45 | Outubro/Novembro 2011

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[4] [6] [14] Um dos mais experientes militantes da Juventude Popular decidiu candidatar-se à presidência da Distrital do Porto. Sob o lema “Este é o Norte!”, viu as suas propostas serem aprovadas no último Congresso Distrital, realizado em Gondomar. Agora, conta a’O Jovem quais as suas expectativas para este mandato e faz o retrato do distrito que agora abraça como Presidente Distrital. Uma entrevista a não perder. [8] No V Congresso Distrital do Porto da Juventude Popular, que elegeu João Ribeirinho Soares como novo Presidente Distrital, a concelhia da Maia viu quatro dos seus militantes entrarem nos novos órgãos. Como habitualmente, O Jovemoferece-te os sempre apetecíveis artigos de opinião de militantes da concelhia maiata. Manuel Oliveira, Carlos Pinto e Luís Miguel Ribeiro, assinam os textos que poderás ler nesta edição. Manuel Oliveira, Presidente da Juventude Popular da Maia, assina um artigo em que promove uma reflexão acerca dos planos do Governo para proceder à reforma administrativa do território. Um texto para ler e reflectir.

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O Jovem, jornal oficial da Juventude Popular da Maia. www.jpmaia.com

Transcript of 45 | Outubro/Novembro 2011

[4] [6] [14]

Um dos mais experientes militantes da Juventude Popular decidiu candidatar-se à

presidência da Distrital do Porto. Sob o lema “Este é o Norte!”, viu as suas propostas serem

aprovadas no último Congresso Distrital, realizado em Gondomar. Agora, conta a’O Jovem

quais as suas expectativas para este mandato e faz o retrato do distrito que agora abraça

como Presidente Distrital. Uma entrevista a não perder.

[8]

No V Congresso Distrital do Porto da Juventude Popular, que elegeu João Ribeirinho Soares como novo Presidente Distrital, a concelhia da Maia viu quatro dos seus militantes entrarem nos novos órgãos.

Como habitualmente, “O Jovem” oferece-te os sempre apetecíveis artigos de opinião de militantes da concelhia maiata. Manuel Oliveira, Carlos Pinto e Luís Miguel Ribeiro, assinam os textos que poderás ler nesta edição.

Manuel Oliveira, Presidente da Juventude Popular da Maia, assina um artigo em que promove uma reflexão acerca dos planos do Governo para proceder à reforma administrativa do território. Um texto para ler e reflectir.

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Já vimos todos, muitas vezes em

directo, cenas dramáticas à porta de

fábricas que fecham, com um

aglomerado de trabalhadores

visivelmente desesperados. Percebe-

se. Parte de um sistema laboral

(assente numa legislação implacável)

que privilegia a ideia de trabalho

mecânico e para toda a vida, muitos

trabalhadores vêm-se, de repente,

desempregados, demasiado novos

para a reforma e demasiado velhos

para o nosso mercado, e sem saber

fazer na vida nada mais do que

fizeram durante anos a fio,

normalmente funções que o mercado

cada vez menos pede e valoriza.

Esse sistema sustentado por uma

atitude de sindicatos que

berram mais do que pensam

e que acreditam viver nos inícios

do século XX, em nada acrescenta

ao desenvolvimento dos traba-

lhadores e do mercado laboral

português.

Na verdade, a ideia sempre em

voga, e reforçada nestes tempos de

crise, é a de que o posto de trabalho –

o emprego – é pertença do

trabalhador. Um direito inalienável.

Apesar de a rigidez tenaz da legislação

laboral portuguesa querer insinuar

isso mesmo, a verdade é que esse é

um bem que está nas mãos do

empregador, não propriamente

porque a decisão de despedir ou

contratar é dele, mas porque a

viabilidade da existência daquele posto

de trabalho depende da sua própria

viabilidade como patrão.

A palavra certa deverá ser, cada vez

mais, empregabilidade. Essa, boa ou

má, encontra-se sempre na posse de

guesa querer insinuar isso mesmo, a

verdade é que esse é um bem que está

nas mãos do empregador, não

propriamente porque a decisão de

despedir ou contratar é dele, mas

porque a viabilidade da existência

daquele posto de trabalho depende da

sua própria viabilidade como patrão.

A palavra certa deverá ser, cada vez

mais, empregabilidade. Essa, boa ou

má, encontra-se sempre na posse de

cada trabalhador. O seu

desenvolvimento depende das suas

próprias iniciativa e capacidade. É por

aí que o caminho deve ser trilhado.

É por isso que as políticas laborais

preconizadas ao longo dos tempos

por sucessivos responsáveis

governativos se têm mostrado

erradas. São essas mesmas

abordagens que lhes sustentam as

respostas dadas de improviso perante

o impacto da crise no emprego. Um

impacto que teria sido provavelmente

minimizado se acaso se tivesse posto

em prática, algures no passado, uma

política de emprego que se baseasse

num sistema bem mais flexível e em

trabalhadores qualificados e versáteis.

,

crise, é a portuguesa a

de que o posto de

trabalho – o emprego –

é pertença do traba-

lhador. Um direito

inalienável. Apesar de a

rigidez tenaz da

legislação laboral portu-

guesa

promover meios específicos além de

que proporciona um contacto mais

directo com todos os militantes.

Da reunião saíram mais objectivos e

metas futuras numa perspectiva

sempre realista e que vá de encontro à

imagem crítica e isenta que a

Juventude Popular sempre nos

habituou. A Comissão Política

Nacional da Juventude Popular

debateu nesta reunião vários pontos

de cariz de organização e crescimento

interno como a inclusão de novos

elementos na equipa nacional e

optimização dos processos de

comunicação e imagem. Os temas de

discussão política mais importantes

passaram pela tomada de posição da

Juventude Popular em relação a temas

como o programa Porta 65 e o

incontornável Orçamento de Estado

para 2012.

De assinalar que nunca antes a

concelhia da Maia tinha recebido um

momento desta importância. A

escolha e presença da Comissão

Política Nacional da JP no nosso

concelho enche a estrutura maiata de

orgulho e reconhecimento.

