Observatório Covid-1 9Observatório Covid-19 SEMANAS 45 P.3 EPIDEMIOLÓGICAS 44e de 25 a 31 de...

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Observatório Covid-19 e 44 45 de 25 a 31 de outubro e de 1 a 7 de novembro m dos aspectos centrais no enfrentamento de situações como a pandemia atual é que as medidas, ações e políticas sejam basea- das em dados e informações. Por um lado, para que informações de cunho analítico como indicadores possam ser produzidas, é fundamental a existência de uma infraestrutura e sistema de saúde que possibilite coletar dados a partir dos testes diagnósticos realizados nos laboratórios, dos atendimentos nos serviços de saúde, das internações hospitalares, dos registros de óbitos. Limites nesta infraestrutura podem resultar em subnotificações e defasa- gem dos registros nos sistemas de informações, resultando em tomadas de decisões baseadas em informações insuficientes e/ou imprecisas. Além destes limites, para que estes diferentes tipos de dados, coletados em uma diversidade imensa de municípios e estados no país, possam constituir painéis de informações de forma a subsidiar tomadas de decisões, é fundamental que os países disponham de uma infraestrutura robusta de dados e informações. Trata-se de uma infraestrutura que evite instabilida- des e falhas que possam potencializar a defasagem dos registros. Tomadas de decisões realizadas no presente, em situações de crises sanitárias, tem como objetivos reduzir os riscos atuais e futuros. Mas, de modo geral, são sempre realizadas analisando os registros do passado (dias, semanas, meses anterio- res). Se estes registros são incompletos ou defasados por problemas na infraestrutura de saúde e/ou infraestrutura de dados e informações uma das consequências imediatas é a tomada de decisões com imprecisões e incertezas. Durante a última semana o Brasil enfren- tou instabilidades e falhas nos sistemas de informações relacionadas à Pandemia Covid-19. Deste modo, os dados e informa- ções apresentadas neste Boletim Covid-19 para as semanas 44 e 45 irão refletir os limites resultantes desta situação. Porém, não se pode deixar de destacar que o enfren- tamento de situações de crises sanitárias exige um sistema de vigilância em saúde bem estruturado e este requer uma infraes- trutura robusta de dados e informações que reduza a vulnerabilidade do país não só ao vírus Sars-Cov-2 e sua propagação, mas também em termos de dados e informações que são vitais para as tomadas de decisões dentro e fora do setor Saúde. Os dados consolidados para o país apresentaram continuidade da tendência de queda no número de óbitos por Covid-19 ao longo das semanas epidemiológicas 44 e 45, em torno de 400 óbitos diários. Esse sinal vinha sendo acompanhado pela redução do número de ocorrências (cerca de 18.000 casos por dia entre 25 de outubro a 7 de novembro). No entanto, nos últimos dias se observou um crescimento de casos, que subiram de 16 mil em 6 de novembro para 19 mil no dia 10. Alguns estados não informaram a tempo os últimos registros de casos e óbitos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe – SIVEP Gripe, o que pode provocar uma subestimativa desses valores. Conforme apontado em boletins anteriores, esse padrão não é uniforme em todo o território nacional. As maiores taxas de incidência de Covid-19 foram observadas nos estados de Roraima, Amapá, Espírito Santo e Santa Catarina, enquanto as taxas de mortalidade por Covid-19 foram mais elevadas nos estados do Amazonas, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal. As divergências entre padrões de incidência e de mortalidade nos estados podem ser resultado da maior capacidade de diagnóstico e testagem, como em Santa Catarina, ou do atraso da notificação, a exemplo do Amapá, que apresentou aumen- to no número de casos, mas redução no número de óbitos. De maneira inversa, no estado do Rio Grande do Norte foi verificada uma queda significativa de incidência de novos casos, porém houve um aumento nas taxas de mortalidade. Nessa e em diversas outras situações, deve-se ressaltar que há uma defasagem de duas ou três semanas entre ‘picos’ de casos e de óbitos, devido ao agravamento de alguns quadros clínicos. De U Boletim Observatório Covid-19 é uma publicação do Observatório Covid-19 /Fiocruz. Presidente: Nísia Trindade Lima • Chefe de Gabinete: Valcler Rangel Fernandes Observatório Covid-19: Carlos Machado de Freitas, Christovam Barcellos, Daniel Antunes Maciel Villela, Gustavo Corrêa Matta, Lenice Costa Reis, Margareth Crisóstomo Portela • Coordenadoria de Comunicação Social - Coordenação: Elisa Andries Edição: Regina Castro • Revisão: Regina Castro e Ricardo Valverde Projeto Gráfico e Arte: Airton Santos e Antonio Augusto Farah de Mesquita • Gráficos/Visualização de dados: Raphael de Freitas Saldanha EXPEDIENTE Tendências e incidência e da mortalidade por COVID-19 fato, no boletim anterior, a Fiocruz alertava para um aumento no número de casos nesse estado, que foi seguido por um aumento da mortalidade por Covid-19 nas semanas subsequentes. A permanência de valores elevados desses indicadores evidencia a intensa transmissão do vírus na região Centro-Oeste nas semanas recentes e instabilidade na região Norte, que pode apresentar novos surtos nos próximos meses. No Estado do Rio de Janeiro se obser- va a manutenção de altas taxas de letalidade (3,8%), dada pela proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19. Esse valor ainda é considerado alto em relação a outros estados e aos padrões mundiais, à medida que se aperfeiçoam as capacidades de diagnósti- co e de tratamento oportuno da doença, o que revela falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde. AC AL AP AM BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PR PE PI RJ RN RS RO RR SC SP SE TO 0.1 0.2 0.3 0.4 10 20 30 Taxa de incidência de casos Taxa de mortalidade

