50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de...

9
G estos calmos, voz pausa- da, o diretor da Facul- dade de Direito, professor- mestre Ademar Pereira, fala com indisfarçável orgulho da sua gestão na escola, que desde 1998 já formou mais de 4 mil alunos. Diz que ao completar 50 anos, a Faculdade mostra sua força, pois não é a todo o momento que uma escola completa meio século com competência nos seus quadros e o padrão de qualidade tradicional da instituição. O diretor explica à revista Mackenzie por que o curso de Direito da UPM é um dos mais procurados entre as escolas e por que a profissão é tão apaixonante – três de seus quatro filhos são advogados. Ademar Pereira nas- ceu em 13 de fevereiro de 1947, na capital paulista. Formou-se em Direito (1975), em Guarulhos, SP, após cursar a Faculdade de Administração de Empresas, sem se formar, porém.Exerceu a advo- cacia por oito anos e tornou-se juiz de Direito (1982), desenvol- vendo, ao mesmo tempo, a vida acadêmica no Estado de Mato Grosso do Sul até 1995. Filho único, seus pais – o operário Joaquim e Cilina faziam questão que ele estudasse. Assim teve a ajuda moral para seguir nos estudos. Relembra:“Sempre foi uma batalha”. Em dezembro de 1998, Ademar Pereira tornou-se diretor da Faculdade de Direito Mackenzie. “Assumimos com intuito de dar modelagem moderna, dentro dos padrões de excelência que a nova perspectiva das escolas de Direito vêm adotando, nas linhas curricu- lares exigidas pelas autoridades educacionais e com uma confor- mação mais crítico-reflexiva do nosso aluno, no sentido de que ele deva alcançar efetivamente seu grau de aprendizado nos atuais padrões”, afirma. Em média, setecentos alunos formam-se por ano na Faculdade de Direito Mackenzie que, a exemplo de 2002, recebeu em 2003 conceito A no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie Entrevista Entrevista “50 anos, um marco” “50 anos, um marco”

Transcript of 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de...

Page 1: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

G estos calmos, voz pausa-da, o diretor da Facul-dade de Direito, professor-

mestre Ademar Pereira, fala comindisfarçável orgulho da suagestão na escola, que desde 1998já formou mais de 4 mil alunos.Diz que ao completar 50 anos, aFaculdade mostra sua força, poisnão é a todo o momento que umaescola completa meio século comcompetência nos seus quadros e opadrão de qualidade tradicionalda instituição. O diretor explica àrevista Mackenzie por que o cursode Direito da UPM é um dos maisprocurados entre as escolas e porque a profissão é tão apaixonante– três de seus quatro filhos sãoadvogados. Ademar Pereira nas-ceu em 13 de fevereiro de 1947,na capital paulista. Formou-se emDireito (1975), em Guarulhos, SP,após cursar a Faculdade deAdministração de Empresas, semse formar, porém. Exerceu a advo-

cacia por oito anos e tornou-sejuiz de Direito (1982), desenvol-vendo, ao mesmo tempo, a vidaacadêmica no Estado de MatoGrosso do Sul até 1995. Filhoúnico, seus pais – o operárioJoaquim e Cilina – faziamquestão que ele estudasse. Assimteve a ajuda moral para seguirnos estudos. Relembra:“Sempre foiuma batalha”. Em dezembro de1998, Ademar Pereira tornou-sediretor da Faculdade de DireitoMackenzie.

“Assumimos com intuito de darmodelagem moderna, dentro dospadrões de excelência que a novaperspectiva das escolas de Direitovêm adotando, nas linhas curricu-lares exigidas pelas autoridadeseducacionais e com uma confor-mação mais crítico-reflexiva donosso aluno, no sentido de que eledeva alcançar efetivamente seugrau de aprendizado nos atuaispadrões”, afirma.

Em média, setecentos alunos formam-se por ano

na Faculdade de Direito Mackenzie que, a

exemplo de 2002, recebeu em 2003 conceito A

no Exame Nacional de Cursos – o Provão

32 Mackenzie

EntrevistaEntrevista

“50 anos,um marco”“50 anos,um marco”

Page 2: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

Mackenzie 33

Revista Mackenzie – O Direitomuda com o passar do tempo?

