósforos da algibeira e acendeu um para se aquecer. Um

lindo fogo pequenino brilhou na noite, desentorpeceu-lhe os dedos, mas logo se

apagou. Acendeu outro. Logo se apagou. E outro e outro.

Ia morrer gelada, porque só tinha um único fósforo e não havia lenha para fazer

a fogueira. Lembrou-se do pai, da mãe, da sua pequena casa de lata. Acendeu o último

fósforo. Então a vassoura, num repente, moveu-se, pousando os três únicos cabelos no

lume. Um clarão de fogo de artifício rasgou a noite quando ela começou a arder,

primeiro a cabeça, depois a cara pintada, finalmente o pau carunchoso do seu corpo.

Os pastores da serra viram o clarão, desceram até à planície, onde encontraram

a Ana a chorar sobre as cinzas. Da vassoura nada restava senão os pregos dos olhos,

que a menina recolheu como um tesouro.

Quando chegou a casa, acompanhada de um pastor, levou uma sova para não

voltar a passar a noite ao relento.

Page 19: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

18

E a bruxa?

Sem dinheiro nem vassoura mágica, não podia voltar para casa.

Apanhou o Diário de Notícias num caixote de lixo e percorreu a página dos

anúncios.

“Hospedeira do ar – Precisa-se”.

Foi apresentar-se, cheia de esperança, pois tinha grande prática de voar. Não a

aceitaram pela horrível figura.

Em seguida foi oferecer-se como empregada a um colégio. Mas os meninos,

mal a viram, desataram a chorar e a fugir.

Resolveu então concorrer ao baile de máscaras do Carnaval e ganhou o

primeiro prémio.

-Parece uma autêntica bruxa!

-Até mete horror!

-Só lhe falta a vassoura! – exclamava toda a sala, aplaudindo.

Com o dinheiro do prémio comprou um vestido e dirigiu-se a um instituto de

beleza. Arranjou o cabelo, tirou os pêlos que lhe cresciam no queixo, arrancou as

verrugas, besuntou-se com cremes para amaciar a pele. Ao mirar-se ao espelho não

acreditou nos que os seus olhos viam.

No dia seguinte esta empregada ao balcão da Casa da Sorte a vender lotaria.

Por mais estranho que pareça, nunca adivinhou o número da sorte grande.

A menina para ir para a escola, a bruxa para ir para o emprego entram sempre

na mesma carruagem no metropolitano.

-Se em vez de ir aqui apertada, eu tivesse uma vassoura mágica – suspirava a

bruxa.

-Se em vez de ir aqui apertada também eu tivesse uma vassoura mágica –

suspira a menina.

Page 20: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

19

Ficha Técnica da História

Autor Luísa Ducla Soares

Ilustrador Paula Oliveira

Local e Data Porto, 1986

Editora Edições Asa

Tema (s) Imaginário;

Ambição.

Direcções de exploração pedagógica - Na Área do Conhecimento do Mundo,

pode ser explorado o planeta terra

através de globos, mapas e atlas; os

diferentes continentes e descobrir as

pessoas e os animais que lá habitam;

- Também na Área do Conhecimento do

Mundo, pesquisar as grandes mudanças

que ocorrem ao longo dos anos a nível do

vestuário, alimentação, profissões,

hábitos sociais, entre outras.

Page 21: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

20

PORQUE É QUE EU SOU TÃO PEQUENO?

Todas as manhãs, o Óscar perguntava a mesma coisa a si próprio:

“Porque é que eu sou tão pequeno? O meu irmão Marco é grande...porque é que eu

também não posso ser grande?”

O Óscar entrou na cozinha e perguntou à mãe: “Porque é que eu sou tão

pequeno?”

“És pequeno, és querido e és o meu ratinho fofinho!”, respondeu a mãe.

Mas o Óscar ainda não tinha percebido e, por isso, decidiu perguntar ao seu

irmão Marco.

O Marco estava na casa de banho a lavar os dentes: “Porque é que eu sou tão

pequeno”, perguntou o Óscar “ e tu és maior do que eu?”

“Eu sou maior do que tu, porque faço muito desporto, como muita comida

saudável e durmo muito”, disse o Marco.

“Talvez eu fique grande se fizer tudo o que o Marco faz”, pensou o Óscar e

correu para o jardim.

Fez exercício de alongamento, saltou à corda um bocadinho e jogou à bola.

Depois, correu para a cozinha. Sentou-se com a mãe e comeu alguma comida

saudável: cenouras e rabanetes, feijões e pão fresco... Também bebeu imenso leite.

Na hora da cesta o Óscar foi para o quarto e enfiou-se na cama mas não

conseguia adormecer... Estava tão excitado com a perspectiva de ficar maior!

Depois de descansar, o Óscar foi tomar um banho. Já se sentia um bocadinho

maior e pôs no cabelo um pouco do gel do Marco para parecer maior ainda. A seguir,

foi ao quarto do irmão e encontrou uma camisola de futebol vermelha. Agora que

estava mais crescido, já lhe devia servir.

No Óscar, a camisola do Marco parecia mais uma camisa de noite, mas ele nem

reparou.

Page 22: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

21

O Óscar decidiu ir para o parque de diversões com o Marco. Estava morto que

os amigos do irmão o vissem e dissessem: “estás tão grande!”. De certeza que seria

maior do que todos eles.

Quando chegaram ao parque de diversões, o Marco e os seus amigos subiram

para as barras. O Óscar também tentou subir, mas, por muito que tentasse as barras

eram muito altas e ele não lhe chegava. “PASSA-SE ALGUMA COISA!”, gritou o Óscar.

“Porque é que eu continuo tão pequeno?” “Não se passa nada”, disse o Marco.

“Crescer demora tempo... tens de fazer exercício, comer e dormir durante muito

tempo!”.

O Marco levou o Óscar para o sítio onde brincavam os ratinhos pequeninos.

“Olha para estes bebés. Tu já foste pequenino como eles, depois cresceste e cada dia

ficas maior... Talvez um dia fiques ainda maior do que eu!”

O Óscar sentiu-se muito melhor. Pegou num dos ratinhos mais pequeninos ao

colo. “Sabes porque é que és tão pequenino?” perguntou o Óscar. “ Deixa-me levar-te

ás cavalitas por esta encosta a baixo, enquanto te explico tudo!”

Ficha Técnica da História

Autor Eun Ju Kim

Ilustrador Eun Ju Kim

Data e Local 2002, Porto

Editora Âmbar

Tema (s) Crescimento e Educação Ambiental

Direcções de exploração pedagógica - Na temática corpo humano a educadora

pode explorar com as crianças as etapas

do crescimento e desenvolvimento

humano;

Page 23: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

22

- Na temática de saúde e bem-estar físico

e mental, a educadora deve sensibilizar as

crianças para a prática de exercício físico e

para terem uma alimentação saudável

(corpo são e mente sã);

- No Domínio da Expressão Plástica pode-

se construir uma pirâmide dos alimentos

e colocar fotografias dos alimentos. Para

fomentar a participação da família, as

fotografias deverão ser tiradas pelas

crianças com um acompanhamento dos

pais.

Page 24: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

23

A FADA DESASTRADA

Tu sabes que as fadas são lindas e prendadas. Mas a Fada Desastrada nasceu errada…

Nem parecia uma fada!

Era feia, gorda, desajeitada. O penteado estava sempre desmanchado. Trazia o

manto do avesso e tinha um sorriso tão travesso!...

Era traquina como qualquer menina e era até capaz de ter traquinices de rapaz.

Atirava fisgadas ás pessoas despreocupadas, puxava o rabo ao gato…

Era um desacato!

Por vezes, montava a vassoura da cozinha, em grandes cavalgadas.

-Parece uma bruxinha!, diziam as outras fadas.

A Fada Rainha quis conhecê-la e , ao vê-la, disse desapontada:

-De fada não tem nada!

E sempre que a via, repetia desanimada:

-De fada não tem nada!

Então a Fadazinha tentou ser perfeita no que fazia, mas não conseguia!

Tocava as plantas com a varinha de condão, mas em vez de flores bonitas,

nasciam fitas. Fitas de todas as cores! Eram bonitas mas não eram flores!

Começaram a temê-la e ela, com ar sisudo, quis compor tudo, mas apareceram

rosas na Amendoeira e amêndoas na Roseira!

Então, as plantas revoltadas convocaram o Conselho das Fadas, para a julgar.

A sessão ia começar.

A Fada Rainha com um manto de luz preso por uma estrela sentou-se no seu

trono de cristal.

As outras fadas sentaram-se junto dela.

Page 25: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

24

A Roseira, a Amendoeira e outras plantas eram testemunhas de acusação. E até

o gato lá estava, muito quietinho, sentado num cantinho, com muita atenção.

A ré acabara de chegar e de se sentar.

A Fada de Acusação perguntou zangada:

-Sabes de que és tu acusada?

-Não, Senhora Fada!

- Não estejas a fingir! Se começas a mentir, o castigo será maior! É melhor

dizeres a verdade! O teu comportamento será mesmo maldade?

E ela respondeu apressada:

- Não, eu sou apenas desastrada!

A Roseira, uma das mais atingidas com asneiras repetidas, perguntou:

-Porque não fazes as coisas com acerto?

E a Fadazinha, apesar de estar perto, gritou:

-Gostaria de ser perfeita no que faço, mas isto parece andaço!

A Rainha que fazia de juiz censurou:

-Não sabes que é feio gritar?

E a Desastrada, desorientada, já nem sabia como se desculpar! E então,

resolveu contar:

- Bem, eu estava destinada a ser um modelo de perfeição, mas nunca mais

nascia, e quando «cá cheguei» já era quase dia! As fadas estavam ensonadas e

as palavras mágicas saíram-lhes erradas! Nem me tocaram com a estrela da

varinha, como convinha, mas com o lado oposto! A mim, até me dava gosto

fazer o que me apetecia…e quando via as outras admiradas…dava gargalhadas!

Ria, ria… até cair para o chão… então vinham os ralhos e os conselhos! Era

preciso ter juízo! Mas eu não tinha! E todos contra mim, trouxeram-me até

aqui!

- E cheios de razão!, disse o gato refilão.

Page 26: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

25

E lembrando-se bem do que tinha passado, disse ainda, com ar de enfado:

-Proponho que esta Maria Rapaz me deixe o rabo em paz!

Então, nervosa, a tremer, a Fadazinha perguntou à Fada indicada para a

defender:

-Será meu destino ficar sempre assim? Dizem que sou ruim!

-Penso que não. Para seres ajuizada tu precisas de ser ajudada, e não castigada. Não

tens boas maneiras, mas tens bom coração! Poderás mudar para melhor!

-Sim senhor! A Fada tem razão!, gritaram as Plantas numa grande confusão!

E, muito interessadas, pediram à Rainha das Fadas que resolvesse a situação.

Então, sorrindo com bondade, ela tocou-lhe na mão com a varinha de condão.

Todos os presentes ficaram conscientes que algo de importante se iria passar.

O olhar da Fadazinha ficou preso à varinha e, pouco a pouco, começou a deixar

de ser gordinha e a tornar-se elegante e bonitinha. Depois, a Fada Rainha tocou-lhe o

coração e foi completa a transformação.

Bastava-lhe olhar para tudo embelezar, e as próprias flores lhe pediam favores.

Bastava respirar junto delas, para as tornar mais belas.

É agora uma das fadas mais bem comportadas, uma das de maior encanto.

Já não trás o manto do avesso, tem um sorriso lindo sem ser travesso… já não

faz nada do que antes fazia.

- Estar junto dela é uma alegria!

- Será??

- As plantas, o gato e a própria fadazinha andam contentes?

- Parece que estão a conversar.

- Vamos espiar?

Page 27: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

26

-Ninguém deseja que tu sejas má, mas, afinal, fadas boazinhas há tantas! Parecem

santas! Um pouco de traquinice não faz mal! É como o sal! Dá gosto e tempero à vida!

Dá alegria! Agora é uma monotonia! Diz lá Fadazinha, não andas aborrecida?

- Ando, sim senhor! Isto é vida? Gostava tanto de brincar, de arreliar! Não era melhor

uma partidinha de vez em quando?

Eu ando mortinha por isso! Livrem-me deste enguiço! Desta perfeição exagerada! Ser

tão certinha em tudo não leva a nada! Não prejudicar ninguém, está certo, está bem,

mas umas partidinhas das minhas… até tinham piada!...

-Não digas mais nada! Vamos além, à Montanha de Cristal, onde há remédio para o

teu e o nosso mal, pedir ao Génio da Graça que, embora te mantenha bondosa e

bonita, te deixe de vez em quando, dando largas á imaginação, fazer a tua partidita,

deixando toda a gente a rebolar-se a rir pelo chão…

- Oh! Meus amigos, tanto também não!

Puseram-se a caminho, com jeitinho, porque lá perto, quase ao chegar, o piso

também, era de cristal, e por seu mal quem não fosse devagar poderia rebolar,

batendo de certeza com as costas na dureza.

Não havia portas na montanha. Para entrar, bastava usar de manhã e dizer,

concentrando a mente:

- Quero e vou passar! O cristal será mole como a gelatina quando eu o atravessar!

Como a mente tem muito poder, é só querer!

O gato passou adiante e, muito lambareiro, imaginou uma sobremesa gigante,

que tremeu. Ele até lambeu!

O Génio tinha uma carequinha muito redondinha, com cabelos dos lados muito

branquinhos! Parecia linho. E a barba também parecia. Era uma simpatia!

Olhou-os e começou a rir. E quando ele se ria tinha uma cara patusca, tão

cómica e descarada que a Fadazinha ficou embaraçada.

Page 28: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

27

Já sei o que vos trás aqui! Larilolá, lariloli!, disse ele para as plantas e para o bichano.

Querem que todo o ano ela faça das suas! Que tanto em casa como nas ruas ande

desaustinada, sem comportamento de fada!

-Todo o ano não! Tenha compaixão!

-Então, dia sim, dia não?

-Oh! Por amor de Deus! Isso bradava aos Céus! Quase nem tínhamos descanso e nós

gostamos do nosso ripanço!

- Se não me engano, de quinze em quinze diz era o que tu querias, não era

bichinho?