Se o plano de Miguel Relvas se concretizar,

o concelho da Maia, com pouco mais de

cem mil eleitores, verá o corpo executivo

da sua Câmara Municipal reduzir de dez

para oito elementos. Embora me pareça

que para a realidade do concelho

continuam a ser vereadores a mais, será

uma luta interessante de observar em 2013

tendo em conta o que se passou na última

ronda eleitoral. A disputa interna no PSD

Maia é sempre bastante animada por

muito que não transpareça externamente.

Aliás, essa é a melhor arma do PSD Maia.

Um partido que é tão partido e cheio de

facções internamente como a imagem de

coesão e tranquilidade que passam para os

atentos da pouca vida política do concelho.

A verdade é que o número de lugares será

encurtado e da última vez foi mesmo à

justa. Prevêem-se contas muito

complicadas para 2013 e desfechos,

parece-me, improváveis à partida.

Ao que tudo indica associado a isto estará a

última corrida de Bragança Fernandes. Não

acontecendo um cataclismo e contando

com a habitual mediocridade do PS Maia, o

actual edil será certamente reconduzido

em mais um mandato. O último por limite

imposto pela Lei. A vereação de 2013 será

por isso fundamental para perceber o jogo

político de futuro. Ou não. Há fortes

rumores de Bragança Fernandes não se

recandidatar em 2013. O que seria mau

para o PSD Maia.

Lidador Por terras de

No passado dia 30 de Outubro,

Domingo, a concelhia da Maia escreveu

mais um episódio de grande

importância para a sua história. Fruto da

política de descentralização que a

recente Comissão Política Nacional

(CPN) da Juventude Popular tem

imposto à estrutura, a concelhia da Maia

foi a escolhida para receber a mais

recente reunião deste órgão executivo

da Juventude Popular. Esta escolha

recaiu pela importância da concelhia da

Maia no universo da JP e também pela

presença neste órgão de dois maiatos:

Manuel Oliveira, Presidente da JP Maia

e Vogal da CPN, e Tiago Loureiro, Vice-

Presidente da JP Maia e Coordenador

Nacional do Gabinete de Estudos

Gonçalo Begonha.

A equipa chefiada pelo minhoto Miguel

Pires da Silva, recém-eleita em Julho no

Congresso Nacional de Lamego,

encontrou na concelhia da Maia o local

ideal para a promoção contínua da

descentralização deste órgão assim

como a consciência deste dos

problemas concretos que as concelhias

vivem no dia-a-dia. Desta forma o órgão

executivo da JP pode conhecer e

promover meios específicos além de

que proporciona um contacto mais

directo com todos os militantes.

Da reunião saíram mais objectivos e

metas futuras numa perspectiva sempre

A Comissão Política Distrital do Porto

da Juventude Popular (JP) tem um

novo presidente. Chama-se João

Ribeirinho Soares e sucede a Vera

Rodrigues, que cumpriu dois

mandatos na liderança da estrutura. A

eleição aconteceu no fim-de-semana,

durante o seu V Congresso Distrital,

que decorreu em Gondomar. A

reunião magna da distrital contou

com a representação de todas as

concelhias da estrutura, contando

com mais de 70 congressistas que

elegeram por unanimidade a moção

de estratégia global “Este é o Norte!”,

cujo primeiro subscritor é o agora

presidente.

De acordo com Manuel Oliveira, foi

um congresso “bastante” participado

a nível de estrutura. Contudo, afirma,

não foi tão participado, “infelizmente”

a nível de debate de ideias, até porque

só foi apresentada uma moção de

estratégia global que foi sufragada

por unanimidade. “E isso deve-se, se

calhar, a um bocadinho de desatenção

da parte da estrutura da JP no distrito.

Por exemplo, no congresso anterior

existiram mais moções, mesmo de

estratégia sectorial e isso realmente

foi pena”, justifica o presidente da

concelhia maiata.

Contudo, a moção de estratégia

global, que foi sufragada, sublinha

Manuel Oliveira

era bastante completa. “Ela vai desde

a gestão autárquica, o

empreendedorismo, passando pela

questão das finanças locais e também

pelo crescimento das concelhias e a

estratégia sectorial e isso realmente

foi pena”, justifica o presidente da

concelhia maiata. Contudo, a moção

de estratégia global, que foi

sufragada, sublinha Manuel Oliveira,

era bastante completa. “Ela vai desde

a gestão autárquica, o empreen-

dedorismo, passando pela questão

das finanças locais e também pelo

crescimento das concelhias e a aposta

na formação”, enumera. Medidas

apresentadas por João Ribeirinho

Soares e que foram “bastante

aplaudidas e discutidas pelos militantes

que estavam no congresso”, diz o líder

da concelhia da Maia.

A concelhia da Maia da Juventude

Popular viu, mais uma vez, vários dos

seus elementos serem chamados para

contribuir para os novos órgãos

distritais. O presidente dos jovens

populares da Maia, Manuel Oliveira,

será vice-presidente de João

Ribeirinho Soares numa equipa que

conta ainda com o maiato Nuno Silva.

Tiago Loureiro assume a presidência

da Mesa do Conselho Distrital

e Vânia Peres a vice-presidência

da mesa do Congresso Distrital.

estrutura maiata conseguiu ainda dois

militantes na quota da JP à

Assembleia Distrital do Porto do CDS,

Tiago Oliveira e Carlos Pinto.

Para Manuel Oliveira estas escolhas

de militantes da Maia para os órgãos

distritais, são o reconhecimento do

trabalho que a estrutura tem vindo a

desenvolver os últimos anos. “A Maia

tem sido reconhecida e bem, até

porque o merece e trabalha para isso,

A estrutura maiata conseguiu ainda

dois militantes na quota da JP à

Assembleia Distrital do Porto do CDS,

Tiago Oliveira e Carlos Pinto.