Ademar Pereira – O Direitopassa por constante evolução, as leismudam em grande velocidade. Seconsiderarmos os últimos 20 anos,podemos ver que passamos por mu-danças expressivas, entre elas a daprópria Constituição Federal. Porconta disso, estamos passando pormudança considerável, com umnovo Direito Civil, o direito das pes-soas, o direito comum, do cidadão,com a finalidade de regular os direi-tos e as obrigações de natureza pri-vada em relação às pessoas, aos bense às suas relações. A constantemudança legislativa imprime efetiva-mente a necessidade do perma-nente acompanhamento por partedas escolas, para que não fiquemestanques no tempo.

O Direito sofre influênciainternacional?

Hoje, com a globalização, nãopodemos mais nos fechar dentro dodireito nacional, todas as relaçõesextrapolam fronteiras e temos denos ajustar à realidade mundial. Eisso exige de nós, das organizaçõesmundiais, o acompanhamento, aproximidade. O Direito Interna-cional, de natureza supra-estatal, re-gulando as relações entre nações,entre si e com organismos interna-cionais e com seus indivíduos. Nãopodemos nos centrar apenas nonosso direito civil, nosso direitocomercial, nosso direito penal,porque as relações ultrapassam asfronteiras geográficas do país.

O que atrai no Direito?Os objetivos a que se propõe

estão voltados a uma sólida formaçãohumanística e as habilidades técnico-jurídica, sociopolítica e prática, indis-pensáveis à adequada compreensãointerdisciplinar do fenômeno jurídicoe das transformações sociais, para o

exercício da cidadania e das diversasprofissões da área do Direito. EstudarDireito permite vasta busca de co-nhecimento e de cultura. Quando seestuda Direito,na verdade estudam-seas relações entre as pessoas, seusbens, as relações contratuais, etc.Portanto, o ensino do direito reco-menda o oferecimento ao futurobacharel, de instrumental necessáriode natureza técnica e crítica paracompreender a realidade dentro daqual exercerá sua atividade profis-sional, visualizando uma missãosocial, atendendo ao comprometi-mento com os interesses comu-nitários. Hoje, a realidade mostra queo bacharel em Direito consegue termaior penetração em quaisquer dasáreas específicas profissionais, inclu-sive, algumas,em que sequer têm vin-culação mais íntima com o Direito.

Quantos alunos formam-sepor ano?

Nossa Faculdade de Direitoforma,atualmente,seis turmas de 50a 60 alunos – 300 a 350 porsemestre, média de 700 por ano.

Como funciona o encamin-hamento dos alunos?

Estatisticamente é difícil dizer.Em termos genéricos, nossa situ-ação é interessante porque, aolongo do curso, mesmo antes dasexigências estabelecidas pela legis-lação educacional, eles começam ase envolver com o mundo jurídico.Há expressivo número de nossosalunos que, a partir do início docurso, em seu primeiro semestre,buscam escritórios de advocacia, asgrandes empresas nas suas áreasjurídicas. Ao final do curso, em suagrande maioria, encontram-se, de-finitivamente, contratados. Fatointeressante é que o aluno doMackenzie se destaca em diversasáreas, com excelente desempenhonos vários concursos públicos –

Ademar Pereira

Page 3: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

Magistratura, Ministério Público,Procuradorias, Segurança Pública.Sempre apresentam altíssimaaprovação nos exames da Ordemdos Advogados do Brasil.

Como se desenvolve o atendi-mento ao discente?

O Serviço de Apoio Psicopeda-gógico ao Aluno é um trabalho feitopor dois professores que tambémlecionam no curso de Psicologia.Elesdão ao aluno apoio de natureza psi-copedagógica, com a finalidade demediar conflitos educacionais, apoiarem problemas interpessoais e ajudá-lo a enfrentar dificuldades de apren-dizagem ou de adaptação, provoca-das pela insatisfação pessoal e insta-bilidade emotiva, diante das exigên-cias do curso. Por meio do Plantãode Dúvidas, todos os professores, aolongo do curso, atendem os alunosque os procuram para obtenção deorientação didático-pedagógica, a fimde dissipar dúvidas, inclusive quantoà própria e futura atividade profis-sional. Há interação entre alunos eprofessores,quanto à visão do futuro.Os chefes de departamento e os pro-fessores responsáveis por núcleostemáticos oferecem plantões sema-nais para atendimento similar.As ori-entações na realização de suas mono-grafias de final de curso, nas ativi-dades complementares, iniciaçãocientífica e nos grupos de estudo. Oacompanhamento nos estágios.