- Sim, não estaria mal, se ela tivesse um pouco de respeito e me puxasse o rabo

com jeito…com carinho…

- A Roseira mês sim, mês não, mas a Amendoeira não foi dessa opinião, porque

partidinhas muito espaçadas e assim deixariam até de ser engraçadas e propôs

de oito em oito dias, como qualquer série da T.V.

A Desastrada disse que não, porque se a partida tivesse continuação teria de parar no

momento de maior emoção e acrescentou:

- Por mim vou faze-las todos os dias!

- Isso era o que tu querias!, disse o bicharoco já rouco. Todos os dias vê-la e

sofrê-la como à Telenovela? Queriam doença maior?

- Não senhor! Todos os dias era demais, disseram todos à uma. Algumas

partidinhas sim, mas sem nenhuma é que não queremos passa!

- Vamos lá combinar!

- E continuaram a falar, a falar, sem nunca mais parar!

- E ainda lá estão, sem chegarem a uma conclusão!

Não te é difícil acreditar, que através do cristal tudo se pode observar, pois

não? A Fadazinha acenou-me agora com a mão.

Continua boazinha e bela.

Gostarias de conhecê-la?

Sonha um pouco e talvez chegues a vê-la.

Page 29: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

28

Ficha Técnica da História

Autor Renata Gil

Ilustrador Luísa Brandão

Local e Data Porto, 1989

Editora Afrontamento

Tema (s) Diferença

Direcções de exploração pedagógica - Na Área do Desenvolvimento Pessoal e

Social, explorar a atitude de tolerância

perante a diferença;

- No domínio da Expressão Dramática, as

crianças podem dramatizar a história.

Page 30: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

29

A CHUPETA DE NINA

- Quando vais tu deixar de chupar essa chupeta? – pergunta a mamã.

- Nunca – responde Nina. – É a minha chupeta.

- Mas quando fores grande, vai ser preciso desembaraçares-te dela!

Nina põe a chupeta na boca.

- `Unca, ` unca, `unca!

- Então, quando fores passear, vais levá-la?

- C`aro! Com os bô`os e os choco`ates!

- E quando fores para a piscina, também a vais levar?

- Sim. Me`gulho com e`a!

- E, quando fores grande, vais com ela para o trabalho?

- Sim. Terei semp`e a minha supeta.

- Mas, quando casares não vais, com certeza, usar a tua chupeta?

- Sim! Fica`á `onita com um be`o `estido!

E, então, Nina vai sair.

De repente, um lobo sai da mata. Um lobo terrível, furioso e esfomeado.

- Ah, menininha, vou comer-te!

- Oh! – exclama Nina. – Dei`a-me em pa!

- O quê? – disse o lobo, que não compreendeu nada.

Nina repete: - Dei`a-me em pa!

Decididamente, o lobo não compreende.

- O quê? Que é que tu dizes?

Nina tira a chupeta e grita:

- Tu não és bonito, não és simpático e cheiras mal! Deixa-me em paz!

Page 31: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

30

O sangue do lobo sobe-lhe à cabeça!

- Ah, sim? Não sou bonito! Não sou simpático! Cheiro mal! Agora é que vais ver,

menininha! “AHHHHHH!!!”

Poc!

- Toma, chupa. Isto vai acalmar-te.

Por fim, o lobo já não quer comer Nina. O lobo terrível, esfomeado e furioso tornou-se

um lobo meigo, sossegado e fofinho.

Com um sorrisinho, o lobo desaparece na mata. Nunca mais voltará.

Nina volta para casa.

- Então, já não tens a tua chupeta? – admira-se a mãe.

- Espero que não a tenhas perdido.

- Não – responde Nina. – Dei-a a alguém que precisava mesmo muito dela.

Ficha Técnica da História

Autor Christine Naumann-Ville

Ilustrador Marianne Barcilon

Local e Data Porto, 2004

Editora Âmbar

Tema (s) Crescimento e Generosidade

Direcções de exploração pedagógica - Na Área do Conhecimento do Mundo, a

educadora pode explorar com as crianças

o corpo humano e as etapas do

crescimento e desenvolvimento do

mesmo;

Page 32: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

31

- Na Área do Desenvolvimento Pessoal e

Social, pode explorar valores como, a

generosidade e o respeito pelas escolhas

e vontades individuais;

- No domínio da linguagem a educadora

poderá pedir às crianças que identifiquem

as palavras ditas pela Nina,

incorrectamente e corrigi-las.

Page 33: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

32

A GALINHA QUE PUNHA OVOS DE OURO

Era uma vez um homem que tinha uma bela capoeira muito bem recheada de

gordos galináceos. Naquela capoeira havia lindíssimos perus; patos e patinhos muito

remexidos, que era um encanto ver a caminho da ribeira próxima quando lhes abriram

a porta da capoeira; galinhas gordas e um galo de truz! Tudo criação de se lhe tirar o

chapéu!

O homem mais a sua mulher é que tratavam da bicharada toda e com o maior

dos cuidados, como se está a ver! Eles não eram nem ricos nem pobres: eram

remediados e, com a ajuda dos produtos da horta que tratavam, e da exploração da

capoeira, lá iam vivendo muito felizes.

Um dia o homem foi à capoeira recolher ovos que as galinhas tinham posto

naquele dia e…o que havia ele de ver?! Um ovo a brilhar, por entre os outros!

Pegou nele e nem podia acreditar no que os seus olhos viam: era nem mais

nem menos do que um ovo de ouro, o que estava ali à sua frente!

A correr, foi mostrá-lo à mulher.

Ficaram os dois excitadíssimos com a novidade: tinham, na sua capoeira, uma

galinha que tinha posto ovos de ouro!

No dia seguinte foram os dois recolher os ovos, em grande curiosidade e…lá

estava outro ovo também de ouro, por entre outros ovinhos normais que as galinhas

costumavam pôr! Ficaram radiantes, como bem se pode calcular.

No dia seguinte, bem cedinho, a mulher escondeu-se na capoeira e, a seguir a

cada galinha que subia para pôr o seu ovo, ela ia ver qual seria a que punha os ovos de

ouro. Assim, descobriu que era a galinha mais gorda que ela tinha! A partir desse

momento, não sabiam mais o que haviam de fazer à galinha: deram-lhe um poleiro

especial, ração dobrada, enfim, prestaram-lhe todos os cuidados que prestariam a uma

senhora galinha que fosse uma princesa encantada!

Page 34: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

33

Para ver se o ouro era de boa qualidade, o homem foi vender alguns ovos à

cidade, onde muitos lhos gabaram e lhe deram por eles tanto dinheiro como ele nunca

julgou ver na vida!

Tornaram-se ambiciosos e começou a parecer-lhes pouco que aquela galinha só

pusesse um ovo por dia…disse o homem para a mulher:

-Ó mulher, ela que pões todos os dias um ovo de ouro, muitos ovos deve ter lá

dentro dela!!!

E disse a mulher:

- Também acho, homem! E se a gente a matasse e lhe tirasse todos os ovos de

lá de dentro?! Escusávamos de os receber aos bocadinhos…

E assim fizeram: foram à galinha e mataram-na. Dentro dela não encontraram

ovo nenhum e, a partir desse dia, nunca mais houve nenhuma galinha que pusesse

ovos de ouro!

Galinha dos ovos de ouro

Houve só uma e mais não!

Ainda podia ser viva,

Se não fosse a ambição!

Ficha Técnica da História

Autor Maria Alberta Meneres

Ilustrador Dago Vianna

Local e Data Porto, 2002

Editora Edições ASA

Page 35: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

34

Tema (s) Ambição

Direcções de exploração pedagógica - No domínio da Linguagem Oral e

abordagem escrita, pode-se cruzar esta

história com outras que retratam a

ambição;

- No domínio da Expressão Plástica

(realizar um desenho, uma colagem, uma

pintura, …) e no domínio da expressão

musical (ouvir uma melodia e marcar o

ritmo dessa melodia) relacionada com os

temas, quinta e animais;

- Na Área do Conhecimento do Mundo,

explorar os animais da capoeira e

questionar as crianças sobre quais os

animais que põem ovos, se os ovos são

todos iguais.

Page 36: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

35

A PRINCESA QUE BOCEJAVA A TODA A HORA

Esta é a história de um palácio amarelo, de um rei com uma coroa de ouro e de

uma princesa que bocejava a toda a hora.

O rei passava o dia a percorrer de cá para lá e de lá para cá o quarto real. Tinha

uma enorme preocupação: a sua filha não fazia mais do que bocejar! Abria tantas

vezes a boca que já lá tinha entrado um par de moscas varejeiras, um colibri

despistado e uma borboleta violeta.

Como os bocejos são muito contagiosos, o palácio inteiro andava com a boca

aberta: o rei bocejava, a rainha bocejava, os ministros bocejavam... até o gato e o cão

do jardineiro bocejavam!

- Por que bocejará tanto esta princesa? - perguntava-se o rei – Será de fome?

Preocupado, mandou trazer os manjares mais requintados de países longínquos:

gelado de Itália, arroz da China, cacau do Brasil, peixe cru do Japão, gafanhotos fritos

da Tailândia...

A princesa comeu até se fartar, mas não deixou de bocejar! E tal como ela,

também o rei, a rainha, os ministros... e até o gato e o cão do jardineiro!

O rei continuava preocupado, percorrendo de cá para lá e de lá para cá o quarto

real. – Por que bocejará tanto esta princesa? Será de sono? Desta vez mandou

preparar uma cama macia com colchão de penas lençóis de seda e dossel de cetim.

Para além disso, ordenou que a perfumassem cm pétalas de rosa e que trouxessem o

melhor trovador tocando o seu alaúde para embalar a princesa com doces canções. A

princesa dormiu um sono profundo até que um raio de sol travesso se infiltrou pela

janela e se pôs a brincar com o seu cabelo, mas ela não deixou de bocejar! E tal como

ela, o rei, a rainha, os ministros... e até o gato e o cão do jardineiro!

O rei, pensando e repensando, de cá para lá e de lá para cá, já tinha gasto as

solas dos sapatos reais e tornou a perguntar-se: - Porque bocejará tanto esta

princesa? Será de aborrecimento? Desta vez mandou vir de um reino afastado uma

elefanta amarela que contava anedotas que faziam rir. Mas a princesa continuou a

Page 37: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

36

bocejar! E tal como ela, também o rei, a rainha, os ministros... e até o gato e o cão do

jardineiro!

A notícia foi correndo de boca em boca. Depressa, todos os reinos vizinhos

souberam do grande problema daquela corte. Vieram médicos e curandeiros de todo o

lado; mas pró mais xaropes que lhe fizessem tomar, por mais mezinhas que lhe

aplicassem, a princesa continuava a bocejar! E tal como ela, também a rei, a rainha, os

ministros... e até o gato e o cão do jardineiro!

Um dia, enquanto passeava pelos jardins, o filho de um criados do palácio tentou

aproximar-se da princesa. O pobre estava tão nervoso que tropeçou na raiz de um

carvalho e caiu de cabeça na fonte real. Quando saiu, molhado como um pinto, trazia

um peixe colorido dentro da boca e um par de caranguejos pendurados nas orelhas.

Ao vê-lo, a princesa teve um ataque de riso e esteve mais de um quarto de hora ah ah

ah! Hi hi hi! Sem dar um bocejo. E tão-pouco bocejaram o rei, a rainha, os ministros...

ou o gato e o cão do jardineiro!

O rapaz, a tremer como im pudim, mas feliz com o rso da princesa, conseguiu

dizer-lhe: - Dão per, Ciprensa! Que na linguagem dos que se ensarilham com a língua

quer dizer: Perdão, Princesa!

Quanto mais falava o rapaz, mais vontade de rir tinha a menina. E quanto mais

ria a menina, mais falava o rapaz: - Radíama a nhora, Gamestade, de ecaitar uma

ferota? Que na linguagem dos que se ensarilham com a língua que dizer: dar-me-ia a

honra, Magestade, de aceitar uma oferta?

O filho do criado, encarnado como um tomate, entregou-lhe uma caixa de

madeira. Quando a abriu, no rosto da princesa nasceu um sorriso: lá de dentro estava

a rã mais verde e brilhante que alguma vez vira.

O rapaz levou a princesa a caçar grilos, a dar cambalhotas na montanha, a

procurar fantasmas num castelo abandonado, a chapinhar no charco, a jogar à

apanhada, a pintar a cara com lama... e a divertir-se com as brincadeiras que sempre

lhe tinham sido proibido.

A partir daquele dia tornaram-se amigos.

Page 38: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

37

A princesa deixou de bocejar a toda a hora. E tal como ela, também o rei, a

rainha, os ministros... e até o gato e o cão do jardineiro!

Isto porque nem as bolas de gelado de Itália, nem colchões macios de penas,

nem as elefantas amarelas alegram tanto o coração das princesas como um bom

amigo.

Ficha Técnica da História

Autor Carmen Gil

Ilustrador Eliana Odriozola

Local Pontevedra, 2006

Editora OQO

Tradução

Tema Valores humanos (amizade)

Direcções de orientação pedagógica - Na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social,

explorar a noção de valores tais como amizade;

- Na Área do Conhecimento do Mundo, explorar a

vida dos reis, onde viviam, o que faziam, que

desportos preferiam, como se vestiam, entre outros;

- A nível gastronómico, a educadora pode explorar

com as crianças os pratos típicos de cada país;

Page 39: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

38

O CASAMENTO DA GATA

Diz o Dom Gato para a Dona Gatinha:

Não queres casar a nossa filhinha?

Já tem seis meses, sabe arranhar

E os seus bigodes são de encantar.

Já temos a noiva para se casar.

Mas esse noivo? Vamos lá procurar.

Salta o coelho da toca do prado:

Se querem noivo, estou preparado.

Já temos noivo para casar.

Mas os padrinhos? Vamos lá procurar.

Saltam os lobos do grande rochedo:

Nós somos padrinhos, não tenham medo.

Temos padrinhos para apadrinhar.

Mas cozinheiro? Vamos lá procurar.

Salta a mosquita de uma estrumeira:

Sou muito limpa para cozinheira.

Temos cozinheira para cozinhar.

Mas costureira? Vamos lá procurar.

