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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO CLIVERSON CHIARELLI A DIFERENÇA É A ALMA? A SUBCULTURA DE CONSUMO HARLEY-DAVIDSON E UMA COMPARAÇÃO DO SIGNIFICADO DA MARCA EM DIFERENTES CULTURAS DE CONSUMO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO BIGUAÇU 2015

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO

CLIVERSON CHIARELLI

A DIFERENÇA É A ALMA?

A SUBCULTURA DE CONSUMO HARLEY-DAVIDSON

E UMA COMPARAÇÃO DO SIGNIFICADO DA MARCA

EM DIFERENTES CULTURAS DE CONSUMO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

BIGUAÇU

2015

CLIVERSON CHIARELLI

A DIFERENÇA É A ALMA?

A SUBCULTURA DE CONSUMO HARLEY-DAVIDSON

E UMA COMPARAÇÃO DO SIGNIFICADO DA MARCA

EM DIFERENTES CULTURAS DE CONSUMO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito à obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Boeing da Silveira

BIGUAÇU

2015

AGRADECIMENTOS

À minha esposa, Tayana Cácia Emilio, pelo amor, exemplo, paciência e

dedicação a mim, renovando minhas forças e me ajudando nos momentos mais

críticos.

Ao meu querido pai, Prof. Ernesto Chiarelli, pelo apoio integral e paciência

dedicados a mim.

À minha querida Mãe. Prof. Odete Neves, pelo caminho que projetou e

construiu, para que eu atingisse este objetivo.

A meu querido irmão Giovanni Chiarelli, por me apoiar de diversas formas,

sempre precisei.

Ao Pablo Julier Marques, pelo apoio e comprometimento e contribuições a

este estudo.

Ao meu orientador e amigo, Professor Dr. Ricardo Boeing da Silveira, pelo

conhecimento, dedicação e profissionalismo dedicados à produção desta pesquisa.

À Professora Luciana Merlim Bervian, por confiar em mim, pela amizade,

companheirismo e pelas diversas contribuições à este estudo.

À minha querida amiga, Francine Neves Simas, pela companhia, conversas,

risadas e pelo apoio, durante o Mestrado.

Aos meus colegas de classe, pelo conhecimento compartilhado e por

passarmos bons momentos juntos.

A todos os entrevistados participantes do HOG Florianópolis Chapter, com

os quais, tive o prazer de conviver.

Ao Benetton, pela disponibilidade, simpatia e conhecimento demonstrados,

durante a entrevista, realizada em sua residência.

Ao Excelente corpo docente do Mestrado em Administração da UNIVALI e

pela excelência no ensino, recebida durante o Mestrado.

A Deus, por todas as anteriores!

"O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele" (Immanuel Kant)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Brasão do HOG Florianópolis Chapter ....................................................... 53 Figura 2: Estrutura do emprego dos métodos do estudo .......................................... 56 Figura 3: Aplicação da metodologia Focus Group ..................................................... 64

Figura 4: Reunião para a entrevista do Grupo focal 2 ............................................... 66

Figura 5: Reunião para a entrevista do Grupo focal 3 ............................................... 66 Figura 6: Reunião para a entrevista do Grupo focal 4 ............................................... 67 Figura 7: Membro experiente Dauzelei Benetton ...................................................... 69 Figura 8: Dauzelei Benetton ...................................................................................... 69

Figura 9: Folder do evento Mc Dia Feliz. ................................................................... 80 Figura 10: HOGs, em seu encontro semanal, na concessionária HD de Florianópolis .................................................................................................................................. 82 Figura 11: Road Captain no momento do Briefing do passeio .................................. 84 Figura 12: Acolhidos pelo jovem casal de Road Captains, durante um lanche no McDonald’s ................................................................................................................ 85 Figura 13: Parada dos HOGs para um lanche no McDonalds................................... 86

Figura 14: Foto do Grupo em Canasvieiras - Florianópolis ....................................... 86 Figura 15: Anuncio do evento Harley Days 2014 ...................................................... 88

Figura 16: Formação dos bonde ao São Paulo Harley Days (2014) ......................... 90 Figura 17: São Paulo Harley Days (2014) ................................................................. 93 Figura 18: São Paulo Harley Days (2014) ................................................................. 94

Figura 19: Cartaz informativo sobre o Bate e Fica em Urubici .................................. 95

Figura 20: Motocicleta do pesquisador com bagagens e equipamentos para acampamento (2014) ................................................................................................ 96 Figura 21: Parada dos HOGs, no topo da Serra do Rio do Rastro (2014) ................ 97

Figura 22: Estilo e vestimenta dos membros da subcultura estudada (2014) ........... 97 Figura 23: Barraca usada por um casal de membros do HOG (2014) ...................... 98

Figura 24: Membros do HOG confraternizando (2014) ............................................. 99 Figura 25: Bolo de surpresa, dedicado pelos HOGs ao pesquisador aniversariante (2014) ........................................................................................................................ 99

Figura 26: Estilo e bom humor do HOG responsável pelos registros fotográficos do passeio (2014) ......................................................................................................... 100 Figura 27: Inclusão de crianças em eventos do HOG (2014) .................................. 100

Figura 28: Foto coletiva em frente a igreja de Urubici (2014) .................................. 101 Figura 29: Descontração para foto no retorno do Bate e Fica de Urubici (2014) .... 101

Figura 30: O que era esperado da marca Harley-Davidson antes da compra da primeira motocicleta ................................................................................................ 110 Figura 31: O que vocês fariam se não tivessem esse hobby .................................. 111

Figura 32: O sentimento no dia da compra ............................................................. 113 Figura 33: Os sentimentos quando está com a Harley-Davidson............................ 115

Figura 34: O significado da Harley-Davidson .......................................................... 117 Figura 35: O que sobra, no produto, ao retirar a marca Harley-Davidson ............... 119

Figura 36: Quais características são percebidas no produto sem a marca ............. 120 Figura 37: O que mudaria na percepção dos HOGs, ao ser colocada novamente a marca HD ................................................................................................................ 122 Figura 38: O sentimento em comparação aos motoqueiros do filme ...................... 124 Figura 39: Características que definem um legítimo HOG ...................................... 125

Figura 40: Como é o comportamento de um legítimo membro do HOG ................. 126 Figura 41: Como os HOG se comportam ............................................................... 127

Figura 42: O preconceito e a discriminação, em relação a um novo integrante do HOG ........................................................................................................................ 128 Figura 43: Quais foram as barreiras para entrada na cultura Harley-Davidson ...... 130 Figura 44: O papel do garupa nesta cultura Harley-Davidson ................................. 131 Figura 45: A participação de membros da família, em eventos do HOG ................. 132 Figura 46: HOGs desfilando em um comboio de motocicletas ................................ 133

Figura 47: Os prós e contras da prática de andar em comboio ............................... 135 Figura 48: Como são os passeios ........................................................................... 136 Figura 49: As pessoas e o passeio dos HOG.......................................................... 137 Figura 50: O sentimento sob os olhares dos espectadores deste passeio ............. 139 Figura 51: Os passeios promovidos por outras marcas de motocicleta .................. 140

Figura 52: Qual a vestimenta de um HOG .............................................................. 141 Figura 53: Os motoqueiros do filme usam roupas pretas e quentes ....................... 143

Figura 54:Vestimenta usada pelos atores do filme .................................................. 144 Figura 55: Encontro de Benetton com Peter Fonda “fotografia da fotografia” ......... 144 Figura 56: Qual a vestimenta da garupa membro do HOG .................................... 145 Figura 57: Quem decide sobre as compras de produtos Harley-Davidson ............. 147

Figura 58: Customização da Harley-Davidson ........................................................ 148 Figura 59: Customizações realizadas pelo membro experiente da HDSC estudada (2014) ...................................................................................................................... 150 Figura 60: As principais customizações praticadas pelos membros do HOG da Floripa HD ............................................................................................................... 151

Figura 61: O uso de peças não originais na customização de uma Harley-Davidson ................................................................................................................................ 152 Figura 62: Assim como no filme, muitos membros do HOG alteram o escapamento da motocicleta ......................................................................................................... 153 Figura 63: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson ................................................................................................................. 155 Figura 64: Cerveja sem álcool (2014) ..................................................................... 159

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Custos financeiros, referentes à coleta de dados, pelo uso de técnicas etnográficas ............................................................................................................... 51 Quadro 2: Símbolos e significados, utilizados nas transcrições das entrevistas ....... 68 Quadro 3: Sinalização utilizada para comunicação ................................................... 90 Quadro 4: Descrição dos eventos 2014 do HOG .................................................... 105 Quadro 5: Caracterização dos membros dos Grupos Focais .................................. 106

Quadro 6: Lista dos modelos utilizados pelos membros dos grupos focais pesquisados ............................................................................................................ 108

Quadro 7: Comparação dos resultados do estudo com os de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009) ......................................................... 173

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

HD Harley-Davidson

HOG Harley Owners Group – Grupo de Proprietários de Harley-Davidson

CCT Consumer Culture Theory – Teoria da Cultura do Consumo.

HDSC Subcultura de Consumo Harley-Davidson

RESUMO

Esta dissertação tem como objetivo analisar o significado da marca Harley-Davidson, pelo comportamento e percepção dos consumidores brasileiros. O Brasil é o maior consumidor da marca na América Latina e sede da única fábrica subsidiária da marca, fora dos Estados Unidos. O estudo foi fundamentado na Teoria da Cultura do Consumo, por responder questões referentes à forma como os consumidores pertencentes à diferentes culturas se comportam. Uma cultura de consumo pode ser compreendida pelo comportamento de seus consumidores, considerando os significados simbólicos e valores dominantes que estes têm acerca de uma determinada marca. Tais características são observadas com maior ênfase em subunidades, subgrupos ou culturas divididas. O estabelecimento destas subunidades culturais caracteriza a Subcultura de Consumo analisada neste estudo. Com o objetivo de compreender e identificar divergências e convergências nas percepções e comportamentos dos consumidores pertencentes a uma mesma Subcultura de Consumo, em diferentes Culturas de Consumo, os consumidores pesquisados foram analisados em seu ambiente natural de consumo, durante suas experiências com a marca Harley-Davidson. A análise objetivou uma maior compreensão acerca da forma como os membros do Harley Owners Group - HOG Florianópolis Chapter, identificam os atributos intrínsecos e extrínsecos desta marca. O método para a coleta dos dados fez uso de técnicas de pesquisa qualitativa. O pesquisador imergiu na Subcultura de Consumo, pela Observação Participante, observando por cinco meses os encontros semanais dos HOGs. Descreveu a percepção de membros-chave, dos grupos pesquisados pelo uso da entrevista Focus Group e por fim, compreendeu detalhes comportamentais e culturais, pela Entrevista em Profundidade, feita com o membro-chave, identificado com maior experiência nesta pesquisa. Os resultados obtidos com a análise destes dados, foram comparados pela técnica de pesquisa Cross-Cultural, aos resultados dos estudos anteriores de Schouten e McAlexander (1993,1995), que estudaram membros do HOG dos Estados Unidos com os do estudo de Schembri (2009), que estudou os australianos. Os resultados deste estudo demonstraram que várias características da Subcultura de Consumo Harley-Davidson, norte-americana, foram internacionalizadas de forma praticamente intacta, porém alguns aspectos demonstraram diferenças comportamentais e divergências de opinião, observadas durante a análise dos resultados do estudo com membros do HOG do Brasil, em relação aos anteriormente estudados.

Palavras-chave: Subcultura de Consumo, Atributos de Marca, Comportamento do

Consumidor, Harley-Davidson.

ABSTRACT

The aim of this research is to analyze the Harley-Davidson branding through the behavior and perception of Brazilian consumers. Brazil is currently the largest consumer of the Harley-Davidson brand in Latin America, and the headquarters of the only subsidiary factory outside the United States. This study is based on Consumer Culture Theory, as it addresses questions regarding the behavior of consumers belonging to different cultures. A consumer culture can be understood as the behavior of its consumers, considering their shared dominant values regarding a particular brand, and its meaning. These characteristics are seen with greater emphasis in subunits, subgroups or divided cultures. The establishment of these cultural subunits characterizes the Consumption Subculture analyzed in this study. In order to understand and identify differences and similarities in perceptions and behaviors of consumers belonging to the same Consumption Subculture in different Consumption Cultures, the surveyed consumers were analyzed in their natural consumption environments, during their experience with the Harley Davidson brand. The purpose of the analysis was to improve understanding of how the members of the Harley Owners Group – HOG, Florianopolis Chapter identify intrinsic and extrinsic attributes of the brand. The data collection method used qualitative research techniques. The researcher was immersed in the Consumption Subculture through Participant Observation, observing the weekly meetings of the HOGs over a period of five months. The study describes the perceptions of key members of the groups surveyed using Focus Group interviews, and finally, it addresses behavioral and cultural particularities through an in-depth interview with a key member, identified as the most experienced amongst the studied members. The results of these data analyses were compared, using the Cross-Cultural research technique, with the results of a previous study by McAlexander and Schouten (1993,1995), which studied US HOG members, and the results of the Schembri study (2009), which studied the Australian members. The results of this study indicate that several features of the Harley-Davidson Consumption Subculture in the United States have been internationalized in practically intact form; however, some characteristics demonstrated behavioral differences and divergences of opinion, observed during the analysis of the results of the study with HOG members in Brazil, in relation to those studied previously. Keywords: Consumption Subculture, Brand Attributes, Consumer Behavior, Harley-

Davidson.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 15

1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................................................... 20

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................................................ 20

1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................................................................. 20

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................................... 21

1.4 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO .......................................................................................................... 24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 25

2.1 IDENTIDADE, ATRIBUTOS E EXPERIÊNCIA DE MARCA .................................................................................... 25

2.1.1 Identidade e Atributos de Marca ............................................................................................................. 27

2.1.2 Experiência de Marca .............................................................................................................................. 29

2.2 CULTURA E SUBCULTURA DE CONSUMO COMUNIDADE DE MARCA ............................................................... 31

2.3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E ESTUDOS CROSS-CULTURAL .......................................................... 35

2.4 ESTUDOS SOBRE O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR PROPRIETÁRIO DE HARLEY-DAVIDSON ............... 40

2.4.1 Impactos no mercado de uma subcultura consumo: a mística Harley-Davidson ........................... 40

2.4.2 Subculturas de consumo: uma etnografia dos novos motociclistas. ................................................ 42

2.4.3 Reformulando a experiência de marca: o significado experiencial da Harley-Davidson. .............. 43

2.4.4 Comunidade de Marcas e os proprietários de Harley-Davidson de Belo Horizonte ...................... 46

2.4.5 Você tem uma moto ou uma Harley? .................................................................................................... 47 2.4.6 A Internacionalização sob a ótica da Cultural Nacional e Organizacional: Adaptabilidade ou

Submissão da Subsidiária? ............................................................................................................................... 48

2.4.7 Cocriação em uma empresa com uma marca forte: Harley-Davidson ............................................. 48

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 50

3.1 SUJEITOS DA PESQUISA .................................................................................................................................. 52

3.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS .................................................................................. 55

3.2.1 Observação Participante ......................................................................................................................... 58

3.2.2 Diário de Campo ....................................................................................................................................... 60

3.2.3 Focus Group .............................................................................................................................................. 63

3.2.4 Entrevista em profundidade .................................................................................................................... 68

3.2.5 Cross-Cultural ........................................................................................................................................... 71

3.3 VARIÁVEIS DE ANÁLISE ................................................................................................................................... 72

3.4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................................................... 73

3.4.1 O uso do Atlas.ti no análise dos dados ................................................................................................. 74

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 77

4.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE APLICADA À HDSC, NO HOG FLORIANÓPOLIS CHAPTER ............................. 77

4.1.1 Primeiro encontro com o HOG ............................................................................................................... 78

4.1.2 São Paulo Harley Days ............................................................................................................................ 88

4.1.3 Acampamento “Bate e Fica” em Urubici ............................................................................................... 94

4.2 ANÁLISE DOS GRUPOS FOCAIS .................................................................................................................... 106

4.2.1 Identificação dos motivos do consumidor ........................................................................................... 109

4.2.1.a Expectativas antes da compra ......................................................................................................... 109

4.2.1.b Motocicleta como um hobby ............................................................................................................. 111

4.2.1.c O dia da compra ...................................................................................................................................... 112

4.2.1.d Os sentimentos ao pilotar uma HD .................................................................................................. 114

4.2.2 Atributos da marca HD ........................................................................................................................... 116

4.2.2.a O significado da Harley-Davidson ..................................................................................................... 117

4.2.2.b Significados do produto, sem a marca Harley-Davidson .............................................................. 118

4.2.2.c Atributos do produto, considerando a marca HD ................................................................................... 121

4.2.3 Comportamento dos HOGs ...................................................................................................................... 123

4.2.3.a Impactos do cinema na percepção dos HOGs .............................................................................. 123

4.2.3.b Características de um legítimo HOG ................................................................................................ 125

4.2.3.c Comportamento de um legítimo membro do HOG ........................................................................ 126

4.2.3.d Comportamento dos HOGs, quando reunidos ................................................................................ 127

4.2.3.e O preconceito como barreira de entrada ......................................................................................... 128

4.2.3.f Barreiras à entrada na HDSC .................................................................................................................... 129

4.2.3.g O garupa na HDSC ............................................................................................................................. 131

4.2.3.h Inclusão da família nos eventos HOG .............................................................................................. 132

4.2.4 Os passeios ............................................................................................................................................. 133

4.2.4.a Desfile das motocicletas ..................................................................................................................... 133

4.2.4.b Prós e contras de andar em comboio ...................................................................................................... 134

4.2.4.c Percepções acerca dos passeios...................................................................................................... 136

4.2.4.d O público e o passeio dos HOGs ...................................................................................................... 137

4.2.4.e O sentimento sob os olhares dos espectadores ............................................................................. 138

4.2.4.f Passeios de outras marcas de motocicleta ...................................................................................... 140

4.2.5 Produtos HD ............................................................................................................................................ 141

4.2.5.a As vestimentas de um HOG .............................................................................................................. 141

4.2.5.b As vestimentas dos motociclistas do cinema .................................................................................. 143

4.2.5.c Vestimentas do garupa ....................................................................................................................... 145

4.2.5.d Decisão de compra ............................................................................................................................. 146

4.2.6 Customizações ........................................................................................................................................ 148

4.2.6.a Customizações do HOG Florianópolis Chapter .............................................................................. 148

4.2.6.b Principais customizações .................................................................................................................. 151

4.2.6.c Originalidade das peças ..................................................................................................................... 152

4.2.6.d Alteração do escapamento da motocicleta ...................................................................................... 153

4.2.7 O som do motor ...................................................................................................................................... 154

4.3 DISCUSSÃO ................................................................................................................................................... 156

4.3.1 A compra da liberdade ........................................................................................................................... 157

4.3.2 Barreiras de entrada à subcultura de consumo ................................................................................. 160

4.3.3 O espetáculo vai começar... .................................................................................................................. 161

4.3.4 Customização, Identidade e Liberdade ............................................................................................... 164

4.3.5 Que ronquem os motores ...................................................................................................................... 166

4.3.6 Respeitável público ................................................................................................................................ 166

4.3.7 A grande atração: A marca ................................................................................................................... 167

4.4 IMPLICAÇÕES TEÓRICAS ............................................................................................................................... 170

4.5 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ............................................................................................................................ 172

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 175

5.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................................................ 175

5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................................................................ 179

5.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................... 180

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 182

APÊNDICE 1 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA GRUPO FOCAL 1 ...................... 192

APÊNDICE 2 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA GRUPO FOCAL 2 ...................... 232

APÊNDICE 3 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA GRUPO FOCAL 3 ...................... 266

APÊNDICE 4 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA GRUPO FOCAL 4 ...................... 297

APÊNDICE 5 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE ................. 329

APÊNDICE 6 – ROTEIRO FOCUS GROUP HOG .................................................. 360

APÊNDICE 7 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE ................ 363

15

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo serão abordados os aspectos que contextualizam o tema

proposto, fornecendo subsídios necessários à elaboração da questão de pesquisa e

dos objetivos do trabalho.

1.1 Contextualização

Estudos sobre a cultura do consumo, demonstram perspectivas que

abordam as relações dinâmicas entre ações de consumo, mercado, e significados

culturais. Arnould e Thompson (2005) apresentaram o termo CCT (Consumer

Culture Theory), para a Teoria da Cultura do Consumo. Esta contribui para a

compreensão do consumo e do comportamento do mercado, se propondo unir

sistematicamente o nível individual, com outras estruturas de processos culturais.

Nesta linha, o termo “cultura”, por ser frequentemente usado em estudos Cross-

Cultural, não tem uma definição clara. Existem muitas variações teóricas do termo

cultura. A teoria cultural baseia-se no modo de vida que é formada pelas relações

sociais e tendências culturais ou socioculturais. Neste sentido, o termo “cultura”, é

definido como o conjunto de comportamentos sociais com significados comuns entre

os membros de uma sociedade ou grupo (SOJKA; TANSUHAJ, 1995).

O crescente aumento do número de produtos originou várias estratégias de

diferenciação (AAKER, 1998; SCHEMBRI, 2009). As Estratégias de Marca são

frequentemente utilizadas como fator de diferenciação no mercado, fazendo uso do

conhecimento acerca do comportamento do consumidor, da Cultura de Consumo em

que estão inseridos e da forma como estes percebem os atributos intrínsecos e

extrínsecos de uma determinada marca, ao mesmo tempo, em que se faz

necessário, reconhecer as relações culturais, políticas e sociais existentes, relativas

ao seu consumo. A marca não se limita a um logotipo ou etiqueta, mas um

significado, como um meio de vida, um conjunto de valores, atitudes, expressões e

conceito (VÁSQUEZ, 2011). Nesta linha, uma marca pode se tornar um ícone,

16

quando relacionada à percepção de quem a consome, vencendo seus concorrentes,

não apenas pela inovação, qualidade e serviços, mas por estabelecer conexões

culturais com seus usuários. A escolha da marca se dá por meio do significado que

esta traz à vida de seus consumidores (FOURNIER, 1998; HOLT, 2003).

Uma Cultura de Consumo, quando relacionada ao comportamento de

consumo de determinada marca, produto ou atividade, pode ser caracterizada como

uma Subcultura de Consumo. Esta caracterização se embasa em semelhanças

estabelecidas na adoção de valores e comportamentos dos consumidores, em

relação ao objeto de consumo. O estudo de Schouten e McAlexander (1995)

identificou a Subcultura de Consumo como um subgrupo que difere da sociedade.

Estes subgrupos se auto selecionam e se baseiam em um propósito comum, ou em

uma relação com determinado produto, marca e atividade de consumo, assim como

a análise da estrutura social, dos valores dominantes e dos comportamentos

simbólicos devem orientar os estudos, por meio da Subcultura de Consumo, para a

análise do mesmo. Solomon et al. (2006), descreveram que membros de grupos

subculturais têm um impacto significativo no comportamento do consumidor.

Os consumidores utilizam algumas marcas específicas de maneiras

diferentes para a construção do seu eu, para comunicar o que são (SCHEMBRI;

MERRILEES; KRISTIANSEN, 2010). Nesta linha, Rossi et al. (2006), os indivíduos

compram bens que representam a sua identidade, utilizam suas posses para

estender e entender o seu eu. Sendo assim, a personalidade de uma determinada

marca pode estabelecer influência, por diversas formas, na preferência do

consumidor. Aaker (1997) descreve que marcas com maior robustez, como a

Marlboro e a Harley-Davidson têm em sua dimensão, características de força e

masculinidade.

A Harley-Davidson é uma empresa que demonstra excelência em relacionar

sua marca a um estilo de vida. Sua excelência e qualidade podem ser percebidas

tanto nas motocicletas, seu principal produto, como nas peças, acessórios e roupas

comercializadas pela empresa. Estabelece fortes laços com seus consumidores,

promovendo a criação de verdadeiras comunidades desta marca. Alguns

consumidores a compreendem como parte de sua identidade, tatuando-a em alguns

casos extremos, em seus corpos. (SCHMITT, 1999; SCHEMBRI, 2009).

O estudo de Fournier (2009) descreve que em 1983, a Harley-Davidson

passou por uma grande crise, onde correu um grande risco de falência e após vinte

17

e cinco anos, ostentava uma marca global. O sucesso e a recuperação da empresa

se deram pelo compromisso com a construção de uma forte comunidade de marca.

A comunidade de marca supracitada é caracterizada neste trabalho, e

identificada pela sigla HOG membros do Harley Owners Group. Este grupo é

composto por membros ativos, proprietários de Harley-Davidson. Estrategicamente

criado como um programa de fidelização da marca, ao adquirir uma nova

motocicleta, o cliente se torna, automaticamente, um membro ativo com a primeira

anuidade gratuita (PINTO, 2011; CUNHA; ROSINI, 2013).

A entrevista de Malheiros (2012) relatou a fala do CEO, ou seja Diretor

Executivo da Harley-Davidson, Keith Wandell, em sua participação na inauguração

da montadora da empresa, localizada na cidade de Manaus, no Brasil. O CEO

destacou que a preocupação da montadora em estar atualizada com as demandas

mundiais e com todas as culturas locais onde cita “em cada região do mundo somos

muito bem aceitos”.

Malheiros (2012) ainda comenta que objetivando que a Harley-Davidson seja

uma empresa global, precisa primeiramente ser local e saber o que as pessoas de

cada lugar esperam de nossa marca. Todas as motocicletas montadas no Brasil são

projetadas e pensadas levando em consideração algumas características regionais.

Atualmente, a marca norte-americana Harley-Davidson apresenta um

crescente número de consumidores no Brasil. A empresa teve o maior crescimento

mundial nas vendas de suas motocicletas em 2013, em comparação ao ano anterior,

totalizando 13,1% na América Latina e 4,4% no mundo. O lucro da montadora

também cresceu 17,6%, totalizando um faturamento de US$ 5,9 bilhões e um lucro

de US$ 734 milhões em 2013. No Brasil, a empresa continua crescendo

(BRANDÃO, 2014).

Com dezenove concessionárias no Brasil, a empresa estabelece uma série

de interações e expressões com os seus consumidores e proprietários. A atribuição

de significados à marca, previamente pensados, necessita de materialidade, que

pode ser obtida por meio do contato e da aproximação com seus clientes. Nesta

linha de pensamento, uma marca pode ser entendida como um nome, termo ou um

ícone, ou pela combinação dos mesmos e tem como objetivo a diferenciação dos

bens e serviços de um determinado fabricante, em comparação aos seus

concorrentes. Aaker (2001) descreveu que seria uma falha tratar determinada marca

18

como um nome, na medida em que a grande dificuldade da definição desta, consiste

no desenvolvimento de um conjunto de significados à marca.

Criado em 1983, o HOG hoje é o maior grupo de motociclistas do mundo. O

HOG não é um moto clube, sendo assim seus membros não são submetidos às

rígidas regras comuns em motoclubes. O grupo é composto por uma Diretoria

voluntária, eleita ano a ano e escolhida em comum acordo com o concessionário

oficial Harley-Davidson de cada cidade ou região. Possui uma proposta bem definida

de cultivar e multiplicar amigos, rodando sempre juntos, desde um simples passeio,

às realizações de diversas ações sociais e filantrópicas. Para se tornar um membro

basta ser proprietário de uma motocicleta Harley-Davidson, sendo assim, no ato da

compra o cliente recebe uma carteira de associado, contendo vários benefícios em

qualquer parte do mundo, além de revistas com atualidades de interesse do mundo

HD, patches e pin para o colete (RIBEIRÃO PRETO HARLEY-DAVIDSON, 2015).

A empresa ainda agrega variados valores intrínsecos e extrínsecos a sua

marca. Alguns valores podem ser identificados pela observação das vestimentas de

seus usuários, comportamentos e características das motocicletas, que são

estereotipadas por clássicos personagens do cinema, referenciados por seus

consumidores. Como estratégia de agregação de valor à marca, as concessionárias

Harley-Davidson têm em suas dependências, uma pessoa responsável pelo HOG,

para o cadastramento dos membros, manutenção e informação sobre eventos e

passeios, assim como, a organização dos cafés semanais, realizados nas

concessionárias HD.

Juntamente aos seus mais de 110 anos de existência, a marca Harley-

Davidson é reconhecida por possuir variados atributos e significados aos seus

consumidores. No Brasil, iniciou sua expansão em 2010 com a fábrica de Manaus,

evidenciando a importância da produção de estudos acerca das expectativas e dos

significados da marca, pelos consumidores brasileiros. Ratificando o exposto, Kacen

e Lee (2002) defendem que a cultura afeta os produtos, a estrutura de consumo e a

tomada de decisão do indivíduo. Quando o consumidor adquire um produto, espera

obter: funções, forma e significado. Estas funções, em alguns casos, são

relacionadas à marca, que muitas vezes representa a identidade ou a segurança de

que tais expectativas serão atingidas.

Algumas características dos produtos, pouco se adaptam ao clima tropical

do Brasil, que demanda roupas mais leves e motocicletas com motores que não

19

causem tanto desconforto ao piloto, por produzir uma alta temperatura quando em

baixa velocidade. Estas, porém, são sobrepostas por um novo sistema de

referências e significados, advindos da Cultura de Consumo do país anfitrião da

marca (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993; SCHEMBRI, 2009).

No Brasil, cabe à Harley-Davidson cuidar dos detalhes existentes nas

diferenças, percepções e necessidades de seus consumidores, em comparação aos

pertencentes a outras culturas de consumo, para maior eficiência de suas operações

mercadológicas, customizando detalhes da operação de agregação de valor, sem

perder o foco na cultura e nas características que agregam valor à marca. Segundo

Tanure e Duarte (2006) deve-se seguir um modelo único de ação para trabalhar com

outras culturas. Existe uma característica da própria cultura que influencia na

negociação.

Destaca-se ainda, a relevância mercadológica da compreensão do

comportamento do consumidor brasileiro, acerca de uma marca específica.

Conforme Tanure e Duarte (2006), é preciso compreender as diferenças culturais

nos negócios, para se ter uma sensibilidade cultural. Esta é uma situação que

chama a atenção do pesquisador, para as diferenças culturais e ao impacto que

estas causam nas negociações.

O vice-presidente da Harley-Davidson declarou que o Brasil tem uma forte

cultura da motocicleta, demonstrando um grande potencial a ser explorado pela

empresa. O exposto explicita a importância de investimentos e estudos relacionados

à compreensão dos consumidores brasileiros (MALHEIROS, 2012).

Com base nos estudos anteriores Schouten e McAlexander (1993,1995),

com os HOGs norte-americanos e o de Schembri (2009), com os HOGs

australianos, estes estudos, por meio da abordagem de escopo Cross-Cultural, foi

fundamentado nas premissas de como os diversos grupos de consumidores

brasileiros, da marca Harley-Davidson, membros do HOG, se diferenciam e

interpretam esta marca, quando comparados aos membros do HOG, pertencente a

mesma Subcultura de Consumo em diferentes Culturas de Consumo.

Os resultados obtidos nos estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995)

e Schembri (2009) subsidiam uma melhor construção e gestão de marcas, a partir

do nível fundamental do que estas significam aos seus consumidores. Em termos

gerais, esta pesquisa foi desenvolvida, a partir da seguinte questão: qual é o

significado da marca Harley-Davidson, na experiência de marca do consumidor

20

brasileiro, em comparação aos estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e

Schembri (2009)?

1.2 Definição dos objetivos da pesquisa

Com o propósito de responder à questão de pesquisa do trabalho, foram

definidos os seguintes objetivos:

1.2.1 Objetivo geral

A. Analisar o significado da marca Harley-Davidson, na experiência de marca

do consumidor brasileiro, em comparação aos estudos de Schouten e

McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).

1.2.2 Objetivos específicos

B. Identificar os atributos da marca em análise, com base no trabalho de

Schembri (2009);

C. Avaliar as experiências dos consumidores brasileiros a respeito da marca

estudada;

D. Comparar os resultados obtidos na pesquisa aplicada aos consumidores

brasileiros, aos dos trabalhos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e

Schembri (2009).

21

1.3 Justificativa

Compreender a forma como diversos grupos se diferenciam da sociedade

em que vivem, ou como se relacionam com determinado produto, marca ou

atividade de consumo, justifica a escolha dos estudos de Schouten e McAlexander

(1993,1995) e de Schembri (2009), no estabelecimento das comparações desta

pesquisa.

A análise da estrutura social, dos valores dominantes e dos comportamentos

simbólicos, deve orientar os estudos por meio da subcultura de consumo, para a

análise da mesma. Neste sentido Schembri (2009), identificou a existência de

percepções e expectativas distintas de membros externos e internos de determinada

subcultura.

Schouten e McAlexander (1995), seguiram quatro compostos de ciclos de

vida para as subculturas, tais compostos são: articulação, expansão, corrupção e

declínio, e concluíram que a HDSC, (Harley-Davidson subculture of consumption)

subcultura de consumo Harley-Davidson, está beirando à corrupção e terá inevitável

declínio, porém ainda não há consenso sobre os ciclos de vida das subculturas e se

fazem necessários mais estudos.

Transcendendo as barreiras culturais entre países, a aplicação deste estudo

no Brasil, se justifica por identificar a existência de evidências na internacionalização

da HDSC, porém não se sabe exatamente qual é a natureza e o impacto desta

subcultura de consumo norte-americana, em outras culturas de consumo, assim

como o grau de influência da cultura de consumo brasileira, quando sobreposta pela

internacionalização de uma subcultura norte-americana. Nesta linha, Schouten e

McAlexander (1993) identificaram algumas evidências na internacionalização da

HDSC, indicando a realização de novos estudos para a identificação de sua

natureza, alcance e da longevidade da mística desta marca, em outras culturas de

consumo, fora dos Estados Unidos. Os autores ressaltam a importância do

entendimento de como os símbolos básicos desta cultura são usados, interpretados

e alterados, quando sobrepostos a uma cultura não norte-americana.

Corroborando com o exposto, Roth (1995) afirma que a cultura de um país

influencia o comportamento do consumidor. Santos (2003) defende que a imagem

22

do país de origem pode influenciar os consumidores, onde os produtos destes

países, são melhor avaliados, com uma imagem positiva.

Boeing (2012) realizou um estudo sobre semelhanças e diferenças no

comportamento dos consumidores do Brasil e dos Estados Unidos, baseado na

estratégia de posicionamento de produtos em filmes, evidenciando a importância de

estudos Cross-Cultural, para melhor decisão gerencial.

No Brasil, muitas evidências da internacionalização desta subcultura são

percebidas pela observação das vestimentas e da forma como alguns proprietários

de Harley-Davidson customizam suas motocicletas, demonstrando grande

similaridade às características norte-americanas. Todavia, esta subcultura é

sobreposta por um novo sistema de referências, advindo da cultura do país anfitrião

da marca (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1995; SCHEMBRI, 2009).

Quanto às contribuições para a área do marketing, primeiramente destaca-

se a utilização do método e de técnicas de pesquisa etnográfica, como um

diferencial, pelo recente uso em pesquisas mercadológicas, especificamente em

estudos de comportamento do consumidor. Ikeda, Pereira e Gil (2006) citam que,

este método se mostrou adequado às pesquisas do comportamento do consumidor

em marketing, pois fornece explicações holísticas com profundidade no contexto

principal.

Pelos métodos utilizados na construção desta pesquisa, a integração do uso

do método de pesquisa Cross-Cultural, com técnicas etnográficas, comparando os

resultados obtidos em estudos anteriores, evidencia a originalidade desta pesquisa,

pelo caráter inovador da estrutura metodológica utilizada neste estudo, em busca de

obtenção e análise dos dados. Ou seja, apresenta uma importante contribuição às

pesquisas de cultura de consumo e subcultura de consumo. Porém, é importante

destacar, que devido às restrições de equivaler o tempo da coleta de dados,

utilizado na pesquisa de Schembri (2009) e de Schouten e McAlexander (1995), o

presente estudo não se caracteriza como uma etnografia, todavia, fez uso de

algumas técnicas etnográficas para a coleta dos dados. Mesmo com estas

restrições, Ikeda, Pereira e Gil (2006) descrevem que este método contribui para

compreender o comportamento do consumidor, pois identifica características que

não são observadas nas pesquisas quantitativas tradicionais, em pesquisa de

marketing.

23

O fato de algumas implicações interculturais da subcultura de consumo

ainda não serem conhecidas e de existir uma tendência em transcender barreiras de

nacionalidade, etnia, gênero e geração, explicitam a necessidade de pesquisas

adicionais, e caracterizam as lacunas encontradas nos estudo de Schembri (2009).

Além disso, compreender como os consumidores se comportam e percebem

determinadas marcas, subsidia a tomada de decisão dos gestores de marketing, no

que tange às questões mercadológicas relacionadas às decisões de compra de

produtos, por membros de uma subcultura, que foi sobreposta a uma cultura de

consumo, estabelecida pelos costumes de uma região ou país, reforçando a

relevância deste estudo. Corroborando com o exposto, Louro (2000) cita que

atrelada à marca estão as subculturas de consumo, estas influenciam a decisão de

compra dos consumidores.

Devido a um entrave legal e por receber benefícios fiscais para operar na

Zona Franca de Manaus, todas as motocicletas da empresa, produzidas em

Manaus, podem ser vendidas somente no Brasil. Sendo assim, esta restrição

evidencia a importância de estratégias que acelerem a demanda dos produtos

montados e distribuídos pela empresa de Manaus, com objetivo de otimizar a

capacidade produtiva dos recursos instalados. Malheiros (2012) descreveu que o

diretor da HD Brasil declarou que a empresa não opera em sua capacidade máxima,

trabalhando com apenas um turno, mas poderia abrir um segundo, caso se fizesse

necessário. O Diretor ainda comenta que se o mercado demandar, a empresa

produzirá mais, finalizando com a seguinte frase: ”Não posso precisar quanto,

porque é o mercado que vai definir”. Portanto, a indicação é de que, se a empresa

tem capacidade ociosa na produção de motocicletas, objetiva crescimento e por uma

restrição legal, só pode vender seus produtos aos consumidores residentes no

Brasil. Acelerar a demanda, pela agregação de valor à marca a estes consumidores,

pode ser uma boa solução. Nesta perspectiva, justifica-se a produção de estudos

que contribuam com o aumento do conhecimento acerca das percepções dos

consumidores brasileiros a esta marca, objetivando o aumento da utilização dos

recursos ociosos da empresa (MALHEIROS, 2012).

No Brasil, o estudo de Almeida (2014), entrevistou 10 membros de nove

motoclubes, incluindo o HOG de Belo Horizonte. Os resultados demonstraram que,

em relação aos aspectos intrínsecos das comunidades de marca. Entre as

24

limitações do presente trabalho, destaca-se o baixo poder de generalização, devido

ao caráter exploratório do estudo.

1.4 Apresentação geral do trabalho

A presente pesquisa foi organizada em cinco capítulos. O primeiro,

apresenta a introdução, os objetivos e a justificativa do trabalho. No segundo

capítulo, foi realizada uma revisão teórica dos temas: Identidade, Atributos e

Experiência de Marca; Cultura e Subcultura de Consumo; Comportamento do

Consumidor em estudos Cross-Cultural e estudos sobre o Comportamento do

Consumidor proprietário de Harley-Davidson. O terceiro capítulo, descreve a

metodologia utilizada. No quarto, foram apresentados os resultados e as discussões

da pesquisa. No quinto, foram apresentadas as sugestões para futuras pesquisas,

as considerações finais, conclusão e limitações da pesquisa. Por fim, foram

apresentadas as referências bibliográficas utilizadas e os apêndices.

25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No presente capítulo serão abordados quatro constructos pertinentes aos

objetivos propostos neste trabalho: Identidade, atributos e experiência de Marca;

Cultura e Subcultura de Consumo; Comportamento do Consumidor em estudos

Cross-Cultural; Estudos sobre o comportamento do consumidor proprietário de

Harley-Davidson.

2.1 Identidade, Atributos e Experiência de Marca

O estudo de Urdan e Nagao (2004) descreve que o consumidor avalia um

produto por seus atributos intrínsecos, como a cor ou textura, e seus atributos

extrínsecos, a marca e a embalagem, como exemplos. No mesmo sentido, Espinoza

e Hirano (2003) ressaltaram que nos atributos intrínsecos estão as características

funcionais, como o design e nos atributos extrínsecos, que não fazem parte

fisicamente do produto como o preço e a marca.

Os padrões de comportamento do consumidor, muitas vezes, são

influenciados pelas conexões que estes estabelecem com seus grupos sociais.

Segundo Schouten e McAlexander (1995), a subcultura do consumo reconhece que

as atividades de consumo, as categorias e também as marcas podem servir para a

interação social. Neste sentido, Mosley (2007) defende que foi a reavaliação dos

conceitos da marca que levou à mudança de cultura e a gestão da experiência do

cliente.

Existem vários níveis de consciência do consumidor em relação à marca.

Sendo assim, os consumidores expostos à publicidade podem recordar mais

facilmente da marca. O reconhecimento de uma marca, também chamado de

evocação auxiliada, não é suficiente para que o consumidor faça sua escolha,

quando este não gera uma imagem à marca. O consumidor deve reconhecer uma

marca como uma opção de compra em potencial (PITTA; KATSANIS,1995).

26

Em Solomon et al. (2006), os consumidores podem reconhecer marcas e

cantar seus jingles, mesmo para produtos que não utilizam. Esta ação caracteriza

uma aquisição involuntária e casual de conhecimento, também conhecida como

aprendizagem incidental. As experiências das pessoas são formadas pelos

feedbacks que recebem, a exemplo dos consumidores que respondem às marcas de

perfumes, jingles e a outros estímulos de marketing, com base nas conexões que

foram aprendidas durante a vida.

Boeing (2012) realizou um estudo sobre semelhanças e diferenças no

comportamento dos consumidores do Brasil e dos Estados Unidos, baseado na

estratégia de posicionamento de produtos em filmes, demonstrando a inexistência

de diferenças significativas entre os consumidores destes países. Sendo assim, o

posicionamento de produtos tem chamado a atenção dos profissionais de marketing,

para uma forma alternativa de comunicação, habitualmente identificada em filmes,

seriados, músicas, jogos de vídeo game e novelas.

O posicionamento da marca se dá quando esta pode ser identificada e

comparada com outras concorrentes e categorias que ocupam o mesmo espaço. Em

marcas de atuação global, elas têm o desafio de se posicionar para diferentes

gostos do público. O posicionamento ajuda consumidores a diferenciar produtos e

empresas dos demais concorrentes, possibilitando a escolha daqueles que têm o

maior valor percebido. (SERRALVO; FURRIER, 2004; TOLEDO; HEMZO, 1991).

Alguns homens constroem sua masculinidade através do consumo diário,

idealizando um herói, sendo dois modelos proeminentes identificados: o que traz o

sustento da família e o rebelde, evidenciando que a personalidade da marca,

identificada pelo conjunto de características humanas associadas a mesma,

influenciam o comportamento do consumidor (AAKER, 1997; HOLT; THOMPSON,

2004).

Chernatony, Dall’Olmo e Harris (1998) defendem que os principais critérios

de sucesso, baseados no consumo de uma marca e discutidos na literatura são três:

a associação da marca; vantagem diferencial percebida e o valor acrescentado. A

característica importante desses critérios é a percepção dos consumidores em

relação à concorrência, além da orientação de longo prazo.

Outros fatores de diferenciação da marca podem influenciar o consumo de

determinada marca. Keller (1993) cita em seu estudo que uma brand equity,

baseada no cliente, deve ser definida como o efeito diferencial do conhecimento da

27

marca na resposta do consumidor à sua comercialização. O termo brand equity

significa o valor da marca, ou seja, o valor que a marca agrega ao produto. Foram

incluídos três conceitos importantes em sua definição: efeito diferencial;

conhecimento da marca e resposta do consumidor de marketing. O estudo também

defende que uma marca com uma imagem positiva à percepção da mesma, estará

aumentando a probabilidade de ser escolhida, além de ser mais consumida e obter

maior lealdade e redução nas ações de marketing da concorrência. A lealdade se dá

quando ocorre um comportamento de repetição da compra.

As constantes mudanças, adaptações e evoluções do mercado demandam

uma maior compreensão das necessidades dos consumidores, promovendo uma

melhor experiência com as compras, aumentando as possibilidades de retenção e

fidelização. No conceito de Aaker (1997), se grande parte dos clientes de uma

marca estão dispostos a pagar o seu preço, não há nenhum benefício em rebaixar

toda a marca a um valor abaixo do mercado, com o objetivo de atrair novos clientes.

As empresas irão apenas negociar um grupo de clientes para outro, nesse caso, os

gestores devem considerar uma submarca como sendo, uma marca com nome

próprio, sustentada pelo uso da sua marca-mãe. O papel das submarcas é o de

ajudar os gerentes a diferenciar novas ofertas de marcas, ao utilizar o patrimônio da

marca-mãe para influenciar os consumidores.

Nos debates de Chernatony, Dall’olmo e Harris (1998), sobre os critérios de

sucesso de marcas, o lucro tem sido muitas vezes, considerado como uma

mensuração do sucesso do negócio. Sendo assim, torna-se importante à gestão e à

construção da identidade de uma determinada marca, bem como, conhecer a forma

como os consumidores percebem e avaliam os produtos e serviços, considerando

seus atributos e como estes contribuem com a criação de valor e aumento dos

lucros.

2.1.1 Identidade e Atributos de Marca

Em Espartel e Slongo (1999), os atributos podem ser propriedades

intrínsecas ao produto, que representam características físicas, importantes para a

28

escolha do produto e podem ser avaliadas como a performance do produto, pelos

consumidores entre as marcas.

No estudo de Tibola, Vieira e Sanzovo (2004), o produto é identificado pelo

atributo, pelo que possui e pelas suas propriedades, que juntas formam um conjunto

de atributos de identificação do produto. Também são considerados atributos do

produto, a marca, a embalagem e a qualidade entre outros. Sendo assim, o estudo

de Louro (2000) conceitua a marca como um objeto vivo com que consumidores se

relacionam e podem ter atributos como: reais ou ilusórios, racionais ou emocionais,

tangíveis ou intangíveis e que geram satisfação.

Quando o consumidor avalia um produto ou serviço, este considera a cor ou

textura, como atributos intrínsecos ao produto e a marca ou embalagem como

atributos extrínsecos. Conhecer estes atributos torna-se importante ao comprador e

às orientações referentes as decisões dos administradores de marketing. No estudo

de Urdan e Nagao (2004), foi evidenciado que tanto os atributos extrínsecos, quanto

intrínsecos, exercem influência nas avaliações da qualidade realizada pelos

consumidores.

A marca não se limita a um logotipo ou etiqueta, mas um significado como

um meio de vida, um conjunto de valores, atitudes, expressões e um conceito.

Vásquez (2011) defende que o consumidor vincula a marca com as qualidades

físicas e também com o conjunto de emoções que a marca transmite. O consumidor

usa uma marca porque ele se identifica com as sensações que esta lhe proporciona

e pelo que esta representa.

A identidade da marca contribui para estabelecer um relacionamento com o

cliente, envolvendo benefícios funcionais, experiências e simbólicos (BACHA, 2005).

No mesmo sentido, Bacha (2005) diz que a identidade da marca resulta nos signos

que são traduzidos na imagem. A imagem da marca são associações mentais

projetadas, de maneira física ou emocional. Nesta linha Khauaja, Jorge e Perez

(2007) distinguem a identidade da marca como sendo uma concepção que a marca

tem dela própria, para eles a imagem da marca é a interpretação feita pelo público.

Respostas comportamentais observadas por meio de estímulos, quando

relacionadas a uma determinada marca, demonstram parte da identidade desta. A

experiência da mesma, é formada pelas dimensões que envolvem as sensações de

sentimentos, de cognições comportamentais. Sendo assim, a experiência com a

marca, está ligada à satisfação, lealdade direta e indireta e ao impacto da

29

experiência do consumidor, na sua fidelidade. (BRAKUS; SCHMITT;

ZARANTONELLO, 2009; ISMAIL; MELEWAR; WOODSIDE, 2011).

A importância da identidade da marca está em transmitir uma mensagem

clara, que demonstre suas competências fundamentais. A identidade desta

caracteriza-se como fator de sucesso, como por exemplo, a Volvo, cujo slogan da

marca é "A segurança para a vida”, ou no caso da Nokia, "conectando pessoas". Os

seres humanos têm uma tendência de usar formas fáceis e breves na descrição e

comunicação. Para a marca manter uma comunicação consistente, busca alinhar a

identidade com a sua cultura interna. Esta pode ser definida como um conceito,

também a singularidade da marca, significado, propósito, valores e individualidade

(KARJALAINEN, 2003; JANONIS; DOVALIENE; VIRVILAITE, 2007)

A percepção dos consumidores, acerca dos atributos e da identidade de

uma marca, pode sofrer alterações, quando estes são submetidos a uma

experiência com a referida marca. A relação do consumidor com esta experiência de

marca, revela a necessidade do entendimento de suas emoções. A seguir serão

apresentadas algumas contribuições teóricas sobre o tema.

2.1.2 Experiência de Marca

A experiência de marca pode influenciar no aprendizado dos consumidores

pela publicidade. Hoch e Ha (1986) descobriram que a publicidade, da mesma forma

em que se aprende com pais e professores, ensinam a consumir, porém supõe-se

que os consumidores acreditam nos anúncios. Entretanto algumas publicidades não

têm grande credibilidade como, por exemplo, as políticas e partidárias. Os

consumidores reconhecem que a publicidade lhes fornece algumas informações,

mas querem ter alguma prova antes de aceitar um pedido feito por algum

anunciante. Neste sentido, as experiências também podem ocorrer indiretamente,

por exemplo, quando os consumidores estão expostos à publicidade e ao marketing

de comunicação (HOCH; HA, 1986; BRAKUS; SCHMITT; ZARANTONELLO, 2009).

Porém, em contra posição ao estudo de Hoch e Ha (1986), Heath, Brandt e

Nairn (2006) demonstram que o termo Relacionamento de Marca, iniciou sua

30

expansão a partir da década de 1990, para desenvolvimento da satisfação do

consumidor, o que levou a se pensar que as relações da marca, não têm muito a ver

com a publicidade e só existirão quando o produto ou serviço estiver sendo utilizado.

Conforme Sherman, Mathur e Smith (1997), tratam das emoções dos

consumidores e sua influência resultante do comportamento destes, com o seu

comportamento de compra. Assim, conceitua-se experiência de marca como

subjetivas, respostas internas de consumo (sensações, sentimentos e cognições) e

respostas comportamentais evocadas por estímulos relacionados com marcas que

fazem parte do projeto da marca e identidade, embalagem, comunicação e

ambientes. Neste sentido as emoções dos consumidores podem ser um fator de

mediação do processo. (SHERMAN; MATHUR; SMITH, 1997; BRAKUS; SCHMITT;

ZARANTONELLO, 2009).

O estudo realizado por Brakus, Schmitt e Zarantonello, (2009), identificou

que os estímulos relacionados à marca aparecem como parte do projeto de sua

identidade, tais como sua identidade visual, embalagem e ambiente onde é

comercializada. Os estímulos relacionados à marca representam a maior fonte de

respostas aos consumidores internos, a qual chama-se de Experiência de Marca.

Para maior compreensão da experiência de marca, utiliza-se o marketing

experiencial, cujo fundamento, é o processo de identificação e satisfação das

necessidades dos clientes e de suas aspirações de forma lucrativa. Algumas

mudanças do marketing experiencial resultaram no desenvolvimento de três

ambientes de negócios simultâneos. O primeiro é a onipresença da tecnologia da

informação, que atualmente impulsiona os negócios; o segundo, refere-se à

supremacia da marca com os avanços na tecnologia informação, onde todas as

informações referentes à marca estão disponíveis global e instantaneamente; por

fim, a onipresença das comunicações e entretenimento, pois se tudo está se

tornando uma marca, tudo pode ser transformado por meio de comunicação e

entretenimento (SCHMITT, 1999; SMILANSKY, 2009).

Brakus, Schmitt e Zarantonello (2009) descrevem que a experiência da

marca é conceitualmente distinta de outras construções da marca como atitude,

envolvimento, fixação, satisfação e personalidade. Esta se define pelo juízo de valor

não geral sobre a marca. Na experiência de marca são considerados alguns fatores

como, sentimentos, cognições e respostas comportamentais, percebidos no

comportamento dos consumidores, quando submentidos à experiência de marca.

31

A experiência de marca não ocorre somente após o consumo de

determinado produto, mas sempre que há uma interação do consumidor, de forma

direta ou indireta, com determinada marca. Estes tendem a perceber e adotar

características humanas em determinada marca, constituídas em cinco dimensões:

sinceridade, emoção, competência, sofisticação e robustez (AAKER, 1997;

BRAKUS; SCHMITT; ZARANTONELLO, 2009).

Encerrando os assuntos sobre identidade, atributos e experiência de marca,

destacou-se a importância da compreensão da percepção dos diversos

consumidores, quando submetidos à experiência com a marca, que pode sofrer

alterações quando analisada em diferentes culturas de consumo. Sendo assim, faz-

se necessária uma abordagem mais aprofundada acerca dos temas, cultura e

subcultura de consumo.

2.2 Cultura e Subcultura de Consumo comunidade de marca

A compreensão da forma como os consumidores organizam suas vidas e

suas identidades e o reconhecimento da forma de consumo, categoria de produtos e

marca, contribui no sentido da busca de solução de muitas questões referentes ao

comportamento do consumidor de uma determinada marca.

A Teoria da Cultura do Consumo demonstra perspectivas teóricas que

abordam as relações dinâmicas entre as ações de consumo, o mercado, e os

significados culturais. Arnould e Thompson (2005) ofereceram o termo CCT

(Consumer Culture Theory), à Teoria da Cultura do Consumo, que contribuiu para o

conhecimento acerca do consumo e o comportamento do mercado. A CCT se

esforça para unir, sistematicamente, o nível individual com outras estruturas de

processos culturais, lembrando que o consumo é uma prática sociocultural que

emergiu das estruturas e dos imperativos ideológicos de mercados dinâmicos.

Entretanto, o estudo realizado por Souza et al. (2013) descobriu que a CCT

aborda os aspectos do consumo, a maneira que as pessoas criam e modificam os

significados simbólicos presentes nas propagandas, mercado, marcas e produtos,

para expressar suas características pessoais e sociais. O mesmo autor ainda

32

descreve que a teoria do comportamento do consumo é relativamente recente,

porém é possível notar um crescimento destes trabalhos na área de marketing e no

meio acadêmico brasileiro.

O conceito de cultura de consumo é referenciado ao modo dominante de

consumo, que é estruturado pelas ações coletivas das empresas, nas suas

atividades de marketing. Para o melhor funcionamento, o capitalismo necessita de

uma relação simbiótica entre as prerrogativas do mercado e fatores culturais que

informam como os consumidores enxergam e se envolvem com as ofertas de

mercados. Esta estruturação cultural do consumo, mantém o apoio para o sistema

de mercado, ampliando os mercados e lucros da indústria (HOLT, 2002; ARNOULD;

THOMPSON, 2005).

O estudo de Schouten e McAlexander (1995) identificou que a análise da

estrutura social, dos valores dominantes e dos comportamentos simbólicos, deve

orientar os estudos, por meio da subcultura de consumo, para a análise do

consumo. Os autores descrevem de que forma como os diferentes grupos sociais se

organizam, diferem e selecionam seus membros, definindo a subcultura de consumo

como um subgrupo que difere da sociedade. Estes subgrupos se auto selecionam e

se baseiam em um propósito comum, por sua relação com determinado produto,

marca ou atividade de consumo.

As expectativas de membros externos de um determinado grupo, em relação

a uma subcultura de consumo, são observados, neste estudo conforme Schembri

(2009), que existem percepções e expectativas distintas de membros externos e

internos de determinada subcultura.

Os produtos podem fazer da cultura material, algumas categorias de

pessoas, divididas entre idade, sexo, classe e ocupação. Estas podem ser

representadas por meio das mercadorias, assim como espaço, tempo e ocasião. As

mercadorias complementam a fundamentação da ordem da cultura. Nesta linha, o

termo "cultura de consumo" é utilizado para conceituar um determinado sistema

interligado, que produz imagens, textos e objetos, cujos grupos específicos usam

para a construção de sobreposição, contraditórias práticas, identidades e

significados para fazer sentido coletivo dos seus ambientes e orientar seus membros

em suas experiências e vidas (MCCRACKEN, 1986; KOZINETS, 2001).

No caso das culturas masculinas, espera-se que os homens sejam

ambiciosos, com posições firmes, se preocupem com dinheiro e admirem o que é

33

grande e forte. Já nas culturas femininas, espera-se que homens e mulheres se

preocupem com o relacionamento e gostem do que é pequeno e fraco e não sejam

competitivos. Em culturas individualistas, as pessoas se preocupam primeiro com

seus interesses e o da sua família. Na coletivista, as pessoas tendem a permanecer

como membros de grandes grupos, unidos pela proteção que o grupo gera e pela

competição com outros grupos. Culturas nacionais no marketing globalizado,

possuem traços de identidade que são expressões na cultura em diferentes níveis

de profundidade, como valores, símbolos, rituais e heróis (ROSSI; SILVEIRA, 2002).

Nas subculturas, os membros não somente se inscrevem na comunidade,

mas também em suas próprias hierarquias e definições. A subcultura também é

expressa como subunidades, subgrupos, culturas divididas, culturas dentro de

outras culturas, teorias, pluralismo cultural e multi culturas. Nesta perspectiva, a

cultura possui três partes: a cultura, a subcultura e a classe social, onde todos estão

incluídos em muitos grupos subculturais menores. A subcultura se divide em quatro

tipos: nacionalidades, religiosos, grupos raciais e regiões geográficas. Muitas

subculturas podem se tornar referência para decisões de marketing para atender as

demandas. (CHANG; CHUANG, 2005; LEIGH; PETERS; SHELTON, 2006)

O entendimento de como os consumidores, ou determinado grupo de

consumidores reagem e consomem um produto, exalta a importância do

conhecimento desta subcultura de consumo. O estudo de Kozinets (1997), relata a

existência de uma subcultura de consumo, de fãs de uma série televisiva, com uma

cultura baseada no compartilhamento de gostos que consomem símbolos

relacionados a esta série. Em 2001, o mesmo autor demonstrou o impacto cultural e

comercial de uma série televisiva e a importância dos meios de comunicação de

massa, na vida cultural contemporânea.

Outra abordagem mercadológica da subcultura de consumo, pode ser

identificada no estudo de Clark (2003), que retrata o movimento Punk como uma

subcultura de consumo, pois esta se tornou favorável à comercialização, onde o

marketing se atentou para o fato desta se servir para venda de músicas, veículos,

roupas, cosméticos entre outros produtos.

Em subculturas não comerciais, como as do surf, cosplay e de gêneros

musicais, a marca não tem um papel central, já nas subculturas comerciais, as

marcas são uma forma de comunicação e autenticidade. Nesta, os praticantes de

esporte, exibem as marcas mesmo sem as estar praticando. Neste sentido a marca

34

comercial acaba tendo uma influência mais comercial do que esportiva. Conforme

Schwarzenberger e Hyde (2013) o papel de marcas esportivas, em uma subcultura

de nicho esportivo, consiste na percepção dos atletas em relação às marcas,

fazendo uma comparação entre subculturas comerciais, que se originam por meio

de uma marca, enquanto as subculturas não comerciais evoluem de forma livre.

Nesta perspectiva, os consumidores, muitas vezes se reúnem, trocam informações e

se organizam em torno de uma determinada atividade ou produto, formando

verdadeiras comunidades de marca.

Sendo assim, a comunidade de marca é especializada, embasada em um

conjunto estruturado de relações estabelecidas entre os consumidores de uma

determinada marca. O termo Comunidade de Marca (brand community), foi

introduzido, por Muniz e O’Guinn (2001) como sendo uma comunidade

especializada, sem limitação geográfica, baseada em um conjunto estruturado de

relações sociais entre os admiradores de uma marca. Nas comunidades de

consumo, apesar do consumo em comum não ser uma ideia nova, seus membros

enfatizam um tipo de produto a ser consumido, como comida e bebida, para fazer

parte vivencial em comum, podendo ser uma celebração, ritual ou tradição (MUNIZ;

O’GUINN, 2001). Corroborando com o exposto, Almeida (2014) descreve que o

HOG pode ser considerado uma comunidade de marca.

O estudo de Almeida (2014) identificou que dos nove motoclubes estudados

pelo autor, somente os Águias de Aço e HOG aceitam apenas membros

proprietários de uma única marca de motocicleta, a Harley-Davidson e por este

motivo são os únicos que se caracterizam como uma comunidade de marca. O

estudo descreve que a comunidade de marca, a partir de uma perspectiva

experimental, pode ser estabelecida entre, o cliente e a marca, o cliente e a

empresa, o cliente e o produto utilizado e com outros clientes. Para Mcalexander,

Schouten e Koenig (2002) entre estas, todas as coisas que podem ser

compartilhadas ou não, são: comida, bebida, informações e suporte moral.

Entre os fatores que parecem ser compartilhados, estão a criação e a

negociação de significado. Nas pesquisas sobre consumo e comunidades de marca,

são identificadas várias dimensões que se diferem, incluindo a concentração

geográfica, o contexto social e a temporalidade. Atualmente o termo Comunidade de

Marca, é utilizado de várias formas. Este serviu como assunto para pesquisas, para

explicar o coletivo de consumo focado na marca, mas ressalta que o termo

35

comunidade de marca está sendo utilizado em excesso. (MCALEXANDER;

SCHOUTEN; KOENIG, 2002; THOMAS, 2011).

Similaridades e divergências comportamentais podem ser observadas em

diferentes subculturas de consumo pelo uso de estudos Cross-Cultural, pois o

comportamento do consumidor pode ser afetado por membros de grupos da

sociedade. Para Solomon et al. (2006), estes grupos são conhecidos como

subculturas, no qual seus membros dividem crenças e experiências em comum,

cujas características os diferencia de outros. Membros de grupos subculturais, têm

um impacto significativo no comportamento do consumidor. Algumas subculturas

são mais influentes que outras. Neste sentido, uma subcultura de Consumo pode ser

baseada em semelhanças como idade, raça, etnia, local onde reside, até mesmo

com forte identificação com atividade ou arte.

A forma como os membros de uma determinada subcultura se comportam,

quando esta é sobreposta por outra Cultura de Consumo, como no caso da Harley-

Davidson no Brasil, salienta a importância de pesquisas Cross-Cultural sobre o

Comportamento do Consumidor desta marca, aos gestores de marketing.

2.3 Comportamento do Consumidor e estudos Cross-Cultural

A competitividade associada ao crescente número de produtos e serviços

com características semelhantes e ao aumento do número de novas marcas,

demonstra a evolução do comportamento do consumidor e explicita as mudanças

dos fatores determinantes na sua decisão de compra.

Pinto e Lara (2007) descrevem uma crescente importância do tema, aos

estudiosos da área. Sua evolução iniciou na década de 50 por meio do

entendimento de três áreas distintas: as determinantes psicológicas, as

determinantes sociais e a tomada de decisão do consumidor. Na década de 60 os

esforços se concentravam em lealdade à marca, métodos para experimento em

campo, teoria do risco percebido e teorias compreensivas. Em 1970 os estudos se

focaram no comportamento de compra industrial, de serviços públicos, de compra

familiar, na atitude e comportamento e no processamento de informação. A década

36

de 80 evoluiu para o conhecimento de temas como simbolismo, comportamento de

fantasia e experimentação e o impacto da religião no comportamento do

consumidor. A partir de 1990, os conhecimentos referentes ao marketing de

relacionamento, foram o foco das atenções e após o ano 2000 a atenção dos

estudiosos se voltou para a evolução do conceito de marketing experiencial.

São vários os fatores emocionais que podem influenciar de forma direta ou

indireta, a decisão de compra. O julgamento que o consumidor faz acerca dos

atributos percebidos em determinada marca, a forma e a intensidade de suas

emoções e algumas combinações mais complexas que podem ser estabelecidas por

meio de experiência da marca, são o objeto de estudo dos pesquisadores do

comportamento do consumidor. As emoções e os julgamentos de satisfação do

consumo ocorrem no pós compra e compara as inter-relações entre os dois, para

identificar os padrões de respostas emocionais com as experiências dos produtos.

No estudo de Westbrook e Oliver (1991), foram descobertos cinco padrões de

discriminação de experiência afetiva, baseados em três dimensões independentes:

hostilidade, agradável surpresa e interesse.

A satisfação e insatisfação do pós compra, pode ser atribuída a uma relação

de experiências diárias como a tristeza, perdas financeiras e emocionais e ao prazer

pelo desempenho de um produto. Faz-se analogia dos atributos e a soma de

experiências positivas e negativas dos produtos. Desta forma, a situação como o

humor deve influenciar o consumidor à escolha da marca. O consumo de emoção se

dá por meio de um conjunto de respostas emocionais que ocorrem durante o uso ou

consumo de produtos, conforme as categorias de experiência emocional e

expressão ou pelas categorias emocionais subjacentes. O consumo ainda pode

envolver outras experiências afetivas mais complexas, com a combinação de várias

emoções comuns (BELK, 1975; WESTBROOK; OLIVER, 1991; OLIVER, 1993).

O estudo de Arndt (1976), definiu o comportamento do consumidor em cinco

estágios. Primeiro: o estágio mental e também ações físicas; segundo, o estágio

onde indivíduos ou grupos organizados se envolvem num consumo em comum;

terceiro, o relacionamento com a aquisição e a utilização ou até mesmo a

eliminação; quarto, o estágio dos produtos e serviços e por fim o estágio onde o

serviço pode ser tanto público quanto privado. O autor ainda ressalta que o consumo

é uma ação em que as pessoas utilizam os objetos de consumo de várias maneiras.

37

Sua pesquisa descreveu as diferentes maneiras como os consumidores consomem,

ou as práticas de consumo.

Alguns consumidores se relacionam e percebem alguns produtos, atribuindo

a estes, a possibilidade da obtenção de status em relação a alguém ou a algum

grupo. Solomon et al. ( 2006), defendem que não existe um conceito concreto para a

satisfação. Os consumidores baseiam suas compras também em outras pessoas,

tendo como principal motivação, a exposição dos produtos, mais do que apreciá-los

para mostrar aos outros que podem pagar, assim os produtos funcionam como

símbolo de status. O autor examinou as experiências dos consumidores na

apreciação dos objetos de consumo, como avaliar e apreciar os objetos e como

determinar a satisfação do consumidor, comentando que em cada uma destas

práticas, os consumidores não criam suas experiências novamente, utilizando

estruturas interpretativas para o consumo dos objetos.

Sendo assim, a compreensão das formas como o homem significa aquilo

que o rodeia, contribui para o entendimento de como os consumidores se

relacionam com determinada marca. Allen e Torres (2006) descrevem que as teorias

psicológicas sugerem que os alimentos são avaliados de acordo com as

experiências positivas ou negativas que tiveram anteriormente, com o alimento.

O estudo de Schembri, Merrilees e Kristiansen (2010), demonstra que os

consumidores utilizam algumas marcas específicas de maneiras diferentes para a

construção do seu eu, para comunicar quem são.

Em relação aos grupos sociais informais, o estudo de Stafford (1966)

identificou que estes influenciam na preferência de marca de seus membros. Notou-

se que anteriormente o marketing tinha admitido que fatores sociais como

aculturação, classe social e grupos étnicos, desempenham alguma função na

tomada de decisão do consumidor. Os grupos de referência influenciam o

comportamento do consumidor de duas maneiras. Primeiro por aspiração, em

segundo lugar a influência por tipos de comportamento. Estes tipos de influência

envolvem recompensas psicológicas e punição.

Quanto ao entendimento do comportamento do consumidor quando

relacionado a sua classe social, Hill e Stephens (1997) defendem que o consumidor

empobrecido, tem três características inter-relacionadas, em primeiro lugar,

restrições cambiais que limitam sua capacidade de adquirir bens e serviços

necessários e desejados; em segundo, como consequência destas restrições, a

38

alienação da cultura de consumo da classe média, e o sentimento de perder os

aspectos do consumo de sua vida e em terceiro, que os consumidores pobres

fantasiam sobre bens importantes e entram em atividades legais e até ilegais para

gerar renda para adquirir os produtos.

A influência de fatores culturais no comportamento do consumidor foi

estudada por Kacen e Lee (2002), que estabeleceram uma correlação entre os

comportamentos de compra impulsiva, influenciados por fatores culturais, e do

individualismo e do coletivismo. A cultura afeta os produtos e também a estrutura de

consumo e a tomada de decisão do indivíduo. Quando o consumidor compra um

produto, espera obter função, forma e significado.

A lealdade e a satisfação do consumidor acontecem apenas quando este

tem suas expectativas atendidas de maneira consistente. Assim como o sabão em

pó tem a função de limpar a roupa, os alimentos possuem formas e texturas,

podendo ter um significado familiar e religioso. Um determinado produto pode ter

função e formas diferentes, em outras culturas. O contexto cultural do consumidor

define o significado de qualidade na função do produto (ENGEL; BLACKWELL;

MINIARD, 2000).

Em relação à relevância do entendimento do comportamento dos

consumidores, quando relacionado ao país ou região onde determinado produto é

fabricado, o estudo de Guilhoto (2001), defende que os consumidores são

influenciados e avaliam os produtos, também pelo país de origem fabricante do

produto. Os produtos são avaliados com base em informações intrínsecas

(referentes às características físicas) e extrínsecas (externas ao produto).

O mesmo autor também defende que por não ser sempre possível, para os

consumidores, analisar a qualidade real dos produtos antes da compra, estes

poderão utilizar da imagem do país de onde vem o produto como fator de decisão de

compra. A informação sobre o país de origem é considerada extrínseca, ou um

atributo intangível. A imagem de um país pode mudar ao longo do tempo, a exemplo

do Japão. Anteriormente seus produtos eram vistos como produtos de baixa

qualidade. Atualmente os produtos de fabricação japonesa são classificados entre

os de melhor qualidade no mundo (GUILHOTO, 2001).

Reforçando os resultados da pesquisa de Guilhoto (2001), o trabalho de

Javed e Hasnu (2013), descreve que o país de origem exerce uma influência

significante e positiva nas decisões de compras de alguns produtos. O estudo

39

realizado no Paquistão demonstrou que alguns produtos de fabricação nacional são

privilegiados no que tange a percepção dos consumidores, como o tecido que tem

melhor avaliação para os produtos paquistaneses. Estes são a primeira escolha,

enquanto produtos eletrônicos ocupam a quarta posição na escolha dentre cinco

países. Os produtos eletrônicos apresentaram maior grau na intenção de compra de

produtos com produção japonesa e cosméticos, aos produtos com produção nos

Estados Unidos.

Sojka e Tansuhaj (1995) informam que as pesquisas Cross-Cultural

começaram a surgir nos anos de 1970, tanto em quantidades de pesquisas quanto

em número de países, sendo a França o país mais estudado, seguida da Inglaterra e

do Japão. Este estudo identificou que os pesquisadores de consumo foram além de

seus campos de pesquisa para incluir outras culturas, além da própria.

Estudos Cross-Cultural podem ser feitos para definir como os diversos

grupos culturais se diferenciam. O interesse do pesquisador está nas diferenças ou

semelhanças existentes em cada uma das culturas pesquisadas. Sojka e Tansuhaj

(1995) defendem que o desafio para os pesquisadores de consumo tem maior foco

nas semelhanças, do que nas diferenças identificadas entre as culturas, de modo a

generalizar culturalmente as teorias do comportamento do consumidor. Diferentes

linhas de pesquisas transculturais enfrentam um dilema entre os conceitos e os

modelos universais para abranger adequadamente as peculiaridades que cada

cultura possui (MCCARTY, 1989; CARVALHO; BORGES, 2012).

Alguns estudos sobre o comportamento do consumidor baseiam-se na

cultura de consumo em que este está inserido. A seguir serão apresentados os

trabalhos anteriores encontrados, para a realização do estudo Cross-Cultural.

Algumas informações importantes foram consideradas e descritas com o objetivo de

fundamentar as principais características dos comportamentos do consumidor em

cada cultura estudada, para posteriores comparações entre as diferentes Culturas

de Consumo.

40

2.4 Estudos sobre o comportamento do consumidor proprietário de Harley-

Davidson

O trabalho de Schembri (2009) confirmou e ampliou os resultados do estudo

de Schouten e McAlexander (1993,1995). Estes Três trabalhos são informativos

sobre a experiência da marca, o comportamento dos consumidores e a subcultura

de consumo Harley-Davidson, por identificarem que a experiência com esta marca,

quando observada em seu uso coletivo e no ambiente em que é consumida, tem

características pós-modernas de liberdade, onde a imagem rebelde da moto e da

marca é percebida por seus consumidores. O estudo destaca a forma como a

Harley-Davidson, juntamente com seus consumidores, participam da construção da

experiência de marca e de seus atributos.

O conhecimento adquirido pelos consumidores, acerca do significado da

marca, possibilita aos gestores de marketing, um melhor gerenciamento dos fatores

que motivam a aquisição dos produtos desta marca.

Os três trabalhos apresentados nos itens 2.4.1, 2.4.2 e 2.4.3, foram usados

como base para a comparação entre diferentes culturas de consumo. Porém, outros

trabalhos foram utilizados conforme itens 2,4.4, 2.4.5, 2,4,6 e 2,4,7, por terem

identificado outros atributos e percepções, pelos consumidores, à marca estudada.

2.4.1 Impactos no mercado de uma subcultura consumo: a mística Harley-Davidson

O estudo de Schouten e McAlexander (1993), “Impactos no mercado de uma

subcultura consumo: a mística “Harley-Davidson” descreveu, por meio de uma

revisão etnográfica, uma série de características, padrões e comportamentos dos

consumidores americanos, da marca Harley-Davidson. Foram descritos neste item,

seus principais resultados e contribuições.

Os autores afirmam que a existência de uma subcultura de consumo se

justifica, por meio da existência de vários segmentos de mercado, unidos por um fio

condutor, que se caracteriza por terem um compromisso com determinado produto,

41

com o seu simbolismo e com os valores, que este representa aos seus

consumidores.

Sua pesquisa identificou que um dos fenômenos mais interessantes

observados entre os proprietários de Harley-Davidson consiste em uma tendência

em desenvolver estilos em sua motocicleta, customizações e vestimentas,

contribuindo com o desenvolvimento tecnológico da empresa.

Schouten e McAlexander (1993) observaram que membros mais leais à

cultura Harley-Davidson são justamente aqueles que mais se aproximam do núcleo

desta subcultura. Estes, em sinal de lealdade, muitas vezes usam tatuagens da

marca, adesivos em outros veículos e o uso de roupas originais da marca.

Algumas características referentes ao design na produção e customização

das motocicletas, ditam o estilo adotado pelos membros presentes no núcleo de

uma subcultura Harley-Davidson, que incluem garfos alargados, guidões altos, apoio

avançado para os pés, encosto para o carona e muitas peças cromadas e de couro.

O uso de roupas originais Harley-Davidson também sugere este estilo. As

vestimentas como botas, coletes de couro, em cor preta, é praticamente um

uniforme (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993; PINTO, 2011).

Schouten e McAlexander (1993) comentam que alguns produtos, utilizados

por subculturas de consumo em grupos de contracultura, como os motociclistas fora

da lei, podem ser observados pela sociedade com medo ou admiração. As pessoas

podem ter respostas positivas e negativas de forma simultânea ao entrarem em

contato com esta contracultura (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993).

A lealdade à marca Harley-Davidson é posta a prova, quando em primeira

análise, a customização da motocicleta, implica na substituição de peças originais da

marca por outras. Um exemplo é a substituição dos escapamentos originais pelos da

marca Screaming Eagle. (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993; SCHEMBRI, 2009)

Alguns pesquisados no estudo de Schouten e McAlexander (1993)

informaram não possuir nenhum grau de lealdade à marca, citando atributos

intrínsecos da marca como desempenho, em discordância aos informantes leais,

aqueles que se declaram fiéis à marca, apontando a herança americana da

produção da marca e o som reproduzido pelo motor de uma Harley-Davidson.

42

2.4.2 Subculturas de consumo: uma etnografia dos novos motociclistas.

O estudo etnográfico de Schouten e McAlexander (1995), “Subculturas de

consumo: uma etnografia dos novos motociclistas” descreveu uma série de

características, padrões e comportamentos dos consumidores americanos, da marca

Harley-Davidson e seus principais resultados e contribuições foram descritos neste

item.

A estrutura de uma subcultura reage às interações sociais e culturas de seus

membros. A estrutura social de alguns subgrupos de consumidores da marca

Harley-Davidson, adotam um padrão de vestimenta, usando couro, jeans e botas.

Neste sentido, uma subcultura de consumo baseada na série televisiva onde os

membros dedicados que usam os uniformes e fantasias acabam sendo vistos como

insanos ou imaturos, mas que fazem parte desta subcultura. Esta estigmatização

limita a entrada na comunidade, agindo como uma barreira que quando conquistada

acaba incentivando um envolvimento mais profundo (KOZINETS, 2001;

SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1995).

Os estudos de Schouten e McAlexander (1995), Almeida (2014) e Pinto

(2011) identificaram que a maioria dos membros do HOG é composta por

aposentados, semi aposentados e pessoas de meia idade. A socialização

estabelecida pelos HOG transforma seus membros e isto implica no

desenvolvimento dos motivos para o estabelecimento do grau de comprometimento

com a subcultura do grupo. Nesta linha, é correto afirmar que membros que

investem tempo suficiente para determinada subcultura, podem assumir seus

valores, tornando-se um membro experiente e central, na subcultura de consumo.

(SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1995; PINTO, 2011).

Os autores Schouten e McAlexander (1995), ainda comentam que a Harley-

Davidson, se compromete com seus novos consumidores, por meio do fluxo de

informações aos novos membros, fornecendo uma vasta opção de vestuário,

acessórios e serviços, apostando em um maior envolvimento destes, para a redução

das barreiras de entrada e criação de barreiras de saída da subcultura Harley-

Davidson. Sendo assim, o comerciante fornece os objetos necessários para a

existência da subcultura e contribui no sentido da socialização de seus membros,

43

facilitando o fluxo de informação entre os membros, patrocinando eventos para as

atividades da subcultura.

Para aumentar o tamanho do seu mercado, os profissionais de marketing,

podem criar uma subcultura marginal que tenha maior facilidade e acessibilidade

aos seus membros. Da mesma forma, a cultura de consumo de um povo não se

define somente pelas construções sociológicas, por se relacionarem com outras

pessoas por meio de objetos, estabelecendo sua posição no mundo social

(SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1995).

2.4.3 Reformulando a experiência de marca: o significado experiencial da Harley-Davidson.

O estudo etnográfico de Schembri (2009), “Reformulando a experiência de

marca: o significado experiencial da Harley-Davidson”, com os HOGs australianos,

tomou como base o estudo de Schouten e McAlexander (1995), que descreveu o

significado marca Harley-Davidson nos EUA, por meio da experiência da marca e do

comportamento dos consumidores.

Em seu estudo Schembri (2009) identificou que o HOG se apresenta, no

ambiente Harley-Davidson, como uma janela para um movimento dominante. O

sentimento de fraternidade é traduzido em um código social por meio de uma

poderosa conexão, em que seus membros se protegem uns aos outros, apesar de

sua identidade de gênero, dentro e fora da estrada, respeitando um credo não dito.

O número de membros do sexo masculino é evidente nesta Subcultura de

Consumo. No HOG australiano muitas mulheres se encorajam a andar de Harley-

Davidson. O HOG australiano é incondicional nos critérios para adesão de um novo

membro, por supor que os seus aceitem os valores designados pelo grupo, bem

como o respeito mútuo. A liberdade existente na experiência em andar com o HOG

ocorre concomitantemente com a regulação e organização do HOG, que prioriza a

segurança de seus membros (SCHEMBRI, 2009; PINTO, 2011).

