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BATIDAS POSITIVAS E nquanto você es- te texto, cerca de 2 mil pessoas celebram a bus- ca por um estilo de vida positivo, libertário, musical e performático em uma chá- cara da estrada João XXIII, em Vargem Grande Paulis- ta, a 30 minutos da capital. Lambuzados de tinta e vesti- dos em roupas e acessórios que evocam o colorido psi- codélico tropicalista, os fes- tivos em questão participam da 5ª edição da Voodoostock, braço da festa Voodoohop, que acontece sempre no meio da natureza, em luga- res com mata, piscina, pistas de dança e improvisos artís- ticos imprevisíveis. À frente da organização do evento que só termina ao meio-dia de amanhã es- tá o alemão Thomas Hafer- lach que, em 2007, depois de passar cinco anos na Escócia, onde se formou em Inteli- gência Artificial pela Univer- sidade de Edimburgo, veio ao Brasil a passeio e não voltou mais. A paixão pela cultura notívaga do Baixo Augusta e do Centrão paulistano o fis- garam de tal modo que, em seus próprios termos, ele se “tropicalizou”: desencanou de trilhar o caminho acadê- mico para se converter num agitador cultural dos mais ativos na cidade. “Nunca tive a pretensão de me envolver na organiza- ção de festa quando vivia na Europa. Morando próximo ao Bar do Netão, na Augusta, fiz amizade com o pessoal e quando vi já estava discote- cando. Como a balada era de graça e eu tocava um som di- ferente, mais e mais pessoas foram aparecendo, e da in- teração que rolava no bote- co nasceu a proposta da Voo- doohop”, conta ele. A Voodoohop saiu dos bo- tecos diminutos para ganhar fama no espaço do extin- to Sindicato de Empresários de Diversões, o Trackerto- wer, no segundo pavimento de um edifício de 12 anda- res da avenida São João. Mas seu caráter é, de fato, itine- rante. Já rodou por estacio- namentos e sítios. Já coloriu a Virada Cultural, o Minho- cão, o Anhamgabaú. Visitou o Morro do Vidigal, no Rio, e o Pelourinho, na Bahia. Planos para o futuro? Reu- nir cada vez mais gente in- teressada em redescobrir a cidade, levando boas vibra- ções a lugares antes tidos co- mo decadentes. EDUARDO RIBEIRO METRO SÃO PAULO LAURENCE TRILLE SÃO PAULO, SÁBADO, DE ABRIL DE www.readmetro.com BALADA voodoohop.com SAIBA MAIS Festa nômade, Voodoostock celebra estilo de vida libertário Thomas Haferlach, idealiza- dor da festa Voodoohop, fa- lou ao Metro. Quem lhe ajuda a or- ganizar os eventos da Voodoohop? Desde o começo, é comum aparecer gente nova queren- do colaborar. Na Voodoo, o público também contribui para fazer acontecer, como numa boa festa entre ami- gos. Minha sócia, a Laurence Trille, é tão responsável pe- lo êxito dessa proposta quan- to eu. DJ francesa, ela veio ao Brasil em 2009, a convite do consulado, para trabalhar em eventos culturais do Ano da França. A gente acabou se conhecendo, as ideias bate- ram, e ela embarcou comigo nessa loucura. Qual a mensagem que vo- cês querem passar? Tentamos passar uma men- sagem de pensamento e ati- tudes positivas, de humani- dade, comunidade, conexão PINGUE PONGUE com a natureza e respeito. Nossas ações de redescoberta do ambiente urbano de con- vivência podem ser enxerga- das como uma proposta po- lítica. Acreditamos que uma ação positiva é capaz de mu- dar o comportamento das pessoas. A proposta da Voodoo é a de ser uma festa de vanguarda? Não gosto de falar que so- mos vanguarda, mas te- mos uma busca pela ino- vação e uma identidade própria. Somos hedonis- tas e nossa linguagem é al- go que nasce da combina- ção do tropicalismo com a eletrônica. Da psicodelia acrescida pela cultura do carnaval. Você veio de fora e conse- guiu uma exposição que muitos agitadores cultu- rais daqui não conseguem. A que se deve isso, em sua opinião? Acho que fui capaz de en- xergar a cidade de um ou- tro jeito. Talvez, se eu ti- vesse nascido aqui, não teria essa visão sem vícios do lugar. São Paulo é mui- to legal, porque as pessoas estão sempre buscando novidades. Há algo que você tenha muita vontade de realizar na Voodoo que ainda não conseguiu? No momento, o que eu mais quero é fazer um festival em Paranapiacaba novamente e levar o Tom Zé para tocar. Is- so seria maravilhoso! “Nossa linguagem nasce da combinação do tropicalismo com a eletrônica. Da psicodelia com o carnaval.” LAURENCE TRILLE MARCELO PAIXÃO FOTOS: ARIEL MARTINI

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BATIDAS POSITIVAS

Enquanto você lê es-te texto, cerca de 2 mil pessoas celebram a bus-ca por um estilo de vida

positivo, libertário, musical e performático em uma chá-cara da estrada João XXIII, em Vargem Grande Paulis-ta, a 30 minutos da capital. Lambuzados de tinta e vesti-dos em roupas e acessórios que evocam o colorido psi-codélico tropicalista, os fes-tivos em questão participam da 5ª edição da Voodoostock, braço da festa Voodoohop, que acontece sempre no meio da natureza, em luga-res com mata, piscina, pistas de dança e improvisos artís-ticos imprevisíveis.

