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“Muliades, Munda,...Monda,... Mondecus,...Mondinho,... MONDEGO – Da Estrela até à Foz” J. Gomes dos Santos Departamento de Geografia - Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) Breve Nota Preambular Este documento é apenas um modesto testemunho moldado ao jeito de homenagem ao “nosso” Mondego, e surge na sequência da solicitação que me foi apresentada pela Exma. Senhora Directora da Escola Secundária D. Duarte (Professora Isabel Veiga Simão), a propósito do Ecomuseu do Mondego, um projecto notável que contempla, inclusivamente, a construção de um espaço físico nesta Escola. Esta importante iniciativa, cujos mentores e actores desejo saudar com os mais calorosos preitos, não poderia ter melhor localização, em função dos objectivos que a vinculam. A Escola Secundária D. Duarte escreve, assim, um “poema físico” que abraça e honra o Rio que em seu leito a acolhe, mas homenageia, também, a Cidade por ele enamorada. Qual aorta fluvial que no coração de Portugal tem seu pulsar materno – Serra da Estrela, o Rio Mondego há muito que inspira doutas palavras e saberes diversos. Mas foi (e será sempre) a voz do povo que o torna imortal ao aceitá-lo como é, livre, por vezes rebelde, mas filho das terras que fazem crescer o trigo, o milho, o centeio e o arroz, esteio alimentar das gentes que nele construiram histórias de vida e vidas que ficaram para a História. Não podemos, porém, falar do Rio Mondego sem a ele associar a palavra emocionada do Geógrafo, do Geólogo e do Historiador, ou o traço cartesiano do Arquitecto ou do Engenheiro. Não podemos dele falar, também, sem invocar, com nostalgia, as suas lendas narradas ao jeito de fábula, em que bravos príncipes e belas princesas se associam ao seu baptismo, cujas verdadeiras raízes serão, porventura, romanas e medievas. E porque de sensibilidades se faz o Ser, talvez por defeito de razão ou racional satisfação, me ocorra lembrar nomes como o de Alfredo Ferrnandes Martins, geógrafo da velha urbe Aeminiense que lavrou um dos primeiros documentos científicos que marcam a identidade do Mondego e da sua bacia fluvial. “O Esforço do Homem na Bacia do Mondego”, teria de merecer lugar cativo nesta curta e singela redacção, pois certo será afirmar que lhe pertence por direito próprio, o trono das memórias físicas das estantes do Ecomuseu. Elemento fisiográfico fulcral na leitura das paisagens do centro de Portugal, em geral, e do Baixo Mondego, em particular, o Rio Mondego tem cativado, faz tempo, atenções várias por quem o sente, por quem o vive ou, simplesmente, por quem o contempla, ainda que por efémeros momentos que a memória, contudo, não apaga. O maior dos rios integralmente protugueses foi berço de culturas e leito de civilizações que nas suas margens floresceram e pereceram, renasceram e evoluiram, dando ao mundo novos mundos e novos modos de vida, que ficariam plasmados num palimpsesto cultural que tão bem define “Esta Coimbra...”. Nascido de um coração excêntrico em corpo lusitano, o Mondego serpenteia por entre morros e veredas agrestes marcadas pelo tempo que nelas traçou as rugas das rochas que lhes dão corpo e, já cansado, chega à cidade dos estudantes onde, vaidoso, se exibe em amplo espelho de água, melodioso e fanfarrão que, por um lado, enternece e convida a mergulhar no seu leito, por outro lado, intimida e afasta quem, de longe, o observa revolto, entupido pelas suas próprias águas turvas, em tons castanhos, reclamando novos rumos que não o do seu leito ordinário. És tu Mondego amado! Para ti são estas palavras, Mondego dos poetas, Mondego dos estudantes, Mondego dos profetas, Mondego dos amantes, Mondego..... nosso!

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  • Muliades, Munda,...Monda,... Mondecus,...Mondinho,... MONDEGO Da Estrela at Foz

    J. Gomes dos SantosDepartamento de Geografia - Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra

    Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Territrio (CEGOT)

    Breve Nota Preambular

    Este documento apenas um modesto testemunho moldado ao jeito de homenagem ao nosso Mondego, e surge na sequncia da solicitao que me foi apresentada pela Exma. Senhora Directora da Escola Secundria D. Duarte (Professora Isabel Veiga Simo), a propsito do Ecomuseu do Mondego, um projecto notvel que contempla, inclusivamente, a construo de um espao fsico nesta Escola. Esta importante iniciativa, cujos mentores e actores desejo saudar com os mais calorosos preitos, no poderia ter melhor localizao, em funo dos objectivos que a vinculam. A Escola Secundria D. Duarte escreve, assim, um poema fsico que abraa e honra o Rio que em seu leito a acolhe, mas homenageia, tambm, a Cidade por ele enamorada.