Schembri (2009) aponta que alguns aspectos relacionados à formação do

comboio, quando em passeio coletivo, demonstram um método organizado e seguro

para a locomoção segura do grupo. Quando algumas regras são violadas, durante

44

os passeios, ou identificação de atitude inconveniente é publicamente reprimida com

a ridicularizarão do ato, ou suave humilhação, comunicando, de forma indireta, aos

que os assistem à repressão, a seguinte mensagem: “você também pode fazer parte

desta cena”.

Várias motocicletas, em um passeio do HOG, criam espetáculo incomum às

pessoas que observam, muitas vezes assustador, por meio do som grave de seus

motores, com a substituição de seus escapamentos originais por tubos esportivos da

marca norte-americana denominada Screaming Eagle. Os usuários defendem que a

substituição dos escapamentos originais por escapamentos esportivos, com maior

produção de ruído, justifica-se por serem mais facilmente percebidos pelos outros

motoristas quando se aproximam destes. Além desta, outras personalizações são

feitas na motocicleta, como pintura e a inclusão e a substituição de peças,

personificam simbolicamente os seus consumidores (SCHOUTEN;

MCALEXANDER,1995; SCHEMBRI, 2009; PINTO, 2011).

Em seu estudo, Schembri (2009) salienta que por ter mais de 100 anos de

tradição, a compra de uma motocicleta representa a realização de um sonho para

muitos membros do grupo, tornando o papel desta marca, desta maneira, mais que

funcional. O autor também identificou que a ritualística observada no cuidado com

sua motocicleta, foi observada no polimento das peças cromadas e na minuciosa

lavação destas.

Schembri (2009), descobriu que os membros do HOG australiano, usam a

bandeira da Austrália em sua motocicleta, e defendem sua nação, quando se

referem ao uso da marca americana, alegando que a Austrália não produz

motocicletas. Estes se preocupam com o grau de influência percebido, na

internacionalização desta subcultura de consumo norte-americana, na subcultura de

consumo Harley-Davidson australiana.

No entanto, apesar da identificação de algumas resistências à cultura norte-

americana, que se apresentam dominantes em suas características, estéticas e

comportamentos, algumas sutis distinções e adaptações patrióticas podem ser

observadas, como o uso da bandeira australiana, ao invés da americana, como

ornamentação das motocicletas. A importância do entendimento da forma como

símbolos externos desta subcultura são transferidos, ao analisar proprietários de

Harley-Davidson de outros países e culturas, como vestimentas e customização da

45

motocicleta, quando articulados a um novo sistema de referencia cultural do país

anfitrião (SCHOUTEN; MCALEXANDER,1995; SCHEMBRI, 2009).

O estudo de Schembri (2009) descreve que para se tornar um HOG

australiano ativo, algumas características são adotadas, tais como: uma vida social

intensa e senso de camaradagem. Alguns membros optam por incluir familiares no

grupo, enquanto outros preferem não incluir, estabelecendo assim um mecanismo

de escape.

Em relação à classe social de seus membros, o estudo de Schembri (2009),

descreve que apesar de serem, em sua maioria, ricos ou bem estabelecidos

financeiramente, todos defendem que a subcultura Harley-Davidson australiana seja

perene e sem classes. Estes arrecadam dinheiro para várias instituições de caridade

assim como nos HOGs da América do Norte.

A experiência desta marca surge principalmente de dentro do contexto social

criado pelo HOG. Seus membros criam conexões sociais com outros membros em

um estilo de vida que permeia o consumo de produtos Harley-Davidson. Estas

conexões contribuem com a coconstrução da marca (SCHOUTEN;

MCALEXANDER, 1995; SCHEMBRI, 2009; CUNHA; ROSINI, 2013).

Para Schembri (2009), o espetáculo criado pelos consumidores da marca,

quando reunidos em um de seus passeios, contribui com o que cada participante

considera como sendo a sua realidade naquele momento. Sua percepção acerca de

sua imagem, como ator do espetáculo criado, ajuda a construção da auto imagem

simbólica com a experiência Harley-Davidson e de sua construção dentro grupo

social. Assim como o piloto e a motocicleta têm significados e mostram esta

subcultura de consumo, o modo como os expectadores significam a moto, o grupo, e

o espetáculo, pode ser diferente dos consumidores com a experiência Harley-

Davidson. Nos próximos itens, serão apresentadas algumas contribuições teóricas

importantes, de trabalhos sobre consumidores de Harley-Davidson, à comparação

com os resultados deste estudo.

46

2.4.4 Comunidade de Marcas e os proprietários de Harley-Davidson de Belo Horizonte

O estudo de Almeida (2014), intitulado: Comunidade de Marcas e os

proprietários de Harley-Davidson de Belo Horizonte, aponta que a marca HD

representa aos entrevistados as sensações de liberdade, realização de um sonho,

estilo e filosofia de vida, tradição, entre outros. Também obteve respostas como:

independência, poder, conforto, segurança, ícone universal, alegria, regozijo e gozo.

O autor se limitou a estudar os proprietários de motocicletas membros de

motoclubes que podem constituir uma comunidade marca. A pesquisa se embasou

no artigo de Schouten e McAlexander (1995) e analisou dez membros pertencentes

a nove motoclubes de Belo Horizonte.

Nos resultados, o autor descreveu que as comunidades estudadas são

compostas por membros com diferentes características intelectuais, profissionais,

porém compartilham interesses pessoais entre si. Os motoclubes Águias de Aço e

HOG foram os únicos pesquisados, cujos critérios permitem somente membros

proprietários de uma única marca de motocicleta, a Harley-Davidson. Por este

motivo são os únicos que se caracterizam como uma comunidade de marca. As

demais comunidades pesquisadas, apesar de apresentarem a mesma organização

estrutural, não se caracterizam como uma comunidade de marca, por aceitarem

membros que utilizem outras marcas de motocicleta.

Os motoclubes pesquisados pelo autor demonstraram buscar em suas

comunidades, a possibilidade de conhecer novas pessoas e um estilo de vida que os

liberte da árdua rotina da vida cotidiana, por meio de aventuras em grupo.

As mulheres não têm aceitação em todos os motos clubes, ou não são

totalmente aceitas, como por exemplo, na administração da comunidade. Em

outros, as namoradas, filhos e esposas são membros ativos. Ele ressaltou o

comentário de um entrevistado que disse: “[...] no HOG a mulher tem toda

liberdade”.

47

2.4.5 Você tem uma moto ou uma Harley?

A pesquisa de Pinto (2011), denominada Você tem uma moto ou uma

Harley?, analisou os membros do HOG, da cidade São Paulo, pela utilização da

combinação das técnicas etnográficas de observação participante, entrevistas e

análise de fotos, buscando identificar as relações que se formam entre seus

membros. Identificou que o pertencimento ao Grupo se embasa em vários

elementos comportamentais, incluindo a customização e estilização da motocicleta e

do piloto, além de expressar certo envolvimento emocional com a marca Harley-

Davidson.

Nesta direção, o proprietário passa a se definir a partir da marca, como um

legítimo harleyro. Cada piloto cria seu estilo com total liberdade à personificação,

porém, segundo um repertório de produtos e sinais distintivos do grupo. Afinal, o

sentimento de pertencimento ao grupo é estabelecido pelo olhar dos seus membros.

Outra observação feita neste estudo foi que alguns atributos da motocicleta

que se referem à potência do motor, sua robustez e beleza, são denominados pelo

autor como “atributos móveis” por serem transferidos do veículo ao piloto e

novamente ao veículo.

Na pesquisa de Pinto (2011), o piloto chama atenção com sua moto,

brilhante, com peças cromadas e com o som barulhento e peculiar do escapamento.

Quem chama a atenção não é o piloto e sim a motocicleta, que acrescenta ao

proprietário algumas características e aspectos ao usar a motocicleta.

O autor comenta, nesta pesquisa, que os motociclistas alteram o

escapamento, banco, guidão, a própria pintura, paralamas, entre outras peças.

Personalizam a motocicleta para expressar sua personalidade, identificando que as

primeiras customizações são feitas nas manoplas, pedaleiras, peças cromadas,

escapamentos, sissy bar e bolsas laterais.

Em relação aos expectadores de um comboio de motocicletas em um

desfile, o estudo descreve que ao ouvirem o ronco barulhento dos motores da

motocicletas Harley-Davidson, as pessoas paravam para assistir ao comboio. A

maior parte das crianças aplaudia e gritava e os proprietários de Harley-Davidson,

48

denominados harleyros, retribuíam acenando e buzinando aos expectadores

(PINTO, 2011)

2.4.6 A Internacionalização sob a ótica da Cultural Nacional e Organizacional:

Adaptabilidade ou Submissão da Subsidiária?

O estudo de Uchoa, Floriani e Ramos (2014), intitulado “A

Internacionalização sob a ótica da Cultural Nacional e Organizacional:

Adaptabilidade ou Submissão da Subsidiária?”, buscou identificar se a cultura do

país de origem, da empresa matriz, tem influência na formação da cultura

organizacional da empresa subsidiária, mais fortemente, que a cultura nacional do

país hospedeiro. O autor identificou conflitos existentes na internacionalização desta

empresa, estudando alguns fatores culturais na internacionalização da empresa

subsidiária Harley-Davidson de Manaus, em relação à norte-americana.

Uchoa, Floriani e Ramos (2014) descrevem que na implantação da fábrica

da Harley-Davidson no Brasil, a estrutura organizacional da empresa foi adaptada ao

Brasil, passando por uma “tropicalização”. Conforme sua pesquisa, o americano

tem uma forte ligação com sua cultura, mas que precisou fazer mudanças para

adaptar à realidade brasileira. Algumas normas, slogans e procedimentos, quando

associados às crenças e valores do país de origem da marca, são intensos. Sendo

assim estes são explorados pela cultura coorporativa da empresa, atendendo à

cultura nacional da matriz sob as subsidiárias.

2.4.7 Cocriação em uma empresa com uma marca forte: Harley-Davidson

A pesquisa de Cunha e Rosini (2013), denominada “Cocriação em uma

empresa com uma marca forte: Harley-Davidson” buscou uma abordagem analítica

do processo de cocriação e a agregação de valor à marca. Afirma que o empenho

49

dos proprietários com a marca é a base para a implantação de processos de

cocriação. Os donos de Harley-Davidson sente-se orgulhosos em fazer parte deste

universo. Os proprietários colocam a marca nas suas roupas, anunciam nas redes

sociais e participam dos eventos e de grupos de motociclistas.

Os autores ainda defendem que compreender e trabalhar os desejos dos

clientes faz parte das estratégias da empresa. Uma ferramenta usada com este

objetivo, pode ser estabelecida pela possibilidade de construir uma motocicleta

customizada. Identificou que a Harley-Davidson, por um lado promove as ações em

grupos e direciona seus esforços na criação da possibilidade e da ideia de que cada

proprietário pode ter uma motocicleta única, que reflita algumas características de

sua personalidade.

Identificaram ainda, que a empresa investe na comunicação de

características da marca, com ênfase ao sentimento de liberdade, por meio de seu

site na internet, cuja estratégia aumenta o contato com o cliente, incentivando os

novos a participarem dos eventos promovidos pela empresa.

Concluindo esta abordagem, os trabalhos expostos neste item, foram

usados como fundamentos à presente pesquisa corroborando com os resultados

obtidos pelo emprego de técnicas e métodos de pesquisa qualitativa em resposta

aos objetivos deste estudo. A seguir serão apresentados os aspectos metodológicos

utilizados na obtenção e tratamento dos dados, a análise Cros-Cultural e a estrutura

do emprego dos métodos deste estudo.

50

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Nesta pesquisa, procurou-se adaptar dados coletados, ao método e técnica

mais convenientes à obtenção dos resultados do estudo. Como o objetivo geral foi

analisar o significado e o papel da marca Harley-Davidson, na experiência de marca

do consumidor brasileiro, em comparação aos estudos anteriores, optou-se pela

utilização de métodos qualitativos. Sendo assim, esta pesquisa classifica-se como

exploratória, descritiva e de abordagem qualitativa.

Para maior compreensão das variações do comportamento do consumidor,

estudar detalhadamente como este se comporta e qual sua percepção acerca de

determinada marca, o método de pesquisa qualitativa se apresenta como mais

adequado para maior profundidade e detalhamento dos resultados da pesquisa.

Teixeira e Pacheco (2005) defendem que a investigação qualitativa, se esforça no

resgate das produções teóricas ou do conhecimento que já foi produzido sobre os

problemas a serem analisados.

Os procedimentos adotados para a coleta de dados se utilizam de um diário

de campo, que são as anotações de campo sobre o comportamento e atividades

registradas pelo pesquisador. Para as entrevistas qualitativas, o pesquisador pode

realizar a entrevista por telefone, face a face ou em entrevistas de grupos focais de

seis a oito entrevistados. A investigação qualitativa emprega diferentes formas de

conhecimento, estratégias de investigação e métodos de coleta e análise de dados,

e se baseiam em dados obtidos de texto e imagem. (CRESWELL, 2007).

Alguns métodos e técnicas de pesquisa qualitativa, frequentemente

utilizados em etnografia, foram empregados. Nesta análise, valeu-se do método de

pesquisa exploratória para a obtenção dos dados qualitativos do fenômeno estudado

e pesquisa descritiva para identificar as características comportamentais dos

consumidores da Harley-Davidson (SABATES; BORBA, 2005). Sendo assim, apesar

deste trabalho não se caracterizar como uma etnografia, por restrição de tempo, a

coleta dos dados, feita pelo uso de técnicas etnográficas.

O pesquisador imergiu na Subcultura de Consumo Harley-Davidson, com o

objetivo de compreender detalhes do comportamento de seus membros e identificar

situações inéditas. O estudo de Vieira (2002) descreveu que a pesquisa exploratória

ajuda o pesquisador a ter uma familiaridade com o objeto do estudo, tornando um

51

problema, algo mais explícito. Sampaio e Perin (2006) defendem que o pesquisador

investigue conceitos preliminares, ou inéditos.

A pesquisa descritiva revela as características de uma determinada

população ou fenômeno, sem a obrigação de explicá-las. Este tipo de pesquisa

permite informar sobre as situações, fatos, opiniões ou comportamentos da

população analisada. (VIEIRA, 2002; SAMPAIO; PERIN, 2006). Nesta linha todos

os encontros com os membros da subcultura Harley-Davidson foram descritos, pela

anotação em diário de campo.

Os custos financeiros referentes à coleta dos dados qualitativos, pelo uso de

técnicas etnográficas, foram apresentados em reais (R$) e em dólares (US$). Os

valores foram expressos nestas moedas, objetivando maior facilidade na conversão,

para futuras pesquisas. Sendo assim, variações cambiais e possíveis

desvalorizações da moeda não distorceriam os dados apresentados no Quadro 1.

Conforme Myers (1999) e Lourenço, Ferreira e Rosa (2008), afirmam que a

pesquisa etnográfica costuma ter elevado custo financeiro devido ao tempo

necessário para permanecer em campo, ou para imergir na cultura do grupo em

pesquisa.

Custos à entrada na HDSC (duas pessoas) Quantidade Valor em R$ Valor em US$

Motocicleta (mod: Fat Boy Special - zero km) 1 R$ 56.700,00 $ 18.529,41

Jaquetas originais HD 2 R$ 5.000,00 $ 1.633,99

Luvas originais HD 2 R$ 450,00 $ 147,06

Botas originais HD 2 R$ 1.400,00 $ 457,52

Capacetes 2 R$ 3.000,00 $ 980,39

Acessórios (alforges/escapamento) 1 R$ 6.400,00 $ 2.091,50 Total (entrada na HDSC) R$ 72.950,00 $ 23.839,87

Custo com a coleta dos dados qualitativos (duas pessoas) Quantidade Valor em R$ Valor em US$

Combustível 361 litros R$ 1.200,00 $ 392,16

Revisões 2 R$ 2.350,00 $ 767,97

Pedágio 0 R$ - $ -

Hospedagens 4 R$ 830,00 $ 271,24

Alimentação 26 R$ 1.850,00 $ 604,58

Jantares Focus Group 3 R$ 2.100,00 $ 686,27

Entrevista em profundidade 1 R$ 180,00 $ 58,82

Coletes e tags 2 R$ 700,00 $ 228,76 Total (coleta dos dados) R$ 9.210,00 $ 3.009,80

Total Geral R$ 82.160,00 $ 26.849,67

Quadro 1: Custos financeiros, referentes à coleta de dados, pelo uso de técnicas etnográficas Fonte: Elaborado pelo pesquisador

O Quadro 1 foi dividido em duas partes. A primeira, denominada Custos à

entrada na HDSC, apresenta os custos referentes ao investimento inicial necessário

à compra de uma motocicleta de valor mediano, assim como das vestimentas e

52

acessórios, para o piloto e o garupa, fundamentais à participação na HDSC. Os

valores referentes ao custo de compra de uma motocicleta, HD variam de R$

34.900,00 até R$ 126.500,00, nos modelos comercializados em 2015, no Brasil. A

segunda parte, representa os custos referentes à coleta de dados para a pesquisa.

Alguns passos foram seguidos, para a coleta de dados, incluindo o

estabelecimento da delimitação do estudo. Sendo assim, Creswell (2007) orienta

que a coleta das informações de uma pesquisa qualitativa pode ser feita pela

observação, entrevista, documentos e materiais de áudio visual, bem como pelo

estabelecimento do um sistemático registro de informações da pesquisa.

No que se refere aos sujeitos da pesquisa, o objetivo de delimitar o estudo a

um grupo específico, visou contribuir e facilitar o tratamento dos dados e reduzir os

custos financeiros referentes à aplicação de técnicas etnográficas.

3.1 Sujeitos da pesquisa

Para melhor comparação dos resultados da pesquisa, pela Cross-Cultural,

usada neste estudo, optou-se por analisar os comportamentos, percepções e

experiências dos membros do HOG Florianópolis Chapter, quanto à marca Harley-

Davidson, em relação aos HOGs norte-americanos e australianos, pesquisados

anteriormente, em outros estudos. Schouten e McAlexander (1995) Chapter é a

unidade local da organização em HOG, que são organizados em capítulos locais.

A Figura 1 demonstra o Brasão do HOG Florianópolis Chapter,

frequentemente encontrado em motocicletas, carros e coletes dos HOGs, para

identificação do grupo.

53

Figura 1: Brasão do HOG Florianópolis Chapter Fonte: Página do HOG no Facebook (2015)

Criado em 1983, o HOG – Harley Owners Group, hoje é o maior grupo de

motociclistas do mundo. O HOG não é um motoclube, sendo assim, seus membros

não são submetidos às rígidas regras comuns em motoclubes. O grupo é composto

por uma Diretoria voluntária, elegida ano a ano e escolhida em comum acordo com o

concessionário oficial Harley-Davidson de cada cidade ou região. Possui uma

proposta bem definida de cultivar e multiplicar amigos, rodando sempre juntos, seja

um simples passeio ou a realizações de diversas ações sociais e filantrópicas. “Este

é o espírito”! Para se tornar um membro basta ser proprietário de uma HD. No ato da

compra de sua Harley-Davidson, o proprietário recebe uma carteira de associado,

contendo vários benefícios em qualquer parte do mundo, além de revistas com

atualidades de interesse do mundo HD.

No Brasil, as concessionárias Harley-Davidson têm em suas dependências

uma pessoa responsável pelo HOG da região. Essa é responsável por cadastrar e

manter os membros do HOG informados sobre eventos e passeios. Florianópolis,

por se tratar de uma cidade turística, com muitos membros de outras cidades e

estados, a pesquisa ganha maior consistência por explorar uma subcultura de

consumo que não se restringe a um grupo local, submetido aos mesmos estímulos

cotidianos, adquirindo assim algumas similaridades comportamentais, que podem

minimizar a relevância dos resultados obtidos com o estudo. Conforme a Motonline

(2014), o HOG possui mais de um milhão de membros associados em todo o mundo

e cerca de quinze mil no Brasil.

54

Os membros do HOG se reúnem semanalmente, nas manhãs de sábado,

para confraternização, troca de experiências e para tomarem um café da manhã,

oferecido pelo HOG, em parceria com a concessionária Harley-Davidson. Esta

estratégia se dá em todas as concessionárias Harley-Davidson do Brasil.

O HOG é composto por uma Diretoria voluntária, composta por: Diretor,

Diretor assistente, Primeiro Capitão de estrada e os auxiliares do Capitão de

Estrada. Estes membros são eleitos anualmente em comum acordo com cada uma

das concessionárias oficiais Harley-Davidson, de cada cidade ou região do país.

Na compra de uma nova motocicleta Harley-Davidson, automaticamente o

consumidor se torna parte deste clube, por ganhar uma anuidade do HOG. Este,

também receberá, em aproximadamente 60 dias, um kit com a carteira de

associado, um pingente e um patch do HOG, para adornar sua jaqueta ou colete. O

cliente também recebe, em seu endereço, um guia denominado Adventure Guide,

que explica sobre o HOG e seus benefícios e o Touring Book, com rotas de viagens

nos EUA e no mundo. Após o prazo de um ano, o membro precisa renovar sua

carteira de membro do HOG, pelo pagamento da anuidade.

Todas as concessionárias autorizadas Harley-Davidson no Brasil têm em

suas instalações a administração do HOG com uma secretária exclusiva,

responsável pelos assuntos exclusivamente relacionados ao HOG.

O HOG do Estado de Santa Catarina é constituído por aproximadamente

1260 membros, sendo aproximadamente 280 frequentadores. Neste sentido, os

sujeitos deste estudo são representados pelos 280 membros frequentadores da

concessionária Harley-Davidson, denominada Floripa Harley-Davidson, localizada

na cidade de Florianópolis, responsável pelo cadastramento e manutenção de todos

os associados do HOG do Estado de Santa Catarina.

O fato de o pesquisador residir em Itajaí, Santa Catarina, localizada a 100

km da cidade de Florianópolis, capital do mesmo estado, viabilizou maior facilidade

de acesso à concessionária Floripa Harley-Davidson, para obtenção dos dados do

estudo.

Desta forma, os sujeitos de pesquisa deste estudo foram os membros ativos

e frequentadores do HOG Florianópolis Chapter. A escolha destes sujeitos também,

se justifica por facilitar as comparações com os resultados obtidos nos trabalhos

anteriores selecionados.

55

Os dados foram coletados semanalmente, durante quatro meses, nos

passeios com o grupo, com as entrevista dos grupos focais e com a entrevista em

profundidade, feita com o membro chave da subcultura de consumo Harley-

Davidson. A seguir serão demonstrados as técnicas e os instrumentos de coleta dos

dados da pesquisa.

3.2 Técnicas e instrumentos para coleta de dados

No presente estudo levou-se em consideração que o método etnográfico,

utilizado nos estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009),

se constitui na utilização de diferentes instrumentos de pesquisa qualitativa, que

visam proporcionar, por meio da ênfase na observação e descrição, maior

compreensão de aspectos da vida social de maneira específica e incorporada no

cotidiano das pessoas. Este estudo não se caracteriza como uma etnografia, pelo

tempo de permanência do pesquisador na subcultura de consumo estudada.

Todavia, foram selecionados alguns métodos e técnicas de pesquisa qualitativa,

comumente aplicados em etnografia, objetivando uma melhor correlação entre os

resultados deste trabalho com os de trabalhos anteriores, assim como novas

descobertas.

Pesquisas qualitativas utilizam algumas técnicas para obtenção de

informações e dados. Neste estudo utilizou-se, Observação Participante; Entrevista

em Profundidade; Focus Group e Cross-Cultural. Coforme Martins e Theóphilo

(2009) e Creswell (2010) na pesquisa qualitativa as informações são coletadas

pessoalmente pelo pesquisador, por documentos, entrevistas e observação de

comportamento. O pesquisador utiliza múltiplas fontes de dados, ao invés de confiar

em uma única fonte, para isso, o pesquisador precisa estabelecer contato direto com

o ambiente onde o fenômeno está inserido.

Com o objetivo de identificar convergências e divergências nas percepções,

pelo comportamento do consumidor brasileiro, em relação à marca Harley-Davidson,

quando comparadas às dos consumidores de estudos anteriores. A Figura 2

56

demonstra o fluxograma do emprego das técnicas etnográficas adotadas e suas

relações com os objetivos deste estudo.

Figura 2: Estrutura do emprego dos métodos do estudo

Fonte: Elaborado pelo pesquisador

57

Na Figura 2, o fluxo do emprego das técnicas etnográficas do estudo, foi

ilustrado com diferentes cores e formas. As cores indicam o objetivo específico que

está sendo respondido por determinado método. Sendo assim, observa-se que

alguns métodos estão coloridos com duas cores, indicando que estão atendendo a

mais de um objetivo da pesquisa. Já as formas diferenciam, métodos, resultados e

objetivos. Por fim, todos os resultados convergem para o objetivo (C), pela pesquisa

Cross-Cultural. Deste modo, o estudo inicia com a observação participante, que fez

uso das ferramentas de diário de campo, fotografia e vídeo, para a identificação dos

atributos da marca e o relato da experiência dos consumidores com a marca

estudada.

Concomitantemente ao emprego da observação participante, os grupos

focais foram selecionados, entrevistados e transcritos. Os dados foram inseridos no

software Atlas.ti, para posterior organização dos resultados e resposta aos objetivos

específicos (A) e (B).

Com o objetivo de identificar os atributos da marca em análise, com base

nos trabalhos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), o

presente estudo registrou todos os fatos relevantes, referentes ao comportamento

dos consumidores, membros do HOG Florianópolis Chapter, considerando as

variáveis de análise apresentadas no item 3.3, estudadas por Schouten e

McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).

Os dados foram coletados durante os encontros semanais do grupo, no

período de 16/08/2014 a 06/12/2014. As coletas ocorreram em treze encontros

denominados Bate e Volta, durante os cafés e passeios, promovidos pelo HOG

Florianópolis Chapter, em dois Bate e Fica, durante as viagens e acampamentos e

nos três encontros promovidos para a realização das entrevistas com os grupos

focais 02, 03 e 04, visto que o Focus Group 01 ocorreu durante o Bate e Fica à

cidade de Urubici (SC). A etapa da coleta de dados, totalizou dezenove encontros e

6.296 km percorridos pelo pesquisador, em companhia dos membros da subcultura

de consumo estudada.

58

3.2.1 Observação Participante

A observação participante possui raízes em estudos antropológicos, onde o

pesquisador estuda os costumes e práticas de sociedades que se pretende

conhecer. Com o objetivo de identificar as percepções dos consumidores brasileiros,

a respeito da experiência com a marca estudada, o pesquisador participou dos

encontros semanais dos HOGs, realizados na Floripa Harley-Davidson, durante o

período estipulado para pesquisa de campo.

Nesta etapa, usou-se a técnica de Observação Participante e os dados

foram registrados, por meio de um diário de campo, contendo gravações de vídeos e

de voz, fotos e registros escritos de fatos e comportamentos dos HOGs, observados

pelo pesquisador. Schembri (2009), gerou conhecimento etnográfico a partir de seu

trabalho de campo, acompanhando os HOGs australianos. Seu estudo incluiu

observação participante e entrevistas informais não estruturadas, utilizando uma

filmadora de mão para registrar os comportamentos relevantes para sua pesquisa.

A Observação Participante objetivou uma análise da rotina dos HOGs,

durante o consumo de produtos na concessionária e durante os passeios. Conforme

descrito em Creswell (2010), as características da pesquisa qualitativa têm o

ambiente natural como fonte de coleta de dados, sendo o pesquisador o instrumento

chave.

Ao iniciar a observação participante, especificamente no primeiro encontro

com os membros do grupo, o pesquisador se filiou ao HOG e conheceu os membros

do grupo, responsáveis pela segurança e boa condução dos passeios do HOG, pela

experiência com o motociclismo, treinamentos promovidos pelo HOG. Estes

membros são denominados Road Captains. Nesta ocasião o pesquisador já possuía

a motocicleta, porém não conhecia a concessionária da Floripa Harley-Davidson e

nem os HOGs estudados.

Neste dia o pesquisador entrou na comunidade, pela filiação no grupo e

participação dos eventos promovidos e solicitou a autorização para iniciar a

pesquisa com os HOGs, que foi concedida pela concessionária e pelo funcionário

responsável pelo HOG estudado.

59

O estudo de Kawulich (2005) demonstrou que neste tipo de trabalho de

campo, o pesquisador precisa entrar na comunidade, selecionar informantes chave e

participar das atividades. O uso da Observação Participante favorece a pesquisa,

reduzindo o tempo necessário para um novo membro compreender quem são os

membros marginais e os chave de determinado grupo.

Todas as saídas de campo, acompanhando os membros do grupo, em seus

passeios semanais, viagens, grupos focais e na entrevista em profundidade, foram

fotografadas e gravadas. Tais registros foram feitos, objetivando posterior análise do

comportamento dos membros da HDSC. Sendo assim, Lacono, Brown e Holtham

(2009) defendem que a gravação deve ser feita enquanto se está observando. Para

o pesquisador há os desafios da entrada e de seu papel no ambiente estudado, mas

tem a oportunidade de conseguir uma observação exclusiva do grupo.

Durante as observações participante, o pesquisador interagiu intensamente

com os membros do grupo. Houve conversas e troca de informações referentes às

motocicletas, suas customizações, entre outros assuntos referentes às

particularidades e ao cotidiano de cada um. Sendo assim, foi estabelecido um

ambiente amigável e agradável e prazeroso à coleta dos dados. Wallendorf e

Arnould (1991) citam que a observação participante registra a experiência de ação

no trabalho de campo, as conversas e o contexto. Em um ambiente naturalista,

fornece uma perspectiva em ação, ao invés de uma perspectiva de ação, como na

entrevista em profundidade. Na observação participante, o pesquisador encontra

ambas as perspectivas se movimentando entre o registrar as ações e fazendo

questionamentos sobre a ação.

Já no primeiro encontro com os membros da HDSC, o pesquisador se

apresentou como tal, comunicando aos membros chave do grupo, as intenções e

objetivos do estudo, que foram aceitas imediatamente. Além de aceitarem tais

objetivos, os membros chave, representados pelos Road Captains, se

disponibilizaram em contribuir com a coleta dos dados e com a identificação dos

membros chave para cada Focus Group aplicado neste estudo. Todos os membros

do HOG, participantes dos encontros promovidos pelo HOG Florianópolis Chapter

foram comunicados sobre a pesquisa, sem demonstrar objeção. Lacono, Brown e

Holtham (2009), comentam que na observação participante os informantes devem

saber o motivo da investigação e o alcance. O pesquisador precisa avaliar os efeitos

de sua presença, porque os participantes podem estar sendo influenciados. Os

60

informantes tanto podem estar relutantes, quanto podem querer agradar, lançando

suas impressões e preconceitos.

Nesta pesquisa, a técnica de observação participante se deu pela imersão

do pesquisador nos encontros semanais do HOG, nos passeios realizados pelo

grupo, e em maior profundidade, nos eventos denominados Bate e Fica na cidade

de Urubici e outro para à cidade de São Paulo. Tais eventos proporcionaram a

possibilidade de maior tempo de convívio com os membros do HOG e imersão na

HDSC.

Objetivando maior consistência nas análises dos resultados obtidos nesta

etapa, os dados foram articulados à teoria presente nos constructos Identidade,

Atributos e Experiência de Marca; Cultura e Subcultura de Consumo;

Comportamento do Consumidor em estudos Cross-Cultural e Estudos sobre o

Comportamento do Consumidor Proprietário de Harley-Davidson, para posterior

comparação com os de pesquisas anteriores.

Entre as técnicas utilizadas, para anotações e registros das atividades,

imagens e comportamentos observados em campo, o pesquisador fez uso intensivo

do diário de campo.

3.2.2 Diário de Campo

Registrar os fatos relevantes à teoria do comportamento do consumidor,

durante os encontros com os HOG, foi fundamental aos resultados deste estudo, por

possibilitar uma melhor análise e comparação posterior destes comportamentos.

Esta técnica etnográfica foi aplicada ao longo dos dezenove encontros com o grupo

pesquisado. Os registros escritos e de imagens de alguns comportamentos

relevantes, foram analisados posteriormente. Algumas entrevistas informais foram

gravadas e posteriormente transcritas.

O Diário de campo se caracteriza como uma ferramenta etnográfica eleita

para registro e posterior análise dos acontecimentos e comportamentos observados.

Para Cavedon (1999), os registros são feitos em um diário de campo, onde o

61

pesquisador descreve todos os dias, os acontecimentos que ocorrem, incluindo as

expressões próprias do grupo estudado e também os sentimentos do pesquisador.

Todas as entrevistas deste estudo, incluindo os grupos focais, foram

integralmente registradas e transcritas, conforme demonstrado nos apêndices 1 a 5.

Em contribuição, Piccoli (2009) descreve que em sua pesquisa etnográfica, sempre

que fazia contato com o núcleo, e quando ocorreram as entrevistas e observações,

fazia as anotações no diário de campo. Weber (2009) acrescenta que o diário de

campo é parte do instrumento que o etnógrafo produz durante toda a pesquisa, com

base na observação dos comportamentos culturais de um grupo social. O autor

também relatou o uso de três tipos de diários. O diário de campo, específico para

etnografia, que representa uma ferramenta para anotar as observações sobre as

entrevistas, relacionando eventos, análise e o posicionamento dos entrevistados.

Um segundo, o diário de pesquisa, que serve para a reflexão sobre a experiência.

Por último, o diário íntimo que são anotados o humor e também as emoções do

autor.

Os comportamentos e ações relevantes de cada saída de campo foram

registrados pelo pesquisador por meio de uma câmera fotográfica. Creswell (2007) e

Hall (2009) defendem o uso destas ferramentas, para o registro diário dos

acontecimentos e comportamentos observados em campo. Outra ferramenta muito

útil é o uso de equipamento de áudio e visual. Uma categoria final de coleta de

dados para uma pesquisa qualitativa, consiste em material de áudio e visual, que

podem ser fotografias, vídeos, objetos de arte ou qualquer forma de som. Neste

sentido, a fotografia tem inúmeras vantagens sobre outros métodos de pesquisas,

como manifestações locais e visuais, e de processos mais amplos que podem não

ser tão aparentes em outros métodos. Além disto, a fotografia revela o próprio ponto

de vista do pesquisador no estudo.

O uso de uma câmera como ferramenta etnográfica, pode ser útil à coleta de

dados, por meio do registro de fotos e vídeos, no entanto, algumas representações

mais sensíveis podem ser um pouco mais difíceis de serem capturadas. Em muitos

casos, os pesquisadores optam relacionar texto e imagem, onde cada um

complementa o fenômeno estudado, fornecendo um comentário sobre o outro. A

câmera é utilizada de forma participativa, não somente para enriquecer o texto, mas

para mudar o papel ferramental na pesquisa de marketing. Nesta perspectiva, ajuda

a compreender o indivíduo e suas experiências de consumo. Com a mediação da

62

câmera, o pesquisador leva o espectador às experiências vividas pelos pesquisados

(BANKS, 1995; DION, 2007).

Quando utilizada como técnica etnográfica, a gravação de vídeos,

demonstra uma evolução da etnografia tradicional. Neste sentido Shrum, Duque e

Brown (2005) argumentam que o vídeo digital, além de uma nova maneira de

apresentação, é também um novo jeito de fazer a pesquisa de campo, sendo em

algum sentido uma variação da etnografia tradicional para as mais recentes

condições sociais.

Os dados gravados em vídeos oferecem oportunidade única para

compreender o comportamento humano. Os pesquisadores podem analisar os

dados gravados de varias maneiras que de outra forma seria impossível, além de

criar a oportunidade de discutir as cenas e as interpretações ou divergências

estabelecendo maior confiabilidade. Na gravação, nada é manipulado ou encenado,

o pesquisador tem que descrever e analisar a cena como ela é e tem propriedades

únicas que permitem aos pesquisadores capturar e refletir sobre fenômenos

complexos, por várias perspectivas (MORSE; POOLER, 2002; SPIERS, 2004).

Neste estudo, alguns dados foram coletados por meio do uso da internet. Ao

ser aceito como membro de grupos privados, formados no Whatsapp e no

Facebook, algumas informações relevantes ao estudo foram utilizadas como fonte

para a coleta de dados. Em Creswell (2010), o pesquisador poderá coletar

documentos qualitativos, podendo ser documentos públicos como jornais, ou

documentos privados como diários pessoais e e-mails. São utilizados também para

os dados qualitativos os materiais audiovisuais, que podem ser fotografias, objetos

de arte e vídeos.

Muitas questões foram respondidas pelo uso desta técnica de pesquisa

qualitativa e outras com as entrevistas realizadas com os grupos focais, objetivando

o direcionamento das respostas para cada uma das variáveis de análise,

representadas pelos atributos percebidos na marca Harley-Davidson, nos resultados

dos estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).

63

3.2.3 Focus Group

Um grupo focal pode ser um grupo que interage com outros indivíduos com

interesses em comum. Um moderador usa a interação para obtenção de

informações focalizadas. Este se apresenta como uma ferramenta mais adequada

para algumas questões de pesquisa, tanto para a moderação do grupo focal, quanto

para interpretar os seus dados (BYERS; WILCOX, 1991; MARCZAK; EWELL, 2006).

Para a realização de entrevista Focus Group, nesta pesquisa, o pesquisador

proporcionou quatro encontros, em diferentes dias, com o intuito de proporcionar um

ambiente agradável e de liberdade de expressão. Após as entrevistas, foram

servidos, jantares e almoços, aos participantes de cada grupo focal.

Cada um dos quatro grupos focais foi composto, respectivamente, 8, 5, 5 e 6

membros. Um grupo focal é tipicamente composto entre 6 a 10 indivíduos que se

relacionam com o tema (BYERS; WILCOX, 1991; MARCZAK; EWELL, 2006). Para

Creswell (2007), nas entrevistas qualitativas, o pesquisador pode realizar a

entrevista por telefone, face a face, ou em entrevistas de grupos focais com 6 a 8

entrevistados. Sendo assim, faz-se importante explicar o motivo de os grupos focais

2 e 3 terem somente 5 integrantes. Para este grupo foram selecionados 6 membros

chave da HDSC, representados por seis Road Captains (grupo focal 2) e suas

garupas (grupo focal 3), que por motivo de saúde na família, um dos casais não

pode comparecer.

Para a realização de entrevista Focus Group nesta pesquisa, o pesquisador

organizou quatro encontros em diferentes dias. Com o intuito de proporcionar um

ambiente agradável e de liberdade de expressão, em algumas das entrevistas foram

oferecidos, aos participantes de cada grupo focal, jantares e almoços que foram

servidos ao final da entrevista, conforme orientações de Guidelines for Conducting a

Focus Group (2005).

Ao chegar para a entrevista, cada membro do grupo focal já tinha seu lugar

demarcado por uma folha de papel, posta sobre a mesa onde seria realizada a

entrevista, contendo um breve questionário. A Figura 3 representa o breve

questionário, elaborado para caracterização dos respondentes e compreensão da

disposição espacial da entrevista. Esta caracterização tem como principal objetivo,

informar ao pesquisador, durante o tratamento dos dados e discussões dos

64

resultados, alguns detalhes, no sentido de relacionar um determinado padrão de

resposta com as características de determinado grupo.

Figura 3: Aplicação da metodologia Focus Group Fonte: Elaborado pelo pesquisador

O primeiro Focus Group aconteceu em 15 de novembro de 2014, às

17h30min, durante o passeio Bate e Fica em Urubici, no qual o HOG passou uma

noite em acampamento. A entrevista aconteceu na residência da senhora

proprietária do camping, que gentilmente nos cedeu o espaço. Os relatos e o debate

estabelecidos naquela noite, por quatro casais do HOG da Floripa HD, foram

esclarecedores e descontraídos. A coleta das informações foi feita por meio de

gravação de áudio, com a duração 1h42min44seg.

Em retribuição, foram servidos chocolates, salgadinhos, amendoins, água e

refrigerantes aos participantes antes e durante a realização do Focus Group. Todos

se mostraram muito dispostos em contribuir e falavam muito, durante suas respostas

e contribuições ao tema proposto.

Em 19 de novembro de 2014 foram realizados o segundo e o terceiro Focus

Group. Para esta entrevista, foi preparada uma recepção acolhedora, tendo em vista

que os entrevistados se deslocariam por mais de 100 km, da cidade de Florianópolis

(SC) à Itajaí (SC), numa quarta-feira, após respectivos horários de trabalho. Na

65

chegada dos entrevistados, foi oferecido um coquetel de acolhida, para início das

entrevistas. A gravação desta entrevista teve duração de 1h38min4seg no grupo 02,

e 1h38min54seg para o grupo 03.

Os entrevistados foram organizados em dois grupos focais, que neste

estudo foram denominados como grupos focais 02 e 03. Estes grupos foram

separados por gênero, para que não fossem influenciados pelas respostas uns dos

outros. Esta separação teve como objetivo compreender a existência de diferentes

respostas para cada questão, com base no gênero do respondente.

O Focus Group é um tipo de entrevista realizada em grupo, objetivando sua

interação. Os entrevistados acabam influenciando uns aos outros, tanto com suas

respostas, com a colocação de suas ideias. Na ciência social as principais técnicas

de coleta de dados qualitativos são a observação participante e a entrevista

individual. A entrevista com o Focus Group correlaciona elementos dessas duas

abordagens (OLIVEIRA; FREITAS, 1998).

As entrevistas feitas com cada um dos grupos focais duraram

aproximadamente 1h35min. Após a coleta dos dados, os entrevistados foram

retribuídos com jantar e vinho.

Com o grupo focal 04, a entrevista foi realizada no dia 23 de novembro de

2015, também na cidade de Itajaí, SC, na residência do pesquisador. Todos os

entrevistados são integrantes do HOG Florianópolis Chapter e frequentadores de

outro motoclube denominado Carpe Diem.

Este grupo focal foi composto por seis entrevistados, sendo três do gênero

feminino e três do gênero masculino, representado por três proprietários de

motocicletas da marca Harley-Davidson e seus respectivas esposas “garupas”,

também consumidoras de produtos da marca Harley-Davidson. Ao longo da

entrevista, foram oferecidos, alguns aperitivos, água e refrigerantes, e ao final da

coleta dos dados foi servido almoço e vinhos, em retribuição à disponibilidade e

contribuição à pesquisa. O tempo de gravação deste grupo focal foi de

1h20min6seg.

Sheppard e Jones (2013), concluíram em seus estudos, que os grupos

focais foram considerados significativamente mais agradáveis do que outros

métodos. Estes permitiram a contribuição e liberdade de expressão. Desta forma, os

entrevistados tiveram a capacidade de ouvir outras opiniões e confrontar com as

suas, permitindo assim respostas mais amplas.

66

A análise dos dados obtidos com esta técnica possibilitou a identificação de

vários atributos intrínsecos e extrínsecos, assim como algumas particularidades no

comportamento e na percepção dos pesquisados, possibilitando maior identificação

dos diferenciais da marca em análise. As Figuras 4 e 5 mostram, respectivamente

momentos da entrevista Focus Group, realiada com membros Chave da HDSC e

suas esposas “garupas”.

Figura 4: Reunião para a entrevista do Grupo focal 2 Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.

Figura 5: Reunião para a entrevista do Grupo focal 3 Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.

A Figura 4 retrata o momento da realização do grupo focal 02. É possível

observar a descontração dos Road Captains no momento da entrevista. O papel à

frente de cada entrevistado, refere-se ao questionário inicial. Cada entrevistado foi

identificado com um número, neste caso de 1 a 5. Antes de expor suas ideias, cada

membro deveria falar em bom tom o número correspondente a sua posição. A

67

estratégia foi utilizada no sentido de facilitar, posteriormente, a análise de uma

resposta pela compreensão da categorização de quem a respondeu. A Figura 5

representa a imagem das esposas do Road Captains, que compunham o grupo focal

3, que contribuiu com informações importantes à algumas questões deste estudo

com a mesma descontração e alegria. A Figura 6 apresenta a imagem do grupo

focal 4, representado por quatro casais pertencentes aos HOG e a outro grande e

importante motoclube denominado Carpe Diem. Neste grupo, um dos integrantes é

diretor regional do motoclube Carpe Diem.

Figura 6: Reunião para a entrevista do Grupo focal 4 Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.

A Figura 6 mostra um momento de descontração. Finalizada a entrevista, foi

servido para o almoço, em retribuição à disponibilidade e tempo investido no estudo,

um churrasco mediterrâneo com Salmão, Meca e camarões. Para beber foram

servidos: espumante, vinho e água.

Durante as transcrições das entrevistas dos grupos focais e da entrevista em

profundidade, alguns aspectos importantes como emoção, risos, aumento do tom,

pausas, entre outros, foram identificados por símbolos, conforme o modelo utilizado

por Piccoli (2009), seguindo o método proposto por Brown e Yule (1993), e pelo

método de Marcuschi (1986). Sendo assim, durante as transcrições, foram utilizados

alguns símbolos anteriormente utilizados por Piccoli (2009) e outros foram

introduzidos e adaptados, pelo pesquisador, conforme demonstrado no Quadro 2.

68

Símbolo Quando ocorrem:

(...) Expressão não compreendida ou identificada

++ Pausa longa

[[ Falas simultâneas, de dois ou mais entrevistados quando falam ao mesmo tempo.

MAIÚSCULA Quando a palavra é pronunciada com ênfase

{texto} Quando o entrevistado fala um trecho, rindo.

Texto {} Quando tem risos no final da fala, de um ou de outros entrevistados.

... Entrevistado não conclui, ou não consegue terminar a fala. Quadro 2: Símbolos e significados, utilizados nas transcrições das entrevistas Fonte: Adaptado de Piccoli (2009) e Marcuschi (1986)

Os nomes dos entrevistados foram substituídos pelas siglas “E”

(entrevistados), seguido pelo número do membro, por exemplo, para identificar o

membro 1 do grupo focal 3, na transcrição, este será identificado por “E1:G3”, e o

pesquisador como “P”. Creswell (2010) comenta que por questões éticas e para

proteger a identidade dos entrevistados, na pesquisa qualitativa os nomes devem

ser trocados por nomes falsos ou pseudônimos. Estas siglas também foram

utilizadas na entrevista em profundidade aplicada ao membro chave, mais

experiente na HDSC. Sendo assim, no próximo item serão apresentados os

assuntos relacionados aos emprego da técnica de pesquisa qualitativa de entrevista

em profundidade. Na entrevista em profundidade, o nome do entrevistado foi

divulgado com sua autorização, por representar um importante e reconhecido

membro da subcultura estudada.

3.2.4 Entrevista em profundidade

Nesta pesquisa, foi realizada 01 entrevista em profundidade. Benetton, o

entrevistado que aparece nas Figuras 07 e 08, é experiente e antigo membro da

HDSC, sendo reconhecido nacionalmente e internacionalmente dentro desta

subcultura. A entrevista foi organizada com o uso de um roteiro, conforme Apêndice

7 e realizada no dia 18/12/2014, no apartamento do entrevistado. Foram

autorizadas, pelo pesquisado, a divulgação de sua identidade e das imagens

gravadas durante a entrevista em profundidade.

69

Figura 7: Membro experiente Dauzelei Benetton Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Figura 8: Dauzelei Benetton Fonte: Diário Catarinense (2013)

A entrevista se deu em 1h24min48seg e inicialmente permitiu-se que o

entrevistado falasse à vontade sobre experiências e paixão que o envolve nesta

subcultura. Apresentou a personalização de seu apartamento, fotografias, coleções,

motocicletas e relatos históricos em relação as suas experiências com a marca

Harley-Davidson. Milena, Dainora e Alin (2008), comentam que a entrevista em

70

profundidade é eficaz para as pessoas falarem de seus sentimentos, opiniões e suas

experiências, concluindo que os métodos de entrevista em profundidade e grupo de

foco são os mais utilizados.

Nesta linha Berent (1966) defende a necessidade do informante estar

sozinho com o entrevistador para que se obtenha o sucesso desejado. Pois a

simples presença de outra pessoa pode distrair ou inibir o informante, e alterar a

realidade do que o entrevistado fala. Cita que a entrevista em profundidade tem

como objeto fazer o informante se expressar de maneira livre sem interrupção. O

entrevistador deve ser um ouvinte interessado e nunca interromper, devendo apenas

intervir para manter o informante falando.

Veiga e Gondim (2001) citam que a entrevista é uma técnica onde o

pesquisador coleta os dados e o interlocutor é a fonte das informações. Estas

entrevistas buscam explorar o conhecimento das pessoas sobre o que elas sabem,

no que elas creem, o que esperam, sentem e desejam. A entrevista em

profundidade pode ser realizada tanto com os formadores de opinião como

jornalista, professores, empresários, quanto com pessoas comuns, com o objetivo

de identificar as estruturas cognitivas das pessoas.

O estudo de Milena, Dainora e Alin (2008), também demonstrou que a

entrevista em profundidade tem como objetivo a obtenção de uma imagem nítida

sobre a perspectiva do participante sobre o tema pesquisado. Nas entrevistas em

profundidade, o entrevistado é considerado como perito, e o entrevistador é o aluno.

Nesta técnica de entrevista, o pesquisador quer aprender tudo que o participante

compartilha.

Deste modo, foram obtidos muitos dados, por meio de gravação de voz,

vídeos e fotografias, com o intuito de captar o máximo das informações e emoções

do entrevistado. Para isso, foram utilizadas como ferramentas de diário de campo a

fotografia, filmagem e registro dos relatos do entrevistado. Ao final deste processo o

pesquisador utilizou um questionário com o intuito de captar outras informações que

ainda não haviam sido apresentadas ao longo da entrevista.

O próximo item irá apresentar o método de pesquisa Cross-Cultural,

objetivando demonstrar características do uso desta técnica e a forma como foi

aplicada neste estudo.

71

3.2.5 Cross-Cultural

Os dados coletados nesta pesquisa, com o intuito de Identificar

convergências e divergências no comportamento dos consumidores da HDSC do

HOG, foram comparados aos resultados dos trabalhos de Schouten e McAlexander

(1993,1995) e Schembri (2009), pela técnica de pesquisa qualitativa Cross-Cultural.

Os autores destes estudos realizaram estudos etnográficos, para a coleta dos dados

de sua pesquisa.

Schouten e McAlexander (1995) identificaram que a análise da estrutura

social, dos valores dominantes e dos comportamentos simbólicos, orienta os

estudos, por meio da subcultura de consumo, para a análise do consumo. A forma

como os diferentes grupos sociais se organizam, diferem e selecionam seus

membros, é estudada pelos mesmos autores, que definiram a subcultura de

consumo como um subgrupo que difere da sociedade. Estes subgrupos se auto

selecionam e se baseiam em um propósito comum ou em uma relação com

determinado produto, marca e atividade de consumo.

Observar as pessoas no seu comportamento natural é diferente da pesquisa

de opinião, onde os entrevistados generalizam seus comportamentos. Nesta linha, a

pesquisa etnográfica, descreve eventos de um grupo com enfoque nas estruturas

sociais (ARNOULD; WALLENDORF, 1994; GODOY, 1995b). Sendo assim, a cultura

se torna o conceito mais importante na realização do trabalho etnográfico,

interpretando o mundo social, para aprender sobre as causas sociais e materiais das

pessoas, em suas experiências, visão e histórias, salientando que esta é a maneira

ideal de captar a realidade, onde o pesquisador participa e analisa o ambiente

(GODOY, 1995a; RITCHIE; LEWIS, 2003). Ao relacionar a cultura com as

expectativas de membros externos de um determinado grupo, a uma subcultura de

consumo, observa-se, conforme Schembri (2009), que existem percepções e

expectativas distintas de membros externos e internos de determinada subcultura.

Por fim, os resultados obtidos nesta pesquisa, por meio da aplicação dos

métodos de Observação Participante, Entrevista em Profundidade e Focus Group,

foram comparados com os de estudos anteriores, pelo método Cross-Cultural.

As comparações estabelecidas entre os comportamentos dos consumidores

pertencentes a mesma Subcultura de Consumo em diferentes Cultura de Consumo,

72

partiram dos atributos de marca, percebidos pelos consumidores observados em

estudos anteriores. Sendo assim, estes atributos foram caracterizados, nesta

pesquisa como variáveis de análise.

3.3 Variáveis de análise

As variáveis analisadas desta pesquisa foram representadas pelos atributos

identificados no estudo de Schembri (2009) à marca Harley-Davidson. Para maior

compreensão dos pontos convergentes e divergentes, nas percepções dos

consumidores, abaixo relacionados:

A. Liberdade: Para compreensão do grau de sentimento de liberdade percebido

pelos pesquisados em relação à marca Harley-Davidson;

B. Confiança: O entendimento de quão seguros estão os membros do HOG no que

tange à sua confiabilidade em relação à motocicleta, marca, peças, pós-vendas,

roupas, acessórios e demais produtos e serviços ofertados pela marca Harley-

Davidson;

C. Fraternidade: Para a compreensão da percepção que os consumidores,

membros do HOG, têm acerca do tratamento fraternal existente entre seus

membros;

D. Rebeldia: Refere-se à compreensão de quão rebeldes seus membros se sentem

ao usarem a marca em análise;

E. Respeito: Compreender o nível de respeito que os membros têm à marca e a

sua percepção quanto ao respeito alheio a partir da aquisição de um bem da

marca Harley-Davidson;

F. Vestuário: Conhecer como se sentem, se identificam e se relacionam quando

devidamente paramentados com a vestimenta de um legítimo HOG;

G. Coletividade: Compreender os motivos e as emoções que influenciam os

consumidores, quando submetidos a uma experiência coletiva com a marca;

H. Espetáculo: Entender como os consumidores se percebem em um desfile de um

bonde. Bonde é o nome dado à organização das motos para um desfile, que se

73

dá pela disposição das motocicletas em filas duplas ou simples, com

espaçamentos marcados e intercalados entre elas;

I. Som do motor: Identificar detalhes da percepção dos estudados em relação ao

som emitido pelo motor de uma legítima motocicleta Harley-Davidson.

Sendo assim, o entendimento do comportamento dos consumidores

brasileiros, em relação a estas variáveis, devem suportar as comparações

necessárias ao estudo de Schembri (2009).

3.4 Análise dos dados

Primeiramente as entrevistas dos quatro Focus Group e da entrevista em

profundidade foram transcritas, para posterior inserção dos dados no Atlas.ti. O

programa identificou o número de vezes que as respostas se relacionavam com as

variáveis de análise estudadas. O fluxograma gerado pelo software, demonstra as

relações existentes entre os padrões de resposta dentro de um mesmo grupo focal

(homogêneo), assim como convergências e divergências existentes entre as

respostas dos quatro grupos focais (heterogêneos), subsidiando o tratamento dos

dados e a discussões dos resultados da pesquisa.

Por conseguinte, os dados coletados com a Entrevista em Profundidade

assim como, com os grupos focais, foram analisados de forma concomitante para

cada variável de análise, para posterior comparação com os estudos de Schouten e

McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).

Nesta pesquisa o uso do software Atlas.ti, facilitou a análise dos dados e a

geração das considerações a respeito dos resultados, contribuindo com a análise

sistemática de fenômenos complexos escondidos em dados não estruturados, como

texto e material multimídia. O programa ofereceu ferramentas que permitiram a

codificação e registro dos dados coletados.

74

3.4.1 O uso do Atlas.ti no análise dos dados

O software Atlas.ti permite encontrar fenômenos complexos que não seriam

possíveis identificar apenas com a leitura de textos. O software possibilita a analise

e o gerenciamento de diferentes documentos, ou instrumentos utilizados na coleta

dos dados, como: respostas de questionários, relatórios e qualquer tipo de textos e

arquivos de áudio, permitindo codificar os dados, com base nas palavras-chave, ou

renomear ou juntar os códigos existentes sem alterar o restante do texto. Também

gera visualizações de códigos emergentes e a relações com o outro, tornando

possível acompanhar a evolução das análises, pois registra automaticamente as

mudanças de codificação, (ZHANG; WILDEMUTH, 2009; QUEIROZ; CAVALCANTE,

2011).

Este Programa consolida grandes volumes de documentos e mantém o

controle de todas as notas, anotações, códigos e memorandos em todos os campos

que requerem estudo atento e análise de material primário consistindo de texto,

imagens, áudio e vídeo. Segundo Klüber (2014), o software Atlas.ti foi desenvolvido

para análise qualitativa em grandes quantidades, objetivando o tratamento de uma

grande quantidade de dados.

Um dos principais dados a serem tratados foram as entrevistas dos grupos

focais e da entrevista em profundidade. Estas entrevistas foram gravadas em áudio

e transcritas para um documento de texto. Para fazer estas transcrições, foi preciso

ouvir as gravações de áudio e escrever os diálogos no documento de texto (Word).

Para estas transcrições, foram gastos em média 5 minutos para transcrever cada 1

minuto de áudio, no total foram cerca de 8 horas de transcrição para cada entrevista.

Devido ao grande número de informações obtidas com as entrevistas, o

software Atlas.ti foi utilizado na criação dos mapas contendo a síntese das respostas

de cada grupo focal, indicando similaridades, pelo estabelecimento de ligações.

Os resultados desta etapa foram apresentados pelo software, em imagens.

Estas imagens representaram esquemas gráficos, objetivando melhor compreensão

e visão sistêmica das várias respostas dos diversos grupos, assim como a relação

existente entre várias respostas destes. Sendo assim, as respostas foram dispostas

em seis grupos de questões e selecionadas de acordo com as variáveis de análise

75

estudadas. Para o tratamento dos dados, por meio do software Atlas.ti, foram

adotados alguns procedimentos.

No primeiro, foi criado um novo projeto, denominado pelo software como

“unidade hermenêutica”. A unidade hermenêutica, contempla todas as informações,

codificações, dados e documentos a serem tratados.

O segundo procedimento, consiste na importação do documento com os

dados a serem tratados, denominados como “documentos primários”. De acordo

com Bandeira de Mello e Cunha (2003), documentos primários consistem nos dados

primários coletados, podendo ser transcrições de entrevistas e notas de campo e de

checagem. No software, estes aparecem como “Px”, onde “P” representa o

documento primário e “x” o número da ordem em que foram importados, seguido

com o nome do documento.

O terceiro procedimento foi a codificação, após a importação dos quatro

documentos primários, cada um correspondente à transcrição de uma entrevista.

Estas entrevistas foram interpretadas e codificadas. Esta parte exige a interpretação

do pesquisador para a codificação. Para Bandeira De Mello e Cunha, (2003) e

Klüber (2014), os codes são gerados pela interpretação do pesquisador. Nesta linha,

para cada pergunta feita aos grupos focais, foram obtidas diversas respostas. Sendo

assim, a codificação foi utilizada para marcar palavras-chave que respondem ao

questionamento, considerando a interpretação do pesquisador na seleção de

palavras que descrevam determinado sentimento ou significado, naquela resposta.

No quarto passo, foram organizadas as codificações, entre os diferentes

grupos. Nesta etapa se utilizou a ferramenta Network View, com esta é possível criar

uma representação gráfica ou mapa conceitual dos codes, facilitando a interpretação

e a visualização das ideias de cada grupo, servindo como uma imagem. Klüber

(2014) defende que estas representações são esquemas gráficos, que contribuem,

auxiliando com a visualização do desenvolvimento da teoria. Por este motivo, foi

criado um esquema gráfico para cada pergunta, possibilitando que as respostas de

todos os grupos fossem analisadas simultaneamente, para cada questionamento

feito.

No entanto, em resposta aos questionamentos, para cada pergunta feita aos

grupos focais, algumas citações foram interpretadas e codificadas. Sendo assim,

todos estes codes, foram importados pelo campo import nodes. Nesta etapa, as

codificações foram automaticamente ligadas por setas, ao seu documento primário,

76

por meio do Network View, facilitando a interpretação, com base no número de

respostas com o mesmo conteúdo.

Por último, para quantificar os dados já codificados, pode se extrair um

relatório detalhado da unidade hermenêutica, no campo Codes-primary Documents

Table, pela abertura de um contador de citações, onde é possível selecionar quais

famílias (neste caso, cada pergunta foi considerada como uma família, ou

agrupamento dos codes), juntamente com os documentos primários (cada

documento primário foi considerado como sendo um grupo), para gerar uma planilha

com as quantidades de citações feitas, por cada grupo focal.

Todos os dados tratados pelo Atlas.ti foram representados na forma de

imagem, para a interpretação e descrição de cada resposta obtida na transcrição do

Focus Group.

A próxima seção apresenta os dados coletados nesta pesquisa, bem como

suas análises.

77

4 RESULTADOS

A apresentação dos resultados da pesquisa em questão inclui,

primeiramente, a aplicação da técnica de pesquisa Observação Participante,

aplicada à HDSC, no HOG Florianópolis Chapter, descrevendo ações e observações

acerca do comportamento dos consumidores, durante os encontros do pesquisador

com o grupo pesquisado.

Na segunda etapa, as respostas dos grupos focais foram analisadas, pela

interpretação das imagens geradas pelo software Atlas.ti, objetivando atender,

parcialmente, aos objetivos específicos (A) e (B) deste estudo.

A terceira etapa se deu, pela transcrição de informações relevantes e por

análises feitas pelo pesquisador, baseadas nos dados obtidos com a entrevista em

profundidade, feita com o membro mais antigo e experiente da HDSC da região de

Florianópolis.

A análise Cross-Cultural foi feita juntamente com a primeira, segunda e

terceira etapas. Sendo assim, cada variável de análise identificada em cada

observação, grupo focal e na entrevista em profundidade, foi comparada com os

resultados dos estudos anteriores selecionados.

Por fim, uma análise geral foi realizada, contemplando os resultados obtidos

com na aplicação de cada técnica, objetivando maior aprofundamento do assunto e

ampliação das contribuições do estudo.

4.1 Observação Participante aplicada à HDSC, no HOG Florianópolis Chapter

O aumento da compreensão do comportamento torna-se evidente quando o

pesquisador observa e participa da experiência de marca juntamente com o grupo

estudado. A coleta de dados ocorreu no ambiente natural de consumo dos

observados, desta forma estes passaram a ser tratados como parte da interação e

não somente como dados de um estudo.

78

Em diário de campo, foi anotado a descrição dos comportamentos dos

HOGs, assim como as emoções observadas e sentidas pelo pesquisador, durante

coleta de dados, pelo uso da técnica de observação participante. Estas ações

explicam a forma como o pesquisador descreveu suas emoções e percepções

durante a aplicação do método. O exposto se embasa na teoria de Serva e Jaime

Júnior (1995), que defendem que na Observação Participante, o pesquisador e os

observados situam-se numa relação face a face e a coleta de dados ocorre no

ambiente frequentado pelos observados, podendo, o pesquisador, se envolver

emocionalmente com o ambiente e com os observados, já para Weber (2009), o uso

do diário íntimo, durante a observação, serve para anotar o humor e também as

emoções do autor.

4.1.1 Primeiro encontro com o HOG

O primeiro encontro com os membros do HOG Florianópolis Chapter foi em

30/08/2014. O dia ensolarado indicava um bom momento para sair de casa com a

moto. As expectativas eram elevadas em relação aos resultados que seriam obtidos

com este primeiro contato. Pretendia-se encontrar muitos membros do HOG na

concessionária, porém se temia a aceitação da pesquisa pelo grupo, por acreditar

que seus membros estariam ali, em um momento de descontração e não se

sentiriam à vontade, se soubessem que estavam sendo observados, fotografados ou

filmados.

Os equipamentos de segurança foram preparados (jaquetas, capacetes,

botas e luvas) e os de Diário de Campo (agenda, gravador de voz e filmadora), para

seguir a Floripa Harley-Davidson e iniciar a coleta dos dados desta pesquisa. O

pesquisador partiu da cidade de Itajaí (SC) às 7 horas e 45 minutos e chegou às 9

horas e 8 minutos, percorrendo os 94 km, correspondentes à distância da residência

do pesquisador ao concessionário HD, em 1h23min.

Durante a ida, tudo ocorreu de forma muito tranquila, até a chegada.

Portanto, já próximo a concessionária HD, a tensão do pesquisador aumentou, por

verificar que vários Harleyros haviam chegado com antecedência. Suas motocicletas

79

estavam devidamente limpas e posicionadas. Naquele momento, quanto mais

próximo, maior a sensação de fazer parte do filme Wild Hogs (2007) sem ser

convidado.

Por medo de cometer algum erro, ou pela possibilidade de se comportar de

maneira que não fosse bem aceita ou mal interpretada pelos Harleyros ali presentes,

o pesquisador não teve coragem de estacionar a motocicleta em frente a loja. Ao

chegar, ainda havia algumas vagas para estacionar a motocicleta em frente a loja,

junto às demais motocicletas HD presentes. Por insegurança, foi decidido parar

adiante, em outro estabelecimento comercial, próximo à concessionária.

Observou-se na concessionária, que muitos motociclistas estavam eufóricos,

falando alto, sorrindo, cumprimentando os demais colegas. Muitos admiravam as

motocicletas estacionadas, tecendo longos comentários sobre vários assuntos

acerca dos detalhes de cada veículo. Dentro da loja da concessionária da Floripa

HD, da mesma forma, foi observada a mesma euforia. As pessoas se abraçavam

fraternalmente e conversavam em pequenos grupos por toda a área dedicada à

venda de motocicletas, peças, roupas e acessórios.

Entrando, na loja, o pesquisador e o garupa, não foram abordados por

funcionário algum ou HOG presente. Todos os vendedores da empresa estavam

muito ocupados atendendo seus clientes, que represtavam um número maior do que

a capacidade de atendimento da empresa, naquele momento. Mesmo assim,

ninguém parecia ter a mínima pressa em ser atendido. Muito pelo contrário,

pareciam muito satisfeitos com o atendimento oferecido e com o simples fato de

estarem ali, reunidos em torno de uma série de produtos da Marca Harley-Davidson.

Estes encontros acontecem semanalmente, aos sábados, onde a

concessionária oferece gratuitamente, um café em suas instalações, servido das 9

às 11 horas aos presentes naquele momento. Esta estratégia contribui no sentido de

reunir os HOGs ainda no início da manhã nas dependências da concessionária,

onde iniciam os rituais de confraternização entre os membros.

Nestes cafés, os consumidores da marca são expostos à comparação de

suas motocicletas e acessórios, assim como à oferta e negociação de compra,

venda ou troca de motocicletas novas e usadas, acessórios e roupas da marca

Harley-Davidson.

Neste dia, os Road Captains se apresentaram como responsáveis pela

condução do comboio de motocicletas que participaria do passeio daquele dia,

80

denominado de Bate e Volta, por ter o objetivo ir e voltar no mesmo dia. O início do

passeio foi marcado para às 11 horas, com destino ao bairro Canasvieiras, na

cidade de Florianópolis, objetivando prestigiar o 20º Encontro do Veteran Car Club,

no Kartódromo do Sapiens Park.

Os HOGs passariam primeiramente no McDonalds da Avenida Beira- Mar-

Norte, no centro de Florianópolis, para contribuir com uma campanha em prol da

Casa de Apoio Vovó Gertrudes, conforme demonstrado na Figura 9.

Figura 9: Folder do evento Mc Dia Feliz. Fonte: Página do HOG no Facebook (2014)

Ainda na concessionária, em uma área no andar superior da loja, reservada

ao departamento administrativo do HOG o pesquisador conheceu todos os Road

Captains do HOG Florianópolis Chapter, que o cumprimentaram de forma cordial e

atenciosa, enquanto se apresentava como pesquisador.

Foi muito interessante perceber a facilidade de acesso a esses membros,

visto que nos estudos de Schouten e McAlexander (1995) e de Schembri (2009),

relatavam certa dificuldade e tempo para compreender quem eram os membros

81

chave da subcultura de consumo, assim como o acesso a estes. Neste mesmo dia o

pesquisador filiou-se ao HOG Florianópolis Chapter.

Em Schouten e McAlexander (1995), o processo de aculturação de um novo

membro, decorre da transição de fora para dentro da HDSC. É preciso ter uma

motocicleta da Harley-Davidson, que é o pré-requisito mais importante para fazer

parte desta subcultura. Nesta linha Schembri (2009) descreve a aculturação de um

membro marginal, passando por vários estágios de aprendizagem e imersão na

HDSC, até ser designado um membro do núcleo do HOG, podendo atuar como guia

dos passeios.

Naquele dia, todos os Road Captains presentes, estavam acompanhados

dos passageiros “Garupas”, representados nesta pesquisa, pelas esposas dos

HOGs que acompanham seus maridos durante os eventos, na posição posterior na

motocicleta. Neste dia, o pesquisador e sua garupa foram convidados, para

acompanhá-los no passeio à Canasvieiras.

Em determinado momento, na parte central do saguão principal, um sino foi

tocado por um dos Road Captains. As pessoas iniciaram um movimento de retirada

das motocicletas, posicionadas em frente à concessionária, levando-as ao outro lado

da loja conforme demonstrado na Figura 10. Com as motocicletas posicionadas em

fila indiana dupla, um dos Road Captains, passou as instruções referentes ao

passeio daquele sábado.

82

Café

Sino

Figura 10: HOGs, em seu encontro semanal, na concessionária HD de Florianópolis Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Na Figura 10 é possível observar os HOGs em um de seus encontros

matinais de sábado. Enquanto alguns observam, testam, analisam e provam roupas

e acessórios, disponibilizados à venda pela concessionária, outros, à esquerda,

tomam o café oferecido pela empresa. Na viga central, de cor laranja, é possível

observar o sino que é tocado pelo Road Captain para comunicar o início dos

preparativos do passeio.

O Road Captain responsável pela segurança do grupo convidou o

pesquisador e sua garupa, para naquele dia, ocupar uma posição no início da fila

que formaria o bonde do passeio. Foi informado que estando naquela posição,

poderia nos instruir e supervisionar, visto que nunca havíamos acompanhado um

bonde de motocicletas. Sendo assim, os organizadores alegaram que ali estaríamos

mais seguros. O Road Captain responsável pela segurança do Grupo ainda solicitou

que participássemos do briefing que ele passaria em minutos a todos os membros

do bonde. O briefing é uma pequena reunião que acontece momentos antes da

saída do bonde, na qual o Road Captain informa o trajeto a ser percorrido e reforça

as regras de segurança de acordo com o percurso.

83

O tratamento especial prestado pelos Road Captains impressionou o

pesquisador e o garupa. Estas atitudes tornaram a pesquisa com os HOGs, ainda

mais agradável, logo no primeiro dia.

Com um apito, um dos Road Captain, emitiu um sinal aos motociclistas que

prontamente se aproximaram, formando uma roda, para traçar a rota a ser

percorrida, bem como as características do percurso e o trânsito previsto. Algumas

informações referentes às sinalizações de segurança e comunicação, específicas do

grupo, foram apresentadas aos novos membros e relembradas aos veteranos.

Entre outras informações o responsável pela segurança explicou alguns

gestos que deveriam ser feitos com as mãos, informando que deveriam ser iniciados

pelo Road Captain que se posicionou à frente do bonde e deveriam ser repassados,

do primeiro ao ultimo membro do bonde. Lembrando, que estes gestos devem ser

reproduzidos, com a mão esquerda, pelo condutor da cada motocicleta durante o

passeio.

Apesar de Valladares (2007) comentar que o pesquisador não sabe com

antecedência onde está entrando, desconhecendo algumas ligações que marcam a

hierarquia e a estrutura social, logo, foi observado que os Road Captains do HOGs

da Floripa HD, eram membros chave ou estavam muito próximos ao núcleo desta

subcultura de consumo.

A receptividade e o tipo de tratamento, foram as primeiras diferenças

percebidas no comportamento de alguns membros do HOG, em relação aos dos

HOGs pesquisados nos estudos de Schouten e McAlexander (1995) e de Schembri

(2009).

Depois de receber as informações referentes ao percurso, segurança,

formação do bonde, distância, paradas e horários, conforme Figura 11, todos

retornaram às suas motocicletas, já devidamente posicionadas à formação do

bonde. Neste momento todos os motores foram ligados para a partida.

84

Figura 11: Road Captain no momento do Briefing do passeio Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

A Figura 11 retrata o momento em que um dos Road Captains comunica aos

demais membros do passeio, algumas informações importantes sobre a segurança

dos membros do grupo. Neste momento todos deixam suas motocicletas

posicionadas e se aproximam para receber as informações.

Quando o som gerado pelo motor de uma motocicleta se mistura aos de

outros motores HD, a comoção criada com o poderoso som produzido pelo conjunto

de motores, ligados simultaneamente, demonstra que este coletivo emociona os que

têm sob o controle de suas mãos, uma Harley-Davidson. Segundo Schembri (2009),

o barulho produzido por diferentes motores de Harley-Davidson atrai muita atenção,

combinado com a vibração do motor e da experiência de andar de Harley, acaba

submetendo para um local de paz.

Olhar para frente e se imaginar fazendo parte de um bonde com mais de 40

Harleys, foi emocionante. Os HOGs desfilavam sob os cuidados dos Road Captains

e dos olhares curiosos dos adultos e crianças, encontrados ao longo do caminho,

assim como em Schembri (2009), ao descrever um comboio de motocicletas em um

passeio do HOG como uma imagem que impressiona, relatando que o som gera

uma grande presença na estrada.

Neste passeio, o pesquisador ocupou a terceira posição do bonde. A

primeira e a segunda posições de um bonde HOG são ocupadas por Road Captains.

A visão mais privilegiada de um motociclista que ocupava as primeiras posições

85

daquele comboio era a do espelho retrovisor da motocicleta, que refletia a enorme

fila, colorida pelas diversas motocicletas Harley-Davidson.

Ao chegar ao McDonald´s, que foi a primeira parada prevista do Bate e

Volta, o pesquisador e sua garupa foram convidados para sentar à mesa, junto de

um jovem casal de Road Captains, para um lanche, conforme Figura 12. O casal

prontamente nos acolheu como membros e se disponibilizou em contribuir com este

estudo, indicando os membros chave para cada uma das questões desta pesquisa.

A relevância deste evento ao estudo é fundamentada por Valladares (2007), que

reconhece que as informações obtidas em sua pesquisa, dependerão do

comportamento do pesquisador e das relações criadas com o grupo pesquisado.

Figura 12: Acolhidos pelo jovem casal de Road Captains, durante um lanche no McDonald’s Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

A imagem coletiva, fotografada após o lanche daquele encontro, mostra o

entusiasmo e a alegria dos HOGs. A bandeira do HOG Florianópolis Chapter foi

exposta no centro grupo. Uma grande descontração pode ser percebida ao observar

vários membros sentados no chão, em frente ao McDonald’s, para a foto, conforme

demonstrado na Figura 13.

86

Figura 13: Parada dos HOGs para um lanche no McDonalds Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Ao sair do McDonalds, o bonde partiu para o último destino do passeio, uma

exposição de carros antigos em Canasveiras, na cidade de Florianópolis. Após

algumas horas de visitação e confraternização com os HOGs, através de um apito,

os Road Captains comunicaram aos HOGs que a formação do bonde seria feita para

o retorno do passeio. Novamente algumas informações foram passadas e uma foto

coletiva foi tirada, como de costume, exibindo a bandeira do HOG Florianópolis

Chapter, conforme Figura 14.

A partir deste momento, aparentemente, o encontro se deu por encerrado,

uma vez que, os membros se dispersaram, cada motociclista optando pelo seu

próximo destino. Uma pequena parte do grupo retornou com o bonde e ainda

acompanhado dos Road Captains que mantiveram sua posição de segurança até

todo o bonde se dissolver completamente ao longo do caminho, ou seja, cada

motociclista seguindo o seu destino de volta para a casa.

Figura 14: Foto do Grupo em Canasvieiras - Florianópolis Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

87

O primeiro encontro com os membros da subcultura de consumo Harley-

Davidson da Floripa Harley-Davidson, foi muito interessante e produtivo. Evidenciou-

se neste contato inicial, uma série de similaridades no comportamento e na

percepção dos consumidores brasileiros, membros do grupo estudado, quando

submetidos à experiência de marca, em relação ao dos americanos e australianos,

encontrados nos estudos anteriores.

Este encontro se fez importante, por constatar a relevância da utilização da

Observação Participante neste estudo. Esta técnica de pesquisa qualitativa amplia a

compreensão acerca do comportamento dos consumidores, a vista da possibilidade

de observar e participar da experiência de marca juntamente com o grupo estudado.

Foi muito importante identificar alguns comportamentos relatados em

estudos anteriores, que tangem à emoção percebida pelos membros da subcultura

Harley-Davidson, ao participarem dos passeios em grupo. O pesquisador sentiu, por

meio da Observação Participante, uma série de emoções. Tais emoções se

caracterizaram por alguns atributos extrínsecos à marca Harley-Davidson com

similaridade e outros em divergência à forma como os HOGs americanos e

australianos, anteriormente estudados, a perceberam.

O primeiro atributo percebido neste momento inicial com os HOGs da

Florianópolis Chapter, foi o da beleza e emoção geradas com a formação do coletivo

das belas e coloridas motocicletas Harley-Davidson, que compunham o bonde.

O segundo, pela emoção comum, gerada com som coletivo, dos potentes

motores das motocicletas HD. Em Schembri (2009), os espectadores podem fazer

suposições sobre a moto e o coletivo, e o espetáculo que esta representa, mas este

pode ser diferente da realidade dos proprietários de Harley-Davidson.

O terceiro, por sentir-se, naquele momento, um verdadeiro membro de um

grupo organizado e alegre, que fazia coisas interessantes todas as semanas e por

ser bem recebido pelos membros chave da HDSC.

O quarto, se deu pela segurança e pelo sentimento de proteção percebidos,

quando convidado a ocupar uma das primeiras posições do bonde, para maior

segurança de todos, diferentemente dos relatos de Schouten e McAlexander (1995),

o pilotos com maior experiência vão mais à frente e os pilotos mais novos ou não

membros, ficam na traseira, assim como em Schembri (2009), os membros mais

novos andam mais no final da fila, junto com o responsável pela segurança.

88

4.1.2 São Paulo Harley Days

Entre os dias 16 e 18 de outubro de 2014, foi realizado o Bate e Fica, para o

evento denominado São Paulo Harley Days. Trata-se de um evento internacional da

Harley-Davidson, tradicional em países como Espanha, Croácia e Alemanha. No

Brasil, já ocorreram duas edições, em 2011 e 2012, ambas no Rio de Janeiro.

A divulgação e organização do bonde desta viagem foi feita pelo HOG

Florianópolis Chapter. O processo para a participação do evento iniciou com a

compra dos ingressos. Em seguida foi comunicado aos Road Captains, a

participação do pesquisador e de sua garupa no bonde do evento. Deste momento

em diante, as comunicações se deram pelo uso de um grupo no Whatsapp (o

Whatsapp é um aplicativo para smartphones, de troca de mensagens de texto e

áudio, troca de vídeos, etc.). Foi por esta ferramenta de comunicação, que todos os

integrantes do bonde para São Paulo se comunicaram antes e durante o evento.

Foram divulgados, o roteiro do bate fica, contendo paradas para

abastecimentos e lanches, distâncias dos trechos a serem percorridos entre outras

informação relevantes aos participantes. Por fim, os Road Captains compartilharam

um vídeo contendo as instruções referentes às sinalizações de segurança, com o

objetivo de padronizar os gestos e ações de todos os participantes.

Figura 15: Anuncio do evento Harley Days 2014 Fonte: Página do HOG no Facebook (2014)

É chegado o tão esperado dia 16 de outubro de 2014. A motocicleta já

abastecida e equipada com as bagagens aguardava o piloto e sua garupa para mais

89

uma inovadora experiência, rumo ao sudeste do Brasil, integrados ao de um bonde

da Harley-Davidson composto por 54 motocicletas.

A saída aconteceu às 6 horas da manhã do dia 16, partindo de Florianópolis.

Ao longo do caminho outros motociclistas esperavam para agregar-se ao bonde. O

pesquisador e sua garupa aguardaram o bonde na cidade de Piçarras. Juntando,

aos poucos, outros motociclistas das cidades próximas. Enquanto aguardavam o

bonde, observou-se que os motociclistas buscavam socialização entre os presentes,

por meio da observação dos detalhes e das customizações da motocicleta do outro.

Trocavam informações sobre modelo, ano, até chegar em assuntos relacionados

aos acessórios que personalizavam cada motocicleta.

Por volta das 7 horas, ouviu-se o som do bonde se aproximando.