Para Manuel Oliveira estas escolhas

de militantes da Maia para os órgãos

distritais, são o reconhecimento do

trabalho que a estrutura tem vindo a

desenvolver os últimos anos. “A Maia

tem sido reconhecida e bem, até

porque o merece e trabalha para isso,

trabalha para o crescimento da JP

como um todo”.

O congresso ficou ainda marcado pela

despedida, depois de dois mandatos

consecutivos, de Vera Rodrigues

enquanto presidente da Comissão

Política Distrital. A agora deputada do

CDS pelo círculo do Porto à

Assembleia da República, apresentou

o relatório de actividades aos

congressistas tendo recebido

agradecimentos pelo seu contributo

para o crescimento da JP no distrito.

Vera Rodrigues disse sair com

garantias de um trabalho “bem feito e

que sempre esteve ao serviço dos

militantes das concelhias nos seus

planos de implantação e crescimento.

Os maiatos Manuel Oliveira e Nuno Silva foram eleitos como membros da nova

Comissão Política Distrital. Tiago Loureiro, na presidência da Mesa do Conselho

Distrital, e Vânia Peres, na vice-presidência da Mesa do Congresso Distrital, são os

outros representantes da Maia nos novos órgãos distritais.

João Ribeirinho Soares é o novo Presidente da Comissão Política Distrital

do Porto da Juventude Popular.

Verdade seja dita, um dos temas que

marcou a agenda de campanha do

PSD para as últimas eleições

Legislativas foi a reforma

administrativa do poder local.

Verdade mais do que dita, tem sido o

CDS, há anos, a promover no terreno

esse debate. Tema que me apraz

particularmente por tudo o que

representa no nosso quotidiano

enquanto cidadãos e por tudo o que

isto pode representar de extinção

para, espero, alguns desses, a reforma

do poder local será um dos

soundbytes mais sérios que a política

portuguesa tem para resolver nos

próximos meses.

Para os mais desatentos, este plano,

diga-se interessante, nada, mas

mesmo nada, tem de aspecto

aproximado de uma proposta de

criação de regiões autónomas política

e economicamente. Mesmo que no

plano de Miguel Relvas se fale em

descentralização – termo que define

mesmo nada, tem de as-

pecto aproximado de uma

proposta de criação de re-

giões autónomas política e

economicamente. Mesmo que no

plano de Miguel Relvas se fale em

descentralização – termo que define

uma Regionalização coerente e séria –

não se enganem. Ali deveria ler-se

deslocalização. São, portanto,

conceitos absolutamente distintos. O

livro verde, que é azul, da reforma do

poder local é um somatório de

algumas extinções, deslocalizações e

cortes de despesa nas Juntas de

Freguesia e Câmara Municipais.

Correcção: era. Com o lobby da Asso-

ciação Municipal de Municípios o

corte/extinção destas ficou em

stand by passando a batata quente

para as indefesas Juntas de Freguesia.

Todavia, por muito pouco que seja, é

alguma coisa.

Se o plano do Ministro dos Assuntos

Parlamentares for cumprido à risca, é

stand by passando a batata quente

para as indefesas Juntas de Freguesia.

Todavia, por muito pouco que seja, é

alguma coisa.

Se o plano do Ministro dos Assuntos

Parlamentares for cumprido à risca, é

muito possível que as eleições

autárquicas de 2013 sejam não só o

marco de um novo mapa e regras

deste jogo mas aquelas em que

teremos a máquina mais afinada e

verdadeiramente de acordo com as

reais necessidades do desen-

volvimento e crescimento do nosso

território. Nos quatro eixos que

compõem o documento – Sector

Empresarial Local; Organização do

Território; Gestão Municipal,

Intermunicipal e Financiamento; Nova

Democracia Local – há aspectos que

antevêem uma mudança e renovação

como outros que nos deixam a duvidar

das verdadeiras intenções desta

iniciativa: assusto-me quando leio que

é necessário “fomentar a

descentralização administrativa” e

depois as probabilidades passarem

pela extinção ou aglomeração de

juntas de freguesia – isto não é

descentralizar, é deslocar - e fico

reticente com o “reforçar a coesão e a

competitividade territorial” como se

uma freguesia valesse mais que outra,

como se uma freguesia do interior

fosse mais necessária, que é, do que

uma do litoral; “regular o

associativismo municipal no pres-

suposto de que não deverá repetir-se

nas suas funções” é matar a galinha,

depois de devidamente alimentada,

que traz todos aqueles preciosos

votos no momento crucial, logo, coisa

que nunca será controlada e

devidamente proibida; já “promover a

redução do sector empresarial local”,

à parte do palavrão feio deveria ler-se,

mais uma vez, extinção ou implosão

em detrimento de redução.

Expressões como “adequar o Sector

Empresarial Local à realidade local” e

redução do sector empresarial local”,

à parte do palavrão feio deveria ler-se,

mais uma vez, extinção ou implosão

em detrimento de redução.

Expressões como “adequar o Sector

Empresarial Local à realidade local” e

saber “quais os sectores onde este

deve actuar em substituição/

complemento dos Municípios” são um

mau prenúncio. Ou melhor, poderão

ser a indicação de que a força do

poder local é demasiada para que a

limpeza seja feita convenientemente,

cortando o mal pela raiz. Pormenores

linguísticos à parte, é evidente que

uma boa parte do cancro vai sair

intocável deste processo.

Mas o que andará a preocupar quase

todos são as perspectivas dos eixos

Nova Democracia Local e

Ordenamento do Território. Parece

realista e irrefutavelmente necessária

uma redução do número de

cargos políticos em todos os

executivos. Há demasiados deputados

municipais e de freguesia. Há

excessivos Presidentes de Câmara e

de Junta. Há Vereadores a mais.