Salta velha aranha da sua teia:

Page 40: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

39

Faço vestido, grinalda e meia.

Temos costureira para costurar,

Mas uma orquestra? Vamos lá procurar.

Saem dez grilos da verde alface:

Tocamos música com grande classe.

Temos orquestra, que sabe tocar.

Mas bailarinas? Vamos lá procurar.

As borboletas que brincam no ar

Dizem: cá estamos prontas a bailar.

Temos as bailarinas para bailar.

Mas falta o padre. Vamos lá procurar.

Sai o negro melro de entre a folhagem:

Aqui está o padre, sigam viagem.

Vai o cortejo pelos campos fora,

Mas é bem tarde, já passa da hora.

Então a aranha, cheia de fome,

Chega-se à mosca e quase a come.

Então um dos lobos, cheio de fome,

Vai-se ao coelho e quase o come.

Fogem os bichos, em louca corrida:

Page 41: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

40

Não tem piada servir de comida.

A noiva trepa para o telhado,

Vai namorar belo gato malhado.

Deita para o lixo vestido e véu:

Os Gatos gostam de andar ao léu.

Ficha Técnica da História

Autor Luísa Ducla Soares

Ilustrador Pedro Leitão

Local e Data Lisboa, 2004

Editora Terramar

Tema (s) Casamento e os Animais

Direcções de exploração pedagógica - No Domínio da Expressão Dramática,

dramatizar a história, fazer cenários e

adereços;

- No Domínio da Linguagem, trabalhar as

rimas, os fonemas e as sílabas;

- Na Área do Conhecimento do Mundo

explorar a temática “casamento”.

Page 42: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

41

O GRILO VERDE

Certo dia, apareceu na horta do Tio Manuel Liró um grilo espantoso. Era verde,

tão verde como as alfaces repolhudas que cresciam num pequeno canteiro ao cimo da

horta. E em dias de sol e noites estreladas, punha-se a assobiar modinhas.

Os grilos que viviam por perto, como não eram verdes nem sabiam assobiar, acharam

aquele vizinho esquisito, muito invulgar. Foram contar aos colegas que moravam por

aquelas redondezas.

« VERDE» ?!

« E ASSOBIA?!... PODE LÁ SER!»

A notícia espalhou-se, andou de toca em toca, voou de lura em lura. Todos os

grilos ficaram a saber das afrontas do parceiro que morava na horta do Tio Manuel

Liró. Sim, afrontas! Ser-se verde e assobiar não eram coisas de grilo que se fizessem…

Resolveram fazer-lhe uma visita para o convencer a mudar de farda e de

música.

Numa tarde de domingo deixaram as luras que tinham nos quintais, campos, bouças e

matas. Entraram na horta do Tio Manuel Liró e perguntaram ao companheiro:

- Por que não tens uma cor igual à nossa? Porque não cricrilas?

Então grilo Verde respondeu:

- Se nasci verde, não posso ser preto. E se assobio é porque não sei fazer outra

coisa. E vós – pergunto – por que não sois verdes e não sabeis assobiar como eu?

- Porque sempre fomos pretos e só sabemos cricrilar.

- Então – concluiu o Grilo Verde – estamos empatados: se eu sou verde, vós sois

pretos; se assobio, vós cricrilais. Para quê tanta preocupação?

- Alto lá! – reagiram os grilos pretos. – Esqueceste-te que és o primeiro colega a fazer

tamanhos disparates!

- E não será disparate ter cor preta e cricrilar?

Page 43: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

42

- Não venhas com bazófia. Por acaso já pensaste na confusão que vais criar?

- Confusão!? – espantou-se o Grilo Verde. – Eu?!...

- Já pensaste que, se por acaso os homens te vêem, vão logo dizer aos amigos que há

grilos que não são pretos e grilos que assobiam. Já pensaste nisso? E por tua causa

todos os grilos do Mundo ficam desacreditados!

- Não vejo mal nisso… Mas dizei-me – pediu o Grilo Verde – o que devo fazer?

O Grilo Verde ficou calado, pensativo.

- Ides desculpar - disse ele - mas não posso fazer o que me pedis.

- Pensa bem…

- Já pensei o que devia pensar, e volto a dizer que estais a pedir coisas impossíveis,

coisas malucas. Cada um é como é…

- Então – decidiram os grilos pretos – somos obrigados a agir imediatamente para

remediar o equívoco: vamos prender-te.

- Prender-me?

- Sim, caro colega. Serás metido na lura mais funda que conseguirmos fazer. Ninguém

mais verá esse ridículo verde da tua pele, ninguém mais escutará essas estúpidas

modinhas que assobias… Descansa, fome não passarás, haverá sempre à tua

disposição alface e serradela com fartura.

O Grilo Verde olhou à sua volta e ficou desesperado: eram tantos os grilos pretos a

rodeá-lo… como poderia escapar?

- Não vos passou pela cabeça - disse o Grilo Verde - que ides fazer uma coisa estúpida,

praticar uma injustiça? Que mal vos fiz? Governo a minha vida como qualquer grilo e

dou umas assobiadelas. Onde está o mal, dizei-me?!

- Ó Coleguinha estás a esquecer um assunto demasiado importante para todos nós: A

NOSSA REPUTAÇÂO!

- RE-PU-TA-ÇÂO? O que é isso?!... - admirou o grilo verde.

Page 44: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

43

- É o nome, a fama, a tradição, a reputação! Os grilos sempre foram pretos e nunca

deixaram de cricrilar!

- E o nome, a fama, a tradição e a reputação dos grilos também diz que se deve

prender os que não são pretos nem sabem cricrilar?- perguntou o Grilo Verde.

- Não venhas com conversa fiada, nem tentes baralhar-nos as ideias. Prepara-te para

partires connosco.

Os grilos pretos começaram a fazer um cerco cada vez mais apertado ao colega vestido

de verde – e este, quando se viu muito enrascado, desatou aos saltos, tentado fugir.

- Agarra que é verde! Apanha o assobiador! Cri-cri-cri-cri.

E os grilos pretos saltavam, pulavam, caíam. O Grilo Verde, esse fugia para um lado,

fintava um colega, saia para o lado contrário, dava um salto e fintava outro.

- Ai a minha vida! Ai que lá vou para a toca funda! -mas o Grilo verde fugia sempre,

sempre, cada vez mais aflito, mais cercado, mais cansado…

E se o tio Manuel Liró não entrasse na horta a tempo de escorraçar os grilos pretos,

certamente o Grilo Verde seria apanhado pelos colegas e de seguida metido numa lura

funda.

Eu conto como tudo se passou.

Nas tardes de sol, o Tio Manuel Liró costumava ir sentar-se sob a sombra de uma

oliveira ramalhuda que havia no fundo da horta para ler o jornal, e por fim dormir uma

soneca.

Ora, nessa tarde de domingo, o Tio Manuel Liró entrou na horta e, como de costume,

foi sentar-se à sombra da oliveira, ignorando que havia visitas por perto. Abriu o jornal,

leu as palavras das letras gordas com muita atenção. Depois virou a página e começou

a ler as letras mais pequenas. Mas essas letras, como eram pequenas, gostavam de

brincar: punham-se a dar saltinhos de um lado para o outro, pulavam para cima e para

baixo, faziam danças de roda… E os olhos do Tio Manuel, que já estavam um pouco

cansados, não acharam piada nenhuma àquelas letras brincalhonas – fecharam-se. O

sono, que rondava por perto, aproveitou a ocasião e, rápido, enfiou-se no corpo do Tio

Page 45: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

44

Manuel Liró. Mas foi por pouco tempo. Era grande, muito grande a barulheira que os

grilos faziam. E o sono, que detesta barulho, fugiu a grande velocidade. O Tio Manuel

Liró acordou estremunhado.

- Raio de grilos! Que barulho, santo Deus!... Calai-vos, desafinados duma cana!

Todavia, os grilos continuavam a fazer algazarra, indiferentes à zanga do dono da

horta.

- Calai-vos!- gritou o tio Manuel Liró. E a barulheira continuava…

- Ai sim !Então espera pelas alfaces… esperai.

Zangado, estremunhado, o Tio Manuel levantou-se, atirou o jornal ao chão, e correndo

atravessou a horta.

Voltou daí a momentos com uma grande enxada nas mãos. Sem fazer barulho

começou a percorrer a horta, talho a talho, tentando localizar os importunadores

barulhentos. E tanto andou, tanto rebuscou, que conseguiu descobrir o paradeiro

deles. Mas ó grande azar, ó pouca sorte! Onde é que os grilos haviam de estar

metidos? - No meio do feijoal, no talho dos seus viçosos feijoeiros…

«E agora, Manuel? – pôs-se o velho Manuel Liró a pensar.- desfaço ou não desfaço? Se

desfaço o feijoal e espanto os grilos para longe daqui, passo a dormir descansado. MAS

se não desfaço os feijoeiros e não espanto os grilos, jamais dormirei uma soneca em

paz. E agora, que faço?»

O Tio Manuel pensou, matutou, ponderou e finalmente decidiu: - Guerra aos grilos!

Nem mais um cri-cri na minha horta! Quero dormir descansado. Fora! Fora daqui, seus

casacas! - E, pegando na enxada, pôs-se o Tio Manuel a cavar o talho, a arrancar os

feijoeiros, a cortar as vagens... Os grilos pretos mal viram aquele pedaço de ferro

afiado a arrasar tudo, tiveram medo, esqueceram de dar caça ao colega verde e

tentaram escapar-se, fugindo ligeirinhos, mais lestos que saltaricos.

E o Grilo Verde? Esse, empoleirou-se numa couve, e dando um suspiro de alívio,

escondeu-se entre as suas folhas verdes, tenras e largas, deixando-se estar quieto,

caladinho. E o Tio Manuel continuou a cavar o talho, mexendo de ponta a ponta. Grilos

não vi. E voltou a cavar, cada vez mais furioso. Cavou, cavou, estrangulou, revirou a

Page 46: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

45

terra e voltou a revirar… Mas como podiam aparecer grilos se já tinham dado à pata?!

Transpirado, corado, aborrecido, enervado, fatigado, o Tio Manuel pensou «foram-se

os grilos e foi-se o feijoal». Exausto, voltou para a sombra da oliveira. Pegou num

jornal, leu novamente as palavras de letras gordas, virou a folha, suspirou três vezes,

esqueceu o incidente, fechou os olhos e adormeceu. E foi então que se deu um caso

extraordinário, só estando lá para ver e pasmar: enquanto o Tio Manuel dormia a sua

soneca, cresceram umas asas cor de fogo no corpo do grilo verde, e este, saindo da

couve estava empoleirado, começou a voar à roda da horta por cima dos talhos. Subiu

e foi poisar no ramo mais alto da oliveira, enquanto assobiava uma bela e estranha

melodia. O Tio Manuel acordou de mansinho ao som da música. «Mas que bela

melodia! Onde é que está o seu executante?»- pôs-se o dono da horta a pensar

enquanto olhava para todos os lados, atento, admirado. A música vinha de cima, dos

ramos da oliveira, mas não se via nada!

- Quem assobia tão bem que faça o favor de descer e de se mostrar para que eu o

felicite! - pediu o tio Manuel.

Então o Grilo Verde desceu da oliveira voando com as suas asas cor de fogo e mostrou-

se ao dono da horta.

-Que bicho tão estranho tu és! Pareces uma borboleta, mas assobias

maravilhosamente… Também és parecido com um grilo… mas és verde! És tão

estranho!...Espera aí! – E o Tio Manuel pensou apanhar o Grilo Verde e levá-lo consigo

para mostrar aos amigos. Mas, quando estendeu os braços e abriu as mãos para o

apanhar, o Grilo Verde escapou-se e, de imediato, começou a subir no céu azul.

Foi subindo, subindo e assobiando aquela estranha melodia, até que e para espanto do

Tio Manuel, o Grilo Verde desapareceu entre um castelo de nuvens, voando, voando

com as suas asas cor de fogo.

Page 47: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

46

Ficha Técnica da História

Autor António Mota

Ilustrador Elsa Navarro

Local e data Janeiro de 2005

Editora Gailivro

Tema Diferença

Direcções de orientação pedagógica - Na Área do Conhecimento do Mundo,

trabalhar a vida dos grilos;

- Também na mesma Área, construir uma

horta;

- Na Área do Desenvolvimento Pessoal e

Social, trabalhar as diferenças entre as

pessoas e animais, e a aceitação e

compreensão das mesmas.

Page 48: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

47

A CASA DA MOSCA FOSCA

Era uma vez a MOSCA FOSCA

que vivia num bosque distante.

Farta de zunir, de dar voltas sem parar,

decidiu fazer uma casa para morar.

Podia dormir na cama,

e ficar muito quentinha,

podia receber amigos

e preparar doces na cozinha.

E a Mosca Fosca pôs-se a trabalhar

erguendo uma casa num lindo lugar.

Pra o seu lar inaugurar sem demora,

preparou um belo bolo de amora.

O seu aroma espalhou-se pelo bosque afora.

Arranjou SETE assentos,

e para a mesa, SETE pratos.

Não cabia nem mais um.

Pouco tempo passado, bateu à porta o ESCARAVELHO.

Page 49: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

48

- Quem vive neste lugar?

Quem venho visitar?

- A Mosca Fosca.

Faço uma festa para inaugurar

este que é o meu novo lar.

E tu quem és?

- Sou o Escaravelho Carquelho,

aquele que tem o nariz vermelho.

Que bom cheiro! Posso entrar?

- Claro que sim.

És o PRIMEIRO a chegar!

E muito contentes os DOIS decidiram merendar.

Mas quando iam começar, passou por ali o MORCEGO.

Viu a casa, cheirou-lhe a bolo e bateu à porta.

- Quem vive neste lugar?

Quem venho visitar?

- A Mosca Fosca

e o Escaravelho Carquelho.

E tu quem és?

- Sou o Morcego Ralego,

o que gosta da noite

para ter sossego.

Page 50: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

49

Ai que fome, posso entrar?

- Claro que sim.

És o SEGUNDO a chegar!

E muito contentes os TRÊS decidiram merendar.

Mas antes da primeira dentada,

passou ali o SAPO.

Cheirou-lhe a bolo e ficou com apetite.

- Quem vive neste lugar?

Quem venho visitar?