Aproximadamente trinta motocicletas Harley-Davidson entraram no pátio do posto

onde aguardávamos para seguir viagem. Esta foi a última parada para acolher os

integrantes do bonde. Parada esta marcada pelo barulho produzido pela euforia dos

HOGs e pelas motocicletas. As pessoas chegavam eufóricas, alegres e falantes.

Cumprimentavam-se sorridentes, abraçando, desejando boa viagem aos demais

motociclistas.

Passado o período de cumprimentos, o briefing para seguir viagem foi

realizado. Neste momento os Road Captains se apresentaram e iniciaram as

instruções gerais, sobretudo de segurança. Destacou-se nesse momento a

exigência da sinalização padrão do HOG, que havia sido encaminhada por vídeo

semanas antes do passeio.

Foi possível observar uma preocupação entre os Road Captains do bonde,

pela diversidade de sinalizações existentes entre os motociclistas, proprietários de

HD, pertencentes a diversos motoclubes, com diferentes regras de sinalização.

Sendo assim, tornou-se fundamental para a segurança de todos, padronizar as

sinalizações naquela ocasião.

Ao chegar o tão esperado momento de pegar a estrada, os Road Captains

posicionaram-se para a partida e consequentemente, os demais motociclista

organizaram-se em meio a uma agitação de roncos para tomarem as suas posições.

A partir deste momento todos se tornaram responsáveis por sua segurança e dos

motocicletas a sua volta. As motocicletas foram posicionadas de forma intercalada,

em duas filas, ocupando aproximadamente um espaço de quinhentos metros, ao

90

longo da rodovia BR 101. A Figura 16 demonstra o momento da formação do bonde

para, momentos após o briefing.

Figura 16: Formação dos bonde ao São Paulo Harley Days (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

O bonde foi seguido por um veículo de apoio disponibilizado e custeado pela

concessionária de Florianópolis. As sinalizações de: perigo na pista, virar à esquerda

ou direita, acelerar ou reduzir velocidade, eram iniciadas pelos Road Captains e se

propagavam ao longo do bonde através da continuidade dos gestos feitos pelos

motociclistas, conforme demonstrado no Quadro 3. Qualquer falha nessa

comunicação poderia provocar um acidente.

Arrancar: segui o

Road líderParear ao lado

Parada para

descanso

Organizar

formação do

grupo

Saída da estrada

Encosta pararPisca ligado

Sinalização de

perigos, lado

direito/esquerdo

Diminuir

Marcha/Velocidade

Abastecer

combustível

Troca de posição

Autorização de

ultrapassagem

Aumentar

Marcha/Velocidade

Aproximação

de posto

policial

Quadro 3: Sinalização utilizada para comunicação Fonte: blog.htmototurismo.com.br adaptado pelo pesquisador

91

Paradas a cada 180 km, para abastecimento e lanche foram programadas

ao longo dos 710 km percorridos até o destino final da viagem. Esta quilometragem

para abastecimento, foi calculada baseando-se na menor autonomia de um dos

modelos de motocicleta da marca HD. Sendo assim, todos abasteciam em todas as

paradas programadas.

Havia regras na formatação das motocicletas, para as chegadas nos postos

de combustível, que contemplavam o posicionamento destas próximas e de frente

às bombas de abastecimento, permitindo que o maior número de motocicletas fosse

abastecida de forma rápida, sem atrapalhar o fluxo do estabelecimento. Destaca-se

aqui a preocupação da equipe organizadora com o bem estar de todos os usuários

do estabelecimento priorizando a segurança e boa imagem do grupo.

As paradas nos pedágios também tinham o mesmo objetivo, e para isso, um

Road Captain antecipava-se do bonde e seguia para a guarita do pedágio e

autorizava passagem dos demais. Inicialmente havia a passagem do segundo Road

Captain que era o responsável por reorganizar o bonde após o pedágio. Em seguida

os demais motociclistas foram passando até que o último Road Captain,

denominado Cerra Fila passasse. Enquanto este efetuava o pagamento de todos os

motociclistas, custeado pela loja Floripa HD, era dado o sinal, para que todos os

motociclistas seguissem sua viagem. Mesmo com toda esta organização, a

passagem de cada pedágio durava aproximadamente 5 minutos.

O maior desafio do bonde ao longo da viagem, era o calor. A cada

quilometro percorrido, a temperatura aumentava e as roupas de couro tornavam-se

insuportáveis. A cada parada o grupo tirava as jaquetas, luvas e capacetes,

objetivando combater o calor excessivo. Embora estivessem com a aparência

abatida, resultante do cansaço e do calor, saiam de suas motocicletas em êxtase,

eufóricos e sorridentes.

O bonde chegou em São Paulo às 17 horas, em meio ao caótico trânsito da

Avenida Marginal Tietê no dia mais quente da cidade de São Paulo, registrado nos

últimos oitenta anos.

Tensão foi o sentimento compartilhado entre os integrantes do bonde na

chegada à cidade de São Paulo, provocada pela preocupação dos integrantes com a

possibilidade de uma separação do grupo, pela interrupção da longa fila que o

bonde formava e com a segurança durante a passagem entre os veículos parados

no congestionamento da cidade.

92

Porém, nem o calor, nem o trânsito tiraram o brilho da chegada ao hotel. As

motocicletas expressavam pelo som de seus motores a alegria da chegada de seus

motociclistas. Na entrada do hotel, outros motociclistas vindos de outras cidades do

Brasil festejavam a chegada do grupo. Motociclistas que nem se conheciam

vibravam com a chegada do outro, cumprimentavam-se, abraçavam-se e

celebravam com uma taça de vinho ou um copo de whisky ou cerveja, nas mãos.

O São Paulo Harley Days 2014 foi um evento organizado pela Harley-

Davidson no Sambódromo do Anhembi, com infraestrutura para receber cerca de 20

mil motociclistas de todo o Brasil conforme Figura 17. No local havia exposições de

motocicletas, roupas, além de serviço de bar, restaurante e shows de Rock’n Roll,

no período noturno.

Observou-se que o evento propôs, em sua programação, um concurso de

customização, sendo assim, os proprietários expunham suas motocicletas

customizadas, para eleição e premiação, pelo evento. O concurso foi classificado em

cinco categorias: Café Racer, Bobber, Chopper e Pintura Especial. Faz-se

importante destacar a categoria OEM (Original Equipment Manufacturer), ou seja,

motos personalizadas apenas com equipamentos produzidos pela Harley-Davidson.

Observou-se no evento a presença de empresas de customização

renomadas na cultura do motociclismo, estúdio de tatuagem, além da presença e

apresentação do corpo de motociclistas do Exército Brasileiro, da Polícia Rodoviária

Federal e da Polícia Militar. O evento contou com os patrocinadores: Petrobras,

Bradesco, Jagermeister, Casa Valduga, Jack Daniel’s e Old Spice.

93

Figura 17: São Paulo Harley Days (2014) Fonte: Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

No dia 17 de outubro, sábado, o evento promoveu o tradicional desfile

Harley-Davidson que aconteceu na Avenida Paulista e contou com a presença de

três mil motocicletas, apesar do intenso calor, proporcionaram um belo espetáculo.

Porém os motociclistas que integravam o bonde do HOG Florianópolis Chapter,

demonstravam-se insatisfeitos com o evento, comunicando seu descontentamento

com a infraestrutura de lojas de motocicletas, roupas e, sobretudo com a acolhida

aos HOGs. Acreditavam que o evento deveria organizar uma acolhida especial aos

membros regulares, dos diversos Chapters. Alguns integrantes afirmaram que não

retornariam no ano seguinte.

Na Figura 18 algumas imagens importantes explicam alguns detalhes do

evento como o carro de apoio, criança caracterizada de Harleyro e algumas imagens

dos participantes.

94

Figura 18: São Paulo Harley Days (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

No dia 18 o bonde se organizou para o retorno a Santa Catarina. Os

procedimentos e encaminhamentos de segurança foram os mesmos e a despedida

foi calorosa. Colegas motociclistas que ficaram, funcionários do hotel e pessoas que

estavam no caminho acenavam e admiravam a alegoria dos motociclistas que

passavam.

4.1.3 Acampamento “Bate e Fica” em Urubici

Muitas situações descritas no primeiro encontro com os HOGs, foram

evidenciadas em outros encontros, umas de forma mais intensa, como no caso do

Bate e Fica à cidade de Urubici (SC), quando destacou-se o envolvimento de

95

familiares dos integrantes do HOG e no Bate e Fica de São Paulo. Neste último

passeio, observou-se a integração motociclistas durante o percurso, membros e não

membros do HOG, alguns pertencentes a outros motoclubes. Porém todos eram

portadores de HD.

Embora possuíssem sinalizações e códigos específicos de comunicação

entre os membros de seus grupos, por conta da segurança de todos, passaram a

adotar a comunicação do HOG Floripa. Estes códigos de comunicação foram

encaminhados com antecedência a todos os participantes da viagem, via e-mail,

para maior segurança e conhecimento de todos pelos Road Captains do HOG aos

membros inscritos no passeio.

Outro momento importante na observação participante, para a compreensão

do comportamento dos consumidores estudados, foi o acampamento de dois dias na

cidade de Urubici (SC). Conforme demonstrado na Figura 19, este foi um dos

passeios cujo retorno não aconteceu no mesmo dia da partida, denominado pelos

membros do HOG como “Bate e Fica”, tal denominação comunica que o participante

devera pernoitar.

Figura 19: Cartaz informativo sobre o Bate e Fica em Urubici Fonte: Página do HOG no Facebook (2014)

O bonde, composto por 42 motocicletas, partiu a Urubici às 9 horas, com as

motocicletas devidamente abastecidas. Naquele dia, as motocicletas deveriam

transportar, além dos passageiros e da bagagem, câmera fotográfica e capa de

chuva para duas pessoas, uma barraca contendo: cobertor, colchão inflável,

aparelho de ar comprimido para inflar o colchão.

Parecia impossível transportar tanta coisa em uma única motocicleta. Foi

preciso certo desprendimento e uma visão minimalista e lógica para colocar cada

96

coisa num devido lugar, visto que as roupas, a barraca e o colchão deveriam suprir

as necessidades de duas pessoas naquele encontro, conforme demonstrado na

Figura 20. Carregar somente o que é de extrema necessidade, ou pelo menos ter

que pensar sobre isso, já foi por si só, desafiador.

As sensações, que variavam entre preocupação e liberdade, geradas pelas

restrições de espaço em uma motocicleta, contribuíram para a compreensão da

importância que os motociclistas dão para o desprendimento para deixar o que é

supérfluo para trás e seguir viagem com mochilas transportando o mínimo

necessário.

Figura 20: Motocicleta do pesquisador com bagagens e equipamentos para acampamento (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Todos estavam eufóricos e felizes por compartilhar aquele momento.

Durante o percurso de ida a Urubici, o grupo fez uma parada em um dos mirantes da

Serra do Rio do Rastro para que os HOGs pudessem fotografar e contemplar a

paisagem maravilhosa, conforme demonstrado na Figura 21.

97

Figura 21: Parada dos HOGs, no topo da Serra do Rio do Rastro (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Outra parada foi, ainda na Serra do Rio do Rastro, para o almoço, conforme

Figura 22, que demonstra parte do comportamento e do estilo dos HOGs estudados.

Figura 22: Estilo e vestimenta dos membros da subcultura estudada (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Chegando ao destino do Bate e Fica, os HOGs iniciaram a montagem de

suas barracas. Observou-se que conforme terminavam, muitos membros se

disponibilizavam no sentido de ajudar os que ainda não haviam finalizado a

montagem, enquanto outros já iniciavam os preparativos para o jantar. A Figura 23

demonstra uma pequena barraca montada com a ajuda dos HOGs.

98

Figura 23: Barraca usada por um casal de membros do HOG (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Tal observação demonstrou que a ajuda mútua e o companheirismo, são

comportamentos que acontecem, neste grupo, e também na estrada. Havia sido

marcada a realização do primeiro Grupo Focal da pesquisa para o primeiro dia do

acampamento. Devido ao cansaço da viagem, a expectativa era de que nada mais

seria feito além da montagem das barracas e do jantar e que a reunião do Grupo

Focal seria postergada.

Surpreendentemente o grupo focal já estava organizado. O Road Captain já

havia se encarregado de selecionar e convidar alguns motociclistas. Os oito HOGs

estavam muito empolgados em participar e alguns já estavam aguardando pelo

início da entrevista.

Todos os integrantes dos quatro casais participantes do Focus Group

daquele dia contribuíram significantemente com o estudo, demonstrando interesse e

abertos a falar sobre assuntos referentes à marca Harley-Davidson e sobre o HOG,

mesmo cansados e em momentos de lazer.

Naquela noite, os HOGs foram dormir tarde. Confraternizavam-se, na área

destinada ao local para as refeições dos campistas. Os HOGs cantavam juntos,

várias canções, ao som do violão de um animado membro do grupo, demonstrando

um entrosamento fraterno entre os presentes, conforme demonstrado na Figura 24.

99

Figura 24: Membros do HOG confraternizando (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.

Um fato interessante, no que tange o comportamento dos HOGs estudados,

foi o de descobrirem dois aniversariantes entre os presentes, sendo um deles, o

pesquisador. Fizeram um bolo surpresa para cada aniversariante, com o emblema

da marca Harley-Davidson com as informações da data de nascimento e o

sobrenome de cada um, escritos na cor laranja, conforme demonstrado na Figura

25.

Figura 25: Bolo de surpresa, dedicado pelos HOGs ao pesquisador aniversariante (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

100

O uso do diário de campo e do registro de imagens por fotos foi muito

importante naquele encontro. A bela paisagem, o dia ensolarado e o bom humor dos

HOGs contribuíram para uma série de registros comportamentais relevantes à

pesquisa, naquele encontro demonstrado pela Figura 26.

Figura 26: Estilo e bom humor do HOG responsável pelos registros fotográficos do passeio (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Sobre a participação de membros da família nesta subcultura, ao longo

deste encontro observou-se que alguns membros desta subcultura de consumo

incluem familiares em seus encontros. Na Figura 27 observa-se a presença de

familiares, que calorosamente foram acolhidos pelos demais integrantes do passeio.

Figura 27: Inclusão de crianças em eventos do HOG (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

101

Um comportamento ritualístico, identificado neste e em os outros passeios,

foi a parada para foto coletiva dos HOGs, com a exibição da bandeira do HOG

Florianópolis Chapter, que neste encontro aconteceu em dois momentos, conforme

Figuras 28 e 29.

Figura 28: Foto coletiva em frente a igreja de Urubici (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

Figura 29: Descontração para foto no retorno do Bate e Fica de Urubici (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador

A Figura 29 explicita um clima alegre e descontraído, com os HOGs

sentados no asfalto quente junto de seus familiares, que acompanhavam o passeio,

demonstrando um forte laço de afetividade e felicidade por estarem reunidos.

Por fim, o Quadro 4, demonstra os 15 eventos de 2014, em ordem

cronológica, em que o pesquisador esteve presente, para a coleta dos dados na

etapa Observação Participante. Os demais encontros não foram descritos por

representarem passeios Bate e Volta. Estes apresentaram menor relevância ao

102

estudo pelo tempo reduzido de cada encontro. Sendo assim, observou-se que os

encontros Bate e Fica, por serem mais longos e demandarem maior disponibilidade

de tempo e convívio entre os membros, foram mais reveladores e produtivos ao

estudo.

103

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

38 252

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

29 250

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

25 226

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

12 363

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

53 190

Conforme descrito no item 4.1.1, o Bate e Volta a Canasvieiras,

representou o primeiro encontro do pesquisador com os HOGs,

no dia 30/08/2014.

No dia 06/09/2014, os HOGs participaram do Bate e Volta ao

Sul da Ilha, na cidade de Florianópolis.

No dia 13/09/2014, foi servido um almoço, no condomínio de

família Moreira, próximo à concessionária.

O Bate e Volta ao Santuário de Santa Paulina, ocorreu no dia

20/09/2014.

O encontro dedicado ao Dia da Crianças, para arrecadação de

alimentos não perecíveis, ocorreu dia 04/10/2014, nas

dependências da concessionária Floripa Harley-Davidson.

continua...

104

continuação...

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

26 365

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

26 349

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

54 1788

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

23 582

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

25 480

O Bate e Volta a Criciúma (SC) ocorreu em 01/11/2014.

No dia 09/11/2014, os HOGs participaram de um bate e volta à

cidade de Blumenau (SC).

O dia 17/10/2015, foi marcado pelo Bate e Fica ao evento São

Paulo Harley Days, em São Paulo (SP), conforme descrito no

item 4.1.2.

Em 11/10/2014, os HOGs se reuniram para o Bate e Volta a

Garopaba (SC).

No dia 15/10/2015, o HOGs participaram do Bate e Volta a

Balneário de Camboriú (SC).

continua...

105

continuação...

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

42 520

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

64 190

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

28 269

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

35 254

Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)

46 218

No dia 29/11/2014, o HOG participou da macarronada, que foi

servida no sítio de um de seus membros, na cidade de Antônio

Carlos (SC).

O Bate e Volta, Caravana de Natal, ocorreu no dia 06/12/2014,

em um desfile noturno, acompanhando o caminhão da Coca

Cola, pelas ruas de Florianópolis,

No dia 22/11/2014, a concessionária Floripa Harley-Davidson

ofereceu um café da manhã especial, denominado Choripan.

Neste dia muitos HOGs se reuniram na concessionária, que

ocorreu no dia 22/11/2014.

Conforme descrito no item 4.1.4o Bate e Fica em Urubici (SC),

ocorreu no dia 15/11/2014.

Bate e Volta Novembro Dourado, dia 23/11/2014.

Quadro 4: Descrição dos eventos 2014 do HOG Fonte: Página do HOG no Facebook (2014) adaptado pelo pesquisador

106

4.2 Análise dos Grupos Focais

O método de pesquisa, Focus Group, foi aplicado com quatro grupos de foco

em diferentes momentos, selecionados pela homogeneidade de seus membros com

base em algumas de suas características evidenciadas, pelo Quadro 5.

Gru

po

Núm

ero

do

Mem

bro

Gênero

Idade

Membro

do

H.O.G.

(anos)

Modelo da

motocicleta

H.D.

Ano do

modelo

da H.D.

Profissão

Frequência

que vai aos

encontros

do H.O.G. Tatu

agem

H.D

.

Part

icip

a d

e

outr

os m

oto

clu

bes

Inclu

são d

a

fam

ília

1 F < 41 1 CVO Breakout 2014 Advogada Sempre Não Não Sim

2 M < 41 1 CVO Breakout 2014 Advogado Sempre Não Não Sim

3 F < 41 0,5 1200 2014 Representante Esporádico Não Não Sim

4 F 51-60 0,3 Fat Bob 2013 Analistade de sistemas Sempre Não Não Sim

5 M 51-60 2 Dyna Fatboy 2013 Empresário Sempre Não Não Sim

6 M < 41 1 1200 2014 Gerente serviços Esporádico Não Não Sim

7 F < 41 1,5 1200 2014 Veterinária e Vendedora Esporádico Não Não Sim

8 M < 41 1,5 1200 2014 Representante Esporádico Não Não Sim

1 M < 41 1 Ultra Classic 2014 Consultor Sempre Não Não Sim

2 M 51-60 2 Ultra Classic 2014 Corretor de Imóveis Esporádico Não Não Sim

3 M 51-60 3 Ultra Limited 2014 Representante Sempre Não Não Não

4 M 51-60 3 Ultra Limited 2014 Empresário Sempre Não Não Sim

5 M < 41 2 Ultra Limited 2014 Professor Sempre Não Não Sim

1 F < 41 1 Ultra Limited 2014 Publicitária Sempre Não Não Sim

2 F < 41 1,5 Ultra Limited 2014 Func Pública Sempre Não Não Sim

3 F 51-60 2 Ultra Limited 2014 Representante Sempre Não Não Sim

4 F < 41 4 Ultra Limited 2014 Administradora Sempre Não Não Não

5 F 51-60 2 Ultra Limited 2014 Empresária Sempre Não Não Sim

1 M 51-60 1 Ultra Glide 2011 Professor Sempre Não Sim Sim

2 M 51-60 3 Ultra Limited 2014 Mecânico Esporádico Não Sim Sim

3 F 51-60 3 Ultra Limited 2014 Professora Esporádico Não Sim Sim

4 M < 41 2 Street Glide 2012 Empresário Esporádico Não Sim Sim

5 F < 41 1 Ultra 2011 Financeiro Sempre Não Sim Sim

6 F < 41 1 Street Glide 2012 Contadora Sempre Não Sim Sim

3

2

1

4

Quadro 5: Caracterização dos membros dos Grupos Focais Fonte: Dados primários do estudo. Elaborado pelo pesquisador

O denominado Grupo 01, foi composto por oito membros, sendo quatro do

gênero masculino e quatro do feminino, demonstrando homogeneidade por ser

composto por jovens casais, membros recentes do HOG. Os Grupos 02 e 03 foram

compostos por cinco integrantes cada, separados por gênero. Estes grupos

demonstraram homogeneidade, por serem representados, respectivamente pelos

Road Captains e seus garupas e por terem maior tempo e experiência com a

subcultura de consumo Harley-Davidson, em comparação aos demais. Por fim, o

Grupo 04 foi composto por três membros do gênero masculino e três do feminino,

totalizando seis integrantes. Este grupo foi selecionado pela homogeneidade, por

107

serem membros de outro motoclube, além do HOG e pela experiência ampliada em

relação à subcultura do motociclismo, em relação a dos membros do Grupo 01.

A Harley-Davidson produz uma série de modelos de motocicletas, tendo em

vista maior adaptação às necessidades e objetivos de seus clientes. O Quadro 6 foi

construído com a pretensão de exibir os modelos utilizados pelos membros dos

grupos focais, de acordo com o Quadro 5, bem como as motocicletas de menor e

maior custo, comercializadas pela empresa, no Brasil, e o modelo V-Road, que é

descriminado pelo comportamento e forma de pilotagem dos consumidores que

optam por este modelo.

108

Imagem do modelo Modelo Categoria. Valor em Reais.Valor em

Dollar US.

Iron 883

Sportster

"motocicleta de menor

custo e baixa autonomia

de combustível"

R$ 34.900,00 US$11.009

1200 Custom Sportster R$ 38.400,00 US$12.114

Fat Bob Dyna R$ 47.800,00 US$15.079

Fat Boy

Special

Softail

“modelo utilizado pelo

pesquisador”

R$ 56.700,00 US$17.886

Night Rod

Special

V-Road

“modelo descriminado

por alguns HOGs”

R$ 60.100,00 US$18.959

Estreet Glide

Special

Touring

“modelo mais utilizado

na HDSC estudada”

R$ 76.900,00 US$24.259

Ultra Limited Touring R$ 87.200,00 US$27.508.

CVO Breakout CVO R$ 98.700,00 US$31.136

CVO Limited CVO R$ 126.500,00 US$39.905

Quadro 6: Lista dos modelos utilizados pelos membros dos grupos focais pesquisados Fonte: Harley-Davidson (2015) adaptado pelo pesquisador

As Figuras de 30 a 63, foram construídas a partir do processamento das

transcrições das entrevistas dos quatro grupos focais, pelo software Atlas.ti, muito

109

útil à obtenção dos resultados, por quantificar, organizar e relacionar, palavras e

expressões chave.

4.2.1 Identificação dos motivos do consumidor

A fim de identificar os fatores e atributos, motivadores da compra da marca,

as quatro questões que compunham este item relacionavam-se às expectativas e

sentimentos dos consumidores no dia da compra da motocicleta. A marca não se

limita a um logotipo ou etiqueta, mas um significado como um meio de vida, um

conjunto de valores, atitudes, expressões, e um conceito. Vásquez (2011) defende

que o consumidor vincula a marca com as qualidades físicas e também com o

conjunto de emoções e sociais que a marca transmite.

4.2.1.a Expectativas antes da compra

Para compreender quais eram as expectativas dos consumidores no dia da

compra da primeira motocicleta HD, a questão inicial objetivou identificar atributos

percebidos e esperados pelos consumidores, desta marca, antes mesmo de sua

compra. A Figura 30 demonstra padrões de resposta neste questionamento, para

cada grupo focal e suas relações e convergências, pelas ligações estabelecidas pela

figura, produzida pelo Atlas.ti.

110

Figura 30: O que era esperado da marca Harley-Davidson antes da compra da primeira motocicleta Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Foi possível identificar que membros dos grupos focais 2 e 3, tinham “o

sonho de ter uma Harley”, já os grupos focais 3 e 4, esperavam conforto. As

respostas dos entrevistados foram diversificadas. As expectativas em relação ao

produto eram variadas tais como: segurança, realização de um sonho, ideia de

liberdade, conforto, novo hobby, entre outros, conforme demonstrado na Figura 30.

Para os entrevistados, a expectativa de “ir muito longe”, justificou-se pela

potência, e conforto que a moto proporciona quando comparada ao modelo das

motos esportivas, estas características limitam as distâncias percorridas devido ao

desconforto das motocicletas, percebido principalmente pelo passageiro garupa. Ao

descrever como realização de um sonho, a aquisição dos produtos da marca HD, é

atribuída à possibilidade de fazer parte de um grupo restrito aos proprietários de

motocicletas desta marca.

Segundo o entrevistado E4:G2 “a Harley é uma realização de sonho, e você

só consegue essa realização quando você atinge um patamar [...]”, já o membro

E2:G2 “porque as pessoas não sonham em ter uma moto custom, elas sonham em

ter uma Harley”, o E4:G2 define sua expectativa como “a realização de um sonho” e

E1:G4 “A Harley-Davidson pra mim é até uma coisa nova, mas ela é mais um estilo

de vida, uma coisa mais do que tu ter uma moto só, uma motocicleta [...] ela é

praticamente um sonho, um sonho de consumo de muitos”. E3:G2 “Nos tínhamos

uma Drag Star (marca de motocicleta), a gente achava impossível chegar numa

Harley, isto era um sonho muito distante”.

111

A imagem da marca eminente à sua história e os diferentes contextos

comportamentais em que a mesma é retratada em filmes e fatos épicos mundiais,

como guerras e o seu uso pelas forças armadas de diferentes países, além do

elevado custo econômico para a aquisição de uma motocicleta, imprimem à marca a

ideia de poder e conquista. Portanto, foi possível identificar entre os entrevistados,

além do habitual sentimento de liberdade apresentado pelos motociclistas em geral,

o orgulho de ser o proprietário de uma Harley-Davidson e sobretudo fazer parte de

um grupo restrito da marca, geram a sensação de conquista e sucesso em seus

consumidores.

4.2.1.b Motocicleta como um hobby

Esta questão objetivou compreender as pretensões dos entrevistados em

relação à obtenção da motocicleta como um hobby. A Figura 31 demonstra o

esquema gráfico gerado pelo software Atlas.ti. Nesta pergunta o grupo focal 1 não

contribuiu com nenhuma resposta relevante ao estudo.

Figura 31: O que vocês fariam se não tivessem esse hobby Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Os membros entrevistados dos grupos focais 2, 3 e 4, apresentaram

similaridades em suas respostas. Foi possível observar que sete das respostas

apresentadas, demonstram que os entrevistados optaram por um hobby que lhes

112

proporcionasse maior atividade, dinamismo e possíveis experiências de aventura no

seu tempo livre, enquanto que, três respostas apresentadas demonstraram que os

entrevistados não teriam um hobby e que estes continuariam com uma postura

sedentária de vida.

Com base em tais observações entende-se que a busca por um hobby e o

perfil do hobby procurado por um consumidor da Harley-Davidson, não está

diretamente ligado ao HOG. Os grupos entrevistados têm em comum o produto da

marca Harley-Davidson, mas os fatores que os levaram a adquiri-lo e fazer parte

desta subcultura, emergem de diferentes objetivos e interesses, como a busca por

aventura, para alguns, enquanto que outros buscam fazer algo que os tire do

sedentarismo, em seu tempo livre.

À vista disto, este questionamento, demonstrou que os entrevistados

buscavam na marca, a possibilidade de terem maior dinamismo e aventura em suas

vidas. Segundo o membro E2:G4 “Eu não considero a Harley-Davidson hoje, para

mim, como hobby. Eu considero uma opção de vida, no qual eu encontro lazer,

encontro conhecimento, encontro novos desafios, porque nem tudo na Harley

também é só alegria”. Entende-se que os membros buscam, além da manter a

juventude, para E2:G2 “a gente luta, por se manter jovem, porque eu não me sinto

velho, mas eu acho que a marca e o grupo me mantém, me ajuda a me manter

jovem”

4.2.1.c O dia da compra

A Figura 32 demonstra o esquema dos conceitos acerca dos sentimentos

dos entrevistados no dia da compra da primeira motocicleta da marca HD.

113

Figura 32: O sentimento no dia da compra Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

As respostas deste questionamento demonstram que a aquisição da

motocicleta HD foi resultado do desejo de ter uma motocicleta desta marca, foi por

algum tempo, o sonho de vários motociclistas entrevistados. Estes descreveram os

mais diversos sentimentos como: euforia; emoção e realização pessoal, conforme

descrito pelo membro E3:G2 “Eu me senti igual a uma criança pequena, numa loja

de brinquedos, escolhendo um brinquedo, embora tivesse na mente já, cor, modelo,

tudo [...]”. Em contrapartida, a aquisição foi de contra gosto para a maior parte das

garupas. Todas as garupas fazem parte do HOG e são esposas de proprietários de

motocicletas da marca HD. A maioria destas relatou em suas respostas, insatisfação

no dia da compra.

Outro atributo não identificado em trabalhos anteriores e percebido pelos

HOG brasileiros, o sonho de ter uma motocicleta da marca. Sendo assim, a

insatisfação das garupas, justifica-se num primeiro momento, pela aquisição de um

produto que representa a realização de um sonho que não é seu. Segundo o

membro E4:G3 “[...] um susto, duas moto em casa é um absurdo, e só uma pessoa

que dirigia”, e para E1:G3 “[...] eu confesso que eu fiquei bem revoltada [...]”.

Durante a entrevista em profundidade, o membro experiente comenta “[...]

Harley-Davidson é uma coisa assim extraordinária, por que ++ obviamente, quando

tu compra uma Harley-Davidson, tu não só compra uma moto, tu já compra uma

família”.

114

Uma passagem interessante, que traduz a paixão de alguns motociclistas

pela marca, foi no momento em que Benetton, durante sua entrevista, descreveu o

dia da compra de sua primeira HD:

[...] eu comprei em Curitiba em 99, eu dormi três dias dentro da loja da Harley esperando ela chegar, três dias, isso aí, nacionalmente até internacionalmente eu fiquei conhecido, eles me prometiam a moto que ia chegar, que ia chegar, já tinha feito o pagamento a reserva tudo, e, foi a primeira, a primeira que saiu pra qualquer país do mundo, 1450 cilindradas, o motor antes dela era 1340 Evolution, e aí em 1999, mudou pro motor 1450 Twin, com injeção eletrônica, e essa moto não podia sair prá país nenhum do mundo. A única que saiu foi a minha, que veio pro Brasil, por causa de uma compra que eu fiz aqui na loja da Harley. Eles não poderiam ter vendido essa máquina pra mim. Essa máquina tinha feito um número X primeiro pros americanos. Quem entra na fila eles respeitam, e ++ aqui eu tinha comprado esta moto! Eles não poderiam ter me vendido e eu exigi que fosse essa máquina. Eles acabaram tendo a interferência do Willie Davidson prá me entregar essa moto. Eu fui pra loja da Harley e eu disse que só ia sair de dentro da loja da Harley quando essa moto tivesse chegado, e eu passei o Natal dentro da loja da Harley {}”.

4.2.1.d Os sentimentos ao pilotar uma HD

A Figura 33 objetivou identificar os sentimentos dos entrevistados, no

momento em que estão pilotando suas motocicletas HD.

115

Figura 33: Os sentimentos quando está com a Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Os quatro Grupos Focais foram compostos por doze entrevistados do

gênero feminino e doze do gênero masculino, pertencentes à faixa etária de

quarenta a sessenta anos, casados e profissionais de diversas áreas. Todos são

recentes consumidores da marca, quando comparados aos consumidores

pesquisados em estudos anteriores. Possuem motocicletas HD há três anos, e o

principal modelo consumido pela maioria dos entrevistados é a Harley-Davidson

Ultra. Este modelo é o mais completo e de maior custo da marca no Brasil.

Os entrevistados eram casados e participavam dos eventos juntamente com

seus cônjuges. Foi possível identificar que a maioria dos entrevistados buscava um

novo hobby quando adquiriram a sua motocicleta Harley-Davidson. Esta decisão

está tomada, na maioria dos casos, pelo gênero masculino dos entrevistados.

Considerando que os entrevistados dos quatro grupos eram casais e que a

maioria dos integrantes da Floripa Harley-Davidson é composta por casais, pode-se

concluir que o desejo ou sonho de posse de um produto Harley-Davidson, pelo

gênero masculino, tem maior influência no consumo de produtos Harley-Davidson

que no feminino.

Observa-se também que na medida em que o garupa ou cônjuge passou a

integrar a cultura Harley-Davidson, sua percepção da marca e a imersão na cultura

116

aumentou. Nesta linha, os estudos de Brakus, Schmitt e Zarantonello (2009) e de

Ismail, Melewar e Woodside (2011) identificaram que a experiência com a marca

está ligada com a satisfação e lealdade direta e indireta por meio da associação e

personalidade da marca e o impacto da experiência do consumidor na fidelidade à

marca.

Nos resultados do estudo de Almeida (2014), a marca Harley-Davidson

representa para os entrevistados as sensações como liberdade, realização de

sonho. Nesta questão, o sentimento de liberdade foi citado por seis membros E1:G4

“[...] não é liberdade é alguma palavra que eu não, não consegui achar ainda [...]”.

“[...] acho que o sentimento é este, que você faz parte da paisagem, se isso é

liberdade, ótimo, então é liberdade, mas você faz parte daquilo ali, sabe, muito

diferente que tu estar dentro de um carro [...]”, E2:G4 “[...] uma sensação até extra

corpórea[...]”. O sentimento de liberdade apareceu em meio aos sentimentos de

medo, desafio e realização. O membro E5:G4, resume comentando que, ao pilotar

sua HD sente “[...] prazer de estar em qualquer lugar[...]”.

O membro experiente comentou durante a entrevista em profundidade,

sobre o que sente quando está com sua Harley-Davidson disse que “[...] é um

paraíso, uma orquestração de motores tocando, uma coisa assim sensacional, uma

terapia e uma higiene mental. Eu desafio em todos os momentos a medicina a me

provar que existe algo melhor”. Esta fala demonstra o grau de envolvimento e

satisfação, atribuídos à marca, pelo entrevistado. Segundo Louro (2000) define a

marca como um objeto vivo, que os consumidores se relacionam, e podem ter

atributos reais ou ilusórios, racionais ou emocionais, tangíveis ou intangíveis, que

geram satisfação.

4.2.2 Atributos da marca HD

Durante a entrevista com os quatro grupos focais, quatro questionamentos

foram realizados com intuito de identificar atributos intrínsecos e extrínsecos

relacionados a marca Harley-Davidson, percebidos pelos consumidores da HDSC,

do HOG Florianópolis Chapter. Urdan e Nagao (2004) lembram que tanto os

117

atributos extrínsecos quanto intrínsecos exercem influência nas avaliações da

qualidade realizada pelos consumidores.

Neste item serão apresentados os resultados obtidos com os grupos focais,

pela análise das figuras geradas pelo software Atlas.ti.

4.2.2.a O significado da Harley-Davidson

Objetivando a forma estudada, como os membros da HDSC estudada, se

comportam e significam à marca Harley-Davidson. A Figura 34 apresenta as

respostas dos quatro grupos focais e as relações estabelecidas entre os grupos.

Figura 34: O significado da Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Liberdade, amizade, realização de um sonho e família, foram as variáveis

mais presentes nas respostas dos integrantes dos quatros grupos focais. Outras

respostas aparecem na Figura 34, como segurança, ronco, marca, grupo e estilo de

vida, no entanto, com menor representatividade em relação ao número de respostas.

As variáveis de análise apresentadas pelos entrevistados foram em sua

maioria relacionadas a atributos extrínsecos da marca, tais como, sonho, amizade e

liberdade e com menor destaque, relacionadas à atributos intrínsecos, como marca

118

e ronco, representados pelo som do motor da motocicleta, e a segurança percebida

pela qualidade dos produtos da marca HD.

Os entrevistados que atribuíram à marca, a variável sonho, compõem grupos

que na sua maioria são compostos pelo gênero masculino, jovens e que possuem a

motocicleta num período máximo de três anos.

Atribuir à marca à variável amizade, corresponde ao perfil dos entrevistados

que, na sua maioria, pertencem ao gênero feminino, representado pelo Grupo 03, ou

por casais, que compunham o Grupo 04. Desta forma entende-se que o

relacionamento estabelecido dentro do HOG tem forte influência nesta interpretação.

A variável liberdade se destaca entre as respostas e se considerando que a

mudança no modo de vida é intrínseca à liberdade da escolha, pode-se afirmar que

a variável liberdade está presente nos quatro grupos entrevistados, assim como nos

estudos do Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).

4.2.2.b Significados do produto, sem a marca Harley-Davidson

As Figuras 35 e 36 apresentam as respostas dos grupos focais, para a

identificação da forma como estes consumidores percebem o produto sem a marca

HD. A estratégia utilizada foi a de comunicar aos pesquisados a retirada da marca

do produto, para compreender o que permanece na percepção destes em relação

aos atributos intrínsecos da marca em análise.

119

Figura 35: O que sobra, no produto, ao retirar a marca Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Entre os entrevistados dos quatro grupos focais identificou-se que a marca

Harley-Davidson faz parte do valor do produto tendo em vista que pelo menos onze

repostas desqualificaram o produto na ausência de sua marca.

Assim como na pergunta anterior, o atributo amizade se destaca entre as

respostas. Aparentemente, as relações sociais estabelecidas a partir da aquisição

de uma Harley-Davidson podem ultrapassar as barreiras do hobby comum entre os

integrantes, estendendo-se a outros âmbitos de relacionamento social.

Na interpretação de umas das respostas, E2:G2 “[...] as pessoas não

sonham em ter uma moto custom, elas sonham em ter uma Harley [...]”, identifica-se

que o conceito da marca, acaba sendo mais importante que o produto. Sendo assim,

para estes consumidores, sem a marca, a motocicleta que restou representa apenas

mais um produto comum.

O exposto evidencia que os consumidores estudados, percebem e valorizam

mais os atributos extrínsecos, decorrentes do processo de agregação de valor à

marca, que os intrínsecos ao produto. A agregação de valor à marca na HDSC,

construída com base na cultura de consumo norte-americana é influenciada pela

cultura do país anfitrião. Nesta Perspectiva, Schouten e McAlexander (1995)

descrevem que a cultura do consumo não se define de acordo com construções

sociológicas, mas pelas atividades, objetos e relações que dão significado à vidas

dos consumidores. São os objetos e os bens de consumo, que estabeleceram um

120

lugar no mundo social. Os consumidores se relacionam e julgam os interesses e os

valores compartilhados, por meio de objetos.

Objetivando extrair o máximo de informações dos pesquisados, acerca dos

atributos intrínsecos percebidos na marca Harley-Davidson, os entrevistados foram

questionados quanto as características percebidas no produto sem a marca,

conforme apresentado na Figura 36.

Figura 36: Quais características são percebidas no produto sem a marca Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Ao descreverem o produto sem a marca Harley-Davidson, a maioria dos

entrevistados não descreve os atributos do produto, igualando a motocicleta em

análise, às de outras marcas, desqualificando o produto como sendo, segundo o

entrevistado E4:G4 “[...] simplesmente um transporte [...]” e no comentário do E2:G4

“[...] tirando a marca Harley, da minha moto hoje, sobraria nada, e como não

sobraria nada, eu não teria moto”.

Observa-se que os consumidores aqui entrevistados não percebem muitos

atributos no produto na ausência da marca Harley-Davidson. A marca, a história, o

estilo e o grupo, apresentam maior valor na percepção destes consumidores. Estes

atributos estão relacionados aos atributos extrínsecos à marca. Nesta linha,

Almeida, Tavares e Teixeira (2013) analisam em sua pesquisa com proprietários de

Harley-Davidson, o significado que a marca de suas motocicletas representa para

estes. Ele escreve que, os membros responderam sentir a sensação de liberdade, a

realização de um sonho, o estilo, filosofia de vida, tradição e história.

Alguns atributos intrínsecos podem ser percebidos na descrição de poucos

entrevistados. Segundo o membro E2:G2 “[...] eu tenho confiabilidade, quando eu tô

121

em cima do equipamento”, já segundo o membro experiente, enquanto descrevia

uma de suas conversas com outros motociclistas, dizia que “[....] se tu não quiser

gastar dinheiro tu compra uma Harley! Os caras queriam me esganar ++ . Mas

Benetton a Harley é a mais cara que tem. Eu disse, pois é, mas a Harley tu compra

uma e acabou. Por isso que eu te falei no inicio que a Harley não é uma motocicleta,

ela é um trator. Ela dura a vida inteirinha. Entendeu?”.

Relacionando a percepção dos consumidores ao custo dos produtos Harley-

Davidson, o membro E3:G1 falou que “[...] quer dizer, é tudo muito caro na Harley,

mas é aquele negócio, conforto, acho que só a Ultra, que não me deixaram colocar

meu traseiro lá ainda”. Sendo assim, a percepção acerca do conforto dos produtos,

pode ser distorcida da média, pelo fato de quatorze dos vinte e quatro participantes

dos grupos focais possuírem motocicletas Harley-Davidson do modelo Ultra. Este

modelo, conforme exposto pelo membro E3:G1 e apresentado no Quadro 6,

representa o modelo mais confortável e de maior valor comercializado pela empresa,

no Brasil.

Outro atributo percebido neste estudo, não relatado nos estudos de

Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), foi o do status. O

entrevistado E1:G3, descreveu que, quando se refere ao status, comenta “[...] e

quem ta de fora, acha que quem tem uma Harley [...] tá em outro nível, não a gente

não tá em outro nível”. Pinto (2011) descreveu a fala de um de seus pesquisados,

“ter uma Harley funcionaria como um atestado de que a pessoa é bem-sucedida

financeiramente e que isso proporcionava certo respeito diante dos pares e gerava

status junto àqueles que ainda não faziam parte do grupo de proprietários da

marca”.

4.2.2.c Atributos do produto, considerando a marca HD

Esta questão foi criada, objetivado identificar o que mudaria na percepção

dos consumidores estudados, ao atribuir- se novamente à marca Harley-Davidson

ao produto. A Figura 37 apresenta o esquema criado pelo Atlas.ti, com as respostas

de cada membro e suas relações entre os grupos.

122

Figura 37: O que mudaria na percepção dos HOGs, ao ser colocada novamente a marca HD Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

As respostas dos entrevistados podem ser relacionadas a três

predominantes atributos. Cinco respostas valorizam a marca e a história da Harley-

Davidson à sua percepção sobre os produtos. Outras cinco, relacionam a marca à

percepção de orgulho, vaidade, admiração, por quem está fora do grupo,

apresentado pelos grupos 2 e 3. Conforme Schouten e McAlexander (1993), se

vestir com roupas licenciadas da marca Harley-Davidson, para um HOG, é um

símbolo visível de inveja aos que estão fora deste grupo. O comentário do membro

E4:G2 “[...] nós somos os objetos de desejo, nós somos os sonhos de muita gente”

reafirmando o exposto, e enquanto quatro respondentes dos grupos 1 e 4 percebem

a marca HD como estilo de vida, história e união de pessoas.

Comparado este padrão de respostas ao Quadro 5, foi possível perceber

que o consumidor que relaciona a marca ao destaque, em meio aos que não

possuem, ou seja, a inveja conforme Schouten e McAlexander (1993), são todos

proprietários do modelo Ultra. Este modelo se destaca por sua beleza e elevado

custo dentro da Marca.

O atributo “estilo de vida” esteve presente nas respostas dos entrevistados

que possuem o modelo de motocicleta de custo inferior ao modelo Ultra,

consequentemente menos equipada em relação ao conforto, tecnologia e estética,

conforme Quadro 6. Estes modelos têm muita similaridade com os modelos

utilizados em imagens históricas da HD, em filmes como Easy Rider, Motoqueiros

123

selvagens e o Exterminador do Futuro. Como observado por Boeing (2012), o

posicionamento de alguns produtos em filmes, como forma de comunicação.

Sendo assim, ao considerar vários fatores que influenciam a decisão e a

percepção dos consumidores, no que tange aos atributos e à construção de uma

marca, observa-se grande complexidade na gestão desta marca. Fournier (1998) e

Holt (2003), afirmam que as relações culturais, políticas e sociais existentes,

relativas ao consumo da marca, são fundamentais à sua estratégia. Estas relações

são estabelecidas por meio do significado que traz à vida de seus consumidores.

Por fim, foi possível perceber que os atributos, liberdade e estilo de vida,

analisados na HDSC, assim como nos estudos anteriores, têm um importante papel

na estratégia da marca Harley-Davidson. Seus consumidores, movidos por um

sentimento de liberdade, são regidos por um apego à marca, seguindo e

obedecendo algumas regras e usando os produtos disponibilizados pela Harley-

Davidson para a construção de seu estilo de vida. Sendo assim, segundo Sheth,

Mittal e Newman (2008) os proprietários de Harley-Davidson, o apego pela marca

vai além de suas motocicletas, eles se vestem com acessórios da Harley, seguem

um estilo de vida que acaba sendo quase todo definido pela marca.

4.2.3 Comportamento dos HOGs

O comportamento do consumidor, neste estudo foi feito, pela observação e

análise dos membros do HOG Florianópolis Chapter. Neste item, serão

apresentadas seis questões relacionadas ao comportamento dos HOGs estudados.

4.2.3.a Impactos do cinema na percepção dos HOGs

A Figura 38 pretendeu descrever o sentimento dos HOGs estudados, em

comparação aos motoqueiros do filme Wild Hogs (2007) Motoqueiros selvagens.

124

Figura 38: O sentimento em comparação aos motoqueiros do filme Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Identificar-se com os personagens dos filmes foi quase unânime entre os

entrevistados. Alguns descreveram claramente que sair da rotina é um dos critérios

para esta identificação. Mais que as motocicletas e vestimentas, em comum entre os

personagens, os entrevistados se identificaram com os motivos pelos quais os

personagens saíram em viagem, em uma motocicleta, além da relação de amizade

entre os personagem, as dificuldades encontradas ao longo do caminho, bem como,

as motivações individuais de cada personagem.

O sentimento de liberdade é relacionado ao estilo do motociclista,

proprietário de Harley-Davidson, estereotipado pelo cinema em filmes dos anos 60,

70 e 80. Schouten e McAlexander (1995), descrevem que a Harley-Davidson foi

marcada pelo significado “fora da lei”, ligados aos motociclistas, na mente do

público. Esta imagem envolve o estereótipo do proprietário de Harley e a criação de

grupos com características, socialmente marginalizadas, pela imprensa

sensacionalista e pelo cinema.

A mudança do estilo de vida e da rotina foram citadas durante a discussão

dos grupos focais. O membro E1:G2 relatou “[...] me identifico totalmente com isso,

não tenho problema nenhum em dizer, eu, é, eu comprei a moto porque eu fiquei

doente e tal. E escutei do médico dizer pra mim, cara se você quiser ver sua filha

crescer, tem que mudar seu estilo de vida e a moto me proporcionou isso né! A

125

Harley me proporcionou isso. Então eu me identifico totalmente com a questão de

sair da rotina [...]”. Assim como no filme, a Harley-Davidson é relacionada a um

“escape” da rotina, para o membro E5:G2, que diz “[...] me desliga de qualquer

situação do trabalho. De qualquer situação de preocupação. Talvez seja um escape.

Talvez seja um escape, é++, daquilo eu queira momentaneamente esquecer. Se a

ideia é sair da rotina, então eu vou subir na moto e vou rodar”.

4.2.3.b Características de um legítimo HOG

Tendo em vista, identificar quais características definem um legítimo

membro do HOG, a Figura 39 apresenta as respostas dos quatro grupos focais.

Figura 39: Características que definem um legítimo HOG

Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

As respostas descrevem um legítimo HOG a partir do comportamento social

do indivíduo. Interessante destacar que nenhum dos entrevistados relacionou o

comportamento de um legítimo HOG às vestimentas ou outros acessórios do grupo

ou da marca, mas sim, à postura e ao comportamento.

Os entrevistados definiram um legítimo HOG a partir de atitudes como,

respeito, cordialidade, simplicidade, parceria e organização. Segundo o membro

126

E9:G1 “[...] as pessoas abrem mão do conforto, pela convivência mútua, dos

membros do HOG”, Sendo assim, o relacionamento amistoso entre os integrantes,

permite que o grupo se organize em diferentes tipos de encontros, para o qual será

necessário disponibilidade destas atitudes.

4.2.3.c Comportamento de um legítimo membro do HOG

A Figura 40 apresenta algumas características dos comportamentos dos

HOGs, pela discussão dos grupos focais.

Figura 40: Como é o comportamento de um legítimo membro do HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015).

Os entrevistados repetem algumas definições da pergunta anterior quando

descrevem o comportamento de um legítimo HOG, prevalecendo o respeito e

segurança como atitudes primordiais dos membros e com menor ênfase, em

humildade, companheirismo e comprometimento. Entretanto, para o membro E2:G4

[...] nunca li o estatuto de norma de conduta do HOG. Mas eu acredito que se você

for um cara educado e souber respeitar os outros, não tem problema [...]” e para o

membro E5:G4 “Eu acho que na verdade existe o bom senso né, todo mundo

respeita [...]”.

127

Sendo assim, foi observado a auto regulação dos membros, no que tange ao

comportamento de um HOG, o que para Schembri (2009), a experiência de

liberdade ocorre através da regulação e organização.

4.2.3.d Comportamento dos HOGs, quando reunidos

A Figura 41 apresenta algumas características dos comportamentos dos

HOGs, quando reunidos, pela discussão dos grupos focais.

Figura 41: Como os HOG se comportam Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

No geral, os participantes não encontram pontos negativos no

comportamento. Quando algum membro se comporta de maneira inadequada ou por

uma condução perigosa, ele é repreendido.

Entre as respostas apresentadas, novamente a postura respeitosa entre os

integrantes é a que prevalece. Aparentemente é esta postura que permite a

percepção dos demais atributos tais como: respeito, liberdade, solidariedade,

companheirismo, disciplina, dedicação e harmonia. Em divergência às demais

128

respostas, somente o membro E4:G4 comentou “[...] eu creio que, como é grupo

sempre há elementos que fogem ao padrão”.

4.2.3.e O preconceito como barreira de entrada

A presença do preconceito, como registrado em trabalhos anteriores, pode

tornar-se uma barreira à entrada de um novo membro à HDSC estudada.

Objetivando compreender o grau de preconceito existente para a entrada nesta

subcultura de consumo, a Figura 42 apresenta as respostas dos grupos focais a este

questionamento.

Figura 42: O preconceito e a discriminação, em relação a um novo integrante do HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Nos diferentes grupos entrevistados declarou-se que não é percebido ou que

não acontece preconceito em relação aos novos integrantes. No grupo focal 3, ainda

foi mencionado que o HOG tende a estabelecer uma estratégia de acolhida para os

novos integrantes e que ainda faz uso das redes sociais para aproximar os novos ao

HOG. Vale destacar que o grupo focal 3, foi composto por membros chave, ou hard

core, da subcultura de consumo da Harley-Davidson, representado pelos Road

129

Captains. Estes integrantes do HOG assumem diferentes responsabilidades dentro

do grupo, tais como: acolhida, divulgação e segurança.

O único caso de preconceito relatado na entrevista, foi um caso isolado da

presença de dois motociclistas portadores de HD do modelo V-Road, conforme

demonstrado no Quadro 6. Alguns indivíduos conduziram suas motocicletas de

maneira inapropriada em um dos passeios do HOG, comprometendo a segurança

de parte dos integrantes do grupo. A infração foi registrada também no diário de

campo, durante o evento do São Paulo Harley Days. No entanto, os entrevistados

referem-se aos pilotos, a partir do modelo de suas motocicletas, devido ao

estereótipo que este propõe.

A V-Road é um modelo que destoa dos demais tradicionais modelos da HD,

com o intuito de atrair consumidores da subcultura da bike ou moto esportiva. Sendo

assim, o consumidor deste modelo, traz consigo posturas e atitudes de outra

subcultura, que não são aceitas ou não pertencem a subcultura HD. Sendo assim,

este consumidor se adapta ao novo processo, ou, conforme percebido pelo

pesquisador, terá dificuldades de aceitação no grupo.

4.2.3.f Barreiras à entrada na HDSC

O trabalho de Schembri (2009) descreveu que encontrou entre os HOG

australianos, uma série de barreiras à entrada na subcultura de consumo. A Figura

43 apresenta as respostas de dois HOGs neste questionamento.

130

Figura 43: Quais foram as barreiras para entrada na cultura Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Entre as dezesseis respostas apresentados na Figura 43, sete afirmam que

não houve barreiras à entrada na HDSC. Duas respostas relacionam a questão

financeira como barreira que, corroborando com outras três respostas, afirmam que,

ao possuir a motocicleta, acessórios e a disponibilidade de tempo, a entrada é

automática.

Em relação à adesão ao grupo, Schouten e McAlexander (1995) comentam

que, como o recém chegado é ignorante em muitas nuances da subcultura, pode ter

sua socialização facilitada, de forma oportuna, por meio dos esforços de marketing.

Schembri (2009) defende que o HOG acolhe, incondicionalmente, a todos, por

adesão, supondo que seus clientes serão membros de bons costumes e aceitarão

os valores e regras da HDSC. Fortalecendo esta informação, Benetton, o membro

experiente da HDSC comenta “[...] o HOG é o seguinte o HOG quando tu comprava

uma motocicleta, tu já te associava automaticamente”.

Observa-se entretanto, que uma das respostas descreve que a entrada do

gênero feminino torna-se um pouco mais difícil. Vale destacar que, atualmente,

poucas mulheres são proprietárias de motocicletas HD e pertencem ao HOG

Florianópolis Chapter, sendo que estas motociclistas já faziam parte da subcultura

como garupas dos integrantes do HOG.

131

4.2.3.g O garupa na HDSC

Com um importante papel nas decisões e na dinâmica da HDSC estuda, a

Figura 44 apresenta os comentários dos grupos focais acerca do garupa.

Figura 44: O papel do garupa nesta cultura Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

A familiaridade identificada nas respostas ao longo da pesquisa, fundamenta

as respostas desta questão. Percebe-se que a presença do garupa é parte

integrante da identidade do HOG, influenciando como fator de aceitação dentro

grupo, uma vez que todos os pesquisados são casados e suas esposas são garupas

assíduas na HDSC.

Os garupas representam uma companhia fundamental às atividades desta

subcultura, agindo como incentivadoras da integração do piloto com o grupo e até

mesmo na escolha e decisão de consumo de produtos da marca. Relatos como

E2:G2 “Não teria moto, e não me proporia a entrar grupo, investir na aquisição de

uma moto, se minha esposa não tivesse comigo” e E4:G2 “talvez eu tivesse uma

moto e não uma Harley”. O exposto explicita a importância da garupa nas decisões

de consumo e comportamento na subcultura HD.

132

4.2.3.h Inclusão da família nos eventos HOG

A observação de famílias participando dos eventos do HOG demonstrou a

importância de compreender como esses consumidores se comportam em relação

ao tema. A Figura 45 apresenta as discussões dos grupos focais sobre o

questionamento.

Figura 45: A participação de membros da família, em eventos do HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Embora os grupos 3 e 4 não tenham respondido a esta pergunta, apenas

dois entrevistados afirmaram não incluir a família nos eventos do HOG.

Observando o padrão de respostas, é possível perceber que os eventos do

HOG são familiares, permitem que integrantes da família participem e convivam com

o grupo, embora alguns entrevistados identifiquem o HOG como sendo um ambiente

para desfrutar do seu exclusivo hobby e com seu cônjuge segundo E2:G2 “[...] eu

acho que o HOG, é o meu grupo e da minha esposa”. E3:G2 “[...] eu evito

envolvimento da família porque eu acho que moto é muito perigoso {}”.

Schouten e McAlexander (1995) o HOG salienta a participação da família e

dos valores familiares. Schembri (2009) descreve, que ser um membro ativo da

comunidade do HOG australiano, envolve uma vida social agitada e um forte

elemento de camaradagem.

133

4.2.4 Os passeios

Os passeios promovidos pelo HOG Florianópolis Chapter fazem parte das

estratégias de marketing da Harley-Davidson. Para compreender as percepções de

seus consumidores acerca destes eventos e da forma como estes se percebem e

acreditam serem percebidos pelos espectadores de cada passeio, este item

apresentará cinco questionamentos e suas discussões.

4.2.4.a Desfile das motocicletas

A Figura 46 apresenta os comentários dos entrevistados, porque é comum

observar membros do HOG desfilando em um comboio de motocicletas.

Figura 46: HOGs desfilando em um comboio de motocicletas Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

O padrão das respostas demonstra que o passeio em comboio é de

aprovação unânime entre os entrevistados, porém se observa diferentes percepções

sobre o evento. Muitos aprovam este tipo de passeio por conta da segurança, uma

134

vez que existe uma equipe que organiza e conduz os motociclistas ao longo dos

trajetos. Existe uma sinalização padrão para que todos colaborem com a proteção

do outro. Sendo assim, andar em comboio torna-se uma forma de proteger o

motociclista dos demais veículos que utilizam as rodovias, uma vez que o grupo de

motocicletas é melhor observado, tornando o passeio mais seguro.

Outro motivador do desfile em comboio é a beleza, através da participação

de um “espetáculo”. O comboio ou bonde como é chamado pelos integrantes do

HOG, chama a atenção de todos ao longo do caminho e dos próprios motociclistas

do grupo. A beleza das motos, o barulho proporcionado pelo “ronco dos motores”, a

caracterização dos motociclistas e de suas garupas se destacam ao longo do

caminho, atraindo a atenção dos espectadores.

Para o integrante do HOG esta prática estimula a vaidade dos motociclistas,

por se sentirem parte de um objeto de desejo dos espectadores, pelo despertar da

“inveja” (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993), segundo afirma o E2:G1 “[...] a gente

tá onde todo mundo gostaria de estar, tocante a liberdade, estilo de vida e status,

enfim”.

Para os entrevistados o desfile em comboio é uma prática cultural da marca,

conforme E1:G4 “[...] um dos estilos da Harley não é andar muito sozinho, é andar

em grupo [...]”. Não se identifica esta prática em grupos de outras marcas, segundo

E7:G1 “[...] prá quem busca isso é a única opção de marca que te dá isso, mas

nenhuma outra marca vai te dar esta questão de comboio [...]”, o que acaba atraindo

consumidores que desejam o mesmo. Por fim, novamente, os laços de amizade

aparecem como motivadores das atividades realizadas entre os consumidores da

marca Harley-Davidson que participaram desta entrevista.

4.2.4.b Prós e contras de andar em comboio

Objetivando conhecer a percepção dos membros do HOG acerca dos prós e

contras da prática de andar em comboio, a Figura 47 apresenta os questionamentos

dos grupos.

135

Figura 47: Os prós e contras da prática de andar em comboio Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Os pontos dos prós e contras são na maioria em relação à segurança, ao

mesmo tempo que alguns sentem um risco maior no comboio, por conta dos riscos

de um acidente coletivo, conforme lembra E3:G2 “[...] uma queda coletiva, né, existe

o medo de andar com pessoas, menos experientes e menos atentas [...]”. Já, outros

se sentem mais seguros, em relação ao suporte do grupo e amigos e com maior

visibilidade. A questão da beleza desta formação também foi ressaltada.

Antes de iniciar viagem, o Ride Captain anuncia a rota, e o outro,

responsável pela segurança, reforça a necessidade de andar de forma segura

seguindo em uma formação escalonada. Esta consiste em uma disposição de duas

136

filas, onde cada piloto segue com a seguinte orientação, o tamanho de uma

motocicleta de distância da outra, e posicionados alternamente nas filas. Nunca os

pilotos lado a lado, pois isso aumenta o risco, caso um piloto cair e derrubar outros.

4.2.4.c Percepções acerca dos passeios

A Figura 48 apresenta as discussões sobre a organização dos passeios

planejados pelo HOG Florianópolis Chapter.

Figura 48: Como são os passeios Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Organização é uma característica fortemente evidenciada pelos

entrevistados, no que se refere aos passeios realizados pelo HOG, que se

complementa com a programação apresentada antecipadamente. Como resultado

dessa organização, os envolvidos nos passeios sentem-se mais seguros e relatam

suas boas experiências. E2:G1 afirma que para ele “[...] são os melhores momentos

da minha vida ++ eu adoro, espero a semana inteira o passeio de sábado, e se der

algum problema na moto ou outro compromisso profissional que eu não posso ir,

chego a ficar com urticária [...]”

137

Os grupos focais 2 e 4 evidenciaram o fato de tudo ser programado com

antecedência, conforme E7:G1 “[...] os passeios eles são organizados, tu sabes a

hora que vai chegar e a hora que vai voltar, os passeios são seguros[...]”. Sendo

assim, este atributo é percebido de forma positiva pelos HOGs.

4.2.4.d O público e o passeio dos HOGs

A Figura 49 expõe as respostas sobre a forma que os HOGs acreditam que

as outras pessoas percebem os seus passeios.

Figura 49: As pessoas e o passeio dos HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Este questionamento apresentou variadas respostas relacionando a

percepção dos espectadores do passeio, desejo, liberdade, curiosidade, espetáculo.

Schembri (2009) descreveu que um comboio de motocicletas em um passeio do

HOG, é uma visão impressionante. O som das motocicletas, gera uma forte

presença na estrada.

Algumas contribuições foram obtidas nos dados coletados. E1:G2 diz que

“[...] quando a gente passa, as pessoas param e abrem um sorriso, e o pai mostra

pro filho mostra pra criança” e E4:G1 “[...] vejo sorriso, no rosto das pessoas quando

138

a gente passa, as crianças dando tchau”, entende-se com isto que os HOGs

acreditam que seu passeio gera um espetáculo aos que observam sua passagem.

Outros relacionam os olhares dos espectadores com o sentimento de

liberdade, conforme E2:G1 descreve “[...] o espírito de liberdade, que eu acho que o

grupo transparece, todo mundo olha pra ti e quer estar ali onde você está [...]”.

Alguns também relacionam os curiosos olhares com a vontade de fazer parte do

bonde, independentemente de gostarem de motocicleta, conforme E5:G2 diz

“Mesmo os que não gostam de moto, teriam vontade de estar ali, porque é muito

bonito, é muito organizado” e com o status da marca pelo membro E2:G1 aponta

que “[...] todo mundo olha pra ti e quer tá ali onde você tá. E entra um pouco do

status da marca, entra um pouco. Então a gente tá onde todo mundo gostaria de

estar, tocante a liberdade, estilo de vida, status enfim”.

Quando argumentado sobre como acredita que as pessoas percebem um

comboio de motocicletas Harley-Davidson, o membro experiente da HDSC, Benetton

responde, “é só ficar de costa e imaginar que está se aproximando um grande

temporal, uma trovoada grande, BROOOOOOOO, lá está vindo um comboio de

Harley-Davidson”, ao referir-se ao som produzido pelos motores HD.

4.2.4.e O sentimento sob os olhares dos espectadores

Objetivando compreender como os consumidores se sentem, sob o olhar dos

espectadores de um comboio, a Figura 50 exibe as contribuições dos entrevistados.

139

Figura 50: O sentimento sob os olhares dos espectadores deste passeio Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Schembri (2009) descreveu que a produção do espetáculo, socialmente

constrói o que cada participante considera, naquele momento, a sua realidade.

Embora os espectadores possam fazer certas suposições sobre a moto, o grupo e o

que o espetáculo simboliza, este pode ser diferente da realidade dos pilotos donos

de HD.

As figuras 49 e 50 demonstram a interpretação do entrevistado sobre a

percepção do espectador de um comboio, em relação ao próprio comboio e sobre o

motociclista.

Conforme Schembri (2009) este espetáculo não é uma visão comum e,

talvez, até mesmo assustador para alguns, dado o legado da lenda. Notavelmente

parte do couro preto coordenado e uniforme jeans (preto fosco) e capacete aberto

Em ambos os questionamentos percebe-se a relevância da vaidade nas

respostas. Visto que os entrevistados fazem forte referência ao fato de ser ou estar

numa posição de desejo do expectador. Acreditam que parte dos espectadores

apreciam suas motos, seus comportamentos e seu estilo de vida, ao ponto de

desejarem o mesmo para si. Este sentimento alimenta o ego do entrevistado que

desperta os mais diferentes sentimentos de glória e realização pessoal, revela

E3:G3 “[...] a gente sente assim, o máximo né, a gente sente importante [...]”.

A percepção de alguns membros apontou para o despertar da inveja nos

espectadores, conforme E3:G3 “Nos somos o objeto de desejo de muitas pessoas

140

[...]”. Nesta linha o estudo de Schouten e McAlexander 1993 confirma que um

componente importante da mística Harley é a criação de inveja entre os proprietários

não-Harley.

4.2.4.f Passeios de outras marcas de motocicleta

A Figura 51 traz as repostas sobre como são os passeios promovidos por

outras marcas de motocicleta.

Figura 51: Os passeios promovidos por outras marcas de motocicleta Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Os participantes dizem não conhecer passeios de outras marcas. Existem

encontros de motociclistas, mas de marcas variadas, e nos grupos de motos

esportivas. Também são vistos grupos que andam de BMW, mas são grupos

pequenos de 3 a 5 motos. Segundo E3:G3 “[...] o comentários é que não existe,

algumas pessoas, que foram tentar comprar outra marca, acabaram voltando pra

Harley [...]”. Corroborando com o exposto, Schembri (2009) defende que, ao

contrário de outros grupos de motociclismo, a Harley-Davidson é uma marca

lendária, repleta de significado com uma imagem rebelde.

141

4.2.5 Produtos HD

Para compreender como os consumidores se relacionam e se comportam

em uma subcultura de consumo, sobreposta a uma cultura de consumo, quando

relacionamos sua percepção aos produtos de uma determinada marca, este item

demonstra quatro questões referentes ao tema.

4.2.5.a As vestimentas de um HOG

A Figura 52 descreve a vestimenta dos HOGs da HDSC, pelas respostas

dos membros dos grupos focais.

Figura 52: Qual a vestimenta de um HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Segundo os entrevistados, as vestimentas do HOG não diferem muito dos

demais motociclistas do estilo custom. São camisetas pretas, calça jeans, coletes e

jaquetas pretas. Não há customizações nas vestimentas que caracterizem o grupo

HOG a não ser o colete que nem todos usam. Em seu estudo Schouten e

142

McAlexander (1995) descrevem que para os aspirantes à HDSC, usar produtos

como, vestuários da marca, demonstram o seu compromisso com o conceito Harley-

Davidson e filiação com a subcultura de consumo.

O que diferencia os integrantes do HOG das demais marcas de custom é o

uso de roupas específicas da marca Harley-Davidson, que são vendidas nas lojas da

Harley-Davidson e que acabam formatando o padrão de vestimenta. Conforme

E2:G2 “[...] eles não reinventam a roda, eles vão na loja, compram aquilo que tá

escolhido e não passam disso. Não customizam, é fácil de identificar”. Sendo assim,

as roupas são usadas na forma e modelo comercializados pela empresa, sem

customizações.

Uma das identificações de um HOG está no conhecimento da subcultura.

Apropriar-se dos modelos de motocicleta da marca, conhecer os acessórios e

qualidades e defeitos das motocicletas, é pré-requisito para que, em uma conversa,

o indivíduo se identifique como um motociclista HD.

Este tipo de vestuário, caracterizado pela marca Harley-Davidson, muitas

vezes é adotado pelo consumidor como estilo próprio de vestuário e comportamento,

transcendendo o seu uso para o dia a dia e no ambiente de trabalho, fazendo parte

da identidade do indivíduo. Sendo assim, o membro E9:G1 comenta “[...] eu até

mudei, o estilo de barbear, deixando um estilo mais Harley. A gente acaba invadindo

a nossa vida pessoal, profissional e misturando com esse estilo de vida Harley né”.

Já em Schouten e McAlexander (1995), para alcançar a empatia, a identidade e o

espírito de um motociclista, os autores compraram Harleys e roupas apropriadas

para pilotagem, o que significaria viver partes de suas vidas, no trabalho e também

no lazer vestidos com jeans, botas pretas e jaquetas de couro pretas.

Por fim, Benetton tece um comentário acerca dos olhares dos espectadores,

sobre sua vestimenta de Harleyro “[...] tem pessoas que ainda te julgam,

simplesmente por um olhar, entende, lamentavelmente tem isso, e se tu não cair na

graça dela, tu passa a ser um extra terrestre, ou coisa dessa natureza, agora se tu

tiver oportunidade de conversar dois minutos com ela, ele já vai sair abraçado

contigo”, caracterizando o preconceito de algumas pessoas referindo-se ao seu

visual.

143

4.2.5.b As vestimentas dos motociclistas do cinema

A Figura 53 apresenta a percepção dos entrevistados acerca dos motivos do

uso de roupas pretas pelos personagens do cinema, em filmes envolvendo

motociclistas.

Figura 53: Os motoqueiros do filme usam roupas pretas e quentes Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Segurança e identidade são os valores mais percebidos pelos entrevistados

no que se refere à padronização do vestuário dos HOGs e que é representado no

filme Motoqueiros selvagens e Easy Rider. Os quatro grupos focais entrevistados

atribuem ao uso da cor preta e do couro, ao símbolo de rebeldia e sobretudo

identidade da subcultura do motociclismo custom, comentando sobre a contra

cultura daquela época. E3:G2 aponta que “[...] preto acaba sendo um símbolo de

rebeldia, ele remete a rebeldia, porque, quando se começou usar preto, era

justamente pra ir contra o que tava se usando naquela época né, que era tudo muito

colorido nos anos 40, 60 e 50”.

A Figura 54 apresenta a vestimenta dos atores do filme Wild Hogs (2007).

144

Figura 54:Vestimenta usada pelos atores do filme Fonte: Filme Wild Hogs (2007)

Nesta linha, o membro E3:G2 comenta, “[...] o preto acaba sendo um

símbolo de rebeldia [...]”. Schouten e McAlexander (1995) confirmaram que a

motocicleta e roupas de couro preto, parecem transmitir uma sensação de poder,

por causar medo e invulnerabilidade para o motociclista.

Durante a entrevista em profundidade, Benetton comentou “[...], eu sou mais

extravagante que do que o Peter Fonda, mais exagerado, entendeu. O Peter Fonda,

todo esse ícone nosso, maior ícone do motociclismo, mas ele é bem ponderado, no

máximo usa uma calça de couro [...]”, ao se referir à vestimenta do ator Peter Fonda,

no filme Easy Rider (1969). Corroborando com o exposto, o membro E2:G2 diz “[...]

eu acho que, a roupa preta tá intrínseca à marca, eu relatei lá no início, Easy Rider,

pronto”. A Figura 55 apresenta o encontro de Benetton com Peter Fonda, pela

fotografia de um quadro, exposto na residência do pesquisado.

Figura 55: Encontro de Benetton com Peter Fonda “fotografia da fotografia” Fonte: Dados primários, Fotografado pelo pesquisador

145

Apenas duas das respostas dos grupos focais 3 e 4, relacionam as

vestimentas típicas à segurança. Segundo o membro E4:G3, “quando me perguntam

se o couro preto é quente eu respondo, [...] não é quente, ele é protetor”.

Mesmo com temperaturas elevadas, foi observado que os HOGs usam as

roupas pretas e quentes, disponibilizadas pela Harley-Davidson, à venda nas

concessionárias autorizadas. No estudo de Schouten e McAlexander (1995), alguns

símbolos da subcultura, como o modo de vestir e a customização das motocicletas,

são transferidos de forma quase intacta, no processo de internacionalização da

marca.

4.2.5.c Vestimentas do garupa

Objetivando expor algumas características descritas pelos grupos focais, a

Figura 56 apresenta o esquema de suas respostas.

Figura 56: Qual a vestimenta da garupa membro do HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Os três grupos focais que responderam aos questionamentos, foram

unânimes na descrição de que o garupa veste-se de acordo com a subcultura

146

Harley-Davidson. Todas as resposta foram de encontro de que as vestimentas são

caracterizadas com a marca HD, assim como as dos motociclistas do gênero

masculino. Porém, em relação ao estilo, ao se apresentarem com tais vestimentas,

foi possível observar diferentes padrões de respostas entre os grupos focais 1 e 4.

O grupo focal 1, descreve que os garupas de uma Harley-Davidson precisam

se identificar fazendo uso dos acessórios e vestuários da marca, argumenta, E9:G1

“[...] a gente acaba meio que o preto e tal, todo mundo se padroniza, acabam se

padronizando, mas acho que é por aí, cada um tem um estilo mas padroniza”,

descrevendo que o fazem, de forma aparentemente descomprometida, sabendo que

a manutenção da aparência não é fácil, quando se está viajando em uma

motocicleta.

Já o grupo focal 3 descreve que o garupa de uma Harley-Davidson, embora

faça o uso dos acessórios e vestuários da marca, o faz com mais investimento na

estética, com investimento na produção tais como: maquiagem, salto alto e destaca

a qualidade estética das roupas da marca, afirmando que outras marcas não

oferecem tamanhas opções e artigos de alto padrão estético.

O grupo focal 3 destacou ainda que o elevado custo das roupas da HD, tem

relação com a segurança que o produto proporciona. Com relação às cores, o grupo,

que é formado por integrantes femininas, descreve que o preto predomina entre

seus acessórios, embora despertem o desejo por vestimentas com cores rosa e

branco, mas ainda não as adquiriram por conta da dificuldade de manutenção e

pouca tradição destas cores em relação à marca.

4.2.5.d Decisão de compra

A Figura 57 exibe informações sobre as decisões de compra de produtos da

marca Harley-Davidson.

147

Figura 57: Quem decide sobre as compras de produtos Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Notou-se dois padrões de respostas. Observou-se que nos quatro grupos

focais entrevistados, o piloto tem maior poder de decisão da compra de uma

motocicleta Harley-Davidson e dos acessórios. Porém, parte dos entrevistados,

principalmente os pertencentes aos grupos focais 1, 2 e 3, descrevem que os

garupas têm elevada influência nas decisões de consumo, opinando sobre modelos

de motocicletas, cores e até na decisão final da compra. Adverte, E2:G3 “[...] opina e

bastante, tanto que na troca da moto, no meu caso, o maior conforto seria para a

garupa. Eu acho que opinou bastante”. De forma irônica, descontraída e entre risos

uma daos garupas comentou E1:G4 “Quem decide é o limite. São os dois mais o

limite do cartão {}”.

Outra parte dos entrevistados, predominantemente dos grupos 2 e 4, relata

que os garupas não influenciam nas decisões de compras, sendo as escolhas e

decisões exclusivas do piloto. O membro E5:G4 comenta, “A gente sempre dá

opinião, mas quem decide é o piloto”. Sendo assim, a opinião do cônjuge, neste

caso, o garupa, pode influenciar nas decisões de compra.

148

4.2.6 Customizações

A identidade com a marca, em um motociclista da HDSC, pode ser

identificada em suas vestimentas e nas customizações que estes fazem em suas

motocicletas. Este item apresenta o resultado dos quatro questionamentos sobre o

tema, feitos aos grupos focais e ao membro experiente.

4.2.6.a Customizações do HOG Florianópolis Chapter

Com o objetivo de conhecer como os pesquisados customizam suas

motocicletas, a Figura 58 apresenta as principais contribuições, acerca do tema.

Figura 58: Customização da Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

A maioria dos entrevistados customiza suas motocicletas, no entanto, os

motivos que os levam a customização divergem entre si. A maioria das respostas do

149

grupo focal 1, relaciona a customização de suas motocicletas ao aumento da

segurança e do conforto.

O grupo focal 1 é representado por proprietários de motocicletas Harley-

Davidson, cujos acessórios e customização, em relação ao conforto, são

necessários, principalmente quando se trata do transporte de garupas. Faz-se

importante ressaltar, que o grupo 1, em sua maioria, é proprietário de modelos de

motocicletas que oferecem, em seu modelo básico, menor número de acessórios

relacionados ao conforto que os modelos dos integrantes dos grupos focais 2, 3 e 4.

Sendo assim, estes entrevistados possuem modelos confortáveis e bem

equipados. Entende-se que, por este motivo, suas respostas relacionaram a

customização com a estética e com o fortalecimento da identidade da marca, uma

vez que customizar motocicletas é uma característica dos modelos custom, como a

Harley-Davidson.

Segundo Schmitt (2004) futuramente, qualquer negócio terá que não só

conquistar novos clientes, mas retê-los, para vender mais produtos e serviços.

Sendo assim, a Harley-Davidson dispõe de uma gama de produtos para a

customização das motocicletas. Conforme observação participante, muitos

acessórios e roupas são vendidos na concessionária, aos sábados, nos encontros

semanais, durante o café e posterior passeio, com o objetivo de reter seus clientes,

por meio de sua manutenção com o HOG.

Pilotos e garupas se cumprimentam e analisam novos produtos e compram

suas roupas, acessórios, customizações e motocicletas como os demais membros

da HDSC. Conforme descrito por Schembri (2009), cada motocicleta representa a

assinatura do proprietário, pelas customizações, e estilo, ressaltando que alguns

HOGs consideram sua Harley-Davidson uma obra de arte sobre rodas.

Em relação à quantidade de customizações, considerando os custos

referentes à aquisição de acessórios para customização, o membro E2:G1fala “[...] o

máximo que o dinheiro permite”. Schembri (2009), comenta que os australianos não

só compram motos, mas também milhares de dólares em acessórios, com altas

margens cobradas pelo varejo.

Uma contribuição importante foi feita pelo membro E3:G2 “lá na frente eu

vejo que a customização, não a personalização, vai se tornar uma coisa muito mais

forte, muito mais presente em toda a cultura Harley-Davidson, por que? Porque as

pessoas vão começar a querer se diferenciar desses novatos que estão entrando, e

150

isso é um processo meio que natural, isso a gente vê nos Estados Unidos”. Sendo

assim, esta afirmativa confirma algumas diferenças existentes em uma subcultura

madura, sobreposta a uma cultura de consumo com pouco mais de três anos.

No exposto, Benetton, membro experiente da HDSC, comentou, em relação

as customizações, “[...] então eu comecei a observar que tinha essa disponibilidade

no mercado, aí eu comecei a botar, e aí vai tu, vai evoluindo, aí, não só botar os

acessórios, mas também trocar a pintura, fazer outra pintura e personalizar moto,

como a tua cara”,

Assim, como os HOGs mais hard core, de HDSC maduras, Benetton revela

customizações diferentes da média observada entre os HOGs estudados “[...] a

turma me chama de doido falando, Benetton, uma moto dessas, zero quilômetro, a

coisa mais linda do mundo, o cara vai desmanchar a moto, vai pintar, vai, tu é doido

rapaz?{}”.

Figura 59: Customizações realizadas pelo membro experiente da HDSC estudada (2014) Fonte: Dados primários, fotografado pelo pesquisador

Na figura 59 é possível identificar algumas customizações hard core desta

subcultura, como pintura personalizada, vários acessórios cromados, pedaleira em

forma de uma garra de águia, escapamento modificado, faixa branca no pneu,

tampas do tanque e primária (peça decorativa da motocicleta) com os dizeres “Live

151

to Ride” (viver para pilotar, em tradução livre), buzinas alteradas e cromadas, entre

outras modificações e customizações.

4.2.6.b Principais customizações

A Figura 60 mostra as principais customizações, praticadas pelos HOGs,

segundo os membros pesquisados.

Figura 60: As principais customizações praticadas pelos membros do HOG da Floripa HD Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

É comum observar algumas customizações, a troca da tampa da primária, o

encosto do garupa, denominado Sissy Bar; os bancos, a tampa do combustível. No

caso das motocicletas do modelo Ultra, os protetores das malas laterais e os

escapamentos. A troca do escapamento foi o principal item de customização dos

HOGs, observado em treze respostas, seguido por customização dos bancos e

pedaleiras.