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Page 1: Observatório Covid-1 9Observatório Covid-19 SEMANAS 45 P.3 EPIDEMIOLÓGICAS 44e de 25 a 31 de outubro e de 1 a 7 de novembro Segundo o CNES, entre os dias 26 de outubro e 09 de novembro,

Observatório Covid-19e44 45 de 25 a 31 de outubro e

de 1 a 7 de novembro

m dos aspectos centrais no enfrentamento de situações como a pandemia atual é que as

medidas, ações e políticas sejam basea-das em dados e informações. Por um lado, para que informações de cunho analítico como indicadores possam ser produzidas, é fundamental a existência de uma infraestrutura e sistema de saúde que possibilite coletar dados a partir dos testes diagnósticos realizados nos laboratórios, dos atendimentos nos serviços de saúde, das internações hospitalares, dos registros de óbitos. Limites nesta infraestrutura podem resultar em subnotificações e defasa-gem dos registros nos sistemas de informações, resultando em tomadas de decisões baseadas em informações insuficientes e/ou imprecisas.

Além destes limites, para que estes diferentes tipos de dados, coletados em uma diversidade imensa de municípios e estados no país, possam constituir painéis de informações de forma a subsidiar tomadas de decisões, é fundamental que os países disponham de uma infraestrutura robusta de dados e informações. Trata-se de uma infraestrutura que evite instabilida-des e falhas que possam potencializar a defasagem dos registros. Tomadas de decisões realizadas no presente, em situações de crises sanitárias, tem como objetivos reduzir os riscos atuais e futuros. Mas, de modo geral, são sempre realizadas analisando os registros do passado (dias, semanas, meses anterio-res). Se estes registros são incompletos ou defasados por problemas na infraestrutura de saúde e/ou infraestrutura de dados e

informações uma das consequências imediatas é a tomada de decisões com imprecisões e incertezas. Durante a última semana o Brasil enfren-tou instabilidades e falhas nos sistemas de informações relacionadas à Pandemia Covid-19. Deste modo, os dados e informa-ções apresentadas neste Boletim Covid-19 para as semanas 44 e 45 irão refletir os limites resultantes desta situação. Porém, não se pode deixar de destacar que o enfren-tamento de situações de crises sanitárias exige um sistema de vigilância em saúde bem estruturado e este requer uma infraes-trutura robusta de dados e informações que reduza a vulnerabilidade do país não só ao vírus Sars-Cov-2 e sua propagação, mas também em termos de dados e informações que são vitais para as tomadas de decisões dentro e fora do setor Saúde.

Os dados consolidados para o país apresentaram continuidade da tendência de queda no número de óbitos por Covid-19 ao longo das semanas epidemiológicas 44 e 45, em torno de 400 óbitos diários. Esse sinal vinha sendo acompanhado pela redução do número de ocorrências (cerca de 18.000 casos por dia entre 25 de outubro a 7 de novembro). No entanto, nos últimos dias se observou um crescimento de casos, que subiram de 16 mil em 6 de novembro para 19 mil no dia 10. Alguns estados não informaram a tempo os últimos registros de casos e óbitos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe – SIVEP Gripe, o que pode provocar uma subestimativa desses valores. Conforme apontado em boletins anteriores, esse padrão não é uniforme em todo o território nacional. As maiores taxas de incidência de Covid-19 foram observadas nos estados de Roraima,

Amapá, Espírito Santo e Santa Catarina, enquanto as taxas de mortalidade por Covid-19 foram mais elevadas nos estados do Amazonas, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal. As divergências entre padrões de incidência e de mortalidade nos estados podem ser resultado da maior capacidade de diagnóstico e testagem, como em Santa Catarina, ou do atraso da notificação, a exemplo do Amapá, que apresentou aumen-to no número de casos, mas redução no número de óbitos. De maneira inversa, no estado do Rio Grande do Norte foi verificada uma queda significativa de incidência de novos casos, porém houve um aumento nas taxas de mortalidade. Nessa e em diversas outras situações, deve-se ressaltar que há uma defasagem de duas ou três semanas entre ‘picos’ de casos e de óbitos, devido ao agravamento de alguns quadros clínicos. De