- A Mosca Fosca,

o Escaravelho Carquelho,

e o Morcego Ralego.

E tu quem és?

- Eu sou o Sapo Larapo,

com laçarote de trapo.

Que bem cheira! Posso entrar?

- Claro que sim.

És o TERCEIRO a chegar!

E muito contentes os QUATRO decidiram merendar.

Mas quando iam começar,

passou pelo bosque a CORUJA.

Viu a casa, ouviu a festa e aproximou-se.

Page 51: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

50

- Quem vive neste lugar?

Quem venho visitar?

- A Mosca Fosca,

o Escaravelho Carquelho,

o Morcego Ralego,

e o Sapo Larapo.

E tu quem és?

- Sou a Coruja Rabuja,

a que limpa e nunca suja.

Boa festa! Posso entrar?

- Claro que sim.

És a QUARTA a chegar!

E muito contentes os CINCO decidiram merendar.

Mas quando iam começar,

passou por ali a RAPOSA.

Cheirou-lhe a bolo e animou-se a entrar.

- Quem vive neste lugar?

Quem venho visitar?

- A Mosca Fosca,

o Escaravelho Carquelho,

o Morcego Ralego,

o Sapo Larapo,

Page 52: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

51

e a Coruja Rabuja.

E tu quem és?

- Sou a Raposa Tramosa,

sou muito esperta e muito gulosa.

Que bolo apetitoso!

Posso entrar?

- Claro que sim.

És a QUINTA a chegar!

E muito contentes os SEIS decidiram merendar.

Mas quando iam provar o bolo,

passou por ali o LOBO.

O cheiro fez-lhe crescer

água na boca

e bateu à porta.

- Quem vive neste lugar?

Quem venho visitar?

- A Mosca Fosca,

o Escaravelho Carquelho,

o Morcego Ralego,

o Sapo Larapo,

a Coruja Rabuja

e a Raposa Tramosa.

E tu quem és?

Page 53: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

52

- Sou o Lobo Rebobo,

o mais narigudo

à face do globo.

Que bolo tão bem feito!

Posso entrar?

- Claro que sim.

És o SEXTO a chegar!

E muito contentes os SETE decidiram merendar.

Quando por fim iam provar o bolo,

apareceu por ali o urso. Tinha estado toda a tarde

à procura de amoras sem encontrar nenhuma.

Viu a casa, ouviu a festa e pensou:

Porque não me convidaram?

E bateu à porta.

- Quem vive neste lugar?

Quem venho visitar?

- A Mosca Fosca,

o Escaravelho Carquelho,

o Morcego Ralego,

o Sapo Larapo,

a Coruja Rabuja,

a Raposa Tramosa

e o Lobo Rebobo.

Page 54: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

53

E tu quem és?

EU SOU O URSO LAMBEIRO,

O MAIS GULOSO DO MUNDO INTEIRO.

E ESTE RICO BOLO DE AMORA

VOU COMÊ-LO TODO… AGORA!

E assim se acaba o conto… Com uma dentada e… pronto!

Ficha Técnica da História

Autor Eva Mejuto

Ilustrador Sérgio Mora

Local e Data

Editora Kalandraka

Tema (s) Amizade e Animais

Direcções de exploração pedagógica - Na Área do Desenvolvimento Pessoal e

Social podem ser explorados valores tais

como, amizade e respeito pelos outros;

- No Domínio da Matemática explorar os

números cardinais e os números ordinais;

- Como a narrativa fala sobre um bolo de

amora, a educadora poderá fazer uma

receita de um bolo à escolha das crianças;

- Na área do Conhecimento do Mundo

Page 55: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

54

pode ser explorado o fruto de que fala a

narrativa, a amora. A amora é um fruto de

época, por isso a Educadora pode

explorar com as crianças o fruto em

questão e pedir às crianças que digam se

conhecem mais algum fruto de época;

- Também na mesma Área podem ser

explorados os animais que estão

abordados no texto;

- A educadora poderá também questionar

as crianças sobre a atitude do lobo;

- No domínio da linguagem a educadora

podem explorar as rimas.

Page 56: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

55

A BORBOLETA BRANCA

A primavera tinha chegado finalmente. A Natureza reencontrara as suas belas

cores.

As flores abriam as pétalas para melhor se colorirem. Os animais cantavam e

brincavam.

Estavam todos felizes. Todos, à excepção de uma borboleta branca. Só ela se

lamentava. Estava desesperada. As suas grandes asas eram completamente brancas.

Gostaria de ser uma borboleta multicolor. A Natureza tinha-lhe pregado uma partida.

Então, chorando de tristeza, procurou incansavelmente um meio de se colorir,

esfregando-se com o pólen das flores ou rebolando-se na erva molhada.

Uma bela manhã, banhou-se na lama. Uma rã, que habitava perto, não

acreditou no que os seus olhos viam: “Ter prazer em se sujar deste modo, é deveras

repugnante!”

Mas, ao secar, a lama quebrou-se e transformou-se em pó que voou ao sabor

do vento. As sãs da nossa borboleta, de novo, imaculadas de brancura. Que decepção!

A borboleta branca pensava que, se comesse cenouras, podia ficar cor-de-

laranja. Por isso, foi visitar o seu amigo coelho. Infelizmente, não conseguia trincar tão

grande legume. Teve de renunciar ao seu projecto.

Um dia esfregou-se num enorme morango. O sumo fez-lhe muitas manchas

vermelhas nas asas. A borboleta branca ficou muito contente. Mas uma joaninha que

descansava numa folha disse-lhe intrigada:

- Que te aconteceu? Feriste-te?

A joaninha tinha confundido o sumo vermelho do morango com sangue!

Muito humilhada, a borboleta branca lavou as asas numas gotas de orvalho.

Chegara o Verão. As borboletas resplandeciam ao sol como papagaios

multicolores. Para elas, era uma festa. Mas não para a nossa borboleta branca. A sua

vergonha era tão grande que, amuada, pousava numa margarida para se esconder. Esta

Page 57: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

56

flor era a sua única amiga. Também ela tinha, em vão, utilizado todos os meios para se

colorir.

Um dia, aconteceu que Fabrice, um rapazinho, passou no campo com a sua rede

de borboletas, para apanhar as mais bonitas de entre elas. A borboleta branca não se

assustou, pensando que a sua brancura não cativava aquele pequeno caçador.

Contudo, Fabrice parou junto dela, admirado, e perguntou-lhe:

- Porque és toda branca? Que te aconteceu para perderes as tuas cores?

- Pobre de mim! Nunca as tive; os anjinhos-pintores devem ter-se esquecido de

mim.

- Pobre borboleta! È triste o que te aconteceu. Mas… tenho uma ideia… amanha

voltarei para cuidar de ti.

Mal chegou a casa, Fabrice procurou a sua caixa de aguarelas:

- Amanhã, vou pintar as asas daquela pobre borboleta branca.

Na manhã do dia seguinte, partiu ás pressas, com a caixa das aguarelas debaixo

do braço, para ir ter com a sua amiga que o esperava pousada numa papoila:

- Trouxe as minhas tintas para pintar as tuas asas. Ficarás a ser a mais bonita das

borboletas.

Então Fabrice escolheu as cores mais bonitas para pintar as asas da borboleta.

No final, tremendo de alegria e de emoção, ela foi mirar-se num charco de água.

Virava-se, tornava-se a virar, dava voltas e mais voltas. Não estava a sonhar, as suas

asas já não eram brancas!

Todos os animais da vizinhança ficaram pasmados. Não acreditavam no que

viam: aquela borboleta era realmente extraordinária.

A borboleta branca estava feliz, causava a admiração de todos. A meio do

Verão, os insectos organizaram um concurso de beleza. Pela primeira vez na sua vida, a

nossa borboleta pode participar. Foi vivamente aplaudida e o júri admirou as suas cores

raras, a tal ponto que lhe concebeu o “pistilo” de ouro. Era um sucesso!

Page 58: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

57

- Numa bela tarde, uma menina, Aurélia, parou junto desta esquisita borboleta

de asas diferentes:

- Tenho de a apanhar para a minha colecção!

Correu atrás dela e não tardou a prende-la na sua rede. Mas, de repente, umas

grandes nuvens negras deixaram cair uma chuva que apagou as belas cores da

borboleta. Aurélia, espantada e desiludida, soltou-a.

Tremendo de medo, a borboleta esvoaçou e, depois, rodopiou de alegria: a sua

brancura e a chuva acabaram-lhe de lhe salvar a vida. Muito alegre, a borboleta branca

foi ter com a margarida, que continuava triste por ser branca:

- Não sabes a sorte que tens por seres branca. Se fosses colorida, há muito que

te teriam colhido, minha amiga.

- Tens razão, não tinha pensado nisso - admitiu a margarida, corando de prazer.

- E olha para a lua!... Também ela é branca e é muito feliz assim! A nossa

borboleta branca e a margarida desataram a rir. O branco era tão bonito!...

Ficha Técnica da História

Autor Brigitte Blach-Tabet

Ilustrador Claude Dessons

Local e Data

Editora Edições Asa

Tema (s) Amizade e Igualdade

Direcções de exploração pedagógica - No Domínio das Expressões elaborar

uma linha de tempo com as estações do

ano;

- Na Área do Conhecimento do Mundo,

Page 59: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

58

explorar a vida das borboletas, os tipos de

borboletas e as mudanças que ocorrem

durante os diferentes ciclos de vida das

borboletas;

Page 60: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

59

O GIGANTE E AS TRÊS IRMÃS

Era uma vez um lenhador que tinha três filhas.

Estava ele um dia a cortar lenha quando, detrás de uma árvore, lhe apareceu

um gigante que o quis matar.

- Não me mates – implorou o homem – senão as minhas filhas não terão quem

cuide delas.

- Não te matarei – disse o gigante – mas terás de me prometer que amanhã,

por esta hora, aqui estarás para me entregares o primeiro ser vivo em que os teus

olhos poisarem até chegares a casa.

Lembrou-se o lenhador de um velho rafeiro que costumava sempre encontrar

no caminho e não teve dúvidas em concordar com o gigante:

- Amanhã a esta hora aqui estarei.

E seguiu a caminho de casa, sem pensar mais na promessa.

Mas, como saíra logo de manhãzinha e agora já caía a noite, as filhas estavam

em cuidados.

- Vou sair à sua procura – disse a filha mais velha fazendo-se à estrada.

Mal tinha andado meia dúzia de passos e já o avistava.

- Ainda bem que nada de mal vos aconteceu! – gritou.

- Aconteceu-me o pior dos males – gemeu o pobre homem – Foste o primeiro

ser vivo em que meus olhos pousaram, terei de te entregar ao gigante.

E ali lhe contou o que sucedera.

- O que tem a fazer, que se faça – disse a menina.

E, no dia seguinte, seguiu na garupa do cavalo do gigante em direcção a um

castelo desconhecido.

Page 61: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

60

- Amanhã vou à caça - disse o gigante no fim do jantar. – Poderás provar de

todos o manjares, beber de todas as fontes do jardim, entrar em todas as salas do

castelo… Mas ai de ti se ousares abrir a porta de ferro junto às ameias!

- Podereis partir descansado – disse ela.

Deu-lhe então o gigante uma correntinha de ouro, recomendando-lhe que

nunca por nunca a tirasse do pescoço.

Assim que o gigante desapareceu na poeira do caminho, a curiosidade encheu

o coração da menina: que tesouros se esconderiam para lá daquela porta? A tremer,

subiu as escadas que levavam às ameias, a tremer deu a volta à chave que estava na

fechadura da porta de ferro, e logo ela se abriu. Mas lá dentro nem ouro, nem prata,

nem pedras preciosas. Apenas nuvens de pó e um vento gelado que parecia soprar de

invisíveis abismos.

Assustou-se muito a menina e logo fechou a porta tremendo de medo. De

repente olhou para a correntinha de ouro mas o ouro tinha-se transformado em ferro,

pesando-lhe no pescoço. Tentou tirá-la mas não foi capaz. E, por mais que a limpasse,

o brilho não voltava.

Chegou o gigante da caça e olhou para a correntinha.

- Ai de ti que me enganaste! Entraste na sala proibida e por isso serás

castigada!

E, levando-a até a porta de ferro, abriu-a com grande estrondo, atirou-a lá para

dentro e deu três voltas à chave.

No dia seguinte foi de novo o gigante ao encontro do lenhador.

- Como passa a minha filha mais velha? – perguntou ele, assim que o viu.

- Passa bem, mas não pára de chorar com saudades das irmãs. Se não a queres

morta de desgosto, amanhã de manhã estarás aqui com a tua filha do meio. Irá comigo

para lhe fazer companhia.

Nessa noite o pai chorou a sua triste sorte, mas a filha acalmou-o: - Não vos

atormenteis, meu pai. Se a minha irmã está bem, mal não hei-de eu ficar, com certeza.

Page 62: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

61

E, no dia seguinte, a filha do meio seguia na garupa do cavalo do gigante em

direcção a um castelo desconhecido.

- Onde está minha irmã? – perguntou assim que chegaram – Onde está ela que

não me veio esperar?

- Vossa irmã não tarda – disse o gigante. – Foi ao rio banhar-se. Mas eu tenho

de partir já para a caça. Poderás comer de todos os manjares, beber de todas as fontes

do jardim, entrar em todas as salas do castelo - mas ai de ti se ousares abrir a porta de

ferro junto à ameias!

- Podereis partir descansado – disse ela.

Deu-lhe então o gigante uma correntinha de ouro, recomendando-lhe que

nunca por nunca a tirasse do pescoço.

Assim que o gigante desapareceu na poeira do caminho, a curiosidade encheu

o coração da menina: que tesouros se esconderiam para lá daquela porta de ferro? A

tremer subiu as escadas que levavam às ameias, a tremer deu a volta à chave que

estava na fechadura da porta de ferro, e logo ela se abriu. Mas lá dentro nem ouro,

nem prata nem pedras preciosas. Apenas nuvens de pó e um vento gelado que parecia

soprar de invisíveis abismos.