152

4.2.6.c Originalidade das peças

Com o objetivo de compreender o grau de importância e uso de peças

originais Harley-Davidson utilizados pelos HOGs, para a customização de suas

motocicletas, a Figura 61 apresenta as respostas obtidas.

Figura 61: O uso de peças não originais na customização de uma Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

As maiorias das respostas apresentadas demonstram que a prática do uso

de peças não originais é pouco aceita entre os membros da subcultura, por se tratar

da descaracterização do produto, perda da identidade da motocicleta ou possíveis

futuros problemas com a mesma.

Em contrapartida, alguns entrevistados, sobretudo dos grupos focais 1 e 2,

relacionam o uso de produtos não originais ao elevado custo, pouca qualidade ou

escassez de alguns produtos da marca HD. Neste sentido, o membro E8:G1

descreve “[...] eu comprei o sissy bar, o banco eu mandei fazer fora, porque não

tinha do jeito que a gente precisava, pra nossa necessidade, eles não tinham lá, tive

que fazer fora. O sissy bar, esse eu poderia ter comprado lá, mas só que o preço,

153

custou cinco vezes mais barato, aí é muita diferença, se fosse o dobro eu ainda eu

ainda pagaria [...]”

Para se obter um som marcante da HD, o proprietário adquire escapamento

de outras marcas. A substituição dos escapes da Harley, pelos escapes Screaming

Eagle, por ser mais barulhentos. Esta troca é também uma prática comum dentro

dos HOGs australianos. Nesta linha, Schembri (2009) identificou que alguns pilotos

justificam esses escapes fora do padrão, como mais seguros, dados os altos

decibéis. Considerando que, o estrondo alto e distinto da Harley, auxilia outros

usuários da estrada estarem cientes da presença de uma Harley.

4.2.6.d Alteração do escapamento da motocicleta

A Figura 62 demonstra os motivos para a alteração dos escapamentos

originais e legalizados, por outras marcas.

Figura 62: Assim como no filme, muitos membros do HOG alteram o escapamento da motocicleta Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

Segundo os entrevistados, as motocicletas Harley-Davidson são

identificadas pelo som de seus escapamentos. Este som faz parte da identidade da

154

marca, com base em seis respostas apresentadas. Também está relacionada à

potência do motor, conforme duas respostas. Para eles, espera-se que o motor seja

condizente com o poderoso barulho que a motocicleta proporciona.

Dez respostas demonstram que o consumidor das motocicletas HD alteram

seus escapamentos, assim como os personagens do filme Wild Hogs, por conta da

vaidade, pelo fato do som chamar a atenção e, por proporcionar a fácil identificação

de um proprietário de uma HD.

No Brasil, estas alterações não são legalizadas dado o elevado nível de

decibéis produzido com o uso destes escapamentos. Nesta linha, Schouten e

McAlexander (1995) descrevem que em muitos estados, dos Estados Unidos, não é

permitida a alteração dos escapamentos, porém os silenciadores existentes no

modelo original não atingem o ronco que os proprietários de Harley desejam. Já em

termos de segurança, Schembri (2009) comenta que os escapamentos fora do

padrão são mais seguros, por marcarem presença na estrada, ao produzirem maior

barulho. Este barulho é comentado por Benetton durante a entrevista em

profundidade, diz entusiasmado que:

[...] é um ronco magnífico é um ronco maravilhoso, que a turma dizem as vezes né, as pessoas que não têm tanto conhecimento, e, tanta proximidade assim com a motocicleta que as vezes tu passa com o cano da descarga um pouco aberto e coisa tal, pô, o cara passou ali com uma moto barulhenta pra caramba, ele tá totalmente equivocado, o cara passou ali, com uma sinfonia, tocando uma sinfonia, porque o barulho a Harley não faz barulho, aquilo ali é um sinfonia, aquilo ali é a coisa mais maravilhosa que tem, é uma agressão falar que é um barulho, entende.

4.2.7 O som do motor

Ao comprar uma nova motocicleta Harley-Davidson, o som dela geralmente

não é o esperado pelo consumidor, por ser original de fábrica. Neste momento, o

consumidor inicia um processo de customização, para dar identidade a sua

motocicleta, ou seja, ao adquirir a motocicleta, o consumidor passa a adaptá-la ao

padrão do estereótipo da marca.

A motocicleta é vendida num padrão básico, não contemplando a

expectativa de muitos consumidores, sendo assim, passa adquirir acessórios,

155

modificando pedais, bancos, tampa de combustível, tampa de primária e sobretudo o

escapamento. Objetivando compreender a percepção dos consumidores

pesquisados acerca do tema, a Figura 63 representa os comentários registrados.

Figura 63: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)

A aceitação e admiração pelo som do motor da motocicleta foram unânimes

entre os entrevistados. O membro E4:G3 comenta que:

[...] a beleza e, pra quem gosta da moto aquele, aquela sincronia do ronco da moto todas juntas, ela te causa uma emoção, não tem se você, você tá em cima da moto e você passa num comboio organizado, e você vê a sensação da pessoa do lado, olhando assim que fica admirada, eu já fiz o inverso, eu já fiquei do lado de fora observando, e ela é mágica, a gente pára pra olhar [...]

Observa-se que alguns membros, mais puristas e radicais no sentido da

ligação do som do motor com a história da marca, preferem o som produzido pelos

motores carburados, visto que as motocicletas atuais tem injeção eletrônica,

diferenciando seu som pelo aumento da rotação do motor. Segundo E3:G2 “[...] a

maioria deve ter esse sonho. Ter uma segunda moto, que não teria injeção

eletrônica. Com certeza seria carburada, com aquele motor quase parando [...]”.

156

O ronco do motor é uma característica que muitos admiram e tem prazer em

ouvir. As Harley-Davidson mais antigas, com carburador, tem o som ainda mais

original, e isto leva os usuários a trocarem os escapamentos por este motivo, para

deixar o som mais parecido com de uma Harley antiga, com o ronco potente.

Durante a entrevista em profundidade, ao referenciar-se ao som do motor de

uma HD, Benetton comentou, referindo-se ao ronco, categoricamente:

[...] o ronco é uma coisa. É uma orquestra, uma sinfonia. Não faz barulho! Nunca diga que uma Harley faz barulho! Entende? É uma coisa assim que desperta o interesse. Tu imaginar que tá saindo aquele ronco de um motor em “V”, entende? Aquela batida. Aquela equalização. É uma coisa impressionante né ++. Eu sou suspeito em falar nisso e é só eu que sei isso né. Chegaram a ter a iniciativa de querer patentear o motor, o barulho né. Então isso diz tudo, né. O barulho tu conhece de longe [...].

4.3 Discussão

O uso do método de observação participante possibilitou ao pesquisador,

imergir na HDSC, por sua filiação e participação do HOG, para maior entendimento

do comportamento e das percepções dos seus consumidores.

Um dos objetivos deste trabalho, foi Identificar os atributos intrínsecos e

extrínsecos à marca Harley-Davidson, com base nos estudos de Schouten e

McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009). Os atributos, identificados nos

trabalhos destes autores, representaram as variáveis de análises desta pesquisa.

Visando demonstrar as experiências e percepções dos consumidores

brasileiros a respeito da marca estudada, em comparação as anteriormente

encontradas, nos estudos realizados em outras culturas de consumo. Por

conseguinte, foi possível apontar alguns atributos intrínsecos e extrínsecos à marca,

que posteriormente foram comparados e relacionados aos resultados obtidos, pelo

emprego de dois métodos de Focus Group e Entrevista em Profundidade, para

subsequente discussão dos resultados do estudo. Este item expõe algumas análises

à respeito dos resultados obtidos nos itens 4.1, 4.2 e na entrevista em profundidade,

conforme Apêndice 1 a 5.

157

4.3.1 A compra da liberdade

Assim como em Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009),

um dos atributos identificados com a pesquisa de observação participante foi o

sentimento de liberdade. A identificação deste atributo foi factível, pela imersão do

pesquisador na subcultura estudada. Os dias dedicados a coleta dos dados, pela

observação participante, que se iniciavam com o ritual de um portador de uma

Harley-Davidson, eram diferentes. A cada acessório e vestimenta colocados e o

preparo da motocicleta para a viagem, caracterizavam-se pela saída de uma rotina

semanal. As roupas, o meio de transporte diferente e o “sentir o vento”, reportavam

ao sentimento de liberdade relacionado, neste estudo, ao motociclismo.

Por conseguinte, liberdade foi um dos atributos extrínsecos à marca, mais

percebido pelos integrantes do HOG Florianópolis Chapter, nos relatos da entrevista

em profundidade e nas pesquisas com os grupos focais. Do mesmo modo Schouten

e McAlexander (1995) descrevem que praticamente todos os motociclistas

identificam fortemente a moto como um símbolo de liberdade, que contrasta com os

carros, comparados à gaiolas ou caixões, como um símbolo de confinamento.

O sentimento de liberdade e a relação da fraternidade por conta do

envolvimento de pessoas com o mesmo ideal são fortemente relacionados à marca

quando analisado os relatos da Entrevista em Profundidade. O entrevistado tem em

sua residência uma vasta coleção de produtos da marca e em suas vestimentas e

comportamento que se destacam pelo simbolismo do tradicional motociclista Harley-

Davidson desprendido ou livre de costumes sociais, tradicionais. No entanto, por

frequentemente viajar sozinho, o mesmo acredita ter maior liberdade, por não ter

que seguir algumas regras propostas pelo HOG.

Na complementação destes atributos, estão as variáveis de análise do

estudo, representadas pelos atributos extrínsecos à marca como, coletividade,

inclusão de familiares e fraternidade. Durante as entrevistas de Focus Group, ao

serem questionados sobre a sua percepção acerca da marca Harley-Davidson e

sobre o HOG, a relação destes atributos, como a liberdade e amizade, foi

estabelecida. Os mesmos resultados também foram identificados durante a

Observação Participante.

158

No Focus Group e na Observação Participante, identificou-se que a relação

de amizade entre os integrantes do HOG, contribui com o clima de fraternidade,

respeito e companheirismo, o que gera maior segurança entre os motociclistas desta

HDSC. Por conseguinte, relatou-se que optar por viagens com o HOG, é uma forma

de sentir-se seguro, pela certeza de que, em qualquer situação de emergência

haveria outros motociclistas, para se amparar.

Nos vários eventos do HOG, em que o pesquisador participou, foi observado

o envolvimento de familiares e um bom relacionamento destes com os motociclistas.

Já em relação a estes eventos, as esposas ou garupas, relataram que era um

hobby, onde as famílias poderiam participar (com os maridos). Mesmo, seguindo-os

com outro veículo de transporte, todos se envolviam com a ritualística. Sendo assim,

HOGs e familiares, vestiam-se de Harley-Davidson.

Conforme observado nas respostas dos grupos focais deste estudo,

gradativamente o consumidor vai imergindo na subcultura de consumo Harley-

Davidson. A compra da motocicleta é só o começo de uma história de relação de

consumo e admiração pela marca, que geralmente ocorre por uma escolha do

gênero masculino, revelam os dados.

A princípio, esta escolha é pouco aceita por suas esposas ou garupas. À

medida em que estas, passam a participar dos encontros e passeios do HOG, suas

percepções acerca desta subcultura é alterada, tornando-se também consumidoras

e entusiastas do estilo de vida Harley-Davidson.

Os integrantes do HOG que participaram desta pesquisa, se relacionam de

forma direta com esta subcultura, a um período máximo de três anos. O exposto

possibilita perceber que a Harley-Davidson está cada vez mais presente no seu

cotidiano, ao relatarem que suas vestimentas diárias passaram a ter a presença da

marca, quando a sua imagem nas redes sociais está diretamente atrelada à Harley-

Davidson e quando seus eventos passaram a ter a presença de novas amizades,

cultivadas no HOG.

Embora a liberdade seja um dos atributos mais evidentes, no que se refere à

marca Harley-Davidson, este sentimento é norteado por regras dentro do HOG

Florianópolis Chapter. Nesta subcultura de consumo, Road Captains e os demais

pilotos primam pela segurança de todos, uma vez que a facilidade de entrada no

grupo dificulta a seleção por motociclistas mais experientes. Neste sentido, cursos

de pilotagem, são promovidos, para a padronização das regras de sinalização

159

internas do bonde, orientando e denunciando a conduta inadequada dos pilotos.

Outros moto clubes se diferenciam desta facilidade à entrada, pela exigência da

aceitação do novo membro pelos demais.

O consumo de bebidas alcoólicas, assim como o descumprimento das

regras internas do HOG Florianópolis Chapter, em um bonde como, velocidade

excessiva, ultrapassagens não autorizadas, troca de posições, têm como

consequência uma advertência dada ao piloto, que geralmente é feita de forma

discreta e individualizada, por um dos Road Captains. A Figura 64 demonstra a

imagem dos HOGs, durante o almoço consumindo cerveja sem álcool.

Figura 64: Cerveja sem álcool (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.

A reincidência nessas infrações, resultam na exclusão silenciosa do infrator,

sendo assim o grupo passa a ignorar o membro e suas atitudes. Nos grupos

australianos, como observado por Schembri (2009), estas exigências e advertências

também existem, no entanto de forma menos discreta, ao “estilo australiano”.

160

4.3.2 Barreiras de entrada à subcultura de consumo

Quando questionados sobre as dificuldades de entrada no HOG e sobre

discriminação ou preconceito entre os integrantes, os entrevistados dos grupos

focais, de forma unânime, negam a existência destas barreiras à entrada nesta

subcultura. Relatam que sempre há alguém do grupo, durante os cafés na

concessionária, que de forma gentil, acolhe os novos, pois foi assim que foram

acolhidos.

Tamanha receptividade foi percebida pelo pesquisador, desde que o

motociclista tenha protagonismo para identificar os HOG presentes, no café da

concessionária e em seguida apresentar-se e relatar o seu desejo de participar dos

passeios. A partir desta manifestação o motociclista passa a ser acolhido por todos,

sua garupa é apresentada a outras garupas e ambos recebem orientações sobre o

passeio e a saída do bonde daquele dia.

Estabelecido este primeiro contato, como novo integrante do HOG, o

motociclista tem suas primeiras experiências recebendo atenção especial durante o

deslocamento do bonde. O novo membro é orientado pelos Road Captains a

assumir posições mais seguras ao longo de todo o trajeto e comunicado quanto a

sua velocidade e postura na estrada. Durante as paradas, o motociclista é envolvido

nas conversas, assim como sua garupa.

Os integrantes do HOG deixam claro, durante suas brincadeiras e

comentários, a não aceitação do modelo de motocicleta V-Rod, apresentado no

Quadro 6. Este modelo tem uma ciclística diferente das motocicletas tradicionais

Harley-Davidson, demandando uma diferenciação no estilo de pilotagem, por

apresentar maior tecnologia relacionada à potência do motor.

Em muitos casos a diferenciação deste estilo de pilotagem desagrada muitos

membros, conforme relatado pelo Road Captain “[...] estas ultrapassagens

desnecessárias oferecem risco ao bonde”, referindo-se aos proprietários deste

modelo, em vários momentos, na viagem, ao evento São Paulo Harley Days.

Alguns comentários ainda apontavam que estes consumidores geralmente,

para permanecer no grupo, logo migravam para outros modelos, mais tradicionais,

com maior conforto, adequados às longas distâncias. Com base no exposto,

percebe-se o motociclista de um modelo V-Rod, poderá encontrar barreiras para

161

entrar na subcultura Harley-Davidson, até que troque a sua motocicleta por um dos

clássicos modelos da marca.

Nesta mesma situação, além do comportamento as vestimentas também

diferenciavam estes motociclistas dos demais integrantes do bonde do HOG

Florianópolis Chapter. Os mesmos não utilizavam roupas da marca Harley-Davidson,

sendo que um deles usava roupas comuns, sem segurança para uma viagem deste

porte. Observou-se que estes motociclistas, além de serem pouco aceitos no grupo,

por conta de seus comportamentos, ainda não haviam aderido às ritualísticas do

HOG e facilmente podiam ser identificados como elementos novos no grupo, por

suas vestes. O exposto evidencia a força das vestimentas e de um comportamento

padrão como símbolos de identidade e aceitação nesta subcultura de consumo.

Observou-se que, possuir as vestimentas adequadas da marca Harley-

Davidson também é um fator seletivo para integrar o grupo de passeio do HOG. Não

que o grupo exclua um membro por este motivo, mas torna-se desconfortável

possuir a motocicleta e não estar devidamente vestido como os demais. O grupo

ostenta suas jaquetas, coletes, camisetas, botas, calças e outra vestes originais, da

marca Harley-Davidson. Estas vestes tem um elevado custo financeiro,

representando uma barreira à entrada ou aderência ao HOG.

Durante a Entrevista em Profundidade, o entrevistado descreveu a

importância do HOG, para a entrada de um novo membro na subcultura Harley-

Davidson. Entre os desejos de quem adquire uma Harley-Davidson, observou-se a

aquisição de alguns significados e atributos, entre eles, andar em grupo. Benetton

atribui a missão de formação do grupo, ao HOG e descreve que esta é uma

estratégia da marca HD, para conquistar seus consumidores, pela exposição de

seus produtos na vestimenta e motocicletas dos HOGs, objetivando atrair novos

consumidores à marca.

4.3.3 O espetáculo vai começar...

Fazer parte de um bonde é uma situação que já foi sonhada por muitos dos

integrantes de um HOG E8:G1 “[...] as pessoas passam filmando, e nós, a nossa

162

vida toda a gente fez isso, passava de dentro do carro filmando, quando passava as

motos. E hoje a gente tá aqui. Muito legal [...]”, esta foi a fala de um dos

entrevistados ao final de uma passeio, em que um bonde, com 48 motocicletas,

subiu a Serra do Rio do Rastro, um dos pontos turísticos naturais mais procurados

para visitação, no estado de Santa Catarina. Durante sua passagem pela serra, o

bonde teve a acolhida, admiração e os cumprimentos de vários turistas que lá

estavam.

Por alguns minutos, a beleza natural deixou de ser a atração principal

daqueles espectadores e cada HOG, em sua motocicleta, pode experimentar a

sensação de fazer parte daquela paisagem, segundo E1:G4 “[...] fazendo uma

viagem, tu tá em cima duma moto, tu sabe, tu vive, [...] você faz parte da paisagem”.

Para sentir-se um integrante deste bonde não basta o investimento

financeiro com a compra da motocicleta, roupas e acessórios. É necessário aderir a

uma ritualística iniciada na escolha da vestimenta, que leva em consideração as

variações climáticas, a distância e o roteiro. Participar dos cafés da manhã,

semanais, promovidos pela concessionária e comportar-se como um HOG, também

faz parte deste ritual.

O preparo e limpeza das motocicletas dos integrantes do HOG Florianópolis

Chapter é uma ritualística de grande visibilidade dentro do grupo. As mesmas eram

apreciadas com certo respeito, observava-se e comentava-se cada detalhe, cada

customização, perguntava-se, contava-se histórias, no entanto, ninguém tocava na

motocicleta do outro sem o consentimento do proprietário. Esta regra

comportamental é implícita, nem mesmo na loja não há placas proibindo tocar nos

objetos, mas não tocar nas motocicletas, seja de quem for, parece já fazer parte da

ética desta subcultura.

Da mesma forma, o estudo de Schouten e McAlexander (1995) descreve

que, entre os HOGs estudados na subcultura Harley-Davidson norte-americana, era

estritamente proibido tocar na motocicleta de outra pessoa sem sua permissão. Os

autores também comentam que a sacralidade da motocicleta podia ser observada

em seu ritual de limpeza e manutenção, onde nenhum ponto de sujeira poderia ser

esquecido e os cromos deveriam estar limpos para os passeios do dia.

Acompanhada às belas motocicletas, estão as vestimentas e por

consequência a caracterização dos motociclistas. Vestir-se de Harley-Davidson é só

umas destas características, os acessórios fazem parte do estilo Harley, que envolve

163

o corte de cabelo, o tipo da barba e o comportamento que estão diretamente ligados

a esta subcultura e da sua ritualística “[...] a vestimenta, traveste a alma deles” disse

uma das entrevistadas do Focus Group, referindo-se ao seu marido e aos demais

motociclistas.

As roupas são pouco customizadas, os integrantes do HOG consomem as

vestimentas oferecidas pela marca Harley-Davidson da forma como são vendidas,

mas as adquirem em diferentes lojas do Brasil e do mundo. Os entrevistados

atribuem a proteção, tradição e principalmente identidade às vestimentas de cor

preta, produzidas em couro. As cores preta e laranja e o couro, são características

na marca Harley-Davidson fortemente identificada por estes consumidores. Em

contrapartida, proprietários mais antigos parecem demonstrar maior autonomia em

suas escolhas, personalizando suas vestimentas e, muitas vezes, tornando-se em

reconhecidas personalidades por conta disso, como é o caso dos membros mais

antigos da subcultura desta pesquisa.

Em relação às vestimentas dos garupas ou motociclistas, embora haja a

reclamação da manutenção de um penteado, as roupas dos integrantes do HOG

Florianópolis Chapter têm sua sofisticação. As entrevistadas descrevem que as

mulheres da subcultura Harley-Davidson pertencentes ao HOG, vestem-se de forma

diferente das demais mulheres pertencentes a outros motoclubes. [...] andam com

botas de salto alto, [...] mais bem vestidas, [...] usam maquiagem, [...] proteção para

o cabelo, [...] anéis, pingentes, mas sempre bem caracterizadas com a marca

Harley-Davidson. Conforme as falas das entrevistas durante o Focus Group.

Para o público feminino, a marca Harley-Davidson tem inserido no mercado

roupas com a identidade da marca com as cores rosa, branca e outras cores que

fogem ao tradicional laranja e preto. Quando questionadas sobre o uso destes

modelos, as entrevistadas não apresentaram objeções e demonstraram o interesse

em adquirir, mas que devido ao custo das vestimentas, optavam pelas roupas de

cores e modelos tradicionais. De outra forma, durante a observação participante, foi

identificado que ainda há resistência quanto ao uso de outras cores além do

tradicional, sobretudo o rosa. Aparentemente, o garupa ou motociclista que faz uso

de roupas com a cor rosa não aderiu a subcultura.

164

4.3.4 Customização, Identidade e Liberdade

A customização é um atributo intrínseco à marca Harley-Davidson. Estética,

vaidade, conforto, segurança ou pelo desejo de imprimir a identidade pessoal à

motocicleta, são os diferentes motivos mais evidenciados.

A customização mais realizada entre os membros do HOG Florianópolis

Chapter é a troca do escapamento, afirmação quase unânime entre os

entrevistados. Esta prática é seguida pela obtenção de acessórios, para o conforto

dos motociclistas e do garupa, como bancos mais confortáveis e o encosto para o

passageiro garupa, denominado como Sissy Bar. Posteriormente os acessórios de

estética, como tampa da primária, tampa de combustível e pedaleiras, têm menor

representação entre as customizações identificadas. Estes acessórios são

disponibilizados pela marca Harley-Davidson que oferece algumas linhas

padronizadas. O consumidor escolhe a que quer seguir ou a simbologia que melhor

se identifica. Vale destacar que os integrantes do HOG Florianópolis Chapter não

personalizam estas peças, fazem uso das mesmas conforme é comercializada.

A customização relacionada à pintura da motocicleta, à substituição do

guidão por modelos mais altos, assim como os adereços que identificam o seu

proprietário, é uma prática ainda rara ou sutil entre os integrantes do HOG

Florianópolis Chapter, diferentemente dos motociclistas norte-americanos descritos

por Schouten e Mcalexander (1993,1995) e Schembri (2009) e do membro mais

antigo na Subcultura de Consumo estudada. O elevado custo financeiro na obtenção

de peças originais, pode ser um dos fatores limitantes desta prática entre os

membros do HOG, como descrito ao longo das entrevistas.

Conforme identificado na Observação Participante, as motocicletas

customizadas diferem uma das outras de forma muito sutil, feitas por meio de peças

originais padronizadas. Este padrão demonstra que alguns membros podem ser

desencorajados a praticar algumas customizações mais radicais e diferenciadas

como pinturas e alterações estruturais, supõe-se por destoar da média do grupo.

Os consumidores dos produtos Harley-Davidson citados nesta pesquisa são

recentes consumidores da marca e suas motocicletas estão entre as de maior valor

financeiro oferecido pela Harley-Davidson. Embora esta seja uma diferença

marcante entre estes membros pesquisados, quando comparados aos membros do

165

HOG dos demais trabalhos citado, seus investimentos buscam a internacionalização

da imagem dos motociclistas norte-americanos, inspirados pelos personagens de

filmes clássicos, que caracterizam detalhes desta subcultura.

Cultivam o desejo de pilotar por clássicas rodovias norte-americanas, como

a Rota 66 e quando o realizam, fixam em seus coletes, um tag desta rota. Incluindo,

uma das customizações em vestimentas se dá por meio da exibição dos “troféus” em

forma de tags, fixadas nos coletes padronizados do HOG. A cada rota cruzada, ou

categoria do curso Rider Safety, mais um tag é adicionado ao colete. O colete de um

HOG é personalizado com a demonstração das conquistas, desafios e experiências

do motociclista. Para Schouten e McAlexander (1995), o uniforme de um motociclista

da HDSC emerge da combinação do jeans, botas pretas, camiseta e jaqueta de

couro preto e um colete que pode transportar as insígnias de filiação ao clube.

As vestimentas também internacionalizam a subcultura norte-americana,

sendo muitas vezes incompatíveis, como o uso de roupas pretas e de couro em

condições climáticas brasileiras, sobretudo da quente região do litoral sul do país.

Estas vestimentas, em sua maioria, são fabricadas pela marca Harley-Davidson em

outras localidades, seguindo os padrões da subcultura norte-americana e são

utilizadas pelos motociclistas do HOG Florianópolis Chapter, conforme o mix de

produtos ofertado pela marca.

Algumas peças de vestuário já sofreram uma tropicalização no que tange o

tecido usado na sua confecção, a exemplo das jaquetas e luvas de verão,

disponíveis em cores mais claras. Porém, a aderência às vestimentas tradicionais da

subcultura norte-americana é muito maior entre os membros estudados, conforme

descrito por Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).

As vestimentas customizadas, observadas durante a pesquisa, foram as

camisetas com a marca Harley-Davidson customizadas com o nome da

concessionária, assim como camisetas do próprio HOG, que também confecciona

algumas vestimentas para eventos específicos do grupo, sem a identificação da

marca Harley Davidson, no entanto, com as cores que a identificam.

166

4.3.5 Que ronquem os motores

Outro item inerente à Marca estudada, selecionado como variável de análise

é o som produzido pelos motores das motocicletas. O referido som proveniente do

lendário motor V-twin, com dois cilindros em “V” e inclinação de 45º entre os cilindros

é inconfundível entre os HOGs, descrito pelos mesmos, como a identidade desta

marca, além de caracterizado como algo prazeroso de ser ouvido, comparado com a

música de sua preferência.

Potencializar o som da motocicleta não está somente atribuído à identidade

de um HOG, mas, sobretudo a sua vaidade. Os entrevistados declaradamente

afirmaram que gostam deste som potencializado devido à [...] sensação de poder,

[...] chamar atenção e porque [...] as pessoas esperam ouvir este som de uma

Harley-Davidson.

A mesma emoção ainda é descrita por proprietários mais antigos como

Benetton que ao referenciar saudosamente ao som produzido pelas motocicletas

carburadas, disse “[...] o cara passou ali, com uma sinfonia, tocando uma sinfonia,

porque o barulho a Harley não faz barulho, aquilo ali é uma sinfonia”.

O som é potencializado e modificado, pela troca dos escapamentos

originais. A necessidade de potencializar o som do motor é evidenciada nas

respostas dos grupos focais. Embora estes tenham afirmado não aceitar o uso de

peças não originais, o fazem ao substituir o escapamento original de suas

motocicletas, uma vez que a Harley-Davidson não disponibiliza um modelo de

escapamento para a customização.

4.3.6 Respeitável público

Motocicletas customizadas, motociclistas e garupas “vestidos de liberdade”,

prontos para pegar a estrada juntamente com outros iguais. Está formado o bonde,

modo organizado de um grupo de motociclistas pilotar ao longo das rodovias,

garantindo a segurança e a beleza da alegoria. Distância entre as motocicletas,

167

controle da velocidade em grupo e respeito à sinalização, são posturas de

segurança cada vez mais difíceis de manter em detrimento da formação de um

longo bonde.

A manutenção das motocicletas em duas filas, intercaladas e mantendo igual

distância entre elas, é fundamental para a manutenção da beleza do espetáculo.

Somado a isso, o ronco dos motores compõe a trilha sonora de um filme que passa

nas mentes de cada motociclista ao longo da estrada. Os entrevistados dizem que,

E2:G1“[...] são os melhores momentos da minha vida”, E7:G1 “[...] esse aqui é o meu

momento”, E4:G2, E2:G1 “[...] um sonho realizado”. O bonde encanta a quem faz

parte dele e quem está de fora, o espectador.

É muito comum a acolhida calorosa, com acenos, fotografias e, sobretudo o

acompanhamento dos olhares, por onde um motociclista ou um bonde passa. Pode-

s e perceber que todos que participam desta prática, um dia desejaram isso e

acreditam que os observadores compartilham do mesmo desejo. Entende-se que

viajar em um bonde está relacionado a uma série de significados de um estilo de

vida, tais como liberdade, união, amizade, desejo e conquista, conforme foi descrito

pelos entrevistados. Os mesmos percebem-se influenciando o espectador, notam a

inveja e o despertar do desejo de consumo por uma das motocicletas, afirmando

E5:G3 “Nós somos o objeto de desejo de muitas pessoas”, E5:G2 “Uma boa parte

dos que observam, teria vontade de estar ali”.

4.3.7 A grande atração: A marca

A marca não se limita a um logotipo ou etiqueta, mas a um significado como

um meio de vida, um conjunto de valores, atitudes, expressões e um conceito.

Vásquez (2011) defende que o consumidor vincula a marca às qualidades físicas e

ao conjunto de emoções e funções sociais que esta representa.

Os atributos intrínsecos e extrínsecos do produto são atrelados à diferentes

percepções do consumidor. Sendo assim, três perguntas realizadas durante as

entrevistas com os grupos focais, foram de suma importância, para evidenciar os

168

valores da Marca Harley-Davidson, quando relacionados às informações presentes

nos questionamentos anteriormente relatados.

Ao tirarmos a marca Harley Davidson da motocicleta, roupas e acessórios, o

que resta pra vocês? Quais características você percebe no produto sem a marca?

Estas duas perguntas permitiram evidenciar parte dos atributos dos produtos Harley-

Davidson percebidos pelos consumidores, pertencentes ao HOG Florianópolis

Chapter.

Ao descrever o produto sem a marca Harley-Davidson, a maioria dos

entrevistados não percebe valores diferenciados no produto, igualando a motocicleta

às motocicletas de outras marcas da mesma categoria, desqualificando-a, quando a

descreve como sendo E4:G4 “[...] apenas um meio de transporte”. Os consumidores

entrevistados pouco perceberam as qualidades do produto na ausência da marca

Harley-Davidson. A marca e a sua história é o que de mais admirado há em seus

produtos.

Foram atribuídos aos produtos a equivalência da qualidade da motocicleta

em relação às de marcas concorrentes e a baixa qualidade no conforto, sobretudo

aos garupas, demonstrando que a marca Harley-Davidson atribui valor aos produtos

comercializados pela empresa. Alguns entrevistados, por já terem tido experiências

com outras marcas de motocicletas, identificam os atributos extrínsecos à marca,

tais como, ritualística da subcultura, amizade e status, como sendo um diferencial

que acompanha a marca e não o produto.

Para identificar os atributos intrínsecos à marca, os entrevistados foram

questionados quanto à presença da mesma nos produtos. Perguntou-se então, se

colocarmos novamente a marca HD em sua motocicleta, o que mudaria na sua

percepção?

As respostas dos entrevistados, representadas nas Figuras 36 e 37,

destacaram importantes atributos como, credibilidade e história da marca, orgulho,

vaidade e inveja, conforme grupos focais 2 e 3, e estilo de vida destacado pelos

grupos focais 1 e 4.

Comparando este padrão de respostas, ao perfil dos entrevistados, foi

possível perceber que o consumidor que relacionou a marca ao destaque em meio

aos que não a possuem, ou seja, ao atributo inveja conforme Schouten e

McAlexander (1993) são todos proprietários do modelo Ultra, que se destaca por sua

beleza e elevado custo financeiro.

169

Estilo de vida esteve presente nas respostas dos entrevistados que possuem

o modelo de motocicletas de custo inferior ao modelo Ultra, consequentemente

menos equipada em relação ao conforto, tecnologia e estética, conforme Quadro 6.

Estes modelos são referência em imagens históricas da Harley-Davidson em filmes

como, Easy Rider, Motoqueiros Selvagens e Exterminador do Futuro e personagens

que quebram regras sociais. A atribuição destes modelos a estas figuras pode ter

forte influência na percepção do consumidor, quanto a relação da marca ao atributo

estilo de vida. O apego pela marca vai além de suas motocicletas, eles se vestem

com acessórios da Harley, seguem um estilo de vida que acaba sendo quase todo

definido pela marca (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2008).

O relacionamento social, sobretudo a amizade entre os membros do HOG,

foi o forte atributo relacionado à marca. O mesmo atributo foi fortemente citado

durante a Entrevista em Profundidade, neste caso, destaca-se que as amizades

ultrapassam as fronteiras e são consolidadas nas estradas percorridas ao longo da

vida.

Fazer parte da subcultura Harley-Davidson proporciona novos

relacionamentos, que perpassam ao HOG e consequentemente aos costumes,

interesses, vestimentas e estilo de vida. Estes relacionamentos acompanham em

outros ambientes e situações, e assim como o comportamento do motociclista,

passa a ser interiorizados pelo consumidor, trazendo, desta marca, significados para

a sua identidade.

É desta forma que a subcultura perpetua-se e atrai novos adeptos. No HOG,

Florianópolis Chapter é possível acompanhar o “apadrinhamento” dos novos

consumidores. Pessoas amigas de membros do HOG que por observar e conhecer

a subcultura passam a desejar seu ingresso neste grupo. Muitos destes, ao

adquirirem sua primeira motocicleta são acolhidos pelo HOG com a surpresa da

entrega da motocicleta em suas casas ou acolhida por alguns membros, na

concessionária.

170

4.4 Implicações teóricas

Os resultados do estudo corroboram com os de Almeida (2014), que

identificou entre os pesquisados, a atribuição de liberdade, realização de um sonho,

estilo, filosofia de vida e liberdade à marca Harley-Davidson, ratificando, diferenças

culturais, nesta subcultura de consumo, a partir da análise Cross-Cultural com os

estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), realizados em

outros países.

Tibola, Vieira e Sanzovo (2004), descrevem que o produto é identificado pelo

atributo que possui e pelas suas propriedades. Neste estudo, os resultados

demonstraram que em algumas subculturas comercias, os atributos extrínsecos à

marca, são mais relevantes ao consumidores, que os intrínsecos, ao relacionarem à

marca, a uma série de emoções. Vásquez (2011) defende que o consumidor

vincula a marca com as qualidades físicas e também com o conjunto de emoções

que a marca transmite.

Atualmente o termo Comunidade de Marca, em relação à forma, está sendo

utilizado de várias maneiras, servindo como assunto para pesquisas, para explicar o

coletivo de consumo focado na marca, mas ressalta que o termo comunidade de

marca está sendo utilizado em excesso. (MCALEXANDER; SCHOUTEN; KOENIG,

2002; THOMAS, 2011). Nesta linha, Muniz e O’Guinn (2001), a descrevem como

sendo uma comunidade especializada, sem limitação geográfica, baseada em um

conjunto estruturado de relações sociais, entre os admiradores de uma marca. Em

seu estudo, Almeida (2014) descreve que o HOG pode ser considerado uma

comunidade de marca, já Schouten e McAlexander (1995), defendem que estes

subgrupos ou subculturas, se auto selecionam e se baseiam em um propósito

comum, por sua relação com determinado produto, marca ou atividade de consumo.

Este estudo identificou que, o HOG caracteriza-se como uma “subcultura

comercial”, por atuar em torno de uma comunidade de marca, uma vez que

Schwarzenberger e Hyde (2013) descrevem que o papel de marcas esportivas, em

uma subcultura de nicho esportivo, consiste na percepção dos atletas em relação às

marcas, fazendo uma comparação entre subculturas comerciais, que se originam

por meio de uma marca, enquanto as subculturas não comerciais evoluem de forma

livre. Nesta linha, a presente pesquisa estudou a subcultura de consumo do

171

motociclismo, restringindo sua amostra aos consumidores de uma única marca de

motocicleta, a Harley-Davidson. Sendo assim, uma determinada comunidades de

marca, pertencente a uma subcultura de consumo, caracteriza conforme este

estudo, uma Subcultura Comercial.

Nos resultados obtidos com as entrevistas, identificou-se que customizações

mais ousadas, em roupas e na motocicleta, como as realizadas pelo membro

experiente da HDSC, não foram observadas entre os demais HOGs, indicando a

existência de imaturidade nesta subcultura, quando relacionada à outras. Nos

estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), observa-se

uma maior imersão, pela uso de customizações mais radicais como mudanças

estruturais da motocicleta, pinturas customizadas e tatuagens, entre os membros

estudados. Assim como nas motocicletas, a inexistência de customizações nas

vestimentas foi observada. Os HOGs estudados usam roupas originais da marca

HD, como um código de reconhecimento e aceitação do grupo. Sendo assim, o

baixo nível de customização pouco contribui, entre os HOGs estudados, com a

coconstrução da marca HD, por ser consumida sem alterações relevantes.

Nesta linha, Kozinets (2001), Schouten e Mcalexander (1995), citam que

uniformes e fantasias acabam sendo vistos de forma insana ou imatura, esta

estigmatização limita a entrada na comunidade, agindo como uma barreira que,

quando conquistada, acaba incentivando um envolvimento mais profundo. Já em

Schouten e McAlexander (1995) a estrutura social de alguns subgrupos de

consumidores da marca Harley-Davidson, adotam um padrão de vestimenta. Neste

sentido os estudos de Schembri (2009) e Cunha, Rosini (2013) defendem que estas

conexões contribuem com a coconstrução da marca.

Neste estudo utilizou-se as técnicas de Observação Participante; Entrevista

em Profundidade; Focus Group e Cross-Cultural. Coforme Martins e Theóphilo

(2009) e Creswell (2010), na pesquisa qualitativa as informações são coletadas

pessoalmente pelo pesquisador, que utiliza múltiplas fontes de dados, ao invés de

confiar em uma única fonte, já em Wallendorf e Arnould (1991), a Observação

Participante registra a experiência de ação no trabalho de campo, as conversas e o

contexto. Assim sendo, os resultados deste estudo obtiveram contribuições

complementares pelo uso de métodos múltiplos de pesquisa qualitativa.

A Entrevista em Profundidade gerou informações sob a ótica do membro

chave pesquisado, os Focus Group forneceram informações do ponto de vista do

172

grupo, conforme Sheppard e Jones (2013), permitiram a contribuição e liberdade de

expressão, sofrendo influências indiretas, de membros formadores de opinião, que

direcionavam as respostas durante as discussões. Para Oliveira e Freitas (1998), os

entrevistados acabam influenciando uns aos outros. Por fim a Observação

Participante, forneceu informações sob a ótica do pesquisador, objetivando ratificar

algumas informações descritas durante as entrevistas e identificar detalhes

presentes no comportamento “inconsciente” dos pesquisados. Tais informações

subsidiaram as análises Cross-Cultural.

4.5 Implicações gerenciais

Os resultados do presente estudo trazem contribuições aos profissionais de

marketing, por ampliar os conhecimentos, acerca de aspectos comportamentais dos

consumidores desta Subcultura de Consumo. Identificando que estas percepções

podem sofrer alterações quando sobrepostas por diferentes subculturas de

consumo.

Aos gestores de marketing, contribui com informações e resultados que

subsidiam a gestão e a manutenção de marcas detentoras de comunidades de

marca, por compreender pela CCT, como estes percebem os atributos e significados

de determinada marca.

À empresa Harley-Davidson, contribui com o entendimento de fatores

transculturais e de seus impactos na internacionalização da marca, na perspectiva

de seus consumidores mais fiéis e comprometidos, informando aos gestores de

marketing da empresa, as tendências de mudança comportamental de seus

consumidores, pela análise e comparação com subculturas de consumo,

estabelecidas a mais tempo, como as estudadas por Schouten e McAlexander

(1995) e Schembri (2009).

A comunidade de marca, objetiva transmitir uma mensagem clara, que

demonstre suas competências fundamentais, caracterizando-se como fator de

sucesso, a exemplo da marca Volvo, cujo slogan é "A segurança para a vida”, no

caso da Nokia, "conectando pessoas" (KARJALAINEN, 2003). No caso da Harley-

173

Davidson “Soul: That is the Difference”, “Alma: essa é a diferença” (MOTONLINE,

2012), conforme o título deste estudo. Segundo Janonis, Dovaliene e Virvilaite

(2007) estes apresentam formas fáceis e breves na descrição e comunicação,

definindo a marca com singularidade, como um conceito, com significados,

propósitos, valores e individualidade.

O Quadro 7, apresenta as variáveis de análise pesquisadas, assim como os

novos atributos percebidos entre os HOGs estudados, não identificados nos estudos

de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).

Variáveis Schouten e McAlexander (1995)

Schembri (2009) HOG Brasil

Liberdade Sim Sim Sim

Fraternidade Sim Sim Sim

Rebeldia Sim Sim Não

Vestuário roupas pretas e de couro

Sim Sim Sim

Coletividade Não Sim Sim

Espetáculo Não Sim Sim

Som do motor Sim Sim Sim

Customização Sim Sim Sim

Ritualística Sim Sim Sim

Família Sim Sim Sim

Filantropia Não Sim Sim

Substituição dos escapes Sim Sim Sim

Machismo Sim Não Não

Mulheres que pilotam Sim Sim Sim

Sonho Não Não Sim

Status Não Não Sim

Confiança Não Não Sim

Conforto. Não Não Sim

Respeito Não Não Sim

Posição dos novatos no comboio

Ultimas posições da fila

Ultimas posições da fila

Primeiras posições da fila

Quadro 7: Comparação dos resultados do estudo com os de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009) Fonte: Elaborado pelo pesquisador

174

Conforme demonstrado no Quadro 7, os resultados do estudo realizado com

os HOGs da Harley-Davidson Florianópolis Chapter, não identificados nos estudos

anteriores de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), foram:

sonho, status, confiança, conforto e respeito.

175

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo são apresentadas as conclusões, limitações da pesquisa,

envolvendo todas as dificuldades encontradas no seu desenvolvimento, desde a

elaboração do instrumento, até a coleta dos dados, assim como as recomendações para

trabalhos futuros.

5.1 Conclusões

O significado da marca Harley-Davidson, foi pesquisado em diferentes culturas de

consumo, pelo comportamento e percepção dos consumidores brasileiros, pertencentes à

HDSC, em comparação aos norte-americanos e australianos, com base em estudos

anteriores, para identificação da existência de convergências e divergências, nas

percepções destes. Os resultados demonstraram as experiências dos consumidores

brasileiros, por meio da adoção de técnicas de pesquisa qualitativa.

Os resultados obtidos possibilitaram análise e interpretação (a) das anotações do

diário de campo; (b) do material de audiovisual “áudio e vídeo”; (c) das anotações acerca

das emoções e percepções do pesquisador, contidas no diário íntimo (WEBER, 2009); (d)

das discussões dos grupos focais; (e) dos esquemas gráficos gerados pelo software

Atlas.ti; (f) das opiniões do membro experiente, pela entrevista em profundidade; e (g) dos

diferentes significados da marca, pela abordagem Cross-Cultural, em diferentes culturas

de consumo. Os métodos usados foram selecionados, objetivando contribuições

complementares ao cumprimento dos objetivos do estudo:

O diário de campo foi fundamental nas discussões e comparações com os

resultados das entrevistas, pelos registros de fatos importantes à pesquisa. As anotações

foram feitas durante a etapa da observação participante, possibilitando maior apropriação

do pesquisador, acerca do tema pesquisado, para maior confiabilidade e fundamentação

nas análises dos resultados obtidos com o emprego das técnicas aplicadas

posteriormente.

176

O uso intensivo de material de audiovisual possibilitou análises visuais

simultâneas aos demais resultados do estudo, oferecendo maior consistência e

fundamento.

Muitos foram relacionados às emoções dos pesquisados. Cada variável de

análise foi referenciada a um atributo extrínseco. Sendo assim, o diário íntimo propicia ao

pesquisador, registrar suas próprias emoções, acerca destes atributos, quando submetido

à experiência de marca.

As entrevistas com os grupos focais ampliaram os resultados por promover

discussões entre membros de grupos homogêneos, evoluindo o tema proposto a um nível

superior na compreensão do comportamento em grupo.

Os esquemas gráficos gerados pela unidade hermenêutica, que contempla todas

as informações, já codificadas no software Atlas.ti, foram relevantes no sentido da

obtenção de visão sistêmica das respostas e discussões dos grupos focais.

A entrevista em profundidade com um membro chave e em uma abordagem

individual possibilitou maior imersão no tema, respondendo lacunas existentes nas

discussões dos grupos focais, por compreender alguns aspectos da HDSC, sob a

perspectiva de um membro experiente.

O método de pesquisa Cross-Cultural estabeleceu a comparação dos significados

da marca em diferentes culturas de consumo, a partir da análise de todos os resultados

obtidos com o uso das técnicas anteriormente citadas.

A revisão da literatura abrangeu aspectos relacionados à identidade, aos atributos

e à experiência de marca, assim como a cultura e a subcultura de consumo, o

comportamento do consumidor em estudos Cross-Cultural. Por fim foram revistos os

estudos anteriores, sobre o comportamento do consumidor, proprietário de Harley-

Davidson, para posterior fundamentação das análises feitas nas comparações entre

culturas, acerca dos significados da marca Harley-Davidson.

Os resultados que demonstraram as experiências dos consumidores a respeito da

marca se deram pela análise do comportamento dos proprietários de motocicletas Harley-

Davidson, pertencentes ao HOG Florianópolis Chapter, assim como pelos relatos do

consumidor mais experiente nesta subcultura. Ambas experiências e percepções

mostraram-se diretamente relacionadas ao sentimento de liberdade conquistado ao

adquirir a Harley-Davidson.

Os objetivos específicos foram simultaneamente atendidos, no capítulo 4, com a

identificação dos atributos da marca em análise, com a demonstração da experiência dos

177

consumidores brasileiros e, por fim, com a comparação destes resultados com os de

estudos anteriores.

O atributo liberdade foi percebido entre os HOGs, de forma evidente, nas

entrevistas com os grupos focais e na entrevista em profundidade. O mesmo foi notado

pelo pesquisador durante a observação participante. O estudo de Almeida (2014),

realizado no Brasil, descreve que a marca Harley-Davidson, representa para os

entrevistados, a sensação de liberdade, assim como em (SCHOUTEN; MCALEXANDER,

1993, 1995; SCHEMBRI, 2009; ALMEIDA, 2014).

As roupas, o meio de transporte diferente e o “sentir o vento”, reportaram neste

estudo, ao sentimento de liberdade relacionado ao motociclismo. Este sentimento e a

relação de fraternidade, por conta do envolvimento de pessoas com o mesmo ideal, são

fortemente relacionados à marca. Embora a liberdade seja um dos atributos mais

evidentes, no que se refere à marca Harley-Davidson, este sentimento é norteado por

padrões éticos e regras comportamentais, identificadas no HOG Florianópolis Chapter.

No entanto, foi observado que o membro experiente, por acreditar obter maior

liberdade não seguindo as regras e roteiros propostos pelo HOG, frequentemente viaja

sozinho. Este sentimento passa pela crença da capacidade de ser o que se deseja ser,

vestindo-se e comportando-se sem as amarras de um padrão social pré-estabelecido, em

um forte desejo de internalizar tal liberdade. Porém, desta referida “liberdade” surgem

regras, que estabelecem normas aos padrões comportamentais, ao acompanhar o HOG.

A amizade, retratada no respeito e no ambiente familiar, assim como a segurança

percebida pelos integrantes, ao longo do convívio, são atributos muito valorizados pelos

membros dessa HDSC.

A valorização da mudança do estilo de vida como fuga do cotidiano, pode ser

percebida de forma gradual, com a observação de mudanças no visual dos iniciantes na

subcultura. Em muitos casos, o comportamento transcende à vida social, com o uso de

roupas e adesivos, fora da experiência de marca.

Muitas garupas se mostraram insatisfeitas com a aquisição da primeira

motocicleta HD, justificando que a compra do produto representa a realização de um

sonho que não era propriamente o seu. Ao imergirem na HDSC, entretanto, a percepção

acerca da marca modifica o sentimento inicial de insatisfação, tonando-se assíduas

frequentadoras dos eventos e ritualísticas do HOG. O exposto evidencia a importância da

compreensão destas consumidoras, pela crescente presença de mulheres no grupo,

como motociclistas. Porém, a maior influência se dá enquanto garupas.

178

Igualmente, decisões quanto à aquisição de novas motocicletas, customizações e

escolha das vestimentas do casal motociclista, muitas vezes são influenciadas pelo

passageiro garupa. Motociclistas do gênero feminino e garupas, atuam ativamente na

organização dos eventos filantrópicos do grupo, diferindo dos HOGs estudados por

Schembri (2009), que apresentou barreiras à entrada do público feminino, em uma

subcultura machista.

A HDSC estudada apresentou alguns atributos, valorizados por seus membros e

percebidos em seus comportamentos e atitudes - respeito, cordialidade, simplicidade,

segurança, parceria, companheirismo, comprometimento e organização. O único caso de

preconceito descrito nas entrevistas foi a presença de dois motociclistas proprietários de

motocicletas HD do modelo V-Road, pelos seus comportamentos de pilotagem e

vestimentas.

Não foram encontradas barreiras à entrada do pesquisador na HDSC estudada,

uma vez que todas as informações necessárias à participação dos eventos, promovidos

pelos organizadores, eram transmitidas a todos os membros, regularmente filiados pelo

site oficial do HOG. Assim sendo, o pesquisador criou várias conexões sociais e laços de

amizade com alguns membros do grupo, pelo convívio, identificação e imersão na HDSC.

Algumas características da subcultura norte-americana, observadas durante a

pesquisa, foram preservadas na internacionalização desta subcultura, a exemplo da

vestimenta e do uso de roupas quentes em dias de extremo calor. Outras características,

como customizações mais radicais com o alongamento dos garfos da motocicleta;

aumento do tamanho do guidão; personalizações na pintura e repintura da motocicleta

entre outras alterações estruturais do veículo, são pouco percebidas entre os membros

estudados e comuns em HDSC mais antigas e maduras, conforme Schembri (2009).

Sojka e Tansuhaj (1995) defendem, que o desafio para os pesquisadores de

consumo tem maior foco nas semelhanças do que nas diferenças identificadas entre as

culturas, de modo a generalizar culturalmente as teorias do comportamento do

consumidor. Sendo assim, alguns pontos convergentes e novos atributos foram

identificados, pela análise da percepção dos consumidores brasileiros, acerca da marca

HD. Nesta linha, o sonho e o status social de ter uma motocicleta da marca HD, foi

intensivamente citado pelos pesquisados. Estes foram atributos não identificados nos

estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).

Aos HOGs pesquisados, assim como em Schembri (2009), o som gerado pelo

motor de uma HD é parte integrante da identidade da motocicleta, bem como seus

179

acessórios, vestimentas e comportamento. Diferentes sensações positivas foram

descritas tais como a relação de poder, o fato de ser percebido e admirado, ao poderoso

som do motor. Sendo assim, é comum entre os entrevistados, a substituição do

escapamento original da motocicleta por modelos esportivos de outras marcas.

Os atributos, liberdade e estilo de vida, analisados na HDSC, assim como nos

estudos anteriores, têm um importante papel na estratégia da marca Harley-Davidson.

Seus consumidores, movidos por um sentimento de liberdade são regidos por um apego à

marca, mesmo sendo submetidos a algumas regras e padrões comportamentais da

HDSC. Usam os produtos disponibilizados pela empresa Harley-Davidson, para a

construção de seu estilo de vida e fuga da rotina. Nesta linha de pensamento, Sheth,

Mittal e Newman (2008) descrevem que entre os proprietários de Harley-Davidson, o

apego pela marca vai além de suas motocicletas. Eles se vestem com acessórios da

marca e seguem um estilo de vida, que acaba sendo quase todo definido pela Harley-

Davidson.

Por fim, foi possível perceber que a identificação de muitos atributos extrínsecos e

poucos intrínsecos à marca HD, pelos HOGs da Harley-Davidson Florianópolis Chapter,

evidencia que no caso da Harley-Davidson, “A alma é a diferença”.

5.2 Limitações da pesquisa

A descrição e a análise dos significados da marca, pelo comportamento do

consumidor, voltadas à identificação e comparação de seus atributos, quando

analisados em diferentes culturas de consumo, conduziram a uma reflexão sobre as

limitações encontradas nesta pesquisa, para a condução de investigações futuras.

Quanto aos instrumentos para a coleta dos dados, o uso de vários métodos

qualitativos, demonstraram eficiência nos resultados. A adoção de mais de um

método de pesquisa qualitativa, objetivou cobrir possíveis lacunas na obtenção dos

resultados, porém, sugere-se também o uso de métodos quantitativos para maior

generalização dos resultados, transcendendo as perspectivas comportamentais de

um único grupo.

180

Outra limitação encontrada foi a do tempo disponível para a coleta de dados,

pelo uso da técnica de Observação Participante. Um maior período viabilizará

identificar alguns aspectos acerca do amadurecimento de um membro, por

mudanças percebidas ao longo do convívio, assim como o elevado custo financeiro

decorrente da aplicação das técnicas etnográficas do estudo, caracteriza-se como

uma limitação.

Nas entrevistas com os grupos focais, o fato do moderador ser do gênero

masculino, pode ter influenciado no padrão das respostas obtidas com os grupos

focais compostos exclusivamente por gêneros distintos.

Algumas análises foram dificultadas durante a abordagem Cross-Cultural, à

fim de evidenciar divergências e convergências, entre as percepções e

comportamentos de membros de uma mesma subcultura de consumo, em diferentes

culturas de consumo. Sendo assim, as limitações consistem no fato da subcultura

analisada, ser muito jovem, por existir a pouco mais de três anos. Assim sendo, os

membros do HOG Florianópolis Chapter, ainda assumem e admitem muito do que

lhes é imposto pela marca, pelo HOG e por alguns aspectos adotados, com a

internacionalização da marca. Desta forma, como exemplo, aceitam todos os

iniciantes sem barreiras à entrada, diferentemente dos estudos de Schouten e

McAlexander (1995) e Schembri (2009), realizados em subculturas, com maior grau

de maturidade.

5.3 Sugestões para trabalhos futuros

Para futuras pesquisas, sugere-se que os estudos sejam realizados

novamente, daqui a alguns anos, com o mesmo grupo pesquisado. Com a

subcultura mais madura, haverá maior possibilidade de identificar o surgimento de

barreiras à entrada de novos membros. Estas barreiras podem ser reforçadas com

maturidade e com o “endurecimento” dos membros chave da HDSC.

O estudo realizou uma pesquisa em profundidade, com o membro

experiente da HDSC. Sendo assim, objetivando conhecer uma visão totalmente

181

nova, sugere-se pesquisar os significados da marca, pela percepção de seus

espectadores.

No Brasil, sugere-se a produção de estudos com o objetivo de identificar a

existência de subculturas de consumo e comunidades de marca, no sentido de sua

caracterização e do nível de imersão de seus membros, assim como, compreender

sua maturidade pela análise da estabilidade do padrão comportamental de seus

consumidores. Este estudo subsidiaria a produção de outros, acerca dos temas

propostos.

Os métodos selecionados neste estudo, podem ser aplicados a outros

Chapters do HOG, no Brasil, objetivando identificar diferenças culturais, em um

mesmo país, na internacionalização da marca. Acredita-se também, que a utilização

de métodos de pesquisa mista, possam trazer novos resultados aos estudos de

marketing.

182

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Filmografia

MOTOQUEIROS SELVAGENS (Wild Hogs). Direção de Walt Becker. Intérpretes: Martin Lawrence; John Travolta; Ray Liotta; Marisa Tomei; William H. Macy; Tim Allen. Roteiro: Brad Copeland, 2007. (100 min.), DVD, son., color. SEM DESTINO (Easy Rider). Direção: Dennis Hopper. Intérpretes: Jack Nicholson; Dennis Hopper; Peter Fonda; Antonio Mendoza; Luke Askew. Roteiro: Peter Fonda, Dennis Hopper, Terry Southern, 1969. (95 min), son., color.

192

APÊNDICE 1 – Transcrição Entrevista Grupo Focal 1

Entrevista focal, Grupo 01. Identificação G1.

Local: Urubici – SC, data: 15/11/2014- sábado as 17:30 horas, tempo total de

gravação= 1hora42min44seg.

Membro Descrição

P:

Gostaria de saber para onde vocês iriam de férias se vocês estiverem com

grandes restrições orçamentárias, ou sem dinheiro, com a sua Harley

Davidson?

E4: Eu iria até as praias de Florianópolis, circularia o litoral ali nosso que é lindo e

maravilhoso.

P: Por quê?

E4: Por que sem dinheiro era só a gasolina, da tempo de voltar pra casa pra fazer a

refeição, pra dormir né. To vendo lugares maravilhosos, to sentindo a natureza

to sentindo a liberdade.

P: Alguém mais iria para algum outro lugar?

E8: Eu iria para a casa de algum parente, fora dali,

P: Com a tua HD?

E8: É seria.

E2: Eu iria frequentar mais o litoral norte, tocante a Balneário Camboriú, Itajaí,

porque eu gosto do agito e ficaria fácil também de voltar no mesmo dia.

P: Balneário Camboriú, é bom pra quem não tem dinheiro?

E2: Não no sentido de não ter o Dinheiro, mas para passear, o visual é você

consegue ter vário atrativos, praia gente, sem precisar gastar, só pra passar.

E7: Eu viria pra Serra, porque agente tem bastante família aqui, e porque eu, eu

193

acho que a praia agente já vive no dia a dia, quando eu penso em descansar eu

não penso muito em ficar nas praias lá , eu penso em vim pra lugares que a

gente não é muito habituado a vim, então agente iria procurar lugares diferentes.

Família agente em, em tudo qualquer canto.

E3: Eu e meu marido, eu não dirijo né, mas meu marido com certeza nos iríamos

também pra Serra, mas lá me campo Alegre, que é perto de Joinville, eu tenho

onde ficar, mesmo tendo barraca, leva a barraca e tudo, então agente se ajeita

tranquilo.

P: Então da pra se divertir com a harley, mesmo sem dinheiro, não é isso?

E3: Com certeza. Com pouco dinheiro, sem dinheiro completamente não dá né.

E5: Eu também ia pra montanha, com minha Harley, feliz da vida.

E6:

Gostaria de constatar que são passeios que agente vai com frequência, Campo

Alegre ou Blumenau, com que a agente tem família, né, agente já tem o costume

de fazer isto, sai no fim de semana, não quer gastar muito, tem onde ficar, é

perto, vai e volta.

P: O que é a Harley-Davidson pra vocês?

E4: Pra mim se tornou, uma grande família, onda a gente aprendeu, né, dinovo a

fazer amizades, que já estava assim defasada e também se tornou o nosso, o

nosso refúgio, né, porque bem quando o meu marido ficou doente, ele comprou

a Harley, né, e isso motivou a gente, né, até cuidar da nossa vida melhor, é

juntar nossa família, que as nossas filhas também participam com a gente, então

pra mim a Harley, se tornou assim uma família.

P: E hoje o que ela é depois deste momento hoje ela esta como, ele serviu

para isto, hoje ela é o que?

194

E4: A continuidade disso, companheirismo, né, na família companheirismo que se

tornou, não só entre um casal, mas entre os casais, né, que hoje inclusive eu

escutei alguém dizer assim a eu não vinha antes porque eu achava difícil de me

enturmar", eu disse pronto, tu já tem cinco aqui para se enturmar, resolvesse

todos os teus problemas, já estais no grupo, o próximo vem conosco.

E7: Pra mim e pro Dani, a Harley tem uma história bem antiga, porque a gente faz

uns 9 anos que a gente tem um sonho de comprar moto e a moto fez parte de

nossa história, e a gente pensou um monte antes de comprar, qual moto, qual

marca né, e aí pra gente foi muito engraçado, a gente tava voltando da nossa lua

de mel, e eu sempre quis que a gente pegasse a Harley, e o Dani ainda estava

meio assim com a esportiva, assim né, aí a gente entrou no avião pra voltar da

lua de mel, quando eu olhei pro lado tinha um casal todo equipado da Harley,

camiseta boné, falei é agora, aí eu peguei e puxei assunto com o cara, falei a o

senhor é motoqueiro? Aí ele assim “não sou motociclista", aí ele começou a

falar, e dai o Dani, saiu daquele avião disposto a ir pelo menos na loja{}. Falei aí

que bom, então assim pra gente, juntou tudo isso, que a Silvana falou também,

eu sempre pensava em ter moto, mas tinha receio da moto, da questão, de a dai

vamos comprar moto, o cara vai comprar moto vai sair sozinho, porque a gente

sempre vê né, grupo de motos e muitos homens sozinho, você não vê muitas

mulheres, é, pois sabe a gente vai ter filhos de dai aí não, e não via com bons

olhos, e na Harley eu falava sempre pra ele, eu acho que é o único grupo de

motos que é diferente é a Harley, porque a gente sempre vê a família, a mulher

os filhos, ta sempre, muita família junta assim, depois que a gente entrou, a

gente também percebeu isto. Pra mim hoje é um ambiente que é uma extensão

da nossa casa, que tem pessoas que a gente convive.

E8: Resumindo, sonho, não um sonho de consumo, sonho de vida mesmo, é

diferente, sonho de vida não sonho de consumo. No nosso casamento o nosso

boneco do bolo, éramos nós em uma moto, e nós não tínhamos a moto ainda. O

sonho de vida de estar nos grupos.

P: Não era uma speed?

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E8: No começo era, e daí quando a gente começou a procurar, ver, e fomos para a

lua de mel já com o pensamento, eu acho que vai ser Harley pela marca né, pois

e falava em moto custom, moto estrada, se pensava sempre na Harley.

P: O que te levou a pensar em Harley?

E8: Porque antes da viagem, porque quando a gente pensava em moto estrada,

conforto, pensava numa Harley, mesmo sem nunca ter feito um test drive. Aí

quando nos voltamos da lua de mel, que encontramos este casal, nos

convenceu, ele começou a contar a história dele, de viagem, de amigos, de

grupo, eles são de São Paulo, mas o que a gente vivencia aqui, agora a gente

sabe que é a mesma coisa que ele vivencia lá, nessa questão de novas

amizades, e amizades que são, que esta iniciando e parece que é amigo há

muito tempo já né, então é impressionante. Nossa família quando fala da gente,

só imagina a gente em cima de uma moto.

E1: Pra mim quando alguém fala Harley, me remete a marca. Aí a Harley tem os

desmembramentos dos grupos, mas quando alguém fala pra mim Harley eu

penso marca, pensou moto camisetas, outras coisas, agora quando fala em

HOG, aí eu penso no grupo da Harley, fora isto quando alguém fala pra mim

Harley eu penso só na marca, não tem outro pensamento quando tu fala Harley,

não vem nenhuma moto específica nem nada pra mim é a marca, eles vendem

uma marca, que eu entendo seja o que for desta marca. Agora o que eu acho o

diferencial da marca Harley, é o desmembramentos, tem grupo, tem passeios,

tem todo um "abraço" da marca, mas fora isto é como eu vejo a Harley.

E2: Eu vou seguir na mesma linha do 8, é a realização de um sonho, mas queria

explicar que é diferente do teu, eu tenho moto desde os 14 anos, que não fique

consignado ao ato ilícito de pilotar antes, e até o ano passado, eu tinha Bike,

tinha moto de velocidade, sofri um acidente, eu tenho um filho de 11 anos, ta

aqui no campi, e eu disse que nunca mais teria moto, nunca mais vou ter moto, e

nisso um pouco mais de um ano e meio que eu fiquei sem moto, eu sentia falta

196

de alguma coisa, e eu me sentia até um pouco mais triste de vida, por não

conseguir mais pensar em ter moto, por deixar meu filho, por questão de

acidente, tudo que passava na minha cabeça quando eu tinha as outras motos,

e um belo dia comecei a frequentar a loja da Harley, encontrei por coincidência,

que todos devem conhecer a Tatiana que é vendedora, ele era vendedora da

Kawasaky e vendeu a minha ultima moto, a ultima Ninja que comprei, peguei

com ela, falei pó esta aqui agora, e ela começou a me apresentar a Harley e eu

comecei a frequentar, fui vários finais de semana na Harley. Não convencido,

não queira assim, olhava e não me via em nenhuma das motos, e dizia assim,

não é meu estilo, não vou me adaptar e eu nunca tinha ido num sábado, até que

de tanta insistência dela, ela dizia vem num sábado na loja, eu fui o primeiro

sábado aonde eu conheci os meus membros do HOG, o pessoal saindo pra

passear e eu falei, poxa bacana. Nesse termos eu teria uma moto, nesses

termos eu voltaria a pilotar, e eu vim pra Harley, exatamente nesse aspecto, a

realizar o meu sonho, e voltar a pilotar uma moto, mais com um pouco mais de

segurança, e com um grupo de pessoas que na estrada te proporcionam maior

visibilidade, então hoje eu faço parte do HOG e frequento os passeios por isto,

opção de passeio com segurança, e a minha realização de sonho, pode pilotar

ter a moto e curtir isso.

E6: Pra mim assim, a vontade de ter moto é a coisa que sempre tive, la em casa

quando discutia, era moto entrando de um lado, e a esposa saindo do outro. E a

Harley veio como m dois pontos, uma que foi uma questão comum dos irmãos,

tem toda a história de comprar a Harley aí quando a gente começou a falar de

Harley, lançando uma ideia de uma viagem conjunta de eu e meus dois irmãos,

que esta por acontecer ainda. E entrou muito como uma válvula de escape do

dia a dia, preso que consome dentro e fora de horário, e hoje penso

principalmente na Harley, e remeto a moto é mesmo o momento que eu pego e

saio.

P: Mas até aí qualquer marca te tiraria do estresse, a Harley especificamente?

197

E6: Entrou muito por conta dos meus irmãos, eu sempre quis ter uma moto, falava

em ter, sempre teve esta questão, aí meu irão gêmeo comprou uma custom,

mas não era uma Harley, era uma Yamaha, aí na época eu falei ah, começo a

aceitar a ideia de ser uma destes estilo, uma deste estilo pode mais de qual

deste estilo. Aí esse mesmo irmão trocou por uma Harley, e aí dessa troca que

começou a vir à questão. Tanto que dai o outro comprou, que é de Florianópolis,

depois eu comprei na sequencia, já com esta ideia inicial de fazer uma viagem

com os três irmãos.

E5: Tem dois elementos muito importantes nisso daí, da onde surgiu tudo isso, eu

morei muitos anos fora, morei por doze anos nos Estados Unidos, e teve uma

época difícil lá, e crise depois do Bin Laden lá o meu negócio foi pro vinagre e eu

tinha que fazer alguma coisa, e aí virei caminhoneiro dos Estados Unidos, fiquei

morando dentro do caminhão dois anos e meio, então eu convivi muito de perto

com esta tribo da Harley-Davidson, é la fora, e aas vezes eu parava, final de

semana era dentro de um posto de gasolina, e eu parava alie ficava "viajando",

falei, caramba eu ainda quero fazer parte de uma tribo dessa porque, pelo fato

daquele povo barbado, mas o estilo de união, o pessoal dando uma força um pro

outro, entendeu. E isto acaba acontecendo agora, é minha primeira moto, eu

tenho minha habilitação de moto, comprei minha moto e não tinha nem

habilitação, entendeu. Depois fiquei enrolando para tirar a moto lá da Harley-

Davidson, e ainda falei pra ela, olha deixa lá que eu vou pegar daqui a pouco,

“mas porque que você não vai pegar, porque que você não vai pegar”, depois

tive que falar né pô, não tenho habilitação, e ela jogou a dela na mesa, "deixa

que eu vou pegar a tua moto", falei não, não vai não. Tipo assim, mais, quando

eu comecei a confrontar com este cenário todo aqui, é tipo assim, o estilo que eu

sou assim, não gosto de dar muita satisfação benção pra nada, pra ninguém,

entendeu. Eu gosto de ter minha liberdade, da minha forma de ser, e aí, o que é

legal aqui que eu vejo, um pessoal focado na mesma intenção, um dando apoio

pro outro onde quer que seja, se um tropeçou, o outro esta do lado na hora, não

importa se o cara é diretor, se o cara é empresário, se o cara é um auxiliar de

escritório, se cara é um Juiz, não importa o que seja, não importa que ta todo

mundo nivelado na mesma ideia, com o mesmo objetivo, e essa união esse

198

estilo de vida né, não precisa dizer muito, só você andar na estrada se quantos

carros emparelham do teu lado pra ficar curtindo a tua liberdade, isto é exemplo

que você vê todo o dia na estrada, onde se passa todo mundo para, para tirar

foto, todo mundo vem conversar com você, por quê? Porque isso é muita gente

quer "cavar" este ambiente pra vida delas, e a gente graças a Deus, tem a

condição de ter este alcance então este é um, um algo mais vamos dizer assim.

P: Nos estamos falando aqui da Harley-Davidson, e vocês relacionam muito

as pessoas, relacionam outras coisas à marca.

E4: É que eu acho que as pessoas estão fazendo a Harley, as pessoas estão

fortalecendo a marca Harley, dessa forma de união, porque quando meu marido

comprou a moto, ele comprou sem eu saber, eu fiquei muito brava, muito muito

brava mesmo, e eu disse pra ele, TA PENSANDO O QUE? que vai chegar

sábado e o domingo, tu vai sair de moto e eu vou ficar com as crianças em

casa?" que eu achaca, dizia assim pra ele, não, nos temos que andar de carro

em família, e aí ele comprou a moto, enfim. Hoje eu ando com ele a gente tem a

nossa liberdade de vir aqui pra um campi no final de semana, quando as viagens

são mais próximas, as crianças vão, elas adoram, as duas, nos temos duas

meninas, nove e dez anos, elas ficam lá na Harley no sábado curtindo aquele,

“aí mãe vamo passear, vamo passear com o pessoal da Harley”. Elas adorariam

estar aqui hoje, então a visão que eu tinha, era aqueles motoqueiros assim que

iam sair, e a liberdade, iam sair de casa e aquela coisa toda. E agora a minha

visão, eu mordi a língua né, porque mudou completamente, por isso que eu digo.

Mudou assim, as crianças, a Harley, a moto, a marca, as pessoas não

separaram a gente, não levaram só ele o motociclista. Eu vou na carona dele, e

as minhas filhas vão de carro conosco atrás dele, nos passeios. Então a gente

brinca assim, de carro de apoio.

P: A Harley permite isso?

E4: Permite, permite que a gente vá em família, tanto é que hoje tem crianças aqui.

199

E2: Falando de Harley, eu acho que ela remete muito a status, pra mim hoje, das

outras marcas, a que melhor objetiva aonde a pessoa quer chegar. As outras

marcas vai, sempre de escalonado, muitas pessoas acabam passando por uma

custom de Yamaha, uma custom da Honda, e chega, um dia eu vou ter um

Harley, quantas vezes eu ouço isto, um dia eu vou ter uma Harley, é onde eu

chego. Mas a observação de falar mais da marca e menos das pessoas, eu

convive brevemente alguns finais de semana com o pessoal da Harley, do HOG

Brasília, Rio e São Paulo, e entre os três, comparando a gente é uma cois muito

diferente, e eu conversando com o pessoal mais experiente aqui, ou mais antigo

do HOG de Florianópolis, Rex Eagle, Zuninho, Alexandre, especificamente eles

apontaram exatamente isto, o nosso HOG, enquanto muitos outros são somente

um pós venda, o nosso ele tem um Q de moto clube. E eles não sabem se um

dia vai mudar, isto, se um dia a gente vai vir a ser só um pós venda da

concessionária com é em outros estados, ou se esta característica, ficou tão

enraizada, aonde tem a união das pessoas que vai conseguir dissociar isto

novamente. Só pra completar, porque que as pessoas falam tanto, eu acho isto

muito...

E7: Só para complementar, eu acho que quando tu fala da Harley, a primeira coisa

que vem na cabeça pra mim é segurança, isto é a primeira coisa, por isto eu

acredito que muitas mulheres incentivam os maridos a comprarem Harley. Se

querem comprar moto, que seja Harley, que é uma moto que te transmite

segurança, porque eu acho que o principal medo da mulher é além desta

questão do marido sair e ela ficar em casa sozinha, é muita questão da

segurança também, porque o cara pode ir e voltar cedo, mas e se ele se matar

na estrada? Por isso que tem que ser uma coisa que te da segurança, acho que

isso é o principal da marca, o resto vem junto porque, como tem muitas

mulheres com este mesmo objetivo de família de tar junto, acaba que se une pra

tentar viabilizar que seja legal pra eles, mas que também a gente também se

divirta, aí une né, mas o principal é a segurança, que é o que te faz vir. O que

eu estava falando com o Dani, logo quando a gente comprou, eu não sentia me

divertindo, porque era um sonho nosso, mais assim a moto em sim, como a

gente não pilota, não é tão emocionante pra gente quanto é pra quem pilota, isto

200

é óbvio. Mas a estrutura que tem pro traz , faz divertir, entendeu. A moto em si é

legal, a estrutura das pessoas, as motos são muito bonitas, eu pelo menos me

divirto vendo os modelos das motos, os roncos das motos, o estilo das pessoas

as roupas, acho muito divertido, isso é uma coisa legal, sabe, que acaba te

divertindo e não só a moto.

E8: Se a minha moto não pudesse ter o ronco que ela tem, eu não teria a Harley.

Além dessa pessoa que indicou a moto e falou um monte pra gente, meu primo

o Geraldo foi a entrega, eu acho que todo mundo já ouviu falar da entrega dele

em São Joaquim, que foi num passeio, num bate fica, e ele não sabia que ia ser

um bate e fica, e quando entregaram a moto ele saiu pra dar uma volta pra

testar, tinha essa galera assim, 30 a 40 motos e entraram, esperando ele, e aí

ele mandou o vídeo pra mim, eu falei cara, isso existe? Que é a questão do

HOG, o HOG ajuda a vender Harley, ele me trouxe pra marca.

P: O HOG ajuda a vender Harley ?

E8: Ajuda, vou te falar porque, ele nos ajudou a comprar Harley, o Valdivino Mouse,

outro casal que ta aqui, ele foi num sábado num churrasco la em casa, na

segunda feira ele foi lá comprar a moto dele, depois que eu falei sobre a marca

pra ele. O meu irmão hoje, ta aqui com a gente, ia comprar uma BMW, ele falou

quero uma BMW, ele foi dar uma volta com a minha moto e voltou, "cara, agora

acho que eu to convencido" além de todo, ele já estava gostando do contexto

que ele falou que é diferente, foi dar uma volta na moto, "e cara gostei muito". E

tem mais uma amiga nossa que, quer comprar uma moto custom, e veio

perguntar pra gente, falei, cara compra Harley. "A mais eu vou comprar primeiro

uma Shadow" falei, não não, espera, junta mais dinheiro então e vai direto pra

Harley, e eu tenho certeza que ela também vai pra Harley. Então são as

pessoas, vai falando bem, as pessoas vê, eu acho, o brilho no teu olho né. Acho

que é isso, mais ou menos isso elas vê o brilho no olho, quando a gente fala da

Harley.

E2: Toda vez que tu vai conversar com qualquer um que não seja harleiro, não

consegue parar o assunto né, vai falar da Harley, vai e não consegue parar

201

.

P: Como as pessoas percebem isto, lutam contra ou a favor, ou aceitam a tua

opinião ?

E2: A família de um modo geral, ela repudia num primeiro momento. E depois eles

te ouvem falando um pouco mais e eles se apaixonam, meu pai e minha mãe

são veemente contrário a moto, tenho um irmão que se acidentou, e eles

aceitaram plenamente a ideia quando eu falei que era um Harley e falei que

andava em grupo. E os outros consumidores, eu to com um amigo na mesma

situação do Tavares, esta comprando uma moto e não tem carteira, de tanto que

eu falei incentivei, falei compra cara compra e ele ta negociando...

E4: Eu percebi aqui na nossa conversa, que assim né o pessoal fala, a tem a marca

Harley-Davidson, tem a moto e tem o HOG, né, então eu só conheço

Florianópolis, só que agora eu tive uma experiência que a gente foi á Blumenau

nosso grupo de Florianópolis, que claro vem o pessoal de Itajaí, vem de

Blumenau que acompanha, que já esta ali né, que conhece o grupo o HOG

então. E aí nos fomos a Blumenau e aí ele falou em segurança, é entrou um

jovem "vocês vão pra Camboriú?" vamos " eu vou junto com vocês". Só que

aquele jovem, não por ser jovem que eu não sei o nome dele, que entrou no

nosso grupo, é ele não entrou com o espírito do grupo, ele não desenvolveu

igual o grupo, ou seja, nos andamos sem pressa, nos andamos com segurança,

o carro quer ultrapassar que ultrapasse, que entrar no meio, entra no meio do

bando, depois ele vai sair, vai dar um jeito de sair, e esse moço ele

simplesmente entrou, eu acho que ele tava pensando que ele estava em uma

moto esportiva, porque ele simplesmente ultrapassou a gente, pegou a

esquerda, tinha um carro nós meio e foi. Ou seja quando chegou lá em

Camboriú no café, o grupo não conseguiu dar atenção pro moço.

E4: É como se ele não estivesse ali, deu um gelo, eu acho que ele sentiu, ele foi

embora mais cedo inclusive não quis ficar, ele não ficou mais tempo como o

grupo.

202

P: Existe uma auto regulação do grupo ?

E4: Existe, existe um povo dizer assim, fez alguma coisa errada, vai ser chamada a

atenção de alguma forma.

P: Daqui pra frente nos seremos mais objetivos, porque sei que vocês querem

sair daqui apouco sair daqui, duvido que vai encontra outro focus group de

novo assim, porque o brilho nos olhos e a emoção que quem ta sentindo

aqui sou eu, daqui a pouco vou começar a chorar.

E8: Choramos em vários, momentos, pedi pra ela, quero ir atrás, eu sempre vou na

frente, eu pedi quero ir atrás hoje, porque? porque eu quero ver. Eu sabia que ia

ser muita moto.

P: Vocês choraram, nº 8 e 7? Porque vocês choram?

E8: A emoção, justamento porque alguém falou aqui que as pessoas passam

filmando, e nós, a nossa vida toda a gente fez isso, passava de dentro do carro

filmando quando passava as motos e Hoje a gente ta aqui. Muito legal.

E1: Eu falei pra ele, eu ainda quero, agora conhecendo o grupo e andando de moto

com ele , eu ainda quero, falei pra ele que eu ainda quero andar lado a lado, sair

um pouco da carona, e futuramente comprar uma pra andar lado a lado com ele.

E3: Posso falar? É pouca coisa, mas eu acho que assim que todo mundo já falou é o

que eu também vou dizer, que é a parte assim, é o que o nº 6 falou é

exatamente isso, quando ele queria ter moto eu sempre dizia, entrou a moto eu

vou sair, a moto entrou numa porta eu vou sair na outra, porque eu sempre,

nunca fui a favor de moto, mas quando eu conheci a Harley, conheci também o

grupo o HOG e tudo, então assim, me convenceu demais, porque eu achei muito

mais seguro, a segurança em primeiro lugar.

P: Como que você conheceu?