Qual a ligação da Faculdadecom o Juizado Especial Cível?

O Juizado Especial Cível, resul-tado do convênio com o Tribunal deJustiça do Estado de São Paulo,é umadas atividades vinculadas à práticajurídica com a finalidade de oferecertrabalho de apoio à cidadania, vincu-lado totalmente em termos de atua-ção dos alunos, na prática judiciáriareal.Nele,os alunos atuam diretamen-te com o público, desenvolvendo

34 Mackenzie

EntrevistaEntrevista

Jorge Americano tinha 17

anos quando pisou, pela

primeira vez, na Faculdade

de Direito do Largo São

Francisco e vislumbrou para

si o futuro de catedrático sob

aquelas arcadas. Sua vida,

pontuada por inúmeras mu-

danças e atividades diversifi-

cadas, não lhe facilitou a

realização do sonho. Muita

persistência, porém, o ra-

ciocínio agudo e o inegável talento intelectual

permitiram-lhe, ainda que na maturidade, con-

sagrar-se como mestre entre os mestres.

Paulistano, nascido em 25 de agosto de

1891, era filho de Amélia Cardoso Americano e

do coronel Luiz Americano. Após concluir o

primário na famosa Caetano de Campos, Jorge

ingressou no Ginásio Estadual de São Paulo,

onde sua predileção pelas ciências humanas se

revelou. Dali partiu para o curso de Direito, no

qual se formou em 1912, com destaque em

todas as disciplinas. A carreira, porém, marchou

lentamente — só em 1915 ingressou no

Ministério Público —, primeiro como promotor

na cidade de Bebedouro e, depois, na comarca

de Atibaia, ambas no Estado de São Paulo.

Casou-se com Maria Raphaela de Paula Souza.

Em 1921, uma tragédia, a morte do primeiro

filho, abalou a saúde da esposa. A conselho

médico, a família partiu para Santos, SP, onde

Jorge instalou a banca de advocacia e iniciou

fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-

ga ambição da carreira acadêmica. Mas a sorte

ainda não estava do seu lado. Em 1922,

inscreveu-se num concurso para professor no

Largo São Francisco, que foi cancelado. Idêntica

frustração, três anos depois.

A partir de 1927, porém, sua vida deu uma

guinada. Conquistou a livre-docência em Direito

Civil, foi eleito deputado e, em fins de 1928,

Washington Luís o nomeou procurador-geral da

Justiça do Distrito Federal. Os anos 30 encon-

traram Jorge Americano novamente em São

Paulo. Além de retomar a prática da advocacia e

a livre-docência em Direito, começou a lecionar

no Ginásio São Bento e na Escola de Comércio

Álvares Penteado. Quando começou a

Revolução de 1932, alinhou-

se com os liberais — acabou

ferido logo no início do movi-

mento. Não se intimidou.

Mestre por vocação, criou

curso de aperfeiçoamento

para oficiais voluntários. Tal

dedicação foi retribuída por

votação esmagadora para a

Assembléia Constituinte em

1933 — cargo ao qual renun-

ciou ao descobrir que a ban-

cada paulista votaria unanimemente em Getúlio

Vargas, em troca de concessões.

Dessa vez, a vida o compensou com a clas-

sificação em primeiro lugar para a cátedra de

Direito Civil na Faculdade de Direito. Jorge

Americano estava com 43 anos e, enfim, con-

cretizou seu sonho, iniciando trajetória aca-

dêmica e classista de grande sucesso. Por três

vezes, foi eleito presidente do Instituto dos

Advogados; participou em diversas gestões

como conselheiro da OAB/SP; integrou o

Conselho Penitenciário do Estado; e atuou

como juiz no Tribunal de Arbitragem de Haia. Na

Universidade, rapidamente galgou o degrau de

reitor. São de sua gestão um projeto de cidade

universitária e a criação dos Fundos Uni-

versitários de Pesquisa. Sua eterna batalha em

tomo da excelência do ensino e da autonomia

universitária acabaram levando-o a se engajar,

mais tarde, também na criação e direção da

Faculdade de Direito Mackenzie.