U

Boletim Observatório Covid-19 é uma publicação do Observatório Covid-19 /Fiocruz.Presidente: Nísia Trindade Lima • Chefe de Gabinete: Valcler Rangel Fernandes • Observatório Covid-19: Carlos Machado de Freitas, Christovam Barcellos, Daniel Antunes Maciel Villela, Gustavo Corrêa Matta, Lenice Costa Reis, Margareth Crisóstomo Portela • Coordenadoria de Comunicação Social - Coordenação: Elisa Andries • Edição: Regina Castro • Revisão: Regina Castro e Ricardo Valverde • Projeto Gráfico e Arte: Airton Santos e Antonio Augusto Farah de Mesquita • Gráficos/Visualização de dados: Raphael de Freitas Saldanha

EXPEDIENTE

Tendências e incidência e da mortalidade por COVID-19fato, no boletim anterior, a Fiocruz alertava para um aumento no número de casos nesse estado, que foi seguido por um aumento da mortalidade por Covid-19 nas semanas subsequentes. A permanência de valores elevados desses indicadores evidencia a intensa transmissão do vírus na região Centro-Oeste nas semanas recentes e instabilidade na região Norte, que pode apresentar novos surtos nos próximos meses. No Estado do Rio de Janeiro se obser-va a manutenção de altas taxas de letalidade (3,8%), dada pela proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19. Esse valor ainda é considerado alto em relação a outros estados e aos padrões mundiais, à medida que se aperfeiçoam as capacidades de diagnósti-co e de tratamento oportuno da doença, o que revela falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde.

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10 20 30Taxa de incidência de casos

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Figura 1: Tendências e taxas de casos e óbitos

Os mapas têm como objetivo apontar tendências na incidência de casos e de mortalidade nas últimas duas semanas epidemiológicas. O valor acima de 5% indica uma situação de alerta máximo; variação entre a -5 e +5% indica estabilidade e manutenção do alerta e menor que -5% indica redução, mesmo que temporária, da transmissão.

-1,7

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Tendência: Tendência:

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Observatório Covid-19 P.345SEMANASEPIDEMIOLÓGICAS 44e de 25 a 31 de outubro e

de 1 a 7 de novembro

Segundo o CNES, entre os dias 26 de outubro e 09 de novembro, foram desativados leitos de Covid-19 para adultos no Ceará, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. As taxas de ocupa-ção mantiveram-se predominantemente estáveis, apesar de se observar uma leve piora do cenário geral, em comparação ao dia 26 de outubro, com o aumento do número de unidades federati-vas na zona de alerta de seis para oito, e duas delas - Amazonas (88,5%) e Espírito Santo (84,1%) - na zona de alerta crítica.

Amapá, Paraná e Distrito Federal que estavam na observação anterior fora da zona de alerta, retornaram à zona de alerta intermediária. Pernambuco e Ceará mantiveram-se na zona de alerta intermediária, com incremento nas taxas de ocupação. Em contrapartida, Goiás saiu da zona de alerta. O estado do Rio de Janeiro mantém-se fora da zona de alerta (53,2%), embora a sua capital tenha voltado à zona de alerta crítica, com 82,0% de taxa de ocupação.

Leitos de UTI para COVID19

Sindemia e a Covid-19 no Brasil

Níveis de atividade e incidência de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG)

esquisadores de diversas disciplinas têm utilizado o conceito de sindemia para descrever a pandemia de

Covid-19 e a necessidade de produzir uma abordagem que supere as clássicas oposições entre as dimensões biológicas e sociais do processo saúde-doença. Essa abordagem não é inteiramente nova para a medicina social latinoamericana e para a saúde coletiva brasileira que incorporam a dinâmica da determinação social da saúde e o conceito ampliado de saúde, inscrito na constituição brasileira de 1988. O conceito de sindemia, elaborado por Merrill Singer nos anos 1990, propõe uma abordagem que considera a relação entre diferentes tipos de enfermidades (transmissíveis e não-transmissíveis) em grupos e indivíduos, as quais interagem com dinâmicas sociais e ambientais e que, em contextos de desigualdades e injustiças sociais, podem resultar em maior vulnerabili-dade para determinadas populações. Como Horton (2020) destaca, sindemia não significa apenas reconhecer comorbi-dades e doenças pré-existentes, mas também as interações biológicas e sociais