203

E3: Eu fui apresentada através do meu cunhado, que nos levou né, e aí a gente

conheceu as pessoas, e foi o que me convenceu assim, eu vi as motos e aí a

gente participou de um encontro, mas aí ele ainda não tinha a moto, mas enfim a

gente já participou conheceu a turma, eu vi que era bem família, e aí depois a

gente, até eu queria fazer uma surpresa pra ele, de dar a moto pra ele de

presente não deu certo, porque o banco não deixou eu liberar{}, não liberou

porque ele é o titular da conta, não consegui fazer, mas aí deu certo, no dia do

aniversário dele, entregaram a moto dele lá em Joinville. Enfim então acho que

ele viu que ele, que a Harley me conquistou. Então assim, hoje eu to bem feliz,

não ando ainda de moto que ainda tenho muito medo, mas ainda pretendo

perder este medo, vou de carro atrás bem feliz, e eu vejo assim é o que vocês

falam, hoje eu ainda to ali filmando, tirando fotos, mas também me emociono

muito quando vejo a turma toda passando assim, o "bonde" passando, bem

emocionante.

E1: Mas acho que o auge da nossa experiência foram o desfile, das bandeiras em

São Paulo, que foram cinco mil motos fechando a avenida Paulista, cada vez

que passava no túnel, o ronco das motos, eu falei pra ele , essa eu chorei, não

tinha como, era muita gente.

P: Chorou com o ronco das motos?

E1: É assim com a emoção de todo mundo ta demonstrando assim, as motos e todo

mundo tava no mesmo pensamento.

P: E o que você sentia, com o ronco das motos?

E1: Sei lá, um extasie assim, de que eu falei pra ele, eu quero ter a minha, eu

preciso ter a minha, virou meio que o objetivo de vida, mais pra frente pra poder

andar com ele.

P: Ao tirarmos a marca Harley-Davidson, de sua moto, roupas e acessórios, o

que resta pra vocês?

204

E5: Um simples vento no rosto

E2: Uma outra moto qualquer

P: Ela não tem qualidade nenhuma ?

E2: Tem qualidade, mas ela não se vende só por isso, a gente compra todo o resto

junto, a gente ta ali pra todo o resto, a ideologia de vida, os valores que passam

por tudo.

E6: Vira uma, como se fosse uma moto, uma motocicleta como uma outra qualquer.

P: Roupas, tudo que tem na Harley-Davidson, produto a parte física, não resta

nada as roupas... ?

E6: Tira a roupa e joga fora, falando por exemplo, pegando a própria questão que a

gente vê, de malha, tem umas citações específicas, até minha esposa trabalha

com malha, tu vê que não é uma malha de qualidade. Algumas coisas assim,

não é que a moto é uma moto ruim, não é só uma marca, mas assim tem outras

motos boas, tem outras, equipamentos de qualidade. Se pegar as conversas, eu

tive contato com meu irmão, ele teve uma da Yamaha, nunca deu problema a

moto também, assim como a minha Harley até hoje nunca deu. Então vamos

dizer assim "é uma qualidade superior", se tirar todo este restante, eu

particularmente não...

E7: Eu particularmente, quando a gente comprou a moto, eu acho que algumas

coisas deixam um pouco à desejar na máquina em si. Por exemplo, a gente tem

a 1200 custom, se a gente não tivesse condições, de customizar o banco, eu

não andaria com a moto. Então eu acho que deixa muito a desejar, eu acho que

no momento da venda, na loja, as coisas deveriam ser mais claras, minha

opinião. Porque assim, se tu não tem um aparato financeiro, para comprar aquilo

que vai deixar ela confortável, você não vai andar na moto, porque ela não é

205

uma moto boa, principalmente pra garupa, eu acho que eles só pensam no

motociclista, a garupa precisa vim todo numa questão financeira confortável, pra

ti deixar ela pra ti. Eu a primeira vez que andei na nossa moto, quando eu sai da

moto eu chorei, falei Daniel eu acho que a gente vai ter que devolver, eu não

consigo andar com esta moto. Então a gente gastou mil reais pra deixar ela boa

pra mim, que uma pessoa que só tem o dinheiro pra moto, tá ferrada, neste

ponto eu me decepcionei um pouco.

E4: É, quanto custa a Fat Boy? Quarenta e quatro mil Reais numa moto, pra um

banco de carona, cujo o limite operacional da bunda feminina é 150 quilômetros.

Gente, dói demais, dói demais, então, só que agora nos estamos numa dúvida

né, ou ele fica coma Fat Boy e a gente compra uma outra moto pra mim que

piloto, e vou junto, ou a gente compra uma Ultra, mas ele não se vê numa Ultra,

eu disse pra ele pô, entre comprar outra moto , trocar por uma Ultra, que tal a

gente trocar de banco ? Mas eu acabei dar uma olhada por aí, é uns mil que

quinhentos Reais, pra botar um confortinho bundál{}. Então quer dizer, é tudo

muito caro na Harley, mas é aquele negócio, conforto conforto, acho que só a

Ultra, que não me deixaram colocar o traseiro lá ainda. Aí assim, eu prefiro

assim, vamo trocar de banco por enquanto, mas eu digo pra vocês assim, tipo,

malha como ele esta falando, se for falar de marca aí, e acessórios essas coisas

todo, marca tu vê as marcas dos Estados Unidos, e as marcas aqui de

Florianópolis, pelo amor de Deus, aqui de Florianópolis, dá 3, 4 lavadas numa

preta, na máquina, ela já deixa de ser preto, agora tu compra lá fora, oh, vai na

máquina, ++ vai e ta sempre nova. As roupas que eu comprei lá fora são muito

melhores e duram mais do que as roupas que eu comprei aqui em Florianópolis.

As roupas da Harley

P: Mais alguém pessoal, em relação ao que fica, tirando o emblema?

O som, só fica o ronco

P: Se colocarmos novamente a Marca Harley-Davidson em sua motocicleta, o

que mudaria na sua percepção?

206

E4: Estilo e status

E7: Tu suportaria, porque ta em cima de um Harley

P: Como característica

E7: Porque tu compra porque te venderam o que é bom, então tu acredita que é

bom. Se ta doendo mas é bom né.

E8: Se eu tivesse feio o test drive nessa moto eu não teria comprado ela.

E5: Eu trago uma história, com um tanque foi desenhado em mil novecentos e lá vai

bolinha, com aqueles dois pistãozao deste tamanho batendo e tremendo pop

pop pop pop, é isso.

P: O que vocês esperavam da marca Harley-Davidson, antes da compra da

primeira motocicleta?

E2: Eu não esperava quase nada. Eu esperava o que qualquer outra marca fosse

me dar antes da compra, e logo após a compra, logo após o primeiro passeio, eu

descobri um mundo que eu jamais pensei que fosse possível, e hoje digo que

com as outras marcas não tem, com a Harley eu tenho.

E1: Eu esperava segurança, de andar na moto.

E5: Eu esperava uma união em grupo network, e eu consegui.

P: Quais os foram os fatores que mais te motivaram na aquisição de uma

Harley-Davidson ?

E5: A história.

207

E7: Segurança.

E6: Foi meus irmãos, comprei muito pela insistência, conversa, ideia deles mesmos,

depois que fez a compra vem o todo resto, e você descobre o mundo que tem

por traz disso.

E6: Com relação à questão da Harley, a questão da moto com certeza, é muito mais

do que eu esperava, eu esperava que fosse algo, que fosse trazer essa união

entre eu e meus irmãos. Tanto hoje como mora cada um em um canto a gente

se vê pouco, então seria pra juntar os três, e hoje se mostrou muito ais do que

isso.

P: Qual foi o sentimento de vocês no dia da compra, da primeira motocicleta?

E5: Tenso

E8: Euforia

E2: Ansiedade, euforia. Ainda mais que a minha levou 15 dias pra chegar e eu tava

justamento indo viajar para os Estados Unidos, ficar mais 15 dias fora, eu quase

cancelei a viagem, pra pegar a moto se não chegasse, não cancelei, mas a

vontade deu, chegou a pensar sobre isso.

E4: Senti uma raiva, uma raiva, o marido tinha comprado escondido de mim, muita

raiva

P: E pra reverter isto, levou muito tempo?

E4: Não, não levou, inclusive Assis, quando ele enche muito o "saco" assim, quando

ele esta estressado, eu digo assim, vai dar uma volta de moto, aí ele volta

bonzinho, bonzinho.

208

P: Quais foram as barreiras que vocês encontraram, na entrada da cultura

Harley-Davidson ? Para entrar na cultura Harley-Davidson, pode haver

alguma barreira, vocês encontraram alguma barreira?

E2: Eu acho que a barreira que aperta as vezes é a financeira, tudo é muito caro,

seja o banco para fazer, uma roupa pra você usar ou pra ter, eu comprei alguma

coisas fora, porque o custo pra mim aqui é inviável.

P: Vocês sentiram alguma momento dificuldade de acesso as informação, pra

onde o grupo ia, o que fazer como fazer, ou tentaram conversar com

alguém, foram excluídos, ouve algum preconceito?

[[ Não

E6: Muito pelo contrário, a receptividade sempre foi muito boa, isso que é o que mais

impressiona, chegar se ser muito bem recebido por pessoas que até tu então

nunca conhecia. Eu obviamente tive um fato que me ajudou, que é o fato de meu

irmão já estar ali dentro, mas mesmo assim de primeiro encontro que a gente foi

de conversar com pessoas que nem tava próximo, que nem foi ele que me

apresentou e conversava muito bem interagia muito bem, então neste sentido

barreira ++, com exceção obvia essa, uma questão de adaptação nossa de

tempo, assim hoje por não estarmos em Florianópolis a gente acaba tendo que

fazer um esforço pra conseguir participar, a gente tem um acordo em casa de

pelo menos uma vez ao mês de tentar ir pra Floripa pra participar desse grupo, e

isso, e a outra essa questão financeira que impacta de fato, qualquer coisa que

tu vai fazer ali dentro, seja uma adaptação na moto, seja uma roupa, uma

revisão acaba impactando.

E7: Eu acho que mulher é um pouco mais difícil, porque o homem, como ele pilota

ele conversa com os outros, geralmente o assunto começa pela moto, daí depois

vem outros é mais fácil de tu fazer conexão, nós como a gente vai na garupa, é

difícil tu ter assunto, mas assim, vai muito da pessoa também, da pessoa se

esforçar e tentar se enturmar, mas eu acho que pra mulher talvez seja um pouco

209

mais difícil entrar, depois também...

E4: Eu pensava assim que, na Harley só tinha mulherada rica, fresca... Eu não

conhecia a Harley, então o primeiro encontro que ele me levou lá no sábado, eu

disse assim, elas vão encontrar só mulherada entojada, sou muito simples, sou

de boa e tal né, e aí eu já cheguei lá e já tinham duas novas, que já chegaram

"oi tudo bem" meio tímida e já fomos conversando, aí depois já veio a mulher do

Poeta (membro do HOG, da diretoria do HOG), já abraçou, já beijou, veio

conversar comigo, inclusive hoje pra mim, assim eu me divirto vindo, tanto de

moto quanto de carro com as crianças, e hoje é a primeira experiência que eu

tive, a Carmem e o Poeta, a mulher do Zunino que são da diretoria do HOG,

elas me ofereceram carona, eu vim de carona com elas, e aí em Tubarão

pegamos mais uma, no meio do caminho teve outra que tava com enxaqueca

que é a primeira vez que ela veio num lugar assim, e entrou no carro também e

aí uma já deu remédio, a outra também já deu remédio, e aí ela disse "aí gente

que coisa boa, eu nunca vim porque eu não conhecia ninguém eu achava que

era muito difícil, era minha dificuldade", pronto acabaram suas dificuldades,

Silvana, Cirlene, Carmem, Raia, e aí a gente se apresentou e estamos aqui

super bem.

E2: Queria completar uma outra dificuldade que lembrei, só a Ultra tem o radio PX

pra conversar. Eu queria ter um rádio na minha pra conversar com todo mundo

também, não tem e não tem opção de comprar, a gente ta tentando ver um rádio

mas não tem.

P: Porque é comum observar vários HOGs, desfilando em um comboio de

motocicletas?

E2: Eu vou usar a resposta do 5 no primeiro momento, o espírito de liberdade que eu

acho que o grupo transparece, todo mundo olha pra ti e quer ta ali onde você tá.

E entra um pouco do status da marca, entra um pouco ++ Então a gente tá onde

todo mundo gostaria de estar, tocante a liberdade, estilo de vida status enfim.

210

E8: O ronco da minha moto já é bom, imagina de quarenta junto, muito melhor. No

túnel, foi assim sensacional, entrando no túnel, muito bom.

E5: A coordenação, a organização como a gente roda, isso é singular.

E7: Eu acho que, tem muito mais pessoas que tem Harley do que pessoas que

andam no HOG. Eu acho que o HOG reúne pessoas que tem esse perfil que

querem grupo, mas também tem gente que tem a sua moto, a sua Harley e não

gosta, acha uma nóia ficar andando em comboio, é porque a gente juntou, que

são pessoas que foram pra Harley, buscando isso. Então pra quem busca isso é

a única opção de marca que te da isso, mas nenhuma outra marca vai te dar

esta questão de comboio, passear todo mundo junto, e acho que é por isto que é

comum tu ver né, que é a única marca também que a gente vê fazendo no nível

que a Harley né, de organização.

P: Quais são os prós e contras desta prática, em andar em comboio, com o

HOG?

E8: Nem todas as pessoas que andam em comboio, tem experiência, primeiro de

estrada independente de moto ou carro, são pessoas muitas vezes que

trabalham dentro do escritório e só andam de moto no final de semana, e muito

pouco. Então tem a questão da pratica mesmo, então tem pessoas que a gente

vê que tem uma dificuldade muito grande, e isso pode vir a causar algum

acidente, acho que é o ponto negativo. Ponto positivo é que essas pessoas

sempre são ajudadas pelos mais antigos, sempre são orientadas, meu primeiro

passeio, o Chiquinho e o Poeta que eu não conhecia, nunca tinha visto ele na

vida, eles me pegaram como se eu fosse um irmão deles, filho, se vai entrar na

minha frente, um se vai entrar em tal lugar, se vai entrar do meu lado, e o tempo

todo na viagem, olhando perguntando se ta tudo legal se ta tudo certo. Então o

ponto negativo é que pode causar algum acidente com pessoas inexperientes, e

o positivo é que os outros ajudam essas pessoas que...

E2: Concordo com ele também.

211

P: Como os integrantes do HOG, se comportam entre si, quando reunidos?

E2: Agindo da melhor maneira possível, e dentro daquilo que se pode esperar de

um grupo desses. Só pra pontuar, nunca vi uma discussão entre os membros.

E7: Eu e o Dani, a gente sempre foi bem atuante da igreja, católica, a gente durante

sete anos participamos de um grupo de jovens, que a gente era bem ativo bem

atuante. E a gente até estava conversando sobre isto na semana passada,

dentro do nosso grupo da Igreja, a gente não encontrava as atitudes que a gente

encontra na Harley, que não é nada, ninguém sai pregando nada, ninguém sai

falando da religião de ninguém, ninguém ta dando lição de moral, ninguém esta

estudando a bíblia, mas as atitudes das pessoas é mais Cristã do que as vezes

você tá la dentro de uma igreja rezando o final de semana inteira e quando sai

de lá, como a gente teve experiências de sair de lá e as coisas não serem bem

assim. Acho que quem busca a Harley já são pessoas com esse objetivo, e

quem não é assim, ela é excluída automaticamente, a pessoa não se sente bem

no HOG.

P: Alguém discorda disso, em algum nível?

E3: Eu quero complementar, eu acho a Harley como família como já foi várias vezes

falado, acho que é um aconchego, um acolhimento muito gostoso, que a gente

se sente seguro.

E4: O grupo, ele age com muita liberdade, com muita naturalidade, não ficam

grupinhos fechados, panelinha fechadas, eu que sou novata, digamos assim que

estou aqui participando do grupo a um ano, eu tenho liberdade pra chegar lá no

Zunino, quando ta com o Poeta, o grupo da diretoria do HOG, estão numa

mesinha, eu tenho liberdade pra chegar lá e "dá licença, eu queria ver isso ++" e

eles atende a gente, param tudo eles atendes, é tudo como muita naturalidade,

liberdade e é gente do bem.

P: E os passeios como são?

212

E8: Maravilhosos, perfeitos, bem organizados, seguros, todas as paradas

programadas são bacanas, enfim.

E7: Eu acho que a medida que a gente vai ficando mais velho, falei isso pro Dani, e

a gente ainda não tem filho, que a hora que a gente tiver filho é mais ainda, a

gente fica com a nossa vida muito restrita a vida familiar, pai, mão e filho né,

irmão, não tem essa vida fora, eu acho que a Harley é um, os passeios são um

momento de tu dizer assim, "não opa pera aí, esse aqui é meu momento",

porque os passeios eles são organizados, tu sabes a hora que vai chegar e a

hora que vai voltar, os passeios são seguros, então se você tiver filhos pode ficar

tranquilo deixar na casa de alguém que tu sabe a hora que tu vai chegar, sabe

que vai chegar com segurança, e é uma maneira de tu ter vida, principalmente

do casal, mesmo depois que casa, que tenha filhos, continuar com a cabeça

jovem né.

E4: Só um detalhe, que eu achei muito interessante que é assim, além dos passeios

organizados pelo HOG, existem um que tem mais afinidade com outro, ah hoje u

vou numa pizzaria, fulano vamos? Ciclano vamos?. E aí a gente, quando a gente

é convidado a gente vai, e chega lá assim, " não trouxeram as meninas porque

?". Sabe, ainda tem aquela cobrança da gente, da família," a gente ta com

saudades das meninas", isto é muito gostoso de ouvir de pessoas que você

recém conheceu, pessoas que tem ++ não precisa gostar de mim, goste dos

meus filhos das minhas filhas que esta tudo bem.

E2: Os passeios pra mim são os melhores momentos da minha vida ++ Eu adoro,

espero a semana inteira o passeio de sábado, e se der algum problema na moto

ou outro compromisso profissional que eu não posso ir, chego a ficar com

urticária em casa, ou trabalhando esperando o próximo semana que vem.

Inclusive fui fazer o discurso do Road Cap foi terrível né, que tu não pode

participar do passeio né, que agonia que dá isso.

213

E8: Por muito tempo, a muitos anos eu não tinha mais esta expectativa de chegar o

sábado, que as pessoas, chegam no domingo a noite " ah a amanhã é segunda"

eu não, sempre gostei muito de trabalhar, graças a Deus eu trabalho em algo

que eu gosto, então eu tenho prazer, trabalhar então, não fica aquela coisa

assim, vai chegar sábado ++ agora não, da quinta feira já começa, amanhã eu

vou dar um jeito de rodar com ela, aí já pego na sexta pra visitar um cliente, pra

dar uma volta, lavar, encher o tanque, torcendo pra chegar ao sábado pra poder

rodar.

P: Como vocês acreditam que as pessoas, os expectadores, percebem os

passeios do HOG ?

E8: Já foi falado bastante, mas é a sensação de liberdade que a gente passa pra

eles

E5: União

E4: Eu vejo sorriso, no rosto das pessoas quando a gente passa, as crianças dando

tchau.

E8: Desperta o desejo neles

P: Com você se sente, sobre os olhares dos expectadores desse passeio ?

E5: Uma estrela

P: E os passeios promovidos por outras marcas de motocicletas, como são ?

E2: Existe ?

E8: Que eu já ouvi falar, enquanto que a gente sai da concessionária, passa no

pedágio, todo mundo passa sem se preocupar em ficar catando dinheiro que é

ruim isso, é chato pra quem ta de moto, porque é pago pelo HOG, e tudo com

214

conforto, nos outros grupos, eles apostam corrida pra quem chegar por ultimo no

pedágio, pagar, não vejo diversão nisso.

P: Filme Wild HOGs, Motoqueiros selvagens, um clássico dos cinemas, revela

a aventura de quatro motociclistas Norte-Americanos, cansados de sua

rotina, como você se sente enquanto integrante do HOG, em comparação

aos motoqueiros do filme ?

E2: Me sinto um deles.

E8: Ainda não, porque teria que ter coragem também, de largar, abandonar...

E4: Se meu marido fosse sozinho eu ia me sentir a mulher de um deles

P: Porque Vocês acham, que os motoqueiros do filme, usavam roupas pretas,

e quentes ?

E2: Pelo mesmo motivo que a gente usa, por ser característico da Harley

P: Quais são os motivos?

E2: Status, identificação do grupo, identificação com a marca, segurança também,

uma grande, resistência à “brasileiridade". E o estilo também.

E8: Pela estética, que combina mais o preto com a moto, com o estio de moto

E7: E também são as opções né

E9: Gente assim, o bacana disso aqui é o seguinte, esta situação do preto, tal e tal,

é a mesma coisa da simbologia da caveira né, todos somos iguais, então esta

questão da roupa preta e todo mundo, tem esta simbologia de dizer, aqui a

gente, somos um grupo de motos mas todos somos iguais, não existe classe

social, não existe diferença, existe sim, um grupo de amigos pra se divertir,

então acho que isso é um ponto muito importante.

215

E7: também as opções né, talvez se existisse mais opções de compra de outras

cores talvez eles teria mais cores, mas a maioria das coisas que a gente vê de

moto é preto.

E3: Primeira vez que eu fui num encontro da Harley, eu fui de rosa, me senti um

peixe fora d'água.

E1: A minha jaqueta é branca, assim, eu fujo um pouco do padrão, meu lenço é

roxo, a jaqueta é branca, mas pra mim tranquilo, eu não me importo muito não

P: Tu já estas, quanto tempo na cultura, HOG ?

E1: Agosto (4 meses).

E4: Tá vindo e eu gosto muito do cinza, que também esse eu acho que pegou um

pouco mais do que o rosa, já que é pesquisa de marketing né?

P: A BMW usa muito o cinza né?

E4: É, vou trocar

P: Assim como no filme, porque muitos membros HOG, alteram o

escapamento de sua motocicleta ?

E8: Pela emoção que passa o som, você não precisa nem subir na moto, você liga

ela e acelera, você já se emociona.

E9: Sensação de poder, eu acho que a partir daquele ronco ali entra na gente ali,

sente poderoso, quem ta na rua te vê, então eu acho que linka esse, o povo que

fora e a gente que ta dentro da a sensação de poder.

E5: É como você escutar um rock pesado do bom, com o volume no mínimo.

216

E7: Eu acho também que é uma questão de, customizar a moto, porque pelo ronco

da moto, que tu coloca, tu meio que se identifica também né. Eu as vezes o Dani

ta chegando eu já sei que é ele, e as vezes ta passando outra moto, eu sei que

não é ele, porque já identificou, então acho que isto tem muito a ver, que tu

cosegue achar um ronco...

E8: E pessoas que não tem Harley, que não conhecem tão bem, muitos não sabem,

que a moto não vem com aquele ronco ali. Todos eles acham, que o ronco é

original, vários amigos meus, o que eu mais gosto da Harley é o ronco né, eu

nem falo.

P: Comente sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como nos

filmes norte-americanos?

E2: Faz parte da vestimenta, faz parte de tudo

E3: Cultura

E4: Conforto também né, porque o lencinho aqui ele de dá, o conforto protege.

E7: Necessidade, porque a gente, pelo menos a mulher porque a gente já sai

vestida meio homenzinho, se tu não bota nada, nem um lencinho, nem um

negócio, pelo amor de Deus, não da pra olhar.

E9: inclusão de grupo, eu acho que essa identificação como eu falei daquela vez lá

de todo mundo estar de preto e tal, e ta tu se sentindo igual, acho que o uso das

tatuagens enfim qualquer tipo de identificação que faz a, a incorporação do

grupo, faz a gente se sentir junto na fantasia, na união, então acho que isso faz

muito parte, dessa sensação aí do HOG.

P: Alguém usava antes de comprar algum desse lenços, acessórios,

tatuagens, usavam alguns desses, antes da Harley ?

217

E8: Não

E5: Só tatuagem

E3: Não

E7: Não

P: E hoje em dia usam?

E3: Sim

E2: Sim

E5: Sim

E6: Não

E9: Sim

E4: Nos passeios, só.

P: Alguém tem tatuagem Harley-Davidson ?

E5: Ainda não.

E8: Ainda não.

E9: Ainda não.

P: Muitos HOGs, costumam andar acompanhados de uma pessoa em sua

garupa. Qual é o papel da garupa nesta cultura, da Harley-Davidson?

218

E9: Companheirismo

E4: Concordo.

E8: Companheirismo, e faz parte do meu sonho, o meu sonho não era andar

sozinho.

E2: Incentivo.

E7: Eu sempre falo pro Dani, eu acho muito bacana, quando eu vejo mulher

pilotando. Mas eu ainda sou garupa, eu não sinto a necessidade de andar lado a

lado, porque pra mim a emoção é ele estar no controle e eu tar acompanhando,

isso pra mim é o que é o, é o que é o legal assim não, não tenho a essa

necessidade de, pra mim a minha diversão é essa, bem definido.

P: Quem decide sobre as compras de produtos HD? O garupa de alguma

forma, opina ?

E7: Só o garupa.

E7: Quando eu conheci o numero 2, o 2 tava lá na concessionária, com a moto sem

sissy bar, dizendo que não ia colocar o sissy bar, porque ia ficar muito feio. Hoje

a moto dele tem sissy bar, porque será que é né ?

E9: Agora eu acho que, como se anda em grupo né, com a esposa ou namorada,

enfim, eu acho que a influência é bastante direta Primeiro assim porque, a gente

se torna uma família, acho que isso é a essência do HOG, todo mundo tá aqui,

mais a gente vê como, o encontro que a gente foi lá em São Paulo no Harley

days, tudo mundo lá da maneira, cabelo cortado, isso , tatuagem isso e aquilo,

enfim, da tribo que fosse, na realidade, na hora que tu vai ti misturar como o

pessoal, tu vê que não é nada daquilo, né daquela primeira ++ impulso negativo

que se tem, mas pensei pô, é tudo pessoa gente boa, que trabalha, que tem

aquilo ali como lazer, como diversão, então isso é um ponto bem importante

219

assim, de ressaltar.

E7: É porque eu falei, as vezes eu e o Dani, a gente participou durante sete anos de

grupo de igreja, que é ao contrário, que tu entra num grupo, que só porque é

igreja tu pensa que tu tá, pra santo né, vai dar tudo certo, daí tu vê, que tu vai

num grupo, que tu olha assim pô, só tem bandido...

E9: Os bandidos também amam e são bonzinhos{}.

P: Como é a vestimenta, de uma legítima garupa do HOG ?

E7: Descabeladérrima

P: É diferente de um HOG motociclista, ou de uma HOG, quem tá atrás, se

veste diferente?

E8: Não.

E9: Eu acho que a cultura é a mesma, todos iguais, aquela situação que eu volto

esse foco aqui, eu penso o seguinte, que cada um tem uma maneira de se

identificar e de se expor né. Mas a gente acaba meio que o preto e tal, todo

mundo se padroniza, acabam se padronizando, mas acho que é por aí. cada um

tem um estilo mas padroniza.

E4: Eu amo meu marido, porque ele deixa assim, igualzinho ele, ele compra colete

pra mim, assim de presente de aniversário amanhã, ele manda borda, ele me

inscreveu no HOG. Então assim, eu chego em casa, e ele ta com surpresa pra

mim de aniversário, pra eu vir hoje aqui, um colete, mandou na costureira,

mandou borda, e tudo pra eu ficar com ele, ele tem o dele ele quer que eu tenho

o meu. É muito fácil ir na loja, e comprar uma camisa uma camiseta, comprar

um próprio colete, agora dispensar um tempo pra ir lá na costureira, fazer uma

surpresa, pregar os brochezinhos e tal, e levar lá, esse tempo vale muito, é

220

amor mesmo, que a gente vê pra ser cada vez mais companheiro.

E7: Mas é tão bonito, que até quem vai de carro, isso que me encantou, até quem

vai de carro vai do mesmo jeito. É muito engraçado, pois até quem vai de carro é

influenciado. A pessoa sai do carro "meu Deus ela tá de carro, ou tá de moto?",

já sai na panka assim, é muito legal.

P: Quem vai de carro no encontro, também vai com a roupa do HOG, quem vai

de carro utiliza algum acessório da motocicleta no carro, da marca no

carro? Tipo adesivo?

P: Quem é que tem adesivo no carro?

E3: TEM

E4: TEM

E4: Hoje vim de carro, vim de colete cheio e broches, vim de lenço no pescoço a

viagem inteira, e ainda participei de todas as fotos oficiais.

P: Comente sobre a participação dos membros da família. De membros não

HOG em encontros do HOG.

E5: Ficam encantados.

E2: Concordo, inclusive meu filha tá aqui hoje.

E1: O filho dele, hoje veio de carro, daí ele " quando eu vou andar de moto, quando

que eu vou participar, quando que eu vou entrar".

P: Quais são as características que definem, um legítimo HOG ? Em relação a

vestimenta, o que define, vocês conseguem visualmente identificar quem

esta entrando na cultura, quem é um HOG quem não é um HOG, quem está

221

no núcleo, só olhando? As mulheres devem ter um percepção superior eu

acredito.

E7: O que mais mudou em mim foi a simplicidade, apesar da marca, ser um marca,

a moto ser uma moto cara, as pessoas são simples. É ao contrário porque eu

trabalho maquiada a semana inteira e chegar o final de semana, e eu as vezes

ah vou me maquiar sábado, putz. E aí hoje, eu nunca saia de casa com a cara

limpa, hoje eu vou andar de moto, e, aí que bom, que é um dia que eu sei que

eu não preciso ficar passando base né.

E8: Os outros grupos que a gente participa, fora da Harley e do HOG, que teriam a

mesma, vamos compara com classes sociais e financeiras, parecidas com estes

que estão aqui hoje, nenhuma pessoa viria pra um campi, então aí já muda.

E9: Eu acho que as pessoas abrem mão do conforto, pela convivência mútua, dos

membros do HOG, acho que talvez, poderia estar num hotel cinco estrelas ou

não, "não vamos todo mundo pro campi, vamo", mas porque, porque, ta em

grupo, vamos curtir a história...

E1: Eu nunca acampei na minha vida, é minha primeira vez, eu falei pra ele, seu

sempre me recusei a acampar, não é meu estilo ++ Mas eu falei, bom, vamos

com o grupo, vamos de Harley, então vamos.

P: Qual é a vestimenta de um HOG?

E2: Vestimenta de Harley.

E8: Calça jeans, camisa geralmente preta, colete ou jaqueta, preto colete do HOG,

boton.

P: E como que é o comportamento desse membro? Como é o comportamento

genérico de um membro do HOG?

222

E9: Queria colocar que inclusive, acrescentar na anterior, que eu até mudei, de

barbear, deixar no estilo mais Harley, a gente acaba invadindo a nossa vida

pessoal e profissional também, e misturando com esse estilo de vida Harley né,

eu acho que isso é um ponto importante.

P: De onde vem o estilo barba na Harley, de onde tu importou essa

característica, essa relação, como tu relaciona a barba com Harley-

Davidson ?

E9: Eu penso o seguinte, que a partir do momento que tu precisa ter uma

identificação diferente dos demais, e tu acaba criando um estilo, pô eu vou ter

um estilo de vida, acho que essa situação da Harley, traz muito o estilo de vida.

E9: Eu quero contar uma história minha, específica, eu fiz a rota 66 em 2012, lá de

costa a costa, e quando eu percebi durante essa travessia lá no deserto e tal e

tal, o estilo de vida dos americanos, que os caras tinham a barba maior ou o

cabelo, eles não estavam nem aí pra aparência, mas sim um estilo em estar

levando com leveza a sua vida, realmente tendo a própria satisfação de ter uma,

o que a gente leva na vida, é só o dinheiro é só e aquilo, não, tem que ter a

satisfação do que tu vive. Então acho que esse ponto, é o ponto principal que

me fez vim também pro HOG, participar e os amigos, o estilo de vida, e também

passou pela característica até de ter a barba e tal, acho que isso foi uma coisa

que modificou.

P: A barba esta diretamente relacionada ao fato de não precisar se barbear

todos os dias. Mas isso não vem importado um pouco, o estilo a forma de

fazer, o cavanhaque e tal, não tem um pouco de importação, da

internacionalização da cultura norte-americana?

E9: Tem, como a marca é norte-americana, a gente acaba muito focando no que o

americano tem de bom, e a gente gostaria de ter no Brasil, então como a marca

esta investindo muito forte aqui, a gente acaba meio que sofrendo essas

influências e vendo o que poderia ser melhor.

223

E4: A barba tudo bem, mas não precisava importar a barriguinha também né.

P: Mas inclusive a Harley-Davidson faz colete P, M, G e GG, que não fecham

na maioria das barrigas, mas ela vende o extensor, então ela é conivente

ou até complacente com essa. Então eu acredito que faz parte do estilo

Harley-Davidson, nossos principais Road Captain utilizam a...

E9: Eu quero até colocar um negócio, eu sempre andei de esportiva durante vinte

anos da minha vida, sempre andei de tudo conter tipo de moto, roda Brasil... E

agora estou no HOG em função dessa viagem que eu fiz lá nos Estados Unidos,

e aí me apaixonei pela Harley, pelo estilo de vida, por tudo isso. Engordei quase

dez quilos, nesses últimos seis, sete meses, em função que eu tinha aquela vida

saudável de corrida, isso e aquilo, e a Harley acaba que, relaxando. Aquela ah

não vou com os amigos é de moto, então tu acaba, vou fazer bicicleta ou corrida,

a não, vou de moto, tu para já bebe cerveja...

P: Com base nisso Harley-Davidson te reporta a algo insalubre?

E9: Acho que sim, nesse sentido corporal sim, é insalubre porque te deixa mais

malandro no sentido de, que tudo quer fazer mais devagar, aproveitando,

observando, tu acaba deixando de lado algumas...

P: Comportamentalmente a cultura te reporta, a uma ociosidade.

E9: E eu até estou mudando esse meu comportamento, já prometi pra mim mesmo

que eu vou perder esses dez quilo que eu ganhei, e já estou trabalhando pra

isso, mas nãoé fácil.

E2: Eu não concordo com essa observação, eu acho que nós, na verdade

aprendemos ter uma outra visão da vida, aonde o meu corpo, seja porque vou

reencarnar um dia ou porque eu não vou durar pra sempre, não preciso cuidar

tanto dele, preciso cuidar um pouco da higiene mental, psicológico do estilo de

224

vida e liberdade, então você dá valor pra isso, ao estar no grupo , ao estar

andando de moto, e não tanto por manter o padrão de rígido de atividade física,

alimentação saudável e 100% saúde né.

E7: Eu acho que, a moto, não só a Harley, a moto te deixa mais suscetível à se

descuidar, por causa desde as roupas que tu usa, até os tipos de passeio que tu

faz, tu acaba descuidando um pouco da tua aparência, porque aquilo que o Dani

falou, qualquer grupo que a gente for, que não seja na Harley, a gente vai

sempre, muita mais arrumado, do que tu vai num passeio de moto. É maquiada,

é salto, a roupa mais curta, agora no passeio de moto, tu já vai um pouco mais a

vontade, então ++, e também assim, a atividade física, muito tu faz, por exemplo,

aí dá um dia de sol, se tu não tem moto, da um dia de sol, ah vamos dar uma

caminhada, eu e o Dani, a gente era "rato de praia", nessa época a gente já teria

ido na praia umas vinte vezes, desde quando começou o verão, a gente não foi

na praia nem um dia ainda. Porque da um dia de sol a gente quer rodar, então é

isso.

E8: O pessoal que teve esportiva sabe, que o pessoal de esportiva anda todo

bombadinho, de camiseta regata, e aí bota a sua esposa, ou mulher, namorada.

Bombada também "panicat".

E9: Quando eu andava de esportiva, eu tinha cuidado com a alimentação, bábábá

++, eu 100% tá. Então assim, eu fazia academia e tal, não que eu não faça hoje,

mas eu tinha uma preocupação estética muito maior. E aqui já na Harley, já não,

a gente tem uns roteiros mais gastronômicos, foi isso que eu percebi.

E4: Só quero ter uma observação, já que é pesquisa e esta sendo gravado, que o 9

disse, a gente come deve ser, veja, uma coisa muito importante que eu gosto de

dizer, quando o passeio é bate e fica, o pessoal toma cerveja, quando é um

passeio bate e volta, o pessoal toma cerveja sem álcool, ou na volta.

P: Como é visto um HOG, que toma cerveja com álcool, num evento bate e

volta?

225

E9: É reprovado

E1: É comum na verdade, o 7 já falou, ele é automaticamente excluído, ou alguém

vá chegar e falar né.

E2: Eu vi pessoas tomando cerveja em bate e volta, e teve chamada a atenção por

outros membros, dizendo que no meio do grupo não, porque ele coloca não só a

vida dele em risco, mas a dos outros.

E9: Todos os passeios que eu fiz até hoje, quando eu fui beber, sempre deixei a

moto no hotel, fui de taxi ou de van, voltei e no outro dia, sóbrio, já tomado café

tal, tranquilo, embarquei na moto, então esse negócio, sempre a gente teve essa

cautela, acho que isso é um negócio bem interessante que a Harley prega

bastante.

P: A Harley-Davidson, disponibiliza uma série de acessórios e peças, para a

customização de sua motocicleta, como você, customiza a sua HD?

E2: O máximo que o dinheiro permite.

E9: Eu penso o seguinte, que todo mundo que compra a sua Harley, ele pensa em

sempre melhorar e colocar alguma coisa, a gente acaba gastando 20 ou 30%,

esse é meu cálculo, do custo que a gente investiu na moto em acessórios, talvez

não seja imediato, talvez seja num prazo de 3, 4 anos, mas quando ele acaba de

customizar ele vende e começa outra.

E8: Agente customizou, pensando no conforto também, no nosso caso.

E6: Eu acho que, são exatamente as duas coisas, primeiro a questão do conforto,

que a moto ela vem seco, eu comprei a moto recente, já tem uma lista das coias

que eu quero fazer, metade dessa lista é voltado para o conforto de uma viagem

longa que eu quero fazer, a primeira viagem longa que eu fiz, já vi cara, a moto

226

não é pra isso, tem que customizar pra conseguir fazer rodar mais tempo. E

segundo pensando em estilo, dai você também olha a moto e fala pô, mas

pedaleira não vai te trazer um conforto, mas, tem uma que é mais bonita,

manopla, não vai te trazer tanto conforto, mais é mais bonita, acho que é são as

duas vezes que acabam levando a vontade de customizar, estilo e conforto.

E7: Na realidade esse já é o objetivo que a gente reclama, mas acho que aí vem a

marca, eu acho que a Harley já sacou isso, então ela sabe que ela não ganha na

moto, ela vai ganhar naquilo que você vai ser obrigado a colocar pra conseguir

rodar...

E9: Ganha na moto e na customização.

E7: Mas eu quero dizer assim, tipo se tu, é uma questão de necessidade entendeu?

Tu customiza não só porque tu quer, mais também porque tu precisa, senão tu

não roda, se não customizar.

P: Como vocês veem o uso de peças não originais, Harley-Davidson, na

customização de uma legítima HD?

E5: Totalmente inaceitável.

E9: Também não vejo eu comprar nada fora do original.

E8: Discordo, eu comprei o sissy bar, o banco eu mandei fazer fora, porque não

tinha do jeito que a gente precisava, pra nossa necessidade, eles não tinham lá,

tive que fazer fora. O sissy bar, esse eu poderia ter comprado lá, mas só que o

preço, custou cinco vezes mais barato, aí é muita diferença, se fosse o dobro eu

ainda eu ainda pagaria, mas cinco vezes, e a descarga, o escapamento que eu

coloquei lá, não era original, eu botei lá dentro, e não era original, não dá pra

dizer que é tudo original, porque eu coloquei lá, depois eu descobri que não era

original.

227

P: O número 5 comentou que é inaceitável, teria algo pra comentar em relação

a isso?

E5: Sim, pontualmente no meu caso, pra mim é inaceitável, eu não me vejo

colocando por exemplo, uma pedaleira customizada do mercado geral numa

Harley-Davidson, eu não colocaria, eu selecionei um tema pra minha moto que é

Skull, e é o que eu coloco, eu sigo essa linha, entendeu ?

E2: Eu concordo com o 5, eu só colocaria uma coisa não original, como no caso do

Daniel, por não ter a opção, por não conseguir pôr por uma razão, senão só

original.

E6: Eu acho que assim, vai muito do item que esta sendo adquirido, quando você vai

pra um item que envolve identidade da moto, no caso de uma pedaleira, uma

manopla, tende-se a buscar algo que seja original, pra manter a identidade com

a marca, com a Harley como estilo. Quando você vai pra algumas outras coisas

que envolvem conforto, a própria questão do escape, o escape não tem né, não

existe um escape Harley, tem o Screamin Eagle que é difícil você achar, na

própria Harley vende o Custumer, que não é Harley. Banco, os bancos originais

também não são confortáveis, inclusive tem empresas renomadas fazendo

banco pra Harley, porque o original não é confortável.

P: Quais são as principais customizações feitas pelo pessoal da Floripa

Harley-Davidson?

E7: Banco.

E8: Escapamento.

E9: Eu acho muito fraco o da Floripa Harley-Davidson a questão de acessórios,

sinceramente, eu no meu trabalho acabo viajando muito pra fora, acabo

trazendo de fora, dos Estados Unidos que é muito barato, chega a ser 5, 6 vezes

mais barato todas essas questões, então assim, tipo o escapamento, agora, vou

trazer agora em dezembro tive vendo lá US$ 389,00. nós estamos falando em

228

torno de R$1000,00, pô aqui eles querem R$ 2800,00 pra minha moto, mesmo

escapamento, então acaba fugindo muito da realidade né, tipo uma tampinha da

primária pô eles querem R$300,00, lá custa US$36,00, então acho que essa

discrepância de preço, é muito grande, e o mercado interno a gente, enfim, por

acabar comprando a moto, tendo a paixão pela marca, a gente acaba investindo

em coisas que talvez nem, tivesse uma função muito mais estética do que

funcional, pela beleza do negócio, mas é um negócio que realmente que na

minha opinião é muito caro, e que deixa muito a desejar essa parte de

acessórios da Floripa HD, eu por exemplo, só comprei a moto, não consegui

comprar um acessório lá dentro até agora, por questão de preço primeiro, e por

questão de muitas coisas de estar la dentro não ser originais e não pagaria pelo

valor que eles estão me cobrando.

E7: Eu acho que, existe uma questão de posicionamento, as peças, existe uma

questão de tudo que vir por Brasil, ser mais caro, porque eu trabalho numa

empresa que é multinacional, e é visto que, tudo aqui é mais caro pela questão

do país em si, mas existe também, um abuso porque a pessoa vai pagar, ou a

pessoa não tem mesmo condições, e como não tem muito giro, eles também

não trazem muita coisa porque não vende, não adiante eles trazerem, pra cobrar

o "olho da cara" se aquilo ali vai ficar parado, então não acaba sendo

interessante né.

E9: Eu queria até acrescentar, eu antes de comprar a minha moto, eu fiz uma

pesquisa em oito concessionárias Harley-Davidson no Brasil, em função do meu

ramo ser também automóvel, tem muita gente que sei que são proprietários de

Harley, tem o cara lá que ele foi meu parceiro de negócios, liguei pra ele que ele

falou "Fernando, te dou o capacete, te dou a jaqueta, mais não te dou um real de

desconto na moto", enfim, liguei pros oito, basicamente a política foi essa assim,

existe uma política muito fechada da Harley no Brasil, que não deixa ter disputa

de preços, e isso é ruim pro consumidor nosso, nos consumidores acabamos

perdendo com isso, muito claro, e a margem de lucro fica sendo muito grande,

pelo produto que oferece. Por exemplo meu ramo automotivo, é de 2 a 3% o

markup dum carro, enquanto uma Harley, pra quem não sabe, o markup chega a

ser de 15% . então eu acho que é uma discrepância, claro que vou dizer o

229

volume e tal, uma série de coisas, mas assim, uma marca que vende acessório

que vende roupa, então se esta faltando a organização de alguém, é deles e não

de nós consumidores, então acho que essa base teria que ser repensada.

E7: Existe um mercado hábito pra comprar, eu acho que o consumidor ele existe,

mas nem todo mundo hoje pode, a pessoa faz esforço pra comprar uma Harley é

isso que eu digo. Todo mundo que compra uma Harley, é um esforço familiar, a

não ser quando a pessoa tem uma condição financeira muito bom, mas na

média ele exige um esforço familiar pra se comprar, e que isso te limita no

restante das coisas, então tu acaba não comprando né.

E7: Se tu paga dez reais numa blusa e ela rasgar na primeira semana, tu vai ficar

com raiva? Não porque tu sabe que tu pagou dez reais, agora tu pagar quarenta

mil numa moto, e ter que ir a Curitiba pra customizar um banco, pra mim na

minha opinião é o fim, porque tu não tá falando de uma moto, de uma CG, mas

tu sabe que existe uma limitação. Eu to com ela porque não fiz teste drive, se eu

tivesse feito Test Drive eu não estaria com ela. Provavelmente compraria uma

mais cara, mas assim, eu repensaria muito na minha compra, eu fiquei durante

quinze dias, muito insatisfeita, muito insatisfeita, e foi porque a gente foi nesse

Peninha Bancos lá em Curitiba é porque ele deu jeito, porque eu acho que eles

deixam muito a desejar neste sentido, e ninguém vai pagar quarenta mil pra sair

com a bunda doendo.

E2: Eu acredito que o item que mais customizam é o escapamento, praticamente

todos ou o maior percentual é o escapamento é uma das primeiras coisas que o

pessoal troca.

230

P: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson

promove dupla interpretação na percepção dos diversos consumidores de

motocicleta. Existe alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao

tema? O som do motor, de uma Harley-Davidson.

E4: Tem muita gente que acha que por causa do barulho eles são arruaceiros, eu no

nosso Whatsapp no grupo, eu achei a atitude do cara lá da pedra furada, que ele

tava achando assim, não vou mandar quarenta e poucos arruaceiros subir aqui e

vim fazer barulho na minha pedra, que a pedra não é dele, ou seja vai subir três

de cada vez, sabe, então assim a aquela visão lá do...

P: O visual do grupo, roupa preta, isso passa pra quem não conhece a cultura

uma visão.

E4: De arruaceiros

E2: De bandido.

E5: Só que a gente tem que levar em consideração, hoje nós tivemos um exemplo

claro disso aí, quando nos estávamos parado ali antes de atravessar, ali, lá na

ponte nova, tão fazendo ali em Tubarão, nos estávamos tudo ali alinhado

organizado no "bonde" veio outro grupo, passa atropelando, não respeitando

guia, não respeitando meio fio, não respeitando acostamento, sai fazendo

lambança, isso são no meu ponto de vista, um bando de idiota, só que essa

turma, acaba trazendo uma associação negativa pra quem é organizado,

entendeu, basicamente isto acontece muito, as vezes a gente é taxado ou

rotulado, aí que, grande elemento surpresa, as pessoas "pô mas você Harley-

Davidson tal, vocês andam com aqueles cara", não perai.

E7: Mas é igual a CG né, a gente acha que moto é perigoso, eu sempre falo isso,

meu pai quando a gente tava falando em comprar moto, meu pai surtou, aí um

dia eu cheguei pra ele e falei assim, o pai, então tá senta aí, tu gosta de andar à

cavalo né, "gosto", sabe quantas pessoas perdem a vida, ficam paralítico por

causa de um tombo de cavalo? É que o problema da moto é que as pessoas

associam, moto, perigo CG, tu não vê uma pessoa numa moto grande se

231

acidentando, uma pessoa que tem experiência se acidentando.

E9: Eu tenho um amigo meu, que é cirurgião de coluna, famoso lá em Florianópolis,

e que ele coloca duas coisas, o que, que é um motociclista e um motoqueiro né.

Ele falou que em trinta anos de carreira dele, ele pegou um de moto grande, que

foi esportiva, motociclista, e os outros 99% foram o dia a dia, o "CGzeiro" dos

dezoito aos trinta anos, é o cara acelerando lá, totalmente inconsequente.

E2: Voltando a pergunta que era do som. O melhor som de rock que eu já ouvi, eu

tenho prazer em ouvir o escape da minha moto, em acelerar, a história de entrar

no túnel em São Paulo pra quem foi no Harleys Day, todo mundo acelerando

aquilo, foi de arrepiar, a minha namorada chorou, eu chorei, a gente disse, pô é

uma emoção muito grande, sai de casa, do condomínio uma sema de festa,

porque não consigo entrar na garagem e não acelerar minha moto, eu não

consigo ligar minha moto na garagem, e não acelerar pra ouvir o barulho, assim

o barulho dela pra mim é 50% da moto, metade da minha moto é barulho.

E7: Aí eu acho que é a questão que ele tá falando, é interpretado porque é uma

coisa invasiva, isso a gente não pode dizer que não é, porque é. Eu sempre falo

isso pro Dani, a gente precisa respeitar o ambiente em que se tá, vai pegar a

moto num lugar que a garagem esta fechada, tem gente que mora em cima que

não precisa ouvir o teu barulho, e nem todo mundo gosta e as pessoas não são

obrigadas a gostar. Dai eu acho que entra isso também, tipo quem tem, tem que

saber a hora certa de acelerar, tu tá no meio de um grupo que todo mundo

gosta. Porque ele falou que é duplo, e tem muita gente que não se toca, que

chega lá tipo, imagina o Dani vai na casa da minha vó, vai chegar na frente da

casa da minha vó e "ERRRRR", não pô, minha vó pessoa de oitenta anos ta lá

dentro, aí pega fama, entendeu, porque tem gente sem noção que...

E9: É o poder, o poder da satisfação, o poder da alegria e o poder da força.

232

APÊNDICE 2 – Transcrição Entrevista Grupo Focal 2

Entrevista focal, Grupo 2. Identificação G2.

Local: Itajaí – SC, data: 19/11/2014- Quarta Feira as 17:30 horas, tempo total de

gravação= 1hora38min4seg

Membro Descrição

P:

Para onde você iria com a sua Harley-Davidson, se você estivesse de férias

com pouco dinheiro?

E3: Eu iria para uma estrada com bastante curva.

P: Por exemplo, tem alguma por aqui?

E3: É, Gramado

P: Gramado, por quê?

E3: Porque eu gosto de andar em dupla, dupla que eu digo com garupa, lá é um

lugar que ++, que atende as duas.

E1: Eu andaria pelo litoral.

Pelo visual, pra curtir o visual, já que não dá pra gastar {onde ir}, pelo menos da

pra curtir o visual

P: E dá pra curtir sem dinheiro com a Harley, sem muito dinheiro?

E3: Eu acho que não.

P: Por que número 3?

E3: Porque hoje agente tá num grau de satisfação assim é ++ mais apurado assim,

agente entrou, entrou na Harley, só que a gente entrou com uma carga de ++

uma carga de sonhos, que nos reme à coisas boas, entende, usufruir de coisas

boas, apesar de saber que Harley tem também a ver com simplicidade.

E2: Eu que gastar com a Harley, e gastar dinheiro com lazer, são duas perguntas.

Depois que você fez o investimento de uma moto Harley, mais barata, pra nosso

233

custo, brasileiros, você consegue aproveitar a moto não gastando muito. Eu acho

que uma experiência legal que agente teve, foi uma experiência barata e

gratificante, pra todos nós, foi o final de semana em Urubici.

P: Pra vocês, então nesse sentido, nisso que nós estamos falando, o que é a

Harley dentro desse conceito do passeio, sem dinheiro, ela é o que?

E3: Ela é o contato com a natureza e a liberdade.

P: O sentimento de liberdade de liberdade vem?

E3: Sim, de usurpilar ++ Sim de, desligar do,afazeres e...

E5: Eu faria de novo a serra do Rio do Rastro, que é um passeio que eu acho, muito

bonito, também gosto de viajar em curva, acho interessante, se aprende muito,

eu acredito. E se vai sem muito dinheiro, e independente da questão, financeira,

concordo a gente ta num nível de consumo alto, e a Harley não é barata, mais o

fato de você ter, as amizades que você cria no grupo, isso é uma parte que

financeiramente não se conta.

P: Parece que a Harley pra vocês é um hobby.

E5: Sim.

E3: Sim.

P: O que vocês fariam se não tivessem esse hobby?

E3: Diria que, ficaria na frente da televisão, que era o que eu fazia antes.

E1: No meu caso eu mudei de hobby, eu troquei de hobby, eu tinha outro hobby,

aeromodelo.

E2: Meu hobby até então, mas continua sendo, meu hobby até então, mas eu divido

com a Harley é andar de bike.

E4: Só pra completar a questão, eu iria a 282, pra mim umas das serras, uma das

estradas mais bonitas de Santa Catarina, a Serra do Rio do Rastro, é uma

excelente opção também, barraca, camping, custo baixo. Também concordo que,

quem tem Harley não tem, é, cultura diferente, não é o que não comprou pra ++

a eu preciso tirar uma onda, porque eu, quero ostentar, eu quero alguma coisa,

234

quando você chega aos, a realização do sonho ++ vamos dizer assim, a Harley é

uma realização de sonho, e você só consegue essa realização quando você

atinge, um ++, um patamar, por isso que, não se ++ não é um público que seja, a

maioria jovem, geralmente você já ta numa, numa faixa etária, é, maior,

geralmente já são ++, duma realização profissional, e aí sim, vem a realização

dos sonhos, e independe valores, por isso que você passa, ter, essa, esse nível

de exigência de ++, a eu quero ir pra um hotel melhor, eu posso ir pra um hotel

melhor e tudo mais, mas na realidade isso não tá ligado à Harley, tá ligado ++, ao

que você está vivendo hoje, estais onde você está, porque tá muito bem pra você

pegar a Harley e sair estrada a fora com uma barraca e vai gastar o combustível.

P: E o que tu faria se não tivessem esse hobby?

E4: Eu tenho um Jeep, Willys, fazia trilha e tal,ou, estaria em casa envelhecendo.

E3: Então assim, a gente tá disposto a tanto ir num hotel top, quanto ir numa barraca,

isso aí a gente tá desprovido dessa, a sabe, desse interesse de++, de não, a

gente se adapta facilmente a qualquer ambiente, principalmente, desde que os

amigos estejam lá.

E5: Eu vejo que, talvez o mais importante pra gente, é a estrada, e não pra onde a

gente está indo, bem acompanhado pelos amigos pela, pela carona, que a

maioria de nos anda sempre com garupa, mais o que importa, é a viagem em si,

a estrada em si, parar num posto comentar o que a gente fez, o que, que passou,

o que a gente viu e trocar essas experiências.

P: Nesse sentido, o que importa é o caminho, e não o que acontece lá.

E5: Não digo não o que acontece lá, não importa o chegar, importa o durante.

E2: Partindo aí do nosso amigo o Chiquinho, eu acho que no momento que você saiu

de moto, é, a sensação única de ++, de ligar o montar da moto, e saber que tu

vai partir pra uma estrada, é única, certo, eu acho que é isso que nos move,

como você falou pra onde a gente vai, não importa muito, o importante é que a

gente esteja na estrada. Reportando o domingo passado, o Poeta nos levou pra

lugares maravilhosos, quem não gosta de fazer curva, não gosta de moto, e a

235

gente andou muito, a gente, a gente chegou em Urubici fazendo curva, a gente

saiu de Urubici fazendo curva, pegamos um o retão no alto da Serra da 282,

saímos descendo a Serra fazendo curva, e pra completar os passeios, fizemos

aquele passeio ali, chegando a São Pedro de Alcântara. Então eu acho que essa

sensação é única, eu acho que lembrança do camping foi maravilhosa, mas a

lembrança da estrada foi muito melhor.

E3: Eu acho que a curva nos deixa mais jovens

E4: Eu acho que, na realidade o que a gente vive, sé o seguinte, a gente precisa de

uma desculpa pra sair de casa, alguém do grupo inventa uma situação se ta em

casa que se precisa ++, assim, a vamos tomar um café lá, pra andar ? vamos,

mas o café é ruim cara, mas vamos.

P: O que é pra você, a Harley-Davidson?

E4: Um sonho, ou a realização de um sonho.

E5: Eu ia dizer isso, a realização de um sonho.

P: Pode falar um pouco mais sobre isso?

E2: É, eu comecei a andar de moto com dezesseis anos, em setenta e cinco ou

setenta e sete, eu vi Easy Rider, com quatorze anos. Ali o Dustin Hoffman e++,

quem é a dupla de cinema ++, bom, mas não vem ao caso, ali eu quis comprar

uma moto Harley, e, obviamente que eu não consegui realizar, por questões

econômicas e também porque meu pai não suportava motos, eu com dezesseis

anos tinha uma moto escondido do meu pai. E eu acho que no momento em que

a Harley, ela se aproximou mais do mercado brasileiro, produzindo as moto no

Brasil,trazendo um ++, permitisse a nos que estamos encontrados, estamos

nesse encontro, e conseguimos comprar uma moto, é, essa moto a dez anos

atrás, ela saia a aproximadamente ++ cento e cinquenta mil, cento e..., nos não

teríamos acesso, é só ver a CBO, então eu acho que, que a realização desse

sonho, que eu comecei com quatorze anos, fez num momento que, essas motos

entraram no Brasil com preços mais acessíveis. Eu nunca falei que elas são

baratas.

236

E3: Pra mim assim, eu assistia filme, policial e ++, e as motos pra mim tinha uma,

uma força muito maior do que, qualquer coisa, nesses seriados né. Então a moto

pra mim era uma coisa assim que eu, eu achava inatingível com a Harley-

Davidson, e ++ inatingível eu acho que eu entro naquela linha do pensamento de

todo mundo, que é um, era o sonho né, pra mim um sonho inatingível, pela vida

mais simples que eu sempre tive, então, é, to no acessível, lógico pela, pela

produção no Brasil né, e ++ e assim era uma coisa que eu achava inatingível,

realmente.

E1: No meu caso, talvez seja um pouco diferente, porque eu nunca tinha sonhado

em ter uma moto né, até a algum tempo atrás, e pra mim...

P: Só voltando pra questão, pra você o que é Harley-Davidson?

E1: Pra mim a Harley-Davidson foi uma oportunidade de eu reconstruir a minha

própria vida, pra mim a Harley-Davidson foi uma oportunidade de reconstruir o

que eu mesmo entendia como o que era importante pra mim. Eu tive um

problema de saúde, bem importante, e a Harley foi a oportunidade que eu tive,

que através de um, do meu irmão, que já, tinha moto, de entender que a vida era

bem diferente do que só se dedicar ao trabalho né, que se poderia, ter coisas

muito mais interessantes, do que simplesmente passar seus finais de semana

dentro do escritório. E aí, é++ se fosse pra resumir o que é a Harley pra mim, é

um processo de reconstrução mesmo, é um processo de rever a forma com que

você encara as coisas que se quer saber, é, sonhar é isso né, você imaginar uma

coisa que você talvez não foi por muito tempo né, ter a oportunidade de ser

aquilo que você sempre quis ser, mas nunca consegui por algum motivo né.

E1: É a oportunidade acho de, de você rever uma série de conceitos, uma série de

posições né, e, e pensar de uma maneira diferente as coisas que você, que você

fazia, eu vejo dessa maneira.

E4: É, eu vivenciei, na minha infância de cinco, seis anos, um ++ um vizinho, que era

aposentado da aeronáutica e, tinha uma Harley que era um sonho, (...) aquele

ritual pra andar e tudo, a ++ um pouco mais velho assistia aquele seriado Chips,

aquilo era fantástico, aquela, aquelas moto e, tu vai acumulando isso, assim

237

como falou o número 2, se tornava mais é, sonho devido a preço, e quando você

estabiliza a tua vida tu diz, não, agora eu vou viver meu sonho, e é isso aí, partiu

pronto.

E5: Eu desde pequeno fui influenciado pelo meu pai, porque meu pai adorava moto,

teve uma séria de motos teve algumas Harley e desde os meus oito anos, sete

anos, eu procurava, qualquer evento de moto pra, ver moto, pra ter contato com

moto e enfim. E, e a vontade de ter a moto era tão grande, que quando eu

comprei, eu tinha carteira pra moto, mas não sabia pilotar, a moto chegou de

guincho lá em casa, porque eu não tinha noção nenhuma de, sabia que a

primeira era pra baixo e o restante pra cima, mais, a moto ficou parada em frente

minha casa, e o entregador disse, sobe e anda, se anda como meu filho? disse

sobe e anda cara, primeira pra baixo o resto pra cima e toca-le o pau. E assim foi

eu subi na moto e comecei a andar, mais, a, vê na época, a felicidade do meu

pai, é++ vendo meu, a minha realização daquele sonho, pra mim isso foi

bastante importante.

P: Se nós tirarmos, da motocicleta e da jaqueta de vocês, os acessórios de

vocês, a marca Harley-Davidson, somente a marca, o que fica? Levando em

consideração, o produto que é, a qualidade, mas vamos tirar a marca, não

existe mais Harley-Davidson, existe uma jaqueta, existe uma motocicleta, o

que fica?

E3: Assim ó, eu, eu tive, eu sempre tive moto, 125, quando jovem, andava muito,

depois quando eu tive uma 180 custom, que era o meu sonho, sempre foi o lado

custom mesmo, é, eu me acidentei, e fiquei vinte e cindo anos sem andar de

moto. Eu, quando eu retornei a andar de moto, foi depois de um, uma situação

que, que eu acho que++ que resumia a minha vida assim ó, eu, deu o que tinha

que dá, e agora eu vou fazer o que eu tenho que, não to nem aí, aí eu comprei

uma Yamaha custom, uma, uma Drag Star uma 650, e eu rodava muito pouco,

eu, eu ligava ela raramente, eu ficava as vezes dois meses sem tirar ela da

garagem, então eu não tinha com quem eu rodar né, e depois que eu, que eu

vendi essa moto, eu comprei um Harley, já foi diferente, as, as coisas, as coisas

sintonizaram de maneira de pensamento sabe...

238

E3: Não existe a marca, porém então assim ó, quando eu tinha uma, uma Yamaha,

eu tinha uma moto, quando eu tinha uma Harley, eu já tinha pessoas pensando

iguais, a maneira que eu tinha de pensar sabe, então mudou a maneira...

P: Desculpa, eu acho que eu não consegui passar aquilo que eu precisava

passar na questão, vou refazer a questão. As pessoas que vem agregadas a

marca, a série e atributos que vem agregados à marca, é a série de coisas

que vocês relataram até o momento, todos eles tem haver com a marca

Harley-Davidson, somente a marca Harley-Davidson faz isso, ou foi essa

marca que trouxe isso pra vocês. Se nós tirarmos a marca sobra o produto,

então quais são as qualidades desse produto, a qualidade do couro, a

qualidade do produto, as qualidades dele em comparação aos demais,

tirando marca, produto.

E3: O que sobra é o barulho, é o barulho e o tanque imponente, uma, uma, um

designer retrô, esse designer retrô ele tá, é o que marcou realmente a nossa

infância, entende, seria, eu acho basicamente isso.

E4: Fica o ronco do motor.

P: E a qualidade do produto? Em relação aos demais, sem a marca, não existe

mais Harley-Davidson.

E3: Ta em terceiro plano

E4: Eu concordo com o número 3, assim ó, se tem o produto, dá defeito, a gente

volta pra oficina, a gente conversa com o mecânico, reclama, conserta, sai,

enguiça, a gente volta,não, não ta importando isso, é diferente de quando tu

compra um, um carro, compra um carro, tu vai la, tu não conhece o nome do

mecânico, tu não sabe quem é o pessoal da loja, da oficina, não te conhece, na

oficina da Harley. Na oficina da concessionária, tu trata o mecânico pelo nome, e

é tratado pelo nome.

E2:

Eu acho que sobra muito pouco, eu acho que o que a gente tem, ele, quando a

gente forma um grupo social se forma em volta de, de ideias, e essas ideias são

agregadas, tem algum fator agregador, tem gente que se agrega por conta da

239

religião, tem outras pessoas que se agregam por conta de um gosto por um

esporte específico, no nosso caso é agregado tudo que é essa marca que tem

cento e, mais de cento e dez anos de história e trouxe pra gente, é..., não é o

produto, eu tenho certeza absoluta que o produto não é o mais relevante, talvez

a Harley não seja o produto que tenha maior qualidade de todas, que seja a que

tenha a ++ maior expressão em relação a isso, mas, mas com certeza é o que

tem o conjunto de atributos que une as pessoas por conta daquela ideia, então,

eu acho que se tirar a marca Harley ++ Harley, você tira junto o conceito que ta

agregado, com tudo aquilo que não é só o produto.

P: Eu to arrancando o conceito, eu to despindo a máquina, do conceito?

E2: Eu acredito que sim. Eu, eu, pra mim traz junto da marca tudo que envolve a

marca né, é++ o que ela agregou durante, desses mais de cento e dez anos que

ela construiu, se você tira a marca, talvez os amigos fiquem por um tempo, talvez

a concessionária fique por um tempo, mas isso tem um fim, porque tu, na minha

opinião, se o você não aquele negócio que, vai te trazer mais pessoas,

movimentar, girar, em volta daquele sonho que todo mundo tem, porque as

pessoas não sonham em ter uma moto custom, elas sonham em ter uma Harley,

e é diferente, né, uma coisa é, tem um carro, todo mundo, tem carros muito mais

interessantes, que a Ferrari, mas o cara quer ter uma Ferrari, né, é, então, pra

mim a marca é o fator agregador, se tirar a marca, você tira o fator que talvez

seja o mais relevante que as pessoas estão envolvidas nele.

E2: Tirar o rótulo da marca, é bem interessante, mas eu dividiria em dois momentos,

se você se refere ao equipamento que eu tenho sem a rotulagem, diferente de

alguns coletas eu continuo acreditando nela, por uma série de fatores, que eu

acho que, eu tenho motor sobrando, eu tenho caixa sobrando, é, eu tenho

conforto sobrando, eu tenho frenagem sobrando, com todos os problemas que a

marca tem, mas as outras também tem, então se eu tirar o rótulo da, da minha

moto eu continuaria andando com essa moto. Mas agora se agente tirar o rótulo

da marca, da moto, e pensar na questão social, no convívio, é ++ então pra ficar

na rotulagem da moto, eu continuo acreditando que apesar de todas as

dificuldades, é, ela continua sendo uma grande moto, eu acho que é diferenciada

das demais.

240

E4: Eu acho que essa é uma, uma resposta muito difícil pra se responder, a mais de

dez anos atrás o Jô Soares deu uma entrevista, feliz, rindo, falou seguinte,

"proprietário de uma Fat Boy, disse Harley que não vaza óleo, não é Harley",

cara você ta se referindo a um defeito, e tá feliz, então é muito complicado, de

produto, que produto hoje, nessa mesa aqui somos proprietários de uma moto do

mesmo ano, que tem um defeito de fábrica e todo mundo tá feliz, e agora?

E2: Mas eu tenho confiabilidade, quando eu to em cima do equipamento, esse

defeito que nós temos, ele se torna, ele faz parte de um periférico, que nos

conduz a um determinado endereço por GPS, agora eu fiz recentemente uma

viagem, vocês sabem disso, e eu vi marcas concorrentes parando na estrada e

agente foi adiante gente, sabe, e isso aí, me dá segurança, sabe, eu vi diversas

motos de outras marcas andando na estrada, então eu vou tirar o rótulo, mas eu

continuo andando com uma marca confiável.

E4: Assino em baixo do que o número 2 falou, contudo, se isso fosse um carro de

qualquer marca, marca X, eu já teria jogado o carro dentro da concessionária,

tacado fogo, espancado o gerente da loja, qualquer coisa, mas a gente chega lá

rindo, e aí fulano os como que vai isso, esse ano ainda...{}

E1: É por isso que eu concordo que, ++ que a questão da marca ela é relevante, se

você tira a marca, talvez depois de um tempo, se não ter..., se começa a falar

assim, Ok, meu equipamento é bom, mas será mesmo que o outro equipamento

da outra marca não é tão bom, pô, será que eu não vou testar por um tempo o

equipamento da outra marca, ou a gente não se dá ao direito de testar o

equipamento da outra marca, a gente ta preso, ao todo o conceito que a Harley

tem, talvez se eu não tivesse o selo, se até pudesse voltar, mas se talvez testaria

um outro equipamento, tu não teria tantas coisas que te prendem aquele, aquele

equipamento.

E3: É tipo um casamento isso.

241

P: Saindo um pouco da motocicleta, indo para os acessórios, tirando a marca,

vocês utilizariam ou utilizam acessórios, não originais Harley-Davidson, na

sua Harley-Davidson?

E3: Não

E2: Não

E1: Não

E5: Não

E4: É cara pra cacete, mas não utilizaria não.

P: Por quê?

E3: Pra não descaracterizar, é, a origem do, do produto, ele, ele tem, ele nasce pra

aquela moto de maneira pensada e, e, e tem um DNA, os acessórios tem um

DNA certo, e uma customização, ela descaracteriza e++ e não vem da mesma

fonte, sabe.

E5: Eu concordaria até a qualidade dos acessórios, não originais, em termos de,

ferragens, cromagens, estofaria, não tem a mesma qualidade que um material

original da Harley.

E2: Eu até tentei, especialmente meu vestuário, mas não deu certo.

P: Por quê?

E2: Bom, uma boa pergunta, não parei pra pensar muito, mas o problema básico é

que++ a rotulagem da marca é muito forte em relação à ++ você cria uma

roupagem em torno da marca, e ela é muito bem conduzida pela fábrica e pelas

concessionárias, e leva a isso, você entra numa sinuca de bico e não tem como

sair.

E3: Os acessórios são muitos pensados, eles são, talvez criados por pessoas que

andam de moto e são muito pensados.

E1: Eu acho que, concordo com, com o número três é++ eu acredito assim, as linhas

de produtos elas seguem uma característica, elas pensam em vários aspectos,

então você tem, a, a sei lá, tem a linha Skull, você tem a linha Skull, você tem

242

várias coisas que tão envolvidas na linha Skull, tem os acessórios da moto, você,

tem o assim, tem o vestuário, você tem acessório pra tua casa, você tem uma

séria de coisas que seguem aquele princípio. É, várias coisas tipo a Electra com

aquela linha né, específica de acessórios que você compra, você comprou, que é

diferente de você comprar um ponto, um item pontual pra fora, alguma coisa

assim.

E2: Fazendo uma analogia à roupa, uma boutique, e é um passeio que eu fiz

recente, eu peguei temperaturas extremas, eu peguei trinta graus, eu peguei

temperatura negativa, e tava exatamente com a mesma jaqueta, eu não mudei

de jaqueta, eu fechava a jaqueta, ou abria todas as alas de ventilação da jaqueta,

e eia embora com a mesma jaqueta.

P: Agora, nós vamos colocar novamente, a marca Harley-Davidson nessa

motocicleta e nessa jaqueta que nos acabamos de tirar, e verificar os

atributos intrínsecos dela, de performance, vamos botar novamente a

marca Harley-Davidson, e o que retorna, o que aparece agora pra vocês, o

que muda ?

E3: A palavra que vem na mente, é o orgulho.

E1: Eu concordo, é, eu concordo com exemplo, uma coisa que eu acho incrível uma

das coisas que mais me chamou a atenção, desde que eu estou andando de

Harley, é, você grupo de motos esportiva passando, de várias, várias...pessoas

olham aquelas, motos, quando a gente passa, as pessoas param e abrem um

sorriso, e as, e o pai mostra pro filho mostra pra criança, existe uma, uma aura

que vai além da gente que tá ++ usando o equipamento né, que ele envolve as

pessoas que tão, que tão a nosso volta né, extrapolam o nosso uso individual,

então é, é questão da marca é, talvez a forma mais correta que seja o orgulho

mesmo né, você botar, fazer parte usando algo que as pessoas olham e se

identificam de uma maneira positiva, dai é incrível isso, porque durante muito

tempo a Harley e o motociclismo foi associado ao oposto né, a, bandido, a

questão mais bad boy né, e hoje eu não sei, porque motivo mas acontece uma

inversão né, existe uma identificação das pessoas com aquele grupo que, que é

bacana, que tem uma ++.legal.

243

E3: É tipo um cara que anda de Bike, ele tem, coragem, e++ o cara que anda de

Harley tem...

E4: Tem dinheiro. To brincando.Nós somos os objetos de desejo, nós somos os

sonhos de muita gente.

E3: Não, não tu ta falando por ti né?

E4: Sim {}. Quanto tu ta no bonde, que o carro passa do teu lado, e você vê aquele

cara que esta pedindo passagem, e você encostou o bonde pro lado direito pra

ele passar, e ele custa a passar, pô o cara tava botando pressão pra passar,

você olha pro lado, ele ta passando de vagar, filmando você. Concordo, a Bike é

o cara valentão, o cara que tem coragem, a Harley é o, hoje nós somos os

sonho, que nós tínhamos, pra outras pessoas, nós somos os sonhos de outras

pessoas, os mesmos que nós tínhamos a alguns anos atrás.

E5: Eu penso o seguinte, por mais que as pessoas possam não gostar de moto, pode

não ter uma afinidade por moto, pode não ter interesse por moto, pode nunca

querer ter uma moto, mas quando ela vê uma Harley, no mínimo ela acha bonito,

ela admira, ela olha, ela fotografa, ela pede pra bater uma foto e encostar, é, ficar

perto, querendo ou não, chama a atenção, não desmerecendo outras marcas,

244

mais, é, a Harley ele atrai, e talvez essa atração, pela estética, pelo ronco, pelo

motor, pela amizade, é o que forma um conjunto de, de fatores, que trás por

exemplo nós cinco aqui hoje.

E3: Uma pessoa que não conhece de moto, ela olha uma moto custom, uma pessoa

que não conhece de moto, ela olha uma moto custom, ela acha que é uma

marca. Então ela meio que...

P: O que a marca Harley-Davidson, agrega aos seus produtos, a marca?

E5: Qualidade.

E1: Atitude, na minha opinião, atitude, é ++ assim na minha opinião, não

necessariamente que é a melhor qualidade entre todas as outras que podem

existir, mas existe um conjunto de, de, de questões assim que envolve a marca

que, pra mim atitude assim, existe um reconhecimento de uma atitude, são

pessoas que, ou lutaram, se por algum motivo foram bem sucedidas e agora

estão dispostas a, ter, sua liberdade conquistada por si, fazer usufruir dela,

então pra mim é atitude.

E4: Valor.

E2: Eu iria além de tudo isso, e eu acho uma questão muito interessante, eu acho

que, nem um de nós um membro antigo do HOG, até mesmo pela, pela

brevidade com que a loja abriu aqui na, na cidade, Florianópolis, mas é muito

interessante, você parar, e conversar sobre moto, no nosso grupo é

essencialmente que são proprietários de moto, e descobrir que ninguém compara

a Harley com nenhuma outra moto, pensando em trocar de moto, certo, a moto

acho que nos leva, dentro de tudo que vocês falaram, ela nos leva a uma

fidelização plena, não se discute mudar de moto, se discute mudar o modelo, ou

parar de andar. Eu acho que não nos leva a discussão, nos leva a discutir na

nossa próximo troca se agente vai mudar de marca, eu acho que isso é legal.

E3: É o ponto final

P: O que vocês esperavam, da marca Harley-Davidson, antes da compra da

primeira motocicleta?

245

E3: Uma moto pra andar, em volta da quadra, ou em, na beira mar, ou final de

semana e voltar pra casa.

E5: Concordo, moto pra final de semana, pra ficar na garage, ficar admirando o, estar

brilhando, nem pensar em chuva e estrada olhe lá.

E4: A sua pergunta, primeira moto, a primeira moto que eu tive ou a primeira Harley?

P: Harley, expectativa que tu tinhas antes de comprar a primeira Harley.

E4: A ++ a realização do sonho de possuir uma Harley. Pela influência da infância de

seriados, de, mas o máximo, inclusive fui questionado na hora da aquisição da

moto, qual a tua ideia de estrada, de viagem, distância, não pegar aqui a 282 no

máximo, com a esposa e voltar. Hoje em dia a gente vai pra fora do Brasil.

E2: Quando eu entrei na marca, sabia que eu queria ir longe, não cheguei perto do

que eu quero, quero ir muito longe, acho que a marca me leva exatamente a

isso, nesses poucos anos que eu tenho Harley, fazem..., dois mil e..., começando

dois mil e nove pra dois mil e dez até a gora, é, rodei pouco, quero rodar muito

mais, acho que a marca, ela me leva a isso, e eu gosto muito de rodar.

E1: Minha expectativa era, muito simples, era substituir, era quase a substituição de

um hobby que eu tinha por outro, e, então, era andar também, final de semana,

curtas distâncias, fazer, curtir pouco aquele..., lance da moto né, da Harley, ter

uma Harley, eu, sonho de ter um Harley, mas nada muito além disso.

P: Qual é o seu sentimento no dia da compra?

E1: Realização total, plena ++ é, felicidade, vida ++ assim, realização, de um sonho.

E3: Eu me senti culpado.

P: Por quê? Número 3.

E3: Porque eu achei que eu tava dando um passo bem maior do que eu deveria.

E4: Eu acho que as respostas vão bater muito, muito próximas. Pra mim foi a

realização de dum sonho, foi uma coisa assim, foi a ++ o ápice.

246

E2: Não a moto pra mim entrou como um negócio, a Harley entrou como um negócio,

eu não estava esperando comprar a Harley, não tava passando naquele

momento pra comprar a Harley, ele entrou como parte de um negócio.

E2: Rapaz, quando eu peguei aquela moto parada à dois anos e meio, levei pra

oficina, não tinha Harley, não tinha oficina Harley ainda em Florianópolis, levei

pro William, quando eu sai com aquela moto lá, sai numa sexta feira 18:30 da

tarde, sai do Estreito, pra dar uma volta até a, até o SIC.

E4: Chegou em casa segunda feira às 05:00 da manhã.

E2: Não chegou a tanto cara, mas passei peguei a minha mulher, e o Rudney

voltando não cheguei antes das dez, daí eu senti que eu tava no negócio certo

viu, mas a grande realização, obviamente foi eu fiquei, muito tempo patinando e

entendendo e querendo fazer um investimento maior, e esperei os modelos

atuais, então posso dizer que bateu muito forte assim, essa coisa de eu ter minha

moto, foi quando, em maio desse ano eu comprei que eu queria, e não a moto

que entrou como negócio. Me deu uma emoção grande.

E5: Eu me senti igual à uma criança pequena, numa loja de brinquedos, escolhendo

um brinquedo, embora tivesse na mente já, cor, modelo, tudo, mais a hora que

você assina um papel como os outros, é uma emoção muito grande, e assim foi,

muito bom. Culpado, talvez, pela idade, de embarcar num investimento desse,

mais uma culpa assim, carregada de muitas, boas energias, hoje culpa nenhuma,

hoje, só realização.

P: Existiram, se existiram, quais foram as barreiras que vocês encontraram,

para a entrada nessa subcultura ?

E3: Não porque a loja era nova e, as pessoas que andavam muito tempo de Harley,

aqui em Floripa ++ em Santa Catarina, elas eram, muito desagrupadas, então o

grupo começou a se formar a partir da loja, então como a, a gente, eu

particularmente fiz parte, eu particularmente fiz parte desse início, então não

teve, não teve nenhuma estrela que, que sabe fosse uma pessoa, que,

imaginasse que fosse me barrar, dessa maneira sabe, não, não tinha nenhuma

247

estrela sabe, tinha pessoas desagrupadas e que não, não compartilharam desse

momento, do, da abertura da loja, sabe.

E4: Eu já peguei a loja já montada, o HOG montado, mas não enfrentei nenhuma,

nenhuma barreira, pelo contrário, é.++ de ser abraçado sabe, quando você não

tinha o, não conhecia ninguém, tava ali um peixe fora d'água assim, vieram com

um balde d'água e me botaram dentro.

E1: A minha experiência foi a mesma, eu também não tive nenhuma dificuldade, (...)

tinha também, todos formados e tudo, eu não tive nenhuma dificuldade, processo

normal, de, conhecer as pessoas, participar de uma ou duas, dois passeios, e

começar a conversar, fui super bem recebido, não tive nenhuma dificuldade.