Em fins dos anos 50, por divergir da

direção, afastou-se do Mackenzie e, já viúvo,

dedicou-se à pintura e à literatura. Com o

mesmo estilo claro e sem academicismos que

caracterizava sua obra jurídica, publicou crôni-

cas que ainda podem ser apreciadas no site

www.jangadabrasil.com.br. Em dezembro de

1968, um derrame o deixou semiparalisado e,

dois meses mais tarde, em 6 de fevereiro, mor-

reu, aos 78 anos. Sua versatilidade e cultura

ficaram imortalizadas nas palavras do professor

Sílvio Rodrigues, em despedida solene: "Figura

curiosa, perdeu este país, pois, espírito de mil

facetas interessantes, o escritor, o artista, o juris-

consulto, o advogado, o cronista de sua terra e o

sociólogo se fundiam em uma só pessoa”.

Jorge AmericanoJorge Americano O saudoso mestre

Page 4: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

Mackenzie 35

mackenzista que carregam consigoem todos escaninhos da vida profis-sional,social e pessoal,destacando emcada lugar, em cada momento, comsentimento de honradez, devercumprido e láurea alcançada, a glo-riosa passagem pela Faculdade deDireito da Universidade PresbiterianaMackenzie. A referência ao des-prendimento profissional e culturaldos docentes que ilustram e ilus-traram, ao longo do tempo, a Facul-dade, e que, com inteligência e dedi-cação, conduzem e conduziram umcorpo discente responsável, projetan-do a Instituição, com brilho singular,no mundo universitário brasileiro e,também internacional, contribuindodecisivamente para honrar “a tradiçãoe o pioneirismo no ensino”– tradiçãoque não se adquire se não com ensinode excelência e de qualidade.

E quanto aos 133 anos doMackenzie?

Creio que o Mackenzie, ao longodesse período,vem se apresentandocomo um expressivo conjunto detradição, pioneirismo e qualidade. OInstituto Presbiteriano Mackenzie,como entidade mantenedora, deveser visto como uma verdadeira loco-motiva a avançar, como um trem,primeiro com a Escola de Enge-nharia, tradicional e expressiva,s e aFaculdade de Direito. Todas sãoparte do mesmo comboio – doavanço na educação, na busca daqualidade e da excelência.

atividades no âmbito de desenvolvi-mento dos serviços cartoriais, desem-penhando funções de conciliadores dopróprio Juizado.Nessa atividade,o alu-no vive e desenvolve atividade real ju-risdicional. Hoje, num universo emtorno de 2.700 processos em anda-mento no Juizado,1.700 têm a partici-pação dos alunos na solução medianteconciliação. Eles têm participação efe-tiva. Semestralmente, há seleção denovos estagiários, regularmente matri-culados, em qualquer etapa do curso,mediante exame realizado pelo Tribu-nal de Justiça. Daí passam por treina-mento e são alocados na condição deestagiários por seis meses. Ao fim, re-cebem o certificado de desenvolvi-mento de atividade.A procura é gran-de.Há cerca de 40 vagas para um con-tingente de 150 a 200 interessados.

Que outros serviços sãoprestados?

Instalada e em fase experimentalhá a Câmara de Mediação e Arbi-tragem, trabalho de natureza preven-tiva, para resolver litígios e situaçõessem a interferência judicial,contandocom a participação de mediadores,conciliadores e árbitros. Consiste nabusca de solução extrajudicial. Seusresultados começam a expressarsoluções satisfatórias, merecendoplena implementação. Com a utiliza-ção dos alunos vinculados ao JuizadoEspecial, há o desenvolvimento daatividade de orientação ao cidadão, oBalcão de Atendimento. Muitas ques-tões apresentadas pelas pessoas noJuizado Especial Cível não podem serapreciadas por força das restriçõeslegais, o que implica a oferta deesclarecimentos para a busca noórgão adequado das possíveis so-luções, com o direcionamento aórgãos judiciais, encaminhamento arepartições públicas competentes.Há tratativas avançadas para a insta-lação pelo Tribunal Regional Federal,em parceria com o Juizado Federal

Previdenciário, com vistas ao atendi-mento das pessoas carentes e idosasàs voltas com problemas com aPrevidência Social. Há de se destacar,também,o convênio com a FundaçãoProcon, com a finalidade de prepararos alunos, por meio de seleção, paradesenvolverem pesquisa no âmbitodos contratos das empresas de finan-ciamento e de cartões de crédito,para localizar a incidência de aspec-tos que resultam em maior númerode reclamações de consumidores.Destaque-se, também, já em fase finalde estudos, convênio com o De-partamento Nacional de Proteção aoConsumidor em moldes similares.