E, desses abismos, se erguia uma voz que suplicava:

Estende as tuas mãos

minha irmã do meio

salva a minha vida

não tenhas receio

Mas logo nesse momento se ouviram os passos do gigante que regressava da

caça, e a menina fechou a porta, tremendo de medo. De repente olhou para a

correntinha de ouro mas o ouro tinha-se transformado em ferro, pesando-lhe o

Page 63: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

62

pescoço. Tentou tirá-la mas não foi capaz. E, por mais que o limpasse, o brilho não

voltava.

Chegou o gigante junto dela e olhou para a correntinha:

- Ai de ti, não és melhor do que a tua irmã! Entraste na sala proibida, por isso

serás castigada!

E levou-a até a porta de ferro abriu-a com grande esforço, atirou-a lá para

dentro e deu três voltas à chave.

No dia seguinte foi mais uma vez o gigante ao encontro do lenhador:

- Como passam minhas filhas? – perguntou ele assim que o viu.

- Passam bem, mas não param de chorar com saudades da irmã. Se não as

queres mortas de desgosto, amanhã de manhã estarás aqui com a tua filha mais nova.

Irá comigo para lhes fazer companhia.

Nessa noite o pai chorou a sua triste sorte, mas a filha acalmou-o:

- Não vos atormenteis, meu pai. Se as minhas irmãs estão bem, mal não hei-de

eu ficar, com certeza.

E no dia seguinte a filha mais nova seguia na garupa do cavalo do gigante em

direcção a um castelo desconhecido.

- Onde estão minhas irmãs? - perguntou assim que chegaram – Onde estão que

não vieram esperar-me?

- Vossas irmãs não tardam – disse o gigante – Foram ao rio banhar-se. Mas eu

tenho de partir já para a caça. Poderás comer de todos os manjares, beber de todas as

fontes do jardim, entrar em todas as salas do castelo – mas ai de ti se ousares abrir a

porta de ferro junto às ameias!

Deu-lhe então o gigante uma correntinha de ouro, recomendando-lhe que

nunca por nunca a tirasse do pescoço.

Assim que o gigante desapareceu na poeira do caminho, a curiosidade encheu

o coração da menina: que tesouros se esconderiam para lá daquela porta de ferro? E

por que tardavam tanto suas irmãs? Subiu a correr as escadas que levavam às ameias,

Page 64: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

63

e sentiu que a correntinha lhe pesava muito no pescoço. Retirou-a com cuidado,

meteu-a no bolso da saia e, sem mais tardança, deu a volta à chave que estava na

fechadura de ferro e logo a porta se abriu. Mas lá dentro nem ouro, nem prata nem

pedras preciosas. Apenas nuvens de pó e um vento gelado que parecia soprar de

invisíveis abismos. E, desses abismos se erguiam vozes que suplicavam:

Estende as tuas mãos

nossa irmã mais nova

tira-nos depressa

desta fria cova!

A menina encheu-se de coragem e avançou. Pelo meio do pó que lhe cegava os

olhos e do frio que lhe tolhia os movimentos, descobriu a entrada para um poço

profundo onde as suas irmãs choravam de fome, de frio e de sede.

- Não tenham medo - disse ela -, estou aqui para as salvar!

Estendeu os braços – mas os braços eram fracos de mais para o peso das irmãs.

Lembrou-se então da correntinha, dentro da algibeira da saia. Atirou-a para o

fundo do poço e logo ela se transformou em grossas cordas a que as duas irmãs se

agarraram, conseguindo assim sair do poço.

Abraçaram-se as três meninas, quando se viram de novo juntas.

- Agora vão esconder-se debaixo da minha cama. Mais tarde lhes direi o que é

preciso fazer – disse a irmã mais nova, dando três voltas à chave na fechadura da porta

de ferro. Olhou em volta à procura das cordas para as esconder, mas as cordas nem

rasto. Levou a mão ao pescoço e a correntinha continuava no seu lugar, como se de lá

nunca tivesse saído.

Nessa noite quando o gigante chegou da caça e olhou para a correntinha de

ouro, ela brilhava tal qual quando ele a colocara no pescoço da menina.

- Vejo que cumpriste as minhas ordens. Por isso vou satisfazer-te um desejo.

Diz-me o que pretendes: Ouro? Prata? Pedras preciosas?

Page 65: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

64

- Para mim nada quero, senhor. Mas ficaria muito feliz se amanhã antes de

partires para a caça, passasses por casa do meu pai e entregasses um saco de açúcar.

- Assim farei – disse o gigante -, desde que tu fiques no mirante do castelo

dizendo adeus.

De manhã a menina ajudou a irmã mais velha a entrar para dentro de um saco,

atou-a muito bem e entregou-o ao gigante depois subiu as escadas até ao mirante, e lá

ficou acenando-lhe com um lenço branco, até que ele desapareceu na poeira do

caminho.

Quando o gigante voltou da caça, de novo olhou para a correntinha e de novo

ficou satisfeito de a ver brilhar como no primeiro dia.

- Continuas a cumprir as minhas ordens. Por isso decidi satisfazer-te um

segundo desejo. Diz-me o que pretendes agora: Ouro? Prata? Pedras preciosas?

- Para mim nada quero, senhor. Mas ficaria muito feliz se amanhã, antes de

partires para a caça, passasses pela casa do meu pai e lhe entregasse um saco de

farinha.

- Assim farei – disse o gigante -, desde que tu fiques no mirante do castelo

dizendo-me adeus.

De manhã, a menina ajudou a irmã do meio a entrar dentro de um saco, atou-o

muito bem e entregou-o ao gigante.

Depois subiu as escadas até ao mirante, e lá ficou acenando-lhe com um lenço

branco, até que ele desapareceu na poeira do caminho.

Nessa tarde a menina não descansou. Trouxe do jardim um velho tronco de

árvore do seu tamanho, e escondeu-o debaixo da cama. Quando o gigante regressou,

de novo olhou para a correntinha e de novo ficou satisfeito de a ver brilhar como

sempre.

- Vejo que as minhas ordens continuam a ser cumpridas. Por isso decidi

satisfazer-te um terceiro desejo. Diz-me o que pretendes: Ouro? Prata? Pedras

preciosas?

Page 66: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

65

- Para mim nada quero, senhor. Mas ficarei muito feliz se amanhã, antes de

partires para a caça, passasses por casa do meu pai e lhe entregasses um saco de

aveia.

- Assim farei – disse o gigante -, desde que tu fiques no mirante do castelo

dizendo-me adeus.

Nessa noite a menina foi buscar o velho tronco de árvore, colocou-lhe o seu

manto por cima e, num dos ramos, prendeu o lenço branco. Depois meteu-se dentro

de um saco e rolou-se pelas escadas abaixo até ficar junto da porta onde o gigante saía

para a caça.

De manhã, apressado, o gigante pôs o saco às costas e, olhando para o mirante,

lá viu como sempre, o lenço branco a acenar. E desapareceu na poeira do caminho.

Quando o gigante regressou da caça, estranhou não encontrar a menina à sua

espera. Gritou, mas ninguém lhe respondeu. Abriu a porta do quarto, mas ninguém lá

estava. Subiu as escadas que levavam ao mirante, mas só lá encontrou um velho

tronco de árvore com um lenço branco atado num dos ramos.

- Maldita, que desobedeceste às minhas ordens! – gritou, enquanto subia as

escadas que levavam às ameias, e dava a volta à chave na fechadura da porta de ferro.

– Irás fazer companhia às tuas irmãs e todos os que me desobedeceram e se

encontram nas profundezas do poço do inferno!

Mas assim que a porta se abriu, uma nuvem de pó envolveu o gigante,

cegando-o por completo, e uma rajada de vento gelado empurrou-o para dentro do

poço sem fundo, donde nunca mais conseguiu sair.

Dizem os mais velhos que, em noites de Lua cheia, ainda hoje a voz do gigante

se ouve, prometendo ouro, prata e pedras preciosas a quem o conseguir tirar do poço.

Mas os mais novos não acreditam, e dizem que é apenas o barulho do vento

nas árvores, anunciando a tempestade.

No entanto, pelo sim, pelo não, nunca passam diante do castelo.

Page 67: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

66

Ficha Técnica da História

Autor Alice Vieira

Ilustrador Teresa Lima

Local e Data Lisboa, 1998

Editora Caminho

Tema (s) Curiosidade, ambição e esperteza

Direcções de exploração pedagógica - Relativamente à Área do

Desenvolvimento Pessoal e Social,

podem-se abordar os valores da família,

inter-ajuda, curiosidade, ambição e

esperteza. Na história o valor da família

está presente na atitude de protecção do

lenhador para com as filhas e na

cooperação e auxílio entre as irmãs; a

inter-ajuda entre as irmãs para se

escaparem do gigante; a curiosidade que

todas as irmãs tiveram para entrar na sala

proibida; a ambição das irmãs ao

desejarem e sentirem curiosidade em

encontrar tesouros na sala proibida; e a

esperteza da irmã mais nova para arranjar

uma estratégia de forma a ela e as irmãs

escaparem ao gigante;

- Na Área da Expressão e Comunicação,

pode-se trabalhar a matemática através

da sequencialização da história por

imagens. Na área da expressão e

Page 68: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

67

comunicação também se pode trabalhar a

linguagem, pedindo às crianças que façam

rimas acerca da história como as que se

encontram no texto proferidas pelas

irmãs a pedirem auxílio, quando fechadas

na sala proibida.

Page 69: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

68

O LAGO DOS CISNES

Em tempos que já lá vão, tudo o que se precisava para transformar qualquer

pessoa numa árvore, numa pedra, ou até num animal, era da mistura certa de uma

boa dose de mal e de um bom sortilégio. Havia, nessa época um príncipe, ainda muito

jovem, que achava que a vida se resumia ao seu próprio divertimento. Passava os dias

a devanear e a divertir-se, e as noites a andar de festa em festa. O príncipe era muito

feliz e não tinha o menor desejo de alterar fosse o que fosse.

Na noite que precedeu o dia em que faria vinte anos, o príncipe convidou

alguns amigos para uma grande festança. Houve dança sob as árvores o jardim do

castelo e divertiam-se todos com as moças da aldeia. Mas a mãe do príncipe não

estava nada satisfeita com o filho.

Não estava mesmo nada satisfeita.

“Meu querido filho”, disse ela, “em que é que isto tudo vai dar? És

praticamente adulto e ainda não tens uma esposa! Amanhã vamos oferecer um baile e

convidar muitas princesas. E tu vais escolher uma para casar.”

O príncipe ficou surpreendido, mas não preocupado. “O amanha ainda vem

longe”, disse para consigo.”Não vou deixar que isto me estrague a noite.”

Foi então que o ar ciciou, voando um bando de cisnes selvagens por cima das

cabeças dos convidados.

“Venham!”, gritou o príncipe para os amigos. “Vamos à caça.”

Armados de arcos e flechas, correram atrás das grandes aves, lançando bem

alto as setas, mas mal conseguiam acompanhar os cisnes, cujas penas brilhavam na

escuridão.

De súbito, o príncipe sentiu-se um pouco tonto e ficou para trás, para

descansar junto ao lago, enquanto os amigos continuavam a perseguição.

Num clarão, o lago ficou banhado de uma luz tremeluzente e diante dele

ergueu-se a mulher mais linda que ele jamais vira.

Page 70: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

69

“Quem és tu?”, perguntou o príncipe.

Ela sobressaltou-se, assustada com a voz, e fixou nervosamente o arco e as

flechas. Só depois de ele os ter pousado é que ela falou: “Eu sou a Rainha dos Cisnes”,

disse, “sou o cisne que tentaste matar.”

“Como é que pode ser?”, perguntou o príncipe.

E ela contou-lhe a sua trágica história. Um feiticeiro malvado tinha-a

transformado em cisne, a ela e às amigas. Todas as noites, à meia-noite, podia retomar

a forma humana mas, ao romper do dia, voltava a ser um cisne.

A Rainha dos Cisnes suspirou:

“Só uma coisa me poderá libertar deste bruxedo - o verdadeiro amor de um

homem.”

“Mas então tudo se vai resolver”, disse o príncipe, ajoelhando-se diante dela,

“pois eu amo-te de verdade. Só a ti e a mais ninguém.”

Mal tinha acabado de falar quando com um fragoroso bater de asas, uma

coruja atravessou os ares. Era o feiticeiro malvado, o próprio, que tinha tomado a

forma de coruja para espiar o parque.

O príncipe suplicou à Rainha dos Cisnes para vir ao baile do castelo na noite

seguinte, quando poderia apresentá-la como sua noiva. Cheia de alegria, ela

concordou, e ficaram de mãos dadas até à alvorada. Ao raiar do Sol, um grupo de

raparigas vestidas de branco corre agitadamente. Cheio de espanto, o príncipe observa

a Rainha dos Cisnes e as amigas transformarem-se, uma vez mais, em aves.

Na noite seguinte, o castelo tinha sido esplendidamente enfeitado para o baile.

Os convidados usavam os seus fatos mais elegantes. Todas as princesas tinham feito os

possíveis por se embelezar. Era a noite em que o príncipe ia escolher noiva e cada uma

queria ser a escolhida. Pálido, o príncipe estava junto da mãe e cumprimentava os

convidados. Muitas e muitas princesas lhe foram apresentadas. Cada uma dançava em

sua honra, mas o príncipe achava tudo aquilo muito aborrecido. Após cada dança a

mãe dizia: “então, meu filho?”, mas o príncipe só pensava na sua amada Rainha dos

Cisnes.

Page 71: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

70

De repente, extinguiram-se as luzes do salão de baile. A música parou e os que

dançavam imobilizaram-se. Todos os olhos se voltaram para as grandes portas

envidraçadas por onde, no meio de relâmpagos e trovões, chegavam novos convidados

- um príncipe e a sua bela filha, ambos vestidos de negro.

“Até que enfim! Até que enfim que chegaste!”, gritou o príncipe.

Correu para a bela e beijou-lhe as mãos. Ela parecia ter algo de diferente. O

vestido negro e o porte altivo confundiam-no, mas, mesmo assim, ele voltou-se para a

mãe e declarou:

“Eis a mulher que amo e irei amar para sempre. Só a ela e a mais ninguém.”

O som das suas palavras ainda pairava no ar quando as portas envidraçadas se

abriram de novo. Uma mulher entrou, com um vestido branco, resplandecente. Era a

rainha dos Cisnes.