no aumento da suscetibilidade de determi-nados indivíduos e grupos sociais, que resultam no agravamento das suas condi-ções de saúde. No caso da Covid-19, temos uma doença transmissível que interage com doenças crônico-degenerativas, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovas-culares, câncer; além de outras condições como idade, obesidade, classe social, acesso a serviços de saúde e raça. Essa interação tem produzido maior vulnerabiliza-ção para alguns grupos sociais e indivíduos, especialmente em países com elevada iniquidade social e sanitária. Em uma orientação sobre os efeitos de saúde a longo prazo, publicada pelo Sistema de Saúde Inglês em 7 de setembro de 2020 (https://www.gov.uk/government/publications/covid-19-long-term-health-effects/covid-19-long-term-health-effects), destacou-se que em cerca de 10% dos casos de Covid-19 considerados leves, que não foram internados em hospi-tais, foram observados sintomas que duraram mais de quatro semanas. Além disso, em vários casos hospitalizados foram relatados sintomas contínuos por oito ou mais semanas após a alta. A lista dos

P problemas de saúde persistentes relatados após doença aguda Covid-19 é bastante ampla, envolvendo: sintomas e condições respiratórias; sintomas cardiovasculares; perda prolongada ou mudança no paladar e no olfato; problemas de saúde mental; distúrbios inflamatórios; distúrbios gastrointestinais; dores de cabeça contínu-as; fadiga, fraqueza e insônia; disfunção hepática e renal; distúrbios de coagulação e trombose; linfadenopatia e erupções cutâneas. Na pandemia de Covid-19, a combina-ção de doenças pré-existentes com condi-ções sociais e biológicas agem em uma tal sinergia que contribui para tornar determina-dos indivíduos e grupos sociais mais susce-tíveis e vulnerabilizados. Ao mesmo tempo um conjunto amplo de problemas de saúde pode surgir e persistir por algumas semanas. Estas características obrigam a tratar a pandemia como uma sindemia, exigindo uma abordagem mais ampla dos sistemas e serviços de saúde, bem como do conjunto de políticas sociais e econômicas que reduzam a vulnerabilidade de determinados indivíduos e grupos sociais.

O monitoramento de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) permite construir indicadores a partir de dados de hospitalização e óbitos por SRAG, que incluem casos severos de Covid-19. Portanto, estes indicadores apontam o panorama nos estados, bem como a demanda nos seus sistemas de saúde. Este monitoramento é feito no sistema InfoGripe, pelo Programa de Computação Científica (PROCC/FIOCRUZ). Os dados são obtidos do sistema SIVEP-gripe, mantido pelo DataSUS, com registros de notifica-ções de casos de SRAG pelas Unidades da Federação. Na semana epidemiológica 45 (de 1 a 7 de novembro) houve uma interrupção na entrada de notificações do SIVEP-gripe, por uma ação preventiva em vários sistemas do DataSUS contra possível vulnerabilidade cibernética. Esta paralisação foi noticiada em vários veículos de informação.

O sistema SIVEP foi restabelecido, conforme informa o boletim DataSUS N. 1 de 11 de novembro de 2020. No entanto, os estados voltam a reportar os casos de SRAG no sistema gradativamente. Na data em que foi fechado este Boletim, o infoGripe ainda não possuia os dados mais recen-tes para realizar a avaliação semanal de SRAG. Por esta razão, não está apresentada a análise incidência da SRAG nos estados. É importante observar que este tipo de incidente demonstra a necessidade de um sistema de notificação robusto para uma vigilância integrada e eficiente. A falta de dados ou mesmo o atraso pode acarretar em uma avaliação equivocada do panora-ma dos cenários epidemiológicos nos estados em um momento em que são necessárias respostas rápidas.

TAXA DE OCUPAÇÃO (%) DE LEITOS DE UTI COVID 19 PARA ADULTOS

As taxas de ocupação de leitos de UTI de Minas Gerais e Santa Catarina incluem o conjunto de leitos de UTI do SUS e não somente os leitos de UTI Covid-19. O dado do Rio de Janeiro refere-se à capital.

Distrito FederalGoiás

Mato GrossoMato Grosso do Sul

Rio Grande do SulSanta Catarina

ParanáSão Paulo

Rio de JaneiroEspírito SantoMinas Gerais

BahiaSergipeAlagoas

PernambucoParaíba

Rio Grande do NorteCearáPiauí

MaranhãoTocantins

AmapáPará

RoraimaAmazonas

AcreRondônia

0.0 0.5 1.0 1.5

27.8

27.8

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Alerta: Baixo Crítico Médio

Singer M, Bulled N, Ostrach B, Mendenhall E. Syndemics and the biosocial conception of health. Lancet 2017; 389: 941–50Horton R. Offline: COVID-19 is not a pandemic. Lancet 2020; 396: 874.