Há recursos limitados para recursos

desnecessários. É expectável que

aqui o plano tenha uma

mão firme e concreta. Reduzir

o número de intervenientes

e organismos é essencial

para a desburocratização e

alívio do peso financeiro não só para o

Estado central mas também para

esses mesmos organismos. Não sendo

a Maia um caso assustador nestes

termos, e tenho sempre Barcelos

como referência, a verdade é que há

arestas a serem limadas e erros do

passado a serem corrigidos. É possível

ter quatro a cinco juntas de freguesia

com a mesma eficiência e grau de

relevância de dezassete. É possível ter

os mesmos resultados com menos

deputados municipais e menos

vereadores. E, mais importante ainda,

é mais do que lógico que o

responsável pela gestão da cidade

para a desburocratização e alívio do

peso financeiro não só para o Estado

central mas também para esses

mesmos organismos. Não sendo a

Maia um caso assustador nestes

termos, e tenho sempre Barcelos

como referência, a verdade é que há

arestas a serem limadas e erros do

passado a serem corrigidos. É

possível ter quatro a cinco juntas de

freguesia com a mesma eficiência e

grau de relevância de dezassete. É

possível ter os mesmos resultados

com menos deputados municipais e

menos vereadores. E, mais

importante ainda, é mais do que

lógico que o responsável pela gestão

da cidade possa escolher, após a

eleição, livremente a sua equipa sem

ficar sujeito a métodos de eleição

ridículos e inconsequentes. O poder

local desmistifica-se e renova-se

desta forma. Mais, aproxima-se e

serve melhor assim, quanto mais não

seja quem dele precisa como de pão

para a boca.

Quanto à pergunta para um milhão

de euros já todos a conhecemos: o

que fazer com os funcionários

excedentários destes organismos

excedentários? Meus caros,

mentalizem-se. Chegou a hora de

apenas ficar quem é realmente

necessário. Mas quem?

João Ribeirinho Soares, 25 anos. Um dos mais experientes militantes da Juventude

Popular decidiu candidatar-se à presidência da Distrital do Porto. Sob o lema “Este é o

Norte!”, viu as suas propostas serem aprovadas no último Congresso Distrital,

realizado em Gondomar. Agora, conta a’O Jovem quais as suas expectativas para este

mandato e faz o retrato do distrito que agora abraça como Presidente Distrital. Uma

entrevista a não perder.

Quais as principais motivações que

conduziram à tua candidatura à

Distrital do Porto da Juventude

Popular?

Num momento tão difícil para o País e

especialmente para a nossa região,

não podia esquecer as minhas

responsabilidades na altura de se

definir o futuro político desta

estrutura. Sendo este um desafio que

eu queria abraçar e lembrando o

slogan de campanha do CDS, este era

o momento.

Foste eleito com a moção “Este é o

Norte!”. Pensas que o distrito tem

perdido o Norte? Quais os principais

problemas que o têm levado a

navegar à deriva?

Completamente. Estamos a falar de

uma região que já foi e estava

habituada a sê-lo até há pouco tempo

o motor de desenvolvimento do país.

Estamos a falar de uma região que foi

economicamente forte,

industrialmente poderosa,

culturalmente influente e

politicamente preponderante. Hoje

habituada a sê-lo até há pouco tempo

o motor de desenvolvimento do país.

Estamos a falar de uma região que foi

economicamente forte, industrial-

mente poderosa, culturalmente

influente e politicamente

preponderante. Hoje falamos de uma

região assolada pelo flagelo do

desemprego, com dificuldades em

fidelizar empresas, em cativar

cérebros e conhecimento.

São várias as razões que nos levaram a

perder o Norte. O poderio económico

e industrial nortenho foi sendo

atacado dia após dia, mês após mês e

ano após ano até aos dias de hoje, por

Governos e Políticas sem critério que

traçaram um País a duas velocidades e

muito nefasto ao empreendedorismo

que está nos genes das pessoas desta

região. Basta olhar para o sector dos

serviços de âmbito privado que nasceu

devido à vontade e ao

empreendedorismo das pessoas do

Norte e que foi sendo “transferido”

para Lisboa. Do BPI restam as áreas

de Research e Investimento, do BCP

as assembleias gerais e dos seguros

devido à vontade e ao empre-

endedorismo das pessoas do Norte e

que foi sendo “transferido” para

Lisboa. Do BPI restam as áreas de

Research e Investimento, do BCP as

assembleias gerais e dos seguros

meras delegações comerciais. O

AICEP fugiu do Porto assim como o

INE. Se nada for feito, a próxima fuga

anunciada será a da gestão do Porto

de Leixões e do Aeroporto Francisco

Sá Carneiro. Vivemos uma década em

que o Poder Central demonstrou fobia

do Porto e temos de nos preparar para

inverter este ciclo.

A derradeira causa que nos levou a

perder o Norte foi a já famosa coesão

nacional que apenas serviu para

concentrar investimento na região de

Lisboa de Vale do Tejo e esqueceu o

resto do País e, principalmente, o

Porto. O país coeso e solidário que a

classe política de Lisboa nos vendeu é

um País assimétrico, pobre,

improdutivo, deficitário e cada vez

mais a caminhar alegremente para a

servidão.

E que Norte é esse que pretendes

pôr em prática nestes dois anos?

Pretendo que a Comissão Política

Distrital do Porto actue

essencialmente em 9 áreas que

considero fulcrais: Estado, Economia e

Finanças Públicas, que apesar de não

serem áreas comuns para uma

Distrital actuar, a actual conjuntura

leva-nos a estar atentos e a ser

diligentes; Educação e Ensino

Superior, um tema sempre actual e

onde a Juventude Popular tem

pautado a sua actuação como uma

organização responsável, séria e

credível; Investigação e

Desenvolvimento, essencial para se

projectar o Porto para o Futuro;

Empreendedorismo, um tema que

não podia faltar principalmente

quando estamos a falar da região mais

empreendedora do País; Infra-

“ O poderio económico e industrial

nortenho foi sendo atacado por

Governos e políticas sem critério

que traçaram um país a duas

velocidades e muito nefasto ao

empreendedorismo que está nos

genes das pessoas desta

região.