E5: Eu não tive dificuldade em relação ao grupo, mas eu tinha muito medo, mimeos,

em relação ao grupo, e eu demorei, bom tempo, quase uma ano, até me

aproximar da loja, me aproximar das pessoas, participar do primeiro passeio, né,

mas quando isso aconteceu, é, em nenhum momento eu me senti, mal ou me

senti constrangido, pelo contrário, todas pessoas que participaram daquele

momento, participaram de uma maneira muito positiva, né, muito, de, ajudar de

auxilio de querer de uma forma ensinar, e, dai pra frente eu sigo a amizade, fim.

E2: Eu comprei a moto, essa moto que entrou no negócio, foi antes da loja né, e eu

conheci a loja, logo depois de abrir ++ meu primeiro, fiz alguns passeios locais, e

fiz um passei, no Rio de Janeiro, acho que foi o primeiro passeio grande com a

loja, e ali encontrei algumas pessoas, que me pareceram bastante interessantes,

e foram se agrupando, apesar de eu, de eu ser bastante discreto, eu vejo nesse

grupo pessoas realmente muito ligadas, muito amigas, muito próximas, e, uma

das experiências mais interessantes, talvez seja até um depoimento aqui, eu tive

um micro acidente de moto, e esse cara número 5 aqui não cansava de mandar

mensagens, a toda hora me pedindo pra eu ficasse bom, e eu mal o conhecia, e

isso me pegou muito pesado assim, e eu notei que eu tava realmente, chamar de

amigos é difícil né, porque amigos a gente escolhe, talvez numa mão só, e

agente conheceu um grupo longo de pessoas, mas são pessoas que tão unidas

que tão próximas, e estão, cada vez mais próximas ao ponto de dizer que são

248

íntimas, eu acho isso muito bonito. Eu acho que a moto, a marca é, é

fundamental nesse processo.

E5: É, o brilho que o número 2 tá colocando, eu acho que hoje nós temos, é, no

grupo, uma segunda família montada, é, todo mundo pensa em todo mundo, todo

mundo quer ver todo mundo bem, todo mundo se preocupa no passeio, porque

não tá vendo na frente um cara montado numa moto, ta vendo um pai de família,

como uma mãe de família, ta vendo os filhos, ta vendo uma família em cima da

moto que, tem que ser cuidado, então todo mundo se cuida. É, talvez também

como depoimento, essa questão me tirou de um buraco grande, de ter dentro da

marca, de fato uma família, ter escorrido dentro, dentro do grupo, que é o número

3, uma pessoa que hoje é a figura masculina mais importante da minha vida, na

falta do meu pai, na falta dum, na falta de alguém que eu pudesse contar, acho

que no falecimento dele, é, eu busquei algumas pessoas pra, me ajudar, um

auxilio de, de segurança e tal, e, nesse meio de caminho, eu acho que, conheceu

o número 3 foi assim, muito importante, conhecer o grupo todo foi importante,

mas, chegar pra ele no momento e poder colocar aquilo que eu sentia e o que eu

precisava dele, e ser aceito da maneira que eu precisava, eu acho que isso, tem

um peso familiar muito grande.

P: Pessoal, agora eu quero que vocês descrevam, o sentimento que vocês

tem, quando estão em cima da sua Harley-Davidson.

E4: Liberdade.

E3: Desafio.

E3: De lutar contra o envelhecimento.

E2: Eu acho que, concordo com, com o número 4 a sensação de liberdade, uma

conclusão importante, mas, acho que, eu sou um homem de cinquenta e um

anos, eu não sou jovem, e concordo com o número 3 aí, que a gente luta, é, por

se manter jovem, porque eu não me sinto velho, mas eu acho que a marca e o

grupo me mantém, me ajuda a me manter jovem, eu me sinto jovem e o grupo a,

a pensar dessa forma.

249

E5: Carinho, mas que ninguém ali olha pro outro, sem ter a vontade de dar um

abraço, dar um beijo e perguntar como que foi a semana, de perguntar, se ta

tudo bem, se tava doente, se ta melhor, e, talvez nesse momento, subir na moto

seja um detalhe.

E1: Tranquilidade, acho que pra mim é o momento que, não to sendo visto por

ninguém, comparação, sendo medido, cobrado, simplesmente to,to curtindo, né.

Eu tinha outro hobby, que, tinha, tinha uma certa competição de habilidade, por

mais que não fosse uma competição em si né, a moto ninguém ta competindo

por nada, é simplesmente um grupo de amigos, tão passeando, tão curtindo, tão,

é, tranquilidade assim, um sentimento de, to, participando de algo sem ser

cobrado pro nada, apesar dos bullyings, que eu tinha uma moto que era muito

pequena{}. Tive que comprar uma Ultra por bullying.

P: Por que é comum, obervar vários HOGs, desfilando, em um comboio de

motocicletas?

E4: Esse é o objetivo né, o grupo e a estrada.

P: Por que desfilam em comboios, por que fazem esse bonde?

E3: Pra demonstrar união. Pra nós mesmos.

E5: Voltando a pergunta inicial, da, do contexto aqui, se era retirar a marca, ou

colocar a marca, eu acho que isso é uma característica da marca, as pessoas,

está em grupo, a gente observa várias outras marcas, que tem amigos que

viajam, mas o cara viaja com dois, com três, existe um grupo de amizade, mas

não é um grupo formado de viaje, nos temos um grupo de amizade que é um

grupo que, viaja junto que passeia junto, e que qualquer pequeno evento como

colocado a pouco, tomar um café na esquina, vira um grupo com cinco, com oito,

com dez motos, mais como colocado pelo número 3, não para mostrar para os

outros, é uma satisfação nossa de estar unido, de estar junto, do nos sentirmos

bem.

E3: União e parceria.

E4:

É, essa tua pergunta, só existe na Harley, marcas, as marcas que mais se

250

aproximam++ tu não consegue ver na estrada um grupo de mais de três motos.

Assim como tem a Harley, tem uma outra marca, assim como tem a Harley tem a

BMW, que são, devido a valores seria equivalentes e com um público de ++ de

um mesmo grau de poder aquisitivo, de estabilização social, detalhe, o que é

feito com a Harley, e o que eu digo a nível de, de loja, de eventos, não é feito

com a BMW, a gente cruza muito com, com o pessoal da BM na estrada, e tu

não consegue ver um grupo de cinco motos, nos fomos, a, por cento e dez anos,

foram quase cem motos que saíram, que chegou a São Paulo por nós, então,

fizemos, fizemos um passeio, vamos chamar de um passeio simples, (...) pra

Urubici sábado passado, deram quarenta motos, aproximadamente, então...

E2: Eu acho, eu acho que essa questão, é, a questão da marca da Harley, a questão

da marca, dos nossos passeios e porque tão unidos, é o questionamento que eu

faço pra mim mesmo, eu fico pensando, se todas as lojas do Brasil, conseguem

manter grupos tão unidos quanto a nossa loja, mesmo que ela seja tão nova, tão

precoce e tão unida, isso me, me remete a uma outra pergunta, que talvez vocês

possam me ajudar. É, não foi ao acaso que nós nos encontramos lá, se não foi o

acaso que esse grupo de uniu, então, eu não posso dizer que seja só sorte, e

nem só felicidade de cada um de nós poder ter uma moto pode participar do

grupo, mas talvez o número 3 e número 4, estejam mais engajados aí nos HOGs

do Brasil, posso me dizer, mas eu acho que, que esse espírito de corpo que tem,

na, no nosso grupo, ele não se manifesta de forma tão intensa em outras, em

outras lojas né.

E3: Eu acho que isso se dá em função de ser um, um processo completamente novo,

e sem, sem nenhum ranço assim, uma, uma coisa que tem os, os "bambambãs"

sabe, então eu acho que, se tu pegar o, São Paulo, existe muita alternância de,

de, de pessoas dentro do HOG, e participação, pelo fato de ter interesses

pessoais acima dos interesses coletivos, então aqui acho que, pelo fato de a loja

ter sido, colocada como experiência nova pra nós e pra ela, a gente conseguiu

participar do começo, e esse começo foi desprovido de, tu é melhor, tu é pior, tu

é mais, tu é menos, então isso ++ deu uma igualidade, né, que transformou,

ninguém melhor do que ninguém pra, a ponto de dificultar o acesso ou não,

dentro do grupo.

251

P: Nós estamos falando, do desfile, de motocicletas em comboio, estamos

falando do bonde, quais são os prós e contras dessa prática? Quais são as

vantagens e as desvantagens da prática, de andar em comboio?

E3: Existi um grau de risco, que seria o strike, né o, uma, uma, uma queda coletiva,

né, existe o medo de andar com pessoas, menos experientes e menos atentas,

então que poderia provocar um acidente, esse é o negativo do, do , do bonde né.

Por outro lado existe também uma maneira ordenada e segura de andar, que

compensa a falha individual, de pessoas inexperientes.

E1: Como pontos negativos, é difícil colocar outros além do que o número 3 colocou.

É o ponto positivo é, acho que, aprendizados, até o contra ponto disso apesar do

risco, a própria segurança de você andar em grupo né, eventualmente passando

por algum lugar mais ermo, onde se precisa de algum suporte de alguém, mais

pessoas, então acho que é, segurança, por ter mais pessoas juntas se a gente

precisar de alguém, é, e isso acho que, pra própria diversão né, se ta, tem mais

pessoas pra compartilhar, o compartilhamento ++ do que tu gosta de fazer, pra

mim o ponto positivo é esse.

E4: Quanto maior o grupo, pros Road Captain que tão trabalhando pra conduzir, pra

manter o grupo ali, dá mais trabalho. Ponto positivo, é bonito pra caramba{}.

E2: Eu acho que a questão do grupo ela sempre vai ser polêmica, nunca, nunca vai

ter unanimidade, eu acho isso legal, os prós e os contras, a tua pergunta esta

focada nisso. Então vou lá, os prós, a beleza do grupo, a segurança que você se

sente, da eventualidade de uma pane seca, de uma pane mecânica, de um

acidente, você saber que tão com pessoas ali que tão se preocupando com você,

sabe, e mais eu acho que a questão estética é a mais legal de todas, é

emocionante, você vê rum grupo na estrada, andando de forma harmoniosa.

Agora, ponto positivo, e aí que vem a questão polêmica, é justamente o risco que

o número 3 falou e que não sai das nossas cabeças a cada passeio que a gente

traz, quanto maior o bonde, maior a sensação de que possa acontecer o maldito

strike.

E5: Ponto positivo, segurança e visualização, as pessoas te enxergam na estrada,

tão vendo que você vai passar ou que você vai esperar. Ponto negativo, talvez

252

inexperiência.

E4: Os positivos superam os negativos.

P: O que vocês sentem, quando andam num bonde desse?

E3: Seguro, parceria.

P: Como os membros do HOG se comportam entre si, quando compondo um

bonde, ou quando reunidos ? Falando de comportamento, de um legítimo

membro.

E3: Com mais disciplina, do que visualmente nos teríamos se tivéssemos só.

P: E como se dá, por que essa prática se dá dessa forma?

E3: Exemplo pra quem ta começando.

P: Auto-regulação.

E3: É

E5: Respeito.

P: Estamos falando de bondes, geralmente um bonde compreende um

passeio, são feitos vários passeios, promovidos, por meio da

concessionárias. E esses passeios como são?

E4: É, é feito o trajeto, é tudo programado com antecedência, com organização, com,

qual é a quilometragem, nessa quilometragem as motos que vão tem autonomia

pra chegar, precisa do abastecimento, que moto precisa um abastecimento além

das outras, devido a autonomia diferente, tem pedágio, qual o risco, precisa dum

carro de apoio, dum guincho, aonde nós vamos, o tempo de chegada, calcular os

garupas, vão precisar parar pra esticar uma perna, banheiro,a, tudo feito com

antecedência, o nível de gasto que vai ter, vamo pra um restaurante, quanto é a

média do prato, tem capacidade de atender o pessoal..., bem o grupo, vai ter

onde estacionar, tudo programado.

P: Como vocês acreditam, que as pessoas, espectadores, percebem o

passeio, ou o comboio dos HOGs?

253

E5: Uma boa parte dos que observam, teriam vontade de tar ali.

E3: Mesmo os que tem medo de andar de moto.

E5: Mesmo os que não gostam de moto, teriam vontade de estar ali, porque é muito

bonito é muito organizado, é, é muito ++, é muito de coração a coisa que ta

acontecendo ali, de você estar, com teu companheiro do lado, ta com alguém

que você ta preocupado com ele, não é só mais uma moto na estrada, é alguém

que você tem afinidade, é uma coisa que, te traz um prazer enorme, que é

bonito, então mesmo quem, não, não tem assim aquela vontade de ter moto, ou

quem não gosta moto, o que tenha medo de moto, certamente gostaria de estar

participando com aquele grupo.

P: Como vocês se sentem, sobre os olhares dos expectadores deste passeio ?

E1: Privilegiados{}.

E5: Idem.

E4: Sem palavras, disse tudo{}.

E3: Concordo, privilegiado.

E2: Eu acho que é uma sensação muito, muito agradável, você saber que ta

podendo participar daquilo, e que algumas pessoas, vou usar uma palavra que

não é saudável, mas vou usar ela, com outro objetivo, as pessoas sentindo uma

inveja saudável, de que gostariam de estar ali, andando de moto com a gente.

P: Como você se sente?

E2: Eu me sinto..., gratificado, por poder ter alcançado, por ter chegado ali, poder

participar do grupo.

E3: Eu me sinto influenciando pessoas.

E5: Entra a questão do exemplo colocado a pouco, você ser exemplo para alguém,

de uma ação positiva, de uma atitude positiva.

P: E os passeios promovidos por outras marcas de motocicletas, como são?

E4: Existe alguma ?{}

254

[[ Fazemos questão de não saber{}

E3: Durante o passeio de um outro grupo, eu imagino que eles são muito

individualistas e desorganizados. São muito individualistas na minha maneira de

ver.

P: Alguns filmes, Easy Rider, Wild HOGs, motoqueiros selvagens, um clássico

do cinema, relata a aventura de quatro motocicletas norte-americanos

cansados de sua rotina, como você se sente, enquanto um HOG em

comparação aos motoqueiro do filme?

E5: Eu acho que a moto me tira de qualquer rotina que eu tenho durante a semana,

ele me desliga de qualquer, situação de trabalho, de qualquer situação de

preocupação, talvez seja um escape, talvez seja um escape é, daquilo eu queira

em momentaneamente esquecer, se a ideia é sair da rotina então eu vou subir

na moto e vou rodar.

E3: Infelizmente eu acho que o filme tem muito haver com, com as pessoas que tem

Harley recentemente né, porque elas tem praticamente as mesmas

características do cara que ta, ta mal sucedido na vida, e ta saindo com uma

viagem pra chutar o balde, e, sabe, tem muito coisa verdadeira nesse filme, é em

relação as pessoas que são Harleiros atuais assim sabe de essência.

P: Mal sucedidos na vida?

E3: Não, não, tem de tudo quanto é, no filme, eles tem quatro personalidades

completamente diferente, um cara muito ligado à rotina, um cara que ta fingindo

ser uma coisa que não é, sabe, então tem muita, muito haver com o que, o que

realmente...

P: E como tu se sente nesse cenário, em relação a um desses, derrepente?

E3: A, eu me identificaria com ++ por. Eu identificaria, alguns amigos meus, uma

tatuagem da Apple no braço, eu sei que alguns tem essa, esse, essa

característica né, bem, bem, né. E ++ eu eu imagino um cara, eu, eu me coloco

na, na posição de um cara que ta numa rotina, e final de semana ele da uma

255

extrapolada.

E1: Eu me identifico totalmente com isso, não tem problema nenhum em dizer ++ eu

comprei a moto porque eu fiquei doente e tal, e escutei do médico dizer pra mim,

cara se você quiser ver sua filha crescer, tem que mudar seu estilo de vida, e a

moto me proporcionou isso né, a Harley me proporcionou isso, então eu me

identifico totalmente com a questão de sair da rotina sem problema nenhum.

P: Porque vocês acham que os motoqueiros do filme usavam roupas, pretas e

quentes? Isso digo em relação ao nosso clima.

E2: Tenho uma fama de usar, nossa segurança, teu tenho uma fama de usar roupa

quente ++ eu discordo um pouco da teoria que roupa preta é roupa quente, a

roupa preta ela é quente quando você ta em contato direto do sol sem a

presença do vento, e a roupa de couro é quente quando você ta sem a presença

do vento, porque, o couro nada mais é do que uma pele animal, e nos ajuda a

transpirar e nos ajuda a proteger do frio. Mas vamos lá, eu acho que a roupa

preta não tá, não, não é essa função dela nesse momento, mas eu acho que, a

roupa preta ela tá extrínseca à marca, o preto ta intrínseco à marca, eu relatei lá

no inicio, Easy Rider, pronto.

E1: Também é++ estereótipos, não tem jeito, quando você ta num ambiente social

você vive de uns estereótipos, eu quando to junto com o pessoal do aeromodelo,

eu uso boné, bermuda, e camisa de, cotton e camiseta de coisa. Quando você ta,

dentro de outro grupo existe uma característica, que ta associada aquele, hã,

aquele grupo, pra mim tem a ver com, com o estereótipo que foi criado ao longo

de muito tempo, o cara que anda de moto né, eu acho que até extrapola a Harley

né, talvez qualquer moto custom, tem associado uma característica de vestuário,

que é, roupa mais escuro, um tipo de música que o pessoal gosta.

E3: E o preto acaba sendo um, símbolo de rebeldia né, ele remete a rebeldia,

porque, quando se começou usar, preto era justamente pra, ir contra o que tava

se usando naquela época né, que era tudo muito colorido anos 40, 60, 50, se

usava muito couro e o preto ele veio pra quebrar isso aí.

P: Assim como no filme, muitos membros do HOG, alteram o escapamento da

256

motocicleta, nesse momento nos não estamos falando do som do motor,

estamos falando da alteração do escapamento da motocicleta, alguém tem

algo a comentar sobre isso?

E3: O que eu tenho a comentar sobre isso é o seguinte, as pessoas que olham uma

moto grande, elas esperam um grande barulho.

E4: E aquele escapamento de motor de máquina Elgin não combina né{}.

P: Por quê?

E4: Você imagina uma moto, com aquele, aquela potência de motor, fazendo vru vru,

tu imaginou uma, uma, o som de uma Ferrari, como é que é? É, não da pra ser

aquele vru vru vru.

E3: Tem que ser compatível né.

E4: Proporcional.

P: Comente, sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como nos

filmes norte-americanos, por que isso é uma pratica percebida nos HOGs,

inclusive no Brasil?

E3: É, tipo uma maneira de tu entrar no personagem.

E2: É uma identificação, eu recentemente, em agosto quando eu fiz aniversário, eu

fui surpreendido por um de nossos amigos, o cara me deu um anel.Meu amigo.

P: Tu te imaginava usando um anel desse antes, de entrar...

E2: Não, jamais{}, foi duro parceiro, antes, to identificado com ele{}.

E4: Acho que isso faz parte do estereótipo, entendeu, tu, é acaba eu tendo, fiz

tatuagem não ligado à Harley, mais tatuagem...

P: Por conta da Harley?

E4: Sim, tu acaba..., se tornando mais ousado, mais rebelde, algo do gênero, e com

isso vem o couro, vem o lenço, vem a corrente, a cavera...

P: Alguém tem tatuagem da Harley-Davidson, ou como tema Harley-Davidson

257

aqui?

P: Alguém pretende ter?

E5: Sim.

P: Quem usava alguns desses lenços, tatuagens, correntes assim como outro

acessórios, antes, de ter uma HD ?

E4: Eu usava terno.

E3: Eu não me sentiria a vontade, pra usar algum acessório desse tipo, se não fosse

uma Harley.

E2: Eu tive diversas bandanas, eu nunca tive coragem de usar, só consegui usar

andando de Harley.

P: Quem usa atualmente?

E4: Eu.

E1: Eu.

E5: Eu.

E2: Eu.

P: Todos ?

E1: Todos.

[[ Todos.

P: Muitos HOGs costumam andar acompanhados com uma pessoa em sua

garupa, qual é o papel da garupa, na cultura Harley-Davidson?

E5: Fundamental, eu acho que, a tua companheira, mulher namorada, parceira

enfim, te acompanhar é um ++ é um, uma maneira dizer assim, é uma briga a

menos em casa, por quando o cara tem moto ele curte moto, ele quer sair de

moto, e a mulher não curte, a primeira vez vai, a segunda vai, na terceira a

mulher começa podar o cara, o cara começa podar a mulher, e nosso caso aqui,

nós cinco, somos felizardos de ter as companheiras acompanhando, nos

passeios, viagens, e eu acho que isso é um diferencial bem grande, pra quem

258

infelizmente não tem uma, uma companheira, que seja parceira de viagem.

E3: Eu não, eu não teria nenhuma moto, nem Harley, nem uma qualquer outra, se

não tivesse (...) da minha esposa.

E2: Não teria moto, e não me proporia a entrar grupo, investir na aquisição de uma

moto, se minha esposa não tivesse comigo.

E4: Talvez eu tivesse uma moto, não a Harley, pelo até pelo investimento como falou

o número 2, hã ++ e não teria, não rodaria o que eu rodo, junto com a, com a

minha companheira.

E1: Fundamental, no meu caso é, mais do que a garupa né, minha filha tem 3 anos,

ela vai no carro junto com o bonde{}.

E4: Tem uma disputa entre a filha mais velha, e a minha companheira, porque quem

vai na moto, então.

P: Quem decide sobre as compras de produtos Harley-Davidson, a garupa

opina de alguma forma, ou com algum peso na decisão de compra?

E3: Não

E5: Não

E2: ...{}

E4: As duas ultimas motos quem comprou foi ela {}.

E1: Não

P: Eu gostaria de ouvir o número 5, 3 e 1, se existe algo a dizer por que as

garupas não opinam, se elas passam todos os poderes pra vocês, ou se

existe um motivo específico por conta disso?

E3: Ela opina na, na cor, na cor do carro, no modelo do carro, na, na cor da minha

roupa, agora quando se trata de moto, ela, ela, ela bota um pé atrás e, e passa a

respeitar completamente, o meu desejo.

259

P: A paixão é tua, não dela ?

E3: Não, não, ela respeita, o meu, direcionamento em relação a tudo que envolve a

Harley, ou ao, motociclismo.

E1: É, ela me apoia porque, acabou que a Harley é a marca, que aproximou a gente

mais, então ela, a paixão é minha, mais, é algo que pra ela é bacana, então

ela...respeita não tem muita participação mais.

E5: Eu não enxergo como uma questão de mandar, ou ser mandada, mais como

colocado pelos colegas, nenhuma questão de respeito, é, a paixão foi minha, é

minha da moto, que ela acompanhou, mais, quando se trata em trocar, comprar

um acessório, é, enfim, cor ela, apoia 100% mas passa a bola pra mim.

P: Qual é a vestimenta, da garupa, quando comparada a do HOG, tem alguma

diferença, ela se veste diferente, ou ela se veste igual ao HOG, ela é uma

HOG?

E5: Ela faz parte da, do grupo, com o couro, o anel, o pingente, faz parte da

vestimenta.

E3: Ela demorou um pouco a entrar nesse processo, ela foi meio que lentamente

entrando nesse processo de, de, caracterizar, a, vestimenta, a marca e aos

demais HOGs.

P: Comente sobre a participação de membros da família, não membros do

HOG, em eventos do HOG, vocês incluem de alguma forma membros da

família, que não são membros do HOG, em eventos do HOG?

E4: Sim, a filha principalmente ++ na moto só dá dois né, então disputa com a mãe,

é, da pra ir não dá, "o tomara que ela tome gelado pra ficar com dor de garganta,

num vai, que aí eu vou e tal", e quando tem algum evento ela, costuma,

acompanhar.

E3: Eu evito envolvimento da família porque eu acho que moto é muito perigoso.{}

E1: Sim, tem envolvimento, não só da minha filha mais, a minha mãe já participou

260

várias vezes, meus dois irmãos são proprietários de Harley também, então,

fatalmente acontece o envolvimento, tem uma irmã que não é motociclista mas

também participa.

E2: Eu não, eu não, os meus filhos, eu tenho dois filhos adultos, eles não participam,

mais, nada contra, simplesmente são filhos adultos, eu sou separado, sou

divorciado, to no segundo casamento, e eles tem a vida pessoal deles, nos

damos muito bem, mas não trago eles, simplesmente, porque eles tem outro

grupo de convivência, eu acho que o HOG, é o meu grupo e da minha esposa.

P: Alguém aqui utiliza o HOG como válvula de escape, além da rotina da

semana, como válvula de escape de alguns problemas familiares?

E1: Não

E3: Não

E2: Não

E4: Não problemas familiares, mas 100%..., dia a dia, o estresse do dia a dia.

E5: Não, levar para o HOG problema, mas eu, eu tenho no HOG alguém que me

ajuda a (...)

P: Quais características definem, um legítimo membro do HOG ? Falamos

sobre vestimenta, como se vestem, por que se vestem assim, e atitudes etc.

E3: Solidariedade.

E4: Atitude.

E5: União

P: Como se vestem ? É possível definir um membro do HOG, a distância, por

conta da forma como ele esta vestido, vocês conseguem identificar no meio

de várias motocicletas, aqueles motociclistas, aquele é membro do HOG ?

E3: Acho que sim, são mais coxinhas.

E3: Porque, é, eles tem uma, eles não são nem pro muito, no muito radical, e nem

pro, nem pro muito almofadinha, eles tão com roupa da marca, eles tão, muito,

261

muito loja, sabe, muito pouco, muito pouco customizados.

E2: Eu acho que, concordo com o número 3, eles não reinventam a roda, eles vão na

loja, e compram aquilo que ta escolhido e não passam disso. Não customizam, é

fácil de identificar.

P: Existem regras dentro do HOG, quais são as regras que um HOG deve

cumprir ? De ética e comportamento ?

E1: Como o objetivo principal é o passeio, é pesar pela segurança do grupo, isso, na

minha opinião acho que, é a regra mais importante né, que é preservar a

segurança das pessoas que estão envolvidas na condução dos passeios, na

participação dos passeios.

E4: Segurança, respeito, comprometimento, companheirismo.

E5: Humildade, junto com o respeito que é, fundamental em qualquer relação que

você tenha, seja no HOG ou em qualquer outro grupo de convívio, mas você ser

humilde de aceitar, a experiência dos demais, aceitar um, conselho, ouvir, ter

humildade.

P: Como acontece o preconceito, discriminação, em relação ao novo

integrante membro do HOG, existe esta prática, vocês já viram, já

presenciaram a prática de algum preconceito, discriminação, em relação a

forma de vestir, ou ao nível social, ou ao comportamento, ou

autorregulação do grupo ?

E3: O único preconceito que a gente tem é pra quem comprou uma V-Road.

E3: Porque são pessoas que veem a Harley, na minha opinião, de outra maneira,

diferente da nossa.

P: Como?

E3: De ascensão...

P: Essa não seria a moto de transição, da subcultura Biker, para subcultura

262

Harley ?

E4: Positivo, eu não vejo como transição, a pessoa não saiu ainda do Bike.

E5: Talvez ela não tenha, é, encarnado no que é Harley.

E1: Apesar da gente falar que existe alguns, que existe o preconceito que se

comenta, mas eu nunca presenciei alguém que participo do grupo, andando de

V-Road, ser maltratado, ser excluído, ou deixar de ser convidado pra qualquer

passeio pelo fato dele ter uma V-Road.

E3: Mas quem tem V-Road, tem um comportamento estranho.

E1: Sim, mas pode ser um comportamento da pessoa na minha opinião, mas nunca

vi nós, os idosos, membros do HOG, se comportarem diferente porque o cara

tem uma V-Road. A não ser pelo caso do V-Road com o escapamento aberto.

P: A Harley-Davidson disponibiliza de uma série de acessórios e peças para

customização, de sua motocicleta, como você customiza sua Harley-

Davidson?

E5: Não customiza.

E4: Você tem, compra a moto, como a moto, e compra outra moto em acessório.

E3: É, a Harley dispõe de, de, de umas quatro linhas eu acho, de, de acesse, de

customização, a gente se identifica com uma delas e segue aquela linha, dentro

do que a gente acha ser, o que mais e assemelha, ao nosso comportamento.

P: Por que alteram a sua Harley-Davidson?

E4: É uma assinatura.

E3: É pra uma não ficar igual a outra.

P: Como você vê o uso de peças não originais, na customização de uma

Harley-Davidson?

E3: De mal gosto.

263

E5: Talvez até de, desentender, de não conhecer, sobre o material, sobre o

acessório, e, descaracterizar a moto, porque, como foi colocado a pouco, parece

que o acessório da Harley, ele é criado, milimetricamente pensado, então, você

instala na moto, ele fica, é, ornado, na moto, um acessório que não é original da

marca, ele pode ter a mesma furação, ele pode ter o mesmo encaixe, mas o

designe, o modelo, a almofada, o couro não é o mesmo, então ele, diferencia da

moto.

E1: Eu particularmente não vejo, problema, eu não faço, não tenho vontade de fazer,

como uma outra peça, mas, acho que é muito individual, muito pessoal, tem

gente que, que faz, de uma outras marcas, ou manda fazer mesmo, produzir

peças ou acabamento, acho que é muito individual.

E2: Pra ser um pouco mais polêmico na questão, pra ser um pouco mais antagônica

a tua pergunta. Apesar de andar de Harley, apesar de eu gostar de Harley, eu

gosto muito de manter a originalidade na minha moto.

E3: Ainda bem que o Adir não ta aqui.{}

P: Por que número 3?

E3: Porque, ele usa a tatuagem da Apple no braço{}.

P: Será que foi por conta do filme, Wild Hogs?

E3: Não, ele acha que tem que fazer, bom ele, ele vive a realidade dele, acha que,

que a, bom ele não ta muito, harmonizando as coisas, faz de acordo com a

necessidade.

P: Quais são as principais customizações, praticadas pelos membros do HOG,

da Floripa Harley-Davidson?

E1: Alteração do escapamento.

E5: É quase que padrão isso, é quase que padrão.

E4: Concordo, se nós fossemos colocar a nível de, a classificação o primeiro, um,

dois, três por classificação, seria o escapamento, mais, aí já é um, é como eu

falei, é uma assinatura, é um gosto, um vai bota led colorido,o outro não...

264

P: Mas se formos comparar, por exemplo, as customizações feitas, na The

One em Curitiba, com as da Floripa Harley-Davidson, deve existir algumas

discrepâncias, la se usa mais o Ape Hanger, guidão alto, e aqui se usa mais

a alteração do escapamento, elencando, primeiro escapamento, e mais o

menos o que dizem os demais, varia muito entre os HOGs.

E1: Eu acho que o primeiro é esse aqui, e o segundo são acessórios, acessórios de

acabamento assim, tampa, é da primária, é, tampa por, pra pedaleira, pedaleira...

E2: Concordo, mas eu discordo um pouco do número 1, eu acho que no momento

que você faz esses pequenos adornos, troca a tampa da primária, troca o punho

e tal, a gente não ta customizando, a gente ta colocando um adereço na moto,

customização é um negocio que, personalizando, customizando é um pouco

diferente de personalizar, talvez, não sei, será que eu to errado.

E3: Concordo, é, nós estamos num processo muito recente de customização e

personalização de moto por que, porque a gente ainda ta muito atrelado ao que

aloja impõe ou induz, a ser usado, lá na frente, assim como nos Estados Unidos,

as pessoas vão se dar conta, de que cada vez mais a moto tem a ver com a

personalidade de cada um, que não é simplesmente um acessório, ou algumas

coisas que vá alterar na moto, lá na frente eu vejo que a customização, não a

personalização, vai se tornar uma coisa muito mais forte, muito mais presente em

toda a cultura Harley-Davidson, por que, porque as pessoas vão começar a

querer se diferenciar desses novatos que estão entrando, e isso é um processo

meio que natural, isso a gente vê nos Estados Unidos, é assim, tende as

pessoas que usam arma nos Estados Unidos, usam umas motos, com uma

característica X, é e, é muito mais, mais coisas envolvida, referente a

personalidade. Entende, então assim ó, eu acho que lá na frente, é, como uma

tatuagem a pessoa vai envelhecendo, e vai tendo coragem de por uma tatuagem,

então lá na frente as pessoas que estão, realmente querendo sair desse lance de

comprar peças, coisas prontas de loja, elas vão sim querer ter uma, uma, uma

forma mais radical de expor a sua personalidade, e que realmente se identifique

mais com coisas, focadas na sua personalidade, então é onde ela vai conseguir,

265

é se diferenciar, e vai buscar cada vez mais a customização, que hoje é muito

pobre nesses membros Rodes.

P: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson,

promove dupla interpretação, na percepção, de diversos consumidores de

motocicleta, existe alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao

tema ? O som do motor de uma Harley-Davidson.

E4: Único.

E2: Se eu pudesse, eu tinha uma carburada {}.

P: Por que número 2?

E2: Porque, a moto carburada, ele realmente nos, nos remete, é, a cada um de nós

aqui, eu acho que todos nós deve ter alguma literatura de Harley, e já leu, que

começou lá nos primórdios de 1900, falar de moto, e somente a moto carburada

nos mostra, é, nos faz ouvir, aquilo que nós lemos, as motos que já são

eletrônicas, infelizmente não nos remete a isso.

E3: Eu imagino que, que todos que estão aqui, a maioria dos que estão aqui, pensam

em ter uma segunda moto, como, o realmente o sonho, que seria uma moto

completamente importada, customizada, é, amassada, lixada, suja, sabe onde as

roupas que a gente usa hoje não combinaria com, com essas motos, entendeu,

eu acho que todos aqui, a maioria deve ter esse sonho de, de ter uma segunda

moto. Que não teria injeção eletrônica com certeza, seria carburada com aquele

motor quase parando.

E5: Concordo com o exposto.

266

APÊNDICE 3 – Transcrição Entrevista Grupo Focal 3 Entrevista focal, Grupo 3. Identificação G3. Local: Itajai – SC, data: 19/11/2014- Quarta Feira as 17:30 horas, tempo total de gravação= 1hora38min54seg

Membro Descrição

P:

Para onde você iria, em suas ferais sem dinheiro, com a sua Harley-

Davidson?

E3: Ia para o Chile

E2: Eu iria junto com ela, pro Chile.

P: Da pra ir pro Chile sem dinheiro?

Aquele casal ta a seis meses, vivendo de, um pouco aqui um pouco ali, é.

P: Dá pra viajar sem dinheiro com a Harley-Davidson?

E5: Eu que, se o pessoal da BMW, lógico que eu acho que, eles tão com dinheiro né,

porque, é venderam e tão viajando, acho assim, muita gente ajudam eles, e isso

me deu tipo assim um certo, uma certa inveja, né, eu pensei naquilo. Pegou pelo

trabalho mesmo achando que é tão estressante, me deu tipo assim, bom porque

que a gente não pode fazer, se aquilo meio que me coçou, sabe. Mas, a gente

tem mais um pé no chão, é lógico, que eles fazem aquelas coisa assim,

derrepente, eu tenho filho eu tenho neto, mas que deu uma coçada deu. Mas eu

acho que dá, mas eu acho que eu ia pra Machu Picchu.

E1: Eu acordava em passar em um camping, veio dormir com um grilo na cabeça

mas eu acho que subiria uma serra ia pra um camping, porque a sensação de

liberdade que a gente tem de viver, de ver céu de ver montanha a baixo, foi

sensacional.

P: O que é a Harley-Davidson para você, a marca Harley-Davidson?

E3: Liberdade

E2: Liberdade e encontro de amigos.

E1: Amizade

267

E5: Eu também acho que é liberdade, né, é novos amigos que a gente acaba

fazendo, a ++ eu acho que, o que eu sinto pelos meus amigos que a gente tem

até hoje, é aquela coisa sem distinção, porque eu tenho mais, eu tenho isso, eu

tenho aquilo, então o que eu levo muito, até uma vez numa reunião da, que eles

estavam fazendo um curso e eu cheguei, eu falei pra eles né, se eles sabiam o

que, que era a caveira, que a gente usa muito, a gente usa uns acessórios, de

um brinco um colar, e a caveira nada mais é, do que você não sabe, se aquela

caveira foi homem, mulher, branco, negro, japonês, o que, que foi, né, você não

sabe, é uma caveira, então, somos todos iguais, e eu tenho sentido isso com,

com o pessoal da Harley, né, eu sou uma naturista, e desde que eu entrei pra

Harley, né, eu nunca mais foi numa praia naturista, e eu sempre senti essa coisa,

de sentir aquela coisa do, do igual, entendeu, de não chegar naquele lugar e

aquela ta com uma roupa melhor, aquela coisa, e isso, a Harley me trousse isso,

aquela coisa de que todo mundo se da bem, todo mundo se abraça, todo mundo

se beija, os homens gente, que coisa mais linda, eles se encontram eles se

beijam, sabe quando se, é uma família, realmente passa uma família.

P: O que vocês fariam, se não tivesse esse hobby?

E3: Ficaríamos em casa, fim de semana, sábado domingo a nossa vida era assim,

quando o, a gente via tava assistindo o, Faus ++ é o Hulk né, a tarde, no

domingo Faustão, no máximo saia pra almoçar voltar, né, e, a nossa vida mudou

muito, né, nesses dois anos, eu não sei mais o que é ficar em casa, né, sempre

pensando o que, que vai ser nesse sábado o que, que vai ser no domingo que

vem, é o que nos proporciona.

E5: Eu acho que eu teria terminado, o meu Jeep, mas aí eu acho também, que eu

não tenho os amigos que hoje eu tenho, né, e que são muito importantes pra

mim.

E4: É, eu sempre sai muito, então, isso que complementou, foi a amizade, então é a

única coisa que fez a diferença, foi ter novos amigos.

268

E1: Foi ter novos amigos, vai fazer seis anos que eu moro em Florianópolis, eu não

conhecia praticamente ninguém, depois que nos entramos no sopro da Harley, o

meu companheiro, ainda vinha sozinho, eu passei por um processo cirúrgico,

então bem recente eu comecei a frequentar, e bem recente eu já vi que eu tenho

um ciclo de amizade bem forte, que eu posso contar, que eu sei que são

parceiros, não só pra momento de passei da Harley, mas se eu precisar de

alguma coisa eu sei que eu posso contar com todos eles, que estão todos

presentes sempre.

E3: Assim, é, e uma coisa assim que é incrível, que né, a Léia, é bem mais nova, a

Denise, a Renata né, então, assim nesse grupo, parece que nós somos todas da

mesma idade, não tem diferença, nos todos pensamos igual, né, e isso assim, eu

me sinto super bem.

P: Ao tirarmos a marca Harley-Davidson da moto, das roupas dos acessórios,

o que resta pra vocês?

E2: A amizade que a marca me proporcionou.

P: Mas sobre o material, a moto, vendo a moto sem a marca Harley-Davidson,e

a minha jaqueta sem a marca Harley-Davidson, olhando todos os

acessórios que a gente usa sem essa marca, o que, que sobra, o produto o

que sobra?

E4: Sobra a moto, sobra a minha jaqueta, preta, que eu gosto, sobra os amigos.

E2: Eu acho que a marca na realidade é mais o status, mas a, eu acho que diferente

de marca, qualquer um é amigo, tanto que na viajem que a gente fez no final de

semana, tinha marcas diferentes no meio do comboio, e ficou tudo igual, acho

que não, não deu diferença.

E1: Sobra a, a máquina, e o que foi conquistado, junto com esta marca, é acho que é

mais ou menos isso mesmo.

P: Quais características que você percebe no produto sem a marca? Sem a

marca Harley-Davidson, o que vocês percebem de características ?

269

E1: Um produto como os outros, que dá problemas, que tem sua série de, melhorias

a serem feitas, existe seu certo status, e eu acho que é isso.

E5: Realmente há um ++ um status nisso daí, ta, realmente há, mas eu sempre tento,

puxar, e tirar um pouco o status, é.

P: Mas nos produtos que vocês utilizam da Harley, eles tem a marca Harley, os

acessórios, jaqueta, camisa, as roupas todas, que características que

vocês percebem, nesse produto, se fosse sem a marca Harley-Davidson, se

fosse só o produto?

E5: Seria uma coisa, a do meu ver, tá, uma coisa..., normal igual as outras, tá,

porque quando você sai com uma jaqueta, ou com uma blusa, uma camiseta

Harley-Davidson, né, o pessoal já olha pra você mesmo que você não esteja com

a moto, mas as vezes PÔ, VOCÊ ANDA DE MOTO né, pô você tem uma Harley,

pô eu gostaria muito de ter, de andar, parara parara parara, né, essa semana

mesmo eu estava com uma, com uma blusa, né, e eu fui num espaço desse da,

shake né, aí tinha um senhor, e ele falou “pô você anda de Harley? “ eu disse

não eu não ando, meu marido anda, eu ando na garupa. Mas isso já chama a

atenção sabe, parece sentir, o pessoal, né.

E1: É o status que a gente que ta no grupo não ++ assim a gente não tem isso como

status, a gente tem isso como um grupo, de amigos, e quem ta de fora, acha que

quem tem uma Harley, que isso a gente já presenciou pô você tem uma Harley

ele ta em outro nível né, não a gente não ta em outro nível coisa nenhuma, a

gente ta num nível que, somos amigos queridos, que a gente se da super bem, e

que lá ninguém fala de status, ninguém fala do que tem do que não tem, isso que

é o legal, porque ninguém ta ali pra medir força com ninguém, e é bem...

P: Vocês usam produtos da Harley-Davidson que não seja original?

E4: Eu uso.

E5: Eu também uso.

E1: Eu também.

E3: Também uso

270

E2: Também, inclusive na loja raios não são originais.

P: Se colocarmos novamente a marca Harley-Davidson em suas motocicletas,

nas roupas, devolvendo agora a marca aqui nos acessórios, o que mudaria

na sua percepção? Nos tiramos e fizemos uma reflexão sobre isto agora

colocamos devolva a marca, la na moto, jaqueta, na camiseta, todos os

acessório utilizados, o que muda na percepção?

E4: A minha percepção ela não muda, mas eu sinto o olhar da outra pessoa, pra

mima a moto, pra mim a jaqueta, pra mim a pessoa, é, são visões diferentes, eu

ainda continuo a mesma, mas eu sinto o olhar diferente da pessoa, a abordagem

é diferente, se eu tiver com a minha jaqueta preta eu não pareço mais com as

pessoas na rua, agora se eu tiver com o meu emblema Harley, eu vou te chamar

a atenção.

E3: A gente chega nos lugares, a gente observa assim né, parece que somos todos

ETs, entrado ali, que ta todo mundo olhando, comentando. Então a marca tem

uma força muito grande, muita gente gostaria de tá, vivendo isso também,como a

gente.

E5: O que, que acontece, alguns anos atrás, vamos dizer assim, o pessoal que

andava de Harley, né, com jaqueta, calça rasgada, era visto como, delinquente,

vamos dizer, o pessoal ficava meio com medo, né. Tem lugares que você ainda

chega e o pessoal te olha meio assim, porque você chega num estilo, mas aí tem

que eles vão olhando pra você, já é um pessoal como mais idade. Hoje né, o que

eu vejo, é um pessoal de mais idade, eles vão dando uma olhada e vão, vão

mudando, tem ate um casal de amigos nossos, que contam que hoje eles fazem

parte da família Harley, mas eles não faziam, e eles estavam acampando com a

filha, e derrepente chegou um bando de motoqueiros, de Harley, e eles ficaram

com medo, porque eles estavam com a garota, né, e meu Deus do céu, mas isso

é muitos anos atrás, e lá pelas tantas chegou uma van, com a família dos

motoqueiros, e aquilo mudou eles, eles acabaram conversando com o pessoal,

fizeram amizade, e hoje eles estão na Harley. Então é mais ou menos isso aí,

tem muita gente que ainda tem aquele, preconceito, né, que o pessoal que anda

271

de Harley, ou a gente que anda, muitas vezes de calça rasgada, jaqueta de

couro, colete, colete cheio de coisa, que você anda, né, com anel de caveira, e

olha meio que choca, né, mas depois que acaba conversando com a gente, vê

que nos somos pessoas normais.

E1: Pra mim também, a minha percepção que eu tenho, se eu colocar a marca

Harley novamente, é a mesma coisa que o numero 4 falou, não mudaria o ponto

de vista pra mim, eu vou continuar sendo a mesma pessoa, independente de

estar com a marca ou não, mas essa visão pras pessoas de fora, acaba

mudando um pouco o contexto no geral né.

P: O que a marca Harley-Davidson agrega aos seus produtos?

E2: Acho que pra mim não, mas é mais como um todo, como foi comentado

anteriormente, pra não muda nada.

P: O teu olhar sobre o produto, não muda com a marca Harley-Davidson?

E2: Não, não muda nada.

E3: Não.

E1: Pra mim também não.

E5: Também não.

E4: Pela visão dos outros, acaba as vezes interferindo que a gente, tem um status,

anteriormente tinha, como o 5 falou, a visão, baderna, mas atualmente a visão é

o status, é onde todos motociclistas querem chegar, eles passam por uma Drag

Star, uma virago, e vai indo, até chegar na marca. Então ela te proporciona isso,

e você sente isso.

E5: Completando o que o 4 falou, meu marido, as vezes ta andando e tem uma

Shadow né, aí ele assim, ele fala pra mim “qual o sonho dele?” aí eu falo pra que

é uma Harley.

272

P: O que vocês esperavam da marca Harley-Davidson antes da compra da

primeira motocicleta?

E5: Subir a 282 quer era um sonho do Alexandre, ter um pouco mais de liberdade,

né.

P: Esperavam isto desta marca?

E5: É né, na moto na marca sei lá, era esse, era um pouco, o que a gente via de

Harley, o que a gente escutava, o que a gente via era liberdade, né. Parece que

a Harley, fala assim liberdade, né, e a gente vê e contar e, eu não esperava ter

tudo isso hoje, né, todas essas pessoas juntas.

E1: Eu,vou ser bem sincera, eu não esperava ter uma moto em tão curto prazo, a

milha filha só tem três anos, a gente pensava em ter esses planos daqui uns

quinze, em frações de dois meses, ele chegou “vou olhar uma moto, eu olhei

uma moto, eu já comprei uma moto”, então não teve muito, não tive nem tempo

de pensar o que faria, o que pretendia fazer com a marca, com a...

E3: Nos tínhamos uma Drag né, a gente achava impossível chegar numa Harley né,

achava assim, nossa era um sonho muito distante, né, aí teve uma exposição no

Shopping Iguatemi, a gente foi muito bem atendido, e a gente viu que o sonho

não era tão impossível assim, e o Poeta ele sempre foi muito medroso assim né,

e eu, eu que empurrei ele, ele agradece até hoje, assim “aí se não tivesse me

empurrado eu não teria coragem”, sabia que era teu sonho, o sonho da vida dele

foi sempre comprar uma moto, fazer uma viagem até o Chile, e voltar nem que

na volta ele vendesse a moto né. Mas o sonho dele sempre foi a Harley, e

realmente ele conseguiu e, não precisou vender a moto e ganhou né, toda essa

família, todo esses amigos assim, só trouxeram alegrias na nossa vida

E4: Com a, a moto, a percepção que eu tive já tinha outras motos bem menores, foi

conforto, olhar pra ela disse assim, vou ter mais conforto, porque pela robusteza

que ela tem, nem todas são tão confortáveis, depois eu descobri isso, mas pra

elas serem tão grande assim, sim, mas é confortável sim, acho que sim.

E2: Talvez um pouco mais de potencia poder, poder ir um pouco mais longe.

P: Quais fatores motivaram vocês a adquirir Harley-Davidson?

273

E4: A gente tinha uma ++ uma Drag Star e meu marido era corretor, e um dos

negócios dele, ele vendeu um apartamento, e o dono disse que a correção dele

era, a ++ a Road, a Road King que tava na garagem, não ia dar o dinheiro e a

comissão era, a moto que tava parada, era 2005, e foi isso o inicio da, da Harley-

Davidson, la em casa, se não talvez poderia ter sido posterior a moto, ela tava

em condições ainda, mas ela surgiu inesperadamente

E5: Era um sonho do Alexandre, ele já vinha namorando fazia tempo, ia la na loja e

voltava, ia na loja voltava, e até que um dia ele chegou e disse “eu vou comprar”

e ele foi comprou e as outras quem, comprou foi eu. As outras duas, ele primeiro,

foi a primeira, e as outras fui eu, disse não, vamos trocar e as outras duas foram

iniciativas minha, trocar a moto.

E1: A, Harley-Davidson em casa entrou num momento assim, até meio, a Carmem

sabe da história, não sei se a (...) também sabe, não foi por um momento, muito

bom assim, meu companheiro, meu parceiro teve uma doença muito séria, dois

anos atrás, quase morreu, e depois dessa doença que ele teve ele meio que

despertou pra vida, achando e falando que a vida realmente não era só trabalho,

que foi tudo decorrente do stress de trabalho essa doença que ele teve, e que ele

precisava buscar novos caminhos pra conseguir, superar essa doença que ele

teve, então ele tinha que buscar alternativas pra isso, e ele resolveu antecipar

aquele, aquele voo que comentei da (...) resolveu antecipar quinze anos, fazendo

uma visita na Harley, e ele descobriu, que ele, que pra ter incentivo, tirando a

família a filha, que um dos incentivos pra ele ficar bem com ele mesmo e se

recuperar 100% é através da Harley, e de fato graças a Deus, ele faz

acompanhamento a cada 2 meses, e a doença já tá, ta regredindo, ta cada vez

melhor, eu espero que essa Harley encare os 100% que resta nesse tratamento

e foi bem, bem punk assim a, os dois últimos anos, em relação a, nem gosto de

falar muito que eu me emociono toda a vez sou bem emotiva.

P: Qual foi o sentimento no dia da compra?

E4: Um susto, duas moto em casa é um absurdo, e só uma pessoa que dirigia.

E3: Alegria né, eu estava presente, eu que me empolguei com o marido lá pra fazer a

274

compra.

E5: A primeira moto, é..., não fiquei feliz, não até, até eu me acostumar, até eu

conhecer algumas pessoas, até eu aceitar foi um pouco difícil, ela é como se a

Harley fosse a minha inimiga no começo, quando ela, quando a gente comprou

ela era a minha inimiga,né. Porque eu sou, eu sou jipeira, né, e meu jipe tá lá,

gostava mesmo, eu fazia questão de mostrar que eu não gostava e fazia questão

de mostrar pra ele também, eu tava indo pra lá, sim bem obrigada. Eu não tava

feliz ali, e foi depois conhecendo as pessoas, indo mais um pouco né, e foi foi foi

foi foi foi, tanto que as outras duas motos, fui eu que troquei né, eu que tomei a

iniciativa.

P: Mas o jipe ta lá né?

E5: Ta lá não anda, né, to muito chateada, um pouco braba.

E1: Apesar de saber que a primeira moto que ele foi, um problema que pra ele assim

importante na recuperação, eu confesso que eu fiquei bem revoltada, que eu

tinha uma cirurgia marcada no quadril, e eu não poderia acompanha-lo durante

um ano, no mínimo, então foi meio que revoltante, meio frustrante, fiquei meio

chateada no primeiro momento, mas sabia que era pra um processo de

recuperação que ia ser bom que ia ser legal, então fui parceira apoiei, não ia nos

passeios que eu não podia nem dirigir na época, então todo mundo foi me

conhecer uns seis meses depois né. Em gramado, foi o primeiro passeio que eu

fiz, e a segunda moto foi um susto, porque eu não imaginava que ele ++ assim

tava me acostumando com a primeira quando ele resolveu trocar pela segunda,

foi meio assustador assim mas foi mais confortável também, aí eu passei a andar

de moto e a gostar. A troca foi justamente por isso, porque tentei fazer um

passeio na primeira, quase cai, passou num quebra-mola direto, aí voei com o

quadril operado, recém operado, aí, não então ta na hora de trocar, agora a

gente vai começar a andar, só que não tem como andar porque tem a pequena

né, então sempre vou de carro acompanhando, e certeza que quando ela crescer

um pouquinho eu vou continuar de carro, porque ela vai andar na moto com o

pai, ela ama andar.

E5:

O que a numero 1 falou é certo, a minha filha mais velha, a, as vezes ela torce

275

que eu fique doente{}, pra que ela possa andar né, ela tem 33 anos, ta fazendo

de tudo pro marido dela aprender a pilotar pra poder comprar uma Harley pra

poder viajar também.

P: Quais foram às barreiras que você encontrou, pra entrar na cultura Harley-

Davidson?

E5: Primeira barreira foi eu mesma, a primeira barreira foi, é ++ aceitar que eu tinha

que fazer um pouco do sonho do Alexandre também não era só o meu, to um

pouco revoltada porque meu jipe tava quebrado ela ainda tá. E também quando,

quando nos entramos era outro grupo de pessoas, e que eu senti, a, uma certa

rejeição, né, o grupo meio que mudou, as pessoas meio que mudaram e agora

acho que , ta uma coisa diferente, eu não o que, com o pessoal que ta chegando,

mas eu acho que, pode até ta sentindo a mesma coisa, mas eu acho que o

pessoal que ta hoje, não é, no meu ver, não é igual o pessoal que estava antes,

ta tinha algumas pessoas antes assim que meio que deixava tipo uma barreira,

né, hoje a gente chega na loja, vê alguém novo a gente já chega “oi tudo bem

parara parara” e não era isso que acontecia.

E2: Talvez conciliar o horário de trabalho e a família.

E1: Pra mim no primeiro momento, foi essa questão da cirurgia, de não poder ir, e eu

via que ele participava dos encontros, tirava foto, e no inicio, quando ele

começou a frequentar eu não conhecia nenhuma das irmãs, que eu achava um

absurdo ele ficar tirando foto com todas as meninas do encontro e eu não

conhecia ninguém, que absurdo e eu em casa operada cuidando de uma criança,

eu tava muito revoltada, no primeiro momento a, uma das primeiras pessoas que

conheci foi, a 3, e depois a número 5, e aí com o passar do tempo fui

conhecendo as pessoas aos poucos, e via que não tinha nada a ver aquele coisa

das fotos, que era uma coisa do grupo mesmo, o grupo quando começa a ter

uma afinidade ele realmente começa tirar mais fotos, mais parceiros, saiam

juntos, e aí, fluiu a coisa, mas no primeiro momento eu queria matar, quando eu

via aquelas fotos, quando eu, falei é um absurdo isso é revoltante. Não podia

participar, não podia dirigir, não tinha quem dirigi-se o carro que eu, a gente não

tinha família, a gente não tem família em Florianópolis, são só, só nós então não

276

tinha opção, não aí não ia e ponto né, e não media esforços, to indo tchau até

depois, cinco horas eu chego, três horas eu chego, esses três horas esquece

gente, não existe, é duas três horas depois né, então isso, isso pra mim é muito

complicado administrar. Assim nunca, a gente, a gente tem uma coisa uma

relação muito legal, de não ter ciúmes, cada um tem, é, somos parceiros, mas

cada um tem sua individualidade, e isso pra mim naquele momento, eu achava

meio egoísmo, porque eu sempre tava fazendo aquilo pela doença dele, mas era

um processo que eu tava passando pontual, que eu também tava precisando de

uma assistência, e ele tava, passeando final de semana, e naquele primeiro

momento pra mim foi um obstáculo muito grande, foi traumático, eu xingava

revoltava, mas ta tudo certo.

E4: É, eu não tive barreiras, eu não senti barreiras, até porque a compra da moto foi

anterior a loja, da Harley esta aqui, então quando eu cheguei, eu já tinha ela na

minha vida, já tava incorporada,a família já tava acostumando, a mãe rezando

cada vez que eu viajava, já tava começando, e algumas a gente não falava que

viajava pra não preocupar, então eu não obtive essa barreira, diferente do

número 5, eu não senti uma distinção depois de encontrar, a marca, uma

esporte, uma loja e as pessoas que estavam lá, eu não, pra mim tava tudo, tudo

igual assim já cumprimentava tava tudo em casa, todo mundo era preto todo

mundo era caveira entendeu, eu não fiquei quem era quem, superior, direito

esquerdo, eu não notei, então eu não senti barreira.

E3: Eu, a gente até comprou a moto antes da abertura da loja também né, como eu

falei nos compramos, a gente, o primeiro negocio foi lá no Shopping e tudo aí ele

teve que esperar abrir a loja pra poder efetuar a compra né, então, mas eu no

inicio tive um pouquinho também, essa mesma impressão da Miriam, tinha

algumas pessoas assim, que elas se olhavam assim meio de lado assim, tu te

sentia um pouquinho, é, sentia um pouquinho, não se sentia a vontade né, a

minha vontade era nem ir muito na loja, aí me convidava, aí hoje que não to

muito afim, levou um certo tempo até né, algumas pessoas te puxarem né, e tu

começar uma amizade, e acabar com essa, essa barreirinha inicial.

P: E agora que vocês já são proprietárias, ou caronas e garupas né, de uma

Harley-Davidson, o que mudou em suas expectativas com a compra de um

277

novo produto Harley-Davidson?

P: Agora vocês já conhecem, já utilizam né, não é mais novidade, o que, que

muda a expectativa de adquirir um novo produto?

E3: Eu acho que hoje eu cheguei, no que eu esperava né, como a numero 4

comentou né, o conforto, né, nessa moto assim, foi o, eu não espero mais nada

alem disso, eu acho que não, por enquanto não tem nada melhor do que isso pra

mim.

E2: Pra mim também foi o conforto e a estabilidade em cima da moto, pra poder se

virar, poder fotografar, coisas que eu gostava de fazer na outra moto, mas eu

levantando atrapalhava um pouco a direção dele, agora nessa não, posso até

virar de costa que não incomoda.

E4: Agora que eu conheço o produto, já to bem acostumada, agora eu quero ter o

meu né, não quero mais ser caroneira né. E como uma boa moça né, uma boa

mulher consumidora, eu gosto de trocar as jaquetinhas de vez em quando, os

modelinhos pode ser diferenciados, é que lá já ta gasta, aquelas lá né, daí quero

outros modelos.

E5: É eu, o que, que acontece, eu já tenho outra visão né, a, acho que pela minha

idade talvez, talvez isso, mas eu acho que a jaqueta, o quanto mais usada, pra

mim, aquela coisa mais, mais eu acho que eu até comprei uma agora pra nossa

viajem final do ano, pra ser mais fresquinha tudo, mas a minha de couro, eu acho

que eu vou ter que continuar fazendo regime, pra ela caber muito ainda, porque

aquela coisa, eu acho que quanto ela mais, macia, mais ferrinha, e eu acho que

ela vai fazer parte disso tudo.

E1: Acho que, eu comprei a roupa ainda ando bem pouco, mas eu acho um conforto

fantástico, acho que ta tudo certo por enquanto não tem que trocar nada, muito

bom, os acessórios a gente pode comprar uns novos de vez em quanto, umas

camisetinhas, umas coisinhas assim a gente gosta.

P: Descreva os sentimentos que você tem quando está com sua Harley-

Davidson.

278

E1: Olha pra mim hoje em dia, Harley-Davidson ++ é pra minha família num contexto

em geral, minha filha que tem três anos e meu marido, é tudo de bom gente, a

minha filha sábado de manha quando acorda, ela quer ir tomar café na loja, e se

o pai já foi antes e ela dormiu mais um pouquinho, ela chora o dia inteiro, porque

ela queria ir, pra Harley-Davidson ver as motos e ver os amigos do pai e da mãe.

Então assim ela é marrenta, todo mundo sabe disso, ela não fala com ninguém,

mas ela ama ta no lugar que a gente está, com o pessoal, ela adora ir naquela

loja, ela adora subir naquelas motos, e assim eu acho que ela faz meio que um

charme gente, eu acho que ela já sabe que todo mundo vai mexer com ela, então

faz meio que de... mas assim pra mim, eu me sinto num ambiente totalmente

familiar, e um lugar é, um lugar que só tem pessoas adultas, que não tem

necessidade de ter paciência com criança, não precisa ter saco, desculpe a

expressão, mas não precisa ter paciência, não precisa ter saco pra criança, e

todo mundo morre de amor por ela. Então acho que não tem, mães que não, não

gosta disso né, de ver que aceita a criança num lugar que é de adulto e ta tudo

certo, então a gente é um, fantástico assim.

E4: O aquele sentimento da primeira pergunta, a liberdade

E3: Pra mim é liberdade, é ++ emoção.

E2: Acho que liberdade é a sensação que se ocorrer alguma coisa, seja furar um

pneu, ou qualquer coisa pior saber que o, pessoa que ta do teu lado vai te ajudar,

vai te acolher como já aconteceu com a gente, não cair claro, mais um problema

que deu na bateria, que todo mundo do passeio parou e foi auxiliar, eu acho que

isso, vale a pena.

P: O que você sente quando a estrada com a Harley-Davidson ?

E1: Medo, ainda tenho gente.

E3: Liberdade, muita liberdade, aquele vento, aí é muito bom, uma sensação

indescritível, eu adoro

E4: Aventura.

E5: É a liberdade mesmo, é aquela coisa, você pegar e, eu acho que é um pouco

disso tudo, é aquele vento, aquelas coisa gostosa, eu durmo na moto.

279

P: Por que é comum observar vários HOG desfilando, em um comboio de

motocicleta ?

E2: É lindo ver um comboio né, é muito legal,

E3: Eu acho que, olha eu acho que igual ao nosso aqui de Santa Catarina,

Florianópolis, sim pelo o que a gente escuta falar né, não tem infração é uma

beleza.

E4: Eu acho que é a beleza e, pra quem gosta da moto aquele, aquela sincronia do

ronco da moto todas juntas, ela te causa uma emoção, não tem se você, você ta

em cima da moto e você passa num comboio organizado, e você vê a sensação

da pessoa do lado, olhando assim que fica admirada, eu já fiz o inverso, eu já

fiquei do lado de fora observando, e ela é mágica, a gente para pra olhar. A

gente fica olhando que coisa legal, a gente no carro ali né, se olhando, de traz

meu deus, é muito lindo, as pessoas param pra filmar, fotografar.

P: Quais são os prós e contras, dessa prática, de passeio em bonde ?

E4: O pró, é a aventura, é estar todos juntos, as pessoas que a gente gosta, no

passeio. Mas o contra, é um pouco a segurança, um bonde grande, é perigoso, é

muito perigoso, bonde grande com integrantes novos, é mais perigoso ainda, que

as reações são diferentes, então tem que ter um balanço nisso é muito bom estar

com as pessoas, mas essas viagens com muita gente, ela causa uma certa

insegurança, uma instabilidade pra pessoa que ta pilotando com, uma certa

experiência, e pro carona, tem o carona que ta mais assim daqui a pouco ta

quase pilotando junto, freando junto, fazendo curva junto, porque a gente se

envolve né.

E3: Geralmente o marido, vai de Road Captain, o marido da Miriam Serra a fila né,

então mais eles tem a preocupação assim deles, tanto que eles conversam

muito antes né, então eles se preocupam muito com a segurança, né, o Poeta

assim, aí vai a tal lugar, como a gente foi acampar em Urubici, ele primeiro foi la

280

né, foi com o Chiquinho, foi com o Alexandre, eles foram lá ver o local né, o que,

que tinha de prós e contras né, tudo pra eles ir seguro pra não... Então me sinto

muito segura, porque eles se preocupam em primeiro lugar com a segurança né,

o ++ foi de flutuante nessa viagem também já se preocupando, a vai ter lugar que

vamos ter que fechar a rua, então sempre, tudo assim é a segurança vem em

primeiro lugar.

E2: Eu acho que o contra mesmo no bonde grande, é as pessoas novas que não tem

experiência, que acaba as vezes causando alguma coisa, colocando em risco os

demais, mas também tem que pensar por um lado que essas pessoas, se elas

não começarem a andar, elas não vão adquirir a experiência e não vão ter a

felicidade que a gente tem de andar num grupo grande. Então eu acho que tem

que dar oportunidade pra essas pessoas, mesmo já ocorrendo conosco dois

acidentes de moto na nossa frente, onde a gente quase se envolveu nos dois,

mesmo assim eu continuo com o mesmo pensamento, tem que dar a

oportunidade pra essas pessoas entrarem.

E3: E o que é feito nos Briefings né, antes do passeios né, eles, faziam questão de

chamar essas pessoas pra irem na frente junto né, com o Road Captain ali, pela

experiência né, porque daí eles via se sentir mais seguros e vão, e aí é mais

tranquilo quanto mais pra trás mais velocidade eles vão ter que ter.

E1: Acho que o contra né, unanime mesmo né, questão da segurança, e não só dos

motoqueiros novos e dos experientes que estão no bonde, são os carros que

vem e as vezes não respeitam o bonde grande, pra quem ta andando de carro de

apoio atrás é desesperador, você vê quando tem um carro que não respeita que

joga em cima do bonde, que vem ultrapassando, fazendo coisas assim, que são

desnecessárias. Que não é um bonde que anda a 60km/h né gente, é um bonde

que anda a 100, 120, então é uma velocidade, permitida, pelas leis, então não

tem porque sair, querendo ultrapassar todo mundo, e o lado bom de tudo isso, é

sempre rever os amigos antigos, e sempre a gente faz um amizade nova num

lugar desses, esse passeio pra Urubici agora, eu acho que assim, é,a gente

sempre via ele nos grupos o nome das pessoas, a gente conversa com um

monte de gente que a gente não sabe nem quem é né, eu imaginava a caveira,

podia ser branco, preto, cor de rosa, azul ta tudo certo então aqui ta tudo no

281

grupo então. Depois dai a gente pega, pode ser que tenha o prazer de conhecer

e conversar pessoalmente, isso aconteceu em Urubici, eu conversei com um

monte de gente, que a gente só viu os nominhos ali mas era, um estranho pra

gente né. É a gente conversava muito pouco, era só oi, tchau, mas a gente

nunca tinha conversado, e ali a gente conversou em Urubici, achei bem bacana

isso, achei bem...

E5: O meu contra, o que eu sinto muito medo né, numa, quando a gente sai, são

pessoas que já estão, tem pessoas que já estão bastante tempo com a gente,

mas que não aceitam o briefing ta. Acham que é besteira, a, vão e acham que é

tudo comigo mesmo, só que eles esquecem que tem outras pessoas envolvidas,

é um grupo, e se eles fizerem alguma coisa, eles podem levar outras pessoas

juntos, então tem coisa que as vezes eu tenho vontade de esfolar alguns deles,

né. Algum, né então, pra mim mais, no mais assim, essa viajem pra Urubici, pra

mim assim foi perfeita, sabe assim, foi assim mesmo, ainda quando nos

estávamos voltando, eu falei, pro Alexandre, pro esposo da numero 4 né, pô me

surpreendeu achei esse super legal, entendeu, que foi a primeira viajem que vi

ele assim, que foi fechar foi isso, né, então tava ele era tal como flutuante, e

disse meu Deus do céu, que legal é isso que ta faltando pra gente, é mas ele

tomava iniciativa, quer que eu faça, e é isso que faltando pro grupo. Sabe

pessoas conscientes daquilo, estamos num grupo, estamos todos juntos se um

se machucar, se ele cair ele pode levar outras pessoas juntas, eu acho que isso

tá, é ta começando a surgir, e tá muito legal. Porque eles fazem um curso né, pra

ser Road Captain, mas é, aqueles estavam la, disse, parece Rio de Janeiro eles

fazem um, um teste, depois disso, eles fazem um teste pra ver quem realmente

está apto né, porque se não tiver apto faz o curso novamente, tem que pagar,

mas vai fazer o curso até a, eu acho legal mas aqui acho que não vão acabar

aceitando isso, não vão aceitar, mas seria super interessante, porque eu vejo

pessoas que fizeram né, e que não seguem aquilo. Não seguem algumas regras,

do que foi passado, que foi feito não seguem, e acabam às vezes botando o, o

grupo e às vezes a própria garupa em risco.

P: E os passeios, como são, os passeios promovidos pelo HOG?

282

E4: Os passeios, é..., são nós que fazemos, nós fazemos o passeio, porque pode já

tive passeios, é, com as pessoas que não estavam é, aqui com outras assim

diferente que não era da, da intimidade e era umas cinquenta pessoas e não é,

não foi um passeio. Não era HOG de Florianópolis, então, o passeio a gente que

faz, pode ser o passeio até, lá na choperia em Santo Amaro, que foi muito

divertido, é então assim, independe do local, pode ser um passeio em Balneário,

a, na sorveteria, qualquer coisa, mas aquele questão, daquelas pessoas,

estarem indo, pra algum local, indefinido, isso é o que vale, isso é o passeio,

aquela coisa, um ta na frente outro atrás um ajuda um ta do lado um da tchau,

então é esse, eu considero esse o passeio. Pra onde for, pouco interessa, mas

se tiver assim, se tiver aqui, se tive esse membro, essas pessoas que já estão a

um tempo, a gente já tem uma outra afinidade, tem gente que ta chegando, mas

parece que já a um bom tempo, tem isso né, tem uns que a gente ta se

acostumando, tem outros que quando chegam já chegou, então ta aí. Então esse

pra mim é o passeio.

P: Vocês acham que o HOG de Florianópolis faz a diferença no passeio, fazer

com o HOG de Florianópolis é diferente de fazer com outros HOGs?

E3: Nossa vivencia é, é aqui né, então a gente não tem né, parâmetros de outros

lugares, né.

E1: Eu acho que o HOG eles lançam a ideia, e levam o, a gora quem vai fazer com

que aquele passeio seja legal, somos nós, nós é que vamos fazer que esse

passeio se torne memorável seja legal, uma simples choperia, uma simples

sorveteria, são os membros do grupo que ta participando daquele momento que

vai fazer diferença, é importantíssimo o HOG da esse puxão, a vai ter um evento

tal, isso faz com que a galera se mobilize todos eles vão se manifestar de alguma

forma, tentar participar, o quanto mais..., melhor né, digamos assim, mas quem

vai fazer diferença é o grupo que esta participando disso né.

283

E5: Eu não vou ser hipócrita, é a mesma coisa que uma família, sabe, a sua família é

sempre perfeita, a outra família não é, ta, então é, nós já fomos pra alguns

lugares e que a gente viu que outro grupo do HOG, não andava, como nos

andamos, tudo certinho, sabe, tudo bunitinho, eles tava todos dispersos no

bonde né, comentamos eles estavam tudo tchum pra cá, outro pra lá, outro pra

cá, e a gente vê muito isso, não é que nós de Floripa, ou da Grande

Florianópolis, vamos dizer assim, vamos usar Santa Catarina, somos melhores,

não, eu acho que a união aqui, o pessoal, ta de uma forma que formou realmente

uma família, e geralmente a família da gente, os filhos da gente, vamos dizer

assim, né, eles são melhores do que os outros, né. Então tem isso aí, há essa

diferença, há, né, não vou dizer a são todos iguais não, não são, tá, então pra

mim, não é, o nosso HOG, é o melhor.

E1: Desde de que você falou, de fazer até umas comparações, por acaso fomos pra

Juiz de Fora, participar de um evento que não tinha nada a ver com moto,

inclusive até levei um puxão de orelha do meu marido, porque eu fui de avião e

ele foi de moto, chegamos lá, é um evento de, é um reencontro de trinta anos de

formando, de formatura lá da minha sogra, chegamos lá, por coincidência, tava

tendo um encontro de Harleyros do lado do hotel que a gente tava, com o

companheiro foi de moto, cadê você trouxe uma camiseta da Harley né, falei

claro que não, eu a não vim pra um evento de moto, eu vim pra um evento de

formatura, a mais é o uniforme, é lei, tem que trazer pra cá, enfim, fui lá comprar

uma camiseta preta, to uniformizada, vamos embora, fomos. Chegamos lá,

pessoal, aqui eu não vejo isso, o pessoal do HOG aqui eu acho muito

responsável quando faz um passeio com o grupo, quando nos chegamos lá ia ter

o desfile da bandeira, todos os membros, como o serra fila, como o flutuante,

como o, o Road Captain, gente, bebiam, bebiam, todos eles chapados, e fizemos

o passeio,e aí a gente foi pro desfile, eu falei aí, Deus toma conta, vamos lá,

tinha umas oitenta motos naquele passeio, mas quem tava comandando aquele

grupo, os responsáveis, pelo, pelo aquele grupo inteiro, estavam todos bebendo,

eu achei aquilo, e já falei, isso não acontece lá no nosso grupo, derrepente a

gente ta puxando sardinha pro nosso lado, mas não é, é que o pessoal aqui são,

são comprometidos, são responsáveis pelo grupo, que eles tão tocando, eles se

reúnem antes, eles fazem isso antes, e não foi o que eu senti lá, lá ele passou

284

uma insegurança tão grande, que até um desfile das bandeiras da cidade, com

umas oitenta motos, onde, a bebida corria assim, e era de tudo, era uísque era

cerveja era pinga era tudo, eu fiquei bem assustada. Mas quando, vamos puxar

um bonde alguma coisa assim eu nunca vejo, nem nos eventos, todos os

eventos, almoço lanche janta, nas paradas eu não vejo ninguém bebendo álcool

pra conduzir um bonde, e lá eu fiquei bem assustada.

P: E como vocês percebem, como os outros de fora, percebem o HOG, o

passeio do HOG, quem é de fora, quem não é HOG?

E1: Eu imagino que organizado

E4: Eu não tenho essa percepção, porque eles não entende quem fora, que é HOG.

Eles vem que é um grupo de moto, e o grupo ta passando, agora fazer essa

relação HOG, só quem é integrante, ou só quem passou por um curso, só pra

quem passa por todas as etapas, desde a saída dum, dum passeio, dum evento

pra entender o que, que é o HOG.

E5: Eu até acho que eles não, não sabem, né, como a numero 4 falou, mais chama a

atenção pela organização que nós andamos, tá, da forma que nós andamos

acaba chamando a atenção, que a gente vê, ta passando, né, principalmente

esse final de semana que eram muitas motos, então o pessoal vem pra fora, de

onde eles estão a gente já, o pessoal vem, e ficam olhando, agente que ta atrás

né, com o Serra Fila, a gente vê que o pessoal sai da onde tá e vai olhar, vai

fotografar, filma.

P: E como vocês se sentem sobre os olhares dos expectadores desse

passeio?

285

E2: Eu acho que contente, e tentando retribuir a eles a felicidade que parece que

eles tem vendo a gente, porque antes até da gente ter moto, a gente tava no

lugar deles, quando passava um grupo a gente também olhava, observava, até

por gostar de moto, agora depois que começou a andar, tu vê eles, acho que tu

tem que ter empatia de se colocar no lugar deles e perceber aí, antes eu tava ali,

então acho que, eu meu sinto feliz.

E1: Emoção, eu acho emocionante aquilo, e, eu sim, vou poucas vezes no bonde, e

quando eu vou eu acho aquilo o máximo, eu acho que é, a sensação de emoção

de sentir bem de ver as pessoas vendo e, o que a número 2 falou, quando a

gente olhava, achava aquilo o máximo também e agora a gente ta ali no meio,

então acho que é, é isso.

E3: É, muito emocionante a rebeldia, né, e ter o olhar, esse olhar dessas pessoas

assim, a vibração, a gente sente assim, o máximo né, ++ a gente sente

importante.

E5: Nos somos o objeto de desejo de muitas pessoas, eu acho que é mais ou menos

isso aí, tá. Eu acho que é, muitas pessoas olham, nos olham como objeto de

desejo, tá, gostariam daquilo ali, olham aquela turma, aquela coisa toda ali, “ai

que legal” enche os olhos, acho que é mais ou menos por aí.

P: E os passeios organizados por outras marcas, como são?

E1: Não sei, nunca frequentei.

E3: Comentários é que não existe. Assim né, teve algumas pessoas, que né, foram

tentar comprar outra marca, não precisa comentar né, mas que tentaram e

acabaram voltando pra Harley, assim essa família que se forma, o entrosamento

não tem nas outras.

E5: Você vê até na, na estrada as vezes você vê outras marcas né, de esportivas ou

não, que tem umas quatro a cinco motos, mais do que isso não, as vezes nem

cinco né, que a gente vê, eu vejo ali, como eu moro em Santo Amaro, subindo a

282, de vez em quando não da nem isso, sabe.

286

E2: Muito grupo de cinco, com é, marido e mulher, cada um com sua moto, e então

vai mais a família, não é pessoa mais de, de outra que não seja a família, eu

tenho na minha família, que tem outras marcas de moto, e que andam, só que

não tem o grupo fechado deles, então são varias marcas e é um, tanto que a

gente anda com eles, eles andam com a gente, eles nunca em momento nenhum

eles falaram, antes de conhecer um HOG, em trocar de marca, e agora eles

vivenciando mais junto comigo e com o Chico, eles pensam, “eu acho que vou

trocar de moto, eu vou pra uma Harley”.

P: Vocês assistiram aquele filme, motoqueiros selvagens?

E4: Viu, riu muito, identificou, aquele fortinho com o meu fortinho

P: O filme Wild Hogs ou Motoqueiros Selvagens, é um clássico do cinema e

relata a aventura de quatro motociclistas norte-americanos, cansados de

sua rotina. Como você se sente, enquanto integrante do HOG, em

comparação aos motoqueiros do filme ?

E1: Eu acho que, do que a gente vivencia hoje, e o que eles vivenciaram, é a

parceria que eles tem. Que eu acho que o grupo, por mais que ele seja um grupo

de pessoas restrita, não são todos do membro do HOG assim, mas o grupo que

a gente tem essa, afinidade hoje, é a parceria que o grupo de la tem, eu acho

que é bem, são divertido, são parceiros e pegam juntos.

E4: Pela vivencia do uma ++ uma viagem mais longa, tinha umas trapalhadas assim

que acontecia no filme, e deu umas trapalhadas assim na viagem, então da pra

identificar bastante né, nem tudo foi perfeito, nem tudo foi ruim né, mas teve

algumas situações assim da gente cair na gargalhada, então. Da pra lembrar do

filme assim, as aventuras.

P: Porque vocês acham que os motoqueiros do filme usam roupas pretas e

quentes ?

E4: Preto porque, motociclista tem que andar com preto, não vai pegar uma estrada

e colocar uma blusa branca, porque eles, até utilizam mais de uma vez a mesma

camisa né, senão passa dois dias, uma camisa, uma camisa, porque não pode

287

trocar muitas vezes, eu tive que passar por essa também, experiência própria, eu

chegar na lavanderia. E quente o couro na estrada ele não é quente, ele é

protetor.

P: Assim como no filme, porque muitos membros do HOG, alteram o

escapamento da motocicleta?

E4: Chamar a atenção.

E5: Com certeza, chamar a atenção.

E1: É o barulho né, VRUMM, ali, aí eu acho que é o ego que acelera.

E3: Eu acho que isso já vem lá de trás, a Harley ela faz barulho, a história dela é o

barulho, então, sabe você chega, tem hora que meu ouvido fica tiss..., quer ver

túnel vraal vraal vral, chega em algum lugar, eles já vão fazendo barulho pra

chamar bem atenção, nois tamo chegando, motoqueiros selvagens.

E5: O poeta chegou em Balneário Camboriú né, aí o cara pegou e abaixou o vidro do

carro, aí acelera, acelera que ele queria escutar né, só que a nossa não tinha.

Meu Deus do céu, ele ficou morrendo de vergonha né.

E1: A o meu, meu parceiro lá também passou por uma situação, ele na beira mar,

indo pra casa, e tava em todos os sinais ele parou né, todos parou no fechado, e

ele ficou, começou a ficar preocupado, que tinha uma CG que vinha atrás dele

parava bem do lado, aí ele ia tocava, dava sinal pro cara passar, o cara vinha e

parava do lado, e foi ficando preocupado com aquilo, disse que derrepente o

cara, “nossa cara, bom demais ouvir esse barulho, vai acelera” quando ele tinha

a Fat Boy ainda, e aí o Guilherme, a tá então VRUMM, e apertou o negocio,

então vamos fazer barulho, mas disse que ficou constrangido até, fiquei com

medo daquilo né, aquele rapaz do meu lado ali, eu tocava e dava sinal e o cara

ali, mas era por causa do barulho da moto, hoje também não tem mais, hoje ta

++ desesperado pra trocar.