Ai dela, que tinha visto tudo! O príncipe que ainda na noite anterior lhe jurara o

seu amor eterno tinha outra mulher nos braços! Traída, a rainha dos Cisnes saiu do

castelo a soluçar.

O príncipe percebeu imediatamente que tinha sido enganado. A mulher que

tinha nos seus braços era uma desconhecida. Nada nela lhe lembrava o seu amor. E,

atentando melhor, viu que o pai tinha traços bastante parecidos com os de uma

coruja. O Príncipe Negro não era outro senão o próprio feiticeiro! Angustiado, o

príncipe correu atrás da Rainha dos Cisnes. Temia que tudo estivesse perdido, mas

esperava mesmo assim salvá-la.

Fora de si, cheio de dor e de raiva, correu pela floresta até chegar ao lago e aí

encontrou-a rodeada pelas amigas.

Ao ver o príncipe aproximar-se, as raparigas cerraram um círculo em redor da

sua rainha. Mas que sabiam elas do amor? Momentos antes, a Rainha dos Cisnes

queixara-se amargamente da inconstância do seu príncipe - jurando rejeitá-lo para

sempre. E agora corria para ele de braços abertos.

“Aconteça o que acontecer”, disse o príncipe, “estou pronto para te defender.

O meu amor por ti é mais forte do que tudo. Não há perigo algum que me afugente.”

Page 72: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

71

Mal acabara de falar, surgiram grandes ondas no lago. A água subia cada vez

mais alto, inundando as margens. A Rainha dos Cisnes foi apanhada pela maré. O

poder do feiticeiro era verdadeiramente grande. Mas maior ainda foi o poder do

amor…

O príncipe atirou-se ao lago procurando salvar a sua amada. Depois de muito

lutar para não se afogar, conseguiu agarrá-la e trazê-la para terra. Assim se quebrou o

bruxedo do príncipe Negro.

O príncipe apresentou à mãe o seu verdadeiro amor, casando-se logo em

seguida. As damas de honor tiveram relutância em usar vestidos brancos, debruados

com penas de cisne - e quem lhes poderia levar a mal? Vestiram-se, então, de verde e

a noiva trajou um elegante fato de seda cor-de-rosa muito pálido.

Juntos, o príncipe e a princesa viveram uma vida longa e feliz.

Ficha Técnica da História

Autor Pyotr I. Tchaikovsky

Ilustrador Lisbeth Zwerger

Local e Data Lisboa, 2006

Editora Âmbar

Tema Amor, magia e Lealdade;

Direcções de orientação pedagógica - Na Área do Conhecimento do Mundo, pode

ser trabalhado o Cisne;

- No Domínio da Expressão Dramática, a

educadora pode pedir às crianças que se

expressem, através do movimento corporal, ao

som do bailado de Tchaikovsky “Lago dos

Cisnes”.

Page 73: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

72

CHIBOS SABICHÕES

Era uma vez três chibos que viviam no cimo de uma montanha:

um chibinho sabichão pequeno,

um chibo sabichão médio

e um chibão sabichão grande.

O chibinho sabichão pequeno

tinha uma barbicha pequena

e uns chifres curtinhos.

O chibo sabichão médio

tinha uma barbicha que não era grande nem pequena

e uns chifres que não eram curtos nem compridos.

O chibão sabichão grande

tinha uma barbicha grande

e uns chifres compridos e retorcidos.

Certo dia,

o chibinho, o chibo e o chibão desceram da montanha

porque na outra margem do rio cresciam umas ervas frescas e viçosas.

Mas, para lá chegar era preciso atravessar uma ponte.

Debaixo da ponte vivia um ogre terrível.

Page 74: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

73

Tinha os pés peludos,

os braços grossos como troncos

e o nariz cheio de verrugas.

Era tão malvado

que vigiava a ponte dia e noite.

Ninguém se atrevia a passar por ali.

Os chibos sabichões tinham ouvido falar do ogre,

mas a erva era tão apetitosa que decidiram enfrentá-lo.

E encaminharam-se para a ponte.

Primeiro chegou o chibinho sabichão pequeno,

com a sua barbicha pequena e chifres curtinhos,

avançando decidido pela ponte...

patati patati patati

Quando estava a chegar ao meio da ponte, apareceu o ogre:

Quem faz patati patati patati na minha ponte?

O chibinho sabichão.

Pois vou-te comer...!

Ai, não, que ainda sou muito pequeno!

Espera pelo chibo sabichão médio,

que é mais gordo do que eu.

Page 75: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

74

O ogre, coçando a orelha, disse:

Por aqui nunca ninguém atravessou,

mas com esse chibo sabichão médio

ficarei melhor servido. Passa, passa...!

E o chibinho sabichão pequeno atravessou a ponte.

Logo depois, chegou o chibo sabichão médio,

com a sua meia-barbicha e chifres pouco compridos,

avançando decidido pela ponte...

patatã patatã patatã

Quem faz patatã patatã patatã na minha ponte?

O chibo sabichão médio.

Pois vou-te comer...!

Ai, não, que ainda não sou crescido!

Espera pelo chibão sabichão grande,

que é muito mais gordo do que eu.

O ogre grunhiu:

Tenho muita fome, mas esperarei por esse chibão sabichão grande

para comer até me fartar. Passa, passa...!

E chegou o chibão sabichão grande,

Page 76: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

75

com a sua barbicha grande e chifres compridos,

avançando decidido pela ponte...

patatão patatão patatão

O ogre surgiu imediatamente:

Quem faz patatão patatão patatão na minha ponte?

O chibão sabichão grande!

Pois vou-te comer...!

Pois a ver se te atreves!

O ogre, furioso, desatou aos saltos pela ponte.

E o chibão sabichão grande baixou a cabeça, bufou...

E marrou no ogre com todas as suas forças!

Tal cornada lhe deu

Que o fez voar pelos ares.

E o ogre nunca mais voltou!

O chibão sabichão grande

foi juntar-se ao chibo sabichão médio

e ao chibinho sabichão pequeno.

E tanta erva comeram que se transformaram em três chibos sabichões...

enormes!

Page 77: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

76

Ficha Técnica da História

Autor Olalla González

Ilustrador Federico Fernández

Local Pontevedra, 2006

Editora OQO

Tema Coragem, Ambição

Direcções de orientação pedagógica - No Domínio da Matemática, pode-se

explorar com as crianças a seriação, através

do vocabulário usado ao longo da história,

“pequeno”, “médio” e “grande”;

- Também no Domínio da Matemática pode-

se trabalhar os contrastes – comprido/

curtinho, grande/ pequeno, lago/fino, entre

outros;

- Na Área do Desenvolvimento Pessoal e

Social, é possível trabalhar os valores com as

crianças, como a coragem; enfrentar os

obstáculos; o trabalho em equipa e a

ambição excessiva do ogre, que permitiu que

os chibos pequeno e médio passassem pela

ponte e que o chibo grande desse uma

cornada ao ogre;

- No Domínio da Linguagem Oral e

Abordagem à Escrita, pode-se trabalhar as

palavras – patati, patati, patatã, patatã,

patatão, patatão.

Page 78: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

77

A FESTA DE ANOS

A avestruz catrapus fazia anos.

- Vou dar uma festa e convidar os meus amigos – disse ela á gatita Titã

Escreveu os convites em folhas de árvore:

É dia dos meus anos

E tu não podes faltar.

Ás três horas da tarde,

Vem cá para festejar.

- Queres que eu leve as cartas? – Perguntou a gata.

A avestruz aceitou.

- Sim, mas tem cuidado com os carros ao atravessares as ruas.

- Não te preocupes que eu não vou pelo chão. Salto pelos telhados. Aí não há trânsito.

Anda comigo, bate lá essas asas.

A avestruz Catrapus, que não sabia voar porque era muito pesada, desculpou-se:

- E quem é que prepara a festa? Tenho tanto que fazer!

A avestruz começou a correr dum lado para outro.

Apanhou flores do campo e enfeitou o seu grande ninho debaixo da palmeira.

Depois preparou o lanche.

Fez um bolo de farinha crua, cobriu-o com chaves, parafusos, berlindes…Como brilhava

ao sol!

Mas faltavam as velas…

Como havia ali perto um canavial, cortou quatro canas verdes e espetou-as, muito

direitinhas, no bolo. Estava lindo!

Page 79: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

78

Arranjou tacinhas com feijões de varias cores. Trouxe dois grandes girassóis, cheios de

sementes. A servir de pratos, havia folhas de couve.

Para que ninguém tivesse sede, encheu um alguidar com água do rio.

Estava tudo pronto. Sentou-se de patas cruzadas dentro do ninho, à espera dos

convidados.

O primeiro a chegar foi o cão Sultão, que lhe trazia de presente um osso dos maiores,

óptimo para roer.

- Espero que gostes…

A avestruz Catrapus ficou toda contente.

- Ah é muito bom para meter medo a certos malandros que me querem arrancar penas

para fazerem chapéus.

A seguir apareceu o rapaz, o Tomás.

- Pois eu comprei-te um ovo de chocolate.

- Que casca maravilhosa a dele! Parece prata! - admirou-se a avestruz.

- Dá-lhe uma dentada. Deve ser saboroso – disse o rapaz.

- Não tenho dentes nem eu ia estragar um ovo assim. Vou choca-lo para ver que bicho

nasce…

- Quem adivinha o que eu trago? - perguntou a bonita, vaidosita gatita Titã. – É uma

coisa macia, fofinha, própria para jogar à bola.

Como ninguém adivinhava, tirou do embrulho com lacinhos um novelo de lá cor-de-

rosa.

A avestruz Catrapus desenrolou o novelo, entusiasmada com o comprimento do fio.

- Vai já forrar o meu ninho.

A foca Pinoca trouxe-lhe umas barbatanas de borracha.

-Deves usá-las para nadares mais depressa.

Page 80: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

79

- Nadar? – assustou-se a avestruz Catrapus. – Tomar banho não é a minha

especialidade. Mas acho-as maravilhosas para enxotar moscas.

Como não havia mais convidados, a avestruz Catrapus perguntou:

- Querem lanchar? Não é para me gabar, mas preparei uns petiscos deliciosos.

Todos olharam para os petiscos e franziram o nariz. Que horror! Só conseguiram beber

água fresquinha do alguidar.

O cão sonhava com bifes, o Tomás com gelados, a gata e a foca com peixe fresco.

- Se ainda não têm fome, vamos começar o baile.

- Mas onde está a música?

- Ligo já a minha aparelhagem! – disse a avestruz, pedindo aos pássaros que

cantassem.

O Tomás dançava com a foca, o cão com a gata, e a avestruz saracoteava no meio da

passarada.

Quando começou a anoitecer, a avestruz acendeu as velas do bolo e todos cantaram:

Parabéns, Catrapus,

Nesta data tão querida.

Muitas felicidades

Muitos anos de vida!

Depois de os convidados se despedirem, com a barriga a dar horas, a avestruz disse:

- Ah como é bom ter amigos! A festa estava tão divertida que até nos esquecemos do

delicioso banquete.

Sozinha, comeu o feijão, as sementes de girassol, o bolo coberto de chaves, parafusos

e berlindes.

Cansada mas feliz, pôs-se então a chocar o ovo de chocolate.

Page 81: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

80

Que bicho nasceu de lá? És capaz de adivinhar?

Ficha Técnica da História

Autor Luísa Ducla Soares

Ilustrador Chico

Data e Local Porto, 2004

Editora Civilização

Tema (s) Amizade

Direcções de exploração pedagógica - No Área do Conhecimento do Mundo a

educadora pode explorar os animais de

que fala a história (o que comem, o seu

habitat natural e no nosso país onde

podemos encontrá-los);

- Na área do Desenvolvimento Pessoal

Social, explorar a tolerância e a

compreensão da diferença;

- Também na Área do Conhecimento do

Mundo, a educadora pode organizar uma

visita de estudo ao Jardim Zoológico;

- No domínio da Expressão Plástica podem

construir uma linha de tempo com os

aniversários de todas as crianças;

- No Domínio da Matemática, com a ajuda

da educadora, as crianças podem fazer

um bolo (de aniversário, caso alguém faça

Page 82: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

81

anos) para desenvolver a noção de

quantidade, contagem e a noção de

tempo;

- Também no Domínio da matemática, a

educadora pode explorar as horas;

Page 83: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

82

QUEM ESTÁ AÍ?

Era noite. Uma noite escura, escura, sem lua. A avó Chica já tinha dito:

- Meninos: lavar os dentes, chichi, cama!

Mas os cinco primos não se queriam deitar.

- Parece que ouvi abrir o portão – notou a Rita. – Quem será a esta hora?

Mas ninguém bateu à porta.

- É o vento – disse a avó, cheia de sono.

- Qual vento, qual carapuça! – contrariou o João, oferecendo-se logo para ir ver

o que se passava.

Saiu às apalpadelas e voltou gritando:

- Mistério! Então quatro grandes troncos de árvore ao pé da garagem. Amanhã

faço com eles um castelo para nós.

- Também vou espreitar – decidiu a Mafalda.

Mas pouco se demorou.

Veio furiosa e toda molhada.

- Peguei numa grande mangueira que estava ao pé do tanque. Desatou a deitar

água. Olhem como eu fiquei! Estou toda a pingar… Amanhã vou aproveitá-la para regar

a relva.

O Miguel não podia ficar parado. Avançou no escuro, cheio de coragem.

- Encontrei duas espadas com as pontas um bocado tortas! Com certeza

entortaram-se nalguma guerra. Amanhã vamos brincar aos soldados de antigamente.

O Rui não quis ficar atrás. Pulou para o jardim, de braços no ar.

De repente sentiu um vento que não saía do mesmo lugar. Aproximou-se.

Page 84: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

83

- Ai, são os dois abanos cá de um tamanho! Refrescam mais do que duas

ventoinhas. Amanhã, se estiver calor, já temos com que nos abanar!

- O quê?! – exclamou a Rita. – Tudo isso é misterioso. Eu é que vou esclarecer o

que se passa.

Foi. Mas regressou bem desiludida.

- Não achei nada do que vocês acharam. Agarrei num corda que estava

pendurada. Estive para a trazer. Mas pareceu-me suja e malcheirosa. Amanhã vou

lavá-la. Vão ver como eu salto bem à corda!