Desenvolvimento, essencial para se

projectar o Porto para o Futuro;

Empreendedorismo, um tema que

não podia faltar principalmente

quando estamos a falar da região mais

empreendedora do País; Infra-

Estruturas e Transportes, um tema

sempre da maior importância; mas

também Agricultura; Reforma

Administrativa; Segurança e Gestão

Autárquica.

Em termos de organização interna,

que novidades apresentas para este

dois anos?

Espero que não passemos os próximos

dois anos a trabalhar para dentro de

portas. Devido à conjuntura nacional e

distrital é tempo de agir para fora de

modo a mostrarmos ao eleitorado e

aos jovens qual é o Norte. No entanto,

e por forma a adaptar a organização

distrital à realidade dos dias de hoje é

óbvio que vamos apresentar algumas

mudanças a nível interno sempre com

o objectivo máximo de conseguirmos

optimizar a nossa forma de trabalhar.

O Conselho de Presidentes irá ser

reactivado de modo a termos um

fórum onde se possam partilhar as

diversas experiências locais. Só com

partilha de conhecimento e

experiências conseguiremos ser

melhores. Depois, e estando cientes

do desafio que vamos enfrentar em

2013 iremos nomear um coordenador

autárquico que terá como objectivo

organizar as próximas eleições em

conjunto com o CDS. Ainda a nível

organizacional apresentamos como

novidade a constituição de um

Gabinete de Estudos que, à imagem

do Gabinete de Estudos Gonçalo

Begonha, irá ter como prioridade o

combate cultural que está enraizado

na sociedade portuguesa como

propriedade da esquerda intelectual.

Ainda a nível de actividade política,

estão constituídos grupos de trabalho

no intuito de conseguirmos dar uma

combate cultural que está enraizado

na sociedade portuguesa como

propriedade da esquerda intelectual.

Ainda a nível de actividade política,

estão constituídos grupos de trabalho

no intuito de conseguirmos dar uma

resposta rápida à actualidade política.

Também a comunicação será alvo de

atenção com mudanças ao nível do

site institucional, presença nas redes

sociais e processos internos.

Alguns dos melhores quadros da

história da Juventude Popular são

do distrito do Porto. Mesmo quando

a representatividade da Juventude

Popular não era a melhor, o Porto

nunca perdeu a sua influência. Gerir

um distrito onde a qualidade e a

competência têm imperado torna-te

a tarefa mais facilitada? De que

forma isso pode ser aproveitado?

A fasquia está alta e nós queremos

elevá-la ainda mais. Comigo não há

lugar para pessoas conformadas e

sem ambição. O Porto tem uma

História impar na nossa organização e

é nosso objectivo que o Futuro seja

ainda melhor do que foi o Passado que

muito nos honra. É fulcral conseguir

aproveitar as diferentes valências dos

nossos militantes e dirigentes para

que o trabalho político produzido seja

de excelência. Para isto estão criados

diferentes grupos de trabalho sobre as

mais diferentes áreas com o objectivo

que se possa dar uma resposta célere

aos temas que marcam a actualidade

política. Os militantes do Distrito do

Porto tem por hábito não ler os jornais

de manhã para saber o que vão dizer

de tarde e como tal iremos continuar a

marcar a agenda política da JP, do

CDS, do Porto e de Portugal.

Dois desses quadros são,

actualmente, os dois deputados que

a Juventude Popular tem

Assembleia da República, ambos

eleitos pelo distrito do Porto. De que

forma pensas aproveitar essa mais-

a representatividade da Juventude

Popular não era a melhor, o Porto

nunca perdeu a sua influência. Gerir

um distrito onde a qualidade e a

competência têm imperado torna-te

a tarefa mais facilitada? De que

forma isso pode ser aproveitado?

A fasquia está alta e nós queremos

elevá-la ainda mais. Comigo não há

lugar para pessoas conformadas e

sem ambição. O Porto tem uma

História impar na nossa organização e

é nosso objectivo que o Futuro seja

ainda melhor do que foi o Passado que

muito nos honra. É fulcral conseguir

aproveitar as diferentes valências dos

nossos militantes e dirigentes para

que o trabalho político produzido seja

de excelência. Para isto estão criados

diferentes grupos de trabalho sobre as

mais diferentes áreas com o objectivo

que se possa dar uma resposta célere

aos temas que marcam a actualidade

política. Os militantes do Distrito do

Porto tem por hábito não ler os jornais

de manhã para saber o que vão dizer

de tarde e como tal iremos continuar a

marcar a agenda política da JP, do

CDS, do Porto e de Portugal.

Dois desses quadros são,

actualmente, os dois deputados que

a Juventude Popular tem

Assembleia da República, ambos

eleitos pelo distrito do Porto. De que

forma pensas aproveitar essa mais-

valia? Como tens visto o seu

trabalho?

Antes de mais queria começar por

referir que a presença do Michael

Seufert e da Vera Rodrigues na

Assembleia da República ambos como

Deputados da Juventude Popular

eleitos pelo círculo do Porto é algo

que nos orgulha muito. É fantástico

que, em quatro deputados eleitos no

distrito do Porto, dois sejam

militantes e dirigentes da Juventude

Popular, um seja Presidente

Honorário e o outro seja Fundador da

JC. (confere por favor este ponto do

“ Vivemos uma década em que o

Poder Central demonstrou fobia

do Porto e temos de nos

preparar para inverter este ciclo.

aproveitar as diferentes valências dos

nossos militantes e dirigentes para

que o trabalho político produzido seja

de excelência. Para isto estão criados

diferentes grupos de trabalho sobre as

mais diferentes áreas com o objectivo

que se possa dar uma resposta célere

aos temas que marcam a actualidade

política. Os militantes do Distrito do

Porto tem por hábito não ler os jornais

de manhã para saber o que vão dizer

de tarde e como tal iremos continuar a

marcar a agenda política da JP, do

CDS, do Porto e de Portugal.

Dois desses quadros são,

actualmente, os dois deputados que

a Juventude Popular tem

Assembleia da República, ambos

CDS, do Porto e de Portugal.