E5: Esse barulho, no caso assim né, quando as motos vamos no meio dos carros,

até..., da mais segurança né, porque os motoristas de caminhão tudo escutam

288

né, e dão a. abertura pra gente passar né, então isso.

E4: Escapamento é pra chamar atenção, é vaidade para o motociclista.

E2: Tanto que, na moto anterior a gente tinha escape alterado, e nessa quando ele

tava vendo pra comprar a moto, ele tava vendo já o escape junto. Agora já tá,

comprou a moto, ta vendo pra trocar o escape por causa do barulho.

E4: Porque, homem, olha pra trás, ou pra ver bunda de mulher, ou pra ver a moto...

eles olham, e falam assim “nooosa”.

E3: Falou tudo agora, tudo.

E4: E tirando a Harley, o Camaro amarelo eles também fazem a mesma coisa,

aquele ronco do Camaro NOSSA.

P: Comente sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como nos

filmes norte-americanos.

E4: Eu adoro. Eu devo ser descendente de índio, porque eu adoro um penduricalho,

se eu pudesse ter um monte de corrente, o negócio, não coloquei muito assim

pra não chamar tanto a atenção. Mas eu me sinto muito bem com a minha

bandana, parece que ela tá, ela faz parte da minha cabeça, eu gosto das

caveiras, eu gosto de brinco, só ta faltando a corrente do lado que eu ainda, to

com vergonha ainda. Eu me sinto muito bem, se eu pudesse assim, é porque é

no, no meu trabalho eu não gosto de, de mostrar tanto, pode ser mais neutro, pra

não chamar aquela atenção, porque a gente chama a atenção, mas se eu

pudesse trabalhar com a minha bandaninha na cabeça, eu trabalharia, é pena

que não dá, e as caveirinhas nos dedos também não...

E3: Eu também penso ser igual a Renata, se eu pudesse eu usaria todos os dias, me

sinto super bem quando chega sábado, que eu posso usar minhas roupas da

Harley, nossa eu me sinto, bem como se eu tivesse nascido assim, fosse assim,

adora botar também meus penduricalhos, minhas bandanas, boné, da Harley, eu

adoro.

E1:

Sempre gostei desses penduricalhos, sempre adorei pulseirinha, correntinha,

289

branquinho, e agora só to adaptando as caveirinhas. Quem tem pouco tempo

ainda, então to me adaptando aos pouquinhos, tem lá meia dúzia aqui, meia ali,

ta tudo certo, mas adoro.

E2: É a questão do lenço também nem é tanto estética, mas a proteção às vezes,

protegendo o pescoço, vento, bicho, cabelo as vezes pra amarrar, pra não ficar

batendo, acho que mais também nem é tanto estética mais é proteção.

E1: Cabelo, cabelo++ cabelo vira um ninho de pomba ali, que eu ainda não consegui

fazer um nozinho.

E5: É, quando nós entramos pra família Harley, foi no ano que eu fiz cinquenta anos,

então quem o que, que acontece, primeiro que depois dos cinquenta, pra mim,

né,m foi aquela coisa que++ que eu me soltei totalmente, eu já era meio... Eu já

sempre fui um pouco da parreirada, né, sempre fui um pouco diferente das

minhas primas, que sempre foram muito, mais recantadas assim, mais, depois

dos cinquenta mesmo, aí eu me libertei, totalmente, né, eu acho que, aquela

coisa, que, desculpa, mas que se foda os outros, entendeu, eu to fazendo

cinquenta anos, né, e... Só falta a tatuagem que eu luto por tasca. Mas aí foi

quando eu comecei, eu sempre, a dezesseis anos a trás eu fiz a minha primeira

tatuagem, e agora esse ano eu fiz o que eu queria, que era a minha costa, né,

então agora eu vou fechar o meu braço, não acho que nada me impede né,

porque se alguém, achar ruim, que se foda.

E2: Eu acho que depois que tu entra num grupo desses, percebe que os outros não

importa, então acho que é tu se sentir bem, você se andar do jeito que tu se

sente tranquila, tu goste, a tatuagem as vezes até na própria família, aí não

gosto, critica, mas é uma coisa, uma escolha própria eu acho, então se, se sente

bem que se dane os outros.

P: Muitos HOGs costumam andar acompanhados com uma pessoa em sua

garupa, qual é o papel da garupa na cultura Harley-Davidson?

E1: Parceria, total né, parceria, família, acho que, na Harley tem muito essa cosia da

família, raramente você vê um motociclista que ta sozinho, sem ta com sua

companheira, com ser parceiro.

290

E2: Tanto a questão da família, que hoje mesmo a gente encontrou um rapaz, que

comprou a moto a pouco tempo, e a primeira pergunta que o Alexandre fez pra

ele, foi, “você é casado”, então acho que essa preocupação também, de não

achar, arrumar conflito, entrando um solteiro, é bem família mesmo, um se

preocupa com o outro, acho bem bacana isso.

E5: Eu, aí eu vou discordar um pouquinho com você Denise, sobre o conflito, ta

porque nos temos pessoas que não são casadas, eu acho que o Alexandre

perguntou pra ele por causa da moto dele, aí o Alexandre em seguida falou “ó, o

encosto aí né, se você tiver, se você for casado coloca o encosto leva tua esposa

junto”. Porque nós temos até tem um dentista em Brusque né, que acampou com

a gente ++ foi lá em Garopaba, né, foi acampar com a gente numa boa,

entendeu, então é tranquilo, é respeito, é tranquilo. Eu não sei se isso eu trago

gente, sabe, naturismo, essa coisa, e que no naturismo a gente não vê o outro

nú, sabe, não vê isso você não vê o outro, e isso eu trouxe um pouco pra Harley,

ta, eu não você, é, a tua jaqueta não é melhor do que a minha, o teu lenço não é

melhor do que o meu, a tua moto não é melhor do que a minha, somos todos

iguais, estamos ali pra uma coisa só, bem estar de todo mundo.

E4: O, o garupa, eu acho que é o, o mais incentivador, que geralmente o garupa, é a,

é mulher, então se ela ta ali atrás é porque ela ta incentivando, ta gostando, mas

ela é a maior incentivadora, por que se ela não ta la atrás, em algum momento

ele vai ter que deixar o passeio pelo metade, porque ela, ele vai ter voltar, então

se ela ta la ela ta companheira, ela é família. Eu acho que ta incentivando mais

ainda, a marca, o passeio, a amizade, porque você vai conseguindo, ficar mais

tempo com os teus amigos, desse sintoma a mais, por você é um casal, então, o

garupa ele é um incentivador.

E1: Tem vez que eu vou de carro.

P: Quem decide sobre as compras da Harley-Davidson, a garupa opina na

decisão da compra?

E2: Eu acho que opina e bastante, tanto que na troca da moto, não ta no meu caso,

maior conforto seria pra garupa, eu acho que opinou bastante.

291

E3: Opina sim, escuta sempre, e a, cor da moto, a escolha da jaqueta, da calça, eu

sempre opinei em tudo, no que, que vai fazer.

E4: Eu sou mais comedida, é eu falei você é louco não precisa trocar, é , mas depois

eu opinei na cor, fui chamada pra cor, já tinha comprado, só foi a cor, então pelo

menos pra isso, pelo menos isso. E também não foi assim, olha tem essa, você

achou bonita essa cor? É achei bonita, então é essa aí então, é porque vai ser

uma dessa. É relativa, é, eu gosto de não assim, essa é a preferência dele, claro

ele fez a troca pelo conforto porque ele tinha um intuito, ir mais longe com a

moto, e pra ir mais longe com a moto, ele tinha que dar um pouquinho de

conforto pro garupa, que as sensações já expliquei, são diferente de quem esta

pilotando e quem esta na garupa. Até porque quem esta pilotando, né, são

grandes assim, só vê de lado né, então, mas nosso caso, a sensação ainda é

diferente ainda né, tinha que ter uma muralha na frente, e pra ver a estrada, o

que ta acontecendo, só...

E3: O que, que é, vocês tão falando dos maridos que são magrinhos, tipo o meu e o

seu ?

E4: Altura, não chega nem na largura, só foi a altura.

E1: Independente de ser Ultra, de ser Fatboy, a gente nunca vai conseguir ver por

cima, sempre de por ladinho. A decisão de compra assim, de fato foi mais focado

no que ele queria, é, teve essa questão de pensar, não vai ter um certo conforto

pro carona, que com a parceira, devido a, a cirurgia o medo é tudo isso, mas foi,

foi praticamente do numero 4 “ó eu escolhi assim, eu gostei dessa cor, que, que

você acha” então por a peça, e ta tudo certo, e vamos embora, mais, eu acho

que no contexto em geral, não to dizendo no meu caso, o meu caso é caso a

parte, mas a mulher eu acho que é um grande, já que a pesquisa é marketing, a

mulher é, assim faz parte da decisão final de compra, é a mulher, independente

de ser a moto, de ser o carro, de ser a marca, a mulher tem um fator principal na

decisão da compra final ali né.

292

E1: O primeiro passeio que eu fiz, um bate e fica, eu fui de carro, eu não tava

dirigindo ainda, meu sogro veio me buscou, me levou pra Joinville, e foi pra

Joinville que a gente almoçou naquele iate clube, gente eu quase morri de medo,

de susto, porque o ambiente lá é pequeno, e entrou ooooo, aquele monte de

gente, tudo mundo falando alto assim, eu falei o que, que é isso, aí eu brinquei

com o Guilherme, você faz parte do bando, ou ta fora né meu filho, porque eu

fiquei bem quietinha, não conhecia ninguém naquele dia, não conhecia ninguém

do grupo, eu conhecia o Guilherme, mais ninguém, aí eu falei ou você faz parte

realmente do bando ou o cê ta fora, e eu lembro até hoje, até hoje eu lembro, o

Alexandre ia chegar com aquela bandeira, e tinha umas pessoas que tava no

restaurante já, que chegaram e ficaram assustadíssima, que eles chegaram e

colocaram a bandeira bem na parede assim, como se diz, dominamos o lugar, é

nosso e pronto. Aí eu falei ou você participa ou cê ta fora.

E3: O que acontece com o Alexandre e com o Zunino, é que eles tem uma imagem,

pela roupaça. Pela careca, pela careca, pela barba, eles, eles tem aquela, pelo

porte, eles tem aquele jeito, do, motoqueiro americano.

E1: E eu cheguei pro Zunino e falei, olha, você o Alexandre são as pessoas mais

queridas que eu já conheci, mas quem olha pra vocês e não conhece, tem medo,

o Zunino geralmente ele ta falando brincando, e ele fala sério né. A menos que já

tenha uma noção e saiba que ele esta brincando, mas a, a menininha lá,

garçonete, ela leva até meio travessadinha assim pra eles, porque eles fala, mas

é o jeitão deles, fala naquele tom, que quem não conhece assusta, mas são uns

queridos né.

P: Quais características definem um legítimo HOG?

E4: Parceiros, amigos.

E5: Organização que a gente falou também né, que chama a atenção.

P: Que vestimenta usa um HOG? Um legítimo HOG?

E1: Preto.

E5: Botar primeiro o preto né, jaqueta de couro, bota, colete.

P: Mas tem alguma identidade?

293

E4: Não tem, que identidade é quando você fala, aí você sabe que a pessoa entende

da, de motociclismo, entende da organização, entende da parceria, entende, que

o barulho estridente da moto prejudica a tua atenção na estrada, esse é o

membro HOG. Agora quem não sabe, não tem uma identidade, não tem um

negocio assim, não consegue identificar.

E5: Quando eles entram, a vestimenta, eles, travestiram a alma deles, é o que eu

vejo, a alma, deles esta vestida, não é nem de HOG, é de Harley.

E1: O HOG em si, é um nome que eles deram.

E5: É um nome, o HOG é o grupo, eles se vestiram mesmo de Harley. É esse o meu

ver.

P: Quais são as regras que um membro deve cumprir? Tem regras pra um

membro do HOG?

E5: Não é que são regras, né, eu acho que na hora que a gente sai pra um passeio,

o que, que acontece, as regras são, ta pro membro do HOG, que eu vejo ali, é

fazer os cursos pra que você possa saber andar em grupo, e que você siga

aqueles ensinamentos que é passado nos cursos, pra quê, pra que você possa,

a ++ garantir a sua segurança e a segurança dos outros que estão com você.

Porque eu acho que é mais ou menos isso, você não tem que pensar só em

você, você tem que pensar em todo o grupo que ta ali junto.

E4: Que o, o HOG, é, ser membro HOG é ser proprietário de uma Harley-Davidson,

pra ser um HOG, pra você obter a sua carteirinha HOG, é, mas pelo nosso, não

sei se o grupo total ou se todas as pessoas que estão lá veem dessa maneira, eu

vejo que pra nós não é o HOG, é o grupo que ela faz, são as pessoas que estão

la que fazem, esses pra mim assim o HOG ele não, ele não representa assim

tanto, eu sou HOG porque ele é, o proprietário de uma Harley-Davidson, agora

essa questão HOG que a gente fala é essa questão parceria, pessoas, o ele é

membro porque, ele teve o mesmo de cuidado possível, ou ele frequentou os

cursos, ou ele tem todo cuidado, tem uma experiência de motociclismo que ele

respeita o amigo do lado, colega do lado né, o que for, aí a gente considera isso,

294

como um HOG, realmente ele é, ele é um motociclista, não um motoqueiro, não é

um aventureiro assim, que é só ele na estrada, e pra gente não é um na estrada,

são vários na estrada, com o objetivo incomum, chegar a algum destino, e fazer

festa.

P: Como acontece o preconceito, e a discriminação em relação a o novo

integrante do HOG?

E3: Ele não acontece, as pessoas que chegam, elas ficam um pouquinho com receio

achando que não vão ser bem recebidas, né, as pessoas que entram que sente

um pouquinho essa insegurança.

E5: Eu acho que como, as pessoas que já estão ali a mais tempo, tem afinidade sim,

já tem, querendo ou não você acaba fazendo um grupo, chegando as pessoas de

fora, é a gente procura ir lá falar, conversar, mas automaticamente, as vezes,

acontece da gente, ta conversando e ver que aquela pessoa tá, mas a gente

procura, ta. Eu pelo menos né, ir la conversar, sentar, pô o que você ta achando,

sabe, mas acontece sim um pouco, não é por querer, ta, eu vejo muitas vezes

não é por querer, mas é porque você já ta naquele grupo, que já começou que já

ta ali, e o pessoal, agora sim, parece que ta chegando bastante gente nova né, e

são esse passeio agora foi bom que trouxe o pessoal, o pessoal já vai, já vai

chegando, to vendo que se tem mais gente nova, né.

E3: As próprias redes sociais também aproxima muito, a tu tem Face, tu tem

Whatsapp né, então tu vai criando já um relacionamento com essas pessoas,

elas vão se sentindo mais próximas da gente.

P: A Harley-Davidson disponibiliza uma série de acessórios e peças para a

customização da motocicleta, vocês influenciam na customização da

Harley-Davidson?

E4: É próprio da vaidade da mulher gostar de adereços, e já que a gente ta coma

motociclista, a motocicleta lá e a gente gosta, de chamar também a atenção,

então acho que a gente, proporciona, ou a gente incentiva a, compra, os

295

adereços. A gente influencia a gente gosta dos adereços.

E1: Também gosto incentivo, acho que a vamos trocar aquilo ali, vamos colocar da

caveirinha, vamos colocar de outra coisa, com a própria marca, é, a gente

incentiva bastante.

E3: É eu dou o maior apoio também.

E5: É o Alexandre gosta mais do que eu, isso aí, é o Alexandre é mais ligado nessa

parte aí o Alexandre, é mais ligado do que eu.

P: Quais são as principais customizações praticadas pelos membros do HOG

da Floripa Harley-Davidson?

E1: A troca do escapamento.

E2: Isso que eu ia falar, a troca do escapamento.

E5: Troca do escapamento também.

E4: Troca do escapamento

E2: Investir no banco, no apoio de pé, na pedaleira...primeiro o escapamento.

E3: A nossa primeira foi o Sissy bar.

E5: O Alexandre fala, e eu já escutei esse teu, alguns que tirar o barulho de

enceradeira.

E1: E eu adorava quando o Guilherme tinha a outra, que, a gente mora no sexto

andar, quando ele tava assim a um quilômetro e meio de casa, olha o papai ta

chegando filha, e já, já arrumava o lanche dele já deixava prontinho, que ele tinha

fisioterapia, era fantástico, hoje me dia eu não escuto gente, só escuto quando

o...

P: Ele pretende trocar ?

E1: Ele pretende, mas não sei se vai agora não.

E4:

Era uma maravilha quando tinha o barulho, sabia que tava chegando, e aí eu

296

tava prontinha na cozinha pra fazer, essa eu tava deitada. Só esperando quando

ouvia o barulho eu puf.

E1: E aí o engraçado é que dava tempo, porque era uma distancia meio longinha, até

ele chegar parar a moto, trancar capacete, guardar camiseta, quando ele

chegava pra ir pra fisioterapia, enquanto ele trocava de roupa o lanche tava ali na

mesa já, agora chega em casa, já chegou nem sabia que você tava vindo.

E3: O porteiro lá do prédio, as vezes eu desço e por coincidência, ele acabou de

chegar na garagem, eu não vi ele, a o seu marido acabou de chegar né, ele é

conhecido, e não é, não tem o ronco nessa moto dele, mas ele já sabe que quer

ele.

P: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson

promove dupla interpretação da percepção dos diversos consumidores da

motocicleta, existe alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao

tema?

E1: Pra quem curte a moto, pra quem curte essa vibe, é sons, som para os ouvidos,

pra quem não gosta, pra quem não é afim, pra quem já tem um certo

preconceito, que barulho chato, e que coisa chata, que não sei o que.

E3: A gente ta nessa vibe, a gente gosta.

E1: Falei pro Guilherme esses dias, faz um furinho lá, vai fazer o mesmo barulho.

E5: É, é uma marca da Harley esse barulho, né, é a marca dela é o barulho, é

identidade, identidade dela é o barulho.

297

APÊNDICE 4 – Transcrição Entrevista Grupo Focal 4 Entrevista focal, Grupo 04. Identificação G4. Local: Itajaí– SC, data: 23/11/2014- domingo as 17:30 horas, tempo total de gravação= 1hora20min6seg

Membro Descrição

P:

Gostaria de saber para onde vocês iriam de férias se vocês estivem com

grandes restrições orçamentárias, sem dinheiro, com a sua Harley

Davidson?

E2: Pouca grana? Número 2 vai para Punta Del Leste.

P: Por que número 2?

E2: Porque fica à um 500 quilômetros daqui e é um passeio maravilhoso que eu já fui

de carro.

P: Não precisa de muito dinheiro?

E2: Não, não precisa de muito dinheiro, só dinheiro pra combustível.

E1: Faria um roteiro, mais perto, que passasse por várias cidades pequenas, daqui

da região.

E1: Porque teria um custo baixo também, um custo, custo praticamente de gasolina e

hotéis mais baratos, se pudesse, se tivesse esta opção também, mas teria uma

região, uma região boa pra se conhecer, passeio curto e gostoso.

E4: Sem programação do roteiro, do destino de hotel, reserva de hotel. Como

número 1, acho que mais pela região também.

P: Pra você, o que é a Harley-Davidson?

E1: A Harley-Davidson pra mim é, é até uma coisa nova, mas ela é, ela é mais um

estilo de vida, uma coisa mais do que tu ter uma moto só, uma motocicleta, ela

tem algo a mais que te oferece, ela te oferece algumas vantagens a mais que é,

298

é essa marca que ela é um, ela é praticamente uma ++ posso dizer um sonho,

um sonho de consumo de muitos né, atrás e atrás dela vem muito mais coisas do

que ter uma motocicleta só, tem um grupo de amigos, tem o, esse estilo que é

um estilo americano mesmo. Então assim a Harley-Davidson é um, é um outro

estilo, ela tá além de ter uma moto.

E4: Amigos, parceria acho que é, é direto. É a definição.

E6: Eu com a experiências de outras bike que eu já tive, é eu acredito que a Harley é

família, tem um outro estilo de vida.

P: Como tu identificou que a Harley é família?

E6: Em questão assim ó, tu vê que tu pode ir com filhos sem filhos, tu se dá com todo

mundo, tu fala de coisas boas, tu conhece gentes diferente né, que isso na Bike

não, tu não via.

P: A Bike é outra cultura, motovelocidade?

E6: Outra cultura, eu acho que é mais diversão, e a Harley busca pela família... Tive

essa diferenças eu sei, eu convivi, então acho que a Harley é família.

E3: Pra mim na realidade eu defendo que é companheirismo amizade, trocas,

conhecimento é... Uma higiene mental uma distração onde você consegues,

desligar totalmente do teu trabalho do teu profissional, é, e aonde, na realidade é

um momento de paz, pra mim na realidade, e também é de amigos e eu acredito

que isso faz com que na realidade que o próprio casal se aproxime de uma certa

forma bem mais, isso acaba aproximando o próprio casal, pra mim é isso.

E2: É, Harley-Davidson pra mim é, mudança no modo de viver, se vive dum jeito

antes, e vive um jeito depois de ter uma Harley-Davidson , ponto.

P: Esse teu ponto não me deixou feliz, eu gostaria de entender um pouco mais

que tipo de mudança é essa e que divisão de águas foi esse pra ti, tu

mudou o teu estilo de vida?

299

E2: Positivo, mudei muito porque, como foi citado anteriormente pelos outros

números, 1, 2, 3 e 4, 4 não falou ainda, é, tudo muda depois que você adquiri

uma Harley, e começa a participar dos eventos dos passeios, das novas

amizades, dos novos conhecimentos, novos caminhos e novos destinos

E4: Eu creio que é, você quando sobe na, na sua Harley, você se traveste de

motociclista, você tema sua semana de trabalho, onde é, um mundo totalmente

diferente e, convívio diferente, pessoas diferentes, e você quando esta na sua

moto, dando sequencia ao que todos falaram, você faz amizades, é, se roda, isso

é ++muito bom.

P: Com base no que o número 3 comentou, eu entendo que mais ou menos, a

Harley pra vocês também é, alem de tudo também é um hobby, to certo?

E3: Sim, eu concordo.

P: O que vocês fariam se não tivessem este hobby?

E3: No meu caso, se eu não tivesse esse hobby, que eu mais gosto de fazer, seria

viajar, viajar, e a Harley de certo modo ela acaba me proporcionando isso

também, então por isso que acabou me chamando tanto a atenção, né, e por

fazer parte de minha vida, porque eu gostar tanto de viajar, mas se eu não

tivesse esse hobby. E é engraçado porque eu acabei, gostando da Harley,

através de uma viagem, conhecendo o que, que seria a Harley, através de outro

casal de amigos, foi através de uma viagem também.

E1: Sinceramente não sei o que eu faria de hobby, eu acho que... Começar a andar

com moto ++ Praticamente 40 anos, e ter uma Harley depois, tu começa a

identificar umas outras coisas que assim, antes não tinha, então tu buscava até

alguns tipo de hobby, alguma coisa diferente ou outra, mas não achava, e se tu

acha, no caso eu achei uma colocação, que não sei, a mudança foi tão grande, a

mudança foi tão grande a partir de uma motocicleta, e depois ter uma Harley, que

eu não consigo tentar me identificar com outros tipos de hobby não, é difícil.

É, dando sequencia no que o numero 1 falou, eu até, tem, um outros, não posso

chamar de hobby, é, muitos feitos, é veículos e tudo mais, só que, largo, dou

300

preferência sempre a, o hobby, da moto da, da Harley.

P: De todos os hobbies, este é teu favorito?

E4: Com certeza, largaria, largo, largamos, largo de uns mais pra, pra esse, da

Harley.

E2: Eu tenho uma consideração. Eu não considero a Harley-Davidson hoje, para

mim, como hobby. Eu considero uma opção de vida, no qual eu encontro lazer,

encontro conhecimento, encontro novos desafios porque nem tudo na Harley

também é só alegria. É o calor na estrada, é o frio na estrada, é o peso da moto,

são várias diversas outras coisas, que, ficam abaixo do motivo principal de ter

uma Harley, que é, essa opção como chamei inicialmente de opção de vida, você

querer sair da sua casa, no final de semana, passar o frio, passar chuva, passar

calor e gostar disso tudo ao mesmo tempo, porque por várias vezes já passei por

vários motociclistas e eu tanto no meu carro, dentro do meu carro com ar

condicionado e tal ali, gosto, e vendo o pessoal de moto, e gostaria de estar

passeando de moto também naquele momento, então acho isso uma opção

nossa, de nossas vidas que agente faz e não como um hobby, o hobby é como

se só sai pra um lazer e fazer um passeio e tal, e essa não, agente opta por isso,

agente opta sair daqui rodar 1000 quilômetros 2000 quilômetros, venha o que

acontecer, isso aí é um, opção nossa e não um hobby.

E3: Eu concordo plenamente com as colocações do no número 2, porque é em

relação ao estilo de vida, eu ++ eu confesso que eu, acabei me adaptando,

nesse novo estilo de vida, e acabei me identificando, gostando, amando é,

porque era um meio que realmente eu tinha de certa forma um pré- conceito, de

não entender,é, nossa passar frio, é, calor, enfim, né, todas essas situações que

já, que, que nos deparamos, né, quando agente faz uma viagem num

determinado, numa determinada distância, e hoje eu falo, estilo de vida onde eu

tenho contato com a natureza, eu consigo sentir né ++ na realidade eu aprecio

melhor uma viagem, ou seja na natureza, seja um contato maior até mesmo com

o meu marido, né, com os colegas, e sem falar na convivência né, nos grandes

amigos que agente acaba encontrando, é , fato esse que por estarmos aqui hoje,

né, todos reunidos enfim, e isso é tudo muito bacana, e, e eu quero salientar que

301

esse estilo de vida, na realidade foi e trouxe, é, foi [muito bom] pro meu

marido,porque o, hoje eu olho pra ele né, e eu vejo ele totalmente incorporado,

né, com estilo Harley, feliz, que eu acho que isso é o mais importante, né, eu

acredito que agente busca um estilo de vida, um hobby eu penso que o objetivo

maior disso tudo é fazer com que agente se sinta bem, né , o que realmente me

faz bem, até mesmo pela faixa etária, se você observar é uma faixa etária de

quarenta anos, trinta e cinco a quarenta anos, nessa faixa etária agente quer

fazer o que nos faz bem, o que nos faz sentirmos bem, então pra mim também é

um etilo de vida no qual hoje eu falo que eu gosto, e levei um tempo, realmente

pra, pra mim adaptar, pra mim entender, esse estilo né, de vida de Harley, enfim.

Sem falar que, que é algo que também, caro, né, não é algo... enfim

economicamente que, barato, né.

P: Partindo do pré suposto que a marca Harley-Davidson nunca existiu, ao

tirarmos a marca da sua motocicleta Harley-Davidson , a marca, ou deu ma

jaqueta, roupas e acessórios, o que resta pra vocês? Eu tirei a marca, e

eliminei a marca Harley-Davidson dos produtos, o que resta? Nos podemos

falar de qualidade e tudo mais, o que resta pra vocês?

E2: O que resta, tirando a marca da minha moto, adesivos, roupas, tudo, que vou

usar a marca Harley-Davidson , sobraria pra mim nada, eu não compraria outra

marca, não andaria de moto , porque não, pra mim não diz mais nada, entendeu.

E1: Ela vira uma simples motocicleta, ela perde todo, todo o, vamos dizer o glamour

da coisa, a, o estilo que você tem, nem vou mais falar em Hobby né, o estilo

mesmo, ela vira, mais uma, concordo com o 2, acho que eu não andaria...

P: Ela vira mais uma motocicleta. Vocês podem me falar sobre essa

motocicleta que sobrou, essa mais uma?

E4: Experiência, essa questão, tenho, tenho essa experiência, tive outra, outra marca

de moto simplesmente eu tinha a moto, e mais nada. Eu tive uma outra marca de

moto, uma moto esportiva, não vou citar marca, mais simplesmente eu tinha uma

Honda esportiva, eu tinha somente isso mais nada. Claro capacete macacão,

hoje na Harley...

302

P: Não existe Harley Davidson. Nessa questão não tem, agora existe a

motocicleta ali para comparar, essa motocicleta com aquela motocicleta.

E4: Seria só a moto, mais nada

P: Em relação aquela, melhor, pior, sem a marca?

E4: Seria igual, seria igual, claro...

E1: Eu tenho uma outra moto, tenho uma Shadow, ta lá guardada, bateria arriada,

pneu quadrado, ta lá, ta difícil tirar da garagem.

E1: Porque assim, falando em termo claro, falta tesão. {É uma Shadow}, até, a

mulher ia ficar com ela até, mas não vou nem arrumar porque, vai, vai pro troco,

vai pro pau logo.

E4: Minha Honda ficava três, quatro meses parada na garagem, só. E a Harley toda

a semana, e reúne os amigos.

P: Não existe a marca Harley-Davidson , só existe o produto. O que sobrou,

nunca existiu as coisas que vocês tão falando, existe uma motocicleta...

E1: Sobrou uma motocicleta pra ir em encontro de moto, né, sobrou uma motocicleta

pra ir em encontro de moto lá, ver o pessoal...

P: Isso que sobrou, tem qualidades e defeitos? Em relação aos demais?

E6: É seria, igual agente tinha Honda, que tu viajava ++ fazia um passeio porque tu

não podia viajar, com a garupa, que tu fazia o mais, o máximo que fui foi até

Paranaguá, que tu não aguenta, então, essa nova marca não seria nada, porque

tu não teria estilo de vida, tu não teria família, tu não teria amigos, entendeu, e,

agente tem experiência da Honda, que, era só bagunça, então não seria nada.

E1: Pra quem já teve aí, mesmo não existindo mais a marca, pra quem já teve a

Harley, é difícil tu tentar identificar alguma coisa sem a marca, essa a dificuldade,

quanto eu não tinha a Harley,e , era mais fácil, tu dizia assim, eu vou com, com

303

essa minha moto, eu vou pegar outra, eu vou fazer aquilo. Mas quando tu já tem

é difícil pensar nessa maneira, a não tem mais, e daí agora eu faço o que ?

Vamos ser bem pessimista, vira o caos, pra quem teve Harley vira o caos.

E4: Talvez, um simplesmente um transporte seria.

E2: Como eu fiquei inicialmente, tirando a marca Harley, da minha moto hoje, eu falei

sobraria nada, e como não sobraria nada, eu não teria moto.

E1: Por, por já ter, nos já ter andando, numa Harley.

E2: Não não não, independente disso, porque eu já tive outras motos, e atualmente

estava sem moto, a partir do momento que tive, comprei a Harley a três anos

atrás, comecei a andar nesse meio, falei, continuo andando de moto, mas como,

eu volto a falar, já tive outras motos, e nesse meio de, universo de motos que

existe, eu não teria moto, como não tinha, por opção minha, eu não me sentia a

vontade, de sair da minha casa, pegar chuva pegar sol pegar, arriscar de cair se

machucar esse negócio todo pararaaa ++ se não existir só, uma Harley.

E3: E eu não me sentiria, eu não seria uma, motociclista garupa {}, não seria.

P: Vamos agora recolocar, reconstruir a marca Harley-Davidson , nossa

memória voltou agora sabemos, lembramos de tudo que, já aconteceu em

torno dessa marca, e colocamos novamente os adesivos e tags, no nosso

produto Harley-Davidson , jaquetas, motocicletas. O que retorna e como

isso agrega valor ao produto?

E3: O estilo, o estilo de vida, é um estilo, é uma escolha, é uma escolha.

E1: É, frisando bem, é o estilo, como vários estilos de vida que tem, ele gera, ele

gera um mercado, gera um mercado que é diferente dos outros, dos outros

motociclistas, das outras marcas, ele tem por, por isso que ele não é um hobby,

ele é um estilo.

P: Diferente das outras marcas por quê?

304

E1: Porque as outras marcas elas não tem um estilo, tu tem, tu vai ++ vamos a

palavra por amor, ela não, tu, você vai comprar uma jaqueta, você compra

qualquer uma. O Harleiro não compra qualquer jaqueta, ele já, ele vai, ele pode

não comprar duas, três jaquetas, não consegui comprar, mas ele vai esperar um

pouquinho mais pra comprar, aquela que ele quer da Harley mesmo. Então é o

estilo, como você tem vários estilos, várias tribos várias coisas, ele não é hobby,

isso mesmo, voltando atrás, não é hobby, é estilo mesmo, ele é diferenciado.

E4: Só você olhar a mesa aqui, estamos juntos praticamente com a camisa da

Harley.

E2: Tu não vê uma BMW, não não porque o foco seria esse, mas normalmente num

evento assim, você não vê um ++ num evento você não vê uma camisa BMW, é,

Suzuki, diferente por exemplo, eu vou contar até uma situação, que a Samara,

minha esposa também ta aqui sabe o que aconteceu, eu tava em Nova York num

shopping Memphis da vida lá, oitavo andar, loja pra caramba, "papapapa" e eu

estava com a camisa Floripa HD, com o motociclista uma caveirinha dirigindo a

moto, e passa uma garota totalmente que eu nunca tive visto na vida e fala "oh

Harley-Davidson , oh Yes” que dizer, não me conhecia, olhou pra marca e já se

sentiu intimidada, com intimidade pra conversar, mas só que a esposa estava

atrás e não pude conversar com ela {}.

E3: E era linda, uma loira, falou "hi Harley-Davidson" e eu batia atrás só olhando, só

de olho.

E2: Então quer dizer, é universal o negócio, é universal o lance é universal, a marca

é universal.

E3: Isso que é bacana né, o próprio objetivo o estilo, não é correr né, é passeio,

quando se encontram as pessoas falam, não é falar de problemas, não é isso,

mas se encontra pra se divertir, é pra esparecer, pra, pra esquecer enfim, do, da

correria do dia a dia, alguns até dos próprios problemas, né, e entre outros, é ++

enfim, é um momento de distração de descontração, e é isso que me chamou a

atenção, né, fazer parte desse estilo.

E5: Na verdade é uma marca que faz acordar cedo num sábado, pra tomar um

305

simples café da manhã em Floripa. Só pelo fato de confraternizar, olhar os

produtos da loja, que é bacana, que pra mim, o acordar cedo é complicado, mas

pela Harley-Davidson , sábados estamos aí {}.

E1: Só finalizando então, isso, isso tu não encontra em outra marca, até se tenta

fazer, mas tu não encontra.

P: O que, que não se encontra em outra marca?

E1: Esse levantar para ir a um local, próprio da marca pra você ir tomar um café,

você rodar de 100, 200 quilômetros, de vez enquanto quando vai a Curitiba, pra

simplesmente tomar um café, pegar virar as costas e vir embora, se não encontra

isso em outras marcas que, que, ah tem um café da manhã..., a coisa não anda.

E5: É verdade, eles até tentam mas não conseguem unir o pessoal, porque é , muito

pingado a coisa né, e falou em Harley-Davidson , um almoço a agente conseguiu

juntar setenta motos, um carreteiro.

P: O que vocês esperavam da marca Harley-Davidson , antes da compra da

primeira motocicleta?

E5: Conforto.

E1: Conforto pra garupa, porque os sem graus esta na minha perna. É então assim

ó, o conforto pra garupa geralmente, a garupa ta bem confortável, a moto pra

estrada é boa, mas ela tem outros poréns da ++ nem tudo é alegria, você tem

marcas ++ com mais tecnologia, com muito mais coisas, então não é por ter a

tecnologia que você compra uma Harley.

P: É exatamente isso que eu queria ouvir quando perguntei, tiramos o adesivo

da Harley, não é mais uma Harley, existe marca com mais tecnologia.

E4: Uma big Trail, é mais confortável pra andar hoje, do que uma Harley.

P: Uma big Trail de que marca por exemplo?

E4: Uma big Trail uma Triumph, uma BMW, pra você andar ela é mais confortável.

306

E1: Nos tínhamos uma big trail, uma V-strom, ela era confortável como ta na Harley,

é outro tipo de conforto mas ela fazia mil quilômetros em cima da moto como,

como faria aqui, só que aqui ela tá no sofá sentada, então é difícil, é diferente, é

diferente, assim ó, tu anda, tu tem o conforto, tem toda a tecnologia numa BMW,

tu tem toda a tecnologia que tem num carro, até muitas vezes até mais coisas

que tem num carro, e a Harley não tem isso, tem um motor que aquece pra fritar

ovo, suspensão curta, então não é, não é pela tecnologia que você compra uma

Harley.

P: Quais fatores motivaram vocês, a comprar a primeira Harley-Davidson?

E4: Só abordando a outra questão, eu creio que, ela não vem a ser, claro, uma moto

desconfortável né, existe marcas e modelos de motos como é o conforto, com

certeza, mas, já indo nesta questão, o que me fez a comprar , a marca, é, creio

que é, creio que é tudo que agente, é, falou até agora, é ++ acessórios, amizade,

várias, vários passeios.

P: Você já conhecias isso antes da compra da moto?

E4: Não, como eu citei, eu tinha outra, outra marca de moto, um outro estilo de moto,

e não chegava nem, nem próximo, do que, do que a marca e a moto Harley me

proporcionou hoje.

P: Certo, então por não conhecer, o que te motivou a comprar, mesmo não

conhecendo?

E1: Os amigos

E4: Exatamente. Uma viagem, como eu citei, uma viagem que eu fiz com uma moto

esportiva, e amigos fizeram com, com a Harley, e me motivou a, migrar pra essa,

pra Harley.

E1:

Tu acaba migrando pra Harley por que, claro, que isso, tu é um pouco

influenciado, pelo meio, pelo redor que tu vive, hoje tu tá num meio, e assim, no

nosso meio é fácil, não ta isso, nos tínhamos uma Harley ali, duas eu acho, e

307

hoje ali no nosso grupo mesmo, tem quantas Harley tem, e quem vai trocar, já

pensa em trocar por uma Harley, até porque tu vê o outro, ti vê a garupa falando,

tu vê aquela, aquele estilo, que você acaba ficando isolado, as próprias roupas,

tu acaba ficando isolado, mas assim, não é ++ você se isola sozinho claro, mas

assim você vê que aquele pessoal ta fazendo outras coisas a mais, do que você

com a sua motocicleta, e quando você vai trocar, você acaba sendo influenciado,

e aí é o meio que você vive não adianta.

E4: Você acaba se tornando um garoto propaganda, da marca, como acontece hoje

comigo, que ++ é quem vem conversar sobre motociclismo, com certeza eu faço

propaganda, e vendo o produto e aconselho a comprar, a marca.

P: Vocês tinham expectativas em relação à marca?

E1: Eu não

E3: Eu também não,

E4: Também não fiz expectativas

E6: Não

E5: Não

E2: Também não

E1: Nunca se pensou em, ah eu vou ter isso, vai ser aquilo...

P: O que vocês sentiram no dia da compra, da primeira Harley-Davidson?

E2: Felicidade{}, e uma coisa que eu escutei do meu consultor técnico, foi entregar a

moto foi, é, comentando sobre ela, e tal me explicando o funcionamento, que eu

nunca tinha tido uma Harley-Davidson , e ele falou no finalmente, quando acabou

de explicar tudo e falou assim, a seguinte frase "o mais barato, você comprou,

agora você vai ver" a moto, e aí eu por quê? A moto custou cinquenta e quatro

mil Reais, eu falei, pô barato cinquenta eu pensei né, cinquenta e quatro mil

Reais barato, aí você vai ver, basta abrir o nosso guarda-roupa, a quantidade de

roupa, de capacete de bota não sei o que, deve dar uma outra Harley ali dentro

do guarda roupa.

E5: Só falta o enxoval, comprou a moto falta o enxoval.

308

E2: O mais barato foi à moto mesmo.

E3: Eu fiquei muito feliz, porque eu tinha certeza, o bem que isso faria ao meu

marido, e fez.

E6: Quando o Xande chegou de moto, em casa com a Harley né, que ele foi trocar

em Curitiba, que vendeu a esportiva, é, quando ele chegou eu disse assim meu

Deus que mudança{}, porque praticamente foi da água pro vinho, que houve

mudança totalmente diferente né, ta no lado esportivo, e tu foi pra Harley. Então

eu disse assim, ó eu acredito que seja pra melhor, porque é uma coisa que eu

vou poder ir com ele longe, e coisas que eu não poderia ir com ele longe, o

máximo que eu ia era Garopaba ou Paranaguá, porque além disso eu não

poderia ir, no entanto que ele fez um passeio pra Brasília, eu tive que ir de avião,

porque não conseguiria ir na moto como ele. Hoje se ele falar pra mim, fomos pra

Brasília de moto, eu consigo ir de moto, então pra mim foi muito gratificante, foi

uma, é ++ uma coisa assim que, como número 3 já citou, aproximou acho que eu

e ele também na vida, como homem e mulher, agente se aproximou, aproximou

bem mais assim, até com o pessoal, assim como, companheiros né, amigos, ele

é meu amigo meu marido, acho que parceiro, também, é, já fui em local que

cheguei no local, não vou citar nome, que as guria olharam pra mim e falou

assim "nossa tu é louca, tu foi pra Tiradentes de moto, que graça tem?" e eu

cheguei pra elas e falei assim, essa graça só eu sei, vocês não vão saber.

Porque não vive entendeu, não convive com aquilo ali, então deixo elas pensar

que eu não tenho essa graça na minha vida, mas eu tenho, então deixa.

P: Vocês encontraram alguma barreira, pra entrada na Harley-Davidson ,

assim como em outras subculturas, seja de preconceitos ou dificuldades

pra encontrar alguma informação?

309

E2: Você hoje comprando uma Harley, você automaticamente você já faz parte do

grupo HOG, se comprando uma Harley zero quilômetro, na revenda autorizada,

você já faz parte do grupo, automaticamente, você não precisa se inscrever, não

precisa fazer nada, é só a nota fiscal, pode gerar o documento que vai ser

encaminhado pela própria agencia, pra lá pra Milwake no Estados Unidos, você

vai receber um cartão do HOG, válido por um ano, sem, você querendo ou não,

se for opção sua, esse é o ponto, então você automaticamente já faz parte

desse, desse universo. Segundo ponto, regional, do HOG Floripa, conversei o

diretor na época com o Zunino, que era o diretor na época, ele agora ta como

sub diretor, do HOG, regional, e eu perguntei pra ele uma vez, isso bem no

comecinho mesmo, que tinha colegas meus, tinha o Cristiano, tinha o Marquinho,

que tinha moto e iam fazer um passeio, e não tinham Harley-Davidson , e eu

perguntei pro Zunino, tem algum problema, convidar um amigo meu, que não tem

Harley-Davidson pra andar com a gente, no bonde da, do pessoal do HOG, de

Floripa, ele falou "não, nós aqui em Florianópolis não temos nenhuma restrição, a

fazer, é querer excluir qualquer pessoa de moto, é tendo moto acima..., uma boa

cilindrada que possa acompanhar o nosso ritmo, então todos, são todos

convidados", aí eu pensei comigo, isso pra mim além de ser muito bom, é

também uma estratégia de marketing, por que, a pessoa que vai entrar num

grupo desse, e vai começar a ver aquelas motos maravilhosas, velas reluzentes

tal, o cara vai pensar, pô, vou querer ter uma dessas, então o que acontece, eles

conseguem matar dois coelhos, numa cajadada só, ele falou inclusive que tinha,

que tinha..., lá em São Paulo, eles restringem, eles restringem o passeio, só

Harley-Davidson . E aqui, em Floripa eles não fazem isso, então o quer dizer,

você compra uma moto, você já pode participar dos eventos, é só ver o

calendário, se inscrever, e fazer parte do passeio, sem custo sem despesas sem

nada, só basta ter sua motinha e acompanhar, ia ser feito um briefing na saída,

do, do evento, pra que as pessoas possam saber as regras de conduta, numa

estrada. Segundo ponto, é ++ foi o ponto nacional que você já é inscrito, e

segundo ponto é você poder participar dos eventos, isso aí pra mim foi

determinante, pra que você se sinta, e faça parte daquele meio, que é o universo

ali do HOG, e não se sinta excluído, porque, como eu falei na primeira vez eu

não conhecia ninguém, mas fui conhecendo um conhece outro, a tem mais

310

afinidade se conversa com um conversa com outro e vai começando a fazer

parte daquele meio.

E1: O próprio meio do motociclismo, e ++ é fácil você é, interagir com as outras

pessoas, mas muitas vezes quando você vai, vai comprar um Harley, tu vê

aquele grupo, aquele grupo mais longe, realmente tu vê aquele grupo, tu imagina

aquele grupo passando aquele pessoal, e tu diz não como é que eu vou fazer

parte disso aí, é simples, tu tem a marca, tu tem a moto, tu entra atrás do, do

bonde vamos dizer, e ta normal, a coisa segue, não existe ah, aquele é novato,

aquele é, aquele é mais velho ele precisa vim, vim pra frente, ele precisa vim pra

traz, não. Que, que nos temos né, casos do, do, do rapaz ali, que, é um dos

diretores e ++ é um cara novo, é o Marcelo é um cara novo, e faz parte disso aí,

porque ele tá no meio também, então basta estar no meio e querer participar,

qualquer um de nós aqui teria, condições de ser um diretor alguma coisa, desde

que participasse mais ativamente, ou quisesse participar mais ativamente da

situação. Então não existe mesmo isso aí, ah o mais velho tem o local garantido,

o mais novo tem que passar por etapas para se, pra chegar lá, não existe, até

porque o motociclismo não existe isso aí muito.

P: Agora como proprietários da marca, o que mudou, nas expectativas de

vocês em relação a Harley-Davidson , em relação as expectativas que vocês

tinham, antes da compra?

E1: Aumentou o custo{}, ++ aumentou o gasto, a despesa esta maior. A agenda tá

lotada, o custo tá alto, cada vez que tu abre um site pra alguma coisa diferente tu

quer, tu tem ++ passeio++ roupa.

E3: A agenda está lotada.

E1: Tu já entra nessa época ah, começa a esquentar, no verão agora. O, não vai dar

pra sair muito vai ter que ser isso, vai ter que ser aquilo, é, então tu começa, o,

311

só vamos começar a se encontrar mais pra frente, até porque tem esse ++ do

calor, de andar, nessa calor é meio complicado né, botar uma roupa, botar um

capacete e fazer uma quilometragem grande, então tu evita quilometragens

maiores e faz passeios menores. Mas a agenda, a agenda é o que muda.

P: Escreva o sentimento que vocês tem, quando estão rodando em sua Harley-

Davidson?

E1: Eu odeio viajar de carro, não me fale em viajar de carro, eu tenho minha família

longe, mais de quinhentos quilômetros e se tiver que ir de carro, a coisa, não

anda, por que, porque quando tu tá em cima da moto, é fácil fazer quinhentos,

mil, mil e quinhentos, não tem problema, você faz.

P: Mas o sentimento que tu tem?

E1: O sentimento é isso aí ++ o pessoal usa muito a palavra liberdade, mas não é,

acho que não é isso, é alguma outra coisa assim meio...

E5: Prazer de estar em qualquer lugar.

E1: É, assim tu, é diferente, mais assim eu, eu escuto muito essa coisa de ah

liberdade, não é liberdade é alguma palavra que eu não, não consegui achar

ainda. É diferente sabe, você tá em cima de uma moto, você tá perto da coisa,

você ta tomando aquela chuva, tu ta sofrendo com aquele sol, com aquele, é

diferente, do que tu fazer, ah eu vou entrar num carro e vou fazer mil quilômetros

num carro, então tu já calcula mil quilômetros, agora mil quilômetros com a moto

você já diz, não eu vou parar aqui, eu vou parar ali, vai demorar um pouco, vou

chegar no final do dia acabado lá, acabado, mas a sensação foi boa, melhor que

chegar com a dor nas costas só, do carro.

E4: Eu creio que quando agente tá fazendo uma viagem de carro, você consegue

pensar nas, em algo, você consegue pensar na semana que se teve, na moto

você não pensa nisso, você esquece tudo.

P: Voltando pra questão, o que você sente, quanto tá em cima da tua Harley?

E4: Um sentimento, como número 5 citou, prazer, alegria ++ liberdade como todo

312

mundo cita, mas é uma verdade existe isso ++ uns sentimento aí.

E6: Eu acho que uma realização, da semana do mês, do trimestre que tu vai viajar,

eu acho que tu se sente um pouco realizada, tu esquece de tudo, então tu se

sente, talvez até aquele como o número 1 citou, querendo ou não é um ato de

liberdade que tu tá lá me cima dela entendeu, tu esquece de tudo, então tem a

realização de.... É tu sente pela liberdade tu esquece de tudo, eu me sinto

realizada assim, eu gosto.

E1: É é .++ quando, quando eu falei liberdade é que, geralmente quando tu escuta

alguém falar de moto, é a liberdade, as vezes sabe. Liberdade o que assim? As

vezes eu fico pensando, é uma liberdade, mas assim ó, tem mais coisas do que

isso daí, não é só na Harley, é na moto mesmo de tu tá, fazendo uma viagem, tu

tá em cima duma moto, tu sabe, tu vive, tu ta no meio da paisagem, não ta

visualizando a paisagem, você faz parte da paisagem. É diferente assim. ++ é

difícil, eu tava tentando achar uma palavra.

E5: Conquistou aquele espaço, então tu, tá ali, tu faz parte, daquela...., daquela

estrada, daquele..., daquele momento, conquistou o espaço.

E1: Eu acho que o sentimento é este, que você faz parte da paisagem, se isso é

liberdade, ótimo, então é liberdade, mas você faz parte daquilo ali, sabe, muito

diferente que tu esta dentro dum carro.

E4: Quando você tá num local, com uma paisagem bonita, se você ta de carro, se

saído seu veiculo, e vai lá bater uma foto por exemplo. Se você tá de moto, você

quer que a moto apareça junto na foto.

E5: Principalmente, o símbolo da Harley-Davidson {}.

E3: Pra mim, é uma sensação de companheirismo, pra, e também uma sensação de

higiene mental que eu consigo me desligar, como um todo assim, consigo,

esquecer de tudo e viver aquele momento ali, é o presente, viver exatamente

aquilo que estou vivendo naquela hora.

E1: Eu acho que a palavra é coisa é coisa certa, aquele momento ++ é o que o 4

falou antes, é, tu não pensa em outras ++ porque você tem que tá ligado no que

313

ta acontecendo ao todo, tem que tá muito ligado na estrada, mas é isso aí, ah, ta

ali, é aquilo ali, é o momento, é o momento, vivendo o momento mesmo.

E2: Eu me sinto, meu sentimento, é ++ vou falar ++ estou ali, quer dizer, não estou

nem ali, eu me sinto assim tão, tão, assim no meio, por exemplo, uma sensação

até extra corpórea, você esta ali, se ta vendo a coisa mais linda pra mim é estar

na estrada, com uma curva assim de raio longo, você vê aquele, a quantidade de

moto na tua frente e você andando, cara, aquilo ali, é indescritível, não tem

palavra pra dizer, da vontade de falar pra todo mundo, cara que coisa linda, lá no

finalzinho, na traseira do bonde, aquela curva passando raio longo assim,

aquelas motos lá na frente e tal, você ali, você estando naquele meio ali você,

você, se não se sente nem em cima de uma moto, eu me sinto assim, nem sinto

++ sinto que to flutuando ali, naquele meio.

E3: Eu entendo perfeitamente essa sensação do número 2, porque a primeira vez

que, eu consegui visualizar, de um passeio né, que eu participei, que as motos

aceleraram dentro de um túnel, eu chorei de emoção, eu chorei de emoção, a

sensação ficou muito forte né, realmente me sentia à flor da pele naquela

situação, de tão lindo que eu achei, né e é aí onde agente vê que como, como

agente tem que agradecer.

E1: O sentimento, que é o que agente ta falando, pra andar numa motocicleta, tu tem

que saber, assim por exemplo, tu gosta de tirar, assim se tu conseguir olhar pro

pôr do sol alguma coisa, e você gosta de tirar uma foto, você vai andar de

motocicleta, agora se você não gosta de paisagem se você não gosta de, você

acha tudo estranho, se não gosta de ver alguma coisa bonita no céu, aro Iris

alguma coisa ++ você não vai andar de motocicleta né, porque tu não vai

conseguir visualizar essas coisas toda ao redor, sabe, e o motociclismo tem isso,

tu ta olhando ta visualizando, to olha, quantas vezes eu passei por alguns locais

ali ++ tu não enxerga aquele morro, aquela coisa, e aí é diferente, essa parte é

diferente, se a pessoa não sabe visualizar um pôr do sol bonito, não anda de

motocicleta, porque tu não vai conseguir visualizar nada, tu não vai ter ideia do

que é andar de moto.

P: Por que é comum observar, vários HOGs, membros do HOG, desfilando em

314

um comboio de motocicletas?

E1: Eu acho que é por tudo isso que agente, agente falou, que era, tem o estilo e um

dos estilos da Harley não é andar muito sozinho, é andar em grupo, é andar em

grupo, então o pessoal se reúne pra andar em grupo, e aí claro o HOG é pra

isso, o HOG é uma ++ é o grupo que faz, que prepara pra se andar em grupo,

então é assim, dificilmente tu vê uma Harley passando sozinha, então tu tem

mais Harleiros andando junto, até porque aí vem a questão da família, da

amizade, companheirismo, que é o, que é o interessante. Agente mesmo fez

uma viagem o ano passado aí, rodamos o Rio Grande do Sul ali, quase dois mim

quilômetros sozinho, eu chequei em casa e, sozinho eu não vou mais, não tem

graça.

E2: Pra mim um sentimento meu é segurança, primeiro de tudo segurança, eu jamais

teria uma moto dessa que eu tenho hoje, pra andar sozinho no Rio de Janeiro ou

em São Paulo, não teria, então aqui, com o HOG agente vai pra tudo quanto é

canto cara, e aí agente se sente seguro, porque, nos temos diversos elementos,

dentro do comboio, do HOG, que tomam conta da gente. Que, eu tenho o

exemplo prático agora na volta de São Paulo, o Conte tava na fila do pedágio, e

entra um carro no meio do nosso bonde, pra forçando a barra, pra cima pra

passar na nossa frente no pedágio, apesar de ter umas 5 motos na frente, um

carro entrou na frente do, do meio da gente, e entrou, e aí o que, que acontece,

num estantinho, o pessoal da, da proteção no caso, o capitão do início, e o

pessoal de traz, se reuniram e cercaram aquele carro perguntando qual o

problema, que tava acontecendo com aquele carro, e o carro ficou ali quietinho

esperando passar todo nossas 32 motos. E até achei, faz parte até da

segurança, um momento assim que agente acabou de passar, do pedágio, nos

ficamos esperando o carro que queria passar na nossa frente passar, achei legal

esta estratégia porque, podia ser algum maluco desmiolado, querendo derrubar

todo mundo ali depois, vem atrás de todo mundo, era de noite, escuro, então

quer dizer, até isso o pessoal pensa, então quer dizer, eu me sinto muito seguro

em fazer qualquer tipo de viagem, com, o pessoal do HOG.

E4: Se você ta sozinho numa situação dessa ++ consequência poderia ser outra.

315

E3: Como garupa eu me sinto mais segura, até pelo respeito que se tem, e quando

se anda em grupo, na realidade existe um planejamento, existe pessoas

capacitadas para isso, enfim, né, e eu acredito que andar de moto, ser

motociclista, é um dos objetivos maiores também é, faz parte a segurança.

P: A minha pergunta sequente, em parte foi respondida, e quais são os prós e

contras, dessa prática, de andar em bonde?

P: O que você sente ao andar junto, com os HOGs ?

E3: Segurança, companheirismo, a própria amizade, enfim, o lazer, né, o objetivo

maior do lazer, e a troca também, a troca, quando eu falo lazer quero dizer a

troca né, que algum momento agente vai parar, vai existir uma troca onde agente

vai conhecer outras pessoas também, seria isso.

E5: Parceria, que em qualquer situação, um deles vai estar ali pra te ajudar.

P: Como os integrantes do HOG se comportam entre si, quando reunidos?

E4: É, aí eu creio que, como é grupo sempre há elementos que fogem ao padrão.

P: Genericamente falando, no geral.

E4: Bom no, no geral creio que é 99% seguindo a formação e o que foi dito no

Briefing né, inicial, mas os elementos em si, sempre há alguns que fogem

formação e ++ comportamento eu creio que é um comportamento ++ é, uma

maioria ali é, formação padrão, exatamente padrão de informação, todos...

E2: Pra mim é respeito, dedicação e orientação, os três temas aí que eu vejo.

Respeito porque tu não vê ninguém xingando o outro, o tal não sei o que, não

tem essa falta de respeito. Dedicação, que eu vejo também é o seguinte,

dedicação do pessoal em manter a formação que nos estamos trabalhando, tem

sempre aquele voltando que vai e "acelera a moto mais um pouquinho, junta

mais a turma e tal, não sei o que" e essa dedicação e orientação é da parte de

alguém estar fora, numa parada por exemplo, quando você encosta, temos as

nossas paradas para abastecimento, e você vê os Road Captains, que são os

responsáveis pelo nosso passeio, orientando aqueles que tão mais fora do

padrão, é acelera a moto um pouquinho, freia mais um pouquinho, não anda

316

muito colado, não anda junto sendo orientados, isso aí são os três pontos que eu

vejo.

P: Como são os passeios?

E4: Perfeito

E1: Em que sentido assim, como são...

E2: Eles tem ++ eu vejo, uma programação, é, a parte de organização é muito forte,

por causa de você ter, eles lançam uma agenda mensal, pra que você possa se

programar, como agente citou aqui como um dos problemas que agente tem em

participar do HOG, é o custo financeiro, que não dá pra ir em todos os eventos,

porque custa caro, é gasolina, é alimentação, as vezes a nossa disponibilidade,

hotéis e tudo, então quer dizer, não dá pra fazer todos, então a partir do

momento que você tem uma, uma agenda lançada, você pode se organizar, a

quero ir no primeiro e vou no ultimo do mês, ou vou só, neste mês só posso ir a

um, então quer dizer, você se organiza pra isso, essa é uma parte. A segunda

parte que eu vejo, é a parte da organização que eu já, já citei aqui do, da

formação dos passeios, e ++ e como te falei, da parte econômica, agente faz a

nossa análise, eu posso ir nesse ou não posso ir naquele.

E1: Mas eles tem, eles tem os meios de comunicação deles né, que é o site, que é o

Face, e onde estão divulgando sempre né, por email também, então eles estão

divulgando sempre, ta ali, ta todo mundo ali, ta disponível os passeios pra você

descobrir, a eu quero fazer esse, esse e esse, olha, vamos lá o pessoal se reúne,

ó, vamos nesse vamos naquele lá. Mas como os membros são tem, tem muitos

membros aqui, vamos citar da, da de Santa Catarina, de Florianópolis, sempre

tem gente indo nos passeios.

P: Como você acredita que as pessoas, os expectadores, percebem o passeio

dos HOGs?

317

E2: Como as pessoas sentem cara, é ++ é impressionante porque, basta você ficar

parado no ponto de pedágio, e vê o bonde passar, ali na frente, pra pagar

pedágio, ficar aguardando ali, e vê a cara das pessoas dentro de seus carrões

até, olhando, filmando, olhando, cara, da pra ver o brilho nos olhos da pessoa

falando, pô eu tenho essa BMW aqui, eu tenho essa Mercedes, tenho essa (...)

aqui, mas queria estar naquela moto. Cara, tu vê o cara babar, tu vê o cara

babar. Segundo ponto, segundo ponto, também agora, fomos pra São Paulo, o

pessoal agora filmando direto os bondes cara, filmando direto, você via o

caminhoneiro, o próprio caminhoneiro, abaixa o vidro dele lá, bota o celular pra

fora e , fica filmando agente cara. Quer dizer, tem esse aspecto, tem você vê,

classes sociais, tanto os ricos, os caminhoneiros, criança agente passa, agente

sai buzinando e a criançada aeee da tchauzinho, então quer dizer, é uma

imagem que agente passa cara, de..., de lazer, é uma imagem que agente passa

de, pô ++ é meio indescritível que ++ o que acontece, as pessoas, agente vai pro

interior de Florianópolis, da ilha de Santa Catarina, agente bota aqueles, ribeirões

lá, as pessoas param ficam olhando, ficam na beira da rua assim olhando pô que

legal que legal, e é bacana mesmo, uma vez eu tava parado, quando eu voltei de

São Paulo ++ de Brasília, tava abastecendo, cara passou o pessoal vindo de

Brasília, aquele encontro lá do, do, Brasília, cara, era muita moto passando e tu,

primeiro tu escuta o barulho né, ROOOOORRR aquele barulho, aquele ronco, tu

vem da onde ++ quando vê a estrada passa VUM, VUM, VUM, cara passa uns

dez minutos de moto cara, é muito bonito, é muito bonito.

E1: O pessoal, o pessoal, público que tá fora da moto, ele veem como, o olhar assim

++ diferente mesmo, aquele, pode passar de novo no outro dia, eles vão ver com

o mesmo olhar, aí passa na outra semana, eles vão parar de novo pra ficar

olhando.

E5: Na verdade eles veem como um espetáculo, eles abanam, eles acenam ++ é

uma, é uma atração na verdade..., é bem bacana mesmo.

P: Como você se sente sobre os olhares dos espectadores, neste passeio?

E1: Eu me sinto bem né{}.

E5: Pareço uma rainha{}.

318

E3: Eu me sinto feliz, porque eu vejo um olhar, do brilho das pessoas que gostariam

de estar no meu lugar.

E1: Nos fizemos parte a paisagem daí, nós fizemos parte daquilo ali, estão

admirando a paisagem.

E4: Somos a atração do pobre, somos a atração do pobre.

E1: E aí, claro, e vem aquela coisa, que aí junta o estilo, o glamour isso e aquilo, eu

tenho, eu to nesse grupo, eu tenho essa moto, e isso faz parte, e isso faz bem

pra quem? Pro teu ego, não tem, não tem como não dizer, tu passa uma

semana, turbulento trabalho isso e aquilo, e tu passa num sábado pra ver,

fazendo parte dessa paisagem, o pessoal te admirando e aquilo lá, tá bom, o ego

tá ótimo pra segunda poder voltar.

E2: Por exemplo, eu trabalho embarcado, duas semana eu fico preso numa

plataforma de petróleo, quando eu desembarco, tem dia que eu chego aqui no

aeroporto de Navegantes, onze horas da noite, onze e meia, da vontade de

chegar em casa, pegar a moto de dar uma volta, de tanta vontade...

E4: Tu já fez isso. Buscando a moto do Tiugo, vamos buscar a moto do Tiugo, ele

atravessando o Ferry Boat e me ligou, e daí tão pronto?, bom mas é já, eu já

então ta to saindo do trabalho eu vou em casa buscar a minha moto{}, ele já tava

no Ferry Boat ligando, tinha acabado de chegar, pegou a moto e fomos a Floripa.

E3: Eu jamais iria imaginar que eu tivesse a seguinte fala em pensamento, estou com

saudade de andar de moto, e isso pra mim, quem me conhece, sabe que é uma

vitória {}.

E1: E aí vem assim, é tudo uma questão de ++ nós estamos fugindo um pouquinho

da ++ mas vem toda uma questão assim, idade né, tu começa a ter outros

objetivos, tu começa a visualizar o final, daqui apouco tu não vai mais poder

andar, de moto, então se tem que aproveitar agora, tem que aproveitar agora,

senão daqui apouco não tem mais, não tem mais tanto tempo, então tu ta

contando regressivo.

319

E1: A expectativa de andar de moto, ela é pequena pra nos já, então tu já começa a

ficar preocupado, meu Deus, eu comecei ++ eu só posso andar mais tantos anos

de moto, é regressiva a coisa, só tem mais vinte pra andar de moto, e aí o cara já

começa pô mais quem sabe um triciclo lá na frente eu vou conseguir andar.

Então tu começa a andar e aí ++ então assim ó, isso faz parte, tu tem que

pensar no momento né, tu tem que pensar no momento, o momento é hoje, tu

não sabe se tu vai estar vivo a semana que vem na outra pra andar, vamos

aproveitar hoje. E aí depois vai, depois vai, depois vai, cada semana vai

andando.

P: E os passeios promovidos por outras marcas de motocicletas, como são?

E2: Eu nunca fui.

E1: Não existe{}.

E6: Eu não vou.

E5: Não tem graça, encontro de moto.

E1: Não tem..., o 4 vai falar..., o 4 vai falar que é o proprietário de sua BIKE.

E4: Na verdade não existe passeio de outra marca, existe encontro de motociclista

onde é ++é onde uni várias marcas de moto, isso existe. Mas, é, mas não é igual

ao encontro de Harley.

P: Filmes, como os motoqueiros selvagens, os Wild Hogs, e outros clássicos

do cinema americano, relatam a aventuda de quatro motociclistas, norte-

americanos, cansados de sua rotina. Como você se sente enquanto um

membro do HOG, em comparação aos motoqueiros do filme?

E2: Eu vi esse filme aí, achei legal por que ++ identificam quatro coroas aí, fim de

festa, brigado com mulher, outro empresário que, a fim de vazar e tal, decide

num dia pegar a estrada sem rumo e fazer, fazer um estradão. Engraçado que lá

nos Estados Unidos, eles tem uma..., tem vários locais, tem vários grupos de

moto, não só HOG né, mas existe ali um conceito de, de Harley-Davidson lá no

exterior , é mais complicado porque aqueles o Hells Angels né, que tem o grupo

ali, é bem radical, não entra ninguém, só os tatuados, só os briguentos...

320

E4: Subgrupos

E2: Não não é grupo mesmo, tanto é que eles são ++ não mas é grupo, eles são,

eles tão proibidos, e tão proibidos de andar, pela justiça dos Estados Unidos,

eles não podem mais andar, porque eles são ++ tão, muita briga, briga com

morte e tal. Então o que, que acontece, ta acontecendo isso muito lá. E eu vi

esses caras, eu vi esses filme, eles se encontram com o grupo lá, com a facção

desse grupo aí, que detonam a moto dos caras quebram a moto dos caras e...,

depois são perseguidos por eles, é até engraçado que é tudo meio descorpório,

também é, meio holywoodiano né, mas tão no filme né, no final da tudo certo. E o

que, que acontece, aqui no Brasil, agente não vê muito isso, tem a parte dos

Abutres de os Apalaches também, que geram algumas confusões também, mas

é mais pra São Paulo, eixo São Paulo Rio, por aqui não roda muito. Em Resumo,

aqui agente faz o ++ tem muito evento disso aqui, agente faz parte, e agente faz

parte desses eventos, então o que, que acontece, é bem legal, agente fazer

parte desse meio aí, não ha briga ++ aqui nunca vi, discussão, agente foi no

evento do HOG lá em Rio Grande do Sul, agente não viu uma briga cara, é muita

gente, muita gente, muita gente, e o pessoal tudo confraternizando, então eu

pensei ate ser um ponto muito pior, excedendo a expectativa em mais de, mais

de uma vez, que foi muito legal.

P: Por que vocês acham que os motoqueiros do filme usavam, roupas pretas e

quentes?

E1: Porque a roupa preta, ela é uma roupa tradicional, couro, couro preto é

tradicional, e as outras, as outras que apareceram outros filmes de ++

apareceram seguem essa tendência do preto, até pode ser o pior pra andar no

sol mas...

E4: Eu acho que essa pergunta, não sei se na verdade vou saber responder, mas

existe, eu já vi num site, de motociclismo, é, porque que o motociclista usa roupa

preta ++ eu, não me recordo não sei dizer, porque que o motociclista gosta de

321

caveira, já existe aquela visão que é satânico, é totalmente ao contrário ++

exatamente, é, mais ou menos por aí então, e outros simbolos e tais...

E1: Não sei mesmo o porque do preto, se tem alguma história, agora que tu só

encontra quase roupa preta, essa é a história, é uma meta, vai comprar uma

calça de couro ela é preta.

E2: Eu considero ++ no meu ponto de vista, que o preto, é, pra puxar roupa de couro,

que é roupa de proteção, os casacos de couro, pretos, na juventude aí. Então

vem desde lá de baixo, que é o couro preto, o casado, e as calças de couro que

são pretas também, agora eu nunca vi couro azul claro, nunca vi couro branco,

andando de moto, então o pessoal usa o preto até pra proteção, pra chuva, pra

sujeira, então por aí.

P: Será que ouve uma internacionalização dessa cultura, por conta do cinema,

nos incorporamos a vestimenta preta por conta disso?

E1: Com certeza. Isso influencia, isso influencia, e ainda mais porque, essa cultura

do motociclismo assim, expandida, grande mesmo, ela não é de tanto tempo né,

do jeito que é, o americano tinha mais, não no Brasil, então quer dizer, tu

encontra todos os outros, não tem jeito.

P: Assim como no filme, porque muitos membros do HOG, alteram os

escapamentos de suas motocicletas?

E2: Chamar a atenção{}.

E1: Porque não tem ++ tu tem uma motocicleta, sem barulho, sem que seja um

ronquinho diferenciado, não tem, não tem, primeira coisa é tu ter o ronco, aí vem

qualquer motocicleta, tu quer ter o ronco e isso é um grande problema quando tu

compra uma outra marca, aí geralmente tu compra, vamos dizer assim, uma

BMW, uma big trail, e aí tu vai lá, aquele ronco e tu não tem opção nenhuma,

aquele negócio que tu diz, não tem barulho.

E5: Tu compra uma Harley-Davidson porque tu quer ser visto.

P: Comente sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como usados

322

nos filmes norte-americanos?

E1: É uma viadagem mas agente gosta né {}.

E2: Agente gosta, e se não tiver assim o parcelo fala não faz parte do meio. É porque

agente não faz parte do meio, se não tiver com um lenço, tiver com uma, uma

corrente saindo dum bolso e entrando no outro bolso, e não tiver um lenço uma

++um boné, ta um casado com a Harley-Davidson você não tá naquele meio.

E1: É o estilo, é o estilo, como tem, como tem vários grupos e gangues e, e outras

coisa que usa o seu estilo preto ou de outra cor, o cabelo pintado, é o estilo, você

ta ali no meio você que usar aquilo ali porque o estilo é esse.

P: Agora na ordem, quem daqui usava algum desses acessórios antes da

Harley-Davidson?

E1: Não.

E2: Não.

E3: Não.

E6: Não.

E5: Não.

E4: Não.

P: Quem usa atualmente?

E1: Uso.

E6: Usa.

E5: Uso.

E4: Uso.

E2: Usa.

E3: Algumas coisas, nem tudo.

E1: É, assim o, agente usa alguma coisa.

323

E1: Usa até porque assim ó, primeiro tu compra ++ primeiro tu comprou um lenço, tu

vai ter dois lenço daqui a pouco, aí tu comprou uma luva, daqui apouco tu vai ter

duas luvas, boné, daqui apouco tu vai ter dois, e é assim, tu vai ter, e aí tu vai só

acrescentando, aí o guarda-roupa vai aumentando, então tu começa a utilizar

muito mais.

E2: Tem outra moto dentro do guarda-roupa.

E3: Tanto que tive que providenciar um guarda-roupa só Harley.

E1: Lá em casa, temos um guarda-roupa só, vamos ter que aumentar ele...

E5: A moto e o enxoval{}.

P: Muitos Membros do HOG, costumam andar acompanhados com uma

pessoa, em sua garupa, qual é o papel do garupa nessa cultura, da Harley-

Davidson?

E1: Até porque nos não temos opções né.

E1: Eu prefiro andar com a garupa, me dá muito mais segurança, até pela firmeza da

moto e outras coisas mais, mas eu prefiro ter a parceria, de, de ter alguém junto

comigo do que andar sozinho.

E2: Pra mim sem a minha parceira, não tem graça.

E4: Agente vai voltar naquele assunto meio que inicial, é, a importância da garupa o

que, que venha ser, é ++ a marca, se pode trazer família, então a garupa com

certeza é a sua família mesmo, sua esposa, sua namorada.

P: Quem decide sobre as compras, de produtos, e motocicletas Harley-

Davidson ? O garupa opina, na decisão de compra?

E4: É eu gostaria de não comentar {}.

E2: Pra mim e minha esposa, são independentes, ela escolhe o que ela acha bacana

e tal, e eu escolho, e fica assim.

324

P: E a motocicleta ?

E2: A motocicleta é eu.

E4: Acessórios da moto quem decide é o condutor, agora, é ++ rouparia e tudo mais

é, como numero 2 citou.

E5: Agente sempre dá opinião, mas a, né, quem decide é o piloto.

E3: Quem decide é quem paga{}.

E1: Quem decide é o limite. Uma terceira parte, os dois mais o limite do cartão{}

P: Qual é a vestimenta de um garupa, um garupa membro do HOG, è diferente

do motociclista?

E6: É bem diferente, é totalmente diferente.

E6: Eu acho até assim ó, aí o pessoal fala ah a esportiva não sei o que, não com a

Harley, eu acho que tu anda bem mais vestida.

P: Em relação ao motociclista, quem guia a motocicleta, ao HOG, a garupa a

roupa dela é diferente ou ela é...

E3: O estilo é bem parecido...

E1: Elas andam de salto.

E4: Talvez seria essa a única diferença.

E1: É um diferencial, mas a roupa é um pouco mais leve, ela tem uma diferençazinha

um pouco assim, ela se vão, vamos dizer assim, se produzem um pouco mais

pra sair na garupa, do que, do que nos.

E2: Mas elas bota roupa de mulher agente bota roupa de homem.

E4: É mas não foge muito, é jaqueta, camiseta da marca Harley, um jeans e bota, e

salto, e salto uma mulher.

325

E3: Os estilos são parecidos, mas é claro, que a mulher, por ser até mais feminina,

ela utiliza, de, de acessórios, então ela vai usar, uma blusinha, um brinco, uma

pulseira né, um colar, um salto, é o estilo.

E1: É, mas isso acontece na Harley, não acontece em outras motocicletas.

E2: Concordo

E1: Muda completamente, quanto esta sentado na garupa de uma outra moto, muda,

muda...

E2: Diferente.

E1: Com certeza

P: Como é o comportamento de um legítimo membro do Hog?

E2: Cordialidade, respeito mútuo e troca de informações, entre os membros.

E4: Eu creio que, se nos tivéssemos aqui, entre nos aqui um membro que faltasse

com respeito, que não, sei lá um respeito, eu acho que ele seria excluído.

P: Existem regras que o membro do HOG deve cumprir, dentro do grupo?

E2: Eu nunca li, estatuto de norma de conduta do HOG. Mas eu acredito que, se

você for um cara educado e souber respeitar os outros, não tem...

E5: Eu acho que na verdade existe o bom senso né, todo mundo respeita ali...

E1: Até porque ta todo mundo em família né, por essa coisa de estar em família há

um respeito maior de tu estar sozinho.

E4: Exatamente.

P: Como acontece o preconceito e discriminação em relação ao novo

integrante do HOG?

E2: Eu nunca vi essa discriminação.

E3: Também não.

326

E6: Também não.

E5: Acho que não existe.

E4: Teve um caso, na ultima viagem que agente veio de São Paulo, aquele, aquele

moço com uma moto, na frente, descendo a serra, se tava junto, a serra de

Curitiba ++ vocês pode citar o nome, era com uma V-Road ali o, tava dirigindo ++

é, foi a primeira viagem dele, ele tava bem perdido, descendo a serra de Curitiba

numa chuva, quando agente chegou em casa, existe o grupo ali do, do, que

criaram o grupo do Whatsapp, tu faz parte, e ele veio pedir desculpa porque era

minha primeira viagem, e eu acho que não vou mais viajar. E o grupo é, na hora

já respondeu, não é sua primeira viagem, é assim que se aprende, é, vamos

participar, vamos fazer mais viagem, até hoje ele ta no grupo, participa. Então

quer dizer não existe discriminação, uma situação dessa, ele poderia ser muito

bem, nunca mais ter sido convidado, porque a conduta dele de pilotagem é ++

não foi, desrespeitosa, foi por inexperiência, poderia ter sido excluído e não foi,

então quer dizer não existe, discriminação, é um exemplo claro.

P: A Harley-Davidson, disponibiliza uma série de acessórios e peças para

customização de sua motocicleta, como você customiza a sua Harley-

Davidson?

E1: Eu não sou, não sou de colocar muita coisa na moto não, apesar de ter muita,

muitos acessórios, mas eu, eu me contenho um pouco, nisso aí.

E4: Eu sou o estilo de, vou seguir o número 1 ali, manter ela um pouco original, não

muita coisa, talvez um escapamento, um barulho que ainda não botei, um,

mesmo sabendo que tem várias opções.

E2: Eu customizo a minha, trazendo algumas peças do exterior, eventualmente estou

por lá e trago, preços, em comparação com os preços brasileiros irrisórios.

P: Porque as pessoas alteram a sua motocicleta Harley-Davidson?

E2: Para personalizar, e individualizar cada uma, porque segundo a lenda, não existe

uma moto igual à outra Harley-Davidson.

327

P: Como vocês veem, o uso de peças não originais, na customização de uma

Harley-Davidson?

E2: Jamais utilizaria.

E2: Porque ++ além de descaracterizar a moto e..., você desvaloriza o seu produto, a

marca que tem.

E4: Eu creio que hoje a marca Harley, falando em termo Brasil, é, claro que há

marcas não originais, mas há uma dificuldade muito grande em conseguir

alguma coisa que não seja original, é, e eu creio que se você procurar um

produto que não, seja original é ++ é problema futuro na certa, com certeza.

E5: Tu perder a identidade né.

E4: Também.

P: Quais são as principais customizações, praticadas pelos membros do HOG,

da Floripa Harley-Davidson?

E4: Escapamento.

E1: Primeiro é o escape, depois vem...

E2: Tampa de combustível, protetores de, de, no caso da Ultra protetores das malas

laterais, porque um tombo pode danificar aquelas malas, são riscos né, e poucas

coisas a mais.

P: O lendário som, produzido pelo motor de uma Harley-Davidson , promove

dupla interprestação, dos diversos consumidores de motocicletas, existe

alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao tema, o som

produzido pelo motor de uma Harley-Davidson?

E1: É que o som dela, ela vem daquelas carburadas, as antigas carburadas, que tem

um som diferenciado, e que é que o pessoal diz, é um ronco da Harley mesmo,

aquele é o ronco tradicional.

328

E4: Se eu não me engano, eu, essa informação eu creio que é quase certa, é, esse

som é patenteado, é exclusivo. Então é único mesmo.

E1: É único, é diferente.

P: Vocês se agradam no som, acreditam que esse som é o que realmente tem

a ver?

E1: É por isso que a gente muda o escape, pra ficar mais parecido ainda.

E2: O problema dessa, do escape, é que , se você vai num comboio, se você vai

atrás de uma moto muito barulhenta, você não aguenta, é legal o barulho mais,

agente tem que, a gente, praticamente foge dessas motos barulhentas no

comboio, porque fica dentro do nosso capacete aquele barulho e a gente não

aguenta.

E1: Mas a Harley é, ela é tradicionalmente conhecida pelo seu ronco, barulhento.

Barulhento, tradicional, tem, tem assim, se você pega uma moto, até na, o Ivan

tava com uma ali na, na KM, ele, ele tá com ela, é uma dois mil ++ é noventa e

sete, a moto, isso pra quem entende, eu também não entendi direito, ela tava

com 600 giro batendo, ela dava um estourinho a cada dois, três segundos só,

isso é um o ronco tradicional dela, ela quase morre, e ela da um estouro.

329

APÊNDICE 5 – Transcrição Entrevista em Profundidade Local: Florianópolis – SC, data: 18/12/2014- quinta feira as 18:30 horas, tempo total de gravação=1hora24min48seg.

Membro Descrição

P: Quando se fala em Harley-Davidson, o que lhe vem a mente?

Benetton Motocicleta, e de preferência, na minha concepção a melhor motocicleta do

mundo, aliais, até quero fazer uma correção aqui, eu não considero a Harley-

Davidson uma motocicleta, eu considero a Harley-Davidson um trator. Serve pra

tudo, e é forte pá caramba, tem personalidade, tem presença, tem tudo que é de

bom, embora obviamente muitos que são mais ligados ao conforto, eles dizem

que e se o cara tiver algum aparelho dentário ele não pode rir, não pode abrir a

boca e coisa e tal, mas isso aí tudo faz parte do conjunto.