    Qual aorta fluvial que no corao de Portugal tem seu pulsar materno Serra da Estrela, o Rio Mondego h muito que inspira doutas palavras e saberes diversos. Mas foi (e ser sempre) a voz do povo que o torna imortal ao aceit-lo como , livre, por vezes rebelde, mas filho das terras que fazem crescer o trigo, o milho, o centeio e o arroz, esteio alimentar das gentes que nele construiram histrias de vida e vidas que ficaram para a Histria. No podemos, porm, falar do Rio Mondego sem a ele associar a palavra emocionada do Gegrafo, do Gelogo e do Historiador, ou o trao cartesiano do Arquitecto ou do Engenheiro. No podemos dele falar, tambm, sem invocar, com nostalgia, as suas lendas narradas ao jeito de fbula, em que bravos prncipes e belas princesas se associam ao seu baptismo, cujas verdadeiras razes sero, porventura, romanas e medievas. E porque de sensibilidades se faz o Ser, talvez por defeito de razo ou racional satisfao, me ocorra lembrar nomes como o de Alfredo Ferrnandes Martins, gegrafo da velha urbe Aeminiense que lavrou um dos primeiros documentos cientficos que marcam a identidade do Mondego e da sua bacia fluvial. O Esforo do Homem na Bacia do Mondego, teria de merecer lugar cativo nesta curta e singela redaco, pois certo ser afirmar que lhe pertence por direito prprio, o trono das memrias fsicas das estantes do Ecomuseu.

    Elemento fisiogrfico fulcral na leitura das paisagens do centro de Portugal, em geral, e do Baixo Mondego, em particular, o Rio Mondego tem cativado, faz tempo, atenes vrias por quem o sente, por quem o vive ou, simplesmente, por quem o contempla, ainda que por efmeros momentos que a memria, contudo, no apaga. O maior dos rios integralmente protugueses foi bero de culturas e leito de civilizaes que nas suas margens floresceram e pereceram, renasceram e evoluiram, dando ao mundo novos mundos e novos modos de vida, que ficariam plasmados num palimpsesto cultural que to bem define Esta Coimbra.... Nascido de um corao excntrico em corpo lusitano, o Mondego serpenteia por entre morros e veredas agrestes marcadas pelo tempo que nelas traou as rugas das rochas que lhes do corpo e, j cansado, chega cidade dos estudantes onde, vaidoso, se exibe em amplo espelho de gua, melodioso e fanfarro que, por um lado, enternece e convida a mergulhar no seu leito, por outro lado, intimida e afasta quem, de longe, o observa revolto, entupido pelas suas prprias guas turvas, em tons castanhos, reclamando novos rumos que no o do seu leito ordinrio. s tu Mondego amado! Para ti so estas palavras, Mondego dos poetas, Mondego dos estudantes, Mondego dos profetas, Mondego dos amantes, Mondego..... nosso!

  • Resumo:

    O Rio Mondego o principal dos rios integralmente portugueses. O maior na sua extenso e o segundo mais importante em termos de rea ocupada pela sua bacia hidrogrfica, o Mondego atravessa uma vasta faixa quase zonal do terririo luso. A equao complexa dos nomes que lhe tm sido atribudos e a breve nota de reflexo sobre os desgnios das suas guas (caracterizao hidrodinmica e morfodinmica) constituem os dois vectores matriciais da abordagem que, ao jeito de uma muito resumida monografia fluvial, nos propomos apresentar neste documento.

    Palavras-Chave: Rio, Mondego, caudal, bacia fluvial e rede fluvial

    Abstract:

    Mondego is the main fully portuguese river. The largest in its extension and the second most important in terms of area occupied by its fluvial basin, Mondego crosses a wide range of a nearly zonal portuguese land. The complex equation of probable names refered by people of different cultures/civilizations, and the brief reflection note concerning the origins and the destiny of its waters (hydrodynamics and morphodynamic characterization) are the two core vectors of this approach, regarded as a monographic exercice dedicated to Mondego river.

    Key-Words: River, Mondego, fluvial basin and river network

    O Mondego o fulcro.De todos os rios que drenam o planalto beiro, le ser o nico a atingir o Mar. Por isso os outros lhe prestam vassalagem pagam-lhe o tributo das suas guas. (Alfredo Fernandes Martins, 71, 1940).

    O Rio Mondego, ao qual Estrabo, sbio gegrafo grego, se referia como Muliades de todos os rios exclusivamente portugueses, o maior na sua extenso. Os cerca de 230 km que caracterizam o seu percurso que se inicia na Serra da Estrela e tem a sua zona vestibular na Figueira da Foz, emprestam ao Mondego um cunho de rio inteirio, nascido nas serranias interiores, mas que respeitosamente se inclina perante o gigante leito ocenico que (actualmente) separa as terras dos continentes europeu e americano, entregando-lhe as suas guas.