O que significam os 50 anosda Faculdade?

Um grande marco.Não se comem-ora 50 anos a todo o momento.É umademonstração do carisma da insti-tuição, que permite que, ao longo de50 anos, a escola esteja num patamarde excelência. É momento de muitoregozijo e alegria, porque mostracomo se alcançou expressividade nomundo acadêmico, profissional e nacomunidade como um todo. Pode-mos dizer que a nossa faculdadeexpressa o seu brilho demonstrandoque sua equipe de trabalho, com pro-fessores, direção, coordenadores,chefes de departamentos, servidoresadministrativos, pôde oferecer ensinode qualidade, e isso ao longo de 50anos. A especial homenagem e hon-roso agradecimento aos alunos quepor esta academia passaram.Ao longode todo esse período, as lembrançasdos antigos alunos, que, como os deagora, sempre se preocuparam emviver um estado de atualização, debusca do melhor para a representa-tividade em todos os segmentos douniverso jurídico. Por isso, os espe-ciais cumprimentos a todos osgrandes bacharéis que por aqui pas-saram, e aqui deixaram incólumes asmarcas do verdadeiro espírito

Ademar Pereira

Page 5: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

Os 50 anos da Faculdade deDireito Mackenzie vêm coroar

de êxito a extraordinária tarefa doInstituto, ao longo de 133 anos — amissão gloriosa do ensino e em for-mar profissionais humanistas e como caráter cristão. Ao longo dessetempo formaram-se aqui advogados,procuradores, juristas, políticos derenome, gente que trabalha paramudar os rumos do País.”Professor-doutor Amador Paes de Almeida– Vice-diretor da Faculdade deDireito e chefe do Departamentode Direito Privado.

D esde sua fundação, a Facul-dade de Direito foi altamente

qualificada e os seus 50 anos vêmconfirmar sua evidente excelênciano ensino, com o intuito de prepararprofissionais, das mais variadasáreas jurídicas de atuação, para odisputadíssimo mercado. A enormeaceitação pelo mercado e a respei-tabilidade pelo profissional ocorrem,com certeza, pelo esforço levado acabo dentro da Faculdade, bemcomo pelos princípios irradiadospela Universidade PresbiterianaMackenzie e pelo Instituto Presbi-teriano Mackenzie. Assim, insu-peráveis princípios éticos, devoçãoao trabalho, dedicação aos estudos,retidão, dignidade, honradez, entremuitos outros tão nobres quanto,oferecem o adequado norte a todos

aqueles que, de uma forma ou deoutra, integram a Faculdade deDireito da Universidade Presbi-teriana Mackenzie. Tanto isso é ver-dade que os resultados obtidos, portodos que integram a Faculdade deDireito, são de destaque. Os alunosalcançaram nota "A" no provão. Oaltíssimo índice de aprovação no ri-goroso exame realizado pela Ordemdos Advogados do Brasil também,em muito, agrada.O reconhecimentode efetiva qualidade proporcionadopelo MEC, quando classifica aFaculdade de Direito da Universida-de Presbiteriana Mackenzie comouma das melhores do Brasil, em ra-zão de índices alcançados em ri-gorosa avaliação, é algo, também,bastante importante. Ser mackenzis-ta, ter sido aluno da sua Academiade Direito e, hoje, ter a oportunidadede lecionar nesta prestigiosa e reco-nhecida Faculdade de Direito é moti-vo de orgulho e plena realização.”Roberto Nussinkis Mac Cracken –Professor da Faculdade de Di-reito e coordenador-geral do Nú-cleo de Prática Jurídica.

Sou mackenzista de corpo e al-ma e só posso parabenizar a Fa-

culdade e o Mackenzie pelos 50anos, pelas pessoas que passarampela nossa faculdade, pelos alunosque estamos formando.A faculdadeé conhecida em todo o Brasil, inclu-

sive agora com Pós-Graduação emoutros Estados, e faz parte da histó-ria de São Paulo, com o quadriláteroda Maria Antonia-Itambé: o Macken-zie é a cara de São Paulo. Faz parteda história da capital desde sua fun-dação. Uma característica do Mac-kenzie é a formação desde o Mater-nal até a Pós-Graduação. Tudo éparte de um grande pioneirismo,que hoje pode ser retratado até noJuizado Especial, convênio entre oMackenzie e o Poder Judiciário,exemplo de cidadania, de serviçoao público, e exercício profissionaldos alunos, desde os primeirossemestres. O Núcleo de PráticaJurídica é outra arrojada iniciativa,que prepara e forma profissionais.”Doutora Lia Felberg – Pro-fessora de Direito Penal e Pro-cessual e coordenadora do Jui-zado Especial Cível.