P: Fala um pouco desse conjunto.

Benetton Bom, esse conjunto é a máquina propriamente dita né, quer dizer a Harley-

Davidson é uma coisa, assim extraordinária, por que ++ obviamente quando tu

compra uma Harley-Davidson tu não só compra uma Harley-Davidson tu já

compra uma família, eu sempre digo isso, quando o cara compra uma Harley-

Davidson ele não compra uma Harley-Davidson , ele não compra só uma

Harley-Davidson ele compra uma família, porque tu sai fazendo amizades e

amigos aí, pelo mundo inteiro, aonde tu passar, tu vai fazer essa amizade,

entende, e a Harley-Davidson é uma cultura muito antiga, a Harley-Davidson é

de 1903, então tu imagina, esses caras aí são todos Harleyros, esse que tu ta

vendo aí nesse quadrinho aqui ó, entendeu, e obviamente que ali tem um de

destaque more, que é um cara chamado de Elvis Presley, entende, então ele em

1956 com a Harley-Davidson que ta num museu, hoje ta no museu da Harley, a

moto dele, uma das motos dele. Então quer dizer é uma cultura que já é ao

longo de todo esse tempo, a Harley-Davidson é uma motocicleta que começando

em 1903, ela já participou da primeira guerra mundial, onde foram feitas vinte mil

motocicletas exclusivamente pra, pra participar da guerra, entende, inclusive

com acessórios que permitia que eles utilizassem equipamento automático,

então quer dizer, isso aí começou ao longo de todo esse tempo, depois

330

participou também da segunda guerra mundial, e só nessa época eles fizeram

em torno de noventa mil motocicletas exclusivas, para, a guerra, pros militares

participar da guerra.

Benetton E tem uma história também, eu não sei se tu gosta de assistir filme, mas eu

gostava muito de assistir filme de bang bang na época, hoje tu não precisa mas

ir a cinema pra assistir filme de bang bang, hoje o bang bang ta em tudo quanto

é lugar aí, mas, tinha um revolucionário mexicano, o ++ era o mais novo mas

tinha um chamado Pancho Villa, o Pancho Villa, e o Pancho Villa, ele complicava

um pouquinho os americanos, e os americanos mandaram, o americano com

uma Harley-Davidson pra dar um recadinho pra ele, tu entendeu. Então quer

dizer, até essa história a Harley-Davidson participou, então o que, que eu quero

dizer com isso, é uma cultura vastíssima, o que é uma Harley-Davidson é tudo

isso que eu to te falando, fora o equipamento de duas rodas com um motor em

“V”, de preferência, entendeu, que nos leva a qualquer parte do mundo,

entendeu, e tem até alguns ditados que diz assim, bons garotos vão para o céu,

motociclistas vão a todos os lugares, e se quando ta com uma Harley-Davidson

eu dispenso qualquer outro comentário.

Benetton Quando eu falo da Harley-Davidson eu falo exatamente por esta máquina forte,

robusta e que foi feita pra guerra, eu acho que dando esse depoimento eu

dispenso outro comentário, não tenho nada contra qualquer outra, outras

motocicletas, mesmo porque eu sempre disse, eu antes de ser Harleyro, eu fui

motociclista e vou morrer motociclista, só que agora motociclista Harleyro, por

uma opção, por uma questão de opção de preferência, por que, porque a Harley-

Davidson além de ela te proporcionar tudo isso que eu já falei, fazer amigos e

amizades por tudo quanto é parte do mundo, te levar a esses lugares belíssimos

maravilhosos, entende, ela, ela ainda tem, uma característica que nenhuma

outra motocicleta consegue, é o estilo de vida, ela proporciona um estilo de vida,

então quando tu compra uma motocicleta, e aí vem aquela história, que não

existe uma Harley-Davidson igual a outra. Por que não existe uma Harley-

Davidson igual a outra? Porque a Harley-Davidson tem um número de

acessórios, extremamente vastíssimo, e o revendedor, ele tem que ser muito

ruim pra ele te vender uma moto, e não te vender pelo menos um acessório no

331

dia, então no momento que tu coloca um acessório, tu já distingue a tua máquina

das outras, tu não precisa nem entrar, a, em profundidade na personalização,

qualquer uma ou outra pecinha, tu já alterou a tua motocicleta.

Benetton E com isso, o que, que acontece, não tem como escapar, não tem como

escapar, eu já vi amigos e pessoas entrar numa loja da Harley-Davidson de

terno e gravata, pra comprar uma Harley-Davidson meio assustado assim

porque ele vê essa parafernália de acessório e equipamentos, ele da impressão

que ele tá fora, ele até entra na loja com o intuito, de preservar, aquela imagem,

de andar de terno e gravata. Passa um mês dois meses três meses tu vai ver, já

ta com lenço na cabeça, já ta com uma calça um pouquinho mais extravagante,

então é a personalização da motocicleta que proporciona esse estilo de vida pra

ele, então essa motocicleta ela é fantástica, por tudo isso, tu não precisa pedir

pra alguém fazer, é, tu vai fazer, tu entendeu, tu vai numa loja, tu olhou o

camarada com uma camisa, aquela camisa eu não gostei, mas tem outra, meio

semelhante, mas com alguma diferença ++ tu já vai comprar aquela, então, e aí

quando tu vê, aquele teu terno lá é só pra solenidades especiais, você já aderiu

a esse mundo magnífico e maravilhoso que se chama da Harley-Davidson.

Então é, é isso que é uma motocicleta Harley-Davidson ela não é só o

equipamento mas ela te cria, te faz tu criar um estilo de vida e te proporciona

todas essas coisas belíssimas que eu considero pra mim, melhor coisa do

mundo, claro que existe outras que nós vamos dispensar comentários, nossa

família e outras coisas aí. Mas, amigo pra mim é a coisa mais importante que

tem nessa vida e a Harley-Davidson é uma MÁQUINA de fazer amigo.

Benetton Por quê que eu te digo isso amigo, eu te digo amigo porque quando tu sai numa

Harley-Davidson tu para num local, quanto tu vê tem gente do teu lado, e

começa a perguntar pô que moto bonita, que é isso, que é aquilo, que é aquele

outro. Não fomos nós que fizemos isso, isso que m fez foram essas pessoas que

compraram as primeiras motocicletas lá em 1903, que era uma bicicleta com um

motorzinho, que compraram pra utilizar aquilo ali, nas pescarias, utilizar como

meio de transporte mesmo, só que aí já ouve uma paixão por isso e eles

começaram a desenvolver, desenvolver, a empresa crescer, coisa e tal, e aí

apareceu toda a essas outras, finalidades que ela tem, e hoje a maior delas é

332

isso, é congregar fazer amigos e amizades por todos os cantões do mundo.

Benetton Porquê, porque alem dela vender a motocicleta, ela proporcionou também,

principalmente essa história que é, que é da época da guerra, eles usaram a

Harley-Davidson pra guerra mas depois que terminou a guerra, o que é que

acontecia, a, obviamente que alguns pilotos principalmente, principalmente os

pilotos de aviões, eles voltaram com aquelas neuras que uma guerra deve, eu

nunca participei, mas que deve provocar, né, alguns distúrbios, e eles queriam

pra extravasar, a aquela adrenalina que eles tinham acumulado, aqueles, eles

queriam alguma coisa que tivesse o ronco parecido com o ronco dos aviões, e o

quê que eles encontraram, encontraram o ronco de uma Harley-Davidson que

outro detalhe que a gente também não pode deixar de falar, que é um ronco

magnífico é um ronco maravilhoso, que a turma dizem as vezes né, as pessoas

que não tem tanto conhecimento, e, tanta proximidade assim com a motocicleta

que as vezes tu passa com o cano da descarga um pouco aberto e coisa tal, pô

o cara passou ali com uma moto barulhenta pra caramba, ele tá totalmente

equivocado, o cara passou ali, com uma sinfonia, tocando uma sinfonia, porque

o barulho a Harley não faz barulho, aquilo ali é um sinfonia, aquilo ali é a coisa

mais maravilhosa que tem, é uma agressão falar que é um barulho, entende.

Benetton Então todos, todos essas, esses quesitos, que esses quesitos fizeram com que

essa marca fosse crescendo, e cada vez mais adeptos, adeptos que às vezes

nem nunca andou de motocicleta, eles simplesmente por essas historias ele

comprou uma motocicleta. Então voltando um pouquinho, a partir daí dessa

guerra, com esses militares que faziam parte da guerra, os civis enfim,

começaram a usar essas motocicletas, ouve um crescimento, muito grande,

ouve um crescimento, a produção já era grande da Harley-Davidson e aí

começaram a criar o que? começaram a criar os grupos de motociclistas,

embora, eu te confesso, que nós temos algumas coisas aí que realmente são

contrárias, aquilo que nós gostaríamos que fosse, daquilo que nós gostaríamos

que fosse, como por exemplo, nós temos uma herança, que não é muito boa, os

motociclistas, porque? Por que essas pessoas que usavam as primeiras

motocicletas, vindo da guerra, tinha alguns tipos de transtornos, então

333

obviamente que com a adrenalina acabavam provocando alguns tumultos, você

já deve ter ouvido falar nisso daí, por exemplo, em Hollister na Califórnia, uma

vez fizeram um evento, e detonaram praticamente uma cidadezinha, de sei lá,

tinha mil dois mil habitantes e praticamente detonaram essa cidade num

encontro de motociclistas, e naquela época inclusive ouve uma..., uma

repercussão, muito negativa e principalmente pra cima da Harley-Davidson, que

++ como é que era o nome da revista ++ eu não vou citar nomes pra não

cometer a gafe, mas uma revista extremamente famosa nos Estados Unidos,

que publicou uma revista de um cidadão, cheio de cerveja em volta, em cima

duma Harley-Davidson, a ++ agredindo entendeu, a imagem dos, do Harleyros,

dizendo que tinha acabado que estavam tudo bêbado, que essas, essas coisas

toda aí né. A Harley-Davidson nunca concordou com isso, entende,

questionaram que foi uma montagem que fizeram, não foi bem aquilo entende,

mas mesmo com tudo isso daí ela superou todo esse movimento que era

contrário, e nós tivemos, eu digo isso nós tivemos uma coisa também que não

contribuiu positivamente, dentro dos moldes que se fizeram, a na, na época,

porque aproveitavam brigas de gangues, coisa e tal, pra dizer que eram

motociclistas, e não precisa nem eu falar pra vocês porque vocês por mais novos

que sejam, vocês devem ter conhecido o filme de ++ feito em 1954 com Marlon

Brando, O Selvagem, o que, que é, briga de gangues, entende, e com isso as

bilheterias estouravam, então o quê que começaram a fazer, é obviamente

Hollywood né, as empresas viram que aí que tava a mina de dinheiro. Então

muitos filmes foram feitos tudo em cima de badernas, então essa imagem,

lamentavelmente ainda persiste hoje, claro que naquelas pessoas com um grau

cultural um pouco mais inferior, mas o preconceito ainda existe, quando tu chega

vestido, como, por exemplo, eu, eu, meu estilo de vida, isso aí eu nunca

estranho quando alguém diz “porra donde é que surgiu esse ET”, entendeu,

porque pras pessoas isso aí é um, uma coisa absurda, onde é que já se viu, isso

é jeito de se vestir, entende.

Benetton Então claro que hoje, hoje a cultura mudou né, antigamente a tatuagem era uma

coisa que ti discriminava radicalmente, e empresas, escola, em ambientes,

alguns ambientes dessa natureza, hoje nós temos aí uma onda tamanha,

empresários, é, pessoas, que tem cargos mais, é, mais ++ mais conservador,

334

fazendo tatuagem, entende, admitiram que realmente a tatuagem é uma coisa

milenar, é uma cultura milenar, antigamente japonês, chineses, eles usavam a

tatuagem, e é uma cultura isso daí, entende. Então tudo isso foram movimentos

que foram criados, então, obviamente que começaram os grupos de

motociclistas e aí houve assim uma enormidade de grupos criados,

principalmente, principalmente, depois do filme Easy Rider em 69 com Peter

Fonda, Dennis Hopper e com uma das primeiras aparições do, o ++ Jack

Nicholson, entende.

Benetton Então, é, foi uma coisa assim espetacular, claro que o filme, se tu for analisar o

filme, tu pode interpretar ele de várias formas porque naquela época eles

usavam muita droga, no filme, e de certa forma a obra, a, as drogas naquela

época não eram ++ não é tão pesada, não tinha essa dimensão que tem hoje,

naquela época era uma coisa mais, mais posso até em função do que existe

hoje só se fala de droga o dia inteirinho, era mais discreta entende, o uso de

certas drogas, era até permitido nos Estados Unidos, então o que é que fez, o

filme do Easy Rider, foram essas pessoas que saíram pra curti, a liberdade, só

que, botaram a droga, nos dispensamos essa parte, entende. Mas é a liberdade,

liberdade é uma coisa que muitas vezes ela amedronta as pessoas, liberdade, a

liberdade, pessoas que no filme ta caracterizado ali né, um dos maiores medos

dos americanos é a liberdade né, quer dizer meio uma contradição, e isso tudo

com uma motocicleta, então saíram pra conhecer os Estados Unidos, utilizar. E a

partir daí então foi-se criando os grandes grupos no mundo inteiro, no mundo

inteiro, foi a partir do filme de 69 que ouve realmente um crescimento

extremamente elevado, de grupo de motociclista, então o quê que acontece. A

Harley-Davidson passou, algumas fazes com muitas dificuldades, 1929 com a

inflação, que deu aquela crise mundial, a Harley-Davidson, esteve a beira do

caos, assim pra fechar, ela chegou a baixar a produção em torno de 20%

praticamente, entende, e depois em 69 mais se manteve, em 69 ela teve outra

crise grande, e realmente aí a empresa MF que era uma empresa que não tinha

nada a ver com motocicleta, eu acho que a, a parte mais importante desta MF

era a fábrica de boliche, desse jogo de, de boliche que tinha, e acabaram

comprando a Harley-Davidson, que realmente chegou numa situação bem

caótica, só que aí o que, que aconteceu, ela comprou, e de imediato fez injeção

335

de recursos e começou, aumentou a produção, só que ela aumentou a

produção, e diminuiu significativamente a qualidade das motocicletas, entende o

objetivo era realmente, injetou dinheiro, queria recuperá-la só que aí baixou a

qualidade, e inclusive na época, existiam americanos e policiais dos Estados

Unidos que faziam até aquela chacota né “saia com a sua Harley-Davidson e

nos queremos ver você voltar” entende, porque o americano era muito exigente,

e realmente o nível dela foi o nível muito baixo assim, ela diminuiu

significativamente a ponto de entrar novamente noutra parte de colapso. Aí foi

quando nos tivemos a grande ideia do ilustre Willie Davidson, que juntou mais

uns empresários, até, proprietários que tinham ações da própria loja, não sei se

doze, treze se não me engano, e aí recuperaram a marca, e aí entra a parte

mais fundamental, que eu considero pra recuperação da, da Harley-Davidson

que foi a ideia genial do senhor Willie Davidson de criar o HOG, então eles

pegaram em 81 e 83 eles criaram o HOG. O quê que acontece, eles criaram o

HOG e ++ foi muito gozado porque eles criaram o HOG e tinha, dentro do meu

pensamento, essa parte do marketing, que é hoje que existe, o HOG hoje pra

mim é marketing da Harley-Davidson , então o quê que aconteceu eles criaram o

HOG 83, em 84 eles fizeram o evento do HOG, sabe quantos motociclistas

deram? Estiveram vinte e nove, vinte e nove, vinte e nove integrantes

participaram do evento promovido pelo HOG em 84, logo em seguida depois da

criação, então tu imagina só, por isso que a gente não pode desanimar quando a

gente faz uma tentativa e o resultado da baixo, vamos insistir que da, da melhor.

Benetton Então isso aí foi uma coisa espantosa, a partir daí DESLANCHOU, foi vinte e

nove, entende a partir daí cresceu violentamente e isso aí pra mim na minha

concepção foi o maior marketing que Harley fez. Por que, porque as pessoas

foram lá, compravam as suas motocicletas, e automaticamente já entravam no

HOG, que é a propaganda que eles fazem até hoje, tu compra e tu ganha um

ano, dois ano de anuidade grátis, entende, depois de um ano tu renova se tu

quiseres, e todo mundo renova porque tem umas revistas interessantes boa,eu

considero uma das, a melhor parte do HOG pra nós aqui que estamos fora dos

Estados Unidos, é o atlas deles, o mapa deles. O mapa deles é uma coisa

fantástica, o mapa deles tu não precisa de ++ de GPS, não precisa de nada, e

336

isso aí eles, eles fazem todo ano, e depois tem algumas vantagens que

lamentavelmente nós ainda não incorporamos aqui no Brasil, que é por exemplo,

tu alugar as motos, tu ter vantagem, ter um desconto, entende, na compra,

acessórios, muitas lojas nos Estados Unidos proporciona esse desconto, se tu

queres encaminhar tua moto de um país pro outro, eles dão esse tipo de

encaminhamento com certo desconto e com uma certa atenção, entende. Então

tem essas vantagens, nós aqui lamentavelmente ainda não temos, porque, ainda

é uma, uma coisa muito nova aqui, quando eles fazem liquidação, fazem pra

todo mundo e tu que é do HOG, tu fica perdido no meio disso aí, não tem nada

que te distingue então esse é o HOG.

Benetton Agora, agora o quê que acontece, as lojas todas são marketing, ninguém da

nada de graça pra ninguém, a todo o sábado tem café nas lojas da Harley, então

é um ponto de encontro, todo mundo vai pra lá, toma um café, aí depois faz um

passeio, faz um passeio, olha, quem olha, passando aquele monte de

motocicleta, com essa sinfonia, entendeu, é uma coisa maravilhosa, isso aí é tua

adrenalina vai um cara ++ se o cara já tem alguma, alguma vontade assim um

dia de ter, ele vai lá na loja e vai comprar. Essa foi a grande jogada de marketing

na minha concepção, que o Willie Davidson fez, que é estourou a Harley-

Davidson , aí estourou a revenda da Harley no mundo, a Harley ta num patamar,

hoje violento, e em 2011, em 2011 o preço de mercado, da Harley-Davidson tava

em oito bilhões e setecentos, entendeu, oito ++ 8,7 bilhões em 2011. A Harley o

preço desse símbolo que tu ta usando aí, isso aí ta em torno de 3,2 bilhões. É

um das marcas que ta entre as ++ as noventa e oito ++ ta no vigésimo local, no,

no nonagésimo oitavo lugar das marcas mais famosas do mundo, o preço dela ta

em torno de 3,2 bilhões. A Harley hoje tem seis mil funcionários, tem mil e

quinhentos, to dando essas dados de 2011, tem mil e quinhentas revendas de

Harley no mundo, tem em torno de cento e quatro países, e tudo isso em função

do que, quem acelerou isso não foi só a beleza da moto, porque a, quando tu vai

na loja, vê uma Harley-Davidson tu já vai te apaixonar, mas tu tens que ir na loja,

primeiro tu tens que ter uma loja, tu imagina por exemplo, aqui em Santa

Catarina nós não tínhamos revenda da Harley, entendeu, agora que veio, faz

dois anos que a revenda da Harley ta aqui. Antes tu tinha que ir pra outro estado,

e mais próximo é Porto Alegre e Curitiba.

337

Benetton Eu fazia os encontros de++ de motociclistas, que a turma via perguntar pra mim

eu dizia, tu tens que tu escolher a tua motocicleta, a Harley pra mim é a melhor

de todas, mas tu tens que ta livre que é o princípio básico do motociclismo, É

LIBERDADE, liberdade com muito respeito e responsabilidade obviamente,

então a turma perguntava pra mim, tinha, tu tens que ir na revenda prova uma

por uma das marcas e escolhe. Agora eu brincava com eles, se tu não quiser

gastar dinheiro tu compra uma Harley, os caras queriam me esganar, mas

Benetton a Harley é a mais cara que tem, eu disse pois é, mas a Harley tu

compra uma e acabou, por isso que eu te falei no inicio que a Harley não é uma

motocicleta, ela é um trator, ela dura a vida inteirinha, entendeu.

Benetton Outra coisa a Harley não fica velha, entendeu, assim como nós Harleyros não

ficamos velhos, nós ficamos antigos, que são uma coisa bem cuidado, uma coisa

bacana, entende, então esse é o esquema da, da Harley, entende, tu tens uma

Harley hoje, se tu quiser aparecer com ela, travestida de outra Harley, tu tem

todos os acessórios, os equipamentos tudo original, tu muda ela, tu aparece no

outro dia, os caras vão dizer, comprasse uma Harley nova, não, é aquela,

entendeu. Outras motocicletas não proporcionam isso, entende, então a Harley é

pra vida toda, só que, é isso, tu tens que ter a vontade e tu tens que ter a

disponibilidade, então o quê que acontecia comigo, a turma chegavam, aí eles

chegavam a conclusão que era a, a Harley a motocicleta, porque pô ++vamos

dispensar comentário, porque, né, pra não ficar muito redundante, quer dize,

“mas Benetton pó em Curitiba tem que ir pra Curitiba, e manutenção, a ++ as

revisões, tem que fazer em Curitiba”. Tu nunca vai fazer essa mão de obra, tu

vai fazer um passeio, vou fazer um passeio em Curitiba, e aproveito pra fazer a

revisão, tu entendeu, não caracteriza isso, pô mão de obra vou lá fazer, não, eu

já aproveito passo, vou conhecer vou lá no centro gastronômico, vou lá e aí

aproveito pra fazer a revisão na máquina.

Benetton Então entende, essa era a conversa que eu fazia, com o pessoal, entende, agora

tu imagina, nós com a revenda hoje, e um turbilhão de pessoas andando,

quando passa, a turma se arrepia, vão na loja e compra, tem cara que compra a

moto e chega em casa e não sabem nem o que comprou, ele não sabe nem o

que comprou, tu entendeu, porque ele nunca teve motocicleta coisa e tal. Mas

ele achou lindo pra caramba aquilo ali, ele comprou, aí ele vai aprende a andar

338

de motocicleta, tu entendeu, aí ele vai começar a andar de vagarinho, coisa e tal,

aí o que, que acontece, ele não vai comprar uma moto e no outro dia entrar num

grupo, até mesmo porque os grupos querem que as pessoas primeiro ande um

tempo né, se acostumem, vê se aquele grupo realmente é um grupo, com

pessoas afinas, com as ideologias mais próximas, coisa desse tipo, pra entrar,

então ele chega com a moto lá um tempão, agora, com o HOG tem os passeios,

ele não precisa entrar em grupo, não precisa ter amizade, não precisa nada, vai

la na loja da Harley-Davidson faz um lanchezinho e depois eles tem uma

programação, “nos vamos hoje almoçar em Garopaba” aí todo mundo vai, com o

HOG, aí ali o quê que vai acontecer, ele vai começar fazer amizades, vai

começar a fazer amigos, e ele vai começar a gostar muito mais da motocicleta,

ele vai começar entender, porque que ele contém a motocicleta, e porque que

ele deve continuar com ela, tu entendeu.

Benetton Então são essas questões ++ que vão tudo ao encontro desse bem,

maravilhoso, que eu agradeço à Deus, por ter a condição de te-la, entende.

Porque isso aí não só me leva ao prazer do meu Hobby, mas também graças a

Deus, eu já fiz muitas campanhas beneficentes, e continuo fazendo, se tu quer

saber até uma coincidência dessa nossa entrevista, mas sábado passado eu tive

aqui numa região aqui bastante carente, que é o Pedregral. Mais de cem

criancinhas, nos fomos lá e entregamos presentes pras criancinhas, passamos o

sábado a tarde inteirinha entregando presentes pras criancinhas, que durante o

ano, já tinham feito os pedidos pra professor o que é que gostariam de ganhar,

nos fomo lá, pegamos essa relação, compramos, entende, o grupo Topera’s, que

essa, desencabeçou essa, essa reunião, e eu estive lá fui junto, que eles sempre

convidam nós, nós que iniciamos essa parte de integração dos grupos aqui da

grande Florianópolis, e iniciamos essas campanhas aí, a Apae, a Apae eu fiquei

quase dez anos com todos esses grupos aí fazendo campanhas,

permanentemente, entende. E aí são todas as motocicletas, entende, então são

essas coisas que ++ que nos dão esse prazer, então não é só o hobby

propriamente dito, vou pegar a minha moto vou andar, vou viajar coisa e tal, não,

nós desencadeamos um monte de campanhas, fiz várias campanhas, muitas

campanhas com a policia militar, com a policia rodoviária federal, entende.

Sempre, sempre em conjunto com eles, entende, e com tantas outras

339

instituições, asilo dos velhinhos, roupas na época de inverno.

Benetton Então a ++ ainda é feito isso, e todos os encontros de Harleys que a gente vai,

sempre tem uma verba que é destinada pra alguma doação, entende. Isso são

coisas que, o HOG, como eu disse que é novo, que ele tem trinta e poucos anos,

mas vem fazendo entende, então são essas questões aí, que, que nos levam a

incorporar esse espírito, entende, essa parte de fraternidade, essa parte de

lazer, essa parte de, até profissional, tem muitas pessoas que utilizam, trabalho,

então é um meio de locomoção muito mais fácil do que um automóvel,

principalmente nesses dias, de, de mobilidade zero, então são todas essas

questões aí que enriquece, esse veiculo chamado Harley-Davidson.

Eu provoquei, eu quase apanhei,esse monte de, de jornalista lá né, e a

entrevista era pra ser quinze minutos, durou duas horas e trinta, duas horas e

trinta e cinco minutos. Porque eu fazia eles, pra fazer uma pergunta, eu

respondia e botava um veneno, nossa,e um monte de jornalistas, eles iam, e iam

e iam e ++ e aí eu to sabendo que no meio de jornalistas sempre vai ter um

bandido, que ele quer ver sangue, ele quer te ferrar. Eu vou contar esta

partezinha aí e tu já considera essa da gravação aí. Tava na entrevista e eles

estavam empolgado né ++ depois de tantas respostas, perguntas, duas horas já

não aguentava mais de calorão, mas eu adora, eu adoro porque tu vê os caras

empolgados jogando câmera pra cima, tu é ++ o americano é uma coisa assim,

incrível, e aí chegou numa hora lá que o jornalista ++ ele chegou na coisa mais

óbvia do mundo né, mas ele quer falar né, ele ta todo empolado que ele quer

falar, e ele disse “ nossa, mas tu é fanático, tu é doente por, por Harley tu é tudo

340

isso dai”, e aí eu disse pô, você realmente chegou a uma brilhante conclusão, e

prova de que a sua conclusão esta correta, eu sei quando eu vou fazer exame

de sangue. Aí da aquele silencio assim né, tudo mundo, puta eu acho que o

cara pirou agora o que, que tem a ver exame de sangue com gostar de moto né,

e seguiu o silencio né, e eu aí , o que, que tem a ver? E aí eu respondo né, não

é que normalmente quando eu vou fazer exame de sangue o resultado da 40 de

gasolina, 40 de óleo e 20 de sangue, aí eles atiram câmera pra cima, eles vão a

loucura, eles viram ficam tudo doido, tudo doido. E aí continuando a ++ as

perguntas coisa e tal, eu respondendo coisa e tal, aí eu já imaginava que fosse

vir uma pergunta, pra ferrar, e jornalista gosta, ele quer ++ fazer manchete.

E é isso é uma coisa realmente conhecida, principalmente nessa época que eu

falei, que a Harley-Davidson estava pra falir daí, a, a MF comprou e baixou a

qualidade, então as motos, tinha moto que até diziam que elas já saia da loja

com vazamento de óleo, saia vazando óleo entende, e isso aí criou uma imagem

muito ruim que até hoje tudo mundo pergunta, “pô a Harley é uma, moto que

vaza”. Enfim, e eu tava lá na entrevista, pababa coisa e tal, e aí daqui a pouco

um assim “pois é, tu é fanático, tu gosta tanto, mas a Harley não é tudo aquilo, a

Harley tem alguns probleminha né” e eu quietão, aí ele começou né, e aí assim,

por exemplo, as Harley-Davidson vazam óleo, e isso foi Sturgis Dakota do sul, se

vocês olhar no site, ele não cabe um palito de fósforo, é moto, da setecentas mil

motocicletas no evento, é o maior evento do mundo, setenta e três anos, é um

ano mais velho do que Daytona, mas é o mais famoso do mundo, que lá dão os

verdadeiros Harleyros, Daytona já mudou muito, já misturou muito, pra ti ver

Harleyro só, tu tens que sair mais no Iron Horse, porque hoje, diminuiu bastante.

Mas é um mega eventos, sem dúvida nenhuma, mas Sturgis, Sturgis é tudo, é

sensacional, e aí, eu do lado ali na Main Street, dando a entrevista na Main

Street, e ao o jornalista “é porque a Harley vaza, óleo e coisa e tal, e o que é que

você diz disso” aí, o tradutor me, aí eu dizia, eu, eu não sei o que é isso, vazar

óleo. O rapaz, isso aí, não tem um cristão que não sabe o que é vazar um óleo

né, como, imagina, aí o tradutor dizia pra ele, olha, ele disse que não sabe o que

é vazamento de óleo, a o jornalista começou a subir no ++ no sapado né, “como,

vaza óleo, vaza óleo, vazamento, não sabe o que é vazamento?” e eu

sinicamente, eu não conheço vazamento, e dizia, e o cara levantando, já, o cara

341

já tava indo à loucura, e eu digo hoje eu vou apanhar aqui, aí “mas vazamento

de óleo, vazamento de óleo que vaza na moto”, ele fazia assim né, no início, aí

vinha pra mim, eu não conheço, aí o cara começava, ele não, falando em, em

espanhol “la gotícula de la aceite que se pinga, que se pinga”, o cara já roxo

querendo me esganar né, pô, dando entrevista, falando de tudo, respondendo

toda as perguntas, os caras adorando, e aí o cara vem falar em vazamento que

todo mundo conhece, e o cara disse que não sabe. E eu não sei, e a, o cara

ficou roxo, aí quando ele perguntou pra mim, mas vazamento de óleo, assim que

ele falou bem devagar assim, e o outro traduziu pra mim, eu digo, eu não

conheço, quando eu disse isso, um cara disse pra mim, aqui ó, da à impressão

que alguém foi La e pegou uma lata de óleo diesel e virou em baixo do motor da,

da Harley, e aí o cara lá, do lado da Harley, “aqui ó, aqui ó”, e o cara passava a

mão no chão assim, um óleo velho, mas uma mega poça, desse jeito ali né, o

cara aqui, “Isso é vazamento, não conhece?”, aí eu digo não conheço, digo

agora eles vão me esganar, aí só que eu não parei né, antes eu dizia e parava,

aí eu já continuei né, não conheço, e isso aí nunca foi vazamento. Rapaz, aquele

silencio assim não tem, nos vamos te matar agora, nos vamos te enforcar aqui

entendeu, eu disse, isso nunca foi vazamento, e eu falei com força, isso aí nunca

foi vazamento, o dia que vocês vê uma mancha de óleo dessa aí em qualquer

lugar, vocês tem que dizer, por aqui passou uma Harley-Davidson, porque

Harley-Davidson não vaza óleo DEMARCA TERRITÓRIO, rapaz o cara jogou a

câmera pra cima, só escutei aquele barulhão, olhei do lado já me levantaram no

colo e fazia, aqui assim comigo cara, fazia aqui assim comigo, eu digo, agora

vão me jogar no chão aqui né, tudo loucura rapá, mas a loucura tu imagina só

né, porra o Willie Davidson, ele deve ter visto essa entrevista aí e, nunca me deu

nada, mas, entendeu. E disse isso daí, aí eu disse pra eles, pó vocês não

sabem, porra os animais, o leão, cachorro, quando eles chegam no local, a

primeira coisa que e ele via fazer é o que, é demarcar o território, então o dia

que vocês ver uma mancha, aqui passou uma Harley-Davidson, Harley portanto,

Harley-Davidson não vaza óleo, DEMARCA TERRITÓRIO, rapaz, o Willie

Davidson sabe disso rapaz, olha só rapaz os cara estavam falando, então eles

tem, tem tudo essas entrevista, porque passam né, e lá era, programa oficial

entrevistadores, então tinha uma coisa maravilhosa.

342

P: Comente o que você sente, quando sai de casa, para um passeio com sua

Harley-Davidson

Benetton A, isso aí é, essa pergunta aí é impossível de responder, essa pergunta sempre

me fazem, o que é andar numa Harley-Davidson, eu nunca consegui responder

isso aí, só você pra sentir porque é inexplicável a sensação de andar, o quê que

eu vou dizer, é um paraíso é, é uma orquestração ali tocando, é uma coisa assim

sensacional, é uma terapia, e uma higiene mental que eu desafio em todos os

momentos a medicina me provar que existe algo melhor, nunca contestável.

P: Qual o sentimento que traduz, um sentimento?

Benetton Um sentimento? Felicidade.

P: Por que você optou em andar de moto?

Benetton A, é outra pergunta que eu não sei, e, sempre me fazem essa pergunta, me

pergunta se tinha na família, alguém que tinha, não tinha. Eu na época não se

chamava, cinquenta anos atrás, na época não se chamava nem moto era motor,

eu morava, sou natural de Criciúma, e lá tinha os motores que vinham tudo de

contrabando, coisa antiga de várias marcas coisa e tal, e lambretas, também

foram as primeira que chegaram né, e eu, adorava aquilo ali, adorava ver eles

andando com aquilo até que eu comecei a lavar uma lá, pra um cara lá, e pedia

pra ele pô, se eu lavar tu deixa eu dar uma voltinha, e aí pegou, e aí acabou...

P: Qual foi a tua primeira motocicleta?

Benetton Minha primeira motocicleta foi uma BSA 4HP e meio eu consertava ela a

semana inteirinha, semana inteirinha na oficina, eu andava meia hora e fundia

tudo, e o meu maior trauma também é que eu consertava ela a semana toda,

dentro dessa meia hora, quando eu deixava ela no ponto mesmo, eu passava

numa rua que tinha um cachorrinho desse tamanho, que ele queria me morder,

eu era obrigado a levantar o pé, a tal a velocidade dela.

P: Como surgiu a vontade de andar de Harley-Davidson?

343

Benetton A ++ a vontade não, não surgiu a vontade de andar de Harley-Davidson,

acontece o seguinte, eu já adorava motocicleta, e eu tive outras motocicletas

antes da Harley-Davidson, inclusive eu tive uma Indian, antes da Harley-

Davidson , e era a minha paixão, era minha paixão porque realmente é outra

coisa inexplicável, o ronco o motor semelhante, era dois anos mais velhas que a

Harley-Davidson entende, e aí o quê que aconteceu, a Indian era a maior

loucura, a maior loucura aqui ali, eu já sentia, isso aí que era diferente de todas

as motocicletas, daí o quê que aconteceu, uma questão de oportunidade,

apareceu uma Harley-Davidson que eu nem sabia o que era Harley-Davidson ,

pra te falar a verdade, e eu tive Harley-Davidson, aí quando eu andei com a

Harley-Davidson , acabou, é isso aí, aquele ronco, toda essa sinfonia essa

orquestração, entende, esse prazer, aquela vibração, entendeu, que mexe com

tudo, então a partir daí eu tive uma Harley-Davidson , aí daqui a pouco eu

trocava, pegava outra e aí foi indo, e aí tu não tem mais como sair.

P: Qual era a sua percepção, sobre a Harley-Davidson antes da compra da

primeiro motocicleta Harley-Davidson ?

Benetton Eu não posso responder essa pergunta porque na época, não se tinha, era as,

era os motores que apareciam, aparecia Zundapp, Piceze, Opel, aparecia

Monark, Jawa, aparecia Ariel, aparecia Norton, apareciaa DKW, várias marcas

de motocicletas que hoje não se vê falar mais, a DKW inclusive era uma

máquina da guerra, ela ia daqui até... tinha três metros, a, gigante, entende.

Então eu não tinha percepção, hoje você pode ter porque a marca ta famosa,

aquela época não era, então eu, quando ter, eu não me deu tempo, da

percepção, eu andei na, eu comprei a Harley-Davidson.

P: O que você esperava da marca?

344

Benetton Pois é, essa pergunta, é uma pergunta que sem, tem que ser mais atualizada,

pras pessoas de agora, porque hoje eles vê as propaganda, começa a sonhar

com a Harley-Davidson imaginar, pô, mas porque que fazem tanta propaganda

da Harley, por que isso, por que aquilo, por que aquele outro. As propagandas é

por causa exatamente disso, eu tava falando antes, vou voltar até um pouquinho

atrás do marketing, do Willie Davidson, mas esse foi o grande marketing do

Willie Davidson pra levantar a, fabrica, naquela época que tava no caos né. Mas

a marca da Harley-Davidson ela foi feita pros grande artistas e os filmes do

mundo inteiro, entende, então todos os filmes que faziam a grande maioria dos

filmes que eram que tinham realmente, um peso grande e que tinham bastante

repercussão a maioria deles é tudo, com motocicleta, quem lançou a Fat Boy é

Arnold Schwarzenegger, tu entendeu, então são coisas, desse tipo, e outra

coisa, todas as bandas, roqueiros, tudo Harleyro, entende, no mundo inteirinho,

entende, agora tu imagina só, eu to te respondendo isso né, olha só, Sturgis

setenta e três, setenta e quatro anos que tem encontro em Sturgis, setenta e

quatro anos não era nem nascido, não era nem nascido e já tava rolando

bombando lá com milhares de moto, entende. Então quer dizer é uma coisa,

muito antiga, é uma coisa muito antiga, e na época por exemplo, na época que

eu nasci, a ++ eu to com 61, to com 61, partindo já pro 62, entende, e, na minha

época, tu vê, a gente morava né, morava em Criciúma, morei até com dezesseis

anos, depois fui estudar em Porto Alegre coisa e tal, mas na época eu não tinha

assim é ++ esse movimento grande, como hoje, a mídia tem hoje internet tu vê

tudo aqui on-line, entende, então é, naquela época tu ia direto pra coisa,

entende, tu não via aparecia tu pegava, é uma roupa, isso aqui é o supra sumo,

entende. Então essas propagandas, e o que tinha de cinema, não tinha

televisão, televisão, veio, muito tempo, depois pro Brasil, né.

Benetton Mas é todos as, as grandes personalidades do mundo hoje, todos eles tem

Harley, os reis da, daqueles países lá, príncipe, Mônaco, eles adoravam, moto

capacete, anda com os segurança, ninguém sabe quem é, e anda, todos eles

tem, entende, então é, é uma loucura, os cara tem e não tem só uma, entende,

Maicon Forbes, tem cada sítio que ele tem, cada fazenda, cada, iate que ele

tem, tem uma Harley-Davidson dentro, entende. Então é, essa loucura por que,

porque isso foi muito divulgado, a mídia divulgava gratuitamente, a Harley nunca

345

fez propaganda da, da, das motocicletas, a Harley ta fazendo propaganda hoje,

a Harley enfrentou essa crise grande, na época, é, essa crise grande com as

japonesas, as japonesas que, foi a primeira exportação da Harley-Davidson , a

primeira exportação, foi pro Japão, e depois o Japão entraram no mercado, no

mercado, americano, e a Harley entrou nessas crises toda aí, e aí até falaram,

que foi obrigado a aplicar o dumping porque se não, não resistia, entende, então

tudo isso daí, mais os filmes todos faziam propaganda, a Harley nunca fez,

agora depois, aí nessa época que começou a fazer um pouquinho mais. E nessa

época, tinha aquele porque que eu te falei um pouco do preconceito, por que,

porque o Harleyro quer queira ou não, embora isso não significa dizer que os

Harleyros são, mas o Harleyro representa a rebeldia no bom sentido, entendeu,

e é liberdade, é o conceito da marca, é o conceito da marca é isso, entende, e

na época, que se tinha esses problemas, as outras marcas entraram, com o, a

propaganda o marketing exatamente ao contrário você que é uma pessoa social

bonitinho anda com, com outras marcas,(não vou falar marca), entende, anda

com outras marcas, era o que entrar no mercado e pô, a Harley capengou, nisso

dai, entende. Mas a grande, a++ aí eu te respondo o que é a Harley-Davidson ,

porque tu vai responder pra ti mesmo, ela é essa coisa tão forte, que sobreviveu

a tudo isso, entendeu, ela sobreviveu grandes, sobreviveu ao um monte de, de,

de empecilhos que se atravessaram, crise e tudo mais, e ela continuou, e tem

tantas coisas boas, que não continuaram, porque que ela continuou, então é um

mito, isso é um mito, é uma coisa inexplicável, é uma coisa inexplicável.

P: Qual foi a tua emoção no dia da compra da primeira Harley-Davidson?

Benetton A, a emoção é ++ é tamanha né, eu vou, eu vou voltar um pouquinho, pra época

da antiguidade né, mas quando eu tive a primeira, eu não tive a primeira melhor,

eu tive a primeira com uma série de problemas, entendeu, e isso é outra coisa

que é impressionante, é uma coisa impressionante, não se tem como explicar, tu

não sabe como explicar.

346

Comprava as máquinas que não tinham, manutenção nenhuma, tudo

antiguíssima, já velha, caindo aos pedaços literalmente, mas ia pra oficina,

consertava e andava naquilo tu parecia que tu tava andando hoje, no que, num

Rolls Royce, numa Ferrari, aquilo era uma maravilha, aí o que é que acontecia,

isso quando foi da primeira vez, já andou pô é isso aqui que eu quero, aí vamos

ajeitar, ajeitava, daqui a pouco pintava uma ou outra, entende, a primeira, a

primeira foi assim, aí pintava uma outra, tu já olhava pra ela já via que tava em

melhor condição e poooo, isso aqui é coisa do outro mundo, entendeu, foi indo,

foi indo e foi indo né, até pegar as zero né. As zero ++ eu não sei, essa é uma

historia meio grande que da pra fazer uma enciclopédia, mas eu, a Harley que

eu comprei em Curitiba em 99, eu dormi três dias dentro da loja da Harley

esperando ela chegar, três dias, isso aí, nacionalmente ate internacionalmente

eu fiquei conhecido, eles me prometiam a moto que ia chegar, que ia chegar, já

tinha feito o pagamento a reserva tudo, e, foi a primeira, a primeira que saiu pra

qualquer pais do mundo, 1450 cilindradas, o motor antes dela era 1340

evolution, e aí em 99, 2000 mudou pro motor 1450 twin cam com injeção

eletrônica, e essa não podia sair pra pais nenhum do mundo, a única que saiu foi

a minha, que veio pro Brasil, por causa de uma, compra que eu fiz aqui na loja

da Harley, eles não poderiam ter vendido essa maquina pra mim, essa máquina

tinha feito um número X primeiro pros americanos, quem entram na fila,

independente da, entrou na fila eles respeitam, e ++ aqui eu tinha comprado esta

moto eles não poderiam ter me vendido, e eu exigi que fosse essa máquina e

eles acabaram tendo a interferência do Willie Davidson pra me entregar essa

moto, e eu fui pra loja da Harley e eu disse que só ia sair de dentro da loja da

Harley quando essa moto tivesse chegado, e eu passei o natal dentro da loja da

Harley.

Benetton É isso é história, com todos os mecânicos, e a moto foi entregue lá, e se tu quer

saber melhor, aquela é a foto, da champagne que eu pedi pra eles pegar num

bar, me pega umas 3 champagne e deixa aqui, porque eu vou dormir aqui, e o

dia que ela chegar eu vou tomar champagne, aquela champagne é, é a

champagne dessa aí, entende. E isso aí deu vários problemas para, pra loja, que

antigamente o proprietário era outro, entende.

347

P: Nos falos até agora da tua percepção, antes de ter a moto, e agora, qual é a

tua percepção da marca?

Benetton Qual é a percepção da marca. Não fizeram e nunca vão fazer alguma coisa

melhor, entende.

P: Quais são as principais mudanças entre a sua percepção antes da compra

da primeira HD, com a de hoje, em relação à marca Harley-Davidson ?

Benetton A tecnologia né, a ++ a percepção é que hoje é, máquina é tecnologia pura né,

a, hoje eu converso as vezes com o pessoal e eu faço viagens grandes, por

exemplo né, fui sozinho, o Ushuaia dei a volta toda no Chile, deserto do Atacama

tudo e eu não levo nem um, nem um alicate, entende. E a turma pergunta, pra,

pra mim né, “pô Benetton e se quebra alguma coisa”, eu digo, olha querido se

quebra alguma coisa, eu vou deixar nas mãos do menino Jesus, eu me nego a

levar, essa parte eu já fiz na minha época, que eu vivia nas oficina, e calça

camisa que iam fora, que a minha mãe jogava fora, porque era , voltava com

óleo de tudo quanto é tipo, eu era obrigado a descobrir qual era o torneiro que

tinha o melhor da região, pra fazer a peça, entendeu, era tudo assim, quebrava

tu tinha que arrumar torneiro pra fazer as peças da moto, então hoje eu me

nego, hoje eu não saio com nada, se quebrar. Hoje nos temos facilidades né,

porque tipo tem seguro, então tu chama o seguro leva pra loja da Harley e faz a

manutenção, e hoje o seguro é pra tudo né, tem seguro aqui pra América,

quando eu viajo pros Estados Unidos, e lá é, então é covardia, la tem todo tipo

de apoiamento, hoje em dia é uma pena, isso de certa forma pra te responder, é

uma pena, porque me da um pouquinho de saudade de voltar com a calça cheia

de óleo, óleo na orelha óleo por tudo, porra consegui fazer aquele sinfonia voltar

ao ar, entende. Então hoje tu chega ali, aperta num botão e sai e, até a vibração

dessas máquinas novas não tem mais, por isso que breve eu tou, vou voltando

aí com a tecnologia antiga.

Benetton Uma diferença que realmente essa ia, é lamentável, o ronco da carburada, o

ronco das injetadas, o ronco da carburada aquilo ali não adianta, aquilo ale é um

trotiado de, é uma coisa do outro mundo aquilo ali, mas infelizmente ficamos

348

com a tecnologia, mais segura, e perdemos esse outro lado.

P: Como se deu, a sua imersão, no mundo Harley-Davidson? Como tu entrou?

Benetton Foi uma coisa automática, é, tu não pede pra entrar entendeu, tu entrou,

consegui da primeira, foi indo, foi indo, foi indo e isso ta no sangue.

P: E seu visual?

Benetton O visual, o visual a, é claro que ++ eu já tinha um visual na época que era esse

visual, andava com uma calça suja de óleo e coisa e tal, eu peguei aquela época

que, foi uma época que quem tinha uma calça ali era rei. As calças ali a gente ia

muitas vezes, quando se conseguia, era no porto de Santos e depois aqui de

Itajaí, era tudo de contrabando, quem tinha uma calça ali era rei, então a gente já

tinha estilo, se tu olhar naquela banda ali, aquilo é 69, eu já to com uma calça ali,

ali, entendeu, então a gente já tinha um estilo, entende. O quê que aconteceu,

comigo mudou e muita gente até hoje estranha muito, tu também, se tu olhar

uma foto ali, tu, mas quem é esse cara, entende. Então o quê que aconteceu,

então é obvio que essas épocas aí, eu tava na época de estudante, que aliais, é

a melhor época da vida, né, e ++ e depois obviamente quanto eu me formei,

comecei a trabalhar, moto nunca fiquei um dia sem moto, mas comecei a

trabalhar coisa e tal, então obviamente tu tinha postura, mas eu na época dos

treze anos, quatorze anos eu já andava com, era época de hippie, andava com

uns medalhão pendurado no pescoço, umas corrente eu sempre andei, minha

adolescência todinha foi assim, sempre no estilo, aí depois quanto eu formei, eu

comecei a trabalhar, e quando eu comecei a trabalhar eu fui obrigado a mudar,

até mesmo porque eu participava muito de, eu sempre fui muito político, não

profissional assim partidário, mas ajudei criar o diretório acadêmico de geologia

na época da escola, eu fui diretor, presidente, essas coisas toda aí. E quando eu

me formei eu comecei a trabalhar, entrei de logo de cara na associação

catarinense de engenheiros, tem oitenta e poucos anos hoje, e comecei a

trabalhar, já fui vice presidente, e virei presidente, e aí eu andava de terno e

gravata, ali eu andava de terno e gravata, e depois quando sai eu botava minha

calça jeans, e saia, mais era o meu ++ era o meu visual, então era sempre terno

e gravata, e depois fui pra presidência da FATIMA, fundação do meio ambiente

349

do estado de Santa Catarina, tava toda hora no gabinete conversando com o

governador, com os deputados, então andava de terno e gravata também, tu ali

tu me viu numa solenidade ali com Ulisses Guimarães, com o governador

Casildo Maldaner, ali de, de serrando a placa do nome que nós demos pra, pra

via expressa sul, que é o marco zero da BR 282, que é uma das maiores BRs do

nosso estado. Então o eu tinha esse visual, aí depois de assumir alguns cargos

políticos, eu digo encerrou não quero mais cargo político, terno e gravata

acabou, deu os meus ternos pro meu sobrinho que fez direito, e aí voltei, digo

vou voltar a minha felicidade anterior, entende. Então o estilo e aí é aquilo né,

hoje tu tens essa facilidade toda, né, acessórios é uma gama, vastíssima de

acessórios e você não tem como fugir disso, não tem.

P: E as tuas tatuagens?

Benetton A tatuagem sempre fez parte também da minha vida, da adolescência,

exatamente da adolescência, até não tinha idade pra fazer a primeira tatuagem,

mas naquela época fazia era na agulha, era seco a coisa, não era maquineta,

entende, fui e depois eu fui, e aí tu engloba e, a Harley-Davidson tu quer sabe

quem é a Harley-Davidson é essa coisa que faz tu escrever aqui nas costas

Harley-Davidson é isso. Não me pergunta por que, porque ta mais do que

respondido.

P: Comente sobre a inserção da marca, em seu automóvel e na sua casa.

Benetton Bom, é aquilo que eu te disse, as minhas moto, personalizada, Harley-Davidson

entendeu, eu, adotei um estilo, eu adotei um estilo, é claro que eu quero viver

num ambiente, lembrando toda essas figuras história, olha só ali a James Dean,

Marlon Brando, pô quer dizer é ++ eu me sinto com eles aqui, entendeu, essa é

a grande realidade, eu me sinto com eles aqui, e o carro também é onde eu

ando coisa e tal, então tem que ter alguma coisa da Harley-Davidson também, é

essas coisas são automático, é coisa, parece louca né, mais, enfim é uma coisa

que tu gosta, tu adora, se sente bem, e, e trás felicidade.

P: Como você acredita que as pessoas, te percebem, quando você passa em

sua Harley-Davidson?

350

Benetton A, isso aí tu percebe de varias formas, tem aquele que o, diz assim “la vem o

maluco” entendeu, tem aquele de diz “pô que bacana”, e eu digo isso porque, eu

gosto muito de conversar com as pessoas, então eu, além de tu sentir, as vezes

tu sabe né, quando tu tem alguém te olhando que gosta. Tu sabe quando tem

alguma pessoa olhando que gosta, e tem alguma pessoa que começa a ficar

meio de lado assim quando tu chega né, entende, então e eu converso com as

pessoas, gosto né, e isso daí acontecia muito na feira da esperança, que eu

fazia as exposições ali, e dentro do tempo disponível ia lá pra bater fotografia e

que, a gente, eu ganhava a revelação, ganhava os filmes tudo, e a, as pessoas

pagavam pra bater fotografia, e esse dinheiro ia integralmente pras senhoras da

Apae que cobravam já, entende, então as vezes eu tava ali explicando pras

pessoas, e as vezes chegavam algumas pessoas que olhavam, te olhavam

assim, meio já, e aí tu começava a dar umas caminhadinha assim, no lado da,

da pessoa e eu morria de rir, eu adorava fazer sacanagem, aí eu caminhava em

direção do cara e ia se afastando mais, e eu fazia de conta nada, nada, quando

via eu tava do lado do cara, e o cara se assustava. Uma vez eu pensei que eu

fosse apanhar, uma vez chegou um cara ali, e o cara veio a primeira vez, tipo,

ele ficou numa ponta e eu fiquei na outra, aí quando ele chegava ali, eu ia

conversar com as pessoas pra dar informação, “o nos estamos fazendo isso,

aqui, aquele outro” e eu fui em direção o cara, o cara se mandou, mas si mandou

mesmo, acelerou o passo assim olhando pra mim assim, com cara de coisa, e se

mandou, aí eu continuei ali, só que a feiras as vezes durava até 10 dias, nos

ficamos ali, entende. Três, quatro dias o cara apareceu dinovo lá, apareceu

dinovo lá, e, eu cheguei perto dele e ele não viu, eu perto dele disse, o isso aqui

é uma feira da exposição, aí o cara começou a sair, que a gente faz pra ajudar

os, as pessoas com necessidades especiais, e ele escutou um pouquinho eu

falar, e se mandou, si mandou, dois dias, depois, ele apareceu com umas dez

crianças ali, foi a coisa mais linda que eu vi, ele apareceu com umas dez

crianças ali, tudo pra bater a fotografia, porque ele deve ter saído e deve ter se

informado com alguém, que que é aquele doido, aqueles louco lá, a isso faz

todo ano pra ajudar a Apae, ele voltou com as crianças tudo, bateu a fotografia

ali, e, uma coisa bacana, entende, então essa é a percepção, então

lamentavelmente, lamentavelmente nós ainda hoje, e, embora com todas as

351

oportunidades aí de a gente elevar cada vez mais a nossa cultura, tem pessoas

que ainda te julgam, simplesmente por um olhar, entende, lamentavelmente tem

isso, e se tu não cair na graça dela, tu passa a ser um ET, ou coisa dessa

natureza, agora se tu tiver oportunidade de conversar dois minutos com ela, ele

já vai sair abraçado contigo. Isso já cansei de fazer com as pessoas, é muito

bacana, isso é uma coisa maravilhosa, é, são essas coisas, entende, tu

conquistar assim, mostrar quem tu és, isso, é a Harley-Davidson que propicia

isso, só acho.

P: Como você pensa que elas, as pessoas, percebem um comboio de Harley-

Davidson?

Benetton A, tu queres dizer, sem elas estar vendo, é só ficar de costa e imaginar que ta

um grande temporal, uma trovoada grande, brooooooo, lá ta vindo um comboio

de Harley-Davidson.

P: Como você se sente, sobre os olhares dos espectadores, de seu passei?

Benetton A é uma coisa maravilhosa, que eu percebo é isso, nos fizemos, nos temos o

nosso grupo, Legends Never Die – Highway tribe, tivemos oportunidade de

fundar o grupo, e nós a, até uma determinada época nós fazíamos as nossas

festas, então nós sempre íamos, inclusive convidava, sempre os policiais, policia

rodoviária estadual, federal, que iam, nos escoltando, é a coisa mais bacana, as

pessoas saiam de dentro de casa, tava na janela, saiam de dentro de casa e

ficavam tudo na, na cerca, assim nos locais que tinha cerca, muro pra olhar o

passeio, então eles adoram, adoram, de uma forma geral adoram, adoram.

P: Você se inspirou em algum personagem, com comportamento similar ao

seu, na construção de sua identidade Harley-Davidson?

Benetton Não, não, a ++ até mesmo porque, é como eu te falei antes, entende, quando eu

tive Harley-Davidson era uma época que não tinha, até televisão era difícil,

entende, agora se tu perguntar se eu tenho um ídolo, aí pô, é o Peter Fonda com

esse filme de 69, entende. Mas eu até acho analisando, que, o Peter Fonda, nós

não temos o mesmo estilo, eu acho que o Peter, eu sou mais extravagante que

352

do que o Peter Fonda, mais exagerado, entendeu. O Peter Fonda todo esse

ícone nosso, maior ícone do motociclismo, mas ele é bem ponderado, no

máximo usa uma calça de couro, ele não usa, a, um monte de coisas que talvez

até na época não tinha tanto assim pra ele usar, por isso que ele não usou.

P: Comente sobre os motivos, que o fizeram participar do HOG.

Benetton Então, o HOG é o seguinte o HOG quando tu comprava uma motocicleta, tu já te

associava automaticamente no HOG, entende, a, então o número já ia ali direto

e tu te associava, agora tu, a ++ eu, eu via mais uma forma, no inicio, eu via

mais uma forma, de estar em contato com mais gentes, e principalmente,

principalmente de receber informações, do que, que ta se passando lá, coisa e

tal, os mapas que eles mandam pra nós e coisa e tal, esses encontros mundiais,

entende. Por que aqui realmente a gente não tem essas informações, então é

um veiculo de informações, sem sombra de dúvida.

P: Você participa de outros grupos de motociclismo?

Benetton Não, quer dizer, é, se eu me integro a eles, sim, nos integramos todos os grupos

da Grande Florianópolis, eu pertenço a um grupo, que é o nosso aqui, o

Legends, mas to sempre junto com os outros grupos, acabei de dar um exemplo

que nós estivemos com os Topeira’s, Vultos, o Bumerangues, entende, vários

grupos to sempre integrado com eles porque o bacana do motociclismo, e isso

que eu fiz a vinte pouco anos atrás, foi integrar todos os grupos, que antes um

meio que olhava pro outro, meio se assustavam entendeu, um era de cross outro

era de esportiva, outro era de, de , tu entendeu. Então a primeira coisa que eu fiz

foi conversar com todos os presidentes, olha nós, todos eles gostamos do

mesmo esporte, que tem duas rodas um motorzinho, e nós andamos, então,

independente do modelo, da, da cilindrada, vamos confraternizar, e começamos

a fazer festa, então hoje nos participamos de tudo. A, eu fiz o primeiro point, foi

lá na, na frente do Shopping Beira Mar, naquele posto ali, que depois, quando

eles fizeram o posto, o Jorge que era dono do posto disse, vou fazer um point

aqui, eu ia pra la e ficava o domingo inteirinho sozinho, não tinha moto, aí

começava a aparecer um ou outro, conversava, a aqui e tal, começou a ir,

353

começou a ir, e no final o posta tava pequinininho e não tinha mais jeito, nós

trocamos pra vários outros lugares mas eu continuo lá, e agora nós nós

encontramos no posto aqui do lado do hotel Mercuri, toda quarta feira, foi ontem.

A, então aí vai todas as pessoas de todos os grupos, é o bacana é isso, de todas

as marcas, Triumph, BMW, tudo quanto é marca, Honda, Suzuki, Yamaha, tudo,

pra mim não interessa a marca nem cilindrada, o que importa é o espírito do

motociclista, agora é aquele negocio, não adianta né, não adianta né, Harley é

Harley.

P: Comente sobre os eventos internacionais da Harley-Davidson.

Benetton A, ++ é uma loucura, é uma loucura, o que existe de melhor, pena que não da

pra ir em todos, porque que o que acontece é o seguinte, a, o HOG, dá pra tu ter

uma ideia, o HOG da Inglaterra, o HOG da Inglaterra deve ter, quinze, vinte

anos, se tiver, acho que não tem nem isso, entende, porque os países vão

criando, o ++ o HOG americano não porque começo, o HOG tem trinta e poucos

anos, foi em 83, mas a, a própria Inglaterra faz uns, não, não tem quinze anos eu

acho, eu acho que não tem nem quinze anos o HOG. Então esses países estão

crescendo, e aí o que, que acontece, os HOGs, isso é muito bom, eles ajuda a

promover os encontros, então eles ajudam a promover os encontros mas é

aberto a todos os motociclistas, entende, agora tu faz a inscrição no HOG fica no

hotel que eles querem se tu quiser, eu já não faço isso, eu não faço isso pelo

seguinte, não é nem uma contrariedade a isso, eu acho que o espírito do

motociclista tá, ta, tem que ser liberdade, e outra coisa que eu também discordo

é que, lamentavelmente é aquilo que eu te disse né, ninguém nasce motociclista,

ninguém nasce Harleyro, e ninguém tem culpa de não, não conhecer ainda,

então os HOGs assim é o primeiro passo que a turma da exatamente por isso,

ele não vai de cara comprar uma moto, se ele nunca teve moto, ele vai primeiro

aprender e não vai entrar num grupo, ele primeiro vai, confraternizar com esse

pessoal que proporciona isso aí, entende. Aí depois fica a critério dele escolher,

mas eu não sou favorável, por exemplo, olha vamos fazer um encontro do HOG

no Jurere, não fui em nenhum, entende, tive ingresso, me mandaram ingresso

tudo de graça, inscrição, eu ++ agradeço diplomaticamente mas não vou, porque

que eu acho que de certa forma, é uma certa, tem gente que ainda não esta com

354

o espírito do motociclista propriamente dito, que essa pessoa que se da com

todo mundo, independente de marca, de, de cilindrada de tudo, entendeu, e

lamentavelmente, a Harley-Davidson quer queira ou não, não é o meu caso,

nunca foi, entendeu, mas, ela é caracterizada como status também, e tem muita

gente que lamentavelmente, como toda profissão tem bons profissionais, tem em

todas, e tem gente que compra e acha que, anda de sapato alto e coisa e tal, e

se passa alguém do lado e te cumprimenta e ta com outra moto, o cara nem, não

te conheço não cumprimento, entende, e o verdadeiro Harleyro ele cumprimenta

o cara que ta com uma bizinha, que ta com uma Garelizinha, que ta com uma

125, tem que, cumprimentar todo mundo, todo motociclista é uma questão de

oportunidade, uma questão de condições, entende. Mas o espírito é o mesmo,

então por isso que aí quando eles fazem esses evento, que é num tal local, aí

janta, almoço, tudo engatado ali, to fora. Eu quero ir la, eu quero cumprimentar

todos eu quero sair, quero ir pra ++ é liberdade isso aí foge dos princípios do

motociclismo totalmente, e radicalmente, entende, eu gosto de chegar num

butequinho, que mal e mal tem uma, uma geladeirinha, que serve uma

cervejinha ali pra ti tomar. ++ eu quando viajo pra esses países aí assim, aqui

da América aí, eu , quando eu marco, vou dormir em tal local, primeiro buteco,

MAS BUTECO MESMO que tem eu paro, e a coisa mais impressionante, é a

coisa mais linda e a coisa mais bacana que tem.

Benetton Se tu chega, por exemplo, isso acontece muito numa cidadezinha que é

Taquarembó, Taquarembó é uma cidadezinha do Uruguai, pra mim na minha, na

minha visão de tudo que eu já vi até hoje, é a cidade que tem mais motoneta,

dessas pequinininha, todo mundo tem, e eles levam a família interia em cima

daquilo, não sei como leva, então tem uns barzinho que quando eu chego lá as

vezes, eu encosto, é o primeiro que eu encosto, eu encosto ali e aí do lado tem

camponeira de galinha, vende galinha, vende tudo, vende tudo ali, e eu tomo a

cervejinha, rapais, não da meia hora, aquilo ali fica cheio, cara é a coisa mais

linda que tem, porque eles passam com as motonetazinha, “o tem um motoci...,

tem um ET lá naquela loja lá”, vão tudo cara, e é a coisa mais, mais

impressionante, bom isso aí acontece comigo, e tem um amigo, a maior alegria

dele é contar isso, aí quando tu vê cara, tem quatro, cinco, seis cerveja na tua

mesa, tu vê que eles te pagaram a cerveja pra ti tomar, entendeu assim sem tu

355

pedir, sem falar contigo, sem nada, entende. Então enche aquilo ali, aí claro que

eu, gosto disso e provoco também né, vamos bater uma foto, nossa aí bate foto

pra cidade inteira, isso aí é a coisa mais bacana que tem.

P: Nós falamos agora, sobre os eventos internacionais. Quais são as principais diferenças que você percebe, entre estes eventos, e os realizados no Brasil?

Benetton A, totalmente diferente, no Brasil é novo ainda nessa parada né, não importa se

tenha quarenta anos, ainda é de certa forma é novo. E aqui no Brasil,

lamentavelmente as formas ainda são feitas abaixo de exploração, entende,

exploração, eu vou te dar um exemplo muito claro, Sturgis, é o maior evento do

mundo, la a maioria dos bares, tu entra tu não paga nada, tu bebe se tu que,

entendeu, tu assiste show, lá não paga nada, tem alguns excepcionais, que aí tu

paga né, aqui tudo que fazem tu tem que pagar pra entrar, se quizer dar uma

olhadinha tu tem que pagar pra entrar, entende. É tudo exploração em cima do,

do cara, então ta totalmente fora da realidade.

Benetton Inclusive tive conversando com o Berlanda aí dei uma sugestão pra ele, pra

fazer um evento que é o evento do meus sonhos, e eu, esclareci pra ele como é

que deveria ser a forma, ele “nossa Benetton, vou fazer, vou” ele ficou, foi a

loucura, foi a loucura, vou chamar a minha equipe de marketing, e aí , vou

conversar com eles tudo, prepara lá eles lá, e depois vem conversar, e depois

eles vão conversar contigo pra ti dizer como é que é a tua ideia, entende, mas é

uma coisa aberta, tem que ser uma coisa Berta pro público, entende, esse

negocio do HOG é a maior fria que tem, entendeu. Tu faz o HOG, o bacana é o

passeio que todo mundo vê, aí tu chega num ambiente desse fechado, o cara

que ta fora quer entrar não entra porque é só do HOG, entendeu. Os eventos

tem que ser feitos aberto, porque a população adora, e tua ajuda a mostrar, pra

sociedade quem são os motociclistas, eles são pessoas normais, pessoas, que

tem família, que tem emprego, que tem serviço, pessoas ótimas, maravilhosas,

entendeu, então esse contato, e o povo adora, tu para a moto no posto ali, vem

356

as pessoas que hoje em dia tudo mundo tem celular, né, que puta né, “posso

bater uma foto” vem cá bate a foto e sai dali com a boca na orelha, entende.

Então tem que fazer um, um, a, eventos, como é feito fora, nesses países,

entendeu, aberto ao publico, bota as máquinas tudo na beira mar aí, bota tudo

que a população adora, vai vim gente de tudo quanto é cidade aqui pra ver,

entendeu, agora tu vai fazer fechado. E outra coisa, eu acho uma burrice isso, se

tu quer saber em termo de marketing, opinião minha, ele faz um evento do HOG

fechado num local lá, porra, ali já é os caras que tem moto porra, tem que fazer

ali na rua pro cara que nunca viu moto, ver ali na rua poder ir la olhar uma por

uma, “porra que moto bonita eu vou comprar uma moto” tem que fazer pra quem

não tem moto, pra comprar a Harley, tu entendeu, é uma coisa totalmente tiro

fora, mas a Harley sobrevive, com tudo, sem fazer propaganda, sem nada,

entende, por causa dessa maravilha que eles inventaram.

P: Voltando pra moto agora, com relação aos acessórios, como você iniciou o

processo de aquisição e customização da sua motocicleta?

Benetton Como que eu iniciei? É eu iniciei exatamente através disso, eu vi que tinha

outras opções entendeu. Porque antigamente nós não tínhamos nem as peças

de reposições originais entende, e na Harley, a Harley é um mondo de

acessórios, entende, tem centena de tanques de gasolina, que tu, pa ti botar na

moto, que é uma peça, razoavelmente grande né. Então tem motor inteiro tem

tudo, então eu comecei a observar que tinha essa disponibilidade no mercado, e

aí eu comecei a botar, e aí vai tu vai evoluindo, aí não só botar os acessórios tão

como também trocar a pintura, fazer outra pintura, aí personalizar a própria,

como da, tua cara, entendeu.

P: Como você customiza a sua Harley-Davidson?

Benetton Bom a minha Harley-Davidson eu tenho um customizador, que é um gênio, que

é o Célio do Brook American Motorcycle, de Curitiba, que pra mim é um dos

gênios que se enquadra, na altura de qualquer um dos melhores do mundo que

eu conheço, e eu conheço realmente, os melhores do mundo, Paul Senior, Paul

Junior, Arlen esse, conheço, sou amigo dele, entende, ganhei jaqueta do Paul

Senior, tem jaqueta aí que o Paul Senior me deu, é o pai e o filho que faz aquele

357

programa, e dão porrada, aquilo é tudo uma mãezona, me convidaram um dia,

se eu quiser ir em Connecticut, eles faze o programa, que vão me receber dentro

da loja, que eles não, recebem ninguém, entende. E, então aí tu começa a

personalizar, bom, eu tenho um gosto, mas eu tenho um mecânico que sabe

exatamente o meu gosto, porque ele personaliza as máquinas de acordo

comigo, e até hoje ele nunca errou, então eu to continuando nessa facilidade,

não to nem me preocupando de eu criar alguma coisa, porque ele cria

maravilhosamente bem, me sinto bem, parabenizo e, e sempre que eu levo uma

moto pra customizar eu digo pra ele, olha, ta aqui ó. Muitos, a turma me chama

de doido, “Benetton uma coisa dessas zero quilômetro mais linda do mundo, o

cara vai desmanchar a moto, vai pintar, vai, tu é doido rapaz” e quando eu chega

na oficina é assim tem, mecânico lá e sempre tem gente né, eu chego e digo pra

ele, cidadão tai a maquina pra ti personalizar, bota o que tu quer, faz o que tu

quer, não me pergunta nada, só me liga pra dizer que ta pronta, e outra coisa, se

tu fizer uma meleca, vai ficar maior maravilha que tem, isso eu sempre digo, os

mecânicos la eles já sabem morrem de rir, e nunca me decepcionou, muito pelo

contrario, é uma preciosidade tamanha a criatividade dele, por isso que eu

caracterizo com o gênio, porque pintar é uma coisa que tem que se ter

habilidade claro, bom gosto, tem que ter um monte de coisa, agora genialidade,

é ele fazer uma coisa que tu vai gostar, tu mandar fazer o que tu quiser e o cara

fazer uma coisa que tu olha, putz isso aqui é a minha cara, então por isso que eu

considero.

P: Quais são as principais customizações de uma Harley-Davidson?

Benetton A Harley-Davidson tu pode customizar ela inteirinha, tu pode trocar ela, tu pode

sair botar uma maquina aqui, e chegar no outro dia tu não saber, mas as

principais que eles fazem, normalmente é , estilo chopper, alongar, botar o garfo

longo, os telescópio longo, e pintura, basicamente isso, e claro que, sempre vai

algum incremento, é bota uma roda, muda, é vai, da, vai da característica do

cidadão, ele pode simplesmente customizar, alongando ela, só alongando ele vai

fazer uma chopper custo, agora ele pode botar, pintura, pneu, pneu mais largo,

ou ele bota pneu 300, que é pneu de fórmula 1 quase, é uma loucura.

358

P: Você utiliza peças originais na sua Harley-Davidson? Comente

Benetton Sim. Tem algumas coisa por exemplo, o, a roda, que é uma roda bonita pra

caramba, entende, é ++ é o que eu mantenho nelas, assim,a roda raiada eu

acho, a roda mais linda de tudo e uma motocicleta se caracteriza, na minha

concepção por ela ser raiada, a moto pra mim tem que ser raiada e tem que

aparecer o motor integral, entendeu, não pode ter muita coisa pendurada, não

sou nada contra, eu respeito a Ultra Glide, eu respeito, mas aquilo ali eu brinco

com a turma, o cara diz “pá comprei uma Harley a coisa mais linda do mundo,

Ultra Glide, modelo pá” eu digo pô parabéns pela kombizinha que você comprou,

seja feliz, mas eu faço de brincadeira gozando, mas não é o meu estilo, não é o

meu estilo.

P: Quais são as características de uma motocicleta Harley-Davidson, que

você admira e gosta? Comente.

Benetton Característica? O ronco, o ronco é, o ronco é uma coisa, que é uma orquestra, é

uma sinfonia, não faz barulho, nunca diga que uma Harley faz barulho, entende,

é uma coisa assim que, desperta o interesse, tu imaginar que ta saindo aquele

ronco de um motor em V, entende, aquela batida, aquela equalização, é uma

coisa impressionante né, e, eu sou suspeito em falar nisso, e é só eu que sei

isso né, o motor chegaram a ter a iniciativa de querer patentear o motor, o

barulho né, aliais, o barulho. Então tu imagina, então isso diz tudo né, o barulho

tu conhece de longe, assim de longe um ó, lá vem uma Harley, ta vinda uma

harley, essa é única forma que tu conhece, não tem como, não existe nada que

tu identifica né, e até vou fazer uma, um parentes aí, esses tempos eu tava

assistindo a, acho que é a RAI, que é Italiana né, televisão né, e botaram um

doido lá digo, pô esse aí é, esse aí eu queria conhecer, teria o maior prazer em

conhecer, botaram cinquenta e poucas Harley-Davidson num programa finésimo

da coisa, botaram cinquenta e poucas Harley lá da, da cidade do cara lá,

cinquenta e poucas Harleys e botaram uma, uma venda no olho dele, fecharam

o olho do bicho lá e só deixaram o ouvido de coisa e tal, e o cara, e, jogaram as

motos lá, separaram tudo né, ele ia do lado, o, repórter, ia do lado duma moto, e,

dizia, vou ligar a moto, eu acho que era quinze segundos, quinze segundos

359

ligavam, batia a moto e dizia essa é uma modelo tal, ano tal, bababa baba, e não

errou uma, esse aí eu nunca vi, cinquenta, cinquenta Harley, esse programa

deve passar de novo aí né, nunca vi disso, um programa na Italiana, o cara é

Italiano, não errou uma, uma, dava o ano, motor e tudo, tipo da moto, então aí, a

pergunta que tu fez eu acho que respondi certo, a única que o resto eu não li a...

P: Benetton, uma frase pra fechar a nossa entrevista, que deixe aí o recado

pras futuras gerações, inclusive pra Harley-Davidson, que deve entender o

seu consumidor pra que continue dando tanto prazer pra todos nós.

Benetton Eu vou usar uma frase, que eu uso no meu grupo de motociclistas, entendeu, é,

eu digo que pra ser um Legends, não basta apenas ter uma motocicleta, é

preciso fazer história.

360

APÊNDICE 6 – Roteiro Focus Group HOG

Pergunta para descontrair. Para onde você iria em suas férias, sem grana, com sua HD? 1 Contextualização:

1.1 O que é a HD para você?

1.1.1 O que vocês fariam se não tivessem esse hobby?

1.1.2 O que te vem à cabeça quando o tema é a Harley Davidson?

2 Engajamento (Atributos)

2.1 Ao tirarmos a marca Harley Davidson da moto, roupas e acessórios, o que

resta pra vocês?

2.1.1 Quais características você percebe no produto sem a marca?

2.1.2 Vocês usam produtos HD falsos?

2.2 Se colocarmos novamente a marca HD em sua motocicleta, o que mudaria

na sua percepção?

2.2.1 Quais valores a marca HD agrega a seus produtos?

2.3 O que vocês esperavam da marca HD antes da compra da primeira motocicleta?

(ESPECTATIVA)

2.3.1 Quais fatores te motivaram a adquirir uma HD?

2.3.2 Quais eram suas expectativas em relação à aquisição desta marca?

2.3.3 Qual foi seu sentimento no dia da compra?

2.3.4 Quais foram as barreiras que você encontrou para entrar na cultura HD?

2.4 Como você percebe hoje a marca HD?

2.4.1 E agora que vocês já são proprietários de uma HD, o que mudou em suas

expectativas com a compra de um novo produto HD?

2.5 Descreva os sentimentos que você tem quando esta com sua HD.

(LIBERDADE)

2.5.1 O que você sente quando pega a estrada com sua HD? Sem destino!!!

2.6 Por que é comum observar vários HOGs desfilando em um comboio de

motocicletas.

2.6.1 Quais são os prós e contras desta prática?

361

2.6.2 O que você sente ao pilotar com vários integrantes do HOG?

2.6.3 Como os integrantes do HOG se comportam entre si, quando reunidos?

2.6.3 E os passeios como são?

2.6.4 Como você acredita que as pessoas percebem o passeio dos HOGs?

2.6.5 Como você se sente sob os olhares dos espectadores deste passeio.

2.6.6 E os passeios promovidos por outras marcas de motocicleta, como são?

2.7 Filmes como “Wild Hogs” Motoqueiros selvagens, um clássico do cinema, que

relata a aventura de quatro motociclistas norte-americanos, cansados de sua rotina.

Como você se sente, enquanto integrante HOG. em comparação aos motoqueiros

do filme? REBELDIA

2.7.1 Porque vocês acham que os motoqueiros do filme usam roupas pretas e

quentes?

2.7.2 Assim como no filme, porque muitos membros do HOG alteram o

escapamento da motocicleta?

2.7.4 Comente sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como nos

filmes norte-americanos.

2.7.4.1 Quem usava antes de ter uma HD?

2.7.4.2 Quem usa atualmente?

2.8 Muitos HOGs costumam andar acompanhados com uma pessoa em sua garupa!

Qual é o papel da garupa nesta cultura HD?

2.8.1 Quem decide sobre as compras de produtos HD?

O garupa opina na decisão de compra?

2.8.2 Qual é a vestimenta da garupa membro do HOG?

2.8.3 Comente sobre a participação de membros de sua família, não membros

do HOG, em eventos do HOG?

2.9 Quais características definem um legítimo HOG?

2.9.1 Qual a vestimenta de um HOG?

2.9.2 Por que vocês se vestem assim?

2.9.3 Como é o comportamento de um legítimo membro do HOG?

2.9.4 Quais são as regras que um membro deve cumprir?

2.9.5 Como acontece o preconceito e a discriminação, em relação a um novo

integrante do HOG?

362

2.10 A Harley Davidson disponibiliza uma série de acessórios e peças para a customização de sua motocicleta. Como você customiza a sua HD?

2.10.1 Por que as pessoas alteram sua motocicleta HD?

2.10.2 Como você vê o uso de peças não originais na customização de uma

HD?

2.10.3 Quais são as principais customizações praticadas pelos membros do

HOG. da Floripa Harley-Davidson?

3. Pergunta de saída

3.1 O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson

promove dupla interpretação na percepção dos consumidores e expectadores das

motocicletas. Existe alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao tema?

363

APÊNDICE 7 – Roteiro para Entrevista em Profundidade

1. Quando se fala em Harley-Davidson, o que lhe vem à mente?

1.1 Comente o que você sente quando sai de casa para um passeio com

sua Harley-Davidson.

2. Por que você optou por andar de moto?

2.1 Qual foi sua primeira Motocicleta?

2.2 Como surgiu a vontade de ter uma Harley-Davidson?

3. Qual era sua percepção sobre a Harley-Davidson antes da compra da

primeira motocicleta?

3.1 O que você que esperava da marca?

3.2 Comente sobre suas emoções, no dia da compra.

4. E agora, qual é sua percepção?

4.1 Quais são as principais mudanças entre a sua percepção de antes da

compra da primeira HD com a de hoje, em relação à marca Harley-Davidson?

5. Como se deu sua imersão no mundo Harley-Davidson?

5.1 E seu visual?

5.2 E suas tatuagens?

5.3 Comente sobre a inserção da marca em seu carro e na sua casa.

6. Como você acredita que as pessoas te percebem quando você passa em sua

Harley-Davidson?

6.1 Como você pensa que elas percebem um comboio de Harley-

Davidson?

6.2 Como você se sente sob os olhares dos espectadores, em seu

passeio?

7. Você se inspirou em alguém ou algum personagem com comportamento

similar ao seu, na construção de sua identidade HD? Como?

7.1 Qual é a influência do cinema nessa construção?

8. Comente sobre os motivos que o fizeram participar do HOG.

364

8.1 Você participa de outros grupos de motociclismo?

9. Fale sobre os eventos internacionais da Harley-Davidson.

9.1 Quais são as principais diferenças que você percebe entre estes

eventos e os eventos realizados no Brasil?

10. Com relação aos acessórios, como você iniciou o processo de aquisição e

customização de sua motocicleta?

10.1 Como você customiza sua motocicleta?

10.2 Quais são as principais customizações em uma HD?

10.3 Só utiliza peças originais Harley-Davidson? Comente.

11. Quais são as características de uma motocicleta Harley-Davidson, que você

mais admira e gosta? Comente!