    De Munda ou Monda ao qual se juntaria o sufixo ecus formando a palavra Mundecus, como muito bem destaca o Professor Jorge de Alarco na sua admirvel obra Coimbra. A montagem do cenrio Urbano (33, 2008), a origem do nome no concensual, e as suas razes podem at remontar a tempos romanos, ou, ainda mais remotos. Todavia, na Idade Mdia, ecus significaria carinho e, por esta razo, tudo leva a crer que Mondecus, se acaso o nome s surgiu tardiamente, significaria o nosso Monda ou o querido Monda ou o Mondinho (neste ltimo caso, sem qualquer sentido de pequeno, mas com significado de dilecto ou bem amado. Mondeguinho hoje o nome do rio l onde ele nasce, na serra da Estrela (idem,ibidem).

    A tudo isto acresce a narrativa de lendas luso-mouriscas alusivas ao nome Diego e ao seu ecoar pelos confins das penedias serranas, Mon Diego... Mon Diego, ao ser pronunciado por uma bela

  • princesa que, chorando a ausncia do valente cavaleiro apaixonado, que viu partir deixando adivinhar tratar-se da sua ltima misso em combate, as suas lgrimas teriam formado o rio a que o povo chamaria Mondego.

    Sem pretender apresentar demasiada informao quantificada que tornaria este exerccio desaquedado aos propsitos de um curto esboo monogrfico, no seria admissvel que s informaes grficas e geogrficas apresentadas, no fossem acrescentados alguns valores numricos que caracterizam o Rio Mondego, a sua rede e a sua bacia bidrogrfica (fig.1).

    Fig. 1- Localizao da bacia e da rede fluvial do Rio Mondego.

  • O Rio Mondego arranca dos 1425m, altitude de uma das suas principais nascentes - Mondeguinho, e corre at alcanar os zero metros (0m) na Figueira da Foz, onde desemboca, no Oceano Atlntico. Ao longo dos 230 kms de extenso, o Mondego recebe o contributo hdrico de algumas centenas de outros orgnanismos fluviais, indirectos e directos ou de 1 ordem (cfr. fig.1), dos quais se destacam os rios Alva, Ceira, Arunca e Pranto (na margem esquerda), e Do (na margem direita).

    De acordo com os dados do Plano de Bacia do Rio Mondego publicados pela ARH Centro, so os seguintes os parmetros relativos ao contexto geogrfico, morfomtrico e climtico da bacia:

    A bacia hidrogrfica do rio Mondego (cfr. fig.1), que ocupa uma rea de 6 645 km, a segunda maior bacia integralmente nacional (logo a seguir do Rio Sado). Numa perspectiva de enquadramento geogrfico, localiza-se na regio centro de Portugal, limitada pelos paralelos 39 46 e 40 48 de latitude Norte e os meridianos 7 14 e 8 52 de longitude Oeste de Greenwich. Est inserida entre as bacias dos rios Vouga e Douro a Este, Norte e Noroeste, entre as bacias das ribeiras da costa atlntica dos concelhos de Figueira da Foz e de Pombal a Oeste, e entre as bacias dos rios Tejo e Lis a Sul e Sudeste. A sua forma rectangular, com eixo principal na direco Nordeste Sudoeste e a altitude mdia da ordem dos 375 m. De acordo com a mesma fonte, entre as principais caractersticas hidrolgicas destacam-se a precipitao mdia anual, 1123 mm, o caudal mdio no ms mais seco, 15 hm3, e o caudal mdio no ms mais hmido, 530 hm3. Do ponto de vista administrativo, so 45 os concelhos drenados pelo Rio Mondego e pela sua rede hidrogrfica, concelhos que pertencem aos distritos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.

    Alimentado por um clima Mediterrneo mitigado pelos efeitos nivais que coroam a Serra da Estrela, o Rio Mondego responde, no tempo e no espao, com um regime varivel dos seus caudais. A montante, o seu traado sinuoso e agreste, que durante grande parte do ano se reduz a um fio de gua bordejado por chores e salgueirais, que vai crescendo medida que engrossa o nmero e a dimenso dos seus tributrios de ambas as margens, o Rio um organismo fluvio-torrencial de resposta rpida variao da precipitao acumulada nas cabeceiras da sua bacia fluvial. medida que o rio avana para jusante, o carcter verdadeiramente fluvial assume o domnio absoluto do seu regime natural, mas com a variao do dbito a depender, agora, das polticas de gesto das infra-estruturas construdas para a regularizao dos caudais do Mondego e de alguns dos seus principais afluentes. Destacam-se os complexos Aguieira-Fronhas e, em Coimbra, o Aude-Ponte que, neste caso, permite manter um espelho de gua mais ou menos constante diante do stio da cidade. Daqui at Figueira da Foz, os cordes arenosos que, ao jeito de pequenas ilhotas, formam estruturas sedimentares do tipo barra longitudinal, constituem um trao mais ou menos constante do leito do rio na paisagem do Baixo Mondego, sobretudo, em contexto estival. No extremo oposto, Outonos e Invernos mais pluviosos do que o normal conduzem ao rpido engrossar dos seus caudais que, por vezes, leva o Rio a galgar as margens do seu leito ordinrio, criando situaes de risco para as populaes, semelhantes s que ocoreram em Janeiro de 2001. No entanto, o nosso basfias, pois assim lhe chamam com carinho as populaes ribeirinhas do Baixo Mondego, depois de controlada a bipolaridade do seu dbito pela aco do Homem, passou a revelar um comportamento mais regular e controlado, ao longo do ano.