O avô levantou finalmente os olhos do jornal.

- Muito gostam vocês de inventar! Não há nada de novo no quintal!

Mas, pelo sim pelo não, resolveu verificar. Voltou assombrado.

- Ai, o que eu encontrei foi uma espécie de autocarro com as luzes apagadas a

passar por cima das minhas alfaces. Seria um disco voador? Amanhã vou ter de plantar

tudo de novo!

Todos falavam, ninguém se entendia, quando, de repente, se ouviu um

tremendo estrondo.

- Uuuuuuuuuuuuuuuuuu!

- Uuuuuuuuuuuuuuuuuuu!

- Que trovoada! – exclamou a avó, fechando portas e janelas.

E repetiu a frase de todas as noites:

- Meninos: lavar os dentes, chichi, cama!

Só que nessa noite ninguém conseguiu dormir. Mas o Sol nasceu, todos se

precipitaram para o jardim.

Mas não viram nem troncos de árvore, nem a mangueira, nem as espadas, nem

os abanos, nem a corda suja, nem o autocarro. Que desilusão!

Para tristeza do avô, só as alfaces estavam esmagadas.

Foi então que o sino da igreja começou a tocar.

Page 85: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

84

- Dlim, dlão,

dlão, dlim!

Já alguém

tocou assim?!

Era realmente uma música diferente da habitual.

Largaram todos a correr.

Que se passava?

Um grande elefante cinzento tocava o sino.

Tinha patas grossas como troncos de árvore, dentes longos como espadas,

orelhas como abanos. A tromba parecia uma mangueira, a cauda parecia uma corda. E

era do tamanho de um autocarro.

De vez em quando dava urros tão fortes como trovoada…

- Óptimo! Vou ficar com o elefante para tocar o sino – disse o padre.

- Não, não! – refilaram os pobres. – Ele vai pedir moedas para nós vivermos

melhor.

- Manda-se para o Jardim Zoológico – declarou a professora.

- O circo é o lugar dele – acharam os miúdos.

Mas o elefante lá tinha a sua ideia. Viera só de visita.

Cumprimentou todos com um aperto de tromba e foi viver para a floresta.

Ficha Técnica da História

Autor Luísa Ducla Soares

Ilustrador Maria João Lopes

Data e Local 2003, Barcelos

Page 86: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

85

Editora Civilização

Tema (s) Mistério e Imaginação

Direcções de exploração pedagógica - Realizar uma actividade plástica sobre os

medos (por exemplo: escuro)

- Explorar a vida dos elefantes na área das

ciências da natureza

- Na temática família pode ser explorado

os graus de parentesco e a educadora

pode propor que se faça as árvores

genealógicas das crianças.

Page 87: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

86

UMA HISTÓRIA DE DEDOS

Os dedos

Nós somos os dedos.

Vivemos todos ao lado uns dos outros.

Na mão.

Quando a mão se fecha,

Ficamos escondidos

Como o bicho de conta ou a tartaruga.

Quando a mão se abre,

Somos uma estrela de cinco pontas.

Nos somos os dedos!

Mata piolhos ou polegar,

Fura-bolos ou INDICADOR,

Pai de todos ou MÉDIO,

Seu vizinho ou ANELAR,

Mindinho ou MINIMO.

Eu sou o dedo mindinho, o mais pequeninho.

Sou o bebe da família. Meto-me em todos os buraquinhos onde os outros não cabem.

Mas por favor, não me metam no nariz.

As pessoas crescidas preferem chamar-me MÕNIMO. Mas eu acho que sou o máximo!

Já viram algum dedo mais engraçado do que eu?

Page 88: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

87

Eu sou o seu vizinho, porque moro mesmo ao lado do mindinho. Estamos sempre

perto um do outro.

Ora experimentem afastar-nos muito.

Os Grandes chamam-me ANELAR porque é em mim que enfiam os anéis. Sou o mais

rico de todos os dedos.

Eu sou o pai de todos.

Porquê? Vejam bem, sou o maior!

Os outros dedos parecem meus filhos.

… bom que me tenham algum respeito!

os adultos puseram-me o nome de MÉDIO, porque fico no meio. Também parece que

há uns médios no futebol.

Mas nada de confusões

Eu dou piparotes, não dou pontapés.

Eu sou o fura-bolos. Realmente o meu maior prazer é furar bolos, aqueles bolos

maravilhosos de creme.

Vocês nunca fizeram o mesmo?

A gente séria, que finge que não é gulosa, chama-me INDICADOR. Porque estou

sempre espetado a indicar as coisas. Dizem que È feio apontar. Eu acho que È a melhor

maneira de falar sem fazer barulho.

Eu sou o mata-piolhos. Tenho muito trabalho quando os meninos não lavam a cabeça.

Em cima da minha unha È que matam os piolhos.

Dizem que sou feio, curto e gordo.

Mas sem a minha ajuda os meus irmãos pouco podiam fazer.

Page 89: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

88

Meus amigos façam com que acabe a minha profissão!

Os mais velhos conhecem-me por POLEGAR.

Antes de inventarem o metro, usavam-me como medida. Mas nem todos os polegares

são iguais.

Experimentem medir um lápis em polegadas.

Nós os dedos, quando gostamos de alguém somos só festas e carinhos.

Quando nos zangamos, arranhamos a valer.

Brincamos, brincamos, brincamos.

Entramos nalgumas marotices.

Trabalhamos tanto, que chegamos à noite casados.

Contem lá o que fizerem hoje com os vossos dedos....

Page 90: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

89

UMA HISTÓRIA DE DEDOS

Um dia os dedos resolveram ser independentes. Estavam fartos de andarem

sempre juntos. Afinal, cada um tinha a sua cabeça...

Esticaram-se, fizeram força para fugirem. Mas continuavam sempre presos à mão.

-1- Eu não me importo de ficar com vocês – confessou o MINDINHO. – Sou tão

pequenino, podia perder-me.

-2- Enquanto os irmãos refilavam, começou a puxá-los para o parque infantil.

Quando deram por si, agarrados ao baloiço dos bebés, os outros dedos

reclamaram!

-2- Já não temos tamanho para isto!

Queremos ir para outro sitio!

O PAI DE TODOS, que era o maior, deu as suas ordens, como de costume:

- Eu é que mando. Vamos para a praia apanhar conchinhas.

O INDICADOR indicou o caminho e todos seguiram atrás.

Quando já tinham apanhado uma mão cheia de conchas, o pai de todos disse:

-3- Já chegam para um colar.

Foi então que o SEU VIZINHO ficou furioso:

-4- Os dedos não usam colares. Devíamos antes apanhar pedrinhas para anéis.

Arranjaram sete anéis, que o seu vizinho enfiou logo, muito vaidoso.

-5- Agora vamos à festa de anos do Miguel – propôs o FURA-BOLOS. – Preparam-se

para uma tarde divertida.

Mal chegaram · mesa, o fura-bolos furou o bolo de velas, o pudim de gelatina, o

bolo de chocolate.

Quando o Miguel viu os bolos cheios de buracos e o incansável fura-bolos a furar, a

furar, a furar, atirou-lhe com um copo de laranjada.

Page 91: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

90

Os dedos, a pingar sumo, puseram-se a fugir dali. A toda pressa. O ANELAR até

perdeu três dos seus anéis

-6- É a minha vez de decidir! – disse o MATA-PIOLHOS.

Os irmãos riram-se:

-7- Esperamos que não te apeteça ir matar piolhos. Que porcaria!

O dedo grosso enervou-se:

- Quantas vezes é preciso eu repetir que quero mudar de profissão? Podíamos ir

todos fazer champô para os piolhos acabarem de uma vez para sempre.

Os outros acharam boa ideia. Como estavam todos sujos aproveitaram para

tomarem banho de champô.

Estavam eles muito bem a trabalhar quando a Rita, dona dos dedos, começou a

esfregar os olhos. E pôs-se a chuchar no dedo.

-8- Transformaste-te numa chucha, mata-piolhos – troçou o fura-bolos.

-9- Que bonita profissão! – achou o MINDINHO.

-10-Que horror! – disse o seu vizinho, afastando-se. – Ainda bem que a mim não

me chucham. Podiam engolir os meus lindos anéis.

O pai de todos resolveu pôr ordem na conversa:

- Vamos dormir, que já são horas. Os outros nem fizeram um gesto.

Estavam a cair de sono.

Ficha Técnica da História

Autor Luísa Ducla Soares

Ilustrador Sara Pirson

Data e Local

Editora

Tema (s) Corpo Humano

Page 92: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

91

Direcções de exploração pedagógica - Através desta narrativa, as crianças

poderão tomar consciência dos nomes

dos vários dedos existentes na mão.

Esta história possibilita a criação de

fantoches de dedo para a criação de

uma dramatização da mesma.

Page 93: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

92

JOGOS

NOME DO JOGO: TELEGRAMA

Objectivos:

Consciencialização de que é necessário pronunciar bem;

Desenvolvimento da atenção;

Num segundo tempo: desenvolvimento da imaginação;

Aceitar propostas de outrem.

Desenvolvimento:

Num primeiro tempo: As crianças estão sentadas em círculo na área de jogo, bastante

afastadas umas das outras. Uma delas começa: diz uma mensagem (o telegrama) ao

ouvido do vizinho da direita, que vai transmiti-la ao ouvido de outro vizinho, e assim

sucessivamente; finalmente a última dirá em voz alta a frase que terá compreendido.

Num segundo tempo: Logo que este jogo esteja bem assimilado, pode-se pedir à

primeira criança que diga uma palavra, que será o início de uma história, ao ouvido do

seu vizinho. A segunda criança deverá retomar a palavra, acrescentar-lhe uma outra e

assim sucessivamente até que nasça uma história. O último participante contará em

voz alta a história assim construída.

Conselhos:

Deve ser mantido um extremo rigor.

Este jogo deve ser feito em silêncio para que se possa ouvir bem a mensagem, porque

esta só pode ser transmitida uma vez ao vizinho.

As crianças divertem-se muito ao comparar as mensagens de início e de conclusão.

Pode-se analisar com elas a origem dos erros.

Page 94: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

93

NOME DO JOGO UM BAÚ MÁGICO

Objectivos

Desenvolvimento da imaginação

Desenvolvimento da capacidade de contar

Tomada de consciência da expressão do rosto

Material

Um baú, uma arca ou uma mala (é melhor se o seu formato for invulgar)

Desenvolvimento

Cada criança trabalhará individualmente perante o grupo. No centro da área de

jogo está colocado o baú. A criança vai abri-lo e descrever o conteúdo aos

espectadores ( é preciso que ela imagine porque, evidentemente, ele está vazio).

Nenhum obstáculo deve refrear a sua imaginação, tudo deve ser aceite, o baú

pode conter tanto o «prédio em que moro» como o «amor da mamã» ou ainda a

«minha escova de dentes».

Conselhos

- Pode-se ajudar a criança a descrever o conteúdo do baú, fazendo-lhe perguntas.

O que ela vê no baú deve surgir diante dos olhos dos espectadores.

- Um exercício de recentragem e de visualização pode ser experimentado antes de

fazer este trabalho.

Page 95: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

94

NOME DO JOGO: PANOS

Objectivos: Estimular a criatividade e imaginário das crianças.

Escalão etário:

Desenvolvimento: Durante alguns minutos, individualmente, cada criança

explora o seu pano, fazendo com ele e dele o que quiser (tapar-se, fazer uma cabana,

deslizar sobre ele, entre outras). Dar tempo suficiente para que todos possam passar

das utilizações imediatas e óbvias para utilizações cada vez mais imaginativas e

originais. Em seguida, a Educadora deverá propor que cada um vista o seu pano como

se fosse uma peça de roupa. Depois de uma série de personagens, a educadora sorteia

uma, que anuncia em voz alta. Imediatamente, todos os alunos, em conjunto, ou à vez,

vestem o pano, caracterizando-se de acordo com a personagem escolhida pela

educadora.

Nº de Jogadores: mais de dois jogadores

Material: Um pano para cada criança

Duração: 10 minutos

Page 96: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

95

NOME DO JOGO: DE QUEM É?

Objectivos: Estimular a observação de detalhes, a criatividade e imaginação das

crianças.

Escalão etário: A partir do 4/5 anos

Desenvolvimento: Para dar início a este jogo, os jogadores devem estar todos em

círculo. Quando estiverem todos em círculo, a Educadora pedirá que cada jogador

coloque no meio do círculo um objecto seu. Esse objecto pode ser um relógio, um

sapato, uma peça de roupa. Depois de todos terem colocado um objecto seu no círculo

a Educadora pedirá a uma criança para ir ao círculo buscar um objecto e entregá-lo ao

dono desse objecto. Para prolongar o jogo, logo que o dono se apodere do objecto, a

Educadora poderá pedir que essa criança conte onde comprou esse objecto, se a

história for interessante e as crianças mostrarem interesse por ela, a Educadora pode

propor às crianças que a representem.

Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores

Material: Nenhum

Page 97: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

96

NOME DO JOGO: SEGREDOS

Objectivos: Fomentar a percepção auditiva;

Escalão etário: a partir dos 3 anos

Desenvolvimento: Para iniciar a actividade a educadora deve pedir às crianças que se

sentem em círculo. Depois de estarem todos sentados, a Educadora inicia o jogo

pondo uma frase a circular, segredando-a à criança que está à sua direita. O aluno, por

sua vez, segreda esta mesma frase ao colega seguinte e assim sucessivamente.

Quando a frase chegar à última criança, que está à esquerda da Educadora, já pode ser

dita em voz alta, para que seja comparada com o segredo dito pelo professor. Numa

segunda volta, deve ser uma criança a pôr um segredo seu em circulação.