AFaculdade de Direito Mac-kenzie nasceu como escola em

que a prática tornou-se aliada dateoria. Nós consideramos desde oprincípio que o profissional deDireito deve ter conteúdos teóricos,mas também habilidades práticas.Outro fator que se percebe ao longoda história mackenzista é apreocupação com o que chamamosde formação propedêutica. Nossoaluno tem sólidos conhecimentosfilosóficos, sociológicos e éticos quevão lhe permitir mais tarde a

36 Mackenzie

50 anos50 anos Depoimentos

“O Mackenzie é a cara“

Page 6: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

Mackenzie 37

reflexão crítica e construtiva dasociedade. Portanto, nós temos oensino que se fundamenta em basetriangular, em que se percebe de umlado a teoria, de outro a prática eno vértice do triângulo os valoreséticos e cristãos apropriados à nos-sa vocação calvinista, que vão ser oparadigma que o profissional deDireito deverá ter na sua atuação.”Doutora Regina Toledo Damião –Chefe do Departamento de Pro-pedêutica Jurídica – Professoratitular de Direito Civil e Lin-guagem Jurídica.

Ocinqüentenário da Faculdadede Direito Mackenzie é evento

importante tanto para a universidadequanto para a comunidade jurídica,pois se trata de uma escola tradi-cional que, em toda a sua existência,tem primado por ensino primoroso,sempre ligado à idéia da própriainstituição Mackenzie de formaçãode espírito crítico, reflexivo. Há nostribunais brasileiros inúmeros de-sembargadores e juízes formadospelo Mackenzie — a nata da advoca-cia brasileira tem representantes doMackenzie. O presidente da Ordemdos Advogados do Brasil, seção SãoPaulo, é ex-aluno do Mackenzie. Ocinqüentenário é, pois, evento im-portante, que marca a trajetória deuma instituição cada vez mais preo-cupada com o aprimoramento donível de qualidade dos corpos do-

cente e discente.” Núncio Theo-philo Neto – Chefe do Depar-tamento de Direito Público –Professor de Direito ProcessualCivil e Direito Penal.

Os 50 anos da Faculdade deDireito consolidam o projeto

de uma alternativa jurídica paraa cidade de São Paulo de quali-dade, com referência significativana área jurídica na formação denovos quadros de profissionaispara a cidade, para o Estado epara o Brasil. É um marco impor-tantíssimo na vida da cidade. AFaculdade de Direito veio pre-encher essa falta numa posição dedestaque no cenário estadual enacional.A Faculdade de Direito éa Faculdade da Cidade, tem tudo aver com a cara da cidade, trazsobretudo marca que é característi-ca da Faculdade de Direito do Mac-kenzie: formar seus profissionaisefetivamente para o mercado.”Professor-doutor José SiqueiraNeto – Coordenador do Progra-sma de Pós-Graduação emDireito Político-Econômico.

a de São Paulo”

Cartas históricasCartas históricas

1

2

3

As três cartas são de professoresdo Mackenzie que exerceramdestacada atividade política,escrevendo boa parte da Históriado Brasil: 1 Miguel Reale, jurista– de 1/12/58. 2 Jânio da SilvaQuadros, ex-presidente do Brasil– de 20/2/61. 3 UlyssesGuimarães – de s14/1/60