Dois desses quadros são,

actualmente, os dois deputados que

a Juventude Popular tem

Assembleia da República, ambos

eleitos pelo distrito do Porto. De que

forma pensas aproveitar essa mais-

valia? Como tens visto o seu

trabalho?

Antes de mais queria começar por

referir que a presença do Michael

Seufert e da Vera Rodrigues na

Assembleia da República ambos como

Deputados da Juventude Popular

eleitos pelo círculo do Porto é algo

que nos orgulha muito. É fantástico

que, em quatro deputados eleitos no

distrito do Porto, dois sejam

Assembleia da República ambos como

Deputados da Juventude Popular

eleitos pelo círculo do Porto é algo

que nos orgulha muito. É fantástico

que, em quatro deputados eleitos no

distrito do Porto, dois sejam

militantes e dirigentes da Juventude

Popular, um seja Presidente

Honorário e o outro seja Fundador da

JC.

É obviamente uma mais-valia que

deve ser aproveitada ao máximo e

eu próprio já tive oportunidade de

lhes dizer que espero recebê-los em

diversas iniciativas da Distrital bem

como aproveitar a sua presença na

Assembleia da República para ajudar

os nossos autarcas, dirigentes

associativos, etc. Apresento até aos

leitores d’O Jovem, em primeira

mão, a notícia de que no dia 10 de

Dezembro iremos ter uma audiência

com o deputado Michael Seufert no

sentido de percebermos a situação

do mercado de arrendamento e da

lei das rendas, lei esta que

consideramos estar a destruir os

centros urbanos do distrito do

Porto.

Foste eleito num dos momentos

mais difíceis da história

contemporânea do país. Como é que

avalias esta situação de crise?

A situação é de emergência absoluta.

Sofremos neste momento uma

intervenção externa consequente de

anos e anos a fio de políticas

gastadoras, sem critério e

“ É fantástico que, em quatro deputados eleitos no

distrito do Porto, dois sejam militantes e dirigentes

da Juventude Popular, um seja Presidente

Honorário e o outro seja Fundador da JC.

avalias esta situação de crise?

A situação é de emergência absoluta.

Sofremos neste momento uma

intervenção externa consequente de

anos e anos a fio de políticas

gastadoras, sem critério e

principalmente sem respeito nenhum

pelas gerações futuras. Os Centros

Culturais de Belém, as Expos 98, as

várias auto-estradas para Lisboa, as

Pontes Vasco da Gama, os BPNs, os

BPPs, os potenciais novos aeroportos

e TGVs pagam-se e são muito caros,

algo que a classe política que esteve

no poder nas últimas décadas não

percebeu ou não quis perceber.

Vivemos durante anos habituados a

ter tudo e a não pagar por nada pelo

que se não mudarmos o mindset não

iremos sair desta situação.

Mercado livre, regulação, controlo na

despesa e mobilidade social são

conceitos que devem passar a fazer

parte do léxico português.

Passados seis anos, o CDS voltou ao

Governo. Que análise fazes do

mesmo e que avaliação te merece

aquilo que, para já, tem feito? Que

expectativas tens em relação a esta

Legislatura?

O CDS demonstrou ao eleitorado que

estava apto para fazer parte da

solução. O CDS demonstrou que

aprendeu com os erros do passado e

que podia ser Governo. É Este é o

Momento. Do sucesso desta

legislatura depende o futuro de

Portugal pelo que é fulcral não

falharmos. Estão a ser adoptadas

reformas estruturais e fundamentais

no que toca à administração pública,

ao estatuto de impunidade das

empresas públicas, ao mercado

laboral, à saúde e à educação. O

Estado precisava de ser reformado e é

o que está a acontecer agora. Quanto

aos Ministros e aos Secretários de

Estado indicados pelo CDS, o seu

trabalho fala por si. Nos Negócios

empresas públicas, ao mercado

laboral, à saúde e à educação. O

Estado precisava de ser reformado e

é o que está a acontecer agora.

Quanto aos Ministros e aos

Secretários de Estado indicados pelo

CDS, o seu trabalho fala por si. Nos

Negócios Estrangeiros há muito que

ambicionávamos por uma diplomacia

económica activa, na Agricultura e

Ambiente foram dados passos muito

importantes relativamente ao

Proder, à eficiência energética e ao

controlo da despesa pública em

institutos e empresas não

necessárias, na Segurança Social

idem. A equipa de Secretários de

Estado também não está a desiludir o

eleitorado desmatelando Governos

Civis, reorganizando a Protecção Civil

e apostando fortemente na

altamente exportadora indústria do

turismo. Espero que o trabalho

continue com muita serenidade, sem

dar espectáculo mediático, ao

contrário dos últimos Governos e

principalmente com muita mas

mesmo muita qualidade.

Que mensagens deixas aos leitores

d’O Jovem e aos militantes da

Juventude Popular?

Que lutem pelos seus objectivos, que

não se conformem e que não

percorram o caminho para a

servidão.

está a desiludir o eleitorado

desmatelando Governos Civis,

reorganizando a Protecção Civil e

apostando fortemente na altamente

exportadora indústria do turismo.

Espero que o trabalho continue com

muita serenidade, sem dar

espectáculo mediático, ao contrário

dos últimos Governos e

principalmente com muita mas

mesmo muita qualidade.

Que mensagens deixas aos leitores

d’O Jovem e aos militantes da

Juventude Popular?

Que lutem pelos seus objectivos, que

não se conformem e que não percor-

ram o caminho para a servidão.

“ Mercado livre, regulação, controlo

na despesa e mobilidade social

são conceitos que devem passar

a fazer parte do léxico português.

Não tem sido fácil. O ano que está prestes a terminar

colocou Portugal no roteiro dos países impróprios para

cardíacos. Ninguém está a salvo: dos profissionais

liberais aos profissionais dos subsídios, dos

trabalhadores dependentes aos trabalhadores do

cansaço, dos recém-licenciados aos quase reformados,

pré-reformados ou… reformados. A complexidade do

nosso presente é tal que até os comentadores do

regime, ou da sarjeta, mudam de opinião tão depressa

como o último primeiro-ministro de país. Por um lado,

e mesmo não tendo o mesmo espalhado por offshores,

não o censuro.