Nº de Jogadores: mais de dois jogadores

Material: Nenhum

Duração: 10 minutos

Page 98: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

97

NOME DO JOGO: PADRÕES

Objectivos: Imitar padrões; Explorar a imaginação e criatividade das crianças;

Escalão etário: A partir dos 3 anos

Desenvolvimento: Para iniciar o jogo, a Educadora deve dizer aos jogadores para

andarem à vontade pela sala. A um sinal seu, devem parar e olhar para um jogador

indicado por si. Este deverá movimentar-se de uma forma específica pela sala (andar

de um lado para o outro, rodopiar aos círculos, entre outros). Todos os outros

participantes deverão imitar este padrão. Enquanto se movimenta a criança pode

também criar um som para esse movimento. Quando terminar, começam a andar

novamente pela sala e a criança que acabou de fazer o movimento escolhe outra para

que essa mostre o seu movimento. O jogo termina quando todas as crianças

mostrarem o seu movimento.

Nº de Jogadores: mais de dois jogadores

Material: Nenhum

Duração:

Page 99: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

98

NOME DO JOGO: IMITA-ME...

Objectivos: Fomentar a criatividade e imaginação das crianças; Exploração das

brincadeiras de imitação; Sensibilizar as crianças a terem hábitos a nível higiénico;

Exploração do imaginário e criatividade.

Escalão etário: a partir dos 3/4 anos

Desenvolvimento: O jogo inicia-se quando as crianças se posicionarem na sala de

modo o poderem ver toda gente. Depois de estarem todos bem posicionados, uma

criança, à sorte, inicia o jogo fazendo uma pequena mímica, como por exemplo

pentear o cabelo, e o grupo deve imitar essa criança. A criança que estiver a fazer a

mímica quando quiser deve apontar para outra criança, e esta deve fazer outra mímica

e o grupo imitá-la. O jogo termina quando todo o grupo fizer uma mímica. A

educadora deve incentivar as crianças a criarem rapidamente as mímicas. O jogo pode

ser realizado de outra forma, isto é, em vez de as crianças se imitarem a mímica umas

das outras, a educadora pode sugerir que cada criança faça a mesma mímica, mas à

sua maneira. Por exemplo, cada pessoa tem uma forma diferente de se pentear. As

mímicas podem ser acompanhadas de som e de caricaturas engraçadas. Para

prolongar e desenvolver mais o jogo, a educadora pode propor que as crianças façam a

mímica da sua rotina matinal (acordar, tomar o pequeno almoço, vestir-se, lavar os

dentes, fazer a cama, ...)

Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores

Material: Nenhum

Duração: 20 minutos

Page 100: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

99

NOME DO JOGO: TRANSMITINDO EMOÇÕES

Objectivos: Explorar as emoções: expressar as emoções/ fazer caretas; Fomentar a

criatividade e imaginação das crianças; Visualizar fotos com expressões faciais e

interpretar a emoção visualizada.

Escalão etário: a partir dos 4/5 anos

Desenvolvimento: Antes de iniciar o jogo escolha as diferentes emoções (tristeza,

alegria, raiva, medo, preocupação, entusiasmo, perplexidade, entre outras) que quer

trabalhar com as crianças e de seguida peça-lhes para representá-las. Esta é um boa

forma de a Educadora aperceber-se se as crianças conseguem ou não expressar as suas

emoções de forma perceptível, e também se as crianças conhecem ou não o

significado das palavras que a Educadora diz. Peça a cada participante para escolher

cinco e dê-lhes algum tempo para pensar nas expressões faciais que usarão para

transmitir as emoções. A educadora pode mostrar-lhes um filme mudo cómico para

dar ideias de como usar diferentes expressões faciais para transmitir emoções. Este é

um jogo para ser feito a pares, em que, um elemento do par faz as expressões faciais e

o outro fotógrafa. Depois de cada par ter fotografado as expressões faciais, a

Educadora imprimirá as fotos, de forma a que as crianças se olhem e descrevam o que

estão a expressar. Uma outra forma de dar continuidade ao jogo é misturar as fotos,

virá-las com a face para baixo e pedir a cada criança que pegue em uma foto e

descreva a emoção que está a visualizar.

Nº de Jogadores: Grupos de dois elementos.

Material: Máquina fotográfica digital.

Duração: 30 minutos

Page 101: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

100

NOME DO JOGO: O JOGO DAS PORTAS

Objectivos: Explorar a mímica, a criatividade e a imaginação das crianças.

Escalão etário: a partir do 4/5 anos

Desenvolvimento: Divida às crianças em pequenos grupos e peça a cada grupo para

ensaiar uma situação em que as portas sejam importantes. Depois faça-os representar

a cena diante todo o grupo. Certifique-se que pequenas acções (como pôr uma chave

na porta) são representadas de forma expressiva, clara e lenta. Comece sempre o jogo

fazendo os participantes passarem por uma porta ou série de portas para os envolver

imediatamente. Ponha um ponto final no jogo fazendo toda gente passar por uma

porta imaginária.

Nº de Jogadores: mais de dois jogadores

Material: nenhum

Duração: 15 minutos

Page 102: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

101

NOME DO JOGO: O TESOURO

Objectivos: Estimular a criação de mapas e a interpretação dos mesmos; Trabalhar a

lateralidade, na interpretação dos mapas; Explorar o imaginário e a criatividade das

crianças;

Escalão etário: A partir dos 5/6 anos

Desenvolvimento: Para iniciar a actividade a Educadora deve pedir às crianças para

desenharem um mapa do tesouro. Incentive as crianças a fazerem mapas onde

utilizem códigos secretos, símbolos, armadilhas, passagens bloqueadas. Para

proporcionar alguma inspiração, tenha à mão livros para crianças que incluam mapas

do tesouro ou histórias sobre piratas. A Educadora deve ter em conta o espaço onde as

crianças preferem realizar a caça ao tesouro, para que assim seja mais fácil desenhar o

mapa. Depois de estarem concluídos os mapas mostre os mapas do tesouro, a

Educadora deve dividir os jogadores em pequenos grupos e pedir a um elementos de

cada grupo para escolher um mapa. Para dar mais ênfase ao jogo, as crianças deverão

estar devidamente caracterizadas com chapéus, calças, camisas, palas para os olhos,

espadas, ganchos, entre outras. Ao longo da procura do tesouro, as crianças deverão

comportar-se como verdadeiros piratas, dramatizando a caça ao tesouro.

Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores

Material: Papel e caneta; adereços de pirata.

Duração: 35 minutos

Page 103: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

102

NOME DO JOGO: JOGO DO TACTO

Objectivos: Exploração sensorial; Fomentar a criatividade e imaginação das crianças;

Escalão etário: A partir dos 4/5 anos

Desenvolvimento: A educadora antes de iniciar o jogo deve fazer uma recolha pela

sala de objectos de formas e materiais diferentes. Os objectos estarão dentro de um

saco. O jogo inicia-se com as crianças sentadas no chão em forma de círculo e com os

primeiros participantes de olhos vendados. O primeiro jogador tirará o primeiro

objecto do saco e dirá uma característica desse objecto, sem dizer que objecto é e

depois passá-lo à pessoa ao lado. Cada participante deverá dizer uma característica

diferente, como por exemplo: se é duro, mole, áspero, suave, quente, frio. Quantas

mais características foram ditas mais fácil será de adivinhar. Quando o objecto chegar

ao final do círculo, a última pessoa terá que adivinhar de que objecto se trata sem lhe

tocar.

Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores

Material: Materiais diferentes recolhidos na sala de Jardim-de-Infância e que as

crianças conheçam

Duração:

Page 104: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

103

NOME DO JOGO: DE QUE OBJECTO ESTOU A FALAR?

Objectivos: Incentivar à descrição pormenorizada de objectos; Fomentar a imaginação

e criatividade das crianças; Exploração do imaginário: contar e inventar histórias;

improvisação e teatro infantil.

Escalão etário: A partir dos 5/6 anos

Desenvolvimento: Inicialmente a Educadora irá pedir a uma criança que visualize um

objecto à escolha e o descreva, mas sem mencionar a sua cor, forma ou nome, os

restantes jogadores têm que adivinhar de que objecto se trata. Se as crianças não

conseguirem adivinhar de que objecto se trata, a criança pode dar uma pista mais fácil

dizendo a sua cor, forma ou até mesmo o nome. A Educadora deve encorajar a criança

a descrever o objecto com o maior número de características. Este jogo pode-se tornar

mais rico e aliciante se em vez de mencionar as características, a criança inventar uma

história ou uma situação que envolva o objecto.

Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores

Local: Jardim-de-Infância

Material: Objectos da sala do Jardim-de-Infância

Duração: 15 minutos

Page 105: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

104

NOME DO JOGO: PASSOS & PASSOS

Objectivos: Fazer padrões; Estimular a criatividade das crianças

Escalão etário: a partir dos 3 anos

Desenvolvimento: A educadora divide a classe em grupos de quatro e dá e aceita

sugestões de diferentes passos e maneiras de andar (em pontas, sobre os calcanhares,

em câmara lenta, à palhaço, a jogar à macaca, a saltitar como um atleta, em marcha

atrás, aos saltos, como um patinador, com passos malucos, como um pinguim, entre

outras). Depois de cada grupo escolher passos e maneiras de andar, apresenta-as à

classe. É, depois, a vez do segundo grupo, e depois dos outros grupos.

Nº de Jogadores: mais de dois jogadores

Material: nenhum

Duração: 20 minutos

Page 106: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

105

NOME DO JOGO: EXPLORAR OS OBJECTOS REDONDOS

Objectivos: Trabalhar as formas geométricas, a classificação e a seriação; Estimular à

caracterização dos objectos, enriquecendo o vocabulário delas.

Escalão etário: A partir do 4/5 anos

Desenvolvimento: A Educadora começará por pedir, no dia anterior, às crianças para

trazerem objectos redondo de casa, mas que sejam especiais. Para dar início ao jogo,

as crianças deverão estar sentadas em círculo e os objectos à sua frente. As crianças

falarão porque trouxeram os objectos, porque é que são especiais. Para estimular o

sentido de observação das crianças e para prolongar o jogo, a Educadora poderá

perguntar-lhes se conseguem encontrar na sala objectos redondos. Para tornar o jogo

mais rico, a Educadora poderá propor às crianças que encontrem objectos com outras

formas geométricas, tais como: quadrangulares, triangulares, rectangulares. Para

terminar peça às crianças que façam conjuntos de objectos (conjunto dos triângulos,

conjunto de rectângulos, …) e depois para seriá-los do maior para o mais pequeno.

Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores

Material: Objectos geométricos

Duração: 20 minutos

Page 107: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

106

NOME DO JOGO: O JOGO DAS PORTAS

Objectivos: Explorar a mímica, a criatividade e a imaginação das crianças.

Escalão etário: a partir do 4/5 anos

Desenvolvimento: Divida às crianças em pequenos grupos e peça a cada grupo para

ensaiar uma situação em que as portas sejam importantes. Depois faça-os representar

a cena diante todo o grupo. Certifique-se que pequenas acções (como pôr uma chave

na porta) são representadas de forma expressiva, clara e lenta. Comece sempre o jogo

fazendo os participantes passarem por uma porta ou série de portas para os envolver

imediatamente. Ponha um ponto final no jogo fazendo toda gente passar por uma

porta imaginária.

Nº de Jogadores: mais de dois jogadores

Material: nenhum

Duração: 15 minutos

Page 108: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

107

NOME DO JOGO: BRINCANDO COM A VOZ

Objectivos: Explorar a linguagem oral; Explorar a intensidade da voz (falar alto,

sussurrar, entre outras); Exploração do imaginário: contar e inventar histórias;

improvisação e teatro infantil.

Escalão etário: A partir do 5/6 anos

Desenvolvimento: Os participantes devem estar divididos em pequenos grupos e cada

grupo deve escolher uma história que já conheça ou então inventar uma. A Educadora

deve incentivar as crianças a exagerarem no tom de voz enquanto representam a

história, mas, ao mesmo tempo, deve dizer-lhes para representarem a história com a

máxima clareza possível.

Nº de Jogadores: mais de dois jogadores

Material: O material para a representação das histórias pode ser o da área da casa.

Duração: 35 minutos

Page 109: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

108

NOME DO JOGO: UMA VASSOURA É UM CAVALO

Objectivos: Exploração do imaginário: contar e inventar histórias; improvisação e

teatro infantil.

Escalão etário: A partir dos 4/5 anos

Desenvolvimento: Antes do início do jogo, a Educadora deve reunir vários objectos do

dia-a-dia. Devida as crianças em grupos de quatro e peça-lhes que criem uma peça

curta usando no máximo quatro objectos. Sugira também aos participantes para

imaginarem utilizações invulgares para cada objecto: as crianças não podem usar uma

vassoura para varrer ou uma cadeira para se sentarem.

Nº de Jogadores: grupos de quatro elementos.

Material: Objectos do quotidiano, como vassouras, baldes, cadeiras, mesinhas e

bancos.

Duração: 35 minutos

Page 110: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

109

NOME DO JOGO: BRINCANDO COM FANTOCHES

Objectivos: Fomentar à interiorização de regras sociais; Exploração do imaginário e

criatividade das crianças: improvisação e teatro infantil.

Escalão etário: A partir dos 3 anos

Desenvolvimento: Divida os participantes em pares e peça-lhes que segurem os

fantoches cara a cara enquanto praticam acções básicas, tais como, acenar que sim,

abanar a cabeça, olhar para o outro fantoche e dizer olá. Peça a cada par para escolher

cinco movimentos associados com encontros (reconhecerem-se um ao outro, dizer olá,

saudarem-se com um cumprimento ou um abraço, ficarem contentes com a outra

pessoa ou dizer adeus). Logo que os grupos tenham acabado de praticar faça-os

representar para todo o grupo.

Nº de Jogadores: mais de dois jogadores

Material: Fantoches

Duração: 35 minutos

Page 111: Maleta Pedagogica

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

110

É importante referir que esta maleta nunca está completa e tem

que estar sempre em constante mudança. De uma pequena caixa

pode-se tornar num gigante baú, com aventais dos contos, livros

diversos, dedoches, fantoches, sombras chinesas, novas cartas,

jogos, entre outras coisas. Nunca se esqueçam que nem todas as

pessoas têm jeito para contar histórias mas todas podemos

aprender. Dentro da maleta é importante que esteja sempre a

aula sobre como contar histórias.

Desejo que tenham um percurso profissional promissor na área.

Mas, principalmente espero que tenham gostado da formação e

que esta vos tenha acrescentado algo tanto a nível pessoal como

profissional. Continuem a aprender porque o saber não ocupa

espaço.