À frente da organização do evento que só termina ao meio-dia de amanhã es-tá o alemão Thomas Hafer-lach que, em 2007, depois de passar cinco anos na Escócia, onde se formou em Inteli-gência Artificial pela Univer-sidade de Edimburgo, veio ao Brasil a passeio e não voltou mais. A paixão pela cultura notívaga do Baixo Augusta e do Centrão paulistano o fis-garam de tal modo que, em seus próprios termos, ele se “tropicalizou”: desencanou de trilhar o caminho acadê-mico para se converter num agitador cultural dos mais ativos na cidade.

“Nunca tive a pretensão de me envolver na organiza-ção de festa quando vivia na Europa. Morando próximo ao Bar do Netão, na Augusta, fiz amizade com o pessoal e quando vi já estava discote-cando. Como a balada era de graça e eu tocava um som di-ferente, mais e mais pessoas foram aparecendo, e da in-teração que rolava no bote-co nasceu a proposta da Voo-doohop”, conta ele.

A Voodoohop saiu dos bo-tecos diminutos para ganhar fama no espaço do extin-to Sindicato de Empresários de Diversões, o Trackerto-wer, no segundo pavimento de um edifício de 12 anda-res da avenida São João. Mas seu caráter é, de fato, itine-rante. Já rodou por estacio-namentos e sítios. Já coloriu a Virada Cultural, o Minho-cão, o Anhamgabaú. Visitou o Morro do Vidigal, no Rio, e o Pelourinho, na Bahia. Planos para o futuro? Reu-nir cada vez mais gente in-teressada em redescobrir a cidade, levando boas vibra-ções a lugares antes tidos co-mo decadentes.

EDUARDORIBEIROMETRO SÃO PAULO

LAURENCE TRILLE

SÃO PAULO, SÁBADO, ! DE ABRIL DE "#$%www.readmetro.com !" BALADA

voodoohop.com

SAIBA MAIS

Festa nômade, Voodoostock celebra estilo de vida libertário

Thomas Haferlach, idealiza-dor da festa Voodoohop, fa-lou ao Metro.

Quem lhe ajuda a or-ganizar os eventos da Voodoohop?Desde o começo, é comum aparecer gente nova queren-do colaborar. Na Voodoo, o público também contribui para fazer acontecer, como numa boa festa entre ami-gos. Minha sócia, a Laurence Trille, é tão responsável pe-lo êxito dessa proposta quan-to eu. DJ francesa, ela veio ao Brasil em 2009, a convite do consulado, para trabalhar em eventos culturais do Ano da França. A gente acabou se conhecendo, as ideias bate-ram, e ela embarcou comigo nessa loucura.

Qual a mensagem que vo-cês querem passar?Tentamos passar uma men-sagem de pensamento e ati-tudes positivas, de humani-dade, comunidade, conexão

PINGUEPONGUE

com a natureza e respeito. Nossas ações de redescoberta do ambiente urbano de con-vivência podem ser enxerga-das como uma proposta po-lítica. Acreditamos que uma ação positiva é capaz de mu-dar o comportamento das pessoas.

A proposta da Voodoo é a de ser uma festa de vanguarda?Não gosto de falar que so-mos vanguarda, mas te-mos uma busca pela ino-vação e uma identidade própria. Somos hedonis-tas e nossa linguagem é al-go que nasce da combina-ção do tropicalismo com a eletrônica. Da psicodelia acrescida pela cultura do carnaval.

Você veio de fora e conse-guiu uma exposição que muitos agitadores cultu-rais daqui não conseguem. A que se deve isso, em sua opinião?Acho que fui capaz de en-xergar a cidade de um ou-tro jeito. Talvez, se eu ti-vesse nascido aqui, não teria essa visão sem vícios do lugar. São Paulo é mui-to legal, porque as pessoas estão sempre buscando novidades.

Há algo que você tenha muita vontade de realizar na Voodoo que ainda não conseguiu?No momento, o que eu mais quero é fazer um festival em Paranapiacaba novamente e levar o Tom Zé para tocar. Is-so seria maravilhoso!

“Nossa linguagem nasce da combinação do tropicalismo com a eletrônica. Da psicodelia com o carnaval.”

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