Embora não seja um gajo propriamente dado a

fatalismos nem a pensamentos saudosistas, tenho

dedicado as minhas horas livres de introspecção a

pensar no que raio aconteceu para chegarmos a esta

situação miserável. É verdade que sobre isto a Dra.

Campos Ferreira já fez uns mil “Prós e Contras”, é

verdade que depois das coisas acontecerem há sempre

aqueles que dizem que tinham avisado e que é

inquestionável que neste momento todos parecem ter

uma dose de razão proporcional à da culpa. A bem da

lucidez, mesmo que mínima, façamos então uma

simples equação: se a culpa é de um tal de capitalismo

selvagem, será também em iguais proporções de um, e

assumo orgulhosamente o conceito, socialismo

selvagem. Mais: se juntarmos habilidosos de fato,

diplomas ao domingo e anos de vassalagem em cima,

temos umas largas centenas de tontos que têm

tentado encontrar um equilíbrio entre estas

duas formas de selvajaria. E não, não falo do centrão,

da direita ou da esquerda. O resultado da

equação é um mal transversal que vem

desde o indivíduo mais inútil, passando pelo instituto

mais irrelevante ou empresa pública mais corrupta, à

quase inexistência do sistema judicial e a uma

democracia que, dizem, ser representativa.

Assumamos sem medo: o grande mal deste canteiro à

beira mar plantado é exactamente o seu dono. Nós.

À medida que escrevo este complexo exercício de

atribuição de culpas marcham aqueles que se intitulam

de “Indignados”. À primeira vista, parece-me bem.

Acredito que neste momento não haja um português

que não esteja minimamente indignado. E aqui

também convém explicar-me porque podemos ir do

indignado por ter perdido poder de compra, ao

indignado por ter perdido oportunidade de negócio; do

indignado que acha que devia ter roubado toda a vida

em vez de ter sido honesto, ao indignado que tem cada

vez menos para roubar; do indignado que trabalha

doze horas por dia e recebe uma miséria, ao indignado

que é gestor público e lhe cortaram dois subsídios de

mais de dez mil euros; do indignado que vai ter de

trabalhar mais meia hora por dia, ao indignado que já

não foi a tempo dos portáteis que o Estado oferecia

por cem euros; do indignado com mais de quarenta

anos de trabalho e lhe aumentam consecutivamente a

idade da reforma, ao indignado que foi para um curso

que sabia não ter saída profissional mas agora reclama

que não consegue arranjar emprego; do indignado que

contribui para um Serviço Nacional de Saúde ao qual

nunca precisou de recorrer, ao indignado pelas taxas

moderadoras que agora limitam a sua ida às urgências

por causa de uma unha encravada; do indignado que

tem um sistema fiscal que lhe sufoca o carácter

empreendedor e gerador de riqueza, ao indignado que

reclama quando o patrão o manda produzir mais e

falar menos; do indignado que é bom aluno e lhe

cortam uma bolsa de mérito, ao indignado

com o aumento de impostos mas tem um filho

constantemente a repetir de ano na escola pública; do

indignado que vê políticos a roubar escandalosamente

o erário público, ao indignado que também vê mas

vota neles; do indignado que já não consegue sentir

mais nada que não seja a justa indignação, ao

indignado que só o é porque alguém o manda ser.

Estes são os indignados dos nossos dias. Somos todos

indignados. Principalmente quando nos toca

pessoalmente e temos de arranjar algum bode

expiatório. De preferência um que devia ter estado lá

para nos aparar as quedas só porque sim. É isto o

Estado em Portugal, um misto de segurança falsa e

viciante. Um Estado que é gerido por quem dele mais

precisa para muitos que acham que precisam. É então

este o estado das coisas. Ou melhor, é o Estado que

quiseram e têm. Portanto, seus indignadíssimos,

paguem a conta e não se queixem.

Está na génese do ser humano ofuscar rapidamente (e

assim não questionar) as suas origens, os princípios

que o regeram em circunstâncias passadas não

continuadas no presente, ou ainda, entre outros, o

esforço e motivo de conquistas passadas, individuais

ou colectivas. É ainda inato não se questionar sobre o

conteúdo da sua interacção com a sociedade, estando

mais preocupado em desfrutar do que esta lhe

concede ou impõe. E é precisamente no plano dos

direitos consagrados hoje no mercado de trabalho que

vale a pena reflectir. Mais especificamente nos ditos

subsídios de Férias e de Natal. Não sem antes,

evidenciar a delicadeza na natureza do tema num

contexto de uma sociedade outrora empurrada para a

subsidio-dependência, e hoje voluntariamente

acostumada a esses princípios.

Estamos no pós-revolução de 1974. Vasco Gonçalves,

com ligações estreitas a elementos do PCP, decide

criar estes dois subsídios. Na sua origem, estes

subsídios foram introduzidos na legislação por diversas

razões e pressões, na sua globalidade benéficas para as

diversas partes, no contexto temporal em que foram

implementadas. De facto, o Estado arrecadaria um

acréscimo de receitas provenientes de impostos, ainda

que tivesse que despender verbas para o sector público

do Estado. A mão-de-obra teria naturalmente um

acréscimo de rendimentos. A indústria e turismo

veriam o seu volume de negócios aumentar, além do

óbvio benefício do sector bancário, já na época, roda

motriz da economia. Tudo isto embrulhado num

simbolismo compensatório para a mão-de-obra em

que à partida todos pareciam ganhar e que na prática

potenciaria um ‘boost’ na economia. Traduzia-se numa

verdadeira injecção de capital, particularmente o

correspondente ao 14º vencimento, pelo calendário

em que seria pago.