Page 7: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

38 Mackenzie

50 anos50 anos Eventos / Homenagens

1 Miguel Iglesias, Pedro Nevado Moreno (Universidade

de Salamanca), Custódio Pereira, Esther de Figueiredo

Ferraz, Cláudio Lembo, Maria Lucia Vasconcelos,

reverendo Juarez Marcondes Filho, representando

Adilson Vieira do CD, Ademar Pereira, José Javier De

Los Mozos Touya (Universidade de Valladolid), Pilar

Jiménez Tello e Pedro Ronzelli Júnior 2 Professor José

Siqueira, ao lado de Cláudio Lembo, homenageia Esther

de Figueiredo Ferraz 3 Ademar Pereira presta

homenagem ao reverendo Juarez Marcondes Filho

4 O discurso do mackenzista Poças Leitão

5 Almiro Joaquim presta

homenagem póstuma a Rui

Vasconcelos, esposo da

servidora Valéria Luque, da

Faculdade de Direito

6 Ademar Pereira homenageia

Antonio José da Silva,

supervisor da área universitária

da Editora Saraiva

1

2

3 4

5 6

Page 8: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

Mackenzie 39

8 Ademar Pereira presta homenagem

a Pedro Ronzelli Júnior, vice-reitor

da UPM 9 Custódio Pereira, diretor-

presidente do IPM, homenageado

pelo professor Ademar Pereira

10 Maria Lucia Vasconcelos,

então reitora, sorridente retribui a

homenagem a Ademar Pereira

11 Maria Lucia Vasconcelos recebe

a homenagem de Cláudio Lembo,

vice-governador de São Paulo

7 Milton Paulo Carvalho

(Mackenzie), Francisco Otavio

Miranda Bezerra (Universidade de

Fortaleza), Pilar Jiménez Tello

(Universidade de Salamanca), Paulo

Roberto de Gouveia Medina

(Universidade Federal de Juiz de

Fora), Núncio Theophilo e Ademar

Pereira (Mackenzie)

7

8 9 10

11

Page 9: 50 anos, - mackenzie.br · no Exame Nacional de Cursos – o Provão 32 Mackenzie ... fase de intensos estudos. Voltava, assim, à anti-ga ambi ção da carreira acadêmica. Mas a

40 Mackenzie

50 anos50 anos Memória

No Mackenzie não há quemnão conheça o Miro. Cabelos

brancos, corte baixo, a todo omomento um aluno o cumprimen-ta.Aos 65 anos, mantém nos lábioso sorriso do dia em que começouna Faculdade de Direito cuidandoda entrada e saída do material deconstrução, uma espécie de al-moxarife para as obras que es-tavam sendo finalizadas no cam-pus. Era o ano de 1953 e o jovembaiano de Livramento,aos 16 anos,começava a ser conhecido, princi-palmente pelas duas turmas ini-ciais de Direito. Hoje, AlmiroJoaquim de Oliveira está aposenta-do. Exerce a função de encarre-gado do controle acadêmico.

- Lembra de alguém que traba-lhava na Faculdade e se tornariafamoso?

- Claro! Os professores JânioQuadros e Ulysses Guimarães. Euera o bedel e fazia a chamada paraeles. O Jânio dava aulas de DireitoCivil e o Ulysses de Direito Inter-nacional Público. Eram discretos eeducados.

- Algum evento ficou marcadoem sua mente nesses anos todos deMackenzie?

- Sim.Fiquei muito emocionado eagradecido na época da inauguraçãodo Auditório Ruy Barbosa. Não sabiao que ia acontecer quando fui convi-

dado a ir até lá. Não sabia que seriahomenageado. Sempre me rela-cionei muito bem com os diretores,os professores e com os ameri-canos. Nunca imaginei que teriauma homenagem daquelas...

- Você tem filhos estudando?- Dois desistiram depois do

segundo grau. Mas minha menina,de 20 anos, estuda aqui. FazPedagogia.

- Sofreu alguma grande amo-lação nestes anos?

- O que mais me deixa triste équando algum professor vai embo-ra. Eles são sempre atenciososcomigo. Sinto quando saem.

- Algum aluno, em especial, lhetraz boas lembranças?

- Sim, o Odárcio Ducci, presi-dente do Ilha Porchat Clube, quesempre foi muito bacana, faziaquestão de organizar as festas,preparava as árvores de Natal, erafesteiro. Dava cestas de Natal paraos funcionários da Faculdade —um grande coração! Foi ele quemofereceu os refrigerantes para omeu casamento, nos anos 70.

Ele fazia a chamada para os professores Jânio e Ulysses

Sorriso discreto do bom baiano que

faz parte da história da Faculdade

de Direito Mackenzie. Tinha 16 anos

quando começou. Hoje está com 65

RetratoRetrato Miro

O quadro que hoje enfeita a sala dos professores, pintado por Jorge Americano