    O Rio Mondego definiu o seu traado em duas unidades morfo-estruturais distintas; a montante, desde a nascente at s proximidades de Coimbra (junto da confluncia com o Rio Ceira), o Mondego talhou o seu vale em rochas magmticas e metamrficas muito antigas (por norma, com mais de 200 milhes de anos). Estas rochas, por vezes, muito dobradas e fracturadas, estruturam o Macio Antigo Ibrico, tambm designado por Macio Hesprico ou Soco Hercnico. s portas de Coimbra, na Portela, o Rio corre nos sedimentos que despositou sobre os afloramentos de rochas (tambm sedimentares) do Grupo Grs de Silves, porque lhe falta agora competncia e capacidade de transporte para continuar a deslocar para jusante, tantos calhaus rolados e outros sedimentos rochosos de grande dimenso, bem como a elevada carga de detritos rochosos, por

  • vezes, indiferenciados e misturados com depsitos coluvionares e aluvionares, que o Rio no consegue transportar. Por isso deposita-os. Os declives mais suaves e a insuficiente fora hidrulica que a eles se associa, obrigam o Rio a depositar os sedimentos que arrancou s vertentes que ficaram para montante. O Rio entra na designada Orla Meso-Cenozica Ocidental, passando a correr sobre materiais rochosos com idades mais recentes, em concreto, em rochas formadas desde h, aproximadamente, 200 milhes de anos at actualidade. A paisagem assume, agora, contornos de platitude muito acentuados, pois o Rio foi construindo a extensa plancie aluvial de nvel de base que define um dos principais traos morfolgicos do Baixo Mondego. No obstante, do seio desta plancie aluvial destacam-se, por vezes, relevos salientes associados (quase sempre) eroso diferencial tratando-se, em regra, de pequenos montes, suaves outeiros ou colinas, talhadas em rocha calcria, num contexto geomorfolgico tpico do Baixo Mondego, ao qual o gegrafo Amorim Giro, em tempos idos, se referia como uma dicotomia entre Campo e Monte. O primeiro daria o po, e no segundo construia-se a casa.

    guisa de concluso, do Mondego sobejam narrativas alusivas s origens do seu nome; convm, pois, manter o sentido crtico activo para evitar a profuso de incorreces. Do Mondego contam-se histrias mas a sua Histria (Paleogeografia) e a sua Geografia que nos permitem conhecer melhor aquele que , sem dvida, um dos mais fascinantes rios portugueses, no por ser o maior deles, mas porque (talvez como nenhum outro) define de forma to marcante a paisagem que o enquadra e, porque ao Mondego das aluvies se associam o Mondego das civilizaes, o Mondego das emoes, o Mondego das canes, o Mondego das paixes, o Mondego de Cames, o Mondecus.... nosso!

    Bibliografia:

    Alarco, Jorge, (2008) Coimbra. A montagemn do cenrio urbano. Imprensa da Universidade de Coimbra, 308p.

    Giro, Amorim, (1933)- Esbo duma carta regional de Portugal. 2ed., Imprensa da Universidade, Coimbra.

    Martins, Alfredo Fernandes, (1940)- O esforo do Homem na Bacia do Mondego. Universidade de Coimbra, Tese de em Cincias Geogrficas apresentada Universdidade de Coimbra, 299p.

    Endereos electrnicos:

    Atlas do Ambiente (verso digital), http://sniamb.apambiente.pt/webatlas/ (acedido em 31 de Maro de 2011)

    Plano de Bacia Hidrogrfica do Rio Mondego diagnstico, http://www.arhcentro.pt/website/ARH_do_Centro/Dep._de_Planeamento_Informa%C3%A7%C3%A3o_e_Comunica%C3%A7%C3%A3o/Planeamento_e_Informa%C3%A7%C3%A3o/Plan._Bacia_Hidrogr%C3%A1fica/PGH_-_Rio_Mondego.aspx (acedido em 31 de Maro de 2011)