Ora, volvidos quase quarenta anos nenhum dirigente

político soube adaptar estes benefícios à realidade dos

tempos. Melhor dizendo, ninguém teve coragem para

o fazer… À luz do actual ‘modus operandi’ da

economia e da sociedade de consumo (com uma

estrutura vestigial há quarenta anos), estas constituem

remunerações totalmente artificiais, desvirtuadas do

propósito de criação de riqueza que supostamente lhes

deu origem.

Seria útil rever estes conceitos obsoletos que

alimentam o conformismo e a estagnação individual

no plano profissional. Não podem ser dados

gratuitamente nem sequer traduzem uma

compensação do que quer que seja como alguns

anciães defendem. Apenas representam hoje mais

uma forma de cultivar a subsidio-dependência, a

remuneração gratuita em que a sociedade portuguesa

está mergulhada.

Um regime compensatório com teto máximo idêntico

poderia se impor e substituir gradualmente

estes dois subsídios, transformando-os em prémios de

produtividade. Quem produz mais é premiado na

devida proporção. Princípio básico que atende aos

anseios dos geradores de emprego… as empresas.

Princípio básico que atende ao fomento da

competitividade, da meritocracia. Princípio básico que

contrai o consumo desenfreado porque mais do que

crescimento económico exige-se hoje controlo de

défices (e o primeiro não tende directamente ao

segundo).

Perceber-se-á, assim em tempos de crise, a

necessidade de regulação e até de contenção nestas

remunerações. Porque afinal de contas, representam

meramente subsídios…

Actualmente quando questionados, todos os

indivíduos têm a noção que no panorama do comércio

internacional, a China tem sido o poder económico

vigente e que em nada tem ajudado as empresas, e

sobretudo à manutenção dos postos de trabalho que

têm sido deslocalizados para aquela parte da Ásia. A

acrescer para este sentimento negativo, temos ainda

de juntar as associações dos direitos humanos que

constantemente fazem apelos para as alterações das

condições sub-humanas que os trabalhadores da China

que enfrentam todos os dias.

Mas se recuarmos para uma perspectiva histórica, mais

concretamente para o início do século XVIII, quando a

Inglaterra era o poder económico central a indústria de

manufactura era responsável por um grande número

de postos de trabalho na região que abasteciam o

mercado interno, tendo como efeito imediato

melhorias no nível de vida da população que assim

tinha acesso a produtos que nunca nas suas vidas

tinham tido possibilidades de adquirir.

No entanto nos EUA se a mesma tecnologia existente

na Inglaterra fosse lá aplicada provocaria uma

deslocalização da indústria para a América arrastando

consigo postos de trabalho que seriam extintos na

Inglaterra e criados nos EUA. Mas o efeito no global a

população dos dois países em geral beneficiariam com

o acesso aos produtos industriais a um custo mais

baixo, aumentando assim o poder de compra de todos

os indivíduos. Como durante o século XVIII os estudos

sobre o comércio internacional eram praticamente

inexistentes surgiu com naturalidade a necessidade de

protecção da indústria de manufactura tentando-se

evitar a todo o custo que a tecnologia de então fosse

enviada para a América para não prejudicar os postos

de trabalho existentes na Inglaterra.

Actualmente a história pouco difere do século XVIII,

pois um pouco por todo o globo sentimos a

necessidade de protecção de postos de trabalho

nacionais e para isso apelamos à criação de quotas à

evitar a todo o custo que a tecnologia de então fosse

enviada para a América para não prejudicar os postos

de trabalho existentes na Inglaterra.

Actualmente a história pouco difere do século XVIII,

pois um pouco por todo o globo sentimos a

necessidade de protecção de postos de trabalho

nacionais e para isso apelamos à criação de quotas à

importação, tarifas alfandegárias, artimanhas e

esquemas para impedir e afastar do mercado produtos

externos que inundam o mercado e que

consequentemente afundam o seu preço para

desespero de produtores. Mas analisando a questão

pelos olhos de um observador imparcial, a redução dos

preços dos produtos apenas beneficia os consumidores

que com o mesmo rendimento obtêm um aumento do

poder de compra, isto é, com o mesmo montante

monetário consegue adquirir mais bens e

consequentemente melhora o seu nível de vida. Por

outro lado, quando as empresas se deslocalizam

aumentam o rendimento dos assalariados do país que

as acolhem pelo que consequentemente os indivíduos

desses países de acolhimento vão ter necessidade de

mais bens de consumo. Um exemplo concreto da

aplicabilidade deste benefício mútuo é que embora

nos EUA esteja a ser criado desemprego na área da

manufactura, na área da aeronáutica a Boeing está a

aumentar as vendas de aviões para a China o que se

traduz na criação de emprego mais qualificado nos

Estados Unidos.

Um outro ponto que se têm que ter em conta, são aos

apelos dos grupos dos direitos humanos, que se

impõem contra sistemas de trabalho de várias horas

entre outras questões relacionadas. Mais uma vez

analisando a situação sobre um ponto de vista

imparcial, podemos contratar que os indivíduos

perante a escolha de trabalho no campo ou a indústria,

escolhe com frequência a segunda opção uma vez que

as condições de trabalho são menos penosas embora

com jornadas de trabalho de 12 ou mais horas. Facto

entre outras questões relacionadas. Mais uma vez

analisando a situação sobre um ponto de vista

imparcial, podemos contratar que os indivíduos

perante a escolha de trabalho no campo ou a indústria,

escolhe com frequência a segunda opção uma vez que

as condições de trabalho são menos penosas embora

com jornadas de trabalho de 12 ou mais horas. Facto

que já originou medidas governamentais na China para

impedir o êxodo rural, impedindo a deslocação de

indivíduos para as cidades, o que condena milhares de

seres humanos à pobreza e sendo este acto

governamental um atentado às liberdades individuais

humanas, mas que constantemente passa

despercebido na agenda destas associações.

Assim, ignorar os benefícios do comércio internacional

é condenar toda a população do planeta a um

retrocesso tal como foi comprovado nas políticas de

autarcia adoptadas na China e Índia (antes de 1990),

Coreia do Norte, Cuba e Argentina.